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ENEM 2006 No início do século XIX, o naturalista alemão Carl Von Martius esteve no Brasil em missão científica para fazer observações sobre a flora e a fauna nativas e sobre a sociedade indígena. Referindo-se ao indígena, ele afirmou: “Permanecendo em grau inferior da humanidade, moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera, nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo (...)”. “Esse estranho e inexplicável estado do indígena americano, até o presente, tem feito fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um cidadão satisfeito e feliz.” Carl Von Martius. O estado do direito entre os autóctones do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1982. 16) Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista Von Martius: A) apoiava a independência do Novo Mundo, acreditando que os índios, diferentemente do que fazia a missão europeia, respeitavam a flora e a fauna do país. B) discriminava preconceituosamente as populações originárias da América e advogava o extermínio dos índios. C) defendia uma posição progressista para o século XIX: a de tornar o indígena cidadão satisfeito e feliz. D) procurava impedir o processo de aculturação, ao descrever cientificamente a cultura das populações originárias da América. E) desvalorizava os patrimônios étnicos e culturais das sociedades indígenas e reforçava a missão “civilizadora europeia”, típica do século XIX. Alternativa E: O autor parte de um juízo de valor, reforça uma superioridade da civilização europeia, como se está fosse o exemplo de processo civilizatório que todas as sociedades, em especial no caso citado, deveriam chegar. Martius desvaloriza as culturas que não sejam a sua, considera os índios como seres humanos inferiores, que necessitam de se integrar a um estado de progresso civilizador, a sua noção própria é tipicamente discriminatória.

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  • ENEM 2006

    No incio do sculo XIX, o naturalista alemo Carl Von Martius esteve no Brasil em

    misso cientfica para fazer observaes sobre a flora e a fauna nativas e sobre a

    sociedade indgena.

    Referindo-se ao indgena, ele afirmou: Permanecendo em grau inferior da humanidade,

    moralmente, ainda na infncia, a civilizao no o altera, nenhum exemplo o excita e

    nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo (...). Esse estranho e

    inexplicvel estado do indgena americano, at o presente, tem feito fracassarem todas

    as tentativas para concili-lo inteiramente com a Europa vencedora e torn-lo um

    cidado satisfeito e feliz.

    Carl Von Martius. O estado do direito entre os autctones do Brasil. Belo Horizonte/So

    Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1982.

    16) Com base nessa descrio, conclui-se que o naturalista Von Martius:

    A) apoiava a independncia do Novo Mundo, acreditando que os ndios, diferentemente

    do que fazia a misso europeia, respeitavam a flora e a fauna do pas.

    B) discriminava preconceituosamente as populaes originrias da Amrica e advogava

    o extermnio dos ndios.

    C) defendia uma posio progressista para o sculo XIX: a de tornar o indgena cidado

    satisfeito e feliz.

    D) procurava impedir o processo de aculturao, ao descrever cientificamente a cultura

    das populaes originrias da Amrica.

    E) desvalorizava os patrimnios tnicos e culturais das sociedades indgenas e reforava

    a misso civilizadora europeia, tpica do sculo XIX.

    Alternativa E:

    O autor parte de um juzo de valor, refora uma superioridade da civilizao europeia,

    como se est fosse o exemplo de processo civilizatrio que todas as sociedades, em

    especial no caso citado, deveriam chegar. Martius desvaloriza as culturas que no sejam

    a sua, considera os ndios como seres humanos inferiores, que necessitam de se integrar

    a um estado de progresso civilizador, a sua noo prpria tipicamente discriminatria.