Dissertacao Alexandre Facini Dos Santos
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ALEXANDRE FACINI DOS SANTOS
GERENCIAMENTO DA CONFIABILIDADE EM PROJETOS DE MATERIAL RODANTE FERROVIRIO
Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno de Ttulo de Mestre em Engenharia.
So Paulo
2007
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ALEXANDRE FACINI DOS SANTOS
GERENCIAMENTO DA CONFIABILIDADE EM PROJETOS DE MATERIAL RODANTE FERROVIRIO
Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno de Ttulo de Mestre em Engenharia.
rea de Concentrao: Engenharia de Projeto e Fabricao
Orientador: Prof. Dr. Gilberto Francisco Martha de Souza
So Paulo
2007
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Este exemplar foi revisado e alterado em relao verso original, sob responsabilidade nica do autor e com a anuncia de seu orientador. So Paulo, de Outubro de 2007. Assinatura do autor _____________________________________ Assinatura do orientador_________________________________
FICHA CATALOGRFICA
Santos, Alexandre Facini dos
Gerenciamento da confiabilidade em projetos de material rodante ferrrovirio / A.F. dos Santos. -- ed. rev. -- So Paulo, 2007.
256 p.
Dissertao (Mestrado) Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia Mecnica.
1.Ferrovias (Gerenciamento; Eficincia) 2.Trens 3.Material rodante (Confiabilidade) I.Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia Mecnica II.t.
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DEDICATRIA
Aos meus pais Lcio e Gracia, e minha irm Amanda, pelo amor,
carinho e apoio em todos os momentos, de alegria ou de tristeza, que sempre me
deram foras para prosseguir e possibilitaram minhas conquistas e superaes.
minha esposa Gisele, por todo amor, amizade e companheirismo
habituais e que fazem dela a mulher da minha vida.
Ao meu filho Giovanni, razo maior da minha vontade de viver, e aos
meus sobrinhos Paloma e Breno. Trs crianas que enchem minha vida de alegrias
e esperana em um futuro cada vez melhor.
Amo todos vocs!
Dedico tambm este trabalho ao meu av paterno Benedito (in
memorian), pelos ensinamentos de vida, ao meu av materno Felipe (in memorian),
e a minha irm Andreza (in memorian).
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus em primeiro lugar, por tudo que me proporcionou nesta
vida maravilhosa.
minha esposa pela pacincia, compreenso e incentivo neste perodo
de ausncia virtual.
empresa ALSTOM pelas oportunidades profissionais ao longo dos
ltimos 9 anos. Em especial aos engenheiros Ronaldo Silva e Cid Nakao, pela
flexibilizao do meu horrio quando necessrio para cumprir as tarefas do
mestrado.
Ao tambm colega de empresa, o franco-americano Jacques Durand por
me apresentar o mundo da engenharia da confiabilidade, por viabilizar minha
participao em simpsios nos Estados Unidos e pelos contatos com cientistas e
profissionais mundialmente renomados da rea de confiabilidade e segurana.
Ao professor e amigo Dr. Gilberto Francisco Martha de Souza pela
orientao e apoio, alm de toda confiana depositada em meu trabalho desde o
princpio.
Escola Politcnica da Universidade de So Paulo, atravs de seus
professores e funcionrios, que me proporcionou o conhecimento e a infra-estrutura
necessria para realizao deste mestrado.
E a todos os amigos, parentes e colegas que, de alguma forma,
contriburam para idealizao e realizao deste trabalho.
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Se voc conhece o inimigo e conhece a si mesmo, no precisa temer o
resultado de cem batalhas. Se voc se conhece mas no conhece o inimigo, para
cada vitria ganha sofrer tambm uma derrota. Se voc no conhece nem o inimigo
nem a si mesmo, perder todas as batalhas.
(Sun Tzu, A arte da guerra)
O futuro tem muitos nomes. Para os fracos, o inatingvel. Para os
temerosos, o desconhecido. Para os valentes, a oportunidade.
(Victor Hugo)
Vencer o que importa. O resto conseqncia.
(Ayrton Senna da Silva)
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RESUMO
cada vez maior a demanda pela eficincia dos sistemas ferrovirios. A
confiabilidade do material rodante um dos fatores de desempenho mais
importantes para a eficincia global dos trens de passageiros. Para que ndices
satisfatrios de confiabilidade, disponibilidade, mantenabilidade e segurana
(CDMS) sejam alcanados, deve-se considerar esses fatores desde a elaborao da
especificao tcnica do material rodante at a operao da frota, incluindo projeto,
fabricao, testes, comissionamento e garantia. No presente trabalho foram
pesquisados os principais requisitos, normas e boas prticas empregadas na
indstria ferroviria mundial para o gerenciamento da confiabilidade em projetos de
material rodante, levando-se em conta os aspectos prticos e cientficos. Para isso,
foram inicialmente apresentadas algumas especificidades do setor ferrovirio assim
como alguns dos principais tipos de veculos ferrovirios e seus sistemas, para que
se tenha uma viso geral do contexto em que o trabalho est inserido. Em relao
ao gerenciamento de CDMS propriamente dito, so mencionadas as principais
tarefas a serem realizadas, de acordo com as referncias consultadas. Foi dada uma
ateno especial s especificaes tcnicas de CDMS, levando-se em conta a
classificao das falhas e a determinao de parmetros contratuais. Tambm foram
abordados os aspectos tericos e prticos das principais ferramentas e mtodos de
anlise de CDMS empregados, tais como alocao de metas, predio de
confiabilidade, diagrama de blocos, FMECA, FTA, monitoramento da confiabilidade
em campo, etc.
Palavras-chave: Confiabilidade. Material Rodante. Trem de Passageiros. Projeto.
Gerenciamento. Ferrovia. Predio.
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ABSTRACT
Demand for efficiency in railway systems is increasing through the years. Rolling
stock reliability is one of the most important performance factors for the global
efficiency of passenger trains. To attain satisfactory reliability, availability,
maintainability and safety (RAMS) figures, these factors must be considered from the
elaboration of rolling stock technical specifications up to the operation of the fleet,
including design, manufacturing, tests, commissioning and warranty. In the present
work a research on main requirements, standards and good practices applied in
worldwide railway industry for managing reliability in rolling stock designs was carried
out, taking into account practical and scientific aspects. Some specificities of railway
industry as well as some of the main railway vehicles types and related systems were
presented, so that one can have an overview of the context where this work is
inserted. Related to RAMS management, the main tasks to be done are presented,
according to the references. Special attention was paid to RAMS technical
specifications, considering failure classifications and determination of contractual
parameters. The theoretical and practical aspects of the main tools and analysis
methods of RAMS applied to the rolling stock design, such as apportionment of
targets, reliability predictions, reliability block diagrams, FMECA, FTA, monitoring of
field reliability, etc., were also covered.
Keywords: Reliability. Rolling Stock. Passengers Train. Design. Management.
Railway. Reliability Prediction.
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1: Exemplo de acoplamento em trens de grande velocidade (8) ...................34
Figura 2: Inclinao do Trem Pendular no contorno de uma curva (7)......................37
Figura 3: Carros 1 e 4 com falha no sistema pendular (7) ........................................38
Figura 4: Diagrama funcional de um trem de passageiros ........................................40
Figura 5: Ciclo de vida do projeto..............................................................................44
Figura 6: Verificao e validao ..............................................................................47
Figura 7: Inter-relacionamento dos elementos de CDMS..........................................48
Figura 8: Efeitos das falhas em um sistema ferrovirio.............................................49
Figura 9: Exemplo de meta de confiabilidade varivel no tempo ..............................71
Figura 10: Outro exemplo de meta varivel no tempo...............................................72
Figura 11: Fluxograma de alocao de metas de confiabilidade...............................80
Figura 12: Taxa de falhas aparente de um sistema reparvel, (22) ..........................94
Figura 13: Exemplo de apresentao de dados da NPRD95....................................96
Figura 14: Representao da probabilidade de falha................................................97
Figura 15: Funo densidade de probabilidade ........................................................97
Figura 16: Plano quando solicitao = resistncia ....................................................98
Figura 17: Sistema em srie....................................................................................107
Figura 18: Sistema em paralelo...............................................................................109
Figura 19: Sistema k de n .......................................................................................111
Figura 20: Redundncia passiva com chaveamento perfeito..................................114
Figura 21: Redundncia passiva com chaveamento imperfeito ..............................115
Figura 22: Exemplo de sistema complexo...............................................................117
Figura 23: Situao 1 ..............................................................................................117
Figura 24: Situao 2 ..............................................................................................117
Figura 25: Atividades tpicas de FMECA em um projeto .........................................121
Figura 26: Exemplo de tabela de modos de falha ...................................................124
Figura 27: Exemplo de FTA.....................................................................................131
Figura 28: Exemplo de grfico de Pareto ................................................................136
Figura 29: Crescimento da confiabilidade ...............................................................142
Figura 30: FRACAS Ciclo Fechado, (37)..............................................................146
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Figura 31: Contribuio por sistema Falhas tipo A...............................................159
Figura 32: Contribuio por sistema Falhas tipo B...............................................159
Figura 33: Curva de MTBF mnimo .........................................................................162
Figura 34: Planilha de predio de confiabilidade ...................................................176
Figura 35: Predio x Metas....................................................................................177
Figura 36: Predio x Metas....................................................................................177
Figura 37: Contribuio por tipo de falha ................................................................178
Figura 38: TOP 10 - Falha tipo A.............................................................................178
Figura 39: TOP 10 - Falha tipo B.............................................................................179
Figura 40: TOP 10 - Falha tipo C ............................................................................179
Figura 41: TOP 10 - Todos os tipos de falha...........................................................180
Figura 42: Anlise de Sensibilidade ........................................................................184
Figura 43: Planilha FMECA (1/2).............................................................................197
Figura 44: Planilha FMECA (2/2).............................................................................198
Figura 45: Matriz de risco resultante .......................................................................199
Figura 46: Severidade das falhas - resultado..........................................................200
Figura 47: Freqncia das falhas resultado .........................................................200
Figura 48: Aceitabilidade dos riscos - resultado ......................................................200
Figura 49: Modos de deteco - resultado ..............................................................201
Figura 50: Gerenciamento das falhas - resultado....................................................201
Figura 51: Planilha de sobressalentes ....................................................................209
Figura 52: Distncia acumulada pela frota ..............................................................212
Figura 53: Contribuio por sistema........................................................................215
Figura 54: Evoluo de FPMK Portas ..................................................................216
Figura 55: TOP 10 - Falhas de Portas.....................................................................217
Figura 56: Coletor de corrente de terceiro trilho ......................................................228
Figura 57: Princpio do freio eltrico........................................................................233
Figura 58: Partes de um truque...............................................................................245
Figura 59: Diagrama simplificado de um engate universal ......................................246
Figura 60: Etapas de acoplamento de um engate universal ...................................247
Figura 61: Engate totalmente automtico................................................................248
Figura 62: Partes de um engate totalmente automtico..........................................248
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Tarefas relacionadas ao projeto (continua) ...............................................45
Tabela 2: Tarefas relacionadas com CDM (continua) ...............................................50
Tabela 3: Tarefas relacionadas segurana (continua) ...........................................51
Tabela 4: Implementao de CDM (continua) ...........................................................53
Tabela 5: Tarefas de CDMS Fase de Proposta (continua).....................................55
Tabela 6: Tarefas de CDMS Fase de Projeto (continua)........................................56
Tabela 7: Tarefas de CDMS Fase de Fabricao ..................................................58
Tabela 8: Tarefas de CDMS Fase de Comissionamento .......................................59
Tabela 9: Tarefas de CDMS Fase de Operao ....................................................60
Tabela 10: Exemplo de classificao de falhas.........................................................64
Tabela 11: Classificao conforme desempenho......................................................65
Tabela 12: Exemplo de incentivos e penalizaes....................................................73
Tabela 13: Tempo em que o valor assinttico atingido, (22) ..................................94
Tabela 14: Razo /MTTF em funo de , (22) ......................................................95 Tabela 15: MTBF no arranjo em paralelo ................................................................110
Tabela 16: MTBF no arranjo k de n.........................................................................112
Tabela 17: Smbolos empregados em FTA (continua) ............................................127
Tabela 18: Exemplo de uso da tabela verdade .......................................................134
Tabela 19: Tabela de avaliao da taxa de crescimento necessria ......................142
Tabela 20: Atividades mais importantes de confiabilidade, (41)..............................144
Tabela 21: Exemplo de registro com Tempo Calendrio ......................................151
Tabela 22: Exemplo de registro com Tempo Equivalente.....................................152
Tabela 23: Exemplo de registro com Tempo Transcorrido ...................................153
Tabela 24: Alocao pelo mtodo EQUAL..............................................................158
Tabela 25: Alocao para falhas tipo A...................................................................160
Tabela 26: Alocao para falhas tipo B...................................................................161
Tabela 27: Classificao de falhas Suprimento eltrico .......................................164
Tabela 28: Estrutura analtica Suprimento Eltrico ..............................................165
Tabela 29: Valores de MTBF e fonte de informao ...............................................167
Tabela 30: Contribuio por tipo de falha................................................................171
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Tabela 31: Taxas de falha distribudas por tipo de falha .........................................173
Tabela 32: Resultados da predio.........................................................................173
Tabela 33: Classificao de falhas CAIXA - Miscelneas ....................................186
Tabela 34: Severidade ............................................................................................187
Tabela 35: Freqncia ............................................................................................187
Tabela 36: Matriz de Risco......................................................................................188
Tabela 37: Aes a serem tomadas para cada categoria de risco..........................188
Tabela 38: Estrutura analtica Sistema Caixa - Miscelneas................................190
Tabela 39: Efeito dos modos de falha .....................................................................191
Tabela 40: Determinao dos tipos de falha ...........................................................192
Tabela 41: Efeitos na segurana.............................................................................193
Tabela 42: Classificao da aceitabilidade do risco ................................................195
Tabela 43: Modos de deteco e gerenciamento da falha......................................196
Tabela 44: Quantidade de itens na frota .................................................................203
Tabela 45: Tempo para reposio do item..............................................................204
Tabela 46: Clculo da confiabilidade no perodo.....................................................205
Tabela 47: Clculo detalhado de sobressalentes....................................................206
Tabela 48: Clculo de sobressalentes ....................................................................207
Tabela 49: Risco de falta de materiais ....................................................................208
Tabela 50: Distncia acumulada pela frota .............................................................212
Tabela 51: Quantidade de Falhas Tipo A................................................................213
Tabela 52: Quantidade de Falhas Tipo B................................................................213
Tabela 53: Quantidade de Falhas (A+B) .................................................................214
Tabela 54: Evoluo de MKBF Falhas Tipo A......................................................214
Tabela 55: Evoluo de MKBF Falhas Tipo B......................................................214
Tabela 56: Evoluo de MKBF de cada sistema.....................................................215
Tabela 57: TOP 10 - Falhas de Portas....................................................................216
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANTT Agncia Nacional de Transportes Terrestres
AT Alta Tenso
BT Baixa Tenso
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contnua
CDM Confiabilidade, Disponibilidade e Mantenabilidade
CDMS Confiabilidade, Disponibilidade, Mantenabilidade e Segurana
ET Especificao Tcnica
f.d.p. Funo densidade de probabilidade
FMEA Anlise dos Modos de Falha e seus Efeitos, do ingls Failure Modes
Effects Analysis
FMECA Anlise dos Modos de Falha e seus Efeitos Crticos, do ingls Failure
Modes Effects and Criticality Analysis
FPMH Falhas por Milho de Horas, do ingls Failure Per Million Hours
FPMK Falhas por Milho de Quilmetro, do ingls Failure Per Million
Kilometers
FRACAS Sistema de Registro de Falhas, Anlise e Aes Corretivas, do ingls
Failure Reporting Analysis and Corrective Action System
FTA Anlise de rvore de Falhas, do ingls Fault Tree Analysis
LIC Lista de Itens Crticos
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LRU Item Substituvel em Linha, do ingls Line Replaceable Unit
MCBF Nmero Mdio de Ciclos entre Falhas, do Ingls Mean Cycles Between
Failures
MKBF Quilometragem Mdia entre Falhas, do Ingls Mean Kilometers Between
Failures
MR Material Rodante
MTBF Tempo Mdio entre Falhas, do Ingls Mean Time Between Failures
NC Nvel de Confiana
PPC Plano do Programa de Confiabilidade
RAC Centro de Anlises de Confiabilidade , do Ingls Reliability Analysis
Center
RBD Diagrama de Blocos de Confiabilidade, do ingls Reliability Block
Diagram
SRU Item Substituvel em Bancada, do ingls Shop Replaceable Unit
TU Trem-Unidade
TUE Trem-Unidade Eltrico
VLT Veculo Leve Sobre Trilho
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LISTA DE SMBOLOS
Estimativa de MTBF, MKBF ou MCBF
R(t) Funo Confiabilidade
2 Distribuio de probabilidade Qui-quadrado
Taxa de Falhas (por unidade de tempo, distncia ou nmero de ciclos)
MTBF, MKBF ou MCBF
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SUMRIO
1 INTRODUO ...........................................................................21 1.1 OBJETIVO ......................................................................................... 22
2 ESPECIFICIDADES DO SETOR FERROVIRIO .....................23 2.1 ORGANIZAO DA INDSTRIA FERROVIRIA ........................... 23 2.1.1 Agncia reguladora...................................................................................23 2.1.2 Operadoras................................................................................................24 2.1.3 Fabricantes de material rodante..............................................................25 2.1.4 Fabricantes de subsistemas ....................................................................25
2.2 TIPOS DE VECULOS FERROVIRIOS........................................... 26 2.2.1 Locomotivas..............................................................................................26 2.2.2 Veculos leves sobre trilhos.....................................................................27 2.2.3 Metr ..........................................................................................................30 2.2.3.1 Tipos de construo ................................................................................31
2.2.4 Trens regionais e de subrbio.................................................................32 2.2.5 Trens de alta velocidade ..........................................................................33 2.2.5.1 Vias especiais .........................................................................................35
2.2.6 Trens pendulares ......................................................................................36 2.2.7 Outros tipos de veculos ..........................................................................38
2.3 PRINCIPAIS SISTEMAS DOS TRENS DE PASSAGEIROS............ 38
3 GERENCIAMENTO DE CDMS..................................................41 3.1 POLTICA CORPORATIVA E PROGRAMAS INTEGRADOS.......... 41 3.2 CICLO DE VIDA DO PROJETO........................................................ 43 3.3 CDMS NO DOMNIO FERROVIRIO................................................ 47 3.4 ATIVIDADES EM CADA FASE ......................................................... 49 3.5 IMPLEMENTAO DE CDMS.......................................................... 52 3.5.1 Fase de proposta ......................................................................................55 3.5.2 Fase de projeto..........................................................................................56 3.5.3 Fase de fabricao....................................................................................58 3.5.4 Fase de comissionamento .......................................................................58
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3.5.5 Fase de operao......................................................................................60
3.6 ESPECIFICAO DE CDMS DO MATERIAL RODANTE ............... 61 3.6.1 Classificao das falhas do material rodante ........................................61 3.6.1.1 Falha tipo A (Significante) .......................................................................62
3.6.1.2 Falha tipo B (Maior) .................................................................................62
3.6.1.3 Falha tipo C (Menor)................................................................................62
3.6.1.4 Falhas que afetam o servio ...................................................................63
3.6.1.5 Falhas inerentes ......................................................................................63
3.6.1.6 Classificao conforme desempenho......................................................65
3.6.2 Parmetros contratuais de CDMS ...........................................................65 3.6.2.1 Tempo mdio entre falhas.......................................................................65
3.6.2.2 Taxa de falhas.........................................................................................67
3.6.2.3 Falhas sistemticas .................................................................................68
3.6.2.4 ndices de confiabilidade .........................................................................69
3.6.2.5 Parmetros de CDMS definidos por intervalo de confiana ....................69
3.6.2.6 Perodos de medio...............................................................................71
3.6.3 Incentivos e penalizaes ........................................................................72
3.7 PLANO DO PROGRAMA DE CDMS ................................................ 74 3.7.1 Perfil da misso.........................................................................................75 3.7.2 Requisitos para os fornecedores ............................................................76
3.8 RELATRIOS DE ANLISE DE CDMS ........................................... 76 3.9 CUSTOS DE CDMS........................................................................... 77
4 ANLISES E FERRAMENTAS DE CDMS................................79 4.1 ALOCAO DE METAS DE CONFIABILIDADE ............................. 79 4.1.1 Mtodos de alocao da confiabilidade..................................................79 4.1.1.1 Mtodo EQUAL .......................................................................................81
4.1.1.2 Mtodo ARINC ........................................................................................82
4.1.1.3 Mtodo AGREE.......................................................................................82
4.1.1.4 Mtodo da avaliao da viabilidade dos objetivos...................................84
4.1.2 MTBF mnimo dos equipamentos............................................................85
4.2 PREDIO DA CONFIABILIDADE DE COMPONENTES ............... 86 4.2.1 Limitaes fundamentais da predio da confiabilidade......................87 4.2.1.1 Predies no campo da engenharia ........................................................87
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4.2.1.2 Predies no campo da confiabilidade ....................................................87
4.2.1.3 Abordagem prtica ..................................................................................89
4.2.2 Predies conforme normas e bancos de dados...................................90 4.2.2.1 MIL-HDBK 217 ........................................................................................90
4.2.2.2 UTE 80-810 .............................................................................................92
4.2.2.3 NPRD-95 .................................................................................................92
4.2.3 Anlise da solicitao e resistncia ........................................................96 4.2.4 Ensaios de confiabilidade ........................................................................99 4.2.4.1 Planejamento dos testes .........................................................................99
4.2.4.2 Realizao dos testes e coleta de dados ..............................................100
4.2.4.3 Uso de retorno de experincias.............................................................100
4.2.4.4 Estimao pontual .................................................................................101
4.2.4.5 Estimao por intervalo de confiana....................................................104
4.2.5 Predio da confiabilidade de sistemas redundantes.........................106
4.3 DIAGRAMA DE BLOCOS ...............................................................106 4.3.1 Sistema em srie.....................................................................................107 4.3.2 Sistema em paralelo ...............................................................................109 4.3.3 Sistema k de n.........................................................................................111 4.3.4 Sistema em paralelo com cobertura de falhas .....................................113 4.3.5 Redundncia passiva .............................................................................114 4.3.6 Sistemas complexos...............................................................................116 4.3.7 Sistemas com carga distribuda ............................................................118 4.3.8 Falhas de modo comum .........................................................................118 4.3.9 Falhas dependentes................................................................................119
4.4 FMEA/FMECA .................................................................................120 4.4.1 Metodologia.............................................................................................121 4.4.2 O processo de FMECA ...........................................................................122 4.4.2.1 Planejamento ........................................................................................123
4.4.3 Priorizao...............................................................................................125
4.5 RVORE DE FALHAS ....................................................................125 4.5.1 Objetivos..................................................................................................126 4.5.2 Aplicao .................................................................................................126 4.5.3 Construo da rvore de falhas.............................................................127
-
4.5.4 Avaliao da rvore de falhas................................................................129 4.5.4.1 Anlise lgica ........................................................................................129
4.5.4.2 Anlises numricas ...............................................................................130
4.5.5 Identificao dos elementos ..................................................................130 4.5.6 Exemplo de FTA......................................................................................131 4.5.7 Relatrio ..................................................................................................132
4.6 MTODO DA TABELA VERDADE .................................................132 4.6.1 Exemplo de aplicao da tabela verdade .............................................133
4.7 LISTA DE ITENS CRTICOS ...........................................................134 4.7.1 Anlise de Pareto ....................................................................................135
4.8 CLCULO DE SOBRESSALENTES ..............................................136 4.9 MONITORAMENTO DA CONFIABILIDADE EM CAMPO..............137 4.9.1 Procedimento de seguimento operacional da confiabilidade.............137 4.9.2 Registro e consolidao de falhas ........................................................138 4.9.3 Relatrios peridicos e comparao com as metas............................139 4.9.4 Crescimento da confiabilidade ..............................................................139 4.9.4.1 Mtodo Duane.......................................................................................141
4.10 FRACAS ..........................................................................................143 4.10.1 Sistema de Ciclo Fechado......................................................................144 4.10.2 Sistemtica no registro de falhas ..........................................................147 4.10.2.1 Formulrios ...........................................................................................148
4.10.2.2 Coleta e armazenamento de dados.......................................................148
4.10.3 Anlise de dados.....................................................................................150 4.10.3.1 Clculo de MTBF de campo ..................................................................151
5 CASOS EXEMPLO ..................................................................154 5.1 EXEMPLO 1: ALOCAO DE METAS DE CONFIABILIDADE ....155 5.1.1 Descrio.................................................................................................155 5.1.2 Metas globais de confiabilidade ............................................................156 5.1.3 Mtodo de alocao................................................................................157 5.1.4 Resultados...............................................................................................160 5.1.5 MTBF mnimo dos equipamentos..........................................................161 5.1.6 Recomendaes......................................................................................162
5.2 EXEMPLO 2: PREDIO DA CONFIABILIDADE .........................163
-
5.2.1 Descrio.................................................................................................163 5.2.2 Metas de confiabilidade do sistema......................................................163 5.2.3 Estrutura analtica do sistema ...............................................................164 5.2.4 Determinao da confiabilidade dos componentes.............................166 5.2.5 Clculo do MTBF dos itens ....................................................................168 5.2.6 Contribuio para cada tipo de falha ....................................................170 5.2.7 Clculo das taxas de falha .....................................................................172 5.2.8 Apresentao e interpretao dos resultados .....................................174 5.2.9 Recomendaes......................................................................................180
5.3 EXEMPLO 3: ANLISE DE SOLICITAO E RESISTNCIA ......181 5.3.1 Descrio.................................................................................................181 5.3.2 Dados de entrada....................................................................................182 5.3.3 Clculo e resultados ...............................................................................182 5.3.4 Recomendaes e consideraes.........................................................183
5.4 EXEMPLO 4: FMECA......................................................................185 5.4.1 Descrio.................................................................................................185 5.4.2 Premissas do Plano de Confiabilidade e Segurana ...........................185 5.4.3 Metodologia de anlise...........................................................................189 5.4.4 Apresentao e interpretao dos resultados .....................................196
5.5 EXEMPLO 5: CLCULO DE SOBRESSALENTES .......................201 5.5.1 Descrio.................................................................................................201 5.5.2 Requisitos da especificao tcnica.....................................................202 5.5.3 Metodologia de anlise...........................................................................202 5.5.4 Apresentao dos resultados................................................................208 5.5.5 Recomendaes......................................................................................208
5.6 EXEMPLO 6: MONITORAMENTO DA CONFIABILIDADE............210 5.6.1 Descrio.................................................................................................210 5.6.2 Metas globais de confiabilidade ............................................................210 5.6.3 Metodologia de anlise...........................................................................210 5.6.4 Apresentao e interpretao dos resultados .....................................212 5.6.5 Recomendaes......................................................................................217
6 CONCLUSES ........................................................................219 6.1 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ................................................220
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REFERNCIAS....................................................................................222 APNDICE A CARACTERSTICAS BSICAS DOS PRINCIPAIS SISTEMAS: ..........................................................................................227 APNDICE B ARTIGO......................................................................251 ANEXO A TABELA QUI-QUADRADO .............................................253
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21
1 INTRODUO
O crescimento desordenado das cidades brasileiras nas ltimas dcadas
e a falta de investimentos significativos em transportes pblicos de massa levaram o
pas a um enorme dficit nessa rea, se comparado com outros pases mais
desenvolvidos ou mesmo com nossos vizinhos da Amrica Latina.
As polticas pblicas de transporte nesse perodo priorizaram apenas o
transporte rodovirio, tanto o coletivo como o individual, tais como corredores de
nibus, viadutos, tneis, etc. As conseqncias no podiam ser outras seno o
aumento descontrolado do trnsito, da poluio, do nmero de acidentes e dos
custos operacionais do transporte pblico. Esse modal oferece um limite
relativamente baixo de capacidade de transporte, sendo ideal para pequenas
cidades ou para integrar e complementar outros modais de alta capacidade nos
grandes centros urbanos, como metrs e trens de subrbio.
Grandes cidades como So Paulo, Rio de Janeiro ou mesmo outras
capitais requerem um sistema complexo de transporte, de alta capacidade e
eficiente ao mesmo tempo. A nica maneira de se atender demanda necessria
nessas cidades atravs de metrs e trens de subrbio formando a espinha dorsal
do sistema, e integrada com nibus ou Veculos Leves sobre Trilhos (VLTs) para
efetuar as ramificaes necessrias em torno das estaes. assim que ocorre em
grandes centros urbanos do mundo como Paris, Londres e Nova Iorque, por
exemplo.
Portanto, o pas carece urgentemente de investimentos no transporte de
massa sobre trilhos. Felizmente, os governantes tm acenado para que a priorizao
de investimentos na ferrovia volte a ser uma realidade brasileira.
Sem dvida, os altos custos de implantao, operao e manuteno dos
sistemas ainda inibem de certa forma um crescimento mais acelerado das malhas
metroferrovirias, uma vez que os recursos so escassos. H ento que se fazer
bom uso dos recursos existentes para que possam ser mais bem aproveitados.
Uma das vrias formas de se economizar os recursos pblicos atravs
do aumento da eficincia do sistema, reduzindo assim os custos de operao e
manuteno.
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22
justamente nesse ponto que a confiabilidade e a segurana dos trens
tm papel fundamental. Porm, a confiabilidade e a segurana dos trens nasce no
projeto dos mesmos. Dificilmente um trem que no fora originalmente projetado
considerando a confiabilidade e a segurana como fatores prioritrios poder ser
melhorado no futuro sem que sejam necessrios investimentos adicionais.
A idia central deste trabalho abordar o projeto de trens de passageiros,
enfatizando o gerenciamento da confiabilidade e segurana durante esse processo.
1.1 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho pesquisar os requisitos, normas e boas
prticas empregadas na indstria ferroviria para gerenciamento da confiabilidade
de projetos de material rodante.
Este trabalho leva em conta a realidade do mercado ferrovirio mundial e
brasileiro, suas limitaes e desafios, procurando abordar os aspectos prticos e
cientficos da confiabilidade de trens de passageiros, e como tais aspectos devem
ser analisados, monitorados e controlados durante um projeto ferrovirio de material
rodante.
O foco do trabalho est concentrado nos trens de subrbio e metr, por
serem mais utilizados no Brasil para transporte de passageiros que os trens de
grande velocidade e os veculos leves sobre trilhos, por exemplo. Todavia, com
algumas adaptaes e respeitando as devidas propores, o mesmo processo de
gerenciamento pode ser empregado no projeto desses tipos de trens.
-
23
2 ESPECIFICIDADES DO SETOR FERROVIRIO
2.1 ORGANIZAO DA INDSTRIA FERROVIRIA
A indstria ferroviria pode ser dividida em transporte de cargas e
transporte de passageiros. Existem muitas coisas em comum mas tambm algumas
diferenas entre ambos.
No caso do transporte de passageiros, podemos mencionar algumas
entidades principais que compem esse segmento do transporte ferrovirio. So
elas:
Agencia Reguladora; Operadoras de transporte pblico; Fabricantes de material rodante, tambm chamados de montadoras; Fabricantes de subsistemas para o material rodante.
Algumas caractersticas dessas entidades so apresentadas nos itens
subseqentes.
Alm dessas, obviamente existem outras entidades que complementam a
indstria ferroviria, como por exemplo os institutos de pesquisas tecnolgicas, as
universidades e consultorias tcnicas, as empresas fornecedoras de componentes
em geral, as empresas de obras civis e de infra-estrutura, e tambm o prprio
governo do pas com suas polticas de investimento.
2.1.1 Agncia reguladora
As agncias reguladoras so rgos independentes que tomam decises
estratgicas sobre os assuntos de interesse do pas em determinado segmento.
Possuem poderes, direitos e privilgios para exercerem suas autoridades.
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24
Na rea ferroviria, alm de desempenhar o papel de regulador
econmico e autoridade ferroviria, as agncias trabalham para facilitar a expanso
do transporte de cargas e de passageiros.
Servem ainda como tribunal de julgamento quanto a tarifas e reclamaes
relacionadas aos servios prestados e em disputas entre companhias sobre
assuntos especficos, atuando como mediadoras.
Emitem certificados de autorizao para construo e operao de novas
linhas e fornecem pareceres tcnicos e orientaes gerais. Tambm emitem
relatrios com estatsticas do setor.
No Brasil, a Agncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), ligada
ao Ministrio dos Transportes, regulamenta a rea de transporte rodovirio e
ferrovirio, principalmente o transporte de cargas. J para o transporte de
passageiros, a ANTT concentra o foco no segmento rodovirio. Existem algumas
associaes, porm no existe ainda uma agncia reguladora nacional especfica
para o transporte ferrovirio de passageiros no pas, ao contrrio do que ocorre em
outros pases. Quem acaba fazendo de certa forma esse papel so as prprias
operadoras atravs de especificaes e de acordos bilaterais com seus
fornecedores.
2.1.2 Operadoras
As operadoras de transporte pblico ferrovirio so empresas estatais ou
mesmo empresas privadas que atuam com concesso de operao por parte do
governo. So as operadoras as responsveis por manter todo sistema em
funcionamento, incluindo os trens, as vias, plataformas, reas de circulao de
pblico, etc.
A arrecadao feita principalmente atravs da bilhetagem, da
concesso de espao para publicidade nos trens e nas reas de circulao de
pblico, e de subsdio por parte do governo.
So as operadoras, tambm, as responsveis pela elaborao das
especificaes tcnicas dos sistemas que compreendem o transporte ferrovirio,
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25
como o material rodante, por exemplo. Muitas vezes so assessoradas por
consultorias externas contratadas exclusivamente para essa finalidade.
2.1.3 Fabricantes de material rodante
Os fabricantes de material rodante, tambm chamados de montadoras,
so empresas de grande porte, geralmente multinacionais, que desenvolvem,
projetam e constroem os veculos ferrovirios e integram os subsistemas
correspondentes, tais como freio, trao, etc.
Fornecem diretamente s operadoras atravs de processos de licitao e,
em funo disso, comum a existncia de consrcios entre empresas para
participar desses processos. At porque, muitas vezes o fornecimento do material
rodante est atrelado aos investimentos em infra-estrutura, como a construo de
vias, por exemplo.
2.1.4 Fabricantes de subsistemas
Os fabricantes de subsistemas so os parceiros das montadoras que
fornecem sistemas completos ou em partes para serem integrados no trem.
Normalmente so empresas de mdio e grande porte que possuem estrutura
apropriada e expertise especfico para o produto que fornecem. Por essa razo,
participam intensamente do projeto do trem desde a fase de especificao e
propostas juntamente com as montadoras.
Eventualmente, algumas montadoras desenvolvem subsistemas
especficos por conta prpria, por razes tcnicas, estratgicas ou mesmo
comercias.
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2.2 TIPOS DE VECULOS FERROVIRIOS
No transporte ferrovirio, o chamado Material Rodante (MR) consiste em
um ou vrios veculos, ligados entre si e capazes de se movimentarem sobre uma
linha ou trilho, para transportar pessoas ou carga de um lado para outro, segundo
uma rota previamente planejada. O comboio pode ser puxado por uma locomotiva
ou pode ser formado por uma unidade auto-alimentada tambm chamado de trem-
unidade (TU).
Existem diversos tipos de veculos que so utilizados nas ferrovias ao
redor do mundo. Nos itens subseqentes esto relacionados alguns deles.
2.2.1 Locomotivas
Uma locomotiva um veculo ferrovirio que fornece a energia necessria
para a colocao de um trem em movimento. As locomotivas no tm capacidade de
transporte prpria, quer de passageiros, quer de carga. Existem vrias razes para
que ao longo dos tempos se tenha isolado a unidade fornecedora de energia do
resto do trem:
Facilidade de manuteno mais fcil a manuteno de um nico veculo;
Segurana Existe mais facilidade de afastar a fonte de energia dos passageiros, em caso de perigo;
Fcil substituio da fonte de energia em caso de avaria, s existe a necessidade de substituir a locomotiva e no todo o comboio;
Eficincia Os comboios fora de circulao, gastam menos energia quando h necessidade da sua movimentao;
Obsolescncia Quando a unidade de energia ou as unidades de carga se tornam obsoletas no necessria a substituio de todos os
elementos.
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27
comum classificarem-se as locomotivas conforme os seus meios de
propulso. Os mais comuns incluem:
Vapor Diesel-mecnico Diesel-eltrico Diesel-hidrulica Turbina de gs Eltricas Dentre essas, as mais empregadas atualmente so as que possuem
propulso diesel-eltrica e as que possuem propulso puramente eltrica.
Segundo Connor (1), [...] as modernas locomotivas diesel produzem
apenas 35% da potncia de uma locomotiva eltrica de igual peso. Contudo, os altos
custos de implantao e manuteno de um sistema ferrovirio eletrificado inibem,
na maioria das vezes, a adoo de locomotivas eltricas como material de trao.
Existem ainda as locomotivas adaptadas, tambm chamadas slug, que
possuem motores de trao eltrica, mas no possuem geradores a diesel. So
feitas para trabalhar em conjunto com outras locomotivas convencionais que
fornecem a energia necessria para seu funcionamento (2).
2.2.2 Veculos leves sobre trilhos
Os Veculos Leves sobre Trilhos (VLT) so mais leves que os trens
convencionais, projetados para o transporte de passageiros e muito raramente para
o transporte de cargas. Normalmente operam entre bairros, em pequenas cidades
ou mesmo em grandes centros urbanos, interligados com outros modais de
transporte pblico.
Os VLTs trafegam nas ruas, em corredores exclusivamente dedicados a
eles ou ainda compartilhando espao com carros e nibus. A grande maioria dos
sistemas que utilizam VLT dispensa o uso de plataformas para embarque e
desembarque. O passageiro simplesmente entra da calada para o trem. Essa
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28
uma das caractersticas que possibilitam a integrao com outras formas de
transporte pblico e o uso simultneo das ruas.
Em grandes cidades o VLT faz um percurso tipicamente mas no
obrigatoriamente turstico. Os VLTs so uma evoluo do bonde e encontram-se em
expanso em vrias cidades de todo o mundo, j que possuem grandes vantagens
com relao aos nibus, entre as quais destaca-se a menor poluio (tanto sonora
quanto atmosfrica) e a prioridade no trnsito.
Vantagens:
A maior vantagem dos VLTs modernos mais social do que tcnica. Em muitos pases os VLTs no sofrem com o problema de imagem
que afeta os nibus. Ao contrrio a maioria das pessoas associam
VLTs com uma imagem positiva. Diferentemente dos nibus, os VLTs
tendem a ser populares para uma gama maior de usurios, incluindo
aqueles com maior poder aquisitivo e que normalmente evitam nibus.
Esse alto nvel de aceitao pblica significa maior utilizao e maior
presso para investimentos em infraestrutura e expanso das malhas
de VLTs.
O investimento inicial, embora alto, menor que o investimento necessrio para construo de linhas subterrneas de metr. Um
quilmetro de linha de VLT geralmente custa um tero do investimento
para um quilmetro de metr subterrneo, j que nenhuma perfurao
necessria. Apenas as vias pblicas devem ser adaptadas para
receber os trilhos e os cabos de alimentao.
As linhas de VLT podem ser subterrneas como as linhas de metr. Mesmo as linhas de metr de superfcie so mais caras,
especialmente aquelas que utilizam terceiro trilho para alimentao.
Os sistemas de VLT necessitam menos energia que os sistemas de metr. Iluminao, ventilao, escadas rolantes, etc, consomem
energia e em alguns casos, podem at superar o prprio consumo dos
trens.
Os VLTs podem se adaptar ao nmero de passageiros acrescentando carros nos horrios de pico, assim como removendo carros nos
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29
horrios de vale. Para tal, no so necessrios operadores adicionais
como ocorre com motoristas de nibus, por exemplo.
Em geral, a capacidade de transporte dos VLTs maior que a dos nibus.
Sistemas elevados requerem urbanismos especiais com avenidas largas e construes que permitam integrar as estaes.
Ao contrrio dos nibus com motor a combusto, os VLTs no emitem gases poluentes na atmosfera e a poluio sonora geralmente
menor.
Os espaos necessrios para passagem dos VLTs so geralmente menores que para nibus. Isso economiza espao valioso nas cidades
com alta densidade populacional e/ou vias estreitas.
Como operam sobre trilhos, os VLTs impem mais respeito no trnsito em relao aos demais veculos. Em condies de trnsito pesado ou
em cruzamentos, a probabilidade dos motoristas bloquearem a
passagem dos VLTs bem menor. Isso leva a menores atrasos. Como
regra, especialmente em cidades europias, os VLTs sempre tm a
preferncia no trnsito.
O conforto dos passageiros normalmente superior aos nibus devido operao controlada de acelerao, frenagem e insero em curvas.
Desvantagens:
O custo inicial maior que para nibus, da a razo para a preferncia deste ltimo em pequenas cidades.
A velocidade mdia menor que a dos metrs, o que de certa forma compensada por uma freqncia maior de paradas.
As velocidades so comparveis desde que sejam utilizadas grandes extenses de linha reservadas apenas para o trfego de VLT, fora das
ruas.
Capacidade de transporte menor que a dos metrs. As vias de VLT podem ser perigosas para ciclistas e para carros
estacionados. Estes problemas podem ser evitados com a construo
das vias e das plataformas no meio das ruas.
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A infra-estrutura necessria ocupa espao urbano na superfcie e gera a necessidade de modificaes no fluxo do trfego.
Rodas de ao provocam mais rudos que pneus, especialmente nas curvas.
Os VLTs podem ser classificados de diversas maneiras. De acordo com
Glitz (3), As diversas vertentes provenientes dos primeiros bondes variam mais na
aplicao que em sua capacidade de transporte.
2.2.3 Metr
Metr definido como um modo ferrovirio para o transporte de
passageiros em reas urbanas o qual projetado e construdo com a finalidade de
transportar grandes volumes de pessoas de forma rpida e segura, em trens-
unidade formados por vrios carros. Opera normalmente com rodas de ao sobre
trilhos, embora alguns sistemas empreguem pneus. As vias so absolutamente
exclusivas, impedindo qualquer tipo de acesso, exceto claro para manuteno.
Plataformas altas e portas largas so utilizadas para se obter segurana e rpido
embarque e desembarque. Os carros possuem propulso prpria com motores
eltricos para obter rpidas aceleraes e desaceleraes, evitando ainda emisso
de gases txicos em tneis. Se qualquer uma dessas caractersticas for eliminada ou
modificada para um dado sistema, haver sempre a dvida de que se trata ou no
de um sistema de metr. Uma vez que cada sistema de metr , de alguma forma,
diferente uns dos outros visando atender as necessidades e condies locais,
muitas vezes preciso uma avaliao cuidadosa para classific-los.
Metr um tipo de trem urbano, sendo que uma de suas principais
diferenas o fato de ser tipicamente, mas no exclusivamente, subterrneo e
dedicado ao transporte de passageiros em redes relativamente densas e com
grande integrao com os demais meios de transportes, apesar de serem
construdos independentemente.
O termo metr se tornou genrico no uso popular, porm essa
denominao vem do nome original do Metropolitan Line of London, de 1863. o
modo capaz de executar a maior quantidade de servio, carregando pessoas em
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31
massa de forma rpida e eficiente para a escala das grandes cidades. Nada
impedindo porm sua expanso a municpios e provncias prximas. um meio de
transporte ferrovirio simples mas efetivo desde quando foi institudo h pouco mais
de 100 anos atrs. Por muito tempo, as melhorias tcnicas foram graduais e muitas
vezes marginais. Apenas nas ltimas duas dcadas que melhorias significativas tm
sido feitas, mas essas mudanas no afetam o carter bsico do servio observado
pelos usurios exceto, talvez, a incluso de ar condicionado nos trens. Os avanos
tcnicos recentes tm focado principalmente questes de eficincia e segurana
(alimentao, freio, trao, sistemas de controle, etc), para uma operao
automtica e para melhorar ainda mais essa caracterstica de trens de grande
capacidade com paradas freqentes e que se movem rapidamente entre estaes.
Infelizmente, esses benefcios so conseguidos a um custo considervel.
Como o volume de passageiros que um trem de metr pode carregar
geralmente alto, um sistema de metr freqentemente visto como a espinha dorsal
do transporte pblico nas grandes cidades. Em vrias cidades do mundo os
passageiros iniciam suas jornadas em VLTs, nibus ou trens de subrbio com
destino aos grandes centros urbanos, passando pelo metr e suas estaes para
evitar o congestionamento das ruas da cidade (4).
Segundo Grieco (5), Apesar dos trens de metr serem parecidos com os
de subrbio, eles se diferenciam pelas altas densidades de passageiros no sistema,
aceleraes e desaceleraes, curtas distncias entre estaes e carregamento no
pendular.
2.2.3.1 Tipos de construo
Os sistemas de metr podem ser subterrneos, de superfcie ou em vias
elevadas no sendo raro, inclusive, a existncia de sistemas com mais de um tipo de
construo em diferentes trechos.
Subterrneo Sistema NATM - New Austrian Tunnelling Method ou tneis
austracos ou ainda tneis de minerao.
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Trincheiras ou VCA - Valas a Cu Aberto, tambm denominado sistema destrutivo, exige remoo de interferncias externas, tais
como: gua, luz e outras.
Mecanizado, ou por mquinas tuneladoras - TBM - Tunnel Boring Machines.
Superfcie So mais indicadas para regies de baixa ocupao, vazios urbanos,
faixas previamente garantidas atravs de legislao, ou canteiros centrais de
avenidas com larguras adequadas. Dessa forma fica mais barata a obra evitando-se
grande volume de desapropriaes, principalmente junto s estaes, o que eleva
consideravelmente o custo final. Nesse caso h necessidade de terraplanar o
terreno e remover as interferncias superficiais.
Pode-se aproveitar leitos ferrovirios antigos para a implantao desse
tipo de servio, mas como sua converso cara, evita-se esse tipo de
aproveitamento.
Elevado Estrutura metlica Concreto Pr-moldado
2.2.4 Trens regionais e de subrbio
O modo ferrovirio tradicional ainda a forma mais eficiente de se
transportar grandes volumes de pessoas por distncias relativamente longas com
uma velocidade razovel. So os chamados trens regionais. Quando esses sistemas
operam tambm em escalas metropolitanas, eles so chamados de trens de
subrbio.
De fato, sua operao apenas ocorre entre lugares com concentrao
populacional que sejam suficientemente prximos e de certa forma alinhados, uma
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vez que as estaes devem ser relativamente afastadas entre si e atrair um nmero
de usurios que justifique a parada do trem.
Esses trens costumam ser os mais pesados entre os veculos ferrovirios
e so tambm aqueles que necessitam da maior infra-estrutura. Costumam ser o
principal meio de ligar as cidades menores s maiores em vrios pases, mesmo
hoje em dia.
So normalmente menos geis, mais lentos e com um volume de
operaes menor que os metrs. Isso verdade principalmente pelo fato das vias
que operam no terem sido originalmente projetadas apenas para o transporte de
passageiros mas tambm de carga. Alm disso, a utilizao dessas vias para
transporte de passageiros visa oferecer conforto e confiabilidade para um pblico
que viaja no s a trabalho, mas tambm a passeio e portanto no est
necessariamente apressado (4).
2.2.5 Trens de alta velocidade
Alta velocidade um termo relativo. No h uma velocidade especfica
que defina um trem como de alta velocidade, porm usualmente so assim
considerados aqueles cuja velocidade supere os 200 km/h, (6) e (7).
So normalmente alimentados por locomotivas, porm o que os torna
especiais no apenas a sua aerodinmica, mas tambm sua forma de
acoplamento e articulao. Os carros no so simplesmente acoplados. Ao invs
disso, so unidos de forma semipermanente nas extremidades de dois carros
adjacentes atravs de um truque comum a ambos os carros (8). Ver Figura 1, na
seqncia.
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34
Trens de alta velocidade:
Trens convencionais:
Suspenso secundria em vermelho
Figura 1: Exemplo de acoplamento em trens de grande velocidade (8)
Como esse tipo de trem projetado para ser muito leve, a reduo no
nmero de truques se torna possvel. Essa colocao do truque entre carros tambm
reduz os nveis de rudo interno, proporciona maior espao para instalao de
equipamentos sob estrado, um plano mais alto para a suspenso e melhora a
aerodinmica, devido ao pequeno espao entre carros e altura menor em relao
ao cho (8).
A articulao do trem tambm permite que carros adjacentes sejam
dinamicamente acoplados por amortecedores e possibilitem uma passagem
confortvel e silenciosa de passageiros de um carro para outro. A articulao nos
trens de alta velocidade uma importante caracterstica de segurana evitando que,
em uma coliso, o trem se dobre feito um canivete, o que mais comum nos trens
convencionais (8).
Um problema nos trens de alta velocidade o custo elevado que sempre
colocado em questo quando comparado com o investimento necessrio em
outros meios de transporte. Por outro lado, existem vrios benefcios que podem
justificar sua implementao (9):
So mais rpidos que as viagens de avio para as mesmas distncias devido conexo direta entre as reas centrais, eliminando a
necessidade de translados e tempos perdidos em check in;
No so necessrias reservas com antecedncia; Tempos de viagens precisos. No h atrasos por condies climticas; Segurana. Menor ndice de acidentes e fatalidades comparado com
carros ou mesmo com avies;
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Reduo da poluio atmosfrica e sonora nas imediaes; Apesar de serem trens de alta velocidade o consumo de energia no
excessivamente maior;
2.2.5.1 Vias especiais
Em um sistema de alta velocidade as vias so fundamentais para o
desempenho adequado do sistema. Assim como em rodovias, existem restries de
velocidade as quais geralmente so bem inferiores s velocidades mximas dos
trens.
As vias devem permitir que os trens trafeguem suavemente e com
segurana com velocidades da ordem de 250 a 320 km/h. Devem ainda ser longas o
suficiente para permitir a acelerao e desacelerao dos trens.
O maior problema da utilizao das vias existentes para trfego de trens
de alta velocidade a ao das foras centrfugas em funo da existncia de
curvas acentuadas (7).
Outro problema da utilizao das vias existentes que deve haver uma
coordenao entre os trens de alta velocidade e os trens convencionais, pois muito
facilmente os trens mais rpidos podem ficar travados pelos mais lentos, resultando
em atrasos e, conseqentemente, na perda dos benefcios dos trens de alta
velocidade.
A segurana tambm fundamental. Apesar dos trilhos serem
substitudos quando necessrio, as fundaes so as mesmas, o que significa que
aps chuvas pesadas, por exemplo, as vias podem ceder levemente causando
problemas perceptveis apenas em altas velocidades. Os cruzamentos em nvel
tambm so problemas para a segurana.
Por essas razes os trens de grande velocidade necessitam de vias
especiais. As principais caractersticas das vias especialmente destinadas a trens de
alta velocidade so:
Vias fechadas e exclusivas; Inexistncia de cruzamentos em nvel;
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36
Fundaes em concreto; Grande distncia entre linhas paralelas; Curvas com raio menor que 5 km so evitadas; Inclinaes maiores que em vias convencionais; Estaes passantes so construdas com 4 vias; Tneis so evitados;
2.2.6 Trens pendulares
Os trens pendulares possuem um mecanismo que os inclina lateralmente
nas curvas permitindo que se alcance velocidades maiores nas vias convencionais
(6).
Os trens podem ser construdos de tal forma que as prprias foras
inerciais provoquem sua inclinao, comumente referenciados como trens
pendulares passivos. Podem tambm ser inclinados por mecanismos controlados
eletronicamente, sendo nesse caso chamados de trens pendulares ativos (7).
Apesar de no serem to rpidos quanto os trens de alta velocidade, os
trens pendulares so muito mais rpidos que os trens convencionais. Tm ainda a
vantagem de serem capazes de operar em vias existentes, reduzindo os tempos de
viagem e criando assim uma opo vivel aos trens de alta velocidade que
demandam um nvel de investimento muito alto (10). A Figura 2 mostra a inclinao
de um trem pendular no contorno de uma curva.
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Figura 2: Inclinao do Trem Pendular no contorno de uma curva (7)
A primeira impresso de que no seja seguro contornar curvas em alta
velocidade e que esse o motivo principal para existncia dos trens pendulares.
Todavia, a velocidade na qual o trem se torna inseguro nas curvas, ou seja, a
velocidade capaz de produzir fora suficiente para empurrar o trem para fora da via
alta de forma que seria suficiente para que os passageiros ficassem presos em um
dos lados do trem sem se poder mover (7).
O problema justamente o desconforto causado pela ao da fora
centrfuga sobre o passageiro. Com o movimento pendular dos trens, o passageiro
no empurrado lateralmente mas sim contra o prprio acento, tendo a mesma
sensao provocada pela fora da gravidade.
A Figura 3 mostra um exemplo de trem com falha no sistema pendular em
alguns carros.
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38
Figura 3: Carros 1 e 4 com falha no sistema pendular (7)
2.2.7 Outros tipos de veculos
Existem ainda outros tipos de veculos ferrovirios, que no sero
abordados neste trabalho. So eles:
Vages de carga Monotrilho Trens que operam por levitao magntica
2.3 PRINCIPAIS SISTEMAS DOS TRENS DE PASSAGEIROS
Os trens de passageiros so compostos por sistemas com funes
especficas, como propulso e frenagem que so fundamentais para o
funcionamento dos trens. Possuem sistemas voltados para a acessibilidade e o
conforto dos passageiros como portas e climatizao, alm dos sistemas voltados
para controle do trem, sinalizao de falhas e comunicao, entre outros.
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39
Os trens modernos possuem diversos sistemas auxiliares tanto para o
conforto dos passageiros como para o controle do trem. Esses sistemas so
geralmente alimentados eletricamente, porm alguns requerem ar comprimido e, em
casos particulares, at mesmo gua, como por exemplo em trens equipados com
toalete. Como o trem uma unidade mvel independente, todos os sistemas
internos devem ser supridos por fontes locais, instaladas no prprio trem (11).
No APNDICE A so apresentadas algumas das caractersticas bsicas
dos principais sistemas empregados nos materiais rodantes atuais, em especial nos
trens de subrbio e metrs. Apesar disso, os demais tipos de veculo possuem
sistemas equivalentes, exceto, claro, pelas particularidades requeridas para cada
aplicao. Na Figura 4 apresentado um diagrama funcional com os principais
sistemas de um trem de passageiros e suas respectivas funes primrias.
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40
Figura 4: Diagrama funcional de um trem de passageiros
TREM
ALIMENTAO
TRAO
FREIO MECNICO
Captar energia eltrica da rede
Locomover e frear eletricamente o trem
Frear mecanicamente o trem
SUPRIMENTO ELTRICO
SUPRIMENTO DE AR
PORTAS
Fornecer energia eltrica baixa tenso CA e CC para os demais sistemas
Fornecer ar comprimido para os sistemas pneumticos
Permitir a entrada/sada dos passageiros
TRUQUE / SUSPENSO
ACOPLAMENTO
Prover suporte, amortecimento, e guia
Permitir acoplamento entre carros e entre trens
ILUMINAO
Iluminar interior dos carros e Iluminar / sinalizar parte externa do trem (faris)
VENTILAO / CLIMATIZAO
Ventilar e/ou refrigerar e/ou aquecer salo de passageiros e cabine
COMUNICAO VISUAL E SONORA
Estabelecer comunicao entre cabine e passageiro
VIGILNCIA
Verificar presena e atuao do operador
ANUNCIADOR DE FALHAS
Indicar / registrar falhas dos sistemas
SISTEMA FUNO PRINCIPAL
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41
3 GERENCIAMENTO DE CDMS
O projeto de trens de passageiros uma atividade complexa que envolve
uma grande coordenao das aes tcnicas e administrativas de uma empresa e
consome uma grande quantidade de recursos em um processo de engenharia
simultnea integrando o desenvolvimento, a fabricao e a assistncia tcnica. Essa
abordagem faz com que sejam considerados, desde as etapas iniciais do projeto,
todos os elementos do seu ciclo de vida (12).
Um dos aspectos que fazem parte desse processo de engenharia
simultnea a engenharia de Confiabilidade, Disponibilidade, Mantenabilidade e
Segurana (CDMS), que intrinsecamente ligada com as demais reas de
desenvolvimento (12).
3.1 POLTICA CORPORATIVA E PROGRAMAS INTEGRADOS
Segundo OConnor (13), ...Um programa realmente efetivo de
confiabilidade pode existir apenas em uma organizao onde o alcance de altos
ndices de confiabilidade reconhecido como parte da estratgia corporativa e
recebe o apoio da alta direo.... Isso explica o porqu de alguns segmentos
darem mais importncia aos assuntos de CDMS do que outros.
OConnor (13) diz ainda que ...as diretrizes e os cuidados com qualidade
e confiabilidade devem comear no topo da hierarquia e se disseminar por todos os
nveis onde a confiabilidade possa ser afetada.... Portanto, mesmo nas empresas
onde CDMS efetivamente reconhecido como fundamental, se no houver o devido
comprometimento das pessoas que compem a chamada alta administrao, pouco
se poder fazer.
Os esforos de CDMS devem sempre ser tratados como parte integral do
desenvolvimento do produto e no apenas como uma atividade paralela e
desconexa do restante do desenvolvimento.
-
42
Em empresas com estrutura de gerenciamento matricial, o gerente de
projeto responsvel pela alocao dos recursos necessrios entre as diversas
reas de desenvolvimento. Tambm responsabilidade do gerente de projeto o
controle dos riscos reportados pelas diversas reas do desenvolvimento e a tomada
de decises apoiado pelas respectivas equipes tcnicas. Em funo disso,
fundamental que o mesmo tenha conhecimento das etapas principais do programa
de CDMS, de que forma elas esto relacionadas com o restante do desenvolvimento
e quais os possveis efeitos que tal programa pode causar ao projeto, sejam eles
positivos ou negativos.
Um programa integrado de CDMS deve, acima de tudo, ser organizado e
disciplinado. Enquanto o trabalho de desenvolvimento geralmente mais efetivo
quando no existem muitas restries de regras e burocracia que limitam a
criatividade, os esforos de CDMS devem ser direcionados de forma a estimular a
utilizao de solues padronizadas e consagradas, cuja confiabilidade j tenha sido
comprovada em uso. Esse controle pode ser obtido atravs da implementao de
banco de dados, manuais, procedimentos e verificaes de projeto, por exemplo.
Deve-se garantir atravs de procedimentos obrigatrios que as anlises
de projeto, verificaes, testes funcionais, anlise e correo de falhas sejam
corretamente conduzidas, uma vez que qualquer descuido pode resultar em reduo
da confiabilidade final do produto.
Deve-se ainda evitar a tendncia natural de se reduzir a rigorosidade das
anlises, como por exemplo no atribuindo a devida relevncia a uma falha, em
funo de presses por prazo ou dificuldades tcnicas que geralmente aparecem no
decorrer do projeto. Esse tipo de comportamento apenas adia a manifestao do
problema. preciso que fique claro para todos os envolvidos que uma das principais
atribuies da engenharia de CDMS justamente identificar eventuais problemas
em potencial no desenvolvimento do projeto.
A maneira mais efetiva para se assegurar a no ocorrncia de desvios
que possam comprometer a CDMS de um projeto atravs da excelncia de um
plano de confiabilidade e da implantao de procedimentos padro, com definies
claras de responsabilidades. A efetividade desse processo deve ser checada atravs
de auditorias peridicas.
-
43
3.2 CICLO DE VIDA DO PROJETO
O ciclo de vida do projeto uma sucesso de fases, cada uma contendo
tarefas especficas e cobrindo a vida total do desenvolvimento do sistema desde sua
concepo inicial at a retirada de operao e disposio final no seu descarte. O
ciclo de vida prov uma estrutura para planejar, administrar, controlar e monitorar
todos os aspectos de um sistema, inclusive CDMS, medida que o projeto progride
pelas fases, de forma a entregar o produto certo dentro dos parmetros de
qualidade, custo e tempo de entrega acordados. O conceito de ciclo de vida
fundamental na implementao de um projeto ferrovirio. De acordo com a norma
IEC 62278 (14), a representao apropriada para o ciclo de vida do projeto est
representada na Figura 5, e as principais tarefas a serem cumpridas para cada fase
do ciclo de vida esto na Tabela 1.
Nessa representao em V do ciclo de vida, o lado esquerdo
geralmente chamado de desenvolvimento e um processo de refinamento
culminando com a fabricao dos componentes do sistema. O lado direito
relacionado com a montagem, instalao, recepo e operao do sistema como um
todo. A representao de V" assume que as atividades de aceitao so
intrinsecamente ligadas ao desenvolvimento das atividades na medida em que o que
de fato projetado deva ser finalmente verificado em relao aos requisitos.
A Figura 6 mostra tarefas de verificao e validao dentro do ciclo de
vida. O objetivo da verificao demonstrar que, para entradas especficas, as
sadas de cada fase satisfazem, sob todos os aspectos, as exigncias daquela fase.
O objetivo da validao demonstrar que o sistema sob considerao, em qualquer
passo de seu desenvolvimento e depois de sua instalao, satisfaz as exigncias
especificadas.
-
44
Figura 5: Ciclo de vida do projeto
Conceito Monitoramento do desempenho
Validao do sistema e
comissionamento
Definio do sistema e condies de aplicao
Anlise de risco
Requisitos do sistema
Diviso dos requisitos dos sistemas
Projeto e Implementao
Fabricao
Instalao
Modificaes e re-trabalhos
Aceitao do sistema
Operao e manuteno
Descarte
12
13
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
14
-
45 Tabela 1: Tarefas relacionadas ao projeto (continua)
FASE DO CICLO
DE VIDA
TAREFAS RELACIONADAS AO PROJETO
1
Conceito
Estabelecer escopo e propsito do projeto ferrovirio; Definir conceito do projeto ferrovirio; Elaborao de anlises financeiras e estudos de viabilidade; Estabelecer responsabilidades;
2
Definio do sistema e condies
de aplicao
Estabelecer o perfil da misso do sistema; Preparar a descrio do sistema; Identificar tarefas de operao e manuteno; Identificar condies operacionais; Identificar condies de manuteno; Identificar influncia das restries de infra-estrutura existentes;
3
Anlise de risco
Elaborar anlise dos riscos tcnicos e financeiros relacionada ao
projeto
4
Requisitos do sistema
Elaborar anlise dos requisitos; Especificar o sistema (requisitos gerais); Especificar o ambiente; Definir a demonstrao do sistema e os critrios de aceitao
(requisitos gerais); Estabelecer o plano de validao; Estabelecer os requisitos de qualidade, de gerenciamento e de
organizao; Implementar procedimento de controle de modificaes;
5
Diviso dos requisitos dos
sistemas
Especificar requisitos dos subsistemas e componentes; Definir critrio de aceitao de subsistemas e componentes;
6
Projeto e Implementao
Elaborar planejamento; Elaborar projeto e desenvolvimento; Efetuar anlises do projeto e testes; Efetuar verificao do projeto; Efetuar implementao e validao; Planejar suporte logstico;
7
Fabricao
Elaborar planejamento da produo; Produo; Produo e teste de sub-montagens; Preparar documentao; Realizar treinamentos;
8
Instalao
Montar sistema; Instalar sistema;
-
46 Tabela 1: Tarefas relacionadas ao projeto (concluso)
9
Validao do
sistema e comissionamento
Comissionamento; Executar operao comprobatria; Efetuar treinamentos;
10
Aceitao do sistema
Elaborar procedimentos baseados nos critrios de aceitao; Coletar evidncias para aceitao; Entrada em servio do sistema; Continuao da operao comprobatria (quando apropriado);
11
Operao e manuteno
Operao de longo prazo do sistema; Manuteno; Treinamentos;
12
Monitoramento do desempenho
Coletar dados estatsticos do desempenho operacional; Analisar e avaliar dados;
13
Modificaes e re-trabalhos
Implementar procedimentos de solicitao de modificao; Implementar procedimentos de modificaes e re-trabalhos;
14
Descarte
Planejar e efetuar retirada de operao e descarte;
-
47
Figura 6: Verificao e validao
3.3 CDMS NO DOMNIO FERROVIRIO
A norma IEC 62278 (14), baseada na norma EN 50126 (15) e pode ser
considerada a principal norma internacional de CDMS para projetos ferrovirios.
Essa norma apresenta as definies dos elementos de CDMS e suas relaes,
define um mtodo de gerenciamento de CDMS dentro de um projeto, baseado no
ciclo de vida dos sistemas ferrovirios e nas atividades em cada etapa do ciclo de
vida, alm de definir um processo sistemtico para especificao dos requisitos de
CDMS e demonstrao de que tais requisitos so alcanveis.
Porm essa norma no define metas de CDMS, requisitos e/ou solues
para problemas especficos na ferrovia. Tambm no define regras e/ou ferramentas
para assegurar o cumprimento com os parmetros de CDMS.
Validao do sistema e comissionamento
Requisitos do sistema
Diviso dos requisitos dos sistemas
Aceitao do sistema
VALIDAO
Legenda:
- Verificaes dentro da prpria fase
- Verificaes e tomada de deciso para seguir de uma fase para outra - Validao do sistema em relao s especificaes (fases distintas)
-
48 CDMS so caractersticas de operao do sistema por um longo perodo
e so obtidas pela aplicao de conceitos consagrados de engenharia, mtodos,
ferramentas e tcnicas durante o ciclo de vida do sistema.
CDMS de um sistema podem ser caracterizadas como a capacidade,
avaliada em termos qualitativos e quantitativos, de funcionar conforme as
especificaes e estar disponvel para operao de forma segura.
O objetivo de um sistema ferrovirio alcanar um determinado nvel de
trfego sobre os trilhos em um dado tempo, de forma segura. CDMS no domnio
ferrovirio descreve a confiana de que o sistema possa garantir o atendimento a
essa meta. Por isso, tem uma forte e clara influncia na qualidade do servio
prestado ao usurio.
De acordo com a norma IEC 62278 (14), a qualidade do servio prestado
tambm influenciada por outros fatores relacionados com a funcionalidade e
desempenho, como por exemplo a freqncia e regularidade do servio, alm do
preo.
O inter-relacionamento dos elementos de CDMS para aplicao ferroviria
representado na Figura 7.
Figura 7: Inter-relacionamento dos elementos de CDMS
CDMS NO DOMNIO FERROVIRIO
SEGURANA DISPONIBILIDADE
CONFIABILIDADE E MANTENABILIDADE
OPERAO E
MANUTENO
-
49 Todas as falhas ocorridas em um sistema afetam negativamente a
confiabilidade do mesmo, porm apenas algumas falhas muito especficas afetam
negativamente tanto a confiabilidade quanto a segurana do sistema, conforme
mostrado na Figura 8.
SISTEMA FERROVIRIO
ESTADOS FUNCIONAIS
Modos de Falha /
Estados de Falha Modos de falhade segurana
Afetam aConfiabilidade
Afetam aSegurana
Figura 8: Efeitos das falhas em um sistema ferrovirio
CDMS em um sistema ferrovirio so afetadas por 3 fatores: internos ao
sistema em qualquer fase do seu ciclo de vida (Condies do Sistema); externos
impostos ao sistema durante a operao (Condies Operacionais); e fatores
externos impostos ao sistema durante as atividades de manuteno (Condies de
Manuteno), havendo interao entre os mesmos.
3.4 ATIVIDADES EM CADA FASE
A norma IEC 62278 (14), define os objetivos, os requisitos, as entradas e
as sadas relacionadas com CDMS em cada etapa do ciclo de vida do projeto. Na
Tabela 2 constam as principais tarefas relacionadas com CDM e na Tabela 3
constam as principais tarefas relacionadas com a segurana.
-
50 Tabela 2: Tarefas relacionadas com CDM (continua)
FASE DO CICLO DE VIDA
TAREFAS RELACIONADAS COM CDM
1
Conceito
Rever o desempenho de CDM previamente alcanado; Considerar as implicaes de CDM no projeto;
2
Definio do
sistema e condies de aplicao
Avaliar dados de retorno de experincias passadas com CDM; Efetuar anlise preliminar de CDM; Estabelecer a poltica de CDM; Identificar as condies de operao e manuteno; Identificar a influncia das restries de infra-estrutura existentes em
CDM;
3
Anlise de risco
Elaborar anlise de risco relacionada com o cumprimento dos requisitos de CDM;
4
Requisitos do sistema
Especificar requisitos de CDM do sistema; Definir critrio de aceitao de CDM; Definir estrutura funcional do sistema; Estabelecer programa de CDM; Estabelecer a forma de gerenciamento de CDM;
5
Diviso dos requisitos dos
sistemas
Alocao dos requisitos de CDM do sistema nos sub-sistemas, definindo requisitos e critrios de aceitao;
6
Projeto e
Implementao
Implementar programa de CDM atravs de revises de projeto, anlises, testes e avaliao de resultados;
Controlar a evoluo do programa de CDM, incluindo as interfaces com fornecedores;
7
Fabricao
Executar ensaios ambientais; Executar ensaios de melhoria de CDM; Iniciar um de Sistema de Registro de Falhas, Anlise e Aes
Corretivas (FRACAS);
8
Instalao
Iniciar treinamentos dos responsveis pela manuteno; Efetuar previses de sobressalentes e ferramentas especiais;
9
Validao do
sistema e comissionamento
Efetuar a demonstrao de CDM
10
Aceitao do
sistema
Avaliar a demonstrao de CDM
11
Operao e manuteno
Gerenciar estoques de sobressalentes e ferramentas especiais; Realizar manuteno Centrada em Confiabilidade;
-
51
Tabela 2: Tarefas relacionadas com CDM (concluso)
12
Monitoramento do
desempenho
Coletar, analisar, avaliar e utilizar estatsticas de desempenho e CDM;
13
Modificaes e re-
trabalhos
Considerar as implicaes de CDM em modificaes e retrabalhos;
14
Descarte
Sem atividades de CDM;
Tabela 3: Tarefas relacionadas segurana (continua)
FASE DO CICLO DE VIDA
TAREFAS RELACIONADAS COM SEGURANA
1
Conceito
Rever o desempenho de Segurana previamente alcanado; Considerar as implicaes de Segurana no projeto; Rever polticas e metas de Segurana;
2
Definio do sistema e condies
de aplicao
Avaliar dados de retorno de experincias passadas com Segurana; Efetuar Anlise Preliminar dos Perigos (PHA); Estabelecer plano de Segurana; Definir critrio de tolerncia ao risco; Identificar a influncia das restries de infra-estrutura existentes na
Segurana;
3
Anlise de risco
Efetuar anlises de perigo e de riscos segurana do sistema; Preparar um controle dos perigos; Efetuar avaliao de risco;
4
Requisitos do sistema
Especificar requisitos de Segurana do sistema; Definir critrio de aceitao de Segurana; Definir requisitos das funes relacionadas segurana; Estabelecer a forma de gerenciamento da Segurana;
5
Diviso dos
requisitos dos sistemas
Alocao dos requisitos de Segurana do sistema nos sub-sistemas, definindo requisitos e critrios de aceitao;
Atualizar plano de Segurana;
6
Projeto e
Implementao
Implementar programa de Segurana atravs de revises de projeto, anlises, testes e avaliao de resultados, registros e anlises dos perigos;
Controlar a evoluo do programa de CDM, incluindo as interfaces com fornecedores;
Justificar decises de projeto relacionadas com a segurana; Preparar arquivos com evidncias de segurana;
-
52 Tabela 3: Tarefas relacionadas segurana (concluso)
7
Fabricao
Implementar programa de Segurana atravs de revises de processo, anlises, testes e avaliao de resultados, registros e anlises dos perigos;
8
Instalao
Estabelecer um programa de instalao; Implementar programa de instalao;
9 Validao do
sistema e comissionamento
Estabelecer um plano de comissionamento; Implementar plano de comissionamento; Preparar a aplicao das medidas de segurana;
10
Aceitao do
sistema
Avaliar a aplicao das medidas de segurana;
11
Operao e manuteno
Realizar manuteno Centrada em Confiabilidade; Realizar monitoramento do desempenho de segurana e atualizao
dos arquiv