Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Área de Concentração: Ensino de Biologia Mariana de Oliveira Barcelos EDUCAÇÃO EM SAÚDE NAS ESCOLAS: Elaboração de material paradidático sobre doenças viróticas AIDS, dengue e gripe a partir da análise dos livros didáticos de biologia Belo Horizonte 2012

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática

Área de Concentração: Ensino de Biologia

Mariana de Oliveira Barcelos

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NAS ESCOLAS: Elaboração de material paradidático sobre doenças viróticas AIDS, dengue e gripe a partir

da análise dos livros didáticos de biologia

Belo Horizonte 2012

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Mariana de Oliveira Barcelos

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NAS ESCOLAS: Elaboração de material paradidático sobre doenças viróticas AIDS, dengue e gripe a partir

da análise dos livros didáticos de biologia

Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.

Orientadora: Profa. Dra. Andréa Carla Leite Chaves

Coorientadora: Profa. Dra. Maria Inês Martins

Belo Horizonte 2012

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Mariana de Oliveira Barcelos

EDUCAÇÃO EM SAÚDE NAS ESCOLAS: Elaboração de material paradidático sobre doenças viróticas AIDS, dengue e gripe a partir

da análise dos livros didáticos de biologia

Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.

_____________________________________________________________

Profa. Dra. Andréa Carla Leite Chaves (Orientadora) – PUC Minas

_____________________________________________________________

Profa. Dra. Maria Inês Martins (Coorientadora) – PUC Minas

_____________________________________________________________

Profa. Dra. Rozélia Bezerra - UFRPE

_____________________________________________________________

Prof. Dr. Wolney Lobato – PUC Minas

Belo Horizonte, 22 de junho de 2012.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço esta vitória a Deus por me guiar nesta jornada. À minha orientadora Andréa

Carla, pela paciência nesse longo percurso, pelas preciosas sugestões e críticas construtivas,

pela disponibilidade e amabilidade.

Um agradecimento muito especial à Profa Maria Inês que foi a grande incentivadora

para iniciar esse processo e pelo apoio em todos os momentos necessários.

A todos os professores do mestrado pelo aprendizado e carinho e aos meus colegas da

turma 6, especialmente a Nícia Junqueira pela rica troca de experiência e pela amizade que

sempre demonstrou em todos os momentos.

Á minha família, em especial à minha mãe, que sempre me apoiou e me incentivou a

seguir em frente. Aos colegas professores, que se disponibilizaram a darem valiosas

contribuições para esse trabalho.

Aos professores Wolney Lobato e Rozélia Bezerra pelas valiosas considerações. E a

todos que de diversas maneiras e em diferentes momentos, colaboraram para a concretização

dessa conquista tão importante para minha evolução profissional e pessoal, em especial ao

Fábio Leite, Rosa Lima, Sueli, Tutti e Alexandra Chaves.

Muito obrigada a todos!

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Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota. (Madre Tereza de Calcutá).

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RESUMO

A promoção da saúde através da educação é uma oportunidade de oferecer informações

indispensáveis para que a sociedade enfrente com maior rigor as questões referentes à saúde

humana. Sendo assim, a escola pode e deve capacitar os indivíduos para buscar uma vida

mais saudável, e além de instruir seus alunos, deve organizar e estimular situações de

aprendizagem que valorizem ações voltadas para a promoção da saúde. O presente trabalho

procurou colaborar com essa demanda. Inicialmente foi realizada uma investigação da

abordagem das viroses influenza (gripe), dengue e a síndrome de imunodeficiência adquirida

(AIDS) em livros didáticos de biologia do ensino médio. Essas viroses foram escolhidas –

pelo seu caráter epidemiológico, pela sua relevância na atualidade e por demandarem ações de

educação em saúde efetivas. O resultado da análise evidenciou que as informações sobre essas

doenças virais presentes nos livros didáticos analisados concentram-se especificamente nos

aspectos biológicos dos vírus sendo, portanto, insuficientes quando se almeja ações de

educação para a saúde. Posteriormente, a partir dos dados da investigação, foi elaborado um

material paradidático – um livro eletrônico- dirigido aos professores denominado Educação

em Saúde nas Escolas: uma abordagem sobre as doenças viróticas AIDS, Dengue e Gripe. O

livro do professor foi construído no intuito de contribuir para a promoção da educação em

saúde na escola, através da proposição de diferentes estratégias didáticas que permitam

expandir os conhecimentos escolares sobre viroses por meio de atitudes e valores compatíveis

com a realidade social, além de incentivar a utilização de tecnologias multimídias no processo

de ensino e aprendizagem. Numa análise preliminar, feita por professores de diferentes áreas

do conhecimento, o material foi bem avaliado. Dessa forma, esse trabalho aponta caminhos

que podem colaborar no sentido de aprimorar a abordagem dessas viroses no ensino e no

processo de educação em saúde na escola.

Palavras-chave: AIDS. Dengue. Gripe. Manual do professor. Educação em saúde.

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ABSTRACT

Health promotion through education is an opportunity to provide information necessary for

society to face the issues more closely related to human health. Thus, schools can and must

enable individuals to seek a healthier life, and in addition to instructing their students, should

organize and encourage learning situations that enhance actions for health promotion. The

present study sought to collaborate with this demand. Initially, a research approach of

influenza viruses (flu), dengue and acquired immunodeficiency syndrome (AIDS) in biology

textbooks in high school. These viruses were chosen – because of their epidemiological

nature, their relevance today demands a share of effective health education. The results of the

analysis showed that information about these viral diseases, which are present in the

examined textbooks focus specifically on the biological aspects of virus and is therefore

insufficient when it comes to actions for health education.

Later, from the research data, we designed a paradicdatic material - an e-book aimed at

teachers called Health Education in Schools: an approach for viral diseases AIDS, Dengue

and Influenza. The teacher's book was made in order to contribute to the promotion of health

education at schools, through the proposition of different teaching strategies that allow

students to expand their knowledge about viruses through the development of attitudes and

values which are compatible with their social reality, and encourages the use of multimedia

technologies in both teaching and learning. In a preliminary analysis, conducted by professors

from different fields of knowledge, the material was well evaluated. Thus, this work shows

the way, in which this book can contribute to an improvement of the approach of these viral

diseases in the process of education and health education in schools.

Keywords: AIDS. Dengue. Flu. Teacher's manual. Health education.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Forma como é apresentada a gripe no livro de Amabis e Martho em 1985..........................................................................................................

27

FIGURA 2 – Forma como as viroses são retratadas de forma generalizada no livro didático de biologia..................................................................................

29

FIGURA 3 – Algumas questões de vestibulares com ênfase na virose AIDS...............

30

FIGURA 4 – Exemplo da abordagem da AIDS, dengue e gripe como exemplificação de viroses no texto principal.....................................................................

38

FIGURA 5 – Exemplo da abordagem da dengue no texto principal com informações específicas sobre a virose..........................................................................

38

FIGURA 6 – Exemplo de abordagem da AIDS, dengue e gripe apenas como exemplificação de viroses em quadros destacados do texto principal......

39

FIGURA 7 – Exemplo da abordagem da AIDS, dengue e gripe em quadros destacados do texto principal com informações específicas sobre as viroses.......................................................................................................

40

FIGURA 8 – Exemplo de imagem apresentada no livro didático sem interação com o conteúdo do texto principal......................................................................

42

FIGURA 9 – Exemplo da colocação de material de campanhas do Ministério da saúde nos livros didáticos de biologia......................................................

43

FIGURA 10 – Exemplo de imagem sem escala e sem mencionar o uso de cores fantasia nos livros didáticos de biologia..................................................

44

FIGURA 11 – Sugestão de pesquisa em grupo com a temática AIDS, dengue e gripe...

49

FIGURA 12 – Abordagem da questão do preconceito ao aidético com a frase: “O preconceito isola”.....................................................................................

50

FIGURA 13 – Sugestões de leituras complementares acessíveis na internet...................

52

FIGURA 14 – Página inicial do e-book - Educação em Saúde nas Escolas: uma abordagem sobre as doenças viróticas AIDS, Dengue e Gripe................

63

FIGURA 15 – Representação de um mosquito picando uma pessoa...............................

64

FIGURA 16 – Infográfico representando o uso da câmera do celular.............................

64

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FIGURA 17 – Imagem obtida da internet para ilustrar os modos de transmissão da gripe aviaria..............................................................................................

65

FIGURA 18 – Exemplo de como os tópicos foram descritos no e-book.........................

66

FIGURA 19 – Página que inicia o capítulo sobre a dengue.............................................

67

FIGURA 20 – Questionário sobre AIDS para avaliar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema..................................................................................

68

FIGURA 21 – Proposta de atividade sobre gripe utilizando como estratégia a Aprendizagem Baseada em Problemas.....................................................

70

FIGURA 22 – Reportagem da revista Veja retratando os jovens como grupo de risco do HIV......................................................................................................

72

FIGURA 23 – Cartilha produzida pelo Ministério da Saúde para a campanha de combate a dengue.....................................................................................

73

FIGURA 24 – Elementos que compõem o jogo (instruções, cartas, tabuleiro e peões)........................................................................................................

74

FIGURA 25 – Página final do e-book.............................................................................. 75

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Abordagem das viroses gripe, dengue e AIDS, nos livros didáticos de biologia analisados. .................................................................................

31

GRÁFICO 2 – Percentagem da abordagem do conteúdo sobre AIDS, dengue ou gripe por volumes nos livros aprovados pelo PNLD EM 2012.........................

37

GRÁFICO 3 – Número de imagens sobre AIDS, dengue ou gripe nos livros didáticos analisados...................................................................................................

41

GRÁFICO 4 – Aspectos abordados sobre a AIDS nos livros didáticos de biologia do PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012.........................................................

45

GRÁFICO 5 – Aspectos abordados sobre a gripe nos livros didáticos de biologia do PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012.........................................................

45

GRÁFICO 6 – Aspectos abordados sobre a dengue nos livros didáticos de biologia do PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012.........................................................

46

GRÁFICO 7 – Análise geral dos aspectos abordados sobre as viroses AIDS, dengue e gripe nos livros didáticos de biologia do PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012...........................................................................................................

47

GRÁFICO 8 – Recursos didáticos utilizados pelos docentes para abordar as doenças viróticas AIDS, dengue e gripe..................................................................

77

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Ficha de avaliação dos livros didáticos de biologia acerca do assunto AIDS, dengue e gripe.................................................................................

20

QUADRO 2 – Lista de livros antecedentes ao PNLD que apresentaram a abordagem sobre as viroses AIDS, dengue e gripe.......................................................

23

QUADRO 3 – Lista de livros aprovados pelo PNLEM 2007 analisados na pesquisa.......

35

QUADRO 4 – Lista de livros aprovados pelo PNLD EM 2012 analisados na pesquisa...

35

QUADRO 5 – Capítulos dos livros didáticos de biologia em que as viroses AIDS, dengue ou gripe são abordadas...................................................................

36

QUADRO 6 – Número de questões sobre AIDS, dengue e gripe nos livros analisados....................................................................................................

48

QUADRO 7 – Informações sobre as leituras complementares que abordam as viroses AIDS, dengue ou gripe nos livros analisados.............................................

50

QUADRO 8 – Estratégias de ensino utilizada na abordagem dos tópicos sobre as viroses AIDS, dengue e gripe.....................................................................

67

QUADRO 9 – Avaliação das estratégias de ensino que compõem o e-book.....................

78

QUADRO 10 – Estratégias mais e menos interessantes do e-book segundo os professores avaliadores...............................................................................

78

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABP – Aprendizado Baseado em Problemas

AIDS/SIDA - Síndrome de imunodeficiência adquirida

AZT - Azidotimidina

DST - Doenças Sexualmente Transmissíveis

ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio

FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

HIV - Vírus da imunodeficiência humana

LD - Livro didático

MEC – Ministério da Educação

PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais

PNLD – Programa Nacional do Livro Didático

PNLEM - Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio

SUS - Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................

13

2 A INVESTIGAÇÃO ................................................................................................... 2.1 O livro didático.......................................................................................................... 2.2 Análise dos livros didáticos de biologia................................................................... 2.3 Metodologia da Investigação....................................................................................

16 16 18 19

3 ABORDAGEM DAS VIROSES AIDS, DENGUE E GRIPE NOS LIVROS DIDÁTICOS DE BIOLOGIA ....................................................................................... 3.1 Visão histórica............................................................................................................ 3.2 Abordagem nos livros didáticos de biologia do PNLEM 2007 e PNLD EM 2012................................................................................................................................... 3.3 Considerações gerais sobre a abordagem de AIDS, dengue e gripe nos livros didáticos de biologia analisados na pesquisa................................................................

22 22 34 53

4 ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS UTILIZADAS NA ELABORAÇÃO DO PRODUTO ......................................................................................................................

55

5 O PRODUTO .............................................................................................................. 5.1 Apresentação.............................................................................................................. 5.2 A avaliação.................................................................................................................

62 63 75

6 CONCLUSÃO...............................................................................................................

82

REFERÊNCIAS...............................................................................................................

84

APÊNDICE......................................................................................................................

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13 1 INTRODUÇÃO

Durante a minha formação no ensino médio, ocorreu em Belo Horizonte um surto de

dengue que foi noticiado na escola em que eu estudava por agentes públicos que constataram

a existência de criadouros do mosquito Aedes aegypti nas dependências do colégio,

transformando-o em uma área de risco para a transmissão do vírus. Na ocasião apenas nos

informaram sobre o fato sem que qualquer informação ou adicional ênfase fossem dadas nas

disciplinas lecionadas naquele período. Como aluna, naquele momento, tive a sensação de

que faltou alguma forma de trabalho para identificar esses criadouros de mosquito, ou

qualquer outra atividade que permitisse a participação efetiva do alunado no problema que

nos atingia tão de perto. Diante desta situação percebi deficiência da articulação da teoria com

a prática e que o ensino escolar era baseado na memorização dos conhecimentos disciplinares

e no acúmulo de informações, muitas vezes, sem significado e aplicação no cotidiano.

Algum tempo depois, assistindo a depoimentos de pessoas vitimadas por doenças

infectocontagiosas como dengue, gripe e síndrome de imunodeficiência adquirida (em

português, SIDA, ou AIDS, nome em inglês, como ficou internacionalmente conhecida),

percebi em seus discursos que tinham conhecimento prévio sobre essas doenças, entretanto

isto não fez com que elas colocassem em prática ações preventivas que poderiam ter evitado o

contágio. Novamente percebi o problema da não aplicação do conhecimento teórico em ações

do dia a dia como havia ocorrido na escola, porém agora com consequências mais sérias.

Estas situações evidenciaram a necessidade da elaboração e aplicação de estratégias e

materiais que proporcionem uma maior integração entre as áreas de ensino e de educação em

que os estudantes possam participar ativamente no pensamento e encaminhamento de

soluções para problemas relacionados à sua saúde e bem estar.

Nesse contexto, Buss (1999, p. 178) alega que “A promoção da saúde (e a educação

em saúde como parte integrante da mesma) representa uma estratégia promissora para

enfrentar os múltiplos problemas que afetam as populações humanas.” Salerno et al. (2005, p.

104) também expõem que “a educação em saúde é um processo eficiente para a prevenção de

doenças, veiculando informações e experiências importantes”.

A temática saúde é um tema transversal destacado nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN) que deve ser trabalhada por todas as disciplinas curriculares, pois está

presente no cotidiano das pessoas. Os PCN entendem Educação para a Saúde como fator de

promoção e proteção à saúde e estratégia para a conquista dos direitos de cidadania (BRASIL,

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14 1998b). Sendo assim, a escola pode fornecer elementos que capacitem os indivíduos para

uma vida mais saudável e deve, além de informar, organizar e estimular situações de

aprendizagem que valorizem ações voltadas para a promoção da saúde.

Diante do exposto, ficou evidente que propostas para ampliar as ações de promoção

da educação em saúde na escola que sejam capazes de conectar as necessidades sociais e

educativas apresentam maior probabilidade de êxito. Ciente que a escola é um ambiente

propício para desenvolver trabalhos de educação preventiva com a participação ativa de um

público bem informado, priorizando as necessidades da população e a elas respondendo. Isso

está de acordo com a descrição de Oliveira (2006) sobre o que é educar na atualidade:

As propostas pedagógicas contemporâneas indicam que educar significa preparar o indivíduo para responder às necessidades pessoais e aos anseios de uma sociedade em constante transformação, aceitando desafios propostos pelo surgimento de novas tecnologias, dialogando com um mundo novo e dinâmico, numa sociedade mais instruída, melhor capacitada, gerando espaços educacionais autônomos, criativos, solidários e participativos, condições fundamentais para se viver nesse novo milênio. (OLIVEIRA, 2006, p. 25).

Nessa perspectiva, um dos objetivos desse trabalho foi realizar uma pesquisa histórica

em livros didáticos (LD) de biologia com intuito de verificar a evolução da abordagem sobre

viroses. Para tal foi escolhido como alvo das ações os conteúdos de gripe (influenza), dengue

e a síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS) - pelo caráter epidêmico dessas doenças.

Essas viroses, devido ao fácil contágio e pelos diversos casos ocorridos nos últimos anos,

ganharam destaque na mídia, sendo consideradas doenças de grande relevância na atualidade

que demandam ações de educação em saúde efetivas.

A escolha dos livros didáticos como objeto de estudo se deu principalmente por sua

relevância para alunos e professores, constituindo-se como principal referência tanto do ponto

de vista teórico quanto metodológico (BARCELOS; MARTINS, 2011, p. 9). Dessa forma,

esse objeto – o livro escolar – se constitui uma importante fonte/referência de dados.

Posteriormente, a partir dessa análise, foi proposto um livro do professor, produto

dessa dissertação, dirigido aos professores, complementar à abordagem realizada no LD. Esse

material tem o intuito de contribuir para a promoção da educação em saúde na escola, através

da proposição de estratégias que permitam expandir os conhecimentos escolares sobre viroses

por meio de atitudes e valores compatíveis com a realidade social.

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15 Sendo assim, esse trabalho está organizado em seis capítulos. O primeiro trata-se

dessa introdução em que foi feito o levantamento da problemática, argumentação sobre a

importância do tema e apresentação dos objetivos ao desenvolver a dissertação.

O segundo capítulo é dedicado à metodologia utilizada na investigação dos LD. O

capítulo três traz os resultados e discussões da investigação, constituindo um capítulo

importante para estruturar o produto da dissertação. Neste capítulo, apresenta-se um breve

histórico de algumas décadas de evolução do ensino de viroses no livro didático, seguido de

uma discussão das condições de ensino na atualidade, dessa forma, percebem-se os desafios

para uma proposição de uma nova abordagem.

O capítulo quatro aborda as estratégias didáticas utilizadas na elaboração das

atividades sobre os temas AIDS, dengue e gripe buscando um ensino contextualizado com a

realidade atual.

O quinto capítulo traz a apresentação e avaliação do produto da dissertação - um e-

book- dirigido aos professores com conteúdos e atividades sobre os temas: AIDS, dengue e

gripe.

Por fim, foram apresentadas as considerações finais baseadas na análise dos capítulos

anteriores, em que foram enfatizados os principais benefícios do produto gerado nesta

dissertação no processo do ensino voltado para a educação em saúde.

Salienta-se que os referenciais teóricos foram colocados no decorrer dos capítulos da

dissertação para embasar dados descritos e discutidos por acreditar que esta forma de

apresentá-los seja mais didática e produtiva.

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2 A INVESTIGAÇÃO

Os dados primordiais que possibilitaram inferir quais seguimentos seriam dados à

elaboração do produto foram obtidos através da análise de livros didáticos, pois os mesmos

resguardam a evolução histórica dos textos escolares, refletem de certo modo a dinâmica

própria da educação em cada período, além de permitir obter informações sobre a educação

vigente.

2.1 O livro didático

O livro didático se consolidou como uma das principais ferramentas utilizadas no

contexto escolar. Seu continuado prestígio ao longo de tantas décadas pode ser atribuído,

dentre outros fatores, por: ser um valioso suporte da prática docente; servir de guia de estudo

para os alunos; pela importância mercadológica e por manter consonância com as propostas

governamentais, sendo editado conforme as normas vigentes de cada período

(BITTENCOURT, 2004). Dessa forma, o livro escolar se constitui na atualidade em uma das

principais referências para pesquisas relacionadas ao contexto escolar.

Segundo Bosco e Cunha (2003, p.186) a grande maioria dos profissionais da educação

faz uso apenas do livro didático, onde os conteúdos, o planejamento e os exercícios estão

diretamente relacionados a este sem recorrer a nenhuma outra ferramenta. Nesse contexto,

Delizoicov (2001) retrata a importância do livro para o professor por ser uma ferramenta

didática a qual ele recorre como instrumento que contribui para o desenvolvimento do seu

trabalho e, embora algumas vezes seu uso não seja explicito, o livro é utilizado indiretamente

como auxiliar ao trabalho docente, por exemplo, na forma como o professor estrutura suas

atividades. Como explica Beltrán Núñez et al. (2003).

Os professores (as) utilizam o livro como o instrumento principal que orienta o conteúdo a ser administrado, a seqüência desses conteúdos, as atividades de aprendizagem e avaliação para o ensino das Ciências. O uso do livro didático pelo (a) professor (a) como material didático, ao lado do currículo, dos programas e outros materiais, instituem-se historicamente como um dos instrumentos para o ensino e aprendizagem. (BELTRÁN NÚÑEZ et al., 2003, p. 2).

Para o aluno, o livro didático representa uma fonte de informação e de metodologia,

onde ele tem contato com os conhecimentos científicos, sendo, de acordo com Cury (2009,

p.121), um material didático imprescindível para o acompanhamento dos estudos e para

propiciar maior segurança. O livro escolar não tem a presunção de sintetizar o conjunto de

Page 19: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

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materiais didáticos disponíveis aos estudantes, mas ele é indispensável na ação de apoio aos

alunos.

Outra importância atribuída aos livros didáticos está relacionada ao seu valor como

produto cultural devido a sua concordância com as indicações governamentais. A instituição

de uma política pública para o livro didático brasileiro remonta ao Estado Novo (1937-45),

quando se organizou, pela primeira vez, uma Comissão Nacional de Livros Didáticos, cujas

atribuições envolviam o estabelecimento de regras para a produção, compra e utilização do

livro didático, tarefa assumida pelo Ministério da Educação e Saúde. Dessa forma, o livro

didático está vinculado a projetos políticos e culturais preservando valores e modelagem de

condutas, sendo, portanto, uma peça ideológica fundamental, que desempenha importante

papel estratégico na difusão dos valores apregoados pelo regime. (MIRANDA; LUCA, 2004).

Vale destacar a relevância do livro didático como produto comercial. Esse assunto

coloca em pauta várias questões como a influencia das grandes editoras no mercado, o

marketing atribuído ao produto e até na qualidade do material, pois, apesar de haver

atualmente programas de avaliação do livro didático instituído pelo governo, existem

pesquisas sendo realizadas com intuito de verificar a precisão das avaliações realizadas nos

livros escolares devido à sua valorização comercial. Tal fato pode ser constatado no

argumento de Höfling (2006) que confirma a interferência do governo ao conferir uma

aprovação aos materiais considerados com maior qualidade, mas ao mesmo tempo, questiona

o número reduzido de editoras das quais tem suas obras aprovadas no Programa Nacional do

Livro Didático (PNLD).

Os livros escolares têm despertado interesse como fonte/referência de vários estudos:

Lajolo (1996, p.4) destaca dentre os diversos materiais escolares (giz, quadro, lousa,

computador, etc.) os livros como tendo papel decisivo para a qualidade do aprendizado

resultante das atividades escolares. Nesse mesmo contexto, Krasilchik (2000) destaca que

para se ter uma reforma educacional bem sucedida é necessário levar em consideração a

aquisição de bons materiais, dentre os quais se devem considerar os livros didáticos por

servirem de apoio e orientação aos professores para a apresentação dos conteúdos.

Assim, o LD atualmente é visto como uma espécie de “caixa preta” dos fatos e

particularidades da educação, funcionando como indicativo de características educacionais no

qual se deseja retratar tanto em um contexto histórico quanto na contemporaneidade.

Entretanto, nem sempre foi assim, de acordo com Bittencourt (2004); esse interesse em

utilizar livros didáticos em pesquisas só se consolidou nas últimas décadas.

Page 20: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

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Os balanços bibliográficos mostram que houve uma tendência, iniciada na década de 1960, de se analisarem os conteúdos dos livros escolares privilegiando a denúncia do caráter ideológico dos textos. Tal abordagem ocupava e ainda ocupa um lugar de destaque nas pesquisas nacionais e de vários outros países, cujo enfoque sobre as ideologias subjacentes aos manuais permanece. Mas nos últimos anos há mudanças de abordagens, que integram reflexões de caráter epistemológico, essenciais para a compreensão da constituição das disciplinas e saberes escolares. Paralelamente às análises sobre os conteúdos, foram sendo acrescidas outras temáticas, notadamente as relações entre as políticas públicas e a produção didática, evidenciando o papel do Estado nas normatizações e controle da produção. (BITTENCOURT, 2004, p.471).

Dentre as diversas perspectivas nas quais os livros didáticos têm sido analisados,

destaca-se a análise de conteúdos da abordagem da temática saúde que tem sido retratada por

vários autores como insuficiente, principalmente por não mobilizarem atitudes e condutas.

Freitas e Martins (2009) e Monteiro, Gouw e Bizzo (2009) observaram a existência de uma

ênfase maior nos condicionantes biológicos relacionados à saúde o que leva ao aluno a ter um

aprendizado pautado na retenção de fatos, faltando uma abordagem relacionando as causas do

processo saúde/doença que aproxime mais o conteúdo ao cotidiano do aluno. Os autores

também apontam que o predomínio em determinada ênfase, como tem ocorrido em relação à

estrutura dos microrganismos em detrimento dos aspectos relacionados à saúde humana,

limita as possibilidades de desenvolvimento de aprendizagens fundamentais a melhoria das

condições de vida e saúde dos alunos e de suas famílias. Nesse contexto, Mohr (1995) retrata

que a ausência de uma abordagem mais consistente nos livros escolares causa vários

problemas, como no caso da AIDS, em que a falta de informações contribui para o

preconceito e a prática de comportamento de risco.

O livro didático é produzido para atender a população escolar de forma geral, sendo

necessário que o educador crie estratégias para suprir as limitações próprias dele. Embora seja

de indiscutível importância, por seu caráter genérico, por vezes, os livros podem não

contextualizar os saberes e também podem não ter conteúdos específicos para atender às

demandas sociais de relevância em um determinado momento. Dessa forma, torna-se tarefa

dos professores complementar, adaptar e dar maior sentido aos bons livros recomendados

pelo Ministério da Educação (MEC). (BELTRÁN NÚÑEZ et al., 2003, p. 3).

2.2 Análise dos livros didáticos de biologia

O livro didático comumente determina conteúdos e condiciona estratégias de ensino,

marcando de forma decisiva, o que se ensina e como se ensina a partir dos múltiplos recursos

que o constituem tais como textos informativos, imagens, diagramas, tabelas e atividades

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(LAJOLO, 1996). Dessa forma, o livro é um objeto imprescindível para melhor entendimento

da realidade do ensino brasileiro, através da análise dos conteúdos selecionados para sua

composição e a forma como tais conteúdos são abordados.

Segundo Corrêa (2000), o LD é portador de conteúdos representativos de determinado

período e valores que se desejou que fosse ensinado num dado momento, residindo aí a

importância de sua utilização para a compreensão das práticas escolares no interior das

instituições educativas ao longo da história da educação por conter parte dos conteúdos do

currículo escolar e das políticas educacionais.

(...) dependendo do período histórico no qual for tomado como fonte, esse tipo de material pode ser considerado como o portador supremo do currículo escolar no que tange aos conhecimentos que eram transmitidos nas diferentes áreas, quando se constituiu em única referência tanto para professores quanto para alunos. (CÔRREA, 2000, p. 13).

Nesse aspecto, Krasilchik (2008, p. 44) aponta o conteúdo como a maior preocupação

dos professores ao fazerem seu planejamento, tendo que tomar decisões de três tipos: O que

ensinar – a abrangência da matéria ministrada; Em que sequência ensinar – a melhor

ordenação dos tópicos e como relacionar e integrar os assuntos a outros tópicos da mesma e

de outras disciplinas. Dessa forma, destaca-se a análise de conteúdos, que foi o enfoque desse

trabalho, com intuito de revelar a abordagem sobre as viroses AIDS, dengue e gripe nos livros

de biologia em várias épocas.

2.3 Metodologia da Investigação

Foi realizado um estudo em livros didáticos de biologia do ensino médio com intuito

de verificar como as doenças retratadas nessa pesquisa (dengue, AIDS e gripe) têm sido

expostas nos livros escolares, além de averiguar a possível existência de uma correlação da

abordagem dessas doenças com períodos em que ocorreram surtos significativos.

Para tal foram analisados os livros de biologia que compõe o acervo do Banco de

livros didáticos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais1 (PUC Minas), no qual

se constituía até julho de 2011 um acervo de biologia com 296 exemplares. Cientifica que não

1 O Banco de Livros Didáticos da PUC Minas está vinculado ao Banco de Dados de Livros Escolares Brasileiros (LIVRES) da Faculdade de Educação da FEUSP e se dedica a pesquisa em educação. Faz parte das coleções especiais da Biblioteca Central da PUC Minas, se constitui em um acervo exclusivo de livros escolares e conta com vários exemplares de Ciências e Matemática.

Page 22: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

20

foram analisados os livros de conteúdos específicos como, por exemplo, o título Botânico

para a escola secundária, por não abordarem o conteúdo proposto nesse trabalho. Assim,

foram analisados 205 livros dos quais foram manuseados primeiramente para ser consultado o

seu sumário, no qual, por vezes, foi possível localizar o conteúdo pesquisado de forma mais

rápida. Contudo, alguns exemplares apresentam a temática retratada incorporada a outros

conteúdos, não estando explicitado no sumário, motivo pelo qual, neste caso, foi consultado

todo o conteúdo destes exemplares.

Foram utilizados na pesquisa como referência de textos escolares atuais, os livros

didáticos de biologia aprovados no Programa Nacional do Livro Didático do Ensino Médio

(PNLEM 2007 e PNLD EM 2012).

A análise dos livros recomendados pelo PNLEM 2007 e pelo PNLD EM 2012 foi

realizada com auxílio de uma ficha de avaliação para a coleta de dados (QUADRO 1)

contendo aspectos considerados relevantes à temática pesquisada. A ficha avaliativa foi

adaptada de Batista, Cunha e Candido, 2010.

Quadro 1 - Ficha de avaliação dos livros didáticos de biologia acerca do assunto AIDS, dengue e gripe

CRITÉRIOS OBSERVADOS NA AVALIAÇÃO 1 – Aborda o conteúdo? 2 – Espaço dedicado ao assunto 3 – Figuras:

o Quantidade o Com legendas adequadas o Claras e explicativas o Coerentes com o texto

4 – Em relação ao conteúdo, aborda sobre dengue, gripe e AIDS os seguintes aspectos: o Agente etiológico /vetor o Sintomas o Epidemiologia o Transmissão o Prevenção o Tratamento o Aspectos sociais o Existem referências atualizadas em relação ao ano de publicação

5 – Em relação à abordagem do conteúdo AIDS, dengue e gripe: o Possuem exemplificações claras sobre a temática, relacionando-se com o dia-a-dia do

aluno o Estimulam o raciocínio crítico do aluno o Possuem sugestões de leitura complementar o Propõem atividades em grupo e discussões em relação ao assunto o Apresentam exercícios sobre os temas

Fonte: Adaptado de Batista, Cunha e Cândido, 2010, p. 150

Page 23: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

21

Os dados coletados foram então analisados e organizados em quadros e gráficos para

uma melhor apresentação e discussão dos resultados.

É importante enfatizar que não foi objetivo da análise comparar livros didáticos ou avaliá-

los. A metodologia aqui proposta visa apenas um estudo exploratório de como se dá abordagem

das viroses AIDS, dengue e gripe, conforme o conteúdo de seus textos e imagens. E que, de

acordo com a Lei do Direito Autoral (Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998) no artigo 43,

inciso III é legítimo o estudo desses materiais, desde que esteja devidamente referenciado.

Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra. (Redação dada pela Lei nº 9.610, de 1998). (BRASIL, 1998a).

Page 24: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

22

3 ABORDAGEM DAS VIROSES AIDS, DENGUE E GRIPE NOS LIVROS DIDÁTICOS (LD) DE BIOLOGIA

A partir da análise de livros didáticos (LD) de biologia foi realizado um levantamento

da abordagem das viroses dengue, AIDS e gripe em uma perspectiva histórica inferindo a

ênfase dada a essa temática no ensino Nacional. A seguir decorre a apresentação e discussão

dos dados obtidos nessa pesquisa.

3.1 Visão histórica

No início do séc. XXI a gripe, a AIDS e a dengue já eram consideradas doenças

relevantes no cenário brasileiro conforme é relatado no guia de vigilância epidemiológica

(BRASIL, 2009), no qual descreve haver registros de pandemias de gripe desde o século XX,

sendo a chamada “Gripe Espanhola” (1918/19) a ocorrência com efeitos mais graves, tendo

causado mais de 20 milhões de mortes em todo o mundo. Casos periódicos dessa virose

ocorrem de forma esporádica, no mundo todo, como surto localizado, ou regional, em

epidemias e também como devastadoras pandemias. No caso da AIDS, houve registros no

Brasil na primeira metade da década de 1980, em que a epidemia HIV/AIDS manteve-se

basicamente restrita às Regiões Metropolitanas do Sudeste e Sul do país. Nesse período, a

velocidade de crescimento da incidência e as taxas de mortalidade eram elevadas. Com

relação à dengue há referências de epidemias no Brasil desde o século XIX. No século

passado, há relatos de 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, no Rio de Janeiro, de

casos sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia de dengue, documentada clínica e

laboratorialmente, ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista – Roraima. Entre os anos de 1990 e

2000, várias epidemias foram registradas, sobretudo nos grandes centros urbanos das regiões

Sudeste e Nordeste do Brasil, responsáveis pela maior parte dos casos notificados. As regiões

Centro-Oeste e Norte foram acometidas posteriormente, apresentando a ocorrência de

epidemias de dengue, a partir da segunda metade da década de 1990. (BRASIL, 2009).

Para obter uma visão histórica em relação à abordagem das viroses AIDS, dengue e

gripe nos LD , foram analisados 205 exemplares de biologia do Banco de Livros didáticos da

PUC Minas sendo, verificada a presença dessa temática em 48 livros - 23,4% (QUADRO 2).

Page 25: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

23

Quadro 2 - Lista de livros antecedentes ao PNLD que apresentaram a abordagem sobre as viroses AIDS, dengue e gripe

Obra/Autor(es) Ano de Publicação/ Volume/edição

Compêndio de História Natural Antônio Antunes Júnior José Antunes

1956

Manual de biologia Oswaldo Frota- Pessoa

1960/2ª ed.

Biologia na escola secundária Oswaldo Frota- Pessoa

1962/2ª ed.

Biologia Irmãos Maristas

1965/Volume 2

Biologia Aurélio Bolsanello José Daniel van der Broocke Filho

1966/4ª ed.

Biologia na escola secundária Oswaldo Frota- Pessoa

1968

Biologia geral Aurélio Bolsanello José Daniel van der Broocke Filho Orlando Theodorico de Freitas

1970

Biologia: versão verde. 1972/Volume 2 Biologia geral Milton Menegotto Antonio C. P. Azevedo

1974/9 ª ed.

Biologia Albino Fonseca

1979/18 ª ed.

Biologia Albino Fonseca

1982/22 ª ed.

Biologia II José Luiz Pedersoli Wellington Caldeira Gomes

1982

Programas de saúde Ayrton César Marcondes

1983

A ciência da biologia José Mariano Amabis Gilberto Rodrigues Martho

1984/Volume 2

Curso básico de biologia José Mariano Amabis Gilberto Rodrigues Martho

1985/Volume 2

Biologia José Luís Soares

1985

Bio, livro amarelo Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes

1986/ 2 ª ed.

Programas de saúde Sergio de Vasconcellos Linhares Fernando Gewandsznajder

1986/ 2 ª ed.

Page 26: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

24

Obra/Autor(es) Ano de Publicação/ Volume/edição

Curso completo de biologia Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes Plínio Carvalho Lopes

1988/ 2 ª ed.

Biologia celular Sergio de Vasconcellos Linhares Fernando Gewandsznajder

1988/ 6 ª ed.

Biologia José Luís Soares

1988/ Volume 1/8ª ed.

Bio, livro amarelo Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes

1989/ 5 ª ed.

Biologia Cesar da Silva Junior Sezar Sasson

1989/ Volume 2/5ª ed.

Biologia atual Wilson Roberto Paulino

1989/ Volume 2

Biologia Demetrio Ossowski Gowdak Neide Simões de Mattos

1990

Biologia atual Wilson Roberto Paulino

1991/Volume 2/5ª ed.

Programas de saúde Jose Luiz Faria Vasconcellos Fernando Gewandsznajder

1991/ 18ª ed.

Biologia José Luís Soares

1991/ Volume único/ 2ª Ed.

Biologia hoje Jose Luiz Faria Vasconcellos Fernando Gewandsznajder

1992/ Volume 1/ 2ª ed.

Bio Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes

1993/ Volume 3/ 9ª ed.

Biologia José Mariano Amabis Gilberto Rodrigues Martho

1994/Volume 2

Programas de saúde Jose Luiz Faria Vasconcellos Fernando Gewandsznajder

1994/ 22 ª ed.

Programas de saúde José Luís Soares

1994/ 2 ª ed.

Biologia Cesar da Silva Junior Sezar Sasson

1995/Volume 1

Programas de saúde Jose Luiz Faria Vasconcellos Fernando Gewandsznajder

1995/ 23 ª ed.

Biologia Albino Fonseca

1996 /39ª ed.

Page 27: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

25

Obra/Autor(es) Ano de Publicação/ Volume/edição

Biologia Cesar da Silva Junior Sezar Sasson

1996/Volume 1/2ª ed.

Biologia Cesar da Silva Junior Sezar Sasson

1996/Volume 2/2ª ed.

Bio Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes

1997/Volume único/6ª ed.

Biologia hoje Sergio de Vasconcellos Linhares Fernando Gewandsznajder

1998/Volume 1 /7ª ed.

Biologia hoje Sergio de Vasconcellos Linhares Fernando Gewandsznajder

1998/Volume 2 /7ª ed.

Biologia no terceiro milênio José Luís Soares

1998/Volume 1

Biologia hoje Sergio de Vasconcellos Linhares Fernando Gewandsznajder

1998/Volume 1 /10ª ed.

Biologia Clarinda Mercadante

1999/Volume único/2ª ed.

Fundamentos da biologia moderna José Mariano Amabis Gilberto Rodrigues Martho

1999/ 2ª ed.

Bio Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes

2000/Volume único/11ª Ed.

Conceitos de biologia José Mariano Amabis Gilberto Rodrigues Martho

2001 /Volume 2

Biologia Armênio Uzunian Ernesto Birner

2001/Volume único

Fonte: Dados da pesquisa

A seguir decorre a explanação do que foi detectado na análise dos livros em um

contexto histórico.

A primeira menção sobre essas viroses foi encontrada em um livro da década de 1950

dos autores Antunes Júnior e Antunes (1956). A obra apresenta um capítulo com o tema vírus,

mas, nesse momento, são retratadas apenas as características biológicas desses organismos.

As doenças infecto-contagiosas são apresentadas no capítulo denominado "Noções de

higiene", no item “Doenças evitáveis transmitida por seres vivos parasitos”, no qual retrata a

gripe sem abordar AIDS e dengue.

Page 28: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

26

Gripe. A gripe, que alguns autores acreditam seja causada por uma bactéria, é pela maioria considerada como virulose. No combate a gripe, deve-se evitar tossir sem proteger a boca com o lenço; evitar apertos de mãos, beijos, etc., que possam facilitar a transmissão da doença; diminuir as possibilidades de resfriados. (ANTUNES JÚNIOR; ANTUNES, 1956, p. 339).

Nessa abordagem observa-se a presença de métodos preventivos, relacionados à

higiene para evitar a gripe e a informação equivocada da gripe como uma doença causada por

bactérias.

Da década de 1960 foram encontrados cinco exemplares que fizeram menção à gripe,

dentre os quais apenas quatro citaram essa virose como exemplo de doença viral e na obra de

Bolsanello e Broocke Filho (1966), no tópico “Enfermidades de âmbito geral por vírus” (p.

495-499), algumas doenças são descritas, dentre as quais a gripe, novamente sem abordar a

AIDS ou a dengue.

GRIPE – Inicialmente não devemos confundir o resfriado comum, freqüente e passageiro com a gripe ou influenza, que é doença infecciosa, causada por vírus. É extremamente contagiosa. Manifesta-se de maneira epidêmica. Complica-se muito facilmente. Importante assinalar não só existência de epidemias como PANDEMIAS. No decurso da história, foi o caso da pandemia de 1918, conhecida como “gripe espanhola” que causou a morte a mais de 40.000.000 de pessoas e a epidemia da “gripe asiática” de 1957, oriunda da China e que se propagou por quase todo o mundo. A infecção é caracterizada por febre, dor de cabeça, tosse e enfraquecimento orgânico geral, para então posteriormente surgirem as complicações como pneumonia, broncopneumonia, pleurisia, etc. O tratamento deve ser orientado pelo uso de vitamina C, antipiréticos, desinfecções da garganta, injeções de cálcio em associações vitamínicas, alimentação protéica, evitar aglomerações e lugares poeirentos. (BOLSANELLO; BROOCKE FILHO, 1966, p. 497). b

Embora apresente dados históricos, sintomas e tratamento, essa abordagem não

menciona formas de prevenção mais consistentes, apenas sendo sugerido evitar aglomerações

e lugares poeirentos. Nesse trecho, percebem-se dados equivocados como a informação de

que pneumonia, broncopneumonia, pleurisia (inflamação pleural), etc. são complicações da

gripe e também que o uso de vitamina C trata a gripe.

Na década de 1970, quatro exemplares fizeram referência à gripe sendo um deles de

Bolsanello e Broocke Filho (1970) no qual apresenta a mesma abordagem da década de 1960

na obra dos mesmos autores. Já Fonseca (1979) e Menegotto e Azevedo (1974), apenas

citaram a gripe como exemplo de viroses, sendo que Menegotto e Azevedo abordaram a gripe

ao retratar os vírus e Fonseca no capítulo denominado “Higiene e saúde”.

Page 29: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

27

A abordagem mais significativa dessa década foi feita no livro Biologia: versão verde

(1972) que faz menção à gripe ao abordar os vírus e acrescenta no item “causas de epidemias”

dados históricos sobre a gripe espanhola que, segundo o texto, devido à baixa imunidade das

pessoas em consequência de um período pós-guerra, repercutiu em um elevado número de

pessoas contaminadas por essa virose resultando em inúmeras mortes, com uma repercussão

grave. Nessa obra não são apresentadas medidas preventivas.

Na década de 1970, os LD de biologia ainda não abordavam AIDS e dengue, embora,

nesta década, já haviam sido documentados casos de dengue no Brasil (BRASIL, 2009).

Na década de 1980, foram encontrados quatorze livros com abordagem relativa às

viroses: dengue, AIDS ou gripe, dentre os quais oito fazem referência à gripe ao exemplificar

viroses.

No livro de Lopes (1986), a gripe é citada como exemplo de parasitismo no capítulo

sobre "Relação entre os seres vivos". Em duas obras de Amabis e Martho (1984 e 1985) a

gripe, juntamente com outras viroses, é apresentada no capítulo sobre vírus em uma tabela

que apresenta características gerais tais como modo de transmissão, modo de infecção e

medidas de controle (FIG.1). Nessas obras, os autores ressaltam que não há medidas de

controle para a gripe e não abordam medidas preventivas.

Figura 1 - Forma como é apresentada a gripe no livro de Amabis e Martho em

1985

Fonte: Amabis e Martho, 1985, p. 258

Em 1982, casos de AIDS já haviam sido diagnosticados em vários países incluindo o

Brasil, ocorrendo uma grande comoção em relação a essa nova patologia (BRASIL, 2009, p. 1

– caderno 6), contudo, a primeira menção sobre a AIDS nos livros didáticos analisados foi

observada no final da década de 1980 no livro de Linhares e Gewandsznajder (1988), no qual

descrevem sobre a doença, o diagnóstico, a transmissão, os sintomas e a ausência de

tratamento.

Page 30: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

28

AIDS ou SIDA (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida) – é uma doença causada por um vírus que ataca um tipo de linfócito, célula que defende nosso corpo contra infecções. Este vírus está presente no sêmen e no sangue, podendo ser transmitido por relações sexuais ou transfusões de sangue. A doença atinge com mais freqüência os homossexuais (isto é atribuído ao grande número de parceiros sexuais diferentes, o que aumenta as chances de contágio), os hemofílicos e os viciados em drogas injetáveis (através da contaminação de agulhas e seringas não esterilizadas). Parece que nem todos os indivíduos infectados desenvolvem sintomas, mas em alguns surgem infecções repetidas e tumores malignos que levam à morte. O diagnóstico é feito através de exame clínico e confirmado por testes laboratoriais que pesquisam a presença de anticorpos contra o vírus no sangue. Ainda não há cura para a doença, embora se pesquise uma vacina. (LINHARES; GEWANDSZNAJDER, 1988, p. 450).

Silva Junior e Sasson (1989) citam a gripe e a AIDS no texto principal do capítulo “O

homem e os Micróbios”, havendo um item específico sobre o vírus da AIDS. Já Paulino

(1989), faz a abordagem sobre viroses na forma de tabela na qual retrata a AIDS e a dengue,

sendo apresentada uma síntese sobre as formas de contágio, infecção, controle, sintomas e

características dessas doenças.

Na década de 1990, 21 livros apresentaram o conteúdo sobre AIDS, dengue ou gripe.

Dessa década, foi constatado que alguns autores retrataram as viroses e suas características de

forma generalizada ,como Linhares e Gewandsznajder (1998, v.2) e Soares (1991), que

abordaram a AIDS, dengue e gripe sem enfatizar nenhuma virose especificamente.

Em outras abordagens, é dado destaque a algumas viroses, ficando a escolha de qual

delas será retratada a critério do autor, como Vasconcellos e Gewandsznajder (1991); no item

“doenças causadas por vírus e bactérias”, existe uma síntese de algumas doenças causadas por

esses microrganismos, mas a AIDS é retratada à parte em um capítulo exclusivo, sendo

abordados vários aspectos dessa virose (p. 239-253). Esse fato também ocorreu na obra de

Linhares e Gewandsznajder (1998, v.1), em que no capítulo sobre vírus apenas cita as

doenças virais, todavia, a AIDS foi destacada sendo retratada em um capítulo especial com 14

páginas, o que possibilitou a abordagem de vários aspectos dessa virose como a descoberta, a

origem, o vírus, a doença, o tratamento, a transmissão e a prevenção. Nesse capítulo, foram

encontradas também questões de múltipla escolha e discursivas sobre a AIDS.

Alguns autores como Silva Junior e Sasson (1995, v. 1), ao abordarem o tema sobre

viroses, apenas fazem menção às doenças virais citando como exemplo a gripe, a AIDS e a

dengue entre outras sem fornecer outros detalhes (FIG. 2).

Page 31: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

29

Figura 2 - Forma como as viroses são retratadas de forma generalizada no livro didático

de biologia

Fonte: Silva Junior e Sasson, 1995, v. 1, p. 236

Na mesma obra, a AIDS é retratada no texto principal em que é citado o ciclo dessa

virose como exemplo de vírus de RNA e no tópico "nossas defesas contra os vírus" é citado

também o uso da azidotimidina (AZT) - medicamento utilizado como antirretroviral -, para

tratar a AIDS. Além disso, apresenta uma leitura complementar "AIDS, A doença do século"

na qual retrata a história dessa virose, agente etiológico, tratamento, transmissão e prevenção.

Em alguns livros de Lopes (1993 e 1997), dessa década assim como no exemplar de

2000 da mesma autora, no capítulo destinado aos vírus, há um item sobre “Vírus de animais”

no qual a gripe é tratada como uma doença sem gravidade, não sendo, retratada nenhuma

característica dessa virose.

Além da AIDS, os vírus são responsáveis pela maioria das infecções humanas, causado numerosas doenças. Muitas dessas doenças não são graves, como é o caso das gripes; outras, no entanto, já apresentam maior gravidade, como é o caso da raiva, poliomielite (paralisia infantil), febre amarela, dengue, hepatite, herpes, sarampo, catapora, caxumba, rubéola, varíola. (LOPES, 2000, p. 198, grifo nosso).

A dengue e a AIDS são abordadas com mais detalhes, sendo essa última descrita com

ênfase maior no capítulo “Vírus”, item 6, intitulado “O vírus da AIDS”. Além da abordagem

destacada, as atividades, inclusive as questões de vestibulares, apresentam como principal

Page 32: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

30

temática a AIDS, por exemplo, no livro de Lopes (2000) de 32 questões propostas no final do

capítulo sobre vírus, 14 contemplam a virose AIDS (FIG. 3).

Figura 3 - Algumas questões de vestibulares com ênfase na virose AIDS

Fonte: Lopes, 2000, p. 203

A seguir é apresentado um gráfico (GRAF. 1) que mostra a presença da abordagem

das viroses AIDS, gripe e dengue nos livros didáticos de biologia analisados em relação ao

número total de livros de biologia do acervo da coleção de livros didáticos da Biblioteca PUC

Minas em 2011, estando os dados estão discriminados por década.

Page 33: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

31

Gráfico 1 - Abordagem das viroses gripe, dengue e AIDS, nos livros didáticos de biologia analisados

Fonte: Dados da pesquisa

A análise nos livros escolares, em um contexto histórico, ratificou as seguintes

evidências:

1. Embora a AIDS, a dengue e a gripe sejam doenças de grande relevância no nosso país,

dos 205 livros analisados nessa pesquisa apenas 48 exemplares (23,4%) apresentaram

uma abordagem sobre essa(s) virose(s) ou a menciona(m), ou seja, em 76,6% dos

exemplares investigados, essas doenças não são mencionadas mesmo quando são

abordadas temáticas relacionadas às viroses. Isso pode ser visualizado, por exemplo,

no livro de Pedersoli (1976) e Soares (1988), quando apresentam tópicos sobre vírus,

apenas fizeram referência as suas características biológicas sem apresentar inferências

sobre doenças viróticas.

2. O conteúdo de doenças viróticas era retratado até a década de 1960 prioritariamente no

capítulo destinado a “Higiene e saúde”, no qual tinha uma abordagem mais específica

sobre patologias e cuidados com o corpo. Na década de 1970, esse capítulo foi sendo

suprimido dos livros de biologia, e as viroses passaram a ser retratadas no capítulo de

vírus, com ênfase na definição e caracterização biológica desses microrganismos.

Embora algumas vezes as viroses apareçam em outros momentos nos livros didáticos,

o conteúdo é abordado de forma muito simplificada, citados apenas como exemplo,

disposto na forma de tabela ou abordado de forma resumida no texto.

3. Embora seja considerado um grande problema de saúde pública no nosso país, a

dengue foi pouco abordada nos livros didáticos, sendo encontrada a primeira menção

dessa virose em uma obra do final da década de 1980. Na década de 1990, a dengue

Page 34: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

32

passou a ser abordada com mais frequência, contudo, essa virose é apresentada de

forma sintetizada ou apenas como exemplo de tipos de viroses.

4. Dentre as doenças pesquisadas, a AIDS, desde a década de 1990, apresentou uma

posição de destaque nos livros didáticos, sendo as demais viroses retratadas, muitas

vezes, como “Outras doenças humanas” de origem virótica. Assim, aspectos

relacionados à transmissão e profilaxia dessas viroses, importantes no contexto da

educação em saúde, foram abordados de forma generalizada e pouco destacada nos

livros didáticos de biologia.

De acordo com os PCN (1996), desde o século XIX, os conteúdos relativos à saúde

foram sendo incorporados ao currículo escolar brasileiro, mas, somente em 1971, com a LEI

no 5.692, de 11 de agosto de 1971, foram fixadas Diretrizes e Bases para o ensino naquela

época quando foi introduzida formalmente no currículo escolar a temática da saúde.

(BRASIL, 1996).

Será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e Programa de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de 1º e 2º graus, observado quanto a primeira o disposto no Decreto-lei no 869, de 12 de setembro de 1969. (Redação dada pela Lei nº 5.692, de 1971). (BRASIL, 1971, art. 7º).

O cumprimento dessa norma levou alguns autores a publicarem livros paradidáticos

sobre saúde, dentre os quais Vasconcellos e Gewandsznajder (1986, 1991, 1994 e 1995) e

Marcondes (1983). Esses paradidáticos são intitulados Programas de Saúde. José Luís Soares

(médico e professor), ao publicar na década de 1990 um livro paradidático do Programa de

Saúde, reconheceu que nas obras escolares o conteúdo destinado à saúde era insuficiente para

alertar os educandos sobre prevenção e tratamentos de doenças das quais todos deveriam ter

conhecimentos básicos. A seguir, é apresentada a justificativa de Soares para a elaboração de

um paradidático com enfoque em educação em saúde.

Este livro tem por propósito preencher uma lacuna que deixamos em nossas outras obras de Biologia (BIOLOGIA - 3 volumes, BIOLOGIA BÁSICA, também em 3 volumes, e BIOLOGIA - Volume Único) encontradas em todo o território nacional. A grande dimensão dos programas curriculares dessa disciplina não nos permitiu, entretanto, a exposição mais detalhada dos assuntos pertinentes à saúde, aos problemas demográficos e às agressões sofridas pelo meio ambiente, naqueles volumes. Aqui, sim, tais assuntos encontram campo aberto para ampla divagação, porque este livro é voltado especificamente para essa finalidade. Pela nossa experiência de 37 anos de magistério somada a outro tempo praticamente igual no exercício da Medicina, sentimo-nos autorizados a escrever esta obra. E esperamos ter conseguido nela resumir, de forma satisfatoriamente didática, os principais conhecimentos que devem ser transmitidos à juventude brasileira no que diz respeito à saúde individual e comunitária, para que, num amplo processo de

Page 35: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

33

formação global dos nossos educandos, possamos contar, no futuro, com uma sociedade mais igualitária, sadia e pacífica. Afinal, ainda que possa parecer uma utopia, a verdadeira e irrestrita paz, se puder ser alcançada, só o será quando o homem descobrir uma forma de preservar melhor a sua saúde, de acabar com as berrantes desigualdades sociais e deixar de praticar as agressões que vem realizando contra o seu próprio meio ambiente. Como médico, dosei aquilo que qualquer cidadão, não importando o tipo de atividade profissional que exerça ou pretende exercer, deve ter conhecido. Nenhum advogado, arquiteto, metalúrgico, administrador, economista, mecânico, industrial ou comerciante está livre de ter uma dessas doenças arroladas neste livro ou de assisti-la numa pessoa de sua família ou de suas relações. Se, ao menos, conhecer as bases dessa patologia, talvez possa ajuizar melhor seu procedimento em tal eventualidade. Quem sabe, possa até prevenir-se de muitas delas. (...) (SOARES, 1994, p. 3).

O prefácio, escrito por Soares, demonstra a consciência do autor em relação à

abordagem restrita sobre saúde nos LD, justificada pela grande extensão dos conteúdos de

biologia e que foi de certa forma suprida por publicação complementar ao livro didático.

As obras Programas de saúde abordam as viroses AIDS, dengue e gripe. No livro de

Vasconcellos e Gewandsznajder (1991), há um capítulo exclusivo sobre a AIDS constando as

características do vírus, agente etiológico, diagnóstico, sintomas, transmissão, tratamento e

prevenção, mas estão ausentes atividades. Já a gripe e a dengue foram apresentadas no

capítulo intitulado “Doenças causadas por vírus e bactérias”. A gripe é retratada no decorrer

do capítulo no qual apresenta sintomas e transmissão, sendo observadas as más condições de

higiene e alimentação como fator na difusão dessa virose, e fatos históricos como as gripes

Espanhola (1918) e Asiática (1957). No final do capítulo há questões discursivas abordando

essa virose. Já a dengue, foi enfocado após as questões como fechamento do capítulo em um

item denominado “Especial”, no qual houve citação sobre o vetor, sintomas, tratamento e

prevenção.

No livro de Marcondes (1983), o autor comenta que a primeira edição de seu

paradidático foi publicada em 1979. A obra analisada, apesar de ser totalmente voltada para a

saúde, constando inclusive capítulos destinados a doenças sexualmente transmissíveis (DST),

vírus e sobre doenças transmissíveis, não apresenta uma abordagem consistente sobre as

viroses AIDS, dengue e gripe, sendo estas apenas citadas no capítulo de vírus.

No livro de Soares (1994), as viroses AIDS, dengue e gripe são retratadas no capítulo

“Estudos sumários das doenças”, item “Doenças adquiridas transmissíveis”, onde é abordado

agente etiológico, transmissão e sintomas. Há dados atualizados para a época e a virose AIDS

também é retratada em outro momento da obra quando são abordadas as doenças sexualmente

transmissíveis.

Page 36: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

34

A análise histórica dos LD e paradidáticos de biologia aqui apresentada aponta para a

necessidade de uma abordagem mais significativa em relação às viroses, AIDS, dengue e

gripe.

3.2 Abordagem nos livros didáticos de biologia do PNLEM 2007 e PNLD EM 2012

Atendendo inicialmente ao ensino fundamental, desde 1995 o Programa Nacional do

Livro Didático (PNLD) vem atuando na avaliação de obras escolares com intuito de melhorar

a qualidade dos livros. Em 2004, foi implantado, pela Resolução nº 38 do Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação (FNDE), o Programa Nacional do Livro Didático para o

Ensino Médio (PNLEM), elaborado em consonância com as Diretrizes Curriculares

Nacionais. Inicialmente, esse programa contemplou os livros das disciplinas Matemática e

Português, ocorrendo em 2006 a publicação de um catálogo para escolha dos livros de

biologia (PNLEM /2007). Com o sucesso do programa, este foi incorporado ao PNLD, assim,

em 2008, houve novas escolhas dos livros didáticos de biologia pelas escolas; contudo, nesse

momento foi usado o mesmo catálogo de livros que haviam sido avaliados e aprovados no

PNLEM/2007, para que em 2011 houvesse uma padronização da seleção dos livros do Ensino

Médio de todas as disciplinas. Dessa forma, até o presente momento houve apenas duas

avaliações dos livros didáticos de biologia: a primeira - PNLEM 2007 e a segunda - PNLD

EM 2012.

No processo de seleção dos livros no PNLEM 2007 o professor podia optar por uma

coleção com três volumes de livros independentes para cada ano do ensino médio ou volume

único. Segundo o PNLEM, o objetivo do livro escolar é contribuir para que os professores

organizem sua prática, encontrem sugestões de aprofundamento e proposições metodológicas

coerentes com as concepções pedagógicas que postulam. O catálogo dos livros didáticos

salienta a importância das obras, contudo, deixa claro o seu papel como orientador do ensino,

com o qual devem ser complementadas, dando um alerta aos professores para buscarem

outras referências e não se restringir apenas aos livros didáticos.

A adequação dos conteúdos à realidade dos alunos, a ampliação dos conhecimentos e das informações veiculadas, bem como a proposição de alternativas pedagógicas diversificadas, atendendo aos interesses dos alunos, são funções que cabem apenas aos professores, pois eles são os detentores das informações primordiais para um bom trabalho em sala de aula: o perfil, as expectativas, o contexto e as especificidades socioculturais dos educandos. (BRASIL, 2006, p. 16).

Page 37: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

35

Dos livros aprovados no PNLEM 2007, nessa pesquisa, foram analisadas quatro obras

de volume único e duas coleções seriadas (em 3 volumes), totalizando 10 livros conforme o

Quadro 3.

Quadro 3 - Lista de livros aprovados pelo PNLEM 2007 analisados na pesquisa Obra/Autor (es) Ano de Publicação/

Volume/edição Editora

Biologia Sônia Lopes Sergio Rosso

2005/Volume único/1ª ed.

Saraiva

Biologia Sérgio Linhares Fernando Gewandsznajder

2005/Volume único/1ª ed.

Ática

Biologia J. Laurence

2005/Volume único/1ª ed. Nova Geração

Biologia Augusto Adolfo, Marcos Crozetta e Samuel Lago

2005/Volume único/2ª ed. IBEP

Biologia César da Silva Júnior Sezar Sasson

2005/3. v./8ª ed. Saraiva

Biologia José Mariano Amabis Gilberto Rodrigues Martho

2005/3. v./2ª ed. Moderna

Fonte: Ministério da Educação, 2006

O PNLD EM 2012 contempla oito coleções com três volumes cada (QUADRO 4), das

quais os professores puderam escolher uma delas. Nessa pesquisa, foram analisados todos os

livros aprovados nessa edição do PNLD, sendo a abordagem das doenças virais AIDS, dengue

e gripe constatada em 13 exemplares.

Quadro 4 - Lista de livros aprovados pelo PNLD EM 2012 analisados na pesquisa Obra/Autor(es) Ano de Publicação/

Volume/edição Editora

Biologia Antonio Pezzi Demétrio Gowdak Neide Simões Mattos

2010/ 3.v./1ª ed. FTC

Biologia (Coleção Biologia para a nova geração) V. Mendonça J. Laurence

2010/ 3.v./1ª ed. Nova Geração

Ser Protagonista Fernando Santiago dos Santos João Batista Vicentin Aguilar Maria Martha Argel de Oliveira

2010/ 3.v./1ª ed. Edições SM

Page 38: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

36

Obra/Autor(es) Ano de Publicação/ Volume/edição

Editora

Biologia José Mariano Amabis Gilberto Rodrigues Martho

2010/ 3.v./3ª ed. Moderna

Biologia hoje Sérgio Linhares Fernando Gewandsznajder

2010/ 3.v./1ª ed. Ática

Novas Bases da Biologia Nélio Bizzo

2010/ 3.v./1ª ed. Ática

Bio Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes Sérgio Rosso

2010/ 3.v./1ª ed. Saraiva

Biologia César da Silva Junior Sezar Sasson Nilson Caldini Júnior

2010/ 3.v./10ª ed. Saraiva

Fonte: Ministério da Educação, 2011

Portanto, foram analisados um total de 34 livros, sendo 10 do PNLEM 2007 e 24 do

PNLD EM 2012. Destes, 20 (58,8%) abordam as viroses AIDS, dengue ou gripe. A análise da

abordagem foi realizada nesses 20 exemplares conforme metodologia descrita anteriormente

(item 2.3). A seguir são apresentados os resultados da análise.

1_ Presença do conteúdo nos livros didáticos

Foi observado que as viroses aparecem nos livros de biologia em cinco capítulos

(QUADRO 5), e que em 14 (41,2%) livros analisados, a abordagem ocorre no capítulo sobre

vírus, com enfoque principal na estrutura e características biológicas dos vírus.

Quadro 5 - Capítulos dos livros didáticos de biologia em que as viroses AIDS, dengue ou

gripe são abordadas

Número de exemplares Capítulo PNLEM 2007 PNLD EM 2012

Relações ecológicas: Parasitismo 1 2 Reprodução - 3 Sistema imunológico - 1 Vírus 6 8 Visão geral das células - 1 Fonte: Dados da pesquisa

Page 39: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

37

Conforme o Quadro 5, percebe-se que nos livros utilizados no PNLEM de 2007

apenas em dois momentos (Relações ecológicas e Vírus) houve a presença do tema AIDS,

dengue ou gripe. Isto possivelmente ocorreu por haver muitas coleções de volume único que

apresentam os conteúdos mais condensados. Nas coleções aprovadas no PNLD EM de 2012 a

abordagem foi expandida, sendo as viroses encontradas em capítulos diversos, provavelmente

pelo fato de todos os livros aprovados no PNLD EM 2012 possuírem três volumes.

Das 8 coleções do PNLD EM 2012 analisadas observa-se que apenas uma delas

aborda o conteúdo nos três volumes (Laurence e Mendonça); 3 coleções apresentam a

abordagem sobre as viroses AIDS, dengue ou gripe em dois volumes (César, Sezar e Caldini -

volumes 2 e 3; Linhares e Gewandsznajder; Santos, Aguilar e Oliveira - volumes 1 e 2), e

quatro coleções apresentam a abordagem em um dos volumes (Amabis e Martho; Pezzi,

Gowdak e Mattos; Bizzo - volume 2; Lopes e Rosso, v. 3). Dessa forma percebe-se que a

maioria das coleções retratam as viroses AIDS, dengue e gripe em apenas um ano do ensino

médio, sendo o predomínio dessa abordagem no volume 2 (GRÁF. 2).

Gráfico 2 - Percentagem da abordagem do conteúdo sobre AIDS, dengue ou gripe por

volumes nos livros aprovados pelo PNLD EM 2012

Fonte: Dados da pesquisa

2 – Espaço dedicado às viroses nos livros didáticos de biologia.

Devido às viroses AIDS, dengue e gripe estarem contidas dentro de temáticas maiores,

constituindo itens dentro dos capítulos, pode-se caracterizar o espaço dedicado à temática nos

LD em três categorias: (1) Citação no texto principal apenas como exemplo de viroses; (2)

Citação no texto principal com informações sobre as viroses e (3) Na forma de quadros

destacados do texto principal com informações sobre as viroses.

Page 40: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

38

Na primeira categoria, as doenças são citadas no texto principal como exemplificação

de viroses, não havendo uma inferência mais consistente sobre elas (FIG. 4). Tal fato foi

observado na obra de Adolfo, Crozetta e Lago (2005, p. 110), e de Linhares e

Gewandsznajder (2010, v. 1, p. 99).

Figura 4 – Exemplo da abordagem da AIDS, dengue e gripe apenas como exemplificação

de viroses no texto principal

Fonte: Adolfo, Crozetta e Lago, 2005, p. 110

Na segunda categoria as viroses foram abordadas no texto principal com informações

específicas sobre elas, principalmente sobre sintomas e transmissão (FIG. 5). Essa abordagem

se deu, por exemplo, nos livros de Laurence (2005) e Santos, Aguilar e Oliveira (2010, v. 2).

Figura 5 – Exemplo da abordagem da dengue no texto principal com informações

específicas sobre a virose

Fonte: Santos, Aguilar e Oliveira, 2010, v. 2, p. 36

Page 41: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

39

Na terceira categoria, a AIDS, a dengue e a gripe são apresentadas em quadros

destacados do texto principal. Nessa categoria, houve variação entre a forma como os dados

são dispostos: apenas fazendo a citação das doenças (FIG. 6), como observado no livro de

Silva Júnior e Sasson (2005, v.1) e Silva Júnior, Sasson e Caldini Júnior (2010, v. 2); ou

apresentando algumas informações adicionais como modos de transmissão, sintomas,

características da infecção e medidas profiláticas (FIG. 7), observadas nos livros de Amabis e

Martho (2005, v. 2) e Silva Júnior, Sasson e Caldini Júnior (2010, v. 3).

Figura 6 - Exemplo de abordagem da AIDS, dengue e gripe apenas como exemplificação

de viroses em quadros destacados do texto principal

Fonte: Silva Júnior, Sasson e Caldini Júnior, 2010, v.2, p. 69

Page 42: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

40

Figura 7 - Exemplo da abordagem da AIDS, dengue e gripe em quadros destacados do

texto principal com informações específicas sobre as viroses

Fonte: Silva Júnior, Sasson e Caldini Júnior, 2010, v. 3, p. 266

3 – Presença de imagens sobre AIDS, dengue e gripe

As imagens são representações de algo com a função de ornar e, sobretudo elucidar o

texto do livro didático, elas compreendem desenhos, esquemas, fotografias, gráficos, mapas,

quadros, retratos e outros. Martins, Gouvea e Piccinini (2005) explicam que as imagens são

Page 43: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

41

mais facilmente lembradas do que as representações verbais, o que repercute seu efeito

positivo na aprendizagem.

De acordo com Núñez et al. (2003) as imagens são empregadas nos livros didáticos

para promover o entendimento dos conteúdos teóricos, e em muitos livros as imagens tem a

função de contextualizar o conhecimento, sendo sua importância ratificada pelos professores,

pois, muitas vezes, a atribuição dada pelos docentes à qualidade gráfica prevalece ao

conteúdo, no momento de selecionar os livros didáticos.

Com relação às imagens nessa pesquisa, foram detectadas 107 ilustrações dentre fotos,

esquemas e figuras sobre AIDS, dengue ou gripe, sendo o tema predominante a estrutura viral

da gripe e da AIDS seguida pelo ciclo viral da AIDS. Foram identificadas poucas imagens

explorando a prevenção das viroses (apenas sete figuras). Foi percebido, durante a análise,

que há repetição das imagens nos livros de mesmo autor em edições diferentes.

Dos 20 livros que apresentaram abordagem sobre as viroses retratadas nessa pesquisa,

14 obras apresentaram imagens com a temática AIDS, dengue ou gripe (GRÁF. 3). O número

de imagens variou desde duas em Adolfo, Crozetta e Lago (2005) e Santos, Aguilar e Oliveira

(2010) a quatorze nos livros de Amabis e Martho (2005), Pezzi, Gowdak e Mattos (2010) e

Linhares e Gewandsznajder (2010).

Gráfico 3 - Número de imagens sobre AIDS, dengue ou gripe nos livros didáticos

analisados

Fonte: Dados da pesquisa

Page 44: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

42

Quanto à qualidade das imagens, constata-se que, de modo geral, as figuras são claras,

coerentes com o texto principal e apresentam legendas adequadas embora em nove coleções

analisadas não existe correlação das imagens com o texto principal, ou seja, o texto principal

não faz referência às figuras, ficando as mesmas desconectadas das informações (FIG. 8).

Figura 8 - Exemplo de imagem apresentada no livro didático sem interação com o

conteúdo do texto principal

Fonte: Pezzi, Gowdak e Mattos, 2010, v. 2, p. 30

Uma estratégia pouco explorada foi a utilização do material impresso (cartazes,

folders, etc.) de campanhas do Ministério da Saúde sobre as viroses em questão como

imagens nos livros didáticos. Quando isso ocorreu, as imagens apareceram apenas como

ilustração, sem articulação com o texto principal e de forma pouco legível, reduzindo assim

seu potencial como recurso didático. Observa-se isso no livro de Amabis e Martho (2010,

v.2), que ao retratar as formas de transmissão virais inseriu um cartaz sobre o combate a

dengue, contudo, a imagem não ficou bem articulada com o texto principal e no cartaz as

formas de prevenção ficaram ilegíveis (FIG. 9).

Page 45: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

43

Figura 9 – Exemplo da colocação de material de campanhas do Ministério da

saúde nos livros didáticos de biologia

Fonte: Amabis e Martho, 2010, v. 2, p. 54

Page 46: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

44

É necessário salientar que ,quando a imagem não é articulada ao texto, acaba

apresentando informações pouco precisas, ou seja, a imagem não expõe claramente as ideias

que ela está representando. Além disso, algumas imagens apresentam problemas na legenda

não considerando, por exemplo, as proporções e escala nos desenhos, como também não

indicam a utilização de cores-fantasia (FIG. 10), o que pode prejudicar o entendimento da

imagem pelo leitor.

Figura 10 - Exemplo de imagem sem escala e sem mencionar o uso de cores

fantasia nos livros didáticos de biologia

Fonte: Silva Júnior, Sasson e Caldini Júnior, 2010, v. 3, p. 269

4 – Aspectos da AIDS, dengue e gripe abordados nos livros didáticos.

Nos gráficos a seguir, é apresentada a análise dos aspectos abordados sobre a AIDS

(GRÁF. 4) e na mesma perspectiva uma análise sobre a gripe (GRÁF. 5) em um universo

amostral de 7 livros para PNLEM 2007 e 13 livros para o PNLD EM 2012, totalizando 20

livros analisados. Os dados estatísticos apontam o percentil da abordagem dos aspectos para

cada programa em separado (PNLEM 2007 e PNLD EM 2012).

Page 47: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

45

Gráfico 4 - Aspectos abordados sobre a AIDS nos livros didáticos de biologia do

PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012

Fonte: Dados da pesquisa

Gráfico 5 - Aspectos abordados sobre a gripe nos livros didáticos de biologia do

PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012

Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se que a abordagem da gripe (GRÁF. 5) e da AIDS (GRÁF. 4), nos livros

aprovados no PNLEM 2007 e no PNLD EM 2012, apresentou um perfil semelhante. Foi

constatada uma redução significativa na abordagem sobre transmissão e aspectos sociais nos

livros aprovados no PNLD EM 2012, o que é considerado preocupante, pois, estes dois

Page 48: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

46

aspectos são fundamentais para uma abordagem voltada para a promoção da saúde. Por outro

lado, a abordagem sobre epidemiologia e, principalmente sobre o tratamento, aumentou nos

livros do PNLD EM 2012 em relação aos do PNLEM 2007. Isto mostra uma abordagem que

prioriza aspectos curativos e não preventivos dessas duas viroses, o que é inadequado quando

se deseja contribuir para a educação em saúde. Quanto à presença de referências atualizadas,

foi observado que nos livros do PNLD EM 2012 houve uma melhora em relação aos do

PNLEM 2007. Entretanto, apenas cerca de 40% dos livros do PNLD EM 2012 usam

referências atualizadas, sendo que muitas obras repetem as informações de edições anteriores,

não se preocupando em atualizá-las. Salienta-se que nenhum dos aspectos investigados foi

abordado por 100% dos livros analisados, mostrando que nenhuma das obras traz uma

abordagem mais ampla sobre AIDS e gripe. O aspecto priorizado pelos autores dos livros foi

o agente etiológico e os aspectos mais negligenciados foram a epidemiologia e os aspectos

sociais.

Dentre as viroses investigadas, a dengue apresenta a abordagem mais superficial nos

livros analisados, conforme observado no Gráfico 6.

Gráfico 6 - Aspectos abordados sobre a dengue nos livros didáticos de biologia do

PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012

Fonte: Dados da pesquisa

Em relação à dengue, de modo geral quase todos os aspectos analisados foram

negligenciados pelos autores, especialmente dos livros aprovadas no PNLEM 2007. Destaca-

se a baixa porcentagem da abordagem de aspectos como vetor, sintomas, epidemiologia e

Page 49: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

47

aspectos sociais essenciais para promover ações de prevenção em relação à virose e da adoção

de medidas para a promoção da saúde da população. Nos livros aprovados no PNLD EM

2012, a abordagem sobre essa virose melhora, entretanto, de modo bastante discreto

considerando sua importância epidemiológica pela alta incidência e impactos na saúde no

Brasil. Destaca-se também a ausência de referências atualizadas nos livros didáticos do

PNLEM 2007 e a baixa porcentagem (23%) das mesmas nos livros do PNLD EM 2012, o

que, com certeza, prejudica a abordagem contextualizada e baseada na realidade do aluno

preconizada pelos PCN. No Gráfico 7 é apresentado uma análise geral da abordagem das três

viroses nos livros investigados.

Gráfico 7 – Análise geral dos aspectos abordados sobre as viroses AIDS, dengue e

gripe nos livros didáticos de biologia do PNLEM 2007 e do PNLD EM 2012

Fonte: Dados da pesquisa

Percebe-se que a abordagem destes conteúdos nos LD é bastante rasa e muitas vezes

incompleta, ou seja, quando o aspecto é abordado, é feito de forma sintetizada com omissão

de detalhes importantes. Destaca-se ainda que alguns aspectos como epidemiologia,

transmissão, prevenção e o contexto social, fundamentais para uma abordagem que atinja a

educação em saúde conforme preconiza os PCN, são escassos nos LD analisados.

Nos PCN ressalta-se que a temática saúde deve ser tratada de forma contínua,

sistemática e com abrangência, integrando todas as áreas do ensino, devendo ser relacionada

inclusive com questões da atualidade. A educação em Saúde é um tema que atravessa todas as

disciplinas, tendo como critério para defini-la como transversal, dentre outros, a urgência

social, favorecimento a compreensão da realidade e a participação social. Assim, além de ser

Page 50: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

48

um tema considerado urgente, deve ser trabalhado respeitando sua inserção em um contexto

social e abrangendo a realidade na qual esta abordagem está inserida. (BRASIL, 1998b)

Quando avaliadas as questões sobre as viroses propostas pelos autores nas obras

analisadas, detectou-se que o tema mais abordado foi a AIDS, seguido pela gripe. Observou

ainda que a maioria das questões é retirada de vestibulares e que poucas são do Exame

Nacional do Ensino Médio (ENEM). A maior parte das questões propostas pelos autores é do

tipo discursiva, ou seja, não tem uma solução definida, tendo o aluno que formular a solução a

partir de suas deduções. Observa-se no Quadro 6 que refere à quantidade de questões

correspondente às viroses AIDS, dengue e gripe.

Quadro 6 - Número de questões sobre AIDS, dengue e gripe nos livros analisados

Questões propostas pelos autores

Programa Viroses Número de questões Objetivas Discursivas

Questões de vestibulares

Questões do ENEM

AIDS 41 0 12 29 0 Dengue 5 0 1 4 0 Gripe 8 0 8 0 0 AIDS e dengue

1 0 0 1 0

PNLEM 2007

AIDS e gripe

1 0 0 1 0

AIDS 39 0 12 26 2 Dengue 14 1 1 10 2 Gripe 7 1 1 5 0 AIDS e dengue

1 0 0 1 0

PNLD EM

2012

AIDS e gripe

4 0 3 1 0

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com o Guia dos livros didáticos 2012, todas as obras aprovadas dedicam

aos exames de vestibular grande parte da discussão e da proposição de critérios e formas de

avaliação. No caso das viroses AIDS, dengue e gripe, constata-se a abordagem

predominantemente em questões de vestibulares com respostas diretas, mas para proporcionar

situações de ensino em que os alunos tenham um papel mais participativo, não é favorável dar

ênfase em questões de vestibular e do Enem como prioritárias para a avaliação em detrimento

de questões mais relacionadas com o cotidiano do aluno.

As atividades propostas nos livros que abordam as viroses restringem-se quase que

exclusivamente a perguntas que requerem respostas dissertativas ou interpretação de dados,

havendo uma escassez de atividades de caráter mais prático ou dinâmico com participação

Page 51: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

49

ativa do aluno. Apenas quatro obras apresentaram atividades em grupo das quais propõem

discussão em relação à temática, sendo essas de Linhares e Gewandsnajder (2010, v.1), Silva

Júnior, Sasson e Caldini (2010, v. 2 e 3) e Pezzi, Gowdak e Mattos (2010, v. 2) com as

respectivas abordagens:

Na obra de Silva Júnior, Sasson e Caldini (2010, v. 3, p. 262), uma das questões sobre

a leitura complementar intitulada “Epidemias” é solicitado ao aluno realizar uma pesquisa

relatando o motivo pelo qual o controle da dengue é mais difícil do que o da febre amarela, se

ambas são viroses transmitidas pela mesma espécie de mosquito. No manual do professor é

sugerido que o docente incentive os alunos a pesquisarem sobre a gripe espanhola e sobre

medidas de transmissão da dengue. Já no v. 2, é feito uma sugestão no livro do professor para

solicitar aos alunos uma pesquisa sobre as medidas tomadas contra a propagação da gripe

H1N1 em 2009.

Pezzi, Gowdak e Mattos sugerem duas questões para serem trabalhadas em grupo,

dentre as quais para responder a questão “Por que a descoberta de uma vacina para prevenir a

AIDS não basta para resolver essa pandemia mundial que já matou milhões de pessoas?”

(PEZZI; GOWDAK; MATTOS, v. 2, 2010, p. 39).

Já Linhares e Gewandsznajder (2010, v.1), apresentam três opções para pesquisa

abordando as viroses conforme a Figura 11.

Figura 11 - Sugestão de pesquisa em grupo com a temática AIDS, dengue e gripe

Fonte: Linhares e Gewandsznajder, 2010, v.1, p. 332

Page 52: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

50

É raro detectar na abordagem das viroses, mais precisamente no caso da AIDS, a

presença de dados relacionados ao preconceito que envolve o portador de HIV ou aidético.

Foi observado apenas no livro de Laurence e Mendonça (FIG. 12), no qual representa o laço

símbolo da luta contra a AIDS junto da imagem de um indivíduo isolado em uma bolha por

ser aidético.

Figura 12 – Abordagem da questão do preconceito ao aidético com a frase: “O

preconceito isola”

Fonte: Mendonça e Laurence, 2010, v.2, p. 34

Um aspecto positivo detectado na análise foi a presença nos livros de textos geralmente

extraídos de jornais e revistas, sugeridos como leituras complementares, que contextualizam e

adicionam informações sobre o conteúdo que está sendo abordado. Os resultados da análise

das leituras complementares presentes nos livros analisados estão apresentados no Quadro 7.

Quadro 7 – Informações sobre as leituras complementares que abordam as viroses

AIDS, dengue ou gripe nos livros analisados

Título do texto complementar Obra Apresenta referência

bibliográfica

Apresenta questões sobre

o texto complementar

AIDS – História de uma epidemia Amabis e Martho. 2005, v. 2, p. 43.

Sim Não

Um problema mundial de saúde: gripe Amabis e Martho. 2010, v. 2, p. 51-53

Não Sim

Page 53: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

51

Título do texto complementar Obra Apresenta referência

bibliográfica

Apresenta questões sobre

o texto complementar

Epidemias Silva Júnior, Sasson e Candini. 2010, v. 3, p. 261-262

Não Sim

Algas para enfrentar a AIDS. Santos, Aguilar e Oliveira. 2010, v. 2, p. 43

Sim Sim

AIDS, a derrota dos linfócitos Silva Júnior e Sasson. 2005, v. 1, p. 287 – 288

Não Sim

...Aids, você sabe qual é a origem do HIV ?

Pezzi, Gowdak, Mattos. 2010, v. 2, p. 32 – 33

Não Não

Sucessos e desafios no combate à AIDS Pezzi, Gowdak, Mattos. 2010, v. 2, p. 33-34

Sim Não

...sucesssos no combate à AIDS, você sabia que cientistas desenvolveram um gel que impede a contaminação pelo HIV nas mulheres?

Pezzi, Gowdak, Mattos. 2010, v. 2, p. 34

Sim Não

Pandemias de gripe na História Pezzi, Gowdak, Mattos. 2010, v. 2, p. 35 – 38

Não Não

O dia mundial de luta contra a AIDS Laurence e Mendonça. 2010, v. 2, p. 43

Não Sim

Resfriado e gripe são estágios diferentes da mesma doença?

Silva Júnior, Sasson e Caldini. 2010, v. 2, p. 63 – 64

Não Sim

Vacina anti – HIV e tratamento de pessoas infectadas

Lopes e Rosso, 2010, v. 3, p. 41; 2005, v. único, p. 196-197

Não Não

Doenças emergentes e ressurgentes Lopes e Rosso. 2010, v. 3, p. 42 – 45

Não Não

Fonte: Dados da pesquisa

Foi observado que, muitas vezes, os textos complementares não são devidamente

referenciados e que a exploração do texto, quando ocorre, é através da proposição de questões

sobre o assunto tratado nos mesmos. Alguns livros apresentam sugestões de leituras

complementares para serem pesquisadas na internet, como, Silva Júnior, Sasson e Candini

(2010, v. 2 e 3), que sugerem os seguintes assuntos:

Page 54: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

52

� Dengue é o fim da picada!. Disponível em:

<http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.ex/sys/start.htm?infoid=968&dis=8>.

� Atchin! É a gripe?. Disponível em:

<http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=751&sid=8>

� HIV é centenário. Disponível em:

<http://www.agencia.fapesp.br/materia/9516/divulgacao-cientifica/hiv-e-

centenario.htm>.

� Influenza aviária: questões centrais. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v9n1/002.pdf>.

� Como a gripe se espalha pelo mundo. Disponível em:

<http://agencia.fapesp.br/matéria/8728/divulgacao-cientifica/como-a-gripe-se-

espalha-pelo-mundo.htm>

Nessa perspectiva, Bizzo (2010, v. 2, p. 134) apresenta 3 sugestões sobre a gripe (FIG.

13). Na mesma obra, há uma sugestão no manual do professor para leitura de um artigo sobre

a vacina da dengue.

Figura 13 - Sugestões de leituras complementares acessíveis na internet

Fonte: Bizo, 2010, v. 2, p. 134

Quanto à qualidade do conteúdo, os textos das obras, em termos gerais, apresentam

redação clara e objetiva. Contudo, em alguns casos, as obras não se mostram conceitualmente

precisas, por exemplo, Lopes e Rosso (2005, p. 197) descrevem como modo de transmissão

da dengue a picada do mosquito Aedes aegypti, o que pode levar ao entendimento de que todo

mosquito é capaz de transmitir essa virose, o que não é verdade, pois se o mosquito não

estiver infectado com o vírus isto não irá ocorrer. Pezzi, Gowdak e Mattos (2010, v.2, p.28)

mencionam como meio de transmissão da gripe: gotículas de salivas, espirros e tosse, porém

nas secreções de uma pessoa não infectada pelo vírus influenza não ocorre à transmissão.

Page 55: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

53

Em determinados casos, devido ao fato do conteúdo estar muito sintetizado, as

informações apresentadas podem comprometer o entendimento das viroses, por exemplo,

Laurence e Mendonça (2010, v. 2, p. 41) na seguinte colocação: “A gripe é transmitida por

via respiratória e costuma evoluir de maneira benigna (...)” não deixa claro para o leitor as

formas de contágio dessa virose, ficando os dados sobre a transmissão incompletos e leva o

leitor a desconsiderar a gravidade da gripe em casos específicos.

3.3 Considerações gerais sobre a abordagem de AIDS, dengue e gripe nos livros didáticos de biologia analisados na pesquisa

Ao analisar os livros didáticos de biologia em um contexto histórico percebe-se que

nas décadas de 1950 até 1970 os livros escolares apresentavam um capítulo destinado a

Higiene e saúde no qual, embora nem sempre, abordavam o conteúdo de forma detalhada e as

doenças prevalecentes naquele período, de forma geral, eram retratadas. No final da década de

1970 esse capítulo deixou de ser apresentado nos livros, sendo as doenças abordadas junto a

outras temáticas. No caso das viroses a abordagem passou a acontecer principalmente no

capítulo destinado ao estudo dos vírus. Dessa forma, houve uma redução dos conteúdos

diretamente ligados à saúde para priorizar conteúdos estritamente biológicos. Nesse período

os autores complementaram os livros didáticos através da publicação de livros paradidáticos

com a intenção de colaborar com a ampliação do conteúdo existente nos livros escolares.

Na atualidade, embora os livros didáticos sejam uma ferramenta essencial para o

ensino, as informações sobre doenças virais, ainda que presentes, são insuficientes quando se

almeja ações de educação para a saúde. O conteúdo de doenças viróticas é encontrado

basicamente no capítulo destinado a vírus, em que a ênfase está mais voltada para a definição

e caracterização biológica desses microrganismos. Apesar de algumas vezes o tema aparecer

dentro de outros conteúdos nos livros didáticos, a abordagem é bastante simplificada, ou seja,

muitas vezes restrita à presença de citações dispostas na forma de tabela ou quadros

resumidos ou a explicações no texto principal e ilustrações desconectadas e sucintas.

Há um desequilíbrio no tratamento das viroses nas obras. Dá-se muita ênfase à AIDS

que inúmeras vezes é utilizada nos textos principais para ilustrar as viroses ou como uma

abordagem aprofundada nas leituras complementares e nas atividades. Por outro lado, a gripe

e a dengue, viroses epidemiologicamente relevantes no nosso país e que estão presentes no

cotidiano de todos (mais do que a AIDS), são relegadas a segundo plano e tratadas sem

profundidade.

Page 56: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

54

Mesmo havendo um volume maior de informações sobre a AIDS, a abordagem é

insuficiente quando se busca educação em saúde, principalmente em relação à prevenção e às

questões sociais que envolvem esta virose. Portanto, considera-se que é necessário investir na

abordagem destes aspectos, sendo a divulgação das formas de prevenção essenciais na

educação em saúde e a reflexão sobre os problemas sociais, como discriminação e preconceito

aos portadores de HIV, importante em um contexto educacional em que se busca a inclusão

de todos. Sendo imprescindível que algumas visões distorcidas sejam rompidas para que não

haja barreiras entre as pessoas no convívio diário pela falta de informação.

Os livros didáticos são a materialização mais evidente dos saberes e propósitos

escolares. Porém, seria muito mais interessante, para a realidade social atual, se os livros

pudessem traduzir com maior intensidade as relações da biologia com as questões impostas na

contemporaneidade, tal qual as doenças infecciosas. Contudo, observa-se que a maioria das

obras analisadas não tem favorecido o estabelecimento de relações entre o conhecimento

científico e as experiências sociais dos alunos, estando o conteúdo apresentado por meio de

conceitos e definições que não são, porém, problematizados e situados no cotidiano do aluno.

Como explicitado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996) é o

Ensino Médio a etapa final da Educação Básica. Dessa forma, se faz necessário que nessa

etapa se produza um conhecimento efetivo, de significado próprio, e não seja somente um

estágio preparatório para os cursos superiores ou de caráter profissionalizante. Contudo, de

acordo com o Currículo Básico Comum (CBC) o ensino, ainda hoje, incorpora níveis de

detalhamento e perde o foco do entendimento dos processos básicos, que alicerçam a maioria

das explicações das vivências práticas desse conhecimento. (MINAS GERAIS, 2007)

Além disso, os livros didáticos atuais, em regra geral, ainda dialogam pouco com a

condição marcante do tempo atual, em que os recursos tecnológicos aprimoraram as formas

de se obter informações de forma mais dinâmica e atualizada. (BRASIL, 2011). Dessa forma,

se faz necessário buscar recursos complementares aos LD dos quais suscitem reflexões mais

amplas sobre a biologia de nosso tempo. Através da adoção de uma metodologia de

aprendizado ativa e interativa.

O quadro descrito acima mostra, portanto, a necessidade do professor buscar outras

fontes de consulta e pesquisa e investir na complementação do conteúdo presente nos livros

didáticos para uma abordagem mais efetiva sobre essas viroses na sala de aula.

Page 57: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

55

4 ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS UTILIZADAS NA ELABORAÇÃO DO PRODUTO

O guia dos livros didáticos 2012 faz uma consideração sobre o papel do livro didático

na atualidade como uma das fontes de informação a chegar através da escola às mãos de

professores e alunos que poderia se comunicar mais intensamente com os outros textos

circulantes nas sociedades, provenientes das diferentes mídias. Contudo, isso de modo geral

vem ocorrendo de forma tímida. Nesse contexto, é proposto aos professores que façam uso de

textos midiáticos, pois, segundo o Guia do livro didático (2011, p. 18), os livros didáticos de

biologia enfatizam conteúdos enciclopédicos e marcadamente conceituais. Dessa forma, a

maioria das obras gira ao redor dos conhecimentos científicos, reafirmando-os, não sendo

dada ênfase à aplicação das informações nas várias experiências da vida das pessoas.

Nesse trabalho o objetivo principal foi elaborar um livro do professor que possibilite:

(1) abordagens complementares que atendam aos anseios das políticas vigentes em tornar o

ensino mais contextualizado; (2) utilização de tecnologias na educação, utilizando recursos

multimídias; e (3) ampliação e atualização do conteúdo sobre as viroses AIDS, dengue e

gripe, possibilitando colaborar com o conteúdo já existente nos livros didáticos e, dessa

forma, revigorar o ensino. Diante desse desafio, foram selecionadas estratégias didático-

metodológicas viáveis para confecção e que vêm apresentando resultados favoráveis em sala

de aula com alunos do ensino médio.

Na elaboração do material foi considerada a utilização de diferentes estratégias

metodológicas associadas, com o intuito de contribuir para uma aprendizagem significativa e

visando proporcionar diferentes formas de estímulos e habilidades, procurando atender aos

interesses de um público estudantil heterogêneo. A seguir essas estratégias serão brevemente

apresentadas.

a) Uso de questionário para avaliação de conhecimento prévio

Os alunos utilizam diferentes recursos e informações para conhecer e interpretar a

realidade, tornando-se necessário que o modo como os educandos representem os fatos

através de suas experiências, expectativas e valores sejam vistos e debatidos no ambiente

educativo para se chegar a um entendimento mais próximo do real. De acordo com Ausubel et

al. (1980, p. 137) se fosse necessário restringir toda psicologia educacional em um único

elemento, sendo esse elemento aquilo que contribuirá para um resultado mais importante que

influenciará a aprendizagem, deve-se considerar aquilo que o aprendiz já conhece.

Page 58: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

56

Dessa forma, é importante desenvolver atividades que permitam averiguar as idéias ou

concepções prévias dos alunos antes de partir para uma abordagem mais consistente de um

determinado conteúdo. Assim, foi sugerida como atividade inicial na abordagem dos

conteúdos sobre as viroses, no e-book proposto, a aplicação de um questionário para avaliar a

compreensão dos estudantes a respeito da temática. Logo, essa atividade tem o papel de

identificar os conhecimentos prévios dos alunos para que os novos aprendizados façam

sentido.

b) Segmentação de texto por meio de questões

Ensinar exige do educador alguns recursos, dentre os quais se destaca uma fonte de

informações relevantes a ser disponibilizada aos estudantes sobre o que se vai estudar. De

acordo com Pinto (2011), uma estratégia para estimular e guiar a leitura promovendo

aprendizado significativo é focar a atenção do leitor em aspectos específicos através da

inserção de questões.

A incorporação das habilidades de compreensão de leitura e estratégias na instrução científica através de uso da estratégia de perguntas e resposta para estudantes tornarão os alunos leitores mais estratégicos de textos científicos e de outros tipos de textos usados na sua vida escolar o que certamente, contribuíra para a melhoria da sua aprendizagem. (PINTO, 2011, p. 35).

Sendo assim, a segmentação de textos por meio de questões permite realçar pontos que

devem ser destacados e discutidos, dando mais sentido ao texto, pois, ao ser questionado, o

aluno terá uma leitura mais atenta e fará reflexões sobre o que está sendo lido.

c) Produção de material multimídia

De acordo com a Secretária de Educação de Santa Catarina (2011), “as escolas devem

proporcionar o incentivo à pesquisa, com vistas ao crescimento das potencialidades

tecnológicas exigidas pela sociedade, a democratização das informações, bem como

desmistificar os conhecimentos nas ciências e tecnologias.”

Contudo, a metodologia para realização de pesquisas deve ir além da simples busca

por informações em fontes de consulta, como nas enciclopédias e em sites de busca como

Google e Wikipédia, nos quais é certa a localização do conhecimento solicitado pelo

professor. Nesse caso, a pesquisa termina ao digitar o que se precisa e surge o texto já

elaborado e pronto para ser copiado ou impresso. Dessa forma, é preciso implementar

Page 59: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

57

metodologias de pesquisa que utilizem as tecnologias de informação, mas que também

valorizem a construção do conhecimento pelos alunos. Segundo Ulhôa et al. (2008), é grande

a necessidade da formação de alunos capazes de selecionar as informações e de realizar

pesquisas mais significativas.

A educação contemporânea não deve se limitar a formar alunos para dominar determinados conteúdos, mas sim que saibam pensar, refletir, propor soluções sobre problemas e questões atuais, trabalhar e cooperar uns com os outros. A escola deve favorecer a formação de seres críticos e participativos, conscientes de seu papel nas mudanças sociais. (ULHÔA et al., 2008, p. 25).

De acordo com Morán (2008, p. 6), o uso de tecnologias incorporando aspectos do

cotidiano do aluno desperta o gosto pela pesquisa e possibilita transformar a escola em um

conjunto de espaços ricos de aprendizagens significativas, presenciais e digitais, que motivem

os alunos a aprender ativamente, a pesquisar o tempo todo, serem pró-ativos, saber tomar

iniciativas e interagir. Nesse aspecto, as pesquisas na escola devem ser dotadas de significado,

tendo relação com fatos ligados a realidade dos estudantes além de proporcionar o uso das

tecnologias presentes no dia a dia do aluno, tal como o celular.

Acreditamos que os recursos didáticos são componentes do ambiente de aprendizagem

que estimulam o aprendiz. Assim, tudo o que se encontra no ambiente onde ocorre o processo

ensino-aprendizagem pode se transformar em um ótimo recurso didático, desde que utilizado

de forma adequada e correta. Eles são instrumentos complementares que ajudam a

transformar as idéias em fatos e em realidades, além de auxiliar na transferência de situações,

experiências, demonstrações, sons, imagens e fatos para o campo da consciência. Dentre os

recursos didáticos mais utilizados estão os multimídias porque utilizam nossos sentidos de

captação (auditivos e visuais) para a aquisição de conhecimentos e apreensão de informações.

O uso de recursos multimídia na educação possibilita aos usuários maior capacidade

para encontrar as informações que eles necessitam, mais facilmente e em menor tempo e de

forma mais completa (VOLPE e SABBATINI, 1994, p. 6). Em pesquisa realizada com alunos

do Ensino Médio Almeida, Coutinho e Chaves (2009) verificaram que os docentes confirmam

que o uso de multimídias facilita a aprendizagem de biologia, além de promover uma nova

forma de aprendizagem e interação, enriquecem o ambiente educacional e despertam prazer,

interesse e motivação no aprendiz, sendo, portanto, um importante aliado ao livro didático

(SILVA, 2011, p. 8).

Page 60: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

58

d) Aprendizagem Baseada em Problemas

Para Berbel (1998) e Silva e Delizoicov (2008), a Aprendizagem Baseada em

Problemas (ABP) é uma metodologia em que os problemas são propostos pelos educadores

contemplando conhecimentos com a finalidade de atingir objetivos de aprendizagem

planejados. Essa metodologia possibilita ao educando realizar um estudo atento, criterioso,

crítico e abrangente, em busca de solucionar o problema proposto. Dessa forma, os alunos são

estimulados a se organizarem para buscar as informações que deverão ser estudadas sobre o

problema, para compreendê-lo e encontrar formas de solucioná-lo ou desencadear passos

nessa direção; sendo, portanto, uma metodologia que estimula uma atitude ativa do aluno em

busca do conhecimento. De acordo com o PCNEM (1999):

Os alunos, confrontados com situações-problema, novas mas compatíveis com os instrumentos que já possuem ou que possam adquirir no processo, aprendem a desenvolver estratégia de enfrentamento, planejando etapas, estabelecendo relações, verificando regularidades, fazendo uso dos próprios erros cometidos para buscar novas alternativas; adquirem espírito de pesquisa, aprendendo a consultar, a experimentar, a organizar dados, a sistematizar resultados, a validar soluções; desenvolvem sua capacidade de raciocínio, adquirem autoconfiança e sentido de responsabilidade; e, finalmente, ampliam sua autonomia e capacidade de comunicação e de argumentação. (BRASIL, 1999, p. 52).

Essa metodologia possibilita também um estímulo ao aprendizado com a participação

efetiva e o desenvolvimento da responsabilidade social dos alunos, pois permite que eles

possam discutir possíveis ações (resoluções de problemas) na realidade em que vivem. Isso

pode fazê-los sentir de fato detentores de um saber significativo e atribuir, assim, sentido ao

conhecimento. Dentro dessa perspectiva é que a ABP foi utilizada na elaboração do material

didático.

e) Uso de textos de divulgação científica

Embora o texto de divulgação científica seja um recurso presente nos livros didáticos,

especialmente na forma de leituras complementares, a ampliação do uso desse recurso através

da seleção de novos textos pelo professor possibilita trabalhar com informações atualizadas.

Os livros didáticos impressos por demandarem tempo para sua confecção, editoração e para

chegada ao seu público final não conseguem manter os conteúdos atualizados de acordo com

a velocidade em que as informações têm sido apresentadas na atualidade, ou seja, com

veiculação das informações próxima ao tempo real dos acontecimentos.

Page 61: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

59

Segundo Gomes, Da Poian e Goldbach (2011), textos de divulgação científica

constituem um importante material para uso como ferramenta didática em sala de aula, pois

apresentam em sua constituição elementos desejáveis que proporcionam uma formação de

qualidade para os estudantes. Dentre esses elementos, Nascimento (2005) cita a possibilidade

de atualizar os conteúdos apresentados nos livros didáticos e a contribuição desses textos

publicados nos meios de comunicação como motivadores de estudo por possibilitar o

desencadeamento de debates e por estabelecer relações com o cotidiano dos estudantes.

Dessa forma, o uso de textos científicos complementares pode garantir uma

abordagem atrativa para o aluno, uma vez que na maioria das vezes trata de questões

presentes na realidade do estudante, além de permitir fazer interconexão entre o que é

aprendido em sala de aula e o que está sendo noticiado na mídia.

f) Uso de materiais informativos do Sistema Único de Saúde (SUS)

De acordo com Freitas e Rezende (2010), os materiais educativos produzidos pelos

profissionais da área de saúde e disponibilizados para a população têm como objetivos

orientar e adaptar comportamentos, promover a saúde, prevenir futuros acometimentos ou

informar sobre riscos e estilos saudáveis de vida. Além de divulgar conteúdos considerados

importantes para a prevenção ou tratamento de enfermidades.

Embora na literatura não se encontre dados específicos sobre o uso desses materiais

como recurso didático nos meios formais de ensino, trata-se de uma ferramenta que pode ser

empregada com sucesso em sala de aula para promover a aprendizagem com enfoque na

promoção da saúde, obviamente com a devida orientação do professor. Isso porque se trata de

materiais atualizados que apresentam o conteúdo utilizando uma linguagem acessível, uma

vez que eles são produzidos com intuito de atender as demandas da população de modo geral.

Dessa forma, o uso de materiais educativos disponibilizados pelo SUS no contexto

escolar, através de atividades orientadas pelo professor, pode resultar em benefícios no

aprendizado por ampliar situações de aprendizado contextualizadas, que se traduzem em

formas de ver a realidade e de se construir significados.

Page 62: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

60

g) O Jogo

Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006):

Os jogos e brincadeiras são elementos muito valiosos no processo de apropriação do conhecimento. Permitem o desenvolvimento de competências no âmbito da comunicação, das relações interpessoais, da liderança e do trabalho em equipe, utilizando a relação entre cooperação e competição em um contexto formativo. O jogo oferece o estímulo e o ambiente propícios que favorecem o desenvolvimento espontâneo e criativo dos alunos e permite ao professor ampliar seu conhecimento de técnicas ativas de ensino, desenvolver capacidades pessoais e profissionais para estimular nos alunos a capacidade de comunicação e expressão, mostrando-lhes uma nova maneira, lúdica, prazerosa e participativa de relacionar-se com o conteúdo escolar, levando a uma maior apropriação dos conhecimentos envolvidos. (BRASIL, 2006, p. 28).

Como estratégia didática e em conformidade aos PCN, o jogo é extremamente

eficiente no processo de ensino-aprendizagem: tem o professor como condutor, estimulador e

avaliador, estimula o interesse dos alunos, desenvolve os variados níveis de experiências

pessoais e sociais e auxilia na construção de novas descobertas, promovendo um

relacionamento emocional do aluno com a estratégia de ensino (CAMPOS; CAVASSAN,

2003).

Dessa forma, o jogo se constitui como estratégia de ensino que permite ao educador

perceber de forma imediata as ideias e opiniões dos alunos sobre uma determinada temática e,

a partir disso, pode-se aprofundar o assunto, esclarecer dúvida e promover discussões. De

acordo com Andrade et al. (2008), o uso de jogos contendo afirmações reais e mitos para

discussão de temas relacionados à educação em saúde possibilitam debater o assunto

proposto, reforçar conceitos e estimular a participação efetiva de todos, sendo registrado

aumento significativo na proporção do conhecimento adquirido para o público que participou

do jogo em relação ao que não teve acesso a esse recurso. Diante do exposto, a estratégia de

jogos sobre mitos e verdades foi selecionada para avaliar o aprendizado sobre as viroses

abordadas no material didático proposto nesse estudo.

h) Uso de vídeos

O vídeo é um recurso importante a ser integrado no cotidiano do trabalho docente,

uma vez que agrega valor à capacidade representacional do professor (TIMM et al., 2008, p.

2) e aproxima a sala de aula do cotidiano, das linguagens de aprendizagem e comunicação da

sociedade, além de introduzir novas questões no processo educacional (MORÁN, 1995).

Page 63: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

61

Segundo Lopes e Barcelos (2010), em enquete realizada com professores e alunos, o uso de

vídeos como ferramenta auxiliar a educação foi citado como preferência de ambos. Sendo

nesse trabalho justificada a escolha dos docentes pelo seguinte fato:

Os professores relataram que o filme é um estímulo visual impactante além de ser uma atividade prazerosa o que possibilita aos alunos entenderem melhor o assunto abordado, além disso, o filme estimula outras ações constituindo um momento de magia, de sentir, de perceber e de descobrir, assim esse recurso enriquece a interação entre alunos e o mundo, uma vez que o conteúdo passa a ser visualizado como parte integrante do cotidiano do aluno tornando o aprendizado algo atrativo e de fácil compreensão. (LOPES; BARCELOS, 2010, p. 7).

Assim, a partir de um conteúdo no qual o professor esteja trabalhando pode-se utilizar

desse recurso multimídia fazendo as indicações relativas às imagens a serem registradas.

A partir da pesquisa das estratégias metodológicas apresentadas e da análise dos livros

didáticos apresentada no capítulo 2, foi possível decidir quais e como os tópicos sobre as

viroses AIDS, dengue e gripe seriam explorados no manual do professor.

Page 64: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

62

5 O PRODUTO

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCN), as

características da tradição escolar em apresentar conteúdos padronizados, não referidos a

contextos reais, em parte, ainda refletem a pouca participação do estudante nas atividades

formativas. Dessa forma, privilegiar a aplicação da teoria na prática e enriquecer a vivência da

ciência na tecnologia e destas no contexto social passa a ter uma significação especial no

desenvolvimento da sociedade contemporânea.

Os PCN do Ensino Médio propõem que o ensino, efetivamente, propicie um

aprendizado que envolva de forma combinada, o desenvolvimento de conhecimentos práticos,

contextualizados, que respondam às necessidades da vida contemporânea, evitando tópicos

cujos sentidos só possam ser compreendidos em outra etapa de escolaridade. Ou seja, é

defendida uma ideia de um ensino mais consistente e focado na realidade dos educandos, sem

deixar pendências para serem atendidas em outros momentos com o pretexto de que no ensino

superior as lacunas educacionais serão preenchidas, mesmo porque nem todos os alunos farão

um ensino superior, e ainda que o façam há opções de três áreas de conhecimento distintas -

biológicas, exatas e humanas. Isso justifica a necessidade do aluno ter acesso a um grau de

compreensão consolidado em conteúdos, como a educação em saúde, na educação básica.

Além de inferir sobre a importância em ministrar conteúdos de forma completa, o

PCN aponta o uso da tecnologia no ensino como uma importante forma de acarrear recursos,

dentre os quais se destacam o uso de celulares e computadores, que tem se tornado cada vez

mais acessíveis em detrimento de outros recursos como o microscópio. (PARÂMETROS

CURRICULARES NACIONAIS, 1998).

Acredita-se que a educação em saúde deva valorizar questões do cotidiano do

estudante, dando a este a oportunidade de aproximar dos problemas que lhe são impostos pelo

processo de compreensão, reflexão e crítica. Possibilitando assim uma maior dinamização no

uso das informações que circulam informalmente, promovendo assim a valorização do saber

do educando de modo que este aprenda a questioná-los, tornando-se capazes de realizar ações

em prol de solucionar problemas impostos em caráter mais contextualizado. Nesse contexto,

foi elaborado o produto dessa dissertação embasado nos dados obtidos nas pesquisas aqui

descritas (bibliográfica e nos livros didáticos). Elas estabeleceram parâmetros para elaborar

um livro eletrônico desenvolvido com intuito de dar maior ênfase à abordagem dos conteúdos

dengue, AIDS e gripe no ensino médio, em resposta as lacunas verificadas nos livros

didáticos de biologia.

Page 65: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

63

5.1 Apresentação

O livro eletrônico (e-book) elaborado - Educação em Saúde nas Escolas: uma

abordagem sobre as doenças viróticas AIDS, Dengue e Gripe - foi confeccionado em formato

digital e está disponibilizado na íntegra no endereço eletrônico

http://www.myebook.com/ebook_viewer. php?ebookId=113534. O formato escolhido permite

uma manipulação permanente da publicação pelo autor, o que torna fácil o processo de

realizar alterações no material no intuito de atualizá-lo ou até mesmo, se for necessário, fazer

alguma adaptação; também, constitui-se um espaço virtual livre e de fácil manuseio que

possibilita a utilização de recursos multimídia como imagens e áudio.

O e-book elaborado (FIG. 14) destina-se a professores do ensino médio, sem restrição

da disciplina lecionada, uma vez que a Educação em saúde é um tema transversal proposto

nos PCN, que permeia as diversas áreas do conhecimento, pois, os temas transversais retratam

processos vividos pela sociedade em geral e abordam questões em que todas as pessoas são

convocadas a adotar, sempre que possível, uma postura no cotidiano, em casa, no trabalho, na

rua e na sala de aula.

Figura 14 - Página inicial do e-book - Educação em Saúde nas Escolas: uma abordagem sobre as doenças viróticas AIDS, Dengue e Gripe

Fonte: Arquivo pessoal

Page 66: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

64

No decorrer do e-book foram disponibilizados aos professores recursos para obterem

maiores informações sobre as viroses AIDS, dengues e gripe através de um link de acesso ao

Guia de vigilância epidemiológico referente a essas viroses no início dos capítulos ou através

da sugestão de leituras complementares no final dos capítulos. Foram disponibilizados

também, sempre que oportuno, vídeos obtidos em sites do governo ou recebidos via e-mail,

sendo transferidos para uma conta pessoal do YouTube (site de compartilhamento de vídeos

em formato digital), condição para serem acessíveis no e-book, não havendo o risco dos

vídeos serem repentinamente removidos ou terem o acesso dificultado. Foram

disponibilizados, também, desenhos (FIG. 15) e infográficos (FIG. 16) criados para

representar visualmente informações que se desejou retratar no e-book. Com o mesmo intuito,

foram utilizadas algumas imagens disponibilizadas na internet (FIG. 17).

Figura 15 – Representação de um mosquito picando uma pessoa

Fonte: Desenho de Alexandra Chaves

Figura 16 – Infográfico representando o uso da câmera do celular

Fonte: Infográfico de Andréa Viana

Page 67: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

65

Figura 17 – Imagem obtida da internet para ilustrar os modos de transmissão da gripe aviaria

Fonte: GOLONO, 2010

A seguir são apresentados de forma resumida os itens que compõem o e-book.

• Instruções para uso do e-book

Para facilitar a utilização do material pelos professores, foram disponibilizadas

instruções com informações de como utilizar os recursos contidos no livro eletrônico.

• Apresentação

Nesse item, o material é apresentado aos professores esclarecendo seus objetivos, os

tópicos e as estratégias didáticas utilizadas na abordagem das viroses AIDS, Dengue e Gripe.

• Roteiro das estratégias de ensino e descrição da metodologia utilizada na

abordagem dos tópicos sobre viroses que compõem o material

Para cada tópico proposto no livro eletrônico, foi sugerido uma estratégia de ensino

diferenciada (veja exemplo na figura 18), sendo argumentado de forma sucinta o motivo de

escolha da estratégia. Nesse espaço também foram apresentados as competências e

habilidades que podem ser trabalhadas com essa atividade, o material necessário para sua

realização, o número de aulas destinadas à atividade e sugestão para avaliação.

Page 68: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

66

Figura 18 - Exemplo de como os tópicos foram descritos no e-book

Fonte: Dados da pesquisa

Page 69: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

67

Após esses itens foram iniciados os capítulos 1, 2 e 3 respectivamente sobre Dengue

(FIG. 19), Gripe e AIDS.

Figura 19 – Página que inicia o capítulo sobre a dengue

Fonte: Arquivo pessoal

Cada capítulo foi estruturado de acordo com os tópicos e estratégias apresentados no

quadro 8.

Quadro 8 – Estratégias de ensino utilizadas na abordagem dos tópicos sobre as

viroses AIDS, dengue e gripe

TÓPICO ESTRATÉGIA DE ENSINO Ideias prévias Uso de questionário Visão geral/Epidemiologia Segmentação de texto Agente etiológico/Transmissão Produção de material multimídia Sintomas/Tratamento Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) Aspectos sociais Uso de textos de divulgação científica Prevenção Uso de materiais informativos do

Sistema Único de Saúde (SUS) Mitos e Verdades Jogo

Fonte: Dados da pesquisa

Page 70: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

68

A seguir descrevemos os tópicos abordados no e-book sobre as viroses.

Tópico: Ideias prévias

Com objetivo de averiguar o conhecimento prévio dos alunos, foi elaborado e

disponibilizado um questionário para cada virose abordada (AIDS, dengue e gripe) cada um

com 18 sentenças afirmativas. As questões versam principalmente sobre as vias de

transmissão das viroses abordadas. Os questionários (veja exemplo na figura 20) trazem duas

opções de resposta, se a sentença é um mito ou uma verdade. Eles devem ser respondidos

individualmente pelo aluno sem consulta aos colegas ou a algum material informativo. Essa

atividade permite ao professor dimensionar o conhecimento de seus alunos e a partir dos

resultados, ponderar qual situação -ensinar, revisar ou aprofundar- os tópicos devem ser

trabalhados com a turma.

Figura 20 - Questionário sobre AIDS para avaliar os conhecimentos prévios dos

alunos sobre o tema

Fonte: Dados da pesquisa

Page 71: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

69

Tópico: Visão geral e epidemiologia

Para abordar a visão geral e epidemiologia das viroses, foram inseridos nove textos

adaptados dos guias de doenças infecciosas e parasitárias (2010) e de vigilância

epidemiológica (2009), segmentados por questões com o objetivo de focar a atenção dos

leitores nas informações mais relevantes. Assim, através das respostas elaboradas pelos

alunos o professor pode verificar a compreensão da leitura pelos alunos e realizar

considerações pertinentes ao assunto com intuito de esclarecer dúvidas e aprimorar a

abordagem.

Tópico: Transmissão, agente etiológico e vetor

Nesse tópico foram disponibilizadas informações sobre agente etiológico, vetores,

transmissão e o período de transmissibilidade das viroses dengue, AIDS e gripe.

Posteriormente, foram propostas atividades para a elaboração de material multimídia pelos

alunos utilizando os celulares, um recurso normalmente de fácil acesso para os alunos,

embora raramente seja utilizado em um contexto educacional. Com o uso do celular é

possível criar: vídeos, fotografias, músicas, poesias ou blogs. Essas atividades também

constituem uma oportunidade para desenvolver o trabalho em grupo, estimular a criatividade

e dar oportunidade aos alunos produzirem materiais sobre o conteúdo ao invés de ter acesso a

materiais prontos. Nessa perspectiva, foi sugerido aos professores que, a partir de um roteiro,

solicitem a seus alunos a elaboração de materiais multimídias solicitando aos educandos que

capturem, com o celular, informações na sua comunidade ou em local especificado pelo

docente e depois produzam os materiais. Sugestões de roteiros diferenciados para essa

atividade foram disponibilizadas para os professores.

No roteiro da dengue, os alunos são orientados a tirar fotos que retratem a transmissão

e a não transmissão dessa virose, ou seja, como se pega e como não pega a dengue. É

sugerido que as imagens sejam apresentadas a turma e posteriormente sejam usadas para

montar um esquema do ciclo da dengue. Também foi sugerida a confecção de um mural na

escola, principalmente se houver imagens retratando focos de transmissão na comunidade,

com as quais poderá ser feito um alerta para a necessidade de aprimorar os cuidados com a

transmissão dessa virose.

No roteiro da gripe os alunos são orientados a produzir um vídeo e no roteiro da AIDS

é sugerida a elaboração de um arquivo de áudio, para tal os educandos devem elaborar um

texto antes de gravar o áudio tendo um tempo máximo estipulado. Os materiais produzidos

devem retratar a transmissão e o agente etiológico dessas viroses.

Page 72: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

70

Para essas atividades é solicitado aos alunos como tarefa inicial a elaboração de um

plano de ação que deve ser entregue ao professor que irá validar a ideia antes da execução da

mesma.

Tópico: Sintomas e tratamento

Esse tópico foi construído com intuito de apresentar acontecimentos do cotidiano para

propor discussões sobre os sintomas e tratamento das viroses AIDS, dengue e gripe. Os

alunos são estimulados a elaborar uma linha de raciocínio para argumentar sobre as situações

problema que lhes são apresentadas, tornando o ensino mais participativo. Para tal foi

utilizada a estratégia de ensino que utiliza a Aprendizagem Baseada em Problemas sendo

disponibilizados seis casos para estudo, dentre os quais três são verídicos, apresentados em

vídeos que expõem histórias noticiadas em telejornais e três são fictícios (FIG. 21).

Figura 21 – Proposta de atividade sobre gripe utilizando como estratégia a

Aprendizagem Baseada em Problemas

Fonte: Arquivo pessoal

Page 73: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

71

Tópico: Aspectos sociais

Para esse tópico, foram disponibilizadas nove sugestões de textos atualizados e

divulgados em publicações impressas de grande circulação no Brasil, como as revistas Veja e

Época e os jornais O globo, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo.

Dentre os textos explorados sobre a dengue, dois relatam a incidência de casos da

virose relacionada às más condições de saneamento básico e outro aponta o aumento da

incidência do número de casos da doença em uma cidade no interior de São Paulo, sendo o

último texto rico em informações para discussão, como, por exemplo, as seguintes passagens:

“(...) o controle depende da colaboração das pessoas.” “Hoje não podemos usar venenos mais

fortes.”

Sobre a gripe foram selecionados três textos que apresentam dados sobre a transmissão

da virose de um indivíduo a outro, além da divulgação da produção de um filme denominado

“Contágio”, que descreve um possível cenário de uma epidemia letal, bastante semelhante ao

vírus da gripe que se transmite por contato de mãos e toques de superfícies, como copos e

maçanetas; um dos textos, embora não seja recente (datado de setembro de 2009), possibilita

retratar um período de grande preocupação sobre a propagação da gripe, quando foi

vivenciada a ameaça de uma pandemia. Nesse texto, o período escolar é referido como risco

de aumento da infecção devido maior contato entre os estudantes e traz dados sobre a gripe

sazonal que mata entre 250 mil e 500 mil pessoas em todo o mundo retratando as pessoas

mais vulneráveis a uma infecção viral.

Sobre a AIDS, as publicações descrevem: a divulgação de dados sobre essa doença,

fornecido pelo Ministério da Saúde entre 1980 e junho de 2011, sendo exposto o número de

casos, o coeficiente de mortalidade e as maiores taxas de incidência por faixa etária, gênero

(masculino e feminino) e região. Além de abordar informações especificas do estado de São

Paulo, que teve em 2010 uma média de 8,6 mortes por dia devido a AIDS. Os dados mostram

ainda um aumento na proporção de infecções, tanto em homossexuais como heterossexuais,

no período entre 2000 e 2010, na mesma época em que os casos entre usuários de drogas

injetáveis tiveram queda. Outra publicação traz dados baseados em um relatório sobre a

resposta global ao HIV/AIDS demonstrando que, embora em um cenário mundial tenha

ocorrido uma queda de 15% de portadores do HIV nos últimos cinco anos, na América Latina

foi registrado considerável aumento devido principalmente ao sexo sem proteção entre

homens e a falta de programas nacionais de prevenção e tratamentos dirigidos. A última

reportagem explorada é uma publicação, que descreve o relato de um rapaz que tinha a

percepção da AIDS como doença exclusiva de homossexual e que o consumo de álcool era

Page 74: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

72

um fator que contribuía para não fazer uso da camisinha, fato apontado como corriqueiro

entre seus amigos. Atualmente, embora contaminado, o rapaz informou não estar preocupado

com a doença contraída por existir medicamentos que vão garantir a normalidade de sua vida.

No contexto da educação em saúde para a prevenção da AIDS direcionada aos jovens esse

texto permite fazer vários alertas sobre a importância do sexo seguro e de se realizar debates,

por exemplo, sobre o tratamento disponível atualmente para a AIDS e suas limitações.

Todos os textos utilizados nesse tópico englobam aspectos sociais que possibilitam a

promoção de debates e trocas de opiniões principalmente em relação às questões mais

polêmicas como, por exemplo, no caso do uso de álcool e sua interferência na opção pelo

sexo seguro (FIG. 22). Os textos foram ajustados com o intuito de reduzir o conteúdo para

manter um padrão de espaço para essa atividade, mantendo as informações mais pertinentes à

abordagem em pauta.

Figura 22 – Reportagem da revista Veja retratando os jovens como grupo de

risco do HIV

Fonte: Dados da pesquisa

Page 75: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

73

Tópico: Prevenção

O uso de materiais informativos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

é uma proposta que possibilita indicar a utilização de vídeos, cartilhas (FIG. 23) e impressos

de campanhas Nacionais e regionais referentes à prevenção das viroses. Além disso,

possibilita ilustrar o conteúdo através da exposição desses materiais. É sugerido ao

professores realizar uma ampliação das campanhas preventivas, voltada ao público local,

através da confecção pelos alunos de impressos, panfletos e marcadores de livros com intuito

de orientá-los e, sempre que possível, encaminhar o trabalho produzido pelos alunos para

informar a comunidade local. Dessa forma, é relevante que sejam priorizados dados

embasados na realidade local da escola. Por exemplo, se for uma região que apresenta más

condições de saneamento básico, é importante focar a necessidade de cuidados relacionados

ao saneamento e a ameaça da dengue.

Figura 23 – Cartilha produzida pelo Ministério da Saúde para a campanha de

combate a dengue

Fonte: Ministério da saúde

Page 76: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

74

Tópico: Mitos e verdades

Para finalizar a abordagem sobre as viroses foi proposto um jogo sobre mitos e

verdades, que permite perceber a compreensão dos alunos sobre o tema estudado,

possibilitando, assinalar os erros, esclarecer as dúvidas, lembrar os conceitos aprendidos e

verificar o progresso dos educandos.

O jogo (FIG. 24) é composto de (1) instruções de uso; (2) um tabuleiro que pode ser

impresso em folha A4 sendo que cada folha pode ser utilizada por até 6 pessoas

simultaneamente; (3) modelo de peões que também podem ser impressos e (4) cartas com

sugestões de frases para serem utilizadas no seu desenvolvimento.

Figura 24 – Elementos que compõem o jogo (instruções, cartas, tabuleiro e peões)

Fonte: Dados da pesquisa

Tópico: Propostas adicionais

Como propostas adicionais, foram sugeridas atividades que utilizam recursos

acessíveis e passiveis de serem utilizadas para auxiliar no processo ensino e aprendizagem das

viroses. Foi proposto o uso de um aplicativo – Dengue Ville - disponível nas redes sociais

Facebook e Orkut por ser um ambiente virtual atualmente bastante difundido pelos alunos;

um jogo –ZIG ZAIDS– para abordar a AIDS, podendo ser utilizado conectado à internet ou

Page 77: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

75

impresso e utilizado sem precisar de um computador conectado à internet; o documentário

Positivas, com relatos de mulheres que contraíram AIDS dos maridos, podendo levar à

reflexão da importância de usar camisinha, mesmo em um relacionamento duradouro; e um

experimento – Por que lavar as mãos.

Após os capítulos sobre dengue, gripe e AIDS, foram disponibilizadas no e-book as

referências citadas no mesmo incluindo, quando possível, os arquivos em formato de

documentos portável (PDF) para facilitar o acesso e leitura pelo professor dessas referências.

Finalizando, no e-book foi colocada uma mensagem ao professor incentivando-o a

divulgar informações e contribuir para educação em saúde sobre a dengue, gripe e AIDS nas

suas escolas, conforme pode ser visto na figura 25.

Figura 25 - Página final do e-book

Fonte: Arquivo pessoal

5.2 A avaliação

O e-book proposto nessa pesquisa foi avaliado por meio de um questionário eletrônico

(Apêndice A) elaborado através do site http://questionform.com e que pode ser visualizado na

versão digital no link

Page 78: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

76

http://educacaoemsaude.questionform.com/public/Educa%C3%A7%C3%A3o-em-

sa%C3%BAde-nas-escolas. O questionário foi disponibilizado ao grupo de diálogos sobre o

ensino de biologia da Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBEnBIO) da Faculdade

de Educação da Universidade de São Paulo (USP), composto por profissionais deste campo

de conhecimento (professores, pesquisadores, e estudantes da Educação Superior e da

Educação Básica) de várias regiões do Brasil. O material também foi avaliado por alunos

professores de uma turma do Programa do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da

PUC – Minas. Dessa forma, o produto foi avaliado por profissionais de instituições estaduais,

federais, municipais e particulares englobando a opinião de diversas realidades educacionais

do ensino Nacional. Numa análise preliminar, consideramos as respostas de 33 entrevistados a

partir das quais impetramos as considerações a seguir.

Sobre a abordagem das viroses AIDS, dengue e gripe no ensino, 27 professores (81,8%)

responderam tratar esses assuntos em sala de aula. Em relação ao ano e ao conteúdo nos quais

se dá essa abordagem, foram obtidas as seguintes respostas:

� 8 professores (24,2%) abordam apenas no primeiro ano do ensino médio, no conteúdo

sobre vírus;

� 6 professores (18,1%) abordam apenas no segundo ano do ensino médio, no conteúdo

sobre vírus;

� 4 professores (12,1%) abordam junto ao conteúdo sobre vírus, independente do ano do

ensino médio;

� 2 professores (6%) abordam no primeiro ano do ensino médio, no conteúdo sobre

vírus e no segundo ano do ensino médio, no conteúdo sobre sistemas do corpo

humano;

� 3 professores (9%) abordam no primeiro ano do ensino médio, no conteúdo sobre

vírus, exceto a AIDS que é abordada em outros momentos do ensino médio, nos

conteúdos sobre doenças sexualmente transmissíveis e reprodução;

� 3 professores (9%) abordam no ensino médio em geral, junto ao conteúdo sobre vírus,

DST, ecologia e meio ambiente;

� 1 professor (3%) aborda no ensino superior, nos conteúdos sobre doenças infecciosas;

� 6 professores (18,1%) não responderam essa pergunta.

Percebe-se que a maioria dos entrevistados é professor do ensino médio, sendo que

grande parte (54,5%) vincula o ensino sobre viroses ao conteúdo sobre vírus, sendo essa

Page 79: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

77

abordagem restrita a apenas um ano do ensino médio. Somente 8 professores (24,2%)

mencionaram outros conteúdos dos quais também trabalham a temática sobre viroses, sendo

que desses, 3 abordam as viroses junto à temática sobre vírus e exclusivamente a AIDS é

abordada em outros momentos. Os demais professores (21%) não omitiram opinião nesse

tópico.

No gráfico 8 pode-se visualizar os recursos didáticos utilizados pelos professores para

fazer a abordagem das viroses AIDS, dengue e gripe.

Gráfico 8 – Recursos didáticos utilizados pelos docentes para abordar as doenças

viróticas AIDS, dengue e gripe

Fonte: Dados da pesquisa

Embora a maioria dos professores faça uso do livro didático (72,7%), é notório que

esse não é o único recurso utilizado pelos docentes, que usam também apresentações em

PowerPoint (63,6%), imagens (54,5%), vídeos (45,5%) e animações (27,3%). Também foram

listadas outras atividades complementares como trabalhos em grupo, palestras com

profissionais da área da saúde e uso de livros paradidáticos.

Ao avaliarem as estratégias de ensino utilizadas no livro eletrônico, os 33 professores

deram as notas apresentadas no quadro 9.

Page 80: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

78

Quadro 9 – Avaliação das estratégias de ensino que compõem o e-book ESTRATÉGIA DE ENSINO Máximo

(em 5) Mínimo (em 5)

Média (em 5)

Uso de questionário 5 3 4,5 Segmentação de texto 5 3 4,3 Produção de material multimídia 5 4 4,8 Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) 5 4 4,6 Uso de textos de divulgação científica 5 4 4,5 Uso de materiais informativos do Sistema Único de Saúde (SUS)

5 3 4,5

Jogo 5 3 4,4 Fonte: Dados da pesquisa

As estratégias apontadas como as mais e menos interessantes estão apresentadas no

quadro 10 e coincidem com as médias das notas dadas pelos professores. Ressalta-se que

51,5% (17 professores) não apontaram as estratégias menos interessantes, sendo citado o fato

de terem aprovado o e-book proposto sem ressalvas.

Quadro 10 – Estratégias mais e menos interessantes do e-book segundo os professores

avaliadores

Mais interessantes Respostas (%)

Menos interessantes Respostas (%)

Produção de material multimídia

48,4 Segmentação de texto 12,1

ABP 21,2 Jogo 9 Uso de textos de divulgação cientifica

9 Uso de questionário prévio 3

Jogos 9 Utilização de materiais de divulgação do SUS

3

Vídeos 6 Esquemas da transmissão das doenças

3

Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com os professores a produção de material multimídia e a ABP são

atividades que certamente despertam mais a atenção dos alunos, sendo o motivo principal por

serem eleitas como prediletas por eles. Sobre as atividades menos interessantes, foi citada por

um docente a dificuldade em trabalhar estratégicas lúdicas em sala de aula, motivo pelo qual

escolheu o jogo; um professor comentou sobre o tamanho do questionário, sendo uma

atividade com aplicação muito rápida. Embora tenha sido detectado como problema, essa foi

Page 81: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

79

uma das intenções de produzi-lo nesse formato, o fato de possibilitar uma tarefa de avaliação

da compreensão do conteúdo rápida e fácil de ser corrigida, possibilitando dar um retorno a

turma de forma ágil; sobre os materiais produzidos pelo SUS, foi feito uma observação em

relação a esses materiais não apresentarem muito cuidado no uso das metáforas, o que pode

trazer um entendimento errôneo sobre essas viroses; e a atividade apontada como menos

interessante (opinião de 4 educadores), foi a segmentação de texto por questões, escolha que

não foi justificada por nenhum deles.

Os aspectos positivos do livro eletrônico apontados pelos professores foram:

� Linguagem adequada.

� Qualidade do conteúdo.

� Material de fácil visualização.

� Instruções para o uso produtivo.

� Fácil acessibilidade e manuseio.

� Material multimídia de qualidade.

� Reunião de diversas fontes de informações.

� Disponibilização de bibliografia pertinente.

� Apresenta diferentes formas de abordar os conteúdos.

� Apresenta linguagem simples e fácil de ser assimilada.

� Resume de forma bastante didática os conteúdos abordados.

� Facilidade em busca de informações sobre os assuntos propostos.

� Propostas metodológicas e formas de uso variável de vários equipamentos.

� Possibilidade de trabalhar em sala o gênero textual da divulgação científica.

� As imagens apresentadas favorecem a construção do conhecimento.

� Agrega valor ao instrumento através de recursos pedagógicos variados e muito bem

estruturados.

� Aborda os temas de forma clara e concisa e traz propostas de atividades acessíveis aos

recursos dos alunos.

� Estimula a criatividade e envolve o interesse a partir de ferramentas de comum

utilização dos alunos como celular, Orkut e Facebook.

� Uso de metodologias que chamam a atenção dos alunos como os jogos e metodologias

que os incentivam a leitura e raciocínio, como os textos científicos e a ABP.

Page 82: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

80

A seguir são colocados os aspectos negativos do livro eletrônico apontados pelos

professores seguidos por comentários sobre cada situação pontuada.

� Dificuldades de uso da internet.

Possivelmente esse é um aspecto pessoal do professor que não domina com plenitude o uso da

internet.

� Demora em abrir as páginas do livro eletrônico.

A demora em abrir as páginas do livro virtual está vinculada a velocidade de conexão da

internet, portanto, a rapidez para as informações serem acessíveis não depende da estrutura do

e-book.

� Pouca divulgação em escolas.

O livro virtual foi divulgado para avaliação dos professores no grupo do SBEnBIO composto

por 1044 associados e por alunos professores do Mestrado da PUC Minas. Logo, inicialmente

o material foi exposto a um público aproximado de 1050 professores, além de estar acessível

na internet para todos os usuários. Pretende-se ampliar sua divulgação através da exposição da

pesquisa em eventos científicos e em sites que aceitam divulgar esse tipo de material.

� Limitação no acesso por parte da população.

A forma encontrada para possibilitar o alcance e divulgar o material foi a internet por ser um

meio acessível em qualquer parte do planeta. Dessa forma, é possível vencer as fronteiras

geográficas e presenciais, mas, estamos cientes que infelizmente a internet ainda não está

acessível para todas as pessoas.

� Material extenso, sendo necessárias muitas aulas para abordar o assunto.

A primeira atividade, ideias prévias, foi sugerida justamente para diagnóstico de quais tópicos

e aspectos devem ser priorizados na abordagem, podendo o professor propor as atividades que

melhor convier a ele a seus alunos, não sendo necessário abordar todo o conteúdo e-book.

Isso é facilitado pela individualização de cada atividade proposta.

� O livro traz alguns termos técnicos que não seriam facilmente entendidos por um leigo

na área das ciências biológicas, restringindo o uso somente a um trabalho com a

supervisão de um professor de ciências ou biologia.

O material foi elaborado para que os professores possam aprofundar o assunto e esclarecer

termos biológicos desconhecidos. Ressalta-se que os educandos podem, ao longo de suas

vidas, terem acesso ou deparar com situações ou informações em que esses termos serão

Page 83: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

81

empregados, dessa forma é importante que no ambiente escolar tais termos da área sejam

abordados e “decodificados”. Além disso, foram disponibilizadas no e-book sugestões de

leituras complementares que podem ser consultadas pelos professores para aprofundamento e

esclarecimento de dúvidas sobre a temática.

Após analisar o livro eletrônico, 93,9% dos professores declararam que usariam as

estratégias desse material em sala de aula, pois, o e-book proposto mantém os alunos bem

informados sobre sua saúde; torna as aulas mais diversificadas e atrativas; possui

metodologias que estimulam os alunos; possui uma linguagem bem didática a respeito de

temas na maioria das vezes difíceis de serem trabalhados em sala de aula; é um material

objetivo; facilita a exposição do tema; apresenta estratégias acessíveis, mesmo se tratando de

um trabalho com alunos de baixa renda; apresenta produções criativas e de baixo custo e por

abranger de forma diferente o conteúdo.

Apenas um professor afirmou que não usaria o e-book proposto por não ser uma

estratégia que auxilia grande parte dos alunos. E um professor declarou que usaria

parcialmente o material, especificamente as ideias alternativas e avaliações, sendo as demais

tarefas aplicadas como atividade extraclasse.

Com base nos dados obtidos percebe-se que na visão dos professores avaliadores o e-

book Educação em saúde nas escolas: Uma abordagem sobre as doenças viróticas AIDS,

dengue e gripe foi bem aceito, não apresentou grandes problemas de elaboração, possui uma

qualidade admissível, e apresenta boas possibilidades de atingir seu objetivo, ou seja, ser

utilizado pelos professores para ampliar a abordagem do conteúdo sobre as viroses AIDS,

dengue e gripe expondo novas situações de aprendizado com intuito de dinamizar a

abordagem, possibilitando complementação do livro didático e apresentando alternativas de

estratégias didáticas diferentes.

Page 84: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

82

6 CONCLUSÃO

Uma forma de promover a educação em saúde é investir na informação e,

sabidamente, a escola é um dos principais locais passíveis de intervenção nesse campo.

Torna-se, portanto, urgente e necessário colocar em prática atividades escolares que abordem

temáticas em prol da educação em saúde, o que significa ir além do conteúdo proposto nos

livros didáticos e considerar, por exemplo, questões relacionadas às experiências de vida dos

alunos e das comunidades em que vivem.

A investigação realizada nesse trabalho mostrou que, embora os livros didáticos sejam

uma ferramenta essencial para o ensino, as informações sobre doenças virais, ainda que

presentes, são insuficientes quando se almeja ações de educação para a saúde. O conteúdo de

doenças viróticas é encontrado basicamente no capítulo destinado a vírus, em que a ênfase

está mais voltada para a definição e caracterização biológica desses microrganismos. Apesar

de algumas vezes o tema aparecer dentro de outros conteúdos nos livros didáticos, a

abordagem é bastante simplificada. As estratégias e os aportes governamentais dedicados à

promoção da saúde, através das políticas públicas de saúde mostram-se insuficientes para o

atendimento das demandas educacionais da população, tornando ainda mais relevante o papel

da educação em saúde no ambiente escolar.

Sabe-se que nem sempre é possível promover/incorporar novas informações de

imediato nos LD, sendo importante complementá-lo com materiais que permitam mantê-los

atualizados. Isso ocorre, pois, o processo de confecção e editoração demanda tempo, e uma

mesma edição de um livro é utilizada por três anos consecutivos, não sendo possível manter

os conteúdos atualizados de acordo com a velocidade em que as informações têm sido

apresentadas na atualidade, ou seja, com veiculação das informações próxima ao tempo real

dos acontecimentos. No contexto educacional para educação em saúde, isso não é ideal, pois,

por exemplo, as medidas preventivas de doenças que deveriam ser ensinadas ou revisadas no

momento em que ocorre um surto com intuito de fornecer informações, esclarecer dúvidas e

evitar contágios, na maioria das vezes, não está disponível nos LD. Nesse contexto, pode-se

exemplificar o caso da dengue. Embora se tenha registrado várias epidemias dessa virose,

desde a década de 1990, observa-se que não houve mudanças significativas na sua abordagem

nos LD no sentido de fornecer informações consistentes e atualizadas para os estudantes, o

que seria de extrema importância para prevenir o aparecimento de novos casos da doença.

No intuito de facilitar o vínculo e a responsabilização da comunidade escolar, que

envolve professores, alunos, funcionários e familiares, aqui foi proposto um livro eletrônico

Page 85: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

83

para o professor, complementar ao livro didático, para que os professores possam atuar com

seus alunos, principalmente, na perspectiva de fortalecer aspectos de promoção em saúde

preventiva. O livro do professor propõe a utilização de metodologias participativas que

favorecem o diálogo entre a escola e os problemas enfrentados pela sociedade com objetivo

de proporcionar um ensino significativo. Foi promovida a valorização dos procedimentos de

pesquisa através do uso de ferramentas como observação, leituras e produção de materiais,

proporcionando ao aluno um contato dirigido com a realidade em que ele está inserido. A

escolha da elaboração de um livro virtual, além de complementar as informações dos LD,

possibilita a inserção de novas formas de abordagem do conteúdo por possibilitar o emprego

de recursos de mídia impossíveis de serem utilizados nos livros impressos.

Além de proporcionar uma abordagem atualizada e consistente das viroses AIDS,

dengue e gripe, o livro eletrônico também possibilitou informar e divulgar diferentes

metodologias que podem ser empregadas, com as devidas adaptações, na abordagem de

outros conteúdos podendo contribuir assim na formação continuada dos professores.

Adicionalmente, por ser digital, a inserção de novos conteúdos e a atualização das

informações ficam facilitadas, o que constitui uma vantagem importante no contexto da

educação em saúde.

Uma análise preliminar mostrou que o livro eletrônico foi bem aceito e poderá

contribuir para o aprimoramento do processo de ensino e de aprendizagem das viroses

dengue, AIDS e gripe, colaborando assim, para a educação em saúde na escola. Ressalta-se

ainda que o processo de elaboração do livro virtual aqui apresentado pode ser replicado e/ou

reinventado de acordo com a realidade local de cada contexto escolar.

Page 86: Dissertação Mariana de Oliveira Barcelos

84

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES

1. Você aborda as viroses AIDS, dengue e gripe na sala de aula?(Se a resposta for negativa pule para a questão 4).

� Sim � Não

2. Em qual ano e dentro de qual conteúdo ocorre essa abordagem? 3. Quais os recursos didáticos você utiliza para a abordagem dessas viroses?

( ) Livro didático; ( ) Uso de imagens (fotos, figuras, etc.); ( ) Animações; ( ) Apresentações de PowerPoint; ( ) Vídeos; ( ) Outros: Quais:________________________

4. Visualize o E-book “EDUCAÇÃO EM SAÚDE NAS ESCOLAS: Uma abordagem sobre as doenças viróticas AIDS, Dengue e Gripe” disponível em: http://www.myebook.com/ebook_viewer.php?ebookId=113534 e atribua uma nota para as seguinte estratégias de ensino utilizadas no livro eletrônico (1-5):

ESTRATÉGIA DE ENSINO NOTA Uso de questionário Segmentação de texto Aprendizagem Baseada em Problemas

Uso de textos de divulgação científica

Produção de material multimídia

Uso de cartilhas e materiais do Sistema Único de Saúde (SUS)

Jogo

5. Enumere aspectos positivos para o livro eletrônico proposto

6. Enumere aspectos negativos para o livro eletrônico proposto.

7. Você usaria as estratégias desse material em sala de aula? Por quê?

8. Entre as estratégias propostas, qual você achou mais interessante?

9. E a menos interessante?

10. Qual nota você atribui para esse livro eletrônico? (1-5)