Dissertação, U P A P I C M G Marcelo Haertel Miglioranza · Programa de Pós-Graduação em...

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Dissertação, ULTRASSONOGRAFIA PULMONAR NA AVALIAÇÃO AMBULATORIAL DE PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA MODERADA A GRAVE Marcelo Haertel Miglioranza

Transcript of Dissertação, U P A P I C M G Marcelo Haertel Miglioranza · Programa de Pós-Graduação em...

Dissertação,

ULTRASSONOGRAFIA PULMONAR NA AVALIAÇÃO AMBULATORIAL DE

PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA MODERADA A GRAVE

Marcelo Haertel Miglioranza

II 

INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA

Programa de Pós-Graduação em Medicina

Área de Concentração: Cardiologia e

Ciências da Saúde

ULTRASSONOGRAFIA PULMONAR NA AVALIAÇÃO AMBULATORIAL DE

PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA MODERADA A GRAVE

Autor: Marcelo Haertel Miglioranza

Orientador: Tiago Luiz Leiria

Co-orientador: Renato Abdala Karam Kalil

Dissertação submetida como requisito

para obtenção do grau de Mestre ao

Programa de Pós-Graduação em

Ciências da Saúde, Área de

Concentração: Cardiologia, da

Fundação Universitária de Cardiologia /

Instituto de Cardiologia do Rio Grande

do Sul.

Porto Alegre

2012

 

III 

Bibliotecária Responsável: Marlene Tavares Sodré da Silva

CRB 10/1850

M634u Miglioranza, Marcelo Haertel.

Ultrassonografia Pulmonar na Avaliação Ambulatorial de Pacientes com Insuficiência Cardíaca Moderada a Grave / Marcelo Haertel Miglioranza; orientação [por] Tiago Luiz Luz Leiria; Renato Abdala Karam Kalil – Porto Alegre, 2012.

173f; tab.

Dissertação (Mestrado) - Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul / Fundação Universitária de Cardiologia - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, 2012.

1.Insuficiência Cardíaca.2.Ultrassonografia.3.Peptídeos natriuréticos.4.Ecocardiografia.5.Disfunção ventricular.6.Edema pulmonar.I.Tiago Luiz Luz Leiria.II.Renato Abdala Karam Kalil.III.Título.

CDU:616.12-008.315:616.24-073

IV 

AGRADECIMENTOS 

Ao  pai  Vasco,  mãe  Suzana  e  irmãs  Ana  Lúcia  e  Fernanda  por  me 

mostrarem o caminho e me tornarem no que eu sou hoje. 

Ao  tio  José  Carlos  e  tia  Maristela  por  me  incentivarem  em  minhas 

escolhas e caminhos. 

À minha família e amigos pelos momentos de ausência. 

  Aos Mestres que cursaram em minha vida por terem me ajudado de na 

minha formação profissional. 

Ao  Prof.  Dr. Gustavo Glotz  de  Lima  pela  inestimável  contribuição  na 

minha iniciação científica. 

Ao  Prof.  Dr.  Renato  A.  Kalil  pelo  constante  incentivo  no  meu 

aprimoramento  profissional,  tanto  no  curso  de mestrado  como  também  na 

realização de atividades científicas no IC‐FUC. 

Ao Prof. Dr. Tiago Leiria, antes de tudo um grande amigo, que com sua 

paciência sempre acreditou em minhas ideias e pensamentos de pesquisa. 

Ao  Roberto  Sant`Anna,  à Marciane  Rover  e  Augusto Mantovani  pela 

inestimável ajuda na realização deste projeto. 

Aos Colegas do IC‐FUC e da Sala 100 pelos ensinamentos e convivência 

nos momentos de lazer e trabalho. 

A todos os funcionário da UFCSPA, ISCMPA, HCPA e IC‐FUC, bem como a 

todos os pacientes que indiretamente contribuíram para a minha formação.

SUMÁRIO

LISTA DE SÍMBOLOS E UNIDADES .......................................................... VII 

LISTA DE SIGLAS .......................................................................................VIII 

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................... XI 

LISTA DE TABELAS ....................................................................................XIII 

1  INTRODUÇÃO ........................................................................................ 15 

2  BASE TEÓRICA ..................................................................................... 19 

2.1  INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ............................................................................................ 19 

2.1.1  Epidemiologia ........................................................................................................... 19 

2.1.2  Fisiopatologia ........................................................................................................... 22 

2.1.3  Diagnóstico e Classificação ................................................................................. 28 

2.1.4  Remodelamento Cardíaco ..................................................................................... 33 

2.1.5  Cardiomiopatia Dilatada ........................................................................................ 35 

2.2  INSUFICIÊNCIACARDÍACA AGUDIZADA..................................................................... 36 

2.3  CONGESTÃO PULMONAR E SINDROME INTERSTICIAL ALVEOLAR .................. 38 

2.4  MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ......................................................................................... 42 

2.4.1  Fadiga ......................................................................................................................... 42 

2.4.2  Dispneia ..................................................................................................................... 43 

2.4.3  Tosse .......................................................................................................................... 46 

2.4.4  Distúrbios Respiratórios ....................................................................................... 47 

2.4.5  Dor Torácica ............................................................................................................. 47 

2.4.6  Outros Sintomas ...................................................................................................... 48 

2.5  MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA CONGESTÃO PULMONAR ..................................... 48 

2.5.1  Avaliação Clínica ..................................................................................................... 49 

2.5.2  Monitorização do Peso .......................................................................................... 54 

2.5.3  Radiografia de Tórax .............................................................................................. 54 

2.5.4  Peptideos Natriuréticos ......................................................................................... 57 

2.5.5  Ecocardiografia ........................................................................................................ 59 

2.5.6  Ultrassonografia Pulmonar ................................................................................... 60 

2.5.7  Outros Métodos Não Invasivos ........................................................................... 67 

2.5.8  Cateterismo Cardíaco ............................................................................................. 70 

4  HIPÓTESE .............................................................................................. 72 

4.1  HIPÓTESE CONCEITUAL ................................................................................................ 72 

5  OBJETIVO .............................................................................................. 73 

5.1  GERAL ................................................................................................................................. 73 

5.2  ESPECÍFICOS .................................................................................................................... 73 

6  METODOLOGIA ..................................................................................... 74 

6.1  DELINEAMENTO ............................................................................................................... 74 

6.2  COMITE DE ÉTICA ............................................................................................................ 74 

6.3  POPULAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................................. 74 

6.4  CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ............................................................................................ 74 

6.5  TAMANHO DA AMOSTRA ................................................................................................ 74 

VI 

6.6  COLETA DOS DADOS ...................................................................................................... 75 

6.6.1  Avaliação Clínica ..................................................................................................... 75 

6.6.2  Coleta de Exames Laboratoriais ......................................................................... 76 

6.6.3  Ecocardiografia ........................................................................................................ 77 

6.6.4  Ultrassonografia Pulmonar ................................................................................... 79 

6.6.5  Radiografia de Tórax .............................................................................................. 80 

6.6.6  Avaliação da Dispneia ............................................................................................ 81 

6.6.7  Teste de Caminhada de 6 Minutos ...................................................................... 82 

6.6.8  Reavaliação Clínica ................................................................................................. 83 

6.7  DEFINIÇÃO DE CONGESTÃO CLINICAMENTE SIGNIFICATIVA ............................ 83 

6.8  ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................... 84 

7  REFERÊNCIAS ....................................................................................... 86 

8 ARTIGO EM INGLÊS ............................................................................... 100 

9 ARTIGO EM PORTUGUÊS ...................................................................... 120 

10 ANEXOS ................................................................................................. 136 

10.1 CONSENTIMENTO INFORMADO E FICHAS DE COLETA DE DADOS ..................... 136 

10.2 ANÁLISES ADICIONAIS DOS RESULTADOS................................................................ 152 

VII 

LISTA DE SÍMBOLOS E UNIDADES

% Porcentagem

< Menor que

> Maior que

≤ Igual ou menor que

≥ Igual ou maior que

= Igual a

± Mais ou menos

~ Aproximadamente

M Metros

mm Milímetros

cc Centímetros cúbicos

cm Centímetros

dL Decilitro

mL Mililitro

g Grama

Kg/m2 Quilograma por metro quadrado

KIU/mL Kallikrein inhibitor units por mililitro

kV Quilovolts

mA Miliampère

mGy Miligray

mL/m2 Mililitro por metro quadrado

mm/m2 Milímetros por metro quadrado

mmHg Milímetros de mercúrio

Ohm ( ) Unidade de medida de resistência elétrica

pg/mL Picograma por mililitro

* As unidades estão expressas de acordo com: INMETRO, Sistema Internacional de Unidades. 8. ed. (revisada) Rio de Janeiro, 2007. 114 p.

VIII 

LISTA DE SIGLAS

ACFA Arritmia cardíaca por fibrilação atrial

ACC American College of Cardiology

AD Átrio direito

AE Átrio esquerdo

AHA American Heart Association

ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

ASE American Society of Echocardiography

B3 Terceira bulha cardíaca

BT Bioimpedância torácica

CA Corrente alternada

CI Intervalo de confiança

CIsq Cardiopatia isquêmica

CMD Cardiomiopatia dilatada

CW Doppler contínuo

DA Dispneia aguda

DAC Doença arterial coronariana

DEP Dose entrada na pele

DC Débito cardíaco

DM Diabetes mellitus

DPN Dispneia paroxística noturna

E Pico do fluxo diastólico transmitral

E’ Velocidade precoce diastólica do anel mitral

E/E’ Relação entre o pico do fluxo diastólico

transmitral com a velocidade precoce diastólica

do anel mitral

EAV Escala análogo-visual

ECG Eletrocardiograma

ECLIA Imunoensaio de eletroquimioluminescência

EDTA Ácido tetracético diamina etileno

EPI Edema pulmonar intersticial

ESC European Society of Cardiology

FC Frequência Cardíaca

IX 

FE Fração de Ejeção

FNT-alfa Fator de necrose tumoral alfa

HAS Hipertensão arterial sistêmica

IAM Infarto Agudo do miocárdio

IC Insuficiência cardíaca

IC/FUC Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul /

Fundação Universitária de Cardiologia

ICA Insuficiência cardíaca agudizada

IECA Inibidores da enzima conversora do

angiotensinogênio

IL Interleucina

IM Infarto do miocárdio

IMC Índice de massa corporal

IV Intravenoso

LEP Líquido extravascular pulmonar

LPA Lesão pulmonar aguda

LUS Ultrassonografia pulmonar

NHANES National Health and Nutrition Examination

Survey

NT-proBNP Porção N-terminal do pro-hormônio peptídeo

natriurético do tipo B

NYHA New York Heart Association

PAD Pressão atrial direita

PAE Pressão atrial esquerda

PDVE Pressão diastólica final do ventrículo esquerdo

PECP Pressão de enchimento capilar pulmonar

PCR Proteina C reativa

PCO2 Pressão arterial de dióxido de carbono

PO2 Pressão arterial de oxigênio

PSAP Pressão sistólica arterial pulmonar

PVC Pressão venosa central

PW Doppler pulsado

RNM Ressonância nuclear magnética

ROC Receiver operating characteristic

RV Razão de verossimilhança

RXT Radiografia de tórax

SAE Sobrecarga atrial esquerda

SARA Síndrome da angústia respiratória do adulto

SatO2 Saturação arterial de oxigênio

SUS Sistema Único de Saúde

TACP Tempo aceleração pulmonar

TC6 Teste de caminhada de 6 minutos

TCAR Tomografia computadorizada de alta resolução

TDI Doppler tissular

VCI Veia cava inferior

VD Ventrículo direito

VE Ventrículo esquerdo

XI 

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Risco de câncer por número equivalente de RXT Pg.18

FIGURA 2 – Realização da ultrassonografia pulmonar com aparelho portátil

Pg.19

FIGURA 3 – Patogênese da insuficiência cardíaca Pg.25

FIGURA 4 – Fisiopatologia da insuficiência cardíaca sistólica Pg.26

FIGURA 5 – Fluxograma para avaliação de pacientes com insuficiência cardíaca

Pg.32

FIGURA 6 – Estágios da insuficiência cardíaca e opções de tratamento para insuficiência cardíaca sistólica

Pg.34

FIGURA 7 – Remodelamento ventricular Pg.36

FIGURA 8 – Apresentação clínica da insuficiência cardíaca baseada na perfusão e congestão

Pg.38

FIGURA 9 – Força motriz do movimento do fluido através dos capilares, filtração capilar, reabsorção e fluxo linfático

Pg.41

FIGURA 10 – Mecanismo da congestão pulmonar Pg.42

FIGURA 11 – LUS de um pulmão normal e de um pulmão congesto Pg.63

FIGURA 12 – A janela pulmonar, as bases físicas da LUS Pg.64

FIGURA 13 – Exemplos de LUS Pg.65

FIGURA 14 – Método da realização da LUS Pg.66

FIGURA 15 – Diferenciação etiológica das syndromes intersticiais pulmonares pela LUS

Pg.68

FIGURA 16 – Número de Linhas B conforme a função diastólica Pg.156

FIGURA 17 – Número de Linhas B conforme a classe funcional NYHA Pg.156

FIGURA 18 – Valores de NT-proBNP conforme a função diastólica Pg.157

FIGURA 19 – Valores de NT-proBNP conforme a classe funcional NYHA Pg.157

FIGURA 20 – Linhas B conforme NT-proBNP Pg.158

FIGURA 21 – Linhas B em quartis conforme NT-proBNP Pg.158

FIGURA 22 – Linhas B conforme E/E’ Pg.159

FIGURA 23 – Linhas B em quartis conforme E/E’ Pg.159

FIGURA 24 – Dose de radiação na radiografia de tórax Pg.161

FIGURA 25 – Tempo de exame da ultrassonografia pulmonar conforme a curva de aprendizado

Pg.161

FIGURA 26 – Correlação Linhas B com NT-proBNP Pg.164

FIGURA 27 – Correlação E/E’ com Linhas B Pg.164

FIGURA 28 – Correlação E/E’ com NT-proBNP Pg.165

FIGURA 29 – Correlação Escala Clínica de Congestão com E/E’ Pg.165

FIGURA 30 – Correlação Escala Clínica de Congestão com NT-proBNP Pg.166

XII 

FIGURA 31 – Correlação Escala Clínica de Congestão com Linhas B Pg.166

FIGURA 32 – Curva ROC Linhas B com NT-proBNP como padrão ouro Pg.167

FIGURA 33 – Curva ROC Linhas B e NT-proBNP com E/E’≥12 como padrão ouro

Pg.168

FIGURA 34 – Curva ROC Linhas B, NT-proBNP e Escala Clínica de Congestão com E/E’≥12 como padrão ouro

Pg.169

FIGURA 35 – Curva ROC Linhas B, NT-proBNP, Escala Clínica de Congestão e Alterações Radiológicas com E/E’≥12 como padrão ouro

Pg.169

FIGURA 36 – Curva ROC Linhas B e NT-proBNP com E/E’≥15 como padrão ouro

Pg.170

FIGURA 37 – Curva ROC Linhas B, NT-proBNP e Escala Clínica de Congestão com E/E’≥15 como padrão ouro

Pg.171

FIGURA 38 – Curva ROC Linhas B, NT-proBNP, Escala Clínica de Congestão e Alterações Radiológicas com E/E’≥15 como padrão ouro

Pg.171

FIGURA 39 – Curva de sobrevida conforme Linhas B e NT-proBNP Pg.173

XIII 

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Fatores de risco para Insuficiência Cardíaca Pg. 24

TABELA 2 – Critérios diagnóstico para a insuficiência cardíaca Pg.31

TABELA 3 – Classificação funcional da insuficiência cardíaca pela NYHA

Pg.35

TABELA 4 – Causas e fatores precipitantes da insuficiência cardíaca aguda

Pg.39

TABELA 5 – Tipos de congestão na ICA Pg.44

TABELA 6 – Acurácia diagnóstica da história e exame físico em pacientes na emergência

Pg.55

TABELA 7 – Escore de linhas B Pg.67

TABELA 8 – Características da amostra conforme Linhas B Pg.153

TABELA 9 – Características da amostra conforme NT-proBNP Pg.154

TABELA 10 – Características da amostra conforme E/E’ Pg.155

TABELA 11 – Valores NT-proBNP, Linhas B e ECC conforme grupo NT-proBNP

Pg.160

TABELA 12 – Valores NT-proBNP, Linhas B e ECC conforme grupo Linhas B

Pg.160

TABELA 13 – Valores NT-proBNP, Linhas B e ECC conforme grupo E/E

Pg.160

TABELA 14 – Dose de radiação na radiografia de tórax Pg.160

TABELA 15 – Dados ecocardiográficos conforme NT-proBNP Pg.162

TABELA 16 – Dados ecocardiográficos conforme Linhas B Pg.162

TABELA 17 – Prevalência do diagnóstico de congestão por diferentes métodos

Pg.163

TABELA 18 – Correlação dos métodos Pg.163

TABELA 19 – Divergência entre NT-proBNP e Linhas B Pg.167

TABELA 20 – Desempenho dos métodos com NT-proBNP>1000 como padrão ouro

Pg.168

TABELA 21 – Sensibilidade e especificidade de diversos métodos com

relação E/E’≥12 como padrão ouro

Pg.170

TABELA 22 – Sensibilidade e especificidade de diversos métodos com

relação E/E’≥15 como padrão ouro

Pg.172

TABELA 23 – Desempenho dos métodos com E/E’≥15 como padrão ouro

Pg.172

TABELA 24 – Características dos pacientes com eventos adversos Pg.173

 

« Le poumon…, vous dis-je ! »

(O pulmão..., vos digo ! )

Molière, 1637

15  

1 INTRODUÇÃO

O diagnóstico de congestão pulmonar e insuficiência cardíaca

congestiva é um verdadeiro desafio na prática clínica.1 A avaliação dos

sintomas e a determinação indireta da classe funcional nem sempre é

fidedigna, estando sujeita à subjetividade e às limitações físicas do paciente.

Os sinais detectados ao exame clínico também são pouco sensíveis, estando

presentes, via de regra, somente quando o grau de congestão já é

avançado.1-4

Tradicionalmente utilizada como método auxiliar na avaliação

ambulatorial, a radiografia de tórax consolidou-se por ser um exame barato e

amplamente difundido que, quando avaliado por radiologistas experientes,

apresenta alta especificidade e baixa sensibilidade. 1, 5 Por requerer o

deslocamento prévio do paciente a um serviço de radiologia e um tempo não

desprezível para o processamento e liberação do exame, essa falta de

praticidade acaba por restringir a sua solicitação no ambiente ambulatorial,

ora pelo tempo despedido na realização, ora por limitações físicas do

paciente que o impossibilitam de mais um deslocamento, além do necessário

para comparecer ao ambulatório.

Muito têm se alertado para o uso excessivo dos métodos diagnósticos

com radiação ionizante, tal qual a radiografia de tórax (RXT).6-7 Apesar de ser

um dos métodos com a menor utilização de radiação, a solicitação repetitiva

do exame nesse espectro de pacientes, seja em nível ambulatorial ou

hospitalar, acarreta num acréscimo do risco de doenças neoplásicas em

virtude do efeito acumulativo da radiação no organismo (FIGURA 1).8-10

16  

Nesse contexto, novos métodos diagnósticos têm sido propostos como

uma alternativa ao uso da radiografia de tórax e com objetivo de aumentar a

sensibilidade do exame clínico.11 Método já difundido, mas pouco utilizado

em função dos altos custos, a quantificação dos peptídeos natriuréticos (BNP

e NT-proBNP) requer uma estrutura laboratorial, necessitando também de

punção venosa e tempo de análise até a liberação do resultado. Ademais,

dosagem de uma única amostra não é recomendada, necessitando de

acompanhamento seriado dos resultados para determinação do risco e da

piora clínica. 11

FIGURA 1 – Risco de câncer por número equivalente de RXT. No eixo x, a dose equivalente em RXT de 5 exames de imagens comuns na prática cardiológica. Da direita para a esquerda: TC de Abdome (150 RXT); Angiografia coronariana (250 RXT); Cintilografia miocárdica de perfusão (500 RXT); TC multi-slice 64 (750 RXT); Angioplastia percutânea (1000 RXT). No eixo y o risco adicional para desenvolver cancer em crianças, adultos (homens e mulheres) e idosos. Adaptado de: Picano, E. et al, 2009.

17  

A ultrassonografia pulmonar (LUS) tem sido proposta como um método

diagnóstico simples, rápido (tempo de exame ≤5 minutos), semi-quantitativo e

livre de radiação ionizante para acessar a congestão pulmonar em pacientes

com insuficiência cardíaca. 2, 11-15 Com o surgimento de aparelhos portáteis e

de preços acessíveis, o método pode ser empregado no próprio consultório

médico, sem acarretar em aumento no tempo da consulta (FIGURA 2).

Publicação recente comparou a avaliação pulmonar por

ultrassonografia com os níveis plasmáticos de NT-proBNP em pacientes

internados por dispneia aguda (DA), demonstrando uma forte correlação com

os peptídeos natriuréticos no diagnóstico diferencial da dispneia cardiogênica

por congestão pulmonar.16 Ademais, estudos envolvendo mergulhadores e

alpinistas demonstraram a correlação da diminuição do escore de avaliação

ultrassonográfico da água extravascular pulmonar com a resolução da

congestão pulmonar avaliada por outro método.17-18 Tal fato também sugere

FIGURA 2 – Realização da ultrassonografia pulmonar com aparelho portátil. Adaptado de: Bedetti, G. et al 2006.

18  

que a LUS possa ser um método objetivo para avaliar a resposta da

terapêutica instituída no tratamento da dispneia cardiogênica.19-20

Por ser um método promissor, de rápida e simples aplicação, tendo

resposta diagnóstica imediata, faz-se necessário avaliar o papel da LUS na

determinação do grau de congestão pulmonar em pacientes ambulatoriais

com Insuficiência Cardíaca (IC) Crônica. Sendo demonstradas sua acurácia e

factibilidade, a LUS poderá consolidar-se como adjuvante ao exame clínico

do paciente ambulatorial. Ademais, se comprovada sua habilidade de

identificar a congestão pulmonar subclínica, poderá ajudar a evitar

internações e a reduzir a progressão da IC, por meio do ajuste precoce do

tratamento.

19  

2 BASE TEÓRICA

2.1 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma doença progressiva iniciada após

um evento que repercute na musculatura cardíaca, resultando na perda da

população ou da função dos cardiomiócitos. Isso altera a capacidade do

miocárdio em gerar força, impedindo o coração de efetuar a sua contração

normal, gerando a disfunção ventricular esquerda (VE) sistólica. 21-23 Todavia,

~30% dos adultos com IC clínica têm disfunção diastólica isolada do VE (IC

diastólica) que é decorrente de dificuldades no enchimento ventricular, com

fração de ejeção (FE) ventricular normal. Embora o distúrbio da função

diastólica possa estar associado à função sistólica normal, o oposto

geralmente não ocorre. À medida que a função sistólica se deteriora, há

declínio paralelo do enchimento ventricular rápido. 24

2.1.1 Epidemiologia

Em países desenvolvidos, a IC está presente em aproximadamente 1

a 2% da população, com um aumento exponencial da prevalência para 10%

ou mais entre as pessoas maiores de 70 anos. 25-27 Essa prevalência vem

aumentando nos últimos anos em decorrência do envelhecimento da

população mundial e de uma maior disponibilidade de tratamentos mais

efetivos para as doenças do coração (como infarto agudo do miocárdio,

valvulopatias e arritmias), que permitem aos pacientes uma maior sobrevida.

As nações com economias em desenvolvimento apresentam uma

epidemiologia da IC similar à da Europa Ocidental e da América do Norte.

Nesses casos, a doença arterial coronariana (DAC) emerge como a causa

20  

isolada mais comum, correspondendo a aproximadamente 70% dos casos na

Europa. 26 Fato bem evidente quando analisamos os estudos epidemiológicos

brasileiros, no qual regiões mais desenvolvidas, como a cidade de São Paulo,

apresentam a cardiopatia isquêmica (CI) como responsável por 29% dos

casos seguido da hipertensão arterial sistêmica (HAS) com 21% dos casos. 28

Em áreas endêmicas no Brasil e na América do Sul, a doença de Chagas

continua sendo uma causa importante de IC. Um estudo brasileiro

demonstrou que a doença de Chagas esteve relacionada com 48% dos casos

de IC no estado da Bahia 29.

A IC também tem a HAS como fator causal frequente, principalmente

em regiões menos desenvolvidas, como na África, e em populações

afroamericanas, que costumam apresentar quadro de HAS mais grave. Nas

regiões subdesenvolvidas, África e algumas regiões da Ásia a doença

cardíaca reumática continua sendo uma causa importante de IC. 30

Na Europa, estima-se que existam mais de 15 milhões de casos de IC,

refletindo em 5% das internações de emergência e em 10% das internações

hospitalares. 26

Nos Estados Unidos, a prevalência é de mais de 5,8 milhões de

pessoas, com uma incidência de 440.000 casos novos ao ano, o que a torna

a terceira doença cardiovascular mais prevalente e a terceira causa de morte

dentre essas afecções do coração. 31 Estima-se que a incidência de IC

aumente para 772mil casos novos por ano em 2040. Este aumento da

incidência se faz à custa, principalmente, do envelhecimento da população, já

que a ocorrência de novos casos de IC dobra a cada sucessiva década acima

dos 45 anos de idade em ambos os sexos. 32-33 (TABELA 1)

21  

A IC é responsável por 12 a 15 milhões de consultas ambulatoriais e

6,5 milhões de diárias de internação a cada ano nos Estados Unidos. O

número de internações por essa enfermidade vem aumentando para mais de

1 milhão por ano ao longo da última década, sendo responsável atualmente

por pelo menos 20% das internações de pacientes com mais de 65 anos. 31 O

custo anual do tratamento dos pacientes com IC é superior a 39 bilhões de

dólares.

A IC está associada com um mau prognóstico e com uma piora na

qualidade de vida dos doentes por ela afetados. Anualmente, ocorrem

aproximadamente sessenta mil mortes decorrentes de IC nos Estados

Unidos. 31 Um relatório do Framingham Heart Study revelou uma sobrevida

em 1 ano e em 5 anos de 57% e 24% para os homens e 64% e 38% para as

mulheres, respectivamente. A mortalidade decorrente de IC aumenta em 27%

a cada década de vida.33 A sobrevida média após o diagnóstico da IC é de

2,1 anos, como uma taxa de mortalidade de 74% em 5 anos, tanto para

homens quanto para mulheres.34

No Brasil, de acordo com dados obtidos do Sistema Único de Saúde

(SUS) do Ministério da Saúde, foram realizadas aproximadamente 372.604

mil internações por IC no ano de 2002, com uma taxa de mortalidade de 7%,

o que representa 3% de todas as admissões hospitalares. 35-36 Cerca de um

terço dos internados no SUS com doenças cardíacas é portador de IC. Em

paciente com mais de 60 anos, a IC é a principal causa de internação

hospitalar. 36

Esses motivos tornam a IC um grave problema de saúde pública em

todo o mundo.

22  

TABELA 1 – Fatores de risco para Insuficiência Cardíaca MAIORESŦ MENORES¥ Fatores de Risco Clínicos

- Idade - Sexo Masculino - Hipertensão - Hipertrofia de VE ao eletrocardiograma (ECG) - Infarto do Miocárdio - Diabetes Mellitus - Doença valvar - Sobrepeso/obesidade

- Consumo excessivo de álcool - Tabagismo - Dislipidemia - Insuficiência Renal - Apneia obstrutiva do sono - Sedentarismo - Baixo nível socioeconômico - Consumo de café - Sódio da dieta alimentar - Frequência cardíaca elevada - Função pulmonar comprometida - Depressão e estresse mental

Fatores tóxicos precipitantes

- Agentes quimioterápicos - Cocaína - Anti-inflamatórios não esteroides - Doxazosina - Glitazonas

Fatores bioquímicos preditores

- Albuminúria - Peptídeos natriuréticos

- Homocisteína - Fator de crescimento insulina-símile I - Fator de necrose tumoral " - Interleucina-6 - Proteína C reativa

Preditores morfológicos

- Dilatação VE - Aumento massa VE - Disfunção sistólica do VE assintomática - Comprometimento do enchimento diastólico do VE

Preditores genéticos - História familiar de cardiomiopatia

- Polimorfismos genéticos

ŦSolidamente estabelecido por múltiplas investigações; ¥ Correlação menos consistente. Adaptado de: Mann, L. Braunwald’s Heart Failure, capítulo 22, 2011.

2.1.2 Fisiopatologia

O evento precipitante na gênese dos quadros de IC pode ser de

etiologia adquirida ou hereditária, tendo início abrupto como no caso do

Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), ou início progressivo e insidioso, como no

caso da sobrecarga pressórica ou volumétrica. Em todas essas situações, se

desenvolve um estado fisiológico no qual o coração é incapaz de gerar o

débito cardíaco (DC) necessário e, consequentemente, o fornecimento de

23  

oxigênio aos tecidos periféricos e órgãos, ou só é capaz de fazê-lo a partir de

pressões de enchimento muito elevadas. 23, 37-38

Na maioria dos casos, os pacientes permanecem assintomáticos ou

minimamente sintomáticos após a perda inicial da capacidade de bomba do

coração, desenvolvendo os sintomas somente após a disfunção estar

presente por período prolongado. Uma provável explicação para esse fato

são os numerosos mecanismos compensatórios ativados no quadro de

disfunção do VE. Tais mecanismos compensatórios parecem modular a

função do VE dentro de um intervalo homeostático fisiológico propiciando que

a capacidade funcional do paciente permaneça preservada ou minimamente

diminuída (FIGURA 3). 21, 39

FIGURA 3 – Patogênese da insuficiência cardíaca. A IC inicia após um evento índex, produzindo um declínio inicial na capacidade de bomba do coração. Uma série de mecanismos compensatórios são ativados, incluindo sistema nervoso adrenérgico, sistema renina-angiotensina e citocinas. Num curto período, esses sistemas são capazes de restaurar a função cardiovascular para uma faixa homeostática normal, mantendo o paciente assintomático. Entretanto, a ativação sustentada desses sistemas leva ao dano secundário de órgãos alvo, incluindo o ventrículo. Ocorre remodelamento do ventrículo esquerdo e posterior descompensação cardíaca, resultando na transição de um quadro assintomático para sintomático. Adaptado de: MANN, D.L. et al 2012.

24  

Mesmo antes da transição para um quadro sintomático de múltiplas

manifestações clínicas, a IC se caracteriza por uma síndrome clínica

complexa, na qual a ativação prolongada dos sistemas neuro-hormonais e

inflamatórios acarreta numa série de anormalidades da função do coração,

gerando o remodelamento cardíaco. Esse fenômeno leva a modificações

importantes nas funções renal, metabólica, muscular esquelética e

autonômica (FIGURA 4). 37, 39-40

FIGURA 4 – Fisiopatologia da insuficiência cardíaca sistólica. O dano aos miócitos e à matriz extracelular acarreta em alterações no tamanho, forma e função do ventrículo esquerdo e do coração (processo de remodelamento). Essas alterações, por sua vez, levam a instabilidades eletrofisiológicas, a processos que geram efeitos em outros órgãos e tecidos e dano ao próprio coração. Esse ciclo, juntamente com as intercorrências, causa a piora da síndrome de insuficiência cardíaca ao longo do tempo. Adaptado de: McMurray, J.J.V. 2010.

25  

Anormalidades estruturais e funcionais assintomáticas do coração são

consideradas precursoras da IC sintomática, estando associada com alta

mortalidade. 41 Os distúrbios hemodinâmicos inicialmente deflagrados na IC,

estão associados a alterações sistêmicas, do miócito e do interstício

(apoptose e remodelamento cardíaco), bem como à disfunção endotelial, à

ativação neurohormonal (angiotensina II, catecolaminas, endotelina,

aldosterona), pró-inflamatória e de fatores do crescimento, permitindo

compreender o caráter progressivo da doença cardíaca. 21 Os principais

hormônios (vasodilatadores e diuréticos) que estão envolvidos na IC são os

peptídeos natriuréticos, a bradicinina e a dopamina. Algumas prostaglandinas

e a bradicinina são substâncias integrantes das respostas humorais da IC.

Elas atuariam como fatores vasodilatadores, contrapondo à tendência

vasoconstritora dominante na IC.21 As prostaglandinas E2 e I2 (prostaciclina)

são referidas como possíveis indicadores de prognóstico, por manterem

relação direta com a angiotensina II.21, 42

Evidências experimentais e clínicas apontam para uma ativação

imunoinflamatória na IC. Níveis elevados de diversas citocinas são

encontrados na circulação e no miocárdio de pessoas com IC,

correlacionando-se com o grau de gravidade da doença, disfunção endotelial,

estresse oxidativo, indução de anemia, apoptose miocitária e na perda

gradativa de massa muscular esquelética. Estas alterações no curso da

disfunção cardíaca denominam-se como o paradigma inflamatório da IC.43

As citocinas compõem um grupo heterogêneo de proteínas com peso

molecular relativamente pequeno, que se caracterizam por exercer seus

efeitos localmente, por ação autócrina ou parácrina. A inexistência de

26  

atuação por via humoral distingue estas substâncias dos hormônios. Duas

classes de citocinas foram implicadas na fisiopatologia da IC:

a) citocina vasoconstritora e inotrópica positiva: endotelina

b) citocinas pró-inflamatórias vasodepressoras: fator de necrose

tumoral alfa (FNT-alfa), interleucina 6 e a interleucina 1-beta.

Além do miocárdio, outros tecidos parecem sintetizar citocinas e

perpetuar esse contínuo estado de inflamação. Deste modo, forma-se uma

rede de moléculas que interagem entre si e contribuem para a deterioração

clínica dos pacientes. Ainda que a dosagem periférica desses biomarcadores

reúna evidências bastante sólidas de poder prognóstico, os resultados dos

ensaios terapêuticos em fase clínica foram, até o momento, pouco

encorajadores. 44

As alterações imunológicas e inflamatórias que ocorrem na IC têm sido

reconhecidas e avaliadas com crescente interesse nos últimos anos. Isso se

deve principalmente à reprodução das alterações que tais mediadores podem

produzir em modelos experimentais, mimetizando fenótipos e padrões

clínicos variados da síndrome de IC, notadamente nos processos associados

à remodelagem ventricular 43-45. Os níveis elevados de citocinas, como o

FNT-alfa, a inteleucina (IL) 1 e a IL6 presentes na circulação e no músculo

cardíaco, podem traduzir o prognóstico da IC, de modo que tais substâncias

têm sido recorrentemente implicadas nos mecanismos de progressão da

doença.

A resposta imune é propagada pelas citocinas, envolvidas em recrutar

células para áreas de inflamação, estimulando sua divisão, proliferação e

diferenciação. Não são somente as células imunológicas, mas também os

27  

fibroblastos, as plaquetas, o endotélio, o músculo liso vascular e o próprio

cardiomiócito que, sob estímulo de hipóxia, estresse mecânico e da

endotoxina, são capazes de produzir um amplo e variado espectro desses

peptídeos biológicos.43-45 As citocinas atuam sobre o sistema cardiovascular

promovendo inflamação, disfunção endotelial, coagulação intravascular,

desacoplamento do estímulo beta-adrenérgico, geração de radicais livres e

perda gradativa de massa muscular.

A IL 1 pode ser sintetizada na maioria dos tipos celulares do

organismo. O mecanismo pelo qual a IL1 deflagra seus efeitos pró-

inflamatórios parece envolver a síntese de prostaglandinas e, talvez, uma

ação direta sobre o desacoplamento do beta-receptor.44. A IL6 é uma citocina

multifuncional que está ligada à progressão da disfunção cardíaca 46-47,

promovendo proliferação e maturação de linfócitos, hipertrofia de

cardiomiócitos além de estimular a síntese de mediadores hepáticos da

resposta aguda, como a proteína C reativa (PCR). In vitro, a IL6 também é

capaz de induzir proteólise muscular, levando à atrofia e à perda de peso.48 A

PCR, liberada pelo fígado, parece ser um indicador bastante sensível e

específico de correlação diagnóstica e prognóstica em diferentes graus de

estados inflamatórios.49 Na insuficiência cardíaca agudizada (ICA), mesmo

sem evento isquêmico ou infeccioso associados, notou-se níveis elevados de

PCR, com queda significativa destes após resolução dos sintomas

relacionados ao quadro agudo. Existe, também, uma forte e independente

associação entre a dosagem sérica desse marcador e a mortalidade nos

casos de ICA. A PCR parece ser um preditor independente de sobrevida, de

baixo custo e rápido acesso. Ainda permanece pouco claro se a PCR está

28  

elevada como simples marcador passivo do processo ou se atua de fato

como efetora direta no componente inflamatório associado tanto com a

instabilidade da aterosclerose quanto com a disfunção endotelial, que marca

a progressão da IC. 46, 50

O FNT-alfa é produzido principalmente nos macrófagos ativados,

porém muitos outros tipos celulares (fibroblastos, neutrófilos, células

endoteliais, músculo liso vascular e o próprio cardiomiócito), já foram

implicados como fontes de liberação desta citocina. Diversos padrões clínicos

observados em pacientes com IC são reproduzidos em modelos preclínicos

pela ação direta do FNT-alfa. 45 Existe uma relação experimental muito

estreita entre o FNT-alfa, a hipertrofia e a necrose de músculo cardíaco, além

de desarranjo da matriz extracelular e da mobilização intramiócitário do

cálcio. 45 Além disso, o FNT-alfa induz o aumento do catabolismo basal ao

estimular a apoptose, podendo contribuir para a caquexia cardíaca. 51

2.1.3 Diagnóstico e Classificação

Os sinais e sintomas clínicos possuem fundamental importância para a

suspeição e o diagnóstico clínico da IC, o qual pode ser realizado a partir dos

critérios de Framingham 52 e dos escores de Boston53 e da National Health

and Nutrition Examination Survey (NHANES). 54 Quando os pacientes se

apresentam com os sinais e sintomas clínicos clássicos, o diagnóstico se

torna relativamente fácil. (TABELA 2)

29  

TABELA 2 – Critérios diagnóstico para a insuficiência cardíaca

Critérios de Framingham*

Critérios maiores Critérios menores Critério maior ou menor

DPN ou ortopneia Distensão veia jugular Estertores Cardiomegalia Edema pulmonar agudo B3 Refluxo hepatojugular Aumento da pressão venosa (>6cmH2O) Tempo circulante >25 seg

Edema de membros inferiores, tosse noturna, dispneia ao exercício Hepatomegalia Derrame pleural Decréscimo de 50% da capacidade vital Taquicardia (FC>120bmp)

Perda de peso >4,5Kg em 5 dias em resposta ao tratamento.

Escore clínico da NHANES e de BostonŦ

Categoria Critério NHANES Boston

História Dispneia - Repouso - No plano - Na subida - Após caminha 91,44m ao seu próprio ritmo ou no plano Ortopneia DPN

- 1 1 2 - -

4 2 1 - 4 3

Exame físico Frequência cardíaca - 91 a 110bpm - 110bpm Pressão jugular venosa (>6cmH2O) - Isolada - Com hepatomegalia ou edema Estertores ou crepitantes - Basais - Mais que nas bases Sibilos B3

1 2 1 2 1 2 - -

1 2 2 3 1 2 3 3

Radiografia de Tórax Edema alveolar Edema alveolar mais derrame pleural Edema intersticial Edema intersticial mais derrame pleural Derrame pleural bilateral Índice cardiotorácico >0,5 (projeção PA) Diversão craniocaudal de fluxo

- 3 2 3 - - 1

4 - 3 - 3 3 2

* Diagnóstico: 2 critérios maiores, ou 1 maior e 2 critérios maiores Ŧ Boston: Definitivo (8-12 pontos), Possível (5-7 pontos), Improvável (≤4pontos). NHANES: ≥3 pontos Adaptado de: Framingham 52, Boston 53 e da National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES). 54 DPN: dispneia paroxística noturna; B3: terceira bulha cardíaca; PA:postero-anterior.

30  

Entretanto, os achados clínicos não são tanto específicos quanto

sensíveis e para efetuar o diagnóstico é necessário um alto índice de

suspeição e, muitas vezes, lançar mão de métodos diagnósticos auxiliares

que avaliem a função cardíaca (FIGURA 5).1, 25, 40, 55

Algumas condições clínicas associadas podem ser a causa do

agravamento e da descompensação da IC, especialmente anemia,

FIGURA 5 – Fluxograma para avaliação de pacientes com insuficiência cardíaca. BNP: peptídeos natriuréticos; ECG: eletrocardiograma. Adaptado de: Braunwald's heart disease: a textbook of cardiovascular medicine, 2012.

31  

policitemia, insuficiência renal, síndrome nefrótica, diabetes mellitus (DM),

tireotoxicose e hipotireoidismo. Dessa forma, a realização de alguns exames

básicos como hemograma, glicemia de jejum, creatinina sérica, sódio e

potássio plasmático, além de exame comum de urina, pode ser capaz de

diagnosticar a causa da IC. Outros exames laboratoriais adicionais devem ser

realizados de acordo com as necessidades clínicas para diagnóstico de

dislipidemia, anormalidades tireoideanas e DM.

Um eletrocardiograma (ECG) de rotina é recomendado para avaliar o

ritmo cardíaco, determinar a presença de hipertrofia ventricular esquerda

(HVE), de infarto do miocárdio prévio e a largura do complexo QRS,

verificando a indicação de terapia de ressincronização. Em estudo de triagem

em atenção primária, um ECG normal virtualmente excluiu a possibilidade de

IC por disfunção sistólica do VE (sensibilidade 94%, especificidade 61%,

valor preditivo negativo 98% e valor preditivo positivo 35%).56

O RXT tem bastante utilidade em fornecer informações a respeito do

tamanho e da forma do coração, bem como sobre o estado da circulação

pulmonar e de possíveis causas não cardíacas para os sintomas do paciente.

A despeito dos pacientes com quadro de ICA, no qual as alterações

radiológicas são bem presentes (hipertensão pulmonar, edema intersticial e

edema alveolar), os quadros crônicos de IC não costumam ter muitas

alterações.37

Os níveis séricos dos peptídeos natriuréticos são úteis para excluir a

possibilidade de IC quando em concentrações normais e em pacientes sem

tratamento, com uma sensibilidade de 75% e um VPN de 99%.37, 57-58

32  

O exame não invasivo do coração é fundamental para o diagnóstico,

avaliação e manejo da IC. A ecocardiografia pode fornecer uma avaliação

semiquantitativa do tamanho e função do VE, bem como a presença ou

ausência de anormalidades miocárdicas e/ou valvulares. A fração de ejeção,

apesar de suas numerosas limitações como uma medida da contratilidade

miocárdica, é o índice mais útil e aplicado na prática clínica para a avaliação

da função miocárdica. 37

Juntamente com o diagnóstico, correlacionando os dados clínicos e de

exames complementares, classificamos a IC em estágios A, B, C e D,

conforme a American Heart Association (AHA), ou em classes funcionais pela

New York Heart Association (NYHA) com vistas a direcionar o tratamento

(FIGURA 6 e TABELA 3). 59

FIGURA 6 – Estágios da insuficiência cardíaca e opções de tratamento para insuficiência cardíaca sistólica.

33  

TABELA 3 – Classificação funcional da insuficiência cardíaca pela NYHA

Classe Funcional Sintomas

Classe I (leve) Nenhuma limitação para a atividade física. Atividades cotidianas não causam fadiga, palpitação ou dispneia.

Classe II (leve) Leve limitação para a atividade física. Confortável no repouso, mas atividades cotidianas resultam em fadigam palpitação ou dispneia.

Classe III (moderada) Marcada limitação para a atividade física. Confortável no repouso, porém apresenta fadiga, palpitações e dispneia para atividades menores que as cotidianas.

Classe IV (grave) Incapaz de fazer qualquer atividade física sem apresentar desconforto. Sintomas de insuficiência cardíaca no repouso. Se qualquer atividade é realizada, o desconforto aumenta.

NYHA: New York Heart Association Adaptado de HUNT, S.A. et al 2009.

2.1.4 Remodelamento Cardíaco

O remodelamento cardíaco é um processo reversível, via de regra

fisiológico e adaptativo, que ocorre durante o desenvolvimento normal de

pessoas comuns ou de atletas.60-62 Esse termo também pode ser usado para

descrever as alterações patológicas do coração em resposta às múltiplas

agressões, sobrecargas crônicas de pressão ou de volume, inflamação ou

expressão genética que levaram à cardiomiopatia.46

A resposta à agressão celular permite que o coração se adapte às

novas condições de funcionamento e de estresse parietal com a ativação de

mediadores que incluem neurohormônios (sistema simpático, renina-

angiotensina, aldosterona e endotelina) e citocinas, num ambiente de

estresse oxidativo e isquemia. 62-63 Esses mediadores amplificam de maneira

progressiva suas respostas levando a modificações moleculares, genéticas e

celulares, como a hipertrofia do miócito, necrose e apoptose, proliferação e

34  

fibrose intersticial, além das alterações morfofuncionais das fibras de

colágeno.22, 62 Como resultado dessas modificações, ocorre hipertrofia do

miócito e alteração geométrica com aumento da massa e volume ventricular o

que acarreta em equilíbrio da relação capacidade de suprimento e demanda

aumentada, o que permite uma estabilização temporária da função

cardíaca.60, 62-63

Quando o remodelamento for insuficiente ou a sobrecarga ultrapassar

a capacidade do coração hipertrofiar, ocorre um desbalanço de pós-carga. A

hipertrofia passa a ser insuficiente para normalizar o estresse parietal,

levando a dilatação do coração, alterações da geometria, alterações do

binômio contratilidade-e-relaxamento, bem como aumento do volume sistólico

e diastólico final. 64 O remodelamento ventricular e a subsequente dilatação

estão diretamente associados ao prognóstico clínico da IC. Embora

inicialmente o remodelamento possa ser adaptativo, permitindo a

manutenção da função miocárdica, o remodelamento progressivo

inevitavelmente levará à piora da função ventricular (FIGURA 7).25

FIGURA 7 – Remodelamento ventricular. Adaptado de: JESSUP, M. 2003.

35  

2.1.5 Cardiomiopatia Dilatada

A cardiomiopatia dilatada (CMD) é a fase final da IC, que pode ocorrer

em qualquer faixa etária. Estágio de alta morbi-mortalidade, tem como última

estância de tratamento a indicação de transplante cardíaco. Conforme a

Organização Mundial de Saúde65, a CMD é caracterizada pela dilatação e

prejuízo da contração do VE ou de ambos os ventrículos podendo ter

diversas etiologias: familiar, genética, distúrbios da tireoide, autoimune,

tóxica, infecções (vírus da imunodeficiência humana, doença de Chagas e

miocardite virais), periparto, consumo de cocaína, quimioterápicos,

alcoolismo, ou pode estar relacionada à doença cardiovascular reconhecida

(isquêmica, reumática, hipertensiva, congênita e taquiarritmia). Quando não

há causa específica diagnosticada ou identificada, a doença é chamada de

CMD de origem idiopática. 66 Nesses casos, os pacientes podem não

apresentar DAC significativa (diâmetro luminal >50% avaliado por angiografia

coronariana) e não ter doenças musculares cardíacas específicas ou

miocardite à biópsia, apresentando fração de ejeção do VE diminuída (FEVE

< 45%).65, 67

A CMD pode ter um curso longo, durante o qual o paciente permanece

assintomático com períodos sintomáticos de exacerbação e de IC grave. A

transição entre a fase assintomática inicial e os estágios em que os sintomas

se manifestam de forma crônica parece ser lenta e progressiva. Existe na

CMD uma alta incidência de arritmias ventriculares e tromboembolismo o que

acarreta em altos índices de mortalidade cardíaca.65 A morte súbita é comum

e pode ocorrer em qualquer estágio. 68

36  

A história natural e o prognóstico da CMD dependem diretamente do

grau de disfunção ventricular, das manifestações clínicas e dos episódios de

fenômenos congestivos, tromboembolismo e arritmias. Quando os sintomas

tornam-se evidentes, a mortalidade em 5 anos pode variar de 25-50%, sem

transplante cardíaco. 65, 68

2.2 INSUFICIÊNCIACARDÍACA AGUDIZADA

A ICA é definida como alterações rápidas ou graduais nos sinais e

sintomas da IC que levam à descompesação do quadro clínico, necessitando

intervenção terapêutica imediata. 26, 59, 69 A ICA pode ser de recente começo,

descompensada propriamente dita (na instabilização de um quadro crônico),

ou refratária e persistente. 26, 59, 70 Os sinais e sintomas de IC podem ser

devidos à disfunção sistólica, diastólica ou ambas de um ou dos dois

ventrículos, sendo a congestão pulmonar a principal forma de apresentação

clínica (FIGURA 8). 71-74

FIGURA 8 – Apresentação clínica da insuficiência cardíaca baseada na perfusão e congestão. DPN: dispneia paroxística noturna; IC: insuficiência cardíaca; IECA: inibidores da enzima conversora do angiotensinogênio; (Low profile): perfil baixo; (Complex): perfil complexo. Adaptado de: NORHIA, A.E. 2002.

37  

A causa mais comum de ICA é a redução da contratilidade miocárdica,

frequentemente associada à cardiopatia isquêmica (CIsq), CMD,

cardiomiopatia hipertensiva, ou doença de Chagas. Outras causas de ICA

são: sobrecarga hemodinâmica (sobrecarga de volume ou de pressão),

distúrbios de frequência cardíaca ou condições que interfiram com o

enchimento ventricular (TABELA 4).75

A ICA também pode ser caracterizada como uma síndrome

multissistêmica, com anormalidades da função cardíaca, muscular

esquelética, renal e metabólica, associada à elevada estimulação do sistema

nervoso simpático e a um complexo padrão de alterações neuro-humorais e

inflamatórias, que em parte se assemelha às encontradas na forma crônica

de IC.76

TABELA 4 – Causas e fatores precipitantes da insuficiência cardíaca aguda

Cardiopatia isquêmica Sindromes coronarianas aguda Complicações mecânicas do IAM Infarto de VD

Valvulares Estenose valvar Insuficiência valvar Endocardite Dissecção aórtica

Miocardiopatias Carmiomiopatia pós-parto Miocardite aguda

Descompensação de IC crônica Má aderência Sobrecarga volêmica Embolia pulmonar Infecções (especialmente pneumonia) Insulto cerebrovascular Cirurgia Disfunção renal Asma e DPOC Abuso de drogas Abuso de álcool

Hipertensão e Arritmias Hipertensão Arritmia aguda Falência circulatória Septicemia Tireotoxicose Anemia ”Shunts” Tamponamento Embolia pulmonar VD: ventrículo direito; IC: insuficiência cardíaca; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica. Adaptado de: DICKSTEIN K. 2008

38  

ICA é a principal causa de internação nos países desenvolvidos em

maiores de 65 anos 31, 69, com mortalidade em torno de 30 a 40% em

pacientes em classe IV da NYHA. No Brasil, trata-se da terceira causa geral

de internação e a primeira cardiovascular, apresentando alta mortalidade,

atingindo taxas de 30 a 50% nas fases mais avançadas da doença. 69

2.3 CONGESTÃO PULMONAR E SINDROME INTERSTICIAL

ALVEOLAR

Congestão pulmonar (CP) é o fator principal na apresentação clínica

dos pacientes com IC, sendo decorrente de um aumento na pressão de

enchimento capilar pulmonar (PECP). 2 Um aumento na PECP pode levar à

redistribuição do excesso de líquido nos pulmões resultando em edema

intersticial e alveolar, além de comprometimento das trocas gasosas e

hipoxemia arterial, que caracterizam a congestão pulmonar. 73, 76-77

Os capilares pulmonares estão separados dos alvéolos por uma fina

camada de tecido intersticial. Consequentemente, o fluido dos capilares pode

facilmente exsudar para o espaço intersticial e alveolar. Na fase precoce da

formação do edema, o fluido não cruza a parede alveolar, mas se espalhada

através do tecido intersticial perialveolar para os espaços perivasculares e

peribrônquicos. 78-79 Esse excesso de volume é drenado por meio do sistema

linfático pulmonar que, em estágios avançados, é incapaz de se adaptar a

esse aumento do volume e, o edema se desenvolve nas paredes alveolares e

no espaço alveolar como resultado desse desbalanço (forças que levam o

líquido para o alvéolo e mecanismos removê-lo). 78-79

39  

Segundo a equação de Starling80, o equilíbrio entre as pressões

hidrostáticas (pressão capilar – pressão intersticial) e as pressões oncóticas

(pressão coloide oncótica plasmática capilar – pressão oncótica do líquido

intersticial) tradicionalmente classifica a CP entre cardiogênica e não

cardiogênica. Baseado nesse modelo simplista, o edema pulmonar

cardiogênico ou hidrostático resulta de elevadas pressões hidrostáticas nos

capilares pulmonares, alterando o equilíbrio de Starling, enquanto a barreia

alvéolo-capilar continua intacta (FIGURA 9) 80. Estudos baseados no cálculo

da relação da proteína do edema com a proteína sérica evidenciaram que

frequentemente existe uma combinação de aumento da PECP e da

permeabilidade da barreira alvéolo-capilar, levando a uma sobreposição dos

dois grupos.81 A disfunção da barreira alvéolo-capilar provavelmente está

relacionada à injuria mecânica causada pelo aumento da pressão hidrostática

nos capilares pulmonares e a lesão pulmonar inflamatória e oxidativa

(FIGURA 10).81

FIGURA 9 – Força motriz do movimento do fluido através dos capilares, filtração capilar, reabsorção e fluxo linfático. Pc: pressão hidrostática capilar; Pi: pressão hidrostática intersticial; c: pressão oncótica capilar; i: pressão oncótica intersticial; NDF: força motriz de movimento do fluido.

40  

Como demonstrado, a CP é usualmente, mas não sempre relacionada

com aumentos na pressão de enchimento ventricular esquerda. 2 E,

aumentos na PECP indicando congestão hemodinâmica por si, podem ou

FIGURA 10 – Mecanismo da congestão pulmonar. PDVE: pressão diastólica ventricular esquerda; PECP: pressão de enchimento capilar pulmonar. Adaptado de: PAPPAS, L. et al 2011.

41  

não causar dispneia. 73 Tanto a congestão hemodinâmica, quanto a pulmonar

podem estar presente na ausência de sinais e sintomas de congestão, o que

caracteriza a “congestão clínica”. O desenvolvimento desses sinais e

sintomas representa a principal razão de hospitalização em pacientes com IC,

muitas vezes ocorrendo vários dias após o início do aumento da PECP. 82-83

Pacientes com PECP cronicamente elevada podem não apresentar

sintomas severos ou congestão pulmonar ao exame radiológico, enquanto

pacientes com IC de início recente e PECP similares podem ter sintomas

severos e edema pulmonar ao estudo radiológico. 4, 84 O limiar no qual uma

congestão hemodinâmica se torna clinicamente manifesta depende da

magnitude e da taxa na qual a PECP aumenta, da pressão oncótica e de

mecanismos compensatórios, bem como da drenagem linfática pulmonar,

permeabilidade da membrana capilar alveolar e da presença ou ausência de

doenças pulmonares subjacentes que reduzam a reserva pulmonar. 73

São manifestações clínicas de congestão a ocorrência de dispneia,

edema, estertor crepitante pulmonar e turgência jugular, o que representa o

principal motivo de internação hospitalar na vasta maioria dos pacientes

hospitalizados por ICA. 2 A exacerbação da IC não é reconhecida até que

esses sinais e sintomas clínicos se desenvolvam, contudo o aumento do

volume circulante, especialmente na forma de congestão pulmonar, pode ser

precocemente detectado pelo radiograma de tórax na maioria dos casos

(TABELA 5). Assim, o diagnóstico da síndrome intersticial alveolar baseia-se

atualmente na RXT. 85

42  

TABELA 5 – Tipos de congestão na ICA Congestão Hemodinâmica Pulmonar Clínica

Tempo

Precoce (proximal) Intermediária (distal)

Tardia

Instabilidade Clínica

Possível Provável Presente

Sinais Aumento das pressões de enchimento do VE

Aumento da água pulmonar

Estretores, edema periférico

Alvo Anatômico Circulação pulmonar Membrana alvéolo-capilar

Pulmão-coração

Desfecho funcional Aumento das pressões de enchimento do VE

Aumento da água pulmonar

Dispneia

2.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Como uma síndrome clínica, a IC se manifesta em diferentes estágios

com um amplo espectro de sintomas e sinais clínicos. Apesar de nenhum

sintoma ser altamente específico, alguns são mais confiáveis que outros para

definir a presença, a severidade, e o risco de agudização da enfermidade. 26,

40, 59 Enquanto sintomas cardinais como a fadiga e a dispneia são pouco

específicos, outros sinais e sintomas como a ortopneia, a dispneia paroxística

noturna (DPN), a turgência jugular, o aumento da área cardíaca e a presença

de terceira bulha cardíaca (B3) apresentam 70-90% de especificidade com

11-55% de sensibilidade. 86-87 Para tanto, faz-se necessária a correlação

destes achados com a história clínica, o exame físico e os exames

complementares. 26, 40, 59

2.4.1 Fadiga

Esse sintoma é tradicionalmente atribuído à presença de um baixo DC,

sendo uma importante queixa a ser avaliada nos pacientes com IC.

Entretanto, a sua prevalência no quadro de ICA foi surpreendentemente

43  

baixa nos registros ADHERE e OPTIMIZE-HF, com 31 e 23% de prevalência

respectivamente. 71, 88 Provavelmente isso represente uma subnotificação em

face da coexistência de sintomas agudos mais alarmantes. 3 Queixa

incapacitante, o cansaço também está relacionado a anormalidades

musculares e outras comorbidades não cardíacas (como fatores

psicológicos), o que contribui com a baixa especificidade desse sintoma. 3

2.4.2 Dispneia

A dispneia é geralmente definida como a sensação experimentada por

indivíduos que se queixam de desconforto respiratório, 89 é um dos mais

comuns e angustiantes sintomas relatados pelos pacientes. É uma

experiência subjetiva de desconforto ao respirar que consiste em sensações

qualitativamente distintas que variam em intensidade. Com fisiopatologia

complexa, a dispneia é derivada de múltiplas interações fisiológicas,

psicológicas e sociais, além de fatores ambientais que podem induzir

respostas fisiológicas e comportamentais. 89-90 Linhas teóricas recentes

postulam que o sintoma de falta de ar resulta da incompatibilidade ou

distorção entre a atividade respiratória motora central e a chegada de sinais

aferentes dos receptores das vias aéreas, dos pulmões e da estrutura da

parede torácica. Apesar de não existirem dados de prevalência específicos

sobre a dispneia, a sabida relação com as doenças cardiorrespiratórias

indicam a gigantesca magnitude deste problema. 91

Dispneia é o sintoma motriz que, via de regra, leva o paciente a buscar

atendimento médico e consequentemente é a queixa mais frequente dos

pacientes que se apresentam com ICA. 71-72, 88, 92-94 Esse sintoma pode se

apresentar como dispneia ao esforço, ortopneia, dispneia paroxística noturna

44  

e dispneia ao repouso (30-50% dos casos).73 Devido a sua alta sensibilidade,

a ausência de dispneia torna o diagnóstico de ICA pouco provável. 1, 95

Contudo, os pacientes com disfunção sistólica e ou diastólica podem

apresentar-se dispneicos por outras causas ou de forma subjetiva, o que

justifica a baixa especificidade do sintoma. 1, 3

Na ICA, a dispneia reflete a congestão pulmonar decorrente de um

aumento na PECP, como resultado de uma disfunção ventricular esquerda

(sistólica ou diastólica) e/ou anormalidades valvulares. 73 Quando a dispneia

ocorre durante o decúbito, pela redistribuição do fluido da circulação

esplâncnica e dos membros inferiores para a circulação central e

consequente aumento da PECP, a denominamos de ortopneia. Aliviando com

a mudança do decúbito para a posição sentada ou com o uso de travesseiros

adicionais para dormir, a ortopneia se destaca como a apresentação da falta

de ar que mais se correlaciona com a elevação das pressões de enchimento

ventricular. 96-98 Nesse caso, o mecanismo da dispneia pode tanto ser

desencadeado pela hipoxemia produzida, quanto pelo estímulo de receptores

vasculares ou intersticiais pulmonares (receptores J desmielinizados, também

conhecidos como fibras C). 89, 91

Durante a avaliação e o tratamento da IC, a equipe clínica costuma

avaliar a severidade da doença e a resposta tratamento baseando-se em

múltiplos parâmetros objetivos e na percepção de dispneia pelo paciente. 99-

100 Não raro, é o sintoma ao qual a maior parte das intervenções agudas

instituídas está direcionada e que guia a escolha e ajuste do tratamento. 93

Consequentemente, os mais recentes estudos clínicos de novas terapias

45  

para a ICA têm incluído a dispneia como desfecho para determinar a eficácia

terapêutica em teste. 93, 101-104

A quantificação de uma sensação subjetiva como a falta de ar se faz

de forma extremamente difícil. Com isso, muitos instrumentos foram

desenvolvidos com o objetivo de graduar a dispneia. Os primeiros tentaram

padronizar o relato do sintoma correlacionando-o com o seu impacto nas

atividades diárias. 93, 105-106 Apesar das inúmeras modificações propostas,

todos esses mecanismos de quantificação compartilham de características

comuns: avaliam a dispneia num quadro crônico e utilizam atividades diárias

para avaliar o esforço. Entretanto o uso dessas atividades diárias não

considera as diferenças de esforço extra que é necessário para o

cumprimento dessas atividades. 93

Simplificando a avaliação, foi proposta uma escala análogo-visual

(EAV), que utiliza uma linha vertical ou horizontal de 100mm com frases

âncora específicas em suas extremidades, na qual o paciente marca na

escala o ponto que corresponde a sua falta de ar. Embora não seja

padronizada, essas frases variam de “ausência de falta de ar” a “pior falta de

ar que posso imaginar” ou “sem falta de fôlego” a “falta de ar extrema”. Esse

método foi validado em muitos estudos com exercício, sendo considerada

uma das melhores escalas de dispneia já desenvolvidas. 93

A escala Likert 107 é uma forma de escala psicométrica de

atitudes, amplamente utilizada para diversas situações, na qual a questão a

ser avaliada é graduada em níveis (3, 5, 7 ou 9 níveis) que corresponderão a

pontos, podendo estar acompanhada de uma EAV. Usualmente, se utiliza

uma escala Likert de 5 pontos em que se gradua em: 1)fortemente

46  

desfavorável ao conceito; 2)mais ou menos desfavorável ao conceito;

3)indeciso; 4)mais ou menos favorável ao conceito; 5)favorável ao conceito.

Em relação à graduação da dispneia se utiliza: 1)sem falta de ar; 2)falta de ar

leve; 3)falta de ar moderada; 4)falta de ar forte; 5)falta de ar muito forte.

Estudos que compararam as múltiplas ferramentas para avaliação da

dispneia demonstraram que a EAV, apesar de apresentar grande

variabilidade de resposta, provou ser a medida mais reprodutível e sensível

para detectar mudanças na sensação de falta de ar, enquanto a escala de

Borg108 tem maior sensibilidade para detectar alterações na sensação de

fadiga e a escala Likert possuiu a mais fácil aplicação e interpretação. 93, 101,

109-110 Não existe consenso sobre qual instrumento utilizar. Embora a EAV

pareça ser a mais sensível, considera-se a Likert a mais fácil de aplicar no

ambiente dos estudos clínicos, como já demonstrado em três recentes

ensaios clínicos. 101-104

Grande parte dos dados publicados é relacionada a estudos com

dispneia crônica e o uso dessas escalas no quadro agudo ainda está em

processo de validação. 101, 110-111

2.4.3 Tosse

A tosse noturna é uma manifestação frequente e negligenciada do

processo de congestão por aumento da PECP. É um sintoma relativamente

específico para IC, mas também pode ocorrer em situações como obesidade

abdominal, ascite e doenças pulmonares. Geralmente ocorre à noite e

desperta o paciente do seu sono 1 a 3 horas após deitar. Assim como a DPN,

a tosse noturna é resultante da redistribuição do fluido da circulação

47  

esplâncnica e dos membros inferiores para a circulação central durante o

decúbito, a qual resulta num aumento da pressão capilar pulmonar. 21

2.4.4 Distúrbios Respiratórios

Distúrbios respiratórios no sono são bastante frequentes, chegando a

ocorrer de 11-37% no caso da apneia obstrutiva do sono e de 33-40% no

caso da apneia do sono central. 112-113 Enquanto a apneia obstrutiva do sono

é considerada mais como uma comorbidade da IC, a apneia do sono de

origem central é tida como um sintoma de severidade da IC e é associada de

forma independente a um aumento da mortalidade nesses pacientes. 114

É comum a presença da respiração de Cheyne-Stokes nos quadros

avançados e exacerbados da doença associados com um baixo DC. Esse

padrão ventilatório é causado pela diminuição da sensibilidade do centro

respiratório à PCO2 arterial. 89, 114 Na fase apneica ocorre uma queda da PO2

arterial e um aumento da PCO2 arterial, estimulando o centro respiratório

deprimido, resultando em hiperventilação e hipocapnia, seguido novamente

de apneia. 3, 89

2.4.5 Dor Torácica

Podendo estar relacionado com o fator precipitante da ICA, a dor

torácica deve alertar para a necessidade de descartar isquemia miocárdica. 3

O estudo RESOLVD 75, mostrou que a síndrome coronariana aguda (SCA) foi

responsável por 12% dos casos de ICA. Em um registro de casos de ICA que

48  

se apresentaram na emergência com dor torácica, a incidência de SCA

chegou a 32% dos pacientes. 115

Quando a etiologia da dor torácica não está relacionada com a

isquemia miocárdica, devem ser consideradas causas alternativas, como

miocardite, embolia pulmonar e hipertensão pulmonar. 3

2.4.6 Outros Sintomas

Os pacientes também podem apresentar sintomas gastrointestinais

(anorexia, náuseas, saciedade precoce, plenitude gástrica e dor abdominal) e

cerebrais (confusão mental, desorientação, distúrbios do humor e do sono). 3

2.5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA CONGESTÃO PULMONAR

No quadro agudo, nem sempre é possível, nem viável, avaliar

prontamente todos os pacientes dispneicos com testes de função

cardiovascular (como ecocardiografia e cateterismo cardíaco) objetivando um

diagnóstico diferencial. Tratando-se a ICA de uma síndrome clínica, o médico

é desafiado a definir o quadro de congestão pulmonar (independentemente

da etiologia e disfunção sistólica e diastólica), baseando-se em informações

provenientes de diversas fontes incluindo: história clínica, exame físico e em

métodos de investigação rapidamente disponíveis (RXT, ECG, exames

bioquímicos e peptídeos natriuréticos). 1

49  

2.5.1 Avaliação Clínica

A avaliação dos sinais e sintomas clínicos é o método clássico para

acompanhar a progressão da IC e para identificar o quadro de congestão. 99

Dentre os sintomas, o mais comum é a dispneia (presente em ~90% dos

casos), seguido de fadiga (23-31%), dor torácica (12%), distúrbios cognitivos

e do sono. 1, 3, 72-73, 75, 88

Um dos sinais clínicos mais úteis para caracterizar a pressão de

enchimento ventricular esquerda em um paciente com IC é a pressão venosa

central (PVC), ou pressão atrial direita (PAD), estimada através da turgência

jugular. 3, 96 A PAD pode ser estimada a partir do exame das veias jugulares

com o paciente em decúbito dorsal com a cabeceira elevada em 45˚. Em

estágio iniciais, a pressão venosa pode estar normal (≤8cm de água) em

repouso, mas fica anormalmente elevada com a realização de pressão

sustentada (~1min) no quadrante superior direito do abdome (refluxo

hepatojugular positivo). Apesar da PVC representar diretamente as pressões

de enchimento das câmaras direitas do coração, a pressão atrial direita

frequentemente reflete as pressões de enchimento das câmaras esquerdas

do coração em pacientes com IC crônica (concordância entre PVC>10mmHg

a PECP>22mmHg em aproximdamente 80% dos casos) . 116-119 A presença

de refluxo hepatojugular na ausência de disfunção isolada ventricular direita

(VD) consegue predizer com segurança uma PECP>15mmHg, aumentando a

sensibilidade e especificidade da avaliação do pulso venoso jugular. 120

O exame clínico do coração, apesar de essencial, muitas vezes não

oferece informações úteis a respeito da severidade da doença. 1 A

50  

cardiomegalia pode ser definida com o deslocamento do ictus para baixo do

quinto espaço intercostal e ou lateralmente à linha clavicular média, com o

impulso palpável em mais de dois espaços intercostais. 37 Hipertrofia

ventricular importante é suspeitada na vigência de um ictus com impulso

sustentado. Impulso paraesternal esquerdo sustentado, se estendendo

através da sístole, e prolongado sugere hipertrofia ou aumento do ventrículo

direito. 37

Ausculta cardíaca é outro foco importante do exame clínico. A

presença de sopro cardíaco pode indicar valvulopatia complicando ou

causando a IC. A presença de B3, galope protodiastólico, é um achado

clássico e importante na ICA, com significado prognóstico independente.121

Sua presença é altamente específica (especificidade 93%) para a detecção

de aumento das pressões de enchimento e de disfunção ventricular,

significando frequentemente comprometimento hemodinâmico severo. 122 Por

sua vez, a sensibilidade é baixa (entre 13-52%) e a variabilidade

interobservador é significativa. 123-124 A quarta bulha cardíaca não é um

indicador específico de IC, mas usualmente está presente em pacientes com

disfunção diastólica. 1

Com a transudação do fluido do espaço intravascular para os alvéolos,

pode-se identificar a presença de sons crepitantes durante a ausculta do

aparelho respiratório. Quando ocorrem em pacientes sem outra doença

pulmonar, são altamente específicos para IC. 1 Contudo, em quadros

crônicos da doença na vigência de pressões de enchimento do VE elevadas,

os crepitantes pulmonares podem estar ausentes em virtude do aumento da

drenagem linfática dos fluidos alveolares. Crepitantes e sibilos presentes na

51  

ausculta pulmonar podem ser auscultados em pacientes com ICA e

tradicionalmente estão relacionados à congestão pulmonar.3 Tanto no estudo

ADHERE quanto no OPTIMIZE-HF, crepitações pulmonares foram descritos

em dois terços dos pacientes. 71, 73, 88 A sibilância também é encontrada em

mais de um terço dos pacientes idosos com IC crônica no ambiente da

emergência.125 Em estudo envolvendo pacientes com ICA, a tosse foi

reportada em 69% dos pacientes. 126 O derrame pleural surge da elevação da

pressão capilar pulmonar que provoca a transudação do fluido para o espaço

pleural. Mais frequente em ocorrer no espaço pleural direito, também é

comum a apresentação bilateral.

Sinal que mais faz o médico considerar a possibilidade de IC, o edema

periférico é relativamente comum no quadro de ICA, chegando a ocorrer em

dois terço dos pacientes. 1, 71, 73, 88 Entretanto, representa mais líquido

extravascular do que intravascular e pode estar presente em diversas outras

condições como obesidade, insuficiência venosa, síndrome nefrótica e

cirrose. 3 A especificidade deste achado pode ser aumentada quando

associado à presença de PVC elevada. 4 Usualmente é simétrico e ocorre

predominantemente nos tornozelos e na região pré-tibial em pacientes

ambulatoriais. Em pacientes acamados, o edema pode ser encontrado na

região sacral e escrotal. 37

Podendo ocorrer em indivíduos assintomáticos, a pressão arterial

sistólica (PAS) baixa (algumas vezes <70mmHg) associa-se a função

sistólica gravemente reduzida. Num extremo, extremidades frias alertam para

a possibilidade de perfusão inadequada e choque cardiogênico, o qual é

extremamente incomum (<2% de prevalência). 1, 71, 73, 88, 94 Por outro lado, a

52  

hipertensão arterial (PAS>140mmHg) tem prevalência maior que 40% nos

casos de ICA. 127

Outros achados clínicos incluem a variabilidade de pulso (indicativo de

aumento dos volumes ventriculares esquerdo e baixa fração de ejeção),

manobra de Valsalva (forma de melhorar a detecção de IC e sobrecarga

volêmica), fibrilação atrial (podendo ser a causa da descompensação) e

aumento da frequência cardíaca (esse último apenas nas 24hs que precedem

a internação), são dados úteis na avaliação da ICA e altamente prevalente

em pacientes com quadro crônico de IC.128-129

A tabela 6 sintetiza a sensibilidade, especificidade e valor de

verossimilhança positivo e negativo para cada achado no diagnóstico de ICA

no ambiente da emergência.

A categorização dos sintomas é altamente subjetiva e influenciada por

diversos vieses subjacentes tanto dos pacientes quanto do avaliador. Apesar

da avaliação da ortopneia parecer ser simples, ela não é quantificável

objetivamente e tem uma considerável variabilidade interobservador 99. A

informação coletada a partir do exame físico também pode ser afetada por

limitações semelhantes, principalmente no que tange a avaliação do edema e

da pressão venosa jugular, as quais são subjetivas e dependentes da

habilidade clínica do profissional. Existe uma variação intraobservador

significativa no acesso da pressão venosa jugular e uma falta de

confiabilidade dos médicos investigadores em estimar o estado

hemodinâmico, o que pode ser mais discrepante ainda quando consideramos

clínicos com menor experiência. 130 Devemos ainda considerar que, enquanto

53  

estamos avaliando os sintomas, dificilmente conseguimos nos separar

completamente da influência dos dados clínicos relevantes para uma coleta

neutra. 99

Tabela 6 - Acurácia diagnóstica da história e exame físico em pacientes na

emergência

razão de verossimilhança (RV) (CI 95%)

Achado S E Positivo Negativo Julgamento clínico 0,61 0,86 4,4 (1,8-10) 0,45(0,28-0,73) História

Insuficiência Cardíaca Infarto do Miocárdio DAC Dislipidemia Diabetes mellitus Hipertensão Tabagismo DPOC

0,6 0,4 0,52 0,23 0,28 0,6 0,62 0,34

0,9 0,87 0,7 0,87 0,83 0,56 0,27 0,57

5,8(4,1-8) 3,1(2-4,9)

1,8(1,1-2,8) 1,7(0,43-6,9)

1,7(1-2,7) 1,4(1,1-1,7)

0,84(0,58-1,2) 0,81(0,6-1,1)

0,45(0,38-0,53) 0,69(0,58-0,82) 0,68(0,48-0,96) 0,89(0,69-1,1) 0,86(0,73-1)

0,71(0,55-0,93) 1,4(0,58-3,6) 1,1(0,95-1,4)

Simtomas DPN Ortopneia Edema Dispneia ao esforço Fadiga e aumento do peso Tosse

0,41 0,5 0,51 0,84 0,31 0,36

0,84 0,77 0,76 0,34 0,7 0,61

2,6(1,5-4,5) 2,2(1,2-3,9) 2,1(0,92-5) 1,3(1,2-1,4) 1(0,74-1,4)

0,93(0,7-1,2)

0,7(0,54-0,91) 0,65(0,45-0,92) 0,64(0,39-1,1) 0,48(0,35-0,67) 0,99(0,85-1,1)

1(0,87-1,3) Exame físico

Terceira bulha cardíaca Refluxo hepatojugular Distenção jugular venosa Crepitantes pulmonares Qualquer sopro cardíaco Edema de MsIs Manobra de Valsalva PAS<100mmHg Quarta bulha cardíaca Sibilos Ascite

0,13 0,24 0,39 0,6 0,27 0,5 0,73 0,06 0,05 0,22 0,01

0,99 0,96 0,92 0,78 0,9 0,78 0,65 0,97 0,97 0,58 0,97

11(4,9-25)

6,4(0,81-51) 5,1(3,2-7,9) 2,8(1,9-4,1) 2,6(1,7-4,1) 2,3(1,5-3,7) 2,1(1-4,2) 2(0,6-6,6)

1,6(0,47-5,5) 0,52(0,38-0,71) 0,33(0,04-2,9)

0,88(0,83-0,94)

0,79(0,62-1) 0,66(0,57-0,77) 0,51(0,37-0,7) 0,81(0,73-0,9) 0,64(0,47-0,87)

0,41(0,17-1) 0,97(0,91-1) 0,98(0,93-1) 1,3(1,1-1,7) 1(0,99-1,1)

Adaptado de Wang et al, 20051 Abreviações: CI, intervalo de confiança; S, sensibilidade; E, especificidade; DAC: doença arterial coronariana; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; DPN: dispneia paroxística noturna; MsIs, membros inferiores; PAS, pressão arterial sistólica.

Apesar de não eliminarmos essas limitações em sua totalidade,

quando os dados são coletados em forma estruturada por um método

objetivo, reduzimos os vieses de aferição, a variabilidade interobservador e

consequentemente melhoramos o desempenho diagnóstico principalmente

54  

por agregar os achados clínicos. 96-97, 131 Com essa proposta, as escalas de

congestão são uma medida estruturada e padronizada puramente clínica, que

não despende tempo excessivo ou envolve equipamentos complexos e caros.

Ademais, os pacientes não são submetidos a procedimentos invasivos ou

desconfortáveis. 99 Sua aplicação pode ser facilmente aprendida e realizada

por toda a gama de profissionais da saúde envolvidos no tratamento da IC,

como foi demonstrado por estudo recente que comparou a aplicação da

escala por cardiologistas e enfermeiras (r=0,86; p<0,001).131

2.5.2 Monitorização do Peso

Muito utilizada na prática clínica e recomendada em diretriz Brasileira

11, 132, a monitorização do peso e suas oscilações tem sido utilizada para

verificar a volemia. 96 Em períodos curtos de tempo, a mudança de peso pode

ser um bom indicativo de variação na volemia. 73 Todavia, nem sempre se

observa ganho de peso precedendo um episódio de ICA, fato corroborado em

estudo que detectou mínima oscilação do peso antes e após a

descompensação. 83 Assim o papel da monitorização do peso perde

importância, uma vez que a congestão pulmonar ocorre mais por

redistribuição de fluido do que pelo seu acúmulo e consequente ganho de

peso. 2, 133

2.5.3 Radiografia de Tórax

A radiografia de tórax (RTX) é um método barato, amplamente

difundido e comumente utilizado para complementar o exame clínico. Na

maioria das vezes o exame radiográfico do pulmão é requisitado com a

finalidade de julgar a presença ou não de edema pulmonar, descrever a sua

55  

distribuição no pulmão e identificar fatores associados que possam inferir a

sua provável etiologia 5. Diretrizes da ESC e do ACC/AHA recomendam a

RXT como parte da investigação inicial do paciente com dispneia, por essa

ferramenta ter se provado ser útil na visualização direta da congestão e na

diferenciação do edema pulmonar cardiogênico de outras causas de dispneia.

26, 55, 59, 134-136 Também pode ser usado, de forma semi-quantitativa, para

estimar a quantidade de liquido extravascular pulmonar (LEP). 5

Apesar de relativamente quantitativo e potencialmente informativo

quanto à etiologia, a acurácia do método é significativamente limitada pelas

técnicas de aquisição e por situações clínicas que se sobrepõem

(especialmente no paciente crítico, no qual o exame costuma ser realizado

em decúbito). 137-138 Nessas situações, a correlação do LEP estimado pelo

RXT com as medidas por outras técnicas se demonstrou fraca. 139 Ademais,

existe uma divergência sobre a acurácia da RXT para a detecção da

presença de congestão pulmonar, principalmente quando consideramos sua

interpretação por diferentes profissionais médicos. Quando avaliado por

radiologistas experientes, a especificidade pode ser superior a 96%, porém

com uma sensibilidade em torno de 54%. 1

Estudo realizado com médicos radiologistas e residentes em radiologia

evidenciou uma grande variabilidade interobservador para a estimativa da

congestão e PECP pelo RXT (kappa 0,42 a 0,53). 140 Comparando a

interpretação do radiologista com médicos emergencistas, a discordância dos

achados oscilou entre 0,3-17%. 141-143 Em um estudo, a falha na apropriada

identificação do sinais de congestão ao RXT pelo emergencista ocorreu em

76,5% dos casos de ICA, contribuindo para dispensa desses pacientes sem

56  

receber um tratamento específico ou uma mudança na prescrição para o

quadro clínico em questão. 142

Nenhuma estratégia única para a determinação radiológica da PECP

é comumente aceita. A avaliação do RXT acaba sendo baseada na

combinação do reconhecimento de um padrão ou impressão geral e pela

identificação de sinais específicos. 135 Muitos destes sinais radiológicos, com

significância variada, foram descritos com esse fim. Os mais utilizados são:

1)Indice cardiotorácico evidenciando cardiomegalia; 2)Linhas B de Kerley;

3)Diversão cranial de fluxo; 4)Edema intersticial; 5)Edema alveolar;

6)Tamanho atrial esquerdo.

Diversos fatores possibilitam uma estimação do LEP: 1) Redistribuição

do fluxo vascular, espessamento peribrônquico, opacidade perihilar, linhas B

de Kerley e edema intersticial estão associados com um aumento modesto do

PED; 2) Com o aumento do LEP para uma quantidade moderada, o edema

pulmonar fica mais pronunciado com a opacidade ocupando uma fração

maior do espaço de aerado pulmonar, mas ainda com dependência

gravitacional; 3) Havendo grandes quantidades de LEP, a imagem radiológica

do pulmão fica cada vez mais opaca em todas as regiões, por aumento da

densidade.144

Citado por Milne et al145-146 a medida do diâmetro do pedículo vascular

no RXT em posição ereta pode auxiliar na diferenciação etiológica do edema

pulmonar, indicando uma possível etiologia cardiogênica quando >70mm. 147

Outros sinais que contribuem para o diagnóstico etiológico são a distribuição

do edema e do fluxo pulmonar, espessamento peribrônquico, linhas septais,

57  

derrame pleural, broncogramas aéreos, tamanho cardíaco e volume

pulmonar.

2.5.4 Peptideos Natriuréticos

O peptídeo natriurético cerebral (BNP) é um hormônio natriurético, que

inicialmente foi isolado no cérebro, posteriormente encontrado na circulação

periférica. No entanto, sua maior produção encontra-se no tecido miocárdico.

O NT-proBNP (porção N-terminal do pro-hormônio peptídeo

natriurético do tipo B) corresponde ao fragmento N-terminal do proBNP. Ou

seja, quando o prohormônio proBNP (com 108 aminoácidos) é clivado no

cardiomiócito, ele produz o BNP (32 aminoácidos), que é o hormônio ativo, e

um fragmento N-terminal (NT-proBNP, com 76 aminoácidos), que é

biologicamente inativo, mas que é também secretado na circulação em

quantidades equimolares ao BNP.

Ambos, BNP e NT-proBNP são secretados pelos miócitos ventriculares

148-149 em resposta a aumento das pressões de enchimento, sobrecarga

cardíaca pela dilatação da parede ventricular e, sob condições atípicas, como

a doença estrutural miocárdica150-151. Os níveis séricos de BNP e NT-proBNP

estão elevados na ICD.152-154

Considerando que o diagnóstico clínico da IC é subjetivo, com baixa

sensibilidade e especificidade, principalmente nos estágios iniciais e

assintomáticos da doença, o BNP tem-se mostrado como uma ferramenta

diagnóstica confiável na sala de emergência, como teste de rastreamento

para pacientes com queixas de dispneia 67. Quando os níveis de BNP

encontram-se >500pg/mL, provavelmente se confirma o diagnóstico primário

58  

de IC, sendo também preditor de mau prognóstico, com a razão de

verossimilhança aumentando conforme o aumento do ponto de corte do

BNP.1, 58, 148 Em contrapartida, nível de BNP <100pg/mL indica que a causa

da dispneia provavelmente não é secundária a IC (RV negativo 0,11;CI 95%:

0,07-0,16).1, 148 Uma alta suspeita clínica inicial isoladamente (RV 4,4;CI 95%:

1,8-10), tem uma RV maior que a associação de uma suspeita clínica e um

BNP>100pg/mL (RV combinado positivo de 3,1; CI 95%: 2,8-3,5). 58, 148 Em

face dessas evidências, a dosagem do NT-proBNP ou BNP pode não

providenciar uma informação adicional naqueles pacientes em que a suspeita

clínica inicial de IC é muito alta, mas demonstra um importante valor como

um teste complementar para descartar a hipótese diagnóstica de IC como

causa da dispneia no diagnóstico diferencial entre outras doenças com

sintomas e sinais semelhantes, em pacientes com probabilidade clínica

intermediária ou baixa.

Por apresentar relação dos níveis plasmáticos com a PDVE e com o

estresse parietal miocárdico, os peptídeos natriuréticos também podem ser

utilizados como indicadores de IC agudizada. 154 Inversamente, a redução

das pressões do VE, após tratamento com diuréticos de alça e com inibidores

da enzima conversora do angiotensinogênio, repercute numa diminuição dos

valores de BNP e NT-proBNP. 155 Assim, a elevação do NT-proBNP ou BNP

tem uma excelente correlação com a classificação da NYHA, refletindo a

gravidade da doença não por sintomas, mas pela hemodinâmica ventricular,

o que o torna um índice muito mais objetivo e exato. Estudos que

evidenciaram um aumento significativo da morbidade e mortalidade em

pacientes com IC e valores superiores a 1000pg/mL deste marcador. 156-158

59  

Ademais, a medida seriada dos níveis plasmáticos dos peptídeos

natriuréticos pode identificar um subgrupo de pacientes, com PDVE elevada,

que pode ser beneficiado com a intensificação das doses dos medicamentos

e, portanto, ser utilizada para a otimização do tratamento dos pacientes com

IC.159‐164 

2.5.5 Ecocardiografia

Método mais difundido e muito utilizado na prática clínica, o

ecocardiograma surgiu como uma ferramenta prática e não invasiva de maior

utilidade na avaliação dos pacientes com IC. 55, 165 Como uma modalidade

rápida e precisa, a ecocardiografia pode melhorar a detecção e a definição

das alterações hemodinâmicas e morfológicas na IC e no quadro de ICA. 166

Usada por muitos anos apenas para fornecer correlações estruturais

ao quadro de IC, esse método de imagem é capaz de fornecer dados

hemodinâmicos equivalentes aos obtidos com cateterismo direito, sem os

riscos e custos das medidas invasivas, e com excelente correlação com os

peptídeos natriuréticos. 165, 167-169

Com uma variedade de técnicas ecocardiográficas podemos

determinar uma alteração da função diastólica, um aumento na pressão atrial

esquerda (PAE), PECP e pressão diastólica final do VE (PDVE). Todas essas

medidas demonstraram um considerável valor prognóstico em pacientes

assintomáticos e sintomáticos, com função sistólica do VE preservada ou

não. 170 A medida por Doppler da velocidade de fluxo na artéria pulmonar,

caso o paciente não tenha doença pulmonar, ou do fluxo diastólico transmitral

e venoso pulmonar fornecem uma estimativa acurada da PECP ou da PAE.

60  

171 A medida da PECP é um parâmetro de avaliação da função cardíaca bem

estabelecido e utilizado para estimar as pressões de enchimento do VE. 172

Combinando múltiplas variáveis ecocardiográficas pode-se melhorar a

estimativa das pressões de enchimento do VE. 173

Com a técnica do Doppler tecidual, registramos as velocidades

sistólica e diastólica do miocárdio ao nível do ânulo mitral e com isso,

determinamos a velocidade da onda E’. A relação E/E’ tem uma ótima

correlação com a PDVE, PAE e PECP. Um valor de 15 na relação E/E’ septal

tem 86% de especificidade para determinar uma PDVE>15mmHg. 174 O valor

da relação E/E’ ainda pode ser usado em uma fórmula de regressão validada

por Nagueh et al 175 para ser calculada a PECP: PECP=1,24(E/E’)+1,9.

Na prática clínica, utiliza-se como referência um valor da relação

E/E’>15 para caracterizar uma PECP elevada e uma relação <8 para

determinar pressões normais (97% de valor preditivo negativo), estando os

valores intermediários dentro de uma área cinzenta. 166, 174

2.5.6 Ultrassonografia Pulmonar

Recentemente, a ultrassonografia torácica surgiu como uma nova

ferramenta para a avaliação da água pulmonar e consequentemente da

congestão pulmonar.

Por muitos anos, a avaliação do parênquima pulmonar era

considerada como fora dos limites da ultrassonografia, uma vez que a

energia do ultrassom é rapidamente dissipada pelo ar.176 Nas condições

fisiológicas normais, com pulmões aerados, tal fato é verdadeiro. O feixe do

ultrassom encontra o ar do pulmão e nenhuma imagem é visualizada, uma

61  

vez que não existe diferença de impedância acústica para refletir o som, e

com isso a energia sonora é rapidamente dissipada pelo ar.177 O única

estrutura detectada é a pleura, visualizada como uma linha horizontal

hiperecogênica que se move sincronicamente com a respiração.178

Contudo, quando o conteúdo de ar diminuiu (como no edema

pulmonar e na fibrose pulmonar), a diferença de impedância acústica

necessária para refletir o feixe de ultrassom é criada e algumas imagens

começam a surgir. Na presença de LEP, as ondas do ultrassom encontram o

septo interlobular subpleural espessado por edema. A reflexão do feixe

sonoro cria um artefato por reverberação tipo “rabo de cometa”, chamado de

linha B (anteriormente também denominado de cometas pulmonares)

(FIGURA 11). 85

FIGURA 11 – LUS de um pulmão normal e de um pulmão congesto Esquerda Ultrassonografia pulmonar (LUS) normal: linhas hiperecoicas regulares, horizontais e paralelas devido a interface pulmão-parede. Direita congestão pulmonary: linhas B são feixes verticais coerentes com uma origem estreita se espalhando do transdutor para a borda inferior da tela. Adaptado de: MALLAMANCI, F. 2010.

62  

A linha B é uma imagem hiperecóica, vertical e discreta, como um raio

de laser, que surge a partir da linha pleural, se estende para a base da tela

sem enfraquecer e se move sincronicamente com a respiração.178

Quando o conteúdo de ar é totalmente diminuído, como na

consolidação pulmonar, a janela acústica pulmonar é totalmente aberta, e o

pulmão pode ser diretamente visualizado como um parênquima sólido

(FIGURA 12).2

As linhas B pulmonares são um sinal simples, não invasivo e semi-

quantitativo do aumento da água pulmonar extravascular. 179-180 Avaliado pela

ultrassonografia pulmonar, o pulmão normal é “preto”, o moderadamente

FIGURA 12 – A janela pulmonar, as bases físicas da LUS. Adaptado de: Gargani, L. 2011

63  

doente (com água intersticial) é “preto e branco”, com feixes brancos

correspondendo às linhas B pulmonares, e o doente (com edema alveolar) é

“branco”. O sinal de normalidade é a ausência de sinal, e o sinal de

anormalidade é resultante da reflexão do acúmulo de água e pode ser

quantificado com base no número de linhas B (FIGURA 13), o qual está

diretamente relacionado com a avaliação de água pulmonar extravascular

pela radiografia de tórax (método semi-quantitativo) 181 ou pelo método de

termo-diluição. 15

A LUS pode ser realizada com qualquer aparelho de ultrassom

bidimensional utilizando qualquer tipo de transdutor (setorial, linear, convexo,

microconvexo). Não existe a necessidade de Doppler ou segunda harmônica.

O método proposto para avaliação consiste na varredura do tórax anterior e

FIGURA 13 – Exemplos de LUS. Imagens ultrassonográficas do pulmão demonstrando a quantificação das linhas B. Adaptado de: GARGANI, L. 2011.

64  

lateral, em ambos os hemitórax, do segundo ao quarto espaço intercostal (no

lado direito até o quinto espaço), e da linha paraesternal até a axilar média

com o paciente em posição supina, quase supina ou sentada, conforme

clinicamente indicado (FIGURA 14). 181

Ao realizar a LUS, a soma do número de linhas B de cada ponto de

avaliação forma um escore (número total de linhas B) que denota a extensão

do LEP. Em cada ponto avaliado, o número de linhas B é contado de zero a

dez. Zero é definido como a completa ausência de linhas. Uma tela

completamente branca em um único local avaliado corresponde a dez linhas

B, ao utilizar um transdutor cardíaco. (FIGURA 13)

Na maioria das ocasiões, as linhas B podem ser facilmente

enumeradas, especialmente se forem poucas. Todavia, quando são mais

numerosas, é mais difícil de contá-las, pois tendem a ser confluentes. Nessa

situação, com vistas a obter uma semiquantificação do sinal, podemos

considerar a porcentagem da área escaneada ocupada pelas linhas B e

FIGURA 14 – Método da realização da LUS Esquematização dos 28 pontos de avaliação na realização da LUS. Adaptado de: JAMBRIK, Z. 2004.

65  

então dividi-la por dez. Para fins clínicos, as linhas B podem ser

categorizadas de grau leve a severo. (TABELA 7) 180

TABELA 7 – Escore de linhas B Escore Numero de linhas B Liquido extravascular pulmonar

0 ≤5 Nenhum sinal 1 6-15 Grau leve 2 16-30 Grau moderado 3 >30 Grau severo

Adaptado de: PICANO et al, 2006.

A linha B ultrassonográfica está relacionada com a linha B de Kerley

radiográfica e com um escore de LEP aplicado no RXT. 181 Estudos também

demonstraram que o número de linhas B aumentam com a piora da classe

funcional NYHA e que estão correlacionados com a quantidade de LEP

mensurado invasivamente com método de termodiluição e ao grau de

disfunção diastólica, para qualquer grau de função sistólica.14-15 A

identificação das linhas B durante a LUS fornece uma nova ferramenta para a

distinção entre ICC e DPOC, como foi inicialmente descrito por Lichtenstein et

al13 e corroborado por Gargani et al16 (sensibilidade 85,7-100%;

especificidade 92-97,7%).

Também foram identificadas as linhas B em pacientes com edema

pulmonar clinicamente silencioso, como verificado em alpinistas amadores 18,

e em mergulhadores de apneia profissional 182, demonstrando que os

sintomas clínicos são apenas o topo do “iceberg” da congestão pulmonar, até

mesmo fora da ICA.

Durante as pesquisas, a LUS foi aplicada em um modelo suíno de

injúria pulmonar induzida por ácido-oleico, mimetizando a Síndrome da

Angústia Respiratória Aguda (SARA). 183 Os cometas pulmonares revelaram

o acúmulo histológico de água pulmonar extra-vascular precocemente nos

66  

porcos, num estágio em que ainda não se podiam observar mudanças nas

análises hemogasométricas. No ambiente clínico, demonstrou uma

sensibilidade de 98% e especificidade de 88% no diagnóstico da síndrome

intersticial, quando comparada a tomografia computadorizada de tórax, tendo

melhor performance que a ausculta e o RXT.184 Como uma condição não

cardiogênica de edema pulmonar, o padrão ultrassonográfico de múltiplas

linhas B também se faz presente na SARA, tornando em algumas situações o

diagnóstico diferencial com o edema pulmonar cardiogênico difícil. Todavia,

algumas características podem ajudar na diferenciação etiológica da

congestão pulmonar (FIGURA 15).

FIGURA 15 – Diferenciação etiológica das syndromes intersticiais pulmonares pela LUS. Adaptado de: Garganil, L. et al 2011.

67  

A simplicidade, precisão e a possibilidade dos resultados em tempo

real, fazem desse método diagnóstico uma ferramenta ideal para a avaliação

rápida da água pulmonar em situações que o diagnóstico da congestão

pulmonar é útil no manejo da IC: em pacientes ambulatoriais, na qual o

monitoramento da água pulmonar, como um iminente sinal de

descompensação, é mais fidedigno que o peso corporal; para o diagnóstico

primário de ICA nos pacientes admitidos com dispneia na emergência 16;

durante a hospitalização, para estratificar pacientes estáveis ou instáveis

hemodinamicamente, e para titular a terapêutica, e para estratificação

prognóstica. 185

Com sua variabilidade intraobservador e interobservador por volta de

5% e 7% respectivamente186, a LUS já está sendo incluída em artigos de

recomendação e endossada por declarações científicas do comitê de IC da

ESC, como uma futura orientação para avaliar e graduar a congestão

pulmonar na ICA.187 11

2.5.7 Outros Métodos Não Invasivos

A ausência de um método ideal para a avaliação do paciente com ICA

tem levado a uma contínua busca por novas ferramentas. Dentre elas

podemos citar:

2.5.7.1 Bioimpedância Torácica

Bioimpedância é a medida de como um tecido biológico conduz a

corrente alternada (CA). É definido pela razão entre a tensão e a corrente

elétrica, de forma que quando um volt de CA permite conduzir um ampère de

68  

corrente, a impedância é definida como sendo de 1 Ohm. 188 Ela varia com a

quantidade de fluido no corpo: um aumento no líquido corporal representa um

decréscimo na impedância; menor quantidade de líquido aumenta a

impedância. 188 Assim, a bioimpedância torácica (BT) ou cardiografia por

impedância torácica, é um método não invasivo que fornece informações

hemodinâmicas, como o conteúdo de líquido torácico, por meio da avaliação

da variação da impedância elétrica torácica. 96, 188 A impedância pode ser

avaliada por meio de dispositivos implantáveis com essa função (como

marcapasso, ressincronizador e cardiodesfibrilador), ou por meio de

dispositivos externos específicos (aparelhos de BT).

Entretanto, a definição da volemia pela BT tem sido motivo de

controvérsia. O maior estudo randomizado de BT em pacientes com IC

evidenciou que o conteúdo de líquido torácico não se correlacionou com

PECP e que a impedância não foi capaz de promover uma informação

fidedigna a respeito das pressões de enchimento do VE. 189 Contrapondo

esses achados, um estudo que comparou a BT com a LUS constatou que o

índice de fluido, estimado pela impedância torácica por meio de dispositivos

implantáveis, teve uma boa correlação com o número de linhas B (r=0,669;

p<0,001). 190

Método ainda pouco difundido, a BT carece de maiores estudos para

definir a sua aplicabilidade clínica. Caso seja comprovada sua utilidade, a BT

tem a vantagem de poder ser realizada à beira do leito e de poder monitorar a

resposta às intervenções terapêuticas. 96

69  

2.5.7.2 Tomografia Computadorizada de Alta Resolução

A tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) é um método

não invasivo que proporciona imagens com grande resolução na visão

anatômica transaxial, livre de estruturas sobre e subjacentes. 191-192

Importante no diagnóstico diferencial de outras doenças pulmonares, a TCAR

é capaz de diagnosticar inclusive estágios precoces de edema pulmonar, por

meio do espessamento da rede de fibras intersticiais pelo fluido pulmonar, ou

por meio do aumento da densidade pulmonar. 5, 191-192 Haja vista a

necessidade de instalações radiológicas complexas, o custo elevado do

método e o uso de radiação ionizante, sua aplicação restringe-se a pacientes

críticos e a protocolos de pesquisa. 192

2.5.7.3 Ressonância Nuclear Magnética

A ressonância nuclear magnética (RNM), também já foi utilizada com

sucesso para avaliar a quantidade de água pulmonar de forma quantitativa e

qualitativa. 5, 193

Fazendo uso de contraste macromolecular, pode-se diferenciar o

edema pulmonar entre as diversas etiologias (aumento da pressão vascular,

ou dano na barreira capilar) e medir o volume intravascular total. 194 A

sequência de “multi-spin-echo” permite um cálculo acurado da água

extravascular pulmonar. Outras técnicas também podem ser utilizadas, tais

como: “gradiente-echo sequencia tridimensional”; densidade média pulmonar;

tempo de relaxamento T1 e T2. 5, 195

70  

Apesar de algumas técnicas estarem disponíveis para o uso, a RNM

para avaliação do edema pulmonar ainda não foi estabelecido na rotina

clínica. 195 Muito deve-se ao custo elevado, pouca disponibilidade e pouca

praticidade do método. Ademais alguns fatores dificultam a sua aplicação na

avaliação do parênquima pulmonar: pequena densidade de prótons,

resultando numa baixa relação ruído-sinal; movimentação fisiológica

decorrente da respiração e do batimento cardíaco que provocam a perda de

sinal; combinação de ar e tecidos moles que predispões a formação de

artefatos. 195

2.5.8 Cateterismo Cardíaco

Considerado como método padrão ouro para determinar a congestão

pulmonar, a avaliação hemodinâmica por monitorização invasiva da PECP

consegue estimar a PDVE, detectando a congestão hemodinâmica em seu

estado pré-clínico. 73 Por ser um método invasivo, sua aplicabilidade

restringe-se apenas a pacientes hospitalizados.

71  

3 JUSTIFICATIVA

Considerando a importância da insuficiência cardíaca dentro do

contexto da saúde pública atual, do papel da congestão pulmonar na piora da

qualidade de vida e no aumento da morbimortalidade desses pacientes e,

sobretudo, a carência de um método diagnóstico ideal para a aplicação em

ambiente ambulatorial, faz-se necessário a busca contínua de novas

ferramentas adjuvantes ao exame clínico.

Ferramenta diagnóstica promissora, não existe estudo testando a

aplicação da ultrassonografia pulmonar no ambiente ambulatorial, com o

objetivo de diagnosticar a congestão pulmonar, avaliando sua acurácia, e de

determinar o prognóstico dos pacientes com IC.

72  

4 HIPÓTESE

4.1 HIPÓTESE CONCEITUAL

A ultrassonografia pulmonar é um método de fácil e rápida aplicação,

objetivo e semiquantitativo para a avaliação da congestão pulmonar dos

pacientes ambulatoriais com IC moderada a grave, com acurácia semelhante

ao NT-proBNP e à relação E/E’.

73  

5 OBJETIVO

5.1 GERAL

Avaliar a acurácia da ultrassonografia pulmonar na determinação da

congestão pulmonar em pacientes ambulatoriais com IC moderada a grave,

correlacionando-a com dados clínicos, laboratoriais, ecocardiográficos e

radiológicos.

5.2 ESPECÍFICOS

5.2.1 Testar a ultrassonografia pulmonar como um método rápido,

objetivo e semiquantitativo para a identificação da congestão

pulmonar em pacientes ambulatoriais com IC moderada a grave;

5.2.2 Correlacionar o número de Linhas-B, obtidos através da

ultrassonografia pulmonar, com o nível sérico de NT-proBNP;

5.2.3 Correlacionar o número de Linhas-B, obtidos através da

ultrassonografia pulmonar, com a relação E/E’;

5.2.4 Correlacionar o número de Linhas-B com parâmetros clínicos e

radiológicos para a avaliação da congestão.

5.2.5 Determinar a sensibilidade e especificidade da ultrassonografia

pulmonar para a identificação da congestão pulmonar em

pacientes ambulatoriais com IC moderada a grave;

5.2.6 Avaliar a capacidade da LUS em predizer e desfechos clínicos

num seguimento de 3 meses.

74  

6 METODOLOGIA

6.1 DELINEAMENTO

Estudo transversal seguido de uma coorte prospectiva. O desenho do

estudo seguiu as normas do SATARD statement. 196

6.2 COMITÊ DE ÉTICA

O projeto de pesquisa foi aprovado pela Unidade de Pesquisa e pelo

Comitê de Ética da Instituição (registro número UP 4467/11). Todos os

pacientes arrolados foram submetidos à aplicação de um consentimento

informado livre e esclarecido antes do início da coleta dos dados (ANEXO).

6.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO

Pacientes encaminhados para o ambulatório de avaliação pré-

transplante do IC/FUC com insuficiência cardíaca de diferentes etiologias,

apresentando diagnóstico de IC sistólica moderada a grave (FE<45%) há

mais de 6 meses e em classe funcional NYHA II, III ou IV.

6.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

- Menor de 18 anos de idade;

- Diagnóstico prévio de fibrose pulmonar;

- Cardiopatia congênita.

6.5 TAMANHO DA AMOSTRA

Calculada para ser obtido um coeficiente de correlação de 0,9 entre o

NT-proBNP e o número de Linhas-B, com um erro alfa de 5% e beta de 80%,

foi estimada uma amostra de 10 pacientes. Caso 50% da amostra apresente

quadro de congestão clinicamente detectada e a ultrassonografia pulmonar

eleve esse valor para 75%, serão necessários 56 pacientes, com um mesmo

erro alfa e beta para comprovar uma diferença significativa entre os métodos.

75  

Para detectar uma diferença na estimativa do número de casos em risco para

eventos clínicos adversos com os diferentes métodos, considerando que os

pacientes categorizados como descompensados vão ter uma chance de 30%

de eventos contra 5% daqueles categorizados como compensados, com um

erro alfa de 5% e beta de 80%, foi estimada uma amostra de 53 pacientes.

6.6 COLETA DOS DADOS

Durante o período de Novembro de 2011 a Janeiro de 2012, os

pacientes que consultaram no ambulatório de avaliação pré-transplante do

IC/FUC, preenchendo os critérios de inclusão, foram avaliados clinicamente e

realizaram exames de ecocardiografia, ultrassonografia pulmonar, radiografia

de tórax e laboratoriais de forma independente, no mesmo dia da consulta,

com um intervalo máximo de 5 horas entre o primeiro e o último exame.

6.6.1 Avaliação Clínica

A consulta clínica foi realizada por dois cardiologistas clínicos

experientes pertencentes à equipe de transplantes cardíacos do IC/FUC,

seguindo a rotina do serviço. Durante a consulta, foram coletados dados

referentes à avaliação clínica através das fichas de coleta: Ficha Clínica;

Escala Congestão; Ficha Adesão; Ficha Medicação; questionário Minnesota

Living with Heart Failure Questionnaire (ANEXO). Todas as fichas de coletas

foram previamente elaboradas, bem como testadas sua adequação em um

projeto piloto.

6.6.1.1 Escala Clínica de Congestão

Durante a avaliação clínica, foi utilizado um formulário estruturado

(vide anexo) baseado em uma escala de congestão clínica validada por

76  

Rohde et al. 97 Considerou-se os seguintes aspectos clínicos: estertores

crepitantes pulmonares; terceira bulha cardíaca; distensão jugular; edema

periférico; história de ortopneia; refluxo hepato-jugular; classe funcional

NYHA. A avaliação clínica e pontuação dos critérios analisados seguiu a

mesma padronização utilizada por Sauer et al, sendo considerado um escore

de 3 como ponto de corte para definir congestão clínica. 131

6.6.1.2 Escala de Adesão Medicamentosa

A adesão medicamentosa foi testada com a aplicação do questionário

de Morisky et al197. Na mesma ocasião também foram aplicados os

questionários de Haynes et al198 e QAM-Q199 para futuras análises.

6.6.1.3 Qualidade de vida

Avaliamos a qualidade de vida dos pacientes por meio da aplicação do

questionário Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire validado para

o português após o término da consulta, por uma enfermeira previamente

treinada. 200

6.6.2 Coleta de Exames Laboratoriais

Logo após a inclusão do paciente no estudo e antes da consulta

clínica, todos os pacientes tiveram amostras de sangue arterial e venoso

coletado. A amostra de sangue arterial foi de 3mL, coletados através de uma

punção arterial periférica e armazenados em uma seringa previamente

irrigada com heparina para a realização de análise gasométrica. A amostra

de sangue venoso consistiu de 20mL, coletado por venopunção em tubos

77  

resfriados, descartáveis de polipropileno contendo aprotinina (500KIU/mL de

plasma) e de ácido tetracético diamina etileno (EDTA, 1g/L de plasma).

As amostras foram processadas no laboratório de análises clínicas do

IC-FUC, sendo analisados: Gasometria Arterial e Venosa; Ureia; Creatinina;

Sódio; Potássio; Hematócrito; Hemoglobina; RDW; Lactato; Albumina; NT-

proBNP. A partir da gasometria arterial, foi estimado o gradiente alvéolo

arterial de O2 com fórmula matemática já consagrada.201

Os níveis de NT-proBNP foram determinados através da técnica de

imunoensaio de eletroquimioluminescência (ECLIA) utilizando um

equipamento Elecsys® Analyzer (Roche Diagnostics, Manheim, Germany),

seguindo as especificações fornecidas pelo fabricante.

6.6.3 Eletrocardiograma

Realizou-se após a coleta dos exames laboratoriais um

eletrocardiograma em repouso com 12 derivações conforme metodologia já

consagrada.

6.6.4 Ecocardiografia

Todos os pacientes foram submetidos a um estudo ecocardiográfico

transtorácico abrangente, em repouso e na posição supina, com métodos

convencionais. Utilizamos o aparelho de ultrassonografia Vivid I, GE Vingmed

Ultrasound, com transdutor 3S (2,5-3,5MHz) comercialmente disponível. Os

exames foram gravados e posteriormente analisados “offline” de forma

independente através do programa EchoPac PC SW-only, versão 7.0, GE

Vingmed. Cada parâmetro ecocardiográfico foi analisado por no mínimo três

ciclos cardíacos consecutivos, sendo que nos pacientes com fibrilação atrial

foi analisado por no mínimo cinco ciclos e calculada a média, com o objetivo

78  

de reduzir a variabilidade intraobservador. Os dados foram anotados em uma

planilha (ANEXO).

Os diâmetros diastólicos e sistólicos finais foram medidos através das

dimensões internas da cavidade ventricular esquerda obtidas por imagens Bi-

dimensionais e modo-M por meio da janela paraesternal longitudinal. Os

volumes atrial esquerdo, ventriculares esquerdo sistólico e diastólico e a

fração de ejeção ventricular esquerda foram obtidos pela janela apical de 2 e

4 câmaras, utilizando-se a regra de Simpson biplanar, conforme as

recomendações da Sociedade Europeia de Ecocardiografia (ESC) e da

Sociedade Americana de Ecocardiografia (ASE). 202-204

A massa ventricular esquerda foi calculada pela fórmula de Devereux e

então indexada pela superfície corporal. 203-204

Estimamos a pressão de enchimento ventricular esquerda por meio do

uso do Doppler pulsado e do Doppler tissular, sendo determinada a razão

E/E’ através da relação do pico de fluxo precoce mitral (E), dividido pela

velocidade anular mitral septal precoce (E’). Considerou-se uma relação

E/E’≥15 correspondente a uma pressão de enchimento ventricular esquerda

elevada. 174-175 A pressão atrial esquerda foi calculada com a fórmula validada

por Nagueh et al175 1,24(E/E’)+1,9.

A função diastólica ventricular esquerda foi determinada a partir do

padrão do fluxo diastólico mitral e fluxo venoso pulmonar através das veias

pulmonares pelo Doppler pulsado, complementado pela velocidade anular

mitral septal através do Doppler tissular. Graduamos a disfunção diastólica

em: ausente (grau 0); relaxamento alterado (grau 1); padrão de enchimento

pseudonormal (grau 2) e padrão de enchimento restritivo (grau 3). 205

79  

Avaliamos a regurgitação mitral semi-quantitativamente, seguindo as

recomendações da ESC e ASE, em: 0=ausente ou discreta; 1=leve;

2=moderada; 3=grave. 206-207

A pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP) foi estimada, sempre

que possível, pela soma do gradiente ventrículo direito para o átrio direito em

mmHg, derivada da velocidade máxima da regurgitação do fluxo retrógrado

transvalvar tricuspídeo avaliado ao Doppler contínuo (CW) de acordo com a

equação de Bernoulli, com o valor da pressão atrial direita (PAD) estimada

com base no índice de colabamento da veia cava inferior (VCI).208 Também

estimamos a PMAP e a PECP a partir do tempo de aceleração do fluxo

anterógrado pulmonar (TACP) utilizando-se a fórmula Dabestani et al

modificada (PMAP=79-TACPx0,45) e a fórmula proposta por Henry

(PECP=65-TACPx0,5) respectivamente. 209

6.6.5 Ultrassonografia Pulmonar

Após o estudo ecocardiográfico, realizamos o estudo ultrassonográfico

do pulmão mantendo os pacientes na posição supina ou próxima a supina.

Contudo, em um único paciente que se apresentava com ortopneia, o exame

teve que ser realizado na posição sentada.

Do mesmo modo que na ecocardiografia, utilizamos o aparelho de

ultrassonografia Vivid I, GE Vingmed Ultrasound, com transdutor 3S (2,5-

3,5MHz) comercialmente disponível. As imagens foram gravadas, numeradas

conforme o diagrama da ficha de coleta, e posteriormente analisadas “offline”

para quantificação do número de linhas-B de forma independente através do

programa EchoPac PC SW-only, versão 7.0, GE Vingmed.

80  

Analizamos o hemitórax anterior e lateral, escaneando ao longo da

borda paraesternal, linha hemiclavicular, axilar anterior, axilar média, do

segundo ao quinto espaço intercostal no hemitórax direito e do segundo ao

quarto espaço intercostal no hemitórax esquerdo. Em cada paciente foi

escaneado um total de 28 janelas torácicas (FIGURA 14) e anotados o

número de linhas B identificadas em cada ponto. A soma do número total de

linhas B resultará no escore de linhas B. Um escore menor que 5 é definido

como padrão ecográfico torácico normal, uma vez que já foi descrito que

indivíduos saudáveis podem as apresentar em um pequeno número,

principalmente confinados aos últimos espaços intercostais, acima do

diafragma na porção lateral. 2

As linhas B são definidas como uma imagem ecogênica, coerentes,

com sinal em forma de cunha e com uma origem fina na linha pleural

hiperecóica, como já foi previamente descrito no presente texto. 2

6.6.6 Radiografia de Tórax

Realizado em posição ortostática nas projeções posteroanterior e

lateral no período final da inspiração, utilizando um equipamento Shimadzu

de 1000mA, com foco grosso, com distância foco-filme de 1,8 metros e com

uma tensão de 125kv. Para quantificar a dose de entrada na pele (DEP) de

radiação para cada paciente, utilizamos uma câmara de ionização modelo

9015 da Radcal Corporation (Monrovia CA, Estados Unidos) com uma sonda

de 60cc. A sonda da câmara de ionização foi posicionada no centro do

sistema Buncky mural, local de maior intensidade do raio-X e menor

comprimento de onda, sendo exposta com as mesmas carga transportadas

81  

em miliampères (mA) em cada projeção, para cada paciente 210. O coeficiente

de variação da precisão inter- e intra-ensaio é <5%, conforme exigido pelos

testes de qualidade da ANVISA e especificado pelo fabricante.

As doses de radiação em cada projeção foram reportadas em miligrey

(mGy) e comparadas com a dose máxima estabelecida pelo Ministério da

Saúde/ANVISA210, pela Comissão Européia211 e pelo Colégio Americano de

Radiologia212.

Os filmes radiológicos foram avaliados de forma independente por dois

radiologistas experientes buscando os seguintes achados: índice cardio-

torácico; diâmetro do pedículo vascular cardíaco; diâmetro da veia ázigos;

crescimento atrial esquerdo; redistribuição de fluxo venoso; edema

intersticial; edema alveolar; derrame pleural; impressão geral de congestão.

(ANEXO) No caso de divergência entre os achados radiológicos, o filme foi

novamente avaliado por ambos especialistas simultaneamente e foi obtido

um consenso. A presença de congestão pulmonar ao estudo também foi

avaliada por meio de um escore no qual foi atribuído 1 (um) ponto para a

presença de cada um dos achados: crescimento atrial esquerdo; aumento da

área cardíaca; redistribuição de fluxo venoso; edema intersticial; edema

alveolar; derrame pleural.

6.6.7 Avaliação da Dispneia

A sensação de dispneia apresentada pelo paciente foi quantificada por

meio de duas escalas, em dois momentos. Foi avaliada após repouso de no

mínimo 4 minutos e logo após a realização do teste de caminhada de 6

82  

minutos, sempre com o paciente em posição sentada com inclinação do

tronco ≥60˚.

Utilizou-se uma escala análogo-visual linear de 100 pontos, composta

por uma linha de 100mm disposta sobre a ficha de avaliação (ANEXO), na

qual o paciente foi orientado a fazer uma marca sobre a região que melhor

correspondesse a sua falta de ar, considerando que o início da linha à

esquerda equivalia a conseguir respirar normalmente e o final da linha à

direita equivalia a maior falta de ar imaginável. Posteriormente, foi medida em

milímetros a distância do início da linha à esquerda até a marca estabelecida

pelo paciente, sendo essa distância obtida convertida para pontos (1 mm = 1

ponto).

Também utilizamos uma escala Likert-5 pontos composta por cinco

graduações da severidade da falta de ar, a qual o paciente foi orientado a

marcar a que melhor correspondia a sua sensação no momento: 1)sem falta

de ar; 2)falta de ar leve; 3)falta de ar moderada; 4)falta de ar forte; 5)falta de

ar muito forte. Para a análise estatística, foi utilizado uma graduação linear de

1 a 5 pontos.

6.6.8 Teste de Caminhada de 6 Minutos

Como alternativa para avaliar a capacidade física ao exercício

submáximo, submetemos os pacientes ao teste de caminhada de 6 minutos

(TC6). O teste foi realizado em um corredor plano com 30 metros de

comprimento, no qual foi avaliada a distância máxima que o paciente

conseguiu andar durante o tempo de 6 minutos. Nas ocasiões em que o

paciente não completou o TC6, foi reportado o motivo da interrupção, o

83  

tempo tolerado e a distância percorrida. Quatro pacientes não realizaram o

TC6: 3 por contraindicação médica e 1 por deficiência física decorrente de

sequela de acidente vascular encefálico isquêmico. Todos os pacientes que

realizaram o teste tiveram os sinais vitais (frequência cardíaca, frequência

respiratória e SatO2) avaliados antes e imediatamente após o seu término.

6.6.9 Reavaliação Clínica

A cada intervalo de 30 dias de seguimento, ao contar da data da

avaliação do estudo (data de referência), foi realizado contato telefônico com

todos pacientes com o objetivo de acessar o atual estado de saúde e

questionar a ocorrência de desfechos clínicos. A coleta de dados se baseou

na aplicação de um questionário clínico padronizado (vide anexo) e do

questionário Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire, 200 além da

busca ativa nos registros hospitalares do IC/FUC, efetuada por um único

pesquisador treinado e cegado quanto às informações já coletados no

estudo. Na ocorrência de um desfecho clínico, se extraiu o máximo de

informações do prontuário médico, dos boletins de atendimento e do próprio

paciente.

Os desfechos foram posteriormente analisados por dois pesquisadores

e caracterizados entre relacionados ou não relacionados à IC.

6.7 DEFINIÇÃO DE CONGESTÃO CLINICAMENTE SIGNIFICATIVA

A avaliação hemodinâmica por monitorização invasiva em pacientes

com IC, embora seja considerado o método padrão ouro, é impraticável e

eticamente discutível quando estudamos pacientes ambulatorias. 73 Desta

84  

forma, optou-se por fazer uso de uma compilação de dados clínicos,

laboratoriais e radiológicos, avaliados por 2 pesquisadores cegados quanto

ao valor do NT-proBNP, o número de linhas B e à relação E/E’. Como outros

parâmetros para comparação, também se fez uso de métodos não invasivos

que estivessem presentes na prática clínica diária.

Por ser método isento de variabilidade interobservador, objetivo, com

boa correlação com as medidas hemodinâmicas invasivas e com elevada

sensibilidade e especificidade, escolhemos os peptídeos natriuréticos como

um dos padrões de referência. O valor de NT-proBNP utilizado como ponto

de corte para definir congestão clinicamente significativa foi definido em

1000pg/mL, baseando-se em estudos que evidenciaram um aumento da

morbidade e mortalidade em pacientes com IC e valores superiores deste

marcador. 156-158 Corroborando a utilização desse ponto de corte, temos a

evidência oriunda de ensaios clínicos randomizados que guiaram o

tratamento ambulatorial da IC 213-215

Com as mesmas características, porém passível de uma pequena

variação interobservador, fizemos uso da relação E/E’ obtida ao estudo

ecocardiográfico, considerando-se como ponto de corte o valor E/E’≥15 como

indicativo de congestão hemodinâmica, como um outro padrão de referência.

174-175

6.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

O banco de dados foi elaborado no programa Microsoft Office Excel

2010 para Windows® e posteriormente transferido para o programa IBM

SPSS Statistics versão 19.0.0 (IBM Company).

85  

As variáveis contínuas são expressas em média±desvio padrão ou

como medianas (percentis 25 e 75) conforme apropriado. As variáveis

categóricas são apresentadas como número absoluto e percentual.

Comparações univariadas foram feitas com χ2 ou test-T bicaudal,

conforme apropriado. As diferenças nas medianas da concentração da NT-

proBNP e do número da linhas B de foram testadas pelo teste de Mann-

Whitney não paramétrico. A utilidade diagnóstica da ultrassonografia

pulmonar em detectar congestão pulmonar significativa, foi determinada

usando a curva ROC (receiver operating charactesristic), assumindo NT-

proBNP>1000pg/mL como referência para IC agudizada. O resultado é

demonstrado em área da curva e o intervalo de confiança de 95% dessa

área. O melhor ponto de corte foi obtido selecionando o ponto da curva ROC

de maior sensibilidade e especificidade. A correlação entre os valores de nN-

proBNP e o número de linhas-B foi calculado com a análise do coeficiente de

Spearman’s não paramétrico. As taxas de eventos para todas as causas de

mortalidade foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier. Utilizando a

regressão de Cox para calcular as razões de risco. A regressão de Cox

tempo-dependente foi realizada para analisar o impacto prognóstico da

elevação dos níveis de NT-proBNP e do número de linhas B acima do ponto

de corte no seguimento ambulatorial. Um valor de p<0,05 foi considerado

como estatisticamente significante.   

86  

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a consensus statement on the diagnosis of heart failure with normal left ventricular ejection fraction by the Heart Failure and Echocardiography Associations of the European Society of Cardiology. European Heart Journal 2007; 28:2539-50. 206. Paulus WJ, Tschope C, Sanderson JE, et al. How to diagnose diastolic heart failure: a consensus statement on the diagnosis of heart failure with normal left ventricular ejection fraction by the Heart Failure and Echocardiography Associations of the European Society of Cardiology. Eur Heart J 2007; 28(20):2539-50. 207. Vahanian A BH, Bax J, Butchart E, Dion R, Filippatos G, Flachskampf F, Hall R, Lung B, Kasprzak J, Nataf P, Tornos P, Torracca L, Wenink A. Guidelines on the management of valvular disease. European Heart Journal 2007; 28:230-68. 208. Torbicki A PA, Kostantinides S, Agnelli G, Galiè N, Palla A, Pruszczyk P, Bengel F, Brady AJB, Ferreira D, Janssens U, Klepetko W, Mayer E, Remy-Jardin M, Bassand JP. Guidelines on the diagnosis and management of acute pulmonary embolism. European Heart Journal 2008; 29:2276-315. 209. Gardin JM, Dabestani A, Glasgow GA, Butman S, Burn CS, Henry WL. Echocardiographic and Doppler flow observations in obstructed and nonobstructed hypertrophic cardiomyopathy. Am J Cardiol 1985; 56(10):614-21. 210. MINISTERIO DA SAÚDE. Portaria n°453, de 1°de junho de 1998 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde. 211. EUROPEAN COMMISSION. Council Directive 97/43/ Euratom (Medical Exposure Directive) of June 30,1997, on health protection of individuals against the dangers of ionizing radiation in relation to medical exposures. Official J Eur Commun 1997; No. L180/22. 212. American College of Radiology. ACR-SPR practice guideline for the performance of pediatric and adult chest radiography [cited 2012 14 de março]; Available from: http://www.acr.org/SecondaryMainMenuCategories/quality_safety/guidelines/dx/Chest/chest_radiography.aspx 213. Bhardwaj A, Rehman SU, Mohammed A, Baggish AL, Moore SA, Januzzi JL, Jr. Design and methods of the Pro-B Type Natriuretic Peptide Outpatient Tailored Chronic Heart Failure Therapy (PROTECT) Study. Am Heart J 2010; 159(4):532-8 e1. 214. Januzzi JL, Jr. The role of natriuretic peptide testing in guiding chronic heart failure management: Review of available data and recommendations for use. Arch Cardiovasc Dis 2012; 105(1):40-50. 215. Januzzi JL, Jr., Rehman SU, Mohammed AA, et al. Use of amino-terminal pro-B-type natriuretic peptide to guide outpatient therapy of patients with chronic left ventricular systolic dysfunction. J Am Coll Cardiol 2011; 58(18):1881-9.

100  

8 ARTIGO EM INGLÊS

Lung Ultrasound for the evaluation of pulmonary congestion and the prediction of adverse events in a pre-transplantation heart failure outpatient clinic: comparison with clinical assessment, natriuretic peptides and echocardiography.

Marcelo Haertel Miglioranza MD1, Roberto Toffani Sant’Anna MD1, Marciane Rover MD1, Augusto Mantovani MD1, Luna Gargani MD2, Rosa Sicari MD PhD2, Renato Karam Kalil MD PHD1,3, Tiago Luiz Luz Leiria MD PhD1

 1 Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Brazil  2 Instituto de Fisiologia Clinica, CNR, Italia 3 Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Brazil   

 

 

Endereço para correspondência: Dr. Marcelo Haertel Miglioranza, MD Unidade de Pesquisa, Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul  Av. Princesa Isabel, 370. Porto Alegre / RS Brazil, CEP 90620‐000 

 

 

 

 

MANUSCRITO A SER ENCAMINHADO PARA O PERIÓDICO: 

CHEST 

101  

ABSTRACT

Purpose: Evaluation of pulmonary congestion is a frequent diagnostic challenge even

by highly skilled clinicians. Recently, lung ultrasound (LUS) has been proposed as a

reliable and easy evaluation of pulmonary congestion, by assessment of B-lines (also

called ultrasound lung comets). Our aim was to define the relationship between B-

lines, clinical assessment, natriuretic peptides (NT-proBNP) and echocardiography

as part of the evaluation of pre-transplant heart failure (HF) patient in an outpatient

clinic. Methods: Fifty-eight patients admitted to a pre-transplantation clinic due to

systolic HF (65.5% men, mean age 49±11 yrs, 47.2% with idiopathic and 29.3% with

post-ischaemic cardiomyopathy) were enrolled. Clinical assessment, NT-proBNP

analysis, echocardiography and LUS evaluation were independently performed.

Results: LUS feasibility was 100%, with a mean time to perform of 9.91±2.45

minutes. Significant congestion was present in 52.6% estimated by a clinical

congestion score (CCS), 57.9% by LUS (total B-lines number≥15), in 45.6% by NT-

proBNP>1000B-lines number and in 60.3% by E/E’≥15. B-lines number was

significantly correlated to NT-proBNP values (r=.75, p<.0001), E/E’ ratio (r=.62,

p<.0001) and CCS (r.33, p=0.012). Assuming E/E’≥15 as a reference for

decompensated HF, ROC analysis showed a C statistic of .8 (95% IC: 0.69-0.92,

p<.0001) for LUS, providing the best accuracy with a cut-off of 15 B-lines (sensitivity

77.1, specificity 76.2%). In a mean 106 days follow-up, LUS was a predictor of

adverse events HR 2.4 (95%IC: 1.5-86; p=0.019). Conclusion: In a pre-

transplantation heart failure outpatient clinic, B-lines evaluated by LUS are

significantly correlated to E/E’ ratio, NT-proBNP values and clinical congestion score

with a similar accuracy than natriuretic peptides and CCS. Given its accuracy, low

cost and portability, LUS may be considered as a reliable tool for a quick and easy

evaluation of pulmonary congestion in outpatients HF clinic.

Key words: Heart Failure, Pulmonary Congestion, Ultrasonography, Natriuretic

Peptides.

102  

1. Background

Despite impressive improvements in treatment strategies, in the last two

decades, heart failure (HF) morbidity and mortality remain substantially high

worldwide.1 Pulmonary congestion, rather than low cardiac output, is becoming the

leading cause of hospital admissions and death. Pulmonary congestion often

remains unrecognized and if not appropriately treated in a timely manner will lead to

hospitalization.2-4

The standard of care for outpatient management in chronic HF patients includes

a routine clinical assessment. Physical examination findings such as rales,

increased jugular venous pressure, and edema serve as a guide to maximize the

medical treatment in order to achieve better outcomes and decrease clinical relevant

endpoints.5-6 Unfortunately, traditional clinical assessment has its own limitations, it

has a good specificity but it is not sensitive enough for the detection of elevated

cardiac filling pressures.7 Therefore, the traditional way to determine the clinical

status of congestion and the hemodynamic parameters may be a challenging task

even by highly skilled clinicians.8-10 Improved methods for assessing in an objective

manner the intensity of fluid overload, allowing optimized treatment for individuals

with HF, should have as endpoints the reductions of both the morbidity and the

mortality of this clinical syndrome. A variety of bedside tools and clinical tests have

emerged for this purpose.8, 11-13 Recently a wide range of clinical congestion scores

(CCS) have been developed to objectively evaluate pulmonary congestion in HF

patients.14-18 Despite a wide range of accuracy for the detection of decompensated

HF, these CCS are proven to be a simple predictor of outcomes. Data are scanty

regarding the comparison of these scores with other tools for lung congestion

diagnoses.

Brain natriuretic peptide (BNP), and particularly its aminoterminal portion (NT-

proBNP), is a powerful neurohormonal predictor of left-ventricular function and

prognosis in HF patients.19-22 NT-proBNP and BNP are secreted primarily from the

cardiomyocites in response to changes in cardiac wall stretch.23 Concentrations of

BNP and NT-proBNP are related to left-ventricular (LV) filling pressures and wall

stress and have been shown to accurately discriminate between decompensated

heart failure and other causes of dyspnea.24-26 BNP concentrations return to lower

level as LV pressure is reduced as a result of treatment with loop diuretics and

angiotensin-converting-enzyme inhibitors (ACE).24 Recent data have confirmed that

serial measurements of natriuretic peptides levels can be used for treatment

optimization in patients with HF.27-31 In addition BNP values can identify a subgroup

103  

of patients with high left end-diastolic pressures that might benefit from maximal drug

dosage.32

Echocardiography parameters can be used to measure left ventricular (LV)

filling pressures as well as left atrium filling pressures. These measurements are

commonly used as surrogates for estimating capillary wedge pressure, featuring an

excellent correlation with invasive hemodynamic measurements. 33-34 Therefore, E/E’

ratio is a direct expression of left ventricle pressures and hemodynamic congestion.

35-37

Recently, lung ultrasound (LUS) with B-lines evaluation, previously called

ultrasound lung comets, provided a new way to assess lung water and therefore

pulmonary congestion.38 Originating from water-thickened subpleural interlobular

septa and arising from the hyperechoic pleural line, B-lines represent a simple,

noninvasive and semi-quantitative method to evaluate the presence of increased

extravascular lung water.12, 38 Pulmonary interstitial and alveolar edema are usually

linked to augmented LV filling pressures and pulmonary capillary wedge pressure,

which is also directly related to the number of B-lines.39 Furthermore, the number of

B-lines indentified during LUS evaluation has been shown to be directly correlated

with NT-proBNP levels and other echocardiographic methods of assessing LV filling

pressures, such as the ratio of early diastolic mitral inflow velocity to early diastolic

velocity of the mitral annulus (E/E’), in patients admitted with acute dyspnea and after

a stress test.35, 40-41 LUS can also identify clinically silent pulmonary edema,42-43

suggesting that it could be added to clinical evaluation to improve hemodynamic

profile definition and treatment optimization. This technique requires very basic

technology. It is easy to learn, and fast to perform. It is well correlated with natriuretic

peptides and with LV filling pressures. All these features make it an attractive clinical

tool to be introduced in an outpatient heart failure clinic.

There are few studies using LUS in the assessment of chronic HF patients in

the ambulatory setting. The aim of this study is to compare the described methods

(clinical evaluation, LUS, natriuretic peptides and echocardiography) for the

assessment of pulmonary congestion in a cohort of pre-transplant heart failure (HF)

patients in an outpatient setting.

2. Methods

2.1. Study design and population

In this prospective study we evaluated 58 consecutive patients admitted to a pre-

transplantation outpatient clinic, due to systolic HF, of the Instituto de Cardiologia do

Rio Grande do Sul between November 2011 and January 2012. The inclusion criteria

were: 1) Age>18 years with left ventricle systolic heart failure diagnosis for more than

104  

6 months regardless of cause as defined by the Framingham criteria 44, satisfying the

European Society of Cardiology guidelines 45; 2) Presence of moderate to severe

systolic HF (ejection fraction <45%); 3) No prior diagnosis of pulmonary fibrosis; 4)

Absence of congenital heart disease.

Clinical assessment, NT-proBNP analysis and LUS, Echocardiography and Chest

X-ray (CXR) evaluation, were independently performed on the visit day (index

evaluation) within a maximum 5hs time lag between first and last examination. The

Ethics on Research Committee of the Institute approved the study protocol, and all

participants provided informed consent.

2.2. Natriuretic peptide analysis

Peripheral venous blood samples were obtained from each patient before clinical

consultation. Blood samples were collected by venipucture into ice-chilled disposable

polypropylene tubes containing aprotinin (500 kIU/mL of plasma) and ethylene

diamine tetra acetic acid (EDTA, 1g/L of plasma), and then analyzed by an

electrochemiluminescence sandwich immunoassay (ECLIA) method for NT-proBNP

using an Elecsys® 2010 analyzer (Roche Diagnostics, Mannheim, Germany). A NT-

proBNP>1000pg/mL was assumed as a marker for decompensated HF. 46-48

2.3. Echocardiography and Lung Ultrasound

A comprehensive transthoracic echocardiography examination at rest in supine

position was performed in all patients. Left ventricular volumes and ejection fraction

(EF) were measured according to the modified biplane Simpson’s method according

to the American Society of Echocardiography and adjusted for body surface area 49.

Diastolic function was determined from the pattern of mitral and pulmonary venous

flow velocity by pulsed Doppler echocardiography, complemented by mitral annular

velocity by tissue Doppler imaging. The left ventricular filling pressure was assessed

by the correlation between E/E’. 36 Using the formula 1.24 x (E/E’)+1.9, the left atrial

pressure was calculated.35 Diastolic dysfunction and mitral regurgitation was staged

according to guidelines.50

After the previous routine examination, all patients underwent an LUS evaluation

to assess B-lines, as previously described12, as an echogenic, coherent, wedge-

shaped signal with a narrow origin from the hyperechoic pleural line. We analyzed

the anterior and lateral hemithoraxes, scanning along the parasternal, midclavicular,

anterior axillary and medium axillary line, from the second to the fifth intercostal

space on the right hemithorax, and from the second to the fourth intercostal space on

the left hemithorax. A total of 28 chest sites were scanned and the total number of B-

105  

lines were recorded. Fifty-seven patients were analyzed in the supine or near-supine

position; however, one patient was orthopneic and the sitting position was used.

We used a Vivid I, GE Vingmed Ultrasound, with commercially available cardiac

probes (2.5–3.5 MHz) to record all exams. Further independent evaluation was

performed offline using EchoPac PC SW-only, version 7.0.0, GE Vingmed.

2.4. Chest X-ray

Chest radiographs were obtained in orthostatic posteroanterior and lateral

projections at end inspiration using a patronized coarse focus with source-to-film

distance of 1.8 meters at 125kv tension in a Shimadzu equipment. To measure skin

entrance dose (SED) for each patient, an ionization chamber model 9015, Radcal

Corporation (Monrovia CA, United States), with 60cc probe was used. The ionization

chamber probe was positioned in the center of the buncky wall system, site of the

greatest x-ray intensity, and exposed to the same transported cargo (mAs) used for

each patient. The coefficient of variation for inter- and intrassay precision is <5%.

All plain films were independent evaluated by two radiologists recording the

following findings: cardio-thoracic index, heart vascular pedicle and vena azygos

width, left atrium enlargement, cephalization, interstitial edema, alveolar edema,

pleural effusion and an overall congestion impression.

2.5. Follow up

A follow-up questionnaire was administered via telephone every month after the

index evaluation in order to access the current clinical status and ask for the

occurrence of adverse clinical outcomes. Endpoints such as need for emergency

department evaluation, hospital admission, need for intravenous loop diuretics and

death were sought during the follow-up contact call. Data collection was based on a

standardized clinical questionnaire performed by a researcher blinded to

echocardiography, NT-proBNP and LUS evaluation. In the occurrence of an

endpoint, all information regarding this event was collected from the available

medical records, emergency department reports and the patient himself.

2.6. Statistical analyses

Continuous variables are expressed as mean±standard deviation or as median

(25th, 75th percentiles) as appropriate. Categorical variables are presented as counts

and percentages.

106  

Univariate comparisons were made with χ2 or two-sample t test as appropriate.

Differences in median NT-proBNP concentrations and the median number of B-lines

were tested by Mann-Whitney non-parametric test. The diagnostic utility of LUS in

separating significant pulmonary congestion was determined using receiver operating

characteristic (ROC) curves, assuming NT-proBNP>1000pg/mL and E/E’≥15 as

references for decompensated HF. The results are expressed in terms of area under

the curve (C statistic) and the 95% confidence interval for this area. The best

threshold was obtained by selecting the point on the ROC curve that maximized both

sensitivity and specificity. Correlation between NT-proBNP values and the B-lines

number was assessed with non-parametric Spearman’s correlation coefficient

analysis. Event rates for all-cause mortality were estimated by Kaplan-Meier method.

Hazard ratios were calculated using Cox regression analysis. Time-dependent Cox

regression analysis was performed to analyze the prognostic impact of elevated NT-

proBNP levels and B-lines number above cut-off at the outpatient clinic. The

estimated sample size to detect a r=0.9 between LUS and NT-proBNP, with a 5%

alpha error and 20% beta error would be 7 measurements for each method. However

to detect a difference in the number of cases at risk for hospital admission classified

by the different methods and expecting that those classified as decompensate would

have a 30% chance of hospital admission versus 5% in those categorized as not

congested, with a 5% alpha error and 20% beta error, we needed a total of 53

patients. All statistical analyses were performed using the IBM SPSS Statistics

version 19.0.0 (IBM Company).

3. Results

3.1. Clinical, radiographic and echocardiographic findings

We included 58 consecutive patients (38 males; mean age 49±11 yrs, 47.2%

with idiopathic and 29.3% with post-ischaemic cardiomyopathy). The patients’ main

characteristics, stratified by B-lines number, are listed in TABLE 1. Significant

pulmonary congestion (SPC) was diagnosed in 26 (44.8%) patients assuming NT-

proBNP values >1000pg/mL as a cut-off. Using a clinical congestion score (CCS)15

and CRX evaluation, SPC was estimated in 30(51.7%) and 25(43.1%) respectively.

To detecting elevated pulmonary capillary wedge pressure by E/E’≥15, CCS and

CXR had only a 60% and 53% rate of sensitivity.

Chest x-ray feasibility was 98.3%. It was not possible to use the x-ray in only

1 case due to a high penetration regimen. Mean radiation dose to perform CXR was

0.38±0.29mGy, within the recommended doses by the European Commission of

107  

Nuclear Energy (EUROATOM) and American College of Radiology. 51-52

Echocardiography evaluation was performed in all patients, estimating a mean left

ventricular ejection fraction by bi-planar Simpson method of 27.4±4% and a left atrial

volume indexed by body surface area of 53.8±27mL/m². Due to a pacemaker

stimulation, was not possible to obtain E/E’ and characterize diastolic function in two

patients. An elevated left atrial pressure, estimated by a E/E’≥15 was found in

35(60.3%). Restrictive diastolic dysfunction, pseudonormalization pattern and

abnormal relaxation were identified in 44.6, 23.2 and 30.2% respectively. Mitral

regurgitation was characterized as mild in 39 (67.2%) and moderate in 8(13.8%).

3.2. Lung ultrasound findings

Assessment o LUS was performed in 9.91±2.45 minutes, with a feasibility of

100%. SPC was present in 34 (58.6%) by LUS (total B-lines number ≥15) with higher

values of B-lines number (median value 41±21, 25th and 75th percentiles 23 and

57.5), compared to patients without SPC by NT-proBNP (median value 16±19, 25th

and 75th percentiles 6.2 and 21.5, p<.0001). Assuming E/E’ as reference, higher

values of B-lines number (median value 35±25, 25th and 75th percentiles 16 and 50),

were also found in patients with SPC than without it (median value 13±12, 25th and

75th percentiles 5 and 17, p<.0001).

3.3. Correlation between clinical, biochemistry and lung ultrasound

findings

The B-lines number was significantly correlated with the NT-proBNP values

(r=.75, p<.0001). (FIGURE 1) ROC curve analysis was used to evaluate the

analytical relationship between NT-proBNP and the B-lines number, showing a C

statistical value of .88 (95% IC: 0.72-0.92, p<.0001) for LUS, providing the best

accuracy with a cut-off of more than 14 B-lines (sensitivity 96.2, specificity 71.9%).

The negative predictive value was 84.4%, whereas the positive predictive value was

73.5%. (FIGURE 2)

A concordance table for the two tests is show in FIGURE 3. The dominant

source of discordance was due to abnormal LUS (B-lines number ≥15) and a NT-

proBNP value ≤1000pg/mL. Of these 9 patients, only one had normal E/E’. The only

discordant result due to altered natriuretic peptides had all other methods

determining the absence of pulmonary congestion and a normal LUS (NT-proBNP

1192 pg/mL and 11 B-lines). (TABLE 2).

A significant strong correlation was also found between B-lines number with

E/E’ rates (r=.62, p<.0001) (FIGURE 1) and chest x-ray (r=.57, p<.0001), while a

108  

medium correlation was determined with clinical congestion score (r=.31, p=0.016).

Using E/E’≥15 as a SPC criteria, ROC curve analysis showed a C statistical value of

.8 (95%IC: 0.69-0.92, p<.0001) for LUS, providing the best accuracy with a cut-off of

15 B-lines (sensitivity 77.1, specificity 76.2%), variation that does not affect our

results because none of the patients featured 14 or 15 B-lines number. (FIGURE 2)

The negative predictive value was 66.7, whereas the positive predictive value was

84.4. The dominant source of discordance was due to normal LUS (B-lines number

<15) and an E/E’ ratio≥15. All those eight patients had normal NT-proBNP levels.

The discordant result due abnormal B-lines number and normal E/E’ ratio was

determined in five patients. One of them was in E/E’ grey zone but with abnormal NT-

proBNP, as others three, meanwhile one had concordant normal natriuretic peptide

and E/E’ratio.

3.4. Clinical Follow-up

Clinical adverse outcomes were registered in fifteen patients in a mean follow

up of 106±12.4days. Twelve of them were admitted with pulmonary congestion, two

with acute myocardium infarction (STEMI) and one after an ICD shock due to

ventricular tachycardia. Except for one event (one case of STEMI), all cases

occurred in patients with 15 or more B-lines (mean 54.7±23.6) on LUS. Normal E/E’

was found in two patients (both STEMI cases). NT-proBNP<1000pg/mL was found in

three cases of pulmonary congestion, one case of STEMI and another one case of

ventricular tachycardia. (TABLE 3) Kaplan-Meier survival analysis was performed,

stratified for the presence or absence of SPC on LUS and on natriuretic peptide

dosage. Survival curve showed LUS as a significant predictor of adverse outcome

(long-rank p value 0.003) with an HR 11.32 (95%IC: 1.5-86, p=0.019). Natiuretic

peptide, however, was not a significant independent predictor (long-rank p value

0.07). (FIGURE 4)

4. Discussion

Pulmonary congestion recognition, quantification and monitoring are crucial

steps for a thorough evaluation of the HF patient in any clinical setting. This study

shows that LUS is a simple, accurate and useful method for the assessment of

pulmonary congestion in an outpatient based clinic. The short time needed to assess

B-lines (about 5 minutes in previous studies) with an usually feasibility of 100%,

allows it to be performed during an outpatient visit as part of clinical examination.40, 53

In our study the time needed to perform a LUS was the double compared to previous

results, since all lung examinations were recorded and, during this process, the loops

were viewed for a second time.

109  

Symptoms alone or in conjunction with clinical examination are clearly not a

reliable guide to decision-making process. This association had only a 58% rate of

sensitivity in detecting elevated PCWP, similarly to the 60% we found in the

literature.8 According to previous study, the major utility of CCS was to predict a

worse six-month event-free survival in patients with clear evidence of clinical

congestion on physical examination (RR 4.8, p=0.02)15. Congestion is often clinically

silent in a majority of patients with chronic HF and often is not recognized until

conditions develop that necessitate hospital admission, which justifies the need for

other diagnostic tools.4

Chest x-ray, a reliable and inexpensive tool, remains by far the most used test

for detecting the pulmonary edema with an acceptable accuracy when evaluated by a

radiologist, but with a high interobserver variability45. The absence of CXR findings

suggestive of HF in chronic outpatient evaluation does not exclude a high PCWP, as

evidenced by our study, where only 53% patients with E/E’≥15 were identified by

CXR.9 According to AHA/ACC guidelines, serial chest X-rays are not recommended

in the assessment of pulmonary congestion in chronic HF, since they are too

insensitive to detect all but the most extreme changes in fluid status54 It is important

to keep in mind that this method uses ionizing radiation. Even in small doses, ionizing

radiation has a cumulative effect that, in addition to other diagnostic methods,

frequently used in cardiologic patients, may lead to a non-negligible cancer risk. 55-56

Evaluation of hemodynamics by invasive monitoring is the gold standard to

evaluate hemodynamic congestion in HF. However, this is impractical to be used

clinically and it is an ethically debatable approach. In this way, the use of other

diagnostic methods are able to indirectly estimate hemodynamic congestion in

routine outpatient clinic, as a reference to compared with LUS. Echocardiography

estimating left atrial pressure by E/E’ ratio has been found to correlate well with

PCWP as well as natriuretic peptides. 35, 57

In this study, B-lines number evaluated by LUS was significantly correlated

with NT-proBNP and E/E’ values for the evaluation of SPC in a pre-transplantation

heart failure outpatient clinic. This correlation was not surprising, since the presence

of B-lines as a sign of extravascular lung water is linked to augmented left ventricular

filling pressures.12, 58 Assuming NT-proBNP>1000pg/mL as a reference for

decompensate HF, as it was done in previous reports46-48, we obtained an accuracy

similar to that from natriuretic peptides with a positive predict value of 73.5% and

negative of 84.4%. When considering E/E’≥15 as a standard for SPC, natriuretic

peptides and LUS had the same specificity (76.2%) with an improved sensibility of

77.1% (84.4%PPV, 66.7% NPV; p<.0001) from B-lines≥15, compared with 54.3%

110  

(79.2%PPV, 50%NPV; p=.003) from NT-proBNP>1000pg/mL. Using NT-

proBNP>688pg/mL as the best cut-off found in this study, slightly improved the

sensibility to 65.7% without a change in specificity, but it is still lower than LUS. The

reference value of NT-proBNP to be used is still a matter of disagreement in the

literature, but we chose this value as a cut-off based on studies that showed

increased morbidity and mortality.46-48, 59 Corroborating to this cut-off point, we have

the evidence coming from randomized clinical trials that guided chronic heart failure

therapy with natriuretic peptides.10, 59-60

However, since these tests evaluate different physiopathological

mechanisms, it is plausible that concordance is not total. Both natriuretic peptides

and E/E’ identify hemodynamic congestion, a period that precedes pulmonary

congestion which is identified by LUS.61 Furthermore, pulmonary congestion is

usually, but not always related to high left ventricular filling pressure. It may be

present in a combination of high hydrostatic pulmonary capillary pressure and high

permeability of the alveolar-capillary barrier, explaining some cases of normal NT-

proBNP and abnormal LUS.62 Also, the detection of B-lines in LUS does not

necessarily imply a cardiogenic origin. Pulmonary fibrosis and SARA may also result

in B-line images, a differential diagnosis that was not present in our study

population63-64. To facilitate the differential diagnosis, cardiogenic B-lines should be

considered as more diffuse in thoracic assessment and as dissolvable in a few hours

after a diuretic administration. Analyzing the LUS and NT-proBNP discordant cases,

we realized that these patients were in a gray zone for the pulmonary congestion

diagnosis by conventional methods. Thus, LUS appeared as an adjunctive method to

aid in extravascular pulmonary water detection, with similar results to

echocardiography E/E’ ratio, but less expensive, with less technical requirements and

entitled to use in a handheld office setting.

Moreover, LUS had shown the ability to significantly predict adverse

outcomes in a 100 day follow-up, which reinforces its potential to act guiding chronic

heart failure management, as well as the natriuretic peptides and the hemodynamic

echocardiographic measurements has been proven in previous studies. 59, 65

However, in our study NT-proBNP doesn’t demonstrate this result, probably due to a

short follow-up time or a small sample size.

5. Conclusion

In a pre-transplantation heart failure outpatient clinic, B-lines evaluated by

LUS are significantly correlated to E/E’ ratio, NT-proBNP values and clinical

congestion score. Given its accuracy, low cost and portability, LUS may be

considered as a reliable tool for a quick and easy evaluation of pulmonary congestion

111  

in chronic HF patients, as an extension of the physical examination of the chest . It is

appealing for outpatient clinic monitoring of HF patients because it utilizes simple

technology (i.e., a 2D imaging hand-held device), is easily learned and fast to

perform. Pharmacological therapy could be tailored as soon as the patient, although

asymptomatic, shows a significant increase in B-lines number. This could prevent

some new hospitalizations for worsening dyspnea, since it proves to be a marker of

prognosis and an accurate diagnostic tool.

6. Study limitations

A limitation of this study is the small number of patients enrolled with a very

advanced and severe disease and thus, this should be considered when interpreting

present results. Ideally, this study should be repeated in a general cardiology

outpatient clinic including patients with mild systolic heart failure and with only

diastolic heart failure.

Furthermore, the lack of a true gold standard to verify the presence or

absence of pulmonary congestion represents another limitation of the study, which

may have underestimated the LUS sensitivity and specificity. Indeed, the adoption of

NT-proBNP and E/E’ ratio to estimate SPC, in place of invasive PCWP

measurements, made possible assessment during routine in-office visits with patients

in stable clinical conditions.

112  

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116  

TABLE 1 – Patients’ main characteristics Characteristic (n=58) B-Lines≥15 (n=34) B-Lines<15 (n=24) pAge 49±11 49±10 48±11 0.74 Caucasian 46(79%) 25(73%) 21(87%) 0.43 Male 38(65%) 22 (64%) 16 (66%) 1 Body mass index 28±4 28±5 28±4 0.94 Heart rate (beats per minute) 74±12 74±12 74±12 0.97 Systolic arterial pressure (mmHg) 112±17 108.2±14 118±18 0.02 Diastolic arterial pressure (mmHg) 71±11 69±11 73±10 0.15 Coronary artery disease 16(27%) 10 (29%) 6(25%) 0.77 Myocardium Infarction 15(26%) 9(26%) 6(35%) 1 Hypertension 24(41%) 13(38%) 11(45%) 0.59 Dyslipidemia 26(49%) 14(41%) 12(50%) 0.59 COPD 1(2%) 1(3%) - 1 Diabetes mellitus 12(20%) 7(20,6%) 5(20,8%) 1 Minnesota 43±22 48±24 37±17 0.08 Cardiomyopathy etiology Idiopathic Post-ischaemic

29(50%) 17(29%)

16(47%) 10(29%)

13(54%) 7(29%)

0.45

NYHA II III IV

2,2±0,9 24(41%) 13(22%) 6(10%)

2.3±1 13(38%) 7(20%) 6(17%)

1.9±0.7 11(46%) 6(25%)

-

0.14

Left ventricle ejection fraction (%) 27±0,9 25±6 31±5.3 <0.000 Left atrium volume (mL/m²) 54±27 62±30 42±18 0.005 Electrocardigram Sinus rhythm Atrial fibrillation Pace QRS≥150ms

46(79%) 10(17%) 2(3%)

35(60%)

24(71%) 8(23%) 2(6%)

19(56%)

22(92%)

2(8%) -

16(66%)

0.09 0.17 0.5 0.43

Creatinine / DCE 0,9±0,3/109±40 0.97±0.3 / 104±42 0.87±0.3 / 117±36 0.2 / 0.2 Chronic renal failure 7(12%) 5(14.7%) 2(8.3%) 0.38 Urea 48±27 50±31 44±19 0.42 Potassium 4,4±0,5 4.3±0.6 4.5±0.4 0.08 Sodium 139±4 139±4.5 138±3.2 0.67 Hematocrit / Hemoglobin 40±4 / 13±1,4 40±4 / 13±1.3 40±4 / 13±1.5 0.5/0.8 ß-blockers target dose

56(96%) 22(38%)

33(97%) 13(40%)

23(96%) 9(39%)

1 1

ACE-inhibitors target dose

38(65%) 12(20%)

22(65%) 5(23%)

16(67%) 7(44%)

1 0.28

Angiotensin II receptor blockers target dose

15(26%) 9(15%)

10(29%) 5(50%)

5(21%) 4(80%)

0.5 0.58

Aldosterone antagonist 42(72%) 25(73%) 17(71%) 1 Diuretics 42(72%) 28(82%) 14(58%) 0.07 Digoxin 34(58%) 24(70%) 10(41%) 0.03 Calcium-antagonists 3(5%) 1(3%) 2(8%) 0.56 Nitrates 10(17%) 5(14%) 5(21%) 0.72 Hydralazine 4(0,7%) 2(6%) 2(8%) 1 Statin 27(46%) 15(44%) 12(50%) 0.79 Aspirin 24(41%) 14(41%) 10(42%) 1 Coumarin 10(17%) 7(20%) 3(12%) 0.49 Amiodarone 8(14%) 6(17%) 2(8%) 0.44 Pace / ICD 9(15%) 7(20%) 2(8%) 0.28 CRT 4(7%) 3(9%) 1(4%) 0.63 Data are presented as mean±standard deviation or n (%). COPD: Chronic obstructive pulmonary disease; NYHA: New York Heart Association functional class; ACE: Angiotensin converting enzyme; ICD: Implantable cardioverter desfibrillator; CRT: Cardiac resynchronization therapy

117  

FIGURE 1. Correlation between B-Lines number with NT-proBNP levels (in A) and E/E’ values (in B).

FIGURE 2. In A ROC curve for B-Lines with NT-proBNP>1000pg/mL as a reference for decompensated heart failure. In B ROC curve for B-Lines and NT-proBNP with E/E’≥15 as a reference for decompensated heart failure.

118  

TABLE 2. NT-proBNP and B-Lines discordance Case

number NT-

proBNP B-

Lines E/E’ CXR

congestion CCS

congestion Minnesota 6m-w-t

distance(m) NYHA

14 1192 11 12.6 no no 69 219 II 54 546 50 17.46 no no 15 204 I 45 919.1 104 51.5 yes yes 77 66 IV 18 167.4 20 15.26 * no 10 540 I 43 495.8 23 32.5 yes no 44 390 II 40 277.5 32 11.31 yes no 9 390 I 36 640.2 30 24.32 no no 52 258 I 24 712.9 34 35.3 no no 50 315 II 13 508.9 22 21.73 no no 42 300 II 28 322.3 26 16.45 yes yes 47 285 II

* not possible to evaluate due to a high penetration regimen CXR: chest x-ray; CCS: clinical congestion score; 6m-w-t: 6 minute walk test

FIGURE 3. Concordance table for NT-proBNP and B-Lines.

119  

TABLE 3 – Patients with adverse event characteristics Case NT-proBNP B-lines E/E’ CXR

Congestion CCS Minnesota Distance on

WT6(m) NYHA

4 3970 44 28,6 Yes 4 86 60 IV 8 2384 57 18,6 Yes 7 65 30 IV

13 508,9 22 21,7 No 2 42 300 II 16 1659 73 25,7 Yes 3 50 * III 17 5174 45 30,6 Yes 2 84 168 II 19 5124 59 15,6 Yes 8 76 * IV 25 1357 30 23,9 Yes 3 56 216 III 28 322,3 26 16,4 Yes 3 47 285 II 39 13660 37 16,5 Yes 10 73 9 IV 45 919 104 51,5 Yes 12 77 66 IV 46 4467 66 25,2 No 11 74 360 II 49 2032 76 30,4 Yes 6 92 105 III 50 1565 45 8,1 Yes 1 19 345 I 52 594 7 8 No 7 22 318 II 54 546 50 14,4 No 1 15 204 I

* didn’t perform the test because clinical contraindication. CXR: chest x-ray; CCS: clinical congestion score; WT6: 6-minute walk-test.    

FIGURE 4. B-lines and NT-proBNP event-free survival

120  

 

9 ARTIGO EM PORTUGUÊS

Ultrassonografia pulmonar na avaliação da congestão pulmonar e na predição de eventos adversos em pacientes com insuficiência cardíaca em um ambulatório pré-transplante: comparação com a avaliação clínica, os peptídeos natriuréticos e a ecocardiografia

Marcelo Haertel Miglioranza MD1,Roberto Toffani Sant'Anna MD1,Marciane Rover MD1,Augusto Mantovani MD1,Luna Gargani MD2,Rosa Sicari MD PhD2,Renato Karam Kalil MD PHD1,3,Tiago Luiz Luz Leiria MD PhD1

1 Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Brasil  2 Instituto de Fisiologia Clínica, CNR, Italia 3 Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Brasil     Endereço para correspondência: Dr. Marcelo Haertel Miglioranza, MD Unidade de Pesquisa, Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul  Av. Princesa Isabel, 370. Porto Alegre / RS Brasil, CEP 90620‐000      

Manuscrito a ser encaminhado para o periódico: CHEST 

121  

RESUMO:

Embasamento: Avaliação de congestão pulmonar é um desafio diagnóstico até

mesmo para médicos altamente qualificados. Recentemente, a ultrassonografia

pulmonar (LUS) foi proposta como um método confiável e fácil para avaliação da

congestão pulmonar por meio da detecção das linhas B (também chamado de

cometas pulmonares). Objetivo: Definir a relação entre as linhas B, a avaliação

clínica, os peptídeos natriuréticos (NT-proBNP) e ecocardiograma como parte da

avaliação ambulatorial pré-transplante em pacientes com insuficiência cardíaca (IC)

moderada a grave. Métodos: Estudo transversal seguido de coorte com cinquenta e

oito pacientes encaminhados para um ambulatório pré-transplante devido à IC

sistólica (65,5% homens, idade média de 49±11 anos, 47,2% com etiologia

idiopática e 29,3% com etiologia isquêmica). A avaliação clínica, ecocardiográfica,

ultrassonográfica pulmonar e a análise do NT-proBNP foram realizadas de forma

independentes. Resultados: Viabilidade da LUS foi de 100%, com um tempo médio

para realização de 9,9±2,4minutos. Congestão pulmonar significativa foi

determinada em 52,6% pelo escore de congestão clínica (ECC), 57,9% pela LUS

(número de linhas B≥15), em 45,6% pelo NT-proBNP>1000 e em 60,3% pela relação

E/E'≥15. O número de linhas B correlacionou-se significativamente com os valores

de NT-proBNP (r=0,75; p<0,0001), relação E/E' (r=0,62; p<0,0001) e ECC (r=0,33;

p=0,012). Assumindo E/E'≥15 como uma referência para IC descompensada, a

curva ROC determinou uma área de 0,8 (95% IC: 0,69-0,92; p<0,0001) para LUS,

oferecendo a melhor acurácia, com um ponto de corte de 15 linhas B (sensibilidade

77,1; especificidade 76,2%). Em um seguimento médio de 106 dias, a LUS foi um

preditor de eventos adversos RA 11,32 (IC95%: 1,5-86; p=0,019). Conclusão: Em

um ambulatório de insuficiência cardíaca pré-transplante, as linhas B avaliadas pela

LUS estão significativamente correlacionadas com a relação E/E', valores de NT-

proBNP e do ECC com uma melhor acurácia que os peptídeos natriuréticos e a

ECC. Dada a sua precisão, baixo custo e portabilidade, a LUS pode ser considerado

como uma ferramenta confiável para uma avaliação rápida e fácil da congestão

pulmonar em pacientes com IC.

Descritores:.Insuficiência Cardíaca, congestão pulmonar, ultrassonografia,

Peptídeos natriuréticos

122  

1. Introdução

Apesar dos importantes avanços no tratamento, a morbimortalidade da

insuficiência cardíaca (IC) permanece substancialmente elevada em todo o mundo.1

A congestão pulmonar, tanto quanto o baixo débito cardíaco, está se tornando a

principal causa de internações e de óbito desses pacientes. Muitas vezes não

reconhecida, a congestão pulmonar costuma resultar em internação hospitalar,

principalmente se não tratada em tempo hábil.2-4

O manejo ambulatorial dos pacientes com IC crônica inclui uma avaliação clínica

de rotina. Exame físico, tais como estertores crepitantes, aumento da pressão

venosa jugular e edema servem como um guia para otimizar o tratamento, a fim de

alcançar melhores resultados e diminuir desfechos clínicos.5-6 Infelizmente, a

avaliação clínica tradicional tem suas próprias limitações, possui boa especificidade,

mas não é sensível o suficiente para a detecção de pressões de enchimento

cardíaco elevadas.7 Portanto, o método tradicional para determinar o estado clínico

de congestão e o padrão hemodinâmico pode ser uma tarefa difícil até mesmo para

médicos altamente qualificados.8-10 Método para avaliar de forma objetiva a

intensidade da sobrecarga de fluido, permitindo a otimização do tratamento nos

indivíduos com insuficiência cardíaca, deve ter como parâmetros as reduções de

morbidade e da mortalidade dessa síndrome clínica. Uma variedade de ferramentas

têm surgido para esta finalidade.8, 11-13 Recentemente, foram desenvolvidos diversos

escores clínicos de congestão (ECC) para avaliar objetivamente a congestão

pulmonar em pacientes com insuficiência cardíaca.14-18 Apesar de uma acurácia

variável para a detecção de IC descompensada, os ECC provaram ser preditores de

desfechos clínicos. Os dados são escassos em relação à comparação destes

escores com outras ferramentas de diagnósticos de congestão pulmonar.

Peptídeo natriurético cerebral (BNP), e particularmente sua porção

aminoterminal (NT-proBNP), é um poderoso preditor neuro-hormonal da função

ventricular esquerda e do prognóstico em pacientes com IC.19-22 NT-proBNP e BNP

são secretados principalmente nos cardiomiócitos em resposta a mudanças no

estiramento das fibras cardíacas.23 As concentrações de BNP e NT-proBNP estão

relacionados com as pressões de enchimento e estresse da parede ventricular

esquerda (VE), mostrando portando grande precisão distinguir a insuficiência

cardíaca descompensada de outras causas de dispnéia.24-26 Quando a pressão do

VE é reduzida, como resultado do tratamento com diuréticos e com inibidores da

enzima conversora do angiotensinogênio (IECA), as concentrações do BNP

plasmático retornam para um nível mais baixo.24 Dados recentes confirmaram que

medidas seriadas dos níveis plasmáticos de peptídeos natriuréticos podem ser

123  

utilizados para guiar a otimização do tratamento em pacientes com IC.27-31 Além

disso, os valores de BNP podem identificar um subgrupo de pacientes com pressão

diastólica final VE elevada que se beneficia de dosagem maior dos medicamentos.32

Parâmetros ecocardiográficos também podem ser usados para medir as

pressões de enchimento VE, bem como do átrio esquerdo. Estas medidas são

comumente utilizadas como substitutos para estimar a pressão de enchimento

capilar pulmonar (PECP), apresentando uma excelente correlação com as medidas

hemodinâmicas invasivas.33-34 Assim, a relação E/E' é uma expressão direta das

pressões do VE e da congestão hemodinâmica. 35-37

Recentemente, a ultrassonografia pulmonar (LUS), com a avaliação das

linhas B, anteriormente chamadas de cometas pulmonares, surgiu como uma nova

forma de avaliar a água pulmonar extravascular e consequentemente a congestão

pulmonar.38 Formadas pelo espessamento dos septos interlobulares subpleurais

pelo acúmulo de líquido e iniciando na linha pleural hiperecóica, as linhas B

representam um método simples, não invasivo e semi-quantitativo para avaliar a

presença de água extravascular pulmonar.12, 38 Edema pulmonar intersticial e

alveolar estão normalmente associadas a um aumento das pressões de enchimento

do VE e da pressão capilar pulmonar, que também estão diretamente relacionados

ao número de linhas B.39 Ademais, o número de linhas B também foi demonstrado

estar diretamente correlacionado com os valores de NT-proBNP e com outros

métodos ecocardiográficos para avaliar as pressões de enchimento do VE, tais

como a relação da velocidade do fluxo diastólico mitral com a velocidade diastólica

precoce do anel mitral (E/E'), em pacientes internados com dispneia aguda e após

um teste de estresse.35, 40-41 A LUS também pode identificar o edema pulmonar

clinicamente silencioso,42-43 sugerindo que esse método possa ser acrescentado à

avaliação clínica para melhorar a definição do perfil hemodinâmico e a otimização do

tratamento. Esta técnica requer uma tecnologia muito básica. É fácil de aprender e

rápido para executar. Tem boa correlação com os peptídeos natriuréticos e com as

pressões de enchimento do VE. Todas essas características fazem dele uma

ferramenta atraente para ser introduzida em no ambulatório de insuficiência

cardíaca.

Existem poucos estudos usando LUS na avaliação de pacientes com IC

crônica no ambiente ambulatórial. O objetivo deste estudo é comparar os métodos

descritos (avaliação clínica, peptídeos natriuréticos, ecocardiografia e LUS) para a

avaliação da congestão pulmonar em uma coorte de pacientes ambulatoriais com

insuficiência cardíaca (IC) pré-transplante.

2. Métodos

124  

2.1 População

Coorte prospectiva avaliando 58 pacientes consecutivos encaminhados para o

ambulatório pré-transplante cardíaco, devido à IC sistólica, do Instituto de

Cardiologia do Rio Grande do Sul entre novembro de 2011 e janeiro de 2012. Os

critérios de inclusão foram: 1) Idade> 18 anos com diagnóstico de IC sistólica por

mais de 6 meses, independentemente da causa, conforme definido pelos critérios de

Framingham 44 e satisfazendo as diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia45;

2) presença de IC sistólica moderada a grave (fração de ejeção <45%); 3)Ausência

de diagnóstico prévio de fibrose pulmonar; 4) Ausência de cardiopatia congênita.

A avaliação clínica, a análise do NT-proBNP e as avaliações da LUS, do

ecocardiograma e da radiografia de tórax (RXT), foram realizadas de forma

independente no dia da consulta (avaliação de referência) dentro de um intervalo de

tempo máximo de 5 horas entre o primeiro e o último exame.

Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto aprovou o protocolo do estudo, e todos

os participantes foram submetidos a consentimento informado.

2.2. Análise dos peptídeos natriuréticos

Amostras de sangue venoso periférico foram obtidas de cada paciente antes da

consulta clínica, por venopunção periférica, e armazenadas em tubos resfriados

descartáveis de polipropileno contendo aprotinina (500 KIU / mL de plasma) e etileno

diamina tetra acético (EDTA, 1g/L de plasma). Posteriormente foram analisados por

imunoensaio em método sanduíche de electroquimioluminescência (ECLIA) de NT-

proBNP usando um analisador Elecsys® 2010 (Roche Diagnostics, Mannheim,

Alemanha). O valor de NT-proBNP> 1000pg/mL foi assumido como um marcador

para a IC crônica descompensada. 47-49

2.3. Ecocardiografia e ultrassonografia pulmonar

Um exame de ecocardiografia transtorácica abrangente em repouso e na

posição supina foi realizado em todos os pacientes. Volumes do ventrículo esquerdo

e fração de ejeção (EF) foram medidos de acordo com o método de Simpson

biplanar modificado, conforme diretriz da Sociedade Americana de Ecocardiografia,

e ajustado para a área de superfície corporal.50 A função diastólica foi determinada a

partir do padrão da velocidade de fluxo diastólico transmitral mitral e venoso

pulmonar por meio do Doppler pulsátil, complementado pela velocidade do anel

mitral avaliada por meio do Doppler tecidual. A pressão de enchimento ventricular

esquerdo foi avaliada pela correlação entre E/E’.36 Calculamos a pressão atrial

esquerda usando a fórmula 1,24x(E/E')+1,9.35 Disfunção diastólica e regurgitação

mitral foram graduadas de acordo com a diretriz.51

125  

Após exame ecocardiográfico, todos os pacientes foram submetidos à LUS para

avaliar as linhas B, como descrito anteriormente12 como um sinal ecogênico em

forma de cunha com uma origem estreita a partir da linha pleural hiperecóica. Foram

analisados os hemitórax anterior e lateral, nas linhas para-esternal, hemiclavicular,

axilar anterior e axilar média, a partir do segundo ao quinto espaço intercostal no

hemitórax direito e, a partir do segundo ao quarto espaço intercostal no hemitórax

esquerdo. Um total de 28 janelas foram adquiridas e o número total de linhas B foi

anotado. Cinquenta e sete pacientes foram analisados na posição supina ou quase

supina. No entanto, um paciente foi analisado em posição sentada por apresentar-se

com ortopneia.

Foi utilizado um aparelho de ultrassonograida Vivid I, GE Vingmed Ultrasound,

com sondas cardíacas (2,5-3,5 MHz) comercialmente disponíveis para gravar todos

os exames. A avaliação independente foi realizada em modo off-line usando o

programa EchoPAC PC SW versão 7.0.0, GE Vingmed.

2.4. Radiografia de Tórax

Radiografias de tórax foram obtidas em projeções posteroanterior e lateral em

ortostatismo no final da inspiração, usando um foco padrão grosso com distância

foco-filme de 1,8 metros e tensão de 125kv em um equipamento Shimadzu. Para

medir a dose de entrada na pele (DEP) de radiação em cada paciente, usamos uma

câmara de ionização modelo 9015, Radcal Corporation (MonroviaCA, Estados

Unidos), com sonda de 60cc. A sonda da câmara de ionização foi posicionada no

centro do sistema Buncky mural, local de maior intensidade de raios-X, e expostos a

mesma carga transportada (mAs) utilizados para cada paciente. O coeficiente de

variação da precisão inter- e intra-ensaio é <5%, conforme exigido pelos

testes de qualidade da ANVISA e especificado pelo fabricante.

Todas as radiografias foram avaliadas de forma independente por dois

radiologistas registrando os seguintes achados: índice cardio-torácico, diâmetro do

pedículo vascular e da veia ázigos, aumento átrial esquerdo, diversão cranial de

fluxo, edema intersticial, edema alveolar, derrame pleural e impressão geral de

congestão pulmonar.

2.5. Seguimento

Um questionário de seguimento foi aplicado por contato telefônico,

mensalmente, após a avaliação de referência para acessar a condição clínica e a

ocorrência de eventos clínicos adversos. Desfechos como a necessidade de

126  

consulta na emergência, internação, administração de diuréticos de alça por via

intravenosa e morte foram questionados durante a o contato de seguimento. A

coleta de dados foi baseada em um questionário clínico padronizado aplicado por

um pesquisador cegado para os resultados da ecocardiografia, do NT-proBNP e da

LUS. Na ocorrência de um desfecho clínico, todas as informações sobre esse evento

eram coletadas a partir dos registros médicos disponíveis, boletins de atendimento

na emergência e do próprio paciente.

2.6. Análise estatística

As variáveis contínuas são expressas em média±desvio padrão ou

como medianas (percentis 25 e 75) conforme apropriado. As variáveis

categóricas são apresentadas como número absoluto e percentual.

Comparações univariadas foram feitas com χ2 ou test-T bicaudal,

conforme apropriado. As diferenças nas medianas da concentração da NT-

proBNP e do número da linhas B de foram testadas pelo teste de Mann-

Whitney não paramétrico. A utilidade diagnóstica da ultrassonografia

pulmonar em detectar congestão pulmonar significativa, foi determinada

usando a curva ROC (receiver operating charactesristic), assumindo NT-

proBNP>1000pg/mL e relação E/E’≥15 como referência para IC agudizada. O

resultado é demonstrado em área da curva e o intervalo de confiança de 95%

dessa área. O melhor ponto de corte foi obtido selecionando o ponto da curva

ROC de maior sensibilidade e especificidade. A correlação entre os valores

de NT-proBNP e o número de linhas-B foi calculado com a análise do

coeficiente de Spearman’s não paramétrico. As taxas de eventos para todas

as causas de mortalidade foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier.

Utilizando a regressão de Cox para calcular as razões de risco. A regressão

de Cox tempo-dependente foi realizada para analisar o impacto prognóstico

da elevação dos níveis de NT-proBNP e do número de linhas B acima do

ponto de corte no seguimento ambulatorial. Um valor de p<0,05 foi

considerado como estatisticamente significante.

O banco de dados foi elaborado no programa Microsoft Office Excel

2010 para Windows® e posteriormente transferido para o programa IBM

SPSS Statistics versão 19.0.0 (IBM Company).

127  

3. Resultados

3.1. Achados clínicos, radiográficos e ecocardiográficos

Foram incluídos 58 pacientes consecutivos (38 do sexo masculino, idade

49±11 anos, 47,2% com cardiomiopatia idiopática e 29,3% com cardiomiopatia

isquêmica). As principais características dos pacientes, estratificados por número de

linhas B, estão listadas na Tabela 1. Congestão pulmonar significativa (CPS) foi

diagnosticada em 26 (44,8%) pacientes assumindo valor de NT-proBNP>1000pg/mL

como ponto de corte. Considerando a ECC15 e a RXT, CPS foi estimada em 30

(51,7%) e 25 (43,1%) pacientes respectivamente. Para detectar PECP elevada por

E/ E'≥ 15, a ECC e a RXT tiveram apenas 60% e 53% de sensibilidade

respectivamente.

A viabilidade da RXT foi de 98,3%. Não foi possível avaliar a RXT em apenas

1 caso devido a um regime muito penetrado. A dose média de radiação para

realização da RXT foi de 0,38±0,29mGy, dentro das doses recomendadas pela

Comissão Europeia de Energia Nuclear (EUROATOM) e pelo Colégio Americano de

Radiologia.52-53 Avaliação ecocardiográfica foi realizada em todos os pacientes,

estimando-se uma fração de ejeção ventricular esquerda pelo de 27,4±4% e um

volume do atrial esquerdo indexado pela superfície corporea de 53,8±27mL/m².

Devido a ativação do marcapasso, não foi possível obter a relação E/E' e

caracterizar a função diastólica em dois pacientes. Uma pressão elevada esquerda

atrial, estimada por um E/E'≥15 foi encontrada em 35 (60,3%) pacientes. Disfunção

diastólica restritiva, o padrão pseudonormal e relaxamento alterado foram

identificados em 44,6%, 23,2% e 30,2%, respectivamente. Insuficiência mitral foi

caracterizado como leve em 39 (67,2%) e moderada em 8 (13,8%).

3.2. Ultrassonografia pulmonar

A LUS foi realizada em 9,9±2,45 minutos, com uma viabilidade de 100%.

CPS estava presente em 34 (58,6%) pela LUS (número de linhas B≥15), com

valores mais elevados de linhas B (valor médio de 41±21, percentis 25 e 75 com 23

e 57,5 linhas B) quando comparados aos pacientes sem CPS pelo NT-proBNP (valor

médio 16±19, percentis 25 e 75 com 6,2 e 21,5 linhas B, p<0,0001). Assumindo

E/E'≥15 como referência, os valores mais elevados de linhas B também foram

encontrados em pacientes com CPS (valor médio de 35±25, percentis 25 e 75 com

16 e 50 linhas B) quando coparados aos pacientes sem congestão (valor médio de

13±12, percentis 25 e 7 com 5 e 17 linhas B, p <0,0001).

3.3. Correlação entre bioquímica, clínica e os achados da LUS

128  

O número de linhas B foi significativamente correlacionado com os valores de

NT-proBNP (r=0,75; p<0,0001). (FIGURA 1) A análise da curva ROC foi utilizada

para avaliar a relação analítica entre NT-proBNP>1000 (como diagnóstico de CPS) e

o número de linhas B, mostrando uma área de 0,88 (IC 95%: 0,72-0,92; p<0,0001)

para LUS, oferecendo a melhor precisão com um ponto de corte de mais de 14

linhas B (sensibilidade de 96,2% e especificidade de 71,9%). O valor preditivo

negativo foi de 84,4%, enquanto o valor preditivo positivo foi de 73,5%. (FIGURA 2)

Uma tabela de concordância para os dois testes é mostrado na FIGURA 3. A

principal fonte de discordância foi devido a LUS anormal (número de linhas B≥15) e

um valor de NT-proBNP≤1000pg/mL. Destes nove pacientes, apenas um tinha E/E'

normal. O único resultado discordante devido aos peptídeos natriuréticos alterados

tinha todos os outros métodos determinando a ausência de congestão pulmonar e

uma LUS normal (NT-proBNP 1192 pg/mL e 11 linhas B). (TABELA 2).

A forte correlação significativa também foi encontrada entre o número de

linhas B com a relação E/E' (r=0,62; p<0,0001) (Figura 1) e com a RXT (r=0,57;

p<0,0001), enquanto uma correlação média foi determinada com o ECC (r=0,31;

p=0,016). Usando E/E'≥15 como critério de CPS, a análise da curva ROC mostrou

uma área de 0,8 (IC 95%: 0,69-0,92; p<0,0001) para LUS, oferecendo a melhor

precisão com um ponto de corte de 15 linhas B (sensibilidade de 77,1% e

especificidade de 76,2%), variação que não interferiu em nossos resultados, pois

nenhum paciente apresentou 14 ou 15 linhas B. (FIGURA 2) O valor preditivo

negativo foi de 66,7%, enquanto o valor preditivo positivo foi de 84,4%. A principal

fonte de discordância foi devido a LUS normal (linhas B<15) e relação E/E'≥ 15.

Todos esses oito pacientes apresentavam valores normais de NT-proBNP. O

resultado discordante devido número de linhas B alterado e E/E' normal ocorreu em

cinco pacientes. Um deles estava com relação E/E’ na zona cinzenta (E/E’ entre 12

e 15), mas com NT-proBNP anormal, assim como outros três (E/E’ normal e NT-

proBNP anormal), enquanto apenas um apresentou peptídeo natriurético e relação

E/E' normais.

3.4 Seguimento

Eventos adversos foram registrados em 15 pacientes em um seguimento

médio de 106±12,4 dias. Doze deles foram internados com congestão pulmonar,

dois com infarto agudo do miocárdio (IAM) e um depois de apresentarem choque do

CDI devido a taquicardia ventricular. Com exceção de um evento (um caso de IAM

com supra de ST), todos os casos ocorreram em pacientes com 15 ou mais linhas B

(média de 54,7±23,6). Relação E/E’ normal foi encontrada em dois pacientes (ambos

os casos de IAM com supra de ST). NT-proBNP<1000pg/mL foi encontrado em três

129  

casos de congestão pulmonar, uma caso de IAM com supra de ST e em um outro de

taquicardia ventricular. Foi realizada a curva de Kaplan-Meier para análise de

sobrevida livre de eventos estratificada para a presença ou ausência de CPS na

LUS e na dosagem do NT-proBNP. Curva de sobrevida mostrou LUS como um

preditor significativo e independente do resultado adverso (p=0,003) com um RA

11,32 (IC 95%: 1,5-86; p=0,019). Os peptídeos natriuréticos, entretanto, não foram

identificados como um preditor independente (p=0,07). (FIGURA 4)

4. Discussão

A identificação, quantificação e monitorização da congestão pulmonar são

passos fundamentais para uma avaliação completa do paciente com IC em qualquer

ambiente clínico. Este estudo mostra que LUS é um método simples, preciso e útil

para a avaliação da congestão pulmonar em um ambiente ambulatorial. O curto

tempo necessário para avaliar as linhas B (cerca de 5 minutos, em estudos

anteriores) com uma viabilidade geralmente de 100%, permite a aplicação do

método durante um visita ao ambulatório como parte de exame clínico.40, 54 No nosso

estudo, o tempo necessário para realizar a LUS foi o dobro em relação aos

resultados da literatura, uma vez que todos os nossos exames foram gravadas e,

durante este processo, as imagens são visualizadas por uma segunda vez.

Sintomas isoladamente, ou em conjunto com o exame clínico, claramente

não são um guia confiável para o processo de definição de conduta clínica. No

nosso estudo, esta associação teve apenas 58% de sensibilidade na detecção de

PECP elevada, de forma semelhante a sensibilidade de 60% encontrada na

literatura.8 De acordo com o estudo anterior, a grande utilidade da ECC foi em

predizer uma pior sobrevida livre de eventos em seis meses de seguimento nos

pacientes com evidência clínica clara de congestão ao exame físico (RR 4,8;

p=0,02).15 A congestão pulmonar é clinicamente silenciosa na maioria dos pacientes

com IC crônica e, muitas vezes, não é reconhecida até que se desenvolvam

condições que necessitem a internação hospitalar, fato que justifica a importância de

outras ferramentas de diagnóstico.4

A radiografia de tórax, uma ferramenta confiável e barato, continua sendo de

longe o teste mais utilizado para a detecção de edema pulmonar o com uma

acurácia aceitável, quando avaliados por um radiologista, mas com uma

variabilidade interobservador.45 A ausência de achados sugestivos IC ao estudo

radiológico durante avaliação ambulatorial não exclui uma PECP elevada, como

evidenciado pelo nosso estudo, no qual apenas 53% dos pacientes com E/E'≥15

foram identificados pelo RXT.9 Segundo as diretrizes da AHA/ACC, exames

radiológicos de tórax seriados não são recomendados na avaliação de congestão

130  

pulmonar em IC crônica, pois eles são muito insensíveis para detectar a maior parte

das variações no estado volêmico.55 É importante resaltar que esse método utiliza

radiação ionizante. Mesmo em pequenas doses, a radiação ionizante tem um efeito

cumulativo que, somando-se a outros métodos de diagnóstico frequentemente

utilizado em pacientes cardiológicos, pode acarretar em um risco de câncer não

negligenciável. 56-57

Avaliação da hemodinâmica por monitorização invasiva é o padrão de ouro

para o diagnóstico de congestão hemodinâmica em IC. No entanto, esse método

além de não ser prático para ser utilizado ambulatorialmente e é uma abordagem

eticamente discutível. Dessa forma, a utilização de outros métodos de diagnóstico

que são capazes de estimar a congestão hemodinâmica indiretamente em nível

ambulatorial foi preferida para comparar com a LUS. Tanto a ecocardiografia

estimando a pressão atrial esquerda pela relação E/E', como os peptídeos

natriuréticos, se correlacionam bem com PECP, conforme demonstrando por

estudos prévios.35, 58

Neste estudo, o número de linhas B avaliado pela LUS foi significativamente

correlacionado com o NT-proBNP e com a relação E/E' para o diagnóstico de CPS

em um ambulatório de IC pré-transplante cardíaco. Esta correlação não foi

surpreendente, pois a presença de linhas B como um sinal de água extravascular

pulmonar está ligada a um aumento nas pressões de enchimento do VE.12,59

Assumindo NT-proBNP>1000pg/mL como referência para IC descompensada, como

definido em estudos anteriores,47-49 determinou-se uma acurácia semelhante à obtida

com os peptídeos natriuréticos (valor preditivo positivo de 73,5% e negativo de

84,4%). Ao considerar E/E'≥15 como um padrão para CPS, os peptídeos

natriuréticos e a LUS tiveram a mesma especificidade (76,2%) com uma

sensibilidade de 77,1% (84,4% VPP, VPN de 66,7%; p <0,0001) das linhas B≥15,

melhor em comparação com a sensibilidade de 54,3% (79,2% VPP, VPN de 50%;

p=0,003) do NT-proBNP>1000pg/mL. Usando NT-proBNP>688pg/mL como o melhor

ponto de corte encontrado neste estudo, obteve-se uma ligeira melhora da

sensibilidade para 65,7%, sem mudança na especificidade, a aqual ainda é inferior a

da LUS. O valor de referência de NT-proBNP para ser usado ainda é uma questão

de discordância na literatura, mas optamos por esse valor como ponto de corte com

base em estudos que mostraram aumento da morbidade e mortalidade.47-49, 60

Corroborando com esse ponto de corte, temos a evidência proveniente de ensaios

clínicos randomizados que guiaram a terapia da IC crônica com os peptídeos

natriuréticos.10, 60-61

131  

No entanto, uma vez que estes testes avaliam diferentes mecanismos

fisiopatológicos, é plausível que a concordância não seja total. Ambos os péptidos

natriuréticos e a relação E/E' identificam a congestão hemodinâmica, um período

que precede a congestão pulmonar, que é identificado pela LUS.62 A congestão

pulmonar é geralmente, mas nem sempre, relacionada com elevações nas pressões

de enchimento ventricular esquerda, além de poder estar presente em uma

combinação de alta pressão hidrostática pulmonar capilar e alta permeabilidade da

barreira alveolo-capilar, explicando alguns casos de NT-proBNP normal e LUS

anormal.63 Ademais, a detecção das linhas B na LUS não implica necessariamente

em uma origem cardiogênica. Fibrose pulmonar e SARA podem também resultar em

imagens de linhas B, diagnóstico diferencial que não estava presente na nossa

população de estudo.64-65 Para facilitar o diagnóstico diferencial, deve ser

considerada que as linhas B cardiogênicas são mais difusas na avaliação torácica e

com resolução em poucas horas após a administração de diuréticos. Analisando a

LUS e o NT-proBNP nos casos discordantes, percebemos que esses pacientes

estavam em uma zona cinzenta para o diagnóstico congestão pulmonar pelos

métodos convencionais. Assim, a LUS apareceu como um método adjuvante para

auxiliar na detecção de água extravascular pulmonar, com resultados semelhantes à

ecocardiografia (relação E/E'), mas mais barato, com menos exigências técnicas e

com a possibilidade de aplicar em um consultório.

Também evidenciamos que a LUS teve a capacidade de prever de forma

independente e significativa os resultados adversos em um período de 100 dias de

seguimento, dado inédito na literatura que reforça o seu potencial para atuar guiando

o tratamento da insuficiência cardíaca crônica, bem como os peptídeos natriuréticos

e as medidas hemodinâmicas ecocardiográficos já foram comprovadas em estudos

anteriores.60, 66 No entanto, em nosso estudo o NT-proBNP não demonstrou esse

resultado, provavelmente devido a um curto tempo de seguimento ou um tamanho

de amostra pequeno.

5. Conclusão

Em um ambulatório de insuficiência cardíaca pré-transplante, as linhas B

avaliadas pela LUS apresentam correlação significativa com a relação E/E', valores

de NT-proBNP e ECC. Dada a sua precisão, baixo custo e portabilidade, a LUS

pode ser considerada como uma ferramenta confiável para uma avaliação rápida e

fácil da congestão pulmonar em pacientes IC crônica moderada a grave como uma

extensão do exame físico. A simplicidade, baixa tecnologia envolvida (possível

mesmo em dispositivo portátil com apenas imagem bidimensional), facilidade de

aprendizado e a rapidez para executar o torna atraente uso no acompanhamento

132  

ambulatorial de pacientes com IC. A terapia farmacológica poderia ser ajustada tão

logo que o paciente, embora assintomático, mostre um aumento significativo no

número de linhas B. Isso pode evitar algumas novas internações por piora da

dispnéia, uma vez que demonstra ser um marcador de prognóstico e uma

ferramenta de diagnóstico precisa.

6. Limitações do estudo

Uma limitação deste estudo é o pequeno número de nossa amostra, a qual

envolveu apenas pacientes com disfunção sistólica moderada a grave e, portanto,

isso deve ser considerada ao interpretar os resultados atuais. Idealmente, este

estudo deverá ser repetido em um ambulatório de cardiologia geral, incluindo

pacientes com insuficiência cardíaca por disfunção sistólica leve e por disfunção

diastólica com função sistólica preservada.

Além disso, a falta de um padrão ouro para verificar a presença ou ausência

de congestão pulmonar no ambiente ambulatorial representa mais uma limitação do

estudo, que pode ter subestimado a sensibilidade e especificidade LUS. Na verdade,

a adoção da relação de NT-proBNP e E/E' para estimar CPS, em lugar de medidas

invasivas PECP, tornou o estudo possível de realizar durante a rotina ambulatorial

com os pacientes em condições clínicas estáveis.

133  

TABELA 1 – Características da amostra conforme Linhas B Linhas B≥15 Linhas B<15 p (n=34) (n=24) Idade 49±10 48±11 0,74 Etnia branca 25(73%) 21(87%) 0,43 Homens 22 (64%) 16 (66%) 1 IMC 28±5 28±4 0,94 Frequência Cardíaca (bpm) 74±12 74±12 0,97 Pressão Arterial Sistólica (mmHg) 108,2±14 118±18 0,02 Pressão Arterial Diastólica (mmHg) 69±11 73±10 0,15 Doença Arterial Coronariana 10 (29%) 6(25%) 0,77 Infarto Agudo do Miocárdio 9(26%) 6(35%) 1 Hipertensão Arterial Sistêmica 13(38%) 11(45%) 0,59 Dislipidemia 14(41%) 12(50%) 0,59 DPOC 1(3%) - 1 Diabetes Mellitus 7(20,6%) 5(20,8%) 1 Minnesota 48±24 37±17 0,08 Etiologia da Insuficiência Cardíaca Idiopática Isquêmica

16(47%) 10(29%)

13(54%) 7(29%)

0,45

NYHA II III IV

2,3±1 13(38%) 7(20%) 6(17%)

1,9±0,7 11(46%) 6(25%)

-

0,14

Fração de Ejeção VE (%) 25±6 31±5,3 <0,000 Volume AE indexado (mL/m²) 62±30 42±18 0,005 ECG ritmo sinusal fibrilação atrial ritmo de marcapasso QRS≥150

24(71%) 8(23%) 2(6%)

19(56%)

22(92%)

2(8%) -

16(66%)

0,09 0,17 0,5

0,43 Creatinina / DCE 0,97±0,3 / 104±42 0,87±0,3 / 117±36 0,2 / 0,2 Insuficiência Renal Crônica 5(14,7%) 2(8,3%) 0,38 Ureia 50±31 44±19 0,42 Potássio 4,3±0,6 4,5±0,4 0,08 Sódio 139±4,5 138±3,2 0,67 Hematócrito / Hemoglobina 40±4 / 13±1,3 40±4 / 13±1,5 0,5/0,8 ß-bloqueador dose alvo

33(97%) 13(40%)

23(96%) 9(39%)

1 1

IECA dose alvo

22(65%) 5(23%)

16(67%) 7(44%)

1 0,28

BRA dose alvo

10(29%) 5(50%)

5(21%) 4(80%)

0,5 0,58

Antagonista da Aldosterona 25(73%) 17(71%) 1 Diurético 28(82%) 14(58%) 0,07 Digoxina 24(70%) 10(41%) 0,03 Antagonista do Cálcio 1(3%) 2(8%) 0,56 Nitrato 5(14%) 5(21%) 0,72 Hidralazina 2(6%) 2(8%) 1 Estatina 15(44%) 12(50%) 0,79 AAS 14(41%) 10(42%) 1 Cumarinico 7(20%) 3(12%) 0,49 Amiodarona 6(17%) 2(8%) 0,44 Marcapasso / CDI 7(20%) 2(8%) 0,28 Ressincronizador 3(9%) 1(4%) 0,63 Adesão ao tratamento (Morisky) 6(18%) 5(21%) 1 IMC: índice de massa corporal; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; NYHA: Classe funcional New York Heart Association; VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; ECG: eletrocardiograma; QRS: intervalo QRS; DCE: depuração da creatinina endógena; IECA: inibidor da enzima conversora do angiotensinogênio; BRA; bloqueador do receptor da angiotensina; AAS: acido acetil salicílico; CDI: cardioversor implantável.

134  

FIGURA 1. Correlação entre o número de linhas B com os valores de NT-proBNP (A) e com a relação E/E’ ( B).

FIGURA 2. A: Curva ROC para linhas B com NT-proBNP>1000pg/mL como referência para insuficiência cardíaca descompensada. B: ROC para linhas B e NT-proBNP com relação E/E’≥15 como referência para insuficiência cardíaca descompensada.

135  

TABELA 2 – Discordância entre NT-proBNP e Linhas B Caso NT-

proBNP Linhas

B E/E’ Congesto

no RXT Congesto na ECC

Minnesota Distância no TC6(m)

NYHA

14 1192 11 12,6 não não 69 219 II 54 546 50 17,46 não não 15 204 I 45 919,1 104 51,5 sim sim 77 66 IV 18 167,4 20 15.26 * não 10 540 I 43 495,8 23 32,5 sim não 44 390 II 40 277,5 32 11,31 sim não 9 390 I 36 640,2 30 24,32 não não 52 258 I 24 712,9 34 35,3 não não 50 315 II 13 508,9 22 21,73 não não 42 300 II 28 322,3 26 16,45 sim sim 47 285 II

* não foi possível avaliar devido a qualidade técnica do exame

FIGURA 4. Sobrevida livre de eventos conforme linhas B e NT-proBNP

FIGURE 3. Tabela de concordancia para o NT-proBNP e as linha B.

136  

10 ANEXOS

10.1 CONSENTIMENTO INFORMADO E FICHAS DE COLETA DE DADOS

137  

138  

139  

140  

141  

142  

143  

144  

145  

146  

147  

148  

149  

150  

151  

152  

10.2 ANÁLISES ADICIONAIS DOS RESULTADOS    

153  

TABELA 8 – Características da Amostra Conforme Linhas B Total Linhas B≥15 Linhas B<15 p (n=58) (n=34) (n=24) Idade 49±11 49±10 48±11 0,74 Etnia branca 46(79%) 25(73%) 21(87%) 0,43 Homens 38(65%) 22 (64%) 16 (66%) 1 IMC 28±4 28±5 28±4 0,94 Frequência Cardíaca (bpm) 74±12 74±12 74±12 0,97 PAS (mmHg) 112±17 108,2±14 118±18 0,02 PAD (mmHg) 71±11 69±11 73±10 0,15 DAC 16(27%) 10 (29%) 6(25%) 0,77 Infarto Agudo do Miocárdio 15(26%) 9(26%) 6(35%) 1 HAS 24(41%) 13(38%) 11(45%) 0,59 Dislipidemia 26(49%) 14(41%) 12(50%) 0,59 DPOC 1(2%) 1(3%) - 1 Diabetes Mellitus 12(20%) 7(20,6%) 5(20,8%) 1 Minnesota 43±22 48±24 37±17 0,08 Etiologia IC Idiopática Isquêmica

29(50%) 17(29%)

16(47%) 10(29%)

13(54%) 7(29%)

0,45

NYHA II III IV

2,2±0,9 24(41%) 13(22%) 6(10%)

2,3±1 13(38%) 7(20%) 6(17%)

1,9±0,7 11(46%) 6(25%)

-

0,14

Fração de Ejeção VE (%) 27±0,9 25±6 31±5,3 <0,0001Volume AE indexado (mL/m²) 54±27 62±30 42±18 0,005 ECG ritmo sinusal fibrilação atrial ritmo de marcapasso QRS≥150

46(79%) 10(17%) 2(3%)

35(60%)

24(71%) 8(23%) 2(6%)

19(56%)

22(92%)

2(8%) -

16(66%)

0,09 0,17 0,5

0,43Creatinina / DCE 0,9±0,3/109±40 0,97±0,3/104±42 0,87±0,3/117±36 0,2 / 0,2 Insuficiência Renal Crônica 7(12%) 5(14,7%) 2(8,3%) 0,38 Ureia 48±27 50±31 44±19 0,42 Potássio 4,4±0,5 4,3±0,6 4,5±0,4 0,08 Sódio 139±4 139±4,5 138±3,2 0,67 Hematócrito / Hemoglobina 40±4 / 13±1,4 40±4 / 13±1,3 40±4 / 13±1,5 0,5/0,8 ß-bloqueador dose alvo

56(96%) 22(38%)

33(97%) 13(40%)

23(96%) 9(39%)

1 1

IECA dose alvo

38(65%) 12(20%)

22(65%) 5(23%)

16(67%) 7(44%)

1 0,28

BRA dose alvo

15(26%) 9(15%)

10(29%) 5(50%)

5(21%) 4(80%)

0,5 0,58

Antagonista da Aldosterona 42(72%) 25(73%) 17(71%) 1 Diurético 42(72%) 28(82%) 14(58%) 0,07 Digoxina 34(58%) 24(70%) 10(41%) 0,03 Antagonista do Cálcio 3(5%) 1(3%) 2(8%) 0,56 Nitrato 10(17%) 5(14%) 5(21%) 0,72 Hidralazina 4(0,7%) 2(6%) 2(8%) 1 Estatina 27(46%) 15(44%) 12(50%) 0,79 AAS 24(41%) 14(41%) 10(42%) 1 Cumarinico 10(17%) 7(20%) 3(12%) 0,49 Amiodarona 8(14%) 6(17%) 2(8%) 0,44 Marcapasso / CDI 9(15%) 7(20%) 2(8%) 0,28 Ressincronizador 4(7%) 3(9%) 1(4%) 0,63 Adesão ao tratamento (Morisky) 11(19%) 6(18%) 5(21%) 1 IMC: índice de massa corporal; PAS: Pressão arterial sistólica; PAD: Pressão arterial diast[olica; DAC: Doença arterial coronariana; HAS: Hipertensão arterial sistêmica; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; IC: Insuficiência Cardíaca; NYHA: Classe funcional New York Heart Association; VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; ECG: eletrocardiograma; QRS: intervalo QRS; DCE: depuração da creatinina endógena; IECA: inibidor da enzima conversora do angiotensinogênio; BRA; bloqueador do receptor da angiotensina; AAS: acido acetil salicílico; CDI: cardioversor implantável.

154  

TABELA 9 – Características da amostra conforme NT-proBNP NT-proBNP>1000 NT-proBNP≤1000 p (n=26) (n=32) Idade 48,6±9 48,4±12 0,94 Etnia branca 18(69%) 28(87%) 0,22 Homens 18(69%) 20(62%) 0,78 IMC 27±4,3 28±4,4 0,2 Frequência Cardíaca (bpm) 76±13 72±12 0,3 Pressão Arterial Sistólica (mmHg) 104±12 118±17 0,001 Pressão Arterial Diastólica (mmHg) 67±11 74±10 0,013 Doença Arterial Coronariana 7(27%) 9(28%) 1 Infarto Agudo do Miocárdio 6(23%) 9(28%) 0,76 Hipertensão Arterial Sistêmica 10(38%) 14(44%) 0,79 Dislipidemia 10(38%) 16(50%) 0,43 DPOC - 1(3%) 1 Diabetes Mellitus 7(27%) 5(15%) 0,34 Minnesota 52±25 37±17 0,008 Etiologia da Insuficiência Cardíaca Idiopática Isquêmica

12(46%) 7(27%)

10(31%) 17(53%)

0,99

NYHA II III IV

2,5±1 10(38%) 7(27%) 5(19%)

1,9±0,8 14(44%) 6(19%) 1(3%)

0,01

Fração de Ejeção VE (%) 25±5 29±7 0,008 Volume AE indexado (mL/m²) 66±33 44±17 0,001 ECG ritmo sinusal fibrilação atrial ritmo de marcapasso QRS≥150

18(69%) 8(31%)

- 11(42%)

28(88%) 2(6%) 2(6%)

12(37%)

0,11 0,03 0,49 0,79

Creatinina / DCE 1±0,3 / 101±42 0,88±0,2 / 116±36 0,1 / 0,2 Insuficiência Renal Crônica 4(15,4%) 3(9,4%) 0,38 Ureia 53±34 44±18 0,21 Potássio 4,3±0,6 4,4±0,5 0,3 Sódio 139,3±5 138,6±3 0,52 Hematócrito / Hemoglobina 40±4 / 13±1,6 40±3 / 13±1,2 0,94/0,73ß-bloqueador dose alvo

25(96%) 9(37%)

31(97%) 13(42%)

1 0,78

IECA dose alvo

16(61%) 4(25%)

22(69%) 8(36%)

0,59 0,5

BRA dose alvo

8(31%) 4(50%)

7(22%) 5(71%)

0,55 0,6

Antagonista da Aldosterona 17(65%) 25(78%) 0,37 Diurético 23(88%) 19(59%) 0,01 Digoxina 17(65%) 17(53%) 0,42 Antagonista do Cálcio 2(8%) 1(3%) 0,58 Nitrato 5(19%) 5(15%) 0,74 Hidralazina 1(4%) 3(9%) 0,62 Estatina 11(42%) 16(50%) 0,6 AAS 12(46%) 12(37%) 0,59 Cumarinico 5(19%) 5(15%) 0,74 Amiodarona 6(23%) 2(6%) 0,12 Marcapasso / CDI 4(15%) 5(15%) 1 Ressincronizador 1(4%) 3(9%) 0,62 Adesão ao tratamento (Morisky) 6(24%) 5(15%) 0,5 IMC: índice de massa corporal; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; NYHA: Classe funcional New York Heart Association; VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; ECG: eletrocardiograma; QRS: intervalo QRS; DCE: depuração da creatinina endógena; IECA: inibidor da enzima conversora do angiotensinogênio; BRA; bloqueador do receptor da angiotensina; AAS: acido acetil salicílico; CDI: cardioversor implantável.

155  

TABELA 10 – Características da amostra conforme E/E’ E/E’≥15 E/E’<15 p (n=35) (n=21) Idade 46±10 52±12 0,071 Etnia branca 26(74,3%) 18(85,7%) 0,42 Homens 20(57%) 17(81%) 0,086 IMC 28,2±4,8 27,4±3,6 0,54 Frequência Cardíaca (bpm) 71±12 79±10 0,025 Pressão Arterial Sistólica (mmHg) 109±16 119±15 0,019 Pressão Arterial Diastólica (mmHg) 70±11 73±10 0,363 Doença Arterial Coronariana 9(25,7%) 5(23,8%) 1 Infarto Agudo do Miocárdio 9(25,7%) 4(19%) 0,74 Hipertensão Arterial Sistêmica 17(48,6%) 6(28,6%) 0,17 Dislipidemia 15(43%) 9(43%) 1 DPOC 1(3%) - 1 Diabetes Mellitus 7(20%) 4(19) 1 Minnesota 48,7±23,6 33,6±16,7 0,014 Etiologia da Insuficiência Cardíaca Idiopática Isquêmica

10(28,6%) 19(54,3%)

5(23,8%)

10(47,6%)

0,43

NYHA II III IV

2,4±1 13(37%)

10(28,6%) 5(14,3%)

1,7±0,6 11(52,4%)

2(9,5%) -

0,008

Fração de Ejeção VE (%) 25,7±6,2 30,7±5,7 0,004 Volume AE indexado (mL/m²) 63±29 36±13 <0,0001 ECG ritmo sinusal fibrilação atrial QRS≥150

30(85,7%) 4(11,4%)

13(37,1%)

16(76,2%)

4(19%) 9(43%)

0,47

0,456 0,78

Creatinina / DCE 0,9±0,3/114±42 0,9±0,3/104±36 0,53/0,35Insuficiência Renal Crônica 3(9%) 3(14,3%) 0,66 Ureia 48,5±31 47±20 0,9 Potássio 4,3±0,6 4,5±0,4 0,9 Sódio 139±4,6 139±3 0,9 Hematócrito / Hemoglobina 40±3,6 / 13,1±1,3 40,3±4 / 13,4±1,5 0,73/0,37ß-bloqueador dose alvo

34(97%) 14(42,4%)

20(95,2%) 7(35%)

1 0,77

IECA dose alvo

24(68,6%) 6(25%)

14(66,7%) 6(42,9%)

1 0,29

BRA dose alvo

9(25,7%) 6(66,7%)

5(23,8%) 2(40%)

1 0,58

Antagonista da Aldosterona 29(83%) 12(57%) 0,06 Diurético 30(85,7%) 11(52,4%) 0,012 Digoxina 25(71,4%) 9(42,9%) 0,049 Antagonista do Cálcio 1(3%) 1(4,8%) 1 Nitrato 7(20%) 2(9,5%) 0,459 Hidralazina 3(8,6%) 1(4,8%) 1 Estatina 17(48,6%) 9(43%) 0,78 AAS 16(45,7%) 8(38%) 0,78 Cumarinico 8(23%) 2(9,5%) 0,29 Amiodarona 7(20%) 1(4,8%) 0,235 Marcapasso / CDI 7(20%) 2(9,5%) 0,459 Ressincronizador 1(3%) 3(14,3%) 0,143 Adesão ao tratamento (Morisky) 6(17,6%) 5(23,8%) 0,73 IMC: índice de massa corporal; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica; NYHA: Classe funcional New York Heart Association; VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; ECG: eletrocardiograma; QRS: intervalo QRS; DCE: depuração da creatinina endógena; IECA: inibidor da enzima conversora do angiotensinogênio; BRA; bloqueador do receptor da angiotensina; AAS: acido acetil salicílico; CDI: cardioversor implantável.

156  

Figura 16 – Número de Linhas B conforme a função diastólica

FIGURA 17 – Número de Linhas B conforme a classe funcional NYHA

157  

FIGURA 18 – Valores de NT-proBNP conforme a função diastólica

FIGURA 19 – Valores de NT-proBNP conforme a classe funcional NYHA

158  

FIGURA 20 – Linhas B conforme NT-proBNP

FIGURA 21 – Linhas B em quartis conforme NT-proBNP

159  

FIGURA 22 – Linhas B conforme E/E’

FIGURA 23 – Linhas B em quartis conforme E/E’

160  

 

 

TABELA 11 – Valores NT-proBNP, Linhas B e ECC conforme grupo NT-proBNP NT-proBNP>1000 NT-proBNP≤1000 p (n=26) (n=32)

NT-proBNP 3029±2676 387±254 <0,0001 Linhas B 41±21 16±19 <0,0001 Escala Clínica de Congestão 4,3±2,8 2,7±2,4 0,018 ECC: Escala clínica de congestão

 

 

 

TABELA 12 – Valores NT-proBNP, Linhas B e ECC conforme grupo Linhas B Linhas B≥15 Linhas B<15 p (n=34) (n=24)

NT-proBNP 2416±2585 375±300 <0,0001 Linhas B 41±22 8±3 <0,0001 Escala Clínica de Congestão 4±3 2,6±1,8 0,54 ECC: Escala clínica de congestão

 

 

 

TABELA 13 – Valores NT-proBNP, Linhas B e ECC conforme grupo E/E E/E’≥15 E/E<15 p (n=35) (n=21)

NT-proBNP 2182,6±2650 375±300 0,007 Linhas B 35±25,4 13,2±11 0,001 Escala Clínica de Congestão 3,8±3 2,6±2,1 0,129 ECC: Escala clínica de congestão

 

 

 

TABELA 14 – Dose de radiação na radiografia de tórax Projeção Dose (mGy)

PA 0,08±0,05 Perfil 0,3±0,24 Total 0,38±0,29

PA: postero-anterior

161  

FIGURA 24 – Dose de radiação na radiografia de tórax

FIGURA 25 – Tempo de exame da ultrassonografia pulmonar conforme a curva de aprendizado

162  

 

TABELA 15 – Dados ecocardiográficos conforme NT-proBNP NT-proBNP>1000 NT-proBNP≤1000 p (n=26) (n=32)

Fração de Ejeção VE (%) 25±5 29±7 0,008 Volume AE indexado (mL/m²) 66±33 44±17 0,001 Estimativa pressão AEŦ (mmHg)

24±7 14±7 <0,0001

Estimativa PAPM¥ (mmHg) 41,7±6 30±9 <0,0001 E/E’ 30±24 16±9 0,005 Estimativa pressão AEȾ (mmHg)

40±30 22±11 0,005

Função diastólica normal relaxamento alterado padrão pseudonormal restritivo

-

3(12%) 5(20%)

17(68%)

1(3%)

14(44%) 8(25%) 9(28%)

0,014

Insuficiência mitral ausente leve moderada

5(19,2%)

16(61,5%) 5(19,2%)

9(28,1%)

20(62,5%) 3(9,4%)

0,477

Ŧ Fórmula de Dabestani; ¥ Fórmula de Henry; Ⱦ Fórmula de Nagueh. VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; PAPM: pressão arterial pulmonar média. 

 

 

 

TABELA 16 – Dados ecocardiográficos conforme Linhas B Linhas B≥15 Linhas B<15 p (n=34) (n=24)

Fração de Ejeção VE (%) 25±6 31±5 <0,0001 Volume AE indexado (mL/m²) 62±30 42±18 0,005 Estimativa pressão AEŦ (mmHg) 29±7 12±7 <0,0001 Estimativa PAPM¥ (mmHg) 40±8 30±8 <0,0001 E/E’ 29±22 13±5 0,001 Estimativa pressão AEȾ (mmHg) 38±27 18±6 0,001 Função diastólica normal relaxamento alterado padrão pseudonormal restritivo

-

5(15%) 7(21%)

21(64%)

1(4%)

12(50%) 6(25%) 5(21%)

0,005

Insuficiência mitral ausente leve moderada

5(14,7%)

23(67,7%) 6(17,6%)

9(37,5%)

13(54,2%) 2(8,3%)

0,115

Ŧ Fórmula de Dabestani; ¥ Fórmula de Henry; Ⱦ Fórmula de Nagueh. VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; PAPM: pressão arterial pulmonar média. 

163  

TABELA 17 – Prevalência do diagnóstico de congestão por diferentes métodos Método Congestão Significativa Ausência de Congestão

NT-proBNPŦ 26(44,8%) 32(55,2%) NT-proBNPȜ 32(55,2%) 26(44,8%) Linhas BȾ 34(58,6%) 21(41,4%) Escala Clínica de Congestão¥ 30(51,7%) 28(48,3%) Alterações radiológicas£ 23 (40,4%) 34(59,6%) Parecer radiologista§ 25 (43,1%) 32(55,2%) E/E’≥12 39(67,2%) 17(29,3%) E/E’≥15 35(60,3%) 21(36,2%) Parecer médico assistenteĦ 9 (15,5%) 49(84,5%) Ŧ Utilizado o valor >1000pg/mL como indicativo de congestão significativa; Ȝ Utilizado o valor >617pg/mL como indicativo de congestão significativa; Ⱦ Utilizado um número de linhas B ≥15 como diagnóstico de congestão; ¥Utilizado uma pontuação ≥3 como diagnóstico de congestão; £ Considerada a presença ≥2 alterações radiológicas (crescimento atrial esquerdo; diversão cranial de fluxo; edema intersticial; edema alveolar; derrame pleural); §Impressão final do radiologista; Ħ Parecer clínico de congestão estabelecido pelo médico assistente ao final da consulta ambulatorial de rotina sem o uso de qualquer método complementar ao exame físico e anamnese.

TABELA 18 – Correlação dos métodos Método NT-proBNP Linhas B E/E’

r p r p r p Escala Clínica de Congestão

0,49 <0,0001 0,31 0,016 0,33 0,012

Alterações Radiológicas 0,6 <0,0001 0,57 <0,0001 0,57 <0,0001 E/E’ 0,62 <0,0001 0,62 <0,0001 * * Estimativa pressão AE Ⱦ 0,62 <0,0001 0,62 <0,0001 * * PAPM Ŧ 0,67 <0,0001 0,63 <0,0001 0,43 0,001 Estimativa pressão AE¥ 0,64 <0,0001 0,61 <0,0001 0,43 0,002 Escala de Dispneia Análogo-visual

0,32 0,013 0,37 0,004 0,22 0,098

Escala de Dispneia LIKERT-5

0,2 0,116 0,18 0,172 -0,004 0,97

Distância no Teste de Caminhada 6min

-0,46 <0,0001 -0,36 0,008 -0,29 0,039

Ŧ Fórmula de Dabestani; ¥ Fórmula de Henry; Ⱦ Fórmula de Nagueh. AE: átrio esquerdo; PAPM: pressão arterial pulmonar média; * Não foi realizado teste de correlação por se tratar da mesma variável.

164  

FIGURA 26 – Correlação Linhas B com NT-proBNP

FIGURA 27 – Correlação E/E’ com Linhas B

165  

FIGURA 28 – Correlação E/E’ com NT-proBNP

FIGURA 29 – Correlação Escala Clínica de Congestão com E/E’

166  

FIGURA 30 – Correlação Escala Clínica de Congestão com NT-proBNP

FIGURA 31 – Correlação Escala Clínica de Congestão com Linhas B

167  

TABELA 19 – Divergência entre NT-proBNP e Linhas B Caso NT-

proBNP Linhas

B E/E’ Congesto

no RXT Congesto na ECC

Minnesota Distância no

TC6(m)

NYHA

14 1192 11 12,6 não não 69 219 II 54 546 50 17,46 não não 15 204 I 45 919,1 104 51,5 sim sim 77 66 IV 18 167,4 20 15.26 * não 10 540 I 43 495,8 23 32,5 sim não 44 390 II 40 277,5 32 11,31 sim não 9 390 I 36 640,2 30 24,32 não não 52 258 I 24 712,9 34 35,3 não não 50 315 II 13 508,9 22 21,73 não não 42 300 II 28 322,3 26 16,45 sim sim 47 285 II

* não foi possível avaliar devido a qualidade técnica do exame

FIGURA 32 – Curva ROC Linhas B com NT-proBNP como padrão ouro

168  

TABELA 20 – Desempenho dos métodos com NT-proBNP>1000 como padrão ouro Método N Sensibilidade Especificidade VPP VPN p

Linhas BȾ 58 92,2 71,9 73,5 84,4 <0,0001 E/E’≥15 56 79,2 50 54,3 76,2 0,03 Escala Clínica de Congestão¥

58 69,2 62.5 60 71,4 0,02

Parecer médico assistenteĦ

58 30,8 96,9 88,9 63,3 0,008

Alterações radiológicas£

57 69,2 83,9 78,3 76,5 <0,0001

Parecer radiologista§

57 73,1 80,6 76 78,1 <0,0001

Ⱦ Utilizado um número de linhas B ≥15 como diagnóstico de congestão; ¥Utilizado uma pontuação ≥3 como diagnóstico de congestão; £ Considerada a presença ≥2 alterações radiológicas (crescimento atrial esquerdo; diversão cranial de fluxo; edema intersticial; edema alveolar; derrame pleural); §Impressão final do radiologista; Ħ Parecer clínico de congestão estabelecido pelo médico assistente ao final da consulta ambulatorial de rotina sem o uso de qualquer método complementar ao exame físico e anamnese.

FIGURA 33 – Curva ROC Linhas B e NT-proBNP com E/E’≥12 como padrão ouro

169  

FIGURA 34 – Curva ROC Linhas B, NT-proBNP e Escala Clínica de Congestão com E/E’≥12 como padrão ouro

FIGURA 35 – Curva ROC Linhas B, NT-proBNP, Escala Clínica de Congestão e Alterações Radiológicas com E/E’≥12 como padrão ouro 

170  

TABELA 21 – Sensibilidade e especificidade de diversos métodos com relação E/E’≥12 como padrão ouro

Método e ponto de Corte Sensibilidade (%) Especificidade (%) Linhas B (número) 4 10 11 12 14 15 21

95,3 79,1 79,1 72,1 67,4 65,1 58,1

15,4 53,8 61,5 69,2 69,2 69,2 76,9

NT-proBNP (pg/mL) 162 490 617 688 1213

97,4 82,1 66,7 61,5 48,7

30,8 69,2 76,9 76,9 76,9

Escala Clínica de Congestão 1 2 3 4

84,8 59

30,8 23,1

46,6 76,9 76,9 76,9

Alteração RX de TóraxŦ 1 2 3

54,8 45,8 28,6

76,9% 84,6%

100 ŦAlterações radiológicas consideradas: crescimento atrial esquerdo; diversão cranial de fluxo; edema intersticial; edema alveolar; derrame pleural.

FIGURA 36 – Curva ROC Linhas B e NT-proBNP com E/E’≥15 como padrão ouro

171  

FIGURA 37 – Curva ROC Linhas B, NT-proBNP e Escala Clínica de Congestão com E/E’≥15 como padrão ouro 

FIGURA 38 – Curva ROC Linhas B, NT-proBNP, Escala Clínica de Congestão e Alterações Radiológicas com E/E’≥15 como padrão ouro

172  

TABELA 22 – Sensibilidade e especificidade de diversos métodos relação E/E’≥15 como padrão ouro

Método e ponto de Corte Sensibilidade (%) Especificidade (%) Linhas B (número) 4 10 11 13 14 15 21

97,1 85,7 80

77,1 77,1 77,1 68,6

14,3 57,1 67,7 67,7 71,4 76,2 76,2

NT-proBNP (pg/mL) 162 490 617 688 1213

97,1 85,7 68,6 65,7 54,3

28,6 66,7 71,4 76,2 85,7

Escala Clínica de Congestão 1 2 3 4

85,7 60

31,4 22,9

38,1 66,7 76,2 81

Alteração RX de TóraxŦ 1 2 3

64,7 52,9 35,3

81

85,7 100

ŦAlterações radiológicas consideradas: crescimento atrial esquerdo; diversão cranial de fluxo; edema intersticial; edema alveolar; derrame pleural.

TABELA 23 – Desempenho dos métodos com E/E’≥15 como padrão ouro Método N Sensibilidade Especificidade VPP VPN p

Linhas BȾ 56 77,1 76,2 84,4 66,7 <0,0001 NT-proBNPŦ 56 54,3 76,2 79,2 50 0,03 NT-proBNPȜ 56 68,6 71,4 80 57,7 0,006 Escala Clínica de Congestão¥

56 60 66,7 75 50 0,097

Parecer médico assistenteĦ

56 22,9 95,2 88,9 42,6 0,132

Alterações radiológicas£

55 52,9 85,7 85,7 52,9 0,004

Parecer radiologista§

55 55,9 81 82,6 53,1 0,007

Ⱦ Utilizado um número de linhas B ≥15 como diagnóstico de congestão; Ŧ Utilizado o valor >1000pg/mL como indicativo de congestão significativa; Ȝ Utilizado o valor >617pg/mL como indicativo de congestão significativa; ¥Utilizado uma pontuação ≥3 como diagnóstico de congestão; £ Considerada a presença ≥2 alterações radiológicas (crescimento atrial esquerdo; diversão cranial de fluxo; edema intersticial; edema alveolar; derrame pleural); §Impressão final do radiologista; Ħ Parecer clínico de congestão estabelecido pelo médico assistente ao final da consulta ambulatorial de rotina sem o uso de qualquer método complementar ao exame físico e anamnese.

173  

TABELA 24 – Características dos pacientes com eventos adversos Caso NT-proBNP Linhas B E/E’ Congesto no

RXT ECC Minnesota Distância no

TC6(m) NYHA

4 3970 44 28,6 Sim 4 86 60 IV 8 2384 57 18,6 Sim 7 65 30 IV

13 508,9 22 21,7 Não 2 42 300 II 16 1659 73 25,7 Sim 3 50 * III 17 5174 45 30,6 Sim 2 84 168 II 19 5124 59 15,6 Sim 8 76 * IV 25 1357 30 23,9 Sim 3 56 216 III 28 322,3 26 16,4 Sim 3 47 285 II 39 13660 37 16,5 Sim 10 73 9 IV 45 919 104 51,5 Sim 12 77 66 IV 46 4467 66 25,2 Não 11 74 360 II 49 2032 76 30,4 Sim 6 92 105 III 50 1565 45 8,1 Sim 1 19 345 I 52 594 7 8 Não 7 22 318 II 54 546 50 14,4 Não 1 15 204 I

* não realizou o teste por contra indicação do médico assistente. RXT: radiografia de tórax; ECC: escala clínica de congestão; TC6: teste de caminhada de 6 minutos.

FIGURA 39 – Curva de sobrevida conforme linhas B e NT-proBNP