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EDUCAÇÃO SENSORIAL: MÉTODO DIDÁTICO APLICADO NA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS AO ENSINO FUNDAMENTAL Alice Melo ¹, Julcimara Alexandra², Marcio Diego³, Carlos Roberto⁴ 1 Universidade de Brasília/Departamento de Ciências Biológicas/[email protected] 2 Universidade de Brasília/Departamento de Ciências Biológicas/ [email protected] 3 Universidade de Brasília/Departamento de Ciências Biológicas/ [email protected] 4 Universidade de Brasília/Departamento de Ciências Biológicas/[email protected] Resumo – O presente estudo tem como objetivo investigar a contribuição e estudo a respeito da inserção de um método de educação sensorial apresentado na disciplina projeto em pesquisa de educação cientifica como tese de conclusão do curso, aplicado aos discentes do nono ano do ensino fundamental, a proposta didática tem o intuito de trabalhar o desenvolvimento dos conteúdos curriculares, usando como objeto de estudo uma mesa sensorial. O trabalho situa-se no contexto da pesquisa a campo qualitativa. A proposta de trabalho baseou-se nas percepções sensoriais possibilitando aos estudantes o contato com o mundo através de estímulos visuais, auditivos, tácteis, olfativos, gustativos e proprioceptivos, que são recebidos individualmente e interpretados através das interações ambientais, auxiliando os discentes na aquisição do conhecimento direcionado para a formação de memórias com significação, que torna possível um maior avanço nos processos educacionais. O método sensorial é uma proposta de sensibilizar os estudantes para um ensino mais humano, permitindo a curiosidade natural e estimulando a busca por conhecimento de maneira prática para que utilizem com maior frequência os meios tecnológicos, em prol da educação. Palavras-chave: Educação prática, método de aprendizagem, sistema sensorial, sensibilização ambiental, mesa sensorial. Abstract – The present study aims to investigate the contribution and study regarding the insertion of a method of sensorial education presented in the discipline project in research of scientific education as thesis of conclusion of the course, applied to the students of the ninth year of elementary school, the didactic proposal is intended to work on the development of curricular contents, using a sensorial table as the object of study. The work is located in the context of qualitative field research. The work proposal was based on the sensorial perceptions allowing the students to contact the world through visual, auditory, tactile, olfactory, gustatory and proprioceptive stimuli, which are received individually and interpreted through environmental interactions, helping the students to acquire the knowledge directed to the formation of meaningful memories, which makes possible a greater advance in the educational processes. The sensory method is a proposal to sensitize

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EDUCAÇÃO SENSORIAL:

MÉTODO DIDÁTICO APLICADO NA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS AO ENSINO FUNDAMENTAL

Alice Melo ¹, Julcimara Alexandra², Marcio Diego³, Carlos Roberto⁴

1Universidade de Brasília/Departamento de Ciências Biológicas/[email protected]

2Universidade de Brasília/Departamento de Ciências Biológicas/ [email protected]

3Universidade de Brasília/Departamento de Ciências Biológicas/ [email protected]

4Universidade de Brasília/Departamento de Ciências Biológicas/[email protected]

Resumo – O presente estudo tem como objetivo investigar a contribuição e estudo a respeito da inserção de um método de educação sensorial apresentado na disciplina projeto em pesquisa de educação cientifica como tese de conclusão do curso, aplicado aos discentes do nono ano do ensino fundamental, a proposta didática tem o intuito de trabalhar o desenvolvimento dos conteúdos curriculares, usando como objeto de estudo uma mesa sensorial. O trabalho situa-se no contexto da pesquisa a campo qualitativa. A proposta de trabalho baseou-se nas percepções sensoriais possibilitando aos estudantes o contato com o mundo através de estímulos visuais, auditivos, tácteis, olfativos, gustativos e proprioceptivos, que são recebidos individualmente e interpretados através das interações ambientais, auxiliando os discentes na aquisição do conhecimento direcionado para a formação de memórias com significação, que torna possível um maior avanço nos processos educacionais. O método sensorial é uma proposta de sensibilizar os estudantes para um ensino mais humano, permitindo a curiosidade natural e estimulando a busca por conhecimento de maneira prática para que utilizem com maior frequência os meios tecnológicos, em prol da educação.

Palavras-chave: Educação prática, método de aprendizagem, sistema sensorial, sensibilização ambiental, mesa sensorial.

Abstract – The present study aims to investigate the contribution and study regarding the insertion of a method of sensorial education presented in the discipline project in research of scientific education as thesis of conclusion of the course, applied to the students of the ninth year of elementary school, the didactic proposal is intended to work on the development of curricular contents, using a sensorial table as the object of study. The work is located in the context of qualitative field research. The work proposal was based on the sensorial perceptions allowing the students to contact the world through visual, auditory, tactile, olfactory, gustatory and proprioceptive stimuli, which are received individually and interpreted through environmental interactions, helping the students to acquire the knowledge directed to the formation of meaningful memories, which makes possible a greater advance in the educational processes. The sensory method is a proposal to sensitize

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students to a more humane teaching, allowing natural curiosity and stimulating the search for knowledge in a practical way so that they use technology more frequently, for the sake of education.

Keywords: Practical education, learning method, sensory system, environmental awareness, sensory table.

OBJETIVOS

Objetivo Geral - Proporcionar e avaliar estímulos no sistema sensorial de estudantes do nono ano do ensino fundamental, com o objetivo de maximizar o processo de ensinoaprendizagem dos conhecimentos de ciências biológicas contidos no currículo do Estado de São Paulo sobre o tema sistema sensório.

Objetivos Específicos

- Avaliar a eficácia das formas práticas de aprendizagens focadas nos estímulos sensoriais, mensurando a capacidade dos aprendizes diante da resolução de problemas sugeridos.

- Verificar o desenvolvimento de novos comportamentos nos indivíduos após o uso de estratégias de sensibilização direcionadas a fatores ambientais com apoio da mesa sensorial como auxílio pedagógico.

- Estimular a participação e a discussão induzindo um comportamento mais compassivo levando a compressão da vida em sociedade.

MARCO TEÓRICO

Vivemos um momento único na história da humanidade, a dissociação entre indivíduo e sociedade, ou seja, é o aparecimento concreto do individualismo. Os meios tecnológicos têm trazido muitas facilidades ao mundo, mas ao mesmo tempo tem distanciado os seres humanos.

Há uma mudança no sentido do tempo histórico, o presente se torna preponderante em relação ao passado e ao futuro. O desejável é não ter memória, a interioridade e as reflexões estão em declínio no culto à imagem e ao momento presente. O futuro é incerto e de difícil determinação [...] os indivíduos estão extremamente preocupados consigo mesmos. Na cultura narcísica, há a constante estimulação de desejos através da publicidade e a racionalização da vida interior, há a crescente sensação de vazio interior e o descompromisso emocional com os outros (LASCH, 1983).

Para Marcia Pires (2003), especialista em educação Montessori, “apesar de o homem viver em um mundo cada vez mais rico de estímulos, ele já não tem as mesmas impressões sensoriais”. Sendo assim, acredita-se que a tecnologia tem distanciado o ser humano de alguns de seus instintos sensoriais primordiais para a construção da memória afetiva, como o toque e o cheiro. Sensações simples capazes de estimular e sensibilizar aprendizados importantes.

A busca pelo bem-estar individual tem reformulado o perfil da nossa sociedade, deixando as

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preocupações humanitárias e de preservação ambiental cada vez mais distante da realidade das escolas. É importante que a educação se preocupe com a vida em sociedade, trabalhar as relações humanas e o respeito ao meio ambiente é uma possibilidade para os professores auxiliar no retorno de uma sociedade mais solidária.

Segundo Edgar Morin (2002, p. 15), “o ser humano é um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico”, pois a fragmentação sobre a constituição do ser humano assola o desenvolvimento social e individual. Assim, trabalhar a formação humana de maneira unificada deverá auxiliar no processo de ensinoaprendizagem, pois levar os jovens para próximo da natureza e trabalhar com a educação dos sentidos poderá proporcionar uma visão coletiva que despertará a necessidade da preservação ambiental para a autopreservação.

Nesse novo cenário tecnológico a educação se torna um guia para o caminho do conhecimento, incentivar a prática nesse processo aproxima o aluno do mundo concreto e expande os conhecimentos teóricos a partir de estímulos sensórios que poderão tornar o aprendizado mais eficiente e contribuir para uma reflexão lógica, racional e prática, habilidades vitais para o mercado de trabalho atual. Referente aos avanços de tecnologia e a mediação pedagógica os autores abaixo refletem:

[...] colaborar para que professores e alunos, nas escolas e organizações, transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e de trabalho e tornar-se cidadãos realizados e produtivos (MORAN, MASETTO, BEHRENS, 2000, p. 3).

A educação sensorial trata-se de uma metodologia de aprendizagem voltada para os métodos práticos de ensino, foi aplicado aos nonos anos do ensino fundamental uma série de atividades que estimulam a percepção do ambiente direcionando a compreensão sobre os receptores e os neurotransmissores que fazem parte do estudo sobre o sistema nervoso.

Os neurônios são unidades funcionais que permitem ao homem receber informações, processá-las e produzir ações, ou seja, processam as informações para que o cérebro execute as tarefas. Cabe também aos neurônios codificar as memórias e originar o pensamento e as emoções. (KOLB e WHISHAW, 2002).

Durante toda a vida, desde o nascimento, recebemos estímulos através dos nossos sentidos, todo o meio em que vivemos e toda cultura a qual pertencemos formam cada aspecto da individualidade humana. Segundo Hernando Barrios-Tao (2016) a educação está diretamente relacionada a neurociência, os fatores ambientais e socioculturais influenciam na aprendizagem e na plasticidade cerebral que conduz a capacidade adaptativa e comportamental, formando conexões cerebrais que definem cada ser humano. A neurociência associada as disciplinas tradicionais auxiliam na interdisciplinaridade e na compreensão dos processos do funcionamento cerebral e na formação comportamental dos

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seres cognitivos.

O senso comum mostra que a memória está diretamente relacionada as respostas comportamentais empregadas aos acontecimentos externos, sejam bons ou ruins. Sendo assim, quando algum acontecimento fixa uma memória agradável no cotidiano, a tendência social é reagir com um bom comportamento como um reflexo natural; assim espera-se que a interação social seja mais compassiva e a aprendizagem mais agradável na visão do adolescente.

Hernando Barrios-Tao (2016) comenta que a organização e a gestão do ambiente educacional contribuem para uma orientação emocional, que será determinantemente para a definição das escolhas pessoais e imprescindível no desenvolvimento humano. Desta forma, as experiências vivenciadas têm um efeito construtivo essencial no desenvolvimento do sistema nervoso, das emoções e da consciência, incidindo na formação da individualidade, refletindo nas escolhas e as atitudes pessoais.

Tendo em vista o exposto acima, este artigo teve como problema de pesquisa identificar como modificar o comportamento dos jovens, cada vez mais individualistas e trazer maior interesse aos conteúdos educativos? Além de atender as preocupações de sustentabilidade social e trazer de volta conceitos sensoriais antigos, valorizado num passado pouco distante, e desconhecido no mundo tecnológico?

Espera-se dos estudantes um comportamento diferenciado onde se propõe uma forma de situar os indivíduos como parte do universo, mostrando a eles a necessidade de saber interpretar o mundo de forma científica e de reconhecer fatores e fenômenos naturais que explicam o cotidiano através da observação, comparação e investigação, ampliando o mundo dos jovens e dando a eles subsídios para avaliar a realidade da sociedade em que vivem.

As práticas pedagógicas tradicionais têm banalizado as estratégias de ensino, criar um meio didático diferenciado foi o que motivou a proposta deste artigo. Com o método sensorial esperamos conduzir o aprendizado por meio de estímulos sensórios, com o objetivo de gerar uma memória que se destacará no cotidiano do aluno formulando um conhecimento abstrato a partir de uma prática concreta com significação.

Considerando o método Montessoriano, o desenvolvimento do potencial do aluno deve ocorrer espontaneamente. Organizar o ambiente de forma sistematizada e apresentar os conteúdos teóricos através de práticas que se assemelham ao conhecimento cotidiano do estudante é uma forma do professor proporcionar um aprendizado livre, onde o aluno irá interagir e assimilar aquilo que lhe despertar interesse, conduzido pela sua curiosidade inata, foi isto que buscamos com esta investigação através da mesa sensorial. Assim, “a característica fundamental de um programa pedagógico é que ele dê igual importância ao desenvolvimento interno e ao desenvolvimento externo, organizados de forma a se completarem”. (MONTESSORI, 1949, apud ROHRS, 2010).

A mesa sensorial reflete uma significação no aprendizado, onde o aluno encontra um pedaço

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da natureza no jardim da escola, além de assimilar esse contato de forma individual ele levará como referência essa sensibilização prática à família cumprindo o ciclo como multiplicadores de informação e conscientizando assim seus familiares e amigos.

METODOLOGIA

O tipo de pesquisa escolhida foi à pesquisa aplicada, onde produzimos um conhecimento que poderá ser aplicado como didática alterando uma situação de deficiência no aprendizado. Portanto essa pesquisa aplicada poderá ser um complemento sobre o assunto previamente estudado, onde apresentamos alternativas que poderão melhorar ou transformar determinados aspectos da aprendizagem do ensino fundamental.

O método sensorial foi realizado com duas turmas de nonos anos de uma Escola Estadual na cidade de Itapetininga, em média 60 alunos. O tipo de questionário aplicado foi com questões fechadas, com dois questionários, um pós aula teórica e outro pós aula prática. Os questionários são compostos de dez perguntas objetivas que foram desenvolvidas a partir do tema “Sistemas de interação no organismo” – Sistema Nervoso – Estímulos e Receptores, contidos no caderno do aluno do Estado de São Paulo para o nono ano do ensino fundamental.

Foram criados dois planos de aula, um inicialmente teórico e outro prático. O plano de aula teórico foi realizado em sala de aula dentro da própria escola e por fim, uma avaliação objetiva foi realizada. O segundo plano de aula foi realizado no polo presencial da Universidade Aberta Brasil (UAB), localizado na cidade de Itapetininga/SP, e após essa aula, já de volta à escola, o mesmo questionário foi aplicado verificando se houve alteração nas percepções dos estudantes em relação à metodologia anterior.

A aula prática ocorreu com o apoio da mesa sensorial que foi elabora com objetivo de dinamizar as aulas de ciências e como forma de experimentação de um novo método didático. A mesa foi instalada no polo presencial da Universidade Aberta de Itapetininga com o apoio da Prefeitura e dos gestores responsáveis pela Universidade. O local foi escolhido devido à grande área disponível dentro da faculdade e pela ação de revitalização proporcionada através de um projeto voluntário anterior que foi promovido por uma iniciativa do aluno de ciências biológicas Carlos Roberto Poranga, também técnico ambiental.

A mesa sensorial trata-se de uma estrutura com duas laterais livres e uma fenda central preenchida por uma manta de bidim, pedras brita, argila expandida, cascalhos e terra. Nesse centro foram plantadas diferentes espécies de plantas com características que estimulam os sistemas sensórios, como por exemplo, o odor e a textura. Junto à mesa foram postos dois bancos onde os alunos se sentaram.

A aula foi iniciada com uma explicação sobre os benefícios de estar ao ar livre em contato com a luz solar em horário apropriado, ou seja, foi discutido com os estudantes sobre a parte visível à luz solar que tem uma importante função de regular o ritmo biológico, como a liberação de hormônios e a quebra de moléculas de proteínas durantes as atividades diárias.

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A mesa sensorial foi formulada para facilitar o acesso dos jovens a um jardim, com a expectativa de que eles possam sentar e experimentar sensações através do contato com as plantas expostas no centro da mesa e o ambiente a seu redor. Esse ambiente, ao ar livre, especialmente elaborado para as aulas de ciências, poderá ser utilizado em vários temas. No entanto este artigo se limitou em narrar a proposta de interação com o tema referente ao sistema nervoso, que consta no currículo do nono ano do ensino fundamental. Ressalta-se que toda esta aula ministrada em torno dessa mesa sensorial foi preparada antecipadamente levando em consideração os sentidos sensoriais e a sensibilização do grupo.

PRÁTICA SENSORIAL

As aulas teóricas foram realizadas em 8 horas/aulas em sala de aula com os estudantes. Assim, antes da aplicação prática ocorreu uma introdução teórica sobre: sistema nervoso; estímulos ambientais; receptores; neurônios; anatomia do cérebro; efetuadores; vias aferentes e eferentes; reações individuais e sensações. Ao final desse ciclo foi aplicado um questionário objetivo. Os resultados foram guardados para posterior comparação.

Após a aplicação do teste teórico, os alunos foram levados ao Polo da Universidade Aberta do Brasil, localizado na cidade de Itapetininga/SP, com auxílio do transporte municipal. Chegando ao local, os estudantes foram divididos em quatro grupos e para cada grupo foi entregue um diferente roteiro. Nesses roteiros estavam quatro atividades que pretendiam promover a familiarização com os conceitos de interpretação nervosa, reações e sensações. Cada grupo realizou uma das práticas sentados à mesa sensorial, enquanto os outros assistiram em pé entorno dela.

Grupo 1- Para o primeiro grupo a prática destinada foi a identificação de elementos através do tato. Primeiramente os alunos foram convidados a perceberem através do toque as diferentes texturas das folhas presentes no centro da mesa sensorial. Em seguida, foi colocado em um saco de pano bem grosso com várias espécies de sementes de formas e tamanhos variados. Na mesa, foi exposta uma semente respectiva a cada uma das que continha dentro do saco. Um dos alunos escolheu uma semente da mesa, e apontou e outra pessoa do grupo colocou a mão no saco de tecido e procurou a respectiva semente apenas pelo tato, sem olhar. O mesmo estudante recolheu e entregou a semente a outro componente do grupo que conferiu se estava correto. Essa prática está relacionada aos mecanorreceptores localizados na pele dos dedos, capazes de captar a textura e dimensionar objetos apenas pelo tato.

Grupo 2- O segundo grupo realizou a prática de percepção do cheiro; primeiro foram convidados a sentir os diferentes aromas das flores e das ervas contidas na mesa sensorial para observarem a diversidade de cada espécie e entenderem brevemente sobre suas propriedades. Em seguida, os estudantes tiveram os olhos vendados e para cada um foi distribuído um copo plástico, tipo de café, contendo as folhas maceradas com um pouco de água, cada participante do grupo teve que reconhecer o cheiro entre as opções que lhes foram apresentadas. Nessa prática o receptor envolvido são os quimiorreceptores, localizados no nariz.

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Grupo 3- O terceiro grupo relembrou os nomes das ervas demonstrados na mesa, sentiram o cheiro e em seguida tiveram os olhos vendados. Desta vez o grupo provou os chás, feito antecipadamente, das ervas contidas na mesa sensorial, alguns adoçados, outros amargos e outros com toque de limão ou sal. O grupo teve que saborear os chás e identificar se a percepção sensorial será amarga, doce, azedo ou salgado. Após a revelação dos sabores, os alunos tiraram as vendas e se certificaram de seus acertos. O receptor envolvido nessa prática também são os quimiorreceptores, porém esses se encontram na região língua que é um órgão muscular repleto de papilas gustativas responsáveis pelo reconhecimento dos sabores. Os sentidos transmitidos através dos quimiorreceptores ao cérebro que são capazes de recordar as lembranças e por isso são utilizados na identificação de cheiros e sabores. Outra questão importante que foi discutida é que os quimiorreceptores da língua estão distribuídos em toda a sua superfície, sendo mais sensíveis nas beiradas, e que cada pessoa tem uma forma diferenciada de percebê-los.

Essa parte da didática foi finalizada com uma apresentação sobre a descoberta do umami; pois, além do doce, salgado, amargo e azedo, alguns cientistas descobriram a existência de um quinto sabor: o umami, que significa “sabor delicioso” ele foi descoberto no século XX pelo pesquisador Kikunae Ikeda, da Universidade de Tókio (CASTRO, 2018). O umami possui em sua composição o glutamato monossódico, sal sódico do ácido glutâmico, entre outros componentes que dão o sabor característico de continuidade do sabor nas papilas gustativas, mesmo depois de engolir o alimento.

Grupo 4- O quarto grupo observou as diferentes cores e formas das plantas contidas na mesa e foram questionados... Tudo o que os olhos de cada um vê é igual para todos? Em seguida receberam várias imagens com diferentes desenhos de ilusão de ótica, onde cada um relatou o que viu. Essa atividade se relaciona com os fotorreceptores, localizados nos olhos.

Para finalizar, os professores solicitaram silêncio para que todos pudessem ouvir os pássaros que visitam o espaço, e assim a aula foi finalizada com a relação dos mecanorreceptores contidos nos ouvidos, onde foi introduzido o conceito de ondas sonoras. Ao voltarem para escola os alunos responderam novamente o questionário e foi realizado a comparação do desempenho com o primeiro teste.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A mesa sensorial foi inspirada em projetos de jardins sensoriais criados nos principais jardins botânicos, especialmente, para atender deficientes visuais. A proposta dos projetos inclusivos tem como foco o estímulo sensorial através das plantas com diferentes aromas e texturas possibilitando a integração das pessoas com deficiência com a natureza a partir do contato físico.

Todo jardim de forma geral é um fragmento da natureza criado de forma artificial para o proveito dos seres humanos. Um jardim não serve apenas como um enfeite paisagístico decorativo, mas também é um modo de relaxar e principalmente estimular a criatividade através do contato e proporcionar o respeito a natureza. A partir dessa inspiração, o grupo se

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preocupou em produzir um plano de aula dinâmico e que conduzisse esse contato entre educação, percepção e natureza.

Utilizando do método indutivo descrito por Lakatos e Marconi (2003), cuja as constatações mais particulares aproximam-se dos fenômenos mais abrangentes, iniciamos a metodologia a partir da observação dos fenômenos, seguido da descoberta da relação entre as situações observadas e finalizando com a generalização da relação das semelhanças. Portanto, como primeiro passo, observamos atentamente certos fatos ou fenômenos ocorridos em sala de aula. Passamos, a agrupar o comportamento dos discentes diante da assimilação dos conteúdos, percebendo a relação constante que se nota entre eles. Finalmente, chegamos a uma classificação, fruto da generalização da relação observada, onde se constata um maior rendimento em aulas práticas do que em aulas apenas expositivas.

A análise dos documentos foi realizada por comparação, aplicando-se a avaliação, pessoalmente pelos pesquisadores, ao grupo de estudantes analisados antes e depois da aula prática. A aplicação dos métodos utilizou conteúdos teóricos junto a prática para mensurar a eficácia que os estímulos produzem na reorganização dos processos de aprendizagem que ocorrem no aprendiz. Junto aos testes escritos especificamente elaborados com a finalidade de avaliar a progressão dos aprendizes diante do método, verificou-se a ocorrência de variação e aquisição de mudanças comportamentais.

As aulas em sala se tornaram mais produtivas, houve um aumento significativo na interação entre alunos e professor. Surgiram perguntas sobre situações cotidianas que antes não eram percebidas, relacionadas à natureza e fenômenos naturais, além de uma visível preocupação com aspectos de preservação ambiental. Também se pode notar uma melhora na interação entre os alunos e um aluno em processo de inclusão da sala.

O grupo 1 obteve um número significativos de acertos, 80%, os estudantes consideraram a proposta fácil, e perceberam o quão preciso podem ser o sistemas sensórios ligados ao tato. Foi explicado a eles o que é um sistema de escrita tátil, o Braille, utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, tradicionalmente, escrito em papel em relevo.

Os resultados do grupo 2 foram menos promissores, o número de acertos ficaram em torno de 30%, os estudantes tiveram bastante dificuldade em reconhecer os aromas. Foi explicado que os quimiorreceptores olfativos estão fortemente interligados a memória afetiva, por isso, reconhecer o aroma de coisas que fizeram parte de suas vidas é mais fácil. O cheiro mais facilmente percebido foi da hortelã.

O grupo 3 apesar de não reconhecerem o que estavam experimentado, perceberam todos os sabores oferecidos, doce, amargo, azedo, salgado; porém, esperavam sentir diferença na região da língua conforme provavam os chás, como aponta o caderno do aluno do Estado de São Paulo, volume 1, na página 46, sobre o sistema gustativo, onde é proposto um roteiro de construção do “mapa da língua”.

A variação nas percepções foi grande, e com isso, explicamos o erro de interpretação de um

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artigo científico ocorrido na década de 40. Segundo a Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA (2016), o mapa da língua é uma ideia distorcida do artigo proposto no início da década de 1900, do cientista Alemão, David Pauli Hänig. Em 1940 o fisiologista norte-americano da Universidade de Havard, Edwin Boring, re-interpretou os resultados dessa pesquisa de forma erronia, difundindo essa ideia de mapa da língua que mais tarde chegou até o Brasil nos materiais didáticos.

As discussões em torno dessa distorção conceitual possibilitou que os estudantes compreendessem que nem tudo que lemos está totalmente correto e que um bom cientista e pesquisador sempre questiona as afirmações. É importante ressaltar, que apesar do mapa da língua, ainda, constar na apostila do Estado de São Paulo, a ciência se trata exatamente disso de “uma renovação de informações onde tudo pode ser contestado”.

O grupo 4 ficou impressionado com as imagens trazidas, algumas pareciam se mover e outras tinham imagens escondidas. Não houve propósito em mensurar acertos nessa dinâmica, mas de se constatar diferentes meios de percepção visual.

Para finalizar as práticas, o conceito sobre a propagação do som foi introduzido, os alunos se mostraram animados com outros possíveis experimentos entorno desse tema, foi sugerido por um aluno o telefone de fio de barbante e copos plásticos, demonstrando assim o interesse pelos conteúdos curriculares.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a investigação foi possível perceber as vantagens de se utilizar os estímulos sensoriais para trazer uma didática mais significativa ao cotidiano do estudante. O método proposto demonstrou um meio de enriquecer os conteúdos didáticos de maneira prática valorizando o conhecimento prévio do discente.

Muitas das questões apresentadas durante a prática possibilitaram reflexões voltadas ao funcionamento do corpo, às funções vitais para sobrevivência e aos estímulos externos ambientais. Dentro desta investigação foi proposto aos estudantes um questionamento sobre seus hábitos diários para que se pudesse relacionar a rotina deles às funções sensoriais.

Um detalhe que chamou a nossa a tenção foi que a maior parte dos estudantes relatam passar de 60% a 80% de seu tempo disponível, isto é, fora da escola, em frente ao computador ou celular.

Após a aplicação dos métodos práticos e a reflexão dos conteúdos teóricos coletados conclui-se, sobre meios tecnológicos apontados no início do artigo, que os discentes possuem uma carga muito grade de informação assimilada diariamente, tanto na escola quanto em sua vida diária. A facilidade em se obter informações no cenário tecnológico atual acaba criando desvios ao conhecimento, que tem real importância, e criando distrações que os leva a uma sobrecarga de informações vazias.

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Diante desse excesso de informações refletimos sobre o apontamento feito por IZQUIERDO (2006), “[...] talvez o aspecto mais notável da memória seja o esquecimento." A cada nova informação recebida pelo cérebro, uma nova rede de conexões neurais são formadas, estabelecendo infinitas capacidades ao ser humano. Armazenar todas as informações recebidas pelo cérebro seria uma grande confusão. Por isso, a partir dos levantamentos feitos percebemos que é importante que o professor conduza o conhecimento e ao mesmo tempo perceba quando é preciso deixar o aluno livre para assimilar as informações apresentadas conforme suas reais necessidades, pois desta forma a educação será mais relevante para a vida desse discente.

Dentro da proposta construída e aplicada para os estudantes foi possível obter resultados relevantes para o processo de ensinoaprendizagem. Pode-se notar um aumento no interesse dos estudantes em relação aos conteúdos mencionados.

Os testes aplicados demostraram um rendimento mais produtivo a partir dessa metodologia prática, que por sua vez poderá ser utilizado em outras temática e temas transversais, ampliando a percepção do estudante sobre o mundo, fenômenos naturais e direcionando sua capacidade cognitiva através dos estímulos sensórias.

A proposição educacional serve como referência para que as escolas desenvolvam novas iniciativas didáticas que aprimorem e estimulem o processo de aquisição do conhecimento no estudante.

Este artigo permitiu introduzir um novo método de ensino em ciências com práticas da educação sensorial, no ponto de vista da necessidade de se trabalhar a memória, considerada também importante para a independência do indivíduo, responsável pela aquisição do conhecimento e pela capacidade de gravar acontecimentos, lembranças ou mesmo permitir um planejamento futuro, a prática sugerida direcionou essa parte dentre a capacidade cognitiva, firmando a necessidade que a memória tem de ser treinada constantemente, dentro e fora da escola, através de estímulos sensórios.

O produto deste artigo é a construção de uma metodologia capaz de fazer um aprendizado de forma mais interativa na busca de instruir os alunos a seguir um foco de estudo, esse é um dos desafios encontrado pelos docentes ao adquirir essa habilidade. Atualmente há uma premissa que o docente busque se inovar constantemente, para conseguir ser capazes de acompanhar as novas gerações e as novas tecnologias que cada vez mais substitui as ferramentas escolares antigas.

O método sensorial é um meio de sensibilizar os estudantes para um ensino mais humano, permitindo a curiosidade natural e estimulando a busca por conhecimento de maneira prática e utilizando com maior frequência os meios tecnológicos, em prol da educação.

A população espera que a escola preencha as necessidades e anseios do aluno, um meio do professor ajudar a suprir essa expectativa é proporcionando ações educativas que direcionem o respeito às diferenças e promovam a aceitação de cada sujeito como ser único

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provido de cultura e capaz de formar sua própria identidade.

Desta forma, pode-se dizer que aprendizagem se dá através da convivência, da participação coletiva e dos diferentes estímulos trazidos do ambiente permitindo que surjam novas conexões neurais e circuitos cerebrais no indivíduo em desenvolvimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, M. A. M. Estudo do sistema educacional e da psicologia em Maria Montessori: uma contribuição à reflexão sobre a concepção humanista moderna na filosofia da educação. 1985. 237 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1985. Disponível em: <https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/10734#preview-link0>. Acesso em: 15 mai. 2018.

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APÊNDICE I PROPOSIÇÃO EDUCACIONAL Para aplicação da método sensorial será necessário um ambiente ao ar livre dentro da própria escola, onde o professor poderá trabalha com os alunos na construção do objeto de estudo que proporcionará o contato sensorial. Esse objeto poderá ser uma mesa, como a proposta no artigo, ou um jardim, onde o professor poderá construir junto dos alunos utilizando de matérias reutilizáveis como: pneus, garrafas pet, caixotes de madeira ou mesmo paletes. O professor poderá criar didáticas interdisciplinares durante o processo de construção desse local, pedindo auxilio de outros professores e envolvendo a escola em um projeto interdisciplinar. Exemplo: o professor de matemática poderá trabalhar as dimensões e ângulos para caída de água no jardim, o professor de geografia poderá trabalhar os diferentes solos e analisar o clima da região pra pensarem juntos no plantio, o professor de artes poderá estimular a criatividade na decoração e ornamento, o professor de português poderá criar um projeto escrito com a descrição e o passo a passo dos processos, entre outras áreas que poderão colaborar com o projeto. É importante ressaltar que todo processo de construção do ambiente já se tratará da própria proposição prática sensorial, onde os alunos entrarão em contato com o conhecimento a partir de um objeto concreto. Dentro do processo da construção do objeto de estudo sensorial estará ocorrendo a intervenção teórica junto da prática, ou seja, através dessa intervenção já se estará obtendo resultados pertinente a favor do projeto, que servirá como base para dar continuidade. Concluindo o que se tornará favorável e o que será um contratempo durante o processo. As didáticas sensoriais promovidas após a construção do ambiente do projeto servirão para alterar situações de deficiência no aprendizado, complementando assuntos previamente estudados, melhorando e transformando determinados aspectos da aprendizagem do ensino fundamental. O método sensorial poderá ser utilizado com diversos níveis de ensino, e pode ser trabalhado outras temáticas, porém será narrado uma didática construída especificamente para o nono ano do ensino fundamental. Para a avaliação da didática aplicada sugere-se a elaboração de um questionário com questões fechadas, que servirá como parte da intervenção, esse questionário deverá ser aplicado após aula teórica, sem que se revele os resultados aos estudantes e novamente pós aula prática, para que eles repensem suas respostas e se auto avaliem O tema trabalhado no artigo é foi: Sistemas de interação no organismo – Sistema Nervoso – Estímulos e Receptores, contidos no caderno do aluno do Estado de São Paulo para o nono ano do ensino fundamental. Pra reproduzir essa prática o professor deverá criar planos de aula teórico, para que haja uma introdução sobre o tema aos estudante e em seguida desenvolver um plano de aula prático para ser aplicado ao ar livre no ambiente previamente preparado. O local escolhido deverá ter algum estimulo sensorial natural, como uma área verde, um jardim ou mesmo vasos com plantas.

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Se o professor optar pela construção de uma mesa sensorial deverá compor de uma estrutura de madeira com duas laterais livres e uma fenda central preenchida por pedras brita, uma manta de bidim, argila expandida, cascalhos e terra, seguindo essa ordem. Nesse centro poderá ser plantado diferentes espécies de plantas com características que estimulam os sistemas sensórios, como por exemplo, o odor e a textura. Junto à mesa poderá ser colocado bancos. A aula deve ser iniciada com explicações sobre os benefícios de estar ao ar livre em contato com a luz solar em horário apropriado, destacando aos estudantes a parte visível à luz solar com a função de regular o ritmo biológico, como a liberação de hormônios e a quebra de moléculas de proteínas durantes as atividades diárias. Os estudantes deverão ser divididos em quatro grupos e cada grupo receber um roteiro com práticas diferentes ressaltando cada um dos sistemas sensoriais, familiarizando-os aos conceitos de interpretação nervosa, reações e sensações. Cada grupo realizará uma das práticas sentados à mesa sensorial, enquanto os outros assistirão em pé entorno dela. Grupo 1- Para o primeiro grupo a prática será destinada a identificação de elementos através do tato. Primeiramente os alunos serão convidados a ter percepção através do toque as diferentes texturas das folhas presentes no centro da mesa sensorial. Logo em seguida, será colocado em um saco de pano bem grosso com várias espécies de sementes de formas e tamanhos variados. Na mesa, será exposta uma semente respectiva a cada uma das que continha dentro do saco. Um dos alunos escolherá uma semente da mesa, e apontará para outra pessoa do grupo que colocou a mão no saco de tecido e irá procurar a respectiva semente apenas pelo tato, sem olhar. O mesmo estudante que recolher, entregará a semente a outro componente do grupo que irá conferir o acerto. Essa prática está relacionada aos mecanorreceptores localizados na pele dos dedos, capazes de captar a textura e dimensionar objetos apenas pelo tato. Grupo 2- O segundo grupo realizará a prática de percepção do cheiro; primeiro deverão ser convidados a sentir os diferentes aromas das flores e das ervas contidas no objeto de estudo e o professor deverá apontar brevemente sobre suas propriedades. Em seguida, os estudantes deverão ter os olhos vendados para que cada um receba um copo plástico, tipo de café, contendo as folhas maceradas com um pouco de água, cada participante do grupo deverá reconhecer o cheiro entre as opções que lhes será dado. Nessa prática o receptor envolvido são os quimiorreceptores, localizados no nariz. Grupo 3- O terceiro grupo relembrará os nomes das ervas demonstrados na mesa, sentirão o cheiro e em seguida com os olhos vendados deverão provar os chás, feito antecipadamente de diferentes ervas. Alguns adoçados, outros amargos e outros com toque de limão ou sal. O grupo deve saborear os chás e identificar a percepção sensorial se será amarga, doce, azedo ou salgado. Após a revelação dos sabores, os alunos tirarão as vendas e se certificarão de seus acertos. O receptor envolvido nessa prática também são os quimiorreceptores, porém esses se encontram na região língua que é um órgão muscular repleto de papilas gustativas responsáveis pelo reconhecimento dos sabores. Os sentidos transmitidos através dos quimiorreceptores ao cérebro que são capazes de recordar as lembranças e por isso são utilizados na identificação de cheiros e sabores. Outra questão importante que pode discutida é que os quimiorreceptores da língua estão distribuídos em toda a sua superfície,

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sendo mais sensíveis nas beiradas, e que cada pessoa tem uma forma diferenciada de percebê-los. Essa parte da didática poderá ser finalizada com uma apresentação sobre a descoberta do umami; pois, além do doce, salgado, amargo e azedo, alguns cientistas descobriram a existência de um quinto sabor: o umami, que significa “sabor delicioso” ele foi descoberto no século XX pelo pesquisador Kikunae Ikeda, da Universidade de Tókio (CASTRO, 2018). O umami possui em sua composição o glutamato monossódico, sal sódico do ácido glutâmico, entre outros componentes que dão o sabor característico de continuidade do sabor nas papilas gustativas, mesmo depois de engolir o alimento. Grupo 4- O quarto grupo observará as diferentes cores e formas das plantas contidas no ambiente previamente preparado e responder se acreditam que tudo o que os olhos de cada um vê é igual para todos? Em seguida receberão várias imagens com diferentes desenhos de ilusão de ótica, onde cada um relatará o que viu. Essa atividade se relaciona com os fotorreceptores, localizados nos olhos. Para finalizar, o professor poderá solicitar silêncio para que todos possam ouvir os sons presentes no espaço, e assim a aula pode ser finalizada com a relação dos mecanorreceptores contidos nos ouvidos, introduzido o conceito de ondas sonoras. Ao voltarem para sala de aula os alunos deverão responder novamente o questionário e o professor poderá fazer uma comparação do desempenho dos alunos diante do primeiro teste.