Director: Mario Carvalho Praia da Vitória · mente medonho... e talvez ponha um sorriso nos vossos...

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Vol.4 Nº10 AGOSTO DE 2009 Director: Mario Carvalho Praia da Vitória

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Vol.4

Nº1

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GO

STO

DE

2009

Director: Mario Carvalho

Praia da Vitória

O Açoriano2

EDIÇÕES MAR4231, Boul. St-Laurent

Montréal, QuébecH2W 1Z4

Tel.: (514) 284-1813Fax: (514) 284-6150

Site Web: www.oacoriano.orgE-mail: [email protected]

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VICE-PRESIDENTE: Nancy Martins

DIRECTOR: Mario Carvalho

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REDACÇÃO: Sandy Martins

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Natércia Rodrigues

CORRESPONDENTES:Açores

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FOTOGRAFIA: Anthony NunesRicardo SantosJosé Rodrigues

AçoresHumberto Tibúrcio

INFOGRAFIA: Sylvio Martins

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O Açoriano4231-B, Boul. St-Laurent

Montréal, QuébecH2W 1Z4

O AçorianoEDITORIAL

Em virtude das férias, a

revistaO Açoriano voltará ao contacto

dos nossos leitores no 28

de Agosto

EditorialVamos activar a nossa memóriaÉ com muito regozijo que voltamos a nossa pu-

blicação mensal da revista O açoriano, após umas ferias, como prometido cá estamos!Passadas as ferias de verão que muitos reclama-

ram porque a temperatura efectivamente não foi das melhores, muita chuva, vento e frio, e quando assim é o povo reclama com a natureza.Quando sol não nos quer aparecer nada melhor

que activar a memoria, reunir-se com os amigos e recordar o passado.De acordo com os reguladores e burocratas de

hoje, todos nós que nascemos antes dos anos 80, não devíamos ter sobrevivido até hoje, porque as nossas caminhas de bebé eram pintadas com cores bonitas em tinta á base de chumbo que nós mui-tas vezes lambíamos e mordíamos. Não tínhamos frascos de medicamento com tampas “à prova de crianças” ou fechos nos armários e podíamos brincar com as panelas. Não usávamos sapatos, e quando dávamos uma topada, e arregaçava a unha não íamos ao hospital fazer um curativo, tudo era feito em casa, resistíamos a dor. Quando andáva-mos de bicicleta, não usávamos capacetes. Quan-do éramos pequenos viajávamos em carros sem cintos e airbags - viajar á frente era um bónus. Bebíamos água da fonte pública ou do poço da

nascente e não da garrafa e sabia bem.Comíamos batatas cozida, pão com manteiga e

bebíamos gasosa com açúcar (laranjada e piroli-to), mas nunca engordávamos porque estávamos sempre a brincar lá fora. Partilhávamos garrafas e copos com os amigos e nunca morremos dis-so. Passávamos horas a fazer carrinhos de rola-mentos (carro de madeira) e depois andávamos a grande velocidade pelo monte abaixo, ao lado era o rochedo para não tinha travões havia mais medo de romper as calcas do que perder a pele do corpo e algum sangue.Depois de acabarmos num silvado aprendíamos.

Saímos de casa de manhã e brincávamos o dia todo, desde que estivéssemos em casa antes de escurecer tínhamos medo das feiticeiras. Estáva-mos incontactáveis e ninguém se importava com isso. Não tínhamos Play Station, XBox. Nada de 40 canais de televisão, filmes de vídeo, home ci-nema, telemóveis, computadores, DVD, Chat na Internet. Tínhamos amigos - se os quiséssemos encontrar íamos á rua. Jogávamos ao elástico e á barra e a bola até doía os pés brincava-mos às escondidas ao ferro quente e aos Cowboys, cor-ríamos com a roda! Quando chovia ouvíamos anedotas comíamos milho e favas torradas ou en-tão levávamos pancadaria. Caíamos das arvores,

cortávamo-nos, e até partíamos ossos mas sempre sem processos em tribunal. Havia lutas com pu-nhos mas sem sermos processados.Batíamos ás portas de vizinhos e fugíamos e tí-

nhamos mesmo medo de sermos apanhados. Ía-mos a pé para casa dos amigos. Acreditem ou não íamos a pé para a escola; não esperávamos que a mamã ou o papá nos levassem. Criávamos jogos com paus e bolas. Se infringíssemos a lei era im-pensável os nossos pais nos safarem, eles estavam do lado da lei. Esta geração produziu os melhores inventores e desenrascados de sempre. Os últi-mos 50 anos têm sido uma explosão de inovação e ideias novas. Tínhamos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade e aprendemos a lidar com tudo. És um deles? Parabéns!

Passa esta mensagem a outros que tiveram a sor-te de crescer como verdadeiras crianças, antes dos advogados e governos regularem as nossas vidas, “para nosso bem”. Para todos os outros que não têm idade suficiente pensei que gostassem de ler acerca de nós. Isto meu amigo é surpreendente-mente medonho... e talvez ponha um sorriso nos vossos lábios: A maioria dos estudantes que estão nas universidades hoje...chamam-se jovens. Para eles sempre houve uma Alemanha e um Vietname. A SIDA sempre existiu. Os CD’s, DVs, Internet, telemóveis, micro-ondas sempre existiram. O Mi-chael Jackson sempre foi branco. Para eles o John Travolta sempre foi redondo e

não conseguem imaginar que aquele gordo fos-se um dia deus da dança. Acreditam que Missão impossível e Anjos de Charlie são filmes do ano passado. Não conseguem imaginar a vida sem computadores.Não acreditam que houve televisão a preto e

branco. SIM, ESTÁS A FICAR VELHOMas tivemos uma infância de amizade... já valeu!!!

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GENTE DA TERRA

Mario Carvalho

Haja Saúde para EstudarDepois das ferias de verão, O Açoriano

volta ao contacto dos seus assíduos lei-tores para novamente lhes saudar dizen-do Haja Saúde. As férias são por excelência o período

em que devemos relaxar, sem nenhum compromisso!

A mente não se deve manter sem-pre na mesma intenção ou tensão, antes deve dar-se também à diver-são. O nosso espírito deve relaxar: ficará melhor e mais apto após um descanso. Tal como não devemos forçar um terreno agrícola fértil com uma produtividade ininterrup-ta que depressa o esgotaria, tam-bém o esforço constante esvaziará o nosso vigor mental, enquanto um curto período de repouso restaurará o nosso poder. O esforço continua-do leva a um tipo de torpor mental e letargia. Nem os desejos dos homens devem encaminhar-se tão depressa nesta direc-ção se o desporto e o jogo os envolvem numa espécie de prazer natural; embora uma repetida prática destrua toda a gravidade e força do nosso espírito. Afinal, o sono também é essencial para nos restaurar, mas se o prolongássemos cons-tantemente, dia e noite, seria a morte. O presente é igual para todos, e o que se perde é, por isso

mesmo, igual, e o que se perde surge como a perda de um segundo. Com efeito, não é o passado ou o futuro que perde-mos; como poderia alguém arrebatar-nos o que não temos? Por isso devemos tomar sentido, a toda a hora, nestas duas

coisas: primeiramente, que tudo, desde toda a eternidade, apresenta aspecto idêntico e passa pelos mesmos ciclos, e depois tanto perde o homem que morre carregado de anos como o que conta breves dias, consistindo a perda no mo-mento presente; não se pode perder o que não se tem. Curiosamente hoje em dia muitas pessoas planificam as suas

férias, com uma agenda sobre carregada que obriga a uma incrível disciplina para a poder respeitar, e quando as coisas não acontecem como previstas, cria-se uma grande decep-ção e desilusão. As férias modernas é ir para a praia apanhar sol, bronzear-se, queimar a pele para poder impressionar os colegas. Mas a natureza não se deixa intimidar, nem

dominar pelo homem, dá o sol e o calor quan-do bem entende e quer, e ficamos um ano in-teiro aborrecidos porque o tempo não estava bom durante as nossas férias. Férias é sobretudo tempo para descansar,

fortalecer os laços de união da família, viver cada momento do tempo que passa. É nesta

altura que devemos enterrar o stress, esquecer a hora e o dia, para sermos felizes. O verdadeiro período de ferias começa e termina com as do

ensino escolar, para a maioria das pessoas, com o recome-ço das aulas para é tempo de regressar ao trabalho, estudar, instruir-se para o futuro.

Cada momento da nossa vida dei-xa-nos uma marca, uma lembrança e este ano escolar é sem dúvida um momento muito especial na minha vida. Ainda hoje recordo-me com mui-

tas saudades o meu primeiro dia de escola. Lá longe na memória e do outro lado do atlântico, foi lá que nasceu e morreu o sonho, quando deixei de estudar, queria continuar e ir mais além. Uma coisa é querer outra é poder? Passados alguns anos, também

recordo o primeiro dia em que a minha filha mais velha foi para a escola, os seus olhos de criança brilhavam, mais do que nunca antes havia visto, quando me disse, ‘’pai hoje é o meu primeiro dia de escola, sei que não é na tua língua’’ disse-lhe filha, ‘’desejo-te muito sucesso, estuda para vence-res na vida, aqui estarei para te ajudar’’era o começo de uma longa caminhada, por vezes dolorosa, nem sempre fácil. É necessário não desistir a estrada antes de ser alcatroada foi pedregosa, por isso não há nada fácil na vida, mas quanto mais nos instruir-mos melhor será o caminho do futuro. Contudo, não podemos, ou melhor não temos o direito, de

desistir do esforço da sua realização de uma maneira ou de outra. Não há uma receita soberana nesta matéria que sirva para todos; cada um deve descobrir por si qual o método através do qual poderá alcançar a felicidade. Toda a espécie de factores irá influenciar a sua escolha. Depende da quanti-dade de satisfação real que ele irá encontrar no mundo exter-no, e até onde acha necessário tornar-se independente dele.

Por fim, na confiança que tem em si próprio do seu poder de modificar conforme os seus desejos. Minha filha, estou tão feliz por teres comeca-

do o teu primeiro ano de universidade, o cimo da montanha aproxima-se, contínua para se-res útil a ti própria e a todos aqueles que te rodeiam. Para todos os estudantes do ensino primário

ao universitário, desejo-vos muito sucesso, cuidado façam um esforço para estudar, um ano custa muito a passar mas recomeçar e re-petir o mesmo ano custa muito mais. A todos os professores e alunos Haja Saúde

para ensinar e aprender.

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AS NOSSAS RAÍZES

Vamos todos Juntosvisitar a nossa TerraBreve história da Praia da VitóriaO concelho da Praia da Vitória – um dos dois em que

está dividida a ilha Terceira, a mais populosa das ilhas do grupo central do arquipélago dos Açores – situa-se na parte oriental da ilha e tem uma área total de 163 Km2.Está circundado pelo oceano Atlântico (norte - este) e pelo

concelho de Angra do Heroísmo (sul - oeste), tendo como constante o mar, quase sempre à vista, e o seu ambiente na-tural enriquecido de verdes múltiplos e permanentes e por um povo laborioso mas dado também às festas tradicionais e ao gosto da hospitalidade. Tem cerca de 20.500 habitantes, distribuídos pelas seguintes localidades: Praia da Vitória, a sede do concelho, constituída pelas freguesias de Santa Cruz

e Cabo da Praia, fica a 20 km de Angra do Heroísmo.Agualva, Biscoitos, Fonte do Bastardo, Fontinhas, Lajes,

Quatro Ribeiras, São Brás, Vila Nova, Porto Martins, Praia da Vitória (cidade). Sede da capitania da Terceira nos pri-meiros anos do povoamento (nela se instalou, Jácome de Bruges primeiro Capitão Donatário, da ilha e como tal a sua primeira capital) o «lugar da Praia» (como simplesmente era então conhecido) foi feito Vila em 1480, ainda no tempo de Álvaro Martins Homem. Por Carta Régia de 12 de Janeiro de 1837, foi-lhe concedido o título de «Muito Notável Vila da Praia da Vitória» corno apreço pela extraordinária vitória das tropas liberais (pelas quais tomou partido) contra a es-quadra absolutista, em 11 de Agosto de 1829.Poucos lugares poderão oferecer ao observador um painel

mais agradável e pitoresco e tantos assuntos de profundas reflexões. Sua localidade é a mais vantajosa que se podia de-sejar. O seu centro histórico apresenta casas seculares, com curiosos talos de pedra e interessantes janelas e varandas, bem como um notável património arquitectónico.Implantada junto da maior baía dos Açores, onde hoje existe

um excelente Porto Oceânico bem como o Parque Industrial da ilha, é ainda testemunha do desenvolvimento que a seu lado se processa decorrente de importantes instalações aero-náuticas e militares sedeadas na Base das Lajes – importante centro estratégico nos últimos conflitos mundiais - desempe-nha assim importante papel na economia da região. A Praia da Vitória deu à Terceira e ao país um dos seus mais notáveis escritores, Vitorino Nemésio, que deixou títulos como «Mau Tempo no Canal», «Festa Redonda», «Paço do Milhafre», entre outros.As festividades religiosas e profanas marcam presença to-

dos os anos, sendo um dos encantos das nossas gentes, dos usos e costumes. A celebração do Divino Espírito Santo é a festa religiosa mais importante. De cariz profano-religioso terá chegado a esta região com os primeiros povoadores, ten-do origem, segundo reportam os historiadores, na confraria instituída, em Alenquer, por D. Isabel de Aragão. É o povo quem promove e faz a festa, reunindo-se em irmandades e cumprindo promessas. O objectivo da festa é praticar a cari-dade em nome do Divino. Nos domingos - a parte do Domin-go da Trindade, tem lugar a coroação, cerimónia na qual a coroa é colocada na cabeça de uma criança ou de um adulto, seguindo depois em cortejo, até a casa do “Imperador” onde se distribuem as esmolas (pão, carne e vinho) e é oferecido em jantar aos convidados. As Touradas à Corda que durante o verão enchem as ruas das freguesias. Tradição que remonta ao século XVI chega à ilha com os primeiros povoadores, ganhando raízes com os castelhanos que cá se fixaram. É um dos divertimentos mais característicos dos terceirenses.O Carnaval com as suas “danças” características (teatros

popular) que conduzem ao envolvimento de toda a popu-lação. Encontramos danças: Festas da Praia, comemoradas todos os anos, assinalando ao mesmo tempo uma data me-morável – a Batalha de 11 de Agosto de 1829, onde a Praia, ao lado dos liberais, sai vitoriosa. Concertos musicais, ac-tividades desportivas, desfile de filarmónicas, exposições e animação nocturna o cartaz destas festas cujo ponto alto é o Cortejo Etnográfico, muito rico onde se revivem os usos e costumes das gentes do Ramo Grande. Uma indumentária a rigor com os utensílios apropriados fazem recordar o traba-lho e as ocupações de outras épocas.

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HOMEM DA TERRA

Francisco Ornelas da CâmaraFrancisco Ornelas da Câmara (Praia, 12 de Outubro de

1606 — Praia, 28 de Abril de 1664), fidalgo e político aço-riano que se destacou à época da Restauração da Indepen-dência Portuguesa, proclamando-a nos Açores, e como líder da campanha militar que conduziu à submissão da Fortaleza de São João Baptista da Ilha Terceira (1641-1642).Era filho de Francisco Paim Câmara e D. Isabel de Sou-

sa Neto, pessoas ligadas às principais famílias açorianas da época e à governança da vila da Praia e da sua capitania. Aos oito anos de idade assistiu ao grande terramoto de 24 de Maio de 1614, a primeira caída da Praia, que arrasou a vila da Praia e as freguesias circundantes, espalhando a ruína e a morte por todo o Ramo Grande. A 3 de Dezembro de 1639 partiu para Portugal, tendo permanecido em Lisboa durante todo o ano, e onde se encontrava a 1 de Dezembro de 1640, quando se deu o golpe de Estado que culminou com a restau-ração da independência portuguesa e a aclamação do duque de Bragança, D. João, como soberano com o nome de João IV de Portugal.Francisco Ornelas decidiu então fazer a Aclamação na

Praia, mais distante da fortaleza e menos dependente da aris-tocracia angrense. Convocou a conselho a Câmara, todos os capitães da sua jurisdição, o clero, a nobreza, os religiosos dos conventos da Praia, e informou-os da sua intenção. Pe-rante a aprovação geral, preparou-se a Aclamação. Com essa segurança, no dia 24 de Março de 1641, que nesse ano caía no Domingo de Ramos, à saída da missa, em pleno adro da Matriz de Santa Cruz, Francisco Ornelas aclamou D. João IV como rei de Portugal, jurando-lhe obediência. O povo juntou-se, e de imediato saiu uma procissão composta por todo o clero secular e regular, que da Matriz percorreu a vila a dar vivas e aclamações ao novo rei. A artilharia da fortale-za bombardeou a cidade, sem efeitos de monta. Foi pedido auxílio à Praia, e Francisco Ornelas reuniu as tropas da sua capitania e marchou para a cidade,chagando nesse mesmo dia à Praça Velha de Angra, onde estava aquartelada a milí-cia, com cerca de mil e quinhentos homens.Os governadores não deixaram de comunicar a el-rei, sem-

pre que podiam, o estado da guerra e em resposta recebiam lisonjeiras e honrosas cartas de agradecimento pela sua actu-ação, mas apesar de reiteradas promessas, nunca quaisquer

reforços ou meios materiais. A Guerra da Restauração con-sumia todos os recursos disponíveis.Aproximando-se o verão, e com ele a sede, já que as reser-

vas de água eram insuficientes, já sem esperança de receber reforços por mar e acossado pela fome e pela doença, D. Álvaro de Viveros aceita a capitulação a 4 de Março de 1642 e a 16 de Março, o Castelo foi entregue à obediência dos sitiantes, sendo nesse dia içado o pavilhão português. Termi-nava assim a Guerra do Castelo, saindo os espanhóis, com as suas armas e bandeiras, para Vigo em transporte fornecido pelo povo da ilha.No dia 21 de Março imediato, Francisco Ornelas da Câ-

mara parte para Lisboa a levar a boa nova da aclamação na Terceira e da rendição do Castelo. Foi recebido pela corte com respeito e aplauso, e o rei, grato pelos seus serviços, concede-lhe a Comenda de São Salvador de Penamacor.Nesta transe conta-se que Francisco Ornelas da Câmara,

que foi sempre um devoto do Espírito Santo, para comemo-rar o livramento, que alguns atribuem ao conhecido milagre da pomba que entorna o tinteiro do mau juiz, prometeu dar anualmente um grande bodo do Espírito Santo, em que ele, descalço, havia de servir os pobres e edificar na cidade de Angra uma ermida em honra do Divino. De facto edificou, na Rua dos Quatro Cantos, um capela, percursora dos ac-tuais impérios, que ainda subsiste. Também trazia pintado nas suas armas a pomba branca com seu resplendor, emble-ma do Espírito Santo. Faleceu de morte súbita, na então vila da Praia, a 28 de Abril de 1664, com 57 anos de idade. Foi sepultado na capela de que era administrador na igreja Ma-triz de Santa Cruz da Praia, segundo vontade expressa no seu testamento.Segundo Gervásio Lima, A ilha Terceira teve nele um cidadão ilustre, um patriota benemérito, estimado da corte portuguesa e bem conceituado pelos monarcas a quem serviu desveladamente A sua memória há-de ser sem-pre respeitada e saudada com aplauso e admiração.A praça central da cidade da Praia da Vitória ostenta o seu

nome e a principal escola básica do concelho adoptou-o por patrono. No adro da matriz, no lugar onde terá aclamado D. João IV, um monumento evoca a sua acção naquele Domin-go de Ramos de 1641. A cidade de Angra do Heroísmo tam-bém lhe dedica uma rua no seu centro histórico.

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SAÚDE

Debby Simões Martins, Dt.P., M.Sc.; Dietista-nutricionistaO Outono está à

porta e o Verão leva consigo o período dos casamentos. Se for como eu sou, curiosa e sempre em busca

de significados, questionou-se sobre a origem das tradições do casamento. Acredite-me quando digo que há mui-tas! Por isso, este mês, resolvi elucidar o mistério e achar o significado das tra-dições do casamento, pelo menos das tradições culinárias.BrindeA história do brinde toma origem na

Grécia Antiga. Em dias de festa, o vi-nho costumava ser servido de um só garrafão. Afim de provar aos seus con-vidados que o vinho não tinha sido

envenenado, o hóspede costumava tomar o primeiro gole. Com a passa-gem do tempo, o brinde transformou-se, tornando-se em gesto comum e em símbolo de confiança. Eventualmente, também tomou o papel de votos de fe-

licidade e de saúde para os convidados assistindo à celebração. É acreditado que o brindar dos copos afasta os espí-ritos maldosos que poderiam trazer má sorte aos noivos.As únicas bebidas que não devem ser

utilizadas para um brinde de casamento incluem café, chá e água, sendo con-sideradas má sorte e um insulto para a maioria das pessoas se forem utilizados para brindar.Bolo da noivaO bolo da noiva sempre desempe-

nhou um papel importante nas festas de casamento, mas esta tradição tem-se transformado muito com a passagem do tempo. Na Roma Antiga, era costume o noivo

partir uma fatia de pão sobre a cabeça da noiva para assegurar a fertilidade e a abundância. As migalhas eram reco-lhidas e guardadas pelos convidados como amuletos de sorte.Na Inglaterra medieval, cada convida-

do levava scones para a festa, os quais eram empilhados numa só mesa. No fi-nal da festa, os noivos tinham de beijar por cima da montanha de scones. Era considerada boa fortuna se os noivos conseguissem beijar por cima da pilha de scones sem que eles caíssem. Esta tradição inglesa deu origem às tradi-ções de usar um bolo em camadas e de colocar noivinhos no topo do bolo.Conta-se que no século XVII, um pa-

deiro francês assistiu a um casamento inglês. Achou interessante o costume de beijaram por cima do montão de bo-los. Quando voltou à França, resolveu substituir a pilha de scones com um só bolo em camadas coberto com fondant ou glace-real, tal como o conhecemos hoje em dia.Actualmente, é costume a noiva cortar

as duas primeiras fatias de bolo, a mão do noivo colocada sobre a sua. O noivo oferece à noiva a primeira fatia e, em seguida, a noiva alimenta o noivo. Isto simboliza o apoio que irão dar um ao outro ao longo da vida.

Amêndoas A tradição de oferecer amêndoas en-

voltas num tule como lembrança de ca-samento provém da Itália. Os italianos acreditam que trazem felicidade aos noivos. São tradicionalmente ofereci-das cinco amêndoas, cada qual repre-senta a saúde, a riqueza, a longevidade, a fecundidade e a felicidade.Chuva de arrozPronto, concedo. Esta tradição não re-

leva exactamente da arte da culinária, mas achei interessante. Esta é uma das tradições mais antigas do casamento, originando com os hindus e chineses. Nessas culturas, é acreditado que ofe-recer uma chuva de arroz aos noivos é oferecer-lhes as suas riquezas, o arroz sendo símbolo de frutificação, de pros-peridade, de saúde, de riqueza, de fe-cundidade e de felicidade.

Origem das tradições do casamento

O Açoriano 7

UN PEU DE NOUS

Nancy MartinsPour chouchouter votre peau, un petit guide

qui comprend les règles de base selon chaque tranche d’âge. Chaque peau est différente et nécessite des soins appropriés à ses besoins. Conseil: prenez un rendez-vous dans un ins-titut de beauté pour une analyse de peau.

L’esthéticienne pourra alors cibler les besoins de votre peau et vous conseiller les produits et les soins adéquats. DANS LA VINGTAINELe but: préserver l’hydratation naturelle de la peau. Les

soins: une crème hydratante adaptée à votre peau (grasse, sèche, mixte), munie d’une protection solaire. Si votre peau est très sèche, utilisez une crème de nuit. Les crèmes: les marques Marcelle, Vichy et Esthéderm conviennent aux be-soins des peaux plus jeunes.DANS LA TRENTAINELe but: prévenir l’apparition

des rides. Les soins: une crè-me hydratante avec un FPS et, pour la nuit, un soin con-tour des yeux et une crème de nuit antirides. À partir de 30 ans, utilisez un exfoliant deux fois par semaine pour éliminer les cellules mortes de votre peau. Les crèmes: les marques Biotherm, Cla-rins, Guinot et Cellcosmet sont idéales pour celles qui désirent prévenir l’apparition des rides et ridules. DANS LA QUARANTAINEe but: ralentir le vieillissement cutané.Les soins: une crème de jour spécifique à vos besoins (ri-

des, déshydratation, relâchement), un soin contour des yeux antirides et un sérum – plus concentré que la crème de jour – à appliquer la nuit afin de travailler la structure de la peau. Les crèmes: celles qui sont dites «régénératrices» et qui con-tiennent des ingrédients comme le collagène et l’élastine.DANS LA CINQUANTAINE ET PLUSLe but: réhydrater et diminuer la perte d’élasticité de la peau.

Les soins: continuez l’utilisation des produits mention-nés ci haut, en les modifiant selon vos besoins. Quatre fois par année, aux changements de saisons, offrez-vous une cure de sérum à la maison ou un traitement en institut. Les crèmes: celles qui contiennent des antioxydants (p. ex., vitamine C) et des ingrédients actifs comme le peptide, le collagène et l’élastine. Le secret pour avoir une belle peau à n’importe quel âge? Nettoyez et hydratez votre peau matin et soir, utilisez un exfoliant deux fois par semaine et appliquez un masque spécifique à votre type de peau une fois par se-maine.

Para amimar a sua pele, um pequeno guia com regras bási-cas para todas as idades. A pele de cada pessoa é diferente e necessita cuidados adequados. Conselho: tenha uma con-sulta num instituto de beleza para uma análise de pele. Uma esteticista poderá reconhecer as necessidades da sua pele e sugerir produtos e cuidados adequados. A PARTIR DO 20 ANOSO objectivo: preservar a hidratação natural da pele. Os cui-

dados: um creme hidratante adaptado à sua (oleosa, seca, mista), com protecção solar. Se a sua pele estiver muito seca, utilize um creme de noite. Os cremes: as marcas Marcelle, Vichy e Esthéderm convêm às necessidades das peles mais jovens. A PARTIR DOS 30 ANOS

O objectivo: prevenir as rugas. Os cuidados: um creme hidratante com FPS e, para a noi-te, um cuidado contor-no dos olhos e um cre-me de noite anti-rugas. A partir dos 30 anos, utilize um esfoliante duas vezes por semana para eliminar as células mortas da sua pele. Os cremes: as marcas Bio-therm, Clarins, Guinot e Cellcosmet são ide-ais para as que desejam prevenir as rugas.

A PARTIR DOS 40 ANOSO objectivo: adiar o envelhecimento cutâneo. Os cuidados:

um creme de dia específico às suas necessidades (enrugar, desidratação, abrandamento), um cuidado contorno dos olhos anti-rugas e um serum - mais concentrado que o creme de dia – para a noite a fim de trabalhar a estrutura da pele. Os cremes: aqueles que são ditos “regenerativos” e que con-têm ingredientes como colagénio e elastine. A PARTIR 50 ANOS O objectivo: re-hidratar e diminuir a perca de elasticidade

da pele. Os cuidados: continue a utilizar os produtos men-cionados a partir dos 40 anos, alterando-os de acordo com as suas necessidades. Quatro vezes por ano, às mudanças de estações, faça uma cura de serum em casa ou um tratamento em instituto. Os cremes: aqueles que contêm antioxidantes (p. exemplo, vitamina C) e ingredientes activos como pepti-de, colagénio e elastine. O segredo para ter uma pele bonita a qualquer idade? Limpe

e hidrate a sua pele de manhã e à noite, utilize um esfoliante duas vezes por semana e aplique uma máscara específica ao seu tipo de pele uma vez por semana.

Votre Peau A sua pele

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Fé DE UM POVO

Foi mais a Norte que encerraram as Festas do Espírito Santo

Na continuidade das festividades em Honra do Divino Espírito Santo, no decorrer do mês de Julho, foi a vez da comunidade açoriana residente nas ci-dades a norte de Laval, Sainte-Therese e Blainville, manifestarem a sua devoção e manifestarem publicamente a sua fé na Terceira pessoa da santíssima trindade.

O Império de São Pedro da Associação portuguesa de Santa Teresa, levou muitos fiéis e devotos a participarem nas suas festas. O tradicional cortejo saiu da sede da associação até à igreja e, depois da coroação, ao recinto das festas que se situa não muito distante da sede e foi acompanhado pelas bandas filarmónicas Divino Espírito Santo de Laval e Nossa Senhora dos Milagres, de salientar e saudar a participação de muitos jovens. Parabéns juventude Luso Canadiana.As festas tiveram muita comida e muita animação musical,

um dos momentos altos foi a actuação do já consagrado fa-moso conjunto Além-Mar de London, cidade no Ontário.Foi em Blainville que se encerraram as festas do Espírito

Santo do ano 2009. Haviam começado em Maio na Asso-ciação Portuguesa de Hochelaga, passando por Montreal, Anjou, Laval, West- Island, Sainte-Therese e finalmente Blainville.

Pela primeira vez desloquei-me a Blainville para assistir às festas organizadas pela comunidade portuguesa local, a re-sidir nesta cidade sendo uma das mais pequenas em número mas não em devoção e fé. É natural que a participação das pessoas seja mais reduzida dado a sua distancia de Montreal aonde se encontra a maior concentração de portugueses a

residirem no Quebeque e ao período de ferias desta altura do ano.O cortejo saiu da casa do mordomo Frank Barreiro acom-

panhado pela banda filarmónica de Nossa Senhora dos Mila-gres em direcção à igreja situada no Boulevard Curé Labelle. Depois da coroação, o cortejo dirigiu-se ao império situado no parque da escola publica que fica mesmo ali ao lado. Em frente ao império houve um momento muito bonito repleto de fé e emoção: quando a banda tocava o hino, fizeram uma largada de pombas brancos. Voaram pelos ares fora, deram algumas voltas por cima do império e depois desapareceram. Algumas lágrimas se quedaram do rosto de algumas pessoas

presentes, como sabem a pomba branca é um dos símbolos do Espírito Santo. Mais tarde fui informado que aquela largada de pombas foi

em memoria do tio do mordomo que faleceu este ano e que era muito querido por todos os sobrinhos, sobrinhas e de-mais familiares. São gestos destes que mostram o amor de uma família e que

devem ser exemplos a seguir por todos nos.Parabéns a todos quantos trabalharam e deram do seu me-

lhor em louvor do Divino Espírito Santo, Mordomos, co-missões de festas, bandas filarmónicas e ao povo que parti-cipou.O divino Espírito San-

to é bondoso, tendo sido este verão mui-to chuvoso e vento-so, mas houve sempre bom tempo na hora de realizar o cortejo (pro-cissão) da coroação. Deixo-vos com esta re-flexão em nome do Di-vino Espírito Santo!

O Açoriano 9

Fé DE UM POVO

Madeirenses celebraram festade Nossa Senhora do MonteFoi com muita alegria e animação que os Madeirenses

festejaram em Montreal a sua padroeira Nossa Senhora do Monte.

Uma procissão em honra de Nossa Senhora levou muitos devotos e curio-sos a receberam a sua bênção, cum-prindo-se pelo 25 ano consecutivo esta tradição de devoção dos homens e mulheres oriundos do arquipélago da Madeira.Sendo uma festa muito bem organi-

zada que ao longo dos anos ganhou fama, cada vez melhor com muita classe, qualidade e bom gosto, tanto na parte religiosa como profana. Atrai milhares de Portugueses e Canadianos anualmente ao recinto das festas.A procissão saiu da igreja de Santa

Cruz após a missa solene, presidida pelo reverendo padre José Manuel de Freitas, vindo expressamente da Ilha Madeira para participar nas festas da sua terra na companhia dos seus con-terrâneos e amigos a residir no Quebe-que. Ele foi, á 25 anos atrás, um dos fundadores desta festa

anual quando na altura era o responsável espiritual da mis-são de Santa Cruz em Montreal. A procissão foi acompanha-da pelas bandas filarmónicas de Montreal, Divino Espírito Santo de Laval e Nossa Senhora dos Milagres. Para alem de

muitos fieis e representantes de varias associações locais e do rancho folclórico Madeirense de Toronto, foi de notar a ausência das entidades publicas, nem o cônsul geral de Por-tugal em Montreal, nem os conselheiros municipais de ori-gem portuguesa participaram na procissão, depois reclamam que a comunidade não os apoia.Com muita animação musical, comida (espetada e bolo do

caco) e bebidas, os madeirenses souberam mais uma vez com muito trabalho honrar Nossa Senhora do Monte para orgulho do Arquipélago da Madeira.‘’O Açoriano” irmão ilhéu envia a toda a comunidade Ma-

deirense um abraço de amizade e parabéns por ocasião dos 25 aniversário desta manifestação religiosa em Montreal.

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CRÓNICA DO VERÃO

O Verão e as festas em Montreal…Natércia RodriguesEste ano é ano de eleições municipais e era primordial que a

equipa da Câmara do Plateau Mont-Royal fizesse algo de no-tável. Houve então a inauguração dos bancos de pedra no bou-levard St. Laurent, sábado 25 de Abril. Foram 12 bancos, de-senhados e concluídos por quatro artistas portugueses comunitários e que custaram duzentos mil dó-lares mais ou menos. Varias in-dividualidades da câmara, políti-cos Quebequenses e Portugueses e alguns convidados fizeram seus discursos e deixaram a as-sistência comovida. Devemos ter honra de sermos portugueses e a maneira de o governo agradecer o nosso contributo a esta grande cidade, foi com bancos de pedra que muito provavelmente quan-do chegarmos ao inverno irão ser armazenados em algum ar-mazém ou então irão ficar cobertos pela grande abundância de neve que se faz sempre sentir no inverno. De uma maneira ou de outra não os vamos ver. Até é de louvar o grande esforço da nossa Conselheira Portuguesa, Isabel dos Santos que recebeu de uma grande firma um envelope com mil a dois mil dólares para ajuda dos livretes informativos que foram distribuídos naquela ma-nhã. Falando agora de dinheiro gostaria de formu-lar aqui uma pergunta a respeito de uma tema que já vai fazer 4 anos em breve. Em 2005, aquando da última campanha municipal, a então candi-data ao posto de Conselheira do Plateau, Isabel Santos, lançou um apelo à comunidade para uma angariação de fundos. Uma vez que os fundos entrassem, seriam enviados para Portugal devido aos grandes fogos que lá se faziam sentir. O Pre-sidente da Câmara Sr. Gérald Tremblay igualaria o montante recolhido. Houve um jantar ao custo de cinquenta dólares e nos fins de Novembro de 2005 esse dinheiro seria enviado para Portugal. O que acontece é que eu nunca vi nem ouvi dizer nem quanto, nem quando,

nem para onde foi enviado. Claro há noticias que também se me escapam! Contudo assim vamos andando sem sabermos do resultado dos empreendimentos.Este ano, o verão aqui na nossa cidade de Montreal foi fran-

camente muito pluvioso e fres-co. Tanto nas festas do Senhor Santo Cristo como nas festas do Divino Espírito Santo, o mau tempo fez-se sentir. Estou-me a referir mais precisamente nas festas que decorreram na Mis-são de Santa Cruz. Nalguns dos bairros onde se celebra a Festa do Divino Espírito Santo, houve até bom tempo, mas nunca aque-le calor forte que normalmente nos faz companhia. Todas estas festas são preparadas com muito tempo de avanço, muita cansei-ra e muito esforço, e lá vem o

menos bom tempo para tudo danificar e não se verem lucros, in-felizmente. Este ano fiquei bastante surpreendida ao saber que não houve pregador que viesse de fora para a preparação destas

festas e ao ver a “admirável” iluminação fiquei deveras embasbacada. Mais parecia que estáva-mos na época do Natal. Mas enfim, parece que se mudaram os tempos!Veio depois o Dia de Portugal, de Camões e das

Comunidades Portuguesas, celebrado a 10 de Ju-nho. É o dia que demarca o falecimento de Luís Vaz de Camões em 1580, e é também feriado nacional em Portugal. A nossa comunidade de Montreal é muito diferente das outras comuni-dades portuguesas espalhadas pelo mundo. Em Vancouver e Toronto a comunidade portuguesa celebrou durante duas ou três semanas O Dia de Portugal. Da Califórnia recebi o programa das festas um mês antes, na Austrália houve várias festas, na Venezuela houve festa de gala onde até

varias individualidades Portuguesas governamentais se deslo-caram para participarem, e nós em Montreal tivemos o “privi-

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CRÓNICA DO VERÂOlégio” de tomar um Porto, ouvir os hinos interpretados pela Fi-larmónica Portuguesa de Montreal e ouvir algumas mensagens de certas individualidades e tudo isto no Parque de Portugal. Houve a ajuda de algumas organizações tais como o Clube de Portugal, o Centro de Ajuda à Família, Carrefour Lusófono e o Consulado Geral de Portugal em Montreal. São estes os or-ganismos sobreviventes. Quando se começou a celebrar o Dia de Portugal em conjunto com os organismos interessados, foi agradável assim como o foi no segundo ano e depois no terceiro já houve carroças diante dos bois o que levou o ano passado a serem já menos organismos a colaborarem e este ano foi pesa-roso. Sim, é verdade que até esteve cá o cantor fadista Rodrigo que se deslocou a Montreal para celebrar connosco o Dia de Portugal. No dia 12 de Junho no Place des Arts, o Rodrigo ofe-receu um espectáculo destinado a um auditório de 400 pesso-as que puderam obter os bilhetes gratuitamente no Consulado Geral de Portugal em Montreal ou na Caixa de Economia dos Portugueses. Uma vez mais ficamos limitados. Não teria sido melhor fazer-se algo em público onde todos os interessados pu-dessem participar? E porque não mandar vir de Portugal um cantor ou um grupo musical composto por jovens para que a nossa juventude aqui pudesse participar e marcar presença? O tempo de festas é tempo de camaradagem, de partilha, de lazer e é uma maneira de fomentarmos junto de todos a integração social através da nossa cultura. O 28° aniversário do Mundial das CulturasNa linda e próspera cidade de Drummondville teve lugar o ini-

cio das festividades do folclore internacional. Para os habitantes

desta cidade, este festival é sem duvida o mais importante e mais bonito pois aqui se reúnem vários grupos de folclore que vêem das mais diferentes partes do mundo para apresentarem suas danças, musicas e trajes. O evento iniciou no dia 9 de Julho com um desfile do grupo organizador, o grupo Macki-naw de Drummondville, a Association Culturelle Folklorique Ayalot Hannegev d’Israël, o Ensemble Folklorique du Ko’eti du Paraguay, o Ensemble Folklorique Hajdu de Hongrie, o Es-tia Pieridon Moussonde Grèce, o Gulun de Russie, La Foule du Québec, les Danseurs Mac Culloch d’Écosse da província do Ontario, a Compagnie de Danse Mexico Folklorique, Les Elcusiers de Lachine du Québec, e a Troupe de Danse Folklo-rique Fong-Shiang de Taiwan. Todos os habitantes desta cidade saíram à rua e trouxeram suas cadeiras para poderem conforta-

velmente apreciar o mosaico folclórico. Talvez que uns 600 e tal artistas fizeram parte deste desfile que começou com o grupo Sérvio estimulando muito o publico que aclamou sempre com muito calor e vontade. Estes músicos, dançarinos e figurantes coloriram a região com a riqueza das suas tradições, promoven-do a paz, a amizade e a tolerância entre povos de culturas dis-tintas. No fim do desfile houve um Baile onde todos os grupos

participaram e convidaram o público a associar-se. Mas a festa não ficou por aqui. Todos os dias durante 10 dias houve festa. Tive o prazer de ver o grupo Russo, entre outros, que veio mais

precisamente da parte da Sibéria e que foi mesmo um encanto. Todos cantaram, tocaram e dançaram lindamente. No Domingo dia 19 foi o encerramento deste grande encontro. Todos os gru-pos apresentaram pela última vez as suas danças e depois todos no meio da população acenderam uma vela a apelidaram para a paz do mundo e união dos povos. Chegou finalmente o tempo das férias. Geralmente é no mês

de Julho e Agosto, que os nossos compatriotas usufruem de fé-rias. Há muitas coisas para fazer, desde o simples passear pela praia até aos desportos que puxam pela adrenalina. Existem praias para todos os gostos e mar suficiente para os amantes das ondas se misturarem com quem apenas gosta de boiar gracio-samente ao sabor da maré. Há aqueles que vão rumo a Portugal para visitarem os familiares e amigos e há aqueles que por um motivo ou outro não tiveram a oportunidade de sair daqui mas aproveitaram para fazer arranjos em suas casas. A única des-vantagem este verão para os que por cá ficaram, foi realmente a temperatura húmida e chuvosa que se nos impôs. Verão é matar saudades. O Verão é a melhor altura para ma-

tar saudades, de passar tempo de qualidade com todos, novos e velhos amigos, mas também para matar saudades de dormir até tarde, ler todos aqueles livros que se foram acumulando ao lon-go do ano, pôr as séries e os filmes em dia, passear, ir até à praia, recuperar antigos hobbies ou experimentar novos, divertir-se.Verão é tempo para nos pormos em forma. Vários meses pas-

sados em frente ao computador, sentado nas aulas, na bibliote-ca, na fábrica e nos serviços de limpeza, podem ter contribuído para um corpo um pouco “enferrujado” e alguns quilos a mais. Aproveitar o bom tempo para sair e praticar desporto ao ar livre, para iniciar e manter uma rotina de exercício físico que pos-samos depois “levar connosco” para o trabalho. Com corpo e mente saudáveis começa-se melhor o novo ano de trabalho!Continuação de um bom verão.

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COMUNIDADES

Roberto MedeirosVice-Presidente da Câmara da Lagoa

Complexo Desportivo de Furnas inauguradoA Câmara Municipal da Povoação e a Empresa POVOA-

DESP inauguraram em Julho o Complexo Desportivo de Furnas. Na altura o Presidente da Câmara disse que o que a autarquia pretende é “cada vez mais, criar condições para que os povoacenses de todas as idades tenham, caso o quei-ram, possibilidades de aceder a uma prática desportiva de qualidade. Conhecemos bem o papel formativo do desporto e a necessidade crescente, face às características da socieda-

de em que vivemos, de proporcionar aos cidadãos, jovens ou adultos, momentos saudáveis da ocupação dos seus tempos livres”.O edil elogiou também o trabalho desenvolvido pelo Fute-

bol Clube Vale Formoso ao longo de muitos anos na forma-ção desportiva e cívica de muitos jovens do Concelho. “Um clube como o Vale Formoso, com a sua história que tantas alegrias já deu aos furnenses, com tão grandes tradições,

Grupo “Gente da nossa” visitou a Lagoa

No passado dia 16 de Julho uma delega-ção de Toronto – Canadá esteve de visita ao Concelho de Lagoa. Tratou-se de uma de-legação composta por 90 pes-soas do programa televisivo

“Gente da Nossa”, que vieram acompanhados por Nellie Pedro. Nesta comitiva estavam, tam-bém, integrados alguns membros da Direcção do Operário Sports Clube de Toronto. Como é habitual, a autarquia lagoense apoiou a visita deste grupo ao Concelho. Os visitantes, acom-panhados por Roberto Medeiros, vice-presiden-te da Câmara Municipal de Lagoa, visitaram a Cerâmica Vieira, um dos locais emblemáticos do Concelho, onde tiveram oportunidade de in-teragir com os ceramistas, moldando uma peça de barro com as suas próprias mãos. Refira-se que Nellie Pedro, conhecida apresen-

tadora de Televisão em Toronto, tem sido res-

ponsável, ao longo dos últimos anos, pela vinda de muitos grupos de visitantes oriundos do Canadá aos Açores, sendo a Câmara Municipal de Lagoa parceira nestas iniciativas.

merecia melhores condições em termos de infraestruturas. Depois de muito tempo com a casa às costas passa a partir de agora, a ter todas as condições para o desenvolvimento da modalidade que pratica, o futebol e naturalmente, como todos esperamos na obtenção de ainda melhores resultados”, acrescentou.O projecto global pensado para este espaço tem por objec-

tivo dotar o Concelho da Povoação com um equipamento

desportivo que sirva as necessidades e requisitos necessá-rios à prática profissional das seguintes modalidades: fute-bol, andebol, basquetebol, voleibol, futsal, hoquei em patins, ginástica desportiva e ténis. Em paralelo, este equipamento terá também um carácter formativo, dando apoio a escolas e associações desportivas e recreativas. O público em geral poderá, igualmente, usufruir deste equipamento.

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Festa de São JoãoA Associação dos pais, uma das mais jovens associações

portuguesas com sede própria, situada no 333 rua Castelne-au no bairro de Villeray em Montreal, festejou São João com uma sardinhada assada na rua, regada de bom vinho e cerve-ja assim como refrescos colmatando o gosto de cada um.

Nas ruas vizinhas podiam cheirar o perfumo deixado no ar pelas sardinhas. Uns dizem que consola, para outros quanto mais longe melhor, mas aonde cheira sardinha lá há festa portuguesa com certeza.Para além da boa comida, a festa foi animada por alguns

músicos da banda de Nossa Senhora dos Milagres tocando muitas melodias portuguesas, fazendo parar os passantes curiosos que apreciavam a actuação, em particular o musico Senhor Manuel Canário que apesar dos seus 81 anos, tem memoria e folgo para fazer sair bonitas notas dos seu saxo-

fone, companheiro da sua tenra infância.Este gesto dos músicos ao compareceram na associação dos

pais foi muito apreciado por todos os presentes e de toda a direcção.A colaboração entre as duas tem sido mutua já que todas as

quintas feiras a associação dos Pais disponibiliza as suas ins-talações para a escola de musica da Banda, dado a facilidade do acesso por se encontrar junto aos transportes públicos, metro Castelneau, e autocarro da Rua Saint-Laurent, Saint-Denis, e Jean Talon assim como facilidades de estacionar carro.

História das SeteCaldeiras da

Ilha das FloresHavia um homem da ilha das Flores que

tinha um filho de nome João. O rapaz era muito sonhador, simples e bom, como ti-nha fama de ser toda a gente das Flores. Um certo dia o João ía pelo caminho fora, carregado com bilhas de água.

Tinha-a ído buscar longe para ser usada em casa. Ía sozi-nho e a sonhar, um pé na terra e o outro na lua, como é natu-ral em todos os rapazes e crianças da sua idade. Encontrou, a certa altura, uma poça de água no caminho e disse em voz alta, para si mesmo:Dizem que noutros lugares há lagoas e caldeiras muito lin-

das. Aqui na minha ilha não há. Vou mas é fazê-las! Pegou numa das bilhas de barro que trazia cheias de água e despe-jou-a no chão. Com a facilidade com que tinha sonhado em fazer as lagoas, logo se formou a primeira caldeira.O rapaz deu pulos de alegria e pensou: «Sempre que en-

contrar poças de água, vou fazer o mesmo!»

Ali à esquerda estava outra poça mais funda e o rapaz, com confiança, vazou outra bilha de ágia. Formou-se outra vez uma lagoa, muito, muito funda.Teve que ir de novo encher as bilhas. Levado pelo sonho,

foi andando, andando, pela ilha, tendo encontrado ao todo sete poças de água, onde foi deitando água.Assim se foram formando as Caldeira Funda das Lajes,

onde poderia flutuar um grande paquete. Há outras mais baixas, como a Caldeira Rasa, cujas margens são muito lo-dosas e perigosas. As restantes lagoas que o rapaz foi for-mando ao encontrar as poças de água são a Caldeira Bran-ca, a Seca, a Comprida, a Funda e a Lomba. Tornaram-se todas muito diferentes, mas muito bonitas, de águas limpas e transparentes, como foi desejo do rapaz que as sonhou e as fez.

VÁRIA

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GASTRONOMIA

Clafouttis de AnanásIngredientes para 4 pessoas

200 g de queijo creme; 3 ovos; 1 lata de polpa de ananás; 3 colheres de farinha custarda ou Maizena; 6 colheres de sopa de açúcar (branco ou amarelo); 100 g de coco ralado; 50 g de margarina.Preparação Ligue o forno e regule-o para os 220 °C. Bata todos os ingre-dientes, menos a margarina, com a batedeira (se lhe quiser dar um pouco mais de “alma” junte também 1 a 2 colheres de sopa de rum, por exemplo). Entretanto unte uma forma de tarte, em louça ou vidro. Deite aí a massa e espalhe por cima a restante margarina em bocadinhos. Coza no forno entre 10 a 15 minutos.

Arroz de Camarão Ingredientes para 4 pessoas 100 g de cebola picada; 60 g de margarina; 300 g de miolo de camarão (graúdo); 1 barra de tempero de alho e coentros 1 1/2 chávenas de arroz; 5 chávenas de água; 2 cubos de caldo de marisco; coentros picados.

Preparação Leve ao lume a cebola com a margarina e logo que estiver mole, junte o miolo de camarão. Deixe cozinhar cerca de 5 minutos, mexendo de vez em quando. Junte o arroz, mexa e quando o arroz tiver absorvido todo o líquido regue com a água a ferver e adicione os cubos de marisco. Tape e coza en-tre 12 a 15 minutos. Entretanto, pique um bom punhado de co-entros e junte ao arroz quando estiver quase pronto. Aproveite nessa altura para se deliciar com o magnífico perfume que sai do tacho e antecipe o prazer de o saborear. Em princípio não precisa de temperar com sal, de toda a forma, prove para ver se está a seu gosto. Sugestão: O arroz “malandrinho” deve ser servido logo que fique pronto para que o caldo não seja absorvido pelo arroz, deixando-o demasiado cozido e “em-papado”.

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Foi no passado dia 11 de Julho que tive o prazer de conhecer o cantor Marcelo Neves que é considerado o melhor cantor sertanejo do Canadá. Vindo como surpresa ao casamento de Nelson e Candy, da parte dos pais do noivo, Marcelo Neves não agradou somente aos noivos, mas a todos os convidados. Marcelo Neves é um cantor muito sociável e simpático que depois do show, gosta de conviver com o público. Quem é ele? Natural de Campinas (Brasil), ele imigrou para o Ca-nadá em 2004 onde subitamente ficou conhecido pela co-munidade portuguesa e brasileira de Toronto, pois talento é que não lhe falta. Desde muito jovem iniciou-se ao mundo da música, mas foi somente em 1992, com 22 anos de idade, que a sua carreira iniciou realmente. Durante 10 anos, for-mou a dupla Marcelo e Maurício que gravou. Esta dupla teve seu fim quando Marcelo imigrou para o Canadá. Em 2005, Marcelo Neves gravou o seu primeiro disco solo “O bicho vai pegar” cujo sucesso foi enorme e garantiu a Marcelo um disco de ouro. Em 2006, lançou o seu segundo disco “Solte a garganta” que foi coroado de sucesso e que resultou nou-tro disco de ouro. Em 2007, o seu terceiro disco “Bailão do Marcelo Neves” não podia ser melhor e o resultado ainda maior, pois parece que o publico não se cansa deste artista brasileiro. Não é por nada que Marcelo Neves não traba-lha só com um produtor, mas sim com três, dois no Canadá, John Ferreira e Hermani Raposo e um no Brasil, Maurício Antunes. Em 2008, o quarto disco “Coração sem vergonha”, com canções inéditas, foi lançado. Até agora, as vendas estão indo muito bem, o que vai ser um maior sucesso. Em todos os seus discos Marcelo Neves inclui temas em inglês para poder agradar o público canadiano e doutros países. Com seu sucesso incrível, Marcelo Neves está sempre mais fa-moso. Não só no Canadá, mas também nos Estados Unidos, na França e na Alemanha. Marcelo Neves pode interpretar

diferentes estilos e cada um é sinónimo de sucesso. Mar-celo Neves é mais uma estrela brasileira e seus discos são só sucesso! Desejo muitos mais sucessos ao Marcelo Neves porque tem um grande talento. Seu disco “Coração Sem ver-gonha” é um disco a não perder com as suas lindas canções. A canção “Te Amo Pai”, é de longe uma das mais bonitas e

mais amorosas das canções que já ouvi dedicadas um pai. Para conhecer um pouco mais sobre Marcelo Neves visite o seu site a www.marceloneves.com. Espero ter a oportunida-de de ver outro show de Marcelo Neves brevemente. Até a próxima Açoriano!

CRÓNICA

A crónica da MariaMaria Calisto

O Açoriano16

RECORDANDO

Quem são eles?