EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao...

52

Transcript of EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao...

Page 1: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

INsrnvro HISTOacuteRICO E GEOGRAacuteFICO DE

PIRACICABA Diretoria (1994)

PresidenlePEDROCALDARl Vi~middotPresiacutedef)te HUGO PEDRO

CARRADORE J SecretaacuteriQ TOSHIO

ICIZUCA 2 Secretaacuterio UNO VITn 1 Tesoureiro EUGEcircNIO

NAJWIN 2Tesourtiro JOSEacute LUIZ

GUlDQTTI OradorGUSTAVOJACQUES

DIASALVIM Bibliotecaacuteria CLORlS ALESSr

IHGP Revista do Instituto Histoacuteriacuteeoe

Geograacutefico de Piracicaba AnoIUmiddot 199) 1994 -Nuacutemero)

Comissatildeo Editorial HUGO PEDRO CAJUW)QRE

ERASMO PRESTES DE SOUZA

IHuacutePeacute uma publicaccedilatildeo semestral do INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAacuteFICO DE PIRACICABA Osartiacutegos publicados em mGP representam prefercmialmentecolabo3CcedilOtildeeS de seus nssociados Entretanto a revista abre espaccedilo pneu outros autores que se dedicam ao estudo e acircpcsqui rebtivos acirc Piracicaba As colaboraccedilotildees deveratildeo sempre suencaminhlldas AgraveSeeretari 00 IHOP paro a uumlpreciaccedilo da Comissoo Ediacutetorial que obscrvaraacute o cumprimento da~ normas estabelecidos pcl fevj5~ Todos os trtiacutegos ~m ser reproduzidos desocircequc indicada a onte As opiniotildees expreS$ltl$ nos artigQS soo de responSltlbilidadedosseus autores INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAacuteFICO DE PIRACICABA CGC 50853878 0001-48 Rua do Ro~rio 781 13400middot180Piradcaba SP Fotos Henrique Spavieri

CrislhiallO Dihel Justino Lucente

Composiccedil3oe Jmpressiio Shekin3h Editora eGriacutefica Rua Sebastiatildeo R Pinto 685 Telmiddotfax 216766 Piracicaba SP

r

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAacuteFICO DE PIRACICABA

EM FAVOR DA MEMOacuteRIA

Para resolver os problemas que sobrevinham agrave Repuacuteblica os magistrados de Esparta iam pemoiacutetar no templo de Parsifaeacute onde refletiam e recompunham no passado ateacute que adormeciam esperando por sonhos reveladores dos arcanos do futuro O futuro dos povos estaacute condicionado aos acontecimentos do passado

No seacuteculo V ac o fiJoacutesofo Heraacuteclito acredjtavano retorno eterno das coisas Ensinava que todos os fenocircmenos natuntis assim como os sociais formam como cielos t que se repetem mediante incessantes modificaccedilotildees Como Nietzsche muitos pensadores em diversas eacutepocas tecircm propalado a ideacuteia de que a histoacuteria se repete

A Histoacuteria eacute a escola dos povos e dos governantes Eacute incontestaacutevel que ela eacute a janela pela qual podemos ter urna visatildeo do futuro

O Instituto Histoacuterico e Geograacuteficode Piracicaba como instituiccedilatildeo tem como objetivo principal o de preservar a memoacuteria piraciacutecabana e nacional atraveacutes da busca de documentaccedilatildeo exame preservaccedilatildeo e divu1gaccedilatildeo das mateacuterias objetos da Histoacuteria

Esta publicaccedilatildeo eacute realizada com a colaboraccedilatildeo dos membros do IHGP e estudiosos da memoacuteria das gentes

Nosso objetivo eacute que~ cada nuacutemero da revista seja um mosaico da memoacuteria e um estojo da ciecircncia Porisso estaremos sempre de braccedilos abertos e com humiJdade recebendo as criacuteticas e as sugestotildees para aperfeiccediloar nosso trabalho no sentido de cumprir a nossa meta servir a Piracicaba

O nuacutemero 03 da Revista do IHGP eacute ma)s uma etapa da luta de Piracicaba em favor da Cultura Brasileira

O registro da memoacuteria eacute depoacutesilo universal do pensamento Esta eacute asseniva consagrada pelo saber humano

Hugo Pedro CaITador

SUMAacuteRIO MEMOacuteRIA PIRACICABANA

A CASA DO POVOADOR Um Retrato da Memoacuteria Piracicabana

Hugo Pedro Carradore 5

PIRACICABA BOCA DE SERTAtildeO O Porto a Paragem a Sesmaria a Povoaccedilatildeo (1723-1767)

Marly Therezinha Germano Perecin 11

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

Lauro Moraes Faria 25

O RIO PIRACICABA

Joseacute LUIz Guidotti 29

RESENHA

URBE CONTROLE SOCIAL Do Conceito Juriacutedico de Cidade e sua Relaccedilatildeo com a Histoacuteria

Jorge Luiacutes Mialhe 33

PERFIS

MAJOR MELCHIOR DE M CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda 37

NICOLAU ATHANASSOF

F Pimentel Gomes 39

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE O Homem - O Mestre shyO Amigo

Antonio Messias Galdino 41

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAacuteFICO DE PIRACICABA

CROcircNICA

AUTOBIOGRAFANDO Piracicaba Sauacutedo-te

Pedro Silveira Rocha 45

DOCUMENTA

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO NA FREGUEZIA DE PIRACICABA

Em 29 de julho de 1774 49

NOTAS

NOVOS SOacuteCIOS E

INFORMACcedilOtildeES 50

CHAVE

VERDADE HISTOacuteRICA

Erasmo Prestes de Souza

53

A CASA DO POVOADOR UM RETRATO DA MEMOacuteRIA DE PIRACICABA

HUGO PEDRO CARRADORE fflStoriador e fotclorista presidtmll do IHG Titular cti

Academia Paulistana da Histoacuteria c autor entre eUlres de Negritude na Ameacuteriacuteca Palilisto Graccedilas a Deus I o

Drama da Liberdade

A cha11ada CASA DO POVOADOR sem duacutevida alguma data do seacuteculo XIX Atraveacutes de uma anaacutelise natildeo muito acurada pode-se concluir que a casa transformada em marco histoacuterico natildeo eacute a verdadeira reliacutequia que marca o momento da fundaccedilatildeo Natildeo haacute qualquer referecircncia documental a respeito da sua edificaccedilatildeo como lar do fundador Antocircnio Correcirca Barbosa

A memoacuteria consagrou-a como tal pela tradiccedilatildeo oral do ouvir dizer Mais antigo e verdadeiro foi O proacuteprio da Alfandega localizado ao lado da conjeturada casa do Capitatildeo Povoador que desmoronou~se com um temporal em 1937

A criaccedilatildeo do mjto eacute relativamente recente e responsaacuteveis peta sua divulgaccedilatildeo foram os nossos homens de letras

Em 1970 O mestre ThaJes de Andrade fez questatildeo de perenizar a quimera em uma inflamada crocircnica publicada nO Jornal de Piracicaba

Bem alicerccedilada de soacuteliacutedas paredes t seguro madeiramento coberta perfeita assobradada compartimentos espaccedilosos janelas e portas largas e altas

- Casa proacutepria - A DELE - CAPIT AgraveO ANTOcircNIO CORRtA BARBOSA - Era a priacutemogecircnita dentre as potvindouras innatildes - Seria a favorita ~ Foi sobranceira dileta predileta - Assistiu recepccedilotildees e despedidas ajuntamentos importantes dramas e

comeacutedias festanccedilas de bal1zados casamentos nataJidos peixadas - Acompanham terccedilos Tez-se veloacuterio - Presenciacuteou idiacutelios - Mudou de dono ~ Ficou sem proprietaacuterio - Declinou e decaiu em prestiacutegio e supremacia - Rivais ~ o Bosque o Palacete Miranda- suplantaram-na Chaacutecaras

Nazareacute Sagraveo Pedro Mono - Caiu no olvido no desinteresse no desconhecimento - Virou tapete

mnwa Casunhodc Mdradc II9()1977- NDcidocm ~ foi odueadot t um dos ~dalitmwn Infantil btuiein Publkltm 1918A Filha dlF1otelaM

Em 1919~SUII

obn prima ~~ Depors paulalinttnmte AfICcedilfIr seacuterie Eocantoc Vddadc pela ampt Mlt1honmcntamps Autorde64 titulO diferenlH

tnRqofoduccedilo Uacute pAginA 15500 AInwIaque di PitNicaba~ano de 1955

- POUSOU de almas penadas ~ Viveiro de assombraccedilotildees ~ Asilo de paupeacuterfimos peacutes~rapados miuccedilalhas sem eira nem beira1 ~ Cumiacuteeiacutera de corvos - uNinhode morcegos e corujas ~ Poreacutem permaneceu incoacutelume a cupins carunchos mofo bolor fuligem - Manteve-se forte como o forte varatildeo que a construiu inatingiacutevel agraves

ventanias e tempestades - Assim sempre~viva viviacutessima contou anos dececircnios cinquentenatilderios

dois seacuteculos - Aclamaram-na PADRAtildeo MARCO MONUMENTO - Proclamaram-na MUSEU ESCOLA EXEMPLO MODELO IMAtilde

TESTE DE P1RACICABANIDADE - TItularam-na por direito corretamente - A CASA 00 POVOADOR I) O Almanaque de Piracicaoa de 1955 soo uma foto da Casa em ruinas

registramiddot

liA casa que se vecirc no clichecirc acima teria sido a residecircncia de Antocircnio Correcirca Barbosa o Capitatildeo-Povoador de Piracicaba segundo reza a trdcliccedilatildeo oral

ATguns afirmam que sim havendo mesmo O ex-Prefeito Jorge Pacheco e Chaves desapropriado o im6vel para transformaacute-lo em monumento histoacuterico da cidade exemplo do que fez Satildeo Joseacute do RiQ Pardo com a cabeccedila de Euclides da Cunha e Ribeiratildeo Preto com o Museu do Cafeacute

Entretanto em que repousa a tradiccedilatildeo Em vatildeo proeuramos nos arquivos O excelente ALMANAQUE DE PIRACICABA de 1900 a melhor fonte de hjstoacuteria local silencia estranhamente a respeito Na imprensa nada se achou E mesmo a tradiccedilatildeo oral eacute recente recentiacutessima are (2)

Pelas suas caracteriacutesticas funeionais parece-nos ter sido ela entreposto de sal Relegada ao esquecimento e ao abandono histoacuterico ateacute 1945 quando a prefeitura adquiriu o imoacutevel atraveacutes de escritura de compra e venda) eacute de se estranhar que tenha resistido acirc accedilatildeo do tempo pelo abandono de mais de duzentos anos L

O lar bandeirista como uma fortaleza sempre se situou em ponlo estrateacutegico nunca beijando a aacutegua sujeito agraves enchentes ao ataque dos mosquitos e dos iacutendios

O estilo arquitetocircniacuteeo natildeo corresponde ao seacuteculo XVIII ao exatamente de 1767 tempo do povoamento inicial da mudanccedila da povoaccedilatildeo (1784) para a margem esquerda do Piracicaba com o fim da vila militar de 19uatemiacute que foi abandonada - Natildeo havia mais necessidade de estaleiros para a fabricaccedilatildeo de canoas e do rio como barreiro que dificultava aos soldados e degregados

apanharem durante a noite a estrada para ltuacute e por isso promoveram o Capitatildeoshydiacuterelor Antocircnio Correcirca Barbosa e o vigaacuterio Frei Thomeacutede Jesus abaixo-assinado - escreve Silveira Meno - que chegou agraves matildeos do Capitatildeo General Francisco da Cunha Menezes em 6 de fevereiro de 1784 pedindo a mudanccedila da povoaccedilatildeo da margem direita do rio para O lado fronteiro da margem esquerda

Com a autorizaccedilatildeo no dia 31 de julho do mesmo ano depois da missa na qual o Capitatildeo~mor o Capitatildeo-povoador o mestre entaLhador e armeiro e o povo haviam solicitado as Graccedilas do Altiacutessimo pela intercessatildeo da Virgem todos se dirigiram para a margem esquerda do rio ao lugar escolhido para a mudanccedila Aiacute o mestre entalhador delineou um paacutetio de 46 braccedilas em quadra para que fosse edificada a igreja matriz Nesse mesmo Jocal hoje estaacute a praccedila Joseacute BoniacutefaacutecIacuteofl

Pelo visto em nenhuma circunstacircncia o fundador iria isolar~se da poacutevoa para construir o seu lar na barranca do rio

A Casa do Povoador desde a sua construccedilatildeo passando de matildeo em matildeo sofreu inuacutemeras refonnas e ampliaccedilotildees sem contudo perder suas caracteristicas originais j tomando~se um retrato da memoacuteria de uma Piracicaba muito crianccedila que deve ser preservada para as geraccedilotildees futuras

Em maio de 1983~ atendendo solicitaccedilatildeo de Aldano Eenetton Filho Coordenador de Turismo do Municiacutepio de Piracicaba elaboramos um levantamento histoacuterico da Casa do Povoador que foi enviado ao CONDEPHAATJ no sentido dc que este oacutergatildeo responsaacutevel peja memoacuteria~culshytural~hist)rica artiacutestica e foldoacuterica do Estado de Satildeo Paulo voltasse os seus olhos para nossa reliacutequia que estava em ruiacutenas Eiacute-Io

A CASA DO POVOADOR eacute um mitoque se perpetuou pejo flouviacute dizermiddot~ Na histoacuteria documentada de Piracicaba natildeo haacute qualquer referecircncia que a mesma tenha sido edificada pelo ou para o Capitatildeo Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa(4)

Se o registro da propriedade fosse feito na eacutepoca o problema da autencidade ou natildeo da chamada Casa do Povoadorestaria resolvido

Em 21 de agosto de 1969 por detenninaccedilatildeo da Presidecircncia do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Histoacuterico Artiacutestico e Turiacutestico do Estado (CONDEPHAAT) o arquiteto Raphael Gendler veio aacute Piracicaba e vistoriou a Casa do Povoador da qual havia sido aberto o processo de tombamento Na oportunidade foi acompanhado pelo entatildeo Secretaacuterio de Obras da Prefeitura e Presidente do Instituto His1oacuterico e Geograacutefico de Piracicaba No dia 25 do mesmo mecircs o referido teacutecnico apresentou ao Conselho o relatoacuterio da visloria (processo de tombamento nO 8571~ paacuteg 5)) do qual estraimos o seguinle trecho

A margem de consideraccedilotildees sobre legitimidade ou natildeo da atribuiccedilatildeo histoacuterica que lhe eacute feita reconhecemos tratar-se de um exemplar valioso para a eidade de sua arquiacutetetura do seacuteculo XIX

A transferecircncia da povoaccedilatildeo da margem direita para a margem esquerda do rio aconteceu agrave partir de julho de J784 contudo a primeira notiacutecia concreta que se lemda referida caSaacute1 sem qualquer referecircncia a respeito de sua utilizaccedilatildeo ou possc data de 1850

Em 25 de junho de 1932 Ojornal A Gazeta de Satildeo Paulo publicou um clichecirc com o tiacutetulo Eeleza da Nossa Terra - Salto de Piracicaba em 1850 Sob a foto o seguinte texto

Siacutetio do Engenho que pertenceu a Carlos Joseacute Botelho pai do Conde do Pinhal e Coronel Paulino Carlos Quadro do pintor Roberto Mertig reproduzido do laquoArquivo Pitoresco de Lisboa 1864 de um original desenho de Miguel Archanjo Benfcio d Assunpccedilatildeo Dutra

(J) O dtliocmlttllo do )(IV poV04ccedil10 tmninou a2 de tiOrtO de 1784MIDOIXNIU do~til() letTOOO ~tm que scdclwQOll ees~lxl=aPc~ (oibado peloeccedili~ AatOtuacuteo Cona Bubouc IbtaDgitlU tmu ampsdea banaamp iacutetagravepcnpoulto lICimAdo Salln 1ft ampJUlabeccitampc daI a rumo alh ah4ttatlea do rio Pirnciodlll ~~oplano

fornecido por Nleolampu de Cunpot ffiguciro Joseacute CiICWIo Rou (AlfaesJcsS Cuuno) kzo lInU1InaIodJIO~

lt Datade 24 dejlUlbo de 11-66 a provis3o de Dluacutei1An1Drtlo de SolUll Botelho ~fuutio DOmeMdo AntocircnioCorria~ pnra O

cargo de DiTetor e Jgtovoador de lirlIciC3ba comookn tXpteSt3 di trawcom ~viacutedute elcm CUCcedil30 0$ MIIacutegIraquo Q)lt)tjIdattti c ot que $I eslbtelaquo$$QI de naVO$~

Assim pele primcin ltez oflildmente o nome de Alltotildenio CornB~feencoolrlll3

hlst6riad~ Pelo que se deprte1lde Antocircnio Qmia B2rbosaji toornvlt comwa familia nos siacuteliw de Pimieaba vindoP9Wvc1mcntedchll ralcl fuiarolhidopm povoaoacuteor ofk~lporsetraLtrdcpeiSoa

41fabetiZ3d de cerro dl$uqtJc pelll$ $USS alitudes incishu wre os dmul~ Mbiwlos (b JOV0lccedilloshy$lgwdo Leandro GUen1ru -Dal conclui-seque moradado chamdo PQVQador loxalilmiddotse 11~ ~em difeiIA dorio Pracicllbll

--lIIUCeU em 111 em J$ de qtmo de 1110 Scwamp JII1s flaquoIn TonutOacute SilYampowdc-POl1O~td Get1nidcfMampria~Cooedccedilio DIl lIIIl ituacutelzIcil p1UtO te ube CUoue

em 1$30 com apreW 20 aoot Em 1I44tBnsfcriu pat1I~ ~dtsdt logocomo tuamp

Mirue1zinho nampo fugiu i iacuteoflulDda -111 LcmpO ampaum~tIeo CD 1ibenJ JJmlptt ~ 8 h~justiCcedil1l tociJuuml c idtntidadedo povo bnsikiro MUumlSiacuteagtpogtetapintorwullot cqWlaacute()atinis14 vcnadoem kologiA poreacutem um autodidata Altiva infIllgtCttlJ1IbalhAdor bom muumls)co exctlmttorganiN chegou ~bridlrum 6rg1opanla Jpjto amp3MortedcPirlcicabaquc ~ltdir~laquogtmtinco

palaCUde l00s000ttlaquoOcircidas da impmtrizna~qllttbe oecircnouuma imagem di Santa Ttre9 que esculpira emj~DlleAffollSOtildei raunay o OO$S(I hisQriador maiot fuma Pintor de nccedila roi talvez () homem que maU pintou o EsUt60 de S)1gtu)n Penomndoacute grmdenlIacutelntltllk cidtddtliraquoM apatlaquoiII em lodosos momcntos de festA pluioacutetical pint1tdoalegoriuctnllJCCl de triUAtlraquo ergwmo colunaus em laquofe$ buc61ieas piesWldo o COOMW de tuiacute in$p~ lO ttalte du r~lividades civiccedila e religiow- Emoutto ardgopubli~o em 1911 o mesmo nlstoUdorcommta

Segundo as anotaccedilotildees do pintor Atchiacutemedes Dutra (1967) bisneto de Miguelzinho (raquo a reproduccedilatildeo fotograacutefica do verso mostra uma aacutegua folie (grnvura) de Pedroso que ilustra a paacutegina 393 do VII volume do Archivo Pitoresco de Liacutesboa1 editado em 1864 referente agrave Cascata no Rio Piracicaba ~ Vila Nova da Constituiccedilatildeo

Para Arcbimedes Dutra tanto a grnvura como o quadro satildeo reproduccedilotildees de uma aquarela original de Miguel Atcbanjo Benficio d Assunpccedilatildeo Dutra feitas em 1850 nesta cidade de Piracicaba no intuito de fixar o local do nascedouro

Pelos levantamentos feitos com o auxiHo do companheiro do Instituto Hist6rico e Geogratildefico de Piracicaba Jair Toledo Veiga atraveacutes de escrituras e inventaacuterios chegamos ateacute Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior que adquiriu por escritura em 13 de agosto de 1890 (cal1Oacuterio do I oficio livro 97 fl 1) de Joaquim Ferraz de Camargo e seus filhos a casa com o respectivo terreno na Rua do Porto Essa propriacuteedade~ Joaquina Ferraz de Camargo recebera por heranccedila de Joseacute Carlos Camargo Muito se discutiu sobre o assunto~ ateacute que o prefeito municipal Jorge Pacheco Chaves atraveacutes do decreto n 22 de Q5 de outubro de 1944 declarou o velbo casaratildeo de utilidade puacuteblica a fim de ser adquirido por desapropriaccedilatildeo judicial ou por via amigaacutevel para constituir-se em patrimOcircnio histoacuterico

No dia 29 de dezembro de 1945 por escritura lavrada no l tabeliatildeo (livro 344 fls 5) a Prefeitura adquiriu de Joseacute Vigno e sua mulher Maria BUZUIO o referido sito atilde Rua do Porto sob n I pela importacircncia de 8000$000

Joseacute Vigno havia comprado essa casa do Dr Holger Jensen Kock e sua mulher em 12 de dezembro de 1929 cuja escritura se encontra no 1 tabeliatildeo (livro 231 fls 173 transcriccedilatildeo sob n 16531 fls 179 do livro 3-Q)

O Dr Holger Jensen adquirira o im6vel por escritura de compra e venda em 10 de gosto de 1922 do Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee (1 tabeliatildeo livro A-47 fls 42)

O Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee lorna-se proprietaacuterio da suposta Casa do Povoador em 21 de janeiro de 1922 no inventaacuterio de Maria Antonia Torres processado no cartoacuterio do 1 Q oficio (gaveta ou maccedilo na 113)

Maria Antonia Torres adquiriu o casaratildeo em 14 de novembro de 1913 no inventaacuterio de Firmino Bueno de Olhoeira (processado no 10 oficio local) (gaveta ou maccedilo n 8-103) Firmino era dono dos preacutedios de nuacutemeros 6 I 2 e 3

Seguado consta em escritura lav1lda em 13 de janeiro de 1909 (cart6rio 20 oficio livro 93 fls 24) Firmino Bueno comprou de Antocircnio DIas Naacutepoles e sua mulher a casa de sobradocom o respectivo terreno anexo na Rua do Pono no quarteiratildeo entre as Ruas Satildeo Joseacute e Prudente de Moraes

As duacutevidas comeccedilam de 1894 para traacutes Neste ano parece que Finnino Teixeira comprou a propriedade de Claudio Severiano Luz Teixeira A escritura natildeo foi encontrada mas na prefeitura ltgt preacutedio ndeg 21 estaacute em nome deste

Claudio Severiano Luz Teixeira por escritura datada de 02 de junho de 1894 comprou de Ana Brandiacutena de Oliveira viuacuteva de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cart6rio do r oficio livro 61 fls 29) por 300$000 (trezenlos mil reacuteis) trecircs casas entre as Ruas Prudente de Moraes e Satildeo Joatildeo~ agrave margem esquerda do Rio Piracicaba

Do inventaacuterio de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cartoacuterio do 10 oficio gavera 28) coube metade dos bens para a viuacuteva e a outra metade a Sebastiatildeo das Neves Ribeiro casado com sua filha Maria Ferreira das Neves Neste jnventaacuterio foi descrita uma casa de sobrado na Rua da Praia nO 6 (Casa da Alfatildendega) que dividia por um lado com Ana de Arruda (Ana Joaquina de Arruda) mulher

de Joseacute Campos Negreiros do outro lado com a Rua Satildeo Joseacute Pelos fundos com a propriedade de Antocircnio de Faria de Souza com o moinho e serra daacutegua avaliado em 2300$00 (dois contos e trezentos mil reacuteis)

No testamento de Ana Joaquina de Arruda falecida em 20 de dezembro de 1847 esta declara ser filha de Mariacutea Flocircr Morais (ou Flora) viuacuteva de um emigrado que manteve Um escandaloso romance com o comandante CarJos Bartolomeu de Arruda (6)

Haacute uma curiosa correspondecircncia de autoria do padre Francisco Assis Pinto de Castro (ProL de Latim e Francecircs em 1856 nesta cidade de Piacuteracicaba) na qual em uma das cartas datada em J 858 descreve e desenha os principais edificios da Vila da Constituiccedilatildeo havidos na eacutepoca

Quando o padre descreve os preacutedios de sobrados cita entre outros o existente na rua da Praia (Hoje Avenida Beira Rio)

Sobrados - O do Sr Rocha do Sr Momto o Sr Antonico de Barros o do Sr Dr Torquato o da Senhora dona Hennehnda professora de primeiras letras O do Sr Braz O do Sr Henrique Alematildeo um outro cujo nome natildeo sei na rua da Praia

Este uacuteltimo s6 pode ser a chamada Casa do Povoador que apareec no volume VlI do Arquivo Pitoresco de Lisboa

Contando com a atenccedilatildeo do confrade Guilherme Viui1 dedicado Historioacutegrafo arquivista e doctiloquo do passado piracicabano encontramos no 1deg livro de Atas da vereanccedila (fls 4S v) uma resoluccedilatildeo que nos leva a concluir que a havida Casa do Povoador jaacute existia antes de 1824 pois a partir desta data ao que parece natildeo foi construiacuteda qualquer outra edificaccedilatildeo no lado direito da rua do Porto rente agraves aacuteguas do Piracicaba em razatildeo de proibiccedilatildeo detennindada por resoluccedilatildeo da Catildemara como se pode inferir da leitura da citada ata Para melhor observaccedilotildees transcrevemos O trecho do texto em questatildeo

VEREANCcedilA W livro de Atas fls 4S v) Aos nove de junho de mil oiacutetocentos e vinte e quatro nesta VHla da Constituiccedilatildeo e Catas da Residecircncia do Juiz Ordinaacuterio Mashynoel Joaquim PintO de Arruda onde Outrossim observaratildeo que fazendose quarteiroens regulares de quarenta braccedilas resta vatildeo na proximidade do Rio trinta braccedilas de extenccedilarnt que non daacute para outro quarteiratildeo e livre servidatildeo na margem do Rio c por isso~ ascntamo acrescentar oilo braccedilas ao uacuteltimo quarteiratildeo e deixar o resto para servidatildeo da margem do Rio onde nam seraacute permitido levanlarem edificio algum Nada mais bouve e assignaram o Piloto Feliz Leme c Antonio do Espiacuterito San10 assignou o seu signnl costumado que be huma cruzl e eu Antonio de Campos Bicudo Escrivam que O escrevi Assigno como Presidente desta Corporaccedilatildeo natildeo porque ahi he a dita Rua alinhada directa para o fim tendo no principio hua largura no fim acresce dez braccedilas maiacutes ou menos Arruda Soares Amaral Conceiacuteccedilam Correia Felis Leme de Oliveira Cruz de AntonIo + do Espiacuterito Santo

Reconhecendo o valor memorial da CASA DO POVOADOR depois desapropriada e adquirida pela Prefeitura atendendo a uma solicitaccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba Vinicio SteIacuten Campos Conselhelro~Secretaacuterio do Conselho de defesa do Patrimocircnio Histoacuterico j Artiacutestico e TurlSlico do Estado propocircs ao Oacutergatildeo a abertura do processo de tombamento isso em 31 de marccedilo de 1969

ViYia fieSA ~ na pttIvmcude Sampo hWo em Imum lItIacutertamp

~aquemdew~ pUiJta~~)

ifnlllnOMisucl ~jQBetkio ~Ammpccedillo Dum homem qle

deve ter tido siagularintuiccedillo artistia puarWsdriaccedilJo asfubdora do ~ tio IIffDsz1do do BIotildeSilm1rof1~ cohtemodo a~ agrave arte rinIava ~aoidolCSnauf1li$ e $eU

dtsethOleaqUllleIa$ inpw e primitivn lem hoje um valor dQcuIIlaquolIllLFoiquem~ua seric de vistuqut omamaplanu de 1841 de RuCUl)lOieacute Bc1iprioe Coua 0$ rnals antigos docwnenUJS iconogriiacutehw OXibeddPI llJI capillll puliJtl

fipelosidosde 1776cu eoltandlnrtdotk$~amp fQSCcedil(lIJlJlld dafregue$iacuteaCarlos Bartholorntu tk AnuIh Natural de ltu ondchtlQcwooa filmUia IOm01Hcna~ccedillo muIO alLfIlIdo de todo pela illnuircill quc tinJa sobre Capito-Fundldar ImrnanrtCUnheddamenle pcnCIW

violenlO e mau politico E3 de qticm ahrnmbva o pe$Sinm gtnio de Antbruo Conta B~evitlnJo lTIUiUlS Vetes quenos SCl$

momenos dc eoacuteell comcleue ~liflOr Foi ~$$~ hom~m motivo d~ ncatildendlloc d~ muho meotenco na joVrnl popul~CcedilAgraveo Tendo fllecidoum nooemipo d3 qplcrn amigo Carlos O-tholomeu p~$$OOlCllmObf l

jovem VIUV1l visitandra todIs tS

llOiacutetn

Olra)tempo O rala-fala foi ~epuiQUdfnlaquoOdiclm

tIOt~dirigldlnllOCapillo PooWdot sobh 6i1UC1 GOI1SOtrccedillo ~IO$I AntampioCltlnta 8ubo5a frgti obrigado inteirv-k do UacuteIOC levmiddot10 110 eonbecimenlodrgt Cpi~mor de ltu pedindo a retindcoo(~tcamp(errccedila

Poreacutem quudoa poputrccedillo flCOl 1OIl~00da p)Ufvd ~ de 8lUtholomcu~flltade freioH 00 Povoador rauma repc=uccedillo em fAVO( de Na

~nopoM F~tc lIOllCilnlcCidol o Capitkgt DiretCrdctumioou que a dita viiiv rrgtne UiWJapAJA lru Eua por rua v~z ehtgamlrgt w~~iiionqJCtU ao Capirl) Btnl de 51oPawo O rctomo aacute P irndeilba aleBmllq que ) ategt impoitC po=lM ~apitks IuYla sido lllffllllrubitrariedsdc dllendoaindiJ que havia deiulo bt1U Im

Piruiuba t que01 mamQ5 ~$UlIm~ernlUf~e dttrpidAdOf Resulli1u de~u pdccedillo seu l~tOf1lO e UfNI QJdcm a Antocircnio Ctm~

aalivu UprtU3 nes1estrnno~

+Nlocumnlli que CAFlos visih Flor cmcai3 desu e ncmque esU isitc oeomandMI~ emt1W deste l alrm dislo qllC 110 $I CltIcunln nn pme algunulecirc nlUIOOM Uipoell

Em 09 de marccedilo de 1970 o Secretaacuterio de Cultura da eacutepoca Orlando Zancaner nos tecircnnos do artigo ldeg do Decreto-Lei nl) 149 de 15 de agosto de 1969~ decreou o tombamento da Casa do Povoador como monumento hist6rico do Estado de Satildeo Paulo Essa resoluccedilatildeo foi publicada no Diaacuterio Oficial de lO de marccedilo de 1970 (paacuteg 48)

No ano seguiacutente em 31 de marccedilo de 1971 o Prefeito Caacutessio Paschoal Padovani recebeu traveacutes do oficio pC-Isn I autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT para executar obras de emergecircnciacutea na Casa do Povoador pois esta encontrava~ se em ruiacutenas

Em primeiro de dezembro de 1971 o engenlleiro Fernando Nunes de Abreu assinou o laudo de conclusatildeo de Obra A vistoria pelo CONDEPHAAT deu~se em marccedilo de 1972 em cujo laudo assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Cerqueiacutera Lemos baacute severas criticas

Natildeo houve ao contraacuterio do que Se diz em fls 60 deste processo trabalhos de restauraccedilatildeo Podemos diacutezer simplesmente que foi feito um razoaacutevel serviccedilo de consoliacutedaccedilatildeo e reparaccedilatildeo serviccedilo esse necessaacuterio a uma futura restauraccedilatildeo pois esta exige certas pesquisas locais que natildeo foram executadas pede a substituiccedilatildeo de elementos estruturais de acordo com as tendecircncias usos e costumes da eacutepococirc e aconselha a reposiccedilatildeo de elementos de composiccedilatildeo arquitetocircnica com maior cuidado

Em 22 de julho de 1980 realizou-se a primeira reuniatildeo do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Cultural de Piacuteracicaba (1 CODEPAC na qual ficou determinado que os Conselheiacuteros Guilhenne Viui Alberto Tomaziacute e Hugo Pedro Carradore huscassem toda a documentaccedilatildeo referente agraveCasa do Povoador referelle agrave sua restauraccedilatildeo que jaacute se iniciara naquele mecircs por autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT Pretendia o Conselho de Piracicaba que esta restauraccedilatildeo fosse realizada exatamente como aquele preacutedio se apresentava no tempo ou pelo menos num tempo pr6ximo acirc sua edificaccedilatildeo

Por motivos dos quais as justificativas natildeo conhecemos essa restauraccedilatildeo foi interrompida e a Casa do Povoadorencontra~se hoje em estado de abandono

Frente a tantas evidecircncias de que a CASA DO POVOADOR eacute indiscutivelmenle um marcO da histoacuteria da povoaccedilatildeo de Piracicaba cabe a todas as forccedilas vivas desta cidade lutar pela sua preservaccedilatildeo

BIBLIOGRAFIA

ALMANAQUE DE PIRACICABAmiddot para o ano ltfeacute 1900

CARRADOR1~Hugo Pedromiddot RetraiO das TradiCcedillks rirncica1rmas Ed Pre reirura Municipal de

PiradcabaSP 1978

GUERRJNI Leandro - Histoacuterll de PiraciCloo eacutem Quadrinhos Ed do lnstituloHis6rico c Geogtaacutefieo

de Piracicaha SP 1970

KRAHENBUHL Heacutelio Moratomiddot Almanaque dcPiacuteracicaba TlpografiaPauliS3 Iirlcicaba 1955

LEANDRO Luizmiddot Subsidios parn iI 11i(613 da CidadcGe Piradcaba Ed Jornal de Piracicalu SP

]861

NEME Maacuterio ~ Piracicaba (Doeumentacircrio) TipcgrnOa Plluli~l PiracicOO SP 1936

VON TSCHUDJ JJ - Reisen Durch Sud Amerika lo V BibliOftlll lautis13 Li Martlns SP 1954

PALAVRAS-CHAVE

Casa do PoV()ador - Escrituraccedilatildeo ~ Fundaccedilatildeo ~ Piracicaba - Tesiamentos

PIRACICABA BOCA DE SERTAtildeO o Porto a Paragem a Sesmaria a Povoaccedilatildeo

(1723-1767)

Marly Therezinha Germano Perecin

ANTIGOS CAMINHOS PAULISTAS

Os paulistas sempre se orgulharam de ser leais vassalos do Rei de Portugal (IlcrgtnvdoAnQ)o-Rela30do

e servidores dedicados da Coroa Ao longo do seacutec XVIII sustentando-se nas tieltpJS

suas bases os seus bens afazendados agraves vezes precariamente exercitavam a (2) 90xer gt A Idade de Ouro do

sua vocaccedilatildeo de sertanejar dilatando as atividades nas aacutereas mineradoras e na Brnilp27Jnmiddott

defesa das fronteiras Quase todos morrendo no anonimato e na pobreza deixando por heranccedila o nome de paulistas e no chatildeot uma grande paacutetria

Ao chegar no Estado doBrasil para assumir ) governo da Capiacutetaniacutea de Satildeo Paulo em 1721 j D Rodrigo Cesar de Menezes dispunha-se a materiacuteaH7ar a principal da incumbecircncias contidas nas suas Instruccedilotildees Reacutegias a abertura dos grandes caminhos coloniais A descoberta de um prodigioso centro de mineraccedilatildeo em Mato Grosso destacava o serissimo problema do abastecimento daquela aacuterea Objetivando estabelecer um caminho terrestre entre Satildeo Paulo e Cuiabaacute intencionou o famoso Picadagraveo de Mato Grosso (I) Eis na sua gecircnese aconcordacircnciacutea em que se empenharam os grandes nomes do sertanismo paulista e da qual saiacuteram-seI aparentemente vitoriosos Luiacutes Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva entre J723 e 1726

As preocupaccedilotildees com o ouro decidiram a viagem do Capitatildeo General em 1726 (quando o camiacutenho jaacute se achava em fase de aperfeiccediloamento) para Cuiabaacute onde permaneceu entre 1726 c 1728 Estranhamente preferia a longa e arriscada monccedilatildeo por Ararallaguaba ao caminho terrestre ObserVaccedilotildees feitas in loco decldjram~no pelo fechamento daquele eldorado a todo o tipo de forasteiro comerciantes e escravos que pudessem evadir o metal como receptadores ou contrabandistas Valeu-se de medidas opressoras da legislaccedilatildeo colonial contra os mineiros contra os otulves e joalheiros aos quais exigiu o feeh~mento das oficinas e das barracas (2 Quanto ao Picadatildeo caminho recentemente aberto e de vital importacircncia no abastecimento das acircreas de mineraccedilatildeo proibiacuteu~o ainda em 1726 Apenas consentiu que O mesmo fosse utilizado durante algum tempo) exclusivamente nas viagens de ida obrigando o regresso pejo tradicional caminho das monccedilotildees e~ em seguiacuteda iacutenterditou-o em definitivo amparado na ordem reacutegia de 1730

Obrigando o tracircnsiacuteto para o Centro~Oeste tatildeo somente pelos rios com a finalidade de evitar os descaminhos do ouro e outros expedientes

3 Boacuteut ~ Op ~l pl7

()~Arroyo~Opctp 38 e)9 JOtiAllplo GouIAI1~ TrtpMe T~naFo~doBruit Cf) Pedro Taquet- Nobiliacqula PauliNMH~eGmcabg1CA

p171

(6) MuI) T Q Porlaquoifl- O Picad10 de MtoVroraquoO(2) JP pl

inconfessaacuteveis D Rodrlgo Cesar de Menezes conftnava os mineiros de Mato Grosso e Guaporeacute sujeitando~os agrave deficiacutelima rota das monccedilotildees) a fIm de submetecirc~los aos Registros instalados nos pontos principais das passagens m

Estranhamente zeloso na defesa dos interesses reais natildeo impediu que o seu soacutecio Sebastiatildeo Fernandes do Rego abocanhasse o pesado cofre doS quintos reais do OUTO nem que se consumasse a perseguiccedilatildeo (por motivos de cobiccedila e vinganccedila) sobre os Innatildeos Leme famosos sertanIacuteslas de ltu Em contra~partida a sua exigecircncia sobre os caminhos fluviais atraiu a atenccedilatildeo iacutendgena para O

saque dos comboios A partir de 1725 os caminhos fluviais assinalavam~se pelas trageacutedias provocadas pelas iacutensidiosas moleacutestias que acometiam jaacute em pJeno Tietecirc e pelos mortiacuteferos ataques indiacutegenas ao longo das bacias dos rios Paranaacute e Paraguai provenientes das trecircs grandes naccedilotildees caiapoacute paiacuteaguaacute guaicuru

A sua alegaccedilatildeo a respeito da insuficiecircncia de animais para o transporte terrestre agraves regiotildees mineiras natildeo era totalmente infundada poreacutem eacute sabido que no final da deacutecada de vinte comeccedilavam a chegar a Satildeo Paulo as primeiras tropas de muares Poucos anos posteriormente no governo de Francisco Caldeira Pimentel o Capitatildeo Cristoacutevatildeo Pereira de Abreu abriu a famosa estrada do Viamatildeo ateacute Sorocaba conhecida por Estrada Real em 1733 (4) Dava-se iniacutecio ao ciclo do muar e agraves feiras sorocabanas que despejavam em Satildeo Paulo os colossais rebanhos provenientes das aacutereas sulinas de cria toacuterio vindo a possibilitar a organizaccedilatildeo de um complexo viaacuterio e um sistema de transportes para todas as Capitanias do Estado do Brasil

A interdiccedilatildeo do Picadatildeo de Mato Grosso deitou consequecircnciacuteas sobre o sertatildeo do Piracicabat arruinando as esperanccedilas dos sesmeiros e posseiros que logo apoacutes a abertura do caminho buscaram estabelecer~se nos pontos estrateacutegicos partIacutecularmente entre ltu Capivari e o porto de Piracicaba A intenccedilatildeo de fazer bons negoacutecios com o produto das roccedilas e do criatoacuterlo destinado ao abastecimento dos comboios para Mato Grosso logo caiu em desacircnimo Salvavam ainda algumas canoas procedentes do Tietecirc ao porto de Piracicabat

mas natildeo era alento suficiente para fixar povoamento naquele sertatildeo O decliacutenio dos rendimentos da mineraccedilatildeo a partir de 1732 a ligaccedilatildeo

terrestre entre Cuiabaacute e a estrada nova de Goiaacutes em 1737 a separaccedilatildeo de Mato Grosso da Capitania de Satildeo Paulo e a extinccedilatildeo desta em 1748 liquidaram as chances de ocupaccedilatildeo e povoamento no sertatildeo do Piracicaba ateacute 1767

o PICADAtildeO DE MATO GROSSO

Abrir agraves proacuteprias espensas um caminho daquela magnitude era desafio para os mais renomados sertanistas Dadas as precaacuterias condiccedilotildees materiai~ e as cicloacutepicas dificuldades poucos estavam em situaccedilatildeo de COlTesponder~ por mais interessantes que fossem as recompensas em rendimentos ou tiacutetulos enobrecedores Houve tentativas fracassadas ($)

Luiacutes Pedroso de Barros um dos mais famosos Cabos de Guerra dos paulistas durante Emboabas executou a faccedilanha correndo todos os riscos e o fez inteiramente de graccedila como parte de um acordo mediacuteante o quaJ receberia o perdatildeo por um crime que natildeo cometera Em oportunidade anteriorjaacute contamos o seu envoIvimento na assuada ao Dezembargador Sottomayor episoacutedio que lhe valeu dez anos de exiacutelio forccedilado nos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc Foi~ lhe um tremendo sacrifiacutecio Bandeirante natildeo gosta de morrer na cama nem de assistir enferrujar as juntas do corpotJ

Natildeo resistindo agravequela mortificaccedilatildeo o grande paulista de Santana de Parnaiacuteba acabou pedindo indulto ao governador portuguecircs oferecendo em troca os seus

serviccedilos em favor do caminho para Cuiabaacute Aliaacutes natildeo falava unicamente por si mas por todo o grupo que comandava Era um grande nome eximia conhecedor dos caminhos particularmente no Oeste paulista a sua gente ardia por mobilidade e aventuras Quem eram Todo o tipo de agregados inclusive a parentela e os amigos mais a valente caboclada e Os bugres(1)

Fechado o acordo entrou em cena um personagem da sua inteira confianccedila o ituano e tambeacutem valente sertanista Felipe Cardoso o qual partiu com gente debaixo do seu comando para a abertura da primeira picada aqui que seria o segmento inicial do Picadatildeo do Mato Grosso Este eacute um dos primeiros personagens documentados da historiografia piacuteraciacutecabana Realizou-a provavelmente no segundo semestre de 1722 Ou no primeiro semestre de 1723 completando a varaccedilatildeo dos sertotildees do Tietecirc e do Capivariacute ateacute o porto do rio PiracicabatC)

A paragem do Piracicaba era conhecida remotamente pelos sertanistas de Satildeo Paulo O porto estabelecido ao peacute do Salto era buscado pelos entradislaS provenientes de ltu atraveacutes do caminho fluvial do Tietecirc e do Piracicaba apoacutes sete a oito dias de viagem Outros caminhos conhecidos pela cultura iacutendigena tambeacutem traziam agrave Piracicaba mas este era o preferido pelos antigos paulistas A principal referecircncia geograacutefica era o porto imemorialmente estabelecido junto ao Salto considerado um marco nas rotas de penetraccedilatildeo aos Morros de Araraquara (Satildeo Pedro) onde a tradiccedilatildeo bandeirante dizia existir Ouro Os caminhos dos antigos paulistas finnavam~se sobre 3S velhas trilhas indiacutegenas e eram objeto do maior segredo A velba trilha caiacuteapoacute coneclando o Porto de Piracicaba aos Morros de Araraquara natildeo fazia exceccedilatildeo era patrimocircnio bandeirante Parece que a novidade introduzida por Felipe Cardoso no seacutec XVII] foi viabilizar a ligaccedilatildeo terrestre direta entre Itu e o porto do rio Piracicaba reduzindo agrave metade a longa jornada fluvial Provavelmente outro segredo bandeirante colhido agrave cultura iacutendiacutegena(9)

Felipe Cardoso executou a sua parte na empreitada Aberto o caminho cabia-lhe arranchar-se com sua gente junto ao porto para facilitar as operaccedilotildees de Luis Pedroso de Barros que lhe vinha aO encalccedilo Haveria de aguardaacute-lo dar-lhe passagem sobre O rio abastecer-lhe a expediccedilatildeo guarnecer-lhe a retaguarda enquanto perdurasse a devassa no rumo do rio Paranaacute Era o viacutenculo permanente com oS centros da civilizaccedilatildeo Itu Santana dePamaiacuteba Satildeo Paulo Futuramente planejava tirar partido do seu feito mas enquanto duraram as operaccedilotildecs de abertura do Picadacirco de Mato Grosso prestou toda a indispensagravevel assistecircncia a Luis Pedroso de Barros e forneceu-lhe viacuteveres gratuitamentetIO)

Portanto quando em 0210811723 aquele partiu da sua vila nataljaacute funcionava um estabelecimento em Piracicaba tocado pelos bugres e caboclos do seu comandante Felipe Cardoso Jaacute Se investira cabedais junto ao porto do rio Piracicaba

HISTOacuteRIA E FICCcedilAtildeO

Podemos reconstituir de memoacuteria o que foi o encontro destes velhos sertanistas de Satildeo Pau]o naquele mecircs de agosto de 1723

Um belo dia percorrendo a aacuterdua trilha aparece no topo da esplanada da Catedral (praccedila Joseacute Bonifaacutecio) entatildeo coberta pela densa mata subtropical o grande Cabo de Guerra Luis Pedroso de Barros Ei~lo descendo com a sua gente a ladeira do Picadaacuteo (a rua Morais Barros) As suas bolaS de sete leacuteguas vecircm a macerar a poeira de um novo caminho os caboclos tecircm peacutes ligeiacuteros~ pernas de bugres cortem mais do que pensamento Vecircm muiacuteUacutel animosos deixaram ltu haacute trecircs ou quatro dias e nem apresentam cansaccedilO Ao divisar o

(7)idan ibiacutedcm ~()) IP p2

(S)MulyT O -o Cf (3) 1pp2

(9) Jorp BaItStrini 1 ~ OCamInho deLulIP~deBttrOSltev mOSP ~OL LXVIp92 cp99

(10) LigtTQ de Semwia (1720-17)6) Doe xxxvm p12 116

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 2: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

SUMAacuteRIO MEMOacuteRIA PIRACICABANA

A CASA DO POVOADOR Um Retrato da Memoacuteria Piracicabana

Hugo Pedro Carradore 5

PIRACICABA BOCA DE SERTAtildeO O Porto a Paragem a Sesmaria a Povoaccedilatildeo (1723-1767)

Marly Therezinha Germano Perecin 11

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

Lauro Moraes Faria 25

O RIO PIRACICABA

Joseacute LUIz Guidotti 29

RESENHA

URBE CONTROLE SOCIAL Do Conceito Juriacutedico de Cidade e sua Relaccedilatildeo com a Histoacuteria

Jorge Luiacutes Mialhe 33

PERFIS

MAJOR MELCHIOR DE M CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda 37

NICOLAU ATHANASSOF

F Pimentel Gomes 39

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE O Homem - O Mestre shyO Amigo

Antonio Messias Galdino 41

INSTITUTO HISTOacuteRICO E GEOGRAacuteFICO DE PIRACICABA

CROcircNICA

AUTOBIOGRAFANDO Piracicaba Sauacutedo-te

Pedro Silveira Rocha 45

DOCUMENTA

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO NA FREGUEZIA DE PIRACICABA

Em 29 de julho de 1774 49

NOTAS

NOVOS SOacuteCIOS E

INFORMACcedilOtildeES 50

CHAVE

VERDADE HISTOacuteRICA

Erasmo Prestes de Souza

53

A CASA DO POVOADOR UM RETRATO DA MEMOacuteRIA DE PIRACICABA

HUGO PEDRO CARRADORE fflStoriador e fotclorista presidtmll do IHG Titular cti

Academia Paulistana da Histoacuteria c autor entre eUlres de Negritude na Ameacuteriacuteca Palilisto Graccedilas a Deus I o

Drama da Liberdade

A cha11ada CASA DO POVOADOR sem duacutevida alguma data do seacuteculo XIX Atraveacutes de uma anaacutelise natildeo muito acurada pode-se concluir que a casa transformada em marco histoacuterico natildeo eacute a verdadeira reliacutequia que marca o momento da fundaccedilatildeo Natildeo haacute qualquer referecircncia documental a respeito da sua edificaccedilatildeo como lar do fundador Antocircnio Correcirca Barbosa

A memoacuteria consagrou-a como tal pela tradiccedilatildeo oral do ouvir dizer Mais antigo e verdadeiro foi O proacuteprio da Alfandega localizado ao lado da conjeturada casa do Capitatildeo Povoador que desmoronou~se com um temporal em 1937

A criaccedilatildeo do mjto eacute relativamente recente e responsaacuteveis peta sua divulgaccedilatildeo foram os nossos homens de letras

Em 1970 O mestre ThaJes de Andrade fez questatildeo de perenizar a quimera em uma inflamada crocircnica publicada nO Jornal de Piracicaba

Bem alicerccedilada de soacuteliacutedas paredes t seguro madeiramento coberta perfeita assobradada compartimentos espaccedilosos janelas e portas largas e altas

- Casa proacutepria - A DELE - CAPIT AgraveO ANTOcircNIO CORRtA BARBOSA - Era a priacutemogecircnita dentre as potvindouras innatildes - Seria a favorita ~ Foi sobranceira dileta predileta - Assistiu recepccedilotildees e despedidas ajuntamentos importantes dramas e

comeacutedias festanccedilas de bal1zados casamentos nataJidos peixadas - Acompanham terccedilos Tez-se veloacuterio - Presenciacuteou idiacutelios - Mudou de dono ~ Ficou sem proprietaacuterio - Declinou e decaiu em prestiacutegio e supremacia - Rivais ~ o Bosque o Palacete Miranda- suplantaram-na Chaacutecaras

Nazareacute Sagraveo Pedro Mono - Caiu no olvido no desinteresse no desconhecimento - Virou tapete

mnwa Casunhodc Mdradc II9()1977- NDcidocm ~ foi odueadot t um dos ~dalitmwn Infantil btuiein Publkltm 1918A Filha dlF1otelaM

Em 1919~SUII

obn prima ~~ Depors paulalinttnmte AfICcedilfIr seacuterie Eocantoc Vddadc pela ampt Mlt1honmcntamps Autorde64 titulO diferenlH

tnRqofoduccedilo Uacute pAginA 15500 AInwIaque di PitNicaba~ano de 1955

- POUSOU de almas penadas ~ Viveiro de assombraccedilotildees ~ Asilo de paupeacuterfimos peacutes~rapados miuccedilalhas sem eira nem beira1 ~ Cumiacuteeiacutera de corvos - uNinhode morcegos e corujas ~ Poreacutem permaneceu incoacutelume a cupins carunchos mofo bolor fuligem - Manteve-se forte como o forte varatildeo que a construiu inatingiacutevel agraves

ventanias e tempestades - Assim sempre~viva viviacutessima contou anos dececircnios cinquentenatilderios

dois seacuteculos - Aclamaram-na PADRAtildeo MARCO MONUMENTO - Proclamaram-na MUSEU ESCOLA EXEMPLO MODELO IMAtilde

TESTE DE P1RACICABANIDADE - TItularam-na por direito corretamente - A CASA 00 POVOADOR I) O Almanaque de Piracicaoa de 1955 soo uma foto da Casa em ruinas

registramiddot

liA casa que se vecirc no clichecirc acima teria sido a residecircncia de Antocircnio Correcirca Barbosa o Capitatildeo-Povoador de Piracicaba segundo reza a trdcliccedilatildeo oral

ATguns afirmam que sim havendo mesmo O ex-Prefeito Jorge Pacheco e Chaves desapropriado o im6vel para transformaacute-lo em monumento histoacuterico da cidade exemplo do que fez Satildeo Joseacute do RiQ Pardo com a cabeccedila de Euclides da Cunha e Ribeiratildeo Preto com o Museu do Cafeacute

Entretanto em que repousa a tradiccedilatildeo Em vatildeo proeuramos nos arquivos O excelente ALMANAQUE DE PIRACICABA de 1900 a melhor fonte de hjstoacuteria local silencia estranhamente a respeito Na imprensa nada se achou E mesmo a tradiccedilatildeo oral eacute recente recentiacutessima are (2)

Pelas suas caracteriacutesticas funeionais parece-nos ter sido ela entreposto de sal Relegada ao esquecimento e ao abandono histoacuterico ateacute 1945 quando a prefeitura adquiriu o imoacutevel atraveacutes de escritura de compra e venda) eacute de se estranhar que tenha resistido acirc accedilatildeo do tempo pelo abandono de mais de duzentos anos L

O lar bandeirista como uma fortaleza sempre se situou em ponlo estrateacutegico nunca beijando a aacutegua sujeito agraves enchentes ao ataque dos mosquitos e dos iacutendios

O estilo arquitetocircniacuteeo natildeo corresponde ao seacuteculo XVIII ao exatamente de 1767 tempo do povoamento inicial da mudanccedila da povoaccedilatildeo (1784) para a margem esquerda do Piracicaba com o fim da vila militar de 19uatemiacute que foi abandonada - Natildeo havia mais necessidade de estaleiros para a fabricaccedilatildeo de canoas e do rio como barreiro que dificultava aos soldados e degregados

apanharem durante a noite a estrada para ltuacute e por isso promoveram o Capitatildeoshydiacuterelor Antocircnio Correcirca Barbosa e o vigaacuterio Frei Thomeacutede Jesus abaixo-assinado - escreve Silveira Meno - que chegou agraves matildeos do Capitatildeo General Francisco da Cunha Menezes em 6 de fevereiro de 1784 pedindo a mudanccedila da povoaccedilatildeo da margem direita do rio para O lado fronteiro da margem esquerda

Com a autorizaccedilatildeo no dia 31 de julho do mesmo ano depois da missa na qual o Capitatildeo~mor o Capitatildeo-povoador o mestre entaLhador e armeiro e o povo haviam solicitado as Graccedilas do Altiacutessimo pela intercessatildeo da Virgem todos se dirigiram para a margem esquerda do rio ao lugar escolhido para a mudanccedila Aiacute o mestre entalhador delineou um paacutetio de 46 braccedilas em quadra para que fosse edificada a igreja matriz Nesse mesmo Jocal hoje estaacute a praccedila Joseacute BoniacutefaacutecIacuteofl

Pelo visto em nenhuma circunstacircncia o fundador iria isolar~se da poacutevoa para construir o seu lar na barranca do rio

A Casa do Povoador desde a sua construccedilatildeo passando de matildeo em matildeo sofreu inuacutemeras refonnas e ampliaccedilotildees sem contudo perder suas caracteristicas originais j tomando~se um retrato da memoacuteria de uma Piracicaba muito crianccedila que deve ser preservada para as geraccedilotildees futuras

Em maio de 1983~ atendendo solicitaccedilatildeo de Aldano Eenetton Filho Coordenador de Turismo do Municiacutepio de Piracicaba elaboramos um levantamento histoacuterico da Casa do Povoador que foi enviado ao CONDEPHAATJ no sentido dc que este oacutergatildeo responsaacutevel peja memoacuteria~culshytural~hist)rica artiacutestica e foldoacuterica do Estado de Satildeo Paulo voltasse os seus olhos para nossa reliacutequia que estava em ruiacutenas Eiacute-Io

A CASA DO POVOADOR eacute um mitoque se perpetuou pejo flouviacute dizermiddot~ Na histoacuteria documentada de Piracicaba natildeo haacute qualquer referecircncia que a mesma tenha sido edificada pelo ou para o Capitatildeo Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa(4)

Se o registro da propriedade fosse feito na eacutepoca o problema da autencidade ou natildeo da chamada Casa do Povoadorestaria resolvido

Em 21 de agosto de 1969 por detenninaccedilatildeo da Presidecircncia do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Histoacuterico Artiacutestico e Turiacutestico do Estado (CONDEPHAAT) o arquiteto Raphael Gendler veio aacute Piracicaba e vistoriou a Casa do Povoador da qual havia sido aberto o processo de tombamento Na oportunidade foi acompanhado pelo entatildeo Secretaacuterio de Obras da Prefeitura e Presidente do Instituto His1oacuterico e Geograacutefico de Piracicaba No dia 25 do mesmo mecircs o referido teacutecnico apresentou ao Conselho o relatoacuterio da visloria (processo de tombamento nO 8571~ paacuteg 5)) do qual estraimos o seguinle trecho

A margem de consideraccedilotildees sobre legitimidade ou natildeo da atribuiccedilatildeo histoacuterica que lhe eacute feita reconhecemos tratar-se de um exemplar valioso para a eidade de sua arquiacutetetura do seacuteculo XIX

A transferecircncia da povoaccedilatildeo da margem direita para a margem esquerda do rio aconteceu agrave partir de julho de J784 contudo a primeira notiacutecia concreta que se lemda referida caSaacute1 sem qualquer referecircncia a respeito de sua utilizaccedilatildeo ou possc data de 1850

Em 25 de junho de 1932 Ojornal A Gazeta de Satildeo Paulo publicou um clichecirc com o tiacutetulo Eeleza da Nossa Terra - Salto de Piracicaba em 1850 Sob a foto o seguinte texto

Siacutetio do Engenho que pertenceu a Carlos Joseacute Botelho pai do Conde do Pinhal e Coronel Paulino Carlos Quadro do pintor Roberto Mertig reproduzido do laquoArquivo Pitoresco de Lisboa 1864 de um original desenho de Miguel Archanjo Benfcio d Assunpccedilatildeo Dutra

(J) O dtliocmlttllo do )(IV poV04ccedil10 tmninou a2 de tiOrtO de 1784MIDOIXNIU do~til() letTOOO ~tm que scdclwQOll ees~lxl=aPc~ (oibado peloeccedili~ AatOtuacuteo Cona Bubouc IbtaDgitlU tmu ampsdea banaamp iacutetagravepcnpoulto lICimAdo Salln 1ft ampJUlabeccitampc daI a rumo alh ah4ttatlea do rio Pirnciodlll ~~oplano

fornecido por Nleolampu de Cunpot ffiguciro Joseacute CiICWIo Rou (AlfaesJcsS Cuuno) kzo lInU1InaIodJIO~

lt Datade 24 dejlUlbo de 11-66 a provis3o de Dluacutei1An1Drtlo de SolUll Botelho ~fuutio DOmeMdo AntocircnioCorria~ pnra O

cargo de DiTetor e Jgtovoador de lirlIciC3ba comookn tXpteSt3 di trawcom ~viacutedute elcm CUCcedil30 0$ MIIacutegIraquo Q)lt)tjIdattti c ot que $I eslbtelaquo$$QI de naVO$~

Assim pele primcin ltez oflildmente o nome de Alltotildenio CornB~feencoolrlll3

hlst6riad~ Pelo que se deprte1lde Antocircnio Qmia B2rbosaji toornvlt comwa familia nos siacuteliw de Pimieaba vindoP9Wvc1mcntedchll ralcl fuiarolhidopm povoaoacuteor ofk~lporsetraLtrdcpeiSoa

41fabetiZ3d de cerro dl$uqtJc pelll$ $USS alitudes incishu wre os dmul~ Mbiwlos (b JOV0lccedilloshy$lgwdo Leandro GUen1ru -Dal conclui-seque moradado chamdo PQVQador loxalilmiddotse 11~ ~em difeiIA dorio Pracicllbll

--lIIUCeU em 111 em J$ de qtmo de 1110 Scwamp JII1s flaquoIn TonutOacute SilYampowdc-POl1O~td Get1nidcfMampria~Cooedccedilio DIl lIIIl ituacutelzIcil p1UtO te ube CUoue

em 1$30 com apreW 20 aoot Em 1I44tBnsfcriu pat1I~ ~dtsdt logocomo tuamp

Mirue1zinho nampo fugiu i iacuteoflulDda -111 LcmpO ampaum~tIeo CD 1ibenJ JJmlptt ~ 8 h~justiCcedil1l tociJuuml c idtntidadedo povo bnsikiro MUumlSiacuteagtpogtetapintorwullot cqWlaacute()atinis14 vcnadoem kologiA poreacutem um autodidata Altiva infIllgtCttlJ1IbalhAdor bom muumls)co exctlmttorganiN chegou ~bridlrum 6rg1opanla Jpjto amp3MortedcPirlcicabaquc ~ltdir~laquogtmtinco

palaCUde l00s000ttlaquoOcircidas da impmtrizna~qllttbe oecircnouuma imagem di Santa Ttre9 que esculpira emj~DlleAffollSOtildei raunay o OO$S(I hisQriador maiot fuma Pintor de nccedila roi talvez () homem que maU pintou o EsUt60 de S)1gtu)n Penomndoacute grmdenlIacutelntltllk cidtddtliraquoM apatlaquoiII em lodosos momcntos de festA pluioacutetical pint1tdoalegoriuctnllJCCl de triUAtlraquo ergwmo colunaus em laquofe$ buc61ieas piesWldo o COOMW de tuiacute in$p~ lO ttalte du r~lividades civiccedila e religiow- Emoutto ardgopubli~o em 1911 o mesmo nlstoUdorcommta

Segundo as anotaccedilotildees do pintor Atchiacutemedes Dutra (1967) bisneto de Miguelzinho (raquo a reproduccedilatildeo fotograacutefica do verso mostra uma aacutegua folie (grnvura) de Pedroso que ilustra a paacutegina 393 do VII volume do Archivo Pitoresco de Liacutesboa1 editado em 1864 referente agrave Cascata no Rio Piracicaba ~ Vila Nova da Constituiccedilatildeo

Para Arcbimedes Dutra tanto a grnvura como o quadro satildeo reproduccedilotildees de uma aquarela original de Miguel Atcbanjo Benficio d Assunpccedilatildeo Dutra feitas em 1850 nesta cidade de Piracicaba no intuito de fixar o local do nascedouro

Pelos levantamentos feitos com o auxiHo do companheiro do Instituto Hist6rico e Geogratildefico de Piracicaba Jair Toledo Veiga atraveacutes de escrituras e inventaacuterios chegamos ateacute Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior que adquiriu por escritura em 13 de agosto de 1890 (cal1Oacuterio do I oficio livro 97 fl 1) de Joaquim Ferraz de Camargo e seus filhos a casa com o respectivo terreno na Rua do Porto Essa propriacuteedade~ Joaquina Ferraz de Camargo recebera por heranccedila de Joseacute Carlos Camargo Muito se discutiu sobre o assunto~ ateacute que o prefeito municipal Jorge Pacheco Chaves atraveacutes do decreto n 22 de Q5 de outubro de 1944 declarou o velbo casaratildeo de utilidade puacuteblica a fim de ser adquirido por desapropriaccedilatildeo judicial ou por via amigaacutevel para constituir-se em patrimOcircnio histoacuterico

No dia 29 de dezembro de 1945 por escritura lavrada no l tabeliatildeo (livro 344 fls 5) a Prefeitura adquiriu de Joseacute Vigno e sua mulher Maria BUZUIO o referido sito atilde Rua do Porto sob n I pela importacircncia de 8000$000

Joseacute Vigno havia comprado essa casa do Dr Holger Jensen Kock e sua mulher em 12 de dezembro de 1929 cuja escritura se encontra no 1 tabeliatildeo (livro 231 fls 173 transcriccedilatildeo sob n 16531 fls 179 do livro 3-Q)

O Dr Holger Jensen adquirira o im6vel por escritura de compra e venda em 10 de gosto de 1922 do Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee (1 tabeliatildeo livro A-47 fls 42)

O Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee lorna-se proprietaacuterio da suposta Casa do Povoador em 21 de janeiro de 1922 no inventaacuterio de Maria Antonia Torres processado no cartoacuterio do 1 Q oficio (gaveta ou maccedilo na 113)

Maria Antonia Torres adquiriu o casaratildeo em 14 de novembro de 1913 no inventaacuterio de Firmino Bueno de Olhoeira (processado no 10 oficio local) (gaveta ou maccedilo n 8-103) Firmino era dono dos preacutedios de nuacutemeros 6 I 2 e 3

Seguado consta em escritura lav1lda em 13 de janeiro de 1909 (cart6rio 20 oficio livro 93 fls 24) Firmino Bueno comprou de Antocircnio DIas Naacutepoles e sua mulher a casa de sobradocom o respectivo terreno anexo na Rua do Pono no quarteiratildeo entre as Ruas Satildeo Joseacute e Prudente de Moraes

As duacutevidas comeccedilam de 1894 para traacutes Neste ano parece que Finnino Teixeira comprou a propriedade de Claudio Severiano Luz Teixeira A escritura natildeo foi encontrada mas na prefeitura ltgt preacutedio ndeg 21 estaacute em nome deste

Claudio Severiano Luz Teixeira por escritura datada de 02 de junho de 1894 comprou de Ana Brandiacutena de Oliveira viuacuteva de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cart6rio do r oficio livro 61 fls 29) por 300$000 (trezenlos mil reacuteis) trecircs casas entre as Ruas Prudente de Moraes e Satildeo Joatildeo~ agrave margem esquerda do Rio Piracicaba

Do inventaacuterio de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cartoacuterio do 10 oficio gavera 28) coube metade dos bens para a viuacuteva e a outra metade a Sebastiatildeo das Neves Ribeiro casado com sua filha Maria Ferreira das Neves Neste jnventaacuterio foi descrita uma casa de sobrado na Rua da Praia nO 6 (Casa da Alfatildendega) que dividia por um lado com Ana de Arruda (Ana Joaquina de Arruda) mulher

de Joseacute Campos Negreiros do outro lado com a Rua Satildeo Joseacute Pelos fundos com a propriedade de Antocircnio de Faria de Souza com o moinho e serra daacutegua avaliado em 2300$00 (dois contos e trezentos mil reacuteis)

No testamento de Ana Joaquina de Arruda falecida em 20 de dezembro de 1847 esta declara ser filha de Mariacutea Flocircr Morais (ou Flora) viuacuteva de um emigrado que manteve Um escandaloso romance com o comandante CarJos Bartolomeu de Arruda (6)

Haacute uma curiosa correspondecircncia de autoria do padre Francisco Assis Pinto de Castro (ProL de Latim e Francecircs em 1856 nesta cidade de Piacuteracicaba) na qual em uma das cartas datada em J 858 descreve e desenha os principais edificios da Vila da Constituiccedilatildeo havidos na eacutepoca

Quando o padre descreve os preacutedios de sobrados cita entre outros o existente na rua da Praia (Hoje Avenida Beira Rio)

Sobrados - O do Sr Rocha do Sr Momto o Sr Antonico de Barros o do Sr Dr Torquato o da Senhora dona Hennehnda professora de primeiras letras O do Sr Braz O do Sr Henrique Alematildeo um outro cujo nome natildeo sei na rua da Praia

Este uacuteltimo s6 pode ser a chamada Casa do Povoador que apareec no volume VlI do Arquivo Pitoresco de Lisboa

Contando com a atenccedilatildeo do confrade Guilherme Viui1 dedicado Historioacutegrafo arquivista e doctiloquo do passado piracicabano encontramos no 1deg livro de Atas da vereanccedila (fls 4S v) uma resoluccedilatildeo que nos leva a concluir que a havida Casa do Povoador jaacute existia antes de 1824 pois a partir desta data ao que parece natildeo foi construiacuteda qualquer outra edificaccedilatildeo no lado direito da rua do Porto rente agraves aacuteguas do Piracicaba em razatildeo de proibiccedilatildeo detennindada por resoluccedilatildeo da Catildemara como se pode inferir da leitura da citada ata Para melhor observaccedilotildees transcrevemos O trecho do texto em questatildeo

VEREANCcedilA W livro de Atas fls 4S v) Aos nove de junho de mil oiacutetocentos e vinte e quatro nesta VHla da Constituiccedilatildeo e Catas da Residecircncia do Juiz Ordinaacuterio Mashynoel Joaquim PintO de Arruda onde Outrossim observaratildeo que fazendose quarteiroens regulares de quarenta braccedilas resta vatildeo na proximidade do Rio trinta braccedilas de extenccedilarnt que non daacute para outro quarteiratildeo e livre servidatildeo na margem do Rio c por isso~ ascntamo acrescentar oilo braccedilas ao uacuteltimo quarteiratildeo e deixar o resto para servidatildeo da margem do Rio onde nam seraacute permitido levanlarem edificio algum Nada mais bouve e assignaram o Piloto Feliz Leme c Antonio do Espiacuterito San10 assignou o seu signnl costumado que be huma cruzl e eu Antonio de Campos Bicudo Escrivam que O escrevi Assigno como Presidente desta Corporaccedilatildeo natildeo porque ahi he a dita Rua alinhada directa para o fim tendo no principio hua largura no fim acresce dez braccedilas maiacutes ou menos Arruda Soares Amaral Conceiacuteccedilam Correia Felis Leme de Oliveira Cruz de AntonIo + do Espiacuterito Santo

Reconhecendo o valor memorial da CASA DO POVOADOR depois desapropriada e adquirida pela Prefeitura atendendo a uma solicitaccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba Vinicio SteIacuten Campos Conselhelro~Secretaacuterio do Conselho de defesa do Patrimocircnio Histoacuterico j Artiacutestico e TurlSlico do Estado propocircs ao Oacutergatildeo a abertura do processo de tombamento isso em 31 de marccedilo de 1969

ViYia fieSA ~ na pttIvmcude Sampo hWo em Imum lItIacutertamp

~aquemdew~ pUiJta~~)

ifnlllnOMisucl ~jQBetkio ~Ammpccedillo Dum homem qle

deve ter tido siagularintuiccedillo artistia puarWsdriaccedilJo asfubdora do ~ tio IIffDsz1do do BIotildeSilm1rof1~ cohtemodo a~ agrave arte rinIava ~aoidolCSnauf1li$ e $eU

dtsethOleaqUllleIa$ inpw e primitivn lem hoje um valor dQcuIIlaquolIllLFoiquem~ua seric de vistuqut omamaplanu de 1841 de RuCUl)lOieacute Bc1iprioe Coua 0$ rnals antigos docwnenUJS iconogriiacutehw OXibeddPI llJI capillll puliJtl

fipelosidosde 1776cu eoltandlnrtdotk$~amp fQSCcedil(lIJlJlld dafregue$iacuteaCarlos Bartholorntu tk AnuIh Natural de ltu ondchtlQcwooa filmUia IOm01Hcna~ccedillo muIO alLfIlIdo de todo pela illnuircill quc tinJa sobre Capito-Fundldar ImrnanrtCUnheddamenle pcnCIW

violenlO e mau politico E3 de qticm ahrnmbva o pe$Sinm gtnio de Antbruo Conta B~evitlnJo lTIUiUlS Vetes quenos SCl$

momenos dc eoacuteell comcleue ~liflOr Foi ~$$~ hom~m motivo d~ ncatildendlloc d~ muho meotenco na joVrnl popul~CcedilAgraveo Tendo fllecidoum nooemipo d3 qplcrn amigo Carlos O-tholomeu p~$$OOlCllmObf l

jovem VIUV1l visitandra todIs tS

llOiacutetn

Olra)tempo O rala-fala foi ~epuiQUdfnlaquoOdiclm

tIOt~dirigldlnllOCapillo PooWdot sobh 6i1UC1 GOI1SOtrccedillo ~IO$I AntampioCltlnta 8ubo5a frgti obrigado inteirv-k do UacuteIOC levmiddot10 110 eonbecimenlodrgt Cpi~mor de ltu pedindo a retindcoo(~tcamp(errccedila

Poreacutem quudoa poputrccedillo flCOl 1OIl~00da p)Ufvd ~ de 8lUtholomcu~flltade freioH 00 Povoador rauma repc=uccedillo em fAVO( de Na

~nopoM F~tc lIOllCilnlcCidol o Capitkgt DiretCrdctumioou que a dita viiiv rrgtne UiWJapAJA lru Eua por rua v~z ehtgamlrgt w~~iiionqJCtU ao Capirl) Btnl de 51oPawo O rctomo aacute P irndeilba aleBmllq que ) ategt impoitC po=lM ~apitks IuYla sido lllffllllrubitrariedsdc dllendoaindiJ que havia deiulo bt1U Im

Piruiuba t que01 mamQ5 ~$UlIm~ernlUf~e dttrpidAdOf Resulli1u de~u pdccedillo seu l~tOf1lO e UfNI QJdcm a Antocircnio Ctm~

aalivu UprtU3 nes1estrnno~

+Nlocumnlli que CAFlos visih Flor cmcai3 desu e ncmque esU isitc oeomandMI~ emt1W deste l alrm dislo qllC 110 $I CltIcunln nn pme algunulecirc nlUIOOM Uipoell

Em 09 de marccedilo de 1970 o Secretaacuterio de Cultura da eacutepoca Orlando Zancaner nos tecircnnos do artigo ldeg do Decreto-Lei nl) 149 de 15 de agosto de 1969~ decreou o tombamento da Casa do Povoador como monumento hist6rico do Estado de Satildeo Paulo Essa resoluccedilatildeo foi publicada no Diaacuterio Oficial de lO de marccedilo de 1970 (paacuteg 48)

No ano seguiacutente em 31 de marccedilo de 1971 o Prefeito Caacutessio Paschoal Padovani recebeu traveacutes do oficio pC-Isn I autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT para executar obras de emergecircnciacutea na Casa do Povoador pois esta encontrava~ se em ruiacutenas

Em primeiro de dezembro de 1971 o engenlleiro Fernando Nunes de Abreu assinou o laudo de conclusatildeo de Obra A vistoria pelo CONDEPHAAT deu~se em marccedilo de 1972 em cujo laudo assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Cerqueiacutera Lemos baacute severas criticas

Natildeo houve ao contraacuterio do que Se diz em fls 60 deste processo trabalhos de restauraccedilatildeo Podemos diacutezer simplesmente que foi feito um razoaacutevel serviccedilo de consoliacutedaccedilatildeo e reparaccedilatildeo serviccedilo esse necessaacuterio a uma futura restauraccedilatildeo pois esta exige certas pesquisas locais que natildeo foram executadas pede a substituiccedilatildeo de elementos estruturais de acordo com as tendecircncias usos e costumes da eacutepococirc e aconselha a reposiccedilatildeo de elementos de composiccedilatildeo arquitetocircnica com maior cuidado

Em 22 de julho de 1980 realizou-se a primeira reuniatildeo do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Cultural de Piacuteracicaba (1 CODEPAC na qual ficou determinado que os Conselheiacuteros Guilhenne Viui Alberto Tomaziacute e Hugo Pedro Carradore huscassem toda a documentaccedilatildeo referente agraveCasa do Povoador referelle agrave sua restauraccedilatildeo que jaacute se iniciara naquele mecircs por autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT Pretendia o Conselho de Piracicaba que esta restauraccedilatildeo fosse realizada exatamente como aquele preacutedio se apresentava no tempo ou pelo menos num tempo pr6ximo acirc sua edificaccedilatildeo

Por motivos dos quais as justificativas natildeo conhecemos essa restauraccedilatildeo foi interrompida e a Casa do Povoadorencontra~se hoje em estado de abandono

Frente a tantas evidecircncias de que a CASA DO POVOADOR eacute indiscutivelmenle um marcO da histoacuteria da povoaccedilatildeo de Piracicaba cabe a todas as forccedilas vivas desta cidade lutar pela sua preservaccedilatildeo

BIBLIOGRAFIA

ALMANAQUE DE PIRACICABAmiddot para o ano ltfeacute 1900

CARRADOR1~Hugo Pedromiddot RetraiO das TradiCcedillks rirncica1rmas Ed Pre reirura Municipal de

PiradcabaSP 1978

GUERRJNI Leandro - Histoacuterll de PiraciCloo eacutem Quadrinhos Ed do lnstituloHis6rico c Geogtaacutefieo

de Piracicaha SP 1970

KRAHENBUHL Heacutelio Moratomiddot Almanaque dcPiacuteracicaba TlpografiaPauliS3 Iirlcicaba 1955

LEANDRO Luizmiddot Subsidios parn iI 11i(613 da CidadcGe Piradcaba Ed Jornal de Piracicalu SP

]861

NEME Maacuterio ~ Piracicaba (Doeumentacircrio) TipcgrnOa Plluli~l PiracicOO SP 1936

VON TSCHUDJ JJ - Reisen Durch Sud Amerika lo V BibliOftlll lautis13 Li Martlns SP 1954

PALAVRAS-CHAVE

Casa do PoV()ador - Escrituraccedilatildeo ~ Fundaccedilatildeo ~ Piracicaba - Tesiamentos

PIRACICABA BOCA DE SERTAtildeO o Porto a Paragem a Sesmaria a Povoaccedilatildeo

(1723-1767)

Marly Therezinha Germano Perecin

ANTIGOS CAMINHOS PAULISTAS

Os paulistas sempre se orgulharam de ser leais vassalos do Rei de Portugal (IlcrgtnvdoAnQ)o-Rela30do

e servidores dedicados da Coroa Ao longo do seacutec XVIII sustentando-se nas tieltpJS

suas bases os seus bens afazendados agraves vezes precariamente exercitavam a (2) 90xer gt A Idade de Ouro do

sua vocaccedilatildeo de sertanejar dilatando as atividades nas aacutereas mineradoras e na Brnilp27Jnmiddott

defesa das fronteiras Quase todos morrendo no anonimato e na pobreza deixando por heranccedila o nome de paulistas e no chatildeot uma grande paacutetria

Ao chegar no Estado doBrasil para assumir ) governo da Capiacutetaniacutea de Satildeo Paulo em 1721 j D Rodrigo Cesar de Menezes dispunha-se a materiacuteaH7ar a principal da incumbecircncias contidas nas suas Instruccedilotildees Reacutegias a abertura dos grandes caminhos coloniais A descoberta de um prodigioso centro de mineraccedilatildeo em Mato Grosso destacava o serissimo problema do abastecimento daquela aacuterea Objetivando estabelecer um caminho terrestre entre Satildeo Paulo e Cuiabaacute intencionou o famoso Picadagraveo de Mato Grosso (I) Eis na sua gecircnese aconcordacircnciacutea em que se empenharam os grandes nomes do sertanismo paulista e da qual saiacuteram-seI aparentemente vitoriosos Luiacutes Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva entre J723 e 1726

As preocupaccedilotildees com o ouro decidiram a viagem do Capitatildeo General em 1726 (quando o camiacutenho jaacute se achava em fase de aperfeiccediloamento) para Cuiabaacute onde permaneceu entre 1726 c 1728 Estranhamente preferia a longa e arriscada monccedilatildeo por Ararallaguaba ao caminho terrestre ObserVaccedilotildees feitas in loco decldjram~no pelo fechamento daquele eldorado a todo o tipo de forasteiro comerciantes e escravos que pudessem evadir o metal como receptadores ou contrabandistas Valeu-se de medidas opressoras da legislaccedilatildeo colonial contra os mineiros contra os otulves e joalheiros aos quais exigiu o feeh~mento das oficinas e das barracas (2 Quanto ao Picadatildeo caminho recentemente aberto e de vital importacircncia no abastecimento das acircreas de mineraccedilatildeo proibiacuteu~o ainda em 1726 Apenas consentiu que O mesmo fosse utilizado durante algum tempo) exclusivamente nas viagens de ida obrigando o regresso pejo tradicional caminho das monccedilotildees e~ em seguiacuteda iacutenterditou-o em definitivo amparado na ordem reacutegia de 1730

Obrigando o tracircnsiacuteto para o Centro~Oeste tatildeo somente pelos rios com a finalidade de evitar os descaminhos do ouro e outros expedientes

3 Boacuteut ~ Op ~l pl7

()~Arroyo~Opctp 38 e)9 JOtiAllplo GouIAI1~ TrtpMe T~naFo~doBruit Cf) Pedro Taquet- Nobiliacqula PauliNMH~eGmcabg1CA

p171

(6) MuI) T Q Porlaquoifl- O Picad10 de MtoVroraquoO(2) JP pl

inconfessaacuteveis D Rodrlgo Cesar de Menezes conftnava os mineiros de Mato Grosso e Guaporeacute sujeitando~os agrave deficiacutelima rota das monccedilotildees) a fIm de submetecirc~los aos Registros instalados nos pontos principais das passagens m

Estranhamente zeloso na defesa dos interesses reais natildeo impediu que o seu soacutecio Sebastiatildeo Fernandes do Rego abocanhasse o pesado cofre doS quintos reais do OUTO nem que se consumasse a perseguiccedilatildeo (por motivos de cobiccedila e vinganccedila) sobre os Innatildeos Leme famosos sertanIacuteslas de ltu Em contra~partida a sua exigecircncia sobre os caminhos fluviais atraiu a atenccedilatildeo iacutendgena para O

saque dos comboios A partir de 1725 os caminhos fluviais assinalavam~se pelas trageacutedias provocadas pelas iacutensidiosas moleacutestias que acometiam jaacute em pJeno Tietecirc e pelos mortiacuteferos ataques indiacutegenas ao longo das bacias dos rios Paranaacute e Paraguai provenientes das trecircs grandes naccedilotildees caiapoacute paiacuteaguaacute guaicuru

A sua alegaccedilatildeo a respeito da insuficiecircncia de animais para o transporte terrestre agraves regiotildees mineiras natildeo era totalmente infundada poreacutem eacute sabido que no final da deacutecada de vinte comeccedilavam a chegar a Satildeo Paulo as primeiras tropas de muares Poucos anos posteriormente no governo de Francisco Caldeira Pimentel o Capitatildeo Cristoacutevatildeo Pereira de Abreu abriu a famosa estrada do Viamatildeo ateacute Sorocaba conhecida por Estrada Real em 1733 (4) Dava-se iniacutecio ao ciclo do muar e agraves feiras sorocabanas que despejavam em Satildeo Paulo os colossais rebanhos provenientes das aacutereas sulinas de cria toacuterio vindo a possibilitar a organizaccedilatildeo de um complexo viaacuterio e um sistema de transportes para todas as Capitanias do Estado do Brasil

A interdiccedilatildeo do Picadatildeo de Mato Grosso deitou consequecircnciacuteas sobre o sertatildeo do Piracicabat arruinando as esperanccedilas dos sesmeiros e posseiros que logo apoacutes a abertura do caminho buscaram estabelecer~se nos pontos estrateacutegicos partIacutecularmente entre ltu Capivari e o porto de Piracicaba A intenccedilatildeo de fazer bons negoacutecios com o produto das roccedilas e do criatoacuterlo destinado ao abastecimento dos comboios para Mato Grosso logo caiu em desacircnimo Salvavam ainda algumas canoas procedentes do Tietecirc ao porto de Piracicabat

mas natildeo era alento suficiente para fixar povoamento naquele sertatildeo O decliacutenio dos rendimentos da mineraccedilatildeo a partir de 1732 a ligaccedilatildeo

terrestre entre Cuiabaacute e a estrada nova de Goiaacutes em 1737 a separaccedilatildeo de Mato Grosso da Capitania de Satildeo Paulo e a extinccedilatildeo desta em 1748 liquidaram as chances de ocupaccedilatildeo e povoamento no sertatildeo do Piracicaba ateacute 1767

o PICADAtildeO DE MATO GROSSO

Abrir agraves proacuteprias espensas um caminho daquela magnitude era desafio para os mais renomados sertanistas Dadas as precaacuterias condiccedilotildees materiai~ e as cicloacutepicas dificuldades poucos estavam em situaccedilatildeo de COlTesponder~ por mais interessantes que fossem as recompensas em rendimentos ou tiacutetulos enobrecedores Houve tentativas fracassadas ($)

Luiacutes Pedroso de Barros um dos mais famosos Cabos de Guerra dos paulistas durante Emboabas executou a faccedilanha correndo todos os riscos e o fez inteiramente de graccedila como parte de um acordo mediacuteante o quaJ receberia o perdatildeo por um crime que natildeo cometera Em oportunidade anteriorjaacute contamos o seu envoIvimento na assuada ao Dezembargador Sottomayor episoacutedio que lhe valeu dez anos de exiacutelio forccedilado nos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc Foi~ lhe um tremendo sacrifiacutecio Bandeirante natildeo gosta de morrer na cama nem de assistir enferrujar as juntas do corpotJ

Natildeo resistindo agravequela mortificaccedilatildeo o grande paulista de Santana de Parnaiacuteba acabou pedindo indulto ao governador portuguecircs oferecendo em troca os seus

serviccedilos em favor do caminho para Cuiabaacute Aliaacutes natildeo falava unicamente por si mas por todo o grupo que comandava Era um grande nome eximia conhecedor dos caminhos particularmente no Oeste paulista a sua gente ardia por mobilidade e aventuras Quem eram Todo o tipo de agregados inclusive a parentela e os amigos mais a valente caboclada e Os bugres(1)

Fechado o acordo entrou em cena um personagem da sua inteira confianccedila o ituano e tambeacutem valente sertanista Felipe Cardoso o qual partiu com gente debaixo do seu comando para a abertura da primeira picada aqui que seria o segmento inicial do Picadatildeo do Mato Grosso Este eacute um dos primeiros personagens documentados da historiografia piacuteraciacutecabana Realizou-a provavelmente no segundo semestre de 1722 Ou no primeiro semestre de 1723 completando a varaccedilatildeo dos sertotildees do Tietecirc e do Capivariacute ateacute o porto do rio PiracicabatC)

A paragem do Piracicaba era conhecida remotamente pelos sertanistas de Satildeo Paulo O porto estabelecido ao peacute do Salto era buscado pelos entradislaS provenientes de ltu atraveacutes do caminho fluvial do Tietecirc e do Piracicaba apoacutes sete a oito dias de viagem Outros caminhos conhecidos pela cultura iacutendigena tambeacutem traziam agrave Piracicaba mas este era o preferido pelos antigos paulistas A principal referecircncia geograacutefica era o porto imemorialmente estabelecido junto ao Salto considerado um marco nas rotas de penetraccedilatildeo aos Morros de Araraquara (Satildeo Pedro) onde a tradiccedilatildeo bandeirante dizia existir Ouro Os caminhos dos antigos paulistas finnavam~se sobre 3S velhas trilhas indiacutegenas e eram objeto do maior segredo A velba trilha caiacuteapoacute coneclando o Porto de Piracicaba aos Morros de Araraquara natildeo fazia exceccedilatildeo era patrimocircnio bandeirante Parece que a novidade introduzida por Felipe Cardoso no seacutec XVII] foi viabilizar a ligaccedilatildeo terrestre direta entre Itu e o porto do rio Piracicaba reduzindo agrave metade a longa jornada fluvial Provavelmente outro segredo bandeirante colhido agrave cultura iacutendiacutegena(9)

Felipe Cardoso executou a sua parte na empreitada Aberto o caminho cabia-lhe arranchar-se com sua gente junto ao porto para facilitar as operaccedilotildees de Luis Pedroso de Barros que lhe vinha aO encalccedilo Haveria de aguardaacute-lo dar-lhe passagem sobre O rio abastecer-lhe a expediccedilatildeo guarnecer-lhe a retaguarda enquanto perdurasse a devassa no rumo do rio Paranaacute Era o viacutenculo permanente com oS centros da civilizaccedilatildeo Itu Santana dePamaiacuteba Satildeo Paulo Futuramente planejava tirar partido do seu feito mas enquanto duraram as operaccedilotildecs de abertura do Picadacirco de Mato Grosso prestou toda a indispensagravevel assistecircncia a Luis Pedroso de Barros e forneceu-lhe viacuteveres gratuitamentetIO)

Portanto quando em 0210811723 aquele partiu da sua vila nataljaacute funcionava um estabelecimento em Piracicaba tocado pelos bugres e caboclos do seu comandante Felipe Cardoso Jaacute Se investira cabedais junto ao porto do rio Piracicaba

HISTOacuteRIA E FICCcedilAtildeO

Podemos reconstituir de memoacuteria o que foi o encontro destes velhos sertanistas de Satildeo Pau]o naquele mecircs de agosto de 1723

Um belo dia percorrendo a aacuterdua trilha aparece no topo da esplanada da Catedral (praccedila Joseacute Bonifaacutecio) entatildeo coberta pela densa mata subtropical o grande Cabo de Guerra Luis Pedroso de Barros Ei~lo descendo com a sua gente a ladeira do Picadaacuteo (a rua Morais Barros) As suas bolaS de sete leacuteguas vecircm a macerar a poeira de um novo caminho os caboclos tecircm peacutes ligeiacuteros~ pernas de bugres cortem mais do que pensamento Vecircm muiacuteUacutel animosos deixaram ltu haacute trecircs ou quatro dias e nem apresentam cansaccedilO Ao divisar o

(7)idan ibiacutedcm ~()) IP p2

(S)MulyT O -o Cf (3) 1pp2

(9) Jorp BaItStrini 1 ~ OCamInho deLulIP~deBttrOSltev mOSP ~OL LXVIp92 cp99

(10) LigtTQ de Semwia (1720-17)6) Doe xxxvm p12 116

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 3: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

A CASA DO POVOADOR UM RETRATO DA MEMOacuteRIA DE PIRACICABA

HUGO PEDRO CARRADORE fflStoriador e fotclorista presidtmll do IHG Titular cti

Academia Paulistana da Histoacuteria c autor entre eUlres de Negritude na Ameacuteriacuteca Palilisto Graccedilas a Deus I o

Drama da Liberdade

A cha11ada CASA DO POVOADOR sem duacutevida alguma data do seacuteculo XIX Atraveacutes de uma anaacutelise natildeo muito acurada pode-se concluir que a casa transformada em marco histoacuterico natildeo eacute a verdadeira reliacutequia que marca o momento da fundaccedilatildeo Natildeo haacute qualquer referecircncia documental a respeito da sua edificaccedilatildeo como lar do fundador Antocircnio Correcirca Barbosa

A memoacuteria consagrou-a como tal pela tradiccedilatildeo oral do ouvir dizer Mais antigo e verdadeiro foi O proacuteprio da Alfandega localizado ao lado da conjeturada casa do Capitatildeo Povoador que desmoronou~se com um temporal em 1937

A criaccedilatildeo do mjto eacute relativamente recente e responsaacuteveis peta sua divulgaccedilatildeo foram os nossos homens de letras

Em 1970 O mestre ThaJes de Andrade fez questatildeo de perenizar a quimera em uma inflamada crocircnica publicada nO Jornal de Piracicaba

Bem alicerccedilada de soacuteliacutedas paredes t seguro madeiramento coberta perfeita assobradada compartimentos espaccedilosos janelas e portas largas e altas

- Casa proacutepria - A DELE - CAPIT AgraveO ANTOcircNIO CORRtA BARBOSA - Era a priacutemogecircnita dentre as potvindouras innatildes - Seria a favorita ~ Foi sobranceira dileta predileta - Assistiu recepccedilotildees e despedidas ajuntamentos importantes dramas e

comeacutedias festanccedilas de bal1zados casamentos nataJidos peixadas - Acompanham terccedilos Tez-se veloacuterio - Presenciacuteou idiacutelios - Mudou de dono ~ Ficou sem proprietaacuterio - Declinou e decaiu em prestiacutegio e supremacia - Rivais ~ o Bosque o Palacete Miranda- suplantaram-na Chaacutecaras

Nazareacute Sagraveo Pedro Mono - Caiu no olvido no desinteresse no desconhecimento - Virou tapete

mnwa Casunhodc Mdradc II9()1977- NDcidocm ~ foi odueadot t um dos ~dalitmwn Infantil btuiein Publkltm 1918A Filha dlF1otelaM

Em 1919~SUII

obn prima ~~ Depors paulalinttnmte AfICcedilfIr seacuterie Eocantoc Vddadc pela ampt Mlt1honmcntamps Autorde64 titulO diferenlH

tnRqofoduccedilo Uacute pAginA 15500 AInwIaque di PitNicaba~ano de 1955

- POUSOU de almas penadas ~ Viveiro de assombraccedilotildees ~ Asilo de paupeacuterfimos peacutes~rapados miuccedilalhas sem eira nem beira1 ~ Cumiacuteeiacutera de corvos - uNinhode morcegos e corujas ~ Poreacutem permaneceu incoacutelume a cupins carunchos mofo bolor fuligem - Manteve-se forte como o forte varatildeo que a construiu inatingiacutevel agraves

ventanias e tempestades - Assim sempre~viva viviacutessima contou anos dececircnios cinquentenatilderios

dois seacuteculos - Aclamaram-na PADRAtildeo MARCO MONUMENTO - Proclamaram-na MUSEU ESCOLA EXEMPLO MODELO IMAtilde

TESTE DE P1RACICABANIDADE - TItularam-na por direito corretamente - A CASA 00 POVOADOR I) O Almanaque de Piracicaoa de 1955 soo uma foto da Casa em ruinas

registramiddot

liA casa que se vecirc no clichecirc acima teria sido a residecircncia de Antocircnio Correcirca Barbosa o Capitatildeo-Povoador de Piracicaba segundo reza a trdcliccedilatildeo oral

ATguns afirmam que sim havendo mesmo O ex-Prefeito Jorge Pacheco e Chaves desapropriado o im6vel para transformaacute-lo em monumento histoacuterico da cidade exemplo do que fez Satildeo Joseacute do RiQ Pardo com a cabeccedila de Euclides da Cunha e Ribeiratildeo Preto com o Museu do Cafeacute

Entretanto em que repousa a tradiccedilatildeo Em vatildeo proeuramos nos arquivos O excelente ALMANAQUE DE PIRACICABA de 1900 a melhor fonte de hjstoacuteria local silencia estranhamente a respeito Na imprensa nada se achou E mesmo a tradiccedilatildeo oral eacute recente recentiacutessima are (2)

Pelas suas caracteriacutesticas funeionais parece-nos ter sido ela entreposto de sal Relegada ao esquecimento e ao abandono histoacuterico ateacute 1945 quando a prefeitura adquiriu o imoacutevel atraveacutes de escritura de compra e venda) eacute de se estranhar que tenha resistido acirc accedilatildeo do tempo pelo abandono de mais de duzentos anos L

O lar bandeirista como uma fortaleza sempre se situou em ponlo estrateacutegico nunca beijando a aacutegua sujeito agraves enchentes ao ataque dos mosquitos e dos iacutendios

O estilo arquitetocircniacuteeo natildeo corresponde ao seacuteculo XVIII ao exatamente de 1767 tempo do povoamento inicial da mudanccedila da povoaccedilatildeo (1784) para a margem esquerda do Piracicaba com o fim da vila militar de 19uatemiacute que foi abandonada - Natildeo havia mais necessidade de estaleiros para a fabricaccedilatildeo de canoas e do rio como barreiro que dificultava aos soldados e degregados

apanharem durante a noite a estrada para ltuacute e por isso promoveram o Capitatildeoshydiacuterelor Antocircnio Correcirca Barbosa e o vigaacuterio Frei Thomeacutede Jesus abaixo-assinado - escreve Silveira Meno - que chegou agraves matildeos do Capitatildeo General Francisco da Cunha Menezes em 6 de fevereiro de 1784 pedindo a mudanccedila da povoaccedilatildeo da margem direita do rio para O lado fronteiro da margem esquerda

Com a autorizaccedilatildeo no dia 31 de julho do mesmo ano depois da missa na qual o Capitatildeo~mor o Capitatildeo-povoador o mestre entaLhador e armeiro e o povo haviam solicitado as Graccedilas do Altiacutessimo pela intercessatildeo da Virgem todos se dirigiram para a margem esquerda do rio ao lugar escolhido para a mudanccedila Aiacute o mestre entalhador delineou um paacutetio de 46 braccedilas em quadra para que fosse edificada a igreja matriz Nesse mesmo Jocal hoje estaacute a praccedila Joseacute BoniacutefaacutecIacuteofl

Pelo visto em nenhuma circunstacircncia o fundador iria isolar~se da poacutevoa para construir o seu lar na barranca do rio

A Casa do Povoador desde a sua construccedilatildeo passando de matildeo em matildeo sofreu inuacutemeras refonnas e ampliaccedilotildees sem contudo perder suas caracteristicas originais j tomando~se um retrato da memoacuteria de uma Piracicaba muito crianccedila que deve ser preservada para as geraccedilotildees futuras

Em maio de 1983~ atendendo solicitaccedilatildeo de Aldano Eenetton Filho Coordenador de Turismo do Municiacutepio de Piracicaba elaboramos um levantamento histoacuterico da Casa do Povoador que foi enviado ao CONDEPHAATJ no sentido dc que este oacutergatildeo responsaacutevel peja memoacuteria~culshytural~hist)rica artiacutestica e foldoacuterica do Estado de Satildeo Paulo voltasse os seus olhos para nossa reliacutequia que estava em ruiacutenas Eiacute-Io

A CASA DO POVOADOR eacute um mitoque se perpetuou pejo flouviacute dizermiddot~ Na histoacuteria documentada de Piracicaba natildeo haacute qualquer referecircncia que a mesma tenha sido edificada pelo ou para o Capitatildeo Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa(4)

Se o registro da propriedade fosse feito na eacutepoca o problema da autencidade ou natildeo da chamada Casa do Povoadorestaria resolvido

Em 21 de agosto de 1969 por detenninaccedilatildeo da Presidecircncia do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Histoacuterico Artiacutestico e Turiacutestico do Estado (CONDEPHAAT) o arquiteto Raphael Gendler veio aacute Piracicaba e vistoriou a Casa do Povoador da qual havia sido aberto o processo de tombamento Na oportunidade foi acompanhado pelo entatildeo Secretaacuterio de Obras da Prefeitura e Presidente do Instituto His1oacuterico e Geograacutefico de Piracicaba No dia 25 do mesmo mecircs o referido teacutecnico apresentou ao Conselho o relatoacuterio da visloria (processo de tombamento nO 8571~ paacuteg 5)) do qual estraimos o seguinle trecho

A margem de consideraccedilotildees sobre legitimidade ou natildeo da atribuiccedilatildeo histoacuterica que lhe eacute feita reconhecemos tratar-se de um exemplar valioso para a eidade de sua arquiacutetetura do seacuteculo XIX

A transferecircncia da povoaccedilatildeo da margem direita para a margem esquerda do rio aconteceu agrave partir de julho de J784 contudo a primeira notiacutecia concreta que se lemda referida caSaacute1 sem qualquer referecircncia a respeito de sua utilizaccedilatildeo ou possc data de 1850

Em 25 de junho de 1932 Ojornal A Gazeta de Satildeo Paulo publicou um clichecirc com o tiacutetulo Eeleza da Nossa Terra - Salto de Piracicaba em 1850 Sob a foto o seguinte texto

Siacutetio do Engenho que pertenceu a Carlos Joseacute Botelho pai do Conde do Pinhal e Coronel Paulino Carlos Quadro do pintor Roberto Mertig reproduzido do laquoArquivo Pitoresco de Lisboa 1864 de um original desenho de Miguel Archanjo Benfcio d Assunpccedilatildeo Dutra

(J) O dtliocmlttllo do )(IV poV04ccedil10 tmninou a2 de tiOrtO de 1784MIDOIXNIU do~til() letTOOO ~tm que scdclwQOll ees~lxl=aPc~ (oibado peloeccedili~ AatOtuacuteo Cona Bubouc IbtaDgitlU tmu ampsdea banaamp iacutetagravepcnpoulto lICimAdo Salln 1ft ampJUlabeccitampc daI a rumo alh ah4ttatlea do rio Pirnciodlll ~~oplano

fornecido por Nleolampu de Cunpot ffiguciro Joseacute CiICWIo Rou (AlfaesJcsS Cuuno) kzo lInU1InaIodJIO~

lt Datade 24 dejlUlbo de 11-66 a provis3o de Dluacutei1An1Drtlo de SolUll Botelho ~fuutio DOmeMdo AntocircnioCorria~ pnra O

cargo de DiTetor e Jgtovoador de lirlIciC3ba comookn tXpteSt3 di trawcom ~viacutedute elcm CUCcedil30 0$ MIIacutegIraquo Q)lt)tjIdattti c ot que $I eslbtelaquo$$QI de naVO$~

Assim pele primcin ltez oflildmente o nome de Alltotildenio CornB~feencoolrlll3

hlst6riad~ Pelo que se deprte1lde Antocircnio Qmia B2rbosaji toornvlt comwa familia nos siacuteliw de Pimieaba vindoP9Wvc1mcntedchll ralcl fuiarolhidopm povoaoacuteor ofk~lporsetraLtrdcpeiSoa

41fabetiZ3d de cerro dl$uqtJc pelll$ $USS alitudes incishu wre os dmul~ Mbiwlos (b JOV0lccedilloshy$lgwdo Leandro GUen1ru -Dal conclui-seque moradado chamdo PQVQador loxalilmiddotse 11~ ~em difeiIA dorio Pracicllbll

--lIIUCeU em 111 em J$ de qtmo de 1110 Scwamp JII1s flaquoIn TonutOacute SilYampowdc-POl1O~td Get1nidcfMampria~Cooedccedilio DIl lIIIl ituacutelzIcil p1UtO te ube CUoue

em 1$30 com apreW 20 aoot Em 1I44tBnsfcriu pat1I~ ~dtsdt logocomo tuamp

Mirue1zinho nampo fugiu i iacuteoflulDda -111 LcmpO ampaum~tIeo CD 1ibenJ JJmlptt ~ 8 h~justiCcedil1l tociJuuml c idtntidadedo povo bnsikiro MUumlSiacuteagtpogtetapintorwullot cqWlaacute()atinis14 vcnadoem kologiA poreacutem um autodidata Altiva infIllgtCttlJ1IbalhAdor bom muumls)co exctlmttorganiN chegou ~bridlrum 6rg1opanla Jpjto amp3MortedcPirlcicabaquc ~ltdir~laquogtmtinco

palaCUde l00s000ttlaquoOcircidas da impmtrizna~qllttbe oecircnouuma imagem di Santa Ttre9 que esculpira emj~DlleAffollSOtildei raunay o OO$S(I hisQriador maiot fuma Pintor de nccedila roi talvez () homem que maU pintou o EsUt60 de S)1gtu)n Penomndoacute grmdenlIacutelntltllk cidtddtliraquoM apatlaquoiII em lodosos momcntos de festA pluioacutetical pint1tdoalegoriuctnllJCCl de triUAtlraquo ergwmo colunaus em laquofe$ buc61ieas piesWldo o COOMW de tuiacute in$p~ lO ttalte du r~lividades civiccedila e religiow- Emoutto ardgopubli~o em 1911 o mesmo nlstoUdorcommta

Segundo as anotaccedilotildees do pintor Atchiacutemedes Dutra (1967) bisneto de Miguelzinho (raquo a reproduccedilatildeo fotograacutefica do verso mostra uma aacutegua folie (grnvura) de Pedroso que ilustra a paacutegina 393 do VII volume do Archivo Pitoresco de Liacutesboa1 editado em 1864 referente agrave Cascata no Rio Piracicaba ~ Vila Nova da Constituiccedilatildeo

Para Arcbimedes Dutra tanto a grnvura como o quadro satildeo reproduccedilotildees de uma aquarela original de Miguel Atcbanjo Benficio d Assunpccedilatildeo Dutra feitas em 1850 nesta cidade de Piracicaba no intuito de fixar o local do nascedouro

Pelos levantamentos feitos com o auxiHo do companheiro do Instituto Hist6rico e Geogratildefico de Piracicaba Jair Toledo Veiga atraveacutes de escrituras e inventaacuterios chegamos ateacute Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior que adquiriu por escritura em 13 de agosto de 1890 (cal1Oacuterio do I oficio livro 97 fl 1) de Joaquim Ferraz de Camargo e seus filhos a casa com o respectivo terreno na Rua do Porto Essa propriacuteedade~ Joaquina Ferraz de Camargo recebera por heranccedila de Joseacute Carlos Camargo Muito se discutiu sobre o assunto~ ateacute que o prefeito municipal Jorge Pacheco Chaves atraveacutes do decreto n 22 de Q5 de outubro de 1944 declarou o velbo casaratildeo de utilidade puacuteblica a fim de ser adquirido por desapropriaccedilatildeo judicial ou por via amigaacutevel para constituir-se em patrimOcircnio histoacuterico

No dia 29 de dezembro de 1945 por escritura lavrada no l tabeliatildeo (livro 344 fls 5) a Prefeitura adquiriu de Joseacute Vigno e sua mulher Maria BUZUIO o referido sito atilde Rua do Porto sob n I pela importacircncia de 8000$000

Joseacute Vigno havia comprado essa casa do Dr Holger Jensen Kock e sua mulher em 12 de dezembro de 1929 cuja escritura se encontra no 1 tabeliatildeo (livro 231 fls 173 transcriccedilatildeo sob n 16531 fls 179 do livro 3-Q)

O Dr Holger Jensen adquirira o im6vel por escritura de compra e venda em 10 de gosto de 1922 do Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee (1 tabeliatildeo livro A-47 fls 42)

O Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee lorna-se proprietaacuterio da suposta Casa do Povoador em 21 de janeiro de 1922 no inventaacuterio de Maria Antonia Torres processado no cartoacuterio do 1 Q oficio (gaveta ou maccedilo na 113)

Maria Antonia Torres adquiriu o casaratildeo em 14 de novembro de 1913 no inventaacuterio de Firmino Bueno de Olhoeira (processado no 10 oficio local) (gaveta ou maccedilo n 8-103) Firmino era dono dos preacutedios de nuacutemeros 6 I 2 e 3

Seguado consta em escritura lav1lda em 13 de janeiro de 1909 (cart6rio 20 oficio livro 93 fls 24) Firmino Bueno comprou de Antocircnio DIas Naacutepoles e sua mulher a casa de sobradocom o respectivo terreno anexo na Rua do Pono no quarteiratildeo entre as Ruas Satildeo Joseacute e Prudente de Moraes

As duacutevidas comeccedilam de 1894 para traacutes Neste ano parece que Finnino Teixeira comprou a propriedade de Claudio Severiano Luz Teixeira A escritura natildeo foi encontrada mas na prefeitura ltgt preacutedio ndeg 21 estaacute em nome deste

Claudio Severiano Luz Teixeira por escritura datada de 02 de junho de 1894 comprou de Ana Brandiacutena de Oliveira viuacuteva de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cart6rio do r oficio livro 61 fls 29) por 300$000 (trezenlos mil reacuteis) trecircs casas entre as Ruas Prudente de Moraes e Satildeo Joatildeo~ agrave margem esquerda do Rio Piracicaba

Do inventaacuterio de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cartoacuterio do 10 oficio gavera 28) coube metade dos bens para a viuacuteva e a outra metade a Sebastiatildeo das Neves Ribeiro casado com sua filha Maria Ferreira das Neves Neste jnventaacuterio foi descrita uma casa de sobrado na Rua da Praia nO 6 (Casa da Alfatildendega) que dividia por um lado com Ana de Arruda (Ana Joaquina de Arruda) mulher

de Joseacute Campos Negreiros do outro lado com a Rua Satildeo Joseacute Pelos fundos com a propriedade de Antocircnio de Faria de Souza com o moinho e serra daacutegua avaliado em 2300$00 (dois contos e trezentos mil reacuteis)

No testamento de Ana Joaquina de Arruda falecida em 20 de dezembro de 1847 esta declara ser filha de Mariacutea Flocircr Morais (ou Flora) viuacuteva de um emigrado que manteve Um escandaloso romance com o comandante CarJos Bartolomeu de Arruda (6)

Haacute uma curiosa correspondecircncia de autoria do padre Francisco Assis Pinto de Castro (ProL de Latim e Francecircs em 1856 nesta cidade de Piacuteracicaba) na qual em uma das cartas datada em J 858 descreve e desenha os principais edificios da Vila da Constituiccedilatildeo havidos na eacutepoca

Quando o padre descreve os preacutedios de sobrados cita entre outros o existente na rua da Praia (Hoje Avenida Beira Rio)

Sobrados - O do Sr Rocha do Sr Momto o Sr Antonico de Barros o do Sr Dr Torquato o da Senhora dona Hennehnda professora de primeiras letras O do Sr Braz O do Sr Henrique Alematildeo um outro cujo nome natildeo sei na rua da Praia

Este uacuteltimo s6 pode ser a chamada Casa do Povoador que apareec no volume VlI do Arquivo Pitoresco de Lisboa

Contando com a atenccedilatildeo do confrade Guilherme Viui1 dedicado Historioacutegrafo arquivista e doctiloquo do passado piracicabano encontramos no 1deg livro de Atas da vereanccedila (fls 4S v) uma resoluccedilatildeo que nos leva a concluir que a havida Casa do Povoador jaacute existia antes de 1824 pois a partir desta data ao que parece natildeo foi construiacuteda qualquer outra edificaccedilatildeo no lado direito da rua do Porto rente agraves aacuteguas do Piracicaba em razatildeo de proibiccedilatildeo detennindada por resoluccedilatildeo da Catildemara como se pode inferir da leitura da citada ata Para melhor observaccedilotildees transcrevemos O trecho do texto em questatildeo

VEREANCcedilA W livro de Atas fls 4S v) Aos nove de junho de mil oiacutetocentos e vinte e quatro nesta VHla da Constituiccedilatildeo e Catas da Residecircncia do Juiz Ordinaacuterio Mashynoel Joaquim PintO de Arruda onde Outrossim observaratildeo que fazendose quarteiroens regulares de quarenta braccedilas resta vatildeo na proximidade do Rio trinta braccedilas de extenccedilarnt que non daacute para outro quarteiratildeo e livre servidatildeo na margem do Rio c por isso~ ascntamo acrescentar oilo braccedilas ao uacuteltimo quarteiratildeo e deixar o resto para servidatildeo da margem do Rio onde nam seraacute permitido levanlarem edificio algum Nada mais bouve e assignaram o Piloto Feliz Leme c Antonio do Espiacuterito San10 assignou o seu signnl costumado que be huma cruzl e eu Antonio de Campos Bicudo Escrivam que O escrevi Assigno como Presidente desta Corporaccedilatildeo natildeo porque ahi he a dita Rua alinhada directa para o fim tendo no principio hua largura no fim acresce dez braccedilas maiacutes ou menos Arruda Soares Amaral Conceiacuteccedilam Correia Felis Leme de Oliveira Cruz de AntonIo + do Espiacuterito Santo

Reconhecendo o valor memorial da CASA DO POVOADOR depois desapropriada e adquirida pela Prefeitura atendendo a uma solicitaccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba Vinicio SteIacuten Campos Conselhelro~Secretaacuterio do Conselho de defesa do Patrimocircnio Histoacuterico j Artiacutestico e TurlSlico do Estado propocircs ao Oacutergatildeo a abertura do processo de tombamento isso em 31 de marccedilo de 1969

ViYia fieSA ~ na pttIvmcude Sampo hWo em Imum lItIacutertamp

~aquemdew~ pUiJta~~)

ifnlllnOMisucl ~jQBetkio ~Ammpccedillo Dum homem qle

deve ter tido siagularintuiccedillo artistia puarWsdriaccedilJo asfubdora do ~ tio IIffDsz1do do BIotildeSilm1rof1~ cohtemodo a~ agrave arte rinIava ~aoidolCSnauf1li$ e $eU

dtsethOleaqUllleIa$ inpw e primitivn lem hoje um valor dQcuIIlaquolIllLFoiquem~ua seric de vistuqut omamaplanu de 1841 de RuCUl)lOieacute Bc1iprioe Coua 0$ rnals antigos docwnenUJS iconogriiacutehw OXibeddPI llJI capillll puliJtl

fipelosidosde 1776cu eoltandlnrtdotk$~amp fQSCcedil(lIJlJlld dafregue$iacuteaCarlos Bartholorntu tk AnuIh Natural de ltu ondchtlQcwooa filmUia IOm01Hcna~ccedillo muIO alLfIlIdo de todo pela illnuircill quc tinJa sobre Capito-Fundldar ImrnanrtCUnheddamenle pcnCIW

violenlO e mau politico E3 de qticm ahrnmbva o pe$Sinm gtnio de Antbruo Conta B~evitlnJo lTIUiUlS Vetes quenos SCl$

momenos dc eoacuteell comcleue ~liflOr Foi ~$$~ hom~m motivo d~ ncatildendlloc d~ muho meotenco na joVrnl popul~CcedilAgraveo Tendo fllecidoum nooemipo d3 qplcrn amigo Carlos O-tholomeu p~$$OOlCllmObf l

jovem VIUV1l visitandra todIs tS

llOiacutetn

Olra)tempo O rala-fala foi ~epuiQUdfnlaquoOdiclm

tIOt~dirigldlnllOCapillo PooWdot sobh 6i1UC1 GOI1SOtrccedillo ~IO$I AntampioCltlnta 8ubo5a frgti obrigado inteirv-k do UacuteIOC levmiddot10 110 eonbecimenlodrgt Cpi~mor de ltu pedindo a retindcoo(~tcamp(errccedila

Poreacutem quudoa poputrccedillo flCOl 1OIl~00da p)Ufvd ~ de 8lUtholomcu~flltade freioH 00 Povoador rauma repc=uccedillo em fAVO( de Na

~nopoM F~tc lIOllCilnlcCidol o Capitkgt DiretCrdctumioou que a dita viiiv rrgtne UiWJapAJA lru Eua por rua v~z ehtgamlrgt w~~iiionqJCtU ao Capirl) Btnl de 51oPawo O rctomo aacute P irndeilba aleBmllq que ) ategt impoitC po=lM ~apitks IuYla sido lllffllllrubitrariedsdc dllendoaindiJ que havia deiulo bt1U Im

Piruiuba t que01 mamQ5 ~$UlIm~ernlUf~e dttrpidAdOf Resulli1u de~u pdccedillo seu l~tOf1lO e UfNI QJdcm a Antocircnio Ctm~

aalivu UprtU3 nes1estrnno~

+Nlocumnlli que CAFlos visih Flor cmcai3 desu e ncmque esU isitc oeomandMI~ emt1W deste l alrm dislo qllC 110 $I CltIcunln nn pme algunulecirc nlUIOOM Uipoell

Em 09 de marccedilo de 1970 o Secretaacuterio de Cultura da eacutepoca Orlando Zancaner nos tecircnnos do artigo ldeg do Decreto-Lei nl) 149 de 15 de agosto de 1969~ decreou o tombamento da Casa do Povoador como monumento hist6rico do Estado de Satildeo Paulo Essa resoluccedilatildeo foi publicada no Diaacuterio Oficial de lO de marccedilo de 1970 (paacuteg 48)

No ano seguiacutente em 31 de marccedilo de 1971 o Prefeito Caacutessio Paschoal Padovani recebeu traveacutes do oficio pC-Isn I autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT para executar obras de emergecircnciacutea na Casa do Povoador pois esta encontrava~ se em ruiacutenas

Em primeiro de dezembro de 1971 o engenlleiro Fernando Nunes de Abreu assinou o laudo de conclusatildeo de Obra A vistoria pelo CONDEPHAAT deu~se em marccedilo de 1972 em cujo laudo assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Cerqueiacutera Lemos baacute severas criticas

Natildeo houve ao contraacuterio do que Se diz em fls 60 deste processo trabalhos de restauraccedilatildeo Podemos diacutezer simplesmente que foi feito um razoaacutevel serviccedilo de consoliacutedaccedilatildeo e reparaccedilatildeo serviccedilo esse necessaacuterio a uma futura restauraccedilatildeo pois esta exige certas pesquisas locais que natildeo foram executadas pede a substituiccedilatildeo de elementos estruturais de acordo com as tendecircncias usos e costumes da eacutepococirc e aconselha a reposiccedilatildeo de elementos de composiccedilatildeo arquitetocircnica com maior cuidado

Em 22 de julho de 1980 realizou-se a primeira reuniatildeo do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Cultural de Piacuteracicaba (1 CODEPAC na qual ficou determinado que os Conselheiacuteros Guilhenne Viui Alberto Tomaziacute e Hugo Pedro Carradore huscassem toda a documentaccedilatildeo referente agraveCasa do Povoador referelle agrave sua restauraccedilatildeo que jaacute se iniciara naquele mecircs por autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT Pretendia o Conselho de Piracicaba que esta restauraccedilatildeo fosse realizada exatamente como aquele preacutedio se apresentava no tempo ou pelo menos num tempo pr6ximo acirc sua edificaccedilatildeo

Por motivos dos quais as justificativas natildeo conhecemos essa restauraccedilatildeo foi interrompida e a Casa do Povoadorencontra~se hoje em estado de abandono

Frente a tantas evidecircncias de que a CASA DO POVOADOR eacute indiscutivelmenle um marcO da histoacuteria da povoaccedilatildeo de Piracicaba cabe a todas as forccedilas vivas desta cidade lutar pela sua preservaccedilatildeo

BIBLIOGRAFIA

ALMANAQUE DE PIRACICABAmiddot para o ano ltfeacute 1900

CARRADOR1~Hugo Pedromiddot RetraiO das TradiCcedillks rirncica1rmas Ed Pre reirura Municipal de

PiradcabaSP 1978

GUERRJNI Leandro - Histoacuterll de PiraciCloo eacutem Quadrinhos Ed do lnstituloHis6rico c Geogtaacutefieo

de Piracicaha SP 1970

KRAHENBUHL Heacutelio Moratomiddot Almanaque dcPiacuteracicaba TlpografiaPauliS3 Iirlcicaba 1955

LEANDRO Luizmiddot Subsidios parn iI 11i(613 da CidadcGe Piradcaba Ed Jornal de Piracicalu SP

]861

NEME Maacuterio ~ Piracicaba (Doeumentacircrio) TipcgrnOa Plluli~l PiracicOO SP 1936

VON TSCHUDJ JJ - Reisen Durch Sud Amerika lo V BibliOftlll lautis13 Li Martlns SP 1954

PALAVRAS-CHAVE

Casa do PoV()ador - Escrituraccedilatildeo ~ Fundaccedilatildeo ~ Piracicaba - Tesiamentos

PIRACICABA BOCA DE SERTAtildeO o Porto a Paragem a Sesmaria a Povoaccedilatildeo

(1723-1767)

Marly Therezinha Germano Perecin

ANTIGOS CAMINHOS PAULISTAS

Os paulistas sempre se orgulharam de ser leais vassalos do Rei de Portugal (IlcrgtnvdoAnQ)o-Rela30do

e servidores dedicados da Coroa Ao longo do seacutec XVIII sustentando-se nas tieltpJS

suas bases os seus bens afazendados agraves vezes precariamente exercitavam a (2) 90xer gt A Idade de Ouro do

sua vocaccedilatildeo de sertanejar dilatando as atividades nas aacutereas mineradoras e na Brnilp27Jnmiddott

defesa das fronteiras Quase todos morrendo no anonimato e na pobreza deixando por heranccedila o nome de paulistas e no chatildeot uma grande paacutetria

Ao chegar no Estado doBrasil para assumir ) governo da Capiacutetaniacutea de Satildeo Paulo em 1721 j D Rodrigo Cesar de Menezes dispunha-se a materiacuteaH7ar a principal da incumbecircncias contidas nas suas Instruccedilotildees Reacutegias a abertura dos grandes caminhos coloniais A descoberta de um prodigioso centro de mineraccedilatildeo em Mato Grosso destacava o serissimo problema do abastecimento daquela aacuterea Objetivando estabelecer um caminho terrestre entre Satildeo Paulo e Cuiabaacute intencionou o famoso Picadagraveo de Mato Grosso (I) Eis na sua gecircnese aconcordacircnciacutea em que se empenharam os grandes nomes do sertanismo paulista e da qual saiacuteram-seI aparentemente vitoriosos Luiacutes Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva entre J723 e 1726

As preocupaccedilotildees com o ouro decidiram a viagem do Capitatildeo General em 1726 (quando o camiacutenho jaacute se achava em fase de aperfeiccediloamento) para Cuiabaacute onde permaneceu entre 1726 c 1728 Estranhamente preferia a longa e arriscada monccedilatildeo por Ararallaguaba ao caminho terrestre ObserVaccedilotildees feitas in loco decldjram~no pelo fechamento daquele eldorado a todo o tipo de forasteiro comerciantes e escravos que pudessem evadir o metal como receptadores ou contrabandistas Valeu-se de medidas opressoras da legislaccedilatildeo colonial contra os mineiros contra os otulves e joalheiros aos quais exigiu o feeh~mento das oficinas e das barracas (2 Quanto ao Picadatildeo caminho recentemente aberto e de vital importacircncia no abastecimento das acircreas de mineraccedilatildeo proibiacuteu~o ainda em 1726 Apenas consentiu que O mesmo fosse utilizado durante algum tempo) exclusivamente nas viagens de ida obrigando o regresso pejo tradicional caminho das monccedilotildees e~ em seguiacuteda iacutenterditou-o em definitivo amparado na ordem reacutegia de 1730

Obrigando o tracircnsiacuteto para o Centro~Oeste tatildeo somente pelos rios com a finalidade de evitar os descaminhos do ouro e outros expedientes

3 Boacuteut ~ Op ~l pl7

()~Arroyo~Opctp 38 e)9 JOtiAllplo GouIAI1~ TrtpMe T~naFo~doBruit Cf) Pedro Taquet- Nobiliacqula PauliNMH~eGmcabg1CA

p171

(6) MuI) T Q Porlaquoifl- O Picad10 de MtoVroraquoO(2) JP pl

inconfessaacuteveis D Rodrlgo Cesar de Menezes conftnava os mineiros de Mato Grosso e Guaporeacute sujeitando~os agrave deficiacutelima rota das monccedilotildees) a fIm de submetecirc~los aos Registros instalados nos pontos principais das passagens m

Estranhamente zeloso na defesa dos interesses reais natildeo impediu que o seu soacutecio Sebastiatildeo Fernandes do Rego abocanhasse o pesado cofre doS quintos reais do OUTO nem que se consumasse a perseguiccedilatildeo (por motivos de cobiccedila e vinganccedila) sobre os Innatildeos Leme famosos sertanIacuteslas de ltu Em contra~partida a sua exigecircncia sobre os caminhos fluviais atraiu a atenccedilatildeo iacutendgena para O

saque dos comboios A partir de 1725 os caminhos fluviais assinalavam~se pelas trageacutedias provocadas pelas iacutensidiosas moleacutestias que acometiam jaacute em pJeno Tietecirc e pelos mortiacuteferos ataques indiacutegenas ao longo das bacias dos rios Paranaacute e Paraguai provenientes das trecircs grandes naccedilotildees caiapoacute paiacuteaguaacute guaicuru

A sua alegaccedilatildeo a respeito da insuficiecircncia de animais para o transporte terrestre agraves regiotildees mineiras natildeo era totalmente infundada poreacutem eacute sabido que no final da deacutecada de vinte comeccedilavam a chegar a Satildeo Paulo as primeiras tropas de muares Poucos anos posteriormente no governo de Francisco Caldeira Pimentel o Capitatildeo Cristoacutevatildeo Pereira de Abreu abriu a famosa estrada do Viamatildeo ateacute Sorocaba conhecida por Estrada Real em 1733 (4) Dava-se iniacutecio ao ciclo do muar e agraves feiras sorocabanas que despejavam em Satildeo Paulo os colossais rebanhos provenientes das aacutereas sulinas de cria toacuterio vindo a possibilitar a organizaccedilatildeo de um complexo viaacuterio e um sistema de transportes para todas as Capitanias do Estado do Brasil

A interdiccedilatildeo do Picadatildeo de Mato Grosso deitou consequecircnciacuteas sobre o sertatildeo do Piracicabat arruinando as esperanccedilas dos sesmeiros e posseiros que logo apoacutes a abertura do caminho buscaram estabelecer~se nos pontos estrateacutegicos partIacutecularmente entre ltu Capivari e o porto de Piracicaba A intenccedilatildeo de fazer bons negoacutecios com o produto das roccedilas e do criatoacuterlo destinado ao abastecimento dos comboios para Mato Grosso logo caiu em desacircnimo Salvavam ainda algumas canoas procedentes do Tietecirc ao porto de Piracicabat

mas natildeo era alento suficiente para fixar povoamento naquele sertatildeo O decliacutenio dos rendimentos da mineraccedilatildeo a partir de 1732 a ligaccedilatildeo

terrestre entre Cuiabaacute e a estrada nova de Goiaacutes em 1737 a separaccedilatildeo de Mato Grosso da Capitania de Satildeo Paulo e a extinccedilatildeo desta em 1748 liquidaram as chances de ocupaccedilatildeo e povoamento no sertatildeo do Piracicaba ateacute 1767

o PICADAtildeO DE MATO GROSSO

Abrir agraves proacuteprias espensas um caminho daquela magnitude era desafio para os mais renomados sertanistas Dadas as precaacuterias condiccedilotildees materiai~ e as cicloacutepicas dificuldades poucos estavam em situaccedilatildeo de COlTesponder~ por mais interessantes que fossem as recompensas em rendimentos ou tiacutetulos enobrecedores Houve tentativas fracassadas ($)

Luiacutes Pedroso de Barros um dos mais famosos Cabos de Guerra dos paulistas durante Emboabas executou a faccedilanha correndo todos os riscos e o fez inteiramente de graccedila como parte de um acordo mediacuteante o quaJ receberia o perdatildeo por um crime que natildeo cometera Em oportunidade anteriorjaacute contamos o seu envoIvimento na assuada ao Dezembargador Sottomayor episoacutedio que lhe valeu dez anos de exiacutelio forccedilado nos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc Foi~ lhe um tremendo sacrifiacutecio Bandeirante natildeo gosta de morrer na cama nem de assistir enferrujar as juntas do corpotJ

Natildeo resistindo agravequela mortificaccedilatildeo o grande paulista de Santana de Parnaiacuteba acabou pedindo indulto ao governador portuguecircs oferecendo em troca os seus

serviccedilos em favor do caminho para Cuiabaacute Aliaacutes natildeo falava unicamente por si mas por todo o grupo que comandava Era um grande nome eximia conhecedor dos caminhos particularmente no Oeste paulista a sua gente ardia por mobilidade e aventuras Quem eram Todo o tipo de agregados inclusive a parentela e os amigos mais a valente caboclada e Os bugres(1)

Fechado o acordo entrou em cena um personagem da sua inteira confianccedila o ituano e tambeacutem valente sertanista Felipe Cardoso o qual partiu com gente debaixo do seu comando para a abertura da primeira picada aqui que seria o segmento inicial do Picadatildeo do Mato Grosso Este eacute um dos primeiros personagens documentados da historiografia piacuteraciacutecabana Realizou-a provavelmente no segundo semestre de 1722 Ou no primeiro semestre de 1723 completando a varaccedilatildeo dos sertotildees do Tietecirc e do Capivariacute ateacute o porto do rio PiracicabatC)

A paragem do Piracicaba era conhecida remotamente pelos sertanistas de Satildeo Paulo O porto estabelecido ao peacute do Salto era buscado pelos entradislaS provenientes de ltu atraveacutes do caminho fluvial do Tietecirc e do Piracicaba apoacutes sete a oito dias de viagem Outros caminhos conhecidos pela cultura iacutendigena tambeacutem traziam agrave Piracicaba mas este era o preferido pelos antigos paulistas A principal referecircncia geograacutefica era o porto imemorialmente estabelecido junto ao Salto considerado um marco nas rotas de penetraccedilatildeo aos Morros de Araraquara (Satildeo Pedro) onde a tradiccedilatildeo bandeirante dizia existir Ouro Os caminhos dos antigos paulistas finnavam~se sobre 3S velhas trilhas indiacutegenas e eram objeto do maior segredo A velba trilha caiacuteapoacute coneclando o Porto de Piracicaba aos Morros de Araraquara natildeo fazia exceccedilatildeo era patrimocircnio bandeirante Parece que a novidade introduzida por Felipe Cardoso no seacutec XVII] foi viabilizar a ligaccedilatildeo terrestre direta entre Itu e o porto do rio Piracicaba reduzindo agrave metade a longa jornada fluvial Provavelmente outro segredo bandeirante colhido agrave cultura iacutendiacutegena(9)

Felipe Cardoso executou a sua parte na empreitada Aberto o caminho cabia-lhe arranchar-se com sua gente junto ao porto para facilitar as operaccedilotildees de Luis Pedroso de Barros que lhe vinha aO encalccedilo Haveria de aguardaacute-lo dar-lhe passagem sobre O rio abastecer-lhe a expediccedilatildeo guarnecer-lhe a retaguarda enquanto perdurasse a devassa no rumo do rio Paranaacute Era o viacutenculo permanente com oS centros da civilizaccedilatildeo Itu Santana dePamaiacuteba Satildeo Paulo Futuramente planejava tirar partido do seu feito mas enquanto duraram as operaccedilotildecs de abertura do Picadacirco de Mato Grosso prestou toda a indispensagravevel assistecircncia a Luis Pedroso de Barros e forneceu-lhe viacuteveres gratuitamentetIO)

Portanto quando em 0210811723 aquele partiu da sua vila nataljaacute funcionava um estabelecimento em Piracicaba tocado pelos bugres e caboclos do seu comandante Felipe Cardoso Jaacute Se investira cabedais junto ao porto do rio Piracicaba

HISTOacuteRIA E FICCcedilAtildeO

Podemos reconstituir de memoacuteria o que foi o encontro destes velhos sertanistas de Satildeo Pau]o naquele mecircs de agosto de 1723

Um belo dia percorrendo a aacuterdua trilha aparece no topo da esplanada da Catedral (praccedila Joseacute Bonifaacutecio) entatildeo coberta pela densa mata subtropical o grande Cabo de Guerra Luis Pedroso de Barros Ei~lo descendo com a sua gente a ladeira do Picadaacuteo (a rua Morais Barros) As suas bolaS de sete leacuteguas vecircm a macerar a poeira de um novo caminho os caboclos tecircm peacutes ligeiacuteros~ pernas de bugres cortem mais do que pensamento Vecircm muiacuteUacutel animosos deixaram ltu haacute trecircs ou quatro dias e nem apresentam cansaccedilO Ao divisar o

(7)idan ibiacutedcm ~()) IP p2

(S)MulyT O -o Cf (3) 1pp2

(9) Jorp BaItStrini 1 ~ OCamInho deLulIP~deBttrOSltev mOSP ~OL LXVIp92 cp99

(10) LigtTQ de Semwia (1720-17)6) Doe xxxvm p12 116

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 4: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

mnwa Casunhodc Mdradc II9()1977- NDcidocm ~ foi odueadot t um dos ~dalitmwn Infantil btuiein Publkltm 1918A Filha dlF1otelaM

Em 1919~SUII

obn prima ~~ Depors paulalinttnmte AfICcedilfIr seacuterie Eocantoc Vddadc pela ampt Mlt1honmcntamps Autorde64 titulO diferenlH

tnRqofoduccedilo Uacute pAginA 15500 AInwIaque di PitNicaba~ano de 1955

- POUSOU de almas penadas ~ Viveiro de assombraccedilotildees ~ Asilo de paupeacuterfimos peacutes~rapados miuccedilalhas sem eira nem beira1 ~ Cumiacuteeiacutera de corvos - uNinhode morcegos e corujas ~ Poreacutem permaneceu incoacutelume a cupins carunchos mofo bolor fuligem - Manteve-se forte como o forte varatildeo que a construiu inatingiacutevel agraves

ventanias e tempestades - Assim sempre~viva viviacutessima contou anos dececircnios cinquentenatilderios

dois seacuteculos - Aclamaram-na PADRAtildeo MARCO MONUMENTO - Proclamaram-na MUSEU ESCOLA EXEMPLO MODELO IMAtilde

TESTE DE P1RACICABANIDADE - TItularam-na por direito corretamente - A CASA 00 POVOADOR I) O Almanaque de Piracicaoa de 1955 soo uma foto da Casa em ruinas

registramiddot

liA casa que se vecirc no clichecirc acima teria sido a residecircncia de Antocircnio Correcirca Barbosa o Capitatildeo-Povoador de Piracicaba segundo reza a trdcliccedilatildeo oral

ATguns afirmam que sim havendo mesmo O ex-Prefeito Jorge Pacheco e Chaves desapropriado o im6vel para transformaacute-lo em monumento histoacuterico da cidade exemplo do que fez Satildeo Joseacute do RiQ Pardo com a cabeccedila de Euclides da Cunha e Ribeiratildeo Preto com o Museu do Cafeacute

Entretanto em que repousa a tradiccedilatildeo Em vatildeo proeuramos nos arquivos O excelente ALMANAQUE DE PIRACICABA de 1900 a melhor fonte de hjstoacuteria local silencia estranhamente a respeito Na imprensa nada se achou E mesmo a tradiccedilatildeo oral eacute recente recentiacutessima are (2)

Pelas suas caracteriacutesticas funeionais parece-nos ter sido ela entreposto de sal Relegada ao esquecimento e ao abandono histoacuterico ateacute 1945 quando a prefeitura adquiriu o imoacutevel atraveacutes de escritura de compra e venda) eacute de se estranhar que tenha resistido acirc accedilatildeo do tempo pelo abandono de mais de duzentos anos L

O lar bandeirista como uma fortaleza sempre se situou em ponlo estrateacutegico nunca beijando a aacutegua sujeito agraves enchentes ao ataque dos mosquitos e dos iacutendios

O estilo arquitetocircniacuteeo natildeo corresponde ao seacuteculo XVIII ao exatamente de 1767 tempo do povoamento inicial da mudanccedila da povoaccedilatildeo (1784) para a margem esquerda do Piracicaba com o fim da vila militar de 19uatemiacute que foi abandonada - Natildeo havia mais necessidade de estaleiros para a fabricaccedilatildeo de canoas e do rio como barreiro que dificultava aos soldados e degregados

apanharem durante a noite a estrada para ltuacute e por isso promoveram o Capitatildeoshydiacuterelor Antocircnio Correcirca Barbosa e o vigaacuterio Frei Thomeacutede Jesus abaixo-assinado - escreve Silveira Meno - que chegou agraves matildeos do Capitatildeo General Francisco da Cunha Menezes em 6 de fevereiro de 1784 pedindo a mudanccedila da povoaccedilatildeo da margem direita do rio para O lado fronteiro da margem esquerda

Com a autorizaccedilatildeo no dia 31 de julho do mesmo ano depois da missa na qual o Capitatildeo~mor o Capitatildeo-povoador o mestre entaLhador e armeiro e o povo haviam solicitado as Graccedilas do Altiacutessimo pela intercessatildeo da Virgem todos se dirigiram para a margem esquerda do rio ao lugar escolhido para a mudanccedila Aiacute o mestre entalhador delineou um paacutetio de 46 braccedilas em quadra para que fosse edificada a igreja matriz Nesse mesmo Jocal hoje estaacute a praccedila Joseacute BoniacutefaacutecIacuteofl

Pelo visto em nenhuma circunstacircncia o fundador iria isolar~se da poacutevoa para construir o seu lar na barranca do rio

A Casa do Povoador desde a sua construccedilatildeo passando de matildeo em matildeo sofreu inuacutemeras refonnas e ampliaccedilotildees sem contudo perder suas caracteristicas originais j tomando~se um retrato da memoacuteria de uma Piracicaba muito crianccedila que deve ser preservada para as geraccedilotildees futuras

Em maio de 1983~ atendendo solicitaccedilatildeo de Aldano Eenetton Filho Coordenador de Turismo do Municiacutepio de Piracicaba elaboramos um levantamento histoacuterico da Casa do Povoador que foi enviado ao CONDEPHAATJ no sentido dc que este oacutergatildeo responsaacutevel peja memoacuteria~culshytural~hist)rica artiacutestica e foldoacuterica do Estado de Satildeo Paulo voltasse os seus olhos para nossa reliacutequia que estava em ruiacutenas Eiacute-Io

A CASA DO POVOADOR eacute um mitoque se perpetuou pejo flouviacute dizermiddot~ Na histoacuteria documentada de Piracicaba natildeo haacute qualquer referecircncia que a mesma tenha sido edificada pelo ou para o Capitatildeo Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa(4)

Se o registro da propriedade fosse feito na eacutepoca o problema da autencidade ou natildeo da chamada Casa do Povoadorestaria resolvido

Em 21 de agosto de 1969 por detenninaccedilatildeo da Presidecircncia do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Histoacuterico Artiacutestico e Turiacutestico do Estado (CONDEPHAAT) o arquiteto Raphael Gendler veio aacute Piracicaba e vistoriou a Casa do Povoador da qual havia sido aberto o processo de tombamento Na oportunidade foi acompanhado pelo entatildeo Secretaacuterio de Obras da Prefeitura e Presidente do Instituto His1oacuterico e Geograacutefico de Piracicaba No dia 25 do mesmo mecircs o referido teacutecnico apresentou ao Conselho o relatoacuterio da visloria (processo de tombamento nO 8571~ paacuteg 5)) do qual estraimos o seguinle trecho

A margem de consideraccedilotildees sobre legitimidade ou natildeo da atribuiccedilatildeo histoacuterica que lhe eacute feita reconhecemos tratar-se de um exemplar valioso para a eidade de sua arquiacutetetura do seacuteculo XIX

A transferecircncia da povoaccedilatildeo da margem direita para a margem esquerda do rio aconteceu agrave partir de julho de J784 contudo a primeira notiacutecia concreta que se lemda referida caSaacute1 sem qualquer referecircncia a respeito de sua utilizaccedilatildeo ou possc data de 1850

Em 25 de junho de 1932 Ojornal A Gazeta de Satildeo Paulo publicou um clichecirc com o tiacutetulo Eeleza da Nossa Terra - Salto de Piracicaba em 1850 Sob a foto o seguinte texto

Siacutetio do Engenho que pertenceu a Carlos Joseacute Botelho pai do Conde do Pinhal e Coronel Paulino Carlos Quadro do pintor Roberto Mertig reproduzido do laquoArquivo Pitoresco de Lisboa 1864 de um original desenho de Miguel Archanjo Benfcio d Assunpccedilatildeo Dutra

(J) O dtliocmlttllo do )(IV poV04ccedil10 tmninou a2 de tiOrtO de 1784MIDOIXNIU do~til() letTOOO ~tm que scdclwQOll ees~lxl=aPc~ (oibado peloeccedili~ AatOtuacuteo Cona Bubouc IbtaDgitlU tmu ampsdea banaamp iacutetagravepcnpoulto lICimAdo Salln 1ft ampJUlabeccitampc daI a rumo alh ah4ttatlea do rio Pirnciodlll ~~oplano

fornecido por Nleolampu de Cunpot ffiguciro Joseacute CiICWIo Rou (AlfaesJcsS Cuuno) kzo lInU1InaIodJIO~

lt Datade 24 dejlUlbo de 11-66 a provis3o de Dluacutei1An1Drtlo de SolUll Botelho ~fuutio DOmeMdo AntocircnioCorria~ pnra O

cargo de DiTetor e Jgtovoador de lirlIciC3ba comookn tXpteSt3 di trawcom ~viacutedute elcm CUCcedil30 0$ MIIacutegIraquo Q)lt)tjIdattti c ot que $I eslbtelaquo$$QI de naVO$~

Assim pele primcin ltez oflildmente o nome de Alltotildenio CornB~feencoolrlll3

hlst6riad~ Pelo que se deprte1lde Antocircnio Qmia B2rbosaji toornvlt comwa familia nos siacuteliw de Pimieaba vindoP9Wvc1mcntedchll ralcl fuiarolhidopm povoaoacuteor ofk~lporsetraLtrdcpeiSoa

41fabetiZ3d de cerro dl$uqtJc pelll$ $USS alitudes incishu wre os dmul~ Mbiwlos (b JOV0lccedilloshy$lgwdo Leandro GUen1ru -Dal conclui-seque moradado chamdo PQVQador loxalilmiddotse 11~ ~em difeiIA dorio Pracicllbll

--lIIUCeU em 111 em J$ de qtmo de 1110 Scwamp JII1s flaquoIn TonutOacute SilYampowdc-POl1O~td Get1nidcfMampria~Cooedccedilio DIl lIIIl ituacutelzIcil p1UtO te ube CUoue

em 1$30 com apreW 20 aoot Em 1I44tBnsfcriu pat1I~ ~dtsdt logocomo tuamp

Mirue1zinho nampo fugiu i iacuteoflulDda -111 LcmpO ampaum~tIeo CD 1ibenJ JJmlptt ~ 8 h~justiCcedil1l tociJuuml c idtntidadedo povo bnsikiro MUumlSiacuteagtpogtetapintorwullot cqWlaacute()atinis14 vcnadoem kologiA poreacutem um autodidata Altiva infIllgtCttlJ1IbalhAdor bom muumls)co exctlmttorganiN chegou ~bridlrum 6rg1opanla Jpjto amp3MortedcPirlcicabaquc ~ltdir~laquogtmtinco

palaCUde l00s000ttlaquoOcircidas da impmtrizna~qllttbe oecircnouuma imagem di Santa Ttre9 que esculpira emj~DlleAffollSOtildei raunay o OO$S(I hisQriador maiot fuma Pintor de nccedila roi talvez () homem que maU pintou o EsUt60 de S)1gtu)n Penomndoacute grmdenlIacutelntltllk cidtddtliraquoM apatlaquoiII em lodosos momcntos de festA pluioacutetical pint1tdoalegoriuctnllJCCl de triUAtlraquo ergwmo colunaus em laquofe$ buc61ieas piesWldo o COOMW de tuiacute in$p~ lO ttalte du r~lividades civiccedila e religiow- Emoutto ardgopubli~o em 1911 o mesmo nlstoUdorcommta

Segundo as anotaccedilotildees do pintor Atchiacutemedes Dutra (1967) bisneto de Miguelzinho (raquo a reproduccedilatildeo fotograacutefica do verso mostra uma aacutegua folie (grnvura) de Pedroso que ilustra a paacutegina 393 do VII volume do Archivo Pitoresco de Liacutesboa1 editado em 1864 referente agrave Cascata no Rio Piracicaba ~ Vila Nova da Constituiccedilatildeo

Para Arcbimedes Dutra tanto a grnvura como o quadro satildeo reproduccedilotildees de uma aquarela original de Miguel Atcbanjo Benficio d Assunpccedilatildeo Dutra feitas em 1850 nesta cidade de Piracicaba no intuito de fixar o local do nascedouro

Pelos levantamentos feitos com o auxiHo do companheiro do Instituto Hist6rico e Geogratildefico de Piracicaba Jair Toledo Veiga atraveacutes de escrituras e inventaacuterios chegamos ateacute Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior que adquiriu por escritura em 13 de agosto de 1890 (cal1Oacuterio do I oficio livro 97 fl 1) de Joaquim Ferraz de Camargo e seus filhos a casa com o respectivo terreno na Rua do Porto Essa propriacuteedade~ Joaquina Ferraz de Camargo recebera por heranccedila de Joseacute Carlos Camargo Muito se discutiu sobre o assunto~ ateacute que o prefeito municipal Jorge Pacheco Chaves atraveacutes do decreto n 22 de Q5 de outubro de 1944 declarou o velbo casaratildeo de utilidade puacuteblica a fim de ser adquirido por desapropriaccedilatildeo judicial ou por via amigaacutevel para constituir-se em patrimOcircnio histoacuterico

No dia 29 de dezembro de 1945 por escritura lavrada no l tabeliatildeo (livro 344 fls 5) a Prefeitura adquiriu de Joseacute Vigno e sua mulher Maria BUZUIO o referido sito atilde Rua do Porto sob n I pela importacircncia de 8000$000

Joseacute Vigno havia comprado essa casa do Dr Holger Jensen Kock e sua mulher em 12 de dezembro de 1929 cuja escritura se encontra no 1 tabeliatildeo (livro 231 fls 173 transcriccedilatildeo sob n 16531 fls 179 do livro 3-Q)

O Dr Holger Jensen adquirira o im6vel por escritura de compra e venda em 10 de gosto de 1922 do Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee (1 tabeliatildeo livro A-47 fls 42)

O Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee lorna-se proprietaacuterio da suposta Casa do Povoador em 21 de janeiro de 1922 no inventaacuterio de Maria Antonia Torres processado no cartoacuterio do 1 Q oficio (gaveta ou maccedilo na 113)

Maria Antonia Torres adquiriu o casaratildeo em 14 de novembro de 1913 no inventaacuterio de Firmino Bueno de Olhoeira (processado no 10 oficio local) (gaveta ou maccedilo n 8-103) Firmino era dono dos preacutedios de nuacutemeros 6 I 2 e 3

Seguado consta em escritura lav1lda em 13 de janeiro de 1909 (cart6rio 20 oficio livro 93 fls 24) Firmino Bueno comprou de Antocircnio DIas Naacutepoles e sua mulher a casa de sobradocom o respectivo terreno anexo na Rua do Pono no quarteiratildeo entre as Ruas Satildeo Joseacute e Prudente de Moraes

As duacutevidas comeccedilam de 1894 para traacutes Neste ano parece que Finnino Teixeira comprou a propriedade de Claudio Severiano Luz Teixeira A escritura natildeo foi encontrada mas na prefeitura ltgt preacutedio ndeg 21 estaacute em nome deste

Claudio Severiano Luz Teixeira por escritura datada de 02 de junho de 1894 comprou de Ana Brandiacutena de Oliveira viuacuteva de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cart6rio do r oficio livro 61 fls 29) por 300$000 (trezenlos mil reacuteis) trecircs casas entre as Ruas Prudente de Moraes e Satildeo Joatildeo~ agrave margem esquerda do Rio Piracicaba

Do inventaacuterio de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cartoacuterio do 10 oficio gavera 28) coube metade dos bens para a viuacuteva e a outra metade a Sebastiatildeo das Neves Ribeiro casado com sua filha Maria Ferreira das Neves Neste jnventaacuterio foi descrita uma casa de sobrado na Rua da Praia nO 6 (Casa da Alfatildendega) que dividia por um lado com Ana de Arruda (Ana Joaquina de Arruda) mulher

de Joseacute Campos Negreiros do outro lado com a Rua Satildeo Joseacute Pelos fundos com a propriedade de Antocircnio de Faria de Souza com o moinho e serra daacutegua avaliado em 2300$00 (dois contos e trezentos mil reacuteis)

No testamento de Ana Joaquina de Arruda falecida em 20 de dezembro de 1847 esta declara ser filha de Mariacutea Flocircr Morais (ou Flora) viuacuteva de um emigrado que manteve Um escandaloso romance com o comandante CarJos Bartolomeu de Arruda (6)

Haacute uma curiosa correspondecircncia de autoria do padre Francisco Assis Pinto de Castro (ProL de Latim e Francecircs em 1856 nesta cidade de Piacuteracicaba) na qual em uma das cartas datada em J 858 descreve e desenha os principais edificios da Vila da Constituiccedilatildeo havidos na eacutepoca

Quando o padre descreve os preacutedios de sobrados cita entre outros o existente na rua da Praia (Hoje Avenida Beira Rio)

Sobrados - O do Sr Rocha do Sr Momto o Sr Antonico de Barros o do Sr Dr Torquato o da Senhora dona Hennehnda professora de primeiras letras O do Sr Braz O do Sr Henrique Alematildeo um outro cujo nome natildeo sei na rua da Praia

Este uacuteltimo s6 pode ser a chamada Casa do Povoador que apareec no volume VlI do Arquivo Pitoresco de Lisboa

Contando com a atenccedilatildeo do confrade Guilherme Viui1 dedicado Historioacutegrafo arquivista e doctiloquo do passado piracicabano encontramos no 1deg livro de Atas da vereanccedila (fls 4S v) uma resoluccedilatildeo que nos leva a concluir que a havida Casa do Povoador jaacute existia antes de 1824 pois a partir desta data ao que parece natildeo foi construiacuteda qualquer outra edificaccedilatildeo no lado direito da rua do Porto rente agraves aacuteguas do Piracicaba em razatildeo de proibiccedilatildeo detennindada por resoluccedilatildeo da Catildemara como se pode inferir da leitura da citada ata Para melhor observaccedilotildees transcrevemos O trecho do texto em questatildeo

VEREANCcedilA W livro de Atas fls 4S v) Aos nove de junho de mil oiacutetocentos e vinte e quatro nesta VHla da Constituiccedilatildeo e Catas da Residecircncia do Juiz Ordinaacuterio Mashynoel Joaquim PintO de Arruda onde Outrossim observaratildeo que fazendose quarteiroens regulares de quarenta braccedilas resta vatildeo na proximidade do Rio trinta braccedilas de extenccedilarnt que non daacute para outro quarteiratildeo e livre servidatildeo na margem do Rio c por isso~ ascntamo acrescentar oilo braccedilas ao uacuteltimo quarteiratildeo e deixar o resto para servidatildeo da margem do Rio onde nam seraacute permitido levanlarem edificio algum Nada mais bouve e assignaram o Piloto Feliz Leme c Antonio do Espiacuterito San10 assignou o seu signnl costumado que be huma cruzl e eu Antonio de Campos Bicudo Escrivam que O escrevi Assigno como Presidente desta Corporaccedilatildeo natildeo porque ahi he a dita Rua alinhada directa para o fim tendo no principio hua largura no fim acresce dez braccedilas maiacutes ou menos Arruda Soares Amaral Conceiacuteccedilam Correia Felis Leme de Oliveira Cruz de AntonIo + do Espiacuterito Santo

Reconhecendo o valor memorial da CASA DO POVOADOR depois desapropriada e adquirida pela Prefeitura atendendo a uma solicitaccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba Vinicio SteIacuten Campos Conselhelro~Secretaacuterio do Conselho de defesa do Patrimocircnio Histoacuterico j Artiacutestico e TurlSlico do Estado propocircs ao Oacutergatildeo a abertura do processo de tombamento isso em 31 de marccedilo de 1969

ViYia fieSA ~ na pttIvmcude Sampo hWo em Imum lItIacutertamp

~aquemdew~ pUiJta~~)

ifnlllnOMisucl ~jQBetkio ~Ammpccedillo Dum homem qle

deve ter tido siagularintuiccedillo artistia puarWsdriaccedilJo asfubdora do ~ tio IIffDsz1do do BIotildeSilm1rof1~ cohtemodo a~ agrave arte rinIava ~aoidolCSnauf1li$ e $eU

dtsethOleaqUllleIa$ inpw e primitivn lem hoje um valor dQcuIIlaquolIllLFoiquem~ua seric de vistuqut omamaplanu de 1841 de RuCUl)lOieacute Bc1iprioe Coua 0$ rnals antigos docwnenUJS iconogriiacutehw OXibeddPI llJI capillll puliJtl

fipelosidosde 1776cu eoltandlnrtdotk$~amp fQSCcedil(lIJlJlld dafregue$iacuteaCarlos Bartholorntu tk AnuIh Natural de ltu ondchtlQcwooa filmUia IOm01Hcna~ccedillo muIO alLfIlIdo de todo pela illnuircill quc tinJa sobre Capito-Fundldar ImrnanrtCUnheddamenle pcnCIW

violenlO e mau politico E3 de qticm ahrnmbva o pe$Sinm gtnio de Antbruo Conta B~evitlnJo lTIUiUlS Vetes quenos SCl$

momenos dc eoacuteell comcleue ~liflOr Foi ~$$~ hom~m motivo d~ ncatildendlloc d~ muho meotenco na joVrnl popul~CcedilAgraveo Tendo fllecidoum nooemipo d3 qplcrn amigo Carlos O-tholomeu p~$$OOlCllmObf l

jovem VIUV1l visitandra todIs tS

llOiacutetn

Olra)tempo O rala-fala foi ~epuiQUdfnlaquoOdiclm

tIOt~dirigldlnllOCapillo PooWdot sobh 6i1UC1 GOI1SOtrccedillo ~IO$I AntampioCltlnta 8ubo5a frgti obrigado inteirv-k do UacuteIOC levmiddot10 110 eonbecimenlodrgt Cpi~mor de ltu pedindo a retindcoo(~tcamp(errccedila

Poreacutem quudoa poputrccedillo flCOl 1OIl~00da p)Ufvd ~ de 8lUtholomcu~flltade freioH 00 Povoador rauma repc=uccedillo em fAVO( de Na

~nopoM F~tc lIOllCilnlcCidol o Capitkgt DiretCrdctumioou que a dita viiiv rrgtne UiWJapAJA lru Eua por rua v~z ehtgamlrgt w~~iiionqJCtU ao Capirl) Btnl de 51oPawo O rctomo aacute P irndeilba aleBmllq que ) ategt impoitC po=lM ~apitks IuYla sido lllffllllrubitrariedsdc dllendoaindiJ que havia deiulo bt1U Im

Piruiuba t que01 mamQ5 ~$UlIm~ernlUf~e dttrpidAdOf Resulli1u de~u pdccedillo seu l~tOf1lO e UfNI QJdcm a Antocircnio Ctm~

aalivu UprtU3 nes1estrnno~

+Nlocumnlli que CAFlos visih Flor cmcai3 desu e ncmque esU isitc oeomandMI~ emt1W deste l alrm dislo qllC 110 $I CltIcunln nn pme algunulecirc nlUIOOM Uipoell

Em 09 de marccedilo de 1970 o Secretaacuterio de Cultura da eacutepoca Orlando Zancaner nos tecircnnos do artigo ldeg do Decreto-Lei nl) 149 de 15 de agosto de 1969~ decreou o tombamento da Casa do Povoador como monumento hist6rico do Estado de Satildeo Paulo Essa resoluccedilatildeo foi publicada no Diaacuterio Oficial de lO de marccedilo de 1970 (paacuteg 48)

No ano seguiacutente em 31 de marccedilo de 1971 o Prefeito Caacutessio Paschoal Padovani recebeu traveacutes do oficio pC-Isn I autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT para executar obras de emergecircnciacutea na Casa do Povoador pois esta encontrava~ se em ruiacutenas

Em primeiro de dezembro de 1971 o engenlleiro Fernando Nunes de Abreu assinou o laudo de conclusatildeo de Obra A vistoria pelo CONDEPHAAT deu~se em marccedilo de 1972 em cujo laudo assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Cerqueiacutera Lemos baacute severas criticas

Natildeo houve ao contraacuterio do que Se diz em fls 60 deste processo trabalhos de restauraccedilatildeo Podemos diacutezer simplesmente que foi feito um razoaacutevel serviccedilo de consoliacutedaccedilatildeo e reparaccedilatildeo serviccedilo esse necessaacuterio a uma futura restauraccedilatildeo pois esta exige certas pesquisas locais que natildeo foram executadas pede a substituiccedilatildeo de elementos estruturais de acordo com as tendecircncias usos e costumes da eacutepococirc e aconselha a reposiccedilatildeo de elementos de composiccedilatildeo arquitetocircnica com maior cuidado

Em 22 de julho de 1980 realizou-se a primeira reuniatildeo do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Cultural de Piacuteracicaba (1 CODEPAC na qual ficou determinado que os Conselheiacuteros Guilhenne Viui Alberto Tomaziacute e Hugo Pedro Carradore huscassem toda a documentaccedilatildeo referente agraveCasa do Povoador referelle agrave sua restauraccedilatildeo que jaacute se iniciara naquele mecircs por autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT Pretendia o Conselho de Piracicaba que esta restauraccedilatildeo fosse realizada exatamente como aquele preacutedio se apresentava no tempo ou pelo menos num tempo pr6ximo acirc sua edificaccedilatildeo

Por motivos dos quais as justificativas natildeo conhecemos essa restauraccedilatildeo foi interrompida e a Casa do Povoadorencontra~se hoje em estado de abandono

Frente a tantas evidecircncias de que a CASA DO POVOADOR eacute indiscutivelmenle um marcO da histoacuteria da povoaccedilatildeo de Piracicaba cabe a todas as forccedilas vivas desta cidade lutar pela sua preservaccedilatildeo

BIBLIOGRAFIA

ALMANAQUE DE PIRACICABAmiddot para o ano ltfeacute 1900

CARRADOR1~Hugo Pedromiddot RetraiO das TradiCcedillks rirncica1rmas Ed Pre reirura Municipal de

PiradcabaSP 1978

GUERRJNI Leandro - Histoacuterll de PiraciCloo eacutem Quadrinhos Ed do lnstituloHis6rico c Geogtaacutefieo

de Piracicaha SP 1970

KRAHENBUHL Heacutelio Moratomiddot Almanaque dcPiacuteracicaba TlpografiaPauliS3 Iirlcicaba 1955

LEANDRO Luizmiddot Subsidios parn iI 11i(613 da CidadcGe Piradcaba Ed Jornal de Piracicalu SP

]861

NEME Maacuterio ~ Piracicaba (Doeumentacircrio) TipcgrnOa Plluli~l PiracicOO SP 1936

VON TSCHUDJ JJ - Reisen Durch Sud Amerika lo V BibliOftlll lautis13 Li Martlns SP 1954

PALAVRAS-CHAVE

Casa do PoV()ador - Escrituraccedilatildeo ~ Fundaccedilatildeo ~ Piracicaba - Tesiamentos

PIRACICABA BOCA DE SERTAtildeO o Porto a Paragem a Sesmaria a Povoaccedilatildeo

(1723-1767)

Marly Therezinha Germano Perecin

ANTIGOS CAMINHOS PAULISTAS

Os paulistas sempre se orgulharam de ser leais vassalos do Rei de Portugal (IlcrgtnvdoAnQ)o-Rela30do

e servidores dedicados da Coroa Ao longo do seacutec XVIII sustentando-se nas tieltpJS

suas bases os seus bens afazendados agraves vezes precariamente exercitavam a (2) 90xer gt A Idade de Ouro do

sua vocaccedilatildeo de sertanejar dilatando as atividades nas aacutereas mineradoras e na Brnilp27Jnmiddott

defesa das fronteiras Quase todos morrendo no anonimato e na pobreza deixando por heranccedila o nome de paulistas e no chatildeot uma grande paacutetria

Ao chegar no Estado doBrasil para assumir ) governo da Capiacutetaniacutea de Satildeo Paulo em 1721 j D Rodrigo Cesar de Menezes dispunha-se a materiacuteaH7ar a principal da incumbecircncias contidas nas suas Instruccedilotildees Reacutegias a abertura dos grandes caminhos coloniais A descoberta de um prodigioso centro de mineraccedilatildeo em Mato Grosso destacava o serissimo problema do abastecimento daquela aacuterea Objetivando estabelecer um caminho terrestre entre Satildeo Paulo e Cuiabaacute intencionou o famoso Picadagraveo de Mato Grosso (I) Eis na sua gecircnese aconcordacircnciacutea em que se empenharam os grandes nomes do sertanismo paulista e da qual saiacuteram-seI aparentemente vitoriosos Luiacutes Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva entre J723 e 1726

As preocupaccedilotildees com o ouro decidiram a viagem do Capitatildeo General em 1726 (quando o camiacutenho jaacute se achava em fase de aperfeiccediloamento) para Cuiabaacute onde permaneceu entre 1726 c 1728 Estranhamente preferia a longa e arriscada monccedilatildeo por Ararallaguaba ao caminho terrestre ObserVaccedilotildees feitas in loco decldjram~no pelo fechamento daquele eldorado a todo o tipo de forasteiro comerciantes e escravos que pudessem evadir o metal como receptadores ou contrabandistas Valeu-se de medidas opressoras da legislaccedilatildeo colonial contra os mineiros contra os otulves e joalheiros aos quais exigiu o feeh~mento das oficinas e das barracas (2 Quanto ao Picadatildeo caminho recentemente aberto e de vital importacircncia no abastecimento das acircreas de mineraccedilatildeo proibiacuteu~o ainda em 1726 Apenas consentiu que O mesmo fosse utilizado durante algum tempo) exclusivamente nas viagens de ida obrigando o regresso pejo tradicional caminho das monccedilotildees e~ em seguiacuteda iacutenterditou-o em definitivo amparado na ordem reacutegia de 1730

Obrigando o tracircnsiacuteto para o Centro~Oeste tatildeo somente pelos rios com a finalidade de evitar os descaminhos do ouro e outros expedientes

3 Boacuteut ~ Op ~l pl7

()~Arroyo~Opctp 38 e)9 JOtiAllplo GouIAI1~ TrtpMe T~naFo~doBruit Cf) Pedro Taquet- Nobiliacqula PauliNMH~eGmcabg1CA

p171

(6) MuI) T Q Porlaquoifl- O Picad10 de MtoVroraquoO(2) JP pl

inconfessaacuteveis D Rodrlgo Cesar de Menezes conftnava os mineiros de Mato Grosso e Guaporeacute sujeitando~os agrave deficiacutelima rota das monccedilotildees) a fIm de submetecirc~los aos Registros instalados nos pontos principais das passagens m

Estranhamente zeloso na defesa dos interesses reais natildeo impediu que o seu soacutecio Sebastiatildeo Fernandes do Rego abocanhasse o pesado cofre doS quintos reais do OUTO nem que se consumasse a perseguiccedilatildeo (por motivos de cobiccedila e vinganccedila) sobre os Innatildeos Leme famosos sertanIacuteslas de ltu Em contra~partida a sua exigecircncia sobre os caminhos fluviais atraiu a atenccedilatildeo iacutendgena para O

saque dos comboios A partir de 1725 os caminhos fluviais assinalavam~se pelas trageacutedias provocadas pelas iacutensidiosas moleacutestias que acometiam jaacute em pJeno Tietecirc e pelos mortiacuteferos ataques indiacutegenas ao longo das bacias dos rios Paranaacute e Paraguai provenientes das trecircs grandes naccedilotildees caiapoacute paiacuteaguaacute guaicuru

A sua alegaccedilatildeo a respeito da insuficiecircncia de animais para o transporte terrestre agraves regiotildees mineiras natildeo era totalmente infundada poreacutem eacute sabido que no final da deacutecada de vinte comeccedilavam a chegar a Satildeo Paulo as primeiras tropas de muares Poucos anos posteriormente no governo de Francisco Caldeira Pimentel o Capitatildeo Cristoacutevatildeo Pereira de Abreu abriu a famosa estrada do Viamatildeo ateacute Sorocaba conhecida por Estrada Real em 1733 (4) Dava-se iniacutecio ao ciclo do muar e agraves feiras sorocabanas que despejavam em Satildeo Paulo os colossais rebanhos provenientes das aacutereas sulinas de cria toacuterio vindo a possibilitar a organizaccedilatildeo de um complexo viaacuterio e um sistema de transportes para todas as Capitanias do Estado do Brasil

A interdiccedilatildeo do Picadatildeo de Mato Grosso deitou consequecircnciacuteas sobre o sertatildeo do Piracicabat arruinando as esperanccedilas dos sesmeiros e posseiros que logo apoacutes a abertura do caminho buscaram estabelecer~se nos pontos estrateacutegicos partIacutecularmente entre ltu Capivari e o porto de Piracicaba A intenccedilatildeo de fazer bons negoacutecios com o produto das roccedilas e do criatoacuterlo destinado ao abastecimento dos comboios para Mato Grosso logo caiu em desacircnimo Salvavam ainda algumas canoas procedentes do Tietecirc ao porto de Piracicabat

mas natildeo era alento suficiente para fixar povoamento naquele sertatildeo O decliacutenio dos rendimentos da mineraccedilatildeo a partir de 1732 a ligaccedilatildeo

terrestre entre Cuiabaacute e a estrada nova de Goiaacutes em 1737 a separaccedilatildeo de Mato Grosso da Capitania de Satildeo Paulo e a extinccedilatildeo desta em 1748 liquidaram as chances de ocupaccedilatildeo e povoamento no sertatildeo do Piracicaba ateacute 1767

o PICADAtildeO DE MATO GROSSO

Abrir agraves proacuteprias espensas um caminho daquela magnitude era desafio para os mais renomados sertanistas Dadas as precaacuterias condiccedilotildees materiai~ e as cicloacutepicas dificuldades poucos estavam em situaccedilatildeo de COlTesponder~ por mais interessantes que fossem as recompensas em rendimentos ou tiacutetulos enobrecedores Houve tentativas fracassadas ($)

Luiacutes Pedroso de Barros um dos mais famosos Cabos de Guerra dos paulistas durante Emboabas executou a faccedilanha correndo todos os riscos e o fez inteiramente de graccedila como parte de um acordo mediacuteante o quaJ receberia o perdatildeo por um crime que natildeo cometera Em oportunidade anteriorjaacute contamos o seu envoIvimento na assuada ao Dezembargador Sottomayor episoacutedio que lhe valeu dez anos de exiacutelio forccedilado nos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc Foi~ lhe um tremendo sacrifiacutecio Bandeirante natildeo gosta de morrer na cama nem de assistir enferrujar as juntas do corpotJ

Natildeo resistindo agravequela mortificaccedilatildeo o grande paulista de Santana de Parnaiacuteba acabou pedindo indulto ao governador portuguecircs oferecendo em troca os seus

serviccedilos em favor do caminho para Cuiabaacute Aliaacutes natildeo falava unicamente por si mas por todo o grupo que comandava Era um grande nome eximia conhecedor dos caminhos particularmente no Oeste paulista a sua gente ardia por mobilidade e aventuras Quem eram Todo o tipo de agregados inclusive a parentela e os amigos mais a valente caboclada e Os bugres(1)

Fechado o acordo entrou em cena um personagem da sua inteira confianccedila o ituano e tambeacutem valente sertanista Felipe Cardoso o qual partiu com gente debaixo do seu comando para a abertura da primeira picada aqui que seria o segmento inicial do Picadatildeo do Mato Grosso Este eacute um dos primeiros personagens documentados da historiografia piacuteraciacutecabana Realizou-a provavelmente no segundo semestre de 1722 Ou no primeiro semestre de 1723 completando a varaccedilatildeo dos sertotildees do Tietecirc e do Capivariacute ateacute o porto do rio PiracicabatC)

A paragem do Piracicaba era conhecida remotamente pelos sertanistas de Satildeo Paulo O porto estabelecido ao peacute do Salto era buscado pelos entradislaS provenientes de ltu atraveacutes do caminho fluvial do Tietecirc e do Piracicaba apoacutes sete a oito dias de viagem Outros caminhos conhecidos pela cultura iacutendigena tambeacutem traziam agrave Piracicaba mas este era o preferido pelos antigos paulistas A principal referecircncia geograacutefica era o porto imemorialmente estabelecido junto ao Salto considerado um marco nas rotas de penetraccedilatildeo aos Morros de Araraquara (Satildeo Pedro) onde a tradiccedilatildeo bandeirante dizia existir Ouro Os caminhos dos antigos paulistas finnavam~se sobre 3S velhas trilhas indiacutegenas e eram objeto do maior segredo A velba trilha caiacuteapoacute coneclando o Porto de Piracicaba aos Morros de Araraquara natildeo fazia exceccedilatildeo era patrimocircnio bandeirante Parece que a novidade introduzida por Felipe Cardoso no seacutec XVII] foi viabilizar a ligaccedilatildeo terrestre direta entre Itu e o porto do rio Piracicaba reduzindo agrave metade a longa jornada fluvial Provavelmente outro segredo bandeirante colhido agrave cultura iacutendiacutegena(9)

Felipe Cardoso executou a sua parte na empreitada Aberto o caminho cabia-lhe arranchar-se com sua gente junto ao porto para facilitar as operaccedilotildees de Luis Pedroso de Barros que lhe vinha aO encalccedilo Haveria de aguardaacute-lo dar-lhe passagem sobre O rio abastecer-lhe a expediccedilatildeo guarnecer-lhe a retaguarda enquanto perdurasse a devassa no rumo do rio Paranaacute Era o viacutenculo permanente com oS centros da civilizaccedilatildeo Itu Santana dePamaiacuteba Satildeo Paulo Futuramente planejava tirar partido do seu feito mas enquanto duraram as operaccedilotildecs de abertura do Picadacirco de Mato Grosso prestou toda a indispensagravevel assistecircncia a Luis Pedroso de Barros e forneceu-lhe viacuteveres gratuitamentetIO)

Portanto quando em 0210811723 aquele partiu da sua vila nataljaacute funcionava um estabelecimento em Piracicaba tocado pelos bugres e caboclos do seu comandante Felipe Cardoso Jaacute Se investira cabedais junto ao porto do rio Piracicaba

HISTOacuteRIA E FICCcedilAtildeO

Podemos reconstituir de memoacuteria o que foi o encontro destes velhos sertanistas de Satildeo Pau]o naquele mecircs de agosto de 1723

Um belo dia percorrendo a aacuterdua trilha aparece no topo da esplanada da Catedral (praccedila Joseacute Bonifaacutecio) entatildeo coberta pela densa mata subtropical o grande Cabo de Guerra Luis Pedroso de Barros Ei~lo descendo com a sua gente a ladeira do Picadaacuteo (a rua Morais Barros) As suas bolaS de sete leacuteguas vecircm a macerar a poeira de um novo caminho os caboclos tecircm peacutes ligeiacuteros~ pernas de bugres cortem mais do que pensamento Vecircm muiacuteUacutel animosos deixaram ltu haacute trecircs ou quatro dias e nem apresentam cansaccedilO Ao divisar o

(7)idan ibiacutedcm ~()) IP p2

(S)MulyT O -o Cf (3) 1pp2

(9) Jorp BaItStrini 1 ~ OCamInho deLulIP~deBttrOSltev mOSP ~OL LXVIp92 cp99

(10) LigtTQ de Semwia (1720-17)6) Doe xxxvm p12 116

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 5: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

apanharem durante a noite a estrada para ltuacute e por isso promoveram o Capitatildeoshydiacuterelor Antocircnio Correcirca Barbosa e o vigaacuterio Frei Thomeacutede Jesus abaixo-assinado - escreve Silveira Meno - que chegou agraves matildeos do Capitatildeo General Francisco da Cunha Menezes em 6 de fevereiro de 1784 pedindo a mudanccedila da povoaccedilatildeo da margem direita do rio para O lado fronteiro da margem esquerda

Com a autorizaccedilatildeo no dia 31 de julho do mesmo ano depois da missa na qual o Capitatildeo~mor o Capitatildeo-povoador o mestre entaLhador e armeiro e o povo haviam solicitado as Graccedilas do Altiacutessimo pela intercessatildeo da Virgem todos se dirigiram para a margem esquerda do rio ao lugar escolhido para a mudanccedila Aiacute o mestre entalhador delineou um paacutetio de 46 braccedilas em quadra para que fosse edificada a igreja matriz Nesse mesmo Jocal hoje estaacute a praccedila Joseacute BoniacutefaacutecIacuteofl

Pelo visto em nenhuma circunstacircncia o fundador iria isolar~se da poacutevoa para construir o seu lar na barranca do rio

A Casa do Povoador desde a sua construccedilatildeo passando de matildeo em matildeo sofreu inuacutemeras refonnas e ampliaccedilotildees sem contudo perder suas caracteristicas originais j tomando~se um retrato da memoacuteria de uma Piracicaba muito crianccedila que deve ser preservada para as geraccedilotildees futuras

Em maio de 1983~ atendendo solicitaccedilatildeo de Aldano Eenetton Filho Coordenador de Turismo do Municiacutepio de Piracicaba elaboramos um levantamento histoacuterico da Casa do Povoador que foi enviado ao CONDEPHAATJ no sentido dc que este oacutergatildeo responsaacutevel peja memoacuteria~culshytural~hist)rica artiacutestica e foldoacuterica do Estado de Satildeo Paulo voltasse os seus olhos para nossa reliacutequia que estava em ruiacutenas Eiacute-Io

A CASA DO POVOADOR eacute um mitoque se perpetuou pejo flouviacute dizermiddot~ Na histoacuteria documentada de Piracicaba natildeo haacute qualquer referecircncia que a mesma tenha sido edificada pelo ou para o Capitatildeo Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa(4)

Se o registro da propriedade fosse feito na eacutepoca o problema da autencidade ou natildeo da chamada Casa do Povoadorestaria resolvido

Em 21 de agosto de 1969 por detenninaccedilatildeo da Presidecircncia do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Histoacuterico Artiacutestico e Turiacutestico do Estado (CONDEPHAAT) o arquiteto Raphael Gendler veio aacute Piracicaba e vistoriou a Casa do Povoador da qual havia sido aberto o processo de tombamento Na oportunidade foi acompanhado pelo entatildeo Secretaacuterio de Obras da Prefeitura e Presidente do Instituto His1oacuterico e Geograacutefico de Piracicaba No dia 25 do mesmo mecircs o referido teacutecnico apresentou ao Conselho o relatoacuterio da visloria (processo de tombamento nO 8571~ paacuteg 5)) do qual estraimos o seguinle trecho

A margem de consideraccedilotildees sobre legitimidade ou natildeo da atribuiccedilatildeo histoacuterica que lhe eacute feita reconhecemos tratar-se de um exemplar valioso para a eidade de sua arquiacutetetura do seacuteculo XIX

A transferecircncia da povoaccedilatildeo da margem direita para a margem esquerda do rio aconteceu agrave partir de julho de J784 contudo a primeira notiacutecia concreta que se lemda referida caSaacute1 sem qualquer referecircncia a respeito de sua utilizaccedilatildeo ou possc data de 1850

Em 25 de junho de 1932 Ojornal A Gazeta de Satildeo Paulo publicou um clichecirc com o tiacutetulo Eeleza da Nossa Terra - Salto de Piracicaba em 1850 Sob a foto o seguinte texto

Siacutetio do Engenho que pertenceu a Carlos Joseacute Botelho pai do Conde do Pinhal e Coronel Paulino Carlos Quadro do pintor Roberto Mertig reproduzido do laquoArquivo Pitoresco de Lisboa 1864 de um original desenho de Miguel Archanjo Benfcio d Assunpccedilatildeo Dutra

(J) O dtliocmlttllo do )(IV poV04ccedil10 tmninou a2 de tiOrtO de 1784MIDOIXNIU do~til() letTOOO ~tm que scdclwQOll ees~lxl=aPc~ (oibado peloeccedili~ AatOtuacuteo Cona Bubouc IbtaDgitlU tmu ampsdea banaamp iacutetagravepcnpoulto lICimAdo Salln 1ft ampJUlabeccitampc daI a rumo alh ah4ttatlea do rio Pirnciodlll ~~oplano

fornecido por Nleolampu de Cunpot ffiguciro Joseacute CiICWIo Rou (AlfaesJcsS Cuuno) kzo lInU1InaIodJIO~

lt Datade 24 dejlUlbo de 11-66 a provis3o de Dluacutei1An1Drtlo de SolUll Botelho ~fuutio DOmeMdo AntocircnioCorria~ pnra O

cargo de DiTetor e Jgtovoador de lirlIciC3ba comookn tXpteSt3 di trawcom ~viacutedute elcm CUCcedil30 0$ MIIacutegIraquo Q)lt)tjIdattti c ot que $I eslbtelaquo$$QI de naVO$~

Assim pele primcin ltez oflildmente o nome de Alltotildenio CornB~feencoolrlll3

hlst6riad~ Pelo que se deprte1lde Antocircnio Qmia B2rbosaji toornvlt comwa familia nos siacuteliw de Pimieaba vindoP9Wvc1mcntedchll ralcl fuiarolhidopm povoaoacuteor ofk~lporsetraLtrdcpeiSoa

41fabetiZ3d de cerro dl$uqtJc pelll$ $USS alitudes incishu wre os dmul~ Mbiwlos (b JOV0lccedilloshy$lgwdo Leandro GUen1ru -Dal conclui-seque moradado chamdo PQVQador loxalilmiddotse 11~ ~em difeiIA dorio Pracicllbll

--lIIUCeU em 111 em J$ de qtmo de 1110 Scwamp JII1s flaquoIn TonutOacute SilYampowdc-POl1O~td Get1nidcfMampria~Cooedccedilio DIl lIIIl ituacutelzIcil p1UtO te ube CUoue

em 1$30 com apreW 20 aoot Em 1I44tBnsfcriu pat1I~ ~dtsdt logocomo tuamp

Mirue1zinho nampo fugiu i iacuteoflulDda -111 LcmpO ampaum~tIeo CD 1ibenJ JJmlptt ~ 8 h~justiCcedil1l tociJuuml c idtntidadedo povo bnsikiro MUumlSiacuteagtpogtetapintorwullot cqWlaacute()atinis14 vcnadoem kologiA poreacutem um autodidata Altiva infIllgtCttlJ1IbalhAdor bom muumls)co exctlmttorganiN chegou ~bridlrum 6rg1opanla Jpjto amp3MortedcPirlcicabaquc ~ltdir~laquogtmtinco

palaCUde l00s000ttlaquoOcircidas da impmtrizna~qllttbe oecircnouuma imagem di Santa Ttre9 que esculpira emj~DlleAffollSOtildei raunay o OO$S(I hisQriador maiot fuma Pintor de nccedila roi talvez () homem que maU pintou o EsUt60 de S)1gtu)n Penomndoacute grmdenlIacutelntltllk cidtddtliraquoM apatlaquoiII em lodosos momcntos de festA pluioacutetical pint1tdoalegoriuctnllJCCl de triUAtlraquo ergwmo colunaus em laquofe$ buc61ieas piesWldo o COOMW de tuiacute in$p~ lO ttalte du r~lividades civiccedila e religiow- Emoutto ardgopubli~o em 1911 o mesmo nlstoUdorcommta

Segundo as anotaccedilotildees do pintor Atchiacutemedes Dutra (1967) bisneto de Miguelzinho (raquo a reproduccedilatildeo fotograacutefica do verso mostra uma aacutegua folie (grnvura) de Pedroso que ilustra a paacutegina 393 do VII volume do Archivo Pitoresco de Liacutesboa1 editado em 1864 referente agrave Cascata no Rio Piracicaba ~ Vila Nova da Constituiccedilatildeo

Para Arcbimedes Dutra tanto a grnvura como o quadro satildeo reproduccedilotildees de uma aquarela original de Miguel Atcbanjo Benficio d Assunpccedilatildeo Dutra feitas em 1850 nesta cidade de Piracicaba no intuito de fixar o local do nascedouro

Pelos levantamentos feitos com o auxiHo do companheiro do Instituto Hist6rico e Geogratildefico de Piracicaba Jair Toledo Veiga atraveacutes de escrituras e inventaacuterios chegamos ateacute Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior que adquiriu por escritura em 13 de agosto de 1890 (cal1Oacuterio do I oficio livro 97 fl 1) de Joaquim Ferraz de Camargo e seus filhos a casa com o respectivo terreno na Rua do Porto Essa propriacuteedade~ Joaquina Ferraz de Camargo recebera por heranccedila de Joseacute Carlos Camargo Muito se discutiu sobre o assunto~ ateacute que o prefeito municipal Jorge Pacheco Chaves atraveacutes do decreto n 22 de Q5 de outubro de 1944 declarou o velbo casaratildeo de utilidade puacuteblica a fim de ser adquirido por desapropriaccedilatildeo judicial ou por via amigaacutevel para constituir-se em patrimOcircnio histoacuterico

No dia 29 de dezembro de 1945 por escritura lavrada no l tabeliatildeo (livro 344 fls 5) a Prefeitura adquiriu de Joseacute Vigno e sua mulher Maria BUZUIO o referido sito atilde Rua do Porto sob n I pela importacircncia de 8000$000

Joseacute Vigno havia comprado essa casa do Dr Holger Jensen Kock e sua mulher em 12 de dezembro de 1929 cuja escritura se encontra no 1 tabeliatildeo (livro 231 fls 173 transcriccedilatildeo sob n 16531 fls 179 do livro 3-Q)

O Dr Holger Jensen adquirira o im6vel por escritura de compra e venda em 10 de gosto de 1922 do Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee (1 tabeliatildeo livro A-47 fls 42)

O Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee lorna-se proprietaacuterio da suposta Casa do Povoador em 21 de janeiro de 1922 no inventaacuterio de Maria Antonia Torres processado no cartoacuterio do 1 Q oficio (gaveta ou maccedilo na 113)

Maria Antonia Torres adquiriu o casaratildeo em 14 de novembro de 1913 no inventaacuterio de Firmino Bueno de Olhoeira (processado no 10 oficio local) (gaveta ou maccedilo n 8-103) Firmino era dono dos preacutedios de nuacutemeros 6 I 2 e 3

Seguado consta em escritura lav1lda em 13 de janeiro de 1909 (cart6rio 20 oficio livro 93 fls 24) Firmino Bueno comprou de Antocircnio DIas Naacutepoles e sua mulher a casa de sobradocom o respectivo terreno anexo na Rua do Pono no quarteiratildeo entre as Ruas Satildeo Joseacute e Prudente de Moraes

As duacutevidas comeccedilam de 1894 para traacutes Neste ano parece que Finnino Teixeira comprou a propriedade de Claudio Severiano Luz Teixeira A escritura natildeo foi encontrada mas na prefeitura ltgt preacutedio ndeg 21 estaacute em nome deste

Claudio Severiano Luz Teixeira por escritura datada de 02 de junho de 1894 comprou de Ana Brandiacutena de Oliveira viuacuteva de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cart6rio do r oficio livro 61 fls 29) por 300$000 (trezenlos mil reacuteis) trecircs casas entre as Ruas Prudente de Moraes e Satildeo Joatildeo~ agrave margem esquerda do Rio Piracicaba

Do inventaacuterio de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cartoacuterio do 10 oficio gavera 28) coube metade dos bens para a viuacuteva e a outra metade a Sebastiatildeo das Neves Ribeiro casado com sua filha Maria Ferreira das Neves Neste jnventaacuterio foi descrita uma casa de sobrado na Rua da Praia nO 6 (Casa da Alfatildendega) que dividia por um lado com Ana de Arruda (Ana Joaquina de Arruda) mulher

de Joseacute Campos Negreiros do outro lado com a Rua Satildeo Joseacute Pelos fundos com a propriedade de Antocircnio de Faria de Souza com o moinho e serra daacutegua avaliado em 2300$00 (dois contos e trezentos mil reacuteis)

No testamento de Ana Joaquina de Arruda falecida em 20 de dezembro de 1847 esta declara ser filha de Mariacutea Flocircr Morais (ou Flora) viuacuteva de um emigrado que manteve Um escandaloso romance com o comandante CarJos Bartolomeu de Arruda (6)

Haacute uma curiosa correspondecircncia de autoria do padre Francisco Assis Pinto de Castro (ProL de Latim e Francecircs em 1856 nesta cidade de Piacuteracicaba) na qual em uma das cartas datada em J 858 descreve e desenha os principais edificios da Vila da Constituiccedilatildeo havidos na eacutepoca

Quando o padre descreve os preacutedios de sobrados cita entre outros o existente na rua da Praia (Hoje Avenida Beira Rio)

Sobrados - O do Sr Rocha do Sr Momto o Sr Antonico de Barros o do Sr Dr Torquato o da Senhora dona Hennehnda professora de primeiras letras O do Sr Braz O do Sr Henrique Alematildeo um outro cujo nome natildeo sei na rua da Praia

Este uacuteltimo s6 pode ser a chamada Casa do Povoador que apareec no volume VlI do Arquivo Pitoresco de Lisboa

Contando com a atenccedilatildeo do confrade Guilherme Viui1 dedicado Historioacutegrafo arquivista e doctiloquo do passado piracicabano encontramos no 1deg livro de Atas da vereanccedila (fls 4S v) uma resoluccedilatildeo que nos leva a concluir que a havida Casa do Povoador jaacute existia antes de 1824 pois a partir desta data ao que parece natildeo foi construiacuteda qualquer outra edificaccedilatildeo no lado direito da rua do Porto rente agraves aacuteguas do Piracicaba em razatildeo de proibiccedilatildeo detennindada por resoluccedilatildeo da Catildemara como se pode inferir da leitura da citada ata Para melhor observaccedilotildees transcrevemos O trecho do texto em questatildeo

VEREANCcedilA W livro de Atas fls 4S v) Aos nove de junho de mil oiacutetocentos e vinte e quatro nesta VHla da Constituiccedilatildeo e Catas da Residecircncia do Juiz Ordinaacuterio Mashynoel Joaquim PintO de Arruda onde Outrossim observaratildeo que fazendose quarteiroens regulares de quarenta braccedilas resta vatildeo na proximidade do Rio trinta braccedilas de extenccedilarnt que non daacute para outro quarteiratildeo e livre servidatildeo na margem do Rio c por isso~ ascntamo acrescentar oilo braccedilas ao uacuteltimo quarteiratildeo e deixar o resto para servidatildeo da margem do Rio onde nam seraacute permitido levanlarem edificio algum Nada mais bouve e assignaram o Piloto Feliz Leme c Antonio do Espiacuterito San10 assignou o seu signnl costumado que be huma cruzl e eu Antonio de Campos Bicudo Escrivam que O escrevi Assigno como Presidente desta Corporaccedilatildeo natildeo porque ahi he a dita Rua alinhada directa para o fim tendo no principio hua largura no fim acresce dez braccedilas maiacutes ou menos Arruda Soares Amaral Conceiacuteccedilam Correia Felis Leme de Oliveira Cruz de AntonIo + do Espiacuterito Santo

Reconhecendo o valor memorial da CASA DO POVOADOR depois desapropriada e adquirida pela Prefeitura atendendo a uma solicitaccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba Vinicio SteIacuten Campos Conselhelro~Secretaacuterio do Conselho de defesa do Patrimocircnio Histoacuterico j Artiacutestico e TurlSlico do Estado propocircs ao Oacutergatildeo a abertura do processo de tombamento isso em 31 de marccedilo de 1969

ViYia fieSA ~ na pttIvmcude Sampo hWo em Imum lItIacutertamp

~aquemdew~ pUiJta~~)

ifnlllnOMisucl ~jQBetkio ~Ammpccedillo Dum homem qle

deve ter tido siagularintuiccedillo artistia puarWsdriaccedilJo asfubdora do ~ tio IIffDsz1do do BIotildeSilm1rof1~ cohtemodo a~ agrave arte rinIava ~aoidolCSnauf1li$ e $eU

dtsethOleaqUllleIa$ inpw e primitivn lem hoje um valor dQcuIIlaquolIllLFoiquem~ua seric de vistuqut omamaplanu de 1841 de RuCUl)lOieacute Bc1iprioe Coua 0$ rnals antigos docwnenUJS iconogriiacutehw OXibeddPI llJI capillll puliJtl

fipelosidosde 1776cu eoltandlnrtdotk$~amp fQSCcedil(lIJlJlld dafregue$iacuteaCarlos Bartholorntu tk AnuIh Natural de ltu ondchtlQcwooa filmUia IOm01Hcna~ccedillo muIO alLfIlIdo de todo pela illnuircill quc tinJa sobre Capito-Fundldar ImrnanrtCUnheddamenle pcnCIW

violenlO e mau politico E3 de qticm ahrnmbva o pe$Sinm gtnio de Antbruo Conta B~evitlnJo lTIUiUlS Vetes quenos SCl$

momenos dc eoacuteell comcleue ~liflOr Foi ~$$~ hom~m motivo d~ ncatildendlloc d~ muho meotenco na joVrnl popul~CcedilAgraveo Tendo fllecidoum nooemipo d3 qplcrn amigo Carlos O-tholomeu p~$$OOlCllmObf l

jovem VIUV1l visitandra todIs tS

llOiacutetn

Olra)tempo O rala-fala foi ~epuiQUdfnlaquoOdiclm

tIOt~dirigldlnllOCapillo PooWdot sobh 6i1UC1 GOI1SOtrccedillo ~IO$I AntampioCltlnta 8ubo5a frgti obrigado inteirv-k do UacuteIOC levmiddot10 110 eonbecimenlodrgt Cpi~mor de ltu pedindo a retindcoo(~tcamp(errccedila

Poreacutem quudoa poputrccedillo flCOl 1OIl~00da p)Ufvd ~ de 8lUtholomcu~flltade freioH 00 Povoador rauma repc=uccedillo em fAVO( de Na

~nopoM F~tc lIOllCilnlcCidol o Capitkgt DiretCrdctumioou que a dita viiiv rrgtne UiWJapAJA lru Eua por rua v~z ehtgamlrgt w~~iiionqJCtU ao Capirl) Btnl de 51oPawo O rctomo aacute P irndeilba aleBmllq que ) ategt impoitC po=lM ~apitks IuYla sido lllffllllrubitrariedsdc dllendoaindiJ que havia deiulo bt1U Im

Piruiuba t que01 mamQ5 ~$UlIm~ernlUf~e dttrpidAdOf Resulli1u de~u pdccedillo seu l~tOf1lO e UfNI QJdcm a Antocircnio Ctm~

aalivu UprtU3 nes1estrnno~

+Nlocumnlli que CAFlos visih Flor cmcai3 desu e ncmque esU isitc oeomandMI~ emt1W deste l alrm dislo qllC 110 $I CltIcunln nn pme algunulecirc nlUIOOM Uipoell

Em 09 de marccedilo de 1970 o Secretaacuterio de Cultura da eacutepoca Orlando Zancaner nos tecircnnos do artigo ldeg do Decreto-Lei nl) 149 de 15 de agosto de 1969~ decreou o tombamento da Casa do Povoador como monumento hist6rico do Estado de Satildeo Paulo Essa resoluccedilatildeo foi publicada no Diaacuterio Oficial de lO de marccedilo de 1970 (paacuteg 48)

No ano seguiacutente em 31 de marccedilo de 1971 o Prefeito Caacutessio Paschoal Padovani recebeu traveacutes do oficio pC-Isn I autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT para executar obras de emergecircnciacutea na Casa do Povoador pois esta encontrava~ se em ruiacutenas

Em primeiro de dezembro de 1971 o engenlleiro Fernando Nunes de Abreu assinou o laudo de conclusatildeo de Obra A vistoria pelo CONDEPHAAT deu~se em marccedilo de 1972 em cujo laudo assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Cerqueiacutera Lemos baacute severas criticas

Natildeo houve ao contraacuterio do que Se diz em fls 60 deste processo trabalhos de restauraccedilatildeo Podemos diacutezer simplesmente que foi feito um razoaacutevel serviccedilo de consoliacutedaccedilatildeo e reparaccedilatildeo serviccedilo esse necessaacuterio a uma futura restauraccedilatildeo pois esta exige certas pesquisas locais que natildeo foram executadas pede a substituiccedilatildeo de elementos estruturais de acordo com as tendecircncias usos e costumes da eacutepococirc e aconselha a reposiccedilatildeo de elementos de composiccedilatildeo arquitetocircnica com maior cuidado

Em 22 de julho de 1980 realizou-se a primeira reuniatildeo do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Cultural de Piacuteracicaba (1 CODEPAC na qual ficou determinado que os Conselheiacuteros Guilhenne Viui Alberto Tomaziacute e Hugo Pedro Carradore huscassem toda a documentaccedilatildeo referente agraveCasa do Povoador referelle agrave sua restauraccedilatildeo que jaacute se iniciara naquele mecircs por autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT Pretendia o Conselho de Piracicaba que esta restauraccedilatildeo fosse realizada exatamente como aquele preacutedio se apresentava no tempo ou pelo menos num tempo pr6ximo acirc sua edificaccedilatildeo

Por motivos dos quais as justificativas natildeo conhecemos essa restauraccedilatildeo foi interrompida e a Casa do Povoadorencontra~se hoje em estado de abandono

Frente a tantas evidecircncias de que a CASA DO POVOADOR eacute indiscutivelmenle um marcO da histoacuteria da povoaccedilatildeo de Piracicaba cabe a todas as forccedilas vivas desta cidade lutar pela sua preservaccedilatildeo

BIBLIOGRAFIA

ALMANAQUE DE PIRACICABAmiddot para o ano ltfeacute 1900

CARRADOR1~Hugo Pedromiddot RetraiO das TradiCcedillks rirncica1rmas Ed Pre reirura Municipal de

PiradcabaSP 1978

GUERRJNI Leandro - Histoacuterll de PiraciCloo eacutem Quadrinhos Ed do lnstituloHis6rico c Geogtaacutefieo

de Piracicaha SP 1970

KRAHENBUHL Heacutelio Moratomiddot Almanaque dcPiacuteracicaba TlpografiaPauliS3 Iirlcicaba 1955

LEANDRO Luizmiddot Subsidios parn iI 11i(613 da CidadcGe Piradcaba Ed Jornal de Piracicalu SP

]861

NEME Maacuterio ~ Piracicaba (Doeumentacircrio) TipcgrnOa Plluli~l PiracicOO SP 1936

VON TSCHUDJ JJ - Reisen Durch Sud Amerika lo V BibliOftlll lautis13 Li Martlns SP 1954

PALAVRAS-CHAVE

Casa do PoV()ador - Escrituraccedilatildeo ~ Fundaccedilatildeo ~ Piracicaba - Tesiamentos

PIRACICABA BOCA DE SERTAtildeO o Porto a Paragem a Sesmaria a Povoaccedilatildeo

(1723-1767)

Marly Therezinha Germano Perecin

ANTIGOS CAMINHOS PAULISTAS

Os paulistas sempre se orgulharam de ser leais vassalos do Rei de Portugal (IlcrgtnvdoAnQ)o-Rela30do

e servidores dedicados da Coroa Ao longo do seacutec XVIII sustentando-se nas tieltpJS

suas bases os seus bens afazendados agraves vezes precariamente exercitavam a (2) 90xer gt A Idade de Ouro do

sua vocaccedilatildeo de sertanejar dilatando as atividades nas aacutereas mineradoras e na Brnilp27Jnmiddott

defesa das fronteiras Quase todos morrendo no anonimato e na pobreza deixando por heranccedila o nome de paulistas e no chatildeot uma grande paacutetria

Ao chegar no Estado doBrasil para assumir ) governo da Capiacutetaniacutea de Satildeo Paulo em 1721 j D Rodrigo Cesar de Menezes dispunha-se a materiacuteaH7ar a principal da incumbecircncias contidas nas suas Instruccedilotildees Reacutegias a abertura dos grandes caminhos coloniais A descoberta de um prodigioso centro de mineraccedilatildeo em Mato Grosso destacava o serissimo problema do abastecimento daquela aacuterea Objetivando estabelecer um caminho terrestre entre Satildeo Paulo e Cuiabaacute intencionou o famoso Picadagraveo de Mato Grosso (I) Eis na sua gecircnese aconcordacircnciacutea em que se empenharam os grandes nomes do sertanismo paulista e da qual saiacuteram-seI aparentemente vitoriosos Luiacutes Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva entre J723 e 1726

As preocupaccedilotildees com o ouro decidiram a viagem do Capitatildeo General em 1726 (quando o camiacutenho jaacute se achava em fase de aperfeiccediloamento) para Cuiabaacute onde permaneceu entre 1726 c 1728 Estranhamente preferia a longa e arriscada monccedilatildeo por Ararallaguaba ao caminho terrestre ObserVaccedilotildees feitas in loco decldjram~no pelo fechamento daquele eldorado a todo o tipo de forasteiro comerciantes e escravos que pudessem evadir o metal como receptadores ou contrabandistas Valeu-se de medidas opressoras da legislaccedilatildeo colonial contra os mineiros contra os otulves e joalheiros aos quais exigiu o feeh~mento das oficinas e das barracas (2 Quanto ao Picadatildeo caminho recentemente aberto e de vital importacircncia no abastecimento das acircreas de mineraccedilatildeo proibiacuteu~o ainda em 1726 Apenas consentiu que O mesmo fosse utilizado durante algum tempo) exclusivamente nas viagens de ida obrigando o regresso pejo tradicional caminho das monccedilotildees e~ em seguiacuteda iacutenterditou-o em definitivo amparado na ordem reacutegia de 1730

Obrigando o tracircnsiacuteto para o Centro~Oeste tatildeo somente pelos rios com a finalidade de evitar os descaminhos do ouro e outros expedientes

3 Boacuteut ~ Op ~l pl7

()~Arroyo~Opctp 38 e)9 JOtiAllplo GouIAI1~ TrtpMe T~naFo~doBruit Cf) Pedro Taquet- Nobiliacqula PauliNMH~eGmcabg1CA

p171

(6) MuI) T Q Porlaquoifl- O Picad10 de MtoVroraquoO(2) JP pl

inconfessaacuteveis D Rodrlgo Cesar de Menezes conftnava os mineiros de Mato Grosso e Guaporeacute sujeitando~os agrave deficiacutelima rota das monccedilotildees) a fIm de submetecirc~los aos Registros instalados nos pontos principais das passagens m

Estranhamente zeloso na defesa dos interesses reais natildeo impediu que o seu soacutecio Sebastiatildeo Fernandes do Rego abocanhasse o pesado cofre doS quintos reais do OUTO nem que se consumasse a perseguiccedilatildeo (por motivos de cobiccedila e vinganccedila) sobre os Innatildeos Leme famosos sertanIacuteslas de ltu Em contra~partida a sua exigecircncia sobre os caminhos fluviais atraiu a atenccedilatildeo iacutendgena para O

saque dos comboios A partir de 1725 os caminhos fluviais assinalavam~se pelas trageacutedias provocadas pelas iacutensidiosas moleacutestias que acometiam jaacute em pJeno Tietecirc e pelos mortiacuteferos ataques indiacutegenas ao longo das bacias dos rios Paranaacute e Paraguai provenientes das trecircs grandes naccedilotildees caiapoacute paiacuteaguaacute guaicuru

A sua alegaccedilatildeo a respeito da insuficiecircncia de animais para o transporte terrestre agraves regiotildees mineiras natildeo era totalmente infundada poreacutem eacute sabido que no final da deacutecada de vinte comeccedilavam a chegar a Satildeo Paulo as primeiras tropas de muares Poucos anos posteriormente no governo de Francisco Caldeira Pimentel o Capitatildeo Cristoacutevatildeo Pereira de Abreu abriu a famosa estrada do Viamatildeo ateacute Sorocaba conhecida por Estrada Real em 1733 (4) Dava-se iniacutecio ao ciclo do muar e agraves feiras sorocabanas que despejavam em Satildeo Paulo os colossais rebanhos provenientes das aacutereas sulinas de cria toacuterio vindo a possibilitar a organizaccedilatildeo de um complexo viaacuterio e um sistema de transportes para todas as Capitanias do Estado do Brasil

A interdiccedilatildeo do Picadatildeo de Mato Grosso deitou consequecircnciacuteas sobre o sertatildeo do Piracicabat arruinando as esperanccedilas dos sesmeiros e posseiros que logo apoacutes a abertura do caminho buscaram estabelecer~se nos pontos estrateacutegicos partIacutecularmente entre ltu Capivari e o porto de Piracicaba A intenccedilatildeo de fazer bons negoacutecios com o produto das roccedilas e do criatoacuterlo destinado ao abastecimento dos comboios para Mato Grosso logo caiu em desacircnimo Salvavam ainda algumas canoas procedentes do Tietecirc ao porto de Piracicabat

mas natildeo era alento suficiente para fixar povoamento naquele sertatildeo O decliacutenio dos rendimentos da mineraccedilatildeo a partir de 1732 a ligaccedilatildeo

terrestre entre Cuiabaacute e a estrada nova de Goiaacutes em 1737 a separaccedilatildeo de Mato Grosso da Capitania de Satildeo Paulo e a extinccedilatildeo desta em 1748 liquidaram as chances de ocupaccedilatildeo e povoamento no sertatildeo do Piracicaba ateacute 1767

o PICADAtildeO DE MATO GROSSO

Abrir agraves proacuteprias espensas um caminho daquela magnitude era desafio para os mais renomados sertanistas Dadas as precaacuterias condiccedilotildees materiai~ e as cicloacutepicas dificuldades poucos estavam em situaccedilatildeo de COlTesponder~ por mais interessantes que fossem as recompensas em rendimentos ou tiacutetulos enobrecedores Houve tentativas fracassadas ($)

Luiacutes Pedroso de Barros um dos mais famosos Cabos de Guerra dos paulistas durante Emboabas executou a faccedilanha correndo todos os riscos e o fez inteiramente de graccedila como parte de um acordo mediacuteante o quaJ receberia o perdatildeo por um crime que natildeo cometera Em oportunidade anteriorjaacute contamos o seu envoIvimento na assuada ao Dezembargador Sottomayor episoacutedio que lhe valeu dez anos de exiacutelio forccedilado nos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc Foi~ lhe um tremendo sacrifiacutecio Bandeirante natildeo gosta de morrer na cama nem de assistir enferrujar as juntas do corpotJ

Natildeo resistindo agravequela mortificaccedilatildeo o grande paulista de Santana de Parnaiacuteba acabou pedindo indulto ao governador portuguecircs oferecendo em troca os seus

serviccedilos em favor do caminho para Cuiabaacute Aliaacutes natildeo falava unicamente por si mas por todo o grupo que comandava Era um grande nome eximia conhecedor dos caminhos particularmente no Oeste paulista a sua gente ardia por mobilidade e aventuras Quem eram Todo o tipo de agregados inclusive a parentela e os amigos mais a valente caboclada e Os bugres(1)

Fechado o acordo entrou em cena um personagem da sua inteira confianccedila o ituano e tambeacutem valente sertanista Felipe Cardoso o qual partiu com gente debaixo do seu comando para a abertura da primeira picada aqui que seria o segmento inicial do Picadatildeo do Mato Grosso Este eacute um dos primeiros personagens documentados da historiografia piacuteraciacutecabana Realizou-a provavelmente no segundo semestre de 1722 Ou no primeiro semestre de 1723 completando a varaccedilatildeo dos sertotildees do Tietecirc e do Capivariacute ateacute o porto do rio PiracicabatC)

A paragem do Piracicaba era conhecida remotamente pelos sertanistas de Satildeo Paulo O porto estabelecido ao peacute do Salto era buscado pelos entradislaS provenientes de ltu atraveacutes do caminho fluvial do Tietecirc e do Piracicaba apoacutes sete a oito dias de viagem Outros caminhos conhecidos pela cultura iacutendigena tambeacutem traziam agrave Piracicaba mas este era o preferido pelos antigos paulistas A principal referecircncia geograacutefica era o porto imemorialmente estabelecido junto ao Salto considerado um marco nas rotas de penetraccedilatildeo aos Morros de Araraquara (Satildeo Pedro) onde a tradiccedilatildeo bandeirante dizia existir Ouro Os caminhos dos antigos paulistas finnavam~se sobre 3S velhas trilhas indiacutegenas e eram objeto do maior segredo A velba trilha caiacuteapoacute coneclando o Porto de Piracicaba aos Morros de Araraquara natildeo fazia exceccedilatildeo era patrimocircnio bandeirante Parece que a novidade introduzida por Felipe Cardoso no seacutec XVII] foi viabilizar a ligaccedilatildeo terrestre direta entre Itu e o porto do rio Piracicaba reduzindo agrave metade a longa jornada fluvial Provavelmente outro segredo bandeirante colhido agrave cultura iacutendiacutegena(9)

Felipe Cardoso executou a sua parte na empreitada Aberto o caminho cabia-lhe arranchar-se com sua gente junto ao porto para facilitar as operaccedilotildees de Luis Pedroso de Barros que lhe vinha aO encalccedilo Haveria de aguardaacute-lo dar-lhe passagem sobre O rio abastecer-lhe a expediccedilatildeo guarnecer-lhe a retaguarda enquanto perdurasse a devassa no rumo do rio Paranaacute Era o viacutenculo permanente com oS centros da civilizaccedilatildeo Itu Santana dePamaiacuteba Satildeo Paulo Futuramente planejava tirar partido do seu feito mas enquanto duraram as operaccedilotildecs de abertura do Picadacirco de Mato Grosso prestou toda a indispensagravevel assistecircncia a Luis Pedroso de Barros e forneceu-lhe viacuteveres gratuitamentetIO)

Portanto quando em 0210811723 aquele partiu da sua vila nataljaacute funcionava um estabelecimento em Piracicaba tocado pelos bugres e caboclos do seu comandante Felipe Cardoso Jaacute Se investira cabedais junto ao porto do rio Piracicaba

HISTOacuteRIA E FICCcedilAtildeO

Podemos reconstituir de memoacuteria o que foi o encontro destes velhos sertanistas de Satildeo Pau]o naquele mecircs de agosto de 1723

Um belo dia percorrendo a aacuterdua trilha aparece no topo da esplanada da Catedral (praccedila Joseacute Bonifaacutecio) entatildeo coberta pela densa mata subtropical o grande Cabo de Guerra Luis Pedroso de Barros Ei~lo descendo com a sua gente a ladeira do Picadaacuteo (a rua Morais Barros) As suas bolaS de sete leacuteguas vecircm a macerar a poeira de um novo caminho os caboclos tecircm peacutes ligeiacuteros~ pernas de bugres cortem mais do que pensamento Vecircm muiacuteUacutel animosos deixaram ltu haacute trecircs ou quatro dias e nem apresentam cansaccedilO Ao divisar o

(7)idan ibiacutedcm ~()) IP p2

(S)MulyT O -o Cf (3) 1pp2

(9) Jorp BaItStrini 1 ~ OCamInho deLulIP~deBttrOSltev mOSP ~OL LXVIp92 cp99

(10) LigtTQ de Semwia (1720-17)6) Doe xxxvm p12 116

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 6: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

--lIIUCeU em 111 em J$ de qtmo de 1110 Scwamp JII1s flaquoIn TonutOacute SilYampowdc-POl1O~td Get1nidcfMampria~Cooedccedilio DIl lIIIl ituacutelzIcil p1UtO te ube CUoue

em 1$30 com apreW 20 aoot Em 1I44tBnsfcriu pat1I~ ~dtsdt logocomo tuamp

Mirue1zinho nampo fugiu i iacuteoflulDda -111 LcmpO ampaum~tIeo CD 1ibenJ JJmlptt ~ 8 h~justiCcedil1l tociJuuml c idtntidadedo povo bnsikiro MUumlSiacuteagtpogtetapintorwullot cqWlaacute()atinis14 vcnadoem kologiA poreacutem um autodidata Altiva infIllgtCttlJ1IbalhAdor bom muumls)co exctlmttorganiN chegou ~bridlrum 6rg1opanla Jpjto amp3MortedcPirlcicabaquc ~ltdir~laquogtmtinco

palaCUde l00s000ttlaquoOcircidas da impmtrizna~qllttbe oecircnouuma imagem di Santa Ttre9 que esculpira emj~DlleAffollSOtildei raunay o OO$S(I hisQriador maiot fuma Pintor de nccedila roi talvez () homem que maU pintou o EsUt60 de S)1gtu)n Penomndoacute grmdenlIacutelntltllk cidtddtliraquoM apatlaquoiII em lodosos momcntos de festA pluioacutetical pint1tdoalegoriuctnllJCCl de triUAtlraquo ergwmo colunaus em laquofe$ buc61ieas piesWldo o COOMW de tuiacute in$p~ lO ttalte du r~lividades civiccedila e religiow- Emoutto ardgopubli~o em 1911 o mesmo nlstoUdorcommta

Segundo as anotaccedilotildees do pintor Atchiacutemedes Dutra (1967) bisneto de Miguelzinho (raquo a reproduccedilatildeo fotograacutefica do verso mostra uma aacutegua folie (grnvura) de Pedroso que ilustra a paacutegina 393 do VII volume do Archivo Pitoresco de Liacutesboa1 editado em 1864 referente agrave Cascata no Rio Piracicaba ~ Vila Nova da Constituiccedilatildeo

Para Arcbimedes Dutra tanto a grnvura como o quadro satildeo reproduccedilotildees de uma aquarela original de Miguel Atcbanjo Benficio d Assunpccedilatildeo Dutra feitas em 1850 nesta cidade de Piracicaba no intuito de fixar o local do nascedouro

Pelos levantamentos feitos com o auxiHo do companheiro do Instituto Hist6rico e Geogratildefico de Piracicaba Jair Toledo Veiga atraveacutes de escrituras e inventaacuterios chegamos ateacute Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior que adquiriu por escritura em 13 de agosto de 1890 (cal1Oacuterio do I oficio livro 97 fl 1) de Joaquim Ferraz de Camargo e seus filhos a casa com o respectivo terreno na Rua do Porto Essa propriacuteedade~ Joaquina Ferraz de Camargo recebera por heranccedila de Joseacute Carlos Camargo Muito se discutiu sobre o assunto~ ateacute que o prefeito municipal Jorge Pacheco Chaves atraveacutes do decreto n 22 de Q5 de outubro de 1944 declarou o velbo casaratildeo de utilidade puacuteblica a fim de ser adquirido por desapropriaccedilatildeo judicial ou por via amigaacutevel para constituir-se em patrimOcircnio histoacuterico

No dia 29 de dezembro de 1945 por escritura lavrada no l tabeliatildeo (livro 344 fls 5) a Prefeitura adquiriu de Joseacute Vigno e sua mulher Maria BUZUIO o referido sito atilde Rua do Porto sob n I pela importacircncia de 8000$000

Joseacute Vigno havia comprado essa casa do Dr Holger Jensen Kock e sua mulher em 12 de dezembro de 1929 cuja escritura se encontra no 1 tabeliatildeo (livro 231 fls 173 transcriccedilatildeo sob n 16531 fls 179 do livro 3-Q)

O Dr Holger Jensen adquirira o im6vel por escritura de compra e venda em 10 de gosto de 1922 do Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee (1 tabeliatildeo livro A-47 fls 42)

O Asilo de Oacuterfatildeo Coraccedilatildeo de Maria Nossa Matildee lorna-se proprietaacuterio da suposta Casa do Povoador em 21 de janeiro de 1922 no inventaacuterio de Maria Antonia Torres processado no cartoacuterio do 1 Q oficio (gaveta ou maccedilo na 113)

Maria Antonia Torres adquiriu o casaratildeo em 14 de novembro de 1913 no inventaacuterio de Firmino Bueno de Olhoeira (processado no 10 oficio local) (gaveta ou maccedilo n 8-103) Firmino era dono dos preacutedios de nuacutemeros 6 I 2 e 3

Seguado consta em escritura lav1lda em 13 de janeiro de 1909 (cart6rio 20 oficio livro 93 fls 24) Firmino Bueno comprou de Antocircnio DIas Naacutepoles e sua mulher a casa de sobradocom o respectivo terreno anexo na Rua do Pono no quarteiratildeo entre as Ruas Satildeo Joseacute e Prudente de Moraes

As duacutevidas comeccedilam de 1894 para traacutes Neste ano parece que Finnino Teixeira comprou a propriedade de Claudio Severiano Luz Teixeira A escritura natildeo foi encontrada mas na prefeitura ltgt preacutedio ndeg 21 estaacute em nome deste

Claudio Severiano Luz Teixeira por escritura datada de 02 de junho de 1894 comprou de Ana Brandiacutena de Oliveira viuacuteva de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cart6rio do r oficio livro 61 fls 29) por 300$000 (trezenlos mil reacuteis) trecircs casas entre as Ruas Prudente de Moraes e Satildeo Joatildeo~ agrave margem esquerda do Rio Piracicaba

Do inventaacuterio de Manuel Joatildeo Ferreira Juacutenior (cartoacuterio do 10 oficio gavera 28) coube metade dos bens para a viuacuteva e a outra metade a Sebastiatildeo das Neves Ribeiro casado com sua filha Maria Ferreira das Neves Neste jnventaacuterio foi descrita uma casa de sobrado na Rua da Praia nO 6 (Casa da Alfatildendega) que dividia por um lado com Ana de Arruda (Ana Joaquina de Arruda) mulher

de Joseacute Campos Negreiros do outro lado com a Rua Satildeo Joseacute Pelos fundos com a propriedade de Antocircnio de Faria de Souza com o moinho e serra daacutegua avaliado em 2300$00 (dois contos e trezentos mil reacuteis)

No testamento de Ana Joaquina de Arruda falecida em 20 de dezembro de 1847 esta declara ser filha de Mariacutea Flocircr Morais (ou Flora) viuacuteva de um emigrado que manteve Um escandaloso romance com o comandante CarJos Bartolomeu de Arruda (6)

Haacute uma curiosa correspondecircncia de autoria do padre Francisco Assis Pinto de Castro (ProL de Latim e Francecircs em 1856 nesta cidade de Piacuteracicaba) na qual em uma das cartas datada em J 858 descreve e desenha os principais edificios da Vila da Constituiccedilatildeo havidos na eacutepoca

Quando o padre descreve os preacutedios de sobrados cita entre outros o existente na rua da Praia (Hoje Avenida Beira Rio)

Sobrados - O do Sr Rocha do Sr Momto o Sr Antonico de Barros o do Sr Dr Torquato o da Senhora dona Hennehnda professora de primeiras letras O do Sr Braz O do Sr Henrique Alematildeo um outro cujo nome natildeo sei na rua da Praia

Este uacuteltimo s6 pode ser a chamada Casa do Povoador que apareec no volume VlI do Arquivo Pitoresco de Lisboa

Contando com a atenccedilatildeo do confrade Guilherme Viui1 dedicado Historioacutegrafo arquivista e doctiloquo do passado piracicabano encontramos no 1deg livro de Atas da vereanccedila (fls 4S v) uma resoluccedilatildeo que nos leva a concluir que a havida Casa do Povoador jaacute existia antes de 1824 pois a partir desta data ao que parece natildeo foi construiacuteda qualquer outra edificaccedilatildeo no lado direito da rua do Porto rente agraves aacuteguas do Piracicaba em razatildeo de proibiccedilatildeo detennindada por resoluccedilatildeo da Catildemara como se pode inferir da leitura da citada ata Para melhor observaccedilotildees transcrevemos O trecho do texto em questatildeo

VEREANCcedilA W livro de Atas fls 4S v) Aos nove de junho de mil oiacutetocentos e vinte e quatro nesta VHla da Constituiccedilatildeo e Catas da Residecircncia do Juiz Ordinaacuterio Mashynoel Joaquim PintO de Arruda onde Outrossim observaratildeo que fazendose quarteiroens regulares de quarenta braccedilas resta vatildeo na proximidade do Rio trinta braccedilas de extenccedilarnt que non daacute para outro quarteiratildeo e livre servidatildeo na margem do Rio c por isso~ ascntamo acrescentar oilo braccedilas ao uacuteltimo quarteiratildeo e deixar o resto para servidatildeo da margem do Rio onde nam seraacute permitido levanlarem edificio algum Nada mais bouve e assignaram o Piloto Feliz Leme c Antonio do Espiacuterito San10 assignou o seu signnl costumado que be huma cruzl e eu Antonio de Campos Bicudo Escrivam que O escrevi Assigno como Presidente desta Corporaccedilatildeo natildeo porque ahi he a dita Rua alinhada directa para o fim tendo no principio hua largura no fim acresce dez braccedilas maiacutes ou menos Arruda Soares Amaral Conceiacuteccedilam Correia Felis Leme de Oliveira Cruz de AntonIo + do Espiacuterito Santo

Reconhecendo o valor memorial da CASA DO POVOADOR depois desapropriada e adquirida pela Prefeitura atendendo a uma solicitaccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba Vinicio SteIacuten Campos Conselhelro~Secretaacuterio do Conselho de defesa do Patrimocircnio Histoacuterico j Artiacutestico e TurlSlico do Estado propocircs ao Oacutergatildeo a abertura do processo de tombamento isso em 31 de marccedilo de 1969

ViYia fieSA ~ na pttIvmcude Sampo hWo em Imum lItIacutertamp

~aquemdew~ pUiJta~~)

ifnlllnOMisucl ~jQBetkio ~Ammpccedillo Dum homem qle

deve ter tido siagularintuiccedillo artistia puarWsdriaccedilJo asfubdora do ~ tio IIffDsz1do do BIotildeSilm1rof1~ cohtemodo a~ agrave arte rinIava ~aoidolCSnauf1li$ e $eU

dtsethOleaqUllleIa$ inpw e primitivn lem hoje um valor dQcuIIlaquolIllLFoiquem~ua seric de vistuqut omamaplanu de 1841 de RuCUl)lOieacute Bc1iprioe Coua 0$ rnals antigos docwnenUJS iconogriiacutehw OXibeddPI llJI capillll puliJtl

fipelosidosde 1776cu eoltandlnrtdotk$~amp fQSCcedil(lIJlJlld dafregue$iacuteaCarlos Bartholorntu tk AnuIh Natural de ltu ondchtlQcwooa filmUia IOm01Hcna~ccedillo muIO alLfIlIdo de todo pela illnuircill quc tinJa sobre Capito-Fundldar ImrnanrtCUnheddamenle pcnCIW

violenlO e mau politico E3 de qticm ahrnmbva o pe$Sinm gtnio de Antbruo Conta B~evitlnJo lTIUiUlS Vetes quenos SCl$

momenos dc eoacuteell comcleue ~liflOr Foi ~$$~ hom~m motivo d~ ncatildendlloc d~ muho meotenco na joVrnl popul~CcedilAgraveo Tendo fllecidoum nooemipo d3 qplcrn amigo Carlos O-tholomeu p~$$OOlCllmObf l

jovem VIUV1l visitandra todIs tS

llOiacutetn

Olra)tempo O rala-fala foi ~epuiQUdfnlaquoOdiclm

tIOt~dirigldlnllOCapillo PooWdot sobh 6i1UC1 GOI1SOtrccedillo ~IO$I AntampioCltlnta 8ubo5a frgti obrigado inteirv-k do UacuteIOC levmiddot10 110 eonbecimenlodrgt Cpi~mor de ltu pedindo a retindcoo(~tcamp(errccedila

Poreacutem quudoa poputrccedillo flCOl 1OIl~00da p)Ufvd ~ de 8lUtholomcu~flltade freioH 00 Povoador rauma repc=uccedillo em fAVO( de Na

~nopoM F~tc lIOllCilnlcCidol o Capitkgt DiretCrdctumioou que a dita viiiv rrgtne UiWJapAJA lru Eua por rua v~z ehtgamlrgt w~~iiionqJCtU ao Capirl) Btnl de 51oPawo O rctomo aacute P irndeilba aleBmllq que ) ategt impoitC po=lM ~apitks IuYla sido lllffllllrubitrariedsdc dllendoaindiJ que havia deiulo bt1U Im

Piruiuba t que01 mamQ5 ~$UlIm~ernlUf~e dttrpidAdOf Resulli1u de~u pdccedillo seu l~tOf1lO e UfNI QJdcm a Antocircnio Ctm~

aalivu UprtU3 nes1estrnno~

+Nlocumnlli que CAFlos visih Flor cmcai3 desu e ncmque esU isitc oeomandMI~ emt1W deste l alrm dislo qllC 110 $I CltIcunln nn pme algunulecirc nlUIOOM Uipoell

Em 09 de marccedilo de 1970 o Secretaacuterio de Cultura da eacutepoca Orlando Zancaner nos tecircnnos do artigo ldeg do Decreto-Lei nl) 149 de 15 de agosto de 1969~ decreou o tombamento da Casa do Povoador como monumento hist6rico do Estado de Satildeo Paulo Essa resoluccedilatildeo foi publicada no Diaacuterio Oficial de lO de marccedilo de 1970 (paacuteg 48)

No ano seguiacutente em 31 de marccedilo de 1971 o Prefeito Caacutessio Paschoal Padovani recebeu traveacutes do oficio pC-Isn I autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT para executar obras de emergecircnciacutea na Casa do Povoador pois esta encontrava~ se em ruiacutenas

Em primeiro de dezembro de 1971 o engenlleiro Fernando Nunes de Abreu assinou o laudo de conclusatildeo de Obra A vistoria pelo CONDEPHAAT deu~se em marccedilo de 1972 em cujo laudo assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Cerqueiacutera Lemos baacute severas criticas

Natildeo houve ao contraacuterio do que Se diz em fls 60 deste processo trabalhos de restauraccedilatildeo Podemos diacutezer simplesmente que foi feito um razoaacutevel serviccedilo de consoliacutedaccedilatildeo e reparaccedilatildeo serviccedilo esse necessaacuterio a uma futura restauraccedilatildeo pois esta exige certas pesquisas locais que natildeo foram executadas pede a substituiccedilatildeo de elementos estruturais de acordo com as tendecircncias usos e costumes da eacutepococirc e aconselha a reposiccedilatildeo de elementos de composiccedilatildeo arquitetocircnica com maior cuidado

Em 22 de julho de 1980 realizou-se a primeira reuniatildeo do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Cultural de Piacuteracicaba (1 CODEPAC na qual ficou determinado que os Conselheiacuteros Guilhenne Viui Alberto Tomaziacute e Hugo Pedro Carradore huscassem toda a documentaccedilatildeo referente agraveCasa do Povoador referelle agrave sua restauraccedilatildeo que jaacute se iniciara naquele mecircs por autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT Pretendia o Conselho de Piracicaba que esta restauraccedilatildeo fosse realizada exatamente como aquele preacutedio se apresentava no tempo ou pelo menos num tempo pr6ximo acirc sua edificaccedilatildeo

Por motivos dos quais as justificativas natildeo conhecemos essa restauraccedilatildeo foi interrompida e a Casa do Povoadorencontra~se hoje em estado de abandono

Frente a tantas evidecircncias de que a CASA DO POVOADOR eacute indiscutivelmenle um marcO da histoacuteria da povoaccedilatildeo de Piracicaba cabe a todas as forccedilas vivas desta cidade lutar pela sua preservaccedilatildeo

BIBLIOGRAFIA

ALMANAQUE DE PIRACICABAmiddot para o ano ltfeacute 1900

CARRADOR1~Hugo Pedromiddot RetraiO das TradiCcedillks rirncica1rmas Ed Pre reirura Municipal de

PiradcabaSP 1978

GUERRJNI Leandro - Histoacuterll de PiraciCloo eacutem Quadrinhos Ed do lnstituloHis6rico c Geogtaacutefieo

de Piracicaha SP 1970

KRAHENBUHL Heacutelio Moratomiddot Almanaque dcPiacuteracicaba TlpografiaPauliS3 Iirlcicaba 1955

LEANDRO Luizmiddot Subsidios parn iI 11i(613 da CidadcGe Piradcaba Ed Jornal de Piracicalu SP

]861

NEME Maacuterio ~ Piracicaba (Doeumentacircrio) TipcgrnOa Plluli~l PiracicOO SP 1936

VON TSCHUDJ JJ - Reisen Durch Sud Amerika lo V BibliOftlll lautis13 Li Martlns SP 1954

PALAVRAS-CHAVE

Casa do PoV()ador - Escrituraccedilatildeo ~ Fundaccedilatildeo ~ Piracicaba - Tesiamentos

PIRACICABA BOCA DE SERTAtildeO o Porto a Paragem a Sesmaria a Povoaccedilatildeo

(1723-1767)

Marly Therezinha Germano Perecin

ANTIGOS CAMINHOS PAULISTAS

Os paulistas sempre se orgulharam de ser leais vassalos do Rei de Portugal (IlcrgtnvdoAnQ)o-Rela30do

e servidores dedicados da Coroa Ao longo do seacutec XVIII sustentando-se nas tieltpJS

suas bases os seus bens afazendados agraves vezes precariamente exercitavam a (2) 90xer gt A Idade de Ouro do

sua vocaccedilatildeo de sertanejar dilatando as atividades nas aacutereas mineradoras e na Brnilp27Jnmiddott

defesa das fronteiras Quase todos morrendo no anonimato e na pobreza deixando por heranccedila o nome de paulistas e no chatildeot uma grande paacutetria

Ao chegar no Estado doBrasil para assumir ) governo da Capiacutetaniacutea de Satildeo Paulo em 1721 j D Rodrigo Cesar de Menezes dispunha-se a materiacuteaH7ar a principal da incumbecircncias contidas nas suas Instruccedilotildees Reacutegias a abertura dos grandes caminhos coloniais A descoberta de um prodigioso centro de mineraccedilatildeo em Mato Grosso destacava o serissimo problema do abastecimento daquela aacuterea Objetivando estabelecer um caminho terrestre entre Satildeo Paulo e Cuiabaacute intencionou o famoso Picadagraveo de Mato Grosso (I) Eis na sua gecircnese aconcordacircnciacutea em que se empenharam os grandes nomes do sertanismo paulista e da qual saiacuteram-seI aparentemente vitoriosos Luiacutes Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva entre J723 e 1726

As preocupaccedilotildees com o ouro decidiram a viagem do Capitatildeo General em 1726 (quando o camiacutenho jaacute se achava em fase de aperfeiccediloamento) para Cuiabaacute onde permaneceu entre 1726 c 1728 Estranhamente preferia a longa e arriscada monccedilatildeo por Ararallaguaba ao caminho terrestre ObserVaccedilotildees feitas in loco decldjram~no pelo fechamento daquele eldorado a todo o tipo de forasteiro comerciantes e escravos que pudessem evadir o metal como receptadores ou contrabandistas Valeu-se de medidas opressoras da legislaccedilatildeo colonial contra os mineiros contra os otulves e joalheiros aos quais exigiu o feeh~mento das oficinas e das barracas (2 Quanto ao Picadatildeo caminho recentemente aberto e de vital importacircncia no abastecimento das acircreas de mineraccedilatildeo proibiacuteu~o ainda em 1726 Apenas consentiu que O mesmo fosse utilizado durante algum tempo) exclusivamente nas viagens de ida obrigando o regresso pejo tradicional caminho das monccedilotildees e~ em seguiacuteda iacutenterditou-o em definitivo amparado na ordem reacutegia de 1730

Obrigando o tracircnsiacuteto para o Centro~Oeste tatildeo somente pelos rios com a finalidade de evitar os descaminhos do ouro e outros expedientes

3 Boacuteut ~ Op ~l pl7

()~Arroyo~Opctp 38 e)9 JOtiAllplo GouIAI1~ TrtpMe T~naFo~doBruit Cf) Pedro Taquet- Nobiliacqula PauliNMH~eGmcabg1CA

p171

(6) MuI) T Q Porlaquoifl- O Picad10 de MtoVroraquoO(2) JP pl

inconfessaacuteveis D Rodrlgo Cesar de Menezes conftnava os mineiros de Mato Grosso e Guaporeacute sujeitando~os agrave deficiacutelima rota das monccedilotildees) a fIm de submetecirc~los aos Registros instalados nos pontos principais das passagens m

Estranhamente zeloso na defesa dos interesses reais natildeo impediu que o seu soacutecio Sebastiatildeo Fernandes do Rego abocanhasse o pesado cofre doS quintos reais do OUTO nem que se consumasse a perseguiccedilatildeo (por motivos de cobiccedila e vinganccedila) sobre os Innatildeos Leme famosos sertanIacuteslas de ltu Em contra~partida a sua exigecircncia sobre os caminhos fluviais atraiu a atenccedilatildeo iacutendgena para O

saque dos comboios A partir de 1725 os caminhos fluviais assinalavam~se pelas trageacutedias provocadas pelas iacutensidiosas moleacutestias que acometiam jaacute em pJeno Tietecirc e pelos mortiacuteferos ataques indiacutegenas ao longo das bacias dos rios Paranaacute e Paraguai provenientes das trecircs grandes naccedilotildees caiapoacute paiacuteaguaacute guaicuru

A sua alegaccedilatildeo a respeito da insuficiecircncia de animais para o transporte terrestre agraves regiotildees mineiras natildeo era totalmente infundada poreacutem eacute sabido que no final da deacutecada de vinte comeccedilavam a chegar a Satildeo Paulo as primeiras tropas de muares Poucos anos posteriormente no governo de Francisco Caldeira Pimentel o Capitatildeo Cristoacutevatildeo Pereira de Abreu abriu a famosa estrada do Viamatildeo ateacute Sorocaba conhecida por Estrada Real em 1733 (4) Dava-se iniacutecio ao ciclo do muar e agraves feiras sorocabanas que despejavam em Satildeo Paulo os colossais rebanhos provenientes das aacutereas sulinas de cria toacuterio vindo a possibilitar a organizaccedilatildeo de um complexo viaacuterio e um sistema de transportes para todas as Capitanias do Estado do Brasil

A interdiccedilatildeo do Picadatildeo de Mato Grosso deitou consequecircnciacuteas sobre o sertatildeo do Piracicabat arruinando as esperanccedilas dos sesmeiros e posseiros que logo apoacutes a abertura do caminho buscaram estabelecer~se nos pontos estrateacutegicos partIacutecularmente entre ltu Capivari e o porto de Piracicaba A intenccedilatildeo de fazer bons negoacutecios com o produto das roccedilas e do criatoacuterlo destinado ao abastecimento dos comboios para Mato Grosso logo caiu em desacircnimo Salvavam ainda algumas canoas procedentes do Tietecirc ao porto de Piracicabat

mas natildeo era alento suficiente para fixar povoamento naquele sertatildeo O decliacutenio dos rendimentos da mineraccedilatildeo a partir de 1732 a ligaccedilatildeo

terrestre entre Cuiabaacute e a estrada nova de Goiaacutes em 1737 a separaccedilatildeo de Mato Grosso da Capitania de Satildeo Paulo e a extinccedilatildeo desta em 1748 liquidaram as chances de ocupaccedilatildeo e povoamento no sertatildeo do Piracicaba ateacute 1767

o PICADAtildeO DE MATO GROSSO

Abrir agraves proacuteprias espensas um caminho daquela magnitude era desafio para os mais renomados sertanistas Dadas as precaacuterias condiccedilotildees materiai~ e as cicloacutepicas dificuldades poucos estavam em situaccedilatildeo de COlTesponder~ por mais interessantes que fossem as recompensas em rendimentos ou tiacutetulos enobrecedores Houve tentativas fracassadas ($)

Luiacutes Pedroso de Barros um dos mais famosos Cabos de Guerra dos paulistas durante Emboabas executou a faccedilanha correndo todos os riscos e o fez inteiramente de graccedila como parte de um acordo mediacuteante o quaJ receberia o perdatildeo por um crime que natildeo cometera Em oportunidade anteriorjaacute contamos o seu envoIvimento na assuada ao Dezembargador Sottomayor episoacutedio que lhe valeu dez anos de exiacutelio forccedilado nos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc Foi~ lhe um tremendo sacrifiacutecio Bandeirante natildeo gosta de morrer na cama nem de assistir enferrujar as juntas do corpotJ

Natildeo resistindo agravequela mortificaccedilatildeo o grande paulista de Santana de Parnaiacuteba acabou pedindo indulto ao governador portuguecircs oferecendo em troca os seus

serviccedilos em favor do caminho para Cuiabaacute Aliaacutes natildeo falava unicamente por si mas por todo o grupo que comandava Era um grande nome eximia conhecedor dos caminhos particularmente no Oeste paulista a sua gente ardia por mobilidade e aventuras Quem eram Todo o tipo de agregados inclusive a parentela e os amigos mais a valente caboclada e Os bugres(1)

Fechado o acordo entrou em cena um personagem da sua inteira confianccedila o ituano e tambeacutem valente sertanista Felipe Cardoso o qual partiu com gente debaixo do seu comando para a abertura da primeira picada aqui que seria o segmento inicial do Picadatildeo do Mato Grosso Este eacute um dos primeiros personagens documentados da historiografia piacuteraciacutecabana Realizou-a provavelmente no segundo semestre de 1722 Ou no primeiro semestre de 1723 completando a varaccedilatildeo dos sertotildees do Tietecirc e do Capivariacute ateacute o porto do rio PiracicabatC)

A paragem do Piracicaba era conhecida remotamente pelos sertanistas de Satildeo Paulo O porto estabelecido ao peacute do Salto era buscado pelos entradislaS provenientes de ltu atraveacutes do caminho fluvial do Tietecirc e do Piracicaba apoacutes sete a oito dias de viagem Outros caminhos conhecidos pela cultura iacutendigena tambeacutem traziam agrave Piracicaba mas este era o preferido pelos antigos paulistas A principal referecircncia geograacutefica era o porto imemorialmente estabelecido junto ao Salto considerado um marco nas rotas de penetraccedilatildeo aos Morros de Araraquara (Satildeo Pedro) onde a tradiccedilatildeo bandeirante dizia existir Ouro Os caminhos dos antigos paulistas finnavam~se sobre 3S velhas trilhas indiacutegenas e eram objeto do maior segredo A velba trilha caiacuteapoacute coneclando o Porto de Piracicaba aos Morros de Araraquara natildeo fazia exceccedilatildeo era patrimocircnio bandeirante Parece que a novidade introduzida por Felipe Cardoso no seacutec XVII] foi viabilizar a ligaccedilatildeo terrestre direta entre Itu e o porto do rio Piracicaba reduzindo agrave metade a longa jornada fluvial Provavelmente outro segredo bandeirante colhido agrave cultura iacutendiacutegena(9)

Felipe Cardoso executou a sua parte na empreitada Aberto o caminho cabia-lhe arranchar-se com sua gente junto ao porto para facilitar as operaccedilotildees de Luis Pedroso de Barros que lhe vinha aO encalccedilo Haveria de aguardaacute-lo dar-lhe passagem sobre O rio abastecer-lhe a expediccedilatildeo guarnecer-lhe a retaguarda enquanto perdurasse a devassa no rumo do rio Paranaacute Era o viacutenculo permanente com oS centros da civilizaccedilatildeo Itu Santana dePamaiacuteba Satildeo Paulo Futuramente planejava tirar partido do seu feito mas enquanto duraram as operaccedilotildecs de abertura do Picadacirco de Mato Grosso prestou toda a indispensagravevel assistecircncia a Luis Pedroso de Barros e forneceu-lhe viacuteveres gratuitamentetIO)

Portanto quando em 0210811723 aquele partiu da sua vila nataljaacute funcionava um estabelecimento em Piracicaba tocado pelos bugres e caboclos do seu comandante Felipe Cardoso Jaacute Se investira cabedais junto ao porto do rio Piracicaba

HISTOacuteRIA E FICCcedilAtildeO

Podemos reconstituir de memoacuteria o que foi o encontro destes velhos sertanistas de Satildeo Pau]o naquele mecircs de agosto de 1723

Um belo dia percorrendo a aacuterdua trilha aparece no topo da esplanada da Catedral (praccedila Joseacute Bonifaacutecio) entatildeo coberta pela densa mata subtropical o grande Cabo de Guerra Luis Pedroso de Barros Ei~lo descendo com a sua gente a ladeira do Picadaacuteo (a rua Morais Barros) As suas bolaS de sete leacuteguas vecircm a macerar a poeira de um novo caminho os caboclos tecircm peacutes ligeiacuteros~ pernas de bugres cortem mais do que pensamento Vecircm muiacuteUacutel animosos deixaram ltu haacute trecircs ou quatro dias e nem apresentam cansaccedilO Ao divisar o

(7)idan ibiacutedcm ~()) IP p2

(S)MulyT O -o Cf (3) 1pp2

(9) Jorp BaItStrini 1 ~ OCamInho deLulIP~deBttrOSltev mOSP ~OL LXVIp92 cp99

(10) LigtTQ de Semwia (1720-17)6) Doe xxxvm p12 116

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 7: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

de Joseacute Campos Negreiros do outro lado com a Rua Satildeo Joseacute Pelos fundos com a propriedade de Antocircnio de Faria de Souza com o moinho e serra daacutegua avaliado em 2300$00 (dois contos e trezentos mil reacuteis)

No testamento de Ana Joaquina de Arruda falecida em 20 de dezembro de 1847 esta declara ser filha de Mariacutea Flocircr Morais (ou Flora) viuacuteva de um emigrado que manteve Um escandaloso romance com o comandante CarJos Bartolomeu de Arruda (6)

Haacute uma curiosa correspondecircncia de autoria do padre Francisco Assis Pinto de Castro (ProL de Latim e Francecircs em 1856 nesta cidade de Piacuteracicaba) na qual em uma das cartas datada em J 858 descreve e desenha os principais edificios da Vila da Constituiccedilatildeo havidos na eacutepoca

Quando o padre descreve os preacutedios de sobrados cita entre outros o existente na rua da Praia (Hoje Avenida Beira Rio)

Sobrados - O do Sr Rocha do Sr Momto o Sr Antonico de Barros o do Sr Dr Torquato o da Senhora dona Hennehnda professora de primeiras letras O do Sr Braz O do Sr Henrique Alematildeo um outro cujo nome natildeo sei na rua da Praia

Este uacuteltimo s6 pode ser a chamada Casa do Povoador que apareec no volume VlI do Arquivo Pitoresco de Lisboa

Contando com a atenccedilatildeo do confrade Guilherme Viui1 dedicado Historioacutegrafo arquivista e doctiloquo do passado piracicabano encontramos no 1deg livro de Atas da vereanccedila (fls 4S v) uma resoluccedilatildeo que nos leva a concluir que a havida Casa do Povoador jaacute existia antes de 1824 pois a partir desta data ao que parece natildeo foi construiacuteda qualquer outra edificaccedilatildeo no lado direito da rua do Porto rente agraves aacuteguas do Piracicaba em razatildeo de proibiccedilatildeo detennindada por resoluccedilatildeo da Catildemara como se pode inferir da leitura da citada ata Para melhor observaccedilotildees transcrevemos O trecho do texto em questatildeo

VEREANCcedilA W livro de Atas fls 4S v) Aos nove de junho de mil oiacutetocentos e vinte e quatro nesta VHla da Constituiccedilatildeo e Catas da Residecircncia do Juiz Ordinaacuterio Mashynoel Joaquim PintO de Arruda onde Outrossim observaratildeo que fazendose quarteiroens regulares de quarenta braccedilas resta vatildeo na proximidade do Rio trinta braccedilas de extenccedilarnt que non daacute para outro quarteiratildeo e livre servidatildeo na margem do Rio c por isso~ ascntamo acrescentar oilo braccedilas ao uacuteltimo quarteiratildeo e deixar o resto para servidatildeo da margem do Rio onde nam seraacute permitido levanlarem edificio algum Nada mais bouve e assignaram o Piloto Feliz Leme c Antonio do Espiacuterito San10 assignou o seu signnl costumado que be huma cruzl e eu Antonio de Campos Bicudo Escrivam que O escrevi Assigno como Presidente desta Corporaccedilatildeo natildeo porque ahi he a dita Rua alinhada directa para o fim tendo no principio hua largura no fim acresce dez braccedilas maiacutes ou menos Arruda Soares Amaral Conceiacuteccedilam Correia Felis Leme de Oliveira Cruz de AntonIo + do Espiacuterito Santo

Reconhecendo o valor memorial da CASA DO POVOADOR depois desapropriada e adquirida pela Prefeitura atendendo a uma solicitaccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba Vinicio SteIacuten Campos Conselhelro~Secretaacuterio do Conselho de defesa do Patrimocircnio Histoacuterico j Artiacutestico e TurlSlico do Estado propocircs ao Oacutergatildeo a abertura do processo de tombamento isso em 31 de marccedilo de 1969

ViYia fieSA ~ na pttIvmcude Sampo hWo em Imum lItIacutertamp

~aquemdew~ pUiJta~~)

ifnlllnOMisucl ~jQBetkio ~Ammpccedillo Dum homem qle

deve ter tido siagularintuiccedillo artistia puarWsdriaccedilJo asfubdora do ~ tio IIffDsz1do do BIotildeSilm1rof1~ cohtemodo a~ agrave arte rinIava ~aoidolCSnauf1li$ e $eU

dtsethOleaqUllleIa$ inpw e primitivn lem hoje um valor dQcuIIlaquolIllLFoiquem~ua seric de vistuqut omamaplanu de 1841 de RuCUl)lOieacute Bc1iprioe Coua 0$ rnals antigos docwnenUJS iconogriiacutehw OXibeddPI llJI capillll puliJtl

fipelosidosde 1776cu eoltandlnrtdotk$~amp fQSCcedil(lIJlJlld dafregue$iacuteaCarlos Bartholorntu tk AnuIh Natural de ltu ondchtlQcwooa filmUia IOm01Hcna~ccedillo muIO alLfIlIdo de todo pela illnuircill quc tinJa sobre Capito-Fundldar ImrnanrtCUnheddamenle pcnCIW

violenlO e mau politico E3 de qticm ahrnmbva o pe$Sinm gtnio de Antbruo Conta B~evitlnJo lTIUiUlS Vetes quenos SCl$

momenos dc eoacuteell comcleue ~liflOr Foi ~$$~ hom~m motivo d~ ncatildendlloc d~ muho meotenco na joVrnl popul~CcedilAgraveo Tendo fllecidoum nooemipo d3 qplcrn amigo Carlos O-tholomeu p~$$OOlCllmObf l

jovem VIUV1l visitandra todIs tS

llOiacutetn

Olra)tempo O rala-fala foi ~epuiQUdfnlaquoOdiclm

tIOt~dirigldlnllOCapillo PooWdot sobh 6i1UC1 GOI1SOtrccedillo ~IO$I AntampioCltlnta 8ubo5a frgti obrigado inteirv-k do UacuteIOC levmiddot10 110 eonbecimenlodrgt Cpi~mor de ltu pedindo a retindcoo(~tcamp(errccedila

Poreacutem quudoa poputrccedillo flCOl 1OIl~00da p)Ufvd ~ de 8lUtholomcu~flltade freioH 00 Povoador rauma repc=uccedillo em fAVO( de Na

~nopoM F~tc lIOllCilnlcCidol o Capitkgt DiretCrdctumioou que a dita viiiv rrgtne UiWJapAJA lru Eua por rua v~z ehtgamlrgt w~~iiionqJCtU ao Capirl) Btnl de 51oPawo O rctomo aacute P irndeilba aleBmllq que ) ategt impoitC po=lM ~apitks IuYla sido lllffllllrubitrariedsdc dllendoaindiJ que havia deiulo bt1U Im

Piruiuba t que01 mamQ5 ~$UlIm~ernlUf~e dttrpidAdOf Resulli1u de~u pdccedillo seu l~tOf1lO e UfNI QJdcm a Antocircnio Ctm~

aalivu UprtU3 nes1estrnno~

+Nlocumnlli que CAFlos visih Flor cmcai3 desu e ncmque esU isitc oeomandMI~ emt1W deste l alrm dislo qllC 110 $I CltIcunln nn pme algunulecirc nlUIOOM Uipoell

Em 09 de marccedilo de 1970 o Secretaacuterio de Cultura da eacutepoca Orlando Zancaner nos tecircnnos do artigo ldeg do Decreto-Lei nl) 149 de 15 de agosto de 1969~ decreou o tombamento da Casa do Povoador como monumento hist6rico do Estado de Satildeo Paulo Essa resoluccedilatildeo foi publicada no Diaacuterio Oficial de lO de marccedilo de 1970 (paacuteg 48)

No ano seguiacutente em 31 de marccedilo de 1971 o Prefeito Caacutessio Paschoal Padovani recebeu traveacutes do oficio pC-Isn I autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT para executar obras de emergecircnciacutea na Casa do Povoador pois esta encontrava~ se em ruiacutenas

Em primeiro de dezembro de 1971 o engenlleiro Fernando Nunes de Abreu assinou o laudo de conclusatildeo de Obra A vistoria pelo CONDEPHAAT deu~se em marccedilo de 1972 em cujo laudo assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Cerqueiacutera Lemos baacute severas criticas

Natildeo houve ao contraacuterio do que Se diz em fls 60 deste processo trabalhos de restauraccedilatildeo Podemos diacutezer simplesmente que foi feito um razoaacutevel serviccedilo de consoliacutedaccedilatildeo e reparaccedilatildeo serviccedilo esse necessaacuterio a uma futura restauraccedilatildeo pois esta exige certas pesquisas locais que natildeo foram executadas pede a substituiccedilatildeo de elementos estruturais de acordo com as tendecircncias usos e costumes da eacutepococirc e aconselha a reposiccedilatildeo de elementos de composiccedilatildeo arquitetocircnica com maior cuidado

Em 22 de julho de 1980 realizou-se a primeira reuniatildeo do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Cultural de Piacuteracicaba (1 CODEPAC na qual ficou determinado que os Conselheiacuteros Guilhenne Viui Alberto Tomaziacute e Hugo Pedro Carradore huscassem toda a documentaccedilatildeo referente agraveCasa do Povoador referelle agrave sua restauraccedilatildeo que jaacute se iniciara naquele mecircs por autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT Pretendia o Conselho de Piracicaba que esta restauraccedilatildeo fosse realizada exatamente como aquele preacutedio se apresentava no tempo ou pelo menos num tempo pr6ximo acirc sua edificaccedilatildeo

Por motivos dos quais as justificativas natildeo conhecemos essa restauraccedilatildeo foi interrompida e a Casa do Povoadorencontra~se hoje em estado de abandono

Frente a tantas evidecircncias de que a CASA DO POVOADOR eacute indiscutivelmenle um marcO da histoacuteria da povoaccedilatildeo de Piracicaba cabe a todas as forccedilas vivas desta cidade lutar pela sua preservaccedilatildeo

BIBLIOGRAFIA

ALMANAQUE DE PIRACICABAmiddot para o ano ltfeacute 1900

CARRADOR1~Hugo Pedromiddot RetraiO das TradiCcedillks rirncica1rmas Ed Pre reirura Municipal de

PiradcabaSP 1978

GUERRJNI Leandro - Histoacuterll de PiraciCloo eacutem Quadrinhos Ed do lnstituloHis6rico c Geogtaacutefieo

de Piracicaha SP 1970

KRAHENBUHL Heacutelio Moratomiddot Almanaque dcPiacuteracicaba TlpografiaPauliS3 Iirlcicaba 1955

LEANDRO Luizmiddot Subsidios parn iI 11i(613 da CidadcGe Piradcaba Ed Jornal de Piracicalu SP

]861

NEME Maacuterio ~ Piracicaba (Doeumentacircrio) TipcgrnOa Plluli~l PiracicOO SP 1936

VON TSCHUDJ JJ - Reisen Durch Sud Amerika lo V BibliOftlll lautis13 Li Martlns SP 1954

PALAVRAS-CHAVE

Casa do PoV()ador - Escrituraccedilatildeo ~ Fundaccedilatildeo ~ Piracicaba - Tesiamentos

PIRACICABA BOCA DE SERTAtildeO o Porto a Paragem a Sesmaria a Povoaccedilatildeo

(1723-1767)

Marly Therezinha Germano Perecin

ANTIGOS CAMINHOS PAULISTAS

Os paulistas sempre se orgulharam de ser leais vassalos do Rei de Portugal (IlcrgtnvdoAnQ)o-Rela30do

e servidores dedicados da Coroa Ao longo do seacutec XVIII sustentando-se nas tieltpJS

suas bases os seus bens afazendados agraves vezes precariamente exercitavam a (2) 90xer gt A Idade de Ouro do

sua vocaccedilatildeo de sertanejar dilatando as atividades nas aacutereas mineradoras e na Brnilp27Jnmiddott

defesa das fronteiras Quase todos morrendo no anonimato e na pobreza deixando por heranccedila o nome de paulistas e no chatildeot uma grande paacutetria

Ao chegar no Estado doBrasil para assumir ) governo da Capiacutetaniacutea de Satildeo Paulo em 1721 j D Rodrigo Cesar de Menezes dispunha-se a materiacuteaH7ar a principal da incumbecircncias contidas nas suas Instruccedilotildees Reacutegias a abertura dos grandes caminhos coloniais A descoberta de um prodigioso centro de mineraccedilatildeo em Mato Grosso destacava o serissimo problema do abastecimento daquela aacuterea Objetivando estabelecer um caminho terrestre entre Satildeo Paulo e Cuiabaacute intencionou o famoso Picadagraveo de Mato Grosso (I) Eis na sua gecircnese aconcordacircnciacutea em que se empenharam os grandes nomes do sertanismo paulista e da qual saiacuteram-seI aparentemente vitoriosos Luiacutes Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva entre J723 e 1726

As preocupaccedilotildees com o ouro decidiram a viagem do Capitatildeo General em 1726 (quando o camiacutenho jaacute se achava em fase de aperfeiccediloamento) para Cuiabaacute onde permaneceu entre 1726 c 1728 Estranhamente preferia a longa e arriscada monccedilatildeo por Ararallaguaba ao caminho terrestre ObserVaccedilotildees feitas in loco decldjram~no pelo fechamento daquele eldorado a todo o tipo de forasteiro comerciantes e escravos que pudessem evadir o metal como receptadores ou contrabandistas Valeu-se de medidas opressoras da legislaccedilatildeo colonial contra os mineiros contra os otulves e joalheiros aos quais exigiu o feeh~mento das oficinas e das barracas (2 Quanto ao Picadatildeo caminho recentemente aberto e de vital importacircncia no abastecimento das acircreas de mineraccedilatildeo proibiacuteu~o ainda em 1726 Apenas consentiu que O mesmo fosse utilizado durante algum tempo) exclusivamente nas viagens de ida obrigando o regresso pejo tradicional caminho das monccedilotildees e~ em seguiacuteda iacutenterditou-o em definitivo amparado na ordem reacutegia de 1730

Obrigando o tracircnsiacuteto para o Centro~Oeste tatildeo somente pelos rios com a finalidade de evitar os descaminhos do ouro e outros expedientes

3 Boacuteut ~ Op ~l pl7

()~Arroyo~Opctp 38 e)9 JOtiAllplo GouIAI1~ TrtpMe T~naFo~doBruit Cf) Pedro Taquet- Nobiliacqula PauliNMH~eGmcabg1CA

p171

(6) MuI) T Q Porlaquoifl- O Picad10 de MtoVroraquoO(2) JP pl

inconfessaacuteveis D Rodrlgo Cesar de Menezes conftnava os mineiros de Mato Grosso e Guaporeacute sujeitando~os agrave deficiacutelima rota das monccedilotildees) a fIm de submetecirc~los aos Registros instalados nos pontos principais das passagens m

Estranhamente zeloso na defesa dos interesses reais natildeo impediu que o seu soacutecio Sebastiatildeo Fernandes do Rego abocanhasse o pesado cofre doS quintos reais do OUTO nem que se consumasse a perseguiccedilatildeo (por motivos de cobiccedila e vinganccedila) sobre os Innatildeos Leme famosos sertanIacuteslas de ltu Em contra~partida a sua exigecircncia sobre os caminhos fluviais atraiu a atenccedilatildeo iacutendgena para O

saque dos comboios A partir de 1725 os caminhos fluviais assinalavam~se pelas trageacutedias provocadas pelas iacutensidiosas moleacutestias que acometiam jaacute em pJeno Tietecirc e pelos mortiacuteferos ataques indiacutegenas ao longo das bacias dos rios Paranaacute e Paraguai provenientes das trecircs grandes naccedilotildees caiapoacute paiacuteaguaacute guaicuru

A sua alegaccedilatildeo a respeito da insuficiecircncia de animais para o transporte terrestre agraves regiotildees mineiras natildeo era totalmente infundada poreacutem eacute sabido que no final da deacutecada de vinte comeccedilavam a chegar a Satildeo Paulo as primeiras tropas de muares Poucos anos posteriormente no governo de Francisco Caldeira Pimentel o Capitatildeo Cristoacutevatildeo Pereira de Abreu abriu a famosa estrada do Viamatildeo ateacute Sorocaba conhecida por Estrada Real em 1733 (4) Dava-se iniacutecio ao ciclo do muar e agraves feiras sorocabanas que despejavam em Satildeo Paulo os colossais rebanhos provenientes das aacutereas sulinas de cria toacuterio vindo a possibilitar a organizaccedilatildeo de um complexo viaacuterio e um sistema de transportes para todas as Capitanias do Estado do Brasil

A interdiccedilatildeo do Picadatildeo de Mato Grosso deitou consequecircnciacuteas sobre o sertatildeo do Piracicabat arruinando as esperanccedilas dos sesmeiros e posseiros que logo apoacutes a abertura do caminho buscaram estabelecer~se nos pontos estrateacutegicos partIacutecularmente entre ltu Capivari e o porto de Piracicaba A intenccedilatildeo de fazer bons negoacutecios com o produto das roccedilas e do criatoacuterlo destinado ao abastecimento dos comboios para Mato Grosso logo caiu em desacircnimo Salvavam ainda algumas canoas procedentes do Tietecirc ao porto de Piracicabat

mas natildeo era alento suficiente para fixar povoamento naquele sertatildeo O decliacutenio dos rendimentos da mineraccedilatildeo a partir de 1732 a ligaccedilatildeo

terrestre entre Cuiabaacute e a estrada nova de Goiaacutes em 1737 a separaccedilatildeo de Mato Grosso da Capitania de Satildeo Paulo e a extinccedilatildeo desta em 1748 liquidaram as chances de ocupaccedilatildeo e povoamento no sertatildeo do Piracicaba ateacute 1767

o PICADAtildeO DE MATO GROSSO

Abrir agraves proacuteprias espensas um caminho daquela magnitude era desafio para os mais renomados sertanistas Dadas as precaacuterias condiccedilotildees materiai~ e as cicloacutepicas dificuldades poucos estavam em situaccedilatildeo de COlTesponder~ por mais interessantes que fossem as recompensas em rendimentos ou tiacutetulos enobrecedores Houve tentativas fracassadas ($)

Luiacutes Pedroso de Barros um dos mais famosos Cabos de Guerra dos paulistas durante Emboabas executou a faccedilanha correndo todos os riscos e o fez inteiramente de graccedila como parte de um acordo mediacuteante o quaJ receberia o perdatildeo por um crime que natildeo cometera Em oportunidade anteriorjaacute contamos o seu envoIvimento na assuada ao Dezembargador Sottomayor episoacutedio que lhe valeu dez anos de exiacutelio forccedilado nos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc Foi~ lhe um tremendo sacrifiacutecio Bandeirante natildeo gosta de morrer na cama nem de assistir enferrujar as juntas do corpotJ

Natildeo resistindo agravequela mortificaccedilatildeo o grande paulista de Santana de Parnaiacuteba acabou pedindo indulto ao governador portuguecircs oferecendo em troca os seus

serviccedilos em favor do caminho para Cuiabaacute Aliaacutes natildeo falava unicamente por si mas por todo o grupo que comandava Era um grande nome eximia conhecedor dos caminhos particularmente no Oeste paulista a sua gente ardia por mobilidade e aventuras Quem eram Todo o tipo de agregados inclusive a parentela e os amigos mais a valente caboclada e Os bugres(1)

Fechado o acordo entrou em cena um personagem da sua inteira confianccedila o ituano e tambeacutem valente sertanista Felipe Cardoso o qual partiu com gente debaixo do seu comando para a abertura da primeira picada aqui que seria o segmento inicial do Picadatildeo do Mato Grosso Este eacute um dos primeiros personagens documentados da historiografia piacuteraciacutecabana Realizou-a provavelmente no segundo semestre de 1722 Ou no primeiro semestre de 1723 completando a varaccedilatildeo dos sertotildees do Tietecirc e do Capivariacute ateacute o porto do rio PiracicabatC)

A paragem do Piracicaba era conhecida remotamente pelos sertanistas de Satildeo Paulo O porto estabelecido ao peacute do Salto era buscado pelos entradislaS provenientes de ltu atraveacutes do caminho fluvial do Tietecirc e do Piracicaba apoacutes sete a oito dias de viagem Outros caminhos conhecidos pela cultura iacutendigena tambeacutem traziam agrave Piracicaba mas este era o preferido pelos antigos paulistas A principal referecircncia geograacutefica era o porto imemorialmente estabelecido junto ao Salto considerado um marco nas rotas de penetraccedilatildeo aos Morros de Araraquara (Satildeo Pedro) onde a tradiccedilatildeo bandeirante dizia existir Ouro Os caminhos dos antigos paulistas finnavam~se sobre 3S velhas trilhas indiacutegenas e eram objeto do maior segredo A velba trilha caiacuteapoacute coneclando o Porto de Piracicaba aos Morros de Araraquara natildeo fazia exceccedilatildeo era patrimocircnio bandeirante Parece que a novidade introduzida por Felipe Cardoso no seacutec XVII] foi viabilizar a ligaccedilatildeo terrestre direta entre Itu e o porto do rio Piracicaba reduzindo agrave metade a longa jornada fluvial Provavelmente outro segredo bandeirante colhido agrave cultura iacutendiacutegena(9)

Felipe Cardoso executou a sua parte na empreitada Aberto o caminho cabia-lhe arranchar-se com sua gente junto ao porto para facilitar as operaccedilotildees de Luis Pedroso de Barros que lhe vinha aO encalccedilo Haveria de aguardaacute-lo dar-lhe passagem sobre O rio abastecer-lhe a expediccedilatildeo guarnecer-lhe a retaguarda enquanto perdurasse a devassa no rumo do rio Paranaacute Era o viacutenculo permanente com oS centros da civilizaccedilatildeo Itu Santana dePamaiacuteba Satildeo Paulo Futuramente planejava tirar partido do seu feito mas enquanto duraram as operaccedilotildecs de abertura do Picadacirco de Mato Grosso prestou toda a indispensagravevel assistecircncia a Luis Pedroso de Barros e forneceu-lhe viacuteveres gratuitamentetIO)

Portanto quando em 0210811723 aquele partiu da sua vila nataljaacute funcionava um estabelecimento em Piracicaba tocado pelos bugres e caboclos do seu comandante Felipe Cardoso Jaacute Se investira cabedais junto ao porto do rio Piracicaba

HISTOacuteRIA E FICCcedilAtildeO

Podemos reconstituir de memoacuteria o que foi o encontro destes velhos sertanistas de Satildeo Pau]o naquele mecircs de agosto de 1723

Um belo dia percorrendo a aacuterdua trilha aparece no topo da esplanada da Catedral (praccedila Joseacute Bonifaacutecio) entatildeo coberta pela densa mata subtropical o grande Cabo de Guerra Luis Pedroso de Barros Ei~lo descendo com a sua gente a ladeira do Picadaacuteo (a rua Morais Barros) As suas bolaS de sete leacuteguas vecircm a macerar a poeira de um novo caminho os caboclos tecircm peacutes ligeiacuteros~ pernas de bugres cortem mais do que pensamento Vecircm muiacuteUacutel animosos deixaram ltu haacute trecircs ou quatro dias e nem apresentam cansaccedilO Ao divisar o

(7)idan ibiacutedcm ~()) IP p2

(S)MulyT O -o Cf (3) 1pp2

(9) Jorp BaItStrini 1 ~ OCamInho deLulIP~deBttrOSltev mOSP ~OL LXVIp92 cp99

(10) LigtTQ de Semwia (1720-17)6) Doe xxxvm p12 116

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 8: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

Olra)tempo O rala-fala foi ~epuiQUdfnlaquoOdiclm

tIOt~dirigldlnllOCapillo PooWdot sobh 6i1UC1 GOI1SOtrccedillo ~IO$I AntampioCltlnta 8ubo5a frgti obrigado inteirv-k do UacuteIOC levmiddot10 110 eonbecimenlodrgt Cpi~mor de ltu pedindo a retindcoo(~tcamp(errccedila

Poreacutem quudoa poputrccedillo flCOl 1OIl~00da p)Ufvd ~ de 8lUtholomcu~flltade freioH 00 Povoador rauma repc=uccedillo em fAVO( de Na

~nopoM F~tc lIOllCilnlcCidol o Capitkgt DiretCrdctumioou que a dita viiiv rrgtne UiWJapAJA lru Eua por rua v~z ehtgamlrgt w~~iiionqJCtU ao Capirl) Btnl de 51oPawo O rctomo aacute P irndeilba aleBmllq que ) ategt impoitC po=lM ~apitks IuYla sido lllffllllrubitrariedsdc dllendoaindiJ que havia deiulo bt1U Im

Piruiuba t que01 mamQ5 ~$UlIm~ernlUf~e dttrpidAdOf Resulli1u de~u pdccedillo seu l~tOf1lO e UfNI QJdcm a Antocircnio Ctm~

aalivu UprtU3 nes1estrnno~

+Nlocumnlli que CAFlos visih Flor cmcai3 desu e ncmque esU isitc oeomandMI~ emt1W deste l alrm dislo qllC 110 $I CltIcunln nn pme algunulecirc nlUIOOM Uipoell

Em 09 de marccedilo de 1970 o Secretaacuterio de Cultura da eacutepoca Orlando Zancaner nos tecircnnos do artigo ldeg do Decreto-Lei nl) 149 de 15 de agosto de 1969~ decreou o tombamento da Casa do Povoador como monumento hist6rico do Estado de Satildeo Paulo Essa resoluccedilatildeo foi publicada no Diaacuterio Oficial de lO de marccedilo de 1970 (paacuteg 48)

No ano seguiacutente em 31 de marccedilo de 1971 o Prefeito Caacutessio Paschoal Padovani recebeu traveacutes do oficio pC-Isn I autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT para executar obras de emergecircnciacutea na Casa do Povoador pois esta encontrava~ se em ruiacutenas

Em primeiro de dezembro de 1971 o engenlleiro Fernando Nunes de Abreu assinou o laudo de conclusatildeo de Obra A vistoria pelo CONDEPHAAT deu~se em marccedilo de 1972 em cujo laudo assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Cerqueiacutera Lemos baacute severas criticas

Natildeo houve ao contraacuterio do que Se diz em fls 60 deste processo trabalhos de restauraccedilatildeo Podemos diacutezer simplesmente que foi feito um razoaacutevel serviccedilo de consoliacutedaccedilatildeo e reparaccedilatildeo serviccedilo esse necessaacuterio a uma futura restauraccedilatildeo pois esta exige certas pesquisas locais que natildeo foram executadas pede a substituiccedilatildeo de elementos estruturais de acordo com as tendecircncias usos e costumes da eacutepococirc e aconselha a reposiccedilatildeo de elementos de composiccedilatildeo arquitetocircnica com maior cuidado

Em 22 de julho de 1980 realizou-se a primeira reuniatildeo do Conselho de Defesa do Patrimocircnio Cultural de Piacuteracicaba (1 CODEPAC na qual ficou determinado que os Conselheiacuteros Guilhenne Viui Alberto Tomaziacute e Hugo Pedro Carradore huscassem toda a documentaccedilatildeo referente agraveCasa do Povoador referelle agrave sua restauraccedilatildeo que jaacute se iniciara naquele mecircs por autorizaccedilatildeo do CONDEPHAAT Pretendia o Conselho de Piracicaba que esta restauraccedilatildeo fosse realizada exatamente como aquele preacutedio se apresentava no tempo ou pelo menos num tempo pr6ximo acirc sua edificaccedilatildeo

Por motivos dos quais as justificativas natildeo conhecemos essa restauraccedilatildeo foi interrompida e a Casa do Povoadorencontra~se hoje em estado de abandono

Frente a tantas evidecircncias de que a CASA DO POVOADOR eacute indiscutivelmenle um marcO da histoacuteria da povoaccedilatildeo de Piracicaba cabe a todas as forccedilas vivas desta cidade lutar pela sua preservaccedilatildeo

BIBLIOGRAFIA

ALMANAQUE DE PIRACICABAmiddot para o ano ltfeacute 1900

CARRADOR1~Hugo Pedromiddot RetraiO das TradiCcedillks rirncica1rmas Ed Pre reirura Municipal de

PiradcabaSP 1978

GUERRJNI Leandro - Histoacuterll de PiraciCloo eacutem Quadrinhos Ed do lnstituloHis6rico c Geogtaacutefieo

de Piracicaha SP 1970

KRAHENBUHL Heacutelio Moratomiddot Almanaque dcPiacuteracicaba TlpografiaPauliS3 Iirlcicaba 1955

LEANDRO Luizmiddot Subsidios parn iI 11i(613 da CidadcGe Piradcaba Ed Jornal de Piracicalu SP

]861

NEME Maacuterio ~ Piracicaba (Doeumentacircrio) TipcgrnOa Plluli~l PiracicOO SP 1936

VON TSCHUDJ JJ - Reisen Durch Sud Amerika lo V BibliOftlll lautis13 Li Martlns SP 1954

PALAVRAS-CHAVE

Casa do PoV()ador - Escrituraccedilatildeo ~ Fundaccedilatildeo ~ Piracicaba - Tesiamentos

PIRACICABA BOCA DE SERTAtildeO o Porto a Paragem a Sesmaria a Povoaccedilatildeo

(1723-1767)

Marly Therezinha Germano Perecin

ANTIGOS CAMINHOS PAULISTAS

Os paulistas sempre se orgulharam de ser leais vassalos do Rei de Portugal (IlcrgtnvdoAnQ)o-Rela30do

e servidores dedicados da Coroa Ao longo do seacutec XVIII sustentando-se nas tieltpJS

suas bases os seus bens afazendados agraves vezes precariamente exercitavam a (2) 90xer gt A Idade de Ouro do

sua vocaccedilatildeo de sertanejar dilatando as atividades nas aacutereas mineradoras e na Brnilp27Jnmiddott

defesa das fronteiras Quase todos morrendo no anonimato e na pobreza deixando por heranccedila o nome de paulistas e no chatildeot uma grande paacutetria

Ao chegar no Estado doBrasil para assumir ) governo da Capiacutetaniacutea de Satildeo Paulo em 1721 j D Rodrigo Cesar de Menezes dispunha-se a materiacuteaH7ar a principal da incumbecircncias contidas nas suas Instruccedilotildees Reacutegias a abertura dos grandes caminhos coloniais A descoberta de um prodigioso centro de mineraccedilatildeo em Mato Grosso destacava o serissimo problema do abastecimento daquela aacuterea Objetivando estabelecer um caminho terrestre entre Satildeo Paulo e Cuiabaacute intencionou o famoso Picadagraveo de Mato Grosso (I) Eis na sua gecircnese aconcordacircnciacutea em que se empenharam os grandes nomes do sertanismo paulista e da qual saiacuteram-seI aparentemente vitoriosos Luiacutes Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva entre J723 e 1726

As preocupaccedilotildees com o ouro decidiram a viagem do Capitatildeo General em 1726 (quando o camiacutenho jaacute se achava em fase de aperfeiccediloamento) para Cuiabaacute onde permaneceu entre 1726 c 1728 Estranhamente preferia a longa e arriscada monccedilatildeo por Ararallaguaba ao caminho terrestre ObserVaccedilotildees feitas in loco decldjram~no pelo fechamento daquele eldorado a todo o tipo de forasteiro comerciantes e escravos que pudessem evadir o metal como receptadores ou contrabandistas Valeu-se de medidas opressoras da legislaccedilatildeo colonial contra os mineiros contra os otulves e joalheiros aos quais exigiu o feeh~mento das oficinas e das barracas (2 Quanto ao Picadatildeo caminho recentemente aberto e de vital importacircncia no abastecimento das acircreas de mineraccedilatildeo proibiacuteu~o ainda em 1726 Apenas consentiu que O mesmo fosse utilizado durante algum tempo) exclusivamente nas viagens de ida obrigando o regresso pejo tradicional caminho das monccedilotildees e~ em seguiacuteda iacutenterditou-o em definitivo amparado na ordem reacutegia de 1730

Obrigando o tracircnsiacuteto para o Centro~Oeste tatildeo somente pelos rios com a finalidade de evitar os descaminhos do ouro e outros expedientes

3 Boacuteut ~ Op ~l pl7

()~Arroyo~Opctp 38 e)9 JOtiAllplo GouIAI1~ TrtpMe T~naFo~doBruit Cf) Pedro Taquet- Nobiliacqula PauliNMH~eGmcabg1CA

p171

(6) MuI) T Q Porlaquoifl- O Picad10 de MtoVroraquoO(2) JP pl

inconfessaacuteveis D Rodrlgo Cesar de Menezes conftnava os mineiros de Mato Grosso e Guaporeacute sujeitando~os agrave deficiacutelima rota das monccedilotildees) a fIm de submetecirc~los aos Registros instalados nos pontos principais das passagens m

Estranhamente zeloso na defesa dos interesses reais natildeo impediu que o seu soacutecio Sebastiatildeo Fernandes do Rego abocanhasse o pesado cofre doS quintos reais do OUTO nem que se consumasse a perseguiccedilatildeo (por motivos de cobiccedila e vinganccedila) sobre os Innatildeos Leme famosos sertanIacuteslas de ltu Em contra~partida a sua exigecircncia sobre os caminhos fluviais atraiu a atenccedilatildeo iacutendgena para O

saque dos comboios A partir de 1725 os caminhos fluviais assinalavam~se pelas trageacutedias provocadas pelas iacutensidiosas moleacutestias que acometiam jaacute em pJeno Tietecirc e pelos mortiacuteferos ataques indiacutegenas ao longo das bacias dos rios Paranaacute e Paraguai provenientes das trecircs grandes naccedilotildees caiapoacute paiacuteaguaacute guaicuru

A sua alegaccedilatildeo a respeito da insuficiecircncia de animais para o transporte terrestre agraves regiotildees mineiras natildeo era totalmente infundada poreacutem eacute sabido que no final da deacutecada de vinte comeccedilavam a chegar a Satildeo Paulo as primeiras tropas de muares Poucos anos posteriormente no governo de Francisco Caldeira Pimentel o Capitatildeo Cristoacutevatildeo Pereira de Abreu abriu a famosa estrada do Viamatildeo ateacute Sorocaba conhecida por Estrada Real em 1733 (4) Dava-se iniacutecio ao ciclo do muar e agraves feiras sorocabanas que despejavam em Satildeo Paulo os colossais rebanhos provenientes das aacutereas sulinas de cria toacuterio vindo a possibilitar a organizaccedilatildeo de um complexo viaacuterio e um sistema de transportes para todas as Capitanias do Estado do Brasil

A interdiccedilatildeo do Picadatildeo de Mato Grosso deitou consequecircnciacuteas sobre o sertatildeo do Piracicabat arruinando as esperanccedilas dos sesmeiros e posseiros que logo apoacutes a abertura do caminho buscaram estabelecer~se nos pontos estrateacutegicos partIacutecularmente entre ltu Capivari e o porto de Piracicaba A intenccedilatildeo de fazer bons negoacutecios com o produto das roccedilas e do criatoacuterlo destinado ao abastecimento dos comboios para Mato Grosso logo caiu em desacircnimo Salvavam ainda algumas canoas procedentes do Tietecirc ao porto de Piracicabat

mas natildeo era alento suficiente para fixar povoamento naquele sertatildeo O decliacutenio dos rendimentos da mineraccedilatildeo a partir de 1732 a ligaccedilatildeo

terrestre entre Cuiabaacute e a estrada nova de Goiaacutes em 1737 a separaccedilatildeo de Mato Grosso da Capitania de Satildeo Paulo e a extinccedilatildeo desta em 1748 liquidaram as chances de ocupaccedilatildeo e povoamento no sertatildeo do Piracicaba ateacute 1767

o PICADAtildeO DE MATO GROSSO

Abrir agraves proacuteprias espensas um caminho daquela magnitude era desafio para os mais renomados sertanistas Dadas as precaacuterias condiccedilotildees materiai~ e as cicloacutepicas dificuldades poucos estavam em situaccedilatildeo de COlTesponder~ por mais interessantes que fossem as recompensas em rendimentos ou tiacutetulos enobrecedores Houve tentativas fracassadas ($)

Luiacutes Pedroso de Barros um dos mais famosos Cabos de Guerra dos paulistas durante Emboabas executou a faccedilanha correndo todos os riscos e o fez inteiramente de graccedila como parte de um acordo mediacuteante o quaJ receberia o perdatildeo por um crime que natildeo cometera Em oportunidade anteriorjaacute contamos o seu envoIvimento na assuada ao Dezembargador Sottomayor episoacutedio que lhe valeu dez anos de exiacutelio forccedilado nos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc Foi~ lhe um tremendo sacrifiacutecio Bandeirante natildeo gosta de morrer na cama nem de assistir enferrujar as juntas do corpotJ

Natildeo resistindo agravequela mortificaccedilatildeo o grande paulista de Santana de Parnaiacuteba acabou pedindo indulto ao governador portuguecircs oferecendo em troca os seus

serviccedilos em favor do caminho para Cuiabaacute Aliaacutes natildeo falava unicamente por si mas por todo o grupo que comandava Era um grande nome eximia conhecedor dos caminhos particularmente no Oeste paulista a sua gente ardia por mobilidade e aventuras Quem eram Todo o tipo de agregados inclusive a parentela e os amigos mais a valente caboclada e Os bugres(1)

Fechado o acordo entrou em cena um personagem da sua inteira confianccedila o ituano e tambeacutem valente sertanista Felipe Cardoso o qual partiu com gente debaixo do seu comando para a abertura da primeira picada aqui que seria o segmento inicial do Picadatildeo do Mato Grosso Este eacute um dos primeiros personagens documentados da historiografia piacuteraciacutecabana Realizou-a provavelmente no segundo semestre de 1722 Ou no primeiro semestre de 1723 completando a varaccedilatildeo dos sertotildees do Tietecirc e do Capivariacute ateacute o porto do rio PiracicabatC)

A paragem do Piracicaba era conhecida remotamente pelos sertanistas de Satildeo Paulo O porto estabelecido ao peacute do Salto era buscado pelos entradislaS provenientes de ltu atraveacutes do caminho fluvial do Tietecirc e do Piracicaba apoacutes sete a oito dias de viagem Outros caminhos conhecidos pela cultura iacutendigena tambeacutem traziam agrave Piracicaba mas este era o preferido pelos antigos paulistas A principal referecircncia geograacutefica era o porto imemorialmente estabelecido junto ao Salto considerado um marco nas rotas de penetraccedilatildeo aos Morros de Araraquara (Satildeo Pedro) onde a tradiccedilatildeo bandeirante dizia existir Ouro Os caminhos dos antigos paulistas finnavam~se sobre 3S velhas trilhas indiacutegenas e eram objeto do maior segredo A velba trilha caiacuteapoacute coneclando o Porto de Piracicaba aos Morros de Araraquara natildeo fazia exceccedilatildeo era patrimocircnio bandeirante Parece que a novidade introduzida por Felipe Cardoso no seacutec XVII] foi viabilizar a ligaccedilatildeo terrestre direta entre Itu e o porto do rio Piracicaba reduzindo agrave metade a longa jornada fluvial Provavelmente outro segredo bandeirante colhido agrave cultura iacutendiacutegena(9)

Felipe Cardoso executou a sua parte na empreitada Aberto o caminho cabia-lhe arranchar-se com sua gente junto ao porto para facilitar as operaccedilotildees de Luis Pedroso de Barros que lhe vinha aO encalccedilo Haveria de aguardaacute-lo dar-lhe passagem sobre O rio abastecer-lhe a expediccedilatildeo guarnecer-lhe a retaguarda enquanto perdurasse a devassa no rumo do rio Paranaacute Era o viacutenculo permanente com oS centros da civilizaccedilatildeo Itu Santana dePamaiacuteba Satildeo Paulo Futuramente planejava tirar partido do seu feito mas enquanto duraram as operaccedilotildecs de abertura do Picadacirco de Mato Grosso prestou toda a indispensagravevel assistecircncia a Luis Pedroso de Barros e forneceu-lhe viacuteveres gratuitamentetIO)

Portanto quando em 0210811723 aquele partiu da sua vila nataljaacute funcionava um estabelecimento em Piracicaba tocado pelos bugres e caboclos do seu comandante Felipe Cardoso Jaacute Se investira cabedais junto ao porto do rio Piracicaba

HISTOacuteRIA E FICCcedilAtildeO

Podemos reconstituir de memoacuteria o que foi o encontro destes velhos sertanistas de Satildeo Pau]o naquele mecircs de agosto de 1723

Um belo dia percorrendo a aacuterdua trilha aparece no topo da esplanada da Catedral (praccedila Joseacute Bonifaacutecio) entatildeo coberta pela densa mata subtropical o grande Cabo de Guerra Luis Pedroso de Barros Ei~lo descendo com a sua gente a ladeira do Picadaacuteo (a rua Morais Barros) As suas bolaS de sete leacuteguas vecircm a macerar a poeira de um novo caminho os caboclos tecircm peacutes ligeiacuteros~ pernas de bugres cortem mais do que pensamento Vecircm muiacuteUacutel animosos deixaram ltu haacute trecircs ou quatro dias e nem apresentam cansaccedilO Ao divisar o

(7)idan ibiacutedcm ~()) IP p2

(S)MulyT O -o Cf (3) 1pp2

(9) Jorp BaItStrini 1 ~ OCamInho deLulIP~deBttrOSltev mOSP ~OL LXVIp92 cp99

(10) LigtTQ de Semwia (1720-17)6) Doe xxxvm p12 116

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 9: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

PIRACICABA BOCA DE SERTAtildeO o Porto a Paragem a Sesmaria a Povoaccedilatildeo

(1723-1767)

Marly Therezinha Germano Perecin

ANTIGOS CAMINHOS PAULISTAS

Os paulistas sempre se orgulharam de ser leais vassalos do Rei de Portugal (IlcrgtnvdoAnQ)o-Rela30do

e servidores dedicados da Coroa Ao longo do seacutec XVIII sustentando-se nas tieltpJS

suas bases os seus bens afazendados agraves vezes precariamente exercitavam a (2) 90xer gt A Idade de Ouro do

sua vocaccedilatildeo de sertanejar dilatando as atividades nas aacutereas mineradoras e na Brnilp27Jnmiddott

defesa das fronteiras Quase todos morrendo no anonimato e na pobreza deixando por heranccedila o nome de paulistas e no chatildeot uma grande paacutetria

Ao chegar no Estado doBrasil para assumir ) governo da Capiacutetaniacutea de Satildeo Paulo em 1721 j D Rodrigo Cesar de Menezes dispunha-se a materiacuteaH7ar a principal da incumbecircncias contidas nas suas Instruccedilotildees Reacutegias a abertura dos grandes caminhos coloniais A descoberta de um prodigioso centro de mineraccedilatildeo em Mato Grosso destacava o serissimo problema do abastecimento daquela aacuterea Objetivando estabelecer um caminho terrestre entre Satildeo Paulo e Cuiabaacute intencionou o famoso Picadagraveo de Mato Grosso (I) Eis na sua gecircnese aconcordacircnciacutea em que se empenharam os grandes nomes do sertanismo paulista e da qual saiacuteram-seI aparentemente vitoriosos Luiacutes Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva entre J723 e 1726

As preocupaccedilotildees com o ouro decidiram a viagem do Capitatildeo General em 1726 (quando o camiacutenho jaacute se achava em fase de aperfeiccediloamento) para Cuiabaacute onde permaneceu entre 1726 c 1728 Estranhamente preferia a longa e arriscada monccedilatildeo por Ararallaguaba ao caminho terrestre ObserVaccedilotildees feitas in loco decldjram~no pelo fechamento daquele eldorado a todo o tipo de forasteiro comerciantes e escravos que pudessem evadir o metal como receptadores ou contrabandistas Valeu-se de medidas opressoras da legislaccedilatildeo colonial contra os mineiros contra os otulves e joalheiros aos quais exigiu o feeh~mento das oficinas e das barracas (2 Quanto ao Picadatildeo caminho recentemente aberto e de vital importacircncia no abastecimento das acircreas de mineraccedilatildeo proibiacuteu~o ainda em 1726 Apenas consentiu que O mesmo fosse utilizado durante algum tempo) exclusivamente nas viagens de ida obrigando o regresso pejo tradicional caminho das monccedilotildees e~ em seguiacuteda iacutenterditou-o em definitivo amparado na ordem reacutegia de 1730

Obrigando o tracircnsiacuteto para o Centro~Oeste tatildeo somente pelos rios com a finalidade de evitar os descaminhos do ouro e outros expedientes

3 Boacuteut ~ Op ~l pl7

()~Arroyo~Opctp 38 e)9 JOtiAllplo GouIAI1~ TrtpMe T~naFo~doBruit Cf) Pedro Taquet- Nobiliacqula PauliNMH~eGmcabg1CA

p171

(6) MuI) T Q Porlaquoifl- O Picad10 de MtoVroraquoO(2) JP pl

inconfessaacuteveis D Rodrlgo Cesar de Menezes conftnava os mineiros de Mato Grosso e Guaporeacute sujeitando~os agrave deficiacutelima rota das monccedilotildees) a fIm de submetecirc~los aos Registros instalados nos pontos principais das passagens m

Estranhamente zeloso na defesa dos interesses reais natildeo impediu que o seu soacutecio Sebastiatildeo Fernandes do Rego abocanhasse o pesado cofre doS quintos reais do OUTO nem que se consumasse a perseguiccedilatildeo (por motivos de cobiccedila e vinganccedila) sobre os Innatildeos Leme famosos sertanIacuteslas de ltu Em contra~partida a sua exigecircncia sobre os caminhos fluviais atraiu a atenccedilatildeo iacutendgena para O

saque dos comboios A partir de 1725 os caminhos fluviais assinalavam~se pelas trageacutedias provocadas pelas iacutensidiosas moleacutestias que acometiam jaacute em pJeno Tietecirc e pelos mortiacuteferos ataques indiacutegenas ao longo das bacias dos rios Paranaacute e Paraguai provenientes das trecircs grandes naccedilotildees caiapoacute paiacuteaguaacute guaicuru

A sua alegaccedilatildeo a respeito da insuficiecircncia de animais para o transporte terrestre agraves regiotildees mineiras natildeo era totalmente infundada poreacutem eacute sabido que no final da deacutecada de vinte comeccedilavam a chegar a Satildeo Paulo as primeiras tropas de muares Poucos anos posteriormente no governo de Francisco Caldeira Pimentel o Capitatildeo Cristoacutevatildeo Pereira de Abreu abriu a famosa estrada do Viamatildeo ateacute Sorocaba conhecida por Estrada Real em 1733 (4) Dava-se iniacutecio ao ciclo do muar e agraves feiras sorocabanas que despejavam em Satildeo Paulo os colossais rebanhos provenientes das aacutereas sulinas de cria toacuterio vindo a possibilitar a organizaccedilatildeo de um complexo viaacuterio e um sistema de transportes para todas as Capitanias do Estado do Brasil

A interdiccedilatildeo do Picadatildeo de Mato Grosso deitou consequecircnciacuteas sobre o sertatildeo do Piracicabat arruinando as esperanccedilas dos sesmeiros e posseiros que logo apoacutes a abertura do caminho buscaram estabelecer~se nos pontos estrateacutegicos partIacutecularmente entre ltu Capivari e o porto de Piracicaba A intenccedilatildeo de fazer bons negoacutecios com o produto das roccedilas e do criatoacuterlo destinado ao abastecimento dos comboios para Mato Grosso logo caiu em desacircnimo Salvavam ainda algumas canoas procedentes do Tietecirc ao porto de Piracicabat

mas natildeo era alento suficiente para fixar povoamento naquele sertatildeo O decliacutenio dos rendimentos da mineraccedilatildeo a partir de 1732 a ligaccedilatildeo

terrestre entre Cuiabaacute e a estrada nova de Goiaacutes em 1737 a separaccedilatildeo de Mato Grosso da Capitania de Satildeo Paulo e a extinccedilatildeo desta em 1748 liquidaram as chances de ocupaccedilatildeo e povoamento no sertatildeo do Piracicaba ateacute 1767

o PICADAtildeO DE MATO GROSSO

Abrir agraves proacuteprias espensas um caminho daquela magnitude era desafio para os mais renomados sertanistas Dadas as precaacuterias condiccedilotildees materiai~ e as cicloacutepicas dificuldades poucos estavam em situaccedilatildeo de COlTesponder~ por mais interessantes que fossem as recompensas em rendimentos ou tiacutetulos enobrecedores Houve tentativas fracassadas ($)

Luiacutes Pedroso de Barros um dos mais famosos Cabos de Guerra dos paulistas durante Emboabas executou a faccedilanha correndo todos os riscos e o fez inteiramente de graccedila como parte de um acordo mediacuteante o quaJ receberia o perdatildeo por um crime que natildeo cometera Em oportunidade anteriorjaacute contamos o seu envoIvimento na assuada ao Dezembargador Sottomayor episoacutedio que lhe valeu dez anos de exiacutelio forccedilado nos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc Foi~ lhe um tremendo sacrifiacutecio Bandeirante natildeo gosta de morrer na cama nem de assistir enferrujar as juntas do corpotJ

Natildeo resistindo agravequela mortificaccedilatildeo o grande paulista de Santana de Parnaiacuteba acabou pedindo indulto ao governador portuguecircs oferecendo em troca os seus

serviccedilos em favor do caminho para Cuiabaacute Aliaacutes natildeo falava unicamente por si mas por todo o grupo que comandava Era um grande nome eximia conhecedor dos caminhos particularmente no Oeste paulista a sua gente ardia por mobilidade e aventuras Quem eram Todo o tipo de agregados inclusive a parentela e os amigos mais a valente caboclada e Os bugres(1)

Fechado o acordo entrou em cena um personagem da sua inteira confianccedila o ituano e tambeacutem valente sertanista Felipe Cardoso o qual partiu com gente debaixo do seu comando para a abertura da primeira picada aqui que seria o segmento inicial do Picadatildeo do Mato Grosso Este eacute um dos primeiros personagens documentados da historiografia piacuteraciacutecabana Realizou-a provavelmente no segundo semestre de 1722 Ou no primeiro semestre de 1723 completando a varaccedilatildeo dos sertotildees do Tietecirc e do Capivariacute ateacute o porto do rio PiracicabatC)

A paragem do Piracicaba era conhecida remotamente pelos sertanistas de Satildeo Paulo O porto estabelecido ao peacute do Salto era buscado pelos entradislaS provenientes de ltu atraveacutes do caminho fluvial do Tietecirc e do Piracicaba apoacutes sete a oito dias de viagem Outros caminhos conhecidos pela cultura iacutendigena tambeacutem traziam agrave Piracicaba mas este era o preferido pelos antigos paulistas A principal referecircncia geograacutefica era o porto imemorialmente estabelecido junto ao Salto considerado um marco nas rotas de penetraccedilatildeo aos Morros de Araraquara (Satildeo Pedro) onde a tradiccedilatildeo bandeirante dizia existir Ouro Os caminhos dos antigos paulistas finnavam~se sobre 3S velhas trilhas indiacutegenas e eram objeto do maior segredo A velba trilha caiacuteapoacute coneclando o Porto de Piracicaba aos Morros de Araraquara natildeo fazia exceccedilatildeo era patrimocircnio bandeirante Parece que a novidade introduzida por Felipe Cardoso no seacutec XVII] foi viabilizar a ligaccedilatildeo terrestre direta entre Itu e o porto do rio Piracicaba reduzindo agrave metade a longa jornada fluvial Provavelmente outro segredo bandeirante colhido agrave cultura iacutendiacutegena(9)

Felipe Cardoso executou a sua parte na empreitada Aberto o caminho cabia-lhe arranchar-se com sua gente junto ao porto para facilitar as operaccedilotildees de Luis Pedroso de Barros que lhe vinha aO encalccedilo Haveria de aguardaacute-lo dar-lhe passagem sobre O rio abastecer-lhe a expediccedilatildeo guarnecer-lhe a retaguarda enquanto perdurasse a devassa no rumo do rio Paranaacute Era o viacutenculo permanente com oS centros da civilizaccedilatildeo Itu Santana dePamaiacuteba Satildeo Paulo Futuramente planejava tirar partido do seu feito mas enquanto duraram as operaccedilotildecs de abertura do Picadacirco de Mato Grosso prestou toda a indispensagravevel assistecircncia a Luis Pedroso de Barros e forneceu-lhe viacuteveres gratuitamentetIO)

Portanto quando em 0210811723 aquele partiu da sua vila nataljaacute funcionava um estabelecimento em Piracicaba tocado pelos bugres e caboclos do seu comandante Felipe Cardoso Jaacute Se investira cabedais junto ao porto do rio Piracicaba

HISTOacuteRIA E FICCcedilAtildeO

Podemos reconstituir de memoacuteria o que foi o encontro destes velhos sertanistas de Satildeo Pau]o naquele mecircs de agosto de 1723

Um belo dia percorrendo a aacuterdua trilha aparece no topo da esplanada da Catedral (praccedila Joseacute Bonifaacutecio) entatildeo coberta pela densa mata subtropical o grande Cabo de Guerra Luis Pedroso de Barros Ei~lo descendo com a sua gente a ladeira do Picadaacuteo (a rua Morais Barros) As suas bolaS de sete leacuteguas vecircm a macerar a poeira de um novo caminho os caboclos tecircm peacutes ligeiacuteros~ pernas de bugres cortem mais do que pensamento Vecircm muiacuteUacutel animosos deixaram ltu haacute trecircs ou quatro dias e nem apresentam cansaccedilO Ao divisar o

(7)idan ibiacutedcm ~()) IP p2

(S)MulyT O -o Cf (3) 1pp2

(9) Jorp BaItStrini 1 ~ OCamInho deLulIP~deBttrOSltev mOSP ~OL LXVIp92 cp99

(10) LigtTQ de Semwia (1720-17)6) Doe xxxvm p12 116

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 10: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

3 Boacuteut ~ Op ~l pl7

()~Arroyo~Opctp 38 e)9 JOtiAllplo GouIAI1~ TrtpMe T~naFo~doBruit Cf) Pedro Taquet- Nobiliacqula PauliNMH~eGmcabg1CA

p171

(6) MuI) T Q Porlaquoifl- O Picad10 de MtoVroraquoO(2) JP pl

inconfessaacuteveis D Rodrlgo Cesar de Menezes conftnava os mineiros de Mato Grosso e Guaporeacute sujeitando~os agrave deficiacutelima rota das monccedilotildees) a fIm de submetecirc~los aos Registros instalados nos pontos principais das passagens m

Estranhamente zeloso na defesa dos interesses reais natildeo impediu que o seu soacutecio Sebastiatildeo Fernandes do Rego abocanhasse o pesado cofre doS quintos reais do OUTO nem que se consumasse a perseguiccedilatildeo (por motivos de cobiccedila e vinganccedila) sobre os Innatildeos Leme famosos sertanIacuteslas de ltu Em contra~partida a sua exigecircncia sobre os caminhos fluviais atraiu a atenccedilatildeo iacutendgena para O

saque dos comboios A partir de 1725 os caminhos fluviais assinalavam~se pelas trageacutedias provocadas pelas iacutensidiosas moleacutestias que acometiam jaacute em pJeno Tietecirc e pelos mortiacuteferos ataques indiacutegenas ao longo das bacias dos rios Paranaacute e Paraguai provenientes das trecircs grandes naccedilotildees caiapoacute paiacuteaguaacute guaicuru

A sua alegaccedilatildeo a respeito da insuficiecircncia de animais para o transporte terrestre agraves regiotildees mineiras natildeo era totalmente infundada poreacutem eacute sabido que no final da deacutecada de vinte comeccedilavam a chegar a Satildeo Paulo as primeiras tropas de muares Poucos anos posteriormente no governo de Francisco Caldeira Pimentel o Capitatildeo Cristoacutevatildeo Pereira de Abreu abriu a famosa estrada do Viamatildeo ateacute Sorocaba conhecida por Estrada Real em 1733 (4) Dava-se iniacutecio ao ciclo do muar e agraves feiras sorocabanas que despejavam em Satildeo Paulo os colossais rebanhos provenientes das aacutereas sulinas de cria toacuterio vindo a possibilitar a organizaccedilatildeo de um complexo viaacuterio e um sistema de transportes para todas as Capitanias do Estado do Brasil

A interdiccedilatildeo do Picadatildeo de Mato Grosso deitou consequecircnciacuteas sobre o sertatildeo do Piracicabat arruinando as esperanccedilas dos sesmeiros e posseiros que logo apoacutes a abertura do caminho buscaram estabelecer~se nos pontos estrateacutegicos partIacutecularmente entre ltu Capivari e o porto de Piracicaba A intenccedilatildeo de fazer bons negoacutecios com o produto das roccedilas e do criatoacuterlo destinado ao abastecimento dos comboios para Mato Grosso logo caiu em desacircnimo Salvavam ainda algumas canoas procedentes do Tietecirc ao porto de Piracicabat

mas natildeo era alento suficiente para fixar povoamento naquele sertatildeo O decliacutenio dos rendimentos da mineraccedilatildeo a partir de 1732 a ligaccedilatildeo

terrestre entre Cuiabaacute e a estrada nova de Goiaacutes em 1737 a separaccedilatildeo de Mato Grosso da Capitania de Satildeo Paulo e a extinccedilatildeo desta em 1748 liquidaram as chances de ocupaccedilatildeo e povoamento no sertatildeo do Piracicaba ateacute 1767

o PICADAtildeO DE MATO GROSSO

Abrir agraves proacuteprias espensas um caminho daquela magnitude era desafio para os mais renomados sertanistas Dadas as precaacuterias condiccedilotildees materiai~ e as cicloacutepicas dificuldades poucos estavam em situaccedilatildeo de COlTesponder~ por mais interessantes que fossem as recompensas em rendimentos ou tiacutetulos enobrecedores Houve tentativas fracassadas ($)

Luiacutes Pedroso de Barros um dos mais famosos Cabos de Guerra dos paulistas durante Emboabas executou a faccedilanha correndo todos os riscos e o fez inteiramente de graccedila como parte de um acordo mediacuteante o quaJ receberia o perdatildeo por um crime que natildeo cometera Em oportunidade anteriorjaacute contamos o seu envoIvimento na assuada ao Dezembargador Sottomayor episoacutedio que lhe valeu dez anos de exiacutelio forccedilado nos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc Foi~ lhe um tremendo sacrifiacutecio Bandeirante natildeo gosta de morrer na cama nem de assistir enferrujar as juntas do corpotJ

Natildeo resistindo agravequela mortificaccedilatildeo o grande paulista de Santana de Parnaiacuteba acabou pedindo indulto ao governador portuguecircs oferecendo em troca os seus

serviccedilos em favor do caminho para Cuiabaacute Aliaacutes natildeo falava unicamente por si mas por todo o grupo que comandava Era um grande nome eximia conhecedor dos caminhos particularmente no Oeste paulista a sua gente ardia por mobilidade e aventuras Quem eram Todo o tipo de agregados inclusive a parentela e os amigos mais a valente caboclada e Os bugres(1)

Fechado o acordo entrou em cena um personagem da sua inteira confianccedila o ituano e tambeacutem valente sertanista Felipe Cardoso o qual partiu com gente debaixo do seu comando para a abertura da primeira picada aqui que seria o segmento inicial do Picadatildeo do Mato Grosso Este eacute um dos primeiros personagens documentados da historiografia piacuteraciacutecabana Realizou-a provavelmente no segundo semestre de 1722 Ou no primeiro semestre de 1723 completando a varaccedilatildeo dos sertotildees do Tietecirc e do Capivariacute ateacute o porto do rio PiracicabatC)

A paragem do Piracicaba era conhecida remotamente pelos sertanistas de Satildeo Paulo O porto estabelecido ao peacute do Salto era buscado pelos entradislaS provenientes de ltu atraveacutes do caminho fluvial do Tietecirc e do Piracicaba apoacutes sete a oito dias de viagem Outros caminhos conhecidos pela cultura iacutendigena tambeacutem traziam agrave Piracicaba mas este era o preferido pelos antigos paulistas A principal referecircncia geograacutefica era o porto imemorialmente estabelecido junto ao Salto considerado um marco nas rotas de penetraccedilatildeo aos Morros de Araraquara (Satildeo Pedro) onde a tradiccedilatildeo bandeirante dizia existir Ouro Os caminhos dos antigos paulistas finnavam~se sobre 3S velhas trilhas indiacutegenas e eram objeto do maior segredo A velba trilha caiacuteapoacute coneclando o Porto de Piracicaba aos Morros de Araraquara natildeo fazia exceccedilatildeo era patrimocircnio bandeirante Parece que a novidade introduzida por Felipe Cardoso no seacutec XVII] foi viabilizar a ligaccedilatildeo terrestre direta entre Itu e o porto do rio Piracicaba reduzindo agrave metade a longa jornada fluvial Provavelmente outro segredo bandeirante colhido agrave cultura iacutendiacutegena(9)

Felipe Cardoso executou a sua parte na empreitada Aberto o caminho cabia-lhe arranchar-se com sua gente junto ao porto para facilitar as operaccedilotildees de Luis Pedroso de Barros que lhe vinha aO encalccedilo Haveria de aguardaacute-lo dar-lhe passagem sobre O rio abastecer-lhe a expediccedilatildeo guarnecer-lhe a retaguarda enquanto perdurasse a devassa no rumo do rio Paranaacute Era o viacutenculo permanente com oS centros da civilizaccedilatildeo Itu Santana dePamaiacuteba Satildeo Paulo Futuramente planejava tirar partido do seu feito mas enquanto duraram as operaccedilotildecs de abertura do Picadacirco de Mato Grosso prestou toda a indispensagravevel assistecircncia a Luis Pedroso de Barros e forneceu-lhe viacuteveres gratuitamentetIO)

Portanto quando em 0210811723 aquele partiu da sua vila nataljaacute funcionava um estabelecimento em Piracicaba tocado pelos bugres e caboclos do seu comandante Felipe Cardoso Jaacute Se investira cabedais junto ao porto do rio Piracicaba

HISTOacuteRIA E FICCcedilAtildeO

Podemos reconstituir de memoacuteria o que foi o encontro destes velhos sertanistas de Satildeo Pau]o naquele mecircs de agosto de 1723

Um belo dia percorrendo a aacuterdua trilha aparece no topo da esplanada da Catedral (praccedila Joseacute Bonifaacutecio) entatildeo coberta pela densa mata subtropical o grande Cabo de Guerra Luis Pedroso de Barros Ei~lo descendo com a sua gente a ladeira do Picadaacuteo (a rua Morais Barros) As suas bolaS de sete leacuteguas vecircm a macerar a poeira de um novo caminho os caboclos tecircm peacutes ligeiacuteros~ pernas de bugres cortem mais do que pensamento Vecircm muiacuteUacutel animosos deixaram ltu haacute trecircs ou quatro dias e nem apresentam cansaccedilO Ao divisar o

(7)idan ibiacutedcm ~()) IP p2

(S)MulyT O -o Cf (3) 1pp2

(9) Jorp BaItStrini 1 ~ OCamInho deLulIP~deBttrOSltev mOSP ~OL LXVIp92 cp99

(10) LigtTQ de Semwia (1720-17)6) Doe xxxvm p12 116

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 11: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

serviccedilos em favor do caminho para Cuiabaacute Aliaacutes natildeo falava unicamente por si mas por todo o grupo que comandava Era um grande nome eximia conhecedor dos caminhos particularmente no Oeste paulista a sua gente ardia por mobilidade e aventuras Quem eram Todo o tipo de agregados inclusive a parentela e os amigos mais a valente caboclada e Os bugres(1)

Fechado o acordo entrou em cena um personagem da sua inteira confianccedila o ituano e tambeacutem valente sertanista Felipe Cardoso o qual partiu com gente debaixo do seu comando para a abertura da primeira picada aqui que seria o segmento inicial do Picadatildeo do Mato Grosso Este eacute um dos primeiros personagens documentados da historiografia piacuteraciacutecabana Realizou-a provavelmente no segundo semestre de 1722 Ou no primeiro semestre de 1723 completando a varaccedilatildeo dos sertotildees do Tietecirc e do Capivariacute ateacute o porto do rio PiracicabatC)

A paragem do Piracicaba era conhecida remotamente pelos sertanistas de Satildeo Paulo O porto estabelecido ao peacute do Salto era buscado pelos entradislaS provenientes de ltu atraveacutes do caminho fluvial do Tietecirc e do Piracicaba apoacutes sete a oito dias de viagem Outros caminhos conhecidos pela cultura iacutendigena tambeacutem traziam agrave Piracicaba mas este era o preferido pelos antigos paulistas A principal referecircncia geograacutefica era o porto imemorialmente estabelecido junto ao Salto considerado um marco nas rotas de penetraccedilatildeo aos Morros de Araraquara (Satildeo Pedro) onde a tradiccedilatildeo bandeirante dizia existir Ouro Os caminhos dos antigos paulistas finnavam~se sobre 3S velhas trilhas indiacutegenas e eram objeto do maior segredo A velba trilha caiacuteapoacute coneclando o Porto de Piracicaba aos Morros de Araraquara natildeo fazia exceccedilatildeo era patrimocircnio bandeirante Parece que a novidade introduzida por Felipe Cardoso no seacutec XVII] foi viabilizar a ligaccedilatildeo terrestre direta entre Itu e o porto do rio Piracicaba reduzindo agrave metade a longa jornada fluvial Provavelmente outro segredo bandeirante colhido agrave cultura iacutendiacutegena(9)

Felipe Cardoso executou a sua parte na empreitada Aberto o caminho cabia-lhe arranchar-se com sua gente junto ao porto para facilitar as operaccedilotildees de Luis Pedroso de Barros que lhe vinha aO encalccedilo Haveria de aguardaacute-lo dar-lhe passagem sobre O rio abastecer-lhe a expediccedilatildeo guarnecer-lhe a retaguarda enquanto perdurasse a devassa no rumo do rio Paranaacute Era o viacutenculo permanente com oS centros da civilizaccedilatildeo Itu Santana dePamaiacuteba Satildeo Paulo Futuramente planejava tirar partido do seu feito mas enquanto duraram as operaccedilotildecs de abertura do Picadacirco de Mato Grosso prestou toda a indispensagravevel assistecircncia a Luis Pedroso de Barros e forneceu-lhe viacuteveres gratuitamentetIO)

Portanto quando em 0210811723 aquele partiu da sua vila nataljaacute funcionava um estabelecimento em Piracicaba tocado pelos bugres e caboclos do seu comandante Felipe Cardoso Jaacute Se investira cabedais junto ao porto do rio Piracicaba

HISTOacuteRIA E FICCcedilAtildeO

Podemos reconstituir de memoacuteria o que foi o encontro destes velhos sertanistas de Satildeo Pau]o naquele mecircs de agosto de 1723

Um belo dia percorrendo a aacuterdua trilha aparece no topo da esplanada da Catedral (praccedila Joseacute Bonifaacutecio) entatildeo coberta pela densa mata subtropical o grande Cabo de Guerra Luis Pedroso de Barros Ei~lo descendo com a sua gente a ladeira do Picadaacuteo (a rua Morais Barros) As suas bolaS de sete leacuteguas vecircm a macerar a poeira de um novo caminho os caboclos tecircm peacutes ligeiacuteros~ pernas de bugres cortem mais do que pensamento Vecircm muiacuteUacutel animosos deixaram ltu haacute trecircs ou quatro dias e nem apresentam cansaccedilO Ao divisar o

(7)idan ibiacutedcm ~()) IP p2

(S)MulyT O -o Cf (3) 1pp2

(9) Jorp BaItStrini 1 ~ OCamInho deLulIP~deBttrOSltev mOSP ~OL LXVIp92 cp99

(10) LigtTQ de Semwia (1720-17)6) Doe xxxvm p12 116

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 12: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

(1 J) Dxwnmus lntcf(n)~ vo1 XXpI01jtIJI-II1 Idtm voIXXXIlp 119-120e plSmiddot139

(ll)LiYl()deS~

(l720-1776) Jkgte XXXVIII p124-IUi

curso daacutegua do Piracicaba desHzando no fundo do vale despertam a mata estrondeando a trabucada estremecendo as feras

A resposta vcm solerte- da outra margem do rio O pessoa) estabelecido no porto desce a rampa e embica as canoas para a margem esquerda Finalmente vatildeo se juntar Aiacutenda na barranco (Largo dos Pescadores) a valente bugrada de Luis Pedroso Barros rende a sua homenagem agrave Piracicaba soltando brados tocando Iacutenuacutebias num arremedo guerreiro Os mais haacutebeiacutes frexeiacuteros lanccedilam se ao solo retezando os arcos com a muscu1atura das pernas atiram para o ceacuteu os pontaccedilos atados agraves fitas coloridas que percorrem graciosa curvas indo ferir a superfiacutecie das aacuteguas Natildeo sabiam mas premoniciavam as festividades profanas com que os piradcabanos homenageiam o Divino Espiacuterito Santo e o aniversaacuterio da sua cidade mediante grande aturdimento de fogos foiiacuteas expressivas cantares e arrepios de viola

A PARAGEM

o caminho terrestre entre Piracicaba e a barranca do rio Paranaacute foi completado em 1724 a duriacutessimas penas por Luiacutes Pedroso de Barros Foi tarefa gigantesca mas insuficiente para obter o perdatildeo Lembramos que a conexatildeo terrestre entre Cuiabaacute e o Paranaacute preacute-existia O Capitatildeo~GeneraJ D Rodrigo Cesar de Menezes exigiu O seu aperfeiccediloamento forccedilando nova expediccedilatildeo e soacute lhe eoncedeu o indulto em 1725 acrescido de um Haacutebito de Cristo com tenccedila de cinquumlenta mil reacuteis mercecirc a que Luiacutes Pcdro~o de Barros renunciou em favor do sobrinho e grande colaborador Manuel Dias por natildeo possuir filhos homenspn

O chamado Picadatildeo de Mato Grosso exigiu ainda maiores demandas reparos aperfeiccediloamentos O livre tracircnsito soacute foi conseguido em 1726 quando Manue~ Dias conduziu um grande comboio de gado e cavalgaduras para Cuiabaacute Podemos aquilatar a importacircncia do porto de Piracicaba ponto vital na comunicaccedilatildeo para o NO a oferecer transporte entre as duas margens abastecer os comboios a dar hospedagem e todo o tipo de aSSistecircncia aos viajantes com o prOduto das suas roccedilas do seu artesanato de farinhas do seu gado e das suas carnes curadas Era a Paragem de Piradcaba a meio do sertatildeo

Deste eaminho pendiam as esperanccedilas de Feliacutepe Cardoso valente e pacientemente ali estabelecido com o seu pessoal desde 1723 Agora que o projeto do Piacutecadatildeo se materializava antevia enOnnes possibilidades e desejava tirar partido Movido dos mais sinceros propoacutesitos solicitou ao Capitatildeo Gen~ eral de Satildeo Paulo a concessatildeo de uma data de terras de sesmaria a qual fazia jus pelos seus legiacutetimos meacuteritos na abertura da picada entre ltu e Piracicaba agraves suas espensas Obteve-a em 1726 tomando~se inegavelmente o primeiro povoador de Piraciacutecaba conhecido e documentado_O)

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONCESSAtildeO

Esta tentativa de ocupaccedilatildeo sesmeiacutera aparece atraveacutes do Registro de uma Carta de Da13 de uma leacutegua de terra em quadra de Felipe Cardoso da Vila de OUlU Trata-se do Doc XXXVII inserto aacutes paacuteginas 124-125 do Livro de Sesmarias (1720-1736) VaI lI Ediccedilatildeo do JHGSP 1937 sobe originais do Departamento de Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

A sesmaria foi concedida durante o governo de Rodrigo Cesar de Menezes Capitatildeo Genera1 de Satildeo Paulo em nome do Rei D Joatildeo V datando de 261061 1726 Como o documento vem redigido em linguagem da eacutepoca sobrecarregado de fonnalidades tentamos reduzir os seus principais conteuacutedos

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 13: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

- Felipe Cardoso reivindicava aquela posse em funccedilatildeo dos seus justos meacuteritos pela abertura de Um caminho terrestre entre ltu e Piracicaba executado agraves proacuteprias custas e por haver abastecido gratuitamente Luis Pedroso de Barros e os seus sertanistas na demanda do caminho do Rio Grande (Paranaacute)

- Ao solicitar uma sesmaria junto ao porto de Piracicaba abrangendo as duas margens lembrava existir muita terra vaga naquela aacuterea

- Sendo atendido em razatildeo dos serviccedilos prestados) foi-lhe concedido o direito de posse (comunicada aos seus herdeiros) de uma leacutegua de terra em quadra tendo por centro o porto de Piracicaba poreacutem dentro de condiccedilotildees de proibiccedilotildees taxativas e dispositivos sobre os pagamentos dos diacutezimos dos religiosos (regulares ou seculares)

- As condiccedilotildees Pagamento do diacutezimo preservaccedilatildeo dos paus reais para a construccedilatildeo de embarcaccedilotildees praacutetica do cultivo demarcaccedilatildeo dos limites confinnaccedilatildeo da posse dentro de dois anos) concessatildeo de passagens (caminhos pontes e portos) e uso de fontes e pedreiras

- As proibiccedilotildees A sesmaria natildeo podia ser vendida sem ordem expressa de S Majestade ocorrendo descoberta de metais o sesmeiro natildeo teria propriedade das minas que ficavam sujeitas acirc legislaccedilatildeo havendo criaccedilatildeo de vila naquele local o sesmeiro deveria conceder terra para a instalaccedilatildeo de rossio e bens do Concelho

Ressalvava-se terminantemente que o natildeo cumprimento de qualquer uma destas exigecircncias implicava na perda da sesmaria podendo a mesma ser atribuiacuteda a quem a solicitasse

A SESMARIA DE FELIPE CARDOSO CONFIRMACcedilAtildeO

o registro da confumaccedilatildeo da sesmaria passada a Felipe Cardoso consta do Livro de Sesmarias (1639-1728) Vol li Ediccedilatildeo do LHGsP 1937 siacutetuandoshyse entre as paacuteginas 492 e 497 O documento original encontra~se no departamento do Arquivo do Estado de Satildeo Paulo

Ali eneontramos a palavra do Rei D Joatildeo V sobre Piracicaba - pedindoshyme o dito Felipe Cardoso que porquanto o dito govemador e Capitatildeo General da Capitania de Satildeo Paulo lhe fizera mercecirc em seu nome de lhe dar de sesmaria as terras sobreditas hei por bem fazer-lhe mercecirc de lhe confirmar Cidade de Lisboa Ocidental aos seis diacuteas do mecircs de fevereiro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1728

A confirmaccedilatildeo dEI Rei vinha precedida do despacho do Conselho Ultramarinho (2J01I 728) O assentamento no Livro das Mercecircs o Registro na Chancelaria-mor da Corte e do Reino o Regiacutestro no Livro de Oficios da Secretaria do Conselho ultramarinho vecircm datados de 13 J5 e 20 de marccedilo de 1728 respectivamenfe

Tratava-se de operaccedilatildeo Cara e extremamente burocratizada As uacutellimas providecircncias eram tomadas no Brasil mediante a ordem do cumpra-se tomo S Majestade manda emitida pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo An~ocircnio da Silva Caldeira Pimentel em 010811729 Comptetava-se com a advertecircncia de que a posse soacute teria vigor caso a sesmaria fosse medida e demarcada

Ainda se justapunha um uacuteltimo assentamento da parte da Socretaria do governo indicando que se achavam cumpridas todas exigecircncias e formalidades de estilo o qual vem datado de 02081728 Felipe Cardoso entrava no legilimo gozo da sesmaria desfrutando deste direito ateacute 1760 quando transferiu~o ao sobrinho Francisco Cardoso de Campos

15

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 14: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

(IJ)~lntertnanles 1101 XXp 191 e~ll_

landro Ournino -H~ de gtiacuterJ1Iacute~ em QwwIcinhM p8-9

(H) MAriQ Neme- Hhtotilderill da T~dcPirdcab4pt7ccedilpJ3

(15) Livro dcScsnwia (172-I1J6)1)oc XXXVIII p124-126

(16)~Io~r~les

tiL XII p90-9l

(17) BrasiLBarnkoJti -Origcmdo ulilUndioOltl Bnuilpll ep27

Manll Cdeslmll Teuuira M~ Torrn-ASJlCC1Of di EvoluccedilJo ih Propriedade RlIr1l em PinrcIacuteIabl 00

Tempo do lmpeacuterio pJ 7-2

AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE OCUPACcedilAtildeO DO SERTAtildeO DE PIRACICABA

Estabelecido no porto de Piracicaba desde 1723 Felipe Cardoso apostou alto no futuro Natildeo tardou que os seus planos de prosperidade material comeccedilassem ruir tatildeo logo O Capitatildeo General mentor do projeto do Picadatildeo veio a proibir em 1726 a utilizaccedilatildeo do mesmO alegando as dificulddes materiais em inibir os descaminhos do ouro A proibiccedilatildeo foi mantida pelo seu sucessor Antocircnio Caldeira Pimentel)) A sesmaria de Fe1iacutepe Cardoso entrou a vegetar pouca gente descia a rampa da rua Morais Barros e pedia passagem para os Campos de Araraquarlti ou vice-versa A Carta Reacutegia de 1010 lIJ 730 confirmando a probiccedilatildeode D Rodrigo Cesarde Meneles liquidava as pretensotildees do sesmeiro e quiccedilaacute as chances daquele estabelecimenlo evoluir no rumo de uma futura Povoaccedilatildeo ou de uma Freguesia

Que houve um momento de florescimento eacute inegaacutevel Felipe Cardoso se natildeo eacute o primeiro sesmeiro de Piracicaba (outro houve apenas nominalmente) eacute o seu primeiro explorador e povoador reconhecido Que da sua iniciativa hom-C um povoamento inicial sobrevivente agraveexperiecircncia fracassada~ eacute inegaacutevel Provam-no alguns documentos datados entre 1729 e 1733 A proacutepria forma pela qual se fundou oficialmente a Povoaccedilatildeo de Piracicaba t em 1767 permite levantar-se hipoacutetese a respeito de um povoamento residual remanescente agrave sesmaria Tudo relaciona-se aos imprevisiacuteveis da politica mercantilista portuguesa aplicada agrave Colocircnia aos ditames que ora valorizavam OTa desvalorizavam os sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc

ANTECEDENTES

Verificando as fontes mais fidedignas sobre a distribuiccedilatildeo de terras nos sertotildees do Piracicaba anteriormenle aos descobrimentos de mineacuterios em Mato Grosso constatamos a primeira concessatildeo de Carta de Data de Sesmaria em 1693 requerida por Pedro de Morais Cavalcanti e sem confirmaccedilatildeo A fonte ecirc Manuel Eufratildesio de Azevedo Marques o ceacutelebre autor dos Apontamentos Histoacutericos Estatiacuteslicos e Noticiosos da Proviacutencia de Satildeo Paulo citado inuacutemeras vezes por Maacuterio Neme A localizaccedilatildeo da sesmaria eorrespondia a uma e outra banda do rio ficando-lhe o Salto nO mcioHl~)

Natildeo se questionando O valor documental desta referecircncia de Azevedo Marques acreditamos que a aacuterea correspondente a esta sesmaria original acabou caindo na condiccedilatildeo de terra devoluta caso contraacuterio natildeo teria sido conecdida a Felipe Cardoso em 1726 dentro das condiccedilotildees alegadas

UlUma das primeiras coisas que este lembra eacute a existecircncia de muita terra vaga no porto de Piracicaba argumento que reforccedila a tese de que apesar de conhecido pelos paulistas desde o seacutec XVII aquele scrtatildeo de Piracicaba natildeo despertava interesse agrave exploraccedilatildeo econocircmica Como as diversas tentativas de prospecccedilatildeo de ouacuterO nos Morros de AraraqU3ta mUlca deram resultados positIacutevos os mesmos permaneciam totalmente desvalorizadosll6

A intcnccedilatildeo revelada na antiga legislaccedilatildeo portuguesa que presidiu a concessatildeo de terras em regime de sesmarias (sesmar diviacutedir) eacute suficientemente clara (Lei dc D Fernando datada de 261061375) Quando um requerente ganha uma data compromete-se a provoaacute~la e desenvolvecirc-la Este eacute o sistema transplantado ao Brasil onde sofreu adaptaccedilotildeest dadas a continelltalidade e as exigecircncias de povoamento Tomou-se a praacutetica mais corriqueira da Coroa de Portugal atraveacutes dos seus prepostos embora natildeo houvesse uma medida padratildeo pata as aacutereas concedidas(li

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 15: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

A lllIlNERACcedilAtildeO NO CENTRO-OESTE

Observamos que a valorizaccedilatildeo dos sertotildees dos rios Capivari e Piacuteracicaba unificados na cartografia da eacutepoca sob a designaccedilatildeo cOmum de Sertatildeo do Piracicaba dependeu da descoberta do mineacuterio matogrossense as minas de Coxipoacute-mirim (1718) por Pascoal Moreira Cabral e do Senhor Bom Jesus de Cuiabaacute (I 720) por Miguel SutiL O fto desencadeou o projeto do Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo D Rodrigo Cesr de Menezes (1721) de estabelecimento do caminho terrestre para Cuiabaacute o qual foi executado por Luis Pedroso de Barros entre 1723-1724 e complementado peJo Mestre de Campo Manuel Di da Silva em 1726tU Nesta conexatildeo se insere o segmento elaborado por Felipe Cardoso reconhecidamente o primeiro sesmeiro efetivo no porto de Piracicaba justamente porque a sua solicItaccedilatildeo a concessatildeo pela autoridade portuguesa em Satildeo Paulo e a confirmaccedilatildeo da Carta de Data de sesmaria efetuada pelo Rei D Joatildeo V acham-se eficientemente doeumentadas 19j Era notoriamente reconhecido dentro do espioto e da praacutetiea da Lei que uma sesmaria concedida (1726) soacute podia ser confinnada (1728) se a aacuterea doada se achasse ocupada povoada e em processo de desenvolvimenlo pelo requerente

Sertatildeo de Piracicaba era designaccedilatildeo geneacuterica parecendo informar toda a vastidatildeo compreendida enlre o rio Tietecirc ou mais precisamente O Morro da Samambaia (divisor de aacuteguas entre a vertente do Capivari e do Tietecirc) e os Morros de Alltlraquara (Satildeo Pedro) Neste sertatildeo tambeacutem se costumava citar a paragem do Piracicaba e o porto de Piracicaba apenas este tinha localizaccedilatildeo precisa ao peacute do Salto

No periodoem que se desenvolveu uma miacuteneraccedilatildeo malogrossense os i1uanos solicitaram reiteradas vezes e receberam datas de sesmarias na direccedilatildeo de Araraitaguaba que por sua vez evoluiu agrave condiccedilatildeo de Freguesia (1728) Em suas reivindicaccedilotildees alegavam haver encontrado muita terra sem cultura inteiramente desaproveitada e disponiacuteveL O avanccedilo povoador em direccedilatildeo daquele grande porto das monccedilotildees se justificava plenamente~ jaacute que o Tietecirc se tomara rio mineiro exigindo uma retaguarda de ahastecimento Com relaccedilatildeo ao sertatildeo compreendido enlre Hu e Piracicaba O fenocircmeno era mais raro emhora fosse do conheciacutemento daquela e de Outras vilas pauliacuteslas que naquela aacuterea havia muitas terras devolutas e sem senhorio

No caso espeeffico do sertatildeo de Piracicaha era a aproximaccedilatildeo com [tu que ditava O interesse primeiramente para o vale do rio Capivari Dentro deste objetivo em 1728 Francisco Coelho Santiago morador de Satildeo Paulo djzendo~ se possuidor de muitos escravos maS Scm terras onde pudesse fazer roccedilas pedia uma Hsesmaria no sertatildeo de Piraeacaba mais panicularmente na margem do Capivari no sertatildeo que se acha entre Piracicaba e Vila de ltuHPOJ

Logo em seguida era concedida outra sesmaria junto ao rio Capjvari contiacutegua agrave primeira a Manuel Lopes Castelo Branco [111 A concessatildeo da sesmaria junto ao porto em 1726 a Felipe Cardoso era exceccedilatildeo que dizia respeito ao Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros logo desativado resultando etemera a expectativa de valorizaccedilatildeo

Observamos que no mesmo ano da confirmaccedilatildeo da sesmaria a Felipe Cardoso 1728 eram concedidas outras duas junto ao rio Capivari Estes satildeo os trecircs sesmeiros conhecidos no sertatildeo de Piracicaba e as suas propriedades tinham a mesma aacutereat 1 leacutegua em quadra ou sejam 43560 ml Apesar de fraco o interesse econocircmico com relaccedilatildeo ao sertatildeo do Piracicaba estas trecircs iniciativas demonstram que havia envolvirnenlo de sesmeiros e ocupaccedilatildeo da aacuterea

(UQMarly TQPettcin Oprt(~

Oltxumeniol1n~ bl XXVl1plSBU9

(19)Livrodc Scmw1as (l63~lm) VoL lIp 492-491

(lO) Mari~ Cdestina Teixeira Mendes TorresOp clt p22

(l)Mmo Ntme~OpdL p3i33

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 16: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

(22)Izmdro Ouctrinf ~ Hist6riacute de Pnciablcm~I8-9

(23) _ N_ RlIaltnM~irOJ pll2

(24) ldem1bidem

A RETAGUARDA NO MOVIMENTO MONCcedilONEIRO

Estabelecidass ligaccedilotildees entre o sertatildeo de Piracicaba e o rusb aUlifero para Mato Grosso ressalva-se a posiccedilatildeo daquela ruacutestica sociedade estabelecida recente e precariamente atilde retaguarda do movimento monccediloneiro Provam~no os documentos entre 1723 a 1733

OS REGISTROS DO OURO

A enorme preocupaccedilatildeo com os descaminhos do ouro cuiabano transportado daquelas longiacutenquas caxambus para a Casa de Fundiccedilatildeo e Quintagem de Satildeo Paulo natildeo s6 interdHou o Piacutecadatildeo de Luis Pedroso de Barros como deitou contiacutenua vigilacircncia sobre os pontos eventuais da sua passagem os Registros estabelecidos pelo governo e os povoados Por falta de visatildeo administrativa o Capitatildeo General de Satildeo Paulo preferiu interditar o Picadatildeo a dispender recursos para criar novos Registros ao longo deste caminho Perdia-se a iniciativa mantinha-se o perigoso itineraacuterio fluvial entre Araraitaguaba e Cuiabaacute e posteriormente~ dava-se preferecircncia atilde variante para Goiaacutes

No Vale Meacutedio do Tietecirc a Vila de Itu gosava o privileacutegio de sediar o registro excluindo-se quaisquer oulrOS pontos de passagem tais como o iacutemportante porto das monccedilotildees Araraitaguaba bem como o porto de Piracicaba posto em deslaque apoacutes a efetivaccedilatildeo do caminho do Picadatildeo e o desenvolvimento da sesmaria de Felipe Cardoso Esta uacutelfima paragem entrava recentemente na rota dos comboios culabanos e pela enormidade das distacircncias restava fora de controle natildeo havendo interesse em mantecirc~la

Ese espirito tambeacutem animava a carta datada de 13051729 enviada peJa Cacircmara de Satildeo Paulo ao Capitatildeo General Antocircnio Caldeira da Silva Pimentel - middotnos persuadimos ser desnecessaacuterio o Registro que se faz do ouro que vem das v1inas de Cuiabaacute na paragem de Araraitaguaba ou Piracicabap2l

DEPOIMENTO DE VIAJANTE

o Capitatildeo Joatildeo AntocircnIacuteo Cabral Camelo no regresso da sua atribulada viagem atilde Cuiabaacute passou pelo porto de Piracicaba no inicio do mecircs de novembro de 1730 Na 2 das Notiacutecias Praacuteticas da famosa Coleccedilatildeo Diogo Soares divulgada no Brasil por Afonso de E Taunay constatamos preciosas informaccedilotildees sobre o Piracicaba e a utilizaccedilatildeo do seu curso peJos monccediloneiros durante os periacuteodos das grandes encnentes no Rio Tietecirc particularmente no retomo de Cuiabaacute Ao desembarque do porto junto ao salto sucedeu ao Capitatildeo Camelo enveredar pe10 caminho aberto por Felipe Cardoso a conexatildeo para Itu que se percorria em trecircs dias A respeito deste caminho deixou a seguinte observaccedilatildeo - estava cercado de mato muito e bem e s6 com uma uacutenica roccedila e esta junto a um rio que chama CapibariPJ)

Interessantiacutessimas satildeo as suas observaccedilotildees sobre a sesmaria de Felipe Cardoso junto ao porto de desembarque ~ onde haacute quatro formosas roccedilas com gente mas muitas mais despovoadas Esta alusatildeo agrave decadecircncia daquele estabelecimento confirma-se mais adiante Este rio (Piracicaba) tem algumas itaipavas mas todo ele estaacute cercado de matos capazes todos de roccedilas poreacutem como faltavam as conveniecircncias do Cuiabaacute e este porto era o mais distante (referiacutea~se aos trecircs portos utilizados na eacutepoca Araraitaguaba Sorocaba e Piracicaba) deram os mineiros em o natildeo continuar e assim se perderam as roccedilas e as fazendas que nele havia(lA

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 17: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

A explicaccedilatildeo de Camelo eacute satisfatoacuteria faltando as conveniecircncias do CUlabaacute abandonava-se o porto decaindo as roccedilas) naquele ano de 1730 Queria dizer que a interdiccedilatildeo do caminho executado por Luis Pedroso de Barros e seu sobrinho Manuel Dias da Silva por ordens superiores condenou as esperanccedilas de muitos roceiros interessados no abasteeimento dos comboios cUIacuteabanos retardando a ocupaccedilatildeo dos sertotildees do Piracicaba

CORRESPONDlNCIA DA EacutePOCA

o mais curioso diz respeito agrave correspondecircncia da autoridade iacutetuana Joatildeo de Mello Rego ao Capilatildeo General de Satildeo Paulo Conde de Sarzedas Trata-se da Carta datada de 12121732 onde Piracicaba eacute ciacutetada por duas vezes Primeiramente fala~se das canoas euiabanas procedentes do Tietecirc) ou sejam as canoas portadoras de mineacuterio de ouro e algum comeacutercio cuiabano que costumavam chegar ao porto de Piracicaba A explicaccedilatildeo adveacutem de antiga praacutetica sertanista por ocasiatildeo das grandes cheias do Tietecirc quando grassavam as febres epidecircmicas Dependendo destas condiccedilotildees proeedia-se agrave varaccedilatildeo por terra a partir do porto de Piracicaba ateacute a Vila de tu

A mesma referecircncia agraves eanoas euiabanas de Piracicaba ligadas ao comeacutercio cuiabano aparece na Carta de 191211733 15) Em segundo lugar chama a atenccedilatildeo a providecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego) a respeito do plantio das roccedilas (o calendaacuterio agrlcola era de vital importacircncia para aquelas sociedades) ordenando que se tratasse do expediente do plantio de feijatildeo das aacuteguas~ certamente destinado a reforccedilaroabastecimenlo das monccedilotildees que partiacuteam de Araraitaguaba para Mato Grosso O que era mais curioso a providecircncia devia atingir natildeo apenas os moradores de Araraitaguaba mas ateacute mesmo onde se achassem moradorcs no distante rio de Piracicabal6)

A constante alusatildeo ao distante rio de Piracicaba deviacutea1igar-se notadamente ao estabelecimento de Felipe Cardoso distante sete a oHo dias de viagem flu~ vial de Araraiacutelaguaba ou trecircs a qualro dias pelo caminho terrestre de Ilu Tambeacutem significa que a sociedade embrionaacuteria ao peacute do Salto jaacute tinha alguma expressatildeo no cOntexto soacuteciomiddoteconocircmico do Vale Meacutedio do Tietecirc Pelo menos natildeo era tatildeo desconhecida das autoridades que dela vinham se valer num momento de premente necessidade de abastecimento monccedilonciro A refereacutenccedilja aos moradores do rio Piracicaba daacute uma avaliaccedilatildeo aproximada da importacircncia daquela regiatildeo qual seja a de servir de retaguarda do movimento monccediloneiro Nada rnais do que um pouso a meio daqueles inhoacutespitos sertotildees local de abrigo socorro aos que desciam dos Campos de Araraquara ou do Tietecirc e abastecimento das monccedilotildees de Araraitaguaba em condiccedilotildees de emergecircncia

Observa~se que a proacutepria autoridade parecia desconhecer a exata localizaccedilatildeo de PiracIacuteccedilaba aquela paragem do sertatildeo conquanto aos mais avisados a sesmaria de Felipe Cardoso estabelecida agrave beira do Piacutecadatildeo para Mato Grosso tinha exata localizaccedilatildeo jlmto ao porto ao peacute do Salto Deste recurso valiam-se os mineiros salvandOwse nas canoas cuiabanas do Piracicaba

POVOACcedilAtildeO DE PIRACICABA EM 1733

Um dos documenlos mais interessantes eacute a Carta de 2710211733 expedjda pelo Capitatildeo General de Satildeo Paulo e Conde de Sarzedas havendo por destinataacuterio a Manuel Correcirca Anatildeo residente na Povoaccedilatildeo de Piracicaba e pertencente agrave ceacutelebre famiacutelia de bandeirantesiacutel1) O mesmo era convocado a fazer a guerra justa aos paiaguaacutes que infestavam o caminho tluviacuteal de Mato Grosso dizimando as monccedilotildees que partiam de Araraitaguaba Como bom

(25)~Ouerrinl -CpclL p14

(26) Idem fbidcm p91 L

(27) Vw1ro Gutmni w Cp dL p09

19 bull

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 18: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

(28) Idem Thl4emplO

~) ldcm fbidemp09

()O) _Ih ()1)M1rio Ncme Op dt p

vassalo obedeceu prontamente o octogenaacuterio sertanista e consta que faleceu naquelas lonjuras cumprindo o Real SenticcediloY) Alvo imediato da nossa curiosidade nascem as perguntas ~ O que fazia naqueles sertotildees ennados de Piracicaba tatildeo famoso preador e minerador paulista O que se espera da expressatildeo assinalada em 1733 ~ Povoaccedilatildeo de PiacuteracicabaH

fl9)

A correspondecircnciacutea estabelecida entre Joatildeo de Mello Rego e O Capitatildeo Geneshyral de Satildeo Paulo demonstra sere mesmo o receptador das comunicaccedilotildees enviadas ao sertatildeo de Piracicaba particularizando Manuel Correcirca Arzatildeo distante trecircs dias de viagem da vila de Outu~guaccedilu pela varaccedilatildeo laquode um caminho muito desertott()O A menccedilatildeo deste detalhe confirma que ainda se mantinha a antiga picada de Felipe Cardoso conquanto o Picadacirco de Luis Pedroso de Barros para O Mato Grosso fosse interdito por lei Caso contraacuterio seria mencionada uma jornada mais difiacutecil e mais longa constante de um dia entre [tu e Araraitaguaba (Porto Feliz) e de seis dias e meio a oito entre esta e o porto de Piracicaba tal como se executava na eacutepoca de Antocircnio Correcirca Barbosa ao se proceder agrave fundaccedilatildeo da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba em 1761

A carta~resposta de Manuel Correcirca Anatildeo expedida de Piracicaba foi mais reveladora ainda Cabem as 5eguintesCoacutensideraccedilotildee5 a seu respeito 1 ~ Recebera a missiva do Capitatildeo General com vinte e cinco dias de atraso O fato certamente decorria por conta da negligecircncia do Capitatildeo~mor de tu pois era sabido que a viagem entre Satildeo Paulo e ltu demorava cerca de trecircs a quatro dias enquanto o percurso entre aquela vila e Piracicaba atraveacutes do caminho terrestre exigia trecircs dias 2 - A resposta aparece datada de 28 de marccedilo daquele ano f

demonstrando que fora expedida apenas seis dias apoacutes haver-lhe chegado agraves matildeos a carta do CapitacircoGenera13 - Como bom vassalo dispunha-se ao Serviccedilo dEJ Rei embora houvesse por sugerir os necessaacuterios e indispensaacuteveis aviamentos (financiamento) 4 - Ao fazecirc-lo reve1ava que a sua condiccedilatildeo era de pobreza conquanto natildeo fosse de penuacuteria com o limitado com que me acho ainda que os anos me permitam algum descanso O fato de ser identificado como residente estabelecido no sertatildeo de Piracicabajaacute era indicio de que o mesmo investira algum capital proveniente da preia ou da miacuteneraccedilatildeo~ na tentativa de desenvolver alguma propriedade naquela retaguarda do movimento monccediloneiro objetivando tirar beneficio do tracircnsito ao longo do distante caminho 5 - Referindo-se agrave condiccedilatildeo de residente no sertatildeo do Piradcaba lembrava um penodo anterior durante o qual com menoS anos e s6 pela conveniecircncia proacutepria me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo 6 ~ Natildeo parecia um povoador isolado e ali se achava jaacute haacute algum tempo A que conveniecircncia o mesmo estaria se referindo~ senatildeo aos efeitos do rush aurifem e do Picadatildeo de Mato Grosso bem como da subsequente valorizaccedilatildeo dos sertotildees do Vale Meacutedio do Tietecirc e por inclusatildeo do Piracicaba 7 - Qual o significado de me arrisquei a criar com os mais aquele sertatildeo senatildeo outro de estabelecer~ se com gente sua seus sub comandados (agregados caboclos bugrada) parentes e amigos dedicar-se agrave praacutetica da lavoura de mantimentos e pecuaacuteria com que se costumavam abastecer os comboios ao longo dos camiacutenhos Natildeo era sem propoacutesito que as autoridades faziam reiteiradas citaccedilotildees agraves canoas cuiabanas presentes no Porto de Piracicaba Tambeacutem era evidecircncia de que o Picadatildeo de Luiacutes Pedroso de Barros ainda tinha serventia apesar da proibiccedilatildeo(1)

Estabelecer-se no sertatildeo de Piracicaba buscando beneficio de um caminho que foi proibido de vingar afigurava-se autecircntica operaccedilatildeo de risco Em sua correspondecircncia Manuel Correcirca Arzatildeo natildeo se referia agraves fortes adversidades que acometiam agravequeles que ousaram aventurar-se ao isolamento dos meios de civilizaccedilatildeo aos parcos recursos para desenvolver novos capitais agraves seacuterias condiccedilotildees de risco naquele habitat A decepccedilatildeo diante do fracasso da empresa

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 19: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

aflorava nas entrelinhas da carta-resposta se me achasse com mais aumento de fortuna sem mais despesa veria que essa era a minha obrigaccedilatildeoff (o custeio da expediccedilatildeo para Mato Grosso)oraquo Ao partir para Mato Grosso com a sua gente arriscava-se na uacuteltima demanda da sua vida Faleceu em 1736 Omiddot estabelecimento de Piracicaba deve haver sido relegado ao abandono

AS PARCERIAS DO SERTAtildeO

Naquele mesmo ano de 1733 apareceram outras referencies a Piracicaba atraveacutes da correspondecircncia da autoridade ituana Joatildeo de Mello Rego dirigida ao Conde de Sarzedas Capitatildeo General de Satildeo Paulo

A carta de 2110411733 menciona um certo Pedro Rodrigues Neves morador de uPeracicava o qual se via requjsitado para idecircntica missatildeo (a guerra justa em Mato Grosso) Tudo indica que o mesmo devia alistar-se na bandeira de Manuel Correcirca ArzatildeoiacutelHbull A curiosidade instigante proveacutem do fato de que o elemento solicitado se achava agraves voltas com seacuterios problemas de que lhe resultaram o achar~se atrasado no cumprimento da sua promessa Eacute que lhe fugiram sete negrosfl da sua propriedade em Piacuteracicaba e aos quais ele esperava recuperarH~ Esta valiosa indiscriccedilatildeo sobre a forccedila de trabalho local surgere que ainda se tentava estabelecer uma estrutura de produccedilatildeo naqueles sertotildees em anos subsequentes ao Picadatildeo

A carta de 191211733 diz respeito ao velho problema das canoas cuiabanas de Piracicaba refletindo a poliacutetica do governo frente agrave utiH2accedilatildeo do caminho de Luiacutes Pedroso de Barros aberto entre 17231726 O Capitatildeo-mor de Itu Joaquim de Meno Rego comunicava ao Capitatildeo GeneraJ a antiga preocupaccedilatildeo frente ao contrabando do ouro - ~aacute passei ordens para Piracicaba debaixo de todo o segredo que vindo por laacute canoas do Cuiabaacute logo me mande avisaroS)

Estas trecircs missivas satildeo comprovadas na dinacircmiacuteca estabelecida no sertatildeo dc Piracicaba sob o influxo do Piacutecadatildeo Infelizmente o processo teve curta durnccedilatildeo dadas as proibiccedilotildees oficiais Piracicaba ficava condenada agrave posiccedilatildeo de retaguarda das monccedilotildees de Porto Feliz (Araraitaguaba) retardando-se o processo povoador Dentro de alguns anos o sertatildeo do Pirncicaba junto ao qual tentavam-se desenvolver os estabeleeimentos de Felipe Cardoso Manuel Correcirca Amo Pedro Rodrigues Neves e outros voltaraacute acirc condiccedilatildeo de simples referencial geograacutefico Mas ateacute aquele ano ainda se expediam ordens sobre o plantio de roccedilas necessaacuterias ao reforccedilo do abastecimento das monccedilotildees ao longo dos nos Tietecirc e Piracicaba ateacute onde se achassem moradores numa provaacutevel alusatildeo ao Salto e agrave gente de Felipe CardosoYi) A existecircncia de posseiros Com gente sua algum gado e cabedaiacutes desenvolvendo a exploraccedilatildeo econocircmica em aacutereas noshyvas valorizadas por atividade mineira ou abertura de uma carta de data de sesmaria natildeo raro insinuava uma ocupaccedilatildeo mais abrangente uma povoaccedilatildeo

OS ANOS DE DESINTERESSE

Os anos de desinteresse satildeo igualmente fartos de informaccedilatildeos Data de 1760 (i 61 O) a transferecircncia da sesmaria de Felipe Cardoso ao seu sobrinhot

Francisco Cardoso de Campos porcausa de uma divida de duzentos e tantos mil reacuteism) Seraacute das matildeos deste sucessor que Antocircnio Correcirca haveraacute de adquirir a meia leacutegua em quadra restante da sesmaria original para nela proceder ao translado da Freguesia de Santo Antocircnio de Piracicaba em 081091784(5)

A proibiccedilatildeo oficia1 do uso do caminho aberto por Luis Pedroso de Barros deitou desinteresse pelo sertatildeo do Piracicaba condenando as tentativas isoladas de estabelecimento de posseiros e respondendo pela decadecircncia da sesmaria de

(32) JdemIbidem

()l) Lomdm Ciuarini bullOp clt pl11

(34) fdtm Ibidem

(35) Id~ Ibidem plI

(36) Idem Ibidem

()1)~GuerrlnimiddotOpcitgt

p12

()8)M3tlyT (1 PCKeIacuteAmiddot Coostituiacuteccedillo (Piracicaba) BvOOsa XAsrudap_8Jw1

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 20: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

J9j~II)~JOi

XXmpl6

(40) Mvty Tv PcrocinmiddotCaDoQ e Monj()Ioacutef~eNampviO$p

(41)MWCehStina Teiloein Mendes T(lfTtfOp dt p2lmiddotU

(41) Mady TG Pnlaquoia-Opdt

(tJ)Mampriamp Ccletlm TeiJleira Mendd T()lYeS bullCp ot plM3

Felipe CardoSltl estabelecida ao peacute do Salto onde vinham as expediccedilotildees de Cuiabatildel as canoas cuiabanas de Piracicabi1~middot Este tracircnsito comprovadamente existiu por quase duas deacutecadas sendo suficienle])auumll justificar alguma forma de ocupaccedilatildeo e povoamento particulannentejunto ao velho porto de Piracicaba Natildeo foi suficiente paradeilarmaiores desdobramentos tanto que Felipe Cardoso constituiu~se no uacutenico povoador de vulto a receber carta de data de sesmaria

OS NOVOS TEMPOS

A revalorizaccedilatildeo do sertatildeo do Piracicaba somente ocorreraacute em 1766 quandot O Morgado de Mateus por contingecircncia da guerra na fronteira haveraacute de intentar a fundaccedilatildeo de diversas povoaccedilotildees estrateacutegicas nas conhecidas bocas de sertatildeoH da Capitania Piracicaba seraacute uma delas a partir de 1767o~A falta de informaccedilotildees sobre a atividade povoadora naquele sertatildeo do Piracicaba du~ rante os anos compreendidos entre 1733 a 1766 eacute sintomaacutetica de que aiacutenda a regiatildeo se mantinha agrave retaguarda do movimento monccediloneiro seja para Cuiabaacute seja para o forte~presiacutedjo de Iguatemi estabelecido na fronteira paraguaia destinado agraves operaccedilotildees mi1iacutetares no sudoeste a partir de 1767

A ocupaccedilatildeo definitiva tantas vezes postergada aconteceu naquela deacutecada poreacutem se manifestou precaacuteria e vacilante Lajes Itapetininga Piracicaba viacutengaram por denodo e sacrificiacuteo dos seus diretores e povoadores malgrado as circunstacircncias As duas primeiras se achavam estrategicamente estabelecidas ao longo da Estrada Real (Sul)

Havendo se estabelecido como Povoaccedilatildeo em 1767 e como Freguesia em 1774 t Piracicaba natildeo atraiacutea sesmeiros parecendo um enfeudamento do Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa ateacute 1786 O desastre de Iguatcmi contribuiu muito pouco para atrair sociedade nos anos subsequentes a 1777 Verdadeiramente dificuUou o desenvolvimento da Freguesia ao fazer cessar as encomendas de canoas e os gecircneros de abastecimento das monccedilotildees que desciam o Tietecirc na demanda do Paranaacute F oi preciso aguardar mais algum tempo para que a corrente povoadora que acompanhava a fronteira agricola de ltu se orientasse para o sertatildeo de Piracicaba e comunicasse novo alento agrave comunidade piracicabana4D)

O segundo sesmeiro (Manuel Antocircnio de Arauacutejo) soacute apareceu em 1781 seguindo~se outros quatro entre 1781 e J783 enquanto Piracicaba permanecia estabelecida sobre a margem direita do rio A partir da mudanccedila para a margem esquerda do rio em 1784 as concessotildees de sesmarias se intensificaram comprovando a chegada da fronteira agriacutecola em Piracicabaimiddot) Agrave medida que se aproximava o seacuteculo XIX constatamos a expressiva rcvalorizaccedilatildeo do sertatildeo de Piracicaba fruto da procura das suas terras fertiliacutessIacutemas para O

estabelecimento dos canaviais l a introduccedilatildeo da escravaria e a montagem dos engenhos(411

Modificava-se a natureza do processo povoador de retaguarda do movimento monccediloneiro agrave retaguarda da fronteira agricola iacutetuana Entre 1784 e 1797 constatamos cerca de nove estabelecimentos sesmeiros e a existecircncia de inuacutemeros posseiros A ocupaccedilatildeo tornava~se irreversiacuteveLflJ

CONSIDERACcedilOacuteES FINAIS

A povoaccedilatildeo de Piracicaba estabelecida em caraacuteter puacuteblico oficial t a partir de 1767 foi iniciativa do Morgado de Mateus D Luiacutes Anlocircniode Souza Botelho Mouratildeo executada pelo nomeado Diretor Povoador Antocircnio Correcirca Barbosa

Nada impede que se especule a respeito de um certo povoamento re~ sidual (7) natildeo documentado proveniente da posse sesmeira de Feliacutepe Cardoso

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 21: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

transferida ao herdeiro Francisco Cardoso de Campos Inegavelmente houve um estabelecimento florescente no porto de Piracicaba e o sertatildeo tomou alento entre 1723~1733 A ruiacutena daqueles empreendimentos subordinava~se agrave proibiccedilatildeo do tracircnsito pelo Piacutecadatildeo de Luiacutes Pedrosode Barros Em que pesem as tentativas de utilizaccedilatildeo do porto de Piracicaba pelos monccediloneiros interessados em conduzir para Araraitaguaba as canoas cuiabanas ou de enveredar pela picada de Felipe Cardoso l comunicando a Capivari e itu o povoamento residual natildeo evoluiu Muito pelo contraacuterio tudo indica que feneceu mas sem desaparecer de todo porque o sertatildeo continuou a ser frequentado pelos aventureiros pelos fugitivos e principalmente pelos madeireiros ligados agrave armaccedilatildeo monccediloneira de Araraitaguaba

A laquoloacutegjca~ coloniacutealligava o desenvolvimento das comunidades agravecirculaccedilatildeo do tracircnsito ao longo das estradas e dos caminhos particularmente ao abastecimento das zonas mineradoras Felipe Cardoso apostou alto nO porto e na paragem de Piracicaba Em 1760 cansado desiludido e amlinado na sua empresa nada mais lhe restava que honrar os seus compromissos em cartoacuterio transferindo a posse da sesmaria de Piracicaba ao sobrinho por causa de uma divida de uns duzentos e poucos mil reacuteisH Mesmo assim lembramos que O bull

capital era expressivo para a eacutepoca Enfrentava-se um periacuteodo de enonne decadecircncia material em Satildeo Paulo fruto do processo de retalhaccedilotildees em 1748 Satildeo Paulo vivia tempos de humilhaccedilatildeo e empobrecimento A perda dos territoacuterios mineiros no Cenlro~Oesle G01aacutes e Mato Grosso em 1748 o tracircnsito desviado dos nos para a variante terreslre entre Cuiabaacute e Goiacuteacircs em 1737~ tais agrdvos reduziram draacutesticamente o movimento monccediloneiacutero no Vale Meacutedio de TIetecirc As viacutelas se empobreceram os sertotildees se desvalorizaram a paragem de Piraciacuteeaba se desativou

Sesmeiros e posseiros se arruinaram Fallando as canoas cuiabanas e as expediccedilotildees sertanistas a quem vender os produtos das roccedilas e as carnes curadas Francisco Cardoso de Campos herdou a ruina nada sabemos a respeito da sua atuaccedilatildeo entre 1760 a I767 Natildeo acordou sequer para defender os scus direitos de posse quando o Capitatildeo Generat da receacutem-restaurada Capuumlania de Satildeo Paulo D Luis Antocircnio Bolelho Mouratildeo mandou lanccedilar o Bando na Vila de lIu em novembro de 1766 comunicando a sua intenccedilatildeo de assentar uma Povoaccedilatildeo em PiracicabaY~J Residindo em Aramitaguaba Freguesia de hu e porto monccediloneiro era notoacuterio que Antocircnio Correcirca Barbosa annador naquele mesmiacutessiacutemo porto se achava nomeado dcsde julho de 1766 DirclOr Povoador da nova Povoaccedilatildeo de Piracicaba(t~j

Natildeo comparecendo para rec1amar direito legiacutetimo de posse ou formas indenizatoacuterias seja porque fosse propalado que a povoaccedilatildeo de Piracicaba ia ser fundada na barra do rio com o Tietecirc ou por desinteresse faciliacutetou a accedilatildeo de Antocircnio Correcirca Barbosa Publicado O Bando vencido o prazo das reclamaccedilotildees o local escolhido para o assentamenfode povoaccedilatildeo era considerado inteiramenfe desembaraccedilado e aploPN

Fonnaliacutezada a povoaccedilatildeo de Piracicaba em Oliacute081767 na margem direita do rio junto ao velho porto entrando sob efeito derrogatoacuterio os direitos de Francisco Cardoso de Campos naquela eacutepoca Ficava preservado o seu legjtimo direito sobre a margem esquerda do Rio Piracicaba fato que se comprovou em 1784 quando se pretendeu transladar a comunidade A escritura de eompra e venda passada no Cartoacuterio de hu sobre a meia leacutegua em quadra da sua restante propriedade na margem esquerda natildeo deixa duacutevidasiacute~1) O Capitatildeo Antocircnio Correcirca Barbosa comprou e pagou agrave vista pelo valor de oitenta mil reacuteis o chatildeo para onde transladou a Freguesiade Santo Antocircnio de Piracicaba Honor onusi)

(44)~I~JIiVoI LXVp1l2

(45) Idem Vol LXVpJI9

(46) Idm VoUXVIlpgt 1S1

(41MarlyTOPtttdn shyCoosuacutelliccedilllt) (firaeiu~) Barbosa X Arrtdap8-8l

(48) JMm fbidcm

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 22: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

FONTES

~ltb~ooErttda(sJ

~ di ~runccdiocircoo Am6gtiotortuacute nrtgtMa Livro 11 FQhl04bullbull ~N~RkIdcJ_iro)

bull MtoaiblCftlc OacuteI 5101 691+AJIU Bi~MltIIIIcipJMtritlamp~(sP)

~~dtCt9ilalldcSPllllQ 1166 V9Jt-41 C 322

TImiddot Documentospubliados

lmtlblIOHUcoacuteciro~~dc 5101 Pvlligtbull bull CaIU di 1)$15 do Slaquomamprio~ Ft~ Lim) k $n-uriu(11lGI1J6) Vol m Sit 110 Ed laquogt 1lt15 19)1~ XXXVW 1llt4middot126 bull llttulrodc rI ~~ do Stwu~ FtlJp Cordoaa uumlgtngtde SHmatiu (16)b-1l8) 1 U S10 Plo EdOacutelt UIGSP 1931 v~91j97

~tkI~wdoEWOO5Jgt)

-~~pu Ililleacutem f CMlume1oacutee SkhlIlo VchulIgteI XrI XX XILXXXlI XXXlll LXV f LXVll

mM Livtu$ e Artigos

ArroyQ ~Re~ doltic T~C~laquoIfulQri~ r $lchlJligt Ed oacutelgtel$IXI 1$ talWrigtl rtlQ ~l O CamirbQamp 1u Pe4roMltltklhmgti Rtviwoo UiGSbull 19 VeI LXlp19IO ~ mJil IAtildeilfflloo uti~oo ~iL~dcIiJLbri~nmiddot4 SJo P1YJ~ Eltl Qhdlsoo 11 nocr CR A ldlkaacuteoOumdgtBrut SJnP~w Ciamp1 WlCiooamp 1969 tedlccedilJo ccedilon Jo 1Ipigt Tmpu fT~iJo1 no FI)If(ICcedilampgt40 BrniL ti)amp Jaxiro Ed CooqWlU 1961 GlIotlIrini Lttndro IfiMCNOacuteI-PirtciIacutegtoemQlwiM(lLr~bt 2d UIGJgt~ 1110 Mello ~ Sihtu ABtnUdoPiadlccedil dcCb bull ~(18~6-1 ~) In ~P Pinci~r- Pirlciab-_ tA Jmru] di linci-bll96Ip3M Nrtc M1riQlfitkildaf~4thkictll2 Ett Pinci~bl tltj IHGJ ~9n

Jgt~Mljo~Gmnmocn-~IO_EI)~Kl~Re-tiltuoolni~tclol~cGwgrirgtooamplgtoioaN

1J)t VoU lOacuteimec-tinlccedilloPiruleuacutegtAn~AAacuteIudi 1InllaampfufiNlo~~ 19n VoIp 73$l JIkmmiddot OYsampo amp MO~ (wonwlccedilltgti Hhl6ri delnicab) Jal ltkPJcaN ~dot OI 002 OSOl OR e di O( nltIe l911 et4 pQ1 P~Mu ThtKU~ At~ClDlde) $ Plul0 SIo r Jlt Di[ E~ado Uvro 1amp TAqel lMm Nobiluumlrbj PwuWlIl~ t ~DClIeacute8Iacuteegt)O U Sloo Plala 51 MulIacuteru IV tcnt 1954 T_r MOOoacute4dC bcnJpgtIeltd~ M~ll1orau1Ed Mlltir~ IV Igtffll 1954 T~MuiICclIiIllTdWrt~~amp~dl~lWrtImlitlociablotlIInoo1triltbio~N

Ed ~PdcLeuu 1915

Resumo

Na fase colonial de abertura dos grandes caminhos terrestres o Picadatildeo de Mato Grosso ligava Satildeo Paulo agraves minas de Cuiacuteabaacute O porto de Piracicaba junto ao Salto era paragem obrigatoacuteria Entre 1723-1726 Felipe Cardoso ali estabeleceu~se como sesmeiro Imitaram-no outros posseiros objetivando abastecer com o produto das suas roccedilas e criatoacuterio os comboios em tracircnsito Os interesses metropolitanos sobre o ouro intcrditaram O caminho (1730) arruinando aquelas iniciativas postergando o povoamento para J767 Raras vecirczes acudiam ao porto as canoas cuiacuteabanas ou atravessavam o sertatildeo do Piracicaba alguns viajantes demandando 1m Aquilo era Boca de Sertatildeo durante vaacuterias decirccadas no seacutec XVIII

PALAVRASmiddotCHAVE

Vale Meacutedio do Tietecirc Im ~ Araraitaguaba - rio Piracicaba ~ porto - sertatildeo shyparagem - Picadatildeo de Mato Grosso ~ mineraccedilatildeo - Felipe Cardoso - sesmaria shyroccedilas - posseiros - canoas - Cuiabaacute -Boca de Sertatildeo

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 23: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

SANATOacuteRIO SAtildeO LUIZ

LAURO MORAES FARIA ()

No iniacutecio deste seacuteculo vivia em Piracicaba o Baratildeo de Rezende grande benfeitor da cidade em cujas terras foi implantada a vila do mesmo nome Para o seu desgosto e de toda a sociedade piracicabana falecia em 1902 o seu filho Luiz meacutedico receacutem~ formado de tubercul(1$e insidiosa doenccedila de dificil cura na eacutepoca O choque foi grande pata o povo todo Resolveu~se que se construiria um sanatoacuteno para a cura do mal que teria nome Satildeo Lu para homenageare filho do baratildeo

Este teve uma preparaccedilatildeo dificil mas vitoriosa Acabou sendo inaugurada em 1926 funcionando ateacute fim de 1930

O livro Medicina em Piracicaba do Dr Oswaldo Cambiaghi agraves pgs 472 e seguintes conta a histoacuteria do estabelecimento mostrando a luta da famiacutelia do Baratildeo de Rezende de seuS amigos e da Liga Paulista contra a Tuberculo$C a fim de conseguir tecircmiddotlo pronto em 1913 O funcionamenlo contudo era ouLTa coisa pois necessitava de verba contiacutenua O que finalmente foi conseguido por subvenccedilatildeo governamental Foi justamente a falta de tal subvenccedilatildeo como medida de economia da revoluccedilatildeo de 1930 que poacutes Getuacutelio Vargas no poder que fez fechar a instituiccedilatildeo

O referido livro descreve tambeacutem o que foi feito do sanaloacuteno apoacutes o seu fechamento O penCldo de 1926 a 1930 tem o meu testemunho como passo a relatar

Na primeira data acima o Dr Epaminondas de Moraes Martins meu avocirc matemo e meacutedico do Rio de Janeiro foi convidado a ser o diretor Para clIacute veio e ocupou O cargo ateacute 1930

Dos meus oito aos doze anos vlm passar art as minhas feacuterias de fim de ano o que para mim menino criado aperreado em cidade era o ceacuteu

O estabelecimento se localizava no fim do que ecirc hoje a Avenida Baratildeo de Serra NegfltI jUllio agrave chacirccara do falecido Mario Wiacutetier recentemente loteada Em 1926 e ainda muito depois a Baratildeo de Serra Negra terminava em uma pOrteira ao lado do que eacute hoje o Hospital dos Plantadores de Cana Aiacute findava o ccedilasario da Vila Rezende e uma estrada de terra continuava em frente descendo iacutengreme encosta agrave esquerda da qual havia um brejo com um arrozal O sanatoacuterio era atingido logO depois de se passar ao lado de uma pequena mata

A planta era aproximadamente Coacutemo mostra I) croquis abaixo

Cercado de jardins cuidadosament~ cultivados o edificio principal compwlha-se de trecircs corpos ou alas A ~ dos doentes Bmiddot de serviccedilo C ~ da residecircncia do diretor

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 24: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

A ala A dos doentes era constituiacuteda por varanda assoa1hada e laquolvidraccedilada etJ)

forma de arco onde ficavam as espreguiccediladeiras oos pacient~ acompanhada em todo o $eU comprimento pelos quartos de dupla ocupaccedilatildeo com pia de aacutegua corrente mais o gabinete do diretor(I) a sala de pneumofarax (2) il dependecircncia dos raios x (3) mais os banheiros completos em (3) e (4)

Um salatildeo 1igava a ala descrita agraves de serviccedilo B e da residecircncia do diretor C Na ala de serviccedilo havia um corredor com vaacuterios cocircmodos de ambos os lados para

abrigar cozinha copa despensa quartos para alojamento e sanitaacuterios Na ala do diretor havia tambeacutem um corredor com cocircmodos em ambos 0$ lados

conlendo quartos de dormir sala de refeiccedilotildees banheiro e na entrada junto ao salatildeo central t uma minuacutescula capela (5) dedicada a Satildeo Luiz

Todo o conjunto era envolvido por estrada encascalhada uma completava toda a volta em tomo do jardim este com cerca de cedrinbos Em frente agrave entrada principal no centro da varanda (ala A) havia um canteiro redondo com flores e junto ao mesmo e em opOslccedilatildeo agrave entrada do edifiacutecio uma casinha (11) inicialmente ocupada peto vigia e posterionnente pelo almoxarife

Do outro lado da estrada envolvente e em face das dependecircncia de serviccedilo B ficava o edilicio chamado maquinagraveria com vaacuterios cocircmodos num dos quais se instalara a auto-clave para ferver a roupa dos doentes

Do fado das alas B e C havia um pomar com toda a sorte de frutas sobretuacutedo mangueiras (7) e tambeacutem um grande galinheiro (7) Em frente agrave ala A ficava o pomar de uso dos pacientes (9) e tambeacutem uma horta (lO) rogada pela ~gua de um c6rrego liacutempido e cneio de peixinhos que hoje serpeia pelo bairro NhotildemiddotQuim infestado de bichos e poluiacutedo pelos esgotos domeacutesticos Finalmente em (12) havia um pequeno curral para abrigar uma vaca leiteira presente de um benfeitor

O conjunto do sanatoacuterio ficava fronteiro a um vale ocupado por um pasto atual bairro Nhocirc~Quim atraveacutes do qual se divisava a estaccedilatildeo de Viacutela Rezende da SOrOcabana

Nos fundos junto ao curral ficava uma porteira para pedestres apelidada de do eco pois as colinas visinhas refletiam nitidamente qualquer grito que se desse repetindo ateacute trecircs siacutelabas

Os serviccedilos de aacutegua energia eleacutetrica e esgoto eram continuaccedilatildeo dos da cidade Funcionava tambeacutem telefone

Foi nesse estabelecimento modelar que meu avocirc devolveu a sauacutede a muitos indigentes que lhe eram encaminhados pelQ Dr Clemente Ferreira da Liga Paulista contra a Tuberculose Lcmbro~me de um alematildeo que enfennara com poucos anos de Brasil e que permaneceu no sanatoacuterio depois de curado trabalhando CQmQ mecacircnico de manulenccedilatildeo geral e acolheu-se agrave nossa famiacutelia no Rio apoacutes o fechamento Tendo voltado a doenccedila em virtude de trabalhar ele em faacutebrica no pesado clima quente e uacutemido da antiga capital recebeu passagem e sanatoacuterio graacutetis na sua terra natal (governo nazista) onde se curou novamente e trabalhou ateacute apoacutes a segunda conflagraccedilatildeo mundial quando faleceu ao se preparar para voltar agrave terra do sol como ele carinhosamente chamava o Brasil

O Sanatoacuterio Satildeo Luiz acolhia sobretudo natildeo pagantes conquanto aparecessem al~uns que pOdiam e portanto contribuiam o que certamente concorreu para que a Ltga se visse obrigada a fechaacute~lo com leacutennino da contribuiccedilatildeo govemamental natildeo sei se federal estadual ou mista

Enquanto funcionou o sanatoacuterio fez o bem Os doentes sem distinccedilatildeo eram acolhidos com carinho a ponto de minha avoacute vender perus criados no galinheiro para comprar lembranccedilas de Naal para os mesmOs

O livro Medicina em Piracicaba acima referido descreve como foi feila a liquidaccedilatildeo tendo todos os materiais ficado por forccedila dos proprios estatutos com a Santa Casa e o terreno recaiacutedo no dominio dos herdeiros do Baratildeo de Rezende

Lembro-me da admiraccedilatildeo que gozava Piracicaba no conceito de meu avocirc por ser cidade cOm cerca de quarenta mecircdicos jaacute naquela eacutepOca

Lembro-me lambecircm dos elogios que a cidade suscitava nos viSlantes pela sua opulecircncia baseada nas plantaccedilotildees de cafeacute destruiacutedas em 1930 em consequecircnciacutea da crise que se abateu sobre o Brnsil e da qual a nossa cidade soube galhardamente sair com a sua induacutestria destacando-se a produccedilatildeo accedilucareir3 e seus estabeleciacutementos de ensino principalmente a Escola Superior de Agronomia orgulho nacional Tudo foi fruto das sementes entatildeo plantadas peJos seus ativos habitanfes

Parodiando a linda canccedilatildeo que todos conhecemos

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO CHEIA JE FLORES CHEIApE ENCANTO NINGUEM DESMENTE O JUBILO QUE SENTE UM SER PRESENTE A TRABALHAR POR TI

(middot)Lauro Moraes Faria eacute engenheiro civil e industrial metaluacutetgico natura1 de Niteroacutei Rio de Janeiro Reside pela terceira vez em Piracicaba rendo nas duas veres anteriores trabathado na empresa DedinL

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 25: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

PIRACICABA EM 1914

Prol Guilherme Vitti

Se observarmos atentamente uma planta atual da cidade veremos que sua parte mais antiga eacute formada por ruas paraJeas e quarteirotildees quadrados

Do lado da Paulista mal chegava ateacute a Avenida Dr PauJo de Morais pois os trens s6 chegariam em 1922 AClma do Ilapeva apenas poucas ruas a Morais Barros XV de Novembro e Prudente de Morais formavam a cidade alta No 1este o aglomerado da Vila Bayes e soacute A EscoJa Agriacutecola com seus escassos preacutedios formava um agrupamento agrave parte Havia o Asilo de Velhice cercado de chaacutecaras que se espraiacuteavam ateacute o velho campo do Xv Vila Rezende era distrito formaqo por poucas avenidas aliaacutes bem traccediladas A parte velha da cidade chegava ao rio pelas ruas XVt Morais Barros e Prudente e a Faacutebrica Boyes Qual seria a sua populaccedilatildeo 20 no maacuteximo 30 mil habitantes

No entanto numa relaccedilatildeo pormenorizada do arquivo da Cacircmara vecirc-se que a pujanccedila de seu comeacutercio e induacutetria eram de causar admiraccedilatildeo

O relatoacuterio daacute os nomes de cada proprietaacuterio de cada induacutestria dos vaacuterios ramos do comeacutercio e das profissotildees Ecirc pena que o encarregado da ciacutetaccedilatildeo dos nOmes dos cidadatildeos natildeo se tenha esmerado na grafia dos mesmos sobretudo dos sobrenomes que em grande nuacutemero satildeo alieniacutegenas Aliaacutes o mau vezo de servidores puacuteblicos ou natildeo prejudicam atualmenle os descendentes quando precisam provar sua ascendecircncia em reparticcedilotildees estrangeiras Mas passemos a esmiuccedilar um tanto O relatoacuterio

a) SECOS E MOLHADOSmiddot 272 Este nuacutemero incluia tambeacutem a zona ruraL Aleacutem do nome do proprietaacuterio indica-se o loca~ e o nuacutemero quando estabelecidos na cidade Os estabelecimentos fora do perimetro urbano eram em nuacutemero de 120 prova cabal da grande populaccedilatildeo que vivia na zona rural Os outros 149 localizavam-se na aacuterea citadina Num raacutepido olhar sobre a relaccedilatildeo dos nomes dos donos de entatildeo percebe-se que agora em sua grande maioria que os descendentes natildeo continuaram a profissatildeo de seus ancestrais

b) PROFISSAtildeO DE ALFAIATES - Conteacutem a lisla 23 nomes Quantos de seus descendentes continuam na profissatildeo dos pais

c) VENDEDORES DE LEITE - 84 Com certeza abrange a relaccedilatildeo aleacutem dos produtores os vendedores ambulantes O leite era produto do municiacutepio vindo geralmente de chaacutecaras numerosas em volta da cidade Onde estatildeo as vacas agora Nas grandes usinas

d) MASCATES DE FRUTAS - 12 Produccedilatildeo da aacuterea visinh da eidade Observe-se o tenno - mascate - que era reservado soacute para os turcos ateacute pouco tempo

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 26: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

e) LIVRARIASmiddot 3 Poucas na verdade mas se confrontarmos o nuacutemero das atuais com as entatildeo levando em conta tambeacutem a populaccedilatildeo haveraacute no minimo um empate

f) OLARIAS - 31 Existem tantas assim no momento em todo o- Municipio g) FAacuteBRICAS DE CERVEJA - A diferenccedila eacute gritante pois quantas satildeo as

da atualidade Nio sabemos da existecircncia de alguma que produza comercialmente Seraacute que os produtores de outrora serviam~se da aacutegua do Rio Bendito rio se assim fosse A aacutegua era fornecida por numerosas fonles naturais entatildeo existentes ou de poccedilos artesianos~ melhor semi-artesianos

h) FARMAacuteCIASmiddot 11 Enm eslas as do Samuel Neves pai e do filho e famoso politico Samuel de Castro Nevest em Saltinho

i) LOJAS DE FAZENDAS - 42 iacute) MASCATES - 74 Este titulo abarca vendedores de vaacuterios gecircneros de

mercadorias~ como rendas tecidos carnes peixes doces sorvetes annarinho fazendas queijos ovos charotos manteiga verduras buchos e aves em geral Esses mascates satildeo os nOSSOs atuaiacutes ambulantes

I) RESTAURANTES - 12 Haveraacute algum sobrevivente m) MOINHOS - 9 O mais interessante eacute que todos eles estavam na zona

rural n) SERRALHEIROS - 3 Amadeu Rontani Euclides Guarani e Joatildeo Osso o) BOTEQUINS COM BEBIDAS - 38 No fim da relaccedilatildeo haacute uma

informaccedilatildeo esclarecendo que ~ com bebidas 32 - sem bebidas 6 p) PADARIASmiddot 15 Encabeccedilando a list a conhecida famiacutelia Cardinali q) SERRARIAS - 9 r) FAacuteBRICAS DE SABAtildeO - 3 Duas na uma rural s) MEacuteDICOS - 8 Aqui vilo os nome deles Andreacute Ferreira dos Santos

Coriolano Ferraz do Amaral Cacircndido de Camargo Joseacute Rodrigues de Almeida Oscarlino Dias Ruggcro Pentagna Torquato da Si1va Leitatildeo e Joatildeo Olavo do Canto

t) DENTISTAS - 10 u) ACcedilOUGUEIROSmiddot 27 Quem natildeo conheceu os accedilougueiros da famiacutelia

Ziacutelio Haveraacute ainda algum descendente trabalhando no ramo v) CARPINTEIROS - 2Q Os Adacircmoli os Sansiacutegolos os Romnelli estatildeo

entre eles x) SAPATEIROS - 55 Grande nuacutemero Eles superam em muito os atuais

que na praacutetica limitam-se a consertos As faacutebricas aniquilaram com esta laboriosa classe

y) BARBEIROS - 21 Vecircem entre eles Guirado Moroui Grizolia Casale Testa Chiarini e Ferraioli

z) HOTEacuteIS - 8 Destacando-se o Hotel Central de Joatildeo Batista de Castro

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 27: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

ORlO PIRACICABA

Joseacute Luiz Guiacutedotti

Nawgtttlor jluvitJJ undo peacuterCorri4a na sua totalidade os Rios

Piracicaba Tietecirc Paranaacute e Praia

o Rio Piracicaba foi e ainda eacute cantado em prosa e verso por muitos de (I)WQ1tzenlogelAmddoAttolliacute

nossos poetas HlstoacuterilraquoooRroPiflIcicaba 1991 No livro IltNavegando pelo Piracicaba aparecem onze poesias falando do

Piracicaba Sua histoacuteria suas lendas~ suas cw1osidades seus peixes seu folclore satildeo

do conhecimento de toda Piracicaba Mas e sua Geografia Poucos a conhecem Poucas pessoas sabem a origem de suas aacuteguas De onde elas vecircm e para

onde elas vatildeo Natildeo sabem onde comeccedila e onde leonina o Rio Piracicaba Pretendemos nesfe trabalho esclarecer alguns pontos geogratildeficos do

Piracicaba O Rio Piracicaba natildeo tem nascente Ele eacute formado pela junccedilatildeo dos rios

Atiacutebaia e Jaguari O Rio Atibaia eacute represado nas proximidades da cidade de Americana pela

Barragem de Salto Grande A 800 metros ajusante da Barragem O Rjo Atibaia encontra~se Com o Jaguari e o encontro de suas aacuteguas datildeo origem ao Rio Piracicaba

Numa altitude de 522 metros acima do niacutevel do mar o Piracicaba inicia seu curso Sua formaccedilatildeo estaacute nas seguintes coordenadas geograacuteficas 22 45 de Longitude Sul e 47 15 de Latitude Oeste Pelo Plano Cartograacutefico do Estado de Satildeo Paulo folhas 7195 - SF - 23 4A Vl- 5 SED ediccedilatildeo 1979 Localizad a Este 26457 Km e Norte 748868

Na sua fonnaccedilatildeo o Piracicaba serve de divisa dos municiacutepios de Amerishycana e Limeira e em seu curso serve de divisa dos seguintes municiacutepios LimeiraSanta Batilderbara DOeste PiracicabaILiacutemeira IracemaacutepolistPiracicaba PiacuteracicabalSagraveo Pedro Satildeo Pedro Santa Maria da Serra Santa Maria da Serral Anhernbi Santa Maria da SerralBotucatu Portanto o Piracicaba banha 9 municiacutepios

Embora passando por todos esses municiacutepios o Piracicaba atravessa apenas uma cidade justamente aquela que lhe empresta o nome Piracicaba

A Rua do Porto onde estaacute a Casa do Povoador marco da fundaccedilatildeo de Piracicaba fica a 119 quilocircmetros da foz e a 5amp quilocircmetros da fonnaccedilatildeo do Piracicaba

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 28: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

(2) Wol~AtIIIldaAn01a HiJOricodoRio~ 1991

(J)OuidoaiJMeacuteLWtNIIVl~

pe1o~k Sbddnah 1992 Pij67

A vazatildeo do Rio Piracicaba principalmente nas eacutepocas de estiagem eacute controlada peJa Barraccedilem de Salto Grande ltJue controlando a vazatildeo do Rio Atibaiacutea interfere no PlIacicaba A vazatildeo mimma registrada no Piacuteraciacutecaba foiacute de 24 metros cuacutebicos por segundo e a maacutexima foi de J120 metros cuacutebicos por segundo acusadas na Reacutegua Liminigrafo a cota de 742 metros no Posto Fluviomeacutetrico da CESP instalado na Rua do Porto A vazatildeo minima ocorreu em 14112185 repetindo-se em 2210986 e 09l086 A maacutexima ocorreu em 041 02830

A principal razatildeo da pouca vazatildeo do Rio Piracicaba em eacutepocas de estiagem evidentemente depois da falta de chuvas nas cabeceiras do rio eacute proveniente do Sistema Cantareira que entrou em funcionamento em maio de 82 desviando para a Grande Satildeo Paulo 33 metros cuacutebicos por segundo de aacutegua da Bacia do Piraciacutecaba sendo 11 metros do Rio Jaguari e 22 metros do Atibaiam

Como jaacute vimos o Piracicaba natildeo tem nascente Sua fonnaccedilatildeo se daacute peja confluecircncia dos rios Atibaia e Jaguari Desde sua fonnaccedilatildeo o RIo apresenta~se encorpado medindo aproximadamente 60 metros de largura Muito diferente do Tietecirc que em sua nascente mede apenas 10 centiacutemetros de largura

Em certos trechos) como por exemplo no Salto do Piracicaba e nas imediaccedilotildees do Tanquatilde sua largura chega de 100 a 120 metros Mas SUa largura meacutedia eacute de 70 metros

O Rio Piracicaba tem 177 quilocircmetros de extensatildeo e em seu curso recebe vaacuterios afluentes Vamos enumeraacutemiddot los com as respectivas quilometragens Conveacutem salientar que a extensagraveo de um rio eacute medida por metros A quilometragem comoeacute chamada parte da foz para a nascente A quilometragem que aparece na frente do afluente corresponde a distacircncia em relaccedilatildeo acirc foz do Piraeieaba

Portanto vamos descer o Piraeicaba desde sua formaccedilatildeo Km - 171 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Quilombo Grande poluidor do

Piracicaba Sua confluecircncia com O Rio estaacute assiacutem descrita na paacutegina 105 do livro Navegando pelo Piracicaba Deixamos aquela margem rodando~ controlando o barco COm os remos Logo que deixamos aquele remanso passamos pela barra do RIbeiratildeo Quilombo onde pereebemos alto iacutendice de poluiccedilatildeo sendo lanccedilada no Piracicaba Na realidade era o primeiro despejo de poluentes que encontramos no Piracicaba O primeiro e um dos piores O Ribeiratildeo Quilombo despeja no Piracicaba uma aacutegua preta e grossa com forte cheiro de aacutecido Isso fora os detritos naturais como garrafas plaacutesticas pneus sapatos bolas brinquedos e outros objetos Eacute muita poluiccedilatildeo para um ribeiratildeo tatildeo pequeno

O Ribelratildeo Quilombo passa por Sumareacute Nova Odessa e Americana carregando em seu leito todo o esgoto ao natural dessas cidades Natildeo s6 o esgoto domeacutestico como tambeacutem o industrial principalmente da cidade de Americana

Kmmiddot 165 - Margem direita - Ribeiratildeo Tatuacute Outra trageacutedia para o Piraeica ba Este tributaacuterio traz ao natural o esgoto da cidade de Limeira Tambeacutem sua confluecircncia com o Piracicaba) esaacute descrita no Hvro Navegando pelo Piracicabaraquo Pouco depois daquela ponte o Piracicaba reecircebe pela sua margem esquerda as aacuteguas do Ribeiratildeo Tatuacute Esse ribeiratildeo atravessa a cidade de Limeira e traz em seu leito o esgoto daquela cidade Na realidade o Ribeiratildeo Taru ecirc um verdadeiro esgoto a ceacuteu aberto com todo tipo de sujeira com cadeiras pneus garrafas plaacutesticas sacos de lixo sapatos bolas brinquedos Uma coisa horrlvel Natildeo resta duacutevida que toma-se difiacutecil saber qual dos dois ribeirotildees eacute maiacutes sujo O Quilombo ou o Tatuacute

Km 153 - Margem esguerda - Ribeiratildeo dos Toledos No Iiacutevro Navegando pelo Piracicaba haacute o segumte relato com referecircncia a confluecircncia deste afluenfe do Piracicaba A pouco mais de um quilocircmetro depois que saiacutemos da praia do Sossego passamos pela barra do Ribeiratildeo dos Toledos que fica na margem esquerda do Piracicaba A exemplo dos ribeirotildees Quilombo em Americana e Tatuacute em Limeira o Ribeiratildeo dos Toledos eacute um esgoto a ceacuteu aberto l

pois neste ponto despeja lodo esgoto de Santa Baacuterbara DtOeste As aacuteguas do Piracicaba parecem engrossarem ao reeeher as aacuteguas desses trecircs indesejaacuteveis afluentes

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 29: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

tiA cada afluente como esses poluidores o Piracicaba parece que entristece Parece que morre um pouco a cada encontro com um afluente poluidor

Km ) 50 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Lambari Km 142 - Margem direita - Ribeiratildeo dos Coqueiros Km 140 bull Margem esquerda - Ribeiratildeo Tijuco Preto Km 133 - Margem direita - Ribeiacuteratildeo Palmeiras Km 128 bull Margem esquerda - Coacuterrego da Figueira e Ribeiratildeo Dois Coacuterregos

desaguam quase juntos Km 123 Margem esquerda - Ribeiratildeo Piracicarnirim Assim estaacute descrito

a confluecircncia do Piracicamirim no livro Navegando peJo Piracicaba No final daquele estiratildeo o Piracicaba faz uma curva acentuada para a esquerda Estaacutevamos vendo na margem esquerda a mata ciliar da Escola de Agricultura Luiz de Queiroz Pouco antes daquela curva na mesma margem passamos pela barra do Piacuteracicamirim

0 Rio Piracicamirim eacute outro grande poluidor do Piracicaba Suas aacuteguas azuladas despejam grande nuacutemero de objetos e porque natildeo dizer que eacute um grande poluldor como seus parentes os ribeirotildees dos Toledos Tatuacute e Quilombo O Piraciacutecamirim eacute outro esgoto a ceacuteu aberto O curioso que eacute Piracicaba poluindo o Piracicaba

Aliaacutes este eacute um ponto curiacuteoso e repugnante que natildeo aprofundamos em detalhes em nosso livro Navegando pelo Piracicaba Mas a verdade eacute que Piracicaba eacute uma das uacutenicas cidades de que se tem conhecimento que faz a captaccedilatildeo da aacutegua para servir agrave populaccedilatildeo ajusanfe de onde eacute lanccedilado o esgoto

Todos sabem que o esgoto da Vila Monteiro Independecircncia Piracicamiacuterim 1 de Maio Jardim Ameacuterica Morumbi Vila Prudente e adjacecircncias eacute lanccedilado ao natural no Piraciacutecamirim

Todos sabem tambeacutem que apenas trecircs quilocircmetros a jusanfe da barra do P[rackamirim o SEMAE faz captaccedilatildeo de aacutegua para servir a populaccedilatildeo A captaccedilatildeo eacute feita pr6xima a Ponte Nova

Km 121 - Margem esquerda - Ribeiratildeo Itapeva Natildeo precisamos fazer comentaacuterio algum sobre o que eacute ( Itapeva Eacute soacute sentir o odor exalado pelo ltapeva que corre por baixo da Avenida Armando de Salles Oliveira

Km 118 Margem esquerda Ribeiratildeo Enxofre Km 114 ~ Margem Direita - Ribeiratildeo Guamium Km 113 - Margem Direitamiddot Rio Corumbataiacute O maior afluente do Piracicaba Km lOS - Margem esquerda - Ribeiratildeo dos Marins Km 79 - Margem direita - Ribeiratildeo Araquacirc Km 75 ~ Margem direita - Ribeiratildeo Samambaia Km 61 - Margem direita Ribeiratildeo do Meio Km 54 - Margem direita - Ribeiratildeo Ve1l1elho A formaccedilatildeo do Rio Piracicaba se daacute a 522 metros acima do nivel do mar

Quando despeja suas aacuteguas no Tietecirc nas proximidades da cidade de Botucatu a confluecircncia dos rios estaacute ti 453 metros acima do niacuteve1 o mar Isso quer dizer que o Piracicaba da sua nascente a sua foz em seus J 77 quiIometros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de 59 metros Eacute um desniacutevel consideraacutevel levando~se em conta que o Piracicaba tem apenas 177 quilometros de extensatildeo O Rio Amazonas nos seus 6000 quilocircmetros de extensatildeo apresenta um desniacutevel de apenas 180 metros O Rio Paranaacute a jusante da Barragem de Jupiaacute na divisa dos estados de Satildeo Paulo Cc Mato Grosso do Sul estaacute a 300 metros acima do niacutevel do mar Percorre quase 3000 quilocircmetros ateacute chegar a Punta deI Leste onde o Rio da Plata encontra-se com o Atlacircntico O Piracicaba natildeo chega a ser considerado um rio de planalto mas desde sua formaccedilatildeo ateacute a cidade de Piracicaba apresenta muitos acidentes como cachoeiras corredeiras e o imponente Salto do Piracicaba A primeira corredeira do Piracicaba fica no Km 175 logo a jusante de sua fonnaccedilatildeo nas proximidades das pontes da Via Anhanguera A pouco menos de 5 quilocircmetros ajusante surgem as primeiras cachoeiras do Piracicaba Satildeo as cachoeiras de Carioacuteba que localizam-se no Km 17 J Satildeo duas cachoeiacuteras quase que emendadas Depojs dessas cachoeiras o Piracicaba percorre cerca de I I quilocircmetros com suas aacuteguas calmas e tranquiacuteias ateacute despencarem na Cachoeira dos Patos localizada no Km 160 proacutexIma a cidade de Santa Baacuterbara Doeste

31

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 30: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

(4) OUlampml1Mecirc Luix NilvepDdO pdoPiracicbeSbe~1m

($)OuldattiJoteacuteLuit Navegando pelo PiracieampbLSbdiMhI992 piatU

Trata-se de uma cachoeira curiosa Um paredatildeo atravessa o rio de uma margem a outra em linha reta parecendo ser artjficial O Piracicaba preciacutepitashyse de uma altura de pouco menos de um metro depois desce de degrau em degrau uma extensatildeo de mais de 500 metros A Cachoeira dos Patos assemelhamiddot se com o Vai-Vem em frente a Casa do Povoador na margem direita do Rio

Logo a 3 quilocircmetros a jusante no Km 157 encontramos outra cachoeira Trata-se da Cachoeira do Funil a montante da Ponte da Rodovia lracemaacutepolisshySanta Baacuterbara O~Oeste Acachoeira~ como aproprio nome diz eacute um verdadeiro funiJ~ em toda a aacutegua do Piracicaba passando por estreito canal

Depois desta cachoeira o Piracicaba corre calmo 37 quilocircmetros ateacutea Ponte do Lar dos Velhinhos passando apenas por algumas corredeiras sem grandes desniacuteveis

Pouco antes da Ponte do Lar Velhinhos as aacuteguas do Piracicaba comeccedilam ganhar veocidade que aumenta conforme se aproximam da queda ateacute se precipitarem no majestoso Salto do Piracicaba

Depois do Salto as aguas continuam caindo de degrau em degrau ateacute passarem pelo trecho conlleciacutedo como Vai-Vem quando voltam a seguir calmas

O desniacutevel entre a montante e a jusante do Salto do Piacuteracicaba eacute de aproximadamente 10 metros

Depois do Salto ateacute a foz do Piracicaba natildeo encontramos mais cachoeiras e quedas daacuteguast apenas algumas corredeiras como as do Enxofre do Miacuterimt do Guaccedilu do Canal Torto do Limoeiro A do Guaccediluacute naS proximiddes do Bela Vista NaulIacute Clube eacute a maiacutes problemaacutetica e perigosa quando a vazatildeo do rio eacute pouca

O Rio Piracicaba possuiacute cinco ilhas A Ilha do Funil no Km J57 em Santa Baacuterbara d~Oeste As Ilhas dos Amores que satildeo as duas ilhas localizadas no Km 118 a montante do Salto embaixo da Ponte Nova A Uha das Flexas no Km 102 A Ilha da PedIl Preta localizada no Km 9 proacutexima a foz do Piracicaba que foi formada pelo represamento provocado pela Barragem de Barra Bonita(~)

O Piracicaba eacute cortado por 14 pontes As duas da Via Anhangucra no Km 175 A terccedileira no Km l71 da estrada Americana-Limeira~ no bairro de Canoacuteba A quarta eacute da FEPASA no Km 166 a montante da barra do Ribeiratildeo Tatuacute A quinta ponte eacute a da Balsa no Km 162 A sexta eacute a Ponte do Funiacutel no Km 157 da Rodovia Santa Baacuterbra oOesttw Jracemaacutepo1is A seacutetima eacute a Ponte do Monte Alegre no Km 130 A oitava eacute a Ponte do Lar dos Velhinhos no Km 121 A nona ponte eacute ti Ponte Nova tambeacutem conhecida como Ponte do Mirante ficcedila no Km 120 A deacutecima localiza~se no Km 119 eacute tI Ponte Pcnsil inaugurada cm dezembro de 92 Na verdade trata-se de uma ponte para pedestre ou melhor uma passarela com finalidade turistica A deacutecima primeira eacute a Ponte dCcedilgt Morato localizada no Km 11 amp A deacutecima segunda eacute a Ponte do Cachatildeo E cachatildeo mesmo Eacute Cachatildeo que quer dizer redemoinho de aacutegua borbotatildeo A Ponte do Cachagraveo Iocaliza~se no Km J14 A deacutecima terceira eacute a Ponte de Ferro localizashySe no lCm 93 no distrito de Ar1emis antigo Porto Joatildeo Alfredo Oepois da Ponte Nova eacute a mais antiga das pontes do Piracicaba tambeacutem eacute a uacutenica construiacuteda em ferro Como curiosidade ela foi construiacuteda na Europa embarcada para o Brasil em navio para postcrionnente ser montada onde pennanece ateacute hoje Finalmcnte a deacutecima quarta e uacuteltima ponte sobre o Piacuteraciacuteeaba eacute a maior de todas Eacute da rodovia SP bull 191 que liga Santa Maria da Serra a Rodovia Marechal Rondon Estaacute em pleno reservatoacuterio de Barra Bonita no Km 24 do Rio Piradcaba55)

A extensatildeo exata do Piracicaba eacute de 177 quilocircmetros e 450 metros A foz do Piracicaba encontra-se no Km 25 do Reservatoacuterio de Barra Boniacuteta

onde o pjracicaba encontra-se com o legendaacuterio Rio Tietecirc~ nas seguintes coordenadas geograacuteficas 2211 35 Sul e 4811 20 Oeste Estaacute a 453 metros acima do niacutevel do mar

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 31: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

URBE E CONTROLE SOCIAL

Do conceito juriacutedico de cidade esua relaccedilatildeo com ahistoacuteria urbana

Jorge Luis Mialhe Mestre trtI Direito lnrcrnactonal ruSP) dou(()mrrdo em Hi$oacuteria

Sodal (USP) professor da UNES (R(o ClllIv) e membro do Nuacutecleo de E$hldw Esrrofcgiros (UNICAMP)

(I) Endclopedia dei Ditiuo Milano Dnl A Giulfrrmiddot Fdiloxe

Na doutrina juriacutedica vaacuterios foram os autores que definiram cidade Optoushyse inicialmente pelo arrolamento de conceitos represenlativos de trecircs visotildees 11 v8p17S uma brasileira uma italiana e uma norte~americana para posterior identificaccedilatildeo no quadro de referecircncias histoacutericas elenedas por DELLE DONNE (1979) em interaccedilatildeo com CASTELLS (1983) e HAROUEL (1990)

DE PLAacuteCIDO E SILVA (1987) reserva para cidde um verbete bastante representativo de sua obra Afirma que () o vocaacutebulo nos vem do civitas latino com significado muito maiacutes amplo do que aquele em que ecirc tido pela teacutecnica adminisirativa

Nesta com melhor razatildeo adotou-se o sentido de urbe tambeacutem com a traduccedilatildeo dc cidade

E a compreensatildeo do proacuteprio periacutemetro citadino estaacute concentrada na frase Urbem designat aratro frase csta atribuida a Virgiacutelio e que se traduz ele marca com arado o circuito da cidade

Desse modo a cidade compreende o que vulgarmente se diz perimetro urbano natildeo se estendendo pois a seus arredores rurais e enninos meJhormente compreendidos na jurisdiccedilatildeo municipal natildeo citadina

Dai se infere a distinccedilatildeo da cidade e do municiacutepio Onde termina a ZOna urbana termina a cidade O municiacutepio ecirc o todo que compreende a cidade a zona suburbana e a zona rural sob sua jurisdiccedilatildeo ou intendecircncia Os subuacuterbios e os arrabaldes em realidade satildeo extremoS da cidade mas natildeo se integram na zona urbana ou citadina

A doutrina italiana moldou a doutrina brasiacuteleira poiacutes ( ) riacuteconosce iI comune como ente autonomo neliagravembito dei priocipiacute fissatj daUe leggj deUa Rcpubbliacuteca che ne detenninamo lc funzioni 11 comune agrave aoche una delle ccediljrcoscrizioni terrirorialo statuali nelle qualj sono diviacutesiacute territonalmente Ja Stato le regioniacute per neltessitaacute de1l ordinamcnto amnistrativoI)

Na visatildeo da common law apresentada por SHUMAKER c LONGSDORF (1912) () Citty in England is an incorporated town or borought wich is or has becn Ih s bullbull of a bishop

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 32: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

(2) ApudOONAVIDES Fulo CitnelPolhlet 6Bi Rio FottIUC19R6pSI

(1) DELLE DONNE ~ll T(lI)fUacute sobre cidtide SIoJgtawo tdampnWFOIIIei 1983pl9

A large town incorporated with certain privileges the inhabitants ofa city lhe citizens

Althought lhe flrst definiacutettion here givcn iacutes sanctioncd by higt authority iacutet is questiacuteonablc if iacutet 1S csscntial to its character as city even in England that it has been at any time a see and it certainly retaine its character of a city after h has 10st its ecclesiastical charactcr and in the Uniacuteted States it iacutes clearly unnecshyessary that should ever have posscssed this charater Origiacutenally this word did not signify a town but a portion of mankind who lived under the some govemmel - what the Romane called civitas and the Greeks poUs whence Ije word poliacutelea civitas seu reipublicae status et administratio

In the United States is the hieghest elass of municipal corporatiacuteon having extensiacuteve municiacutepal powers required by the presence of a Jarge population

nbull

Em suma todos eSSes conceitos possuem um elemento comum a cidade como sede do governo municipal qualquer que seja a sua populaccedilatildeo No caso brasileiro a uacutenica exigecircncia quantitativa (aliaacutes indireta comO salienta o proshyfessor JOSEacute AFONSO DA SILVA (1981) para que um centro urbano adquira a categoria de cidade eacute que tenha mais de duzentas casaS j nos termos do art 2degm da Lei Complementar nI de 09111967 porque eacute um requisito de criaccedilatildeo de Municiacutepio Mas eacute certo que aiacute se configura um requisito miacutenimo que os Estados podem ampliar por suas Constituiccedilotildees ou Leis Orgatildenicas de Municiacutepios como alguns O fazem A maioria no entanto soacute se limita a declarar que a sede do Municiacutepio lhe daacute o nome e tem a categoria de cidade independentemente de seu volume espacia~ e populacionaL

Tal concepccedilatildeo politlco-administrativa de cidade estaacute vinculada ao estudo da primeira fase da histoacuteria do urbano iniciada no seacuteculo XIX e encerrada na deacutecada de J930 onde a cidade eacute estudada como origem das naccedilotildees organiacutezadas enquanto cidades-Estado Estado concebido por Kant como a reuniatildeo de uma multidatildeo de homens vivendo sob as leis do direitom e guardiatildeo dos valores e das instituiccedilotildees historicamente determinadas propriedade privada concorrecircncia contlito t constituiccedilatildeo mercado mora1 sense satildeo instituiccedilotildees dentro das quais o indiviacuteduo realiza a sua liberdade Com o fim de kgilIacutemar as instituiccedilotildees da sociedade burguesa os estudjosos seguintes passam a celebrar a classe que tinha sido artiacutefice e protagonista da fornlaccedilatildeo da cidade c do sistema capitalista Pirenne primeiro eMax Weberj depois tomam como sujeito histoacuterico principal as instituiccedilotildees municipais(J)

CASTELLS (1983) recupera a vaacuterias posiccedilotildees existentes sobre cidades desenvolvidas ateacute a deacutecada de 1970 Sua critica ao relativismo ao empirismo e ao culturalismo perpassa aproximadamente um seacuteculo acerCa das posiccedilotildees sobre o fenocircmeno urbano

O movimento culturalista esclarece HARUEL (1990) () fundamentamiddot se na ideacuteia cara aos escritores como Max Weber e Sombart de que a cidade europeacuteia pre-indusLrjal representa um momento excepcional da histoacuteria e permite graccedilas ao clima particular da comunidade urbana uma realizaccedilatildeo do iacutendiviacuteduo e um desabrochar da cultura

Tal cultura urbana depende de nivel teacutecnico e de capital processado pela evoluccedilatildeo histoacuterica da cidade Na medida em que nas diversas partes do mundo a tecnologia vai sendo dominada e o aumento do capital se socializa obtem-se uma me1horia das condiccedilotildees de vida na cidade de fonna lenta e graduaL

Citando o noncMamencano L Mumford CASTELLS sintetiza o discurso cultura lista ( ) a cidade eacute o lugar geograacutefico onde se instala a superestrutura poliacutetica-administrativa de uma sociedade que chegou a um ponto de desenvolvimento teacutecnico e social (natural e cultural) de tal ordem que existe

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 33: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

uma diferenciaccedilatildeo do produto em reproduccedilatildeo simples e ampliada da forccedila de trabalho chegando a um sislema de distribuiccedilatildeo e de troca que supotildee a existecircncia

1 de um sistema de classes sociais l de um sistema polttico permitindo ao mesmo tempo o funcionamento do

conjunto social e o domiacutenio de uma classe~ 3 de um sistema institucional de investimento em particular no que

COnceme atilde cultura e agrave teacutecnica 4 de um sistema de troca com o exterior Weber crecirc que a cidade~Estado entendida ao longo dos seacuteculos eacute um

fenocircmeno essencialmente ocidental bem como o direito legal-racional criado por juristas interpretado e empregado racionalmente(4)

Como bem assinalou RENli DRElFUSS cidade ocidental para vber eacute a resultante de praacuteticas de ideacuteias e de uma difeacuterenciacuteaccedilatildeo regrada de interesses inclusive em mateacuteria de organizaccedilatildeo defensiva ou mHitariOtilde) Tal ingrediente de forccedila eacute incluido no cotidiano e nos regulamentos de um espaccedilo que Weber considera como sendo o embriatildeo de uma noccedilatildeo de praacutetica dc Estado Eacute na cidade que Weber enxerga uma especializaccedilatildeo um embriatildeo de uma concentraccedilatildeo de um mecanismo de forccedila e de outros fenocircmenos ligados ao armamento~ agrave JocaJizaccedilatildeo agrave distribuiccedilatildeo c agrave configuraccedilatildeo de um espaccedilo miliacutetar de defesa interna explicitado por exemplo numa infanlaria disciplinada que deve atuar natildeo num campo aberto mas nas dobras das cfdades nos espaccedilos reduzidos de manobras Haacute um OutrO tipo de treinamento com a localizaccedilatildeo das tropas num espaccedilo fiacutesico determinado e o desenvolvimento de novos equipamentos de teacutecnicas e de maquinaacuterios especjalizados visando o aperfeiccedilomaneto do controle Eacute portanto~ a afirmaccedilatildeo de um espaccedilo mililar o que poderiamos denominar defesa interna Ou seguranccedila nacionar

Eacute namiddotcidade que se organiza a forccedila Forccedila que viabHiza o burgo que lhe daacute condiccedilotildees de se manter perante o embate do senhor feudal (ou do monarca) e assegura o espaccedilo vital do burguecircs Eacute a forccedila social c poliacutetica da cidade que pennite a sua predominacircncia cultural transformadora pois ela iraacute com a bandeira do progresso mas com a espada na matildeo conquistando os espaccedilos territoriais e impondo suas leis

CASTELLS nos revela a cidade como o local das lutas A visatildeo tradicional conservadora e orgacircnica de cidade (disciplinada e saneada)j escamoteia o conflito Para CASTELLS o fundamental eacute mostrar a cidade como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

Isso iacutemplica nO questionamento do conceito de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste estar 1iacutegado agrave regulamentaccedilatildeo da vida no espaccedilo Todo discurso que se faz em tomo da harmonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegiacuteco

A tradicional Teoria do Direito ao acreditar na depuraccedilatildeo do juriacutedicot

liacutevrando~o das influecircncias poliacuteticas e econocircmicas passou ~ como constata FARiA (1988) ~ a enfrentar problemas cada vez maiores (anta nos contextos do capitalismo avanccedilado quanto nas sociedades em desenvolvimento Hoje tais paradigmas estatildeo sendo substiacutetuidos por outros mais sensiacuteveis aos modelos ana1iacuteticos abrangentes com crescentes conotaccedilotildees socioloacutegicas vinculando as transformaccedilotildees do direito agrave crescente complexidade da sociedade de classesu

bull

Soacute assim seraacute possiacutevel inversatildeo da triste constataccedilatildeo de ENGELS (1986) em toda parte pilhagem reciacuteproca com a cobertura da lei

(4)NIUt untldtgtef KELSEN HAus TtOOApItldo diniw I-ed (~~F~dcMinnda ~idodcF~Pinto IooeW) So PAUlo SIlllIiva 1939 1laquot~deJo1oampptistt MadwitgtCoimmArmbuacuteo AmadoEdilotI9S4

(5) Pouivelmtrut mlboT eacuterltiet lID~to~panl1lde vnLEV Midlet Phil~t du J)f13it PlOacutes IhUozI972 p206 ( ) KelliCllrtduriuacute odlEcito aum4 ciblcia DO senIlamp pltI$$itivisU cb p4Uuml1Vl1l PmKrLtat (I juruta se ocupa em uqultelM dstemas de normu Ntgt impor qwUs nazista ouJlIIlinIacute$taOjuriSUeacutent1ltro pouco lhe Importa qUI 8J oormu mmooomlnkgtda t3Ccedill gtnrAnica wbtt (I mWlk 1 lIirnplemcnlt U

(6)C( HAROUEI JanmiddotLouis Hinoacuteria do tltbutisJOO Campinas papiruslmpAO

35

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 34: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

REFERIacuteNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BONAVIDES Paulo Ciecircncia Poliacutetica 6 ltd Rio Forense 1986 CASTELLS Manuel A questio umana Rio paz e Terra 1983 DELLE DONNE Marcella Teorias sobre a cidade Satildeo Paulo Martins Fontes 1983 ENGELS Friedrich A situaccedilatildeo da classe trabalhadora na Inglaterra Satildeo Paulo Global 1986 FARlA Joseacute Eduardo~ Eficaacuteciajwiacutedica e violecircncia simb6lica Q direito corno instrumento de transformaccedilatildeo social Satildeo Paulo Edusp 1988 FREUNDE Julien Sociologia de Max Weber 2 ed Rio Forense Universitaacuteria 1975 HAROUEL Jean-Louis Histoacuteria do Urbanismo Campinas Papims 1990 SHUMAKER Walter LONGSDORF George 111e Cyclopltdiacutec Law DicHonshyary Chicago Callagban and Com 1912 p 151-2 SILVA De Plaacutecido e Icebulaacuterio Juriacutedico 10 ed Rio Forense 1987 ti p427-8 SILVA Joseacute Afonso da Diacutereito urbaniacutestico brasileiro Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 198

RESUMO

Partindo das definiccedilotildees de cidade concebidas pelas doutrinas juriacutedicas brasileira~ italiana e norte~arnericana o artigo discute a vinculaccedilatildeo da concepccedilatildeo potiacutetico-adminiacuteslrativa de cidade aos estudos de histoacuteria urbana desenvolvidos por Delle Donne Castells e HaroueL A urbe deve ser mostrada como lugar privilegiado de conflitos de classes e de superaccedilatildeo da ordem estabelecida pelo capitalismo

]5S0 implica no questionamento do conceiacuteto de urbanizaccedilatildeo em funccedilatildeo deste eslar ligado ao controle da vida no espaccedilo urbano Todo discurso que se faz em tomo da hannonizaccedilatildeo da cidade eacute essencialmente um discurso ideoloacutegico

PALAVRAS-CHAVE

Controle social - Histoacuteria urbana - Cidade

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 35: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

MAJOR MELCHIOR DE MELLO CASTANHO

Milton Ferraz de Arruda

o Major Melchior de Mello Castanho meu bisavocirc filho de Balduiacuteno de Mello Castanho e de Antocircnio de Padua do Amaral Girgel nasceu em Itu no dia 20 de abril de 1800 Aos] 5 anoS jaacute era soldado miliciano c no diacutea 10 de Agosto de 1817jurou bandeira Pouco depois no dia 20 de Agosto com apenas 12 anos partiu para as guerras do Sul movida pelo Governo do Impeacuterio con~ Ira os castelhanos Iniciou a luta muito jovem mas pennaneceu lutando 11 anos em cujo longo decorrer foiacute promovido diversas vezes por atos de bravura e indiscutiacutevel capacidade de comando atingindo ao final da campanha o posto de Major Em certa ocasiatildeo enfrentou sozinho 3 soldados adversaacuterios tendo recebido nesse combate um golpe de espada na testa do quaJ conservava uma cicatriz Mas dois soldados gauacutechos vieram em seu socorro e com essa ajuda os inimigos foram eliminados

No decorrer da guerra de tatildeo longa duraccedilatildeo e de grandes e memoraacuteveis batalhas o Major Melchior caiu prisioneiro trecircs vezes conseguindo sempre fugir e retomar ao comando de suas tropas Na terceira e uacuteltima vez preso numa cela iacuteniacutemlga fora condenado li morte Aconteceu que o carcereiro impressionado com a sua simparia e grande personalidade tornou~se seu amigo e admirador E assim na veacutespera da dara marcada para a sua execuccedilatildeo procurou por ele e lhe disse Major Mello um homem do seu valor natildeo pode morrer assim Eu vou deixar esta noiacutete aberta a porta da prisatildeo e um cavalo amarrado na proximidade De madrugada O senhor abre a porta apanha0 cavalo e foge Debalde o Major procurou dissuadHo dessa miciativa citando Q risco que estaria correndo De fato encontrando tudo o que havia sido proposto pejo carcereiro nagraveo lhe foi difieil fugir do inimigo por mais essa vecircz embora galopando debaixo de fuzilaria Obtive estas informaccedilotildees em relato pessoal de meu avocirc o Capo Vicente do Amaral Mello de saudosa memoacuteria que sabia muito a respeito desse seu genitor

Em 1828 Melchior de MelJo Castanho entatildeo com 26 anos de idade e grdduaccedilatildeo de major conquistado em duros combates retornou a Itu sua cidade nata1 Em 1829 casava~se em Campinas com Da Eufrosina Ferraz de Camargo filha do Sargento mor Joseacute da Rocha de Camargo e de Ana Maria Ferraz proprietaacuterios da Fazenda Anhumas fazenda essa que ele administrou de J 829 a 1834 Em 1845 mudou~se para Piracicaba) cidade que adotou como definitivamente sua Aqui trabalhou como lavrador possuindo engenho de accediluacutecar e 15 escravos em sua fazenda no entatildeo Distrito de Rio das Pedras Como polhiacuteco foi vereador e presIdente da nossa Cacircmara Municipal ateacute 1842 data da revoluccedilatildeo dos qchimangos

Em dala recente o Major Melchior de Mello Cstanho foi homenageado pela nossa Prefeitura Municipal e pelo Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba pela sua partjcjpaccedilatildeo ativa na revolta de 1842 com festividades

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 36: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

organizada sob a orientaccedilatildeo da ilustre professora e historiadora MariacuteyTerezinha Germano Pcreciacutem que em brilhante palestra discorreu sobre o evento A revoluccedilatildeo dos chil1angos como era chamada teve como principais lideres o Brigadeiacutero Rafael Tobias de Aguiar de Sorocaba e o padre Diogo Antonio Feijoacute~ ex-Regente do Impeacuterio que por sua veacutez era primo em 2deg grau do meu bisavocirc Major Melchior de Mello Castanho

Em 1842 apoacutes depor os componentes do Governo Municipal de Piracicaba O Major Melchjor nomeou OS seus substitulos e em seguida agrave frente de um grupo de voluntaacuterios seguiu para Campinas a fim de tomar parte no cambate da Venda Grande cOntra a poderosa Forccedila Imperial Nesse combate uniu-se ao grupo do Capo Boaventura do Amara) seu tio e com quem teria partiacutecipado nas guerras do Sul especialmente no celebre bloqueio da cidade de Montevideacuteu pelas tropas brasileiras Tendo de enfrentar forccedilas muito mais poderosas e bem armadas os chimangos foram apanhados de surpresa e faciacutelmente derrotados pelo exeacutercito imperial Algum tempo antes do cambarc que teria sido realizado no dia 7 de junho de 1842 segundo o relato de meu avocirc O Capo Vicente o Capo Boaventura do Amaral seu tio avocirc teria advertido o alto comando sobre as precarias condiccedilotildees em que se encOntravam entricheiacuterados sugerindo outrO Joca menos vulneraacutevel para a defesa naturalmente prevendo o desastre que de fato aconiacuteeccria Mas o eomandante em chefe dissera Cap Boaventura vocecirc estaacute com receio nem parece O valente soldado das guerras do Sul O Capo Boaventura natildeo deixou para depois Natildeo estou com medo Estou apenas advertindo sobre O grave risco de enfrentar O iacutenimigo numa posiccedilatildeo inadequada com o inuacutetil sacrifiacutecio de nossos soldados Mas vocecirc veraacute Eu vou morrer na minha peccedila E vocecirc vai ser um dos primeiros a fugir E realmente isso aconteceu O Cap Boaventura morreu na sua peccedila E o comandante geral fugiu

O Duque de Caxias dirigente supremo ~as forccedilas imperiais teria dito O Capo Boaventura do Amaral foi um brtvo E pena que o Brasil perca homens desse feitio Foi o maior elogio que o comandante teria recebido partindo de quem partiu Poreacutem jaacute estava morto

O Major Melchior de Mello Castanbo nessa ocasiatildeo caiu prisioneiro E ao sacar a sua anna para entregatilde~la ao comandante viacutetorioso~ este lhe teria dito Major guarde a sua espada Um oficia com todos os seus meacuteritos e tantos serviccedilos prestados acirc Paacutetria natildeo se desarmalgt E assim o Major Mello pennaneceu prisioneiro com a aniacutestia concedida da qual Se aproveitou para voltar a Piracicaba cidade onde permaneceu ateacute o fim de sua vida

O Major Melchior de Mello Castanho deveria ter sido despojado de todos os seus bens como teria acontecido a todos Os seus companheiros da Revoluccedilatildeo de Sorocaba Apenas estou supondo Mas conheci na Casa Grande de meu avocirc Vicente no largo do Mercado duas belissiacutemas mobHias claacutessicas que teriam sido suas Uma de sala de jantar e outra de copa que ainda existem Ele gozava de grande prestigio nos meios poUtlcos e miliacutetares do seu tempo E mantinha soacutelidas relaccedilotildees com os barotildees e demais pessoas nobres do impeacuterio Estes quando viajavam corno era costume levavam roupa de cama e tudo O que precisavam para a sua acomodaccedilatildeo Mas quando se dirigiam agrave casa do Majort onde eram hospedados com todo conforto e maacutexima limpeza nada levavam pois natildeo havia necessidade O Major era pessoa de fino trato e muito bom gosto capacitado portanto para receber visitas mais ilustres e exigentes

Dentre os vaacuterios objetos e documentos deixados para o meu avocirc Vicente ele tinha um especial carinbo por uma velha fotografla do seu pai uacutenica exiacutestente muito estragada e quase destruiacuteda pelas traccedilas Corno o meu pai Fernando Ferraz de Arruda Pinto seu genro era conhecido corno exiacutemio fotoacutegrafo com grandes precircmiacuteos conseguidos em nosso paiacutes e ateacute no estrangeiro) ele foi por ele solicitado a refolTIlular essa fotografia O que conseguiu fazer trabalbando com muita habilidade e dedicaccedilatildeo E saiu perfeita Esta fotografia assim restaurada foi reproduzida por outro artista a crayon O grande pintor piracicaba no Arquimedes Dutra tendo sido exposta na Praccedila Jose Bonifaacutecio aO lado de outras de grandes vultos histoacutericos de nossa cidade na data comemorativa do seu bicentenaacuterio E hoje se encontra no museu Prudente de Moraes Esta fotografia foi tambeacutem reproduzida para ilustraccedilatildeo do trabalho publicado pelo primo e genealogista Dr Marcelo Meira do Amaral Bogociovas sob o titulo HOS irmatildeos Mello de Itu na revista comemortiva do Cincoentenaacuterio do Instituto Genealoacutegico Brasileiro de cujo trabalho tirei algumas infolTIlaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo deste artigo

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 37: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

NICOLAU ATHANASSOF (1978-1955)

F Pjmentel~Gomes

Nascido na cidade de Pleven (Bulgaacuteria) Nicolau Athanassof foi professor primaacuterio agraves margens do rio Danuacutebio A seguir viajou para a Beacutelgica a fim de estudar Agronomia na Faculteacute des Sdences Agronomiques de Gembloux Uma vez diplomado em 1900 trabalhou na Bulgaacuteria por algum tempo mas no periacuteodo de 1904a 1906 fez curso de aperfeiccediloamento na Escola de Agronomia de Grignon (Franccedila) Tambeacutem se especializou na Alemanha e na Suiccedila Veio depois para o Brasil e em 1908 ingressou na Smiddot Cadeira (Zootecnia) da Escola Agriacutecola Praacutetica Luiz de Queiroz como se chamava entatildeo a nossa Escola Superior d Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) Em 1910 a convite do Governo Federal foi sucessivamente Diretor do Depanamento de Induacuteslria Animal do Miniacutesteacuterio de Agricultura e Diretor do Posto Zooteacutecnico e da Escola de Agricultura de Pinheiro (RJ) Voltou agrave ESALQ em 1915 e ai permaneceu como Professor Catedraacutetico de Zootecnia ateacute sua aposentadoria compulsoacuteria (aos 70 anos) em 1948 Organizou a convite do Governo Fede~ ral uma exposiccedilatildeo agropecuaacuteria no Rio de Janeiro e representou O Brasil em exposiccedilotildees de animais realizados na Argentina e o Uruguai

Publicou dois livros O Manual do Criador de Bovinos e o Manual do Criador de Suinos aleacutem de numerosos artigos zooteacutecnicos Foi soacutecio IUndadordo Ro~ tary Clube de Piracicaba Com o auxilio de dois ex~alunos Salvador de Toledo Piza Juacutenior e Octavio Domingues fundou em J926 a Revista de Agricultura que circula ateacute hoje Dirigiu~a enquanto viveu e dela fOI colaborador assiacuteduo

Solteiratildeo ateacute o fim da vida morava em casa modesta no campus da ESALQ ao lado do estaacutebulo de bovinos Professor dedicadiacutessimo e de renome tinha fama de natildeo reprovar ningueacutem Disso abusavam alguns estudantes que se apresentavam para prova ordl na maior ignoracircncia Terminada a arguumliccedilatildeo M

comentava-se ~ dizia ele ~ Natildeo sabe nada non tem seis Ora com a nota seis o aluno estava aprovado plenamente Outra caracteriacutestica sua em a de interpolar em todas as frases a partiacutecula

non com abundacircncia Ateacute o Hino Nacional ele (I cantava com esse acreacutescimo

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 38: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

bull Ouviram Don do Ipiacuteranga non as margens plaacutecidas non De um povo heroacuteico nono o brado retumbante non

NaturaUzado brasileiro e grande apreciador do Brasn~ jamais manifestava saudade da Europa Mas nWlca aprendeu perfeitamente a Liacutengua Portuguesa Nas suas aulas e na conversaccedilatildeo usava tennos estranhos jatilde famosos Dizia numa aula praacutetica

~ Este animal non tem um temperacircmento non um tanto iacuterritaruccedilo non

Ou entatildeo - Eacute uma caterva non de suiacutenos non de es-quecircleto leve non Haacute outra anedota curiosa referente a Nicolau Athanassof que me foi contada

pelo Prof Friedrich Gustav Brieger da Cadeira de Geneacutetica da ESALQ testemunha ocular dos fatos Com efeito criada uma Seccedilatildeo Teacutecnica anexa agrave 54 Cadeira (Zootecnia) em 1934 por ocasiatildeo da incorporaccedilatildeo da ESALQ atilde Universidade de Satildeo Paulo novas seccedilotildees teacutecnicas foram organizadas e a ela Se juntaram em 1944 no governo de Fernando Costa Em certa eacutepoca havia reuniatildeo mensal das seccedilotildecs teacutecnicas para discussatildeo das pesquisas em andamento Numa dessas reuniotildees relatou o Prof Athanassof o iniacutecio de um experimento sobre a alimentaccedilatildeo de leitotildees Nos dois meses seguintes mencionou ele a continuaccedilatildeo do ensaio Mas na reuniatildeo do quarto mecircs calava-se O ilustre zootecnista Perguntaram-lhe entatildeo

~ E c experimento de alimentaccedilatildeo de leitotildees Professor como vai Um tanto constrangido o Prof Athanassof respondeu apenas - Chegou o Natal non Em resumo caacute entre noacutes eacute hem sabido que nenhum ensaio com leitotildees

ainda que de famosos zoOtecnislas resiste acircs inadiaacuteveis necessidades culinaacuterias da ceia de Natal

Grandehomem foi Nico)au Athanassof Fui seu aJwlO em 1943 e seu amigo em seus uacute1timos dias e pude reconhecer que grande caraacuteter que vontade de acertar e de ser uacutetH que atividade incansaacutevel apresentava Muito deve l Brasil a esse buacutelgaro notaacutevel que tanto contribuiu para a Zoo1ecnia nacional

Faleceu em 03 de agosto de 1955 no campus d ESALQ E eu me honro de ser Seu sucessor na Direccedilatildeo da Revista de Agricultura agrave qual ele tanto se dedicou enquanto viveu

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 39: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

PROFESSOR BENEDICTO DE ANDRADE o Homem - O Mestre - O Amigo

Antonio Messias Galdino

BENEDICTO DE ANDRADE filho de Cssiano Nogueira dos Santos e de D Elisa Benedita de Andrade nasceu a 10 de setembro de 1913 na cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo neste Estado Depois filho adotivo imico do Cel Luiz Thomaz de Andrade e de da Luiza Maria Ribeiro de Andrade

Desde a infacircncia revelou vocaccedilatildeo para os estudos mas natildeo teve a sorrir~lhe as mil e uma felicidades que ocorrem aos mais favorecidos pela fortuna O desejo de estudar e o de ser algueacutem uacutelil agrave sociedade e agrave Paacutetria~ te~lo caminhar de busto erguido alimentado por esperanccedilas e ideais no curso primaacuterio no entatildeo Grupo Escolar Df Cacircndido Rodrigues Cursou--Q brilhantemente E um dia recebeu o maior tesouro sua maior riqueza do tempo de menino o diploma de conclusatildeo do referido curso que eacute face agrave sua inegaacutevel e exuberante cultura o uacutenico diploma que possuiu E este fato testemunha o valor a fibra tecircmpera bandeirante a envergadura moral do ilustrado ProL Benedicto de Andrade

Dotado de uma feacuterrea e decidida vontade de vencerJ o entatildeo menino Benedicto de Andrade matriculou-se nO ColeacutegiO Satildeo Joseacute onde fez o curso complementar ateacute aos 15 anos Foi nesse periacuteodo que Satildeo Joseacute do Rio Pardo comeccedilou a ler os seus primeiros trabalhos naS colunas do jornal GAZETA DO RIO PARDO MadrugOu assim no jornalismo pondo a sua pena brilhante a serviccedilo do bem da coletividade e da cultura

Iniciou uma carreira brilhante no domiacutenio ar1iacutestico cultural lutandO com inuacutemeras dificuldades todas superadas pela sua forccedila de vontade e pelo seu idealismo Com Joseacute Navarro arrojadamente ciente dos rr0blemas das decepccedilotildees e das vicissitudes fundou o semanaacuterio Zaacutes-Traacutez que teve boa aceitaccedilatildeo Colaborou ainda na Resenha perioacutedico rio~pardense

Sua juventude ficou assinalada no tempo e no espaccedilo com essa atuaccedilatildeo precoce e brilhante na imprensa interiorana

Conc1uidos OS estudos no curso complemenlar do Coleacutegio Satildeo Joseacute foiacute prestar exames parcelados no Ginasio do Estado Culto acirc Ciecircncia de Campinas onde obteve~ com louvores o cer1ificado do curso secundaacuterio

Lutando com as adversidades da vida e superando-as por seu proacuteprio esforccedilo e valor ei-Io aos dezenove anos a prestar concurso na Delegacia de Ensiacuteno de Casa Branca para poder exercer o magisteacuterio par1icular Seu dinamlsno veio mais uma vez concretizar outra realizaccedilatildeo Para atender aos numerosos jovens carentes de escolas preparatoacuterias fundou o Instituto Satildeo Paulo com o objetivo de ministrar ensinamentos para a admissatildeo ao ginaacutesio madureza e mais ainda) proporcionar um curso de repeticcedilatildeo de mateacuterias

Era agora um moccedilo ideahsta sequioso de novos conhecimentos a lutar por um futuro onde todas as anguacutestias e as canseiras das jornadas fOssem recompensadas com 3S alegrias que satildeo os precircmios confortadores dos lUladores

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 40: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

Vecirc novos horizontes na cidade de Campinas E nessa cidade cursou oI) ano do curso preacuteMjuridioo no Coleacutegio Cesaacuterio Motta Para estudar e manter~ se trabalhou como revisor e mais tarde como redator no Correio Popular dessa cidade Mas os imprevistos e as dificuldades barraram-lhe Os passos Natildeo desanimou Impossibilitado de prosseguir seus estudos retomou a Satildeo Joseacute do Rio Pardo reiacuteniacuteciando suas atividades no magisteacuterio

Possuidor de larga experiecircncia natildeo obstante 0$ seus vinte e poucos anos de idade fundou com o Prof Ceacutelio Figueiredo Ferraz a Escola de Comeacutercio Pedro U

Em 1942~ foi convidado ~ara substituto de professor de francecircs no Ginaacutesio Estadual Euclides da CWUacutela hoje Escola Estadual de ldeg e 2deg Graus Euclides da Cunha

Como professor revelou um dom todo particular cativando o aluno despertando-lhe a atenccedilatildeo o interesse e o amor aos estudos

Em 1945~ passou a reger interinamente a Cadeira de espanhol do mesmo estabe1ecimento Estudando praticamente sozinho assenhorou-se do nosso idioma do francecircs e do espanhol estudando ainda o inglecircs o grego e o russo

Em 1949 realizou concurso para a Caacutetedra de Portuguecircs e efetjvou~se no Coleacutegio Estadual e Escora Normal de Lins

Em 1950 atraveacutes do concurso de remofatildeot escolheu a cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennuccf ~ onde enriqueceu com O seu acervo cultural e o seu valor o patrimocircnio da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura da cidade E os piracicabanos puderam apreciar a riqueza de sua cultura atraveacutes das colunas dos jornais locais nos quais publicou poesias contos crocircnicas comentaacuterios e natildeo poucos artigos de inte~ resse agrave comunidade Movimentou a Caacutetedra de Portuguecircs no tradicional Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci e todos devem estar lembrados do que apresentou com seus alunos em natildeo poucas sessotildees artiacutestico~Hteraacuterias

Orador de raros e preciosos predicados natildeo poucas vezes encantou os noshypardenses e os piracicabanos com a sua palavra fluente rica eloquumlente Civismo entusiasmo e cultura foram sempre constantes de sua presenccedila na tribuna

Em 1955 prestou conCurso para a Cadeira de Espanhol saindo-se com brilhantismo Para este concurso embora possuiacutesse larga soma de conhecimentos viajou por conta proacutepria com sacrifiacutecios para O Uruguai e Argentina onde permaneceu cerca de vinte dias estudando observando e aprimorando~se no idioma do qual deveria prestar concurso talo seu desejo em adquirir soacutelidos conhecimentos e fazer jus por merecimento ao honroso titulo de professor dessa disciplina

Aprovado com brilhantismo no referido concurso entatildeo realizado na Faculdade de Filosofia Ciecircncias e Letras da Universidade de Satildeo Paulo desistiu da escolha

Em Satildeo Joseacute do Rio Pardo pertenceu agrave diretoria da Frente Negra Brasileira Organizou nessa cidade o teatro amador escrevendo e montando a revista Uprata da casa

Como teatroacutelogo revelou notaacuteveis conhecimentos e profundo senso de gosto artiacutestico

Foi um dos fundadores da Raacutedio Difuso ZYDmiddot6 de Satildeo Joseacute do Rio Pardo e seu diretor artiacutestico durante cinco anOS Como radialista foi urna esplecircndida revelaccedilatildeo Com Raul Brunini venceu concurso para locutor da Raacutedio Tupi do Rio de Janeiro onde atuou algumas semanas Poreacutem viu~se obrigado a regressar a Satildeo Joseacute por motivos de famiacutelia onde mais uma vez era o filho uacutenico que devia voltar ao conviacutevio de matildee adotiva jaacute entatildeo viuacuteva

Pelas mesmas razotildees soacute pocircde ficar em Satildeo Paulo na capital bandeirante um ano quando novamente tentou fazer o curso de Direito na Faculdade do Largo Satildeo Francisco Nesse anO foiacute redator do jomalO Dia e orador oficial da Uniatildeo Negra Brasileira a maior agremiaccedilatildeo da raccedila no Estado

Ainda em Satildeo Joseacute foi professor da Escola Nonnal Livre a qual teve a vistoria do professor Erotides de Campos para efeito de reconhecimento como escola ofiCIal

Na ciacutedade de Lins aleacutem de suas funccedilotildecs no Coleacutegio do Estado foi profes~ sor do Coleacutegio Americano

Em Piracicaba lecionou ainda na Escola de Comeacutercio uCristoacutevatildeo Colombo durante trecircs anos sendo paraninfo de duas tunnas de contadorandos

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 41: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

No plano poliacutetico foi candidato a deputado federal no pleito de 1958 elegendo-se suplente Exerceu o mandato de vereador agrave Cacircmara Municipal de Piracicaba na gestatildeo de 1969 a 1972 exercendo o cargo de vice-Presidente

Sua atuaccedilatildeo na Cacircmara Municipal de Piracicaba foi abrangente abordando diferentes assuntos de interesse municipal merecendo sua atenccedilatildeo especial a educaccedilatildeo a cultura e o esporte do qual foi um dos melhores incentivadores Voltado aos problemas das populaccedilotildees perifeacutericas apresentou proposituras de grande aleance social como extensatildeo de rede de aacutegua e energia eleacutetrica agraves populaccedilotildees carentes

Seus pronunciamentos na tribuna da Cacircmara Municipal sempre foram de grande profundidade na anaacutelise dos problemas comunitaacuterios trazendo sugestotildees para os encaminhamentos das proposituras apresentadas Foi incentivador da criaccedilatildeo do Banco de Olhos de Piracicaba tendo participaccedilatildeo atiacuteva na sua atuaccedilatildeo e desenvolvimento na cidade

Participou de diversas comissotildees teacutecnicas na Cacircmara Municipal deixando consignados os mais expressivos pareceres

Em 1962 graccedilas agrave sua atuaccedilatildeo marcante no domiacutenio cultural em nosso Estado recebeu a honrosa condecoraccedilatildeo do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Satildeo Paulo a Medalha Comemorativa Imperatriz Leopoldina e respectivo diploma

No movimento euclidiano em Satildeo Joseacute do Rio Pardo teve sempre destacada atuaccedilatildeo participando intensamente das Semanas Euclidianas como figura de destaque e de presenccedila indispensaacutevel quer pelo conhecimento sobre intrincados assuntos quer pelo bom humor e otimismo que contagiava a cidade nos dias em que ali pennanecia

Era orador oficial quando se comemorava o Episoacutedio Republicano no Hoshytel Brasil dia II de agosto e na herma de Euclides da Cunha seus vibrantes discursos-poemas seratildeo sempre lembrados por todos aqueles que o ouviram

Iniciou a participaccedilatildeo do Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennucci nas comcmoraccedilotildees da scmana Euclides da Cunha tcndo levado divcrsos aluno~ daquele estabelecimento a participarem da Maratona Euclidiana que reunia estudantes de todo o interior do Estado para discutirem li vida c a obra do imortal escritor e participarem do concurso de monografias instituido anualm~nte pela Casa de Euclides da Cunha de Satildeoloseacute do Rio Pardo Tivemos a satisfaccedilatildeo de por duas vezes representar o glorioso Sud Mennucci na Maratona Euclidiana levado pelas matildeos do mestre Benedicto de Andrade

A admiraccedilatildeo e estima que O Prof Benedicto de Andrade grangeou entre seus alunos podem ser avaliadas pelas palavras de uma de suas cx-alunas a pesquisadora e historiadora Marly Therezinha G(nnano Perecin que a ele se refere nestes temlOS Lembramo-nos do mestre exiacutemio comunicador em sala de aula expandindo no vozeiratildeo e na alegria aquilo que os jovens estudantes afigurava-se a praacutetica de uma magniacutefica cultura Conhecedor de Francecircs Espanhol e Portuguecircs dotado de versatilidade pendores artiacutesticos e excelente oratoacuteria conquistou os alunos do jOcienliacutefico em 1952 declamando narrando avaliando Respeitaacute-mo-Io pela cultura simpatia e principalmente por aquele dom de atingir o aluno aquele fato de investigador que induzia a descobrir talentos Fazia observaccedilotildees agrave margem do papel das provas - vosmececirc tem jeito para a novela e o romance escreva Certa feita procurou-me - quero o vosso trabalho de pesquisa para publicar Natildeo liberava jamais os seus alunos Terminado o curso eles continuavam sob a sua observaccedilatildeo Podiam encontraacuteshylo ao longo da vida modificados pela natural evoluccedilatildeo de cada um poreacutem o mestre conservava-se o mesmo alegre comunicador soliacutecito para com os problemas sempre pronto a oferecer o carinho do seu enorme coraccedilatildeo ateacute falecer em 1976 Examinamos o seu prontuaacuterio na Escola Sud Mennucci uma das poucas lembranccedilas materiais da sua passagem nesta vida Os documentos satildeo frios e contam apenas da sua vida funcional no magisteacuterio faltas licenccedilas de sauacutede contagem de tempo e aposentadoria em 1969 Nada que lhe faccedila jus agrave briacutelhante inteligecircncia e ao dedicado exerciacutecio da profissatildeo

O melhor deste grande personagem estaacute por aiacute em plena vida na memoacuteria dos seus alunos amigos familiares ricos e pobres grandes e pequenos De sua imensa capacidade de amar e fazer amigos restam sim duas expressotildees vivas e materiais as coacuterneas que ele doou a duas crianccedilas cegas que da sua noite nasceram para a luz do mundo da graccedila e da beleza que ele ensinou

43 IHGP

REVISTADO INSnTUTO

HIS1OacuteRlCCgtEGE()(lR4~IiCgtOacuteE middotfIRACJCABA)onojl1 -_1_~_ -~~dmero_3-

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 42: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

EDITe os colegas de magisteacuterio gorou de grande respeito e simpatia que satildeo sintetizados nas palavras do companheim de magisteacuterio Prof Benedicto Antonio otrim com estas palavras Foi professor de Lingua Portuguesa e conhecedor abalisado das Literaturas portuguesa e brasileirn Quando veio a Piracicaba~ para ser titular da cadeira de Portuguecircs no Instituto de Educaccedilatildeo Sud Mennllcci causou um gyam1e impacto Foi o primeiro professor de cor negra a lecionar para a totalidade de alunos brancos Logo poreacutem impocircs-se natildeo soacute pela cultura mas pela versatilidade do talento que o fazia ganhador da amizade de todos com quem convivia Na oratoacuteria tinha o dom do improviso faacutecil e sua voz era de tenor agradando aos ouvintes porque sabia dar a impostaccedilatildeo correta e sempre tinha os gestos comedidos Ch~ou a fazer vershysos natildeo sei se pubiicados aqui ou alhures mas O fazia com inspiraccedilatildeo romacircntica seguindo nonnas de meacutetrica qual um parnasiano Na poUtica era democraacutetico apaixonado e esnobava suas teorias liberais porque natildeo admitia a ditadura como costumava dizer o cativeiro de vosmececircs brancos Tinha seus prazeres de boecircmio daiacute a paixatildeo que devotava aos cancioneIacuteros da muacutesica popular~ principalmente quando interpretadas por um crioulo a seu gosto Como Presidente de algumas sociedades ou agremiacuteaccedilotildees era o iacutencentivador do teatro descobrindo vocaccedilotildees para a ribalta Alegre sempre contagiava a todos com Seus Hchistes ou piadas de momento Ai de quem estivesse desprevenido Aqui fica uma paacutelida demonstraccedilatildeo da saudade minha e homenagem nossa ao erudito e grande professor Benedicto de Andrade

o Prof Benedilo de AndnIde foi casado com a Sra Elmaacutelia Silva de Andrade e o casa teve quatro filhos Luiacuteza Maria Neusa Maria Alita Maria e Benedito de Andrade Junior

Tivemos rara oportunidade de ser seu aluno natildeo apenas aluno mas seu arnjgo e lecirc-lo como conselheiro por longos anos Privamos de sua amizade e como era bom ouvi-lo por horas bebendo dos seus ensinamFntos ouvindo suas est6rias e relatos de suas experiecircncias Era um narrador alegre eom muito senso de humor intercalando sua conversa com pjadas de fino humor

Por ocasiatildeo de sua morte em 1916 exerciacuteamos o honroso cargo de Presidente da Cacircmara Municipal de Piracicaba e acompanhamos o seu corpo ateacute a cidade de Satildeo Joseacute do Rio Pardo Laacute a estima que lhe devotam os riopardenses foi demonstrada pela verdadeira multidatildeo que acompanhou o feacuteretro ateacute ao cemiteacuterio Seus restos mortais repousam ao som das aacuteguas do Rio Pardo cujas margens por inuacutemeras vezes foram testemunhas da eloquecircncia de orador privilegiado que foiacute o Prof Benedkto de Andrade a quem tributamos a nossa homenagem

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 43: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

AUTOBIOGRAFANDO PIRACICABA SAUacuteDO-TE

PEDRO SILVEIRA ROCHA

Soacutecio Correspondente do IHGP

Estaacutevamos no ano de 1915 a alguns meSeS do irrompimento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) Proacuteximo da Vila Rezende em uma fazenda do Engenho Central denominada Santa Liacutedia nascia no dia J J de maio o 9lt filho do Sr Joatildeo Silveira Rocha e D Etelvina Martins Rocha o qual foi levado agrave Pia Batismal com o nome de Pedro Pedrinho crescia robusto vivendo em uma fazenda onde tinha tudo para ser feliz Contava 6 anos de idade quando o anjo da paz - a morte ~ pela variola que grassava em Piracicaba entre 191 S 1922 levava o seu progenitor o benquisto administrador daquela fazenda canavieira para a mansatildeo dos justos

A vida tem suas mutaccedilotildees e suas eonsequecircncias Em razatildeo das situaccedilotildees surgidas O Pedro anos depols1 foi residir com a magravee e os irmatildeos da estaccedilatildeo na fazenda Areiatildeo algumas centenas de metros da estaccedilatildeo da Sorocabana fazenda que o Benedicto o irmatildeo mais velho passou a administrar

Em Vila Rezende no Grupo Escolar Baratildeo de Serra Negra continuou o estudo das primeiras letras iniciado nas Escolas Reunidas do Guamium em Corumbataiacute No Grupo Escolar Moraes Barros matriculou-se para fazer o 4~ ano Estava no 6deg mecircs do curso quando dc novo a morte ronda o seu lar levando desta vez o irmatildeo administrador

Em virtude de mudanccedila para Rafard onde foi mOiJr - matildee e irmatildeos ~ COm o Orlando o outro irmatildeo natildeo completou O primaacuterio no Moraes Barros c em nenhuma outra escola mais

Mocinho ao tempo em que todo o brasileiro eacute poeta dcurto por influecircncia da matildee que vivia dizendo versos de Castro Alvesjaacute revelava gosto pela poesia jaacute sentia os caacutelidos olhares de uma das filhas de Zeus jaacute sentia os momos bafejo da Musa

Nunca depois do primaacuterio teve um professor senatildeo o livro senatildeo por uns dias um padre Nunca teve um incentivo literaacuterio senatildeo o da matildee quando a ela mostrava o que escrevia) senatildeo depois o da esposa que nunca dei1ltou de dar sua oplniacuteatildeo como companheira e amiga que sempre desejou o seu sucesso

A bem da verdade O Pedro chegou onde chegou graccedilas ao seu esforccedilo agrave Sua perseveranccedila ao gosto peEa ar1e de escrever

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 44: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

ViacuteU1 natildeo se lembra em que aacutegua j o barco HQuerer eacutePoder e nele navegando realizou grandes e maravilhosas viagens ao reino encantado da palavra escrita ~ da prosa e da poesia ~ enlevando-se com a imagem bonita de um verso ou com a frase bem feita que para sua proacutepria swpresa) agraves vezes depunha na foEha amiga do papel brancof assim sem o sentir ia fortalecendo o espiacuterito e a ele criando um ideal E entatildeo transformado no sincero amigo do livro preso agrave arte que o ajudou a ser uacutetil agrave terra que adotou e agrave sociedade em que vive acabou~ por divina graccedila se tomando um membro da academia de letras

O seu primeiro Hvro (de versos) pubtiacutecou~o em 1960 o que lhe deu ensejo de figurar no Dicionaacuterio de Autores PauHstas de autoria de Luis Correcirca de Mello

Em 1952 com maior empenho a partir de 1953 Rafard pelos seus filhos houve por bem encetar uma campanha de emancipaccedilatildeo social poliacutetica e administrativa E o Pedro que latilde criara raizes construiacutera um lar e edificara uma familia e que jaacute gozava fama de beletrista e de defensor de sua causa foi tambeacutem mobilizado e acabou perfilando-se como liacuteder ao lado dos liacutederes desse primeiro movimento autonomista

Malogrou nesse desejo o intento rafardense todavia os seus liacutederes natildeo se desanimaram prosseguiram a luta e depois de vit6rias e derrotas aliaacutes que a tomaram notaacutevel viram seus esforccedilos coroados com a elevaccedilatildeo de Rafard agrave categoria de municiacutepio

O Pedro nesse tempo funcionaacuterio da Prefeitura Municipal de Capiacutevariacute por razotildees oacutebvias natildeo participou dessa segunda campanha natildeo obstante a acompanhasse de perto e a quisesse vitoriosa como todos os bons rafardenses

A luta foi bonita demais e ete desde entatildeo passou a alimentar a ideacuteias de escrever a histoacuteria de Rafard E rabiscando papeacuteis rebuscando gavetas e arquIvos consuJtando livros leis e decretos recortando notas e artigos de jornais colhendo informaccedilotildees de pessoas idosas da locaHdade conforme isso diz no respectivo prefaacutecio anotando tudo que via e ouvia assim chegou agrave conclusatildeo do trabalho que acredito) melhonnente o credenciara a gozar do conviacutevio de ilustres homens de letras da formosa Noiva da Colina de sua Piracicaba tatildeo querida

Natildeo sem muito pensar sem muito vacilar que se decidiu a aceitar tatildeo grande honra a ser um inquilino dessa nobre Casa

Como arvorar~se algueacutem a membro de uma academia de letras algueacutem que conhece o limite de sua capacidade intelectual

Um dia conheceu um piracicabano dotado de invejaacuteveis donst admirado pelo fulgor de sua inteligecircncia que como todos os grandes vultos das Letras e naturalmente da Histoacuteria dedicava seus mOmentos de vida ao uacutetil ao importante agrave grandeza de Sua Piracicaba Dele se tornou amigo Deu~lhe considerando essa amizade agrave leitura para que os apreciasse e os criticasse dojs trabalhos em prosa e em versos Joatildeo Chiarini ~ era esse o seu nome ~ por essa razatildeo certamente ou porque jaacute conhecia o seu primeiro livro ou porque o Pedro eacute piradcabano convidou~o para se tornar um membro da Academia Piracicabana de Letras de quem era presidente De pronto l o Pedro embora honrado com o convite recusou Como natildeo recusar Como conviver com renomados obreiros das letras com homens que vecircem a vida pelo lado bonito quejuntando sua reacutestea de luz a outras alhures espalhadas nos rincotildees nacionais querem a Paacutetria iluminada) querem o Brasil grande entre os grandes tambeacutem no terreno da Literatura t ele modesto funcionaacuterio puacuteblico municipal um intelectual diria de proviacutencia Assiacutem pensava Todavia o seu segundo livro publicado os argumentos do acadecircmico natildeo lhe permitiram recusa Ele entatildeo

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 45: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

o Pedro Silveira Rocha o Silveira Rocha confonne subscreve seus trabalhos literaacuterios o cidadatildeo que a rigor soacute teve a vida como escola e o livro como professor eu ora situado no mais alto-pico de minha vida literaacuteria elevado agrave categoria de acadecircmico piradcabano

(1) Essa satisfaccedilatildeo essa honra natildeo se conta soacute com o meu ingresso na Academia Piracicabana de Letras Natildeo Outro amigo como o saudoso Prof Chiarini Prof Helly de Campos Melges quando presidente do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico tambeacutem me fez convites para me tornar correspondente dessa tambeacutem nobemma entidade cultural piracicabana que com outras eleva realccedila busca dar maiacuteor brilho ao nome de Piracicaba aliaacutes da culta Piracicaba terra que tempos depois do inicio de sua povoaccedilatildeo foi se credenciando como terra de gente capaz terra que a partir do secirccuIo XVIII - segundo seus historiadores - ganhou fama da pioneira no fabrico de accediluacutecar

Piracicaba ou melhor a Vila Nova da Constlluiccedilatildeo atilde categoria de cidade elevada em 1922 f01 se notabiacutelizando como povoaccedilatildeo que conquistava com probidade o lugar que bem mereceu e bem merece da cidade das escolas das induacutestrias do comeacutercio da exuberante cultura agriacutecola de cidade que se expandia demo graficamente jaacute nos seacuteculos XVIII e XIX e de modo a surpreender neste seacuteculo

Acelerou~se sem duacutevida o ritmo de sua vida a partir de 1877 quando por indicaccedilatildeo do entatildeo vereador Prudente de Moraes Barros estabeleceu-se o nome de Piracicaba quando herdou esse expressivo nome do majestoso urio do peixe que Jamais acaba entre outraS definiccedilotildees indiacutegenas lugar onde o peixe plira (no Salto na sua admiacuteraacutevel cachoeira)

Mas foi neste seacuteculo das luzes da ciecircncia muhiplicada dos espantosos inventos das corridas aacute lua e a Qutros planetas na tentativa heroacuteica de explorar o universo c6smico que a caminhada a passos largos ao progresso piracicabano se deu com instalaccedilotildees de mais usinas de accedilucar eatilde1cool e de outras importantes induacutestrias fontes de trabalho e de renda que fomm e sagraveo a razatildeo principal do seu ininterrupto desenvolvimento Natildeo se separem as escolas as existentes modernizadas e as que neste seacuteculo foram criada$ Todas colaboradoras para a grandeza deste palmo de chatildeo brasileiro ponto distinto no mapa do Estado

Destaque~se a incomparaacutevel Escola Superior de Agricultura uma das maiS adiantadas do mundo no gecircnero orgulho natildeo s6 de Piracicaba mas de Satildeo Paulo e do Brasil cujo nome ~ justissima homenagem ganhou do seu criador Luiz Vicente de Souza Queiroz o admiraacutevel cidadatildeo que se uniu a Piracicaba por nobres sentimentos que por ser idealista ter fibra entusiasmo natildeo pretendeu estacionar numa aacuterea de terra (na sua fazenda) nem numa faacutebrica de tecidos (agrave margem do Piacuteraciacutecaba) uma de suas primeiacuteras contribuiccedilotildees agrave economia piradcabaoa

Era Luiz de Queiroz homem da iniciativa de empreendimentos Acalentava um sonho e esse sonho (diAlo a Histoacuteria) embora natildeo o realizasse realizaramshyno outros piracicabanos que tambeacutem sonhavam com o avanccedilo culLural de Piracicaba

Da semente generosa aninhada no solo feacutertil cuidaram efes e ela genninou 10rnou~se aacutervore fecunda e os frutos que ela jaacute deu e daacute satildeo saborososmiddot satildeo os engenheiros~agrotildenomos mais recomendados para o exerciacutecio da distinta profissatildeo

Aleacutem de Luiz de Queiroz dotar Piracicaba de outros melhoramentos foi ainda ele que lhe conferiu a honra de ser a primeira cidade brasileira de ter luz eleacutetlIacuteca I 894) antes mesmo do Rio de Janeiro e Satildeo Paulo (Capital) e ateacute

(I) Refetncias( lbdot~ PiPeiClba fonm aMidos de ~baPlln8doacutefuRnIt~da

~Revista do lrutibJlo Hitoacuterito e Goograacuteieo de Pitcicabo ~e Biognlia de PrudeJltede M((l1e5~

41

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 46: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

de muitos paiacuteses o que natildeo deixou e natildeo deixa de ser significativo para os piracicabanos

A histoacuteria - fiel relatora de acontecimentos passados registra que seus primeiros habitantes eram poucos recomendados pela 1usticcedila Muito poreacuternt

natildeo durou para se perceber que Jogo deram lugar a homens de valor a homens que construiriam uma Piracicaba sob finnes estruturas uma cidade que haveria de dar valores agrave Paacutetria agrave Sociedade acirc Poliacutetica agrave Edueaccedilio acirc Arte etc

Enumerar os grandes vultos piracicabanos seria encher paacuteginas e mais paacuteginas mas como deixannos de mencionar Prudente 10seacute de Moraes Barros 110 primeiro presidente civil da Repuacuteblicaj que em Piracicaba tem que adotou foi Hvereadore presidente de sua Cacircmara Municipal deputado estadual senador e presidente da 1- Assembleacuteia Nacional Constituiacutente da Repuacuteblicau Luiz Vicente de Souza Queiroz e Paulo de Moraes Barros que inscreveram seus nomes na histoacuteria de Piracicaba como exemplos de espiacuteritos empreendedores e liberais no terreno do ensino Sud Mennucci Como foi dito seria um nunca acabar focircssemos relacionar os piracicabanos ou os filhos adotivos de Piracicaba que tudo fizeram para vecirc~la grande cada vez mais ombreando-se com as cidades maIacutes progressistas de interJagravendiacutea paulista

Laacute atraacutes bem laacute atraacutes ficaram os poeacuteticos carros de boi t os cargueiros as tropas de burros as carroccedilas os tiacutelburis as liteiras que ainda no fim da deacutecada de 20 levavam agrave missa aos domingos a simpatissiacutessima Dona Lydja a Baronesa de Rezende Bem laacute atraacutes os bondes de Vila Rezende da EscoJa Agriacutecola da Paulista as redes das vias feacuterreas Piracicaba~Jundiaiacute-Satildeo Paulo e a do Engenho Central A maquininha do engenho que por onde passava colhia ou deixava agrave passagem os olhares festivos da garotada das fazendas O Engenho ruiacutedando sua maacutequinas hoje desativado eacute apenas lembranccedila de um passado glorioso) eacute apenas um dos pontos turisticos da Noiva da CoJinatt

ele que outrora foi tatildeo importante a Piracicaba como fonte de trabalho

Mas 3 histoacuteria ai estaacute nas paacuteginas dos livros nas folhas dos nossos jornais~ alhures relembrando-nos esses fatos contendo-nos como a terra cujos primeiros povoadores a maioria - eram foragidos da lei eacute hoje este monumento M

arquitetocircnico esta cidade bonita recebendo sempre a homenagem do Sol e da Chuva de Deus na forma de becircnccedilatildeos sacratiacutessimas

Vivo em Rafard conforme jaacute me referi onde criei raizes Terra que tambeacutem amo que tambeacutem considero minha a que desde minha juventude tenho dado meu entusiasmo meu esforccedilo pelo seu engrandecimento Terra onde edifiquei meu lar constituiacute minha famiacutelia Mas eacute Piracicaba que lenho no coraccedilatildeo na minha saudade da infacircncia brincando de Tom Mix de Edie pol0 com saudosos amiguinhos nas ruas de Vila Rezende nadando no Coacuterrego do Kochf naquele bracinho daacutegua que forma o Veacuteu de Noiva complemento da beleza e da poesia daquele recanto privilegiado da Natureza

E hoje quando os janeiros pesam sobre os meus ombros quando o inverno da vida neva os meus cabelos estou tendo a satisfaccedilatildeo de elevar os olhos ao ceacuteu busear Deus pelo pensamento e agradececirc~Lo por ser fiJho desta tem e por esta graccedila que me foi concedida de ser um membro de sua Academia de Letras de figurar no rol dos soacutecios correspondenfes do seu Instituto Histoacuterico e Geograacutefico associaccedilotildees que sem duacutevida nenhuma honram suas tradiccedilotildees culturais

- Piracicaba que eu adoro tanto cultuada por seus artistas enaltecida pelos seus eseritores cantada pelos seus poetas sauacutedo-te

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 47: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE BATISMO

NA FREGUEZIA DE PIRACICABA EM 29 DE JULHO DE 1774

Em 1774 foi a povoaccedilatildeo de Piracicaba elevada a freguesia e nomeado seu vigaacuterio o padre Joatildeo Manuel da Silva No dia 29 de julho deste ano fez ele o

primeiro batizado segundo se vecirc no LIVRO QUE ADE SERVIR PARA ASENTO DE BATIZADOS DE BRANCOS E LIBERTOS

bull Antonlomiddotos vinle e nove dias do mel de julho de mU It_otos e

settenta e quatro anDas na Igreja desta nova freguezia de Piracicaba

baptizaiepuz os Snlo OI a Antonio innenl Illho do Direlor Antonio

Correcirca Brbobullbull e sua mulher Anna Lar d SOva Foratildeo padrinhos o Cp

Joaquim Fernandes da Costa viuacutevo e Anna Novaes de Magalhatildees cazada com Tte Francisco- Xavier de Azevedo Por procuraccedilatildeo que me apresenlram Anlonio Coelho d Silva e Izabel Brbaza d Silva d

com Joeacute Flore de Mor todo desta rreguezla eelo o pdrinhos que

silo d vill de Ituacute d que fiz este ascoto e aslgoey

O Vrg O Joatildeo Manuel da Silva

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 48: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

NOVOS SOacuteCIOS

o IHGP teve a oportunidade em solenidade realizada em 05 de fevereiro de 1993 de receber a nova s6cia CELESTE MARIA BAITELLI ZENHA GUIMARAtildeES

Em 28 de dezembro de 1993 de receber os novos s6cios ALCIDES ALDROVANDI CEciLIO ELIAS NETTO DANILO SANCINEm e AMIR KLINK (correspondente)

1lFORMACcedilOtildeES

Em 05 de fevereiro de 1993 o IHGP realizou solenidade para entrega das insiacutegnias e outorgas da Medalha Prudente ce Moraes Os agraciados furam ANTONIO CARLOS MENDES THAME GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM e HUGO PEDRO CARRADORE

Em 27 de Agosto de 1993 Sessatildeo magna - SESC Entrega de precircmios do Concurso Piracicaba Ontem e Hoje Homenagem ao saudoso Confrade Helly de Campos Melges

ilustre homem puacuteblico ex-presidente do IHGP e hoje cidadatildeo do Ilreino de aleacutem mar H

Em 28 de dezembro de 1993 Assembleacuteia Eleiccedilatildeo e Posse dos novos Diretores

Em 27 de maio de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao Jubileu de Ouro da Diocese de Piracicaba

Participaccedilatildeo do Coral Misto e Orquestra Sinfotildenica Jovem da Escola de Muacutesica de Piracicaba

Em 19 de agosto de 1994 Sessatildeo Solene comemorativa ao aniversaacuterio de Piracicaba - SESC

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 49: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

NORMAS PARA A APRESENTACcedilAtildeO DE ARTIGOS

PRINCIacutePIOS GERAIS

1 A Revista do Instituto Histoacuterico e Geograacutefico de Piracicaba publica artigos de pesquisa e reflexatildeo nas aacutereas de histoacuteria e geografia e ciecircncias correJatas

2 A extensatildeo dos artigos pode variar de 8 a 12 laudas 3 Os artigos devem ser ineacuteditos vedado o seu encaminhamento simultacircneo

a outras revistas brasileiras 4 A aceitaccedilatildeo de um artigo se daraacute observados os seguintes criteacuteriacuteos~

- adequaccedilatildeo ao escopo da revista - qualidade ciacuteentiacutefica atestada pela Comissatildeo Editorial e por consultores

convidados cujos nomes natildeo seratildeo divulgados - cumprimento das presentes normas 5 O autor seraacute informado do andamento do processo de seleccedilatildeo Todos os

originais seratildeo devolvidos 6 Natildeo haacute remuneraccedilatildeo pelos trabalhos 7 Os artigos devem ser encaminhados agrave Comissatildeo Editorial por intermeacutedio

do Instituto

ESTRUTURA

8 Cada artigo deve conter os seguintes elementos em folhas separadas

Identificaccedilatildeo

Tiacutetulo (e sub-tiacutetulo se for o caso) que deve ser conciso e indicar claramente o conteuacutedo do texto

Nome do autor Subvenccedilatildeo menccedilatildeo de apoio e financiamento recebidos Agradecimento se for absolutamente indispensaacutevel

Resumo e palavraschaves Resumo indicativo e informativo em portuguecircs) em tomo de JOQ palavras

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 50: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

Texto

o texto deve ter uma intrt UccedilatildeO um desenvolvimento e uma conclusatildeo Cabe ao autor criar entretiacutetulos para o seu trabalho Esses entretItulos em letras minuacutescu1as natildeo satildeo numerados

DOCUMENTACcedilAtildeO

9 A documentaccedilatildeo de um artigo eacute dada pelas Notas e pelas Referecircncias bibliograacuteficas que aparecem ao final do original Satildeo adotadas para essa documentccedilatildeo as diretrizes da Associaccedilatildeo Brasileira de Nonnas Teacutecnicas

As notas devem ser iacutendicadas por um nuacutemero elevado e consecutivo colocado ap6s a frase a que se refere

A lista das fontes consultadas (livros artigos atas etc) deve aparecer no final em ordem alfabeacutetica pelo sobrenome do autor

APRESENTACcedilAtildeO

10 Os artigos devem ser escritos em portuguecircs podendo contudo a Criteacuterio da Comissagraveo Editorial ser aceitos trabathos escritos em outros idiomas

11 Os artigos devem ser datilografados em espaccedilo dois em papel branco natildeo transparente e de um lado s6 da folha com 30 linhas de 70 toques cada lauda (2lO0 toques)

12 Cada trabalho deve ser entregue em duas vias (urna para a redaccedilatildeo outra para a Comissatildeo Editorial)

13 As ilustraccedilotildees (tabelas1 graacuteficos desenhos mapas e fotografias) devem ser numerados sequencialmente com algarismos araacutebicos e apresentados de modo a garantir urna boa qualidade de impressatildeo Devem ter tiacutetulos concisos grafados em minuacutesculas Agraves suas medidas devem representar t

proporcionalmente as dimensotildees da revista Devem viacuter no final do trabalho com indicaccedilatildeo da sua localizaccedilatildeo nO texto As legendas devem ser apresentadas em outra folha

As tabelas natildeo devem ser muito grande e nem ter fios verticais para separar as colunas

As fotografias devem ser em preto e branco sobre papel brilhante com um bom contraste e um foco bem niacutetido

As figuras mapas e graacuteficos devem ser preparados com tinta nanquim preta em papel vegetal

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas

Page 51: EM FAVOR DA MEMÓRIA - ihgp.org.br · Cumíeíra de corvos? -uNinho"de morcegos e corujas? ~ ... ao ataque dos mosquitos e dos índios. O . estilo arquitetôníeo não corresponde

VERDADE HISTOacuteRICA

Rev Erasmo Prestes de Souza

MINISTRO PRESBlTERlANO

Averilaile ateacute hoje raquoatildeo foi ile~raquoi~a raquo0W selltiOO filosii~co Nosentioo espiritual temos uma resposta para a verilaile qualloo Jesus respoile a riatos SUL pergulluc Quib et veritas7- Eu que falo colltigo sou a Veroaotildee platatildeo telltou otildeefiacutelli-Ia ilizenotildeo O verilaileiro eacute o que eacute rea[mellte Bossuet procura comp etar a ile~HiccedilatildeD ile equaccedilatildeo elltre a illteli[Jeacuteraquocia e o seu objeto Descartes julgou que as coisas que reamhecemos bem claramente e bem ilistiacutentamente aquilo que se Wn comprovaoo testemullbos fiileoi91los otildeeviilamellte OtildeOCumelltaoos Se Hatildeo houver otildeocumelltos poilemos ilize que Hatildeo baacute bistoacuteria Por exelnpo Cuotildeo quanm se iliz acerca 00 aMtigo Egim ila ASSiacuteria e ila Babilocircnia qualloo COraquo1provaoo pootildeemos ilizer collstitui verilaile histoacuterica pois seus ilocumelltos ellcolltram-se ti otildeisposiccedilatildeo ilas illteressailos

As ocorrecircncias memoraacuteveis relatailas pela bistoacuteria satildeo comprovailas pelo que jaacute ilissemos ser verilaile histoacuterica E eta verilaile histoacuterica 1l0S eacute transmitiila porque os (ams satildeo coraquo5eltJuecircncias De traccedilos que permaceram A eSe traccedilos eacute que se chama fam bistoacuterico Os (atos histiiacutericos poilem ser observailos no momenm ou atraveacutes ilos traccedilos que o V6IlW Deixolaquo O exemplo tiacutelico ilestas ilefilliCcedilties com relaccedilatildeo a traccedilos bistiiacutericos satildeo as piracircmiiles lo Egim Os fatos bistoacutericos otildeepellDem oa maneira como satildeo conbecilos Haacute iliferellCcedilD elltre um fato quiacutemico e um fam histiiacuterico Este

varia De acorilo com observaccedilatildeo que li feitajaljUele li invariaacutevel O caraacuteter De histoacutericos raquoatildeo eW propriamente nos fams mas no raquoloOO como satildeo conbeciocircos Os facas histoacutericos (unilamentam-se na natureza conbiccediloacutee e raquolanifetaCcedilties ilas ativiilailes humanas