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ISABEL CRISTINA TRINDADE LIO EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL PARA GESTANTES CORINTO – MINAS GERAIS 2011

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ISABEL CRISTINA TRINDADE LIO

EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL PARA GESTANTES

CORINTO – MINAS GERAIS

2011

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ISABEL CRISTINA TRINDADE LIO

EDUCAÇÃO EM SAÚDE BUCAL PARA GESTANTES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, para obtenção do Certificado de Especialista.

Orientador: Professor Carlos José de Paula Silva

CORINTO – MINAS GERAIS

2011

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RESUMO

A gravidez é um momento onde a mulher é particularmente receptiva às orientações de saúde

que irão auxiliá-la na criação de seu bebê. É importante que as gestantes durante o pré-natal,

através da educação em saúde, recebam toda a orientação necessária sobre hábitos saudáveis

e cuidados com a higiene bucal. Este estudo teve como objetivo demonstrar a influência da

educação em saúde bucal no âmbito familiar da gestante, através da mudança de

comportamento e adoção de hábitos saudáveis. Através da educação em saúde bucal, a mulher

poderá atuar como agente multiplicador de informações no ambiente familiar; devendo ter

consciência de que se educa é pelo exemplo.

ABSTRACT

Pregnancy is a time where women are particularly receptive to health guidance that will assist

her in raising her baby. It is important that pregnant women during prenatal care, through

health education, receive all the necessary guidance on healthy habits and oral hygiene care.

This study aimed to demonstrate the influence of oral health education for pregnant women in

the family, through behavior change and healthy habits. Through oral health education,

women can act as a multiplier of information in the family environment; should be aware that

if education is by example.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 5

2 OBJETIVO 6

3 METODOLOGIA 7

4 REVISÃO DE LITERATURA 8

4.1 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DE ATENÇÃO À MULHER GESTANTE E

SAÚDE BUCAL 8

4.2. ASPECTOS BIOLÓGICOS RELACIONADOS À GESTAÇÃO 12

4.3 EDUCAÇÃO EM SAÚDE 13

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 16

6 PROPOSTA DE AÇÕES EDUCATIVO-PREVENTIVAS 20

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 21

8 REFERÊNCIAS 23

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1 INTRODUÇÃO

Diante da dificuldade de realização de ações educativo-preventivas voltadas para as gestantes,

e do planejamento de ações específicas para este grupo percebeu-se que com a construção

deste TCC seria uma oportunidade de demonstrar a importância das ações de saúde bucal na

melhoria da qualidade de vida das gestantes e de seus familiares.

O Programa Saúde da Família teve início na década de 90, destacando-se por modificar a

atenção em saúde para a família e não somente para o indivíduo. Como parte integrante da

saúde geral do indivíduo, a saúde bucal está relacionada com as condições sociais e

econômicas, com o tipo de alimentação, ao acesso a água tratada, aos serviços de saúde e às

informações (1ª CNSB- Brasília 1986). Desta forma, o Ministério da Saúde, através das

Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal, no que se refere à ampliação ao acesso à

Atenção Básica, tem a proposta de atenção por condição de vida que inclui dentre outras, a

saúde da mulher. Considerando que a mãe tem um papel fundamental no comportamento

aprendido durante a primeira infância, as ações educativo-preventivas com gestantes

qualificam sua saúde e se tornam fundamentais para introduzir bons hábitos desde o início da

vida da criança. Ações coletivas e preventivas deverão ser realizadas e o atendimento

individual garantido.

Durante a gravidez, muitas mudanças acontecem no corpo da mulher, fazendo com que esse

período exija cuidados especiais. São nove meses de preparo para o nascimento do bebê. É

importante que durante a gravidez as futuras mães sejam acompanhadas por profissionais de

saúde, para que ela se sinta confiante e segura quanto à sua saúde e ao desenvolvimento do

bebê. Ouvir as gestantes e formar discussões sobre seus anseios e preocupações em relação ao

tratamento odontológico, levando em consideração as crenças, os tabus e os costumes que

permeiam a gravidez e como estão inseridos na realidade local é uma boa forma de estreitar a

distância entre profissional e a paciente, fortalecendo a relação positiva entre gravidez e

atenção em saúde bucal (SES, 2007). A gestante tem medo de ir ao dentista e prejudicar a

criança durante algum procedimento ou não tem conhecimento dos problemas que pode

evitar, se manter a saúde bucal em ordem. Neste período, é comum as gestantes sentirem

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enjoos durante a higienização oral ou não alimentar adequadamente, favorecendo o

aparecimento de cáries e gengivites. É um momento muito importante para que as ações

preventivas e assistenciais sejam enfatizadas e realizadas.

Este estudo tem por objetivo, através da revisão de literatura, buscar informações sobre ações

educativo-preventivas que possam ser utilizadas pela equipe de saúde bucal da ESF Vila de

Lourdes em Curvelo, visando a melhoria da qualidade de vida da gestante/bebê através da

mudança de comportamento e adoção de hábitos mais saudáveis.

2 OBJETIVO

Objetivo geral:

• Conhecer através da revisão de literatura a importância das ações educativas como

estratégia de promoção de saúde bucal para gestantes.

Objetivos específicos:

● Identificar como os estudos abordam a repercussão da educação em saúde bucal no

âmbito familiar.

• Propor ações preventivo-educativas que possam ser oferecidas pelos profissionais da

ESF (Estratégia Saúde da Família) relacionados à saúde bucal das gestantes.

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3 METODOLOGIA

O presente estudo enquadra-se na modalidade de revisão crítica sistematizada, buscando uma

forma de síntese das informações em dado momento, sobre um assunto em evidência, de

forma objetiva e reproduzível, por meio do método científico, tendo como princípios gerais a

exaustão na busca dos estudos e a seleção justificada dos estudos por critérios de inclusão e

exclusão explícitos (GALVÃO et al; 2004).

Para realização do levantamento bibliográfico, foi realizada a busca de informações nas bases

virtuais de dados da Scielo, Bireme, Lilacs; onde foi usados inicialmente os unitermos “ saúde

bucal da gestante”, encontrando 55 referências. Posteriormente utilizou-se as palavras chave

“atenção odontológica na gestação” e foram obtidas 27 referências. O idioma utilizado para a

pesquisa foi a língua portuguesa.. O material obtido foi selecionado, optando pelo critério

inicial apresentar em forma de artigo e apresentar semelhança ao assunto que tratavam.

Após a leitura de artigos e resumos, restaram 23 artigos que davam conhecimento abrangente

ao trabalho, do qual foram selecionados 11 artigos para leitura e análise, onde fosse

identificado a presença do conteúdo referente à educação em saúde bucal da gestante.

Os artigos foram buscados na íntegra para leitura e análise através do Scielo (Scientific

Eletronic Library Online). Um esquema apresentando de forma resumida a metodologia

utilizada se encontra a seguir:

1- Palavras-chave escolhidas- Saúde bucal da gestante e atenção odontológica na

gestação

2- Busca de informações- Base de dados na Bireme e Scielo

3- 1ª seleção dos artigos- 23 artigos de língua portuguesa entre 2000 e 2010

4- 2ª seleção dos artigos- 11 artigos selecionados na íntegra para leitura e análise

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4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE DE ATENÇÃO À MULHER GESTANTE E

SAÚDE BUCAL

Durante muitos anos, o governo brasileiro não apresentava posição explícita frente à questão

da saúde da mulher. A partir dos anos 80, pressionado pelos profissionais de saúde,

movimentos de mulheres e outras instituições da sociedade civil organizada, iniciaram-se

algumas mudanças relacionadas à forma de atendimento à mulher, que valorizavam a maior

participação, informação e consciência dos seus direitos, favorecendo o empoderamento e

cidadania (HANS HALBE, 2000). As mulheres organizadas demonstraram que suas

necessidades extrapolam o momento de gestação e parto, demandando ações que lhes

proporcionassem melhoria das condições de saúde em todos os ciclos de vida ( BRASIL,

2004 a).

Em 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da

Mulher (PAISM), marcando, sobretudo, uma ruptura conceitual com os princípios

norteadores da política de saúde das mulheres e os critérios para eleição de prioridades neste

campo (BRASIL, 2004 a). No ano 2000, o Ministério da Saúde, ciente da importância da

atenção pré-natal com vistas na melhoria dos resultados perinatais e à redução da mortalidade

materna, lançou o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento. Este programa

implementa as políticas do PAISM visando resgatar a atenção obstétrica integral, qualificada

e humana, de forma a proporcionar o envolvimento dos estados, municípios e unidades de

saúde quanto às ações necessárias ao êxito deste programa (BRASIL, 2001).

Tendo como principal estratégia assegurar a melhoria de acesso, a cobertura e a qualidade do

acompanhamento pré-natal, a assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-

nascido, o PHPN tem sua base na integralidade da assistência obstétrica e na afirmação dos

direitos da mulher incorporados nas diretrizes institucionais (BRASIL, 2000).

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A Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal, lançada alguns anos depois, teve por

objetivo o desenvolvimento de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde de

gestantes e recém-nascidos, promovendo ampliação do acesso a essas ações, o incremento da

qualidade da assistência obstétrica e neonatal, bem como sua organização e regulação no

âmbito do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2005).

A atenção primária é parte integrante do sistema nacional de saúde, representando o primeiro

nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema de saúde, levando

a saúde o mais próximo possível de onde residem e trabalham as pessoas, constituindo o

primeiro elemento de um processo permanente de assistência sanitária (OMS, 1979).

Tentando melhorar o panorama da saúde no país, o Ministério da Saúde, adotou em 1994, o

Programa Saúde da Família visando ampliar o acesso à saúde através de uma política de

inclusão social. A estratégia do PSF prioriza ações de prevenção, promoção e recuperação da

saúde das pessoas de forma integral e contínua. Para atender a grande demanda por serviços

de saúde bucal da população e cumprindo o princípio constitucional da Integralidade da

Atenção, as equipes de saúde bucal foram incluídas no PSF em 2000, através da Portaria

1.444 do Ministério da Saúde, com o objetivo de organizar as ações e visando ampliar o

acesso a esse tipo de serviço. As práticas odontológicas em saúde bucal coletiva, antes

focadas na dor e na doença através de ações isoladas nos consultórios, foram substituídas por

ações de proteção e vigilância à saúde (Diretrizes da Política de Saúde Bucal, MS, 2004).

Como parte integrante da saúde geral do indivíduo, a saúde bucal está relacionada com as

condições sociais e econômicas, com o tipo de alimentação, ao acesso de água tratada, aos

serviços de saúde e às informações (1ª Conferência de Saúde Bucal-1986) . A prestação de

serviços de saúde bucal no Brasil, historicamente, caracterizava-se por ações de baixa

complexidade, na sua maioria curativas e mutiladoras, com acesso restrito. Assim, iniciou-se

a elaboração de uma Política Nacional de Saúde Bucal que resgatasse o direito do cidadão

brasileiro à atenção odontológica, por meio de ações governamentais, superando o histórico

abandono e a falta de compromisso com a saúde bucal da população (BRASIL, 2004).

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A Política Nacional de Saúde Bucal, conhecida como Brasil Sorridente, tem como metas a

reorganização da prática e a qualificação das ações e serviços oferecidos, no marco do

fortalecimento da atenção básica, reunindo ampliação de acesso ao tratamento odontológico

gratuito, por meio do SUS, o Brasil Sorridente tem possibilitado ampliação e qualificação de

acesso da população às ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação em saúde

bucal, entendendo que esta é fundamental para a saúde geral e para a qualidade de vida. As

principais de linhas de ação do Brasil Sorridente são: a reorganização da Atenção Básica em

saúde Bucal especialmente pela ESF; ampliação e qualificação da Atenção Especializada,

principalmente através de Centros de Especialidades Odontológicas (CEO’s) e laboratórios

regionais de prótese (LRPD) e a adição de flúor nas estações de águas de abastecimento

público.

Na ampliação de acesso, objetivando superar o modelo biomédico de atenção às doenças,

propõem-se duas formas de inserção transversal de saúde bucal: por linhas de cuidados –

prevendo o reconhecimento de especificidade próprias da idade: saúde da criança, do

adolescente, do adulto e do idoso e por condição de vida- que compreende a saúde da mulher,

do trabalhador, portador de necessidades especiais, hipertensos, diabéticos, dentre outras. Em

relação ao grupo de gestantes, as diretrizes determinam que devam ser realizadas ações

coletivas de promoção de saúde e a garantia do atendimento individual (BRASIL, 2006).

Considerando que a mãe tem um papel fundamental nos padrões de comportamento

apreendidos durante a primeira infância, ações educativo-preventivas com gestantes

qualificam sua saúde e tornam-se fundamentais para introduzir hábitos saudáveis desde o

início da vida da criança (BRASIL, 2004). A gravidez é um momento em que a saúde e o bem

estar da mãe estão diretamente ligados à saúde de seu filho. Neste momento, a mulher é

particularmente receptiva às orientações de saúde que irão auxiliá-la na criação de seu bebê. A

atenção à saúde bucal da gestante deve estar incluída na assistência pré-natal e sua

importância deve ser reconhecida pela equipe multiprofissional que a atende, através de um

acompanhamento integrado e sequencial nos vários níveis de atenção (Papalleo Neto, 2002;

Pereira et al., 2003).

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A promoção de saúde bucal faz parte da construção de políticas públicas saudáveis voltadas

para a comunidade, como a fluoretação das águas de abastecimento e os cuidados

odontológicos básicos (MS, 2004). O objetivo destas ações é reduzir os fatores de risco à

saúde das pessoas, além de oferecer informações sobre sua proteção.

A inserção da saúde bucal na atenção à gestante reconhece as especificidades desta condição

da mulher e reconhece que a mãe tem particular influência sobre os hábitos apreendidos pela

criança. Sendo assim, as ações educativas devem ser iniciadas simultaneamente ao

atendimento Pré-Natal, sendo recomendado pelo Ministério da Saúde o encaminhamento de

toda gestante para uma consulta odontológica, que deve incluir, (MS, 2004):

a) Orientação sobre a possibilidade de atendimento durante toda a gestação;

b) Exames dos tecidos moles e identificação de risco à saúde bucal;

c) Diagnóstico de lesões de cárie e necessidade de tratamento curativo;

d) Diagnóstico de gengivite ou doença periodontal crônica e necessidade de tratamento;

e) Orientações sobre hábitos alimentares e higiene bucal;

f) Em nenhuma das hipóteses a assistência será compulsória, respeitando-se sempre a

vontade da gestante.

A desmistificação do atendimento odontológico como causador de risco para a gestante e o

bebê é o primeiro passo para melhorar a adesão, a segurança e a motivação ao pré-natal

odontológico. É de extrema importância a transferência de conhecimentos básicos em saúde

bucal para toda equipe de pré-natal uniformizando conceitos sobre atendimento odontológico

na gravidez. A Promoção de Saúde Bucal no pré-natal deve ser considerada parte da Saúde

Integral da gestante e do bebê,

minimizando a transmissão de microrganismos bucais patogênicos, visando à transformação

da gestante em agente educador, e uma atenção precoce à saúde das futuras gerações.

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4.2. ASPECTOS BIOLÓGICOS RELACIONADOS À GESTAÇÃO

A gravidez é um período de grandes transformações no corpo e na mente da mulher. Nesse

período ocorrem mudanças fisiológicas múltiplas no organismo, destinadas a prepará-lo para

o parto e amamentação ( ANDRADE,2006), modificando o equilíbrio normal da cavidade

bucal , o que provoca um grande número de alterações bucais (OLIVEIRA et al; 2006;

SONIS et al; 1996). Durante a gestação, a cavidade bucal sofre algumas mudanças e uma

maior prevalência de alterações tem sido relatadas. A primeira delas é a doença cárie.

Entretanto essa patologia não é predisposta pela gestação, mas sim dependente das alterações

alimentares, como o maior consumo de açúcares e a negligência dos hábitos de higienização

bucal (CASTELLANOS et al; 2002;GARJENDRA; KUMAR, 2004). As alterações salivares,

como a mudança na composição e a diminuição da taxa de secreção; também podem estar

relacionadas ao risco de cárie aumentada nesse período.

Eventos frequentes de enjoos e vômitos, comuns no primeiro trimestre de gestação, resultam

na exposição intermitente do esmalte dental ao suco gástrico, levando a uma possível

descalcificação da superfície dental. No terceiro trimestre, há um aumento na frequência de

ingestão de alimentos em razão do decréscimo na capacidade volumétrica do estômago,

dificultando a manutenção da higiene bucal e favorecendo o aparecimento de cárie dental

(VIEIRA e ZOCRATO, 2007).

A gengivite é uma alteração comum durante a gravidez e alguns autores consideram normal o

sangramento nessas pacientes. Com muita frequência, tem-se relatado mudanças no aspecto

gengival das pacientes, com tendência ao agravamento da gengivite, tornando-se mais

perceptível frente à presença de irritantes locais. Tais mudanças, como hiperemia, edema e

sangramento gengival, estão relacionadas a fatores como deficiências nutricionais, altos níveis

hormonais, presença de placa bacteriana, assim com o estado transitório de imuno depressão (

ROSSEL et al, 1999). Também são observadas alterações na microbiota bucal e no

metabolismo celular. O aumento nos níveis de estrógenos, especialmente progesterona, resulta

em mudanças na permeabilidade vascular. Na cavidade bucal, isto pode resultar em edema

gengival e aumento nos níveis de fluido crevicular. Somando-se a isto, a produção de

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prostaglandina é estimulada, possibilitando exarcebação do processo inflamatório gengival

(MOIMAZ et al, 2006).

Em relação à doença periodontal na gestação, estudos recentes têm apresentado evidências de

que essa doença pode ser um dos determinantes de baixo peso ao nascer e prematuridade.

Essa associação fundamenta-se na indução pelos patógenos periodontais, na produção de

mediadores inflamatórios (prostaglandinas e interleucinas) capazes de levar ao trabalho de

parto e afetar o desenvolvimento fetal à distância (ALVES et al, 2007). Muito embora a

etiologia das alterações fisiológicas apontadas anteriormente tenha sido baseada nos aspectos

biológicos, sem dúvida importantes, outros fatores concorrem para explicar as alterações

fisiológicas no período gestacional em relação à saúde bucal. De acordo com Silva e Martelli

(2009); as alterações fisiológicas ocorridas durante o período gestacional podem ter efeitos

adversos na saúde bucal quando associadas a outros fatores decorrentes de aspectos sociais,

econômicos políticos e culturais de uma sociedade.

4.3 EDUCAÇÃO EM SAÚDE

As gestantes são consideradas pacientes especiais por serem um grupo de risco para doenças

bucais, e também pelo fato de apresentarem alterações físicas, biológicas e hormonais que

acabam por criar condições adversas no meio bucal ( DUALIBI,1995,ROSSEL,1998). Nessa

perspectiva, ressalta-se a necessidade de os cirurgiões-dentistas estarem inseridos em

programas de pré-natal e, desta forma, vivenciarem seu papel de educadores. A gestação é o

momento no qual a mulher se torna mais receptiva às mudanças e ao processamento de

informações que possam ser revertidas em benefício do bebê, além de ter o papel-chave

dentro da família, zelando pela sua saúde e de seus entes, tornando-se multiplicadora de

informações e ações que possam levar ao bem estar do núcleo familiar e consequentemente à

melhora da qualidade de vida. A aquisição de hábitos e escolhas saudáveis implica

diretamente a mudança de comportamento, levando à promoção e manutenção de saúde do

indivíduo ( GRANVILLE-GARCIA et al, 2007; Rocha; Araújo, 2006; VENANCIO, 2006).

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Com relação às ações de saúde bucal, a NOAS ( Norma Operacional de Assistência à Saúde),

prevê como responsabilidade dos municípios a prevenção dos problemas odontológicos e o

cadastramento prioritário, na população de zero a catorze anos e gestantes. Entre as

atividades, são salientados os procedimentos coletivos, tais como” o levantamento

epidemiológico” a escovação supervisionada e evidenciação da placa bacteriana, os

bochechos com flúor e a educação em saúde bucal (BRASIL,2001). É importante salientar

que a promoção da saúde constitui uma das atribuições comuns aos profissionais de saúde

bucal e também é listada como atribuição específica do cirurgião-dentista no Programa Saúde

da Família: “coordenar ações coletivas voltadas à promoção e prevenção em saúde bucal,

capacitar as equipes de saúde da família no que se refere às ações educativas e preventivas em

saúde bucal” (BRASIL,2001).

Para Barreira (1997), a modificação dos hábitos de saúde bucal torna-se visível com a

integração de ações educativas e preventivas. A colaboração dos pais no processo de

educação da criança em relação à sua saúde é muito importante, sendo necessário que a

motivação se estenda aos pais e responsáveis, para que estes possam ensinar aos seus filhos e,

desta forma, perpetuar o aprendizado.

Para que a criança tenha dentes bonitos e saudáveis o cuidado começa quando ela ainda está

no útero materno com a formação dos órgãos dentários sadios e bem calcificados (PEREIRA,

2002). Para isso, além de a mãe ser educada durante o período gestacional em relação aos

devidos cuidados que deverá ter para proporcionar uma dentição saudável ao seu filho, é

importante que ela mantenha o seu próprio estado de saúde bucal, tendo em vista que a

transmissão de microorganismos pode ser fator contribuinte para o processo cariogênico. Um

aspecto fundamental da prevenção da cárie precoce é despertar o interesse dos pais, educá-los

e motivá-los a se preocuparem com a saúde bucal de seus bebês.

Bijella (1993) cita que a educação em saúde bucal significa aquisição de conhecimentos,

desenvolvimento de habilidades, favorecendo a mudança de comportamento e atitudes do

indivíduo, criando novos valores, que beneficiam a própria saúde do paciente e/ou de seus

pais. Neste sentido, ações educativas e preventivas com gestantes tornam-se fundamentais

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para que a mãe cuide de sua saúde bucal e possa introduzir bons hábitos desde o início da vida

da criança. É fundamental ressaltar que esforços combinados da equipe de saúde são

importantes para obtenção do sucesso de tais ações.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Quadro 1 traz um detalhamento dos artigos que foram selecionados para leitura

apresentando os títulos, autores, periódicos e ano de publicação:

QUADRO 1: Títulos, autores, periódicos e ano de publicação dos trabalhos selecionados

para leitura, 2011:

TÍTULOS AUTORES PERIÓDICOS ANO DE

PUBLICAÇÃO

Fator socioeconômico e o grau de

conhecimento das mães em relação à

saúde bucal de bebês

Danieli Santos Theodoro, Mariana

Pracucio Gigliotti, Thaís Marchini

Oliveira, Salete Moura Bonifácio da

Silva, Maria Aparecida de Andrade

Moreira Machado

Odontologia

Clínico científica

2007

Promoção em saúde bucal para

gestantes:revisão de literatura

Mônica Vasconcelos Silva , Petrônio J. L.

Martelli

Ciência e Saúde

Coletiva

2009

Educação em saúde como estratégia

de promoção de saúde bucal em

gestantes

Deise Moreira Reis: Daniela Rocha Pitta:

Helena Maria Ferreira: Maria Cristina de

Jesus Mari Eli de Moraes Ciência e Saúde

Coletiva

2010

O processo de cuidar participante

com um grupo de

gestantes:repercussões na saúde

integral individual-coletiva

Maria Regina Rufino Delfino; Zuleica

Maria Patrício; Andréia Simon Martins;

Maria Regina Silvério

Ciência e Saúde

Coletiva

2004

Autopercepção e condições de saúde

bucal em gestantes

Fabiano Jeremias; Silvio Rocha Corrêa da

Silva; Aylton Valsecki Junior; Elaine

Pereira da Silva Tagliaferro; Fernanda

Lopez Rosell

Odontologia

clinico cientifica

2010

Estratégias educativas-preventivas

para a promoção de saúde bucal na

1ª infância

Ana Carolina Magalhães;Daniela

Rios;Heitor Marques Honório Mª Ap. M.

Machado

RCO 2009

Saúde bucal materno-infantil: um

estudo de representações sociais com

gestantes

Mirelle Finkeler; Denise Mª Belliard

Oleiniski; Flávia Regina Souza Ramos

Texto contexto de

enfermagem

2004

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Relação materno-infantil: uma

abordagem interdiciplinar e seus

desdobramentos para a odontologia

Cristina Berger Fadel; Nenre Adas Saliba;

Susely Adas Saliba Moimaz

Arquivos em

odontologia

2008

Percepção das gestantes quanto a sua

saúde bucal

Graciene de Fátima Vieira, Keli Bahia

Felicíssimo Zocratto

RFO 2007

Conhecendo a captação de

informações de mães sobre cuidados

com o bebê na Estratégia Saúde da

Família

Fabiane I. D. Batistella; José Carlos

Imparato; Daniela Prócida Raggio;

Adriana S. Carvalho

RGO 2006

Educação em Saúde Bucal:

Sensibilização dos pais de crianças

atendidas na Clínica Integrada de

duas Universidades Privadas

Maria Urânia Alves; Bartira C.G.

Volschan, Natacha A.T. Haas

Pesquisa

Brasileira de

Odontopediatria e

Clinica Integrada

2004

A leitura e análise dos 11 artigos selecionados permitiram fazer algumas discussões referentes

ao tema educação em saúde bucal para gestantes. Segue algumas contribuições importantes

sobre o tema:

REIS et al. (2010) consideram que por meio de ações de educação em saúde bucal,

desenvolvidas no pré-natal, por uma equipe multiprofissional, as mulheres podem ter

consciência da importância de seu papel na aquisição e manutenção de hábitos positivos de

saúde bucal no meio familiar. Em 1999, Torres et al; constataram que 60% das mães

estudadas por eles apresentavam níveis de streptococus mutans compatíveis com a

transmissão precoce para os filhos (transmissão vertical). O sucesso de ter crianças livres de

doenças bucais dependerá do momento da iniciação de educação e da promoção de saúde

bucal, o mais precocemente possível, ou seja, na vida intra uterina. Para Silva e Martelli

(2009), a promoção em saúde bucal no pré natal deve ser considerada como parte da saúde

integral da gestante e do bebê, minimizando a transmissão dos microorganismos bucais

patogênicos, visando a transformação da gestante como agente educador, e uma atenção

precoce à saúde das futuras gerações. Jeremias et al. (2010) caracterizam as gestantes como

grupo de risco no que diz respeito a problemas bucais como cárie e doenças gengivais;

principalmente em função do caráter infectocontagioso da primeira e o aumento dos riscos de

um parto prematuro, no caso da segunda. E em função desses fatores a educação em família

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deve começar, considerando que as medidas preventivas devem ser adotadas nos estágios

mais precoces da vida.

Segundo Jeremias et al. (2010), ao se propor ações a um grupo específico faz-se necessário

conhecer não só suas necessidades, mas como o próprio indivíduo percebe suas condições de

saúde bucal e suas necessidades de tratamento para motivá-lo a uma mudança de

comportamento. Para que os programas preventivos-educativos direcionados às gestantes

atendam suas reais necessidades e tenham efetividade, é importante que se conheça a

percepção das gestantes em relação á saúde bucal ( Silva e Martelli, 2009).

É importante ressaltar que a condição socioeconômica exerce influência na vida das pessoas,

podendo refletir nos hábitos e comportamentos. As doenças que afetam os indivíduos não

podem ser explicadas somente pelos fatores biológicos que a caracterizam, uma vez que a

qualidade de vida, decorrente dos aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais de uma

sociedade, é determinante essencial, conclui Silva et al. (2010). Para Chan, Tsal e King (2002)

e Dini, Holt e Bedi (2000) apud Ramos et al. (2006), quanto maior o nível educacional das

mães, mais baixa é a experiência de cáries de seus filhos, tendo em vista que mais

positivamente elas influenciarão nos níveis de saúde das crianças. De acordo com freire

(1996) nas crianças cujos pais apresentam melhores condições socioeconômicas a prevalência

de cárie é menor ,havendo uma relação significante entre grupo socioeconômico e proporção

de crianças livres de cárie. Couto (2010) afirmou que o fator socioeconômico pode interferir

no acesso à informação. Theodoro et al. 2007, concluem que quanto maior o nível

socioeconômico da mãe, maior seu grau de conhecimento sobre saúde bucal e que as mães

precisam receber mais informações sobre educação em saúde bucal para os seus filhos,

principalmente a maioria desfavorecida socioecomomicamente.

Vieira et al. (2007) observaram que o desconhecimento das gestantes sobre a relação entre

cárie e gravidez perpassa por grupos de diferentes condições socioeconômicas e educacionais,

o que evidencia uma necessidade de ações coletivas de educação em saúde direcionadas às

gestantes. Diante de uma realidade onde as mães são desfavorecidas socialmente, inclusive

pela falta de orientação de como se cuidar e cuidar de seu filho; as ações educativas neste

momento são muito importantes para estimular as mães a ter uma melhoria de qualidade de

vida da sua família.

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Dessa maneira Finkler et al. (2004) ressaltam que para reverter os danos à saúde bucal

materno-infantil, é necessário um adequado trabalho de educação em saúde, para o qual os

cirurgiões-dentistas precisam estar preparados, conscientes de seu papel de educadores e

comprometidos com a transformação da sociedade. Além da inclusão do dentista na equipe de

pré-natal com o intuito de um reforçar o trabalho do outro. Silva e Martelli (2009)

acrescentam que o acesso à consulta odontológica no pré-natal precisa ser rotina na ESF, por

tratar-se de um espaço privilegiado para promover a saúde bucal, desenvolvendo a

consciência de responsabilidade da gestante pela sua saúde e de seu filho. Neste ponto é

necessário contar com toda a equipe, mesmo que uma equipe ainda não tenha o dentista

incluído, o que seria ideal, é importante que médicos e enfermeiros se responsabilizem em

orientar as gestantes para possibilitar uma saúde bucal mais saudável.

Chen (1986), constatou ser o comportamento das mães quanto aos seus próprios hábitos de

higiene bucal, o principal fator influenciador na aquisição de hábitos por parte das crianças,

mais do que o nível sócio-econômico das mães ou suas crenças a respeito da saúde bucal. O

dito popular que afirma “se educa pelo exemplo” justifica esta relação aprendida que em

muito pode contribuir na promoção de saúde de gestantes e de seus futuros filhos. Fadel et al

(2008) acrescentam que uma dieta saudável na educação e formação de bons hábitos

alimentares, vem sendo associada à prevenção da cárie dentária na primeira infância, sendo o

papel fundamental no cuidado com a dieta e futura saúde bucal do filho atribuído à mãe. De

acordo com os estudos, a criança aprende um novo esquema imitando os comportamentos de

outrem. Assim ao admitir-se que atitudes e comportamentos possam ser transferidos de mães

para filhos, da mesma forma que pensamentos, valores e crença, nos deparamos com a

importância das atitudes praticadas em casa, as quais servirão à criança como fontes de

experiências iniciais.

As atitudes desempenham papéis importantes e decisivos na determinação do comportamento,

e que este uma vez arraigado, torna-se muito resistente à modificação; no campo da saúde

bucal infantil onde se busca é a qualidade de vida da criança e não a postergação do seu

acometimento pela doença, isto é fundamental. O fato da mãe entender que ela é a

responsável e tem condições de introduzir bons hábitos, mudar comportamentos e incentivar

boas atitudes faz com que os profissionais de saúde se sintam motivados a trabalhar com a

educação em saúde com este grupo cheio de expectativa em relação ao futuro.

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6 Proposta de ações educativo-preventivas Estas ações tem a finalidade de orientar, transmitir à gestante conhecimento e habilidade a fim

de que ela tenha vontade de adotar hábitos mais saudáveis. Para que seja efetivo é necessário

um esforço combinado de toda a equipe, trabalhando de forma interativa, pois o objetivo é

que a gestante se sinta motivada a mudar de atitude e melhorar sua qualidade de vida.

1-FORMAÇÃO DE GRUPOS: a formação de grupo de gestantes é uma estratégia para criar

vínculo entre os profissionais e a gestante, de forma que aumente a confiança e a segurança.

Ao se iniciar o grupo é importante que se conheça a realidade de vida dessas pessoas, os

medos e tabus; a fim de que eles possam ser desmistificados pelo profissional. Durante cada

encontro mensal serão abordados temas relacionados á higiene bucal, amamentação, dieta,

cuidados com a saúde bucal do bebê, doenças bucais,etc. A utilização de recursos áudio-

visuais, oficinas de interatividade, palestras com diferentes profissionais, teatro; facilita a

compreensão e faz com que os participantes se sintam mais interessados.

2-ESCOVAÇÃO SUPERVISIONADA: A boa higienização oral é uma das formas de

prevenção de cárie e doenças gengivais. O desenvolvimento da habilidade da correta

escovação dental, trará confiança e conforto à gestante.

3-APLICAÇÃO TÓPICA DE FLÚOR: Na gestante, a aplicação tópica de flúor gel poderá

melhorar o processo de mineralização da superfície dentária que estiver desmineralizada .

4-INTERVENÇÕES CLÍNICAS INDIVIDUAIS: Toda gestante após a primeira consulta de

pré-natal, deverá ser encaminhada pela equipe para avaliação de risco odontológico. Se

necessário for, procedimentos como adequação do meio bucal, ART, tartarectomia devem

ser realizadas com o intuito de prevenir maiores danos à gestante e ao bebê. O segundo

trimestre da gestação é considerado o momento mais oportuno para intervenções mais

invasivas como extrações e restaurações.

5-MANUTENÇÃO PREVENTIVA PÓS-PARTO: Após o período de puerpério, é importante

que tenha o acompanhamento da saúde bucal do bebê durante as consultas de puericultura, e

da mãe concluindo assim a atenção odontológica.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O período da gestação é considerado um período ímpar na vida da mulher, na qual ela

demonstra estar bastante receptiva a informações relacionadas ao futuro filho, sendo por isto,

a gestação percebida como um momento privilegiado para o trabalho de educação em saúde.

O pré-natal que vem sendo realizado na prática, parece excluir a saúde bucal das gestantes.

Elas mostram-se repletas de dúvidas e desconhecimento acerca dos problemas e cuidados

com sua saúde bucal, necessidade de procurar tratamento odontológico, cuidados com a saúde

bucal do bebê. Os hábitos e conhecimentos saudáveis são mais fáceis de se incorporar se

ensinados precocemente, dessa maneira se faz tão importante a participação do dentista na

equipe de pré-natal multiprofissional.

A educação em Saúde deve ser de forma continuada, atendendo as necessidades da gestante

dentro do seu contexto histórico, social e cultural e que consiga dessa forma, promover a

saúde geral através da saúde bucal, contribuindo para melhoria da qualidade de vida.

Acrescentando a necessidade de priorizar o atendimento odontológico às gestantes, com

consultas atreladas ao pré-natal. .É fundamental para a promoção da saúde que as gestantes

recebam as orientações necessárias a fim prevenir doenças bucais e que saibam se cuidar,

promovendo também a saúde de seu filho.

Sem desconsiderar as dificuldades e limitações dos serviços públicos de saúde, da formação

de recursos humanos para a área, e da saúde bucal, segue algumas sugestões no sentido de

fornecer subsídios aos trabalhos de educação em saúde e de melhorar a assistência materno-

infantil:

• divulgar amplamente a importância do atendimento odontológico preventivo,

ainda no pré-natal

• reestruturar a formação do cirurgião-dentista, enfatizando-se na educação

problematizadora, centrada nas necessidades e na troca de experiências entre

profissionais e comunidade

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• priorizar o atendimento nos serviços odontológicos antes, durante e após o

período gestacional

• Incluir a saúde bucal na assistência pré-natal, investindo no trabalho educativo

junto às gestantes

• manter o suporte assistencial odontológico após o parto, às mães e bebês, para

que o vínculo criado tenha continuidade, ampliando seus efeitos positivos a

sociedade

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