EDUCAÇÃO FISICA E SINDROME DE DOWN

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Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade Física Adaptada e Saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira A EDUCAÇÃO FÍSICA E A CRIANÇA PORTADORA DE SÍNDROME DE DOWN - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Romildo Vieira do Bomfim Este texto foi originalmente publicado na revista INTEGRAÇÃO, do Ministério da Educação e do Desporto/Secretaria de Educação Especial, Ano 7, no.16, 1996. "Os excepcionais têm uma noção perfeita do bom senso. Não podem realizar raciocínios complicados ou fazer cálculos matemáticos. Mas dominam uma faculdade essencial e superior do ser humano: sabem distinguir o que é belo do que não é, o que é sensato ou não, o que é bom do que é ruim." Jérôme Leieune INTRODUÇÃO Este artigo objetiva apontar algumas peculiaridades que envolvem a síndrorne de Down à luz de seus aspectos anátomo-fisiológicos, familiares, educacionais e como essas variáveis possibilitam a construção do desenvolvimento da criança portadora de síndrome de Down frente às práticas pedagógicas em educação física. Em um segundo momento são apresentadas algumas sugestões ao professor-educador, sobretudo àquele ainda incipiente, ao lidar com a pessoa portadora de síndrome de Down. Também são feitas algumas observações a respeito dos preconceitos e das realidades relacionadas a esses indivíduos. O artigo termina com um glossário dos termos- chave por nós utilizados.

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Texto de apoio ao curso de EspecializaçãoAtividade Física Adaptada e Saúde

Prof. Dr. Luzimar Teixeira

A EDUCAÇÃO FÍSICA E A CRIANÇA PORTADORA DE SÍNDROME DE DOWN -

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Romildo Vieira do BomfimEste texto foi originalmente publicado na revista INTEGRAÇÃO, do Ministério da Educação e do

Desporto/Secretaria de Educação Especial, Ano 7, no.16, 1996.

"Os excepcionais têm uma noção perfeita do bom senso. Não podem realizar raciocínios

complicados ou fazer cálculos matemáticos. Mas dominam uma faculdade essencial e

superior do ser humano: sabem distinguir o que é belo do que não é, o que é sensato ou não,

o que é bom do que é ruim."

Jérôme Leieune

INTRODUÇÃO

Este artigo objetiva apontar algumas peculiaridades que envolvem a síndrorne de Down à luz

de seus aspectos anátomo-fisiológicos, familiares, educacionais e como essas variáveis

possibilitam a construção do desenvolvimento da criança portadora de síndrome de Down

frente às práticas pedagógicas em educação física.

Em um segundo momento são apresentadas algumas sugestões ao professor-educador,

sobretudo àquele ainda incipiente, ao lidar com a pessoa portadora de síndrome de Down.

Também são feitas algumas observações a respeito dos preconceitos e das realidades

relacionadas a esses indivíduos. O artigo termina com um glossário dos termos-chave por nós

utilizados.

CONSIDERAÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS

Existem três tipos de cariótipo em pessoas com síndrome de Down: trissomia simples,

trissomia por transiocação e mosaicismo.

A trissomia simples é responsável por cerca de noventa e seis por cento dos casos da

síndrome. É, portanto, a mais encontrada. Em um cariótipo normal pode-se observar a

presença de vinte e três pares de cromossomos em cada uma das células observadas no

microscópio. A pessoa portadora da síndrome de Down revela quarenta e sete cromossomos,

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e não quarenta e seis, como é comum em suas células. Onde deveria haver um par, há três

cromossomos 21, daí a síndrome ser mundialmente conhecida por trissomia do 21. A

propósito, o descobridor da causa genética da síndrome de Down (S.D.) foi o médico francês

Jérôme Lejeune, porém, a mesma foi identificada em 1866 por John Langdon Down que

utilizou pela primeira vez o termo "mongolóide", no qual segundo ele (apud Rosadas, 1989),

"o aspecto dessas pessoas era tal que era difícil de admitir que fossem filhos de europeus".

Esse nome foi usado porque lembrava, para os ocidentais, os originários da Mongólia

(especialmente pelos olhos arredondados). "Na Mongólia, porém, a síndrome não deve ser

chamada de mongolismo, mas de imbecilidade ocidental" (Lejeune, 1991).

É bom lembrar que a incidência de síndrome de Down aumenta: "Temos um número mundial

em torno de mil e seiscentos (um para seiscentos) nascimentos e, no Brasil, esse número é

de mil quinhentos e cinqüenta nascimentos" (Pierrô, 1992). As principais causas de todas as

"deficiências" são, sobretudo, a má nutrição de mães e filhos (devido à miséria e à pobreza);

os acidentes de trânsito; as anomalias congênitas; a idade da mãe (especialmente em relação

à síndrome de Down); a violência (seja sexual, física ou psicológica) e, ainda, como afirma

Fonseca (1987), os "problemas sociopáticos: delinqüência, droga, prostituição, desemprego,

alcoolismo, etc".

Conforme dados da Organização Mundial da Saúde, setenta por cento das "deficiências"

poderiam ser evitadas pela adoção de cuidados básicos de saúde. Assim sendo, uma

campanha maciça de vacinação e conscientização da população seria um caminho, ou uma

das várias alternativas, para que pudéssemos dar um basta nesta vergonha nacional, haja

vista o fato de que temos dez por cento da população que traz algum tipo de deficiência,

assim dividida: deficiência mental - cinco por cento; deficiência física - dois por cento;

deficiência auditiva - um e meio por cento; deficiência múltipla - um por cento e deficiência

visual - meio por cento.

A pessoa portadora de síndrome de Down apresenta deficiência mental geralmente

moderada, hipotonia muscular generalizada, pouca coordenação dos movimentos, língua

protusa, respiração bucal, cardiopatias (em quarenta por cento dos casos), fala tardia,

sensibilidade a infecções, hiperextensibilidade articular, frouxidão ligamentar da primeira e da

segunda vértebra, e outros.

Nahas (1990) relata que aproximadamente doze a quinze por cento dos indivíduos portadores

da síndrome de Down apresentam um sério problema: a instabilidade atlanto-axial. Essa

instabilidade acarreta uma mobilidade maior que a normal das duas primeiras vértebras

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cervicais (C, e C2). Essa condição expõe as crianças portadoras de síndrome de Down a

sérios riscos de lesão na medula caso ocorra uma flexão forçada da coluna cervical.

Recomenda-se que, a partir dos dois anos de idade, essas crianças sejam submetidas a

exames médicos específicos que incluem raios X do pescoço (perfil) em extensão e flexão

completas. Nahas (1990) contra-indica atividades de risco como a ginástica olímpica, salto em

altura (Fosbury Flop, sobretudo), saltos ornamentais, nado estilo borboleta, futebol (choques e

cabeçadas) ou outras atividades que demandam esforços em demasia.

Nossa opinião com relação a essa questão é que cabe aos profissionais de educação física,

conhecedores profundos do seu aluno, tomar precauções ou até mesmo evitar atividades

físicas que comprometam sobremaneira a integridade da criança portadora da síndrome de

Down. Assim, ele deve adequar aqueles conteúdos que possam proporcionar o bem-estar

psicofísico e social do educando. Deve, também, se perguntar constantemente qual educação

física deve priorizar: a disciplinadora, a militarista, a homogeneizadora, a individualista ou

aquela voltada para o concreto. Seus alunos não são quaisquer alunos, essas crianças não

são quaisquer crianças. Cada pessoa tem a sua história, e portanto, seus valores, suas

aspirações, seus desejos, seu desenvolvimento e suas contradições.

CRIANÇA PORTADORA DA SÍNDROME DE DOWN E SEU DESENVOLVIMENTO

ACADÊMICO

A pessoa portadora da síndrome de Down, sobretudo a criança, revela predisposição

demorada para a aprendizagem, já que nessas pessoas o estímulo e a resposta cerebrais são

processos lentos. Diante de uma tarefa, essa criança não se concentra, por exemplo, porque

o barulho da porta ou o voar de uma borboleta dispersou sua atenção. Há, pois, uma grande

dificuldade para atividades mais prolongadas, e daí surgem as estereotipias que indicam que

a criança já esqueceu o que teria de fazer. O educador não deve exigir sua atenção por um

longo tempo. Além disso, sempre deve ser verificado se o trabalho é interessante para ela,

pois o desinteresse acontece nas tarefas que são fáceis demais ou, pelo contrário, nas muito

difíceis.

A tarefa primordial do educador ao "tratar" com a criança portadora da síndrome de Down

seria "exigir" delas somente o que estiver dentro de suas possibilidades, a fim de que a

mesma possa se sentir mais segura na escola, individual e socialmente. Cabe, portanto ao

professor, no seu dever de educar, conhecer o nível de realização da criança e definir

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objetivos a serem alcançados. Ele deve também priorizar os estímulos a serem oferecidos,

escolher os recursos facilitadores, e acolher suas sugestões, é preciso perceber suas

eficiências, que são muitas, superando às vezes as expectativas. "Não estamos falando em

treinar essas crianças; aliás, essas crianças não são mais treináveis. Começa uma geração

em que essa criança é, antes de tudo, educável" (Pierrô, 1992).

A FAMÍLIA DA PESSOA PORTADORA DA SÍNDROME DE DOWN

Os familiares da pessoa portadora da síndrome de Down podem concorrer de forma negativa

para seu desenvolvimento ao superprotegê-la. Essa criança, quando tem suas vontades e

desejos prontamente atendidos, tenderá a uma maior hipocinesia. Quando os pais e outros

familiares a estimulam, com movimentos simples como pegar um brinquedo ou outro artefato

qualquer, contribuem bastante para o seu desenvolvimento psicofísico.

A superproteção, além de trazer dependências de ordem motora, traz também dependências

de ordem afetiva, social e intelectual. Por outro lado, a hipoproteção, ou mesmo a rejeição,

proporcionará igualmente o desânimo corporal, estimulando negativamente suas

características físicas. Não se sentindo valorizada, amada, aceita entre os seus, essa criança

manifestará sua apatia emocional manifestada por meio do desânimo corporal.

A EDUCAÇÃO FÍSICA "ADAPTADA" E A CRIANÇA PORTADORA DA SÍNDROME DE

DOWN

Não é nossa intenção trazer aqui uma série de atividades prontas para que sejam aplicadas

nas aulas de educação física para a criança portadora de síndrome de Down. Até porque o

autor não percebe muitas diferenças da educação física para os ditos normais daquela outra

dita, para os "deficientes", ou seja, a educação física especial ou "adaptada" (a nomenclatura

varia de uma instituição para outra). Assim, quanto menos fizermos adaptações nas nossas

aulas, mais nossos alunos se sentirão capazes de realizações idênticas aos seus pares

considerados normais. E, em verdade, parece que a educação física é, em sua essência,

adaptada. Senão vejamos: quando aplicamos o conteúdo vôlei, por exemplo, para as crianças

do ensino regular, fazemos algumas adaptações no que se refere ao jogo institucionalizado

propriamente dito. Podemos aumentar o número de jogadores, diminuir o tamanho da quadra,

abaixar a rede, entre outros. Esse exemplo, respeitando suas particularidades, serve também

para o futebol, o handball, a natação, etc.

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Poderemos também vislumbrar um esporte (se for esse o conteúdo) da escola e não na

escola (Bracht, 1992). O esporte da escola estaria subordinado aos interesses, necessidades,

aspirações e inspirações do educando. A competição exacerbada, o princípio do rendimento a

todo custo, o jogar contra o outro, as regras rígidas, por exemplo, não seriam as

preocupações maiores daquele educador comprometido com a busca de uma fundamentação

teórica mais consistente para desenvolver uma prática sócio-educativa coerente e identificada

com as demandas de uma educação voltada para a (re)construção humana. Esse educador

possibilitaria, assim, "a geração de novas formações sociais" (Gamboa, 1991).

Parece também que a educação física "adaptada", para alguns, constitui-se em uma atividade

bem diferente, porque atende a pessoas muito diferentes. Pensando assim, quanto mais

adaptada se tornar a educação física para essa população e para todas as pessoas

consideradas "deficientes", mais iremos promover e, assim, consagrar a deficiência.

Carecendo ainda de uma sólida fundamentação científica e dados concernentes à natureza e

às características da população Down, podemos afirmar que as práticas pedagógicas em

educação física, ao priorizarem jogos simbólicos e linguagem, esquema corporal,

coordenação viso-motora, organização espaço-temporal, exercícios de atenção visual,

auditiva e tátil, fortalecimento da musculatura respiratória, melhora da postura, do tônus e do

equilíbrio darão contribuição de capital importância para a promoção da aprendizagem e bem-

estar físico da criança portadora de síndrome de Down.

A seguir listarernos algumas sugestões ao professor-educador para que ele possa realizar

intervenções pedagógicas mais coerentes com a realidade do aluno. Faz-se necessário frisar

que o autor entende a formação profissional, em qualquer área de estudo, como um eterno vir

a ser. Sem deixar discutir, obviamente, problemas concretos da realidade que se mostra, nem

abandonando conhecimentos já adquiridos anteriormente pelo professor.

1 . Convém trabalhar com grupos pequenos nas fases iniciais. Às vezes é preciso

personalizar o trabalho, sobretudo quando o professor é ainda incipiente;

2. as explicações devem ser acompanhadas de demonstrações, que devem ser claras e

breves;

3. utilize seus conhecimentos e adapte-os quando for necessário no sentido de atender à

individualidade do aluno;

4. varie as atividades, a fim de obter a atenção e o prazer;

5. sempre que possível, socialilize a criança portadora de síndrome de Down com os outros

alunos. Lembre-se: a integração e a normalização, entre outras, são parte de nossa bandeira;

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6. progrida lentamente, oferecendo primeiramente atividades familiares (Seaman & De Pauw,

apud Rosadas, 1994);

7. promova a autoconfiança de seu aluno;

8. converse com todos os interessados (pais e toda a equipe que trabalha com você) a

respeito de sua conduta pedagógica;

10. registre, por meio de anotações, fotografias, filmagens, todos os momentos de suas aulas;

11. procure não improvisar, tirando sua aula "do colete". Prepare-as sempre;

12. cultive nos alunos o gosto pela descoberta e pela busca de novos conhecimentos, e

13. atualize-se! Atualize-se! Atualize-se!

Alguns preconceitos e realidades são historicamente muito difundidos, tanto pelo senso

comum como pela sociedade, como um todo no que concerne às pessoas portadoras de

síndrome de Down. A esses preconceitos, associamos alguns fatos da realidade.

PRECONCEITOS OU MITOS e REALIDADES

São deficientes mentais, por isso não aprendem. Revelam inteligência, sensibilidade e têm

capacidade de aprendizagem, desde que estimulados precocemente.

Morrem cedo, logo que principiam a vida adulta. Têm o tempo de vida que puder de acordo

com o tratamento recebido.

Engordam com facilidade. Verdade, como qualquer pessoa não educada para se alimentar de

modo parcimonioso.

Começam a falar e a andar muito tardiamente devido à sua hipotonia generalizada.

Estimulados adequadamente, começam a andar entre quinze meses e dois anos e começam

a falar entre dezoito meses e dois anos e meio, se não houver problemas paralelos.

Estão decididamente impossibilitados de praticar exercícios físicos. Podem e devem praticar

exercícios físicos supervisionados por um profissional qualificado

Devemos tomar cuidado ao falar com pessoas portadoras de síndrome de Down. Agir

normalmente ao se dirigir a uma pessoa portadora de síndrome de Down.

Todos têm problemas cardíacos. Trinta a quarenta por cento dos casos têm problemas

cardíacos.

São doentes mentais. Não são doentes mentais. São pessoas que, devido a um erro

genético, trazem em seus genes quarenta e sete cromossomos ao invés de quarenta e seis.

Por isso apresentam deficiência mental "moderada."

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Acomete apenas a etnia branca. A síndrome de Down pode se apresentar em qualquer etnia.

Todas as pessoas portadoras de síndrome de Down são iguais. É um erro achar que as

pessoas portadoras de síndrome de Down são todas iguais. Assim como nós tantas outras

pessoas consideradas deficientes, elas revelam uma individualidade ímpar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os temas relevantes que envolvem a educação física e a pessoa portadora da síndrome de

Down não se limitam àqueles enfocados neste trabalho. O aprofundamento das questões aqui

apresentadas e a análise de outros tópicos, tais como relações sociais e afetivas,

sexualidade, inteligência e modelos psicopedagógicos pertinentes às atuais propostas de

educação da criança portadora da síndrome de Down numa perspectiva da psicomotricidade

(Le Boulch, Vayer, Costallat, Lapierre et aííí); do construtivismo Mantoan (1989), Faria e

Monteiro (1994) e Nunes (1 989); e o paradigma sócio-interacionista de Vygotsky, por

exemplo, conduziria a uma melhor compreensão deste nosso relato. Questões aqui

levantadas, tais como os aspectos anátomo-fisiológicos, causa e origem da síndrome de

Down, e os déficits do indivíduo não são, para este autor, em absoluto supervalorizadas.

Servem apenas como referencial, isto porque primou-se neste estudo, entre outros, pela

eliminação de rótulos e preconceitos, dando-se maior importância a "omnilateralidade"

humana. Procurou-se também vislumbrar a superação de certas dicotomias - educação e

educação física; educação e educação especial; educação física e educação física

"adaptada".

Por último, diríamos que é necessário que o profissional da Educação vislumbre o homem

como um ser em construção, inacabado, ser de relações com o mundo e com os outros. E

que "os portadores de deficiências constroem também seu conhecimento do mesmo modo

que indivíduos normais, embora de forma mais lenta" como mesmo afirmou Mantoan (1989)

apud Ferreira e Nunes (1994, p. 64). Embora o homem seja determinado por contextos

econômicos, políticos e culturais, ele próprio é o criador da realidade social e o seu

transformador. Ora, sendo o homem um ser que desenvolve e favorece o desenvolvimento do

projeto humano, pergunta-se: não seremos nós (professores e tantos outros atores sociais)

capazes de transformar essa triste realidade em relação ao preconceito com as pessoas

deficientes?

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GLOSSÁRIO

Cariótipo - espécie de carteira de identidade genética do ser humano. Trata-se do resultado

de cariograrna (Werneck, 1992, p. 220).

Deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente abaixo da média que se

origina no período de desenvolvimento, existindo, concomitantemente com limitações

associadas a duas ou mais áreas de conduta adaptativa, indicada a seguir: comunicação;

cuidados pessoais: vida no lar, habilidades sociais; desempenho na comunidade;

independência na locomoção; saúde e segurança, desempenho escolar e lazer e trabalho

(AAMR - American Association for the Mentaily Retarded, 1992).

Educação física adaptada - 1) envolve modificações ou ajustamento das atividades

tradicionais da Educação Física para permitir às crianças com deficiências participar com

segurança, de acordo com suas capacidades funcionais (Barbanti, 1994, p. 92).

Educação física adaptada - 2) ramo da educação universal que contempla os mesmos

objetivos da educação física humanista crítica. Ela se destina a prestar atendimento integral a

todas as pessoas que apresentam necessidades físicas, sensoriais, mentais e múltiplas,

procurando respeitar sempre suas deficiências", ao mesmo tempo que promove suas

suficiências. (Bomfím, 1994).

Educação física adaptada - 3) área do conhecimento em educação física e esportes e tem por

objetivo privilegiar uma população caracterizada como portadora deficiência ou de

necessidades especiais. a se desenvolve por meio de atividades

Hipotonia muscular - tônus muscular reduzido (Barbanti, 1994, p. 154).

Normalização - visa a oferecer ao portador de deficiências as mesmas condições e

oportunidades sociais, educacionais e profissionais que têm as outras pessoas, (Brasil, 1994,

p. 25)

Trissomia do 21 - acidente genético que causa a síndrome de Down. Ocorre quando

exatamente no par cromossômico 21 (que pertence ao grupo de cromossomas designados

pela letra G) existem três cromossomas ao invés de dois, daí a terminologia de trissomia do

21 (Werneck, 1992, p.225).

Unitermos: pessoa portadora de síndrome de Down, criança portadora de síndrome de Down,

educação física, educação física "adaptada".

Bibliografia

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