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DULCE MARIA DE PAIVA FERNANDES
INTRODUÇÃO AO PROCESSO CERÂMICO
Texto produzido para os Cursos de Formação de Micro Empresários e Técnicas de Decoração e Decalques para a Indústria de Cerâmica de Campo Largo, promovido pelo SERT-PR e executado pela UFPR.
Campo Largo1999
HISTÓRICO
Cerâmica é uma palavra que vem do grego "Keramikós" e designa todo o grupo de
produtos resultantes da cocção de argilas, agregadas ou não a outros componentes.
Segundo a Associação Brasileira de Cerâmica, "materiais cerâmicos" ou
"cerâmicas", compreendem todos os materiais inorgânicos ou não metálicos de
emprego em engenharia (materiais de construção em engenharia) ou produtos
químicos inorgânicos (excetuados os metais e suas ligas), que são utilizáveis
geralmente após tratamento em temperaturas elevadas.
A argila é um material natural terroso de granulação fina que geralmente adquire,
quando umedecido com água, certa plasticidade. As argilas são formadas
essencialmente por silicatos hidratados de alumínio, ferro e magnésio, denominados
argilominerais, (ver: SOUZA SANTOS, 1989).
O campo que compreende os produtos cerâmicos é muito vasto, abrangendo desde
as cerâmicas tradicionais, incluindo as técnicas e as avançadas. Alguns autores
classificam as cerâmicas em tradicionais e técnicas, outros em tradicionais, técnicas
e avançadas, incluindo o vidro como material cerâmico. A classificação adotada
neste texto está mais relacionada à temperatura de cocção, (ver: NORTON, 1975). A
figura 2 aponta outra classificação também interessante, usando como critério a
porosidade que o material apresenta, e que auxilia particularmente o entendimento
das cerâmicas utilizadas para confecção de louça de mesa.
CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS CERÂMICOS
O campo dos produtos cerâmicos é muito vasto indo desde o grupo de produtos
cerâmicos tradicionais (terracota - tijolos, telhas, manilhas, vasos), o grupo de
produtos cerâmicos técnicos (faiança, grês e porcelana - louça de mesa, sanitários,
peças decorativas e utilitárias), até o grupo de produtos cerâmicos avançados
(porcelana dentária, próteses, naves espaciais, blocos de motores, componentes
para informática, entre outros).
Enquanto no primeiro grupo são utilizadas argilas, individualmente ou combinadas,
no segundo grupo já são combinadas várias matérias primas naturais, como as
argilas, as areias (quartzo / sílica), os feldspatos e os carbonatos. No terceiro grupo
recorre-se aos óxidos puros, aos nitretos, carbonetos, entre outros.
Tipos Usostijolos / telhas
Tradicional tubos / manilhasvasos / objetos decorativos
Louça natural (vermelha) louça de mesaLouça / Faiança Louça Fina (calcítica) louça de mesa / objetos
Louça semi-vítrea (fedspática)
louça de mesa / objetos
Grês Natural louça de mesaGrês Fino louça sanitária
Grês Grês VítreoTécnica Grês Jaspe
Grês Basáltico
Porcelana de Hotel louça de mesa com espessura grossa
Porcelana Doméstica louça de mesa com espessura normal
Porcelana Porcelana de Ossos louça de mesa com espessura finaPorcelana res. à chama panelas/ travessasPorcelana Elétrica componentes elétricos
caixa de motores / talheresAvançada revestimento de naves espaciais
próteses ósseas e dentariascomponentes eletrônicos
Figura 1 – Tipos de Cerâmica e alguns usos
1) CERÂMICA TRADICIONAL
A cerâmica tradicional corresponde às telhas e tijolos, bem como objetos decorativos
e utilitários, utilizados primitivamente.
TERRACOTAS
Confeccionados com uma ou mais (normalmente duas) argilas de coloração
vermelha, castanha ou amarelada, com alto teor de ferro em sua composição
mineralógica.
Este tipo de cerâmica sofre cocção a temperaturas relativamente baixas, entre 950°
C e 1050° C. Pode-se ainda afirmar que são produtos porosos, queimados a baixa
temperatura, com baixa resistência mecânica, pelo que apresentam paredes mais
espessas. Apresentam contrações variadas mas não muito elevadas, como 3 a 5%.
2) CERÂMICA TÉCNICA
A cerâmica técnica corresponde às faianças, ao grês, às porcelanas, utilizados na
produção de louça de mesa, pisos e revestimentos, louça sanitária, e inclusive
produtos mais técnicos como componentes elétricos, louça para fogo direto, entre
outros.
FAIANÇAS
As faianças apresentam porosidade elevada, são queimadas a temperaturas baixas
a médias, com resistência mecânica também baixa. Podem ser classificadas como
calcíticas ou calcáreas, quando utilizam como fundente auxiliar a calcita ou a
dolomita, ou feldspáticas quando utilizam como fundente o feldspato. Sua
temperatura de queima varia entre 1050° C a 1100°C para as calcíticas e 1100° C e
1250° C para as feldspáticas. É porosa, e sua resistência mecânica não é elevada.
Sua coloração varia entre creme até branco. Podem receber argilas e agentes
branqueadores, ou ainda argilas vermelhas, o que caracterizaria uma faiança
vermelha. As contrações das peças entre cru e queimadas variam de 3 a 7 %. São
utilizadas em louça de mesa, objetos decorativos e em azulejos.
GRÊS
O grês utilizado para louça, pisos, revestimentos e louça sanitária, é normalmente
composto por argilas, quartzo e feldspato. Existem muitas variações de composição.
Sua característica básica é nunca ser branco, apresentar baixíssima porosidade,
chegando a ser nula, e possuir uma elevada resistência mecânica. A temperatura de
cocção varia conforme a composição e pode estar entre 1100° C a 1300° C.
Apresenta contrações variadas entre 5 e 15%.
PORCELANA
A porcelana é muito utilizada para louça utilitária e decorativa, componentes
elétricos, próteses dentárias, entre outros.
É composta basicamente por argilas, caulins, quartzo e feldspato. Sua principal
característica é ser muito branca e até translúcida, com porosidade nula, e elevada
resistência mecânica. A temperatura de cocção encontra-se na faixa de 1230° C a
1400°C.
Sua contração é elevada variando entre 8 a 16-20%.
REFRATÁRIOS
Existem ainda os refratários, que são obtidos a partir de materiais naturais ou
artificiais, capazes de suportar temperaturas elevadas sem se deformarem
acentuadamente. São usados em revestimentos e mobílias para fornos ou outros
usos que demandem resistência termo-mecânica de uso, em torno de 1450° C. A
temperatura de cocção também é feita em temperaturas elevadas.
Constituído por argilas refratárias (que resistem a temperaturas elevadas), chamotes
(argilas queimadas e moídas), alumína, quartzo, e outros componentes. Tem
elevada resistência mecânica.
3) CERÂMICAS AVANÇADAS
As cerâmicas ditas avançadas são aquelas usadas em produtos manufaturados de
alta tecnologia, como componentes aeroespaciais, eletrônicos, biomédicos,
automotivos, entre outros. São obtidas a partir de matérias-primas puras,
normalmente sintéticas, conformadas, sinterizadas (vitrificadas) e tratadas em
condições rigidamente controladas a fim de adquirirem propriedades superiores.
Apresentam porosidade nula, elevadíssima resistência mecânica, e queimas a
elevadas temperaturas (figura 1 e 2).
Produtos Cerâmicostijolos / telhas
Cerâmica vermelha
vasos / objetos decorativos
Louça natural (vermelha) louça de mesaPorosos Louça / Faiança Louça Fina (calcítica) louça de mesa / objetos
Louça semi-vítrea (feldspática)
louça de mesa / objetos
Grês Natural louça de mesaGrês Fino louça sanitária
Grês Grês VítreoGrês Jaspe
Não Porosos
Grês Basáltico
Porcelana de Hotel louça de mesa com espessura grossa
Porcelana Domestica louça de mesa com espessura normal
Porcelana Porcelana de Ossos louça de mesa com espessura finaPorcelana res. à chama panelas / travessasPorcelana Elétrica componentes elétricos
Figura 2 – Classificação dos produtos cerâmicos conforme sua porosidade
MATÉRIAS PRIMAS
A cerâmica é um material decorrente de matérias-primas que foram moldadas e
mantiveram suas formas após a queima. Para tal necessitam ter em sua
composição, componentes que sejam:
a) plásticos, para permitir a moldagem,
b) ligantes, para que mantenham a forma antes e após a queima,
c) estruturais, para que originem um produto com resistência adequada.
Algumas matérias-primas possuem os componentes plásticos, ligantes e estruturais
necessários e isoladamente produzem cerâmicas de qualidades variáveis. Outras
matérias-primas apresentam características isoladas e para produzir cerâmica
devem ser utilizadas combinadas, formando uma massa.
Normalmente as matérias-primas empregadas nas cerâmicas tradicionais ou
vermelhas são utilizadas isoladas, pois apresentam as três características
necessárias à produção de uma cerâmica estrutural de baixa temperatura.
Já as cerâmicas técnicas e avançadas são resultantes da utilização de várias
matérias-primas, podendo apresentar predominância em uma ou outra das
características básicas em função do produto final desejado. Desta forma torna-se
possível “projetar” uma massa cerâmica.
As matérias-primas apresentam-se a céu aberto ou em formações subterrâneas.
Como são decorrentes de formações naturais possuem variações de composição ao
longo das formações. Trabalhar com diversidade de matérias-primas, com
características semelhantes, formulando uma massa, permite às empresas
cerâmicas maior flexibilidade de custos e produção além de maior garantia de
qualidade.
Para a formulação de um produto cerâmico, podem-se dividir as matérias-primas
que compõem a cerâmica em plásticas e não plásticas (ligantes/fundentes e
estruturais). Mas mesmo entre as matérias-primas plásticas existem variações
importantes que afetam profundamente as características globais da massa e do
produto final.
A) MATÉRIAS PRIMAS PLÁSTICAS
As matérias primas plásticas são o principal componente dos produtos cerâmicos
por serem facilmente moldáveis ao receberem a adição de água. Estas são as
argilas, constituídas por argilominerais.
As características básicas das argilas que constituirão o material cerâmico são
textura terrosa e baixa granulometria. Plasticidade é a capacidade do material, em
contato com uma quantidade limitada de água, moldar-se e manter esta forma. A
dificuldade da adoção plena dessa definição é existirem argilas que não apresentam
plasticidade, embora tenham os outros atributos de argila, por exemplo, as argilas
tipo "flint" (uma argila dura e altamente refratária).
Por plasticidade, entende-se de modo amplo a propriedade do material úmido ser
moldado/deformado sem se romper, através da aplicação de uma tensão, e
permanecer moldado/deformado quando a tensão é retirada.
A plasticidade de uma argila é variável em função de sua composição. As argilas
são constituídas essencialmente por argilominerais podendo conter materiais que
não são considerados argilominerais (calcita, dolomita, gipsita, quartzo, aluminita,
pirita e outros), matéria orgânica e outras impurezas.
A granulometria também define um material argiloso, a granulometria de uma argila,
denominada "fração argila", corresponde a um diâmetro de partículas inferior a 2μm.
Isto porque pesquisas mostraram que os argilominerais concentravam-se nesta faixa
inferior a 2μm, e que os "não-argilominerais", estão geralmente ausentes na fração
de diâmetro inferior a 2μm. Desta forma, uma separação nas frações acima e abaixo
de 2μm é a melhor maneira de separar qualitativa e, em certos casos,
quantitativamente os argilominerais dos não argilominerais (ver: SOUZA SANTOS,
1989).
As argilas, em geral, são transportadas no decorrer dos anos por ventos e água e
encontram-se em depósitos secundários, o que as torna muito finas e com grande
quantidade de matéria orgânica, além de lhes conferir coloração diversa.
Os caulins são argilas que se encontram em depósitos primários, porque ficam no
lugar onde foram formados por desagregação de rochas feldspáticas. Apresentam-
se extremamente brancos e puros, sem matéria orgânica, e seus grãos são mais
grossos.
B) MATÉRIAS PRIMAS NÃO PLÁSTICAS OU DURAS
As matérias-primas não plásticas ou duras, presentes em um corpo cerâmico são
basicamente a sílica (estrutural) e o feldspato (fundente), existindo uma série de
outros como a calcita, dolomita, etc. A sílica tem no quartzo o componente principal
que pode existir sob a forma de cristobalita ou tridimita. Por ação do calor estas
formas podem transformar-se umas nas outras. A 573° C o quartzo α transforma-se
em quartzo ß. Esta transformação é acompanhada por um aumento de volume
considerável.
Numa massa cerâmica, a função da sílica é funcionar como “esqueleto”, evitando
contrações excessivas na secagem e queima, controlando também sua dilatação,
propiciando uma melhor adaptação massa-vidrado, e evitando o "craquelet" (trincas
no vidro, causadas por dilatação da massa). Na formulação de massas líquidas,
barbotinas, tem também a importante função de facilitar a defloculação.
O feldspato é um silicoaluminato de potássio ou sódio, respectivamente chamado
ortodasio e albita. Os feldspatos sódicos fundem a temperaturas superior a 1100° C,
e os feldspatos potássicos a temperaturas superiores a 1200° C e são utilizados
como aglutinadores (ligantes) dos outros componentes de uma massa de alta
temperatura. Contribuem para a formação de um vidro no interior da mesma, ou
seja, para o processo de sinterização, que aumenta a resistência mecânica das
peças. Por isso é chamado fundente, sendo utilizado em massas semi-porosas,
como na faiança, no grês e na porcelana.
A calcita é um carbonato de cálcio (CaCO3) e a dolomita um carbonato de cálcio e
magnésio. Ambos são fundentes, sendo que a calcita influencia a dilatação da
massa e facilita o acordo massa-vidrado, minimizando o "craquelet".
Chamotes são argilas queimadas à temperatura igual ou superior à da massa e
posteriormente moídas, podendo ser incorporadas na massa sem qualquer risco, já
que se tornam inertes. Não reagem com outros componentes da massa, nem
modificam a sua dilatação, servindo como estrutura, além de desengordurantes e
controladores do choque térmico.
MATÉRIAS PRIMAS REGIONAIS, E SUA UTILIZAÇÃO EM MASSAS CERÂMICAS
O Brasil é um país extremamente rico em reservas mineralógicas, distribuídas com
diversidade por todas as suas regiões.
Historicamente as indústrias cerâmicas sempre se instalaram próximas a barreiras,
ou seja, aos depósitos de argilas e matérias-primas, pois o custo de transporte
sempre foi alto. Com a construção de estradas e a maior facilidade de transporte,
principalmente nos anos 70, as distâncias deixaram de representar um impedimento
à localização de uma indústria cerâmica. As empresas dos pequenos pólos que
haviam surgido em função desta condição começam a buscar matérias-primas de
melhor qualidade, ou mesmo a menores custos, em outras localidades,
abandonando muitas vezes, as possibilidades regionais.
Isto é o que vem ocorrendo na Região Metropolitana de Curitiba aonde, apesar das
potencialidades mineralógicas, as empresas chegam a trazer matérias-primas de
outros estados, como da Paraíba e Piauí, no nordeste do país, distante à
aproximadamente 5000 Km. Entretanto, a região é abundante em minérios e argilas
adequados à produção de cerâmicas de alta qualidade, mas pode ser considerada
carente na extração dos principais insumos minerais de boa qualidade, como no
caso da argila e do caulim. Esta carência não deve ser creditada à falta de jazidas
ou ocorrências, já que o estado do Paraná possui ambiente geológico extremamente
favorável à formação destes depósitos, mas sim à falta de pesquisas geológicas
direcionadas para estes insumos, além da falta de caracterização tecnológica das
matérias-primas exploradas.
Poucos estudos e pesquisas são realizados, apesar dos esforços de empresas
estatais, como a Mineropar, que realiza levantamentos e aponta potencialidades em
todo o estado do Paraná.
Um dos fatores limitadores ao uso de materiais regionais está ligado ao fato da
coloração cerâmica almejada para a produção de produtos de uso doméstico ser a
mais próxima ao branco, em função da facilidade de aplicação de vidrado em vários
tons, bem como o preconceito vigente que associa a cor à qualidade. Cor clara tem
boa qualidade e cor escura pior qualidade. Descartam-se as argilas de coloração
após queima, amarelada, vermelha e marrom em favor das de tonalidade branca,
creme e cinza claro.
Com relação ao processamento, as empresas buscam argilas ou materiais cuja
facilidade de obtenção e beneficiamento tenha baixo custo e possa ser feita usando
equipamentos simples. Na produção, predominam as técnicas de enchimento e
torno, sobre molde de gesso, que requerem níveis de retração e deformação baixo
que minimizem problemas de controle de tolerâncias dimensionais, já que o custo de
energia, despendida na queima, afeta consideravelmente o preço final do produto.
Também buscam materiais que vitrifiquem com queimas em temperaturas baixas.
Usar argilas de outras regiões, dentro de padrões já testados, tem sido uma saída
aparentemente lucrativa para as empresas da região.
Outro ponto que vem desfavorecendo a utilização de matérias-primas locais é que
atualmente no Brasil a maior parte das pesquisas voltadas para o material cerâmico
estão dirigidas à cerâmica avançada. O estudo e a pesquisa voltada ao segmento de
cerâmica dita tradicional (estrutural, branca e refratária), é quase inexistente, (ver:
BERG, 1995). Considera-se relevante que 85% dos trabalhos apresentados no
Congresso Brasileiro de Cerâmica, em 1993, estavam voltados para a cerâmica
avançada. Este quadro permanece aparentemente inalterado nos últimos anos.
ExtraçãoEstocagem
Moagem a secoDosagem
Moagem a úmidoSecagem
Extrusão
Líquida Seca Plástica
Enchimento Prensagem Torno Prensagem
Secagem
Biqueima Monoqueima
Queima do biscoito
Vidro Vidro
Queima do vidro Queima do vidro
PROCEDIMENTOS GENÉRICOS TRADICIONALMENTE UTILIZADOS NA TRANSFORMAÇÃO DAS ARGILAS EM PRODUTOS CERÂMICOS
A produção de artefatos em cerâmica data de aproximadamente 7000 anos, sendo
uma das mais antigas no mundo. E, apesar do avanço tecnológico que aponta o
material cerâmico como um material do futuro, ainda hoje se utilizam basicamente
formulações e métodos desenvolvidos a cerca de 300 anos atrás, com pouco
controle projetual dos produtos.
1. Preparação das Matérias Primas
2. Pré Moldagem/ Conformação
3. Vidro/Decoração
4. Queima
Figura 3 – Processo Produtivo em Cerâmica
Nos últimos anos, alguns centros de pesquisa vêm desenvolvendo novas
tecnologias com e para cerâmica, tanto no campo químico quanto eletro-mecânico,
visando uma maior e melhor aplicação deste abundante material. Entretanto, os
processos tradicionais são ainda largamente utilizados nas tradicionais indústrias de
louça de mesa, figura 1.3.
1) PREPARAÇÃO DAS MATÉRIAS PRIMAS
As matérias-primas são extraídas e normalmente armazenadas em depósitos
cobertos. Caso o depósito seja a céu aberto haverá o que se chama
envelhecimento, ocorrendo alterações que deverão ser consideradas após o período
de um ano, por exemplo.
Para formular uma boa massa é necessária uma boa homogeneização dos
componentes. A moagem das matérias-primas rijas a fim de reduzir o tamanho do
grão, bem como efetuar uma peneiração para eliminar impurezas, facilitará a
homogeneização.
Os minerais das argilas constituintes de uma massa são formados por partículas de
tamanhos muito pequenos (2μm) e por isso não necessitam de moagem. Entretanto,
estes podem ser obtidos em grandes torrões duros e necessitam de redução de
tamanho, o que poderá ser feito através do uso de moinhos de mandíbulas, moinhos
de martelo e mós de pedra. Posteriormente, podem ser desagregadas em um turbo-
diluidor, em que se adiciona argila e água. Algumas fábricas adicionam à mistura um
defloculante para facilitar a diluição.
As matérias-primas rijas como o quartzo, feldspato, calcita, dolomita e chamote,
entre outros, necessitam de moagem elaborada que pode ser feita a seco ou a
úmido. Normalmente são empregados moinhos de bolas, que são cilindros rotativos
forrados em material cerâmico ou mesmo cilindros cerâmicos. Estes cilindros
recebem uma carga de "bolas", (normalmente cerâmicas), e o material a ser moído,
e água caso a moagem seja a úmido. A quantidade de bolas e material a moer deve
ser cuidadosamente dimensionada para que a moagem seja eficiente, ou seja, para
que seja moída uma maior quantidade em um menor tempo. A velocidade de
rotação do moinho também influi na eficiência da moagem, figura 1.4.
Quantidade de Material e Quantidade de Esferas
correto
errado Velocidade de Moagem
Centrifugação- velocidade excessiva- não há moagem
Catarata- velocidade elevada- moagem ineficiente
Cascata- velocidade correta- moagem máxima
errado
errado
Figura 4- Moinho de Bolas - cargas, proporções e velocidades de uso
A peneiração é realizada após a diluição e a moagem e tem como objetivo reter
partículas indesejáveis na massa, além de garantir um tamanho de partículas
homogêneo. As telas das peneiras normalmente são apresentadas na unidade
"mesh", representada por "#" que corresponde ao número de orifícios, existentes em
um segmento de reta correspondente a uma polegada (2,54 cm).
A preparação da massa é geralmente feita por via úmida, utilizando grandes
quantidades de água que devem ser removidas antes do processo de conformação.
A desumidificação é feita em filtro-prensa, se o percentual de umidade desejado for
em torno de 20%, ou em atomizadores, se o percentual de umidade desejado não
puder ultrapassar os 5%, para prensagem a seco.
Figura 5 - Esquema de uma Filtro Prensagem
A filtro prensagem, figura 5, consiste na injeção de barbotina (massa líquida), em
cavidades planas revestidas de telas filtrantes. A água sai pela parte inferior da
prensa, enquanto as partículas de massa enchem as cavidades. Obtêm-se assim,
vários "discos" ou "bolachas" de massa, com uma umidade que depende da pressão
e do tempo de filtro-prensagem. A filtro-prensagem pode ser dificultada caso as
partículas de determinada matéria-prima sejam demasiadamente finas e vindo a
necessitar de uma tela mais fechada capaz de retê-las.
Filtro-prensa
Injeção do material
Prensagem
Abertura do filtro-prensa
Desmoldagem
Figura 6 - Esquema de um Atomizador
Na atomização, figura 6, a massa é introduzida numa câmara cilíndrica de pequenos
orifícios, sendo pulverizada no sentido ascendente. Na parte inferior é introduzida
uma massa de ar quente que vai secando os grãos da massa. A atomização é
utilizada normalmente em fábricas de pavimento e revestimento, mas nas indústrias
de louça de mesa ainda é pouco utilizada.
Atomizador
Injeção do material
Injeção de ar quente
Formação dos grãos
Saída do material
Figura 7 - Esquema de uma Extrusora
Na preparação de massas por via plástica, figura 7, é necessário uma
homogeneização completa para que o percentual de umidade seja constante em
qualquer ponto da massa e não ocorram bolhas de ar. Para isso são utilizadas
extrusoras (fieiras de vácuo), também conhecidas como "marombas", em que a
massa é misturada numa primeira câmara, passando por uma zona de vácuo e
saindo por uma matriz que determinará a forma dos "charutos", estes poderão ter
diâmetros diversos, caso sejam cilíndricos ou possuam outras formas em sua seção
transversal.
Extrusora
Colocação do material
Homogeneização e compactação do material
Extrusão
Tarugo/Charuto
2. FORMULAÇÃO DE UMA MASSA PARA A PRODUÇÃO DE LOUÇA
a) MASSAS PARA FAIANÇA
As massas para faiança são constituídas por materiais argilosos e por materiais não
argilosos ou duros. Os materiais argilosos representam normalmente 50 a 60% de
uma massa, sendo os 50 a 40% restantes formados pelos materiais duros.
Dos materiais duros, o mais importante é a sílica (quartzo / areia moída) que entra
na composição com um percentual entre 30 e 40%.
Os outros componentes não argilosos são a calcita (carbonato de cálcio) ou a
dolomita (carbonato de cálcio e magnésio) e o feldspato (aluminosílicato de cálcio,
de potássio, de sódio ou de lítio) que entram em percentagens entre 10 a 15 % e o
chamote (caco moído de peças biscoitadas rejeitadas) que pode chegar a 5%.
Os materiais duros devem sofrer uma operação de moagem, para poderem entrar
na composição da massa, enquanto os argilosos, como são constituídos de
partículas muito finas, apenas necessitam ser desagregados e passados em
peneiras, geralmente duas, com malhas 100 e 120 # (mesh).
b) DILUIÇÃO DOS MATERIAIS ARGILOSOS
As matérias primas argilosas chegam à fábrica úmidas, com umidade variável. Por
este motivo e para que a massa se mantenha constante, apesar desta variação, é
necessário saber exatamente qual é o % de umidade de cada carga antes de diluí-
la.
Para determinar este percentual de umidade deve-se proceder da seguinte forma:
Pesam-se 0,5 Kg de cada uma das matérias primas e colocam-se as amostras para
secar em estufa. Depois de secas pesa-se novamente e registram-se os valores obtidos para cada uma delas, em quadro do seguinte tipo:
Matéria Prima Peso úmido Peso seco % de umidade Data
Argila A 500 g 468g 6,4 09/03
Argila B 500 g 420g 16 09/03
Calcula-se o % de umidade conforme o seguinte:
(peso úmido - peso seco) X 100
peso úmido
Conhecido o % de umidade das matérias primas argilosas faz-se correções da carga
para compensação desta umidade.
c) CORREÇÕES DA CARGA PARA COMPENSAÇÃO DE UMIDADE
Tem-se sempre uma formulação de massa expressa em % de material seco.
Suponhamos que essa formulação seja a seguinte, e cada carga é de 1500 Kg:
Materiais Fórmula Carga de materiais secos
Argila A 30% 450 Kg
Caulim K 28% 420 Kg
Areia moída 30% 450 Kg
Calcita moída 12% 180 Kg
Como os materiais não estão secos, com exceção da areia e da calcita é necessário
fazer as correções. Para o que se faz o seguinte:
- Acerto da carga da argila A:
A argila A tem 6,4% de umidade o que significa que em 100Kg desta argila há 93,6
Kg de argila seca e 6,4% de água.
Na composição proposta são necessários 450 Kg desta argila, portanto:
100 Kg de argila úmida - 93,6 Kg de argila seca
X de argila úmida - 450 Kg de argila seca
X = 480,7 Kg
Ou seja, deverá ser pesada 480,7 Kg de argila úmida que será equivalente a 450 Kg
de argila seca.
Feitos todos os cálculos prepara-se a seguinte tabela:
Materiais Fómula Carga seca – 1500 Kg %
umidade
Carga
úmida
Argila A 30% 450 Kg 6,4 481 Kg
Caulim K 28% 420 Kg 16,0 500 Kg
Areia moída 30% 450 Kg 0,0 450 Kg
Calcita moída 12% 180 Kg 0,0 180 Kg
Estes cálculos são feitos a cada novo lote de material a ser processado, e
semanalmente, caso o lote seja para muito tempo, pois os percentuais de unidade
irão variar.
d) CÁLCULO DA QUANTIDADE DE ÁGUA PARA FORMULAÇÃO DE MASSA LÌQUIDA (densidade aproximada de 1,7)
Sabe-se empiricamente que para produzir uma massa líquida - chamada de
barbotina, com a densidade de 1,7 deve-se utilizar uma proporção de 4,8 litros de
água para cada 10 Kg de massa seca.
Assim para os 1500 Kg de massa seca serão necessários 720 litros de água.
Como as matérias primas utilizadas já continham água - encontram-se úmidas, a
quantidade de água a ser adicionada deve descontar esta diferença, o que é
calculado da seguinte forma:
Quantidade incorporada na argila A = 481 - 450 = 31 Kg
Quantidade incorporada no Caulim k = 500 - 420 = 80 Kg
Quantidade de água incorporada = 31 + 80 = 111 litros
Quantidade de água a adicionar = 720 - 111 = 609 litros
Esta quantidade de água a incorporar pode ser dividida nas operações de moagem
dos materiais duros e na diluição dos argilosos no inicio do processo.
e) ADIÇÃO DE DEFLOCULANTE
Para efetuar a diluição dos materiais argilosos, na preparação de uma massa
líquida, adiciona-se defloculante. O defloculante deve ser calculado e adicionado
lentamente, não ultrapassando o % estabelecido e que será ajustado no final da
operação, após a adição da areia e da calcita.
f) ADITIVOS VULGARMENTE USADOS
Formulada a massa conforme o procedimento anteriormente descrito, quase sempre
se adicionam em quantidades mínimas algumas substâncias que modificarão certas
características da massa formulada, melhorando-as consideravelmente. É o caso
dos branqueadores e dos anti-solubilizantes.
O branqueador mais vulgarmente utilizado é o sulfato de cobalto, que durante a
queima se transforma em óxido de cobalto, que como se sabe confere a cor azul.
Como as massas de faiança são ligeiramente amareladas ao somarem-se ao
pequeno percentual azul tendem a tornarem-se brancas após a queima.
O sulfato de cobalto é utilizado em até 0,1% sobre os 100% da massa formulada. É
muito caro e para que tenha boa penetração na massa se adiciona carbonato de
sódio que reage com o sulfato de cobalto dando origem ao carbonato de cobalto que
é mais insolúvel em água. O carbonato de sódio pode ser usado também na
proporção de 0,1% sobre os 100% da massa formulada.
O anti-solubilizante mais vulgar e ativo é o carbonato de bário. É usado para reagir
com os sulfatos solúveis existentes nas argilas, impedindo a floculação.
Normalmente se utiliza 0,1% sobre os 100% da massa.
g) CONTROLE DE BARBOTINAS CERÂMICAS
As barbotinas cerâmicas devem ser controladas diariamente. Deve-se determinar a
sua densidade, a sua fluidez e a sua tixotropia. Deve-se também efetuar um controle
diário da velocidade de formação de parede em um molde de gesso e a velocidade
de secagem dentro do molde.
Para que o controle seja eficiente o molde utilizado deve estar sempre sob as
mesmas condições de secagem.
As barbotinas são suspensões de matérias plásticas e não plásticas em água. A
densidade da barbotina é o peso de 1 litro de barbotina. Assim quando se diz que a
densidade de uma barbotina é 1,7 quer dizer que 1 litro de barbotina pesa 1700
gramas. Em cerâmica utilizam-se normalmente barbotinas com densidades entre
1,65 a 1,75.
A viscosidade de uma barbotina dá a indicação da facilidade com que ela flui.
Quanto maior o seu valor mais grosso e difícil de escoar. Esta grandeza está
relacionada à quantidade de água e de defloculante presente na massa. O
defloculante torna uma massa mais fluída, menos viscosa evitando a presença de
grandes quantidades de água que "encharcam" os moldes de gesso em pouco
tempo.
A tixotropia é a capacidade de se tornar viscosa uma barbotina após algum tempo
de repouso. E um fator determinante na velocidade de formação de parede nos
processos de conformação com massa líquida.
A viscosidade e a tixotropia são avaliadas em equipamentos denominados
viscosímetros, que podem ser de diversos tipos. Utilizam-se freqüentemente os de
gravidade e os de torção.
Os viscosímetros de torção são de diversos tipos. Um modelo eficiente e de baixo
custo é o Gallemkamp, composto por um disco móvel suspenso por um fio metálico
calibrado. O disco suporta um cilindro cuja rotação é medida numa escala circular
marcada em graus (de 0 a 360 graus). A este disco imprime-se inicialmente uma
rotação completa forçada prendendo-o nesta posição. A fluidez é determinada
medindo a rotação (em graus) do cilindro quando colocado dentro da barbotina. Para
isto, desprende-se o disco e este roda, sendo a primeira volta o correspondente a
desfazer a rotação forçada e a segunda volta a medida da fluidez da barbotina. A
tixotropia é medida da mesma forma após 5 minutos de repouso da primeira leitura.
Os viscosímetros também são utilizados para calcular a quantidade ideal de
defloculante a ser adicionada em uma massa, para obter uma boa fluidez e uma boa
tixotropia. O intervalo de valores em que se obtêm melhores resultados no
enchimento é normalmente de 260 a 300 graus, trabalhando-se com o cilindro 11/16
e um fio 36SWG. A tixotropia é medida pela diferença (subtração) do valor entre a
primeira e a segunda medida, após 5 minutos de repouso. Os melhores valores de
tixotropia estão entre 80 e 110 graus, o que levará a uma formação de parede de 4
mm em 25 minutos (para uma peça média).
Também existem viscosímetros do tipo Brookfield, que dão o valor da viscosidade
propriamente dita em Poise (unidade de viscosidade).
2) PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO
Os processos de conformação podem ser divididos conforme a consistência da
massa. Normalmente a conformação por via seca é aquela em a umidade está em
torno de 5%, a conformação em via plástica aquela em que a massa apresenta uma
umidade em torno de 20 %, e a conformação em via úmida, ou massa líquida,
aquela em que a umidade varia conforme a massa de 35% a 60%.
a) CONFORMAÇÃO VIA SECA
Neste processo, figura 8, a massa seca sob a forma de pó atomizado, é introduzida
em um molde inferior e submetida a pressão elevada de aproximadamente 500
Kgf/cm2, por meio de um contramolde superior que vai permitir a aglomeração dos
grãos.
Figura 8 - Prensagem por via seca
As prensas mais comuns são as hidráulicas, em que a pressão é feita apenas em
uma direção - unidirecional. Mais sofisticadas são as prensas isostáticas em que o
pó é colocado em um molde, que por sua vez é introduzido num líquido onde é
submetido à pressão desejada, exercida em todas as direções.
Molde
Colocação do material em pó
Conformação
Abertura da prensa
Desmoldagem
b)CONFORMAÇÃO COM MASSA PLÁSTICA
A conformação via plástica pode ser feita à mão, por extrusão (tijolos e telhas), e por
contramoldagem (tornos tradicionais e tornos especiais conhecidos como jaules e
rollers ou prensas unidirecionais).
O torno tradicional é conhecido como "roda de oleiro" e primitivamente era acionado
pelas mãos ou pelos pés. A massa é centrada e torneada conforme a habilidade do
operador, que pode ou não utilizar gabaritos como guia. Atualmente ainda é utilizada
em unidades fabris de vasos e utensílios em produção que pode ser caracterizada
como artesanal. Os tornos são normalmente mecanizados, mas alguns artistas
ainda usam os movidos pelos pés ou pelas mãos.
O torno tipo jaule, figura 1.9, caracteriza-se por um molde em rotação e um
contramolde fixo. Pode ser manual, semi-automático ou automático. Nos manuais, a
colocação da massa e a ação do contramolde são feitas pelo operador. Nos semi-
automáticos, o braço com o contramolde é acionado mecanicamente, e nos
automáticos tudo é mecanizado.
Os rollers são máquinas que contam com dois eixos rotativos, um disposto
verticalmente, onde está o molde, e um outro que faz com este eixo vertical um certo
ângulo, podendo oscilar, onde está o contramolde. Normalmente são semi-
automáticos e automáticos. Muito utilizados na produção de pratos e xícaras em
grandes escalas, figura 1.10.
A prensagem com massa plástica, figura 1.11, é feita em prensas hidráulicas e os
moldes são em gesso especial, mais resistente. O molde é fixo à parte inferior da
prensa e recebe a massa pré-pesada e o contramolde, que baixa com a prensa.
Esse molde é preparado com uma tela e mangueira que permite a insuflação de ar,
que seca o molde e o contramolde, bem como desprende a peça em poucos
segundos. Este processo é muito utilizado para pratos e tigelas. No Brasil vem
sendo introduzido recentemente.
Figura 9 – Processo de torno tipo jaule
Molde
Colocação do material
Conformação
Suspensão do braço
Desmoldagem
Figura 10 – Processo de torno tipo roller
Molde
Colocação do material
Conformação
Suspensão do braço
Desmoldagem
Figura 11 – Processo de prensagem de massa plástica
Molde
Colocação do material
Conformação
Abertura da prensa
Desmoldagem
c)CONFORMAÇÃO COM MASSA LÍQUIDA - BARBOTINA
As massas tornam-se líquidas com a adição de água e de um defloculante, produto
químico como o silicato de sódio ou carbonato de sódio, que transforma a argila
aumentando a repulsão entre as partículas e facilitando conseqüentemente a sua
desagregação.
Neste processo, figura 12, a barbotina é colocada num molde de gesso com a forma
interior igual à forma exterior do objeto pretendido. Os poros capilares do molde em
gesso absorvem a água da barbotina que com ele contatar, deixando uma certa
espessura da massa à sua superfície. Assim que se atinge a espessura pretendida,
procede-se ao vazamento do excesso de barbotina e deixa-se a peça secar dentro
do molde durante algum tempo, até que a peça contraia o suficiente para descolar e
adquira consistência necessária para que possa ser manuseada.
O enchimento, como muitas vezes é designado este processo, pode ser executado
manualmente ou utilizando máquinas de enchimento automático. Nesse caso, o
vazamento do excesso da barbotina pode ser feito manualmente ou pela máquina, e
a desmoldagem é sempre manual.
Existem ainda equipamentos de enchimento a alta pressão, também conhecido
como processo de injeção, em que a barbotina é injetada em moldes de resina
microporosa. Como vantagem, melhora a produtividade e a qualidade do produto
final, figura 13.
Figura 12 – Processo de enchimento ou vazamento
Molde
Vazamento
Drenagem
Remoção dos excessos
Desmoldagem e remoção do canal
de vazamento
Figura 13 – Processo de Injeção em máquinas automáticas
Molde
Injeção do material
Conformação
Abertura da prensa
Desmoldagem
PROCESSOS DE ACABAMENTO
Após a conformação, as peças executadas por qualquer dos processos, exceto
algumas em via seca, têm que receber acabamento. As operações de acabamento
consistem em cortar aparas, esponjar para eliminar costuras do molde e alisar
bordos e colar partes da peça (como asas de xícaras, por exemplo).
O acabamento das faianças é realizado quando as peças estão em "ponto de
couro", ou seja, contêm alguma umidade, que permite manipulação sem que as
mesmas se partam com facilidade.
Já as peças de porcelana e grês são acabadas completamente secas, pois neste
momento o manuseio já não introduz deformação, embora possa partir a peça. Isto
porque as peças com deformações, mesmo que imperceptíveis, ocasionadas na
fase de acabamento, reapresentam estas deformações após a queima inutilizando a
peça. Costuma-se dizer que a porcelana tem "memória" das deformações sofridas
antes ou durante o acabamento, mesmo aquelas que não sejam perceptíveis em
cru, que retornam à peça após a queima.
PROCESSOS DE SECAGEM E QUEIMA
A água presente nas etapas de conformação deve ser eliminada antes da queima e
esta eliminação deve ser feita lenta o bastante para impedir rachas e trincas, mas
rápida o bastante para agilizar a produção. Os fatores que influenciam a secagem
são a temperatura e a umidade do ar, a velocidade do ar de secagem, a superfície
específica das peças e sua espessura.
A secagem pode ser feita naturalmente, ao ar livre, ou forçada com a utilização de
secadores. Os secadores contínuos são equipamentos nos quais as peças se
movem uniformemente através de um túnel, onde a temperatura aumenta
gradualmente. Nos secadores descontínuos as peças estão em repouso enquanto
secam e existe uma corrente forçada de ar quente. Também existem secadores com
uso de lâmpadas infravermelhas e ventiladores.
A queima é uma das fases mais importantes no processo de produção cerâmica. A
primeira etapa de queima consiste na eliminação da água de capilaridade que não
foi eliminada durante a secagem. Na segunda etapa, ocorrem transformações,
acompanhadas pela eliminação de gases, vapores e água de constituição dos
componentes da massa, e ocorre até aos 550°C. Aos 573°C ocorre a mudança do
quartzo α para quartzo ß com variação brusca do volume da massa. Na terceira
fase, a fusão dos fundentes da massa permite sua vitrificação ou sinterização. Cada
composição pressupõe o estudo e sistematização de uma "curva de queima ideal",
obtida pela variação tempo / temperatura de queima, que permitirá a obtenção de
melhores resultados em termos de resistência mecânica, porosidade e coloração da
peça, evitará trincas internas e perdas que podem ser consideráveis.
A matéria orgânica (raízes, carvão, compostos químicos de carbono) queima-se
entre os 300° C e os 400° C, mas alguns destes componentes podem não queimar
em temperatura abaixo de 1000° C.
Quase toda a cerâmica técnica, é queimada em "atmosfera oxidante", com presença
constante de oxigênio, mas há casos que requerem atmosfera redutora, como a
queima de um vidrado vermelho "sangue de boi" ou a queima da porcelana branca.
A teoria da "atmosfera redutora" é simples: quando o carbono (C) que contém o
combustível (gás, lenha, etc.) se combina com o oxigênio do ar resulta em calor e
dióxido de carbono, C + O2 → CO2 + calor. Quando se consome todo o oxigênio do
ar, o carbono vai reagir com o oxigênio existente nos corpos cerâmicos. Por isso se
diz que estes são reduzidos. Esta redução tem o poder de mudar a cor de um
vidrado.
Existem muitos tipos de fornos, intermitentes ou contínuos e com fontes de
aquecimento bastante variáveis (gás, eletricidade, lenha) que poderão influir no
resultado final da peça, sua coloração e resistência. O tempo de queima pode variar
de 30 minutos, nos fornos de última geração com queima por microondas, até 48
horas, nos fornos tradicionais onde a ascensão e a queda de temperatura é lenta
para evitar quebras. Nos primeiros, o estudo e controle das massas são mais
rigorosos e os patamares de alteração química são rigidamente controlados.
Ainda com relação à queima pode-se dizer que a cerâmica pode basicamente ser
obtida pelo processo de biqueima ou pelo processo de monoqueima.
O processo de biqueima ainda é o mais utilizado e consiste em duas queimas. Nas
faianças calcíticas a primeira queima atinge temperatura em torno de 900°C, confere
resistência mecânica à peça e, sem vedar totalmente seus poros, permite sua
manipulação com segurança nos processos de vidragem e decoração. Na segunda
queima, em temperatura mais alta, ocorre a sinterização total ou parcial da peça e a
fusão do vidro com eventual aplicação decorativa. Nas faianças feldspáticas muitas
vezes a primeira queima é realizada em temperatura superior, em torno de 1250°C,
e a segunda queima em temperatura inferior, em torno de 1150°C a 1200°C. O
mesmo poderá ocorrer em outras massas, para grês e porcelana.
A monoqueima consiste em uma única queima, sendo que o vidro e eventuais
decorações são aplicadas na peça crua. A massa deve ser resistente à manipulação
em cru ou o processo de aplicação do vidro e da decoração deve ser totalmente
automatizado, minimizando as quebras decorrentes da manipulação (Figura 14).
Figura 14- Processos de secagem e queima
Figura 14- Processos de secagem e queima (cont.)
PROCESSOS DE DECORAÇÃO
Os vidrados aplicados à cerâmica são obtidos a partir de uma base, que pode ser
colorida ou não, formando após a queima e fusão, uma camada vítrea impermeável
sobre o corpo cerâmico. O vidrado também tem uma finalidade decorativa, pois
permite uma grande variedade de texturas e superfícies coloridas que não seriam
possíveis só com o corpo cerâmico. Os vidrados cerâmicos podem classificar-se em
opacos (brilhantes ou mates), transparentes (brilhantes ou mates) e semi-opacos
(brilhantes ou mates).
Todos estes vidrados podem ou não ser coloridos e preparados para várias
temperaturas de queima, geralmente:
- Baixo fogo - entre 800 a 1020°C,
- Médio fogo - entre 1050 a 1220°C,
- Alto fogo - entre 1250 a 1400°C.
O primeiro critério de escolha de uma dada base de vidrado deve ser a sua
temperatura de queima. Os vidrados são elaborados por indústrias químicas
especializadas e podem ser desenvolvidos internamente em empresas que possuam
laboratórios e invistam em pesquisas.
Para colorir um vidrado pode-se adicionar a uma base (opaca, transparente ou semi-
opaca) um corante ou um óxido metálico. A gama de cores irá diminuir à medida que
a temperatura se eleva, devido à falta de refratariedade de alguns óxidos e corantes.
Portanto as cores na porcelana são mais reduzidas e caras que para terracota ou
faiança. Os tons verdes e azuis são os mais resistentes a altas temperaturas e os
vermelhos, laranjas e amarelas as menos resistentes (a base de cádmio e selênio).
Estes tons são preparados especiais dos colorifícios à base de zircônio,
preseodímio, estanho, vanádio e titânio.
a) BASES
É comum se falar em bases com chumbo e bases sem chumbo. Os vidrados com
chumbo têm brilho elevado e ponto de fusão baixo.
Os vidrados são preparados misturando-se os elementos constituintes crus e
moendo esta mistura com água, pois utilizam materiais solúveis como o óxido de
boro e o de potássio. Quando a água se evapora essas partículas dissolvidas na
água também se evaporam. Para evitar que isto ocorra os sais solúveis em água
são incorporados em silicatos por meio de um processo de fusão prévio, conhecido
por "fritagem", que os transforma num composto insolúvel em água. Este processo
tem ainda a vantagem de tornar menos tóxicas as substâncias contidas no vidrado,
como por exemplo, o chumbo.
As “fritas”, como são conhecidas, tem ainda outras vantagens, podem ser
queimadas a temperaturas mais baixas e proporcionam uma maior uniformidade e
menor numero de defeitos.
b) ÓXIDOS
Os óxidos normalmente entram na composição dos vidrados em menor % que os
corantes, exceto nos vidrados metalizados que se obtêm com altos % de óxidos. A
seguir, podem-se conferir alguns óxidos e respectivas cores obtidas, que variam em
função da atmosfera ser oxidante ou redutora, em função da base ser com chumbo
ou alcalina ou com boro, a temperatura de queima, e a quantidade de pigmento:
Óxido de ferro Do amarelo ao marrom forte
Azul marinho (em atmosferas redutoras)
Óxido de manganês Vários tons de marrom
Óxido de cobalto Azul intenso
Óxido de Crômio Verde azeitona
Óxido de Zarcão e Vanádio
Óxido de zinco e VanádioTons do amarelo claro ao limão
Óxido manganês+cobalto+férrico preto
Óxido de estanho+cromio+ácido bórico rosa
Óxido de selênio Vermelho vivo (podendo ser aclarado com óxido de cádmio para tons de laranja)
Óxido de cobre Verde (em base de chumbo e boro)
Turquesa ou azul egípcio (em vidrado alcalino)
Vermelho sangue de boi (em atmosfera redutora)
Também são utilizados óxidos com outras finalidades como as abaixo descritas, um
vidrado transparente pode se tornar opaco por adição de um ou mais destes óxidos:
Óxido de estanho Opacificante
Óxido de zircônio Opacificante
Óxido de titânio Opacificante e auxiliar na formação de
cristais
Óxido de cálcio Auxiliar na formação de cristais
Óxido de zinco Auxiliar na formação de cristais
O silicato de cálcio também é muito utilizado nos vidrados rosa e vermelho porque
favorece a cor.
c) CORANTES
Os vidrados coloridos com corantes têm cores e comportamento mais estáveis que
os coloridos com óxidos, entretanto seu custo normalmente é bem mais elevado.
d) TÉCNICA PARA OBTENÇÃO DE UM VIDRADO BRILHANTE COLORIDO
1. A partir do aspecto da amostra que se pretende produzir - cor forte e brilhante
ou cor leitosa e menos brilhante - verificar se a base deve ser opaca,
transparente ou semi-opaca, em acordo com a temperatura de queima a ser
realizada;
2. Consultar as amostras que os fornecedores de pigmentos e corantes colocam
a disposição e escolher o corante ou pigmento cuja cor mais se aproxima da
desejada, obtendo deste fornecedor a informação sobre o % utilizado e o tipo
de base;
3. Iniciar as experiências com a formulação indicada na paleta do fornecedor e
corrigi-la após observação do resultado obtido aplicando essa formulação
sobre peças ou corpos de prova biscoitados (com a sua massa) e queimando-
os no forno de vidragem. Deve-se controlar bem a temperatura de queima,
preferencialmente com anéis Buller;
4. Se for verificado que a cor obtida é a desejada, mas necessita-se mudar a
base para semi opaca em vez de transparente, o % de corante ou pigmento
deverá ser aumentado;
5. Se a base for mate, o aumento do % de corante ou pigmento para a obtenção
de uma referida cor deverá ser ainda superior ao usado em base semi-opaca.
e) DEFEITOS E CUIDADOS
A compatibilização do vidrado com o corpo cerâmico é fundamental para que não
ocorram trincas, descasque ou "craquelet". Os coeficientes de dilatação da massa e
do vidrado devem ser estudados visando minimizar e eliminar estes defeitos.
Para corrigir um vidrado de modo a eliminar o "craquelet" pode-se adicionar ao
vidrado já preparado 10% de areia (quartzo), moída (325 mesh), vidrar algumas
peças e observar o resultado após a queima. Se não houver "craquelet" avançar
com esta correção. Se houver "craquetet", guardar o vidrado e corrigir a massa, para
não perdê-lo, e solicitar ao fornecedor uma base de vidrado com menor coeficiente
de dilatação.
Para correção da massa de faiança, verificar a pesagem da carga de areia e calcita.
Se tudo estiver bem verificar a moagem, que deve estar mal feita, isto pode ser
verificado controlando-se melhor o % de resíduo em peneira 325 mesh. O vidrado a
ser usado em uma massa muito fina (demasiadamente moída) deve ser de elevado
coeficiente de dilatação.
Muito importante é verificar se os problemas de descasque não são decorrentes de
pó sobre as peças ou de um esponjamento excessivo, que impedem a aderência do
vidrado.
Outro aspecto muito importante é a toxidade que apresentam. Sendo "plúmbeos", a
base de chumbo, e queimados em temperaturas inferiores a 1100 graus, como na
faiança, possuem grande brilho, mas desprendem chumbo e não devem ser
utilizados em contato com alimentos. Também os vidrados com teores de cádmio
devem ser evitados em peças que terão contato com alimentos. Para verificar se há
liberação de chumbo ou cádmio, podem ser executados testes em conformidade
com padrões internacionalmente aceitos.
Peças a serem utilizadas para conter alimentos devem conter vidros "alcalinos", que
podem apresentar limitações cromáticas e de acabamento, como, por exemplo, um
vermelho mate ou mesmo um brilho muito intenso.
Podem ocorrer defeitos de aplicação pela espessura incorreta da camada de
vidrado. Para corrigir estes defeitos pode-se começar verificando-se se o % de
absorção da peça biscoitada está correta. Uma absorção baixa obriga a que o tempo
de imersão da peça seja mais prolongada para a obtenção de uma dada espessura,
enquanto uma absorção elevada tem o efeito oposto.
Para uma peça biscoitada com absorção entre 15 e 20%, uma indicação média para
a produção de um vidrado é a seguinte:
- Adicionando 800ml de água por cada quilograma de vidrado em pó, a densidade
do banho será de 1,5 - valor adequado para um tempo de imersão pequeno.
O tamanho e o formato das peças também podem interferir no tempo de imersão
para se obter um bom vidrado. Peças maiores necessitam de mais tempo de
imersão, peças com relevos necessitam de um mergulho com orientação para que
toda superfície fique bem coberta. Normalmente a medição da espessura é feita com
uso da ponta de uma faca (ou a própria unha) raspando um pedaço do vidrado cru e
observando a quantidade de vidrado acumulada.
Também se deve evitar a formação de bolhas de ar junto à peça durante a operação
de imersão.
f) PROCESSOS DE APLICAÇÃO DOS VIDRADOS
Os vidrados podem ser aplicados por imersão, por derramamento, por pistola ou
ainda por pincel. Cada técnica é selecionada em função da espessura e controle
desejados, além da produtividade.
Industrialmente é muito comum vidrar louça por imersão das peças em tanques
onde o vidrado está em constante vibração ou agitação. Para isso são utilizadas
pinças unitárias ou múltiplas.
O processo por pistola é mais usado para vidrados coloridos ou quando se necessita
uma superfície de espessura mais uniforme e controlada.
g) PROCESSOS DE DECORAÇÃO
Para a decoração, a cerâmica industrial permite ainda uma série de processos e
utiliza técnicas diversas. Existem estudos aprofundados sobre o assunto, mas a
título de referência, cabe destacar industrialmente o uso de decalcomania sob ou
sobre vidrado, em monoqueima, biqueima ou terceira queima e ainda a impressão
direta por serigrafia, ou indireta - tampografia, que consiste em utilizar um carimbo
de silicone que transfere o desenho aplicado por serigrafia de uma superfície plana
para uma superfície côncava ou convexa. Estes processos atuam transferindo
desenhos para a peça.
Reações químicas entre vidrados são muito exploradas, em técnicas de
transferência de desenhos ou mesmo em técnicas de pintura como linhas e vivos,
aplicados em bordas, ou pintura por pistola com uso de outros recursos como
máscara, por exemplo.
As possibilidades decorativas em cerâmica são muito exploradas e diversificadas,
pois permitem uma variação muito grande no produto final com custos baixos. A
indústria de louça de mesa tradicional a explora ao máximo, com objetivo de
rentabilizar o investimento nos modelos tridimensionais cujo custo de produção é
alto.
Podem ser utilizadas novas queimas após a aplicação de cada decoração. Peças
com efeitos e utilização de ouro podem chegar a necessitar de quatro a cinco
queimas, o que influirá no custo final dos produtos.
As decorações podem acontecer em diferentes etapas do processo de obtenção das
peças em função dos resultados desejados, figura 15 a 17.
Decoração
Cor da massa
Peças cruasEngobe
Peças cruasDecalques/Vidros/Pintura a base de engobe
BiscoitoVidros/ Decalques/ Pintura a base de água/Impressão
Peças queimadasCores especiais/ Ouro/prata
Figura 15- Etapas do processo em que podem ser feitas as decorações
ExtraçãoEstocagem
Moagem a secoDosagem
Moagem a úmidoSecagem
Extrusão
Líquida Seca Plástica
Enchimento Prensagem Torno Prensagem
Secagem
Biqueima Monoqueima
Queima do biscoito
Vidro Vidro
Queima do vidro Queima do vidro
Terceira queima
Peças cruasVidros/ DecalquesImpressões
Figura 16- Etapas do processo em que podem ser feitas as decorações
Óxidos
Corantes
Fundentes aderentes
Vidrados Fritas
Fundentes baixo fogo aderentes
Argilas Fundentes
Engobes Cores a água
Vidraros Materiais de baixo fogo
Engobes Peça crua
Cores a água Biscoito
Vidrados Vidrado cru
Materiais de
baixo fogo
Vidrado queimado
ideais possíveis possíveismas não desejáveis
Figura 17- Etapas do processo em que podem ser feitas as decorações
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ONODA ,George & LARRY,Hench. Ceramic processing before firing . New York, John Wiley & Sons ,1978. (manual completo sobre cerâmica - disponível na biblioteca do Centro Politécnico da UFPR)
RICHERSON, David W. Modem Ceramic Engineering, Properties, processing and use in design. New York, Marcel Dekker, 1982. (manual completo sobre cerâmica - disponível na biblioteca do Centro Politécnico da UFPR)
SOUZA SANTOS, Persio. Tecnologia de Argilas. 2a ed., São Paulo, Edgard Blucher/EDUSP, 1989. 2v. (manual completo sobre argilas - pode ser adquirido em livrarias - disponível na biblioteca do Centro Politécnico da UFPR)
SCHEUER, Herta Loëll. A Tradição da Cerâmica Popular. São Paulo, Livramento, 1982. (livro sobre a cerâmica popular no litoral paranaense - pode ser pesquisado na biblioteca do Museu Paranaense em Curitiba)
SINGER, F. & SINGER, S. Cerâmica Industrial. Bilbao, Urmo,1971. 3v. (manual completo sobre cerâmica - disponível na biblioteca do Centro Politécnico da UFPR)
VITTEL, Claude. Cerâmica (pastas e vidrados). Madrid, Paraninfo,1978. (manual mais voltado a artesãos sobre massas cerâmicas e vidrados - pode ser adquirido em livrarias)
WORRALL ,W. E. Clays and Ceramic, raw materials . 2a ed London, Elsevier Apllied Science ,1986. (manual completo sobre cerâmica – disponível na biblioteca do Centro Politécnico da UFPR)
_______, Ceramic raw materials ,2a ed Leeds , Bergamon , 1982 . (manual completo sobre cerâmica - disponível na biblioteca do Centro Politécnico da UFPR)
PERIÓDICOS
01.AMERICAN CRAFT . New York, American Crafl Council, vol 50/1992- (revista mais voltada a artesãos - pode ser adquirida através de importadores de livros)
02.AMERICAN CERAMIC SOCIETY BULLETIN. Westerville, American Ceramic Society, vol.71/1992 - (revista mais técnica - científica, pode ser adquirida através da ABC
03.CERÂMICA. São Paulo , Associação Brasileira de Cerâmica, Ano 38/1992- (revista técnica-científica sobre cerâmica , pode ser adquirida através da ABC)
04.CERÂMICA INFORMAZIONE . Milano, Ano 1992- (revista técnica-científica sobre cerâmica , pode ser adquirida através da ABC)
05.INTERCERAM - INTERNATIONAL CERAMIC REVIEW . Freiburg, Verlag Schmid Publication, 1992- (revista técnica-científica sobre cerâmica, pode ser adquirida através da ABC)
06. KERAMIKOS - INTERNATIONAL CERAMICS MAGAZINE, Milano, A.I.E. , 1992 - ( revista genérica mostra diversos produtos - boa para pesquisa de tendências , pode ser adquirida através de importadores de revistas ou internet )
07.L'INDUSTRIE CÉRAMIQUE . Paris, Septima, 1992-
08. Mundo Cerâmico - Guia de Compras 99 - edição especial da revista Mundo Cerâmico - Ano V - abril/99 - n53 (revista com relação de fornecedores de materiais primas, equipamentos, etc.) – Menasce editora.
08.ON - DISEÑO , Barcelona, 1992 - (revista mais genérica sobre diversos produtos mas que traz muitas tendências em cerâmica , pode ser adquirida através de importadores de revistas ou via internet)
ALGUMAS FEIRAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS EM PRODUTOS DE CERÂMICA E AFINS
01. PORTUGAL - CERAMEX - LISBOA - FEVEREIRO (louça de mesa e utilidades domésticas - plástico, vidro e metal)Catálogo - CERAMICEXPORT - editora PubliexportarAlcoa BuildingAv. Prof. Vieira Natividade2460 ALCOBAÇA - PORTUGAL (pode ser emitido pagamento por cartões VISA ou MASTERCARD - US 25)CERANOR - PORTO - SETEMBRO (louça de mesa e vidro)
02. BRASIL - GIFT FAIR - MARÇO E AGOSTO (presentes e utilidades domésticas)
03. ALEMANHA - AMBIENTE - FRANKTURT - FEVEREIRO (utilidades domésticas)
04. ALEMANHA - TENDENCE - FRANKTURT - FEVEREIRO (utilidades domésticas)
05. ITALIA - BOLONHA - SETEMBRO (pisos e revestimentos)
06. ITALIA - MILÃO - MACEF SPRING - fevereiro - MACEF AUTUNNO - agosto (artigos para mesa e casa)
INTERNET
Pode-se consultar várias páginas da internet para obtenção de referências de tendências em geral ou em produtos cerâmicos. Também estão disponíveis livrarias virtuais, que enviam livros pelo correio. Algumas sugestões:
http://www.googgoods.com.fr (Phillip Stark)
http://www: taschen.com
http://www.habitat.com
FORNECEDORES DE MATÉRIAS PRIMAS
PIGMENTOS/VIDRADOS/TINTAS
CERDEC - laboratório - voltado a indústria de pisos e revestimentos Vidrados, pigmentos e soluções químicas (veiculo) para produção de decalcomanias, tintas e vidrados em geral.Criciúma – 0 XX 48 478 0428
ESMALTEC - vidrados e pigmentosAvenida Industrial 660CEP 13505-630 Rio Claro - SPFone/Fax: 0 XX 19 535 2975
FRITA SUL - vidrados e pigmentosRodovia SC 443 Km 01CEP 88820-000 lçara - SCFone: 0 XX 48 431 6245 / 6246 Fax: 0 XX 48 431 6012
lRlS - colorificio - vidrados e pigmentosRua Paula Bueno, 3600 - Distrito Industrial Santa JosefinaCEP 13840-000 Mogi Guaçu SPFone: 0 XX 19 861 3228 / 7722 Fax: 861 2733
SMALTICERAM do Brasil - Colorifício Cerâmico (vidrados e pigmentos)Rodovia BR 101 - Km 378CEP 88820-000 Esplanada - lçara - Santa CatarinaFone: 0 XX 48 432 0384 / Fax: 0 XX 48 432 0364E-mail: [email protected]
VERNIS - fritas, vidrados e pigmentos cerâmicosRua Princesa lsabel 58CEP 13 840-000 Mogi Guaçu SPFone: 0 XX 198 61 3877 Fax: 0 XX 198 61 4877
GESSO
GESSO CHAVESARNOLD com. e dist. De gessoRua Francisco Xavier de Almeida Garret, 1348CEP 83601-230 Campo Largo - Paraná
PAPÉIS PARA DECALCOMANIA
HANS BARNSTORF - vidros e papéis para decalquesRua de Revilão, 347 - 341Apartado 10644101 Porto - PortugalFone: 02 61 08032/35/39/40Fax: 02 61 08033
AREIAS E ARGILASGESSI – argilas/areias (Sr, lvo Damo)Av. Presidente Castelo Branco, 55CEP 09321-370 Mauá - SPFone: 0 -11 450 1698 / Fax: 0 -11 747 3066
PINCÉIS E ESPUMASARNO IVERSENRua ltupava - Alto da Rua XV
FORNECEDORES DE EQUIPAMENTOS
FORNOCERAMICAApartado 430 Vale Sepal2413 Leiria PortugalE-mail: [email protected]://www.fornoceramica.pt
EUROTECH do Brasil ltdaBR 277 - Km 23 Caixa Postal 626CEP 83601-590 Campo Largo PRFone/Fax: 392 4025E-mail: [email protected]
POTCLAYS - tudo para cerâmica - equipamentosBridkkiIn Lane, EtruriaStoke-on-Trent, EnglandFone: 0782 29816
INSTITUIÇÕES DE PESQUISA, ESCOLAS E ASSOCIAÇÕES
ABC - Associação Brasileira de CerâmicaAv. Prof. Almeida Prado 532Prédio 36 - 2 andar - sala 3CEP 05508-901 São Paulo SPFone/Fax: 0 -11 268 7101/ 268 4284 / 3767 4978E-mail : [email protected]://www. abceram.org.br
CENCAL - Centro de Formação Profissional para a indústria CerâmicaRua Luiz Caldas , apartado 39 - 2500 - Caldas da Rainha - PortugalE-mail: [email protected]://www.cencal.pt
ANICER - Associação Nacional da Indústria CerâmicaQuadra 01, Bloco B, 11 andarEdifício Roberto SimonsenBrasília - DFFone: 0-61 224 0861e-mail : [email protected]
SENAI - SÃO PAULO - área de cerâmicaEscola SENAI "Mario Amato"Av. José Odorizzi, 1555CEP 09861-000 São Bernardo do Campo - SPe-mail : [email protected]://www.sp.senai.br/116
CCB - Centro Cerâmico do BrasilÓrgão Certificador de QualidadeRua Machado Bittencourt, 205 - sala 86CEP: 04044-000 Vila Clementino - São Paulo - SPFone: 0 -11 5080 3733 / 575 2899 - FAX: 0---11 575 5479E-mail:[email protected]://www.ccb.org.br
CTC - Centro de Tecnologia em CerâmicaRua General Lauro Sodré, 300Caixa Postal 3247 CEP 88802-330 Criciúma - SCFone: 0-48 437 0747 / Fax: 0-48 433 0052E-mail: [email protected]
MINEROPAR - Minerais do Paraná SARua Conselheiro Marochi 800Fone: 252 7844
SINDICATO PATRONAL DAS INDÚSTRIAS DE VIDRO, CRISTAIS, ESPELHOS, CERÂMICA DE LOUÇA E PORCELANA DO ESTADO DO PARANÁRua XV de Novembro 2535
CEP 83 600 Campo LargoFone: 292 2482
SINDICATO DOS TRABALHADORES NA INDÚSTRIA CERÂMICA DE LOUÇA DE PÒ DE PEDRA, PORCELANA E LOUÇA DE CAMPO LARGORua Oswaldo Cruz 505 Campo LargoFone: 292 3078
ITS - Incubadora Tecnológica de São Mateus do SulRodovia BR -476, Km 143CEP 83900-000 São Mateus do Sul PRFone/Fax: 0 - 42 520 7295
EDITORAS
MENASCE - editora das revistas ShovvRoom e Mundo Cerâmico e GUIA DECOMPRAS (nomes e endereços de fornecedores e fabricantes)Rua Leopoldo Couto Magalhães Jr., 551CEP 04542-010 São Paulo - SPE –mail: [email protected]
FAENZA EDITRICE IBERICA, S.L. - Editora de livros e revistas para cerâmicaFAENZA EDITRICE DO BRASIL, ltdaCaixa Postal: 5117 - Cidade UniversitáriaCEP 88040-970 Florianópolis - Santa Catarina
MATERIAIS PRIMAS - ESPECIFICAÇÕES
DECALQUES
Papel EspecialDecalcomania Paper -Fabricante: Brittains limited - Stoke-on-trent STI - 3QS - EnglandSize - 45X60 Sheets - 250Fomecedor: AVI R - SP - Fone: 0 -11 290 5233PAPEL UNIÃO - SP - Fone: 0---11 232 3951
Vemiz/ou laca. Decoflux CL 17Fabricante: Zchimmer & Scwarz / Gmbh & CoChemische FabrikenD-5420 Lahnstein - Alemanha
. Vemiz Solução 640São Paulo - fone: 0---19 589 1545
Òleo para diluir pigmentos cerâmicosDecoflux C23 - para impressão direta em cerâmicaDecoflux C43 - para impressão sobre papel - decalcomaniaFabricante: Zchimmer & Scwarz / Gmbh & CoChemische FabrikenD-5420 Lahnstein - Alemanha
Espuma para esponjas de pinturaFRISOKARAv. das Indústrias 337CEP 17250-000 Bariri - São PauloFone/Fax: 014- 662 3678Email: [email protected]