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Educação Infantil - Currículo

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Currículo e atendimento educacional na Educação Infantil

Material Teórico

Responsável pelo Conteúdo:Profª. Ms. Júlia de Cássia Pereira do Nascimento

Revisão Textual:Profª. Ms. Rosemary Toffoli

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• Concepção de currículo

• Currículo na educação infantil

• Os alunos da Educação Infantil

Com a utilização do nosso ambiente virtual de aprendizagem, o Blackboard, você poderá entender melhor os conceitos discutidos nesta unidade, aprimorando sua aprendizagem sobre currículo e sua importância no trabalho com Educação Infantil.

Você já conhece a trajetória da Educação Infantil e sua história. Agora vamos entender a questão do currículo na Educação Infantil.

Nesta unidade, você vai estudar a concepção de currículo, sua importância para a Educação Infantil e refletir sobre as crianças que estão neste nível de ensino, discutindo a importância das relações interpessoais que são estabelecidas na escola e fora dela, e que facilitam ou dificultam a aprendizagem ou o crescimento destas crianças. Assim você poderá pensar no currículo como fonte de trabalho e aprendizagem.

Currículo e atendimento educacional na Educação Infantil

• Interações pessoais

• Interações educador-criança

• Interações criança-criança

• Interações com a família

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Unidade: Currículo e atendimento educacional na Educação Infantil

Contextualização

Fonte: http://diferentessomostodosnos.blogspot.com/2010/10/desta-vez-nao-estou-com-mafalda.html

Observe a tirinha acima. Com o que a Mafalda está preocupada?

Ao trabalhar com nossas crianças na Educação Infantil, devemos pensar como a Mafalda? “Quanto” vamos ensinar às nossas crianças?

Ou será que devemos trabalhar um currículo que nos faça pensar como Sócrates: “A educação é a arte de acender uma chama, não a de encher um vaso.”

Esta unidade de nossa disciplina vai trazer a você alguns conceitos sobre currículo que precisam ser pensados em seu trabalho na Educação Infantil. Ao final, volte à contextualização e responda novamente às questões propostas.

E então? Vamos iniciar nossos estudos?

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Concepção de currículo

Todas as pessoas envolvidas com educação sejam docentes, alunos, governantes ou profissionais, embora por diferentes objetivos ou motivações, preocupam-se com a maneira como a educação de crianças e jovens está acontecendo, uma vez que por meio dela se desenvolverá o projeto de formação da sociedade. Espera-se que a educação dê conta da formação integral dos alunos. Estas reflexões acabam refletindo na busca de teorias que enfocam as questões curriculares, ou seja, com o currículo trabalhado nas escolas.

Você sabe o que é currículo?

Se você pesquisar o significado desta palavra, encontrará, entre outros, que currículo – do latim curriculum – significa percurso, carreira, curso, ato de correr. Seu significado, porém abrange não somente o ato de correr, mas também o modo, a forma de fazê-lo (a pé, de carro, a cavalo, etc.), o local (estrada, pista, rua, hipódromo, etc.) e o que ocorre no curso ou percurso efetuado.

O que este percurso tem a ver com a educação?

Moreira (1999) mostra que se encontram registros, ao longo dos tempos, de significados diferentes para o termo currículo. A maioria diz respeito a currículo como “conteúdos” ou “experiências de aprendizagem”. Alguns registros mostram o currículo ligado à idéia de plano, objetivos educacionais ou texto e mais recentemente como avaliação.

Seguindo o significado literal da palavra currículo,

[...] pode-se dizer que este pode ser definido como o percurso que leva à aquisição de conhecimentos que possam fazer do indivíduo submetido a ele um profissional que domina sua área e está apto a exercer funções na mesma (MOREIRA & SILVA, 2000).

Tratando-se de um percurso, você deve ter percebido que pode tratar-se de algo parado e fixo, porém flexível e contínuo, que direcione as atividades envolvidas nesse percurso para o objetivo da educação, que é a aprendizagem e o crescimento dos alunos.

O processo de organização curricular deve abranger conhecimentos teóricos e a prática educativa, ou seja, a maneira como esses conhecimentos serão trabalhados em sala de aula, considerando-se a relevância desses conteúdos para a vida do aluno, assim como porque e como trabalhá-los. (MOREIRA, 1999).

Quais conteúdos são relevantes para a aprendizagem do aluno e a maneira como este conteúdo será disponibilizado e trabalhado, são escolhas que farão a diferença no alcance da aprendizagem.

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Unidade: Currículo e atendimento educacional na Educação Infantil

O currículo não pode, portanto ser estático deve estar sempre em construção, uma vez que deve acompanhar as mudanças e necessidades de cada aluno, de cada escola. Não se pode pensar em elaborar um currículo, determinando o que , quando e como ensinar sem pensar no “para quem” e “onde”, elementos importantíssimos na determinação da organização curricular.

Todos os envolvidos no processo de organização curricular vivem em uma sociedade onde o conhecimento, as tecnologias, relações sociais e políticas influenciam suas escolhas, trabalho, estudos, enfim, suas vidas.

Assim, o currículo não deve configurar-se como um meio neutro de transmitir uma série de conteúdos, conhecimentos ou informações a um aluno passivo. Deve reconhecer o processo de busca e aquisição do conhecimento, ensinando os alunos que aprender não é armazenar resultados, mas sim participar do processo que torna possível a aprendizagem.

Você deve estar pensando, então, que o currículo é muito mais abrangente em termos de aprendizagem, devendo realmente se preocupar com a maneira como serão organizadas as atividades, os conteúdos e conhecimentos, de forma que os objetivos previstos em determinado curso possam ser alcançados.

Ao aprofundar os estudos sobre currículo, Masetto (2003) remete a três importantes conceitos:

1. Currículo como um conjunto de disciplinas responsáveis pela transmissão dos conhecimentos específicos para a formação profissional. As disciplinas se sobrepõem e não interagem entre si. Cabe ao aluno tentar estabelecer ligações disciplinares com o objetivo de sintetizar o conhecimento, alcançar a aprendizagem e adquirir competência profissional.

2. Currículo oculto. Diz-se oculto porque não está previsto no currículo formal, documentado. Surge de colocações e discussões apresentadas no local de aprendizagem, referente a habilidades, valores e outros aspectos que aparecem e permitem que o professor trabalhe assuntos atuais e emergentes, que não estão expressamente colocados nos currículos.

3. Currículo integrado. Currículo como um conjunto de conhecimentos, de saberes, competências, habilidades, experiências, vivências e valores que os alunos precisam adquirir e desenvolver, de maneira integrada e explícita, mediante práticas e atividades de ensino e de situações de aprendizagem .

A noção de currículo apresentada dessa forma é muito mais abrangente porque engloba a organização da aprendizagem na área cognitiva, e em outros aspectos fundamentais da pessoa humana e do profissional: saberes, competências, habilidades, valores, atitu¬des e ainda mais: ela mantém a idéia de que as aprendizagens sejam adquiridas explicitamente, mediante práticas e atividades planeja¬das intencionalmente para que aconteçam de forma efetiva, e não apenas por acaso, ou quando der certo (MASETTO,2003 p. 67).

Você deve refletir sobre a questão do currículo como uma organização de diferentes elementos que devem incluir disciplinas, conteúdos, atividades, pesquisas, discussões, dinâmicas, técnicas, métodos e recursos, que permitam ao aluno alcançar a aprendizagem. Deve ser rico e flexível nas oportunidades de aprendizagem oferecidas aos alunos.

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Currículo na educação infantil

Depois de sua leitura sobre a concepção de currículo, você já sabe que não estamos falando somente de conteúdos pré-estabelecidos a serem transmitidos ou ensinados aos alunos, com base em técnicas e métodos usualmente utilizados para facilitar sua aprendizagem. “A idéia de currículo envolve a apresentação de conhecimentos e inclui um conjunto de experiências de aprendizagem que visam favorecer a assimilação e a reconstrução desses conhecimentos”. (MOREIRA, 1999, p.12)

Piletti nos mostra que nos últimos anos, a idéia de currículo se tornou mais rica e abrangente:

A tendência, nas décadas recentes, tem sido de usar o termo currículo num sentido mais amplo, para referir-se à vida e a todo o programa da escola, inclusive às atividades extraclasse. Aliás, as atividades extraclasse são muito importantes para a formação da personalidade da criança. Elas enriquecem o plano escolar e, consequentemente, a personalidade da criança. Além disso, são uma importante fonte de motivação. (Piletti, 2000, p.52)

Você deve estar se perguntando por que estudar currículo para desenvolver seu trabalho na Educação Infantil. Realmente falar em Currículo em Educação Infantil causa estranheza em muitas pessoas, até mesmo da área da educação. Mas, como primeira etapa da educação básica, destinada ao atendimento de crianças de zero a cinco anos e definitivamente inserida no sistema educacional brasileiro, é preciso proporcionar à criança dessa faixa etária o bem-estar físico, afetivo-social e intelectual, por meio de atividades lúdicas que criem oportunidades de desenvolvimento, a fim de estimular a curiosidade, a espontaneidade e a harmonia. Todas essas atividades contribuem para a sua integração no triângulo família – escola – comunidade, e serão desenvolvidas a partir do currículo adotado.

Ao pensar na educação de nossas crianças, nós professores devemos ter em mente que currículo é tudo que acontece na vida de uma criança, na vida de seus pais e na nossa vida.

[...] Consiste em experiências, por meio das quais as crianças alcançam a auto-realização e, ao mesmo tempo, aprendem a contribuir para a construção de melhores comunidades e de um melhor futuro. (RAGAN, in Piletti, 2000, p.52).

Tudo aquilo que o aluno vive e vê, pode-se constituir em currículo: conteúdos, conhecimento científico, cultura, acontecimentos, conhecimentos gerais, meio ambiente, saúde, música, etc.

Atualmente currículo é tudo que acontece na vida de uma criança, na vida de seus pais e professor. Tudo que cerca o aluno, em todas as horas do dia, constitui matéria para o currículo (Reis, in Piletti, p.52).

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Unidade: Currículo e atendimento educacional na Educação Infantil

Na Educação Infantil não podemos pensar ou agir de forma diferente. Independente da idade de nossos alunos, devemos ter em mente que os mesmos precisam ser educados em sua totalidade, aprendendo conteúdos, ampliando suas habilidades, desenvolvendo atitudes e valores, além de estarem equilibrados emocionalmente. Não podemos nos esquecer de também de que na educação infantil o educar não pode excluir o cuidar. Ambos andam juntos neste nível de ensino. Lembre-se: “Cuidar é compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano.”.

Trocando Ideias

Assim pensando, mesmo nossa disciplina estando focada no trabalho com crianças entre zero e cinco anos, como professor você deve pensar que independente do nível de ensino ou da idade de seus alunos, você deve ter uma postura que privilegie a construção de um currículo que possa realmente auxiliar nossas crianças a aprender, crescer, se desenvolver, não somente no que diz respeito a conteúdos, mas como seres humanos, cidadãos prontos a levar para fora da escola as lições de vida que certamente podemos vivenciar juntos.

Portanto, a postura do docente, a forma como ele vê seus alunos, como desenvolve sua prática, como acredita ou não na educação como instrumento de crescimento e transformação, vai influenciar na elaboração do currículo a ser trabalhado e na sua prática pedagógica.

O aluno não é somente um reprodutor do conhecimento, mas sim produtor e construtor de saberes. O que nossas crianças aprendem não deve ter impacto somente no instante em que está estudando e abordando determinado assunto, mas deve ser parte fundamental de construção de seu caráter e de seu futuro.

É sob este ponto de vista, da participação da criança na própria aprendizagem e de nossa responsabilidade tanto nas oportunidades propiciadas para seu crescimento quanto no exemplo que somos para esta criança, que você deve pensar o currículo.

O objetivo maior destas reflexões é colaborar na construção de um currículo articulado no atendimento educacional na Educação Infantil, discutindo as tendências teóricas e pedagógicas para este nível de ensino, pensando na formação da criança e suas interações com pais, educadores e outras crianças.

Para isto é preciso que você saiba quem são as crianças que recebemos nas escolas de educação infantil e como estas crianças aprendem.

Os alunos da Educação Infantil

Entender quem são nossas crianças é fundamental para que o trabalho com elas realizado renda bons frutos. Importante também é saber como as crianças, independente de etnia, religião, cultura ou nível socioeconômico, são vistas pela sociedade.

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Ao trabalhar com educação infantil você vai perceber que as crianças vêm de diferentes formações familiares, situações sócio-econômicas, culturas ou regiões. Além disso, são crianças que vivem em um mundo globalizado e, portanto, têm grande capacidade de observação e de intervenção.

Ao entrarem na escola as crianças já trazem conhecimentos adquiridos de sua vivência na família, com os amiguinhos, na comunidade religiosa a qual pertence. Ignorar este conhecimento prévio da criança é perder uma grande oportunidade de enriquecer a elaboração do currículo.

[...] o desenvolvimento da criança é produto de instituições sociais e sistemas educacionais, como família, escola, igreja, que ajudam a construir seu próprio pensamento e descobrir o significado da ação do outro e de sua própria ação. (VYGOTSKY)

Por estes motivos, o trabalho com Educação Infantil pede atenção especial às interações que se estabelecem envolvendo a criança, pois a partir delas pode-se facilitar ou dificultar tanto a aprendizagem quanto o desenvolvimento dos pequenos.

Interações pessoais

A criança não é um corpo a ser mantido limpo sob uma cabeça a ser mantida ocupada, como muito já se pensou. Ela é uma totalidade que integra aspectos físicos, afetivos e cognitivos, que tomam sentido através da linguagem e da cultura. Suas relações com outras pessoas, sejam adultos ou crianças, são oportunidades para que ela se constitua como sujeito único, com uma forma toda particular de reagir às situações. Uma educação que cuida da criança dá atenção constante a todos estes aspectos.

A Educação Infantil deve criar para cada criança múltiplas oportunidades para que ela possa se expressar e respeitar os sentimentos, idéias, costumes e preferências do outro. Deve garantir ainda que cada criança seja aceita com suas características físicas e morais. Uma educação cuidadosa seleciona experiências socialmente relevantes de aprendizagem e propõe metas valiosas à construção de competências, apoiando, assim, a formação de um autoconceito positivo do educando.

Neste contexto as relações afetivas das crianças apresentam-se como fatores importantes em seu desenvolvimento e crescimento.

Interações educador-criança

Sabemos que as brincadeiras e os jogos infantis são fundamentais para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. Eles são recursos privilegiados que devemos garantir enquanto direitos da infância. Mas, neste processo, qual o papel do educador?

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Unidade: Currículo e atendimento educacional na Educação Infantil

Para que a criança brinque e se envolva com a brincadeira, é fundamental que ela se sinta emocionalmente bem na relação com quem a cerca, que, no contexto do CEI, são os educadores e as outras crianças. Esta idéia indica que, para a criança, suas relações sociais têm muita importância e devemos considerá-las com seriedade.

Quando compreendemos esta característica do desenvolvimento infantil, tornam-se mais evidentes o papel e a função da interação enquanto um aspecto essencial para que a criança se socialize, aprenda, cresça , etc.

Pense

Quando a criança brinca, é muito comum ouvirmos frases do tipo:”ela está apenas brincando, não é sério!” Ou, no outro extremo: “porque você não brinca disto? E agora daquilo outro... “ Estes são exemplos de atitudes que não colocam o educador como parceiro e interlocutor da criança: ou ele se afasta ou dita regras. Mas qual será a medida?

O primeiro passo é entendermos que a brincadeira é um ritual interativo (por exemplo, quando o adulto se esconde atrás de um pano e diz: “achou!”) no qual a função do educador é também garantir a expressão da criança, acolhendo suas emoções e necessidades, permitindo, assim, que ela estruture seu pensamento. Além disso, ele deve ser uma pessoa verdadeira, que se relaciona afetivamente com a criança, criando condições para que ela questione, reflita etc. Dessa forma, na convivência cotidiana, o educador pode ser uma pessoa que transmite segurança para a criança, acolhendo suas emoções. O educador deve ser capaz de ouvir a criança, valorizando suas perguntas e produções, e de respeitar suas opiniões. Agindo assim, ele se torna um parceiro com quem a criança pode contar na exploração de um mundo grande, novo e muito interessante.

A ação do educador como mediador da relação que as crianças estabelecem entre si auxilia para que elas desenvolvam capacidades como tomadas de decisões, construção e apreensão de regras, cooperação, diálogo, solidariedade etc. Assim, o educador favorece o desenvolvimento de sentimentos de justiça e atitudes de cuidado que a criança passa a ter com ela própria e com as outras pessoas.

O educador, quando considera a criança como um ser ativo em seu processo de desenvolvimento, faz a mediação entre ela e seu meio, podendo utilizar inúmeros recursos como o próprio espaço físico do CEI, materiais, brinquedos, atividades plásticas etc. Mas é fundamental o modo pelo qual o educador se relaciona com a criança: como a observa, a apoia, dá respostas, explica os acontecimentos e as regras, a questiona. Em outras palavras, o educador deve interagir com a criança, sendo um facilitador, interventor, problematizador e propositor, levando em conta suas reações e encorajando e incentivando seus modos de brincar e de compreender o mundo. Assim, educador e crianças juntos poderão se transformar e descobrir diferentes modos de se relacionar.

Quando o educador compartilha uma brincadeira ou jogo com a criança, ele pode ajudá-la a enfrentar eventuais insucessos, estimular seu raciocínio, sua criatividade, reflexão, autonomia etc. Isto quer dizer que, quando o educador tem intenção de brincar junto com a criança, ele pode criar diversas situações que estimulem o seu desenvolvimento, como a inteligência, a afetividade etc.

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Interações criança-criança

Como vimos, a interação entre o educador e a criança é fundamental para o desenvolvimento infantil. Mas, e as crianças, desenvolvem-se a partir das interações que estabelecem entre elas?

Quando a criança brinca com outra criança, ela age de maneira cooperativa, faz imitações, disputa objetos, briga. Estes são momentos de intenso desenvolvimento: os companheiros de mesma idade despertam interesse e possibilitam percepções sobre as diversidades (maneiras de lidar com as mais variadas situações, gênero, raça/etnia etc.). Além disso, este tipo de interação possibilita que a criança compartilhe com outra criança suas dúvidas, expresse suas emoções e fale de suas descobertas, tornando todas estas em situações de aprendizagem.

Estes momentos de interação podem ser estimulados quando o educador cria situações nas quais os grupos são privilegiados. Ou seja, propor às crianças explorações em duplas ou trios, projetos em grupo de quatro ou mais crianças etc. Por exemplo, desenvolver em grupo um teatro de fantoches permite à criança negociar o tema da história, expressando suas emoções e desejos sem usar a agressividade. Quando isto ocorre, a criança está aprendendo a elaborar planos coletivos, negociar, dividir e compartilhar. Ela desenvolve também o sentimento de pertencer a um determinado grupo.

Ideias Chave

Este tipo de interaçao em grupo auxilia a criança a controlar seus impulsos, pois ela deve apreender algumas regras, comportar-se de maneira cooperativa, tentar compreender as outras crianças. Além disso, a criança se enriquece por compartilhar diferentes experiências e situações: ela tem a oportunidade de expressão e de contato com vivências distintas da sua própria.

Interações com a família

Em nossa sociedade, a família tem sido o espaço privilegiado de socialização das crianças. O bebé nasce em uma cultura e, particularmente, no seio de uma família, que constitui seu primeiro meio de desenvolvimento. É esperado que ela busque garantir a sobrevivência e o desenvolvimento dos filhos, prestando cuidados materiais, afetivos e intelectuais necessários ao bem-estar infantil. Por meio dela, a criança apreende noções de verdade, de beleza e ética, entre outros temas de sua cultura, contribuindo para a reprodução do mundo social.

Cada família cria suas formas de lutar pela sobrevivência e, ao fazê-lo, estabelece diferentes formas de organização, alterando os papéis e as funções de cada membro. Quando, por exemplo, a mulher começou a sair de casa para trabalhar, houve a necessidade de criar alternativas extrafamiliares para o cuidado das crianças, como a creche. A socialização e a transmissão dos temas relacionados à sua cultura passaram a ser compartilhadas entre a família e a instituição de Educação Infantil.

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Unidade: Currículo e atendimento educacional na Educação Infantil

O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (1990, Artigo 53) dispõe que a família tem o direito de conhecer e de participar da elaboração da proposta pedagógica das instituições educacionais que seus filhos frequentam.

A relação entre o CEI e as famílias é importante para ambos, dado que compartilham a educação das crianças. Contudo, frequentemente, essa relação é atravessada por muitas emoções, que vão da alegria à tristeza, da raiva à gratidão. Por isso, a formação do professor de Educação Infantil deve discutir novas formas de diálogo e de trabalho compartilhado com as famílias.

Abrir a unidade educacional à presença constante e à participação ativa da família em seu cotidiano não é fácil! Ao frequentar o CEI, os pais passam a observar o que acontece lá dentro e a fazer mais perguntas, a dar sugestões e a fazer pedidos que nem sempre podemos atender. É, então, que aparecem as diferenças individuais, uma vez que cada pai ou mãe requer um tipo de atenção diferente. Cada grupo familiar pode ter uma história, uma bagagem cheia de diferentes valores, crenças e formas de ver o mundo.

Trocando Ideias

Tentar enquadrar as famílias em modelos rígidos, com base em um pretenso “funcionamento ideal”, é correr o risco de considerar a existência de apenas uma ou poucas formas possíveis de viver, de se relacionar e de experienciar o mundo. Agindo assim, pode-se cometer o engano de considerar as famílias que se afastam de um pretenso modelo ideal como sendo perigosas ao bom desenvolvimento psíquico e moral das crianças, sem avaliar a dinâmica daquele contexto familiar em uma sociedade concreta.

Apesar de a legitimação do divórcio ter acontecido recentemente, a separação de casais é uma prática que já vem ocorrendo de longa data e que tem se acentuado cada vez mais. Hoje, não é difícil encontrarmos famílias nas quais tanto pai quanto mãe já tiveram outras uniões conjugais e filhos.

Além das separações, assistimos atualmente a uma grande diversidade de formas de organização familiar: famílias agregadas ou compostas por apenas um dos pais morando com os filhos, avós que assumem o filho de sua filha adolescente e pessoas solteiras ou casais homossexuais que adotam crianças. Essas novas configurações familiares de pais e irmãos biológicos separados, padrastos e meios-irmãos vêm exigindo constantes redefinições de valores e atitudes na família e na sociedade.

O ambiente escolar ao ser considerado, junto com a família, um local de socialização, tem grande responsabilidade na forma como vai se posicionar diante dos diferentes valores e atitudes, de ordem familiar e social.

As relações familiares, assim como as relações entre a escola e as famílias, são, em geral, permeadas por conflitos e tensões inevitáveis, porém promotores do desen¬volvimento, pois é do conflito que resulta a inovação cultural.

Contudo, muitas vezes, ocorrem formas de violência que exigem do educador/professor alguma atitude em defesa dos direitos da criança. Ao se constatar alguma forma de violência dirigida à criança - física ou simbólica, ocorrida em casa ou na escola, sejam espancamentos, castigos,

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humilhações, abuso sexual, abandono (desde não lhe trocar fraldas por muitas horas até trancá-la no quarto ou deixá-la por longo tempo vendo TV) -, é preciso consultar o ECA, discutir com os colegas e refletir sobre qual deve ser a atitude mais adequada em benefício dessa criança.

Situações de insegurança e risco sociais - como pobreza, desemprego, violência, uso de drogas, morte, doenças físicas e mentais - podem ser fatores de desagregação que prejudicam a família no exercicio de suas funções de apoio e de socialização, tornando-se problemáticas na medida em que as pessoas deixam de ter perspectivas para compreender e superar esses conflitos.

A instituição de Educação Infantil, apesar de não substituir políticas de assistência à família, deve pensar um trabalho com a família, pois cabe à creche ou pré-escola oferecer um espaço onde ela possa ser acolhida para ampliar sua aprendizagem sobre o que é ser cidadã, sendo respeitada em suas particularidades e apoiada, de modo a repensar e a traçar formas mais produtivas de participação e, aos poucos, transformar sua realidade.

Muitos professores de Educação Infantil assumem uma postura autoritária, cobrando das famílias das crianças condutas que elas não podem adotar e de acreditar que elas nada têm a contribuir para o trabalho da instituição só faz aumentar os conflitos, os desentendimentos, as mágoas recíprocas. Com essa postura, eles perdem valiosas oportunidades de entender a realidade dos pais e a das crianças, ao mesmo tempo que os familiares são prejudicados com relação a entender os propósitos educativos da escola, bem como as possibilidades e limitações pessoais, materiais ou institucionais nele presentes.

Nas relações entre a família e a escola, as aproximações explicitam conflitos e requerem negociações que considerem os sentimentos que vão surgindo. Para resolver os conflitos, é necessário buscar, no diálogo, uma definição cada vez mais clara do papel e das funções de cada parte. Dito assim, parece fácil desenhá-la, mas não é.

Para promover maior diálogo com as famílias, é necessário “desacomodar” nossos sistemas de crenças e valores. Isso exige disponibilidade para ouvir sem julgamentos prévios e, ao mesmo tempo, um exercício de objetividade para explicar o trabalho que é feito.

Não podemos nos esquecer de que o homem é passional. Amor, ódio, carinho, rejeição, aceitação são sentimentos que temos para com nossos filhos, irmãos, marido, esposa e também para com as crianças, colegas de trabalho e famílias. Devemos, portanto, saber lidar com essas emoções. Sem isso, brigaríamos todos os dias e teríamos, em seguida, de pedir desculpas ou continuar brigando durante toda a vida!

Trocando Ideias

Para conquistar um ambiente mais tranquilo e harmonioso junto às famílias, podemos, além das festas tradicionais e reuniões, criar alguns eventos para incentivar a participação dos pais: quando possível, organizar um café da manhã no pátio em comemoração à chegada da primavera; um sarau; uma feirinha de exposição das produções das crianças; um teatrinho rápido, encenado por pais e educadores juntos num final de tarde.

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Unidade: Currículo e atendimento educacional na Educação Infantil

Ao prepararmos uma reunião, é importante encontrar meios de fazer com que os pais se sintam bem recebidos. Quando os chamamos para apontar o que devem ou não devem fazer, eles acabam deixando de comparecer, a menos que sejam obrigados. É mais interessante quando os chamamos para informar a respeito do projeto pedagógico ou para debater um tema específico. Nessas ocasiões, aqueles que estiverem mais motivados e interessados certamente mudarão de postura em relação à escola e a seus profissionais.

Podemos investigar, entre os familiares, aqueles que têm habilidades especiais, como saber tocar um instrumento, ser um bom contador de histórias, saber lidar com marcenaria e com pintura, ter dotes culinários, jardinagem etc. e convidá-los para ir à escola desenvolver essas atividades com as crianças. Essa é uma forma de participação que contribui para que a família passe a conhecer um pouco mais o cotidiano escolar, principalmente, para que as crianças participem da integração entre suas famílias e sua escola.

Em Síntese

Nesta unidade você aprendeu que elaborar um currículo no trabalho com a Educação Infantil não é algo estranho, mas necessário. Para isso é preciso que o professor saiba como integrar o conhecimento que se espera que a criança adquira com situações cotidianas, com a vivência da criança e suas expectativas.

Além disso, você viu como as relações interpessoais são importantes para a criança, que aprende e cresce a partir destas relações. Também verificamos que professor e escola devem estabelecer relações de parceria com a família, para que a criança tenha o sentimento de pertencimento aos dois grupos: familiar e escolar.

A partir do seu conhecimento sobre currículo e do entendimento da importância das relações estabelecidas entre você e as crianças e seus pais, respeito às relações entre as próprias crianças, você poderá desenvolver um rico trabalho junto às crianças na Educação Infantil.

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Material Complementar

Para enriquecer seu conhecimento e aprendizagem, leia os materiais complementares indicados:

Explore1) ZABALZA, Miguel A. Qualidade em Educação Infantil. Trad. Beatriz Affonso Neves – Porto Alegre: Artmed, 1998.

Sugiro a leitura das páginas 21 e 22, onde o autor destaca a importância do currículo na educação infantil.

2) LLEIXÀ, Arribas, Teresa ET al. Educação Infantil: desenvolvimento, currículo e organização escolar. Trad. Fatima Murad. – 5.ed. – Porto Alegre: Artmed,2004.

A sugestão é que você leia o capítulo I, especialmente as páginas 19 e 20.

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Unidade: Currículo e atendimento educacional na Educação Infantil

Referências

BASSEDAS, Eulália et al. Aprender e Ensinar na Educação Infantil. Artmed, 1999.

MASETTO, Marcos Tarciso. Didática: a aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

____.Competência Pedagógica do professor universitário. São Paulo: Editora Summus, 2003.

MEC, SEB. Indagações sobre currículo.

MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa & CANDAU, Vera Maria - Caderno Currículo, Conhecimento e Cultura.

MOREIRA, Antonio Flavio B. Currículo: Questões atuais. Campinas, SP: Papirus, 1997

MOREIRA, Antonio F. e SILVA, Tomaz T. (orgs). Currículo, Cultura e Sociedade. 2000.

PILETTI, Claudino. Didática Geral. São Paulo: Ática, 2000.

Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Organização do Trabalho Pedagógico – Módulo 2, 2002.

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Anotações

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www.cruzeirodosulvirtual.com.brCampus LiberdadeRua Galvão Bueno, 868CEP 01506-000São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000

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