Empreendedor Rural 07

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Edição n. 7 da revista Empreendedor Rural, de abril de 2005

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editorial

A busca do equilíbrio é uma lição permanente da natureza, que precisa ser

incorporada pelo empreendedor do agronegócio. Quem é acostumado ao ciclo das

plantações e da colheita, às sucessivas gerações das criações, às alternâncias das

estações, pode muito bem trabalhar na mesma roda da fortuna. Quem segue os

passos da sabedoria que o mundo oferece (que é sempre muito bem aproveitada

pelas ações empresariais) precisa também reger sua vida profissional longe das

surpresas, das mudanças bruscas, dos cataclismas, que são a exceção, e não a

regra, da harmonia oferecida na lavoura ou no curral. Transpor esse equilíbrio para

a estratégia não é apenas uma tendência, mas uma imposição. Principalmente

nesta fase em que os números conspiram sugerindo tornados em campo aberto e

trazendo nuvens carregadas para o limpo céu da bem aventurança brasileira em relação à sua

produção.

O país esteve até o final de 2004 em lua de mel com sua perfomance nesse área, mas é bom

se prevenir. O quadro pintado para 2005 não aponta para a redução do volume da safra 2004/

2005, que deve ser 9% maior do que a anterior e chegar a 130 milhões de toneladas, nos

informa a Companhia Nacional de Abastecimento. Mas revela uma receita menor, devido ao

preço baixo das commodities e da redução da intenção do plantio devido aos custos de insumos

básicos como petróleo (fertilizantes) e aço (maquinário). Entre os dois extremos que precisam

ser evitados – a euforia e o pessimismo – nasce a força de uma síntese, entre prudência e

ousadia.

Esta edição traz três pacotes de assuntos que apontam para essa necessidade. Na parte de

Gestão, temos a palavra de especialistas fazendo o diagnóstico da situação e advertindo sobre

a importância de se atingir a excelência na condução da compra e venda, na relação com os

clientes e fornecedores, nas previsões, nos riscos e no gerenciamento das vitórias. Na segunda

parte, dedicada à Inovação, levantamos uma série de instrumentos novos para se alcançar

resultados perfeitos. A informatização dos dados sobre a lavoura, o uso da metereologia locali-

zada, as estatísticas on-line, tudo cria um ambiente seguro para se fazer sucesso. Na terceira

parte, a de Valor, focamos num dos mais importantes insumos para garantir diferenciais, que

são os produtos orgânicos, presença crescente na economia globalizada.

Os três blocos de reportagens estão acompanhadas de casos bem sucedidos de pessoas que

souberam agregar valor, gerir com eficácia ou inovar em seu empreendimento. Consideramos

fundamental que essas histórias ajudem nossos leitores a definir prioridades para o que mais

necessitamos hoje: equilíbrio para reverter as ameaças de pessimismo, eficácia para romper

com hábitos obsoletos e estimular nossa nova tradição de competência numa atividade que é

o orgulho do Brasil.

O Editor

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Índice

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Decisões eestratégias

Agir de acordo com as necessidades e os avanços do agronegócioé a melhor forma de atingir metas de produção e receita, sem odesequilíbrio provocado por hábitos arraigados e obsoletos

Tecnologia da informação revoluciona o agronegócio esoma precisão e ganhos de escala com a intimidade queo agricultor tinha com sua safra no passado

Não usar defensivos na produção dealimentos cria umdiferencial importante no mercado internacional

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As lavourainformatizada

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Orgânicos naglobalização

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A revista Guia Empreendedor Rural é editada ecomercializada pela Editora Empreendedor

Diretor-EditorAcari Amorim [email protected]

Diretor de Marketing e ComercializaçãoJosé Lamônica [email protected]

Redação [email protected]■ Edição-executiva : Nei Duclós■ Reportagem: Andréia da Luz, Delmar Marques, Ida LobatoDuclós e Wendel Martins■ Produção: Carol Herling■ Edição de Arte: Fernanda Pereira■ Fotografia: Carlos Pereira, Fábio Salles, Grupo Keystone edivulgação■ Revisão: Simone Rejane Martins

expediente

12 Trangênicos: usar ou não usar

14 A balança dos custos

16 As rédeas da empresa

18 Tercerizar é o segredo

20 Os diferenciais do frango caipira

Receita para sair do fundo do poço22

24 Santa caipirinha

59 A embalagem correta

62 Couro de peixe: o fim do desperdício

64 Ação entre amigos

68 Um sistema orgânico

72 Saudável e competitiva

Cooperativas eficientes76

80 Uso correto do solo

36 Roça High Tech

40 Boi com identidade

44 Confie, o micro decide

50 Previsão do tempo é lucro

SEDES

■ São PauloDiretor: José Lamônica [email protected] de Contas: Fernando Sant’Anna Borba, Miriam Rose eDervail CabralRua Sabará, 566 – 9º andar, cj. 9201239-010 – São Paulo – SPFone: (11) 3214-5938/[email protected]

■ FlorianópolisExecutivo de Contas: Waldyr de Souza [email protected] de Atendimento: Cleiton Correa WeissAv. Osmar Cunha, 183, Ceisa Center, bl. C, 9° andar88015-900 – Florianópolis – SC – Fone: (48) 224-4441

ESCRITÓRIOS REGIONAIS

■ Rio de JaneiroTriunvirato Comunicação Ltda. / Milla de SouzaRua da Quitanda, 20 – GR. 401 – Centro20011-030 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) [email protected]

■ BrasíliaJCZ Comunicação Ltda. / Ulysses C. B. CavaSrtvs Q. 701 – Centro Empresarial – bl. C – Sala 33070140-907 – Brasília – DF – Fone: (61) [email protected]

■ Rio Grande do SulAlberto Gomes CamargoRua Arnaldo Balvê, 210 – Jardim Itu91380-010 – Porto Alegre – RSFone: (51) [email protected]

■ ParanáMerconet Repr. Veículo Comunicação Ltda. / Ricardo TakigutiRua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – Conj. 01 – Boa Vista82560-460 – Curitiba – PRFone: (41) [email protected]

■ PernambucoHM Consultoria em Varejo Ltda. / Hamilton MarcondesRua Ribeiro de Brito, 1111 – sala 507 – Boa Viagem51021-310 – Recife – PE – Fone: (81) [email protected]

■ Minas GeraisSBF Representações / Sérgio Bernardes de FariaAv. Getúlio Vargas, 1300 – 17º andar – cj. 170430112-021 – Belo Horizonte – MG – Fone: (31) 2125-2900e-mail: [email protected]

PRODUÇÃO GRÁFICA■ Impressão e acabamento: Coan Gráfica Editora CTP

Empreendedor On-line

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A estratégia das Agir de acordo com as necessidades e os avanços do agronegócioé a melhor forma de atingir metas de produção e receita, sem odesequilíbrio provocado por hábitos arraigados e obsoletos

GestãoestãoG

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decisões

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oO Brasil consegue hoje, graças aosetor agrícola, equilibrar sua balan-ça comercial e honrar seus compro-missos financeiros externos, mas agestão dos negócios rurais não é in-corporada no mesmo ritmo dos avan-ços tecnológicos agregados à produ-ção. O coordenador do Projeto deAdministração Rural e Sócio Econô-mica da Epagri (Empresa de PesquisaAgrícola Pecuária e Extensão Rural deSanta Catarina), Airton Spiess, con-sidera que um dos maiores gargalosenfrentados hoje pelo setor agrícolado País está na dicotomia entre agestão técnica e a gestão econômi-ca, em especial na questão dacomercialização da produção. “Osagricultores vendem quando deveri-am estocar, deixam de conseguir osmelhores preços por não terem capi-tal suficiente para construir estrutu-ras de armazenagem e aceitam valo-res que não cobrem todos seus cus-tos, principalmente os do capital pró-prio.”

Spiess, doutorando em EconomiaAmbiental na Nova Zelândia e Aus-trália, coordena um projeto local queatinge uma rede de 280 proprieda-des, oferecendo programas como oContagri, um software de rentabili-dade agrícola que calcula todos oscustos de produção, com rigorosaaplicação da ciência da contabilida-de. “Mostramos onde estão os garga-los, o peso de bens obsoletos e ocio-sos, o custo de uma gestão emocio-nal que desconsidera alternativas maisbaratas, como terceirizar”.

O pesquisador Samuel RibeiroGiordano, Coordenador de EducaçãoContinuada do Pensa (Programa deEstudos dos Negócios do SistemaAgroindustrial), criado pela Faculdadede Economia, Administração e Con-tabilidade da Universidade de São

GestãoGestão

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Paulo (FEA/USP), aponta as contra-dições nas práticas de gestão tradi-cionalmente aplicadas aos negóciosagrícolas que podem provocar maismal do que bem, especialmente paraos pequenos produtores. “A buscacontínua pela maximização da pro-dução costumeiramente apregoadapelas escolas de agronomia acaba, emdiversas situações, indo contra asustentabilidade dos empreendimen-tos, pois não inclui a questão da efi-ciência econômica”.

Outro mito recorrente é o da in-dustrialização como forma de agre-gar valor ao produto agrícola, acres-centa Giordano. “Produzir, industri-alizar e comercializar são coisas bas-tante diferentes e que acabam, tam-bém, acarretando em novos custos aoprodutor.” Muitas vezes, também,alerta ele, a diversificação da produ-ção dificulta a obtenção da escalanecessária para a sobrevivência dosagronegócios.

O trabalho do Pensa vem, ao lon-go de seus 13 anos de existência,gerando frutos muito importantesnum país com o imenso potencialagrícola do Brasil, afirma Giordano.Lembra que são mais de 3.500 pes-soas, de diferentes perfis, formadaspelos dos diversos programas manti-dos pela entidade. Apesar desse es-forço, ele deixa claro que a agricul-tura no Brasil, bem ou mal, é feitade grandes números e distorçõesenormes.

O imenso potencial desperdiçadonum país que, dono de 19% de todasas terras aráveis do planeta, usa ape-nas 10% desse potencial, decorre,segundo Giordano, da especulaçãocom as terras. “Dispomos de cerca de60 milhões de hectares, o equivalen-te ao território da França, disponí-veis para o plantio sustentável, ou

seja, sem a invasão de novas áreas ea destruição de ecossistemas, masinvadimos o cerrado e deixamos áre-as importantes inexploradas nas mãosdos especuladores”.

NOVAS OPORTUNIDADES

Se o Brasil ocupa um lugar muitopequeno no tabuleiro do comércioglobal, com minguados 1% do volu-me total, quando comparado com EUAe União Européia, que juntos têm cer-ca de 60% do total, isso se deve, se-gundo Giordano, à incapacidade deaproveitar novas oportunidades, comoo mercado de produtos orgânicos. “Aagricultura orgânica saltou, nos últi-mos cinco anos, de US$ 8,5 bilhõespara US$ 23 bilhões em produtoscomercializados mundialmente, semque conseguíssemos uma inserção ex-pressiva nesse campo.” Com sua pro-dução estimada US$ 291 milhões por

ano em produtos orgânicos, esse seg-mento acabou destacando, na opiniãode Giordano, a desigualdade da soci-edade brasileira, o que se manifestana dependência da agricultura orgâ-nica em relação aos mercados exter-nos, para onde se destinam 80% dosprodutos. “Os próprios brasileiros nãotêm renda suficiente para consumirprodutos diferenciados, o que geraoutra contradição, com pobres comen-do alimentos contaminados enquan-to os ricos têm comida de melhor qua-lidade”.

As deficiências na gestão rural nãosão meros detalhes no quadro geraldas carências nacionais, afirma o ad-ministrador de empresas RodrigoPasin, mestre em finanças pela FEA/USP e assessor de fusões e aquisiçõesda Guarita & Associados. São as ex-portações agrícolas que mantêm o

Rodrigo Pasin, da FEA/USP: deficiências na gestão rural não são meros detalhes

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Sem uma regulamentaçãoprecisa, o produtor precisaconsiderar essa nova cultura

País fora das faixas de alto risco dasavaliações elaboradas por bancos deinvestimentos, como o Merryl Lynch.Se o risco Brasil está em torno de530 pontos é porque a relação de suadívida externa com as exportações éde 2,65 vezes. A do México é de ape-nas 0,81 vezes, por isso é classifica-do com 204 pontos, explica o espe-

cialista. “Nossa relação, e aí pesanovamente a agricultura, do serviçoda dívida com exportações é de 0,52,quando a mexicana é de 0,16 e a daCoréia de apenas 0,09”.

Se o superávit proporcionado pelaagricultura fosse retirado dessa con-ta, o Brasil seria equiparado a umaArgentina, classificada com 6.247

Transgênicos: usar ou

pontos quando sua relação da dívidaexterna com as exportações atingiua 4,75 vezes. “As metodologias deavaliação, quando aplicadas na ges-tão dos negócios rurais, mostram ovalor de mercado de um negócio esua real rentabilidade, pois muitosempreendimentos com lucro aparen-te estão, na verdade, no negativoquando se considera, por exemplo, ocusto do capital próprio envolvidono negócio.”

Além de uma contabilidade ade-quada e a manutenção de equipes efi-cientes e abertas, Pasin considera a re-muneração variável, com a criação deestímulos com base no desempenho,como fator imprescindível para umagestão de valor forte. “Para isso, tem

nNenhum avanço tecnológico podeser desconsiderado quando se preten-de uma boa gestão dos negócios agrí-colas. Nem mesmo a possibilidade deutilizar as polêmicas culturastransgênicas, defende o pesquisadorSamuel Giordano, coordenador doPensa da USP. “Existe certo exagerono discurso dos críticos dessatecnologia, pois, ao contrário do quemuitos destes apregoam, não existe

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não usar

que se mexer em cultura, em resistên-cias enraizadas na formação de umpovo.”

O engenheiro agrônomo LucianoAlfredo Bonaccini, consultor em ges-tão rural e autor do livro A novaempresa rural, acredita que tônica doagronegócio será cada vez maior emconhecimento, tecnologia econsultoria. “Os investimentos nes-ses campos serão o grande diferenci-al entre as empresas de um mesmosetor e, como o valor do produto estámuito relacionado ao custo de pro-dução, resultando em pequenas mar-gens de lucro, os produtoresineficientes, com custo mais eleva-do que a média, estarão definitiva-mente fora do processo.”

um total desconhecimento ou um ris-co imediato quanto ao impacto des-ses organismos, mas ainda faltam es-tudos de longo prazo que esclareçamos possíveis efeitos”.

Por uma questão de realismo,Giordano defende uma regulamenta-ção precisa para esse tipo de produto.“É uma ficção acreditarmos que é pos-sível proibi-los porque a lei foi cria-da, as sementes acabaram entrandocontrabandeadas e acabaram tornan-do-se uma realidade com a qual pre-cisamos conviver”. Ele alerta que osprodutos geneticamente modificadosvêm ganhando espaço a passos largos,a despeito de quaisquer polemicas

sobre seus méritos ou riscos.Na produção global de soja, exem-

plo mais conhecido, os transgênicosjá correspondem a 51%, colocaGiordano. “Direta ou indiretamente,apesar das muitas leis que foram cri-adas para regular o plantio e acomercialização, o mundo já vemconsumindo organismos genetica-mente modificados (OGMs) há maisde dez anos, em muitos casos semqualquer conhecimento por parte dosconsumidores.”

O fator que contribuiu na criaçãoda polêmica em torno desses orga-nismos foi a natureza da primeira ge-ração dos OGMs, com excessiva ênfa-

se no controle de pragas, disseGiordano. Seja através da resistênciaà herbicidas químicos ou do cruza-mento com genes de microorganismosque conferem à planta “resistência”a insetos, os transgênicos não ape-nas ganharam a fama de tóxicos comotambém esbarraram na complexaquestão das patentes privadas, acres-centou ele. “Se tivesse sido mais ori-entada ao desenvolvimento de plan-tas mais nutritivas ou que trouxes-sem benefícios diretos à saúde hu-mana, como no caso das linhas depesquisa que procuram transformaralimentos comuns em vacinas, o de-bate seria completamente diferente.”

Samuel Ribeiro Giordano, do Pensa: a eficiência econômica em primeiro lugar

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A balança

Pouca margem de lucro obriga oempreendedor rural a acertar ascontas entre receita e despesa parapoder ficar dentro do mercado

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nários, mas criar estímulos para seuenvolvimento com o negócio”, afir-ma Pasin.

Criar mecanismos de avaliaçãoindividual, pagar por produtivida-de, ouvir sugestões, enfim, envol-ver o funcionário com o sucesso donegócio e gerar motivação são fa-tores imprescindíveis, segundoPasin, para uma boa gestão. “Den-tro do contexto da criação de va-lor, o administrador é o profissio-nal que tem capacidade de tomarou participar de decisões que cau-sem impacto diretamente no fluxode caixa e nos lucros do empreen-dimento”, explica.

Todas as decisões tomadas de-vem elevar o valor de mercado donegócio e não considerar apenas oseu resultado durante um determi-nado período, ressalva Pasin. A es-colha de um defensivo, por exem-plo, não deve depender tão somen-te de preço e eficiência de ação,mas também do efeito residual enível de toxicidade. Afinal, essesserão os aspectos que também de-vem ser considerados daqui parafrente.

cComo o valor do produto estámuito relacionado ao custo de pro-dução, resultando em pequenasmargens de lucro, os produtoresineficientes, com custo mais ele-vado que a média, estarão defini-tivamente fora do mercado, afir-ma o administrador de empresasRodrigo Pasin, um dos autores deAvaliação de empresas – Um guiapara fusões & aquisições e gestãode valor. No seu entendimento osetor agrícola não poderá ficar defora dos modernos processos degestão que compreendem o con-trole financeiro para uma corretatomada de decisão de investimen-to, compra e venda, resultando emuma administração mais profissi-onal.

Essas mudanças dependem da ado-ção de uma estratégia correta, de umplano, no qual todos os passos de-verão ser meticulosamente estuda-dos, para não correr o risco de come-ter erros fatais de análise e tomadade decisão. “Isso implica, por exem-plo, no desenvolvimento de pesso-as, que é muito mais que simples-mente treinar e capacitar os funcio-

Muitos programas e informações paraaperfeiçoamento da gestão rural estãoao alcance do empreendedor no simplesclicar do seu computador. A Epagri, quepresta serviços de Extensão Rural e As-sistência Técnica nos 293 municípios doEstado de Santa Catarina, coloca à dis-posição do produtor, em seu site,www.epagri.com.br, dois programas de-senvolvidos para ajudar na administra-ção da propriedade. Com o “Expos” épossível fazer uma análise de sistema,avaliar a produtividade e gerar um ba-lanço correto das contas. Com o“Planagri” o produtor põe o olho no fu-turo, planejando e melhor projetando seutrabalho pelos próximos anos.

O coordenador dessa área no Epagri,o pesquisador Airton Spiess, conta queo agricultor encontra em todos os muni-cípios orientações sobre produçãoagropecuária, pós-colheita e orientaçõessobre comercialização, administração

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dos custos

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níveis. Em novembro foi realizado o últi-mo do ano letivo de 2004, “Análise deRisco e Instrumentos de Proteção aoAgronegócio”, ministrado pelo professorUriel Antônio Superti Rotta, formado emEngenharia Agrônoma pela ESALQ-USP,com especialização em Administração deEmpresas pela Fundação Getulio Vargas,MBA em Finanças Empresariais pela USP/FEA e mestrando em Administração pelaFECAP.

Com carga horária de dez horas, aocusto de R$ 700,00, incluindo materialdidático, almoço e coffee break, neleRotta atualizou os interessados em for-mas de mensuração de risco, relaçõesde retorno, informações sobre o merca-do a termo, mercado futuro, mercadode opções, BM&F – Bolsa Mercantil deFuturos e Operações de Hedge. CPR, acédula do produtor rural, e seguro ruralforam outros temas abordados. O Pensatem ampla experiência no ensino dosagronegócios. Os diferenciais de quali-dade de seus cursos estão respaldadosem uma bagagem muito consistente deexperiências reais vividas pelos seusmembros. “Essas experiências vão des-de contatos estreitos com as empresasdos agronegócios, na confecção de pro-jetos estratégicos e setoriais, até a ela-boração de estudos de caso com amplouso didático”, afirma seu coordenador,

Samuel Giordano. O Sebrae-SC tambémoferece apoio ao empreendedor rural peloportal www.sc.sebrae.com.br. Bastaclicar em Agronegócios para se ter aces-so ao Programa de Capacitação Rural,que oferece ao produtor rural inseridoem um mercado competitivo um conjun-to de ferramentas gerenciais de fácilentendimento para que sejam aplicadosem propriedades rurais, propondo alter-nativas econômicas e de organização paraelevar o nível de eficiência da produçãodessas pequenas propriedades.

Direcionado a grupos de 20 a 25 pro-dutores rurais, o programa é compostode quatro módulos distribuídos em con-teúdos específicos, totalizando 52 horasde treinamento. Abrange desde organiza-ção social, com tópicos sobre a evoluçãodo agronegócio, cadeias produtivas, ar-ranjos produtivos, tendências ecompetitividade e produtividade do capi-tal, passando por custos de produção ecomercialização, até detalhes específicosde administração. Na Universidade Fede-ral de Santa Catarina, por meio do Labo-ratório de Ensino a Distância (Led), os in-teressados também têm acesso a cursosespecializados em gestão deagronegócios. Como o Curso de Especiali-zação em Engenharia de Produção: Ges-tão Rural e Agroindustrial. O site com in-formações é o www.morpheus.led.ufsc.br.

rural, organização dos produtores, cré-dito orientado, educação ambiental eeducação sanitária. “Damos, também,orientações sobre economia do lar, re-ceitas alimentares e organização dasmulheres e dos jovens.”

Com o serviço de pesquisa a Epagrigera conhecimento e tecnologias que vãosendo incorporados à produçãocatarinense. “Essa combinação tem fei-to de Santa Catarina um estado ímparem diversidade e qualidade de produtos,já que esse binômio determinará o futu-ro das economias de mercado e a em-presa se engaja nessa meta com ênfa-se”, diz Spiess. Informa que são presta-dos, ainda, um conjunto de serviços deanálises e diagnósticos a partir de seuslaboratórios espalhados por todo territó-rio catarinense. E que através de seuCentro de Informações Ambientais sãofornecidas informações meteorológicas,cada vez mais necessárias para a vidarural e urbana. Outros serviços levamconhecimento técnico como os cursos etreinamentos. Com seu corpo técnicoqualificado presta inúmeras consultoriasno País e no exterior em temas de ex-tensão rural e de pesquisa.

O empreendedor também podeacessar o Pensa, da USP, pelo portalwww.fia.com.br/pensa e se informar so-bre os cursos de aperfeiçoamento dispo-

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O APERFEIÇOAMENTO EM UM CLICK

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As mulheres de uma família no extremo sul do paísconseguem montar uma fazenda modelo de criação de cavalos

As rédeas da empresa

Na verdade, a tradição dizia queo sucessor natural era o filho maisvelho. “Meu irmão faleceu um anoantes do meu pai, então tive de en-frentar o desafio mesmo que isso nãoestivesse nos meus planos de vida”,conta. A solução foi dedicar-se decorpo e alma, trabalhando o dia in-teiro sem parar. “Minha mãe foi mui-to importante nesse processo. Naépoca, meus filhos tinham três e cin-co anos e ela foi super companheira,além de nos ajudar a tocar a empre-sa.”

Entre as muitas dificuldades,Mariana destaca o trato com o pesso-al, o manejo das estâncias e ainexperiência. “Tivemos que pegar aestrada, enfrentar horários, tomar co-nhecimento de todos os bens que afamília tinha”, diz. “Além disso, opessoal da fazenda tinha um esquemapróprio de trabalho e tiveram deaprender a conviver com mulheresinexperientes que não tinham as ré-deas do negócio na mão”, acrescenta.De todos os capatazes, apenas um foimantido, já que os outros não aceita-vam as ordens e acabaram sendo de-mitidos. Atualmente, com exceção dasecretária e das cozinheiras, todos osdemais funcionários são homens.“Estamos com uma equipe ótima e onegócio funciona muito bem”.

Passado o período de transição,hoje a Cabanha Paineiras é a mais pre-miada do Brasil e a maior exportado-ra, em volume, de cavalos crioulos

da América do Sul, realizando negó-cios com a Argentina, Paraguai, Uru-guai e Chile e competindo nas prin-cipais exposições do País. “Trabalha-mos em um mercado internacional,sempre competindo e vencendo nascategorias de rédea e morfologia, econquistamos o ranking funcionalcomo tetracampeões”, diz Mariana.

Ocupando uma área de 8.000 hec-tares, a propriedade das herdeiras dogrupo petroquímico Ipiranga abriga6.000 cabeças de gado, puros eregistrados. Os cavalos são de mon-taria e de competição. Uma das com-petições mais importantes é realiza-da em três dias de prova. A primeiraavaliação é de conformação emorfologia, em que o cavalo precisaser bem conformado e bonito. Logoem seguida ele faz uma prova de ré-deas e uma de apartação com gado ede paleteado. No segundo dia temmais três provas diferentes. “É quasecomo um triathlon”, compara.

Em outras raças, como a do quar-to de milha, por exemplo, um cavalofaz só a conformação ou só a aparta-ção ou só a prova de rédeas. “Os nos-sos cavalos fazem tudo, apesar departiciparmos de disputas regionais”.

A performance nas competições éa principal baliza das irmãs Tellecheapara saber se o direcionamento daempresa está correto. “O que diferen-cia nossa empresa de outras são osresultados da fazenda.” Uma seleçãogenética rigorosa garante a qualida-

PERFILPERFILPERFILPERFILPERFIL

NOME: Mariana TellecheaPinto

IDADE: 40 anos

FORMAÇÃO: MedicinaVeterinária

EMPRESA: Cabanha Paineiras

CIDADE-SEDE: Uruguaiana – RS

RAMO DE ATUAÇÃO: criação de cavalos

ANO DE FUNDAÇÃO: 1940

FATURAMENTO: não divulgado

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 40

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mMariana Tellechea Pinto dirigeaquela que é considerada a melhorfazenda de criação de cavalos criou-los do País, ao lado da irmã, Mariada Glória Tellechea Cairoli, e da mãe,Lilla Tellechea. Quem conversa comessa gaúcha de Uruguaiana aprendea valorizar o trabalho de quem tevede enfrentar a inexperiência e o pre-conceito ao tomar as rédeas da em-presa da família aos 25 anos.

Criar cavalos é uma tradição quevem desde os seus bisavós. Formadaem Veterinária, a empreendedora de-sempenhava algumas funções no es-critório da empresa, mas quem admi-nistrava tudo era o pai, que assumiuo negócio na década de 60 e manteveuma das melhores criações de cavaloscrioulos do Brasil, até falecer em 1990.“A partir daí demos continuidade aotrabalho, porque até então estávamospouco envolvidas com o negócio”,diz Mariana.

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de dos animais, cuja linhagem pre-miada proporciona a consistência dasboas colocações nas disputas. “Se ocavalo é bonito, isso não aconteceupor acaso, mas porque a bisavó, a avóe demais ascendentes dele também oeram e isso é resultado do nosso pro-cesso de seleção”. As irmãs seguemuma rotina de análise de resultadosque as permite avaliar o que deu cer-to e deve ser continuado e o que pre-cisa ser melhorado. Depois de leilões,exposições e competições elas obser-vam se o que conseguiram está deacordo com seus objetivos. Se a ex-periência for ruim, elas procuram des-cobrir a causa para não incorrer nomesmo erro.

O mesmo rigor está presente nahora da compra. Ao adquirir novosanimais, é preciso observar se eles têm

uma genética consistente. “Procura-mos saber se a matriz ou o garanhãoque estamos adquirindo foram pre-miados, quais são suas performances,quem foram os pais e avós”, explica.“Investimos em animais de alta qua-lidade e procuramos manter essa se-leção bastante rigorosa. Acho queesse é o segredo de estarmos obten-do bons resultados e mantendo aqualidade não só nos cavalos criou-los como no gado”, avalia.

Enquanto Mariana se divide entrea administração das três estâncias eo trabalho de campo, examinandocavalos, domando-os quando neces-sário e marcando potros a ferro quen-te, Maria da Glória cuida do marketinge da programação de eventos, orga-nizando leilões e participações emfeiras. “O planejamento das ações é

feito em conjunto, apesar de eu mo-rar em Uruguaiana e a Maria da Gló-ria em Porto Alegre”, diz. As duasconversam o tempo todo por telefo-ne e se reúnem apenas quando ne-cessário. “É tudo muito espontâneo:quando alguém tem uma boa idéia,conversamos muito”.

Para o futuro, as gaúchas deveminvestir mais nas disputas de rédease freio. As provas com prêmios atra-entes são uma estratégia para esti-mular os investidores. “Vamos reali-zar nossa primeira prova em abril de2005, a BT Paineiras, oferecendo maisde R$ 100 mil em prêmios.” Outrodesejo é levar alguns cavalos paraprovas internacionais. “Planos nun-ca faltam, porque sempre tem algumdegrau maior para subirmos”, dizMariana.

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Para ganhar dinheiro com a carne de avestruz foi preciso implantaro modelo da Nike num nicho completamente desconhecido

Terceirizar é o segredo

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PERFILPERFILPERFILPERFILPERFIL○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

NOME: Giovanni Costa

IDADE: 39 anos

FORMAÇÃO: Engenharia de Software,com MBA em Administração

EMPRESA: Avestro S.A.

ANO DE FUNDAÇÃO: 2002

CIDADE-SEDE: São Paulo – SP (Alphaville)

RAMO DE ATUAÇÃO: estrutiocultura

FATURAMENTO: R$ 5 milhões/ano

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 16

aA rara especialidade de GiovanniCosta é denunciada pelo nome do seuofício: ele é um estrutiocultor (onome científico do avestruz éStruthio camelus). Acostumado a li-dar com fusões e aquisições de em-presas da área industrial, o jovemengenheiro de apenas 39 anos dirigehoje a Avestro, empresa de capitalfechado especializada na cadeia pro-dutiva da carne de avestruz.

Giovani recebeu o primeiro prêmiode “Empresa do Ano de Estrutiocultura”,concedido pela Associação dos Criado-res de Avestruz do Brasil (ACAB). “Oscriadores reconheceram a regularidadedos abates e a alta qualidade dos pro-dutos da Avestro”, diz Costa.

No ramo desde 1996, quando ini-ciou a criação em sua própria fazen-da, Costa planejou e delineou umnovo empreendimento e acabou fun-dando a Avestro em 2002, com foconos grandes centros gastronômicos.A nova opção para o cardápio do bra-sileiro, mais saudável e menoscalórica que as demais carnes verme-lhas e brancas, invadiu restaurantese empórios finos do País.

A grande sacada do empreendedorfoi terceirizar o processo produtivo quevai do abate das aves à comercializaçãoda carne e derivados, resultado da ex-periência em marketing e administração.“Desde o começo meu plano era implan-tar o modelo de negócios da Nike (fa-bricante mundial de tênis), terceirizandoo máximo possível com o objetivo dereduzir os custos”, revela o diretor. “Hojeparece fácil, mas só eu sei o quanto foiduro conseguir isso. Os riscos eram muitograndes, porque precisávamos adminis-trar as terceirizações, que aprendiam jun-to conosco, mantendo o mesmo padrãodos produtos”.

De posse de tecnologia própria parao corte da carne, a empresa firmou con-tratos de sigilo para repassá-la aos par-

ceiros responsáveis pela desossa e pelocurtume. A Avestro também treina osabatedouros, comercializa os produtose faz a propaganda da marca. No mer-cado de couro, lançou a marca própriaStruzzo. Nada de novo, não fosse o fatode a Struzzo consolidar-se como maiorespecialista em produção de couro deavestruz do Brasil, investindo em pes-quisas de tingimento, tratamento e cor-te para a fabricação de sapatos, bolsas,maletas executivas e acessórios de altovalor agregado.

Outra parceria, com uma das pio-neiras na cultura dessa ave exótica, aKlein Karoo, da África do Sul, deveresultar em exportações de carne apartir de 2005 através do arrenda-mento de um abatedouro. Com umfaturamento de R$ 5 milhões, “aindapequeno”, na avaliação de Costa, aAvestro tem crescido numa média de20% a cada mês.

“Nossa prioridade é aumentar omercado de carne no Brasil”, diz.

O bom relacionamento com os cli-entes motivou o lançamento de umlivro, em novembro, com as melhoresreceitas dessa iguaria que combinamaciez e sabor. Segundo Costa, a obrafoi indicada como sugestão de pre-sente natalino. Quem sabe, daqui aalguns anos, a carne de avestruz pos-sa substituir o tradicional peru na ceiade Natal.

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Cruzamento e novas metodologias garantemmenos mortalidade e mais peso em menor tempo

dias, sem perder a qualidade da car-ne caipira. “Somos a única empresa atrabalhar com desenvolvimento ge-nético de aves caipira no Brasil.”

Aos poucos, o empresário dribloua resistência das pessoas e implan-tou novos conceitos de administra-ção e processos, modernizando a pro-dução da fazenda. “A empresa eramuito antiga, mas devagar mudamosa metodologia de trabalho”.

Deixou de lado a criação de avesde postura e de corte para dedicar-seexclusivamente a de aves caipiras. Osresultados atingiram os clientes, poiso frango caipira é uma das poucasfontes de renda lucrativas para o pe-queno produtor.

Garantir a sobrevivência dos cli-entes no mercado é prioridade paraBianchi. A Aves do Paraíso fornecepintos de um dia para produtores ru-rais de todo o País, presta assistên-cia técnica para que a produção nãoseja interrompida e orienta acomercialização. “Como nosso pro-duto tem valor agregado três vezesmaior do que o concorrente, que é ofrango branco, é preciso sabercomercializar de forma correta”.

Com o objetivo de reduzir os cus-tos de produção para os pequenosproprietários, Bianchi não se afastoudo meio universitário. Formado na

Unicamp, ele estabeleceu parceriascom universidades e escolasagrotécnicas federais de vários Esta-dos, para desenvolver pesquisas taiscomo alimentação alternativa para asaves, formas de manejo e adaptaçãoao clima. “Também acompanhamos odesenvolvimento de novos produtosvisando atender às solicitações domercado”. Atualmente, cerca de 37instituições participam dessas pes-quisas.

PERFILPERFILPERFILPERFILPERFIL○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

NOME: Luiz RicardoBianchi (o irmão LuizEmanoel Bianchi Netotambém é dono da empre-sa)

EMPRESA: Avês do Paraíso

SEDE: Itatiba – SP

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 75

PRODUÇÃO: 1,5 milhão de frangos/ano

Faturamento: não divulgado

dDe nada adiantou Luiz RicardoBianchi tentar fugir de sua verdadei-ra vocação.

Depois de anos no mercado, oengenheiro químico resolveu voltarpara Itatiba, no interior de São Pau-lo, e ajudar a tocar o negócio da fa-mília. Ao lado do pai, ele aprovei-tou sua experiência em Engenhariade Projetos para organizar a produ-ção da Fazenda Aves do Paraíso, com-prada por seu avô na década de 30.Hoje, Bianchi conseguiu direcionaro negócio, aproveitando o pionei-rismo no melhoramento genético defrangos caipira. O cruzamento de ra-ças resultou em uma ave rústica, commortalidade em torno de 1% e capa-cidade de alcançar 2,4 quilos em 70

Os diferenciaisno frango caipira

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Nesses 16 anos de liderança,Bianchi deu novo rumo para o em-preendimento. Na época de seu avô,a empresa iniciou os trabalhos demelhoramento genético. Mas faziaisso apenas com grãos de café. Maistarde, as pesquisas foram amplia-das para aves de postura. Na déca-da de 70, quando uma tecnologiaimportada começou a chegar ao Paísgarantindo uniformidade no tama-nho e na cor dos ovos, a fazenda

perdeu competitividade e só sereergueu na década seguinte, quan-do o pai do engenheiro direcionouas pesquisas para aves caipiras,cuja criação não requer grandes in-vestimentos.

Outra grande dificuldade surgiunos dois últimos anos, com a espe-culação sobre o preço do milho. Ocusto aumentou assustadoramente,causando uma retração de 30% narentabilidade da avicultura, que os-

cilava entre 10 a 15% ao ano. Desdeo segundo semestre do ano passadoa área vem se recuperando ainda quea passos lentos, chegando ao pata-mar de 3 a 5% de rentabilidade aoano. Mesmo com essas dificuldades,a Aves do Paraíso investiu em umnovo incubatório e se prepara para abusca do mercado externo. Para isso,deve montar um arrozeiro para poderexportar matrizes dentro dos próxi-mos cinco anos.

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Fazenda Aves do Paraíso: empresa trabalho com desenvolvimento genético e com novos conceitos de administração

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Depois do prejuízo e títulos protestados, a Coopavelconsegue dar a volta por cima e apresentar lucro

Receita para sair

bilidade da cooperativa”.Após três anos muito difíceis, de

recuperação econômica e de credi-bilidade junto à comunidade, aos ór-gãos econômicos e ao Governo, aCoopavel começou a se industriali-zar: da distribuição de insumos e dacomercialização de commodities(soja, milho e trigo), a equipe par-tiu para um grande projeto, em 1989,chamado Projeto Carne – que previaa transformação da soja e do milhoem carne e também em leite. Passa-dos 19 anos, a Coopavel é hoje umaempresa que fatura R$ 800 milhõesao ano e cuja previsão de lucro para2004 é de R$ 27 milhões.

Esse é o perfil do paranaense Dil-vo Grolli, que chegou à presidênciada Câmara Setorial de Milho, Sorgo,Aves e Suínos dentro do Ministérioda Agricultura e do Abastecimento,depois de décadas dedicadas aoagronegócio. Por meio de reuniõesperiódicas, o Governo se utiliza dascâmaras setoriais para comunicar-secom a parte produtiva e elaborar aspolíticas daquele ministério. “Quemparticipa dessas cadeias leva ao Go-verno uma visão de onde os produ-tores querem chegar e também asprincipais reivindicações e a reali-dade da área, para criar uma diretrizentre as empresas privadas, que são

a parte produtiva, e o Governo, queé a parte reguladora. A peculiarida-de é que nós somos produtores eestamos levando a voz do produtorrural, de quem planta, para o Go-verno.”

Além da produção de milho,soja e bovinos, o empreendedorcontinua dirigindo a Coopavel – co-operativa que reúne mais de 3.200agricultores e cerca de 3.800 fun-cionários, na cidade de Cascavel, noParaná. Com dez indústrias em ple-no funcionamento – duas de raçãopara aves, suínos e bovinos; doisfrigoríficos de suínos; um frigorífi-co de ave e um de bovino; um lati-cínio e uma indústria de esmaga-mento de soja; uma indústria defertilizantes e uma unidade de pro-dução de sementes – a organizaçãoconta hoje com 23 filiais no Oestedo Paraná para recepção de grãos ecomercialização de insumos. Para omercado externo vão 50% da carneproduzida e a Coopavel já se prepa-ra para começar a exportar lácteose carne bovina a partir do início de2005. Outros produtos como a sojain natura, farelo e óleo de soja,carnes de frango e de suínos já cru-zam as fronteiras do País através dacooperativa dirigida por Dilvo,rumo à Ásia e à Europa.

PERFILPERFILPERFILPERFILPERFIL○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

NOME: Dilvo Grolli(Produtor rural de soja,milho e gado bovino decorte e presidente daCâmara Setorial de Milho,Sorgo, Aves e Suínos, do Ministério daAgricultura e AbastecimentoDiretor-presidente da Coopavel – CooperativaAgropecuária Cascavel Ltda.)

RAMO DE ATUAÇÃO: agropecuária

oO segredo para a Coopavel che-gar à posição de quinta maior co-operativa do Paraná e décima doBrasil em faturamento começouem 1985, quando Dilvo Grolli foiconvidado a integrar a nova dire-toria. “Eu era sub-gerente de ban-co, mas já era cooperado desde1977”. Dilvo conta que naquelaépoca o crédito nos bancos esta-va cortado, havia títulos protes-tados, atraso na folha de paga-mento dos funcionários, dívidascom agricultores cooperados edesvio de produtos destinados àConab (Companhia Nacional deAbastecimento). “Assumimos en-tão com a missão de fazer um le-vantamento e uma análise de via-

GestãoGestão

do fundo do poço

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PERFILPERFILPERFILPERFILPERFIL○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

NOME: Waldyr Promicia

IDADE: 42 anos

FORMAÇÃO: Administração de Empresas(incompleto)

EMPRESA: Itacitrus

CIDADE-SEDE: Itajobi – SP

RAMO DE ATUAÇÃO: fruticultura

ANO DE FUNDAÇÃO: 1988

FATURAMENTO: não divulgado

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 200

GestãoGestão

Criatividade, iniciativa e experiência no mercadoexterno foi a receita de Waldyr Promicia paratornar-se o maior exportador de limão

Santa caipirinha

gGerente da Associação Brasileirados Produtores e Exportadores de Li-mão (ABPEL), Waldyr Promicia mis-tura de criatividade, iniciativa e ex-periência no mercado externo paratornar-se o maior exportador brasi-leiro de limão tahiti (lima ácida co-nhecida por Citrus latifolia; Tanaka;Dicotyledonae; Rutaceae). Apesar dagrande popularidade da fruta no Bra-sil, como matéria-prima da tradicio-nal caipirinha, a venda para outrospaíses era muito incipiente quandoa Itacitrus começou a exportar. Atu-almente, a empresa fundada pelo pai,Vicente, em 1988, tem capacidadepara processar 100 mil quilos de li-mões por dia, dos quais um terço éexportado para oito países.

A oportunidade ficou evidente em1998, quando um exportador procu-rou o pai de Waldyr com o objetivode comprar a produção e vendê-la no

exterior. O contrato garantiu a vendapor dois anos e despertou o interessede Vicente na prospecção de clientesexternos por conta própria. Um tra-balho para o criativo Waldyr, que co-meçou a buscar informações noSebrae e na internet e acabou desco-brindo a Fruit Logística, importantefeira de negócios da Alemanha.

Hoje ele sorri enquanto fala dosmomentos difíceis que enfrentou."Faltava um mês e meio para o iníciodo evento e nós não tínhamos logo,folders, nem embalagens", diz. Con-tratou uma designer, comprou 15 milcaixas (era o mínimo para que o pe-dido de embalagens fosse aceito), aspassagens e embarcou para Berlim."Cheguei lá com uma malinha de rou-pas e outra enorme, cheia de limão.Levei também açúcar, cachaça e umkit caipirinha".

Waldyr contou com a ajuda de umamigo como tradutor. "O problemaera que eu não falava inglês nem ale-mão, e o Manfred não falava Portu-guês. Então treinamos um pouco demímica". Mas a sorte estava do ladodo único produtor brasileiro de li-mão presente no evento. "Encontreium consultor que falava Português eele me ajudou a fazer contatos compossíveis compradores".

Durante os três dias de feira, eleesperava o evento terminar e abria amala. "Eu pegava o kit e começava afazer caipirinha para todo mundo",

diz. A criatividade do brasileiro cha-mou tanto a atenção que ele acaboufechando dois contratos, além deconquistar amizades que duram atéhoje.

De volta ao Brasil, depois da via-gem à feira européia, ele se deu con-ta de que só a ousadia não era sufici-ente. Então passou a dedicar-se maisao negócio da família. "Meu pai játinha um produto de qualidade, maseu não entendia nada sobre asespecificações para exportar". Waldyrsó queria intermediar as vendas, masse viu envolvido demais para atuarapenas como um coadjuvante na tra-jetória da Itacitrus. Embora a famíliatrabalhasse no ramo, ele havia aban-donado o campo aos 19 anos para

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começar um negócio na área de con-fecção, trabalhando com representa-ções comerciais e uma indústria decamisas em São Paulo. Seu instintoempreendedor o impeliu às exporta-ções, em 1994, quando começou avender lingeries para o Chile, apro-veitando um bom momento do mer-cado.

Sua experiência anterior foi fun-damental para garantir um atendi-mento de qualidade aos novos clien-tes. Waldyr contratou uma secretáriabilíngüe e partiu para a diferencia-ção do produto no mercado, certifi-cando o processo produtivo com o

"Eurep-gap" (certificação similar aISO 9000, específica para exportaçãode frutas). Depois de quase um anotentando conciliar as duas ativida-des, se desfez das representações,contratou um gerente para adminis-trar a fábrica de confecções e rendeu-se totalmente à paixão pelo cam-po. "Quando a gente nasceno meio rural, é difícilresistir ao apelo daterra".

Em 2001,Waldyr filiou-se ao Institu-to Brasileirode Frutas(Ibraf), doqual acabou

sendo diretor, e passou a incentivara participação de outras empresas emfeiras de negócio internacionais. Nabusca de melhor produtividade, elelevou a produção para solo nordesti-no. "Estamos investindo na produ-ção na Bahia, onde colhemos duran-te o ano todo, e certificamos 60 pe-quenos produtores de São Paulo numprocesso que durou um ano e meio".Dessa forma, a empresa tornou-separceira dos pequenos agricultorespaulistas ao comercializar suas pro-duções. "Fornecemos tecnologia eassistência técnica sobre colheita,acondicionamento, uso de máquinase agrotóxicos", diz.

Hoje a Itacitrus atende 11 clien-tes em oito países. O maior merca-do, claro, é a Alemanha. "Nossa pri-oridade não é conquistar novos cli-entes, mas atender bem os atuaiscompradores externos". Em fevereirode 2005, mais de 20 exportadoresdevem ocupar o estande de 300metros quadrados reservado aos pro-dutores brasileiros na feira européia.Além disso, a empresa também vaiinvestir na certificação de mais pro-dutores e em pesquisa pós-colheita,numa parceria com a Esalq (EscolaSuperior de Alimentos e Química) deSão Paulo.

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A lavourainformatizadaTecnologia da informação revoluciona o agronegócio esoma precisão e ganhos de escala com a intimidadeque o agricultor tinha com sua safra no passado

InovaçãonovaçãoI

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dDepois de duas mudanças radi-

cais – a substituição dos animaispelos motores e o controle químicona lavoura – a terceira revolução naagricultura já chegou na cidade Não-Me-Toque, de 15 mil habitantes nointerior gaúcho. É na fazenda Annaque está se desenvolvendo um pro-jeto pioneiro de agricultura de pre-cisão, a mais moderna técnica paracultivar o solo. A tecnologiainformatizada permite ao lavrador ouso de insumos agrícolas nos locaiscorretos e em quantidades específi-cas. É uma nova filosofia de traba-lho no campo, que resgata o quehavia de melhor no passado, quan-do o produtor carpia a terra na en-xada e sabia a exata proporção quedevia aplicar os insumos agrícolasem cada pedaço da lavoura. Com amecanização obteve-se notáveis gan-hos de produtividade, mas tambémuniformizou a aplicação de defensi-vos e adubos.

A agricultura de precisão está in-timamente associada ao uso de saté-lites e do GPS, sigla em inglês parasistema de posicionamento global. OGPS é conectado a sensores eletrôni-cos que identificam as áreas de mai-or e menor produtividade, além decoletar automaticamente dados comoa disponibilidade de nutrientes, pHdo solo, quantidade de ervas dani-

nhas, manchas de terra compactada.A área é dividida em partes, num pro-cesso conhecido como grid. A idéiaé tratar cada metro quadrado da pro-priedade de maneira personalizada,corrigir os fatores limitantes da pro-dução, e tornar a lavoura mais uni-forme possível.

Os dados armazenados no apare-lho são examinados no computador,através de um software SIG, sistemade informações geográficas. Esseprograma é utilizado para o trata-mento, análise e visualização das in-formações e constrói os mapas digi-tais de produtividade, orientando oprodutor na aplicação de insumosagrícolas.

PLANTAS DANINHAS

Os mapas digitais ajudam emmuitas operações, mas em outrasnão. No caso de plantas daninhas,pode-se monitorar uma mesma áreadurante anos e sempre vão existiralgumas falhas e imperfeições. “É aíque entra a sensibilidade do agrô-nomo, que será a peça mais impor-tante nesse avançado processo pro-dutivo, mesmo com toda aautomatização prometida”, dizManoel Ibrain Lobo Júnior, engenhei-ro agrônomo e um dos maiores es-pecialistas do Brasil na área.

Plantadeiras e pulverizadoresequipados com sofisticados sistemas

de bordo e monitores eletrônicos fa-zem o manejo seguindo o mapa di-gital prescrito pelo computador. Acada safra, o ciclo se fecha e se ar-mazena mais informações sobre a la-voura, o que torna as análises cadavez mais confiáveis, gerando um ban-co de dados com o histórico da la-voura.

Em conjunto com a coleta de da-dos por GPS, pode ser feito um exa-me do solo em laboratório. Mas de-pendendo do tamanho da proprie-dade, o preço desse serviço podetornar-se proibitivo para o produ-tor. Por isso, alternativas como asfotos aéreas estão cada vez sendomais procuradas. O sensoriamentoremoto é feito por meio de satélitesespecializados que orbitam a vintemil km de altura e fotografam a Ter-ra. Através da escolha do espectrode luz, um agrônomo pode discernirconcentrações e tipos de vegetação,quantidade de minerais e mananci-ais de água. O único satélite brasi-leiro de sensoriamento remoto é oCBERS, projeto sino-brasileiro lan-çado em 1999.

Uma alternativa aos satélites estásendo pesquisada pela Embrapa e oInstituto de Ciências Matemáticas eComputação da USP de São Carlos:trata-se de um aeromodelo equipadocom uma câmera capaz de tirar até

Fazenda Anna:exemplo bem-sucedido daagricultura deprecisão

InovaçãonovaçãoI

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seis mil fotos por dia de trabalho. Asimagens podem ser utilizadas para de-tectar problemas na propriedade,como pragas, falhas no plantio e de-ficiências nutricionais. Por voar maispróximo do solo, a cerca de cemmetros de altura, as imagens do pe-queno avião têm uma resolução mai-or do que o sensoriamento remoto, oque permite ao agricultor identificarmais detalhes da produção. As ima-gens de satélites são disponíveis comperiodicidade de alguns dias, o queinviabiliza sua utilização em algu-mas aplicações na agricultura. Comessa aeronave, é possível tomar asimagens quando necessário, mesmocom o céu encoberto. Outra vanta-gem é a redução no custo, uma vezque os instrumentos necessários sãobaseados em componentes utilizadosem aeromodelos. O projeto ainda estásendo patenteado e deve chegar nomercado ainda em 2005.

PIONEIRISMO

A fazenda Anna é o primeiro la-boratório aberto de testes práticospara o estudo do impacto da intro-dução da nova tecnologia em escalacomercial no País. Iniciado em 2001,

Para o engenheiro agrônomo Manoel Ibrain Lobo Júnior, a implantação das novastecnologias não causa desemprego. “Os funcionários que operavam em três pulverizado-res convencionais e foram substituídos por um único equipamento autopropelido, porexemplo, estão monitorando as aplicações desse equipamento”, diz. De cada dez em-pregos gerados no campo, sete são gerados nas pequenas propriedades, que têm aces-so limitado a crédito e conhecimento.

Como a estrutura agrária ainda é extremamente concentrada – dos 4,6 milhões deagricultores do País, cerca de 4,1 milhões são familiares – os avanços tecnológicos, emsua maioria, ainda são realidades distantes da maioria dos produtores rurais. A indús-tria brasileira voltada para o campo tem foco nos grandes produtores. Pequenos tratorese implementos em tamanho menor são muito comuns na Europa. No Brasil, os tratoresmais eficientes são projetados para o cultivo em áreas extensas.

A agricultura moderna exige um novo perfil de trabalhador. Lobo ressalta que oemprego nesse novo cenário de avançadas tecnologias exige horas de estudo e partici-pação nos cursos de reciclagem para otimização dos equipamentos. “O que mais existehoje em dia são empresas dispostas a treinar esses funcionários, pois o campo estáprecisando muito de mão-de-obra mais qualificada”, diz Torres.

Mas a mecanização de culturas como café e cana-de-açúcar acarretou na extinção depostos de trabalho para bóias-fria em todo o Brasil. Guilherme Francisco Waterloo Radomsky,da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, analisou a transformação do mercadoagrícola gaúcho na década de 90, e concluiu que houve uma diminuição de empregos, emespecial na agricultura familiar. Só na década passada, 40 mil empregos desapareceramna colheita do fumo. Nas plantações de soja foram 120 mil, segundo dados do IBGE.

A diminuição de postos de trabalho do campo não se deve apenas ao uso de máqui-nas. Modificações na legislação trabalhista proporcionaram aos trabalhadores rurais osmesmos direitos dos urbanos, o que encareceu o custo da mão-de-obra, e tornou maisatraente o uso das tecnologias. Por muito tempo se pensou que a mecanização deveriaser combatida, pois tirava emprego,mas o aumento de produtividade com-pensa as perdas, e gera empregos emoutras áreas como serviços. No Bra-sil, o setor de consultoria paraagrobusiness pode faturar até 150milhões de reais neste ano. O quedificulta o investimento em tecnologiaé que o segmento agrícola no Brasilapresenta um o alto grau deserção,isto é, a variação para baixo do quese esperava produzir e vender. O pre-ço também atrapalha. Muitos agricul-tores vêem o investimento nessas fer-ramentas como algo caro. “No futu-ro, as informações sobre a terra vãovaler mais que a terra propriamentedita. Essa frase é bastante verdadei-ra nos dias de hoje”, diz Lobo Junior.

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MUDANÇA NO PERFIL DO EMPREGO

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o projeto, denominado Aquarius, éuma parceria entre multinacionais doporte da Agco do Brasil, Dekalb,Monsanto, Stara Sfil, Serrana Fertili-zantes e a Universidade Federal deSanta Maria. O resultado da colheitaconfirma o aumento de rendimentoe a redução de custos prometida pelaagricultura de precisão.

Na safra de 2004, foram cultiva-dos milho e soja em duas áreas dafazenda Anna que somam 256 hec-tares. O milho foi plantado em umaárea de 132 hectares e a produtivi-dade alcançou 5,9 toneladas porhectare, 20% superior à média regi-onal e 13% a mais que a média ob-tida em outras lavouras da mesmapropriedade onde foram adotados osmétodos convencionais. Um dos ad-ministradores da empresa, FernandoTrennepohl, diz que, em virtude daestiagem que atingiu a região, a efi-ciência verificada surpreendeu posi-tivamente. “Na safra passada choveumuito bem e nós colhemos horro-res”. Ele se refere a uma produtivi-dade que já atingiu uma média de8,4 toneladas, chegando a mais de12 toneladas em alguns pontos.

A análise de solo em agricultu-ra de precisão representa apenas0,5% do custo total de produção.Mas na fazenda Anna, permitiu re-duções de até 23% no uso deinsumos, que na lavoura de sojachega a representar cerca de 60%do preço do produto. Seguindo osmétodos convencionais, seriam ne-cessárias 40 toneladas de fertilizan-te. Já com o novo processo foramutilizadas apenas 31 toneladas,uma economia de R$ 2.800 por hec-tare, combinada com um rendimen-to 29% maior que da região.

Trennepohl explica que já tinha omaquinário, e que o investimento de

adaptação foi de R$ 57 mil, mas oacréscimo de 6% na lucratividadecompensa o custo. “A fazenda Annaestá trabalhando em pequena escalaporque é um laboratório de teste. Maspara grandes propriedades, em umano o agricultor cobre o investimen-to”, relata Eduardo Guimarães deSousa Filho, engenheiro de vendas daAgco e coordenador do ProjetoAquarius.

AGENDA

Para Sousa, mais do que o preço,o agricultor tem que estar prepara-do. “Se o produtor não usa compu-tador como uma ferramenta de pro-dutividade, precisa de uma agenda”.Para ele, cada vez mais o homem docampo precisa pensar a fazenda comoum negócio e arquitetar estratégias,para proporcionar melhor remunera-ção e continuidade no mercado. “Mes-mo em cenários negativos, ele temque investir em inovação, o que au-menta a sua margem de lucro”.

”Já íamos trocar o maquinário eaproveitamos a oportunidade paracomprar essa nova tecnologia”, falaJúlio Balzan, proprietário da fazen-

da Nossa Senhora do Carmo, locali-zada no município de Tupanciretã,cidade de 20 mil habitantes, a 100km de Goiânia. A compra de duascolheitadeiras e um pulverizador deuretorno em duas safras. Formado emAgronomia, ele mesmo analisa as in-formações dos cerca de 600 hectaresde soja, milho e trigo no computa-dor e acha que a agricultura de pre-cisão facilita a vida do produtor.“Comparar a trabalheira que meu paitinha para plantar, com o que temoshoje é brincadeira. Ele fica tranqüilocom o futuro da fazenda porque con-fia na minha capacidade de decisão”.

As colheitadeiras que Balzan com-prou usam a mais avançada eletrôni-ca embarcada que permite a condu-ção do corte e a alimentação de for-ma automática. “Basta apertar umbotão para o sistema começar a fun-cionar, e o trabalho é feito mais rá-pido com melhor qualidade”, relata.O grau de sofisticação é tão alto, quea máquina avisa ao operador quandoestá na hora de reabastecer e quandoo rendimento do trabalho está aquémdo programado. “Ela processa ummaior volume e causa menos danos

Eduardo Guimarães de Sousa Filho, engenheiro de vendas da Agco ecoordenador do Projeto Aquarius

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ao grão”, finaliza.Atualmente apenas as grandes áre-

as estão utilizando essa ferramenta,mas em um futuro não muito distan-te, as pequenas e médias proprieda-des poderão formar cooperativas, di-

luir os custos e também usufruir des-sa promissora novidade. “Assim quecomeçar a popularização, essatecnologia vai baratear, como acon-teceu com o computador e o celu-lar”, considera Fábio Torres, da Jac-

to, empresa brasileira líder na vendade pulverizadores. “O meu avô já co-nhecia cada palmo da propriedade,mas em grande escala era impossívelfazer um tratamento da terra perso-nalizado”, recorda.

planeta e ainda não utiliza racionalmente essesprodutos. Apenas 30% dos defensivos agrícolasatingem as ervas daninhas. O resto se perde naevaporação ou contamina os mananciais d’água.São poucos os produtores que se esmeram namanutenção dos equipamentos, na regulagem ecalibração dos pulverizadores ou no treinamentodos operadores. “Se o produtor errar nas aplica-ções, em apenas um dia de trabalho, ele pode terum prejuízo, na cultura de algodão, por exemplo,de até U$ 600 mil”, fala Lobo Júnior, ao multipli-car a produtividade uma máquina top de linha,500 hectares por dia pelo custo de US$ 1.200 porhectare. Ele sugere que medidas simples, como aidentificação de bicos danificados reduziria as per-das e aumentariam a segurança dos trabalhadorese do meio ambiente.

Um estudo da organização não governamental WWF reve-la que o mundo já não consegue compensar agressões con-tra meio ambiente. O consumo de recursos naturais já supe-ra em 20% por ano a capacidade do planeta de regenerá-los.Usando a tecnologia atual, são necessários 9,7 hectares deterra produtiva e água para produzir o que um americanoconsome e depois para absorver o lixo que ele gera. Emcomparação, o consumo do brasileiro necessita de 2,3 hec-tares, dentro da média mundial. “A eficiência deles é muitomenor por causa dos subsídios”, finaliza Souza.

A agricultura de precisão pode ser implantada em qual-quer lavoura, o Brasil, porém, importa tecnologia dos EstadosUnidos e o foco de mercado acaba sendo os cereais. A tendên-cia é que a filosofia se dissemine em outras culturas, e univer-sidades e centros de pesquisa como a Embrapa, já desenvol-vem projetos para adaptar essa tecnologia. “A cana de açúcar,por exemplo, vai começar a utilizar em larga escala”, projetaJuliano Leal, responsável pelo planejamento de produtos daJohn Deere.

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LEIS E METAS NA ORIGEM

A agricultura de precisão nasceu na Europa como umapreocupação ambiental. A legislação de países, como a Holandae Dinamarca, estabelecia metas para o produtor controlar osníveis de insumos adicionados ao solo. Mas foram os america-nos, no início da década de 90, que transformaram esse con-ceito em negócio, e logo surgiram no mercado, sensores,softwares e serviços. Entre os benefícios que a agricultura deprecisão traz é o respeito à natureza, uma vez que a aplicaçãode adubos e defensivos é restrita a necessidades específicas,evitando excessos que possam causar a poluição de solos erecursos hídricos.

“Na Europa, a preocupação da contaminação dos lençóisfreáticos levou à descoberta de novas formas de manejo”,relata Sousa, da Agco. Para ele, as máquinas que saem dasfábricas são preparadas para funcionar melhor e por isso polu-em menos o meio ambiente. Mas no Brasil, ainda não existeuma inspeção obrigatória de pulverizadores, como na UniãoEuropéia, Austrália e Estados Unidos.

O País é o quinto maior consumidor de agroquímicos no

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A Conferência promovida pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, em sua sétima edição,

agora é internacional. Este novo posicionamento visa ampliar o número de participantes do mundo inteiro e

compartilhar experiências e dilemas de outros países, proporcionando contatos, intercâmbio e vivências mais

amplas e abrangentes.

Neste início de século, a ameaça de um colapso da situação social e ambiental do planeta cresce dia a dia.

Para discutir esta situação, elegemos o tema Parcerias para uma sociedade sustentávelcomo fio condutor de todas as atividades da Conferência, que abordará, durante os quatro dias de evento,

questões como Ética, Relações de Trabalho, Meio Ambiente e Consumo, entre outras.

Para obter mais informações sobre o evento, conhecer a programação e fazer sua inscrição, acesse o site

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oRoça High TechSinais do satélite, pulverizadores automáticos,robótica e inteligência artificial mudam a lavoura

O GPS é um receptor que capta si-nais enviados por satélites e indicapara o agricultor a latitude e longitu-de. Foi criado como um sistema mili-tar e por isso tinha falhas de precisãode até 100 metros para o usuário ci-vil. Antes, era necessário pagar cercade US$ 2.000 ao ano para se obteruma maior exatidão. Mas em meadosda década passada, o governo ameri-cano anunciou o fim da degradaçãointencional do sinal e os agricultorespassaram a ter em suas mãos uma fer-ramenta capaz de informar posiçõescom exatidão de até 20 metros.

Antes de surgimento do GPS, paraconseguir informações sobre suas ter-ras, os produtores tinham que colhere pesar toda a produção. Era assim quese montava um mapa de produtivida-de da cultura. No caso dos pulveriza-dores, foram muito utilizados osmarcadores de espuma biodegradável,que serviam de guia para o operadorda máquina evitar erros na aplicaçãodos químicos.

No início da década passada, a es-puma era o máximo de tecnologia dis-ponível e alcançava índices de preci-são da ordem de 70 cm. Com o GPS épossível atingir uma grade de até 2 cm.Apesar de ser uma solução prática ebarata, a espuma sempre foi uma eter-na queixa dos agricultores, pois as fai-xas desapareciam em dias muito quen-tes, chuvosos e com vento, obrigandoprodutor a interromper o serviço.

O Brasil é um dos países que mais

tem sistemas de posicionamento emuso, perdendo apenas para os EstadosUnidos, e junto com a Austrália é omaior comprador dessa nova tecnologiade produção agrícola com precisão. “Háquatro anos nós vendíamos cerca de170 máquinas equipadas com GPS.Hoje vendemos 2.000”, diz EduardoGuimarães de Sousa Filho, da Agco, lí-der do mercado. Existem dispositivospara todo tipo de público e bolso. Osmais baratos custam em torno de R$600. Os modelos mais sofisticados ul-trapassam os R$ 30.000.

O mesmo não vale para máquinasagrícolas. Para Fábio Torres, da Jacto,a precisão está relacionada com quan-to o agricultor quer gastar. A maisnova sensação no mercado são os pul-verizadores que dispensam o uso detratores e podem trabalhar 24 horaspor dia. Estima-se que 1.300 máqui-nas desse tipo foram comercializadasem 2004. Há cinco anos, as vendasdesses equipamentos no Brasil, quecustam em torno de R$ 400 mil e sãocapazes de pulverizar até 400 hecta-res por dia, eram de apenas 25 unida-des. Mas a incidência da ferrugem asi-ática na soja e o crescimento da cul-tura do algodão dinamizaram o mer-cado.

Outra novidade é o piloto auto-mático da Jacto, uma evolução emrelação aos concorrentes que usambarra de luzes, instrumento que ori-enta o piloto na aplicação dosagroquímicos. O Autopilot, ao invés

de enviar a informação para um pai-nel, aciona a barra de direção, assu-mindo a condução da máquina, po-dendo até completar uma manobra.“O operador aperta um botão e ao sol-tar as mãos da direção o sistema co-meça a funcionar, e ele permanecedentro da cabine gerenciando a apli-cação”, diz Torres.

A Jacto foi a primeira fabricantebrasileira de máquinas oferecer o GPScomo opcional, já em 2000. No co-meço, era responsável por 1% das ven-das da companhia. O piloto automá-tico, lançado em 2004, correspondeà mesma parcela do negócio e a em-presa projeta um crescimento pareci-

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do, mesmo que um equipamento des-se tipo custe R$ 240 mil.

ENSOPAR A PLANTA

Por muito tempo, o produtor pen-sava que uma boa aplicação de defen-sivos era molhar bem a planta. “Nacabeça da maioria dos produtores issoera correto”, se horroriza Lobo Júnior.Com o passar dos anos, as idéias mu-daram e a necessidade de compe-titividade levou os agricultores a bus-car novos métodos de manejo. Con-ceitos típicos de laboratórios sofisti-cados, como robótica e inteligênciaartificial, estão ganhando mais espa-ço dentro da lavoura.

A aplicação de agrotóxicos emquantidades variáveis é um dos pila-res da agricultura de precisão. Com-putadores de bordo extremante com-plexos combinados com sensores deidentificação de alvos biológicos eli-minam a necessidade do mapeamentodas pragas. O sensor localiza as plan-tas daninhas e o sistema calcula sozi-nho a quantidade e a composição dodefensivo, possibilitando a aplicaçãode até 12 tipos de princípios ativosdiferentes, além de controlar a velo-cidade da aplicação e a altura idealdas barras pulverizadoras. “Mapas decolheita confeccionados por GPS sãomuito comuns hoje em dia, mas há

alguns anos parecia coisa de ficçãocientífica”, relata Lobo Júnior, queacredita na difusão dessa tecnologia.No momento, o preço ainda é parapoucos, só um sensor de barra quecontrola a elevação dos pulverizado-res custa R$ 26 mil reais.

A Dinamarca está um passo a fren-te nessa pesquisa. O governo finan-ciou um robô destinado a detectartodas as pragas da lavoura. Os primei-ros testes foram um sucesso: o robôreduziu a dose de herbicidas em cercade 70% na lavoura de beterraba. Oaparelho está equipado com umacâmera que inspeciona o solo, em vezde utilizar um software de reconheci-

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Instrumentos para monitorar a safra: falhas são eliminadas por meio de dados mais precisos

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mento por forma e peso. Mas a ambi-ção do projeto é ainda maior, substi-tuir os herbicidas, e arrancar as ervasdaninhas da terra.

ALTA PRODUTIVIDADE

Em 1997 existiam no Brasil qua-tro aviões equipados com GPS no Bra-sil. Hoje, quem não tiver o dispositi-vo não fica no mercado. O País temcerca de 2.000 aeronaves agrícolas,que são usadas devida à alta produti-vidade, de até 200 hectares por hora.Um pulverizador convencional leva umdia inteiro para realizar a mesma tare-fa. Além da eficiência, somente o aviãoatinge o momento oportuno no con-trole fitossanitário: a hora correta daaplicação, quando o inseto, a doençaou a planta daninha ainda não provo-cou prejuízos. Em situações de emer-gência, como uma infestação repen-tina de pragas, o controle pelo ar ain-da é mais empregado.

Uma nova tecnologia desenvolvi-da no Brasil tornou a via aérea umaalternativa ainda mais promissora.Denominada BVO (baixo volume ole-oso), foi criada no Centro Brasileirode Bioaeronáutica (CBB) e proporcio-na uma otimização no uso de defen-sivos de até 100%, além de um menorimpacto ambiental. A técnica consis-te em diluir o químico em óleo desoja, o que evita a evaporação e geragotas muito finas, mais adequadas parao controle de pragas e doenças. “Eudecolo com o tanque cheio, e se coma aplicação de alto volume eu fazia1.000 hectares em um dia, agora pos-so alcançar rendimento de até 2.000hectares”, relata Luiz Dellaglio, pilo-to com 32 anos de experiência e 16mil horas de vôo.

Se compararmos com as ferramen-tas disponíveis na década de 80, a avi-ação agregou sistemas típicos das má-quinas terrestres como GPS, computa-

dor de bordo e controle de fluxo. Mascertos procedimentos devem ser segui-dos à risca, para assegurar a segurançatanto do piloto como do investimentodo agricultor. É necessário fazer a apli-cação com tempo calmo, temperaturaentre 32 graus e a umidade relativa doar máxima de até 50%.

A aviação aérea caminha para atin-gir quase a perfeição na relação entreo tamanho de gota, a capacidade depenetração do agroquímico no solo ea fórmula adequada para a aplicação.Com o uso de alta tecnologia,Dellaglio economiza em média dez ho-ras de vôo, o que em dinheiro signifi-ca mais de R$ 1.200 mil. Acredita queo mercado tende a crescer 10% para opróximo ano, pois a aviação está ofe-recendo o melhor custo benefício domercado, um pouco mais de um realpor hectare.

Mas é alto o índice de inadimplên-cia que existe na atividade. Dellaglioprefere fazer um contrato com o pro-dutor, para se assegurar que vai receberpelo serviço, em dinheiro ou emcommodities. A maioria não aceita. Ele,porém, entende o lado do produtor,que por muitas vezes não tem capitalpróprio e necessita de um financiamen-to para fazer o plantio. “O modelo ide-al é a parceria entre produtores eprestadores de serviço”.

O BVO é baseado num sistema in-glês criado na década de 50 paracombater mosquitos e gafanhotos.Nos anos 70, cientistas inglesesaperfeiçoaram o conceito e obtive-ram uma gota com a máxima efici-ência biológica. O óleo serve paraaumentar a dispersão da gota, já quea folha apresenta muita cera, celu-lose e ácidos graxos que repelem aágua. O resultado é uma neblina comgotas uniformes, menos sujeitas àevaporação, à lavagem pelas chuvase ao orvalho.

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A fazenda Cafua, no municípiode Lavras, já adota máquinas paraa colheita de café, seguindo a ten-dência da mecanização das propri-edades no Sul de Minas a partir demeados da década passada. Subs-tituindo o trabalho manual, pode-se obter uma redução no custo deaté 60%. Mas o emprego de técni-cas de agricultura de precisão ain-da é incipiente, porque não existeno mercado um sensor de produ-tividade que quantifica o peso e aumidade do produto. A Universi-dade Federal de Lavras está desen-volvendo o equipamento especí-fico para café, que visa levantarum mapa de produtividade da la-voura. Esse sensor está em fase detestes, mas os resultados já sãopromissores. Em uma lavoura decinco hectares, o rendimento podevariar até 13 vezes de uma áreapara outra.

Pedro Castro Neto, um dos res-ponsáveis pela pesquisa, diz queos agricultores da região, a maiorprodutora de café do Brasil, tam-bém estão plantando mamona du-rante a ressepa do café. Quando alavoura esgota a produtividade, asolução é a poda: cortar o pé daplanta até 60 cm e esperar por seisanos para a volta da produção, in-vestindo em técnicas de correçãode solo e adubo. Nesse ínterim, osagricultores estão aproveitando aterra e plantando mamona, em fun-ção do incentivo governamentalpara a produção de biodiesel. Apósdois anos de projeto, os agricul-tores já atingem uma produtivi-dade de 2,5 toneladas por hecta-

res, média três vezes maior que anacional. “A colheita da mamonaé um processo sem volta no sul deMinas”, fala Neto. Além de ser eco-nomicamente viável, a mamona éum hematicida natural, e combatepragas que atacam a lavoura docafé.

A laranja é outra cultura queestá empregando ferramentasinformatizadas de produtividade.No município de Limeira, em SãoPaulo, pesquisadores da USP reali-zaram um experimento em uma áreadez hectares, onde o rendimentovariou de 0,09 a 5,4 caixas de 31kg por pé. A colheita ainda é ma-nual, feita por apanhadores queutilizam escadas e sacolas, e a pe-sagem da produção é feita atravésde um guincho hidráulico. Cadasaco armazena as laranjas prove-nientes de um grupo de até quatroplantas. Cada pé utiliza um GPSque emite ondas de rádio, capta-das por uma antena móvel que faza leitura automática da latitude,longitude, e no computador, apósa pesagem dos sacos, obtém-sedados precisos da produtividade decada área. O projeto, desenvolvi-do pela USP, criou um joystick es-pecial de uma única tecla para fa-cilitar o usuário. Mauro SandovalSilveira, proprietário da FazendaSão José da Gruta, fala que a téc-nica permite um grande aumentode produtividade, mas existe umempecilho: os equipamentos paraexaminar a precisão da lavoura sãomuito caros. “É necessário barate-ar essa tecnologia para que assimtodos tenham acesso”.

Um sensor para o café

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Boi com identidadeSaber a procedência e as condições do alimento é exigênciaque defende o consumidor das doenças endêmicas do gado

vinos que vivem no País, com infor-mações sobre a ração, histórico devacinas, fiscalização das práticas demanejo, uso de mão-de-obra infantile monitoramento do bem-estar deanimais e trabalhadores. É o contro-le de todas as etapas da produção doalimento; iniciando no produtor deinsumos, passando pelo pasto, frigo-rífico até a mesa do consumidor.

O Governo Federal lançou em2002 o Sistema Brasileiro de Identi-ficação e Origem de Bovinos e

Bubalinos (Sisbov), que tem provo-cado muita polêmica no segmento depecuária de corte. Num primeiro mo-mento, o cadastramento de todos osbovinos no País era compulsivo, atémarço de 2004. Mas os pecuaristasalegaram dificuldades técnicas e fi-nanceiras, e exigiram que o mercadose regulamentasse sozinho. No come-ço de novembro, o Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento(MAPA) cedeu às exigências e suspen-deu a obrigatoriedade. Associação

dDesde que a doença da vaca lou-ca assolou os pastos na Inglaterra emmeados da década passada, o ato decomer carne mudou em todo o mun-do: os consumidores passaram a exi-gir da indústria alimentícia mais ga-rantias de que os alimentos produzi-dos são realmente saudáveis. Essanova demanda transformou a práticada rastreabilidade numa tendênciairreversível, inclusive no Brasil. Aidéia é construir uma “carteira deidentidade” dos 180 milhões de bo-

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Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ),que representa cerca de 15 milpecuaristas, foi uma das primeirasentidades a condenar a obrigato-riedade do sistema. “O projeto inici-al potencializava só um elo da ca-deia produtiva e não aproveitava asestruturas estaduais de defesa animal.Já o processo voluntário permite cri-ar um novo patamar de negócio quevaloriza de forma justa o produtor,com possibilidades de crescimento acusto baixo”, explica Luiz AntônioJosahkian, diretor da ABCZ.

Geraldo José Arantes, da certifi-cadora Tracer, que atua no TriânguloMineiro, acredita que a discussão aoinvés de ser técnica é política. O pi-lar da controvérsia é o número deidentidade da propriedade na Recei-ta Federal (NIRF), um dos documen-tos exigidos pelo MAPA para o cria-dor ingressar no sistema. Para ele, opecuarista está preocupado com orisco do Leão cruzar os dados com oSisbov e ser obrigado a declarar oImposto de Renda.“O País está brin-cando com a questão rastreabili-dade”, conjectura.

RESULTADOS

Ireniliza Naas, professora da Fa-culdade de Engenharia Agrícola daUnicamp e umas das maiores especi-alistas brasileiras no assunto, consi-dera a adoção da técnica uma ques-tão fundamental para o futuro doagronegócio do País. “Os resultadosesperados são o aumento da produ-tividade, o crescimento da produçãoe da exportação de proteínas e umaoportunidade para agregar valor eampliar a renda do produtor” diz. Paraela, os empresários da área vêem comseriedade a proposta, e sabem quepara os formadores de opinião daUnião Européia, a rastreabilidade éfundamental para ganhar a confian-

ça do consumidor. “Existe tecnologiade informação disponível para se pra-ticar rastreabilidade no Brasil”, con-clui Naas.

O Sisbov é o maior projeto mun-dial de rastreabilidade bovina. “OsEstados Unidos e a Austrália estãomuito atrás da gente. Por ser umaidéia nova tem suas falhas, mas jáforam cadastrados 40 milhões de ani-mais, o que é maior que o rebanhofrancês”, comenta José RicardoRezende, da Tecnagro, uma dascertificadoras reconhecida pelo Go-verno e que presta serviços deconsultoria na área agrícola há 20anos. A principal crítica ao Sisbov éque o sistema deveria ter sido menosabrangente, e com otempo ser ampliado,tese que ele concorda.“O projeto já nasceubastante ambicioso, ca-dastrar cerca de 180milhões de bovinos quevivem no País, não exis-te nenhum trabalhonessa escala no mundo,e esse pioneirismo podenos render bons frutosno futuro”.

A rastreabilidade éuma ferramenta origi-nada na indústria far-macêutica, mas tem usointensivo em outrasáreas. Por exemplo, osrecalls que as montadoras de auto-móveis promovem para a troca dofreio ou de outro componente do ve-ículo. Tendo em vista as implicaçõescivis de um erro, a indústria auto-mobilística criou um catálogo dosfornecedores de peças. Na área agrí-cola, também pretende-se fazer esseregistro do histórico para que o con-sumidor consiga atribuir a responsa-

bilidade a quem realmente deve.Rezende afiança que rastrear é

uma ferramenta e certificar é um pro-cedimento. Para ele, a rastreabilidadepoderia ser feita pela própria indús-tria de corte, já que é garantir quedeterminado item ou produto aten-de exigências pré-definidas. Mas é oprocesso de certificação que garanteuma segurança para o consumidor egera um controle de qualidade.

Ele defende o Sisbov, e discursaque mais do que ficar fazendo críti-cas, é importante ver os avanços.Apóia a criação de um fórum quecongregue o setor da agroindústriapecuária para discutir aimplementação do sistema e deter-

minar as regras, mas essa propostateria que ser respaldada por uma or-ganização política, o que segundo elenão ocorre. Apesar da idéia do fórum,Rezende acredita que certas normasdevem ser definidas pelo Estado, umavez que “defesa sanitária é papel doGoverno, não dá para delegar para ter-ceiros”.

Em Presidente Prudente, Haroldo

Certificadora Tracer: rastreabilidade é alternativapara o controle do rebanho

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de Arruda Camargo, que trabalha naárea de alimentos há 15 anos, garan-te que a rastreabilidade animal lhedá a liberdade de ter acesso ao mer-cado interno e externo. Ele arrendaquatro propriedades para a criação deNelore, e até o momento o lucro pro-veniente do uso dessa ferramentaempatou com investimento de R$5,00 por cabeça. O criador tambémreclama dos novos procedimentosque teve de adotar: quando quermudar uma das 1.800 cabeças quedispõe para outra propriedade, temque fazer a consulta ao Sisbov.

Luis Eduardo Moreira Junqueiraherdou a fazenda Vila Maria em SãoJosé do Rio Pardo, e conta que noprincípio da adesão ao Sisbov, algunsfrigoríficos pagavam um ágio poranimal rastreado. Mas quando a de-

manda se tornou alta, a concorrên-cia diminuiu os preços. Se não teveprejuízo, ele, que já investira em umsistema próprio de cadastro, gastoucerca de R$ 800,00 para registrar as200 cabeças de gado zebu que pos-sui. Entre os vizinhos de proprieda-de, Junqueira foi um dos primeiroscriadores a adotar a rastreabilidade.

SISBOV

O produtor que quer integrar-se aoSisbov deve eleger uma certificadora.Existem 35 empresas atuando no País.Firmam um contrato, no qual estãolistados os direitos e obrigações decada parte. A certificadora faz entãouma solicitação de códigos ao Sisbov,que envia numa mensagem criptogra-fada quinze números específicos, umaespécie de RG do animal. A solicita-ção é específica por produtor e por

propriedade. Esse processo não demo-ra mais do que 48 horas.

A certificadora ou o produtor en-tão encaminham os códigos para umfabricante de brincos e botons – cujodesenho, tamanho e qualidade é pa-dronizado segundo regras do Minis-tério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento (MAPA). Os brincos ebotons custam em média R$ 1,40 opar. Cada pino é afixado na orelhado animal. O índice de perda é de2%, em função de mau aplicação, oudo brinco cair porque o animal es-barrou numa cerca.

O criador recebe o brinco e umaplanilha impressa em duas vias em pa-pel carbono, nos quais são preenchi-das características como raça, sexo,peso, entre outras. Essa é a tarefa maistrabalhosa porque é inexpressivo o nú-

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Gado identificado: procedência rastreada define credibilidade no produto final

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mero de produtores que dispõem de umcomputador ligado no curral, uma vezque a poeira e a sujeira do local exi-gem equipamentos de nível militar. Pre-enchida a planilha, o pecuarista cadas-tra esses animais no banco de dadosda certificadora. “Muitos não têm umaprática com computador e necessitamde auxílio nessa atividade”, relataRezende, da Tecnagro.

Quando o criador acaba de regis-trar os animais, solicita à certifica-dora a visita de um técnico que vaifazer uma inspeção in loco dos ani-mais e conferir a qualidade dos ser-viços feitos e até orientar ajustes. Ofiscal preenche um laudo e encami-nha para a certificadora, que enviaentão os dados para o Sisbov, queretorna uma confirmação de que osdados foram recebidos.

Os bancos de dados das certifica-doras são muitos maiores que o doSisbov, que contém apenas informa-ções básicas sobre o animal. Umagrande parcela das informações ascertificadoras não repassam. Se hou-ver algum foco de febre aftosa, porexemplo, e o governo requerer algunsdesses dados, a certificadora temobrigação de repassar.

Quando acaba o procedimento decertificação de origem, o produtortem obrigação de repassar as infor-mações à certificadora até o abate doanimal. Enquanto o gado estiver ati-vo, vai se agregando informações naficha dele, como o histórico médicode um paciente em um hospital. Sem-pre que se detectar uma irregularida-de, a certificadora tem obrigação deinformar o Ministério da Agricultura.Caso o produtor não siga as normas,o Ministério pode até cassar o “RG”do animal. Para garantir a lisura doprocesso, todas as certificadoras sãoauditadas pelo semestralmente pelo

MAPA.Uma das razões para os bovinos se-

rem identificados individualmente noSisbov é a movimentação física. Numagranja, os frangos ficam confinadosnum local fechado, então o cadastra-mento poderia ser feito em lote. A pe-cuária não funciona assim, pois no Bra-sil a principal forma de criação é ex-tensiva, o gado solto no campo. Alémdisso, o ciclo de idade bovina e suínaé muito maior que o das aves. Enquan-to um frango demora cerca de 40 diaspara ficar pronto para o abate, um boimacho pode levar oito anos para o boi,a vaca cerca de dez anos.

BASE DE DADOS

Um dos principais desafios para aimplementação da rastreabilidade to-tal é integrar os fornecedores deinsumos que ainda não fazem umarastreabilidade adequada da sua pro-dução. Muitos ainda não têm códigode barras, e uma minoria mantém umabase de dados que especifica quem sãoseus compradores e quais lotes foram

vendidos. “Se quiserem continuar nomercado, as empresas vão ter que ado-tar sistemas de rastreabilidade, umavez que os consumidores que rejeitamsoja transgênica como ração é cres-cente, tanto no Brasil como na Euro-pa”, afiança Rezende.

Os frigoríficos, em sua maioria, jáimplementaram sistemas de rastrea-bilidade e dispõem de mecanismo decontrole de dados e informações.Porém, o transporte ainda é precário,e merece uma atenção especial, poismuitas vezes o produto já chega aofrigorífico danificado. Também serãonecessários grandes investimentos emtreinamento e capacitação de mão-de-obra, tanto do Estado como dosetor produtivo. “Acredito que hajauma necessidade de um número mai-or de técnicos e a reciclagem dos quejá atuam é fundamental para que es-ses profissionais possam adequar-seàs novas regras”, pondera IrenilizaNaas, professora da Faculdade de En-genharia Agrícola da Unicamp.

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Fazendas exigem mais técnicos especializados

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A safra sob controleOs softwares especialistas são ferramentasdecisivas no gerenciamento, do plantio às vendas

aAntes da safra, Francisco SilveiraJúnior fica olhando para a tela docomputador aguardando uma deci-são da máquina: qual é o melhor diaque o sistema de gerenciamento es-colhe para colher a cana-de-acuçardos 32 mil hectares da UsinaBatatais. É o fim da prancheta e dacaneta. Ele confia cegamente no pro-grama e desde que o software foiimplantado a produção aumentoupara 2,7 milhões de toneladas e oscusto caíram. Foi o caminho natu-ral para uma empresa que adminis-tra 400 fazendas, 9.000 talhões, cin-co frentes de corte e 1.800 funcio-nários. “Uma vez que você o usa,não dá para ficar sem”, diz osupervisor de tecnologia.

“É o nosso campeão de vendas”,diz Alexandre Fernandes de Alencar,diretor de produção iLab SistemasEspecialistas, empresa que desenvol-veu o iCol e uma gama de softwaresque gerenciam toda a cadeia produ-tiva da cana, do plantio, passandopela colheita e o controle logístico.A empresa de Ribeirão Preto tem35% do mercado, faturou R$ 500 milno ano de 2004 e espera abocanharmais 15% em 2005. Espaço para cres-cimento é o que não falta: das cercade 300 usinas do sucroalcooleiro,apenas 35% estão informatizadas.

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Usina Batatais, em Ribeirão Preto: cana-de-açúcar colhida em 32 mil hectaresobedecem a um sistema de processamento onde o uso do micro é fundamental

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4545454545Guia Empreendedor Rural

O iCol define a época ideal decolheita de acordo com as necessi-dades da usina. Para tanto, o clien-te tem que disponibilizar dadoscomo variedades de espécies plan-tadas, uma projeção de índices dematuração, definição de períodos desafra, análises laboratoriais, índicesde produtividade e dos tipos de solo.A partir do momento que as infor-mações essenciais estão inseridas nosistema, o programa usa umatecnologia de inteligência artificialpara adaptar-se as exigências indus-triais. Pode-se, por exemplo, sepa-rar áreas na fazenda e definir quan-do elas vão ser colhidas ao longodo ano. Ou ainda, gerar modelos deprodutividade baseados em safrasanteriores armazenadas no sistema.Cruzar dados de colheitas com a ca-pacidade de processamento da usi-na é outra função.

Apesar de não existir a perfeição,o iCol chega bem perto. Na prática,as taxas de produtividade podem al-cançar até 90%. Alencar comentaque se o cliente usar a aplicação comrigor, índices que tendem ao acertototal são uma realidade. Findada acolheita em um determinado talhão,o próprio sistema permite comparara simulação anterior com a condi-ção atual da programação de colhei-

Mapa de colheitadeira

ta, e se for o caso, permite ao ope-rador retificar possíveis erros.

Vários programas da companhiatêm total conexão com o iCol, comoo iFrota, um sistema de planejamen-to e gerenciamento logístico, quepossibilita que a cana seja transpor-tada do campo para a usina de for-ma a abastecer a indústriade maneira mais eficientenos três turnos de trabalho.“Despachar o caminhãopara chegar o mais rápidopossível à usina e voltar aocampo para fazer uma se-gunda viagem. Se pegaruma fila, o sistema mandao caminhão para outra fa-zenda”, diz Alencar. Osoftware analisa a quanti-dade, velocidade e capaci-dade de carga dos cami-nhões, identifica o tipo decana em trânsito e a produ-tividade do momento na la-voura. Tudo isso para des-cobrir qual é o acesso mais rápidodas frentes de trabalho para a usina.

O aplicativo dispõe de sofistica-dos sistemas de telemetria que per-mite gravar informações num bancode dados, controlando a entrada esaída de caminhões nas balanças.Também aceita critérios para a ma-

nutenção das máquinas durante asafra e até indica quando o cami-nhão pode voltar à ativa. Mas issofunciona ainda melhor porque exis-te uma integração de cadastros como sistema agrícola.

Atualmente, todos os softwaresda iLab são compatíveis com os ban-

cos de dados comerciais como Oraclee Microsoft SQL Server. O iPlan nãofoge à exceção. Funciona de manei-ra análoga ao iCol, porém essa apli-cação atua em um nível mais estra-tégico que o planejamento de co-lheita, uma vez que seu horizonte éaté seis anos. Sua finalidade é defi-

Mesa de ControleControle de tráfico

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Francisco Silveira: aposta na tecnologia paraaumento da produtividade na Usina Batatais.

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Quando trabalhava em uma consultoria de informática,Glauter Moulin Coelho viajava muito pelo Paraná, e do aviãovislumbrava os campos soja pensando em soluções detecnologia de informação para o campo. Desde aquela épocaele acreditava que uma propriedade rural é igual a uma em-presa normal, embora com um circuito produtivo diferente.

O Brasil tem cerca de 20 mil fazendas com algum tipode informatização, e mais de 70 mil em condições de ado-tar a tecnologia. Apenas 20% do agronegócio brasileiroutiliza ferramentas de tecnologia da informação em todasas etapas de produção. É justamente essa lacuna que oGerente Agronegócios pretende preencher: um softwarevoltado para a administração de empreendimentos agríco-las. A aplicação é bem ampla e abrange desde a criação deovinos até apiários, da horticultura à soja, passando pelafloricultura e a criação de peixes. “Nós cobrimos quasetodas as atividades do campo”, diz Coelho.

O software congrega tanto funcionalidades adminis-trativas como agrícolas. O registro de clientes e fornece-dores, a cotação do dólar e um simulador financeiro paracálculo de prestações estão entre as primeiras. A aplica-ção também realiza o cadastro de insumos e matérias-primas, o balanço de lucratividade, entre outras 20 fun-ções. Além gerar baixa automática no estoque, após oexame diário das atividades realizadas na empresa.

A usabilidade foi uma das características mais pensa-das pela Paraná Sistemas,desenvolvedora do software. “É umapreocupação fundamental ter umainterface fácil, pois o nosso públicotem uma cultura incipiente no meioda informática”, diz Coelho. Um dosfocos de mercado da Série 2 do Ge-rente Agronegócio é o usuário leigo,custa R$ 240 e responde por 60% dofaturamento da empresa. A série 5 é aversão profissional e custa em tornode R$ 1200.

Coelho está otimista: acredita queo crescimento da economia vai puxaro negócio de soluções informatizadase prevê um salto de 50% nas vendaspara o ano que vem. Um dos exem-

Ricardo AlexandreRaschiatore, gerente dodepartamento de novastecnologias

plos de pujança do setor agrário é que cada vez maiscada vez empresas que atuam no setor coorporativo fin-caram sua bandeira no segmento. “Até alguns anos atráshavia uma diferença muito nítida entre quem fazia softwarede gestão para fábricas e quem era focado emagronegócio”. Se até grandes empresas demonstraram in-teresse, ele se convence de que está no caminho certo.

Coelho se refere a empresas como a Softway, que devefaturar R$ 15,5 milhões este ano, é responsável por 19%das exportações brasileiras e tem na sua carteira de clien-tes multinacionais como Dell Computadores, Ericsson, Ge-neral Motors, IBM, entre outros. O crescimento do campolevou a companhia entrar em cena. “Uma grande oportuni-dade quando se fala em TI para o agronegócio é arastreabilidade bovina, especialmente depois daimplementação do Sisbov”, diz Ricardo AlexandreRaschiatore, gerente do departamento de novas tecnologias.

Em parceria com a Tecnagro, umadas certificadoras credenciadas Minis-tério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento, a Softway desenvolveu oTrace Sys um sistema para cadastro dosanimais. O programa visa criador, porisso todas as operações podem ser fei-tas pela web. Na base de dados doaplicativo, são registradas informa-ções, como vacinas, medicamentos,vendas e transportes, do nascimentodo animal até o abate.

Outro aplicativo da empresa ésoftware Emissão de Boletos, desen-volvido para atender a Coordenadoriade Defesa Agropecuária (CDA-SP) e quepermite o pagamento das taxas detransporte pela Internet.

Interface amigável

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InovaçãonovaçãoI

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nir a renovação do canavial. O pro-grama analisa variáveis como tipo desolo e variedades adotadas, cicloevolutivo da muda, área e rendimen-to de plantio, entre outros.

A mais recente aplicação da em-presa, iMap, no mercado há apenastrês meses completa a suíte desoftware voltados ao gerenciamentode uma usina de cana. Funciona emconjunto com as outras soluções edestina-se a visualização das infor-mações do campo em mapas. Segueo mesmo padrão de programação,uma estrutura modular. A iLab pre-fere vender softwares especializadosao invés de uma solução integradapara melhor atender às necessidadesdo mercado. “Os clientes não que-rem pagar por um programa com fun-ções de que ele não deseja”, dizAlencar.

Os preços dos programas beiramos 30 mil reais cada. O foco comer-cial da empresa, segundo Alencar,não é somente o produto, mas umasolução. Ao comprar o software, ocliente recebe uma assessoria paraintegração das bases de dados, ouse ele preferir, até de personalizaçãodo produto. A iLab oferece uma op-ção de locação do software para umasafra, ao custo de R$ 700 reais pormês. “Às vezes o cliente quer avali-ar o sistema por um ano e no outroacaba comprando. Mas no longo pra-zo é como fazer financiamento dacasa própria: uma desvantagem”.

Se a iLab dá absoluta atenção aosclientes, a Alma Software, de BeloHorizonte, aprendeu essa lição vali-osa já em meados da década passa-da. “Temos um link total com o usu-ário”, diz Luis Eugênio Teixeira, ge-rente comercial e marketing. Em1994 um veterinário lhe mostrou oembrião de um software pra atender

às necessidades dele e de outros cri-adores. Os programas na época ti-nham muitas falhas e existia a ne-cessidade de uma solução mais pro-fissional. Após alguns meses, foilançada, em DOS, a primeira versãodo Congado, que em 2004 comple-tou 10 anos de idade. “Dos concor-rentes da época, o Congado é únicoque resistiu” afirma.

Até hoje o Congado é desen-volvido em conjunto por técnicosem informática e veterinários. Oprograma está em 8.500 fazendase já vendeu 5.500 licenças. O sis-tema custa R$755 e dá direito aum ano de supor-te técnico entreoutras vantagens.Quem quer adqui-rir uma nova ins-talação, por exem-plo, ganha descon-to. O suporte téc-nico custa R$ 400por ano e dá di-reito a três atua-lizações anuais dosoftware, nas quaissão inseridas novasferramentas.

Em função damodernização nocampo, Teixeira acredita em uma de-manda de software 20% maior em2005. Em 2004, a Alma Informáticacresceu 15%. “Ficamos impressio-nados, em todas as feiras é um su-cesso, o que mostra que osparâmetros de produção estão mu-dando”. Segundo ele, o pecuaristaestá acordando para tecnologia. “Agrande maioria é matuto, e usa ummodelo de manejo que aprendeucom o avô. Apenas 10% dos criado-res têm um software”. Existem ou-

tros problemas, como o treinamen-to de um empregado capacitado paratrabalhar com essa ferramenta, quenão é barato.

Além do mercado interno, a em-presa está exportando para oParaguai, Bolívia, Guatemala. Inclu-sive existe um projeto na empresaem traduzir o software para o espa-nhol. Outra idéia, a ser lançada emmeados de 2005, é um software vol-tado para ovinos e caprinos, umaatividade em franco crescimento noNordeste. Teixeira conta que muitospecuaristas estão usando o Congado

para o controle desses animais eadianta que o novo produto não vaiser uma transcrição do Congado paraos ovinos. “É um projeto ambicio-so, e estamos partindo do zero”, diz.

CUSTO BAIXO

Existem soluções para agricultu-ra de precisão a baixo custos. OMegaGIS é uma ferramenta degeoprocessamento, desenvolvidapara quem quer dar seus primeirospassos nessa área”, conforme relataJoe Fernando Martins, da IT GIS. Por

Mapa digital do Estado de São Paulo

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Compatível, integrado, rápidoA TQI é outra empresa que viu na

rastreabilidade um bom filão de negócio. Com dezanos de experiência na área de tecnologia de in-formação voltada para telecomunicações, finan-ças e indústrias, criou o Herdom, software queatende dez certificadoras em todo o Brasil. Jáforam cadastrados na base de dados do programacerca de cinco milhões de bois. “Nosso modelode negócio visa a parceria, a empresa não precisacomprar o programa, mas paga uma taxa variávelde acordo com o volume de animais” diz HelvécioGuimarães Ribeiro. Assim, os custos são diluídosentre os vários usuários e é possível disponibilizaratualizações com mais freqüência. Os valores co-brados giram em torno de R$ 0,10 a R$ 0,25 poranimal.

Outra solução da empresa é o Grãos, umsoftware voltado para empresas que processamcommodities. O aplicativo gerencia todas as eta-pas da produção agrícola, desde a produção desementes até a distribuição do produto final. En-tre outras funções, o software elabora uma pro-posta comercial, avalia amostras e lança resulta-dos, emite nota fiscal, gerencia estoque elogística, e vincula o fornecimento de insumos àprodução do produtor. Como nem todos os clien-tes precisam de tantas opções, o programa podeser adquirido em partes.

isso o programa conta com umainterface amigável, que faz odownload automático dos dados doGPS. A aplicação custa R$ 200 e sedestina aos produtores que não po-dem comprar softwares mais comple-xos e que estão descontentes comos programas gratuitos. “Apesar dis-so, ele tem funções que nem os topde linha oferecem”. Como resultado,a IT GIS tem na sua carteira de cli-entes multinacionais como a Cargill

e está exportando o aplicativo parapaíses como França, Argentina e Es-tados Unidos.

O programa faz a análise das in-formações e extrai os mais variadostipos de estatísticas, além de ser com-patível com os formatos dos princi-pais softwares do mercado. Mesmoque o usuário não insira nenhummapa ou desenho, o MegaGIS conse-gue criar mapas de produtividade,basta fornecer coordenadas do GPS.

Outra vantagem do Grãos é ser compatível com asnormas sanitárias do Brasil, Estados Unidos, Canadá eUnião Européia, além de ser totalmente integrado comqualquer sistema ERP do mercado. “É um aplicativoque vai aumentar a produtividade e dar segurança equalidade para os processos dos clientes”, diz CésarBorges, gerente comercial. Um analista de sistemasda TQI pode trabalhar dentro da própria empresa par-ceira e o suporte custa em torno de 13% do preçofinal. Só a customização de um sistema SAP para umaempresa parceira, que envolveu 15 programadores,custou R$ 240 mil reais. “Não é um produto decaixinha, que o usuário instala e o fabricante esquecedele”. O custo dessa maravilha: em torno R$ 70 milreais.

O preço do produto inclui garantiade um ano, com resposta no máximode 48 horas. Uma atualização estáprevista para o primeiro semestre de2005. Entre as novidades do MegaGISé um módulo CAD completo, paradesenhos técnicos. Em função das no-vidades, o preço do produto deveaumentar, mas Martins quer manter ofoco de mercado. “Temos que disse-minar as modernas técnicas agríco-las pelo País”.

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da, comprou no mercado café baratoe vendeu antes da desvalorização. Emmenos de uma semana sua poupançatinha engordado US$ 20 mil.

Meirelles é apenas um exemplo deuma nova geração no campo, que usatecnologia de informação para agre-gar valor ao seu negócio e que buscanovos desafios no mundo agrícola.Filho de fazendeiro, se formou emAgronomia e assumiu os negócios dafamília, uma fazenda de 233 hectaresem Capelinha, interior de Minas Ge-

rais, e uma empresa de processamentode café, dona de duas marcas regio-nais, a Aranãs e a Resplendor.

“O clima é o componente maisinstável na agricultura, é perigosotanto para ganhar como para perderdinheiro”, profere Meirelles. Há seisanos ele vale-se de um serviço demetereologia profissional, que entre-ga previsões do tempo com até 80%de acerto num período de 15 dias.Mas mesmo essa assessoria não im-pediu erros de julgamento. O inver-

Previsão do tempo é lucroOs avanços da metereologia aumentaram os instrumentosfavoráveis à melhor comercialização da safra

eEra uma sexta-feira de julho de2000 e o empresário Sérgio MeirellesFilho ficava com o celular na mãoacompanhando a previsão do tempoe de olho na cotação do café na Bol-sa de Chigaco: o serviço de metereo-logia anunciava uma geada para dalicinco dias. Mas quando ela veio “nãofoi o que todo mundo esperava”, e opreço do café, que estava em francaascensão, caiu em poucos minutos.Meirelles também sabia disso, porquedetinha uma informação privilegia-

InovaçãonovaçãoI

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no de 1998 foi um dos mais secos dadécada passada, e alguns serviçosespecializados previam chuva, outrosnão. Indeciso, ele resolveu não co-lher o café e acabou chovendo mui-to. O prejuízo estimado foi de US$10 mil.

Um dos primeiros avanços, já nadécada de 70, foi o advento dos sa-télites e das comunicações. A partirdos anos 80, os computadores revo-lucionaram a previsão do tempo. Foipossível criar banco de dados de comoo clima se comporta e através de mo-delos matemáticos e das leis de pro-babilidade, tenta-se prever o futuro.Por fim, a internet facilita as trocasde dados entre os centros de pesquisade todo o mundo e barateia o acessoa essa informação.

O maior investimento brasileirofoi um supercomputador que multi-plica por 48 a capacidade deprocessamento no Centro de Previsãode Tempo que vai equipar o Institu-to Nacional de Pesquisas Espaciais(Inpe). É o mais potente do Hemis-fério Sul, e no ranking mundial deprecisão meteorológica o País subiuuma posição, está em sétimo lugar.A japonesa NEC forneceu a tecnologia,que custou US$ 20 milhões, e é ca-paz de realizar 256 bilhões de cálcu-los por segundo. Agora o Brasil estáapto para estudar mudanças climáti-cas de décadas a até séculos à frente.É possível fazer simulações de mu-danças climáticas e saber como seráa Amazônia daqui a 100 anos.

Nos últimos anos, o Brasil inves-tiu na capacitação das equipes e namodernização dos institutos de pes-quisa. Ao todo, são oito centros es-taduais, um federal e duas coopera-tivas agrícolas mantenedoras de re-des meteorológicas. Mas a principalfonte que mantém as equipes e redes

ada de 2000 para conseguir lucrosinesperados. Comprou duas mil sacasde café ao custo de R$ 180 a saca.Depois vendeu parte do estoque,4.000 sacas, por R$ 250. O fato deter previsões mais precisas lhe ren-deu fama e respeito na região doNorte do Paraná. “Hoje quando co-meçamos a comprar mais café do queo normal, a concorrência se assusta efica imaginando se não vai ter umamudança no clima”, gaba-se.

Mas não é só no mercado finan-ceiro que a climatologia é usada naagricultura. Desde o preparo do solo,passando pelo plantio, até na horada colheita, a previsão do tempo per-mite uma ação adequada para o agri-cultor e diminui riscos. Para fazer oplantio é necessário um regime dechuvas adequado. Agricultor podeatrasar o plantio, pois a tecnologiagenética já permite variedades de ci-clo mais curto. No transporte tam-bém é necessário um acompanhamen-to, pois cada carga exige quantida-des determinadas de sol ou de umi-dade. “Variáveis como solo, crédito esementes podem ser controladas. Oclima não”, finaliza a meteorologistaNeide Oliveira, sócia da WeatherSystem.

de coleta de dados ainda é o Estado,que não tem a capacidade de inves-timento que a área exige. “Aagrometeorologia teve grande avan-ço nos últimos anos, porém faltamuito para que se obtenha umaotimização das práticas agrícolas noPaís”, resume Paulo HenriqueCaramori, pesquisador do IAPAR, querealizou o mais completo estudo so-bre agrometeorologia no Brasil.

CRESCIMENTO

O uso intensivo da metereologiaainda não é comum na agriculturabrasileira. Entretanto, PauloEtchitchury, diretor administrativo daSomar Meteorologia, acredita numpotencial de crescimento. O foco demercado são os cultivadores comoMeirelles, que precisam de uma pro-teção à produtividade da lavoura.Principalmente porque o clima nãotem um comportamento homogêneo,muda muito de um ano para o outro.Mas as possibilidades de acerto che-gam até 70% em cenários de até cin-co ou seis meses. “Jamais vou dizera um agricultor que preço da soja vaisubir. Eu forneço uma informaçãopara o produtor tomar uma decisão”,articula.

A qualidade da informação que olavrador pode ter depende de quantoele quer gastar. José Amilton de Ara-újo, diretor da Café Lontrinha, emPonta Grossa, presume que um asses-soria metereológica é uma opçãomelhor do que os sites gratuitos daweb, e mais em conta do que montaruma estação de acompanhamentoclimático na propriedade. Para ele, oserviço diário na Internet é poucoapropriado para a agricultura, queexige uma informação personalizadapara administrar a melhor estratégiado negócio.

Araújo também aproveitou a ge-

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ValoralorV

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Orgânicos naglobalização

Não usar defensivos na produção de alimentos criaum diferencial importante no mercado internacionalNão usar defensivos na produção de alimentos criaum diferencial importante no mercado internacional

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orgânicos movimentou cerca de US$24 bilhões e para 2005 a previsão éque atinja US$ 30 bilhões. O ReinoUnido importa 70% de seu consu-mo de produtos orgânicos, Alema-nha e França juntas importam 50%e os EUA gastaram US$ 11 bilhõesem 2002. O Brasil é um dos paísesonde mais cresce a produção orgâ-nica no mundo, cerca de 30 a 50%ao ano e movimentou US$ 200 mi-lhões em 2003. A Associação dosProdutores e Processadores de Orgâ-nicos no Brasil estima que apenas2,5% da população brasileira temcondições financeiras de consumirorgânicos, portanto, o destino demuitos dos alimentos produzidosaqui é embarcar para o exterior. Asexportações desses alimentos, em2004, devem chegar a US$ 115 mi-lhões destes, 42% têm como desti-no a Europa.

Apesar disso o Brasil entrou atra-sado na pauta das exportações e so-mente agora está se organizando atra-vés de uma legislação específica parao setor e da definição de políticaspúblicas. Enquanto a vizinha Argen-tina exporta 90% de sua produção,faturando US$ 35 milhões das ven-das mundiais em 2003, o Brasil sóexportou 15% do que produziu (ouseja, algo em torno de US$ 45 mi-lhões). Com isso, no ranking das ex-portações, o Brasil perdeu para Bolí-via, que arrecadou US$ 28 milhões;Uruguai, US$ 3,5 milhões; e até oParaguai, com modestos US$ 200 mil.As exportações brasileiras são prin-cipalmente de produtos não proces-sados como café, banana, soja, ar-roz, milho, etc. Mas existe um mer-cado crescente de exportação de co-mida orgânica. Alguns produtos pro-cessados como suco de frutas con-

centrados, açúcar, soja processada eoutros estão começando a encontrarmercado internacional.

De olho nesse nicho de mercado,o Governo brasileiro garantiu que oorçamento de 2005 para o setor dealimentos orgânicos vai ser rechea-do. Se em 2004 foram destinados R$400 mil à atividade, em 2005 serãoR$ 2 milhões, ou seja, cinco vezesmais, segundo anunciou o ministroda Agricultura, Roberto Rodrigues. Oshortifrutigranjeiros, de acordo comRodrigues, têm bastante espaço paracrescer. Enquanto no Brasil eles re-presentam apenas 2% dos orgânicos,na Europa eles ocupam uma fatia de20%. Além disso, o ministro do De-senvolvimento Agrário, MiguelRosseto, afirmou que a agropecuáriaorgânica é extremamente importan-te para a agricultura familiar, e queseu ministério procura inserir a pro-dução orgânica em todas as políti-cas públicas do DesenvolvimentoAgrário.

MAIS VERBAS

A decisão do Governo brasileirode contemplar a atividade com maisverbas é uma conseqüência da neces-sidade que o País vinha tendo paraaumentar o consumo interno de or-gânicos e capacitar os produtorespara a exportação. Durante os três diasde discussão na BioFach Latina Ame-ricana 2004, uma feira do setor rea-lizada no Rio de Janeiro, foram apon-tados os principais obstáculos que aagropecuária de orgânicos encontrapara se desenvolver. Enquanto Argen-tina e Uruguai já apresentam dadosprecisos de sua produção orgânica, oque facilita o fluxo de negócios, oBrasil ainda não tem um cadastro desua cadeia produtiva orgânica.

No mercado interno existe ausên-

aA agricultura orgânica deixou paratrás seu passado alternativo – quan-do era praticada por quem acredita-va num modo de vida natural emcontraposição à sociedade de consu-mo – e entrou na pauta da economiaglobalizada. Nos distantes anos 60,quando começou a ser desenvolvidano Brasil, essa produção recusava-sea utilizar os avanços tecnológicos daagricultura, como o uso intensivo deinsumos sintéticos e agroquímicos,e era feita somente em pequenas áre-as, com a comercialização direta doprodutor ao consumidor, numa rela-ção de confiança. Atualmente, o mer-cado de alimentos orgânicos é umdos que mais cresce em nível mundi-al, em torno de 10 a 20% ao ano,comparando-se ao crescimento daindústria da informática; a maioriados governos da Europa já divulgousua intenção de converter, até o anode 2005, entre 10 e 20% da área agrí-cola em orgânica.

Dennis Ditchfield, diretor presi-dente do IBD – InstitutoBiodinâmico, empresa brasileira, queatua na inspeção e certificaçãoagropecuária, de processamento e deprodutos extrativistas, orgânicos ebiodinâmicos – diz que a área de or-gânicos está se profissionalizando apartir de uma demanda do mercadomundial. “O mito que a agriculturaorgânica só pode ser praticada em áre-as pequenas foi derrubado. Hoje, aagricultura orgânica é praticada empequenas, médias e grandes proprie-dades com sucesso. Inicialmente, ademanda de produtos orgânicos cer-tificados do Brasil foi para atenderconsumidores estrangeiros, mas omercado interno também está emcrescimento,”diz Ditchfield.

Em 2004, o mercado mundial de

ValoralorV

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cia de logística para a distribuiçãode produtos, previsão precisa da sa-fra que garanta continuidade no abas-tecimento, o que resulta em preçosaltos dos produtos e acaba retardan-do a popularização dos orgânicos nopaís. Outro problema apontado pe-los agricultores é a falta de esclare-cimento tanto por parte dos produ-tores como dos consumidores sobreos orgânicos.

Pedro Santiago, presidente da Câ-mara Setorial de Agricultura Orgâni-ca, garante que os primeiros passosjá foram dados pelo atual Governo.

“O Governo Federal está dando aten-ção, pela primeira vez na história, àagricultura orgânica. Há um progra-ma em andamento no MAPA (Min.Agricultura), o Pró-Orgânico. Creioque os setores a serem priorizados sãoa regulamentação da Lei dos Orgâni-cos, recentemente aprovada, a infor-mação ao consumidor e a assistênciatécnica a pequenos produtores orgâ-nicos”, diz Santiago. Ele consideraque o Governo brasileiro já tomouduas iniciativas muito importantescom a instalação no Ministério daAgricultura da Câmara Setorial de

Agricultura Orgânica, para assessoraros ministros nas questões da área, aorganização do Fórum dasCertificadoras, que reúne as mais im-portantes certificadoras do Brasil.“Ambas as organizações estão reali-zando um bom trabalho. Além disso,há a AECO, Associação doAgronegócio Orgânico Certificadas,que reúne importantes empresas pro-dutoras e comercializadoras, consul-tores e certificadoras orgânicas”. Ogerente executivo do Programa deDesenvolvimento de Agricultura Or-gânica (Pró-Orgânico) e da Câmara

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Setorial de Agricultura Orgânica doMinistério da Agricultura, Rogério Pe-reira Dias, informou que os proble-mas levantados durante a BioFachLatino Americana de 2004 já estãosendo discutidas pelos integrantes daCâmara. Dias disse que as comissõesestaduais ficarão responsáveis pelacoleta das informações que serão ad-ministradas pelo Ministério da Agri-

cultura e vão compor o levantamen-to.

Embora ainda engatinhe no mer-cado em comparação com paísescomo Alemanha, Estados Unidos eJapão, a produção brasileira de or-gânicos tem atraído muitas atençõespor causa de seu potencial. Um bomexemplo da explosão de crescimentoque o setor vem alcançando no Bra-sil, é a expansão da área dedicada àagropecuária orgânica. Em 2001, ha-

ValoralorVvia 275.576 hectares de área certifi-cada plantada com orgânicos, em2003 já estava com mais de 800.000hectares. Isso sem levar em conta queexiste uma larga quantidade de pro-dução orgânica fora da formalidadeou não certificada, especialmente nosestados sulistas do Rio Grande, Paranáe São Paulo. Isso coloca o Brasil emquinto lugar do mundo em superfí-

cie dedicadas a produção orgânica,o que lhe garantiu ser o país do anona BioFach 2005, principal feira mun-dial de produtos biológicos que serárealizada em Nuremberg, na Alema-nha, entre 24 a 27 de fevereiro de2005. Os números são expressivos,mas se comparados a área de orgâni-cos/biodinâmicos com a área que édedicada a agricultura tradicional, vaise observar que esta representa so-mente 0,42%, o que coloca o Brasil

no qüinquagésimo quarto lugar noranking mundial.

Praticados por cerca de 19.000produtores, 90 % deles de pequenosagricultores, a produção brasileiratem garantido um mercado local quejunto com a Argentina é o mais de-senvolvido da América Latina: 45 %das vendas do mercado local é feitaatravés de supermercados, 26% atra-vés de feira e 16% através de lojasespecializadas. As maiores parte dosprodutos consumidos são vegetaise frutas frescas, mas existe um nú-mero crescente de processadores, aomesmo tempo de empresas e peque-nas unidades familiares, processan-do chá, café, chá mate, frutas, óleo,cereais e produtos de segunda ne-cessidade.

Aproximadamente metade daprodução orgânica é consumida pe-los brasileiros. “O Brasil é o únicopaís da América Latina que tem omercado interno de orgânicos de-senvolvido há anos, sólido e emcrescimento, embora ainda peque-no. Os outros países latino-ameri-canos têm fraco mercado interno eexportam cerca de 90% da sua pro-dução”, diz Santiago. Além disso,Santiago diz que o Brasil tem con-seguido avançar no setor porquenosso mercado está crescendo de for-ma mais organizada, com empresasde médio e grande porte entrandonessa área. “Todos os segmentos es-tão se organizando em associaçõesespecíficas (produtores, comercian-tes, certificadoras). Produtos de ori-gem animal já podem colocar no ró-tulo a denominação “Orgânico”, oque, até alguns meses atrás, não erapermitido. Novos segmentos, comocarne e laticínios orgânicos, vinhoorgânico, estão surgindo”, diz San-tiago.

Agricultura orgânica: Brasil é referência internacional no setor

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A embalagem corretacontribuindo com a transformaçãodos conceitos e valores de desenvol-vimento que a humanidade tem parasi atualmente. A agricultura orgâni-ca é um dos primeiros passos dentrode uma cadeia ecológica de desen-volvimento do homem sobre a Ter-ra”, diz Marcelo.

Mas a grande maioria dos agricul-tores decidiu pela plantação de or-gânicos por motivos mais práticoscomo a proteção de sua saúde e a de

seus familiares, muitos já tendo ex-perimentado a intoxicação poragrotóxicos. Depois, o motivo maisapontado é a possibilidade de aumen-tar a receita, já que a plantação eco-lógica alcança um lucro de até 25%a mais do que a agricultura tradicio-nal. Só em terceiro lugar aparece apreocupação com o meio ambiente eem quarto a demanda de mercadopara produtos orgânicos. Essa infor-mação está num estudo que acaba de

pPara o engenheiro agrônomo Mar-celo De Cunto, da Via Pax Bio EcoAgricultura, criada em 1994, emFlorianópolis, a opção pelo produtoorgânico é uma opção de vida. O agrô-nomo explica que o produto orgâni-co tem em si a possibilidade de pro-porcionar uma transformação do se-tor produtivo. “Mais qualidade de vidacom respeito à natureza e à saúdehumana são os dois benefícios dire-tos dessa agricultura. Ela também está

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ser divulgado pelo Instituto Cepa,órgão da Secretaria Estadual de Agri-cultura de Santa Catarina – “A agri-cultura orgânica na região da GrandeFlorianópolis – indicadores de desen-volvimento, elaborado com recursosdo Fundo Rotativo de Estímulo à Pes-quisa Agropecuária (Fepa).

Rubens Altmann, engenheiroagrônomo, coordenador do estudo doInstituto Cepa, diz que a apreensãodos consumidores com a segurançaalimentar é uma tendência mundial,principalmente depois da crise davaca louca e da gripe do frango. Naárea agrícola, que é fundamental pelasua importância como atividade pri-mária, a agricultura orgânica assumiuuma importância crucial. “A crescentepreocupação dos consumidores coma saúde e com a qualidade dos ali-mentos faz com que seja urgente adefinição do Governo de uma estra-tégia de segurança alimentar, estimu-lando produtores e empresários a ado-tar sistemas de controle de qualida-de que permitam fazer o rastreamento(ou a traçabilidade) do produto des-de a origem até a chegada ao consu-midor, isto é, ao longo de toda a ca-deia produtiva”, diz Altmann.

Além da preocupação com a saú-de dos consumidores e produtores, auma valorização maior no mercado,a agricultura orgânica traz outrasvantagens. Mauro Schorr, engenheiroagrônomo, responsável pela elabora-ção e execução do Programa Nacio-nal de Agroecologia, AgriculturaBiodinâmica e Permacultura para asÁreas de Proteção Ambientais Brasi-leiras do Ibama/MMA, aponta os be-nefícios que a adoção da agriculturaorgânica proporciona. “Os investi-mentos de capital e recursos finan-ceiros em adubação e controle depragas tornam-se ano a ano meno-

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Marcelo De Cunto: o produto orgânico pode transformar o setor produtivo

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presidente da LBE, bioquímicomolecular José Guerra. Baseado em umprocesso exclusivo para a produção deL-alpha aminoácidos, Guerra diz queobtém excepcionais resultados na pro-dução de biofertilizantes orgânicos.

Para o presidente do LBE, investirem agricultura orgânica é investir emsaúde, em um mundo limpo, sem osproblemas que o mau uso de deter-minados produtos trazem às comu-

nidades como um todo. O clienteLBE, segundo José Guerra, é um pro-dutor que se preocupa com a melhorqualidade de vida para ele e seu se-melhante. “A LBE tem como projetoprincipal a pesquisa e o desenvolvi-mento de novas formas e novos sis-temas, que possam vir a melhorar aqualidade de vida do homem na ter-ra” diz Guerra.

res. Isto traz economia aos agricul-tores, que observam que quando adu-bam também organicamente seus so-los, mantêm o mulching ou a cober-tura morta ou de palhada, sendo con-sorciada aos seus cultivos e acabamnão utilizando doses maciças de adu-bos químicos”, diz Schorr.

O engenheiro agrônomo diz queos níveis de vitalidade e de fertilida-de dos solos aumentam, valorizandoindiretamente a terra cultivada. “Asmodernas técnicas da agropecuáriaorgânica resultam numa maior dispo-nibilidade de fósforo, potássio, nitro-gênio, aeração, e retenção de umida-de, entre outros fatores benéficos. Asplantas crescem em ambientes maissadios, livres de doenças e pragas. Es-tas técnicas de conservação de solosagregam uma valor econômico indi-reto à propriedade agrícola, que é va-lorizada crescentemente, de acordocom a melhoria das condições de fer-tilidade natural dos solos”, diz Schorr.Ele explica que atualmente utiliza-setécnicas como o uso do terraceamento,cultivo em nível, reciclagem adequa-da de matéria orgânica, plantio dire-to, cultivo mínimo, sistemasagroflorestais e permaculturais, queresulta em uma maior fertilidade dosolo. “Assim não se pode comparar ovalor de uma terra degrada e um solofértil ou recuperado,” diz Schorr

A tecnologia utilizada na produ-ção de alimentos orgânicos requerconhecimentos de várias ciências, queacabam por desenvolver um sistemade manejo equilibrado dos recursosnaturais. Há um elenco de critériospara que o produto seja consideradoorgânico: é necessário desintoxicar osolo e substituir os fertilizantes quí-micos por compostos orgânicos. Ouso de qualquer tipo de agrotóxicoou agentes químicos é proibido.

Além disso, o combate às pragas e àservas daninhas é feito por meio detécnicas de controle biológico, téc-nicas mecânicas e naturais. Adesintoxicação do solo pode levar atédois anos, o que leva muitos agri-cultores a terem uma perda de seuslucros no início.

Atendendo produtores que desen-volvem agricultura convencional eorgânica, a LBE Biotecnologia Brasil

Ltda., com sede em Itapecerica da Serra– SP , se dedica ao estudo e desen-volvimento de soluções para a agri-cultura de forma sustentável. “Na or-gânica, nosso cliente, seguindo nos-sos tratamentos e as normativas doIBD, pode obter excelentes produtosagrícolas sem o uso de qualquer tipode elemento agressivo ao meio ambi-ente e seu próprio entorno”, 0diz o

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Marcas diferenciadas são fruto da agricultura sustentável

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O que era jogadofora vira artigo deconsumo, com umdiferencial: cadapeça é única, oque garante adiversidade dosprodutos

Couro de peixe: o fim do

Para separar a carne e o couro dopeixe, importou do Japão um equi-pamento chamado descarnadeira.

Desde o início ele adotou a es-tratégia de exportar porque haviapouca demanda no mercado inter-no onde, na época, o couro de pei-xe era visto como mais um modis-mo. As vendas eram feitas em pe-quenas quantidades para a Itália eInglaterra. No Brasil, as indústriasnão tinham conhecimento para de-senvolver produtos com o materiale como Viriatto trabalhava apenascom o fornecimento de matéria-pri-ma, o retorno era pequeno. Ele en-tão começou a fazer contatos comoutros produtores, participou defeiras de negócios sugeridas peloSebrae e passou a fabricar os pro-

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da Amazônia no final da década de80 e o apoio do Sebrae e começoua fabricar couro para as indústriasque o utilizam como matéria-pri-ma. “Cada artigo é único, exclusi-vo, já que na natureza não se en-contra dois seres vivos exatamenteiguais, e isso é um diferencial im-portante”, diz Viriatto.

A inserção comercial se deu len-tamente, pois o empresário abriu

mão de financiamentos ou em-préstimos. Viriattocomprou, aos pou-cos, o maquináriode outras empresasque curtiam o courode jacaré e que podi-am ser aproveitados emseu processo produtivo.

Jogar fora o couro do peixe éum lugar comum do desperdícioque pode acabar, graças a pessoascomo Luiz Viriatto, dono da CouroD’Água, única empresa na região deManaus especializada em curtimen-to desse material para a produçãode artigos como bolsas, sapatos,cintos, porta-moedas e até jóias.Há três anos nesse segmento,Viriatto aproveitou a técnica desen-volvida pelo InstitutoNacional de Pesquisas

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desperdício

NOME: Luiz Viriatto A. deBarros

FORMAÇÃO: Direito(incompleto)

EMPRESA: Couro D’Água Amazônia

ANO DE FUNDAÇÃO: 1985

CIDADE-SEDE: Manaus – AM

RAMO DE ATUAÇÃO: curtume

FATURAMENTO: cerca de R$ 900 mil/ano

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 10

dutos acabados em sua própria in-dústria. O passo seguinte foi visi-tar lojas e shopping centers: comas peças prontas para a venda nasmãos, os varejistas pareceram acor-dar para as possibilidades do novomaterial.

Hoje o empresário continua deolho nas expectativas de seus cli-entes e já arrisca uma mistura compercentuais variados de couros deboi ou carneiro. No caso de porta-moedas, cintos e outras peças pe-quenas, usa-se 100% de couro depeixe. Isso porque, em artigos mai-ores, como jaquetas, por exemplo,é preciso utilizar uma grande quan-tidade de pele de peixe. A idéia édiminuir custos, ao mesmo tempoem que se estuda a aceitação no

PERFILPERFILPERFILPERFILPERFIL○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

mercado. Terceirizar a manufaturafoi outra forma encontrada para re-duzir os gastos.

Com poucos concorrentes, mas in-serido em um nicho que está apenasdespontando como oportunidade denegócios no País, a estratégia é usarrevistas de moda para divulgação econtinuar fabricando produtos commaior valor agregado para voltar aexportar. Ciente de que o mercado ex-terno exige muito mais rigor, os pró-ximos passos no planejamento daCouro D’Água incluem o uso de pro-dutos biodegradáveis no processo decurtimento (em fase de testes) e aobtenção da certificação ISO 14000.

Viriatto trabalhou dos 18 aos 28anos com o pai na administração daempresa de transportes coletivos da

família. Durante 12 anos, dedicou-seao ramo de materiais de construção,mas aos poucos ele vendeu as lojas,enquanto começava no ramo decurtumes, e permanece até hoje.

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Como a Nutronse transformouna empresa líderem tecnologia enutrição animal

Açãoentreamigos

cComo um grand chef de cuisine, omédico veterinário Luciano Roppa, in-cansável defensor dos benefícios da car-ne suína, juntou os ingredientes certos,uma excelente equipe, equipamentos deprimeira linha e sua especialidade ad-quiriu sabor de vitória.

O desejo de ver mais carne suína noprato do brasileiro e a experiência de20 anos no ramo de tecnologia e nutri-ção animal levaram o diretor-presiden-te da Nutron Alimentos a reunir quatroamigos - um zootecnista, dois agrôno-mos e outro médico veterinário, e en-trar pela porta da frente no agronegóciobrasileiro. Com uma pitada decriatividade, os cinco sócios transfor-maram uma receita comum em um gran-de sucesso. Em menos de dez anos, a

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PERFILPERFILPERFILPERFILPERFIL○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

NOME: Luciano Roppa

IDADE: 57

FORMAÇÃO: MedicinaVeterinária

EMPRESA: NutronAlimentos

ANO DE FUNDAÇÃO: 1995

CIDADE-SEDE: Campinas – SP

RAMO DE ATUAÇÃO: tecnologia e nutriçãoanimal

FATURAMENTO: R$ 220 milhões/ano

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 510

Nutron tornou-se líder no mercado bra-sileiro de rações para nutrição animal.

Com um olho no exterior e outro naprodução interna, eles identificaramuma grande oportunidade de mercado.Enquanto a produção de carne na Ásia,Estados Unidos e Europa despencavampor causa de doenças como a vaca lou-ca, influenza e dioxinas, as exportações

brasileiras de carne aumentaram de 1,5milhão de toneladas no ano 2000 para4,5 milhões em 2004.

A conseqüência direta foi o aumen-to da participação no mercado externo.A reboque veio a necessidade de garan-tir a qualidade da carne e a chance deouro da Nutron: com a inovaçãotecnológica a empresa ofereceu soluçõespara os clientes antes mesmo de elesperceberem essa necessidade. “Nossofoco está na prestação de serviços aoprodutor e na prevenção de problemas,suprindo as necessidades e superandosuas expectativas”, diz Roppa. Hoje,dez por cento da produção de seis mi-lhões de toneladas é exportada para oChile, Uruguai, Paraguai, Bolívia,Venezuela, Equador e Senegal, além devárias matérias-primas que são vendi-das para a Europa.

A Nutron é composta por três in-dústrias nas cidades de Campinas (SP),Toledo (PR) e Chapecó (SC), regiões pró-

ximas das grandes criações de suínos doPaís. Possui um avançado laboratório decontrole de qualidade e análises queemite laudos, dados estatísticos e reco-mendações técnicas em 48 horas após orecebimento das amostras. As pesquisase novas tecnologias são geradas numcentro de pesquisa de 120 mil metrosquadrados, localizado em Mogi-Mirim(SP), onde é dado o primeiro passo nodesenvolvimento de produtos de nutri-ção para aves, bovinos, suínos, peixes,cães e gatos, específicos para regiões comclima subtropical e tropical. O grupopossui outros centros semelhantes naBélgica, Holanda, Polônia, Portugal eEstados Unidos. Os produtos são testa-dos em uma granja experimental e todoo complexo possui certificação ISO9001-2000, garantindo credibilidade aoprocesso produtivo.

As opções do “cardápio” devem au-mentar em 2005, quando a empresa vaiinaugurar uma unidade em Itapira, no

Sede da empresa, em Itapira: a Nutron tornou-se líder no mercado brasileiro de rações para nutrição animal

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interior paulista. A nova fábrica vai ga-rantir a qualidade total do produto, comausência de contaminações durante oprocesso, ou seja, com total segurançaalimentar garantida pela certificação ISO9001 e 14000. Isso deve facilitar as ex-portações para o continente europeu eJapão, que se preocupam com arastreabilidade da produção. É a primei-ra indústria do gênero em toda a Améri-ca Latina e já tem data para começar afuncionar: 25 de fevereiro, dia em que aNutron comemora 10 anos de existên-cia. “Desenvolvemos 17 projetos, ana-lisados até pelos nossos clientes, em trêsanos de pesquisa”, conta Roppa. O cus-to de implantação é de R$ 14 milhões.

A Nutron Alimentos foi eleita a quar-ta melhor empresa do agronegócio bra-sileiro, no ranking das 400 MelhoresEmpresas Brasileiras da revista Isto ÉDinheiro do mês de outubro de 2004. Amesma colocação foi obtida no quesitogestão social e de meio ambiente, alémde ocupar a oitava posição em inova-ção. “Do chão de fábrica à diretoria,todos estão empenhados em fazer ascoisas corretamente. Isso está nafisionomia de cada um de nós”, dizRoppa.

O amor pela suinocultura tambémlhe rendeu o prêmio de Veterinário Des-taque no Mundo, em 2002, em Minesotta(EUA), e em 2001, no Peru. A luta pelodesenvolvimento da atividade trouxereconhecimento também no Brasil, onderecebeu o título de Comendador da So-ciedade de Medicina Veterinária (2002)e de Veterinário Destaque do Ano(1992).

Com a serenidade de quem sabe doque está falando, Roppa diz que a Nutroné “uma empresa séria, de gente séria,que está contribuindo para construir umBrasil melhor”.

É o que se pode chamar de sonharalto com os pés no chão.

Suinocultura obedece ao perfil de umaatividade que luta pela correção

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A Fazenda Tamanduá usa o que a terra oferece e trabalhacom os limites naturais do ambiente para implementar umaprodução diversificada e totalmente focada na qualidade

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oA agricultura natural valoriza osolo como fonte primordial de vida,e, para fertilizá-lo, procura fortale-cer sua energia natural utilizando osinsumos disponíveis no local de pro-dução para adubar a terra. Seu obje-tivo máximo é obter produtos por sis-temas agrícolas que se assemelhemàs condições originais do ecossiste-ma. No Sertão da Paraíba, municípiode Santa Terezinha, a Fazenda

Tamanduá enfrentou o desafio da pro-dução de orgânicos num clima típi-co das áreas tropicais semi-áridas,onde ciclos de secas assolam perio-dicamente a região e a estiagem podedurar de 8 a 12 meses. A vegetaçãonatural é a caatinga, um conjuntode formações arbóreo-arbustivas,xerofilas, lenhosas e deciduas,comumente espinhosas. A presençade uma formação rochosa típica do

sertão, o “inselberg” denominadoSerrote Tamanduá, originou o nomeda fazenda, que em 1977 passou apertencer a Mocó Agropecuária Ltda.Nada mais “local” do que a agricul-tura orgânica. O sistema de manejoorgânico é um processo que apresen-ta particularidades a cada proprieda-de onde é executado.

As peculiaridades de solo, fauna,flora, ventos, posição em relação ao

Um sistema orgânico

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sol, recursos hídricos, além de ou-tros, exercem influência sobre o sis-tema. O sistema orgânico exige co-nhecimento profundo sobre a propri-edade, de forma a encontrar soluçõeslocais para cada tipo de cultivo, cri-ação ou problema encontrado noexercício da atividade.

Pierre Landolt, da FazendaTamanduá, diz que a palavra “mocó”,que deu origem ao nome da empre-

sa, veio da variedade de algodãoarbóreo de fibra longa que chegou aser cultivado na fazenda entre 1977e 1984. “O objetivo inicial da nossaação era trazer mais tecnologia àsatividades tradicionais da região, obinômio algodão/gado. Esse aportede tecnologia deveria, a nosso ver,aumentar a renda do agricultor e fa-vorecer um fortalecimento das ativi-dades rurais no semi-árido, tornando

a Fazenda Tamanduá um foco de di-vulgação de técnicas mais adaptadase lucrativas, garantindo renda e em-prego no sertão”, diz Landolt. Apósum longo período de seca que de-morou de 1979 a 1984, a chegadado temível “bicudo” (anthonomusgrandis-Boheman) tornou economi-camente inviável a cultura dessa va-riedade de algodão perene e tão bemaclimatado não só na fazenda como

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em todo a região.A Fazenda Tamanduá passou en-

tão a dedicar-se a criação do gadoPardo-Suiço, uma das raças mais an-tigas do mundo, e que tinha inicial-mente pela sua rusticidade e versati-lidade três aptidões: leite, corte etração. Rústica, essa raça se adaptoumuito bem ao duro clima dopolígono da seca, as vacas produzin-do um leite com excelente teor deproteína, ideal para a fabricação dequeijos. A grande variedade degramíneas e leguminosas nativas naspastagens alimenta o gado na sua for-ma natural na época das chuvas eatravés da silagem e fenação durantea seca.

Em 1990, foram plantados na fa-zenda 30 hectares de mangueiras en-xertadas das variedades Tommy Atkins(80% da área) e Keitt e em 1997, foiconstruída uma queijeira sob a fisca-lização do Serviço de Inspeção Fede-ral (SIF), e o fazendeiro deixou devender o leite in natura na cidade dePatos como fazia antes. Nessa época,a Fazenda Tamanduá decidiu optar

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pela produção orgânica e procurou oInsituto Biodinâmico para entrar numprocesso de certificação.

O pomar – com 3.019 pés demangueiras que frutificam no baixiodo Riacho da Conceição - é subdi-vidido em três áreas irrigadas porgotejamento a partir de três açu-des que conservam a água das chu-vas recebidas durante o curto perí-odo chuvoso. Há duas safras na Fa-zenda Tamanduá: a safra principalocorre de outubro a janeiro, comuma média de 55.000 caixas, a se-gunda safra em julho, com aproxi-madamente 15.000 caixas. A maiorparte é exportada in natura, utili-zando uma infra-estrutura própriaque comporta um packing house euma câmara frigorífica com capaci-dade para 26 pallets. Essas mangasreceberam a certificação orgânicado IBD há quatro anos e acertificação Demeter em há dois, re-sultado de um trabalho que duroutrês anos.

Após uma classificação inicialno campo, as mangas são lavadas,

secas, rigorosamente classificadaspor aspecto, peso e tamanho e fi-nalmente colocadas em caixas depapelão de quatro quilos. Cada cai-xa tem carimbado um número delote, indicando o mês o dia da co-lheita, e um número identificandoa área onde foi colhida a manga,garantindo uma perfeitarastreabilidade das frutas. Formam-se pallets com essas caixas, cadauma comportando 216 caixas. O Mi-nistério da Agricultura fiscaliza oprocessamento e os embarques quesão realizados por via marítima noPorto de Natal (RN). O restante daprodução, que não conseguiu atin-gir todos os critérios de qualidadepara exportação, é dirigido para umoutro setor, onde após maturação,será desidratado.

Graças a último processamento,a Fazenda Tamanduá consegue apro-veitar perto de 100% da manga. Asfrutas maduras demais, estragadas, acasca e o caroço, acabam na cocheirado gado. A adubação das manguei-ras é realizada por um composto fei-

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to na fazenda a base de esterco degado e de jurema (arbusto espinhosonativo) triturada como fonte de car-bono, além de MB4, fosfato da Bahia,soro de leite e cinzas. As abelhasgarantem uma polinização perfeita dafloração.

No início do ano de 2001, a pro-dução leiteira e os queijos da Fa-zenda Tamanduá foram pioneiros emreceber a certificação do IBD, queos certificou como orgânicos. Qua-tro tipos de queijos são produzidos:o Saint Paulin, o Reblochon, de ori-gem francesa, o Queijo de Coalho,este bem nordestino, e a Ricota deorigem italiana. As vendas sãoefetuadas tanto no Nordeste comono Sul dos país, principalmente emSão Paulo.

O IBD certificou também o pro-cesso de apicultura implantado na Fa-zenda Tamanduá. As abelhas (Apismellifera) foram inicialmente obtidasa partir de enxames migratórios cap-turados. Hoje, parte vem de divisãode famílias selecionadas já existen-tes nos apiários da propriedade. “A

cera alveolada já é produzida a partirdas nossas próprias abelha”, dizLandolt

FLORADAS

Na Fazenda Tamanduá, a pasta-gem apícola é rica. As floradas che-gam em épocas diferentes após o iní-cio das chuvas, oferecendo sempre apredominância de uma ou algumasplantas durante o período chuvoso.“Além de milhares de leguminosas egramíneas nativas, notamos princi-palmente as seguintes espéciesarbustivas cuja floração tem uma forteincidência sobre a cor e o gosto domel : manga, jurema branca, juremapreta, catingueira, angico,marmeleiro, juazeiro, mufumbo,oiticica”, diz o fazendeiro. Dezapiários, comportando dez colméiascada um, são localizados dentro dapropriedade, perto de reservatórios deágua.

Além dos empregos fixos (vaquei-ro, tratorista, trabalhador braçal, pe-dreiro, etc.), a Fazenda Tamanduáoferece vários postos de trabalhotemporário, principalmente duran-

te a safra de mangas que coincidecom a seca, período difícil e compouco trabalho nas micro-proprie-dades vizinhas. Já que existemmuitos jovens trabalhadores, a Fa-zenda Tamanduá decediu flexibilizaros horários para quem quiser estu-dar o possa fazer. O grupo escolarmunicipal localizado na Fazendapossui três professoras e classes parapré, alfabetização e até a 4ª série.Aproximadamente 40 alunos fre-qüentam o grupo escolar. A partirda 5ª série, os alunos estudam emSanta Terezinha ou Patos, e são le-vados e trazidos até a estrada parapegar o ônibus escolar municipal.Para os trabalhadores da fazenda, umcurso sobre a Agricultura Orgânicafoi ministrado por Richard Charity,consultor da ABD, para entenderemmelhor os conceitos que são aplica-dos na produção orgânica da fazen-da. O Instituto Elo, que organiza oCurso Fundamental de AgriculturaBiológico-Dinâmica em Botucaturecebeu e vai receber novos alunosda Fazenda Tamanduá.

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Saudável e competitiva

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A Montecitrus, uma rede de 350 propriedades, produzlaranja sem utilizar nenhuma espécie de venenocontra as pragas e faz sucesso em todo o mundo

A Montecitrus, uma rede de 350 propriedades, produzlaranja sem utilizar nenhuma espécie de venenocontra as pragas e faz sucesso em todo o mundo

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de seus pomares, mas conta com o su-porte da empresa na área técnica e deinsumos. A colheita é organizada eoperacionalizada pelo Grupo, assimcomo o transporta das frutas até asfábricas. As frutas são processadasatravés de uma parceria com a Citrovita,que possue fábricas nos municípios deMatão e Catanduva, no interior doEstado de São Paulo.

Paulo Zucchi Rodas é um dos maisde cem produtores de laranja daMontecitrus. Ele diz que a empresafunciona como uma grande prestadorade serviços. A maior parte de suaprodução (principalmente de sucoconcentrado e uma parte em suco fres-co pasteurizado) é destinada aomercado externo. O produto é enviadoem contêineres para o exterior. Lá, umaempresa se encarrega de processá-lo ecolocá-lo no mercado com uma marcaprópria. Rodas explica que a empresarecebe o fruto dos produtores, mandapara processamento, se for o caso deindustrialização (extração do suco), ese encarrega da comercialização – ex-portar, vender no mercado interno. Elaadministra essas etapas, debita os cus-tos e paga os resultados para os pro-dutores.

O principal produto extraído dalaranja é o suco de laranja concen-trado e congelado (FCOJ). Por meiodo processo de extração e concen-tração, o FCOJ é produzido sem qual-quer perda de suas qualidades e semqualquer uso de aditivos, sendo, apósesse processo, congelado a baixastemperaturas para preservar suas pro-priedades naturais, principalmentequanto à vitamina C. Quando recons-tituído, o suco conserva seu sabor equalidade originais.

Como subprodutos do processo deextração de suco, o Grupo Montecitrusrecupera diversos produtos, utilizados

“u“Uma agricultura ecologicamentesustentável, economicamente viável esocialmente justa”, é a definição deagropecuária orgânica da Ifoam (In-ternational Federation of Organic Agri-culture Movements), a federação inter-nacional das certificadoras que dá aces-so ao mercado exterior. Esse conceitoé plenamente praticado pelo GrupoMontecitrus, a maior produtora de sucoconcentrado de laranja orgânica domundo, que exporta para diversos paí-ses da União Européia, Estados Unidose outros.

A Montecitrus possui cerca de 350propriedades, pertencentes a 250 as-sociados, distribuídas ao longo de todoo cinturão citrícola dos estados de SãoPaulo e Minas Gerais, contando comuma área cultivada de 40 mil hectarese 11,6 milhões de árvores. Suaprodução anual está ao redor das 20milhões de caixas, que garantem àempresa o fornecimento de fruta dequalidade das principais variedades aolongo de toda a safra. O Grupo detém50% da participação em sistema detransporte de suco a granel, o que incluíum armazém no Porto de Santos comcapacidade total de 22 mil toneladasde suco concentrado, um naviodedicado para o transporte aosmercados com 13,2 mil toneladas e umterminal no porto de Antuérpia,Bélgica, com capacidade para 24 miltoneladas. O Grupo é composto dasseguintes empresas: MontecitrusParticipações S/C; Montecitrus TradingS.A, Montecitrus Indústria e ComércioLtda; Montecitrus S.C. de Serviços Téc-nicos Agrícolas; Montecitrus Interna-tional Ltda; Rhamo Indústria, Comér-cio e Serviços Ltda; Bulk Services Cor-poration; Southern Juice Terminal – Bél-gica.

No Grupo Montecitrus, o produtoré o responsável direto pela produção

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em várias aplicações como a polpa delaranja congelada – é adicionada aosuco reconstituído para se ter maior teorde fibras e sabor natural, – o suco delaranja extraído da polpa (Pulp Wash)– com ótimas propriedades estabilizan-tes é utilizado na industria de bebidas.Ainda são processados o farelo de polpacítrica peletizado – utilizado comocomponente da ração animal éapreciado por suas propriedadesprotéicas e odor atrativo aos animais,óleos essenciais de laranja de Limone-no; essências de fase aquosa e oleosa -todos esses produtos têm ampla apli-cação nas industrias de alimentos, aro-mas e fragrâncias, indústrias químicase de solventes, cosméticos, material delimpeza e higiene.

MUDANÇAS

O Grupo Montecitrus desenvol-veu um trabalho pioneiro no setor eas propriedades que cultivam a fru-ta orgânica, as empresas que a pro-cessam e o sistema logístico de trans-portes passaram por profundas mo-dificações no sentido de atender as

exigências das entidades certificado-ras. Para conseguir que sua produçãofosse considerada orgânica e certifi-cada pelo IBD – Instituto Biodinâ-mico, que tem um sistema de quali-dade controlado e credenciado peloPrograma de Credenciamento Ifoam(Ifoam Accreditation Programme) epela Instância de Credenciamento EN45011 / ISO 65 do DAR, Conselho deCredenciamento Alemão (DeutscheAkkreditierungsrat), cumpre as nor-mas do regulamento europeu CCE2092/91 – a Montecitrus procurou osmaiores pesquisadores do Brasil e domundo nas áreas de fitopatologia eentomologia, bioquímica e mecâni-ca agrícola, tendo desenvolvido emparcerias com essas entidades novastécnicas, produtos biológicos e ma-quinários específicos à atividade deagricultura orgânica em larga escala.

Foram eliminadas definitiva e per-manentemente toda a adubação comfertilizantes químicos e utilização dequalquer pesticida ou produtos quí-micos sintetizados. Restabeleceram-

se práticas tradicionais de agricultu-ra, utilizando no solo somente adu-bação com compostos orgânicos ourochas moídas. O controle de pragase doenças é mantido com pulveriza-ção de produtos naturais e extratosvegetais; os agricultores utilizam obicho-lixeiro, que é um inimigo na-tural de pragas dos citros e incenti-vam as defesas naturais das plantas,como o incremento do desenvolvi-mento dos insetos predadores de pra-gas. Durante o cultivo, os produto-res promovem a biodiversidade pelamanutenção da vegetação de gramí-neas e leguminosas nativas na cober-tura do solo e implantação de árvo-res nativas amigáveis a pássaros eanimais intercaladas nas áreas culti-vadas.

Além de cuidar do meio ambien-te, para ser certificado como orgâni-co é preciso ter também uma dedica-ção especial à melhoria das condi-ções de vida dos seus trabalhadores.Os controles de produção orgânicaestendem-se além do produto agrí-cola e por toda a cadeia de manu-seio, processamento e transporte dosalimentos até a sua entrega ao con-sumidor no varejo. Todos os proces-sos são isolados de forma a garantirsegregação total dos produtos, resul-tando para o consumidor na maiscompleta segurança alimentar. Todasas etapas da cadeia produtiva sãotambém regulamentadas e auditadas,de tal forma que exista uma rastrea-bilidade total desde o produto finalaté a sua origem na fazenda.

Atualmente, o Grupo Montecitrusprocura estabelecer parcerias e contra-tos de longo prazo para a produção eindustrialização de alimentos infantise ou de usos institucionais, hospita-lares, dentre outros, que requeiram umalto grau de segurança alimentar.

Laranja orgânica faz parte de um sistema logístico profundamente modificado

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Nas situações em que a dinâmica da produção é mais intensa– caso das culturas anuais –, a pequena propriedade, agindoem rede, é mais adequada para a produção orgânica.

Cooperativas eficientes

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oOs pequenos proprietários que pra-ticam a agropecuária orgânica em suagrande maioria dedicam-se à produçãode hortifrutigranjeiros e são ligados aassociações de produtores, cooperati-vas ou empresas de processamento, res-ponsáveis pela comercialização ou fa-zem comercialização direta em feiras deprodutores. Em ambientes cuja culturaseja mais estável – caso de culturas pe-renes e da pecuária –, em que a inter-venção humana é menos freqüente, osistema convive bem com propriedadesmédias ou grandes. Nas situações emque a dinâmica da produção é mais in-tensa – caso das culturas anuais –, apequena propriedade é mais adequadapara a produção orgânica, uma vez queo pequeno agricultor, devido à menorextensão das terras e ao maior contatofísico com sua propriedade, tem facili-dade em acompanhar a produção e con-trolar as variáveis ambientais.

A Associação Recanto da Nature-za, que emprega 60 pessoas e é for-mada por 15 agricultores da comu-nidade da Vargem do Braço, locali-zada dentro do Parque Estadual daSerra do Tabuleiro, em Santo Amaroda Imperatriz – SC, é um bom exem-plo deste tipo de organização dosagricultores orgânicos.

Em 1998, com a orientação daEpagri - Empresa de PesquisaAgropecuária e Extensão Rural de San-ta Catarina S.A - de Santo Amaro daImperatriz e com recursos do progra-ma Microbacias I financiado pelo Ban-co Mundial, 15 agricultores da comu-nidade da Vargem do Braço, partici-param de um curso sobre “AgriculturaOrgânica” no Centro de AgriculturaEcológica Ipê (RS). A participaçãoneste evento mostrou a possibilidadede praticarem uma agricultura dife-rente, que eles resolveram implantarem suas terras. Assim que foi formado

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o grupo, firmaram uma parceria como Hippo Supermercado, deFlorianópolis, que se tornou um gran-de parceiro e propulsor do negóciona fase inicial. Atualmente, boa par-te dos produtos orgânicos encontra-dos nos supermercados da GrandeFlorianópolis é fornecido pela Asso-ciação Recanto da Natureza.

O primeiro produto orgânicocomercializado pela Associação foio pimentão. Em seguida veio a ce-noura, rabanete e alface. Atualmen-te, produzem mais de 60 espécies deprodutos orgânicos que sãocomercializados também de formadireta em feiras na Secretaria da Agri-cultura às quintas-feiras e aos sába-dos de manhã no Largo São Sebasti-ão em Florianópolis. Hoje a Recantoda Natureza possui uma unidade deprocessamento orgânico, cuja cons-trução foi possível com recursos do

FDR (Fundo de Desenvolvimento Ru-ral) da Secretaria da Agricultura.

Um dos sócios, Amilton Voges,conta que em 1990 foi intoxicadocom agrotóxico, fato que fez com quesua família começasse a pensar emmudar o sistema de plantio. Com aidéia de buscar subsídios e conheci-mentos sobre a agricultura orgânicaoutro associado, Hélio Voges, parti-cipou de uma excursão em 1997 aosmunicípios de Viamão-RS (visita aagricultores), Porto Alegre-RS (visitaa Cooperativa Colméia-comercializaçãoem feira livre) e Novo Hamburgo-RS(visita a Cooperativa Sítio Pé na Ter-ra- ortigranjeiros e laticínios). Foiquando procuram a Epagri de SantaAmaro que conseguiram finalmenteencontrar o caminho da agriculturaorgânica.

Paulo Sérgio Tagliari, engenheiro-agrônomo, coordenador do Projeto de

Agroecologia da Epagri, diz que quehá cinco anos Santa Catarina tinha cin-co grupos ou associações de agricul-tores que produziam alimentos de for-ma natural, sem usar agrotóxicos ouadubos químicos solúveis. Atualmen-te, são 40, perfazendo 1.500 famílias,sem contar produtores e empreendi-mentos isolados. O trabalho da nodesenvolvimento da agropecuária or-gânica começou há quatro anos e osresultados já começaram a aparecer,com o lançamento pioneiro da cebolaagroecológica, seguidos da maçã or-gânica, o arroz ecológico, várias fru-tas tropicais, hortaliças cereais e até o“boi verde”, alimentado com raçãovegetal e fora dos confinamentos. Apróxima novidade é o frango ecológi-co. O projeto é da Organização dasCooperativas do Estado (Ocesc), quequer apressá-lo porque tem mercadointernacional certo.

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A Associação Recanto da Natureza emprega 60 pessoas e é formada por 15 agricultores em Santo Amaro da Imperatriz – SC

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dDepois de plantar fumo por 25anos no município de Braço do Nor-te, no Sul de Santa Catarina, o agri-cultor Ari Dellagiustina decidiu mu-dar as técnicas de cultivo. Sob ori-entação da Souza Cruz, empresa comquem mantém parceria desde que co-meçou, em 1965, ele deixou de la-vrar, riscar e adubar a terra antes doplantio e passou a fazer o cultivomínimo. O sistema consiste em cul-tivar determinada área reduzindo asoperações de revolvimento do solo,principalmente lavrações e grada-gens. Cerca de 40 a 60% do terreno

fica coberto com plantas em cresci-mento ou com resíduos de outras cul-turas utilizadas como adubos verdes,e o restante é revolvido. Isso permi-te a recuperação ou manutenção dosnutrientes presentes no solo, alémde controlar o processo erosivo. “Fuio primeiro a fazer cultivo mínimoaqui na região, há uns quinze anos”,diz Dellagiustina. “As pessoas riam,dizendo que eu ia plantar fumo nomeio do mato, mas no segundo e noterceiro ano, todo mundo adotou essemodelo”.

Essa forma de plantar observan-

do princípios de conservação do soloe da água faz parte de um programada Souza Cruz, iniciado na década de90, chamado Plano Diretor de Solos(PDS). O plano é resultado de umaevolução das técnicas de manejo dosolo e de trocas de experiências en-tre técnicos, agricultores, empresaspúblicas e privadas e tem por objeti-vo manter e aumentar a produtivida-de, melhorar a qualidade e reduzir oscustos da produção agrícola. Com oPDS, o agricultor passa a ter outrasformas de aproveitamento da propri-edade, além da cultura principal.

É possível preparar a lavoura mantendo o solo,a água e a vegetação. Conheça algumasexperiências positivas de produtores de fumo

O uso correto do solo

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“Hoje não trabalhamos visando so-mente a cultura do fumo e sim bus-cando a auto-suficiência do produ-tor, seja com a rotação de culturasou com o PDS que prevê a conserva-ção dos recursos para as gerações fu-turas”, diz o gerente de planejamen-to da Souza Cruz, Carlos Vitali.

PLANEJAMENTO

O primeiro passo para adotar omodelo é fazer um planejamento paratransformar a fazenda em uma mi-croempresa rural, desenvolvendotodo o potencial produtivo de acor-

do com a vocação do solo. Dessemodo, o proprietário identifica quaistécnicas são mais adequadas e quan-do poderão ser aplicadas. As práticasde conservação incluem a análise desolo, adubação verde, rotação de cul-turas, terraceamento ou curvas denível, cultivo mínimo e plantio dire-to, entre outras.

A análise de solos permite deter-minar a dosagem adequada de ferti-lizantes ou adubos químicos na ter-ra. Nessa técnica, recolhem-se amos-tras da área de cultivo que são envi-adas aos laboratórios da Souza Cruz

ou de órgãos públicos como a Cidascou universidades. O resuldado é emi-tido em 30 dias e permite corrigir acomposição do solo com mais segu-rança, ao contrário do plantio con-vencional no qual a análise é feita acada três anos. O PDS permite que oprocedimento seja repetido somenteapós quatro ou cinco anos pois o solose conserva produtivo por muito maistempo.

Embora não seja novidade no cam-po, o uso de adubos verdes ou plan-tas de cobertura responsáveis por evi-tar o impacto direto da chuva sobre

COMO PLANEJAR APROPRIEDADE RURAL

1Escolher áreas mais adequadas para cadavocação agrícola, como reflorestamento,fruticultura, pastagens e criações, cultu-ras perenes e anuais;

2Fazer análise do solo para saber se é neces-sário realizar correções, como adição de fer-tilizantes, subsolagem, etc;

3

Proteger nascentes e mata nativa; reflorestaráreas desprotegidas e dimensionar oscultivos de acordo com a qualidade do solo,disponibilidade de mão de obra e demandade mercado;

4 Fazer um calendário para execução dasatividades planejadas.

Fonte: Plano Diretor de Solos – Souza Cruz

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a terra sofreu alterações. Comparáveisaos catalisadores, substâncias queaceleram as reações químicas, taisplantas fixam nutrientes na terra parao plantio subseqüente, diminuindoo tempo de preparo do solo e a ne-cessidade de mão-de-obra. Anterior-mente incorporadas mecanicamentecom arados e grades, as espécies (emgeral, leguminosas) forneciam nitro-gênio rapidamente, mas alteravam ascaracterísticas físicas do solo de for-ma negativa. Hoje, a incorporação denovas espécies como a aveia, o fei-jão mucuna, o nabo e a espérgula éfeita sobre o solo, aumentando o teorde matéria orgânica. A família Della-giustina, que planta mucuna no ve-rão e aveia no inverno, antes do cul-tivo do fumo, conseguiu reduzir em20% a utilização de adubos quími-cos. Após a safra, os agricultores plan-tam milho para alimentar o gado lei-

ValoralorVteiro, responsável pelo sustento bá-sico da família.

As culturas intermediárias, comoo milho e o feijão, feita com o plan-tio direto, também criam uma cama-da de proteção para a nova safra defumo, permitindo que a terra seja uti-lizada continuamente. Ajudam aindaa aumentar a rentabilidade do produ-tor rural, porque ele aproveita a adu-bação residual do cultivo de fumo dei-xada na terra. No caso de Dellagiusti-na, parte do que é arrecadado na pro-dução de fumo é reinvestido em me-lhorias na propriedade. Um exemplo éa esterqueira recém-construída comcapacidade para armazenar 60 mil li-tros de dejetos de suínos oriundos deoutras fazendas com apoio do Sindi-cato Rural, da Secretaria Municipal deAgricultura e de empresas privadas. Oadubo orgânico tratado será aspergi-do sobre a plantação, evitando que o

resíduo continue poluindo rios e len-çóis freáticos da região. Sem quererfalar em números, o fumicultor deixaclaro que os gastos foram mínimos.“Só pagamos parte do custo da lona,a mangueira e o frete para trazer o ma-terial”, diz.

EROSÃO

A topologia bastante acidentadade algumas propriedades do Sul ca-tarinense exige cuidados para evitara erosão. “Depois do cultivo mínimoe da curva de nível, nunca mais tive-mos esse problema”, diz Dellagiusti-na. O produtor Deonir Redivo, de Or-leans, também sofreu antes de ado-tar o procedimento. “Quando choviamuito, a terra inundava a roça queficava embaixo, destruindo tudo”,diz. O orientador da Souza Cruz, Wal-demar Vavassori, diz que os agricul-tores ficavam preocupados com o

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volume das chuvas, que levavam partedo solo para o rio causando o assore-amento. Com o uso de diques cons-truídos em curvas de nível, formam-se áreas de vegetação que absorvemessas águas, no sistema conhecidocomo terraceamento. “Hoje, elesplantam sem preocupação porque osolo está protegido”, diz Vavassori.

PLANTIO DIRETO

O ponto alto do PDS, entretanto,é o plantio direto, que imita o queacontece nas florestas naturais: apor-te contínuo de matéria orgânica fres-ca, muita reciclagem de nutrientes emínimo escorrimento superficial. Assementes e os fertilizantes são depo-sitados diretamente nos sulcos, pre-parados por semeadoras e adubado-ras. Também é possível utilizar mu-das em sulcos preparados por máqui-

nas especialmente desenvolvidas paraesse sistema. O plantio direto repre-senta uma evolução se comparado aocultivo mínimo, mas para implantá-lo é preciso que o solo seja fértil,contenha matéria orgânica em boaquantidade e possua fluxo de ar eágua semelhantes às condições ob-servadas em matas virgens. O plane-jamento para rotacionar culturasdeve ser bem definido, garantindo for-necimento contínuo de matéria or-gânica e o não revolvimento do solo.

Deonir e a esposa Rosinete come-çaram o plantio de fumo na própriaterra há dois anos e já desfrutam dosbons resultados do PDS. “No início co-meçamos com o cultivo mínimo, masnão sabíamos fazer direito e dava tudoerrado”, diz Deonir. As mudanças co-meçaram nos anos 90 na propriedadedo pai, mas Deonir continuou apli-

cando o que aprendeu na sua fazen-da. As primeiras transformações vie-ram com a curva de nível e o reflores-tamento, cuja madeira permite auto-suficiência na produção de lenha paraas estufas de fumo, evitando o cortede mata nativa. Depois, o casal fez aadubação com aveia e passou a ado-tar o plantio direto. Resultado: o tem-po de preparo do solo, cuja média erade cinco dias, foi reduzido para um.Com mais tempo disponível, eles apro-veitaram para explorar a produção lei-teira, com a qual conseguem pagar asdespesas da casa durante o ano todo.Assim, quando a safra de fumo é co-lhida, o dinheiro pode ser reinvesti-do.

O aumento de produtividade tam-bém foi sentido pela família Dellagius-tina. No começo do negócio, o casale os seis filhos plantavam dois hecta-

Ari Dellagiustina (a direita), utiliza a esterqueira coletiva para evitar a poluição dos mananceais da região

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Deonir Redivo: problemas da produção acabaramdepois da adoção do cultivo mínimo

res de fumo e criavam três vacas. “Hoje,quatro pessoas cultivam três hectarese o número de vacas subiu para 20”,diz o técnico Silvio Volpato com or-gulho de uma orientação bem feita eseguida à risca pelo proprietário. “Fa-zemos toda a colheita em um só dia,

NOME: Ari Dellagiustina e Lucércia Schmi-dt Dellagiustina; Moacir Schmidt Della-giustina (filho) e Melânia Vandresen De-llagiustina (nora)ATIVIDADES: fumicultura e gado leiteiroÁREA TOTAL: 28 haÁREA CULTIVADA: 3 ha – fumo; 3 ha mi-lho; 5 ha eucaliptos (reflorestamento)PRODUÇÃO: 2,8 toneladas fumo/ha e 4 mil

litros de leite/mêsFATURAMENTO: não divulgadoTÉCNICAS IMPLANTADAS: terraceamento, adubação verde, reflo-restamento, cultivo mínimoLocalidade: Lado da União – Braço do Norte (SC)

NOME: Deonir Redivo e Rosine-te da Silva RedivoATIVIDADES: fumicultura e gadoleiteiroÁREA TOTAL: 25 haÁREA CULTIVADA: 2,2 ha – fumo;5 ha eucaliptos (reflorestamen-to)PRODUÇÃO: 3,2 toneladas

fumo/ha; 30 sacas de feijão; 900 litros de leite/mêsFATURAMENTO: em média R$ 30 mil por safra de fumoTÉCNICAS IMPLANTADAS: terraceamento, adubação ver-de, reflorestamento, plantio diretoLOCALIDADE: Rio Laranjeiras – Orleans (SC)

PERFILPERFILPERFILPERFILPERFIL

com cinco ou seispessoas”, diz Ari De-llagiustina. Depois,três pessoas orde-nham as vacas en-quanto o restantearmazena as folhasde fumo na estufa.Geralmente, o traba-lho na estufa ficapronto antes da or-denha terminar.

Acreditando naparceria com os 45mil produtores nostrês estados do Suldo País, a Souza Cruzinvestiu R$ 5 milhõesno PDS, em 2004.Em 2005, a previsãode investimento é deR$ 8 milhões. A aná-lise de solos já atin-ge quase 100% dosprodutores. “Tam-

bém estamos intensificando o proces-so de reflorestamento, já que a culturado fumo consome lenha e não reco-mendamos sob qualquer hipótese a uti-lização de mata nativa”, diz Vitali.Embora a empresa já tenha sugerido es-pécies como a bracatinga e a acácia para

reflorestar encostas, optou pelo uso deeucaliptos por apresentar melhor adap-tação aos tipos de solo da região Suldo Brasil, responsável por quase 100%do fumo comercializado pela SouzaCruz. A líder brasileira na comerciali-zação de cigarros está testando a pro-dução de fumo curado em estufa nosEstados da Bahia e Sergipe. Apenas umtipo da planta adaptou-se à região, maso volume de produção ainda não al-cançou o nível comercial.

PRODUTIVIDADE

O principal impacto do PDS é naprodutividade. O agricultor ganha emescala e na qualidade do produto, queinfluencia diretamente no preço. “Co-meçamos com projetos pilotos e, atu-almente, temos excelentes resultadosem relação à proteção de solos e defontes de água, elevando nossa produ-tividade em torno de 20%”, diz CarlosVitali. O plano trouxe benefícios dire-tos não só para o produtor, mas tam-bém como para a empresa, que pros-pectou novos mercados e melhorou aconcorrência com os mercados inter-nacionais. Hoje, o mercado domésticoconsome 30% do fumo produzido pelaempresa e os 70% restantes são desti-nados à exportação.

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Empreendedor Empreendedor Empreendedor Empreendedor Empreendedor – Julho

2004

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ABRIL

De 26/2 a 3/12/2005CURSO EXTENSIVO E AVANÇADO DE PAISAGISMORibeirão Preto – SPTelefone: (16) 2102 1700e-mail: [email protected]: www.aeaarp.com.br

De 5/4 a 9/4/2005AGRISHOW COMIGO 2005Rio Verde – GOTelefone: (64) 611 1525e-mail: [email protected] [email protected]: www.comigo.com.br

De 7/4 a 9/4/2005GARDEN FAIR –TECNOLOGIA EM JARDINAGEM EPAISAGISMOHolambra – SPTelefone: (19) 3802 4196e-mail: [email protected]: www.gardenfair.com.br

De 7/4 a 11/4/2005VINITALY 2005Verona – ItáliaTelefone: (31) 3287 2212e-mail: [email protected]: www.vinitaly.com

De 7/4 a 17/4/20057ª RURALTECH 2005 – MOSTRA INTERNACIONAL DETECNOLOGIAS PARA O AGRONEGÓCIOLondrina – PRTelefone: (43) 3324 3212e-mail: [email protected]: www.londrinatecnopolis.org.br/ruraltech

FeirasFeiras

De7/4 a 17/4/200545ª EXPO LONDRINA 2005 - EXPOSIÇÃOAGROPECUÁRIA E INDUSTRIAL DE LONDRINALondrina – PRTelefone: (43) 3328 2000e-mail: [email protected]: www.srp.com.br/exposicao.asp

De 13/4 a 15/4/2005II CONERA – CONGRESSO NORTE/NORDESTE DEREPRODUÇÃO ANIMALTeresina – PITelefone: (86) 232 6439/215 5979/215 5467/94096439e-mail: [email protected]: http://eventos.ufpi.br/conera/

De 19/4 a 23/4/2005AGRISHOW CERRADO 2005Rondonópolis – MTTelefone: (66) 423 2041e-mail: [email protected]: www.agrishow.com.br

MAIO

De 3/5 a 10/5/2005EXPOZEBU 2005 – 71ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONALDE GADO ZEBUUberaba – MGTelefone: (34) 3319 3900e-mail: [email protected]: www.abcz.org.br

De 9/5 a 12/5/20053º CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DEPLANTASGramado – RSTelefone: (54) 311 3444e-mail: [email protected]: www.cnpt.emprapa/br/eventos/cbmp2005

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8787878787Guia Empreendedor Rural

De 10/5 a 12/5/2005SEAFOOD – PESCADOS, FRUTOS DO MAR ETECNOLOGIA PARA A INDÚSTRIA DA AQUICULTURAE PESCASão Paulo – SPTelefone: (11) 3873-0081e-mail: [email protected]: www.seafood.com.br

De 11/5 a 13/5/2005AVESUI 2005 - FEIRA DA INDÚSTRIA LATINO-AMERICANA DE AVES E SUÍNOSFlorianópolis – SCTelefone: (15) 3262 31 33e-mail: [email protected]: www.avesui.com.br

De 14/5/20054ª JORNADA TÉCNICA INTEGRAÇÃO LAVOURAPECUÁRIALuís Eduardo Magalhães – BATelefone: (77) 3628 0714e-mail: [email protected]

De 15/5 a 19/5/20059º SICONBIOL - SIMPÓSIO DE CONTROLE BIOLÓGICORecife – PETelefone: (81) 3465 8594e-mail: [email protected]: nicc.cpqam.fiocruz.br/siconbiol2005

De 16/5 a 21/5/2005AGRISHOW RIBEIRÃO PRETO 2005Ribeirão Preto – SPTelefone: (11) 5591 6300e-mail: [email protected]: www.agrishow.com.br

JUNHO

De 31/5 a 2/6/2005GEOBRASIL – CONGRESSO E FEIRA INTERNACIONALDE GEOINFORMAÇÃOSão Paulo – SPTelefone: (11) 6096 5311e-mail: [email protected]: www.geobr.com.br

De 1/6 a 5/6/2005EXPOCACHAÇA 2005 DE MINAS GERAISBelo Horizonte – MGTelefone: (31) 3284 6315e-mail: [email protected]: www.expocachaca.com.br

De 6/6 a 10/6/200527ª SEMANA DA CITRICULTURA, 31ª EXPOCITROS E36º DIA DO CITRICULTORCordeirópolis – SPTelefone: (19) 3546 1399e-mail: [email protected]: www.centrodecitricultura.br

De 10/6/2005CURSO DE ANÁLISE FUNDAMENTAL E INTRODUÇÃOÀ COMERCIALIZAÇÃO DE SOJAPorto Alegre – RSTelefone: (51) 3224 7039e-mail: [email protected]: www.safras.com.br

De 10/6 a 19/6/2005SUINOFEST 2005Encantado – RSTelefone: (51) 3751 2255e-mail: [email protected]: www.suinofest.com.br

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De 14/6 a 18/6/2005FEICORTE – XI FEIRA INTERNACIONAL DA CADEIAPRODUTIVA DA CARNE E XI EXPOSIÇÃO NACIONALDAS RAÇAS BOVINAS DE CORTESão Paulo – SPTelefone:(11) 5073 7799e-mail: [email protected]: www.feicorte.com.br

De 14/6 a 18/6/2005AGRISHOW LEM 2005Luis Eduardo Magalhães – BATelefone: (11) 5591 6300/5591 6336e-mail: [email protected]: www.agrishow.com.br

De 15/6 a 18/6/2005HORTITEC 2005Holambra – SPTelefone: (19) 3802 4196e-mail: [email protected]: www.hortitec.com.br

De 16/6 a 18/6/2005CONGRESSO BRASILEIRO DE JORNALISMOAGROPECUÁRIOSão Paulo – SPTelefone: (11) 3873 1525e-mail: [email protected]

De 21/6 a 24/6/2005AGROMIX - FEIRA INTERNACIONAL DE TECNOLOGIAAGROPECUÁRIAPorto Alegre – RSTelefone: (51) 3347 8696e-mail: [email protected]: www.agromixfeira.com.br

De 28/6 a 1/7/20058º ENCONTRO DE PLANTIO DIRETO NO CERRADOTangará da Serra – MTTelefone: (65) 325 0142e-mail: [email protected]: www.apdc.com.br [email protected]

JULHO

De 1/7 a 5/7/2005EXPOCACHAÇA 2005Belo Horizonte – MGTelefone: (31) 3284 6315e-mail: [email protected]: www.expocachaca.com.br

De 6/7 a 10/7/200546ª EXPOSIÇÃO AGROPECUARIA E INDUSTRIAL DONORTE FLUMINENSECampos – RJTelefone: (31) 3319 6100e-mail: [email protected]: www.abccmm.org.br

De 12/7 a 19/7/200563ª. EXPOSIÇÃO AGROPECUÁRIA E INTERESTADUALCordeiro – RJTelefone: (31) 3295 3341e-mail: [email protected]: www.3barras.com.br

De 28/6 a 1/7/20058º ENCONTRO DE PLANTIO DIRETO NO CERRADOTangará da Serra – MTTelefone: (65) 325 0142e-mail: [email protected]: www.apdc.com.br [email protected]

De 25/7 a 28/7/200542ª REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRADE ZOOTECNIA – SBZGoiânia – GOTelefone: (61) 349 7630e-mail: [email protected]: www.42reuniaosbz.org.br

De 26/7 a 28/7/2005VIII ENFRUTE - ENCONTRO NACIONAL SOBREFRUTICULTURA DE CLIMA TEMPERADOFraiburgo – SCTelefone: (49) 561 2000e-mail: [email protected]

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8989898989Guia Empreendedor Rural

AGOSTO

De 7/8 a 12/8/200545° CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURAFortaleza – CETelefone: (85) 299 1972e-mail: [email protected]

De 17/8 a 21/8/2005VI EXPOSIÇÃO ESPECIALIZADA DO CAVALOMANGALARGA MARCHADORMadre de Deus de Minas – MGTelefone: (35) 3343 1073site: www.topada.com.br

De 27/8 a 4/9/2005EXPOINTER 2005Esteio – RSTelefone: (51) 597 5339site: www.expointer.rs.gov.br

De 30/8 a 1/9/2005FOOD INGREDIENTS SOUTH AMERICA (FISA)São Paulo – SPTelefone: (19) 3743 1700e-mail: [email protected]: www.ital.org.br

SETEMBRO

De 13/9 a 15/9/2005AVESUICENTRO-OESTEGoiânia – GOTelefone: (15) 3262 3133e-mail: [email protected]: www.avesui.com.br

De 13/9 a 15/9/2005AVESUICENTRO-OESTEGoiânia – GOTelefone: (15) 3262 3133e-mail: [email protected]: www.avesui.com.br

De 20/9 a 23/9/2005AGROCANA 2005 – III FEIRA DE NEGÓCIOS ETECNOLOGIA DA AGRICULTURA DACana-de-AçúcarSertãozinho – SPTelefone: (16) 623-8936site: www.agrocana.com.br

De 20/9 a 23/9/2005FENASUCRO 2005 – FEIRA INTERNACIONAL DAINDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRASertãozinho – SPTelefone: (16) 623-8936site: www.fenasucro.com.br

De 24/9 a 2/10/2005EXPOINEL 2005Uberaba – MGe-mail: [email protected]

De 18/9 a 23/9/2005VI FEIRA INTERNACIONAL DE TECNOLOGIAS DESANEAMENTO AMBIENTALTelefone: (21) 2537 4338e-mail: [email protected]: www.fagga.com.br

De 4/10 a 7/10/20058ª FIAFLORA – FEIRA INTERNACIONAL DAFLORICULTURA, PAISAGISMO E JARDINAGEMSão Paulo – SPTelefone: (11) 3845 0828e-mail: [email protected]: www.fiaflora.com.br

OUTUBRO

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9292929292Guia Empreendedor Rural

AGRICULTURA ORGÂNICA

Associação de Agricultura Orgânica - AAOAv. Francisco Matarazzo, 4552º andar • Parque Água BrancaCasa do Fazendeiro • Sala 20São Paulo/SP - 05001-900Fone/Fax: (11) [email protected]

Instituto BiodinâmicoRod. Gastão Dal Farra • Km 4Cx. Postal: 321Botucatu/SP - 18603-970Fone: (14) [email protected]

APICULTURA

Centro de Apicultura TropicalAv. Prof. Manuel Ribeiro, 1920Pindamonhangaba/SP12400-970Fone: (12) 242-7822

AQÜICULTURA

Associação Brasileira de Criadores deOrganismos Aquáticos - ABRACOAAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05031-900Fone: (11) 3672-8274www.setorpesqueiro.com.brsetorpesqueiro@setorpesqueiro.com.br

ASININOS

Associação Brasileira de Criadores deJumento de Raça PegaRua São Paulo, 893 • Sala 1204Belo Horizonte/MG - 30170-131Fone: (31) [email protected]

AVES ORNAMENTAIS

Associação Brasileira dos Criadores deAves OrnamentaisAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCx. Postal: 61.112São Paulo/SP - 05001-970Fone/Fax: (11) 3864-2899

Federação Ornitológica do Brasil - FOBAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCx. Postal: 61.131São Paulo/SP - 05001-970Fone/Fax: (11) 3862-4176

AVICULTURA

Associação Brasileira dos Exportadores deFrango - ABEFAv. das Américas, 505 • Sala 212Barra da TijucaRio de Janeiro/RJ - 22631-000Fone: (21) [email protected]

Associação Brasileira de Produtores dePinto de Corte - APINCOAv. Andrade Neves, 2501Bairro Jardim ChapadãoSão Paulo/SP - 13070-002Fone: (19) 3241-0233Fax: (19) [email protected]

Associação dos Criadores de Avestruz doBrasil - ACABCx. Postal: 399Bragança Paulista/SP - 12900-000Fone: (11) [email protected]

Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia- FACTAAv. Andrade Neves, 2501Campinas/SP - 13070-002Fone: (19) 3243-4758Fax: (19) [email protected]

União Brasileira de Avicultura - UBAAv. Brigadeiro Faria Lima, 191212º andar • Sala 12ASão Paulo/SP - 01451-000Fone: (11) 3812-7666Fax: (11) 3815-5964www.rudah.com.br/[email protected]

BOVINOS

Associação Brasileira dos Criadores deAngusAv. Carlos Gomes, 141 • Cj. 501Porto Alegre/RS - 90480-003Fone: (51) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de BrahmanPça. Vicentino R. Cunha, 110Bloco 1Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone: (34) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deBrangus IbagéAv. João Teles, 1759Cx. Postal: 303Bagé/RS - 96400-031Fone: (53) 241-2801

Associação Brasileira dos Criadores deBelgian BlueRua 7 de Setembro, 5388Conj. 1602Curitiba/PR - 80240-000Fone/Fax: (41) 643-2223

Associação Brasileira de Criadores deBlonde D’AquitaineRua Tabapuã, 479 • 10º andarConj. 102Bairro ItaimbibiSão Paulo/SP - 04533-011Fone: (11) 3842-0712Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deBovinos da Raça HolandesaAv. Diógenes de Lima, 3063/65Bairro Alto da LapaSão Paulo/SP - 05083-010Fone: (11) 3831-0188Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de BrangusAv. Américo C. da Costa, 320Campo Grande/MS - 79080-170Fone/Fax: (67) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de CanchimAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCasa do Fazendeiro • Sala 17São Paulo/SP - 05031-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de CaracuRua Vicente Machado, 1322Sala 101Cx. Postal: 162Palmas/PR - 85555-000Fone: (46) [email protected]

uia RuralGG

A

ENTIDADES EINSTITUIÇÕES

Page 93: Empreendedor Rural 07

9393939393Guia Empreendedor Rural

Associação Brasileira dos Criadores deCharolêsRua Alberto Pasqualini, 254º andar • Sala 404Santa Maria/RS - 97015-010Fone: (55) 222-7822Fax: (55) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores de ChianinaAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-300Fone: (11) 2672-6099Fax: (11) 2673-4905

Associação Brasileira dos Criadores de DevonRua Anchieta, 2043Cx. Postal: 490Pelotas/RS - 96015-420Fone: (53) 222-4576Fax: (53) [email protected]

Associação Brasileira de Gado JerseyAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 21São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 262-0588Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de GelbviehAv. Tiradentes, 6275Londrina/PR - 86072-360Fone: (43) 348-2427www.gelbvieh.com.br

Associação dos Criadores de Gir do BrasilPç. Vicentino R. da Cunha, 110Bloco 01Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone: (34) 3319-3885Fax: (34) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deGirolandoRua Orlando V. Nascimento, 74Uberaba/MG - 38040-280Fone/Fax: (34) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de GuzeráPç. Vicentino R. da Cunha, 110Bloco 01Uberaba/MG - 38022-330Fone/Fax: (34) [email protected]

Associação dos Criadores de Gado HolandêsAv. Fernando Osório, 1754Pelotas/RS - 96055-000Fone: (53) 273-1399

Associação Nacional dos Criadores deHerd Book CollaresRua Anchieta, 2043Pelotas/RS - 96015-420Fone: (53) [email protected]

Associação dos Criadores de Hereford/BrafordRua General Osório, 1094Bagé/RS - 96400-100Fone/Fax: (53) [email protected]@braford.com.br

Associação Brasileira dos Criadores deIndubrasilPç. Vicentino R. da Cunha, 118Uberaba/MG - 38022-330Fone: (34) 3336-4400

Associação Brasileira dos Criadores deLimousinAv. Tiradentes, 6275Parque Governador Ney BragaCx. Postal 398Londrina/PR - 86072-360Fone: (43) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deMarchigianaAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação dos Criadores do MochoTabapuãPç. Vicentino Rodrigues da Cunha, 110• Bloco 01Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone/Fax: (34) [email protected]

Associação dos Criadores de Nelore doBrasilRua Riachuelo, 231 • 1 º andarSao Paulo/SP - 01007-906Fone: (11) [email protected]

Associação Nacional dos Criadores de NormandoRua Anchieta, 2043Pelotas/RS - 96015-420Fone: (53) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores dePardo-SuíçoAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 27Caixa interna 13Sao Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 3871-1018Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores de PiemontêsRua Santa Catarina, 1901Avaré/SP - 18708-000Fone: (14) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores de PitangueirasAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 3872-0905

Associação Brasileira de Criadores de Red PollRua Leopoldo Froes, 20Porto Alegre/RS -90020-090Fone: (55) 422-1542

Associação Brasileira dos Criadores de SantaGertrudisAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deSimental e SimbrasilRua Mário Romanelli, 23Cachoeira do Itapemirim/ES29303-260Fone: (27) 521-5666Fax: (27) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores de ZebuPça. Vicentino R. da Cunha, 110Parque Fernando CostaUberaba/MG - 38022-330Fone: (34) [email protected]

Associação do Novilho PrecoceRua da Consolação, 24713º andarSão Paulo/SP - 01301-000Fone: (11) 259-0833

Page 94: Empreendedor Rural 07

9494949494Guia Empreendedor Rural

BUBALINOS

Associação Brasileira dos Criadores deBúfalosAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 13São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Fundação Centro Tecnológico Búfalos eDesenvolvimento Agropecuário - FCTBDACx. Postal: 193Andradina/SP - 16900-000Fone: (18) 722-5771

EQÜINOS

Associação Brasileira de Criadores doCavalo AndaluzAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05031-900Fone: (11) 3873-2766

Associação Brasileira dos Criadores doCavalo AppaloosaAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaSão Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores doCavalo ÁrabeAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaSão Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo CampeiroRua Marechal Floriano, 217Curitibanos/SC - 89520-000Fone: (49) 45-1866

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo CampolinaRua Rep. da Argentina, 255Belo Horizonte/MG – 30315-490Fone: (31) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos de CorridaAv. Lineu Paula Machado, 875Jardim EverestSão Paulo/SP - 05601-001Fone: (11) 3813-5699 / Fax: [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos CrioulosAv. Fernando Osório, 1754APelotas/RS - 96055-000Fone: (53) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos de HipismoAv. Francisco Matarazzo, 455São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deMangalargaAv. Francisco Matarazzo, 455Pavilhão 04São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 3673-9400Fax: (11) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deCavalo Mangalarga MarchadorRua Goitacazes, 14 • 10º andarBelo Horizonte/MG30190-050Fone/Fax; (31) [email protected]

Associação Brasileira de Criadores deCavalo Raça MarajoaraAv. Alm. Barroso, 5386Belém/PA - 66610-000Fone: (91) 231-0339

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo PaintAv. Comendador José da Silva Marta,Quadra 36Bauru/SP - 17053-340Fone/Fax: (14) 236-3000www.abcpaint.com.br

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo PantaneiroRua Joaquim Murtinho, s/nPoconé/MT - 78175-000Fone: (65) 345-1436

Associação Brasileira dos Criadores doCavalo PôneiAv. Amazonas, 6020Parque Bolívar de AndradeBelo Horizonte/MG30510-000Fone/Fax: (31) 371-3797www.bhnet.com.br/~ponei

Associação Brasileira dos Criadores deCavalos Quarto-de-MilhaAv. Francisco Matarazzo, 455Pavilhão 11São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Cavaleiros deHipismo RuralAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaCx. Postal: 61.062São Paulo/SP - 05001-900Fone/Fax: (11) [email protected]

CCHINCHILAS

Associação Brasileira dos Criadores deChinchila LanígeraAv. Francisco Matarazzo, 455Parque Água BrancaSão Paulo/SP - 05001-300Fone: (11) 3865-9237www.surf.to/masterchinchila

Associação dos Criadores de Chinchilasdo Brasil - ACHIBRAAv. Presidente Vargas, 514Camaquã/RS - 96180-000Fone: (51) [email protected]

B

DDEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Associação das Empresas Nacionais deDefensivos Agrícolas - AENDAAv. Dr. Vieira de Carvalho, 1723º andar • Conj. 306São Paulo/SP - 01210-010Fone/Fax: (11) [email protected]

Associação Nacional de Defesa Agrícola -ANDEFRua Cap. Antônio Rosa, 37613º andarSão Paulo/SP - 01443-010Fone/Fax: (11) 3081-5033www.andef.com.br

E

uia RuralGG

Page 95: Empreendedor Rural 07

9595959595Guia Empreendedor Rural

Federação Brasileira dos Criadores deCavalo Puro SangueLusitano/Pura Raça Espanhola-AndaluzAv. Francisco Matarazzo, 455Casa do Fazendeiro • Sala 14São Paulo/SP - 05001-900Fone: (11) 367-2866

Associação Brasileira dos Criadores deCavalo TrotadorPça. Trotadores, 1São Paulo/SP - 02120-010Fone: (11) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deJumento NordestinoSecretaria da AgriculturaBR 101 • Km 0Centro AdministrativoBairro Lagoa NovaNatal/RN - 59059-900Fone: (84) 231-7218

MARKETING RURAL

Associação Brasileira de Marketing Rural- ABMRAv. Brigadeiro Faria Lima, 15722º andar • Conj. 221/222São Paulo/SP - 01463-900Fone: (11) 3812-7814Fax: (11) 3816-2702

MECANIZAÇÃO

Associação Brasileira da Indústria deMáquinas e Equipamentos - ABIMAQAv. Jabaquara, 29254º andarSão Paulo/SP - 04045-902Fone: (11) 5582-6311Fax: (11) [email protected]

MEDICINA VETERINÁRIA

Conselho Federal de Medicina VeterináriaSCS • Qd. 1 • Bloco EEdifício Ceará • 14º andarBrasília/DF - 70303-900Fone: (61) 322-7708Fax: (61) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deHampshire DowRua Timbaúva, 930Cx. Postal 65Novo Hamburgo/RS93332-110Fone: (51) 587-1000

Associação Brasileira dos Criadores deIdealRua Humaitá, 192Pelotas/RS - 96470-000Fone/Fax: (53) 2481-1471

Associação Brasileira de Criadores de Ilede FrancePça. Julio de Castilhos, 48Apto. 21Porto Alegre/RS - 90430-020Fone: (51) 3311-8757

Associação Brasileira dos Criadores deKaraculRua Nossa Senhora Aparecida, 167Vila ConceiçãoPorto Alegre/RS - 91920-690Fone/Fax: (51) 3266-7305

Associação Brasileira dos Criadores deMerino AustralianoRua Santana, 2717 • Apto. 6AUruguaiana/RS - 97510-471Fone: (55) 412-6029

Associação Brasileira dos Criadores deOvinos - ARCOAv. Sete de Setembro, 1159Cx. Postal: 145Bagé/RS - 96400-901Fone: (53) 242-6130Fax: (53) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores dePoll DorsetRua Visconde de Guarapuava, 3945/1501Curitiba/PR - 80250-220Fone/Fax: (41) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores dePolypayAv. Princesa Isabel, 395Porto Alegre/RS - 90620-001Fone: (51) 217-1230

Associação Brasileira de Criadores deRomney MarshRua Mal. Floriano, 1098CentroBagé/RS - 96400-001Fone: (53) 242-1753

FFEDERAÇÕES DA AGRICULTURA

Confederação Nacional da AgriculturaSBN Quadra 1Ed. Palácio da Agricultura2º e 4º andares • Bloco FBrasília/DF - 70040-908Fone: (61) 326-3161Fax: (61) [email protected]

FRUTICULTURA

Instituto Brasileiro de Frutas - IBRAFAv. Ipiranga, 952 • 13º andarSão Paulo/SP - 01084-900Fone: (11) [email protected]

LEITE

Associação Brasileira de Produtores deLeite BrasilRua Bento Freitas, 178 9º andarSão Paulo/SP - 01220-000Fone: (11) 221-3599Fax: (11) [email protected]

M

L

LOÓLEOS VEGETAIS

Associação Brasileira das Indústrias deÓleos Vegetais - ABIOVEAv. Vereador José Diniz, 3707Conj. 73 • 7º andarSão Paulo/SP - 04603-004Fone: (11) 5536-0733Fax: (11) [email protected]

OVINOS E CAPRINOS

Associação Brasileira de Criadores deBorder LeicesterRua Itapeva, 93Passo da AreiaPorto Alegre/RS - 91350-080Fone: (51) 341-2566Fax: (51) 341-3566

Page 96: Empreendedor Rural 07

9696969696Guia Empreendedor Rural

Associação Brasileira dos Criadores deSuffolkRua Joaquim Pedro Soares, 253Fundos - CentroNovo Hamburgo/RS93510-320Fone: (51) 594-2825Fax: (51) 582-7060

Associação Brasileira dos Criadores deTexelAv. Borges de Medeiros, 541Conj. 501Cx. Postal: 1.114Porto Alegre/RS - 99658-044Fone: (51) 341-5291Fax: (51) 231-6307

Associação Paulista dos Criadores deOvinos - ASPACORua Marcelo George, 69Jardim ProgressoSão Manuel/SP - 18650-000Fone: (14) [email protected]

Associação Brasileira dos Criadores deCaprinosAv. Caxangá, 2200Bairro CordeiroCx. Postal 7.222Recife/PE - 50711-000Fone/Fax: (81) 3449-9391

SOCIEDADES

Sociedade RuralBrasileira - SRBRua Formosa, 367 • 19º andarSão Paulo/SP - 01049-000Fone: (11) 222-0666Fax: (11) [email protected]

SUÍNOS

Associação Brasileira de Criadores deSuínos - ABCSRua Dinarte Vasconcelos, 40Parque 20 de MaioCx. Postal 105Estrela/RS - 95880-000Fone/Fax: (51) [email protected]

Associação dos Criadores de SuínosAv. Amazonas, 6020Parque GameleiraBelo Horizonte/MG30530-000Fone: (31) 3334-5709

AGRI-TILLAGE DO BRASIL LTDA.Arados, grades, semeadeiras eroçadeirasAvenida Baldan, 1500Matão/SP - CEP: 15993-000Fone: (16) 282-2577Fax: (16) 282-2480E-mail: [email protected]: www.agritillage.com.br

ALLIANCE IND. MECÂNICA LTDA.Moinhos, transportadores e secadoresAv. Domingos Camerlingo Calo, 3228Ourinhos/SP - CEP: 19900-000Fone: (14) 322-5815E-mail: [email protected]: www.alliance.ind.br

PPESQUISA

Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária - EMBRAPAParque Estação Biológica (PqEB), s/nEdif. Sede • Plano PilotoBrasília/DF - 70770-901Fone: (61) 448-4433Fax: (61) [email protected]

SSEMENTES

Associação Brasileira dos Produtores deSementes - ABRASEMSCS • Bloco G • nº 30Sala 501Edif. BacaratBrasília/DF - 70309-900Fone: (61) 226-9022Fax: (61) [email protected]

MÁQUINAS EEQUIPAMENTOS

aAGCO DO BRASIL COMÉRCIO E INDÚS-TRIA LTDA.Tratores e colheitadeirasAv. Guilherme Schell, 10260Canoas/RS - CEP: 92420-000Fone: (51) 477-7000Fax: (51) 477-1257E-mail: [email protected]: www.massey.com.br

AGRALE S.A.Caminhões, tratores, motores e gruposgeradoresRod. BR 116, km 145, 15104Caxias do Sul/RS - CEP: 95059-520Fone: (54) 229-1133Fax: (54) 229-2290E-mail: [email protected]: www.agrale.com.br

cCASE BRASIL & CIA.Tratores e colheitadeirasAv. Jerome Case, 1801Sorocaba/SP - CEP: 18087-370Fone: (15) 235-4000 Fax: (15) 225-2100Internet: www.casecorp.com

CASP S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIODistribuidores, bebedouros e silos parafrangosRua Sebastião Gonçalves Cruz, 477Amparo/SP - CEP: 13904-904Fone: (19) 3807-8022Fax: (19) 3807 2422E-mail: [email protected]: www.casp.com.br

CATERPILLAR BRASIL LTDA.Tratores, máquinas e equipamentosRod. Luiz de Queiroz, Km 157Piracicaba/SP - CEP: 13420-900Fone: (19) 429-2100Fax: (19) 429-2430Internet: www.cat.com

CIVEMASA IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS LTDA.Arados, cultivadores, grades eplantadoresRod. Anhangüera, Km 163 - CxP. 541Araras/SP - CEP: 13600-970Fone: (19) 543-2100Fax: (19) 543-2122E-mail: [email protected]: www.civemasa.com

CONFAB INDUSTRIAL S.A.Tubos para armaz. e distribuiçãoRua Tabapuã, 41 -14º AndarSão Paulo/SP - CEP: 04533-010Fone: (11) 3040-6015Fax: (11) 3040-6037E-mail: [email protected]: www.confab.com.br

uia RuralGG

Page 97: Empreendedor Rural 07

9797979797Guia Empreendedor Rural

EIRICH INDUSTRIAL LTDA.Secadores, trituradores e moagensEstrada Velha De Itu, 1500Jandira/SP - CEP: 06612-250Fone: (11) 4789-3055Fax: (11) 4789-3049E-mail: [email protected]: www.eirich.de

ELINO FORNOS INDUSTRIAIS S.A.Fornos industriaisAvenida Juvenal Arantes, 1375Jundiaí/SP - CEP: 13212-370Fone: (11) 4525-0744Fax: (11) 4525-0943E-mail: [email protected]

JOHN DEERE BRASIL S.A.Tratores e colheitadeirasAv. Jorge Logemann, 600Horizontina/RS - CEP: 98920-000Fone: (55) 537-1322Fax: (55) 537-1844E-mail: slsjohndeere@ johndeere.comInternet: www.slc.com.br

METISA - METALÚRGICA TIMBOENSE S.A.Ferramentas e peças para tratores eimplementos agrícolasRua Fritz Lorenz, 2442Timbó/SC - CEP: 89120-000Fone: (47) 281-2000Fax: (47) 281-2223E-mail: [email protected]: www.metisa.com.br

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fFOCKINK INDÚSTRIAS ELÉTRICAS LTDA.Ordenhadeiras, identificadores econtrole de armazenagemRua da Holanda, 123Panambi/RS - CEP: 98280-000Fone: (55) 375-4422Fax: (55) 375-4482E-mail: [email protected]: www.fockink.ind.br

hHIDRO POWER IND. E COMÉRCIO DEEQUIPAMENTOS LTDA.Moto-bombas, pivôs e grupos geradoresVia Antônio Leite de Oliveira, 215Piedade/SP - CEP: 18170-000Fone: (15) 244-1103Fax: (15) 244-1103E-mail: [email protected]: www.jimenez-hitropower.com.br

iINBRAS-ERIEZ EQUIP. MAGNÉTICOS EVIBRATÓRIOS LTDA.Equipamento e vibratóriosRua Marinho de Carvalho, 16Diadema/SP - CEP: 09921-000Fone: (11) 4056-6654Fax: (11) 4056-6755E-mail: [email protected]

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kKEPLER WEBER S.A.Peças para armazenagem e conserva-çãoAvenida Andaraí, 566Porto Alegre/RS - CEP: 91350-110Fone: (55) 375-4000 Fax: (51) 341-8281E-mail: [email protected]: www.kepler.com.br

KILBRA MÁQUINAS LTDA.Embalagens de ovos, criadeiras ebebedourosRua Hum, 344-1 - Dist. Ind. - CxP. 187Birigüi/SP - CEP: 16206-005Fone: (18) 642-3240 Fax: (18) 642-3240Internet: www.kilbra.com.br

KREBSFER INDUSTRIAL LTDA.Pivôs, conexões e tubosRua Krebsfer, 566Valinhos/SP - CEP: 13279-450Fone: (19) 3881-1722 Fax: (19) 3881-1566E-mail: [email protected]: www.krebsfer.com.br

mMARCHESAN IMP. E MÁQUINASAGRÍCOLAS TATU S.A.Máquinas para preparação, plantio econservação de solosAvenida Marchesan, 1979Matão/SP - CEP: 13600-970Fone: (16) 282-2411Fax: (16) 282-2402E-mail: [email protected]: www.marchesan.com.br

METALÚRGICA PAGE LTDA.Silos, transportadores, secadores eempilhadeirasRodovia BR-101, Km 414Araranguá/SC - CEP: 88900-000Fone: (48) 524-0030Fax: (48) 524-0030E-mail: [email protected]: www.mpage.com.br

nNETZSCH DO BRASIL LTDA.Bombas rotativas e filtrosRua Hermann Weege, 2383Pomerode/SC - CEP: 89107-000Fone: (47) 387-8222E-mail: [email protected]: www.netzsch.com.br

NEW HOLLAND LATINO AMERICANA LTDA.Tratores e colheitadeirasAv. Juscelino Kubitschek, 11825Curitiba/PR - CEP: 81450-903Fone: (41) 341-7317Fax: (41) 341-7107Internet: www.newholland.com.br

pPACKO PLURINOX LTDA.Linhas de processamento, bombas ecentros coletores de leiteAvenida Tancredo Neves, 505Batatais/SP - CEP: 14300-000Fone: (16) 3761-4144Fax: (16) 3761-6299E-mail: [email protected]

vVALMONT INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.Produtos para irrigação, iluminação eenergiaAvenida Francisco Podboy, 1600Uberaba/MG - CEP: 38056-640Fone: (34) 3318-9000 Fax: (34) 3318-9001E-mail: [email protected]: www.valmont.com

VALTRA DO BRASIL S.A.Tratores ValmetR. Cap. Francisco de Almeida, 695Mogi das Cruzes/SPCEP: 08740-300Fone: (11) 4795-2000 Fax: (11) 4795-2119E-mail: [email protected]: www.valtra.com.br

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