Distúrbios de comportamento na escola
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INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA METODOLOGIA
CONSIDERAÇÕES
RODRIGUEZ, Allencar
Profa. Dra. CELERI, Eloísa H. V.
Laboratório de Ciências Médicas
Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas
FCM/UNICAMP DISTÚRBIOS
DE COMPORTAMENTO
NA ESCOLA
A manifestação da violência em nossa sociedade é endêmica e ocorre de
várias formas. Hoje, 400.000 brasileiros provenientes dessa violência fazem
parte de um sistema prisional caótico e excludente. Isto significa que 2% da
população brasileira não conseguiram suprir em algum momento de suas
vidas alguma falha ambiental, básico e/ou familiar. Pior, esse número
aumenta todo dia. Existe um sintoma inicial que é revelador em sala de aula.
Discutir, a partir de uma abordagem winnicottiana, a probabilidade de um
indivíduo que apresenta manifestações anti-sociais constantes dentro de
uma sala de aula, evoluir para o contexto da destrutividade, violência e
portanto a delinqüência.
Este trabalho tem como referencial
teórico alguns fundamentos da obra de
Donald Woods Winnicott, principalmente
aqueles que compõem a obra “Privação e
Delinquência”. Essa obra reúne seus
escritos sobre a privação e como essa pode
reforçar a tendência anti-social
(delinqüência), considerando os recursos
sociais exigidos para o tratamento da
criança delinquente e também o uso efetivo
da terapia individual.
O contexto global deste trabalho quanto ao levantamento, análise e
interpretação de dados como à análise da anamnese, tem um único
propósito de discorrer os fatos analisados sobre o prisma da teoria de D. W.
Winnicott. A pesquisa foi feita com Jhonatans, 13 anos e 11 meses
(15/12/94), aluno a 5ª. Série do Ensino Fundamental (semi-analfabeto) da
rede pública estadual cujo portfólio acadêmico registra 26 ocorrências por
atitudes indisciplinares em sala de aula.
Numa análise sintética, o sujeito pesquisado necessita de acompanhamento profissional
especializado nas áreas da psicologia, psiquiatria e psicopedagógica. Sua problemática
emocional condiz com a literatura de D.W.Winnicott no contexto da privação e
delinqüência. Por outro lado não atingindo o equilíbrio de integração entre seu mundo
interno e externo esse sujeito recorreu à construção de um falso-self o qual se apóia em
busca de socorro. Dessa forma, ele despreza a realidade original e sem o
acompanhamento citado, seu mundo será adotado como único sem limites e regras cuja
convergência indica um entrave no caminho da socialização.
Contato: [email protected]
www.twitter.com/katcavernum
www.katcavernum.com.br
INTRODUÇÃO
A manifestação da violência em nossa sociedade é endêmica e ocorre da várias
formas. Hoje, 400.000 brasileiros provenientes dessa violência fazem parte de
um sistema prisional caótico e excludente. Isto significa em números explícitos,
que 2% da população brasileira não conseguiram suprir em algum momento de
suas vidas alguma falha ambiental, básico e/ou familiar. Pior, esse número
aumenta todo dia.
Institucionalmente existe um sintoma inicial que é revelador em sala de aula.
OBJETIVO
Discutir, a partir de uma abordagem winnicottiana, a probabilidade de um
indivíduo que apresenta manifestações anti-sociais constantes dentro de uma
sala de aula, evoluir para o contexto da destrutividade, violência e portanto a
delinqüência. Isso fundamentado nas relações familiares que se insere esse
indivíduo, o contexto da vulnerabilidade social, seu processo de integração da
personalidade e a ocorrência de uma deprivação em seu período de
amadurecimento.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este trabalho tem como referencial teórico alguns fundamentos da obra de
Donald Woods Wnnicott, principalmente aqueles que compõem a obra “Privação
e Delinqüência. Essa obra reúne seus escritos sobre a privação e como essa
pode reforçar a tendência anti-social (delinqüência), considerando os recursos
sociais exigidos para o tratamento da criança delinqüente e também o uso
efetivo da terapia individual.
METODOLOGIA
O contexto global deste trabalho quanto ao levantamento, análise e
interpretação de dados como à análise da anamnese, tem um único propósito
de discorrer os fatos analisados sobre o prisma da teoria de D. W. Winnicott. A
pesquisa foi feita com Jhonatans, 13 anos e 11 meses (15/12/94), aluno da 5a.
Série do Ensino Fundamental da rede pública estadual cujo portfólio acadêmico
registra 26 ocorrências por atitudes indisciplinares em sala de aula.
CONCLUSÕES
Frente à manifestação de tendência anti-social, relacionada com a falha do
ambiente familiar, com a deprivação da figura paterna o caminho para a
delinqüência do indivíduo pesquisado é uma probabilidade que deve ser levado
em consideração. Portanto, numa análise sintética, esse indivíduo necessita de
acompanhamento profissional especializado nas áreas da psicologia, psiquiatria
e psicopedagogia rumo ao seu processo de amadurecimento seguindo a
literatura de D. W. Winnicott para um self verdadeiro.
CONTEXTUALIZAÇÃO
I – INTRODUÇÃO
A escola é um reflexo da realidade social, portanto, um lugar que é possível
dimensionar a intensidade da desestruturação familiar nos dias de hoje pelos índices de
desenvolvimento escolar, da evasão, da repetência entre outros fatores em que a culpa
recai sobre o Estado e sobre a (De) gestão da Unidade Escolar. Essas famílias
vivenciam um horizonte sem desenvolvimento e progresso produzindo filhos com baixa
auto-estima, depressivos, intolerantes e agressivos.
Quando esses filhos chegam à adolescência a falta de controle de seus impulsos
primitivos não educados poderá incorrer em sérios problemas psicossociais. Sem regras
impostas pela educação primária não aprendem a seguir as regras sociais e nem lidar
com suas frustrações e perdas. Como defesa usam a agressividade como padrão de
comportamento. E, a escola pela sua incompetência administrativa não é para ele um
referencial para sua vida de crescimento, de harmonia, de socialização.
O referencial de desenvolvimento emocional para a criança é sua própria família. Se
houver uma falha nesse ambiente, essa criança buscará fora de casa um outro
referencial que lhe de sustentabilidade ambiental de amadurecimento. Essa
sustentabilidade poderá vir de seus tios, avós, amigos da família. A criança privada
desses ambientes poderá obter, ainda, na escola o que lhe faltou no próprio lar. Esse
fato não acontece com a criança anti-social.
A criança anti-social está simplesmente olhando
um pouco mais longe, recorrendo à sociedade em
vez de recorrer a família ou à escola para lhe
fornecer a estabilidade de que necessita a fim de
transpor os primeiros e essenciais estágios de seu
crescimento emocional.
(Winnicott, 2005, pg. 130)
Para piorar a situação dos indivíduos que se inserem nos fatores que produzem a
agressividade no padrão anti-social como os instintos agressivos, a bagagem
hereditária e seu ambiente familiar, pesquisas revelam que crianças oriundas de
famílias de padrão sócio-econômico baixo são mais agressivas e mais propensas de se
tornarem delinqüentes.
II – A TEORIA
A base teórica deste trabalho, sob o âmbito das idéias de Winnicott, aborda
questões de conduta anti-social, a criação do falso self e um outro fundamento
winnicottiano, parte integrante na formação psíquica da criança, que é a função
materna.
2.1 METODOLOGIA
2.1.1 Método de construção da pesquisa
A pesquisa foi desenvolvida na modalidade de estudo de caso. O sujeito da pesquisa
foi um adolescente dentro do contexto institucional escolar e sua família. Esse sujeito é
apresentado pelos professores de sua escola como “incapaz”, “incompetente”, “burro”
na ênfase acadêmica além de apresentar “conduta agressiva e anti-social”. Seu
portfólio acadêmico registra um alarmante índice de 26 ocorrências por atos de
indisciplinas em 10 meses letivos. Esse fato demonstra não só um distúrbio emocional
recorrente do indivíduo como também uma enorme incompetência da gestão da
unidade escolar que não teve capacidade de minimizar os problemas desse indivíduo.
Esta pesquisa se caracteriza por:
retratar o sujeito no âmbito da unidade escolar e suas relações familiares;
relacionar a etiologia de suas ações com a literatura winnicottiana;
estabelecer uma possível previsão probatória quanto ao futuro desse indivíduo frente
seu ambiente no processo de seu amadurecimento;
esta pesquisa foi desenvolvida na linguagem narrativa.
A reflexão que se concerne nesta narrativa tem base em minha própria experiência,
nas leituras dirigidas de D. W. Winnicott ministrada pela Profa. Dra. Celeri, Eloísa H. V.
na Unicamp, na profunda observação e acompanhamento institucional do indivíduo e
nos diálogos desenvolvidos junto a esse indivíduo e sua mãe. Outro parâmetro o qual
fundamentei minha análise de sua personalidade foi uma série de cinco desenhos e
cinco histórias realizadas com o sujeito da pesquisa fundamentado na literatura do
procedimento desenhos-estórias de Walter Trinca.
2.1.2 Winnicott e a tendência anti-social – Agressão e suas raízes
Amor e ódio constituem os dois principais
elementos a partir dos quais se constroem as
relações humanas. Mas, amor e ódio envolvem
agressividade. Por outro, a agressão pode ser
sintoma de medo.
(Winnicott, 1987, p.93)
De onde vem à tendência agressiva humana é uma tarefa difícil de identificar. Por
Darwin ela é inerente à formação genética de nossos ancestrais que fundamentavam
sua sub-existência na luta contra a fome, em favor da vida e a natureza hostil.
Diferente nos períodos formadores das sociedades onde a agressividade e violência se
confundem. Hoje, em estudo profundo, Winnicott certifica e demonstra que ataques de
impulsos irracionais está intimamente relacionado ao desenvolvimento emocional do
indivíduo e que “em termos” o ato é influenciado pelo ambiente.
Para Winnicott, a agressividade pode tomar vários caminhos e estes caminhos
estarão em estreita relação com a resposta ambiental: o desenvolvimento normal da
capacidade de inquietude e duas alternativas patológicas, que seria a não capacidade
para a inquietude e a questão da formação do faso-self, ligado à questão da tendência
anti-social.
Mas, segundo Winnicott, à agressividade que configura em muitos casos como uma
tendência anti-social não pode ser vista como um diagnóstico de transtorno ou
distúrbio relacionado à saúde do indivíduo. A tendência anti-social é um sinal de pedido
de socorro pelo indivíduo que se sente preso à um meio que não foi ou ainda não é
suficientemente bom para ele.
Na fase escolar é comum a manifestação agressiva de crianças e adolescentes.
Principalmente nos adolescentes que precisam dominar seus impulsos agressivos e
sexuais. Atitudes anti-sociais extremas, muitas vezes, ajudam o adolescente a se sentir
real, num período de perturbação emocional depressiva ou de deprivação. Winnicott
afirma que o processo do amadurecimento é a cura da adolescência e dessas atitudes
hostis positivas no contexto do crescimento do indivíduo. Manifestações que giram em
função de sua defesa e conquistas, para o exercício da criatividade e a cumplicidade
amorosa. O grande problema é se o indivíduo tomar o viés da tendência à delinqüência,
onde a tendência à construção do seu próprio eu é substituído pela ação da
destrutividade e a violência.
O indivíduo delinqüente difere daquele com tendência anti-social uma vez que no
âmbito da delinqüência já haveria defesas constituídas com ganhos secundário, que
dificultariam a criança entrar em contato com seu desilusionamento inicial.
Segundo Winnicott (1983), dos dois vieses da tendência anti-social, o roubo está
relacionado à interação mãe e seu desempenho materno condicionado à falha de
exercer o holding. No roubo a criança procura por algo em algum lugar sendo que o
objeto roubado não é o valor da conquista, mas o sentido da causa e conseqüência. A
causa é o fracasso, pois o objeto subtraído não tem importância emocional. Já a
destrutividade se insere na forma mais desesperada do indivíduo em chamar para si à
atenção.
Somado a isso, a destrutividade está relacionada à interação com o pai. Em
Winnicott, a função paterna é a caracterização de um ambiente indestrutível, aquele
que sustenta a mãe e o bebê. O pai sustenta a mãe a sentir-se bem em seu próprio
corpo e feliz em seu espírito. E, para ser uma mãe suficientemente boa, é necessário
que essa mãe esteja feliz em seu ego. Dessa forma, o pai é uma identidade
reconhecida na mãe frente aos desejos e anseios dessa própria mãe. O que a mãe
implanta na criança, o pai sustenta. Portanto, uma falha nesse ambiente poderá induzir
uma predisposição a distúrbios afetivos e tendência anti-social. Pois, pai e mãe dão
sustentação a criança em momentos distintos que se intercedem na construção
emocional dessa criança. A criança necessita da presença do pai pelas qualidades que
esse distingue de outros homens. O pai é um elo entre a família e a sociedade. Dessa
forma, o pai é importante a partir daquilo que a mãe necessita como também ele é
importante às necessidades da criança. Nesse caso, o pai é um ser real que pode ser
visto como um objeto de amor quando sua agressividade se direciona a mãe da mesma
forma que pode odiar o pai enquanto sustenta seus reflexos de amor à mãe.
Nesse contexto se dá o processo de integração de uma espécie de fragmentos
psíquicos na mente da criança. Ela pode até não ter um pai real e vivo, mas deverá
constituir um substituto já que a constituição do pai pela fala da mãe constrói-se um
símbolo. Esse símbolo constituído pela fala da mãe e o imaginário da criança impede a
socialização de um substituto. Daí vem o fracasso do ambiente, da mãe, e da criança.
Portanto a não superação ou o não amadurecimento desse estágio agressivo em
seu processo de crescimento, de acordo com D. W. Winnicott, a criança ou o
adolescente poderá se tornar um delinqüente. Isto é, aquele que desaloja as coisas,
que desaloja de seu lugar, do lugar que lhe é atribuído pela sociedade. Nesse caso, seu
grito de socorro estará direcionado para as estruturas mais formais da sociedade: As
leis do país cujos limites são as barras de uma prisão.
A agressividade madura não é algo a ser curado;
é algo a ser notado e consentido. Se for
incontrolável, saímos de lado e deixamos que a lei
se encarregue.
(Winnicott, 2005, pg. 101)
III – OS SUJEITOS DA PESQUISA
3.1 Jhonatas em 80 horas
O personagem principal desta narrativa é um adolescente de 13 anos, alto: 1,78m,
magro, cor branca, detalhe: um brinco em cada orelha e seu inseparável boné de cor
branca.
Durante 10 meses, cerca de 80 horas, acompanhei diretamente seu desempenho
sócio-cognitivo em sala de aula assim como seu comportamento, produção e interesse
junto aos seus professores das disciplinas de Matemática, Português e História. Isso se
fez necessário uma vez que suas atitudes de agressividades, assunto deste estudo,
podem estar, também relacionado e/ou potencializados no contexto, além do
emocional, ao didático e pedagógico caracterizado pelas dificuldades apresentadas na
leitura, escrita e cálculos. Somado a isso, foi realizado um duas sessões uma entrevista
de anamnese com sua mãe.
3.2 Jhonatas Institucional (5ª. Série Ensino Fundamental)
O reclame dos professores converge, principalmente, pela sua atitude anti-social
contra seus colegas em sala de aula como “xingamentos” e perturbações emocionais
nas agressões verbais e agressões físicas contra os mais frágeis já que uma análise no
contexto da aprendizagem não exige nenhuma reflexão complexa para seu
entendimento. Muito inferior à média. Jhonatas está entre os piores alunos de uma sala
que iniciou o ano letivo com 38 alunos e terminou com 26. Isso projeta uma
perspectiva nada animadora para Jhonatas: O fracasso escolar, a evasão e/ou coisa
pior.
Na sala de aula sob o meu comando não foram poucas às vezes que o retirei da sala
para algum tipo de repreensão como também inúmeros foram os momentos que
presenciei suas agressões com tapas, chutes e objetos atirados contra seus colegas
além da agressão verbal. O álibi argumentativo pelos seus atos sempre foi o mesmo: a
culpa foi do agredido que segundo Jhonatas, “ele que começo!”.
Esse tipo de ação, pela minha percepção frente ao sujeito, se apresenta como
recorrente. Isso também atesta o perfil desse sujeito elaborado e descrito pelos
professores das disciplinas citadas, quanto suas atitudes anti-sociais, o que de acordo
com D. W. Winnicott, qualquer pessoa, em qualquer idade, pode apresentar.
3.3 O contato com a mãe
ROTEIRO DE ENTREVISTA
O CASO ANALISADO
Jhonatas: 13 anos e 4 meses (5ª. Série)
Pai - Jurandir Afonso Lisboa
Mãe – Milena de Oliveira
A primeira entrevista aconteceu com a mãe em 24/04/2008
A entrevista transcorreu de forma informal onde procurei induzir â mãe que o
processo seria sigiloso, científico e de forma alguma seu resultado traria algum tipo de
problema para seu filho. Deixei-a livre para responder possíveis questões de forma
tranqüila e espontânea.
Durante a entrevista a primeira surpresa foi à própria mãe que apresentou: em um
de seus dedos existe a tatuagem de uma folha de canabilis. A segunda surpresa foi
quando indaguei sobre a relação de Jhonatas com o seu pai.
- Ele está muito ansioso... e violento. Faz tempo que ele não vê seu pai... uns três
meses...
- Vocês não moram juntos?
- Ele está preso... vai sair no mês que vem.
- Há quanto tempo ele está preso?
- 12 anos... era para sair em 2010... eu não queria que ele saísse.
- Qual foi o motivo?
- Roubo... muito roubo... quando ele foi preso a casa caiu.
- E o Jhonatas. Como ele está sabendo que o pai vai sair?
- Está esquisito... não quer vir pra escola... esses dias ele ameaçou me bater.
Assim começou este trabalho e mais uma surpresa no final de nossa conversa
informal foi quando a mãe disse que me enviaria o Relatório da APAE de seu filho.
IV – ANÁLISE
Numa análise resumida Jhonatas se insere no contexto da deprivação em D. W.
Winnicott o que revela sua tendência anti-social. O referencial da teoria do
amadurecimento elaborada pelo autor em que se estuda a tendência anti-social e suas
etiologias induzem à uma reflexão perturbadora de que o sujeito pesquisado é um
sujeito com fortes características de toma um viés de entrave no caminho da
socialização.
Jhonatas apresenta classificação intelectual educável a nível mental, alguma
dificuldade na organização grafo-perceptiva no espaço numa avaliação psicomotora,
nas provas de Piaget encontra-se no estágio de transição na construção do raciocínio
lógico-matemático, ansiedade numa análise de personalidade. Sua avaliação
pedagógica é satisfatória.
Portanto, seu comportamento agressivo não está relacionado ao contexto didático e
pedagógico caracterizado no seu desempenho escolar descrito em 3.1 Jhonatas em
80 horas. Seu caso é muito mais grave: Sua manifestação de tendência anti-social,
relaciona-se com a falha do ambiente familiar, com a deprivação da figura paterna o
que ocasionou uma perda de capacidade de explorar atividades destrutivas, onde se
apresentam a mãe e o pai como objetos a serem destruídos, relacionadas à experiência
instintiva. Seu caminho para à delinqüência é uma possibilidade real como também um
viés psicopata.
V – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Numa análise sintética, o sujeito pesquisado necessita de acompanhamento
profissional especializado nas áreas da psicologia, psiquiatria e psicopedagogia. Sua
problemática emocional condiz com a literatura de D. W. Winnicott o contexto da
privação e delinqüência. Por outro lado não atingindo um equilíbrio de integração entre
seu mundo interno e externo esse sujeito recorreu à construção de um falso-self o qual
se apóia em busca de socorro. Jhonatas apresenta enorme necessidade de chamar
atenção. Dessa forma ele despreza a realidade original. E, no nível que esse falso-self
atua em Jhonatas, sem o acompanhamento citado, seu mundo será adotado como
único, sem limites, regras e coerência cuja convergência indica um entrave no caminho
de sua socialização.
APRESENTAÇÃO DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
Procedimentos e Unidades de Produção
Unidade de Produção 1
Estória - Pipa
Unidade de Produção 2
Estória – A PIPA
A minha pipa Bem colorida foi
feito de seda e deu muito
trabalho.
Era uma vez o menino estava soltando pipa quando derrepende ela
é cortada o menino corre a traz da pipa au atravesar a rua um carro
atropelo o menino.
No hospital ele entra em coma, Dois dia depois ele se recupero e
tem alta.
No dia que ele teve alta ele falou para mãe que não ta mais soltar
pipa na rua pois é muito perigoso.
Unidade de Produção 3
Estória – O velho sem a sua Vara
Unidade de Produção 4
Estória – O cara
Avaliação dos Procedimentos
Interpretação:
Temos aqui mais um caso notório de um indivíduo com sérios
problemas emocionais projetados em seus desenhos (agressividade)
e estórias (infantis em desacordo com sua idade cronológica) e
expressivos distúrbios no contexto da leitura e escrita. Os desenhos e
as estórias não são compatíveis com a sua idade, não existe
adequação entre desenho e estória. Ele apresentou alta resistência
para realizar os procedimentos. O contexto da morte, prisão, perigo e
a citação da cidade de Piracicaba projetam suas angústias, medo e
ansiedade. A pesquisa constatou que seu pai está preso, há 12 anos,
na cidade citada. Moacir se insere num caso clássico de atitudes anti-
sociais na escola que o pode levar a delinqüência de acordo com a
teoria de Douglas Woods Winnicott. Contatado sua mãe ela discorreu
que “não sabe mais o que fazer” e que tem medo do marido preso
que está para ser posto em liberdade condicional. Ela declarou que
seu filho está muito agressivo com ela ameaçando-a de
espancamento e demonstra muita ansiedade e agitação.
Um velho chamado Bastião tinha uma Vara e
ele não antava sem ela.
Um dia Esse velho saiu e foi no Bar chegando
lá ele viu que estava sem sua Vara e foltou
correndo para casa na quele dia ele fez uma
promeça de não sairia sem verificar se estava com
a vara.
O cara ceachava que era O cara
com o carro e ia andar de carro
pata de pirasicaba prafaze mala
com O carro e daí ele bateu o
carro ela em pirasicaba com
carro e daí ele fugiu com o carro
a policia foi preso e ficou preso 3
anos e saiu da cadeia e como
missau aim na igreja e deus
pediuse as coisa que ele fez.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÉDARD, N. “Como interpretar os desenhos das crianças”. São Paulo: Editora Isis,
2007.
GALINA, R. L. M. “Contorno individuais no sistema familiar: uma abordagem
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PORTO, O. “Bases da Psicopedagogia: diagnóstico e intervenção nos problemas de
aprendizagem.” Rio de Janeiro: Wak editora, 2007.
TRINCA, W. “Formas de investigação clínica em psicologia.” São Paulo: Vetor editora,
1997.
WEISS, M. L. L. “Psicopedagogia Clínica - uma visão diagnóstica dos problemas de
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WINNICOTT D. W. “A família e o desenvolvimento individual.” São Paulo: Martinsfontes,
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_____________ . “Da pediatria à psicanálise.” Rio de Janeiro: Imago editora, 2000
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_____________ . “O ambiente e o processo de maturação.” Porto Alegre, Artmed
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_____________ . “Natureza humana.” Rio de Janeiro: Imago editora, 1988
_____________ . “Privação e delinqüência.” São Paulo: Martinsfontes, 2005