DOLOMITA – Ca,Mg(CO 3 2 · 2020. 3. 6. · DOLOMITA – Ca,Mg(CO 3)2 A dolomita é um carbonato...

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DOLOMITA – Ca,Mg(CO3)2 A dolomita é um carbonato muito comum, importante formador de rochas e com uma série de aplicações industriais, se bem que muito menos do que a calcita. A quantidade de usos para determinada rocha calcária é inversamente proporcional ao seu teor em magnésio. Dolomita é o carbonato mais comum depois da calcita. Ao contrário da calcita, nunca forma escalenoedros. Apresenta efervescência em HCl diluído quente e, a frio, se em pó. O Mg pode ser substituído por Fe, Mn e Ca; variedades com mais de 20% de Fe são denominados de ankerita. 1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Trigonal Branco, cinza a rosa. Pode ser incolor, amarela, marrom ou preta (se com Fe). Normalmente maciço. Cristais são tabulares, podem ter faces curvas. Colunar, estalagtítico, granular. [10-11] perfeita romboédrica (em 3 direções) Tenacidade Quebradiço Maclas Fratura Dureza Mohs Partição Comuns, maclas simples de contato. Conchoidal 3,5 - 4 Não. Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm 3 ) Branco Vítreo, perláceo, fosco. Transparente 2,84 – 2,86 2. Geologia e depósitos: Dolomita é um mineral sedimentar comum que forma estratos com centenas de metros de espessura, os “dolomitos”, que podem estar mineralizados a sulfetos, por isso a dolomita é um mineral de ganga comum. Sua origem é controversa, gerou “The Dolomite Question” (ver Fairbridge, 1957). A dolomita é comum em sedimentos clásticos e em carbonatos metamórficos (mármores). Ocorre como porfiroblastos em talco-xistos e clorita-xistos. Também ocorre em evaporitos como mineral primário. Em rochas ígneas, dolomita ocorre como um produto de alteração hidrotermal de rochas básicas e ultrabásicas; em muitos carbonatitos é um dos componenten. As paragêneses não são típicas nem diagnósticas. 3. Associações Minerais: Não há minerais típicos e diagnósticos associados à dolomita, uma situação que encontra paralelismo na abordagem da calcita.

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DOLOMITA – Ca,Mg(CO3)2 A dolomita é um carbonato muito comum, importante formador de rochas e com uma série de aplicações industriais, se bem que muito menos do que a calcita. A quantidade de usos para determinada rocha calcária é inversamente proporcional ao seu teor em magnésio.

Dolomita é o carbonato mais comum depois da calcita. Ao contrário da calcita, nunca forma escalenoedros. Apresenta efervescência em HCl diluído quente e, a frio, se em pó. O Mg pode ser substituído por Fe, Mn e Ca; variedades com mais de 20% de Fe são denominados de ankerita.

1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem

Trigonal Branco, cinza a rosa. Pode ser incolor,

amarela, marrom ou preta (se com Fe).

Normalmente maciço. Cristais são tabulares,

podem ter faces curvas. Colunar, estalagtítico,

granular.

[10-11] perfeita romboédrica

(em 3 direções) Tenacidade

Quebradiço

Maclas Fratura Dureza Mohs Partição

Comuns, maclas simples de contato.

Conchoidal 3,5 - 4 Não.

Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)

Branco Vítreo, perláceo, fosco. Transparente 2,84 – 2,86

2. Geologia e depósitos:

Dolomita é um mineral sedimentar comum que forma estratos com centenas de metros de espessura, os “dolomitos”, que podem estar mineralizados a sulfetos, por isso a dolomita é um mineral de ganga comum. Sua origem é controversa, gerou “The Dolomite Question” (ver Fairbridge, 1957). A dolomita é comum em sedimentos clásticos e em carbonatos metamórficos (mármores).

Ocorre como porfiroblastos em talco-xistos e clorita-xistos. Também ocorre em evaporitos como mineral primário. Em rochas ígneas, dolomita ocorre como um produto de alteração hidrotermal de rochas básicas e ultrabásicas; em muitos carbonatitos é um dos componenten.

As paragêneses não são típicas nem diagnósticas.

3. Associações Minerais:

Não há minerais típicos e diagnósticos associados à dolomita, uma situação que encontra paralelismo na abordagem da calcita.

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4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:

Índices de refração: ne: 1,500 (pura) – 1,520 (com Fe) no: 1,679 (pura) – 1,703 (com Fe)

ND Cor / pleocroísmo: incolor. Pode estar um pouco cinza ou com tons marrons (teores de Fe). Tons pastéis vagos ou iridescentes possíveis.

Relevo: o relevo varia entre baixo e moderado a alto a cada 90º ao giro da platina em cristais com clivagem bem definida. Este fenômeno foi apelidado de “pleocroísmo de relevo” e é típico dos carbonatos (calcita, dolomita, aragonita, siderita, rhodocrosita e magnesita). Quando microcristalinos, estes carbonatos não apresentam o “pleocroísmo de relevo”.

Clivagem: romboédrica {10-11} perfeita, são duas clivagens que se intersectam em losangos, formando ângulos de 60º e 120º. Lados adjacentes do romboedro intersectam-se a 73º.

Hábitos: granular, romboédrico, raramente colunar. Em rochas carbonáticas é euédrica, em contraste com a calcita anédrica coexistente; grãos detríticos anédricos a subédricos em mármores.

NC Birrefringência e cores de interferência:

birrefringência de 0,179 a 0,183: cores de até 4ª ordem intensas, difíceis de classificar e reconhecer. São cores cremes de ordens elevadas, podem se assemelhar a branco perláceo.

Extinção: simétrica em relação às duas clivagens.

Sinal de Elongação: não se aplica.

Maclas: lamelares, segundo (02-21). Dependendo da orientação do grão, surgem um ou dois sets de maclas. Lamelas de macla são paralelas à diagonal mais curta do romboedro. Maclas mais raras que na calcita.

Zonação: não

LC Caráter: U(-) Ângulo 2V: não

Alterações: não é facilmente atacada pelo intemperismo.

Pode ser confundida com: ao microscópio petrográfico não é possível distinguir os carbonatos entre si. Em tese, calcita tem maclas mais frequentes, relevo mais baixo, forma romboedros com menos frequência e não tem a coloração frequente da dolomita. Com o produto “alizarin red” a calcita torna-se rosa e pode ser distinguida da dolomita. Teste com HCl diluído a frio: calcita efervesce, dolomita não. Aragonita, um polimorfo ortorrômbico de calcita, não mostra a clivagem romboédrica e tem extinção paralela.

Ao microscópio petrográfico a dolomita apresenta as mesmas características da calcita.

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Rocha formada por porfiroblastos de dolomita (confirmada por teste colorimétrico), talco de granulação extremamente fina e clorita igualmente fina dispersa no talco. Esquerda: a ND a dolomita e o talco são incolores. Dolomita possui relevo mais alto. A clorita é difícil de perceber, mas exibe uma discreta cor verde com pleocroísmo suave. Direita: a NC a dolomita exibe a típica cor de interferência dos carbonatos, talco é muito colorido (difícil de ver em função do tamanho diminuto dos cristais) e clorita apresenta cores anômalas escuras.

Detalhe da mesma rocha retratada acima. Imagem a NC. Dolomita está em posição de extinção, talco apresenta-se muito colorido e a clorita, difícil de perceber na imagem, é escura, tendendo a cinza azulada.

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5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:

A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a identificação da dolomita. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a identificação dos minerais opacos que ocorrem associados à dolomita.

Preparação da amostra: o polimento da dolomita não oferece problemas. Dolomita é um pouco mais dura que a calcita e a calcopirita.

ND Cor de reflexão: Cinza escuro, como todos os carbonatos.

Pleocroísmo: Muito forte, similar a outros carbonatos.

Refletividade: Baixa, um pouco maior que a refletividade da calcita.

Birreflectância:

NC Isotropia / Anisotropia: Anisotropia forte como na calcita.

Reflexões internas: Generalizadas, intensas e luminosas, incolores a leitosas.

Pode ser confundida com: outros carbonatos romboédricos.

Clivagem não se observa em seções polidas.

Lamelas de macla ocorrem raramente, muito menos que na calcita.

Texturas variam muito e há uma tendência maior ao desenvolvimento de formas idiomórficas que na calcita.

Carbonato em romboedros, provavelmente dolomita, com galena (branca), calcopirita (dourada) e pirita (amarela, relevo alto). A ND, à esquerda, o carbonato é escuro e apresenta pleocroísmo. A NC, à direita, o carbonato apresenta reflexões internas brancas.

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Versão de março de 2020

Carbonato em romboedros, provavelmente dolomita, a ND (em cima) e a NC (em baixo). A dolomita a ND é cinza escura com pleocroísmo forte. A NC apresenta reflexões internas brancas. Acompanham galena (branca a ND e isótropa a NC) e calcopirita (dourada e ND e muito escura a NC)