EFEITOS DO SOMBREAMENTO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NORTE - RS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA: AGRICULTURA E AMBIENTE EFEITOS DO SOMBREAMENTO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA, VALOR NUTRITIVO, MORFOLOGIA E ANATOMIA DE AZEVÉM EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Janine Pilau Frederico Westphalen, RS, Brasil 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NORTE - RS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA: AGRICULTURA E AMBIENTE

EFEITOS DO SOMBREAMENTO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA, VALOR NUTRITIVO, MORFOLOGIA

E ANATOMIA DE AZEVÉM EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Janine Pilau

Frederico Westphalen, RS, Brasil

2014

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EFEITOS DO SOMBREAMENTO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA, VALOR NUTRITIVO, MORFOLOGIA E

ANATOMIA DE AZEVÉM EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Janine Pilau

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Agronomia: Agricultura e Ambiente, da Universidade

Federal de Santa Maria, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agronomia.

Orientador: Prof. Dr. Braulio Otomar Caron

Frederico Westphalen, RS, Brasil, 2014

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Ficha catalográfica elaborada através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Central da UFSM, com os dados fornecidos pela autora. © 2014

Todos os direitos autorais reservados à Janine Pilau. A reprodução de partes ou do todo deste trabalho só poderá ser feita mediante a citação da fonte. Fone (55) 99647053; Endereço eletrônico: [email protected]

Pilau, Janine

EFEITOS DO SOMBREAMENTO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA, VALOR

NUTRITIVO, MORFOLOGIA E ANATOMIA DE AZEVÉM EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS /

Janine Pilau - 2014.

96 p.; 30cm

Orientador: Braulio Otomar Caron

Coorientadora: Denise Schmidt

Coorientador: Velci Queiroz de Souza

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Maria, CESNORS-FW,

Programa de Pós-Graduação em Agronomia - Agricultura e Ambiente, RS, 2014.

1. Sistemas agroflorestais 2. Azevém anual 3.Elementos meteorológicos 4. Produção de

matéria seca 5.Aclimatação I. Otomar Caron, Braulio II. Schmidt, Denise III. Queiroz de Souza,

Velci IV. Título.

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Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Educação Superior Norte - RS Programa de Pós-Graduação em Agronomia:

Agricultura e Ambiente

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado

EFEITOS DO SOMBREAMENTO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA, VALOR NUTRITIVO, MORFOLOGIA E

ANATOMIA DE AZEVÉM EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS

elaborada por

Janine Pilau

como requisito parcial para obtenção do grau de

Mestre em Agronomia

COMISSÃO EXAMINADORA:

_____________________________________

Braulio Otomar Caron, Dr.

(Presidente/Orientador)

_____________________________________ Sandro Luis Petter Medeiros, Dr. (UFSM)

_____________________________________ Gizelli Moiano de Paula, Dr. (UFSM)

Frederico Westphalen, 28 de março de 2014.

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Aos meus pais, Jarbas e Daili, que sempre me

apoiaram e não deixaram faltar fé e amor, à

minha Vó Hedy (in memoriam) que de um jeito só

nosso tanto me incentivou. Com amor...

Dedico

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida, a minha, a das pessoas que eu amo e daqueles que ajudaram na execução deste trabalho. Agradeço a UFSM, sede e campus Frederico Westphalen, pela oportunidade e acolhimento, e seus servidores, em especial ao Valdecir e a Adriana, sempre gentis e preocupados em nos manter informados. Agradeço ao meu pai, Jarbas, por cultivar e compartilhar o amor à agricultura, e por permitir que eu corra atrás da realização dos meus sonhos, e a minha mãe, Daili, por todos os ensinamentos, principalmente por fazer de mim uma guerreira, como ela, e não desistir nunca. Liberdade com responsabilidade sempre! Agradeço aos dois, pelo amor incondicional, exemplos de vida e superação, e por ter me dado os melhores irmãos que uma pessoa poderia ter. Janaina, Alcides e João Felipe, às vezes perto e muitas vezes longe, mas sempre juntos AMO VOCÊS! Agradeço a Vó Lira, que esquece tudo, menos de me dar muito amor e carinho. Aos meus anjinhos: Júlia, Maria Luisa, João Manuel, Lucas e Felipe, obrigada por fazer a minha vida especial! Vocês fazem de mim uma pessoa melhor a cada dia! Agradeço o Prof°. Braulio e a Profª. Denise, pela confiança e ensinamentos. Obrigada pela dedicação e manter as portas de suas salas e casa sempre abertas para me receber. Obrigada pela disposição de me ensinar e orientar. Aproveito e agradeço ao Pedro Henrique e ao Tomás, por me “emprestar” seus pais nas horas fora do horário de trabalho. Agradeço ao Prof°. Velci, pelos ensinamentos e por ter desvendado e resolvido a estatística deste trabalho. Agradeço ao Prof°. João Marcelo por todo ensinamento e aos integrantes do LABOTE pela acolhida e ajuda. Aos colegas do PPGAA, Kássia Cocco, Débora Zamban, Marcela Reinehr, Cristiano Bellé, Paulo Kuhn, Ezequiel Koppe, Francisco Dalla Nora, Cleiton Korcelski, pela amizade e por todo tempo que dedicaram a me ajudar. Agradeço especialmente o “meu amigãozão” Maicon Nardino por toda ajuda com a dita estatística, e principalmente pelas horas de descontração e amizade. Outra pessoa especial que eu tive a honra de conhecer e que preciso muito mais que agradecer, é a Daiane Prochnow. Nega Daia, gracias pela ajuda no campo, laboratórios e principalmente fora deles. A Daniele Erthal pela hospedagem e paciência em “aguentar” mais uma dentro do apartamento. As alunas e amigas do LAGRO, Júlia, Thaise, Thais e Carol, obrigada pela ajuda no campo e laboratório, além das conversas e risadas. Ao Elvis e aos demais integrantes que de alguma forma contribuíram, e aos que atrapalharam, afinal, toda ajuda sempre é bem vinda! Agradeço a Tia Alice pelas hospedagens. Não há hotel cinco estrelas melhor que sua casa. Enfim, se esqueci de alguém, desculpa, sintam-se agradecidos.

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“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,

qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.”

(Chico Xavier)

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RESUMO

Dissertação de Mestrado

Programa de Pós-graduação em Agronomia: Agricultura e Ambiente Universidade Federal de Santa Maria

EFEITOS DO SOMBREAMENTO NA PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA, VALOR

NUTRITIVO, MORFOLOGIA E ANATOMIA DE AZEVÉM EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS

Autora: JANINE PILAU

Orientador: BRAULIO OTOMAR CARON Data e Local da Defesa: Frederico Westphalen, RS, 28 de março de 2014.

Os objetivos deste trabalho foram quantificar os elementos meteorológicos em sistemas agroflorestais (SAFs) e pleno sol, avaliar a área foliar e relação folha/colmo, quantificar a produção de matéria seca (MS), e o teor de proteína bruta (PB) de azevém cultivado em sub-bosque de canafístula e eucalipto, além de avaliar as alterações anatômicas em folhas completamente expandidas de azevém decorrentes da aclimatação desta espécie ao sombreamento de angico-vermelho e canafístula. O experimento foi realizado em uma área que possui um SAFs. As espécies florestais estão distribuídas em faixa e em linha, onde os renques se separam em 12 e 6 metros, respectivamente, e conduzido no delineamento experimental blocos ao acaso com três repetições no esquema split splot. O azevém foi semeado no sub-bosque das espécies florestais e pleno sol no dia 05/06/2012. Os elementos meteorológicos foram medidos nos SAFs e em pleno sol para fins de caracterização dos ambientes de produção. Para as medições de área foliar, relacionar o percentual de folhas e colmos, quantificar a produção de MS e determinar o teor de PB foram realizados seis cortes com quadro de 0,25 m2, em cada um dos tratamentos. Para avaliar o efeito do sombreamento sobre a anatomia de folhas de azevém anual, foram coletadas amostras de lâminas foliares totalmente expandidas em todos os tratamentos. Nos SAFs, faixa e linha, não houve diferença significativa para a RFAt e percentual de transmissão havendo apenas em relação ao pleno sol. Entre as espécies florestais, a RFAt foi reduzida em aproximadamente 30%. A temperatura do ar apresentou variação entre os SAFs em relação ao pleno sol durante o ciclo de desenvolvimento do azevém. O sombreamento provocado pela presença das espécies florestais, canafístula e eucalipto nos SAFs, faixa e linha, não limitaram o crescimento e desenvolvimento do azevém cultivado no sub-bosque sombreado. Independente dos sistemas utilizados, a produção de MS de azevém e o teor de PB, atingiram níveis satisfatórios para a utilização desta espécie como alternativa forrageira em SAFs. A anatomia foliar do azevém é influenciada pelas condições do meio em que se desenvolve. O azevém pode ser usado para compor Sistemas Agroflorestais.

Palavras-chave: Aclimatação. Crescimento. Desenvolvimento. Lollium multiflorum.

Sistemas de produção. Sombreamento. Radiação fotossinteticamente ativa.

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ABSTRACT

Master Dissertation Graduate Program in Agronomy: Agriculture and Environment

University Federal of Santa Maria

EFFECTS OF SHADING ON DRY MATTER PRODUCTION, NUTRITIONAL VALUE, MORPHOLOGY AND ANATOMY OF RYEGRASS IN AGROFORESTRY

SYSTEMS

Author: JANINE PILAU Advisor: BRAULIO OTOMAR CARON

Date and Venue of Defense: Frederico Westphalen, RS, March 28, 2014.

The objectives of this study were to quantify the meteorological elements in

agroforestry system (AFS) and full sun, to analyze the evaluate the leaf area,

percentage of leaves and stems, quantify the production of dry matter (DM) and

crude protein (CP) of annual ryegrass grown in the understory of canafístula and

eucalyptus. In addition to evaluating the anatomic changes completely expanded

ryegrass leaves resulting from acclimatization of this species to shading of angico-

vermelho and canafístula. The experiment was conducted in an area that has an

agroforestry system (AFS). Forest species are distributed in range and line, where

the rows are separated on 12 and 6 meters respectively. The experiment was

conducted in a randomized block design with three replications in split splot scheme.

The ryegrass was sown in the understory of the forest species and full sun on

05/06/2012. The weather data were measured on AFS and in full sun for the purpose

of characterization of production environments. For measurements of leaf area,

relating the percentage of leaves and stems, quantify the production of DM and

determine CP content of six cuts with box 0.25 m2 were performed in each of the

treatments. To evaluate the effect of shading on the anatomy of leaves of annual

ryegrass, samples of fully expanded leaf blades were collected from all treatments. In

AFS’s, range and line, there was no significant difference in the percentage

photosynthetically active radiation transmited (PARt) and transmission with only

relative to full sun. Among species, the PARt was reduced by approximately 30%.

The air temperature (T°) showed variation between the AFS compared to full sun

during the ryegrass development cycle. Shading caused by the presence of forest

species, eucalyptus and canafístula in AFS, range and line, did not limit the growth

and development of ryegrass grown in shaded understory. Independent of the

systems used, the DM production of ryegrass and CP content, reached satisfactory

levels for the use of this species as alternative forage in AFS. The leaf anatomy of

Lolium multiflorum Lam cv. Common, is influenced by the environmental conditions in

which it develops. Annual ryegrass can be used to compose Agroforestry Systems.

Keywords: Acclimation. Growth. Development. Lollium multiflorum. Production

systems. Shading. Photosynthetically active radiation.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Área foliar (m2 ha-1) do dossel de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em sistemas agroflorestais e em pleno sol. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012............................................................................................... 42 Tabela 2 – Percentual de folhas e colmos na fitomassa da parte aérea de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em sistemas agroflorestais e pleno sol. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012 ................................................................. 44 Tabela 3 – Teor de proteína bruta (%) em Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em sistemas agroflorestais e em pleno sol. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012............................................................................................... 55 Tabela 4 – Radiação fotossinteticamente ativa transmitida em sistemas agroflorestais, radiação fotossinteticamente ativa incidente em pleno sol e percentual de transmissão na cultura do azevém. UFSM, campus Frederico Westphalen - RS, 2012 .......................................................................................................................... 57

Tabela 5 – Produção de matéria seca acumulada (kg ha-1) de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em sistemas agroflorestais e em pleno sol. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012 ................................................................. 58 Tabela 6 – Espessura de mesofilo, espessura cutícula, tamanho de estômato e densidade estomática em Lollium multiflorum Lam. cv. Comum em pleno sol e sombreamento. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012 ........................... 75

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Radiação fotossinteticamente ativa transmitida em sistemas agroflorestais, radiação fotossinteticamente ativa incidente em pleno sol (A) e percentual de transmissão (B) na cultura do azevém. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012............................................................................................... 36 Figura 2 – Radiação fotossinteticamente ativa transmitida em sub-bosque de espécies florestais, radiação fotossinteticamente ativa incidente em pleno sol (A) e percentual de transmissão (B) na cultura do azevém. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012............................................................................................... 37 Figura 3 – Temperatura do ar em diferentes sistemas de produção e em pleno sol (A) e temperatura do ar em sub-bosque de espécies florestais e em pleno sol (B) na cultura do azevém. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012 ....................... 40 Figura 4 – Área foliar do dossel de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em sub-bosque de espécies florestais e em pleno sol. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012............................................................................................... 43 Figura 5 – Teor de proteína bruta (%) em Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em sistemas agroflorestais e em pleno sol. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012............................................................................................... 56 Figura 6 - Produção de matéria seca acumulada (kg ha-1) de azevém cultivado em sistemas agroflorestais e em pleno sol. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012 .......................................................................................................................... 59

Figura 7 - Radiação fotossinteticamente ativa transmitida em diferentes sistemas agroflorestais, radiação fotossinteticamente ativa incidente em pleno sol (A) e percentual de transmissão (B) em sub-bosque de angico-vermelho e canafístula e pleno sol. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012..................................... 72 Figura 8 – Área foliar específica (AFE) de folhas de Lolium multiflorum Lam cv. Comum cultivado em sub-bosque de angico-vermelho, canafístula e em pleno sol. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012 ..................................................... 73

Figura 9 – Aspecto geral mesofilo de folha de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em pleno sol (A) e em sub-bosque de angico-vermelho (B) e canafístula (C). UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012 ............................................... 74 Figura 10 – Detalhe da epiderme de folha de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em pleno sol (face adaxial – A; face abaxial – B) e no sub-bosque de angico-vermelho (face adaxial – C; face abaxial – D) e canafístula (face adaxial – E; face abaxial – F). UFSM campus Frederico Westphalen .......................................... 77

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

°C – Graus Celsius

°T – Temperatura do ar

ANOVA – Análise de variância

C.V – Coeficiente de variação

cm – centímetros

cv. - Cultivar

DAP – Diâmetro altura do peito

F/C – Relação folha/colmo

m – metro

M.O – Matéria orgânica

mm - milímetro

MS – Matéria seca

MV – Matéria verde

N – Nitrogênio

PB – Proteína bruta

RFA – Radiação fotossinteticamente ativa

RFAi – Radiação fotossinteticamente ativa incidente

RFAt – Radiação fotossinteticamente ativa transmitida

RS – Estado do Rio Grande do Sul

SAF – Sistema agroflorestal

SAFs – Sistemas Agroflorestais

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LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 - Resultado da análise de solo da área experimental.................................. 95

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LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A – Croqui da área experimental ............................................................... 90 Apêndice B – Resumo do quadro da análise de variância para radiação fotossinteticamente transmitida, percentual de transmissão e temperatura atmosférica na cultura do azevém em sistemas agroflorestais. UFSM, campus Frederico Westphalen, 2012 ..................................................................................... 90 Apêndice C – Resumo do quadro da análise de variância para área foliar de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum em sistemas agroflorestais. UFSM, campus Frederico Westphalen, 2012 ..................................................................................................... 92 Apêndice D – Resumo do quadro da análise de variância para percentual de folha e colmo de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum em sistemas agroflorestais. UFSM, campus Frederico Westphalen, 2012 ........................................................................ 92 Apêndice E – Resumo do quadro da análise de variância para produção de matéria seca de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum em sistemas agroflorestais. UFSM, campus Frederico Westphalen, 2012 ........................................................................ 93 Apêndice F – Resumo do quadro da análise de variância para teor de proteína bruta de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum em sistemas agroflorestais. UFSM, campus Frederico Westphalen, 2012 ..................................................................................... 94 Apêndice G – Croqui da área experimental............................................................... 94

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 17

2 CAPÍTULO I ........................................................................................ 20

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 20

2.1 Caracterização da região do estudo ................................................................. 20 2.2 Sistemas Agroflorestais (SAFs) ........................................................................ 21 2.3 Espécies que compõe os Sistemas Agroflorestais (SAFs) ............................... 22 2.4 Elementos meteorológicos em Sistemas Agroflorestais (SAFs) ....................... 24 2.5 Produção e valor nutritivo de forrageiras cultivadas em Sistemas Agroflorestais (SAFs) .................................................................................................................... 25 2.6 Alterações morfológicas e anatômicas em forrageiras em resposta ao

sombreamento em Sistema Agroflorestal (SAFs) .................................................. 27

3 CAPÍTULO II ...................................................................................... 30

ELEMENTOS METEOROLÓGICOS, ÁREA FOLIAR E RELAÇÃO

FOLHA/COLMO DE AZEVÉM ANUAL CULTIVADO EM SISTEMAS

AGROFLORESTAIS ............................................................................ 30

3.1 Resumo ........................................................................................................... 30

3.2 Abstract ........................................................................................................... 31

3.3 Introdução ....................................................................................................... 32

3.4 Material e Métodos .......................................................................................... 33

3.5 Resultados e Discussão .................................................................................. 35

3.6 Conclusão ....................................................................................................... 45

3.7 Referências ..................................................................................................... 46

4 CAPÍTULO III ..................................................................................... 49

TEOR DE PROTEÍNA BRUTA E PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA

DE AZEVÉM ANUAL EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS .............. 49

4.1 Resumo ........................................................................................................... 49

4.2 Abstract ........................................................................................................... 50

4.3 Introdução ....................................................................................................... 51

4.4 Material e Métodos .......................................................................................... 52

4.5 Resultados e Discussão .................................................................................. 54

4.6 Conclusão ....................................................................................................... 62

4.7 Referências ..................................................................................................... 62

5 CAPÍTULO IV .................................................................................... 65

ÁREA FOLIAR ESPECÍFICA, FIBRA E ANATOMIA DE FOLHAS DE

Lolium multiflorum Lam cv. Comum CULTIVADO EM SUB-BOSQUE

DE ANGICO-VERMELHO E CANAFÍSTULA...................................... 65

5.1 Resumo ........................................................................................................... 65

5.2 Abstract ........................................................................................................... 66

5.3 Introdução ....................................................................................................... 67

5.4 Material e Métodos .......................................................................................... 69

16

5.5 Resultados e Discussão .................................................................................. 71

5.6 Conclusão ....................................................................................................... 80

5.7 Referências ..................................................................................................... 80

6 DISCUSSÃO ...................................................................................... 83

7 CONCLUSÃO .................................................................................... 85

8 REFERÊNCIAS ................................................................................. 86

9 APÊNDICES ...................................................................................... 90

10 ANEXOS .......................................................................................... 95

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1 INTRODUÇÃO

A forma predatória como se fez a ocupação das terras no Brasil, desenvolveu

uma sociedade agrícola que enxerga as florestas como uma barreira natural para a

exploração e uso das terras. O extrativismo fez desaparecer aproximadamente 90%

da cobertura Mata Atlântica no país (ENGEL, 1999) e isso poderá se repetir com os

demais biomas brasileiros caso os atuais modelos de desenvolvimento sejam

mantidos. Para evitar que isso ocorra se faz necessário criar opções a esse tipo de

exploração, sem que seja necessário diminuir a produção agrícola.

Uma alternativa são os sistemas agroflorestais (SAFs) que tem como um dos

seus objetivos a exploração das propriedades rurais de forma mais sustentável. Para

ser um SAFs deve haver a presença de pelo menos uma espécie arbórea, ou

lenhosa associado com cultivo de interesse agrícola, como as forrageiras, com ou

sem a presença de animais (DANIEL et al.; 1999). Assim, permite que o produtor

tenha mais de um produto comercial em uma mesma área, aumentando a renda da

propriedade, podendo ainda preservar o meio ambiente em que está inserido.

Este tipo de sistema de produção tem ganhado destaque no Brasil em função

de sua importância no desenvolvimento das condições de manejo de áreas

agrícolas, principalmente na melhoria nas condições de fertilidade do solo, com a

exploração de diferentes estratos através de diversos sistemas radiculares, melhoria

da absorção de água e nutrientes, ciclagem de nutrientes, ou seja, revertendo em

melhor uso do solo, buscando-se não somente o aumento da produtividade

biológica, mas também aspectos ambientais e socioeconômicos da população.

Além da escolha da espécie florestal adequada, também deve ser levado em

consideração à densidade arbórea, que são alguns dos requisitos para o êxito dos

SAFs. Outro fator de grande relevância é a escolha da cultura que será implantada

no sub-bosque. A cultura escolhida deve ter como característica a manutenção do

seu desempenho produtivo em condições de sombreamento moderado ou até

mesmo intenso, pois este pode ter efeito sobre o crescimento, desenvolvimento,

produtividade e qualidade nutritiva dessas plantas.

O azevém anual (Lolium multiflorum Lam.) é, dentre as Poaceas de estação

fria, a espécie mais utilizada por pecuaristas do Rio Grande do Sul, para compor as

pastagens nesse período. Essa forrageira possui elevado potencial produtivo de

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matéria seca, além da alta qualidade nutricional e facilidade de manejo. A forragem

de azevém pode ser utilizada através de cortes e fornecimento no cocho, pastejo

direto e elaboração de feno.

Dentre os elementos meteorológicos, a radiação solar e a temperatura do ar,

são os que mais influenciam, direta ou indiretamente no crescimento e

desenvolvimento dos vegetais, pois esses elementos interferem em processos

fisiológicos importantes como transpiração, fotossíntese e respiração.

Em SAFs a quantidade de radiação solar incidente (RFAi) diminuiu à medida

que penetra no perfil do sistema, podendo também, variar a temperatura do ar,

favorecendo a formação de um microclima diferenciado para o crescimento e

desenvolvimento da cultura anual no sub-bosque. O acúmulo de matéria seca (MS)

pelos vegetais é depende da RFAi, da área foliar do dossel, e também da

temperatura do ar.

A produção de MS pelos vegetais é o resultado da interação dos fatores

genéticos e ambientais. Cada sistema possui suas variações, e quanto mais

complexo, mais difícil se torna o manejo adequado para que as culturas que o

compõe expressem todo seu potencial genético.

A qualidade bromatológica da forrageira também é influenciada pelo nível de

sombreamento provocado pelas árvores. A presença de renques de árvores

influencia nas características morfofisiológicas do pasto (PACIULLO et al., 2007).

Essa influência se deve a aclimatação que a espécie sofre em função do ambiente

que está inserida.

Para se atingir o máximo de rendimento forrageiro do azevém e sua

manutenção ao longo do tempo é fundamental conhecer a morfologia, fisiologia e

principalmente, como a espécie interage com o meio ambiente. Plantas que se

desenvolvem em ambientes específicos, tal como sistemas agroflorestais, que

proporcionam certa limitação em relação à luz, podem apresentar diferenças nas

características morfológicas, principalmente das folhas, devido à aclimatação a essa

condição.

A verificação das modificações que ocorrem na planta, em função da

aclimatação ao local de produção onde há sombreamento, auxilia na seleção de

espécies forrageiras adequadas para o uso em SAFs. Até o momento da execução

deste trabalho, não havia informações na literatura sobre as características

anatômicas de folhas de azevém em condições de sombreamento.

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A região onde foi desenvolvido o estudo possui áreas de relevo com declives

médios a acentuados, solos rasos e com restrições para realizar agricultura

mecanizada. As propriedades, na sua maioria se caracterizam por serem de

agricultura familiar, com aproximadamente 14 hectares, tendo na atividade leiteira

umas das principais atividades econômicas.

Nesse cenário, se faz necessário o uso de sistemas alternativos, visto que as

propriedades, na sua maioria, não apresentam características para os sistemas

tradicionais. Os SAFs podem contribuir para fixar o homem no campo, devido a

maior produtividade por área, demanda de trabalho constante, diversidade de

produção e alternância de fontes de renda ao longo do ano, que se bem conduzidas

poderão resultar na estabilidade econômica da propriedade, permitindo, inclusive,

melhorias na qualidade de vida dos produtores rurais.

Deste modo, justifica-se a avaliação do azevém, que é considerado uma

forrageira consagrada na formação de pastagens cultivadas no período hibernal, em

condição de sombreamento para gerar novas informações sobre a produção em

SAFs para ser utilizados como uma alternativa sustentável para as propriedades da

região.

Os objetivos deste trabalho foram quantificar a radiação fotossinteticamente

ativa incidente (RFAi) radiação fotossinteticamente ativa transmitida (RFAt) e

temperatura do ar, avaliar os aspectos morfológicos, avaliar a produção de matéria

seca, e determinar o teor de proteína bruta (PB) de Lolium multiflorum c.v Comum

(azevém anual) cultivado em sub-bosque de Peltophororum dubium (canafístula) e

Eucaliptus grandis (eucalipto), além de avaliar as alterações anatômicas em folhas

decorrentes da adaptação desta espécie ao sombreamento de Parapiptadenia rigida

(angico-vermelho) e Peltophororum dubium.

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2 CAPÍTULO I

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Caracterização da região do estudo

A região do Médio Alto Uruguai, um dos espaços geográfico, sócio econômico

e cultural onde vive a população objeto de abrangência deste experimento, compõe-

se de 30 municípios que estão localizados ao Norte do estado do Rio Grande do Sul.

De acordo com estudo realizado por Cunha et al., (2011) o município de

Frederico Westphalen, RS, está distribuído em formas de relevo distintos. No geral,

possui chapadas, espigões rochosos e serras. Nas áreas íngremes poucas

atividades além, dos cultivos de sobrevivência. Ocasionalmente, ainda restam

fragmentos isolados de uma mata nativa exuberante e preservados apenas em

pequenas áreas nos fundos dos vales íngremes.

Segundo a classificação climática de Köppen, o clima da região é Cfa, ou

seja, subtropical úmido com temperatura média anual de 19,1 °C, variando com

máxima de 38 e mínimo de 0 °C. Iraí, distante aproximadamente 30 km de Frederico

Westphalen, é o município tomado como referência para os dados de classificação

climática. Conforme proposta de Maluf (2000), Iraí apresenta clima de tipo

subtropical subúmido, sendo a temperatura média anual de 18,8°C e temperatura

média do mês mais frio de 13,3°C.

Esta região é caracterizada pela presença de pequenas propriedades rurais,

caracterizada pela agricultura familiar. Na maior parte dos municípios que compõe a

região predomina a produção de leite, principal fonte de renda dos produtores. A

indústria moveleira é outro setor forte na região e está carente de matéria prima.

Assim, se faz necessário desenvolver metodologias e vivências para que o

produtor rural passe a incorporar árvores em seus sistemas de produção, para

demonstrar a possibilidade de plantios em alta densidade, do estabelecimento de

árvores mais adequadas para suprir a necessidade de madeira para nichos de

mercado específicos.

21

2.2 Sistemas Agroflorestais (SAFs)

O desenvolvimento sustentável da população tem sido nas últimas décadas,

uma preocupação mundial. Isso pode ser constatado com a busca contínua de

soluções que possam dar ao homem uma vida digna com condições de garantir a

qualidade de vida ao nível de um índice de desenvolvimento humano aceitável e

com o mínimo de impacto ambiental (AMADOR; VIANA, 1998).

Esse desenvolvimento sustentável implica em se conseguir o maior benefício

dos recursos físicos, biológicos e culturais de uma localidade, dentro de uma

estratégia para aumentar a autossuficiência da comunidade onde está inserido

(SOUSA, 2009).

Como sugestão à solução sustentável têm-se os dos SAFs. Conforme

proposta de Daniel et al. (1999) para ser um SAFs deve haver a presença de pelo

menos uma espécie arbórea, ou lenhosa, associado com um cultivo de interesse

agrícola, com ou sem a presença de animais. Estes sistemas envolvem muitos

componentes interdependentes incluindo árvores, culturas agrícolas e/ou animais,

podendo ser associações simultâneas ou sequenciais, tanto espacial quanto

temporal.

Por possuir mais de um produto comercial em uma mesma área, os SAFs,

permitem que os agricultores tenham a oportunidade de aumentar a renda da

propriedade, melhorando a sua qualidade de vida e de sua família, diminuindo o

êxodo rural e preservando o meio ambiente onde está inserido. Segundo Baggio et

al., (2004) o ganho em rentabilidade é também, devido à diminuição dos riscos

provocados pelo clima, incremento em fertilidade do solo e produção diversificada

com melhor ocupação do espaço.

Um dos objetivos dos SAFs é fazer com que funcione como uma unidade,

imitando o sistema natural, tornando-se um sistema que visa aproveitar os efeitos

positivos que as interações entre as diferentes espécies proporcionam. Por combinar

benefícios de produção (produção de alimentos, conservação do solo, manutenção

da fertilidade, ciclagem de nutrientes, restabelecimento de microclima, etc.) os SAFs

apresentam inegável aptidão de sustentabilidade (FERNANDES, 2009).

Embora seja um método de produção muito atraente, Dias Filho; Ferreira

(2007) apontam algumas barreiras para a aceitação dos SAFs por parte dos

22

produtores. Dentre elas, destacam-se os altos custos de implantação, demora no

retorno inicial, assim como as dificuldades de compreensão do sistema e mesmo a

falta de interesse, por não conhecer o sistema, além da resistência à adoção de

novas tecnologias.

Nesses sistemas menos tradicionais de produção, a mudança cultural,

principalmente em relação à incorporação de práticas de cultivo, que em geral não

fazem parte do cotidiano do agricultor, tais como: manter o solo coberto, plantar

muitas espécies simultaneamente e em alta densidade e manejar árvores por meio

de podas, representam as principais barreiras para a adoção dos SAFs (MACEDO,

2000).

De maneira geral, pode-se dizer que a introdução de espécies florestais no

ambiente de produção agrícola pode contribuir para a utilização mais racional da

área, desde que, ao se associar culturas anuais com algum componente arbóreo ou

arbustivo, as condições necessárias para alcançar os benefícios do sistema solo-

planta-ambiente sejam atendidas.

2.3 Espécies que compõe os sistemas agroflorestais (SAFs)

A escolha da espécie florestal, assim como a densidade de plantio são

características importantes na introdução de SAFs no ambiente agrícola. Outro fator

de relevância é a escolha da cultura anual que irá compor o sistema. O componente

arbóreo poderá ser implantado antes ou depois da implantação da cultura anual. O

que define a ordem são os objetivos da produção.

A restrição de luminosidade provocada pela presença das copas das árvores

poderá interferir no crescimento e desenvolvimento da cultura que compõe o sub-

bosque. A espécie que vegeta o estrato inferior do sistema deve se adaptar ao

sombreamento moderado ou até mesmo intenso, dependendo do grau de restrição

imposto.

O azevém anual (Lolium multiflorum Lam) c.v Comum é uma das espécies

mais utilizadas pelos produtores rurais para suprir a falta de alimento para os

rebanhos durante os meses de frio, quando as espécies nativas não produzem

23

forragem suficiente para atender as necessidades nutricionais dos animais, pois tem

seu pico de produção de matéria seca (MS) durante o inverno e primavera.

O azevém é uma planta de rota de assimilação de CO2 do tipo C3, e os

vegetais que possuem esse tipo de mecanismo se adaptam melhor as condições de

baixa luminosidade em relação às plantas que possuem metabolismo C4 ou CAM

(TAIZ E ZEIGER, 2013). Segundo Varella et al., (2008) o azevém possui tolerância

média ao sombreamento, podendo, portanto ser usado em sistema agroflorestal.

Em SAFs a escolha das espécies florestais que serão utilizadas deve-se

observar alguns critérios, tais como a densidade de árvores, a forma da copa e o

manejo de podas, a fim de atender a demanda do cultivo de espécies agrícolas,

além das características referentes ao clima.

De acordo com CARVALHO (2003) as espécies florestais canafístula,

eucalipto e angico-vermelho, apresentam as seguintes características:

- Canafístula (Peltophororum dubium): pertence à família Caesalpinaceae,

leguminosa sendo uma espécie heliófila, copa ampla, umbeliforme, largamente

achatada e arredondada e pode atingir produtividade de até 19,60 m³ ha ano-1. O

tronco pode apresentar fuste com até 15 m de altura e 300 cm de DAP na idade

adulta. Desenvolve-se em regiões com precipitação pluvial média anual de 700 mm

a 2300 mm e temperatura média anual entre 13,8 a 23,7 ˚C.

- Eucalipto (Eucalyptus grandis): pertence à família Myrtaceae. Desenvolve-se em

regiões com precipitação pluvial média anual de 1000 mm a 1700 mm e temperatura

média das máximas do mês mais quente compreendida entre 29 a 32 ˚C, e a média

das mínimas do mês mais frio entre 5 a 6 ˚C. Árvore de grande porte com rápido

crescimento inicial, sendo uma das espécies mais utilizadas a nível nacional e

regional. O eucalipto é uma espécie que se adapta as diferentes condições

climáticas, sendo necessária a escolha da espécie adequada conforme as condições

de clima, solo e aos diferentes usos.

- Angico-vermelho (Parapiptadenia rígida) pertence à família Mimosaceae,

leguminosa sendo uma espécie heliófila, semicaducifólia, copa alta e arredondada e

pode atingir produtividade de até 25,55 m³.ha.ano-1. O tronco pode apresentar fuste

com até 30 m de altura e 120 cm de DAP quando adulto. Desenvolve-se em regiões

com precipitação pluvial média anual de 400 mm a 2500 mm e temperatura média

anual entre 18 a 29 ˚C.

24

2.4 Elementos meteorológicos em sistemas agroflorestais (SAFs)

Dentre os elementos meteorológicos, a temperatura do ar, e a radiação solar,

em especial a radiação fotossinteticamente ativa (RFA), são os que mais influenciam

direta ou indiretamente o crescimento e desenvolvimento dos vegetais, pois

interferem em processos fisiológicos importantes como transpiração, fotossíntese e

respiração.

Em SAFs, a quantidade de radiação fotossinteticamente ativa incidente

(RFAi), diminui à medida que penetra no perfil do sistema, podendo também, a

temperatura do ar variar, favorecendo a formação de um microclima diferenciado

para o crescimento e desenvolvimento da cultura anual no sub-bosque.

A introdução de renques arbóreos pode contribuir para formar um microclima

mais ameno no interior da pastagem, que resulta em melhor qualidade do pasto e

aumento do conforto térmico animal, sendo mais acentuada no cultivo de inverno

onde a área protegida não sofre influência de geadas mantendo as condições de

vegetar (SILVA et al., 1998).

É consenso na literatura à formação de um microclima diferenciado sob a

copa das árvores de um SAFs, principalmente em relação à quantidade e qualidade

de RAF, a temperatura e umidade do ar, ventos e especificamente às regiões

subtropicais, proteção contra geadas.

A restrição luminosa imposta pela presença de árvores não pode reduzir a

RFA que incide no sub-bosque a ponto de limitar o crescimento e desenvolvimento

da cultura anula que está vegetando o estrato inferior do sistema.

Segundo Carvalho (2001) a sombra das árvores promove alterações

microclimáticas, pois altera os parâmetros do balanço de radiação, resultando em

redução da temperatura do ar e do solo. Entre as variações microclimáticas, as

modificações em relação à quantidade de luz têm merecido grande destaque por

influenciarem significativamente na produção de MS da cultura no sub-bosque (LIN

et al., 2001).

De acordo com Paciullo et al., 2007; Barro et al., 2008; Bernardino; Garcia,

2009; Varella et al. 2010, acima de 50% de transmissão de RFA, o sombreamento é

considerado sombra fraca, ou seja, há menor interceptação da copa das árvores

25

transmitindo maior quantidade de RFA para o sub-bosque, ao passo que valores

abaixo de 50% são considerados sombra moderada a intensa.

Segundo Caramori et al., (1999) o dossel formado pelas árvores diminui as

perdas noturnas de radiação interferindo nos valores de temperatura mínima, ou

seja, interferindo na perda de calor noturno. Assim, em noites com geadas, as

temperaturas das folhas das plantas protegidas podem permanecer entre 1 e 4 oC

superiores em relação ao ambiente externo, totalmente exposto a céu aberto.

Silva et al., (1998) constataram que a presença da espécie arbórea Grevillea

robusta em pastagens de Brachiaria decumbes na região noroeste do Paraná teve

influência sobre algumas variáveis microclimáticas, como a temperatura e a umidade

do ar, e sobre a pressão de vapor d’água. Esses autores constataram que sob os

renques das árvores a temperatura do ar foi mais elevada em relação ao céu aberto.

Vieira et al., (2002), que avaliaram os efeitos microclimáticos em dois níveis

de sombreamento artificial, observaram que a temperatura do ar foi em média 2 e

3,2 °C inferiores nos tratamentos com 50 e 80% de sombra em relação ao pleno sol.

Kirchner et al., (2010) avaliando desempenho de forrageiras hibernais sob

distintos níveis de luminosidade concluíram que a temperatura do ar foi maior nas

parcelas com sombreamento que em pleno sol em 1,05 e 0,75 ºC e que a redução

da radiação total incidente, 48 e 88%, enquanto que a RFA foi de 48,5 e 71,5% para

30 e 60% de restrição luminosa, respectivamente.

Soares et al., (2009) avaliando a influência da luminosidade no

comportamento de onze espécies forrageiras perenes de verão, observaram que a

temperatura do ar foi superior 2,6 °C no ambiente sombreado em relação ao pleno

sol. Esses autores atribuíram à presença das árvores, que serviram de cobertura

protetora e diminuíram o fluxo de calor entre as camadas de ar do solo até às copas.

2.5 Produção e valor nutritivo de forrageiras cultivadas em sistemas

agroflorestais (SAFs)

A introdução de árvores em ambiente agrícola ou pastoril implica em

modificações físicas sensíveis no microclima, em razão das alterações na

interceptação da RFA incidente e consequentemente alteração nos balanços

26

energéticos e hídricos, que poderão interferir de forma direta ou indireta na produção

de matéria seca (MS) e no valor nutritivo da cultura anual que vegeta o sub-bosque

das espécies florestais.

Avaliando o desempenho de Avena strigosa Schreb cv. Comum, Avena sativa

L. cv. Fapa 2, Lolium multiflorum L. cv. Comum, Triticum aestivum L. duplo propósito

cv. BRS Tarumã e Vicia villosa L., sob 30 e 60% de restrição de luminosidade,

Kirchner et al., (2010) concluíram que o azevém foi a espécie mais produtiva em

todos os níveis de luminosidade. A produção média das espécies em pleno sol foi de

6.095 kg MS ha-1, enquanto que com 30% de restrição de radiação foi de 2.595 kg

ha-1 e, com 60% de restrição de radiação de 1.150 kg ha-1.

Sartor et al. (2006) avaliando a produção de MS de gramíneas hibernais sob

duas densidades de Pinnus elliottii (370 e 222 árvores/ha) em relação ao sol pleno,

em Santa Catarina, encontraram redução na produção de forragem de azevém de

35 e 20% para a maior e para a menor densidade arbórea, respectivamente, em

relação ao pleno sol. Esses autores concluíram que o azevém foi a espécie que

mais produziu, nos ambientes com limitação de radiação solar, nas condições do

local.

Barro et al., (2008) avaliaram o rendimento de forragem de gramíneas anuais

de estação fria submetida ao sombreamento por Pinus elliottii e ao sol pleno, e

concluíram que, com redução de 25% da RFA, a produção de MS de azevém foi

45% do total produzido em pleno sol, e quando a redução em RFA foi de 55% a

produção de MS de azevém foi de 37% do rendimento de MS de azevém em pleno

sol.

O valor nutritivo da forrageira também é influenciada pelo nível de

sombreamento provocado pelas árvores. A presença de renques de árvores

influencia nas características morfofisiológicas do pasto (PACIULLO et al., 2007).

Essa influência se deve a aclimatação que a espécie sofre em função do ambiente

que está inserida.

O sombreamento influencia o valor nutritivo do pasto, pela diminuição dos

seus percentuais de parede celular e aumento dos teores de proteína bruta, o que

reflete no aumento da digestibilidade, principalmente pela adaptação morfofisiológica

da cultura que cresce sob sombreamento (PACIULLO et al., 2011).

Avaliando valor nutritivo de azevém em sub-bosque de Pinus elliottii Barro et

al., (2008) observaram valores de teor de proteína bruta (PB) menores em pleno

27

sol, em relação à dois níveis de luminosidade, sombra fraca (25% de restrição de

luminosidade) e sombra moderada (55% de restrição de luz). A redução do valor

nutritivo das plantas com o avanço da maturidade fisiológica pode ser amenizada

pelo sombreamento.

Visando avaliar o desempenho de seis gramíneas forrageiras, consorciadas

ou não com a leguminosa Stylosanthes guianensis cv. Mineirão e Eucalyptus sp., em

Minas Gerais, Andrade et al., (2003) observaram que as diferenças no teor de PB

podem ser até 50% superiores nos ambientes sombreados em relação ao pleno sol.

Incrementos no teor de PB em função do sombreamento pode ser observada

em outras espécies, como demonstrado por Pacciullo et al., (2007) que com o

objetivo de avaliar os efeitos de árvores dispostas em renques sobre as

características produtivas e nutricionais de Brachiaria decumbens e concluíram que

o sombreamento provocado pela presença de espécies do gênero Acacia,

possibilitaram aumento no teor de PB da cultura.

Em SAFs as interações entre as espécies florestais X densidade arbórea X

crescimento e desenvolvimento da cultura, permitem a produção de MS, em

ambientes sombreados, além disso, a qualidade nutricional da pastagem no sub-

bosque permite o uso de SAFs para produção forrageira.

2.6 Alterações morfológicas e anatômicas em forrageiras em resposta ao

sombreamento em Sistema Agroflorestal

O estudo da aclimatação morfológica de gramíneas em ambientes com baixa

luminosidade é importante para a melhor compreensão do seu crescimento e

desenvolvimento em SAFs.

De acordo com Soares et al., (2009) a adaptação das espécies em sub-

bosque de um SAFs depende da sua habilidade em crescer e desenvolver sob

condições edafoclimáticas diferenciada pela presença da espécie arbórea no estrato

vegetal superior. Essa habilidade irá definir se a espécie é capaz de produzir

quantidade de matéria seca (MS) adequada no ambiente modificado.

Entre as modificações morfológicas que ocorrem em ambientes com baixa

luminosidade e que interferem na quantidade e qualidade da forragem, pode-se

28

destacar a área foliar (AF), área foliar específica (AFE) e o número de folhas e a

relação folha/colmo (GARCEZ NETO et al., 2010).

Neste contexto, Lin et al., (2001) que afirmam que dentre as principais

alterações morfológicas causadas pelo sombreamento está o aumento da área foliar

e diminuição da massa específica da folha. Outra característica que é influenciada

pela baixa luminosidade é a relação folha/colmo (F/C). Plantas sombreadas

apresentam tem maior F/C do que plantas que cresceram a pleno sol.

Segundo Gobbi et al., (2011) em ambientes sombreados as plantas tendem a

possuir maior área foliar específica (AFE), para elevar ao máximo a captação de luz

disponível. Esse aumento está diretamente relacionado à aclimatação que esta

planta sofre, permitindo que esta cresça em ambientes de baixa luminosidade.

De acordo com Kephart; Buxton (1992) relacionam o aumento da área foliar

em ambientes sombreados é uma adaptação morfofisiológica da planta para manter

a área de captação de radiação solar.

Avaliando a aclimatação morfológica de Lolium perenne cv. Nui, actylis

glomerata cv. Vision e Trifolium pratense cv. Pawera em resposta a quatro níveis de

sombreamento (0, 25, 50 e 75%) e dois padrões de sombreamento (contínuo e

alternado), Garcez Neto et al., (2010) concluíram que área foliar específica foi a

variável morfológica que mais variou em resposta aos níveis de sombreamento.

Nobel (1980) avaliando gramíneas de clima temperado, com metabolismo C3,

demonstrou que o fator ambiental que mais influencia a anatomia foliar é o nível de

luminosidade incidente durante o desenvolvimento da folha.

As folhas que se desenvolvem em pleno sol comumente são mais espessas

que as folhas de sombra e, essas modificações ocorrem de maneira irreversível já

no surgimento do primórdio foliar (ESAU, 1965; TAIZ; ZEIGER, 2013) onde a divisão

celular e consequente desenvolvimento podem ser afetados tanto por quantidade

quanto qualidade de luz (CUTTER, 2002).

Os estômatos é outro componente estrutural que pode se modificar em

função do ambiente, podendo variar quanto ao número, posição na epiderme e na

forma. Segundo Batagim et al., (2009) existe uma tendência a redução da densidade

estomática em folhas que se desenvolveram em condições de sombreamento.

Avaliando a AFE e a anatomia foliar de braquiária e amendoim forrageiro sob

níveis de sombreamento artificial (0, 50 e 70%) Gobbi et al., (2011) observaram que

29

a densidade estomática diminuiu com o aumento da luminosidade, sendo que a

densidade é maior na face adaxial da braquiária e do amendoim-forrageiro.

Pacciullo et al. (2007) estudando morfologia de gramíneas, garantem que a

AFE em ambientes sombreados são maiores em relação ao pleno sol. As

características anatômicas das folhas que se desenvolveram em ambientes com

baixa luminosidade também sofrem alterações a fim de se aclimatar e permitir o

crescimento e desenvolvimento da planta.

30

3 CAPÍTULO II

ELEMENTOS METEOROLÓGICOS, ÁREA FOLIAR E RELAÇÃO

FOLHA/COLMO DE AZEVÉM CULTIVADO EM SISTEMAS

AGROFLORESTAIS

3.1 Resumo

Com o objetivo de quantificar a radiação fotossinteticamente ativa incidente (RFAi), a radiação fotossinteticamente ativa transmitida (RFAt), a temperatura do ar (T°) no sistema agroflorestal (SAF) e em pleno sol, avaliar a área foliar (AF) e o percentual de folhas e colmos em azevém anual cultivado sob sombreamento, foi instalado um experimento em uma área que possui um sistema agroflorestal com canafístula e eucalipto. As espécies florestais estão distribuídas em faixa e em linha, onde os renques se separam em 12 e 6 metros, respectivamente. O solo da área é classificado como Neossolo litólico eutrófico típico pouco profundo e o clima da região é Cfa subtropical subúmido. O experimento foi conduzido no delineamento experimental blocos ao acaso com três repetições no esquema split splot. O azevém anual foi semeado no sub-bosque das espécies florestais e em pleno sol, em 05/06/2012. A RFAt, RFAi e a T° foram medidas nos SAFs e em pleno sol para fins de caracterização dos ambientes de produção. Para as medições de AF e verificação do percentual de folhas e colmos, foram realizados seis cortes com quadro de 0,25 m2, em cada um dos tratamentos. Nos SAFs, faixa e linha, não houve diferença significativa para a RFAt e percentual de transmissão havendo apenas em relação ao pleno sol. Sob as espécies florestais, a RFAt foi reduzida em aproximadamente 45%. A T° apresentou variação entre os SAFs em relação ao pleno sol durante o ciclo de desenvolvimento do azevém. A AF do dossel do azevém variou entre os sistemas de produção e sob as espécies florestais durante o ciclo de crescimento e desenvolvimento do azevém. O percentual de folhas e colmos no dossel do azevém não deferiu entre os SAFs e pleno sol, sendo que todos os tratamentos apresentaram valores médios acima de 50% de folhas. O sombreamento provocado pela presença das espécies florestais, canafístula e eucalipto, nos SAFs faixa e linha, não limitaram o crescimento e desenvolvimento do azevém anual cultivado no sub-bosque sombreado.

Palavras-chave: Canafístula. Crescimento. Desenvolvimento. Elementos meteorológicos. Eucalipto. Sistemas de produção. Sombreamento.

31

METEOROLOGICAL , LEAF AREA AND PERCENTAGE OF LEAVES

AND STEMS OF RYEGRASS GROWN IN AGROFORESTRY

SYSTEMS

3.2 Abstract

In order to quantify the photosynthetically active radiation incident (PARi), the photosynthetically active radiation transmitted (PARt), the air temperature (T°) in agroforestry system (AFS) and in full sun. Evaluate the leaf area (LA) and the percentage of leaves and stems in ryegrass grown under shade, an experiment was conducted in an area that has an agroforestry system with canafístula and eucalyptus. Forest species are distributed in range and line, where the rows are separated on 12 and 6 meters, respectively. The soil in the area is classified as eutrophic udorthent typical shallow and climate is Cfa subtropical sub-humid. The experiment was conducted in a randomized block design with three replications in split splot scheme. The ryegrass was sown in the understory of the forest species and in full sun, on 05/06/2012. The PARt, PARi and T° were measured in the SAF and in full sun for the purpose of characterization of production environments. For measurements of LA and checking the percentage of leaves and stems, six sections with 0.25 m2 box were held in each of the treatments. In agroforestry systems, range and line, there was no significant difference in the percentage PARt and transmission with only relative to full sun. Under the forest species, PARt was reduced by approximately 45%. Temperature showed variation between the SAF compared to full sun during the development cycle ryegrass. The AF ryegrass sward varied between the production systems and in forestry species during the course of growth and development of ryegrass. The percentage of leaves and stems in the canopy of ryegrass did not grant between the SAF and full sun, and all treatments had mean values above 50% leaves. Shading caused by the presence of forest species, eucalyptus and canafístula, in AFS range and line, did not limit the growth and development of annual ryegrass grown in shaded understory.

Keywords: Canafístula. Growth. Development. Meteorological elements. Eucalyptus.

Production systems. Shading.

32

3.3 Introdução

O crescimento e desenvolvimento de plantas são influenciados por uma série

de atributos, entre eles podemos citar a relação planta x ambiente. Assim, entende-

se como ambiente os elementos ligados ao clima e tempo, ou seja, os elementos

meteorológicos que irão interferir na decisão de estabelecer uma espécie em uma

determinada região, bem como, de forma pontual, os mesmos elementos podem

determinar as condições para a espécie atingir o máximo potencial genético.

Dentre os elementos meteorológicos, a radiação solar e a temperatura do ar,

são os que mais influenciam, direta ou indiretamente no crescimento e

desenvolvimento dos vegetais, pois interferem em processos fisiológicos

importantes, como transpiração, fotossíntese e respiração.

Diferente da proposta de monocultivo, os sistemas agroflorestais têm em sua

concepção, entre outras, um melhor aproveitamento da terra, bem como a

diversificação de espécies a fim de buscar aumentar a renda na propriedade rural e

fugir de dependências pertinentes ao sistema de monocultivo.

As necessidades ecológicas das plantas em monocultivo estão estudadas e

passam por constantes atualizações. Infelizmente, esta não é a realidade de que

tem quando se busca estudar sistemas alternativos de produção como o caso em

estudo.

Em sistemas agroflorestais (SAFs), a quantidade de radiação

fotossinteticamente ativa incidente (RFAi), assim como a radiação solar, diminuem à

medida que penetra no perfil do sistema, podendo também, a temperatura variar,

favorecendo a formação de um microclima diferenciado para o crescimento e

desenvolvimento da cultura anual no sub-bosque. O acúmulo de matéria seca pelos

vegetais é depende da RFAi, da área foliar do dossel, e também da temperatura do

ar.

O azevém anual (Lolium multiflorum Lam) cultivar comum é uma das espécies

mais utilizadas pelos produtores rurais para suprir a falta de alimento para os

rebanhos, quando as espécies nativas não produzem forragem suficiente para

atender as necessidades nutricionais dos animais, pois tem seu pico de produção de

matéria seca durante o inverno e primavera.

33

Além de ser uma espécie de fácil manejo, possuir elevado banco de

sementes nos solos gaúchos, facilitando a ressemeadura natural, é uma forrageira

de excelente qualidade, podendo ser utilizada tanto para pastejo direto, ou corte

para fornecimento no cocho, e também conservado, na forma de feno.

A Região do Médio – Alto Uruguai, local de inserção do presente trabalho,

caracteriza-se por apresentar áreas de produção em torno de 14 ha. Pensando em

uma forma de aumentar a diversificação da produção nestas propriedades, bem

como de disponibilizar alternativas tecnológicas para os proprietários rurais, instalou-

se um campo experimental onde apresenta os sistemas agroflorestais, centro deste

trabalho.

Dessa forma, objetivou-se nesse trabalho quantificar os elementos

meteorológicos, radiação fotossinteticamente ativa incidente, em pleno sol, radiação

fotossinteticamente ativa transmitida e a temperatura do ar, assim como, a área foliar

e o percentual de folhas em comunidades de azevém anual, cultivado em sub-

bosque de eucalipto e canafístula, em diferentes sistemas agroflorestais.

3.4 Material e Métodos

O experimento foi conduzido em uma área que possui instalado um sistema

agroflorestal (SAFs). Situado próximo a Universidade Federal de Santa Maria,

campus Frederico Westphalen, latitude 27º23”26”S; longitude 53º25’43” e altitude

461,3 metros. O solo da área experimental é classificado como Neossolo litólico

eutrófico típico pouco profundo, com afloração de rochas e razoável fertilidade

natural (CUNHA et al., 2011). Frederico Westphalen está distante de Irai

aproximadamente 30 km, sendo o município tomado como referência para os dados

de classificação climática. Segundo a classificação climática de Köppen, o clima da

região é Cfa, ou seja, subtropical úmido com temperatura média anual de 19,1°C,

variando com máxima de 38 e mínimo de 0°C. Iraí, distante aproximadamente 30km

de Frederico Westphalen, é o município tomado como referência para os dados de

classificação climática. Conforme proposta de Maluf (2000), Iraí apresenta clima de

34

tipo subtropical subúmido, sendo a temperatura média anual de 18,8°C e

temperatura média do mês mais frio de 13,3°C.

O experimento foi conduzido no delineamento experimental blocos ao acaso

com três repetições no esquema split splot. As espécies florestais, Peltophororum

dubium (canafístula) e Eucaliptus grandis (eucalipto) foram plantadas em dois

sistemas de cultivo. Em linha onde os renques estão separados por seis metros, e

em faixa onde estão separados por doze metros (Apêndice A). As espécies florestais

foram plantadas em 2007. As copas de ambas as espécies florestais possuíam

folhas no período experimental do azevém.

O azevém anual (Lolium multiflorum Lam. cv. Comum) foi semeado em

subparcelas, no sub-bosque das espécies florestais e em pleno sol (Apêndice A). A

semeadura ocorreu em 05/06/2012, de forma manual e a lanço, com densidade de

40 kg ha-1 de sementes, valor corrigido conforme pureza e germinação. A adubação

de base foi de 500 kg ha-1 da fórmula NPK 04-24-12, conforme necessidades

indicadas na análise de solo da área experimental (Anexo 1). A quantidade adicional

de nitrogênio, na forma de uréia, foi de 20 kg ha-1 na semeadura e 80 kg ha-1

fracionada em duas aplicações, 20/07/2012 e 10/08/2012.

Na primeira data de avaliação do azevém, não foram aferidos os elementos

meteorológicos nos SAFs e sob as espécies bem como a pleno sol. A condição de

pleno sol (testemunha) corresponde aquela onde não existia barreiras a incidência

da radiação solar, sendo considerada testemunha. A radiação fotossinteticamente

ativa transmitida (RFAt) foi medida nos sistemas agroflorestais e a radiação

fotossinteticamente ativa incidente (RFAi) em pleno sol para fins de caracterização

das condições luminosas.

Para isso foi utilizado um Porômetro de Equilíbrio Dinâmico modelo LICOR-

LI1600. As leituras foram feitas a cada quinze dias durante o subperíodo

emergência-reprodutivo do azevém entre as 9:00 e 11:00 horas. No sub-bosque

foram medidas a um metro de distância das árvores e no topo do dossel do azevém.

No pleno sol as medidas foram feitas no topo do dossel do azevém.

Simultaneamente foi aferida a temperatura instantânea do ar com o uso de

termômetro portátil marca Incoterm com precisão de 0,1 °C, dentro dos sistemas e

pleno sol.

Para as medições de área foliar (AF), foram realizados seis cortes com

quadro de 0,25 m2, em cada um dos tratamentos. Os cortes foram feitos de forma

35

manual a cinco cm acima do solo. O primeiro corte foi em 29/06/2012 e os demais

cortes foram em 12/07; 27/07; 09/08; 23/08; 06/09/2012.

A matéria verde proveniente dos cortes foi acondicionada em sacos plásticos

e levadas ao laboratório onde foi determinada a área foliar (AF) com o auxílio de um

Integrador de Área Foliar modelo LI3000. Uma sub-amostra foi usada para estimar o

percentual de folhas e colmos. A fitomassa dos componentes botânicos foi

determinada separadamente Para isso foi realizado a separação das lâminas

foliares e colmos, pesada a massa verde e levada à estufa (65 °C) até massa

constante. A estimativa foi feita através da relação entre o peso das folhas e peso de

colmos e o peso da amostra.

As variáveis respostas foram submetidas à análise de variância, sendo as

médias comparadas entre si pelo teste de Dunnett, ao nível de 5% de probabilidade

de erro. Os dados foram analisados utilizando o pacote estatístico SAS (2001).

3.5 Resultados e Discussão

Ocorreu interação significativa entre espécie florestal x corte e sistema de

produção X corte para as variáveis radiação fotossinteticamente ativa transmitida

(RFAt) e percentual de transmissão (Apêndice B); e entre espécie florestal X sistema

de produção e espécies florestais X corte para a variável área foliar (Apêndice C).

A temperatura do ar (T°) e o percentual de folhas e colmo no dossel do azevém

(Apêndice D) não apresentaram interação significativa para nenhum dos fatores

avaliados.

Nos SAFs, faixa e linha, não houve diferença significativa para a RFAt e

percentual de transmissão, diferindo apenas em relação ao pleno sol. Porém, os

valores médios variaram durante o período de avaliação, dentro de cada sistema,

em função do avanço dos meses do ano.

Observa-se que, em pleno sol, o valor de RFAi máximo foi de 1147 µmol cm2

s-1, enquanto que no sistema faixa a RFAt foi de 631 µmol cm2 s-1 e no sistema linha

de 682 µmol cm2 s-1 (Figura 1A). A média do percentual de transmissão foi de 70%

no sistema faixa e de 73% no sistema linha do total da RFAi (Figura 1B).

36

Para valores de transmissão da RFA acima de 50%, o sombreamento é

considerado sombra fraca, ou seja, há menor interceptação da copa das árvores

transmitindo maior quantidade de RFA para o sub-bosque, ao passo que valores

abaixo de 50% são considerados sombra moderada a intensa (Paciullo et al., 2007;

Barro et al., 2008; Bernardino; Garcia, 2009; Varella et al. 2010).

Figura 1 – Radiação fotossinteticamente ativa transmitida em sistemas agroflorestais, radiação fotossinteticamente ativa incidente em pleno sol (A) e percentual de transmissão (B) na cultura do azevém. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012.

Ao comparar as espécies florestais, canafístula e eucalipto, observa-se que a

RFAt e o percentual de transmissão variaram em relação ao pleno sol ao longo do

período de avaliação, confirmando a redução de radiação solar em função da

presença da copa das árvores (Figura 2).

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

26-Jun 12-Jul 27-Jul 09-Ag 23-Ag 06-Set

Pleno Sol Faixa Linha

RF

At e R

FA

i (µ

mol cm

2 s

-1)

Datas de avaliação

0

20

40

60

80

100

26-Jun 12-Jul 27-Jul 09-Ag 23-Ag 06-Set

Sistema Faixa Sistema Linha

Datas de avaliação

% T

rasm

issão

(A)

(B)

37

Figura 2 – Radiação fotossinteticamente ativa transmitida (RFAt) em sub-bosque de espécies florestais, radiação fotossinteticamente ativa incidente (RFAi) em pleno sol (A) e percentual de transmissão (B) na cultura do azevém. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012.

Em pleno sol, o valor de RFAi máximo foi de 1146 µmol cm2 s-1, enquanto

que, sob canafístula e eucalipto foram de 514 e 455 µmol cm2 s-1, respectivamente.

A menor porcentagem de transmissão ocorreu em 27/07 sob canafístula, atingindo a

25% RFA. No entanto, nas demais datas de avaliação, os valores variaram de 40 a

75% sob ambas as espécies florestais (Figura 2).

Considerando a proposta de Barro et al., (2008); Paciullo et al., (2007);

Bernardino; Garcia (2009) e Varella et al., (2011) sobre a intensidade de

sombreamento, pode-se afirmar que, os sistemas agroflorestais avaliado, e as

espécies florestais, proporcionaram sombra fraca à cultura do azevém, ou seja, não

limitaram o crescimento e desenvolvimento.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

26-Jun 12-Jul 27-Jul 09-Ag 23-Ag 06-Set

Pleno Sol Canafistula Eucalipto

RF

At e R

FA

i (µ

mol cm

2 s

-1)

Datas de avaliação

0

20

40

60

80

100

26-Jun 12-Jul 27-Jul 09-Ag 23-Ag 06-Set

Canafistula Eucalipto

% T

ransm

issão

Datas de avaliação

(A)

(B)

38

Esta característica ganha importância, pois um dos fundamentos dos SAFs é

que o mesmo proporcione condições favoráveis para as culturas anuais crescerem e

desenvolverem de maneira que possam atingir o máximo do seu potencial genético.

No caso, observa-se que tanto a canafístula, como o eucalipto, não

interferiram de forma negativa na cultura do azevém, pois em primeiro lugar, a

espécie completou ciclo de crescimento e desenvolvimento. Isto é comprovado pelos

valores de matéria seca (MS) acumulada que foi atingido nos seis cortes, que será

discutido no Capítulo III, sendo foi semelhante ao acumulado em cultivo tradicional,

sugeridos por Tonetto et al., (2011) de 4,9 t de MS acumulada da cultivar comum.

Em segundo lugar, como forma de demonstrar a importância da quantidade

de radiação, bem como da qualidade da mesma, no cultivo de espécies superiores,

pode-se inferir que os sistemas e espécies estudados não foram limitados pela

incidência de radiação necessária para que haja crescimento e consequente

desenvolvimento.

O azevém, quanto à rota de assimilação de CO2, é considerada uma espécie

do tipo C3, e os vegetais que possuem esse tipo de mecanismo se adaptam melhor

as condições de baixa luminosidade em relação às que possuem o metabolismo C4

ou CAM. Essas plantas possuem saturação luminosa com aproximadamente 25 a

50% de luz solar plena, não ocorrendo efeito negativo sobre assimilação de CO2

nesses níveis de radiação (TAIZ; ZEIGER, 2013). Segundo os mesmos autores,

para as espécies C3, a rubisco, enzima responsável por catalisar e assimilar o CO2

absorvido pelos estômatos durante o dia, necessita de concentrações CO2

superiores a 50 mg L-1.

Para cultura do trigo e da aveia, Stoskopf (1985) afirma que a taxa de

assimilação de CO2 varia em torno de 36 mg CO2 g MS, quando a iluminação solar é

plena. Ao reduzir a iluminação para 30%, a taxa varia entre 38 e 40 mg CO2 g MS.

Quando o ambiente possui aproximadamente 50% da luz solar plena, a taxa de

assimilação de CO2 é de 27 a 31 mg CO2 g MS.

Assim, podemos sugerir que outras espécies, além do azevém, que possuem

exigências diferentes em relação ao CO2 poderão ser usadas para compor SAFs,

pois poderão não ter o crescimento e desenvolvimento interrompido em função do

sombreamento.

Como um terceiro ponto a ser considerado, nos resultados obtidos, pode-se

inferir que a copa das árvores das espécies florestais em conjunto com os sistemas

39

estudados, após cinco anos de plantio, não interferiram no crescimento e

desenvolvimento da cultura do azevém, caracterizando desta forma, até a execução

deste trabalho, que há potencial para uso nos SAFs com as mesmas características

dos avaliados nesse experimento.

Um quarto aspecto quanto a não limitação do crescimento nos sistemas

estudados, bem como entre as espécies, é com relação à fração da radiação solar

difusa. Esta, de acordo com Buriol et al., (1995) tem sua importância por ser

multidirecional, o que permite penetrar melhor no dossel vegetativo, podendo ser

esta uma das causas que permitiram o crescimento e desenvolvimento do azevém

no sub-bosque do SAFs.

A T° não variou entre os sistemas de produção estudados. No entanto,

diferiram em relação ao pleno sol durante o período de avaliação do azevém (Figura

3). Os valores médios de T° dentro dos sistemas agroflorestais foram superiores em

relação ao ambiente sem a presença de árvores.

Comparando as médias de T° do ar entre os sistemas avaliados, observa-se

que nos SAFs a média de T° foi 1,3; 3,3; 0,8; 0,3 e 7,8 °C superiores, em relação ao

pleno sol. Ao comparar as T° sob as espécies florestais com o pleno sol, observa-se

a mesma tendência. Os valores médios de T° sob a copa das árvores foram 1,4; 3,2;

0,8; 0,2; 8,2 °C superiores, em relação à testemunha, sem a presença de espécies

florestais (Figura 3).

Os resultados desse estudo, concordam com os encontrado por Kirchner et

al., (2010) que observaram que as temperaturas foram superiores no sistema

agroflorestal com Pinnus taeda, aos 14 anos de idade e 14 metros de estatura, em

0,75 e 1,05 °C em relação ao ambiente sem a presença árvores. No entanto,

discordam de Vieira et al., (2002), que avaliaram os efeitos microclimáticos em dois

níveis de sombreamento artificial e observaram que a T° foi em média 2 e 3,2 °C

inferior nos tratamentos com 50 e 80% de sombra em relação ao pleno sol.

As diferenças observadas nas avaliações podem estar relacionadas à

metodologia adotada, pois Vieira (2002) realizaram experimento em ambiente

controlado, que não apresentam interação entre as características observadas em

ambientes naturais.

40

Figura 3 – Temperatura do ar em sistemas agroflorestais e em pleno sol (A) e temperatura do ar em sub-bosque de espécies florestais e em pleno sol (B) na cultura do azevém. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012.

Para as espécies C3, que assim como o azevém, que se adaptam a condições

de sombra, a faixa de temperatura considerada ótima de crescimento e

desenvolvimento está na faixa de 10 a 20 °C (BAHMANI et al., 2000). Para Kirchner

(2009) em ambientes naturais a faixa de temperatura ótima para que o azevém não

paralise seu crescimento está entre 15 a 30°C, enquanto que temperatura base

inferior (Tb) varia de -2 a 0 °C (LARCHER et al., 2000). Fontanelli et al., (2009)

sugerem que a temperatura considerada ideal para o crescimento e

desenvolvimento do azevém é de 20 °C.

Assim, seguindo a mesma observação realizada para a RFA, a T° nos

diferentes sistemas de produção não foi limitante para o cultivo do azevém nas

condições experimentadas. Em relação à T°, fica claro o que preconiza Estefanel et

al., (1994), em que os autores afirmam que no estudo deste elemento

0

5

10

15

20

25

30

35

26-Jun 12-Jul 27-Jul 09/Ag 23/Ag 06/Set

Pleno Sol Canafistula Eucalipto

Datas de avaliação

Tem

p. in

sta

nt.

ar

(°C

)

0

5

10

15

20

25

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35

26-Jun 12-Jul 27-Jul 09/Ag 23/Ag 06/Set

Pleno Sol Sistema Faixa Sistema Linha

Datas de avaliação

Te

mp

. in

sta

nt. a

r (°

C) (B)

(A)

41

meteorológico, deve-se levar em consideração o tempo de exposição às

temperaturas extremas.

De acordo com os valores apresentados por Maluf (2000), Bahmani et al.,

(2000) e Kirchner (2009) os valores observados no período experimental estão

dentro da faixa considerada favorável ao crescimento e desenvolvimento do

azevém, corroborando com a radiação solar, ou seja, os sistemas estudados estão

atingindo o propósito para sua utilização como alternativa tecnológica.

Adotando o valor de Tb para azevém anual cv. Comum, proposta por Muller et

al., (2009) de 7,6 °C podemos observar que, durante o período experimental, apenas

cinco dias apresentaram temperaturas abaixo da Tb para a cultura, nas demais

datas que compreenderam o período experimental, as temperaturas foram

superiores à Tb para esta espécie. Os valores médios de T° durante o período

experimental foram adequados ao crescimento e desenvolvimento da cultura.

(Figura 3).

Para Silva et al., (1998) o uso de renques arbóreos contribui para formar um

microclima mais ameno no interior da pastagem, principalmente no cultivo de

inverno onde a área protegida não sofre influência de geadas mantendo as

condições adequadas para crescimento da cultura em sub-bosque.

Segundo os dados da estação meteorológica da UFSM campus Frederico

Westphalen, RS, vinculada ao Laboratório de Agroclimatologia, provavelmente

houve no período experimental a ocorrência de 11 geadas, conforme dados de T°

mínima do ar. A T° mínima do ar registrada na estação meteorológica foi de 2,5 °C

na data de 07 de junho de 2012. Em Irai, RS, cidade distante 30 km, de acordo com

os registros da estação convencional, ocorreu duas geadas registradas no período

experimental.

Algumas gramíneas de inverno, como o trigo, por exemplo, que com

frequência é tido como parâmetro para o azevém, possuem pouca sensibilidade à

geadas no estádio vegetativo. Essa situação pode mudar dependendo da frequência

e intensidade do fenômeno, podendo causar danos irreversíveis à planta e até morte

total da vegetação (CUNHA et al., 2009).

Assim, os valores mais elevados de T° nos sistemas favorecem um

microclima mais apropriado, evitando que os valores de temperatura do ar atinjam

valores mínimos que possam limitar o crescimento e desenvolvimento da cultura.

42

Esta influência poderá ser observada no Capitulo III no que tange o assunto

produção de MS.

Comparando os valores de AF entre os sistemas e em pleno sol, observa-se

não houve diferença significativa. Nos SAFs o menor valor de AF, tanto para

canafístula como para eucalipto, foi no sistema linha. Sob canafístula, a AF do

dossel do azevém foi aproximadamente 26% menor em relação ao sistema faixa. No

sub-bosque de eucalipto, a diferença foi de 40%, aproximadamente (Tabela 1).

Tabela 1 – Área foliar (m2 ha

-1) do dossel de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em

sistemas agroflorestais e em pleno sol. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012.

Pleno sol

Espécies Florestais

Canafístula Eucalipto

Sistema linha 26049,75 aA 2101,25 bAB 1336,89 bC Sistema faixa 26040,75 aA 2867,70 aA 2273,18 aB

1° avaliação (26/6) 347,34 dC 1462,55 dA 530,07 eB 2° avaliação (12/7) 820,57 dB 1211,09 dA 1210,75 dA 3° avaliação (26/7) 2904,89 bB 3642,58 aA 3125,46 bA 4° avaliação (09/8) 1641,56 cB 2438,45 bA 1660,54 cB 5° avaliação (23/8) 3640,36 aA 1903,75 cB 1860,23 bB 6° avaliação (06/9) 4088,07 aA 3379,88 aB 1847,25 bC

C.V (%) 5,73 1

Médias com letras minúscula iguais na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade de erro. Médias com letra maiúscula iguais nas linhas não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Ao avaliar o azevém sob as espécies florestais, dentro de cada sistema,

observa-se que no sistema linha e no sistema faixa, o menor valor de AF do dossel

do azevém foi sob eucalipto, sendo que este correspondeu a 5% e 8% do valor de

AF do dossel do azevém em pleno sol, respectivamente (Tabela 1).

Analisando as datas de avaliação, nota-se que apenas nas duas últimas

avaliações a AF do dossel do azevém não foi maior sob a copa das árvores em

relação ao pleno sol. Outra observação é que, sob as copas formadas pelas

espécies florestais, a AF do dossel de azevém que se desenvolveu no sub-bosque

de canafístula são maiores que as que se desenvolveram sob eucalipto e pleno sol.

Considerando-se que a RFA e a T° não interferiram no crescimento e

desenvolvimento do azevém, no presente estudo, e a AF apresentou diferença entre

os sistemas, entre as espécies e o pleno sol, há de se considerar que, as diferenças

43

observadas na AF podem estar relacionadas com a capacidade das plantas

distribuírem melhor os fotoassimilados produzidos (Tabela1).

O ajuste do modelo da equação de regressão foi de terceira ordem para área

foliar do dossel de azevém cultivado em pleno sol, enquanto que para azevém

cultivado no sub-bosque de canafístula e eucalipto a área foliar o ajuste da equação

foi de quarta ordem. O ponto de máxima área foliar foi na sexta avaliação (06/09)

para o cultivo em pleno sol e na terceira avaliação (27/07) para canafístula e

eucalipto.

Pleno Sol = -371.32x3 - 3982.8x2 + 19759x - 13638 R² = 0,81

Canafístula = 1596.2x4 - 21462x

3 + 96622x

2 - 162853x + 100182 R² = 0,85

Eucalipto = 570.88x4 - 7261.6x

3 + 28569x

2 - 32700x + 15472 R² = 0,70

Figura 4 - Área foliar do dossel de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em sub-bosque de espécies florestais e em pleno sol. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012.

Modificações em AF, também podem ocorrer em função da aclimatação da

espécie ao ambiente com restrição luminosa. Em ambientes sombreados as plantas

tendem a possuir maior área foliar específica, para elevar ao máximo a captação de

luz disponível (GOBBI et al., 2011).

As diferenças dos valores de AF do dossel do azevém observadas durante o

ciclo de crescimento e desenvolvimento do azevém pode ser em função do excesso

de precipitação que ocorreu durante o período que antecedeu as avaliações,

associado à baixa capacidade de retenção do solo da área experimental (Tabela 1).

Segundo Pilau et al., (2009) as culturas de ciclo anual, são sensíveis aos danos

0

10000

20000

30000

40000

50000

0 1 2 3 4 5 6

Polinômio (Pleno Sol) Polinômio (Canafístula) Polinômio (Eucalipto)

Áre

a f

oliar (m

2 h

a-1

)

Avaliações

Pleno Sol Canafístula Eucalipto

44

diretos e indiretos que podem ser causados pela precipitação intensa, durante o

período da emergência até o ponto de colheita.

A AF das plantas pode ser usada como um indicador de produção de

biomassa, pois, contribui para aumentar a capacidade fotossintética do dossel em

função do aumento da capacidade de intercepção da radiação solar (PONTES, et

al., 2003).

O percentual de folhas e colmos no dossel do azevém não deferiu entre os

SAFs e pleno sol. Sob as espécies florestais, o percentual de folhas de azevém

cultivados em pleno sol, foi aproximadamente 3% maior em relação à canafístula e

eucalipto enquanto que a menor proporção de colmos ocorreu em pleno sol (Tabela

2).

Tabela 2 – Percentual de folhas e colmos na fitomassa da parte aérea de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em sistemas agroflorestais e pleno sol. UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012.

Sistemas de Produção Percentual de Folhas (%)

Percentual de Colmos (%)

Sistema Faixa 56,12 a 44,80 a Sistema Linha 58,24 a 46,17 a

Espécies Florestais

Pleno Sol 59,58 a 41,74 b Canafístula 56,69 b 47,99 a Eucalipto 55,42 b 46,50 a

Datas de avaliação

1° corte (26/6) 72,15 b 31,41 d 2° corte (12/7) 84,60 a 16,42 e 3° corte (27/7) 70,03 b 32,46 d 4° corte (09/8) 53,69 c 45,73 c 5° corte (23/8) 34,32 c 66,20 b 6° corte (06/9) 24,81 c 75,18 a 1

Médias com letras iguais na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Dunnett.

A quantidade de folhas, em relação a colmos é aproximadamente 50% maior

nas primeiras avaliações (Tabela 2). Com o avanço do ciclo da cultura, ocorre uma

inversão. Há um aumento da quantidade de colmos. Os valores encontrados podem

estar associados às características da cultivar comum, que possui elevada produção

de MS de folhas no início do ciclo de crescimento. Esses resultados concordam com

Flores et al., (2008) que observaram 64% de folhas quando avaliaram a produção

de forragem de populações de azevém anual.

45

Os programas de melhoramento genético de forrageiras estão cada vez mais

focados em desenvolver cultivares de azevém que possuam maior proporção de

folhas em relação a colmo e inflorescências, a fim de aumentar o acúmulo de MS ao

longo do ciclo de desenvolvimento.

Maior volume de lâminas foliares em relação aos outros componentes da

planta é desejável, pois as folhas são o principal órgão responsável pela

interceptação da radiação solar, e reflete diretamente na produção de MS. Com o

desenvolvimento de folhas, a planta gera área foliar para interceptação de luz e,

consequentemente, realização de fotossíntese para produção de fotoassimilados,

podendo assim dar continuidade ao ciclo de crescimento e desenvolvimento da

planta.

De maneira geral, pode-se dizer que a introdução de árvores na pastagem

pode contribuir para a utilização mais racional da área, desde que, ao se associar

espécies anuais com componentes arbóreos as condições necessárias para

alcançar os benefícios do sistema solo-planta sejam atendidas.

3.6 Conclusão

O azevém pode ser usado para compor sistemas agroflorestais juntamente

com as espécies florestais, eucalipto e canafístula, nos sistemas agroflorestais

avaliados, faixa e linha. A área foliar do azevém foi influenciada pela presença de

espécies florestais no ambiente de produção, enquanto que o percentual de folhas e

colmos não sofreu influencia.

3.7 Referências

BAHMANI, I. et al. Differences in tillering of long- and short-leaved perennial ryegrass

genetic lines under full light and shade treatments. Crop Science, v.40, p.1095-

1102, 2000.

46

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FLORES, R. A. et al. Produção de forragem de populações de azevém anual no estado do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.7, p.1168-

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49

4 CAPÍTULO III

TEOR DE PROTEÍNA BRUTA E PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA DE

AZEVÉM ANUAL EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS

4.1 Resumo

Neste trabalho objetivou-se avaliar a produção de matéria seca (MS) e o teor de proteína bruta (PB) de azevém anual cultivado no sub-bosque de eucalipto e canafístula, e em pleno sol. O estudo foi realizado em uma área que possui instalado um sistema agroflorestal (SAFs). O experimento foi conduzido no delineamento experimental bloco ao acaso com três repetições no esquema split splot. As espécies florestais foram plantadas em dois sistemas de produção. Em linha, onde os renques estão separados por seis metros, e em faixa onde os renques estão separados por doze metros. O azevém anual foi semeado nas entrelinhas das espécies florestais, sub-bosque, e em pleno sol. A semeadura ocorreu em 05/06/2012, com densidade de 40 kg ha-1 de sementes. A radiação fotossinteticamente ativa transmitida (RFAt), a radiação fotossinteticamente ativa incidente (RFAi) e a temperatura do ar (T°) foram medidas nos sistemas agroflorestais e em pleno sol para fins de caracterização dos ambientes de produção. Para determinar a produção de MS e o teor de PB foram realizados seis cortes em cada um dos tratamentos. De acordo com a análise de variância dos fatores avaliados (sistema de produção, espécie florestal e corte) houve interação significativa entre sistema de produção x espécies florestais x cortes para as variáveis, produção de MS e teor de PB. No sistema linha a produção média de MS de azevém em sombreamento foi 77% do rendimento em pleno sol, enquanto que no sistema faixa a produção de MS não diferiu entre as espécies florestais e pleno sol. Entre os sistemas faixa e linha, o teor de PB em azevém não diferiu sob eucalipto e pleno sol, apresentando diferença significativa quando cultivado sob canafístula, sendo que no sistema linha foram aproximadamente 8% menor em relação ao sistema faixa. Ao comparar os valores de PB dentro de cada sistema, observa-se que no sistema faixa, não diferiu sob as espécies florestais e pleno sol. No sistema linha houve uma redução no teor de PB no sub-bosque de canafístula de 20% em relação ao eucalipto e pleno sol. Independente dos sistemas utilizados, a produção de MS de azevém e o teor de PB, atingiram níveis satisfatórios para a utilização desta espécie como alternativa forrageira em sistemas agroflorestais. Palavras-chave: Crescimento. Desenvolvimento. Lolium multiflorum. Sistema de produção. Sombreamento. Rendimento.

50

CRUDE PROTEIN AND DRY MATTER PRODUCTION ANNUAL

RYEGRASS IN AGROFRORESTRY SYSTEMS

4.2 Abstract

This work aimed to evaluate the production of dry matter (DM) and crude protein (CP) of annual ryegrass grown in the understory system of eucalypt and canafístula, and in full sun. The study was conducted in an area that has installed an agroforestry system (AFS). The experiment was conducted in randomized block experimental design with three replications in split splot scheme. The tree species were planted in two production systems. In lines, where the rows are separated by 6 meters, and range where the rows are separated by 12 meters. The ryegrass was sown between the lines of forest, understory species, and in full sun. Sowing was done on 05/06/2012, with a density of 40 kg ha-1 seed. The photosynthetically active radiation transmitted (PARt), the photosynthetically active radiation incident (PARi) and air temperature (T°)were measured in AFS and in full sun for the purpose of characterization of production environments. To determine the production of dry matter and the CP content, six cuts were made in each of the treatments. According to the analysis of variance of the factors evaluated (production system, forest species and cut) there was a significant interaction between the production system x forest species x cuts for the variables, production of DM and CP content. On line system average DM production of ryegrass shading was 77% of revenue in full sun, while the system range DM production did not differ among species and full sun. Between the range and line systems, the CP content in ryegrass did not differ under eucalyptus and full sun, with significant differences when grown under canafístula, and line system were about 8% lower than in the range system. When comparing values within each CP system, it is observed that the system range does not differ under full sun and forest species. On line system was reduced CP content in the understory of canafístula 20% compared to eucalyptus and full sun. Independent of the systems used the DM production of ryegrass and CP content, reached satisfactory levels for the use of this species as alternative forage in Agroforestry Systems.

Key-words: Growth. Development. Lolium multiflorum. Production system. Shading.

Yield.

51

4.3 Introdução

De maneira geral, os pecuaristas do Estado do Rio Grande do Sul (RS)

procuram superar a escassez de forragem, durante os meses de frio, quando as

espécies nativas possuem baixa produção de matéria seca (MS), através do uso de

pastagens cultivadas, garantindo assim a alimentação dos rebanhos durante esse

período.

Dentre as espécies mais utilizadas está o azevém anual, uma gramínea

amplamente disseminada no Estado e bastante adaptada aos diferentes sistemas de

cultivo. Essa espécie possui elevado banco de sementes nos solos gaúchos,

facilitando a ressemeadura natural, alto potencial produtivo de MS de qualidade,

além da facilidade de manejo.

A forragem de azevém pode ser utilizada através de cortes para fornecimento

no cocho, pastejo direto e elaboração de feno. No entanto, para explorar o potencial

máximo dessa forrageira, é fundamental, conhecermos como ocorre seu

crescimento e desenvolvimento nos mais variados ambientes de produção.

Dentre os sistemas que podem ser utilizados por produtores rurais no RS

estão os sistemas agroflorestais (SAFs) que é definido por Daniel et al. (1999) como

um sistema agropecuário diferenciado, tendo na sua composição uma espécie

florestal que desenvolve um papel de fundamental importância na sua estrutura e

função.

Estes sistemas envolvem muitos componentes interdependentes incluindo

árvores, culturas agrícolas e/ou animais, podendo ser associações simultâneas ou

sequenciais, tanto espacial quanto temporal. Os SAFs se adaptam as grandes e

pequenas propriedades rurais, podendo ser ajustado à realidade de cada produtor.

Assim, permitem que os agricultores tenham mais de um produto rentável em uma

mesma área, melhorando sua qualidade de vida e de seus familiares, diminuindo o

êxodo rural e preservando o meio ambiente onde está inserido.

Uma das principais características dos SAFs é a restrição de luminosidade

provocada pela presença das copas das árvores e que poderá interferir no

crescimento e desenvolvimento da cultura que compõe o sub-bosque. A espécie

cultivada no estrato inferior do sistema deve se adaptar ao sombreamento moderado

ou até mesmo intenso, dependendo do grau de restrição imposto.

52

A produção de matéria seca pelos vegetais é resultado da interação dos

fatores genéticos e ambientais, de forma que constituem o sistema de produção.

Cada sistema possui suas variações, e quanto mais complexo, mais difícil se torna o

manejo adequado para que as culturas que o compõe expressem todo seu potencial

genético.

A qualidade bromatológica da forrageira também é influenciada pelo nível de

sombreamento provocado pelas árvores. A presença de renques de árvores pode

influenciar nas características morfofisiológicas do pasto (PACIULLO et al., 2007).

Essa influência se deve a aclimatação que a espécie sofre em função do ambiente

que está inserida.

A região onde foi desenvolvido o estudo possui áreas de relevo com declives

médios a acentuados, solos rasos e com restrições para realizar agricultura

mecanizada. As propriedades, na sua maioria se caracterizam por serem de

agricultura familiar, com aproximadamente 14 hectares, tendo na atividade leiteira

umas das principais atividades econômicas.

Deste modo, justifica-se a avaliação do azevém, que é considerado uma

forrageira consagrada na formação de pastagens cultivadas no período hibernal, em

condição de sub-bosque para gerar novas informações sobre a produção em SAFs,

para que possa ser utilizado como uma alternativa sustentável para as propriedades

da região.

Os objetivos deste trabalho foram determinar o teor de proteína bruta e

quantificar a produção de matéria seca de azevém, cultivado no sub-bosque de

eucalipto e canafístula, utilizando diferentes sistemas de produção.

4.4 Material e Métodos

O experimento foi conduzido em uma área que possui instalado um sistema

agroflorestal (SAFs). Situado próximo a Universidade Federal de Santa Maria,

campus Frederico Westphalen, latitude 27º23”26”S; longitude 53º25’43” e altitude

461,3 metros. O solo da área experimental é classificado como Neossolo litólico

eutrófico típico pouco profundo, com afloração de rochas e razoável fertilidade

natural (CUNHA et al., 2011). Frederico Westphalen está distante de Irai

53

aproximadamente 30 km, sendo o município tomado como referência para os dados

de classificação climática. Segundo a classificação climática de Köppen, o clima da

região é Cfa, ou seja, subtropical úmido com temperatura média anual de 19,1°C,

variando com máxima de 38 e mínimo de 0°C. Iraí, distante aproximadamente 30km

de Frederico Westphalen, é o município tomado como referência para os dados de

classificação climática. Conforme proposta de Maluf (2000), Iraí apresenta clima de

tipo subtropical subúmido, sendo a temperatura média anual de 18,8°C e

temperatura média do mês mais frio de 13,3°C.

O experimento foi conduzido no delineamento experimental blocos ao acaso

com três repetições no esquema split splot. As espécies florestais, Peltophororum

dubium (canafístula) e Eucaliptus grandis (eucalipto) foram plantadas em dois

sistemas de cultivo. Em linha onde os renques estão separados por seis metros, e

em faixa onde estão separados por doze metros (Apêndice A). As espécies florestais

foram plantadas em 2007. As copas de ambas as espécies florestais possuíam

folhas no período experimental do azevém.

O azevém anual (Lolium multiflorum Lam. cv. Comum) foi semeado em

subparcelas, no sub-bosque das espécies florestais e em pleno sol (Apêndice A). A

semeadura ocorreu em 05/06/2012, de forma manual e a lanço, com densidade de

40 kg ha-1 de sementes, valor corrigido conforme pureza e germinação. A adubação

de base foi de 500 kg ha-1 da fórmula NPK 04-24-12, conforme necessidades

indicadas na análise de solo da área experimental (Anexo 1). A quantidade adicional

de nitrogênio, na forma de uréia, foi de 20 kg ha-1 na semeadura e 80 kg ha-1

fracionada em duas aplicações, 20/07/2012 e 10/08/2012.

Na primeira data de avaliação do azevém, não foram aferidos os elementos

meteorológicos nos SAFs e sob as espécies bem como a pleno sol. A condição de

pleno sol (testemunha) corresponde aquela onde não existia barreiras a incidência

da radiação solar, sendo considerada testemunha. A radiação fotossinteticamente

ativa transmitida (RFAt) foi medida nos sistemas agroflorestais e a radiação

fotossinteticamente ativa incidente (RFAi) em pleno sol para fins de caracterização

das condições luminosas.

Para isso foi utilizado um Porômetro de Equilíbrio Dinâmico modelo LICOR-

LI1600. As leituras foram feitas a cada quinze dias durante o subperíodo

emergência-reprodutivo do azevém entre as 9:00 e 11:00 horas. No sub-bosque

foram medidas a um metro de distância das árvores e no topo do dossel do azevém.

54

No pleno sol as medidas foram feitas no topo do dossel do azevém.

Simultaneamente foi aferida a temperatura instantânea do ar com o uso de

termômetro portátil marca Incoterm com precisão de 0,1 °C, dentro dos sistemas e

pleno sol.

Para determinar a produtividade de matéria seca (MS) foram realizados seis

cortes utilizando quadro de 0,25 m2, em cada um dos tratamentos. Os cortes foram

feitos de forma manual a cinco centímetros acima do solo. O primeiro foi em

26/06/2012. Os demais cortes foram em 12/07; 27/07; 09/08; 23/08; 06/2012.

A matéria verde (MV) proveniente dos cortes foi armazenada em saco plástico

e levada ao laboratório onde uma sub-amostra foi pesada. A MV pesada foi levada à

estufa de ventilação forçada a 65 °C até massa constante a fim de se determinar a

matéria seca (MS) da forragem. Assim que foram determinadas a MS, as sub-

amostras foram utilizadas para determinar o teor de proteína bruta (PB). Para isso foi

utilizado o método Kjeldahl, por meio da determinação do nitrogênio total (NT), em

digestão ácida por ácido sulfúrico (AOAC, 1975). O teor de PB foi obtido

multiplicando a porcentagem de nitrogênio pelo fator 6,25 conforme metodologia de

Galvani; Gaertner (2006).

As variáveis respostas foram submetidas à análise de variância, sendo as

médias comparadas entre si pelo teste de Dunnett, ao nível de 5% de probabilidade

de erro. Os dados foram analisados utilizando o pacote estatístico SAS (2001).

4.5 Resultados e Discussão

Houve interação significativa entre sistema de produção x espécie florestal;

espécie florestal x corte e interação tripla significativa entre sistema de produção x

espécie florestal x corte para a variável produção de matéria seca (MS) de azevém

(Apêndice E) e teor de proteína bruta (PB) (Apêndice F).

Os valores do teor de PB em azevém variaram em função dos sistemas de

produção, espécies florestais e os cortes ao longo do ciclo de crescimento e

desenvolvimento do azevém. Entre os sistemas faixa e linha, o teor de PB em

azevém não diferiu sob eucalipto e pleno sol, apresentando diferença significativa

55

quando cultivado sob canafístula, sendo que no sistema linha foram

aproximadamente 8% menor em relação ao sistema faixa, sob esta espécie florestal.

(Tabela 3).

Tabela 3 – Teor de proteína bruta (%) em Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em sub-bosque de espécies florestais e pleno sol. UFSM, Frederico Westphalen, RS, 2012.

Pleno sol

Espécies Florestais

Canafístula Eucalipto

Sistema linha 20,51 aB 17,79 bC 21,98 aA Sistema faixa 20,51 aA 19,26 aA 19,22 aA

1° corte (26/6) 26,89 aB 25,53 aC 29,62 aA 2° corte (12/7) 25,66 aA 23,04 bB 23,82 bB 3° corte (27/7) 23,70 bA 20,01 cB 24,00 bA 4° corte (09/8) 20,81 cA 19,69 cB 21,44 cA 5° corte (23/8) 16,79 dA 13,95 dB 13,28 dB 6° corte (06/9) 9,21 eC 9,95 eB 11,43 eA

C.V (%) 5,73 1

Médias com letra maiúscula iguais nas linhas não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade de erro. Médias com letra minúscula iguais na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Ao comparar os valores de PB dentro de cada sistema, observa-se que no

sistema faixa, não diferiu sob as espécies florestais e pleno sol. No sistema linha

houve uma redução no teor de PB no sub-bosque de canafístula de 20% em relação

ao eucalipto e pleno sol (Tabela 3).

Essa redução pode ser em função de que a canafistula, por ser uma

leguminosa, pode ter se beneficiado na absorção de N acarretando em menor teor

de PB no azevém. Na Tabela 3, observa-se que a produção de MS de azevém

também foi menor sob canafístula no mesmo sistema.

Independente do tratamento, os valores de PB do azevém foram decrescendo

na medida em que avançava o ciclo de produção. A concentração de N é maior no

estádio vegetativo onde há maior proporção de folhas, característica que diminui

com o avanço do ciclo da cultura.

O teor de PB de azevém se ajustou ao modelo linear de regressão quando

cultivado em pleno sol e nos sistemas agroflorestais, confirmando que os valores

vão decrescendo com o avanço do ciclo de crescimento e desenvolvimento do

azevém, independente do sistema de produção avaliado (Figura 5).

56

Figura 5 - Teor de proteína bruta (%) em Lolium multiflorum Lam. cv. Comum cultivado em sub-bosque de espécies florestais e pleno sol. UFSM, Frederico Westphalen, RS, 2012.

De forma geral, o teor de PB do azevém, em sub-bosque eucalipto, foi

semelhante em relação ao pleno sol. Fato que não foi evidenciado sob canafístula,

pois teve efeito negativo no teor de PB de azevém em sub-bosque (Tabela 3),

discordando de Wilson et al., (1990) que afirmam que o uso de espécies florestais

leguminosas pode incidir efeito positivo sobre o teor de PB, em gramíneas, devido à

maior mineralização da M.O em função da ação dos micro-organismos

mineralizadores.

Os resultados deste estudo divergem de Andrade et al., (2003) que

observaram aumentos ainda maiores chegando até 50% em gramíneas cultivadas

em ambientes sombreados em relação ao pleno sol.

Avaliando valor nutritivo de azevém em sub-bosque de Pinus elliottii Barro et

al., (2008) observaram valores de teor de PB menores em pleno sol, em relação à

dois níveis de luminosidade, sombra fraca (25% de restrição de luminosidade) e

sombra moderada (55% de restrição de luz).

Incrementos no teor de PB em função do sombreamento pode ser observada

em outras espécies, como demonstrado por Pacciullo et al., (2007) que concluíram

que o sombreamento provocado pela presença de espécies do gênero Acacia,

possibilitaram aumento no teor de PB em Brachiaria decumbes, cultivada no sub-

bosque.

0

5

10

15

20

25

30

35

0 1 2 3 4 5 6

Linear (Pleno Sol) Linear (Canafistula) Linear (Eucalipto)

% P

B a

zevém

Cortes

Pleno Sol Canafístula Eucalipto

Pleno sol = -3.3686x + 32.3 R2 = 0,90

Canafístula = -3.014x + 29.244 R2 = 0,95

Eucalipto = -3.5751x + 33.111 R2 = 0,92

57

Os valores observados durante o ciclo de crescimento e desenvolvimento do

azevém, em relação à quantidade de RFAt, sob as espécies florestais, canafístula e

eucalipto, podem influenciar a produção de MS da desta forrageira , pois a luz solar

é a principal fonte de energia para os vegetais, principalmente a RFA, que é o

espectro da radiação solar responsável pela fotossíntese nos vegetais (Tabela 4).

Tabela 4 – Radiação fotossinteticamente ativa transmitida em sistemas agroflorestais, radiação fotossinteticamente ativa incidente em pleno sol (µmol cm

2 s

-1) e percentual de transmissão (%) na

cultura do azevém. UFSM, campus Frederico Westphalen - RS, 2012.

Pleno sol

Espécies Florestais

Canafistula Eucalipto

RFAt % Trans. RFAt % Trans. RFAt % Trans.

26/6 - - - - - -

11/7 363 cA 100 aA 223,83bB 38,88 bcB 185,28bcB 44,85bcB 26/7 320 cA 100 aA 214,64bB 24,52 cB 144,76cB 42,17bcB 10/8 1016 aA 100 aA 230,30bB 79,08 aB 455,10aB 55,43bcB

B26/8 683 bA 100 aA 199,29cB 72,94 aB 185,43bcB 76,62aB 10/9 1146 aA 100 aA 514,13aB 54,59 abB 308,10bB 72,50aB

1 RFAt

= radiação fotossinteticamente ativa transmitida; % Trans. = percentual de transmissão.

2 Médias com letras minúscula iguais na coluna não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade

de erro; Médias com letras maiúscula iguais nas linhas não diferem entre si ao nível de 5% de erro.

Conforme discutido no Capitulo II, os valores de RFA e percentual de

transmissão não diferiram estatisticamente entre os sistemas agroflorestais

avaliados, diferindo em função do tratamento testemunha, ou seja, pleno sol.

(Tabela 4).

A produção de MS de azevém não diferiu tanto entre os sistemas, quanto sob

as espécies florestais eucalipto e canafístula, e pleno sol. No sistema linha a

produção de MS de azevém apresentou diferença significativa quando cultivado sob

canafístula e eucalipto em relação a pleno sol. Sob as espécies florestais o

rendimento de MS de azevém foi aproximadamente 77% do rendimento observado

em pleno sol (Tabela 5).

58

Tabela 5 – Produção de matéria seca acumulada (kg ha-1

) de azevém cultivado em sistemas agroflorestais e em pleno sol. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012.

Pleno sol

Espécies Florestais

Canafístula Eucalipto

Sistema linha 2324,09 aA 1724,08 bA 1773,98 bA Sistema faixa 2195,84 aA 2204,84 aA 2392,87 aA

1° corte (26/6) 70,26 dA 204,10 dA 160,43 eA 2° corte (12/7) 136,80 dB 268,88 dB 709,87 eA 3° corte (27/7) 2109,00 cA 1151,82 cB 1172,49 dB 4° corte (09/8) 1734,68 dA 2345,54 bA 2365,93 cA 5° corte (23/8) 3137,71 bA 3676,50 aA 3722,49 bA 6° corte (06/9) 6371,33 aA 4139,92 aB 4369,30 aB

C.V (%) 21,0 1Médias com a mesma letra minúscula nas linhas não diferem entre si ao nível de 5% de

probabilidade de erro. Médias com a mesma letra maiúscula nas colunas não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Kirchner et al., (2010) estudando o desempenho de gramíneas hibernais no

sub-bosque de Pinnus taeda, com 14 anos de idade, e 14 metros de estatura, com

30 e 60% de sombreamento, observaram que o azevém foi a espécie mais produtiva

em ambos os níveis de luminosidade, em relação a aveia.

Mesmo não havendo diferença significativa no primeiro corte, observa-se que

nos SAFs o azevém produziu cerca de 60% mais MS sob canafístula, e 55% sob

eucalipto quando comparado ao pleno sol (Tabela 5). Na avaliação seguinte, a

produção de MS de azevém sombreado por eucalipto foi 80% maior do que a

produção no sistema sem restrição luminosa. Na terceira data de avaliação ocorreu

considerável incremento no rendimento de MS, que pode ter sido ocasionado pela

primeira aplicação de uréia, ocorrida em 20/06.

O mesmo não ocorreu depois da segunda aplicação de uréia, em 10/08, pois

no quinto corte todas as médias foram semelhantes. No sexto corte há redução no

acúmulo de MS de azevém no SAFs. A cultura do azevém não apresentou sintomas

visuais de deficiência de N durante o período experimental. A produção de MS de

azevém ajustou-se ao modelo quadrático de regressa para pleno sol, canafístula e

eucalipto (Figura 6).

59

Figura 6 - Produção de matéria seca acumulada (kg ha

-1) de azevém cultivado em sistemas

agroflorestais e em pleno sol. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012.

A variação da produção de MS de azevém entre os sistemas avaliados pode

ser relacionada à quantidade e qualidade da radiação que incide sob o estrato

inferior de um SAFs, que poderá interferir na morfogênese na cultura anual, fazendo

com que esta sofra uma aclimatação ao ambiente, modificando a morfologia da

planta para melhor aproveitamento luz solar.

Outro fator que pode explicar as diferenças nos valores de produção de MS é

em relação à rota de assimilação da espécie que está vegetando o sub-bosque. O

azevém é uma gramínea com rota de assimilação de CO2 do tipo C3, e essas

espécies são mais tolerantes ambientes sombreados, podendo manter sua produção

semelhante ao cultivo em pleno sol. Isso, explica-se porque esses vegetais

necessitam entre 25 a 50% de luz solar plena para atingir o ponto de saturação

luminosa (TAIZ; ZEIGER, 2013).

Essa aclimatação, também permite que a planta produza MS no ambiente

sombreado. De acordo com Garcez Neto et al., (2010), entre as modificações

morfológicas que interferem na quantidade de MS produzida, destaca-se a área e

orientação da lâmina foliar, o comprimento do colmo, o número de folhas e a relação

lâmina/colmo.

A terceira é em função da adubação nitrogenada que foi aplicada em

cobertura. Segundo Pacciullo et al., (2007) o aumento da produção de MS em

função da adubação nitrogenada está diretamente relacionado aos níveis de

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

0 1 2 3 4 5 6

Polinômio (Pleno Sol) Polinômio (Canafístula) Polinômio (Eucalipto)

Pro

dução d

e M

S

Cortes

Pleno sol Canafístula Eucalipto

Pleno sol = 242.12x2 - 548.16x + 506.37 R2 = 0,92

Canafístula = 67.594x2 + 415.29x - 514.23 R2 = 0,96

Eucalipto = 72.547x2 + 385.76x - 367.05 R2 = 0,98

60

sombreamento. Porém os resultados são mais evidentes em solos com baixa

concentração deste nutriente.

Conforme Carvalho et al., (2002) em níveis moderados de sombra, o

crescimento da gramínea cultivada em sub-bosque, poderá ser até maior do que em

pleno sol, devido ao aumento da disponibilidade de N no solo.

Há também a questão sobre a estabilidade da matéria orgânica (M.O) do solo,

visto que a mineralização da M.O resulta na liberação dos nutrientes essenciais às

plantas. Em SAFs cultivam-se mais de uma espécie associadas em uma mesma

área, permitindo que diferentes estratos do solo sejam explorados em função dos

tipos e tamanho das raízes das culturas que o compõe, além das diferentes fontes

de M.O existente.

A queda de material senescente e as raízes das árvores podem contribuir no

aumento de M.O do solo em SAFs. Desta maneira, poderá ocorrer a disponibilização

de nutrientes que estão em camadas mais profundas do solo, assim como

incremento em M.O através material depositado pelas árvores, refletindo na

produção da cultura anual que compõe o sistema. De acordo com Xavier et al.,

(2003) e Silva et al., (2012) os efeitos da ciclagem de nutrientes em SAFs, ficam

mais evidentes quando a espécie florestal utilizada é uma leguminosa que possui a

capacidade de fixar nitrogênio da atmosfera.

Os SAFs promovem maior produção de biomassa aérea e subterrânea,

favorecendo a manutenção da fertilidade do solo por meio de uma ciclagem mais

eficiente de nutrientes (ALVES et al., 2011). Além disso, o uso de SAFs propicia

condições mais favoráveis para a atividade dos micro-organismos, resultante do

maior aporte de M.O desses solos (PEZARICO et al., 2013).

A presença de leguminosas arbóreas no sistema de produção pode tornar o

processo de decomposição da serrapilheira mais rápido, em função da baixa relação

C/N que favorece a atividade dos micro-organismos e acelera a decomposição e

mineralização dos nutrientes.

Esse fato não pôde ser constatado no presente estudo, visto que, a produção

de MS de azevém cultivado sob canafístula, que é uma espécie leguminosa, foi

semelhante ao produzido no sub-bosque de eucalipto (Tabela 5).

Observando os valores de produção de MS do azevém, observa-se que, ao

longo do ciclo experimental, o rendimento sob as espécies florestais na sua maioria

são semelhante aos valores em pleno sol (Tabela 5). Dessa forma podemos sugerir

61

que a restrição luminosa também não prejudicou a produção de MS do azevém

cultivado em sub-bosque das espécies florestais.

Segundo Pedroso (2002) quando a pastagem de azevém atingir produção de

MS de aproximadamente, 1500 kg de MS ha-1 estará estabelecida, pronta para

cortes ou receber os animais para pastejo, sem afetar a estrutura das plantas.

Sendo assim, observa-se que a produção considerada ideal de MS de

azevém no sub-bosque das espécies canafístula e eucalipto ocorreram a partir do

terceiro corte, ou seja, próximo do 55° dia após a semeadura, discordando de Conto

et al., (2011) que afirmam que, em sistemas tradicionais de cultivo, deverá estar

estabelecida aos 60 dias. Logo, o azevém avaliado nesse estudo, em ambientes

com aproximadamente 30% de redução da luminosidade, atendeu o tempo sugerido

para estabelecimento da pastagem.

Em pleno sol o estabelecimento da pastagem de azevém ocorreu mais cedo,

a partir do segundo corte, próximo do 40° dia após a semeadura (Tabela 5). Esses

resultados interferem no tempo de utilização da pastagem, pois considerando que o

término do ciclo de crescimento e de desenvolvimento do azevém ocorreu

simultaneamente no SAFs e em pleno sol, o tempo de utilização desta forrageira

será de 15 dias a menos no SAFs em relação ao pleno sol.

Em ambos os sistemas de produção avaliados, faixa e linha, o total de MS

acumulada de azevém é satisfatório para que esta espécie possa ser usada em

SAFs, pois os valores são semelhantes aos encontrados na literatura para a cultura

em sistemas tradicionais, ou seja, é uma alternativa de forrageira para ser usadas

em ambientes sombreados.

Os valores de produção acumulada de MS de azevém observados em todos

os tratamentos, são semelhantes ao valor observados por Tonetto et al., (2011), que

foi de 4,9 t ha-1 de MS de azevém cv. Comum, em sistema tradicional de cultivo,

visando duplo propósito, submetidos a cinco cortes e superior ao observado por

Mittelmann et al., (2010) que observaram produção acumulada de MS de azevém

cv. Comum de 3,0 t ha-1, submetidos a cinco cortes.

O sucesso de um SAFs não está em na avaliação de um único fator ou

componente e sim, na interação destes que contribuem para que os sistemas sejam

produtivos nas condições avaliadas, ou seja, conforme demonstrado e discutido, as

condições nos sistemas estudados não limitaram a produção de MS de azevém e a

concentração de PB do mesmo.

62

4.6 Conclusões

A restrição luminosa imposta pelas copas de eucalipto e canafístula,

independente do sistema, faixa ou linha, não limitaram a produção de MS e

influenciaram o teor de PB de azevém.

Os rendimentos de MS apresentados, assim como a os teores de PB

satisfazem em quantidade e qualidade para a utilização desta espécie como

alternativa forrageira em sistemas agroflorestais.

4.7 Referências

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65

5 CAPÍTULO IV

ÁREA FOLIAR ESPECÍFICA E ANATOMIA DE FOLHAS DE Lolium

multiflorum Lam cv. Comum CULTIVADO EM SUB-BOSQUE DE

ANGICO-VERMELHO E CANAFÍSTULA

5.1 Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar a área foliar específica (AFE) e anatomia de folhas de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum, com a finalidade de caracterizar a aclimatação desta forrageira em resposta a diferentes condições luminosas. O experimento foi conduzido em um sistema agroflorestal (SAF) implantado há cinco anos em Frederico Westphalen, RS. O delineamento experimental utilizado foi bloco ao acaso no esquema split splot, com três repetições, entre junho e setembro de 2012. As espécies florestais, angico-vermelho e canafístula, foram distribuídas em renques, espaçados em seis metros cada, sendo que os tratamentos foram azevém anual semeado no sub-bosque das espécies florestais e em pleno sol. A radiação fotossinteticamente ativa transmitida (RFAt) no SAF e a radiação fotossinteticamente ativa incidente (RFAi) em pleno sol, foram medidas para fins de caracterização das condições luminosas. A AFE foi estimada com auxílio de um integrador de área foliar. Para avaliar o efeito do sombreamento sobre a anatomia de folhas de azevém anual, foram coletadas amostras de lâminas foliares totalmente expandidas. Após o preparo do material botânico, foi realizada secção transversal com auxílio de um micrótomo de rotação, tendo sido realizadas medições do mesofilo e espessura da parede periclinal externa na epiderme de ambas as faces da folha. Para estimar a densidade estomática, foram confeccionadas lâminas semipermanentes através da técnica de impressão da epiderme. A contagem foi realizada através da projeção do campo de visão conhecido do microscópio marca Bioval modelo 1000. Esse procedimento foi repetido para ambos as faces da folha. Utilizaram-se as mesmas lâminas para determinar o tamanho dos estômatos (μm). A morfometria foi realizada com auxílio de uma ocular micrométrica de um microscópio marca LEICA modelo DM1000. Não houve diferença significativa entre a RFAt para as espécies florestais, angico-vermelho e canafístula. A AF do azevém, foi maior sob sombreamento das espécies florestais em relação ao pleno sol. A espessura do mesofilo, bem como a espessura da parede periclinal externa, incluindo a cutícula, foi maior em folhas de pleno sol em relação às sombreadas. O tamanho dos estômatos na face adaxial de folhas de azevém foi maior em sombreamento, enquanto que na face abaxial não diferiram. Já a densidade estomática diferiu em ambas as faces da folha. Na face adaxial a densidade foi maior em folhas sob sombreamento. Na face abaxial a

66

densidade foi maior em folhas que cresceram em pleno sol. Diante dos resultados verificou-se que algumas características estruturais das folhas de Lolium multiflorum Lam cv. Comum, são influenciadas pela luminosidade. Palavras-chave: Aclimatação. Azevém. Sistema agroflorestal. Sombreamento.

5.2 Abstract

The aim of this study was to evaluate the specific leaf area (SLA) and anatomy

of leaves of Lolium multiflorum Lam cv. Common with the purpose of characterizing

this forage acclimation in response to different lighting conditions. The experiment

was conducted in an agroforestry system (AFS) implanted five years ago in Frederico

Westphalen, RS. The experimental design was in randomized block in split splot

scheme, with three replications, between June and September 2012. Forest species,

Angico Vermelho and Canafístula were distributed in rows, spaced six feet each one,

and the treatments were annual ryegrass in the understory of the forest species and

in full sun. The photosynthetically active radiation transmitted (PARt) in SAF and

photosynthetically active radiation incident (PARi) were measured in full sun for the

purpose of characterization of lighting conditions. The AFE was estimated with the

assistance of an integrator of leaf area. To evaluate the effect of shading on the

anatomy of leaves of annual ryegrass, samples of fully expanded leaf blades were

collected. After preparing the botanical material, cross sectioning was performed with

assistance of a rotary microtome, measurements of mesophyll and periclinal wall

thickness of the outer epidermis of both surfaces of the leaf have been made. To

estimate the stomatal density, semi-permanent slides were prepared using the

technique of epidermis printing. Counting was performed by projecting the field of

view known of the microscope brand Bioval 1000 model. This procedure was

repeated for both sides of the leaf. The same slides were used to determine the size

of the stomata (μm). The morphometry was performed using an ocular micrometer in

a microscope LEICA DM1000 model. There was no significant difference between

PARt for forest species, Angico Vermelho and Canafístula. The FA ryegrass was

higher under shade of tree species in relation to full sun. The thickness of the

mesophyll and the thickness of the outer periclinal wall, including the cuticle, was

higher in leaves of full sun compared to shaded. The size of the stomata on the

adaxial surface of leaves of ryegrass was higher in shade, whereas on the abaxial

did not differ. The stomatal density differ in both sides of the leaf. Adaxially density

was higher in leaves under shade. On the abaxial surface density was higher in

leaves grown in full sun. With the results it was found that some structural features of

leaves of Lolium multiflorum Lam cv. Common are influenced by light.

Keywords: Acclimation. Ryegrass. Agroforestry system. Shading.

67

5.3 Introdução

Os sistemas agroflorestais podem ser usados como alternativa lucrativa de

exploração às grandes e pequenas propriedades rurais, pois permitem serem

adaptados às características de cada local. Este tipo de manejo tem destaque em

função de sua importância no desenvolvimento de áreas agrícolas, revertendo em

melhor uso da terra, buscando não somente o aumento da produtividade, mas

também melhorias dos aspectos ambientais e socioeconômicos da população.

Para ser um sistema agroflorestal deve haver a presença de pelo menos uma

espécie arbórea, ou lenhosa associada com cultivo de interesse agrícola, com ou

sem a presença de animais (DANIEL et al.; 1999). Assim, permite que o produtor

tenha mais de um produto comercial em uma mesma área, aumentando a renda da

propriedade, podendo preservar o meio ambiente em que está inserido e ainda,

contribui para diminuir o risco de perda da produção.

Outro fator de grande relevância é a escolha da espécie que será implantada

no sub-bosque. Esta deve ter como característica a manutenção do seu

desempenho produtivo em condições de sombreamento moderado ou até mesmo

intenso, pois este pode ter efeito sobre o crescimento, desenvolvimento, a

produtividade e qualidade dessas plantas. Gramíneas que apresentam tolerância a

ambientes de sombreamento, podem manter sua produção semelhante ao cultivo

em pleno sol (SOUSA et al., 2009).

O azevém anual (Lolium multiflorum Lam.) é, dentre as Poaceae de estação

fria, a espécie mais utilizada por pecuaristas do Rio Grande do Sul, para compor as

pastagens nesse período. Essa forrageira possui elevado potencial produtivo de

matéria seca, além da alta qualidade e da facilidade de manejo. Segundo Varella et

al. (2008) o azevém possui tolerância média ao sombreamento podendo, portanto

ser usado em sistema agroflorestal.

Para se atingir o máximo de rendimento forrageiro e sua manutenção ao

longo do tempo é fundamental conhecer a morfologia, fisiologia e principalmente

como a espécie influenciada e/ou reage frente diferentes condições de cultivo.

Plantas que se desenvolvem em ambientes específicos, tal como sistemas

agroflorestais, que proporcionam certa limitação em relação à luz, podem apresentar

68

diferenças nas características morfológicas, principalmente das folhas, devido à

aclimatação a essa condição. Entre as modificações morfológicas que podem

ocorrer em ambientes com baixa luminosidade e que interferem na quantidade e

qualidade da forragem, pode-se destacar a área foliar (AF), área foliar específica

(AFE) e o número de folhas e a relação folha/colmo (GARCEZ NETO et al., 2010).

Em ambientes sombreados as plantas tendem a possuir maior área foliar

específica, que eleva a capacidade de captação de luz disponível. Esse aumento

está diretamente relacionado à aclimatação que esta planta sofre, permitindo que

esta cresça em ambientes de baixa luminosidade (GOBBI et al., 2011).

De acordo com Lin et al. (1999) as mudanças ambientais causadas pelo

sombreamento provocam alterações morfológicas nas espécies que estão

vegetando sob a copa das árvores. Nobel (1980) em estudos com gramíneas

subtropicais, que possuem metabolismo C3, mostrou que o fator ambiental que,

isoladamente, mais influencia na anatomia foliar, é a quantidade de RFAi durante o

ciclo de desenvolvimento da folha.

As folhas que se desenvolvem em pleno sol comumente são mais espessas

que as folhas de sombra e, essas modificações ocorrem de maneira irreversível já

no surgimento do primórdio foliar (ESAU, 1965; TAIZ; ZEIGER, 2013) onde a divisão

celular e consequente desenvolvimento podem ser afetados tanto por quantidade

quanto qualidade de luz (CUTTER, 2002).

Os estômatos têm como principal função as trocas gasosas entre a planta e o

ambiente, podendo variar quanto ao número, posição e forma. Em folhas

paralelinérveas de Poaceae, as células estomáticas são, normalmente, em forma de

halteres, podendo variar a posição e a densidade em função do ambiente (GLÓRIA

et al., 2005).

A verificação das modificações que ocorrem na planta, em função da

aclimatação ao local de produção onde há sombreamento, auxilia na seleção de

espécies forrageiras adequadas para o uso em sistemas agroflorestais.

Neste contexto, avaliou-se neste estudo, a área foliar específica e as

características anatômicas de folhas totalmente expandidas de azevém com o

objetivo de caracterizar a aclimatação desta espécie, em resposta a diferentes

condições luminosas.

69

5.4 Material e Métodos

O experimento foi conduzido em uma área situada próximo a Universidade

Federal de Santa Maria, campus Frederico Westphalen, latitude 27º23”26”S;

longitude 53º25’43” e altitude 461,3 m, que possui instalado um sistema agroflorestal

há cinco anos. O solo da área experimental é classificado como Neossolo litólico

eutrófico típico pouco profundo, com afloração de rochas e razoável fertilidade

natural (CUNHA et al., 2011).

Segundo a classificação climática de Köppen, o clima da região é Cfa, ou

seja, subtropical úmido com temperatura média anual de 19,1 °C, variando com

máxima de 38 e mínimo de 0 °C. Iraí, distante aproximadamente 30km de Frederico

Westphalen, é o município tomado como referência para os dados de classificação

climática. Conforme proposta de MALUF (2000), Iraí apresenta clima de tipo

subtropical subúmido, sendo a temperatura média anual de 18,8 °C e temperatura

média do mês mais frio de 13,3 °C.

O estudo foi conduzido em delineamento experimental blocos ao acaso, com

três repetições, entre junho e setembro de 2012. Para compor os tratamentos o

azevém anual (Lolium multiflorum Lam. cv. Comum) foi semeado em três ambientes,

em termos de irradiância: radiação solar plena, tratamento sem espécies florestais;

sombreamento com angico-vermelho (Parapiptadenia rígida), com presença de

renques de angico-vermelho; e sombreamento com canafístula (Peltophorum

dubium), com presença de renques de canafístula. As parcelas com área útil de 20

m² (Apêndice G). As espécies florestais foram distribuídas em cinco renques,

separados por 6,0 m cada.

A adubação de base foi de 500 kg ha-1 da fórmula NPK 04-24-12, e a

quantidade de nitrogênio, na forma de uréia, foram de 20 kg ha-1 na semeadura,

conforme necessidades indicadas na análise de solo da área (Anexo 1). A

semeadura ocorreu em 01/06/2012, de forma manual e a lanço, com densidade de

40 kg ha-1 de sementes, valor corrigido conforme pureza e germinação da semente.

A adubação nitrogenada de cobertura foi realizada com aplicação de 80 kg ha -1 de

uréia, fracionada em duas aplicações, 20/07/2012 e 10/08/2012.

70

A radiação fotossinteticamente ativa transmitida (RFAt) no sistema

agroflorestal e a radiação fotossinteticamente ativa incidente (RFAi) em pleno sol,

foram medidas para fins de caracterização das condições luminosas. Para isso foi

utilizado um Porômetro de Equilíbrio Dinâmico modelo LICOR-LI1600. As leituras

foram feitas a cada quinze dias durante o período da emergência ao florescimento

do azevém entre as 9:00 e 11:00 horas. No sub-bosque as medidas foram

realizadas a 1,0 m de distância das árvores e no topo do dossel do azevém. No

pleno sol as medidas foram feitas no topo do dossel do azevém.

O efeito do sombreamento foi quantificado por meio de avaliações da área

foliar específica (AFE) e na anatomia foliar do azevém anual. Para determinar a AFE

(área de folha (cm2) /massa de folha(g)) utilizou-se um Integrador de Área Foliar

modelo LI3000. Para isto, foram selecionadas três plantas inteiras e separadas

todas as folhas e determinado à área foliar (AF). Após as lâminas foram levadas à

estufa de ventilação forçada a 65 °C até massa constante. Posteriormente, esse

material foi pesado novamente para se determinar o peso seco. Com esses valores

determinou-se a AFE.

Para as avaliações anatômicas foram coletadas amostras de folhas de

azevém, totalmente expandidas. O material foi fixado em formaldeído 3,7% e em

solução tampão de fosfato de sódio 0,1 M com pH 7,2 e foi submetido a vácuo. Após

a retirada do vácuo, o material botânico, foi lavado em tampão fosfato de sódio 0,1M

pH 7,2 duas vezes de 15 minutos cada etapa. Após, foi lavado em duas etapas,

sendo cada uma durante 15 minutos cada. Em seguida foi feita lavagem em

Tween20 (2ml.L-1), durante cinco dias, trocando a solução duas vezes ao dia.

Posteriormente, realizou-se a desidratação em série etílica, com álcool etílico (10;

30; 50; 70 e 100%). O material foi pré-infiltrado com uma solução de

hidroxietilmetacrilato (GERRITS; SMID, 1983) e etanol absoluto durante 12h,

seguido de infiltração em hidroxietilmetacrilato puro por cerca de 12h e emblocado

com esta resina em suporte de Teflon até sua polimerização (GERRITS; SMID,

1983). As secções, nas espessuras de 3 a 4µm, foram feitas em micrótomo de

rotação Leica RM2245. O corante padrão utilizado foi Azul de Toluidina 0,05%. As

observações foram realizadas em microscópio Leica DM1000 e as foto micrografias

foram realizadas em microscópio Leica DM2000 com câmera digital de imagem DFC

295 com software LAS para captura. Foram estabelecidas que a partir da nervura

71

central, seriam realizadas as medições do mesofilo e da cutícula, sempre na face

adaxial da epiderme foliar.

Para estimar a densidade estomática (número de estômatos/mm2) foram

confeccionadas lâminas semipermanentes através da técnica de impressão da

epiderme, que consistiu em colocar uma gota de adesivo instantâneo universal

(éster de cianoacrilato) sobre uma lâmina de vidro, onde a região de interesse da

folha foi pressionada sobre a lâmina, por 30 segundos, tempo necessário para que o

adesivo espalhasse e secasse suficientemente, permitindo a separação da folha de

azevém da lâmina e a manutenção da impressão da epiderme. A contagem foi

realizada através da projeção do campo de visão conhecido do microscópio marca

Bioval modelo 1000. Esse procedimento foi repetido para ambos os lados da folha.

Utilizaram-se as mesmas lâminas para determinar o tamanho dos estômatos (μm). A

morfometria foi realizada com auxílio de uma ocular micrométrica de um microscópio

marca LEICA modelo 1000.

As variáveis respostas foram submetidas à análise de variância, sendo as

médias comparadas entre si pelo teste de Dunnett, ao nível de 5% de probabilidade

de erro.

5.5 Resultados e Discussão

A radiação fotossinteticamente ativa transmitida (RFAt) apresentou

tendências semelhantes em função das copas das espécies florestais, angico-

vermelho e canafístula, havendo diferença apenas em relação a radiação

fotossinteticamente ativa incidente (RFAi) em pleno sol (Figura 1A).

Os valores de RFAi em pleno sol variam entre 363 a 1146 µmol cm2 s-1, a

RFAt em angico-vermelho foram entre 190 a 360 µmol cm2 s-1, e entre 223 a 514

µmol cm2 s-1 para canafístula. Dessa forma podemos dizer que o tipo de copa

formada por essas espécies transmitiram entre 40 a 70%, aproximadamente, de

RFAi em pleno sol para o sub-bosque do sistema agroflorestal, durante o período

experimental (Figura 1B). Esses valores confirmam a proposta de Larcher (2000)

72

que diz que, o fluxo de RFA diminui à medida que atravessa o dossel estratificado

de um sistema agroflorestal.

Para Garcez Neto et al. (2010) estas pequenas variações podem dificultar o

manejo da espécie que compõe o sub-bosque pois, tornam o sistema agroflorestal

muito heterogêneo em relação ao sistema tradicional, sem presença de árvores.

Figura 7 - Radiação fotossinteticamente ativa transmitida em diferentes sistemas agroflorestais, radiação fotossinteticamente ativa incidente em pleno sol (A) e percentual de transmissão (B) em sub-bosque de angico-vermelho e canafístula e pleno sol. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012.

No sistema agroflorestal observa-se que a redução na luminosidade

ocasionada pela presença das espécies florestais, angico-vermelho e canafístula,

promoveu um aumento na área foliar específica (AFE) do azevém cultivado no sub-

bosque (Figura 8). Os valores de AFE nesses sistemas foram maiores em

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

12-Jul 27-Jul 09-Ag 23-Ag 06-Set

sol Angico Canafístula

0

20

40

60

80

100

12-Jul 27-Jul 09-Ag 23-Ag 06-Set

Angico Canafístula

Perc

. de t

rasm

. (%

)

(B)

Datas de avaliação

RF

At e

RF

Ai (µ

mol cm

2 s

-1)

(A)

73

aproximadamente 20% e 30% para canafístula e angico-vermelho, respectivamente,

em relação a pleno sol.

De acordo com Voltolini; Santos (2011) plantas desenvolvidas em ambientes

sombreados costumam apresentar maior AFE em relação a plantas de sol pleno.

Dessa forma a planta compensa a menor quantidade de RFA de ambientes com

baixa luminosidade, podendo aumentar a captação da luz que chega ao estrato.

Figura 8 – Área foliar específica (AFE) de folhas de Lolium multiflorum Lam cv. Comum cultivado em sub-bosque de angico-vermelho, canafístula e em pleno sol. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012.

É possível relacionar o aumento da AFE de azevém cultivado no SAFs com o

tamanho dos espaços intercelulares. Observando a Figura 9 fica evidente que, as

folhas de azevém que se desenvolveram nesse tipo de ambiente, que possui

restrição quanto à luminosidade, possuem espaços intercelulares maiores em

relação às folhas que se desenvolveram em pleno sol.

Os resultados observados nesse estudo em relação ao aumento da AFE do

azevém em função do sombreamento, concordam com Garcez Neto et al. (2010)

que observaram que a AFE de azevém perene foi maior sob diferentes níveis de

sombreamento artificial em relação ao ambiente sem sombra, afirmando que

sombreamentos entre 25 e 50% proporciona maiores condições de aclimatação

morfológica para compensar a restrição luminosa.

212.79b

302.54a

264.62a

0

50

100

150

200

250

300

350

Pleno Sol Angico Canafístula

AF

E (c

m2 g

-1 fo

lha)

74

Figura 9 – Aspecto geral mesofilo de folha de azevém cultivado em pleno sol (A) e em sub-bosque de

angico-vermelho (B) e canafístula (C). UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012. Asteriscos

indicam espaços intercelulares. Setas vermelhas indicam estômatos. Figuras amarelas indicam

cloroplastos.

100 µm

A

*

B

100 µm

* *

C

100 µm

* *

75

Essa aclimatação sugere uma melhora em relação à fotossíntese do azevém

nesse tipo de ambiente, concordando, assim com Lambers et al. (1998) que afirmam

que o aumento em AFE melhora a capacidade fotossintética das folhas sombreadas.

Alterações morfológicas importantes, tanto quantitativas quanto qualitativas,

ocorreram nas folhas de azevém em função do sombreamento provocado pela

presença das espécies angico-vermelho e canafístula no ambiente de produção.

A variável espessura do mesofilo, quando comparada, não diferiu

estatisticamente na condição de sombreamento, gerado por ambos os tipos de copa

de angico-vermelho e de canafístula, porém diferiu estatisticamente quando tal

variável foi comparada entre aqueles indivíduos cultivados na sombra em relação à

testemunha, sendo o mesofilo mais espesso na ultima condição (Tabela 6).

De forma complementar, se indica que o mesofilo em sub-bosque de angico-

vermelho foi 13%, e em sub-bosque de canafístula foi 16% menos espesso,

respectivamente, em relação ao pleno sol. A característica espessura do mesofilo

em folhas de azevém cultivado em sub-bosque, não foi afetada pelo aumento dos

espaços intercelulares nesse ambiente (Figura 9).

Tabela 6 – Espessura de mesofilo, espessura cutícula + PPE, tamanho de estômato e densidade estomática em Lollium multiflorum Lam. cv. Comum em pleno sol e sombreamento. UFSM, campus Frederico Westphalen, RS, 2012.

Medidas anatômicas (μm)

Pleno Sol Espécie Florestal

C.V (%) Angico Canafistula

Espessura mesofilo 21,45 a 18,62b 17,93b 19,63

Face Adaxial

Espessura PPE + cutícula 4,53a 1,01c 2,38b 19,50 Tamanho estômato 1,18b 1,53a 1,60a 13,11 Densidade estomática 20,0c 59,08a 46,25b 17,25

Face Abaxial

Tamanho estômato 5,26b 5,80a 5,42a 9,45 Densidade estomática 24,16a 15,16b 17,35b 12,82 1PPE + cutícula = espessura da parede periclinal externa + cutícula.

2Médias com a mesma letra minúscula na linhas não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade

pelo teste de Dunnett.

De acordo com os dados apresentados na Tabela 6, ocorreu a diminuição da

espessura do mesofilo de folhas de azevém nas condições de sombreamento

avaliada neste estudo, quando comparados a pleno sol (Tabela 6). Não foram

verificadas diferenças na espessura de mesofilo da folha do azevém sob as duas

76

espécies florestais. Esse recurso é uma estratégia da espécie para melhor

aproveitar a quantidade de RFA que atinge o estrato inferior de um SAFs.

As folhas que se desenvolvem em sol pleno, tendem ser mais espessas em

relação às folhas que se desenvolveram sob algum grau de sombreamento. Essa

característica pode estar relacionada ao fato de que essas folhas possuem as

células do mesofilo maiores em decorrência da aclimatação sofrida pela planta ao

ambiente (TAIZ; ZEIGER, 2013).

A espessura da parede periclinal externa + cutícula diferiu entre o ambiente

sombreado e pleno sol (Figura 10). Embora, significativamente, não houve diferença

entre o percentual de transmissão da RFAt para o sub-bosque das espécies

florestais (Figura 7), a quantidade de radiação a mais sob canafístula, em relação ao

angico-vermelho, foi suficiente para expressar diferença na espessura da cutícula da

epiderme das folhas de azevém que se desenvolveram sob essas espécies (Tabela

6).

A parede periclinal externa + cutícula das folhas de azevém em pleno sol

foram aproximadamente, 80% maior em relação às folhas sombreadas por angico-

vermelho, e 50% maior que as folhas sob canafístula, ou seja, quanto maior for à

quantidade de RFA que incide sobre a folha maior é a espessura da cutícula (Tabela

6).

Essas diferenças são relevantes, pois a cutícula é uma camada que faz parte

do complexo estrutural de revestimento nas plantas, evitando efetivamente perdas

de água. Externamente à camada cuticular é usual o depósito de ceras

epicuticulares que também se tornam parte do sistema de revestimento e isolamento

vegetal. Segundo Taiz; Zeiger (2013) folhas de sol apresentam uma camada mais

espessa de cutícula em relação às folhas de sombra. No presente estudo não foi

observado maior espessamento cuticular, e sim maior espessamento da parede

periclinal externa e passou por processo de cutinização.

O tamanho dos estômatos apresentou diferença significativa entre o SAF

quando comparado ao pleno sol em ambas as faces da folha de azevém. Na face

adaxial, os estômatos foram 30% maiores quando submetidos ao sombreamento em

relação ao ambiente sem presença de árvores. Na face abaxial a diferença de

tamanho dos estômatos foi de 10% no SAF em relação em relação ao pleno sol.

77

Figura 10 – Detalhe da epiderme de folha de azevém cultivado em pleno sol (face adaxial – A; face

abaxial – B) e no sub-bosque de angico-vermelho (face adaxial – C; face abaxial – D) e canafístula

(face adaxial – E; face abaxial – F). UFSM campus Frederico Westphalen, RS, 2012. Setas negras

indicam parede periclinal externa e cutícula. Setas vermelhas estômatos. Asteriscos indicam espaços

intercelulares. Câmara subestomática = cs.

*

A

50 µm

cs

50 µm

*

cs

B

C

50 µm

cs

50 µm

D

*

cs

E

50 µm

*

cs

50 µm

F

*

78

Esse aumento no tamanho dos estômatos, nas duas faces das folhas de

azevém que se desenvolveram sob sombreamento pode estar relacionado com a

possível elongação das células que compõe o complexo estomático.

Os resultados indicam que, podemos sugerir que, devido à aclimatação, há

uma relação positiva entre AFE e o tamanho dos estômatos X ambiente, pois ambas

as características aumentaram com a diminuição da RFA causada pela presença

das espécies florestais (Tabela 6). Rossatto et al. (2009) relacionam um aumento na

condutância estomática com o aumento dos níveis de intensidade luminosa.

A densidade estomática (número de estômatos/mm2) diferenciou em ambos

os lados da folha de azevém cultivado sob as espécies florestais, angico-vermelho e

canafístula, em relação ao pleno sol, afirmando que também há influência do

ambiente sobre esta característica.

O número de estômatos na face adaxial da epiderme do azevém foi 66%

superior em folhas de azevém sombreadas por angico-vermelho em relação ao

pleno sol. Sob sombreamento de canafistula esta relação foi superior em 56% em

relação ao pleno sol (Tabela 6).

Na face abaxial ocorreu o inverso, a densidade estomática foi 37% e 28%

maior nas folhas de pleno sol em relação às espécies florestais, angico-vermelho e

canafístula, respectivamente (Tabela 6). Dessa forma, pode se dizer que em

ambientes sombreados os estômatos situam-se em maior quantidade na epiderme

superior da folha, enquanto que em pleno sol estão alocados em maior numero na

epiderme inferior. Esse aumento do número de estômatos nas folhas sombreadas

pode contribuir para melhorar absorção do CO2 e consequentemente melhorar a

taxa fotossintética em folhas sombreadas.

De acordo com Batagim et al. (2009) existe uma tendência em aumentar a

densidade estomática em folhas que se desenvolveram em condições de

sombreamento. Gobbi et al. (2011) observaram que a densidade estomática diminui

com o aumento da luminosidade, sendo que a densidade é maior na face adaxial de

braquiária e amendoim-forrageiro submetido a diferentes níveis de sombreamento.

Os ambientes sombreados proporcionam um microclima mais ameno em

relação ao pleno sol, logo, as plantas se organizam para aumentar a eficiência das

trocas gasosas. A menor incidência de radiação solar é um dos fatores que pode ter

provocado essa mudança de posição e na quantidade de estômatos nas faces das

folhas que se desenvolveram na sombra em relação às de sol. Esses resultados

79

caracterizam as folhas de azevém que se desenvolveram em pleno sol como sendo

anfihipoestomática, enquanto que as folhas que cresceram em sombreamento são

anfiepistomáticas.

A maior densidade estomática na face adaxial das folhas de azevém, que

cresceram no sub-bosque das espécies florestais, permite que a planta seja mais

eficiente nas trocas gasosas e que a fotossíntese não seja limitada em função do

ambiente. Segundo Larcher (2000) as características estomáticas estão

relacionadas à espécie, porém podem ser alteradas em função da aclimatação as

condições ambientais.

A maior densidade estomática melhora a troca de gases por períodos longos,

porém em períodos curtos o que influência a troca gasosa é a abertura e

fechamento dos estômatos (SHULUTER et al., 2003).

Comparando as faces da epiderme da folha de azevém que se

desenvolveram em sombreamento e as folhas de pleno sol, observa-se que, na face

adaxial, a maior densidade estomática não interfere no tamanho dos estômatos, pois

pode ter sido compensado pela AFE maior, quando comparados ao pleno sol (Figura

9). Essa característica pode estar relacionada à estratégia adaptativa das espécies

ao ambiente que está inserido.

A presença das espécies florestais provocaram alterações nas condições

luminosas do ambiente de produção do azevém e provocaram ajustes no aparelho

fotossintético das folhas dessa espécie, os quais resultaram no aumento da

quantidade de cloroplastos a fim de melhorar a eficiência na absorção e

transferência de energia para os processos fotossintéticos (Figura 9 e Figura 10).

Segundo Taiz; Zeiger (2013) esse atributo é comum em plantas cultivadas nesses

ambientes, e está relacionado à compensação à restrição luminosa através da

melhoria da capacidade fotossintética.

As características de aclimatação apresentadas pelas folhas que se

desenvolveram sob o ambiente sombreado são favoráveis, pois, dessa forma

possibilitam o cultivo do azevém em SAF.

80

5.6 Conclusões

A morfologia e a anatomia foliar de azevém são influenciadas pelas condições

do meio. As folhas que se desenvolveram no sub-bosque das espécies florestais,

angico-vermelho e canafístula, possuem maior área foliar específica em relação às

folhas que se desenvolveram em pleno sol.

O tamanho dos estômatos aumentou com a restrição luminosa, em relação ao

ambiente com luz solar plena. A densidade estomática, na face adaxial, diminuiu no

ambiente a pleno sol. Na face abaxial, a densidade é maior no ambiente de luz solar

plena.

Em pleno sol o mesofilo das folhas de azevém é mais espesso quando

comparados ao ambiente sombreado. As folhas expostas a intensa luminosidade

tendem ter uma camada de proteção mais espessa em relação a ambientes

sombreados.

5.7 Referências BATAGIN, K. D. et al. Alterações morfológicas foliares em abacaxizeiros cv. IAC “Gomo de Mel” micropropagados e aclimatizados em diferentes condições de luminosidade. Acta Botânica Brasilica, Feira de Santana, v. 23, n. 1, p. 85-92, abr./jun. 2009. CUNHA, N.G. da; et al. Estudos de Solos do Município de Frederico Westphalen, RS. Circular Técnica 116. EMBRAPA, 2011.

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83

6 DISCUSSÃO

O sucesso de um SAFs não está na avaliação de um único fator ou

componente e sim, na interação destes que contribuem para que os sistemas sejam

produtivos, tanto o estrato superior quanto o estrato inferior.

Os sistemas, faixa e linha, com os espaçamentos entre os renques das

árvores, 12 metros e 6 metros, respectivamente, são apropriados para usar em

SAFs associados com azevém, pois estes espaçamentos permitem a passagem de

RFA em quantidade suficiente para que esta espécie cresça e se desenvolva no

sub-bosque deste sistema.

A redução da luminosidade ocasionada pela presença das copas das

espécies arbóreas, canafístula e eucalipto, não influenciaram a produção de MS de

azevém. Ou seja, a interação entre os fatores correspondente as espécies,

permitiram à cultura do azevém completar o ciclo de crescimento e desenvolvimento,

e ainda produzir MS em quantidade suficiente para que possa ser utilizado como

alternativa forrageira em SAFs.

Quanto ao teor de PB produzido dentro dos SAFs foi semelhante ao

produzido em pleno sol, desta maneira, podemos considerar que a restrição

luminosa não interferiu nessa característica nutritiva da forrageira avaliada. O valor

nutritivo da forragem, independente do ambiente sob o qual as plantas foram

cultivadas, foi maior nos cortes realizados quando as plantas estavam no estádio

vegetativo, em relação à forragem cortada no início do florescimento ou em

florescimento pleno.

As alterações morfológicas e anatômicas que ocorreram nas plantas de

azevém permitem afirmar que esta espécie se aclimatou ao ambiente sombreado,

ajustando-se as modificações do microclima que estes sistemas impõem.

Visualmente foi possível observar que as plantas dentro do SAFs, possuíam

coloração verde mais intenso, em relação ao pleno sol. Essa característica pode ser

em função da maior quantidade de clorofila que a cultura que se desenvolve em

ambiente sombreado produz, para compensar a baixa quantidade de RFA.

Em nenhum momento durante a execução do experimento, a cultura do

azevém apresentou deficiência visual de nitrogênio, ou outros elementos essenciais.

84

Outra observação que pode ser notada na cultura do azevém dentro do SAFs

é o rápido crescimento inicial, e baixa produção de MS nos primeiros cortes. Esse

estiolamento é característico de plantas sombreadas. Essas plantas reduzem a

produção de MS e gastam maior quantidade de fotoassimilados para crescer em

busca da luz.

Neste trabalho não foi possível avaliar qualitativamente a RFA e outros

elementos meteorológicos, devido à falta de infraestrutura para instalação dos

aparelhos para tal. Porém os resultados obtidos são importantes informações para

produtores rurais que estão dispostos a usar os recursos disponíveis na pesquisa

para melhor explorar suas propriedades e ainda podendo deixá-las mais

sustentáveis, do ponto de vista ambiental e econômico.

No verão de 2013, na mesma área experimental, foi semeado Sorghum

sudanensis (Capim-sudão) com o objetivo de avaliar o crescimento e

desenvolvimento, além das características produtivas e morfológicas desta espécie

que é muito utilizada pelos produtores da região. A cultura não se adaptou as

condições de sombreamento, visto que não se estabeleceu no sub-bosque

sombreado.

85

7 CONCLUSÕES

Os valores de RFA transmitidos para o sub-bosque das espécies florestais

Eucalipto grandis e Peltophorum dubium, não interferiram negativamente sobre o

crescimento e desenvolvimento de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum.

A presença de espécies florestais no ambiente de produção, não limitou a

produção de MS de azevém e não reduziu o valor de PB desta forrageira. Os valores

obtidos são satisfatórios para que estes sistemas sejam usados como alternativa de

produção.

A cultura do azevém aclimatou-se, através de modificações morfológicas e

anatômicas da estrutura foliar para poder compensar a baixa luminosidade do

ambiente sombreado.

A associação das espécies florestais eucalipto e canafístula com a cultura do

azevém, com espaçamentos dos renques das árvores de 6 e 12 metros, pode ser

utilizada como alternativa para compor sistemas agroflorestais.

86

8 REFERÊNCIAS AMADOR, D. B.; VIANA, V. M. Sistemas Agroflorestais para recuperação de fragmentos florestais. ESALQ / USP, Série Técnica IPEF, v. 12, n. 32, p. 105-110, dez. 1998. ANDRADE, M.S.A.; GARCIA, R.; COUTO, L. et al. Desempenho de seis gramíneas solteiras ou consorciadas com o Stylosanthes guianensis cv. Mineirão e Eucalipto em sistema silvipastoril. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1845-1850, 2003.

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90

9 APÊNDICES

Apêndice A – Croqui da área experimental

Apêndice B - Resumo do quadro da análise de variância para radiação fotossinteticamente transmitida, percentual de transmissão e temperatura do ar na cultura do azevém em sistemas agroflorestais. UFSM, Frederico Westphalen, 2012.

FV GL QM

Radiação Fotossinteticamente Ativa Transmitida (µg.cm2.s

-1)

Bloco 2 44372,31 ns

Sistema 1 45149,7ns

Erro A 2 87204,41

Espécie 2 1677595,67*

Sist. x Esp. 2 15609,3 ns

Erro B 4 87204,417

Corte 4 559076,1*

Sist. x Corte 4 18268,63 *

Esp. x Corte 8 171739,84*

Sist. x Esp. x Corte 8 31303,40ns

Erro C 4 33657,18

Média Geral 444,29

C.V (%) 32,63

Sistema Faixa – 12 metros

Sistema Linha – 6 metros

91

Percentual de Transmissão da Radiação Fotossinteticamente Ativa Transmitida (%)

Bloco 2 605,57

Sistema 1 602,95ns

Erro A 2 920,86

Espécie 2 16501,03*

Sist. x Esp. 2 177,24ns

Erro B 4 615,12

Corte 4 1694,75*

Sist. x Corte 4 143,30*

Esp. x Corte 8 793,59*

Sist. x Esp. x Corte 8 324,114ns

Erro C 4 470,53

Média Geral 72,14

C.V (%) 16,97

Temperatura do ar (°C)

Bloco 2 0,82ns

Sistema 1 0,16ns

Erro A 2 0,45 ns

Espécie 2 1,38ns

Sist. x Esp. 2 0,36ns

Erro B 4 0,45

Corte 4 1463,11*

Sist. x Corte 4 0,61ns

Esp. x Corte 8 1,03ns

Sist. x Esp. x Corte 8 0,23ns

Erro D 4 0,18

Média Geral 19,85

C.V (%) 4,85 1 Sist = sistema agroflorestal; Esp. = espécie florestal; Dens. = densidade semeadura azevém;

* significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro; ns = não significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro.

92

Apêndice C - Resumo do quadro da análise de variância para área foliar de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum em sistemas agroflorestais. UFSM, Frederico Westphalen, 2012.

Área foliar (m2 ha

-1)

FV GL QM

Bloco 2 51206033,0*

Sistema 1 320755974,0ns

Erro A 2 24834630,0

Espécie 2 165930564*

Sist. x Esp. 2 53034179,0*

Erro B 4 6273582,0

Corte 5 542105658,0*

Sist. x Corte 5 19637760,0ns

Esp. x Corte 10 110435443,0*

Sist. x Esp. x Corte 10 43011247ns

Erro D 4 12146489,0

Média Geral 21146.73

C.V (%) 11,29 1 Sist = sistema agroflorestal; Esp. = espécie florestal; Dens. = densidade semeadura azevém;

* significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Apêndice D - Resumo do quadro da análise de variância para percentual de folha e colmo de Lolium multiflorum Lam. cv. Comum em sistemas agroflorestais. UFSM, Frederico Westphalen, 2012.

FV GL QM

Percentual de folhas (%)

Bloco 2 1,2144420ns

Sistema 1 302,30579ns

Erro A 2 15,27185

Espécie 2 268,5498ns

Sist. x Esp. 2 95,14333ns

Erro B 4 51,34186

Corte 5 9246,25244*

Sist. x Corte 5 118,91218ns

Esp. x Corte 10 161,24797ns

Sist. x Esp. x Corte 10 94,43773ns

Erro C 4 70,47343 ns

Média Geral 57,21

C.V (%) 19,71

93

Percentual de colmos (%)

Bloco 2 40,67751ns

Sistema 1 7,09821ns

Erro A 2 49,36579

Espécie 2 140,38494ns

Sist. x Esp. 2 253,51461ns

Erro B 4 49,3657

Corte 5 6709,25787*

Sist. x Corte 5 110,28472ns

Esp. x Corte 10 141,96890ns

Sist. x Esp. x Corte 10 201,07930ns

Erro C 4 25,24138

Média Geral 57,21

C.V (%) 19,71 1 Sist = sistema agroflorestal; Esp. = espécie florestal; Dens. = densidade semeadura azevém;

* significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro; ns = não significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Apêndice E - Resumo do quadro da análise de variância para produção de matéria seca de Lolium multiflorum L. cv. Comum em sistemas agroflorestais. UFSM, Frederico Westphalen, 2012.

Produtividade de matéria seca (kg ha-1

)

FV GL QM

Bloco 2 78607,8ns

Sistema 1 1534178,4*

Erro A 2 128502,1

Espécie 2 438885,4ns

Sist. x Esp. 2 950238,2*

Erro B 8 65556,8

Corte

5 45995470,6*

Sist. x Corte 5 311374,1ns

Esp. x Corte 10 1911217,1*

Sist. x Esp. x Corte 10 621058,8*

Erro C 4 88368,6

Média Geral 2243.49

C.V (%) 21,0 1 Sist = sistema agroflorestal; Esp. = espécie florestal; Dens. = densidade semeadura azevém;

* significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro; ns = não significativo ao nível de 5% de probabilidade de erro.

94

Apêndice F - Resumo do quadro da análise de variância para teor de proteína bruta de Lolium multiflorum L. cv. Comum em sistemas agroflorestais. UFSM, Frederico Westphalen, 2012.

Teor de Proteína Total (%)

FV GL QM

Bloco 2 0,779378ns

Sistema 1 4,057506ns

Erro A 2 0,371727

Espécie 2 39,762878*

Sist. x Esp. 2 34,533137*

Erro B 4 0,343400

Corte 5 615,716966*

Sist. x Corte 5 5,921323*

Esp. x Corte 10 9,476375*

Sist. x Esp. x Corte 10 5,799301*

Erro D 4 0,709471

Média Geral 19,92

C.V (%) 5,73 1 Sist = sistema agroflorestal; Esp. = espécie florestal; Dens. = densidade semeadura azevém

Apêndice G – Croqui da área experimental

Sistema Agroflorestal – 6 metros

95

10 ANEXOS

Anexo A – Resultado da análise de solo da área experimental