DISCIPLINA ESCOLAR: ELEMENTO AGREGADOR NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS NO ENSINO MÉDIO

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FUNDAÇÃO UNIVERSA ANIMÉRCIA SIQUEIRA DE SANTANA DISCIPLINA ESCOLAR: ELEMENTO AGREGADOR NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS NO ENSINO MÉDIO Palmas – TO 2011

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Este estudo teve por objetivo geral analisar a importância da disciplina no contexto da unidade escolar, para melhoria da aprendizagem dos alunos do ensino médio. A problemática analisada reveste-se de grande importância pelo fato de que a indisciplina dos alunos em sala de aula tem comprometido a aprendizagem destes e causado mal estar aos professores, quando do enfrentamento da questão com os discentes, para manter um ambiente propício a aprendizagem.

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  • 0FUNDAO UNIVERSA

    ANIMRCIA SIQUEIRA DE SANTANA

    DISCIPLINA ESCOLAR: ELEMENTO AGREGADOR NAAPRENDIZAGEM DOS ALUNOS NO ENSINO MDIO

    Palmas TO2011

  • 1ANIMRCIA SIQUEIRA DE SANTANA

    DISCIPLINA ESCOLAR: ELEMENTO AGREGADOR NAAPRENDIZAGEM DOS ALUNOS NO ENSINO MDIO

    Artigo Cientfico apresentado comorequisito para obteno de nota nocurso de Ps-GraduaoEspecializao em GestoEducacional, complementao doPROGESTO, realizado pelaFundao Universa.

    Orientadora: Prof. Ms. Maria Rita deCssia Pelizari Labanca.

    Palmas TO2011

  • 2DISCIPLINA ESCOLAR: ELEMENTO AGREGADOR NAAPRENDIZAGEM DOS ALUNOS NO ENSINO MDIO

    SANTANA, ANIMRCIA SIQUEIRA DE1LABANCA, MARIA RITA DE CSSIA PELIZARI2

    RESUMO

    Este estudo teve por objetivo geral analisar a importncia da disciplina no contexto da unidadeescolar, para melhoria da aprendizagem dos alunos do ensino mdio. A problemtica analisadareveste-se de grande importncia pelo fato de que a indisciplina dos alunos em sala de aulatem comprometido a aprendizagem destes e causado mal estar aos professores, quando doenfrentamento da questo com os discentes, para manter um ambiente propcio aaprendizagem. A metodologia desenvolvida neste trabalho se constituiu de uma pesquisa decampo realizada com vinte educadores do Centro de Ensino Mdio Castro Alves, em Palmas,Tocantins. O mtodo escolhido foi o hipottico-dedutivo, com uma abordagem quali-quantitativavisando a identificar at que ponto a indisciplina em sala de aula interfere no processo deensino aprendizagem dos alunos. Um dos resultados apontados pela pesquisa foi de que aindisciplina escolar tem sido desencadeada por diversos fatores, dentre os quais est odesinteresse do aluno. Na finalizao deste estudo foi possvel apreender que embora asociedade contempornea viva novos tempos, com mudanas cada vez mais velozes eintensas devido ao fenmeno da globalizao e ao aprimoramento das tecnologias, faz-senecessrio que os educadores busquem apoio nos recursos tecnolgicos, planejando aulasmais dinmicas de modo a despertar o interesse do aluno pelas temticas do contedoministrado nas aulas.

    Palavras-chave: Aprendizagem. Disciplina. Educao. Indisciplina Escolar.

    INTRODUO

    "O ensino deve favorecer a arte de agir".Edgar Morin

    Atualmente, a questo da disciplina escolar tem sido motivo para

    acalorados e constantes debates entre estudiosos da educao, principalmente

    os profissionais da educao bsica. Este tema bastante complexo e requer

    cuidadosas ponderaes, para no cair em rtulos que possam vir a

    comprometer a qualidade do ensino-aprendizagem. J que a indisciplina

    verificada nas escolas brasileiras fruto dos paradigmas sociais vigentes sobre

    a funo da escola na sociedade. (CSAR, 2004).

    1 Ps-Graduanda Especializao em Gesto Educacional, complementao do PROGESTO,realizado pela Fundao Universa2 Professora Mestre do Curso em Gesto Educacional, complementao do PROGESTO,realizado pela Fundao Universa

  • 3O assunto em foco pode ser discutido sobre diversos ngulos, dentre os

    quais incluem as transformaes recentes no cenrio poltico eeducacional brasileiro at o prprio conceito de educao moderna,confundido com a escolarizao dos sujeitos e dos conhecimentos(CSAR, 2004, p. 102).

    A justificativa para escolha do tema se d pelo fato de observar atravs

    da vivncia diria nas salas de aula, com alunos dos 1, 2 e 3 anos do ensino

    mdio, que a indisciplina dos estudantes durante as aulas vem comprometendo

    o grau de aprendizagem dos discentes, tornando-se inclusive fonte de intensas

    discusses por parte do corpo docente da Unidade Escolar (U.E.) durante as

    reunies pedaggicas.

    Alm disso, o ambiente de aprendizagem propcio aquele em que os

    alunos podem se concentrar melhor no que esto fazendo, longe das

    interferncias externas como estudantes fora da sala de aula, transitando

    com frequncia nos corredores da escola e fazendo uso de sons altos.

    Em funo dessa realidade pertinente estudar como se d o processo

    de construo da disciplina escolar no CEM (Centro de Ensino Mdio) Castro

    Alves, em Palmas, Tocantins.

    A pesquisa desta temtica de grande relevncia para o aprimoramento

    profissional e discusso do problema junto Unidade Escolar (U.E.), podendo

    nesse contexto encontrar alternativas de mudanas que visem construo de

    um ambiente propcio aprendizagem de qualidade.

    Com este enfoque o artigo tem como tema a Disciplina escolar:

    elemento agregador na aprendizagem dos alunos do ensino mdio, em

    Palmas, TO.

    E o objetivo geral analisar a importncia da disciplina no contexto da

    unidade escolar, para melhoria da aprendizagem dos alunos. Tendo como

    objetivos especficos analisar a importncia da disciplina no mbito da

    instituio educacional; verificar quais so os fatores que colaboram para a

    aprendizagem dos alunos e relacionar a importncia da disciplina com o

    ambiente da sala de aula.

    A problemtica analisada foi se a falta de disciplina interfere na

    organizao escolar e compromete a aprendizagem dos alunos. Buscando

  • 4desta maneira, compreender o processo de disciplina e seu papel na

    aprendizagem dos alunos.

    A metodologia desenvolvida neste trabalho se constituiu primeiramente

    de um levantamento bibliogrfico a partir de referncias especficas na rea de

    gesto educacional, visando analisar os aspectos que envolvem a disciplina

    escolar e como esta pode impactar o ambiente da escola, repercutindo

    positivamente, sua credibilidade institucional junto comunidade local.

    Alm disso, foram realizadas pesquisas em artigos cientficos e/ou

    matrias publicadas em sites na internet sobre as estratgias da gesto

    educacional e os aspectos que envolvem o processo da disciplina escolar para

    alcanar uma educao de qualidade.

    Desta maneira, este artigo foi elaborado atravs do mtodo hipottico-

    dedutivo, utilizando uma abordagem quali-quantitativa, mediante um estudo de

    caso no CEM Castro Alves, em Palmas, Tocantins.

    Tal opo se justifica pelo fato de que a pesquisa qualitativa preocupa-se com a compreenso, com a interpretao do fenmeno, considerandoo significado que os outros do s suas prticas enquanto a pesquisaquantitativa remete-se a uma explanao das causas, por meio demedidas objetivas, testando hipteses e utilizando-se basicamente daestatstica (GONSALVES, 2001, p. 64).

    A pesquisa de campo foi desenvolvida mediante a realizao de

    entrevistas abertas e fechadas direcionadas a vinte profissionais da Unidade

    Escolar, com a busca de informaes que visem a verificar at que ponto a

    indisciplina em sala de aula interfere no processo de ensino aprendizagem dos

    alunos, no CEM Castro Alves, em Palmas (TO).

    O instrumento de coleta de dados utilizado foi o da entrevista semi-

    estruturada, tcnica esta que exige uma maior interao entre o entrevistador e

    o sujeito entrevistado. Assim, a entrevista foi realizada com 20 educadores da

    U.E, constituindo-se um grupo heterogneo composto pela gestora da U.E.

    (01), trs (03) coordenadoras pedaggicas, duas (02) orientadoras

    educacionais e mais quatorze (14) professores. O que conforme Ludke, M. e

    Andr (1986) permite ao entrevistado maior liberdade em suas colocaes

    quanto ao problema de pesquisa levantado.

  • 5Os dados levantados pela pesquisa foram tabulados e mensurados em

    grficos e a anlise dos resultados do estudo teve como suporte o referencial

    terico, que serviu de mote para este trabalho.

    1 DISCIPLINA

    Antes de partir para o aprofundamento que o tema requer, vale

    considerar inicialmente o conceito bsico do termo disciplina. No dicionrio a

    definio para este verbete : obedincia a regras e aos superiores (d.militar); [...] ordem, bom comportamento; [...] mtodo, regularidade(HOUAISS 2008, p. 253).

    Em funo de tal conceito vale destacar a concepo de Immanuel Kant

    sobre indisciplina A falta de disciplina um mal pior que a falta de cultura,pois esta pode ser remediada mais tarde, ao passo que no se pode aboliro estado selvagem e corrigir um defeito de disciplina (KANT apudCSAR, 2004, p. 41).

    Ao discorrer sobre a problemtica disciplina escolar, Regiani Carvalho

    destaca que:

    A questo da indisciplina deixou de ser um evento particular nocotidiano das escolas, para se tornar um dos grandes problemasescolares da atualidade, por ser considerado um obstculo para umbom processo de aprendizagem (CARVALHO, 2006, p. 1).

    Corroborando com tal perspectiva Maria Teresa Estrela esclarece que a

    falta de disciplina durante o ensino aprendizagem pode influenciar o processo

    pedaggico de tal maneira que seus efeitos podero ser sentidos

    primeiramente na figura do professor. Ao interferir na dinmica da sala de aula,

    a indisciplina causa ao docente mal-estar fsico e psicolgico, provocando

    desgaste, irritao e limitao, no apenas no que diz respeito ao trabalho

    pedaggico, como ainda na interao entre o professor e o aluno (ESTRELA,

    1992).

    A mesma autora justifica seu posicionamento ao explicar que o tempo

    gasto pelo professor, para manter a disciplina em sala de aula, desgasta

    sobremaneira os envolvidos, provocando um clima de desordem, sentimento

  • 6de perda da eficcia da aula e a consequente diminuio da auto-estima

    pessoal, fatores estes que acabam por acarretar desnimo em relao

    profisso. Desta maneira, Maria Teresa Estrela (1992, p. 23) pontua que a

    indisciplina interfere sim e muito, no processo pedaggico, afetando aaprendizagem do aluno e comprometendo o desempenho do professor.

    Nesse contexto, vale destacar a descrio de um ambiente escolar

    relativo indisciplina, conforme relatos obtidos pela pedagoga Sheila C. de

    Almeida e Silva Machado:

    [...] falta de limite dos alunos, baguna, tumulto, mau comportamento,desinteresse e desrespeito s figuras de autoridade da escola etambm ao patrimnio; alguns professores apontam que os alunosno aprendem porque so indisciplinados em decorrncia da noimposio de limites por seus familiares; o fracasso escolar seriaento o resultado de problemas que esto fora da escola e que semanifestam dentro dela pela indisciplina; de acordo com essesprofessores, nada pode ser feito enquanto a sociedade no semodificar (MACHADO [s.d] p. 2).

    Tais condutas so verificadas tanto nas escolas pblicas como tambm

    nas instituies particulares. Diante disso, pode-se afirmar que no mundoatual a maioria 0das escolas enfrenta estas questes, que perduram hanos, sofrendo obviamente alteraes histricas de acordo com ascontingncias scio-culturais (MACHADO [s.d] p. 2).

    Em funo dessa realidade verifica-se que a concepo de disciplina

    est associada obedincia, estando dessa maneira bastante presente no

    cotidiano escolar, qual seja a adequao do comportamento do aluno ao que o

    professor deseja. Tal viso origina-se do perodo da Escola Nova, que difundiu

    o conceito de que a disciplina se constri pela interao do sujeito com outros e

    com a realidade, at alcanar o autodomnio (VASCONCELOS, 1995).

    Em relao a tal perodo, Maria Teresa Estrela lembra que os princpios

    democrticos da Escola Nova, a disciplina pressupe a formao do cidado

    livre, responsvel e participante da sociedade, permitindo o exerccio da

    liberdade e da responsabilidade, e a disciplina se transforma em autocontrole

    e autogoverno, e assim os alunos contribuem para a elaborao das regras,

    sentindo-se responsveis pela sua preservao (ESTRELA apud SILVEIRA,

    2002, p. 3).

  • 7Nesse contexto, a disciplina escolar uma ordem consentida livremente

    com o objetivo de chegar a um fim comum. Assim, verifica-se que a dificuldade

    est em se chegar a essa ordem, haja vista que se diferem os objetivos que

    cada um dos educadores da ao educativa almeja (professores, alunos,

    familiares, diretores). Desta maneira, o que disciplina para um pode no ser

    para o outro (VASCONCELOS, 1995).

    Conforme Boruchovitch e Bzuneck, geralmente os professores

    consideram como indisciplina os comportamentos que, em sua viso,

    atrapalham sua aula, ou seja, a falta de interesse e dedicao do aluno aos

    estudos da forma como o professor da disciplina deseja. Assim, em funo da

    apatia do aluno pela disciplina, o professor passa a reclamar de alunos

    desmotivados e desinteressados (apud SILVEIRA, 2002).

    Mediante esta realidade, Boruchovitch e Bzuneck buscam desvincular o

    conceito de indisciplina para o qual denomina como desmotivao, assim

    sendo:

    [...] um mau comportamento em classe ou um desempenhoinsuficiente pode no ter a ver com problemas de motivao, assimcomo comportamentos desejveis e at mesmo um desempenhosatisfatrio no so sinnimos de motivao. Os efeitos da motivaosobre o aluno consistiriam em ele envolver-se ativamente nas tarefaspertinentes ao processo de aprendizagem, escolhendo este curso deao entre outros possveis ao seu alcance, independente docomportamento que adote para isso. Conseqentemente, adesmotivao seria causada por no se investir nos recursospessoais durante a aprendizagem, fazendo apenas o mnimo, oudesistindo facilmente das tarefas, o que nem sempre se manifestariasob um comportamento indesejvel pelo professor(BORUCHOVITCH & BZUNECK apud SILVEIRA, 2002, p. 3).

    Aps tais ponderaes no que se concerne ao conceito e prtica da

    disciplina escolar, vale ressaltar a importncia de os educadores buscarem

    sempre que possvel analisar o contexto social contemporneo, pois a

    sociedade mudou. Vive-se um novo tempo, onde as mudanas so cada vez

    mais velozes e intensas no ambiente, nas instituies e nas pessoas.

    E tais mudanas, so caracterizadas por tendncias que envolvem

    globalizao, tecnologia, informao e conhecimento. E so essas tendncias

    que esto presentes no dia a dia dos alunos, tornado o jovem mais bem

    informado e exigente perante as informaes recebidas. Alm disso, devido

  • 8demanda de informaes disponveis, o estudante torna-se mais seletivo,

    buscando mais aquilo que lhe interessa o que acaba por influenciar suas

    atitudes no ambiente escolar (OUTEIRAL, 2001).

    Em funo do exposto, vale ressaltar o papel da disciplina na

    aprendizagem dos discentes.

    2 APRENDIZAGEM

    2.1 Buscando o conceito de aprendizagem

    O conceito simplista de aprendizagem est associado ao processo de

    aprender, adquirir conhecimento ou habilidade prtica (HOUAISS, 2009). Para

    Barbosa (2001, p. 32) a aprendizagem o processo que resulta da constanteinterao do indivduo com o seu meio e a dificuldade na aprendizagem caracterizada por um impedimento, momentneo ou persistente, doindivduo diante dos obstculos surgidos nesse processo de interao.

    Ao refinar a busca deste mesmo conceito, este se encontra relacionado

    aprendizagem por compreenso e que se constituiu em base terica para os

    estudos de Vygostsky (apud MOYSS, 1994).

    A aprendizagem por compreenso apresenta-se em trs aspectos, a

    saber: o primeiro se refere a formao de conceitos, em especial, osconceitos cientficos; o segundo refere-se ao desenvolvimento daconscincia e o papel que o sistema organizado de conceitosdesempenha na direo desses processos e por ltimo, sobre o papel doprofessor como mediador no processo de ensino/aprendizagem(VYGOSTSKY apud MOYSS, 1994).

    Nesse contexto, a aprendizagem se faz em torno de conceitos,

    enunciados e definies. Por isso, a utilizao desses elementos como ponto

    de partida para o que se quer ensinar. Outra consequncia deste enfoque a

    forma de apresentar um dado contedo. Pois, a um conceito segue-se outro,

    que se articula com um terceiro e assim sucessivamente (MOYSS, 1994).

    No entanto, para Vygostsky:

  • 9Um conceito se forma no pela interao de associaes, masmediante uma operao intelectual em que todas as funes metaiselementares participam de uma combinao especfica [...] Quandose examina o processo de formao em toda a sua complexidade,este surge como um movimento do pensamento, dentro da pirmidede conceitos, constantemente oscilando entre duas direes, doparticular para o geral e do geral para o particular (VYGOSTSKY,1987, p. 70).

    Mediante tal concepo, Lcia Moyss explica que dominar umconceito significa ir muito alm das simples cadeias de associaes, jque estas s podem levar elaborao de pseudoconceitos, e no aos

    verdadeiros conceitos (MOYSS, 1994).

    Nesse contexto, a mesma autora exemplifica que um professor podeacreditar que conseguiu fazer com que seus alunos elaborassem umdado conceito pelo simples fato de serem capazes de repetir o que foiensinado. (MOYSS, 1994, p. 22). Entretanto, se eles no conseguemgeneralizar, ou seja, aplicar o conceito a outras situaes, se no conseguem

    perceber casos particulares que o exemplificam, ento eles ainda no

    conseguiram elaborar conceitos. Esto no estgio descrito por Vygostsky de

    pseudoconceitos (apud MOYSS, 1994).

    Estudos desenvolvidos por Vygostsky (1987), Bruner (1976) e Ausubel

    (1990) indicam que a tarefa de ser mediador entre o objeto e o sujeito doconhecimento exige do professor o desenvolvimento de certas atitudes(VYGOSTSKY apud MOYSS, 1994).

    Dentre essas atitudes se destacam:

    [...] a de descobrir o que o aluno j sabe; a de organizar de formacoerente e articulada o contedo a ser transmitido; a de criarcondies para que ele possa passar do particular para o geral edeste para aquele, de tal forma que ele prprio reconstrua oconhecimento (VYGOSTSKY apud MOYSS, 1994, p. 22).

    Desta maneira, que provavelmente desencadear o processo da

    aprendizagem escolar, pois nessa passagem, o particular tem que se articular

    a realidade vivida pelo aluno (MOYSS, 1994, p. 23).

    Atualmente, conforme a mesma autora, graas aos estudos realizados

    por Carraher, Newton Duarte e Rodolfo Caniato, tal princpio j vivenciado na

    prtica de muitos professores das mais diversas reas tanto da Matemtica

  • 10

    como das Cincias ao relacionar os contedos programticos com as

    experincias da vida diria do aluno.

    Em funo do exposto, verifica-se que Vygostsky e Ausubel formam um

    consenso ao se referirem aprendizagem por compreenso, afirmando que oprofessor tem de manter uma estreita interao com os alunos(MOYSS, 1994, p. 31).

    Assim, formular questes, pedir exemplos, apresentar problemas de

    uma maneira nova, evitar a rotina, a cpia de modelos, enfim, usar recursos

    que levam os alunos a pensar e trabalhar mentalmente o conhecimento, so

    situaes tpicas de interao a serem postas em prtica pelo professor

    (MOYSS, 1994).

    Corroborando com tal perspectiva, vale ressaltar a viso de Tardeli

    (apud Carvalho, 2006, p. 6) sobre a interao professor-aluno, que

    caracterizada por se estabelecer um encontro significativo, entretanto, tal

    encontro somente possvel quando o mestre incorpora o real sentido de sua

    funo, ou seja, orientar e ensinar o caminho em busca do conhecimento,

    amparado por uma relao de cooperao e respeito mtuos.

    2.2 Relaes que interferem na aprendizagem

    A sociedade contempornea caracterizada por profundas injustias e

    desigualdades sociais, na qual est inserida a famlia, instituio social onde

    acontecem as primeiras experincias educacionais da criana, mas que nem

    sempre proporcionada apenas pela famlia, j que devido s necessidades de

    sobrevivncia e do trabalho intenso dos pais ou responsveis fora de casa, a

    criana e/ou adolescente fica exposta aos cuidados de terceiros ou mesmo

    sozinhas, em situao de risco pessoal e social, sem a superviso e a

    orientao de um adulto.

    Em funo dessa realidade, verifica-se que a criana e/ou adolescente

    que chega a escola em busca de aprendizagem e conhecimento traz em sua

    bagagem a vivncia cultural e social de sua famlia, que muitas vezes

    carregada de fatores etiolgico-sociais, os quais conforme Lima (2008, p. 1)

    ressalta vai interferir em sua aprendizagem. Dentre estes fatores destaca-se:

  • 11

    Carncias afetivas; deficientes condies habitacionais, sanitrias, dehigiene e de nutrio; pobreza da estimulao precoce; privaesldicas, psicomotoras, simblicas e cultural; ambientes repressivos;nvel elevado de ansiedade; relaes interfamiliares; hospitalismo;mtodos de ensino imprprios e inadequados.

    Nesse contexto, estudiosos e pensadores como Smith & Strick pontuam

    que um ambiente estimulante e encorajador em casa produz estudantesadaptveis e muito dispostos a aprender, mesmo entre crianas cujasade ou inteligncia foi comprometida de alguma maneira (apud LIMA,2008, p. 1).

    Alm disso, conforme explicaes da mesma autora pesquisas

    realizadas nesse sentido indicam que as carncias afetivas e econmicas da

    famlia podem interferir no processo de aprendizagem da criana originria de

    tal condio social.

    2.3 Relao professor-aluno

    Ao longo da histria da educao a relao professor-aluno foi sendo

    construda e modificada em funo dos vrios aspectos socioculturais e do

    desenvolvimento das diversas reas das cincias, da epistemologia gentica

    de Piaget a Psicologia, todos os saberes contriburam neste processo.

    Assim que atualmente discute-se a relao professor-aluno nas

    diversas reas do conhecimento, sempre buscando aprimorar o processo do

    ensino aprendizagem. Pois, aprender no se resume a aquisies feitasna idade escolar, j que se ampliam a todas as aquisies que o homemrealiza no decorrer da vida, quer seja no mbito familiar, social ou institucional

    (BARBOSA, 2001, p. 31).

    Vrios estudiosos so unnimes na viso de que a relao professor-

    aluno no deve ser uma relao de imposio, mas de cooperao, respeito e

    crescimento. Pois conforme Barbosa (2001, p. 32) pontua a aprendizagem o

    processo resultante da constante interao do indivduo com o seu meioe a dificuldade na aprendizagem se caracteriza por um impedimento,momentneo ou persistente, do indivduo diante dos obstculos surgidosnesse processo de interao.

    Assim, o aluno deve ser considerado como um sujeito interativo e ativo

  • 12

    no seu processo de construo de conhecimento. E o educador por ser uma

    pessoa mais experiente tem um papel fundamental nesse processo de

    conduo da aprendizagem, cabendo a ele considerar o que o aluno j sabe e

    traz sua bagagem cultural e intelectual, para a construo do aprendizado.

    Para Vygotsky, o desenvolvimento humano est alicerado sobre o

    plano das interaes sociais. Pois, desde o nascimento as crianas esto em

    constante interao com os adultos, que ativamente procuram incorpor-las a suas relaes e a sua cultura. No incio, as respostas das crianasso dominadas por processos naturais, especialmente aquelesproporcionados pela herana biolgica (apud Bock et al, 2001, p. 139-140). atravs da mediao dos adultos que os processos psicolgicos mais

    complexos iro tomar forma. Assim, medida que a criana vai crescendo,

    esses processos acabam sendo executados dentro das prprias crianas

    intrapsquicos (BOCK et al, 2001).

    Resumindo, verifica-se que a construo do conhecimento humano

    ocorre coletivamente. E ao trazer este contexto para o ambiente da sala de

    aula, tem-se o professor e os colegas formando um conjunto de mediadores da

    cultura que possibilita progressos no desenvolvimento da criana (BOCK et al,

    2001).

    Assim que as funes psicolgicas emergem e se consolidam no plano

    da ao entre pessoas, tornam-se internalizadas, ou seja, transformam-se para

    constituir o funcionamento interno. Para Vygotsky, o plano interno no a

    reproduo do plano externo, j que ao longo do processo de internalizao

    ocorrem transformaes. Do plano interpsquico, as aes passam para oplano intrapsquico. Portanto, as relaes sociais so consideradas comoconstitutivas das funes psicolgicas do homem (VYGOTSKY apud BOCK et

    al, 2001, p. 141-142).

    Conforme discorre Iami Tiba (1996, p. 127) de fundamental

    importncia que em sua ao educativa, o professor sistematize um conjunto

    de tcnicas psico-pedaggicas, visando o desenvolvimento das cinco aptides

    emocionais bsicas, para influenciar os alunos de forma positiva, so elas:a) Capacidade de reconhecer os prprios sentimentos: quando oindivduo no capaz de avaliar a qualidade e a intensidade de seusprprios sentimentos, no poder definir at que ponto seus sentimentosestaro influenciando as pessoas que o cercam (TIBA, 1996).

  • 13

    b) Capacidade de empatia: trata-se da capacidade de sentir como o outroe perceber as emoes do outro no lugar dele. Essa capacidade primordial para se estabelecer relacionamentos bem sucedidos, tanto nafamlia como no trabalho (TIBA, 1996).c) Capacidade de controlar as prprias emoes: ter o controle dasprprias emoes, ou seja, a capacidade de expressar de maneiraadequada os prprios sentimentos, evitando-se expresses emocionaisofensivas e improdutivas, e sobretudo, ser capaz de adiar a expresso dasmesmas at um momento propcio. Tal capacidade diferente de conter oureprimir, suprimir ou engolir as emoes (TIBA, 1996).d) Capacidade de remediar danos emocionais (recuperao): oreconhecimento dos prprios erros em relao aos outros e a reparao dosdanos causados, ou seja, saber desculpar-se (Idem)e) Capacidade de integrao emocional e interatividade. Trata-se dahabilidade de estar consciente do prprio estado emocional, e ao mesmotempo estar em sintonia com o estado emocional daqueles que o cercam,sendo capaz de interagir de maneira eficaz com eles. Alm disso, o bomhumor imprescindvel. Pois, alm de desarmar a defesa contra aautoridade, o bom humor cria grande empatia entre o professor e o aluno.J que, o bom humor, o riso e a espontaneidade so ingredientesnecessrios sensao de liberdade.

    O mesmo autor destaca ainda que pessoas livres aprendem mais e

    melhor, pois o Bom humor um estado de esprito" (TIBA, 1996. p. 127).

    3 ORGANIZAO ESCOLAR

    Ao longo da histria, o ser humano sempre viveu em grupo. da sua

    natureza a vida em sociedade, tanto assim que os cientistas sociais o definem

    como um ser social (ARRUDA, 1998). E dentro dessa convivncia social que

    os indivduos tecem suas relaes interpessoais entre seres do mesmo grupo

    social, quer seja, no ambiente familiar, da escola, do trabalho ou na sociedade

    como um todo.

    Vive-se um novo tempo, onde as mudanas so cada vez mais velozes

    e intensas no ambiente, nas organizaes3 e nas pessoas. O mundo mudou. E

    tais mudanas so caracterizadas por tendncias que envolvem globalizao,

    tecnologia, informao, conhecimento, servios, nfase no cliente, qualidade,

    3 Organizaes: Segundo Maximiano (2000) uma organizao uma combinao de esforosindividuais que tem por finalidade realizar propsitos coletivos. Por meio de uma organizaotorna-se possvel perseguir e alcanar objetivos que seriam inatingveis para uma pessoa. Umagrande empresa ou uma pequena oficina, um laboratrio ou o corpo de bombeiros, um hospitalou uma escola so todos exemplos de organizaes. Uma organizao formada pela somade pessoas, mquinas e outros equipamentos, recursos financeiros e outros. A organizaoento o resultado da combinao de todos estes elementos orientados a um objetivo comum.Disponvel em: Acesso em: 20/06/2011.

  • 14

    produtividade e competitividade. E so essas tendncias que esto presentes

    no dia a dia dos indivduos e das empresas (CHIAVENATO, 1999).

    neste cenrio, que o fator humano surge como uma rea deexcelncia nas organizaes bem-sucedidas, simbolizando, mais do quetudo, sua importncia em plena Era da Informao. Pois, com aglobalizao dos negcios, o desenvolvimento tecnolgico, o forteimpacto da mudana e o intenso movimento pela qualidade eprodutividade, surge constatao de que na maioria das organizaes, ogrande diferencial e a principal vantagem competitiva das empresas so as

    pessoas que nelas trabalham (CHIAVENATO, 1999, p. 27).

    Portanto, conforme o mesmo autor surge uma nova viso empresarial

    em que os funcionrios so vistos como agentes proativos e empreendedores.

    So as pessoas que geram e fortalecem a inovao e que produzem, vendem,

    servem ao cliente, tomam decises, lideram, motivam, comunicam,

    supervisionam, gerenciam e dirigem os negcios das empresas. No fundo, as

    organizaes so conjuntos de pessoas. Assim sendo, na sociedade

    contempornea, o foco das organizaes est voltado cada vez mais para o

    cliente e seu pblico consumidor.

    E para que haja um gerenciamento da qualidade se faz necessrio que a

    organizao construa em sua equipe uma cultura de melhorias contnuas,

    visando a satisfazer as necessidades e expectativas do cliente. Atravs destas

    aes, envolver cada funcionrio da empresa na melhoria dos processos em

    suas prprias atividades, de maneira a obter relacionamentos construtivos e de

    trabalhos em equipe (BROCKA, 1994).

    O processo da gesto escolar est diretamente relacionado com a

    organizao da escola, envolvendo direo e coordenao pedaggicas, bem

    como o planejamento e a avaliao escolar. Pensar a administrao de uma

    escola nos dias atuais pensar nesta como uma empresa que est na

    sociedade para atender as demandas do cliente, no caso o aluno e a famlia. A

    partir desta mudana de paradigma cabe ao gestor juntamente com sua equipe

    trabalhar de maneira integrada direcionada a um objetivo comum, focado na

    qualidade do ensino da unidade escolar.

    Nesse contexto, vale lembrar os ensinamentos de Moran (apud

    SIQUEIRA, 2010) sobre o fato de que a educao tradicional j no mais cabe

  • 15

    na realidade atual, entretanto a funo da escola continua a mesma, ensinar. E

    nos dias atuais, ensinar significa empreender esforos conjuntos da equipe

    gestora e pedaggica, bem como a participao contnua da famlia inserida no

    processo, para assim alcanar a melhoria da sua qualidade.

    Para tanto, a escola precisa de:

    [...] re-significar o seu papel estabelecendo uma relao prazerosaentre o conhecimento e o saber, transformando-se em um lugar deproduo e no apenas apropriao de conhecimento e cultura. [...]desenvolver a comunicao, a memria, o pensamento crtico etrabalhar no sentido de levar o educando a resolver situaes-problema em todos os nveis: os que aparecem no trabalho escolar,os que pertencem ao gerenciamento de questes dirias e os sociais,os que encontramos na interao com as outras pessoas. E otrabalho com imagem, atravs do vdeo e do computador podepossibilitar a concretizao dessas possibilidades (MORAN apudSIQUEIRA, 2010, p. 5).

    Em funo disso, faz-se necessrio que o corpo docente e a U.E. se

    adquem aos novos tempos, buscando aprimorar a metodologia de ensino a

    nova realidade. J que o conhecimento e a metodologia de transmitir tal saber

    que podem originar invenes cada vez mais aprimoradas e presentesnas nossas vidas. O gestor de uma escola que objetive gerar movimentona educao no poderia furtar-se incluso dessas tecnologias, hajavista, que estas so cada vez mais significativas para o contexto escolar e

    social (SIQUEIRA, 2010, p. 5).

    Alm dessas questes apresentadas, os educadores devem estar

    atentos as questes socioecnomicas do alunado, para compreender as

    situaes em que estes se encontram incentivando-os a se manterem focados

    nos estudos e em seu desenvolvimento psquico-intelectual e profissional.

    4 APRESENTAO DA PESQUISA

    A unidade escolar escolhida para a realizao da pesquisa de campo foi

    o Centro de Ensino Mdio Castro Alves, localizado na Q. 305 Norte, Plano

    Diretor Norte, em Palmas, Tocantins. Fundada em 2001 com a denominao

    de Colgio Estadual Padro da ARNO 32, no mesmo ano passou a se chamar

    Centro de Ensino Mdio da 305 Norte e em 2005, aps um processo de

  • 16

    votao, a comunidade escolar votou majoritariamente em Centro de Ensino

    Mdio Castro Alves, oficializado por meio do Decreto Estadual n 2.453/2005

    de 5 de julho de 2005 (CEM CASTRO ALVES, 2011).

    Atualmente, a escola possui 1.503 alunos matriculados e distribudos

    nos turnos matutino, vespertino e noturno, numa estrutura fsica composta por

    12 salas de aula, um Laboratrio de Informtica, uma Biblioteca, uma sala

    ambiente de Matemtica, quadra de esportes coberta, alm de cozinha, sala de

    professores e mais quatro salas para os servios de administrao,

    coordenao pedaggica, direo e secretaria (CEM CASTRO ALVES, 2011).

    Para atender a clientela, a estrutura funcional da unidade escolar conta

    com uma diretora Pedaggica e um diretor Administrativo, alm de cinco

    coordenadoras pedaggicas, duas orientadoras educacionais, 40 professores e

    mais quatro educadores nas funes de apoio pedaggico e dez funcionrios

    nos servios gerais (CEM CASTRO ALVES, 2011).

    A pesquisa de campo foi desenvolvida mediante a realizao de

    entrevistas abertas e fechadas direcionadas a vinte profissionais da Unidade

    Escolar, com a busca de informaes que visem a verificar at que ponto a

    indisciplina em sala de aula interfere no processo de ensino aprendizagem dos

    alunos, no CEM Castro Alves, em Palmas (TO).

    Como instrumento de coleta de dados foi utilizado entrevista semi-

    estruturada, tcnica esta que exige uma maior interao entre o entrevistador e

    o sujeito entrevistado. Assim, a entrevista foi realizada com 20 educadores da

    Unidade Escolar, constituindo um grupo heterogneo composto pela gestora da

    U.E. (01), trs (03) coordenadoras pedaggicas, duas (02) orientadoras

    educacionais e mais quatorze (14) professores. O que conforme Ludke, M. e

    Andr (1986), permite ao entrevistado maior liberdade em suas colocaes

    quanto ao problema de pesquisa levantado.

    Os dados levantados pela pesquisa foram tabulados e mensurados em

    grficos e a anlise dos resultados do estudo teve como suporte o referencial

    terico, que serviu de mote para este trabalho.

  • 17

    4.1 Resultados do Estudo

    Conforme a construo do presente estudo, este item apresenta os

    resultados da pesquisa realizada a campo, com os dados abordados de forma

    quanti-qualitativa. A pesquisa foi realizada, com um grupo heterogneo

    composto pela gestora da U.E. (01), trs (03) coordenadoras pedaggicas,

    duas (02) orientadoras educacionais e mais quatorze (14) professores, no

    perodo de 16 a 22 de junho de 2011, na sede da referida escola.

    Como instrumento de coleta de dados, (ver Apndice), utilizou-se o

    formulrio que foi dividido em duas partes: parte A Identificao que permite

    traar um perfil dos entrevistados; a parte B discorre sobre os aspectos da

    indisciplina escolar na concepo dos profissionais de educao que compem

    aquela Unidade Escolar.

    4.2 Dados das entrevistas direcionadas aos educadores

    Inicialmente, os dados obtidos neste estudo foram para caracterizar o

    perfil dos educadores que participaram da pesquisa. Desta maneira, constatou-

    se que 75% dos entrevistados so do sexo feminino e apenas 25% masculino.

    Grfico 1: Perfil dos entrevistados

    Fonte: Dados da pesquisa

  • 18

    Em relao faixa etria dos profissionais entrevistados constatou-se

    que 40% esto na faixa etria de 30 a 40 anos 30% dos 41 a 49 anos 20%

    de 25 a 29 anos e apenas 10% de 50 a 60 anos (Tabela 1).

    Tabela 1 Faixa etriaValor absoluto Valor relativo (%)

    De 25 a 29 anos 4 20De 30 a 40 anos 8 40De 41 a 49 anos 6 30De 50 a 60 anos 2 10Acima de 60 anos 0 0

    TOTAL 20 100Fonte: Dados da pesquisa

    Outro aspecto a ser ressaltado neste estudo refere-se formao

    acadmica dos educadores do CEM Castro Alves, 100%, tem graduao

    universitria e destes apenas 40% no possuem ps-graduao, ou seja, 60%

    dos profissionais atuantes naquela U.E. fizeram especializao em sua

    respectivas reas de atuao (Grfico 2).

    Grfico 2: Formao dos educadores

    Fonte: Dados da pesquisa

    Verificou-se ainda que 95% do percentual dos educadores do Centro de

    Ensino Mdio Castro Alves atuam em suas respectivas reas de formao.

    Atualmente, apenas uma professora, formada em Histria, est lotada na

    coordenao pedaggica da escola. No entanto, esta educadora j est

  • 19

    concluindo sua especializao em coordenao pedaggica. A seguir, o grfico

    3 destaca a rea acadmica de graduao dos docentes e gestores da escola.

    Grfico 3: Curso de Graduao dos educadores da U.E.

    Fonte: Dados da pesquisa

    Em relao experincia dos educadores na atividade docente, os

    dados obtidos neste levantamento pontuaram que: 25% dos educadores tm

    em mdia de 11 a 15 anos de vivncia em sala de aula. Idntico percentual,

    20%, tm de 16 a 20 anos e de seis a 10 anos no exerccio do magistrio

    (tabela 2).

    Tabela 2 Experincia docente dos entrevistadosValor absoluto Valor relativo (%)

    At 5 anos 2 10De 6 a 10 anos 4 20De 11 a 15 anos 5 25De 16 a 20 anos 4 20De 21 a 25 anos 3 15De 26 a 30 anos 2 10Acima de 30 anos 0 0

    TOTAL 20 100Fonte: Dados da pesquisa

    Na anlise do perfil dos educadores do CEM Castro Alves possvel

    constatar que o corpo docente e pedaggico da escola possui boa formao

    profissional e ampla experincia no magistrio, estando desta maneira

    devidamente qualificada para enfrentar as questes relacionadas indisciplina

    escolar dos discentes da U.E., haja vista que esto em constante processo de

  • 20

    atualizao para dirimir as problemticas vivenciadas no dia a dia da prtica

    docente.

    Aps identificar o perfil do corpo docente da escola, a etapa seguinte

    deste estudo refere-se discusso das questes relacionadas indisciplina

    dos discentes no mbito do processo ensino-aprendizagem.

    A segunda parte da entrevista realizada com os educadores do Centro

    de Ensino Mdio Castro Alves foi constituda de perguntas semi estruturadas,

    com abordagem qualitativa das questes que dizem respeito disciplina

    escolar no mbito da aprendizagem dos discentes.

    Deste modo, quando questionados se a indisciplina dos alunos, em sala

    de aula, interfere no processo ensino-aprendizagem; 100% destes profissionais

    concordaram que sim. Em relao a tal quesito, foram elencados na sequncia

    os principais posicionamentos do corpo docente e pedaggico da Unidade

    Escolar, que resumem a concepo geral daqueles educadores4, a saber:

    Para a Orientadora Educacional, a indisciplina interfere Sim, porque a

    partir do momento em que um grupo age negativamente atrapalha a

    aprendizagem, desarticulando todos os objetivos do professor de alcanar xito

    em suas atividades propostas.

    Na concepo de alguns professores, a indisciplina dos educandos em

    sala de aula atrapalha a sequncia de raciocnio e de idias, dificultando assim

    a aprendizagem. Para outro professor, a indisciplina interfere muito, pois o

    aluno comporta-se de modo que atrapalha os colegas e o professor. Perde-se

    tempo tentando manter um ambiente propcio ao aprendizado quando poderia

    estar sendo melhor aproveitado, para explicaes e atividades relacionadas ao

    contedo da matria ministrada. Alm disso, a indisciplina acaba competindo

    com a atuao do professor, que por sua vez, tem que parar a aula por

    diversas vezes seu raciocnio lgico e chamar a ateno dos alunos para a

    aula.

    Outro problema identificado por um dos professores entrevistados e que

    interfere sobremaneira na compreenso do contedo trabalhado diz respeito a

    conversas exageradas e manuseio de celular durante as aulas, pois alm de

    4 Por questes ticas e em respeito privacidade dos educadores, que colaboraram para arealizao deste estudo, os nomes dos participantes foram substitudos pela funo quedesempenham na referida escola.

  • 21

    dispersar a ateno da turma, causa irritao e desgaste fsico ao docente.

    Alm disso, conforme esclarece o referido professor a questo do uso do

    celular em sala de aula j foi amplamente debatido com a comunidade

    escolar/famlia, estando, portanto os discentes conscientizados da proibio do

    aparelho, que consta inclusive do regimento escolar.

    Para uma das coordenadoras pedaggicas, a indisciplina dos alunos no

    decorrer das aulas faz com que o discente no se concentre no foco que

    aprender e acaba se prejudicando pelos seus prprios atos.

    Na concepo de alguns professores, a indisciplina dos educandos em

    sala de aula deve-se a mltiplos fatores dentre eles a interao social, a

    cultura familiar e a falta de interesse dos educandos dos alunos. Em relao

    s situaes desencadeadoras de indisciplina em sala de aula, os docentes

    pontuaram as seguintes: turmas numerosas; quando o assunto da matria no

    interessante; imaturidade dos alunos e falta de interesse, amparo familiar e

    falta de perspectiva de vida.

    No entanto, 90% dos entrevistados apontaram a ausncia de medidas

    punitivas aos discentes indisciplinados, bem como a falta de compromisso da

    famlia para com a escola, em no acompanhar os filhos em seu

    desenvolvimento escolar. Tais fatores constituem-se dessa maneira em

    elemento desencadeador de indisciplina.

    Quando perguntado sobre os procedimentos para restabelecer a

    disciplina dos discentes em sala de aula, os docentes indicaram: a diminuio

    do nmero de educandos em sala de aula; desenvolvimento de mais projetos

    de leitura; o apoio e incentivo por parte da famlia, para que os filhos possam

    alcanar os objetivos de construo de seu conhecimento.

    Dentre as sugestes apontadas pelos educadores da Unidade Escolar

    destacam-se: a famlia e a escola, que devem cumprir seu papel de cobrar

    mais responsabilidade dos educandos, alm de apontarem as dificuldades

    inerentes ao mercado de trabalho para pessoas sem qualificao profissional.

    Da entrevista com uma das coordenadoras pedaggicas da U.E., vale

    destacar as sugestes pontuadas, que podem contribuir para coibir a

    indisciplina escolar, tais como: desenvolver o senso de companheirismo,

    respeito aluno/professor, compromisso com os estudos, pontualidade no

    horrio, uso de uniforme e a participao dos alunos na tomada de decises.

  • 22

    Mediante as respostas obtidas dos educadores possvel constatar,

    conforme o preconizado por Estrela (1992) que a falta de disciplina dos alunos

    em sala de aula pode influenciar sobremaneira o processo pedaggico de tal

    maneira que seus efeitos podero ser sentidos primeiramente na figura do

    professor. J que, interferindo na dinmica da sala de aula, a indisciplina causa

    ao professor mal-estar fsico e psicolgico, provocando desgaste, irritao e

    limitao, no apenas no que diz respeito ao trabalho pedaggico, como ainda

    na interao entre o professor e o aluno.

    CONSIDERAES FINAIS

    Este estudo buscou analisar a importncia da disciplina no contexto da

    unidade escolar, para melhoria da aprendizagem dos alunos, bem como sua

    relevncia no mbito da instituio educacional.

    Durante o desenvolvimento deste estudo foi possvel constatar que ao

    chegar escola, a criana ou adolescente, que vem em busca de

    aprendizagem, traz em sua bagagem toda a vivncia cultural e social da

    famlia, o que vai contribuir em grande parte para as suas atitudes em seu

    relacionamento interpessoal dentro da unidade escolar inclusive durante o

    processo de ensino aprendizagem.

    Na discusso dos estudos j realizados por pesquisadores e tericos

    sobre o assunto em foco verificou-se que a disciplina escolar de grande

    importncia para a construo do conhecimento, haja vista que um ambienteestimulante e encorajador em casa produz estudantes adaptveis e muitodispostos a aprender, mesmo entre crianas cuja sade ou intelignciafoi comprometida de alguma maneira (SMITH & STRICK apud LIMA, 2008,p. 1).

    Alm disso, constatou-se que fatores como a convivncia da criana

    e/ou adolescente em ambientes repressivos, de carncias afetivas, sem

    condies adequadas de habitao, higiene, nutrio e sanitrias; bem como

    pobreza e privaes ldicas podem gerar elevado nvel de ansiedade nos

    estudantes interferindo diretamente em seu comportamento escolar, no caso a

    indisciplina em sala de aula.

  • 23

    Durante a pesquisa de campo realizada com os educadores do Centro

    de Ensino Castro Alves pde-se constatar que as situaes socioecnomicas

    dos educandos interferem de fato em suas atitudes em sala de aula, dessa

    maneira cabe tanto ao professor quanto a equipe gestora e pedaggica da

    escola estar atentos as questes socioecnomicas do alunado, para

    compreender as situaes em que estes se encontram e incentiv-los a se

    manterem focados nos estudos, sendo tambm co-responsveis pela

    construo do seu conhecimento e desenvolvimento intelectual e profissional.

    Outro aspecto observado durante as entrevistas com os profissionais da

    escola pesquisada que estes so compromissados com a educao do

    alunado e por isso mesmo se mostram extremamente ansiosos com a

    indisciplina dos alunos em sala de aula. Em funo desta realidade apontada

    pelos educadores, que a equipe gestora e pedaggica vem desenvolvendo

    aes integradas com os docentes e focadas no combate a tal problemtica.

    Dentre as aes pontuais tem sido a adoo de medidas punitivas aos casos

    extremos como advertncia e suspenso do discente.

    Na finalizao deste estudo foi possvel apreender que embora a

    sociedade contempornea viva novos tempos, onde as mudanas so cada

    vez mais velozes e intensas devido ao fenmeno da globalizao e ao

    aprimoramento das tecnologias, urge a necessidade dos educadores utilizarem

    de recursos tecnolgicos, planejando aulas mais dinmicas de modo a

    despertar o interesse do aluno pelas temticas do contedo ministrado nas

    aulas.

    E finalizando, vale ressaltar que o desenvolvimento deste estudo foi de

    grande relevncia para a prtica profissional desta ps-graduanda, haja vista

    que a discusso do tema em tela possibilitou reflexes que sero de grande

    valia tanto na gesto educacional, como no exerccio docente.

    REFERNCIAS

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  • 26

    ENTREVISTA

    A) IDENTIFICAO DO PERFIL DOS ENTREVISTADOS

    1) Sexo( ) Masculino ( ) Feminino

    2) Faixa etria de idade dos profissionais entrevistados( ) De 25 a 29 anos ( ) De 30 a 40 anos ( ) De 41 a 49 anos( ) De 50 a 60 anos ( ) De 60 a 65 anos ( ) Acima de 66 anos

    3) Grau de Formao profissional:( ) Ensino mdio/tcnico ( ) Graduao ( ) Ps-Graduao( ) Especialista ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Outros_______________________________________________________________

    4) Curso/rea da Graduao( ) Letras ( ) Matemtica ( ) Fsica ( ) Qumica ( ) Histria ( ) Geografia( ) Biologia ( ) Filosofia ( ) Sociologia ( ) Pedagogia ( ) Outros_______________________________________________________________

    5) Atua em sua rea de formao? Caso sua resposta seja NO indique porqu.( ) Sim ( ) NoPorque:________________________________________________________________________________________________________________________

    6) Experincia no magistrio:( ) At 5 anos ( ) De 6 a 10 anos ( ) De 11 a 15 anos ( ) De 16 a 20 anos( ) De 21 a 25 anos ( ) De 26 a 30 anos ( ) Acima de 30 anos

    7) rea de atuao na Unidade Escolar:( ) Gesto Educacional/Pedaggica ( ) Gesto Administrativa( ) Financeira ( ) Coordenao Pedaggica ( ) Orientao Educacional( ) Apoio Pedaggico ( ) Professor ( ) Biblioteca ( ) Laboratrio de Informtica

    B) ASPECTOS DA INDISCIPLINA ESCOLAR1) A indisciplina interfere no processo ensino-aprendizagem? Por qu?___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

  • 27

    2) Dentre as situaes apresentadas a seguir, indique como ocorre aindisciplina em sala de aula?

    ( ) quando o assunto no interessante;( ) quando h alunos/lderes negativos;( ) no ltimo horrio e em avaliao;( ) em turma numerosa;( ) por falta de interesse;( ) por imaturidade de alguns alunos;( ) Outros_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    3) Em sua opinio quais so as principais causas da indisciplina escolar?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    4) Como proceder para restabelecer a disciplina na sala de aula?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    5) Indique sugestes que podem contribuir para coibir a indisciplina escolar.___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________