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1 EDUCAÇÃO E INTERCULTURALIDADE NA AMERICA LATINA: UMA PERSPECTIVA CRÍTICA E INTERDISCIPLINAR MARIA NEUSA GONÇALVES GOMES DE SOUZA* Resumo Os estudos sobre educação, interdisciplinaridade e relações interculturais, já desenvolvíamos desde 2014 no GEPFIP - estudos interdisciplinares no CPAQ/UFMS. Mas, a partir de aulas na pós-graduação, a especialização em História da América Latina, desde 2017 nos aprofundamos na temática desse artigo. Neste trabalho apresentamos alguns educadores e as teorias aplicadas no séc. XX em alguns países como Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai. A seguir a educação intercultural, seu surgimento na Bolívia, as relações internacionais envolvidas, como os interesses de ordem econômica. Nossa perspectiva é histórica, crítica abordando às políticas econômicas e sociais para a educação. Utilizamos os relatórios do MEC - MERCOSUL e da UNESCO. Como resultados sabemos que a falta de prioridade nas políticas impedem o avanço educacional, devido à carência de investimentos. Esperamos contribuir com as pesquisas na área. Os Referencias são Candau (2010) Medeiros (2001), Walsh (2005), Saviani (2008), Gadotti (2007) UNESCO (2002), MERCOSUL- MEC (2007). Palavras- chave: América Latina, educação, investimentos, interculturalidade. Abstract The studies of education, interdisciplinarity and intercultural relations, start in 2014 in GEPFIP - studies interdisciplinar in the CPAQ/UFMS . from postgraduate classes, to the specialization in Latin American History in 2017, our interest was accentuated for de themátic. In this work is to present some educators and the theories applied in the century XX in some countries such as Brazil, Argentina, Bolivia and Paraguay. Below the intercultural education, its emergence in Bolivia, the international relations involved, such as economic interests. Our perspective is historical, critical addressing economic and social policies for education. We use to the reports of the MEC - MERCOSUR and UNESCO. As preliminary results, we know that the lack of priority on the political impedes the educational progress. We hope to contribute with research in the área. The references are Candau (2010) Medeiros (2001), Walsh (2005), Saviani (2008), Gadotti (2007) UNESCO (2002), MERCOSUL-MEC (2007).

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EDUCAÇÃO E INTERCULTURALIDADE NA AMERICA LATINA: UMA

PERSPECTIVA CRÍTICA E INTERDISCIPLINAR

MARIA NEUSA GONÇALVES GOMES DE SOUZA*

Resumo

Os estudos sobre educação, interdisciplinaridade e relações interculturais, já

desenvolvíamos desde 2014 no GEPFIP - estudos interdisciplinares no CPAQ/UFMS.

Mas, a partir de aulas na pós-graduação, a especialização em História da América

Latina, desde 2017 nos aprofundamos na temática desse artigo. Neste trabalho

apresentamos alguns educadores e as teorias aplicadas no séc. XX em alguns países

como Brasil, Argentina, Bolívia e Paraguai. A seguir a educação intercultural, seu

surgimento na Bolívia, as relações internacionais envolvidas, como os interesses de

ordem econômica. Nossa perspectiva é histórica, crítica abordando às políticas

econômicas e sociais para a educação. Utilizamos os relatórios do MEC - MERCOSUL

e da UNESCO. Como resultados sabemos que a falta de prioridade nas políticas

impedem o avanço educacional, devido à carência de investimentos. Esperamos

contribuir com as pesquisas na área. Os Referencias são Candau (2010) Medeiros

(2001), Walsh (2005), Saviani (2008), Gadotti (2007) UNESCO (2002), MERCOSUL-

MEC (2007).

Palavras- chave: América Latina, educação, investimentos, interculturalidade.

Abstract

The studies of education, interdisciplinarity and intercultural relations, start in 2014 in

GEPFIP - studies interdisciplinar in the CPAQ/UFMS . from postgraduate classes, to

the specialization in Latin American History in 2017, our interest was accentuated for

de themátic. In this work is to present some educators and the theories applied in the

century XX in some countries such as Brazil, Argentina, Bolivia and Paraguay. Below

the intercultural education, its emergence in Bolivia, the international relations

involved, such as economic interests. Our perspective is historical, critical addressing

economic and social policies for education. We use to the reports of the MEC -

MERCOSUR and UNESCO. As preliminary results, we know that the lack of priority

on the political impedes the educational progress. We hope to contribute with research

in the área. The references are Candau (2010) Medeiros (2001), Walsh (2005), Saviani

(2008), Gadotti (2007) UNESCO (2002), MERCOSUL-MEC (2007).

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Kay words: Latin America, education, investments, interculturality.

* Professora do curso de História CPAQ/UFMS. Doutora e mestre em educação, especialista em

História regional, graduada em História. Colaboradora do GEPEMULT/UFMS com projeto no

CNPq; membro do grupo GEPFIP - interdisciplinar. Pesquisadora da educação na América Latina,

interdisciplinaridade, relações interculturais, prática de ensino. Contato [email protected].

Introdução

Participando do grupo de pesquisa GEPFIP- Estudos e Pesquisas em Formação

Interdisciplinar de Professores desde 2014, familiarizamo-nos com o sistema

interdisciplinar proposto por Gusdorf (apud Japiassu, 1976, p. 20) com a forte afirmação

de que transcendêssemos a nossa especialidade e acolhêssemos as contribuições das

outras ciências.

Nossa caminhada pelos estudos interdisciplinaridades e a ciência História nos

levaram a uma complexa rede de conhecimentos; entendemos complexidade como

“aquilo o que é tecido junto” uma interligação de saberes como afirma E. Morin (1999,

p.10). A ciência Histórica tem esta abertura interdisciplinar. Historiadores nesta visão

precisam articular os muitos conhecimentos, Bloch (2002, p.16) já afirmava a

possibilidade da abertura a outras ciências como a economia, geografia, sociologia,

antropologia, a psicologia e outras. Sendo assim do fulcro História veremos aqui uma

interligação de saberes, história e a reflexão crítica da educação na América Latina.

No inicio de 2018, trabalhando na pós-graduação, a especialização em História da

América Latina, do curso de História no CPAQ-UFMS na disciplina Educação na

América Latina, nosso interesse se aguçou pelo pensamento educacional na América

Latina e as questões econômicas.

Aprofundando os estudos neste ensaio pretendemos destacar algumas teorias e

educadores do séc. XX, no Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai entre outros. Após

iremos esclarecer o surgimento da educação intercultural na Bolívia. Por último

veremos de forma crítica as políticas públicas econômicas estabelecidas para a

educação, por meio dos relatórios do MEC, MERCOSUL e UNESCO para a América

Latina.

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Educadores e algumas ideias pedagógicas no séc. XX na América Latina.

Quem se destacou no inicio do séc. XX, foi Emília Ferrero de nacionalidade

Argentina, teve muita importância na divulgação da complexa teoria de Piaget, a teoria

Construtivista. Ela se radicou no México, era psicóloga, foi orientanda de Piaget,

pesquisou a psicogênese da língua escrita. Trabalhou em vários lugares na América

Latina e Europa. Tinha como alguns princípios considerar que nenhuma criança parte do

zero na aprendizagem. Era contrária a ideia de que o segredo para a criança aprender

era reproduzir sons e formas apresenta Gadotti (2003, p.224). No construtivismo o

sujeito deve ser considerado o que reconstrói o objeto de estudo para apropriar-se do

desenvolvimento de um conhecimento, e nunca passivo e de forma mecânica. Emilia F. Levou a complexidade deste trabalho a vários países com inúmeros livros publicados

nos anos de 1960 à frente. Piaget afirmava necessário o erro construtivo, e conhecer a

maturidade do aluno para a aprendizagem, como também avaliar os progressos, não

adiantava a escrita e leitura sem o pensar. Se o professor não quer erros ele não quer

que o aluno pense, questione, busque

Também surgiu a Escola Nova no inicio do século XX com John Dewey (1859-

1952), psicólogo, e pedagogo, filosofo norte-americano, defendia a escola ativa, que

propunha a aprendizagem através das atividades dos alunos. seus estudos foram de

grande influência sobre a pedagogia contemporânea. Valorizava a iniciativa, e

cooperação, pretendia liberar as potencialidades do indivíduo rumo a uma ordem social

para ser aperfeiçoada. Dewey privilegiava o aspecto psicológico da educação, como o

autogoverno dos estudantes, conforme esclarece Medeiros (2001.p 144). A educação

deveria ser equalizadora da sociedade. Saviani (2008, p.7) diz que o método aplicado às

crianças “normais” eram testes de inteligência e testes de personalidade. A sala era bem

equipada com materiais e para a elite. No século XX o escolanovismo estava largamente

disseminado na Europa e nos Estados Unidos, teve grande alcance na pedagogia latino-

americana.

A Escola Nova surge no Brasil em 1922, Anízio Teixeira e Lourenço Filho na

década de 30 a 40 divulgaram o ideal escolanovista. A Escola Nova foi um conjunto de

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princípios para rever a finalidade da educação e as bases da aplicação foi á técnica

educativa. A escola reforçava e controlava toda a ação educativa e a socialização da

criança. Do ponto de vista filosófico era contra o mecanicismo empírico e realizava

testes para avaliar o aprendido e desejava a transformação da dinâmica do ensino e a

reforma dos processos. Buscava um ensino ativo estimulava a cooperação e o trabalho

em equipe.

Paulo Freire foi um nome que apareceu no cenário educacional e revolucionou o

ensino no Brasil e na América Latina com seu método de alfabetização de adultos. Ele

nasceu em 1921, morreu em 1997. Formado em Direito escolheu o magistério. Foi

professor em Recife nos anos de 1940 a 1950. Com a ditadura de 1964 foi exilado por

suas ideias contrárias ao regime militar, ficou no Chile por 15 anos. Foi à Nicarágua, S.

Tomé e Príncipe e na década de 1970 esteve na Universidade de Genebra-Suíça. Toda a

obra de Freire foi orientada por uma teoria do conhecimento de concepção dialética em

que educador e educando aprendem juntos numa relação dinâmica. prática é orientada

pela teoria e se aperfeiçoa. Em seu retorno ao Brasil lecionou na Pontifícia

Universidade Católica em São Paulo. Recebeu prêmios na Bélgica, da UNESCO, e de

outros países. Sua obra A Pedagogia do oprimido foi traduzida em 18 línguas. Seu

desejo era emancipar as classes desfavorecidas pela educação. Destacamos de seu

pensamento e método para alfabetizar adultos: o fato de pensar o concreto e a realidade,

a conscientização por ele que parte da valorização da cultura do povo era avançada,

visava à educação para a autonomia intelectual do cidadão para intervir na realidade, a

educação não era neutra para ele, era sempre um ato político esclarece Gadotti (2003, p.

253).

Sugerindo situações do cotidiano da comunidade. Usava a palavra tijolo para

operários, peixe para pescadores e assim por diante. Usou imagens e palavras prontas

para despertar a vontade de ler e escrever. Ensejava que os alunos “Lessem o mundo”

trata-se de aprender a ler a realidade, para reescrever essa realidade transforma-la. Foi

muito difundido seu método no exterior. O método de alfabetização de adultos,

propunha catalogar as palavras chaves do vocabulário dos alunos para iniciar o

processo. O educador rompia a cultura do silencio do aprendiz e o transformava em

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sujeito da própria história. Em todos seus escritos ele refletiu sobre o significado da

educação. Para ele tudo estava em permanente interação e transformação. Suas frases:

1-não há futuro a priore 2- o ser humano e histórico e inacabado e sempre

pronto a aprender, o mundo não é ele está sendo. 3- Não vamos ler histórias

alienadas e alienantes, mas fazer histórias e por ela ser feito. 4- Como na

verdade posso eu continuar falando no respeito á dignidade do educando se o

ironizo, se o discrimino, se o inibo, com minha arrogância? 5-As qualidades e

virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a

distancia entre o que dizemos e fazemos. (GADOTTI, 2003, p.253).

Paulo Freire vivia o que ensinava, era um educador autêntico e criativo.

Com os regimes ditatoriais militares nos anos 60 em vários países da América Sul

implantaram a educação tecnicista, com desmobilização popular, controle sobre

conteúdos ensinados e uma educação voltada para o trabalho prático para classes baixas

e de alta formação nas profissões liberais para classe alta. Nos moldes positivistas e

tradicionais. O Tecnicismo foi enfraquecido com a queda dos regimes militares.

Posteriormente entre a década dos anos 70 a 80 com a estagnação econômica e a dívida

social quase todos os países latino-americanos por ações governamentais atingem o

desmantelamento no ensino e à privatização. Conforme esclarece Saviani (2008).

As teorias críticas de cunho marxista chegaram posteriormente, e forte nos países

latino americanos influenciando o pensamento intelectual da sociedade. Com críticas

aos regimes democratas e de ideologia dos partidos comunistas. “Essa ideologia afirma

que a sociedade é marcada pela divisão de classes, e que a marginalidade é inerente à

própria estrutura social, sendo que a educação serve a marginalização”. (SAVIANI,

2008, p.18). Assim, a função da escola seria somente a reprodução da sociedade em que

está inserida no contexto os marginalizados são os próprios trabalhadores. A escola,

constituída pelo grupo dominante tem a função de garantir o funcionamento do sistema

capitalista. As ideias dominaram até mais da metade do séc. XX na América Latina.

A educadora Rosa Maria Torres se destacou, pedagoga equatoriana trabalhou na

Nicarágua com alfabetização e educação popular. Influenciada por Freire, fez criticas ao

que se diz da educação popular e ao que existe na realidade. Criou Nove Teses sobre a

educação popular: 1-O fracasso na ação alfabetizadora não é o fator econômico ou

técnico, mas na vontade politica de mobilização do povo em torno do projeto. 2- O

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Projeto requer a aplicação do conhecimento cientifico e técnico negado historicamente

ao povo controlado pelos setores dominante. 3- alfabetizar é direito conduzido pelos

progressistas e revolucionários 4- a alfabetização é um instrumento que contribui para

as ações rumo à liberdade do povo. 5- Alfabetizar é por meio da leitura e da escrita para

trazer uma ação conscientizadora. 6- É um processo social de formação mobilização e

organização de uma consciência critica e de classe. 7- Faz parte da construção de um

projeto popular hegemônico de caráter contestatório. 8- O povo deveria ser ativo e

protagonista de suas próprias histórias 9- A alfabetização não e a meta, mas o ponto de

partida de um processo de educação permanente apresenta Gadotti (2010, p.218).

Maria Tereza Nidelcof foi educadora argentina, trabalhou em Buenos Aires, nos

bairros pobres. Criou a ideia de professor povo e criativo, contrario a ideia do professor

policial, castrador tradicional. Para ela os professores podem ser elementos de mudança

na sociedade, na escola e vida real dos alunos, devem viver experiências concretas e

não viver a escola teórica e reproduzir a ordem social vigente. Seus estudos buscam a

partir da realidade a transformação na ação do professor, aluno e sociedade. Valorizava

a comunicação e a afetividade, o ver e ouvir os alunos. Incentivava e ensinava o valor

do trabalhar, acreditava no atendimento individual se necessário. Incentivava a

criatividade, o lúdico o prazeroso. Achava fundamental gostar dos alunos. Reconhecia

que os adolescentes em geral são mais problemáticos. Afirmava que trabalhamos numa

sociedade desigual e precisamos mostrar que compreendemos a situação deles, dizia de

que lado estamos? Falava de paz de justiça e meio ambiente e suas contradições.

Sobre a sala de aula afirmava que não devia ser uma prisão sem expressão sem

vida. Achava importante discutir questões da mulher, do cotidiano, da realidade, dos

direitos humanos. Apresentava a escola como meio da descoberta do lado de fora, a

cidade, a vida etc., mas proporciona a descoberta do lado de dentro de nós mesmos.

Propunha vigiar o autoritarismo moderado ou duro e criar o respeito às ideias. Partir do

conhecido ao desconhecido do relato da experiência a descoberta do novo conhecimento

Aprender a ser livre, a liberdade individual, obrigações grupais e limites. Conforme

Gadotti (2010, p.220). Houve varias ideias pedagógicas implantadas na América Latina

com uma contribuição valiosa e dedicados professores e estudiosos da sociedade.

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Educação Intercultural a real intenção “civilizar”

A educação intercultural surgiu na América Latina referente à educação escolar

indígena. As origens do pensamento se deram do período colonial sendo que nesta fase

houve a imposição eurocêntrica sobre as varias etnias indígenas. Após a imposição veio

à ideia de assimilação pelos Estados modernos, quando aparecem as primeiras escolas

bilíngues para povos indígenas. As escolas bilíngues surgiram para alfabetizar e

“civilizar” povos inteiros, a agência da América do norte Summer institute of linguistics

promoveu essas atividades com os governos para os alunos serem “transladados” do seu

estado normal a trabalhadores rurais. A escola era tida como um propulsor de

desenvolvimento, por meio da língua materna as crianças e jovens seriam os

transmissores aos pais dos valores da cultura nacional, de acordo com Collet (2001, p.74).

As línguas indígenas foram transcritas para a escrita essa ideia direcionou as politicas

educativas em toda a América latina ate a década de 70, envolvendo universidades,

governos e setores da igreja católica. Foram produzidos materiais didáticos e apesar de

buscarem a integração nacional fortaleciam a manutenção da cultura dos povos

envolvidos. No Equador, Peru e Bolívia não satisfeitos não seguiram o modelo, mas

desenvolveram formas adaptadas de trabalhar a questão.

No Brasil pesquisadores a partir de 2006, desenvolveram um projeto pioneiro com

apoio do CNPq chamado multiculturalismo, direitos humanos e educação para

investigar como a educação intercultural tinha se desenvolvido nos vários países latinos

americanos. Ocorreram diversos seminários e entrevistas com professores universitários

e pessoas de movimentos sociais e de ONGs para ver a situação no continente sul

americano. Atualmente há ampla produção latino-americana na temática

majoritariamente nos países de língua espanhola e nos andinos. No Brasil após a

constituição de 1988, que reconhece a especificidade cultural das populações indígenas

e quilombolas, as pesquisas se intensificaram sendo ainda necessário este diálogo com

os países vizinhos. A Universidade Estadual de Campinas foi à pioneira em trabalhar o

projeto de educação indígena “uma experiência de autoria” defendendo o processo de

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integração cultural local com o saber sistematizado geral, mas valorizando as praticas

do indígena. Esta universidade não obteve quase nenhum apoio ate 1980.

Na Bolívia pais de maioria indígena 65% há reivindicações sobre escolas serem

gerenciadas por professores indígenas. Diferentes línguas propiciaram o dialogo entre

diferentes culturas. No Brasil de minoria indígena existem 0,3% da etnia na população.

Na década de 80 e 90 onze países latinos- americanos reconheceram em suas

constituições o caráter multilíngue e pluricultural de suas sociedades como Argentina,

Paraguai, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala, Peru, Venezuela; devido a

isso foi necessário o surgimento de políticas adequadas. Nos mostra Candau (2010,

p.163).

Walsh (2005) dos Estudos Culturais Latino Americano, na Universidade Andina

Simon Bolívar em Quito no Equador investiga “modernidade-colonialidade” e

interculturalidade e ela afirma:

O conceito de interculturalidade é central na reconstrução de um pensamento

critico por três razões; primeiro porque é pensado desde a experiência da

colonialidade (...) segundo reflete um pensamento não baseado no legado

eurocêntrico ou da modernidade. Terceiro porque tem origem no sul, dando

uma volta à geopolítica dominante do conhecimento que tem tido seu centro

no norte global. (WALSH, 2005 apud CANDAU 2010, p. 164).

O grupo de estudos buscou as contribuições de Minolo, argentino e Quijano

peruano nas categorias geopolíticas de poder e do saber, do pensamento fronteiriço, e

de-colonialidade. A descolonização diz respeito às independências conquistadas a

despeito das marcas dos colonizadores deixadas, a de-colonialidade de poder e do ser

diz respeito a padrões de poder com base na hierarquia racial, de identidade, sendo a

subalternização de grupos indígenas e negros desconsiderando todo conhecimento que

não seja o eurocêntrico. Walsh apud Candau (2010, p.170) defende outro poder

identitário e social, mas a educação depende de financiamentos, das políticas de

governos, de verbas sujeitas às alterações e ideologias do poder.

Relatório MEC- MERCOSUL Brasil e UNESCO

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O mundo se organiza de forma globalizada e por isto a importância da união

de forças em defesa dos interesses dos grupos, assim surgiu o MERCOSUL - Mercado

Comum do Sul na perspectiva econômica. Formam o grupo o Brasil, a Argentina, o

Uruguai, e o Paraguai. Participam dos debates sem voto o Equador, Chile, Colômbia,

Peru, Bolívia, Guiana e Suriname. A América Latina também tem se aliançado com

países de sua língua de origem como Portugal e Espanha. Segundo o relatório do MEC-

BRASIL os promotores da globalização neoliberal são o Banco Mundial para a

educação na América Latina, existe um ideal educacional defendido por esses

organismos.

O MERCOSUL nasceu da luta pela democratização no Brasil e na Argentina,

as ditaduras acabaram na Argentina em 1983 e no Brasil, em 1985. O MERCOSUL

surgiu como um instrumento de união democrática, de justiça social, inclusão e

equidade. Infelizmente, o Tratado de Assunção de 1991, que deu origem ao

MERCOSUL, ignorou esses antecedentes. É verdade que o MERCOSUL vem

contribuindo para a defesa dos interesses econômicos da América Latina. Atualmente

precisamos aprofundar para uma maior integração política e social, não só econômica.

Buscando a integração do povo latino americano houve a XXVII Reunião de

Ministros de Educação do MERCOSUL, em 2004 no Brasil, sob a coordenação do

MEC e emergiram muitos estudos de questões sociais e econômicas educacionais, as

quais nos embasaram aqui. O Plano trienal para a educação no Contexto do

MERCOSUL em 1992 afirmava que “a educação poderá constituir-se no grande espaço

solidário que têm os países da sub-região para participar ativamente na criação de um

pensamento social, científico, técnico, político.” (GADOTTI, 2007, p. 19)

O MERCOSUL Educacional data de 1992. O Plano Trienal tem por objetivos: a

formação de uma consciência favorável ao processo de integração; a capacitação de

recursos humanos para contribuir com o desenvolvimento econômico; a harmonização

dos sistemas educativos.

Chamado de Setor Educacional do MERCOSUL (SEM) é dirigido pelo Ministério

da educação dos países envolvidos. O SEM afirma a perspectiva internacional nas

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estratégias de desenvolvimento dos países latino-americanos, tornando-os mais

competitivos diante dos desafios do processo de globalização e regionalização, com o

fortalecimento dos laços culturais e sociais. Para além do Mercado, a integração inclui

as três esferas do poder público e a Sociedade Civil. A integração cultural é muito mais

ampla do que a integração baseada nos interesses econômicos.

Outras instituições que ditam as regras são Banco Mundial e a Organização

Mundial do Comércio (Gentili apud Gadotti, 2007, p.25) na América Latina, saltam aos

olhos as concepções educacionais defendidas) Trabalham com a noção de “Governo”

(aparatos administrativos) separada da noção de “Estado”. Para o “globalismo”, o

cidadão é o consumidor. 2) O Banco Mundial sustenta a filantropia para os pobres e

Mercado para os ricos. O banco considera a educação como um serviço e não como um

direito. 3) Os princípios que orientam as reformas são instrucionistas, estão centrados

no ensino e não na aprendizagem. Defende-se o aumento de tempo e não a qualidade.

Os professores estão excluídos de toda discussão da qualidade. Ensinar se reduziria a

aplicar uma receita, a saber manejar um repertório de técnicas. 4) A proposta neoliberal

é de uma desprofissionalização da docência, buscando-se alternativas na

“terceirização”, contratando-se docentes através como trabalho temporário. Por isso

cada vez mais, a promoção do “ensino a distância a baixo custo”. 5) Nessa “educação

bancária” de Paulo Freire, até um computador bem programado poderia substituí-lo. O

professor não seria mais necessário. 6) Essa seria a propalada educação “para todos”.

Já para as elites ela seria diferente. Para as elites haveria necessidade de professores,

para formá-los como “governantes”. 7) Como deve ser o sistema de ensino? o sistema

de ensino deve propor pacotes de ensino para serem “aplicados” para as pessoas

aprenderem a resolver seus problemas.

E as propostas diretas são: 1) conteúdos mínimos e socialmente necessários,

verificados através de exames nacionais; 2) redução dos benefícios dos trabalhadores da

educação 3) centralização curricular e pedagógica (exemplo: a avaliação nacional); 4)

descentralização das responsabilidades e municipalização do ensino fundamental; e 5)

padrões de gestão mercantis da escola. O Fórum Mundial de Educação aprovou, em sua

terceira edição, realizada em Porto Alegre no final de julho de 2004, uma “Plataforma

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Mundial de Lutas”, em defesa do direito à educação pública e contra a mercantilização

da educação, apresenta Gadotti, (2007, p.30).

Veremos a seguir alguns dados quantitativos da UNESCO para avaliarmos os

investimentos públicos para a educação nos ano de 1980 a 2005. Conforme Gadotti

(2007). Gasto público em educação País – Em % do PNB (produto nacional bruto).

Argentina de 2,67 a 4,0 / Bolívia de 4,42 a 6,5 / Brasil de 3,60 a 4,5 / Chile 4,63

3,8 / Colômbia 2,38 a 5,0 / Cuba 7,20 a 8,7 / México 4,73 a 5,5 / Panamá 4,90 a 4,6 /

Paraguai 1,51 a 4,4 / Peru 3,09 a 33,5/ Uruguai 2,29 a 32,6. Os maiores investimentos

foram na Argentina, Colômbia, Paraguai e espantosamente no Uruguai de 2% para 32%.

UNESCO (2006 e 2008)

De 1980 a 2005 podemos ver nos países um aumento significativo nos gastos

públicos em quase todos os países apontando um reconhecimento das necessidades da

educação a partir da década de 1990, demonstrando uma valorização da educação,

possivelmente decorrentes dos acordos internacionais a partir do marco de ação da

Educação para Todos da UNESCO, firmados com os países participantes.

Aqui o percentual do gasto público em educação custo-aluno do ciclo inicial do

ensino fundamental em PPC (ou seja paridade de poder aquisitivo) (valor em U$) de

1998 a 2005. Argentina de 551 a 1.498 / Brasil de 855 a 1.071/ Chile de 864 a 1.421 /

Colômbia de 906 a 1.478/ México de 1.011 a 1.442/ Peru de136 a 403. Todos

apresentaram um gasto maior com alunos proporcional, a Argentina mais que o dobro, e

o Peru quatro vezes mais. UNESCO (2006 e 2008).

Uruguai e Argentina, ao longo de mais de vinte anos, dispõem de sistemas

educacionais consolidados e de uma população com alto índice de escolaridade. Em 12

países da América Latina nove deles, os gastos governamentais com educação variam

entre 2,5% e 3,5% do PIB. Existe uma grande variação entre os gastos por aluno,

segundo os níveis de ensino. Assim, a relação entre gastos no ensino superior e no

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primário varia de 1,9 na Argentina a 10,0 no Brasil, sendo 2,9 no Chile e 6,0 na

Colômbia. (UNESCO, 2002)

Considerações finais

A maioria dos países priorizado neste estudo tiveram seus processos históricos

semelhantes, a colonização portuguesa ou espanhola, a imposição política e religiosa

católica, o domínio cultural, a exploração da mão de obra e da matéria prima. No campo

da educação não foi diferente. Houve o predomínio das ideias pedagógicas europeias ou

americanas como a Escola Nova, o Construtivismo, as ideias marxistas etc. Com a

exceção de Freire criador do método para alfabetização de adultos –chamada de

educação libertadora que se espalhou pelo mundo. Boas contribuições nos determinados

tempos e contextos históricos.

No caso da educação intercultural surgiu na Bolívia por interferência americana

para “civilizar” os alunos sendo que eles levariam aos pais as informações recebidas. A

intenção era buscarem a integração nacional, fortalecendo a manutenção da cultura dos

povos envolvidos. Seriam aulas bilíngues, mostrando as duplas culturas e assim

transformá-los em trabalhadores rurais, uma mão de obra adaptada ao mercado. Este

curso quando não é priorizado em alguns países, que aceitaram a ideia deste trabalho,

eles ficam na dependência de recursos financeiros para a realização.

Sobre os relatórios já podemos analisar muitas situações, o chamado SEM Setor

Educacional do MERCOSUL busca a integração cultural e a integração econômica.

Lembrando que fazem parte o Brasil, a Argentina, o Uruguai, e o Paraguai. Participam

dos debates sem voto o Equador, Chile, Colômbia, Peru, Bolívia, Guiana e Suriname.

Mas dependem das regras econômicas ditadas pelo Banco mundial para a execução das

atividades planejadas a serem implantadas.

Os maiores investimentos na educação nos anos de 2006-08 conforme o relatório

da UNESCO foi na Argentina, Colômbia, Paraguai e Uruguai de 2% para 32%. E

referente ao gasto público com custo-aluno todos os países tiveram aumento em seus

investimentos. Ainda que possam ser insuficientes.

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A situação atual da educação na América Latina conta com um momento do

sistema educacional em explosão demográfica, com o aumento da população, gerando

aumento da demanda e das expectativas; esta em uma crise na estrutura física para a

educação devido à falta de investimentos, temos a falta de prioridade política para a

educação; o desprestigio da profissão pela falta de remuneração adequada e pela queda

na qualidade do ensino. A comunicação de massa vem competindo com o sistema

educacional trazendo uma falsa impressão que informação é conhecimento; Há uma

ausência de modelos com bons resultados no trabalho, modelos nacionais e regionais

em descompasso com o mundo atual. Segundo Mosquera (1994, p.62),

A crise econômica nos países da América Latina em geral, na área educacional

leva a elevada taxa de analfabetismo que corresponde a 5% da população mundial,

sendo que 13% de crianças estão fora da escola, ocorrendo muita evasão e repetência

devido ao fato de que a luta por sobrevivência vem em primeiro lugar para as famílias

carentes. Também houve um sucateamento na instituição escolar, desde as construções,

materiais pedagógicos, mobiliários, ventiladores, livros, etc. pela falta de investimentos,

uma educação para todos que não atinge a todos, e o Estado que não privilegia a maioria

da população. (Medeiros, 2001).

Há países com sistemas antidemocráticos e anacrônicos, países com alta taxa de

população, baixa renda, fome e miséria, violência, há todo um problema social a ser

trabalhado juntamente com a educação.

Priorizar a educação a qualidade e investir, seria fundamental; mas o capitalismo o

neoliberalismo pretende formar um homem cuja formação seja voltada a indústria a

empresa, ao consumo etc. O livre mercado praticado em todos os países da América

latina torna os pobres mais pobres e ricos mais ricos. E preciso pensar o papel da

educação não perder a essência de forma a não ficarmos a margem da tecnologia e do

mundo. Apesar da necessidade de recursos materiais e humanos precisamos recuperar

muitos anos de atraso social, na capacitação do ser humano para aprender “a Ser e

Saber” por meio do conhecimento libertador.

REFERÊNCIAS

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