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DISTRIBUIÇÃO DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE INTERNAÇÃO HOS- PITALAR DE CRIANÇAS EM FAVELA E NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, COMO RESULTADO DO PADRÃO DO USO DO SOLO Maria Aparecida de Oliveira* Mariana Gutierres Arteiro** Helena Ribeiro*** *Geógrafa pós-graduanda em Geografia Física pelo Departamento de Geografia da FFLCH/USP e pesquisadora do CEPID/FAPESP - Centro de Estudos da Metrópole. E-mail: [email protected] **Tecnóloga em Gestão Ambiental e mestranda pelo Departamento de Saúde Ambiental da USP. E-mail: [email protected] ***Geógrafa e professora titular do Departamento de Saúde Ambiental da FSP/USP. E-mail: [email protected] RESUMO: O artigo apresenta e discute os resultados da análise comparativa em área de favela, no distrito de Vila Andrade e no município de São Paulo, da relação entre a distribuição das dez causas principais de internação hospitalar de crianças, de 1 a 5 anos de idade, e as condições ambientais. Para realização da análise comparativa em três unidades espaciais foram utilizadas informações do censo demográfico 2000, publicado originalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), bem como dados extraídos do sistema de internações hospitalares do DATASUS (Base de dados do sistema único de saúde) do ano de 2001, além de fotografias aéreas e levantamento de campo. As análises aplicadas aos dados partiram de alguns pressupostos da geografia médica, utilizando como ferramentas softwares de estatística e de sistemas de informações geográficas. Os resultados obtidos apontaram diferentes causas e magnitudes de internações hospitalares, a partir das taxas do município de São Paulo, do Distrito de Vila Andrade e da favela de Paraisópolis. PALAVRAS CHAVE: Geografia Médica, internações hospitalares, crianças, favelas, SIG, município de São Paulo. ABSTRACT: This paper presents and discusses the results of a comparative analysis in a shanty-town; in an upper class district and in the Municipality of São Paulo, as a whole, of the distribution and of the magnitude of the ten major causes of hospital admissions of children, from one to five years old, and environmental conditions. For the analysis, National Census data from 2000 and data from Information System on hospital admissions of Sistema Único de Saúde (DATASUS) of 2001, air photos and field observation notes were used. References used were those of Medical Geography and techniques used were those of Geographical Information Systems and Statistical software. Results indicated different causes and magnitudes of hospital admissions in the Municipality of São Paulo, in Vila Andrade District and in favela Paraisópolis. KEYWORDS: Medical Geography, hospital admissions, children, shanty-towns, GIS, Municipality of São Paulo. Introdução A segunda metade do século passado, no Brasil, foi marcada entre outros fatores, por um acelerado ritmo de industrialização e o conseqüente ritmo de urbanização. Este período de grande crescimento da população urbana provocou, também, o crescimento das disparidades sociais e ambientais urbanas. Em menos de meio século, a população nacional deixou de ser rural para tornar-se essencialmente urbana. Este fato gerou, além de outros problemas urbanos, déficits habitacionais, com disseminação de GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 22, pp. 112 - 126, 2007

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DISTRIBUIÇÃO DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE INTERNAÇÃO HOS-PITALAR DE CRIANÇAS EM FAVELA E NO MUNICÍPIO DE SÃOPAULO, COMO RESULTADO DO PADRÃO DO USO DO SOLO

Maria Aparecida de Oliveira*Mariana Gutierres Arteiro**

Helena Ribeiro***

*Geógrafa pós-graduanda em Geografia Física pelo Departamento de Geografia da FFLCH/USP e pesquisadora do CEPID/FAPESP - Centro deEstudos da Metrópole. E-mail: [email protected]

**Tecnóloga em Gestão Ambiental e mestranda pelo Departamento de Saúde Ambiental da USP. E-mail: [email protected]***Geógrafa e professora titular do Departamento de Saúde Ambiental da FSP/USP. E-mail: [email protected]

RESUMO:O artigo apresenta e discute os resultados da análise comparativa em área de favela, no distritode Vila Andrade e no município de São Paulo, da relação entre a distribuição das dez causas principaisde internação hospitalar de crianças, de 1 a 5 anos de idade, e as condições ambientais. Pararealização da análise comparativa em três unidades espaciais foram utilizadas informações docenso demográfico 2000, publicado originalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística), bem como dados extraídos do sistema de internações hospitalares do DATASUS (Basede dados do sistema único de saúde) do ano de 2001, além de fotografias aéreas e levantamentode campo. As análises aplicadas aos dados partiram de alguns pressupostos da geografia médica,utilizando como ferramentas softwares de estatística e de sistemas de informações geográficas.Os resultados obtidos apontaram diferentes causas e magnitudes de internações hospitalares, apartir das taxas do município de São Paulo, do Distrito de Vila Andrade e da favela de Paraisópolis.PALAVRAS CHAVE:Geografia Médica, internações hospitalares, crianças, favelas, SIG, município de São Paulo.ABSTRACT:This paper presents and discusses the results of a comparative analysis in a shanty-town; in anupper class district and in the Municipality of São Paulo, as a whole, of the distribution and of themagnitude of the ten major causes of hospital admissions of children, from one to five years old,and environmental conditions. For the analysis, National Census data from 2000 and data fromInformation System on hospital admissions of Sistema Único de Saúde (DATASUS) of 2001, air photosand field observation notes were used. References used were those of Medical Geography andtechniques used were those of Geographical Information Systems and Statistical software. Resultsindicated different causes and magnitudes of hospital admissions in the Municipality of São Paulo,in Vila Andrade District and in favela Paraisópolis.KEYWORDS:Medical Geography, hospital admissions, children, shanty-towns, GIS, Municipality of São Paulo.

Introdução

A segunda metade do sécu lopassado, no Brasil, foi marcada entre outrosfa tores , por um ace lerado r i tmo deindustrialização e o conseqüente ritmo deurban ização. Este per íodo de grandecrescimento da população urbana provocou,

também, o crescimento das disparidadessociais e ambientais urbanas.

Em menos de meio sécu lo , apopulação nacional deixou de ser rural paratornar-se essencialmente urbana. Este fatogerou, além de outros problemas urbanos,déficits habitacionais, com disseminação de

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moradias insalubres, como conseqüência dasa l tas taxas de desemprego das ú l t imasdécadas, ocasionadas principalmente peloa l to n íve l de automação industr ia l ecomerc ia l implementado nas empresasnacionais e multinacionais.

Segundo CALDEIRA (2000 p.211), asegregação, tanto social quanto espacial, éuma característica importante das cidades.As regras que organizam o espaço urbanosão basicamente padrões de diferenciaçãosocial e de separação. Para esta autora,sobrepostas ao padrão de segregação dosanos 1980, baseado na re lação centroperiferia, as transformações recentes estãogerando espaços nos qua is d i ferentesgrupos sociais estão muitas vezes próximos,embora separados por muros e tecnologiasde segurança, a lém de apresentarem atendência a não circular ou interagir emáreas comuns.

A precar iedade das cond ições detrabalho, aliada à ausência ou ineficiênciade po l í t i cas púb l i cas de incent ivo aopequeno produtor agrícola, entre outrosfatores , tem levado mi lhões detraba lhadores a cont inuar nas grandesregiões metropolitanas do país, submetidosa diferentes níveis de pobreza urbana. Suadimensão pode ser anal isada tanto pelaót ica das disparidades socioeconômicas,como das ambientais, que terão ref lexodireto no nível de saúde dos di ferentesgrupos sociais que habitam a cidade.

A lém dos fa tores de segregaçãoespac ia l de ordem soc ioeconômica,vastamente discutida na l iteratura sobrepobreza urbana, a expos ição de grupossoc ia is a ambientes degradados e / ouinsalubres pode ser considerada uma outradimensão da pobreza urbana.

O cresc imento ace lerado daspopulações urbanas aumentou a pobreza,trazendo enormes conseqüências sociais,

nutricionais, ambientais e de saúde, uma vezque um número cada vez maior de pessoaspassa a v iver em fave las e cor t i çossuperlotados, com acesso limitado a infra-estruturas básicas que lhes permitam umaex is tênc ia produt iva e saudáve l(SAWAYA,2002 et. al, p.22).

Para ODUM (1988, p .295) , osorganismos que compõem um ecossistemanão são apenas “escravos” do ambientefísico; eles se adaptam e modificam esteultimo para reduzir os efeitos limitantes detemperatura, da iluminação, da água e deoutras condições físicas de existência.

No contexto urbano, os ecossistemastendem a adqu i r i r novos padrões defuncionamento, como resposta aos usos quesão impostos pela ocupação antrópica. Estecenário tem gerado impactos ambientais,criando áreas com ambientes insalubres quetêm sido habitadas, preferencialmente, nasgrandes cidades, por população de baixarenda. Estas alterações ambientais podemter e fe i tos noc ivos à saúde humana,sobretudo em cr ianças , que são maissuscetíveis a efeitos de alteração ambiental.

No inter ior das grandes c idades,muitas áreas sofrem impactos ambientais,originados das mais variadas ações. Dentreestes impactos, destacamos a contaminaçãodos corpos d’água e dos so los que, noespaço urbano, pode estar l igada àdef ic iênc ia ou ausênc ia de saneamentobásico.

Apesar dos ind icadores nac iona issinalizarem uma melhora nos serviços desaneamento básico, que já tem produzidobenefícios ao estado de saúde da população,ainda há, no interior de nossas cidades, umgrande contingente populacional que nãod ispõe de serv iços bás icos , ta is como:ligação regular com rede de abastecimentode água e esgoto e coleta de lixo. Estequadro tem sido observado principalmenteem loteamentos irregulares e favelas.

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No interior das grandes e médias cidadesbrasileiras e, no caso deste estudo, na cidadede São Paulo, as favelas têm sido citadas comoáreas portadoras de alto grau de degradaçãoambiental e baixa cobertura das redes deabastecimento de água, esgoto e coleta de lixo.O crescimento das favelas, como pode serobservado na figura 1, se deu exatamente nummomento de grande expansão da cidade, e seuápice encontrou-se em meados da década de1980, que corresponde ao início do período dedesemprego crescente no país, que atinge,sobretudo, as grandes capitais.

Para TORRES E MARQUES (2003 p. 65), apopulação residente em Favelas, no municípiode São Paulo, corresponde a 1.613.000,aproximadamente 16 % da população municipal.É preciso ressaltar que estes números variamconforme a fonte e métodos utilizados para ocálculo das estimativas, já que o município nãodispõe de dados oficiais e atualizados dapopulação real residente em favelas.

Segundo WHO (2002, p. 6), existe umalista limitada de fatores que têm aumentado o

impacto na saúde das crianças como, porexemplo: baixo peso ao nascer; nutriçãoinadequada; impacto ambiental; pobreza einjustiça.

Saneamento inadequado, moradiasprecárias, falta de higiene pessoal, problemasfreqüentemente agravados pela escassez deágua, têm contribuído no desenvolvimento dadiarréia, especialmente em crianças. Para WHO(2002, p. 5) os fatores ambientais contribuemsignificativamente na incidência de mortalidadeinfantil no mundo.

Segundo RIBEIRO (1996, p. 7), acredita-se hoje que o estudo do ambiente, social,natural e construído, é tão importante quantoo estudo dos agentes das doenças. A doença évista como uma interação entre o agente, ohospedeiro e o ambiente, de forma que osestudos e as ações visando a saúde dapopulação devem, também, enfocar estes trêselementos.

A investigação de diferenças entre asdoenças relacionadas às internações

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hospitalares pode nos fornecer algumasevidências no tocante à saúde infantil, assimcomo na indicação de padrões espacialmentediferenciados.

Para RIBEIRO (1996, p.5) a GeografiaMédica, na medida em que fornece uma visãomais abrangente do que a sintomatologia, podeter um papel importante, juntamente com outrasciências, na concepção e no desenvolvimentode políticas de saúde pública, tanto preventivasquanto corretivas.

“A definição da escala de estudo emapeamento dos diferentes fenômenos é deimportância crucial para que se detectem asvariações espaciais mais significativas e asrelações entre estas e variáveis ecológicas,demográficas, sociais, culturais.” (RIBEIRO,1996, p. 8)

Neste sentido, a realização da análiseproposta será desenvolvida a partir deprocedimentos baseados em algunspressupostos da geografia médica com auxíliode técnicas de análise estatística e de

geoprocessamento, aplicados aos dados deinternações hospitalares do sistema único desaúde (SUS).

A investigação de diferenças entre asdoenças relacionadas às internaçõeshospitalares nas três unidades de análisepropostas, pode nos fornecer algumasevidências no que se refere à saúde infantil,assim como na indicação de padrõesespacialmente diferenciados.

Objetivos

A partir das Internações hospitalares doano de 2001, no município de São Paulo, nodistrito de Vila Andrade e na Favela deParaisópolis, buscou-se realizar uma análisecomparativa da distribuição espacial das dezcausas principais de internação hospitalar, emcrianças de 1 a 5 anos de idade, com base nosdados produzidos originalmente pelo DATASUSe georreferenciados pelo Cepid/Fapesp/Centrode Estudos da Metrópole.

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Caracterização geral das áreas de estudo

O município de São Paulo

O município de São Paulo é a maior capitaldo país, com uma população, no ano de 2000,de mais de 10 milhões de habitantes.Acreditamos que a cidade já tenha sidosuficientemente caracterizada em trabalhosanteriores, de modo que apenas forneceremosalguns dados de saneamento básico e o perfildemográfico da população.

Segundo as informações disponíveis noportal do DATASUS, o município de São Paulo,em 2000, possuía 85% dos moradores cominstalação sanitária ligada à rede geral deesgoto ou pluvial, 3,6% com fossa séptica, 2,6%com fossa rudimentar; instalações ligadas avalas, rio, lago e outras totalizavam 8%.

Quanto à coleta de lixo, 99% das casastêm seu lixo coletado. Em termos dosecossistemas presentes no município, é possívelafirmar, com base no modelo de industrializaçãoe no modo como a urbanização se deu nestacidade, que estes se encontram completamentealterados, e estas alterações carecem deestudos detalhados para que possamos obterum quadro real da situação ambiental domunicípio, considerando principalmente osimpactos destas alterações para a saúdepública.

Em termos socioeconômicos, a cidade éconstituída por alto nível de disparidadessociais. Grupos extremamente pobres disputamo espaço urbano com grupos mais abastados enossa hipótese é que estes diferentes grupossociais sofrem impactos na saúde, também, demodo diferenciado.

O Distrito de Vila Andrade

Segundo SILVA, (2003), estudorealizado pela SEHAB/DIAGONAL URBANA(2002), a partir do censo 2000 (IBGE), mostrouque o distrito de Vila Andrade, localizado no

Sudoeste da cidade, apresenta maiordesigualdade de renda se comparado aoMorumbi e à Vila Sônia, seus vizinhos. Esse perfilé, provavelmente, influenciado pelas favelasexistentes neste distrito; ou seja, 64,7% dosdomicílios de Vila Andrade estão situados emfavelas, sendo que Paraisópolis corresponde a87% desse total.

Segundo CALDEIRA (2000), nos anos1980 e 1990, apenas dois distritos da regiãotiveram crescimento da população: Morumbi(2,33%) e Vila Andrade (5,93%). A autoraassocia este fato aos grandes investimentos efinanciamentos imobiliários destinados à classemédia. Edifícios e condomínios de alto padrãoforam instalados em Vila Andrade. No entanto,ao mesmo tempo, o distrito observou acentuadoaumento da população pobre. Apesar doMorumbi e do distrito de Vila Andrade, segundoCALDEIRA (2000), terem um histórico deocupação de 25 anos de classe alta, a partirdos anos oitenta, o distrito de Vila Andradeassim como toda a região Sul e Sudoeste,passaram a ser ocupados por um elevadonúmero de favelas.

Condições socioeconômicas e ambientais emParaisópolis

Paraisópolis é uma favela que estálocalizada na região sudoeste do município, nodistrito de Vila Andrade. Esta é a segunda maiorfavela de São Paulo e se encontra num dosdistritos de grande concentração de populaçãode alta renda, vizinho ao distrito do Morumbi.

Segundo ALMEIDA (2003), a favelanasceu de um loteamento, em fins dos anos1930. O loteamento moldou as característicasgeográficas da parte central da favela, formadapor quarteirões quadriculados, como qualquerbairro planejado da cidade. As ruas, no entanto,são estreitas para a grande quantidade depessoas que caminha por elas em seus afazerescotidianos, disputando o asfalto com os carros,caminhões, ônibus e lotações. A favela possuicerca de 20 ruas principais, no entanto, as áreas

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localizadas mais distantes do seu centro nãosão asfaltadas. Para acesso aos barracos, nointerior das quadras, são utilizadas inúmerasvielas e becos estreitos e, na maioria das vezes,obstruindo córregos.

De acordo com uma pesquisadesenvolvida por ALMEIDA (2003), o perfil etárioda favela está bastante concentrado nointervalo entre os 20 e os 44 anos. A faixa deidade mais freqüente é de 25 a 34 anos, sendoeste grupo responsável por 40,7% da PEA(População Economicamente Ativa) da região,ao passo que o grupo mais abrangente – de 20a 44 anos – comporta 83,2% da mesma. Esteperfil coincide com o perfil geral encontrado naRegião Metropolitana de São Paulo, fortementeconcentrado entre os 25 e os 40 anos.

A maioria da população é constituída pormigrantes nordestinos. No entanto, éinteressante destacar o período de residência.Na pesquisa realizada por ALMEIDA (2003),12,6% dos entrevistados tinham até um ano deresidência na favela, 6,3% de 1 a 3 anos; 29,2%de 3 a 10 anos de residência e 50,2% residiamna favela há mais de 10 anos.

Segundo o relatório da PrefeituraMunicipal de São Paulo, em levantamentorealizado no ano de 2003, na comunidade de

Paraisópolis, predomina o uso residencial. O usomisto e comercial encontra-se geralmentepróximo ao eixo viário estruturante. O usoinstitucional é marcado pela presença deescolas, igrejas e, no caso de Paraisópolis, dealgumas instituições de saúde.

Quanto à estrutura dos domicílios, 7,83%são constituídos de material provisório, 24,23%de alvenaria precária e o restante consideradode alvenaria boa para consolidação. Oabastecimento de água, segundo este mesmorelatório, possui na favela um índice de 100%de abastecimento. A área ocupada pelasfavelas conta com rede de distribuição de águae micromedição individual implantada pelaSABESP, apenas nos domicílios adjacentes àsvias principais, ou seja, os domicílios localizadosno interior das quadras são abastecidos deforma clandestina, conforme a figura 05.

Quanto ao esgotamento sanitário,somente as vias oficiais possuem redescoletoras de esgoto, que atendem àsconstruções lindeiras a elas, porém os barracoslocalizados no interior das quadras sãoatendidos por canais e tubulações implantadosprecariamente pelos próprios moradores. Asinstalações elétricas são precárias, comacentuada presença de gambiarras.

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Os córregos do Brejo, Antonico e demaiscórregos de Paraisópolis recebem a descargaoficial e não oficial da rede de esgoto da favela,criando situação de insalubridade. Na figura 03podemos observar as canalizações precáriasrealizadas pelos próprios moradores. Nestas,correm água e esgoto e, devido à precariedade,é facilitado o contato da água com o esgoto,gerando um ambiente completamente insalubre.

Segundo SILVA (2004 p.151), umapesquisa realizada em 1997, pelo IDEM, emParaisópolis encontrou 16% das crianças e 19%dos adultos doentes. O perfil epidemiológicodas crianças, de 2 a 5 anos, apresentava

pneumonia (22,6%), bronquite (18,6%),parasitose (9,3%), alergia (8,8%) diarréia(4,5%) deficiência (3,6%), anemia (3,5),infestação (3,5%), entre outras.

Materiais e métodos

Para instrumentalização da metodologia,foram utilizadas técnicas de análises espaciais,por meio de Sistema de Informações GeográficasArcGis 8.2 e de um software de análise estatísticaSPSS 11.0. Os dados e procedimentos utilizadosno desenvolvimento do estudo podem serobservados na figura 04.

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Inicialmente, foram selecionadas da basetotal de AIHs1 do município de São Paulo, asInternações hospitalares de pacientes comidade entre 1 e 5 anos. Esta operação foirealizada por meio de um sistema de informaçõesgeográficas. A partir do resultado da seleçãoanterior, foram realizadas seleções, considerandoo limite espacial das três unidades escolhidas paraanálise.

As autorizações de InternaçõesHospitalares (AIH) pertencem a uma base dedados do Sistema de informações hospitalaresdo Sistema Único de Saúde, produzido peloMinistério da Saúde, que contém todas asinternações hospitalares pagas pelo SistemaÚnico de Saúde. Neste trabalho utilizamos asinternações hospitalares do ano de 2001. Éimportante destacar que os dados referem-sesomente aos hospitais federais e estaduais domunicípio de São Paulo. Os hospitais municipaisde São Paulo, até 2001, não integravam o SistemaÚnico de Saúde.

Para seleção das AIHs referentes ao distritode Vila Andrade, foi utilizado um layer contendo olimite do distrito censitário, a partir da sobreposiçãodeste ao layer que continha todas as AIHs de SãoPaulo, desta faixa etária. Como nosso objetivo eracomparar as AIHs de Paraisópolis às do distrito deVila Andrade, na amostra deste distrito excluímosas AIHs contidas no perímetro da favela deParaisópolis.

A seleção das AIHs localizadas na favela deParaisópolis foi realizada a partir da utilização dolimite da favela, por meio de um arquivogeorreferenciado digital da Prefeitura Municipal deSão Paulo. Para conferência do limite da favela foisobreposta à seleção, uma fotografia aéreageorreferenciada, contendo a área da favela deParaisópolis, na escala 1:6.000. Este procedimentovisou reduzir os erros de localização devido àprecariedade dos endereços contidos na favela.

Deste modo, as AIHs foram divididassegundo as três áreas. Um arquivo continha todosas AIHS do município de São Paulo, outro as AIHsde Vila Andrade (exceto Paraisópolis) e um terceiroarquivo contendo somente as AIHs de Paraisópolis.

Estes arquivos foram inseridos nosoftware SPSS para calculo da freqüênciasimples, a fim de obter o ranking das dezmaiores causas de internação hospitalar porunidade de análise. A causa da internaçãohospitalar no cadastro do SUS está baseada naClassificação Internacional de Doenças (CID-10).

Este procedimento forneceu o rankingdas dez causas principais de internaçãohospitalar de crianças nas três unidades deanálise. No entanto, a utilização da freqüêncianão nos pareceu conveniente para a realizaçãode correlações entre os tipos de doenças e suaslocalizações espaciais. Deste modo, optamospor calcular as taxas de internação hospitalarpara as três unidades de análise.

A taxa de internação hospitalar foicalculada a partir da obtenção da população totalcom idade entre 1 e 5 anos de idade, tendocomo fonte o censo demográfico IBGE 2000. Oscálculos da população total, da favela deParaisópolis e de Vila Andrade, foram realizadoscom o auxílio de um Sistema de InformaçõesGeográficas. A partir destes totaispopulacionais, calculamos a taxa de internaçãopara cada 1.000 crianças, conforme seráapresentado a seguir.

Como a análise dos dados apontava, nocaso Paraisópolis, diferenças nos tipos e nasproporções de doenças quando comparado aomunicípio de São Paulo e ao Distrito de VilaAndrade, foi realizado adicionalmente o testequi-quadrado, com o intuito de verificarsignificância estatística das diferenças nasproporções das dez causas principais deinternação hospitalar, entre a populaçãoresidente em favelas e a população nãoresidente em favelas para todo o município deSão Paulo. O mesmo procedimento foi realizadopara o distrito de Vila Andrade. Foi consideradoo nível de significância de 0,05.

A variável “reside em favelas” (sim/não)foi construída e anexada a cada registro dasAIH de 2001 do município de São Paulo, decrianças de 1 a 5 anos de idade. Tal variável foiobtida a partir de operações espaciais emSistemas de Informações Geográficas, utilizando

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os layers de favelas do município de São Paulodo ano de 2001 e o layer com todas AIHs decrianças de 1 a 5 anos de idade do município. Éimportante destacar que o layer de favelascontinha 2018 favelas do cadastro da Prefeiturado Município de São Paulo, em 2001. Com este

procedimento, todas as AIHs que estavamlocalizadas dentro ou a uma distância de 5metros de alguma favela foram selecionadas.As bases de dados envolvidas em talprocedimento podem ser visualizadas na figura03.

Resultados e discussão

Os principais resultados obtidosdemonstram variações espaciais na distribuição dedoenças presentes nas três unidades de análise.No caso do município de São Paulo, a distribuiçãodas causas principais de internação hospitalar temas doenças do aparelho respiratório ocupando até

a terceira posição, totalizando 67% das causas deinternação hospitalar. As internações por diarréia egastroenterite de origem infecciosa presumívelcorrespondem a 6% das internações. As doençasrelacionadas às condições ambientais totalizam 79%das internações, as 21% restantes são doenças nãorelacionáveis às condições ambientais.

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No distrito de Vila Andrade, considerandoque foram excluídos os casos de Paraisópolis, operfil de causas de internação hospitalarapresenta diferenças em relação ao total domunicípio. No entanto, as doenças do aparelho

respiratório representam 23% das internaçõeshospitalares, liderando as causas principais deinternação. Já a diarréia e a ascaridíase sãoresponsáveis por 8% das internações de VilaAndrade.

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O aparecimento da ascaridíase comodiagnóstico principal de causa de internaçãochamou a atenção devido ao fato desta doençanão aparecer no interior da Favela deParaisópolis, e nem no município de São Paulo.

O distrito de Vila Andrade, além de Paraisópolis,possui outras favelas que depositam os dejetosdiretamente em córregos. A ascaridíase é umadoença relacionada à falta de saneamento ehigiene, conforme aponta o quadro 01.

Como os cór regos const i tuemecossistemas que estão l igados a outrosecossistemas, ou seja, a outros córregospertencentes a uma mesma bac iahidrográf ica, o lançamento de esgoto eoutras substâncias nos corpos d’água podeestar contr ibuindo para o aparec imentodesta doença no distrito. Isto sugere queos impactos or iundos do lançamento deesgoto in natura diretamente nos corpos d’água pode causar conseqüências em áreasexternas à área diretamente afetada.

Contraditoriamente, outro elementoque merece destaque em Vila Andrade é oaumento no número de doenças nãore lac ionadas às cond ições ambienta is ,quando comparadas às doenças queaparecem no contexto do município de SãoPaulo e da favela de Paraisópolis.

As dez causas pr inc ipa is deinternação hosp i ta lar, na fave la dePara isópo l i s , apresentam magni tudesd i ferenc iadas , quando comparadas aomunicípio de São Paulo e ao Distrito de VilaAndrade. A broncopneumonia ocupa apr imei ra pos ição, como nos do is casosanter iores . No entanto , d iar ré ia egast roenter i te de or igem in fecc iosapresumível ocupam o segundo lugar norank ing das dez causas pr inc ipa is deinternação hospi ta lar. Outro fator quemerece destaque é o fato de que todas asdoenças possuem relação com condiçõesambientais, com exceção do diagnósticoc lass i f i cado por Outras convulsões nãoespecificadas.

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Análise comparativa das taxas de internaçãohospitalar baseada no diagnóstico principal

Devido às limitações da análise com basesomente nos percentuais de internações, quenão nos permite observar a magnitude doseventos, optamos por calcular a taxa deinternação hospitalar das dez causas principais,utilizando para tanto as informaçõesdemográficas presentes na base de setores

censitários do IBGE (2000). A taxa de internaçãohospitalar para o município de São Paulo e osdistritos foi expressa em n/1.000 habitantes.

Em São Paulo, a taxa de internaçãohospitalar por broncopneumonia é de 6/1.000hab. No distrito de Vila Andrade esta taxa caipara 4,5/1.000 habitantes e na Favela deParaisópolis, esta taxa sobe para 9/1.000habitantes.

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No distrito de Vila Andrade, as maiorestaxas de internação ocorrem devido a doençasdo aparelho respiratório, seguindo o ritmo dacidade. No entanto, comparando com omunicípio de São Paulo, observa-se que, em VilaAndrade, as taxas de internação hospitalar pordoenças do aparelho respiratório são bem maisbaixas do que as da cidade de São Paulo. Novosestudos são necessários para avaliarmos melhoreste aspecto. No entanto, podemos dizer queesta diferença em relação às taxas pode estarrelacionada às condições climáticas do distrito.O distrito de Vila Andrade possui uma dasmaiores taxas de concentração de área verdedo município. Talvez a vegetação, neste distrito,exerça funções de filtro, reduzindo assim osníveis de poluentes no ar e contribuindo para acomposição de um clima mais ameno do que norestante da cidade.

Além das taxas de internação seremmenores, outro fator importante é o maiornúmero de doenças não relacionadasdiretamente com o meio ambiente.

As taxas de internações hospitalaresobtidas para Paraisópolis revelaram o inversoda situação anterior. Entre as dez causasprincipais de internação hospitalar, oito sãorelacionadas a problemas do aparelhorespiratório, apresentando para todas asdoenças, com exceção da asma, as maiorestaxas de internação hospitalar em relação aomunicípio de São Paulo e ao Distrito de VilaAndrade.

A taxa de internação hospitalar pordiarréia e gastroenterites é a segunda maiorem Para isópo l i s . Estas doenças são depossível veiculação hídrica, e podem serresu l tantes da ausênc ia de co leta ea fastamento do esgoto san i tár io e defornecimento de água adequadamente, oumesmo da ineficiência na coleta de lixo,expondo as cr ianças a s i tuações deinsa lubr idade. No entanto , pesqu isasqualitativas devem ser desenvolvidas como intu i to de melhor ava l ia r estasconsiderações.

Num estudo com crianças moradoras emfavelas no Jardim Leonor, em São Paulo, NETO(1996) encontrou elevadas incidências deparasitas intestinais e bactériasenteropatogênicas nas fezes de crianças quevivem em comunidades desprovidas decondições sanitárias apropriadas.

As doenças do aparelho respiratório, emParaisópolis, podem estar relacionadas aomicroclima local da favela que, segundo SILVA(2004, p. 152), não é favorável ao confortotérmico da população residente, pela falta deventilação e de iluminação natural, pelascondições atmosféricas representadas portemperaturas mais altas e mais baixas que noentorno, pela umidade elevada em algunspontos e pela falta de arborização.

Condições habitacionais inadequadaspodem acentuar efeitos de ilhas de calor e defrio, sobretudo sob climas tropicais.Inadequação de isolamento térmico e deventilação tornam mais severos os elementosdo micro-clima e, conseqüentemente, seusefeitos sobre a saúde humana, (RIBEIRO,1996,p.15).

É interessante destacar que o grandenúmero de doenças infecciosas, que os dadosdemonstram, nesta faixa etária, pode inclusivecontribuir para o aparecimento ou prevalênciade desnutrição, com repercussão nocrescimento e desenvolvimento das crianças.

Os resultados obtidos no estudoapontaram para diferenças significativas entreas dez causas principais de internaçãohospitalar no caso de Paraisópolis. Comodispúnhamos dos dados para todos osmunicípios de São Paulo, tanto de internaçõeshospitalares como um mapa com todas asfavelas do município em 2001, julgamos serpertinente a aplicação do teste qui-quadrado,conforme descrito em materiais e métodos.

O teste qui-quadrado aplicado mostroudiferenças na distribuição das causas emagnitudes das internações hospitalares entrecrianças de um a cinco anos de idade residentes

Distribuição das principais causas de internação hospitalar de crianças em favelae no município de São Paulo, como resultado do padrão de uso do solo, pp. 112 - 126 125

e não residentes em favelas, no município deSão Paulo (p=0,004). Da mesma forma, ao seaplicar o teste com os dados apenas do distritode Vila Andrade, foram encontradas diferençasnas proporções das principais causas deinternação hospitalar entre crianças residentesem favelas e entre as não residentes em favelas(p=0,047). Desta forma, pode-se concluir queas principais causas de internação hospitalar decrianças de um a cinco anos moradoras defavelas do município de São Paulo são diferentesdo que das crianças não moradoras de favelas.

Considerações finais

Em que pese a amostra estudadacobrir somente a população atendida peloSUS, com dados dos hospitais estaduais efederais, consideramos que os resultadosobtidos oferecem indícios da relação entresaúde e meio ambiente na fave la deParaisópolis, apontando para uma piora dascondições de saúde das crianças residentesneste espaço. Estes resultados, somadosaos obt idos com o teste qu i -quadrado,apontam a importânc ia das cond içõesambientais, vinculados ao padrão de uso daterra.

O estudo demonstrou, também, queos dados ainda não são suficientes para umaanálise dos pontos mais críticos da favela, quepropiciariam um maior r isco à saúde dapopulação local, pois as AIHs referem-se acódigos de endereçamento postal e não anúmeros de casas nas ruas e vielas. Noentanto, indicam a pertinência da utilização deabordagens que considerem recortesespaciais e escalas diferenciadas na detecçãode diferentes padrões e ocorrências dedoenças.

Há necessidade de realização depesquisas minuciosas sobre o saneamento, ascondições de habitação, os hábitos de higienee os costumes da população, o acesso aoatendimento médico, entre outros fatores quepodem influenciar na saúde pública.

Em todas as unidades espaciais, asdoenças relacionadas ao aparelho respiratórioocuparam as primeiras posições no ranking dasdez causas de internação, nesta faixa etária,que parece ser uma tendência em todas ascidades industriais. No entanto, podemosafirmar, com base nestes resultados, que apopulação infantil de Paraisópolis tem sofrido,numa escala maior, os efeitos das condiçõesambientais insalubres em que vivem.

Apesar das melhorias nos indicadoresde saúde ocorridas nas últimas décadas,principalmente devido à expansão das redes deágua e esgoto, ao observar a cidade como umtodo, muitas diferenças no tocante à distribuiçãode doenças, assim como às suas magnitudes,mascaram as realidades intra-urbanas.

Estudos que considerem variaçõesespaciais das doenças podem contribuir para aformulação de políticas públicas, que realmenteatinjam a população de baixa renda que vivenestes ambientes e conseqüentemente melhorema sua qualidade de vida. Os exemplos de VilaAndrade, que apesar de ser um dos distritos maisricos do município, ainda possui, no ranking dasdez causas principais de internação, doençascomo a ascaridíase e da cidade de São Paulo, compresença de doenças diarréicas e gastrenteritede origem infecciosa presumível, demonstram queé necessário agregar aos cuidados à saúde, alémdos métodos tradicionais, a melhoria dascondições ambientais.

Estes resultados indicam a relevânciade métodos geográficos para diagnósticos desaúde pública com a incorporação de variáveisambientais.

Um caminho interessante seria arealização de estudos longitudinais, queconsiderassem uma amostra de crianças, com arealização de exames clínicos, aplicação dequestionários, visitas domiciliares, diagnósticosambientais detalhados, a fim de melhor relacionaras condições de saúde às condições ambientais.

126 - GEOUSP - Espaço e Tempo, São Paulo, Nº 22, 2007 OLIVEIRA, M. A. de, ARTEIRO, M. G. & RIBEIRO, H.

Notas

1 Autorização de internação hospitalar.

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Trabalho enviado em agosto de 2007

Trabalho aceito em setembro de 2007