educação na sociedade capitalista

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FACULDADE DE EDUCAÇÄO CURSO DE PEDAGOGIA DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO I TRABALHO SOBRE EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE CAPITALISTA INTRODUÇÃO Expansão da educação A educação não sofreu grandes mudanças nos primeiros tempos do capitalismo. A base do ensino era ministrada em latim através da memorização. Com o crescimento das cidades aumentou também o número de pessoas que procuravam estudos superiores, mas esse número ainda era pequeno em relação à Europa. A disputa religiosa alterou esse quadro, várias seitas cristãs protestavam com a forma que a Igreja católica imprimia ao

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FACULDADE DE EDUCAÇÄO

CURSO DE PEDAGOGIA

DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO I

TRABALHO SOBRE EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE CAPITALISTA

INTRODUÇÃO

Expansão da educação

A educação não sofreu grandes mudanças nos primeiros tempos do capitalismo. A

base do ensino era ministrada em latim através da memorização. Com o crescimento das

cidades aumentou também o número de pessoas que procuravam estudos superiores,

mas esse número ainda era pequeno em relação à Europa.

A disputa religiosa alterou esse quadro, várias seitas cristãs protestavam com a

forma que a Igreja católica imprimia ao cristianismo. Com a leitura da bíblia as várias

seitas se preocuparam em criar escolas para ensinar as crianças a ler. A catequização

além de difundir idéias religiosas, tinha seu lado de instrução. A idéia de que a grandeza

de um país era associada à instrução de seu povo e não só de conquistas militares que

se fazia um grande país era dos protestantes.

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O Iluminismo na educação

As idéias iluministas marcaram profundamente a relação entre sociedade e

educação, eles criticavam o predomínio cultural da igreja sobre os homens, mas a Igreja

reagia recusando-se a perder o controle sobre a educação.

O Estado por sua vez afirmava que a responsabilidade de oferecer uma educação

pública e gratuita cabia a ele.

Várias revoluções aconteceram, guiadas pelas idéias iluministas. Nos Estados

Unidos e na França declararam que os homens só seriam efetivamente livres se

possuíssem certo grau de instrução, e com isso traria igualdade entre os homens.

O liberalismo não significou o fim dos conflitos por igualdade, mas sim canalizou-os

para áreas específicas. Os pensadores da burguesia em ascensão durante um longo

tempo recitaram a ladainha da “educação para o povo”, necessitavam recorrer a ela para

preparar ou garantir seu poder, para reduzir o da igreja e em geral, para conseguir a

aceitação da nova ordem. Porém tomavam cuidado para não alimentar ambições

indesejáveis, pois temiam as conseqüências desta educação. A educação deveria exercer

somente o papel de ensinar o povo a raciocinar apenas sobre o que forma sua ocupação

cotidiana, quer dizer que os conhecimentos do povo não se estendam além de suas

ocupações.

DESENVOLVIMENTO

A proliferação da indústria exigia um novo tipo de trabalhador, que devia aceitar

trabalhar para outro e fazê-lo nas condições que este outro lhe impusesse.

Se os meios para dobrar os adultos deviam ser a fome, o internamento ou a força,

a infância oferecia a vantagem de ser modelada desde o princípio de acordo com as

necessidades da nova ordem capitalista e industrial, com as novas relações de produção

e os novos processos de trabalho.

O ensino asseguraria às crianças excelentes hábitos de ordem, de propriedade, de

trabalho e de prática religiosa que as tornarão crianças mais submissas e pais devotos.

A pontualidade, a precisão, a obediência implícita ao encarregado ou à direção,

são necessárias para a segurança de outros e para a produção de qualquer resultado

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positivo. A escola leva a cabo isto tão bem que para algumas pessoas ela lhes traz a

recordação desagradável de uma máquina.

A disciplina converteu as escolas em algo muito parecido aos quartéis ou aos

conventos beneditinos. Regularam-se todos os aspectos da vida em seu interior, às vezes

até extremos delirantes. Nas escolas metodistas inglesas de princípios do século XIX, a

primeira coisa que aprendiam os alunos era a pontualidade. Uma vez entre seus muros, a

disciplina escolar assemelhava-se muito a militar.

Cabe ainda perguntar-se em que medida não eram os trabalhadores e o

movimento operário os primeiros interessados na escolarização universal, em que medida

não foi à escola uma conquista operária e popular que as classes dominantes teriam

tentado depois e ainda tentariam adulterar com mais ou menos êxito. Assim, o que

normalmente sabemos ou lemos do movimento operário diante da educação é que

sempre pediu mais escolas, maior acesso às escolas existentes, etc. Entretanto, há

informação suficiente para levar a pensar que, antes da identificação da classe operária

com a escola como instrumento de melhoria social, houve um amplo movimento de auto-

instrução.

A aprendizagem incluía geralmente o treinamento em matemática, compreendidas

a álgebra, a geometria e a trigonometria, nas propriedades e procedência dos materiais

comuns no ofício, nas ciências físicas e no desenho industrial. As relações de

aprendizagem bem administradas proporcionavam assinaturas das revistas técnicas e

econômicas que afetavam o ofício, de forma que os aprendizes pudessem seguir os

avanços. Mas, mais importante que o treinamento formal ou informal, era o fato de que o

ofício proporcionava um vínculo cotidiano entre a ciência e o trabalho.

À rede formal e informal de capacitação profissional, formação técnica e científica

devem-se acrescentar as escolas de iniciativa popular, as sociedades operárias, os

ateneus, as casas do povo e toda uma gama de atividades similares que compunham um

considerável movimento de auto-instrução. Boa parte do movimento operário colocou

nesta rede suas esperanças de acompanhar o ritmo do progresso e melhorar sua posição

social e política frente às classes dominantes, quando não de subverter radicalmente a

ordem social existente.

A escola, nos Estados Unidos, foi o mecanismo principal da “americanização” dos

imigrantes, com o encargo de apagar seu passado, suas tradições culturais e sua língua,

convertendo-os em cidadãos da nova pátria, era necessário erradicar os irregulares

hábitos de trabalho das populações imigrantes e substituí-los por outros mais adequados

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às necessidades da indústria em rápido crescimento. Aqui, como em qualquer outra parte,

a escola iria exercer o papel de socializar as gerações jovens para o trabalho assalariado.

A população negra emancipada, que reunia dupla condição de ser proletariado

potencial e pertencer a uma raça considerada inferior, deu a alguns reformadores

escolares a oportunidade de por em prática as suas idéias sobre a formação para o

trabalho industrial.

Arrancados a não muito tempo de uma economia de subsistência e apenas

habituados, a maioria, ao trabalho mais regular das plantações de algodão ou às funções

domésticas servis, emigravam em massa para o Norte industrializado e eram vistos como

mão de obra excepcionalmente barata da necessária industrialização do Sul. O mito do

negro preguiçoso e incapaz de organizar sua vida sem a ajuda do branco seria um

obstáculo para a riqueza e o desenvolvimento do Sul, e por isso deveria ser educado. Em

uma versão mais sofisticada o negro devia sua escassa propensão para o trabalho ao fato

de que se tinha contagiado pelo desprezo que pelo mesmo nutriam seus amos brancos,

os latifundiários sulistas.

A partir desta fase, fundou-se uma rede de escolas para negros. Os reformadores

brancos selecionaram entre eles os mais dispostos a propagar sua mensagem e

converteram-nos em líderes perante seu povo, embora, é claro, não lhes tenham

permitido sentar nos mesmos conselhos e conferências que eles, nem lhes pagaram da

mesma forma que aos especialistas brancos.

O negro devia ser preparado para integrar-se no lugar que lhe havia reservado o

branco: o trabalho industrial menos qualificado, mais mal pago e mais duro. Tudo isso

sem interferir, entretanto, na vida social e política da comunidade branca nem tentar

escapar a sua posição.

Com a Revolução Industrial alterou-se radicalmente a relação entre a escola e o

mundo do trabalho, mas nas primeiras fases da Revolução Industrial a idéia de que seria

perigoso instruir as camadas pobres ainda predominava.

A pressão popular pela escolarização de seus filhos, tornou-se impossível manter

os pobres fora do processo escolar. Os grupos dominantes aceitaram a instrução dos

pobres, desde que se restringisse ao mínimo necessário para desempenhar

satisfatoriamente suas funções.

No século XIX a educação passou a ser vista como um direito que não podia ser

negado a nenhum membro da sociedade, isso conflitava com a visão elitista da educação.

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Em resumo os dominantes acreditavam que a escola, somente ela incutiria nas

crianças, futuros trabalhadores, valores e normas como pontualidade, assiduidade,

confiabilidade e principalmente submissão à autoridade, esses eram os valores que os

empregados exigiam dos seus empregados.

Na virada do século XX, com as pressões sociais, a educação já estava ligada com

o mundo do trabalho, e assim começaram a surgir à educação profissionalizante e o nível

superior, que era associado com o mundo do trabalho. Das universidades sairiam os

técnicos que iriam gerir as empresas e os negócios públicos.

NO BRASIL

1549 – chega o governador geral Thomé de Souza com os jesuítas.

Durante dois séculos e meio a educação era baseada na doutrina cristã católica.

1759 – expulsão dos jesuítas. A educação ficou como responsabilidade do estado.

1809 – chegada de dom João VI ao Brasil.

A educação era precária. Dom João VI dá mais atenção ao ensino superior e gera

uma grande massa de analfabetos.

A educação era para uma minoria rica.

1850 – 1930 – novos projetos. Com a Proclamação da república a educação foi

reconhecida como um problema nacional.

1932 – “Manifesto Pioneiro de 1932” com uma concepção da educação como

direito de todos.

1961 – Lei n° 4.024

Primário: 5 anos – Admissão

Ensino Médio : Ciclo ginasial = 4 anos

Ciclo colegial = 3 anos

(científico, clássico, técnico ou normal)

Ensino Superior

1968 – Lei n° 5.540 – Ensino superior

1971 – Lei n° 5.672

Primeiro grau: 8 séries

Segundo grau: 3 séries (habilitação plena ou parcial obrigatórias)

1982 – Lei n° 7.044 tornou as habilitações do 2° grau facultativas.

1996 – Lei n° 9.394

Educação Básica

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Educação Infantil: Creche – 0 a 3 anos

Pré-escola – 4 a 6 anos

Ensino Fundamental – 8 anos de duração

Ensino Médio – educação profissional (regulamentada pelo Decreto n° 2.208/97)

Educação Superior

No sistema universitário brasileiro, começa a se delinear a realidade de um novo

fenômeno educacional: a dos estudantes-trabalhadores dos cursos noturnos das

universidades particulares.

CONCLUSÃO

No século XVIII os educadores argumentavam que o trabalhador educado era um

empregado melhor, isto não significava simplesmente que soubesse ler as instruções ou

que estivesse menos inclinado a entrar em greve; significava também que havia sido

adequadamente socializado nas novas formas de produção, adaptado à hierarquia.

Embora o mundo do trabalho seja um mistério para a infância está presente aí como um

destino inevitável – incorporação ao mundo do trabalho como operário industrial,

profissional independente, patrão ou o que for, segundo a profissão ou ofício do pai, e se

for o caso da mãe.

A expansão do capitalismo foi decisiva para uma maior universalização da ação

pedagógica escolar. O discurso do professor, o conteúdo do livro texto, a capacidade de

raciocínio do aluno são manifestações de idéias. Predominam as idéias da classe que tem

maior poder aquisitivo.

O sistema educativo emerge da realidade do modo de produção de uma sociedade

e reproduz as desigualdades existentes, a capacidade medida por meio do êxito escolar.

. Na sociedade capitalista, com a sua estrutura de classes sociais, decorrente da

divisão social do trabalho e baseada na apropriação diferencial nos meios de produção, o

sistema educativo é visto como uma instituição que preenche duas funções estratégias

para a sociedade capitalista: a reprodução da estrutura de classes e a reprodução da

cultura. A escola jamais foi ou será uma agência social neutra, em qualquer nível, vincula-

se à produção. Nesse sentido, a escola, como parte do sistema educativo, tem duas

funções principais.

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a) inculcar na mente dos estudantes uma determinada ideologia ( da

camada dominante)

b) capacitar tecnicamente os indivíduos para o exercício de uma função

produtiva.

Os conhecimentos produzidos e transmitidos pela escola têm objetivos bem

definidos: aplicar a ciência à produção e preparar mão-de-obra apta a trabalhar de acordo

com os requisitos dessa produção.

Nas sociedades modernas, regidas pelo modo de produção capitalista, as

atividades intelectuais são remuneradas pelo salário, que assume a forme a de um bem

universal, apto a ser trocado por qualquer outro bem de que o trabalhador intelectual

necessita para sobreviver. O produto imediato da educação não é um produto material,

mas é um produto socialmente útil, assumindo a forma de um serviço necessário à

sociedade, além de ser uma modalidade de trabalho, a educação atua na formação do

trabalhador. Essa é uma das funções fundamentais da educação, das mais reconhecidas

socialmente.

A escola é vista como uma escada que permite as pessoas subirem na vida.Todo

mundo quer que a escola seja essa espécie de escada que conduz a um andar superior,

a uma melhoria de vida, a um melhor emprego com um melhor salário.

A expectativa em relação ao que a escola pode e deve fazer é mais forte nas

camadas sociais mais pobres. Para o povo, a escola é praticamente o único meio de

ascensão social, de subida na vida. O sucesso nos estudos seria a grande oportunidade

oferecida a todos para compensar as desigualdades de dinheiro, de importância e de

posição social.

A educação é um serviço fornecido por uma sociedade aos seus membros, é uma

indústria como qualquer outra, com suas entradas e saídas, e é um produto assim como

um dos fatores de produção.

Numa era de desenvolvimento biotécnico e de invenção cibernética, estamos

envolvido na educação e treinamento de indivíduos para um tipo diferente de vida, numa

diferente espécie de mundo. Em qualquer definição de propósitos e objetivos, devemos

ter, portanto, uma visão clara não só do presente, mas também do futuro provável e

previsível, Isto também é válido, de forma vital, no domínio da educação onde grande

quantidade de recursos está sendo anualmente gastam, não só para o desenvolvimento

de personalidades completas, e de outros propósitos igualmente imprecisos (ainda que

judiciosos), mas também como um investimento no futuro da sociedade e para a iniciação

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de cada jovem na vida adulta, na cidadania, na responsabilidade social e numa sociedade

móvel e altamente complexa.

BIBLIOGRAFIA

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Capitalismo, Porto Alegre, Artes Médicas, 1989 272 p.

CECCON, Claudius , HARPER Babette, OLIVEIRA Miguel Darcy de, OLIVEIRA

Rosiska Darcy de, Cuidado Escola! Desigualdade, domesticação e algumas saídas ,

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OLIVEIRA. Pérsio Santos, Introdução à Sociologia da Educação, Ática.

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