DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - ARCA: Home · 2020. 1. 21. · DISSERTAÇÃO DE MESTRADO A formação...
Transcript of DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - ARCA: Home · 2020. 1. 21. · DISSERTAÇÃO DE MESTRADO A formação...
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
�
�
A formação de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem nos períodos Colonial e Pós-Independência: um estudo dos egressos da Escola
Técnica Profissional de Saúde de Luanda – Angola
Mestrando: José Tiago
Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Helena Machado
�
�
�
���������������� �����������������������������
����������������������������� ��������������������
���������������� ������ ��������!"��������#�������
����������������� �������������������������������
�������$�
�
Rio de Janeiro, junho de 2011
A formação de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem nos períodos Colonial e Pós-Independência: um estudo dos egressos da Escola
Técnica Profissional de Saúde de Luanda - Angola
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
�
José Tiago
BANCA EXAMINADORA:
Prof.ª Dra. Maria Helena Machado (orientadora) - ENSP/FIOCRUZ
Prof. Dr. Antenor Amâncio Filho - ENSP/FIOCRUZ
Prof.ª Dra. Marilourde Donato – Escola de Enfermagem Ana Néri- UFRJ
Prof.ª Dra. Ana Luiza Stiebler Vieira - ENSP/FIOCRUZ (suplente)
Prof.ª Dra.Lea Calvão- Faculdade de Educação - UFF
Rio de Janeiro, junho de 2011.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a memória de meu zeloso pai Tiago Zoa, a minha
mãe Laurinda Cambuta, minha esposa Suzana Gomes e todos meus
filhos e sem esquecer o amor e carinho do meu varão Nelson Tiago, que
sempre esteve ao meu lado nos momentos de angústia; ao Governo de
Angola pela estratégia em busca de pareceria no momento oportuno.
Para todos anônimos amantes do progresso e desenvolvimento. E por
justiça e reconhecimento do fundo do meu coração, dedicar com firmeza e
distinção este trabalho a distinta Professora Doutora Maria Helena
Machado, pela firmeza e coragem de assunção do desafio. Á Professora
Neuza Moyses e ao senhor Waldir Lemos, por expressa vontade de ajuda
e colaboração e a toda Banca que acreditou primeiro na Orientadora e
segundo na Coordenação e no desvirtualizado aluno da África, pela minha
ascensão de orientando virtual para real; aos profissionais de
Enfermagem de Angola que Deus abençoe a todos pelo respeito, amor,
carinho e dignidade que me brindaram.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus Pai por ter estado sempre comigo dando-me sabedoria,
paz e tranqüilidade em todos os momentos desta trajetória e por ter
colocado pessoas em meu caminho. Quando relembro vejo que, em cada
nova situação, surgia a pessoa certa, a qual abria-me a porta do trajeto a
percorrer.
A você que esteve comigo neste trajeto, especialmente a Professora
Doutora Maria Helena Machado, pela perícia de me ter trazido de aluno
virtual para real quando muitos já não acreditavam em mim, aos todos
Professores da ENSP/FIOCRUZ; pela forma sábia com transmitiram os
conhecimentos, a Coordenação do Curso e a Direção da Escola, pelo rigor
cientifico; a Cármen, assistente de gestão, pela disponibilidade sempre
oportuna da informação, aos meus colegas pelo apoio moral e espiritual
particularmente o Colega Edmundo pela disponibilidade de ajuda quando
precisei.
Agradecer com muita vénia aos Governos de Angola e Brasil pela
organização do Curso.
Uma palavra de apreço a Minha Esposa, meus filhos e meus irmãos, que
souberam compreender-me, pelas ausências constantes, as minhas
sinceras desculpas pelos transtornos e sacrifícios consentidos.
A Minha mãe por ter me dado a vida e a educação e a memória de meu pai
um exemplo de bravura.
A todos anónimos contribuintes.
O meu muito obrigado.
EPÍGRAFE
�Eu Tenho Um Sonho” Martin Luther King, Jr. (28 de agosto de 1963)
Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as
dificuldades e frustrações de hoje, eu ainda tenho um sonho. É um sonho
profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro
significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão
claras para todos: que todos os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos
escravos e os filhos dos donos de escravos poderão se sentar juntos à mesa
em fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississipi, um estado
que transpira com o calor da injustiça e da opressão, será transformado em um
oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que minhas quatro crianças vão um dia viver em uma
nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de
seu caráter.
Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia, no estado do Alabama, com o seu governador
que tem os lábios gotejando com palavras de intervenção e negação; nesse
justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos
com meninos brancos e meninas brancas e andar juntos como irmãs e irmãos.
Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e
montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares
tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne
[humanidade] estará junta.
Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta
fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança.
Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa
nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos
trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ser encarcerados juntos, defender a
liberdade juntos, sabendo que estaremos livres um dia.
Este será o dia quando todos os filhos de Deus poderão cantar dando um novo
significado à musica:, "Meu país, doce terra de liberdade, de ti canto. Terra
onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos, de qualquer lado
da montanha, deixe a liberdade soar!"
E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro. Então
ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo das montanhas da
Pennsylvania!
RESUMO
Este trabalho foi realizado com intuito de relatar e descrever as diferentes fases da
história formação de Auxiliares e Técnicos de enfermagem na Escola Técnica
Profissional de Saúde de Luanda em Angola nos Períodos Colonial (1482 a 1975) e
Pós-Independência (1975 a 2009), como marco histórico da criação de um acervo da
enfermagem no país. A metodologia usada é a técnica de entrevista através do
formulário previamente elaborado. O tipo de estudo é quanti- qualitativo observacional
descritivo retro lectivo, cuja amostragem foi selecionada por conveniência, permitindo
estruturá-la em etapas distintas: A primeira relata a formação de Auxiliares e Técnicos
de Enfermagem durante o Período Colonial, descreve as modalidades de ingresso e
egresso, características da formação, assim como a respectiva estrutura da carreira,
focaliza as organizações didático-administrativas, abordando as funções e os
princípios científicos, as fases de processo seletivo. A segunda parte deste trabalho
inclui a descrição documental sobre a institucionalização do ensino e exercício
profissional de enfermagem após a Independência, trajetória, avanços e recuos,
progressão da carreira e diferenciação entre os dois períodos, características e
autonomia dos profissionais, também aborda aspecto políticos, culturais e sociais.
Este estudo propõe como reflexões e contribui com subsídios para a afirmação dos
profissionais e seus órgãos sociais; contribui ainda no despertar das autoridades
sanitárias e públicas a interessar-se pela investigação sobre o processo de ensino e
aprendizagem de enfermagem em Angola desde o século XV até aos nossos dias,
despertar o interesse dos jovens e toda a sociedade “o que é isto ser enfermeiro hoje
e o que foi antes”.
Descritores: Enfermagem, Evolução, História, Categoria profissional, Educação e
ensino de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem.
ABSTRAT
This work was performed in order to report and describe the different phases of the
history of training nursing assistants and technicians in the Health Care Professional
Technical School of Luanda in Angola in the Colonial Period (1482-1975) and Post-
Independence (1975-2009) as a landmark of the establishment of a collection of
nursing in the country. The methodology used is the interview technique using the form
previously elaborated. The type of study is quantitative and qualitative descriptive
observational retrolectiv, which was selected by convenience sampling, allowing to
structure it in separate steps: The first recounts the formation of Nursing Assistants and
Technicians during the Colonial Period, describes the methods of ingress and egress ,
characteristics of training, as well as their career structure, focus on teaching and
administrative organizations, addressing the scientific principles and functions, the
phases of the selection process. The second part of this work includes the
documentary description of the institutionalization of education and professional
Nursing after Independence, history, advances and retreats, career progression and
differentiation between the two periods, characteristics and professional autonomy,
also addresses policy issues; cultural and social. This study proposes a reflection and
contributes towards the affirmation of professionals and their governing bodies; also
contributes in the wake of health authorities and the public interest in the research on
teaching and learning of nursing in Angola since the fifteenth century until the present
day, to interest young people and society as a whole "what is this to be a nurse today
and what was before." Keywords: Nursing, Evolution, History, Professional category,
education and teaching assistants and nursing technicians.
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
EPÍGRAFE
RESUMO
ABSTRAT
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS E QUADROS
CAPITULO 1 – NOTAS INTRODUTÓRIAS
CAPITULO 2 - CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE O TEMA
• A Enfermagem em Angola
CAPITULO 3 - CONTEXTUALIZAÇÃO DA REPÚBLICA DE ANGOLA
• Aspectos sócio-demográficos
• O Sistema Nacional de Saúde
• A situação dos Trabalhadores de Súde em Angola
CAPITULO 4 - CONTEXTO DA ENFERMAGEM
• A trajetória da Enfermagem na República de Angola
• Um pouco da história da Escola Técnica Profissional de
Angola
CAPITULO 5 - NOTAS METODOLÓGICAS
CAPITULO 6 – A FORMAÇÃO DOS AUXILIARES E TÉCNICOS EM
ENFERMAGEM NOS PERIODOS COLONIAL E PÓS-INDEPENDÊNCIA:
análise dos resultados
CAPITULO 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LISTA DE QUADROS, FIGURAS, TABELAS E GRÁFICOS
QUADROS e FIGURAS
QUADRO 1 - SITUAÇÃO DO ENSINO DURANTE O PERÍODO COLONIAL –
ANGOLA
QUADRO 2 - SITUAÇÃO DO ENSINO NO PERÍODO PÓS-INDEPENDÊNCIA -
ANGOLA
QUADRO-RESUMO 1 - PERFIL GERAL DOS AUXILIARES E TÉCNICOS DE
ENFERMAGEM - ANGOLA - 2009
QUADRO-RESUMO 2 - PERFIL GERAL DOS AUXILIARES E TÉCNICOS DE
ENFERMAGEM NO PERÍODO COLONIAL - ANGOLA - 2009
QUADRO-RESUMO 3 - PERFIL GERAL DOS AUXILIARES E TÉCNICOS DE
ENFERMAGEM NO PERÍODO PÓS-INDEPENDÊNCIA - ANGOLA – 2009
�
FIGURA 1 – MAPA DA REPÚBLICA DE ANGOLA
FIGURA 2- HOSPITAL JOSINA MACHEL
FIGURA 3- FOTOGRAFIA DA CIDADE DE LUANDA
TABELAS
TABELA 1 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO
PERIODO – ANGOLA, 2009
TABELA 2 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO SEXO
– ANGOLA, 2009
TABELA 3 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR SEXO
SEGUNDO PERIODO – ANGOLA, 2009
TABELA 4 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO
FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
TABELA 5 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO
SEGUNDO FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
TABELA 6 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR SEXO
SEGUNDO FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
TABELA 7 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO
NIVEL DE ESCOLARIDADE NO INGRESSO – ANGOLA, 2009
TABELA 8 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO
SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE NO INGRESSO – ANGOLA, 2009
TABELA 9 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM (egressos)
SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE – ANGOLA, 2009
TABELA 10 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM (egressos) POR
PERIODO SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE – ANGOLA, 2009
TABELA 11 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO
DURAÇÃO DO CURSO – ANGOLA, 2009
TABELA 12 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO
SEGUNDO DURAÇÃO DO CURSO – ANGOLA, 2009
TABELA 13 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO
INSERÇÃO NO SETOR SAÚDE – ANGOLA, 2009
TABELA 14 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO
SEGUNDO INSERÇÃO NO SETOR SAÚDE – ANGOLA, 2009
GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO
PERIODO – ANGOLA, 2009
GRÁFICO 2- AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO
SEXO – ANGOLA, 2009
GRÁFICO 3 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR SEXO
SEGUNDO PERIODO – ANGOLA, 2009
GRÁFICO 4 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO
FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
GRÁFICO 5 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO
SEGUNDO FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
GRÁFICO 6 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR SEXO
SEGUNDO FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
GRAFICO 7 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO
NIVEL DE ESCOLARIDADE NO INGRESSO – ANGOLA, 2009
GRAFICO 8 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO
SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE NO INGRESSO – ANGOLA, 2009
GRAFICO 9 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM (egressos)
SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE – ANGOLA, 2009
GRAFICO 10 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM (egressos)
POR PERIODO SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE – ANGOLA, 2009
GRAFICO 11 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO
DURAÇÃO DO CURSO – ANGOLA, 2009
GRAFICO 12 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR
PERIODO SEGUNDO DURAÇÃO DO CURSO – ANGOLA, 2009
GRAFICO 13 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO
INSERÇÃO NO SETOR SAÚDE – ANGOLA, 2009
GRAFICO 14 - AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR
PERIODO SEGUNDO INSERÇÃO NO SETOR SAÚDE – ANGOLA, 2009
LISTA DE ABREVIATURAS
AE - Auxiliar de Enfermagem
ASAR - Agente Sanitário da Assistência Rural
ANEA - Associação Nacional dos Enfermeiros de Angola
CEP - Comité de ética e Pesquisa
DR - Diário da República
ETPSL - Escola Técnica Profissional de Saúde de Luanda
ESSA - Escola dos Serviços de Saúde e Assistência
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
OMS - Organização Mundial de Saúde
TE - Técnico de Enfermagem
SNS -Sitema Nacional de Saúde
CPS - Cuidados Primários de Saúde
FMI - Fundo Monetário Internacional
MINSA - Ministério da Saúde de Angola
DNRH - Direção Nacional de Recursos Humanos
SINGERH - Sistema Integrado Nacional de Gestão de Recursos Humanos
MAPESS - Ministério da Administração Pública Emprego e Segurança Social
MINFIN - Ministério das Finanças
ISE - Instituto Superior de Enfermagem
UAN - Universidade Agostinho Neto
FMUAN - Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto
ENSPA=Escola Nacional de Saúde Pública de Angola
PDRH - Plano de Desenvolvimento de Recursos Humanos
PNS - Política Nacional de Saúde
PUNIV - Pré-Univerdidade
MED - Ministério da Educação
MEC - Minstério da Educação e Cultura
IMS - Instituto Médio de Saúde
CESE - Centro de Ensino Superior de Enfermagem
ORDENFA - Ordem dos Enfermeiros de Angola
��
�
CAPITULO 1
NOTAS INTRODUTÓRIAS
A evolução da Enfermagem no mundo, mais do que um legado a ser
preservado é uma referência que se constitui igualmente como um desafio ao
desenvolvimento no seio das profissões e das ciências da saúde, visando garantir a
sua imprescindível contribuição para a saúde da população.
Neste sentido, no contexto de Angola os profissionais de Enfermagem, no
âmbito das suas atribuições, têm se pronunciado sobre as reformas em curso na
saúde e no ensino, bem como suas implicações para os cidadãos angolanos e para
a própria equipe de Enfermagem.
As alterações na Lei de Bases do Sistema Educativo em Angola em 1991
e as medidas que levaram à criação, em nível nacional, do ensino de enfermagem
levaram o país a enfrentar um grande desafio. Este desafio implicava não só na
necessidade de promover a qualificação dos angolanos, tornando-os mais
interativos com a população, como também mudando a qualidade da assistência de
enfermagem, fazendo-se mais moderna e mais humanizada. Alia-se a isso, o fato de
Angola ter menos de 40 anos de Independência do domínio português.
A Enfermagem é tão antiga como a existência do homem, o que nos
remonta desde a antiguidade até a idade contemporânea. Antigamente, em
Angola, a formação profissional da enfermagem era meramente assistencial,
reservada para as classes sociais menos favorecidas economicamente. Dai a
nítida distinção entre os que detinham o saber, dito intelectual ou acadêmico,
��
�
aprendido em escolas secundárias e superiores e o saber de ordem prática,
aprendido em escolas técnicas pelos que executariam trabalhos manuais.
A herança da era colonial de mais de cinco séculos de escravidão, em
Angola, ajudou reforçar essa distinção, marcando um forte preconceito social aos
que executavam trabalhos manuais. Neste período, vigoraram as Leis sobre
Diretrizes Básicas de Educação Nacional, que equiparou o ensino profissional ao
ensino acadêmico, perpetuando a dualidade entre ensino para elites e ensino
para os desvalidos da sorte. Entretanto, quase excluiu do sistema de ensino o
Curso de Auxiliar de Enfermagem, existente desde a década 1940. À época, ao
referir-se aos cursos de nível técnico, o governo colonialista mencionava apenas
os cursos da área comercial, industrial e agricola. Desta forma, o Curso de
Auxiliar de Enfermagem não caberia em nenhuma dessas áreas técnicas e ficaria
à margem do sistema de ensino1.
Ao longo dos tempos, em Angola, a formação de Auxiliares e Técnicos
em Enfermagem não era entendida como uma combinação de conhecimentos
das ciências humanas, físicas e das habilidades clínicas, entre outras, para
atender, atualmente, as necessidades individuais dos pacientes.
De um modo geral, a evolução da formação tanto dos Técnicos como dos
Auxiliares de enfermagem no mundo, no Continente Africano e, particularmente, em
Angola, amplia a base de conhecimento de todas as classes sociais e promove um
entendimento das origens sociais e intelectuais desta área. Conforme a
enfermagem continua a evoluir, aspectos ligados às categorias de auxiliar e
��
�
técnico de enfermagem têm sido bastante abordados, sendo esse contigente, a
maior força de trabalho encontrada nas instituições de saúde do nosso país.
Especificamente na experiência de Angola em particular, na província de
Luanda, não encontramos literatura e nem estudo que se tenha dedicado a este
propósito. Estas informações são de extrema importância, tendo em conta as
alterações significativas que se vão operando na saúde em nível internacional do
ensino de enfermagem.
Cabe lembrar que para a recuperação de sua infraestrutura sanitária,
destruída durante o conflito armado que assolou o país por mais de 30 anos, se
arcou uma verdadeira luta em prol da reconstrução do país com doações e
trabalho voluntário. Este conflito não só destruiu a infraestrutura sanitária do país,
como também provocou o êxodo dos recursos humanos locais, provocando a
carência de profissionais no setor saúde. Como resultado destaca-se a inversão
do boletim epidemiológico do país, consubstanciado no surgimento e
ressurgimento das doenças transmissíveis como o HIV/SIDA, as grandes
endemias como a tripanossomíase, as doenças crônico degenerativas, os
traumas provocados por violência doméstica e por acidentes de trabalho e
rodoviário.
Em virtude do sentimento nacionalista e a experiência profissional de
mais de 25 anos na formação de profissionais de saúde, assim como as funções
que de venho ocupando, primeiro como Diretor Pedagógico da Escola Técnica
Provincial de Saúde do Uige; depois, Coordenador dos Cursos de Especialidades
na Escola Técnica de Saúde de Luanda; Chefe de Seção de Ensino do
��
�
Departamento de Desenvolvimento dos Recursos Humanos; Chefe do
Secretariado do Gabinete do Vice-Ministro para os Hospitais e, atual Diretor
Geral Adjunto do Instituto Nacional de Emergencia Médica de Angola do
Ministério da Saúde, além de exercer o cargo de Secretário Geral da Associação
Nacional dos Enfermeiros de Angola, julgo ser um exercício de cidadania
elaborar este estudo que permitirá conhecer um pouco mais a realidade de
formação dos Auxiliares e Técnicos de enfermagem contribuirá para a tomada de
decisões na definição de políticas baseadas em evidencias e no
dimensionamento ou redimensionamento na gestão destes profissionais.
Buscamos também, que a partir deste estudo seja possível propor a
revisão curricular da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem,
ajustados à nova realidade epidemiológica do país, bem como a demanda dos
serviços de saúde, nos três níveis de prestação de cuidados: primário,
secundário e terciário, tendo em conta, as altas taxas de morbimortalidade
materno-infantis (100/1000 crianças nascidas vivas e 500 óbitos/100.000 partos),
as mais elevadas na região austral do nosso continente, segundo estatística do
Comitê Regional da Organização Mundial da Saúde - OMS, Afro (2009).
Este estudo despertou também meu interesse em criar um caminho para
a construção da informação que possa facilitar a compreensão dos profissionais
de enfermagem, bem como de outros atores interessados, em saber como tem
evoluído o processo do ensino dos profissionais de enfermagem ao longo do
período que se vem construindo este saber técnico e profissional.
��
�
Face ao exposto, levantamos a seguinte questão: “Como evoluiu à
formação de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem da Escola Técnica
Profissional de Saúde de Luanda no Período Colonial (1967-1974) e no Período
Pós-Independência (1976-2008)? “Que mudanças ocorreram nestes dois
períodos? Este é o foco de nosso estudo.
A hipótese que norteou este estudo foi que ocorreram, de fato, mudanças
importantes após a Independência do país e que certamente alterará
definitivamente o perfil e a inserção destes profissionais de enfermagem, tão
importantes e presentes, garantindo a cobertura sanitária nas dezoito Províncias
do nosso país.
O foco deste estudo buscou estudar a formação dos Auxiliares e Técnicos
de Enfermagem na Escola Técnica Profissional de Saúde de Luanda, comparando
dois períodos: O Período Colonial e Pós-Independência. Mais especificamente,
buscou-se identificar o perfil de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem nos
diferentes níveis de formação; descrever as transformações evolutivas da Escola
Técnica, tendo em conta os requisitos exigidos nos diferentes níveis de formação
dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem e, caracterizar a evolução da formação
dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem na Escola Técnica Profissional de
Saúde de Luanda em dois períodos da história de Angola (Colonial 1967-1974) e
(Pós-independência 1976-2008).
No Capitulo 1, “Notas Introdutórias”, buscou-se apresentar o próprio
estudo, as razões de sua escolha e os objetivos do mesmo.
��
�
O Capitulo 2, denominado “Considerações Teóricas sobre o Tema”,
aborda alguns conceitos teóricos no campo da Enfermagem e sua formação e
conformação.
O Capitulo 3, “Caracterização da República de Angola” aborda os
aspectos relativos a sua situação sócio-demográfica, ao sistema de saúde bem
como a situação dos trabalhadores de saúde que atuam no país.
Já no Capitulo 4, “O contexto da Enfermagem” tratou-se de
descrever e analisar a trajetória da formação da Enfermagem em Angola e próprio
processo histórico da Escola Técnica Profissional de Saúde de Angola.
No Capitulo 5 “Notas Metodológicas” apresentamos o passo a passo
metodológico para a construção deste estudo.
` No Capitulo 6 “A Formação dos Auxiliares e Técnicos de
Enfermagem nos Períodos Colonial e Pós-Independência- análise dos dados”
estão os dados e análises de nosso estudo propriamente dito, onde se buscamos
entender o que se passou na formação destes profissionais de Enfermagem nos
dois Períodos distintos historicamente, que marcaram definitivamente o país.
As “Considerações finais” estão no Capitulo 7.
Acreditamos que tenhamos conseguido produzir um estudo que
permita não só conhecer melhor essa realidade como subsidiar o Governo
Angolano na formulação e tomada de decisão em prol da melhoria da formação e
��
�
qualificação daqueles que efetivamente fazem parte da equipe que prestam
assistência à população angolana: Auxiliares e Técnicos de Enfermagem.
�
�
CAPITULO 2
CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE O TEMA
No século IV a.C. o médico grego Hipócrates fundou a medicina
racional quando declarou que a doença era devida a desordem funcional do
organismo, que, muitas vezes, é o resultado da desobediência as leis da saúde e
não a influência de espíritos maus ou cólera dos Deuses, como se acreditava nesta
época.
Hipócrates baseou-se na cuidadosa observação clínica dos sinais e
sintomas. As suas notas médicas, escritas de uma forma clara, simples e concisa,
que ainda hoje são considerados como modelo na medicina moderna2.
Na era de Hipócrates, não encontramos menção a Enfermagem como
conhecemos hoje, mas há relatos de atividades executadas por ajudantes pouco
treinados. O tratamento era feito pelo médico e seus aprendizes e os cuidados
gerais de enfermagem aos pacientes estavam nas mãos das mulheres de casa ou
escravas. As parteiras são freqüentemente mencionadas nas épocas primitivas e
geralmente essa profissão era hereditária numa família. O parteiro e o médico
obstétrico são inovações do século XVII2.
No período do Cristianismo até a Idade Média a enfermagem era
caracterizada pelo modelo religioso, cuja filosofia era amor a Cristo e ao próximo.
A doença era considerada como um fenômeno natural para a salvação da alma
do doente, e o trabalho de enfermagem era feminino, subalterno, sem
�
�
fundamentação cientifica e visava essencialmente cuidados de conforto, que
eram realizados nas casas da misericórdia, onde os doentes eram reclusos,
separados da sociedade e ai aguardavam a morte.
Entretanto, com a Reforma Protestante, as religiosas foram
afastadas do serviço de Enfermagem e esse passou a ser desempenhada por
mulheres, na época, tidas como desonestas e vulgares, embora conservando as
características de abnegação, caridade e meiguice.
A Enfermagem moderna nasce com o capitalismo no século XVIII, que
conjuntamente com a Revolução Industrial muda a concepção do processo doença-
saúde, fazendo com que os cuidados enfermagem passassem a ser necessários
para manter os cidadãos saudáveis, dinamizar a produção e assistência médica dos
exércitos. Surgem então os hospitais militares e o modelo religioso é substituído por
um modelo rígido de trabalho, com ênfase ä disciplina, hierarquia, normatização,
passando o hospital a ser um local não de espera da morte, mas de busca da cura.3
Na década 90 surge o processo de cuidados de enfermagem, o qual
oferecia aos enfermeiros uma abordagem sistemática que permite a clarificação do
contributo da profissão de enfermagem para uma abordagem global da pessoa, que
inclui não só a condição médica, mas requer também uma visão completa baseada
numa verdadeira perspectiva holística. Segundo o pedagogo brasileiro Paulo Freire4,
para muitos enfermeiros o seu sentido de perspectiva tende ser obtido a partir de um
modelo médico institucional em vez de um modelo de enfermagem. Valores:
eficiência, cuidados padrão regras e regulamentos burocráticos, criando um culto do
silêncio.
���
�
Historicamente, homens e mulheres exerceram o papel de
Enfermeiro, mas a entrada das mulheres para a Enfermagem, remonta desde o
ano 300 D.C.5. A Ordem Beneditina, fundada no século VI, aumentou o número
de homens que entraram na enfermagem, durante a Idade Média nos anos 1.100
à 1220 D.C.
A guerra civil entre 1860 e 1865 que ocorreu nos Estados Unidos,
estimulou o crescimento de enfermagem nos Estados Unidos da América (EUA). Há
registro que Clara Barton, fundadora da Cruz Vermelha americana, cuidava dos
soldados nos campos da batalha.
Contudo, a Enfermagem nos hospitais expandiu somente no final do
século XIX. Por outro lado, a enfermagem na comunidade não aumentou
significativamente até 1893 quando Lillian Wald e Mary Brewster criaram a Henry
Street Settlement, a qual começou como uma empresa de enfermagem domiciliaria,
esta instituição cedo publicitou a sua visão de enfermagem e atividades com ela
relacionadas. Enfocava as necessidades de saúde das pessoas que viviam nas
casas de cómodos na cidade de Nova York.
Em termos educativos, a organização do Ensino de enfermagem
avança ainda hoje em sobressalto, como se tivesse que romper barreiras que
permanentemente se lhes colocam a frente.
De fato os nossos parceiros, membros da equipe de saúde, continuam
a querer entender-nos como sem formação, assumir o enfermeiro licenciado
continua a ser um mito para alguns.
���
�
Para Florence Nigtingale, precursora da enfermagem no mundo, a
enfermagem tem como meta facilitar os processos reparadores do corpo
manipulando o ambiente.
Peplau afirma6 que o enfermeiro deve desenvolver a interação entre o
profissional e o paciente. Já para outro autor7 o enfermeiro deve trabalhar
independentemente, com os outros trabalhadores de cuidado de saúde, ajudando
o paciente a conseguir independência tão rápido possível.
Por outro lado8, afirma que o enfermeiro deve manter e promover a saúde,
prevenir a doença, cuidar e reabilitar o paciente/cliente incapacitado por meio da
ciência humanística de enfermagem.
Já para outros autores9 ele deve responder as necessidades humanas
básicas e construir a enfermagem como ciência e humanização dos cuidados ao
paciente.
Enfim, o que podemos dizer é que o enfermeiro deve enfocar no ser
humano, enquanto unidade de vida e a sua participação qualitativa na
experiência de saúde. A enfermagem deve ser vista então, como ciência e arte
na sua visão holística.
���
�
A Enfermagem em Angola
Em nosso País, o Técnico de Enfermagem de nível médio é um
profissional polivalente que atua na comunidade, centros de saúde e hospitais,
com competência nas áreas de enfermagem, diagnóstico e tratamento das
doenças correntes e em saúde comunitária. Deverá ter também competência na
gestão e supervisão dos técnicos básicos, ou seja, dos auxiliares de enfermagem
bem como na gestão e supervisão das unidades hospitalares e de saúde
pública10. O Auxiliar de Enfermagem de nível básico freqüentou o Curso de
Promoção, teve uma formação polivalente e tem competência de atuar tanto na
Comunidade, nos Postos e Centros de Saúde, como nos Hospitais. Em qualquer
destas áreas tem como funções: a função técnica, a educativa e a
administrativa11
A Enfermagem em Angola registrou, no decurso dos últimos anos, uma
evolução, quer ao nível da respectiva formação de base, quer no que diz respeito à
complexidade e a dignidade do seu exercício profissional. Torna imperioso
reconhecer como, de significativo valor o papel do enfermeiro no âmbito da
comunidade científica de saúde e, bem assim, no que concerne à qualidade e
eficácia da prestação de cuidados de saúde.
Comungamos com a idéia que a escolha de uma profissão é definida
pela ascendência histórica do indivíduo, isto é, ao optar por uma determinada
profissão ele sofre influência das experiências que teve ao longo da sua vida, de
���
�
fatores internos e externos, dos familiares e do mercado de trabalho no qual está
inserido. Isto inclui sua capacidade de lidar com frustrações12.
Por outro lado, para13 que a dimensão técnica tenha como referência a
dimensão política, devemos considerar uma educação que permita aos
trabalhadores de enfermagem compreender a sua história, os limites de sua
prática e como esta se articula com as relações de produção vigentes. Um ensino
em que os seus conteúdos sejam revestidos de atualidade e elaborados a partir,
principalmente, de nossa realidade.
Tradicionalmente14, a Enfermagem é focalizada compreendendo as
seguintes abordagens: assistir/cuidar, administrar; educar; pesquisar. O mesmo
autor acrescenta que, a dimensão do assistir e do cuidar está relacionada às
atividades desenvolvidas diretamente junto aos utentes, realizadas por
enfermeiro, e principalmente por profissionais qualificados em Enfermagem. As
demais compõem as atividades indiretas, ou seja, de preparo e suporte para a
primeira, desenvolvidas essencialmente pelo Enfermeiro.
No processo de trabalho da Enfermagem essa força de trabalho,
principalmente no que se refere ao Técnico e Auxiliar de Enfermagem não tem
autonomia sobre os principais elementos da produção no ramo de serviços da
saúde não detém autonomia sobre os seus objetos de trabalho, não domina a
compreensão dos processos gerais que atuam sobre a saúde, não detém a
posse dos meios materiais de trabalho, não tem condições concretas de
autonomizar o seu trabalho no que se refere à venda dos seus serviços. Estas
duas categorias profissionais da enfermagem fazem parte da equipe, contudo, o
���
�
fazem subordinados tecnicamente aos enfermeiros. Mesmo em se tratando de
países com forte escassez de profissionais mais qualificados para exercer as
atividades de saúde, estes profissionais se mantém com estas restrições técnicas
no que concerne a sua autonomia de fazer e decidir.
Diante do exposto, ao pensarmos sobre a prática da enfermagem destes
profissionais, é necessário que consideremos a questão da educação do Auxiliar
e do Técnico de enfermagem, que apesar de potencialmente ser capaz de intervir
no contexto social, visando enfrentar os problemas de saúde da população,
historicamente têm servido para legitimar tais problemas à medida que fornece
uma formação deficitária quanto ao preparo técnico científico e o baixo
comprometimento com as questões sociais, políticas e econômicas. Esta
situação, por sua vez, é reforçada pela sociedade à medida que há uma
hipervalorização da atuação técnica na área de enfermagem15.
Vale ressaltar que a diferenciação entre o Técnico e o Auxiliar é,
basicamente, a escolaridade e o nível de complexidade das ações, em que o
primeiro desenvolve tanto ações pertinentes ao Auxiliar de enfermagem quanto
aquelas que necessitam de uma maior qualificação. Quer o olhar pouse sobre
Técnicos ou sobre os Auxiliares de Enfermagem, é constatado que estas
categorias profissionais necessitam de organização como classe trabalhadora,
para lutar por melhores condições salariais e vínculos empregatícios justos e que
atendam à lei. Sem a organização de entidades de classe e informação no que
se refere a direitos e deveres, acredita-se que não haverá alteração nas
situações de precarização do trabalho e ao acesso à garantia dos direitos como
���
�
cidadãos trabalhadores16. Os mesmos autores reforçam dizendo que, o desafio
para esta categoria está, pois, visível e deve ser discutido. Os gestores da área
da saúde necessitam compartilhar experiências com resultados positivos para a
inclusão destas duas categorias.
No contexto angolano, com a redução dos gastos sociais, em particular,
na educação e na saúde, as precárias condições da rede pública de ensino e as
deficiências na formação de professores, questiona-se sobre as condições
objetivas para se ofertar uma educação profissional que seja capaz de responder
à necessidade da prática. Isso exige investimentos em pessoal, equipamentos,
estrutura, material didático e outros, não necessariamente compatíveis com as
demandas mais urgentes do mercado, as quais são, em muitos casos, de caráter
estritamente pragmático17.
Tendo em conta que o profissional Enfermeiro é o principal responsável
pela formação dos Auxiliares e Técnicos de enfermagem, necessário se faz
investir na formação do Enfermeiro na área de ensino, com a visão mais geral de
educação, inclusive incentivando a continuidade dos estudos através de
programas de capacitação, aprimoramento, extensões e pós-graduações e
relacionando-se questões de política educacional e de saúde, vinculada às
transformações sócias- político-econômicas e culturais18.
Para outro autor19, a Enfermagem tem sido definida como ciência. Uma
ciência é um conjunto de conhecimentos, baseados em um grande número de fatos
cuidadosamente observados, dispostos de modo a estabelecer determinados
���
�
princípios e leis. As leis e os princípios explicam o porquê das coisas, descobrindo e
descrevendo as forças que determinam os fatos observados.
A “American Nursing Association” aceitou ao longo dos anos diferentes
tipos de definições de Enfermagem, refletindo sobre o papel de mudança dos
enfermeiros, bem como a mudança nas relações entre enfermeiros e outros
profissionais. A atual definição internacional de Enfermagem foi aceita em 1980,
como sendo a enfermagem a profissão do diagnóstico e do tratamento das
respostas aos problemas de saúde atuais e potenciais. Por outro lado, a
enfermagem não é somente arte, mas uma ciência, pois se baseia em princípios
científicos: o ser Enfermagem, o ser enfermeiro e o ser paciente. Entretanto a
enfermagem pode também ser considerada como uma ética de cuidar.
Florence Nightingale chamou a Enfermagem de a mais bela das artes.
“As mães foram às primeiras artistas da enfermagem e as amas sempre cuidaram
das crianças, dos velhos e dos doentes. A Enfermagem, como arte, requer calor
humano e inclinação”. Esta definição embora não faça parte do conceito de
Enfermagem propõe conceituá-la devido ao seu enquadramento profissional:
autonomia, reflexão e responsabilidade.
É a capacidade de ser o seu próprio legislador, é a capacidade de se
conduzir a si mesmo, é a capacidade de decidir sem se demitir; é a capacidade de
se comportar na convenção social apesar do que “e até por isso mesmo, é a
capacidade de assumir os seus próprios condicionalismos e de se apoiar neles para
se tornar a pessoa que se é. Definida deste modo, autonomia profissional da
enfermagem é a base que fundamenta a responsabilidade ética. Trata-se por uma
liberdade exigente, não que protege, mas que expõe a pessoa 3.
���
�
A Enfermagem tem ao longo da história percorrida um caminho árduo.
Tem vindo a transformar-se e a valorizar-se de uma forma crescente nos últimos
tempos, sentindo-se cada vez mais a necessidade de uma identidade própria, pela
criação de um corpo de conhecimentos específicos. Na atualidade o principal
escopo da Enfermagem não é só de ajudar o indivíduo alcançar e manter a saúde,
mas também tratá-lo como um ser bio-psico-social.
Entendendo o ensino como processo educativo pode-se conceituá-lo
como: um conjunto de meios utilizados para assegurar a formação e o
desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano. Deve
existir uma coesão, uma identidade entre as tarefas profissionais de um auxiliar e
técnico de enfermagem e os objetivos educacionais que servirão de base na
construção do seu programa de formação.
Em metodologia de ensino a educação é um sistema que permite
aprendizagem e conseqüentemente permite provocar mudanças desejadas na
maneira de pensar de sentir e de agir de alguém. O guia curricular utilizado em
Angola para as Escolas de Enfermagem alinha treze características da enfermeira:
sanidade física e mental, vivacidade, competência técnica, digna de confiança,
capacidade de inspirar confiança, engenhosidade, equilíbrio, respeito ao próximo,
cooperação, sociabilidade, cultura, amor ao trabalho e responsabilidade profissional.
��
�
CAPITULO 3
CARATERIZAÇÃO REPÚBLICA DE ANGOLA
Aspectos sócio-demográficos
Angola é um país africano situado na costa ocidental da Região Austral,
com uma área de 1.246.700 Km2, fazendo fronteira ao Norte com a República do
Congo e a República Democrática do Congo; ao Leste com a República do
Congo e a República de Zâmbia; ao Sul com a República da Namíbia e ao Oeste
com o Oceano Atlântico numa extensão de 1.650 kms (Figura 1).
A República de Angola possui uma população estimada em 16.500.000
habitantes, distribuída em dezoito Províncias; 164 municípios e 532 Comunas e
diversas povoações. Nos últimos nove anos registrou um nível de crescimento
econômico, a sua economia é dependente do petróleo (55% PIB) e diamantes.
Pratica-se agricultura com as principais culturas de: Legumes e verduras, café,
cacau, sizal, algodão, girassol (indústria de óleo), milho e etc. Na pesca temos a
industrial e artesanal, com uma cultura rica em frutos do mar. O artesanato é feito
por artesões e artistas nacionais que se destacam. Há um comércio variado tanto
para o consumo interno e externo.
Segundo dados do Relatório do PNUD – Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento20 a população de Angola é majoritariamente, pobre, sendo:
61% da população vivem abaixo da linha da pobreza, 26% da população vive na
pobreza extrema. O país situa-se em 160º lugar de acordo com o IDH – Indice de
��
�
Desenvolvimento Humano, no conjunto de 173 países. A esperança de média vida é
de 48 anos para mulheres e 46 anos para os homens21 .
O quadro epidemiológico angolano é dominado pelas doenças
transmissíveis, tais como, a malária, doenças diarreicas agudas, doenças
respiratórias agudas, tuberculose, Tripanossomiase (doença do sono), doenças
imunopreveniveis, tais como, o sarampo e o tétano entre outras. A malária continua
a ser a principal causa de morte em Angola e a prevalência de VIH é inferior a 5%.
FIGURA 1 - MAPA DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Fonte: Jornal da Angola – Acessado em17/06/2011
���
�
O Sistema Nacional de Saúde de Angola
De 1975 a 1992, o Sistema Nacional de Saúde Angolano (SNS), baseava-
se nos princípios da universalidade e gratuidade dos cuidados de saúde primários,
conforme Decreto Lei nº 9/75 de 10 de dezembro. A partir de 1992, com aprovação
da Lei 21-B/92, Lei de Bases do SNS, Angola admite a contribuição de alguns
grupos sociais, através do pagamento de uma taxa moderadora nas despesas de
saúde. Atualmente, os cuidados de saúde são prestados pelo setor público e
privado.
Queza22 afirma na sua tese que a rede de prestação de cuidados de saúde no
País é constituída por 1.721 unidades sanitárias, dos quais: oito hospitais centrais;
32 hospitais províncias, 228 hospitais municipais e 1.453 postos de saúde. O mesmo
autor destaca que o Sistema Nacional Saúde conheceu uma evolução histórica
descrito por dois períodos. O Período Colonial que vai de 1482 a 1975 quando em
11 de novembro de 1975 ocorre a Independência; o Período Pós-Independência
com início em 11 de novembro de 1975. Este período Pós-Independência está
subdividido em duas fases, sendo:
O período que se seguiu à Independência até 1991, O Sistema Nacional
de Saúde é caracterizado por uma economia planificada de orientação socialista. O
período de economia de mercado tem início em 1992. Neste período foram
estabelecidos através do Sistema Nacional de Saúde, os princípios da
universalidade e gratuitidade dos cuidados de saúde, exclusivamente prestados pelo
Estado, assentados na estratégia dos Cuidados Primários de Saúde (CPS). Este
período foi também caracterizado, na primeira década da independência, pelo
���
�
alargamento da rede sanitária e pela escassez de Recursos Humanos em Saúde
(RHS). Segundo dados estatísticos do Ministério do Planejamento, na altura, a
seguir a independência, encontravam em Angola pouco mais de 20 médicos, tendo,
na ocasião, o Governo/Estado, que recorrer à contratação de profissionais
recrutados ao abrigo de acordos de cooperação.
Na segunda fase do período Pós Independência, a primeira parte deste é
caracterizada pelo recrudescimento do conflito armado (guerra civil), reformas
políticas, administrativas e econômicas que tiveram de certa maneira, um impacto
negativo sobre o Sistema Nacional de Saúde, tais como a destruição e a redução
drástica da rede sanitária.
Em 1992, através da Lei Nº 21-B/92, de 28 de agosto, é aprovada a Lei
Bases do Sistema Nacional de Saúde e o Estado angolano deixa de ter
exclusividade na prestação de cuidados de saúde, com a autorização do setor
privado na prestação dos serviços de saúde. Foi também introduzida a noção de
participação dos cidadãos nos custos de saúde, mantendo o sistema parcialmente
gratuito.
A segunda parte do Período Pós-Independência é caracterizada pela fase
da economia de mercado, é caracterizado pelo alcance da paz, que se traduziu
numa estabilidade macroeconômica, intenso esforço de reabilitação e reconstrução
nacional de que tem beneficiado o Sistema Nacional de Saúde. Neste período,
registra-se um aumento significativo dos recursos financeiros do Estado alocados ao
setor da saúde.
���
�
Importante registrar que o sistema de prestação de cuidados de saúde
subdivide-se em três níveis hierárquicos de prestação de cuidados da saúde,
baseados na estratégia dos cuidados primários.
O primeiro nível - Cuidados Primários de Saúde-CPS representado pelos
Postos de Saúde/Centros de Saúde, Hospitais Municipais, postos de enfermagem e
consultórios médicos, constituem o primeiro ponto de contato da população com o
Sistema de Saúde.
O nível secundário ou intermédio, representado pelos Hospitais gerais, é
o nível de referência para as unidades de primeiro nível.
O nível terciário, é representado pelos Hospitais de referência mono ou
polivalentes diferenciados e especializados, é o nível de referência para as unidades
sanitárias do nível secundário (Figura 2).
FIGURA 2
HOSPITAL JOSINA MACHEL
�
Fonte: Wikipédia, enciclopédia livre, Acessado dia 18/06/2011.
���
�
Estima-se que apenas cerca de 30% a 40% da população têm acesso aos
serviços de saúde. A prestação de cuidados de saúde é feita pelo setor público,
privado e da medicina Tradicional (Ministério da Saúde, Angola - Despesas Públicas
no Sector da Saúde 2000-2007). Sem acesso à assistência do Estado, a população
angolana localizada, especialmente nas áreas rurais acabam se valendo da
chamada ‘medicina tradicional’ praticada pelas autoridades tradicionais e
personalidades respeitadas na comunidade, que herdaram de seus progenitores
suas práticas, como por exemplo, as parteiras, os terapeutas- denominados
‘médicos tradicionais’.
Na segunda parte da fase da economia de mercado, é caraterizado pelo
alcance da paz, que se traduziu numa estabilidade macroeconômica, intenso esforço
de reabilitação e reconstrução nacional de que tem beneficiado o Sistema Nacional
de Saúde. Neste período, registra-se um aumento significativo dos recursos
financeiros do Estado alocados ao sector da saúde.
Situação dos Trabalhadores de Saúde em Angola
Os trabalhadores de Saúde em Angola vêm progressivamente
aumentando para satisfazer a enorme demanda existente. Em 1980, existiam em
Angola 101 médicos angolanos, 460 médicos expatriados (estrangeiros) e 573
enfermeiros e técnicos expatriados (estrangeiros). No mesmo ano, as vinte e duas
escolas técnicas de saúde existentes no país, formaram um total de 7.312 técnicos
de saúde.
���
�
No âmbito do programa de reforma administrativa do Governo, o setor da
saúde realizou e concluiu de 1999 a 2000, o processo de reconversão de carreiras
do seu pessoal, num total de 45.907 trabalhadores, sendo: 24.975 (54%) do regime
geral de carreiras e 20.932 trabalhadores (45%) dos regimes especiais. Estes
trabalhadores do setor saúde representavam à época 3,8% de todos os
trabalhadores do setor público do país.
Atualmente, o setor de saúde conta com 67.078 trabalhadores, sendo
35,8% do regime geral da função pública, 50,3% do regime de carreiras de saúde e
13,9% admitidos ao abrigo dos acordos de paz.
Os trabalhadores do regime de carreiras de saúde contabilizam 1.527
médicos, 27.465 profissionais de enfermagem (sendo que apenas 200 são
enfermeiros licenciados e os demais são técnicos e auxiliares de enfermagem) e
4.787 técnicos de diagnóstico e terapêutica.
Os acordos de paz levaram a admissão de 9.282 trabalhadores (antigos
guerrilheiros) em finais de 2006. Dos 4.787 técnicos de diagnósticos e terapêuticos,
dos quais, apenas 94 (2,57%) têm formação superior e estão concentrados em
Luanda (com destaque para os farmacêuticos). Do total, 2.667 tiveram Reconversão
de Carreiras na Administração Pública em 1997.
Para elucidar, Reconversão de Carreira refere-se ao processo de
enquadramento dos trabalhadores de todo o país quando da política do FMI – Fundo
Monetário Internacional que exigiu a definição das carreiras profissionais para fins
de financiamento. Assim, o Estado Angolano resolve implementar a que se se
denominou Reconversão de Carreiras Geral e Especial. A Reconversão de Carreira
Geral referia-se aos trabalhadores administrativos e a Reconversão Especifica
���
�
referia-se as carreiras técnicas, ou seja, aos trabalhadores qualificados desde o
nível básico até universitário.
Em Relatórios do Ministério da Saúde (2009) é possível perceber que
existe uma iniquidade na distribuição dos profissionais de saúde qualificados no
país, em detrimento das áreas rurais. Ou seja, 85% desses profissionais se
encontram em Luanda e nas capitais provinciais e somente 15% no restante de todo
o território nacional. Essa desigual distribuição é uma das conseqüências do conflito
armado que originou do deslocamento da população que vivia do meio rural para o
meio urbano e mais especificamente para Luanda, em busca de melhores condições
de vida e, conseqüentemente, provocou a desestruturação social e institucional.
As reformas administrativas do Estado têm buscado corrigir estes desvios
e permitir uma melhor distribuição dos trabalhadores de saúde no território nacional,
por via dos concursos públicos e atendendo às necessidades de preenchimento dos
quadros de pessoal das instituições de saúde.
A cobertura médica, em média, no país é de 1 médico para 20.000
habitantes. Cinco províncias (Bié, Huambo, Malange, Kuanza-Norte e Uíge) estão
abaixo desta média, ou seja, 1/20.000 hab. Em relação aos profissionais de
enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares) temos 1.75 enfermeiros para por
cada 1.000 habitantes. Estão abaixo desta média as províncias do Bié, Huambo,
Malange, Kuanza Sul e Uíge. Quanto a situação dos Técnicos Diagnóstico
Terapêutico, a média nacional é de 3 técnicos por 10.000 habitantes. Estão abaixo
desta média as províncias do Bengo, Benguela, Huambo, Huíla, Luanda, Móxico,
Kuanza-Norte, Uíge e Zaire. Encontram-se duas vezes acima desta média as
províncias de Cabinda, Cunene, Malange e Kuando-Kubango.
���
�
As más condições de trabalho, os baixos salários e outros mecanismos
de retribuição praticados no setor da saúde, os escassos incentivos para a fixação
na periferia (incluindo a falta de habitação), a inadequada implementação das
carreiras profissionais e a fraca operacionalidade dos programas de formação
permanente, têm contribuído para a desmotivação dos profissionais do setor da
saúde. Não obstante, reconhece-se o aumento progressivo dos salários e dos
esforços contínuos para a melhoria das condições de trabalho.
O Sistema Integrado Nacional de Gestão de Recursos Humanos
(SINGERH), em curso, assegura a ligação “on-line” entre o Ministério da
Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS), o Ministério das
Finanças (MINFIN) com o Departamento Nacional de Recursos Humanos do
Ministério da Saúde, dos Governos Provinciais e dos Hospitais Centrais, para uma
gestão dos recursos humanos, mais célere, viável e eficaz.
A formação de profissionais de saúde é ministrada em instituições
públicas; nomeadamente em Escolas Técnicas Profissionais de Saúde - ETPS,
Institutos Médios de Saúde, no Instituto Superior de Enfermagem - ISE e na
Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto - FMUAN, bem como nas
instituições privadas.
Relativamente às instituições privadas, não estão acautelados os interesses
do Estado, as garantias e os requisitos mínimos para a formação de qualidade, nem
salvaguarda a especificidade deste tipo de formação e o direito a exclusividade. Os
profissionais de saúde depois de inseridos no Sistema Nacional de Saúde continuam
a sua formação via Programas de formação permanente e de pós-graduação é,
essencialmente, do tipo Profissionalizante e apenas para os licenciados.
���
�
O Ministério da Saúde em 1997 elaborou o Plano de Desenvolvimento de
Recursos Humanos (PDRH) e identificou a necessidade de formação de gestores
em todos os níveis, para reforço da capacidade institucional. Para o efeito, a Escola
Técnica Profissional de Saúde do Lubango, na Huíla, realiza cursos para o nível de
unidades de saúde e para o nível de município.
Os gestores intermédios e de topo foram formados através de acordo entre o
MINSA/FMUAN/Escola Nacional de Saúde Pública (Lisboa-ENSP), enquanto está
sendo criada a Escola Nacional de Saúde Pública de Angola (ENSPA), em
colaboração com a FIOCRUZ do Brasil.
Por fim, podemos afirmar que as organizações mais e mais precisam das
pessoas (seus profissionais) a fim de atenderem às expectativas e necessidades
dos pacientes. Quanto a isto não temos mais o que discutir. É lícito também afirmar
que o paciente está mais exigente, bem informado e consciente dos seus direitos.
Quanto a isto, também, não temos mais o que discutir.
O que devemos, diuturnamente, discutir é o quão as organizações estão
preparadas (ou deveriam estar) para esta nova situação. A concorrência é severa e,
entender a importância de um correto Programa de Formação Profissional se faz
necessário e imprescindível.
Uma das grandes preocupações das organizações é, seguramente, o de
como investir em programas de formação profissional. Para tal, os profissionais de
Recursos Humanos devem e deverão observar alguns pontos no que diz respeito
á área de Treinamento de Pessoal.
Treinar não é dar informação. Treinar é formar. É fazer com que os
profissionais de nossas organizações aprendam novas atitudes, desenvolvam
��
�
novas expertises, estejam mais atentos e preparados na relação direta ou indireta
com o seu paciente.
Ainda, treinar significa fazer com que nossos colaboradores consigam
modificar alguns hábitos impróprios ao ambiente que está inserido e, no limite, se
tornem mais eficazes no que fazem a fim de gerar valor para o paciente e toda a
cadeia produtiva.
��
�
CAPITULO 4
O CONTEXTO DA ENFERMAGEM
A Trajetória da Enfermagem na República de Angola
Angola foi ocupada pelos portugueses no século XV, mais
propriamente em 1482 com a chegada do navegador Diogo Cão, no então Santo
António do Zaire, atual Província do Zaire, no município do Soyo. Estes trouxeram
missionários que aprenderam através da religião católica sensibilizar o Rei do Congo
se converter para o catolicismo. Desta forma, o Rei foi batizado, passando a ser
denominado de Dom Afonso. A partir daí, o então Dom Afonso assina um Acordo
com Portugal iniciando assim o comércio de escravos e a invasão dos outros reinos
que constituem o mosaico do território da República de Angola, em troca de
especiarias e comércio de escravos.
Na República de Angola, verifica-se que nos períodos em referência se
tratava passivamente a enfermagem como uma profissão subalterna, assumir o
enfermeiro licenciado era um mito para outros profissionais. Embora ainda
prevaleçam estes sentimentos, atualmente estão diminuindo os estereótipos
relacionados com a profissão da enfermagem e das competências dos seus
profissionais, porque a classe foi mais forte venceu a batalha secular e a
enfermagem vai se ombreando no ensino universitário, lado a lado com as
consideradas profissões historicamente tradicionais. Mas, ainda é necessário
inúmeros esforços, dedicação, pesquisa e investigação dos fenomenos que vão
acontecendo no dia à dia do cuidar nas instituições de saúde.
���
�
Antigamente, a educação ou formação profissional de caráter
meramente assistencial, era reservada para as classes sociais menos
favorecidas. Dai a nítida distinção entre os que detinham o saber, dito intelectual
ou académico, aprendido em escolas secundárias e superiores e o saber de
ordem pratica aprendido em escolas técnicas pelos que executariam trabalhos
manuais.
A herança da era colonial de mais de cinco séculos de escravidão,
em Angola, ajudaram a reforçar essa distinção, marcando um forte preconceito
social os que executavam trabalhos manuais. Neste período, vigorou leis sobre
diretrizes básicas de educação nacional que equiparou o ensino profissional ao
ensino acadêmico, sepultando a dualidade entre ensino para elites e ensino para
os desvalidos da sorte. Os autóctones denominados indígenas. Entretanto, quase
excluiu o Curso de Auxiliar de Enfermagem do sistema de ensino, apesar de
existir desde a década de 1940. Ao referir-se aos cursos de nível técnico, o
governo colonialista mencionava apenas os cursos da área comercial, industrial e
agricultura. O Curso de Auxiliar de Enfermagem não caberia em nenhuma dessas
áreas técnicas e ficaria a margem do sistema de ensino23.
O desejo de tornar a Enfermagem uma profissão autónoma é histórico.
Contudo, até os anos 1960, a prática dos cuidados assenta nos valores de ordem
moral, que foram interiorizados pela religião e inspirado nas regras de conventos e
nos conteúdos Profissionais, de caráter técnico, colhidos nas fontes do saber
médico.
���
�
Após a década de 1960, e com a influência do taylorismo, a prática de
enfermagem rege-se por critério de eficácia, segurança e conforto, que vão modificar
a prestação dos cuidados, dando-se grande ênfase à técnica em detrimento da
relação Enfermeiro/paciente.
Ao acompanharem a evolução dos cuidados, os enfermeiros
pretendem libertar-se de uma prática de rotina refletiva e autonoma, participando
nas políticas de saúde do País e do mundo em mente ajustadas as necessidades
dos utilizadores. A enfermagem moderna não atende apenas o paciente; é, também
a professora da saúde e símbolo de esperança19.
Portanto, a formação de quadros da saúde é uma das maiores
preocupações do país. Pois, o processo de Independência, em 1975, não se
desenvolveu de forma adequada, tendo desencadeado um maciço abandono do
país, de técnicos formados nas escolas de enfermagem, durante a administração
colonial. Para evitar a referida fuga de quadros, após o período de transição. O
governo, angolano garantiu, progressivamente, o postulado no seu programa de
ação, segundo o qual se deveria trabalhar no sentido de aperfeiçoar o sistema
nacional de saúde, e ensino com especial atenção a prevenção e promoção da
saúde dirigida fundamentalmente ao combate às endemias e doenças
transmissíveis. Porém, este programa não foi bem sucedido devido a
instabilidade política vivida durante a guerra civil, ao processo de destruição das
principais infraestruturas sanitárias do país bem como a morte de alguns quadros
especializados. Assim as condições de atendimento precárias, sendo ainda mais
agravante essa situação com concentrações das populações nas grandes
cidades, principalmente as dos litoral, e concomitantemente, com a instalação da
���
�
pandemia do HIV/SIDA, além de endemias da malária, da tuberculose,
tripanossomiase, culminado recentemente com a febre hemorrágica (Marburg).
Diante destes relatos, podemos perceber que a Enfermagem foi ao
longo dos tempos praticada por indivíduos despojados de bases científicas suficiente
para torna-los notáveis e autónomos como qualquer outro profissional, como por
exemplo o medico, o Juiz, entre outros. Hoje entretanto os enfermeiros com
formação superior, em alguns países, além de serem bem tratados e respeitados
ocupam cargos condizentes com a sua formação académica, o que não ocorre no
contexto angolano, no qual, estas mudanças estão ocorrendo de forma tímida e não
como acontece a nível mundial.
O ano de 1883 data a construção da primeira Escola de Formação de
Auxiliares, Atendentes e Práticos de Enfermagem junto ao Hospital Josina Machel
em Luanda, por Portaria do então Governo da Província Ultramarina de Angola,
Colônia Portuguesa, conforme Boletim Oficial da Província Ultramarina de Angola,
Portaria 22.118.
Em Angola esta realidade era ainda pior porque se praticava a medicina
curativa numa visão biomédica, além da discriminação e superioridade biológica
que os colonos supunham possuir.
Em 1967 foi inaugurada a Escola de Enfermagem dos Serviços de
Saúde e Assistência em Luanda para formação de Auxiliares e Técnicos de
Enfermagem, com uma visão um pouco mais dignificada atendendo os
movimentos nacionalistas que se moviam na África para autodeterminação.
���
�
Em 1970, o Governo português cria no Distrito de Malanje, Concelho do
Cota, a Escola de formação dos Agentes Sanitários de Assistência Rural, (ASAR),
e neste período em Angola os serviços de saúde e assistência social intensificaram
a vacinação dos autóctones contra a febre amarela, varíola e rastreio de
tripanossomíases e Lepra conforme Boletim Oficial da Provincial Ultramarina 1970,
Portaria 15.782.
No ano de 1975, Angola torna-se uma Nação independente e em
dezembro do mesmo ano cria-se o Serviço Nacional de Saúde por meio do
Decreto Lei Nº 9/75 de 10 de dezembro no Diário da República I série.
A forte e ativa atuação do governo angolano após 11 de novembro de
1975 (sua Independência). Cria-se a Lei Nº 9/75 de 10 de dezembro que
institucionaliza também o Curso de Técnico Básico de Enfermagem. À semelhança
de outras profissões, é criado também o Curso Médio de Enfermagem em 1982
através do Ministério da Educação-MED, na escola denominada de Instituto Médio
de Saúde-IMS, localizada na província de Bié.
Anos depois se multiplicou rapidamente a formação de cursos de nível
médio, contudo, a carreira de enfermagem só foi criada e aprovada apenas em
1997, através do Decreto Lei Nº 30/97 de 25 de abril do Ministério da
Administração Pública Emprego e Segurança Social publicada em Diário da
Republica I Serie. Reformularam-se as leis de base da educação e ajustaram-se os
princípios do ensino técnico profissional no que tange os níveis básico, médio e
superior. Estas reformas trouxeram novidades significativas no que diz respeito ao
ensino de enfermagem nas suas variadas vertentes, excepcionalmente com a
���
�
inclusão do Instituto Superior de Enfermagem como unidade orgânica autônoma no
âmbito da Universidade Agostinho Neto. Neste período surgem em Angola cursos
de enfermagem por iniciativa do setor empresarial privado.
No ano de 1976, foi realizada a Primeira Campanha de Vacinação Anti-
pólio com a mobilização de todas as Forças Vivas da Nação, para institucionalizar
a medicina preventiva como primeira opção. Ensaiando assim, o Sistema de Saúde
Socializado, onde o Estado custeava todas as despesas para todos os cidadãos de
Cabinda ao Cunene, sem discriminação.
Neste mesmo ano (1976), foram criadas vinte e duas Escolas Técnicas
de Saúde Pública em dezoito províncias, com objetivo de massificar a formação de
Auxiliares de Enfermagem, sendo que as Províncias de Benguela, Huíla e o
Cunene possuem, cada uma delas, duas escolas. À época foram também
consideradas instituições públicas as Escolas Missionárias de Kaluquembe e de
Chiulo, somando assim as vinte e duas escolas em todo país contido no Diário da
Republica. 1ª Série n.º 25 de 3 de Janeiro de 1976.
Em 1979, o Ministério da Educação proclama o ano da formação de
quadros para atuar em todas as esferas do país. O Ministério da Saúde então inicia
a formação de Auxiliares de enfermagem com cursos Uni e Bi-etápicos. Para os
Cursos Uni eram exigidos para ingresso a 6a classe e para os Cursos Bi-etápicos
exigia-se apenas a 4a classe. Neste ano intensificou-se também a formação de
promotores de saúde ocupacional e rural em todo território nacional. Inicia-se
também a especialização dos auxiliares de enfermagem em pedagogia e didática,
materno-infantil, pediatria e puericultura, saúde pública, sanitarista, anestesiologia,
���
�
reabilitação física e outras. Vale ressaltar que o então Ministério da Educação
passa a ser denominado Ministério da Educação e Cultura - MEC, após a junção
dos dois Ministérios. Neste período o então MEC cria o Primeiro Instituto Médio de
Saúde em Bié iniciando assim a formação dos primeiros técnicos médio em Angola
Independente.
No ano de 1981, as Escolas Técnicas de Saúde Pública formam os
primeiros técnicos básicos após dois anos letivos e as escolas do tipo A iniciam as
especialidades de nível pós-formação básica.
Em 1985, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), cria o Centro de
Ensino Superior de Enfermagem- CESE.
No ano de 1991, é criada a Associação Nacional de Enfermeiros de
Angola - ANEA no Diário da República I série, primeiro órgão legal interlocutor
válido da classe junto do governo em defesa da mesma e da qualidade da
assistência às populações. A Associação Nacional de Enfermeiros de Angola é
uma entidade de caráter técnico cientifico que zela pela formação e identidade
profissional da enfermagem. No mesmo ano se inicia o processo de reformas do
ensino de enfermagem em Angola através de uma Conferência Nacional de
quadros denominada IV Encontro Metodológico dos Diretores e Subdiretores
Pedagógicos das Escolas Técnicas de Saúde Pública e Institutos Médios e
consequentemente iniciam a 1a Formação de Bacharéis no Instituto Superior de
Enfermagem com dupla dependência Pedagógico-administrativa, Ministério da
Saúde e Educação com apoio da Organização Mundial de Saúde - OMS, enquanto
se negociava a integração desta Instituição na Universidade de Agostinho Neto,
���
�
segundo informes da Direção Nacional de Recursos Humanos do Ministério da
Saúde, à época em 2002.
Em 1997, é criada a carreira de enfermagem por meio do Decreto Nº
30/97 de 25/4. Contudo, neste momento, esta carreira carece de revisão com a
finalidade de atender a versatilidade do mercado e a desvalorização do poder de
compra dos salários. Em 2001 são publicadas as leis de base do Sistema de
Educação, com destaque a criação da Direcção do Ensino Técnico Profissional no
Ministério da Saúde.
Em 2002, o Instituto Superior de Enfermagem, principal instituição de
formação de docentes para as Escolas Técnicas profissionais de saúde, passa a
integrar a Universidade Agostinho Neto como unidade orgânica, cuja autonomia foi
confirmada no 1o Senado Universitário, realizado em Cabinda de 2 a 3 de Junho de
2003. Seus primeiros egressos foram integrados nos serviços de prestação de
cuidados nos hospitais e centros gestão de programas de saúde, especialmente no
reforço do corpo docente das Escolas Técnicas de Saúde Provinciais.
Em 2003, é aprovado o diploma das especialidades de enfermagem em
nível médio através do Decreto Executivo Conjunto no 66/03/ MED/MINSA, de 25
de novembro.
No ano de 2004, nos dias 24 e 25 de junho realizou-se a Reunião Nacional
com as chefias de enfermagem dos hospitais centrais, gerais e centros de saúde com
objetivo de clarificar as funções e os papeis dos estratos da classe de enfermagem. A
���
�
organização deste evento ficou a cargo do Ministério da Saúde, da Ordem dos
Enfermeiros - ORDENFA e da Associação Nacional dos Enfermeiros de Angola - ANEA.
A Ordem dos Enfermeiros de Angola é uma organização socio-profissional
de inscrição obrigatória para os Licenciados e Bacharéis em Enfermagem, dotada de
personalidade jurídica e administrativa. Tem como objeto na qualidade de instituição de
utilidade pública, a auto-regulação dos assuntos que dizem respeito a classe e a
atividade de enfermagem no país,tem um caráter de âmbito nacional com sede em
Luanda capital do país.
A Ordem dos Enfermeiros de Angola no exercício de suas atribuições
persegue oitos principais objetivos:
1) disciplinar, fiscalizar e regular o exercício profissional de enfermagem no
país em prol das populações e da profissão; 2) exercer o controle dos profissionais
nacionais e estrangeiros que exercem atividade de enfermagem no território da
República de Angola; 3) defender a ética, a deontologia da profissão de enfermagem a
todos níveis, no que tange a promoção socio-profissional e as condições e relações de
trabalho; 4) promover o desenvolvimento da cultura de enfermagem moderna, concorrer
para o reforço e aperfeiçoamento constante do sistema nacional de saúde (SNS),
colaborando na política nacional de saúde (PNS) em todos os aspectos especialmente
no ensino e na formulação da carreira de enfermagem; 5) emitir parecer sobre todos os
assuntos que dizem respeito ao ensino, o exercício,organização da
enfermagem,relativamente aos currículos das Escolas, Institutos Médios, Universidades
Públicas e Privadas; 6) monitorar o cumprimento do estatuto e regulamentos quanto
aos títulos e a profissão de enfermagem, acionando mecanismos judiciais contra quem
��
�
use ou exerça a profissão ilegalmente; 7) emitir a cédula profissional; 8) promover a
qualificação profissional dos enfermeiros pela concessão de títulos de diferenciação e
pela participação ativa no ensino pós-graduado.
No ano de 2005, a Universidade Agostinho Neto através do Instituto
Superior de Enfermagem estabelece o primeiro convênio com a Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo/Brasil, para estágio curricular de 32
finalistas do primeiro Curso de Graduação em Enfermagem. Além disso, iniciou-se
um processo de integração das instituições de ensino superior de enfermagem dos
países de língua oficial portuguesa cuja experiência pioneira iniciou-se com a
realização de um Workshop, em Luanda em 2005 sobre o enfermeiro licenciado
nos referidos países. Neste evento foram discutidos vários assuntos, referentes a
organização dos serviços, as normas, técnicas e a constituição da equipes de
enfermagem. Neste evento, estava presente a Doutora Luacuti, consultora do
JAICA (Projeto de cooperação Japão), que, na oportunidade lembrou que equipe
de enfermagem é constituída por: Enfermeiros de nível universitário, Técnicos de
enfermagem e de Auxiliares de enfermagem.
��
�
Um pouco da história da Escola Técnica Profissional de Saúde de Luanda-
Angola
A Escola Técnica Profissional de Saúde de Luanda- Angola - ETPSL é
herdeira das então Escolas Técnicas dos Serviços de Saúde e Assistência do
Ultramar. Esta Escola foi criada e regulamentada no âmbito da Direcção-Geral de
Saúde e Assistência do Ministério do Ultramar, através do Decreto n° 45 818 da I
Série do Diário do Governo n° 165 em julho de 1964. Conforme previa o artigo
192° do Decreto n° 45 541 de 23 de janeiro de 1964, que estabelece a organização
das Escolas Técnicas dos Serviços de Saúde e Assistência do Ultramar, seu
regime de funcionamento e cursos a professar. Estes cursos passam a ter um
‘caráter permanente’ destinado ao ensino de enfermagem e das demais técnicas
auxiliares da medicina, da saúde publica, da higiene e da assistência, funcionando
em regra nos hospitais centrais situados na capital da Província. (Figura 3).
���
�
FIGURA 3
Fotografia da cidade de Luanda
Fonte: Wikipédia, enciclopédia livre, Acessado dia 18/06/2011.
Com o desenvolvimento dos serviços de saúde e assistência do
Ultramar, é transferida do Hospital Josina Machel (Maria Pia) para a instituição
anexa ao hospital e situada na Rua da Samba n° 13, concebida pela Calouste
Gulbenkian e inaugurada no dia 7 de setembro de 1967 com a denominação de
Escola Técnica dos Serviços de Saúde e Assistência - ETSSA24.
No decurso da transição Pós-Colonial para Independência, a instituição
passou a ser designada por Escola Técnica Provincial de Saúde de Luanda,
���
�
continuando a desenvolver o processo de formação nas diferentes áreas do saber
em saúde.
No decorrer do processo e à luz da Lei n° 9/75 de 1 3 de dezembro que
é definida a Política Nacional de Saúde, que visava na sua essência à melhoria da
situação sanitária do País, tendo sido adaptado como sistema de cuidados de
saúde, o tipo Serviço Nacional de Saúde totalmente socializado, embora a
tendência universal seja a de aumentar progressivamente a comparticipação do
Estado nos gastos com a materialização desse magno princípio. A política de
formação em saúde estabelece um mecanismo de assistência polivalente, que leva
a criação dos cursos de formação médio-técnico em saúde em 1982 dando ao
formando uma competência profissional maior e uma habilitação acadêmica a 12ª
classe, instituída por Decreto publicado no DR n° 2 49, I Série de 22 de Outubro de
198225.
O Ministério da Saúde - MINSA colabora com o Ministério da Educação
e Cultura-MEC nas atividades de formação que estiverem a cargo deste,
designadamente no apoio a investigação com interesse para a saúde, devendo ser
estimulada a colaboração com o domínio entre os serviços do MINSA e outras
entidades públicas ou privadas. O Plano de Desenvolvimento de Recursos
Humanos 1997-2007, documento de trabalho/março de 2002 permite dotar
enquanto Escola Técnica Profissional da Saúde o enquadramento orgânico
reforçando sua missão no contexto de formação dos técnicos. A operacionalização
do Plano de Desenvolvimento de Desenvolvimento de Recursos Humanos traduz
���
�
na sua componente “Sistema de Formação em Saúde”, para três modelos de
formação característica à tipologia de cada escola, a saber.
QUADRO 1
SITUAÇÃO DO ENSINO DURANTE O PERÍODO COLONIAL - ANGOLA
Nível do Curso
Tipo de Formação
Duração Escolaridade para ingresso
Instituição
(Básico)
Auxiliar
Técnico profissional
18 meses 4º ano do Liceu ETSP
Promoção (Promotor)
12 meses 2º ano do ciclo preparatório
ETSP
Permante Indefinido US e ETSP (Hospitais regionais)
(Médio)
Técnico
Técnico profissional
30 meses PUNIV ou 7º ano do Liceu
ETSP/Luanda e Huambo
Promoção (auxiliar e médio)
12 meses 4º ano do Liceu ETSP/Luanda e Huambo
Especialização 6-9 meses Enf.geral complementar
US e ETSP (hospitais regionais)
Permanente Indefinido Escolas, hospitais regionais e centrais
Fonte: Currículo do Curso de Enfermagem da Escola Técnica de Saúde e Assistência Social da Província Ultramarina de Angola, Setembro, Luanda (1967).
Conforme consta no Quadro 1, no Período Colonial o Curso Básico de
Enfermagem corresponde ao Curso de Auxiliar de Enfermagem que estão
estratificados em Técnico profissional e Promotor. Estes frequentavam o curso de
Agentes de Saúde Rural com a finalidade de ascensão na carreira. Já o Técnico
Médio corresponde ao Enfermeiro geral. Neste curso o processo seletivo era
���
�
realizado nas provincias ultramarina, mas era efetuado em Lisboa Portugal. Neste
período não conhecemos relatos da formação a nivel superior.
QUADRO 2
SITUAÇÃO DO ENSINO NO PERÍODO PÓS-INDEPENDÊNCIA - ANGOLA
Nível Curso Tipo de Formação
Duração Escolaridade para ingresso
Instituição
(Básico)
Auxiliar
Técnico profissional
1,5 anos 9ª classe ETPS
Promoção (Promotor à Médio)
1 ano 6ª Classe ETPS
Permanente 44 hs./ano US e ETPS (centros de reciclagem)
Médio
(Técnico)
Técnico profissional
2 anos PUNIV ETPS
Promoção (auxiliar e médio)
2 anos 8ª classe IMS/ETPS
Especialização >A 1.000 horas
Técnico médio
ETPS
Permanente 44 hs./ano US e Instituições Nacional, Provincial, Municipal e exterior
Superior Graduação 3-6 anos 12ª classe Universidade Pós-graduação 2-5 anos Licenciatura Hospitais e
Instituições Universitárias no País e no Exterior
Permanente diversas Várias (País e Exterior)
Fonte: MINSA, 2007.
���
�
O Quadro 2 descreve a situação atual – Pós-Independência - do processo do
ensino técnico profissional da saúde em todos níveis em Angola. Indica o nível
acadêmico necessário para o ingresso nos cursos e descreve também o tempo de
duração dos cursos. Em função disto, a Escola Técnica Profissional da Saúde tem
como componente formativa no novo sistema de formação em saúde:
• Formação inicial de Técnicos de Saúde;
• Especialização de Técnicos Médios de Saúde;
• Formação para promoção de Auxiliares para Técnicos Médios de Saúde;
• Formação permanente, principalmente de gestores nos vários níveis,
incluindo gestores da formação, supervisores e formadores.
Hoje, Angola tem Universidades que formam os quadros de nível superior
para todas as áreas necessárias. Temos por exemplo, medicina, enfermagem,
análises clinicas, farmácia e mais recentemente o curso de radiologia.
Mas foi em 2004, que através do Plano de Operacionalização de
Desenvolvimento de Recursos Humanos, que a Escola Técnica Profissional de
Saúde de Luanda integra ao novo sistema de formação, ao nível de ensino técnico-
profissional, passando a ser estabelecimento de ensino profissionalizante com
estatuto jurídico de Escola Técnica Profissional da Saúde. Na transição do milênio
e do século, passados 100 anos de registros sobre a evolução e desenvolvimento
destas profissões, projeta-se um cenário de realidades de ensino em saúde que,
porventura catalisarão o curso da história dos Auxiliares e Técnicos de
Enfermagem em Angola26.
���
�
CAPITULO 5 – NOTAS METODOLÓGICAS
O referido estudo que ora apresentamos é um estudo descritivo com
abordagem quanti-qualitativa, baseado em dados secundários a partir de uma
Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde no ano de 2009, na qual participei
como coordenador da mesma na qualidade de chefe de Departamento de
Desenvolvimento de Recursos Humanos, intitulada: “Levantamento de dados
sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em
Angola”. Esta pesquisa destinava aos profissionais da área de Enfermagem –
Técnicos e Auxiliares, que estudaram nos Períodos Colonial e Pós-Independência
entre 1967 e 2008 na Escola Técnica Profissional de Saúde de Luanda- ETPS-L,
cujas atividades são desenvolvidas na província de Luanda.
Vários autores mostram que a pesquisa empírica é a pesquisa dedicada
ao tratamento da realidade que produz e analisa dados oriundos de uma dada
realidade empírica. A valorização desse tipo de pesquisa é pela válida pelo fato de
permitir testar a realidade empírica e a teoria elaborada permitindo assim conhecer
de fato o que vivemos e o que sentimos.
Paralelamente à análise dos dados foi realizada uma revisão da literatura
pertinente sobre enfermagem e formação profissional dando suporte para a base
teórica que alimentou todo nosso estudo. Da mesma forma, utilizamos documentos,
publicações oficiais e Leis com objetivo de compreender e nos situar no processo
histórico em que se deu e se dá a formação dos auxiliares e técnicos de
enfermagem na República de Angola.
���
�
Considerações éticas
A pesquisa que ora mencionamos acima, serviu de base para nosso
estudo e foram utilizados parcialmente os dados originários de um levantamento
feito em Luanda, com questionário sem identificação de seus respondentes quando
da época em que ocupava a chefia do Departamento de Recursos Humanos.
Apesar de Angola não ter órgão semelhante ao CEP- Comissão de Ética em
Pesquisa, tomamos medidas para que além do anonimato de seus respondentes
as informações e os dados da referida pesquisa se encontram arquivados na
Direção Nacional de RH do MINSA. A Pesquisa a que nos referimos também
respeitou os princípios contidos na Declaração de Helsinque e do Código de
Nuremberg. À época recebemos autorização do Senhor Vice-Ministro de Saúde de
Angola e do Diretor da Escola Técnica Profissional de Saúde Luanda para ter
acesso aos dados da referida pesquisa a qual fundamenta este estudo.
Reafirmamos que a participação dos profissionais da equipe de enfermagem na
aplicação do questionário foi de caráter voluntário, sem identificação nominal
garantindo o anonimato através de codificação numérica (Entrevistado 1, 2, etc.).
Usamos as seguintes variáveis contidas no questionário da Pesquisa
“Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e
técnicos de enfermagem em Angola”:
• Idade
• Sexo
• Nível de escolaridade no ingresso
���
�
• Nível de escolaridade do egresso
• Perfil profissional
• Atores envolvidos na formação
• Local onde o egresso poderá trabalhar
• Período do curso (Colonial ou Pós-Independência
• Duração dos Cursos
O Projeto de Pesquisa, que originou esta Dissertação de Mestrado, foi
aprovado pela Coordenação geral de Pós-Graduação da Escola Nacional de
Saúde Pública.
Tratamento e análise dos dados
Os dados foram tratados e analisados em planilhas e textos, através do
aplicativo Excel e Word, no programa Microsoft Office, edição 2007; considerando
as variáveis acima citadas. Os resultados foram plotados em tabelas e os
resultados divulgados por meio da Dissertação. Posteriormente, após aprovação
da Banca Examinadora será encaminhada uma cópia para a Biblioteca da
ENSP/FIOCRUZ e da Escola Técnica Profissional de Saúde de Angola para ampla
consulta e divulgação e especificamente, será entregue uma cópia à Diretoria da
ETPSL e ao Centro de Informação e Documentação do Ministério da Saúde de
Angola.
��
�
CAPITULO 6
A FORMAÇÃO DOS AUXILIARES E TÉCNICOS EM ENFERMAGEM NOS
PERIODOS COLONIAL E PÓS-INDEPENDÊNCIA: análise dos resultados
Neste capitulo 6 analisaremos a partir de dados empíricos utilizando o
“Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos Auxiliares e
Técnicos de enfermagem em Angola (2009).
Nosso estudo norteou com a seguinte questão: Como evoluiu à formação de
Auxiliares e Técnicos de Enfermagem da Escola Técnica Profissional de Saúde
de Luanda no Período Colonial (1967-1974) e no Período Pós-Independência
(1976-2008)? Que mudanças ocorreram nestes dois períodos?
Acreditamos que ocorreram, de fato, mudanças importantes após a
Independência do país e que certamente vem alterando definitivamente o perfil e
a inserção destes profissionais de enfermagem, mais especificamente o perfil dos
Auxiliares e Técnicos de Enfermagem. Buscamos estudar este contingente de
profissionais a partir e uma amostra aleatória contendo 80 profissionais dos dois
segmentos profissionais - Auxiliares e Técnicos de Enfermagem que estudaram
na Escola Técnica Profissional de Saúde de Luanda, comparando dois períodos:
O Período Colonial e o Período Pós-independência. Vale ressaltar que o período
considerado Colonial (1967-1974) refere-se nesta pesquisa ao período de
inauguração da Escola Técnica Profissional de Saúde, que à época tinha o nome
��
�
de Escola Enfermagem dos Serviços de Saúde e Assistência Social do Ultramar,
hoje denominada Escola Técnica Profissional de Saúde de Luanda.
Como pode ser observado na Tabela 1 e no Gráfico 1, dos 80 entrevistados,
33,8% formaram no Período Colonial e 66,3% no Período Pós-independência.
Podemos ver que no Período Pós-Independência o volume de profissionais
formados é bastante superior mostrando já uma clara política de aumento deste
contingente de auxiliares e técnicos de enfermagem.
���
�
TABELA 1
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO PERIODO – ANGOLA, 2009
Período V.Abs. %
Colonial 27 33,8
Pós-Independência 53 66,3
Total 80 100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos Auxiliares e Técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
GRÁFICO 1
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO PERIODO
ANGOLA, 2009
���
�
TABELA 2
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO SEXO - ANGOLA, 2009
Sexo V.Abs. %
Masculino 35 43,8
Feminino 45 56,3
Total 80 100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos Auxiliares e Técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
A Tabela 2 e Gráfico 2 mostram uma ligeira predominância do sexo feminino
(56,3%), sendo que há uma forte participação do contingente masculino com o
percentual de 43,8%).
GRÁFICO 2
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO SEXO - ANGOLA, 2009
���
�
TABELA 3
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR SEXO SEGUNDO PERIODO – ANGOLA, 2009
Período Feminino Masculino Total
V.Abs. % V.Abs. % V.Abs. %
Colonial 10 37,0 17 63,0 27 100,0
Pós-Independência 35 66,0 18 34,0 53 100,0
Total 45 56,3 35 43,8 80 100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos Auxiliares e Técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
GRÁFICO 3
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR SEXO SEGUNDO PERIODO – ANGOLA, 2009
���
�
A Tabela 3 e o Gráfico 3 indicam que, dos 80 profissionais Axiliares e
Técnicos de Enfermagem do sexo feminino, 37% formaram no Período Colonial e
66% ou seja, a grande maioria, do sexo feminino formaram no Período Pós-
Independência. Já para o sexo masculino ocorreu o oposto, ou seja, enquanto
63% estudaram no Período Colonial, apenas 34% formaram no Período Pós-
Independência.
Estes dados indicam ainda que entre estes profissionais em relação ao
sexo, os homens (63%) foram os que mais estudaram no Período Colonial em
relação às mulheres, diferentemente do que ocorreu no Período Pós-
Independência onde há um claro predomínio das mulheres.
TABELA 4
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
Faixa etária V.Abs. %
Até 30 anos 6 7,5
31-35 anos 5 6,3
36-40 anos 16 20,0
41-45 anos 7 8,8
46-50 anos 15 18,8
51-55 anos 9 11,3
56-59 anos 18 22,5
Mais de 60 anos 4 5,0
Total 80 100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos Auxiliares e Técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
���
�
GRÁFICO 4
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
Quanto a faixa etária a Tabela 4 e Gráfico 4, indicam os técnicos e auxiliares
com idade entre 56 a 59 anos ou seja, 22,5%, formam a maioria do contingente,
seguido do grupo etário com idade entre 36 a 40 anos com 20%. Ainda destaca
com 7,5% com idade inferior a 30 anos.
���
�
TABELA 5
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO SEGUNDO FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
Faixa etária Colonial
Pós-Independência
Total
V.Abs. % V.Abs. % V.Abs. %
Até 30 anos 0 0,0 6 100,0 6 100,0
31-35 anos 0 0,0 5 100,0 5 100,0
36-40 anos 0 0,0 16 100,0 16 100,0
41-45 anos 0 0,0 7 100,0 7 100,0
46-50 anos 1 6,7 14 93,3 15 100,0
51-55 anos 4 44,4 5 55,6 9 100,0
56-59 anos 18 100,0 0 0,0 18 100,0
Mais 60 anos 4 100,0 0 0,0 4 100,0
Total 27 33,8 53 66,3 80 100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
GRÁFICO 5
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO SEGUNDO FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
���
�
Os dados da Tabela 5 e Gráfico 5 sobre idade mostram o seguinte: os
profissionais com idade entre 56 a 59 anos é maioria (100%) no Período Colonial.
Também acima de 60 anos, 100% estão neste mesmo período. Ao passo que, no
Período Pós-Independência não se identificou nenhum com idade superior a 50
anos. Destaca-se no Pós-Independência, que com idade entre 46 a 50 constituía
a maioria (93,3%), embora se registram semelhança do período anterior.
Observa-se que no Período Pós-Independência em todas as faixas etárias mais
jovens 100% fizeram sua formação após a Independência. Situação inversa
encontrado nos grupos etários mais jovens no Período Colonial.
Na Tabela 6 e Gráfico 6 abaixo, observa-se que as mulheres são maioria
em quase todas as faixas etárias, excetuando as faixas mais velhas (que coincide
com o Período Colonial). No grupo etário entre 41 a 45 anos, as profissionais do
sexo feminino representam 57,1%, constituindo-se em maioria. No grupo etário
seguinte entre 46 a 50 anos as mulheres com 73,3% superam em muito os
homens. O mesmo vai ocorrer nas faixas mais jovens onde as mulheres
constituem em maioria. Já para os grupos etários mais velhos, acima de 51 anos
de idade os homens passam a ter maioria, ou seja, entre a faixa de 51-55 anos
os homens somam 55,6%; na faixa entre 56 e 59 anos somam 61,1% e acima de
60 anos registram-se 50%.
���
�
TABELA 6
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR SEXO SEGUNDO FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
Faixa etária Masculino Feminino Total
V.Abs. % V.Abs. % V.Abs. %
Até 30 anos 2 33,3 4 66,7 6 100,0 31-35 anos 2 40,0 3 60,0 5 100,0
36-40 anos 6 37,5 10 62,5 16 100,0
41-45 anos 3 42,9 4 57,1 7 100,0 46-50 anos 4 26,7 11 73,3 15 100,0 51-55 anos 5 55,6 4 44,4 9 100,0 56-59 anos 11 61,1 7 38,9 18 100,0 Mais de 60 anos 2 50,0 2 50,0 4 100,0
Total 35 43,8 45 56,3 80 100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
GRÁFICO 6
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR SEXO SEGUNDO FAIXA ETÁRIA – ANGOLA, 2009
��
�
TABELA 7
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE NO INGRESSO – ANGOLA, 2009
Nível de escolaridade V.Abs. %
4ª classe 7 8,8
6ª classe 20 25,0
8ª classe 27 33,8
12ªclasse 26 32,5
Total 80 100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos Auxiliares e Técnicos de enfermagem em Angola, 2009. (������������������������������������������������� ����� ����������������������������
GRAFICO 7
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE NO INGRESSO – ANGOLA, 2009
��
�
A Tabela 7 e o Gráfico 7 acima, demonstram que entre os níveis de
escolaridade no ingresso nos cursos de Técnicos e Auxiliares de enfermagem
não há diferença significativa. Destaca-se um ligeiro predomínio da 8ª classe 27
(33,8%), a seguir 26 (32,5%) com ingresso na 12ª sem diferença significativa do
ingresso com a 6ª Classe de escolaridade correspondente a 25%.
TABELA 8
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE NO INGRESSO – ANGOLA, 2009
Nível de
escolaridade*
Colonial
Pós-
Independência Total
V.Abs
. %
V.Abs
. %
V.Abs
. %
4ª classe 7 100,0 0 0,0 7
100,
0
6ª classe 20 52,6 18 47,4 38
100,
0
8ª classe 0 0,0 34 100,0 34
100,
0
12ª classe 0 0,0 1 100,0 1
100,
0
Total 27 33,8 53 66,3 80
100,
0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009. ������������������������������������������������� ����� ���������������������������
���
�
GRAFICO 8
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE NO INGRESSO – ANGOLA, 2009
������������������������������������������������� ����� ���������������������������
�
A Tabela 8 e o Gráfico 8 mostram comparativamente os dois Períodos:
Colonial e Pós-Independência. Os dados demonstram um equilíbrio no nível de
escolaridade de ingresso nos cursos tanto no Período Colonial como no e Pós-
Independência quando se refere a 6ª classe com 52,6% para o período Colonial e
no período Pós-Independência com 47,4%. Registra-se que é no Período Pós-
Independência que registra a totalidade de profissionais com ingresso nas 8ª e
12ª classe, ou seja, 100% dos que entraram são deste período.
No oposto também se destaca a totalidade de ingresso com escolaridade de
4ª classe está apenas no Período Colonial.
���
�
TABELA 9
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM (egressos) SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE – ANGOLA, 2009
Nível de
escolaridade* V.Abs. %
4ª classe 7 8,8
6ª classe 20 25,0
8ª classe 27 33,8
12ª classe 26 32,5
Total 80 100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009. ������������������������������������������������� ����� ���������������������������
GRAFICO 9
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM (egressos) SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE – ANGOLA, 2009
������������������������������������������������� ����� ���������������������������
���
�
A Tabela 9 e o Gráfico 9 demonstram o nível de escolaridade dos egressos
dos cursos de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, tendo um pequeno
predomínio daqueles que possuem 8ª classe, ou seja 33,8%; embora se
registram taxas semelhantes nas classes 6 (25%) e 12 classe (32,5%). Também
registram-se egressos com a 4ª classe (8,8%), o que pressupõe dizer que estes
profissionais saíram majoritariamente com mesmo nível de escolaridade com que
ingressavam nos cursos.
TABELA 10
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM (egressos) POR PERIODO SEGUNDO
NIVEL DE ESCOLARIDADE – ANGOLA, 2009
Nível de
escolaridade*
Colonial
Pós-
Independência Total
V.Abs
. % V.Abs. %
V.Abs
. %
4ª classe 7
100,
0 0 0,0 7
100,
0
6ª classe 19 95,0 1 5,0 20
100,
0
8ª classe 1 3,7 26 96,3 27
100,
0
12ª classe 0 0,0 26 100,0 26
100,
0
Total 27 33,8 53 66,3 80
100,
0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009.������������������������������������������������� ����� ���������������������������
���
�
�
GRAFICO 10
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM (egressos) POR PERIODO SEGUNDO NIVEL DE ESCOLARIDADE – ANGOLA, 2009
������������������������������������������������� ����� ���������������������������
A Tabela 10 e o Gráfico 10 ilustram os dados quanto ao nível de
escolaridade dos egressos dos cursos de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem
comparando os dois Períodos: Colonial e Pós-Independência. Verifica-se que a
maioria dos egressos com a 4ª classe (100%) e com 6ª Classe (95%) são do
Período Colonial.
Já no Período Pós-Independência ocorre o oposto. Neste período a maioria
dos egressos, ou seja, 96,3% saíram de seus cursos com a 8ª classe. Observa-se
também que ao oposto que se verificou no Período Colonial, 100% dos egressos
com nível de escolaridade de 12ª classe.
���
�
TABELA 11
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO DURAÇÃO DO CURSO –
ANGOLA, 2009
Duração do Curso V.Abs. %
6 meses 7 8,8
1 ano 20 25,0
2 anos 24 30,0
3 anos 4 5,0
4 anos 25 31,3
Total 80 100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em
Angola, 2009.
GRAFICO 11
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO DURAÇÃO DO CURSO – ANGOLA, 2009
���
�
A Tabela 11 e o Gráfico 11retratam os dados sobre a duração dos cursos
de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, cujo predomínio registra aqueles com
duração de 4 anos, freqüentados por 31,3%; com mínima diferença entre os
cursos com a duração de 2 anos freqüentados por 30%, sem desconsiderar
aqueles que cursaram apenas 1 ano correspondendo a 20%. Também ressalta o
registro que somente 5% ter freqüentado o curso com a duração de 3 anos e
8,8% com cursos de duração de apenas 6 meses.
TABELA 12
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO SEGUNDO DURAÇÃO DO CURSO – ANGOLA, 2009
Duração do Curso Colonial Pós-Independência Total
V.Abs. % V.Abs. % V.Abs. %
6 meses 7 100,0 0 0,0 7 100,0
1 ano 20 100,0 0 0,0 20 100,0
2 anos 0 0,0 24 100,0 24 100,0
3 anos 0 0,0 4 100,0 4 100,0
4 anos 0 0,0 25 100,0 25 100,0
Total 27 33,8 53 66,3 80 100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
���
�
GRAFICO 12
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO SEGUNDO DURAÇÃO DO CURSO – ANGOLA, 2009
Os dados da Tabela 12 e do Gráfico 12 mostram que há uma polarização
entre os dois períodos analisados, ou seja, entre o período Colonial e o Pós-
Independência. No Período Colonial 100% fizeram cursos com duração de 6
meses e de um ano , concentrando todos aqueles que cursaram estes cursos na
época Colonial.
Já no Período Pós-Independência ocorre o oposto, ou seja, todos aqueles
que fizeram cursos de 2 anos,3 anos e 4 anos realizaram no período Pós-
Independência, marcando assim uma grande viragem no processo de formação
dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem no nosso País.
���
�
TABELA 13
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO INSERÇÃO NO SETOR SAÚDE – ANGOLA, 2009
Setores da Saúde V.Abs. %
Centro de Saúde 21 26,3
Escola 16 20,0
Hospital 28 35,0
Posto de Saúde 15 18,8
Total 80 100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
GRAFICO 13
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM SEGUNDO INSERÇÃO NO SETOR SAÚDE – ANGOLA, 2009
��
�
A Tabela 13 e o Gráfico 13 mostram a via de inserção no setor
saúde dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, destacando o setor ‘Hospital’
como aquele com maior inserção, ou seja, 35%. O segundo é o Centro de Saúde
com 26,3%, e o terceiro setor é a Escola com 20%. O setor ´Posto de Saúde`
apresentou apenas 15%.
TABELA 14
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO SEGUNDO INSERÇÃO
NO SETOR SAÚDE – ANGOLA, 2009
Setores da Saúde Colonial
Pós-
Independência Total
V.Abs
. %
V.Abs
. %
V.Abs
. %
Centro de Saúde 9 42,9 12 57,1 21
100,
0
Escola 0 0,0 16 100,0 16
100,
0
Hospital 3 10,7 25 89,3 28
100,
0
Posto de Saúde 15 100,0 0 0,0 15
100,
0
Total 27 33,8 53 66,3 80
100,
0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em
Angola, 2009.
��
�
GRAFICO 14
AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM POR PERIODO SEGUNDO INSERÇÃO NO SETOR SAÚDE – ANGOLA, 2009
Com os dados da Tabela 14 e Gráfico 14 podem constatar que
durante o Período Colonial a totalidade (100%) dos Auxiliares e Técnicos de
Enfermagem que atua nos Postos de Saúde e 42,9% nos Centros de Saúde e
apenas 10,7% entraram para trabalhar nos Hospitais.
Já no Período Pós-Independência, ocorre o oposto, ou seja, 100%
dos que atuam estão nas Escolas e 89,3% que estão nos Hospitais e 57,1% nos
Centros de Saúde.
���
�
Concluindo nossa análise, vamos agora analisar, de forma comparativa os
dados levando em consideração a análise do perfil dos Auxiliares e Técnicos de
Enfermagem, observados nos Quadros Resumos a seguir.
Segundo os dados do Quadro Resumo 1, que trata de traçar o perfil geral
observa-se que:
• Há uma predominância de profissionais Auxiliares e Técnicos de
Enfermagem formados no Período Pós-Independência;
• Há uma ligeira predominância das mulheres. Importante observar que
vigora no país o Decreto da carreira de Enfermagem que permite que
as mulheres tenham o privilégio de estarem isento ao trabalho em
turno ou noturno a partir dos nove meses de gravidez e um ano após o
parto, como forma de assegurar o aleitamento materno exclusivo à
criança durante os primeiros seis meses de idade. Ainda beneficia
com um dia mensal de licença remunerada para levar a criança a
consulta de puericultura e a vacinação. Importa informar que os
homens apenas beneficiam-se de 3 dias após o parto da esposa o que
se considera licença de paternidade.
• Há uma participação maior do pessoal mais jovem que tem a partir de
50 anos de idade, ou seja, na fase mais produtiva de trabalho, o que
equivale a 61,4%. Importante referenciar que os profissionais até 50
anos de idade têm o direto opcional em prestar trabalho por apenas
���
�
um turno ou noturno. Em Angola a aposentadoria é de 55 anos para
mulheres e 60 anos para os homens.
• Quanto ao nível de escolaridade no geral 90% de todo contingente
ingressou com o nível de escolaridade com a polarização de um lado
da 6ª classe com 47,% e do outro com 42,5 com a 8ª classe.
• O perfil dos egressos quanto a escolaridade está dividido em três
grandes classes: 25% na 6ª classe; 33,8% na 8ª classe e 32,5% na
12ª classe.
• Quanto a duração do curso, verifica-se uma bipolarização entre os
cursos de 1 ano de duração que representam 25%, os com 2 anos
representando 30% e com 4 anos 31%.
• Quanto a inserção no setor saúde para estes profissionais, há uma
predominância nos Hospitais seguido dos Centros de Saúde.
���
�
QUADRO-RESUMO 1
PERFIL GERAL DOS AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM - ANGOLA, 2009
VARIÁVEIS DESCRIÇÃO %
Período Colonial
Pós-Independência
33,8%
66,3
Sexo Masculino
Feminino
43,8
56,3
Faixa Etária Até 30 anos
31-35 anos
36-40 anos
41-45 anos
46-50 anos
51-55 anos
56-59 anos
Mais de 60 anos
7,5
6,3
20,0
8,8
18,8
11,3
22,5
5,0
Nível escolaridade no
ingresso
4 ª classe
6 ª classe
8ª classe
8,7
47,5
42,5
���
�
12ª classe 1,2
Nível de escolaridade
do egresso
4 ª classe
6 ª classe
8ª classe
12ª classe
8,8
25,0
33,8
32,5
Duração do curso 6 meses
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
8,8
25,8
30,0
5,0
31,3
Setores de inserção na
Saúde
Centro de Saúde
Escola
Hospital
Posto de Saúde
26,3
20,0
35,0
18,8
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
���
�
Segundo os dados do Quadro Resumo 2, que trata de traçar o perfil dos
profissionais que formaram no Período Colonial, observa-se que:
• No Período Colonial formaram apenas 33,8% do contingente dos profissionais
Auxiliares e Técnicos de Enfermagem.
• Há predominância de homens com 63%. Há relatos sobre a pouca
participação das mulheres na educação porque o Regime Colonial era
machista e, tradicionalmente, era pouco comum às mulheres freqüentarem a
Escola.
• Quanto à faixa etária neste período há uma predominância clara dos
profissionais com mais de 51 anos de idade, sendo que todos profissionais
com idade entre 56 a 59 anos e mais de 60 anos formaram no período
colonial. Pressupõe-se que no Período Colonial os candidatos aos cursos
nesta categoria profissional eram com maior idade tendo em conta a
dificuldade que se tinha no ingresso no ensino por causa da descriminação do
sistema repressivo dos Colonizadores
• Quanto ao nível de escolaridade há uma claríssima predominância do nível de
4ª classe e mais metade de todo este contingente de profissionais é oriundo
do Período Colonial. Não há nenhum registro de ingresso com o nível de
escolaridade mais elevado, ou seja, com a 8ª classe ou 12ª classe.
• Quanto à escolaridade do egresso observa-se que 100% têm 4ª classe e 95%
tem 6ª classe. Neste Período Colonial não há registro de saídas com 8ª
���
�
classe ou 12ª classe; o que se justifica uma vez que neste período em Angola
não se registrou nenhum ingresso com este nível.
• Quanto a duração dos Cursos neste período, 100% profissionais Auxiliares e
Técnicos de Enfermagem fizeram cursos de 6 meses e de 1 ano de duração,
no máximo.
• No que diz respeito à inserção no Setor Saúde, os formados no Período
Colonial, estão inseridos em apenas em dois setores de serviços: Centros de
Saúde (49,2%) e 100% nos Postos de Saúde.
���
�
QUADRO-RESUMO 2
PERFIL GERAL DOS AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM NO PERÍODO
COLONIAL- ANGOLA, 2009
VARIÁVEIS DESCRIÇÃO %
Período Colonial
Pós-Independência
33,8%
66,3
Sexo Masculino
Feminino
63,0
37,0
Faixa Etária Até 30 anos
31-35 anos
36-40 anos
41-45 anos
46-50 anos
51-55 anos
56-59 anos
Mais de 60 anos
0,0
0,0
0,0
0,0
6,7
44,4
100,0
100,0
Nível escolaridade no
ingresso
4 ª classe
6 ª classe
8ª classe
100,0
52,6
0,0
���
�
12ª classe 0,0
Nível de escolaridade
do egresso
4 ª classe
6 ª classe
8ª classe
12ª classe
100,0
95,0
3,7
0,0
Duração do curso 6 meses
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
100,0
100,0
0,0
0,0
0,0
Setores de inserção na
Saúde
Centro de Saúde
Escola
Hospital
Posto de Saúde
42,9
0,0
10,7
100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
��
�
Segundo os dados do Quadro Resumo 3, que trata de traçar o perfil dos
profissionais que formaram no Período Pós-Independência, observa-se que:
• Neste período formaram a maioria absoluta do contingente de Auxiliares e
Técnicos de Enfermagem (66%).
• A maioria absoluta é constituída por mulheres (66%).
• Quanto a faixa etária: na faixa de menos de 30 anos até a faixa de 41- 45
anos 100% formaram neste período. No grupo etário de 46 a 50 anos somam
93,3%.
• Quanto ao nível de escolaridade no ingresso, 100% dos Auxiliares e
Técnicos de enfermagem ingressaram com o nível de escolaridade de 8ª
classe e 12 ªclasse no Período Pós-Independência. Não há registro de
ingressos com 4ª classe.
• A escolaridade dos egressos neste período é na sua maioria absoluta de nível
de 8ª classe e 12ª classe. Não há registro de saída com 4ª classe neste
período.
• Quanto a duração do curso, 100% têm duração mínima 2 anos até 4 anos.
Não há registro de cursos com duração de 6 meses.
• Relativamente ao setor de inserção no setor saúde, 100% dos atuam nas
Escolas e 89,3% nos Hospitais. Não há registro de inserção nos Postos de
Saúde neste Período Pós-independência de Angola.
��
�
QUADRO-RESUMO 3
PERFIL GERAL DOS AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM - ANGOLA,
2009
VARIÁVEIS DESCRIÇÃO %
Período Colonial
Pós-Independência
33,8%
66,3
Sexo Masculino
Feminino
43,8
56,3
Faixa Etária Até 30 anos
31-35 anos
36-40 anos
41-45 anos
46-50 anos
51-55 anos
56-59 anos
Mais de 60 anos
7,5
6,3
20,0
8,8
18,8
11,3
22,5
5,0
Nível escolaridade no
ingresso
4 ª classe
6 ª classe
8ª classe
8,7
47,5
42,5
��
�
12ª classe 1,2
Nível de escolaridade
do egresso
4 ª classe
6 ª classe
8ª classe
12ª classe
8,8
25,0
33,8
32,5
Duração do curso 6 meses
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
8,8
25,8
30,0
5,0
31,3
Setores de inserção na
Saúde
Centro de Saúde
Escola
Hospital
Posto de Saúde
26,3
20,0
35,0
18,8
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
��
�
QUADRO-RESUMO 2
PERFIL DOS AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM NO PERÍODO
COLONIAL - ANGOLA – 2009
������������������������������������ ������ ������ ������ ������ ���� ����������������
• Período • Colonial
• Pós-Independência
33,8
66,3
• Sexo • Homens
• Mulheres
63,0
37,0
• Faixa etária • Até 30 anos
• 31-35 anos
• 36-40 anos
• 41-45 anos
• 46-50 anos
• 51-55 anos
• 56-59 anos
• Mais de 60 anos
0,0
0,0
0,0
0,0
6,7
44,4
100,0
100,0
• Nível de Escolaridade no ingresso
do Curso
• 4 ª classe
• 6 ª classe
• 8 ª classe
• 12 ª classe
100,0
52,6
0,0
0,0
• Nível de Escolaridade do Egresso • 4 ª classe
• 6 ª classe
• 8 ª classe
• 12 ª classe
100,0
95,0
3,7
0,0
��
�
������������������������������������ ������ ������ ������ ������ ���� ����������������
• Duração do Curso • 6 meses
• 1 ano
• 2 anos
• 3 anos
• 4 anos
100,0
100,0
0,0
0,0
0,0
• Setores de Inserção na Saúde • Centro de Saúde
• Escola
• Hospital
• Posto de Saúde
42,9
0,0
10,7
100,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009.�
��
�
QUADRO-RESUMO 3
PERFIL GERAL DOS AUXILIARES E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM NO PERÍODO
PÓS-INDEPENDÊNCIA - ANGOLA – 2009
������������������������������������ ������ ������ ������ ������ ���� ����������������
• Período • Colonial
• Pós-Independência
33,8
66,03
• Sexo • Homens
• Mulheres
34,0
66,0
• Faixa etária • Até 30 anos
• 31-35 anos
• 36-40 anos
• 41-45 anos
• 46-50 anos
• 51-55 anos
• 56-59 anos
• Mais de 60 anos
100,0
100,0
100,0
100,0
93,3
55,6
0,0
0,0
• Nível de Escolaridade no ingresso
do Curso
• 4 ª classe
• 6 ª classe
• 8 ª classe
• 12 ª classe
0,0
47,4
100,0
100,0
• Nível de Escolaridade do Egresso • 4 ª classe
• 6 ª classe
• 8 ª classe
• 12 ª classe
0,0
5,0
��
�
������������������������������������ ������ ������ ������ ������ ���� ����������������
96,3
100,0
• Duração do Curso • 6 meses
• 1 ano
• 2 anos
• 3 anos
• 4 anos
0,0
0,0
100,0
100,0
100,0
• Setores de Inserção na Saúde • Centro de Saúde
• Escola
• Hospital
• Posto de Saúde
57,1
100,0
89,3
0,0
FONTE: Levantamento de dados sobre o percurso da formação dos auxiliares e técnicos de enfermagem em Angola, 2009.
��
�
CAPITULO 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados deste estudo nos levam a concluir o seguinte:
Em relação ao perfil dos egressos dos cursos de Auxiliares e Técnicos de
Enfermagem, houve um crescimento considerável deste contingente de
profissionais no período Pós-Independência, o que permite afirmar que a política
de massificação da Formação decretada pelo Governo de Angola em 1975
redundou em resultados positivos desta Força de Trabalho.
Analisados os dois períodos: Colonial e Pós-Independência em relação ao
sexo concluímos que houve uma mudança radical no seu perfil que deixa de ser
tendencialmente masculino evoluindo para a um processo de feminilização.
Quanto à idade dos Auxiliares e Técnicos, comparando os dois períodos,
conclui-se que há um processo de rejuvenescimento deste contingente com forte
entrada de jovens nos cursos. Contudo, corre o risco de não continuar devido de
um interregno registrado durante 10 anos na Escola Técnica Profissional de
Saúde de Luanda, em que registrou a reforma curricular.
Registra-se um número considerável destes profissionais Auxiliares e
Técnicos de Saúde, cuja idade aponta para a fase de aposentadoria. O que se
presume uma rotura de stock destes trabalhadores uma vez se registra um
abandono de jovens destas categorias profissionais por não oferecer salários
atraentes e por outro lado atendendo o crescimento considerável do nível de
escolaridade os jovens aspiram novo status social e progressão acadêmica o que
os motiva abandonar esta carreira para outros setores e profissões.
A política aplicada pelo Governo de Angola após a Independência mudou
��
�
radicalmente o perfil dos profissionais uma vez que a formação passou a
registrar-se com o nível de escolaridade mais elevado e com um caráter
profissionalizante ao oposto do Período Colonial o ensino era meramente
caracterizado em treinamento. Esta mudança produziu um efeito positivo nas
populações que passam a ser assistidas por profissionais com mais
conhecimentos, embora considerarem-se ainda insuficiente para o exercício
profissional de forma autônoma.
Quanto à inserção no setor saúde registra-se uma viragem em relação ao
Período Colonial, em que o ponto de inserção era absolutamente o Posto de
Saúde uma vez que sua formação era muito básica sem possibilidade
crescimento na carreira. No Período Pós-Independência os profissionais
Auxiliares e Técnicos formados profissionalmente já se observam uma dispersão
no local de inserção com maior destaque nos serviços hospitalares, Centros de
Saúde. Com uma formação mais sólida estes profissionais passam a atuar em
locais até então inalcançáveis, como por exemplo, atuar nas Escolas como
multiplicadores da formação. Apesar dos resultados não registrar o Posto de
Saúde como setor de inserção o que consideramos ser uma contradição, mas
pode entender-se pelo fato dos cursos terem a duração de dois anos, quatro
anos e um nível de escolaridade mais elevado, o que mostra que os Auxiliares e
Técnicos de Enfermagem adquiriram mais conhecimentos profissionais no
Período Pós-Independência. Abaixo, seguem alguns Gráficos que elucidam o
acima exposto.
Atendendo os resultados do trabalho, permite perceber que o ensino de
enfermagem em Angola tem acompanhado os processos políticos, sócio-culturais
��
�
da sociedade, porque o processo educativo, no qual educador e educando são
participes e comprometidos com a realidade vivenciada, é entendido como
permanente.
Este estudo nos permitiu conhecer a realidade da trajetória da formação dos
Auxiliares e Técnicos de Enfermagem em Angola, nos Período Colonial e Pós-
independência e o processo de evolução da formação ao longo dos tempos tendo
em vista a realidade da prática do ensino e aprendizagem e o nível de
escolaridade para ingresso, egresso no curso, local de inserção nos serviços de
Saúde, a situação socio-demográfica dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem.
Podemos concluir dizendo que o ensino dos Auxiliares e Técnicos continua
a proceder-se com base na heterogeneidade de conhecimentos e competências
empartidas (compartilhadas) nos diferentes níveis, desde o período colonial,
embora se registre mudanças significativas no Período Pós-Independência ainda
não é o suficiente para se poder afirmar, que este contingente de profissionais
possam trabalhar de uma forma autônoma, como acontece hoje no país ser este
grupo que garante a cobertura sanitária em todo território nacional dezoito
Províncias, nos três níveis de prestação de cuidados de saúde, previstos no
Sistema Nacional de Saúde.
Tendo em conta a importância deste contingente, na participação do
esforço empreendido para melhorar o desempenho do Sistema Nacional de
Saúde, aconselha-se o reajuste dos currículos de educação deste grupo
profissional, ao perfil epidemiológico do País, a realidade política, socio-cultural,
demográfica e econômica, sem obscurar (descartar) o apetrechamento
(equipamento) das escolas com laboratórios e dotar uma capacitação Técnico-
�
�
Pedagógica ao corpo docente das Escolas Técnicas e Institutos Médios de
Saúde.
Também, aconselha-se aos gestores de Recursos Humanos do Ministério
da Saúde repensar a simultaneidade do ensino técnico e Profissional, uma vez
que se constata que esta forma de se fazer tem levado a população considerar o
ensino Técnico Profissional servir apenas de ponte para o ingresso no Ensino
Universitário sem que os mesmos tenham desempenhado funções Técnicas de
Enfermagem; situação que julgamos que continua desvalorizar este nível de
formação e manter a insuficiência de quadros no setor saúde, apesar de o país
possuir mais de 32 Escolas e Institutos de formação de Auxiliares e Técnicos de
Enfermagem com ingressos todos anos nestas Instituições.
Por outro lado, preocupante em Angola, é a fuga de jovens Auxiliares e
Técnicos de Enfermagem integrados no setor saúde, devido a não valorização
profissional deste contingente, por pratica de baixos salários, a não progressão
na carreira, a falta de incentivos para fixação na periferia apesar de estar
legislado não se implementa. Este contingente deixa o setor para outros por
estes julgado com melhores ofertas, condições de trabalho e salários,toma-se
como exemplo o Ministério do Interior, Educação e até Clinicas Privadas,sem que
se resiste preocupação de quem gerencia estes trabalhadores que consomem
um volume financeiro do orçamento geral do Estado para a sua formação;
servem outros setores sem nenhum investimento,para tanto convidamos a
reflexão de todos.
Pelas constatações verificadas através deste estudo, não será pouco
tempo que a formação deste grupo deixará de realizar-se, atendendo a extensão
�
�
territorial e a dispersão das populações no meio rural, pelo que a sua formação
deve continuar, além de alguns críticos torcerem a extinção deste nível de
formação para exclusiva formação Universitária de Enfermeiros. Aconselhamos
as autoridades a refletir sobre a tomada desta decisão que consideramos
bastante arriscada uma vez que o país vai marcando passos para o
desenvolvimento simultaneamente com a consolidação da Paz, apos ter acabado
a guerra que devastou o país mais de trinta anos, apesar de se ter conquistado a
Independência em 11 de novembro de 1975. Na história do Ensino de
Enfermagem nas diferentes fases, a prática da mesma a cada dia que passa
exige que os profissionais estejam mais preparados não só em termos técnicos e
teóricos, como era tradicionalmente nos tempos idos, mas também humanísticos,
porque o nosso alvo deve ser atingido tratando o homem como um ser biológico,
psíquico e social, ou seja, de forma holística.
A arte de Enfermagem vem se projetando mais no nosso país e no mundo
em geral, na convergência e arte; buscando alem de consolidar seus caminhos
“estar como” os seres humanos com que atua, lutando fazer uma diferença na
assistência a saúde de uma forma autônoma e no espírito de solidariedade e
complementaridade ao lado dos outros profissionais da saúde. Assim, dá para
perceber que a enfermagem tem uma importância capital para o desenvolvimento
do país e de qualquer sociedade e seus profissionais são acometidos a enormes
sacrifícios desde a subalternização e o não reconhecimento dos seus serviços no
momento próprio. Para este terceiro milênio o desafio da enfermagem é a luta
para conquista do seu espaço científico na sociedade.
Para isso, o sistema de formação dos profissionais de enfermagem nos
��
�
diferentes níveis deve ser elaborado em função das necessidades de todos os
países e concomitantemente adaptado as especificidades locais, segundo
experiências vividas ao longo de 22 anos na formação e ensino de técnicos
básicos e médios de enfermagem e outros técnicos superiores na formação de
Gestores de distrito sanitário. Também, podemos afirmar com certeza que
nenhum sistema de ensino pode ser eficaz se as metas não forem claramente
fixadas. É preciso que os membros da equipe de saúde sejam preparados
especificamente para as tarefas profissionais que tem que cumprir, tendo em
conta as condições dos serviços e as exigências da resolução dos problemas de
saúde do individuo, família e comunidade. O Instituto Superior de Enfermagem
(ISE), ao elaborar criteriosamente o seu currículo com dois ciclos de formação
bem delimitados considera-se um exemplo impar de quem começa a trilhar a
menos de cinco anos no Ensino Universitário a nível da evolução da formação de
Enfermagem desde os tempos remotos.
Recomenda-se a implementação de programas de informação e educação
sobre a profissão e o ensino de enfermagem, com a finalidade de promover maior
esclarecimento aos profissionais de enfermagem em particular e a sociedade
sobre o real papel e a importância do enfermeiro dentro da equipe multidisciplinar
no sentido da saúde.
Logo abaixo, seguem-se as representações gráficas do que afirmamos acima.
��
�
REPRESENTAÇÔES GRÁFICAS DAS CONCLUSÕES DO ESTUDO
��
�
��
�
��
�
��
�
REFERÊNCIAS
���������������������������������������� �������������������
��LEFEVRE, A. R. Pensamento crítico em enfermagem. Um enfoque prático, Porto Alegre,
1996.
�
��CLARK M. Técnicas de enfermagem II, EPU, SP 1977�
��KAWAMOTO E. E. Fundamentos de Enfermagem 2ª Ed. Revisada actual. S.P. EPU,
1997.
�
��FREIRE, P. P. Educação e Mudança, 13ª ed. PAZ e TERRA 1987 S. Paulo.
�
��SHRYOCK, H. Vigilância a Saúde da População: Ontem e Hoje. Impresso, 3ª Edição
Rio Grande do Sul 1995.
�
��PEPLAU, HIDEGARD. Teoria das Relações Interpessoais na Enfermagem EUA, 1952.
�
��HENDERSON, V. Teorias de Enfermagem, Trabalho de Enfermagem, 1955.
�
� ROGERS, M. Introduction to the Theorical Basic of Nursing Science. Philadelphia;
Davis, 1970�
�PATTERSON. J.G, ZDERAO L. T. Enfermaria Humanística, México, 1976�
���ANGOLA. MINSA, Currículo de Técnicos Médios de Enfermagem. Luanda, 1986.
�
��� ANGOLA. MINSA/ETPs (2007). Currículo do curso básico de enfermagem. Luanda,
S/Data.
��
�
���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������
�
��� SILVA, L.B.C. A escolha da profissão uma abordagem psicossocial. São Paulo:
Unimarco; 1996.
�
���ALVES, DB. Repensando a educação como um instrumento de conscientização de uma
força de trabalho feminina. In: Trabalho, educação e conhecimento em enfermagem. Uma
contribuição aos estudos sobre a força de trabalho feminina. Salvador, Dankat, p.55-62,
1997.
�
���SAUPE, R. Ação e reflexão na formação do enfermeiro através dos tempos. In: Educação
em enfermagem. Florianópolis, UFSC, p. 29-73 1998.
�
15 UNICOVSKY, MAR; LAUTERT, L. A formação do profissional enfermeiro - ref lexão,
ação e estratégias. In SAUPE, R. Educação em enfermagem. Florianópolis, U FSC, 1998.p.
221-41.
�
���XAVIER Neto, F. R. G. X. COSTA, M. C. F. ROCHA, J. CUNHA, I. C. K. O. Auxiliares
e Técnicos de Enfermagem na Saúde da Família: Perfil Sociodemográfico e Necessidades
de Qualificação. Trab. Educ. Saúde, v. 6 n. 1, p. 51-64, mar./jun.2008. Brasil, 2005.
�
���MENDES, Eugênio Vilaça. A atenção primária à saúde no SUS. Fortaleza: Escola de
Saúde Pública do Ceará, 2002. 92 p.
�
��
�
���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������������������������������� ���������������
�� KOBAYASHI, Rika M.; FRIAS, Marcos Antonio da E. e LEITE, Maria Madalena
Januário. Caracterização das publicações sobre a educação profissional de enfermagem no
Brasil. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2001, vol.35, n.1, pp. 72-79. ISSN 0080-6234.
�
��McCLAIN, E. M. Princípios científicos de enfermagem 2ª ed. Brasileira 1970 pag14
�
20 PNUD, (2009), "Relatório Desenvolvimento Humano”, PNUD/África, 2009/2010, milênio.
�
���OLIVEIRA. M. S. Regionalização dos Serviços de Saúde. Desafios para Angola. 2010.
�
���QUEZA, A. J. Tese de Mestrado Integrado em Medicina. Sistema Nacional de Saúde em
Angola: uma Proposta da Reforma do Serviço Nacional de Saúde de Portugal Pag.9.15. 2010�
��� REZENDE, M. Ensino de Enfermagem. Rev.Bras.Enfermagem, Vol.14 Pag.110,58,
1961.
�
���ANGOLA. Formação em Saúde “Novo Sistema”, Documento de Trabalho, MED/Ensino
Profissional - MINSA/DNRH. Luanda, 2007a.
�
���ANGOLA. Formação em Saúde “Novo Sistema”/Documento de Trabalho, MED/Ensino
Profissional - MINSA/DNRH. Luanda, 2007b.
�
���ANGOLA. Formação em Saúde “Novo Sistema”/Documento de Trabalho, MED/Ensino
Profissional - MINSA/DNRH. Luanda, 2007c.
�