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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIENCIAS DA SAUDE CURSO PSICOLOGIA SUSANA BORGES CRISSANTO DA SILVA A AVALIAÇÃO DE STRESS INFANTIL EM CRIANÇAS QUE FREQUENTAM UMA CLÍNICA-ESCOLA DE PSICOLOGIA Itajaí, (SC) 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI

CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIENCIAS DA SAUDE

CURSO PSICOLOGIA

SUSANA BORGES CRISSANTO DA SILVA

A AVALIAÇÃO DE STRESS INFANTIL EM CRIANÇAS QUE

FREQUENTAM UMA CLÍNICA-ESCOLA DE PSICOLOGIA

Itajaí, (SC) 2006

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SUSANA BORGES CRISSANTO DA SILVA

A AVALIAÇÃO DE STRESS INFANTIL EM CRIANÇAS QUE

FREQUENTAM UMA CLÍNICA-ESCOLA DE PSICOLOGIA

Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção de créditos na disciplina Supervisão de Trabalho de Conclusão de Curso em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: Profª: Marina Menezes

Itajaí, (SC) 2006

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Dedico este trabalho aos meus pais, por sempre acreditarem em mim, por

serem sempre meu apoio, minha base, meu porto seguro e por todo amor,

carinho, esforço e dedicação devotado a mim.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço à Professora Marina Menezes, por seus

ensinamentos, sua dedicação, sua paciência, seu companheirismo e principalmente

por sua compreensão, durante todo o trabalho, especialmente nos momentos mais

delicados, pois são poucos os professores que além de transmitir conhecimentos,

demonstram preocupação e solidariedade, por isso meu muito obrigada.

À professora Maria José, pelas sugestões apontadas no projeto, pelo carinho,

pelo incentivo e por aceitar fazer parte da minha banca.

À professora Márcia, por toda dedicação e por carinhosamente ter aceitado

participar da minha banca.

A clínica-escola de Psicologia, assim como aos funcionários, pela paciência e

pelo auxilio durante a coleta dos dados da pesquisa.

Ao professor Renato, por seus ensinamentos e disposição, frente as minhas

dificuldades na análise estatística.

À professora Maria Isabel, por suas sugestões, seu auxilio, seu carinho e sua

dedicação. Obrigada pelo incentivo e preocupação.

Aos meus amigos, agradeço pela amizade, valorização, compreensão, amor e

carinho. Agradeço especialmente a Fran, ao Felipe, a Fran Bueno e ao Bian, por

estarem sempre em meu caminho, e me ajudando a seguir em frente.

Ao meu namorado pela amizade, amor, dedicação e principalmente pela

compreensão. Obrigada por estar comigo nos melhores e piores momentos.

À minha família, pai, mãe, mana, aos quais peço desculpas pela ausência, e

agradeço a compreensão, o amor e o apoio.

A todos que de alguma forma contribuíram com este trabalho, meu

agradecimento e meu carinho.

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Avaliação de Stress Infantil em crianças que freqüentam uma

Clínica-escola de Psicologia Orientadora: Marina Menezes Defesa: Junho de 2006 Resumo: A presente pesquisa objetivou realizar uma avaliação do stress infantil em crianças que freqüentam uma clínica-escola de Psicologia. Para tanto foi realizada uma pesquisa de campo, na qual foi utilizado como instrumento para a coleta de dados a Escala de Stress Infantil – ESI (LIPP e LUCARELLI, 1998), o instrumento foi aplicado em 20 crianças de ambos os sexos, com idade de 06 a 12 anos, que realizam psicoterapia de 2001 a 2005, além disso, foram coletadas informações de cada um dos participantes da pesquisa nas triagens, que se encontram na clínica-escola de Psicologia, desta forma a referida pesquisa caracterizou-se como estudo documental e também como pesquisa quantitativa. Primeiramente os dados obtidos junto aos sujeitos da pesquisa, foram submetidos ao procedimento de correção das respostas através do Manual de Instruções para Aplicação e Avaliação do teste ESI. Após esse procedimento, os dados foram quantificados e submetidos à análise estatística qui-quadrado e prova exata de Fischer, tendo como finalidade relacioná-los com as variáveis: sexo, idade, diagnóstico e tempo de atendimento. Constatou-se na presente pesquisa que a relação entre stress e sexo não apresentou diferenças estatisticamente significativas, o mesmo aconteceu em relação à idade. Porém ao relacionar a presença de sintomatologia de stress com os diagnósticos das crianças atendidas, houve indícios de associações entre os sintomas de alguns transtornos e a sintomatologia para a presença de stress. Ao relacionar o tempo de atendimento das crianças que apresentaram sintomas para o stress, sugere-se que esta variável possa ter relação com a fase em que a psicoterapia se encontra e também com o diagnóstico das crianças sintomáticas para a presença de stress. Palavras-chaves: stress, stress infantil, psicoterapia, clínica-escola.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 07 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 10 21 O Stress .................................................................................................... 10 22 O Stress Infantil......................................................................................... 14 23 Psicoterapia .............................................................................................. 16 24 Psicoterapia de Orientação Analítica ..................................................... 17 25 Psicoterapia Cognitiva ............................................................................. 19 26 Psicoterapia Comportamental ................................................................. 20 27 Ludoterapia ............................................................................................... 22 28 Psicoterapia de Grupo para Crianças e Adolescentes ......................... 24 29 Psicoterapia Familiar ............................................................................... 25 3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 27 31 Sujeitos/Amostra ...................................................................................... 27 32 Instrumento................................................................................................ 30 33 Procedimentos para coleta dos resultados ........................................... 31 34 Procedimentos para análise dos dados ................................................. 32 35 Procedimentos éticos .............................................................................. 33

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................... 35 41 Caracterização da Amostra ..................................................................... 35 42 Análise de discussão dos resultados obtidos com a aplicação da Escala de Stress Infantil - ESI .................................................................................. 40

5 CONCLUSÕES FINAIS ................................................................................ 53

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 56

7 APÊNDICE.................................................................................................... 60

8 ANEXO ......................................................................................................... 63

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente encontramos cada vez mais crianças, com rotinas muito próximas à

rotina de um adulto, sem tempo para brincar ou para ser simplesmente crianças. Além

disso o stress infantil esbarra na idéia fantasiosa de que a infância é uma fase sem

preocupações, época para brincar e onde são construídas as memórias felizes, sendo

contraditória a existência de tensão, motivo talvez pelo qual este tema é desconhecido

por parte de alguns pais, professores e profissionais da área da saúde física e mental.

Em algumas situações, os sintomas de stress são compreendidos como birra, falta de

educação, gênio forte, ou problemas de comportamento, entre outros. Dessa forma, a

criança muitas vezes não é ouvida em seu sofrimento, pois por meio da situação de

desconforto, é que a criança pede ajuda.

È natural toda criança passar por mudanças e/ou situações desconfortaveis no

decorrer da infância, como por exemplo, brigas, separação dos pais, morte na família,

doenças, hospitalizações, mudança de escola ou professor, nascimento de irmão,

entre outros. Porém quando essas mudanças ultrapassam a capacidade de adaptação

do organismo, a criança torna-se mais vulnerável a experenciar mudanças

psicológicas, físicas e químicas. E pela falta de conhecimento sobre esse fenômeno,

muitas vezes o quadro diagnóstico não é identificado, sendo ignorado, sem que a

criança receba o tratamento adequado (LIPP, 2004)

Com isso há milhares de crianças com stress que seguem sem tratamento, o

que pode gerar conseqüências sérias para seu futuro, pois uma criança que cresce

vulnerável ao stress, na maioria das vezes será vulnerável a ele na vida adulta

também (LIPP, 2000).

Embora essa situação possa chegar a níveis preocupantes, trazendo risco ao

bem estar da criança, não significa que gere um trauma para o resto da vida, dessa

forma se a criança for bem tratada, essa fase será superada, sem qualquer problema

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futuro. Por isso a importância de conhecer sobre o stress e auxiliar a criança a lidar

com ele, em níveis saudáveis, pois assim como o adulto a criança também necessita

de um certo nível de stress para ter maior produtividade.

Em virtude dos fatos acima mencionados e considerando que atualmente é

grande a demanda de crianças em atendimentos psicológicos, muitas vezes

superando índices de adultos, vemos a importância e a necessidade de pesquisar a

respeito do stress em crianças que freqüentam atendimento psicoterapêutico,

principalmente por este visar a qualidade de vida dos pacientes.

Além disso a presente pesquisa torna-se relevante também, por haver poucos

dados epidemiológicos, poucos instrumentos diagnósticos e pesquisas insuficientes a

respeito do stress infantil no Brasil.

Desta forma, a presente pesquisa propõe-se a identificar a presença ou não do

stress em crianças de 06 a 14 anos, de ambos os sexos, que estão em processo

psicoterapêutico na clínica-escola de psicologia da UNIVALI. As informações obtidas

poderão ser úteis para o planejamento de futuras intervenções psicoterapêuticas, bem

como, para orientar e prevenir famílias e escolas.

Como metodologia foi utilizada a pesquisa quantitativa e pesquisa documental

e para a coleta de dados foi utilizada a Escala de Stress Infantil – ESI (ANEXO - C) e

as triagens que se encontram na clínica-escola de Psicologia da UNIVALI – CCS - I

(ANEXO - D).

Tendo esses dados como base, e partindo do que foi proposto o estudo teve

como objetivos específicos caracterizar a amostra em relação a sexo, idade,

escolaridade; identificar a freqüência dos sujeitos com escores suficientes para

presença de stress; comparar a freqüência das respostas em relação ao sexo;

comparar a freqüência das respostas em relação à idade; relacionar a presença ou

não de stress infantil e a realização de processo psicoterapêutico; listar a freqüência

dos diagnósticos clínicos, já estabelecidos, da amostra de pesquisa conforme os

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parâmetros do DSM-IV – TR e sua relação com a presença de stress; e relacionar o

tempo de duração da psicoterapia e a presença ou não de stress.

Os dados coletados na presente pesquisa demonstram que a presença de

stress não se relaciona a sexo e a idade, mas que tem relação com alguns

transtornos, assim como infere-se que a presença ou não de stress também tem

relação com a realização de processo psicoterapêutico.

A presente pesquisa estrutura-se em cinto partes, introdução, a qual apresenta a

justificativa da pesquisa, assim como os objetivos da mesma; revisão da literatura,

onde traz uma introdução sobre stress, stress infantil, e os modelos de psicoterapias

mais utilizadas com crianças na clínica-escola de Psicologia da UNIVALI; materiais e

métodos, que identifica os sujeitos, instrumentos, procedimentos para análise dos

dados e os procedimentos éticos da pesquisa; análise dos resultados, onde são

apresentados os dados, os resultados desse estudo e a análise dos mesmos e

considerações finais, que por fim, apresenta as conclusões e sugestões referente à

atual pesquisa.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O Stress

Através de alguns pacientes que vinham com queixas relacionadas à doenças

diversas o médico Hans Selye observou que na verdade os sintomas relacionavam-se

com uma condição geral de estar enfermo, que mais tarde foi chamado por Selye de

síndrome da adaptação geral. Mais tarde, a terminologia Stress, foi utilizada pelo

próprio médico. Sua origem vem da engenharia, significa “peso que uma ponte suporta

até que ela parta” (LIPP, 1996).

Conforme a mesma autora o stress envolve uma série de sintomas que o

individuo apresenta quando se depara com eventos que exijam uma grande adaptação

do organismo para poder enfrentá-lo.

Para Selye (s.d.p apud LIPP, 1996) a síndrome do stress se divide em três

fases.

A primeira denomina-se “chamada de alerta”, observa-se quando o individuo

tem contato com sua fonte de stress ou “estressor” com isso, geralmente, desenvolve

algumas sensações típicas como: sudorese excessiva, taquicardia, respiração

ofegante, entre outras. Isso acontece, no momento em que o organismo perde seu

equilíbrio interno e à medida que se prepara para a adaptação “a situação necessária”.

A segunda fase é chamada de “resistência” acontece “[...] quando o organismo

tenta se recuperar do desequilíbrio da primeira fase” (LIPP, 1996 p.13). É nessa fase

que se observa o cansaço excessivo, o desgaste, os esquecimentos, entre outras

reações, pois, essa recuperação do equilíbrio causa grande gasto de energia.

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E a terceira e última fase é chamada de “recuperação”, que é o momento em

que a pessoa consegue estabelecer uma boa adaptação ou eliminar o estressor e

conseguir um reequilíbrio. Caso esse processo não ocorra e não consiga

restabelecer-se, pode iniciar uma fase em que deixe a pessoa exausta . Essa é uma

fase mais perigosa, pois além da adaptação que o organismo enfrenta, pode vivenciar

novamente os sintomas da primeira fase só que de forma mais agravadas, podendo

levar a comprometimentos físicos além de psicológicos.

O stress é uma reação do organismo composta de elementos físicos e/ou

psicológicos causado pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando uma

pessoa entra em confronto com uma situação que de um modo ou de outro a irrite,

amedronte, excite ou confunda, ou mesmo que a faça muito feliz. Isso mostra que o

processo bioquímico do stress não depende da causa de tensão, mas tem como

elemento primordial necessário para o desencadeamento, a necessidade de

adaptação a algum fato ou mudança. Podendo ser um evento positivo ou negativo

(LIPP, 2000).

• Stress negativo: é o stress em excesso. Ocorre quando a pessoa

ultrapassa seus limites e esgota sua capacidade de adaptação. O organismo

fica destituído de nutrientes e a energia mental fica reduzida. A produtividade e

a capacidade de trabalho ficam muito prejudicadas. A qualidade de vida sofre

danos. Posteriormente, a pessoa pode vir a adoecer.

• Stress positivo: é o stress em sua fase inicial, isto é, a “fase de alerta”.

O organismo produz adrenalina que dá ânimo, vigor e energia, fazendo a

pessoa produzir mais e ser mais criativa. Ela pode passar por períodos em que

dormir e descansar passa a não ter tanta importância. É a fase da

produtividade. Ninguém consegue ficar em alerta por muito tempo, pois o

stress se transforma em excessivo quando dura demais.

• Stress ideal: é quando a pessoa aprende o manejo do stress e gerencia

a “fase de alerta” de modo eficiente, alternando entre estar em alerta e sair de

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alerta. O organismo precisa entrar em homeostase após uma permanência em

alerta para que se recupere. Não há dano em entrar de novo em alerta após a

recuperação. Doenças começam a ocorrer se não há um período de

recuperação, pois o organismo se exaure e o stress fica excessivo devido a

algum evento estressor forte demais ou porque se prolonga em excesso.

Lipp (2001) aponta que a fonte estressora pode ser externa ao próprio

organismo, como uma exigência de algo ou alguém, ou interna, como uma

autodemanda ou uma autocobrança.

Conforme o ser humano passa por mudanças, ele faz uso de suas reservas de

energia adaptativa e, como conseqüência, pode, em algumas situações, enfraquecer

sua resistência física e mental, dando origem a inúmeras doenças psicofisiológicas

que podem ser interpretadas como tendo em sua origem o stress emocional excessivo

(TOATES, 1999 apud LIPP, 2001). Toda mudança que exija adaptação por parte do

organismo causa um certo nível de stress. É, portanto, de se esperar que as

mudanças de organização sejam de macro ou micro porte, possam potencialmente

colocar a pessoa em situação de stress.

Além das causas externas de stress, existem outras causas que nem sempre

são discutidas (LIPP, 2001). Referem-se a expectativas irrealistas, cognições

distorcidas, perfeccionismo, sonhos inalcançáveis, desejos e fantasias que em muitos

casos são vistos como realidades que cada pessoa muitas vezes tem para si próprio e

para as pessoas ao seu redor. Alguns dos estados emocionais podem assumir a

função de fontes de stress, como, por exemplo, um transtorno de ansiedade, pode ser

uma fonte poderosa de stress, pois uma pessoa ansiosa tende a ver o mundo de

forma ameaçadora “[...] como se sempre houvesse um risco das coisas não darem

certo” (LIPP, 2001 p.348). Assim, percebe os desafios como gigantescos, logicamente

se estressam mais.

Para Lipp (2001) as fontes externas e internas de stress somam-se ao

determinar o nível de stress que será experimentado, porém a somatória dos

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estressores é mediada por dois fatores importantes, que são o repertório de

estratégias de coping, e a vulnerabilidadede cada individuo ao stress. Algumas

pessoas parecem ter uma tendência crônica para se estressarem. Essa propensão é,

em alguns casos, o produto das predisposições genéticas, que pouco tem a ver com o

mundo exterior. Desta forma considera que o stress pode ser gerado por fontes

externas que surgem na vida de uma pessoa e pelo seu mundo interior, cujos efeitos

podem ser amenizados pelas estratégias de enfrentamento aprendidas principalmente

na infância, mas que podem também ser adquiridas durante a história de vida do ser

humano.

As estratégias de enfrentamento que a pessoa possui é que vai determinar o

quanto de desgaste ocorrerá para a adaptação às variadas tensões. Assim, quanto

mais vulnerável o sujeito e menos souber lidar com o stress, mais rápida e mais

intensamente os efeitos do stress serão manifestados. Pelo fato de as respostas do

stress desenvolverem-se ao longo do tempo, no caso de não adaptação à situação, o

organismo vai tendo um enfraquecimento gradual, gerando uma evolução de um

quadro sintomatológico. No inicio há sintomas envolvendo taquicardia, tensão

muscular, boca seca e sensação de alerta. À medida que a pessoa vai tendo um

esforço excessivo para se adaptar, o quadro vai se agravando, sendo que os sintomas

se manifestam de acordo com a herança genética de cada pessoa, combinada com os

pontos de enfrentamento desenvolvidos por cada individuo no decorrer da vida (LIPP,

2000). Por isso a importância de identificar o stress, pois, desta forma vemos que o

ensino de estratégias de controle do stress podem ajudar a lidar com o mesmo no

decorrer da vida. Nosso organismo não permanece em equilíbrio constante, deste

modo, é necessário que este se ajuste às mudanças; pois o stress em níveis

adequados pode contribuir nesse ajuste. Visto isso, observamos a necessidade de

pesquisar o stress na infância, assim ao identificar o stress infantil, pode-se auxiliar a

criança a lidar com o mesmo de forma preventiva.

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2.2. O Stress Infantil

O stress pode surgir na infância e pode em muitas vezes assemelhar-se ao

stress adulto, pois o funcionamento do organismo de ambos também é semelhante.

Dessa forma, assim como o adulto, a criança precisa de um pouco de stress para ter

maior produtividade, sendo que este não pode passar do nível adequado, pois pode

trazer uma série de conseqüências que em geral são prejudiciais (LIPP, 1996).

Para Lipp e Lucarelli (1998), quando a criança entra em contato com eventos

que excedem a capacidade de adaptação do organismo, situações que amedrontem,

excitem, a deixem feliz ou que representem mudanças na sua vida, ocorrem

alterações psicológicas, físicas e químicas. Quando essas alterações não são tratadas

adequadamente, o problema pode se agravar, podendo chegar a níveis perigosos

para o bem estar da criança.

A incidência de stress grave em crianças é muito pouco conhecida, sabe-se

que a criança passa por muitas situações de tensão como hospitalização, acidentes,

doenças, nascimento de irmãos mudanças de casa, de escola e de empregada, além

das tensões geradas pela necessidade de se autocontrolar. Mas nem sempre as

reações a esses eventos são entendidas como stress infantil. Muitas crianças reagem

ao stress com sintomas imediatos, tais como: Sintomas Físicos: dor de barriga,

diarréia, tique nervoso, dor de cabeça, náuseas, hiperatividade, enurese noturna,

gagueira, tensão muscular, ranger de dentes, falta de apetite, mãos frias e suadas; e

Sintomas Psicológicos: terror noturno, introversão súbita, medo ou choro excessivo,

agressividade, impaciência, pesadelos, ansiedade, dificuldades interpessoais,

desobediência, insegurança, hipersensibilidade (LIPP, 2006). Deve-se considerar que

nenhum sintoma isolado pode ser compreendido como sinal de stress, sendo

importante verificar se há vários sintomas ocorrendo juntos. Quando esses sintomas

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não são observados a situação pode assumir proporções preocupantes, como danos

emocionais e físicos por longos períodos de tempo (LIPP, 2000).

O ensino de estratégias para o controle do stress é, em geral, realizado pelos

pais de modo natural e não programado, à medida que as tensões surgem no dia-a-

dia. Deste modo, os pais se tornam o principal veículo para transmissão de

conhecimentos no controle do stress. Portanto as atitudes parentais são de

fundamental importância para que a criança, através dos seus vários estágios de

desenvolvimento emocional, adquira uma resistência às tensões não só da infância,

mas também do mundo adulto.

O tratamento para o stress infantil, segundo Lipp (2000), intitula-se de “treino de

controle do Stress Infantil” (TCS – I), é baseado nos princípios da terapia

comportamental cognitiva, e enfatiza a mudança de comportamento inadequado e de

cognições criadoras de stress emocional. Não tem objetivo de mudança de

personalidade, nem de resolução de conflitos psíquicos. Seu objetivo é diminuir a

vulnerabilidade das crianças ao stress, aumentando sua resistência presente e futura,

visando uma melhor qualidade de vida, tanto infantil como adulta.

Pelo fato da psicoterapia ser uma forma de tratamento para o stress grave,

considera-se importante esclarecer a respeito do processo de psicoterapia e sobre os

diferentes modelos psicoterapêuticos. Dessa forma os próximos tópicos apresentarão

um breve relato a respeito de alguns modelos de psicoterapia infantil.

Não se pretende falar sobre todos os modelos terapêuticos utilizados no

tratamento de crianças, mas optou-se por apresentar os modelos teóricos e

metodológicos que são utilizados com mais freqüência na clínica-escola de Psicologia

da UNIVALI, que será a fonte desta pesquisa.

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2.3. Psicoterapia

Faz-se necessário o esclarecimento sobre alguns termos, como psicologia

clínica e psicoterapia, antes de adentrar no tema propriamente dito (DUARTE, 1989).

A psicologia clínica pode ser definida como “o campo de aplicação dos

princípios psicológicos” (ROTER, 1967 apud DUARTE, 1989 p. 20), sendo que estes

preocupam-se principalmente com o ajustamento dos indivíduos. O ajustamento

psicológico pode envolver, problemas de felicidade, sentimentos de desconforto,

frustração, questões não adaptadas, ansiedade e tensão no intimo do individuo e

também nas suas relações com outras pessoas e as cobranças sociais (ROTTER,

1967 apud DUARTE, 1989).

E psicoterapia pode ser definida como “qualquer procedimento que tenha ação

sobre a psique do individuo modificando-a, ou seja, alterando de alguma maneira os

sentimentos, os pensamentos ou a conduta” (DUARTE, 1989, p. 21). É um processo

sistemático que tem fundamentos no conhecimento do psicodinamismo da mente,

tendo como objetivo causar mudanças adaptativas no individuo, através da

instrumentalização técnica e de uma relação interpessoal entre terapeuta e paciente

(OSÓRIO, 1977 apud DUARTE, 1989).

No processo psicoterápico há três pressupostos básicos, descritos por Osório

(1977, apud DUARTE, 1989).

1º. O paciente, alguém que solicita ajuda;

2º. O terapeuta, o técnico que tem em seu cargo a tarefa de

conceder ajuda, buscada pelo paciente;

3º. Existência de uma técnica adequada às necessidades do

paciente.

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A psicoterapia deve oferecer um ambiente terapêutico compreensivo, não

punitivo, onde a pessoa não é criticada, mas ajudada a entender seu comportamento,

procurando ver seus motivos e suas razões (DUARTE, 1989). Desta forma, os tópicos

seguintes trarão uma introdução breve a respeito de diferentes modelos teóricos e

metodológicos de psicoterapia.

2.4. Psicoterapia de Orientação Analítica

Foi através do tratamento do pequeno Hans, que Freud formulou as bases para

a psicanálise e para orientação analítica de crianças, e a partir daí surgiu o interesse

de outros profissionais em relação ao tratamento infantil, pois até o momento

consideravam as crianças imaturas para a associação livre, ou seja, não analisáveis.

Mas foi Hug-Hellmuth o primeiro a fazer uma análise sistêmica, sugerindo que o

brinquedo espontâneo pode ser um importante complemento ou até mesmo, substituto

da comunicação verbal, que na análise de adultos apareceria como associação livre,

sendo que a criança estabelece uma relação transferencial com o analista e utiliza do

brinquedo para exteriorizar conflitos internos (ZAVASCHI; COSTA, et al., 1997).

Nesta mesma época destacaram-se outros importantes profissionais na área,

como por exemplo, Anna Freud, que se importava com aspectos do desenvolvimento

enfatizando em cada etapa deste, os avanços adquiridos, sendo que sua grande

contribuição foram seus estudos a respeito dos mecanismos de defesa do ego.

Melanie Klein, também teve uma grande contribuição neste modelo de psicoterapia,

ela acreditava que a análise de crianças deveria ser realizada da mesma forma que a

de adultos, envolvendo-as na situação analítica (ZAVASCHI; IANKILEVICH et al.,

1998).

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Conforme autores citados acima, a psicoterapia de orientação analítica em

criança, mesmo realizada sob mesmo referencial teórico que em adultos, possui

grandes diferenças, o que sugere ser devido à particularidade da criança, um ser em

desenvolvimento.

É importante para a psicoterapia que o terapeuta considere as etapas de

desenvolvimento, para compreender as diferentes formas de manifestação da criança,

assim como conhecer o grau de patologia da criança, sendo que neste deve-se

considerar o contexto em que a criança está inserida. Deve fazer a interpretação de

maneira simples e objetiva, para que dessa forma a criança possa compreender

(ZAVASCHI; COSTA, et al., 1997).

Ao fazer uma avaliação diagnóstica em uma criança, é necessário que se

realize entrevistas com os pais, pois estes podem trazer, já em um primeiro contato,

algumas informações e impressões a respeito da família, da forma e origem do

encaminhamento; e com a criança, além de contato com a escola e outros

profissionais caso a criança esteja em outros atendimentos, pois muitas vezes estes

são os primeiros a notarem perturbações da criança, e trazer informações com menos

sensibilidade e negação que os pais (ZAVASCHI; COSTA, et al., 1997).

Ao entrevistar uma criança deve-se ter uma sala adequada, com brinquedos,

tintas, papéis, jogos, para que ela possa fazer uso do mesmo, até como forma de

substituição da comunicação verbal e da associação livre, podendo assim expressar

de forma livre seus conflitos internos. É através da observação da atividade lúdica da

criança que levará a conhecer seus conflitos, os mecanismos de defesa, fantasias,

desejos maneira como lida com circunstâncias adversas, entre outras informações

(ZAVASCHI; IANKILEVICH et al., 1998). Essas observações em conjunto com as

informações trazidas pelos pais é que vão dar subsídios para a indicação terapêutica,

sem deixar de considerar possíveis avaliações e exames de outros profissionais.

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2.5. Psicoterapia Cognitiva

De acordo com Petti (1995) a natureza empírica da abordagem cognitiva é

atribuída aos desenvolvimentos na área da modificação dos comportamentos.

Fundamenta-se na assertiva do modelo cognitivo, que estipula que os transtornos

psicológicos se caracterizam por apresentarem equívocos e distorções do

pensamento, originando afetos e comportamentos disfuncionais (KNAPP, 1997).

Na terapia cognitiva, os sentimentos e comportamentos são em grande parte

determinados pela maneira como as pessoas estruturam as situações ou eventos em

suas próprias mentes (PETTI, 1995). As disfunções do pensamento e das cognições

podem gerar comportamentos e afetos disfuncionais, que podem acarretar em

transtornos psicológicos. A interpretação distorcida de estímulos ou situações podem

suscitar distorções cognitivas, levando ao desenvolvimento de comportamentos mal-

adaptativo.

Knapp (1997, p. 221) afirma: “pelo fato de haver uma grande correlação entre

cognição e emoção e das respostas emocionais serem fortemente dependentes da

avaliação cognitiva dada aos eventos ambientais e internos, a psicoterapia cognitiva

propõe identificação e a modificação dos erros e falhas de processamento de

informações”.

Através das técnicas de tratamento a psicoterapia cognitiva visa identificar,

avaliar e corrigir os pensamentos disfuncionais envolvidos nas síndromes mentais.

De acordo com Knapp (1997) a psicoterapia cognitiva é uma forma focalizada,

ativa, diretiva e estruturada de psicoterapia. E deve ser, basicamente, focada nas

cognições, colaborativa, psico-educativa, focada no presente, orientada para solução

de problemas, e para alcançar os objetivos a forma mais adequada é através de um

empreendimento colaborativo tanto por parte do paciente como do terapeuta.

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Como estratégias iniciais a Terapia Cognitiva utiliza em princípio o

esclarecimento do modelo e de sua teoria objetivando a definição do problema para a

diminuição dos sintomas, treinar o paciente para identificar seus próprios pensamentos

automáticos, plano geral do tratamento estabelecendo prioridades, entre outros.

Para Knapp (1997) a modificação do pensamento automático, traz melhorias

para o paciente, pois este poderá conscientemente desaprender comportamentos mal-

adaptativos e reaprender outros comportamentos melhor adaptados. E isso poderá

acontecer com a monitoração desses pensamentos automáticos, do reconhecimento

de evidencias que sustentam as cognições distorcidas e da substituição das

interpretações distorcidas pó outras baseadas na realidade (PETTI, 1995).

2.6. Psicoterapia Comportamental

A terapia comportamental tem suas raízes na teoria do aprendizado e se refere

a um conjunto de técnicas, hipóteses e princípios utilizados, principalmente, na

alteração do comportamento (VITULANO e TABES, 1995). Teve sua origem com a

publicação do artigo Psychology as the behaviorismo views, em 1913 e surge em

contraposição às psicologias mentalistas existentes na época (COSTA, 2002).

O objeto de estudo da terapia comportamental é o comportamento observável.

Em geral os terapeutas reconhecem a importância de fatores biológicos e genéticos no

surgimento de um comportamento, mas preferem focalizar nas contingências

ambientais e modificá-las, pois partem do pressuposto que estas mantêm o

comportamento no presente (KAZDIM, et al., apud VITULANO e TABES, 1995).

Na terapia comportamental a principal hipótese é:

[...] a de que a maior parte do comportamento desenvolve-se e é mantida de acordo com os princípios da aprendizagem, que pode ser

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definida como um processo no qual o comportamento é iniciado ou mudado em reação a estímulos internos ou externos que não resultam de tendências inatas de reação, maturação ou estados temporários do organismo (VITULANO e TABES, 1995, p. 825).

Condicionamento Respondente: Foi demonstrado pela primeira vez por Pavlov

em uma experiência com cachorro, que salivava ao som de uma campainha ao ser

apresentada junto à comida, por Pavlov. Esse tipo de aprendizagem baseia-se na

observação de certos comportamentos, que são chamados de respondentes, são

comportamentos que surgem involuntariamente em reação a certos estímulos. Esses

comportamentos são conhecidos como reflexos não condicionados, pelo fato de

ocorrerem automaticamente. Ao ser inserido, repetidamente, um estimulo neutro junto

ao estimulo não condicionado, pode fazer com o estimulo neutro gere uma resposta

condicionada (VITULANO e TABES, 1995).

Condicionamento Operante: Identificado a primeira vez por Skinner (apud,

VITULANO e TABES, 1995), o condicionamento operante envolve comportamentos

que podem ser mantidos ou modificados pelas suas conseqüências, ou seja,

comportamento que gera conseqüências agradáveis tem mais possibilidades de serem

mantidos ou aumentar a freqüência, em contrapartida comportamentos que geram

conseqüências desagradáveis, provavelmente terá a freqüência diminuída (VITULANO

e TABES, 1995).

Teoria da Aprendizagem Social: De acordo com Bandura apud Vitulano e

Tabes, (1995) o comportamento aprendido é regido por três tipos de mecanismos

reguladores: eventos pareados de estímulo-resposta, conseqüências ambientais e

processos cognitivos simbólicos. “Outro fator importante é o ponto de vista de que o

comportamento é [...]” (VITULANO e TABES, 1995, p.826), determinado pela interação

de comportamento, cognições, fatores pessoais e influencias ambientais (BANDURA,

1986 apud VITULANO e TABES, 1995).

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2.7. Ludoterapia

A criança apresenta comportamento lúdico desde seu nascimento, sendo este

de fundamental importância para o seu desenvolvimento, crescimento e maturação

(CHATEAU s.d.p apud GRUNSPUN, 1997).

Conforme Grunspun, (1997) a criança joga o tempo todo, e constantemente vê

no brinquedo sua realidade. Ou seja a atividade lúdica é de grande importância para a

criança.

O lúdico transforma os estímulos em novidades que fazem a criança se adaptar gradualmente a novas situações, aumentando os conhecimentos sobre a vida e causando, além de prazer e criatividade, otimismo em poder realizar o lúdico (GRUNSPUN, 1997, p. 18)

A ludoterapia teve como precursoras Hermine Hug-Hellmunth, Anna Freud e

Melanie Klein, que foram as primeiras a usarem o brinquedo na terapia (GRUNSPUN,

1997).

A ludoterapia é baseada na premissa de que o jogo (o brincar) é o meio natural

de auto-expressão da criança, uma oportunidade de a criança se libertar de seus

sentimentos e problemas pelo brinquedo, assim como os adultos resolvem suas

dificuldades através da fala (AXLINE, 1972).

De acordo com a mesma autora, essa terapia, pode ser de forma diretiva, onde

o terapeuta pode assumir a responsabilidade de orientação e interpretação, ou não

diretiva onde a responsabilidade e a direção são deixadas para as crianças.

A forma não-diretiva parte do pressuposto que o individuo tem a capacidade de

resolver os seus problemas e o impulso de crescimento, ou seja, permite que o

indivíduo seja ele mesmo, aceitando-se de forma completa. Trabalhar de forma não-

diretiva, na ludoterapia é oferecer a criança oportunidade de poder crescer em

melhores condições, dando a chance, através do brincar, de expandir seus

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sentimentos acumulados de tensão, frustração, insegurança, agressividade, medo,

espanto ou confusão. Assim ela se conscientiza deles, esclarecendo, enfrentando,

aprendendo a controlá-los, ou até mesmo esquecendo-os (AXLINE, 1972).

Para Grunspun (1997) ao brincar a criança exterioriza suas fantasias, formando

um mundo próprio, para que ela possa compreender de forma mais clara seu mundo

interno e externo. E a ludoterapia aproveita os momentos de jogo infantil, pois acredita

que a criança se esforça em exteriorizar seus problemas se lhe for dada a

oportunidade.

As técnicas da ludoterapia não diretivas podem ser aplicadas também em

grupos. A experiência em grupo insere na terapia um elemento bastante realista

porque a criança convive com outras crianças, tendo, “[...] portanto, que considerar as

reações delas e desenvolver um respeito aos sentimentos de cada uma” (AXLINE,

1972, p.22).

O ambiente terapêutico deve oferecer condições para que a criança possa

expressar seus pensamentos, fantasias e sentimentos. Tudo o que a criança diz ou

fala no ambiente tem sentido, significado e importância. No ambiente deve ter material

disponível e exposto para a criança (GRUNSPUN, 1997).

O mesmo autor aponta oito princípios básicos da ludoterapia de forma não-

diretiva, são eles:

• Estabelecendo o rapport

• Aceitando a Criança

• Estabelecendo um sentimento de permissidade

• Reconhecimento e reflexão

• Mantendo o respeito pela criança

• A criança indica o caminho

• A terapia não pode ser apressada

• O valor dos limites

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2.8. Psicoterapia de Grupo para Crianças e Adolescentes.

A psicoterapia de grupo para crianças teve como precursores Moreno com a

técnica do psicodrama em crianças, Gabriel ao trabalhar com um grupo de meninas

em um internato e Slavon que trabalhava com grupo com diferentes idades

(GRUNSPUN, 1997).

Cramer-Azima (1995) afirma que ao fazer psicoterapia de grupo com crianças

e adolescentes, pode-se observar o verdadeiro comportamento da criança de do

adolescente, pois as crianças conseguem comunicar-se entre si sem palavras ou com

uma comunicação simbólica como se tivesse uma linguagem particular, além de ser

seu ambiente natural. E já os adolescentes possuem necessidade de relacionamento

com seus pares, e a troca recíproca de pensamentos e sentimentos permite uma auto-

revelação maior do que uma terapia individual.

Quanto ao encaminhamento para a psicoterapia grupal, Arzeno (1995, p. 12)

esclarece da seguinte maneira:

[...] quando as dificuldades situam-se na relação do individuo com os demais (pares, superiores, subalternos) o mais indicado é recomendar a terapia grupal. Se no entanto, o conflito está centrado no intrapsíquico, o mais adequado seria terapia individual.

A psicoterapia de grupo favorece a empatia, a cooperação e a lidar com as

dificuldades, pois no grupo há a oportunidade de comparação, que pode levar a

criança e o adolescente a avaliar seus comportamentos, pensamentos e sentimentos

(GRUNSPUN, 1997).

Na psicoterapia de grupo os terapeutas podem observar a verdadeira dinâmica

de cada individuo envolvido no processo e interpretar o significado do seu jogo e

interações. Neste processo metas psicoterapêuticas e educacionais são oferecidas

“[...] em um ambiente seguro, estimulante e empático, onde os limites e as regras são

estabelecidos pelos terapeutas” (CRAMER-AZIMA, 1995 p. 855).

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O terapeuta, na psicoterapia de grupo, deve ter distancia dos problemas, pois a

sensibilidade, a empatia e a simpatia são características essenciais para o processo,

além de que as respostas da terapia precisam ser rápidas e precisas, sendo que isso

não é possível quando há um sentimentalismo exagerado, pena ou maternalização

pelos problemas das crianças (GRUNSPUN, 1997).

O terapeuta, no processo grupal, assume algumas funções: diretiva,

estimuladora, extensiva, interpretativa e dinamizadora. Sendo que estas funções

podem ser verbais ou não-verbais (gestos, olhares, postura, distancia, etc). A função

interpretativa é a principal, e onde o terapeuta seleciona momentos mais expressivos

da terapia e “[...] dá significados às comunicações e aos sentimentos que a criança

mostra naquele momento. A eleição dos momentos na interpretação dependerá da

teoria que está fundamentada a relação terapêutica” (GRUNSPUN, 1997 p.29).

As abordagens de psicoterapia de grupo para crianças e adolescentes, podem

seguir o modelo psicanalítico, psicodinâmico, Gestalt, comportamental, cognitivo e o

modelo da abordagem sistêmica. A escolha de um método faz-se pela combinação da

orientação teórica do terapeuta e as particularidades do individuo em tratamento

(CRAMER-AZIMA, 1995).

2.9. Psicoterapia Familiar

O pioneiro da terapia familiar foi Nathan Ackerman, que escreveu um trabalho

sobre família em 1938, “A Unidade Familiar”, que abrangia princípios analíticos e

dinâmicos familiares, trabalhando muitas vezes com as defesas. Em 1946 Carl

Whitaker, interessou-se por família, pesquisando a respeito da terapia conjugal

conjunta (RAVENSCROFT, 1995).

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Em uma primeira fase a terapia familiar mostrou-se como um movimento

radical na psiquiatria e na psicologia, levantando questões a respeito de “[...]

postulados básicos da origem intrapsíquica dos sintomas buscando soluções no

coletivo, minimizando os processos individuais” (FALCETO e WALDEMAR, 1997, p.

240). Posteriormente reconhecendo suas limitações começou a valorizar o espaço do

individuo dentro do sistema familiar (FALCETO e WALDEMAR, 1997).

Para esses mesmos autores terapia familiar remete a “discutir como as

complexas interações entre individuo, família e sociedade, incluindo ai os níveis

bioquímicos e genéticos, colaboram para eclosão e a resolução dos problemas

psiquiátricos” (FALCETO e WALDEMAR, 1997, p. 240).

A respeito do processo terapêutico familiar, este pode se dar em diversas

abordagens,assim cada terapeuta deve desenvolver seu próprio estilo de intervir,

segundo sua formação, personalidade e estagio vital. Há uma tendência ao tratamento

focal, mais breve. A linguagem utilizada na terapia varia de acordo com o momento do

ciclo evolutivo, como por exemplo, em famílias com crianças, considera-se relevante a

utilização de brinquedos, auxiliando aos pais a entender o sentido metafórico para a

criança. Já com adolescentes tardios, observa-se em muitos casos a necessidade de

um espaço próprio em paralelo a terapia conjunta, para conversas individuais

referentes aos dilemas específicos da idade (FALCETO e WALDEMAR, 1997).

Falceto e Waldemar (1997) apontam que é preciso participar da sessão todos

aqueles necessários para a resolução do problema ou o conflito que gerou a queixa.

Geralmente quanto mais grave e estruturado o problema, maior o número de pessoas

necessárias e mais prolongada a terapia. Em algumas situações o foco inicial deve ser

em torno do papel respectivo de cada um.

Mediante a apresentação das diferentes psicoterapia utilizada com crianças,

observa-se que todas visam a promoção de saúde e reabilitação do paciente, desta

forma verificar a presença ou não de stress em pacientes que realizam psicoterapia

também representa uma forma de avaliar a qualidade dos processos terapêuticos.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Sujeitos / Amostra

A presente pesquisa foi realizada com pacientes infantis da Clínica de

Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Campus Itajaí, localizada na

rua Uruguai n° 458, município de Itajaí (SC).

A clínica de Psicologia da UNIVALI atende diariamente pacientes de ambos os

sexos e de todas as faixas etárias que residem no município de Itajaí e região. Os

atendimentos são realizados através de encaminhamento de outros profissionais, ou

por interesse particulares de pessoas procedentes da comunidade. As pessoas

encaminhadas passam por um processo de Triagem, que é efetuado pelos

acadêmicos/estagiários do oitavo período, e são atendidas pelos acadêmicos do nono

e décimo período do curso de Psicologia da UNIVALI.

Para realizar o atendimento de crianças é necessário que os pais/responsáveis

assinem um termo de responsabilidade (ANEXO - A) e o termo de Ciência e

Compromisso (ANEXO – B) na clínica-escola de Psicologia.

A amostra da presente pesquisa foi constituída de 20 crianças, com idades

entre 06 e 12 anos, de ambos os sexos, que estivessem realizando processo

psicoterapêutico. A amostra foi definida de acordo com a idade limite para a aplicação

do instrumento (06 a 14 anos) e pelo limite de idade do atendimento infantil da clínica-

escola de Psicologia (12 anos). A amostra também foi submetida aos seguintes

critérios: não apresentar deficiência mental, e qualquer outro tipo de deficiência que

dificultem a compreensão e a execução que é proposto pelo instrumento a ser

aplicado (ESI).

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Para identificar os sujeitos da pesquisa foi solicitado à clínica de Psicologia uma

listagem de todas as crianças que estavam em atendimento. Após esse procedimento

foi analisada as triagens de todas as crianças que estava na lista para que pudesse

ser submetida aos critérios da pesquisa. Então foi feito uma nova listagem somente

com as crianças que estavam dentro dos critérios da pesquisa, assim foram

solicitados, à clínica de Psicologia, os horários de atendimentos das crianças, de

forma que pudesse ser realizado o contato com os pais para solicitar a autorização, a

fim de que seu filho(a) participasse da pesquisa. E por fim foi aplicado a Escala de

Stress Infantil, nas crianças que estavam dentro do critério da pesquisa, dentro da

idade limite para a aplicação do instrumento, em processo de psicoterapia e que

houvesse autorização dos pais ou responsáveis.

Para uma maior visualização e melhor caracterização da amostra, encontra-se

no quadro 01, informações a respeito dos sujeitos participantes da pesquisa. Sendo

que os sujeitos que estão com as informações em destaque, são os que apresentação

sintomatologia para a presença de stress.

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Quadro 01 – Sujeitos e Características

sexo

idade

série (E.F.)

diagnóstico conforme DSM IV -

TR

tempo de atendimento na clínica-escola de Psicologia

da UNIVALI

renda familiar (S.M.)

posição na

família ocupação do pai

Ocupação da mãe

Suj 01 M 8 2ª TDAH 1 a 1 e ½ 2º/2 não consta manicure

Suj 02 M 7 2ª TDAH 2 a 7 m não

consta 1º/1 desempre-

gado costureira

Suj 03 F 8 2ª T.A 2 a 6 m 2 1º/1 carpinteiro empregada doméstica

Suj 04 M 8 1ª T.A 4 a não

consta não

consta bancário do lar

Suj 05 M 12 6ª T. Ap 2 m 1 2º/3 desempre-

gado aposentada

Suj 06 M 11 3ª TDAH 1 a 3 m 2 e ½ 1º/1 segurança manicure

Suj 07 F 10 4ª T.A 2 m 2 e ½ 1º/1 guindasteir

o servente

Suj 08 M 11 5ª T.C 4 m 2 2º/2 autônomo zeladora

Suj 09 M 6 Pré T. D.O 2 m 3 2º/2 pedreiro do lar

Suj 10 M 10 3ª T. Ap 2 m 4 e ½ 1º/1 pescador Cozinheira

Suj 11 M 10 4ª T.A 5 m não

consta 1º/1 não consta Costureira

Suj 12 M 10 4ª P. R. 2 m 1 e ½ 2º/2 aposentado Revisora

Suj 13 F 6 Pré P. R. 2 m 3 2º/3 caminho-

neiro auxiliar de escritório

Suj 14 F 9 3ª T.A 1 a 3 e ½ não

consta

represen-tante

comercial auxiliar de escritório

Suj 15 F 7 2ª T.A 4 m não

consta 3º/3 aposentado cria gatos

Suj 16 F 11 5ª TDAH 2 m 3 2º/2 mecânico do lar

Suj 17 M 9 3ª TDAH 8 m não

consta 1º/1 servidor publico

auxiliar de escritório

Suj 18 F 8 2ª TDAH 4 m 7 1º/2 vendedor do lar

Suj 19 M 9 1ª T.C 6 m não

consta não

consta autônomo do lar

Suj 20 M 8 2ª T.A 6 m 2 1º/2 não consta não consta

Legenda: NC – Não consta S.M. – Salário Mínimo

E.F. – Ensino Fundamental pré – Pré-escola

M – Masculino F – Feminino

TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção Hiperatividade T.A – Transtorno de Ansiedade

T.Ap – Transtorno de Aprendizagem T.C – Transtorno de Conduta

T.D.O – Transtorno Desafiador Opositivo a – Ano

P.R. – Problema de Relacionamento m – Meses

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3.2. Instrumento

Para a coleta de informações foi utilizada a Escala de Stress Infantil – ESI

(LIPP e LUCARELLI, 1998) e a coleta de informações de cada um dos participantes da

pesquisa, nas triagens (ANEXO – E), que se encontram na clínica-escola de

Psicologia da UNIVALI.

A Escala de Stress Infantil – ESI é um instrumento que consiste em 35 itens

que se relaciona com as seguintes reações do stress: físicas (itens 2, 6, 12, 15, 17, 19,

21e 34); psicológicas (itens 4, 5, 7, 8, 10, 11, 26, 30 e 31); psicológicas com

componentes depressivos (itens 13, 14, 20, 22, 25, 28, 29, 32 e 35) e psicofisiológicas

(itens 1, 3, 9, 16, 18, 23, 27 e 33). Conforme as autoras, são estas as reações

relacionadas ao stress que cada item é capaz de medir. Dessa forma a escala tem

como objetivo verificar a existência ou a ausência sintomatologia de stress em

crianças entre 06 a 14 anos e possibilita também a verificação do tipo de reação mais

freqüente na criança, facilitando a adequação do stress a níveis normais.

Quanto a estrutura da escala, as autoras relatam que, a ordem dos itens foi

elaborada por meio de sorteio aleatório, utilizando a tabela de números aleatórios. E

as respostas aos itens é feita mediante a escala likert de cinco pontos, o registro é

feito em quartos de circulo de acordo com a freqüência que os sujeitos experenciaram

os sintomas apontados pelos itens.

A aplicação da escala pode ser realizada tanto individual quanto coletiva. E o

material utilizado para a aplicação é: uma folha dupla, contendo os itens e as

instruções no alto de cada folha (ANEXO - C), lápis de cor.

Conforme consulta à lista dos instrumentos de avaliação psicológica

considerados favoráveis ao uso, a Escala ESI, mostra-se como instrumento validado e

padronizado para uso no Brasil (CFP – 09/03/05)

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O ESI foi aplicado conforme o agendamento de horários, para atendimento das

crianças, com os seus pais/responsáveis.

3.3. Procedimentos para a coleta dos dados

Primeiramente foi solicitado ao responsável pela clínica de Psicologia a

autorização para o contato com a amostra da pesquisa e acesso as informações

necessárias sobre os sujeitos (Apêndice – B), já obtidas e que se encontram

arquivadas na Clínica de Psicologia da UNIVALI – Campus Itajaí.

Após esse procedimento a acadêmica/pesquisadora realizou contato com os

pais/responsáveis das crianças que compõem a amostra, para esclarecer os objetivos

da pesquisa e agendar o contato para a coleta de informações através da aplicação da

Escala de Stress Infantil (ESI).

Para os pais ou responsáveis que concordaram em que seus filhos participem

da pesquisa, mediante assinatura do TERMO de CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO (Apêndice – A), foi agendado um dia especifico para a aplicação do

instrumento. A aplicação do mesmo ocorreu individualmente com cada criança, nas

dependências da Clínica de Psicologia e a pesquisadora seguiu as normas presentes

no Manual de Aplicação do ESI (LIPP, 1998). As respostas foram registradas nas

folhas de respostas especificas para esse instrumento (ANEXO – C).

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3.4. Procedimentos para a análise dos dados

A presente pesquisa configurou-se como uma pesquisa de campo, quantitativa

e documental. Conforme Oliveira (1998) a pesquisa de campo fundamenta-se na

observação dos fatos como realmente ocorre e de maneira espontaneamente, na

coleta de dados e no registro de variáveis, presumivelmente para uma análise

posterior. E se tratando de uma pesquisa de cunho quantitativo, compreende-se que

tal método possui “[...] a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar

distorções de análise e interpretação, possibilitando, conseqüentemente, uma margem

de segurança quanto às inferências” (RICHARDSON, 1999 p.70). De acordo com

Laville e Dione (1999) a pesquisa documental resume-se em reunir documentos,

coletar informações descrever ou transcrever eventualmente seu conteúdo e talvez

efetuar uma primeira ordenação das informações para selecionar aquelas que

parecem pertinentes.

A presente pesquisa, não teve como objetivo a generalização de dados,

caracterizando-se como uma pesquisa descritiva exploratória.

Desta forma os dados obtidos foram submetidos primeiramente ao

procedimento de correção das respostas através do Manual de Instruções para

Aplicação e Avaliação do teste ESI (LIPP, 1998) e do crivo de correção (ANEXO – D)

Após a esse procedimento os dados obtidos foram submetidos a uma análise

estatística, através da distribuição de freqüência de dados nominais, que procura

transformar os dados brutos em um conjunto de mensurações, organizadas e dotadas

de sentido, que possam ser usadas para testar as hipóteses iniciais (LEVIN, 1987)

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3.5. Procedimentos éticos

Pasquali (2001) aponta que as condições éticas são necessárias para

pesquisas envolvendo seres humanos, desde seu planejamento, recrutamento de

participantes, consentimento informativo, arquivo de dados e divulgação dos

resultados. Na avaliação psicológica, fica determinado que o pesquisador deve

ponderar os riscos e benefícios envolvidos, comprometendo-se em viabilizar os

procedimentos de maneira a não causar problemas para os implicados, de acordo com

as determinações do ministério da saúde (CNS, 1996).

Desta forma foram realizadas explicações iniciais a respeito da pesquisa em

questão, para os pais/ responsáveis, permitindo-lhes obter informações sobre o

funcionamento geral da pesquisa, assim como os objetivos da mesma. Deste modo foi

solicitado aos pais/responsáveis das crianças que constituíram a amostra desta

pesquisa, a autorização (Apêndice A) para a coleta de dados, através do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido, conforme previsto pelo conselho Nacional de

Saúde, (1996, p. 3) que afirma que “a eticidade da pesquisa implica em A)

consentimento livre e esclarecido dos indivíduos – alvos e a proteção a grupos

vulneráveis e aos legalmente incapazes (autonomia).

Os pais/responsáveis pelas crianças que estiveram envolvidas na pesquisa

terão assegurado o direito de obter informações a respeito da pesquisa. Após o

término da mesma e a apresentação para a banca examinadora, será realizada a

devolução das informações aos participantes, com dia e hora agendados. Ficou

explicito também aos pais/responsáveis que a partir do momento em que seus filhos

não se sentirem a vontade para responder a Escala de Stress Infantil - ESI, poderiam

retirar seu consentimento sem acarretar dano algum. Da mesma forma foram

esclarecidos que terão assegurado o respeito ao sigilo quanto à suas identidades,

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34

dados coletados, e utilização dos resultados apenas para fins da presente pesquisa,

conforme previsto pelo CFP (2000, p.3) artigo 9°: “[...] todos os membros da equipe de

pesquisa estiveram obrigados a conservar em sigilo as informações confidenciais

obtidas na pesquisa, assim como proteger de risco os participantes [...]”.

Conforme previsto pelo CFP (2000, p. 2), artigo 4°

Os psicólogos pesquisadores em respeito a autonomia, liberdade e privacidade dos indivíduos, deverão garantir, em suas pesquisas: I – que a participação é voluntária; II – que estão informados sobre os objetivos da pesquisa e o uso que será feito das informações coletadas; III – que os participantes foram informados e entenderam com clareza os procedimentos aos quais serão submetidos, bem como suas possíveis conseqüências.

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35

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. Caracterização da Amostra

Conforme um dos objetivos específicos da presente pesquisa pretende-se

caracterizar a amostra em relação a sexo idade e escolaridade. Desta forma o gráfico

abaixo apresenta a distribuição da amostra em função do sexo. De acordo com os

dados obtidos, apresentou-se uma prevalência maior de meninos (65%) em

atendimento psicoterapêutico do que meninas (35%). Conforme demonstrado no

gráfico abaixo (figura 01)

Figura 01 – Distribuição da Amostra em função do sexo

0

10

20

30

40

50

60

70

meninos meninas

Sexo

Porcentagem

De acordo com Marcelli (1998) há evidencias da existência de uma alta

incidência de meninos em relação às meninas na população que busca pela

psiquiatria infantil. Os resultados indicam que antes dos 14 anos, encontra-se 60 a

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36

65% de meninos para 35 a 40% de meninas. Essa diferença também é encontrada em

estudos populacionais, em que a proporção de meninos e meninas varia em 2 para 1,

e em estudos clínicos chega a variar entre 9 para 1 em relação ao sexo. Conforme

Lopez (1983) e Graminha e Martins (1994) também foi constatado uma predominância

do sexo masculino na clientela atendida nas clínicas-escolas de Psicologia no estado

de São Paulo.

Essa prevalência do sexo masculino em atendimentos clínicos, pode estar

relacionada com alguns transtornos, que tem incidências maiores de meninos como no

caso do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) que apresenta uma

prevalência de 1 a 3%, e uma proporção de 3 meninos para cada menina (GOODMAN

e SCOTT, 2004). Da mesma forma o apresenta-se o transtorno de conduta e o

transtorno desafiador de oposição. O transtorno de conduta que tem uma prevalência

de aproximadamente 4 a 10% da população infantil e a taxa de freqüência de meninos

é de 6 a 16% enquanto a taxa de diagnósticos do transtorno em meninas vai de 2 a

9% (KOCH E GROSS, 2005). E o transtorno desafiador de oposição, que demonstra

uma prevalência de 2 a 16% das crianças, antes da puberdade tem uma proporção

maior do sexo masculino (LUISELLI, 2005).

Sugere-se também que a incidência maior de meninos em tratamentos

psicoterapêuticos esteja relacionado ao fato de que meninos tendem a ter

comportamentos mais agressivos que as meninas, que normalmente se apresentam

de maneira mais empáticas, cooperativas e obediente aos pais, buscando maior

aprovação dos adultos do que os meninos, que apresentam-se muitas vezes mais

agitados e com maior dificuldade para cumprir regras. (PAPALIA e OLDS, 2000).

A respeito da idade das crianças da amostra também foram coletados dados. A

figura abaixo (figura 02) apresenta o gráfico com a distribuição da amostra em função

das idades das crianças, que estavam dentro da idade limite para a aplicação da

Escala de Stress Infantil (ESI).

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37

Figura 02: Distribuição da amostra em função da idade

0

5

10

15

20

25

30

6 7 8 9 10 11 12

Idade (anos)

Po

rce

nta

ge

m

Percebe-se que as maiores porcentagens de crianças em atendimento

psicológicas estão entre a idade de 8 a 10 anos (60%), verifica-se que a maior

incidência foi com idade de 8 e 10, com 25 e 20% respectivamente, em seguida foi a

idade de 9 e 11 anos, ambas as idades com 15%, as idades de 6 e 7 anos

apresentaram 10% e a idade de 12 anos apresentou-se com 5%.

Romaro e Capitão (2003) em sua pesquisa, realizada em uma clínica-escola de

Psicologia, sugerem que a baixa freqüência da idade de 11 e 12 anos em clínicas-

escolas de Psicologia, que indica inicio da adolescência, deve-se ao fato de que

muitas vezes esses pré-adolescentes são levados até a clínica pelos pais,

influenciados em sua decisão por conselhos de médicos, professores, e poucas vezes

pela própria vontade do paciente, o que pode indicar uma aliança terapêutica frágil,

resultando em desistências no processo terapêutico.

Conforme Lopez (1983) e Graminha e Martins (1994) pesquisas realizadas no

Brasil sobre população infantil de clínicas de psicologia, apontam maior incidência na

faixa etária de 6 a 11 anos.

Barbosa e Silvares (1994), Graham (1995) consideram a hipótese de que

certos problemas individuais são percebidos pelos pais na época em que as crianças

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38

passam a freqüentar a escola, mas esse fato não significa que sejam problemas de

aprendizagem, mas por afetar o rendimento escolar, desperta a preocupação dos pais

ou até mesmo por este ser muitas vezes o único padrão de referencia que as famílias

possuem.

Porém na presente pesquisa ocorre mais casos com idade entre de 8 e 10

anos.

Sugere-se que este fato possa estar relacionado com os ciclos de formação

escolar, pois com a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (BRASIL, 1996), surgiu a

possibilidade de uma reorganização da educação básica em ciclos. Assim nesse novo

contexto, os ciclos escolares surgem com a intenção de regularizar o fluxo escolar,

eliminando a repetência. O currículo escolar de muitos estados brasileiros, inclusive o

do estado de Santa Catarina, onde foi colhida a amostra, foi reorganizado, formando

dois ciclos, sendo um composto pela 1ª e 2ª série e outro pela 3ª e 4ª série do ensino

fundamental, com isso acarretou em uma aprovação automática, na qual o aluno é

promovido para a série seguinte, tendo alcançado ou não os objetivos do processo,

eliminando, principalmente a reprovação entre a 1ª e 2ª série do ensino fundamental.

O que acaba, por muitas vezes, prorrogando os problemas, dificuldades e

encaminhamentos adequados também para a série seguinte. (BERNARDO, 2003)

De forma semelhante ao estudo citado ao analisar o nível de escolaridade da

amostra da presente pesquisa, foi encontrado freqüências semelhantes. E justamente

por esse motivo, torna-se interessante que a análise seja feita apresentando os dois

gráficos. Abaixo (figura 03) apresenta o gráfico da distribuição da amostra em função

do nível de escolaridade das crianças.

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39

Figura 03: Distribuição da amostra em quanto à escolaridade

0

5

10

15

20

25

30

35

pré-

escola

1ª E.F. 2ª E.F. 3ª E.F. 4ª E.F. 5ª E.F. 6ª E.F.

Escolaridade - E.M. - Ensino Fundamental

Po

rce

nta

ge

m

Percebe-se que há uma porcentagem mais elevada de crianças na segunda,

terceira e quarta série do ensino fundamental (65%), apresentando 30%, 20% e 15%

respectivamente, em seguida encontra-se a pré-escola, primeira e quinta série do

ensino fundamental, todas com 10%, e com menor incidência encontra-se a sexta

série do ensino fundamental que apresentou 5%.

[...] na visão contemporânea do desenvolvimento, a idade escolar é definida mais ativamente por instituições sociais, a escola e as leis que regulam a escolaridade, do que pelas realizações particulares de todas as crianças antes e durante este período do desenvolvimento. É bom lembrar que a escolaridade teve seus tempos fixados por refletirem a prontidão da maioria das crianças para a escola. Uma vez que a educação formal é agora exigida para todas as crianças, independentemente de estarem ou não prontas para a escola (GRAHAM, 1995).

Lopez (1983) e Graham (1995), apontam que ao entrar na escola a criança se

depara com a necessidade de corresponder às expectativas familiares e sociais, pois

normalmente acredita-se que é por meio do sucesso escolar que se tem oportunidade

de crescer economicamente e socialmente. Desta forma o fracasso escolar, pode

significar um não crescimento sócio-econômico familiar, causando ansiedade nos pais.

E é também na escola que a criança se depara com situações novas de competição,

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comparação, cobrança e avaliação. E essas mudanças acabam gerando um nível de

tensão emocional que geralmente não é verificado ou mesmo considerado. Sendo que

ingressar na escola também significa a necessidade de corresponder às expectativas

familiares e sociais, exigindo da criança competência e eficiência.

4.2. Análise e discussão dos resultados obtidos com a aplicação da

Escala de Stress Infantil - ESI

O instrumento utilizado para a coleta de dados apresenta-se com 35 questões,

divididas em 4 categorias: reações físicas, reações psicológicas, reações psicológicas

com componentes depressivos e reações psicofisiológicas. Sendo que o ponto de

corte varia de acordo com o total de pontos; ou pelo total de pontos em cada

categoria; ou pelo total de freqüência máxima. Assim, apresentam sintomatologia de

stress resultados maiores que 105 pontos totais; ou 27 pontos nas categorias de

reações físicas, reações psicológicas e reações psicológicas com componentes

depressivos; ou 24 pontos na categoria de reações psicofisiológicas; ou ainda

resultados que apresentem 7 ou mais itens completamente preenchidos, ou seja que

tenham respondido “sempre”.

Na presente pesquisa, a Escala de Stress Infantil – ESI (LIPP e LUCARELLI,

1998) foi aplicada em 20 crianças de ambos os sexos entre 6 e 13 anos, com média

de idade de 8,4 anos. Dos 20 respondentes, 5 apresentaram sintomatologia de stress.

Conforme a literatura pesquisada, há poucas pesquisas realizadas a respeito do stress

infantil, mas é cada vez mais visto que o stress tem estado presente na vida das

crianças. Lipp, (2004) aponta que o stress infantil é muito pouco conhecido, “[...] sendo

difícil encontrar pesquisas sobre o assunto, tanto no Brasil como no exterior” (LIPP,

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41

2004 p. 18). E que as pesquisas nessa área tiveram início, no Brasil, em 1991, pois

verificou-se que as crianças enfrentavam, cada vez mais situações geradoras de

stress, tais como internações, mudanças de casa, de escola, de professora ou de

empregada, nascimento de irmãos, atividades extracurriculares, separação e

recasamento dos pais, entre outras.

De acordo com Novais (2004) o stress provocado pelo dia-a-dia atualmente faz

parte da vida da criança com muito mais freqüência e também com mais precocidade

do que anos atrás, quando as atividades infantis, como jogar bola, brincar de boneca,

soltar pipa, eram menos geradoras de ansiedade. A criança ter que se submeter à

horários para acordar, para brincar, estudar, alimentar-se, dormir é algo novo, e que

quando imposta de maneira não natural, torna-se geradora de níveis de stress e

ansiedade prejudiciais. O mecanismo de stress infantil é praticamente igual ao

mecanismo do stress adulto, mas o que muda significantemente são as fontes e

sintomas de stress (LIPP, 2004).

Na presente pesquisa, os resultados obtidos foram submetidos ao tratamento

estatístico, para que desta forma pudessem ser analisadas as relações entre sexo e

stress; idade e stress. Para análise, da relação entre sexo e stress, foi utilizado o

método estatístico de Prova Exata de Fischer, com a probabilidade de erro de 0.05%

(α = 0,05), para que pudesse verificar a existência ou não das relações. Para Marques

(2002) a prova exata de Fischer tem a finalidade de testar duas amostras

independentes, que possam ser inseridas em uma tabela de contingência 2X2, para

verificar se há diferenças significativas em suas proporções. Como critério para utilizar

o teste exato de Fischer, é necessário que as suas amostras sejam independentes, de

tamanhos pequenos, e que os dados sejam discretos, que consiste em nominais e

ordinais.

Através da prova exata de Fischer, a presente pesquisa, demonstrou que não

houve diferença estatisticamente significativa entre sexo e presença de sintomatologia

de stress, dentro de cada critério de avaliação do stress. Conforme demonstram as

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tabelas 01, 02, 03 e 04, abaixo. Na categoria reações psicológicas, e no critério de

totais de pontos, não houve nenhuma criança que tenha apresentado sintomatologia

de stress.

Tabela 01: Sexo e Sintomatologia - Reações Físicas

Positivos

Negativos sexo n % N % p masc 1 7,69 12 92,31 0,65 fem 0 0 7 100 Tabela 02: Sexo e Sintomatologia - Reações Psicológicas com componentes depressivos

Positivos

Negativos sexo N % N % p masc 0 0 13 100 0,35 fem 1 14,29 6 85,71 Tabela 03: Sexo e Sintomatologia - Reações Psicofisiológicas

Positivos

Negativos sexo N % N % P masc 1 7.69 12 92,31 0,65 fem 0 0 7 100 Tabela 04: Sexo e Sintomatologia - Totais itens preenchidos

Positivos

Negativos sexo N % N % P masc 4 30,77 9 69,23 0,406 fem 1 14,29 6 85,71

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43

Lipp (2004) aponta que fatores estressantes podem gerar stress em todas as

pessoas, independentemente de sexo ou idade, da mesma forma Günther e Machado

(2003) apontam que para o estudo do stress, devido a sua complexidade, exige que se

considere: aspectos da personalidade, variáveis situacionais, estratégias de manejo do

stress, e resultados positivos de tais manejos.

Apesar dos resultados da presente pesquisa e de a literatura específica em

relação a stress não demonstrarem diferenças estatísticas em relação a gênero,

Papalia e Olds (2000) apontam que o fato de ser do sexo masculino ou do sexo

feminino, afeta toda a nossa vida, pois ser de um ou de outro sexo vai determinar a

aparência, modo de ser, de andar e em muitas vezes determina a maneira de vestir,

brincar e trabalhar. Assim a condição de ser do sexo feminino ou masculino, influencia

o pensamento sobre si e sobre os outros. Desta forma a consciência de identidade de

gênero e todas as conseqüências dela são de grande importância para a formação de

gênero de cada um, pois a construção deste é fortemente influenciado pela

socialização, o meio e a cultura na qual a criança está inserida. Historicamente, e se

mantém até hoje, todas as sociedades têm papéis sexuais definidos, ou pelo menos o

que é esperado de cada um, como por exemplo, é comum esperar da mulher, o papel

de cuidadora, que assuma os cuidados da casa, dos filhos e deleguem aos homens o

papel de provedores e protetores, e até mesmo um comportamento mais agressivo e

competitivo (PAPALIA E OLDS, 2000).

Shaffer (2005) aponta que estudos comparando diferenças psicológicas entre

homens e mulheres, observaram quatro diferenças significativas entre os sexos, sendo

elas habilidade verbal, as meninas possuem melhores habilidades verbais que os

meninos; habilidade visoespaciais, os meninos apresentam maiores habilidades em

atividades visoespacial; habilidade matemática, os meninos apresentam vantagens em

raciocínio aritmético, e as meninas apresentam mais habilidades em estratégias para

resolução de problemas; e agressividade, os meninos apresentam maior

agressividade física e verbal do que as meninas.

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44

Assim como naturalmente há diferenças de gênero, dentre as psicopatologias

infantis também há questões de gênero peculiares. “As pesquisas epidemiológicas

assinalam que os problemas externalizados são mais prevalentes nos meninos que

nas meninas. Porém o risco de condições co-morbidas, como ansiedade é maior nas

mulheres” (MARSH e GRAHAM, 2005 p. 32).

Conforme os mesmos autores, os homens superam em números as mulheres

na maioria dos transtornos da infância e adolescência, desconsiderando transtornos

alimentares, transtornos de ansiedade e depressão adolescente.

Marsh e Graham (2005) apontam também que há diferenças decorrentes do

gênero na psicopatologia interagindo com a idade. “Os meninos manifestam mais

dificuldades que as meninas durante a primeira infância, especialmente com relação

os transtornos de comportamento perturbador. As dificuldades das meninas podem

aumentar na adolescência” (p.32).

Na presente pesquisa não houve diferenças estatisticamente significativas para

a relação entre idade e sintomatologia presente de stress. Assim como em relação ao

sexo não houve nenhuma criança que tenha apresentado sintomatologia de stress na

categoria reações psicológicas, e no critério de totais de pontos. Abaixo são

apresentadas as tabelas 05, 06, 07 e 08.

Tabela 05: Idade e Sintomatologia - Reações Físicas

Positivos

Negativos Idade N % N % P

06 a 07 0 0 4 100 08 a 10 1 8,33 11 91,66 0,704 11 a 12 0 0 4 100

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45

Tabela 06: Idade e Sintomatologia - Reações Psicológicas com componentes Depressivos

Positivos

Negativos Idade N % N % P

06 a 07 0 0 4 100 08 a 10 1 8,33 11 91,66 0,704 11 a 12 0 0 4 100 Tabela 07: Idade e Sintomatologia - Reações Psicofisiológicas

Positivos

Negativos Idade N % N % P

06 a 07 0 0 4 100 08 a 10 1 8,33 11 91,66 0,704 11 a 12 0 0 4 100 Tabela 08: Idade e Sintomatologia - Totais de itens preenchidos

Positivos

Negativos Idade N % N % P

06 a 07 1 25 3 75 08 a 10 3 25 9 75 1 11 a 12 1 25 3 75

Para a análise em relação a idade, os dados dessa pesquisa foram submetidos

ao tratamento estatístico, através do teste Qui-quadrado, com a tolerância de erro de

também 0,05%.

O teste de significância Qui-quadrado

[...] ocupa-se essencialmente com a distinção entre freqüência esperada freqüência obtida. As freqüências esperadas referem-se aos termos da hipótese nula, de acordo com os quais se espera que a freqüência relativa seja a mesma para todos os grupos. Em contraposição, as freqüências observadas referem-se aos resultados obtidos de forma efetiva no momento da coleta dos dados donde decorre que, um grupo para outro, elas podem, ou não, variar (LEVIN, 1987 p.195).

Conforme apontam as tabelas acima, não houveram diferenças estatísticas

para a presença de sintomatologia de stress em relação a idade em todos os critérios

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46

de avaliação. Conforme Marsh e Graham (2005) o tema diferenças de idade

relacionada com transtornos infantis tem recebido bastante atenção, porém não surgiu

nenhum padrão consistente ainda. “[...] não se pode obter informações relativas aos

processos ou mecanismos que subjazem às mudanças associadas às diferentes

idades na psicopatologia infantil” (MARSH E GRAHAM, 2005 p.31).

De acordo com o objetivo da pesquisa, listar a freqüência dos diagnósticos

clínicos, já estabelecidos, da amostra de pesquisa conforme os parâmetros do DSM-IV

–TR (2002) e sua relação com a presença de stress, considera-se importante a

descrição dos diagnósticos dos sujeitos que apresentaram sintomatologia de stress, a

tabela 09 abaixo, apresenta os diagnósticos e o tempo de atendimento na clínica-

escola de Psicologia de cada um dos sujeitos que apresentaram sintomatologia para a

presença de stress, observa-se também na tabela 09 abaixo a freqüência, no qual

cada transtorno apareceu.

Tabela 09 - Diagnóstico e tempo de atendimento – sintomáticos para presença de stress

Sujeitos* Diagnósticos conforme o DSM IV – TR

Tempo de atendimento na clínica-escola de

Psicologia da UNIVALI

Suj 02 Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade 2 anos e 7 meses

Suj 06 Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade 1 ano e 3 meses

Suj 18 Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade 4 meses

Suj 19 Transtorno de conduta 6 meses

Suj 10 Transtorno de Aprendizagem 2 meses * Sujeitos que apresentaram sintomatologia para a presença de stress

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) tem como

característica essencial um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade,

mais freqüente e severo do que aquele tipicamente observado em indivíduos em nível

equivalente de desenvolvimento. Alguns sintomas hiperativo-impulsivos que causam

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47

prejuízo devem ter estado presentes antes dos 7 anos, mas muitos indivíduos são

diagnósticados depois, após a presença dos sintomas por alguns anos. É

característica também a presença dos sintomas em pelo menos dois contextos (por

ex., em casa e na escola ou trabalho) e também a presença de seis (ou mais)

sintomas de desatenção ou hiperatividade, persistindo por pelo menos 6 meses. Deve

haver também evidências de interferência no funcionamento social, acadêmico ou

ocupacional apropriado em termos evolutivos (APA, 2002).

De acordo Goodman e Scott (2004), crianças hiperativas se mexem muito,

assim como mexem com objetos e roupas, tem dificuldades para se manterem

sentadas e persistirem na mesma tarefa, trocam com freqüência de atividades e se

distraem com facilidade. O que se torna mais claro nesse distúrbio não encontra-se na

quantidade de tarefas, mas sim no controle das mesmas.

A desatenção é geralmente apresentada em situações escolares, profissionais

ou sociais. As crianças com este transtorno podem não prestar muita atenção a

detalhes ou acabam por cometer erros por falta de cuidados nos trabalhos escolares

ou outras tarefas. As atividades são muitas vezes confusas e realizadas geralmente

sem cuidado e atenção adequada. Com freqüência têm dificuldade para manter a

atenção em tarefas ou atividades lúdicas e consideram difícil persistir em tarefas até

seu término (APA, 2002).

A falta de atenção está inter-relacionada com a impulsividade, que pode ser

definida como a incapacidade da criança esperar a sua vez, assumir riscos

desnecessários que podem levar a sofrer quedas e lesões em maior números, pouca

tolerância a frustração, o que pode desencadear comportamentos ansiosos e

destrutivos, tendem a responder mais rapidamente podendo cometer maior números

de erros, etc (SERVERA et al, 2005).

As realizações acadêmicas em geral estão prejudicadas e insatisfatórias, sendo

comum ter conflitos com a família e autoridades escolares. A insuficiente dedicação às

tarefas que exigem esforço constante freqüentemente é interpretada pelos outros

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48

como sinal de preguiça, um fraco senso de responsabilidade e comportamento de

oposição (APA, 2002). Servera (et al, 2005) apontam que 80% das crianças

hiperativas apresentam problemas de comportamento, e que 65% apresentam

problemas de teimosia, comportamento desafiador, rejeição a ordens, birras,

agressividade verbal, entre outros. Os autores apontam também que de 30-40% das

crianças que apresentam TDAH, ocorre demonstração de mudanças no estado de

animo, sintomas de ansiedade, somatizações, e, principalmente baixa auto-estima.

Lipp (2004) aponta que o stress infantil pode estar na origem de vários

distúrbios tanto físicos como psicológicos, e que crianças que apresentam stress pode

apresentar como sintomas psicológicos: comportamentos agressivos, desobediência

inusitada, depressão ansiedade, choro excessivo, enurese, gagueira, dificuldades de

relacionamento, dificuldades escolares, pesadelos, insônia, birras e até mesmo fazer

uso indevido de tóxicos; já como sintomas físicos podem apresentar: asma, bronquite,

hiperatividade, doenças dermatológicas, ulceras, obesidade, caries, cefaléia, dores

abdominais, diarréia, tiques nervosos, entre outros .

Devido ao que foi descrito acima infere-se que a presença de sintomatologia de

stress pode estar associado com os sintomas de TDAH, pois são sintomas parecidos.

Além de existir a possibilidade de ambos estarem se apresentando em co-morbidade.

De acordo com Malagris e Castro (2004) o stress decorrente do TDAH pode chegar a

níveis muito altos, gerando problemas de saúde e acentuando alguns problemas já

existentes, sendo necessário uma atenção especial.

Um outro transtorno presente entre os pacientes que apresentaram

sintomatologia de stress foi o transtorno de aprendizagem. Conforme o (APA, 2002),

para ser caracterizado transtorno de aprendizagem, os problemas de aprendizagem

devem interferir significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida

diária que exigem habilidades de leitura, matemática ou escrita. Variados enfoques

estatísticos podem ser usados para estabelecer que uma discrepância seja

significativa. O transtorno de aprendizagem pode envolver problemas em três áreas:

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transtorno da leitura, transtorno da matemática e transtorno na expressão escrita, ou

ainda pode se adequar no transtorno de aprendizagem sem outra especificação, essa

categoria envolve os transtornos da aprendizagem que não satisfazem os critérios

para qualquer transtorno da aprendizagem específico, podendo incluir problemas em

todas as três áreas (leitura, matemática, expressão escrita) que, juntos, interferem

significativamente no rendimento escolar, embora o desempenho nos testes que

medem cada habilidade isoladamente não esteja acentuadamente abaixo do nível

esperado, considerando a idade cronológica, a inteligência medida e a escolaridade

apropriada à idade do indivíduo. O transtorno de aprendizagem pode ter

características associadas tais como desmoralização, baixa auto-estima e déficits nas

habilidades sociais. Assim como podem ter transtornos associados como, por

exemplo, transtorno de conduta, transtorno desafiador opositivo, transtorno de déficit

de atenção e hiperatividade, transtornos depressivos, transtorno do desenvolvimento

da coordenação, anormalidades subjacentes do processamento cognitivo (por ex.,

déficits na percepção visual, processos lingüísticos, atenção, memória ou uma

combinação destes) entre outros. Crianças e adolescentes com transtorno de

aprendizagem têm uma taxa de evasão escolar de aproximadamente 40%.

Os problemas de aprendizagem acabam se tornando uma conseqüência

psicológica do stress, pois as dificuldades escolares surgem com freqüência devido a

dificuldade de concentração e de desenvolver o pensamento, além disso quando a

criança encontra-se estressada ela mostra-se, muitas vezes, agressiva, desobediente,

apática, desinteressada, entre outros. Além disso como o stress acaba por afetar de

modo dramático a habilidade de organização, os cadernos, materiais escolares, até

mesmo as informações como por exemplo o conteúdo de alguma disciplina, torna-se

desorganizado, o que dificulta mais ainda o rendimento escolar (LIPP, 2004)

Da mesma forma como com o TDAH, sugere-se que o transtorno de

aprendizagem também apresente relação com o stress, pois além de desenvolver

sintomas próximos e até mesmo iguais, há também a possibilidade da existência de

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ocorrer um em decorrência da presença do outro, pois como já descrito no inicio, da

pesquisa uma das fontes de stress infantil é cobrança dos pais, e até mesmo a

autocobrança.

O outro transtorno presente entre os sintomáticos foi o transtorno de conduta,

que tem como característica principal, um padrão repetitivo e persistente de

comportamentos, onde violam os direitos básicos dos outros e/ou regras sociais

importantes apropriadas para a idade (APA, 2002). Conforme Koch e Gross (2005)

esse transtorno pode ser definido como um conjunto de padrões de comportamentos

anti-sociais, que é manifestado pelas crianças ou adolescentes, que provocam uma

deterioração significativa no funcionamento e na rotina da casa, da escola, ou ainda

tem os comportamentos considerados impossíveis de lidar pelas pessoas que estão a

sua volta. Geralmente entre os comportamentos impróprios incluem: agressão, roubo,

mentiras, vandalismo, fugas, causar danos físicos e materiais, entre outros (KOCH e

GROSS, 2005). Esses comportamentos caem em quatro agrupamentos principais:

conduta agressiva que causa ou ameaça danos físicos a outras pessoas ou a animais,

conduta não-agressiva que causa perdas ou danos a propriedades, defraudação ou

furto e sérias violações de regras.

Conforme Goodman e Scott (2004) o transtorno de Conduta, pode ter

associação com alguns outros transtornos, como por exemplo o Transtorno de Déficit

de Atenção e Hiperatividade, pois os indivíduos apresentam agitação, impulsividade e

atividades excessivas e transtorno depressivo, pois praticamente um terço dos

indivíduos com Transtorno de conduta apresentam sintomas emocionais significativos,

geralmente infelicidade e melancolia.

Lipp (2004) relata que a criança quando se depara com problemas ou

dificuldades, não consegue saber com clareza o que está sentindo, assim acaba se

passando por malcriada ou birrenta, quando na verdade está sofrendo ação do stress,

e utilizando de algum meio para sinalizar esse desconforto. É comum também a

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criança apresentar comportamento agressivo, impaciência, ansiedade, dificuldades

interpessoais, rebeldia, desobediência, entre outros.

Assim como nos outros transtornos citados, infere-se a associação dos

sintomas de stress com os sintomas dos transtornos de conduta, também há

semelhanças entre os sintomas de stress e os sintomas do transtorno de conduta.

Uma outra variável levantada na tabela 09 é o tempo de atendimento na clínica-

escola de Psicologia, pois conforme Lipp (2006), muitas crianças apresentam sintomas

de stress por passarem por situações geradoras de tensão, geralmente incapacitantes

para as crianças e para o seu frágil mecanismo de combate ao stress, e é justamente

a maneira pela qual a criança lida com seu stress que vai determinar suas resistências

às tensões pela qual passará no decorrer da vida.

Devido ao relatado acima, considera-se importante analisar, o tempo de

atendimento na clínica-escola de Psicologia, de cada criança que apresentou

sintomatologia para stress, pois conforme tabela 09, 2 crianças encontram-se em

atendimento psicoterapêutico a mais de 1 ano e 6 meses, e as outras 3 crianças estão

em atendimento há 6 meses ou menos. Assim, vale ressaltar, como já visto

anteriormente que as crianças que estão em atendimento há mais tempo, possuem o

diagnostico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, e conforme a

literatura o TDAH e o stress possuem muitos sintomas parecidos, podendo ocorrer

dúvidas no diagnóstico de cada um.

A psicoterapia tem como característica principal, ser um procedimento que

tenha ação sobre o individuo, com o objetivo de causar mudanças adaptativas, isso

ocorre geralmente através da instrumentalização técnica e de uma relação

interpessoal entre o terapeuta e o paciente (DUARTE, 1989). Porém conforme

Ortigues e Ortigues (1988) o ritmo do tratamento depende muito do paciente, pois no

inicio do tratamento mobiliza-se posições identificatórias, defesas do paciente ou da

família, e também mudanças na dinâmica familiar. Desta forma sugere-se que as

crianças que estão em atendimento há menos tempo, possam estar ainda em um

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processo inicial da psicoterapia. Mesmo ocorrendo desta maneira o tratamento

psicoterapêutico tem grande importância na prevenção e redução do stress.

Conforme já relatado anteriormente algum nível de stress é necessário na vida

de qualquer pessoa, e quando a ansiedade gerada pelas situações estressoras não

estão além da capacidade em lidar com ela e a criança consegue se adaptar as

tensões ela se torna mais competente no manejo do stress. Essa adaptação à

situações de stress são geralmente ensinada pelos pais de modo natural no dia-a-dia,

a medida que as situações vão surgindo. Porém algumas vezes as estratégias de

enfrentamento do stress não são transmitidas adequadamente, ou o stress chega a

níveis mais altos e passa a ser constante na vida da criança (LIPP, 2000). É

justamente nesses casos que torna-se necessário uma intervenção especializada,

onde a criança receba tratamentos adequados (MALAGRIS e CASTRO, 2004).

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5. CONSIDERAÇÔES FINAIS

A presente pesquisa objetivou avaliar o stress infantil em crianças que

freqüentam uma clínica-escola de psicologia, assim foi encontrado um total de 5 (25%)

crianças que apresentaram sintomatologia para a presença de stress. Pela falta de

estudos na área não há possibilidade de se determinar se esse é um número dentro

ou fora de um padrão, e também pelo fato de que a amostra da pesquisa se

apresentou de forma resumida, o que não permitiu generalizar dados, apesar de que

este também não era objetivo da pesquisa em questão.

A pesquisa esbarrou em algumas dificuldades, como por exemplo, a falta de

pesquisa a respeito do stress infantil, no Brasil atualmente existem muitas pesquisas,

estudos e referências a respeito do stress, mas pouquíssimo a respeito do stress

infantil.

Desta forma, diante dos resultados apresentados observa-se algumas

possíveis variáveis que devem ser consideradas na presente pesquisa.

Uma das variáveis a ser considerada é o fato de a referida pesquisa ter sido

realizada em uma clínica-escola, pois esta é submetida ao calendário acadêmico, ou

seja, apresenta feriados escolares ao longo do ano e duas férias escolares, uma no

meio do ano, com duração de um mês, e outra no fim do ano, que se estende por um

período de 3 meses. Além disso, o estágio de área clínica tem duração de 1 ano,

dividido em 2 semestres, devido a isso, durante o processo de psicoterapia o paciente

tem grande possibilidade de passar por trocas de estagiários, o que não seria comum

em um processo psicoterápico fora de uma clínica-escola. A clínica-escola também

tem como característica oferecer diferentes modelos teóricos metodológicos, como foi

descrito na revisão da literatura, e cada um tem seu método de trabalho, variando a

abordagem, tempo e o manejo da demanda do paciente. Essas questões também têm

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grande influência no paciente, sendo que alguns pacientes além de passarem por

troca de estagiário, passam por trocas de modelos teóricos e metodológicos. E como a

presente pesquisa teve como objetivo a avaliação de stress infantil, e como já descrito

anteriormente, situações de mudanças, ou que gerem ansiedade podem ser fontes de

stress, esta é uma variável de grande importância a ser considerada.

Uma outra variável a ser considerada é o instrumento utilizado para a presente

pesquisa, como já descrito, ele é composto de afirmativas, onde a criança preenche

conforme a freqüência que sente. E essas afirmativas descrevem os sintomas como,

por exemplo: “Estou o tempo todo me mexendo e fazendo coisas diferentes”, “Tenho

dificuldade de prestar atenção”, “Fico nervoso com tudo”, “Tenho vontade de bater nos

meus colegas, sem razão”, “Tenho andado muito esquecido”, entre outras. Porém

alguns dos sintomas que as afirmativas da Escala de Stress Infantil descrevem,

também são sintomas característicos de alguns transtornos. Tais como os transtornos

presentes entre os sujeitos que apresentaram sintomatologia para o diagnóstico de

stress.

Por esse motivo e também pelo fato dos sujeitos participantes da presente

pesquisa freqüentarem psicoterapia, foi possível observar a relação entre os sintomas

do transtorno e os sintomas de stress.

Porém devido ao mesmo motivo, foi possível perceber a necessidade de

instrumentos de avaliação de stress mais específicos, pois, através dessa variável

pode-se efetuar algumas reflexões:

O que foi avaliado é sintomatologia de stress?

Ou foi visto a co-morbidade dos sintomas do transtorno e sintomas de stress?

Ou ainda o que foi avaliado foram apenas os sintomas de alguns transtornos

que já estavam presentes entre os sintomáticos?

Essa falta de clareza acaba sendo muito perigosa, pois, o stress pode ser

transitório e estar relacionado com algumas mudanças excessivas, já um transtorno

não é algo transitório, e também não é conseqüência de acontecimentos. Por isso a

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necessidade de meios de avaliação mais específicos, pois ambos necessitam de

tratamento adequado.

Vale ressaltar que aqui foram levantadas hipóteses e inferências, sendo que

estas devem ser questionadas, pois essas questões mostram a importância de

construir novos estudos e novas pesquisas em torno do tema stress infantil, para que

dessa forma possa contribuir para uma melhor qualidade de vida das crianças, além

de poder desenvolver trabalhos informativos e preventivos em relação ao stress

infantil. Além disso a presente pesquisa não pretendia responder ou esgotar todas as

questões que a presente pesquisa originou.

Sugere-se também novas pesquisas em clínicas-escolas com amostras

maiores, a fim de contribuir para tratamentos infantis mais adequados.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7. APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Srs. Pais ou Responsáveis:

Sou acadêmica do 7° período de Psicologia da UNIVALI Campus – Itajaí. Estou

fazendo a minha monografia sobre STRESS INFANTIL, que atualmente tem sido

diagnósticado com freqüência entre crianças. Venho por meio deste informar que a

pesquisa que estou realizando tem como objetivo Identificar a presença ou não do

stress em crianças de 06 a 14 anos, de ambos os sexos, que estão em processo

psicoterapêutico na Clínica-Escola de Psicologia da UNIVALI – Campus Itajaí,

através da aplicação da Escala de Stress Infantil- ESI, que será realizada nas

dependências da própria Clínica-Escola de Psicologia da UNIVALI. A Escala ESI que

será respondida pelos pacientes infantis é auto-aplicável, mas a aplicação será

acompanhada pela pesquisadora.

A pesquisa não pretende realizar o diagnóstico clínico de Stress Infantil, pois para

tal, seria necessária a realização de uma avaliação clínica mais profunda. O que

pretende-se é identificar a presença ou não de sintomas de stress, o que não indica

necessariamente a existência de stress negativo, porém esses sintomas podem

oferecer a possibilidade de conhecimento e prevenção de sintomas mais graves que

podem interferir no desenvolvimento e na adaptação da criança.

Os resultados da pesquisa serão apresentados aos pais/responsáveis individualmente,

assim como o esclarecimento sobre encaminhamentos para orientação, atendimento e

avaliação adequada, nos casos que houver necessidade.

Sua autorização é imprescindível para que seja possível aplicar a Escala ESI com seu (a) filho (a).

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Nome________________________________________Idade:______anos,sexo:_____

Endereço:_____________________________________________________________

RG: _______________________________________, fui esclarecido(a) sobre o

Trabalho de conclusão de curso intitulado: “A Avaliação de Stress Infantil em

Crianças que freqüentam uma Clínica-Escola de Psicologia”, de autoria da

acadêmica de Psicologia Susana Borges C. da Silva, que está sob orientação da

professora MSc. Marina Menezes – Psicologia – UNIVALI – Campus Itajaí e que foi

aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Univali, estando de acordo com a

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Estou ciente que ao consentir em participar deste estudo meu/minha filho(a) terá de

responder a uma escala sobre Stress Infantil (ESI), que tem por objetivo identificar

a presença ou não do stress em crianças de 06 a 14 anos, de ambos os sexos, que

estão em processo psicoterapêutico na Clínica-Escola de Psicologia da UNIVALI.

Propondo compreender com isso a possível relação da Psicoterapia e do Stress,

visando a prevenção do stress na infância.

Por este ser um estudo de caráter puramente cientÍfico, meus dados pessoais e de

meu/minha filho(a) serão mantidos em sigilo e os dados obtidos na Escala ESI só

serão utilizados para os propósitos deste estudo. Os dados da presente pesquisa

serão divulgados individualmente aos pais que tiverem interesse nos resultados

obtidos, através do agendamento de horários. Se em qualquer momento eu e

meu/minha filho (a) nos sentirmos desconfortáveis com as questões deste estudo,

poderei desistir. Fui esclarecido também que no momento que eu precisar de maiores

informações sobre a pesquisa, mesmo após a sua publicação, poderei obtê-las

entrando em contato com a pesquisadora ou sua orientadora pelo telefone 341-7688 –

Psicologia UNIVALI – Bloco 25 B.

Sendo minha participação e de meu/minha filho (a) totalmente voluntária, estou ciente

de que não temos direito a remuneração.

Itajaí, ____ de ________________de 2005.

Assinatura dos Pais/responsáveis: _______________________________________

Assinatura da Pesquisadora Responsável:____________________________________________ Susana Borges Crissanto da Silva

_______________________________________________

Pesquisador responsável: Profª MSc. Marina Menezes E-mail: [email protected] Telefone: 341 7688 Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI –Campus Itajaí R: Uruguai, 448 – bloco 25b – Sala 401.

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APÊNDICE B

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DO RESPONSÁVEL PELA CLÍNICA DE PSICOLOGIA.

Através deste, Susana Borges Crissanto da Silva, cursando o 7° período do

curso de Psicologia –UNIVALI –Campus Itajaí, vem solicitar consentimento desta

instituição para realização da pesquisa intitulada: “A Avaliação do Stress Infantil em

Crianças que freqüentam uma Clínica Escola de Psicologia”, sob orientação da

Prof.ª MSc.Marina Menezes. Para tanto presta os seguintes esclarecimentos sobre a

referida pesquisa:

- O Objetivo da pesquisa é identificar a presença ou não do stress em crianças

de 06 a 14 anos, de ambos os sexos, que estão em atendimento psicoterapêutico na

Clínica de Psicologia da UNIVALI – Campus Itajaí, através da Escala de Stress Infantil

(ESI).

- Para isto, pretende-se coletar dados juntamente às crianças que estão em

psicoterapia na Clínica de Psicologia – UNIVALI, no período de 2005/II.

-É importante esclarecer que esta pesquisa tem exclusivamente interesse

cientifico, dessa forma, os dados obtidos serão privados e mantidos em sigilo.

Itajaí, ______ de _______________de 2005.

Susana Borges Crissanto da Silva: _______________________________________.

De acordo:___________________________________________________

Psicóloga Marise Aparecida Ramos

Responsável pela Clínica de Psicologia da UNIVALI – Campus Itajaí.

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8. ANEXOS

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Anexo – A

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Anexo - B

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Anexo - C

Page 67: A AVALIAÇÃO DE STRESS INFANTIL EM CRIANÇAS …siaibib01.univali.br/pdf/Susana Borges Crissanto da Silva...em 20 crianças de ambos os sexos, com idade de 06 a 12 anos, que realizam

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Anexo – D

Page 68: A AVALIAÇÃO DE STRESS INFANTIL EM CRIANÇAS …siaibib01.univali.br/pdf/Susana Borges Crissanto da Silva...em 20 crianças de ambos os sexos, com idade de 06 a 12 anos, que realizam

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Anexo - E