DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · 2016-08-03 · de 2007 a 2011. Gráfico 1 –...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Adaptação Curricular e Educação Inclusiva: O que aponta a
literatura?
Natalir Baptista Jordão
ORIENTADOR:
Prof. Mary Sue
Rio de Janeiro
2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Especial e Inclusiva. Por: Natalir Baptista Jordão
Adaptação Curricular e Educação Inclusiva: O que aponta a
literatura?
Rio de Janeiro 2016
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AGRADECIMENTOS
A Deus por me dar saúde e força para superar as
dificuldades. A minha mãe, pelo amor, incentivo e
apoio incondicional. Ao meu marido Pablo Lopes,
por estar sempre a meu lado e me acompanhar
diretamente nesta trajetória.
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DEDICATÓRIA
As minhas filhas Sara e Laura que embora não
saibam, iluminam de maneira especial minha vida
e meus pensamentos, me levando a buscar mais
conhecimentos.
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RESUMO
O presente trabalho traz uma discussão acerca do processo de
inclusão dos educandos com necessidades educacionais especiais em escolas
regulares (Nível de Ensino Fundamental), particularmente procurando
investigar e determinar elementos relacionados as adaptações curriculares.
Partimos do pressuposto que as adaptações curriculares se apresentam como
uma importante ferramenta no processo de inclusão dos educandos,
possibilitando à escola oferecer um atendimento mais inclusivo e democrático.
A pesquisa justifica-se pela necessidade de entender como a adaptação
curricular tem sido desenvolvida nas escolas regulares, de maneira mais
específica pensamos no caso do Ensino Fundamental, visto que a inclusão
escolar, trata de uma temática que procura garantir o acesso de todos os
alunos ao ambiente escolar eliminando / minimizando as barreiras à
aprendizagem dos educandos. Neste sentido, a adaptação curricular pode
auxiliar ou favorecer a aprendizagem dos alunos incluídos. O objetivo principal
desta investigação é de pesquisar o que a bibliografia disponível sobre a
temática tem apontado sobre as adaptações curriculares em escolas regulares,
na perspectiva da educação inclusiva.
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METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida através da metodologia qualitativa,
utilizando o método da pesquisa bibliográfica. A referência para a pesquisa
foram obras e trabalhos que tratam sobre a temática, as diretrizes e resoluções
educacionais, além da legislação que fundamenta o processo de inclusão.
No desenvolvimento do trabalho, utilizamos como base teórica autores
como Glat e Pletsch (2005), que trazem grande contribuição ao campo da
Educação Inclusiva; Redig (2005), apresentando uma série de elementos e
possibilidades sobre as adaptações curriculares; Além de publicações e
documentos oficiais elaborados pelo Governo Federal, que determinam e
orientam o processo educacional na perspectiva da educação inclusiva.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Educação Especial 11 CAPÍTULO II - A Questão da Inclusão 20 CAPÍTULO III – Adaptações Curriculares na Escola Regular 30 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA 42 ÍNDICE 44
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INTRODUÇÃO
A presente pesquisa traz uma reflexão sobre o importante processo de
inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais,
particularmente naquilo que se refere a questão das adaptações curriculares.
Assim sendo, o trabalho se debruça nas teorias e produções que têm discutido
a temática das adaptações curriculares, dando maior ênfase ao contexto da
inclusão no ensino regular.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional garante a educação
como direito de todos os cidadãos, e visa o pleno desenvolvimento dos
educandos. Este ponto da legislação assegura, ou visa assegurar a todos o
acesso à educação escolar (formal). Neste sentido, buscamos refletir sobre a
questão dos alunos com necessidades educacionais especiais, tendo em vista
a complexidade e dificuldades existentes no sistema educacional brasileiro, na
perspectiva da educação inclusiva.
De acordo com os textos e autores que embasam essa pesquisa
podemos expor que, em relação ao processo de inclusão dos alunos com
necessidades educacionais especiais em escolas regulares, ocorreram muitos
avanços nos últimos anos, porém, muitas outras questões são necessárias
para o efetivo processo de inclusão, com qualidade, em instituições regulares.
Podemos dizer que um desses elementos que possibilita a inclusão e a
aprendizagem dos alunos é a adaptação curricular.
Neste sentido, o trabalho tem como um de seus objetivos
investigar o cenário da educação inclusiva, direcionando o olhar para a questão
das adaptações curriculares, que, ao nosso ver, apresenta-se como uma
ferramenta de grande importância no contexto da inclusão.
A pesquisa justifica-se pela necessidade de entender como a adaptação
curricular tem sido desenvolvida nas escolas regulares de Ensino Fundamental,
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dada a importância da temática no campo da inclusão escolar, que procura
garantir o acesso de todos os alunos ao ambiente escolar, eliminando /
minimizando as barreiras à aprendizagem dos educandos, auxiliando ou
favorecendo a aprendizagem dos alunos incluídos.
O objetivo do trabalho é fazer um levantamento da bibliografia disponível
sobre as adaptações curriculares em escolas regulares de Ensino
Fundamental, na perspectiva da educação inclusiva, e desta forma refletir
sobre determinados conteúdos e problematizar os resultados encontrados.
Como objetivos específicos, temos os seguintes:
• Determinar as principais diretrizes que regulamentam a inclusão no
Ensino Fundamental;
• Investigar em artigos e periódicos acadêmicos relevantes e atuais, como
tem se dado a adaptação curricular na modalidade de Ensino Regular, etapa
Ensino Fundamental;
Para atingir os objetivos elencados, a pesquisa será desenvolvida
através do método qualitativo, utilizando-se como referência a pesquisa
bibliográfica. A investigação será realizada em obras e trabalhos que tratam
sobre a temática, nas diretrizes e resoluções educacionais, além da legislação
que fundamenta o processo de inclusão nas instituições de ensino.
O primeiro capítulo traz uma discussão sobre a Educação Especial,
entrando em questões como o conceito de Educação Especial, o histórico da
modalidade no Brasil, e as diferenças existentes entre Educação Especial e a
Educação Inclusiva. Neste capítulo, aprofundamos a discussão sobre a
Educação Especial de maneira a contextualizar e situar a pesquisa,
fundamentada na situação atual da modalidade na Educação Brasileira.
Já no segundo capítulo, intitulado “A Questão da Inclusão”, tratamos de
maneira mais específica da questão da inclusão em escolas regulares.
Pontuamos determinadas questões (formação dos professores, estrutura física
e humana das instituições, etc.) que entendemos ser importantes no contexto
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do debate sobre uma escola com perspectiva inclusiva. Neste segundo
capítulo, delimitamos, ou procuramos focar a questão das adaptações e
adequações utilizadas nas escolas com o intuito de facilitar a inclusão dos
alunos.
O terceiro capítulo aborda de maneira mais específica a discussão sobre
as adaptações curriculares, ou seja, neste ponto da pesquisa tratamos sobre
os diversos elementos relacionados ao currículo, ao processo de aprendizagem
e relações pessoais que se desenvolvem no cotidiano escolar. Ainda neste
capítulo, abordamos o currículo, as adaptações curriculares, tipos de
adaptações e, desenvolvemos uma reflexão sobre as diretrizes referentes aos
currículos adaptados em escolas regulares (de Ensino Fundamental).
No tópico “Considerações Finais” trazemos uma síntese de toda a
pesquisa referente ao tema das adaptações curriculares em escolas regulares
de Ensino Fundamental, procurando relacionar nossas reflexões e resultados
encontrados com os conceitos e noções presentes nas teorias pesquisadas
que fundamentaram esta investigação.
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CAPÍTULO I
DO QUE ESTAMOS FALANDO?
O que entendemos por Educação Especial? Muitos autores abordam
essa temática e apresentam diferentes enfoques sobre o conceito aqui tratado.
Tais autores mostram que o conceito de Educação Especial pode apresentar
diferentes sentidos, de acordo com o contexto, período histórico e a
perspectiva das instituições de ensino.
Sobre a Educação Especial, encontramos uma definição mais genérica
que aponta que esta modalidade pode ser entendida como um processo
educacional com postura e proposta pedagógica diferenciada, visando
assegurar um conjunto de serviços e recursos (humanos e pedagógicos) que
auxiliem o processo de ensino e aprendizagem, sendo organizados
institucionalmente, para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns
casos, substituir os serviços educacionais da educação regular.
Neste sentido, a Educação Especial pode ser entendida como uma
garantia ou tentativa de garantir meios para o desenvolvimento das
potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais
especiais, em todos os níveis, etapas e modalidades da educação.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional define como
Educação Especial a modalidade oferecida aos alunos com necessidades
educacionais especiais, estabelecendo que o atendimento deve ser realizado
preferencialmente na rede regular de ensino. A LDB 9.394/96 também aponta
que, quando necessário, haverá serviço de apoio especializado, na escola
regular.
Essa modalidade de ensino (Educação Especial) perpassa os mais
diversos níveis da educação escolar, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB 9.394/96), que está dividida no país em Educação
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Básica e Ensino Superior. A Educação Básica é composta por: Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Já o Ensino Superior é formado
pelos níveis de graduação e pós-graduação. A Educação Especial pode estar
presente também nas modalidades como Educação de Jovens e Adultos e
Educação Profissional.
A Educação Especial, em uma perspectiva maior, deve superar a visão /
concepção de atendimentos especializados e individuais. Pois conforme aponta
a LDB 9.394/96, esta modalidade de ensino está voltada a formação integral do
sujeito, ao pleno desenvolvimento do educando e seu preparo para o exercício
da cidadania.
Nas Unidades Escolares do ensino regular, a Educação Especial pode
desenvolver-se de diversas maneiras, sempre procurando orientar o trabalho
pedagógico através de uma postura inclusiva que considere as diferenças e
diversidades de cada sujeito. A casos onde a Educação Especial se dará
através de adaptações curriculares, também pelo uso de ferramentas e
equipamentos tecnológicos que auxiliem os alunos, pelas modificações em
estruturas físicas (como rampas, por exemplo) e didáticas.
Em suma, podemos resumir que a Educação Especial voltada a alunos
com necessidades educacionais especiais é um ramo da educação que tem
como público alvo sujeitos que necessitam de um apoio maior no processo
educativo e consequentemente em sua inserção no meio social. Segundo
Mazzota:
A Educação Especial ocupa-se do atendimento e da educação de pessoas com deficiência e transtornos globais de desenvolvimento em instituições especializadas. É organizada para atender específica e exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais. Onde profissionais especializados como educador físico, professor, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional trabalham e atuam para garantir tal atendimento. (MAZZOTA, 1999, p. 03)
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1.1 A Questão da Oferta:
No país, o atendimento de alunos com necessidades educacionais
especiais em classes regulares tem aumentado de maneira significativa nos
últimos anos. O gráfico 1 apresenta a evolução do quantitativo de matrículas
dos educandos (NEE) atendidos em classes regulares (comuns) e aqueles que
são atendidos em classes exclusivas, no período que corresponde ao período
de 2007 a 2011.
Gráfico 1 – Educação Especial – Matrículas do Ensino Fundamental – 2007 – 2011.
Fonte: Anuário Brasileiro de Educação, 2013.
O gráfico apresenta o número de matrículas de alunos com
necessidades educacionais especiais em classes especiais e em classes
regulares (no Ensino Fundamental). Através do gráfico é possível perceber dois
movimentos distintos. Primeiro, um movimento que mostra o crescimento do
número de matrícula dos alunos (NEE) em classes regulares, aumento de
forma considerável. Em 2007, o total de matrículas era de 239.506 alunos, já
no ano de 2011, este número salta para quase o dobro de alunos atendidos em
classes regulares, sendo o total de 437.132 educandos matriculados.
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O outro movimento aponta no sentido da redução das matrículas
das classes especiais (escolas exclusivas). Se em 2007 haviam 224.350
educandos matriculados nestas classes especiais, ao longo do período o
quantitativo diminui consideravelmente, caindo para o número 131.836
matrículas no ano de 2011.
Esses dados mostram com clareza o avanço em relação ao atendimento
dos alunos com necessidade educacionais especiais no país. Podemos
perceber que na questão do acesso, os dados apresentam significativa
melhora, ou seja, a cobertura dos serviços educacionais tem se ampliado em
todas as regiões do território brasileiro.
Embora ocorra uma série de críticas e discussões acerca da qualidade,
permanência e estrutura do atendimento nas classes regulares, torna-se
inegável que a presença deste público venha crescendo e se apresentando
estatisticamente como demanda de escolarização para o sistema educacional.
De acordo com a publicação (ANUÁRIO BRASILEIRO DA EDUCAÇÂO,
2013, p. 38) do Instituto Todos pela Educação, um dos fenômenos mais
relevantes que se observa na Educação Especial é a tendência de crescimento
do número de alunos com deficiência nas classes comuns, em oposição às
classes especiais e às escolas exclusivamente especializadas.
Ainda segundo esta publicação, se contabilizar todas as matrículas — na
Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, EJA (Educação de
Jovens e Adultos) e Educação Profissional —, o aumento entre 2010 e 2011 foi
de 15,3%.
No entanto, as escolas especiais enfrentaram uma queda de 11,2% no
número de alunos. Em 2008, o total de matrículas de crianças com deficiência
em salas comuns superou pela primeira vez o de salas especiais.
Muitas questões estão relacionadas ao fato do aumento do atendimento
dos alunos com necessidades educacionais especiais em classes regulares,
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tendo maior importância nesta questão os avanços nas legislações, diretrizes e
resoluções que regulamentam e orientam a Educação Brasileira.
1.2 A Questão da Legislação:
O conjunto de leis, diretrizes e resoluções que tratam do processo de
inclusão e atendimento escolar dos educandos com necessidade educacionais
especiais serviram / servem como marco no processo de expansão do número
de vagas oferecidas aos alunos (com NEE) nos sistemas regulares de ensino.
Ribeiro (2003) nos mostra como a evolução da legislação contribuiu para o
fortalecimento e garantia do direito a educação. Para esta autora, a Lei de
Diretrizes e Bases de 1961, vem apontando o direito dos “excepcionais” à
educação. Numa abordagem ainda segregacionista, a legislação reforça o
atendimento dos alunos com necessidade educacionais especiais em classes e
escolas especiais.
Ribeiro (2003) expõe que durante o período de vigência da LDB 5.692 /
71, existia no país uma grande discussão sobre a democratização do ensino –
aumento das matrículas e preocupação com a qualidade do atendimento – de
uma maneira geral. Contudo, o modelo segregacionista ainda era presente em
relação aos educandos com necessidades educacionais especiais. No ano de
1973, é criado o Centro de Educação Especial, fator que representou mais um
avanço no processo de inclusão dos alunos.
A autora aponta que em 1988, com a promulgação da Constituição
Federal, o acesso à educação passou a figurar como um direito de todos
(artigo 205). Tendo igualdade de condições de acesso e permanência na
escola. A Constituição de 1988 também trouxe o caráter obrigatório da oferta
de educação pública pelo Estado, e a garantia de oferta do atendimento
educacional especializado preferencialmente na rede regular de ensino.
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É em 1996, através da LDB 9.394/96 que, segundo Ribeiro (2003), os
sistemas de ensino recebem a incumbência de assegurar aos alunos com
necessidades educacionais especiais currículos, métodos, recursos e
organização específica. A autora diz que, em 1999:
A Política Nacional para a integração da Pessoa Portadora de Deficiência define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular. (RIBEIRO, 2003, p. 47)
Outros avanços ocorreram no desenvolver do período, tendo em 2003 a
criação, pelo MEC, do Programa Educação Inclusiva. Este Programa promoveu
um amplo processo de formação de gestores e educadores na perspectiva da
educação inclusiva. Em 2007, é criado o Plano de Desenvolvimento da
Educação, que tinha como eixos à acessibilidade dos prédios escolares, a
implementação das salas de recursos e a formação docente para o
atendimento educacional especializado (AEE).
Neste sentido, torna-se claro a importância do avanço na legislação em
relação a questão da inclusão. Tal evolução influencia diretamente no aumento
da cobertura do atendimento educacional especializado e num maior número
de vagas nos sistemas regulares de ensino.
Atualmente, no país, toda a Educação formal é organizada e
implementada seguindo os preceitos, orientações e diretrizes da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDBEN) 9.394/96. Especificamente
sobre a Educação Especial, a LDB (9.394/96) traz um capítulo inteiro sobre a
modalidade (Capítulo V).
O artigo 58 desta lei aponta que: Art. 58 – Entende-se por Educação
Especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar,
oferecida principalmente na rede regular de ensino, para educandos portadores
de necessidades especiais.
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Neste artigo (58) da LDB, fica garantido aos alunos com necessidades
educacionais especiais o atendimento e oferta do ensino preferencialmente em
classe regular. Esta regra já acompanha o que diz a Declaração de Salamanca,
possibilitando maneiras mais democráticas e inclusivas de escolarização para
este público.
A legislação avança quando deixa claro no artigo 58, parágrafo 1˚ que:
haverá, quando necessário, serviço de apoio especializado, na escola regular,
para atender às peculiaridades da clientela da Educação Especial. Percebemos
neste parágrafo o certo cuidado que a legislação procura ter com este público,
pois além de buscar incluir na rede de ensino regular, também visa garantir
apoio especializado, para facilitar as demandas que surgem com a presença e
inclusão dos educandos.
Já o artigo 59 da LDB (9.394/96) determina que os sistemas de ensino
devem assegurar aos educandos com necessidades especiais: currículos,
métodos, técnicas, além de recursos e estrutura. O artigo sinaliza ainda para a
formação dos professores que deve ser adequada para o atendimento
especializado.
1.3 Importantes Marcos Históricos da Educação Especial:
Um dos marcos da educação inclusiva foi a Conferência Mundial de
Educação para todos, ocorrida em Jontiem, na Tailândia, em 1990, nela
buscava-se uma forma de democratizar a educação, e garantir a todas as
pessoas a possibilidade de aprender e se desenvolver, apesar das diferenças e
dificuldades particulares de cada ser humano.
Em 1994, acontece uma Conferência Mundial de Educação Especial, em
Salamanca – Espanha, onde participaram representantes de governos e
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organizações internacionais. Nesta Conferência, foi reafirmado o compromisso
de Educação para todos, através da elaboração do documento “Declaração de
Salamanca”. Este documento apresenta e estrutura formas e processos de
implementação e desenvolvimento da perspectiva inclusiva que a educação
deve adotar.
A Declaração de Salamanca entende que as escolas devam buscar
formas de educar os portadores de necessidades especiais procurando romper
com modelos discriminatórios e excludentes, desenvolvendo assim, uma
sociedade inclusiva.
A partir da Declaração de Salamanca passa-se a considerar, em salas
regulares, a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais. Essa
nova perspectiva serve como a forma mais avançada de democratização de
oportunidades educacionais, uma vez que permite a estes sujeitos a
participarem das atividades escolares com outros indivíduos da mesma faixa
etária, fato que pode ajudar no desenvolvimento dos alunos com necessidade
educacionais especiais.
Esta nova abordagem, fundamentada numa proposta mais inclusiva e
democrática procura romper com modelos de escolas e classes específicas
para os alunos com necessidades educacionais especiais.
A Declaração de Salamanca constitui um avanço significativo, na medida em que não propõe uma escola que, na prática, não existe, mas indica que todos os governos devem atribuir “a mais alta prioridade política e financeira ao aprimoramento de seus sistemas educacionais no sentido de se tornarem aptos a incluírem todas as crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais”. (OREAL; UNESCO, 1994, p. 2)
Os aspectos abordados pela Declaração de Salamanca acabam por
estabelecer parâmetros para as políticas de Educação Especial, voltadas para
crianças e jovens com necessidades educacionais especiais. Esses dois
importantes momentos no contexto histórico da educação serviram como
semente para a educação inclusiva, permitindo e fomentando maior acesso e
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participação de um público, que por muitos anos foram excluídos do convívio
social e dos bancos escolares.
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CAPÍTULO II
A QUESTÃO DA INCLUSÃO
Este capítulo traz a discussão sobre a perspectiva da Educação
Inclusiva. Abordaremos questões referentes aos avanços e dificuldades da
efetiva implementação de uma política educacional na perspectiva da inclusão.
2.1. A Educação Inclusiva
Encontramos disponível na teoria que embasa esta pesquisa que há
diferenças entre o conceito de educação especial e o conceito de educação
inclusiva, muito embora a educação especial possa se desenvolver na
perspectiva da Educação Inclusiva.
Educação Especial e Educação Inclusiva são conceitos diferentes que
muitas vezes se confundem na prática pedagógica. A primeira surgiu em
detrimento de acreditarem que, alguns alunos com necessidades educacionais
especiais não conseguiriam se desenvolver em turmas regulares. É uma
modalidade de ensino (prevista em Lei) que tem como objetivo promover as
potencialidades dos educandos com necessidades educacionais especiais,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades /
superdotação. É voltada exclusivamente para determinados alunos com
determinadas necessidades especiais em salas ou escolas especiais.
A Educação Inclusiva é um conceito mais amplo. Tem seus fundamentos
ancorados numa perspectiva democrática, humanista e amorosa, que
reconhece e valoriza o sujeito em sua singularidade. O foco da educação
inclusiva é a diversidade humana e tem como objetivo maior promover a
aprendizagem em escolas e classes regulares.
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A corrente da Educação Inclusiva começa a desenvolver-se,
principalmente, a partir da Conferência Mundial sobre Educação para Todos,
em 1990, representando grande avanço para a democratização da educação.
A teoria nos aponta que quando tratamos da educação inclusiva, na
verdade estamos tratando de questões e elementos sociais, culturais,
ideológicas, legais e, também educacionais. Mader (1997, p. 17) diz que:
Inclusão é o termo que se encontrou para definir uma sociedade que considera todos os seus membros cidadão legítimos. Uma sociedade em que há a inclusão é uma sociedade em que existe justiça social, em que cada membro tem seus direitos garantidos e em que sejam aceitas as diferenças entre as pessoas como algo normal.
Para uma outra autora, Maria Tereza Mantoan (1997), a inclusão
questiona não somente as políticas e organização da educação especial e
regular, mas também o conceito de integração. A noção de inclusão não é
incompatível com a de integração, porém institui a inserção de uma forma mais
radical, completa e sistêmica (1997, p. 121).
Na perspectiva de Mantoan, a inclusão se refere à vida social e
educativa, assim sendo, todos os educandos devem ser incluídos em escolas
regulares. Segundo a autora (1997), a escola inclusiva propõe um sistema
educacional que considera as necessidades de todos os alunos, de maneira a
ser estruturada em função dessas necessidades.
Um outro autor importante nesta discussão é Ross, para este, a inclusão
seria o processo através do qual a sociedade se adapta para incluir e capacitar
as pessoas até então marginalizadas, permitindo a participação social ativa de
todos os sujeitos (ROSS, 1998, p. 245). Este mesmo autor ainda pontua que os
princípios da inclusão são a celebração das diferenças; o direito de pertencer; a
valorização da diversidade humana; a contribuição de cada pessoa; o
aprendizado cooperativo; a solidariedade humana e a cidadania com qualidade
de vida (1998, p. 245).
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Ainda sobre a discussão sobre a inclusão, encontramos em Mazzota
(1998, p. 51) que:
(...) para viabilizar efetivas mudanças de atitudes no contexto escolar com vistas à inclusão (...) é preciso que se deixe apenas inferir ou assinalar a existência de preconceito e discriminação negativa na escola e se procure conhecer os principais obstáculos e suas justificativas. Além dos valores e crenças das pessoas envolvidas na educação escolar, outros fatores internos como organização, currículo, métodos e recursos, são os principais determinantes das condições para a inclusão e não-segragação.
Neste sentido, o autor discute que para a escola avançar em direção a
inclusão, torna-se necessário que ela esteja aberta à diferença e à mudança.
Pois o modelo tradicional escolar tem como forte característica a padronização
e tentativa de “corrigir os desvios”. Mazzota (1999) afirma que é necessário
rever fatores internos tais como organização, currículo, métodos e recursos.
Fatores que são diretamente relacionados com a perspectiva inclusiva da
escola.
Recorrendo ao pensamento de Stainback (1999), encontramos sobre a
inclusão, que:
O objetivo da inclusão nas escolas é criar um mundo em que todas as pessoas se reconheçam e se apoiem mutuamente, e esse objetivo não é atingido por nenhuma falsa imagem de homogeneidade e em nome da inclusão. Ao contrário, precisamos observar cuidadosamente a maneira como as escolas tem caracteristicamente se organizado em torno das diferenças individuais e como desenvolveram outras alternativas (1999, p. 408).
Embora de formas diferenciadas, os autores apresentaram, sobre o
conceito de educação inclusiva ou de inclusão, que este é um conceito muito
mais amplo que a educação especial, e que perpassa os diversos âmbitos das
instituições sociais, não ficando limitado a escola e a educação formal.
Os autores pesquisados e citados neste trabalho concordam que para se
efetivar a inclusão na sociedade faz-se necessário uma série de
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transformações sociais, culturais, políticas, legais, educacionais, entre outras.
Ou seja, a escola, através da perspectiva inclusiva pode favorecer e fomentar
este processo no meio social, tendo maior sucesso, quando trabalha de
maneira integrada com outros setores e instituições sociais.
A participação da escola, enquanto instituição formadora, no processo
de inclusão é inquestionável. Entretanto, muitos questionamentos surgem
sobre como a escola tem de fato desenvolvido esse atendimento na
perspectiva da educação inclusiva.
2.2 Avanços e Desafios no Processo de Inclusão:
Seguindo a linha teórica das discussões e reflexões que elaboramos no
texto, e com apoio da teoria pesquisada, entramos no debate sobre a educação
inclusiva. Apoiados nesta discussão (que se deu nos tópicos anteriores),
podemos perceber que educação inclusiva é uma perspectiva muito maior e
mais ampla que “apenas receber” os educandos com necessidades
educacionais especiais em sala de aula.
Esta abordagem implica no fato de a escola estar “aberta” a
heterogeneidade presente no meio social. Sendo necessário que a instituição
de ensino reconheça, aceite e respeite as diferenças e diversidade, procurando
trabalhar da melhor maneira possível o potencial que cada sujeito possui.
Inclusão trata justamente de aprender a viver com o outro. Significa estar com o outro e cuidar uns dos outros. Não quer absolutamente dizer que somos todos iguais. Inclusão celebra, sim, nossa diversidade e diferenças com respeito e gratidão. Quanto maior a nossa diversidade, mais rica a nossa capacidade de criar novas formas de ver o mundo. (FOREST; PEARPOINT, 1997, p. 137)
A perspectiva da educação inclusiva está relacionada com diversos
fatores que visam incluir e possibilitar o desenvolvimento dos educandos com
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necessidades educacionais especiais. A educação inclusiva se torna uma
postura da escola, da comunidade escolar e da sociedade, considerando e
respeitando as diferenças, diversidade e ritmos de cada sujeito. Essa
perspectiva permite ou facilita a superação por parte de muitos sujeitos, sobre
processos sociais de exclusão e negação de direitos.
Neste sentido, para uma escola trabalhar e atender os educandos de
maneira inclusiva, precisa observar uma série de questões que podem facilitar
ou prejudicar o desenvolvimento dos alunos, em especial aqueles com
necessidades educacionais diferenciadas.
Na escola, a abordagem inclusiva tem de estar presente no
Projeto Político Pedagógico, na organização do espaço físico e tempos
escolares, no currículo, nos projetos desenvolvidos com os alunos, enfim, no
cotidiano escolar, afim de acolher e proporcionar um ambiente favorável ao
desenvolvimento integral dos educandos com necessidades educacionais
especiais.
Parte importante deste processo relaciona-se com a formação dos
professores (inicial e continuada), que devem estar preparados para a acolher
os alunos com necessidades educacionais especiais e desenvolver uma
proposta pedagógica que considere os diferentes ritmos presentes na sala de
aula.
A LDB (9.394/96) aponta que a formação do professor é um fator
indispensável no atendimento dos alunos com necessidades educacionais
especiais. Tanto é que aponta em seu artigo 59 para dois perfis de professores
para atender as exigências da educação inclusiva: o professor da classe
regular e o professor especializado em Educação Especial.
Profissionais capacitados, que tenham aprofundamento na discussão
sobre educação para todos e direito de cada sujeito de aprender, terão maior
facilidade de “encarar” os desafios do cotidiano escolar. Assim sendo, estes
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poderão, numa perspectiva inclusiva, dialogar com os demais alunos sobre a
importância de respeitar e valorizar cada indivíduo.
Em outras palavras, o professor precisa ter formação e capacitação para
entender o debate sobre a inclusão dos alunos com necessidade educacionais
especiais em salas regulares, até por que os desafios são imensos devido a
(falta de) estrutura e recursos físicos e humanos que as escolas enfrentam
atualmente, principalmente quando falamos das escolas das redes públicas de
ensino.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional aponta que, o ensino
aos alunos com necessidades educacionais especiais aconteça
preferencialmente na rede regular de ensino, porém, assegura atendimento
especializado em escolas e classes especiais, visando atender os mais
diversos sujeitos com suas especificidades e singularidades. Esta indicação da
LDB representa um grande avanço na questão da inclusão. Ainda que ocorra
avanços legais e educacionais na trajetória da educação inclusiva, entretanto,
não se pode negar o contexto social vigente.
Sobre o contexto social, de maneira geral podemos expor que vivemos
na era da informação, e por isso, necessitamos estar preparados para pensar
criticamente sobre tantas informações que recebemos a todo instante. Neste
sentido, a escola e o currículo escolar não deve se restringir a um tipo de
educação que encara os educandos como meros receptores. Ao invés disso, é
extremamente necessária uma perspectiva de ensino que fomente e
desenvolva as potencialidades de cada sujeito no processo de construção de
conhecimento.
Na perspectiva da educação inclusiva, todos os agentes e sujeitos
devem participar e contribuir, de maneira que não somente a escola, mas
também a comunidade escolar desenvolva uma postura inclusiva e
democrática. A participação da comunidade escolar é fundamental neste
processo de inclusão, como abordado pelos autores.
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A inclusão reque que se crie uma sociedade que duvida da exclusão. Onde o princípio fundamental é a valorização da diversidade. Cada pessoa tem uma contribuição a dar. É um problema da sociedade a inclusão, e a solução tem que ser encontrada no meio social. (MASINI, 1999, p. 53)
Neste sentido, faz-se necessário refletir sobre os sistemas de ensino,
partindo da concepção de que todos somos responsáveis, alunos, pais,
profissionais de educação e sociedade. O modelo de educação, numa
perspectiva inclusiva e democrática, construído por todos e para todos, deve
compreender e atender cada um em sua especificidade, sendo capaz de
possibilitar a construção do conhecimento, e desta forma, fomentando o
preparo de cada sujeito para atuar de forma crítica e cidadã.
2.3 O Atendimento nas escolas:
Nesta pesquisa, iremos trabalhar com as seguintes classificações
referentes as unidades de ensino: escolas/unidades regulares e
escolas/unidades especializadas. O que chamamos de escolas regulares, são
unidades escolares que oferecem o ensino na modalidade regular, atendendo
também os educandos com necessidades educacionais especiais (NEE).
Nestas unidades, os alunos (NEE) participam das mesmas classes, aulas e
atividades com os demais alunos, tendo em vista a perspectiva inclusiva da
escola e as especificidades do alunado.
Há também as escolas especializadas, que realizam o atendimento de
alunos com necessidades educacionais especiais com maior
comprometimento. Tais escolas/unidades podem oferecer também o ensino de
forma complementar e conjunta à escola regular para determinados alunos.
O conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos que
são oferecidos de forma complementar à escolarização dos alunos
com Transtornos Globais do Desenvolvimento, deficiências e com altas
habilidades/ superdotação, que estão matriculadas em turmas regulares de
27
ensino, é denominado Atendimento Educacional Especializado (AEE), de
acordo com INEP (2016).
Na maioria dos casos, o AEE é desenvolvido em pequenos grupos ou
individualmente no contra-turno e não substitui o trabalho do docente da classe
regular. Em geral, o atendimento educacional especializado é realizado em
Salas de Recursos Multifuncionais, que funcionam nas escolas/unidades
regulares.
As Salas de Recursos Multifuncionais são um programa do Governo
Federal (Ministério da Educação) que fornece equipamentos de informática,
mobília, materiais didáticos e pedagógicos com o intuito de criar salas
destinadas a integrar alunos em escolas públicas regulares por meio da política
de Educação Inclusiva. Apresentam caráter complementar ao trabalho
realizado na sala de aula com materiais e profissionais especializados.
Outro ponto de grande importância sobre o atendimento dos alunos com
necessidades educacionais especiais, na perspectiva da educação inclusiva,
diz respeito a tecnologia assistiva. Com o uso das tecnologias assistivas, os
profissionais responsáveis pelo atendimento dos educandos com necessidades
educacionais especiais conseguem desenvolver um conjunto de recursos,
metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a
funcionalidade, voltada a participação, de sujeitos com deficiência,
incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência
e inclusão social. Podemos citar como exemplos de Tecnologia Assistiva:
• Tecnologias de informação e comunicação;
• Comunicação alternativa;
• Recursos de acessibilidade ao computador, entre outros.
Para a realização do atendimento dos educandos com necessidades
educacionais especiais nas escolas/unidades de ensino na modalidade regular,
28
torna-se necessário a implementação e transformação de diversos elementos,
que podem ser de ordem legal, pedagógica, de recursos e infraestrutura,
curriculares, de temporalidade, entre outras.
Neste capítulo, já pontuamos sobre a questão da formação dos
professores e profissionais que atuam com os educandos (NEE), também
apontamos sobre o atendimento educacional especializado, a importância da
participação de todos os envolvidos no processo de inclusão, e, neste ponto,
abordaremos a questão das adaptações / adequações necessárias para a
efetivação da inclusão dos educandos com necessidades educacionais
especiais.
2.4 Adaptações / Adequações e a Escola Regular:
Na perspectiva da educação inclusiva, as escolas devem estar
devidamente preparadas para receber todas as pessoas. A própria legislação
em vigor aponta no sentido da acessibilidade e das superações das
dificuldades e eliminação de barreiras. Para isso, por muitas vezes torna-se
necessário que as escolas realizem adaptações em seus espaços físicos.
Os sistemas de ensino devem organizar as condições de acesso aos espaços, aos recursos pedagógicos e à comunicação que favoreçam a promoção da aprendizagem e a valorização das diferenças, de forma a atender as necessidades educacionais de todos os estudantes. A acessibilidade deve ser assegurada mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas, urbanísticas, na edificação – incluindo instalações, equipamentos e mobiliários – e nos transportes escolares, bem como as barreiras nas comunicações e informações. (BRASIL, 2008, p. 13)
As adaptações de acessibilidade podem ser simples, como a
organização das carteiras de uma determinada classe com o intuito de
favorecer a locomoção de algum educando com necessidades educacionais
especiais, ou a mudança de uma turma para o primeiro andar de uma escola
que não tenha (ainda) rampas de acesso, por exemplo. Ou mais complexas,
tais como a implementação de rampas, aparato de acessibilidade e até mesmo
grandes obras e mudanças na estrutura do prédio.
29
Essas adaptações são determinantes na efetivação da inclusão no
espaço escolar, pois traz mudanças e transformações no meio, para que
assim, possa realizar o atendimento a todos os alunos. De acordo com
Francisco Godinho (2010):
A Acessibilidade consiste na facilidade de acesso e de uso de ambientes, produtos e serviços por qualquer pessoa e em diferentes contextos. Envolve o Design Inclusivo, oferta de um leque variado de produtos e serviços que cubram as necessidades de diferentes populações, adaptação, meios alternativos de informação, comunicação, mobilidade e manipulação, produtos e serviços de apoio/acessibilidade.
Neste sentido, as adaptações que visam fomentar a acessibilidade dos
sujeitos contribuem na efetivação dos direitos de todos os cidadãos, reforçando
a perspectiva inclusiva e democrática, onde todos têm o direito garantido de
participação e desenvolvimento. As adaptações da qual tratamos neste
trabalho podem ser Adaptação de Acessibilidade (eliminação de barreiras
arquitetônicas e metodológicas) e Adaptação Pedagógica (diz respeito ao
planejamento, objetivos, atividades, e forma de avaliação). Ambas, tem como
principal finalidade favorecer o processo de inclusão dos alunos nas escolas
regulares. Visam superar a perspectiva integracionista, onde o educando que
deveria se adaptar ao meio.
30
CAPÍTULO III
ADAPTAÇÕES CURRICULARES NO ENSINO REGULAR
Sobre as adaptações curriculares, o documento referencial dos
Parâmetros Curriculares Nacionais para a Educação Básica traz uma reflexão
importante. Segundo este documento:
As manifestações de dificuldades de aprendizagem na escola apresentam-se como um contínuo, desde situações leves e transitórias que podem se resolver espontaneamente no curso do trabalho pedagógico até situações mais graves e persistentes que requerem o uso de recursos especiais para a sua solução. Atender a esse contínuo de dificuldades requer respostas educacionais adequadas envolvendo graduais e progressivas adaptações do currículo. (BRASIL, 1998, p. 33)
O documento aponta no sentido de que são necessárias determinadas
mudanças e alterações, sejam elas de menor impacto ou de grande impacto,
nos sistemas de ensino a fim de implementar a perspectiva da inclusão de
maneira satisfatória. Sinaliza também sobre a possibilidade das adaptações
curriculares, que será o tema de discussão e aprofundamento deste capítulo.
3.1. Adaptações Curriculares
“As adaptações curriculares constituem, pois, possibilidades
educacionais de autuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos”
(BRASIL, 1998, p. 33). Esta citação, que encontra-se no Documento
Referencial dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’S) indica a
possibilidade da adaptação e flexibilização do trabalho pedagógico com o
objetivo de promover a inclusão, ou, superar as dificuldades de aprendizagem.
Representa um grande avanço em relação ao trabalho com os alunos com
necessidades educacionais especiais em turmas regulares, onde, em muitos
casos, os métodos e conteúdo não são acessíveis aos educandos.
31
Em casos onde os alunos incluídos ou qualquer outro educando que
apresente dificuldade na aprendizagem, o documento preconiza que, nestes
casos, o professor:
[...] realize a adaptação do currículo regular, quando necessário, por torna-lo apropriado as peculiaridades dos alunos com necessidades educacionais especiais. Não um currículo novo, mas um currículo dinâmico, alterável, possível de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos. (BRASIL, 1998, p. 33)
Neste sentido, e de forma mais genérica, podemos dizer que a
adaptação curricular é uma maneira de diminuir ou minimizar as barreiras e
dificuldades no que refere-se a questão da aprendizagem e inclusão dos
alunos, numa perspectiva inclusiva.
De acordo com o Documento “Saberes e Práticas da Inclusão –
recomendações para a construção das escolas inclusivas” (BRASIL, 2005, p.
61), as adaptações curriculares constituem:
[...] possibilidades educacionais de atuar frente as dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adequação do currículo regular, quando necessário, para torna-lo apropriado às peculiaridades especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, possível de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos, nessas circunstâncias, as adequações curriculares implicam a planificação pedagógica e as ações docentes fundamentadas em critérios que definem: o que o aluno deve aprender, que forma de organização do ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem e como e quando avaliar o aluno.
Esta definição citada acima, apresenta a importância da utilização das
adaptações curriculares no processo ensino – aprendizagem numa perspectiva
inclusiva. Além de mostrar possibilidades reais e práticas referente ao trabalho
pedagógico, também destaca a importância do planejamento do professor em
relação as atividades selecionadas, mostrando que a adaptação curricular
serve como ferramenta que pode auxiliar no processo de inclusão, ensino e
aprendizagem.
32
Um outro Documento, este produzido pelo Instituto Nacional de Surdos
(INES), apresenta uma visão mais ampliada sobre as adaptações curriculares.
Nesta perspectiva, as adaptações de currículo:
[...] constituem criar condições físicas, ambientais e materiais para o
aluno, na sua unidade escolar de atendimento; propiciar os melhores
níveis de comunicação e interação com as pessoas com as quais
convivem na comunidade escolar, favorecer a participação nas
atividades escolares; propiciar o mobiliário, equipamentos específicos
necessários e salas adaptadas; fornecer ou atuar para a aquisição
dos equipamentos e recursos materiais específicos: próteses
auditivas, treinadores de fala, softwares educativos, entre outros;
adotar a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), além de material
escrito e computador.
Essa abordagem de educação especial é mais ampla, e perpassa uma
por uma série de elementos presentes na prática pedagógica e no cotidiano
escolar. O Documento de Adaptação Curricular dos PCN’S considera ainda
que para que o aluno com necessidades educacionais especiais possam
participar integralmente em um ambiente rico de oportunidades educacionais
com resultados favoráveis, alguns aspectos precisam ser considerados,
destacando-se entre eles:
• A preparação e a dedicação da equipe educacional e dos professores;
• O apoio adequado e recursos especializados, quando forem
necessários;
• As adaptações curriculares e de acesso ao currículo;
Os PCN’S acrescentam, sobre as adaptações curriculares, que são
medidas pedagógicas adotadas em diversos âmbitos da escola: Nível do
Projeto Político Pedagógico (PPP) da unidade escolar; no currículo; na sala de
aula; nas atividades; e apenas quando necessário, de maneira individual ao
educando.
33
As adaptações curriculares podem ser divididas, segundo a teoria
consultada, em adaptações não significativas (pequeno porte) ou adaptações
significativas (de grande porte). Em tese, tem propostas semelhantes, que em
geral visam melhorar ou efetivar práticas inclusivas no ambiente escolar,
porém, há diferenças, principalmente, em relação aos responsáveis pela
aplicação e desenvolvimento de tais ações.
De maneira geral, as adaptações de pequeno porte (não significativas) podem ocorrer nas mesmas categorias que as adaptações de grande porte (significativas), diferenciando-se principalmente no que se refere à instância que por ela é responsável. (BRASIL, 2000, p. 8)
As adaptações curriculares de pequeno porte (não significativas), de
acordo com Brasil (2000, p.8) são modificações promovidas no currículo, pelo
professor, de maneira a permitir e promover a participação produtiva dos
alunos com necessidades educacionais especiais no processo de ensino e
aprendizagem, na escola regular.
Este mesmo Documento aponta ainda que:
São denominados de pequeno porte (não significativas) porque sua implementação encontra-se no âmbito da responsabilidade e de ação exclusivos do professor, não exigindo autorização, nem dependendo de ação de qualquer outra instância superior, nas áreas política, administrativa ou técnica. (BRASIL, 2000, p.8)
Já as adaptações consideradas como de grande porte, segundo BRASIL
(2002, p.9), estão relacionadas com ações, suportes e estratégias que são de
competência e atribuição das instâncias político-administrativas superiores, já
que exigem modificações que envolvem ações de natureza política,
administrativa, financeira, burocrática, entre outros.
As necessidades especiais revelam que tipos de estratégias, diferentes das usuais, são necessárias para permitir que todos os alunos, inclusive as pessoas com deficiência, participem integralmente das oportunidades educacionais, com resultados favoráveis, dentro de uma programação tão normal quanto possível. (BRASIL, 2000, p. 9)
34
Neste sentido, as adaptações de grande porte e de pequeno porte são
extremamente importantes no processo educacional, na perspectiva da
educação inclusiva, pois, aponta no sentido de favorecer este processo e,
garantir o direito a educação de todos.
3.2 A Questão do Currículo
Pensando de maneira mais específica sobre as adaptações no âmbito
do currículo, apontamos, acerca do currículo, que este é um elemento
fundamental no processo ensino-aprendizagem. É desenvolvido no cotidiano
escolar, em muitas instâncias do trabalho pedagógico, sendo muito mais amplo
que uma lista de conteúdos a serem ensinados.
Para Sacristán (2000), o currículo escolar está em constante construção,
ou seja, não é algo estático ou imóvel, mas sim um conjunto de princípios,
elementos e noções que atuam de maneira dinâmica com a sociedade. O autor
define que currículo é:
O Currículo é um ponto central de referência na melhoria da qualidade do ensino, na mudança das condições da prática, no geral e nos projetos de inovação dos centros escolares. (SACRISTÁN, pág.32, 2000).
Os autores Antônio Flávio Barbosa Moreira e Vera Candau (2007, p. 17)
expõem sobre o currículo que: “a palavra currículo associam-se distintas
concepções, que derivam dos diversos modos de como a educação é
concebida historicamente”. E complementam que: “Diferentes fatores sócio-
econômicos, políticos e culturais contribuem, assim, para que currículo venha a
ser entendido como:”
• Os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
• As experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos
alunos;
35
• Os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas
educacionais;
• Os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino;
• (e) os processos de avaliação que terminam por influir nos conteúdos e
nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização.
Neste sentido, a teoria nos aponta sobre o currículo, que este é um
conceito bem amplo, flexível e dinâmico, que relaciona-se diretamente com a
sociedade e elementos de ordem cultural, política, filosóficas, entre outros.
Pode-se afirmar que é por intermédio do currículo que as “coisas”
acontecem na escola. No currículo se sistematizam nossos esforços
pedagógicos. O currículo é, em outras palavras, o coração da escola,
o espaço central em que todos atuamos, o que nos torna, nos
diferentes níveis do processo educacional, responsáveis por sua
elaboração (CANDAU; MOREIRA, 2007, p. 19)
Tratando de maneira mais específica sobre as adequações curriculares
referente aos alunos com necessidades educacionais especiais incluídos na
rede regular, encontramos na bibliografia pesquisada, que tem embasado esta
investigação, que este recurso (adaptação curricular) tem sido utilizado nas
escolas regulares como uma forma de possibilitar ou avançar na
implementação de práticas inclusivas.
3.3 Adaptação e Currículo: adequações curriculares na escola
regular.
Segundo os estudos de Redig (2005), Fernandes e Glat (2007), Oliveira
e Machado (2008) e Glat e Pletsch (2005), as adaptações curriculares são
medidas que os profissionais da educação devem tomar para auxiliar o
processo de ensino-aprendizagem. De acordo com estes estudiosos da
temática, adaptar o currículo do ensino regular não significa apenas a retirada
de determinados conteúdos, o que resulta no empobrecimento do currículo,
36
mas sim, na possibilidade de adaptar e flexibilizar o processo de aprendizagem
dos educandos com necessidades educacionais especiais.
Com relação ao Ensino Fundamental, os Parâmetro Curriculares
Nacionais apontam como objetivos que os alunos sejam capazes de:
• compreender a cidadania como participação social e política, assim como
exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia,
atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o
outro e exigindo para si o mesmo respeito;
• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes
situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de
tomar decisões coletivas;
• conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais,
materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de
identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país;
• conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem
como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se
contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe
social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e
sociais;
• perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente,
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo
ativamente para a melhoria do meio ambiente;
• desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de
confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de
inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na
busca de conhecimento e no exercício da cidadania;
• conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos
saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com
responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;
• utilizar as diferentes linguagens — verbal, musical, matemática, gráfica,
plástica e corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas
37
ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e
privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;
• saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para
adquirir e construir conhecimentos;
• questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los,
utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a
capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua
adequação.
Esses objetivos trazem implicações diretas no currículo do Ensino
Fundamental, permitindo a reflexão e problematização acerca das adaptações
curriculares voltadas aos educandos com necessidades educacionais
especiais, numa perspectiva inclusiva da escola. Podemos questionar se de
fato tais habilidades têm sido desenvolvidas, como determina o Documento.
Em outras palavras, esses objetivos definidos pelos PCN’S mostram o
nível de complexidade dos conteúdos e habilidades a serem desenvolvidas ao
longo do Ensino Fundamental, fator que representa ou pode representar
desafios no processo ensino aprendizagem dos alunos incluídos no ensino
regular. Os PCN’S também apontam sobre as adaptações curriculares que:
As necessidades especiais revelam que tipos de ajuda, diferentes das usuais, são requeridas, de modo a cumprir as finalidades da educação. As respostas a essas necessidades devem estar previstas e respaldadas no projeto pedagógico da escola, não por meio de um currículo novo, mas, da adaptação progressiva do regular, buscando garantir que os alunos com necessidades especiais participem de uma programação tão normal quanto possível, mas considere as especificidades que as suas necessidades possam requerer. (BRASIL, 1998, p. 34)
Já nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, podemos encontrar que:
“Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001).”
38
Neste sentido, a legislação aponta que os sistemas de ensino e as
escolas devem oferecer e possibilitar o acesso dos educandos com
necessidades educacionais especiais ao ensino e ao currículo escolar. A
perspectiva inclusiva aponta no sentido do atendimento preferencialmente em
classes regulares, utilizando as adaptações curriculares como estratégia e
ferramenta para implementação e efetivação deste processo.
39
CONCLUSÃO
A partir das discussões, reflexões e dos estudos realizados (da literatura
disponível e das legislações) em torno da temática das adaptações curriculares
e a educação inclusiva, constatou-se que ao longo da história da educação
brasileira a questão da inclusão foi encarada por muito tempo como um
“grande problema”, ganhando maior espaço, visibilidade e avanços nos últimos
vinte anos.
Tanto o debate sobre a inclusão dos educandos com necessidades
educacionais especiais, bem como os avanços na legislação educacional,
permanência e outros elementos (como formação de professores,
financiamento, acessibilidade dos espaços escolares, etc.) têm avançado nos
últimos anos, representando uma forma de melhoria das coberturas das
políticas educacionais voltadas aos educandos com necessidades
educacionais especiais.
O conjunto de leis e diretrizes que encontramos ao longo da pesquisa,
apontam no sentido de que os sistemas de ensino e, de maneira geral, as
escolas, devem dar conta das demandas de alunos com necessidade
educacionais especiais, tendo em vista a perspectiva da educação inclusiva e a
garantia do direito a educação para todos.
O Documento “Diretrizes Curriculares – Educação Especial” (2001)
apresenta em suas diretrizes que o currículo, em qualquer processo de
escolarização, transforma-se na síntese básica da educação. Possibilitando
afirmar que a busca da construção curricular deve ser entendida como aquela
garantida na própria LDB 9.394/96 – o ensino deve ser complementado,
quando necessário, com atividades que possibilitem ao aluno que apresenta
necessidades educacionais especiais ter acesso ao ensino, à cultura, ao
exercício da cidadania e à inserção social produtiva.
40
As Diretrizes Curriculares Nacionais, incumbência do Conselho Nacional
de Educação, nos termos da LDB 9.394/96 e da Lei n˚ 9.131/95, traz um
conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos, e
procedimentos na Educação Básica. Estes princípios e doutrinações orientam
as escolas brasileiras dos sistemas de ensino, na organização, articulação,
desenvolvimento e avaliação de suas propostas (BRASIL, 2010, p. 7).
O Parecer indica ainda que a necessidade de definição de Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica está posta pela
atualização e avanços das Políticas Educacionais Brasileiras. As Diretrizes
Curriculares Nacionais têm os seguintes objetivos (2010, p. 7 – 8):
I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação Básica contidos
na Constituição, na LDB e demais dispositivos legais, traduzindo-os em
orientações que contribuam para assegurar a formação básica comum
nacional, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola;
II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação,
execução e avaliação do projeto político-pedagógico da escola de Educação
Básica;
III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de profissionais –
docentes, técnicos, funcionários – da Educação Básica, os sistemas educativos
dos diferentes entes federados e as escolas que os integram, indistintamente
da rede a que pertençam.
O Documento Referencial das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Básica indica ainda que:
[...] as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica visam estabelecer bases comuns nacionais para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, bem como para as modalidades com que podem se apresentar, a partir das quais os sistemas federal, estaduais, distrital e municipais, por suas competências próprias e complementares, formularão as suas orientações assegurando a integração curricular das três etapas sequentes desse nível da escolarização, essencialmente para compor um todo orgânico. (BRASIL, 2010, p. 8)
41
Na perspectiva da educação inclusiva, as Diretrizes Curriculares
Nacionais sinalizam no sentido da superação do caráter substitutivo da
Educação Especial ao ensino regular e, também, em relação separação e
fragmentação dos espaços de atendimento para os educandos com
necessidades educacionais especiais.
As Diretrizes orientam que a oferta do Atendimento Educacional
Especializado (AEE) deva ser realizado em turno inverso ao atendimento da
escolarização regular, desta forma, contribuindo para a garantia do acesso dos
alunos à educação na modalidade regular. As Diretrizes Curriculares
Nacionais, dada seu caráter complementar e sua proposta transversal referente
a educação especial, visa:
[...] atender em todas as etapas, níveis e modalidades alunos com visa atender alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades / superdotação e inova ao trazer orientações pertinentes às condições de acessibilidade dos alunos, necessárias à sua permanência na escola e prosseguimento acadêmico. (BRASIL, 2010, p. 299)
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica
desenvolvem uma série de avanços, além de estabelecer garantias para o
processo de inclusão e permanência do atendimento dos educandos com
necessidades educacionais especiais.
A perspectiva das Diretrizes Curriculares no que tange a Educação
Especial, fundamentada numa base inclusiva, vem apontando possibilidades
de romper / superar as muitas dificuldades de acesso, principalmente, no que
refere-se ao currículo da modalidade regular. E neste sentido, as adaptações
curriculares se apresentam como uma importante ferramenta neste processo
que visa a garantia do direito de todas as pessoas à educação (com
qualidade).
42
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44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I Do que estamos falando? 11 1.1. A questão da oferta 13 1.2. A questão da legislação 15 1.3. Importantes marcos históricos da Educação Especial 17 CAPÍTULO II A questão da inclusão 20 2.1. A Educação Inclusiva 20 2.2. Avanços e desafios no processo de inclusão 23 2.3. O atendimento nas escolas 26 2.4. Adaptações / adequações e a escola regular 28 CAPÍTULO III Adaptações curriculares no ensino regular 30 3.1. Adaptações curriculares 30 3.2. A questão do currículo 34 3.3. Adaptação e currículo: adequações curriculares na escola 35 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA 42 ÍNDICE 44