DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · com que o jovem perdesse o estímulo e se visse...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE RAZÕES PARA A AQUISIÇÃO E COMPREENSÃO DE UMA SEGUNDA LÍNGUA Por: ELOÍSA SILVEIRA BRASIL Orientador: PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO SALVADOR 2008 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RAZÕES PARA A AQUISIÇÃO E COMPREENSÃO

DE UMA SEGUNDA LÍNGUA

Por: ELOÍSA SILVEIRA BRASIL

Orientador:

PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO

SALVADOR

2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RAZÕES PARA A AQUISIÇÃO E COMPREENSÃO

DE UMA SEGUNDA LÍNGUA

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial para obtenção do Grau de

Especialista em Docência do Ensino

Superior.

Por: Eloísa Silveira Brasil

SALVADOR

2008

AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares e amigos, em especial,

aos colegas de trabalho, que muito me

incentivaram no decorrer deste curso, e ao

Professor Carlos Afonso Leite Leocadio, meu

orientador, por ter esclarecido pacientemente

as minhas dúvidas.

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a todos aqueles que nos

fazem crer que somos eternos seres em

construção e não perdem o desejo de aprender

mesmo em idade avançada.

RESUMO

Este trabalho parte do princípio de que a Universidade é a instituição que pode possibilitar melhores condições de vida á maior parte dos estudantes, que o estudo de uma língua estrangeira é uma atitude das mais necessárias a ser incorporada ao perfil de aprendizagem do aluno inteligente e, finalmente, que o cidadão, no afã de aproveitar ao máximo cada atitude de forma positiva, deve entrar no mercado de trabalho com o desejo de promover mudanças significativas na sociedade.

Considerando que esta é a era da globalização e das telecomunicações, na qual o domínio é dos mais fortes, que o acesso ao concorrido mercado de trabalho é o principal objetivo de todos, que o alvo atingido venha premiado não com o bronze ou a prata, mas com o ouro de uma vida melhor. Assim, encontra-se aqui um convite a todos para uma atitude de reflexão, um convite para a tarefa árdua de juntar-se aos que pretendem transformar a educação e, superando os próprios limites, buscar cada vez mais qualidade.

Após os anos de estudos nas escolas obrigatórias, chega-se ao exame vestibular, necessário ao ingresso na universidade. Em muitos casos, não houve avanço bastante no aprendizado de língua estrangeira, mas ainda é tempo de ampliar horizontes. Espera-se que o indivíduo esteja atento para a importância de continuar aprendendo inglês, pois a possibilidade de usar outras línguas dá acesso a diferentes modos de viver a experiência humana. Além disso, o ciclo que se inicia nos cursos de graduação exige bons conhecimentos, tanto para estudar em livros estrangeiros quanto para ler os manuais de instruções de máquinas e equipamentos importados, os quais já se tornaram uma rotina na vida do brasileiro.

Portanto, por acreditar na importância da universidade enquanto organização preparadora de gerações que possam atuar com sucesso na vida social, cria-se a perspectiva da certeza de que o indivíduo deve aprender a pensar por si mesmo, soltar a sua imaginação e desejar ser bem recompensado, ainda que ele corra o risco de enfrentar desafios por explorar novos caminhos.

METODOLOGIA

Propondo-se a auxiliar na trajetória de tentar compreender os

processos e fenômenos que cercam a sociedade atual, apresentando-se como

instrumento de apoio, a fim de verificar, etapa por etapa, como os

acontecimentos interferem na realidade e como se pode com ela interagir, esta

pesquisa busca relacionar a aprendizagem como o momento privilegiado de

construção de um conhecimento mais profundo.

Uma das mais importantes discussões da atualidade encontra-se nos

resultados obtidos através de estudos diversos sobre a realidade do homem

deste novo século. Eles revelam que o mundo contemporâneo vem requerendo

a adoção de novas concepções e práticas educacionais que viabilizem um

currículo contextualizado e incorpore o trabalho enquanto principio educativo.

Esse é um desafio a ser lançado para as universidades que precisam dar conta

da melhoria na qualidade do ensino; uma sugestão é que essa qualidade possa

se dar a partir da inclusão de uma língua estrangeira moderna como disciplina

obrigatória e outra optativa nos cursos superiores, de forma que os estudantes

possam receber o conhecimento interligando o mundo atual e suas práticas

sociais.

Entretanto, não é possível esquecer os elementos indispensáveis para

alcançar as metas desejadas e buscar metodologias diversas que facilitem o

processo ensino-aprendizagem, a fim de torná-lo justificável e não

enfadonho. O objetivo da metodologia que vigorou até o início do século XX,

era o de transmitir um conhecimento sobre a língua estrangeira moderna,

permitindo o acesso a textos literários e a um domínio da gramática normativa,

para os quais o dicionário e uma gramática eram imprescindíveis.

A atitude ultrapassada e cansativa de aprender pela memorização fez

com que o jovem perdesse o estímulo e se visse na condição de estudar a

língua estrangeira apenas para ser aprovado ao final do ano. E, como se não

bastasse, a célebre frase “inglês não reprova” afastou ainda mais aqueles cujo

desempenho não era considerado satisfatório.

A grande questão é sobre a metodologia ideal, aquela que envolva

uma atividade intelectual em que o aprendiz não deve apenas memorizar

regras, onde não haja listas exaustivas de vocabulário ou exercícios de

gramática, tradução ou versão. Tornando-se de igual relevância ainda que essa

atividade venha a acontecer num espaço onde a relação professor-aluno seja

horizontal, sem que o primeiro detenha a autoridade e que ao aluno seja

atribuída toda iniciativa possível para que a interação entre ambos, educador e

aprendiz, realmente exista.

SUMÁRIO

RESUMO 04

METODOLOGIA 05

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – Linguagem e poder 11

1.1 Fazendo a escolha certa 14

CAPÍTULO II - Aprimoramento do educando

como pessoa humana 20

2.1 As necessidades que o século exige. 22

2.2 As necessidades do homem do novo século. 23

CAPÍTULO III - A formação cultural do estudante 25

3.1 A universidade como salvação do educando. 27

3.2 A consciência humana. 29

CAPÍTULO IV – Os saberes fundamentais 33

4.1 Ensinar e aprender. 34

4.2 O conhecimento e a compreensão humana. 35

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40

INTRODUÇÃO

Desde meados do século passado, anunciava-se uma era de expansão

nas atividades científicas, técnicas e econômicas que criavam um mundo

dominado pela tecnologia e pelo comércio, produzindo uma demanda por uma

língua Internacional. O papel de representar essa língua logo recaiu no inglês

por causa do poder econômico exercido pelos Estados Unidos no período após

a segunda grande guerra mundial.

A partir dessa nova ordem que até hoje comanda a economia mundial,

tendo-se a comunicação e suas novas tecnologias como tônica do mundo

globalizado, surgem diversos motivos que acarretam na discussão sobre a

importância do estudo de língua estrangeira em cursos de graduação, visando

a preparar um estudante com melhores condições de empregabilidade.

Antes, os motivos para aprender uma segunda língua não tinham o

mesmo grau de funcionabilidade que hoje atingem. Esses estudos poderiam

ser vistos como sinal de uma boa educação, entretanto muito poucos eram os

que se questionavam sobre isso ser ou não necessário. Mas ao direcionar a

devida atenção para “Language and Power” (linguagem e poder), obra de

Fairclough (1989), torna-se bastante o título da obra para que o leitor possa

inferir tratar-se de estudos cujo teor busque comprovar a idéia de que a

linguagem realmente tem o poder transformador.

Esta pesquisa tem o propósito de estudar a relevância social de se

formar graduados fluentemente falantes do inglês, devido aos constantes

questionamentos tais como: “O inglês facilitaria o ingresso no mercado de

trabalho? ; Uma língua estrangeira auxiliaria na aquisição de conhecimento

através do acesso a novas informações e culturas? ; Conhecer uma outra

língua ajudaria na confecção de um trabalho monográfico de pós-graduação,

ou tese de mestrado?”. Essas dúvidas permeiam os pensamentos de

profissionais de diversas áreas, cujo conhecimento de uma segunda língua é

apenas superficial, pois é decorrente dos seus estudos obrigatórios durante os

ensinos Fundamental e Médio.

São diversos os motivos que remetem a necessidade de um estudo

mais aprofundado de língua estrangeira durante a graduação. Enquanto muitas

dúvidas permeiam a cabeça do aprendiz durante os anos de ensino obrigatório

na sua adolescência e ele não consegue ver razões para a inclusão de uma

língua estrangeira no seu histórico escolar, o universitário, que busca melhores

possibilidades para sua inserção ao mercado de trabalho, poderá detectar o

quanto a proficiência gerada por esse estudo contribuirá para a sua formação

geral como educando.

Sabe-se, porém, que não é difícil encontrar profissionais graduados em

várias áreas trabalhando em balcões de lojas de departamento, prestando

serviços de telemarketing em grandes empresas, mas ganhando baixos

salários. Ou seja, é muito comum o desvio de função, nem sempre faltam

vagas, às vezes, o problema é justamente a qualificação do material humano

que está aquém daquele pretendido pelo empregador. Portanto, não sendo

apenas o fato de conseguir emprego a parte mais importante na vida, o

brasileiro deve se conscientizar das modificações exigidas a cada novo dia,

buscar aperfeiçoar-se para realmente acompanhar os avanços dos meios de

comunicação e, só assim, conseguir transmitir a criatividade e originalidade

necessárias a este terceiro milênio.

Chega-se aqui a relevância do tema deste estudo monográfico, pois se

sabe que o mercado de trabalho vem se tornando cada vez mais exigente e a

busca pela formação universitária tem sido o caminho escolhido por todos que

pretendem ampliar seus horizontes, são técnicos e demais profissionais ou

estudiosos que procuram se manter atualizados nas suas áreas, além de um

grande número de estudantes que precisam de informações em livros-texto, e-

books (livros eletrônicos) e diversas publicações que não estão disponíveis em

suas línguas maternas.

O mundo é comandado pelo capitalismo. Nesse sentido, velocidade é

tudo. O conhecimento é gerado em inglês: filmes, artigos científicos, novidades

tecnológicas, arte e muitos outros temas, logo, não se pode esperar que algo

seja traduzido para lê-lo, pois a resultante será um completo atraso em relação

aos que possuírem o diferencial que é conhecer outras maneiras de se

comunicar.

Assim, os principais objetivos deste trabalho são estudar situações que

justifiquem o aprendizado de língua estrangeira em cursos

de graduação, analisar se a inclusão deste estudo na grade curricular do

ensino superior pode ser importante para o educando e tentar identificar razões

que motivem o aluno a estudar uma segunda língua durante o seu período na

universidade.

CAPÍTULO I

LINGUAGEM E PODER

“No princípio era o Verbo, e o Verbo

estava com Deus, e o Verbo era

Deus.” (João 1:1).

O versículo bíblico acima citado faz uma reflexão a respeito da força da

palavra, é nela que tudo começa, é ela que a tudo abranda ou incita o furor,

quem dela tem o domínio, também detém o poder. Por isso, apesar das

adversidades, demonstrar persistência e alimentar a esperança de uma vida

melhor deve ser o grande desafio do povo brasileiro cuja realidade é de uma

grande maioria pertencente a famílias de baixa renda que vive em meio a

muitas dificuldades – como conciliar estudo e trabalho – devido à necessidade

de sustentar a si e/ou a sua família.

Neste capitulo será abordada a possibilidade de serem desenvolvidas

as capacidades cognitivas do educando em realizar as diversas leituras não

apenas em sua língua materna, mas com o pleno domínio de interpretar textos

e contextos, sistematizar, inferir, analisar, de desenvolver o raciocínio lógico e o

cálculo, transformando o homem comum num cidadão pleno e consciente dos

seus direitos e deveres para consigo e com a sociedade onde ele está inserido.

... a legislação educacional brasileira determina que os currículos escolares articulem princípios pedagógicos capazes de promover a complementaridade entre as necessidades de prosseguimento dos estudos com a preparação para o trabalho e com o exercício da cidadania. (Orientações Curriculares, 2005. p. 21.)

No trecho acima, do termo “prosseguimento” percebe-se claramente a

preocupação de que as capacidades cognitivas do educando ampliem-se

continuamente, que se iniciem no Ensino Fundamental, sigam pelo Ensino

Médio, mas não se concluam ali; que se possa consolidar e aprofundar todo o

conhecimento adquirido durante a graduação universitária. Para tanto, que

sejam adotadas algumas práticas pedagógicas que possibilitem ao educando a

capacidade de melhor interpretar o mundo a partir do ambiente em que ele

vive, pois não se pode pensar o indivíduo fora do seu contexto social e cultural.

É neste mundo, comandado por uma sociedade altamente tecnológica,

que está inserida a exigência por uma formação que inclua autonomia

intelectual, na qual as diversas linguagens podem facilitar as relações do

homem consigo mesmo e com o outro, por isso aumentar a sua capacidade de

criar e transformar.

Segundo J. Sacristán (1999), a linguagem, os princípios da liberdade

de pensamento, de expressão e de informação são critérios essenciais para

fundamentar uma cultura democrática. Então, não se pode pensar em

democracia sem contemplar a diversidade cultural, sem analisar a necessidade

de conhecer outras línguas, sem uma reflexão sobre o poder da palavra.

No Brasil, conscientes da importância de um estudo mais aprofundado,

muitos comprometem o orçamento familiar com cursos particulares, pois a

abordagem do ensino da língua inglesa nas escolas está completamente

obsoleto, inspirada ainda no século passado sem a preocupação de considerar

a contextualização e o mercado de trabalho.

Em quase todas as escolas, ainda é usado o método de tradução e

repetição dos anos 50, embora não se possa deixar de ressalvar a existência

de programas apresentados com forma clara, objetiva e sucinta que podem

ajudar a sanar eventuais falhas de aprendizado, eliminar dúvidas, ampliar

conhecimento e melhorar o desempenho de forma rápida e descomplicada.

O uso de uma linguagem, que atenda às tendências persuasivas, exige

cada vez mais uma visão multidisciplinar. O discurso precisa apoiar-se na

utilização de diversos recursos e técnicas, a fim de causar impacto e atrair a

atenção do seu receptor. Estes recursos têm por objetivo tornar a mensagem

mais criativa e, com isso, conseguir influenciar no comportamento do seu

receptor, em torno de um determinado produto/serviço, através do uso de

palavras com diferentes conotações. A linguagem utilizada pode ser formal,

coloquial, ou até mesmo humorística, entretanto é imprescindível que esteja de

acordo com os interesses de cada um. Neste sentido, a linguagem é uma

ferramenta importante na construção da mensagem.

O uso de certos recursos pode exercer importante influência

psicológica e tornar sua mensagem mais expressiva, deve-se apenas seguir

cuidados básicos no sentido de facilitar a sua compreensão, isto exige

praticidade, leveza, mas muita determinação.

Não se pretende aqui decidir pelo aluno sobre qual língua estrangeira

ele deve escolher para a complementação dos seus estudos, mas envolvê-lo a

ponto de fazê-lo refletir, sendo ele mesmo o protagonista das ações que dirijam

o rumo das transformações desejadas e esperadas, resultando em uma

oportunidade de ser um sujeito partícipe e autor da sua própria história. E, são

estas as situações que podem encorajar o indivíduo a continuar perseguindo os

seus objetivos.

É a necessidade que leva o homem a modificar e atribuir novas formas

aos elementos naturais, toda mercadoria exposta pode ser uma ilusão forjada

pelo capitalismo. O modo como os homens trabalham uns para os outros é que

desencadeia o processo, num determinado estágio cultural, um homem cria um

produto como resultado direto da força de seu trabalho e outro simplesmente

consegue os louros. Para o consumidor, não há relação entre o indivíduo e seu

trabalho, mas o produto que ele tem nas mãos.

A alienação dos servos em relação aos serviços que eles prestam é o

principal motivo para a crescente exploração que se verifica, são os

opressores, poucos e muito ricos, que comandam a grande massa trabalhista,

muitos e muito pobres. Já desde o início da sociedade industrial que se pode

ver a classe pobre presa a esse ritmo alucinante, satisfazendo-se com o pão de

cada dia e alguma diversão durante as suas mínimas horas de folga.

Essa cultura de massa culminava nas grandes disparidades sociais

que geravam o empobrecimento de tantos em prol de uns poucos. Nesse

contexto foi se construindo a realidade atual, mas cabe discutir o

comportamento humano e fazer de cada um o senhor de seu próprio destino.

Assim, uma pessoa pode ter a sua rotina determinada pelo seu estilo

de vida, tornar-se cada vez mais pobre e triste ou mais bem sucedida, mais

livre, mais feliz; embora se saiba que ele nunca deve achar que já alcançou a

satisfação plena e duradoura, pois o homem enquanto ser em construção,

quanto mais produzir e possuir, mais irá querer e, se essa produção se der no

campo do saber e do conhecimento, nada o impede de buscar em si mesmo a

força para a realização de verdadeiras mudanças no mundo.

1.1 Fazendo a escolha certa.

Se as coisas são inatingíveis... Ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora

A mágica presença das estrelas!

(Mário Quintana)

A revista Time International de 17 de julho de

1995, apresenta uma reportagem sob o título “The future

is now” na qual enfatiza que o ritmo da mudança

tecnológica em curso é mais rápido do que em qualquer

época da história e que não apresenta nenhum sinal de

queda no momento. Nesta reportagem, Time apresenta

uma visão sobre as dez áreas de inovação que mais

afetarão a população mundial até o final do século XX...

(Alcoforado, 1997. p.128).

Segundo Alcoforado (1997), essas áreas estão sendo construídas nos

EUA e em países que investem nessa nova tecnologia, cujo advento vai

possibilitar a verdadeira comunicação de massa em escala planetária. O

modelo de comunicação que prevalecia na década anterior está sendo

substituído por outro em que toda e qualquer comunicação poderá estar ao

alcance de quem desejar.

A Internet, nascida nos EUA na década de 60, é a maior rede de

computadores do mundo, ela se constitui um grande avanço alcançado pela

humanidade no campo das telecomunicações e acenam para a perspectiva de

que em futuro não muito remoto todo o globo possa interagir através do

transporte de imagens, voz e dados, numa realidade virtual tão convincente

que não se possa distingui-lo do real.

No dia 04/08/94, foi publicado no jornal A Tarde de Salvador, Bahia,

que as autoridades e legisladores brasileiros precisam examinar, o mais breve

possível, a integração do Brasil á economia mundial, pois ela depende em

grande medida da capacidade de cada país se integrar globalmente através

dos mais modernos meios de comunicação. (Alcoforado, 1997)

Na cultura atual, é fundamental que a compreensão do mundo esteja

interligada ao saber acessar, analisar e interpretar a informação. Desde a

educação infantil até a universidade, o aproveitamento torna-se um processo

que se inicia, mas nunca termina, pois sempre se pode ter acesso a formas

cada vez mais complexas de dar significado a informação. Isso conduz o

indivíduo por caminhos de diversas vias que requerem conhecimento suficiente

para escolher estratégias sempre mais elaboradas para se chegar ao completo

reconhecimento da realidade.

Segundo Freire (1996, p. 107.), Ninguém é autônomo primeiro para

depois decidir. A autonomia vai se construindo na experiência de várias,

inúmeras decisões, que vão sendo tomadas..., estas decisões são impostas

diariamente através de um processo de tradução da realidade, trata-se de uma

relação mútua entre o que a sociedade exige e as necessidades de cada um. E

Freire na mesma seqüência continua afirmando que ... Por outro lado, ninguém

amadurece de repente, aos 25 anos. A gente vai amadurecendo todo dia.... É

nesse sentido que estudar exige uma tomada de decisões consciente. A

educação pode propiciar ao homem aspirações de mudanças radicais em

diversos campos da sociedade variando apenas quanto aos sonhos e objetivos

de cada um.

Pensando as razões para a escolha do idioma que melhor se

incorpore ao estilo de cada indivíduo, convém lembrar o empirismo inglês.

Resultante do pensamento da burguesia inglesa que, detinha o poder

econômico e político, através da monarquia parlamentar no século XVII,

concebia-se que o conhecimento poderia explicar a origem das idéias a partir

da percepção que se tem das coisas através dos próprios sentidos. Nada está

no intelecto que não tenha estado antes nos sentidos. (Rezende. 2005, p. 119).

Então, já que todo conhecimento provém da concepção do mundo

externo, dependendo sua exatidão das verificações feitas e do acordo entre as

experiências dos indivíduos, sendo esta experiência de cunho individual, deixa-

se a critério de cada um analisar os seus próprios anseios e necessidades no

momento da escolha do idioma que complemente seu currículo acadêmico e o

prepare para as experiências futuras.

Entretanto, após diversas considerações sobre o assunto, cabe a

sugestão pelo que pode ser mais fácil. De acordo com Rubens Almeida (2008),

na escolha pela língua inglesa o aprendiz contará com duas grandes

vantagens: a primeira delas vem através dos cognatos que representam 20 a

25% de todas as palavras que aparecem em termos técnicos, a segunda é a

existência de um vocabulário de aproximadamente duzentos e cinqüenta

palavras comumente utilizadas no dia-a-dia, a partir daí o uso da intuição para

deduzir o que as palavras desconhecidas podem significar, sendo necessária

apenas uma análise do contexto em que estão inseridas.

O que se vê diariamente e em todos os grupos sociais é que durante

uma aula de geografia, enquanto o professor versa sobre a NAFTA (North

American Free Trade Agreement), lembra dos “Royalties”, alguns alunos

dirigem-se ao “play ground”, uns ao “Flat” onde moram, outros simplesmente

deliciam-se com um “hot-dog”, ou uma pizza “Express” solicitada pelo serviço

de “delivery”, acompanhados da Coca-cola habitual. Sem se preocupar com

tantos termos difíceis, tornados comuns e até mesmo já incorporados ao

vocabulário cotidiano, o homem trata de “deletar” as informações

desnecessárias e entram num “chat” na “Net” que é bem mais interessante.

Esse é um minúsculo exemplo de que a grande maioria da população

brasileira foi completamente infectada pelo estrangeirismo, uma influência

direta do mundo globalizado que serve para certificar de que não se pode por

em dúvida a força da palavra falada na língua dos poderosos. O que se supõe

é a necessidade de incorporar informações e conhecimentos que, na

atualidade, estão disponíveis nos meios de comunicação, viabilizando as

aprendizagens realizadas pelo estudante fora da sala de aula e da escola. O

grande dilema está entre os conhecimentos escolares e aqueles que se

aprende no mundo, é preciso pensar em quais os que melhor contribuem para

assegurar o ingresso com sucesso no mercado de trabalho.

É fato que nem sempre a escola ou a realidade do educando oferecem

condições e recursos complementares ao aprendizado de uma segunda língua,

mas é de vital importância desenvolver o espírito crítico, sem doutrinar, e sim

mostrando alternativas, orientando para que se perceba mais claramente o

mundo dinâmico, cujas transformações constantes se sucedem em velocidade

acelerada e requerem uma atitude urgente para a satisfação das necessidades

básicas de aprendizagem do homem de hoje.

Isso acarreta na preocupação de que o ensino mude para ser coerente

com o mundo e que se possam expandir as paredes da sala de aula. Como

sujeitos ativos, que interagem com o que acontece a sua volta, os alunos

precisam ser desafiados a construir os conceitos e elaborá-los de acordo com

sua própria vivência, buscando nos instrumentos da educação habilidades que

lhes permitam crescer como pessoas, como cidadãos e futuros trabalhadores.

Continuar ignorando, ou colocando em segundo plano a importância do

processo de transmissão de conhecimentos, o acesso aos conteúdos

necessários da educação para esse novo milênio, certamente pode prejudicar

a formação do jovem aprendiz que se vê confrontado com enormes desafios

para um convívio harmônico e produtivo entre os seus próprios anseios e a

realidade da nova e desafiante economia em que o Brasil tem se esforçado por

ingressar.

Reiterando Freire (1996), o amadurecimento se constrói a cada dia, a

cada desafio; cabe a escola o papel fundamental no processo de preparação

da infância e da juventude para que o ingresso na graduação universitária

venha acompanhado da consciência do valor da expressão oral, leitura, escrita,

cálculo e resoluções de problemas. Entretanto, se quiserem realmente

desenvolver o seu potencial como cidadãos e como futuros trabalhadores, as

pessoas devem atentar para o momento privilegiado de estudo que permite a

percepção da linguagem no seu papel mais preponderante.

Afirmar que a linguagem exerce muitos papeis importantes parece

óbvio, pois a construção do conhecimento se processa essencialmente por

meio dela e das mais diversas formas. Entretanto a função fundamental da

linguagem é ligar contextos.

Quando o aluno chega para aprender, ele já traz consigo um mundo de

experiências e uma linguagem própria para comunicar-se. É nesse ponto em

que se encontram todos, indistintamente, prontos para uma interpretação

dentro de seu próprio contexto e, por meio dele, faz-se a construção de

significados baseados no senso comum.

Nesse aspecto, esta pesquisa considera que as concepções prévias

do estudante apresentam contradições com a realidade de um todo, pois

apenas o conhecimento produzido pelas experiências vividas pelo sujeito não

são suficientes para uma interpretação completa. Todo conhecimento é uma

construção individual mediada pelo social através da linguagem. Embora o que

pode parecer “erro” deva ser analisado no contexto em que a linguagem for

utilizada, não se pode imaginar um aspirante a um bom emprego, com salário

digno cometendo os “erros” permitidos em outras situações diversas.

Para que o conhecimento seja dimensionado em toda a extensão e

profundidade possível, e por considerar que a escola é uma das muitas

estruturas que visa à socialização do sujeito, um ser que vem ao mundo para

uma realidade já construída, é preciso dar ao aluno a oportunidade de refletir,

relacionar e operar mentalmente demonstrando que tem em si reforçada a idéia

de aumentar a sua capacidade de interpretar linguagens em contextos os mais

diversos possíveis.

O aluno aprende na medida em que se engaja no processo de viver

numa realidade de conhecimentos já estabelecidos e determinados por um

grupo social, atinge um determinado grau de amadurecimento em sua relação

com os estudos universitários e precisa dar novo sentido a termos específicos,

num trabalho que exige pensar. Ele não pode simplesmente acumular

informações como os computadores, sua tarefa é abordar aspectos técnicos,

sociais, políticos e éticos. Sua decisão é resultante de sua compreensão.

Embora a memorização de alguns conhecimentos básicos seja

significativa, o novo foco deve estar na preparação de determinadas

competências. No ensino de língua estrangeira, por exemplo, a repetição é

muito utilizada para se aprender a falar e escrever, mas o que importa não é a

repetição sem significado, e sim aquela que demonstre conhecimento

específico. Nesse sentido, o enfoque dado ao papel da universidade, que se

diferencia da escola para crianças e adolescentes, é o de proporcionar

oportunidades de acúmulo de dados através de muito estudo, isso significa

muita informação disponível, preparação para consultas sob uma nova

orientação e perspectiva.

Deve-se ressaltar, então, a importância do estudo de outras línguas. A

proficiência em determinado idioma é um recurso diferencial para aqueles que

pretendem ser capazes de estabelecer relações significativas entre as

informações disponíveis no seu cotidiano, e, partindo da análise crítica de

situações complexas, tornarem-se competentes e hábeis.

Não se pode ver a habilidade associada a algo inato, ela necessita de

muito exercício para adquirir a capacidade de identificar, relacionar, analisar

com destreza. É evidente que alguns possuem elementos físicos e intelectuais

facilitadores do desenvolvimento de certas habilidades que lhes permite chegar

a uma maior competência que outros, mas, em sua maioria, o aprimoramento

do homem está realmente na sua vontade de estudar.

Assim, conhecer línguas torna o formando capaz de manifestar a sua

comunicação numa forma diferente de resolver situações complexas. Sendo

isso um indicador de competências, certamente será analisado como o

elemento diferenciador no momento da concorrência pelo emprego ou da

promoção, essas são situações que podem resultar em um salário mais

promissor e satisfação pessoal frente às dificuldades financeiras em que vive o

povo brasileiro.

CAPÍTULO II

APRIMORAMENTO DO EDUCANDO COMO PESSOA

HUMANA

O graduando deve ter incluída na sua formação noções de ética, o

desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, tendo em

vista a possibilidade de ampliar seus conhecimentos de uma segunda língua,

voltado para um futuro profissional mais promissor.

Numa entrevista dada pelo Dalai Lama, publicada no jornal El País

Semanal, em 22 de janeiro de 1995, a sabedoria foi definida como sendo uma

consciência compreensiva capaz de perceber as relações entre os seres.

Quando se fala de globalização, a sabedoria passa a ser a busca de relações

entre as disciplinas e o papel que deva ocupar no currículo escolar, isso é um

reflexo das questões relacionadas com a interdisciplinaridade.

Não se pode globalizar sem estabelecer relações entre as diferentes

matérias. Dissociar o currículo escolar e os problemas reais torna impossível

interpretar a subjetividade, estudar as transformações na sociedade, pois a

função da escola, principalmente da universidade, como já se indicou, é

oferecer elementos para que cada um tenha a possibilidade de construir sua

própria história, superando o que já vem determinado pelas condições de

gênero, etnia, classe social ou situação econômica.

Considera-se que a construção do conhecimento se dá pela

participação ativa do aprendiz em seu ambiente, da mesma forma, não se pode

separar o aprendizado de qualquer idioma do ambiente apropriado, pois o

subconsciente assimilará melhor os elementos inseridos em contextos sociais.

Ao ingressar numa universidade, o estudante de graduação é,

provavelmente, mais consciente das suas necessidades em adquirir

conhecimentos que o coloquem em condição de disputar posições melhores no

mercado de trabalho. Se a linguagem for entendida como constitutiva das

identidades, se a oralidade pode mostrar o que se sabe, é importante, então,

que o graduando atente para os diversos aspectos da comunicação e seja

incentivado a participar de atividades nas quais seja possível retomar os

contextos sociais, históricos e geográficos.

Essas atividades podem revelar o grau de conhecimento que uma

pessoa possui. Assim, ao ser entrevistado para uma colocação num emprego,

o indivíduo poderá falar e se posicionar com toda a sua potencialidade e a

avaliação da aprendizagem e do homem poderá influenciar na sua vida

enquanto profissional. O acesso a informações pela internet, saber argumentar

e defender pontos de vistas, bem como comprar e vender são fortes

justificativas, mas se isso for feito em inglês, as possibilidades de valorização

do profissional podem aumentar consideravelmente.

Não se pretende afirmar que o bilingüismo seja um instrumento a ser

utilizado apenas de forma acadêmica, mas é preponderante que uma

ferramenta profissional tão relevante se torne uma voz política. O ser bilíngüe

representa as suas habilidades cognitivas de modo superior, sua sensibilidade

e suas percepções ampliam-se e lhe permite entender algumas diferenças.

Aprofundar o autoconhecimento, bem como, flexibilizar julgamentos são

elementos decorrentes do processo ensino-aprendizagem, quanto maior o grau

de instrução, tanto melhor será o direito de julgar.

A palavra faz parte da essência do ser humano, a sua utilização é capaz

de promover o conhecimento do próximo e de si mesmo, de ferir, matar ou

apaziguar. Com a palavra se realiza negócios, marcam-se escolhas, nomeia-se

e através dela nascem os senhores e os servos.

Mas de onde vem essa sedução pelo poder que afeta milhões de

pessoas e as faz descobrir, pelo exame dos estratos bancários de suas contas

correntes, que talvez tenham exagerado em certas perspectivas que não

combinam com o grau de conhecimento que realmente possuem? Não se

refere aqui a todas as pessoas, mas tão somente àquelas que estudam

superficialmente e pensam serem possuidoras do poder que é próprio dos que

têm eternamente a ânsia de aprender cada vez mais.

Convém ficar atento para detectar aquilo que se deseja de fato, conciliar

com as imposições sociais e fazer surgir o personagem capaz de desencadear

as transformações produtivas exigidas pelos dias atuais.

Ao longo da evolução da espécie humana, verifica-se que um dos

aspectos que mais influem nas decisões das pessoas é a atitude de outras,

Têm-se a tendência de pensar que se muitos seguem um determinado

caminho é porque aquele deve ser o mais correto. Porém, às vezes, a multidão

pode estar focando um ponto diferente do seu. O ser diferente inclui pensar

bastante, transgredir algumas regras e buscar não o senso comum, não o que

a maioria quer, mas o senso crítico necessário a uma análise profunda e

contínua das múltiplas facetas – econômicas, políticas, históricas, sociais,

culturais e psicológicas – deste mundo globalizado.

2.1 As necessidades que o século exige.

As mesmas necessidades exigidas por este século são também do

estudante, ele precisa ir além da curiosidade infantil e questionar-se

continuamente a respeito de sua própria identidade, conhecer quem é, de onde

vem e para onde pretende ir. O homem precisa superar-se para encontrar a si

mesmo. Desse modo estará assumindo o seu papel e tentando descobrir a

missão que lhe foi imposta por esse novo milênio com o intuito de modificá-lo e

construir o seu próprio futuro.

Trata-se de um fator relevante a não aceitação simples de respostas

daqueles que são considerados conhecedores. O desenvolvimento de uma

democracia cognitiva só é possível reorganizando-se o saber, torna-se

necessário uma visão crítica, um armamento intelectual sobre a complexidade

dos problemas atuais, a inteligência humana depende do modo em que as

idéias são organizadas.

Em decorrência das lógicas e da vontade das forças econômicas, os

grandes investidores financeiros detêm um poder sem precedentes em todo o

mundo e tudo está sob a tutela do mercado. É a submissão das atividades

sociais e humanas às leis de mercado mundializado, ele é o principal

instrumento regulador das relações entre os grupos sociais.

Os progressos na informática e nas telecomunicações permitem

intervenções em tempo real e em qualquer ponto do globo terrestre - um poder

sem precedentes na história. No Brasil, sob o pretexto de modernizar o país,

adotaram-se medidas para a abertura da sua economia ao capital

internacional, além de ações voltadas para a privatização de empresas

estatais, muitas das decisões de investimento são tomadas fora do âmbito

nacional sem levar em conta os interesses do povo brasileiro.

De acordo com Alcoforado (1997), a constituição de blocos econômicos

em várias regiões do planeta representa um passo importante na direção de

um concerto global entre as nações. Nesse sentido, é preciso que se

desenvolva entre os povos a noção de patrimônio comum da humanidade, as

florestas, a atmosfera e os mares, dentre tantos outros devem ser

considerados como bens comuns.

Essa é a nova ordem mundial, ela precisa ser edificada para organizar

não só as relações entre os homens, mas também suas relações com a

natureza. A vida precisa de um novo contrato social em escala planetária em

benefício de toda a humanidade.

Mas não se pode sequer participar de uma discussão, muito menos

vencê-la, sem estar a par do que se lê nas entrelinhas, do que se pode chamar

de mensagem subliminar, aquela que só o espírito crítico pode perceber e

interpretar.

2.2 As necessidades do homem do novo século.

Poder-se-ia aqui copiar a página anterior e tudo estaria coerente, o que

o século espera do homem, é exatamente aquilo que o homem construiu

durante sua existência e, portanto, a ele deve adaptar-se. Entretanto não é isso

o que acontece, apenas alguns controlam a economia mundial como um todo.

A não ser que ocorra uma crise de proporções incomensuráveis, que leve à

bancarrota do sistema capitalista e dela resulte uma nova ordem na qual

prevaleçam os direitos dos povos, estão todos sujeitos à marcha imposta pelo

capital internacional.

Tudo aponta para uma mesma direção, as conseqüências atingem

também uma escala global e o desemprego se encontra por todo o planeta. É

preciso consciência na luta para que a globalização ocorra em benefício de

todos os povos do mundo e não dentro da ótica exclusiva do interesse das

multinacionais. Para tanto é preciso que as pessoas se articulem para interferir

neste processo, pois o quadro que aí está tende a prevalecer no cenário

mundial nos próximos anos.

O problema do desemprego, que atinge também o Brasil, é provocado

pela necessidade de elevação dos níveis de produtividade e redução de seus

custos. O resultado desses esforços tem redundado sempre em economia de

mão de obra.

Diante do quadro descrito, pode-se concluir que o futuro do trabalho no

Brasil não é nada promissor. A grande massa dos que buscam emprego tem

baixo nível de qualificação. É fundamental que se invista maciçamente em

educação para elevar esse nível de qualificação profissional do trabalhador

brasileiro, a fim de capacitá-lo para criar, desenvolver e utilizar novas

tecnologias.

Mais do que nunca o homem precisa encontrar em si as soluções para

os problemas que ele mesmo construiu e assegurar a satisfação das suas

próprias necessidades. Em um ambiente altamente competitivo, é

imprescindível que se atente para os fatores que interferem na vida das

pessoas e se busque no conhecimento e na educação os meios para se

alcançar os objetivos.

CAPÍTULO III

A FORMAÇÃO CULTURAL DO ESTUDANTE

O mercado de trabalho, no contexto atual vem exigindo cada vez mais

do profissional desejado, principalmente em alguns aspectos, considera-se

necessário destacar a relevância da flexibilidade funcional, criatividade,

autonomia de decisões, capacidade de trabalhar em equipe, pensamento

crítico, destacando-se ainda dentre eles certos valores voltados para a

construção da identidade do indivíduo e sua formação cultural enquanto

estudante, adquiridas não só na vida escolar, mas durante toda a sua

existência.

Fala-se muito que os alunos devem aprender a aprender, muitos

imaginam que saber estudar é privilégio de poucos, mas poucos ensinam a

arte de estudar. Estudar é uma técnica que pode ser aprendida, mas são

imprescindíveis atitude e força de vontade nos estudos, é provável que não se

aprenda ao longo dos anos na escola, e tudo o que realmente permanece são

as experiências vividas no cotidiano de cada um.

Não importam o tempo ou a idade, para preencher o vazio “construído”

durante os anos de Ensino Fundamental e Médio, restam os anos de

graduação universitária, nos quais já não se é mais adolescente e pode-se

visualizar o futuro emprego bem mais de perto. Esse futuro, quase presente,

impõe consciência da necessidade de uma melhor formação, na realidade, isto

se refere ao controle e domínio prático dos diversos tipos de tarefas e

situações impostas pela vida.

O segredo do bom estudante é estudar de maneira mais eficiente,

aproveitar todos os minutos de forma produtiva e, inteligentemente, mirar em

seu alvo para atirar com toda segurança, pois os bons hábitos existem para

serem desenvolvidos e cultivados, embora se saiba que os maus hábitos são

sempre de acesso fácil, o caminho mais curto e tornam-se muito difíceis de

serem eliminados.

De acordo com Unglaub (2005), a primeira coisa a fazer é se organizar,

isso ajuda você a se achar dentro do ambiente e facilita sua produtividade na

hora do estudo. Certamente a organização é o que existe em comum entre os

gerentes, diretores, presidentes de empresas e todo tipo de homem bem-

sucedido. Você é o seu próprio secretário, gerente e diretor na sua vida

estudantil, portanto o seu futuro depende de você.

É preciso que se busque enfatizar a compreensão por meio do estudo

de diversos estilos de textos, adaptados e autênticos, extraídos da Internet, de

livros, revistas e jornais ingleses, norte-americanos e em outros idiomas além

da língua materna, sobre temas transversais, a fim de melhor preparar o

indivíduo para os atuais exames de acesso ao emprego que se deseja

conseguir após o período de graduação universitária.

Vale salientar que a graduação não é o último estágio da vida

estudantil, e toda informação adquirida pode se transformar na sua “password”,

a sua “senha”, palavra-chave para seguir em frente. O objetivo deste trabalho,

é mesmo tentar convencer que sabendo inglês, deixa-se de ser apenas um

cidadão, passa-se a ser o cidadão de um mundo cheio de desafios, mas

também com muitas esperanças, que só através da educação poderá ser

enfrentado e melhorado.

Segundo Cavalcanti (2001, p.28) é relevante salientar que o aspecto

cultural do ensino de língua nunca deve ser esquecido ou negligenciado,

reconhecendo que as culturas e o ensino/aprendizagem de uma língua são

atravessados por uma relação de poder. Tudo que foi dito estabelece a

necessidade de aprender sempre e cada vez mais, pois uma conseqüência é

produzir um aumento das diferenças entre os que produzem a informação e

aqueles que a consomem como fator determinante e essencial da evolução da

humanidade.

Considerando que o consumo é um conjunto de processos

socioculturais nos quais se realizam a apropriação e os usos dos produtos, e

que a sociedade é ativamente consumista, logo, deve-se dar a ela o que ela

precisa para que o ciclo se mantenha.

A sociedade precisa de um produto de qualidade que possa contribuir

para as profundas transformações a que se assistem diariamente nos últimos

anos. As transações de mercado operadas pelas grandes corporações, os

meios de comunicação em massa, a propaganda subliminar a convencer de

determinadas necessidades, requerem a realização pessoal por meio da auto-

expressão, a busca de segurança na vida deve ser estudada de forma mais

intensa.

Essa situação estabelece uma série de desafios aos quais a

universidade pode responder. Dentre eles está a necessidade de decidir o quê

aprender, como e para quê, além de prestar atenção ao internacionalismo, e os

valores de respeito, solidariedade e tolerância, pois, além de ser requisito

essencial para ampliar as oportunidades no campo profissional, o estudo da

língua inglesa moderna viabiliza o estudo em materiais que abordam uma

grande diversidade de temas relacionados com o homem e seu lugar no

universo. Assim, contribui diretamente para a sua formação cultural e,

principalmente, para a formação de sua cidadania.

3.1. A universidade como salvação do educando.

A maioria que busca por um curso de graduação, o faz com a certeza

de que este é o único caminho para o sucesso na vida profissional e financeira.

Entretanto é por todos sabido que as universidades federais do Brasil se

defrontam com uma enorme crise financeira, estando algumas ameaçadas de

paralisar suas atividades pela impossibilidade de fazerem frente aos encargos

mais elementares.

A sobrevivência dessas universidades depende do esforço feito no

sentido de gerar outras fontes de renda, tais como a venda de serviços e a

cobrança de anuidades dos que possuam capacidade de pagamento. Mas a

reestruturação que aqui se impõe não é apenas para resolver seus problemas

financeiros, faz-se também necessário o desenvolvimento de novos métodos e

tecnologias de ensino, pesquisa e extensão para que elas se transformem em

efetivos centros de excelência irradiadores da cultura em benefício da

sociedade.

Restam ainda as opções proporcionadas pelo crescente número de

universidades particulares que continuam instalando-se diariamente no país,

mas nem todas elas possuem realmente as características urgentes ao

momento atual. Alguns de seus cursos de graduação e pós-graduação também

devem ser reformulados para prepararem recursos humanos altamente

qualificados.

Para estar em consonância com as exigências dos novos tempos é

necessária a adoção de medidas para vencer os obstáculos financeiros atuais

e os problemas estruturais que abalam algumas universidades brasileiras.

Cabe então ao indivíduo interpretar a crise contemporânea caracterizada no

final do século XX pela quebra de paradigmas nos planos econômicos, político,

social e tecnológico, integrar-se com o sistema, buscar na universidade os

fatores primordiais para despertar suas habilitações e talentos criativos, mas

não parar por aí.

Dentro dessa perspectiva, uma nova política deveria se constituir em

um compromisso entre a necessidade de se modernizar e a exigência de

propiciar um número elevado de empregos para a população. Quanto às

universidades, elas teriam o dever de suprir o mercado com profissionais

diferenciados, dotados de conhecimento profundo e altamente qualificados,

para que não seja preciso importar material humano.

Em muitos países, as habilitações estrangeiras, pelo menos aquelas

vindas de países subdesenvolvidos como o Brasil, não são aceitas. Se o

profissional, médico, advogado ou outro, quiser adentrar o mercado de trabalho

estrangeiro terá que contentar-se com subempregos, terá que atuar em bares,

hotéis e lojas, fazendo serviços como limpeza e vendas, para os quais não há

nativos locais para exercer, pois estes são os patrões e proprietários dos

estabelecimentos.

Enquanto no Brasil, um profissional graduado na Europa ou nos

Estados Unidos tem espaço no mercado de trabalho brasileiro, além de ser

considerado modelo, quando são chamados para atuarem, geralmente,

ganham salários exorbitantes em relação àqueles formados aqui mesmo no

cenário nacional.

Enquanto japoneses e chineses sofrem nos seus países com os

números enormes da população lá existente, vêm ao Brasil e transformam-se

em grandes agricultores e proprietários de lojas e restaurantes, tornam-se

abastados. É com trabalho e inteligência que superam as suas necessidades e

enriquecem as custas do povo brasileiro.

É possível se constatar que nesse mesmo tempo, o Brasil se vê com

uma realidade na qual existem uns brasileiros que viajam em busca de

melhores oportunidades no exterior, conseguem o pior emprego, são obrigados

a trabalhar em vários lugares, fazerem diversos serviços e ganharem o salário

que os moradores do lugar rejeitam. Outros são também brasileiros que vão

servir de mão-de-obra barata para os estrangeiros que vêm aqui para se

estabelecer e ficar ricos.

3.2 A consciência humana.

O planeta está nas mãos daqueles que têm coragem de correr o risco

de viver seus sonhos. Cada qual com seu talento buscando nos estudos o

suporte para aprofundar a compreensão do mundo e sua evolução. No

contexto do povo brasileiro, sonhar quer dizer refletir sobre suas

características, sua forma de aprender, correlacionando com a função da

escolaridade como necessária para a evolução deste cidadão, tão exigido e tão

pouco compreendido.

O verdadeiro debate deveria se dar sobre as finalidades prioritárias da

escola, nela deve se desenvolver competências com tempo limitado para a

pura assimilação de saberes. Mas a noção de competência remete a práticas

do cotidiano, algumas mobilizam apenas o senso comum gerado pelas

experiências vividas.

A maioria dos conhecimentos acumulados na escola permanece inútil

na vida cotidiana porque os alunos não treinam para utilizá-las em situações

concretas, mesmo aqueles que asseguram uma escolaridade básica completa,

permanece bem despreparada diante das novas tecnologias e regras do

cotidiano.

A qualidade de possuir conhecimentos ou capacidades não significa

ser competente. É preciso saber tomar decisões e resolver problemas, escolher

a melhor tradução de um texto escrito em língua estrangeira. Concreta ou

abstrata, comum ou especializada, uma competência permite apelar para

noções, informações, procedimentos e técnicas e, principalmente, saber aplicá-

las no momento certo.

À escola cabe fornecer os saberes e habilidades básicos, à vida cabe

desenvolver competências. Se acreditar que a formação de determinadas

competências dependem das escolas e universidades perde-se a consciência

da existência de outras vias.

Bem como as matemáticas, as línguas são de vital importância em

inúmeras profissões. Pode-se dizer que as competências são um horizonte, ele

distancia-se e se mantém fora do alcance, sobretudo para aqueles que se

orientarem para profissões científicas e técnicas, fizerem pesquisa ou servirem-

se de línguas.

A comparação anterior remete à necessidade de acumular saberes

contextualizados, ou eles não servirão para nada. Continuar conhecendo

porque o horizonte continuará se afastando, as tecnologias se renovam, a

língua em constante movimento e só os que tiverem o privilégio de aprofundá-

los durante longos estudos, se exercitando para utilizá-los na resolução de

problemas e na tomada de decisões em nome da grande maioria serão os

verdadeiros vitoriosos.

Como sempre os favorecidos desejarão sê-lo anda mais e dar a seus

filhos e netos, destinados aos estudos aprofundados, melhores chances na

seleção. Infelizmente, isso será em detrimento daqueles que não possuem as

ferramentas para dominar a vida e compreender o mundo.

Ler, escrever e contar completam a trilogia das habilidades exigidas

pela escolaridade obrigatória do século XIX, mas ela não está mais a altura das

exigências desta época. É preciso atualizá-las em consonância com as

características atuais, possibilitando o desenvolvimento pleno das

possibilidades do educando.

Com este referencial, deve-se discutir as possibilidades de repensar o

ensino, considera-se importante que cada universidade faça um retrato de si

mesma, dos sujeitos que a fazem viva e do meio social em que se insere, no

sentido de compreender sua própria cultura, identificando dimensões da

realidade motivadora de uma proposta curricular coerente com os interesses e

necessidades de seus alunos. Afinal, a universidade faz parte do conjunto

social em que está inserida.

O conhecimento é compreendido e aprendido como construções

histórico-sociais. Os estudos na área de códigos e linguagens visam à

compreensão do significado das letras e das artes; dar destaque à língua como

instrumento de comunicação; acesso ao conhecimento e exercício da

cidadania. Essa área pode ter como referência a construção do sujeito nas

relações que possam ser mediadas pela linguagem.

A proposta é a organização dos planos de estudo de forma

interdisciplinar, tendo como base o trabalho com leituras de publicações

diversas; a produção própria e coletiva de textos; a utilização cada vez mais

intensa da biblioteca; a exploração de diversos recursos como os cinemas,

teatros, museus etc.; o uso de acervos e patrimônios histórico-culturais da

região.

Assim, a possibilidade de se abordar pedagogicamente as atividades

cotidianas está nos diálogos interdisciplinares, para a definição de objetivos e

projetos comuns e articulados, no processo ensino-aprendizagem que resultam

nas relações entre educação e trabalho.

É mediante a pesquisa, observando o contexto social do qual os

estudantes procedem e as vias, estratégias ou percursos que possam tomar no

momento de buscar versões dos fatos que lhes permitem interpretar a

realidade. Tudo isto torna o estudante responsável por sua própria

aprendizagem, significa que ele tem o poder de selecionar, ordenar, analisar e

interpretar a informação. Essa tarefa pode ser realizada de maneira individual

ou grupal, e seus resultados deverão ser públicos, para favorecer um

conhecimento compartilhado.

Avaliar a aprendizagem está profundamente relacionado com o

processo do ensino e, portanto, deve ser conduzido como mais um momento

em que o aluno aprende. Pode se tornar um momento privilegiado, porque

diante de tudo o que a tradição vem associando à prova, o aluno coloca suas

energias em busca do sucesso, normalmente associado a uma boa nota. Se

essa é a cultura estabelecida, deve-se aproveitá-la e transformar a avaliação

em mais um momento de construção do conhecimento.

Bem como durante a fase da vida escolar, o indivíduo continua sendo

avaliado sempre. As aulas podem ser comparadas ao seu dia-a-dia de trabalho

e sua avaliação se dá a partir do que o homem produz e, finalmente, quanto às

suas notas, elas são a recompensa justa que chega através das promoções e

do salário percebido.

A ampla aceitação da realidade encoraja a continuar criando objetivos

e continuar perseguindo-os. Estudantes que precisam avaliar ou melhorar seu

conhecimento, aqueles que estão se preparando para aprofundar seus estudos

ou para o mercado de trabalho sabem que a língua é um importante aliado, é o

ponto de apoio para aqueles que visam a uma leitura mais detalhada

constituindo-se na motivação adicional para a resolução de problemas e se,

além da sua língua materna, você é conhecedor proficiente de uma outra,

certamente a tendência é conseguir subir alguns degraus e passar à frente da

concorrência.

CAPÍTULO IV

OS SABERES FUNDAMENTAIS Como presença consciente no mundo não posso

escapar à responsabilidade ética no meu mover-me no mundo. Se sou puro produto da determinação genética ou cultural ou de classe, sou irresponsável pelo que faço no mover-me no mundo e se careço de responsabilidade não posso falar em ética. Isto não significa negar os condicionamentos genéticos, culturais, sociais a que estamos submetidos. Significa reconhecer que somos seres condicionados, mas não determinados. Reconhecer que a História é tempo de possibilidade e não de determinismo, que o futuro, permita-me reiterar, é problemático e não inexorável. (Freire, 2003. p.19)

Segundo Freire (2003), o homem não está no mundo como uma peça

substituível sem causar algum dano, cada um deve ter em si a consciência de

suas responsabilidades. Dentre os seus afazeres estão duas relações distintas,

mas não menos importante uma que a outra, há de se ver uma imensa lista de

direitos e deveres para consigo e com o próximo, não se podendo descumprir

nenhum dos itens do que mandam essas relações, pois a realidade social,

histórica e cultural, constrói-se naturalmente a partir das atitudes de cada um.

Há de se pensar que a realidade foi construída pelo homem e só ele

pode mudá-la, O que se precisa, por isso mesmo, é o treino técnico

indispensável à adaptação do educando, à sua sobrevivência. (Freire, 2003. P.

20). De uma coisa se pode ter certeza, é imprescindível que o aprendiz se

entregue ao seu aprendizado de forma crítica independentemente de sua raça,

religião, crença política ou ideológica.

A questão da formação do educando exige uma reflexão a respeito dos

saberes fundamentais que devem ser incorporados ao rol de conhecimentos

necessários ao homem. Faz-se imprescindível uma análise profunda sobre os

objetivos e metas não só do ser único, mas também das pretensões da

sociedade, esta como o conjunto de seres e o indivíduo como um elemento

pertencente ao contexto que ele mesmo criou e, portanto, pode modificá-lo.

Como num jogo de xadrez, as peças são todas de vital importância, cada uma

delas tem a sua função e a desempenha de modo a dar a vida, se preciso for,

para alcançar o objetivo de manter vivo o rei.

Sendo o rei do xadrez o alvo, a rainha, as torres, os bispos, os cavalos

e até mesmo os peões como as peças indispensáveis à manutenção do jogo, a

vida também se dá de igual modo. Cada uma das peças são as atitudes, cada

um dos movimentos são as formas utilizadas, o “rei” é a sobrevivência e a

vitória é a satisfação pessoal.

4.1 Ensinar e aprender.

O momento de ensino-aprendizagem é o que a química orgânica

chama de reação de dupla troca, aprende-se ao ensinar e ensina-se ao

aprender e ambos, docente e discente, são peças do jogo da vida e têm o

mesmo valor, um inexiste sem o outro. O necessário é que o educando

mantenha viva a sua curiosidade e não se satisfaça facilmente, tornando-se

capaz de ir sempre mais além.

O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática

docente, reforçar a capacidade crítica do educando... (Freire, 2003. p. 26), isto

implica na exigência de criatividade, investigação, inquietação e persistência,

diferente do memorizador mecânico, repetidor temeroso de arriscar-se.

A exigência é pensar certo, para tanto é preciso indagar, investigar,

pesquisar para adquirir o conhecimento. Pesquisar não é uma qualidade e sim

uma obrigação, neste ato corre-se riscos, rejeita-se qualquer tipo de

discriminação. Assumir riscos transforma o ser social e histórico em ser

pensante, capaz de comunicar-se criativamente, realizar sonhos e, acima de

tudo, capaz de assumir em si mesmo o poder transformador e realizador de

sua própria identidade cultural.

Pensar certo implica em entender e esta compreensão só ocorre se

houver muito estudo e reflexão crítica sobre as práticas de ontem e de hoje

com a finalidade de melhorar o amanhã.

É absolutamente fundamental inserir o homem em seu próprio

contexto, eles são indissociáveis, o indivíduo deve ter a compreensão dos seus

sentimentos, o que ele deseja para a sua sobrevivência deve ser para o bem

de todos, deve-se pensar o ser como parte de um universo que sem ele não

existiria. E se um depende do outro, que ambos se completem

harmoniosamente.

4.2 O conhecimento e a compreensão humana.

Reiterando Freire (2003), a História não é tempo de determinismo, mas

de possibilidades e o futuro, apesar de problemático, não é inflexível. Como se

dotado de sentimentos deixa-se comover e permite ser modificado, não está

escrito, é um eterno problema cuja solução é e executada por cada um de

acordo com as suas necessidades e anseios.

Como tudo é marcado pela complexidade e pela incerteza, a vida

permite ao indivíduo abrir-se a reformas identificadas por ele como necessárias

na sua lida cotidiana. Para as idéias, argumentos e provocações diárias

esboçam-se sugestões, mas implicam no uso de criatividade para encontrar as

melhores alternativas.

Os desafios lançados pelo novo milênio pretendem adequar o ensino e

a pesquisa às demandas técnicas e administrativas impostas pelo mercado,

para tanto, é imprescindível unir os objetos ao seu contexto, relacionar as

disciplinas inteligentemente, construindo as possibilidades de compreensão e

reflexão, criando um juízo de valor crítico e corretivo.

Quanto maior a escala do problema, quanto mais globais eles se

tornem, maior é a capacidade exigida para pensá-lo consciente e

responsavelmente a fim de encarar o contexto e o complexo planetário em que

estão inseridos. Esta atitude de contextualizar e globalizar é uma qualidade

fundamental para a qual o conhecimento deve mobilizar atitudes de propor e

resolver problemas, sendo vital uma reforma do pensamento que viabilize o

emprego total da inteligência.

Segundo Morim (2004), ...o conhecimento é uma tradução seguida de

uma reconstrução..., embora não seja possível ver os raios ultravioleta ou o

infravermelho, nem ouvir infra-sons e ultra-sons, não significa que eles não

existam. Quando se lê textos impressos, deve-se estar atento para as palavras

não escritas, mas pensadas, a recomenda-se prestar atenção para o fato de

que as idéias nem sempre estejam transformadas em palavras, sendo

necessárias certas inferências.

É necessário perceber que o conhecimento também comporta riscos

de erros, não é dado ao homem o poder total sobre a previsão, fenômenos

econômicos encontram-se ligados a diversos fenômenos políticos, bem como

sociais e outros. Também os sentimentos não podem ser quantificados. Em

outras palavras, o conhecimento é fundado na atitude de contextualizar o

saber.

Quando se traduz uma língua estrangeira, seja ela a inglesa ou

qualquer outra, depara-se com palavras com múltiplos sentidos. Não se pode

simplesmente adivinhar o sentido exato da palavra, mas através do contexto

em que ela esteja empregada na frase, e esta contextualizada no texto,

tornando-se possível o seu entendimento.

Entretanto, não se pode compreender algo constituído de componentes

fora do universo de conhecimentos do indivíduo, nem se pode esperar que o

destino seja complacente e jamais coloque o homem deparado com situações

estranhas ao seu mundo.

Certamente é muito difícil compreender pessoas de culturas

diferentes, é surpreendente saber que vizinhos, familiares, pais e filhos, nem

sempre se compreendem entre si, como se o individualismo desenvolvesse

essa incompreensão.

Cada um retém apenas a palavra ofensiva pronunciada pelo outro e esquece a sua, como se ela fosse apenas uma resposta à agressão do outro..., ...os ingleses denominam esse processo de “self-deception”, ou seja, incessantemente mentimos para nós mesmos para fazer bonito, para nos agradarmos,eliminando o que é desagradável. (Morin, 2004. p. 93.).

A história da vida humana pode ser comparada a uma árvore, a

semente plantada será colhida depois. Isto significa dizer que não se pode falar

uma língua estrangeira sem estudá-la profundamente, não se pode

compreender uma época se a consciência está atrasada, isto implica no fato de

que os próprios cidadãos elegem aqueles que vão “controlá-los” e depois se

queixam das conseqüências.

Por que então não provocar as mudanças, com audácia suficiente para

começar uma reforma do ensino? A grande pergunta, ainda sem resposta, só

será possível se com muita vontade de fazê-lo, o homem começasse por

educar a si mesmo e reformasse o próprio espírito.

Esses exemplos são mais do que suficientes para se reconhecer a

necessidade de se ampliar conhecimentos, ultrapassar limites, entender que o

inesperado chega, fazendo-se necessária a estratégia capaz de modificar o

comportamento humano em função das informações e dos conhecimentos

novos propiciados pelos avanços dos dias de hoje. Quando se começa a tomar

cada vez mais consciência da multiplicação acelerada das comunicações,

pode-se ver a mundialização como um fenômeno que começou há muito tempo

atrás e foi se instalando na vida de todos.

CONCLUSÃO

Hernandez (1998), professor titular da faculdade de Belas Artes da

Universidade de Barcelona, Espanha, propõe:

...transgredir a visão da educação escolar baseada nos conteúdos, apresentados como objetos estáveis e universais e não como realidades socialmente construídas que, por sua vez, reconstroem-se nos intercâmbios de culturas e biografias que têm lugar na sala de aula. (Hernandez, 1998. p.12.)

Assim, considerando o exemplo acima e por encontrar diversas vezes

reiterada a idéia de que a escola não pode ser vista apenas como transmissora

de conteúdos, mas facilitadora na construção da subjetividade, considera-se de

grande importância também salientar razões que incutam no estudante atitudes

que tornem o estudo inteligente e produtivo para si mesmo e para toda a

sociedade. No exemplo de Fernando Hernández (1998), em sua obra

interessantemente chamada de “Transgressão e mudança na educação”, o

autor é bem objetivo, inclui alguns fatos e questionamentos que nos fazem

entender a relação entre o currículo escolar e os problemas reais, assim

quando acrescentamos a necessidade do estudo de língua estrangeira

moderna não devemos ver a universidade apenas enchendo a cabeça dos

alunos com mais um conteúdo, mas, sim, contribuindo para formá-los para a

cidadania, para que eles tenham a possibilidade de escrever melhor a sua

própria história.

Igualmente, convém discutir o termo “transgressão” usado para nomear

a obra supracitada. Segundo o dicionário, transgredir significa “passar além de;

atravessar; infringir; violar; quebrar”. Assim, a obra pretende mostrar que o

homem deve passar além daquilo que a vida lhe impõe, atravessar as barreiras

da concorrência, quebrar as amarras que o prendem ao passado e buscar o

novo como respostas aos seus anseios e necessidades.

Num país emergente como o Brasil, onde o desemprego impera e se

torna ainda mais freqüente por falta de qualificação profissional, aqueles que

buscarem a aquisição de uma nova língua - seja ela o inglês, o idioma

mais difundido, ou o espanhol que tem despertado o interesse de muitos -

estarão dando continuidade ao que se aprendeu obrigatoriamente durante os

ensinos fundamental e médio, a fim de adquirir um diferencial

para viabilizar uma melhor colocação no mercado de trabalho.

A elaboração deste trabalho foi baseada não só na leitura de livros,

artigos e publicações diversas, mas, principalmente na própria vivência de sua

autora, que, com o parco conhecimento da língua inglesa, adquirido nas

escolas públicas que freqüentou, viu-se, como tantos outros, com a imensa

necessidade de ampliar o nível de informações obtidas durante a sua

graduação, e, por isso concorda plenamente com o principio de que o que não

se compreende, não se aprende; que não se pode viver o presente sem pensar

no futuro e que é necessário cultivar em cada um o hábito da leitura com o

determinado propósito de tentar transformar o que para muitos é uma tarefa

obrigatória e monótona na construção de uma base sólida e fundamental

através dos estudos.

Como tudo que é marcado pela complexidade e pela incerteza, espera-

se que as idéias e sugestões aqui esboçadas possam encorajar a criatividade

de reexaminar a herança cultural recebida, atualizá-la e transmiti-la para as

gerações futuras. “Não se trata de modernizar a cultura, mas de culturalizar a

modernidade.” (Morin, 2004).

BIBLIOGRAFIA

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