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S eis em cada 10 especialistas em sustentabilidade acreditam que o conceito tem influenciado de modo crescente as decisões de merca- do em seus países. Esta é uma das con- clusões extraídas da Survey of Sustai- nability Experts, pesquisa publicada no ano passado sobre tendências do mercado de sustentabilidade feita pelo Instituto GlobeScan com 353 espe- cialistas de países dos cinco continen- tes que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Eco- nômico (OCDE). A experiência dos participantes no mercado de sustentabilidade (76% tra- balham há mais de 10 anos com o tema), assim como a diversidade setorial dos participantes (empresas, gover- nos, ONGs, acadêmicos e consultores) conferem ao estudo clara consistên- cia e a possibilidade de comparar pon- tos de vista diferentes. Entre os res- pondentes, os executivos (67%) são os que mais consideram a sustentabilida- de como uma ideia cada vez mais im- portante na hora de fazer transações comerciais, seguidos por consultores (57%) e acadêmicos (56%). Governos e ONGs (48%) se mostram mais reticen- tes. Regionalmente, a Ásia é o conti- nente onde mais se acredita na capa- cidade de influência do conceito sobre o mercado, talvez pelo fato de que, no último ano, China e Índia têm demons- trado maior interesse em discuti-lo em suas estratégias, especialmente as re- lacionadas às mudanças climáticas. Eu- ropa (59%) e América do Norte (55%) vêm na sequência. E ste dossiê foi elaborado com base em três artigos publi- cados originalmente na Gazeta Mercantil, onde a revista Ideia Socioambiental manteve por três anos, todas as terças-feiras, uma página sobre responsabili- dade social. Os dois primeiros textos tratam de pesquisas so- bre o mercado da sustentabili- dade, respectivamente no mun- do e no Brasil. No caso específico do pri- meiro artigo, que aborda estudo do Instituto GlobeScan, com es- pecialistas em sustentabilidade de diferentes setores em todo o mundo, a versão publicada neste dossiê foi ampliada com mais in- formações e gráficos. O segundo artigo, sobre pesquisa da consul- toria alemã Roland Berger sobre o potencial do mercado ambien- tal brasileiro, manteve a mesma estrutura original O terceiro texto foca estu- do da McKinsey & Company a respeito do potencial de aba- timento de emissões de carbo- no no Brasil. As três pesquisas oferecem uma visão interessan- te de tendências do mercado de sustentabilidade para os próxi- mos anos. Nota sobre o dossiê Tendências para o mercado de sustentabilidade Ricardo Voltolini* *Ricardo Voltolini é jornalista, consultor em susten- tabilidade e diretor da consultoria Ideia Sustentá- vel. Professor de Marketing Social da FIA-USP, pro- fessor de Comunicação no curso de pós-graduação em Investimento Social Privado da ESPM, é instru- tor da ABERJE. Kriz Knack Parte 1 – Estudo do GlobeScan traz visão de especialistas sobre a sustentabilidade no mundo JUNHO 2009 Ideia Socioambiental 45 Dossiê conhecimento para a sustentabilidade 3

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Seis em cada 10 es pe cia lis tas em sustentabilidade acreditam que o con cei to tem in fluen cia do de

modo crescente as decisões de merca-do em seus paí ses. Esta é uma das con-clusões ex traí das da Survey of Sus tai­na bi lity Experts, pesquisa publicada no ano passado sobre ten dên cias do mercado de sustentabilidade fei ta pelo Instituto GlobeScan com 353 es pe­cia lis tas de paí ses dos cinco continen-tes que integram a Organização para a Coo pe ra ção e Desenvolvimento Eco­nômico (OCDE).

A ex pe riên cia dos participantes no mercado de sustentabilidade (76% tra-balham há mais de 10 anos com o tema), assim como a diversidade se to rial dos participantes (empresas, gover-nos, ONGs, acadêmicos e consultores)

conferem ao estudo clara consistên-cia e a possibilidade de comparar pon-tos de vista diferentes. Entre os res-pondentes, os executivos (67%) são os que mais consideram a sustentabilida-de como uma ideia cada vez mais im-portante na hora de fazer transações co mer ciais, seguidos por consultores (57%) e acadêmicos (56%). Governos e ONGs (48%) se mostram mais reticen-tes. Re gio nal men te, a Ásia é o conti-nente onde mais se acredita na capa-cidade de in fluên cia do con cei to sobre o mercado, talvez pelo fato de que, no último ano, China e Índia têm demons-trado maior interesse em discuti- lo em suas es tra té gias, es pe cial men te as re-la cio na das às mudanças climáticas. Eu-ropa (59%) e América do Norte (55%) vêm na sequência.

Este dossiê foi elaborado com base em três artigos publi-

cados originalmente na Gazeta Mercantil, onde a revista Ideia So cioam bien tal manteve por três anos, todas as terças- feiras, uma página sobre responsabili-dade so cial. Os dois pri mei ros textos tratam de pesquisas so-bre o mercado da sustentabili-dade, respectivamente no mun-do e no Brasil.

No caso específico do pri-mei ro artigo, que aborda estudo do Instituto GlobeScan, com es-pe cia lis tas em sustentabilidade de diferentes setores em todo o mundo, a versão publicada neste dossiê foi am plia da com mais in-formações e gráficos. O segundo artigo, sobre pesquisa da consul-toria alemã Roland Berger sobre o po ten cial do mercado am bien-tal bra si lei ro, manteve a mesma estrutura original

O ter cei ro texto foca estu-do da McKinsey & Company a res pei to do po ten cial de aba-timento de emissões de carbo-no no Brasil. As três pesquisas oferecem uma visão interessan-te de ten dên cias do mercado de sustentabilidade para os próxi-mos anos.

Nota sobre o dossiê

Tendências para o mercado de sustentabilidade

Ricardo Voltolini*

*Ricardo Voltolini é jornalista, consultor em susten-tabilidade e diretor da consultoria Ideia Sustentá-vel. Professor de Mar ke ting So cial da FIA- USP, pro-fessor de Comunicação no curso de pós- graduação em Investimento So cial Privado da ESPM, é instru-tor da ABERJE.Kr

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Parte 1 – Estudo do GlobeScan traz visão de

especialistas sobre a sustentabilidade no mundo

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Dossiêconhe c imen t o p a r a a s u s t en t ab i l i d ade

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Como era de se esperar a crise mun­dial não ficou de fora do estudo. Quan-do perguntados, por exemplo, se e como a desaceleração econômica impactará os avanços na sustentabilidade, uma maio-ria de 67% espera repercussões negativas (53% pre vêem reflexos par cial men te ne-gativos e 14%, mui to negativos.) Os go-vernos estão entre os mais pessimistas. Para 26% dos respondentes, o quadro ten-de a pio rar porque as empresas concen-trarão investimentos na recuperação fi-nan cei ra em detrimento das ini cia ti vas so cioam bien tais.

Cerca de 17% acreditam que o di nhei-ro aplicado em pesquisa e desenvolvi-mento de ener gias e modelos de negócio vai sumir da praça nos próximos tem-pos. Entre os que apostam na expansão do con cei to após a crise, 34% afirmam que isso será possível porque a onda de consumo começará a di mi nuir, reduzin-do assim a pressão sobre os bens na tu-rais. Há um consenso de que a recessão induz à mudança na medida em que limi-ta o crescimento (30%), promove a revi-são de modelos men tais (27%) e estimu-la inovações tecnológicas voltadas para a ecoe fi ciên cia.

O aquecimento global também ga-nhou capítulo es pe cial na pesquisa. En-tre as abordagens mais eficazes para con-trolar as temidas mudanças climáticas, a grande maio ria (79%) apontou, como pri-mei ra alternativa, a cria ção de taxas so-bre as emissões de carbono. Hou ve con-senso entre os es pe cia lis tas de diferentes setores. Governos e acadêmicos se mos-traram os mais convictos. Concessão de incentivos fis cais (56%), fi nan cia men to governamental para pesquisa em tec no-lo gias verdes (52%) e comércio na cio nal e in ter na cio nal de carbono (52%) tam-bém foram apontados como pos sí veis soluções. Qua se sempre discordantes em mui tos pontos de vista, es pe cia lis tas de governos e universidades estão entre os que mais concordam sobre o po ten cial do investimento público em desenvolvimen-to de tec no lo gias limpas. Os de ONGs, por sua vez, in cluem- se entre os mais

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Em 2006, as emissões de CO² da China superaram as dos EUA em 8%. Deste então o país encabeça a lista dos maiores emissores.

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céticos quanto à eficácia, por exemplo, do comércio de emissões.

Os aparelhos econômicos (27%) e as ciên cias e novas tec no lo gias (25%) fo-ram apontados pelos es pe cia lis tas como as abordagens mais efi cien tes para as alterações do clima. Aumento de regu-lamentação (19%), educação pública e per sua são (11%) e melhoria nas relações diplomáticas (7%) vie ram em seguida.

Para saber que tec no lo gias específi­cas os es pe cia lis tas consideram as mais efi cien tes no combate às mudanças cli-máticas, o GlobeScan listou oito e pediu para que os entrevistados as se le cio nas-sem conforme nível de impacto. Pela or-dem de importância, as três mais refe-rendadas foram a melhoria na efi ciên cia energética (88%), o incentivo à conser-vação de energia (79%) e fontes de ener-gia re no vá veis (74%). No pé da lista es-tão os os bio com bus tí veis, que tiveram 18% das citações.

Na tentativa de encontrar respostas para os pos sí veis impactos de alguns fa-tores am bien tais sobre a economia, no GlobeScan apresentou sete alternativas: a di mi nui ção de re sí duos e a des ma te-ria li za ção de serviços, a redução signifi-cativa em emissões de carbono, os efei-tos das mudanças climáticas, a escassez e qualidade de água, os efei tos da utili-zação da bio di ver si da de, os esforços de reciclagem e os re sí duos tóxicos. E soli-citou aos entrevistados que ava lias sem quais e o quanto esses fatores in fluen cia-rão o crescimento econômico nos próxi-mos cinco anos. No total, os entrevista-dos estimam que seis desses sete temas tendem a desacelerar a economia ao in-vés de incentivar, com ênfase nos efei-tos provocados pelas mudanças climáti-cas (71%) e na escassez de água (69%). Uma redução importante dos de mais fa-tores pode impedir o crescimento da eco-nomia, segundo a quase maio ria dos en-trevistados. Os es pe cia lis tas do setor privado (35%) consideram a di mi nui ção de re sí duos e a des ma te ria li za ção como o fator com maior po ten cial de afetar posi-tivamente as finanças em pre sa riais.

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China desperta mais confiança do que a Índia em relação à redução das emissões de carbono, segundo estudo do GlobeScan

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Capitalismo inibe 36%

Capitalismo encoraja 27%

Depende 9%

Ambos 6%

Indiferentes 5%

Outras respostas 14%

Não sabem/ Não responderam 3%

GRáfICO 1: CaPITalISMO COMO ENCORajaDOR Ou INIBIDOR DO DESENvOlvIMENTO SuSTENTávEl

O que esperar de Copenhague?O estudo da GlobeScan revelou ceticis-mo sobre o que poderá acontecer em Copenhague, no final deste ano, quan-do os líderes das nações se reú nem para discutir o acordo pós- Kyoto. Para 48%

dos entrevistados, há pou co ou quase ne-nhum consenso nas soluções para as mu-danças climáticas. Em comparação com o estudo de 2006, que abordou essa mes-ma questão, es pe cia lis tas de governos, ONGs e consultores mostraram- se mais

pessimistas quanto a respostas con sen-suais para o desafio de reduzir o au men-ta da temperatura da Terra.

Indagados se crêem na possibilidade de um grande acordo in ter na cio nal, eles se dividem entre os que acham isso pou-

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IPCC 27%

União Européia 22%

EUA 19%

Companhias/ Mercado/ Indústria 17%

Governos nacionais 16%

Governo norte-americano 12%

WBCSD 10%

ONG’s 7%

G8/ G7 6%

China/ Governo chinês 5%

Países (geral) 5%

Setor de energia e eletricidade 5%

Ações individuais 5%

UNEP 5%

UNFCCC 5%

Mercado financeiro/ setor de seguros 4%

co provável (37%) e os que acham pro-vável (33%). Três em cada dez es pe cia-lis tas preferiram ficar em cima do muro. Para 75%, os paí ses em desenvolvimento devem assumir compromissos semelhan-tes aos dos paí ses desenvolvidos para li-mitar as emissões de gases de efei to es-tufa. Apenas 29% consideram injusta a equivalência de metas.

No bloco dos mais otimistas, puxam a fila os governos. Entre os mais pessi-mistas, estão os líderes em pre sa riais. Os es pe cia lis tas da América do Norte são os mais animados com a possibilidade de um acordo de curto prazo. Sinal de que o discurso verde de Barak Obama está fa-zendo efei to.

Democracia e desenvolvimento sustentávelO estudo do GlobeScan se propôs ain-da a fazer uma investigação de natureza con cei tual, perguntando aos es pe cia lis-tas se “desenvolvimento sustentável” e “sustentabilidade” são expressões sinô-nimas. O equilíbrio nas opi niões refle-te um comportamento também bastante comum no Brasil que pode ser atri buí do em parte ao fato de ser um campo de co-nhecimento novo e em construção, assim como à forma veloz com que termos an-tes restritos ao universo de am bien ta lis-tas e empresas so cial men te res pon sá veis, entraram sem tempo de assimilação na vida de todas as corporações, governos e so cie da des, es pe cial men te nos últimos dois anos, após a divulgação dos re la tó-rios do Pai nel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU.

Para 55%, as expressões querem dizer a mesma coi sa e, portanto, podem ser subs-ti tuí das uma pelo ou tra. No entanto, 44% acreditam que cada termo possui definição e aplicação pró prias. Executivos de empre-sas, líderes de governos e acadêmicos são os mais predispostos a considerar a equi-valência dos termos (60%, 52% e 52%, res-pectivamente). As ONGs, com 48%, são as que concordam menos. Em termos re gio-nais, a Ásia (67%) é o continente onde os es pe cia lis tas mais enxergam as expressões

como sinônimas, seguido por Europa (59%) e América do Norte (52%).

Em uma abordagem inédita para es-tudos de ten dên cias sobre sustentabili-dade, a Survey of Sus tai na bi lity Experts sondou as relações entre democracia e desenvolvimento sustentável. Aos entre-vistados, questionou o quanto o sistema político predominante promove ou deses-timula ações voltadas para a sustentabi-lidade. Na opi nião de 52% dos entrevis-tados, a democracia fun cio na mais como apoio do que bar rei ra (16%). Para 8% dos es pe cia lis tas, o impacto bom ou ruim do am bien te político interno depende de um conjunto de fatores como, por exemplo, país, tipo de democracia, liderança e opi-nião pública. Não por acaso, os es pe cia-lis tas ligados ao governo são os que mais defendem o papel da política democrática como promotora de desenvolvimento sus-tentável (61%), seguidos pelos acadêmi-cos (56%) e ONGs (55%). Já os executivos (51%) e os consultores (41%) apresentam-

se como os mais céticos. A Europa reú ne a maior quantidade de es pe cia lis tas que acreditam na in fluên cia positiva da de-mocracia sobre este tema.

Quan do perguntados sobre por que a democracia pode ser um obstáculo para a evolução am bien tal, a maio ria dos respon-dentes (25%) culpa os políticos por não conferir mui ta ênfase às questões de sus-tentabilidade no exercício de seus poderes.

A Suí ça lidera o ranking dos paí ses democráticos mais preo cu pa dos com as questões am bien tais (33%). Na se quên-cia, destacam- se No rue ga (9%) e Dina-marca (8%). O Brasil recebeu apenas 1% de menções, em sinal claro de que, para os entrevistados, apesar do seu enorme patrimônio natural, não conta com polí-ticos tão interessados no tema.

Perguntados sobre qual país, entre os emergentes China e Índia, ambos alta-mente emissores de carbono, atingirão os melhores resultados em sustentabili-dade no pe río do de 20 anos — o mesmo

GRáfICO 2: ORGaNIzaçõES MaIS INfluENTES Na BuSCa DE SOluçãO PaRa aS alTERaçõES ClIMáTICaS

Participantes optaram por mais

de uma opção.

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Tecnologias teóricas que nunca serão desenvolvidas e mobilizadas 25%

Serão desenvolvidas e mobilizadas em 50 anos 24%

Serão desenvolvidas e mobilizadas dentro de 25 anos 16%

Serão desenvolvidas e mobilizadas dentro de 10 anos 5%

Outras respostas 20%

Não sabem/ Não responderam 10%

Eficiência energética 88%

N/A

Incentivo à conservação de energia 79%

N/A

Fontes de energia renováveis 74%

81%

Energia nuclear 35%

40%

Tecnologias de carvão limpo 31%

39%

Hidrogênio como combustível 31%

47%

Captação de carbono 20%

30%

Biocombustíveis 18%

55%

estabelecido para reduzir gases de efei-to estufa em até 80% — o pri mei ro (47%) desperta mais con fian ça do que o segun-do (29%). Isso, de certo modo, deve- se a posições mais claras manifestadas pelo governo e por empresas chinesas em re-lação ao combate ao aquecimento global. Há pou co mais de um ano, líderes daquele país ad mi tiam, sem constrangimento, que adotavam um modelo de desenvolvimento similar ao dos ingleses: crescer e acumular riqueza hoje, ain da que com impactos so-cioam bien tais, para compensar mais tarde. A sensação crescente (dian te das evi dên-cias cien tí fi cas sobre aquecimento global e escassez de recursos) de que o “mais tarde” pode ser tarde de mais; e também as res-trições de mercado presentes por cau sa do passivo so cioam bien tal in con ve nien te dei-xa do para o planeta, têm mudado o discur-so dos chineses. Dois em cada dez entrevis-tados, no entanto, acham que o tema vai evo luir de modo igual na China e na Índia.

Capitalismo e desenvolvimento sustentávelAlém de ava liar a in fluên cia do sistema político prevalente sobre a sustentabili-dade, o estudo do GlobeScan quis saber também se o capitalismo ajuda ou inibe o desenvolvimento sustentável.

Para 36% dos entrevistados o sistema econômico que impera no mundo represen-ta, na verdade, um obstáculo ao tema. Já 27% vêem nele um po ten cial de catalisa-ção. Para 6% ele tanto ajuda quanto atrapa-lha. E para 9%, a in fluên cia varia conforme regulamentações, incentivos e sub sí dios.

Cerca de 5% dos entrevistados se mostraram indiferentes. Previsivelmen-te, es pe cia lis tas do mundo em pre sa rial tendem a ver mais o sistema capitalis-ta como fomentador, enquanto represen-tantes do governo estão mais propensos a considerá- lo um entrave.

Na opi nião de 14% dos respondentes a in fluên cia do capitalismo no desenvolvi-mento sustentável é relativa e con di cio-na da. Para esse grupo, hoje o sistema fun-cio na como obstáculo, mas reformulado,

poderia encorajar a sustentabilidade. Par-te deles acredita que o problema está mais re la cio na do ao consumismo do que ao ca-pitalismo pro pria men te dito (Gráfico 1).

IPCC em altaSegundo o estudo do GlobeScan, 27% dos es pe cia lis tas mun diais em susten-tabilidade apontam o Pai nel Intergover-namental de Mudanças Climáticas (IPCC) como a organização mais in fluen te na busca de solução para as alterações

GRáfICO 4: TECNOlOGIa ESPECÍfICa MaIS EfICIENTE NO COMBaTE àS MuDaNçaS ClIMáTICaS a PaRTIR DE 2012

GRáfICO 3: OPINIãO DOS ESPECIalISTaS SOBRE a GEO­ENGENhaRIa

2008 2005

Participantes optaram por mais de uma opção.

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climáticas. Seguem- se a ele, a União Eu-ro péia (22%), e os Estados Unidos (19%), este último men cio na do com forte ade-são pelos representantes de governos (Gráfico 2).

Geo­engenharia só para o futuroO estudo quis saber o que pensam os es pe cia lis tas sobre a chamada geo­ engenharia, que se ba seia em sistemas de modificação in ten cio nal do clima da terra a partir de vá rias técnicas de inter-venção atmosférica. Em sua maio ria, os entrevistados a consideram uma tecnolo-gia teó ri ca que nunca será desenvolvida (25%), ou será viá vel apenas daqui a 50 anos (24%). Para 20% dos respondentes esse é um sistema altamente controverso

e cheio de incógnitas, que ain da neces-sita de mais esforços de investigação e desenvolvimento (Gráfico 3).

Dos oito itens se le cio na dos para a votação da tecnologia específica mais efi cien te no combate às mudanças cli-máticas a partir de 2012, a melhoria na efi ciên cia energética (88%), incentivo à conservação de energia (79%), e fontes de energia re no vá veis (74%–81% em 2006) foram as três abordagens mais apontadas pelos es pe cia lis tas. Na seqüência vie ram energia nu clear (35%–40% em 2006); tec-no lo gias de carvão limpo (31%–47% em 2006); captação de carbono (20%–30% em 2006); e bio com bus tí veis (18%–55% em 2006). Os dois pri mei ros itens foram agregados à questão apenas em 2008.

Todos os de mais sofreram queda em rela-ção a última pesquisa (Gráfico 4).

Entre as abordagens econômicas mais efi cien tes para reduzir as mudanças cli-máticas após 2012, a cria ção de taxas sob as emissões carbônicas foi a alternativa mais votada (79%–80% em 2006), segui-da pelas taxas de de pre cia ção acelerada/ créditos fis cais sobre bens de bai xo teor de carbono / processos (56%–61% em 2006), fi nan cia men to governamental para pesquisas de tec no lo gias fa vo rá veis ao clima (52%–64% em 2006), comércio na-cio nal e in ter na cio nal de carbono (52%–71% em 2006), e di mi nui ção de preço na venda de efi ciên cia energética (48%–64% em 2006). Todos os itens sofreram queda em relação a última pesquisa.

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Apenas 29% dos entrevistados pelo estudo da GlobeScan acreditam que a Índia alcançará melhores resultados do que a China na redução das emissões de carbono em até 20 anos

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O Brasil é hoje a menina do bai le da sustentabilidade que todo mundo quer tirar para dançar. Em março,

os alemães estiveram aqui para ini ciar ne gó cios com tec no lo gias sus ten tá veis, durante evento denominado Ecogerma. Duas semanas de pois vie ram os sue cos para mostrar sua expertise verde em con-gresso temático. Não será nenhuma sur-presa se, em breve, vie rem também os di-namarqueses, os es pa nhóis e os ingleses — aliás o príncipe Charles também visi-tou o País para tratar prio ri ta ria men te de uma agenda am bien tal.

Difícil apontar uma única razão para o encanto exercido pelo País. Certamen-te o seu charme decorre de um conjunto de fatores, entre os quais vale destacar a ascendência econômica, o vasto mercado interno, o pio nei ris mo do etanol ecologi-camente correto, os evidentes gaps de in-vestimentos de infra- estrutura em áreas correlatas às de meio am bien te e — é cla-ro — a pro prie da de do mais rico patrimô-nio de recursos na tu rais do planeta, que tem na Amazônia o seu principal ex poen-te. Nesses tempos de aquecimento global e corrida mun dial para redução nas emis-sões de carbono, um País que possui 46% de fontes re no vá veis em seu modelo de geração de energia tende a ser visto como um exemplo de sucesso.

Dei xan do de lado interesses suposta-mente mais desprendidos na conservação das florestas tro pi cais (como garantia fu-tura de ar respirável e clima equilibrado para a humanidade), o que atrai a aten-ção es tran gei ra é o po ten cial do merca-do bra si lei ro e as mui tas oportunidades que ele oferece. A consultoria alemã Ro­land Berger deu- se ao trabalho de sinte-tizá- lo em números.

Em parceria com a Câmara de Comér­cio e Indústria Brasil­ alemanha, a con-sultoria con cluiu estudo segundo o qual

Parte 2 – Mercado verde é promissor no Brasil

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Quar to maior emissor mun dial, com 5% da cota planetária, o Brasil exerce papel importante na medida

em que dispõe de po ten cial para di mi nuir em 70%, até 2030, suas emissões de ga-ses de efei to estufa com medidas de cus-tos relativamente bai xos. Esta é a princi-pal conclusão de estudo apresentado, no início de março, pela McKinsey & Com­pany, em evento do Planeta Sustentável da editora Abril.

A sopa de números analisados pelos es pe cia lis tas da consultoria é es pe cial-men te alentadora para o Brasil. Na prá-tica, há aqui o que e onde cortar. Ao contrário de alguns paí ses mais ricos, a

fonte pri mei ra de emissões se concentra no campo florestal. Apenas o desmata-mento, o nosso mais conhecido calca-nhar de Aquiles, responde por 55% dos 2,8 milhões de toneladas de carbono. Es-tima- se que daqui a 20 anos represente 43%. O que compensa, em parte, o im-pacto da des trui ção das florestas são, de um lado, as bai xas emissões geradas por uma matriz energética mais limpa (a hi-drelétrica) e de ou tro, a presença mar-cante do etanol na frota bra si lei ra. Isso coloca o país em si tua ção melhor se com-parado às nações onde se quei ma mui to carvão e mui ta gasolina para gerar luz e mover carros.

Ainda assim, emite- se aqui 12 to-neladas de carbono por habitante, mar-ca li gei ra men te acima das 10 toneladas registradas nos paí ses in dus tria li za dos. Ex cluí da a dura parte relativa ao setor florestal, o Brasil ficaria dentro dos pa-râmetros com moderadas cinco tonela-das. Mas como se imagina uma expan-são da economia — para de pois da crise, é claro — a intensidade de carbono deve subir para 14 toneladas per capita, ou 7,5 toneladas per capita, tirando o peso do desmatamento — ain da um pou co acima da média global.

A pri mei ra constatação do estudo da McKinsey é que o Brasil não só pode

Parte 3 – a cota do Brasil no esforço de redução de emissões

o mercado na cio nal de sustentabilidade corresponde a 0,8% do mercado mun dial, com uma estimativa de crescimento inte-ressante entre 5% e 7% ao ano até 2020. Esse índice aproxima- se do crescimento previsto em 6,5% para o mercado mun-dial no mesmo pe río do. Avaliza as proje-ções de expansão o fato singelo de que as empresas bra si lei ras têm investido em tec no lo gias verdes apenas 1% do seu fa-turamento. Em números absolutos, os in-vestimentos fei tos aqui, no ano de 2007, com gestão de re sí duos sólidos, água, sa-nea men to e po lui ção do ar totalizaram uS$ 5,2 bilhões. E os re la cio na dos a ener-gias re no vá veis ficaram em uS$ 6,7 bi­lhões. Para quem acha que é mui to di-nhei ro, uma informação comparativa: na Alemanha o mercado am bien tal movimen-ta US$ 82 bilhões. O de ener gias limpas, recursos da ordem de US$ 40 bilhões.

Até mesmo os metódicos alemães, lí-deres mun diais em tecnologia sustentá-vel, reconhecem a parte cheia do copo da sustentabilidade bra si lei ra. Hou ve avan-ços importantes. Mas a expressiva par-te vazia do mesmo copo indica, sobretu-do, enormes possibilidades de negócio

que ficarão mais nítidas tão logo se dis-persem as sombras da crise econômica mun dial. Um pou co mais de números so-bre problemas que se apresentam como oportunidades: no Brasil o índice de ma-te riais reciclados é de 12% contra 57% na Alemanha, apenas 39% de nossas ci-dades oferecem destino adequado para lixo e só 49% das re si dên cias têm sa nea-men to básico. Mais investimento público, por meio de par ce rias público- privadas, podem colocar o Brasil entre os três mais promissores mercados para tec no lo gias sus ten tá veis do mundo.

O estudo da Roland Berger identifi-cou algumas oportunidades bem concre-tas. Uma delas está na adoção de novas regulações, que deverão resultar em pro-cessos de privatização ou de concessão de serviços públicos de água e sa nea men-to. Outro campo com boas perspectivas é o da gestão de re sí duos sólidos urbanos e in dus triais. Há um am bien te favorável, marcado, sobretudo, por uma nova regu-lamentação, em tramitação no Congresso, que abrangerá a questão da separação e tratamento de re sí duos. Uma ter cei ra ten-dência observada refere- se ao estímulo e

uso de energia renovável, com o reforço à utilização de bio mas sa, a exploração de pequenos rios e ba cias hidrográficas e a geração de energia eó li ca num país riquís-simo em ventos. A necessidade de buscar maior efi ciên cia energética com edifica-ções, tec no lo gias de informação e ma te-riais verdes corresponde à ou tra tendên-cia identificada pela Roland Berger.

Fei to no auge da crise do subprime, o estudo detectou o que, de algum modo se apresentava como provável tendência, no final do ano passado: o colapso eco-nômico global vai reduzir, em 2009, in-vestimentos em tec no lo gias sus ten tá veis (para 30% dos executivos entrevistados.) No entanto, 39% acreditam que haverá apenas um adia men to momentâneo, sem afetar metas planejadas.

Os próximos cinco a oito anos serão caracterizados — afirma o documento — por um desenvolvimento positivo do mercado bra si lei ro, em decorrência dos investimentos em infra- estrutura no âm-bito do PAC, do uso crescente de tec no-lo gias mais limpas e da ascensão de um consumidor mais interessado em produtos verdes. É esperar para confirmar.

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Dossiêc o n h e c i m e n t o p a r a a s u s t e n t a b i l i d a d e

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Page 12: Dossiê 3 - Ideia Sustentável - Dossie.pdfDossiê conhecimento para a sustentabilidade 3. ... o discurso verde de Barak Obama está fa-zendo efeito. Democracia e desenvolvimento sustentável

CompetênCia e ConsCiênCia nos negóCios

A atua ção sob uma nova ótica de transparência, ética e comprometimento so cial, acrescentados à sua finalidade pri mor dial de gerador de lucros. Assim, Mes sias Mercadante de Castro e Lúcia Maria Alves de Oli vei ra classificam o desafio da Empresa Cons cien te no livro A gestão ética, competente e cons cien te.

Segundo os au to res, trata- se do advento de um novo modelo em pre sa rial que enfatiza o de-ver de responsabilidade so cial do empresário, sua atenção com a so cie da de, a comunidade e a natureza na qual se insere sua empresa.

Tributo à obra do economista, filósofo e pre-cursor da ecologia britânico E.F. Schumacher, o livro traça um panorama da administração que parte da orien ta ção do setor em pre sa rial como agente de transformação na vida econômica e so cial do país. O livro aponta para uma nova visão das mudanças no universo administrativo, que envolve a adoção de uma posição entre valores es pi ri tuais e ma te riais e a valorização de ideias mais econômicas e menos agressivas. A ins ti tui ção de um novo modelo econômico, a humanização do em preen do ris mo e a adoção de tec no lo gias que garantam a sustentabilidade surgem como necessidades para a cons ti tui ção das chamadas Empresas Cons cien tes.

O incentivo à cria ção do modelo de empresa fa mi liar é apontado pelos au to res como uma das ma nei ras de alcançar a competência e a cons ciên-cia sempre levando em consideração as preo cu pa-ções éticas e ecológicas.

A gestão ética, competente e cons cien teMes sias Mercadante de Castro e Lúcia Maria Alves de Oli vei raEditora M. Books144 páginasR$ 39,00

NA CABECEIRA

— mas deve — reduzir suas emissões para 0,9 milhão de toneladas nos próximos 20 anos, esforço para o qual poderá explorar 120 oportunidades em todos os setores de sua economia. Pela ordem de po ten-cial de abatimento em emissões, os se-tores florestal, de agricultura, transpor-tes terrestres e re sí duos aparecem entre os mais expressivos.

A Amazônia em pé — confirmando o que já se sabia — é um excelente ne-gócio para o futuro do planeta. Corres-ponde a 72% das oportunidades de aba-timento bra si lei ras. O cálculo se ba seia no seguinte ra cio cí nio: para apro vei tar ao máximo suas possibilidade de redu-ção de emissões, o País precisa desem-bolsar R$ 16,5 bilhões nas duas próxi-mas décadas, fazendo investimentos no fortalecimento de ins ti tui ções, no refor-ço do controle e fiscalização do Estado, no au men to da produção sustentável de ma dei ra e ou tros produtos flo res tais e na geração de empregos e melhoria dos índices de desenvolvimento humano nas áreas atingidas pelo desmatamento. Pa-rece mui to, mas não é, analisando o nú-mero sob a perspectiva do PIB na cio nal de R$ 2,6 trilhões (2007). Melhor ain da: uma parcela importante do investimento poderá advir do mercado in ter na cio nal de créditos de carbono, um balcão de ne gó-cios sus ten tá veis não explorado em sua plenitude de possibilidades pelo Brasil.

As atividades de agricultura e pe cuá-ria emitem 25% dos gases de efei to estu-fa bra si lei ros. Para 2030, projeta- se que alcancem 30%, ou seja, 820 mil tonela-das de carbono. Metade vem da pe cuá-ria, mais especificamente de uma combi-nação explosiva de gás metano e re sí duos orgânicos produzidos por um rebanho de 200 milhões de cabeças. A ou tra decorre de práticas agrícolas inadequadas, entre

as quais as famosas quei ma das e o abu-so de fertilizantes fei tos à base de nitro-gênio. O estudo da McKinsey avalia que, com mudanças no modo de plantar e ge-rir nu trien tes e re sí duos, mais pesquisa e regulamentação, o Brasil possa di mi nuir em até 14% suas emissões.

Em todo o mundo, o setor de trans-portes ro do viá rios lança 13% dos gases, representando a segunda maior fonte de emissões. No Brasil, con tri buem com ape-nas 6%. Considerando o au men to da fro-ta e a expansão da tecnologia de motores flex, com mais uso de gasolina, espera- se que venham a produzir 280 mil tone-ladas de carbono em 2030. Mas essa pro-jeção pode bai xar em 25% com me lho rias tecnológicas nos carros e com o au men to do uso de bio com bus tí veis.

O segundo maior po ten cial de aba-timento, fora os setores ligados à terra, concentra- se nas atividades de tratamen-to de re sí duos sólidos e efluen tes, forte-mente geradores de metano e óxido ni-troso. Com 53 mil toneladas de carbono, o Brasil está entre os 10 maio res emis-sores neste campo. A redução passa por adotar medidas de reciclagem, composta-gem e captação de gases em aterros. Há tecnologia farta. Apesar de terem custo negativo (be ne fí cios as so cia dos su pe rio-res aos gastos), tais ini cia ti vas esbarram na necessidade de mudanças importantes em hábitos e costumes.

Somados os R$ 16,5 bilhões destina-dos à conservação da Amazônia com os R$ 23, 2 bilhões para cus tear o conjunto das ini cia ti vas dos ou tros setores, o gasto total necessário ficará em torno de 1% do PIB do Brasil. Um valor modesto a julgar os claros be ne fí cios que pro por cio na para a garantia da perenidade de ecosserviços es sen ciais à vida como água limpa, ar res-pirável, solo fértil e clima estável.

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