Educação, Formação Humana Integral, Mercado e Fragmentação do Conhecimento

24
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.18; p. 2014 3470 EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL, MERCADO E FRAGMENTAÇÃO DO CONHECIMENTO Fábio Borges de Oliveira Licenciado em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás e Especialista em Educação pela Faculdade Integrada do Grupo Grande Fortaleza; Técnico Administrativo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano- Câmpus Urutaí E-mail: [email protected] Recebido em: 12/04/2014 – Aprovado em: 27/05/2014 – Publicado em: 01/07/2014 RESUMO A Educação é o processo de assimilação, construção e a disseminação do conhecimento desde as sociedades tribais até às mais avançadas civilizações humanas. Como forma de transcender a cultura e despertar a criação, o homem vem se organizando através da prática educativa desde tempos bastante remotos. Nos processos históricos, as práticas e os conteúdos desenvolvidos e incorporados fizeram parte de diversos tipos de civilizações, desde as mais primárias às mais complexas, criando um universo de concepções. Herdamos da civilização grega as raízes do nosso modelo de educação e como responsável pelo seu desenvolvimento e o buscando em função da compreensão global do espaço humano, historicamente houveram exemplos de superação, mas houveram também exemplos de limitação e dentro do contexto de definição de um modelo eficiente se pensou metodologias e modos de se chegar a um consenso de qual a melhor educação. Como modelo capacitante para os indivíduos no estímulo à produtividade, a expansão do ensino se deu globalmente e os propósitos e objetivos foram direcionados por políticas de concentração, sob a evolução tecnológica, se deu a fragmentação do conhecimento e a educação para a vida se transformou em mera preparação para o mercado com metodologias desconexas ao desenvolvimento integral. PALAVRAS-CHAVE: Instrução, influências, preparação, sociedades. EDUCATION, TRAINING INTEGRAL HUMAN, MERCHANTABILITY AND FRAGMENTATION OF KNOWLEDGE ABSTRACT Education is the process of assimilation, construction and dissemination of knowledge from tribal societies to the most advanced forms of human civilization. As a way of transcending culture and awaken the creation, man has been organized by educational practice since time quite remote. Historical processes, ways of educating and developed and embedded contents were part of various types of civilizations, from the most elementary to the most complex, creating a universe of ideas. Inherited from Greek civilization roots of our education model and as responsible for their development and function in seeking global understanding of human space, historically there have been examples of overcoming, but there were also examples

description

A educação é o processo de assimilação, construção e a disseminação do conhecimento desde as sociedades tribais até às mais avançadas civilizações humanas. Como forma de transcender a cultura e despertar a criação, o homem vem se organizando através da prática educativa desde tempos bastante remotos. Nos processos históricos, as práticas e os conteúdos desenvolvidos e incorporados fizeram parte de diversos tipos de civilizações, desde as mais primárias às mais complexas, criando um universo de concepções. Herdamos da civilização grega as raízes do nosso modelo de educação e como responsável pelo seu desenvolvimento e o buscando em função da compreensão global do espaço humano, historicamente houveram exemplos de superação, mas houveram também exemplos de limitação e dentro do contexto de definição de um modelo eficiente se pensou metodologias e modos de se chegar a um consenso de qual a melhor educação. Como modelo capacitante para os indivíduos no estímulo à produtividade, a expansão do ensino se deu globalmente e os propósitos e objetivos foram direcionados por políticas de concentração, sob a evolução tecnológica, se deu a fragmentação do conhecimento e a educação para a vida se transformou em mera preparação para o mercado com metodologias desconexas ao desenvolvimento integral.

Transcript of Educação, Formação Humana Integral, Mercado e Fragmentação do Conhecimento

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3470

    EDUCAO, FORMAO HUMANA INTEGRAL, MERCADO E FRAGMENTAO DO CONHECIMENTO

    Fbio Borges de Oliveira

    Licenciado em Geografia pela Universidade Estadual de Gois e Especialista em Educao pela Faculdade Integrada do Grupo Grande Fortaleza; Tcnico

    Administrativo do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia Goiano-Cmpus Uruta

    E-mail: [email protected]

    Recebido em: 12/04/2014 Aprovado em: 27/05/2014 Publicado em: 01/07/2014

    RESUMO A Educao o processo de assimilao, construo e a disseminao do conhecimento desde as sociedades tribais at s mais avanadas civilizaes humanas. Como forma de transcender a cultura e despertar a criao, o homem vem se organizando atravs da prtica educativa desde tempos bastante remotos. Nos processos histricos, as prticas e os contedos desenvolvidos e incorporados fizeram parte de diversos tipos de civilizaes, desde as mais primrias s mais complexas, criando um universo de concepes. Herdamos da civilizao grega as razes do nosso modelo de educao e como responsvel pelo seu desenvolvimento e o buscando em funo da compreenso global do espao humano, historicamente houveram exemplos de superao, mas houveram tambm exemplos de limitao e dentro do contexto de definio de um modelo eficiente se pensou metodologias e modos de se chegar a um consenso de qual a melhor educao. Como modelo capacitante para os indivduos no estmulo produtividade, a expanso do ensino se deu globalmente e os propsitos e objetivos foram direcionados por polticas de concentrao, sob a evoluo tecnolgica, se deu a fragmentao do conhecimento e a educao para a vida se transformou em mera preparao para o mercado com metodologias desconexas ao desenvolvimento integral. PALAVRAS-CHAVE: Instruo, influncias, preparao, sociedades.

    EDUCATION, TRAINING INTEGRAL HUMAN, MERCHANTABILITY AND FRAGMENTATION OF KNOWLEDGE

    ABSTRACT Education is the process of assimilation, construction and dissemination of knowledge from tribal societies to the most advanced forms of human civilization. As a way of transcending culture and awaken the creation, man has been organized by educational practice since time quite remote. Historical processes, ways of educating and developed and embedded contents were part of various types of civilizations, from the most elementary to the most complex, creating a universe of ideas. Inherited from Greek civilization roots of our education model and as responsible for their development and function in seeking global understanding of human space, historically there have been examples of overcoming, but there were also examples

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3471

    of limitation and within the context of defining an efficient model was thought methodologies and ways of reaching a consensus on what the best education. As a model for enabling individuals to stimulate productivity, expansion of education occurred globally and the aims and objectives were targeted by political concentration on the technological evolution, took the fragmentation of knowledge and education for life became mere preparation for the market with the complete development methodologies disconnected. KEYWORDS: Companies, education, influences, preparation.

    INTRODUO A Educao existe desde as sociedades tribais, em tempos remotos, talvez

    impossveis de serem precisamente estudados. Desde quando o homem desenvolveu suas primeiras habilidades ao manejar objetos e confeccionar suas ferramentas mais primitivas, talvez desde antes que qualquer achado arqueolgico possa mostrar. Ao que tudo indica, as primeiras formas de educao existentes j tinham como objetivo a socializao das pessoas e de alguma maneira profissionaliz-las (ARANHA , 2006).

    Registros de sociedades muito antigas trs evidncias de formas de educao que eram praticadas em tribos primitivas onde a transmisso do conhecimento se dava sob a observao das prticas e provavelmente tambm sob instrues orais. At que ento, em um cronograma evidente, vestgios das primeiras civilizaes mostram como forma de se organizar, anotaes gravadas em objetos confeccionados para esse fim em sociedades mais complexas que deram origem escrita (ARANHA , 2006).

    Resqucios mais antigos os quais registram o aparecimento das primeiras cidades foram at o momento encontrados na frica, no Oriente Mdio e no continente asitico, regio da ndia e China, trazendo achados sobre a Mesopotmia, a Cidade de Ur, de Cana, de Xi'an, civilizaes do Antigo Egito e at da Mesoamrica. De alguma forma, o surgimento da escrita est ligado ao aparecimento das primeiras cidades, da necessidade de organizar o comrcio e a vida social nas sociedades mais complexas (ARANHA , 2006).

    No continente Sulamericano tem-se registros que evidenciam tambm a educao tribal com as primeiras grafias em paredes de cavernas, estimadas de dezenas de milhares de anos atrs e ainda achados de percursores da escrita relativas s antigas civilizaes na regio do continente onde hoje se encontra o Per, o Mxico e onde se localiza a Amrica Central. Sobre o Brasil h estudos antropolgicos que mostram que habitantes antigos tambm se organizavam de forma bastante eficiente sob as bases de uma educao tribal (ARANHA , 2006).

    Quando os europeus chegaram, haviam vrias naes indgenas com suas culturas variadas e evidncias arqueolgicas mais recentes mostram que h pelo menos 50 mil anos atrs o homem j estava presente no continente americano. Estudos disponveis na base de dados do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN) apresentam achados arqueolgicos na Serra da Capivara, no Estado do Piau, os quais contrariam a teoria de que os humanos s chegaram ao novo continente h 12 ou 10 mil anos e civilizaes avanadas como as egpticas e outras do velho continente se levantaram na Mesoamrica, como o caso dos Maias h quase trs mil anos atrs (ARANHA , 2006).

    O fato que quando os exploradores aqui chegaram impulsionados pelo

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3472

    mercantilismo medieval no enxergavam outras riquezas a no ser os metais preciosos ou algumas mercadorias raras apreciadas pelos europeus e assim no se preocuparam em estudar ou preservar cultura alguma que fosse encontrada. O processo de explorao foi to intenso que s se preocuparam em escravizar os habitantes destas terras e saquear seus metais preciosos, dizimando ento toda a cultura de alguns desses povos (OLIVEIRA, 2011).

    O processo de invaso se deu num tempo em que a Igreja dominava a Europa, sobre os pases colonizadores e impunha o Cristianismo por onde se expandiam seus territrios e, como era de costume, impuseram a cultura crist sobre os povos dominados provocando um verdadeiro etnocdio nestas terras. Com a chegada dos padres jesutas, os indgenas considerados povos no civilizados receberam ensinamentos catlicos como um grande benefcio que os tirariam da ignorncia e lhes dariam a salvao da alma tambm ao se dedicarem a um novo deus e, para esses ensinamentos precisavam aprender a ler e a escrever (OLIVEIRA, 2011).

    Para os colonizadores no importava se os povos americanos tinham em sua cultura uma forma diferente de transmitir o conhecimento e o que se sabe que tinham tambm alguma maneira de fazer suas anotaes, algum registro semelhante escrita. Sabe-se que havia organizao nas tribos ditas primitivas, alm de outras que atingiram o status, dado pela viso europeia de civilizao como os Mochicas, os Incas, os Astecas e os Maias, evoludos tambm na matemtica, na agricultura, na irrigao e na engenharia (OLIVEIRA, 2011).

    De acordo com que a colonizao foi avanando com os europeus dominando o territrio e se apropriando do continente, os antigos habitantes eram aculturados com os costumes dos novos habitantes. A princpio os indgenas com os ensinamentos religiosos e mais tarde tambm os negros trazidos da frica, para manter a produo agrcola na colnia, se tornaram alvos da aculturao europeia (OLIVEIRA, 2011).

    A partir de um levantamento bibliogrfico pretende-se, numa perspectiva histrica, abordar o desenvolvimento dos sistemas educacionais e as tendncias ideolgicas que influenciaram os modelos instalados desde o surgimento das primeiras instituies mais expressivas do perodo medieval at os dias atuais, abordar as principais vertentes que nos levaram mercantilizao da educao e fragmentao do conhecimento.

    A EDUCAO MEDIEVAL E AS PRIMEIRAS ESCOLAS BRASILEIRAS Antes do Renascimento e do Iluminismo na Europa, a educao seguia os

    padres da igreja e assim tambm era nas colnias dos pases do velho continente. No Brasil, com incio ainda no sculo XVI, as misses religiosas culminavam em modelos educacionais para os indgenas e teve como um de seus nomes mais famosos frente o Padre Antnio Veira, conselheiro do rei portugus D. Joo IV. Com sua tarefa de evangelizar, erguer igrejas e realizar misses entres os ndios do Maranho os orientava para a converso religiosa, educao e trabalho. Desde que chegou ao Brasil pela primeira vez em 1653, teve problemas com os colonos que escravizavam os ndios e precisou voltar a Portugal por duas vezes e retornar em 1680 (ARANHA, 2006).

    A maioria dos relatos histricos partiram dos prprios colonizadores, os quais com fortes tendncias eurocntricas se preocupam mais com uma justificativa pela

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3473

    invaso do que em retratar a cultura desses povos os quais por estes eram julgados inferiores. Tais relatos deram bases para que fossem considerados povos mais evoludos apenas aqueles das civilizaes aqui encontradas equiparadas s europeias e at aos dias atuais, apenas so tidos como evoludos os povos Astecas, Incas e Maias (OLIVEIRA, 2011).

    De acordo com OLIVEIRA (2011), a histria construda pelos europeus do sculo XVI sobre as civilizaces pr-colombianas e que tem permanecido at os dias atuais, inclusive nos livros didticos, tem sido desconstruda por pesquisas desenvolvidas no mbito da etnohistria. Pesquisas essas que tem demonstrado que civilizaes como os Incas no eram to parecidas com as antigas civilizaes europeias ou africanas da antiguidade como queriam os cronistas que contriburam para escrever a histria de acordo com o que lhes convinha.

    Desconstruindo a cultura dos povos que aqui sobreviveram invaso, os colonizadores implantaram escolas que por aproximadamente 200 anos seguiram a linha catecista, onde esses povos eram aculturados de acordo com os costumes cristos, instrudos na leitura e na escrita apenas o suficiente para absorver os ensinamentos religiosos europeus. Seguiam o padro europeu da poca com uma educao clssica e humanstica para a elite colonizadora e o catecismo para os indgenas. Para OLIVEIRA (2004),

    Sem a concorrncia do protestantismo e com as injunes polticas e econmicas da condio colonial, a educao jesutica reproduziu no Brasil o esprito da Idade Mdia, com o aprisionamento do homem ao dogma da tradio escolstica, a sua submisso autoridade e rgida ordenao social, avesso ao livre exame e experimentao. Em contraste, portanto, ao homem de livre-pensamento, de viso igualitria e esprito associativo, confiante no conhecimento como instrumento de transformao do mundo natural. p. 946

    Os colonizadores prosseguiram com a aculturao desses povos atravs da catequese aniquilando os filhos de colonos, meninos ndios e os rfos dissolvendo os costumes que no fossem europeus. At que em 1759 a Companhia de Jesus foi expulsa do Brasil pelas reformas do Marqus de Pombal mudando os rumos da educao na colnia. Antes, nem mesmo em Portugal haviam grandes interesses pelo ensino superior e poucos eram tambm os que deixavam estas terras para cursar faculdade no continente europeu. Afinal, anterior Reforma Pombalina, o iluminismo ainda no tivera chegado em Portugal (OLIVEIRA (2004)

    No Brasil, o iluminismo estava ainda mais distante, pois aps reforma em Portugal ainda levaram 13 anos para que se providenciasse a substituio dos jesutas na colnia. Com o desmantelamento da estrutura de ensino jesutico, o Estado no foi capaz de estruturar com eficincia um novo modelo o qual propunha a Reforma Pombalina e ainda permaneceu, em parte, dependente do modelo jesutico o qual contribuiu para a formao dos novos mestres-escolas e perpetuou de alguma forma os mesmos objetivos, os mesmos mtodos, a permanncia do apelo autoridade e disciplina; o combate originalidade, iniciativa e criao individual (OLIVEIRA, 2004)

    Nesse cenrio de estruturao da educao brasileira, s aps 1808, com a chegada da famlia real portuguesa foi que surgiram essencialmente alguns avanos, quando foram criados o Museu Real, a Biblioteca Pblica, o Jardim

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3474

    Botnico, a Imprensa Rgia e logo surgiram os primeiros cursos superiores (OLIVEIRA, 2004).

    A EDUCAO SUPERIOR A vinda de D. Joo VI para o Brasil fez surgir mudanas culturais importantes,

    mas os cursos superiores aqui implantados eram ministrados em aulas avulsas e com um sentido profissional prtico. Formavam engenheiros civis e preparavam para a carreira das armas. O embrio das primeiras faculdades de medicina surgiu com os cursos mdicos-cirrgicos no Rio de Janeiro e na Bahia, mas o perodo joanino ficou reduzido a poucas escolas e s aulas rgias (OLIVEIRA, 2004).

    A partir de D. Pedro I foram criadas as faculdades de direito de So Paulo e Recife as quais passaram a formar os futuros funcionrios do governo, os letrados de cargos administrativos e polticos que preenchiam o quadro funcional do Estado. Com a descentralizao administrativa sob o Ato Adicional do Imperador em 1834, as provncias ficaram delegadas a incumbncia de regulamentar e promover a educao primria e mdia e ao poder central ficou reservado o direito de promover e regulamentar a educao no Rio de Janeiro e a educao de nvel superior em todo o imprio (OLIVEIRA, 2004).

    A educao primria e mdia a cargo das provncias foi um verdadeiro fracasso e seus vcios parecem perpetuar. No final do imprio haviam poucas escolas primrias e 85 % da populao era analfabeta. De acordo com OLIVEIRA (2004) :

    Com o ensino secundrio destinado a preparar candidatos ao ensino superior, o seu contedo acabou por ganhar um carter propedutico. Nas provncias, o sistema escolar no passou da tentativa de reunio das antigas aulas rgias em liceus, de forma desorganizada. Motivo: um falho sistema tributrio e a conseqente falta de recursos. No vazio do Estado, boa parte do ensino secundrio ficou a cargo da iniciativa privada (principalmente religiosa) e o ensino primrio foi relegado ao abandono, sobrevivendo pelo sacrifcio de alguns mestres-escolas, que destitudos de habilitao profissional, s encontravam emprego na educao. p 948.

    Passado o perodo imperial e j nos tempos da repblica surgiram mais cursos superiores e foram implantados os cursos profissionalizantes de ensino mdio, mas algumas reformas estruturais de idealistas como Benjamin Constant foram frustradas e pouco se avanou at meados do sculo XX. Foi a partir dos anos 1930 com a ideologia da Nova Escola a qual vinha da corrente positivista e defendia o ensino laico e a escola pblica para todos que se deram as maiores revolues na educao brasileira. Mas sobre o Estado Laico, no se pde lhe garantir grandes avanos, uma vez que o poder poltico da igreja se reacende e fica estabelecida a volta do ensino religioso nas escolas depois de 40 anos sem essa disciplina voltando s caractersticas de modelo conservador. O fato que as demandas sociais pediram uma progressiva organizao do sistema educacional brasileiro e a maior expresso dessas demandas durante a velha repblica foram os escola-novistas (OLIVEIRA, 2004).

    Outro momento importante para a educao brasileira foi aquele de crtica e

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3475

    balano ps 1946 que culminou na primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educao em 1961 durante o governo de Joo Goulart. Na dcada de 1990 houveram tambm alguns avanos, mas como enfatiza OLIVEIRA (2004) , em todos estes momentos histricos ir predominar a assistncia ao ensino das elites e o despropsito com a universalizao da educao popular, condio necessria para a consolidao da democracia brasileira. p 954.

    Para entender melhor como se deu todo o avano da educao profissionalizante e, enfim, como a Educao Superior tomou os rumos que ainda segue nos dias atuais, importante rever todo o desenrolar dessa histria, buscando compreender a origem do modelo adotado.

    OS RUMOS TOMADOS PELA EDUCAO: DO ILUMINISMO AOS DIAS ATUAIS No novidade para nenhum educador brasileiro que a educao superior

    surgiu para as elites e continua elitista. O descaso com a educao bsica perpetuou o problema, uma vez que a maioria dos que tem acesso a uma educao superior de qualidade vem das escolas particulares e pouqussimas vem do ensino pblico. A prova disso so os programas de cotas universitrias criadas pelos ltimos governos tentando amenizar o problema da excluso, mas a disparidade muito grande: a disputa por vagas nas universidades pblicas alta e o nmero de estudantes que recorrem s instituies de iniciativa privada chegava a 70 % no incio deste sculo (SOARES et al., 2002. p 115).

    impossvel falar de educao ou escola sem se referir poltica. As polticas educacionais so direcionadas por ideologias e no h como concordar que no sejam. Mesmo que se justifique como estratgias que resultaram em medidas econmicas e sociais. Afinal, tudo que envolve economia envolve tambm poltica e no h poltica sem ideologias. Nesse sentido, ARANHA (2006) alerta: a educao no , portanto, um fenmeno neutro, mas sofre os efeitos do jogo do poder, por estar de fato envolvida na poltica. p. 24.

    Voltando ao sculo XVIII para facilitar o entendimento de como se deu todo o processo, pode-se destacar que a classe burguesa, os defensores do livre mercado, ganharam aliados importantssimos nas revolues europeias dos sculos passados quando o sistema poltico avanava para atender aos anseios do mercado em uma nova configurao de relaes de poder a qual envolvia a burguesia e todos os tipos de trabalhadores livres daquele tempo. Ento, diante de uma nova configurao social que surgia, era preciso que surgisse tambm justificativas ideolgicas para tais transformaes polticas e a melhor delas seria dada pela cincia, j que o entendimento dos pensadores daquele tempo compreendia a idia de que o iluminismo era para despertar o mundo das trevas da Idade Mdia (FERNANDES 2009).

    Para compreender os avanos ideolgicos, vale ressaltar que, como desenvolvimento sociolgico do iluminismo, surgiu, indiscutivelmente vinculado, o positivismo. E este ltimo mudou at o modo de se fazer cincias. De acordo com FERNANDES (2009), O mtodo positivo visa afastar a ameaa que representam as ideias negativas, crticas, anrquicas, dissolventes e subversivas da filosofia do iluminismo e do pensamento do socialismo utpico. A ideia de que tudo precisava ser comprovado cientificamente, de que at as cincias sociais deveriam passar pelo mtodo de comprovao caiu como uma luva para legitimar s aes revolucionrias daquele perodo como uma justificao cientfica da nova ordem

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3476

    social estabelecida. Os revolucionrios que rebaixaram a aristocracia e desmoralizaram a Igreja,

    teriam ento a cincia constituda como uma prtica tcnica que os ajudaria a ter autoridade diante dos questionamentos polticos. Era a apresentao de uma verdade inquestionvel, porque os fenmenos poderiam ser comprovados na prtica atravs das tcnicas, da experincia. FERNANDES (2009) abordando o assunto, destaca:

    Se compararmos a evoluo paralela do direito, da economia poltica e do positivismo, no final do sculo XVIII a meados do sculo XIX, percebemos que pela transformao do conceito de lei natural a burguesia deixa de figurar como uma classe revolucionria para assumir sua vocao de manuteno da ordem e do poder. p 5.

    O poder da burguesia se consolida ento com a justificativa de que as coisas aconteciam pela ordem natural e a cincia positivista a testemunha chave para o fenmeno social ascendente. A maior influncia do positivismo na Educao se deu porque esta amparou a industrializao e a industrializao necessitou de especializao profissional a qual fez nascer a fragmentao do conhecimento. Sobre essa influncia, (FERNANDES, 2009) escreveu:

    A propagao do positivismo na educao se deve, em muito, disseminao do sucesso na aplicao prtica de princpios cientficos que visam a produo de novas tecnologias. A industrializao, amparada pelas conquistas da cincia positiva, favoreceu o fortalecimento poltico e militar das naes, exportando assim um modelo de sucesso prtico para todos os campos do saber, inclusive na educao. p 8.

    A Revoluo Industrial se deu sob uma especializao muito grande dos profissionais envolvidos no processo. Foram treinados para que cada um fizesse a sua parte na produo e no se preocupassem mais com a arte final, como aconteciam com os artistas dos perodos anteriores s linhas de produo, porque, afinal, o que importa ao novo modelo a produtividade e o crescimento da escala de produo. Portanto, no h tempo para que os especialistas se instruam para um todo, inclusive para que possam entender toda a finalidade. Para o conjunto final dos produtos h tambm um especialista: o engenheiro (MUNHOZ at al., 2013)

    No Brasil, como primeiro modelo de escola positivista surgiu a Escola Politcnica do Rio de Janeiro, fundada ainda no perodo do imprio. Abordando o assunto, FERNANDES (2009) escreve:

    A herana da ideologia burguesa fora assimilada pelos militares republicanos do sculo XIX no Brasil. A educao torna-se, neste cenrio, um instrumental da difuso dos conceitos de ordem e progresso. Disciplinas progressivamente organizadas, segmentadas de modo instrumental, so as evidncias mais marcantes do positivismo na educao. p 8.

    Uma educao para o progresso industrial precisa seguir os padres produtivistas e por isso a ideologia positivista teve tamanha importncia para os

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3477

    rumos da educao nos pases que implantaram as polticas desenvolvimentistas. Obviamente, os problemas sociais se acumularam, pois se sabe que a cincia positivista, mecnica e de pretenso naturalista no encaixa nas dinmicas sociais, as quais no podem ser estudadas por padres matemticos, provveis por ensaios experimentais (FERNANDES, 2009).

    Criticando o modelo de educao inspirado na ideologia positivista e seu produtivismo, FERNANDES (2009) enfatiza:

    Por mais que saibamos que o mtodo positivista seja produtivo, nos perguntamos se a produtividade merece ser o critrio de dosimetria da qualidade do ensino. Neste sentido devemos observar criticamente o positivismo educacional sem perder de vista que se trata de um movimento que se pretende neutro ao mesmo tempo em que esconde uma grande carga ideolgica. P 8.

    notrio nas grades disciplinares dos cursos profissionalizantes a tendncia ideolgica que leva ao produtivismo. O modelo tecnicista formador de mo de obra para as indstrias prevalece sobre os cursos tecnolgicos instruindo os cidados de acordo com polticas direcionadas para um modelo economicista e desenvolvimentista e no para a construo de cidados com conhecimentos polticos e conscincia global, como deveria ser. Ao contrrio, cria-se cidados desvinculados de uma viso abrangente alm das tcnicas de produo e incapazes de se localizarem em um mundo onde se produz muitas riquezas sem propsitos de justia social, mas sim para a mera concentrao da classe dominante. (MORIN, 2003; FERNANDES, 2009 e GOMIDE at al., 2012).

    A GLOBALIZAO ECONMICA, A PRIVATIZAO DO ENSINO E A CONSTRUO DO CONHECIMENTO PARA OS CURSOS

    PROFISSIONALIZANTES Como vimos at aqui, o modelo de educao herdado da ideologia positivista

    e destinado a atender aos anseios polticos de grupos dominantes dentro de uma lgica produtivista trouxe a fragmentao do conhecimento nas universidades e, como veremos a seguir, as pesquisas seguiram os propsitos desse modelo.

    Como j abordado, com a Revoluo Industrial a especializao se tornou fundamental nos processos educativos e o Ensino Profissionalizante seguiu tal orientao. O aumento constante na produo de bens industrializados passou a ser a meta das naes mais desenvolvidas, pois havia uma enorme demanda sendo criada pelo mundo afora e para a economia dos pases onde o modelo se avanara era de extrema importncia estimular e estruturar os processos para atender tais demandas. E a ento a educao deveria cumprir com eficcia o papel de capacitar intelectualmente os profissionais que a indstria precisara (BORGES 2010).

    Na primeira metade do sculo XVIII a educao no era para todos e no se via a necessidade de instruir os trabalhadores na Europa, porque o modo de produo, ainda de acumulao primitiva, no exigia tal qualificao para a poca. Foi devido revoluo industrial, com a concentrao das pessoas nas cidades em decorrncia da expropriao dos trabalhadores rurais que se viu a necessidade de dar um mnimo de instruo possvel a esses cidados, pois precisavam aprender a se comunicarem em uma lngua comum e ter noes bsicas de matemtica para pelo menos saber contar dinheiro (BORGES, 2010).

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3478

    BORGES (2010) enfatiza que "com a segunda Revoluo Industrial, a necessidade de escolarizao para a fora de trabalho aumentou e tornou-se importante saber mais do que ler, escrever e contar. O advento da grande indstria engendrou necessidades educacionais e exigncias da expanso do ensino." p 11. Portanto, foi a partir da terceira revoluo industrial que se passou a utilizar mais a cincia e a tecnologia. De acordo com BORGES (2010), "desde 1970, a cincia e a tecnologia avanada passaram a ser elementos centrais, aqueles que comandam o ritmo e os rumos das mudanas, socioeconmicas." p 12.

    Atualmente, nos pases mais desenvolvidos se exige no mnimo a formao de nvel superior para os trabalhadores e aqueles de mdio tcnico so substitudos por mquinas e robs. Com uma escola destinada a ensinar um ofcio, a educao se expandiu especializando os trabalhadores qualificando-os para o mercado de trabalho e seguindo a lgica de instruir para a demanda da produo. Geralmente se ensina no mais do que para tal propsito.

    Para BORGES (2010),

    A avalanche de criao de novos cursos superiores nas ltimas duas dcadas segue os interesses do mercado, em primeiro lugar. Nessa medida, oferta uma formao voltada apenas para a qualificao profissional, at porque, esse o chavo criado para dar legitimidade ao desemprego, ou seja, destaca-se a ausncia de qualificao do trabalhador condizente com o novo padro de acumulao. p 13.

    Nesse sentido, podemos entender que a construo do conhecimento nas universidades tambm tem priorizado, se direcionado, procurado atender s polticas desenvolvimentistas com pesquisas voltadas apenas para atender demandas do mercado e se eximido de buscar solues para problemas de natureza social ou que promovam o crescimento humano integral. As pesquisas so financiadas por puro interesse mercadolgico e o abandono das universidades por parte do Estado se transformaram numa tima oportunidade para as empresas expandirem suas polticas dentro do sistema educacional. Dentro dessa abordagem, SANTOS (2008) afirma que:

    A perda de prioridade na universidade pblica nas polticas pblicas do Estado foi, antes de mais nada, o resultado da perda geral de prioridade das polticas sociais (educao, sade, previdncia) induzida pelo modelo de desenvolvimento econmico conhecido por neoliberalismo ou globalizao neoliberal que, a partir da dcada de 1980, se imps internacionalmente. Na universidade pblica ele significou que as debilidades institucionais identificadas e no eram poucas , em vez de servirem de justificao a um vasto programa poltico-pedaggico de reforma da universidade pblica, foram declaradas insuperveis e utilizadas para justificar a abertura generalizada do bem pblico universitrio explorao comercial. p 18.

    Como explicita o autor acima, essa direo na qual seguiu o desenvolvimento educacional, alm de fazer com que se reduzissem os investimentos estatais, fez tambm com que a privatizao da educao se tornasse crescente e trouxe ao cenrio um grande nmero de instituies privadas e, organismos internacionais

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3479

    influenciaram fortemente para que a educao tomasse tal direo. SGUISSARDI (2005), comentando documentos do Banco Mundial sobre

    educao e o debate sobre a importncia do conhecimento como um bem social, enfatiza que:

    Correta ou no, esta tese que desconsidera o fato geralmente aceito de que o conhecimento (objeto principal do ensino superior) um bem pblico global tem servido de complemento e reforo tese do menor retorno social da educao superior com relao educao bsica e fortalecido as polticas pblicas conducentes significativa desero do Estado da manuteno dos sistemas pblicos de educao superior, ao incentivo proliferao das instituies privadas, com e sem fins lucrativos, em geral de baixa qualidade, e prpria semiprivatizao da universidade pblica por diferentes mecanismos de utilizao privada das funes e dos produtos dessas instituies, via, por exemplo, no caso do Brasil, as centenas de fundaes (privadas) de apoio institucional. p 202.

    Nesse cenrio fica evidente que a globalizao econmica no sistema de ensino com a aquisio de instituies por grupos de capital internacionalizado tem refletido no modelo de ensino superior o qual tem se voltado para uma educao que segue os padres de instruo apenas para atender ao mercado.

    Sobre debate em curso na Organizao Mundial do Comrcio/Acordo Geral de Tarifas e Comrcio (OMC/GATT), OLIVEIRA (2009) comenta que se aprovados os acordos em relao conceituao da educao como um bem de servio, ter-se-ia, alm da ampliao da mercantilizao na rea, a internacionalizao da oferta, com a penetrao de grandes corporaes multinacionais em pases menos desenvolvidos. p 740. E, continuando o autor escreve que mesmo sem a aprovao de tais acordos, a educao tem se transformado, crescentemente, em mercadoria. p 740.

    Prosseguindo com sua discusso sobre a transformao da educao em mercadoria, adiante, o autor acaba por concluir que a internacionalizao e a mercantilizao da educao aconteceu quando afirma: Esse conjunto de elementos criou um prspero e afluente mercado, cuja faceta mais importante refere-se penetrao do capital financeiro na educao e a consequente internacionalizao da oferta educacional. (OLIVEIRA, 2009), p 742.

    E como j foi abordado, a falta de recursos e a desateno do Estado para/com a educao fortaleceu a privatizao do ensino, sabe-se tambm que o proposital interesse capitalista trs reflexos para a pesquisa e a construo do conhecimento uma vez que o direcionamento das pesquisas ser no sentido de atender especificamente aos interesses de quem as financiam.

    OS REFLEXOS DA MERCANTILIZAO NA FORMAO DOS CIDADOS A educao para formar capital humano, como conceitua MENEZES-FILHO

    (2001), o modelo que atende ao mercado e no tem o objetivo de formar cidados para a soluo de problemas complexos ou compreender contextos globais, mas sim especializ-los para algum seguimento que atenda aos projetos desenvolvimentistas de interesses meramente econmicos. Como mercadoria, a instruo se faz em um ambiente competitivo onde a melhor especializao o que

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3480

    importa e o que atrai a ateno da iniciativa privada e tambm do Estado que acabou por acatar essa tendncia. Se a especializao trar melhor retorno em relao ao maior desempenho na produo de bens ou servios que atenda ao mercado, na perspectiva de analistas os quais definem as prioridades para os investimentos, essa ser a melhor opo para o ensino.

    O nvel de formao dentro desse modelo de educao determinante para a remunerao do indivduo e isso explica a grande importncia dada pelo mercado educao. MENEZES-FILHO (2001), apresenta uma anlise deixando bastante clara essa importncia:

    Os nmeros indicam que aqueles com ensino fundamental completo ganham em mdia trs vezes mais que os analfabetos. Alm disto, o retorno ao primeiro ano da faculdade (12 anos de estudo) tambm bastante elevado, apresentando um ganho salarial de quase 150% com relao ao formado no ensino mdio, o que significa um rendimento seis vezes maior que o rendimento mdio dos analfabeto. Os indivduos com ensino superior completo (15/16 anos de estudo) apresentam um rendimento salarial mdio quase doze vezes superior ao grupo sem escolaridade e para aqueles com mestrado a diferena 16 vezes. No de se estranhar portanto que a educao seja um dos principais determinantes da desigualdade de renda. p 23.

    Diante do exposto, podemos raciocinar a partir da lgica do mercado regulado pela lei da oferta e procura e pensar um exemplo: se a tendncia mercadolgica determina que a medicina tem trazido mais retorno econmico aos profissionais desta rea, a procura pelos cursos de medicina sero maiores e consequentemente os investimentos sero mais concentrados nas faculdades que fornecem tal formao. Da mesma forma acontece com os cursos de engenharia se a anlise econmica (ou simplesmente a opo pessoal pela maior remunerao no mercado) apontar para estes.

    Continuando o raciocnio, no difcil imaginar que dentro das perspectivas do mercado educacional centralizado em determinadas formaes podem surgir dificuldades para realizao de estudos abrangentes e possveis impactos sociais futuros, uma vez que podem haver o surgimento de determinados desequilbrios, at mesmo os mais previsveis, como a saturao de profissionais de uma determinada rea e a falta de profissionais de outras, quais seriam necessrios para a realizao de trabalhos mais complexos e abrangentes.

    Nesse entendimento, fica evidente que se a educao voltada para atender apenas aos interesses mercadolgicos, provocada uma certa dificuldade de interao entre as reas de conhecimento para estudar causas e origens de problemas sociais, estas impossveis de serem estudadas por apenas um seguimento, justamente por causa do desequilbrio na disponibilidade de profissionais diversificados. Seguindo o exemplo anterior imaginamos que os mdicos no podem realizar sozinhos, com eficcia, uma pesquisa voltada para a rea da geografia mdica com o objetivo de localizar de onde vem os surtos de uma eventual doena e quais seus possveis causadores no meio como um todo. Portanto, nesses casos necessrio um trabalho multidisciplinar, qual, claro, no poder ser realizado por apenas uma rea do conhecimento.

    Criticando o modelo educacional servil unicamente aos interesses do

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3481

    mercado e sem perspectivas de uma formao integral ou para uma construo multidisciplinar ou justa, como o autor entende, TORRES (2010) escreve:

    A educao deve buscar ir alm da lgica do capital, alm dos papis que lhe so atribudos por uma sociedade estruturalmente injusta, para a reproduo da qual tm contribudo. Nessa superao, a educao assume o papel emancipatrio no processo de metamorfose social para alm de uma sociedade de classes. Para tanto, requer a superao da ordem social, atravs de aes que produza transformaes das conscincias, historicamente internalizadas de subsdios para promover a obedincia. Uma ao de contraconscincia sugere uma ruptura necessria, sobretudo, para promover uma abordagem educacional que rompa com a alienao acerca do trabalho e, consequentemente, que promova o rompimento com a lgica do capital. p 51.

    E responsabilizando o sistema poltico pelas limitaes ao desenvolvimento integral do sistema educacional, o autor continua em sua concluso:

    A reconstruo de uma nova sociedade passa, portanto, por uma reavaliao dos papis que a educao tem cumprido e, ao mesmo tempo, para que esse novo tipo de educao seja efetivo e real, necessrio superar um modelo de sociedade neoliberal, que reduz o ser humano a sujeito responsvel do seu fracasso individual e transforma simultaneamente a prpria educao em mercadoria. Pois, a educao transformadora que emancipa o homem absolutamente necessria para criar as condies indispensveis, que difunda e estabelea a prxis de uma sociedade para alm do capital(TORRES, 2010), p 51.

    Assim o autor afirma que a educao tida como uma mera mercadoria incapaz de atender todas as necessidades a que se prope e seu entendimento vem de encontro com a nossa percepo de que com o mercado sendo o maior norteador do desenvolvimento do sistema educacional, o conhecimento integral fica comprometido.

    A FUNO DA UNIVERSIDADE E SUAS PESQUISAS Como j foi mencionado anteriormente, o ambiente universitrio, sobretudo no

    que se refere construo dos contedos a serem ensinados, tem sofrido influncias polticas para uma modelagem de acordo com os interesses do mercado que, certamente, reflete nos resultados. Cada vez mais direcionada para o setor produtivo, a pesquisa encomendada por empresas que as selecionam de acordo com seus interesses comerciais e a Universidade, impelida a captar recursos junto ao setor privado, aceita suas condies.

    Nas recomendaes do Banco Mundial para a formulao de polticas desenvolvimentistas na Amrica Latina, de acordo com BORGES (2010), a Universidade deve promover o desenvolvimento produtivo e comentando essas recomendaes a autora escreve:

    A interao universidade e indstria constitui um tema central no

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3482

    discurso do Banco. Nessa perspectiva, a tarefa fundamental da universidade consiste na realizao da pesquisa, sobretudo, da investigao aplicada. Esta consiste numa alternativa para que a universidade adquira novas fontes de financiamento, atravs da realizao de parcerias com o setor produtivo, pois a explorao dos resultados da investigao universitria pela indstria e outras empresas constitui uma fonte de recursos e possibilita ao Estado diminuir o seu papel financiador, principalmente, quando se trata de questes relacionadas ao financiamento da educao superior. p 372.

    Nesse sentido, enquanto o setor pblico reduz os recursos, a Universidade deve procurar atrair os investimentos das empresas e em troca direcionar as pesquisas de acordo com os interesses do setor privado, que as financia (OTRANTO, 2004).

    Reforando esse entendimento, comentando um documento mais recente convocado especialistas pelo Banco Mundial e a Organizao das Naes Unidas Para a Educao, a Cincia e a Cultura (Unesco), BORGES (2010) continua:

    No sistema hbrido, diversificado e hierarquizado de educao superior, presente no discurso do Banco Mundial-Unesco, instituio universitria cabe o papel de formao integral e, principalmente, a tarefa da investigao. Esta passa a ser requerida no mundo globalizado e baseado no conhecimento, mas sofre reformulaes, pois o que interessa a possibilidade de explorao dos resultados da pesquisa pelo setor produtivo. p 373.

    Ento, se o documento mais novo reconhece que o papel da Universidade o da formao integral, sofre reformulaes no sentido de atender melhor ao setor produtivo. Ou seja, quem financia as pesquisas agora quem dita as regras, segue a autora:

    ...Dessa forma, reduz-se o papel do Estado em relao ao financiamento da educao superior, ao passo que possibilita ao setor industrial e empresarial pressionar universidade por mais produtividade. Esta passa a ser entendida como capacidade de inovao, possibilitada por processos de investigao orientados para as necessidades de competitividade do setor produtivo. Essa tendncia parece indicar, alm da reformulao da autonomia universitria, sobretudo, a sua reduo, diante das novas demandas e presses advindas das necessidades de competitividade das economias capitalistas ao nvel global. p 373.

    Diante do exposto, pode-se entender que a Universidade perde sua autonomia de universidade ao deixar de cumprir seu papel social em busca do conhecimento integral para atender aos interesses capitalistas. Tendo como funo atender aos anseios da sociedade desenvolvendo capacitaes para a soluo de problemas sociais e formao de cidados crticos e conscientes de sua importncia para a autonomia tambm do pas, a Universidade no deve se curvar diante de presses do governo ou de grupos dominantes que procuram direcionar o conhecimento para o benefcio de uma minoria em detrimento de muitos, fugindo

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3483

    assim lgica da equidade social. OTRANTO (2004) escreve que para a Universidade conseguir de fato autonomia:

    Cada instituio ter que criar seus prprios regulamentos dentro do seu espao relativo, optando pela melhor maneira de exercer sua autodireo. Precisa aprender a andar por si mesma, encontrar os seus prprios caminhos, sem esperar que tudo lhe seja determinado por um instrumento legal. Vista sob este ngulo, a autonomia no est restrita a uma norma e sim amplia os seus limites dentro dos campi universitrios. uma autonomia construda pela ao de docentes-pesquisadores, funcionrios e alunos. p 3.

    Portanto, uma Universidade autnoma no deve ceder s presses polticas de nenhum rgo externo, mas deve caminhar tambm de forma independente, inclusive de financiamentos, pois os recursos a ela destinados no podem ser considerados apenas como gastos, mas sim como investimento. Sobre essa autonomia, OTRANTO (2004) enfatiza:

    Cabe mencionar, porm, que a autonomia financeira aqui defendida no prescinde do financiamento das universidades pelo Estado. necessrio que ele reconhea a importncia dessas instituies e que encare os recursos nelas despendidos no como um desperdcio de verbas que podem ser suprimidas a qualquer momento, mas como um grande investimento social, indispensvel para o desenvolvimento de um pas marcado por disparidades regionais to intensas. Manter a universidade pblica fundamental para a reduo das desigualdades, que poder ser alcanada atravs das atividades de ensino, pesquisa e extenso, e para a manuteno e ampliao da prpria soberania nacional, como os da produo cientfica nela produzida. Se corretamente estimulada, essa produo pode reduzir a dependncia cientfica e tecnolgica brasileira e impulsionar o desenvolvimento de uma sociedade baseada no conhecimento. p 5.

    Diante do exposto fica evidente que o conhecimento universitrio deve ser construdo em funo do desenvolvimento integral e a partir de um consenso da sociedade, sobretudo da sociedade acadmica ali envolvida sem interferncias externas que ameacem o contedo a ser produzido para o crescimento global da sociedade.

    AS EVOLUES EDUCACIONAIS RUMO ESPECIALIZAO Nas sociedades primitivas o conhecimento construdo pela necessidade da

    sociedade tribal cumprir as tarefas mais simples do dia a dia de acordo com suas necessidades e esse conhecimento como cultura transmitido de gerao a gerao, naturalmente sem grandes esforos, obviamente com alguma tecnologia j empregada: as formas de se capturar a caa, como sobreviver nas florestas e por fim algum modo de se praticar a agricultura e a domesticao dos animais por aqueles que deixam de ser nmades (ARANHA, 2006).

    No lcido negar que as sociedades tribais necessitam tambm de conhecimentos para a sua sobrevivncia, mas nas sociedades mais complexas a

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3484

    aplicao das tcnicas se tornam cada vez mais necessrias. Como j foi abordado nesse trabalho, desde as primeiras civilizaes nas quais a sociedade se organizava em cidades, desenvolviam os primeiros siguinos os quais permitiram as primeiras anotaes, as primeiras obras arquitetnicas e as primeiras trocas de excedentes que culminaram no comrcio (ARANHA, 2006).

    Se for buscado na histria informaes sobre como evoluiu a educao dentro das diversas civilizaes, teramos uma grande quantidade de dados certamente impossveis de serem abordados aqui, mas nos atentaremos apenas a alguns fatos que consideramos fundamentais para entender sua evoluo at chegar ao modelo atual, com a formao dos profissionais pelas Instituies de Ensino Superior (IES) hoje em dia. Portanto, quando se refere origem da educao logo se tem em mente a Grcia e seus filsofos criadores da paidia, porque a se encontra a origem da palavra educao (ARANHA, 2006). Ento para facilitar prossegue-se a partir da Grcia.

    Se a Grcia considerada o bero da civilizao porque herdou-se dela alguns ideais de formao humana como: viver de acordo com a razo, educar para a cidadania, liberdade poltica, etc. No entanto, passa-se pela cultura romana a qual tambm recebeu forte influncia da cultura grega, pois, a partir do primeiro milnio da era crist, com o fundamento da Escolstica passou-se a conciliar a razo filosfica grega e a f crist (PALMA FILHO, 2010).

    A Escolstica permaneceu predominante at o sculo XV, quando veio o renascimento e logo aps, o iluminismo. Estes sob influncia dos avanos da cincia da poca e as descobertas tecnolgicas. Porm, passando pela pedagogia realista no sculo XVII da qual seus pensadores tiveram grande importncia influenciando at o movimento da Nova Escola no final do sculo XIX e incio do sculo XX, foi a partir do sculo XVIII que se desenvolveu a educao pblica estatal. Nesse percurso histrico de desenvolvimento da civilizao greco romana, a educao passou por iniciativa de pensadores antigos e seus ensinamentos em praas pblicas, pelas iniciativas religiosas e por fim chegou ao seu estgio de educao estatal (ARANHA , 2006).

    A educao como responsabilidade do Estado se deu pela primeira vez na Frana do sculo XVIII e se expandiu pela Europa at chegar nossa civilizao ocidental. No Brasil, passou pelos processos de estruturao mencionados nos primeiros tpicos deste trabalho, pelas transformaes entre imprio e repblica e, de acordo com SCHWARTZMAN (2005), ganhou mesmo importncia durante e aps dcada de 1930:

    No ensino superior, a primeira legislao universitria foi aprovada em 1931, determinando uma combinao das escolas profissionais ao estilo francs com uma nova Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras, copiada da Itlia, que deveria ser lugar de pesquisa, do estudo das cincias puras, e tambm de formao de professores para as escolas mdias. Novamente o governo federal tentava um sistema bastante centralizado, com leis definindo o contedo dos cursos e carreiras, uma Universidade Nacional servindo de modelo para todo o pas e um sistema rgido de controle e superviso das instituies locais e particulares. Entretanto, a nica universidade nacional a ser criada antes da Segunda Guerra Mundial foi a do Rio de Janeiro, agregando as antigas faculdades existentes com uma nova Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras. p 17.

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3485

    Com a decadncia do modelo liberal aps a crise econmica mundial, a ascenso do modelo walfare state (Estado de Bem Estar Social) trouxe investimentos estatais para impulsionar a economia em todos os pases capitalistas e esses investimentos atingiram tambm Educao. Como j sabemos, no Brasil, as maiores transformaes aconteceram durante a chamada Era Vargas, perodo durante o qual foram criadas diversas empresas estatais e as primeiras universidades. Portanto, no decorrer do sculo XX, o Estado no cumpriu como deveria o seu papel, deixando para a iniciativa privada o maior nmero de alunos ao estagnar a criao de universidades e demais investimentos necessrios (PIRES, 2010).

    Nesse cenrio de terceirizao do ensino superior, a dinmica se intensificou a partir dos anos 1970. Sobre esses acontecimentos, RIGOTTO (2005) escreveu:

    O nmero das instituies pblicas de ensino superior estagnou entre 1970 e 2004, enquanto o nmero de instituies privadas cresceu 314% nesses 34 anos. A oferta total de cursos, no entanto, teve um crescimento de 6,5 vezes, entre 1970 e 2002. Este aumento do nmero de instituies privadas e de novos cursos atendeu a demanda crescente por vagas nas universidades, j que foi impossvel de ser plenamente atendida pelas universidades pblicas, que se estruturam segundo um modelo seletivo. p 360.

    importante observar que dentro da tendncia de uma educao servil ao mercado no foi s o fato de se criar instituies privadas de ensino que fez com que o conhecimento acadmico se fragmentasse ao ceder a um modelo de especializao profissionalizante. certo que a educao como mercadoria ganha mais fora nas mos das empresas. Afinal, o objetivo de toda empresa o lucro e lucro se tem quando se produz de forma satisfatria a manter os custos operacionais e reproduzir o capital, podendo priorizar o imediato, deixando de se promover o social com investimentos a mdio e a longo prazo (FERNANDES, 2011).

    Quanto lgica do Walfare state, seu modelo de desenvolvimento visa tambm atender aos interesses do capital, uma vez que a interveno estatal para criar condies de desenvolvimento econmico creditando, posteriormente, a abrangncia do desenvolvimento social. Sendo assim, a prioridade maior para um modelo que atenda s necessidades das empresas, mas nem sempre promova o desenvolvimento integral da sociedade porque este estar sempre em segundo plano, podendo ser irrelevante ao crescimento da empresa. Nesse contexto, tambm, no interessante a formao integral do cidado, mas sim sua capacitao para atender ao mercado de trabalho (PIRES, 2010).

    E se o modelo do Walfare state contribuiu para que a educao servisse mais aos interesses capitalistas do que aos interesses sociais, o modelo neoliberal agravou ainda mais o problema, pois recomenda a no interveno do Estado na economia e o livre mercado abrange tambm a educao.

    Sobre os efeitos da poltica do mercado em relao educao, SILVA (2011) escreveu:

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3486

    Os destinos da educao, desse modo, parecem estar diretamente articulados s demandas de um mercado insacivel e da sociedade dita do conhecimento. Como decorrncia, os sistemas educacionais dos vrios pases sofrem presses para construir ou consolidar escolas mais eficientes e aptas a preparar as novas geraes e, alm da atualizao do sistema escolar, criam-se mecanismos para regulao e controle de uma educao falsamente continuada. ...Alm de uma crescente poltica de privatizao da educao, os processos institucionais e pedaggicos so submetidos cada vez mais aos processos empresariais de organizao mais qualidade com menos custos essa a lgica do sistema. p 133.

    Na verdade, o que realmente importa que tudo isso, toda essa tendncia que a educao seguiu para atender ao mercado levou a uma especializao altamente apurada e, consequentemente, fragmentao do conhecimento nos cursos superiores. E isso o que levam pensadores como Edgar Morin a defender a necessidade de um pensamento complexo para melhorar a educao, pois de acordo com Morin (2003), podemos ver melhor s partes, mas somos deficientes para perceber o todo.

    PROBLEMAS DA FRAGMENTAO E A IMPORTNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE

    A dissociao entre teoria e prtica um dos principais problemas em relao administrao dos contedos nos cursos superiores. O discente, sem uma formao crtica que o permita ter uma viso global do universo onde se est inserido, fica exposto a contedos programados, como se fosse uma lei a obedecer sem entender seus efeitos. comum ouvir alunos reclamando de contedos por no conseguirem fazer relaes entre o que dado na disciplina e sua aplicao prtica. O cumprimento do currculo se faz generalizado e as disciplinas so padronizadas sem vnculos com as realidades locais. Os critrios para a escolha das grades curriculares no levam em conta o lugar onde os discentes esto inseridos culturalmente e nem visam a demanda social dos futuros profissionais. Os critrios, em sua maioria so meramente mercadolgicos. Abordando o problema desse distanciamento, FAVARO et al., (2004) escreve:

    No Ensino Superior, a falta de contato do conhecimento com a realidade, parece ser uma caracterstica bastante acentuada. Os professores, no esforo de levar seus alunos a aprender, o fazem de maneira a dar importncia ao contedo em si, e no sua interligao com a situao da qual emerge, gerando, assim, a clssica dissociao entre teoria e prtica. p 104.

    Diante do exposto se coloca a importncia da interdisciplinaridade, pois a partir de uma maior interao entre as diversas disciplinas do conhecimento que se pode chegar a algo mais conexo, capaz de atingir a compreenso global do problema a ser estudado, capaz de dar ao indivduo uma compreenso tambm poltica de suas aes. Para FAVARO et al., (2004),

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3487

    ... necessrio refletir sobre um modelo curricular interdisciplinar, que leve em conta a nova viso de ensino no contexto social, para que o aluno possa reintegrar o mundo do conhecimento sua maneira de agir, pensar e sentir a viso interdisciplinar coletivamente, dentro e fora da universidade, superando o modelo fragmentado e compartimentado de estrutura curricular fundamentada no isolamento de contedos. p 108.

    Nessa abordagem, podemos entender que o isolamento de contedos o que faz com que o indivduo se feche para o mundo sua volta e sirva a um modelo o qual ele prprio desconhece, se afaste da compreenso de um todo e se especialize em partes, servindo a estruturas dominantes como numa seo das linhas de produo em fbricas criadas pela revoluo industrial. Tudo isso faz tambm com que o discente perca o interesse pelos contedos, uma vez que este imagina que no vai precisar de alguns conhecimentos para exercer sua funo depois de formado e basta decor-los para conseguir mdia nas avaliaes curriculares. E posteriormente haver tambm no profissional o desinteresse pelo trabalho, tendo comportamentos de mera manuteno do emprego, sendo que a nica coisa que lhe interessa realmente do seu trabalho so os vencimentos, o que deixa evidente situaes de stress nas pessoas por no sentirem gosto pelo ofcio e at mesmo frustraes quando o trabalhador no atinge as promoes de cargos e salrios da poltica adotada (GNOATTO et al., 2009).

    Sobre o desinteresse do discente, FAVARO et al., (2004) enfatiza:

    A interdisciplinaridade exige um ensino que se inicia pelas experincias proporcionadas, pelos problemas criados e pela ao desencadeada. Todo conhecimento construdo em estreita relao com o contexto social e presente no processo de formao dos alunos. um processo global e complexo, onde conhecer e intervir no real, no se encontram dissociados. O aluno perde o interesse quando apenas precisa aprender para o teste, quando a aprendizagem no necessria para a sua vida. ...O conhecimento aprendido precisa trazer satisfao e motivao ao aluno, em saber mais, para que ele se entenda, entenda o outro e o mundo. p 110.

    O conhecimento fragmentado no d ao indivduo o sentido de integrao ao mundo que o cerca e, portanto, no o faz sentir responsvel socialmente. Seu trabalho, ao invs de fazer com que ele se sinta um colaborador para o desenvolvimento e a melhoria de um todo, tido apenas como um meio de sobrevivncia, sua fonte salarial. Salvo nos casos em que o indivduo enxergue sua profisso como fundamental para o funcionamento da sociedade, mas muitas vezes dentro de vises meramente economicistas nas quais acredita poder ser compensado financeiramente (GNOATTO et al., 2009).

    Como vimos abordando, podemos entender que o trabalhador que se encaixa no sistema como uma parte da linha de montagem de uma fbrica, sem entender todo o processo e a real dimenso de sua contribuio, sem saber direito o quanto seu trabalho pode contribuir para a sociedade como um todo e lhe trazer retorno em benefcio comum por ser ele tambm um cidado, tende a ser motivado apenas pelo seu vencimento no final do ms. E como, muitas vezes vemos os problemas sociais se aglomerando diante de um Estado ineficaz para a soluo destes, inevitvel

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3488

    nos sentirmos tambm incapazes de contribuir em nosso cotidiano, condicionados passividade em relao s questes de maior complexidade (MORIN, 2003).

    Para MORIN (2003),

    Vivemos numa realidade multidimensional, simultaneamente econmica, psicolgica, mitolgica, sociolgica, mas estudamos estas dimenses separadamente, e no umas em relao com as outras. O princpio de separao torna-nos talvez mais lcidos sobre uma pequena parte separada do seu contexto, mas nos torna cegos ou mopes sobre a relao entre a parte e o seu contexto. p 2.

    Como enfatiza o autor, pode-se perceber bem as partes, mas a tendncia que no consigamos relacion-las para, enfim, entender a real dimenso dos problemas e, naturalmente, encontrar solues. A partir dessa constatao, fica evidente que objetivos individuais ou de grupos isolados podem ser transformados em problemas sociais, at mesmo por se acreditar que o conhecimento individual ou o subsdio econmico que tal conhecimento traz pode ser suficiente para cada um cuidar de seus problemas. Prejuzos podem surgir pelo fato de que a especializao generalizada nos fornece subsdios para terceirizar tarefas as quais provavelmente nos ajudariam em nosso crescimento humano pela experincia de execut-las (SILVA, 2010). Enfim, diante do exposto, fica evidente que a experincia em grupo e a vivncia dos fatos nos impulsiona para o enriquecimento do saber infinito.

    OS REFLEXOS DO CONHECIMENTO FRAGMENTADO NAS PROFISSES Como j abordado, os profissionais formados para o mercado so

    condicionados a modismos criados pela especulao em torno das especializaes de maior demanda. O ambiente gerado faz com que os ttulos e os currculos sejam, muitas vezes at mais importante do que o conhecimento, porque o status profissional se faz interessante para a propaganda, uma vez que grande parte dos atores so destinados promoo de vendas de produtos de grandes empresas que dominam os mercados e criam cenrios favorveis produo de tais atores, os quais so previamente preparados para disseminar certos produtos (GNOATTO et al., 2009).

    Como exemplo de irrelevncia do conhecimento integral para o mercado, podemos citar o caso dos graduados em cursos de agronomia que so cooptados por representantes de empresas transnacionais fornecedoras de insumos agrcolas e os preparam para a venda de mquinas, agrotxicos, sementes e fertilizantes (GNOATTO et al., 2009).

    A agricultura qumico-dependente se tornou um modelo hegemnico. A procura dos agricultores crescente pelos maquinrios e agroinsumos e a demanda do mercado faz crescente tambm a procura por vendedores. E nesse mercado importante que os vendedores sejam graduados para ter mais credibilidade junto aos seus clientes, mas nem sempre precisam ser bons conhecedores das cincias agrrias, uma vez que h um padro uniforme nos pacotes vendidos aos agricultores e tambm pelo fato de que as empresas de vendas no se envolvem em assistncia tcnica ao ponto de diagnosticar problemas mais complexos nos campos locais (GNOATTO et al., 2009).

    O real objetivo do seguimento de vendas atingir metas quantitativas. GNOATTO et al. (2009) explicitam esses problemas em sua pesquisa com empresas

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3489

    revendedoras aplicando mtodos de estudo de comportamentos a grupos de estagirios do curso de agronomia:

    O profissional de Agronomia foi reduzido a simples vendedor ou repassador de tecnologias das empresas. As anlises dos sistemas de produo das culturas foram reduzidos aplicao de agrotxicos e a regulagens de pulverizadores. Os acadmicos no se aprofundaram nas temticas abordadas, preferindo o simplismo e a superficialidade na anlise dos fatos, no abordando as causas dos problemas, mas simplesmente tratando os efeitos destes com receitas prontas. p 54.

    Nesse contexto, o discente ou novo graduado tem como verdade absoluta e inquestionvel o que ele aprende na faculdade e se especifica ainda mais nas empresas onde se insere sem a percepo de que as cincias agrrias envolvem uma enorme complexidade de saberes cientficos e culturais impossveis de serem resumidos em pacotes tecnolgicos importados. No podem enxergar, dentro de uma viso ingnua de mundo o contexto onde se inseriu, se tornando ator de uma poltica empresarial puramente mercantil. Dentro de uma lgica perversa, sem o envolvimento necessrio com o campo, com a sua diversidade e dinmica, a escola forma profissionais para a desconstruo social ao invs de indivduos crticos e responsveis como deveria ser. Assim evidencia a abordagem de GNOATTO et al., (2009):

    ...o estagirio muito se identifica com a filosofia e metodologia utilizada pelas empresas de comercializao, para vender seus produtos, criando necessidades no agricultor, reduzindo a profisso do engenheiro agrnomo a vendedor, estando a servio do capital e da acumulao. Esse processo leva dependncia dos agricultores a produtos e servios produzidos pelas empresas multinacionais, tendo como conseqncia a concentrao de riqueza, poder e opresso de poucas empresas sobre o conjunto dos agricultores (GNOATTO et al., 2009) p 55.

    Se este profissional no foi despertado para interagir com o meio de forma crtica, procurando enxergar por todos os ngulos possveis, na construo de conhecimentos dinmicos, como deve ser o ambiente de educao multidisciplinar, certamente ficar preso a modelos mecnicos estruturados para a dominao de grupos estabelecidos politicamente atravs das relaes de poder e regalias do capital. Sem entender que o conhecimento esttico no pode contribuir para o crescimento integral, uma vez que os problemas no so todos padronizveis, o discente se acomoda em uma zona de conforto e no se esfora para buscar solues para questes as quais no consegue ao menos pens-las, porque no foi estimulado a isso (GNOATTO et al., 2009).

    De acordo com MORIN (2003), a conscincia humana formada a partir da cultura, das interaes, da alimentao dos conhecimentos. Portanto, nessa concepo, cada indivduo compreende o que conhece e se a fragmentao do conhecimento nos faz compreender apenas as partes isoladas, no somos capazes de tomar as melhores decises. Abordando a importncia de se ter uma maior compreenso, MORIN (2003) enfatiza:

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3490

    Compreender a unidade e a diversidade muito importante hoje, visto estarmos num processo de mundializao que leva a reconhecer a unidade dos problemas para todos os seres humanos onde quer que estejam; ao mesmo tempo, preciso preservar a riqueza da humanidade, ou seja, a diversidade cultural; vemos, por exemplo, que as diversidades no so s as das naes, mas esto tambm no interior destas; cada provncia, cada regio, tem a sua singularidade cultural, a qual deve guardar ciosamente. p 18 .

    Se a educao tem a funo de preparar o indivduo para a vida em sociedade e o papel da Universidade produzir conhecimento e o conhecimento no se limita, mais importante do que os contedos ministrados o interesse incessante pelo saber e o reconhecimento da complexidade desse saber. Pois, a partir desse reconhecimento que o indivduo sente a necessidade de no se restringir ao que lhe dado, buscando sempre uma compreenso global ligando as partes de um todo o qual nos envolve em uma constante produo/transformao do espao humano (MORIN, 2003). Diante desta vasta abordagem de MORIN (2003), podemos compreender que a dinmica espacial no nos permite a convico de que j sabemos o bastante, mas nos leva ao entendimento de que a multidisciplinaridade e o pensamento complexo o caminho do xito.

    CONSIDERAES FINAIS Se a Educao tem como finalidade participar da formao do homem

    integral, como se acredita ser possvel, esta no se limita apenas a fornecer contedos pr definidos e ministrados de acordo com normas polticas unidirecionais, subservientes ao mercado, mas deve dar condies com subsdios de informao para a promoo do homem consciente, de saber infinito.

    A fragmentao do conhecimento nos cursos superiores se inicia historicamente nos modelos bsicos voltados para a profissionalizao discriminante, de acordo com interesses polticos econmicos controladores da produo e distribuio do conhecimento em benefcio de grupos dominantes.

    A reteno do conhecimento estratgia para o controle social desde perodos muito remotos evidenciados na histria. Desde tempos distantes onde a apropriao da instruo fora adotada para se ter o controle das massas por parte dos lderes de naes, reis e imperadores.

    A evoluo das teorias de legitimao das comprovaes cientficas contribuiu para a produo e expanso do modelo industrial e o avano geral das tecnologias e at da informao, mas deixaram a desejar em relao formao do homem integral, evidenciando contribuies da influncia positivista nas cincias para a predominncia de uma fragmentao transcendente do conhecimento.

    REFERNCIAS NGELO, C.GARCIA, R. Homem ocupou o Piau h 58 mil anos. Caderno Cincia [online]. Folha de So Paulo. So Paulo, 2006.

    ARANHA, M.L.A. Histria da Educao e da Pedagogia: geral e Brasil 3. ed rev e ampl. - So Paulo: Moderna 2006.

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3491

    BORGES, L. Mudanas no mundo do trabalho, mudanas na educao. Revista Contempornea de Educao, v. 5, p. 00-00, 2010.

    BORGES, M.C.A. A Viso de Educao Superior do Banco Mundial: recomendaes para a formulao de polticas educativas na Amrica Latina. Revista Brasileira de Poltica e Administrao da Educao, v. 26, p. 367-375, 2010.

    Civilizaes pr-colombianas. In: Infopdia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. Disponvel em < http://www.infopedia.pt/$civilizacoes-pre-colombianas > acesso em 12/03/2012.

    FAVARO, N.R.L.; ARAJO. C.S.A. Importncia da Interdisciplinaridadae no Ensino Superior. EDUCERE. Umuarama, v.4, n.2, p.103-115, jul./dez., 2004.

    FERNANDES, L.C.A.Neoliberalismo, um problema econmico e cultural para os latinos - uma anlise de discursos sobre educao na revista Veja, usados como dispositivos para disseminao de ideais neoliberais na Amrica Latina. In: Seminrio Regional ALAIC - Bacia Amaznica - 2 Conferncia Sul-Americana de Mdia Cidad e 7 Conferncia Brasileira de Mdia Cidad, 2011, Belm. UFPA, 2011. p. 1-17.

    FERNANDES, M.S. Positivismo e Educao. In: III Encontro de pesquisa discente do PPGE da UNINOVE, 2009, So Paulo. Anais do III Encontro de pesquisa discente do PPGE da UNINOVE. So Paulo: UNINOVE, 2009. v. 3.

    GNOATTO, A.A.; DONI FILHO, L.; SILVA, L.M. A formao da conscincia crtica dos acadmicos do curso de agronomia - UTFPR: o estgio curricular como indicador. Extenso Rural (Santa Maria), v. 18, p. 39-70, 2009.

    LIBNEO, J.C. O dualismo perverso da escola pblica brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres. Educao e Pesquisa (USP. Impresso), v. 38, p. 13-28, 2012.

    GOMIDE, D.C.; SOUZA, D.M.R.; SANTOS, W.S.Estado e Educao no Perodo do Nacional-Desenvolvimentismo: 1945 1964. IX Seminrio Nacional de Estudos e Pesquisas HISTRIA, Sociedade e Educao no Brasil . Universidade Federal da Paraba. Joo Pessoa 31/07 a 03/08/2012 Anais Eletrnicos. p. 1114-1126, 2012.

    MENEZES-FILHO, N.A. A Evoluo da Educao no Brasil e seu Impacto no Mercado de Trabalho. Disponvel em < http://www.anj.org.br/pje/biblioteca/publicacoes/a-evolucao-da-educacao-no-brasil-e-seu-impacto-no-mercado-de-trabalho. 2001 > acesso em 05/02/2013.

    MORIN, E. Da necessidade de um pensamento complexo. In: MARTINS, F. M.; SILVA, J. M.. Para navegar no sculo XXI Tecnologias do Imaginrio e Cibercultura. 3 ed. Sulina/Edipucrs, Porto Alegre. 2003. p 13-36.

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3492

    MUNHOZ, A.V.; MIORANDO, T.; SCHUCK, R.J. Pesquisa, Tecnologias e Produo do Conhecimento no Ensino Superior. Tear revista de Educao, Cincia e Tecnologia, v. 2, p. 1-17, 2013.

    NAVARRO, A.G. A civilizao maia: contextualizao historiogrfica e arqueolgica. Histria [online]. 2008, vol. 27, no. 1.

    NEVES, L.F.B. Histria intelectual e histria da educao. Rev. Bras. Educ.[online]. 2006, v. 11, no. 32.

    OLIVEIRA, M.M.As Origens da Educao no Brasil: da hegemonia catlica s primeiras tentativas de organizao do ensino. Ensaio: aval. pol. pbl. Educ., Rio de Janeiro, v.12, n.45, p. 945-958, out./dez. 2004

    OLIVEIRA, R.P. A transformao da educao em mercadoria no Brasil. Educao & Sociedade (Impresso), v. 30, p. 739-760, 2009.

    OLIVEIRA, S.R.A Amrica indgena antes de 1492: saberes histricos e representaes nos manuais didticos escolares. In: IX Encontro Nacional dos Pesquisadores do Ensino de Histria, 2011, Florianpolis. Anais Eletrnicos do IX Encontro Nacional dos Pesquisadores do Ensino de Histria. Florianpolis, 2011. p. 1-18.

    OLIVEN, A.C. Histrico da Educao Superior no Brasil. In: SOARES, Maria Susana Arrosa (coord.). (Org.). A educao superior no Brasil. Instituto Internacional para a Educao Superior na Amrica Latina e no Caribe IESALC Unesco Caracas. Porto Alegre RJ : CAPES, 2002, p. 24-38.

    OTRANTO, C.R.A autonomia universitria como construo coletiva. In: 27 Reunio Anual da ANPEd, 2004, Caxamb. Anais da 27 ANPEd, 2004.

    PALMA FILHO, J.C. A educao atravs dos tempos. In: PALMA FILHO, Joo Cardoso (Org.). Caderno de Formao - Formao de Professores - Educao Cultura e Desenvolvimento - Histria da Educao. 1ed. So Paulo: Cultura Acadmica, 2010, v. nico, p. 18-31.

    PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CAPIVARA. Pesquisa revela que Homo Sapiens chegou ao Piaui h 50 mil anos. Piau. IPHAN, 2014.

    PEGORARO, L.Instituies de educao superior e entidades mantenedoras: a Universidade do Contestado. Roteiro, Joaaba, v. 33, n. 1, p. 25-50, jan./jun. 2008.

    PIRES, D.O. A Crise do Estado de Bem-Estar Social no Contexto do Neoliberalismo e as Polticas Pblicas para a Educao. In: XIII Seminrio Intermunicipal de Pesquisa, 2010, Guaba. Anais do XIII Seminrio Intermunicipal de Pesquisa. Canoas: Editora da Ulbra, 2010. v. 13. p. 01-15.

    RIGOTTO, M.E. A Evoluo da Educao no Brasil - 1970 a 2003. A Evoluo da

  • ENCICLOPDIA BIOSFERA, Centro Cientfico Conhecer - Goinia, v.10, n.18; p. 2014

    3493

    Educao no Brasil - 1970 a 2003, PUC-RS. Anlise, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 351-375, ago./dez. 2005

    SANTOS, B.S.; ALMEIDA-FILHO, N. A Universidade no Sculo XXI: para uma Universidade Nova. Coimbra: Almedina; 2008.

    SCHWARTZMAN, S.(Org.) ; BROCK, C.(Org.) . Os desafios da educao no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. v. 1320.

    SEVERINO, A.J.Expanso do ensino superior: contextos, desafios, possibilidades. Avaliao (UNICAMP), v. 14, p. 253-266, 2009.

    SGUISSARDI, V.UNIVERSIDADE PBLICA ESTATAL: entre o pblico e privado/mercantil. Educao e Sociedade, Campinas, v. 26, n.90, p. 191-222, 2005.

    SILVA, A.S.Fetichismo, alienao e educao como mercadoria. Reflexo e Ao [Online], v. 19, p. 1-17, 2011.

    SILVA, L.S. A Fragmentao e o Reducionismo do Saber: a desestruturao do cientista crtico e reflexivo. Revista Linguasagem [Online], UFSCAR. Edio 15. 2010.

    SILVA, P.V.B.; KUENZER, A.Z.Universidade - Ncleos temticos: em busca da indissociabilidade ensino-pesquisa-extenso. Educar em Revista, Curitiba, v. 15, n.1, p. 11-16, 2000.

    SOARES, M.S.A.(Org.); OLIVEN, Arabela Campos (Org.); MARTINS, Carlos Benedito (Org.); NEVES, Clarissa Eckert Baeta (Org.); LEITE, Denise (Org.); SCHWARTZMANN, Jacques (Org.); COSTAS, Jos Manuel Moran (Org.); ACCORSI, Maria Beatriz (Org.); FRANCO, Maria Estela Dal Pai (Org.); TRIGUEIRO, Michelangelo (Org.). Educao Superior no Brasil. Braslia: CAPES, 2002. v. 3000. 304p .

    TORRES, E.N.S.Educao: a natureza do capital que transforma tudo em mercadoria. Verinotio revista on-line de educao e cincias humanas n. 11, Ano VI, abr./2010.