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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA E MEIO AMBIENTE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ELIZA ANIK LEAL DE OLIVEIRA UTILIZAÇÃO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA EM MASSA ARGILOSA PARA PRODUÇÃO DE TIJOLO CERÂMICO Belém - PA 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

CURSO DE MESTRADO EM CIÊNCIA E MEIO AMBIENTE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ELIZA ANIK LEAL DE OLIVEIRA UTILIZAÇÃO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA EM MASSA

ARGILOSA PARA PRODUÇÃO DE TIJOLO CERÂMICO

Belém - PA 2019

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ELIZA ANIK LEAL DE OLIVEIRA

UTILIZAÇÃO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA EM MASSA

ARGILOSA PARA PRODUÇÃO DE TIJOLO CERÂMICO

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Ciências e Meio Ambiente do Instituto de Ciências Exatas e Naturais (ICEN) da Universidade Federal do Pará (UFPA) como requisito para obtenção do grau de mestre.

Orientador: Prof. Dr. Jandecy Cabral Leite

Belém - PA 2019

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UTILIZAÇÃO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA EM MASSA ARGILOSA, PARA PRODUÇÃO DE TIJOLO CERÂMICO.

ELIZA ANIK LEAL DE OLIVEIRA

Dissertação de mestrado submetida para banca de qualificação ao Programa

de Pós-Graduação de Mestrado Profissional em Ciência e Meio Ambiente da

Universidade Federal do Pará (UFPA).

Aprovada em 25 de Março de 2019.

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FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicidade (CIP) de acordo com ISBD Biblioteca ICEN/UFPA-Belém-PA

O48u Oliveira, Eliza Anik Leal de

Utilização do lodo de estação de tratamento de água em massa argilosa para produção de tijolo cerâmico/Eliza Anik . Leal de Oliveira.-2019.

Orientador : Jandercy Cabral Leite Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Programa de Pós- Graduação em Ciências e Meio ambiente, 2019.

1. Impacto ambiental. 2. Resíduos sólidos. 3. Água-

Estações de tratamento. 4. Reaproveitamento ( Sobras, refugos, etc.). 5. Lodo. I. Título. .

CDD 22. ed. – 363.7

Elaborado por Leila Maria Lima Silva – CRB-458/81

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DEDICATÓRIA

“Dedico este trabalho a Deus, que com sua infinita

sabedoria”, foi e sempre será, um importante guia

na minha trajetória.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me conceder a oportunidade de ampliar

meus conhecimentos, dando-me forças para superar as dificuldades durante esta

caminhada, me animando nos momentos difíceis, reestabelecendo em meu

pensamento que só vencemos as dificuldades com perseverança e que a verdadeira

sabedoria é o resultado do reconhecimento de que nada somos sem sua permissão.

À Universidade Federal do Pará – UFPA e ao Instituto de Tecnologia e

Educação Galileo da Amazônia – ITEGAM por proporcionarem o Curso de Mestrado

na cidade de Manaus-AM contribuindo com essa iniciativa para o desenvolvimento

pessoal e intelectual daqueles que tem interesse em ampliar seus conhecimentos na

pesquisa e obterem uma maior qualificação para o sucesso profissional.

Ao orientador Prof. Dr. Jandecy Cabral Leite, pela paciência com que me

orientou, pois veio contribuir para este programa de mestrado.

Aos professores da Pós-Graduação Mestrado Profissional em Ciência e Meio

Ambiente que muito colaboraram para a elaboração desta dissertação.

À Estação Programa Mais Água – PROAMA, por ter cedido o resíduo sólido e à

empresa Cerâmica Montemar Ltda, por ter cedido a argila, ambas matérias-primas de

suma importância utilizadas nesse estudo.

À Universidade Federal do Amazonas - UFAM, por permitir o uso do laboratório

de Geoquímica, para realização dos ensaios físicos e químicos.

Ao corpo técnico do Departamento de Geociências da Universidade Federal do

Amazonas - UFAM, pelo apoio e atenção para com realização das análises de

difração de Raios-X.

A todo corpo técnico do laboratório de química do Grupo Crowfoot da Escola

Superior de Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas- UEA, pela

orientação e apoio na realização das análises de Fluorescência de Raios-X.

Ao Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia – INPA, por permitir o uso do

Laboratório Temático Institucional Química de Produtos Naturais – LTQPN.

À minha a minha mãe Auziene de Freitas Leal por me ter dado força e me

incentivado para participar do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em

Ciência e Meio Ambiente.

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Enfim, agradeço a todos os amigos e familiares que direta ou indiretamente

contribuíram com carinho e atenção durante a construção dessa pesquisa.

Muito obrigado!

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RESUMO

As Estações de Tratamento de Água (ETA) transformam água bruta em potável, para consumo humano, através de operações unitárias e métodos convencionais de coagulação, floculação, decantação, filtração e desinfecção. Durante esse processo de purificação é gerado um resíduo com características sólidas. Esse subproduto, oriundo da adição de substâncias químicas é denominado lodo, e possui autopoder degradador, com possibilidades de impactos negativos que, se lançados de forma in natura no meio ambiente, causam sérios danos ao solo e à vida aquática. Em busca de soluções capazes de minimizar os impactos ambientais proveniente de ETA e reduzir custos relativos à destinação final dos resíduos gerados, o presente trabalho por objetivo avaliar a potencialidade de uso do lodo de ETA, por meio de incorporação à massa argilosa para a fabricação de tijolos, a fim de apresentar uma alternativa de destinação ambientalmente correta a esse resíduo. O lodo e argila passaram por caracterizações químicas e mineralógicas, por meio de distribuição granulométrica, análise de fluorescência de raios-X, difração de raios-X. As amostras foram homogeneizadas nas proporções de 0%, 12%, 14% e 18% de lodo em argila de cerâmica vermelha, prensadas a 25 Mpa, e posterior produção de corpos-de-prova que em seguida foram queimados até temperatura de 900ºC. Após sinterização, foram realizados ensaios físicos e mecânicos, para avaliar a qualidade do produto final, por meio de análise das propriedades de perda ao fogo, retração linear, absorção de água, massa específica aparente, porosidade aparente, tensão de ruptura à flexão, umidade e plasticidade. Os resultados dos ensaios laboratoriais com as proporções de resíduo incorporado na massa argilosa demonstram influenciar nas propriedades físicas e mecânicas do material cerâmico. Os resultados apresentados mostram semelhança ao recomendado e que apesar das amostras de 18% (lodo), em relação a argila demonstrarem variação na composição química devido sua elevada taxa de matéria orgânica, pôde ser observado que ambas tiveram como composto majoritário o SiO2, Al2O3 e Fe2O3. Comparando os resultados com os parâmetros estabelecidos na NBR 15270-1, 2 e 3/2005, comprovou-se que o lodo de ETA pode ser incorporado em até 18% na massa argilosa, para fabricação de tijolos.

Palavras Chaves: Estação de tratamento de água, resíduos sólidos, reciclagem.

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ABSTRACT

The Waste Water Treatment Plants (WWTP) transforms raw water into drinking water for human consumption through unit operations and conventional coagulation, flocculation, decantation, filtration and disinfection methods. During this purification process a residue with solid characteristics is generated. This by-product, which comes from the addition of chemical substances, is called sludge, and has degraded self-power, with possibilities of negative impacts that, if released in nature in the environment, cause serious damages to the soil and aquatic life. In the search for solutions capable of minimizing the environmental impacts from waste water treatment plant (WWTP) and reduce costs related to the final destination of the waste generated, the present work aims to evaluate the potential use of WWTP sludge by incorporating clay slurry to the production of bricks, in order to present an alternative environmentally correct destination for this waste. Sludge and clay underwent chemical and mineralogical characterization, through granulometric distribution, X-ray fluorescence analysis, X-ray diffraction. The samples were homogenized in the proportions of 0%, 12%, 14% and 18% of sludge in red clay, pressed at 25 MPa, and later production of test specimens which were then burned to a temperature of 900ºC. After sintering, physical and mechanical tests were performed to evaluate the quality of the final product, by means of analysis of the properties of fire loss, linear retraction, water absorption, apparent specific mass, apparent porosity, flexural rupture stress, moisture and plasticity. The results of the laboratory tests with the residue proportions incorporated in the clay mass demonstrate influence on the physical and mechanical properties of the ceramic material. The results presented show a similarity to that recommended and that despite the 18% (sludge) samples, in relation to the clay showed a variation in the chemical composition due to its high organic matter content, it was observed that both had SiO2, Al2O3 and Fe2O3. Comparing the results with the parameters established in NBR 15270-1, 2 and 3/2005, it was verified that the WWTP sludge can be incorporated in up to 18% in the clay mass for the manufacture of bricks.

Keywords: Waste water treatment plant, recycling, solid waste.

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LISTA DE FIGURAS Figura 1: Classificação dos resíduos sólidos......................................................................... 29

Figura 2: Fluxograma dos procedimentos e análises realizados. .......................................... 34

Figura 3: Mapa de localização do PROAMA. ........................................................................ 36

Figura 4: Resíduo bruto (4a), resíduo moído e peneirado (4b). ............................................. 37

Figura 5: Mapa de localização da Olaria Cerâmica Montemar. ............................................. 37

Figura 6: Peneiramento e lavagem da amostra ..................................................................... 39

Figura 7: Peneiras para o material grosso ............................................................................ 40

Figura 8: Peneiras para o material fino ................................................................................. 40

Figura 9: Prensa pneumática utilizada para conformação das pastilhas de amostras ........... 43

Figura 10: Pastilha com Argila (à esq.) e pastilha com lodo de ETE (à dir) ........................... 44

Figura 11: Espectrômetro para fluorescência de Raios-X. .................................................... 44

Figura 12: Equipamento de Difração de Raios-X .................................................................. 45

Figura 13: Estufa de secagem e esterilização ....................................................................... 46

Figura 14: Moinho de Bolas. ................................................................................................ 46

Figura 15: Pesagem da matéria-prima com resíduo. ............................................................. 47

Figura 16: Balança de precisão utilizada na pesagem de matéria-prima para posterior

conformação dos corpos de prova. ........................................................................................ 48

Figura 17: Prensa (a), Prensagem (b), Remoção do corpo de prova (c). .............................. 48

Figura 18: Forno Mufla utilizado para queirma dos corpos de prova ..................................... 50

Figura 19: Recipiente para o teste de Absorção de água. ..................................................... 53

Figura 20: Flexímetro (a); Teste de TRF (b); rompimento do corpo de prova (c). .................. 56

Figura 21: Distribuição granulométrica da argila. .................................................................. 57

Figura 22: Distribuição granulométrica do resíduo. ............................................................... 58

Figura 23: Difratograma de Raios-X da argila. ...................................................................... 61

Figura 24: Difratograma de Raio -X no resíduo de ETA. ...................................................... 62

Figura 25: Difratograma de Raios-X dos CP após a queima, com 18% de resíduo. .............. 63

Figura 26: Curva de queima dos corpos de prova. ................................................................ 64

Figura 27: Retração linear nos corpos de prova. ................................................................... 66

Figura 28: Absorção de água dos corpos de prova. .............................................................. 67

Figura 29: Porosidade aparente dos corpos de prova. .......................................................... 68

Figura 30: Massa específica aparente dos corpos de prova ................................................. 69

Figura 31: Tensão de ruptura dos corpos de prova. .............................................................. 70

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: As 15 Resoluções CONAMA sobre resíduos sólidos. ............................................ 32

Tabela 2: Classificação dos solos. ........................................................................................ 38

Tabela 3: Formulação e homogeneização da massa cerâmica ............................................. 47

Tabela 4: Valores de densidade verde dos corpos de prova. ................................................ 49

Tabela 5: Temperatura de queima dos corpos de prova ....................................................... 51

Tabela 6: Densidade real dos grãos das amostras de argila e lodo. ...................................... 59

Tabela 7: Composição química em porcentagem da argila, resíduo e massa cerâmica com

18% de resíduo. ..................................................................................................................... 60

Tabela 8: Medidas dos corpos de prova após secagem em temperatura à 110°C. ............... 64

Tabela 9: Resultados dos ensaios físicos e mecânicos. ........................................................ 65

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS °C - Grau Celsius

AA - Absorção de Água

ABNT - Agência Brasileira de Normas Técnicas

Al - Alumínio

ARSAM - Agência Reguladora dos Serviços Concedidos do Estado do Amazonas DNER ME -

Departamento Nacional de Estrada de Rodagem Método de Ensaio

DRX - Difração de Raios-X

ETA - Estação de Tratamento de Água

FC - Fator de Correção

Fe - Ferro

FRX - Fluorescência de Raios-X

g - Grama

K - Caulinita

MEA - Massa Específica Aparente mm- Milímetro

MPa - Megapascal

Ms - Massa seca

Mu - Massa úmida

PA - Porosidade Aparente

PF - Perda ao Fogo

PROAMA - Programa Água para Manaus

Q - Quartzo

RL - Retração Linear

SANEPAR - Companhia de Saneamento do Paraná

TRF - Tensão de Ruptura à Flexão

TU - Teor de umidade

UEA - Universidade do Estado do Amazonas

UFAM - Universidade Federal do Amazonas

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I ....................................................................................................................... 15

1.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 15

1.2 Problema ...................................................................................................................... 17

1.3 Contextualização e justificativa da proposta de estudo................................................. 17

1.4 OBJETIVOS ................................................................................................................. 20

1.4.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 20

1.4.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 20

1.5 Contribuição e relevância do tema ........................................................................... 20

1.6 Delimitação da pesquisa........................................................................................... 21

1.7 Escopo da dissertação ............................................................................................. 21

CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................ 23

2.1 O Tratamento de água.......................................................................................... 23

2.1.1 Coagulação química .......................................................................................... 23

2.1.1.1 Fatores que influenciam a coagulação ........................................................ 24

2.1.1.2 Os Efeitos do pH ........................................................................................... 25

2.1.2 Geração de lodo nas ETA ................................................................................ 25

2.1.2.1 Características de lodos das ETA ................................................................... 26

2.1.2.2 Remoção de água ......................................................................................... 26

2.1.3 Disposição final de lodo de ETA ...................................................................... 28

2.2 O Resíduo sólido (lodo de ETA) ............................................................................... 28

2.3.1 LEIS AMBIENTAIS (Federal, Estadual, e Municipal) ............................................. 30

2.3.2 A constituição de 1988 e o Meio Ambiente ............................................................ 31

2.3.3 Resoluções Conama, a Constituição de 1988 e o Meio Ambiente ......................... 31

CAPÍTULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................. 34

3.1 Coleta das matérias-primas. ..................................................................................... 35

3.1.1 Resíduo de ETA (lodo)....................................................................................... 35

3.1.2 Argila ................................................................................................................. 37

3.2 Caracterização das matérias-primas ........................................................................ 38

3.2.1 Preparo das Amostras para ensaios caracterização .......................................... 38

3.2.2 Ensaio de granulometria por peneiramento ........................................................ 40

3.2.3 Determinação do teor de umidade das amostras de solo ................................... 41

3.2.4 Densidade Real dos Grãos ................................................................................ 42

3.2.5 Fluorescência de Raios-X (FRX) ........................................................................ 43

3.2.6. Difração de Raios-X (DRX) ............................................................................... 44

3.3 Preparação dos corpos de prova .............................................................................. 45

3.3.1 Preparo das amostras ....................................................................................... 45

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3.3.2 Formulação e Homogeneização ........................................................................ 47

3.3.3 Prensagem ........................................................................................................ 48

3.3.4 Secagem dos Corpos de Prova ......................................................................... 50

3.3.5 Queima dos corpos de prova ............................................................................. 50

3.4 Ensaio físicos e mecânicos ...................................................................................... 51

3.4.1 Umidade de Prensagem (UP) ............................................................................ 52

3.4.2 Perda ao fogo (PF) ............................................................................................ 52

3.4.3 Retração Linear (RL) ......................................................................................... 53

3.4.4 Absorção de água (AA)...................................................................................... 53

3.4.4.1 Massa imersa (Pi) ........................................................................................... 54

3.4.4.2 Massa úmida do corpo de prova (Pu) ............................................................. 54

3.4.5 Porosidade Aparente (PA) ................................................................................. 55

3.4.6 Massa específica aparente (MEA) ..................................................................... 55

3.4.7 Tensão a ruptura à flexão (TRF) ........................................................................ 55

CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................. 57

4.1 Caracterização das amostras ................................................................................... 57

4.1.1 Análise Granulométrica da Argila ....................................................................... 57

4.1.2 Análise granulométrica do resíduo ..................................................................... 58

4.1.3 Densidade real dos grãos (DR) .......................................................................... 59

4.1.4 Fluorescência de Raio – X ................................................................................. 59

4.1.5 Difração de Raios-X ........................................................................................... 60

4.2 Análises físicas e mecânicas .................................................................................... 63

4.2.6 Porosidade Aparente (PA) ................................................................................. 68

4.2.7 Massa específica aparente (MEA) ..................................................................... 69

4.2.8 Tensão de ruptura à flexão (TRF) ...................................................................... 70

CAPÍTULO V - CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 72

5.1 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 72

5.2 Recomendações para trabalhos futuros ................................................................... 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 74

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CAPÍTULO I

1.1 INTRODUÇÃO

As intervenções do ser humano sobre o meio ambiente, para satisfazer as suas

necessidades, têm provocado a exploração contínua dos recursos naturais gerados

os impactos ambientais. Segundo Flogliatti et al (2004), é considerado impacto

ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e/ou biológicas do

meio ambiente, provocada direta ou indiretamente por atividades antrópicas que

podem afetar a saúde, a segurança e/ou a qualidade dos recursos naturais

Os impactos ambientais causados pelo alto índice de resíduos sólidos são

consequências da necessária expansão econômica e o avanço tecnológico, impondo

à sociedade um ritmo consumista. Este conceito de consumo da sociedade moderna

contribui com as diversas fontes geradoras de resíduos provenientes, das atividades

de indústria, comércio, minério, pesca, abastecimento de água, residências entre

outros.

Com objetivos de uma produção mais limpa e competitividade comercial, as

empresas tem cada vez mais se preocupado com a redução e destinação correta dos

resíduos gerados em seus processos produtivos, e ciclo de vida útil dos produtos.

Esta preocupação visando sempre diminuir ao mínimo possível, os custos com

tratamento de resíduos sólidos e os impactos negativos ao meio ambiente.

Com a globalização e com a respectiva elevação do consumo de água o

homem passou a buscar novas formas de obter água em boas condições de uso

(TAKADA et al., 2013).

As Estações de Tratamento de Água para abastecimento público (ETA’s)

transformam água inadequada para o consumo humano em água sanitariamente

segura, em conformidade com o padrão de potabilidade estabelecido no Brasil

através da Portaria nº 2.914/11 do Ministério da Saúde (TSUTIYA et al., 2001).

A indústria da água de abastecimento, quando utiliza o tratamento completo ou

convencional (coagulação, floculação, decantação e filtração), realiza processos e

operações como a introdução de produtos químicos, que geram o resíduo (REIS et

al., 2006).

Esse subproduto, gerado da adição de produtos químicos e água, é

denominado lodo e é composto basicamente de partículas de solo, material orgânico

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carreado para água bruta. De acordo com Richter (2003), o lodo de ETA é

considerado como um resíduo composto de água e sólidos suspensos contidos na

própria água, acrescidos dos produtos químicos aplicados durante o processo de seu

tratamento. Grandin et al.(1993), complementam essa constituição com resíduos

sólidos orgânicos e inorgânicos provenientes da água bruta, tais como algas,

bactérias, vírus, partículas orgânicas em suspensão, colóides, areias, argila, siltes,

cálcio, magnésio, ferro, manganês, etc. Outros metais pesados podem fazer parte dos

sedimentos em águas fluviais devido a poluentes arrastados pelo deflúvio superficial

urbano ou mesmo por despejos de efluentes industriais nos mananciais que

alimentam as estações de tratamento.

A quantidade de lodo é dependente da qualidade físico-química das águas

bruta e tratada e dos coagulantes e produtos utilizados no processo de sua

potabilização. Desta forma, o volume gerado passa a ser diretamente proporcional à

dosagem de coagulante utilizado no processo, o qual varia entre 0,2 e 5% do volume

total de água tratada pela ETA.

O lodo gerado nas ETA’s normalmente tem destino final inadequado, ficando

exposto ao ambiente, contaminando-o (Castro et al, 2015). E a decomposição do solo

e a contaminação de mananciais e lençol são exemplos de danos ambientais

causados pela destinação inadequada dos resíduos (Silva et al., 2013).

Há muito tempo o destino do resíduo de ETA’s vem sendo os cursos d’água

próximo às estações. No entanto, as atuais legislações estão restringindo e, até

mesmo, proibindo esta prática. Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos lei

12.305/10 e a NBR 10.004/871, estes lodos, classificados como resíduos sólidos,

devem ser minimizados, reutilizados e/ou reciclados, ficando proibido seu lançamento

em corpos d’água.

Esse material é um composto capaz de provocar poluição ambiental, por conter

substâncias químicas que, se forem dispostos no ambiente sem o devido tratamento,

podem causar sérios danos ambientais no solo e à vida aquática. Os metais pesados

como cobre, zinco, níquel, chumbo, cádmio, crômio, manganês e, em especial,

alumínio e ferro, presentes no lodo, possuem ações tóxicas (Botero, 2009). A

toxicidade também se deve às reações sofridas durante o processo, forma e tempo de

retenção, características do curso d’água, composição e impurezas e outros produtos

químicos empregados no tratamento da água (Barroso et al., 2001).

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1.2 Problema

Para Hoppen et al., (2005), a geração de resíduos de ETA aumentou, devido

ao uso de maiores concentrações de produtos químicos, uma vez que a qualidade da

água dos rios é péssima e a demanda por água potável é maior.

Soares et al (2014), afirma que o lodo é considerado o maior passivo ambiental

do setor, visto que a preocupação com sua correta disposição, sem prejudicar o meio

ambiente, vem ganhando crescente atenção, devido a sua composição, com a

presença de metais.

Devido aos custos elevados e restrições ambientais, muitos países vêm

buscando alternativas viáveis economicamente e ecologicamente corretas, para

disposição final dos resíduos gerados em estação de tratamento de água - ETA.

Katayama, (2012), afirma que, embora a maioria dos países desenvolvidos já tenham

adequado seus sistemas para tratar os lodos, os países subdesenvolvidos ainda

lançam esse material diretamente nos cursos d’água e poucas estações têm se

preocupado com o tratamento de disposição do resíduo.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei n° 12.305 (Brasil, 2010), veda o

lançamento do resíduo in natura no meio ambiente e remete a necessidade de

reaproveitar os resíduos decorrentes das atividades humanas, devendo ser disposto

adequadamente (BILDHAUER, D. C. et al.2015).

Nos textos da Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei n° 9.433/97 e da Lei

de Crimes Ambientais – Lei n° 9.605/98, considera crime ambiental o lançamento do

lodo de ETA in natura, porém, segundo Tsutiya (2001:1) é frequente a disposição do

lodo nas águas próximas às estações.

Segundo Jimenez (2011), para superar os problemas ambientais causados

pelo lodo, são necessários o desenvolvimento de novos materiais e busca de novas

soluções construtivas, como sistemas de reutilização e reciclagem. O autor afirma

que, são necessários estudos que permitam a utilização dos resíduos de ETA na

indústria cerâmica.

1.3 Contextualização e justificativa da proposta de estudo

Um dos resíduos que apresentam potencial para serem reciclados em

cerâmica vermelha são os lodos gerados nas Estações de Tratamento de Água - ETA

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(PINHEIRO et al., 2014). As características físicas e químicas do lodo de ETA´s são,

muitas vezes, similares as dos materiais na fabricação dos tijolos: argila.

(KATAYAMA, 2012).

Por muitos anos indústria cerâmica tem a argila como principal matéria-prima

para fabricação dos tijolos e produtos similares. A argila é utilizada como material de

construção desde 4.000 a.C., mas não se sabe ao certo época e local de origem do

primeiro tijolo. O homem teria passado a usar blocos secos ao sol quando as pedras

naturais começaram a ficar escassas. O termo Cerâmica (do grego, keramike,

derivação de keramos) compreende todos os materiais inorgânicos, não metálicos,

moldados durante sua fase plástica e submetidos à cocção, a temperaturas entre

900°C e 1.000°C. Neste processo, denominado Queima, a argila plástica adquire

rigidez e resistência, mediante a fusão de alguns componentes da massa (LEMOS,

2015).

No Brasil, a cerâmica tem sua origem na Ilha de Marajó, que compreendia

técnicas de raspagem, incisão, excisão e pintura altamente elaboradas. Destarte, a

tradição ceramista não chegou ao Brasil com os portugueses, nem veio junto com a

bagagem cultural dos africanos.

Os colonizadores, instalando as primeiras olarias, apenas estruturaram e

concentraram mão de obra, modificando o processo nativo, muito rudimentar, com as

tecnologias da época, a exemplo do uso do torno e conferindo simetria e acabamento

mais refinado às peças (LEMOS, 2015).

As olarias estão entre os empreendimentos com características negativa

quanto os impactos ambientais decorrentes de suas atividades, principalmente, a

exploração da argila. A extração de recursos naturais, com intuito de explorar a argila,

para fabricação de tijolos cerâmicos, causam impactos ambientais negativos, afirma

Kopezinski (2000). A respeito disso Portela e Gomes (2005) confirmam os impactos

ambientais envolvidos envolve o desmatamento, a poluição do ar e do solo; esgotos a

céu aberto, possibilidade de esgotamento da jazida de argila.

Apesar dos impactos a indústria cerâmica tem uma importante contribuição na

economia do Brasil, girando entorno de 1% do produto interno bruto PIB, segundo

Associação Brasileira de Cerâmica (BUSTAMENTE, 2000).

A matéria prima utilizada na produção de tijolos cerâmicos, ou seja, a argila é

composta normalmente por diferentes espécies mineralógicas que se misturam

durante o processo de formação. As características e a constituição dos produtos

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cerâmicos dependem desses minerais ou compostos químicos qualitativos e

quantitativamente e de outros parâmetros próprio da matéria prima como

granulometria, comportamento térmico e o comportamento na presença de água.

O depósito de matéria-prima argilosa existente é extenso na região de Cacau

Pirera, distrito do Município de Iranduba e contribui para a expansão da indústria

oleira. Para fabricação de tijolos, a matéria-prima mais utilizada é a argila. A argila é

um sedimento constituída essencialmente por um grupo de minerais que recebem o

nome de argilominerais, formados por silicatos de Al, Fe e Mg hidratados, afirma

Coelho (2007).

A indústria cerâmica é uma das que mais se destaca na reciclagem de

resíduos industriais e urbanos, pois possui uma elevada produção, o que permite a

utilização de um grande volume de resíduo. A reutilização dos resíduos sólidos é uma

alternativa que deve ser considerada, pois atenua o impacto ambiental e colabora

para a diminuição do uso de recursos Naturais (SILVA, 2015:399).

Os estudos sobre a utilização do lodo na matriz cerâmica são importantes e

necessários, pois já houve estudos que obtiveram resultados satisfatórios (JIMENEZ,

2011).

A motivação desse trabalho é contribuir com a diminuição da extração mineral

da argila, bem como a redução do lançamento do lodo em lixões e corpos d’água, que

como anteriomente descrito, causam elevados impactos ambientais e problemas de

saúde pública.

Por estas razões há necessidade de coleta e uso do lodo gerados nas ETA’s

com uma alternativa para o reaproveitamento no polo oleiro, bem como contribuindo

com a redução do mesmo.

Partindo desse princípio, este estudo visa à possibilidade de utilização do lodo

de Estação de Tratamento de Água em massa argilosa para produção de tijolo

cerâmico, a fim de viabilizar uma disposição final adequada do resíduo.

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1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Avaliar a influência da incorporação do lodo proveniente da estação de

tratamento de água de abastecimento da cidade de Manaus como matéria-prima para

fabricação de tijolos cerâmicos no polo oleiro de Iranduba.

1.4.2 Objetivos Específicos

- Caracterizar a argila e o lodo de ETA por meio de ensaios laboratoriais.

- Avaliar as características físicas e propriedades mecânicas do material cerâmico

após adição do resíduo de Estação de Tratamento de Água- ETA em proporções

de 0%, 12%, 14% e 18%.

- Determinar a melhor concentração de lodo incorporado no material cerâmico.

1.5 Contribuição e relevância do tema

Polo Mineral Mineral do Amazonas (2014) destaca que, o Polo Oleiro de

Iranduba/Manacapuru, região metropolitana de Manaus, apresenta 32 indústrias, cuja

distribuição de produção varia em: Até 100,000 tijolos/mês: 4 empresas; de 100 até

400,000 tijolos/mês: 7 empresas; mais de 400,000 tijolos/mês: 9 empresas.

Pinto e Pinheiro (2013), afirmam que a produção oleira depende diretamente

dos recursos naturais, com destaque para a argila e a madeira. A exploração da

jazida de argila do polo de Iranduba, margem direita do rio Negro, é considerado

negativo, devido aos impactos ambientais. Os autores afirmam que os impactos

promovidos pela atividade oleira destacam-se abertura de vala para extração da argila

o desmatamento para retirada da madeira, a produção de fumaça.

Tanto a extração da argila, quanto a geração de lodo de ETA, causam sérios

problemas ambientais na água, solo e ar. Contudo, Aquino et al (2015), afirma que, o

problema de descarte do lodo seria resolvido se incorporasse, com sucesso, o lodo

em massa argilosa.

Para este caso, a incorporação lodo no material cerâmico, contribui para a

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redução da poluição, e ao mesmo tempo viabiliza uma alternativa para produção de

tijolos nas olarias.

1.6 Delimitação da pesquisa

Verificando-se a necessidade de se reduzir os impactos ambientais gerados

pelos resíduos sólidos produzidos pelas estações de tratamento de água na Cidade

de Manaus percebe-se que é necessário desenvolver técnicas para destinação final

adequada e tratamento do lodo. Para isso acredita-se que as ETA’s devem se

adequar buscando soluções a problemática dos resíduos sólidos, uma vez que é

preciso rever os modelos de produção e consumo, adotando leis que visam resgatar

os resíduos na origem, procurando a reutilização ou reciclagem. Assim sendo, será

necessário buscar parcerias, principalmente com empresas do polo ceramista nas

proximidades.

É na busca de resposta para as questões que se define os objetivos desse

trabalho, pois procura-se compreender os impactos ambientais gerados por resíduos

sólidos nos processos de tratamento de água na Cidade de Manaus, visto que o

descarte incorreto desses resíduos ameaça igarapés, rios e lençóis freáticos, e até

mesmo o aterro sanitário municipal. A pesquisa propõe como uma alternativa para

uma destinação final adequada do resíduo gerado no processo de decantação em

estações de tratamento de água na Cidade Manaus. A presente pesquisa estará

embasada em uma série de normas e legislação, tendo a Lei Nº 12.305/2010 como

marco principal, pois trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

1.7 Escopo da dissertação

No Capítulo I, apresenta-se a Introdução, problema, a justificativa da

dissertação, os objetivos, a contribuição e relevância da pesquisa, a delimitação do

tema e o escopo da dissertação.

No Capítulo II, aborda-se sobre a revisão bibliográfica e os resíduos sólidos.

Discorre-se sobre o tratamento de água, os processos de coagulação e floculação, a

influência do pH, a geração e características de lodo nas ETA, a disposição final de

lodo de ETA, os Resíduos sólidos a Classificação dos Resíduos Sólidos, além dos

processos de reciclagem de lodo, bem como as normas e legislação, as Leis

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ambientais (federal, estadual, e municipal), a constituição de 1988 e o meio ambiente,

as mais importantes resoluções do CONAMA no que se refere a resíduos sólidos,

como a Constituição de 1988 procede legalmente sobre o meio ambiente e a Lei nº

12.305/2010 Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS).

No Capítulo III, elenca-se os procedimentos metodológicos aplicados ao

estudo. A formulação do problema e o design da pesquisa. Os Participantes. A coleta

e análise de dados.

No Capítulo IV, discute-se os resultados encontrados sobre a possibilidade da

incorporação do lodo proveniente da estação de tratamento de água de

abastecimento da cidade de Manaus como matéria-prima para fabricação de tijolos

cerâmicos no polo oleiro de Iranduba.

No Capítulo V, apresentam-se as considerações finais referentes aos

resultados do estudo e sugestões para trabalhos futuros.

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CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O Tratamento de água

A água consumida pelo homem é fonte de bem estar e saúde, necessitando de

tratamento para retirada de impurezas que se encontram em forma de partículas em

suspensão e partículas em estado coloidal. Entende-se por estado coloidal as

partículas com diâmetro menores que 1m, sendo que as de diâmetro superior a 1m

são conhecidas como limo. A remoção destas partículas é realizada através do

processo de coagulação/floculação (ACHON, 2003).

2.1.1 Coagulação química

É importante termos clareza dos termos “coagulação” e “floculação” e que

existe diferença entre eles que não podem ser confundidos.

O termo coagulação vem do latim “coagulare” que significa juntar. Este

processo descreve o efeito produzido pela adição de um produto químico a uma

dispersão coloidal que se traduz em uma desestabilização das partículas através da

redução das forças que tendem a mantê-las separadas. Neste caso as partículas

passam a aglomerar-se possibilitando contato entre elas, formando partículas de

tamanho submicroscópico.

A floculação se caracteriza pela formação de partículas sedimentáveis, a partir

de partículas desestabilizadas de tamanho coloidal. O termo floculação também é

derivado do latim “floculare” que significa formar um floco semelhante a uma estrutura

porosa muito fibrosa. Ao contrário da coagulação onde as forças primárias são de

natureza eletrostática, a floculação ocorre através de um mecanismo de formação de

pontes químicas (forças de Van der Waals). Macroscopicamente a floculação

transforma as partículas coaguladas de tamanho submicroscópico em outras mais

visíveis facilitando a sedimentação por gravidade que ocorre no processo de limpeza

da água (LORA, 1975).

Temos noticia de tratamento de água para o consumo humano, inclusive com o

emprego de substâncias químicas (sais de alumínio), desde o ano 70 a.C. Segundo o

historiador da época, chamado Plínio, os sais de alumínio eram conhecidos como

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argila da Itália, que era já naquela época uma mercadoria importante do comercio

mundial, pois possuía a capacidade de transformar “águas amargas em potáveis”

(LORA, 1975).

Em geral as águas apresentam impurezas originárias da decomposição do

solo, da dissolução de minerais e da decomposição da vegetação, todos dissolvidos

na água. Além do mais, a necessidade da coagulação aumenta cada vez mais devido

ao aumento da poluição das águas e o crescimento acelerado da população do

mundo (MACEDO,1964)

As impurezas contidas nas águas sejam de origem natural ou provocadas pelo

homem, são da origem orgânica ou inorgânica. As inorgânicas são responsáveis pela

variação da turbidez sendo que o sabor e odor são causados pelas substâncias

orgânicas dissolvidas.

As partículas que produzem turbidez são classificadas de acordo com seu

tamanho, as moléculas possuem tamanho médio de 50m. A fração de moléculas

com diâmetro superior a 1m são conhecidas com o nome de limo e se sedimentam

facilmente quando a água fica em repouso. Por outro lado as partículas com

diâmetro menores que 1m conhecidas como coloidais permanecem em suspensão

durante longos períodos de tempo e por isso torna-se necessário a coagulação para a

sua eliminação (HARDENBERG, 1964).

Portanto, a necessidade de coagulação é para que as partículas coloidais

formem agregados maiores e desta forma aumentem sua velocidade de

sedimentação. A formação de partículas maiores a partir de outra menores é

importante para uma fase de limpeza da água conhecida por filtração (PAIXÃO,

2005).

2.1.1.1 Fatores que influenciam a coagulação

Para alcançar um padrão adequado de coagulação da água tem que se levar

em consideração uma rede complexa de variáveis tais como o pH, turbidez,

composição química da água, tipo de coagulante e fatores físicos tais como a

temperatura e as condições de mistura. Estas interações são tão complexas que

teoricamente é impossível determinar um padrão adequado de coagulante para uma

dada amostra de água, portanto a quantidade de coagulante é determinada

empiricamente para cada tipo de água (FAIR, 1973).

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2.1.1.2 Os Efeitos do pH

Existe uma escala de pH para uma dada amostra de água dentro da qual se

registra uma boa coagulação/floculação em menor tempo possível. A variação desta

escala é influenciada pelo tipo de coagulante que podem ser utilizados, pela

composição química da água e a concentração do coagulante (PAIXÃO, 2005).

Os coagulantes mais utilizados são sais de alumínio (sulfato de alumínio) ou

sais de ferro (cloreto de ferro) denominados de coagulantes metálicos. Os

coagulantes metálicos precipitam e coagulam com maior rapidez, sendo que o pH

deve ficar entre 5,8 e 7,8. Dependendo da turbidez e da presença de íons na água

esta variação sobe para 6 a 7,8 (BABBITT, 1999).

2.1.2 Geração de lodo nas ETA

As estações de tratamento de água captam água de rios, realizam tratamento

adequado e a distribuem sob forma de água potável aos centros de consumo

humano. Os processos utilizados nestas estações são, regra geral, os seguintes

(RICHITER, 2003):

Oxidação

Coagulação

Floculação

Decantação

Filtração

Desinfecção

Estabilização do pH

Fluoretação

Na oxidação é injetado cloro na água bruta captada para oxidar os metais

presentes dissolvidos, principalmente o ferro e o manganês. Na coagulação adiciona-

se cal para manter o pH no nível adequado e logo após sais de alumínio ou sais de

ferro como coagulante primário para formar os flocos de impurezas. Em contato com

a água este coagulante reage quase que instantaneamente, promovendo uma reação

de hidrólise, resultando na formação de determinados compostos que irão,

juntamente com as impurezas presentes, constituir os flocos, que serão separados

posteriormente nas unidades de decantação e filtração (Gerenciamento Ambiental

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Técnicas & tecnologias, 2000).

Na floculação a água é misturada em tanques, com flocos de impurezas

maiores iniciando-se a fase de decantação. Após a decantação a água passa por

filtros com antracito, areia e cascalho retendo as impurezas que não foram

sedimentadas nas etapas anteriores (RICHITER, 2003) Essas impurezas retiradas da

água originárias principalmente dos decantadores e das águas de lavagem dos filtros

são denominadas de lodo de estação de tratamento de água-lodo de ETA. As

características dessas impurezas dependem das condições da água bruta retirada do

manancial, dosagens e produtos químicos utilizados e a forma de limpeza dos filtros

dos decantadores.

A lagoa de lodo é o local de disposição do lodo após sua retirada dos

decantadores e a seguir é enviado aos leitos de secagem onde a água livre é drenada

podendo, dependendo da estação de tratamento, ser retornada ao sistema de

tratamento.

Boa parte das estações de tratamento de água realizam as limpezas

periódicas, em média uma vez por mês, manualmente, ou seja, esvaziando o

decantador e lavando o fundo. Temos então a seguinte seqüência de tratamento da

água em uma ETA: coagulação – floculação – sedimentação – filtração – retirada do

lodo - fluoretação (BABBITT, 1999).

2.1.2.1 Características de lodos das ETA

Devido à adição de sais de alumínio ou sais de ferro para provocar a

coagulação dos resíduos existentes na água bruta os hidróxidos desses sais passam

a ser os principais componentes químicos do lodo e, além disso, partículas orgânicas

e inorgânicas. Na ausência de algas e outros materiais orgânicos no manancial, a

fração orgânica do lodo torna-se desprezível e o lodo passa a ter características de

estabilidade química, sendo composto apenas de matéria inorgânica, tais como areias

finas, limos e argilas (WAG, 1996).

2.1.2.2 Remoção de água

Os hidróxidos formados devido aos sais adicionados durante o processo de

coagulação dificultam a desidratação do lodo durante a fase de secagem tornando-o

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gelatinoso e volumoso e de viscosidade tixotropica. Um parâmetro amplamente

utilizado para avaliação da dificuldade de remoção de água é a “resistência específica

de filtração”. Quanto maior o valor deste parâmetro, mais difícil à remoção, por

filtração, da água do lodo (PAIXÃO, 2005). Os lodos produzidos nas ETA usando sais

de alumínio ou sais de ferro como coagulantes apresentam resistência específica que

varia de 5x1012 a 50x1012mg/kg. Lodos com resistência específica superior a 5x

1012mg/kg são de difícil desidratação e os de valores menores a 1x1012m/kg são

fáceis de serem desidratados portanto os lodos gerados nas ETAs são de difícil

desidratação(M.A.P. REALI, 1999).

Todo lodo consiste numa combinação de uma fase sólida com uma fase

liquida. As diferentes formas físicas da água no lodo exercem influência marcante na

maior ou menor dificuldade de separação da fase liquida da sólida (M.A.P. REALI,

1999). São definidos os estados físicos da água. em ordem crescente de dificuldade

de desidratação, ou seja apresentam maiores facilidades de retirada a água livre

seguido de água intersticial, água vicinal e finalmente água de hidratação pois

apresentam ligações química com a superfície das partículas sólidas (M.A.P. REALI,

1999).

Água livre: Água não associada com partículas sólidas;

Água intersticial ou capilar: Água ligada mecanicamente, a qual se encontra presa

aos interstícios dos flocos;

Água vicinal: Constituídas por diversas camadas de molécula de água fisicamente

ligadas às quais encontram-se firmemente presas à superfície da partícula por

meio de pontes de hidrogênio;

Água de hidratação: água ligada quimicamente à superfície das partículas sólidas

Uma melhor eficiência nas operações de redução da quantidade de água

existente nos lodos é através da adição de cal ou soluções de polímeros sintéticos

conhecidos como polieletrólitos (M.A.P. REALI, 1999). Os polímeros sintéticos são

classificados em polímeros aniônicos, polímeros catiônicos, polímeros não iônicos,

sendo relacionadas com as cargas apresentadas por suas moléculas em solução

aquosas (PAIXÃO, 2005).

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2.1.3 Disposição final de lodo de ETA

O sistema de tratamento do lodo envolve técnicas cujas pertinências são

influenciadas dentre outros fatores pelas características do lodo, da área disponível,

do clima local e condições ambientais da região. A maioria das estações de

tratamento lança-o direto na rede de esgoto, sem qualquer tipo de tratamento, a não

ser a presença de um tanque para controle e regularização da vazão de lançamento

(M.A.P. REALI, 1999). Uma alternativa usualmente adotada consiste na utilização de

lagoas ou leitos de secagem, sendo que depois de seco o lodo é encaminhado para

aterros na própria estação de tratamento (PAIXÃO, 2005).

Em regiões de clima temperado onde o lodo apresenta dificuldade de

desidratação, as lagoas de lodo são transformadas em leito de secagem, colocando

drenos no fundo das lagoas. Após o período de secagem, tanto no caso de lagoas

quanto de leitos deve-se promover a remoção, por dragagem, do lodo concentrado no

fundo das unidades para posterior destinação final, que dependendo de uma análise

técnica e ambiental pode ocorrer das seguintes formas (M.A.P. REALI, 1999).

Disposição em aterros sanitários;

Co-disposição com biosólidos;

Disposição controlada em certos tipos de solos;

Aplicações industriais diversas como fabricação de tijolos;

Incineração de resíduos.

2.2 O Resíduo sólido (lodo de ETA)

A NBR 10.004 (ABNT, 1987) define resíduos sólidos como resíduos nos

estados sólido e semi-sólido que resultam de atividades da comunidade, de origem

industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.

Ficam incluídos nesta definição os lodos, proveniente de sistemas de

tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de

poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o

seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d´água, ou exijam para isto

soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia

disponível. Verifica-se ainda que os resíduos comerciais possuam composição de

acordo com o tipo de comércio gerador.

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A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, através da NBR

10004/04, define os resíduos sólidos da seguinte forma: Resíduos no estado sólido e

semissólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstico, hospital,

comercial, agrícola, de serviços públicos, como varrição, poda de árvores entre

outros. Consideram-se também resíduos sólidos os lodos provenientes de sistemas

de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle

de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável

o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpo d'água, ou exijam para isso

soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível

Agência Brasileira de Normas Técnica (ABNT, 1987). Para todos estes resíduos

existem várias classificações, como resíduos classe: I - Perigosos; resíduos classe II

– Não perigosos; resíduos classe II A – Não inertes; resíduos classe II B – Inertes,

perigosos e não perigosos, inertes e não inertes (Figura 1).

Figura 1: Classificação dos resíduos sólidos.

Fonte: NBR10004:2004 (Adaptado).

Segundo a NBR 10004/04 para se obter um laudo de classificação pode ser

baseado exclusivamente na identificação do processo produtivo, quando do

enquadramento do resíduo nas listagens dos anexos A ou B da referida lei. Deve

constar no laudo de classificação a indicação da origem do resíduo, descrição do

processo de segregação e descrição do critério adotado na escolha de parâmetros

analisados, quando for o caso, incluindo os laudos de análises laboratoriais. Os

laudos devem ser elaborados por responsáveis técnicos habilitados.

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Entre os resíduos de alto impacto ao meio ambiente, destaca-se o resíduo

proveniente da estação de tratamento de água, o lodo de ETA. Este resíduo

considerado como Resíduos Classe I – Perigosos: onde estes em função de suas

características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade e

patogenicidade, pode apresentar riscos à saúde pública, provocando ou contribuindo

para o aumento de mortalidade ou incidência de doenças ou apresentar efeitos

adversos de alto impactos ao meio ambiente, quando manuseados ou disposto de

fora inadequada.

2.3 NORMAS E LEGISLAÇÃO

A legislação brasileira que trata sobre a temática meio ambiente nos mostra

que essas leis estão entre as mais completas, visto que uma tímida atenção por parte

de empresas e serviços a essa problemática até meados da década de 70, quando

tem início o surgimento das leis ambientais de forma relacionadas.

2.3.1 LEIS AMBIENTAIS (Federal, Estadual, e Municipal)

Aqui se faz necessário relacionar as principais Leis Brasileiras que cuida

especificamente do meio ambiente. Dentro desse contexto, verifica-se a criação da

Lei nº 6.938 de 17.01.1981, que institui a Politica Nacional do Meio Ambiente e o

Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama) que é a estrutura adotada para a

gestão ambiental no Brasil, e é formado pelos órgãos e entidades da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios responsáveis pela proteção, melhoria e

recuperação da qualidade ambiental no Brasil, e surge com o objetivo de estipular,

definindo que o poluidor deve ser obrigado a indenizar e/ou recuperar os danos

ambientais que causar podendo ainda o Ministério Público propor ações de

responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente, cria ainda, a

obrigatoriedade de estudos e relatório de impacto ambiental.

Buscou-se conhecer ainda a Lei nº 7.347 de 24.07.1985 que é a Lei da Ação

Civil Pública, que trata da ação civil pública de responsabilidade por danos causados

ao meio ambiente, ao consumidor e ao patrimônio artístico turístico ou paisagístico,

de responsabilidade do Ministério Público Brasileiro.

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2.3.2 A constituição de 1988 e o Meio Ambiente

No que diz respeito ao meio ambiente, o Art. 225 da Constituição Federal

Brasileira de 1988, que preceitua que “todos temos direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade, o dever de defendê-

lo e preserva-lo para os presentes e futuras gerações”. Assim sendo, verifica-se o

sistema capitalista vigente e o acelerado crescimento da sociedade, juntamente com

avanço tecnológico, levaram os legisladores a ter a preocupação com meio ambiente,

visto que num passado muito recente, o homem se aproveitava dos recursos naturais

de forma inconsciente, uma vez que não se tinha uma ponderação entre os benefícios

e o malefício que resultaria num meio ambiente degradado, acreditando que esses

recursos seriam inesgotáveis, sem pensar em uma possível degradação, apenas

utilizava o que a natureza lhe dispunha de uma forma cada vez mais rápida e mais

degradante.

No entanto com o grande avanço tecnológico percebeu-se que a sociedade

vem se desenvolvendo ao longo dos séculos e com isso trazendo prejuízos

irreparáveis ao meio ambiente. Observa-se ainda que juntamente com esse

desenvolvimento tivemos o processo de produção de mercadorias, onde as indústrias

baseadas na exploração da mão de obra humana e de recursos naturais, dentre o

surgimento de inúmeros fatores que vem contribuindo significativamente para essa

degradação progressiva. Dentro desse contexto, observa-se que diante desses

fatores houve a necessidade de se criar um artigo especifico que tratasse da questão

do meio ambiente.

2.3.3 Resoluções Conama, a Constituição de 1988 e o Meio Ambiente

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA é o órgão consultivo e

deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA, foi instituído pela Lei

Nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada

pelo Decreto-Lei Nº 99.274/90. O CONAMA é composto por Plenário, CIPAM, Grupos

Assessores, Câmaras Técnicas e Grupos de Trabalho. O Conselho é presidido pelo

Ministro do Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é exercida pelo Secretário-

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Executivo do MMA.

O CONAMA tem por função assessorar, estudar e propor ao Governo, as

linhas de direção que devem tomar as políticas governamentais para a exploração e

preservação do meio ambiente e dos recursos naturais. Além disso, também cabe ao

órgão, dentro de sua competência, criar normas e determinar padrões compatíveis

com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de

vida. Existem atualmente 15 Resoluções CONAMA que tratam direta ou indiretamente

da gestão ou gerenciamento dos resíduos sólidos ou perigosos (Tabela 1).

Tabela 1: As 15 Resoluções CONAMA sobre resíduos sólidos.

Resolução CONAMA nº. 469/2015

Altera a Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. - Data da legislação: 29/07/2015 - Publicação DOU, de 30/07/2015, páginas 109 e 110 - Altera art. 3º da Resolução CONAMA nº 307/2002.

Resolução CONAMA nº. 452/2012

Dispõe sobre os procedimentos de controle da importação de resíduos, conforme as normas adotadas pela Convenção da Basiléia sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e seu Depósito."

Resolução CONAMA nº.

450/2015 Dispõe sobre recolhimento, coleta e destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado.

Resolução CONAMA nº. 416/2009

Regulamenta a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada, e dá outras providências." A Resolução Aplicada aos Resíduos Sólidos Revoga as Resoluções nº 258/ 1999 e nº 301/2002.

Resolução CONAMA nº.

404/2008

Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbano.

Resolução CONAMA nº. 401/2008

Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os critérios e padrões para o seu gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras providências.".

Resolução CONAMA nº.

373/2006

Define critérios de seleção de áreas para recebimento do Óleo Diesel com o Menor Teor de Enxofre-DMTE, e dá outras providências."

Resolução CONAMA nº.

362/2005

Dispõe sobre o recolhimento, coleta e destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado." - Com a Revogação da Resolução nº 09, de 1993. Alterada pela Resolução nº 450, de 2012.

Resolução CONAMA nº.

358/2005 Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.

Resolução CONAMA nº.

348/2015 Altera a Resolução CONAMA no 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos.

Resolução CONAMA nº.

316/2002 Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de

sistemas de tratamento térmico de resíduos".

Resolução CONAMA nº.

307/2002 Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil".

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Resolução CONAMA nº.

017/1994

Prorroga o prazo do Grupo de Trabalho Interministerial, criado pela Resolução CONAMA nº 007/94, que adota definições e proíbe a importação de resíduos perigosos - Classe I - em todo o território nacional, sob qualquer forma e para qualquer fim, inclusive reciclagem"

Resolução CONAMA nº.

005/1993

Dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários.". Alterada pela Resolução nº 358, de 2005.

Resolução CONAMA nº.

006/1991 Dispõe sobre a incineração de resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos"

Nesse aspecto, a RESOLUÇÃO CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002

Publicada no DOU no 136, de 17 de julho de 2002, altera a Resolução no 348/04

(alterado o inciso IV do art. 3o), estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para

a gestão dos resíduos da construção civil, mas também vem estabelecer em seu Art.

2º. Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:

V - Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir,

reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas,

procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao

cumprimento das etapas previstas em programas e planos; e que vem preceituar

ainda sobre o processo de reciclagem em sua alínea.

VII - Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter

sido submetido à transformação;

Dentro desse contexto verifica-se a necessidade e a importância de se utilzar o

processo de reciclagem para minimizar as consequências dos resíduos sólidos

gerados em estações de tratamento de água para o meio ambiente, o que significa a

necessidade de se estabelecer uma definição de políticas públicas capazes de

apresentar resultados eficientes.

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CAPÍTULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para o presente estudo foram utilizadas duas matérias primas: lodo de Estação

de Tratamento de Água (ETA) e argila. Durante a pesquisa de campo na empresa

cerâmica Montemar, situada no km 30 da rodovia Manuel Urbano, Estado do

Amazonas, município de Iranduba, foi realizada a coleta da primeira matéria prima:

argila. A segunda matéria-prima, lodo, foi coletado da Estação de Tratamento de Água-

ETA, do Programa Água para Manaus- PROAMA. Na Figura 2 está contido, de forma

simplificada, o procedimento experimental utilizado.

Figura 2: Fluxograma dos procedimentos e análises realizados.

Fonte: Jimenez, 2011(Adaptado).

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A etapa 1, inicia-se com a coleta da amostra de solo (argila) e do resíduo

orgânico (lodo). Em seguida, na etapa 2, os materiais passaram por processo de

preparo, através de secagem (argila) e preparação da amostra para ensaios físicos,

segundo NBR ABNT 6457/86- Amostras de solo- Preparação para ensaios de

compactação e ensaios de caracterização. E também, pelo processo de moagem

(lodo).

Posteriormente, na etapa 3, caracterizou-se os dois materiais, por meio do

ensaio de granulometria, conforme a norma ABNT NBR 7181/82 – Solos – Análise

granulométrica. O processo de peneiramento e especificações das peneiras está

conforme a norma ABNT NBR NM-ISO 2395/ 97- Peneiras de Ensaio e ensaio de

peneiramento – Vocabulário. Também fez parte desta análise de índices físicos, a

densidade real dos grãos da argila e do lodo, conforme a norma DNER-ME 093/94. E

finalizando com a composição química, em teste da fluorescência de raios-X.

Na etapa 4, foi realizado preparo das amostras, para confecção dos corpos de

prova, através de secagem, moagem, homogeneização, prensagem, secagem e

queima. O resíduo foi misturado em massa argilosa em proporções de 0%, 12%, 14% e

18%. Na última etapa, com a finalidade de estudar as propriedades físicas e mecânicas

dos corpos de prova após queima, realizaram-se os cálculos de retração linear (RL),

absorção de água (AA), massa específica aparente (MEA), tensão de ruptura flexão

(TRF), difração de raios-X (DRX).

3.1 Coleta das matérias-primas.

3.1.1 Resíduo de ETA (lodo)

O lodo é gerado no processo de tratamento de água convencional, para

abastecimento urbano, nas unidades de decantação e limpeza dos filtros da ETA.

O resíduo foi coletado da Estação Programa Água para Manaus – PROAMA,

localizado no bairro Armando Mendes, zona leste da cidade de Manaus (Figura 3). Tem

capacidade de tratar 210 mil litros de água por dia, atende todos os bairros da zona

norte e leste, beneficiando cerca de 500 mil habitantes.

No mapa do estado do Amazonas, consta um ponto vermelho, que na figura a

seguir demonstra a localização da cidade de Manaus e nela, o ponto na cor amarela,

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que evidencia a área do PROAMA na circularidade amarela.

Figura 3: Mapa de localização do PROAMA.

Fonte: Imagem landsat 8. IBGE, 2010.

O resíduo foi embalado em saco de fibra de juta revestido com polietileno e

levado para o laboratório de Geoquímica, da Universidade Federal do Amazonas -

UFAM. Realizou-se o processo de secagem, destorroamento, moagem e ensaios de

umidade, granulometria e de densidade.

A Figura 4 (a) e (b) mostra o resíduo em seu estado bruto e após moagem da

matéria bruta peneiramento, respectivamente.

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4a 4b

Figura 4: Resíduo bruto (4a), resíduo moído e peneirado (4b).

3.1.2 Argila A Figura 5 apresenta a localização da Olaria Cerâmica Montemar de onde foi

realizada a coleta da argila.

Figura 5: Mapa de localização da Olaria Cerâmica Montemar.

Fonte: Imagem landsat 8, IBGE, 2010. A amostra de solo foi retirada do terreno por meio de um sistema mecânico com

o auxílio de uma retroescavadeira e da caçamba.

O material foi acondicionado em toneis de papelão vedado com abraçadeira de

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aço e levado ao laboratório de Geoquímica, da Universidade Federal do Amazonas -

UFAM, onde passou pelo processo de desmanche dos grãos e homogeneização do

material para determinação do teor de umidade, análise granulométrica e de densidade

real dos grãos.

3.2 Caracterização das matérias-primas

3.2.1 Preparo das Amostras para ensaios caracterização

As amostras coletadas (argila e resíduo sólido - lodo) passaram por uma

secagem ao ar livre, até chegar próximo da umidade higroscópica, sobre uma lona.

A norma utilizada para este método de ensaio foi a ABNT NBR 6457/86 -

Amostras de solo - Preparação para ensaios de compactação e ensaios de

caracterização. Onde se determina o desmanche dos torrões, tomando cuidado para

não quebrar os grãos, homogeneizando assim a amostra e passando pelo repartidor de

⅜” para redução da amostra, na obtenção de uma amostra mais representativa na

quantidade suficiente para realização do ensaio.

A Tabela 2 demonstra a classificação dos solos de acordo com o tamanho dos

grãos, conforme a ABNT NBR 6502/95.

Tabela 2: Classificação dos solos.

Tipo de solo Diâmetro dos grãos (mm)

Argila ˂ 0,002

Silte 0,06- 0,002

Areia 2,0- 0,06

Seixo ˃2,0

Fonte: ABNT NBR 6502/95

Após a preparação das amostras, foi pesado 2000g de cada amostra na balança

de precisão e passado na peneira de número N° 10 com abertura de malha de

2,00mm. O material retido na peneira foi identificado como material grosso. Do material

passante, foi pesado 200g e identificado como material fino (Figura 6).

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Figura 6: Peneiramento e lavagem da amostra.

Em seguida, os materiais passaram pelo processo de lavagem em água

corrente. O material grosso, com o auxílio da peneira de N° 10 com abertura da malha

de 2,00mm e o material fino na peneira de Nº 20 com abertura da malha 0,075mm,

para que não houvesse perda de material durante a lavagem. Esse processo de

lavagem do material é feito, a fim de retirar toda a argila revestida nos grãos.

As amostras foram colocadas em recipiente metálico e postos na estufa elétrica,

controlada automaticamente pelo seu termostato em temperatura de 110 C°, por 24

horas.

Após esse período, foram feitos os peneiramentos dos materiais grosso e fino,

através de uma sequência de peneiras formando um conjunto especificado conforme a

norma ABNT NBR NM-ISO 2395/97 - Peneiras de Ensaio e ensaio de peneiramento –

Vocabulário.

O material Grosso (argila e Lodo) que ficou retido na peneira de nº10 foi lavado

com água corrente até que a água fique limpa (transparente) devolvendo o material da

peneira para o recipiente de aluminio e levando – o para a estufa a temperatura de

110º C novamente onde permanecerá por 12horas, após as 12 horas o material seco

será retirado da estufa e realizado o processo de peneiramento passando pelas

seguintes peneiras: 112”, 1”, 3 4”, 3 8”, Nº4, Nº10 (Figura 7).

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Figura 7: Peneiras para o material grosso.

O material fino (argila e Lodo) que ficou retido na peneira de nº200 foi lavado

com água corrente até que a água fique limpa (transparente) devolvendo o material da

peneira para o recipiente de aluminio e levando – o para a estufa a temperatura de

110º C novamente onde permanecerá por 12 horas, após as 12 horas o material seco

foi retirado da estufa e realizado o processo de peneiramento passando pelas

seguintes peneiras: Nº16, Nº30, Nº40, Nº50, Nº100, Nº200, (Figura 8).

Figura 8: Peneiras para o material fino.

Depois de peneirar anotou-se o peso de cada amostra retida na peneiramaterial

e realizaram-se os devidos cálculos.

3.2.2 Ensaio de granulometria por peneiramento O ensaio de granulometria por peneiramento está normatizado pela ABNT NBR

7181/ 82 – Solos – Análise granulométrica.

A granulometria é determinada através de uma sequência de peneiras em ordem

crescente, ou seja, da abertura de malha mais fechada até a malha mais aberta.

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O material retido em cada peneira foi pesado na balança de precisão e anotado

as informações obtidas.

Para obtenção dos resultados em % do peneiramento foi utilizado as seguintes

expressões matemáticas (ABNT NBR 15.270-3):

Massa total da amostra seca

𝑀𝑠 =(𝑀𝑡 − 𝑀𝑔)

(180 + ℎ) 𝑥 100 + 𝑀𝑔

(1)

Sendo:

Ms = massa total da amostra seca;

Mt = massa total da amostra seca ao ar;

Mg = massa do material seco retido na peneira de 2,0mm;

h = umidade higroscópica do material passado na peneira de 2mm.

Porcentagem de materiais que passam nas peneiras 16, 30, 40, 50, 100.

𝑄𝑔 =(𝑀𝑠 − 𝑀𝑖)

𝑀𝑠 𝑥 100

(2) Sendo:

Qg = porcentagem do material passado em cada peneira;

Ms = massa total da amostra seca;

Mi = massa do material retido acumulado em cada peneira.

3.2.3 Determinação do teor de umidade das amostras de solo

Existem duas normas que prescrevem esse método de ensaio: a ABNT NBR

6457/ 86 – Amostras de solo - Preparação para ensaios de compactação e ensaios de

caracterização, onde há uma breve, mas também essencial descrição da análise, e a

norma DNER – ME 213/ 94 – Solos – Determinação do teor de umidade, onde há mais

detalhes sobre os procedimentos.

Para verificação do teor de umidade do solo, foram pesadas, em balança

sensível a 0,1g, 3 cápsulas de alumínio numeradas em 01, 02 e 03, e adicionado uma

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pequena quantidade de material úmido e pesado novamente. As cápsulas foram

levadas à estufa controlada, automaticamente, em 110ºC pelo seu termostato por 24

horas, com o objetivo de eliminar completamente toda a massa de água retida nela.

Após a secagem, o material foi pesado.

Para obter o teor de umidade utilizou-se a expressão (ABNT NBR 15.270-3):

ℎ =𝑀 − 𝑀

𝑀 − 𝑀 𝑥 100

(3)

Sendo:

h = teor de umidade, em %;

M1 = massa do solo úmido mais a massa do recipiente, em g;

M2 = massa do solo seco mais a massa do recipiente, em g;

M3 = massa do recipiente (cápsula metálica com tampa) em g.

3.2.4 Densidade Real dos Grãos

Os ensaios ocorreram nas amostras de argila e do resíduo orgânico (lodo)

separadamente.

Para determinar a densidade real dos grãos foi utilizado o picnômetro de 50ml

com rolha esmerilhada. O objetivo é a eliminação do ar existente nas micropartículas

das amostras em análise.

A norma que prescreve o método de ensaio é a DNER-ME 093/ 94 – Solos –

Determinação da densidade real.

Inicialmente pesou-se o picnômetro vazio (P1) e foi inserido 20g da amostra

em seu interior (P2). Cobriu-se em excesso com água destilada o material e aqueceu-

se o picnômetro com auxílio da tela de amianto para evitar o contato direto da chama

com a vidraria, deixando a água ferver por 15 minutos. Durante esse período de

fervura da água, foi agitado esporadicamente o picnômetro para evitar o

superaquecimento. O objetivo do aquecimento é expulsar todo o ar existente entre as

micropartículas das amostras.

Após o período supracitado, deixou-se o equipamento esfriar em temperatura

ambiente. Então, foi inserida água destilada até o gargalo do picnômetro e levou-se

para o banho de água em temperatura ambiente por mais 15 minutos, e anotou-se a

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temperatura do banho (t). Em seguida o picnômetro foi retirado do banho e com

auxílio de um pano limpo e seco foi enxugado. Pesou-se o picnômetro mais a

amostra (P3). A seguir, retirou-se todo o material de dentro do equipamento. Lavou-

se e encheu-se o picnômetro completamente, com água destilada e pesou-se (P4).

Para obter a densidade real dos grãos usou-se a seguinte fórmula (ABNT NBR 15.270-3):

𝐷𝑡 =𝑃 − 𝑃

(𝑃 − 𝑃 ) − (𝑃 − 𝑃 )

(4) Sendo:

Dt = densidade real do solo à temperatura t;

P1 = peso do picnômetro vazio e seco, em g;

P2 = peso do picnômetro mais a amostra, em g;

P3 = peso do picnômetro mais amostra, mais água, em g;

P4 = peso do picnômetro mais água, em g.

3.2.5 Fluorescência de Raios-X (FRX)

As análises químicas da argila e do lodo, de fluorescência de Raios-X foram

realizadas no laboratório de Química do Grupo Crowfoot da Escola Superior de

Tecnologia da Universidade do Estado do Amazonas.

Para analises das amostras o resíduo e argila foram conformados em pastilhas

de ácido bórico, prensadas em prensa pneumática de marca Rigaku, modelo PCA 30

(Figura 9).

Figura 9: Prensa pneumática utilizada para conformação das pastilhas de amostras.

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Na Figura 10, observa-se a pastilha de ácido bórico conformada com matéria-

prima para as análises de fluorescência.

Figura 10: Pastilha com Argila (à esq.) e pastilha com lodo de ETE (à dir).

Após conformação as amostras foram colocadas no Espectrômetro para

fluorescência de Raios-X, da marca RIGAKU, Modelo Supemini (Figura 11), afim de se

quantificar os elementos químicos presentes nas amostras.

Figura 11: Espectrômetro para fluorescência de Raios-X.

3.2.6. Difração de Raios-X (DRX)

As análises de difração de Raios-X foram realizadas no laboratório de

mineralogia, do Departamento de Geociência da Universidade Federal do Amazonas-

UFAM. Para a análise da estrutura e identificação da composição mineralógica da

argila e do lodo de ETA, foi utilizado o aparelho de difração de Raios-X, da marca LAB

– X SHIMADZU, modelo XRD- 6000 com tubo de Raios-X cerâmico e anodo de cobre

(Figura 12).

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45

Figura 12: Equipamento de Difração de Raios-X.

As condições instrumentais utilizadas foram: 5° a 7° em 2Ɵ; voltagem de 40

KV e corrente de 30 mA; tamanho do passo: 0,017° em 2Ɵ e 10,34s o tempo/passo;

fenda divergente 1/4° e ante espalhamento de 1/2°; máscara de 10mm; amostra em

movimento circular com frequência de 1 rotações/s. O software usado para o

processamento de dados foi o Origem Pro 8.

3.3 Preparação dos corpos de prova

O preparo das amostras, bem como formulação, homogeneização,

prensagem, secagem e ensaios físicos e mecânicos dos corpos de prova (CP) foram

realizadas no laboratório de Geoquímica no Departamento de Geociência da

Universidade Federal do Amazonas- UFAM. A norma utilizada para estes métodos

de ensaio foi a ABNT NBR 6457/86.

Foram confeccionados CP com mistura do resíduo e argila em proporções de

12%, 14% e 18%, para realização das análises após secagem e queima, seguindo as

etapas de homogeneização, prensagem, secagem e queima, conforme fluxograma

anteriormente apresentado (Figura 2).

Também foi confeccionado CP com 0% de resíduo, para servir de parâmetro

de comparação entre as porcentagens.

3.3.1 Preparo das amostras

As amostras passaram por secagem e esterilização na estufa modelo MA033

da MARCA Marconi (Figura 13), a 110°C, por 24 horas para remoção da umidade, no

laboratório de Geociência da Universidade Federal do Amazonas - UFAM.

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46

Figura 13: Estufa de secagem e esterilização.

Em seguida os materiais foram moídos (Figura 14). O equipamento com vaso

cerâmico chiarioiti de 10 litros, da marca QUIMIS cuja finalidade é destorroar e

reduzir o tamanho dos grãos. A argila e o resíduo foram moídos separadamente por

2 horas. O material é colocado dentro do vaso cerâmico e este recipiente, por sua

vez, sob o equipamento. E, quando acionado, faz com que o moinho realize

movimentos circulares e as bolas contidas dentro do aparelho realiza o processo de

destorroamento dos materais.

Figura 14: Moinho de Bolas.

Posteriormente, cada amostra, foi passada na peneira de mecha 120mm. O

material passante foi usado para formulação da massa cerâmica e confecção dos

corpos de prova.

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47

3.3.2 Formulação e Homogeneização

Para a formulação e homogeneização da massa cerâmica foi utilizada a

balança analítica de marca Adventurer OHUS, modelo ERC Classe II, calibrada de

acordo com a Portaria n° 002/2004. Na Figura 15, tem-se a pesagem da matéria-

prima com o resíduo.

Figura 15: Pesagem da matéria-prima com resíduo.

Nessa etapa, pesou-se a matéria-prima variando a concentração de resíduo

em 0%, 12%, 14% e 18%, com umidade de 10%, para facilitar a conformação

durante a prensagem dos corpos de prova, conforme Tabela 3.

Tabela 3: Formulação e homogeneização da massa cerâmica

Corpos de

prova

Massa

cerâmica

% em peso de matéria prima

Argila Resíduo Umidade Total

1 0% 90 0 10 100 2 12% 78 12 10 100 3 14% 76 14 10 100 4 18% 72 18 10 100

Cada mistura foi submetida a um processo de homogeneização por 30 minutos

em moinho de bolas. Após a mistura a massa cerâmica foi pesada através de uma

balança analítica com capacidade máxima de 310g e mínima de 0,001g, da marca

Adventurer OHUS, modelo AR 3130 Classe II, com cabine, calibrada de acordo com a

portaria do Imetro/Dimel nº 002/2004 (Figura 16). A quantidade de matéria-prima para

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48

cada corpo de prova foi de 30g.

Figura 16: Balança de precisão utilizada na pesagem de matéria-prima para posterior conformação dos corpos de prova.

3.3.3 Prensagem

Para obtenção dos corpos de prova, a massa cerâmica passou pelo processo de

prensagem, cuja etapa obtém-se a forma estrutural da peça (Figura 17).

Figura 17: Prensa (a), Prensagem (b), Remoção do corpo de prova (c).

Foram confeccionados 5 (cinco) corpos de prova, para cada porcentagem de

resíduos, num total de 20 (vinte). Para alcançar a forma estrutural desejada, a massa

foi colocada no molde e levados a uma prensa hidráulica marca MARCONI, com

capacidade máxima de 2 toneladas sob pressão de 25MPa. Posteriormente os corpos

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49

de prova foram expulsos do molde utilizando-se a mesma prensa.

Em seguida, através do uso do paquímetro analógico digital 200mm/8 de

precisão, marca ZAAS Precision, modelo Stainless Hafoi, graduação de 1/129ʺ 0,05 ʺ

mm, exatidão de ±0,05, aferiu-se os corpos de prova, para determinação da

comprimento, largura e espessura, respectivamente. As dimensões foram da ordem de

72,03 x 31, 67 x 7,77 mm, com peso médio de 29, 57g, obtidos através da balança

analítica da marca Adventurer OHUS, modelo AR 3130 Classe II, com capacidade de

0,001g à 310g, calibrada de acordo com a portaria do INMETRO/DIMEL n° 002/2004.

Desprezou-se a força da gravidade, para que fosse determinado a densidade verde do

material.

As medições e pesagem são fundamentais para obtenção de massa e volume,

variáveis que serão utilizadas para determinar a densidade.

A densidade foi determinada através da fórmula:

D =m

V (g/cm³)

(5) Onde:

D = Densidade

m = Massa

V = Volume

Deste cálculo foi obtido os resultados para cada uma das formulações em

diferentes proporções de argila, resíduo e umidade respectivamente, evidenciado na

(Tabela 4). Este resultado tem como objetivo prever hipoteticamente os possíveis

resultados que serão obtidos nos ensaios físicos e mecânicos.

Tabela 4: Valores de densidade verde dos corpos de prova.

Corpos de prova

Massa cerâmica

% em peso de matéria-prima

Densidade verde

(g/mm³) Argila Resíduo Umidade 1 0% 90 0 10 0,00163 2 12% 78 5 10 0,00166 3 14% 76 7 10 0,00166 4 18% 72 10 10 0,00168

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50

3.3.4 Secagem dos Corpos de Prova

Com a secagem objetivou-se a eliminação da umidade na superfície dos corpos

de prova, por evaporação e por difusão na parte interna. Para evitar a perda de

umidade de forma acelerada tomou-se o cuidado em controlar a temperatura de

secagem, pois um efeito negativo dessas contrações pode ocorrer quando a taxa de

evaporação for maior que a taxa de difusão, a superfície irá secar, contraindo seu

volume mais rapidamente que no interior, ocasionando deformações nas amostras.

Para secagem dos corpos de prova foi utilizado a estufa da marca MA033 da

marca MARCONI, série FO7170, com temperatura a 110°C por 24h.

Após esse período, as amostras foram pesadas e dimensionadas, visando

verificar a expansão ou retração dos minerais expostos a essa temperatura.

3.3.5 Queima dos corpos de prova

Os corpos de prova- CP foram levados para o laboratório Temático Institucional

de Química de Produtos Naturais-LTQPN, no Instituto Nacional de Pesquisa da

Amazônia- INPA, onde foi realizada a queima em forno mufla microprocessado, marca

QUIMIS (Figura 18).

Figura 18: Forno mufla utilizado para queima dos corpos de prova.

A Tabela 5 apresenta as variações de temperatura durante a queima, bem como

os patamares.

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Tabela 5: Temperatura de queima dos corpos de prova.

% em peso de matéria-prima

Corpos de prova

Temperatura de Queima (°C)

Argila Resíduo Quant. Tempo Inicial

Variação temperatura

5min.

Variação temperatura

5min.

Variação final de

temperatura 30min.

90 0 5 30°C 450°C 600°C 900°C 78 12 5 30°C 450°C 600°C 900°C

76 14 5 30°C 450°C 600°C 900°C

72 18 5 30°C 450°C 600°C 900°C

A temperatura de sinterização a 900°C, com (três) patamares diferentes, sendo

o 1o (primeiro) mantido por 00h05min a 450°C, a 2o (segundo) mantido por 00:05min a

600°C e a variação final mantida por 00:30min a temperaura de 900°C, somando um

tempo total de 02h:40min (duas horas e quarenta minutos) de queima. A temperatura

inicial foi de 30°C e taxa de refrigeração pós queima se manteve em 75°C por hora em

um intervalo de 12h00min (doze horas).

Após a queima, as massas dos corpos de prova, foram pesadas na balança

analítica da marca Adventurer OHUS, modelo AR 3130 Classe II, com capacidade de

0,001g à 310g, calibrada de acordo com a portaria do INMETRO/DIMEL n° 002/2004,

bem como o valor do comprimento, largura e espessura, medidos no paquímetro

analógico digital 200mm/8 de precisão, marca ZAAS Precision, modelo Stainless

Hafoi, graduação de 1/129ʺ 0,05 ʺ mm, exatidão de ±0,05, afim de analisar,

respectivamente, e verificar a retração linear.

3.4 Ensaio físicos e mecânicos

Através dos ensaios físicos e mecânicos, avaliam-se as propriedades da

cerâmica, que é de suma importância, pois determinam a qualidade do produto, cujos

parâmetros são estabelecidos pelas NBR’s 15.270-1, 15.270-2, 15.270-3. Foram

realizados os seguintes ensaios:

Umidade de prensagem (UP);

Perda ao fogo (PF);

Retração Linear após a queima (RL);

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52

Absorção de Água (AA);

Porosidade Aparente (PA);

Massa Específica Aparente (MEA);

Tensão de Ruptura à Flexão (TRF);

Difração de Raio X (DRX)

3.4.1 Umidade de Prensagem (UP)

A umidade de prensagem foi obtida utilizando-se os valores medidos de massa

úmida e massa seca de cada amostra, realizadas antes e após a secagem,

respectivamente. O valor de umidade de prensagem calcula-se através da equação

(ABNT NBR 15.270-3):

𝑈 (%)(𝑀𝑢 − 𝑀𝑠)

𝑀𝑠𝑥100 (𝑔)

(6)

Onde:

U = Umidade

Um = Massa úmida

Ms = Massa seca

3.4.2 Perda ao fogo (PF)

Para calcular o valor do percentual da variação de massa após queima a

900ºC, utilizou-se a equação de perda ao fogo (ABNT NBR 15.270-3):

𝑃𝐹 (%) =(𝑀𝑠 − 𝑀𝑞)

𝑀𝑠𝑥100 (𝑔)

(7)

Onde:

PF = Perda ao fogo

Ms = Massa seca

Mq = Massa após queima

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53

3.4.3 Retração Linear (RL)

Os corpos de prova foram medidos seus comprimentos antes da secagem (L0)

e após a queima (L1), onde se determinou a retração linear dos corpos de prova após

a queima, através da seguinte equação (ABNT NBR 15.270-3):

𝑅𝐿 (%) =L0 − L1

L0𝑋 100 (𝑚𝑚)

(8)

Onde:

L0 = Comprimento verde

L1 = Comprimento após queima

3.4.4 Absorção de água (AA)

O ensaio de absorção de água está normatizado pela NBR 15.270-3. Os corpos

de prova foram colocados em um recipiente, que foi preenchido com água à

temperatura ambiente, em volume suficiente para mantê-los totalmente imersos (Figura

19).

Figura 19: Recipiente para o teste de Absorção de água.

Após gradativo aquecimento do recipiente, a água em seu interior, entrou em

ebulição e permaneceu fervendo por 2h. Foi reposto o volume de água evaporado do

recipiente, para que a imersão dos corpos de prova não fosse comprometida. Após

esse período, os corpos de prova foram resfriados via substituição lenta da água

quente, por água à temperatura ambiente.

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54

Estando a água do recipiente à temperatura ambiente, os corpos de prova

saturados foram removidos e colocados em bancada para permitir o escorrimento do

excesso de água.

A água remanescente foi removida com auxílio de um pano limpo e úmido,

observando-se que o tempo decorrido entre a remoção do excesso de agua na

superfície e o término das pesagens não foi inferior a 15min, como estabelece a norma.

Após esse processo as medidas das amostras foram novamente aferidas. Para cálculo

de absorção de água das amostras, a equação utilizada (ABNT NBR 15.270-3) foi:

𝐴𝐴 (%) =Pu − Ps

Ps𝑋 100 (𝑔)

(9)

Onde,

Pu = massa do corpo úmido (g)

Ps = massa corpo seco (g)

3.4.4.1 Massa imersa (Pi)

Cada corpo de prova teve sua massa medida, quando imerso em água. O tempo

que a água ficou em ebulição foi suficiente para que a água penetrasse nos poros

abertos formados pela queima dos corpos de prova. Usou-se os valores dessa medida

para realização do cálculo da porosidade aparente e da massa específica aparente.

3.4.4.2 Massa úmida do corpo de prova (Pu)

Após a medida da massa imersa (Pi), foram retirados os corpos de prova da

água, em seguida enxugados com papel absorvente e, novamente foi medido a massa

úmida dos corpos de prova fora da água (Pu). Os dados dessa medida, além de

mostrar a variação da massa devido a absorção de água pelos poros abertos

formados durante a queima dos corpos de prova, também é importante para os

cálculos da porosidade aparente e massa especifica aparente.

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55

3.4.5 Porosidade Aparente (PA)

A porosidade aparente das amostras foi determinada da seguinte equação (ABNT NBR 15.270-3):

𝑃𝐴 (%) =Pu − Ps

Pu − Pi𝑋 100 (𝑔)

(10)

Sendo:

PA = Porosidade da Aparente

Pi = massa do corpo imerso em água (g)

Pu = massa do corpo úmido

Ps = massa do corpo seco

3.4.6 Massa específica aparente (MEA)

A massa específica aparente é a média da densidade dos corpos de prova, a

qual foi calculada utilizando-se a seguinte equação (ABNT NBR 15.270-3):

𝑀𝐸𝐴 (%) =Ps

Pu − Pi𝑋 100 (𝑔)

(11)

Sendo:

MEA = Massa Específica Aparente Ps = massa corpo seco (g)

Pu = massa corpo úmido (g)

Pi = massa do corpo imerso em água (g)

3.4.7 Tensão a ruptura à flexão (TRF)

Na medida de tensão e ruptura à flexão foi determinada através de um

flexímetro, marca NANNETTI FAENZA, (Figura 20).

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Figura 20: Flexímetro (a); Teste de TRF (b); rompimento do corpo de prova (c).

Os corpos de prova foram alinhados sobre os mancais fixado na base do

equipamento, com distância entre as peças da ordem de 18% (vinte por cento), em

relação ao comprimento do corpo de prova. O aparelho foi calibrado utilizando-se as

programações de número 13, existente no equipamento.

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57

CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Caracterização das amostras

4.1.1 Análise Granulométrica da Argila

De acordo com os resultados da análise granulométrica (Figura 21), nota-se

que mais de 80% da argila possui granulometria inferior a 0,075mm (# 200 ABNT).

Figura 21: Distribuição granulométrica da argila.

A ABNT NBR 6502/95, classifica as partículas dos solos de acordo com o

diâmetro dos grãos, sendo que o solo argiloso possui granulometria menor que

0,002mm, esse tipo de solo de granulação fina e bem agrupado, possui características

de alta plasticidade, o que depois de úmido, facilita a moldagem dos tijolos. Essa

afirmação é confirmada por Rocha (2013:26), em estudo realizado com o solo, da

mesma região de Iranduba/Am, analisadas neste trabalho, que a argila que por sua vez

é um composto químico que apresenta uma granulometria muito fina e, quando

umedecidas com água, formam uma mistura com certa plasticidade.

Análise granulométrica do solo da região do Pará, realizadas por Jimenez

(2011) observou que mais de 70% da argila possuía grão inferior a 0,038mm (#400

1,18 0,6 0,42 0,3 0,15 0,075 Abertura (mm)

% passante

100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00

0,00

%

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58

ABNT) e essas características foram importantes para incorporação do lodo em mistura

cerâmica.

4.1.2 Análise granulométrica do resíduo Para a condução da caracterização granulométrica do lodo foi utilizada a norma

ABNT NBR 7181/ 84.

É possível perceber nos resultados da análise granulométrica do lodo de ETA na

(Figura 22), onde mostra o percentual do material passante de acordo com as

aberturas da peneira, que o resíduo possui graduação contínua nas peneiras de 0,3 a

0,075, isto é, o material analisado está bem graduado.

Figura 22: Distribuição granulométrica do resíduo.

Possivelmente sem espaços vazios o que evita a porosidade do material e

aumenta a sua resistência mecânica. Observa-se, também que, mais de 50% do

material possuem dimensões inferiores a 0,42% o que facilita a homogeneização entre

os grãos de argila e resíduo.

Na análise granulométrica de resíduo de ETA, realizada por Silva et al (2015),

constatou que, a distribuição do tamanho das partículas ficou na faixa de 0,001 a

1,2mm, esses resultados mostraram uma faixa ampla de distribuição do tamanho das

partículas, pois optou por usar os resíduos que saíram do triturador sem uma

classificação prévia da granulometria. Ainda Silva el al (2015), verificou que as

1,18 0,6 0,42 0,3 0,15 0,075 Abertura da Peneira (mm)

% passante

100,00 90,00 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00

0,00

%

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partículas de lodo apresentaram um perfil irregular devido não ter obtido uma

granulometria padrão no processo de preparação das partículas de lodo. Neste estudo,

o formato bem graduado e contínuo do resíduo de lodo de ETA é considerado um

resultado positivo, pois com a graduação regular decrescente de tamanhos de grãos,

facilita a homogeneização e agregação das partículas do solo durante o cozimento.

4.1.3 Densidade real dos grãos (DR) Os resultados da densidade real dos grãos de argila e lodo (Tabela 6) refletem a

presença de minerais e matéria orgânica presentes no solo.

Tabela 6: Densidade real dos grãos das amostras de argila e lodo.

Norma: DNER-ME 093/94 Argila Lodo Norma: DNER-ME 093/94 Argila Lodo

Picnômetro 1 2 Peso do picnômetro +

amostra + água (g) 159,55 160,01

Temperatura °C 25 26 Peso do picnômetro

+ água (g) 151,19 152,20

Peso picnômetro (g) 47.46 47,46 Peso do material seco (g) 20,0 20,0

Peso do picnômetro + amostra seca (g)

67, 47 66,15 Densidade real dos grãos

(g/cm3) 1,717 1,718

Os limites de densidade real variam entre 2,3 a 2,9 g/cm³, pode-se observar na

Tabela 6 que, tanto a argila quanto o resíduo possuem densidade real baixa, entre

1,717 e 1,718, respectivamente, o que caracteriza um solo com elevada matéria

orgânica, influenciando, de forma positiva, na porosidade, pois poucas cavidades

porosas, não fragilizam o material cerâmico.

4.1.4 Fluorescência de Raio – X Observa-se que, os resultados de fluorescência de Raios-X, tanto na argila

quanto no resíduo (lodo), apresentaram maior concentração nos compostos de óxido

de alumínio (Al2O3) à 51,33% e Óxido de Silício (SiO2) à 55,41 (Tabela 7). O óxido de

silício está presente, em grande parte, na base da estrutura dos argilosminerais,

portanto a presença desse composto nos materiais analisados era esperada, quanto ao

A12O3, é devido, principalmente, ao tipo de coagulante (sulfato de Alumínio) utilizado

durante a purificação da água na Estação de Tratamento da PROAMA. Esse fato foi

constatado por Campelo (2006), em análises dos elementos do lodo e argila, onde

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encontrou maior concentração de Óxido de Alumínio (Al2O3) e Óxido de Silício (SiO2),

devido ao tipo de coagulante usado na decantação e características de sedimentação

mineralógica da região amazônica. Barbosa (2000) constatou em estudos que, a maior

predominância de elementos no lodo era de alumínio, ferro e sílica; sendo que, a maior

teor foi de alumínio, devido ao uso de sulfato de alumínio como coagulante. Essa

semelhança química entre os materiais corrobora para adição do lodo na massa

argilosa para fabricação de tijolo cerâmico, pois evitam reações indesejadas durante o

processo de queima dos corpos de prova.

Tabela 7: Composição química em porcentagem da argila, resíduo e massa cerâmica com 18% de

resíduo.

Composto

Concentração (%)

Argila Resíduo Massa cerâmica com

18% de resíduo incorporado

Al₂O₃ 51, 33 55,41 51,40 CaO 0,01 3,95 0,15

Cl 0,006 0,04 0,005 Cr₂O₃ 0,008 - - Fe₂O₃ 2,71 6,61 3,30 K₂O 0,37 1,25 0,41 MgO 0,18 0,48 0,21 MnO 0,005 0,03 - Na₂O 0,14 0,31 0,22 Nb₂O5 0,003 0,02 0,003 P2O₂ 0,06 0,31 0,04 Rb₂O 0,002 - - SiO₂ 45, 74 36,38 42,16 SO₃ 0,05 1,44 0,08

4.1.5 Difração de Raios-X Os resultados da caracterização microestrutural de materiais cristalinos,

realizada por meio de difratometria de Raios-X, na argila estão apresentados na Figura

23. É possível observar que, as fases mais acentuadas são: quartzo (SiO2) com pico

majoritário, seguido de caulinita (Al2Si2O5(OH)4), isso se deve ao fato de que a maior

parte dos minerais argilosos do estado do Amazonas são oriundas de depósitos

residuais formados de alterações de rochas da Formação Alter do Chão compostas,

entre outros, por quartzo e caulinitas. Afirmam Campos (2008),que a maior parte da

região do polo cerâmico de Manacapuru-Iranduba é constituída desses dos depósitos

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61

residuais. Alguns estudos da argila extraída das margens do Rio Guamá, no Pará

(JIMENEZ, 2011) indicam que o mineral quartzo é majoritário, seguido de caulinita que

também foi encontrado naquela região.

O mineral de quartzo, encontrado neste estudo (Figura 23), confirma a

composição química encontrada na análise de fluorescência de Raios-X, uma vez que

a composição química do quartzo é dióxido de sílica, que por sua vez tem influencia na

expansão térmica durante o cozimento.

Figura 23: Difratograma de Raios-X da argila.

500

100

0

Q= QUARTZO K=CAULINITA

10 20 30 40 50 60

Inte

nsid

ade

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62

600

400

200

0 10 20 30 40 50 60 2Ɵ

É possível perceber que, o mineral majoritário de maior intensidade encontrado

no resíduo, assim como na análise da argila, é o quartzo, seguido da caulinita (Figura

24).

Figura 24: Difratograma de Raio -X no resíduo de ETA.

Q = QUARTZO K = CAULINITA

Essa semelhança de minerais entre a argila e o lodo, são de extrema

importância, devido aos benefícios físicos e mecânicos, de incorporação do resíduo à

massa argilosa (SILVA, 2008).

Na Figura 25 tem-se os resultados do difratograma de Raio-X, nos corpos de

prova com proporção de 18% de resíduo, após a queima a 900°C. É possível perceber

que, houve um aumento favorável dos picos de quartzo e redução da intensidade de

caulinita. A redução de caulinita ocorreu devido a sinterização dos corpos de prova,

com a organização linear dos minerais presentes, melhorando a qualidade do produto

final (CAMPELO, 2006).

Inte

nsid

ade

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63

Figura 25: Difratograma de Raios-X dos CP após a queima, com 18% de resíduo.

Q = QUARTZO K = CAULINITA

Esse comportamento ocorre devido a adição de resíduo que favorece o

aparecimento de hematita e quanto mais resíduo adicionado, o ferro existente no lodo

tende de acelerar as reações de estado sólido, dando lugar a uma nova fase cristalina,

a cristobolita (PAIXÃO, 2005). Tartari el al (2011) em análise de argilas exploradas na

região do Oeste do Paraná, observou que, as argilas haviam três principais minerais:

caulinita, mineral de silicato de alumínio hidratado, o quartzo mineral de óxido de silício

e a hematita mineral de óxido de ferro.

4.2 Análises físicas e mecânicas

4.2.1 Secagem dos corpos de prova

É possível notar, nos resultados das médias das dimensões e peso dos corpos

(Tabela 8) que, após a secagem, ocorreu uma contração em todas as dimensões das

amostras, demostrando que houve uma eliminação da umidade o que favorece melhor

desempenho mecânico do produto. Apesar da contração do volume dos corpos de

prova, não foi observado nenhuma ocorrência de defeito nas amostras.

1500

1000

500

0

10 20 30 2Ɵ

40 50 60

Inte

nsid

ade

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64

Tabela 8: Medidas dos corpos de prova após secagem em temperatura à 110°C.

1 0% 72,11 31,49 7,70 26,87 2 12% 72,06 31,49 7,82 26,98 3 14% 72,09 31,52 7,89 26,88 4 18% 72,08 31,49 7,92 26,93

Médias 72,08 31,49 7,83 26,91

4.2.2 Curva de queima O forno tipo mufla foi previamente programado para elevar a temperatura até

900°C em 2h:30min de queima, bem como permaneceu nos dois primeiros patamares

por 5 minutos e no último por 30 minutos.

A linha azul claro representa a temperatura ideal programada na mufla e a linha

em vermelho repreenta a temperatura real de queima, onde se percebe uma variação

mais acentuada cerca de 120°C. (Figura 26).

Figura 26: Curva de queima dos corpos de prova.

Os resultados mostram que, houve um cozimento das peças de forma

controlada, pois teve reduzida oscilação de temperatura durante a queima,

ocasionando um excelente resultado, pois os corpos de prova ao fim da queima não

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1 3 5 7 9 1113151719212325272931333537394143454749515355575961

Te

mp

era

tura

em

ºC

Tempo de queima (min)

Temperatura Real Temperatura Ideal

Corpos de

prova

Massa

cerâmica

Dimensões após secagem (mm)

Peso (g) Comprimento Largura Espessura

0 84 115 197 227

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65

apresentaram deformações ou fissuras.

Durante a queima dos corpos de prova é importante controlar a temperatura

para evitar a perda de água repentina que causará excessiva retração e

consequentemente fissuração (HENTGES, 2012:15).

4.2.3 Análises físicas e mecânicas nos corpos de prova após a queima a 900°C. Na Tabela 9 têm-se, a média dos resultados físicos e mecânicos dos ensaios de

retração linear (RL), absorção de água (AA), porosidade aparente (PA), massa

específica aparente (MEA), tensão de ruptura (TR), e tensão de ruptura à flexão (TRF)

realizados nos corpos de prova após a queima na temperatura de 900°C, com 4

concentrações de resíduo: 0%, 12%, 14% e 18% de incorporação na massa cerâmica,

sendo para cada formulação produção de 5 corpos de prova.

Tabela 9: Resultados dos ensaios físicos e mecânicos.

Formulação ENSAIOS FÍSICOS E MECÂNICOS

Resíduo Argila Água RL (%)

AA (%)

PA (%)

MEA (%)

TRF (Kgf/mm2)

0% 90 10% 3,31 16,22 21.01 1,76 2,40 12% 78 10% 3,37 11,63 19,95 1,67 2,35 14% 76 10% 3,37 11,20 17,75 1,67 2,20 18% 72 10% 3,60 8,73 15,45 1,75 1,80

4.2.4 Retração Linear (RL) É possível notar nos resultados da retração linear, após a queima em

temperatura em torno de 900°C, em função dos percentuais de 0%, 12%, 14% e 18%,

de resíduo adicionado na formulação da massa argila (Figura 27) que, a retração linear

aumentou com o incremento do teor de lodo à massa argilosa em todos os

percentuais, esse fato se deve ao processo de sinterização dos corpos de prova

aquecidos a altas temperaturas. O agrupamento das moléculas é um fator importante

e necessário no cozimento dos materiais cerâmicos, pois faz com que ocorra o

endurecimento e, consequentemente, dar resistência do produto final. Afirma Callister

(2012), que durante o cozimento as peças se contraem devido à ocorrência de

coalescência das partículas de pó pelo processo de sinterização.

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66

Figura 27: Retração linear nos corpos de prova.

Askeland (2011:455), afirma que a força motriz da sinterização é a redução da

superfície do pó. Jimenez (2011) destaca que esse comportamento, indica um

favorecimento no processo de sinterização dos corpos de prova. Esse processo de

sinterização que ocorre durante a queima, cria uma alteração na estrutura microscópica

devido aos minerais, como o quartzo, fazendo com que a peça fique sólida, o que

resulta em boa resistência do produto cerâmico.

De acordo com a ABNT (NBR 15270-3/05), todos os valores de retração estão

de acordo com os limites estabelecidos pela norma que é abaixo de 8%. a

incorporação do lodo de ETA no processo de fabricação de tijolos cerâmicos, nas

proporções de 0%, 3%, 5% e 10% de resíduo, houve um aumento na retração linear,

em temperatura de sinterização à 900°C, devido, possivelmente, a presença de matéria

orgânica que volatiza na queima (JIMENEZ, 2011). Esse comportamento indicou que a

matéria orgânica volatizou na queima do material cerâmico em elevadas temperaturas.

4.2.5 Absorção de água Os resultados de ensaio de absorção de água dos corpos de prova em função

dos percentuais de resíduos adicionados na argila de 0%, 12%, 14% E 18%, podem

ser observados na Figura 28.

18% 14% 12%

% Resíduo

0%

3,7

3,6

3,5

3,4

3,3

3,2

3,1

RL

% (

mm

)

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67

Figura 28: Absorção de água dos corpos de prova.

É possível notar que, quanto maior a quantidade de resíduo incorporado à

massa argilosa, menor é a ocorrência de absorção de água. Callister, (2012) afirma

que cada uma das matérias-primas influencia as mudanças que ocorrem durante o

processo de cozimentos e as características da peça acabada. Neste caso, a absorção

da água diminui com o incremento do teor de lodo à massa argilosa em todas as

proporções, confirmando que, quanto mais sinterizado estiver o material em função da

temperatura de queima, maior será a retração linear, e diminuirá absorção de água,

devido ao agrupamento das moléculas. O decréscimo de AA é esperado devido à

grande presença de propriedade argilosa e baixa presença de areia. Almeida (2015)

afirma, a matéria orgânica, assim como a umidade, são parâmetros importantes que

podem influenciar na qualidade final dos blocos cerâmicos.

A umidade é importante para determinar o manuseio do lodo, pois um alto teor

de umidade pode prejudicar o encaminhamento dos componentes de fabricação,

obstruindo passagens ou aderindo-se às partes do sistema (TSUTIYA, 2001).

De acordo com a ABNT (NBR 15270-3, 2005), o limite máximo e mínimo de

água é de 8% a 22%, respectivamente. Nota-se, que os resultados de teor de umidade,

encontram- se dentro dos limites permitido pela norma, implicando num bom resultado

do material estudado.

% Resíduo

18% 14% 12% 0%

18 16 14 12 10

AA

% (

g)

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68

4.2.6 Porosidade Aparente (PA)

Argumenta Callister (2012), que após a compactação das partículas de pó na

forma desejada, haverá poros ou espaços vazios entre as partículas e que, após o

tratamento térmico a maior parte dessa porosidade será eliminada, entretanto certa

porosidade residual permanece. Os resultados das médias da porosidade aparente,

após a queima a 900°C, em função das formulações com percentual de resíduo em

0%, 12%, 14% e 18%, adicionado à massa cerâmica, está apresentada na Figura 29.

Figura 29: Porosidade aparente dos corpos de prova.

Percebe-se que em temperatura de 900°C, há uma contração nos corpos de

prova provocando a redução da porosidade. Callister (2012) afirma que essas

mudanças microestruturais de contração e redução dos poros ocorrem durante o

cozimento. Durante o cozimento, a peça conformada contrai-se e apresenta uma

redução em sua porosidade, juntamente com uma melhoria em sua integridade

mecânica. A porosidade aparente diminui com a elevação da temperatura e a

diminiuição da absorção de água é semelhante a redução da da porosidade.

Para o presente estudo, o percentual de porosidade nas peças é muito

importante, pois quanto maior a porosidade e a absorção da água, menor será a

resistência e a qualidade do tijolo cerâmico, além de outras vantagens. Pois a baixa

porosidade tem como positividade, maior conforto térmico e menor possibilidade de

infiltração para os devidos fins de utilização no processo construtivo e estruturação.

% Resíduo

18% 14% 12% 0%

PA

% (

g)

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69

Porém, a porosidade total altera negativamente, as propriedades mecânicas das

cerâmicas; contudo, por outro lado, aponta que a porosidade pode ser útil para

aumentar a resistência a choque térmico (ASKELAND, 2008).

É possível admitir que, por essas características, de baixa porosidade, as

proporção de 0%, 12%, 14% e 18% de resíduo incorporado à massa cerâmica, não

comprometerá a resistência à flexão, por isso o que se pretende neste estudo, é a

incorporação com sucesso do lodo na argila para fabricação de tijolo, uma vez que, o

esperado é um material não resistente ao choque e sim, um produto que suporte e

resista a tensão nele aplicado, em conformidade com a norma NBR 15270-1,2,3/05.

4.2.7 Massa específica aparente (MEA) Os resultados da massa específica aparente dos produtos cerâmico foram

analisados em função da temperatura de queima para as formulações de 0%, 12%,

14% e 18% de resíduo incorporado à massa argilosa (Figura 30).

Figura 30: Massa específica aparente dos corpos de prova

É possível notar que em temperatura a 900°C houve um aumento da MEA em

todas as formulações. Esse fato, também, foi evidenciado por Souza (2010), que teve a

MEA aumentada sob a influência de temperaturas elevadas. É possível perceber que a

MEA das proporções ficou entre 1,85% e 2%. Essa pequena diferença entre os valores

demonstra um bom desempenho do resíduo adicionado à massa argilosa. Pois, o

aumento da massa ocorrera devido a função da densidade do lodo incorporado, bem

% Resíduo

18% 14% 12% 0%

1,74 1,72 1,7

1,68 1,66 1,64 1,62 1,6

ME

A %

(g

)

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70

como a matéria orgânica que dissipa no processo de queima dos corpos de prova.

Aquino (2015) constatou uma diminuição da massa específica com o aumento

de teor de resíduo, esse fato ocorreu devido à adição de resíduo de lodo da indústria

têxtil em até 25g, na produção de blocos cerâmicos de vedação, com elevada

temperatura a 1150°C.

A porosidade aparente e a massa específica aparente estão associadas com a

absorção da água (TEIXEIRA, 2006). Houve um aumento da massa e diminuição da

absorção da agua, bem como da porosidade aparente, essas características são

esperadas, pois favorecem positivamente a resistência do produto final.

4.2.8 Tensão de ruptura à flexão (TRF) Pode-se notar que, as médias dos resultados de tensão de ruptura à flexão

(TRF) em função da temperatura de queima de 900º C dos corpos de prova, nas

formulações de 0%, 12%, 14% e 18% (Figura 31) houve uma diminuição na TRF com a

incorporação do resíduo.

Figura 31: Tensão de ruptura dos corpos de prova.

Esse fato era esperado, uma vez que, foi observado uma boa sinterização, ou

seja, boa união das partículas existentes nos corpos de prova, resutados que se

repetiram nos ensaios de retração linear, absorção de água, massa específica aparente

e confirmada com o ensaio de tensão à ruptura, pois os valores encontrados estão

dentro do que é preconizado pela norma 15270-3/05.

18% 14% 12%

% Resíduo

0%

2,50

2,30

2,10

1,90

0,90

0,40 TR

F %

(K

gf/

mm

²)

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71

A diminuição da TRF devido ao acréscimo de resíduo à massa cerâmica era

esperada, contudo não influencia negativamente os corpos de prova. Teixeira et al

(2006) em ensaios, demonstrou que, a TRF, diminuiu com a concentração de lodo

adicionado a massa cerâmica, confirmando um bom resultado final do material.

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72

CAPÍTULO V - CONSIDERAÇÕES FINAIS 5.1 CONCLUSÃO

Por meio da caracterização granulométrica das amostras de solo, pode-se

concluir que a argila possui mais de 80% de granulometria inferior a 0,075mm (# 200

ABNT), sendo classificado como solo argiloso.

Em relação ao resíduo de lodo, mais de 50% do material sanitizados possuem

dimensões inferiores a 0,42% de graduação contínua, conforme ABNT NBR 7181/82,

o que facilita a homogeneização entre os grãos de argila e resíduo.

Devido ao tipo de coagulante usado na decantação e características de

sedimentação mineralógica da região amazônica, a análise química por fluorescência

de Raios-X, tanto na argila, quanto no resíduo de lodo de ETA, os elementos

encontrados em maior concentração foram o Óxido de Alumínio (Al2O3) e Óxido de

Silício (SiO2).

Foi identificado, no ensaio de Raios-X, elevada presença de quartzo (SiO2),

Caulinita (Al2Si2O5(OH)4) na argila e no resíduo. Isso se deve ao fato de que a maior

parte dos minerais argilosos do estado do Amazonas é oriunda de depósitos

residuais formados de alterações de rochas da Formação Alter do Chão compostas,

entre outros, por quartzo e caulinitas. O que facilita, devido às características

semelhantes das duas matérias-primas a mistura para fabricação de tijolo.

As análises físicas e mecânicas como absorção de água, porosidade

aparente, massa específica aparente e tensão de ruptura à flexão, mostram que o

lodo de ETA nas proporções de, no máximo, 18%, pode ser incorporado em massa

argilosa para fabricação de tijolo com resultados satisfatórios, pois estão em

conformidade com os parâmetros estabelecidos pela ABNT (NBR 15270-1,2 e 3 de

2005).

Contribuir com a diminuição da extração mineral da argila, bem como a

redução do lançamento do lodo em lixões ou corpos d’água, trará benefícios para o

meio ambiente com a redução dos impactos gerados pelas olarias e estações de

tratamento de água para abastecimento público na capital do estado e para o

município de Iranduba.

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73

5.2 Recomendações para trabalhos futuros

Visando contribuir para as pesquisas futuras que permitam a continuação de

composições formuladas com as argilas e o resíduo de lodo de ETA pode-se sugerir

os seguintes pontos:

- Estudar a viabilidade economica da aplicação das de argilas e resíduo de lodo de

ETA que atenderam as normas vigentes;

- Realizar um estudo piloto em uma indústria cerâmica para se verificar a

possibilidade da utilização das composições ótimas in loco;

- Analisar as composições estudadas em outras temperaturas de sinterização para

revestimento e blocos cerâmicos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACHON. L.C, CORDEIRO.J.S. “Gerenciamento de Lodo de ETAs – Remoção de água livre através de leitos de secagem e lagoas”. ABES- Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Anais do 22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. (2003). Agência Reguladora dos Serviços Concedidos do Estado do Amazonas. Relatório de Atividades. 2010. ALMEIDA. P.H.S. et al. Influência do tipo de argila do processo de solidificação/estabilização de lodo têxtil. Cerâmica 61, 137-144, 2015. ALVES, Diego Henrique Correa, et al. Resíduos sólidos, mais que uma Questão Ambiental, uma Questão Social. Engineering and Science, 2015. ANDRADE, P. S. Avaliação do Impacto Ambiental da utilização de resíduos de estação de tratamento de água em indústria de cerâmica vermelha: estudo de caso. SP, 2005. AQUINO, R.C, et al. Adição de resíduo de lodo da indústria têxtil na produção de blocos cerâmicos de vedação. Vol 10. N. 1. Revista Eletrônica de Materiais e Processos, p. 29-35. 2015.

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