Dossiê Furquim
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Transcript of Dossiê Furquim
PROCESSO DE TOMBAMENTO
NÚCLEO HISTÓRICO URBANO
DISTRITO DE FURQUIM
Prefeitura Municipal de Mariana/MG
QUADRO III Janeiro 2012
Exercício 2013
PROCESSO DE TOMBAMENTO | NÚCLEO HISTÓRICO URBANO | DISTRITO DE FURQUIM JANEIRO | 2012 - EXERCÍCIO | 2013 Página 2 de 138
P R E F E I T U R A M U N I C I P A L D E M A R I A N A / M G . Prefeita: Terezinha Severino Ramos SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Chefe do Setor: Marcílio Geraldo Vieira de Queiroz
SUMÁRIO
01 INTRODUÇÃO E METODOLOGIA 3
02 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO 8
03 HISTÓRICO DO BEM CULTURAL, CONTEXTUALIZAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO 22
04 DESCRIÇÃO, ANÁLISE E DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA DO BEM CULTURAL 36
05 DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO 53
5.1 DELIMITAÇÃO 53 5.2 DESCRIÇÃO 54 5.3 JUSTIFICATIVA 56
06 DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PERÍMETRO DE ENTORNO 57
6.1 DELIMITAÇÃO 57 6.2 DESCRIÇÃO 58 6.3 JUSTIFICATIVA 59
07 DOCUMENTAÇÃO CARTOGRÁFICA 60
7.1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MARIANA/MG 60 7.2 LOCALIZAÇÃO DO BEM CULTURAL 61 7.3 PERÍMETROS DE TOMBAMENTO E ENTORNO COM ESTRUTURAS EXISTENTES 62 7.4 INDICAÇÃO DAS ESTRUTURAS EXISTENTES E SEUS GRAUS DE PROTEÇÃO 64 7.5 DETALHAMENTO CARTOGRÁFICO: IGREJA MATRIZ SENHOR BOM JESUS DO MONTE 65 7.6 MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS BENS SELECIONADOS PARA INVENTÁRIO 66
08 FICHAS DE INVENTÁRIO 67
09 LAUDO TÉCNICO DE ESTADO DE CONSERVAÇÃO 77
10 DIRETRIZES PARA A ÁREA TOMBADA 107
10.1 GRAU DE PROTEÇÃO 1 (4 IMÓVEIS) 110 10.2 GRAU DE PROTEÇÃO 2 (0 IMÓVEIS) 111 10.3 GRAU DE PROTEÇÃO 3 (36 IMÓVEIS) 111 10.4 GRAU DE PROTEÇÃO 4 (24 IMÓVEIS) 111 10.5 GRAU DE PROTEÇÃO 5 (29 IMÓVEIS) 111 10.6 LISTA DE ENDEREÇOS E GRAUS (93 IMÓVEIS) 112
11 DIRETRIZES PARA O ENTORNO DA ÁREA TOMBADA 127
12 REFERÊNCIAS 131
13 DOCUMENTO CONCLUSIVO SOBRE O BEM TOMBADO 134
14 ART – ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA 135
15 CD-ROM COM FOTOGRAFIAS 136
16 FICHA TÉCNICA 137
17 ANEXOS 138
A. LEI MUNICIPAL 1.728 DE 18 DE MARÇO DE 2003 G. PUBLICAÇÃO DO TOMBAMENTO PROVISÓRIO
B. ATA DE REUNIÃO APROVANDO O TOMBAMENTO H. ATA APROVANDO O TOMBAMENTO DEFINITIVO
C. ATA DE REUNIÃO APROVANDO PERÍMETROS, GRAUS DE PROTEÇÃO E DIRETRIZES
I. PARECER DO CONSELHO SOBRE O TOMBAMENTO
D. CARTA APRESENTADA AOS MORADORES J. DECRETO DE TOMBAMENTO
E. NOTIFICAÇÕES DE TOMBAMENTO K. INSCRIÇÃO NO LIVRO DE TOMBO MUNICIPAL
F. RECIBOS DAS NOTIFICAÇÕES L. PUBLICAÇÃO DO TOMBAMENTO DEFINITIVO
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P R E F E I T U R A M U N I C I P A L D E M A R I A N A / M G . Prefeita: Terezinha Severino Ramos SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Chefe do Setor: Marcílio Geraldo Vieira de Queiroz
01 INTRODUÇÃO E METODOLOGIA
O presente trabalho consiste no PROCESSO DE TOMBAMENTO DO NÚCLEO HISTÓRICO URBANO DE
FURQUIM, Distrito de Mariana/MG, e faz parte das atividades desenvolvidas pelo município para registrar
e proteger o seu patrimônio cultural.
Esta foi uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Mariana/MG com a participação da equipe técnica
especializada do Grupo Memória Arquitetura, auxílio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e
apoio do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG.
Cópias deste estudo encontram-se disponíveis na Prefeitura Municipal de Mariana e no IEPHA/MG, uma
vez que tal trabalho também faz parte do conjunto de ações que garante os incentivos do ICMS Cultural
conforme a Lei 18.030/2009.
Furquim teve grande importância na divisão das paróquias pelo Bispado de Mariana, no início do século
XVIII. Foi paróquia desde 1706, mas com sua decadência econômica posterior, perdeu essa regalia. “A
Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte foi construída em 1745, em substituição à antiga capela. Em 1767,
a sacristia e a capela-mor foram reedificadas” – segundo o IPHAN, que a tombou em 1949.1 Outra
evidência do pioneirismo da paróquia é o fato de que a capela de São Gonçalo, no município vizinho de
Acaiaca, era “filial da matriz de Furquim” quando erigida, em 1727 (Barbosa, 1995).
O arraial deve seu nome a Antônio Furquim da Luz, bandeirante paulista, “um dos primeiros
descobridores do ouro”, que ali obteve sesmaria em 1711. Para Barbosa, ele morreu ali mesmo, anos
depois. Para Diogo de Vasconcellos, ao contrário, Furquim da Luz teria regressado a São Paulo,
refugiando-se de ataques dos atrozes índios ao povoado. “O ataque dessa gente atrocíssima por tal
maneira aterraram (sic) a freguesia do Forquim (sic), que Antonio Forquim da Luz, o seu fundador,
desgostoso, acertou de melhor que resistir a semelhantes inquietações, regressar em 1728 para São
Paulo, acautelando os anos da última velhice” (Diogo de Vasconcellos, História antiga das Minas Gerais,
v. 1, fls 234).
A Igreja Matriz seguiu em obras pelo menos até 1782, de quando consta em documento um pagamento
ao construtor marianense José Pereira Arouca, autorizado pela Rainha D. Maria I, ainda segundo o
IPHAN. O templo se localiza de frente para um largo, a Praça da Matriz, em torno do qual se espalham
edifícios residenciais e comerciais de até dois pavimentos. Seu cruzeiro é monumento afastado da igreja,
situado em frente a ela, em uma borda desse largo. Não há outras construções contemporâneas da
igreja, apenas algumas com feições coloniais e ecléticas, mais recentes, todas provavelmente da virada
do século XIX para o XX.
Em outra etapa de seu desenvolvimento, já no século XX, foi a ferrovia que chegou ao distrito. Dela,
resta apenas a estação denominada Furquim, outro marco urbano importante, exemplar típico da
1 Neste texto introdutório, as referências ao IPHAN são de texto descritivo da Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte, da versão eletrônica do Arquivo Noronha Santos (Arquivo Central do IPHAN), encontrada em www.iphan.gov.br, cujo acesso foi feito em 25/10/2011.
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arquitetura ferroviária da época, construída em 1926. Recebeu passageiros até cerca de 1980.2 Os
trilhos, que conseguiam cruzar todo o núcleo histórico do distrito de Furquim praticamente sem
inclinação, acompanhando uma curva de nível, foram retirados “há uns quinze anos”, como informou um
morador.
Além da Matriz do Bom Jesus do Monte, a Capela de Nossa Senhora do Carmo, também datada do século
XVIII, é outro marco urbano importante. Avistada ao adentrar o núcleo histórico, em posição de meia-
encosta, essa singela capela orienta-se com sua fachada posterior voltada para o vale do Gualaxo. Possui
pequeno adro voltado para a rua do Carmo.
O núcleo histórico desenvolve-se numa encosta, paralelamente ao rio Gualaxo, em traçado urbano
longitudinal e sinuoso. Ao chegar da MG-262, que liga Mariana a Ponte Nova, o viajante desce estrada
íngreme e, antes de chegar ao povoado de Furquim, cruza o curso d’água. Assim, todo o aglomerado de
casas está em sua margem esquerda. Entretanto, devido à topografia acidentada, o curso d’água fica em
cota mais baixa e, uma vez dentro do povoado, ele quase não é visto.
A despeito de certa renovação observada no casario, as características tipológicas, urbanas e
arquitetônicas ainda são razoavelmente preservadas, o que resulta numa ambiência pouco alterada, com
edificações térreas e sobrados dispostos ao longo de vias com traçado irregular. Houve duas etapas de
ocupação no núcleo urbano – o núcleo original, do século XVIII, surgiu em torno da Igreja Matriz, e a
segunda etapa, da qual algumas construções chegaram até os nossos dias, teve como referência a
estação ferroviária.
Atualmente, a área urbanizada cresce ao longo de vias existentes: na direção do cemitério (rua do
Bonfim), que está em altura aproximada à da extinta ferrovia, e morro abaixo, ao longo da rua
Professora Maria Madalena, que nasce na face posterior da Igreja Matriz.
Furquim possui os sub-distritos de Cuiabá, Pedras, Margarida-Viana, Paraíso, Constantino, Goiabeiras e
Crasto. Seu núcleo histórico é acessado pela rodovia asfaltada MG-262, que liga Mariana a Ponte Nova, e
dista cerca de 25 quilômetros da sede do município.
Apesar da beleza da paisagem urbana e rural e da vitalidade de suas manifestações culturais, o distrito
permanece em situação de isolamento e estagnação econômica, o que, aliado ao despreparo da
comunidade para buscar alternativas para seu desenvolvimento, constitui um empecilho ao
desenvolvimento turístico.
O presente dossiê tem como objetivo oferecer respaldo para o tombamento municipal do Núcleo Histórico
Urbano do Distrito de Furquim, visando, através da proteção de seu acervo urbanístico, valorizar a
paisagem de características coloniais, ali preservada.
O trabalho teve início com o levantamento de fontes bibliográficas gerais e específicas e, em seguida,
partiu-se para a pesquisa em campo, realizada pela equipe da Prefeitura Municipal e por profissionais das
áreas de arquitetura e história, contando ainda com a colaboração da população. Foi feito um estudo das
características arquitetônicas, tipológicas, paisagísticas, urbanísticas e de conservação do local e a coleta
de informações históricas, documentação fotográfica e cartográfica.
2 Informação extraída do Inventário do Patrimônio Ferroviário de Minas Gerais, executado pela Superintendência do IPHAN em Minas Gerais.
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Alguns imóveis foram selecionados para o preenchimento das fichas de inventário, obedecendo-se ao
critério de preservação das características construtivas originais e/ou à sua importância como marco
urbano local.
A etapa seguinte se baseou na análise dos dados coletados e de bibliografia especializada. Foram
definidas as marcações da área a ser resguardada, sem, contudo, buscar valores individuais ou
ornamentais das edificações. O perímetro de tombamento procurou refletir a importância das volumetrias
das construções e o cenário que o conjunto por elas formado representa.
Foram também definidas algumas diretrizes, visando orientar o desenvolvimento do distrito a partir do
presente momento, para que este ocorra de forma ordenada e coerente com seu valor histórico e
artístico, sem agredir a estrutura urbana original. Tais proposições encontram-se em harmonia com os
preceitos do Plano Diretor Urbano Ambiental de Mariana/MG.
O próximo passo foi fazer uma análise acerca do estado em que se encontra o conjunto, denunciando
transformações e perdas ocorridas ao longo dos anos.
Por fim, como modo de criar parâmetros para a regulamentação do espaço urbano e a gestão dos bens
inseridos no Núcleo Histórico Urbano de Furquim, cada uma das estruturas arquitetônicas foi
particularizada a partir de cinco diferentes níveis de proteção estipulados 3:
1.1 Grau de Proteção 1
Imóveis de extrema relevância histórica e/ou arquitetônica, considerados referências no Núcleo Histórico
Urbano. Edifícios essenciais para o cenário do distrito, apontados pela comunidade como monumentos de
valor inconteste, sobretudo em função dos imaginários que se consolidaram acerca da antiguidade e
importância dos mesmos. Para tais imóveis ficam estabelecidas as seguintes diretrizes especiais:
• Fica restrita a modificação na distribuição de cômodos internos sem a prévia análise e autorização do
Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG;
• Deve ser mantida a fachada principal e preservados os elementos artísticos, sem alteração das formas
ou retirada de ornamentos;
• Devem ser mantidos os materiais de revestimento internos e externos à edificação;
• Devem ser limpas e mantidas periodicamente as janelas e as portas e ainda reparados os elementos
danificados, substituindo, se necessário, por outros novos, seguindo as características originais das
esquadrias.
1.2 Grau de Proteção 2
Aplicável aos bens imóveis de valor histórico, arquitetônico e ambiental cuja importância não abranja a
totalidade do bem, determinando que:
• A preservação se refira a apenas partes delimitadas do imóvel;
3 Os Graus de Proteção 1, 2 e 3 foram definidos pela Lei Municipal nº 1.728 de 18 de março de 2003. Para o tombamento municipal do Núcleo Histórico Urbano de Santa Rita Durão (2009), foram detalhados o primeiro e o terceiro níveis e ainda acrescentados os Graus de Proteção 4 e 5, estrutura analítica que repetimos no presente dossiê.
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• A utilização do imóvel não degrade a parte protegida;
• Sejam utilizados métodos adequados de conservação e restauração.
1.3 Grau de Proteção 3
Imóveis considerados como bens de interesse de preservação, por seu valor em conjunto ou como
fragmentos da diversidade arquitetônica e histórica de Furquim. É necessária a preservação da fachada e
da volumetria. Para tais imóveis são permitidas as seguintes intervenções:
• Modificação na distribuição de cômodos internos, desde que o aspecto externo do edifício não seja
prejudicado;
• Troca de materiais de revestimento internos à edificação;
• Substituição das esquadrias por outras de materiais diversificados seguindo as características originais
dos vãos (dimensões e enquadramentos), desde que aprovada pelo Conselho Municipal do Patrimônio
Cultural de Mariana/MG.
1.4 Grau de Proteção 4
Imóveis considerados como bens de interesse de preservação, cuja demolição pode ser concedida a partir
da análise e estudo específico do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG e desde que o
novo projeto de ocupação do lote obedeça às diretrizes estabelecidas no presente dossiê de tombamento,
bem como às legislações urbanas vigentes.
1.5 Grau de Proteção 5
Imóveis considerados como bens sem interesse de preservação (incluem-se os terrenos baldios), mas
que se encontram no perímetro de tombamento por resguardarem a ambiência do Núcleo Histórico
Urbano; a demolição é permitida desde que o novo projeto de ocupação do lote obedeça às diretrizes
estabelecidas no presente dossiê de tombamento e às legislações urbanas vigentes.
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HORTA
RU
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(CEP 35426-971)
MARCOS PINHEIRO
RIO GUALAXO
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SENH
OR
R.F.F.S.A.
R. BOM JESUS
MADALMARIAR. PROF.
RUA PROF. ANTÔNIOR
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DR
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DA MATRIZPÇA
MORAESE.E. MONSENHOR
0 5010 100m
N
87
99105107119 25
PINTOPÇA MAGALHÃES
56
1925
44
17
30
46
90
1131
21
151
70
30
62A
88
6166
8191
65
29
3741
19
15
241
275
2799
SSVP
7767
51
RUÍNA
41
MARCOS PINHEIRO
RUA PROF. ANTÔNIO
CARMO
158
146
97101
137
161171
176MAGDA'S BARRESIDÊNCIA E
193205
213 227
283295
312312B
270284
ANTIGO LEITO DA
196
176
133
103134
167
205CASA AZULE BRANCA
PORTEIRA
207217
227
390
460
360
494
512512gar
520
532
544
554
MO
NSE
NH
OR
440
CORREIOS
601
GERALDO VITORCOMÉRCIO
DO
537
COMÉRCIO
RESIDÊNCIA
POLICLÍN
ICA
154 (vago)
250
COMÉRCIO
Graus de Proteção das Estruturas Arquitetônicas. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Furquim. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003.
Elaboração (jul/2011): Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
LEGENDA:
Grau de Proteção 01
Grau de Proteção 02
Grau de Proteção 03
Grau de Proteção 04
Grau de Proteção 05
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02 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO
Diversidade e polifonia nos tempos do Brasil Colônia
A perspectiva histórica nos possibilita diferentes tipos de abordagem, sendo também responsável pelas
construções de visões críticas a posteriori sobre determinadas temáticas. Ademais, importa destacar que
a produção historiográfica varia significadamente de uma época para outra: no que tange à história do
Brasil Colônia, por exemplo, muitos aspectos foram reavaliados e reescritos pela produção acadêmica
nacional, contribuindo para que o debate seja constantemente (re)visitado pelos historiadores 4.
A questão dos ciclos econômicos 5 perdurou, por muitos anos, como um instrumental analítico bastante
inflexível e segmentado. Nesse sentido, tentava-se enquadrar a complexa realidade colonial em simples
modelos econômicos, sendo estes respaldados pela noção de Pacto Colonial: a Colônia estaria submetida,
incondicionalmente, aos desígnios da Metrópole portuguesa, tendo sempre algum produto (açúcar, ouro
ou café) como único e principal trunfo.
As críticas a esse tipo de visão se ancoram no seguinte argumento: não é possível apontar precisamente
quando determinado ciclo econômico colonial deu-se por encerrado, visto que existiam lampejos de
recuperação ao longo de toda trajetória colonial. Além disso, interessa ressaltar que a economia da
Colônia não se resumiu somente às exportações para as terras metropolitanas; havia produções locais
que suprimiam as necessidades básicas, oferecendo-se como alternativas viáveis. A vida cotidiana
colonial era imbuída de diversas singularidades, apresentando uma dinâmica própria e interna, a qual
acabava por subverter a lógica exclusivista de Portugal. Os arraiais, as vilas e os inúmeros lugarejos que
surgiam na época da mineração são bons exemplos de que a nossa história trilhou por múltiplos
caminhos. Comecemos, pois, a recuperação de alguns desses itinerários...
Nos sertões das Gerais, afloram sonhos de enriquecimento
O século XVII presenciou as primeiras penetrações no até então desconhecido território mineiro: num
momento inicial, o encontro com as diferentes tribos indígenas viabilizou os processos de captura e de
escravização dos nativos, os quais eram utilizados como mão-de-obra nas atividades colonizadoras 6.
Apesar das incipientes expedições não alcançarem os almejados metais, as mesmas foram importantes
para um conhecimento maior do interior colonial – a abertura de novos caminhos, nesse sentido, foi por
demais significativa 7.
Entretanto, não se pode negar que a descoberta de ouro na antiga Capitania de Minas, na segunda
metade do século XVII, emblematizou novos tipos de possibilidades para a vida social da colônia. Em
outras palavras, a “corrida do ouro” estimulou um deslocamento populacional até então inédito no
território, visto que a mesma consistia em uma grande oportunidade de enriquecimento sem requerer
grandes investimentos iniciais.
4 Para citar alguns títulos: ANASTASIA, 1998; FIGUEIREDO, 1995; MELLO, 2000 e WEHLING, 2000. 5 As qualificações de ciclo do pau-brasil, da cana-de-açúcar, do ouro e do café são os mais significativos da produção historiográfica. 6 Entretanto, não se pode esquecer que os negros africanos eram a maior parcela dos escravizados nas minas setecentistas. 7 VENÂNCIO, Renato Pinto. Caminho Novo: a longa duração. Varia História. Belo Horizonte, n. 21, jul. 1999, p. 181-189. (n. especial: Códice Costa Matoso). APUD: MORAES, 2001, p. 177.
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Inúmeros foram os anônimos que se aventuraram pelos sertões interioranos, embalados pela esperança
de dias melhores... Dotadas de um caráter de oficialidade, as bandeiras e as entradas completam esse
contexto histórico em que a extração de riquezas minerais começava a vigorar no território mineiro.
“Mapa das Minas, anônimo – século XVIII – provavelmente brasileiro. Mapa Regional”
arquivado no Museu Paulista, São Paulo. IMAGEM: MAPAS HISTÓRICOS BRASILEIROS: Grandes Personagens da Nossa História. Abril Cultural, p. 56.
Destaque dado à Vila de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo no “Mapa das Minas, anônimo – século XVIII – provavelmente brasileiro. Mapa Regional” arquivado no Museu Paulista, São Paulo.
IMAGEM: MAPAS HISTÓRICOS BRASILEIROS: Grandes Personagens da Nossa História. Abril Cultural, p. 56.
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Indubitavelmente, a região que abrange os municípios de Mariana e de Ouro Preto foi um dos primeiros
pólos de concentração populacional. Nessa medida, o bandeirantismo despontou como aspecto essencial
no que tange ao surgimento dos primeiros povoados; esses homens fixavam-se nas margens dos rios,
estabelecendo um ritmo de vida próprio e singular: mesmo que fossem responsáveis por atrocidades nas
comunidades indígenas, além de estabelecerem uma busca ávida e sistemática por metais preciosos, eles
acabaram por incitar, de alguma forma, os incipientes processos de ocupação do interior da colônia 8.
Realizando atividades como a própria mineração ou simplesmente desenvolvendo culturas agrícolas e
pastoris que serviam como base fundamental para a vida cotidiana, os diversos colonos engendraram a
constituição de novos povoados, dentre os quais se destacou o antigo Arraial de Ribeirão do Carmo 9.
Suas primeiras moradas documentam a precariedade e o caráter semi-nômade desses habitantes. Os
bandeirantes montavam coberturas de sapé e madeira, armadas diagonalmente e escoradas nos
barrancos. Daí evoluíram para os primeiros barracões, as “tijupabas”, feitos de barro e com cobertura
vegetal, geralmente o sapé, uma técnica aprendida com as populações locais 10. Esses grupos estavam
dispostos a se mudarem quantas vezes fossem necessárias e suas empreitadas não era para uma
colonização no sentido clássico da definição, preferiam praticar uma ação exploratória, enfrentando os
desafios e do embrenhar no sertão.
Entre rios, ouro, capelas e plantações: as origens da cidade de Mariana
De uma maneira geral, o processo de ocupação do território mineiro realizou-se tendo como referencial a
formação de pequenos assentamentos humanos. As regiões escolhidas para tal intento localizavam-se
em áreas cujas descobertas de ouro tinham sido observadas; nessa medida, as chamadas datas
passaram a ocupar uma importância ímpar, visto que consistiam em “pequenas extensões de terra, à
beira dos rios e ribeirões auríferos, que o guarda-mor distribuíam àqueles que vinham explorar a região 11.” Além disso, cabe sublinhar que a fundação dos aglomerados era, geralmente, acompanhada pela
edificação de uma capela em devoção a algum santo da Igreja Católica.
Atentando-se para o caso particular da cidade de Mariana, percebe-se que as características acima
retratadas podem ser vislumbradas no processo de constituição desse município mineiro. Nos finais do
século XVII, sinais de ouro foram encontrados no córrego Tripuí e em regiões adjacentes. De acordo com
os registros oficiais, o ano de 1696 (final do século XVII) culminou com a chegada do bandeirante João
Lopes de Lima ao Ribeirão que, nesse momento fundante, recebeu o nome de Nossa Senhora do Carmo –
antes dessa designação, a região havia sido denominada como Vila de Albuquerque. Seguindo os
presságios religiosos da época, o sertanista viabilizou a construção de uma simples capela no local, sendo
ali reverenciada a imagem da santa homenageada. Prontamente, as respectivas datas de terra foram
repartidas entre alguns homens, iniciando o processo de dinamização do então conhecido Arraial do
Carmo.
Já nos idos de 1701, pesquisadores apontam para a formação de vários arraiais ao longo do Ribeirão do
Carmo; tais indícios se confirmam com a emersão dos atuais distritos de Mariana, uma vez que muitas
8 Ver MACHADO, 1980, importante obra do assunto. 9 Outro nome usual da época era Nossa Senhora do Monte Carmo. A região corresponde, atualmente, à cidade de Mariana. 10 VASCONCELLOS, 1999, p. 149 11 CARNEIRO, 2000, p. 25.
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dessas localidades têm origens nesse contexto histórico 12. Outro acontecimento digno de nota fora a
criação da freguesia com o título de Nossa Senhora da Conceição do Ribeirão do Carmo ainda no ano de
1704. No tocante ao panorama geral, iniciavam-se as buscas sistemáticas pelo ouro de aluvião e de
outras riquezas naturais, tendo como suporte fundamental as plantações de milho, abóbora, feijão,
batata e mandioca, além da criação de gado bovino.
Cabe lembrar que a “invenção” das Minas Gerais foi um produto direto do contexto mercantilista
europeu. Desde as fases da colonização havia expectativa quanto à descoberta de metais preciosos,
embora a demora em encontrar ouro ou prata deu ao empreendimento inicial dos lusitanos um aspecto
monocultor, que permaneceria firme durante todo o período colonial, a despeito do aparecimento da
mineração e do desenvolvimento da agricultura de média e pequena escala, para abastecimento interno.
A Capitania das Minas se organizou a partir da consolidação de três principais núcleos urbanos, Vila de
Sabará, Vila Rica (Ouro Preto) e Vila de Albuquerque (Mariana), depois Ribeirão do Carmo.
12 Os distritos de Camargos (1698), Bandeirantes (1700) e Cachoeira do Brumado (1700) podem ser citados sob essa perspectiva.
IMAGEM: MORAES, 2001.
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Com relação aos primeiros núcleos mineiros de formação, dentre os quais se destaca o município de
Mariana, cabe enfatizar mais uma vez que:
Percorrendo a trajetória histórica de constituição da rede urbana de Minas Gerais e a conformação dos territórios de seus atuais municípios, é surpreendente constatar a rapidez com que se formou toda uma trama articulada de núcleos urbanos. Iniciou-se com a ocupação, em fins do século XVII, de seu core geográfico, hoje conformado pelos municípios de Ouro Preto, Mariana e Sabará. 13
Concomitantemente a esse dinâmico processo de evolução urbana, o antigo Arraial do Carmo sofreu
significativas mudanças administrativas: no ano de 1711 foi criada a primeira Vila da Capitania de Minas
Gerais, intitulada de Leal Vila de Nossa Senhora do Carmo de Albuquerque.
Passadas três décadas, tendo como referencial o crescimento produtivo das minas auríferas, foi celebrada
no dia 23/04/1745 a elevação da Vila de Nossa Senhora do Carmo à categoria de cidade; o nome
escolhido fazia alusão à rainha de Portugal, Dona Maria Ana D’Áustria, esposa de D. João V. Importante
enfatizar que apenas Mariana tornou-se, institucionalmente, a única cidade da Capitania durante todo o
século XVIII. A edificação do prédio da Câmara teve início em 1768, com conclusão estipulada em 1798,
a autoria do imóvel cabe a José Pereira Arouca, importante construtor da região. A criação do Bispado
também ocorreu no ano de 1745, demarcando a importância da localidade como centro eclesiástico da
antiga colônia – nesse sentido, várias capelas e igrejas despontavam no território mineiro, sendo
utilizados muito ouro e madeira para a construção das mesmas. Tais edificações são, até os dias atuais,
referências singulares da arte barroca nacional.
A vida cultural e religiosa nas Minas Setecentistas pautou-se por conteúdos hierarquizados, resultados de
uma sociedade escravocrata e desigual, mas também, e paradoxalmente, pelas facilidades para a
miscigenação e hibridação. O grupo dos eclesiásticos exercia influência na população, identificados como
agentes de controle social a serviço da dominação operada pela Coroa e Igreja. Mas nunca tiveram o
monopólio da espiritualidade e religiosidade popular. A miscigenação e a “promiscuidade” entre as
classes implicaram no aparecimento de ramificadas redes de sociabilidade, muitas vezes com preceitos
contrários à ortodoxia católica. Crenças dos indígenas e africanos se amalgamaram aos ensinamentos dos
padres. As terceiras ordens, formada por religiosos leigos, constituía-se outra força política, expressando
credos bem específicos e imersos nos ensinamentos católicos (contando com o consentimento de Roma).
Tinham total autonomia para escolher um padroeiro, levantar igrejas, organizar procissões, adquirir
imaginárias e realizar ações de caridade.
No caso de Mariana, algumas das principais ermidas foram erguidas pelas terceiras ordens, destas se
destacam o Santíssimo Sacramento (surgida na 1ª metade do século XVIII), a ordem de São Francisco
(meados do século XVIII), e a ordem de Nossa Senhora do Carmo (surgida entre 1758 e 1759). A
construção da Igreja Nossa Senhora do Carmo, por exemplo, ocorreu entre 1784 e 1794, patrocinada por
seus representantes. Em mesma época também se deu à ereção do templo dedicado a São Francisco de
Assis, patrocinado por sua respectiva ordem terceira 14.
13 MORAES, 2001, p. 177. 14 Cf: ROMEIRO, 2003, p. 142-146.
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No que toca às atividades extrativas de metais na região de Mariana, estas foram objetos de regulação
por parte da Coroa Portuguesa. O poder metropolitano procurava restringir ao máximo o acesso livre às
principais áreas auríferas, estabelecendo uma vigilância ostensiva nas inúmeras estradas interioranas. A
implantação de impostos era outra prática recorrente: o quinto do ouro, a instalação das Casas de
Fundição, bem como outras taxas relativas às arrobas anuais são alguns exemplos que podem ser
citados. Ademais, o fato de ser uma das poucas Vilas existentes na Capitania de Minas Gerais, atesta a
grande preocupação de Portugal em controlar os arredores da cidade de Mariana.
Entretanto, nem tudo transcorria conforme o esperado... A grande concentração de riquezas minerais
despertava a atenção de muitas pessoas, as quais não mediam esforços em atenuarem, de alguma
forma, as políticas intervencionistas da Metrópole. O contrabando, a sonegação de impostos, a ocorrência
de motins e de protestos políticos, além de outros tipos de questionamentos estiveram presentes nas
minas setecentistas; e, Mariana, como não poderia deixar de ser, presenciou inúmeros acontecimentos
que subvertiam (ou pelo menos tentavam) as propostas controladoras portuguesas.
Enquanto isso, nos distritos da cidade...
Atualmente, o município de Mariana apresenta um total de dez distritos (inclusive a Sede), além de
contabilizar uma expressiva quantidade de sub-distritos (totalizam o número de vinte e sete). Ao
investigarmos o histórico dessa cidade mineira, podemos inferir que tanto essas localidades foram
importantes para a formação da Sede municipal, como esta última interferiu profundamente na
IMAGEM: MORAES, 2001.
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constituição dos seus respectivos distritos. Em outras palavras, o processo de formação urbana de
Mariana envolveu uma rede considerável de localidades, num tipo de relação que priorizou pelas trocas
culturais, sociais, econômicas e políticas.
De uma maneira geral, a emersão desses povoados seguiu as mesmas características do Distrito Sede: a
ocorrência de metais tinha participação decisiva; os cursos d’água eram aspectos fundamentais para que
a sedentarização dos exploradores ocorresse; o erguimento de capelas era algo costumeiro com a fixação
das pessoas; além das práticas agrícolas e pecuaristas terem sido fundamentais para a dinamização
dessas áreas periféricas. Nesse sentido, pode-se vislumbrar um tipo de movimento centrífugo do
município de Mariana, o qual não demorou a se maturar - conforme citado anteriormente, os distritos
passaram a surgir já em fins do século XVII.
Por outro lado, esses antigos arraiais acabaram por construir suas próprias histórias: diferentes
povoadores, variadas santidades, múltiplos habitantes, ritmos diversificados de produções econômicas
são alguns dos aspectos que compõem a heterogênea trama dessas localidades. Imbuídos de
singularidades que legitimam todo esse processo multifacetado de ocupação humana, os atuais distritos
guardam ainda hoje importantes fragmentos do passado – as festividades locais, por exemplo,
conseguem (re)inventar instigantes significados simbólicos e culturais.
Alguns dos distritos, ao exemplo de Monsenhor Horta, tiveram tendências urbanas, mas com a
proeminência de Mariana e a ausência dos fartos recursos advindos da mineração, esse desenvolvimento
proto-urbano acabou estagnado e a ruralização surgiu como uma compensação. Configurou-se uma nova
relação espacial, com o centro de Mariana alçando a condição de cidade, pólo central e aglutinador,
enquanto as atividades de produção agropecuária puderam se expandir nos demais povoados.
Mudanças à vista: o amadurecimento da cidade
É patente verificar a acentuada queda da extração aurífera durante o século XIX na região de Mariana.
Apesar de haver alguns surtos de recuperação – conforme já alertamos no início do presente texto,
quando discutimos a questão dos ciclos econômicos – o esgotamento das riquezas naturais propiciou um
processo de estagnação nesse município mineiro. O crescimento da área urbana desacelerou, além de ter
ocorrido um considerável êxodo de pessoas em busca de melhores oportunidades; tal movimento se
observou tanto dos distritos para a Sede, como desta última para outros municípios. Apesar da
diminuição da perscrutação aurífera, a “faiscagem” em pequena escala continuou, com garimpeiros
(muitas vezes escravos ou forros) se dirigindo aos leitos dos ribeiros, em busca de restolhos de lavras ou
pequenas pepitas. Naquele século, incipientes atividades de siderurgia se desenvolviam, uma
continuidade da mineração, operada por outra modalidade. No decorrer do setecentismo, alguns oficiais
portugueses, religiosos e visitantes já faziam alusões à presença de minério de ferro na região. No
entanto, a ausência de tecnologia adequada inviabilizou a exploração dessas potencialidades.
Cabe lembrar o alto impacto sofrido pelo meio ambiente, provocando devastações, extinções de espécies
e desequilíbrios ecológicos. Aos colonizadores só importava o lucro auferido, sinais da internalização da
mentalidade capitalista nos viventes Novo Mundo. Saint-Hilaire, em viagem realizada nos começos do
século registra seu desagrado com a inépcia do empreendimento português:
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Onde pouco se elevavam árvores gigantescas, entrelaçadas de lianas, elegantes, o viajante não exerga mais que campos imensos de capim-gordura e, no entanto, parece incontestável que esa Gramínea só se introduziu na província d euns cinqüenta anos para cá [...] Desse modo, os agricultores terminam na Província das Minas o que começaram os homens que iam à cata de ouro, a funesta destruição das matas. A falta de lenha já se faz sentir em algumas vilas que foram provavelmente construídas no seio de florestas e as minas de ferro, de riquíssimo teor em metal não podem ser exploradas por falta de combustível. Diariamente árvores preciosas caem sem utilidade sob o machado do lavrador imprevidente. É possível que, no meio de tantos e tão repetidos incêndios, não tenha desaparecido uma série de espécies úteis às artes e à medicina e, entro de alunos anos, a Flora que nesse momento acabo de publicar, não será mais, para certas regiões, senão um monumento histórico. 15
Curiosa a lembrança de que a visita de Saint-Hilaire ao Brasil só se tornou possível após a abertura dos
portos, viabilizada pela chegada da família real ao Brasil no ano de 1808. Com a elevação do país ao
status de Sede do Império Português, em 1815, as necessidades de obtenção de produtos siderúrgicos
impulsionou a metalurgia, demandando uma nova infra-estrutura. Cidades como Ouro Preto e Mariana
passam a fazer, mais de perto, parte das estratégias de segurança e desenvolvimento da coroa. Os
empreendimentos surgidos no atual Distrito de Passagem na década de 1820 testemunham as etapas de
diferenciação econômica e ajudam a minimizar a idéia de uma crise no setor. Já em 1876, a instalação da
Escola de Minas em Ouro Preto 16 permitiu novas pesquisas na região, contribuindo para os
mineralogistas terem uma percepção mais apurada dos recursos geológicos locais. De qualquer forma, as
duas cidades tinham uma vida burocrática; em 1823, Vila Rica recebeu o título de Imperial Cidade,
conferido por D. Pedro I, tornando-se então a capital provincial, renomeada como Ouro Preto.
Ambas representavam o núcleo administrativo das Minas Gerais, Ouro Preto abrigava a burocracia civil e
Mariana a eclesiástica. Na década de 1830, as autoridades locais se preocupavam em promover uma
interligação entre essas duas unidades e a Capital Federal no Rio de Janeiro 17. As atividades comerciais e
o aumento de estalagens e hospedagens refletiam na constante chegada de visitantes, que vinham
resolver assuntos de natureza pública ou privada, política ou comercial. Lembra-se que, em 1906,
Mariana é elevada à categoria de Arquidiocese, informalmente conhecida como cidade dos bispos.
A mudança da capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizonte, no ano de 1897, teve sérias
repercussões, pois essa cidade, assim como Mariana, perdeu muito prestígio com o advento do regime
republicano, até mesmo porque os vínculos demasiadamente estreitos entre Igreja e Estado foram
desfeitos. Isso sem mencionar na falta de investimentos infra-estruturais, os quais se deslocaram de
forma significativa para a nova Sede do governo estadual. Como importante exceção, cabe destacar a
construção de alguns trechos de via férrea às margens dos distritos de Mariana; tais obras iniciaram-se
na virada dos séculos XIX-XX, representando, de certa maneira, uma nova dinâmica a esses espaços,
tendo em vista um maior deslocamento de pessoas 18. Finalmente, em 1914, seria inaugurado o ramal da
Estrada de Ferro Central do Brasil, promovendo ligação mais efetiva entre Mariana, Ouro Preto e o
sistema ferroviário nacional.
15 SAINT-HILAIRE, 1975, p. 91. 16 CARVALHO, 2002. 17 BRASILEIRO, 2001. 18 A Estação Ferroviária de Mariana foi inaugurada somente no ano de 1914, quando do término da construção do ramal entre a cidade marianense e Ouro Preto.
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Em meados do século XX ocorreu a construção da Praça da Estação que, posteriormente, ficaria
conhecida pelo nome de Praça J.K. Inspirada em motivos ecléticos, evidente influência da arquitetura de
Belo Horizonte, então modelo para municípios interioranos. Esse logradouro, favorecido por uma
topografia plana, era amplo e com arborização. Tratava-se do novo “point” da cidade, pois ali se reunia a
comunidade local. O movimento era impulsionado pela proximidade da área de embarque, um espaço de
novidades, onde muitos ficavam a espera do trem, aguardando, parentes, pedidos de mercadorias e
notícias.
O século XX trouxe profundas mudanças para o cotidiano da cidade, em termos arquitetônicos se observa
o aparecimento de construções em estilo eclético, diferenciando-se da paisagem colonial dominante. Os
anseios “civilizadores” (isto é, de se parecer com a Europa) das grandes cidades brasileiras chegam a
Mariana, que tenta solucionar alguns dos seus problemas urbanos. Data dessa época as primeiras
políticas de embelezamento da cidade, como o surgimento de posturas determinando a proibição de
circulação de animais nos espaços públicos. A melhoria nos sistemas de iluminação e distribuição de
energia elétrica ocorrem a partir da década de 1930, com a instalação da Eletro química brasileira S/A 19.
Outras formas de regulamentar o uso dos espaços também aparecem, repercutindo, inclusive, nas
manifestações populares. As folias de carnavais passam são reprimidas, preconceituosamente
identificadas como manifestação de negros, em contraparte se estimulou a execução de festejos
organizados e disciplinados, dentro dos moldes que eram atribuídos às comemorações dos povos
europeus 20.
Outras mudanças dizem respeito à educação, durante o século XIX, as instruções eram restritas apenas a
uma minoria da população, com forte influência da religiosidade no ensino. O aparecimento das escolas
públicas, mistas e (supostamente, laicas) decorreu da emergência do regime republicano, mas, ainda
sim, o acesso das crianças aos processos de alfabetização era limitado. Já em meados do século XX, a
média de matriculados girava em torno de 3.900 alunos, com um corpo docente na média de 43
professores 21. O Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Ouro Preto
(ICHS/UFOP) seria exemplo da excelência educacional do município. Esse centro de formação superior se
apropriou das instalações do antigo seminário de Nossa Senhora da Boa Morte, outrora limitado à
formação religiosa. Sua fundação deu-se em 09 de novembro de 1979, oficializado pela Portaria 048, em
25 de março de 1980 22. De acordo com dados do IBGE, 11.129 crianças estão matriculadas no ensino
fundamental e 2.241 nos curso médios.
Suas atividades se estendem para além das formalidades acadêmicas, com vivências das repúblicas
estudantis (bem integradas à comunidade local), os projetos de extensão e de pesquisa, conteúdos
integradores da população aos pressupostos universitários – muitos são as propostas, por exemplo, de
parceria com a comunidade não-acadêmica. Há ainda 10 escolas estaduais, 36 municipais e 06
particulares, as quais se alternam entre os ensinos fundamental e médio, sendo que mais de 90% dos
alunos encontram-se matriculados na rede pública. Com relação à taxa de analfabetismo, cabe destacar a
taxa atual de 9% da população. Importante mencionar ainda a existência de 01 biblioteca pública, além
de 02 pontos de consulta pública (SESI e Casa de Cultura). Os arquivos históricos guardam importantes
19 FONSECA, 1995, p. 145-151. 20 Cf: MALTA, 2000; FERREIRA, 2005. 21 ENCICLOPÉDIA dos Municípios Brasileiros, 1957, p. 55. 22 www.ichs.ufop.br. Acesso em 05/set/2008.
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fragmentos do passado mineiro, destacando-se o Arquivo da Cúria da Arquidiocese de Mariana, o Arquivo
da Câmara Municipal e o Arquivo do ICHS – tais acervos aglutinam inúmeras possibilidades de pesquisas
a serem realizadas futuramente.
A infra-estrutura urbana contempla algumas modificações em relação ao passado colonial; mesmo
mantendo um rico acervo arquitetônico e histórico de séculos anteriores, a cidade de Mariana assimilou
alguns aspectos modernizadores. A energia elétrica ilumina hoje quase que a totalidade dos imóveis,
faltando apenas poucas habitações da zona rural. A rede de água é bastante satisfatória, não ocorrendo o
mesmo com o esgoto, cujos detritos são lançados in natura nos ribeirões e córregos. O sistema de saúde
consegue atender relativamente bem à população marianense: existe um hospital-base chamado
Monsenhor Horta (inaugurado em 08 de novembro de 1970) com a capacidade de 120 leitos, além de 23
postos de saúde pelos distritos e sub-distritos. O atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ocorre
diariamente, sendo que a Secretaria Municipal oferece tratamentos preventivos para diabetes e
hipertensão arterial; completam a estrutura duas clínicas que se voltam para consultas, laboratório e
distribuição de medicamentos.
A instalação da Indústria de tecido nos anos trinta marca a retomada do crescimento. O município ganha
um novo ritmo com a chegada das primeiras companhias mineradoras e siderúrgicas – alguns nomes
importantes que tiveram importância na história industrial do município seriam a Alcan, Barra Mansa e
Samitri, além da agigantada Presença da Vale. Tal processo de industrialização, iniciado na década de 40
do século XX, acelerou o processo de migração interna (dos distritos para a Sede). A atração desse
grande número de trabalhadores acabou por ocasionar na ocupação desordenada e acelerada de novos
loteamentos; muitas dessas áreas se localizam nas encostas do relevo acidentado, apresentado
expressivo risco para as diversas famílias que ali residem. De qualquer forma, os dados das décadas de
1950 são inequívocos em sugerir que a agropecuária dominava a vida econômica da Sede e distritos
marianenses.
Segundo dados do Censo 2000, a população marianense totaliza aproximadamente 47 mil habitantes,
sendo que mais de 80% ocupam a área urbana. As faixas etárias predominantes indicam um caráter mais
jovem: 45% são crianças e adolescentes, além de 48,4% contemplar pessoas entre 20 e 59 anos.
Conforme mencionamos no parágrafo anterior, houve um fluxo migratório considerável nos últimos anos
da zona rural para a Sede municipal. Eis parte do diagnóstico retirado do site oficial da Prefeitura:
O efeito fundamental desse fluxo migratório tem sido o crescimento desordenado da Sede municipal, principalmente nas periferias, que com certeza não dispõem de infra-estrutura para atendimento das necessidades advindas desse processo. Tomando como base de comparação os censos de 1991 e 1996 a população marianense cresceu 5,06% 23.
Nesse ínterim, cumpre observar que Mariana não ficou ilesa aos inúmeros problemas que se fazem
presentes nas outras cidades de um país em desenvolvimento como o Brasil. Obviamente, guardando as
devidas proporções com os grandes centros, esse município mineiro enfrenta desafios que ainda
necessitam de ser superados.
23 Para dados sobre Mariana cf: www.ibge.gov.br.
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No caso específico da economia, novas alternativas vieram se consolidando nas últimas décadas do
século XX. O setor de comércio e serviços cresceu satisfatoriamente, empregando atualmente cerca de
60% da população economicamente ativa (PEA) – esta última se distribui entre fornecimento de gêneros
alimentícios, confecções, bares, restaurantes, instituições bancárias, padarias, estabelecimentos
automotivos, venda de materiais de construção, dentre outros. Já as indústrias não merecem menos
atenção, haja vista que empregam aproximadamente 30% dos marianenses; a mineração continua ainda
sendo explorada por empresas de grande porte como a Companhia Vale do Rio Doce e a Samarco
Mineração S/A. Apesar da extração de minério de ferro ser bem reduzida em relação aos áureos tempos
da colonização, não se pode negligenciar esse potencial que ainda hoje se faz presente 24.
Com relação ao setor primário, destacam-se como atividades de subsistência os plantios de cana-de-
açúcar, mandioca e banana, além das criações de galináceos e bovinos. Ademais, o artesanato desponta
como importante manifestação da cultura de Mariana, cujas permanências residem, por exemplo, na
transformação da pedra sabão em panelas de pedra e variados objetos de arte. Os tapetes de arraiolo e
de sisal também podem ser citados como peças singulares dos artesãos marianenses.
Do centro histórico à cidade nova: a reordenação do tecido urbano
Apesar de ser uma cidade histórica cujo conjunto arquitetônico e urbanístico foi tombado pelo IPHAN no
dia 14/05/1938, estudos apontam para um baixo aproveitamento do turismo no município 25.
Resumidamente, duas causas principais são apontadas: a considerável hegemonia de Ouro Preto, bem
como a pouca infra-estrutura apresentada por Mariana. Para além das edificações históricas – sejam
estas igrejas, capelas, casarões, prédios públicos – há também uma rica paisagem com cachoeiras nos
distritos da cidade. Entretanto, tudo isso deve ser muito bem refletido pelas autoridades e pela população
marianense, uma vez que não seria interessante transformar esse valioso patrimônio em uma mera
mercadoria a ser “consumida” pelos turistas. A atividade turística, desde que bem implementada, pode
ser uma boa aliada para a (re)apropriação simbólica dos espaços da cidade.
Os embates entre a expansão urbana e pressão para a renovação da estrutura predial se resolveu com a
criação da Cidade Nova, que passou a receber construções completamente dissonantes das tradições
arquitetônicas de Mariana. Vislumbra-se claramente a vitória de um projeto conservador, com as
tentativas de cristalização do centro histórico – supostamente para evitar mudanças e descaracterizações
– enquanto às áreas de ocupação recente puderam receber os mais discrepantes usos, equipamentos e
edificações 26. O aparecimento de moradias irregulares nos morros que emolduram o Distrito Sede são
resultados das políticas demagógicas da década de noventa, quando alguns administradores da máquina
pública fizeram vista grossa a esse processo. Políticos estimularam a invasão desses terrenos – como
modo de garantir bases eleitorais – mas em contrapartida não ofereceram as condições mínimas de
urbanização para os novos moradores. A abertura de bairros para a população de baixa renda, com
loteamentos sem praças, ajardinamentos ou arborização, são um dos aspectos mais desprezíveis da atual
política urbana de Mariana; atualizações do clientelismo e retrocessos às interpretações em voga sobre o
direito das comunidades carentes ao usufruto pleno da cidade. Nos anos aparecem invasões de lotes
24 As principais reservas minerais são: alumínio (bauxita), ferro, manganês, ouro e quartzito. 25 CARNEIRO, 2000. 26 Para esse problema ver: SIMÃO, 2006.
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próximas ao prédio da prefeitura e ao prédio da Estação, configurando-se como um entorno dotado de
características de uma área periférica. Modalidades de exclusa próprias da história do Brasil. Os possíveis
aumentos na violência no local refletem o descompasso entre as promessas de integração e sua real
efetivação. As camadas populares continuam à parte da tessitura urbana de Mariana.
O novo centro surgiu nas imediações da fábrica de tecidos São José e inicialmente manteve um diálogo
com as tendências arquitetônicas de maior qualidade, explicitadas nas construções ecléticas. Com o
crescimento urbano das décadas posteriores tais edifícios, dotados de valores de preservação, acabariam
por desaparecer. Na década de 1970, a Cidade Nova era um bairro conhecido como “área da Estação”.
Porém nesse período o uso das linhas férreas estava em evidente decadência, não só em Mariana, mas
em todo o Brasil. Gradualmente, o transporte por automóveis suplantava as viagens de trem. Tanto que,
entre 1975 e 1976, o prefeito João Ramos desmanchou a Praça J.K e, em seu lugar, construiu uma
rodoviária. Tal equipamento aumentou a circulação de pessoas e automóveis, tornando a área
predominantemente comercial – característica que persiste até o presente. Parte da comunidade se
mobilizou contra a constante circulação de veículos que passavam por dentro do centro histórico e em
1995 houve a construção da nova rodoviária, na saída da cidade. O antigo prédio, localizado na Praça da
Estação passou por uma reforma, de modo a abrigar o prédio da prefeitura. Houve acréscimo de segundo
pavimento, com adição de novas acomodações, para que sua inauguração ocorresse em 1997. Durante a
segunda gestão do prefeito João Ramos (1983-1988), a antiga pavimentação da Cidade Nova, em “pé-
de-moleque”, foi substituída por novo calçamento. Assim, aos poucos, um painel urbano mais
contemporâneo se constituía.
Por fim, importa enfatizar que outras abordagens para elaboração desse informe histórico seriam
possíveis diante do quase inesgotável acervo histórico de Mariana. Essa cidade consegue recriar a todo
momento a magia de refletirmos “nosso passado pelo presente e o nosso presente pelo passado”: a
recuperação dessa imprevisível trajetória alerta-nos para a importância de preservarmos elementos
significativos da nossa história! História esta que pode ser montada a partir de um gigante e imaginário
quebra-cabeça... Topografia do terreno, arquitetura civil e religiosa, traçado das ruas, sociabilidades e
práticas culturais, organização política 27... As peças estão lançadas à mesa... Podemos (re)começar!
Referências
Bibliográficas e documentais
ALBERNAZ, M. P., LIMA, C. M. Dicionário Ilustrado de Arquitetura. 2ª edição. São Paulo: ProEditores,
2000.
ANASTASIA, Carla. Vassalos rebeldes. Violência coletiva nas Minas na primeira metade do século XVIII.
Belo Horizonte: C/Arte, 1998.
BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário histórico geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte:
Promoção-da-Família Editora, 1995. 541 p.
BRASILEIRO, Anísio et al. Transportes no Brasil: História e reflexões. Distrito Federal: Empresa Brasileira
de Planejamento e transportes; Recife: Ed. Universidade UFPE, 2001.
27 Exemplos retirados da obra MORAES, 2001.
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CARNEIRO, Luciana Ferreira Morais. Preservação e turismo em pequenas aglomerações urbanas: os
distritos de Mariana. Belo Horizonte: [mimeo], 2000. Pesquisa de iniciação científica, vinculada ao projeto
“O cotidiano e o espetáculo: paisagem, memória e turismo nos municípios de Ouro Preto e Mariana”,
coordenado pela Profa. Fernanda Borges de Moraes.
CARRAZZONI, Maria Elisa (coordenação) Guia dos bens tombados Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e
Cultura, 1987.
CARVALHO, José Murilo de. A Escola de Minas: o peso da glória. 2ª ed. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
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03 HISTÓRICO DO BEM CULTURAL, CONTEXTUALIZAÇÃO NO
DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO
Furquim no contexto da mineração
Furquim é um antigo núcleo populacional de Mariana, delineando os momentos iniciais da ocupação da
região, processo que aconteceu devido a presença de bandeirantes que se embrenharam nas terras do
sertão, enfrentando índios e dilatando os domínios de Portugal. A descoberta de ouro repercutiu no
desenvolvimento local, criando incentivos para a efetiva exploração daqueles solos, alterando
decisivamente a paisagem nativa.
A atuação os aventureiros (bandeirantes e expedicionários) trouxe profundas implicações para a
ocupação do continente sul-americano, já que, na prática, houve uma flexibilização do Tratado de
Tordesilhas, favorecendo largamente Portugal. A procura por esmeraldas, ouro e prata, serviram de
estímulos para excursões ao interior do continente. Vivia-se os resquícios do imaginário europeu, da
busca pelas maravilhas, da procura pelo paraíso terrestre, variantes do mito do Eldorado que, cada vez
mais, compatibilizavam-se com os anseios metalistas de Portugal, em plena era de fortalecimento das
monarquias nacionais.
Portugal tentava seguir os passos da Espanha, que soube montar um aparato explorador em suas
colônias, usuprando a prata e a riqueza dos nativos.
Começava a falar do Sabarabuçu, a serra resplandecente de prata, que fazia arder a imaginação dos colonos e excitava a cobiça dos reis de Portugal, ansiosos por se emparelharem com os venturosos de Castella. As tentativas de descobrimento da famosa serra não tardaram a começar. 28
A colonização portuguesa teve um traço marcadamente ruralista, aproveitando ao máximo a riqueza do
solo para a implantação de um sistema monocultor e voltado para a agroexportação. A ocupação do
litoral esteve estreitamente associada a tais características, conforme se vê pela indústria açucareira. A
formação de cidades era uma consequência prevista, mas não buscada com todo o intento. As vilas,
dentro desse entendimento, teriam funções administrativas e militares, mas o fenômeno urbano não era
buscado. Portanto, Minas Gerais se destacou pela seu elevado índice demográfico, pela sua precocidade
urbana, pelo elevado números de edificações públicas e religiosas, além da efervescência cultural e
tensão social.
Os arraiais se espalharam pelas regiões adjacentes de Mariana, com mineradores, comerciantes, fugitivos
e aventureiros, dinamizava-se a vida desses pequenos povoados, que sem a infraestrutura para abrigar
aqueles crescentes montantes de gentes tinha que encontrar a mais variada sorte de improvisos. Uma
conjuntura que explica o aparecimento de aglomerações como a própria Ribeirão do Carmo (Mariana),
além de Vila Rica (Ouro Preto), Antônio Pereira, Bento Rodrigues, Inficionado (Santa Rita Durão),
Camargos, Furquim entre outras.
28 LIMA JÚNIOR, 1978, p. 18.
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O Ribeirão do Carmo em 1701 já contava com vários pequenos arraiais, que se formavam nos serviços de minerar. Esses serviços tiravam seus nomes dos córregos que, por sua vez, quase todos guardavam os nomes dos descobridores ou registravam episódios da aventura. 29
Vê-se que o município de Mariana e os seus atuais distritos tiveram sua origem assentada desde os
primeiros anos do setecentismo na mineração, motor de propulsão para a colonização e
desenvolvimento. A instauração da ordem nos povoados era tarefa difícil, a precariedade das condições,
além dos estratos sociais envolvidos, dificultava tal operação. A ausência de habitações, autoridades
legitimamente constituídas, abastecimento alimentar regular estimulava o nomadismo e a circulação de
pessoas, fenômenos que já em suas origens incomodava as autoridades metropolitanas.
Rapidamente Furquim ganhou destaque, tornando-se centro minerador de importância já na primeira
década do século XVIII. As fontes consultadas tomam a toponímia local como menção a um dos primeiros
descobridores de ouro na região, o sertanista Antônio Furquim da Luz. O povoado tinha vinculações com
as regiões de Sumidouro, São Sebastião, Arrepiados (hoje Araponga), Ponte Nova, São Caetano, Barra
Longa e Santa Rita do Turvo, hoje Viçosa 30.
As bases para o desenvolvimento: economia e sociedade
Retomando as argumentações anteriores, podemos afirmar que existia um vínculo muito estreito entre
mineração e povoamento. A mineração era ponto de partida, pois com o passar do tempo a aglomeração
ganhava vida independente da sanha mineratória.
A atividade de exploração aurífera foi o principal fator de desencadeamento do processo de colonização das Minas Gerais. A localização das lavras e veios, sua regulamentação através da delimitação das datas e a respectiva concessão de exploração determinaram o surgimento e consolidação dos primeiros assentamentos humanos. São essas as referências da origem e formação dos distritos que hoje conformam o município de Mariana. Autores diversos datam a fundação da sede por volta de 1698 e os atuais distritos de Bandeirantes, Cachoeira do Brumado, Carmargos, Padre Viegas e Furquim, na primeira década do século XVIII e Monsenhor Horta, Passagem de Mariana, Santa Rita Durão e Claúdio Manoel, ao longo de seu primeiro quartel. 31
A agricultura, a pecuária e o comércio se desenvolviam em um mercado interno em processo de
estruturação, mas o chamado ciclo do ouro exercia uma pressão, no sentido de esvaziar
demograficamente os povoados nos quais o ouro estivesse se esgotado. Temática clássica da
historiografia mineira é o capítulo sobre a carestia, “ondas de fome”, circulações de mineradores e
aventureiros pelos limites de Mariana e Ouro. Nos anos de 1697 e 1698 aconteceu uma crise de
abastecimento na região do Arraial do Carmo, mesma situação se verificaria nos anos de 1700-1701 em
Vila Rica. As bases para o desenvolvimento de Furquim aconteceu nesse contexto de muitas dificuldades.
29 Ibidem, p.25. 30 Cf: Furquim. Disponível in < http://pt.wikipedia.org/wiki/Furquim> Acesso em 28 dez 2010. 31 MORAES, 2001, Anexo B-2, p. 80.
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Segundo consta, a primeira pepita de ouro teria sido encontrada em um lugar denominado Morro do
Descoberto32.
O surgimento do núcleo urbano de Furquim aconteceu em começos do século XVIII. Em 1706 já há
menções ao povoado de Senhor Bom Jesus do Monte Furquim. Atribui-se a fundação desse lugarejo a
Antônio Furquim da Luz, que recebeu no ano de 1711 uma sesmaria no arraial. Ao que parece, esse
personagem teria desempenhado as atividades de fazendeiro e minerador, alargando suas influências na
região, mas tendo que enfrentar vários contratempos, tais como “... revoltas de escravos, escassez de
alimentos, doenças, além de ataques de índios ferozes e canibais” 33.
Para compreender os primeiros tempos nessas localidades poderíamos recorrer à categoria fazendas de
fronteira, isto é, a dilatação da fronteira agrícola rumo ás áreas não desbravadas levada a cabo por
iniciativas colonizadoras particulares. Processo violento no qual os fazendeiros se confrontavam com as
populações nativas, os quilombos e os foragidos da lei. O trecho abaixo vai ao encontra dessas
afirmações:
(...) O ataque dessa gente atrocíssima por tal maneira aterraram a freguesia do Forquim, que Antonio Forquim da Luz, o seu fundador, desgostoso, acerto de melhor que resistir a semelhantes inquietações, regressar em 1728 para São Paulo, acautelando os anos da última velhice (sic). 34
Partindo de outros registros e documentações, o historiador Joao Camilo Torres considera que o fundador
do povoado seria: “João Lima Bonfante [que] fundou um grande engenho de mineração, sob a invocação
do senhor Bom Jesus, e ficou conhecido como Furquim”.35
Todo modo, independente do desencontro das informações, torna-se possível verificar a vocação inicial
do lugarejo, assentada na exploração mineral e nas atividades agropecuárias. Uma sociedade em
formação que operava em um contexto marcado pelo confronto, com técnicas rudimentares de produção
alimentar e extração aurífera. De qualquer forma, vale a pena compreender que esses processos
ocorriam de forma integrada. Aumento demográfico, surgimento de sítios e fazendas, incipiente
urbanização, circulação de ouro na forma legal ou pelo contrabando podem ser considerados como uma
série de desdobramento de eventos que marcaram a fundação e a consolidação de Furquim, da origem
como povoado até sua elevação à categoria de distrito.
Há um fator importante a ser considerado para a região mineradora, no tocante à produção de alimentos, especificamente sobre africanos. Tradições indígenas tão bem discutidas por Sérgio Buarque de Holanda,36 foram rapidamente incorporadas pelo colonizador e até hoje persistem em vastas áreas do território mineiro. Costumes africanos da mesma forma, foram largamente amalgamados aos sistemas agrícolas usados. Na produção e nos hábitos alimentares, índios e africanos foram variáveis importantes na configuração da sociedade colonial.37
Elemento importante para a compreensão do desenvolvimento econômico e da estratificação social em
Furquim seria justamente a análise da produção de alimentos direcionada para o autoconsumo. A mão- 32 FERREIRA; FERREIRA, 2009, p.33. 33 Ibidem, p. 33. 34 VASCONCELOS, Diogo. Apud: FERREIRA; FERREIRA, 2009, p. 33. 35 TORRES, 1980, p. 26. 36 HOLANDA (1994); HOLANDA (1993). (Nota do autor citado) 37 MENESES, 2000, p. 95.
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de-obra escrava predominava em todas as atividades e tarefas, existiam basicamente dois conjuntos de
propriedades nas quais ela era empregada, as fazendas e as roças. Enquanto a primeira se caracterizava
por uma maior dimensão, alicerçava-se em um plantel maior de escravo, já na segunda havia o equilíbrio
entre o emprego de cativos e o trabalho familiar, prevalecendo (mas não de forma exclusiva) a produção
para autossubsistência. Partindo de análises mais amplas38, que consideram a região de Mariana como
um todo a partir da segunda metade do século XVIII, observa-se que nas grandes propriedades existiam
engenhos que produziam aguardente, açúcar e sobretudo a rapadura. Plantava-se feijão, milho,
amendoim, hortaliças e verduras (couve, repolho, cebola), cultivavam-se pomares (laranja, abacaxi,
pêssego, melão, marmelo, banana) e em menor medida o café; além disso, criavam-se galináceos e
porcos.
O inventário de Dona Maria José da Fonseca, casada como capitão João de Lana, possibilita-nos ter uma visão melhor das unidades produtivas naquela região. O casal morava em Arrepiados, freguesia de Furquim, e possuía entre os bens de raiz, uma morada de casa térrea coberta de telhas, quintal, bananeiras, árvores de espinho e café. Essa propriedade abrigava também um moinho corrente e moente. Havia também terras de cultura no córrego de Santo Antônio da Pedra Redonda, com 20 datas minerais, a parte central do córrego, com capoeiras de 40 alqueires e paiol coberto de telhas.39
A historiografia recente sobre as Minas Gerais recuperou a vitalidade econômica das cidades que
vivenciaram do dito “ciclo do ouro”, mostraram a importância da agricultura para o desenvolvimento local
como para a manutenção de uma população razoavelmente sedentarizada. Contudo, seria um equívoco
contrariar tão incisivamente as afirmações dos estudos clássicos que postulam alterações demográficas e
estagnação econômica. Após a diminuição e interrupção da exploração aurífera, a ruralização foi o traço
marcante de Mariana e Ouro Preto. No decorrer do século XIX, os núcleos urbanos não se expandem ou
crescem em um ritmo bem mais lento. Além do distrito sede de Mariana, podemos citar os núcleos
urbanos de Camargos e Santa Rita Durão, além de Furquim, como exemplos da consolidação da
agricultura e pecuária, compensação para o esgotamento do ouro.
Durante o período oitocentista, tais características socioeconômicas persistiram, a escravidão continuou
generalizada como a principal fonte de mão-de-obra e a produção rural prosseguiu nas pequenas e
grandes propriedades. O núcleo predial de Furquim refletiu essa conjuntura com o aparecimento de
poucos prédios, mas alguns com finalidades comerciais, tendo um mesmo efeito aglutinador entre os
roceiros e fazendeiros dos arrabaldes, que se encontram no “centro” para o comércio e uma vida social
mínima.
A análise cruzada das listas de habitantes e inventários revelou uma Minas rural, marcada pela dinâmica de possibilidades, pela instabilidade dos pequenos empreendimentos agrícola e pela diversidade das trajetórias individuais, especialmente para as camadas mais pobres e para os setores intermediários. A extensa freguesia de Furquim estava repleta de exemplos de homens ricos que ampliaram e/ou consolidaram seus negócios com o surto da agropecuária comercial. A criação para a comercialização de bovinos e suínos e a grande presença de mulas, bestas, éguas, cavalos e bois de carro revelaram que, em
38 MAGALHÃES, 2004. 39 Ibidem, p.49.
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geral, as próprias fazendas eram responsáveis pelo transporte e comércio das mercadorias produzidas.40
A agricultura familiar provavelmente assumiu uma crescente importância, sobretudo no final do século
XIX, durante os últimos anos da escravidão. Caberia uma pesquisa mais detalhada a verificação do
processo de substituição do trabalho cativo para o livre nos distritos de Mariana. Todo modo, o
historiador Luiz Gustavo Santos Cota, narra um evento ocorrido em janeiro de 1888, quando o bispo Don
Antônio Maria Corrêa de Sá e Benevindes fez uma preleção em Furquim, pedindo que os proprietários
libertassem os escravos, como ato de humanitarismo e como comemoração do jubileu do Papa Leão
XIII41.
Durante as primeiras décadas do século XX, com o trabalho livre consolidado, o distrito manteve uma
caracterização socioeconômica estável. Um novo elemento dinamizador foi a construção de uma estação
ferroviária em Furquim, inaugurada em 1926, fazia parte do ramal Ponte Nova construído entre os anos
de 1887 e 1888 para facilitar o acesso até Ouro Preto, então capital da província42. Entre os anos de
1928 e 1940, o nome da parada era Estação Edgard Werneck Furquim de Almeida, porém acabou
simplificada para Estação Furquim. Sua desativação aconteceu em começos da década de 1980, com o
prédio da estação reformado e transformado em centro cultural (2006).
No decorrer do século XX, Furquim se consolidou como distrito de importância para a vida econômica e
cultural de Mariana. A partir da segunda metade daquele século, houve maior diversificação de serviços,
além de ampliação do comércio e melhorias na comunicação com os subdistritos e as circunvizinhanças.
Nas últimas décadas do século XX ocorreu a implantação e expansão das empresas mineradoras – como
a Alcan, por exemplo – alterando características ambientais e sociais dos distritos de Mariana. Registra-
se a construção da Hidrelétrica em Furquim em 2003, que contribuiu para o aumento populacional.
A produção agrícola e a pecuária tiveram crescimento nas últimas décadas. Outra atividade que
complementa e renda dos moradores é o artesanato, com a fabricação de objetos em pedra sabão (na
sede distrital há, inclusive, a extração dessa pedra), tapetes, balaios, crochês etc43. Ocupações
compatíveis com o turismo, cuja tendência é a ampliação e a profissionalização, aproveitando os recursos
culturais, arquitetônicos e ambientais nas sem concorrer com as atrações principais na sede do
município.
Bases políticas e administrativas
Os anos de 1711 a 1714 marcaram a criação da Capitania das Minas, com três principais núcleos de
ocupação, Vila de Sabará, Vila Rica (Ouro Preto) e Vila de Albuquerque (Mariana). Furquim representou
um centro dinâmico de colonização, com ligações diretas e estreitas com as regiões mais prósperas. Em
seus primeiros tempos inexistiu a lei e a ordem, algo comum nas minas gerais conforme se vê que “...é
40 Disponível In: <http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/seminario_diamantina/2010/D10A128.pdf>. Cf: ANDRADE, Leandro Braga de. Senhor ou Camponês? Economia e estratificação social em Minas Gerais no século XIX, Mariana: 1820-1850. Dissertação de Mestrado-UFMG, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Belo-Horizonte, 2007. 41 COTA, 2008, p. 233, 42 Cf: Furquim. Disponível in < http://pt.wikipedia.org/wiki/Furquim> Acesso em 28 dez 2010. 43 PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA, 2003, p. 119-120.
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preciso ultrapassar a primeira década do setecentos para verificar-se, de forma resoluta e determinada,
presença do Estado na região” 44.
A tradição autoritária era forte, vinha desde o período colonial, quando uma elite de ascendência
portuguesa assumiu os principais postos da administração a serviço da metrópole. Lembra-se que em
1711 aconteceu a criação da Vila de Nossa Senhora do Carmo de Albuquerque, sede da Capitânia. Os
arraias subordinados a futura cidade de Mariana eram os povoados de Passagem, São Sebastião, São
Caetano, Furquim, São José da Barra, Sumidouro, Guarapiranga, Camargos, Inficionado, Catas Altas do
Mato Dentro e Bonfim do Antônio Pereira.
Em 1778, o termo de Mariana passou a ser formado pelas paróquias de São Sebastião e São Caetano,
além das freguesias de Furquim, São José da Barra Longa, Nossa Senhora do Rosário do Sumidouro,
Nossa Senhora da Conceição do Piranga, São Manoel dos Índios Coroados do Rio da Pomba, Nossa
Senhora da Conceição do Cuieté, Nossa Senhora da Conceição de Camargo, Nossa Senhora do Nazaré do
Inficionado, Nossa Senhora da Conceição de Catas Altas, Nossa Senhora da Conceição de Antônio
Pereira. As mudanças na legislação traziam impactos na organização administrativa e judiciária dos
termos, vilas e arraiais. Em certo sentido, a legislação era labiríntica, trazendo todo o ranço do Antigo
Regime, sem existir uma racionalização da divisão dos poderes.
No século XIX, não somente os inconstantes momentos da vida política e administrativa do período, e das diversas Leis implementadas, como foi a criação do Juizado de paz, a Lei do Regimento das Câmaras Municipais de 1828 e a implementação do Código do Processo de 1832, surtiram efeitos sobre a vida das populações. Mas, também a situação econômica, influenciada pela crise do ouro desde pelo menos a segunda metade do século XVIII, levou os indivíduos a se adaptarem nesta região das primeiras explorações auríferas, local de grande efervescência política e de acúmulo de grandes contingentes populacionais. 45
Ao considerarmos a caracterização clássica da política mineira no século XIX, perceberemos a intrínseca
relação entre a propriedade de terras e o poder político. Frequentemente as elites detinham fazendas e
grandes plantéis de escravos, representando uma força conservadora para a cultura política, alijando as
camadas populares dos processos eleitorais formais. Além disso, havia o diálogo com os conservadores
do Rio de Janeiro, e mesmo de São Paulo, portanto a preocupação com a ordem foi uma constante na
vida política da região.
O conservadorismo deitou profundas raízes nos distritos de Mariana, mas para uma leitura criteriosa do
comportamento político dos habitantes de Furquim seria necessária a consulta de fontes primárias. A
exclusão vivenciada pelos pobres, escravos e mestiços, já está bem analisada na historiografia. Outra
questão importante é a relação entre o perfil socioeconômico daqueles que ocupavam cargos públicos e
eletivos.
Em suma, a trajetória do distrito de Furquim se insere em um caudal de transformações que marcam
esse período, as alterações na legislação, as transformações econômicas e a própria dinâmica social
influenciavam no cotidiano de moradores, construindo hierarquias e (re)definindo posições.
No entanto, neste contexto de mudanças jurídico-administrativas, em uma estrutura pautada na hierarquização e concentração do poder, e há muito
44 BOSCHI, p.57-65. 45 Disponível In: <http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/seminario_diamantina/2010/D10A128.pdf>.
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implementada, os indivíduos necessitaram se adaptarem, reproduzindo ou desdobrando tais prerrogativas. Sabemos ainda que, no século XVIII existiu nas minas a preocupação com a distribuição dos cargos municipais para a manutenção da ordem local e do poder dos homens bons. Mas, sabemos também que a vinda dos portugueses para cá gerou a necessidade de se ajustarem, estabelecendo suas estratégias de enriquecimento e de manutenção das suas fortunas. 46
No de 1846, através da Lei N° 288 os arraiais de Ubá passaram para os limites de Furquim. O mesmo
aconteceu com o distrito de Cachoeira de Brumado. Porém, já no ano de 1847, Ubá foi novamente
desmembrado, manteve sua condição de distrito de paz, mas subordinado à paróquia de Furquim47.
Essas idas e vindas assinalam disputas travadas no sentido de se ter acesso a cargos e verbas, além das
influências políticas. A condição de juiz de paz era aspirada por muitos, tendo em vista sua posição
estratégia na vida da comunidade, como mediador de conflitos constantemente demandado pelos
moradores. O que geralmente resultava em benefícios particulares.
Em 1872, a Lei n° 1.900 criou o distrito de Furquim, anos mais tarde seriam reconhecidos os subdistritos
de Cuiabá, Pedras, Margarida-Viana, Paraíso, Constantino, Goiabeiras, Crasto. O município de Mariana ia
reconhecendo as características locais de seus distritos, pois apesar das especificidades, as sedes
distritais compartilhavam uma origem na mineração. Em 1903 havia os seguintes distritos: Bandeirantes,
Bandeirantes, Barra Longa, Boa Vista (atual Cláudio Manoel), Cachoeira do Brumado, Camargos,
Furquim, Passagem Santa Rita Durão, São Caetano (atual Monsenhor Horta) São Domingos (atual Diogo
de Vasconcelos), São Gonçalo de Ubá (atual Acaiaca) e Sumidouro, além da Sede.
Urbanismo e arquitetura
O núcleo histórico de Furquim apresenta um delineamento urbano com características recorrentes aos
povoados de Mariana:
• Importância dos templos religiosos como referências fundamentais.
• Presença de lotes baldios e estruturas em arruinamento situadas ao lado de conjuntos edificados.
• Características rurais e urbanas no arruamento; ruelas e trilhas se comunicando com vias
públicas pavimentadas.
• Construções se “irradiando” a partir da igreja matriz, criando no entorno imediato uma área de
uso coletivo. Apesar de que em Furquim há uma peculiaridade: “A Igreja Matriz insere-se na
paisagem de maneira diferenciada em relação aos demais distritos. Ela está edificada em um
largo e a paisagem do entorno configura-se pelas edificações vizinhas, e não por uma vista
panorâmica o distrito...”48.
• Edificações representativas da arquitetura dos séculos XVIII, XIX e XX.
A estrutura predial do distrito de Furquim deve ser entendida como consequência do boom populacional
provocado pela mineração, bem como da aplicação dos saberes portugueses referentes aos modos de
46 Ibidem. 47 As informações para a vida administrativa do município foram retiradas da compilação de textos, abstracts e artigos disponíveis em: MORAES, 2001. 48 Ibidem, p. 73.
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habitar e povoar. Todavia, a arquitetura lusitana sofreu um processo de adaptação nas Minas Gerais,
gerando soluções originais no tocante à ocupação dos espaços.
A maior parte das construções setecentistas foram demolidas, restando as igrejas como testemunho da
qualidade arquitetônica do período. No século XIX, as construções urbanas se diversificam em Furquim,
nas áreas são erigidas novas casas-sedes de fazendas, resultados do processo de ruralização. Durante a
primeira metade do século XX, houve uma dinamização provocada pela construção da estação ferroviária,
existindo ainda hoje bens edificados representativos dessa época (vide o prédio da Estação).
As edificações, em um e dois pavimentos, conformam ainda um conjunto urbano bastante harmônico, com algumas inserções diferenciadas. Implantando-se no alinhamento das ruas, à semelhança de todos os outros núcleos urbanos originários da colonização setecentista. O largo da Igreja Bom Jesus do Monte ainda constitui interessante conjunto, reunindo edificações exemplares dos séculos XVIII, XIX e início do XX. 49
As edificações dialogam com as características do terreno, aproveitando-se das elevações no entorno. Os
imóveis encontram-se alinhados, acompanhando as curvas dos pés de morro. Há uma harmonia entre
essas construções, as edificações tem sistema construtivo em pau-a-pique ou adobe. Os sobrados
tiveram, originalmente, seus pavimentos térreos destinados ao uso comercial.
Entretanto, as estruturas edificadas em Furquim têm passado por descaracterizações decorrentes da
renovação predial, do arruinamento de antigas casas e pela autoconstrução nos terrenos baldios.
Todavia, o casario ainda mantém uma relativa uniformidade: “... constam 286 imóveis urbanos. Há 245
imóveis registrados no Cadastro de Imóveis da Prefeitura Municipal (última atualização em 1991), sendo
193 edificações e 52 lotes” 50.
De acordo com levantamentos do ano de 1950, havia em Furquim 368 homens e 468 mulheres, o que
somava, em termos percentuais, 2,57% da população total de Mariana51. Não foram encontradas
referências sobre acréscimos ou decréscimos abruptos da população local, embora a circulação de
famílias para as regiões vizinhas sempre ocorreu, isto é, desde o período da queda da extração aurífera
até os dias atuais verifica-se uma circulação de moradores, mas sem causar maiores impactos no
contingente demográfico do distrito.
Sobre a densidade demográfica do distrito, sabe-se que “... vem se mantendo praticamente constante
desde 1950 até 1991, apesar da população rural, em maior número, ter sofrido discreta redução nesse
mesmo período...”52. A tabela abaixo foi elaborada a partir da simplificação dos gráficos de IBGE (1959) e
MORAES (2001).
Ano de 1950 Década de 1970 Década de 1980 Ano de 1991 População Urbana 806 790 790
População Rural 1966 1919 1541 Total 836 2772 2709 2331
49 PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA, 2003, p.115. 50 Ibidem, p. 115. 51 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 1959, p. 52. 52 MORAES, 2001, p. 78.
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De acordo com os dados de 2010, a população residente em Mariana é de 54.219, sendo que desse
cômputo total, apenas 6.577 vivem nas áreas rurais53. Conforme já mencionado, o desenvolvimento local
sofre o impacto da chegada das mineradoras: “A construção de uma hidrelétrica da Alcan em Furquim
aumentou os níveis de ocupação na região, ainda que temporário. Afora esse empreendimento, para
conseguir emprego a população de Furquim se desloca para Belo Horizonte e Ouro Preto...” 54.
Os moradores demandam constantes melhorias em Furquim, principalmente na questão do acesso às
outras áreas, na geração de emprego e nas melhorias urbanas. Todo modo, o distrito tem acesso fácil a
sede do município, além disso, conta com uma infraestrutura satisfatória, incluindo saúde, educação,
saneamento, coleta de lixo, eletrificação e abastecimento de água.
O apelo turístico de Furquim tem estimulado uma melhoria do setor terciário, o aparecimento de
pousadas, a conservação arquitetônica e a criação de vendas e outros atrativos para o atendimento dos
visitantes.
Igrejas e religiosidade
As informações bibliográficas disponíveis sobre a religiosidade em Furquim (vide Referências) asseveram
a construção de templos religiosos em começos do século XVIII e a existência de uma forte religiosidade.
Segundo Consta, a capela de Bom Jesus do Monte de Furquim foi erigida antes de 1704, pois nessa data
ela já era benzida, e dois anos de pois o povoado se constituía como paróquia.
Além de sua própria beleza, a Igreja Matriz de Furquim destaca-se pela sua notável localização paisagística, tendo nas proximidades uma cruz patriarcal sobre a escadaria de pedras. O monumento possui características tradicionais das igrejas mineiras da primeira metade do século XVIII, coo a nave e capela-mor ladeadas por corredores. Na parte posterior, a sacristia e o consistório dispostos transversalmente em dois pavimentos. O sistema construtivo é em alvenaria de pedra, verificando-se o frontal com vedações de adobe e pau-a-pique em divisões internas. 55
No ano de 1724, um alvará régio estabelecia a igreja de Senhor Bom Jesus do Monte do Furquim como
uma das 20 primeiras paróquias colativas, isto é, habilitada a recolher recitas na comunidade. Avaliar a
religiosidade local desse período encontra como obstáculo a ausência de fontes primárias, resta a
tradição oral e os dados coletados das fontes secundárias. De qualquer forma, sabemos que a ereção de
templos religiosos era uma das preocupações iniciais dos portugueses tão logo iniciassem o povoamento
de uma região.
A construção da Matriz do Senhor Jesus do Monte se iniciou na década de 1740, há referências sobre os
trabalhos de edificação datados de 1745. Em 1767 houve reedificação de partes da igreja – incluindo a
capela-mor e a sacristia – trabalhos realizados pelo mestre José Pereira Arouca56. No ano de 1782 houve
ordem da Rainha para que o construtor recebesse por seus trabalhos57.
53 Não foram localizados dados precisos sobre a atual população de Furquim. 54 PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA, 2003, p.120. 55 FERREIRA; FERREIRA, 2009, p. 35. 56 Cf: DANGELO, 2006, p. 358 57 Cf: FERREIRA; FERREIRA, 2009, p. 35.
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... os livros de Tombos do século XIX registram outras reformas no templo, incluindo uma encarnação da imagem de Bom Jesus do Monte, em Ubá. No retorno, da imagem restaura, duas procissões se formaram: uma saindo de Ubá, e outra, de Furquim, encontrando-se no meio do caminho. 58
Com efeito, sabe-se que em 1816 o templo se expandia com a construção da nave, ao que parece tais
trabalhos se estenderam até o ano de 1868. As torres também são acréscimos desse período, embora
seja importante destacar a harmonia do conjunto, compartilhando um mesmo léxico arquitetônico. A
oficialização desse monumento ocorreu em 1949, quando houve Tombamento Federal, pelo DPHAN:
processo n°410-T-49, Inscrição n°340, Livro Belas Artes, V.1, fls.70; data: 06/12/1949.
No entanto, durante anos o templo religioso demandou cuidados para sua conservação que não foram
efetivados. As reformas objetivavam sanar problemas superficiais, contribuindo para degradação do bem
imóvel. Há referências sobre reformas executadas no prédio: demolição e reconstrução de paredes feitas
de pau-a-pique, do forro e do piso de tabuado, além de reforço estrutural (1980); acréscimo de alvenaria
de tijolos para melhor sustentação, conclusão de reparos nos forros e tabuados (1981); ações para
conservação dos bens integrados, combatendo infiltração e insetos no madeiramento (1984).
O cruzeiro, situado em frente ao templo religioso é um bem que integra o conjunto edificado, junto com o
próprio largo da matriz. Constitui-se um espaço tradicionalmente destinado a festividades religiosas e
assinala a tendência de Furquim para a vida urbana. Estipula-se que a construção do cruzeiro tenha
ocorrido no século XVIII.
Outro templo de importância para a vida religiosa no distrito é a capela de Nossa Senhora do Carmo de
Furquim: “Construída no final do século XVII, a capela de Nossa Senhora do Carmo possui uma
58 Ibidem, p. 35.
Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte: aspectos externo e interno. IMAGENS: Marcel Gatherot, s.d.
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arquitetura singela, mas a sineira lateral merece destaque” 59. Em 1824 iniciaram as obras para sua
ampliação. No arco-cruzeiro do templo há inscrições que detalham as alterações ocorridas no prédio:
“1876, 1911-1933, 1956 e 1996”. A primeira data testemunha o término definitivo da nova construção e
as anotações seguintes registram as intervenções. Sabe-se também que, em 1886 houve conclusão das
obras de carpintaria no templo.
As duas igrejas são importantes referências para a arquitetura de Furquim, além de se relacionar com o
patrimônio imaterial local. As festividades religiosas são importantes expressões da vida comunitária,
originaram-se no século XVIII, sofrendo sutis adaptações no século XIX, uma época na qual a cultura
barroca perdia a força. Destacam-se dois festejos no distrito, a festa de Nossa Senhora do Carmo e a
festa de Bom Jesus do Monte. Outro elemento importante da religiosidade popular é a veneração ao
cruzeiro com as procissões, em comemoração a Santa Cruz.
A festa de Bom Jesus do Monte se inicia em 29 de dezembro, culminando com comemorações, orações e
processões no dia 31. Trata-se de um evento tradicionalmente associado às comemorações interioranas
do “Ano bom”. O dia 1º de janeiro tem início com celebração de missas. Acrescenta-se que:
...antigamente a festa era exclusivamente de aspecto religioso, depois se tornou popularmente conhecida como Reveillon, por incidir sua data na passagem do ano. Para que houvesse mais participação das pessoas nas cerimônias religiosas, a missa passou a ser celebrada fora da igreja, para que o som preparado para a festa incentivasse a presença de fiéis. 60
59 Ibidem, p.84. 60 Ibidem, p.32.
Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte: detalhe das pinturas parietais. IMAGENS: Marcel Gatherot, s.d.
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A festa de Nossa Senhora do Carmo é uma devoção cara aos marianenses de modo geral, comemorada
em vários distritos, inclusive na sede do município. Trata-se de uma celebração associada às influentes
ordens terceiras, bastante atuantes no século XVIII. Em Furquim, as atividades têm inicio em 1º de
julho, com orações e coroação da imagem. Nos dias seguintes seguem as procissões, com as ruas
enfeitadas para a passagem dos séquitos. Nesse evento acontece a exibição dos anjos de roca, feitos em
madeira e movidos com manivela, imagens apreciadas pela comunidade: “É um espetáculo muito
particular de Furquim, pois não acontece nas outras igrejas ou capelas de Mariana” 61.
De acordo com informações coligidas por estudiosos locais, os anjos chegaram em Furquim no ano de
1876, vieram do Rio de Janeiro, transportados por tropeiros que apreciaram o espetáculo das rocas.
As festas do Bom Jesus do Monte e de Nossa Senhora do Carmo combinam, atualmente, tanto o viés
religioso quanto o profano, isto é, as sociabilidades transcorridas nas barracas e leilões. Manifestações
caras ao modo de vida dos moradores de Furquim, já que reafirmam os laços de pertencimento e a
cooperação entre os vizinhos, amigos e familiares.
Contextualização: o núcleo histórico urbano de Furquim
O uso e a ocupação dos espaços revelam valores culturais profundamente arraigados na mentalidade de
um povo. Furquim encontra-se estreitamente vinculado à história de Mariana. Suas edificações
testemunham a pujança da arquitetura colonial, os sobrados, os sistemas construtivos a originalidade dos
templos religiosos. A interação entre o ambiente e a ocupação do homem se manifesta no
aproveitamento do terreno sinuoso, nas ocupações aos pés dos morros e na preservação de parte da
vegetação.
As práticas culturais como celebrações, artesanatos, atividades tradicionais na pecuária e agricultura
acontecem nesse palco, seus atores são os marianenses, embebido em uma história rica e cheia de
referências ao período setecentista, ao ciclo do ouro, à religiosidade barroca e às contradições da
escravidão.
As estruturas arquitetônicas produzem um conjunto harmonioso com a natureza, possibilitando
sensações de conformidade e de adequação do homem ao espaço, uma sensação de familiaridade típica
do cenário colonial. Nem mesmo as construções erguidas nos séculos seguintes alteraram esse quadro,
por tais ponderações entende-se o valor do ambiente edificado de Furquim e de sua inserção na vida da
comunidade.
Considerações Finais
O distrito de Furquim teve sua origem no período setecentista, fazendo parte do processo de ocupação
das adjacências de Mariana, surgiu como resultado da procura por metais preciosos e da dilatação das
fronteiras agrícolas e pecuárias.
Os séculos XVIII e XIX legaram algumas construções que bem assinalam as tendências arquitetônicas
das Minas Gerais: prédios em sua maioria rústicos e desprovidos de ornamentação, permanências dos
61 Ibidem, p.82.
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modos de habitar da população colonial. Destacam-se as arquiteturas civis e religiosas, a interação entre
os conjuntos edificados, a visualidade uniforme como resultados das práticas de uma arquitetura
vernacular.
Furquim possui ícones caros ao imaginário mineiriano, a igreja fruto da opulência da mineração, o
cruzeiro, a praça, a estação férrea e os sobrados coloniais. Monumentos integrados a uma mesma
tessitura urbana, no qual o novo e o antigo se enfrentam, possibilitando perdas, adaptações e inovações.
A fim de preservar esses bens culturais e para o incentivo de uma política cultural que reconheça o
direito de existência dos conjuntos prediais, recomenda-se o tombamento do núcleo histórico urbano de
Furquim.
Referências
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século XIX, Mariana: 1820-1850. Dissertação de Mestrado-UFMG, Faculdade de Filosofia e Ciências
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Econômica do Período Colonial. São Paulo: EDUSP; Imprensa Oficial; Hucitec, 2002.
COTA, Luiz Gustavo Santos. “O Abolicionismo das Minas: um breve estudo comparado do movimento
abolicionista das cidades de Ouro Preto e Juiz de Fora nos últimos anos da escravidão”. In: PAIVA,
Eduardo França; IVO, Isnara Pereira (orgs). Escravidão, Mestiçagem e História Comparadas. São Paulo:
Annablume; Belo Horizonte: PPGH-UFMG; Vitória da Conquista: Edusneb, 2008.
DANGELO, André Guilherme Dornelles. A cultura arquitetônica em Minas Gerais e seus antecedentes em
Portugal e na Europa: arquitetos, mestres de obras e construtores e o trânsito de cultura na produção de
arquitetura religiosa nas Minas Gerais setecentistas. Belo Horizonte: UFMG, 2006. (Tese, doutorado em
história)
FERREIRA, Lorene Dutra Moreira; FERREIRA, Luiz Roque. Festas Religiosas: uma manifestação cultural de
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HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de
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MAGALHÃES, Sônia Maria de. A mesa de Mariana: produção e consumo de alimentos em Minas Gerais
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MESESES, José Newton Coelho. O continente rústico: abastecimento alimentar nas Minas Gerais
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MORAES, Fernanda Borges. O Cotidiano e o Espetáculo: Paisagem, memória e turismo nos municípios de
Ouro Preto e Mariana. Belo Horizonte: UFMG, 2001. (Relatório Final para FAPEMIG)
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paz”. Disponível
In:<http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/Seminário_diamantina/2010/D10A128.pdf> Acesso in 28
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04 DESCRIÇÃO, ANÁLISE E DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA DO BEM
CULTURAL
O distrito de Furquim localiza-se à margem do rio Gualaxo,62 com acesso pela sinuosa rodovia estadual
MG-262. Dista cerca de 25 quilômetros da sede, tomando-se o rumo leste, na direção dos municípios
vizinhos de Acaiaca e Ponte Nova. Essa estrada passa num ponto mais alto do terreno, de onde, num
entroncamento sem qualquer tratamento ou sinalização, enfrenta-se forte declive para chegar à margem
do rio. Depois da ponte de concreto, com passagem para um veículo por vez, adentra-se o Núcleo
Histórico Urbano do distrito de Furquim.
O início da ocupação da região de Furquim começa no final do século XVII, quando os bandeirantes
paulistas descobriram, na região central das Minas Gerais, um rio carregado de ouro, que foi batizado de
ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, atual Ribeirão do Carmo. A localidade foi muito próspera durante
todo o século XVIII. Em 1746, figuravam 19 moradores de Furquim numa certa “lista secreta dos homens
mais abastados da Capitania”, a que se refere Barbosa (1995). O arraial deve seu nome a Antônio
Furquim da Luz, bandeirante paulista, “um dos primeiros descobridores do ouro”, que ali obteve sesmaria
em 1711. Para Barbosa, ele morreu ali mesmo, anos depois. Para Diogo de Vasconcellos, ao contrário,
Furquim da Luz teria regressado a São Paulo, desgostoso com o crescimento repentino do povoado:
“O districto das Minas já regorgitava de povo, e as villas subiam ao zenithe de sua grandeza: mas os estragos causados por essa gente atrocissima por tal maneira aterraram a freguezia do Forquim (sic), que Antonio Forquim da Luz, o seu fundador desgostoso acertou de melhor que resistir a semelhantes inquietações, regressar em 1728 para S. Paulo, acautelando os annos da ultima velhice...” (VASCONCELLOS, 1904, p. 168)
Note-se que, nessa descrição, estão presentes algumas consequências da pioneira atividade mineradora,
seja no crescimento urbano acelerado ou nos danos ambientais “causados por essa gente atrocissima
(sic)”.
Furquim teve grande importância na divisão das paróquias pelo Bispado de Mariana, no início do século
XVIII. Foi paróquia desde 1706, mas com sua decadência econômica posterior, perdeu essa regalia. Um
importante e rico exemplar do barroco mineiro deste período é a Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus do
Monte. “A Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte foi construída em 1745, em substituição à antiga capela.
Em 1767, a sacristia e a capela-mor foram reedificadas” – segundo o IPHAN. 63 Inscrita no Livro de
Tombo das Belas Artes em 1949, é o único bem tombado no distrito. Outra evidência do pioneirismo da
paróquia é o fato de que a capela de São Gonçalo, no município vizinho de Acaiaca, era “filial da matriz
de Furquim” quando erigida, em 1727 (Barbosa, 1995).
62 O rio Gualaxo, que corta o distrito, divide-se em braço sul e braço norte (ou Gualaxo do Sul e Gualaxo do Norte, respectivamente, em alguns mapas). O braço sul passa pelo núcleo histórico de Furquim. A jusante, encontra seu braço norte, e posteriormente outros cursos d’água, para formar o rio Doce. 63 Informação extraída do texto descritivo da Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte, na versão eletrônica do Arquivo Noronha Santos (Arquivo Central do IPHAN), encontrada em www.iphan.gov.br, acessada em 25/10/2011.
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A Igreja Matriz seguiu em obras pelo menos até 1782, de quando consta em documento um pagamento
ao construtor marianense José Pereira Arouca, autorizado pela Rainha D. Maria I, ainda segundo o
IPHAN. O templo se localiza de frente para um largo, a Praça da Matriz, em torno do qual se espalham
edifícios residenciais e comerciais de até dois pavimentos. Seu cruzeiro é monumento afastado da igreja,
situado em frente a ela, em uma borda desse largo. Há mais informações no painel de sinalização
interpretativa, instalado à porta da igreja: “A capela original teve seus altares adaptados à nova
construção, iniciada pelo mestre pedreiro José Pereira Arouca. Seu trabalho parece ter-se limitado a
sacristia, capela-mor e arco cruzeiro, tendo a nave, o frontispício e as torres sido executados por outros
artífices”.
Não há outras construções contemporâneas da igreja, apenas algumas com feições coloniais e ecléticas,
mais recentes, construídas com técnicas e materiais atuais, provavelmente da virada do século XIX para
o XX, com raras exceções. Houve duas etapas de ocupação no núcleo urbano: o núcleo original, do século
XVIII, surgiu em torno da Igreja Matriz, e a estação ferroviária foi a referência da etapa seguinte, já no
século XX, da qual algumas construções chegaram até os nossos dias.
Além da Matriz do Bom Jesus do Monte, a Capela de Nossa Senhora do Carmo, cuja edificação original
também remontava ao século XVIII, é outro marco urbano importante. Avistada ao adentrar o núcleo
histórico, em posição de meia-encosta, essa singela capela tem sua fachada posterior voltada para o vale
do Gualaxo e pequeno adro voltado para a rua do Carmo. A informação afixada em sua fachada é
sucinta: “Construída entre 1876 e 1886, para substituir pequena capela existente deste o século XVIII. A
festa de Nossa Senhora do Carmo é realizada em 16 de julho e nela destaca-se a tradicional coroação
feita por anjinhos de madeira que descem do altar movidos por manivela”.
A perda da prerrogativa de paróquia é um sinal da decadência que atingiu o arraial, como aconteceu aos
demais núcleos de exploração aurífera, naquela região do estado. Já no século XX, foi a ferrovia que
chegou ao distrito. A passagem por Furquim situa-se na ligação, completada em 1926, mesmo ano da
construção de sua estação, entre as Estradas de Ferro Leopoldina (E. F. Leopoldina) e Central do Brasil
(EFCB). Ponte Nova, município próximo, já estava então ligado ao ramal da antiga linha Três Rios-
Caratinga da E. F. Leopoldina. O chamado “Ramal de Ponte Nova”, da EFCB, chegara a Ouro Preto
décadas antes, mas somente no terceiro decênio do século XX atingiria o destino que lhe dava nome.
“Ainda em 1926, o Ramal de Ouro Preto da EFCB, que tinha a cidade de Mariana como ponta de linha, foi estendido até Ponte Nova, ligando-se ao Ramal de mesmo nome. A cidade de Ouro Preto havia recebido os trilhos em 1888, ainda como capital da Província de Minas Gerais, pelo Ramal de Ponte Nova, da EFCB. O ramal de Ponte Nova foi construído em 1887 e 1888 para, da estação de (Miguel) Burnier, se atingir Ouro Preto, de forma que a cidade se ligasse com o Rio de Janeiro por via férrea. Somente mais tarde, entre 1914 e 1926, é que foi construído o trecho que chegaria até Ponte Nova.” (BRASIL, 2009)
A chegada da estrada de ferro, no entanto, pode ter sido causa, mas não consequência de um novo surto
de desenvolvimento ocorrido no distrito. Segundo o Inventário do Patrimônio Ferroviário,
“Na maioria dos casos, os trilhos haviam sido lançados na ausência de objetivos econômicos bem definidos, ao sabor de interesses particulares ou regionais, sem obedecer a um plano de viação organizado. (...) Na verdade, políticos e empresários faziam prevalecer seu prestígio e influência junto ao governo para obter concessões financeiras; nas campanhas eleitorais, uma das promessas de maior impacto dizia respeito a implantação do novo meio de transporte, mesmo
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que a ferrovia logo viesse a se revelar deficitária. Então, apelava-se aos políticos regionais para conseguir sua encampação pelo poder público, que passava a arcar com o ônus da exploração.” (BRASIL, 2009)
Da estrada de ferro, no núcleo do distrito, resta apenas a estação denominada Furquim, exemplar típico
da arquitetura ferroviária da época. Informa o Inventário do Patrimônio Ferroviário que, nessa estação,
“pelo menos até 1980 ainda havia movimentação de passageiros, que podiam se utilizar dos trens
mistos”.
“A estação de Furquim foi inaugurada em 1926, e segundo Max Vasconcellos, em 1928, a estação já tinha outro nome, Edgard Werneck, que, na verdade, homenageava a mesma pessoa: Edgard Werneck Furquim de Almeida, chefe de depósito da Central. Nos anos 1940, a estação voltou a ter o nome simplificado e original de Furquim.”64
Algumas outras construções são remanescentes dessa época, como um pequeno conjunto,
predominantemente comercial, ao longo da rua do Carmo, nas proximidades da estação. Os trilhos, que
conseguiam cruzar todo o núcleo histórico do distrito de Furquim com pequena inclinação, acompanhando
uma curva de nível, foram retirados “há uns quinze anos”, como informou um morador. Alguns trechos
por onde passavam atualmente têm casas, recentemente construídas. O leito da antiga ferrovia é hoje
uma rua sem pavimentação e não denominada.
“A estação de Furquim encontra-se próxima as edificações do pequeno distrito que recebe o mesmo nome da estação. Seu entorno é caracterizado por relevo montanhoso e vegetação abundante. Os acessos podem ser feitos por uma estrada de terra, que é o antigo leito da ferrovia, ou pela estrada que sai da rodovia que liga Mariana a Acaiaca.” (BRASIL, 2009)
Em 2003, serviu temporariamente de escritório para a empresa Alcan, hoje Novelis, durante a construção
de uma pequena central hidrelétrica (PCH) no distrito. Em contrapartida, a então Alcan realizou uma
reforma geral na Estação, mantendo os materiais originais de construção, inclusive pintura de caiação.
Outras benfeitorias feitas pela empresa também foram observadas no distrito: há placas indicando a
denominação das ruas, além de sinalização turística interpretativa, nos templos (igreja, capela e passos),
onde se lê a inscrição “PCH Furquim”.
O núcleo histórico desenvolve-se numa encosta, paralelamente ao rio Gualaxo, em traçado urbano
longitudinal e sinuoso. Ao chegar da MG-262, que liga Mariana a Ponte Nova, o viajante desce estrada
íngreme e, antes de chegar ao povoado de Furquim, cruza o braço sul do Gualaxo. A jusante dessa
ponte, encontra-se a barragem da central hidrelétrica. Assim, todo o aglomerado de casas está em sua
margem esquerda. Entretanto, devido à topografia acidentada, o curso d’água fica em cota bem mais
baixa e, uma vez dentro do povoado, é pouco avistado.
A despeito de certa renovação observada no casario, as características tipológicas urbanas ainda são
razoavelmente preservadas, o que resulta numa ambiência pouco alterada, com edificações térreas e
sobrados dispostos ao longo de vias com traçado irregular. A arquitetura, no entanto, é bastante
64 A fonte dessa informação é a “ficha de campo” do Inventário do Patrimônio Ferroviário, preenchida pelo IPHAN em 2009. Cabe questionamento acerca da afirmação de que o funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, temporariamente homenageado, seria o mesmo “Furquim” referido na atual denominação. O distrito, fundado pelo bandeirante paulista Antônio Furquim da Luz, sempre teve esse nome. A denominação do distrito onde se localiza é referência indispensável para os passageiros, e não foi outra a razão do nome recebido originalmente pela estação. Logo, “Furquim” faz referência, naturalmente, ao fundador do povoado, e não a Edgard Werneck.
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diversificada e já sofreu sensíveis alterações, contrastando com as características arquitetônicas dos
exemplares mais representativas dos dois períodos de expansão do povoado: a mineração e a ferrovia.
No distrito de Furquim predominam os terrenos com implantações no mesmo nível da via pública, nem
sempre planos, contendo edificações sem afastamentos frontais. O Núcleo Histórico Urbano, que inclui a
área proposta para tombamento e seu entorno, pode ser subdividido em três conjuntos espacialmente
distintos: o maior deles desenvolveu-se a partir da Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte, estendendo-se,
acima e abaixo da Praça da Matriz, pela Praça Magalhães Pinto e pelas ruas Padre Faria e Prof. Antônio
Marcos Pinheiro; um outro conjunto, pequeno, é composto de edificações térreas, sem afastamento
frontal ou laterais, nas imediações da estação ferroviária; o terceiro conjunto, dispõe-se ao longo da rua
Monsenhor Horta, em altura superior ao antigo leito da ferrovia. Os dois primeiros, interligados por
trecho desocupado da rua Bom Jesus, compõem a área proposta para tombamento municipal. O terceiro
conjunto descrito, situado fora da área proposta para tombamento, mas componente do entorno,
desenvolve-se ao longo de uma via com considerável declividade em alguns pontos, que liga duas
extremidades da área tombada (a estação e o ponto mais alto da rua Prof. Antônio Marcos). É um
conjunto linear, menos denso, onde se observa a maior concentração de construções recentes e obras
em andamento no núcleo urbano, além de grande quantidade de terrenos vagos. Graças à declividade e
à sua posição, em altura superior à ferrovia e às ruas do Carmo e Bom Jesus (uma é continuação da
outra), de diferentes pontos da rua Monsenhor Horta se vê, sempre a partir do alto, boa parte da área
tombada, e também o casario da rua Monsenhor Horta é visto na direção contrária, o que justifica a
proteção desse mirante natural como entorno do bem tombado.
O conjunto principal, onde a ocupação do núcleo histórico iniciou-se no século XVIII, conta com a Igreja
Matriz situada de frente para um largo, que se distingue das praças permitir a circulação de veículos em
toda a sua superfície, livre de mobiliário urbano, como uma via que se alarga ao encontrar-se com
outras. A despeito dessa distinção, o largo chama-se “Praça da Matriz”. As ruas Padre Faria, Prof. Antônio
Marcos Pinheiro e Professora Maria Madalena, citadas anteriormente, possuem relações diferentes com a
Praça da Matriz, como descreveremos.
O eixo de simetria, longitudinal, da Igreja Matriz, é capaz de separar imaginariamente duas porções
distintas de terreno: de um lado dele, o terreno cai acentuadamente, ao longo da rua Professora Maria
Madalena Ferreira; no lado oposto, as vias e o terreno são ascendentes, dirigindo-se ao topo da encosta
em que está o povoado, tanto é assim que as duas vias desse lado, Bom Jesus e Prof. Antônio Marcos,
partem da Matriz em aclive, indo ao encontro da antiga linha férrea. Essas duas vias são ligadas entre si
pela rua Padre Faria, que é curta e está em patamar superior à Praça da Matriz. Pode-se dizer, então,
que a declividade do terreno, nessa área, orienta-se lateralmente à igreja.
A Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte, embora se volte de frente para a referida praça, está cercada de
construções próximas, pelos demais três lados. Algumas apresentam forte interferência visual no
conjunto, enquanto outras são merecedoras da proteção de fachada e volumetria. A praça é um conjunto
fechado de edifícios térreos e sobrados (dois pavimentos), que não permite mirar o rio, embora ele passe
a uma distância relativamente pequena. Ela ainda exibe, em uma de suas extremidades, o Cruzeiro de
pedra de forma patriarcal, e parte da faixa de piso em pé-de-moleque que emoldura a Igreja, mas
perdeu o adro gramado original, substituído pelo revestimento em blocos retangulares de concreto. Há
algumas casas centenárias, com feições coloniais (telhados com beirais, estrutura e esquadrias em
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madeira) e ecléticas (com platibandas trabalhadas e varanda lateral em um dos casos), mas certamente
nenhuma remanescente da época em que foi construída essa igreja. A paisagem natural circundante
pode ser descortinada, principalmente, nas direções do rio (atrás do Cruzeiro) e da ferrovia, onde se
observam elevações, sejam elas próximas ou mais distantes.
Na rua Padre Faria, situada em cota pouco superior, embora sua ocupação esteja bastante consolidada,
os poucos lotes remanescentes inspiram cuidados, pois boa parte das casas existentes podem ser vistas
a partir da Praça da Matriz. A própria via constitui um pequeno mirante, em relação à praça, ligada a ela
por uma estreita rampa, calçada de pedras, onde não passam carros devido à forte declividade, à
pequena largura e aos obstáculos postos no caminho. As edificações mais antigas, de estilo colonial,
entre as quais uma com paredes de pau-a-pique, estão agrupadas, entre a rua Bom Jesus e um largo
existente na rua, em frente à passagem para a Praça da Matriz. No primeiro quarteirão, as construções
estão agrupadas, sem afastamentos. Daí até a rua Prof. Antônio Marcos, encontram-se construções mais
recentes, quase todas sem valor histórico. Nesse último quarteirão, as casas obedecem a afastamentos
laterais, embora pequenos, e às vezes frontais.
Prolongamento natural do conjunto edificado em torno da Igreja Matriz, a rua Prof. Antônio Marcos
Pinheiro inicia-se em pequeno largo na face posterior da Igreja Matriz, descrevendo traçado sinuoso em
“L”. Assim como na rua Padre Faria, esse conjunto é quase inteiramente residencial, distinguindo-se
isoladamente os usos institucional e comercial, em poucas casas. Seu primeiro trecho, da igreja à curva
desse “L”, possui pequena declividade e um conjunto edificado bastante compacto, sem afastamentos
frontais ou laterais. É um dos trechos de ruas mais utilizados pela população, que caminha ou
simplesmente permanece à porta das casas, conversando. De quase toda a rua se veem as fachadas
posterior e lateral esquerda da Igreja Matriz, além de suas duas torres. Há edificações de um e dois
pavimentos, sendo estas as mais recentes. Algumas das mais antigas apresentam técnicas construtivas
ou características estilísticas da arquitetura colonial mineira, dignas da proteção de fachada e volumetria
(grau 3).
À medida que a rua vence o aclive até alcançar a estrada de ferro, sua ocupação torna-se um pouco
menos densa, surgem esparsos lotes vagos e sua largura aumenta, até formar um largo no ponto
culminante, onde a área tombada se limita. Nesse ponto, encontra-se um sobrado, com estrutura e
esquadrias em madeira, janelas em arco abatido e cobertura em telhas capa-e-canal, desocupada e em
mau estado de conservação, que os vizinhos afirmam ser centenária. Além desta, há no trajeto outras
representativas da arquitetura colonial, mais bem conservadas.
Esse segundo trecho da rua é provido de calçada de um dos lados, mas muitos são os obstáculos a
enfrentar, como a pequena largura e os inúmeros degraus, dada sua considerável declividade. Como no
primeiro trecho, o uso predominante é o residencial, mas há um imóvel misto (residência e Magda’s Bar)
e um institucional (sede da Sociedade Musical Nossa Senhora da Conceição e do Guarany Esporte Clube).
Completam o conjunto tombado as edificações da rua Bom Jesus, pequena rampa que dá acesso à Praça
da Matriz, por onde acaba se estendendo o comércio situado naquele largo. Essa rua é parte do eixo que
atravessa todo o núcleo – formado ainda pelas ruas do Carmo, Prof. Antônio Marcos e Bonfim – mas
possui apenas cinco edifícios, entre comerciais e residenciais, desprovidas de afastamentos frontais. As
casas de números 275 e 241, esta última um sobrado (dois pavimentos), dispõem-se formando um
pequeno largo, constituindo exceção à ausência de afastamentos. Todas elas estão a pequena distância
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da praça principal (da Matriz), depois de se atravessar uma parte entre muros, estreita, com passagem
para apenas um veículo por vez. Chama a atenção, além de sua pequena largura, a inexistência de
calçadas.
Oculto pelo patamar em que se localiza a Igreja Matriz, o casario da rua Professora Maria Madalena
Ferreira é de construção mais recente, não incluindo exemplares representativos de técnicas construtivas
ou estilos pretéritos. A rua nasce no limite da área proposta para tombamento, junto ao arrimo que
sustenta a Matriz em sua face posterior, prolongando-se para fora do conjunto tombado, morro abaixo,
com traçado sinuoso. Apenas as primeiras casas, situadas atrás da igreja, estão no conjunto a ser
tombado. O restante compõe o entorno da área proposta para tombamento.
Em suma, nesse primeiro conjunto que acabamos de descrever, composto da Praça da Matriz e das ruas
Padre Faria, Bom Jesus e Prof. Antônio Marcos, embora consolidado do ponto de vista urbanístico,
densamente ocupado e compacto, com escassos lotes vagos, configura-se certa tendência à renovação
urbana, com a alteração ou mesmo substituição de diversos imóveis. Restam preservadas algumas
edificações com características coloniais, provavelmente construídas até o fim do século XIX, tanto no
entorno imediato da Igreja Matriz quanto nas ruas Padre Faria e Prof. Antônio Marcos. A da esquina das
ruas Padre Faria e Bom Jesus possui paredes feitas de pau-a-pique. Um casarão, geminado com um bar,
na rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, tem paredes de adobe. Construções características do século XX,
em estilo eclético, com platibandas que ocultam a cobertura e acesso lateral por varanda, aparecem
pontualmente na malha urbana, como a da Praça da Matriz, 87. Não é raro encontrar imóveis que
mantêm a volumetria e os aspectos coloniais, mas foram construídos com materiais do nosso tempo, mas
a maior parte tem linguagem arquitetônica contemporânea, sobretudo à medida que o observador se
afasta da Praça da Matriz. Notável exceção é o centenário sobrado situado na rua Prof . Antônio Marcos
Pinheiro, 312, descrita no conjunto daquela rua. Calçadas, quando existem, são estreitas e descontínuas,
e com isso é frequente a utilização do leito das vias públicas pelos pedestres.
O segundo conjunto componente da área proposta para tombamento, correspondente às últimas
edificações ao longo da rua do Carmo (cuja continuação é a rua Bom Jesus, descrita anteriormente),
próximas à estação ferroviária, é formado por edificações térreas, sem afastamento frontal ou laterais.
Sua tipologia é comercial, ou seja, os edifícios têm suas maiores fachadas voltadas para a rua, repletas
de portas, facilitando o acesso ao interior. Um desses imóveis é ocupado pela principal casa de comércio
de alimentos e utilidades domésticas do distrito, o Comercial Geraldo Vítor. Há ainda um açougue, na
Praça da Matriz, e alguns bares, espalhados pelo distrito, mas essa é a loja com maior variedade de
produtos. Nesse trecho, todas as construções que se alinham na rua do Carmo estão em apenas um lado
(o ímpar), já que do lado oposto há um talude que serve de base à ferrovia. Afora o conjunto de tipo
comercial, desse lado da rua há um extenso muro cego e, ao lado deste, uma edificação institucional, a
Policlínica do distrito, uma unidade pública de atendimento à saúde da população. Um raro exemplar de
abrigo de passageiros e um telefone público (orelhão) compõem o mobiliário urbano desse trecho de via.
Construída em local de certo destaque, no topo de um pequeno talude que a separa da rua do Carmo,
está a Estação Ferroviária. Encontra-se isolada em meio a um gramado, e os trilhos que conduziam a ela
não existem mais. O traçado da rua do Carmo, ao passar por ela, parece contornar propositalmente esse
talude, afastando-se do edifício. Como citamos anteriormente, foi inaugurada em 1926 e reformada na
última década, quando serviu de escritório para a empresa Alcan. Atualmente, segundo o Inventário do
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Patrimônio Ferroviário (BRASIL, 2009), está sob os cuidados da Associação Comunitária de Furquim. Foi
encontrada fechada, mas parece adequadamente mantida, pelo menos é o que indica seu aspecto
exterior. Quem se dirige à Praça da Matriz logo entra na rua Bom Jesus, atravessando seu trecho
desabitado e entre muros, supracitado.
Completam o conjunto de edificações cuja proteção integral indicamos, além da Igreja Matriz, de seu
Cruzeiro e da Estação Ferroviária, dois pequenos “passos da Paixão de Cristo”, visitados pelas procissões
religiosas em datas específicas. Ambos estão situados entre as casas, na rua Prof. Antônio Marcos
Pinheiro. Há um terceiro, na rua do Carmo, mas não está incluído na área indicada para tombamento. Em
todos, a sinalização interpretativa, fixada na fachada, contém o mesmo texto: “Passo da Paixão de Cristo
– Pequena capela destinada à procissão do Senhor dos Passos, construída em 1879”.
A área a ser tombada encerra-se nas ruas que acabamos de descrever.
O terceiro conjunto, no entorno do conjunto a ser tombado, dispõe-se ao longo da rua Monsenhor Horta,
em altura superior ao antigo leito da ferrovia (hoje extinta). É onde se observa a maior quantidade de
obras em andamento no núcleo, e simultaneamente a maior quantidade de terrenos vagos. Essa via
escala transversalmente parte da colina, mas mantém-se em situação de meia-encosta, vencendo a
topografia e descendo ao encontro da estrada de ferro, ao fim e ao cabo. Concentradas nessas
extremidades, formando dois grupos distintos de residências (do início até o número 227 e do número
390 ao 554, enfrentando forte declividade entre esses grupos), as casas dessa rua, em sua maioria,
estão situadas no centro de lotes, com afastamentos de todos os lados. Todas têm uso residencial.
Algumas possuem muros a separá-las da via, mas calçadas, quando existem, não possuem
revestimentos de pisos ou estão repletas de barreiras (como degraus), mostrando-se inadequadas ao
uso. Afora esses dois grupos, a via é escassamente ocupada. Próximo à linha do trem e à estação, está
nessa rua um grande e belo, mas não muito alto, reservatório d’água construído em estrutura metálica.
Há meios-fios, sarjetas e, em alguns trechos, calçadas, estreitas e frequentemente descontínuas,
interrompidas por valas de escoamento de água pluvial, plantas ornamentais, degraus ou mesmo as
próprias edificações e muros, que avançam até a borda da via. Nos trechos desocupados, permanecem
os meios-fios, mas não há calçadas. Com tantos obstáculos, as calçadas não são utilizadas pelos
pedestres. Próximo ao ponto culminante dessa rua, encontra-se um cruzeiro isolado, num promontório
que configura um mirante, de cuja situação privilegiada se enxergam a Igreja Matriz e os demais
conjuntos edificados do Núcleo Histórico Urbano de Furquim.
O mobiliário urbano encontrado consta de um abrigo de passageiros de ônibus na rua do Carmo, próximo
à estação, um telefone público (orelhão) no mesmo local, além de outro na agência dos Correios (vizinha
da Igreja Matriz. Em geral não há lixeiras, nem cestas para o depósito do lixo produzido nas edificações,
o que indica não haver coleta de lixo no distrito. Apesar disso, o aspecto das vias é de boa limpeza, não
tendo sido observado acúmulo de lixo ou entulho nas vias públicas, salvo casos esparsos na rua
Monsenhor Horta, onde se observam brita, areia e tijolos, em frente a algumas construções em
andamento.
Em regra, as vias possuem pavimentação asfáltica, à exceção da Praça da Matriz, que teve seu piso
gramado original substituído por blocos de concreto, e do leito da antiga estrada de ferro, sem
pavimentação. O piso ainda encontrado à porta da igreja é do tipo “pé-de-moleque” e é da mesma época
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em que o restante da praça era revestida de grama. No entorno do sítio tombado, a rua Monsenhor Horta
é a única que apresenta defeitos graves na pavimentação: há um trecho, mostrado na documentação
fotográfica a seguir, em que a pavimentação perdeu sustentação e uma cratera começa a abrir-se no
asfalto. A via limítrofe entre área tombada e seu entorno é o mesmo local da extinta ferrovia, atualmente
uma via sem pavimentação.
Atualmente, a área urbanizada cresce ao longo de vias existentes: na direção do Cemitério (rua do
Bonfim), em nível próximo ao da extinta ferrovia, e morro abaixo, ao longo da rua Professora Maria
Madalena Ferreira, ambas fora do núcleo proposto para tombamento, mas protegidas em parte por
compor a área de entorno do conjunto urbano.
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O Cotidiano do Bem Cultural
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Referências
Bibliográficas e documentais
BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário histórico geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte:
Itatiaia, 1995. 541 p.
BRASIL. Ministério da Cultura. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Superintendência em
Minas Gerais. Inventário do Patrimônio Ferroviário de Minas Gerais, v. VII: Estrada de Ferro Leopoldina
Recreio - Ouro Preto (L003-R000-S000). Belo Horizonte/Brasília: IPHAN, 2009.
CARNEIRO, Luciana Ferreira Morais. Preservação e turismo em pequenas aglomerações urbanas: os
distritos de Mariana. Belo Horizonte: [mimeo], 2000. (Pesquisa de iniciação científica, vinculada ao
projeto “O cotidiano e o espetáculo: paisagem, memória e turismo nos municípios de Ouro Preto e
Mariana”, coordenado pela Profa. Fernanda Borges de Moraes)
CARRAZZONI, Maria Elisa (coord.). Guia dos bens tombados Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura,
1987.
MORAES, Fernanda Borges de. O cotidiano e o espetáculo: paisagem, memória e turismo nos municípios
de Ouro Preto e Mariana. Belo Horizonte: UFMG/Escola de Arquitetura, 2001.
VASCONCELLOS, Diogo de. História antiga das Minas Gerais. Belo Horizonte: Imprensa Official do Estado
de Minas Gerais, 1904.
Eletrônicas
www.iphan.gov.br. Acesso em 25/out/2011.
www.mariana.mg.gov.br. Acesso em 25/out/2011.
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DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
IMAGENS: Maurício Goulart, jul/2011.
HORTA
RU
A
(CEP 35426-971)
MARCOS PINHEIRO
RIO GUALAXO
USINA
HO
RTA
MON
SENH
OR
RU
A
R.F.F.S.A.
R. BOM JESUS
RUA PROF. ANTÔNIO
RU
A P
AD
RE
FAR
IA
DA MATRIZPÇA
CARMO
DO
RUA
GUALAXO
RIO
0 5010 100m
N
87
99105107119 25
P
56
1925
44
17
30
90
1131
2170
62A
88
6166
8191
65
29
37
41
19
15
241
275
2799
SSVP
7767
5141
MARCOS PINHEIRO
RUA PROF. ANTÔNIO
CARMO
158
146
97101
137
161171
176MAGDA'S BARRESIDÊNCIA E
193205
213227
312B
270
284
ANTIGO LEITO DA
ANTIGO LE
ITO DA R.F.F.S.A.
(VIA SEM PAVIMENTAÇÃO,
TRILHOS REMOVIDOS)
196
176
133
103134
167
205CASA AZULE BRANCA
PORTEIRA
207217
227
390
460
360
494
512512gar
520
532
544
554
MO
NSE
NH
OR
440
436
CORREIOS
415A415
403
391
301
342
264
644
601
GERALDO VITORCOMÉRCIO
DO
RU
A
537
RESIDÊNCIA
POLICLÍNICA
154 (vago)
250
COMÉRCIO
BECO
1,2
4
3
5
6
7
8,9 10
111213,14
15
16
17
18
1920
21
22,26,34
23
24
27
25
28
29
30
31
32
33
39
37,38
40
41
42
4344
45
35
36
Mapa de indicação das figuras 1 a 45.
Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Furquim. Mariana/MG. BASE CARTOGRÁFICA: CEMIG, 2001. Elaboração (ago/2011): Maurício Goulart (Arquiteto Urbanista).
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Fig 1 – Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte Fig. 2 – Placa de sinalização turística interpretativa, na
Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte
Fig. 3 – Capela de Nossa Senhora do Carmo Fig. 4 – Placa de sinalização turística interpretativa, na
Capela de Nossa Senhora do Carmo
Fig. 5 – Ponte sobre o braço sul do rio Gualaxo: imagem tomada após adentrar a área urbana do distrito; parte da
Capela de Nossa Senhora do Carmo aparece à direita, como referência
Fig. 6 – Barragem da pequena central hidrelétrica de Furquim (PCH Furquim), no rio Gualaxo; ao fundo, vê-se
a Igreja Matriz e algumas casas do povoado
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Fig 7 (à esq.) – Praça da Matriz; ao fundo, em
patamar ligeiramente superior, parte do casario da rua Padre Faria
Fig 8 – Praça da Matriz: parte remanescente do revestimento original de piso em pedras tipo “pé-de-moleque”
Fig. 9 – Praça da Matriz Fig. 10 (no centro) –
Cruzeiro de forma patriarcal, na Praça da
Matriz
Fig. 11 – Praça da Matriz
Fig. 12 (à esq.) – Passagem para
pedestres, entre a Praça da Matriz e a rua Padre
Faria
Fig. 13 (acima) – Praça da Matriz, vista a partir da rua Padre Faria
Fig. 14 – Lote vago na rua Padre Faria; ao fundo, a Praça da Matriz
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Fig. 15 – Rua Padre Faria, 41, em frente ao pequeno largo
Fig. 16 – Pequeno largo na rua Padre Faria
Fig. 17 – Rua Padre Faria, 29, em frente ao pequeno largo
Fig. 18 – Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro s/nº
(primeiro edifício do lado par, atrás da Igreja Matriz) Fig. 19 – Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro s/nº (ao
lado do nº 30)
Fig. 20 – Trecho inicial da rua Prof. Antônio Marcos
Pinheiro Fig. 21 – Trecho inicial da rua Prof. Antônio Marcos
Pinheiro
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Fig. 22 – Trecho final da rua Prof.
Antônio Marcos Pinheiro Fig. 23 – Trecho final da rua Prof.
Antônio Marcos Pinheiro Fig. 24 – Rua Prof. Antônio Marcos
Pinheiro, 312: sobrado centenário, de frente para o largo no final da rua
Fig. 25 – Conjunto da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, visto desde o mirante
da rua Monsenhor Horta
Fig. 26 – Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, s/n: edifício de uso misto
Fig. 27 – Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, 227: edifício de uso
institucional; calçadas, estreitas e com obstáculos
Fig. 28 – Chegada da rua Bom Jesus à
Praça da Matriz Fig. 29 – Rua Bom Jesus, 241: sobrado conforma um largo, juntamente com a
casa à sua esquerda, cujo jardim aparece na imagem
Fig. 30 – Rua Bom Jesus, estreita e sem calçadas
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Fig. 31 – Praça da Matriz, 46: edifício com
características dissonantes da arquitetura típica local, bem ao lado da Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte
Fig. 32 – Praça da Matriz, 87: casa em estilo eclético
Fig. 33 – Rua Padre Faria s/nº (esquina com rua Bom Jesus): casa
de pau-a-pique
Fig. 34 – Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro s/nº e detalhe (Magda’s Bar e residência, casa com paredes em adobe
Fig. 35 – Estação ferroviária de Furquim Fig. 36 – Casario à rua do Carmo, 537/601, nas
imediações da Estação
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Fig. 37 – Sinalização interpretativa,
fixada na fachada do Passo da Paixão de Cristo
Fig. 38,39 – Dois passos da Paixão de Cristo, ambos situados à rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro
Fig. 40 – Trecho inicial da rua Monsenhor Horta (à direita) e leito
da antiga ferrovia (via sem pavimentação, à esquerda)
Fig. 41 – Rua Monsenhor Horta, subindo ao mirante (cruzeiro visto no alto): não há calçadas ou são
inadequadas ao uso
Fig. 42 – Trecho inicial da rua Monsenhor Horta: casa em estilo
colonial, com estrutura e esquadrias em madeira
Fig. 43 – Rua Monsenhor Horta, 512: sobrado com obra de
ampliação recente
Fig. 44 – Trecho final da rua Monsenhor Horta: materiais de
construção depositados à margem
Fig. 45 – Trecho final da rua Monsenhor Horta: caixa d’água
metálica
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05 DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PERÍMETRO DE
TOMBAMENTO
5.1 DELIMITAÇÃO
HORTA
RU
A
(CEP 35426-971)
MARCOS PINHEIRO
RIO GUALAXO
HO
RTA
MO
NSEN
HOR
R.F.F.S.A.
R. BOM JESUS
MADALENA
MARIAR. PROF.
RUA PROF. ANTÔNIO
RU
A P
AD
RE
FA
RIA
DA MATRIZPÇA
MORAESE.E. MONSENHOR
0 5010 100m
N
87
99105107119 25
PINTOPÇA MAGALHÃES
56
1925
44
17
30
46
90
1131
21
151
70
30
62A
88
6166
8191
65
29
3741
19
15
241
275
2799
SSVP
7767
51
RUÍNA
41
MARCOS PINHEIRO
RUA PROF. ANTÔNIO
CARMO
158
146
97101
137
161171
176MAGDA'S BARRESIDÊNCIA E
193205
213 227
283295
312312B
270284
66 10080 88
ANTIGO LEITO DA
196
176
133
103134
167
205CASA AZULE BRANCA
PORTEIRA
207217
227
390
460
360
494
512512gar
520
532
544
554
MO
NSE
NH
OR
440
436
CORREIOS
601
GERALDO VITORCOMÉRCIO
DO
537
COMÉRCIO
RESIDÊNCIA
POLICLÍNICA
154 (vago)
250
COMÉRCIO
P01=
P14
BECO
P02P03 P04
P05P06
P07
P08P09
P10P11
P12
P13
LEGENDA:
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
Perímetro do Tombamento Municipal. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Furquim.
O perímetro de tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Furquim abrange a área compreendida pela poligonal fechada P01P14, representada no mapa da página anterior, em escala gráfica, e contempla 93 imóveis inseridos em uma área
aproximada de 65.000 m2. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (jul/2011):
Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
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5.2 DESCRIÇÃO
O perímetro de tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Furquim abrange a área compreendida pela
poligonal fechada P01P14, representada no mapa da página anterior, em escala gráfica, e contempla 93
imóveis inseridos em uma área aproximada de 65.000 m2. A seguir, a descrição da delimitação, ponto a
ponto:
P01 (x=686.8998 e y=7747.9624 65) indica o vértice formado pela interseção do eixo da Rua Prof.
Antônio Marcos Pinheiro com o eixo da Rua Prof. Maria Madalena Ferreira.
Partindo desse ponto, seguindo no sentido leste pelo eixo da Rua Prof. Maria Madalena Ferreira, tem-se
P02.
P02 (x=686.9168 e y=7747.9658 66) indica o vértice formado pela interseção do eixo da Rua Prof. Maria
Madalena Ferreira com o eixo do Beco da Escola Estadual Monsenhor Moraes.
Partindo desse ponto, seguindo no sentido sul pelo eixo do Beco da Escola Estadual Monsenhor Moraes,
tem-se P03.
P03 67 indica o vértice formado pela interseção do eixo do Beco da Escola Estadual Monsenhor Moraes
com o prolongamento do limite norte do lote da Escola Estadual Monsenhor Moraes.
Em seguida, há o ponto P04, a leste de P03, seguindo pelo limite norte do lote da Escola Estadual
Monsenhor Moraes.
P04 68 indica o vértice formado pela interseção dos limites norte e leste do lote da Escola Estadual
Monsenhor Moraes.
A delimitação continua para sul, através do limite leste do lote da Escola Estadual Monsenhor Moraes.
P05 69 indica o vértice formado pela interseção dos limites leste e sul do lote da Escola Estadual
Monsenhor Moraes.
Partindo desse ponto, seguindo no sentido oeste pelo prolongamento do limite sul do lote da Escola
Estadual Monsenhor Moraes, está P06.
P06 70 indica o vértice formado pela interseção dos prolongamentos dos limites sul do lote da Escola
Estadual Monsenhor Moraes e do lote 25 da Praça Magalhães Pinto.
Partindo desse ponto, seguindo na direção oeste pelo prolongamento do limite sul do lote 25 da Praça
Magalhães Pinto, está P07.
65 Fonte: Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Cartografia. Prefeitura Municipal, 2003.
66 Ibidem.
67 O distrito de Furquim ainda não foi incluído no Cadastro Municipal Integrado ao Sistema de Gestão de Informação Urbana e, por isso, não passou por regulação do espaço territorial, urbano e natural. Essa ordenação urbano-ambiental do solo municipal abrange o parcelamento, uso e ocupação do território, bem como o registro das construções no Cartório Geral de Registro de Imóveis e o mapeamento das delimitações fundiárias. A ausência desses traçados em todo território marianense, impossibilita, neste momento, a precisão das coordenadas geo-referenciadas de alguns pontos do perímetro em questão.
68 Ibidem.
69 Ibidem. 70 Ibidem.
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P07 71 indica o vértice formado pela interseção dos limites sul e oeste do lote 25 da Praça Magalhães
Pinto.
O limite continua na direção sul, através dos limites posteriores dos lotes ímpares da Praça da Matriz, da
Rua Bom Jesus e da Rua do Carmo, até o prolongamento do limite norte do lote 440 da Rua do Carmo,
onde está P08.
P08 72 indica o vértice formado pela interseção do prolongamento do limite posterior do lote residencial
sem número da Rua do Carmo, ao lado do lote 537, com o prolongamento do limite norte do lote 440 da
Rua do Carmo.
Partindo desse ponto, no sentido oeste pelo prolongamento do limite norte do lote 440 da Rua do Carmo,
tem-se P09.
P09 73 indica o vértice formado pela interseção do prolongamento do limite norte do lote 440 da Rua do
Carmo com o eixo da antiga linha férrea.
Em seguida, há o ponto P10, a norte de P09, seguindo pelo eixo da antiga linha férrea.
P10 74 indica o vértice formado pela interseção do eixo da antiga linha férrea com o prolongamento do
limite nordeste do lote 312 da Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro.
A delimitação continua para sudeste, através do prolongamento do limite nordeste do lote 312 da Rua
Prof. Antônio Marcos Pinheiro, onde está P11.
P11 75 indica o vértice formado pela interseção do prolongamento do limite nordeste do lote 312 da Rua
Prof. Antônio Marcos Pinheiro com o prolongamento do limite sudeste do lote 312B da Rua Prof. Antônio
Marcos Pinheiro.
O limite continua na direção noroeste, através dos limites posteriores dos lotes pares da Rua Prof.
Antônio Marcos Pinheiro e ímpares da Rua Prof. Maria Madalena Ferreira; até seu lote 17, inclusive.
P12 76 indica o vértice formado pela interseção dos limites norte e leste do lote 17 da Rua Prof. Maria
Madalena Ferreira.
Partindo desse ponto, seguindo na direção sul pelo prolongamento do limite leste do lote 17 da Rua Prof.
Maria Madalena Ferreira, está P13.
P13 77 indica o vértice formado pela interseção do prolongamento do limite leste do lote 17 da Rua Prof.
Maria Madalena Ferreira com o eixo da Rua Antônio Marcos Pinheiro.
O limite continua na direção leste, pelo eixo da Rua Antônio Marcos Pinheiro, onde está P14.
P14 = P01
71 O distrito de Furquim ainda não foi incluído no Cadastro Municipal Integrado ao Sistema de Gestão de Informação Urbana e, por isso, não passou por regulação do espaço territorial, urbano e natural. Essa ordenação urbano-ambiental do solo municipal abrange o parcelamento, uso e ocupação do território, bem como o registro das construções no Cartório Geral de Registro de Imóveis e o mapeamento das delimitações fundiárias. A ausência desses traçados em todo território marianense, impossibilita, neste momento, a precisão das coordenadas geo-referenciadas de alguns pontos do perímetro em questão.
72 Ibidem.
73 Ibidem.
74 Ibidem.
75 Ibidem. 76 Ibidem.
77 Ibidem.
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5.3 JUSTIFICATIVA
O perímetro de tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Furquim foi definido em uma área que inclui o
local da ocupação inicial do Distrito, ocorrida a partir do início do século XVIII ao redor da Igreja Matriz
de Bom Jesus do Monte, e momento de expansão urbana, já no século XX, impulsionado pela
inauguração da Estação Ferroviária, em 1926. O conjunto desenvolvido a partir da Igreja Matriz, embora
não conte mais com outras construções da época desta (meados do século XVIII), pode ser reconhecido
pela relação que o arruamento do entorno direto da igreja estabelece com ela, escalando as colinas ao
redor, mas mantendo-a visível ao longo do percurso. A presença de dois “passos da Paixão de Cristo”,
minúsculas capelas abertas em datas comemorativas, e algumas casas coloniais feitas com materiais
tradicionais – madeira, adobe, telhas capa-e-canal – ao longo da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro,
habilitam-na a compor, e servir de limite, à área proposta para tombamento.
Por sua função referencial e localização na paisagem, em situação de meia-encosta, a via formada pela
antiga estrada de ferro, já extinta, limita a área tombada a montante do morro, passando ao fundo das
edificações que compõem o conjunto da Igreja Matriz. Esse conjunto, delimitado pela linha do trem e
estendendo-se até o alto da rua Prof. Antônio Marcos, abarca todos os elementos construídos porventura
visíveis a montante da Praça da Matriz.
Estende-se tal perímetro até um pouco além da Estação Ferroviária, marco da segunda etapa de
ocupação do Núcleo Histórico Urbano, e tida como indutora da construção de um pequeno conjunto
comercial situado ao seu redor, igualmente merecedor de proteção. Como os dois conjuntos são
próximos, mas separados por um trecho não ocupado da rua Bom Jesus, a futura ocupação desses lotes
também necessita de disciplinamento, pois, se mal conduzida, teria o condão de interferir negativamente
em ambos os conjuntos edificados.
Os trechos foram escolhidos, portanto, relacionando a localização dos edifícios mais representativos –
marcos na paisagem urbana ou exemplares típicos da arquitetura colonial mineira –, a topografia da área
urbanizada – capaz de colocar em evidência outras construções, em planos subsequentes aos conjuntos
edificados ao longo das ruas e praças – e a coesão do conjunto. A proteção da paisagem urbana
circundante, que compõe as principais visuais desde qualquer ponto da área proposta para tombamento,
ficou a cargo da área definida para entorno.
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06 DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PERÍMETRO DE
ENTORNO
6.1 DELIMITAÇÃO
MADALENA FERREIRA
MARIA
R. PROF.
ANTI
GO L
EITO
DA
R.F.
F.S.
A.
RUA DO
CEMITÉRIO
HORTA
RU
A
(CEP 35426-971)
MARCOS PINHEIRO
RIO GUALAXO
RIO GUALAXO
USINA
HO
RTA
MON
SENH
OR
RU
A
R.F.F.S.A.
R. BOM JESUS
MADALENA FERREIRA
MARIAR. PROF.
RUA PROF. ANTÔNIO
RU
A PA
DR
E FA
RIA
DA MATRIZPÇA
MORAESE.E. MONSENHOR
CARMO
DO
RUA
GUALAXO
RIO
CAR
MO
AXO
CÓ
RR
EGO
REG
O
0 5010 100m
N
87
99105107119 25
PINTOPÇA MAGALHÃES
56
1925
44
17
30
46
90
1131
21
151
70
30
62A
88
6166
8191
65
29
3741
19
15
241
275
2799
SSVP
7767
51
RUÍNA
41
MARCOS PINHEIRO
RUA PROF. ANTÔNIO
CARMO
158
146
97101
137
161171
176MAGDA'S BARRESIDÊNCIA E
193205
213 227
283295
312312B
270284
BONFIM
66 10080 88110
(VIA
SEM
PAV
IMEN
TAÇÃ
O,
TRIL
HOS
REM
OVID
OS)
ANTIGO LEITO DA
148160
172
169
163
COMPLEXOESPORTIVO
ANTIGO LE
ITO DA R.F.F.S.A.
(VIA SEM PAVIMENTAÇÃO,
TRILHOS REMOVIDOS)
196
176
133
103134
167
205CASA AZULE BRANCA
PORTEIRA
PORTEIRA
207217
227
390
460
360
494
512512gar
520
532
544
554
MO
NSE
NH
OR
440
436
CORREIOS
415A415
403
391
301
342
264
644
601
GERALDO VITORCOMÉRCIO
DO
RU
A
537
COMÉRCIO
RESIDÊNCIA
POLICLÍNICA
154 (vago)
250
COMÉRCIO
E01=E09
E02
E03
E04
E05E06
E07
E08
P01=
P14
BEC
O
P02P03 P04
P05P06
P07
P08P09
P10P11
P12
P13
LEGENDA:
PERÍMETRO DE TOMBAMENTOPERÍMETRO DE ENTORNO
Perímetro do Entorno de Tombamento Municipal. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Furquim. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (jul/2011):
Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
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6.2 DESCRIÇÃO
O perímetro de entorno ao tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Furquim abrange a área
compreendida pela poligonal fechada E01E09, representada no mapa da página anterior, em escala
gráfica, e contempla uma área aproximada de 410.000 m2. A seguir, a descrição da delimitação, ponto a
ponto:
E01 (x=687.5360 e y=7747.8517 78) indica o vértice formado pela interseção do eixo do Rio Gualaxo
com o prolongamento do eixo da Rua Prof. Maria Madalena Ferreira.
Partindo desse ponto, seguindo no sentido oeste pelo eixo do Rio Gualaxo, tem-se E02.
E02 (x=686.3001 e y=7747.1982 79) indica o vértice formado pela interseção do eixo do Rio Gualaxo
com o eixo do córrego lindeiro ao terreno da Capela Nossa Senhora do Carmo.
Partindo desse ponto, seguindo no sentido norte pelo eixo do córrego lindeiro ao terreno da Capela Nossa
Senhora do Carmo, tem-se E03.
E03 (x=686.2015 e y=7747.4009 80) indica o vértice formado pela interseção do eixo do córrego lindeiro
ao terreno da Capela Nossa Senhora do Carmo com o eixo da antiga linha férrea.
Em seguida, há o ponto E04, a leste de E03, seguindo pelo eixo da antiga linha férrea.
E04 (x=686.4804 e y=7747.5701 81) indica o vértice formado pela interseção do eixo da antiga linha
férrea com o eixo da Rua Monsenhor Horta.
A delimitação continua para oeste, através do eixo da Rua Monsenhor Horta, até chegar ao ponto E05.
E05 82 indica o vértice formado pela interseção do eixo da Rua Monsenhor Horta com o prolongamento do
limite sul do lote 264 da Rua Monsenhor Horta.
Partindo desse ponto, seguindo no sentido oeste pelo prolongamento do limite sul do lote 264 da Rua
Monsenhor Horta, está E06.
E06 83 indica o vértice formado pela interseção dos limites sul e oeste do lote 264 da Rua Monsenhor
Horta.
O limite continua na direção norte, através dos limites posteriores dos lotes pares da Rua Monsenhor
Horta; e ainda pelos limites posteriores dos lotes ímpares da Rua do Bonfim, até o ponto E07.
78 Fonte: Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Cartografia. Prefeitura Municipal, 2003.
79 Ibidem.
80 Ibidem.
81 Ibidem.
82 O distrito de Furquim ainda não foi incluído no Cadastro Municipal Integrado ao Sistema de Gestão de Informação Urbana e, por isso, não passou por regulação do espaço territorial, urbano e natural. Essa ordenação urbano-ambiental do solo municipal abrange o parcelamento, uso e ocupação do território, bem como o registro das construções no Cartório Geral de Registro de Imóveis e o mapeamento das delimitações fundiárias. A ausência desses traçados em todo território marianense, impossibilita, neste momento, a precisão das coordenadas geo-referenciadas de alguns pontos do perímetro em questão. 83 Ibidem.
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E07 84 indica o vértice formado pela interseção dos limites nordeste e noroeste do lote 163 da Rua do
Bonfim.
Partindo desse ponto, seguindo na direção sudeste pelo prolongamento do limite nordeste do lote 163 da
Rua do Bonfim, está E08.
E08 85 indica o vértice formado pela interseção do prolongamento do limite nordeste do lote 163 da Rua
do Bonfim com o eixo da Rua Prof. Maria Madalena Ferreira.
Partindo desse ponto, no sentido sudeste pelo eixo da Rua Prof. Maria Madalena Ferreira, tem-se E09.
E09 = E01
6.3 JUSTIFICATIVA
A definição da área de entorno do bem tombado considerou, além das condicionantes topográficas do
sítio – cuja influência é bastante nítida no critério adotado – a localização de dois outros marcos urbanos,
que não puderam ser incluídos no conjunto tombado porque mantêm com ele menor contiguidade, em
função da situação em que se encontram as ruas que ligam o conjunto tombado até esses dois marcos.
São eles: a Capela de Nossa Senhora do Carmo e o Cemitério do distrito de Furquim. A capela havia sido
objeto de inventariamento em 2005, no qual a proteção legal proposta foi o tombamento do Núcleo
Histórico Urbano, objeto do presente dossiê. Após a presente análise, concluiu-se, graças às
características do conjunto e à relativa descontinuidade das edificações mais representativas na malha
urbana, pela inclusão de Capela e Cemitério apenas no entorno. Tal de deu porque o conjunto mais coeso
– dos pontos de vista histórico e físico – não alcança esses dois marcos, interrompendo-se antes deles,
mas ambos são merecedores de proteção legal.
A delimitação se completa com o conjunto da rua Monsenhor Horta, que atravessa o Núcleo Histórico
Urbano em situação de meia encosta (limite a montante da Praça da Matriz), e o vale do rio Gualaxo (a
jusante da mesma praça), limite do próprio Núcleo, além da rua Professora Maria Madalena Ferreira, cujo
ponto inicial é também limite da área tombada.
Essa delimitação abarca as colinas mais próximas da Praça da Matriz, acima e abaixo dela,
respectivamente nas direções noroeste e sudeste dessa praça. Dessa forma, protege boa parte dos
elementos que compõem a paisagem circundante, evitando a ocupação indisciplinada das encostas
próximas, ou seja, o “espraiamento” do Núcleo Histórico Urbano na direção dos morros, além de
disciplinar a ocupação ao longo das principais vias do conjunto.
84 Ibidem.
85 Ibidem.
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07 DOCUMENTAÇÃO CARTOGRÁFICA
7.1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MARIANA/MG
Posição do município no Estado de Minas Gerais e em relação à capital. Sem escala. IMAGEM: www.almg.gov.br. Acesso em 08/set/2008.
BELO HORIZONTE
MARIANA
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7.2 LOCALIZAÇÃO DO BEM CULTURAL
Vargem
Mariana
CanelaBandeirantes
Mainart
Barro Branco
Padre Viegas
Barroca
CrastoFurquim
Águas Claras
PedrasCamargos
Bento Rodrigues
Paracatu de Baixo
Cachoeira
Santa Rita Durão
Passagem(sede)
Cláudio Manoel
Horta
PIRANGA
CATAS ALTAS
OURO PRETO
ACAIACA
DIOGO DE VASCONCELOS
ALVINÓPOLIS
BARRA LONGA
Monsenhor
do Brumadode Mariana
LEGENDA
LIMITE MUNICIPAL
LIMITE DE DISTRITO
FERROVIA
POVOADOS
DISTRITOS
DISTRITO DE FURQUIM
N
0 3000 9000m
Município de Mariana/MG. Posição do Distrito de Furquim em relação ao limite municipal. BASE CARTOGRÁFICA: Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (Mar/2004): Cláudia Renata
Vilela (estagiária de arquitetura).
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7.3 PERÍMETROS DE TOMBAMENTO E ENTORNO COM ESTRUTURAS EXISTENTES
HORTA
RU
A
(CEP 35426-971)
MARCOS PINHEIRO
RIO GUALAXO
HO
RTA
MO
NSEN
HOR
R.F.F.S.A.
R. BOM JESUS
MADALENA
MARIAR. PROF.
RUA PROF. ANTÔNIO
RU
A P
AD
RE
FA
RIA
DA MATRIZPÇA
MORAESE.E. MONSENHOR
0 5010 100m
N
87
99105107119 25
PINTOPÇA MAGALHÃES
56
1925
44
17
30
46
90
1131
21
151
70
30
62A
88
6166
8191
65
29
3741
19
15
241
275
2799
SSVP
7767
51
RUÍNA
41
MARCOS PINHEIRO
RUA PROF. ANTÔNIO
CARMO
158
146
97101
137
161171
176MAGDA'S BARRESIDÊNCIA E
193205
213 227
283295
312312B
270284
66 10080 88
ANTIGO LEITO DA
196
176
133
103134
167
205CASA AZULE BRANCA
PORTEIRA
207217
227
390
460
360
494
512512gar
520
532
544
554
MO
NSE
NH
OR
440
436
CORREIOS
601
GERALDO VITORCOMÉRCIO
DO
537
COMÉRCIO
RESIDÊNCIA
POLICLÍNICA
154 (vago)
250
COMÉRCIO
P01=
P14
BECO
P02P03 P04
P05P06
P07
P08P09
P10P11
P12
P13
LEGENDA:
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
Perímetro do Tombamento Municipal. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Furquim.
O perímetro de tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Furquim abrange a área compreendida pela poligonal fechada P01P14, representada no mapa da página anterior, em escala gráfica, e contempla 93 imóveis inseridos em uma área
aproximada de 65.000 m2. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (jul/2011):
Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
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MADALENA FERREIRA
MARIA
R. PROF.
ANTI
GO L
EITO
DA
R.F.
F.S.
A.
RUA DO
CEMITÉRIO
HORTA
RU
A
(CEP 35426-971)
MARCOS PINHEIRO
RIO GUALAXO
RIO GUALAXO
USINA
HO
RTA
MON
SENH
OR
RU
A
R.F.F.S.A.
R. BOM JESUS
MADALENA FERREIRA
MARIAR. PROF.
RUA PROF. ANTÔNIO
RU
A PA
DR
E FA
RIA
DA MATRIZPÇA
MORAESE.E. MONSENHOR
CARMO
DO
RUA
GUALAXO
RIO
CAR
MO
AXO
CÓ
RR
EGO
REG
O
0 5010 100m
N
87
99105107119 25
PINTOPÇA MAGALHÃES
56
1925
44
17
30
46
90
1131
21
151
70
30
62A
88
6166
8191
65
29
3741
19
15
241
275
2799
SSVP
7767
51
RUÍNA
41
MARCOS PINHEIRO
RUA PROF. ANTÔNIO
CARMO
158
146
97101
137
161171
176MAGDA'S BARRESIDÊNCIA E
193205
213 227
283295
312312B
270284
BONFIM
66 10080 88110
(VIA
SEM
PAV
IMEN
TAÇÃ
O,
TRIL
HOS
REM
OVID
OS)
ANTIGO LEITO DA
148160
172
169
163
COMPLEXOESPORTIVO
ANTIGO LE
ITO DA R.F.F.S.A.
(VIA SEM PAVIMENTAÇÃO,
TRILHOS REMOVIDOS)
196
176
133
103134
167
205CASA AZULE BRANCA
PORTEIRA
PORTEIRA
207217
227
390
460
360
494
512512gar
520
532
544
554
MO
NSE
NH
OR
440
436
CORREIOS
415A415
403
391
301
342
264
644
601
GERALDO VITORCOMÉRCIO
DO
RU
A
537
COMÉRCIO
RESIDÊNCIA
POLICLÍNICA
154 (vago)
250
COMÉRCIO
E01=E09
E02
E03
E04
E05E06
E07
E08
P01=
P14
BEC
O
P02P03 P04
P05P06
P07
P08P09
P10P11
P12
P13
LEGENDA:
PERÍMETRO DE TOMBAMENTOPERÍMETRO DE ENTORNO
Perímetro do Entorno de Tombamento Municipal. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Furquim. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (jul/2011):
Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
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7.4 INDICAÇÃO DAS ESTRUTURAS EXISTENTES E SEUS GRAUS DE PROTEÇÃO
HORTA
RU
A
(CEP 35426-971)
MARCOS PINHEIRO
RIO GUALAXO
HO
RTA
MON
SENH
OR
R.F.F.S.A.
R. BOM JESUS
MADALMARIAR. PROF.
RUA PROF. ANTÔNIO
RU
A P
AD
RE
FA
RIA
DA MATRIZPÇA
MORAESE.E. MONSENHOR
0 5010 100m
N
87
99105107119 25
PINTOPÇA MAGALHÃES
56
1925
44
17
30
46
90
1131
21
151
70
30
62A
88
6166
8191
65
29
3741
19
15
241
275
2799
SSVP
7767
51
RUÍNA
41
MARCOS PINHEIRO
RUA PROF. ANTÔNIO
CARMO
158
146
97101
137
161171
176MAGDA'S BARRESIDÊNCIA E
193205
213 227
283295
312312B
270284
ANTIGO LEITO DA
196
176
133
103134
167
205CASA AZULE BRANCA
PORTEIRA
207217
227
390
460
360
494
512512gar
520
532
544
554
MO
NSE
NH
OR
440
CORREIOS
601
GERALDO VITORCOMÉRCIO
DO
537
COMÉRCIO
RESIDÊNCIA
POLICLÍN
ICA
154 (vago)
250
COMÉRCIO
Graus de Proteção das Estruturas Arquitetônicas. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Furquim. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003.
Elaboração (jul/2011): Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
LEGENDA:
Grau de Proteção 01
Grau de Proteção 02
Grau de Proteção 03
Grau de Proteção 04
Grau de Proteção 05
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7.5 DETALHAMENTO CARTOGRÁFICO: IGREJA MATRIZ SENHOR BOM JESUS DO MONTE
Igreja Matriz Senhor Bom Jesus do Monte. Fachada Frontal. Sem escala.
BASE CARTOGRÁFICA: CALDEIRA, 2006. Digitalização (Ago/2011): André Tomich (estagiário de arquitetura).
Igreja Matriz Senhor Bom Jesus do Monte. Planta Baixa. Sem escala.
BASE CARTOGRÁFICA: CALDEIRA, 2006. Digitalização (Ago/2011): André Tomich (estagiário de arquitetura).
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7.6 MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS BENS SELECIONADOS PARA INVENTÁRIO
Bens selecionados para inventário. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do distrito de Furquim. Mariana/MG. BASE CARTOGRÁFICA: 1) CEMIG, 2011. Elaboração (Mar/2005): Vanessa Freitas (Arquiteta Urbanista).
MADALENA
MARIA
R. PROF.
R.F.F.S.A.RUA
CEMITÉRIO
MOSSOROCA
RUA
CORREIO
PINHEIRO
ANTÔNIOPROF.R.
CARTÓRIO
MARIA MADALENARUA PROFESSORA
RIO GUALAXOGUALAXO
RIO
USINA
R.F.
F.S.
A.
HORTA
MONSENHOR
RU
A
R.F.F.S.A.
R. BOM JESUS
FERROVIÁRIAESTAÇÃO
MADALENA
MARIAR. PROF.
RUA ANTÔNIO MARCOSCAETANO SANTOS FARIA
RUA PE. JOSÉ
DA MATRIZPÇA
FREIRER. GOMES
BOM JESUSSENHORIGREJA
MORAESE.E. MONSENHOR
CARMO
DO
RUA
GUALAXO
RIO
CÓRREGO
R. F. F
. S. A
.
CA
RM
O
DO
RUA GUALAXO
RIO
CÓ
RR
EG
O
CÓ
RR
EG
O
MOINHO
0 5010 100m
N
IMÓVEIS INVENTARIADOS
1. Igreja Matriz do Bom Jesus do Monte2. Capela de Nossa Senhora do Carmo3. Estação Ferroviária
ARQUIVOS INVENTARIADOS
4. Cartório Civil e Notas
2
4
3
1
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08 FICHAS DE INVENTÁRIO
FICHA 01
01. MUNICÍPIO: Mariana.
02. DISTRITO: Furquim.
03. DESIGNAÇÃO: Igreja Matriz Senhor Bom Jesus do Monte.
04. ENDEREÇO: Largo da Matriz s/nº.
05. PROPRIEDADE/SITUAÇÃO DE PROPRIEDADE: Eclesiástica – Arquidiocese de Mariana.
06. RESPONSÁVEL: Donato Onízimo do Carmo.
07. SITUAÇÃO DE OCUPAÇÃO: Própria.
08. ANÁLISE DE ENTORNO:
No Distrito de Furquim predominam os terrenos planos com implantações no mesmo nível da via urbana, alinhadas à mesma e afastadas nas partes laterais e posterior dos lotes. A volumetria térrea divide espaço com imóveis de dois pavimentos, configurando uma certa tendência ao adensamento vertical e a uma demanda de renovação urbana, com a substituição dos mesmos. A maioria das edificações sofreu grandes mudanças. Algumas mantêm a volumetria e os aspectos coloniais, mas foram construídas com materiais contemporâneos. Construções características do século XX, em estilo eclético, com platibanda que esconde a cobertura e acesso lateral por varanda aparecem pontualmente na malha urbana, mas a maior parte dos imóveis está bastante descaracterizada com acréscimos de pavimentos superiores ou mesmo de terraços. Tais imóveis estão presentes tanto nas vias abertas nos séculos XIX e XX, quanto no núcleo inicial de ocupação e no Largo da Matriz, que guarda ainda o Cruzeiro de pedra de forma patriarcal. No Largo da Matriz o revestimento em blocos retangulares de concreto substituiu o adro gramado e a faixa de piso em pé-de-moleque que emoldurava a Igreja.
09. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA:
Fachada frontal.
IMAGEM: Patrícia Pereira, fev/2005.
Fachada lateral.
IMAGEM: Patrícia Pereira, fev/2005.
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Interior.
IMAGEM: Patrícia Pereira, fev/2005.
Imagem de Santo Antônio de Pádua.
IMAGEM: Patrícia Pereira, fev/2005.
Cômoda da sacristia.
IMAGEM: Patrícia Pereira, fev/2005.
Capela do Santíssimo: corredor lateral direito.
IMAGEM: Patrícia Pereira, fev/2005.
10. HISTÓRICO:
O início da ocupação da região de Furquim começa no final do século XVII, quando os bandeirantes paulistas descobriram, na região central das Minas Gerais, um rio carregado de ouro, que foi batizado de ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, atual Ribeirão do Carmo. A localidade foi muito próspera durante todo o século XVIII. Um importante e rico exemplar do barroco mineiro deste período é a Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus do Monte (única edificação tombada pelo IPHAN no distrito), cuja construção iniciou-se em 1745.
A imagem de Bom Jesus foi achada no Morro do Judeu, onde havia uma antiga capela antecessora à Matriz.
“Furquim é um dos lugares mais antigos de Minas. Centro de mineração que, em 1706 já era paróquia, foi tornada colativa por alvará de 16 de fevereiro de 1924. (...) Antigamente o território furquinhense era vastíssimo, compreendendo os lugares onde acham-se hoje as cidades de Ponte Nova, Amparo do Serra, Santo Antônio do Grama, Arrepiados, Bicudos, São Gonçalo de Ubá (Acaiaca), Cachoeira do Brumado, Caratinga. (...) O arraial foi fundado pelo sertanista Antônio Furquim da Luz, um dos primeiros descobridores de ouro que fixou-se no Ribeirão do Carmo Abaixo, aí obteve sesmaria
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em 1711 e, aí morreu. Mais tarde, Furquim entrou em decadência e perdeu a regalia de paróquia. Com o desenvolvimento do arraial tornou-se necessária uma igreja mais ampla e definitiva. A Matriz de Furquim com evocação do Senhor Bom Jesus do Monte, é de construção dos meados do século XVIII. Há um documento de 1782 que comprova pagamento a José Pereira Arouca, por obras na Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte do Furquim. Entre os filhos ilustres de Furquim, o maior é, sem dúvida, Monsenhor Raimundo Otávio da Trindade. Nasceu no povoado de Pedras a 20 de novembro de 1883. Ordenado a sacerdote a 4 de abril de 1908, iniciou o sagrado ministério no então Curato de Rio Doce”. (O MONUMENTO, julho92).
“As manifestações culturais do distrito são: a Festa do senhor Bom Jesus do Monte, a Festa do Divino (Reinado) e a Festa de Nossa Senhora do Carmo. A sede do distrito possui atualmente uma população total de 673 habitantes. Na área rural predominam cultivos tradicionais como o milho, o feijão e o café, além de pequenos rebanhos bovinos para corte e leite. A área urbana conta com pequenos comércios e pessoas que desenvolvem trabalhos artesanais, entre os quais cabe destacar panelas de pedra, sabão crochê, artesanato de madeira, tapetes de piteira e esteira de bambu para forro. Há presença também de sítios arqueológicos, sendo cinco identificados como de mineração, três de habitação e dois trechos de estradas antigas. Um importante elemento do patrimônio natural de Furquim é o conjunto da cachoeira do Ribeirão do Carmo que é formado pela cachoeira e por um trecho de pelo menos 500 metros de corredeiras, compondo uma paisagem de grande destaque. A cachoeira tem aproximadamente 15 metros de altura e 10 metros de largura e deve ser reconhecida e valorizada por sua beleza cênica” (NEWTON PAIVA).
11. USO ATUAL: Culto religioso.
12. DESCRIÇÃO:
A Igreja está implantada em terreno plano e no mesmo nível da rua. Os afastamentos constituem das própria vias de trânsito, tendo o adro à frente da edificação integrado e sem delimitação física com a praça principal da localidade.
“De aspecto pesado, com fachada larga e duas torres laterais quarada e pouco elevadas. O frontão tem duas volutas laterais interrompidas e uma parte central mais alta encimada por uma cruz. No frontão fica óculo envidraçado. O frontispício, na parte inferior da cimalha, é dividido em três partes por pilastras de pedra, aparentes na superfície da fachada. A portada central é provida de cimalhinha e de um ornato alto com uma medalha no centro. De cada lado da portada principal há duas sacadas com a devida guarnição de pedra. Sob cada uma das torres, fica um óculo cruciforme gradeado. Em frente à matriz há um cruzeiro de pedra lavrada com a cruz latina e alto pedestal, tendo ao pé a data: MDCCLV” (CARRAZONI, 1987). “A obra de Arouca parece ter-se limitado à sacristia e à capela-mor, até o arco-cruzeiro, sendo a nave de outra época. Enquanto a primeira fase é edificada em alvenaria de pedra e cantaria de belo trabalho, o lanço anterior que compreende a nave, as torres e o frontispício são de estilo sensivelmente diferente da maneira de mestre Arouca” (NEWTON PAIVA, 2004).
A cobertura de duas águas e vedação em telha cerâmica curva tem o coroamento em cimalha de pedra. O sistema construtivo tem estrutura autoportante de taipa com cunhais revestidos de pedra. A citação que se segue diz respeito ao interior da Matriz.
“Verdade é que os cinco retábulos que aí se encontram, vieram da velha capela desaparecida, e foram adaptados à construção nova. São peças que correspondem à primeira época ornamental, de extrema riqueza de escultura cujo caráter barroco pode ser inscrito no período Dom João V, e ainda com resquícios de influências seiscentistas. A decoração parietal, emoldurando pinturas religiosas de grande interesse, utiliza uma gramática da talha dourada que já ao era de moda nos meados do século XVIII. O altar e retábulo da capela-mor ocupam todo o fundo do presbitério e são de um barroco opulento e austero, com figuras de anjos, colunas torsas com motivos fitomorfos e trono em degraus com a imagem do Menino-Deus. Os anexos ao rico arco-cruzeiro coberto de talha são encimados por dossel e sanefa, sobre os quais erguem-se figuras angélicas” (EMBRATUR, 1986).
Na sacristia encontra-se fonte de pedra trabalhada, cômoda de jacarandá, armários e oratórios. A prataria e objetos de ouro que pertencem à igreja estão no Museu Arquidiocesano de Mariana. No corredor lateral direito, no lugar da Capela de São Geraldo, foi instalada a Capela do Santíssimo que
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antes ficava no altar-mor. As pinturas parietais na capela-mor são imagens de São Lucas, São Marcos, São Mateus Evangelista e São João Evangelista.
13. PROTEÇÃO LEGAL EXISTENTE:
Tombamento Federal. Processo nº 410-T, Inscrição nº 340, Livro Belas-Artes, fls. 70. Data: 06.12.1949.
14. PROTEÇÃO LEGAL PROPOSTA: Tombamento.
15. ESTADO DE CONSERVAÇÃO: Excelente.
16. ANÁLISE DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO:
O imóvel apresenta seus principais aspectos físicos, estruturais e compositivos com todos seus elementos desempenhando bem suas funções. Apenas a pintura externa apresenta-se um pouco desgastada.
17. FATORES DE DEGRADAÇÃO:
Além da degradação por intempéries, algumas goteiras na sacristia são provocadas pelo deslocamento de algumas telhas que não foram amarradas. A tendência ao adensamento do entorno também prejudica a visada da edificação assim como a substituição do uso original de algumas casa abrigando comércios e bares, provocando poluição sonora.
18. MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO:
Além da manutenção periódica dos aspectos físicos estruturais e compositivos da edificação, da rua e calçada, é necessário legislação que impeça o adensamento urbano e que estabeleça códigos de conduta.
19. INTERVENÇÕES:
Há 15 anos construíram a Capela Nossa Senhora do Socorro no corredor lateral esquerdo. Recentemente, a igreja foi restaurada com o apoio do BNDS e do Ministério da Cultura. O telhado e as tribunas juntamente com os pilares, arcos e guarda-corpo, assim como o coro e o para-vento, foram substituídos pelo mesmo material (madeira cedro). O assoalho de braúna da altar-mor foi trocado por madeira ipê. O piso foi rebaixado 70 cm e britado onde havia o cemitério, que permanece com as divisórias dos túmulos. Apesar da reforma, o altar-mor cedeu para frente, sendo preciso usar uma escora para a cúpula.
20. REFERÊNCIAS:
BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS:
CARRAZONI, Maria Elisa (coordenação). Guia dos bens tombados Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1987.
EMBRATUR, Inventário de Oferta Turística, set.1986. In: Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal de Mariana. Pasta-arquivo: Bandeirantes.
NEWTON PAIVA, Centro Universitário. Inventário da Oferta Turística do Município de Mariana: Parte 1. Belo Horizonte, 2004.
ORAIS:
Donato Onízimo do Carmo. Entrevista, 15/fev/2005.
21. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES:
A missa é celebrada na altura do arco-cruzeiro em um móvel de celebração feita pelo próprio zelador da Igreja, devido ao altar-mor que cedeu.
22. FICHA TÉCNICA:
RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES: PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA/MG.
Levantamento (Fev/2005): Hilário Figueiredo (historiador) / Lélio Pedrosa (Chefe Dep. Preservação. Patrimônio Cultural) / Patrícia Pereira (arquiteta urbanista) / Rafael Araújo (Turismólogo).
Elaboração (Mar/2005): Hilário Figueiredo (historiador) / Rafael Araújo (Turismólogo).
Revisão (Mar/2005): Memória Arquitetura.
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FICHA 02
01. MUNICÍPIO: Mariana.
02. DISTRITO: Furquim.
03. DESIGNAÇÃO: Capela Nossa Senhora do Carmo.
04. ENDEREÇO: Rua do Carmo 415.
05. PROPRIEDADE/SITUAÇÃO DE PROPRIEDADE: Eclesiástica – Arquidiocese de Mariana.
06. RESPONSÁVEL: Pedro Absalão da Silva.
07. SITUAÇÃO DE OCUPAÇÃO: Própria.
08. ANÁLISE DE ENTORNO:
No Distrito de Furquim predominam os terrenos planos com implantações no mesmo nível da via urbana, alinhadas à mesma e afastadas nas partes laterais e posterior dos lotes. A volumetria térrea divide espaço com imóveis de dois pavimentos, configurando uma certa tendência ao adensamento vertical e a uma demanda de renovação urbana, com a substituição dos mesmos. A maioria das edificações sofreu grandes mudanças. Algumas mantêm a volumetria e os aspectos coloniais, mas foram construídas com materiais contemporâneos. Construções características do século XX, em estilo eclético, com platibanda que esconde a cobertura e acesso lateral por varanda aparecem pontualmente na malha urbana, mas a maior parte dos imóveis está bastante descaracterizada com acréscimos de pavimentos superiores ou mesmo de terraços. Tais imóveis estão presentes tanto nas vias abertas nos séculos XIX e XX, quanto no núcleo inicial de ocupação e no Largo da Matriz, que guarda ainda o Cruzeiro de pedra de forma patriarcal. No Largo da Matriz o revestimento em blocos retangulares de concreto substituiu o adro gramado e a faixa de piso em pé-de-moleque que emoldurava a Igreja.
09. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA:
Fachada frontal.
IMAGEM: Rafael Araújo, fev/2005.
Obras no entorno.
IMAGEM: Rafael Araújo, fev/2005.
Interior.
IMAGEM: Patrícia Pereira, fev/2005.
Altar-mor.
IMAGEM: Patrícia Pereira, fev/2005.
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Torre sineira.
IMAGEM: Patrícia Pereira, fev/2005.
Anjinhos marionetes no altar-mor.
IMAGEM: Publicação Prefeitura Municipal de Mariana/MG, dez/2000.
10. HISTÓRICO:
A atual edificação substitui uma antiga capelinha também em homenagem à Nossa Senhora do Carmo. No arco-cruzeiro há as seguintes inscrições de datas: “1876, 1911-1933, 1956 e 1996”. Provavelmente, a primeira data refere-se à época de construção da nova Capela e as demais às principais reformas ocorridas. Na última intervenção de 1996 foram trocados o assoalho e o forro da nave, além de revisão do telhado e limpeza das paredes e pinturas. Nossa Senhora do Carmo, santa homenageada pela Capela, é padroeira da ordem Carmelita e invocada como advogada das almas do purgatório, representada com Menino Jesus nos braços, entregando escapulário a fies (CUNHA, 1993). A imagem de São Sebastião que ficava no altar colateral esquerdo foi transferida para a Matriz Senhor Bom Jesus do Monte. A imagem de Santa Thereza de Jesus permanece na capela, mas abaixo do altar por causa da estrutura fragilizada. Um quadro de óleo sobre tela com a imagem de São João que ficava na lateral direita da capela-mor foi roubado.
“Furquim é um dos lugares mais antigos de Minas. Centro de mineração que, em 1706 já era paróquia, foi tornada colativa por alvará de 16 de fevereiro de 1924. (...) Antigamente o território furquinhense era vastíssimo, compreendendo os lugares onde acham-se hoje as cidades de Ponte Nova, Amparo do Serra, Santo Antônio do Grama, Arrepiados, Bicudos, São Gonçalo de Ubá (Acaiaca), Cachoeira do Brumado, Caratinga. (...) O arraial foi fundado pelo sertanista Antônio Furquim da Luz, um dos primeiros descobridores de ouro que fixou-se no Ribeirão do Carmo Abaixo, aí obteve sesmaria em 1711 e, aí morreu. Mais tarde, Furquim entrou em decadência e perdeu a regalia de paróquia. Com o desenvolvimento do arraial tornou-se necessária uma igreja mais ampla e definitiva. A Matriz de Furquim com evocação do Senhor Bom Jesus do Monte, é de construção dos meados do século XVIII. Há um documento de 1782 que comprova pagamento a José Pereira Arouca, por obras na Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte do Furquim. Entre os filhos ilustres de Furquim, o maior é, sem dúvida, Monsenhor Raimundo Otávio da Trindade. Nasceu no povoado de Pedras a 20 de novembro de 1883. Ordenado a sacerdote a 4 de abril de 1908, iniciou o sagrado ministério no então Curato de Rio Doce”. (O MONUMENTO, julho92).
“As manifestações culturais do distrito são: a Festa do senhor Bom Jesus do Monte, a Festa do Divino (Reinado) e a Festa de Nossa Senhora do Carmo. A sede do distrito possui atualmente uma população total de 673 habitantes. Na área rural predominam cultivos tradicionais como o milho, o feijão e o café, além de pequenos rebanhos bovinos para corte e leite. A área urbana conta com pequenos comércios e pessoas que desenvolvem trabalhos artesanais, entre os quais cabe destacar panelas de pedra, sabão crochê, artesanato de madeira, tapetes de piteira e esteira de bambu para forro. Há presença também de sítios arqueológicos, sendo cinco identificados como de mineração, três de habitação e dois trechos de estradas antigas. Um importante elemento do patrimônio natural de Furquim é o conjunto da cachoeira do Ribeirão do Carmo que é formado pela cachoeira e por um trecho de pelo menos 500 metros de corredeiras, compondo uma paisagem de grande destaque. A cachoeira tem aproximadamente 15 metros de altura e 10 metros de largura e deve ser reconhecida e valorizada por sua beleza cênica” (NEWTON PAIVA).
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11. USO ATUAL: Culto religioso.
12. DESCRIÇÃO: A capela está implantada em terreno em declive e no mesmo nível da rua. O adro de blocos de pedra, fechado por muro de alvenaria e grade, mantém os afastamentos no entorno da edificação, sendo o afastamento posterior ocupado parcialmente por um puxado que abriga a Capela do Santíssimo. A simetria da fachada principal é interrompida por muro que uni a torre sineira, originalmente separada da edificação. A porta central e as duas janelas rasgadas por inteiro na altura do coro, guarnecidas com guarda-corpo de madeira, possuem verga alteada e são vedadas com duas folhas de abrir almofadadas de madeira. Alem de duas seteiras, uma em cada lado da porta central, um sexto vão – um óculo cruciforme - completa a fachada principal na altura da empena. A cobertura em duas águas, com cumieira perpendicular a rua e telha cerâmica curva, tem o coroamento em cimalha de madeira. O sistema construtivo tem estrutura autônoma de madeira, com cunhais revestidos de pedra e vedação em adobe. No interior, o piso e o forro são de tabuado. A imagem em homenagem a Capela é de roca. Três anjos no alto do altar-mor são movimentados no sentido vertical por meio de manivelas, usados durante a coroação. O altar-mor é composto de pedra de cantaria. Na capela-mor, há marcas na parede lateral direita do quadro de óleo sobre tela de São João que foi roubado; no lugar um quadro com a mesma imagem, porém não tem a mesma dimensão. A imagem de São Sebastião que ficava no altar colateral esquerdo foi transferida para a Matriz Senhor Bom Jesus do Monte. A imagem de Santa Thereza de Jesus permanece na capela, mas abaixo do altar por causa da estrutura fragilizada. No arco-cruzeiro há as seguintes inscrições de datas: “1876, 1911-1933, 1956 e 1996”.
13. PROTEÇÃO LEGAL EXISTENTE: Nenhuma.
14. PROTEÇÃO LEGAL PROPOSTA: Tombamento do Núcleo Histórico Urbano.
15. ESTADO DE CONSERVAÇÃO: Bom.
16. ANÁLISE DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO: O imóvel apresenta a pintura externa um pouco desgastada e cobertura levemente danificada, provocando goteiras e trincas nas paredes. No entanto, seus principais aspectos físicos, estruturais e compositivos com todos seus elementos estão desempenhando bem suas funções.
17. FATORES DE DEGRADAÇÃO: Além da degradação por intempéries e mau uso, a poluição visual por rejeitos de obras no calçamento e a fiação elétrica prejudicam a visada da edificação.
18. MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO: Além da manutenção periódica dos aspectos físicos estruturais e compositivos da edificação, é necessário legislação que impeça o adensamento urbano e o ordenamento da fiação de energia.
19. INTERVENÇÕES: Na última intervenção de 1996 foram trocados o assoalho e o forro da nave, além de revisão do telhado e limpeza das paredes e pinturas. A imagem de São Sebastião que ficava no altar colateral esquerdo foi transferida para a Matriz Senhor Bom Jesus do Monte.
20. REFERÊNCIAS:
BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS:
CUNHA, Maria José de Assunção. Iconografia Cristã. Ouro Preto: UFOP/IAC, 1993. 130p.
NEWTON PAIVA, Centro Universitário. Inventário da Oferta Turística do Município de Mariana: Parte 1. Belo Horizonte, 2004.
O MONUMENTO, Caderno Especial, julho92. In: Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal de Mariana. Pasta-arquivo: Furquim.
ORAIS:
Pedro Absalão da Silva. Entrevista, 17/fev/2005.
21. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: -
22. FICHA TÉCNICA:
RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES: PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA/MG.
Levantamento (Fev/2005): Hilário Figueiredo (historiador) / Lélio Pedrosa (Chefe Dep. Preservação. Patrimônio Cultural) / Patrícia Pereira (arquiteta urbanista) / Rafael Araújo (Turismólogo).
Elaboração (Mar/2005): Hilário Figueiredo (historiador) / Rafael Araújo (Turismólogo).
Revisão (Mar/2005): Memória Arquitetura.
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FICHA 03
01. MUNICÍPIO: Mariana.
02. DISTRITO: Furquim.
03. DESIGNAÇÃO: Estação Ferroviária de Furquim.
04. ENDEREÇO: Rua do Carmo s/n°.
05. PROPRIEDADE/SITUAÇÃO DE PROPRIEDADE: Particular – Associação Comunitária de Furquim.
06. RESPONSÁVEL: Pedro Carlos Teixeira.
07. SITUAÇÃO DE OCUPAÇÃO: Própria.
08. ANÁLISE DE ENTORNO:
No Distrito de Furquim predominam os terrenos planos com implantações no mesmo nível da via urbana, alinhadas à mesma e afastadas nas partes laterais e posterior dos lotes. A volumetria térrea divide espaço com imóveis de dois pavimentos, configurando uma certa tendência ao adensamento vertical e a uma demanda de renovação urbana, com a substituição dos mesmos. A maioria das edificações sofreu grandes mudanças. Algumas mantêm a volumetria e os aspectos coloniais, mas foram construídas com materiais contemporâneos. Construções características do século XX, em estilo eclético, com platibanda que esconde a cobertura e acesso lateral por varanda aparecem pontualmente na malha urbana, mas a maior parte dos imóveis está bastante descaracterizada com acréscimos de pavimentos superiores ou mesmo de terraços. Tais imóveis estão presentes tanto nas vias abertas nos séculos XIX e XX, quanto no núcleo inicial de ocupação e no Largo da Matriz, que guarda ainda o Cruzeiro de pedra de forma patriarcal. No Largo da Matriz o revestimento em blocos retangulares de concreto substituiu o adro gramado e a faixa de piso em pé-de-moleque que emoldurava a Igreja.
09. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA:
Fachada frontal.
IMAGEM: Patrícia Pereira, fev/2005.
Fachada lateral.
IMAGEM: Patrícia Pereira, fev/2005.
10. HISTÓRICO:
O início da ocupação da região de Furquim começa no final do século XVII, quando os bandeirantes paulistas descobriram, na região central das Minas Gerais, um rio carregado de ouro, que foi batizado de ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, atual Ribeirão do Carmo. A localidade foi muito próspera durante todo o século XVIII. Um importante e rico exemplar do barroco mineiro deste período é a Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus do Monte (única edificação tombada pelo IPHAN no distrito), cuja construção iniciou-se em 1745. A Estação Ferroviária de Furquim, atualmente, encontra-se com a linha de trem desativada. Em 2003, serviu temporariamente de escritório para a empresa Alcan, hoje Novelis, durante a construção de uma barragem no distrito. Em contrapartida, a então Alcan realizou uma reforma geral na Estação, mantendo os materiais originais de construção, inclusive pintura de caiação. E ainda, subdividiu os banheiros antigos em dois banheiros menores, acrescentando um novo cômodo para cozinha toda azulejada, além de abertura de um vão interno e lavagem das telhas. A Estação foi doada para a
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Associação Comunitária de Furquim, servindo de sede para a mesma e a partir de 2005, passa a ter uso compartilhado com o programa de alfabetização MOBRAL.
“Furquim é um dos lugares mais antigos de Minas. Centro de mineração que, em 1706 já era paróquia, foi tornada colativa por alvará de 16 de fevereiro de 1924. (...) Antigamente o território furquinhense era vastíssimo, compreendendo os lugares onde acham-se hoje as cidades de Ponte Nova, Amparo do Serra, Santo Antônio do Grama, Arrepiados, Bicudos, São Gonçalo de Ubá (Acaiaca), Cachoeira do Brumado, Caratinga. (...) O arraial foi fundado pelo sertanista Antônio Furquim da Luz, um dos primeiros descobridores de ouro que fixou-se no Ribeirão do Carmo Abaixo, aí obteve sesmaria em 1711 e, aí morreu. Mais tarde, Furquim entrou em decadência e perdeu a regalia de paróquia. Com o desenvolvimento do arraial tornou-se necessária uma igreja mais ampla e definitiva. A Matriz de Furquim com evocação do Senhor Bom Jesus do Monte, é de construção dos meados do século XVIII. Há um documento de 1782 que comprova pagamento a José Pereira Arouca, por obras na Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte do Furquim. Entre os filhos ilustres de Furquim, o maior é, sem dúvida, Monsenhor Raimundo Otávio da Trindade. Nasceu no povoado de Pedras a 20 de novembro de 1883. Ordenado a sacerdote a 4 de abril de 1908, iniciou o sagrado ministério no então Curato de Rio Doce”. (O MONUMENTO, julho92).
“As manifestações culturais do distrito são: a Festa do senhor Bom Jesus do Monte, a Festa do Divino (Reinado) e a Festa de Nossa Senhora do Carmo. A sede do distrito possui atualmente uma população total de 673 habitantes. Na área rural predominam cultivos tradicionais como o milho, o feijão e o café, além de pequenos rebanhos bovinos para corte e leite. A área urbana conta com pequenos comércios e pessoas que desenvolvem trabalhos artesanais, entre os quais cabe destacar panelas de pedra, sabão crochê, artesanato de madeira, tapetes de piteira e esteira de bambu para forro. Há presença também de sítios arqueológicos, sendo cinco identificados como de mineração, três de habitação e dois trechos de estradas antigas. Um importante elemento do patrimônio natural de Furquim é o conjunto da cachoeira do Ribeirão do Carmo que é formado pela cachoeira e por um trecho de pelo menos 500 metros de corredeiras, compondo uma paisagem de grande destaque. A cachoeira tem aproximadamente 15 metros de altura e 10 metros de largura e deve ser reconhecida e valorizada por sua beleza cênica” (NEWTON PAIVA, 2004).
11. USO ATUAL: Sede da Associação Comunitária de Furquim e Escola de Alfabetização Mobral.
12. DESCRIÇÃO:
A edificação, de partido largo e volumetria térrea, está implantada em terreno em aclive e acima do nível da rua. Mantém os afastamentos desocupados em todo o seu perímetro. Não há presença de dormentes e trilhos de ferro da antiga linha de trem, apenas poucos vestígios de cascalho cobertos pela vegetação. As fachadas laterais se diferenciam pela presença de janela suspensa e gradeada na lateral esquerda; em ambas há inscritos o nome do distrito encimados por óculo na altura da empena. A fachada principal é composta por dois módulos assimétricos. O primeiro, provavelmente a residência do funcionário responsável, possui janela de peitoril com bandeira fixa, vedada com vidro e esquadrias de madeira com sistema de abrir; e porta com duas folhas cegas de madeira também com sistema de abrir e bandeira fixa similar à janela. No segundo módulo, uma porta central forma o acesso predominante com uma janela suspensa e gradeada de cada lado. A porta é vedada por folha única de madeira com sistema de abertura de correr. Na altura das janelas suspensas, os vãos da fachada são coroados por linhas geométricas de auto-relevo. Nas esquinas da edificação e no barrado superior, assim como no entorno dos vãos do primeiro módulo, são ornamentados com relevos na massa em forma de dentes. Ainda na fachada principal há as inscrições: “Posição Quilométrica 603,678 m” e “Altitude 539,000”. A edificação possui vedação e sistema construtivo em alvenaria autoportante de tijolo. A cobertura da estação é composta por duas águas, telhas francesas e beiral simples. Um grande beiral avança além da cobertura do prédio na fachada frontal, sustentado por sete mãos-francesas em madeira, que dão ritmo à fachada e sombra na área de embarque e desembarque. No interior, o piso é de pedra no local da sala de aula (segundo módulo) e telha vã e no cômodo reservado (primeiro módulo) o piso é de ladrilho vermelho e amarelo com forro saia e camisa, servindo de sala de reunião e escritório. Em planta, há uma simetria na distribuição dos ambientes contíguos ao hall principal.
13. PROTEÇÃO LEGAL EXISTENTE: Nenhuma.
14. PROTEÇÃO LEGAL PROPOSTA: Tombamento do Núcleo Histórico Urbano.
15. ESTADO DE CONSERVAÇÃO: Excelente.
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16. ANÁLISE DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO:
O imóvel apresenta excelente estado de conservação com os principais aspectos físicos, estruturais e compositivos com todos seus elementos desempenhando bem suas funções.
17. FATORES DE DEGRADAÇÃO:
Atualmente a edificação sofre apenas com a ação natural de intempéries.
18. MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO:
Manutenção periódica dos aspectos físicos estruturais e compositivos da edificação, da rua e calçada.
19. INTERVENÇÕES:
Em 2003, serviu temporariamente de escritório para a empresa Alcan, hoje Novelis, durante a construção de uma barragem no distrito. Em contrapartida, a então Alcan realizou uma reforma geral na Estação, mantendo os materiais originais de construção, inclusive pintura de caiação. E ainda, subdividiu os banheiros antigos em dois banheiros menores, acrescentando um novo cômodo para cozinha toda azulejada, além de abertura de um vão interno e lavagem das telhas.
20. REFERÊNCIAS:
BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS:
NEWTON PAIVA, Centro Universitário. Inventário da Oferta Turística do Município de Mariana: Parte 1. Belo Horizonte, 2004.
O MONUMENTO, Caderno Especial, julho92. In: Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal de Mariana. Pasta-arquivo: Furquim.
ORAIS:
Pedro Carlos Teixeira. Entrevista, 17/fev/2005.
21. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES:
A partir de 2005, a Alcan foi desmembrada, sendo o setor de laminados transferidos para uma nova empresa denominada Novelis.
22. FICHA TÉCNICA:
RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES: PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA/MG.
Levantamento (Fev/2005): Hilário Figueiredo (historiador) / Lélio Pedrosa (Chefe Dep. Preservação. Patrimônio Cultural) / Patrícia Pereira (arquiteta urbanista) / Rafael Araújo (Turismólogo).
Elaboração (Mar/2005): Hilário Figueiredo (historiador) / Rafael Araújo (Turismólogo).
Revisão (Mar/2005): Memória Arquitetura.
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09 LAUDO TÉCNICO DE ESTADO DE CONSERVAÇÃO
RESPONSÁVEL TÉCNICO
Patrícia Pereira crea/mg: 79109/d.
BEM TOMBADO NÚCLEO HISTÓRICO URBANO DE FURQUIM.
DATA DO LAUDO 02 de julho de 2011.
LOCALIZAÇÃO Distrito de Furquim. Mariana/MG.
TOMBAMENTO Decreto Municipal nº X.XXX de XX de janeiro de 2012.
DOSSIÊ ENVIADO AO IEPHA EM 2012 / Exercício 2013.
FOTÓGRAFO Maurício Goulart.
HÁ OBRAS DE RESTAURAÇÃO EM ANDAMENTO? ( ) sim ( x ) não
HÁ PROJETO APROVADO POR LEI DE INCENTIVO À CULTURA? ( ) sim ( x ) não
EM CASO POSITIVO: ( ) lei federal ( ) lei estadual ( ) outra
NOMES DOS LOGRADOUROS PÚBLICOS
Praça da Matriz, Praça Magalhães Pinto, Rua Bom Jesus, Rua do Carmo, Rua Padre Faria, Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro.
ÁREA A área tombada referente ao Núcleo Histórico Urbano do Distrito de Furquim, município de Mariana/MG, contempla 93 imóveis inseridos em uma área aproximada de 65.000 m2 ou 6,5 ha.
Paisagem do distrito de Furquim: partes dos conjuntos da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro e da Praça da Matriz, vistos a partir da rua Monsenhor Horta (entorno do bem
tombado).
Paisagem do distrito de Furquim: partes dos conjuntos da Praça da Matriz e da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro,
vistos a partir da estrada para PCH Furquim (na margem oposta do rio Gualaxo).
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HORTA
RU
A
(CEP 35426-971)
MARCOS PINHEIRO
RIO GUALAXO
HO
RTA
MO
NSEN
HOR
R.F.F.S.A.
R. BOM JESUS
MADALENA
MARIAR. PROF.
RUA PROF. ANTÔNIOR
UA
PA
DR
E F
AR
IA
DA MATRIZPÇA
MORAESE.E. MONSENHOR
0 5010 100m
N
87
99105107119 25
PINTOPÇA MAGALHÃES
56
1925
44
17
30
46
90
1131
21
151
70
30
62A
88
6166
8191
65
29
3741
19
15
241
275
2799
SSVP
7767
51
RUÍNA
41
MARCOS PINHEIRO
RUA PROF. ANTÔNIO
CARMO
158
146
97101
137
161171
176MAGDA'S BARRESIDÊNCIA E
193205
213 227
283295
312312B
270284
66 10080 88
ANTIGO LEITO DA
196
176
133
103134
167
205CASA AZULE BRANCA
PORTEIRA
207217
227
390
460
360
494
512512gar
520
532
544
554
MO
NSE
NH
OR
440
436
CORREIOS
601
GERALDO VITORCOMÉRCIO
DO
537
COMÉRCIO
RESIDÊNCIA
POLICLÍNICA
154 (vago)
250
COMÉRCIO
P01=
P14
BECO
P02P03 P04
P05P06
P07
P08P09
P10P11
P12
P13
LEGENDA:
PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
Perímetro do Tombamento Municipal. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Furquim.
O perímetro de tombamento do Núcleo Histórico Urbano de Furquim abrange a área compreendida pela poligonal fechada P01P14, representada no mapa da página anterior, em escala gráfica, e contempla 93 imóveis inseridos em uma área
aproximada de 65.000 m2. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003. Elaboração (jul/2011):
Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
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01 VIA
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
85% 10% 5%
1.1 PAVIMENTAÇÃO DA VIA
PÉ-DE-MOLEQUE X
PAVIMENTAÇÃO ORIGINAL ( ) sim ( x ) não
DATA DA MODIFICAÇÃO DA PAVIMENTAÇÃO: desconhecida.
PARALELEPÍPEDO BLOCO INTERTRAVADO X
ASFALTO X TERRENO COMPACTADO X
COBERTURA VEGETAL DESCRIÇÃO O principal eixo de tráfego que articula o Núcleo Histórico de Furquim é formado pelas ruas do Carmo, Bom Jesus e Prof. Antônio Marcos, além da Praça da Matriz, por meio das quais se atravessa toda a área proposta para tombamento. À exceção da praça, todas essas ruas atualmente apresentam revestimento asfáltico. Um trecho da rua do Carmo, fora da área protegida, que tem menor movimento porque é sem saída, ainda possui pavimentação em pé-de-moleque, o que indica que as demais ruas também já tiveram esse pavimento, substituído em data desconhecida. A Praça da Matriz, que no passado foi gramada, com pavimentação em pé-de-moleque apenas na área mais próxima à Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte (ainda preservada nessa pequena parte da praça), atualmente está calçada em blocos de concreto, cujo formato é de paralelepípedos. A rua Padre Faria, que completa a área tombada, também possui pavimento em blocos de concreto, em toda a sua curta extensão. Na área de entorno, a rua Monsenhor Horta tem pavimento asfáltico, a rua do Bonfim é revestida em pedras tipo “pé-de-moleque” e a rua Professora Maria Madalena Ferreira tem ambos os tipos de pavimentação. O antigo leito da ferrovia, hoje extinta, é a única via sem pavimentação do Núcleo Histórico Urbano de Furquim, e perfaz um dos limites da área tombada, fazendo face com a área de entorno, uma vez que acompanha, em seu traçado plano e sinuoso, as ruas Monsenhor Horta e Bonfim, contidas nesse entorno. DANOS VERIFICADOS Nas vias com revestimento em pedra pé de moleque, há desprendimento de peças, peças faltantes, crescimento de vegetação entre as pedras, como nas ruas Professora Maria Madalena Ferreira (cuja maior parte integra o entorno do conjunto tombado) e Bonfim (situada no entorno). Nos logradouros pavimentados com blocos de concreto em forma de paralelepípedos, ocorre leve desnivelamento, com acúmulo de terra e/ou água, de que são exemplos a Praça da Matriz e a rua Padre Faria. As ruas asfaltadas sofrem um pouco com o trânsito do ônibus, apresentando pequenas rachaduras, de pouca gravidade. Há reparos no asfalto, com emendas em alguns pontos. Apenas na rua Monsenhor Horta, em curva próxima a seu ponto culminante, foi observado defeito mais grave: o pavimento cedeu em parte da via, já tendo derrubado o meio fio e pequena parte do leito e da cobertura asfáltica. O piso remanescente em pedras tipo “pé-de-moleque”, em frente à Igreja Matriz, embora muito irregular, encontra-se em bom estado de conservação. Os danos verificados nas vias não prejudicam o tráfego de veículos, estando relacionados principalmente à ausência de manutenção.
1.2 SINALIZAÇÃO
PLACAS INDICATIVAS
PADRONIZAÇÃO ( ) sim (x) não
PLACAS TURÍSTICAS (interpretativas)
X
PLACAS DE LOGRADOURO X PLACAS DE TRÂNSITO X
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P R E F E I T U R A M U N I C I P A L D E M A R I A N A / M G . Prefeita: Terezinha Severino Ramos SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO . Chefe do Setor: Marcílio Geraldo Vieira de Queiroz
DESCRIÇÃO É possível encontrar no Núcleo placas de logradouro, essas não padronizadas e presentes apenas em alguns logradouros, como Praça da Matriz e ruas Prof. Antônio Marcos Pinheiro e Bonfim. Nas duas últimas, observa-se um padrão, pois as placas foram instaladas pela empresa construtora da Pequena Central Hidrelétrica existente no rio Gualaxo, a PCH Furquim. Há placas de sinalização turística interpretativa na Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte e nas capelas dos Passos da Paixão de Cristo – duas na rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro e uma na rua do Carmo, esta última no entorno do conjunto tombado. Também no entorno, a Capela de Nossa Senhora do Carmo possui sinalização semelhante. Placas de sinalização de trânsito são raríssimas no distrito. Apenas uma foi encontrada, indicando um sentido proibido na circulação em torno da Igreja Matriz. O escasso movimento, contudo, não chega a causar problemas na circulação de veículos, mesmo sem essas placas. As demais vias sofrem com a ausência de sinalização adequada, dificultando o acesso a endereços pré determinados. DANOS VERIFICADOS Não há danos significativos nas placas encontradas, que são predominantemente de sinalização turística interpretativa. Não houve prejuízo à visibilidade, embora algumas comecem a desbotar-se. A ausência de placas de logradouros, verificada na maioria das vias, dificulta o acesso a endereços pré determinados.
1.3 DRENAGEM PLUVIAL
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
40% 60% 0%
SUPERFICIAL X SUBTERRÂNEA (boca de lobo) X
DESCRIÇÃO O sistema de drenagem pluvial superficial é predominante. A maioria das vias não possui sequer o sistema formado por meio-fio e sarjeta, pois sua inclinação transversal é inadequada e os meios-fios, descontínuos e precariamente construídos. Bocas de lobo são raríssimas na área tombada. As águas penetram no solo, nas vastas áreas permeáveis existentes no interior dos lotes, ou são encaminhadas superficialmente, graças à topografia, para o rio Gualaxo. DANOS VERIFICADOS A maioria das vias não possui sequer o sistema formado por meio-fio e sarjeta, pois sua inclinação transversal é inadequada, deixando de conduzir a água pelas bordas da via, e os meios-fios são descontínuos e precariamente construídos. A escassez de calçadas também não favorece o escoamento das águas, que, com chuva em excesso, podem chegar às portas de várias casas. A drenagem insuficiente pode contribuir para a ocorrência de enchentes e/ou acúmulo de água nas vias, situação amenizada apenas pela topografia inclinada.
1.4 CONDIÇÃO DE CIRCULAÇÃO DA VIA
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
85% 10% 5%
1.4.1 tipo de veículo
ÔNIBUS X MOTOCICLETA X MICRO-ÔNIBUS BICICLETA X
CAMINHÃO CARROÇA CARRO DE PASSEIO X KOMBI / VAN
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1.4.2 trânsito (intensidade de fluxo)
INTENSO IMPACTOS NEGATIVOS DO TRÂNSITO SOBRE O BEM TOMBADO: ( x ) sim ( ) não
Quais: Embora ocorra apenas em períodos certos do dia, a circulação de ônibus até a Praça da Matriz é problemática em função da largura das vias nesse trecho do Núcleo Histórico.
MODERADO X
PEQUENO
DESCRIÇÃO No geral, o trânsito é leve, recebendo apenas trânsito local caracterizado por carros de passeio, motos e bicicletas. Muitas pessoas caminham pelas vias, devido à escassez de calçadas. Carroças não foram vistas com frequência. O trânsito pesado restringe-se ao ônibus que cumpre a linha regular de ligação entre Furquim e Mariana. Seu trajeto inclui vias bastante estreitas, como Bom Jesus e Prof. Antônio Marcos Pinheiro, para que possa chegar até a Praça da Matriz, onde estaciona por algumas horas. A sequência formada pelas ruas do Carmo, Bom Jesus, Prof. Antônio Marcos Pinheiro e do Bonfim corta o Núcleo Histórico longitudinalmente e propicia ligação com subdistritos. Como a ligação intermunicipal (MG-262) não adentra o Núcleo Histórico Urbano, isso o resguarda do trânsito pesado. DANOS VERIFICADOS Não foram observados impactos às edificações. Apesar de ser moderada a circulação de veículos, ocorrem transtornos nas vias ao cruzarem veículos ou nos casos em que estão estacionados nos leitos das vias, pois são em geral estreitas. Há prejuízo à visibilidade, principalmente no caso do ônibus, devido ao estacionamento próximo das construções. Há ainda a contribuição para a poluição sonora e atmosférica.
1.5 ARBORIZAÇÃO DAS VIAS
INTENSA OBSTRUÇÃO DA VISIBILIDADE DOS IMÓVEIS:
( ) sim ( x ) não REGULAR
NENHUMA X DESCRIÇÃO Nas vias do Núcleo Histórico, a arborização é inexpressiva, mas é bastante densa nos quintais das residências, o que faz com que o conjunto, tomado em perspectiva, apresente expressiva vegetação em meio às construções. A vegetação ciliar, às margens do rio Gualaxo, também é digna de nota, mesmo com a presença de uma usina hidrelétrica de pequeno porte (PCH Furquim). DANOS VERIFICADOS A ausência de vegetação nas vias contribui para o aquecimento nos dias quentes, mas o sombreamento ainda é parcialmente garantido porque as ruas são estreitas e as construções, em geral no alinhamento, projetam sua sombra sobre as ruas.
Praça da Matriz, pavimentada em blocos de concreto, com lixo lançado ao chão; não há lixeiras. Apresenta acúmulo de sujidade em alguns pontos,
devido à leve irregularidade no assentamento do piso
Praça da Matriz, lado posterior à Igreja (pavimentação em blocos), no limite com
a rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro (pavimentação asfáltica)
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Praça da Matriz: adro da Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte, com seu pavimento original em pé-de-moleque, limitado a esta área à porta da Igreja
Praça da Matriz: sujidade acumulada, no local onde usualmente o ônibus é estacionado, em seus intervalos
entre as viagens ligando o distrito a Mariana
Praça Magalhães Pinto: pavimentação em blocos de concreto, com leve irregularidade no assentamento; ao
fundo, Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte
Rua do Carmo, pavimentada em asfalto (trecho entre a Estação e a Praça da Matriz)
Rua do Carmo, pavimentada em asfalto (trecho próximo à Estação)
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Trecho inicial da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: cobertura asfáltica
com pequenos reparos; calçada estreita e descontínua de um lado,
inexistente do outro
Trecho médio da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, pavimentada em asfalto, com calçadas estreitas e
descontínuas
Trecho final da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: asfalto com manchas de sujidade e pequenas rachaduras; calçadas estreitas e com barreiras
Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: rocha sobre a qual foi construída uma casa, que invade também parte da via pública
Antigo leito da ferrovia, limite entre a área tombada e seu entorno; à direita,
casas no trecho final da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro
Rua do Bonfim, no entorno do conjunto tombado: pavimentação em pé-de-moleque,
com partes faltantes
Rua Professora Maria Madalena Ferreira, em trecho componente do entorno do conjunto tombado: pavimentação em pé-de-moleque,
em mau estado de conservação
Trecho inicial da rua Professora Maria
Madalena Ferreira: casas à esquerda são componentes do
conjunto tombado: pavimentação asfáltica
parcialmente destruída e inadequadamente
recomposta
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Rua Monsenhor Horta, no entorno do conjunto tombado: pavimento com defeito, necessitando intervenção
Rua Padre Faria: pavimentação em bloquetes de concreto
Pavimento asfáltico da rua Bom Jesus já apresenta leve deformação em função do trânsito pesado (a rua faz parte do itinerário do ônibus, no interior do Núcleo Histórico)
Placas de endereçamento Placas de sinalização turística interpretativa, situada em frente à Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte
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Placas de sinalização turística interpretativa, instaladas nas capelas dos Passos da Paixão de Cristo na rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, na capela do Passo da Paixão de Cristo e na Capela de Nossa Senhora do Carmo, situadas na rua do
Carmo (entorno do conjunto tombado)
Única placa de sinalização de trânsito encontrada no distrito, ao lado da Igreja Matriz
Única boca de lobo situada na Praça da Matriz No restante da praça, há meios-fios, mas a drenagem é superficial
Sistema meio-fio/sarjeta, na Rua do Carmo
Sistema meio-fio/sarjeta, na Rua do Carmo
Rua Bom Jesus, desprovida do sistema meio-fio/sarjeta
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Rua Padre Faria: desprovida de sistema de drenagem; não há sarjeta,
apenas meio-fio de um só lado e inclinação inadequada
Trecho inicial da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, desprovido do sistema meio-fio/sarjeta
Trecho médio da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: mesmo onde há meios-fios, são descontínuos; a via não possui sistema de
drenagem
Trecho final da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: pequeno curso d’água que cruza a
via ao lado da casa nº 161
Água canalizada, cruzando a rua Prof.
Antônio Marcos ao lado da casa nº 193
Trecho final da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: mesmo onde há meios-fios, não há sistema de drenagem, devido à ausência de inclinação adequada da via; nesse trecho, onde a largura da via é maior, há vegetação arbórea
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Único acesso da entrada do Núcleo Histórico à Praça da Matriz, a rua Bom
Jesus não apresenta condições adequadas para o tráfego de ônibus
Praça da Matriz: local de estacionamento dos ônibus que ligam
o distrito a Mariana, durante os intervalos entre as viagens
Ônibus circulando pela rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, também
estreita para um veículo desse porte; conflito é observado com ou sem
veículos estacionados ao longo da via
Vista parcial do Núcleo Histórico Urbano, a partir da rua Monsenhor Horta: note-se que a rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro (no centro da imagem), assim como as demais,
tem sua caixa de via pouco arborizada, mas no interior dos lotes a arborização é muito densa
Vista parcial do Núcleo Histórico Urbano, a partir da rua Monsenhor Horta: arborização densa, mas concentrada no
interior dos lotes
Vista parcial do Núcleo Histórico Urbano, a partir da PCH Furquim: o núcleo de Furquim e o rio Gualaxo são envolvidos por densa arborização
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Praça da Matriz: sua configuração de “largo”, sem desnível ou qualquer outra distinção entre praça e rua, faz com que seja desprovida
de mobiliário urbano e também de arborização
Rua Padre Faria: arborização escassa
Entrada do Núcleo Histórico Urbano (entorno do sítio tombado), onde a arborização se concentra no interior
dos lotes; à direita, a Capela de N. S. do Carmo
Rua do Carmo: trecho não arborizado, próximo à Estação
Rua do Carmo: trecho entre a Estação e a Praça da Matriz, onde a
arborização se concentra no interior dos lotes, ainda desocupados
Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: nos trechos inicial e médio, é ausente a arborização na via, mas densa no interior dos lotes; as calçadas, nesse trecho,
são descontínuas, estreitas e com barreiras
Rua Monsenhor Horta (entorno do sítio tombado): arborização escassa, na
caixa da via
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02 PASSEIO
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
10% 50% 40%
2.1 PAVIMENTAÇÃO
CIMENTADO X PEDRA X CALÇADA PORTUGUESA TERRA COMPACTADA LADRILHO HIDRÁULICO OUTROS
CERÂMICA DESCRIÇÃO Inexiste passeio em muitas vias do Núcleo, não sendo possível detectar regularidade. Trechos onde não há calçada intercalam-se com outros cujas calçadas são estreitas, desniveladas e precariamente construídas. DANOS VERIFICADOS Nos curtos trechos em que há passeios, são estreitos, repletos de barreiras (sobretudo degraus), com meios-fios frequentemente altos. Porém, o principal problema relacionado às calçadas é sua descontinuidade: em diversos trechos, como as vias do distrito são muito estreitas, é comum não haver calçadas.
2.2 CIRCULAÇÃO DE PEDESTRES
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
10% 50% 40%
2.2.1 condições de circulação
ACESSIBILIDADE POR RAMPAS SINALIZAÇÃO (para pedestres) OBSTÁCULOS (à passagem de
pedestres) X FAIXAS DE TRAVESSIA
DESCRIÇÃO A circulação de pedestres está sujeita a interrupções por obstáculos em qualquer percurso realizado por calçadas. Em razão disso, é mais comum caminhar pelas vias do que pelas calçadas. Há jardins (rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro), postes (rua Bom Jesus) e degraus (em praticamente todas as vias). É comum não haver calçada em pelo menos um dos lados das vias. Não há rampas de acessibilidade, nem semáforos ou faixas de travessia. DANOS VERIFICADOS Não existe espaço exclusivo para os pedestres, que caminham pelas ruas. Os obstáculos existentes nas calçadas e sua descontinuidade, associados às ruas muito estreitas, criam dificuldades incontornáveis à circulação de pedestres, expulsando-os para as vias públicas.
2.3 MOBILIÁRIO URBANO
ILUMINAÇÃO PÚBLICA X TELEFONE PÚBLICO X BANCO X PARADA DE ÔNIBUS COM ABRIGO X
LIXEIRA X MONUMENTO X CAIXA DE CORREIO X CHAFARIZ
DESCRIÇÃO O Núcleo Histórico de Furquim conta com iluminação pública com fiação área em um dos lados da via, mas em geral não causam interferências dignas de nota. Há três telefones públicos (ruas do Carmo,
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próximo à Estação Ferroviária, e Prof. Antônio Marcos Pinheiro, além da agência dos Correios). Junto ao primeiro telefone, há um abrigo para passageiros de ônibus, o único encontrado no núcleo. DANOS VERIFICADOS Praticamente não há bancos, nem nas vias, nem nas praças, o que faz com que as pessoas se acomodem nos degraus à porta da igreja e das casas. A escassez de lixeiras compromete a limpeza urbana, pois foi encontrado lixo lançado no chão da Praça da Matriz.
2.4 USOS DO PASSEIO
VENDEDORES AMBULANTES EXPOSIÇÃO DE MERCADORIAS NA CALÇADA MESAS E CADEIRAS
(bares, lanchonetes e similares) OUTROS VEÍCULOS NA CALÇADA X
DESCRIÇÃO Nas calçadas foi verificado o estacionamento temporário de veículos (rua Padre Faria). É frequente o uso pelos moradores, para permanecer e conversar, onde existem calçadas estreitas (como na rua do Carmo) e onde inexiste passeio (como na rua Prof. Antônio Marcos). Os degraus da Igreja Matriz são utilizados pelos moradores com a mesma finalidade. DANOS VERIFICADOS O comprometimento da circulação de pedestres deve-se ao desconforto oferecido pelas calçadas; seu uso para permanência é consequência da ausência de pedestres sobre elas, bem como da escassez de mobiliário urbano para este fim.
Rua do Carmo: inadequadas à circulação de pedestres, as calçadas
são mais utilizadas para a permanência
Rua do Carmo: calçada sem continuidade e repleta de barreiras
Trecho da rua Bom Jesus onde há calçada apenas num dos lados; no lado
oposto, ainda que houvesse pavimento, seria interrompido pelos postas, muito próximos ao meio-fio
Trecho da rua Bom Jesus onde, num lado, não há calçadas, e no outro,
possuem muitas barreiras
Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: bastante utilizada pelos moradores,
que permanecem na própria via, pois neste trecho não há calçadas
Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: calçadas em más condições de
utilização
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Rua Padre Faria: calçadas interrompidas ou inexistentes
Abrigo de passageiros de ônibus na rua do Carmo, o único encontrado no
Núcleo Histórico
Mobiliário em espaço de uso público (banco e jardineiras), em frente à casa
nº 275 da rua Bom Jesus
Praça da Matriz: telefone público, na agência dos Correios Rua Padre Faria: num lado, não há calçada; no outro, veículos estacionados sobre a área destinada à calçada
Praça da Matriz: na falta de mobiliário urbano adequado, o encontro entre os moradores acontece nos degraus da igreja ou na base do cruzeiro
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03 IMAGEM URBANA
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
90% 5% 5%
3.1 POLUIÇÃO AMBIENTAL
3.1.1 poluição visual
OUTDOOR PICHAÇÃO PAINEL ELETRÔNICO POSTES E FIAÇÃO APARENTE X
PLACAS DE PROPAGANDA X OUTROS FAIXAS OU CARTAZES X
DESCRIÇÃO A poluição visual do núcleo, em nível aceitável, é originada principalmente pela fiação aérea da iluminação pública. Contudo, não foram observadas ligações em excesso ou clandestinas, apenas a fiação entre postes, presentes de apenas um dos lados em cada via, e entre estes e as casas. A presença de cartazes e faixas, em sua maioria afixados nas fachadas dos estabelecimentos comerciais, não é exagerada. O estacionamento de veículos junto às edificações, sobretudo porque as vias são estreitas, compromete a visibilidade das estruturas arquitetônicas. DANOS VERIFICADOS A afixação de faixas (como em duas edificações na rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro), juntamente com a presença de postes, prejudica parcialmente a visibilidade das edificações.
3.1.2 poluição atmosférica
EMISSÃO DE GASES (veículos e/ou indústrias)
X OUTROS EMISSÃO DE PARTÍCULAS
DESCRIÇÃO Apesar do tráfego reduzido de veículos na localidade, eles são, juntamente com o ônibus, as principais fontes de gases que contribuem para a poluição atmosférica do Núcleo. Tal poluição, no entanto, ainda é imperceptível. DANOS VERIFICADOS A poluição atmosférica, nos níveis encontrados, é imperceptível e não causa danos aparentes.
3.1.3 poluição sonora
RUÍDO DE FUNDO X OUTROS RUÍDOS INTERMITENTES
DESCRIÇÃO A circulação de veículos, com tráfego reduzido, e a presença esporádica do ônibus geram alguma poluição sonora, mas o incômodo decorrente do som é pequeno ou inexistente. DANOS VERIFICADOS Não foram observados danos consideráveis.
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3.1.4 lixo / resíduos sólidos
DOMÉSTICO X ACONDICIONADO INDUSTRIAL EXPOSTO X HOSPITALAR OUTROS
ENTULHO
DESCRIÇÃO Não havendo coleta do lixo no dia do trabalho em campo, não foi encontrado lixo acondicionado em sacos plásticos, nas vias públicas. Não há lixeiras. DANOS VERIFICADOS Devido à ausência de lixeiras, flagramos lixo atirado no chão, na Praça da Matriz. Materiais de construção foram encontrados, depositados em via pública, apenas na rua Monsenhor Horta (entorno do conjunto tombado), onde se concentrava a maioria das obras em andamento no Núcleo Histórico.
3.2 EDIFICAÇÕES
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
80% 20% 0% DESCRIÇÃO Como o comércio no Núcleo Histórico é pouco desenvolvido, limitando-se ao pequeno comércio de atendimento às necessidades cotidianas de sua população (mercearia, utilidades domésticas, açougue e alguns bares), o uso francamente predominante é o residencial. A volumetria das construções do Núcleo divide-se entre as edificações térreas e os sobrados de dois pavimentos, estes muito comuns nas ruas Prof. Antônio Marcos Pinheiro e Padre Faria. Os edifícios são geralmente alinhados à via e com acesso frontal, salvo algumas exceções na rua do Carmo (Estação Ferroviária e Policlínica Municipal) e Bom Jesus (duas casas formando um pequeno largo, próximo à Praça da Matriz). O estilo colonial mineiro é o mais referenciado nas fachadas, mas há raros exemplares ecléticos (como na Praça da Matriz e no início da rua Prof. Antônio Marcos, na face posterior da Igreja). DANOS VERIFICADOS As edificações existentes no Núcleo exibem transformações descaracterizantes, como substituição de esquadrias, novos revestimentos nas fachadas e novas construções, cujas interferências vão desde a instalação de elementos novos até a volumetria que destoa do conjunto em que estão inseridas.
3.2.1 estilo
COLONIAL X ECLÉTICO X ART-NOVEAU ART-DECÓ
MODERNO OUTROS PÓS-MODERNO ( ) íntegro ( x ) modificado
DESCRIÇÃO São encontrados exemplares de arquitetura colonial espalhados por todo o Núcleo Histórico de Furquim, como ao redor da Igreja Matriz, na vizinhança da Estação Ferroviária, na rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, além de alguns, isoladamente, no entorno da área proposta para tombamento – como alguns sobrados nas ruas do Carmo, Bonfim e Monsenhor Horta. Em linhas gerais, as construções coloniais possuem estrutura autônoma de madeira, esquadrias também em madeira, vãos ritmados e cobertura em telha cerâmica tipo colonial, com beirais. Algumas exibem paredes de vedação em pau a pique. Um exemplar em estilo eclético, com cobertura oculta por platibanda trabalhada e acesso por varanda lateral, chama a atenção, situado à Praça da Matriz, 87. Mais recentes, os exemplares ditos contemporâneos espalham-se pelo núcleo usando de técnica construtiva como o bloco de cimento e tijolo cerâmico furado. Apesar de recentes, as novas construções mantêm a simplicidade estética e suas feições remetem, muitas vezes, às características da arquitetura colonial que acabamos de descrever.
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DANOS VERIFICADOS Novas construções podem descaracterizar o caráter colonial da localidade, devido à ausência de referências formais e estilísticas e à despreocupação com aspectos da composição arquitetônica, tais como ritmo, modulação e proporção. As edificações mais antigas a apresentar características coloniais estão em estado de conservação regular ou ruim. É comum a substituição das esquadrias de madeira por metálicas, ou a inclusão destas em construções mais recentes.
3.2.2 volumetria / altura das edificações
CONJUNTO HOMOGÊNEO ALTURA E VOLUMETRIA VARIADAS DESCRIÇÃO A altimetria do Núcleo Histórico de Furquim é variável, entre um e dois pavimentos (à exceção da Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte e da Capela de Nossa Senhora do Carmo, esta última no entorno), mas devido à presença de bom número de edificações com ambos os gabaritos, o conjunto configura-se harmonioso, mesmo com tal diversidade. Como há alguns sobrados (casas de dois pavimentos) centenários, a presença de edificações contemporâneas com dois pavimentos não pode ser considerada uma tendência à verticalização, mesmo porque as obras de ampliação com verticalização não são muito frequentes – exceto na rua Monsenhor Horta, limite do entorno da área tombada. A ocorrência equilibrada de edifícios de um e dois pavimentos é uma característica consolidada no Núcleo Histórico. DANOS VERIFICADOS As edificações verticais, de dois pavimentos, não comprometem a harmonia do Núcleo, já que estão bastante presentes atualmente. Uma verticalização em maior intensidade, com construções de três pavimentos, romperia com essa característica harmônica do conjunto.
3.2.3 ocupação do lote: posição das edificações (%)
NO ALINHAMENTO 95% COM QUINTAL 90%
COM AFASTAMENTO FRONTAL 5% LOTES VAGOS 5%
COM AFASTAMENTOS LATERAIS 10% DESCRIÇÃO São francamente predominantes no Núcleo as construções erguidas junto ao alinhamento, conformando as ruas. A escassez de afastamentos laterais reforça essa conformação pelas próprias edificações. O acesso é principalmente frontal, com portas dividindo diretamente com a via pública. Há, em pequena quantidade, jardins frontais, tanto públicos quanto privados. Mesmo as casas mais recentes mantêm a referência aos alinhamentos e afastamentos pré-existentes. Lotes vagos não são numerosos, mas podem ser encontrados até mesmo na Praça da Matriz (onde uma casa arruinou-se, restando apenas parte da parede frontal), além das ruas Padre Faria e, principalmente, Bom Jesus (no trecho desta mais próximo à Estação Ferroviária). DANOS VERIFICADOS Não foram verificados danos dignos de nota.
Dois trechos da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: ambos com edificações no alinhamento da rua e postes com fiação aérea
Ônibus circulando pela estreita rua Bom Jesus, dirigindo-se à Praça da Matriz
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Fiação aérea na Praça da Matriz e ao lado da Igreja Matriz, incluindo ligação do próprio templo; edificações no alinhamento da rua, sem afastamento
Ao lado da Igreja Matriz, edificação comercial tem volumetria, cor e publicidade inadequadas, interferindo
negativamente na vizinhança do templo, tombado em nível federal
Na Praça da Matriz, ônibus estacionado interfere na visibilidade do cruzeiro e do conjunto edificado
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Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: faixa afixada na fachada de edificação, cuja tipologia é comercial e estilo, eclético; o acréscimo lateral, no entanto, possui referências ao estilo
colonial, com telhado aparente e janelas tipo “guilhotina”. À esquerda, do lado oposto da via, poste instalado fora do
alinhamento da calçada
Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro: faixas afixadas na fachada de edificação de tipologia mista e estilo colonial. Nessa rua, as edificações se alinham à testada dos lotes,
sem afastamentos frontais
Material de construção depositado à margem da rua Monsenhor Horta (no entorno do conjunto tombado)
Lixo encontrado no chão, na Praça da Matriz, inclusive na base do cruzeiro
Conjunto edificado da Praça da Matriz, formado por edificações térreas e de dois pavimentos, cujas características remetem ao estilo colonial, predominantemente, embora recentes e modificadas. Há ainda nessa praça edificações
ecléticas e outras cujas características não permitem liga-las a nenhuma referência do passado.
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Trecho inicial da rua Prof. Antônio Marcos, de ocupação diversificada (um e dois pavimentos), mas sempre no
alinhamento da via
Trecho final da rua Prof. Antônio Marcos, onde predominam as edificações de dois pavimentos, alinhadas à via, e
destacam-se alguns exemplares da arquitetura colonial
Trecho da rua Padre Faria, com casas térreas, em estilo colonial, cujo alinhamento configura um largo
ajardinado
Rua do Carmo, próximo à Estação Ferroviária: conjunto de tipologia comercial, volumetria térrea, sem afastamentos frontais e laterais
Estação Ferroviária: implantação isolada, afastada da via, vista a partir
da rua do Carmo
Açougue na rua Bom Jesus, vizinho da Praça da Matriz, com elementos descaracterizantes na fachada: coberturas em
ambos os pavimentos, varanda superior desalinhada, ausência de ritmo nas aberturas etc.
Edificação comercial ao lado da Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte, com volumetria, cor e publicidade inadequadas,
interferindo negativamente na vizinhança do templo
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Casa térrea, do século XX, com referências da arquitetura colonial,
situada na Praça da Matriz, 119
Casa situada na Praça da Matriz, 41, sem qualquer referência a estilos e sem harmonia com o conjunto da
praça
Casa situada na Praça da Matriz, 87, em estilo eclético, com acesso por
varanda lateral
Edificação de tipologia comercial e estilo colonial, situada na rua do
Carmo, 537, componente do conjunto próximo à Estação Ferroviária
Sobrado colonial situado no início da rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, com
interferências descaracterizantes na fachada: alteração das aberturas e
introdução de coberturas no pavimento térreo
Casa com referências coloniais – como as esquadrias de madeira e o ritmo das aberturas – situado na rua Prof.
Antônio Marcos Pinheiro
Sobrado com referências do estilo colonial, na rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, 213
Sobrado colonial, na rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro, 312: imóvel vazio, em mau estado de conservação
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Sobrado colonial, na rua do Bonfim, s/nº (em frente ao nº 148, entorno da área tombada): imóvel vazio, em mau
estado de conservação
Sobrado colonial, na rua Monsenhor Horta, 196 (entorno da área tombada)
Escola Estadual Monsenhor Moraes, situada na Praça Magalhães Pinto, s/nº: raro exemplo de edificação provida
de muro e afastamento na testada frontal do lote
Rua Padre Faria, 41: raro exemplo de casa com afastamento frontal
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04 PRAÇAS E PARQUES
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
100% 0% 0% DESCRIÇÃO O Núcleo Histórico de Furquim conta apenas com a Praça da Matriz, onde sua ocupação se iniciou, em meados do século XVIII. A praça é, na verdade, um largo, que se distingue das praças por permitir a circulação de veículos em toda a sua superfície, livre de mobiliário urbano, uma via que se alarga quando se encontra com outras. De frente para esse largo está a Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte, além de edifícios residenciais e comerciais de até dois pavimentos, cujo alinhamento coincidente conforma o largo. O cruzeiro da igreja é monumento situado de frente para ela, mas afastado, em uma borda desse largo. Não há, nesse contexto, outras construções contemporâneas da igreja, apenas algumas com feições coloniais e ecléticas, mais recentes, construídas com técnicas e materiais atuais, provavelmente da virada do século XIX para o XX, com raras exceções. A ausência completa de mobiliário, característica desse tipo de espaço urbano, faz com que as pessoas utilizem, para a convivência, as escadas de acesso à Igreja Matriz. DANOS VERIFICADOS O piso da praça apresenta leve grau de desnivelamento em alguns pontos, onde esporadicamente se acumula água da chuva. O desnivelamento se deve ao tráfego pesado (de ônibus). Encontramos lixo no chão, devido à ausência de lixeiras.
4.1 TIPO DE USO
LAZER X ESPORTE EVENTOS CÍVICOS X OUTROS
DESCRIÇÃO A Praça da Matriz é utilizada como espaços de passagem e encontro, além de manifestações religiosas. DANOS VERIFICADOS O uso auxilia na conservação e movimentação dos espaços, além de favorecer a segurança local. O piso da praça apresenta leve grau de desnivelamento em alguns pontos, devido ao tráfego pesado (de ônibus).
4.2 COBERTURA VEGETAL (%)
GRAMÍNEA -- ARBUSTO --
ÁRVORE -- TREPADEIRA -- DESCRIÇÃO Não há qualquer tipo de cobertura vegetal na única praça existente. DANOS VERIFICADOS Não se aplica.
4.3 PAISAGISMO
JARDIM / VEGETAÇÃO PÉRGULA CHAFARIZ ILUMINAÇÃO
MONUMENTOS X OUTROS FONTE
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DESCRIÇÃO A Praça da Matriz tem seu piso inteiramente pavimentado, predominantemente em blocos de concreto, destacando-se o piso original em pedras tipo “pé-de-moleque” na área próxima à porta principal da Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte. O único monumento encontrado é o cruzeiro da igreja, que fica afastado desta, numa extremidade do largo. DANOS VERIFICADOS O piso da praça apresenta leve grau de desnivelamento em alguns pontos, devido ao tráfego pesado (de ônibus). No piso “pé-de-moleque”, há apenas o desnivelamento comum a esse tipo de revestimento, que não favorece o deslocamento dos pedestres.
4.4 EQUIPAMENTOS E MOBILIÁRIO URBANO
ESTACIONAMENTO GUARITA SINALIZAÇÃO (placas e letreiros) X INSTALAÇÃO DE APOIO
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS PÚBLICAS RECREAÇÃO
CORETO BANCO LIXEIRA PARADA DE ÔNIBUS COM ABRIGO
CORREIO X OUTROS TELEFONE PÚBLICO X
DESCRIÇÃO A Praça da Matriz conta com sinalização turística interpretativa, em função da presença do principal marco histórico do distrito, a Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte, tombada em nível federal. No entorno imediato dessa igreja, há uma agência dos Correios, em cuja parede frontal está instalado um telefone público. DANOS VERIFICADOS A sinalização referente à igreja está em bom estado de conservação. A placa informativa do nome do logradouro (“Praça da Matriz”, afixada na fachada da edificação nº 46), embora conservada, não obedece a nenhuma forma de padronização.
Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte Placa de sinalização turística interpretativa, na Igreja Matriz de Bom Jesus do Monte
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Casario da Praça da Matriz Cruzeiro de forma patriarcal, na Praça da
Matriz, cuja base é utilizada pelos moradores
para sentar-se
Praça da Matriz, vista a partir da rua Padre Faria
Praça da Matriz, lado posterior à Igreja, no limite com a rua Prof. Antônio Marcos
Pinheiro
Praça da Matriz: leve desnivelamento do piso, devido ao tráfego pesado
(ônibus)
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05 CURSOS D’ÁGUA
ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
90% 10% 0%
NATURAL X VEGETAÇÃO CILIAR (margens) X CANAL ABERTO LIMPEZA DAS MARGENS
CANAL FECHADO LANÇAMENTO DE ESGOTOS DESCRIÇÃO O braço sul do rio Gualaxo corre em leito aberto, com vegetação ciliar nas margens, mas só é visto ao se atravessar a ponte que dá acesso ao distrito. De outros pontos do Núcleo Histórico, as edificações ao longo das vias, a densa mata ciliar que o circunda e a topografia muito acidentada acabam por encobri-lo. A despeito disso, o rio é definidor do traçado urbano longitudinal do Núcleo Histórico, que fica disposto em encostas de montanhas que lhe são tributárias. Visto pela margem oposta, porém, apesar da presença de uma pequena central hidrelétrica no leito do rio, a mata ciliar é suficientemente densa para protegê-lo. DANOS VERIFICADOS Na entrada do Núcleo Histórico, justamente no trecho onde a mata ciliar é menos densa, o rio apresenta assoreamento. Como a ocupação urbana mantém-se afastada de suas margens, que são preenchidas por densa vegetação, não há caminhos diretos do Núcleo Histórico à beira d´água, o que prejudica a verificação de danos em outros trechos.
Rio Gualaxo, limite do entorno do conjunto tombado
Rio Gualaxo, na entrada do distrito, próximo à Capela de N. S. do Carmo
Rio Gualaxo, em trecho assoreado, após adentrar o Núcleo; ao fundo, a
Capela de N. S. do Carmo
Rio Gualaxo, com a barragem da PCH Furquim em primeiro plano; no centro da foto, a Igreja Matriz de Bom
Jesus do Monte
Densa mata ciliar que separa o Núcleo Histórico da margem do rio Gualaxo
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EXISTÊNCIA DE INTERVENÇÕES ( x ) sim ( ) não DESCRIÇÃO DAS INTERVENÇÕES Com ocupação iniciada no início do século XX, mesmo período em que foi construída a Estação Ferroviária, no entorno do Núcleo Histórico de Furquim predominam as construções com técnicas construtivas como bloco de cimento e tijolo furado, conservando altimetria semelhante à do conjunto tombado (construções térreas, intercaladas com exemplares de dois pavimentos). Afastamentos laterais, assim como lotes vagos, são bem mais comuns que na área tombada, mas o alinhamento frontal às vias públicas, sem afastamento, é uma referência conservada na ocupação dessa área. Pontualmente, observam-se alguns exemplares com nítidas características da arquitetura colonial praticada no início do século passado, enquanto outros guardam apenas referências desse estilo e possuem visíveis descaracterizações, tais como a alteração de materiais (esquadrias metálicas, por exemplo) e ampliações. Ocorre atualmente no entorno uma quantidade considerável de obras, com destaque para a rua Monsenhor Horta, com novas construções nos terrenos antes desocupados e ampliações, acrescentando novo pavimento a edificações anteriormente térreas. A área urbanizada permanece a mesma, pois o sistema viário não parece ter-se expandido no período recente – fato evidenciado pela presença de casas centenárias em diversos pontos do entorno, como as ruas do Carmo, Bonfim e Monsenhor Horta. As vias são revestidas em material asfáltico, restando como exceção a via que surgiu da retirada dos trilhos da ferrovia, que permanece sem pavimentação e sem nome. Nessa área é mais frequente o fechamento em muro, se comparada com o conjunto tombado, nos poucos exemplares a possuir afastamento frontal.
Vista parcial da rua do Bonfim Vista parcial da rua do Bonfim Sobrado colonial na rua do Bonfim
06 ANÁLISE DO ENTORNO ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
BENS IMÓVEIS E ESTRUTURAS DO ENTORNO 80% 15% 5%
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Cruzeiro em frente ao Cemitério, situado na rua do Bonfim Vista parcial do interior do Cemitério
Vistas parciais da rua Monsenhor Horta
Capela N. S. do Carmo, no entorno da área tombada
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Vistas parciais da rua do Carmo: trecho no entorno da área tombada
Vistas parciais da rua Professora Maria Madalena Ferreira, no entorno da área tombada
07 CONCLUSÃO
BEM CULTURAL ESTADO DE CONSERVAÇÃO
bom regular ruim (necessitando intervenção)
NÚCLEO HISTÓRICO URBANO DE FURQUIM 75% 15% 10%
O estado de conservação do Núcleo Histórico de Furquim é bom, onde foram encontradas as seguintes patologias: problemas estruturais em edificações antigas desocupadas; sujidade acumulada devido, entre outros fatores, a irregularidades no pavimento das vias públicas; e desgaste natural dos materiais. As vias possuem desnivelamentos causados principalmente pelas intempéries e pelo tráfego (apesar de reduzido, há ônibus algumas vezes por dia). É gritante o problema da escassez de calçadas, cuja implantação é dificultada pelas ruas predominantemente estreitas. A afixação de cartazes em alguns estabelecimentos comerciais e a fiação aparente são responsáveis pela poluição visual do Núcleo, mas seus níveis são toleráveis. O trânsito leve não causa danos significativos, a não ser na Praça da Matriz, onde a presença dos ônibus desgasta e provoca manchas no piso. O núcleo não conta com sinalização de trânsito, são escassos os mobiliários urbanos, como lixeiras e bancos para sentar, e, sem calçadas ou com elas em condições inadequadas, pedestres sofrem com a falta de acessibilidade e obstáculos em diversos trechos. Há, em alguns logradouros, sinalização indicativa dos nomes, além de sinalização turística interpretativa em todos os edifícios religiosos (igreja, capela e passos).
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10 DIRETRIZES PARA A ÁREA TOMBADA
Deverão ser consideradas as disposições do Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana/MG, definidor de
normas específicas para a valorização do Patrimônio Cultural, que se aplica à área tombada do Distrito de
Furquim.
O Art. 53 fala dos objetivos do Programa de Valorização do Patrimônio Cultural:
I – preservar o patrimônio cultural marianense;
II – criar cadastro municipal integrado ao Sistema de Gestão de Informação Urbana dos bens referenciais da identidade do povo marianense;
III – promover exploração econômica sustentável do patrimônio cultural;
IV – promover a integração das ações públicas e privadas destinadas à proteção do patrimônio cultural existente.
Parágrafo único. As ações e estudos do Programa de Valorização do Patrimônio Cultural deverão articular-se com as ações e estudos promovidos pelos Programas Urbis e Momunenta.
Já o Art. 54 define as metas do Programa:
I – inventário de bens materiais e imateriais, móveis e imóveis, singulares ou coletivos, situados em Zona de Interesse de Adequação Ambiental, referências de valor cultural e simbólico, composto de pesquisa histórica, levantamentos gráficos, fotográficos e documentais, diagnósticos sobre estado de conservação e condições de uso;
II – classificação dos bens inventariados;
III – elaboração de projetos de intervenção física que assegurem a integridade dos bens inventariados e das referências culturais que corram riscos de destruição;
IV – elaboração de projetos de prevenção e incêndio e segurança;
V – elaboração de leis específicas de proteção e planos de preservação que compatibilizem uso e manutenção do acervo do patrimônio cultural municipal;
VI – esclarecimento da comunidade local, dos proprietários e possuidores de bens de valor cultural sobre sua importância para a formação da identidade do povo marianense e potencialidades econômicas;
VII – integração entre a educação pública municipal e as iniciativas de proteção ao patrimônio cultural.
No zoneamento do município, o distrito se enquadra entre as doze Zonas de Interesse de Adequação
Ambiental.
O Art. 119 do Plano Diretor define a Área de Proteção Cultural Intensiva como a porção do território da
Zona de Proteção Cultural caracterizada pela ocupação urbana antiga consolidada no Século XVIII que
apresenta tipologia arquitetônica original ou semelhante à colonial mineira, pela boa qualidade
construtiva das edificações, e na qual se localizam os monumentos tombados pela União e concentra-se
parte considerável dos empreendimentos comerciais de pequeno e médio porte e de prestação de
serviços da cidade.
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O Art. 142 estabelece diretrizes gerais de utilização do solo na Área de Proteção Cultural Intensiva da Zona de Proteção Cultural:
I – preservar as características urbanas e arquitetônicas do Século XVIII, visando especialmente manutenção do traçado urbano original, da forma de parcelamento do solo, da tipologia de implantação das edificações nos lotes, da escala volumétrica, da forma das coberturas, bem como a tipologia arquitetônica, incluindo materiais e texturas;
II – incentivar a manutenção da multiplicidade de usos compatíveis com a preservação do patrimônio e a potencialização da atividade turística;
III – harmonizar a inserção de futuras intervenções arquitetônicas em imóveis do conjunto urbano protegido, de forma a evitar a sua prevalência sobre o patrimônio cultural existente.
As novas ocupações devem seguir os parâmetros urbanísticos descritos a seguir:
LOCALIZAÇÃO TAMANHO DOS
LOTES (M2) TAXA OCUPAÇÃO
(MÁX.)
TAXA
PERMEABILIDADE
(MIN) VALORES INTERMEDIÁRIOS
Zona de Proteção Cultural
<= 250 60% 20%
250 < x <= 600 50% 25% Lotes entre 250 m2 e 300 m2 área de ocupação máxima: 150 m2
> 600 40% 30% Lotes entre 600 m2 e 750 m2 área de ocupação máxima: 300 m2
De acordo com o Art. 200, a ocupação do solo da Zona de Proteção Cultural, principalmente de sua Área de Proteção Cultural Intensiva, na qual se enquadra o núcleo em estudo, deverá atender, além dos parâmetros urbanísticos descritos anteriormente, os seguintes parâmetros estilísticos:
I – forma e materiais das coberturas;
II – proporção e forma dos vãos externos das edificações;
III – tipo de material utilizado no volume externo das edificações;
IV – tipo de calçamento das vias públicas.
Parágrafo único. Os parâmetros estilísticos estabelecidos no caput deste artigo têm por objetivo harmonizar novas intervenções arquitetônicas no conjunto urbano-arquitetônico com a tipologia do Século XVIII.
Art. 203.
§1o Os parâmetros urbanísticos na Área de Proteção Cultural Intensiva serão definidos por meio de estudo técnico específico e particularizado de cada ambiência em que se inserem os imóveis, exceto a taxa de ocupação e a taxa de permeabilidade, previstas na Tabela de Parâmetros Urbanísticos de Ocupação.
Art. 208. A taxa de permeabilidade é a relação entre a área descoberta e permeável e a área total do terreno que contribui para o equilíbrio climático e diminui o volume de águas lançado no sistema público de drenagem pluvial.
§ 1o Na Zona de Proteção Cultural será obrigatório o plantio de vegetação de porte na área permeável, a fim de preservar a tipologia dos quintais de lotes do Século XVIII e reabilitar a paisagem de entorno do Núcleo Histórico Urbano.
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Art. 213. São especificações dos parâmetros estilísticos da Área de Proteção Cultural Intensiva:
I – continuidade do ritmo de cheios e vazios, através da proporção das aberturas nas fachadas, vãos de portas e janelas;
II – utilização de materiais externos semelhantes aos utilizados na arquitetura do Século XVIII;
III – cobertura em telhas cerâmicas tipo colonial.
Parágrafo único. Para a avaliação dos acréscimos às edificações existentes na Área de Proteção Cultural Intensiva serão considerados os seguintes critérios:
I – manutenção do afastamento de fundos;
II – altura de cumeeira mais baixa que a edificação existente.
Visando orientar o desenvolvimento do distrito a partir do presente momento, para que este ocorra de
forma ordenada e coerente com seu valor histórico e artístico, sem agredir a estrutura urbana original,
acrescentam-se às diretrizes já especificadas as seguintes:
- implementação de programa de educação patrimonial para a população local;
- orientação da população quanto a técnicas de conservação e restauro das edificações;
- Não serão permitidos os serviços destinados ao abastecimento, lubrificação, lavagem e conserto de
veículos, nem que produzam ruídos, gases, poeira ou outras exalações nocivas ou incômodas à saúde e
bem-estar da população.
- Fica proibido o tráfego de veículos pesados nas vias e logradouros públicos situados na área tombada,
com exceção daqueles destinados à prestação de serviços às edificações situadas na área a ao transporte
de passageiros.
- No caso de substituição de uso, os novos deverão se enquadrar nessas diretrizes.
- Para reconstrução, restauração e reforma das edificações existentes, deverão ser observados o índice
de ocupação, a altura e o afastamento já existente ou primitivo da edificação, a juízo do Conselho
Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG.
- É proibida a demolição das edificações classificadas nesse documento com os graus de proteção 1, 2 ou
3.
- As obras de restauração, reforma e reorganização interna das edificações situadas na área do Núcleo
Histórico Urbano classificadas com os graus de proteção 1, 2, 3 ou 4 deverão adotar características de
volumetria e cobertura, proporções e afastamentos em concordância com o estilo e características
arquitetônicas do imóvel, embora não necessariamente idênticos aos originais, passando por aprovação
do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG.
- A supressão e abertura de vãos nas paredes externas das edificações só serão permitidas caso
aprovadas pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG.
- O Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG providenciará para a substituição paulatina
e organizada dos elementos inadequados, adornos, e pinturas impróprias que comprometam o
tratamento arquitetônico das edificações.
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- A reforma das edificações com grau de proteção 5 deve obedecer às disposições Plano Diretor Urbano-
Ambiental de Mariana/MG.
- As novas edificações situadas dentro do perímetro de tombamento deverão adotar características de
volumetria e cobertura, proporções e afastamentos em concordância com o estilo e características
arquitetônicas dos imóveis originais do Núcleo, embora não necessariamente idênticos, passando por
aprovação do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG.
- Dentro da área tombada, será permitida apenas a execução de desmembramento e remembramento de
terrenos, sendo proibidos os loteamentos e a abertura de novas vias ou logradouros. Mesmo os
parcelamentos permitidos dependem de licença prévia e fiscalização da Prefeitura Municipal de
Mariana/MG. O desmembramento só será permitido se os lotes resultantes tiverem testada mínima de
10m voltada para os logradouros públicos já existentes, e deverá ser feito um estudo de impacto de
vizinhança prévio.
Por fim, como modo de criar parâmetros para a regulamentação do espaço urbano e a gestão dos bens
inseridos no Núcleo Histórico Urbano de Furquim, cada uma das estruturas arquitetônicas foi
particularizada a partir de cinco diferentes níveis de proteção estipulados 86:
10.1 Grau de Proteção 1 (4 imóveis)
Imóveis de extrema relevância histórica e/ou arquitetônica, considerados referências no Núcleo Histórico
Urbano. Edifícios essenciais para o cenário do distrito, apontados pela comunidade como monumentos de
valor inconteste, sobretudo em função dos imaginários que se consolidaram acerca da antiguidade e
importância dos mesmos. Para tais imóveis ficam estabelecidas as seguintes diretrizes especiais:
• Fica restrita a modificação na distribuição de cômodos internos sem a prévia análise e autorização do
Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG;
• Deve ser mantida a fachada principal e preservados os elementos artísticos, sem alteração das formas
ou retirada de ornamentos;
• Devem ser mantidos os materiais de revestimento internos e externos à edificação;
• Devem ser limpas e mantidas periodicamente as janelas e as portas e ainda reparados os elementos
danificados, substituindo, se necessário, por outros novos, seguindo as características originais das
esquadrias.
86 Os Graus de Proteção 1, 2 e 3 foram definidos pela Lei Municipal nº 1.728 de 18 de março de 2003. Para o tombamento municipal do Núcleo Histórico Urbano de Santa Rita Durão (2009), foram detalhados o primeiro e o terceiro níveis e ainda acrescentados os Graus de Proteção 4 e 5.
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10.2 Grau de Proteção 2 (0 imóveis)
Aplicável aos bens imóveis de valor histórico, arquitetônico e ambiental cuja importância não abranja a
totalidade do bem, determinando que:
• A preservação se refira a apenas partes delimitadas do imóvel;
• A utilização do imóvel não degrade a parte protegida;
• Sejam utilizados métodos adequados de conservação e restauração.
10.3 Grau de Proteção 3 (36 imóveis)
Imóveis considerados como bens de interesse de preservação, por seu valor em conjunto ou como
fragmentos da diversidade arquitetônica e histórica de Furquim. É necessária a preservação da fachada e
da volumetria. Para tais imóveis são permitidas as seguintes intervenções:
• Modificação na distribuição de cômodos internos, desde que o aspecto externo do edifício não seja
prejudicado;
• Troca de materiais de revestimento internos à edificação;
• Substituição das esquadrias por outras de materiais diversificados seguindo as características originais
dos vãos (dimensões e enquadramentos), desde que aprovada pelo Conselho Municipal do Patrimônio
Cultural de Mariana/MG.
10.4 Grau de Proteção 4 (24 imóveis)
Imóveis considerados como bens de interesse de preservação, cuja demolição pode ser concedida a partir
da análise e estudo específico do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Mariana/MG e desde que o
novo projeto de ocupação do lote obedeça às diretrizes estabelecidas no presente dossiê de tombamento,
bem como às legislações urbanas vigentes.
10.5 Grau de Proteção 5 (29 imóveis)
Imóveis considerados como bens sem interesse de preservação (incluem-se os terrenos baldios), mas
que se encontram no perímetro de tombamento por resguardarem a ambiência do Núcleo Histórico
Urbano; a demolição é permitida desde que o novo projeto de ocupação do lote obedeça às diretrizes
estabelecidas no presente dossiê de tombamento e às legislações urbanas vigentes.
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10.6 Lista de Endereços e Graus (93 imóveis)
GRAUS DE PROTEÇÃO
Nº ENDEREÇO / USO ATUAL
FOTO
001 Praça da Matriz s/nº (Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus do Monte)
002 Praça da Matriz nº 009
003 Praça da Matriz nº 025
004 Praça da Matriz nº 030
005 Praça da Matriz nº 041
006 Praça da Matriz nº 046
01 02 03 04 05
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007 Praça da Matriz nº 051
008 Praça da Matriz nº 067
009 Praça da Matriz nº 077
010 Praça da Matriz nº 087
011 Praça da Matriz nº 099
012 Praça da Matriz nº 105
013 Praça da Matriz nº 107
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014 Praça da Matriz nº 119
015 Praça da Matriz nº 151
016 Praça da Matriz s/nº, Ag. Correios, esq. Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro
017 Praça da Matriz s/nº, ao lado 009 (Soc São Vicente de Paulo)
018 Praça da Matriz s/nº, ao lado 025, esq. Praca Magalhaes Pinto
019 Praça da Matriz s/nº, ao lado 025, esq. Rua Prof. Maria Madalena Ferreira
020 Praça da Matriz s/nº, ao lado 151 (mesmo que Rua Padre Faria s/nº, ao lado 70)
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021 Praça da Matriz s/nº, ao lado da Ag. Correios
022 Praça da Matriz s/nº, entre 030 e 046
023 Praça da Matriz s/nº, entre 041 e Soc São Vicente de Paulo (ruína)
024 Praça Magalhaes Pinto nº 019
025 Praça Magalhaes Pinto nº 025
026 Praça Magalhaes Pinto s/nº (Escola Estadual Monsenhor Moraes)
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027 Rua Bom Jesus nº 241
028 Rua Bom Jesus nº 275
029 Rua Bom Jesus nº 279
030 Rua Bom Jesus s/nº, acima do 241 (lado oposto)
031 Rua Bom Jesus s/nº, em frente ao 279 (Casa de Carnes)
032 Rua do Carmo nº 537
033 Rua do Carmo nº 601
034 Rua do Carmo nº 700 (Estação Ferroviária)
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035 Rua do Carmo s/nº (Comércio Geraldo Vitor)
036 Rua do Carmo s/nº (Policlínica Geraldo Gerçóssimo)
037 Rua do Carmo s/nº, ao lado 537 (imóvel comercial)
038 Rua do Carmo s/nº, ao lado 537 (imóvel residencial)
039 Rua do Carmo s/nº, ao lado do Comercial Geraldo Vitor
040 Rua Padre Faria nº 015
041 Rua Padre Faria nº 019
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042 Rua Padre Faria nº 029
043 Rua Padre Faria nº 037
044 Rua Padre Faria nº 041
045 Rua Padre Faria nº 061
046 Rua Padre Faria nº 065 (esq. Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro)
047 Rua Padre Faria nº 066
048 Rua Padre Faria nº 070
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049 Rua Padre Faria nº 081
050 Rua Padre Faria nº 090 (esq. Rua Prof. Antônio Marcos Pinheiro)
051 Rua Padre Faria nº 091
052 Rua Padre Faria s/nº (lote vago, em frente 15/19/29)
053 Rua Padre Faria s/nº, ao lado 015, esq. Rua Bom Jesus
054 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 011
055 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 021
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056 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 030
057 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 031
058 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 062A
059 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 088
060 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 097
061 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 101
062 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 137
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063 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 146
064 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 158
065 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 161
066 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 171
067 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 176
068 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 193
069 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 205
070 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 213
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071 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 227
072 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 270
073 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 283
074 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 284
075 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 295
076 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 312
077 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro nº 312B
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078 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro s/nº, ao lado 030 (comercio)
079 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro s/nº, ao lado 030 (residência)
080 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro s/nº, ao lado 031 (Passo)
081 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro s/nº, ao lado 137 (Passo)
082 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro s/nº, ao lado 176 (residencia/Magda’s Bar)
083 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro s/nº, ao lado 227, esq. Rua Monsenhor Horta
084 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro s/nº, ao lado 270
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085 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro s/nº, ao lado 295
086 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro s/nº, em frente a Ag. Correios, atrás da Igreja Matriz
087 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro s/nº, entre 097 e 101
088 Rua Prof. Antonio Marcos Pinheiro s/nº, entre comércio e 062A
089 Rua Prof. Maria Madalena Ferreira nº 017
090 Rua Prof. Maria Madalena Ferreira nº 044
091 Rua Prof. Maria Madalena Ferreira nº 056
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092 Rua Prof. Maria Madalena Ferreira s/nº, ao lado 017 (atrás da Igreja Matriz)
093 Rua Prof. Maria Madalena Ferreira s/nº, ao lado 044
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HORTA
RU
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(CEP 35426-971)
MARCOS PINHEIRO
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R.F.F.S.A.
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MADALMARIAR. PROF.
RUA PROF. ANTÔNIOR
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MORAESE.E. MONSENHOR
0 5010 100m
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87
99105107119 25
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56
1925
44
17
30
46
90
1131
21
151
70
30
62A
88
6166
8191
65
29
3741
19
15
241
275
2799
SSVP
7767
51
RUÍNA
41
MARCOS PINHEIRO
RUA PROF. ANTÔNIO
CARMO
158
146
97101
137
161171
176MAGDA'S BARRESIDÊNCIA E
193205
213 227
283295
312312B
270284
ANTIGO LEITO DA
196
176
133
103134
167
205CASA AZULE BRANCA
PORTEIRA
207217
227
390
460
360
494
512512gar
520
532
544
554
MO
NSE
NH
OR
440
CORREIOS
601
GERALDO VITORCOMÉRCIO
DO
537
COMÉRCIO
RESIDÊNCIA
POLICLÍN
ICA
154 (vago)
250
COMÉRCIO
Graus de Proteção das Estruturas Arquitetônicas. Cadastramento esquemático do perímetro urbano do Distrito de Furquim. BASES CARTOGRÁFICAS: 1) CEMIG, 2001. 2) Plano Diretor Urbano-Ambiental de Mariana. Prefeitura Municipal, 2003.
Elaboração (jul/2011): Lara Secchin (estagiária de arquitetura e urbanismo).
LEGENDA:
Grau de Proteção 01
Grau de Proteção 02
Grau de Proteção 03
Grau de Proteção 04
Grau de Proteção 05
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11 DIRETRIZES PARA O ENTORNO DA ÁREA TOMBADA
O Entorno do Núcleo Histórico Urbano também deverá seguir as disposições do Plano Diretor Urbano-
Ambiental de Mariana/MG. O Plano Diretor inclui a área de entorno do núcleo tombado no Eixo de
Exploração Mineral, do qual trata na Seção II:
Art. 46. O Eixo de Exploração Mineral é a linha imaginária traçada sobre porções do território municipal e sua área de influência, que apresentam características geológicas que indicam a existência de recursos para exploração de minérios não metálicos.
Parágrafo único. A exploração dos minérios a que se refere o caput deste artigo guarda especificidades capazes de torná-las atividades sustentáveis municipalmente, propiciando a geração de trabalho e renda para as populações locais pela possibilidade de desenvolvimento por pequenos empreendimentos, com minimização dos impactos ambientais.
Art. 47. São objetivos específicos do Eixo de Exploração Mineral:
I – adequar a atividade mineradora não metálica aos condicionantes ambientais;
II – potencializar a exploração mineral para o cumprimento de sua função social e econômica, propiciando, aos pequenos mineradores, reais e sustentáveis possibilidades de trabalho e renda.
Art. 48. São diretrizes de implantação e desenvolvimento do Eixo de Exploração Mineral:
I – reduzir os impactos gerados pela atividade, através da adoção de planos de manejo sustentáveis e de medidas mitigadoras adequadas;
II – criar cadastro municipal integrado ao Sistema de Gestão de Informação Urbana que identifique e registre os recursos naturais existentes;
III – garantir a exploração sustentável de atividades mineradoras existentes através de fiscalização eficiente;
IV – capacitar a população para que se beneficie com o desenvolvimento da atividade;
V – estimular a inserção da atividade nas cadeias produtivas locais e regionais.
Segundo o Art. 159, a utilização do solo nos eixos turísticos 87 deverá atender às seguintes diretrizes gerais:
I – identificação do potencial de uso dos recursos naturais e culturais, com a indicação da capacidade de suporte para a utilização turística;
II – adequação dos equipamentos urbanos e coletivos para fins turísticos ao patrimônio ambiental e cultural existente;
III – indicação da destinação final dos resíduos sólidos e do esgoto doméstico, de caráter não poluente, em áreas onde não houver serviço público ou o empreendimento turístico acarretar sobrecarga excessiva no sistema existente;
IV – elaboração de estudos que considerem os impactos ambientais decorrentes da exploração de recursos naturais e culturais com indicação de sua capacidade de suporte, incluído o número máximo de visitantes por dia;
V – elaboração de estudos que considerem os impactos sobre as vias públicas, incluindo o número e a espécie de veículos atraídos em sua execução;
VI – possibilidade de uso residencial.
87 Os eixos turísticos são linhas imaginárias traçadas sobre porções do território municipal e sua área de influência, as quais apresentam características intrínsecas de natureza cultural ou ambiental e indicam potencial de atratividade para o desenvolvimento da atividade turística.
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Art. 190. É considerada atividade causadora de incômodo na Zona de Interesse de Adequação Ambiental88 a que:
I – causar sobrecarga na capacidade de suporte da infra-estrutura instalada e ou alteração negativa da paisagem urbana, notadamente na Zona de Proteção Cultural;
II – causar transtornos à vizinhança com a emissão de sons, ruídos, choques e vibrações, provenientes de máquinas, utensílios ruidosos, aparelhos sonoros ou similares, de concentração de pessoas ou de animais, fora do limite de sua propriedade;
III – expor a risco a saúde e integridade física ou comprometer a qualidade do meio ambiente, através de emissão de materiais particulado inerte na atmosfera, de efluentes líquidos ou sólidos e através da comercialização utilização ou estocagem de materiais perigosos, explosivos, GLP, inflamáveis e tóxicos.
As ocupações do entorno da área tombada devem obedecer também às seguintes diretrizes:
- Para os lotes de esquina, as duas vias devem ser consideradas para análises de ambiências e
visibilidade;
- É admitido o uso residencial, comercial (comércio e serviços), e institucional, ficando vetado o uso
industrial;
- Manter as características estilísticas e formais dos imóveis representativos da formação do povoado e
outros períodos dentro do processo de desenvolvimento urbano da cidade;
- Regulamentar o uso dos elementos de comunicação visual para garantir a boa qualidade da paisagem
urbana;
- Preservar a topografia e a vegetação existentes neste entorno, garantindo os aspectos paisagísticos,
necessários à manutenção da ambiência da área.
As ocupações do entorno da área tombada devem obedecer também às seguintes diretrizes:
- Para os lotes de esquina, as duas vias devem ser consideradas para análises de ambiências e
visibilidade;
- É admitido o uso residencial, comercial (comércio e serviços), e institucional, ficando vetado o uso
industrial;
- Manter as características estilísticas e formais dos imóveis representativos da formação do povoado e
outros períodos dentro do processo de desenvolvimento urbano da cidade;
- Regulamentar o uso dos elementos de comunicação visual para garantir a boa qualidade da paisagem
urbana;
- Preservar a topografia e a vegetação existentes neste entorno, garantindo os aspectos paisagísticos,
necessários à manutenção da ambiência da área.
88 Zona de Interesse de Adequação Ambiental é toda porção do território municipal localizada nas sedes dos distritos e nas localidades de Águas Claras e de Bento Rodrigues, ocupada por aglomerações populacionais que apresentam configuração urbana em razão do tipo de parcelamento e da consolidação de seu sistema viário.
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Entre os “imóveis representativos da formação do povoado e outros períodos”, cujas características
devem ser mantidas, enumeram-se: a Capela de Nossa Senhora do Carmo, o Passo da Paixão de Cristo
situado ao lado do nº 301 da rua do Carmo e o Cemitério. Para efeito de preservação, esses exemplares
ficam protegidos com os “graus de proteção” citados abaixo, devendo seguir as diretrizes equivalentes a
cada grau, em conformidade com o descrito no item 1 – Introdução e metodologia – deste Dossiê:
- Capela de Nossa Senhora do Carmo: Grau de Proteção 1 (ver item 1.1 deste Dossiê);
- Passo da Paixão de Cristo situado ao lado do nº 301 da rua do Carmo: Grau de Proteção 1 (ver
item 1.1 deste Dossiê);
- Cemitério: Grau de Proteção 2 (ver item 1.2 deste Dossiê); as partes do imóvel a preservar são o
cruzeiro à frente e a capela, no interior do Cemitério, sem prejuízo das demais disposições elencadas
no item 1.2 deste.
Capela N. S. do Carmo, no entorno da área tombada
Passo da Paixão de Cristo situado ao lado do nº 301 da rua do Carmo: fachada principal e detalhe da sinalização turística interpretativa
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Cruzeiro em frente ao Cemitério, situado na rua do Bonfim Capela, no interior do Cemitério
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2000.
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Belo Horizonte: C/Arte, 1998.
BARBOSA, Waldemar de Almeida. Dicionário histórico geográfico de Minas Gerais. Belo Horizonte:
Itatiaia, 1995. 541 p.
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Minas Gerais. Inventário do Patrimônio Ferroviário de Minas Gerais, v. VII: Estrada de Ferro Leopoldina
Recreio - Ouro Preto (L003-R000-S000). Belo Horizonte/Brasília: IPHAN, 2009.
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CARRAZZONI, Maria Elisa (coordenação) Guia dos bens tombados Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e
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CARVALHO, José Murilo de. A Escola de Minas: o peso da glória. 2ª ed. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
CLÍMACO, Humberto de Souza. “A primeira escola de Mariana”. Tribuna de Mariana, 2000.
CORPORAÇÃO MUSICAL SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS. “Relação de músicos na ativa em Julho/2006”.
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Sagrado Coração de Jesus (Maio/2004) – Músicos por faixa etária”.
ENCICLOPÉDIA dos Municípios Brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE, 1957. v. 26. p. 49-57.
ESCOLA ESTADUAL PADRE VIEGAS. “Distrito nos 500 anos do descobrimento do Brasil”, 27 de maio de
2000.
ESCOLA ESTADUAL PADRE VIEGAS. “Histórico Padre Viegas”. Matriz Nossa Senhora do Rosário, s.d., p.3-
5 (Texto baseado em narrativa de Pedro Advíncula Moreira, em 17/07/1963).
FERREIRA, Felipe. O livro de ouro do carnaval brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
FIGUEIREDO, Luciano. Protesto, revoltas e fiscalidade no Brasil colonial. LPH. Revista de História 5
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FONSECA, Claudia Damasceno. Mariana: Gênese e transformação de uma paisagem cultural. Belo
Horizonte: IGC-UFMG, 1995. (dissertação, mestrado em geografia)
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GOMES, Joaquim (presidente da CMSCJ). “Histórico da Corporação Musical Sagrado Coração de Jesus –
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Orais
Arlem Ângelo Lourenço. Entrevista, out/2010.
Ércio Rômulo Gonçalves. Entrevista, out/2010.
Francisco Inês Moreira. Entrevista, dez/2006.
Francisco Tiago Silva. Entrevista, out/2010.
Geraldo Jesus Gomes. Entrevista, dez/2006.
Honorina Ferreira dos Santos. Entrevista, dez/2006.
José Libertino e família. Entrevista, dez/2006.
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13 DOCUMENTO CONCLUSIVO SOBRE O BEM TOMBADO
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14 ART – ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA
outubro 2011 Belo Horizonte, 16
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15 CD-ROM COM FOTOGRAFIAS
FIXAR ENVELOPE COM CD
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16 FICHA TÉCNICA
M E M Ó R I A A R Q U I T E T U R A L T D A
Rua Grão Pará, 85/1301 ׀ Santa Efigênia ׀ Belo Horizonte/MG ׀ CEP: 30.150-340 ׀ Tel.: (31) 3241.5594 e-mail: [email protected] ׀ web site: www.memoriaarquitetura.com.br
Sócios-diretores (Arquitetos Urbanistas) Alexandre Borim Coda Dias Joseana Costa Pereira Patrícia Soares Pereira Coordenadores Carolina Belculfine Rocha (Arquiteta Urbanista) Rafael de Araújo Teixeira (Turismólogo) Colaboradores Davidson Rodrigues (Historiador) Maurício Goulart (Arquiteto Urbanista)
Estagiários (Arquitetura e Urbanismo) André Tomich Lara Secchin Luiz Felipe Brito Rafael Vilela Estagiários (Turismo) Lucas Xavier
P R E F E I T U R A M U N I C I P A L D E M A R I A N A / M G
Prefeita: Terezinha Severino Ramos Setor Responsável: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo Chefe do Departamento de Preservação do Patrimônio Cultural: Marcílio Geraldo Vieira de Queiroz Rua Direita nºs 0091/0093 – Centro. Telefone: (31) 3558-2315. email: [email protected] EXECUÇÃO Levantamento (Jul a Set/2011): Davidson Rodrigues (Historiador) / Carolina Belculfine (Arquiteta Urbanista) / Marcílio Queiroz (Secretário Municipal de Cultura e Turismo) / Maurício Goulart (Arquiteto Urbanista) / Patrícia Pereira (Arquiteta Urbanista).
Elaboração (Jul a Dez/2011): Davidson Rodrigues (Historiador) / Carolina Belculfine (Arquiteta Urbanista) / Maurício Goulart (Arquiteto Urbanista) / Patrícia Pereira (Arquiteta Urbanista).
Revisão (Dez/2011): Memória Arquitetura.
Marcílio Geraldo Vieira de Queiroz Secretário Municipal de Cultura e Turismo
Davidson de Oliveira Rodrigues Historiador
O Grupo Memória Arquitetura agradece a gentileza da comunicação de possíveis falhas e/ou omissões verificadas
neste documento.
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17 ANEXOS
A. LEI MUNICIPAL 1.728 DE 18 DE MARÇO DE 2003
B. ATA DE REUNIÃO APROVANDO O TOMBAMENTO
C. ATA DE REUNIÃO APROVANDO PERÍMETROS, GRAUS DE PROTEÇÃO E DIRETRIZES
D. CARTA APRESENTADA AOS MORADORES
E. NOTIFICAÇÕES DE TOMBAMENTO
F. RECIBOS DAS NOTIFICAÇÕES
G. PUBLICAÇÃO DO TOMBAMENTO PROVISÓRIO
H. ATA APROVANDO O TOMBAMENTO DEFINITIVO
I. PARECER DO CONSELHO SOBRE O TOMBAMENTO
J. DECRETO DE TOMBAMENTO
K. INSCRIÇÃO NO LIVRO DE TOMBO MUNICIPAL
L. PUBLICAÇÃO DO TOMBAMENTO DEFINITIVO