DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · Muitos são os fatores que se têm discutido...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ALFABETIZAR PARA TRANSFORMAR: O DESAFIO DO
ORIENTADOR EDUCACIONAL EM COMUNIDADES CARENTES
Por: Luciana Vieira dos Santos Belo
Orientador: Profª. Maria Esther Araújo
Co-orientadora: Profª. Lúcia Santana da Silva Carbone
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ALFABETIZAR PARA TRANSFORMAR: O DESAFIO DO
ORIENTADOR EDUCACIONAL EM COMUNIDADES CARENTES
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Orientação
Educacional e Pedagógica.
Por: Luciana Vieira dos Santos Belo
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ser o autor da
minha vida aos meus filhos Pedro
Vitor e Letícia Vitória e ao meu marido
Luciano grande amor da minha vida.
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DEDICATÓRIA
...dedico este trabalho a todos os
professores e Orientadores Educacionais
comprometidos com a educação
transformadora.
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RESUMO
O fracasso escolar na alfabetização de crianças carentes ainda é um
grande desafio que a escola vem enfrentando ao longo dos anos. Muitos são
os fatores indicados como as possíveis causas do fracasso escolar entre eles:
os métodos tradicionais de alfabetização, os fatores sócios - econômicos,
culturais, o sistema escolar, a falta de preparo dos professores e a estrutura
familiar e individual.
Essa constatação reforça a importância de uma nova concepção de
alfabetização. Uma alfabetização que estimule a aprendizagem da leitura e da
escrita de forma prazerosa e significativa.
Isso significa que toda a comunidade escolar precisa estar inserida em
uma aprendizagem que não somente codifica ou decodifica códigos, mas
busque a compreensão da leitura para as práticas sociais. O Orientador
Educacional é um agente fundamental neste processo porque poderá ajudar o
aluno na formação critica da realidade colaborando junto à escola na
organização do seu projeto pedagógico que leve em consideração a realidade
do educando.
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METODOLOGIA
O trabalho será realizado a partir da observação participante além
da coleta de dados, através de entrevistas e questionários do tipo descritivo
feito com Orientadores Educacionais e professores de escolas situadas em
comunidades carentes, ambas no município de Duque de Caxias.
Para a realização desta monografia contarei com a colaboração de
alguns autores que vão de encontro com as questões de análise que priorizei.
Entre vários, Regina Leite Garcia, por considerar que “Alfabetização é um
processo continuo, que vem acompanhado de um processo mais amplo de
busca”. (1992, p.10)
A imagem que as pessoas têm dos alunos que são alfabetizados, é
outro ponto importante que pretendo abordar.
Segundo Emilia Ferreiro:
“Temos uma imagem empobrecida da
criança que aprende: a reduzimos a um
par de ouvidos, uma mão que pega um
instrumento para marcar e um aparelho
fonador que emite sons. Atrás disso há um
sujeito que pensa que constrói
interpretações, que age sobre o real para
fazê-lo seu.” (1992, p.40)
Tenho observado que os Orientadores Educacionais cumpre um
papel importante na comunidade onde as crianças estão sendo alfabetizadas,
principalmente em comunidades carentes, e que infelizmente muitas vezes
eles não levam em consideração a trajetória de vida da criança, sua cultura e
crenças. Por esse motivo estarei buscando embasamento em Mirian Grinspun
por afirmar que:
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“O orientador educacional deve procurar
se envolver com a comunidade,
resgatando sua realidade
socioeconômica-cultural como meio de
contribuir para adequação curricular,
tendo em vista a transformação da escola
e da sociedade.”(2001, p.109)
Existem vários métodos de alfabetização que não despertam
reflexão critica por não estarem de acordo com a experiência do aluno. Para
falar de experiência, vivência, ação e reflexão, não poderei esquecer Paulo
Freire e seus ideais de educar para transformar. Para ele, a alfabetização só
cobra sentido quando ela é conseqüência de uma reflexão que o homem
começa a fazer a sua própria capacidade de refletir.
Magda Soares é uma autora que também corresponde as minhas
expectativas, por achar que a escola alfabetiza, mas não letra, porque ela só
trabalha práticas escolares da leitura e da escrita, e não as práticas sociais que
estão fora da escola.
Serão buscados também outros referenciais teóricos para
enriquecimento do trabalho de pesquisa que levam a possibilidade de reflexão,
ação e melhores práticas educacionais e pedagógicas.
Como técnicas de pesquisa serão utilizados questionários com
perguntas abertas e fechadas, aplicadas sob forma de entrevista pessoal com
o propósito de refletir sobre a prática pedagógica adotada entre ambos os
profissionais.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - Analfabetismo no Brasil 1.1 Breve Histórico das metodologias de alfabetização. 1.2 As novas concepções sobre alfabetização. CAPÍTULO II - Alfabetizar para transformar: O desafio do Orientador
Educacional em comunidades carentes.
2.1 O papel do Orientador Educacional frente à realidade do fracasso escolar
de crianças carentes.
CAPÍTULO III - Análise e Discussão dos dados.
3.1 - Caracterização da Clientela.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BIBLIOGRAFIA CITADA (opcional)
ANEXOS
ÍNDICE
FOLHA DE AVALIAÇÃO
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INTRODUÇÃO
O tema desta pesquisa “Alfabetizar para transformar: O desafio do
Orientador Educacional em comunidades carentes” foi escolhido porque além
de trabalhar e viver de perto esta experiência, não é difícil encontrar
professores, pais e orientadores justificando que alfabetizar é muito complexo
principalmente quando os “alfabetizandos” são oriundos de comunidades
carentes. As estratégias que os Orientadores Educacionais poderão utilizar
para contribuir com a aprendizagem dessas crianças, que estão no processo
de alfabetização, são de extrema relevância porque facilitará a comunidade
escolar na tomada de decisões direcionando o trabalho pedagógico de forma
prática e prazerosa.
Muitos são os fatores que se têm discutido sobre as possíveis
causas do fracasso escolar na alfabetização de crianças carentes, entre eles:
os métodos tradicionais de alfabetização, os fatores socioeconômicos,
culturais, o sistema escolar, a falta de preparo dos professores, e a estrutura
familiar e individual.
Infelizmente, existe ainda na imaginação social, um velho mito que
não cansa de associar o sucesso escolar a alunos bem atendidos material e
psicologicamente por suas famílias. Mas nem sempre os alunos que
encontramos em nossas escolas têm o atendimento ideal pela família
principalmente porque as mães precisam trabalhar. Em alguns casos o
problema ainda ficar maior quando encontramos professores que acreditam
que as crianças de baixa renda são inferiores no seu modo de raciocinar, sentir
e agir. Estes preconceitos prejudicam muito a aprendizagem e a auto-estima
dos alunos, que para se defender, buscam a atenção através dos
comportamentos agressivos ou apáticos.
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No primeiro capítulo, O Analfabetismo no Brasil, será feito um
panorama das metodologias de alfabetização no Brasil ao longo dos tempos
usarei fontes do IBGE e citarei autores como Paulo Freire e Emilia Ferreiro que
criticam as formas de alfabetização sem contexto e coerência que não
valorizam a realidade social do aluno. Segundo Emilia Ferreiro: “Hoje em dia
os requisitos sociais e de trabalho são muito mais elevados e exigentes”. Por
este motivo não podemos utilizar métodos ultrapassados de alfabetização. No
mesmo capítulo irei fazer um breve histórico das metodologias de alfabetização
no Brasil porque é importante conhecer os diferentes métodos de alfabetização
que foram surgindo ao longo dos tempos usarei autores como: Barbosa e Gilda
Rizzo para ajudar nesta abordagem.
Um Orientador Educacional atualizado com a mudança do seu
tempo não pode deixar de conhecer e refletir sobre as novas concepções de
alfabetização que também será um ponto importante que abordarei neste
capítulo. O construtivismo Piagetiano, os níveis de desenvolvimento da escrita
e o Letramento serão questões fundamentais que nortearam este trabalho,
para isso, usarei autores como: Magda Soares, Leda Tfouni, Emília Ferreiro e
Paulo Freire.
“A alfabetização é a conseqüência de uma
reflexão que o homem começa a fazer
sobre sua própria capacidade de refletir.
Sobre sua posição no mundo. Sobre o
mundo mesmo. Sobre seu trabalho, sobre o
poder de transformar o mundo. Sobre o
encontro das conseqüências reflexão sobre
a própria alfabetização, que deixa assim de
ser algo externo ao homem, para ser dele
mesmo. Para sair de dentro de si, em
relação com o mundo, como uma criação.
(FREIRE, 1998, p.100)”
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No segundo capítulo, Alfabetizar para transformar: O desafio
do Orientador Educacional em comunidades carentes, serão abordados
temas como: as dificuldades encontradas pelos professores na sala de aula e
a visão dos alunos em processo de alfabetização. Irei apresentar os medos e
dificuldades encontradas pela comunidade escolar no processo de
alfabetização e como os Orientadores Educacionais podem ajudar na
superação de tal problemática. Regina Leite Garcia acredita que muitas
crianças, por causa destes problemas, saem da escola porque desistiram de
aprender “Saem pior do que entraram, pois ao entrar traziam a esperança de
aprender e ao sair levam a certeza de sua capacidade, não apenas para
aprender, mas uma incapacidade global”.
O papel do Orientador Educacional na alfabetização destas
crianças será um tema importante e contarei com a autora Mirian Grinspun por
acreditar em uma Orientação contextualizada, segundo ela: “Só uma
Orientação Contextualizada poderá nos mostrar as alternativas de que a
escola dispõe para que o seu papel seja de aliada e parceira... cumprindo
assim seus objetivos e finalidades na formação do cidadão.”
Usarei também autores como: Lia Renata Angelini Giacaglia, Wilma
Millan Alves Penteado, Nilda Alves e Regina Leite Garcia porque defendem
que os Orientadores Educacionais também são responsáveis pelo fracasso
escolar.
No terceiro capítulo, Análise e Discussão dos dados, serão
realizadas as análises dos resultados das pesquisas de campo, contarei com
as respostas dos professores e orientadores educacionais.
O propósito desse estudo é definir a importância da alfabetização
para as classes populares, como os alunos de comunidades carentes são
alfabetizados e discutir a função do trabalho do Orientador Educacional na
superação do fracasso escolar para essas crianças.
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CAPÍTULO I
O ANALFABETISMO NO BRASIL ATUAL
...Deus é maior que todos os obstáculos.
Segundo o dicionário AURELIO BUARQUE DE HOLANDA,
analfabeto é aquele que não sabe ler e escrever... Um individuo ignorante,
sem nenhuma instrução.
Mas além da sua triste definição o analfabetismo no Brasil é um
fantasma que vem nos assombrando ao longo dos tempos atingindo
principalmente as camadas menos favorecidas da sociedade e o pior é que
esse fantasma vem acompanhado de problemas como a fome, desemprego,
desigualdades sociais, pobreza e marginalização.
Fala-se muito em avanços tecnológicos e econômicos em todo o
mundo, mas a solução para o fantasma do analfabetismo não avançou da
maneira que deveria, talvez porque não estamos alfabetizando da maneira
adequada ou porque não estamos acompanhando os avanços da tão falada
globalização, (onde somente os mais favorecidos têm acesso a ela), mas o
certo é que não podemos aceitar pacificamente as estatísticas constatarem
que existem 14,1 milhões de analfabetos sem fazer nada para reverter este
quadro.
O analfabetismo no Brasil é um grande problema social que atinge
praticamente todas as faixas etárias, com intensidades diferentes como mostra
o último estudo do IBGE/2009 segundo Alessandra Saraiva:
“ A taxa de analfabetismo do Brasil entre pessoas de 15
anos ou mais de idade caiu de 10% para 9,7% entre 2008
e 2009, a quinta queda consecutiva. No entanto, mesmo
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com a queda, este porcentual ainda representa um
volume grande em números absolutos, somando 14,1
milhões de analfabetos no País em 2009, a maioria
concentrada entre homens, maiores de 25 anos e
localizados na Região Nordeste. As conclusões constam
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
de 2009, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).”
O mundo mudou, as exigências aumentaram, o mercado de
trabalho exige preparo e capacitação profissional, mas a alfabetização
continua sendo a mesma desde o inicio do século passado. Muitos
profissionais da educação não conseguem entender porque os alunos
conseguem ficar o dia todo em frente de um computador, concentrado, e não
conseguem ficar quatro horas na escola. Deve ser porque a alfabetização está
perdendo o sentido para os alunos, porque os tempos mudaram, mas as forma
de se passarem os conteúdos não.
Em lugar de comunicar-se, o educador faz comunicados e
depósitos que o educando, meras incidências, recebem
pacientemente, memorizam e repetem. Eis ai a
concepção “báncaria” da educação, em que a única
margem de ação que se oferece aos educandos é a de
receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los.
(FREIRE, p.66)
Podemos constatar que apesar dos grandes avanços da
tecnologia e da tão falada globalização, ainda continuamos produzindo
analfabetos que frequentam ou frequentaram a escola. Mas porque acontece
tudo isso ainda nos dias de hoje? E a alfabetização? Que caminho tem
percorrido em relação a esses problemas?
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Recapitulando a história do Brasil, podemos observar que a
alfabetização hoje, tem um sentido diferente de antes.
Nas primeiras décadas do século XX parecia que
entender instruções simples e saber assinar era
suficiente. Mas no final do século XX e princípio do XXI
esses requisitos são insustentáveis. Hoje em dia os
requisitos sociais e de trabalho são muito mais elevados e
exigentes. (FERREIRO, 2002, p.22)
1.1 – Breve Histórico das Metodologias de Alfabetização
No Brasil, nas últimas décadas do século XIX, a alfabetização
apresenta-se como uma necessidade para a aquisição do saber e o
esclarecimento do povo. Era o inicio da República e as práticas de leitura e de
escrita eram vistas como fundamentos de uma nova ordem política, econômica
e social.
Na época, o foco das discussões era a busca do melhor método de
alfabetização. Os conflitos giravam em torno de propostas novas e das práticas
tradicionais, ou seja, entre as teorias inovadoras e as práticas conservadoras
da sala de aula.
Um dos métodos conhecidos na época era o método João de
Deus, criado em Portugal em 1876 e introduzindo em São Paulo por Antônio
da Silva Jardim, na década de 1880. Esse método baseava-se no Positivismo
e foi divulgado por Silva Jardim como tentativa de renovação do pensamento e
da vida social e política do Brasil. Buscava-se uma forma cientifica para
alfabetizar, pensando em educação útil, prática e racional.
No final do século XIX, inicia-se uma disputa entre os defensores do
método analítico ou global e os defensores do método sintético, especialmente
do método de soletração.
Os métodos sintéticos são aqueles que partem das unidades
menores da língua para posteriormente, alcançar as unidades mais
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significativas. A instrução procede do simples para o complexo, segundo a
lógica dos adultos. A instrução, na metodologia sintética, está relacionada à
aprendizagem por condicionamento, referenciada na escola Behaviorista
(Watson e Pavlov).
Em seus primórdios, o chamado método sintético
seguia os seguintes procedimentos: o aprendiz deveria
dominar o alfabeto, nomeando cada uma das letras,
independentemente do seu valor fonético e da sua grafia.
O aprendiz aprendia repetindo em coro, soletrando. Após
esse período, era apresentada a grafia das letras do
alfabeto e numa primeira síntese apresentavam-se as
sílabas, sistematicamente em ordem. Em seguida, eram
introduzidas as palavras mais simples (monossílabas) e
depois, as mais longas, consideradas de pronúncia mais
difícil (BARBOSA, 1994, p.47)
Em oposição ao método sintético, na década de 1890, começa a se
estabelecer o método analítico, que foi oficialmente indicado para as escolas
de São Paulo, como uma bússola para a educação.
Este método parte de elementos significativos que conduzirão ao
conhecimento dos elementos fonéticos. Também chamado global (parte do
todo para as partes). Somente no século XX as formulações do método
analítico ganham sustentação com base na Psicologia da Gestalt. Segundo
Claparéde:
[...] para uma pessoa que percebeu o mecanismo da
linguagem escrita, a letra é mais simples do que a sílaba
e a sílaba mais simples do que a palavra. Mas para a
criança que vê pela primeira vez um texto, isso não é
verdade. Para ela, a palavra ou mesmo a frase formam
um desenho cuja fisionomia geral cativa muito mais do
que o desenho de letras isoladas, que ela não distingue
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do conjunto. Muitas vezes é melhor ensinar as crianças a
ler começando pelas palavras do que começando por
letras isoladas. ( CLARPARÉDE, apud BARBOSA, 1994,
p.50)
Em 1920, a reforma Sampaio Dória dá autonomia didática para os
professores, e inicia-se uma disputa entre defensores do método analítico e os
partidários de um método eclético, também conhecido como sintético-analítico.
Era um método que reunia contribuições de vários métodos, apresentando
elementos fonéticos de maneira significativa através de uma estória. Por ser
um método eclético a junção do método sintético e analítico e seguir os
mesmos passos, continuava a apresentar limitações como: histórias
desvinculadas do conhecimento real da criança, atividades baseadas em
leitura e interpretação de textos, onde a criança não tinha oportunidade de
produzir seu próprio texto. Segundo Barbosa:
Cartilhas mistas ou analítico-sintéticas – combina, e
quase sempre, baralham as duas orientações. São
resultantes daquilo que foi considerado a grande
descoberta no campo das metodologias de alfabetização:
o método eclético, no qual se conciliam todos os métodos,
contentando a gregos e troianos. As cartilhas mistas
partem de palavras-chave que são destacadas de uma
frase para, logo a seguir, realizar sua decomposição em
sílabas, compondo-se com essas sílabas novas palavras.
Estabelece-se uma hierarquia de dificuldades e, como
regra, deve-se sempre trabalhar com sílabas já conhecida
pela criança. Na hierarquia das dificuldades distinguem-se
as sílabas simples (ta, la, fa...), as sílabas complexas ( al,
am, na... ). Na apresentação das sílabas, essas cartilhas
têm sempre o cuidado de começar pelas que têm uma
relação biunívoca com o oral, para depois apresentar as
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sílabas com relações mais complexas com o oral. Cuida-
se, também, de não introduzir muito proximamente as
sílabas com som ou grafia semelhantes. (BARBOSA,
1994, p.55.
Vários anos se passaram e o método fônico, um processo de
alfabetização que teve os primórdios no século XVI, por Valentim Ickelsammer,
volta hoje, com toda força, por pesquisadores que não são simpatizantes do
construtivismo, (o que veremos no próximo texto). Na sua criação, primeiro era
ensinado os sons das vogais, fazendo-se de uma forma simultânea o ensino
da forma da letra e a maneira correta de pronunciá-la, na segunda etapa, a
forma e o som das consoantes. A aprendizagem deste método é baseado no
treinamento prévio da correspondência entre grafemas e fonemas.
Com o passar dos tempos, esse método sofreu algumas
modificações. Segundo Rizzo:
O método fônico sofre uma acentuada evolução em
conseqüência do avanço da Psicologia e da lingüística.
Hoje ele apresenta características cada vez mais
próximas de um processo “analítico-sintético”, em frontal
oposição à metodologia empregada nos primórdios de
sua aplicação. (Rizzo, 1989, p.13)
Hoje em dia, apesar dos avanços nas pesquisas sobre
alfabetização de crianças, o método fônico, está ganhando espaço em vários
países como a: França, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos por valorizar as
relações fonema/ grafema.
O que os especialistas desses países defendem é que é preciso
trabalhar as relações fonema/grafema na alfabetização, retomando a aquisição
do sistema alfabético e ortográfico e suas relações com o sistema fonológico,
que foram esquecidos pelos atuais métodos. Só que “os defensores do método
fônico não levam em conta um dado que sabemos hoje ser fundamental, que é
18
o nível de conscientização da criança sobre a escrita” ( FERREIRO 2003.
p.28).
Precisamos refletir sobre está polêmica sobre a volta do método
fônico nas escolas. Será que as crianças dos países latinos entendem a
aquisição da leitura e escrita da mesma forma que os países europeus e
anglo-saxões? São perguntas que não podemos deixar de responder ou
questionar.
Veremos, no texto a seguir, algumas concepções sobre a
alfabetização, que se diferenciam dos métodos que vimos até agora, por
buscar algo mais do que codificar ou decodificar. Buscam uma reflexão sobre o
mundo em que vivemos nos levando a transformação para a cidadania.
1.2 – As Novas Concepções sobre Alfabetização
Por volta de 1970, os educadores e pesquisadores começam a
perceber que os métodos tradicionais não estavam dando conta do fracasso
escolar. Há uma preocupação muito grande com a educação popular, e
desponta o nome de Paulo Freire, trabalhando com a alfabetização de adultos,
com base na transformação para a cidadania. Paulo Freire criou muito além
de um método. Criou uma concepção de educação com diálogo e reflexão do
homem sobre o mundo. Para ele:
A alfabetização é a conseqüência de uma reflexão que o
homem começa a fazer sobre sua própria capacidade de
refletir. Sobre sua posição no mundo. Sobre o mundo
mesmo. Sobre o seu trabalho. Sobre o seu poder de
transformar o mundo. Sobre o encontro das consciências.
Reflexão sobre a própria alfabetização, que deixa assim
de ser algo externo ao homem, para ser dele mesmo.
Para sair de dentro de si, em relação com o mundo, como
uma criação. (FREIRE, 1998, P.100).
19
Na década de 70, os lingüísticos chamam atenção para os
aspectos sociais da linguagem, estudando a relação entre a língua e as
condições sociais dos falantes, e apresentam suas conclusões sobre a
diversidade lingüística no Brasil. Mostram que uma das causas do fracasso
escolar é a incoerência entre a língua da criança e a língua da escola e
procuram chamar a atenção para a importância da diversidade lingüística.
Em 1979, uma pesquisa iniciada na Argentina por Emilia Ferreiro
traz dados relevantes sobre a aquisição da escrita pela criança. Sabe-se,
assim, que a psicogênese da escrita é uma construção própria da criança
muita vezes anterior ao contato com a escola.
[...] Ferreiro desenvolveu uma pesquisa inovadora, pois
reveladora de aspectos até então não considerados na
relação das crianças com linguagem [...] aponta várias
contradições e conflitos, tanto do ponto de vista
psicolingüístico quanto do ponto de vista pedagógico
(SMOLKA, 2001, p. 17)
Emilia Ferreiro descreveu o processo de construção conceitual do
aprendizado da língua escrita.
Podemos observar os seguintes níveis de desenvolvimento da
representação escrita segundo Emilia Ferreiro (1985):
Pré- silábico: Estabelece uma relação entre a língua falada e suas diversas
formas de representação. Escreve-se também traços retos, curvos, diferentes
dos traçados mais amplos de seus desenhos. Nesta fase a criança descobre
que as letras servem para escrever e reformular hipóteses: para coisas
grandes utiliza muitas letras; para coisas pequenas utiliza poucas letras e não
se pode escrever palavras com menos de três letras.
Silábico: Quando se percebe as incoerências do estado anterior. Usa-se uma
letra para cada sílaba. Compreende-se na leitura o que se fala e o que está
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escrito. A criança entra em conflito quando há palavras com poucas letras ou
letras repetidas. Numa frase, pode colocar uma letra para cada palavra.
Silábico-alfabético: A criança constrói algumas sílabas completas (para
alguns professores faltam letras).
Alfabético: Ao chegar nesse nível, pode-se considerar que o aluno venceu a
barreira do código, pois é capaz de compreender que cada um dos caracteres
da escrita corresponde a valores sonoros menores que a silaba e realiza uma
análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever.
A fase alfabética não significa que o aluno domina todas as
normas da leitura e escrita. A ortografia, o espaçamento e outras convenções
vão sendo assimilados ao longo do processo.
No cenário educacional brasileiro, as décadas de 80 e 90 são
marcadas, portanto, por disputas entre os defensores do método misto, que
utilizavam as cartilhas, e os partidários do construtivismo.
Com a divulgação do construtivismo, houve uma oposição à
perspectiva tecnicista e às aulas prontas com base em lições apresentadas
pelas cartilhas. Os construtivistas propunham o uso de textos diversificados e
valorizavam a atribuição de sentido a escrita. No entanto, na prática ainda
permaneciam algumas contradições: as cartilhas continuavam sendo
distribuídas e utilizadas e o fracasso escolar também continuava.
O construtivismo não é um método, e também vale ressaltar que o
professor é o principal mediador de atividades que despertem no aluno
condições para a superação do fracasso e da evasão escolar.
1.3 – ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E LETRAMENTO: Um
Caminho Para Uma Alfabetização Critica e Social
21
Quando ouvimos falar pela primeira vez a palavra LETRAMENTO
logo a associamos a duas palavras que são bastante comuns em nosso
vocabulário: letrado e iletrado. Só que quando analisamos bem essas palavras,
observamos que cada uma tem um sentido próprio e diferente. A primeira
define uma pessoa dotada de conhecimentos literários e eruditos, a segunda é
o estado em que a pessoa se encontra quando não tem conhecimentos
literários ou até mesmo é analfabeta.
A que irei destacar com ênfase neste texto, vai muito alem dessas
duas definições, apesar de ainda não constar com freqüência no nosso
vocabulário.
(...) o termo letramento surgiu porque apareceu um fato
novo para o qual precisávamos de um nome, um
fenômeno que não existia antes, ou, se existia, não nos
dávamos conta dele e, como não nos dávamos conta dele
não tínhamos um nome para ele ( SOARES, 1999, p.34)
Este fenômeno é evidenciado pelo fato de muitas pessoas
aprenderem a ler e escrever mas, não fazer uso da leitura e da escrita para as
práticas sociais.
Letramento não é um método de alfabetização, podemos
classificá-lo como estado onde a pessoa além de ser alfabetizada sabe usar a
leitura e a escrita, usa práticas sociais como: ler jornal, revistas, bula de
remédios, cartas entre outras coisas. Vivemos em um mundo onde as pessoas
são alfabetizadas, porém não entendem o que lêem, não faze uso da leitura e
da escrita nas diversas atividades do dia-a-dia.
O Orientador Educacional junto com a comunidade escolar precisa
entender que a alfabetização é vista como um processo individual, e como um
processo individual ela nunca se completa, porque está muito mais
preocupada com as práticas escolares do que com as sociais. Letramento vai
muito além de códigos e decodificações de palavras, porque usa a leitura e a
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escrita para questionar a realidade em que vivemos acreditando que não existe
ninguém no mundo atual que não saiba nada.
Segundo Tfouni:
[...] o termo “iletrado” não pode ser usado como antítese
do “letrado”. Isto é, não existe nas sociedades modernas,
o letramento “grau zero”, que equivaleria ao “iletramento”.
Do ponto de vista do processo sócio-histórico, o que
existe de fato nas sociedades industriais modernas são
“graus de letramento”, sem que com isso se pressuponha
sua inexistência. (TFOUNI, 2002,)
Saber ler e escrever somente deixaram de ser requisito
fundamental na sociedade moderna. Mais do que apropriar-se de códigos,
grafemas e fonemas se faz necessário usar essas práticas. E para isso é
preciso letrar-se.
23
CAPÍTULO I I
ALFABETIZAR PARA TRANSFORMAR: O DESAFIO DO
ORIENTADOR EDUCACIONAL EM COMUNIDADES
CARENTES
A alfabetização dos alunos das classes populares ainda é um
grande desafio não só para os Orientadores Educacionais, mas para toda a
comunidade escolar, muitos são os problemas, mas o que é mais triste é
constatar que a escola, apesar dos grandes avanços da pedagogia atual, ainda
associa o sucesso da aprendizagem a alunos bem sucedidos material e
psicologicamente por suas famílias.
A nossa sociedade como vimos no capítulo anterior, produz milhões
de analfabetos, contribuindo para reproduzir as desigualdades sociais. Os que
conseguem ser matriculados em escolas públicas, além de serem excluídos de
bens materiais, também são excluídos de bens culturais e essa discriminação
se torna mais agressiva quando a escola acredita que essas crianças são
inferiores em seu modo de raciocinar, sentir e agir. Segundo Garcia: “A escola
desempenha um papel fundamental nessa exclusão, [...] grande parte das
crianças pobres saem, ao final de alguns anos, sem sequer saber ler e
escrever”. ( GARCIA, 2001,p.7)
Já é de conhecimento de todos que a aprendizagem da leitura e da
escrita constitui-se em uma das tarefas básicas propostas à educação. Sendo
objeto de estudo de vários educadores a alfabetização, principalmente nas
24
classes populares, não é uma tarefa tão fácil quanto aparenta ser, pois exige
esforço e interesse global de todos os participantes envolvidos neste processo.
Quando uma criança ingressa no ciclo de alfabetização, há uma
cobrança muito grande para que aprenda ler e escrever, sendo a alfabetização
o centro das atenções e expectativas de pais e professores. Por ser um
desafio, muitas vezes os alunos sentem dificuldades nessa nova fase e se os
mesmos não atendem bem as expectativas, supõe-se que eles têm algum
problema, e a escola tenta explicar tais dificuldades argumentando que: “as
crianças não podem aprender porque não há ajuda familiar falta de
maturidade, suposta lesão cerebral mínima ou transtornos do tipo,
psicomotora, na fonação, percepção etc.” (FERREIRO, 1989, p.13)
Tentando se adaptar ao sistema imposto pela escola, algumas
crianças se submetem a exercícios repetitivos e mecânicos sem sentido para a
sua vida. Outras se recusam a fazer as atividades e buscam ultrapassar a
rejeição e a indiferença com comportamentos agressivos.
Muitas por causa destes problemas saem da escola porque
desistiram de aprender “Saem pior do que entraram, pois ao entrar traziam a
esperança de aprender e ao sair levam a certeza de sua incapacidade, não
apenas para aprender, mas uma incapacidade global.” (GARCIA, 2001, p.8)
O CASO DE MARCOS
Esta é a história de Marcos, aluno de uma escola pública em
uma comunidade carente de Duque de Caxias. Marcos sempre foi um
aluno que desenvolvia bem as tarefas impostas pela escola, até ingressar
no 1º ciclo de alfabetização.
Apesar de ter um bom relacionamento com a professora e
com os colegas ele não conseguia aprender a ler, mas fazia tudo que era
imposto pela professora mecanicamente. Ele sinceramente já no 3º ano
do ciclo, sem sucesso, não acreditava, mais que conseguiria aprender a
ler.
25
Sua mãe sem nunca ter estudado, vivia na escola o chamando
de “burro” e apesar de ter feito algumas sessões de psicoterapia achava
que o seu problema era falta de interesse. A professora vivia escrevendo
cartas para a psicóloga para tentar detectar o problema, mas nada
adiantava.
Depois de ter concluído o 1º ciclo de aprendizagem Marcos
ingressou no 4º ano mesmo sem saber ler. A sua experiência nesta série
foi pior do que a anterior, porque as crianças já estavam alfabetizadas e a
professora dizia que não poderia “perder o seu tempo com ele”.
Resultado: Marcos ficou retido durante um ano e meio, desistindo assim
de estudar. Sem ter conseguido codificar e codificar os códigos da leitura
e escrita, ele abandonou a escola acreditando que a culpa pelo seu
“fracasso’” era somente sua. O pior é que ele ainda acredita que não vai
aprender nunca, porque não é capaz.
Infelizmente, a escola sempre está atenta para achar o culpado
para o fracasso escolar dos seus alunos tirando assim toda a sua
responsabilidade deste problema, e assim, como a nossa sociedade
pensa “que só não tem sucesso quem não é capaz”, a escola também
acredita que os alunos não aprendem porque não tem aptidão para isso.
Segundo Ferreiro:
A escola geralmente, ineficiente para introduzir as
crianças no mundo da língua escrita, é, contudo,
extremamente eficiente para conseguir fazer com que
assumam a culpa de seu próprio fracasso: um dos
maiores danos que se pode fazer a uma criança é leva -
lá a perder a confiança em sua capacidade de pensar.
(FERREIRO, 1889, p. 73)
O ensino da leitura e escrita precisa ter sentido para criança e este
é o grande desafio do Orientador Educacional na atualidade: fazer com que a
26
comunidade escolar acredite que quando as crianças não conseguem
aprender a ler não é porque são menos inteligentes e sim porque podem estar
respondendo a um ensino que não lhes dão muita opção. A escola, como
instancia educacional, deve ter um ambiente acolhedor, agradável, atrativo e
que principalmente venha não só atender as expectativas de pais e
professores, mas principalmente dos seus alunos.
É necessário que o Orientador Educacional desperte no grupo uma
reflexão: quais as razões do sucesso e do fracasso escolar? Para muitas
pessoas a leitura e a escrita vem acompanhadas de saberes e normas que
não se identificam com os valores do seu grupo sócio-cultural. Será que os
conteúdos estão indo de encontro com a realidade do grupo? Será que o
professor está valorizando o ritmo de aprendizagem do educando? E os
orientadores estão fazendo o que para mudar? Qual o papel do orientador
Educacional diante desta problemática? Será que é possível e preciso fazer
algo? Estas e outras questões refletiremos no próximo texto.
Para resolvermos o fracasso escolar necessitamos
recorrer principalmente a planos de prevenção nas
escolas - batalhar para que o professor possa ensinar
com prazer para que, por isso, seu aluno possa aprender
com prazer, tende a denunciar a violência encoberta,
instalada no sistema educativo, entre outros objetivos.
(FERNANDEZ, 1990, p.81-82)
2.1 O Papel Do Orientador Educacional Frente á Realidade Do
Fracasso Escolar de Crianças carentes
Quando falamos em alfabetização para transformação, em
comunidades carentes, não devemos apenas observar as necessidades
econômicas e sociais das crianças, mas também o perfil dos profissionais que
estão intimamente envolvidos neste processo. Começaremos pelo professor
alfabetizador.
27
O perfil do professor alfabetizador não tem sido muito diferente nas
diversas escolas que trabalham com classes de alfabetização. Eles têm
demonstrado ainda medo, insegurança em alfabetizar, por causa dos velhos
valores impostos pelos métodos tradicionais que apesar de serem criticados,
não foram excluídos dos cursos de formação de professores. Muitos
professores ainda estão apenas preocupados com a codificação e
decodificação dos códigos e não valorizam a alfabetização para a prática
social.
As práticas sociais conservadoras de alfabetização são reduzidas
apenas a identificar grafemas e fonemas, esquecendo assim da realidade do
aluno e das suas próprias produções, isso nos vale a seguinte reflexão:
O que leva uma professora que lê e escreve que percebe
seu aluno capaz de expressar e comunicar autonamente
– ainda que com “erros” – através da linguagem escrita, a
entender, ainda assim, o ensino da leitura e da escrita
como um mero processo de codificação / decodificação?
Que conhecimentos construiu sobre leitura e sobre sua
própria aprendizagem? Como foram se construindo suas
representações? O que a impede de romper com idéias
preconcebidas? (OLIVEIRA apud GARCIA, 2001, p.80) .
Fala-se muito em construtivismo, experiência do aluno, sócio-
interacionismo, capacitação profissional, mas o que ainda encontramos são
professores despreparados, sensíveis e com receio de encarar os ciclos de
alfabetização. Certo dia, perguntei uma aluna do curso de formação de
professores, qual seria na sua concepção, o papel da escola hoje? Ela
respondeu: Com certeza preparar as crianças para serem competitivas
compreensivas e bem educadas.
Precisamos questionar sobre o tipo de formação os futuros
professores estão recebendo, serão professores críticos ou acríticos? Para
transformar ou manter a sociedade atual?
28
Segundo KRAMER:
No que se refere a formação vale registrar que uma
porcentagem expressiva de professores - nas diferentes
regiões do país – não possui a escolaridade mínima a
nível de segundo grau, necessária para que atue como
professor. Por outro lado, e simultaneamente, a própria
formação a nível de segundo grau não prepara o
professor para a heterogeneidade social e cultural que irá
encontrar e enfrentar na escola: em outras palavras o
curso normal não o qualifica, ou seja, o professor ao
chegar a escola nem dispõe de uma visão teórica
abrangente sobre a prática pedagógica nem conhece a
realidade da escola e sua pratica concreta. (KRAMER,
1995, p.85.)
Não podemos ignorar a importância dos Cursos de Formação de
Professores, só que é notório afirmar que seu currículo deve ser estruturado
para a docência nas séries iniciais de boa qualidade indo de encontro com
um país multicultural e dividido em classes sociais. Afinal de contas não
saímos do curso para dar aula somente para os filhos dos ricos. A maioria
dos alunos que encontramos são os menos favorecidos, que se dividem na
escola e em pequenos trabalhos para ajudar em casa, suas famílias não têm
acesso aos jornais, computadores, internet, livros e outros recursos didáticos
que facilitam a aprendizagem e isso, não aprendemos nos cursos de
formação, e é isso que como Orientadores Educacionais ou Pedagógicos
devemos resgatar nas escolas de comunidades carentes. Saber lidar com o
real com o que não foi ensinado nos cursos de formação, saber as
verdadeiras necessidades para se chegar uma aprendizagem significativa.
Segundo Rosa Maria Lepak Milet:
29
Estas cenas se passam em uma favela, na periferia do
Rio de Janeiro, e não são diferentes de muitas outras que
se repetem em muitos lugares deste país. Crianças
alegres, competentes em suas brincadeiras, responsáveis
com seus afazeres, assíduas no compromisso de levar
um dinheiro para ajudar em casa. Pequenos adultos em
que se vêem transformados muito cedo pela necessidade
da vida. Este é um aspecto da história dos alunos que
estudam na escola que atuo como orientadora
educacional. Não foi essa, no entanto, a realidade que o
curso normal e de pedagogia apresentaram durante os
anos de minha formação. E ainda hoje os cursos que
pretendem preparar educadores prosseguem falando de
um aluno irreal, de um professor ideal e de uma escola
que não existe. ( MILET, 1994, p. 46.)
É preciso antes de tudo conscientizar os profissionais que estão
atuando com a alfabetização sobre a realidade atual dos seus alunos, e isso
não pode ser ignorado, é preciso valorizar principalmente a leitura tendo
coerência entre a teoria e a prática. Não podemos estimular a leitura se não
gostamos de ler e/ou se não utilizarmos uma biblioteca.
E o que dizer das metodologias que estão sendo passadas nas
escolas de comunidades carentes? Estamos alfabetizando ou al-fa-be-ti-zan-
do? Qual é a função dos Orientadores Educacionais diante desta
problemática?
Antes de qualquer coisa começarei esta reflexão analisando o
percurso percorrido pelos Orientadores Educacionais nos últimos tempos. A
Orientação Educacional no Brasil surgiu por volta de 1930 com o objetivo de
gerenciar e coordenar o trabalho pedagógico. Em sua trajetória histórica
passou por diferentes períodos: Implementador (1920-1941), Institucional
(1942-1960), Transformador (1961-1970), Disciplinador (1971-1980),
30
Questionador (década de 80) e Orientador ( década de 90 até os dias atuais)
Geni de Oliveira Lima AVM.
Vivemos hoje o período Orientador que vai muito além de ditar
normas e receitas para a superação do fracasso escolar. O Orientador
Educacional e Pedagógico dos dias atuais precisa antes de tudo, investigar a
realidade do aluno e suas necessidades emergenciais. Segundo Regina Leite
Garcia:
O OE que, através da investigação sobre a realidade,
percebe que no processo ensino-aprendizagem estão em
jogo inúmeras relações (relação professor-aluno; aluno-
conhecimento; aluno-alunos; professor-professores-
orientador educacional-supervisor educacional-diretor-
funcionários; escola-família;escola-comunidade e escola-
sistema educacional), compreende que as relações de
ajuda, passando a trabalhar as diferentes relações, que
podem influir para que o aluno aprenda. Ao invés de
psicologizar as relações o aspecto político-pedagógico
destas relações. ( GARCIA, 1994, P. 17)
Somente partindo da investigação da realidade será possível
articular a teoria com a prática pedagógica.
Segundo ponto importante, (que não poderá faltar na ação do
OE) e auxiliar os professores na sua ação pedagógica. Não somente dando
sugestões resolvidas em curto prazo, o OE poderá construir junto com esses
profissionais projetos educacionais práticos, coerentes e possíveis,
compatíveis com a realidade social deste educando integrando no currículo
suas vivências e aspirações.
Pensando criticamente a sociedade e repensando o
trabalho, o OE redefine a sua ação. Investigando a
realidade vivencial do aluno, compreende que o aluno
31
que ele preparava para o trabalho já trabalha há muito,
quer desempenhando tarefas caseiras (como limpar a
casa, lavar e passar a roupa, cozinhar, cuidar dos irmãos
mais moços e fazer as compras de casa), quer
complementando o orçamento familiar ( fazendo biscates,
guardando carros, vendendo balas, jornais ou limões nas
esquinas,passeando cachorros de madames, empurrando
carrinho na feira etc). E é ainda o OE que vai trazer para
as reuniões de professores a questão do trabalho para
ser pensada e incorporada ao currículo.( GARCIA, 1994,
p.20)
A formação permanente é fundamental para a superação do fracasso
escolar, ora, se o mundo muda a escola não pode ficar estática. O Orientador
Educacional comprometido com a alfabetização para transformar deverá
promover meios para uma melhor qualificação profissional dos profissionais da
educação. Não digo uma formação continuada que não leva a transformação da
realidade (porque se for continuada não transforma), mas uma formação
coerente com as transformações políticas e sociais.
32
CAPÍTULO III
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A seguir serão discutidos os resultados obtidos das entrevistas
realizadas com professores e orientadores educacionais que trabalham em
classes de alfabetização em escolas publicas e comunitárias das comunidades
carentes do município de Duque de Caxias-RJ.
Como técnica de pesquisa foi utilizado um questionário que constou
perguntas abertas e fechadas, aplicadas sob forma de entrevista pessoal que
foi coletada junto aos professores e Orientadores Educacionais com o
propósito de refletir sobre o papel dos Orientadores Educacionais no processo
de alfabetização de crianças carentes.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA CLIENTELA
Os professores e Orientadores entrevistados na sua maioria possuem
formação superior, com o tempo de atuação no magistério entre cinco e vinte
anos. A média de alunos por turma das escolas entrevistadas varia de vinte e
cinco e/ou mais de trinta alunos por classe, com idade média de seis e/ou mais
de oito anos de idade.
33
No que se refere às dificuldades para aprender a ler e escrever 100%
dos entrevistados se deparam com essa situação, atribuindo tal fracasso as
situações econômicas, culturais, sociais, ausência da família e a auto-estima
dos alunos, acarretando com isso futuras retenções em séries posteriores.
Segundo Arroyo:
Podemos partir da hipótese deque existe entre nós uma
cultura do fracasso que dele se alimenta e o reproduz.
Cultura que legitima práticas rotula fracassados, trabalha
com preconceitos de raça, gênero e classe, e que exclui,
porque reprovar faz parte da prática de ensinar-aprender-
avaliar. (ARROYO apud ABRAMOWICZ, 2000,p.12)
No que se refere à ajuda quando surgem as dificuldades de
aprendizagem, 50% dos professores entrevistados recorrem aos pais.
Podemos perceber que ao mesmo tempo em que a ausência da família é
considerada como um dos fatores que contribuem para as dificuldades de
aprendizagem, os professores entrevistados ainda os procuram para ajudá-lo.
Segundo Zago: “A família, por intermédio de suas ações materiais e
simbólicas, tem um papel importante na vida escolar dos filhos, e este não
pode ser desconsiderado. Trata-se de uma influência que resulta de ações
muitas vezes sutis, nem sempre conscientes e intencionalmente dirigidas”.
(ZAGO, 2003, p.20).
Observei que poucos responderam que recorrem ao Orientador
Educacional, para a maioria dos professores, esses desempenham apenas
papel burocrático e nada resolvem.
No que se refere qual o papel do OE no processo ensino aprendizagem
Citarei algumas respostas que mais me chamaram atenção:
“ O OE não interfere no processo de ensino aprendizagem somente nos auxilia
conversando com os alunos indisciplinados”.
34
“O OE é muito útil quando chama a atenção dos pais que não querem nada”.
“ O OE nos ajuda muito encaminhando os alunos com problemas de
aprendizagem para o psicólogo”.
Podemos observar claramente que a maioria dos professores ainda
atribui o papel do OE apenas de forma burocrática, atendendo apenas os
alunos indisciplinados e com dificuldades de aprendizagem. Observei também
que os Orientadores Educacionais, destas escolas, estão distantes do
processo ensino aprendizagem o que é preocupante. Segundo Grinspun:
A Orientação, hoje, caracteriza-se por um trabalho muito
mais abrangente, no sentido de sua dimensão
pedagógica. Possui caráter mediador junto aos demais
educadores, atuando com todos os protagonistas da
escola no resgate de uma ação mais efetiva e de uma
educação de qualidade nas escolas... Não ficam de um
lado os professores da escola e de outro os especialistas;
não é um espaço de luta entre vencedores e vencidos,
em que uns ensinam e outros atendem a alunos e
professores. O trabalho é conjunto e integrado, e todos
estão comprometidos com o processo e os resultados.
(GRINSPUN, 2001, p.27 e 28)
Nas perguntas direcionadas as OEs não observei muita diferença
em relação às respostas dos professores. Ambos atribuem aos fatores
externos à escola a responsabilidade do fracasso escolar na alfabetização e
acreditam que nada podem fazer, porque tudo depende dos pais, alunos e
comunidade. O que é lamentável porque todos da comunidade escolar temos
um papel relevante e importante na sociedade, então o problema não está
35
somente dentro ou fora da escola, mas principalmente dentro de cada um de
nós e se auto avaliar é preciso. Segundo Rosa:
As criticas surgem das avaliações continuas e nos
permitem, enquanto SE e OE, questionar nossa prática
pedagógica.
Nosso trabalho tem sido em função de entender a
educação como tarefa de transformação. Não significa,
de nossa parte, uma postura ingênua no sentido de que
somente através da escola a mudança possa ocorrer,
mas de que, através dela, com posturas consensuais
definidas a respeito do papel político-social dos que
atuam na escola,estaremos colaborando de forma
consciente para a construção de uma escola critica.
É necessário acordar o educador adormecido em cada
um de nós.
É necessário que tenhamos claro o papel do profissional
de orientação educacional neste despertar.
É necessário que assumamos nossas responsabilidades
como agentes de mudança. ( ROSA , 1994,p. 61)
Percebi que durante a realização da pesquisa havia nas respostas
dos professores e OEs, uma visão mais critica e outras mais ingênuas em
relação ao fracasso escolar das crianças que vivem em comunidades carentes.
Há um grupo que se conforma e acredita que a solução do fracasso escolar só
será possível se os pais colaborarem, colocando os filhos para estudar em
casa. E outros que se vêem como os fazedores de mudanças, querendo assim
participar para influir no fracasso escolar.
Cabe a todos nos a responsabilidade desta
transformação que tanto desejamos. Ansiamos por esta
escola que tenha um ensino de qualidade e que faça de
36
seu aluno e de toda comunidade escolar seres críticos,
capazes de lutar contra o repasse do conformismo, da
acomodação e da alienação. (BOURA, 1994, p. 100)
Esse é o principal papel do Orientador Educacional nos dias atuais,
ajudar o aluno na formação critica da realidade colaborando junto à escola na
organização do seu projeto pedagógico. Isso é a OE trabalhando junto com a
escola para atender os excluídos ( de conhecimento, de comportamento...) e
para isso é preciso buscar subsídios e fundamentação teórica cumprindo seus
objetivos.
Ora, o que realmente precisamos para transformar a sociedade que
temos? Alunos que somente lêem sem saber o verdadeiro sentido da leitura ou
alunos que verdadeiramente se preocupam com os acontecimentos sociais
fazendo uso de uma forma critica e real dos acontecimentos? O professor,
como já dizia o saudoso Paulo Freire é o principal mediador dos
conhecimentos adquiridos pelos alunos e esse precisa estar consciente de seu
papel na construção desses conhecimentos para que não tenha uma visão
equivocada do mundo. Valorizar os conhecimentos prévios dos alunos é um
bom caminho, não somente daqueles que lêem, mas também, dos que não
são alfabetizados para a superação desta problemática.
37
CONCLUSÃO
Após a construção do referencial teórico e análise das respostas dos
professores que responderam aos questionamentos, considero que o fracasso
escolar na alfabetização ainda hoje, faz parte do cotidiano das nossas escolas,
principalmente em comunidades carentes, acarretando na sua grande maioria
a reprovação cedo ou tarde desses alunos.
Essa constatação reforça a importância de uma nova concepção de
alfabetização, uma alfabetização que estimule a aprendizagem da leitura e da
escrita de uma forma prazerosa e significativa.
Isso significa que toda a comunidade escolar precisa estar inserida em
uma aprendizagem que não somente codifica ou decodifica códigos, mas
busque a compreensão da leitura para as práticas sociais. O Orientador
Educacional é um agente fundamental neste processo porque poderá ajudar o
aluno na formação critica da realidade colaborando junto à escola na
organização do seu projeto pedagógico que leve em consideração a realidade
do educando.
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ANEXO 1 Um em cada cinco brasileiros é analfabeto funcional, diz IBGE
Pesquisa mostra que mais pessoas vão à escola, mas a
abandonam antes do fim do ensino médio.
08 de setembro de 2010 | 14h 42
A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada nesta quarta-feira, mostra que um em cada cinco brasileiros de 15 anos ou mais (20,3% do total) são analfabetos funcionais, ou seja, tem menos de quatro anos de estudo.
A pesquisa, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) entrevistou 153.837 pessoas em todo o país até setembro de 2009.
De acordo com os dados do ano passado, o analfabetismo atinge que 14,1 milhões de brasileiros (9,7% da população). O número é somente 1,8 ponto percentual menor do que em 2004.
O Nordeste ainda tem o maior índice de analfabetismo, quase o dobro da média brasileira. Mesmo assim, o número caiu de 22,4% da população para 18,7% na região em cinco anos.
A pesquisa ainda aponta que, nas regiões Norte e Nordeste, há mais homens analfabetos do que mulheres, e que 12% da população acima de 25 anos é analfabeta, ou cerca de 13,4 milhões de pessoas.
Segundo dados da Unesco, o Brasil teve uma taxa média de analfabetismo maior do que a da América do Sul entre 2005 a 2008.
Evasão escolar
Apesar do analfabetismo persistente, a Pnad indica que a escolarização no Brasil aumentou desde 2008.
40
Mais de 96% das crianças de 6 a 14 anos estão na escola em todas as regiões do Brasil e, entre os adolescentes de 15 a 17 anos, o número é superior a 90%.
O índice diminui drasticamente entre os jovens de 18 a 24 anos. Somente 38,5% frequentaram uma instituição de ensino em 2009.
Além disso, os dados da pesquisa mostram que boa parte dos alunos não completa o ensino médio.
Em 2009, a média de anos estudo de brasileiros de mais de dez anos de idade foi de 7,2, quase quatro anos a menos do que o previsto pelo sistema educacional brasileiro.
Atraso no saneamento básico
O acesso dos brasileiros a serviços de primeira necessidade como o saneamento básico ainda cresce em ritmo lento, segundo os dados da Pnad.
De acordo com o estudo, o Brasil ainda tem 40% de domicílios sem rede de esgoto, quase a mesma porcentagem de 2008.
As regiões Norte e Nordeste têm a menor quantidade de casas com saneamento. No Norte, são somente 555 mil domicílios e, no Nordeste, 5,2 milhões.
Por outro lado, o IBGE diz que hoje quase 84,4% das casas são atendidas pela rede de abastecimento de água, cerca de dois pontos percentuais em relação ao levantamento anterior.
O levantamento indica que 1,2 milhão passaram a receber o serviço desde 2008.
Atualmente, 88,6% das casas tem acesso a coleta de lixo e 98,9% à rede elétrica. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Tópicos: Educação, Pnad, Ibge, Levantamento, Saneamento, Educacao, Nacional, Geral
41
ANEXO 2
Modelo de Perguntas
Prezado (a) professor (a)...
Estou solicitando a sua colaboração no preenchimento deste
questionário que é um instrumento para obtenção de dados para uma pesquisa
sobre o papel do Orientador Educacional na alfabetização de crianças
carentes. Desde já agradeço a sua participação.
1- Qual a sua formação?
2- Há quanto tempo atua como professor (a)?
3- Qual o número de alunos da sua turma?
4- Defina sua concepção de alfabetização?
5- Você utiliza algum método de alfabetização?
6- Na sua experiência profissional já ocorreram casos de alunos com
dificuldades para aprender ler e escrever?
7- Quais os motivos para o fracasso da alfabetização desses alunos?
42
8- A quem você recorre quando surgem as dificuldades de leitura e
escrita?
9- Você utiliza alguma estratégia para ajudar no processo de alfabetização
desses alunos com dificuldades de leitura?
Modelo de Perguntas
Prezado (a) Orientador (a)...
Estou solicitando a sua colaboração no preenchimento deste
questionário que é um instrumento para obtenção de dados para uma pesquisa
sobre o papel do Orientador Educacional na alfabetização de crianças
carentes. Desde já agradeço a sua participação.
1-Qual a sua formação?
2-Há quanto tempo atua como orientador (a)
3- Qual a sua principal função na escola?
4-Defina sua concepção de alfabetização?
5-Na sua experiência profissional já ocorreram casos de alunos com
dificuldades para aprender ler e escrever?
6- Quais os motivos para o fracasso da alfabetização desses alunos?
7- O que fazer quando surgem as dificuldades de leitura e escrita?
43
8-Você utiliza alguma estratégia para ajudar no processo de alfabetização
desses alunos com dificuldades de leitura?
BIBLIOGRAFIA CITADA
ABRAMOWICZ, Anete, MOLL, Jaqueline. Para além do Fracasso Escolar. São Paulo: Papirus, 2000 ALVES, Nilda. O fazer e o Pensar dos Supervisores e Orientadores Educacionais. São Paulo: Edições Loyola, 2001, 7ª edição. AROEIRA, Maria Luisa. Didática da Pré-Escola. São Paulo: FTD, 1996. BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez, 1991. 159p. CECCON, Claudius, OLIVEIRA, Miguel, OLIVEIRA, Rosiska. A vida na escola e a escola da vida. Petrópolis: Vozes, 1991 23ª edição. CORDIÉ, Anny. Os atrasados não existem: Psicanálise de crianças com fracasso escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. DORNELES, Beatriz Vargas. As várias faces do caleidoscópio : anotações sobre o fracasso escolar. Revista Pátio. Porto Alegre, R.S, ano 3 número 11, p.25 – 28, Nov.99/ jan. 2000. ESTEBÁN, Maria Teresa. Saber. Não saber já saber : Pista para superação do Fracasso Escolar. Dissertação de Mestrado. Niterói; UFF – Faculdade de Educação, 1992. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio – século XXI, 4ª edição, Nova Fronteira, 2001. 489p. FERREIRO, Emília. Passado e Presente dos Verbos Ler e Escrever. São Paulo: Cortez, 2002.
44
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Revista Pátio. Porto Alegre, ano 3, número 11 p.34 – 35 nov. 99 / jan. 2000.
TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização. São Paulo, Cortez,
1995. 104p.
45
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
CAPÍTULO I - Analfabetismo no Brasil 12 1.3 Breve Histórico das metodologias de alfabetização. 14 1.4 As novas concepções sobre alfabetização. 18 CAPÍTULO II - Alfabetizar para transformar: O desafio do Orientador Educacional em comunidades carentes. 23 2.2 O papel do Orientador Educacional frente à realidade do fracasso escolar
de crianças carentes. 26
CAPÍTULO III - Análise e Discussão dos dados. 33
3.1 - Caracterização da Clientela.