Disciplina: Aprofundamento em Futebol - Prof. Sandro de … · um grande sucesso se comp ararmos,...

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Disciplina: Universidade Salgado de Oliveira – Pro UMA BREVE HISTÓRIA DO F Uma coisa todos tem que concordar: tudo neste país, menos a emoção da nos estádios todos os domingos! Uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Futebol, da UERJ, constatou que cada uma dos 5.507 municípios brasileiros está provido de três instalações imprescindíveis: a igreja, a cadeia e o campo de futebol. Os estudos a respeito da origem descrevem que o mesmo teve diversa futebol association ou soccer, rug americano, handeboll e futebol de salão remotas e indefinidas. A reconstituição d futebol começa séculos a.C. e é baseada referências contidos em livros e gravu parte dos quais sem comprovação possív Na China, em 206, a.C., surgiu um regulamentava um jogo estranho, par futebol, já praticado 2.500 anos antes Huang-Ti. A meta ficava no centro e evitavam que a bola tocasse no chão, mãos. No túmulo de Beni Hassam, na desenhos nas pedras lembravam o fut continuou de dinastia em dinastia. Na Grécia, em 20 a.C., uma competiç Speskiros ou Harpas Tum animava grego O campo era delimitado por duas linhas bola era colocada no centro, onde havia Duas equipes postavam-se nas linhas de dava as ordens e as equipes disparavam bola. Valia tudo para apanhá-la e alcanç (linha de fundo) adversária. No México e na América Central, a bola era o sol de uma cerimônia sag : Aprofundamento em Futebol of. Sandro de Souza FUTEBOL : pode faltar bola rolando Sociologia do do futebol as variações gby, futebol o – de origens da história do a em dados e uras, a maior vel. manual que recido com o s, no Império os jogadores , sem usar as Antigo Egito, tebol. O jogo ção chamada os e troianos. s de fundo e a ia outra linha. e fundo, o juiz m em direção à çar a cidadela a de borracha grada desde aproximadamente 1.500 AC. S selva amazônica da Bolívia, a tr origens remotas. No séc. espanhol das missões jesuít descreveu um costume dos gu bola com a mão, como nós, ma dos pés descalços". Entre os ín América Central, a bola era golp o quadril ou com o antebraço, e Teotihua cán e de Chichén-H certos jogos se chutava a bol joelho. Quando o jogo termina amanhecer depois de atravess muito sangue já havia rola estudiosos, os Astecas sacrific pintavam seus corpos com fai cortavam a cabeça, dando seu para que a terra fosse fértil e o Foi Lo práticas re que datam do século medievais lutavam adversária ao capturar um guerreiro de o decaptá-lo. Logo após, peg indivíduo morto e realizavam u chutes à cabeça ". Durante habitantes da tribo vitoriosa s juntos, contarem os feitos he alguma determinada batalha e correndo e chutando a cabeça d Esta prática primitiva e selvagem potencial de tensão e agressivid acumulavam durante as guer encontravam para expressar s adversários. No ano de 1340 d.C., na pra Florença, aconteceu o primeiro era disputada com os pés e equipes de 27 jogadores. A b couro que protegia uma bexiga era que cada equipe ultrapass adversária, formada por dois colocados nas extremidades do Desde muito cedo, portanto, o de chutar sempre esteve re liberação da agressividade. So Página 1 Segundo os índios da radição deste jogo tem XVIII, um sacerdote tas do Alto Paraná, uaranis: "Não lançam a as com a parte superior ndios do México e da peada geralmente com embora as pinturas de Hzá revelem que em la com o pé e com o ava e o sol chegava ao sar a região da morte, ado. Segundo alguns cavam os vencedores, ixas vermelhas e lhes u sangue em oferenda céu, generoso. ocalizado, também, elacionadas ao futebol m, aproximadamente, o XI, durante as guerras s. Os homens que contra tribos as tinham o hábito de, outra tribo, matá-lo e gavam a cabeça do um animado e festivo " e tal celebração, os se encontravam para, eróicos realizados em e relaxarem um pouco do recém assassinado. m demonstra o grande dade que os indivíduos rras e a maneira que sua raiva e ódio pelos aça de Santa Cruz em o jogo no qual a bola com as mãos, entre bola era uma capa de a cheia de ar. A regra sasse a bola na meta s postes de madeiras o campo. observamos que o ato elacionado com uma obretudo no início de

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Disciplina:

Universidade Salgado de Oliveira – Prof. Sandro de Souza

UMA BREVE HISTÓRIA DO FUTEBOL Uma coisa todos tem que concordar: pode faltar

tudo neste país, menos a emoção da bola rolando

nos estádios todos os domingos!

Uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Sociologia do Futebol, da UERJ, constatou que cada uma dos 5.507 municípios brasileiros está provido de três instalações imprescindíveis: a igreja, a cadeia e o campo de futebol. Os estudos a respeito da origem do futebol descrevem que o mesmo teve diversas variações futebol association ou soccer, rugby, futebol americano, handeboll e futebol de salão remotas e indefinidas. A reconstituição da história do futebol começa séculos a.C. e é baseada em dados e referências contidos em livros e gravuras, a maior parte dos quais sem comprovação possível. Na China, em 206, a.C., surgiu um manual que regulamentava um jogo estranho, parecido com o futebol, já praticado 2.500 anos antes, no Império Huang-Ti. A meta ficava no centro e os jogadevitavam que a bola tocasse no chão, sem usar as mãos. No túmulo de Beni Hassam, na Antigo Egito, desenhos nas pedras lembravam o futebol. O jogo continuou de dinastia em dinastia. Na Grécia, em 20 a.C., uma competição chamada Speskiros ou Harpas Tum animava gregos e troianos. O campo era delimitado por duas linhas de fundo e a bola era colocada no centro, onde havia outra linha. Duas equipes postavam-se nas linhas de fundo, o juiz dava as ordens e as equipes disparavam em direção à bola. Valia tudo para apanhá-la e alcançar a cidadela (linha de fundo) adversária. No México e na América Central, a bola de borracha era o sol de uma cerimônia sagrada desde

Disciplina: Aprofundamento em Futebol

Prof. Sandro de Souza

HISTÓRIA DO FUTEBOL

: pode faltar

tudo neste país, menos a emoção da bola rolando

Núcleo de Sociologia do

Os estudos a respeito da origem do futebol teve diversas variações –

futebol association ou soccer, rugby, futebol americano, handeboll e futebol de salão – de origens remotas e indefinidas. A reconstituição da história do futebol começa séculos a.C. e é baseada em dados e

ivros e gravuras, a maior parte dos quais sem comprovação possível.

Na China, em 206, a.C., surgiu um manual que regulamentava um jogo estranho, parecido com o futebol, já praticado 2.500 anos antes, no Império

Ti. A meta ficava no centro e os jogadores evitavam que a bola tocasse no chão, sem usar as mãos. No túmulo de Beni Hassam, na Antigo Egito, desenhos nas pedras lembravam o futebol. O jogo

Na Grécia, em 20 a.C., uma competição chamada animava gregos e troianos.

O campo era delimitado por duas linhas de fundo e a bola era colocada no centro, onde havia outra linha.

se nas linhas de fundo, o juiz dava as ordens e as equipes disparavam em direção à

la e alcançar a cidadela

No México e na América Central, a bola de borracha era o sol de uma cerimônia sagrada desde

aproximadamente 1.500 AC. Segundo os índios da selva amazônica da Bolívia, a tradição deste jogo origens remotas. No séc. XVIII, um sacerdote espanhol das missões jesuítas do Alto Paraná, descreveu um costume dos guaranis: "Não lançam a bola com a mão, como nós, mas com a parte superior dos pés descalços". Entre os índios do México e da América Central, a bola era golpeada geralmente com o quadril ou com o antebraço, embora as pinturas de Teotihua cán e de Chichén-Hzá revelem que em certos jogos se chutava a bola com o pé e com o joelho. Quando o jogo terminava e o sol chegava ao amanhecer depois de atravessar a região da morte, muito sangue já havia rolado. Segundo alguns estudiosos, os Astecas sacrificavam os vencedores, pintavam seus corpos com faixas vermelhas e lhes cortavam a cabeça, dando seu sangue em oferenda para que a terra fosse fértil e o céu, generoso.

Foi Localizado, também, práticas relacionadas ao futebol que datam, aproximadamente, do século XI, durante as guerras medievais. Os homens que lutavam contra tribos adversárias tinham o hábito de,

ao capturar um guerreiro de outra tribdecaptá-lo. Logo após, pegavam a cabeça do indivíduo morto e realizavam um animado e festivo " chutes à cabeça ". Durante tal celebração, os habitantes da tribo vitoriosa se encontravam para, juntos, contarem os feitos heróicos realizados em alguma determinada batalha e relaxarem um pouco correndo e chutando a cabeça do recém assassinado. Esta prática primitiva e selvagem demonstra o grande potencial de tensão e agressividade que os indivíduos acumulavam durante as guerras e a maneira que encontravam para expressar sua raiva e ódio pelos adversários. No ano de 1340 d.C., na praça de Santa Cruz em Florença, aconteceu o primeiro jogo no qual a bola era disputada com os pés e com as mãos, entre equipes de 27 jogadores. A bola era uma capa de couro que protegia uma bexiga cheia de ar. A regra era que cada equipe ultrapassasse a bola na meta adversária, formada por dois postes de madeiras colocados nas extremidades do campo.Desde muito cedo, portanto, observamos que o ato de chutar sempre esteve relliberação da agressividade. Sobretudo no início de

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aproximadamente 1.500 AC. Segundo os índios da selva amazônica da Bolívia, a tradição deste jogo tem origens remotas. No séc. XVIII, um sacerdote espanhol das missões jesuítas do Alto Paraná, descreveu um costume dos guaranis: "Não lançam a bola com a mão, como nós, mas com a parte superior dos pés descalços". Entre os índios do México e da

ntral, a bola era golpeada geralmente com o quadril ou com o antebraço, embora as pinturas de

Hzá revelem que em certos jogos se chutava a bola com o pé e com o joelho. Quando o jogo terminava e o sol chegava ao

e atravessar a região da morte, muito sangue já havia rolado. Segundo alguns estudiosos, os Astecas sacrificavam os vencedores, pintavam seus corpos com faixas vermelhas e lhes cortavam a cabeça, dando seu sangue em oferenda

o céu, generoso.

Foi Localizado, também, práticas relacionadas ao futebol que datam, aproximadamente, do século XI, durante as guerras medievais. Os homens que lutavam contra tribos adversárias tinham o hábito de,

ao capturar um guerreiro de outra tribo, matá-lo e lo. Logo após, pegavam a cabeça do

indivíduo morto e realizavam um animado e festivo " chutes à cabeça ". Durante tal celebração, os habitantes da tribo vitoriosa se encontravam para, juntos, contarem os feitos heróicos realizados em

lguma determinada batalha e relaxarem um pouco correndo e chutando a cabeça do recém assassinado. Esta prática primitiva e selvagem demonstra o grande potencial de tensão e agressividade que os indivíduos acumulavam durante as guerras e a maneira que

ntravam para expressar sua raiva e ódio pelos

No ano de 1340 d.C., na praça de Santa Cruz em Florença, aconteceu o primeiro jogo no qual a bola era disputada com os pés e com as mãos, entre equipes de 27 jogadores. A bola era uma capa de

que protegia uma bexiga cheia de ar. A regra era que cada equipe ultrapassasse a bola na meta adversária, formada por dois postes de madeiras colocados nas extremidades do campo. Desde muito cedo, portanto, observamos que o ato de chutar sempre esteve relacionado com uma liberação da agressividade. Sobretudo no início de

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sua prática, quando não existiam regras ou leis. Tudo era permitido, desde que houvesse muito barulho e algazarra. Somente no início do século XX é que o futebol surge na Inglaterra em clubes extremamente ricos e aristocráticos. A nata da sociedade passava os dias se divertindo com este novo esporte que se iniciava sem muitas regras e que se tornou exclusivo das elites dominantes. Uma analogia ao tênis pode ser feita no sentido de compreendermos melhor à qual camada social o futebol era destinado. Os encontros sociais e a tentativa de inventar uma outra modalidade esportiva que pudesse concorrer com o " cricket " eram privilegiados. Parece que esta tentativa obteve um grande sucesso se compararmos, na Inglaterra de hoje, o número de adeptos do futebol e do "cricket ".

A Inglaterra é o berço do futebol moderno. Há quem afirme que os Romanos foram os responsáveis ao introduzirem o Tum no país, mas o fato não obteve ainda confirmação h

indiscutível, no entanto, que já no séc. XII a juventude britânica praticava um jogo parecido. Cidades vizinhas competiam e a disputa erbatalha campal. O futebol, que já se chamava assim, fazia muitas vítimas. Não havia nenhum limite. Nemde jogadores, nem de tempo. Um povoado inteiro chutava a bola contra outro povoado, empurrandocom pontapés e murros até a meta. As partidas se estendiam ao longo de vários dias, à custa de várias vidas. Os reis proibiam estes lances sangrentos: em 1349, Eduardo III incluiu o futebol entre os jogos "estúpidos e de nenhuma utilidade" e há editos contra o futebol assinados por Henrique IV em 1410 e Henrique VI em 1547. Apesar de toda essa repressão, o jogo evoluiu. Em Florença, o futebol se chama calcio. Vinci era torcedor famoso e Maquiavel, jogador praticante. Longe de Florença, nos jardins do Vaticano, os Papas Clemente VII, Leão IX e Urbano VIII costumavam "arregaçar" as batinas para jogar o calcio. A Igreja Católica não colocou nenhuma objeção a respeito da nova prática esportiva. Muito pelo contrário, pois era comum ver uma multidão de

Disciplina: Aprofundamento em Futebol

Prof. Sandro de Souza

sua prática, quando não existiam regras ou leis. Tudo era permitido, desde que houvesse muito barulho e

Somente no início do século XX é que o futebol surge ubes extremamente ricos e

aristocráticos. A nata da sociedade passava os dias se divertindo com este novo esporte que se iniciava sem muitas regras e que se tornou exclusivo das elites dominantes. Uma analogia ao tênis pode ser feita no

dermos melhor à qual camada social o futebol era destinado. Os encontros sociais e a tentativa de inventar uma outra modalidade esportiva que pudesse concorrer com o " cricket " eram privilegiados. Parece que esta tentativa obteve

ararmos, na Inglaterra de hoje, o número de adeptos do futebol e do "cricket ".

A Inglaterra é o berço do futebol moderno. Há quem afirme que os Romanos foram os responsáveis ao introduzirem o Harpas

no país, mas o fato não obteve ainda confirmação histórica. É

indiscutível, no entanto, que já no séc. XII a juventude britânica praticava um jogo parecido. Cidades vizinhas competiam e a disputa era uma

, que já se chamava assim, fazia muitas vítimas. Não havia nenhum limite. Nem de jogadores, nem de tempo. Um povoado inteiro chutava a bola contra outro povoado, empurrando-a com pontapés e murros até a meta. As partidas se estendiam ao longo de vários dias, à custa de várias vidas. Os reis proibiam estes lances sangrentos: em

, Eduardo III incluiu o futebol entre os jogos "estúpidos e de nenhuma utilidade" e há editos contra o futebol assinados por Henrique IV em 1410 e Henrique VI em 1547. Apesar de toda essa repressão,

Em Florença, o futebol se chama calcio. Leonardo da Vinci era torcedor famoso e Maquiavel, jogador praticante. Longe de Florença, nos jardins do Vaticano, os Papas Clemente VII, Leão IX e Urbano VIII costumavam "arregaçar" as batinas para jogar o calcio. A Igreja Católica não colocou nenhuma

jeção a respeito da nova prática esportiva. Muito pelo contrário, pois era comum ver uma multidão de

estudantes correndo atrás da bola e também alguns padres distribuindo golpes possantes e exigindo igualmente chutes poderosos, mesmo que ocasionalmente estes pudessem alcançar as suas canelas. A Itália, França, Inglaterra e Escócia continuavam animando o calcio, soule, football, que se solidificava principalmente na Escócia e na Inglaterra. Roupas rasgadas, pernas quebradas, dentes arrancados eram uma constante nos campos. Muitos achavam que se tratava de um esporte bárbaro por estimular a violência e o ódio. No Brasil, o futebol desembarcou em 1894, com uma bola trazida pelo estudante paulista Charles Miller. Chegou elitista, racista e excludente. Era um esporte de brancos, de ricos, praticado em clubes fechados ou em colégios seletos. Aos poucos, jovens amadores começaram a sair dos colégios para os novos clubes que se formavam. Nesse momento os jogos passaram a ser mais periódicos e alguns campeonatos se iniciavam. O pedagogo Fernando de Azevedo é extremamente feliz na sua colocação: " A juventude parece ter tido a intuição de que este esporte era o mais completo do ponto de vista educativo e psicodinâmico, e por isso recebeucorações abertos como se tivesse esperado por ele há muito tempo. " A popularidade deste esporte começou a aumentar brutalmente e a rivalidade entre brasileiros e ingleses também. Por volta de 1907, ocorreu um jogo entre o Clube Paulistano e um time formado basicamente por ingleses. O Paulistano venceu o jogo com certa facilidade: 3 x 1 . O último gol dos brasileiros do Paulistano é descrito por Monteiro Lobato como " sendo o maior hurra que São Paulo já havia escutado". Milhares de chapéus eram amultidão se erguia em delírio, os aplausos podiam ser escutados em qualquer lugar da cidade. Foi uma vitória inesquecível, afirma Orlando Duarte em seu livro "Futebol: História e Regras".

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estudantes correndo atrás da bola e também alguns padres distribuindo golpes possantes e exigindo igualmente chutes poderosos, mesmo que

es pudessem alcançar as suas

A Itália, França, Inglaterra e Escócia continuavam animando o calcio, soule, football, que se solidificava principalmente na Escócia e na Inglaterra. Roupas rasgadas, pernas quebradas, dentes arrancados eram

tante nos campos. Muitos achavam que se tratava de um esporte bárbaro por estimular a

clubes fechados ou em colégios seletos.

Aos poucos, jovens amadores começaram a sair dos novos clubes que se formavam.

Nesse momento os jogos passaram a ser mais periódicos e alguns campeonatos internos dos clubes se iniciavam. O pedagogo Fernando de Azevedo é extremamente feliz na sua colocação: " A juventude parece ter tido a intuição de que este esporte era o mais completo do ponto de vista educativo e psicodinâmico, e por isso recebeu-o de braços e corações abertos como se tivesse esperado por ele

A popularidade deste esporte começou a aumentar brutalmente e a rivalidade entre brasileiros e ingleses também. Por volta de 1907, ocorreu um jogo entre o

ime formado basicamente por ingleses. O Paulistano venceu o jogo com certa facilidade: 3 x 1 . O último gol dos brasileiros do Paulistano é descrito por Monteiro Lobato como " sendo o maior hurra que São Paulo já havia escutado". Milhares de chapéus eram acenados, a multidão se erguia em delírio, os aplausos podiam ser escutados em qualquer lugar da cidade. Foi uma vitória inesquecível, afirma Orlando Duarte em seu livro "Futebol: História e Regras".

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Universidade Salgado de Oliveira – Prof. Sandro de Souza

Em 1910, em São Paulo, surgiu o primeiro clube fora do circuito restrito: o Sport Clube Corinthians, abrindo caminho para o Vasco. Em 1923, os vascaínos disputaram um campeonato com um time de mulatos que foram os grandes vencedores. Os brancos, ricos e grã-finos, tentaram resistir e inventaram uma regra: quando o branco cometia falta violenta contra um jogador negro, o juiz marcava a falta e o jogo continuava. Mas quando um negro cometia falta violenta sobre um branco, o juiz apitava a falta. Só que, antes dela ser cobrada, o branco tinha direito de revidar a violência. Para livrarem-se das surras dos brancos, os negros, em vez de enfrentarem os adversários no peito, passaram a iludi-los. Daí surgiu o drible, trazendo para o futebol a ginga e o jogo de cintura que o negro da senzala já empregava na dança, na capoeira e nos seus rituais religiosos. É incontestável que a "bicicleta", por exemplo, seja semelhante a um passo de capoeira. Em 1930, Alberto Camus tomava conta da equipe de futebol da Universidade de Argel. Jogou como goleiro desde menino, porque essa era a posição onde o sapato gastava menos sola. Filho de família pobre, não podia correr pelo campo, pois toda noite a avó revisava as solas e dava uma surra nele caso estivessem gastas. Durante seus anos de goleiro, Camus aprendeu várias lições: "Aprendi que a bola vem para a gente por onde se espera que venha. Isso me ajudou muito na vida, principalmente nas grandes cidades, onde as pessoas não costumam ser aquilo que a gente acha que são as pessoas direitas". Também aprendeu a ganhar sem se sentir um deus e a perder sem se sentir um lixo. Na Copa da França, em 1938, o Brasil ficou em terceiro lugar, deixando de ser um mero figurante das Copas. Começava então a se definir o estilo brasileiro de jogar futebol. Rebelde e anárquico, inventivo e travesso, mas sempre inesperado, os passos dos jogadores surpreendiam e mostravam o futuro promissor deste esporte em nosso país. Ao cair em solo brasileiro, a semente do futebol encontrou terreno fértil. Historicamente, o futebol sempre foi considerado uesporte de homens e para homens, provavelmente por exigir força física e resistência. As mulheres (em minoria) eram meras espectadoras de seus ídolos. Costumavam ir aos clubes apenas para paquerar o jogador mais bonito da equipe ou simplesmente para

Disciplina: Aprofundamento em Futebol

Prof. Sandro de Souza

Em 1910, em São Paulo, surgiu o primeiro clube fora ircuito restrito: o Sport Clube Corinthians,

abrindo caminho para o Vasco. Em 1923, os vascaínos disputaram um campeonato com um time de mulatos que foram os grandes vencedores. Os brancos, ricos e

finos, tentaram resistir e inventaram uma regra: o o branco cometia falta violenta contra um

jogador negro, o juiz marcava a falta e o jogo continuava. Mas quando um negro cometia falta violenta sobre um branco, o juiz apitava a falta. Só que, antes dela ser cobrada, o branco tinha direito de

se das surras dos brancos, os negros, em vez de enfrentarem os

-los e a fintá-los. Daí surgiu o drible, trazendo para o futebol a ginga e o jogo de cintura que o negro da senzala já

dança, na capoeira e nos seus rituais religiosos. É incontestável que a "bicicleta", por exemplo, seja semelhante a um passo de capoeira.

Em 1930, Alberto Camus tomava conta da equipe de futebol da Universidade de Argel. Jogou como goleiro

porque essa era a posição onde o sapato gastava menos sola. Filho de família pobre, não podia correr pelo campo, pois toda noite a avó revisava as solas e dava uma surra nele caso estivessem gastas. Durante seus anos de goleiro,

es: "Aprendi que a bola vem para a gente por onde se espera que venha. Isso me ajudou muito na vida, principalmente nas grandes cidades, onde as pessoas não costumam ser aquilo que a gente acha que são as pessoas direitas".

sentir um deus e

Na Copa da França, em 1938, o Brasil ficou em terceiro lugar, deixando de ser um mero figurante das Copas. Começava então a se definir o estilo brasileiro de jogar futebol. Rebelde e anárquico,

travesso, mas sempre inesperado, os passos dos jogadores surpreendiam e mostravam o futuro promissor deste esporte em nosso país. Ao cair em solo brasileiro, a semente do futebol

Historicamente, o futebol sempre foi considerado um esporte de homens e para homens, provavelmente por exigir força física e resistência. As mulheres (em minoria) eram meras espectadoras de seus ídolos. Costumavam ir aos clubes apenas para paquerar o jogador mais bonito da equipe ou simplesmente para

eleger as pernas mais robustas e sensuais. Ao longo dos anos, este quadro mudou muito. Hoje em dia, a mulher vem conquistando um espaço cada vez maior dentro do campo. Várias equipes de futebol feminino estão sendo formadas e já existe, inclusive, uma liga profissional de atletas de futebol. A popularidade do esporte anda em alta entre as mulheres. Entre elas, vestir o "meião" e calçar as chuteiras para correr atrás da bola já está virando hábito nos clubes de futebol de todo o mundo. O Campeonato Mundial de futebol feminino ocorre com periodicidade igual ao do masculino e os torcedores já vibram com atletas que, em muitos casos, são aclamadas como verdadeiras craques.a “Pátria de chuteiras!”

Referências Bibliográficas

1. Disponível em : http://www.fifa.com/classicfootball/history/game/historygame1.html. Acesso em 01/04/08. 2. Disponível em : 1. Disponível em : http://www.fifa.com/classicfootball/history/game/historygame1.html. Acesso em 05/04/08. 3. João Ricardo Cozac. A história do Futebol.

4. Maurício Murad. A violência e o f

estudos clássicos aos dias de hoje.

2007.

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er as pernas mais robustas e sensuais. Ao longo dos anos, este quadro mudou muito. Hoje em dia, a mulher vem conquistando um espaço cada vez maior dentro do campo. Várias equipes de futebol feminino estão sendo formadas e já existe, inclusive, uma liga

fissional de atletas de futebol.

A popularidade do esporte anda em alta entre as mulheres. Entre elas, vestir o "meião" e calçar as chuteiras para correr atrás da bola já está virando hábito nos clubes de futebol de todo o mundo. O

futebol feminino ocorre com periodicidade igual ao do masculino e os torcedores já vibram com atletas que, em muitos casos, são aclamadas como verdadeiras craques. Eis

Referências Bibliográficas

http://www.fifa.com/classicfootball/history/game/hi. Acesso em 01/04/08.

2. Disponível em : 1. Disponível em : http://www.fifa.com/classicfootball/history/game/hi

. Acesso em 05/04/08.

A história do Futebol. (2008)

ência e o futebol, dos

ássicos aos dias de hoje. Editora FGV.