ECDU : Quadro Mérito Dedicação Exclusiva Estímulo à Investigação
DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · com que o jovem perdesse o estímulo e se visse...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
RAZÕES PARA A AQUISIÇÃO E COMPREENSÃO
DE UMA SEGUNDA LÍNGUA
Por: ELOÍSA SILVEIRA BRASIL
Orientador:
PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO
SALVADOR
2008
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
RAZÕES PARA A AQUISIÇÃO E COMPREENSÃO
DE UMA SEGUNDA LÍNGUA
Trabalho monográfico apresentado como
requisito parcial para obtenção do Grau de
Especialista em Docência do Ensino
Superior.
Por: Eloísa Silveira Brasil
SALVADOR
2008
AGRADECIMENTOS
Aos meus familiares e amigos, em especial,
aos colegas de trabalho, que muito me
incentivaram no decorrer deste curso, e ao
Professor Carlos Afonso Leite Leocadio, meu
orientador, por ter esclarecido pacientemente
as minhas dúvidas.
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a todos aqueles que nos
fazem crer que somos eternos seres em
construção e não perdem o desejo de aprender
mesmo em idade avançada.
RESUMO
Este trabalho parte do princípio de que a Universidade é a instituição que pode possibilitar melhores condições de vida á maior parte dos estudantes, que o estudo de uma língua estrangeira é uma atitude das mais necessárias a ser incorporada ao perfil de aprendizagem do aluno inteligente e, finalmente, que o cidadão, no afã de aproveitar ao máximo cada atitude de forma positiva, deve entrar no mercado de trabalho com o desejo de promover mudanças significativas na sociedade.
Considerando que esta é a era da globalização e das telecomunicações, na qual o domínio é dos mais fortes, que o acesso ao concorrido mercado de trabalho é o principal objetivo de todos, que o alvo atingido venha premiado não com o bronze ou a prata, mas com o ouro de uma vida melhor. Assim, encontra-se aqui um convite a todos para uma atitude de reflexão, um convite para a tarefa árdua de juntar-se aos que pretendem transformar a educação e, superando os próprios limites, buscar cada vez mais qualidade.
Após os anos de estudos nas escolas obrigatórias, chega-se ao exame vestibular, necessário ao ingresso na universidade. Em muitos casos, não houve avanço bastante no aprendizado de língua estrangeira, mas ainda é tempo de ampliar horizontes. Espera-se que o indivíduo esteja atento para a importância de continuar aprendendo inglês, pois a possibilidade de usar outras línguas dá acesso a diferentes modos de viver a experiência humana. Além disso, o ciclo que se inicia nos cursos de graduação exige bons conhecimentos, tanto para estudar em livros estrangeiros quanto para ler os manuais de instruções de máquinas e equipamentos importados, os quais já se tornaram uma rotina na vida do brasileiro.
Portanto, por acreditar na importância da universidade enquanto organização preparadora de gerações que possam atuar com sucesso na vida social, cria-se a perspectiva da certeza de que o indivíduo deve aprender a pensar por si mesmo, soltar a sua imaginação e desejar ser bem recompensado, ainda que ele corra o risco de enfrentar desafios por explorar novos caminhos.
METODOLOGIA
Propondo-se a auxiliar na trajetória de tentar compreender os
processos e fenômenos que cercam a sociedade atual, apresentando-se como
instrumento de apoio, a fim de verificar, etapa por etapa, como os
acontecimentos interferem na realidade e como se pode com ela interagir, esta
pesquisa busca relacionar a aprendizagem como o momento privilegiado de
construção de um conhecimento mais profundo.
Uma das mais importantes discussões da atualidade encontra-se nos
resultados obtidos através de estudos diversos sobre a realidade do homem
deste novo século. Eles revelam que o mundo contemporâneo vem requerendo
a adoção de novas concepções e práticas educacionais que viabilizem um
currículo contextualizado e incorpore o trabalho enquanto principio educativo.
Esse é um desafio a ser lançado para as universidades que precisam dar conta
da melhoria na qualidade do ensino; uma sugestão é que essa qualidade possa
se dar a partir da inclusão de uma língua estrangeira moderna como disciplina
obrigatória e outra optativa nos cursos superiores, de forma que os estudantes
possam receber o conhecimento interligando o mundo atual e suas práticas
sociais.
Entretanto, não é possível esquecer os elementos indispensáveis para
alcançar as metas desejadas e buscar metodologias diversas que facilitem o
processo ensino-aprendizagem, a fim de torná-lo justificável e não
enfadonho. O objetivo da metodologia que vigorou até o início do século XX,
era o de transmitir um conhecimento sobre a língua estrangeira moderna,
permitindo o acesso a textos literários e a um domínio da gramática normativa,
para os quais o dicionário e uma gramática eram imprescindíveis.
A atitude ultrapassada e cansativa de aprender pela memorização fez
com que o jovem perdesse o estímulo e se visse na condição de estudar a
língua estrangeira apenas para ser aprovado ao final do ano. E, como se não
bastasse, a célebre frase “inglês não reprova” afastou ainda mais aqueles cujo
desempenho não era considerado satisfatório.
A grande questão é sobre a metodologia ideal, aquela que envolva
uma atividade intelectual em que o aprendiz não deve apenas memorizar
regras, onde não haja listas exaustivas de vocabulário ou exercícios de
gramática, tradução ou versão. Tornando-se de igual relevância ainda que essa
atividade venha a acontecer num espaço onde a relação professor-aluno seja
horizontal, sem que o primeiro detenha a autoridade e que ao aluno seja
atribuída toda iniciativa possível para que a interação entre ambos, educador e
aprendiz, realmente exista.
SUMÁRIO
RESUMO 04
METODOLOGIA 05
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – Linguagem e poder 11
1.1 Fazendo a escolha certa 14
CAPÍTULO II - Aprimoramento do educando
como pessoa humana 20
2.1 As necessidades que o século exige. 22
2.2 As necessidades do homem do novo século. 23
CAPÍTULO III - A formação cultural do estudante 25
3.1 A universidade como salvação do educando. 27
3.2 A consciência humana. 29
CAPÍTULO IV – Os saberes fundamentais 33
4.1 Ensinar e aprender. 34
4.2 O conhecimento e a compreensão humana. 35
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
INTRODUÇÃO
Desde meados do século passado, anunciava-se uma era de expansão
nas atividades científicas, técnicas e econômicas que criavam um mundo
dominado pela tecnologia e pelo comércio, produzindo uma demanda por uma
língua Internacional. O papel de representar essa língua logo recaiu no inglês
por causa do poder econômico exercido pelos Estados Unidos no período após
a segunda grande guerra mundial.
A partir dessa nova ordem que até hoje comanda a economia mundial,
tendo-se a comunicação e suas novas tecnologias como tônica do mundo
globalizado, surgem diversos motivos que acarretam na discussão sobre a
importância do estudo de língua estrangeira em cursos de graduação, visando
a preparar um estudante com melhores condições de empregabilidade.
Antes, os motivos para aprender uma segunda língua não tinham o
mesmo grau de funcionabilidade que hoje atingem. Esses estudos poderiam
ser vistos como sinal de uma boa educação, entretanto muito poucos eram os
que se questionavam sobre isso ser ou não necessário. Mas ao direcionar a
devida atenção para “Language and Power” (linguagem e poder), obra de
Fairclough (1989), torna-se bastante o título da obra para que o leitor possa
inferir tratar-se de estudos cujo teor busque comprovar a idéia de que a
linguagem realmente tem o poder transformador.
Esta pesquisa tem o propósito de estudar a relevância social de se
formar graduados fluentemente falantes do inglês, devido aos constantes
questionamentos tais como: “O inglês facilitaria o ingresso no mercado de
trabalho? ; Uma língua estrangeira auxiliaria na aquisição de conhecimento
através do acesso a novas informações e culturas? ; Conhecer uma outra
língua ajudaria na confecção de um trabalho monográfico de pós-graduação,
ou tese de mestrado?”. Essas dúvidas permeiam os pensamentos de
profissionais de diversas áreas, cujo conhecimento de uma segunda língua é
apenas superficial, pois é decorrente dos seus estudos obrigatórios durante os
ensinos Fundamental e Médio.
São diversos os motivos que remetem a necessidade de um estudo
mais aprofundado de língua estrangeira durante a graduação. Enquanto muitas
dúvidas permeiam a cabeça do aprendiz durante os anos de ensino obrigatório
na sua adolescência e ele não consegue ver razões para a inclusão de uma
língua estrangeira no seu histórico escolar, o universitário, que busca melhores
possibilidades para sua inserção ao mercado de trabalho, poderá detectar o
quanto a proficiência gerada por esse estudo contribuirá para a sua formação
geral como educando.
Sabe-se, porém, que não é difícil encontrar profissionais graduados em
várias áreas trabalhando em balcões de lojas de departamento, prestando
serviços de telemarketing em grandes empresas, mas ganhando baixos
salários. Ou seja, é muito comum o desvio de função, nem sempre faltam
vagas, às vezes, o problema é justamente a qualificação do material humano
que está aquém daquele pretendido pelo empregador. Portanto, não sendo
apenas o fato de conseguir emprego a parte mais importante na vida, o
brasileiro deve se conscientizar das modificações exigidas a cada novo dia,
buscar aperfeiçoar-se para realmente acompanhar os avanços dos meios de
comunicação e, só assim, conseguir transmitir a criatividade e originalidade
necessárias a este terceiro milênio.
Chega-se aqui a relevância do tema deste estudo monográfico, pois se
sabe que o mercado de trabalho vem se tornando cada vez mais exigente e a
busca pela formação universitária tem sido o caminho escolhido por todos que
pretendem ampliar seus horizontes, são técnicos e demais profissionais ou
estudiosos que procuram se manter atualizados nas suas áreas, além de um
grande número de estudantes que precisam de informações em livros-texto, e-
books (livros eletrônicos) e diversas publicações que não estão disponíveis em
suas línguas maternas.
O mundo é comandado pelo capitalismo. Nesse sentido, velocidade é
tudo. O conhecimento é gerado em inglês: filmes, artigos científicos, novidades
tecnológicas, arte e muitos outros temas, logo, não se pode esperar que algo
seja traduzido para lê-lo, pois a resultante será um completo atraso em relação
aos que possuírem o diferencial que é conhecer outras maneiras de se
comunicar.
Assim, os principais objetivos deste trabalho são estudar situações que
justifiquem o aprendizado de língua estrangeira em cursos
de graduação, analisar se a inclusão deste estudo na grade curricular do
ensino superior pode ser importante para o educando e tentar identificar razões
que motivem o aluno a estudar uma segunda língua durante o seu período na
universidade.
CAPÍTULO I
LINGUAGEM E PODER
“No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era
Deus.” (João 1:1).
O versículo bíblico acima citado faz uma reflexão a respeito da força da
palavra, é nela que tudo começa, é ela que a tudo abranda ou incita o furor,
quem dela tem o domínio, também detém o poder. Por isso, apesar das
adversidades, demonstrar persistência e alimentar a esperança de uma vida
melhor deve ser o grande desafio do povo brasileiro cuja realidade é de uma
grande maioria pertencente a famílias de baixa renda que vive em meio a
muitas dificuldades – como conciliar estudo e trabalho – devido à necessidade
de sustentar a si e/ou a sua família.
Neste capitulo será abordada a possibilidade de serem desenvolvidas
as capacidades cognitivas do educando em realizar as diversas leituras não
apenas em sua língua materna, mas com o pleno domínio de interpretar textos
e contextos, sistematizar, inferir, analisar, de desenvolver o raciocínio lógico e o
cálculo, transformando o homem comum num cidadão pleno e consciente dos
seus direitos e deveres para consigo e com a sociedade onde ele está inserido.
... a legislação educacional brasileira determina que os currículos escolares articulem princípios pedagógicos capazes de promover a complementaridade entre as necessidades de prosseguimento dos estudos com a preparação para o trabalho e com o exercício da cidadania. (Orientações Curriculares, 2005. p. 21.)
No trecho acima, do termo “prosseguimento” percebe-se claramente a
preocupação de que as capacidades cognitivas do educando ampliem-se
continuamente, que se iniciem no Ensino Fundamental, sigam pelo Ensino
Médio, mas não se concluam ali; que se possa consolidar e aprofundar todo o
conhecimento adquirido durante a graduação universitária. Para tanto, que
sejam adotadas algumas práticas pedagógicas que possibilitem ao educando a
capacidade de melhor interpretar o mundo a partir do ambiente em que ele
vive, pois não se pode pensar o indivíduo fora do seu contexto social e cultural.
É neste mundo, comandado por uma sociedade altamente tecnológica,
que está inserida a exigência por uma formação que inclua autonomia
intelectual, na qual as diversas linguagens podem facilitar as relações do
homem consigo mesmo e com o outro, por isso aumentar a sua capacidade de
criar e transformar.
Segundo J. Sacristán (1999), a linguagem, os princípios da liberdade
de pensamento, de expressão e de informação são critérios essenciais para
fundamentar uma cultura democrática. Então, não se pode pensar em
democracia sem contemplar a diversidade cultural, sem analisar a necessidade
de conhecer outras línguas, sem uma reflexão sobre o poder da palavra.
No Brasil, conscientes da importância de um estudo mais aprofundado,
muitos comprometem o orçamento familiar com cursos particulares, pois a
abordagem do ensino da língua inglesa nas escolas está completamente
obsoleto, inspirada ainda no século passado sem a preocupação de considerar
a contextualização e o mercado de trabalho.
Em quase todas as escolas, ainda é usado o método de tradução e
repetição dos anos 50, embora não se possa deixar de ressalvar a existência
de programas apresentados com forma clara, objetiva e sucinta que podem
ajudar a sanar eventuais falhas de aprendizado, eliminar dúvidas, ampliar
conhecimento e melhorar o desempenho de forma rápida e descomplicada.
O uso de uma linguagem, que atenda às tendências persuasivas, exige
cada vez mais uma visão multidisciplinar. O discurso precisa apoiar-se na
utilização de diversos recursos e técnicas, a fim de causar impacto e atrair a
atenção do seu receptor. Estes recursos têm por objetivo tornar a mensagem
mais criativa e, com isso, conseguir influenciar no comportamento do seu
receptor, em torno de um determinado produto/serviço, através do uso de
palavras com diferentes conotações. A linguagem utilizada pode ser formal,
coloquial, ou até mesmo humorística, entretanto é imprescindível que esteja de
acordo com os interesses de cada um. Neste sentido, a linguagem é uma
ferramenta importante na construção da mensagem.
O uso de certos recursos pode exercer importante influência
psicológica e tornar sua mensagem mais expressiva, deve-se apenas seguir
cuidados básicos no sentido de facilitar a sua compreensão, isto exige
praticidade, leveza, mas muita determinação.
Não se pretende aqui decidir pelo aluno sobre qual língua estrangeira
ele deve escolher para a complementação dos seus estudos, mas envolvê-lo a
ponto de fazê-lo refletir, sendo ele mesmo o protagonista das ações que dirijam
o rumo das transformações desejadas e esperadas, resultando em uma
oportunidade de ser um sujeito partícipe e autor da sua própria história. E, são
estas as situações que podem encorajar o indivíduo a continuar perseguindo os
seus objetivos.
É a necessidade que leva o homem a modificar e atribuir novas formas
aos elementos naturais, toda mercadoria exposta pode ser uma ilusão forjada
pelo capitalismo. O modo como os homens trabalham uns para os outros é que
desencadeia o processo, num determinado estágio cultural, um homem cria um
produto como resultado direto da força de seu trabalho e outro simplesmente
consegue os louros. Para o consumidor, não há relação entre o indivíduo e seu
trabalho, mas o produto que ele tem nas mãos.
A alienação dos servos em relação aos serviços que eles prestam é o
principal motivo para a crescente exploração que se verifica, são os
opressores, poucos e muito ricos, que comandam a grande massa trabalhista,
muitos e muito pobres. Já desde o início da sociedade industrial que se pode
ver a classe pobre presa a esse ritmo alucinante, satisfazendo-se com o pão de
cada dia e alguma diversão durante as suas mínimas horas de folga.
Essa cultura de massa culminava nas grandes disparidades sociais
que geravam o empobrecimento de tantos em prol de uns poucos. Nesse
contexto foi se construindo a realidade atual, mas cabe discutir o
comportamento humano e fazer de cada um o senhor de seu próprio destino.
Assim, uma pessoa pode ter a sua rotina determinada pelo seu estilo
de vida, tornar-se cada vez mais pobre e triste ou mais bem sucedida, mais
livre, mais feliz; embora se saiba que ele nunca deve achar que já alcançou a
satisfação plena e duradoura, pois o homem enquanto ser em construção,
quanto mais produzir e possuir, mais irá querer e, se essa produção se der no
campo do saber e do conhecimento, nada o impede de buscar em si mesmo a
força para a realização de verdadeiras mudanças no mundo.
1.1 Fazendo a escolha certa.
Se as coisas são inatingíveis... Ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A mágica presença das estrelas!
(Mário Quintana)
A revista Time International de 17 de julho de
1995, apresenta uma reportagem sob o título “The future
is now” na qual enfatiza que o ritmo da mudança
tecnológica em curso é mais rápido do que em qualquer
época da história e que não apresenta nenhum sinal de
queda no momento. Nesta reportagem, Time apresenta
uma visão sobre as dez áreas de inovação que mais
afetarão a população mundial até o final do século XX...
(Alcoforado, 1997. p.128).
Segundo Alcoforado (1997), essas áreas estão sendo construídas nos
EUA e em países que investem nessa nova tecnologia, cujo advento vai
possibilitar a verdadeira comunicação de massa em escala planetária. O
modelo de comunicação que prevalecia na década anterior está sendo
substituído por outro em que toda e qualquer comunicação poderá estar ao
alcance de quem desejar.
A Internet, nascida nos EUA na década de 60, é a maior rede de
computadores do mundo, ela se constitui um grande avanço alcançado pela
humanidade no campo das telecomunicações e acenam para a perspectiva de
que em futuro não muito remoto todo o globo possa interagir através do
transporte de imagens, voz e dados, numa realidade virtual tão convincente
que não se possa distingui-lo do real.
No dia 04/08/94, foi publicado no jornal A Tarde de Salvador, Bahia,
que as autoridades e legisladores brasileiros precisam examinar, o mais breve
possível, a integração do Brasil á economia mundial, pois ela depende em
grande medida da capacidade de cada país se integrar globalmente através
dos mais modernos meios de comunicação. (Alcoforado, 1997)
Na cultura atual, é fundamental que a compreensão do mundo esteja
interligada ao saber acessar, analisar e interpretar a informação. Desde a
educação infantil até a universidade, o aproveitamento torna-se um processo
que se inicia, mas nunca termina, pois sempre se pode ter acesso a formas
cada vez mais complexas de dar significado a informação. Isso conduz o
indivíduo por caminhos de diversas vias que requerem conhecimento suficiente
para escolher estratégias sempre mais elaboradas para se chegar ao completo
reconhecimento da realidade.
Segundo Freire (1996, p. 107.), Ninguém é autônomo primeiro para
depois decidir. A autonomia vai se construindo na experiência de várias,
inúmeras decisões, que vão sendo tomadas..., estas decisões são impostas
diariamente através de um processo de tradução da realidade, trata-se de uma
relação mútua entre o que a sociedade exige e as necessidades de cada um. E
Freire na mesma seqüência continua afirmando que ... Por outro lado, ninguém
amadurece de repente, aos 25 anos. A gente vai amadurecendo todo dia.... É
nesse sentido que estudar exige uma tomada de decisões consciente. A
educação pode propiciar ao homem aspirações de mudanças radicais em
diversos campos da sociedade variando apenas quanto aos sonhos e objetivos
de cada um.
Pensando as razões para a escolha do idioma que melhor se
incorpore ao estilo de cada indivíduo, convém lembrar o empirismo inglês.
Resultante do pensamento da burguesia inglesa que, detinha o poder
econômico e político, através da monarquia parlamentar no século XVII,
concebia-se que o conhecimento poderia explicar a origem das idéias a partir
da percepção que se tem das coisas através dos próprios sentidos. Nada está
no intelecto que não tenha estado antes nos sentidos. (Rezende. 2005, p. 119).
Então, já que todo conhecimento provém da concepção do mundo
externo, dependendo sua exatidão das verificações feitas e do acordo entre as
experiências dos indivíduos, sendo esta experiência de cunho individual, deixa-
se a critério de cada um analisar os seus próprios anseios e necessidades no
momento da escolha do idioma que complemente seu currículo acadêmico e o
prepare para as experiências futuras.
Entretanto, após diversas considerações sobre o assunto, cabe a
sugestão pelo que pode ser mais fácil. De acordo com Rubens Almeida (2008),
na escolha pela língua inglesa o aprendiz contará com duas grandes
vantagens: a primeira delas vem através dos cognatos que representam 20 a
25% de todas as palavras que aparecem em termos técnicos, a segunda é a
existência de um vocabulário de aproximadamente duzentos e cinqüenta
palavras comumente utilizadas no dia-a-dia, a partir daí o uso da intuição para
deduzir o que as palavras desconhecidas podem significar, sendo necessária
apenas uma análise do contexto em que estão inseridas.
O que se vê diariamente e em todos os grupos sociais é que durante
uma aula de geografia, enquanto o professor versa sobre a NAFTA (North
American Free Trade Agreement), lembra dos “Royalties”, alguns alunos
dirigem-se ao “play ground”, uns ao “Flat” onde moram, outros simplesmente
deliciam-se com um “hot-dog”, ou uma pizza “Express” solicitada pelo serviço
de “delivery”, acompanhados da Coca-cola habitual. Sem se preocupar com
tantos termos difíceis, tornados comuns e até mesmo já incorporados ao
vocabulário cotidiano, o homem trata de “deletar” as informações
desnecessárias e entram num “chat” na “Net” que é bem mais interessante.
Esse é um minúsculo exemplo de que a grande maioria da população
brasileira foi completamente infectada pelo estrangeirismo, uma influência
direta do mundo globalizado que serve para certificar de que não se pode por
em dúvida a força da palavra falada na língua dos poderosos. O que se supõe
é a necessidade de incorporar informações e conhecimentos que, na
atualidade, estão disponíveis nos meios de comunicação, viabilizando as
aprendizagens realizadas pelo estudante fora da sala de aula e da escola. O
grande dilema está entre os conhecimentos escolares e aqueles que se
aprende no mundo, é preciso pensar em quais os que melhor contribuem para
assegurar o ingresso com sucesso no mercado de trabalho.
É fato que nem sempre a escola ou a realidade do educando oferecem
condições e recursos complementares ao aprendizado de uma segunda língua,
mas é de vital importância desenvolver o espírito crítico, sem doutrinar, e sim
mostrando alternativas, orientando para que se perceba mais claramente o
mundo dinâmico, cujas transformações constantes se sucedem em velocidade
acelerada e requerem uma atitude urgente para a satisfação das necessidades
básicas de aprendizagem do homem de hoje.
Isso acarreta na preocupação de que o ensino mude para ser coerente
com o mundo e que se possam expandir as paredes da sala de aula. Como
sujeitos ativos, que interagem com o que acontece a sua volta, os alunos
precisam ser desafiados a construir os conceitos e elaborá-los de acordo com
sua própria vivência, buscando nos instrumentos da educação habilidades que
lhes permitam crescer como pessoas, como cidadãos e futuros trabalhadores.
Continuar ignorando, ou colocando em segundo plano a importância do
processo de transmissão de conhecimentos, o acesso aos conteúdos
necessários da educação para esse novo milênio, certamente pode prejudicar
a formação do jovem aprendiz que se vê confrontado com enormes desafios
para um convívio harmônico e produtivo entre os seus próprios anseios e a
realidade da nova e desafiante economia em que o Brasil tem se esforçado por
ingressar.
Reiterando Freire (1996), o amadurecimento se constrói a cada dia, a
cada desafio; cabe a escola o papel fundamental no processo de preparação
da infância e da juventude para que o ingresso na graduação universitária
venha acompanhado da consciência do valor da expressão oral, leitura, escrita,
cálculo e resoluções de problemas. Entretanto, se quiserem realmente
desenvolver o seu potencial como cidadãos e como futuros trabalhadores, as
pessoas devem atentar para o momento privilegiado de estudo que permite a
percepção da linguagem no seu papel mais preponderante.
Afirmar que a linguagem exerce muitos papeis importantes parece
óbvio, pois a construção do conhecimento se processa essencialmente por
meio dela e das mais diversas formas. Entretanto a função fundamental da
linguagem é ligar contextos.
Quando o aluno chega para aprender, ele já traz consigo um mundo de
experiências e uma linguagem própria para comunicar-se. É nesse ponto em
que se encontram todos, indistintamente, prontos para uma interpretação
dentro de seu próprio contexto e, por meio dele, faz-se a construção de
significados baseados no senso comum.
Nesse aspecto, esta pesquisa considera que as concepções prévias
do estudante apresentam contradições com a realidade de um todo, pois
apenas o conhecimento produzido pelas experiências vividas pelo sujeito não
são suficientes para uma interpretação completa. Todo conhecimento é uma
construção individual mediada pelo social através da linguagem. Embora o que
pode parecer “erro” deva ser analisado no contexto em que a linguagem for
utilizada, não se pode imaginar um aspirante a um bom emprego, com salário
digno cometendo os “erros” permitidos em outras situações diversas.
Para que o conhecimento seja dimensionado em toda a extensão e
profundidade possível, e por considerar que a escola é uma das muitas
estruturas que visa à socialização do sujeito, um ser que vem ao mundo para
uma realidade já construída, é preciso dar ao aluno a oportunidade de refletir,
relacionar e operar mentalmente demonstrando que tem em si reforçada a idéia
de aumentar a sua capacidade de interpretar linguagens em contextos os mais
diversos possíveis.
O aluno aprende na medida em que se engaja no processo de viver
numa realidade de conhecimentos já estabelecidos e determinados por um
grupo social, atinge um determinado grau de amadurecimento em sua relação
com os estudos universitários e precisa dar novo sentido a termos específicos,
num trabalho que exige pensar. Ele não pode simplesmente acumular
informações como os computadores, sua tarefa é abordar aspectos técnicos,
sociais, políticos e éticos. Sua decisão é resultante de sua compreensão.
Embora a memorização de alguns conhecimentos básicos seja
significativa, o novo foco deve estar na preparação de determinadas
competências. No ensino de língua estrangeira, por exemplo, a repetição é
muito utilizada para se aprender a falar e escrever, mas o que importa não é a
repetição sem significado, e sim aquela que demonstre conhecimento
específico. Nesse sentido, o enfoque dado ao papel da universidade, que se
diferencia da escola para crianças e adolescentes, é o de proporcionar
oportunidades de acúmulo de dados através de muito estudo, isso significa
muita informação disponível, preparação para consultas sob uma nova
orientação e perspectiva.
Deve-se ressaltar, então, a importância do estudo de outras línguas. A
proficiência em determinado idioma é um recurso diferencial para aqueles que
pretendem ser capazes de estabelecer relações significativas entre as
informações disponíveis no seu cotidiano, e, partindo da análise crítica de
situações complexas, tornarem-se competentes e hábeis.
Não se pode ver a habilidade associada a algo inato, ela necessita de
muito exercício para adquirir a capacidade de identificar, relacionar, analisar
com destreza. É evidente que alguns possuem elementos físicos e intelectuais
facilitadores do desenvolvimento de certas habilidades que lhes permite chegar
a uma maior competência que outros, mas, em sua maioria, o aprimoramento
do homem está realmente na sua vontade de estudar.
Assim, conhecer línguas torna o formando capaz de manifestar a sua
comunicação numa forma diferente de resolver situações complexas. Sendo
isso um indicador de competências, certamente será analisado como o
elemento diferenciador no momento da concorrência pelo emprego ou da
promoção, essas são situações que podem resultar em um salário mais
promissor e satisfação pessoal frente às dificuldades financeiras em que vive o
povo brasileiro.
CAPÍTULO II
APRIMORAMENTO DO EDUCANDO COMO PESSOA
HUMANA
O graduando deve ter incluída na sua formação noções de ética, o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, tendo em
vista a possibilidade de ampliar seus conhecimentos de uma segunda língua,
voltado para um futuro profissional mais promissor.
Numa entrevista dada pelo Dalai Lama, publicada no jornal El País
Semanal, em 22 de janeiro de 1995, a sabedoria foi definida como sendo uma
consciência compreensiva capaz de perceber as relações entre os seres.
Quando se fala de globalização, a sabedoria passa a ser a busca de relações
entre as disciplinas e o papel que deva ocupar no currículo escolar, isso é um
reflexo das questões relacionadas com a interdisciplinaridade.
Não se pode globalizar sem estabelecer relações entre as diferentes
matérias. Dissociar o currículo escolar e os problemas reais torna impossível
interpretar a subjetividade, estudar as transformações na sociedade, pois a
função da escola, principalmente da universidade, como já se indicou, é
oferecer elementos para que cada um tenha a possibilidade de construir sua
própria história, superando o que já vem determinado pelas condições de
gênero, etnia, classe social ou situação econômica.
Considera-se que a construção do conhecimento se dá pela
participação ativa do aprendiz em seu ambiente, da mesma forma, não se pode
separar o aprendizado de qualquer idioma do ambiente apropriado, pois o
subconsciente assimilará melhor os elementos inseridos em contextos sociais.
Ao ingressar numa universidade, o estudante de graduação é,
provavelmente, mais consciente das suas necessidades em adquirir
conhecimentos que o coloquem em condição de disputar posições melhores no
mercado de trabalho. Se a linguagem for entendida como constitutiva das
identidades, se a oralidade pode mostrar o que se sabe, é importante, então,
que o graduando atente para os diversos aspectos da comunicação e seja
incentivado a participar de atividades nas quais seja possível retomar os
contextos sociais, históricos e geográficos.
Essas atividades podem revelar o grau de conhecimento que uma
pessoa possui. Assim, ao ser entrevistado para uma colocação num emprego,
o indivíduo poderá falar e se posicionar com toda a sua potencialidade e a
avaliação da aprendizagem e do homem poderá influenciar na sua vida
enquanto profissional. O acesso a informações pela internet, saber argumentar
e defender pontos de vistas, bem como comprar e vender são fortes
justificativas, mas se isso for feito em inglês, as possibilidades de valorização
do profissional podem aumentar consideravelmente.
Não se pretende afirmar que o bilingüismo seja um instrumento a ser
utilizado apenas de forma acadêmica, mas é preponderante que uma
ferramenta profissional tão relevante se torne uma voz política. O ser bilíngüe
representa as suas habilidades cognitivas de modo superior, sua sensibilidade
e suas percepções ampliam-se e lhe permite entender algumas diferenças.
Aprofundar o autoconhecimento, bem como, flexibilizar julgamentos são
elementos decorrentes do processo ensino-aprendizagem, quanto maior o grau
de instrução, tanto melhor será o direito de julgar.
A palavra faz parte da essência do ser humano, a sua utilização é capaz
de promover o conhecimento do próximo e de si mesmo, de ferir, matar ou
apaziguar. Com a palavra se realiza negócios, marcam-se escolhas, nomeia-se
e através dela nascem os senhores e os servos.
Mas de onde vem essa sedução pelo poder que afeta milhões de
pessoas e as faz descobrir, pelo exame dos estratos bancários de suas contas
correntes, que talvez tenham exagerado em certas perspectivas que não
combinam com o grau de conhecimento que realmente possuem? Não se
refere aqui a todas as pessoas, mas tão somente àquelas que estudam
superficialmente e pensam serem possuidoras do poder que é próprio dos que
têm eternamente a ânsia de aprender cada vez mais.
Convém ficar atento para detectar aquilo que se deseja de fato, conciliar
com as imposições sociais e fazer surgir o personagem capaz de desencadear
as transformações produtivas exigidas pelos dias atuais.
Ao longo da evolução da espécie humana, verifica-se que um dos
aspectos que mais influem nas decisões das pessoas é a atitude de outras,
Têm-se a tendência de pensar que se muitos seguem um determinado
caminho é porque aquele deve ser o mais correto. Porém, às vezes, a multidão
pode estar focando um ponto diferente do seu. O ser diferente inclui pensar
bastante, transgredir algumas regras e buscar não o senso comum, não o que
a maioria quer, mas o senso crítico necessário a uma análise profunda e
contínua das múltiplas facetas – econômicas, políticas, históricas, sociais,
culturais e psicológicas – deste mundo globalizado.
2.1 As necessidades que o século exige.
As mesmas necessidades exigidas por este século são também do
estudante, ele precisa ir além da curiosidade infantil e questionar-se
continuamente a respeito de sua própria identidade, conhecer quem é, de onde
vem e para onde pretende ir. O homem precisa superar-se para encontrar a si
mesmo. Desse modo estará assumindo o seu papel e tentando descobrir a
missão que lhe foi imposta por esse novo milênio com o intuito de modificá-lo e
construir o seu próprio futuro.
Trata-se de um fator relevante a não aceitação simples de respostas
daqueles que são considerados conhecedores. O desenvolvimento de uma
democracia cognitiva só é possível reorganizando-se o saber, torna-se
necessário uma visão crítica, um armamento intelectual sobre a complexidade
dos problemas atuais, a inteligência humana depende do modo em que as
idéias são organizadas.
Em decorrência das lógicas e da vontade das forças econômicas, os
grandes investidores financeiros detêm um poder sem precedentes em todo o
mundo e tudo está sob a tutela do mercado. É a submissão das atividades
sociais e humanas às leis de mercado mundializado, ele é o principal
instrumento regulador das relações entre os grupos sociais.
Os progressos na informática e nas telecomunicações permitem
intervenções em tempo real e em qualquer ponto do globo terrestre - um poder
sem precedentes na história. No Brasil, sob o pretexto de modernizar o país,
adotaram-se medidas para a abertura da sua economia ao capital
internacional, além de ações voltadas para a privatização de empresas
estatais, muitas das decisões de investimento são tomadas fora do âmbito
nacional sem levar em conta os interesses do povo brasileiro.
De acordo com Alcoforado (1997), a constituição de blocos econômicos
em várias regiões do planeta representa um passo importante na direção de
um concerto global entre as nações. Nesse sentido, é preciso que se
desenvolva entre os povos a noção de patrimônio comum da humanidade, as
florestas, a atmosfera e os mares, dentre tantos outros devem ser
considerados como bens comuns.
Essa é a nova ordem mundial, ela precisa ser edificada para organizar
não só as relações entre os homens, mas também suas relações com a
natureza. A vida precisa de um novo contrato social em escala planetária em
benefício de toda a humanidade.
Mas não se pode sequer participar de uma discussão, muito menos
vencê-la, sem estar a par do que se lê nas entrelinhas, do que se pode chamar
de mensagem subliminar, aquela que só o espírito crítico pode perceber e
interpretar.
2.2 As necessidades do homem do novo século.
Poder-se-ia aqui copiar a página anterior e tudo estaria coerente, o que
o século espera do homem, é exatamente aquilo que o homem construiu
durante sua existência e, portanto, a ele deve adaptar-se. Entretanto não é isso
o que acontece, apenas alguns controlam a economia mundial como um todo.
A não ser que ocorra uma crise de proporções incomensuráveis, que leve à
bancarrota do sistema capitalista e dela resulte uma nova ordem na qual
prevaleçam os direitos dos povos, estão todos sujeitos à marcha imposta pelo
capital internacional.
Tudo aponta para uma mesma direção, as conseqüências atingem
também uma escala global e o desemprego se encontra por todo o planeta. É
preciso consciência na luta para que a globalização ocorra em benefício de
todos os povos do mundo e não dentro da ótica exclusiva do interesse das
multinacionais. Para tanto é preciso que as pessoas se articulem para interferir
neste processo, pois o quadro que aí está tende a prevalecer no cenário
mundial nos próximos anos.
O problema do desemprego, que atinge também o Brasil, é provocado
pela necessidade de elevação dos níveis de produtividade e redução de seus
custos. O resultado desses esforços tem redundado sempre em economia de
mão de obra.
Diante do quadro descrito, pode-se concluir que o futuro do trabalho no
Brasil não é nada promissor. A grande massa dos que buscam emprego tem
baixo nível de qualificação. É fundamental que se invista maciçamente em
educação para elevar esse nível de qualificação profissional do trabalhador
brasileiro, a fim de capacitá-lo para criar, desenvolver e utilizar novas
tecnologias.
Mais do que nunca o homem precisa encontrar em si as soluções para
os problemas que ele mesmo construiu e assegurar a satisfação das suas
próprias necessidades. Em um ambiente altamente competitivo, é
imprescindível que se atente para os fatores que interferem na vida das
pessoas e se busque no conhecimento e na educação os meios para se
alcançar os objetivos.
CAPÍTULO III
A FORMAÇÃO CULTURAL DO ESTUDANTE
O mercado de trabalho, no contexto atual vem exigindo cada vez mais
do profissional desejado, principalmente em alguns aspectos, considera-se
necessário destacar a relevância da flexibilidade funcional, criatividade,
autonomia de decisões, capacidade de trabalhar em equipe, pensamento
crítico, destacando-se ainda dentre eles certos valores voltados para a
construção da identidade do indivíduo e sua formação cultural enquanto
estudante, adquiridas não só na vida escolar, mas durante toda a sua
existência.
Fala-se muito que os alunos devem aprender a aprender, muitos
imaginam que saber estudar é privilégio de poucos, mas poucos ensinam a
arte de estudar. Estudar é uma técnica que pode ser aprendida, mas são
imprescindíveis atitude e força de vontade nos estudos, é provável que não se
aprenda ao longo dos anos na escola, e tudo o que realmente permanece são
as experiências vividas no cotidiano de cada um.
Não importam o tempo ou a idade, para preencher o vazio “construído”
durante os anos de Ensino Fundamental e Médio, restam os anos de
graduação universitária, nos quais já não se é mais adolescente e pode-se
visualizar o futuro emprego bem mais de perto. Esse futuro, quase presente,
impõe consciência da necessidade de uma melhor formação, na realidade, isto
se refere ao controle e domínio prático dos diversos tipos de tarefas e
situações impostas pela vida.
O segredo do bom estudante é estudar de maneira mais eficiente,
aproveitar todos os minutos de forma produtiva e, inteligentemente, mirar em
seu alvo para atirar com toda segurança, pois os bons hábitos existem para
serem desenvolvidos e cultivados, embora se saiba que os maus hábitos são
sempre de acesso fácil, o caminho mais curto e tornam-se muito difíceis de
serem eliminados.
De acordo com Unglaub (2005), a primeira coisa a fazer é se organizar,
isso ajuda você a se achar dentro do ambiente e facilita sua produtividade na
hora do estudo. Certamente a organização é o que existe em comum entre os
gerentes, diretores, presidentes de empresas e todo tipo de homem bem-
sucedido. Você é o seu próprio secretário, gerente e diretor na sua vida
estudantil, portanto o seu futuro depende de você.
É preciso que se busque enfatizar a compreensão por meio do estudo
de diversos estilos de textos, adaptados e autênticos, extraídos da Internet, de
livros, revistas e jornais ingleses, norte-americanos e em outros idiomas além
da língua materna, sobre temas transversais, a fim de melhor preparar o
indivíduo para os atuais exames de acesso ao emprego que se deseja
conseguir após o período de graduação universitária.
Vale salientar que a graduação não é o último estágio da vida
estudantil, e toda informação adquirida pode se transformar na sua “password”,
a sua “senha”, palavra-chave para seguir em frente. O objetivo deste trabalho,
é mesmo tentar convencer que sabendo inglês, deixa-se de ser apenas um
cidadão, passa-se a ser o cidadão de um mundo cheio de desafios, mas
também com muitas esperanças, que só através da educação poderá ser
enfrentado e melhorado.
Segundo Cavalcanti (2001, p.28) é relevante salientar que o aspecto
cultural do ensino de língua nunca deve ser esquecido ou negligenciado,
reconhecendo que as culturas e o ensino/aprendizagem de uma língua são
atravessados por uma relação de poder. Tudo que foi dito estabelece a
necessidade de aprender sempre e cada vez mais, pois uma conseqüência é
produzir um aumento das diferenças entre os que produzem a informação e
aqueles que a consomem como fator determinante e essencial da evolução da
humanidade.
Considerando que o consumo é um conjunto de processos
socioculturais nos quais se realizam a apropriação e os usos dos produtos, e
que a sociedade é ativamente consumista, logo, deve-se dar a ela o que ela
precisa para que o ciclo se mantenha.
A sociedade precisa de um produto de qualidade que possa contribuir
para as profundas transformações a que se assistem diariamente nos últimos
anos. As transações de mercado operadas pelas grandes corporações, os
meios de comunicação em massa, a propaganda subliminar a convencer de
determinadas necessidades, requerem a realização pessoal por meio da auto-
expressão, a busca de segurança na vida deve ser estudada de forma mais
intensa.
Essa situação estabelece uma série de desafios aos quais a
universidade pode responder. Dentre eles está a necessidade de decidir o quê
aprender, como e para quê, além de prestar atenção ao internacionalismo, e os
valores de respeito, solidariedade e tolerância, pois, além de ser requisito
essencial para ampliar as oportunidades no campo profissional, o estudo da
língua inglesa moderna viabiliza o estudo em materiais que abordam uma
grande diversidade de temas relacionados com o homem e seu lugar no
universo. Assim, contribui diretamente para a sua formação cultural e,
principalmente, para a formação de sua cidadania.
3.1. A universidade como salvação do educando.
A maioria que busca por um curso de graduação, o faz com a certeza
de que este é o único caminho para o sucesso na vida profissional e financeira.
Entretanto é por todos sabido que as universidades federais do Brasil se
defrontam com uma enorme crise financeira, estando algumas ameaçadas de
paralisar suas atividades pela impossibilidade de fazerem frente aos encargos
mais elementares.
A sobrevivência dessas universidades depende do esforço feito no
sentido de gerar outras fontes de renda, tais como a venda de serviços e a
cobrança de anuidades dos que possuam capacidade de pagamento. Mas a
reestruturação que aqui se impõe não é apenas para resolver seus problemas
financeiros, faz-se também necessário o desenvolvimento de novos métodos e
tecnologias de ensino, pesquisa e extensão para que elas se transformem em
efetivos centros de excelência irradiadores da cultura em benefício da
sociedade.
Restam ainda as opções proporcionadas pelo crescente número de
universidades particulares que continuam instalando-se diariamente no país,
mas nem todas elas possuem realmente as características urgentes ao
momento atual. Alguns de seus cursos de graduação e pós-graduação também
devem ser reformulados para prepararem recursos humanos altamente
qualificados.
Para estar em consonância com as exigências dos novos tempos é
necessária a adoção de medidas para vencer os obstáculos financeiros atuais
e os problemas estruturais que abalam algumas universidades brasileiras.
Cabe então ao indivíduo interpretar a crise contemporânea caracterizada no
final do século XX pela quebra de paradigmas nos planos econômicos, político,
social e tecnológico, integrar-se com o sistema, buscar na universidade os
fatores primordiais para despertar suas habilitações e talentos criativos, mas
não parar por aí.
Dentro dessa perspectiva, uma nova política deveria se constituir em
um compromisso entre a necessidade de se modernizar e a exigência de
propiciar um número elevado de empregos para a população. Quanto às
universidades, elas teriam o dever de suprir o mercado com profissionais
diferenciados, dotados de conhecimento profundo e altamente qualificados,
para que não seja preciso importar material humano.
Em muitos países, as habilitações estrangeiras, pelo menos aquelas
vindas de países subdesenvolvidos como o Brasil, não são aceitas. Se o
profissional, médico, advogado ou outro, quiser adentrar o mercado de trabalho
estrangeiro terá que contentar-se com subempregos, terá que atuar em bares,
hotéis e lojas, fazendo serviços como limpeza e vendas, para os quais não há
nativos locais para exercer, pois estes são os patrões e proprietários dos
estabelecimentos.
Enquanto no Brasil, um profissional graduado na Europa ou nos
Estados Unidos tem espaço no mercado de trabalho brasileiro, além de ser
considerado modelo, quando são chamados para atuarem, geralmente,
ganham salários exorbitantes em relação àqueles formados aqui mesmo no
cenário nacional.
Enquanto japoneses e chineses sofrem nos seus países com os
números enormes da população lá existente, vêm ao Brasil e transformam-se
em grandes agricultores e proprietários de lojas e restaurantes, tornam-se
abastados. É com trabalho e inteligência que superam as suas necessidades e
enriquecem as custas do povo brasileiro.
É possível se constatar que nesse mesmo tempo, o Brasil se vê com
uma realidade na qual existem uns brasileiros que viajam em busca de
melhores oportunidades no exterior, conseguem o pior emprego, são obrigados
a trabalhar em vários lugares, fazerem diversos serviços e ganharem o salário
que os moradores do lugar rejeitam. Outros são também brasileiros que vão
servir de mão-de-obra barata para os estrangeiros que vêm aqui para se
estabelecer e ficar ricos.
3.2 A consciência humana.
O planeta está nas mãos daqueles que têm coragem de correr o risco
de viver seus sonhos. Cada qual com seu talento buscando nos estudos o
suporte para aprofundar a compreensão do mundo e sua evolução. No
contexto do povo brasileiro, sonhar quer dizer refletir sobre suas
características, sua forma de aprender, correlacionando com a função da
escolaridade como necessária para a evolução deste cidadão, tão exigido e tão
pouco compreendido.
O verdadeiro debate deveria se dar sobre as finalidades prioritárias da
escola, nela deve se desenvolver competências com tempo limitado para a
pura assimilação de saberes. Mas a noção de competência remete a práticas
do cotidiano, algumas mobilizam apenas o senso comum gerado pelas
experiências vividas.
A maioria dos conhecimentos acumulados na escola permanece inútil
na vida cotidiana porque os alunos não treinam para utilizá-las em situações
concretas, mesmo aqueles que asseguram uma escolaridade básica completa,
permanece bem despreparada diante das novas tecnologias e regras do
cotidiano.
A qualidade de possuir conhecimentos ou capacidades não significa
ser competente. É preciso saber tomar decisões e resolver problemas, escolher
a melhor tradução de um texto escrito em língua estrangeira. Concreta ou
abstrata, comum ou especializada, uma competência permite apelar para
noções, informações, procedimentos e técnicas e, principalmente, saber aplicá-
las no momento certo.
À escola cabe fornecer os saberes e habilidades básicos, à vida cabe
desenvolver competências. Se acreditar que a formação de determinadas
competências dependem das escolas e universidades perde-se a consciência
da existência de outras vias.
Bem como as matemáticas, as línguas são de vital importância em
inúmeras profissões. Pode-se dizer que as competências são um horizonte, ele
distancia-se e se mantém fora do alcance, sobretudo para aqueles que se
orientarem para profissões científicas e técnicas, fizerem pesquisa ou servirem-
se de línguas.
A comparação anterior remete à necessidade de acumular saberes
contextualizados, ou eles não servirão para nada. Continuar conhecendo
porque o horizonte continuará se afastando, as tecnologias se renovam, a
língua em constante movimento e só os que tiverem o privilégio de aprofundá-
los durante longos estudos, se exercitando para utilizá-los na resolução de
problemas e na tomada de decisões em nome da grande maioria serão os
verdadeiros vitoriosos.
Como sempre os favorecidos desejarão sê-lo anda mais e dar a seus
filhos e netos, destinados aos estudos aprofundados, melhores chances na
seleção. Infelizmente, isso será em detrimento daqueles que não possuem as
ferramentas para dominar a vida e compreender o mundo.
Ler, escrever e contar completam a trilogia das habilidades exigidas
pela escolaridade obrigatória do século XIX, mas ela não está mais a altura das
exigências desta época. É preciso atualizá-las em consonância com as
características atuais, possibilitando o desenvolvimento pleno das
possibilidades do educando.
Com este referencial, deve-se discutir as possibilidades de repensar o
ensino, considera-se importante que cada universidade faça um retrato de si
mesma, dos sujeitos que a fazem viva e do meio social em que se insere, no
sentido de compreender sua própria cultura, identificando dimensões da
realidade motivadora de uma proposta curricular coerente com os interesses e
necessidades de seus alunos. Afinal, a universidade faz parte do conjunto
social em que está inserida.
O conhecimento é compreendido e aprendido como construções
histórico-sociais. Os estudos na área de códigos e linguagens visam à
compreensão do significado das letras e das artes; dar destaque à língua como
instrumento de comunicação; acesso ao conhecimento e exercício da
cidadania. Essa área pode ter como referência a construção do sujeito nas
relações que possam ser mediadas pela linguagem.
A proposta é a organização dos planos de estudo de forma
interdisciplinar, tendo como base o trabalho com leituras de publicações
diversas; a produção própria e coletiva de textos; a utilização cada vez mais
intensa da biblioteca; a exploração de diversos recursos como os cinemas,
teatros, museus etc.; o uso de acervos e patrimônios histórico-culturais da
região.
Assim, a possibilidade de se abordar pedagogicamente as atividades
cotidianas está nos diálogos interdisciplinares, para a definição de objetivos e
projetos comuns e articulados, no processo ensino-aprendizagem que resultam
nas relações entre educação e trabalho.
É mediante a pesquisa, observando o contexto social do qual os
estudantes procedem e as vias, estratégias ou percursos que possam tomar no
momento de buscar versões dos fatos que lhes permitem interpretar a
realidade. Tudo isto torna o estudante responsável por sua própria
aprendizagem, significa que ele tem o poder de selecionar, ordenar, analisar e
interpretar a informação. Essa tarefa pode ser realizada de maneira individual
ou grupal, e seus resultados deverão ser públicos, para favorecer um
conhecimento compartilhado.
Avaliar a aprendizagem está profundamente relacionado com o
processo do ensino e, portanto, deve ser conduzido como mais um momento
em que o aluno aprende. Pode se tornar um momento privilegiado, porque
diante de tudo o que a tradição vem associando à prova, o aluno coloca suas
energias em busca do sucesso, normalmente associado a uma boa nota. Se
essa é a cultura estabelecida, deve-se aproveitá-la e transformar a avaliação
em mais um momento de construção do conhecimento.
Bem como durante a fase da vida escolar, o indivíduo continua sendo
avaliado sempre. As aulas podem ser comparadas ao seu dia-a-dia de trabalho
e sua avaliação se dá a partir do que o homem produz e, finalmente, quanto às
suas notas, elas são a recompensa justa que chega através das promoções e
do salário percebido.
A ampla aceitação da realidade encoraja a continuar criando objetivos
e continuar perseguindo-os. Estudantes que precisam avaliar ou melhorar seu
conhecimento, aqueles que estão se preparando para aprofundar seus estudos
ou para o mercado de trabalho sabem que a língua é um importante aliado, é o
ponto de apoio para aqueles que visam a uma leitura mais detalhada
constituindo-se na motivação adicional para a resolução de problemas e se,
além da sua língua materna, você é conhecedor proficiente de uma outra,
certamente a tendência é conseguir subir alguns degraus e passar à frente da
concorrência.
CAPÍTULO IV
OS SABERES FUNDAMENTAIS Como presença consciente no mundo não posso
escapar à responsabilidade ética no meu mover-me no mundo. Se sou puro produto da determinação genética ou cultural ou de classe, sou irresponsável pelo que faço no mover-me no mundo e se careço de responsabilidade não posso falar em ética. Isto não significa negar os condicionamentos genéticos, culturais, sociais a que estamos submetidos. Significa reconhecer que somos seres condicionados, mas não determinados. Reconhecer que a História é tempo de possibilidade e não de determinismo, que o futuro, permita-me reiterar, é problemático e não inexorável. (Freire, 2003. p.19)
Segundo Freire (2003), o homem não está no mundo como uma peça
substituível sem causar algum dano, cada um deve ter em si a consciência de
suas responsabilidades. Dentre os seus afazeres estão duas relações distintas,
mas não menos importante uma que a outra, há de se ver uma imensa lista de
direitos e deveres para consigo e com o próximo, não se podendo descumprir
nenhum dos itens do que mandam essas relações, pois a realidade social,
histórica e cultural, constrói-se naturalmente a partir das atitudes de cada um.
Há de se pensar que a realidade foi construída pelo homem e só ele
pode mudá-la, O que se precisa, por isso mesmo, é o treino técnico
indispensável à adaptação do educando, à sua sobrevivência. (Freire, 2003. P.
20). De uma coisa se pode ter certeza, é imprescindível que o aprendiz se
entregue ao seu aprendizado de forma crítica independentemente de sua raça,
religião, crença política ou ideológica.
A questão da formação do educando exige uma reflexão a respeito dos
saberes fundamentais que devem ser incorporados ao rol de conhecimentos
necessários ao homem. Faz-se imprescindível uma análise profunda sobre os
objetivos e metas não só do ser único, mas também das pretensões da
sociedade, esta como o conjunto de seres e o indivíduo como um elemento
pertencente ao contexto que ele mesmo criou e, portanto, pode modificá-lo.
Como num jogo de xadrez, as peças são todas de vital importância, cada uma
delas tem a sua função e a desempenha de modo a dar a vida, se preciso for,
para alcançar o objetivo de manter vivo o rei.
Sendo o rei do xadrez o alvo, a rainha, as torres, os bispos, os cavalos
e até mesmo os peões como as peças indispensáveis à manutenção do jogo, a
vida também se dá de igual modo. Cada uma das peças são as atitudes, cada
um dos movimentos são as formas utilizadas, o “rei” é a sobrevivência e a
vitória é a satisfação pessoal.
4.1 Ensinar e aprender.
O momento de ensino-aprendizagem é o que a química orgânica
chama de reação de dupla troca, aprende-se ao ensinar e ensina-se ao
aprender e ambos, docente e discente, são peças do jogo da vida e têm o
mesmo valor, um inexiste sem o outro. O necessário é que o educando
mantenha viva a sua curiosidade e não se satisfaça facilmente, tornando-se
capaz de ir sempre mais além.
O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática
docente, reforçar a capacidade crítica do educando... (Freire, 2003. p. 26), isto
implica na exigência de criatividade, investigação, inquietação e persistência,
diferente do memorizador mecânico, repetidor temeroso de arriscar-se.
A exigência é pensar certo, para tanto é preciso indagar, investigar,
pesquisar para adquirir o conhecimento. Pesquisar não é uma qualidade e sim
uma obrigação, neste ato corre-se riscos, rejeita-se qualquer tipo de
discriminação. Assumir riscos transforma o ser social e histórico em ser
pensante, capaz de comunicar-se criativamente, realizar sonhos e, acima de
tudo, capaz de assumir em si mesmo o poder transformador e realizador de
sua própria identidade cultural.
Pensar certo implica em entender e esta compreensão só ocorre se
houver muito estudo e reflexão crítica sobre as práticas de ontem e de hoje
com a finalidade de melhorar o amanhã.
É absolutamente fundamental inserir o homem em seu próprio
contexto, eles são indissociáveis, o indivíduo deve ter a compreensão dos seus
sentimentos, o que ele deseja para a sua sobrevivência deve ser para o bem
de todos, deve-se pensar o ser como parte de um universo que sem ele não
existiria. E se um depende do outro, que ambos se completem
harmoniosamente.
4.2 O conhecimento e a compreensão humana.
Reiterando Freire (2003), a História não é tempo de determinismo, mas
de possibilidades e o futuro, apesar de problemático, não é inflexível. Como se
dotado de sentimentos deixa-se comover e permite ser modificado, não está
escrito, é um eterno problema cuja solução é e executada por cada um de
acordo com as suas necessidades e anseios.
Como tudo é marcado pela complexidade e pela incerteza, a vida
permite ao indivíduo abrir-se a reformas identificadas por ele como necessárias
na sua lida cotidiana. Para as idéias, argumentos e provocações diárias
esboçam-se sugestões, mas implicam no uso de criatividade para encontrar as
melhores alternativas.
Os desafios lançados pelo novo milênio pretendem adequar o ensino e
a pesquisa às demandas técnicas e administrativas impostas pelo mercado,
para tanto, é imprescindível unir os objetos ao seu contexto, relacionar as
disciplinas inteligentemente, construindo as possibilidades de compreensão e
reflexão, criando um juízo de valor crítico e corretivo.
Quanto maior a escala do problema, quanto mais globais eles se
tornem, maior é a capacidade exigida para pensá-lo consciente e
responsavelmente a fim de encarar o contexto e o complexo planetário em que
estão inseridos. Esta atitude de contextualizar e globalizar é uma qualidade
fundamental para a qual o conhecimento deve mobilizar atitudes de propor e
resolver problemas, sendo vital uma reforma do pensamento que viabilize o
emprego total da inteligência.
Segundo Morim (2004), ...o conhecimento é uma tradução seguida de
uma reconstrução..., embora não seja possível ver os raios ultravioleta ou o
infravermelho, nem ouvir infra-sons e ultra-sons, não significa que eles não
existam. Quando se lê textos impressos, deve-se estar atento para as palavras
não escritas, mas pensadas, a recomenda-se prestar atenção para o fato de
que as idéias nem sempre estejam transformadas em palavras, sendo
necessárias certas inferências.
É necessário perceber que o conhecimento também comporta riscos
de erros, não é dado ao homem o poder total sobre a previsão, fenômenos
econômicos encontram-se ligados a diversos fenômenos políticos, bem como
sociais e outros. Também os sentimentos não podem ser quantificados. Em
outras palavras, o conhecimento é fundado na atitude de contextualizar o
saber.
Quando se traduz uma língua estrangeira, seja ela a inglesa ou
qualquer outra, depara-se com palavras com múltiplos sentidos. Não se pode
simplesmente adivinhar o sentido exato da palavra, mas através do contexto
em que ela esteja empregada na frase, e esta contextualizada no texto,
tornando-se possível o seu entendimento.
Entretanto, não se pode compreender algo constituído de componentes
fora do universo de conhecimentos do indivíduo, nem se pode esperar que o
destino seja complacente e jamais coloque o homem deparado com situações
estranhas ao seu mundo.
Certamente é muito difícil compreender pessoas de culturas
diferentes, é surpreendente saber que vizinhos, familiares, pais e filhos, nem
sempre se compreendem entre si, como se o individualismo desenvolvesse
essa incompreensão.
Cada um retém apenas a palavra ofensiva pronunciada pelo outro e esquece a sua, como se ela fosse apenas uma resposta à agressão do outro..., ...os ingleses denominam esse processo de “self-deception”, ou seja, incessantemente mentimos para nós mesmos para fazer bonito, para nos agradarmos,eliminando o que é desagradável. (Morin, 2004. p. 93.).
A história da vida humana pode ser comparada a uma árvore, a
semente plantada será colhida depois. Isto significa dizer que não se pode falar
uma língua estrangeira sem estudá-la profundamente, não se pode
compreender uma época se a consciência está atrasada, isto implica no fato de
que os próprios cidadãos elegem aqueles que vão “controlá-los” e depois se
queixam das conseqüências.
Por que então não provocar as mudanças, com audácia suficiente para
começar uma reforma do ensino? A grande pergunta, ainda sem resposta, só
será possível se com muita vontade de fazê-lo, o homem começasse por
educar a si mesmo e reformasse o próprio espírito.
Esses exemplos são mais do que suficientes para se reconhecer a
necessidade de se ampliar conhecimentos, ultrapassar limites, entender que o
inesperado chega, fazendo-se necessária a estratégia capaz de modificar o
comportamento humano em função das informações e dos conhecimentos
novos propiciados pelos avanços dos dias de hoje. Quando se começa a tomar
cada vez mais consciência da multiplicação acelerada das comunicações,
pode-se ver a mundialização como um fenômeno que começou há muito tempo
atrás e foi se instalando na vida de todos.
CONCLUSÃO
Hernandez (1998), professor titular da faculdade de Belas Artes da
Universidade de Barcelona, Espanha, propõe:
...transgredir a visão da educação escolar baseada nos conteúdos, apresentados como objetos estáveis e universais e não como realidades socialmente construídas que, por sua vez, reconstroem-se nos intercâmbios de culturas e biografias que têm lugar na sala de aula. (Hernandez, 1998. p.12.)
Assim, considerando o exemplo acima e por encontrar diversas vezes
reiterada a idéia de que a escola não pode ser vista apenas como transmissora
de conteúdos, mas facilitadora na construção da subjetividade, considera-se de
grande importância também salientar razões que incutam no estudante atitudes
que tornem o estudo inteligente e produtivo para si mesmo e para toda a
sociedade. No exemplo de Fernando Hernández (1998), em sua obra
interessantemente chamada de “Transgressão e mudança na educação”, o
autor é bem objetivo, inclui alguns fatos e questionamentos que nos fazem
entender a relação entre o currículo escolar e os problemas reais, assim
quando acrescentamos a necessidade do estudo de língua estrangeira
moderna não devemos ver a universidade apenas enchendo a cabeça dos
alunos com mais um conteúdo, mas, sim, contribuindo para formá-los para a
cidadania, para que eles tenham a possibilidade de escrever melhor a sua
própria história.
Igualmente, convém discutir o termo “transgressão” usado para nomear
a obra supracitada. Segundo o dicionário, transgredir significa “passar além de;
atravessar; infringir; violar; quebrar”. Assim, a obra pretende mostrar que o
homem deve passar além daquilo que a vida lhe impõe, atravessar as barreiras
da concorrência, quebrar as amarras que o prendem ao passado e buscar o
novo como respostas aos seus anseios e necessidades.
Num país emergente como o Brasil, onde o desemprego impera e se
torna ainda mais freqüente por falta de qualificação profissional, aqueles que
buscarem a aquisição de uma nova língua - seja ela o inglês, o idioma
mais difundido, ou o espanhol que tem despertado o interesse de muitos -
estarão dando continuidade ao que se aprendeu obrigatoriamente durante os
ensinos fundamental e médio, a fim de adquirir um diferencial
para viabilizar uma melhor colocação no mercado de trabalho.
A elaboração deste trabalho foi baseada não só na leitura de livros,
artigos e publicações diversas, mas, principalmente na própria vivência de sua
autora, que, com o parco conhecimento da língua inglesa, adquirido nas
escolas públicas que freqüentou, viu-se, como tantos outros, com a imensa
necessidade de ampliar o nível de informações obtidas durante a sua
graduação, e, por isso concorda plenamente com o principio de que o que não
se compreende, não se aprende; que não se pode viver o presente sem pensar
no futuro e que é necessário cultivar em cada um o hábito da leitura com o
determinado propósito de tentar transformar o que para muitos é uma tarefa
obrigatória e monótona na construção de uma base sólida e fundamental
através dos estudos.
Como tudo que é marcado pela complexidade e pela incerteza, espera-
se que as idéias e sugestões aqui esboçadas possam encorajar a criatividade
de reexaminar a herança cultural recebida, atualizá-la e transmiti-la para as
gerações futuras. “Não se trata de modernizar a cultura, mas de culturalizar a
modernidade.” (Morin, 2004).
BIBLIOGRAFIA
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