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EDUCAÇÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL COMO FERRAMENTA NA GESTÃO AMBIENTAL Tarsila Barreto Sales (LATEC/UFF) Anderson Cantarino (LATEC/UFF) Resumo A Educação Ambiental (EA) consiste em um importante instrumento de Gestão Ambiental no meio corporativo. O levantamento bibliográfico realizado no presente estudo acerca de práticas voltadas para a EA apontou diversos benefícios para as emppresas que as adotaram, entre eles, a difusão de conhecimentos acerca da temática ambiental, economia em seus processos e redução do desperdício, desse modo, oferecendo uma melhor qualidade ambiental a seus funcionários e à comunidade em geral. Contudo, a aplicação da EA torna-se um desafio diante à discrepância entre os resultados obtidos em relação aos esperados, à incerteza da continuidade dos projetos e da receptividade do público interno e externo. Dessa forma, a aplicação da EA deve envolver esses dois públicos, além de uma equipe especializada para dar suporte necessário às atividades e agir corretivamente em eventuais problemas. O programa de EA deve ser algo permanente, deixando de ser caracterizado como um evento esporádico dentro da organização, assim, o tão desejado processo de conscientização pode ser despertado tanto no público interno como no externo. Palavras-chaves: Educação Ambiental, Gestão Ambiental. 12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

EMPRESARIAL COMO FERRAMENTA

NA GESTÃO AMBIENTAL

Tarsila Barreto Sales

(LATEC/UFF)

Anderson Cantarino

(LATEC/UFF)

Resumo A Educação Ambiental (EA) consiste em um importante instrumento de

Gestão Ambiental no meio corporativo. O levantamento bibliográfico

realizado no presente estudo acerca de práticas voltadas para a EA

apontou diversos benefícios para as emppresas que as adotaram, entre

eles, a difusão de conhecimentos acerca da temática ambiental,

economia em seus processos e redução do desperdício, desse modo,

oferecendo uma melhor qualidade ambiental a seus funcionários e à

comunidade em geral. Contudo, a aplicação da EA torna-se um desafio

diante à discrepância entre os resultados obtidos em relação aos

esperados, à incerteza da continuidade dos projetos e da receptividade

do público interno e externo. Dessa forma, a aplicação da EA deve

envolver esses dois públicos, além de uma equipe especializada para

dar suporte necessário às atividades e agir corretivamente em

eventuais problemas. O programa de EA deve ser algo permanente,

deixando de ser caracterizado como um evento esporádico dentro da

organização, assim, o tão desejado processo de conscientização pode

ser despertado tanto no público interno como no externo.

Palavras-chaves: Educação Ambiental, Gestão Ambiental.

12 e 13 de agosto de 2011

ISSN 1984-9354

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1. INTRODUÇÃO

Os impactos ambientais negativos vistos atualmente são resultantes de longos períodos

de exploração dos recursos naturais sem o devido gerenciamento. A Educação Ambiental

(EA) entra no meio coorporativo para auxiliar na Gestão Ambiental, com a finalidade de

minimizar esses efeitos negativos através de seus princípios e suas aplicações práticas. Deste

modo, a empresa pode atuar de modo mais sustentável, de acordo com a realidade na qual

vivemos.

Esse trabalho tem como objetivo relatar as práticas e análises realizadas acerca da EA

no ambiente empresarial através de um levantamento bibliográfico, a fim de divulgar as ações

que obtiveram sucesso e apresentar sugestões para aquelas que ainda possuem pontos a serem

melhorados.

1.1. FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA

As empresas não têm contribuído publicamente para o desenvolvimento da Educação

Ambiental Empresarial Brasileira (EAEB) devido à resistência da maioria delas em

disponibilizar suas atividades. Além dessa barreira, a promoção de um processo reflexivo

acerca da EA no ambiente empresarial esbarra na busca constante do lucro imediato; na

abordagem limitada dos programas de EA em forma de palestras tradicionais durante as

semanas de meio ambiente; em iniciativas desenvolvidas juntamente ao público externo,

como palestras em escolas, apoio à implementação de programas de coleta seletiva e

gincanas; e por último, na preparação da organização para o correto cumprimento dos

procedimentos presentes na Norma ISO 14001, através de um “treinamento” dos funcionários

para responder as perguntas propostas pelo auditor. Essa postura não permite a mudança de

comportamento, o desenvolvimento de uma cultura de respeito pelo meio ambiente e a

agregação de novos valores aos indivíduos e à organização. Esse tipo de abordagem gera um

descrédito dos funcionários em relação à política ambiental da empresa e ao Sistema de

Gestão Ambiental (SGA), caracterizando uma “arrumação da casa” às vésperas da auditoria e

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uma sensação de alívio e descaso após a finalização do processo (SIMONS, 2006; VILELA

JÚNIOR, 2003).

Ainda não existe uma pesquisa que demonstre uma EAEB adequada. No contexto

empresarial, o que pode ser identificado é o emprego de práticas voltadas para a

sensibilização, informação ou recreação ambiental, sejam elas juntas ou individuais

(PEDRINI, 2008). Assim, a realização deste estudo justifica-se pela importância da

divulgação das análises e práticas de EA aplicáveis às empresas, de modo que estas sirvam de

modelo (benchmarketing) para a implementação da Gestão Ambiental.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Definição e Histórico da Educação Ambiental

De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795/99), por

Educação Ambiental entendem-se os processos por meio dos quais o indivíduo e a

coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências

voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à

sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).

A EA tem como princípios básicos (BRASIL, 1999):

I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;

II – a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a

interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da

sustentabilidade;

III – o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e

transdisciplinaridade;

IV – a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;

V – a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;

VI – a permanente avaliação crítica do processo educativo;

VII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e

globais;

VIII – o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e

cultural.

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A EA surgiu no Brasil no século XIX em artigos, revistas e movimentos de caráter

conservacionista, sendo a década de 70 marcada pelo ambientalismo presente em lutas pela

liberdade democrática de professores e estudantes em algumas escolas, instituições civis e do

estado (IBAMA, 2009).

Em 31 de agosto de 1981 é instituída a Lei 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional

do Meio Ambiente, bem como a inclusão da EA em todos os níveis de ensino e na

comunidade; objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.

Reforçando essa idéia, em 1988 foi instituído no inciso VI do Art. 225 da Constituição

Federal a necessidade de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

conscientização pública para a preservação do meio ambiente (BRASIL, 1981;

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE et al., 2005).

No ano de 1991, a Comissão Interministerial para a preparação da Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) considerou a EA como um

dos instrumentos da política ambiental brasileira. Durante a Rio-92 foi produzida a Carta

Brasileira para Educação Ambiental que reconhece ser a educação ambiental um dos

instrumentos mais importantes para viabilizar a sustentabilidade como estratégia de

sobrevivência do planeta e, consequentemente, de melhoria da qualidade de vida humana.

(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE et al., 2005).

A Agenda 21 Brasileira, iniciada em 1996, é um processo e instrumento de

planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a

sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o crescimento

econômico. Hoje, a Agenda 21 é considerada um dos grandes instrumentos de formação de

políticas públicas no Brasil (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2010).

2.2. Gestão Ambiental

A Gestão Ambiental pode ser definida de várias maneiras, sob diferentes aspectos.

D’Avignon et al. (1994) citado por Malheiros (2002), em uma visão voltada para o

empreendorismo, conceitua a Gestão Ambiental como parte da função gerencial global que

trata, determina e implementa a política de meio ambiente estabelecida para a empresa.

De acordo com Dias (2006), a Gestão Ambiental é definida como um conjunto de

medidas e procedimentos que permite identificar problemas ambientais gerados pelas

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atividades da instituição, como a poluição e o desperdício, e rever critérios de atuação

(normas e diretrizes), incorporando novas práticas capazes de reduzir ou eliminar danos ao

meio ambiente (passivo ambiental).

Segundo Maimon (1996), as empresas brasileiras, em sua maioria, não tem uma

consciência ambiental, podendo ser classificadas como empresas reativas. Essas respeitam as

normas devido à pressão fiscalizadora, no último momento, sem antecipação. Porém, para

aquelas que aplicam ações voltadas à melhoria ambiental de seus processos, são conferidos

benefícios como podemos constatar na tabela a seguir.

Tabela 1 - Benefícios da Gestão Ambiental.

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS

Economia de custos

Proveniente da redução do consumo de

água, energia e outros insumos;

Reduções oriundas da reciclagem, da

venda e aproveitamento de resíduos e da

diminuição de efluentes;

Queda no número de multas e

penalidades por poluição.

Incremento de receitas

Incremento na contribuição marginal de

“produtos verdes” que podem ser vendidos

com um valor superior;

Aumento da participação no mercado

motivado pela inovação dos produtos e pela

diminuição da concorrência;

Linhas de novos produtos para novos

mercados;

Maior procura por produtos que

contribuam para a redução da poluição.

BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS

Melhoria da imagem institucional;

Renovação do “portfólio” de produtos;

Incremento na produtividade;

Alto comprometimento do pessoal;

Melhoria nas relações de trabalho;

Melhoria e criatividade para novos

desafios.

Uma melhor relação com os órgãos

governamentais, comunidade e grupos

ambientalistas;

Acessibilidade ao mercado externo;

Melhor adequação aos padrões

ambientais.

Fonte: (NORTH, 1992 apud DONAIRE, 1999).

O estabelecimento de um processo de Gestão Ambiental e de uma política ambiental

bem definida pela empresa demonstra para o mercado sua competência e sua sintonia com os

desafios da sustentabilidade socioambiental, bem como sua capacidade de auto-ajustamentos

evolucionários (DIAS, 2006).

2.3. Alguns instrumentos empregados na Gestão Ambiental

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Segundo Corazza (2003), os instrumentos de Gestão Ambiental são ferramentas

“informacionais” que atuam auxiliando a operacionalização da Gestão Ambiental em uma

organização, integrando de forma matricial todas suas atividades e rotinas. Além da aplicação

de práticas de EA, as empresas podem utilizar instrumentos como a auditoria ambiental,

análise do ciclo de vida, estudos de impactos ambientais, sistemas de Gestão Ambiental e

relatórios ambientais para alcançar seus objetivos (USSIER et al., 2005).

2.3.1. Auditoria ambiental

Segundo Rovere et al. (2001) as categorias de auditoria ambiental mais aplicadas são:

a. Auditoria de conformidade legal (compliance) – avalia a adequação da unidade

auditada com a legislação e os regulamentos aplicáveis;

b. Auditoria de desempenho ambiental – avalia a conformidade da unidade auditada

com a legislação, os regulamentos aplicáveis e indicadores de desempenho ambientais

setoriais aplicáveis à unidade;

c. Auditoria de Sistema de Gestão Ambiental – avalia o cumprimento dos princípios

estabelecidos no Sistema de Gestão Ambiental (SGA) da empresa e sua adequação e eficácia;

d. Auditoria de certificação – avalia a conformidade da empresa com princípios

estabelecidos nas normas pela qual a empresa esteja desejando se certificar. No caso da

auditoria de certificação ambiental pela Série ISO 14000, a mesma deve ser conduzida por

uma organização comercial e contratualmente independente da empresa, de seus

fornecedores e clientes e credenciada por um organismo competente.

Algumas empresas além de cumprirem a auditoria de conformidade legal (obrigatória),

utilizam-se da auditoria de certificação da série ISO 14000, que se refere à área ambiental.

Com isso, é conferida uma maior abertura de mercado e uma melhoria na imagem da

empresa, devido à sua preocupação ambiental.

A norma ISO 14001 é constituída por requisitos que capacitam uma organização a

desenvolver e implementar políticas e objetivos, levando em consideração requisitos legais e

informações a respeito de aspectos ambientais significativos através de um SGA. O sucesso

do sistema está ligado ao comprometimento de todos os níveis e funções, em especial da alta

administração (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004).

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2.3.2. Análise de Ciclo de Vida (ACV)

A ACV compatibiliza os impactos ambientais, oriundos das etapas de fabricação de

um determinado produto. Desde a concepção mercadológica, planejamento, extração e uso de

matérias-primas, gasto de energia, transformação industrial, transporte, consumo até sua

destinação final. Seu propósito é estimular ações e o aperfeiçoamento no processo e no

produto, servindo de instrumento para resolver as complexas questões ambientais presentes

em cada produto e em cada fase da produção (CORTEZ, 2007). Na figura abaixo podemos

acompanhar as etapas da ACV, bem como as entradas e as saídas do sistema.

Figura 1 - Esquema dos estágios da ACV

Fonte: BRAGA et al., 2005

De acordo com Barbieri & Cajazeira (2009), apesar dos avanços e iniciativas, a gestão

baseada no ciclo de vida e seus instrumentos, como a ACV, é pouco utilizada, sendo

empregada somente em grandes empresas. Isso ocorre devido à complexidade dos

instrumentos que contemplam todas as etapas do ciclo de vida, à disponibilidade de pessoas

com formação em estudos específicos como a ACV e à adoção de modelos de gestão que

apreciem os 6R’s.

2.3.3. Estudo de Impactos Ambientais

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A realização de estudos de impactos ambientais surgiu devido à necessidade de

avaliação de novos aspectos, além do tecnológico, no sistema de aprovação de projetos. Com

auxílio de diversos segmentos da sociedade civil organizada, foi criada nos Estados Unidos

uma legislação ambiental que resultou na implantação do sistema de Estudo de Impacto

Ambiental (EIA), começando a vigorar em 1970 (GOULART & CALLISTO, 2003).

No Brasil, é incumbido ao Poder Público, segundo a Constituição Federal de 1988 em

seu art. 225, § 1º, IV, exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade

potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de

impacto ambiental, a que se dará publicidade (BRASIL, 1988).

A Lei nº 6.938/91, em seu art. 8º, II, esclarece que o CONAMA determina, quando

julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis conseqüências

ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e

municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação

dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de

significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio

nacional. Ainda segundo essa Lei, a Avaliação de Impactos Ambientais é considerada um

instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1991).

A Resolução CONAMA nº 001 de 1986, em seu art. 1º, define impacto ambiental como

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,

causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que,

direta ou indiretamente, afetam (BRASIL, 1986):

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais.

De acordo com essa Resolução, o licenciamento de atividades modificadoras do meio

ambiente dependerá da elaboração do EIA e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA),

sendo de grande importância para a obtenção da Licença Prévia (LP), uma das primeiras

etapas do processo de licenciamento. O EIA deve ser realizado por uma equipe

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multidisciplinar habilitada, não dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto,

sendo a mesma responsável tecnicamente pelos resultados apresentados (BRASIL, 1986).

2.3.4. Sistema de Gestão Ambiental (SGA)

De acordo com Barbieri (2007), o SGA é um conjunto de atividades administrativas e

operacionais inter-relacionadas para abordar os problemas ambientais atuais ou para evitar

seu surgimento. Esse Sistema requer a formulação de diretrizes, definição de objetivos,

coordenação de atividades, avaliação de resultados e envolvimento de diferentes segmentos

da empresa, para avaliar as questões ambientais de forma integrada com as demais atividades

9empresariais.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004), o SGA pode ser definido

como a parte de um sistema da gestão de uma organização utilizada para desenvolver e

implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais. O modelo de

SGA mais consagrado é definido pela Norma ABNT NBR ISO 14001, aplicável a qualquer

organização, independente de porte ou país (EPELBAUM, 2006). A série ISO 14000 é

aplicada principalmente devido sua credibilidade, reconhecimento mundial e unificação dos

critérios de sistema de gestão (HARRINGTON & KNIGHT, 2001).

A última versão da ISO 14001 foi lançada no ano de 2004, sendo sua base

metodológica o ciclo Plan-Do-Check-Act (PDCA)/(Planejar-Executar-Verificar-Agir)

representado a seguir.

Figura 2 - Ciclo PDCA

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Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004

A primeira etapa é Planejar, onde são estabelecidos os objetivos e processos

necessários para obter os resultados de acordo com a política ambiental da organização; após

isso vem Executar, momento onde ocorre a implementação dos processos; a etapa seguinte é

Verificar, na qual acontece o monitoramento e medição dos processos em conformidade com

a política ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, além do relato dos resultados;

e por último Agir, para que o desempenho do SGA melhore continuamente (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004).

Entre os benefícios conferidos às empresas que implementam um SGA estão o acesso

ao mercado; redução da responsabilidade e do risco; redução de custos/aumento de receita;

melhoria na eficiência do processo, no desempenho ambiental, na gestão global, na imagem

pública, na relação com os fornecedores, funcionários e com outros detentores de interesses

(HARRINGTON & KNIGHT, 2001).

2.3.5. Relatórios ambientais

Relatórios ambientais são comunicações difundidas em qualquer meio, impresso ou

eletrônico, para divulgar os aspectos ambientais da empresa, seus impactos, suas ações atuais

e futuras em relação a eles. Abaixo é exposto um resumo das principais questões referentes

aos relatórios ambientais (BARBIERI, 2007).

Tabela 2 - Resumo dos relatórios ambientais.

1. Origem da demanda - obrigação legal

- ato voluntário

2. Destinatários - grupos de usuários específicos

- usuários indiferenciados, público em geral

3. Questões relatadas

- exclusivamente ambiental

- ambientais, sociais, econômicas e outras questões

relacionadas

4. Modelo do relatório

- próprio

- padronizado

- combinação dos dois

Fonte: BARBIERI, 2007

A primeira parte consiste na origem da demanda, ou seja, se os relatórios decorrem de

obrigações legais as quais as empresas são submetidas ou de atos voluntários gerados por uma

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postura proativa da empresa em relação ao meio ambiente. Quanto aos destinatários, eles

podem ser de grupos de usuários específicos, como acionistas ou proprietários e usuários

indiferenciados, como o público em geral. No que se refere ao conteúdo, no relatório pode

constar a política ambiental atual e futura, detalhes do SGA, educação e programas de

treinamento, avaliação de riscos, informações sobre o ciclo de vida dos produtos,

demonstração do cumprimento da legislação ambiental, custos relacionados às atividades

ambientais, passivos ambientais, contingências e litígios (AZZONE et al., 1997 apud

BARBIERI, 2007). Em Relação ao modelo do relatório, as empresas podem adotar um

modelo próprio, adotar modelos ou diretrizes padronizadas ou combiná-las. Alguns relatórios

existentes como o balanço social do Ibase e o modelo do Global Reporting Initiative (GRI)

incluem questões ambientais sociais, econômicas e outras relacionadas. O relatório ambiental

se torna um elemento de diferenciação importante para a própria empresa, para as partes

interessadas e para a sociedade que se preocupa com a temática ambiental (BARBIERI,

2007).

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Segundo Gil (1991), a pesquisa bibliográfica é realizada a partir de um material já

desenvolvido, sendo empregados principalmente livros e artigos científicos. Assim, ela

permite ao investigador a cobertura muito mais ampla dos fenômenos em relação a uma

pesquisa feita diretamente.

Nesse estudo foi empregada a metodologia de pesquisa bibliográfica, buscando a

fundamentação em autores na temática da EA, na Gestão Ambiental, bem como na aplicação

de práticas da EA no âmbito coorporativo. Esse levantamento buscou mostrar a diversidade

de práticas realizadas pelas empresas, suas aplicações e seus resultados. De posse desses

dados, foram feitas considerações para contribuir na aplicação de ações futuras.

4. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA

EMPRESARIAL

A adoção de práticas ambientais pelas empresas a fim de conquistar novos mercados e

cumprir exigências legais encontra-se mais presente atualmente. Entre os instrumentos a

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serem utilizados na Gestão Ambiental empresarial, algumas organizações optaram pela

adoção de práticas voltadas para a EA. Abaixo segue quatro estudos de caso onde essas

práticas foram avaliadas:

4.1. Caso 1 - Avaliação de práticas de Educação Ambiental em empresas

com certificação ISO 14000

Em um trabalho conduzido por Adams (2005), optou-se pela aplicação de um

questionário enviado pela internet a ser respondido pelos responsáveis pela implementação da

EA em empresas que possuem a certificação ISO 14000. Através de um levantamento

chegou-se a 156 empresas que responderiam questões referentes ao tempo de implementação

da EA em seu empreendimento; ao responsável pela EA em relação à sua função, formação e

ao departamento na qual trabalha; à periodicidade de atividades educativas de EA; à

existência de um planejamento específico para a EA; aos resultados das ações educativas de

EA; à existência de material didático pedagógico complementar às ações educativas de EA,

aos aspectos positivos e negativos das práticas educativas realizadas na empresa e aos autores

que fundamentam o trabalho de EA da empresa.

Das 156 empresas contatadas, apenas 17 delas responderam o questionário. Os tipos de

empresas avaliadas foram: rede hoteleira, farmacêutica, química e de tintas, autopeças, infra-

estrutura de telecomunicações, metal-mecânica, equipamentos eletrônicos, cervejaria, usina

hidrelétrica, fábrica de automóveis, de motocicletas, confecção de roupas, têxtil, plásticos,

produção e comercialização de produtos poliméricos.

De acordo com as respostas obtidas, percebe-se uma demanda maior na implantação da

EA devido ao aumento dessa iniciativa em um curto período de tempo nos últimos anos.

Verificou-se que a responsabilidade pela EA fica a cargo de pessoas que ocupam funções de

liderança, em sua maioria, atuando em um departamento específico ligado à Gestão

Ambiental da empresa. A formação desses profissionais estava, em sua maior parte, ligada a

áreas das Ciências Sociais Aplicadas e Exatas, podendo revelar a ausência de estratégicas

pedagógicas apropriadas para a implementação da EA.

Quanto à periodicidade da EA, a maioria das empresas estava distante do ideal. Uma

maior frequência desse processo levaria o empreendimento a alcançar resultados mais

efetivos. A maioria das empresas apresenta um planejamento de EA, fato positivo, uma vez

que o mesmo norteia a ação, indicando objetivos, metas, formas de aplicação, utilização de

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recursos didáticos e avaliação. Quanto aos resultados das ações educativas relacionadas à EA,

as corporações consideraram satisfatórias, indicando que poderiam ser melhoradas, a fim de

atingirem o nível muito satisfatório. A maior parte das empresas utiliza material didático

pedagógico complementar às ações educativas de EA, tais como manuais, cartilhas, folders e

informativos.

Entre os aspectos positivos da EA nas empresas estão: redução do consumo de

insumos; conscientização e envolvimento dos funcionários nas questões ambientais;

preservação ambiental; disciplina e pró-atividade; aumento de sugestões na melhoria de

atividades e produtos; aumento na quantidade de resíduos destinados à reciclagem; maior

comprometimento dos funcionários com o SGA; racionalização dos consumos de energia

elétrica e água; melhoria da imagem da empresa e dos resultados dos programas 3R’s; coleta

seletiva; maior interesse em conhecer/aplicar os procedimentos ambientais e o assunto é

levado ao âmbito familiar; reciclagem do lixo; contribuição para o atendimento da legislação

ambiental; maior integração sociedade/empresa; economia dos recursos naturais da

comunidade; melhoria do clima organizacional por ministrarem palestras nas escolas dos

filhos dos funcionários; maior engajamento dos funcionários como retro-alimentação dada

pelos filhos.

Foram citados como aspectos negativos: disponibilidade de tempo; altos custos;

paradas improdutivas; falta de comprometimento; dificuldade para realização de atividades

em que os funcionários tenham que se ausentar de seus postos de trabalho; escassez de

recursos; difícil mensuração e pouco interesse; dificuldade de reunir todos; e necessidade de

uma EA contínua, caso contrário o sistema se deteriora com o tempo, gerando desconforto,

principalmente devido à ausência de um sistema de suporte como em alguns municípios onde

não existe coleta seletiva.

Quanto aos autores que fundamentam a EA, notou-se uma falta de referência na área.

A base teórica é fundamental para alcançar uma aprendizagem consciente e significativa. As

fontes utilizadas nas empresas pesquisadas são insuficientes no ponto de vista didático-

pedagógico.

4.2. Caso 2 - A Implantação da ISO 14001 e sua contribuição no processo de

Educação Ambiental em uma empresa de petroquímica

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A contribuição dos treinamentos oferecidos durante a implementação da norma ISO

14001 no processo de EA foi objeto de análise em uma empresa do setor petroquímico no

estado do Rio Grande do Sul (FRITZEN & MOLON, 2008). A coleta de dados foi realizada

com o público interno através de entrevistas, documentos e observações. Dividiu-se a análise

em quatro categorias: treinamento, mudança, conscientização e participação. Encontrou-se o

seguinte quadro em relação à primeira categoria: desalinhamento do cronograma de férias e

de parada industrial da área produtiva em relação ao cronograma de implantação da ISO, fato

que gerou uma dificuldade em suprir a ausência de outros funcionários e na conciliação de

atividades rotineiras com as tarefas do processo de certificação; funcionários que alegaram

não haver mais necessidade de treinamentos, representando um grupo com alto grau de

conformidade e de pouco envolvimento com o processo; avaliações de treinamento com alto

grau de satisfação obtida por funcionários de menor nível de escolaridade, situação que pode

representar riscos à implementação do SGA, pois a ausência da demonstração da qualidade do

conhecimento assimilado comprometeria a manutenção das práticas; necessidade de repensar

o instrumento avaliativo dos treinamentos da empresa (questionário), através de uma

complementação do método utilizado; os funcionários da empresa elaboram e ministram

todos os treinamentos do processo de implantação do SGA, o que gera pontos positivos e

negativos; os treinamentos foram expositivos, teóricos, pouco dinâmicos, longos e cansativos,

não permitiram a colocação de opiniões, críticas e troca de experiências.

Na categoria “mudança” foram encontradas as seguintes situações: ausência de

priorização do desenvolvimento de habilidades e atitudes, uma vez que nessa última é

trabalhada questões de conscientização e sensibilização; dificuldade em aceitar mudanças;

alterações na estrutura e modo de trabalho e redução de pessoal.

Em relação à conscientização, pode-se constatar: os treinamentos realizados durante o

processo de implementação da ISO não levaram à conscientização, pois os empregados

esperavam a transformação de algumas práticas da empresa; ausência de práticas de

aprendizagem compatíveis e adequadas para a construção da conscientização; falta de

indicadores que apontem o nível de conscientização dos funcionários; a pequena participação

das gerências e chefias foi considerada uma barreira à conscientização dos demais

funcionários, uma vez que o exemplo e a referência são relevantes na sedimentação de novos

comportamentos; ausência da transformação de atitudes e comportamentos durante o processo

de capacitação.

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Na categoria “participação” houve uma sobrecarga nos funcionários em função da

participação no processo de implantação da ISO e da redução do número de pessoal. O

mesmo grupo de pessoas era convocado para esse tipo de processo, demonstrando a falta de

conhecimento da empresa em relação ao potencial de seus empregados; a alta administração

apresentou um pequeno envolvimento, acarretando em uma deficiência no processo, uma vez

que a decisão de implantação parte desse grupo, além de contribuir para a sobrecarga dos

demais funcionários. Foi constatada uma concorrência entre departamentos, não havendo

preocupação na inter-relação com as demais repartições; centralização de informações a

respeito do processo de implantação da norma para um pequeno número de pessoas; ausência

de um instrumento formal de participação para a valorização da opinião dos empregados e

atendimento de soluções solicitadas e limitações na participação dos empregados em função

de horário de trabalho ou impossibilidade de abandono de posto de trabalho.

4.3. Caso 3 - Práticas de Educação Ambiental em uma empresa de

mineração

Em um estudo elaborado por Carvalho (2008), uma empresa mineradora desenvolveu

uma política de mitigação e compensação de impactos através da realização de um projeto

pedagógico de EA juntamente a um plano de ação. Essa ação deveria contemplar os

empregados da mina, a comunidade escolar do município e grupos comunitários organizados.

As Ecovilas foram adotadas de acordo com o modelo de sustentabilidade comunitária

difundido pela Global Ecovillage Network, na qual é preconizada a sustentabilidade

ecológica (sistemas de reciclagem de resíduos, minimização de consumo e tratamento natural

da água), econômica (circulação equilibrada de recursos e excedente de produção

compartilhado), educacional (aprendizagem e crescimento pessoal valorizados; ensino

voltado a “extrair as virtudes” dos aprendizes), cultural (atividades artísticas e a

coexistência de várias culturas em harmonia), política (tomadas de decisão em conselhos,

prática cotidiana do consenso e cultura participativa), comunicacional (comunicação voltada

para a ampliação do conhecimento; comunicação direta e preferencialmente sem

intermediários na resolução de conflitos), na saúde (integração do conhecimento tradicional

e moderno, prevenção e cuidados básicos com a saúde disponíveis localmente e facilmente

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acessíveis) e espiritual (liberdade de culto e celebração do sagrado, respeito e apoio à

manifestação da espiritualidade em diferentes formas, caminhos e práticas).

A biodança foi implementada nesse projeto para promover, através do despertar da

sensibilidade inata, da incorporação de conceitos, trazendo para o corpo e para as sensações

os princípios ecológicos, de modo a serem expressos nas relações, no movimento e nos

afazeres cotidianos. Essa atividade confere alguns benefícios como: aumento do

discernimento, disposição e serenidade para participar dos processos de transformação

social, buscando a melhoria da qualidade de vida, a conservação ecológica e a justiça social.

Para o público interno foram direcionadas duas propostas: um treinamento

denominado Iniciação Ecológica para os empregados, onde se buscou promover a

alfabetização ecológica e reflexões a respeito da sustentabilidade, dos sistemas integrados de

Gestão Ambiental, da Agenda 21, e da participação individual nos processos de adequação

ambiental da empresa. A segunda era composta por palestras mensais para a linha de

comando do empreendimento, nas quais se explorava a alfabetização ecológica,

gerenciamento ecológico, ecologia industrial, mecanismos de avaliação de sustentabilidade e

estudos de casos bem-sucedidos de empresas que almejam a sustentabilidade operacional.

No âmbito escolar foram desenvolvidos os seguintes processos educativos: curso de

alfabetização ecológica (busca a consolidação do pensamento ecológico aplicado a

professores, supervisores e gestores escolares), oficinas de formação continuada (revisão e

reciclagem de conceitos e práticas para os educadores), oficinas da escola sustentável

(voltado para os funcionários das escolas, enfatizando o uso de energia, água; destinação

correta de resíduos; higiene e estímulo à atividade física), formação de jovens agentes (busca

estimular os jovens à ação social e ecológica através de filmes, música e cultura geral),

cineclube ecológico (exibições de filmes de perspectiva ecológica), acervo de alfabetização

ecológica (doação de livros e filmes para a biblioteca pública) e incentivo a projetos

ambientais nas escolas (apoio técnico e financeiro aos projetos).

No início do trabalho, em 2007, houve uma incerteza quanto à continuidade do

programa por razões financeiras e políticas. Contudo, o mesmo seguiu em execução. A

presença de um profissional de EA é importante para a realização dos trâmites políticos que

garantem a sobrevivência do programa. Outro fator negativo foi a ausência de avaliações em

relação à percepção e comportamento ambiental, para a realização da análise de eficácia das

ações pedagógicas. Os funcionários da área de comunicação e de meio ambiente não

passaram por um processo educativo e parecem não compreender, em sua maioria, o que está

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proposto e o que se realiza com as comunidades de empregados e da área de influência da

empresa.

4.4. Caso 4 - A Educação Ambiental na gestão de estabelecimento de ensino

A publicação de Dias (2006) relata a implementação de um Programa de Educação

Ambiental (PEA) no campus da Universidade Católica de Brasília (UCB) com objetivo geral

de incorporar a dimensão socioambiental nas ações da universidade e o ajustamento de sua

pegada ecológica, em prol da sustentabilidade humana. Para isso, aplicaram-se as seguintes

práticas: acolhida aos calouros (palestra sobre a temática socioambiental e distribuição de

folhetos); ambientação do campus (sugestões de implantação e modificações no campus);

central de reuso (área onde materiais como madeira, sobras de material de construção e

sucatas são depositados, podendo ser reutilizados ou transformados pela comunidade);

coleta seletiva; compostagem (transformação de material vegetal em adubo orgânico);

conservação de energia (redução do consumo por meio da adoção de correções e promoção

do uso racional da energia elétrica); conservação da qualidade sonora (redução de agentes

estressores da qualidade sonora); corpo de voluntários (participação de voluntários em

trabalhos comunitários envolvendo a temática ambiental); encontro de educadores

ambientais do DF (intercâmbio de informações entre profissionais da área); ilha de sucessão

(áreas para o estabelecimento de espécies vegetais locais); parcerias e interações intra e

extra-institucional (interação entre diferentes setores através de palestras, oficinas e

orientações, além da realização de parcerias); preciclagem (iniciativa para o uso

preferencial de produtos que não agridem o meio ambiente); racionalização do uso da água

(difusão de práticas responsáveis de consumo e implantação de medidas de economia da

água) e redução do consumo de combustíveis fósseis (regulagem de motores, calibragem de

pneus e conversão de combustível dos veículos).

De acordo com a análise realizada, a UCB possuía práticas contraditórias aos seus

princípios. A universidade estava poluindo e desperdiçando recursos naturais, destruindo a

vegetação e a fauna nativas, além de outras agressões ao meio ambiente. Para a reversão desse

quadro, o PEA necessitava sensibilizar as pessoas e promover mudanças de hábitos para obter

o desenvolvimento de uma nova cultura de responsabilidade socioambiental, tornando

possível a incorporação da dimensão ambiental em suas atuações, fazendo com que as teorias

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originassem práticas ligadas às suas premissas. Desse modo, diminuindo seu passivo

ambiental, mas difundindo a necessidade de mudanças estruturais na nossa forma de viver

(estilo de vida, modelo de “desenvolvimento”, consumismo, valores e ética).

A promoção das práticas citadas acima conferiu diversos benefícios como a redução do

volume de água e do consumo de combustíveis em 15% cada um, redução de 20% no

consumo de energia elétrica, estabelecimento de 17 espécies vegetais de cerrado através de

processos naturais (ventos, insetos, aves e outros) nas ilhas de sucessão, encaminhamento de

materiais recicláveis e sucata por meio da coleta seletiva e da central de reuso

respectivamente, geração de várias mídias espontâneas no rádio, nos jornais e na TV,

palestras disseminadoras da temática ambiental e do PEA-UCB, em universidades, secretarias

de estado de educação e meio ambiente de vários estados brasileiros e instituições privadas.

5. CONCLUSÃO

O posicionamento das empresas em relação ao meio ambiente vem mudando, seja por

uma medida estratégica para uma melhor adequação às exigências mercadológicas, ou por

conscientização, de forma a interagir de modo mais sustentável com o meio. Dessa forma,

sugere-se que antes da implementação da EA no processo de Gestão Ambiental, a abordagem

ocorra no âmbito teórico, juntamente com a apresentação de práticas onde os funcionários e o

público externo possam visualizar e compreender os possíveis benefícios a serem obtidos,

bem como os impactos negativos que poderão ser evitados. Nesse momento, esse público

deve ser estimulado a contribuir com sugestões a partir do conhecimento das atividades da

organização.

O acompanhamento durante o processo de elaboração, estabelecimento e avaliação das

práticas de EA deve ser realizado por uma equipe especializada, para dar suporte necessário

às atividades e agir corretivamente em eventuais problemas. A análise periódica da

efetividade das práticas torna-se um instrumento importante no processo, pois verifica se o

projeto está atingindo seu objetivo.

Com a implantação da EA na empresa, essas pessoas devem ser comunicadas dos

benefícios obtidos com as ações do SGA, bem como as próximas etapas do processo. O

programa de EA deve ser algo permanente, deixando de ser caracterizado como um evento

esporádico dentro da organização, assim, o tão desejado processo de conscientização pode ser

despertado tanto no público interno como no externo.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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