E MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA · 2019. 12. 10. · 1 INFORMAÇÕES DA UNIVERSIDADE E DA EQUIPE DE...

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www.lapmec.com.br UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS DE SINOP LABORATÓRIO DE AGRICULTURA DE PRECISÃO E MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA - LAPMEC RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE PERDAS NA CULTURA DO GERGELIM Fazenda Malibu, Sorriso-MT Mato Grosso Agosto de 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS DE SINOP

LABORATÓRIO DE AGRICULTURA DE PRECISÃO

E MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA - LAPMEC

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE PERDAS NA

CULTURA DO GERGELIM

Fazenda Malibu, Sorriso-MT

Mato Grosso

Agosto de 2019

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INFORMAÇÕES DA UNIVERSIDADE E DA EQUIPE DE TRABALHO DO

LABORATÓRIO DE AGRICULTURA DE PRECISÃO E MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA -

LAPMEC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – CAMPUS DE SINOP

CNPJ: 33004540/0001-00

Endereço: Av. Alexandre Ferronato, 1200 Bairro: Setor Industrial Norte

CEP: 78.557-267 Cidade: Sinop/MT

Laboratório de Agricultura de Precisão e Mecanização Agrícola - LAPMEC

Contato: www.lapmec.com.br (66) 3533-3110 [email protected]

Professores Diego Augusto Fiorese – [email protected] (66) 9.9908-0267

Thiago Martins Machado – [email protected]

Estudantes de graduação envolvidos nesse trabalho:

Aline C. M. Ramos; Alyson E. S. Pereira; José H. Broch de Pelegrin; e Frederico Mota Cervo

Empresa parceira e apoiadora: AgroForte Agronegócios, compra e venda de cereais – Sorriso-MT.

LAPMec

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1 INTRODUÇÃO

A cultura do gergelim, cultivar Trebol, possui fruto do tipo cápsula deiscente (que se abre ao

atingir a maturidade), seus grãos são pequenos com o peso médio de 1.000 grãos/sementes (PMS)

de 3 g e diâmetro variando entre 1 e 2 mm.

A deiscência e o pequeno tamanho do grão, são características que provocam altos valores

de perdas naturais e também perdas durante a operação de colheita. Quando chega o momento de

colher, já observa-se grãos de gergelim caídos no chão devido a abertura natural das capsulas. No

que diz respeito a mecanização da colheita, há inúmeros cuidados e ajustes que devem ser

realizados nas máquinas automotrizes a fim de reduzir as perdas.

Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar a avaliação de perdas de grãos de gergelim em

uma fazenda do município de Sorriso-MT. Foi possível avaliar o valor de perdas na plataforma mais

naturais, perdas dos mecanismos internos da máquina e perdas totais.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Lavoura e máquina utilizada

A área de 10 ha pertence a Fazenda Malibu localizada no município de Sorriso-MT, a qual

estava com a cultivar Trebol (deiscente), onde observou-se alta incidência de capsulas abertas após

maturação (Figura 1). Os dados foram coletados em campo no dia 01/07/19 durante a colheita. A

colhedora utilizada era uma John Deere 9750 STS com plataforma 30 pés com caracol (Quadro 1).

Quadro 1. Especificações básicas da colhedora e configurações utilizadas na colheita do gergelim.

Marca modelo John Deere 9750 STS

Plataforma 630F - 30 pés caracol

sem adaptações

Rotação de rotor (rpm) 520

Rotação de ventilador (rpm) 590

Rotação de acionamento da plataforma (rpm) 480

Velocidade de trabalho (km/h) 9,6

Côncavo Fechado

Molinete 6 barras, original

Figura 1. Detalhe focado em um caule de gergelim onde observa-se as pontas das capsulas maduras

e abertas devido a deiscência. Fator natural da cultura (cv. Trebol) que potencializa as perdas de

grãos antes e durante a colheita.

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As figuras a seguir representam imagens da colhedora e componentes durante a colheita. A

máquina não tinha nenhum tipo de adaptação especifica para o gergelim, foi apenas regulada a

partir dos próprios componentes originais, como fechamento de peneiras, fechamento de côncavo e

ajuste de rotação de rotor e ventilador.

Figura 2. Colhedora John Deere STS 9750 utilizada na colheita do gergelim CV Trebol. Fazenda

Malibu, Sorriso-MT.

Figura 3. Detalhes da plataforma de corte (30 pés) onde observa-se alto volume de grãos soltos, os

quais são resultado da deiscência da cultura juntamente com impacto dos mecanismos móveis da

plataforma. O molinete estava com todas as seis barras condutoras (original).

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Figura 4. Visualização da plataforma durante a colheita, onde é possível perceber grãos de gergelim

soltos, fora da capsula impulsionados pelo impacto na máquina.

Figura 5. Visualização da parte superior da plataforma e do canal alimentador, após colheita de 10

ha. Novamente observa-se grande volume de grãos perdidos.

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2.2 Metodologia para avaliação das perdas

Devido ao andamento dos trabalhos da fazenda, foi possível avaliar as seguintes perdas de

grãos: (I) Perdas naturais + perdas de plataforma; (II) Perdas dos mecanismos internos (picador e

peneiras); (III) e perdas totais.

(I) Perdas naturais mais perdas de plataforma: Para avaliação desta, devido ao movimento

dos mecanismos da plataforma, utilizou-se de um gabarito quadrado fechado com tecido tipo ráfia

medindo 0,5 m2 (Figura 1). Este gabarito foi lançado manualmente imediatamente após a passagem

da máquina, entre a plataforma e pneus traseiros da máquina. Assim, o que ficou abaixo do tecido

fora contabilizado como grãos caídos naturalmente (antes da colheita) mais perdas de plataforma.

(II) Perdas dos mecanismos internos: O que ficou em cima do tecido era material que saiu de

dentro da colhedora, como palha e pequena quantidade de grãos. Não houve tempo hábil para

quantificar as perdas naturais devido a área ser pequena e colhida em poucas horas.

(III) Perdas totais: As perdas totais foram obtidas pela soma entre as duas anteriores (I e II).

Figura 6. Gabarito quadrado (0,5 m2) com tecido de rafia, utilizado durante a colheita do gergelim.

Na Figura 7 verifica-se a coleta feita com aspirador portátil, para garantir a coleta de todos

os grãos caídos na superfície. Não recomendamos esse método pois observou-se grãos quebrados

devido a passagem pelo sugador mecânico de aspiração. Varredura superficial é mais confiável.

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Figura 7. Coleta de material superficial em 0,5 m2, objetivando recolher todos os grãos caídos no

solo a partir de um aspirador portátil.

Figura 8. Coleta via aspiração mecânica de todo material superficial, incluindo palha, grãos, solo

solto e partículas de adubo, para posterior separação em laboratório.

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O material bruto que foi enviado para o laboratório da UFMT Campus de Sinop, foi

separado por peneiras (Figura 7) com malhas de 4,75; 2,36; 2,00; 1,18; e 0,60 mm. Os grãos

ficaram retidos em sua grande maioria na peneira 1,18 mm, porém ainda com impurezas como

pequenos detritos de palha, sementes de plantas daninhas, pequenos torrões de terra e grânulos de

adubo. Após peneiramento, retirou-se as impurezas que ainda permaneceram com os grãos,

utilizando-se de um ventilador e separação manual.

Figura 9. Separação do material coletado em peneiras.

Determinou-se a umidade (b.u.) com o método da estufa a 105°C por tempo aproximado de

48 horas (até massa constante). Ainda, mediu-se o peso hectolitro com medidor de bancada modelo

Agrologic AL 101 (Figura 8).

Figura 10. Medidor de umidade portátil e determinador de peso hectolitro Agrologic AL-101.

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3. RESULTADOS

No Quadro 2, tem-se os valores de perdas de grãos de Gergelim CV Trebol na Fazenda

Malibu em Sorriso-MT. As perdas chegaram a 299 kg/ha, equivalente a quase 42,8% com base na

soma da produtividade obtida mais as perdas, soma essa que resulta em um potencial produtivo

daquela lavoura equivalente a 700 kg/ha. Estratificando o percentual de cada local avaliado, ou seja,

natural + plataforma (A) e mecanismos internos (B), percebe-se que o maior valor foi da primeira

com 283,7 kg/ha. As perdas dos mecanismos internos, representaram 5,2% de toda a perda, tendo-

se apenas 15,4 kg/ha. A maior intervenção mecânica deve ser dada na plataforma da máquina, assim

como também deve-se se dar atenção ao manejo da dessecação e época da colheita. Ainda não é

possível afirmar qual a melhor umidade do grão para a colheita, porém, há uma maior propensão a

redução de perdas ao colher com a planta mais verde.

Quadro 2. Resultados obtidos referentes as perdas na colheita do gergelim. Sorriso-MT.

(kg/ha) % do total % de cada perda

Produtividade da lavoura 400 - -

Peso hectolitro (kg/Hl) - kg/100L 63,60 - -

(A) Perdas naturais + perdas de plataforma 283,7 40,6 94,8

(B) Perdas mecanismos internos da colhedora 15,4 2,2 5,2

(C) Perdas totais (A + B) 299,1 42,8 100,0

Potencial da lavoura (produtividade + perdas) 699 100,0 - Umidade (b.u.) dos grãos perdidos, medido em estufa = 3,33%. Essa umidade não representa os grãos

colhidos (do graneleiro), pois os grãos caídos são os mais secos e mais propensos a perda.

*Valores de perdas considerando umidade dos grãos corrigida para 5%.

Por falha da equipe de coleta, não foi retirada amostra de grãos do graneleiro da colhedora,

ou seja, o grão efetivamente colhido. A amostra recolhida foi retirada da plataforma da máquina,

(Figura 5). Esses grãos estavam com apenas 3,33% de umidade (b.u.), significando que estavam

abaixo do valor tido como referência para armazenamento, que é de 5%. Assim, também houve

perda de peso devido a baixa umidade do grão.

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4. CONCLUSÕES

As perdas do gergelim foi da ordem de 42,8% sendo que deste número, apenas 5% foram

observados nos mecanismos internos da máquina. A atenção maior deve ser focada na plataforma e

no manejo pré-colheita, já que a soma da perdas de plataforma com perdas naturais, foi de 95%.

A lavoura teve produtividade de 400 kg/ha, e o que foi perdido equivaleu a 300 kg/ha. A um

valor comercial médio de R$3,50/kg, tem-se portanto uma perda monetária de R$ 1050 por hectare.

Por fim, conclui-se que é de grande relevância realizar estudos mais detalhados sobre ajustes

mecânicos para colheita mecanizada com máquinas automotrizes, bem como avaliar técnicas de

manejo focados em dessecação da cultura e umidade ideal do grão para colheita.