Dossiê Temático sobre a Cidade

46
Olga Dryuchenko A cidade

description

Dossiê temático com materiais recolhidos acerca do tema "A Cidade"

Transcript of Dossiê Temático sobre a Cidade

Page 1: Dossiê Temático sobre a Cidade

Olga Dryuchenko

A cidade

Page 2: Dossiê Temático sobre a Cidade

Escola Secundária de Albufeira

Autora: Olga Dryuchenko 11ºD

Professora: Maria de Jesus Pinto

Português

Ano lectivo 2010/2011

ossiê tematico

D 1

Page 3: Dossiê Temático sobre a Cidade

Amesterdão

Lisboa

Paris

Amesterdão Berlim

Roma

Paris

Lisboa

O que é uma

cidade?

Espaço

urbanístico?

Estrutura

social?

Londres

Madrid

História de um

povo?

New York

Moscovo

Viena Roma

Londres

Madrid Estocolmo

Tallin

Estocolmo

2

Page 4: Dossiê Temático sobre a Cidade

Íntrodução

organização

deste dossiê

temático foi mais

um desafio para a minha

criatividade. Por essa razão,

recebi a proposta da

professora com grande

entusiasmo e comecei a

imaginar mentalmente qual

seria a melhor e a mais

original forma de elaborar

esta recolha sobre o tema

“Cidade”. É um

tema relativamente fácil e

bastante vasto para um

citadino, o que facilita a

tarefa.

Antes de tudo, optei por

encontrar a forma mais

acertada para mim, para

depois organizar a recolha

sobre o tema. Encontrei esta,

a forma de fazer um livro-

jornal on-line. Porque?

Porque nunca tinha

experimentado fazer um

trabalho de tal forma, e

porque efectivamente

interesso-me por montar

jornais, escrever textos

jornalísticos, tratar do aspecto

visual e ver o resultado final.

Depois de decidir com o

suporte do dossiê, prossegui

para a recolha de materias.

Alguns deles resultam das

orientações iniciais da

professora, outros da minha

imaginação, outros da minha

ligação com a História,

Geografia, Literatura,

Música, alguns até das

minhas experiências

passadas.

O aspecto visual,

nomeadamente as imagens e

o seu tratamento, o tipo de

letra, as cores, derivará de

alguns exemplos de revistas,

mas não deixará de ser

original.

O objectivo é falar um

pouco dos mais variados

aspectos da cidade que vêm à

mente, organizá-los de forma

coerente e de fácil acesso.

A

Olga Dryuchenko 3

Page 5: Dossiê Temático sobre a Cidade

índice

Páginas

Introdução............................................ 3

Simbologia de “Cidade”..................... 5

Cidade e vida citadina nos diferentes

tempos da história...............................7

Albufeira , cidade dourada................. 9

Uma lenda de Albufeira .....................13

A lenda das Sete Cidades....................15

Thomas More sobre a cidade

In Utopia...............................................16

A Cidade na perspectiva dos

músicos, escritores, poetas e pintores....17

Sobre a cidade perfeita ......................25

Curiosidades sobre as cidades .......... 27

As cidades que visitei .........................29

Uma viagem a Salamanca.................. 37

A cidade inteligente............................ 39

Conclusão............................................ 42

Bibliografia......................................... 43

Anexos................................................. 44

4

Page 6: Dossiê Temático sobre a Cidade

Simbologia de

“Cidade”

cidade é

um

símbolo da sedentarização

dos povos nómadas e, por

isso, expressa pelo quadrado,

que representa a estabilidade.

Tal como as casas, as cidades

são o centro do mundo e

podem ser associadas a um

reflexo do paraíso ou de

locais espirituais. Segundo a

mitologia cristã, a primeira

cidade foi criada por Caim,

filho de Adão e Eva.

As cidades, tal como as

casas, são um símbolo de

estabilidade e sedentarização

e por isso assumem a forma

quadrada por oposição às

tendas e aos acampamentos

nómadas que têm a forma

redonda, representando o

movimento. São também um

símbolo feminino, associado

à mãe que encerra os filhos

que são os seus habitantes.

As cidades são um elemento

quadrado e mineral por

oposição ao paraíso, do qual

são um reflexo, que é

redondo e tem uma

simbologia vegetal. Segundo

a tradição, existem cidades

que são uma representação da

valores espirituais e

supremos: Heliopolis era a

cidade do Sol, Jerusalém

tinha a sua correspondente

“A

Nas imagens: Jerusalém e Babilónia

5

Page 7: Dossiê Temático sobre a Cidade

celeste com doze portas,

correspondendo ao cosmos

zodiacal, modelo que existia

também nas cidades hindus e

romanas, em que todas elas

eram construídas tendo em

conta a posição dos planetas

e o movimento do Sol. Para a

construção das cidades,

também se tinham em conta

as nascentes e os cursos das

águas, a direcção dos ventos,

da luz e da sombra.

Para além de quadradas,

as cidades também eram

posicionadas em relação aos

quatro orientes, ou seja, às

quatro direcções, que na

Índia eram associadas às

quatro castas. Estas quatro

direcções, complementadas

por duas vias principais

perpendiculares,assemelhava

m-se ao Yantra de Shiva e

eram usadas como modelo,

tanto nas cidades imperiais da

China como na Antiga Roma,

simbolizando o centro do

poder e do Império. Muitas

cidades tinham fortalezas em

forma de vários quadrados

encaixados, como era o caso

das cidades celtas, gregas ou

chinesas. Segundo Platão, as

cidades da Atlântida eram de

forma redonda, simbolizando

uma perfeição supraterrena.

Na Idade Média existia

muito o conceito de uma

cidade celeste por oposição

às cidades terrenas e que a

vida dos seres humanos era

um percurso entre estas duas

cidades. Na Bíblia, as cidades

eram descritas com

qualidades e defeitos e

vestuário de pessoas, como é,

por exemplo, o caso de

Jerusalém, descrita como

mãe, ou de Babilónia, vestida

de púrpura e escarlate, com

adornos de ouro e pedras

preciosas, simbolizando a

devassidão

Cidade (simbologia). In Diciopédia 2010

6

Page 8: Dossiê Temático sobre a Cidade

Cidades e vida citadina

Evolução histórica

s nossos

antepassados

adornaram a

cidade com edifícios tão

esplêndidos e numerosos que

qualquer dos seus

descendentes desistiria se

tentasse superá-los.

Deixaram-nos uma cidade

ordenada e bel, com os

propiléus lá no alto, o arsenal

e muitas coisas mais. E, no

entanto, as casas dos

poderosos eram modestas e

coerentes com o espírito da

nossa constituição. Eram tão

modestas e coerentes com

esta última, que vivendas das

pessoas famosas (...) não

excediam a dos seus

vizinhos(...)”

“O

Grécia, Atenas, 300 anos a.C

7

Nas imagens: Atenas e Torre Eiffel ( Paris)

Page 9: Dossiê Temático sobre a Cidade

primeira

muralha de

Lisboa, (...)

abrangia 15 mil hectáres. Não

era uma grande cidade em

comparação com outras

metrópoles famosas da

Espanha muçulmana. Mas

também não era uma aldeia.

Em redor da mesquita que

fora convertida em catedral

funcionavam os mercados e

os banhos públicos (...).”

actual

organização da

cidade de Paris

muito deve às obras de

Haussmann, durante o século

XIX. Foi ele quem abriu a

maioria das vias de maior

circulação hoje em dia

Costuma-se associar Paris ao

alinhamento de imóveis de

mesma altura ao longo de

avenidas ladeadas de árvores,

às fachadas ritmadas pelos

ornamentos do segundo andar

e pelos balcões contíguos do

quinto andar. O centro de

Paris distingue-se dos

centros de muitas grandes

cidades ocidentais pela sua

alta densidade populacional.”

.

“A

“A

Portugal, Lisboa, século XIII

França, Paris, século XXI

8

Page 10: Dossiê Temático sobre a Cidade

Albufeira,

cidade

dourada

9

Page 11: Dossiê Temático sobre a Cidade

10

Page 12: Dossiê Temático sobre a Cidade

ão nasci aqui. Mais de 6 mil

kilómetros separam-me da terra

que me deu vida e ar para

respirar, que me acolheu no seu

berço. Longe, atrás das

montanhas e mares, planícies e

vales. Mas o sítio onde pertenço

realmente, onde vejo a minha

vida correr de forma simples,

onde sei que cada rua me

conhece e cada edifício me sorri,

é Albufeira.

Extremo sul de Portugal,

Algarve. Albufeira é uma cidade

fantástica, de dimensões

pequenas mas com tão grande

significado. Aqui tudo é

pragmático , pode-se percorrer a

cidade inteira em menos de duas

horas. Cada cantinho é único,

cada sítio, mesmo visitado por

uma vez deixa uma recordação

especial. É uma cidade muito

acolhedora, pode-se mesmo dizer

que é dócil.

Para quem aqui vive, Albufeira é

essencial, é um pedacinho do

mundo como não há outro igual.

O verão aqui é dourado... Porque

as praias são douradas. A areia é

macia, o sol tão quente que

parece que vamos derreter. As

águas do mar são de um azul

reconfortante, as ondas falam

connosco num sussuro que fica

na memória para sempre. A Praia

dos Pescadores de Albufeira e o

antigo Jardim, fazem parte da

baixa da cidade que se conserva

desde dos tempos dos mouros.

As noites aqui são de veludo...

Frescas e brilhantes.

Albufeira

11

N

Page 13: Dossiê Temático sobre a Cidade

O dinamismo deste pequeno

lugar é de tão maneira acentuado

que por vezes chego a pensar que

me encontro na capital. Mas

quando saio para a rua, seja de

dia ou de noite, no verão ou no

inverno, com frio ou calor,

encontro sempre caras

conhecidas e simpáticas, porque

as pessoas de Albufeira são tão

sociáveis como em mais lado

nenhum. Posso viajar mas tenho

sempre saudades do espírito

albufeirense, esteja onde estiver.

Amo Albufeira, por ela ter me

dado tudo o que tenho, tudo que

preenche a minha vida. Por ela

me ter aquecido quando estava

com frio, por me ter dito o que

havia de fazer nos momentos de

maior desespero. Quando vou

pela rua sozinha, é aí que

saboreio a cidade, a sua

tranquilidade, o seu

companheirismo... Quando vou

pela rua sozinha, olho para os

lados e sei que estou em casa.

Esta cidade deixa-nos estar

connosco próprios, sentados no

pontão a ver o pôr-do-sol, só nós

e o nosso eu. Mas nunca nos

deixa sozinhos...

Este ar que me preenche tem um

cheiro específico, um cheiro a

amizade, um cheiro a bondade...

Porque Albufeira é aquela cidade

que uma vez presente na vida,

nunca desaparecerá da memória,

nunca largará o pensamento.

Porque ser albufeirense é fazer

parte de cada árvore, de cada

grão de areia na praia, de cada

raio do sol que ilumina este lugar

paradisíaco.

Cidade das praias

douradas, do sol

quente, do céu

limpo e das ondas

do mar com

espuma branca.

- a minha cidade

12 Olga Dryuchenko

Page 14: Dossiê Temático sobre a Cidade

“A Fonte

das Almas”

obre a Fonte Santa, de Alte, a norte de Paderne,

concelho de Albufeira, Estácio de Veiga pôs a lenda

em verso:

Era de Maio uma tarde,

De tais flores perfumada

Que a Virgem Mãe do Rosário

De tanto enlevo enlevada

Junto à margem de um ribeiro

Céu e terra contemplava.

Nas águas que ali correm,

Via-se ela retratada,

E dos mirtais e roseiras

Que o ribeiro refrescava,

Uma capela tecera

Para a Senhora da Orada.

Tecida que era a capela,

Logo dalí se ausentara,

Levando no seu regaço

O Filhinho de su’ alma

Indo em meio do caminho

Grande calor apertava;

A água o Menino pedia,

Mas sua Mãe não lh’a dava

Que dentre aquelas estevas

Olho d’água não brotava.

Crescia a sede, crescia ,

E então a Virgem parava.

Lança os olhos à ventura,

Vê uma rocha escarpada.

Onde o sol dava de face

Com tal calor que crestava!

Palavras que a Virgem disse

Logo pelo Céu entraram,

E o rochedo que as ouvira

Em fonte se transformara.

O caso é que em bem pouco

Água tão fresca jorrava,

Que aos pés da santa corria,

Como quem lhe os pés beijava.

S

Lenda da cidade de Albufeira

13

Page 15: Dossiê Temático sobre a Cidade

Bebendo que era o Menino,

Toda a fonte se cercava

De alecrins e manjeronas.

E rosas de toda a casta,

Desde então ficou a fonte

Chamada fonte fadada,

Dera-lhe a Virgem três chaves,

Uma de ouro e as mais de

prata,

Uma para ser aberta,

Outra para ser fechada

E outra para alí guardar

Almas puras como a água,

Das almas que a Santa Virgem

Muitas vezes lá guardava,

Ficou o povo chamando

À fonte – Fonte das Almas.

14

Page 16: Dossiê Temático sobre a Cidade

“A lenda das Sete

Cidades” onta a lenda

que o

arquipélago dos

Açores é o que hoje resta de

uma ilha maravilhosa e

estranha. Vivia nessa ilha um

rei que lamentava não ter

filhos. A dor tornava-o

amargo e cruel. Uma noite,

desceu uma estrela muito

brilhante dos céus que aos

poucos se foi materializando

numa bela mulher. Esta

prometeu ao rei uma filha

bela como o sol. Para isso, o

rei teria de deixar de ser cruel

e passar a ser paciente. Teria

que construir um palácio

rodeado por sete cidades

cercadas por muralhas de

bronze que ninguém poderia

transpor. A princesinha

ficaria aí guardada durante

trinta anos, longe dos olhos e

do carinho do rei. O rei

aceitou o desafio. No entanto,

decorridos 28 anos, o rei não

aguentou mais. Apesar de

saber que morreria e o seu

reino seria destruído, dirigiu-

se às muralhas para as

destruir. Assim que começou,

a terra estremeceu e o mar

engoliu a ilha. No fim de

tudo, restaram apenas as nove

ilhas dos Açores e o palácio

da princesa, transformado

agora na Lagoa das Sete

Cidades. A lagoa dividiu-se

em duas: uma verde, como o

vestido da princesa, e a outra

azul, da cor dos seus

sapatos.”

“C

Lenda da ilha dos Açores

Lenda das Sete Cidades. In Diciopédia 2010

Na imagem: Lagoa das Sete Cidades 15

Page 17: Dossiê Temático sobre a Cidade

Thomas More sobre

a cidade

númeras facetas de uma

cidade abrem-se perante

um observador atento.

Este pode subir o pano que

permanece sobre a cidade e

abrir-se-a aos seus olhos um

quadro multifacetado.

Um desses observadores foi

Thomas More, que no século

XVI escreveu o livro

“Utopia” no qual descrevia as

mais ideais cidades,

obviamente imaginárias.

More não se limitava apenas

a descrever a sua

organização, fez ele uma

autópsia minuciosa desde as

intrelações dos cidadãos, a

sua racional exploração dos

recursos das cidades, a sua

cultura até a distribuição da

riqueza comum.

As reflexões de Thomas

More suscitaram um debate

durante o qual os

participantes tentaram

defender ou refutar a ideia da

implementação da

organização das cidades

utopianas, na Inglaterra.

Porém, o modelo utopiano

revelou-se incompatível com

todos os países europeus. A

organização político-social

destes estava tão enraizada e

corrupta, que não se via

possível qualquer governante

legislar de acordo nem com

metade das leis utopianas.

Seria necessário arrasar todos

os países europeus e extinguir

a raça europeia, para poder

começar a construção da

cultura nova e mais perfeita...

I

In “Utopia”

Na imagem: Ilha da Utopia

16

Olga Dryuchenko

Page 18: Dossiê Temático sobre a Cidade

A cidade

Lisboa & Amaurota

“Estavam no Loreto; e

Carlos parara, olhando,

reentrando na intimidade

daquele velho coração da

capital. Nada mudara. A

mesma sentinela sonolenta

rondava em torno à estátua

triste de Camões. Os mesmos

reposteiros vermelhos, com

brazões eclesiásticos,

pendiam nas portas das duas

igrejas. O Hotel Aliance

conservava o mesmo ar mudo

e deserto. Um lindo sol

dourava o lagedo; batedores

de chapéu à faia fustigavam

as pilecas; três varinas, de

canastra à cabeça, meneavam

os quadris, fortes e ágeis na

plena luz. A uma esquina,

vadios em farrapos fumavam;

e na esquina defronte, na

Havaneza, fumavam também

outros vadios, de

sobrecasaca, politicando.”

Eça de Quierós, in “Os Maias “

17

Page 19: Dossiê Temático sobre a Cidade

“As cidades da ilha, com especial menção de Amaurota

Quanto às cidades, quem

conhece uma conhece todas.

Assemelham-se tanto quanto

a natureza do local o permite.

Descrever-vos-ei, pois, uma

delas, indferentemente; mas

porque não Amarouta? (...)

A cidade de Amaurota fica na

encosta de um monte de

inclinação suave e tem forma

quase quadrangular. Começa

pouco abaixo do cume do

monte e prolonga-se pelo

espaço de duas milhas até ao

rio Anidro. A sua largura,

junto ao rio, aumenta um

pouco. ( ... ) Hoje, as casas

são belas e elegantes,

contruídas por um processo

interessante, com três

andares. O exterior das

paredes é coberto de pedra,

gesso, tijolo, e o seu interior é

reforçado com vigas de

madeira. Os telhados são

planos (...)”

Thomas More, in “Utopia “

na perspectiva

dos escritores Nas imagens : Loreto, Lisboa e Ilha Poros, Grécia

18

Page 20: Dossiê Temático sobre a Cidade

Os músicos sobre

Rui Velozo – “Porto Sentido”

uem vem e atravessa o

rio

Junto a Serra do Pilar

Vê um velho casario

Que se estende ate ao mar

Quem te vê ao vir da ponte

És cascata, são-joanina

Erigída sobre o monte

No meio da neblina.

Por ruelas e calçadas

Da Ribeira até à Foz

Por pedras sujas e gastas

E lampiões tristes e sós.

Esse teu ar grave e sério

Num rosto e cantaria

Que nos oculta o mistério

Dessa luz bela e sombria

[refrão] Ver-te assim abandonado

Nesse timbre pardacento

Nesse teu jeito fechado

dD quem mói um sentimento

E é sempre a primeira vez

Em cada regresso a casa

Rever-te nessa altivez

De milhafre ferido na asa

Q

Nas imagens: Cidades do Porto e Lisboa

19

Page 21: Dossiê Temático sobre a Cidade

Amália Rodrigues – “Lisboa não

sejas francesa”

ão namores os

franceses

Menina, Lisboa,

Portugal é meigo às vezes

Mas certas coisas não perdoa

Vê-te bem no espelho

Desse honrado velho

Que o seu belo exemplo atrai

Vai, segue o seu leal

conselho

Não dês desgostos ao teu pai

Lisboa não sejas francesa

Com toda a certeza

Não vais ser feliz

Lisboa, que idéia daninha

Vaidosa, alfacinha,

Casar com Paris

Lisboa, tens cá namorados

Que dizem, coitados,

Com as almas na voz

Lisboa, não sejas francesa

Tu és portuguesa

Tu és só pra nós

Tens amor às lindas fardas

Menina, Lisboa,

Vê lá bem pra quem te

guardas

Donzela sem recato, enjoa

Tens aí tenentes,

Bravos e valentes,

Nados e criados cá,

Vá, tenha modos mais

decentes

Menina caprichosa e má

Lisboa não sejas francesa...

a Cidade..

N

20

Page 22: Dossiê Temático sobre a Cidade

A visão dos

“Cidade”

Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,

Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,

Saber que existe o mar e as praias nuas,

Montanhas sem nome e planícies mais vastas

Que o mais vasto desejo,

E eu estou em ti fechada e apenas vejo

Os muros e as paredes, e não vejo

Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.

Saber que tomas em ti a minha vida

E que arrastas pela sombra das paredes

A minha alma que fora prometida

Às ondas brancas e às florestas verdes.

Sofia de Mello Breyner, in “Obra Poética I”

21

Page 23: Dossiê Temático sobre a Cidade

poetas sobre

“UmaCidade” Uma cidade pode ser

apenas um rio, uma torre,

uma rua

com varandas de sal e

gerânios

de espuma. Pode

ser um cacho

de uvas numa garrafa, uma

bandeira

azul e branca, um cavalo

de crinas de algodão, esporas

de água e flancos de granito.

Uma cidade

pode ser o nome dum país,

dum cais, um porto, um barco

de andorinhas e gaivotas

ancoradas na areia.

E pode ser um arco-íris à

janela,

um manjerico de sol,

um beijo de magnólias

ao crepúsculo, um balão

aceso numa noite de junho.

Uma cidade pode ser

um coração, um punho.

Albano Martins, in "Castália e Outros Poemas

Nas imagens: Cidades de Coimbra e Sintra

22

Page 24: Dossiê Temático sobre a Cidade

O olhar dos anto como os

compositores, os

escritores e os

poetas, os pintores têm uma

visão personificada e

impressionista sobre o espaço

urbano. Talvéz sejam

justamente as pinturas que

transmitem o ambiente

citadino da mais fiel forma...

T

“Sobre a Cidade” por Marc Chagall (1915)

23

Page 25: Dossiê Temático sobre a Cidade

pintores sobre

“Boulevard Montmartre”

por Camille Pissarro

(1897)

“O Paço da

Ribeira” por

Dirk Stoop

(1610-1686)

o

espaço

urbano

24

Page 26: Dossiê Temático sobre a Cidade

Sobre a cidade Perfeita

Largos boulevards,

ruas que brilham de pureza,

aposentos de luxo e

grau 0 de criminalidade.

mbarco numa viagem

por uma cidade

perfeita.

Começo por imaginar um

país perfeito, antes de tudo.

Não sei porque mas a

primeira associação que me

vem à mente quando se fala

em perfeição de cidade, é

Itália. Roma ou Veneza, ou

até mesmo Verona, cidades

de escape para romanticos e

artistas. Encontro-me em

Itália , numa delicada cidade

á beira do Mar Mediterrâneo.

O clima mediterrânico até no

Inverno é ameno. Mas estou

em meados de Junho. A

quantidade de sol é invejável,

as praias convidam-me

gentilmente. Ao fundo vejo,

montanhas onde posso

refugiar-me no fresquinho da

sombra do bosque.

Entro pelas portas da cidade.

Reparo que as ruas são

largas, bastante largas para

que os peões não tenham

medo de andar no passeio e

serem atropelados. Filas de

E

25

Na imagem: Roma, Itália.

Page 27: Dossiê Temático sobre a Cidade

árvores ao longo de qualquer

rua produzem oxigénio para

respirar livremente. Os

jardins que se encontram

espalhados por toda a cidade

dão-lhe um reflexo verde e

acolhedor que contrasta com

a cor das flores de verão.

A electricidade alimenta os

carros e os transportes

públicos, tanto como todos os

outros, de maneira a evitar a

poluição do ar. As casas são

de luxo, não muito grandes

mas bem equipadas, bem

contruídas e baratas, porque é

suposto o país e a cidade

serem abastadas. O Estado

democrático encarrega-se de

dar as melhores condições

aos habitantes. Estes,

desempenham os seus cargos

de modo a contribuir para o

bem de toda a sociedade .

Todos são bem remunerados

e têm as mesmas

oportunidades.Os preços são

fixos, não existe inflação nem

especulação da banca que

obrigam os preços a disparar.

Qualquer produto é acessível

para qualquer pessoa. O

poder de compra é

equivalente para todos.

Existem bancos, escolas com

o melhor sistema educativo,

universidades, unidades

hoteleiras e de restauração,

teatros, cinemas. Não falta

nada.

Não há ricos nem pobres.

Não existe descriminação. A

criminalidade é reduzida á

zero pois é simplesmente

impertinente e desnecessária.

É um mundo a parte, que

parte do princípio da

igualdade e da felicidade

comum. Cada um dos

habitantes da cidade está

plenamente feliz. A vida é de

tal maneira boa, que deveria

ser infinita…

É a utopia citadina... 26 Olga Dryuchenko

Page 28: Dossiê Temático sobre a Cidade

Tóquio

A maior área metropolitana do mundo

cidade de Tóquio é a capital do Japão e a maior

área metropolitana do mundo, contando com 12

milhões de habitantes. Porém, a Grande Tóquio

supera todos os limites, albergando mais de 35

milhões de habitantes. Em comparação com Portugal, esta

cidade ultrapassa o número total de habitantes portugueses mais

de 3 vezes!

A Nas imagens: Tóquio (Japão)e Hum (Croácia)

27

Page 29: Dossiê Temático sobre a Cidade

Hum -Cidade

miniatura um é uma cidade na Croácia central, que actualmente

se encontra registada no livro dos Recodes de Guiness

como a cidade mais pequena do mundo. Esta cidade-

fortaleza aparecida no século XI conta com apenas 17

habitantes! Nos seus tempos mais prósperos a sua população

atingiu os incríveis 300 habitantes!

H

28

Page 30: Dossiê Temático sobre a Cidade

Algumas

cidades que

visitei

29

Page 31: Dossiê Temático sobre a Cidade

Porto - Portugal

30

Page 32: Dossiê Temático sobre a Cidade

Vila Nova

31

Page 33: Dossiê Temático sobre a Cidade

de Gaia

Portugal

32

Page 34: Dossiê Temático sobre a Cidade

Moscovo

33

Russia

Page 35: Dossiê Temático sobre a Cidade
Page 36: Dossiê Temático sobre a Cidade

Salamanca -

Espanha

Page 37: Dossiê Temático sobre a Cidade
Page 38: Dossiê Temático sobre a Cidade

Uma viagem a

iajei a Salamanca

este Inverno. A

primeira impressão

que tive foi: é uma cidade

muito antiga, carregada de

séculos de história com tanto

por contar.

Ficamos alojados num hostel

no centro da cidade, numa

rua próxima da Plaza Mayor.

Das janelas do quarto abria-

se vista para umas casas

degradadas. Porém, as

redondezas tinham muito

mais para ver, para andar,

para contar ao som dos

nossos passos que

desconheciam a cidade.

Começamos por observar

mais de perto a Plaza Mayor

e a sua grandiosidade. As

ruas derivantes abriam

caminho para a outra parte

mais moderna da cidade,

carregada de lojas de moda e

montras para todos os gostos.

Mas havia algo mais

importante e simbólico para

ser visto. As Catedrais, a

nova e a antiga, e as

Unversidades, a de

Salamanca, e a Pontifícia.

V

Espanha. Salamanca. 2011

Uma cidade que não passa despercebida ...

37

Page 39: Dossiê Temático sobre a Cidade

As Catedrais eram de

extrema beleza. Eguidas sob

a tutela de diferentes ordens

arquitectónicas, elas

repousavam na sua

tranquilidade sacra. As salas

da Faculdade de Letras da

Universidade de Salamanca

deixaram uma impressão

magestosa. Zelando pela

nossa sorte, fomos procurar o

símbolo de Salamanca, a rã

que está no edifício principal

da Universidade.

A Casa das Conchas

conservava as suas 366

conchas desprotegidas do

vento de Inverno e dos 4ºC

que faziam gelar ossos. O

Museu da Arte Moderna

reluzia com as suas perfeitas

bonecas de porcelana.

Os jardins, situados nas zonas

mais elevadas da cidade

respiravam tranquilidade e

transmitiam o sentimento de

paz.

A ponte sob o rio, à entrada

da cidade, reflectia-se no rio

como um arco-íris.

Salamanca

Ao anoitecer milhares de luzes iluminavam a

Plaza Mayor enaltecendo o centro da cidade...

38 Olga Dryuchenko

Page 40: Dossiê Temático sobre a Cidade

Uma

cidade Inteligente

“(...)

a cidade contemporânea traz

consigo novos desafios, oportunidades, e

necessidades do desenvolvimento sustentável e da

gestão inteligente. A pergunta é: como será a cidade

do futuro? Qual é o modelo de cidade que

desejamos? O certo é que devemos optar por uma

cidade sustentável, i.e. uma cidade inteligente,

inovadora, e criativa e que deve ser focada,

planeada, e feita para as pessoas.”

“Assim, a cidade contemporânea traz

consigo novos desafios, oportunidades, e

necessidades do desenvolvimento sustentável e da

gestão inteligente. A pergunta é: como será a cidade

do futuro? Qual é o modelo de cidade que

desejamos? O certo é que devemos optar por uma

cidade sustentável, i.e. uma cidade inteligente,

inovadora, e criativa e que deve ser focada,

planeada, e feita para as pessoas.”

39

Page 41: Dossiê Temático sobre a Cidade

“A cidade inteligente é definida, portanto,

como um território que traz sistemas inovativos e TICs

dentro da mesma localidade. São territórios

caracterizados pela alta capacidade de aprendizagem e

inovação, embutida na criatividade d sua população, nas

suas instituições de geração de conhecimento, e na sua

infra-estrutura digital para comunicação e gestão do

conhecimento. Isto leva certamente à necessidade e à

ambição de repensarmos o nosso modo de viver.”

“Mas, o exemplo mais fascinante de cidade

digital é New Songdo em construção na Coreia do Sul, a 65

quilômetros da capital Seul, que conta com um investimento

de US$ 25 bilhões, e que deve ser inaugurada em 2015.

Songdo é um polo econômico, sustentável, tecnológico,

confortável e totalmente planeado para atrair a comunidade

mais dinâmica, vibrante e digitalizada do planeta. (...) Além

de ser uma cidade totalmente high-tech, Songdo pretende ser

a cidade mais verde do planeta.”

40

Page 42: Dossiê Temático sobre a Cidade

“Por exemplo, as arcas frigoríficas conectadas à

Internet, fazem compras on-line cada vez que algum alimento

está a ficar em falta. Para se vestir, as mulheres interagem

com o espelho do guarda-roupa que mostra as opções

disponíveis, provam virtualmente as diferentes combinações

e recebem até sugestões de moda etc. O chão é equipado por

sensores de pressão que accionam a ajuda automaticamente

em caso de queda de uma pessoa idosa. Sensores e chips

levantam e analisam informações sobre a qualidade da água,

ar, lixo, etc. e avisam sobre as condições sanitárias do

ambiente. No trânsito, os semáforos são inteligentes e actuam

de forma a facilitar o transito e evitar congestionamentos. Os

motoristas visualizem on-line, as condições do trânsito. As

áreas de estacionamento são monitoradas e os motoristas são

informados sobre a quantidade e a localização das vagas.”

“Assim, Songdo, é um exemplo perfeito de

tentativa para colocar em prática o conceito de Ubiquitous

City (U-City). O U-City, ou cidade digital, ou do futuro, é um

conceito que está a priori. Porém, é preciso ter muitos

cuidados com a privacidade das pessoas inerentes do uso de

chips que carregam informações e dados pessoais. Até que

ponto o monitoramento de nossas atividades é útil e pode ser

tolerado?”

41

Page 43: Dossiê Temático sobre a Cidade

Conclusão Quando peguei na ideia de

fazer um dossiê temático

estava com grandes dúvidas

sobre o resultado final.

Pensei e repensei as várias

maneiras de me lançar a este

desafio, e posso dizer que

completei o que tinha

previsto para este dossiê

temático.

A medida que realizava

algumas tarefas e preenchia

as páginas, as pesquisas

davam novas ideias. Revi

dezenas de imagens, ouvi

músicas que nunca tinha

ouvido, procurei vídeos,

poemas, e tudo o mais que se

possa imaginar. Fiquei mais

enriquecida culturalmente e

soube coisas que até hoje não

sabia.

Este dossiê temático é um

ensaio para um melhor e

maior trabalho que se pode

desenvolver. Porém, não

penso parar por aqui e até

gostaria de continuar a

preenché-lo. Seria uma mais

valia aperfeiçoar este modelo

já feito, adicionar mais

informação.

Enquanto estava a fazer isto

vi-me muito entusiasmada e

ansiosa para ver o resultado

das horas infinitas passadas

em frente ao computador.

No final, gostei muito do que

fiz, serviu-me de lição para as

próximas tarefas. Penso que

agora estou preparada para

fazer outro dossiê temático e

acredito que vou encontrar

maneira de fazé-lo mais

criativo.

Olga Dryuchenko 42

Page 44: Dossiê Temático sobre a Cidade

Bibliografia COUTO, Célia, ROSAS Maria, O Tempo da História 1ª,2ª,3ª parte, 10º

ano, 1ª edição, Porto Editora, 2008.

COUTO, Célia, ROSAS Maria, O Tempo da História ,3ª parte, 11º ano,

1ª edição, Porto Editora, 2010.

MORE, Thomas, Utopia, 3ª edição, Europa- América, 2004.

QUEIRÓS, Eça, Os Maias, Porto Editora, 2010.

MOUTINHO, José, Portugal Lendário, 1ª edição, Selecções do

Reader´s Digest, 2005.

Média:

Diciopédia, Porto Editora, 2010

http://pt.wikipedia.org/wiki/Paris

http://letras.terra.com.br/amalia-rodrigues/483768/

http://letras.terra.com.br/rui-veloso/41677/

http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/sophia_m_b_andresen/poetas_sophi

ambandresen_cidade01.htm

http://www.citador.pt/poemas.php?op=10&refid=200810170304

http://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%B3quio

http://ru.wikipedia.org/wiki/%D0%A5%D1%83%D0%BC

http://www.jornalpequeno.com.br/2010/9/26/cidade-inteligente-

132773.htm

http://www.citador.pt/pensar.php?op=10&refid=200706220900&aut

hor=148&theme=327

43

Page 45: Dossiê Temático sobre a Cidade

Anexos Vídeos:

“Lisboa não sejas francesa”, por Amália Rodrigues:

http://www.youtube.com/watch?v=JDby_KHmVO4

“Porto Sentido”, por Rui Veloso:

http://www.youtube.com/watch?v=k2RBiFgaz7M

“Lisboa menina e moça”, por Carlos do Carmo:

http://www.youtube.com/watch?v=RDRM2dJQDws

“A cidade até ser dia”, por Anabela

http://www.youtube.com/watch?v=8E1glAS6IJ8

Mais:

Poemas sobre a “Cidade”

http://www.citador.pt/poemas.php?poemas=Cidade&op=9&

theme=327

Salamanca:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Salamanca

Albufeira:

http://www.albufeira.pt/

44

Page 46: Dossiê Temático sobre a Cidade

A Vida Vazia da Cidade

Instalámo-nos, portanto, na cidade. Aí toda a vida é suportável para as

pessoas infelizes. Um homem pode viver cem anos na cidade, sem dar

por que morreu e apodreceu há muito. Falta tempo para o exame de

consciência. As ocupações, os negócios, os contactos sociais, a saúde, as

doenças e a educação das crianças preenchem-nos o tempo. Tão depressa

se tem de receber visitas e retribuí-las, como se tem de ir a um

espectáculo, a uma exposição ou a uma conferência.

De facto, na cidade aparece a todo o momento uma celebridade, duas ou

três ao mesmo tempo que não se pode deixar de perder. Tão depressa se

tem de seguir um regime, tratar disto ou daquilo, como se tem de falar

com os professores, os explicadores, as governantas. A vida torna-se

assim completamente vazia.

Leon Tolstoi, in "Sonata a Kreutzer"