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EIXO TEMÁTICO: MUNDO MODERNO, COLONIZAÇÃO E REFORMA ÉTNICO- CULTURAIS (1500 -1808) Tema: 2 - Representações Européias do Novo Mundo Grandes Navegações No imaginário europeu da época das Grandes Navegações, o mundo desconhecido era habitado por criaturas bestializadas ou fantásticas, como os “homens com cabeça de cachorro” descritos na obra de Marco Polo. 1. Portugal e o ciclo oriental de navegações Para realizar o Ciclo Oriental de Navegações, os portugueses organizaram sucessivas expedições que devassaram o litoral atlântico africano. Depois, penetrando o Oceano Índico, navegaram até Calicute, na Índia. Coube a Portugal o pioneirismo e a liderança inicial no processo de expansão mercantil européia, desenvolvendo o Ciclo Oriental de Navegações, isto é, um conjunto de expedições marítimas procurando chegar ao Oriente; navegando no sentido sul-oriental, o que implicou, inicialmente, o desenvolvimento do litoral africano. O pioneirismo português deveu-se a um conjunto de fatores, tais como a centralização política, resultando na formação de uma monarquia nacional precoce. Esse processo iniciado ainda na dinastia de Avis, depois da Revolução de 1385. Os reis de Avis, aliados à dinâmica burguesia mercantil lusa, voltaram-se para a empresa náutica planejando as atividades do Estado no sentido de desenvolvê-la, a partir dos incentivos aos estudos e à arte náutica: estes ficaram a cargo do príncipe-infante D. Henrique – o Navegador – que em 1418 criou a “Escola de Sagres”, denominação figurada de um grande centro de estudos náuticos situado no promontório

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EIXO TEMÁTICO: MUNDO MODERNO, COLONIZAÇÃO E REFORMA ÉTNICO-CULTURAIS (1500 -1808)Tema: 2 - Representações Européias do Novo Mundo

Grandes Navegações

No imaginário europeu da época das Grandes Navegações, o mundo desconhecido era habitado por criaturas bestializadas ou fantásticas, como os “homens com cabeça de cachorro” descritos na obra de Marco Polo.1. Portugal e o ciclo oriental de navegaçõesPara realizar o Ciclo Oriental de Navegações, os portugueses organizaram sucessivas expedições que devassaram o litoral atlântico africano. Depois, penetrando o Oceano Índico, navegaram até Calicute, na Índia.Coube a Portugal o pioneirismo e a liderança inicial no processo de expansão mercantil européia, desenvolvendo o Ciclo Oriental de Navegações, isto é, um conjunto de expedições marítimas procurando chegar ao Oriente; navegando no sentido sul-oriental, o que implicou, inicialmente, o desenvolvimento do litoral africano.O pioneirismo português deveu-se a um conjunto de fatores, tais como a centralização política, resultando na formação de uma monarquia nacional precoce. Esse processo iniciado ainda na dinastia de Avis, depois da Revolução de 1385. Os reis de Avis, aliados à dinâmica burguesia mercantil lusa, voltaram-se para a empresa náutica planejando as atividades do Estado no sentido de desenvolvê-la, a partir dos incentivos aos estudos e à arte náutica: estes ficaram a cargo do príncipe-infante D. Henrique – o Navegador – que em 1418 criou a “Escola de Sagres”, denominação figurada de um grande centro de estudos náuticos situado no promontório de Sagres. Portugal gozava nessa época de uma situação de paz interna: além disso, sua posição geográfica privilegiada – as terras mais a oeste da Europa – na rota Mediterrâneo-Atlântico possibilitou uma certa tradição ao comércio marítimo através de vários postos comerciais relativamente desenvolvidos.As navegações e as conquistas portuguesasOs portugueses lançaram-se aos mares, dando início ao “Ciclo Oriental”, e promovendo o devassamento do litoral africano. Neste ciclo, destacam-se as seguintes conquistas: em 1415, uma expedição militar tomou Ceuta (Noroeste da África), na passagem do Mediterrâneo para o Atlântico, uma cidade para onde convergiam as caravanas de mercadores mulçumanos transaarianos, e que dava a Portugal o controle político-militar do estreito de Gilbratar. Essa vitória, embora seja considerada o marco inicial da expansão marítima lusa, redundou em fracasso comercial, uma vez que as caravanas africanas desviaram o tráfico mercantil para outras praças ao norte do continente.

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Procurando atingir as regiões produtoras das mercadorias africanas, os portugueses passaram a contornar gradativamente a costa atlântica da África.Em 1434, o navegador Gil Eanes atingiu o Cabo Bojador (à frente das Ilhas Canárias). Logo após, em 1445, os portugueses atingiram a região do Cabo Branco, onde fundaram a feitoria de Arguim. Paralelamente à conquista desses pontos no litoral africano, os portugueses foram conquistando e anexando as Ilhas Atlânticas: em 1419, o arquipélago da Madeira; em 1431, os Açores; e em 1445, as Ilhas de Cabo Verde. Nestas ilhas, foram introduzidas a lavoura canavieira e a pecuária, fundadas no trabalho do escravo africano, e sendo aplicado pela primeira vez o regimes de capitanias hereditárias.Procurando um novo caminho para as Índias, em 1452, os navegadores lusitanos penetraram o Golfo da Guiné e atingiram o Cabo das Palmas; alguns anos mais tarde (1471), ultrapassaram a linha do Equador, penetrando no Hemisfério Sul. Em 1482, na costa sul da África, Diogo Cão atingiu a foz do Rio Congo e Angola, onde foram fundadas as feitorias de São Jorge da Mina; Luanda a Cabinda, locais em que se praticavam o comércio de especiarias e o tráfico negreiro.Em 1488, Bartolomeu Dias atingiu o Cabo da Boa Esperança (Tormentas), completando o contorno do litoral atlântico da África (Périplo Africano). Dez anos mais tarde (1498) Vasco da Gama navegou pelo Índico e atingiu Calicute, na Índia. A partir daí, Portugal encetou sucessivas tentativas de formação do seu Império no Oriente. A primeira grande investida deu-se em 1500, com a organização de uma grande esquadra militar comandada por Pedro Álvares Cabral; desta expedição, temos a “descoberta” do Brasil e, depois, a tentativa cabralina de se fixar no Oriente.Entre 1505 e 1515, Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque – este último, considerado o fundador do Império Português nas Índias – obtiveram sucessivas vitórias no Oriente, estendendo as conquistas lusas desde o Golfo Pérsico (Aden) à Índia (Calicute, Goa, Damão e Diu), ilha do Ceilão e alcançando a Indonésia, onde conquistaram a ilha de Java. Onde não foram obtidas conquistas militares, foram firmados acordos comerciais como é o caso da China (Macau) e Japão, entre 1517 e 1520. Mesmo baseados em um sistema de lucrativas feitorias, os gastos com as despesas militares e com a burocracia afligiam o Império Oriental Português. A partir de 1530, esses gastos, aliados à queda de preços das especiarias na Europa e à concorrência inglesa e holandesa, inviabilizaram sua sobrevivência. No século XVII, o vasto Império Luso já estava desmantelado.2. As navegações espanholasAté 1942, os espanhóis lutavam contra os invasores mulçumanos. Nesse ano a vitória espanhola retomando Granada, o último reduto da península em poder dos invasores, assegurou a consolidação da monarquia nacional da Espanha, tornando possível o Ciclo Ocidental de Navegações.A Espanha teve sua participação retardada no processo expansionista. A longa luta de reconquista contra os invasores mulçumanos que dominavam a península desde o século VIII e as lutas internas entre os reinos hispânicos cristãos impediam a unidade política e, consequentemente, a formação da monarquia nacional espanhola. A unificação política da Espanha ocorreu somente em 1469, com o casamento dos reis católicos, Fernando, de Aragão, e Isabel, de Castela. Com isso, os espanhóis se fortaleceram e investiram contra os invasores que ocupavam ainda o sul da península e, após sucessivas vitórias, tomaram Granada (1492), último baluarte da dominação moura no continente europeu.A partir daí, desenvolveu-se uma orientação uniformizada possibilitando o fortalecimento da burguesia mercantil, anteriormente beneficiada por medidas pontuais dos reinos de Castela e Aragão: no caso deste último, destaque-se a expansão

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mediterrânea no século XIV, levando os mercadores aragoneses até a Sicília onde comercializavam panos, gêneros alimentícios e especiarias. Em 1492, patrocinado pelos Reis Católicos, Cristóvão Colombo, um navegador genovês, deu início ao Ciclo Ocidental de Navegações, que consistia na busca de um caminho para o Oriente, navegando para o Ocidente.Em 12 de outubro de 1492, Colombo atingia a Ilha de Guanananí (São Salvador), realizando o primeiro feito significativo das navegações espanholas, ou seja, o descobrimento da América. Acreditando ter atingido as Índias, Colombo realizaria ainda três viagens à América, tentando encontrar as “ricas regiões do comércio oriental”. No final de 1499, Vicente Yañez Pinzon, um dos comandantes de Colombo na viagem de descoberta da América em busca de um caminho que o levasse ao Oriente, atingiu a foz do rio Amazonas (Mar Dulce), colocando-se, portanto, como predecessor de Cabral no descobrimento do Brasil. Em 1513, ainda em busca de uma passagem para o Levante, Vasco Nuñes Balboa cruzou o istmo do Panamá o Oceano Pacífico. Outra empresa importante, relacionada à expansão marítima espanhola, foi a realização da primeira viagem de circunavegação iniciada em 1519 por Fernão de Magalhães, um navegador português a serviço da Espanha, e completada por Juan Sebastião Elcano, em 1522. Após 1.124 dias de navegação pelos mares desconhecidos, os espanhóis atingiram as ilhas das especiarias orientais pelo Ocidente, além de comprovar a esfericidade da Terra.

As conquistas espanholasMesmo com o controle de importantes pontos comerciais no Oriente (Filipinas e Bornéo) obtidos no decorrer do século XVI, os espanhóis voltaram-se basicamente para o Ocidente, onde deram início à colonização da América• Nessa empresa, os seus esforços se concentraram principalmente no México e no Peru. O México foi a primeira área a ser conquistada entre 1518 e 1525, sob a liderança de Fernan Cortéz. Essa empreitada implicou a destruição do Império Asteca e sua capital Tenochititián, onde ficaram célebres a ferocidade e a crueldade dos conquistadores europeus. A conquista do Peru está. relacionada ao avanço dos espanhóis sobre o Império Inca, cuja capital era Cuzco. Entre 1531 e 1538, Francisco Pizarro e Diego de Almagro destruíram um dos mais importantes impérios pré-colombianos, o que garantiu a expansão do domínio espanhol sobre o Chile, Equador e Bolivia, numa ação marcada também pela brutalidade do conquistador. Nessas duas áreas, ricas em ouro e prata, teve início a exploração das minas, com o uso intensivo do trabalho compulsório do nativo. As colônias espanholas na América foram divididas inicialmente em dois vice-reinados: o de Nova Espanha (México) e do Peru. Criados respectivamente em 1535 e 1543, os vice-remos eram subordinados diretamente ao Real e Supremo Conselho das Indias, órgão governamental ligado diretamente ao rei e encarregado de tudo quanto se

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relacionasse com a América. No século XVffl foram criados mais dois vice-remos: o de Nova Granada (Colômbia) e do Prata (Argentina). Os espanhóis esperavam atingir o Oriente navegando para o Ocidente. Em busca de uma passagem que o levasse às “Indias”, além da viagem de 1492, que resultou no descobrimento da América, Cristóvão Colombo realizou mais três viagens ao Novo Mundo. Colombo nunca encontrou o caminho para as “Índias”. Acabou morrendo velho e abandonado no convento de Valladolid. A conquista dos antigos impérios pré-colombiano, pelos espanhóis, implicou a destruição das populações indígenas. 3. A partilha das terras descobertasA rivalidade entre Portugal e Espanha pela disputa das terras descobertas de origem a uma série de tratados de partilha. Em 1480, antes da fase mais intensa das navegações espanholas foi firmado o Tratado de Toledo, pelo qual Portugal cedia à Espanha as ilhas Canárias (Costa da África), recebendo em troca o monopólio do comercio e navegação do litoral africano ao sul da linha do Equador.A descoberta da América serviu para aumentar a rivalidade entre os dois paises e exigiu um novo tratado. Desta feita, o Papa Alexandre VI (cardeal aragonês) atuou como árbitro através da Bula Inter Coetera 1493. Uma linha imaginária foi traçada a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde: as terras situadas a oeste da linha demarcatória ficariam para a Espanha, cabendo a Portugal as terras a leste, ou seja, o mar alto, o que gerou protestos de D. João II, o rei de Portugal.Em função da reação portuguesa foi estabelecida uma nova demarcação que ficou conhecida como Tratado de Tordesilhas (1494). A linha imaginária passaria agora a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde: a porção ocidental ficaria pertencendo à Espanha, cabendo a Portugal a porção oriental. Dessa forma, parte das terras do Brasil passavam a pertencer a Portugal. Contudo, a linha de Tordesilhas, que, provavelmente, passaria por Belém, ao norte, e por Laguna, no litoral catarinense, nunca foi concretamente demarcada.A presença espanhola no Oriente, depois da viagem de Fernão de Magalhães, exigiu também a demarcação da parte oriental do planeta, através do Tratado ou Capitulação de Saragoça (1529). Por este acordo, uma linha imaginária dividiria o mundo oriental entre Espanha e Portugal, a partir das Ilhas Molucas.A divisão do mundo entre portugueses e espanhóis desencadeou a reação da França, Inglaterra e Holanda, países marginalizados pelos tratados de partilha. Daí, a sucessão de ataques corsários e as invasões das possessões ibéricas na América, África e Ásia.4. As conseqüências da expansão marítima.As Grandes Navegações e Descobrimentos modificaram de forma significativa o mundo até então conhecido. Dentre as principais conseqüências da expansão européia devem ser destacadas:♦ O deslocamento do eixo econômico europeu do Mediterrâneo para o Atlântico-Índico, com a ascensão dos países ibéricos e a conseqüente decadência das cidades mercantis italianas.♦ A consolidação do Estado Absolutista, típico da Época Moderna, que depois de patrocinar o movimento expansionista, passou agora a usufruir dos seus lucros.,♦ Adoção da política econômica mercantilista, baseada no protecionismo do Estado e no regime de monopólios.♦ A formação do Sistema Colonial Tradicional vinculado à política econômica mercantilista e responsável pela colonização da América.♦ O renascimento da escravidão nas áreas colônias nos moldes do capitalismo moderno, com a utilização intensiva da força de trabalho indígena e africana.

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♦ O fortalecimento da burguesia mercantil nos países atlânticos.♦ Início do processo de europeização do mundo, especialmente, com a expansão do cristianismo.♦ A destruição das avançadas civilizações pré-colombianas existentes na América.♦ A expansão do comércio europeu (Revolução Comercial), dentro de uma nova noção de mercado, agora entendido em escala mundial.♦ Aceleração da acumulação primitiva de capital, realizada através da circulação de mercadorias.♦ Revolução dos Preços, provocada pelo crescente afluxo de metais preciosos provenientes da América.5. O atraso da Inglaterra, França e Holanda nas navegações Diversos fatores contribuíram para o retardamento da participação Inglesa francesa e holandesa na expansão mercantil, dentre eles a Instabilidade política e econômica, a inexistência de uma monarquia centralizada, aliada aos interesses das burguesias nacionais e às resistências feudais.

Veja os Vídeos:

http://www.youtube.com/watch?v=4Zg2nvmOLk0 http://www.youtube.com/watch?v=lqiVMAT-wXw

Expansão Marítima

O mais notável resultado da economia mercantil foi a expansão marítima, que levou mercadores a percorrer todo planeta. Preocupada em desenvolver o comércio, buscando novas áreas para explorar e novas mercadorias para negociar, a burguesia européia, devidamente amparada pelo Estado, na figura de seu principal aliado, que era o rei, cruzou os oceanos em uma das maiores aventuras humanas.A expansão marítima foi um grande empreendimento econômico, político, social e militar e que envolveu grande volume de dinheiro. Sua realização somente foi possível graças à criação do Estado nacional e à aliança entre o rei e a burguesia. A centralização política promovida pelo Estado nacional permitiu que o rei contratasse toda a máquina estatal na criação de condições para o desenvolvimento tecnológico e para a separação de técnicos e navegadores aptos a concretizar a tarefa. O custo do projeto foi financiado pela burguesia, ou através dos impostos que os comerciantes pagavam ao Estado, derivados da atividade mercantil.Mas não foram apenas os reis e os burgueses que tornaram possível a expansão pelos

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mares: uma grande parcela da sociedade foi convocada a contribuir com a empreitada. As viagens eram muito arriscadas, os naufrágios eram comuns, de tal forma que não havia certeza do retorno dos navegantes. A população pobre, da qual saíam os marinheiros que trabalhavam nas funções menos qualificadas, além de contribuir com os impostos derivados de seu trabalho, viveu o drama da perda das pessoas queridas sem participar dos benefícios econômicos e sociais oriundos das conquistas.Veja as imagens: http://www.youtube.com/watch?v=&feature=player_embeddedO comércio com o orienteAs cruzadas, que recolocaram o Ocidente em contato com o Oriente, criaram o gosto pelo consumo de exóticos produtos orientais. Os artigos mais consumidos eram jóias, perfumes, veludos pintados, brocados, tecidos de seda e coral lavrado, além das especiarias, como a canela, o cravo e a procuradíssima pimenta, que chegou a ser usada como moeda. A expansão do mercado europeu para esse tipo de mercadoria pôde ser rapidamente aproveitada pelos mercadores das cidades italianas, principalmente Gênova e Veneza.Os mercadores de outros países queriam quebrar o monopólio de Gênova e Veneza e participar desse comércio tão lucrativo. Esse foi o principal fator que impulsionou as viagens marítimas.

O Desenvolvimento TécnicoUma das mais importantes formas de apoio oferecida pelo Estado à expansão marítima foi o incentivo ao desenvolvimento das técnicas navais. Uma técnica que ganhou um grande impulso no séc. XV foi a cartografia, que é a arte de desenhar mapas. O cartógrafo, um misto de técnico e artista, traçava os mapas a partir dos relatos que os navegantes faziam a respeito do que tinham visto. Quanto mais viagens fossem feitas, mais aperfeiçoados ficavam os mapas. Também eram incentivados os estudos astronômicos para tornar mais fácil a orientação dos navegadores. Aperfeiçoou-se a construção de embarcações e instrumentos já conhecidos, como a bússola e o astrolábio, que foram adaptados para as grandes viagens pelo mar.

A mudança do Eixo EconômicoEm 1498, após quase um século de preparação, uma frota portuguesa, sob o comando de Vasco da Gama, chegou à Índia. As viagens ao Oriente proporcionavam lucros que chegavam a 6 000%, o que fez o comércio se intensificar sensivelmente.Esses acontecimentos provocaram uma mudança no eixo do comércio europeu. Antes de Bartolomeu Dias ultrapassar o Cabo Boa Esperança, em 1487, a posição geográfica de Veneza e das cidades do sul da Alemanha proporcionava a essas cidades grandes vantagens no domínio das rotas de comércio na Europa. A partir da descoberta do novo caminho para a Índia, foram os países que têm costa voltada para o Atlântico que ficaram em vantagem.O Atlântico tornou-se a mais importante área de comércio do mundo. Portugal, Espanha, Holanda, Inglaterra e França tornaram-se nações privilegiadas porque têm acesso àquele oceano, que se transformou na rota mais lucrativa do começo do séc.XVI. O comércio, que antes apenas crescia, sofreu um grande salto. Tinha início o processo de formação de uma nova estrutura econômica, baseada no lucro, que é o capitalismo. Com o desenvolvimento do comércio, o principal fator de riqueza passou a ser a moeda.Veja os vídeos:

http://www.youtube.com/watch?v=r-weQ63VpUc http://www.youtube.com/watch?v=zYgzgsBhskU

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http://www.youtube.com/watch?v=jBxVARLXrHQ http://www.youtube.com/watch?v=e4920cQtXIc http://www.youtube.com/watch?v=TDyPrkRE4c4 http://www.youtube.com/watch?v=Q326in0mM50 http://www.youtube.com/watch?v=vajptqmcR7g

As visões do Novo Mundo

A Europa majestosa e a América selvagem: um exemplo da visão de mundo do colonizador

Ao falarmos sobre a expansão marítimo-comercial, costumamos salientar um amplo número de razões políticas e econômicas que possibilitaram a ocorrência de tal fato histórico. Sem dúvida, tais fatores são de fundamental compreensão para esse novo momento em que os homens saem de sua terra natal para descobrirem outras localidades e povos ao redor do mundo. Contudo, essa ambição material não encerra as possibilidades de explicação vinculadas às grandes navegações.

Partindo para um outro referencial interpretativo, devemos nos ater ao fato de que várias histórias sobre terras longínquas cercadas de maravilhas e criaturas terríveis circulavam entre os europeus mesmo antes da real descoberta de outros continentes. Entre outros documentos podemos salientar o “Livro das Maravilhas”, obra escrita pelo navegador italiano Marco Pólo, em que relata a exuberância e riqueza de distantes civilizações do Oriente.

Tendo forte traço medieval, esses relatos tinham base no pensamento religioso cristão ao alternarem relatos que faziam lembrar a busca do paraíso perdido ou a temível descoberta do inferno. Além disso, várias concepções científicas anteriores a esse período defendiam a compreensão da terra como um grande plano limitado por um grande abismo, onde se encontravam feras terríveis. Dessa forma, o desejo pelo novo e o temor do desconhecido traziam uma contradição à aventura pelo mar.

Essa visão maniqueísta de origem medieval não foi simplesmente abandonada a partir do momento em que os navegantes europeus criaram técnicas de navegação seguras e desmentiram vários dos mitos sobre as terras distantes. Ao chegarem à América, por exemplo, alguns viajantes costumavam falar sobre os costumes “demoníacos” das populações nativas e da “riqueza infindável” encontrada naquele novo ambiente que os cercava.

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Utilizando dos próprios registros cartográficos do século XVI temos uma série de imagens e gravuras que demonstravam essa concepção de maneira ainda mais clara. Em alguns mapas, cada continente era descrito por meio da representação de quatro diferentes mulheres, sendo a Europa o símbolo de altivez e soberania; a África, uma negra cercada por animais selvagens e com poucos ornamentos; a Ásia, uma princesa cercada de especiarias; e a América, uma jovem nua selvagem.

A partir disso, podemos compreender que as grandes navegações de fato assinalam um novo momento da História onde os homens europeus ampliavam sua visão de mundo. Contudo, esse momento ainda se mostrava impregnado de várias permanências em que os valores religiosos cristãos e a mitologia medieval se mostravam claramente vivos na mente daqueles homens que partiam para o mar.

Veja as imagens: http://www.youtube.com/watch?v=&feature=player_embeddedVeja o Vídeo: http://www.colegioweb.com.br/historia/as-navegacoes-espanholas-.html

Tratado de Tordesilhas A ambição expansionista de Portugal e Espanha no século XV trouxe a ameaça de uma

guerra, que foi evitada pela assinatura do Tratado de Tordesilhas, primeiro acordo internacional definido por vias diplomáticas. Endossado pela Igreja Católica, o tratado foi rejeitado por outros países. O Tratado de Tordesilhas estabeleceu que seriam de propriedade de Portugal as terras descobertas e a descobrir situadas a leste de um meridiano, traçado de pólo a pólo, a 370 léguas das ilhas de Cabo Verde, enquanto as terras situadas a oeste desse meridiano pertenceriam à Espanha. O mesmo se aplicava às terras conquistadas a povos não cristãos e àquelas ainda por conquistar. O acordo foi assinado em 7 de junho de 1494 na cidade espanhola de Arévalo, província de Tordesilhas, entre o rei de Portugal, D. João II, e os Reis Católicos, Isabel e Fernando de Castela e Aragão. Representou o fim oficial de uma longa série de disputas, negociações e bulas papais a respeito da posse das novas terras. O meridiano de Tordesilhas, no entanto, nunca foi de fato demarcado e motivou várias disputas de fronteira. Antecedentes ao Tratato de Tordesilhas

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Durante o século XV, impulsionados pela crescente necessidade de expansão comercial e pelo desenvolvimento tecnológico, navegadores portugueses e espanhóis lançaram-se à aventura de descobrir novas terras e caminhos marítimos. Portugal recebeu de Roma várias concessões importantes relativas aos descobrimentos. Assim, em 1454, o papa Nicolau V, a instâncias da coroa portuguesa, concedeu ao rei e a seus sucessores a posse do litoral africano e ilhas dos mares adjacentes. O Tratado de Toledo, assinado em 1480 pelos reis de Castela e por Afonso V, rei de Portugal, e seu filho, D. João, determinava que pertenciam a Castela as ilhas Canárias e, a Portugal, a Guiné e as ilhas achadas ou por achar ao sul das Canárias. Baseado nesse acordo e nas bulas papais, D. João II reivindicou a posse das terras descobertas por Cristóvão Colombo em 1492. Os Reis Católicos, inconformados com os privilégios de Portugal, recorreram ao papa para assegurar seus direitos sobre as terras recém-descobertas por navios espanhóis. Pela bula de 4 de maio de 1493, um mês após a chegada de Colombo a Barcelona, o papa Alexandre VI -- espanhol de Valência e inclinado a favorecer os soberanos de Castela -- outorgou à Espanha a posse das novas terras. A bula determinava que seriam de Castela as ilhas descobertas e a descobrir situadas a oeste de um meridiano "situado a cem léguas das ilhas de Açores e de Cabo Verde". Dessa forma, anulavam-se as concessões anteriores a Portugal. Perdido o monopólio marítimo, D. João II tentou assegurar uma repartição territorial mais conveniente a seus interesses. Para estabelecer negociações diretas, enviou embaixadores aos reis de Castela. Iniciados na cidade de Tordesilhas, os entendimentos foram conduzidos pelo espanhol Ferrer de Blanes e pelo português Duarte Pacheco Pereira. Finalmente foi firmado o acordo, pelo qual os Reis Católicos renunciavam ao disposto pela bula de Alexandre VI e aceitavam uma nova proposta: o deslocamento para oeste da linha meridiana, que passaria a "370 léguas de Cabo Verde, entre os 48o e 49o a oeste de Greenwich". Ratificado em 1506 pelo papa Júlio II, por petição do rei de Portugal D. Manuel I, o Tratado de Tordesilhas vigorou até 1750, quando foi revogado pelo Tratado de Madri.

Os aventureiros do mar Tenebroso

Há muitos séculos o oceano Atlântico atraía a curiosidade dos navegantes europeus mais ambiciosos.Mas pouquíssimas expedições que se aventuraram mar adentro

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voltaram. Essas tentativas malogradas criaram na Imaginação popular as mais fervilhantes fantasias acerca do oceano desconhecido: monstros marinhos, águas ferventes e pedras-ímã, que puxavam as embarcações para o fundo, na altura do Equador.Por volta do ano 1400 não se conhecia o real formato da Terra. Era senso comum considerá-la plana como uma mesa, terminando em abismos sem fim. Mas havia aqueles que a imaginavam redonda e finita.

O desconhecimento completo dosoceanos nos dá uma medida dos riscos enfrentados pelos navegantes do século XV, que ousaram desbravá-los em precários barcos, com aproximadamente, ente 25 metros decomprimento.

As técnicas de navegação empregadas tradicionalmente no mar Mediterrâneo, no Báltico e na costa européia eram insatisfatórias para as novas circunstâncias.

Foi com o objetivo de aprimorá-las que o infante dom Henrique, filho do rei dom João I de Avis, reuniu os mais experimentados cartógrafos, astrônomos, construtores navais e pilotos da Europa.Essa reunião ficou conhecida como Escola de Sagres.

Relatos de viagens dos Navegadores Descobridores

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O primeiro Contato com os Brancos

Antes da chegada dos europeus a América existia mais ou menos 100 bilhoes de índios.E todos eram divididos em tribos diferentes.Qando os brancos chegaram lá os índios perderam um pouco da suas culturas.O primeiro contato com os índios e portugueses foi de muita estranheza , porque eles tinham culturas e jeitos diferentes.

Documento 1:“Dei muitas outras coisas de pouco valor que lhes causaram grande prazer” (11/10/1492). “Tudo o que têm, dão em troca de qualquer bagatela que se lhes ofereça, tanto que aceitam na troca até mesmo pedaços de tigela e taças de vidro quebradas” (13/10/1492). “Alguns tinham pedaços de ouro no nariz, que de bom grado trocavam por (...) [coisas] que valem tão pouco que não valem nada” (22/11/1492).(Cristóvão Colombo, “Diário”).

Documento 2:“Até pedaços de barris quebrados aceitavam, dando tudo o que tinham, como bestas idiotas”.(Cristóvão Colombo, “Carta a Santangel”, fevereiro/março de 1493).

Documento 3:“Alguns índios que o Almirante [Colombo] tinha trazido de Isabela entraram nas cabanas (que pertenciam aos índios locais) e serviram-se de tudo o que era de seu agrado; os proprietários não deram o menor sinal de aborrecimento, como se tudo o que possuíssem fosse propriedade comum. Os indígenas, achando que tínhamos o mesmo costume, no início pegaram dos cristãos tudo o que era de seu agrado; mas notaram seu erro rapidamente.”(Fernando Colombo, “Histoire” ou “Vida do Almirante Dom Cristóvão Colombo”, publicado em 1571)

Documento 4:“Como na viagem que fiz a Cibao [atual República Dominicana], ocorreu que algum índio roubou, se fosse descoberto que alguns deles roubam, castigai-os cortando-lhes o nariz e as orelhas, pois são partes do corpo que não se pode esconder”.(Cristóvão Colombo, “Instruções a Mosen Pedro Margarite”, 09/04/1494).

Documento 5:“Cortez ordena que cada um dos [sessenta] caciques faça vir seu herdeiro. A ordem é cumprida. Todos os caciques são então queimados numa imensa fogueira e seus herdeiros assistem à execução. Cortez chama-os em seguida e lhes pergunta se sabem como foi dada a sentença contra seus pais assassinos, depois, tomando um ar severo, acrescenta que espera que o exemplo baste e que eles não sejam mais suspeitos de desobediência.”(Pierre Martyr Anghiera, “De Orbe Novo”, publicado em 1511).

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Documento 6:“Assim que os espanhóis souberam das crenças ingênuas dos insulares em relação a suas almas que, após a expiação das faltas, devem passar das montanhas geladas do norte para as regiões meridionais, tudo fizeram para persuadi-los a abandonarem por iniciativa própria o solo natal e se deixarem levar às ilhas meridionais de Cuba e Hispaniola [Haiti]. Conseguiram convencê-los de que eles mesmos estavam chegando do país onde encontrariam seus pais e filhos mortos, todos os parentes e amigos, e desfrutariam de todas as delícias nos braços daqueles que tinham amado. Como os sacerdotes já tinham incutido neles essas falsas crenças, e os espanhóis confirmavam-nas, deixaram a pátria nessa vã esperança. Assim que compreenderam que tinham abusado deles, já que não encontravam nem os parentes nem pessoa alguma que desejavam e eram, ao contrário, forçados a suportar fadigas e a executar trabalhos duros aos quais não estavam habituados, ficaram desesperados. Ou se suicidavam, ou então resolviam morrer de fome e faleciam de cansaço, recusando qualquer argumento, e até mesmo a violência, para se alimentarem. (...) Assim pereceram os desafortunados lucayos.”(Pierre M. Anghiera, “De Orbe Novo”).

Documento 7:“Esta é nossa principal intenção: prevenir o clero da confusão que pode existir entre as nossas festas e as deles. Os índios, simulando a celebração das festas de nosso Deus e dos santos, inserem e celebram as de seus ídolos quando caem no mesmo dia. E introduzem seus antigos ritos no nosso cerimonial. (...) Durante esses dias de festa, ouvia cantos louvando a Deus e aos santos que eram misturados com suas metáforas e coisas antigas que só o demônio compreende, pois foi ele quem lhas ensinou.”(Frei Diego Durán, “Historia de las Indias de Nueva España e Islas de la Tierra Firme”, escrito entre 1576-1581).

Veja o Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=&feature=player_embedded

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Os textos apresentam um relato do confronto entre a cultura indígena e européia, Demonstram uma incompreensão aos hábitos e costumes de ambas as culturas.Cristóvão Colombo a comparar os indígenas a “bestas idiotas”, isto demonstra a sua incompreensão ao modo de viver dos indígenas americanos,o fato dos indígenas trocarem bagatelas, coisas de nenhum valor, coisas de nenhum valor para quem?A incompreensão de Colombo, sua ignorância em relação aos valores e cultura dos indígenas, do outro, do diferente, o levou a chamar-lhes de “bestas idiotas”. Como bem diz Todorov: “Colombo não compreende que os valores são convenções (...) e que o ouro não é mais precioso do que o vidro ‘em si’, mas somente no sistema europeu de troca. (...) temos a impressão de que é ele [Colombo] o idiota: um sistema de troca diferente significa, para ele, a ausência de sistema, e daí conclui pelo caráter bestial dos índios.”A frase do filho mais novo de Colombo, Fernando, (doc. 3) ele nos dá uma pista para compreendermos que seu pai estava errado ao chamar os indígenas de “bestas idiotas”. A frase: “Os indígenas, achando que tínhamos o mesmo costume, no início pegaram dos cristãos tudo o que era de seu agrado, mas notaram seu erro rapidamente.” O fato de que Fernando percebe que os indígenas têm costumes diferentes, que a noção que eles possuem de propriedade privada é diversa da dos europeus. Mas, sintomático, Fernando identifica o diferente com o erro. Sua visão etnocêntrica o impede de conferir validade aos valores de outros povos, de outras culturas.Os documentos 5 e 6 nos informam de diferentes meios de dominação utilizados pelos espanhóis no Novo Mundo. Não foi apenas através da violência física explícita – o suposto “roubo” e a rebelião promovida pelos caciques contra o domínio espanhol são punidos exemplarmente, isto é, visíveis aos olhos de todos (docs. 4 e 5) – que os europeus impuseram sua dominação. À medida em que foram tomando conhecimento dos valores, das tradições, de elementos da cultura indígena se utilizaram astutamente desses elementos para que os indígenas atendessem a seus interesses – no caso do doc. 6, servirem como mão-de-obra. Nos documentos 1 e 2 o que salta aos olhos é a ignorância do europeu em relação à cultura indígena, os documentos 3, 6 e 7 revelam conhecimento do europeu de elementos dessa cultura. Mas a intolerância em relação ao diferente é a mesma: o “bestas idiotas” (doc. 2) equipara-se ao “erro” (doc. 3), às “crenças ingênuas”, às “falsas crenças” (doc. 6), às coisas do “demônio” (doc. 7).

Através da leitura dos documentos 5, 6 e 7 podemos identificar os  diferentes meios que os indígenas utilizaram para resistir à dominação. Não foi apenas através da rebelião armada que os indígenas resistiram à dominação (doc. 5). Alguns preferiram deixar de viver – na esperança, segundo suas crenças, de uma vida prazerosa após a morte – a serem escravos dos espanhóis (doc. 6). Outros, mesmo servindo aos europeus, se utilizaram da cultura que lhes era imposta para introduzir e preservar elementos de sua própria cultura, mantendo assim traços de sua identidade e resistindo à total submissão à religião do europeu. O mesmo aconteceu com as formas de resistência dos africanos à escravidão: quilombos, rebeliões, banzo e introdução de elementos da cultura

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africana nas manifestações culturais do branco europeu.culturais do branco europeu.Podemos tirar as conclusões finais, nunca uma cultura consegue apagar uma outra que pretende dominar. Sempre quando culturas distintas entram em contato entre elas ocorre uma interação ou ação recíproca. Esse processo de mudança cultural provocado pelo contato entre dois ou mais grupos culturalmente distintos, e no qual um desses grupos assimila aspectos da cultura do outro é tradicionalmente conhecido como aculturação.

Antes de tudo começar - Habitantes do BrasilEm 1500 diz-se que Pedro Álvares Cabral estava indo a caminho das Índias, se perdeu e acabou parando no Brasil onde disseram que havia descobrindo-o. Mas será que realmente foi um descobrimento? Eles chegaram a um local onde já havia uma população maior que a deles, população que já tinha seus costumes e suas culturas. Será que não podemos considerar uma invasão?Esta população que habitava o Brasil foi chamada de índio o que inclusive é incorreto, pois cada grupo indígena tem sua cultura, seu idioma, são como ingleses e franceses, e não um único grupo. Os grupos indígenas são divididos de acordo com o idioma:- o tronco Tupi: que são sete e destaca-se o tupi-guarani;- o tronco Arawak;- o tronco Macrojê.Apesar de toda a diferença cultural, dos grupos indígenas eles também se pareciam em alguns aspectos, pela pouca vestimenta e principalmente pela sociedade “comunista”. Não existia um chefe, não existiam divisões, era tudo de todos e para todos. Já o Antropofagismo como muitos pensam, não era característica comum a todas as tribos, estava diretamente ligado à cultura e não era característica comum entre os índios.

TEMA 2 e 3

EIXO TEMÁTICO: MUNDO MODERNO, COLONIZAÇÃO E RELAÇÕES ÉTNICO-CULTURAIS (1500 - 1800)

Tema 3: Escravidão e Comércio no Mundo Moderno

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A colonização: um projeto mercantilista

Mercantilismo é o nome dado a um conjunto de práticas econômicas desenvolvido na Europa na Idade Moderna, entre o século XV e o final do século XVIII. O mercantilismo originou um conjunto de medidas econômicas diversas de acordo com os Estados. Caracterizou-se por uma forte intervenção do Estado na economia. Consistiu numa série de medidas tendentes a unificar o mercado interno e teve como finalidade a formação de fortes Estados-nacionais

A Idade Moderna (séculos XV ao XVII) é um período histórico cuja conceituação provoca várias polêmicas. Trata-se do período da Acumulação Primitiva do Capital, ou Capitalismo Comercial ou de transição entre o Modo de Produção Feudal e o Capitalista.

Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava empenhado no comércio com as Índias, pois as especiarias que os portugueses encontravam lá eram de grande valia para sua comercialização na Europa. As especiarias comercializadas eram: cravo, pimenta, canela, noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc. 

 A colonização de exploração Portuguesa

 Enquanto realizava este lucrativo comércio com as especiárias das Índias, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até as caravelas.

No sistema mercantilista a burguesia acumulando capital através dos lucros obtidos na circulação das mercadorias (comércio).Sistema de compra e venda, comprar e vender é fácil, ganhar nem sempre.

É, portanto, necessário que entre os parceiros comerciais exista pelo menos um que perca sempre, para se ter a garantia da balança comercial favorável. O parceiro que tem que perder sempre será chamado de colônia e o ganhador (a potência econômica européia) será a Metrópole.

Para que a colônia perca sempre e a Metrópole ganhe sempre há que se estabelecer uma regra que se chama Pacto Colonial, que é o exclusivo metropolitano do comércio colonial. Em outras palavras, a colônia só pode vender para a Metrópole e só pode comprar dela, não há concorrência.

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Foi somente a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin Afonso de Souza, que a coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização da nova terra. Isso ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de fora do tratado de Tordesilhas, como, por exemplo, franceses, holandeses e ingleses. Navegadores e piratas destes povos, estavam praticando a retirada ilegal de madeira de nossas matas. A colonização seria uma das formas de ocupar e proteger o território. Para tanto, os portugueses começaram a fazer experiências com o plantio da cana-de-açúcar, visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa.

O sistema colonial é o conjunto de relações entre as metrópoles e suas respectivas colônias em uma determinada época histórica. O sistema colonial que nos interessa abrangeu o período entre o século XVI e o século XVII, ou seja, faz parte do Antigo Regime da época moderna e é conhecido como antigo sistema colonial.

Segundo o seu modelo teórico típico, a colônia deveria ser um local de consumo (mercado) para os produtos metropolitanos, de fornecimento de artigos para a metrópole e de ocupação para os trabalhadores da metrópole. Em outras palavras, dentro da lógica do “Sistema Colonial Mercantilista” tradicional, a colônia existia para desenvolver a metrópole, principalmente através do acúmulo de riquezas, seja através do extrativismo ou de práticas agrícolas mais ou menos sofisticadas.

Na colônia, a produção será destinada ao Mercado Externo (metropolitano) e por isso estará baseada na Monocultura, no Latifúndio e no trabalho escravo. Este, por sua vez, deverá vir de fora, para que a Metrópole tenha mais uma mercadoria que a colônia terá a obrigação de comprar. Quer dizer, se os colonos escravizarem o índio, a burguesia metropolitana não ganhará vendendo escravos. Por isso, por causa do tráfico negreiro (talvez o mais lucrativo comércio) é que – como no caso do Brasil – se substituiu o índio

pelo negro como mão-de-obra escrava.

Uma Colônia de Exploração, como foi o caso do Brasil para Portugal, tem basicamente três características, conhecidas pelo termo técnico de “plantation”:

_ Latifúndio: as terras são distribuídas em grandes propriedades rurais

_ Monocultura voltada ao mercado exterior: há um “produto-rei” em torno do qual toda a produção da colônia se concentra (no caso brasileiro, ora é o açúcar, ora a borracha, ora o café...) para a exportação e enriquecimento da metrópole, em detrimento da produção para o consumo ou o mercado interno.  

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_Mão-de-obra escrava: o negro africano era trazido sobre o mar entre cadeias e, além de ser mercadoria cara, era uma mercadoria que gerava riqueza com o seu trabalho...

O sentido da colonização – A atividade colonizadora européia aparece como desdobramento da expansão puramente comercial. Passou-se da circulação (comércio) para a produção, No caso português, esse movimento realizou-se através da agricultura tropical. Os dois tipos de atividade, circulação e produção, coexistiram. Isso significa que a economia colonial ficou atrelada ao comércio europeu. Segundo Caio Prado Jr., o sentido da colonização era explícito: "fornecer produtos tropicais e minerais para o mercado externo". Assim, o antigo sistema colonial apareceu como elemento da expansão mercantil da Europa, regulado pelos Interesses da burguesia comercial. A conseqüência lógica, segundo Fernando A. Novais, foi a colônia transformar-se em instrumento de poder da metrópole, o fio condutor, a prática mercantilista, visara essencialmente o poder do próprio Estado.

As razões da colonização – A centralização do poder foi condição para os países saírem em busca de novos mercados, organizando-se, assim, as bases do absolutismo e do capitalismo comercial. Com isso, surgiram rivalidades entre os países. Portugal e Espanha ficaram ameaçados pelo crescimento de outras potências. Acordos anteriores, como o Tratado de Tordesilhas (1494) entre Portugal e a Espanha, começaram a ser questionados pelos países em expansão.

A descoberta de ouro e prata no México e no Peru funcionou como estímulo ao início da colonização portuguesa. Outro fator que obrigou Portugal a investir na América foi a crise do comércio indiano. A frágil burguesia lusitana dependia cada vez mais da distribuição dos produtos orientais feita pelos comerciantes flamengos (Flandres), que impunham os preços e acumulavam os lucros.

Capitanias hereditárias – Em 1532, quando se encontrava em São Vicente, Martim Afonso recebeu uma carta do rei anunciando o povoamento do Brasil através da criação das capitanias hereditárias. Esse sistema já havia sido utilizado com êxito nas possessões portuguesas das ilhas do Atlântico (Madeira, Cabo Verde, São Tomé e Açores).

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O Brasil foi dividido em 14 capitanias hereditárias, 15 lotes (São Vicente estava dividida em 2 lotes) e 12 donatários (Pero Lopes de Sousa era donatário de 3 capitanias: Itamaracá, Santo Amaro e Santana). Porém, a primeira doação ocorreu apenas em 1534.

Entre os donatários não figurava nenhum nome da alta nobreza ou do grande comércio de Portugal, o que mostrava que a empresa não tinha suficiente atrativo econômico. Somente a pequena nobreza, cuja fortuna se devia ao Oriente, aqui aportou, arriscando seus recursos. Traziam nas mãos dois documentos reais: a carta de doação e os forais. No primeiro o rei declarava a doação e tudo o que ela implicava. O segundo era uma espécie de código tributário que estabelecia os impostos.

Nesses dois documentos o rei praticamente abria mão de sua soberania e conferia aos donatários poderes amplíssimos. E tinha de ser assim, pois aos donatários cabia a responsabilidade de povoar e desenvolver a terra à própria custa. O regime de capitanias hereditárias desse modo, transferia para a iniciativa privada a tarefa de colonizar o Brasil. Entretanto, devido ao tamanho da obrigação e à falta de recursos, a maioria fracassou. Sem contar aqueles que preferiram não arriscar a sua fortuna e jamais chegaram a tomar posse de sua capitania. No final, das catorze capitanias, apenas Pernambuco teve êxito, além do sucesso temporário de São Vicente. Quanto às demais capitanias, malograram e alguns dos donatários não só perderam seus bens como também a própria vida.

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Estava claro que o povoamento e colonização através da iniciativa particular era inviável. Não só devido à hostilidade dos índios, mas também pela distância em relação à metrópole, e sobretudo, pelo elevado investimento requerido.

Tráfico de escravos - O tráfico de escravos era uma das formas de comércio, altamente lucrativa, já exercida pelos mercadores fenícios. Nas sociedades mediterrâneas grega e romana, os escravos constituíam um importante “artigo” comercial. Os indivíduos eram capturados em incursões noutros territórios, nas guerras ou vendidos pela aristocracia tribal. Os seres humanos, incluindo crianças, eram negociados nos mercados como animais ou qualquer outra mercadoria. Em alguns centros de comércio havia mercados especiais de escravos.

Portugal conheceu o regime de escravidão através das relações de comércio com mercadores árabes e a transformação dos mouros vencidos na guerra em cativos ou servos. Era comum a troca de prisioneiros mouros por escravos de pele escura, em proporção favorável em quantidade aos portugueses. O apoio da Igreja garantia a exploração tranquila de mão-de-obra escrava em projectos de produção agrícola para exportação, como meio de compensar as despesas com as navegações. Por volta do ano de 1460, começa a era do tráfico de escravos organizado através de acordos directos com os régulos da África Negra, a nível de Estado para Estado.

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O tráfico de escravos africanos adquiria um carácter de aquisição de força de trabalho em massa para fins de produção e de comercialização através dum novo entreposto africano de compra de escravos e ouro, a Fortaleza de S. Jorge da Mina. O tráfico de escravos africanos, já em moldes comerciais, tornou-se uma fonte de lucros. Com os descobrimentos marítimos, em breve os portugueses se aperceberam de que havia muito a ganhar se, juntamente com outras mercadorias, levassem também escravos, tanto mais que a tentativa de atingir as regiões auríferas não correspondeu às suas expectativas. O comércio de escravos tornou-se rapidamente a principal fonte de lucro. Os pontos de tráfico estendiam-se a toda a costa africana e fazia-se mesmo duma região para outra.

Origem étnica e geografica dos africanos escravizados

O tráfico negreiros classificava os escravos utilizando vários termos como Nagôs, Jejes, Mina, Angolas, Congos e Fulas, os quais se referem mais propriamente à região de origem do que a nações ou culturas. Cada um destes termos inclui, portanto, diferentes etnias. Outra fonte de confusão é que muitas vezes os escravos eram classificados pelo tráfico negreiro de acordo com a língua que falavam ou entendiam como, por exemplo, Nagôs (que entendiam Iorubá) e Haúças (que entendiam a língua haúça, língua comercial espalhada por toda África Central, antigamente chamada de sudanês).

Os africanos mandados para o Brasil são divididos grosso modo em dois grandes grupos: os Bantu e os oeste-africanos.

 Bantus

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Os Bantus são descendentes de um grupo etnolingüístico que se espalhou rápida e recentemente desde a atual região de Camarões em direção ao sul, atingindo tanto o litoral oeste quanto o leste da África. Como esta expansão foi recente, as diferentes nações Bantus têm muitos aspectos étnico-culturais, linguísticos e genéticos em comum, apesar da grande área pela qual se espalharam.

Os Bantus trazidos para o Brasil vieram das regiões que atualmente são os países de Angola, República do Congo, República Democrática do Congo, Moçambique e, em menor escala, Tanzânia. Pertenciam a grupos étnicos que os traficantes dividiam em Cassangas, Benguelas, Cabindas, Dembos, Rebolo, Anjico, Macuas, Quiloas, etc.

Constituíram a maior parte dos escravos levados para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e para a zona da mata do Nordeste.

Oeste-africanos

Os oeste-africanos provinham de uma vasta região litorânea que ia desde o Senegal até à Nigéria, além do interior adjacente. A faixa de terra fronteiriça ao sul da região do Sahel, que se estende no sentido oeste-leste atravessando toda a África, é denominada Sudão. Frequentemente, os escravos de origem oeste-africana são chamados de sudaneses, o que causa confusão com os habitantes do atual Sudão, que comprovadamente não forneceu escravos para as Américas. Além disto, apenas parte dos escravos de origem oeste-africana vieram da vasta região chamada Sudão. Os nativos do oeste-africano foram os primeiros escravos a serem levados para as Américas sendo chamados, nesta época, de negros da Guiné.

Os oeste-africanos eram principalmente nativos das regiões que atualmente são os países de Costa do Marfim, Benim, Togo, Gana e Nigéria. A região do golfo de Benim foi um dos principais pontos de embarque de escravos, tanto que era conhecida como Costa dos Escravos. Os oeste-africanos constituíram a maior parte dos escravos levados para a Bahia.[11] Pertenciam a diversos grupos étnicos que o tráfico negreiro dividia, principalmente, em:

Nagôs - os que falavam ou entendiam a língua dos Iorubás, o que incluía etnias como os Kètu, Egba, Egbado, Sabé, etc;

Jejes - que incluía etnias como Fons, Ashanti, Ewés, Fanti, Mina e outros menores como Krumans, Agni, Nzema, Timini, etc.

Os Malês eram escravos de origem oeste-africana, na maior parte falantes da língua haúça, que seguiam a religião muçulmana. Muitos deles falavam e escreviam em língua árabe, ou usavam caracteres do Árabe para escrever em haúça[carece  de fontes?]. Além dos Hauçás, isto é, dos falantes de língua haúça, outras etnias islamizadas trazidas como escravos para o Brasil foram os Mandingas, Fulas, Tapa, Bornu, Gurunsi, etc.

Havia também oeste-africanos de outras etnias além das acima citadas como os Mahis, Savalu e vários outros grupos menores.

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Resitênci dos Escravos Africanos no BrasilMotivos da escravidão africana no Brasil.O plantio de cana e a produção do açúcar exigiam o trabalho de muita gente.A principio, o colono português tentou escravizar o índio, forçando-o ao trabalho nas atividades de produção do açúcar . No entanto, a escravização do índio não interessava muito ao sistema colonial mercantilista. Motivo: o índio vivia nas florestas do Brasil, e quem desejasse escraviza-lo precisava apenas captura-lo. Sendo que não gerava nenhum lucro ao governo português, uma vez que era um negócio interno da colônia. A solução mais lucrativa foi a escravização do negro africano. E os principais interessados na implantação da escravidão negra no Brasil eram os “donos” do tráfico negreiro (comércio de escravos africanos). Os traficantes traziam os negros das colônias portuguesas da África, transportando-os pelos mares em navios negreiros, sem a mínima condição humana de higiene e alimentação. Nesse processo barcos portugueses seguiam para a África, obtendo escravos em troca de armas e outras mercadorias, atravessavam então o Atlântico e vendiam os escravos no Brasil, para depois retornarem a Portugal com os porões cheios de açúcar , tabaco e outros produtos de exportação. Durante 3 séculos e meio (358 anos) de escravidão no Brasil foram trazidos 5 milhões de escravos africanos para o Brasil, cerca de 40% do total das Américas. A viagem da África para o Brasil era uma verdadeira tragédia. Os escravos vinham amontoados e acorrentados nos porões dos navios negreiros. As doenças se propagavam e a alimentação era deficiente, o que abatia muitos deles ainda na viagem. Em cada grupo de 10 africanos 4 não sobreviviam a viagem. Os que morriam eram jogados no mar.

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A escravidão não foi aceita com passividade pelos africanos. Um dos maiores exemplos de resistência negra foram os quilombos, tendo como principal o Quilombo dos Palmares (Pernambuco 1630-1695), que chegou a ter uma população de 30.000 habitantes. Os maiores líderes de Palmares foram Ganga-Zumba e Zumbi. Em 1695 o quilombo foi totalmente destruído, para servir de exemplo aos demais.Além dessa forma de resistência existiam outras como por exemplo: o infanticídio, a assassinato do patrão, e o suicídio.

Principais Quilombos de Minas Gerais

1. Quilombo do Ambrósio (Quilombo Grande) 2. Quilombo do Campo Grande 3. Quilombo do Bambuí 4. Quilombo do Andaial 5. Quilombo do Careca 6. Quilombo do Sapucaí 7. Quilombo do morro de Angola 8. Quilombo do Paraíba 9. Quilombo do Ibituruna 10. Quilombo do Cabaça

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11. Quilombo de Luanda ou Lapa do Quilombo 12. Quilombo do Guinda 13. Lapa do Isidoro 14. Quilombo do Brumado 15. Quilombo do Caraça 16. Quilombo do Inficionado 17. Quilombos de Suçuí e Paraopeba 18. Quilombos da serra de São Bartolomeu 19. Quilombos de Marcela 20. Quilombos da serra de Marcília

Nota: Carlos Magno Guimarães conseguiu listar 116 quilombos em minas Gerais no século XVIII.

Revolta dos MalêsA História da revolta dos Malês, causas, objetivos,

ideais e o fim da revolta

Revolta dos Malês: insatisfação contra a escravidão e imposição religiosa

Introdução

A Revolta dos Malês foi um movimento que ocorreu na cidade de Salvador (província da Bahia) entre os dias 25 e 27 de janeiro de 1835. Os principais personagens desta revolta foram os negros islâmicos que exerciam atividades livres, conhecidos como negros de ganho (alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros). Apesar de livres, sofriam muita discriminação

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por serem negros e seguidores do islamismo. Em função destas condições, encontravam muitas dificuldades para ascender socialmente.

Causas e objetivos da revolta

Os revoltosos, cerca de 1500, estavam muito insatisfeitos com a escravidão africana, a imposição do catolicismo e com a preconceito contra os negros. Portanto, tinham como objetivo principal à libertação dos escravos. Queriam também acabar com o catolicismo (religião imposta aos africanos desde o momento em que chegavam ao Brasil), o confisco dos bens dos brancos e mulatos e a implantação de uma república islâmica.

Desenvolvimento da revolta

De acordo com o plano, os revoltosos sairiam do bairro de Vitória (Salvador) e se reuniriam com outros malês vindos de outras regiões da cidade. Invadiriam os engenhos de açúcar e libertariam os escravos. Arrecadaram dinheiro e compraram armas para os combates. O plano do movimento foi todo escrito em árabe.

Fim da revolta

Uma mulher contou o plano da revolta para um Juiz de Paz de Salvador. Os soldados das forças oficiais conseguiram reprimir a revolta. Bem preparados e armados, os soldados cercaram os revoltosos na região da Água dos Meninos. Violentos combates aconteceram. No conflito morreram sete soldados e setenta revoltosos. Cerca de 200 integrantes da revolta foram presos pelas forças oficiais. Todos foram julgados pelos tribunais. Os líderes foram condenados a pena de morte. Os outros revoltosos foram condenados a trabalhos forçados, açoites e degredo (enviados para a África).

O governo local, para evitar outras revoltas do tipo, decretou leis proibindo a circulação de muçulmanos no período da noite bem como a prática de suas cerimônias religiosas.

Curiosidade:

- O termo “malê” é de origem africana (ioruba) e significa “o muçulmano”.

Carta de Alforria

A Carta de Alforria era um documento cedido a um escravo por seu proprietário. Era um tipo de “atestado” de liberdade em que o proprietário abdicava dos seus direitos de posse sobre o escravo. Este último, após a Alforria, era chamado “negro forro”. O nome “Alforria” não era usado somente no Brasil, mas em todas as colônias portuguesas que adotaram o regime escravista. Ele vem do árabe, em que a expressão pronunciada como “Al Horria” quer dizer “A Liberdade”.

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Exemplo de carta de alforria, datada de 1866.

Existiram dois tipos de Carta de Alforria: as pagas e as gratuitas.As cartas pagas geralmente eram feitas a prestação, por interesse dos proprietários. Assim, se o negro forro não pagasse uma prestação, voltava a condição de escravo. Outros meios utilizados para quitar a dívida eram pegar empréstimos (com amigos, familiares, instituições benfeitoras ou bancos), trabalhar por conta própria (geralmente vendendo na rua produtos que variavam entre bolos e doces, ou prestando serviços de barbeiro, carregador de peso, sapateiro, etc), pedir a um benfeitor que pagasse sua dívida em troca de um tempo determinado de trabalhos gratuitos ou os estranhos casos de troca, em que o escravo que recebia a alforria dava ao seu senhor um outro escravo para trabalhar em seu lugar.As cartas gratuitas libertavam adultos e geralmente os reposicionavam como empregados do seu não mais proprietário. Deste modo, libertava-se um escravo e ganhava-se um trabalhador assalariado com uma carga horária diária pré definida. Também era comum a libertação de crianças e a promessa de educá-las e criá-las por partes do senhores. O momento histórico que registra a emissão de cartas de alforria gratuitas é importante porque mostra uma mudança de mentalidade na “alta sociedade” da época.

TEMA 4

As Crises do Sistema Colonial, Periodo Joanino e Independencia Brasileira novembro 5, 2008 às 7:31 pm | Publicado em História | 11 Comentários

As Crises do Sistema Colonial

Além das Revoltas de Negros e Índios, que ocorriam com frequencia, se insurgindo contra o dominio dos ‘brancos’ ocorreram movimentos dos próprios ‘brancos’ contra a

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coroa, mas nenhum com carater separatista, só queriam melhoras no estilo de vida na colônia. Essa insatisfação se intensificou com o fim da União Iberica, pois o marquês de Pombal intensificou a exploração da colônia e isso aumentou o descontentamentos dos colonos. A esses levantes ou insurreições damos os nomes de Movimentos Nativistas, pois eram movimentos ligados apenas a condição de vida de certas regiões sem nenhum caratér politico ou ideologico.

Movimentos Nativistas

A primeira ocorreu em Pernambuco em 1661: os colonos que haviam expulsados os holandeses pediram através de uma carta ao rei de Portugal que nomeasse como governador da capitania André Vidal Negreiro, um dos heróis da Insurreição Pernambucana. O que o rei fez? Nomeou Mendonça Furtado, um português da corte real como governador frustrando os colonos. Ele já chegou sendo hostilizado (os brasileiros sempre tiveram a mania de atribuir apelidos aos seus inimigos e com ele não foi diferente o apelido dado foi Xumberga, por dois motivos: o primeiro ele copiava o bigode de Schoumberg um corçário alemão a quem serviu na guerra dos trinta anos, o segundo e mais plausivel é que durante seu regime houve uma peste de coçeira e as pessoas de ‘xubregavam’ muito, e atribuiram a culpa a ele). Vendo que não tinha apoio das oligarquias passou a ignorá-las também, isso foi a gota d’agua. Usando uma falsa passeata religiosa (naquela época todos respeitavam de verdade a religião) eles emboscaram Xumberga. Só que ele sobreviveu e passou a derrubar as oligarquias que tentaram matá-lo. O que houve? Os pernambucanos simplesmente prederam-no e deportaram-no para Portugal. Normalmente o rei teria punido severamente os colonos certo? Isso aconteceu? Não, simplesmente porque o irmão do Xumberga foi pego colocando chifres no rei de Portugal, daí Xumberga pagou o pato mais uma vez e os colonos pernambucanos inflaram seu ego mais uma vez ao ter seu pedido concedido pelo rei.

A Revolta de Beckman ocorreu no Maranhão, porque a companhia de comércio que deveria fornecer alimentos estava abusando dos colonos ao vender comidas estragadas a preços orbitantes. Os Jesuítas entraram na briga, pois negavam que os colonos continuassem a escravizar índios, daí foi uma confusão só. Os irmãos Beckman grandes proprietários de terras entraram na briga e tomaram controle da situação. Derrubaram a companhia de comércio maranhense e o mais novo foi a Portugal fazer pedidos ao rei. Dessa vez a revolta não passou impune. O mais novo ficou preso em Portugal só sendo anistiado depois, e o mais velho e outro líder foram executados. O mais novo alegou nunca ter querido se insurgir contra a coroa, só queria acabar com as injustiças impostas pelos Jesuítas e a companhia maranhense.

A Guerra dos Emboabas(outro apelido que os paulistas deram aos Portugueses, porque eles assim como um passáro do pantanal o Emboaba tinham as pernas todas enfeitadas, diferente dos Paulistas descalços) ocorreu porque os Paulistas, descobridores da Minas de ouro no sudeste reclamavam o direito de extrair o ouro para eles e hostilizavam tanto forasteiros vindo de Portugal como de outras regiões do país chamando-os de Emboabas. Os paulistas passaram a arruinar expedições dos Emboabas, em resposta a isso, os Emboabas organizaram uma guarda para lutar contra os Paulistas. O que se sucedeu foi um sangrento massacre como o do episódio Capão da Traição em que 300 paulistas que haviam desistido da luta armada foram fuzilados depois de

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entregar suas armas pelos homens do comandante Emboaba Bento Amaral Coutinho. O Rio do local ficou conhecido como Rio das Mortes.

A Guerra dos Mascates(mais um apelido dado aos portugueses) ocorreu em Pernambuco, entre a oligarquia decadence de Olinda e os ricos comerciantes de Recife. O confronto estourou quando os comerciantes ao serem eleitos ‘homens-bons’(vereadores da época) não puderam receber posse de seus cargos, eles então pediram ao rei de Portugal que Recife deixasse de ser vila e ganhasse sua própira câmara munincipal. No dia 10 de Novembro de 1710 os olindences invandiram Recife e fecharam a câmara, há quem diga que nesse movimento surgiu o primeiro pensamento de independencia brasileira onde os olindences ficaram separados da coroa por alguns dias assim como a oligarquia de Veneza ficava separada dos reinos a seu redor (daí surgiu a comparação de Recife-Olinda como Veneza Brasileira, ao contráio do que todo mundo pensa de ser só por causa dos rios).

A Revolta de Vila Rica ou de Filipe dos Santos foi uma prévia da Inconfidência Mineira, Filipe dos Santos era o único pobre que participava dos planos dos grandes mineradores que planejavam destruir as casas de fundição. O plano foi descoberto e Filipe dos Santos foi morto e esquartejado. Esse era o último movimento nativista sem carater nacionalista.

Movimentos Nacionalistas

Conjuração Mineira

A famosa Inconfidencia ou Conjuração Mineira foi a primeira de três Insurreições que queriam pôr fim as relações entre Brasil e Portugal. A principal influência do movimento foi que os filhos dos ricos mineradores que haviam ido estudar na Europa voltaram para o Brasil inspirados com as idéias Iluministas e viam na Independencia dos EUA (treze colônias despovoadas derrotaram a maior potência da época: a Inglaterra) sua maior inspiração. Não a tôa que todos os escritores do Arcadismo tiveram uma pequena participação no movimento. Ao contrário do que todos pensam, Tiradentes não foi um herói ele apenas foi o único morto porque os outro inconfidentes eram ricos e influentes demais para serem mortos. Eles faziam suas reuniões para escolher a bandeira do próximo país, para decidir a constituição (nunca falaram em acabar com a escravidão), na verdade alguns historiadores dizem que eles brincavam de preparar um movimento de independencia. O plano era simples: no dia da derrama, Tiradentes faria um levante que traria a população para o lado dos incofidentes. O plano falhou porque o governador percebeu as reuniões e passou a cobrar as dividas dos ricos mineradores, em troca do fim da divida eles começaram a contar o que iria ocorrer. A rainha Maria I (já estava louca) decretou a morte de todos os envolvidos, o governador percebendo que não poderia acabar com a elite cultural do país executou o único humilde do movimento: Joaqui José da Silva, o Tiradentes.A Inconfidencia Mineira foi importante pois foi a 1ª a falar abertamente em Independecia e a colocar a elite no centro do movimento

Conjuração Carioca

Ocorreu em 1794 e não passou de especulações de membros da oligarquia carioca para uma possivel independencia, dessa vez inspirados tamem na Revolução Francesa, assim

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como a Mineira foram descobertos, mas como nada foi provado contra eles todos foram soltos.

Conjuração Baiana ou dos Alfaites

Ocorreu em 1798 sendo inspirada também na Rebelião Negra (indepencia do Haiti), além da Revolução Francesa e Independencia dos EUA. Foi articulada pela Maçonaria e os Cavaleiros da Luz (sociedades secretas de pensadores). Como a população de Salvador tinha um alto índice de população negra os aristocratas se viram acuados pelo movimento e eles mesmo desistituiram o movimento com medo que a escravidão fosse abolida. Foi a única das três conjurações que teve carater ideologico.

Periodo Joanino

Com a ascenção de Napoleão na França e o bloqueio continental decretado pelo imperador francês o cerco sobre Portugal estava se fechando. Inglaterra ou França? O principe regente tinha de escolher, se escolhesse a primeira teria seu país invadido pelos franceses se escolhesse a segunda perderia suas colônias e poderia ser bombardeado pelos navios ingleses assim como aconteceu com a Dinamarca. Qual a solução? Enrolar o máximo possivel e depois fugir. Não a tôa que Napoleão só declarou ter sido derrotado por um homem, o que o enganou, D. João VI de Portugal, ao contrário do que muitos pensam, ele não era um gordo idiota, mais um monarca muito precavido que preferia ficar longe dos holofotes. Ele assinou as pressas a Convenção Secreta, em que a Inglaterra se comprometia a proteger Portugal da França e fugiu corajosamente para o Brasil. Com a sua chegada aqui os movimentos anti-portugal pararam, pois simplesmente deixavamos de ser colônia, embora no papel ainda fossemos. Simplesmente porque o pacto colonial não existia mais, e isso era o que tornava um país uma colônia. O historiador Caio Prado até diz que a indepencia do Brasil ocorreu em 1808 com a chegada de D. João VI ao Brasil.

Ele revogou o Alvará de 1785 assinado pela sua mãe em que se proibia qualquer atividade industrial no país, deu liberdade de impressão para jornais (apenas os que apoiassem a coroa) e criou o Banco do Brasil. Em 1815 foi forçado a elevar o Brasil a posto de Vice-Reino, pois segundo o Congresso de Viena, ou ele voltava a Portugal ou perderia o trono de lá. Ele mais uma vez inteligentemente manteve seu trono ao tornar Brasil e Portugal Reino-Unido. Invadiu e conquistou a Guiana Francesa, para se vingar dos Franceses e a colônia dos 7 Sacramentos (atual Uruguai) que passou a chamar de Cisplatina.

Em 1810 renovou os tratados com os Ingleses, em que eles teria direitos extraordinários sobre Portugal e o Brasil, chegando a pagar impostos mais baixos que Portugal e tendo direito a sere julgados por juízes ingleses caso fossem presos em territorio luso-brasileiro. Enfrentou poucos conflitos o único notável foi a Revolução Pernambucana, tendo planejado a independencia do Brasil ao deixar seu filho Pedro como o primeiro imperador brasileiro.

Revolução Pernambucana

Em 1817 as ideias iluministas chegavam a seu apice, os padres difundiam as ideias fortemente e eram totalmente contrários ao absolutismo. Três fatores se somaram as

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influências que tinham (os movimentos de indepencia da América Latina, dos EUA, a Revolução Francesa e os três levantes feitos contra a coroa lusa que acabaram bem-sucedidos): o surgimento do açucar de beterraba dos ingleses que por terem controle do comércio brasileiro passaram a desprezar o açucar nordestino que já sofria uma concorrencia com o das Antilhas, o alto preço dos impostos que D. João VI implementava para construir a cidade do Rio de Janeiro e para comportar a corte real que havia vindo com ele e uma grande seca que ocorreu em 1816. Em 6 de Março de 1817 a revolução estourou e recebeu apoio de todas as regiões perifericas de Pernambuco (de Macéio a Fortaleza) e todas as classes: clero, burguesia, povão e aristocracia (menos escravos, o movimento não tinha carater abolucionista). No dia seguinte os revoltosos já tinha controle da região e passaram 75 dias no poder. A revolução foi altamente reprimida por D. João VI que com a ajuda do governo baiano derrubou o movimento, Pernambuco perdeu todo o seu territorio alagoano, e o vale do são francisco para a Bahia. Foi o 1º movimento a firmar-se independente e a ter uma fase armada, mas não deveria ser chamada de revolução pois não pretendia mudanças ideologicas só politicas.

O Processo de Indepencia Brasileira

Em 1820 estourou em Portugal a Revolução do Porto, em que os Portugueses tomaram o poder do estado e exigiram a volta de D. João VI, caso ele se negasse iria perder o trono. Acabaram com o absolutismo, criaram uma nova constituição com o parlamentarismo e as ‘cortes de lisboa’ que contaria com 181 deputados sendo 72 brasileiros. D. João VI percebendo que as cortes só não o depuseram pois se o fizessem estariam dando o Brasil de mão beijada para o monarca voltou a Portugal e deixou D. Pedro I como principe regente do Brasil. As cortes passaram então a exigir a volta do principe, este se negou aconselhado pelo pai. As cortes tentaram diminuir o poder do principe ao transformar as capitanias em provincias com mais autonimia. Os aristocratas brasileiros perceberam os portugueses queriam e passaram a arquitetar um plano de independencia, e convidaram D. Pedro I para participar, este aceitou seguindo os conselhos do pai. Estava pronta a independencia brasileira, comandada pela aristocracia e sem nenhuma participação popular, a Inglaterra rapidamente passou a negociar o conflito, e convenceu Portugal a aceitar um acordo em que o Brasil pagaria uma indenização para ter sua independencia reconhecida. Ou seja, aquele grito do Ipiranga, além de fajuto (D. Pedro I, não estava sentado num alazão branco, estava num jumento e não fora até ali para lutar, estava era voltando de uma viagem frustrada quando foi avisado que os portugueses aguardavam no Rio de Janeiro para levar ele de volta a Portugal, mesmo que a força) foi totalmente planejado pela aristocracia que queria chegar mais perto do poder e pela Inglaterra que queria ter controle total sobre o Brasil, sem ter que ficar negociando com Portugal. O Brasil se comprometeu a pagar 2 milhões de libras inglesas a Portugal, como não tinha como pagar a Inglaterra de bom grado emprestou, começava assim a interminável divida externa brasileira.

Pronto, dei uma resumida mesmo na parte da independencia, pois os detalhes dela não muito relevantes, deem uma boa olhada na revolta de Xumberga e na revolução pernambucana, a COVEST adora colocá-los…

É isso só… Talvez domingo venho com mais dois e assim chegaremos a republica velha!!

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TEMA 5