EFOP FMT Aula 04 Roteiro Da Aula

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Escola de Formação Profissional da APJ EFOP-APJ Profº Allan Ribeiro 1 ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL ROTEIRO DE AULA MÓDULO I: Introdução à Ética AULA 04: Sobre as doutrinas éticas 1. DOUTRINAS ÉTICAS NA PRÁTICA: PEQUENO HISTÓRICO - A evolução do homem acarretou sua agregação, primeiramente na forma de bandos, depois como aldeias e mais tarde, formando cidades. Consta que os primeiros núcleos urbanos teriam surgido ao redor de 5.000 a.C., na região da Mesopotâmia, quando passou a fixar-se à terra, alterando seu comportamento nômade; - Com as cidades, surgiram conflitos de coexistência até então desconhecidos, que passaram a ser objeto de discussões e reflexões e que, com o passar do tempo, foram sendo aprofundados, adquirindo caráter perene, especialmente em razão da tendência do homem em tornar-se urbano, da busca da qualidade de vida e da evolução da humanidade. Devido ao desenvolvimento social e para a manutenção da ordem, em função dos problemas que este gerava, foi-se necessário o estabelecimento de regras de convivência; - Na média Mesopotâmia, os amorritas, vindos do Deserto Arábio, estabeleceram-se em uma povoação, que com o tempo converteu-se em importante centro comercial a cidade de Babilônia. Entre os reis e dinastias amorritas, destacou-se Hamurábi (2067-2025 a.C.), que formou o Primeiro Império Babilônico, que abrangeu toda a Mesopotâmia, reunindo diversas cidades sob uma autoridade central; - Necessitando estabelecer normas procedimentais, Hamurábi, baseado no código de Dungi, de Ur, criou um dos mais antigos documentos jurídicos conhecidos, o Código de Hamurábi, que dizia respeito a praticamente todos os aspectos da vida da sociedade babilônica: comércio, família, propriedade, herança, escravidão, etc., identificando direitos e deveres, sendo os delitos acompanhados da respectiva punição, variando esta conforme a categoria social do infrator e da vítima. Tinha este Código, inicialmente, 282 artigos, muitos perdidos na deterioração das colunas de pedra onde estavam escritos em caracteres cuneifórmicos, restando alguns a seguir mencionados: - Se um homem apresenta-se como testemunha de acusação e não prova o que disse, se o processo é uma causa de vida ou morte, este homem é passível de morte. - Se um homem roubou o tesouro do deus ou do palácio, este homem é passível de morte e aquele que recebeu o objeto roubado, também é passível de morte. - Se um homem furar o olho de um homem livre, furar-se-lhe-á um olho. - Se ele fura o olho de um escravo alheio ou quebra um membro ao escravo alheio, deverá pagar metade de seu preço. - Se um arquiteto constrói uma casa para alguém, porém não a faz sólida, resultando daí que a casa venha a ruir e matar o proprietário, este arquiteto é passível de morte. - Se, ao desmoronar ela mata o filho do proprietário, matar-se-á o filho deste arquiteto. - Observe-se que vigorava, então, a tese do olho por olho, dente por dente; - Oito séculos após Hamurábi, ocorreu a saída dos hebreus do Egito em direção à Palestina, sob a liderança de Moisés (1220-1180 A.C.), que recebeu no Monte Sinai, as Tábuas da Lei, que continham os Dez Mandamentos da Lei de Deus; - Em 450 A.C. - 1.500 anos após Hamurábi -, aparece em Roma o primeiro código escrito (romano): A Lei das Doze Tábuas. As Doze Tábuas eram de bronze e foram expostas no fórum para conhecimento de toda a população. Representava ela uma grande conquista para a época, eis que atendia a grande clamor da plebe, pela publicação de leis escritas, já que até então a justiça estava nas mãos da aristocracia, a quem cabia o monopólio do conhecimento e da interpretação dos costumes. Continha dispositivos tais como: - Se alguém é chamado a juízo, compareça.

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    TICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

    ROTEIRO DE AULA

    MDULO I: Introduo tica

    AULA 04: Sobre as doutrinas ticas

    1. DOUTRINAS TICAS NA PRTICA: PEQUENO HISTRICO

    - A evoluo do homem acarretou sua agregao, primeiramente na forma de bandos, depois como aldeias e mais

    tarde, formando cidades. Consta que os primeiros ncleos urbanos teriam surgido ao redor de 5.000 a.C., na regio

    da Mesopotmia, quando passou a fixar-se terra, alterando seu comportamento nmade;

    - Com as cidades, surgiram conflitos de coexistncia at ento desconhecidos, que passaram a ser objeto de

    discusses e reflexes e que, com o passar do tempo, foram sendo aprofundados, adquirindo carter perene,

    especialmente em razo da tendncia do homem em tornar-se urbano, da busca da qualidade de vida e da evoluo

    da humanidade. Devido ao desenvolvimento social e para a manuteno da ordem, em funo dos problemas que

    este gerava, foi-se necessrio o estabelecimento de regras de convivncia;

    - Na mdia Mesopotmia, os amorritas, vindos do Deserto Arbio, estabeleceram-se em uma povoao, que com o

    tempo converteu-se em importante centro comercial a cidade de Babilnia. Entre os reis e dinastias amorritas, destacou-se Hamurbi (2067-2025 a.C.), que formou o Primeiro Imprio Babilnico, que abrangeu toda a

    Mesopotmia, reunindo diversas cidades sob uma autoridade central;

    - Necessitando estabelecer normas procedimentais, Hamurbi, baseado no cdigo de Dungi, de Ur, criou um dos

    mais antigos documentos jurdicos conhecidos, o Cdigo de Hamurbi, que dizia respeito a praticamente todos os

    aspectos da vida da sociedade babilnica: comrcio, famlia, propriedade, herana, escravido, etc., identificando

    direitos e deveres, sendo os delitos acompanhados da respectiva punio, variando esta conforme a categoria social

    do infrator e da vtima. Tinha este Cdigo, inicialmente, 282 artigos, muitos perdidos na deteriorao das colunas de

    pedra onde estavam escritos em caracteres cuneifrmicos, restando alguns a seguir mencionados:

    - Se um homem apresenta-se como testemunha de acusao e no prova o que disse, se o

    processo uma causa de vida ou morte, este homem passvel de morte.

    - Se um homem roubou o tesouro do deus ou do palcio, este homem passvel de morte e

    aquele que recebeu o objeto roubado, tambm passvel de morte.

    - Se um homem furar o olho de um homem livre, furar-se-lhe- um olho.

    - Se ele fura o olho de um escravo alheio ou quebra um membro ao escravo alheio, dever

    pagar metade de seu preo.

    - Se um arquiteto constri uma casa para algum, porm no a faz slida, resultando da que

    a casa venha a ruir e matar o proprietrio, este arquiteto passvel de morte.

    - Se, ao desmoronar ela mata o filho do proprietrio, matar-se- o filho deste arquiteto.

    - Observe-se que vigorava, ento, a tese do olho por olho, dente por dente; - Oito sculos aps Hamurbi, ocorreu a sada dos hebreus do Egito em direo Palestina, sob a liderana de

    Moiss (1220-1180 A.C.), que recebeu no Monte Sinai, as Tbuas da Lei, que continham os Dez Mandamentos da Lei

    de Deus;

    - Em 450 A.C. - 1.500 anos aps Hamurbi -, aparece em Roma o primeiro cdigo escrito (romano): A Lei das Doze

    Tbuas. As Doze Tbuas eram de bronze e foram expostas no frum para conhecimento de toda a populao.

    Representava ela uma grande conquista para a poca, eis que atendia a grande clamor da plebe, pela publicao de

    leis escritas, j que at ento a justia estava nas mos da aristocracia, a quem cabia o monoplio do conhecimento

    e da interpretao dos costumes. Continha dispositivos tais como:

    - Se algum chamado a juzo, comparea.

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    - Se algum comete furto noite e morto em flagrante, o que matou no ser punido.

    - O pai ter sobre os filhos nascidos de casamento legtimo, o direito de vida e de morte e o

    poder de vend-los.

    - O escravo a quem foi concedida liberdade por testamento, sob a condio de pagar certa

    quantia, e que vendido em seguida, tornar-se- livre se pagar a mesma quantia ao

    comprador.

    - Se algum causa um dano premeditadamente, que o repare.

    - Que no se estabeleam privilgios em lei.

    - Que a ltima vontade do povo tenha fora de lei.

    - 2.000 anos depois de Hamurbi e 450 anos aps a Lei das Doze Tbuas, surge Jesus Cristo, com uma revoluo nos conceitos e padres at ento vigentes, dentre os quais destaca-se a introduo do perdo; - Partindo do pressuposto de que o homem que agiu erradamente pode ser recuperado e que deve ter tal

    oportunidade, a pregao de Cristo revoga a "lei do olho por olho, dente por dente, como bem demonstram, o perdo a Maria Madalea, ua postituta; o pedo ao Bo Lado uado j cucificado; a cohecida fase "...quem nunca cometeu qualquer pecado que atire a primeira pedra". Sua doutrina trouxe grandes alteraes nos preceitos tico sociais, sentidas at hoje nas leis e na sociedade; - Este breve histrico, mostra contextos sociais, desde a antiguidade mais remota, que procuraram elaborar normas

    comportamentais para os seus cidados; da humanidade que evoluiu no estabelecimento destas regras, motivada

    pela necessidade permanente de diminuir conflitos e de promover a convivncia harmnica entre as pessoas.

    2. SOBRE AS DOUTRINAS TICAS:

    - Doutrina tica:

    - Conjunto de princpios que fundamentam a moral de uma determinada poca e/ou sociedade;

    - As doutrinas ticas so um misto de explicao, legitimao ou crtica e orientao comportamental prtica;

    - As doutrinas ticas no surgem como um passe de mgica na cabea dos filsofos. As ideias dos filsofos

    surgem a partir da sua vivncia social e sua observao sobre o comportamento moral da sociedade. A partir

    dessa vivncia e observao, os pensadores, no geral, buscam explicar e fundamentar o porqu dessas

    aes;

    - Ao elaborar um conjunto de princpios ticos a partir da vivncia e observao, os pensadores podem dar

    um carter de legitimao da ao moral prtica ou de crtica a essa mesma;

    - As doutrinas ticas tambm so uma orientao comportamental prtica, porque, constitudo essa

    doutrina ela ir orientar as aes indivduos e se materializar em instituies, sejam elas organizaes

    estatais, religiosas, privadas ou, at mesmo, movimentos sociais;

    - Importante ressaltar tambm que as doutrinas ticas, muitas vezes, no so elaboradas apenas por um pensador.

    Geralmente se fala de pensador A ou B para determinada doutrina tica, porque tal ou tais pensadores foram os que

    melhor sistematizaram ou defenderam esse conjunto de princpios ticos;

    - As doutrinas ticas nascem e se desenvolvem em diferentes pocas e sociedades, como respostas aos problemas

    bsicos apresentados pelas relaes entre os homens, e, em particular, pelo seu comportamento moral efetivo. As

    doutrinas ticas no podem ser consideradas isoladamente, mas dentro de um processo de mudana e de sucesso

    que constitui propriamente sua histria;

    - Com a mudana da vida social, muda tambm a vida moral. Ento os princpios, valores ou normas entram em

    crise, exigindo a sua justificao ou a sua substituio. Surge a necessidade de novas reflexes ou de uma nova

    teoria moral.