DISSERTAÇÃO BORJA, OSCAR UFS 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO E PESQUISA NCLEO DE PS-GRADUAO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE REA DE CONCENTRAO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

OSCAR RODRIGO PESSOA BORJA

TICA & EDUCAO AMBIENTAL: ESTUDO DA PERCEPO AMBIENTAL DA ALTA ADMINISTRAO DAS AGNCIAS DE VIAGEM DO ESTADO DE SERGIPESUBSDIOS PARA A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL EMPRESARIAL NO PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA/SE

MARO - 2010 So Cristvo - Sergipe - Brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO E PESQUISA NCLEO DE PS-GRADUAO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE REA DE CONCENTRAO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

OSCAR RODRIGO PESSOA BORJA

TICA & EDUCAO AMBIENTAL: ESTUDO DA PERCEPO AMBIENTAL DA ALTA ADMINISTRAO DAS AGNCIAS DE VIAGEM DO ESTADO DE SERGIPESUBSDIOS PARA A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL EMPRESARIAL NO PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA/SE

Dissertao de Mestrado apresentada ao Ncleo de Ps-Graduao em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe, como parte dos requisitos exigidos para a obteno do ttulo de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Orientador: Prof. Dr. Paulo Sergio Maroti

MARO - 2010 So Cristvo - Sergipe - Brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO E PESQUISA NCLEO DE PS-GRADUAO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE REA DE CONCENTRAO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE

OSCAR RODRIGO PESSOA BORJA

TICA & EDUCAO AMBIENTAL: ESTUDO DA PERCEPO AMBIENTAL DA ALTA ADMINISTRAO DAS AGNCIAS DE VIAGEM DO ESTADO DE SERGIPESUBSDIOS PARA A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL EMPRESARIAL NO PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA, SE

Dissertao de Mestrado apresentada ao Ncleo de Ps-Graduao em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe, como parte dos requisitos exigidos para a obteno do ttulo de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente, defendida por Oscar Rodrigo Pessoa Borja e aprovada em 27 de maro de 2010 pela banca examinadora constituda pelos doutores:

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Este exemplar corresponde verso final da Dissertao de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

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concedida ao Ncleo responsvel pelo Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Sergipe permisso para disponibilizar, reproduzir cpias desta dissertao e emprestar ou vender tais cpias.

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Se eu pudesse... Se eu pudesse deixar algum presente a voc, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A conscincia de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos para que no mais se repetissem . A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para voc, se pudesse, o respeito quilo que indispensvel: Alm do po, o trabalho; Alm do trabalho, a ao; e quando tudo mais faltasse, Um segredo: O de buscar no interior de si mesmo, a resposta e a fora para encontrar a sada. (Mahatma Gandhi)

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AGRADECIMENTOS

Eu s peo a Deus que a dor no me seja indiferente, Que a morte no me encontre um dia, Solitrio sem ter feito o que eu queria; Eu s peo a Deus que a injustia no me seja indiferente, Pois no posso dar a outra face, Se j fui machucado brutalmente; Eu s peo a Deus que a guerra no me seja indiferente, um monstro grande e pisa forte, Toda a pobre inocncia dessa gente; Eu s peo a Deus que a mentira no me seja indiferente, Se um traidor tem mais poder que um povo, Que esse povo no esquea facilmente; Eu s peo a Deus que o futuro no me seja indiferente, Sem ter que fugir desenganado, Para viver uma cultura diferente; (Leon Gieco & Raul Ellwanger)

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RESUMO Para alm de construir um instrumento de gesto ambiental explcito de boas prticas sobre as fronteiras da interveno empresarial no meio ambiente e os limites ticos que devem regular essa ao, este trabalho exploratrio sistematizou um modelo cientfico que analisa a Responsabilidade Social Empresarial dos recursos naturais, socioculturais e econmicos em Unidades de Conservao de forma multidisciplinar aos critrios de percepo dos empresrios sobre tica, meio ambiente, responsabilidade e educao ambiental. Neste sentido, foi realizado de forma intencional, um estudo de campo com entrevistas semiestruturadas com dezessete (17) agncias, tendo como pr-requisito serem registradas na Associao Brasileira de Agncias de Viagem ABAV-SE e que j atuam e/ou desejam atuar no Plo Serras Sergipanas, roteiro turstico Trilhas no ParNa Serra de Itabaiana. A avaliao da educao ambiental da alta administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe positiva enquanto discurso de utilizao do meio, mas no funciona na prtica, uma vez que a questo ambiental no estratgica para as empresas, havendo assim, poucos investimentos nessa rea. Percebe-se que a educao ambiental que tem orientado comportamentos, atitudes e percepes tem uma abordagem prioritariamente econmica neoclssica no podendo ser considerada como uma Educao Ambiental, designadamente difundida na proposta do tratado das sociedades sustentveis e responsabilidade global (emancipatria, transformadora, participativa, abrangente, permanente, contextualizada, tica e interdisciplinar). Do ponto de vista tico, discutiu-se o aprofundamento epistemolgico das correntes clssicas da filosfica moral com aprofundamento do exame da concepo pragmtica analtica, detalhado no funcionamento do princpio da responsabilidade: ensaio de uma tica para a civilizao tecnolgica, constatando a hiptese que a tica e os julgamentos morais dos gestores esto desassociados da idia de valores universais de responsabilidade devido crise perceptiva da relao homem/natureza, o que dificulta a efetivao de um projeto pedaggico de educao ambiental empresarial em Unidades de Conservao. A pesquisa espera ter contribudo com a cultura tica empresarial responsvel nas Agncias de Viagem no s do Estado de Sergipe, uma vez que o futuro das sociedades sustentveis depende do equilbrio sustentvel em suas dimenses econmicas, sociais e ambientais de forma global e localmente responsveis. Por fim, a pesquisa acredita que pode at ser utpico a superao do sujeito responsvel com as geraes futuras. Contudo, qualquer indivduo educado e disciplinado com a realidade do seu ambiente pode ser um eterno agente de mudanas se conseguir fazer uma autocrtica de suas atitudes criadas em relao ao mundo. Palavras-Chave: Responsabilidade Social Empresarial. Sustentvel. Educao Ambiental Empresarial. tica Empresarial. Turismo

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ABSTRACT

Besides constructing an explicit environmental management instrument of good practices about the business intervention borderlines on the environment and the ethical limits that must regulate this action, this exploratory paper systematizes a scientific model which analyzes the Social Business Responsibility of the natural, social cultural and economic resources in Conservation Units at a multi-disciplined way about the managers perceptions criteria of ethic, environment, responsibility and environmental education. Thus, it was intentionally done a field research using semi-structured interviews with seventeen (17) travel agencies which needed to be registered on the Brazilian Travel Agencies Association BTAA of Sergipe- SE, as well as which act or eager to act in the Plo Serras Sergipanas, roteiro turstico Trilhas no ParNa Serra de Itabaiana. The environmental evaluation of these travel agencies high administration is positive as a speech of how to use it; however it does not work practically, since the environmental subject is not strategically placed at these travel agencies, so it has few investments on this field. It is noticeable that the environmental education which has guided behaviors, attitudes and perceptions has a neoclassic economical approach only, therefore it cannot be considered as Environmental Education, specifically spread on the basis of the sustainable and globally responsible society pact (emancipated, transforming, participative, wide, permanent, contextualized, ethic and inter-disciplined). On a ethic point of view, it was discussed the epistemological aspect of the classic tendency of the moral philosophy delving into the analytical pragmatic conception exam, detailed on the functioning of the responsibility principle: essay of an ethic for a technologic civilization, checking the hypothesis that the managers ethic and moral judgments are disconnected to the universal values idea of responsibility due to the relation man/nature perspective crisis, which difficult the effectiveness of a business environmental educational pedagogical project in Conservation Units. The research intends to contribute to the responsible business ethical culture at the Travel Agencies, not only in the state of Sergipe, since the future of the sustainable societies depend on the sustainable balance of the economic, social and environmental dimensions, in a global and local responsible way. Therefore, the research believes that it can even be utopia the surpassing of the responsible human being with the generations to come. However, any disciplined and educated human being in accordance to the reality of his/her environment can be an eternal changing agent if he/she is able to do an self-critic of his/her attitudes created in relation to the world. Keywords: Social Responsability Business. Ethic Business. Sustainable Tourism.

Environmental Educational Business.

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LISTAS DE ILUSTRAES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12

Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 Figura 20 Figura 21 Figura 22 Figura 23 Figura 24

Modelo atual de desenvolvimento, baseado na produo e consumo.................... Esquema de integrao e cooperao horizontal................................................... Modelo de responsabilidade social........................................................................ Diagrama de distncia entre o ponto de deciso e a interface homem/meio ambiente................................................................................................................. Diagrama de hipteses entre o ponto de deciso e a interface homem/meio ambiente.................................................................................................................. Gesto do Turismo PNT 2007- 2010...................................................................... Mapa dos Plos Tursticos de Sergipe................................................................... Mapa incorporando novos plos tursticos e territoriais de identidade.................. As trs perspectivas paradigmticas da Educao Ambiental................................ Enfoque Metodolgico........................................................................................... Mapa completo. Trilhas, povoaes, limites, principais coordenadas Geogrficas............................................................................................................. Matas de encostas no este da serra de Itabaiana. Vista da cidade de Itabaiana e serras do sistema, porm fora do Parque: Trs Picos (centro da imagem) e Miaba ( esquerda)................................................................................................. Vertente oeste da serra, nos povoados Bulacinza e Gandu, no municpio de Itabaiana. Observar as zonas desmatadas para pastagem de gado......................... Visitantes no Poo das Moas no comeo do sculo XXI..................................... Diagrama de distncia entre o ponto de deciso e a interface homem/meio ambiente.................................................................................................................. Domnios possveis da aplicao da anlise de contedo....................................... Fluxo Operacional das Agncias de Viagens......................................................... Responsabilidade Social da Empresa..................................................................... Modelo de sistema de gesto ambiental para esta Norma...................................... Planejamento Estratgico, Ttico e Operacional.................................................... Administrao Estratgica...................................................................................... Estratgia Competitiva........................................................................................... Cadeia de Valores................................................................................................... Site da Fundao Brasileira para o desenvolvimento Sustentvel.........................

20 21 22 31 37 67 72 73 78 96 106

107 108 109 115 133 149 186 187 188 190 191 191 221

LISTA DE GRFICOS Grfico 1 Grfico 2 Grfico 3 Grfico 4 Grfico 5 Grfico 6 Grfico 7 Grfico 8 Grfico 9 Cobertura de coleta de lixo por territrios de planejamento.................................. 59 Cobertura de esgotamento sanitrio por territrios............................................... 59 Percentual de domiclios com abastecimento de gua ligado rede pblica........ 60 Resultados do Proagncia...................................................................................... 141 Funcionrios Treinados em 2005.......................................................................... 141 Categoria de significado do ParNa Serra de Itabaiana.......................................... 150 Categoria de uso do ParNa Serra de Itabaiana...................................................... 153 Uso do ParNa Serra de Itabaiana.......................................................................... 157 Porcentagem de entrevistados que gerenciam o impacto no entorno do ParNa Serra de Itabaiana................................................................................................. 164

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Grfico 10 Porcentagem de entrevistados que realizam pesquisas no entorno do ParNa Serra de Itabaiana................................................................................................. 165 Grfico 11 Porcentagem de entrevistados que convidam moradores no entorno do ParNa Serra de Itabaiana para participar de reunies...................................................... 166 Grfico 12 Porcentagem de entrevistados que contratariam pessoas que residem no entorno do ParNa Serra de Itabaiana.................................................................. 167 Grfico 13 Comprometimento da Empresa com a melhoria estratgica da qualidade ambiental................................................................................................................ 189 Grfico 14 As dimenses externas da RSE.............................................................................. 193 Grfico 15 Prticas Empresariais............................................................................................ 195 Grfico 16 Cdigo de tica..................................................................................................... 207

LISTA DE QUADROS Quadro 1 Quadro 2 Quadro 3 Quadro 4 Quadro 5 Quadro 6 Quadro 7 Quadro 8 Quadro 9 Quadro 10 Quadro 11 Quadro 12 Quadro 13 Quadro 14 Quadro 15 Quadro 16 Quadro 17 Atores Secundrios entrevistados na Pesquisa .................................................... Tradies Filosficas ticas................................................................................. Estgios de desenvolvimento moral segundo KOHLBERG, 1981...................... Representaes Ambientais................................................................................. Estrutura de Coordenao: Programa de Regionalizao do Turismo................. Macroprograma 4 Regionalizao do Turismo.................................................... Correntes da Educao Ambiental....................................................................... Novo e velho paradigma...................................................................................... Distribuio do universo da pesquisa e da amostra prevista e realizada.............. Enquadramento de empresas por pessoal ocupado.............................................. Concepo do termo tica pela Alta Administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe............................................................................................ Concepo do termo Responsabilidade pela Alta Administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe......................................................................... Concepo do termo Meio Ambiente pela Alta Administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe......................................................................... Concepo do termo Educao Ambiental pela Alta Administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe......................................................... Estgios de desenvolvimento moral segundo Kohlberg, 1981........................ Exemplo de atitudes que demonstram que os empresrios so antiticos........... Maiores operadoras de turismo do Brasil, 2006.................................................. 33 50 52 58 70 70 77 82 114 142 173 176 180 182 200 203 223

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Percentual das agncias que atuam e/ou desejam atuar no ParNa Serra de Itabaiana................................................................................................................. Nacionalidade, sexo, idade, estado civil dos empresrios..................................... Experincia com turismo, com o turismo ecolgico e exerccio de outra atividade remunerada............................................................................................. Escolaridade e rea de graduao.......................................................................... O porte das empresas conforme nmero de pessoas trabalhando.......................... Nmero de trabalhadores da empresa.................................................................... Disponibilidade de Equipamentos........................................................................

136 138 138 139 143 143 144

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Tabela 8 Percentual de agncias segundo a modalidade de turismo na qual atua................ Tabela 9 Percentual de agncias segundo a abrangncia de suas atividades........................ Tabela 10 Nmero e porcentagem de entrevistados com relao ao nmero de visitas ao ParNa Serra de Itabaiana. ...................................................................................... Tabela 11 Motivo e porcentagem de entrevistados que nunca visitaram o ParNa Serra de Itabaiana................................................................................................................. Tabela 12 Porcentagem e Freqncia de citaes quanto ao julgamento da responsabilidade sobre o uso do ParNa Serra de Itabaiana. .................................. Tabela 13 Nmero, porcentagem e porcentagem acumulada dos entrevistados relativos a DaP anual (em Reais)............................................................................................. Tabela 14 Porcentagens atribudas pelos entrevistados aos valores de uso e aos valores de no-uso do ParNa Serra de Itabaiana..................................................................... Tabela 15 Porcentagem e Freqncia de citaes quanto ao uso do entorno do ParNa Serra de Itabaiana............................................................................................................ Tabela 16 Porcentagem e Freqncia de citaes quanto ao julgamento da responsabilidade sobre a preservao do ParNa Serra de Itabaiana.....................

145 146 152 152 154 156 157 162 208

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LISTA DE SIGLAS

ABAV Associao Brasileira de Agncias de Viagens. ABETA Associao Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas. ABNT/MTUR Normalizao em Turismo. ABEMA Associao Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente ADEMA Administrao Estadual do Meio Ambiental ANAMMA Associao Nacional de Municpios e Meio Ambiente ANP Agncia Nacional do Petrleo BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD Banco Internacional para a Reconstruo e o Desenvolvimento CADASTUR Ministrio do Turismo. CAN Conservao de reas Naturais CNMA Conferncia Nacional do Meio Ambiente CTTE Comisso Tcnica Tripartite Estadual CEMA Conselho do Meio Ambiente CNPT Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populaes Tradicionais CNT Conselho Nacional de Turismo CNUMAD Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente CODISE Companhia de Desenvolvimento Industrial e de Recursos EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo FEVECC Frum das Agncias de Viagens Especializadas em Contas. DAP Diretoria de reas Protegida DEA Diretoria de Educao Ambiental DESENVOLVER-SE Plano de Desenvolvimento Sergipe DIVEA Diviso de Estudos Ambientais EIA Estudo de Impacto Ambiental EMA Estado Maior da Armada Ministrio da Defesa EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo/Instituto Brasileiro de Turismo EAEB Educao Ambiental Empresarial no Brasil EMSETUR Empresa Sergipana de Turismo EI Instituto Elmwood FAO Organizao das Noes Unidas para Agricultura e Alimentao FNAP Frum Nacional de reas Protegidas FBDS Conselho Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentvel FNMA Fundo Nacional do Meio Ambiente FATMA Fundao do Meio Ambiente FBCN Fundao Brasileira para a Conservao da Natureza FUNBIO Fundo Brasileiro para a Biodiversidade FIB Felicidade Interna Bruta FMI Fundo Monetrio Internacional GEF Fundo Global para o Meio Ambiente IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis IBDF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IDEMA Instituto de Desenvolvimento Econmico e Meio Ambiente ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade IDH ndice de Desenvolvimento Humano

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IEB Instituto de Estudos Brasileiros IEF Instituto Estadual de Florestas IPEX Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IBAMA ONLINE Tecnologias Ambientalmente Saudveis (TAS) IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. INEP Educao No-Formal. IFTA Federao Internacional das Agncias de Viagem INMETRO/CERFLOR Certificao Florestal. IEMA Instituto Estadual de Meio Ambiente e de Recursos Hdricos IESB Instituto de Estudos Socioambientais IF Instituto Florestal IMA Instituto do Meio Ambiente IMAFLORA Instituto de Manejo e Certificao Florestal e Agrcola IUCN(WCPA) Unio Mundial para a Conservao da Natureza MVC Mtodo de Valorao Contingente MVSP Multi Variate Statistical Package MMA Ministrio do Meio Ambiente. NEA Ncleo de Educao Ambiental NUC Ncleo de Unidades de Conservao OIT Organizao Internacional do Trabalho OMT Organizao Mundial do Trabalho ONG Organizao No-Governamental ONU Organizao das Naes Unidas OSCIP Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico PARNA Parques Nacionais PDITS Planos de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentvel PDTUR Plano Municipal de Desenvolvimento do Turismo Sustentvel PDSTS Plano de Desenvolvimento Sustentvel do Turismo de Sergipe 2009-2014 PIB Produto Interno Bruto PLANTUR Plano Nacional de Turismo PNMT Programa Nacional de Municipalizao do Turismo PNT Programa Nacional do Turismo PNC Capacitao de Gesto Ambiental PRODETUR Programa de Ao para o Desenvolvimento do turismo PNMA Poltica Nacional de Meio Ambiente PNAP Plano Nacional de reas Protegidas PNF Programa Nacional de Florestas PP Planejamento Participativo PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento ProNEA Programa Nacional de Educao Ambiental PNEA Poltica Nacional de Educao Ambiental RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentvel Zona Econmica Exclusiva SAS Statiscal Analyses Software SBF Secretaria de Biodiversidade e Florestas SDS Secretaria de Polticas para o Desenvolvimento Sustentvel SQS Superintendncias de Qualidade Ambiental, Desenvolvimento e Educao Ambiental SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente SEMAR Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais SEMARH Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hdricos SEPLAN Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente

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SINIMA SISNAMA Sindetur-SP SGI SGA SNUC SQA SUDEMA SEBRAE UC UFS UFRJ UNESCO UNEP WCMC WWF UNWTO UFTAA WYSTC

Sistema Nacional de Informaes sobre o Meio Ambiente Sistema Nacional do Meio Ambiental Sindicato das Empresas de Turismo do Estado de So Paulo Sistema de Gesto Integrado Sistema de Gesto Ambiental Sistema Nacional de Unidades de Conservao Secretaria de Qualidade Ambientalista Superintendncia do Meio Ambiente Servio Brasileiro de Apoio a Pequena e Mdia Empresa Unidade de Conservao Universidade Federal de Sergipe Universidade Federal do Rio de Janeiro Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente Centro de Monitoramento da Conservao Mundial Fundo Mundial para a Natureza World Tourism Organization. Federao Universal das Associaes de Agncias de Viagens World Youth and Student Travel Conference.

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SUMRIO 1 INTRODUO............................................................................................................. 1.1 Apresentao do tema................................................................................................ 1.2 Justificativa................................................................................................................. 1.3 Contextualizao do Problema................................................................................. 1.4 Relevncia do Estudo................................................................................................ 1.5 Definindo a estrutura da pesquisa .......................................................................... 1.6 Delimitao do Tema da Pesquisa .......................................................................... 1.7 Construo Lgica da Questo da Pesquisa............................................................ 1.8 Objetivo....................................................................................................................... 1.8.1 Objetivo Geral........................................................................................................... 1.8.2 Objetivos Especficos................................................................................................ 1.9 Hiptese de Pesquisa ................................................................................................. 1.9.1 Hiptese Geral da Dissertao.................................................................................. 1.9.2 Hipteses Secundrias.............................................................................................. 2 FUNDAMENTAO TERICA .............................................................................. 2.1 Orientaes ticas e Responsabilidade Social Empresarial.................................. 2.1.1 Concepo de Responsabilidade Socioambiental Empresarial................................. 2.1.2 Definio de tica..................................................................................................... 2.1.3 Definio de tica empresarial ................................................................................ 2.1.4 Escolas de Pensamento tico.................................................................................... 2.1.4.1 A tica Deontolgica............................................................................................. 2.1.4.2 A tica Teleolgica................................................................................................ 2.1.4.3 A tica Libertariana de Justia............................................................................. 2.1.4.4 A tica Contratualista........................................................................................... 2.1.4.5 A tica das Virtudes............................................................................................... 2.1.4.6 A tica da Responsabilidade................................................................................. 2.1.5 Julgamento moral e responsabilidade....................................................................... 2.2 Sustentabilidade, Turismo e Responsabilidade Social........................................... 2.2.1 Construo da responsabilidade social e turismo..................................................... 2.2.1.1 Conceito de turismo............................................................................................... 2.2.1.2 Desenvolvimento e Sustentabilidade...................................................................... 2.2.2 Responsabilidade social como estratgia sustentvel para o turismo...................... 2.2.3 Turismo e Responsabilidade social no contexto Brasileiro.................................... 2.2.3.1 Primeira fase: turismo e responsabilidade social................................................. 2.2.3.2 Segunda fase: a democratizao........................................................................... 2.2.3.3 Terceira fase: gesto para a responsabilidade social 2003-2007/20072010................................................................................................................................. 2.2.3.3.1 Plano Nacional de Turismo 2003-2007.............................................................. 2.2.3.3.2 Plano Nacional de Turismo 2007-2010.............................................................. 2.2.4 Programa de Regionalizao do Turismo Roteiros do Brasil................................ 2.2.5 A Evoluo do Turismo no contexto de Sergipe..................................................... 2.2.5.1 Regionalizao do Turismo no Estado de Sergipe................................................ 2.2.5.2 Plano Estratgico de desenvolvimento sustentvel do turismo de Sergipe 2009/2014.......................................................................................................................... 2.3 Educao Ambiental e Responsabilidade Social .................................................... 2.3.1 Educao Ambiental: em direo a sustentabilidade e responsabilidade social.... 2.3.2 Marcos que legitimam a EA no contexto empresarial.............................................. 19 20 23 25 26 28 29 30 34 35 35 36 37 38 41 42 43 44 46 47 47 47 48 48 48 49 50 52 55 55 56 58 63 63 64 66 66 67 69 71 71 74 76 77 79

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2.3.3 O paradigma da educao ambiental empresarial..................................................... 2.3.4 Evoluo da EA e da RSE nas Agncias de Viagem no Mundo e Brasil................. 2.3.5 O desafio da incorporao da educao ambiental e da responsabilidade social nas agncias de viagem...................................................................................................... 2.3.6 Brasil/Sergipe: avaliao das Agncias de Viagens Abavianas............................... 3 METODOLOGIA ........................................................................................................ 3.1 Desenho da Pesquisa ................................................................................................. 3.1.1 A escolha do Paradigma............................................................................................ 3.1.2 Apresentao metodolgica ..................................................................................... 3.1.2.1 Classificao da pesquisa ..................................................................................... 3.1.2.2 Delineamento da pesquisa .................................................................................... 3.1.2.3 Operacionalizao da pesquisa............................................................................. 3.2 reas Protegidas: Parque Nacional Serra de Itabaiana........................................ 3.2.1 Localizao e rea de estudo .................................................................................... 3.2.2 Parque Nacional no Brasil e no Estado de Sergipe................................................... 3.2.3 Efetividade da implementao do ParNa Serra de Itabaiana.................................... 3.2.4 Pblico do entorno do ParNa Serra de Itabaiana...................................................... 3.3 Procedimento da Pesquisa - Fase 1 Contextualizao ........................................ 3.3.1 Universo/ populao/ amostra para as entrevistas................................................... 3.3.2 Encaminhamento metodolgico do trabalho.......................................................... 3.3.3 Mtodo Cientfico Utilizado.................................................................................. 3.4 Procedimento da Pesquisa - Fase 2 Instrumento de Coleta de Dados .............. 3.4.1 Trabalho de campo.................................................................................................... 3.4.2 Entrevista ................................................................................................................. 3.4.3 Variveis, indicadores e conceitos operacionais utilizados para coleta de dados..... 3.4.3.1 A operacionalizao das variveis ....................................................................... 3.4.3.2 Caracterizao do perfil scio-cultural da alta administrao pesquisada......... 3.4.3.3 Aspecto de significado e possibilidade de uso da alta administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe em relao ao ParNa Serra de Itabaiana..... 3.4.3.4 Aspecto da percepo ambiental da alta administrao sobre a comunidade de Entorno do ParNa Serra de Itabaiana, visando a conservao........................................ 3.4.3.5 Valores da alta administrao das agncias sobre de meio ambiente, educao ambiental, tica e responsabilidade.................................................................................. 3.4.3.6 Percepes da alta administrao quanto s responsabilidades com a preservao do ParNa Serra de Itabaiana........................................................................ 3.5 Procedimento da Pesquisa - Fase 3 Tcnicas Utilizadas na Tabulao e Anlise dos Dados............................................................................................................ 3.5.1 Tabulao dos dados coletados ................................................................................ 3.5.2 Anlise das informaes .......................................................................................... 3.5.3 Descrio analtica funcional.................................................................................... 3.5.4 Operacionalizao da anlise de contedo ............................................................... 4 RESULTADOS EMPRICOS E DISCUSSO.......................................................... 4.1 Anlise Descritiva da Amostra ................................................................................ 4.1.1 Perfil sociocultural da alta administrao................................................................. 4.1.2 Tempo de Atuao e Exerccio de outra Atividade.................................................. 4.1.3 Educao Formal da alta administrao .................................................................. 4.2 Caracterizao do Setor de Agenciamento no Estado de Sergipe......................... 4.2.1 Caracterizao das Empresas.................................................................................... 4.2.2 Porte das Empresas...................................................................................................

81 84 85 88 92 93 98 101 102 102 103 104 104 105 108 111 113 113 115 116 118 118 121 122 124 124 126 127 128 128 129 130 130 132 134 136 136 137 138 139 142 142 142

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4.2.3 Localizao............................................................................................................... 4.2.4 Disponibilidade de equipamentos............................................................................. 4.2.5 Caracterizao da atuao da empresa...................................................................... 4.2.6 Distribuicao dos clientes atuais segundo a Origem ................................................. 4.2.7 Principais Resultados................................................................................................ 4.3. Analise dos significados e do uso do ParNa Serra de Itabaiana pela alta administrao das agncias de viagem do Estado de Sergipe...................................... 4.3.1 Anlise de Significado ............................................................................................. 4.3.2 Atribuies de Uso sobre o ParNa Serra de Itabaiana ............................................. 4.3.3 Anlise do julgamento da responsabilidade sobre o uso do ParNa Serra de Itabaiana pelas Agncias de Turismo de Sergipe.............................................................. 4.3.4 Pagamento para acesso ao ParNa Serra de Itabaiana................................................ 4.3.5 Principais Resultados................................................................................................ 4.4 Analise percepo do Entorno do ParNa Serra de Itabaiana................................ 4.4.1 Gerenciamento dos Impactos no entorno do ParNa Serra de Itabaiana ................... 4.4.2 Pesquisa com a comunidade do entorno do ParNa Serra de Itabaiana..................... 4.4.3 (Ex) Incluso da comunidade do entorno do ParNa Serra de Itabaiana................... 4.4.4 Contratao mo de obra da comunidade do entorno do ParNa Serra de Itabaiana 4.4.5 Principais resultados ................................................................................................ 4.5 Sistema de Valores da alta administrao .............................................................. 4.5.1 Anlise da Escala quanto o termo tica ................................................................... 4.5.2 Anlise da Escala quanto o termo responsabilidade................................................. 4.5.3 Anlise da Escala quanto o termo Meio Ambiente................................................... 4.5.4 Anlise da Escala quanto o termo Educao Ambiental ......................................... 4.5.5 Principais resultados ................................................................................................ 4.6 Atitude de (RSE) com os stakeholders...................................................................... 4.6.1 Comprometimento com a melhoria da qualidade ambiental ................................... 4.6.2 A Orientao para os Stakeholders externos (Sociedade e Meio Ambiente)........... 4.6.3 A Orientao para os Stakeholders internos (Empregados e Clientes)..................... 4.6.4 Principais Resultados................................................................................................ 4.7 A Orientao tica da alta administrao............................................................... 4.7.1 O julgamento moral que orienta as percepes da alta administrao..................... 4.7.2 Anlise da Escala de Percepo que Orienta a tica da alta administrao com o outro .................................................................................................................................. 4.7.3 Anlise da Escala de Percepo que Orienta a tica da alta administrao com o prpria sistema de gesto integrado................................................................................... 4.7.4 Anlise da Escala de Percepo que Orienta a tica da alta administrao com relao responsabilidade no ParNa Serra de Itabaiana e entorno................................... 4.7.4.1 A Responsabilidade Municipal.............................................................................. 4.7.4.2 A Responsabilidade Estadual................................................................................ 4.7.4.3 A Responsabilidade Federal.................................................................................. 4.7.4.4 A Responsabilidade do Turista.............................................................................. 4.7.4.5 A Responsabilidade dos Moradores Locais........................................................... 4.7.4.6 A Responsabilidade das Empresas Privadas......................................................... 4.7.4.7 A Responsabilidade de todos................................................................................. 4.7.4.8 A Responsabilidade das Agncias de Turismo...................................................... 4.7.5 Principais Resultados................................................................................................ 5 CONCLUSO .............................................................................................................. 5.1 Constataes e Sugestes da Pesquisa .....................................................................

144 144 145 145 146 149 149 151 154 155 158 161 163 164 165 166 167 170 171 175 178 181 185 187 187 192 194 195 197 197 201 204 207 208 211 215 218 218 219 221 222 225 229 231

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REFERNCIAS...............................................................................................................

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APNDICES...................................................................................................................... 253 APNDICE A - OBSERVAO SISTMICA................................................................ 254 APNDICE B QUESTIONRIO................................................................................... 255 ANEXO ANEXO A - TRATADO DE EDUCAO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES SUSTENTVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL................................................. 258 259

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1 INTRODUO

Nesta parte apresentado o tema da dissertao, discutindo a pertinncia de estudar as orientaes ticas que influenciam as percepes da alta administrao das agncias de viagem do Estado de Sergipe e como gerenciam suas responsabilidades sociais. So igualmente apresentados e descritos os objetivos centrais propostos e os objetivos intermedirios que permitiro comprovar ou no as hipteses. Partindo de um problema formulado, a pesquisa delimita as fronteiras da problemtica de estudo e, por fim, defendida sua relevncia, trazendo para o leitor um rico acervo de informaes e conhecimentos importantes para o entendimento desta pesquisa.

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1 INTRODUO

1.1 Apresentao do tema

Diante da descapitalizao da natureza e da ampliao da pobreza, tanto no cenrio nacional como no internacional, os segmentos empresariais mais esclarecidos esto reconhecendo a necessidade de mudana no papel estratgico de suas entidades para o desenvolvimento social e melhoria ambiental. Toda essa mudana estrutural interna e externa de muitas empresas aumenta a ansiedade dos gestores por novas alternativas qualitativas de excelncia, no apenas tecnolgicas e de gesto, mas tambm valorativas para os stakeholders (funcionrios, clientes, fornecedores, governo, acionistas etc.). Em busca de uma melhor conexo da indstria turstica com o ecossistema planetrio, os empreendedores e administradores do setor so direcionados a se locomoverem por um complexo caleidoscpio, de vises holsticas de interdependncia entre as dimenses biolgicas, cognitivas e sociais da vida, dedicando ateno ao tema: tica e Responsabilidade Social Empresarial, colocando em pauta perguntas inquietantes, como: possvel afirmar que os gestores esto tendo uma viso de longo prazo para o destino das geraes futuras, diante da crise do atual paradigma de desenvolvimento (REDE AMBIENTAL, 2000)?

Figura 1 - Modelo atual de desenvolvimento, baseado na produo e consumo. Fonte: Rede Ambiente, 2000.

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No havendo uma resposta categrica para o destino das geraes futuras, o desafio do estudo poder contribuir, no presente, com informaes que subsidiem modelos estratgicos de competitividade, de excelncia e de gesto nas organizaes. Apesar das cincias no oferecerem perspectivas seguras, o estudo foca na indstria do turismo para determinar a percepo socioambiental dos gestores em relao ao meio ambiente.

Figura 2- Esquema de integrao e cooperao horizontal Fonte: IBAMA, 2006, p.47.

Para compreender as decises tomadas e seguidas pela indstria do turismo, quanto s questes ambientais, o estudo delimita sua pesquisa focando no setor de agncias de viagens do Estado de Sergipe. Avalia em profundidade suas redes institucionais, buscando compreender a percepo ambiental da alta administrao das agncias de viagens, que se baseiam em fundamentos ticos de responsabilidade e podem contribuir para a implementao da nova tendncia, no setor econmico, chamada Responsabilidade Social Empresarial. De acordo com essa nova tendncia, o comportamento responsvel do gestor oferece condies, para que o novo modelo de sociedade sustentvel concretize-se na melhoria da qualidade de vida social e na preservao ambiental.

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Figura 3 - Modelo de responsabilidade social. Fonte: Estado da Arte Consultoria e Treinamento, 2008.

Pressionados pelas polticas pblicas ambientais, federais e estaduais, o conceito de Responsabilidade Social intensificou-se no Brasil a partir da dcada de 1990. Apesar das responsabilidades serem diferenciadas, considerando-se o nvel de amadurecimento das empresas, na indstria turstica, as agncias de viagem integram solidariamente as questes sociais e ambientais em suas atividades, uma vez que seus resultados so diretamente condicionados a estas variveis. Em termos ticos, a maior revoluo das mentes que gerenciam as agncias mudar as atitudes internas. Quando estas mudam, os gestores fazem grande diferena na excelncia das solues que minimizam os conflitos relacionados aos stakeholders, de tal modo que estimulam o dilogo aberto entre diferentes culturas e convergem positivamente para a mitigao dos atuais padres predatrios sobre a utilizao dos recursos. Se responsabilidade significa assumir conseqncias de aes prprias e da cadeia de negcios, como as agncias de viagens do Estado de Sergipe praticam o turismo responsvel, em Unidades de Conservao1(UC) (DIAS, 2003b), diante das orientaes ticas que norteiam os gestores das empresas? Para Pedrini (2008), uma possibilidade para a prtica social responsvel do turismo, em UCs, pode ser a responsabilidade social somada educao ambiental empresarial, conceitualmente identificada com o Tratado Internacional para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global e com o prembulo da Carta da Terra.1

As reas protegidas e suas categorias de Unidades de Conservao so sistemas com mltiplas funes, tais como: conservao da natureza, interpretao e educao ambiental, eficcia na reduo de emisso por desmatamento e contribuio para a adaptao das sociedades s mudanas climticas. Contudo, estes ambientes no vm recebendo ateno adequada de seus gestores.

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Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentvel global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justia econmica e numa cultura da paz. Para chegar a este propsito, imperativo que ns, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras geraes. (CARTA DA TERRA, 2009, p. 1).

Considerando a educao como uma arte a ser aperfeioada pelas geraes futuras, que deve ser construda a partir de um novo projeto pedaggico emancipatrio, transformador, interdisciplinar, tico, permanente, globalizado e contextualizado (TEASS); o estudo, a partir de inmeras discusses sobre Educao e Percepo Socioambiental (MAROTI, 2002), espera fomentar a relao epistmica (do conhecimento cientfico) com o conhecimento prtico dos que tomam decises e dirigem as agncias de viagens do Estado de Sergipe, por compreendlos como possveis corresponsveis pelo melhoramento do bem-estar socioambiental, na Unidade de Conservao ParNa Serra de Itabaiana2; traduzindo o valor incondicional dos sistemas de reas protegidas e a solidariedade entre as comunidades locais, buscando reduzir os impactos negativos das atividades tursticas, desenvolvidas.

1.2 Justificativa

Com o esgotamento dos recursos ambientais e a massiva extino das espcies, a Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Naes Unidas, conhecida como "Comisso Brundtland" (1988), elevou a discusso a respeito da degradao ambiental do mundo, recomendando a criao de uma declarao universal, em prol do desenvolvimento sustentvel, que ficou conhecida como a Carta da Terra. Apesar dos vinte e trs (23) de existncia, as aes dos gestores para assegurar o endosso da Carta da Terra (2009) sobre a interdependncia global e a responsabilidade universal ainda no se viabilizaram. Na contempornea sociedade globalizada, a relao dos gestores com o mundo exterior ainda no est adaptada a esta responsabilidade universal. Ou seja, no se cultivam ainda critrios nem certos valores (complementaridade, viso comum, responsabilidade

compartilhada, solidariedade, respeitos, participao, igualdade, confiana mtua e etc.) nas aes prticas dos diferentes contextos, que impactam e so impactados por suas2

O ParNa Serra de Itabaiana, repositrio de lendas e mitos, est localizado a 45 km de Aracaju, leste da regio nordeste do Brasil, situada na zona de transio entre o litoral de Sergipe e a vegetao do agreste nordestino. O ParNa Serra de Itabaiana uma das 19 (dezenove) Unidades de Conservao existentes no Estado de Sergipe; sendo 3 (trs) em processo de criao (SEMARH, 2009).

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externalidades. Contudo, aos poucos, o interior sombrio da caverna empresarial torna-se mais preocupado com os impactos causados por suas atividades (precariedade de condies de trabalho, suborno, corrupo), nas localidades onde atuam. Com esta nova postura, gradativamente, as empresas repensam sua conduta tica para alcanarem sbios caminhos e enfrentarem, assim, a chamada problemtica ambiental (DIAS, 2003b). A busca pelas sociedades sustentveis e globalmente responsveis desafia o modo de agir dos gestores. Neste sentido, esta pesquisa almeja levar os gestores a uma compreenso de sua responsabilidade, diante dos obstculos perceptivos, existentes nas relaes entre os processos sociais, pertencentes s mudanas no cenrio complexo dos gestores, e as diferentes dimenses que envolvem a preservao do meio ambiente, cada vez mais agravada, tanto no contexto social (falta de confiana no outro, mentalidade competitiva, falta de respeito ao outro, terrorismo, egosmo ascenso de novos estados industrializados), como nos aspectos ambientais (avano das tecnologias atmicas, ocupao descuidada do solo, que deixa conseqncias climticas etc.). Para superar as barreiras que dificultam a integrao da coletividade e a cooperao dos parceiros para prticas de responsabilidade social empresarial, o estudo investiga os conflitos entre as vrias percepes (reducionistas, fragmentadas, cartesianas, simplificadas, imediatistas e capitalistas) e as aes dos gestores, como agentes promotores de incluso social, para (re)pensarem sobre as evidncias de sua utilidade social, diante da complexidade dos novos dilemas, enfrentados pelo atual estado da civilizao tecnolgica e urbana. Neste sentido, argumenta-se: Por que, ao invs de muitos gestores s discutirem as estratgias que levam apenas a aumentar suas receitas, no debatem sobre como se adaptarem a uma sociedade vulnervel, contribuindo para diminuio das desigualdades sociais e para a distribuio de riquezas com os oprimidos, exercendo assim a responsabilidade socioambiental? Ser que a misria humana no um problema mais srio? Como seria, se os filhos dos gestores estivessem entre as bilhes de pessoas que no tm o que comer? De acordo com Giddens (2005), atualmente estima-se que 830 milhes de pessoas no mundo sofrem com a fome ou com a subnutrio.As desigualdades de consumo entre os ricos e os pobres so significantes. Os 20% mais ricos da populao mundial so responsveis por 86% das despesas de consumo privado, ao passo que os 20% mais pobres respondem por apenas 1,3% desses gastos. Os 10% mais ricos consomem 58% da energia total, 84% de todo o papel, 45% de toda quantidade de carne e peixe, e so proprietrios de 87% de todos os veculos. (GIDDENS, 2005, p. 487).

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Por que os gestores no discutem, por exemplo, como minimizar as emisses de gases, do efeito estufa (dixido de carbono CO2, gs metano, CH4, xido de dinitrognio N2O), ou novas estratgias sustentveis, em reas protegidas, superando os parmetros tcnicoburocrtricos da legislao pertinente? Segundo a pesquisa de campo de Ivana Silva Sobral Oliveira (2008), os impactos provenientes do turismo desordenado no ParNa Serra de Itabaiana so gerados pela falta de gesto ambiental eficaz, falta de fiscalizao e pela ausncia de guias locais. Segundo Oliveira (2008), as trilhas encontram-se degradadas e o grande nmero de visitantes gera lixo, clareiras, alargamento das trilhas e rvores riscadas. O objetivo dessas reflexes crticas no atribuir culpa ou juzo de valor, no tocante ao modelo estratgico de competitividade e gesto empresarial, mas apenas contribuir com iniciativas empresariais mais responsveis, que possam dar uma maior aplicabilidade aos princpios da Carta da Terra, uma vez que a mesma ressalta a preservao da biomassa e o crescimento econmico sustentvel.

1.3 Contextualizao do Problema

Pressionados pela complexidade das transformaes da natureza, pelo Poder Pblico, pela opinio pblica, pelos consumidores e por um mercado altamente competitivo, globalizado, sem fronteiras e excludente (social, poltica, econmica e cultural) que caminhos a indstria do turismo (agncias de viagem) deve seguir? No existe um cdigo padro, caminho nico, para responder ao questionamento que conduzir as empresas responsabilidade social, uma vez que o processo evolutivo diferente para cada empresa. Portanto, a pesquisa analisa o degrau a ser galgado pelas agncias de viagens do Estado de Sergipe, as suas estratgias de gesto da responsabilidade social, em direo a cooperao, e a atuao da sustentabilidade de suas condutas no uso da Unidade de Conservao ParNa Serra de Itabaiana. Desta forma, o estudo contextualiza o problema, expondo a relao entre a proposta de Jonas3 (2006) sobre o processo formativo do homem, de modo mais sustentvel e exequvel,3

Jonas nasceu na Alemanha (1903-1993). Filsofo judeu-alemo foi aluno de Martin Heidegger, defendeu uma nova perspectiva que contempla as geraes futuras e a experincia da vulnerabilidade, exigncia alcanada com uma nova viso tica com previsibilidade futura. Hans Jonas um pensador contemporneo que muito contribui com propostas crise ambiental extrada da dimenso tica. Em 1979 publicou O princpio responsabilidade: ensaio de uma tica para a civilizao tecnolgica. Esta obra reflete sobre a angstia no mundo ocidental,

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no que diz respeito conservao ambiental, ao desenvolvimento e ao fortalecimento da Educao Ambiental Empresarial (EAE), voltada s necessidades das reas protegidas. Acompanhando todas essas mudanas associadas s exigncias legais e ticas da sociedade, distinguindo, de um lado, o necessrio, e do outro, o possvel, o pesquisador, agindo e exercendo sua influncia sobre os objetivos propostos e sobre a adequao metodolgica ao tema RSE, e aos diversos setores e contextos da interfase homem-natureza; revoga a tica da responsabilidade (JONAS, 2006), como possibilidade de efetivos programas de carter socioambiental, no setor de Agncias de Viagens, no Estado de Sergipe, partindo de um modelo pedaggico sustentvel, Educao Ambiental para as Sociedades Sustentveis (PEDRINI, 2008), por consider-lo um dos principais mecanismos para a emancipao, transformao e permanncia da natureza e seus mltiplos valores.Um imperativo adequado ao novo tipo de agir humano e voltado para o novo tipo de sujeito atuante deveria ser mais ou menos assim: Aja de modo a que os efeitos da tua ao sejam compatveis com a permanncia de uma autntica vida humana sobre a Terra. (JONAS, 2006, p. 47).

Na busca de novas possibilidades de promover benefcios socioeconmicos, para minimizar os conflitos em reas de proteo natural (ACSELRAD, 2004), e nas relaes produtivas entre comunidades locais e turistas, o estudo repousa a objetividade sobre a objetivao da subjetividade, para analisar em profundidade a questo-chave: como a influncia das orientaes ticas repercute nas prticas da alta administrao das agncias de viagem do Estado de Sergipe, gerando a interdependncia do Homem/Natureza, suas origens, contrastes e conexes diante do sistema de utilizao do meio ambiente?

1.4 Relevncia do Estudo

Apesar de existir uma emergncia gerada pela problemtica ambiental (DIAS, 2003b, p.29), h uma escassez de literatura sobre o estudo da RSE, centrado na anlise individual dos empreendedores socioambientais, no seguimento da indstria do turismo. Sendo necessrio tratar desta questo, o estudo procura contribuir para o desenvolvimento da

tomando a moderna tecnocincia como objeto da tica e sobre a tica da responsabilidade como um horizonte para as aes do homem. Tudo isso coloca a responsabilidade no centro da tica, inclusive os horizontes de espao e tempo que correspondem aos das aes (JONAS, 2006, p.17).

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pesquisa acadmica, atravs do estudo emprico das agncias de viagem Sergipanas sobre o processo estratgico de tomada de deciso ambiental; analisando, sobretudo, os impactos (positivos e negativos) de suas atividades na UC ParNa Serra de Itabaiana, buscando discutir e criticar a forma como os gestores refletem sobre a responsabilidade social, a partir da tica individual, baseada nos princpios da tica da responsabilidade (JONAS, 2006). Com base nos estudo de Jonas4 (2006), e nas definies objetivas de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis (EASS) como emancipatria, transformadora, participativa, abrangente, permanente e contextualizada (PEDRINI, 2008), a pesquisa no pretende acabar com a dicotomia entre os sujeitos causadores de impactos naturais e as perdas sociais ocasionadas pela atividade turstica, mas espera-se que sirva de parmetro para futuras operacionalizaes do atual Plano Estratgico de Desenvolvimento Sustentvel do Turismo de Sergipe 2009-2014 (BRASIL, 2009a), de tal modo que tambm sirva como horizonte para o fortalecimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente, contribuindo para a poltica ambiental em Sergipe e para uma efetiva poltica pblica e privada, de sustentabilidade do uso dos plos tursticos, como por exemplo, o plo Serras Sergipanas, Roteiro Turstico Trilhas no ParNa Serra de Itabaiana. Espera-se que essa pesquisa, amparada nos preceitos da tica da responsabilidade (JONAS, 2006) e da educao ambiental (PEDRINI, 1997), como norteadoras da investigao da percepo ambiental (MAROTI, 2002), da alta administrao das agncias de viagem do Estado de Sergipe, com relao natureza e s suas possveis interferncias no ambiente, contribua, tanto para os estudos feitos pela Universidade Federal de Sergipe - UFS sobre as diversas pesquisas e debates dessa problemtica, quanto para o fornecimento de informaes sistemticas, sobre a natureza das responsabilidades sociais das empresas e sobre o conhecimento dos mltiplos fatores que podem impedir ou incentivar, tanto a sustentabilidade do ParNa - Serra de Itabaiana, quanto as estratgias de competitividade empresariais das Agncias de Viagem.

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No livro, O princpio responsabilidade, Hans Jonas (2006) prope um novo pensamento e um novo comprometimento humano diante de uma nova tica A tica tradicional segundo ele, fundava-se e acontecia apenas dentro dos limites do ser humano, no afetando a natureza das coisas extra-humanas. A natureza no era objeto da responsabilidade, pois cuidava de si mesma (JONAS, 2006, p.18).

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1.5 Definindo a Estrutura da Pesquisa

Para explicar o plano da obra, que tem como fio condutor, as orientaes ticas que influenciam as percepes ambientais da alta administrao das agncias viagem do Estado de Sergipe e o gerenciamento de suas responsabilidades socioambientais; analisando o que se tem disponvel em educao ambiental, no contexto empresarial estudado. O trabalho estrutura-se em cinco captulos. A primeira parte da pesquisa apresenta a introduo, a justificativa do estudo sobre a relao homem-natureza, o dilogo sobre a responsabilidade socioambiental, os objetivos, as hipteses, a questo de estudo no atual contexto poltico-ideolgico, o problema e a problemtica; trazendo para o leitor um rico acervo de informaes e conhecimentos importantes para o entendimento dessa pesquisa. A segunda parte do trabalho apresenta uma abordagem terica, sobre a responsabilidade socioambiental, com o objetivo de estimular o debate construtivo sobre o estmulo e o refreamento do sistema capitalista, diante da dimenso moral, que justifica a participao dos interessados na transformao e crtica ao modelo econmico estabelecido. Apresentando os marcos tericos de referncia, a pesquisa fez uma apurada, densa e abrangente reviso de literatura, atravs de fichamentos, leitura e anlise de livros, teses e artigos, relacionados tica, responsabilidade social e educao ambiental, no contexto empresarial; observando a transio do turismo econmico para o turismo sustentvel e como este concebido e praticado em Unidades de Conservao - UC. Como o estudo do tipo exploratrio/descritivo, sua terceira parte apresenta os procedimentos metodolgicos e as abordagens terico-metodolgicas de forma detalhada. Descreve a relao existente entre determinadas variveis: (I) variveis de estado (caractersticas dos sujeitos e caractersticas das agncias de viagem do Estado de Sergipe) (II) variveis de sada (escolha de usos e significado do ParNa Serra de Itabaiana), (III) variveis de sada (escolha de usos e significado dos moradores do entorno ao parque), (IV) percepo de valores: tica, educao ambiental, responsabilidade e meio ambiente, (V) orientaes ticas e responsabilidades. Para chamar a ateno sobre as falas dos entrevistados, os dados coletados foram selecionados, categorizados e colocados em clulas de tabelas para a comparao das categorias e subcategorias. Foi utilizada a observao participante completa e sistmica, na tentativa de apreender os modos de pensar, sentir e agir, os valores, as crenas, os costumes e

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o julgamento moral dos estudados na prtica. Nesse sentido, a abordagem do tipo etnogrfica (GEERTZ, 1978), foi utilizada para recuperar os significados das narrativas orais, documentais e da observao direta. Os textos construdos no processo de pesquisa, tais como transcrio de entrevista, compreenso das aes e protocolos de observao objetivam identificar os comportamentos e as necessidades que as pessoas nem sempre revelam nas entrevistas, mas que empregam na prtica. Adotando-se uma combinao de enfoques quantitativos e qualitativos, o estudo contou com a participao de 17 agncias de viagem do Estado de Sergipe, registradas na Associao Brasileira de Agncias de Viagem ABAV-SE e que j atuam e/ou desejam atuar no Plo Serras Sergipanas, roteiro turstico Trilhas no ParNa Serra de Itabaiana. A quarta parte da pesquisa discorre sobre a anlise, descrio, discusso e interpretao das percepes da alta administrao das agncias de viagem do Estado de Sergipe, que realizam e/ou desejam realizar atividades no Parque Nacional Serra de Itabaiana; sobre esse ecossistema e sobre os possveis impactos que as atividades tursticas possam estar causando a ele. Por ltimo, foram apresentadas as concluses deste campo, pouco explorado, da responsabilidade social empresarial. Atravs da anlise cientfica das novas exigncias e necessidades do planeta, que ajudam a perceber as conexes ocultas entre o papel das organizaes diante da questo socioambiental, o estudo tem por intuito contribuir com o exerccio da responsabilidade social empresarial, em Unidades de Conservao. Apresentando o contexto organizacional das agncias de viagem do Estado de Sergipe, atravs da identificao e anlise das orientaes ticas, a ltima parte do estudo tem por objetivo apresentar estratgias de sustentabilidade do negcio, em consonncia com a responsabilidade socioambiental. Assim, o estudo buscou contribuir para o estabelecimento de um dilogo entre as agncias de turismo de Sergipe e as partes interessadas dos ncleos temticos da Responsabilidade Social Empresarial e da Educao Ambiental Empresarial para Sociedades Sustentveis e Responsavelmente Globais (EASS).

1.6 Delimitao do Tema da Pesquisa

As prticas da alta administrao das agncias de viagem do Estado de Sergipe podem ser abordadas a partir de inmeras perspectivas, dependendo da fotografia que tirada pelo

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observador. Com esse estudo, pretende-se conhecer as orientaes ticas que influenciam as diferentes percepes ambientais, da alta administrao das agncias de viagem do Estado de Sergipe, e seus sistemas de valores em relao Responsabilidade Social Empresarial (INSTITUTO ETHOS, 2005). Para facilitar a construo de um saber original, quanto RSE, de forma sistemtica e crtica da realidade da responsabilidade social empresarial, a pesquisa delimita-se em diagnosticar a evoluo da viso formativa dos gestores pesquisados, calcando a anlise na adoo dos princpios fundastes da tica da responsabilidade (JONAS, 2006); aqui considerado como princpio norteador para uma efetiva ao de excelncia e de gesto empresarial, no setor de Agncias de Viagens. Enfatizando a Educao Ambiental Empresarial (PEDRINI, 2008), como marco terico de referncia, o estudo analisa o agir sob o domnio dos possveis impactos gerados pelas atividades dos gestores, nesse terreno, sobre as externalidades de suas atividades no Plo Serras Sergipanas, roteiro turstico Trilhas no ParNa Serra de Itabaiana.

1.7 Construo Lgica da Questo da Pesquisa

A partir das diferentes percepes de ambiente (corpo, emoo, palavra, relacionamento, carter, sentimento) da alta administrao das agncias de viagem do Estado de Sergipe, o estudo sobre a Responsabilidade Social das Empresas (INSTITUTO ETHOS, 2005), com base nos objetivos da pesquisa, no busca uma resposta pronta e definitiva para as questes abaixo. Pretende principalmente permitir a abertura de um dilogo entre as estratgias de competitividade, excelncia e gesto das agncias de viagem do Estado de Sergipe, na prtica, com base na problemtica real de um caso especfico: as orientaes ticas da alta administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe no concebem o meio ambiente como objeto de responsabilidade, uma vez que so influenciados por uma conscincia mecanicista, em detrimento da concepo orgnica da natureza. No contexto e pressupostos da pesquisa e do mtodo analtico exposto, o estudo permitiu a formulao da pergunta que norteou e desenvolveu essa pesquisa: Qual a influncia do sistema de orientao tica, da alta administrao das agncias de viagem de Sergipe, na sua atitude, perante a Responsabilidade Social Empresarial; e como tais agncias tornam-se responsveis, pelo poder de deciso, pela interface (homem-meio ambiente), pelo

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agir sob o domnio dos possveis impactos gerados por suas atividades em reas protegidas, nesse terreno, sobre as externalidades de suas atividades no Plo Serras Sergipanas, roteiro turstico Trilhas no ParNa Serra de Itabaiana e entorno? Desdobrando o problema supracitado, sob a forma de pergunta, a presente obra moldou, de forma contnua, a tcnica e a finalidade essenciais para compreender o ponto de deciso e a interface, homem-ambiente, formulando questes complementares que auxiliaram o estudo da escala em que so tomadas as decises, nas agncias de viagem do Estado de Sergipe, tal como concebe Whyte (1977).

Figura 4 - Diagrama de distncia entre o ponto de deciso e a interface homem/meio ambiente. Fonte: Sistema de percepo adaptado de Whyte, 1977.

O trabalho, com base nos estudo de Whyte (1977), buscar entender as percepes, concepes, julgamentos, expectativas e estratgias da alta administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe, objetivando compreender a escala em que so tomadas as decises dentro a interface Homem Ambiente. Para compreender o sistema de utilizao do ParNa Serra de Itabaiana, diante das influncias ticas da alta administrao das agncias pesquisadas, as mesmas foram questionadas:

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a) Como as percepes ambientais da alta administrao variam por caracterstica de agncias (GRUPOS) e por caracterstica de gestores (SUJEITOS)? b) Na percepo da alta administrao, o que significa uma Unidade de Conservao, em foco o ParNa Serra de Itabaiana e qual deve ser o seu uso? c) Qual o papel que a alta administrao desempenha, ao apoiar e fazer ecoar as preocupaes da comunidade do entorno do ParNa - Serra de Itabaiana, quanto aos possveis impactos de suas atividades, e quais as escolhas de uso para o ParNa - Serra de Itabaiana e entorno? d) Frente assim chamada crise ambiental, como a alta administrao julga o conceito e a prtica de tica, de educao ambiental, de responsabilidade e de meio ambiente? e) Quais so os conhecimentos e atividades desenvolvidas pela alta administrao, relacionados aos temas Responsabilidade Social Empresarial com os stakeholders? f) Como a alta administrao das agncias percebe as suas responsabilidades e a das autoridades pblicas e iniciativas privadas, quanto a possveis impactos causados por atividades, no destino Plo Serras Sergipanas, roteiro turstico Trilhas no ParNa Serra de Itabaiana e entorno?

Observando a anlise do contexto estudado para responder s questes formuladas e apresentadas para compreender a natureza tica dos gestores, quanto ao sistema de valores que integram os princpios da responsabilidade, o estudo entrevistou os atores secundrios (AS), de maneira complementar, como contraponto s respostas dos entrevistados, visando a analisar, em profundidade, as atribuies (conscincia moral) de responsabilidades dadas pelos entrevistados, quanto a preservao do ParNa Serra de Itabaiana.

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ATORES SECUNDRIOS Presidente da Repblica Federativa do Brasil (AS1) Representante do Ministro do Meio Ambiente (AS2) Secretrio Nacional de Polticas de Turismo (AS3) Superintendente do IBAMA Sergipe (AS4) Administrador do ParNa Serra de Itabaiana (AS5) Presidente da ABAV Nacional (AS6) Especialista em Responsabilidade Civil para Agentes de Viagem (AS7) Presidente da Associao dos Moradores do Entorno do ParNa Serra de Itabaiana (AS8) Secretrio do Meio Ambiente de Itabaiana (AS9) Secretrio do Turismo de Itabaiana (AS10) Secretrio do Meio Ambiente do Estado de Sergipe (AS11) Conselheiro do Maior Grupo Turstico do Brasil CVC (AS12) Presidente da PANROTAS maior revista especializada em turismo do Brasil (AS13) Representante de Empresas privadas citadas pelos empresrios Petrobrs (AS14) Vice-presidente da Confederao Nacional do Turismo (AS15) Comandante do Corpo de Bombeiro de Itabaiana (AS16) Morador (1) do entorno do ParNa Serra de Itabaiana - (AS17) Governador do Estado de Sergipe Marcelo Deda (AS18) Quadro 1 - Atores Secundrios entrevistados na Pesquisa Fonte: Informaes diagramadas pelo autor.

Desta forma, atravs de entrevista, questionou-se aos atores secundrios: a) Segundo algumas agncias de viagem do Estado de Sergipe, as autoridades pblicas e privadas, nesse caso a instituio referendada tem responsabilidades, quanto a possveis impactos causados por atividades no destino Plo Serras Sergipanas, roteiro turstico Trilhas no ParNa Serra de Itabaiana e entorno. O que o senhor acha desta afirmao? b) Para o senhor: Quem deve ter responsabilidade para com a preservao ambiental de reas protegidas? Por qu? Partindo da ideia de que a educao ambiental empresarial (EAE), identificada nos conceitos da Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis (EASS), constante no Tratado de Educao Ambiental para Sociedades Sustentveis (TEASS), tem um papel importante para a sustentabilidade da indstria do turismo, pressupe-se o princpio da responsabilidade, de Hans Jonas (2006), norteador e condicionador de efetivao de polticas de sustentabilidade ambiental, no ParNa Serra de Itabaiana. O estudo, alm de apresentar as questes referentes s responsabilidades pela preservao do ParNa Serra de Itabaiana, entrevistou o coordenador do ParNa Serra de Itabaiana, com o objetivo de fazer uma discusso acerca da gesto

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participativa de Unidades de Conservao, e compreender como se deram as premissas metodolgicas adotas no parque, as tenses e os conflitos com os diferentes atores direta ou indiretamente relacionados ao mesmo. O estudo estabelece, pelo poder de ruptura e pelo poder de generalizao, um possvel dilogo entre as agncias de viagem do Estado de Sergipe e a perspectiva da tica da responsabilidade (JONAS, 2006). Com base nos objetivos propostos e com o intuito de se converter a perspectiva da tica da responsabilidade (JONAS, 2006), em elemento pragmtico da relao humana na natureza, foram elaboradas as seguintes perguntas que elucidaro as sugestes da pesquisa: a) Em que um princpio tico da responsabilidade (norteador para uma educao ambiental empresarial mais livre e globalmente responsvel), pode contribuir para as prticas das agncias de viagem, na escala global do discurso sobre desenvolvimento sustentvel, no sistema de utilizao do ParNa Serra de Itabaiana e entorno? b) At que ponto a tica da responsabilidade proposta por Jonas (2006) tem foras para se estabelecer um programa de educao ambiental nas agncias de turismo, como norteador das questes que conciliam fatores econmicos, sociais e ambientais? c) Como a tica da responsabilidade, na escala do saber e agir, baseada na teoria do saber ambiental (LEFF, 2001), pode contribuir com a formao de um novo julgamento moral no sistema de utilizao, pelas Agncias de Viagem do Estado de Sergipe? d) A tica da responsabilidade, orientada para as geraes futuras, tem por excelncia clamar por um novo agir coletivo. Diante disso, como o manejo desse princpio pode formar os gestores das agncias de viagem do Estado de Sergipe, engajados com o verbo cooperar com a conservao do ParNa Serra de Itabaiana?

1.8 Objetivo

Os objetivos desse trabalho so os seguintes:

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1.8.1 Objetivo Geral

De acordo com o problema enunciado, o estudo tem como objetivo geral conhecer e analisar as orientaes ticas que influenciam as percepes ambientais da alta administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe, que atuam e/ou desejam atuar no Plo Serras Sergipanas, roteiro turstico Trilhas no ParNa Serra de Itabaiana, na perspectiva de contribuir com informaes que possam subsidiar o desenvolvimento de modelos estratgicos de competitividade, de excelncia e de gesto da responsabilidade social empresarial no setor, que minimizem os impactos antrpicos sobre o sistema de utilizao de Unidades de Conservao (UC) e das comunidades do entorno.

1.8.2 Objetivos Especficos

Para atingir o objetivo supra, estabeleceram-se os seguintes objetivos intermedirios:

a) Realizar estudo de campo no setor de agenciamento no Estado de Sergipe, caracterizando os sujeitos focados, sob o ponto de vista social, cultural, econmico, educacional e de experincia e as empresas perante as variveis: porte da empresa, localizao, abrangncia espacial e rea de atuao. b) Levantamento e anlise das atribuies de significado e possibilidade de uso da alta administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe em relao rea do ParNa Serra de Itabaiana, estimando o valor do uso. c) Analisar o nvel de percepo ambiental da alta administrao sobre a comunidade de Entorno do ParNa Serra de Itabaiana, visando proteo e preservao. d) Identificar os valores da alta administrao das agncias, atravs da compreenso de suas concepes de meio ambiente, educao ambiental, tica e responsabilidade, imprescindveis para assegurar as propostas dirigidas conservao do ParNa Serra de Itabaiana. e) Elencar conhecimentos e atividades desenvolvidos pela alta administrao, relacionados aos temas de Responsabilidade Social Empresarial com os stakeholders.

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f) Analisar os princpios ticos e julgamento moral que tm norteado os comportamentos, as atitudes e as percepes da alta administrao, quanto as incorporaes da responsabilidade social e ambiental, com o outro, com a prpria gesto empresarial e com a preservao do ParNa Serra de Itabaiana.

1.9 Hipteses de Pesquisa

O modelo de anlise compreende um conjunto de hipteses subjacentes que, partindo da metodologia utilizada por Whyte (1977), representam o eixo central da proposta de pesquisa. Para avaliar a relevncia emprica, o estudo subdividiu as hipteses em dois grupos: Hiptese Central (HC) e Hipteses Secundrias (HS). Para melhor analisar as informaes dos pesquisados, as hipteses foram analisadas com base em grficos e freqncias de respostas dos entrevistados, quanto s variveis de estado (caractersticas dos sujeitos e caractersticas das agncias de viagem do Estado de Sergipe), variveis de sada (escolha de usos) e de processos de percepo (percepo de significado frente ao ParNa Serra de Itabaiana e entorno). No modelo de percepo, as respostas dos sujeitos, quanto ao julgamento do conceito e da prtica de tica, educao ambiental, responsabilidade e meio ambiente, foram operacionalizadas, por meio de sua decomposio em Hipteses secundrias, verificadas para analisar a relao existente entre determinadas variveis que constituem o modelo. As hipteses fornecem um roteiro para analisar e validar empiricamente como a alta administrao das agncias percebe as suas responsabilidades e a das autoridades pblicas e iniciativas privadas. Nesse caso, foi solicitado aos entrevistados que apontassem os possveis responsveis pelos impactos causados por atividades no destino Plo Serras Sergipanas, roteiro turstico Trilhas no ParNa Serra de Itabaiana e entorno.

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Figura 5 - Diagrama de hipteses entre o ponto de deciso e a interface homem/meio ambiente. Fonte: Sistema de percepo adaptado Whyte, (1977).

Com objetivo geral de conhecer e analisar as orientaes ticas que influenciam as percepes ambientais da alta administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe, que atuam e/ou desejam atuar com o Plo Serras Sergipanas, roteiro turstico Trilhas no ParNa Serra de Itabaiana, as variveis de estudo foram determinadas pelo ponto de deciso e a interface homem-ambiente, e pelo nvel em que est situado o tomador de deciso (WHYTE, 1977). Tal estudo est decomposto em uma hiptese central (HC) e em cinco hipteses secundrias (HS), distribudas da seguinte forma: (HC1) Hiptese central relativa s Orientaes ticas e de Responsabilidade; (HS1) hiptese secundria relativa s caractersticas dos sujeitos e s caractersticas das agncias de viagem do Estado de Sergipe; (HS2) e (HS3) hipteses secundrias relativas s variveis de sada (escolha de usos do ParNa Serra de Itabaiana e entorno); (HS4) hiptese secundria relativa aos valores; (HS5) hiptese secundria relativa s experincias com o tema Responsabilidade Social Empresarial.

1.9.1 Hiptese Geral da Dissertao

A Hiptese HG1 refere-se ao eixo da hiptese de primeira ordem relativa s orientaes ticas e de responsabilidade. Para operacionalizao dessa hiptese, os princpios

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norteadores das agncias so relacionados ao julgamento moral dos gestores, comparando os efeitos opostos de uma tica da responsabilidade com os de ticas egostas, cujo objetivo reproduzir resultados econmicos empresariais. A viso da RSE ser, portanto, justificada por uma tica fundada na responsabilidade de preservao das geraes futuras, tal como concebe Hans Jonas (2006). O efeito destas orientaes ser analisado na atitude dos gestores e perante suas atribuies de responsabilidade com a preservao do ParNa Serra de Itabaiana, que na maioria das vezes atrelado ao governo, porque os gestores no percebem em que medida alguns ambientes externos afetam as empresas. Hiptese Central HG1: Diante da complexidade das prticas empresariais contemporneas e dos dilemas e incertezas (crise ambiental), se as percepes ticas da alta administrao das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe fossem ancoradas no princpio responsabilidade (JONAS, 2006); considerado aqui como novo horizonte de efetivao de um projeto pedaggico de educao ambiental empresarial, uma vez que este aponta para a efetiva relao da alta administrao com a coletividade por oposio a valores centrados em si prprio, as aes antrpicas da alta administrao seriam mais responsveis, o que convergiria positivamente para minimizar os impactos e conflitos das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe sobre o sistema de utilizao da Unidade de Conservao Parque Nacional Serra de Itabaiana/SE e do seu entorno.

1.9.2 Hipteses Secundrias

vlido ressaltar que as hipteses secundrias (HS1), (HS2), (HS3), (HS4), (HS5) so de segunda ordem. Embora estejam diretamente relacionadas com a hiptese central (HG1), podem contribuir para um melhor esclarecimento das contradies tericas e para os fatos que influenciam nas orientaes e atitudes dos gestores. A hiptese (HS1) inclui a avaliao da rea funcional, a experincia na atividade, localizao, porte da empresa e variveis estratgicas de cada empresa e caractersticas de cada gestor como: idade, escolaridade, sexo. Hiptese (HS1) = A maioria dos gestores tem a agncia como principal fonte de remunerao, apresenta faixa etria mdia de 40 anos de idade, so homens, casados, com tempo mdio de escolaridade, razoavelmente alto, e trabalham com turismo no mnimo h cinco anos, e com turismo ecolgico a menos de cinco anos. A grande maioria no tem

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formao na rea de turismo e apenas uma pequena minoria j atua com o destino turstico Serra de Itabaiana/SE. As agncias pesquisadas encontram-se na capital de Sergipe, Aracaju, enquadradas como micro empresas, possuindo at cinco empregados.

A proposta de pesquisadores brasileiros Maroti (2002), Fiori (2002), Santos (1995) e Jesus (1993), dentre outros, em seus estudos sobre a percepo ambiental, entendida pelos processos mentais de interao do indivduo com o ambiente, visando a garantir a integridade das comunidades, bem como a perenidade socioambiental das localidades. Para demonstrar a percepo ambiental da alta administrao referentes s orientaes ticas com a atitude perante RSE que promova o cumprimento equilibrado das novas dimenses do agir econmico, legal e tico, diante do sistema de utilizao social e natural do homem, as hipteses HS2 e HS3 so demonstradas abaixo. Hiptese (HS2) = A grande maioria dos gestores j ouviu falar do ParNa Serra de Itabaiana, mas nunca esteve l ou em seu entorno, por falta de oportunidade. O significado da Serra ecolgico e serve para fazer turismo eco turstico. Com a falta de um significado ecolgico associado escolha de uso e importncia dessa UC, no mbito local e regional, ela praticamente desconhecida pelos pesquisados: eles pensam, na comunidade do entorno, com uma percepo econmica e estimam que se deveria pagar para se visitar o parque.

Hiptese (HS3) = O uso da comunidade do entorno seria atravs de atrativos econmicos. A grande maioria dos gestores no se preocupa em estar em contato com a comunidade do entorno do ParNa Serra de Itabaiana, bem como no realiza pesquisas visando sustentabilidade das comunidades, nem convida os moradores a participarem de reunies de interesse mtuo, a no ser de interesse econmico. Para que o entendimento do tema RSE no caia na superficialidade de preparar o hoje frustrao do amanh, e caia na armadilha de noes ditas fceis sobre tica, meio ambiente, educao ambiental ou responsabilidade social empresarial, deve-se ressaltar que a hiptese (HR4) analisou qualitativamente a atitude de cada gestor, perante seus valores, avaliando suas respostas, atravs de indicadores, os quais representam uma medida concreta do nvel de predisposio sobre a responsabilidade social empresarial, que vinculam a empresa sociedade. Hiptese (HS4) = As concepes dos termos meio ambiente e educao ambiental apontam

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para uma viso naturalista privilegiando o componente biofsico e dissociando o ser humano do ambiente. Quanto concepo de tica, a grande maioria associa esse conceito a um comportamento moral consigo mesma. Responsabilidade o conceito de agir de cada um, no momento presente, sem se preocupar com as geraes futuras.

Considerando uma proposta tica exequvel, os parmetros de aes responsveis e sustentveis, exigidos dos empresrios, sero analisados com base na hiptese (HS5), integrada no contexto empresarial e em seu planejamento estratgico, buscando relacionar a responsabilidade social empresarial com o sistema de valores dos gestores, no desejo de sustentabilidade dos stakeholders. necessrio que na prtica, sejam adotados critrios ticos de responsabilidade, para justificar as escolhas diante dos funcionrios, fornecedores, clientes, credores, Estado, sindicatos e diversas outras pessoas ou entidades que se relacionam diretamente, ou no, com a empresa.

Hiptese (HS5) = Os gestores tm conscincia dos interesses dos stakeholders aos temas ambientais, embora tenham pouco conhecimento sobre prticas de educao ambiental empresarial, apesar de j terem trabalhado educao ambiental, pelo menos uma vez na empresa. Para se viabilizar qualquer atividade com stakeholders que no est diretamente ligada a empresa, como a sustentabilidade no uso dos recursos em Unidades de Conservao e da comunidade do entorno, verifica-se que o princpio da parceria por si s, no discurso, sem uma gesto efetiva na prtica, alm de aumentar os conflitos sociais, no limita o colapso ambiental total e nem retira as condies de misria que inviabilizam uma vida saudvel e digna para as comunidades locais que clamam por um destino sustentvel da natureza em longo prazo.

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2 FUNDAMENTAO TERICA

Esta parte apresenta o referencial terico com o objetivo de sustentar as formulaes do problema da respectiva dissertao. Com o intuito de estimular o debate construtivo sobre a alternncia entre o estmulo e o refreamento do sistema capitalista diante da dimenso moral que justifique a participao dos interessados na transformao e crtica ao modelo econmico estabelecido para a indstria do turismo, apresentada uma ampla reviso da literatura sobre turismo, Unidades de Conservao, sustentabilidade, tica, educao ambiental e responsabilidade. Por fim, so apresentados os fundamentos da tica da responsabilidade dentre outras doutrinas filosficas com o qual se desenha a estrutura do estudo emprico.

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2 FUNDAMENTAO TERICA

2.1 Orientaes ticas e Responsabilidade Social Empresarial

A concepo de responsabilidade na perspectiva de Hans Jonas (2006), proposta pelo estudo, apia-se no aspecto preventivo associado ao exerccio da prudncia. A tica empresarial, nesta pesquisa, est relacionada lgica do agir numa dimenso futura e esta, por sua vez, impe uma modificao no sistema de normas que expressam e orientam valores, princpios, discursos, comportamentos e aes do cotidiano empresarial, sobretudo na natureza do agir humano em detrimento do prximo. Diante do discurso poltico-ideolgico permeado na tematizao da responsabilidade social, questiona-se: como analisar as orientaes ticas dos gestores pesquisados na tomada de decises de RSE sobre objetos nohumanos, como, por exemplo, o ParNa Serra de Itabaiana? A temtica da RSE foi articulada na pesquisa dentro dos fundamentos da tica. Do ponto de vista do ethos, a pesquisa questionou o comprometimento dos empresrios atravs da lente crtica das seis correntes de pensamentos ticos. A responsabilidade social alinhada a valores e princpios morais sobre a finalidade da atividade empresarial, implica em compromissos econmicos, legais e ticos de conduta. Nas primeiras correntes de representao, elegeu-se a oposio clssica entre o iluminismo e as correntes teleolgicas e deontolgicas. Ambas as abordagens elegem a razo como caminho moral para defender os fins em si mesmos. Para a filosofia subjetiva Kantiana, o homem deve constituir-se no parmetro exemplar age de tal maneira que o princpio de tua ao se transforme numa lei universal (JONAS, 2006, p.18). Tendo em vista que a RSE questiona o papel da empresa na sociedade, a pesquisa fez uma abordagem mais contempornea atravs da tica libertariana de justia e da tica contratualista, como sendo a terceira e a quarta representao. A tica no centrada na ao, mas na virtude dos indivduos, fora abordada como quinta representante. Em seguida, como sexta representante foram apresentados os fundamentos da tica da responsabilidade, fundamentao terica proposta pelo filsofo Hans Jonas. Para facilitar a anlise dos dados, a pesquisa prope uma avaliao moral da ao humana tendo como corte espacial as escolas clssicas e a tica da responsabilidade (JONAS,

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2006), aqui considerada como princpio norteador das percepes dos gestores das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe que influenciam suas aes no ParNa Serra de Itabaiana. Mesmo que todas as escolas em algum momento contribuam com os princpios e compromissos da RSE, a pesquisa define como possibilidade de caminho alternativo para o progresso moral dos gestores das Agncias de Viagem do Estado de Sergipe uma reflexo tica sobre o agir humano, detalhada na fundamentao filosfica que defenda uma responsabilidade empresarial, mas passvel de aes que equilibrem a relao homem/natureza e a adoo de gestes formativas, possibilitando que as geraes futuras possam existir.

2.1.1 Concepo de Responsabilidade Socioambiental Empresarial

Durante muitos anos, a sobrevivncia de uma empresa tinha como principal indicador a riqueza gerada por suas atividades, resultado este alcanado pela satisfao das necessidades materiais humanas. Porm, num momento de crise ambiental, uma empresa cujo indicador o resultado econmico da atividade produtiva, sem uma avaliao crtica do julgamento tico e de debates sobre suas responsabilidades com as geraes atuais e futuras, pode no mais se perpetuar no