DINÂMICA PSÍQUICA E EFICÁCIA ADAPTATIVA DE PACIENTES...

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE DINÂMICA PSÍQUICA E EFICÁCIA ADAPTATIVA DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 NATHÁLIA BRANDOLIM DOS SANTOS São Bernardo do Campo 2014

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE

DINÂMICA PSÍQUICA E EFICÁCIA ADAPTATIVA DE

PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2

NATHÁLIA BRANDOLIM DOS SANTOS

São Bernardo do Campo

2014

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NATHÁLIA BRANDOLIM DOS SANTOS

DINÂMICA PSÍQUICA E EFICÁCIA ADAPTATIVA DE

PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo –

UMESP, como requisito parcial para a obtenção do título de

mestre em Psicologia.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno

Trabalho financiado pela CAPES – Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PSICOLOGIA DA SAÚDE

LINHA DE PESQUISA: PREVENÇÃO E TRATAMENTO

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2014

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FICHA CATALOGRÁFICA

Sa59d

Santos, Nathália Brandolim dos

Dinâmica psíquica e eficácia adaptativa de pacientes com diabetes

mellitus tipo 2 / Nathália Brandolim dos Santos. 2014.

86 f.

Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) --Faculdade da

Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do

Campo, 2014.

Orientação de: Maria Geralda Viana Heleno.

1. Diabetes mellitus tipo 2 2. Adaptação 3. Dinâmica emocional

4. Qualidade de vida 5. Grupo psicoeducativo I. Título

CDD 157.9

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A dissertação de mestrado sob o título "Dinâmica Psíquica e Eficácia Adaptativa de

Pacientes com Diabetes Mellitus Tipo 2", elaborada por Nathália Brandolim dos Santos

foi apresentada e aprovada em 28 de Novembro de 2014, perante banca examinadora

composta por Dra Maria Geralda Viana Heleno (Presidente/UMESP), Dra Eda Marconi

Custódio (Titular/UMESP) e Dra Maria Aparecida Mazzante Colacicco (Titular/USP).

______________________________________________

Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno

Orientadora e Presidente da Banca Examinadora

______________________________________________

Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação

Programa: Pós-graduação Stricto Sensu

Área de Concentração: Psicologia da Saúde

Nível: Mestrado

Linha de Pesquisa: Prevenção e Tratamento

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Dedicatória

Dedico este trabalho em memória aos meus

avós Eni e Neuza que sabiamente me

ensinaram a fazer as coisas com amor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter permitido com que eu realizasse mais esta etapa com

saúde e disposição.

À minha mãe Neuzeni que sabiamente me ajudou, aconselhou, suportou, apoiou e deixou, por

algumas vezes, irritada, mas que em todos os momentos fez o seu melhor em meu favor. Eu te

amo mamãe.

Ao meu pai Edivaldo, que me apoiou mesmo que do seu jeito e esteve presente sempre que

pode. Muito obrigada. Eu te amo pai.

Ao meu, agora marido, Alexssandro, que no meio desta jornada me conheceu e me mostrou as

dores e os sabores de fazer pesquisa. Ajudou-me a ter paciência nos momentos difíceis. E

quando algo estava indo de mal a pior, teve o amor, o cuidado e a sabedoria para me ajudar.

Aos meus colegas do mestrado, em especial a Camila, o Victor, a Érica, Adriana, Elisangela,

que por muitas vezes de forma alegre e incentivadora contribuíram nesta caminhada cada um

a sua maneira, mas todos de forma significativa.

À minha orientadora Maria Geralda que desde a minha graduação me ensinou formas

diferentes de pensar a Psicologia da Saúde, a qual se tornou a área que tenho o maior prazer

de pesquisar e trabalhar. Obrigada pela paciência e pelas orientações.

Agradeço a CAPES pelo financiamento e apoio para o desenvolvimento deste projeto, bem

como ao PRAIDI da Universidade Metodista de São Paulo que viabilizou a prática em

pesquisa.

Agradeço a todos aqueles que participaram desta pesquisa, pois além de contribuir para o

desenvolvimento do conhecimento cada um deixou um pouquinho de si nestas páginas o que

me motivou ir até o fim.

A todos mais que puderam contribuir direta ou indiretamente para a conclusão de mais esta

etapa de meus estudos e de minha vida. Obrigada.

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"No caminho da sabedoria te ensino, e pelas carreiras direitas te faço andar. Quando

andares não te embaraçarão teus passos; quando correres, não tropeçarás. (...) Pondera as

veredas dos teus pés e todos os seus caminhos sejam bem ordenados" (Provérbios 4.11-12;26)

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RESUMO

SANTOS, N.B. Dinâmica Psíquica e Eficácia Adaptativa de Pacientes com Diabetes

Mellitus tipo 2. 2014, 86p. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) – Faculdade da

Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2014.

O diabetes é uma doença crônica conhecida há aproximadamente 3.500 anos e que atinge,

atualmente, cerca de 18,8 milhões de pessoas no mundo, sendo, portanto, de grande interesse

a diversos pesquisadores das mais variadas áreas. Esta doença é resultante de uma

insuficiência de insulina, que desempenha papel fundamental nos processos metabólicos do

organismo. A incidência do Diabetes Mellitus tipo 2 tem apresentado um considerável

crescimento nas últimas décadas, principalmente decorrente da elevada expectativa de vida e,

também, pelo resultado de comportamentos destrutivos a saúde, como o abuso de substâncias,

dieta inadequada e um estilo de vida sedentário. O presente estudo teve por objetivos avaliar a

Qualidade de Vida, a dinâmica psíquica, a eficácia adaptativa e verificar os níveis glicêmicos

de pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2 participantes de um grupo psicoeducativo.

Participaram deste estudo 14 pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2. Os instrumentos

utilizados foram: 1. Escala da Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado

(ABIPEME); 2. Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO); 3. Teste das

Relações Objetais de Phillipson (TRO); e, 4. WHOQOL-bref. Os resultados mostraram que

alguns pacientes apresentaram uma melhora significativa em seus níveis glicêmicos após a

realização do grupo psicoeducativo, mesmo verificando que alguns não atingiram ainda bom

controle de sua glicemia. A qualidade de vida destes participantes apresentou-se com níveis

muito bons. Ao avaliar a eficácia adaptativa e a dinâmica psíquica destes participantes,

verificou-se o quanto é difícil aceitar que se tem uma doença crônica e ter atitudes para

realizar o tratamento adequado. Concluímos que para estas pessoas com diabetes poderem

aderir ao tratamento é necessário que ele apresente uma boa capacidade de solucionar

conflitos, e, apresente seu mundo interno ligado à posição depressiva. Se estes fatores

estiverem equilibrados o estilo de vida e o bem-estar desses pacientes serão positivos, de

modo que eles possam apresentar consequentemente um bom prognóstico com menos

complicações da doença durante mais tempo de vida.

Palavras-Chave: Diabetes Mellitus Tipo 2; Adaptação; Dinâmica Emocional; Qualidade de

Vida; Grupo Psicoeducativo.

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ABSTRACT

SANTOS, N.B. Psychic Dynamics and Effectiveness Adaptative in Patients with Type 2

Diabetes Mellitus. 2014, 86p. Dissertation (Masters in Health Psychology) – Faculdade da

Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2014.

Diabetes is a chronic disease known for about 3,500 years and that affects, currently, about

18.8 million people in the world, have being, therefore, of great interest to many researchers

from different fields. This disease results from a shortage of insulin, which plays a key role in

the metabolic processes of the body. The incidence of type 2 Diabetes Mellitus has shown

considerable growth in recent decades, mainly due to the high life expectancy and also the

result of destructive health behaviors such as substance abuse, poor diet and a sedentary

lifestyle. The present study aimed to evaluate the Quality of Life, the psychological dynamic,

adaptive efficacy and to verify blood glucose levels of people with type 2 Diabetes Mellitus in

a psychoeducational group. The study included 14 people with this chronic disease. The

instruments used were: 1. Scale of the Brazilian Association of Market Research Institutes

(ABIPEME); 2. Adaptive Operational Diagnostic Scale (EDAO); 3. Test of Object Relations

of Phillipson (TRO); and 4. WHOQOL-bref. The results showed that some patients had a

significant improvement in their glucose levels after the performed of the psychoeducational

group, even noting that some have not yet achieved good control of their blood sugar. The

quality of life of participants showed very good levels. To evaluate the efficacy and adaptive

psychological dynamics of these participants, it was found that it is difficult to accept that one

has a chronic illness and have attitudes to perform the appropriate treatment. We conclude

that for these people with diabetes can adhere to the treatment, is necessary for them to

present a good ability to resolve conflicts, and showcase your inner world related to the

depressive position. If these factors are balanced, the lifestyle and welfare of these patients

will be positive, so that they can thus present a good prognosis with fewer complications from

the disease for longer life.

Keywords: Type 2 Diabetes Mellitus; Adaptation; Emotional dynamics; Quality of Life;

Psychoeducational group.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características Sócio Demográficas dos participantes (n=14) ........................ 38

Tabela 2 – Índices Glicêmicos dos participantes (n=14) .................................................. 45

Tabela 3 – Índices glicêmicos em grupos de bom e mau controle (n=14) ........................ 46

Tabela 4 – Atitude dos participantes no grupo psicoeducativo (n=14) ............................. 49

Tabela 5 – Qualidade de Vida dos participantes (n=14) ................................................... 52

Tabela 6 – Classificação Diagnóstica da Escala Adaptativa Operacionalizada (EDAO).. 54

Tabela 7 – Sistema Tensional Inconsciente Dominante dos participantes (n=14) ............ 57

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Valores de glicose plasmática (em mg/dL) para diagnóstico de diabetes ...... 15

Quadro 2 – Quantificação dos Setores Adaptativos A-R e Pr ........................................... 21

Quadro 3 – Definição da escala diagnóstica adaptativa operacionalizada Classificação

quantitativa ........................................................................................................................

22

Quadro 4 – Diagnóstico adaptativo operacionalizado e descrição clínica ....................... 23

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................

11

1.1 Diabetes Mellitus ................................................................................................... 12

1.2 Psicologia da Saúde e Diabetes Mellitus Tipo 2 .................................................... 16

1.3 Eficácia Adaptativa ................................................................................................ 19

1.4 Teoria das Relações Objetais de Melanie Klein .................................................... 25

1.5 Qualidade de Vida ..................................................................................................

1.6 Psicoeducação ........................................................................................................

30

32

2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 36

3 MÉTODO .................................................................................................................... 37

3.1 Participantes ........................................................................................................... 38

3.2 Local ....................................................................................................................... 39

3.3 Instrumentos ...........................................................................................................

3.3.1 Escala da Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado

(ABIPEME) .....................................................................................................................

3.3.2 Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada – EDAO ..........................

3.3.3 Teste das Relações Objetais de Phillipson (TRO) .........................................

3.3.4 WHOQOL-bref ..............................................................................................

39

39

40

40

42

3.4 Procedimento ......................................................................................................... 43

4 RESULTADOS ............................................................................................................ 45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 68

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 70

ANEXOS

ANEXO A – Questionário Socioeconômico (Critério ABIPEME) ................................. 77

ANEXO B – Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada – EDAO ....................... 78

ANEXO C - Questionário de Qualidade de Vida: WHOQOL – BREF .......................... 79

ANEXO D – Parecer Consubstanciado do CEP .............................................................. 83

ANEXO E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) .............................. 85

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1 INTRODUÇÃO

Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica que tem tomado o curso de uma

epidemia. Wild; Roglic; Green; Sicree; King, (2004) mostraram que já em 1985 estimava-se

que esta doença acometeria cerca de 30 milhões de adultos no mundo. Esse número cresceu

em 1995 para 135 milhões, atingindo 173 milhões em 2002. E a projeção é de chegar aos 300

milhões em 2030. Os referidos autores relatam que cerca de dois terços destas pessoas com

DM estão em países em desenvolvimento, local que a epidemia tem maior intensidade, com

proporção crescente de pessoas afetadas em grupos etários mais jovens. O diabetes é um

estado causado por insuficiência de insulina, que desempenha papel fundamental nos

processos metabólicos do organismo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014a).

Por ser uma doença crônica influi na rotina de vida das pessoas, pois estas precisam de

cuidados diários, fato que pode gerar angústia e dificuldades para a aceitação da doença

(HELENO, 2001). O tratamento inclui: medicação, dieta, atividade física, exames

laboratoriais e outros que devem ser seguidos pelo paciente. Em função disso existe a

necessidade de adaptação à nova rotina de vida, assim torna-se importante a avaliação da

eficácia adaptativa ou qualidade da adaptação desses pacientes, a qual analisa de que maneira

a pessoa responde às demandas do dia a dia, incluindo respostas ao setor orgânico, que mostra

entre outros aspectos, como o indivíduo convive com o Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM-2)

(SIMON, 2005). Cabe ressaltar que a análise da qualidade da adaptação tem sua importância,

considerando não só, a riqueza da conceituação da adaptação, mas a relevância da avaliação

dos indivíduos para as propostas de intervenções (HELENO; VIZZOTTO; BONFIM, 2007)

bem como a relação com a dinâmica psíquica desta pessoa, pois com essas informações é

possível compreender melhor o contexto para um planejamento interventivo seja mais eficaz e

adequado.

Apesar de informações sobre os prejuízos das doenças crônicas não-transmissíveis

estarem amplamente divulgadas nos últimos anos, a prevenção e o tratamento destas

enfermidades por meio da mudança no estilo de vida, possuem uma baixa adesão dos

pacientes (GIMENES; ZANETTI; HAAS, 2009). O DM-2 aparece geralmente após os 30

anos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014a) e muitas vezes é negligenciado

pelo próprio paciente, por ter sintomas iniciais brandos. É uma doença que pode trazer

complicações futuras irreversíveis, a médio prazo, o que nos mostra a necessidade de um

trabalho preventivo junto ao paciente diabético tipo 2 (HELENO, 2001). Um dos motivos

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para a baixa adesão às mudanças no estilo de vida relaciona-se a deficiência do uso adequado

do conhecimento, pois este só serve de instrumento para a mudança se houver no indivíduo o

desejo de mudança (GIMENES et al., 2009). Sendo assim, causas da baixa adesão podem

estar relacionadas à inadequação de estratégias e intervenções utilizadas no tratamento dessas

doenças atualmente.

1.1 DIABETES MELLITUS

Nas últimas décadas, a ocorrência da diabetes tem aumentado e, por isso, tornou-se um

dos distúrbios metabólicos mais comuns em todo o mundo, principalmente entre os adultos

(SHAW; SICREE; ZIMMET, 2010; WHITING; GUARIGUATA; WEIL; SHAW, 2011). Em

países com um desenvolvimento acelerado, o estilo de vida foi alterado em função dessas

transições rápidas, que são acompanhados pelo aumento dos fatores de risco para várias

doenças, como diabetes tipo 2 (GUARIGUATA; WHITING; HAMBLETON; BEAGLEY;

LINNENKAMP; SHAW, 2014). Recentemente, Guariguata et al. (2014) relataram os casos

de diabetes em pessoas com idade entre 20-79 anos, em vários países e regiões; mais

especificamente para o Brasil foram encontrados 11.934 para cada 1000 segundos.

Desde o ano de 2000, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) apresenta

estimativas de prevalência de diabetes, que demonstram um índice crescente de casos em todo

o mundo. Especificamente na América do Sul, o Brasil é considerado o país com maior

número de pessoas com DM (11,9 milhões), seguido pela Colômbia (2,1 milhões), Argentina

(1,6 milhões) e Chile (1,3 milhões). Considera-se que estes países apresentam populações

com perfis de idade semelhantes, com aproximadamente 14% da população tendo mais de 50

anos, o que deve aumentar para 25% até 2035. Portanto, com esse envelhecimento

populacional o Diabetes vai se tornar cada vez mais uma prioridade na saúde destes países

(INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2000, 2003, 2006, 2009, 2011, 2013).

No Brasil, segundo a Rede Interagencial de Informação para a Saúde (RIPSA) o

percentual de adultos com 35 anos ou mais, que tem o diagnóstico médico de DM é de 11,7%

da população do país (RIPSA, 2012). No entanto, de acordo com os dados fornecidos pela

RIPSA podemos verificar um crescimento gradual da incidência durante o passar dos anos.

Em 2006, eram 8,8% e crescendo em 2009 para 9,5% de pessoas com diagnóstico de DM.

Estes índices de prevalência têm demonstrado ser mais elevado nas regiões Sudeste com

12,9% e na região Sul com 12,5% de suas populações que apresentam a doença. Apesar

destes elevados índices, ainda é difícil conhecer a incidência exata de DM-2 em grandes

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populações, pois depende de um acompanhamento dos casos durante anos, como também

considerar pessoas que ainda não tem acesso a serviços de diagnóstico em saúde no país, o

que pode elevar ainda mais o número de casos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

DIABETES, 2014a).

O número de pessoas com DM tem crescido, segundo a World Health Organization

(2002), devido ao crescimento e envelhecimento das populações, bem como pelo aumento da

urbanização, da prevalência de obesidade e sedentarismo e da maior sobrevida de pacientes

com DM. Portanto, mensurar e prever o número de pessoas que tem e terão DM torna-se um

parâmetro de grande importância para que se possa realizar um planejamento de forma a

alocar os recursos necessários de forma ideal.

O DM não é uma única doença, mas representa um grupo de distúrbios metabólicos

que apresenta em comum a hiperglicemia, resultado de defeitos da ação da insulina, na

secreção de insulina ou em ambas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014b).

Entre os vários tipos de diabetes, na presente pesquisa as questões a serem abordadas dizem

respeito à denominada Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM-2), uma forma presente em 90% a 95%

dos casos, considerando todos os tipos da doença. O defeito da ação (resistência a insulina) e

secreção da insulina (insulinopenia) está presente quando a hiperglicemia se manifesta, porém

pode haver predomínio de um deles a depender do caso, a considerar principalmente se o

paciente apresenta sobrepeso ou obesidade, a principal razão para a resistência a insulina.

Pode ocorrer em qualquer idade, mas é geralmente diagnosticado após os 40 anos. Geralmente

utilizam hipoglicemiantes orais e não necessitam de tratamento insulínico para sobreviver,

porém podem necessitar de tratamento com insulina para obter controle metabólico adequado

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014b).

Sabe-se que a sua origem é genética (associada a aspectos multigenéticos ainda não

totalmente estudados) e associada a alterações ambientais, as quais estão frequentemente

relacionadas com o estilo de vida, atitudes e comportamentos, que conduzem muitas vezes à

obesidade. Os fatores genéticos parecem determinar a maior parte da sensibilidade à doença.

Mas, outros aspectos podem contribuir como a ingestão calórica excessiva e a inatividade

física, que predispõe à obesidade, a má nutrição durante o seu percurso de vida, o que pode

afetar no desenvolvimento das células-β, medicamentos diabetogênicos (corticoides,

anticoncepcionais, etc.) e hormônios contra reguladores (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

DIABETES, 2014c).

Em geral, o DM-2 não é diagnosticado precocemente, pois a doença pode, durante

anos, não apresentar aumentos de concentração de glicose elevados o bastante para exibir os

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sintomas clássicos do diabetes (DAVIDSON, 2001). Muitas vezes, há negligência por parte

do paciente em relação aos sintomas da doença ou até mesmo, por serem muito suaves, há

uma falta de percepção desses sintomas (HELENO, 2001). Segundo a American Diabetes

Association (2010), a maioria dos pacientes com DM-2 apresenta, quando em um nível mais

crônico da doença, sintomas como: muita sede e fome, infecções frequentes, extrema fadiga e

irritabilidade, alteração visual (visão embaçada), furunculose, cortes e machucados que

demoram a cicatrizar, dormências nas mãos e pés e, ainda, de acordo com a Sociedade

Brasileira de Diabetes (2014b) sobrepeso ou obesidade. A obesidade, geralmente, provoca

resistência à insulina. Mas, pacientes com sobrepeso e, principalmente, com gordura

concentrada na região abdominal, podem ter o diagnóstico de DM-2. Dessa forma, a

obesidade, a idade e o estilo de vida sedentário, aumentam o risco de diagnóstico para DM-2

(DAVIDSON, 2001).

Para que a doença possa ser diagnosticada, atualmente, são três os critérios

considerados válidos pela Sociedade Brasileira de Diabetes (2014c, p. 9):

"sintomas de poliúria, polidipsia e perda ponderal acrescidos de glicemia

casual > 200mg/dL. Compreendendo por glicemia casual, aquela realizada

a qualquer hora do dia, independentemente do horário das refeições.

Glicemia de jejum ≥ 126mg/dL. Em caso de pequenas elevações da

glicemia, o diagnóstico deve ser combinado pela repetição do teste em outro

dia.

Glicemia de 2 horas pós-sobrecarga de 75g de glicose >200mg/dL".

O teste de tolerância à glicose é realizado com os cuidados descritos pela Organização

Mundial da Saúde (OMS), com coleta para a diferenciação da glicemia em jejum e 120

minutos após a ingestão de glicose. O Quadro 1 demonstra de forma mais didática os valores

para a glicose plasmática para o diagnóstico de DM.

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Quadro 1. Valores de glicose plasmática (em mg/dL) para diagnóstico de diabetes*

CATEGORIA JEJUM1 2h APÓS 75g DE

GLICOSE

CASUAL2

Glicemia normal < 100 < 140 -

Tolerância à glicose

diminuída

> 100 a < 126 ≥ 140 a < 200 -

Diabetes Mellitus ≥ 126 ≥ 200 ≥ 200 (com sintomas

clássicos)3

1O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas; 2Glicemia plasmática casual é

aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição; 3Os sintomas

clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso. NOTA: O diagnóstico de DM deve

sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca com

descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de DM.

*Sociedade Brasileira de Diabetes (2014, p.9).

Após a realização do diagnóstico inicia-se o tratamento conforme os resultados

obtidos nos testes. O tratamento indicado aos pacientes portadores de diabetes consiste em,

primeiramente, definir quais os objetivos do controle glicêmico. Para isso, é necessário

perceber o paciente como um todo, levando-se em consideração o tipo de diabetes, o nível

educacional, as condições sociais, econômicas e emocionais, a idade, o tempo de evolução da

doença, os valores glicêmicos, a presença de complicações, entre outras (OLIVEIRA, 2004).

Portanto, o tratamento para o DM inclui em um primeiro momento algumas estratégias,

como: reorganização de hábitos alimentares, suspensão do fumo, aumento de atividade física

como uma das primeiras terapias para o DM-2; só quando necessário, inicia-se um tratamento

medicamentoso com insulina e antidiabéticos orais, como sufonilureais, repalglimida,

metformina, glitazonas, acarbato (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014d).

A Sociedade Brasileira de Diabetes (2014a) mostra que as consequências em longo

prazo do Diabetes Mellitus decorrem de alterações micro- e macrovasculares, levando a

disfunções e falência de vários órgãos. Entre as complicações crônicas do diabetes, podemos

citar: a nefropatia, com possível evolução para insuficiência renal; a retinopatia, com a

possibilidade de cegueira e/ou neuropatia, com risco de úlceras nos pés, amputações,

Artropatia de Charcot e manifestações de disfunção autonômica, incluindo disfunção sexual.

Além disso, as pessoas portadoras de diabetes apresentam risco maior de doença vascular

aterosclerótica, como doença coronariana, doença arterial periférica e doença vascular

cerebral. E, ainda, se o paciente apresentar hipoglicemia prolongada, pode promover o

desenvolvimento de lesões orgânicas extensas e irreversíveis, que afetam olhos, rins, nervos,

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vasos grandes e pequenos, assim como dificultam a coagulação sanguínea (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE DIABETES, 2014a).

A natureza crônica da doença, a gravidade das complicações e os meios necessários

para controlá-la tornam a doença muito onerosa não apenas para os indivíduos que tem este

diagnóstico, como também, para as suas famílias e o sistema de saúde (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2002). Os custos afetam a pessoa, a família e a sociedade, mas não se

caracterizam como apenas econômicos, mas também os custos que não são mensuráveis

como, por exemplo: a dor, a ansiedade, a inconveniência, perda de qualidade de vida e de

mortes precoces. A doença apresenta um grande impacto na vida das pessoas e da família que

é muito difícil de mensurar. Neste contexto muitos se tornam incapazes de continuar a exercer

o seu trabalho devido às aparições das complicações crônicas, ou ainda, permanecem com

alguma limitação no seu desempenho profissional. Quantificar o custo social desta perda de

produtividade não é fácil (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014a).

O DM é uma doença que exige mudança de hábitos e desenvolvimento de

comportamento de autocuidado que deverão ser mantidos no decorrer da vida. Assim a

educação em diabetes é uma ferramenta primordial para tentar minimamente garantir o

autocuidado, permitindo o autocontrole por parte da pessoa com a doença. Os principais

objetivos da educação, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (2014e) são:

“Reduzir as barreiras entre as pessoas com diabetes, seus familiares, as

comunidades e os profissionais da saúde; Promover a autonomia das pessoas

com diabetes com relação aos seus hábitos no trato com a doença; Melhorar

os resultados clínicos; Prevenir ou retardar o aparecimento do diabetes ou de

suas complicações agudas e crônicas; Proporcionar qualidade de vida.”

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014e, p.248)

O trabalho com o paciente com DM-2 apresenta-se com diversas facetas que

necessitam de atenção e cuidado, tanto por parte dos profissionais da saúde que estão

envolvidos no processo, bem como por parte do paciente.

1.2 PSICOLOGIA DA SAÚDE E DIABETES MELLITUS TIPO 2

O Diabetes Mellitus pode ser pensado em diferentes âmbitos da saúde e não apenas do

ponto de vista médico. Para Bleger (1984, p.20)

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“a função social do psicólogo clínico não deve ser basicamente a terapia e

sim a saúde pública e, dentro dela, a higiene mental. O psicólogo deve

intervir intensamente em todos os aspectos e problemas que concernem à

psico-higiene e não esperar que a pessoa adoeça para poder intervir. Estas

são as verdades que não se põem teoricamente em dúvida, mas que não se

fazem ainda práticas na dimensão necessária” (BLEGER, 1984. p.20)

A inserção do psicólogo nas instituições ainda é complexa e não depende apenas do

psicólogo. Simon (1989) sugere, em países menos desenvolvidos a implantação de programas

de prevenção que no âmbito da saúde pública atendessem os pacientes em situação de crise,

pois poderia propiciar um beneficio coletivo que viria da aplicação de uma estratégia de saúde

mental aplicada no momento em que o sofrimento humano é mais agudo, cujos danos são

muito mais onerosos no que diz respeito ao padecimento emocional e material.

Segundo Heleno (2001), um programa preventivo é de fundamental importância, pois

pode ajudar o paciente com diabetes a ter um bom controle glicêmico e, com isto, evitar

complicações agudas e crônicas. Atualmente, não ocorrem discussões acerca de que um bom

controle glicêmico possa prevenir, retardar ou atenuar as complicações agudas e crônicas,

decorrentes dos altos níveis de açúcar no sangue. Mas, pode-se melhorar a qualidade de vida

destes pacientes e isto é um grande ganho.

Assim, a Psicologia pode trazer importantes contribuições às equipes de saúde e ao

paciente com diabetes. As emoções devem ser reconhecidas no curso da doença. Davis (1989

apud HELENO, 2001) relata que o psicólogo é um agente de importantes informações que

levarão o paciente com diabetes a lidar melhor com sua doença e, assim, poderá evitar ou

diminuir sofrimentos e os elevados custos para controle das complicações decorrentes do mau

controle glicêmico.

Heleno (1992, p.191) demonstra que, após a situação de crise, alguns pacientes

aceitam o fato de estarem com diabetes e seguem o tratamento. Isto acontece quando "as

emoções não são de natureza extrema e poderosa; quando for capaz de utilizar defesas

eficazes contra a ansiedade persecutória; quando for capaz de estabelecer dentro de si um

objeto bom e completo; e quando for capaz de lidar com a tristeza e elaborar o luto." Mas, um

outro grupo, composto por um número relevante de pessoas, não é capaz de ter uma atitude

saudável em relação ao diabetes.

Como apresentado por Bechara (2011), a presença do DM exige do paciente uma série

de reajustes para lidar com as alterações e riscos decorrentes dessa disfunção. Assim,

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podemos considerar que o tempo todo o portador de DM tem que se adaptar as novas

situações. Apesar disto também se aplicar a todas as pessoas, é importante considerar que no

caso destes pacientes o esforço para manter a qualidade de adaptação exige mais recursos para

equilibrar o convívio diário com esse fator negativo, que é a doença. A necessidade diária de

automonitorização leva o paciente, muitas vezes, a sentir-se “escravo” do tratamento

(MARCELINO; CARVALHO, 2005).

Ao perder o corpo saudável o paciente com diabetes sofre uma importante perda, que

equivale ao processo de luto, descrito por Heleno (2001, p. 91):

“O modo como ele enfrenta esta nova situação, se é capaz ou não de suportar

a vivência dolorosa da doença e suas consequências e elaborar o luto, pode

determinar a aderência ou não do tratamento. O paciente diabético enfrenta

um tipo especial de luto em função de sucessivas perdas, real ou fantasiosa.”

(HELENO, 2001, p.91)

Neste caso, ele precisa ter capacidade para se adaptar a nova situação. Devido a isto,

podemos ressaltar que um dos problemas mais importantes associado às doenças crônicas

encontra-se nos baixos índices de adesão ao tratamento, como é o caso do diabetes, em função

das dificuldades do tratamento, que inclui dieta, exames constantes, atividade física, entre

outros e tornam mais difícil esta tarefa. Em adição, essa dificuldade ocorre em doenças que

não apresentam desconforto imediato, quando o tratamento é complexo e exige que sejam

feitas mudanças no estilo de vida e os comportamentos do doente não podem ser diretamente

verificados e, ainda, quando a meta é a prevenção ou o controle dos sintomas sem que haja a

cura da doença (GIMENES et al., 2009).

Para o paciente aderir ao tratamento pressupõe-se que ele não tenha a postura passiva

de alguém que espera "pacientemente", mas que possa ter um envolvimento ativo e

colaborativo para ter comportamentos com resultados terapêuticos no sentido de controlar a

doença (DELAMATER, 2006). Esta postura implica que a pessoa que tem DM possa assumir

a responsabilidade do seu próprio tratamento. No levantamento bibliográfico realizado por

Soares; Araújo; Oliveira, (2014) verificou-se que os fatores encontrados em pesquisas sobre a

desistência do tratamento pelos pacientes com DM foram: falta de entendimento sobre a

condição do doente crônico; rejeição e negação da condição de doente; sofrimento e revolta

devido às restrições impostas pela alimentação; não adesão às práticas de atividade física;

rejeição da utilização de hipoglicemiantes orais e insulina; dificuldades e importância dos

profissionais da saúde em garantir a educação em saúde necessária para a adesão ao

tratamento. Portanto, é importante considerar que o cuidado dos profissionais de saúde na

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perspectiva de promoção é fundamental para a melhora da abordagem às pessoas com DM, a

fim de garantir entendimento e envolvimento com as práticas terapêuticas e em consequência

reduzir as complicações decorrentes da não adesão.

Um estudo realizado com 46 adultos brasileiros com DM teve como um de seus

objetivos estimar a adesão medicamentosa segundo fatores inerentes a pessoa, ao

relacionamento profissional-paciente, ao esquema terapêutico e à doença. Através do

autorrelato, verificou-se que a prevalência de adesão foi maior entre as pessoas que não

referiram mudanças na vida diária para o cumprimento do tratamento (GIMENES et al.,

2009). Um dos fatores que parece se relacionar com a baixa adesão é o maior tempo de

diagnóstico da doença, pessoas com mais de cinco anos de diagnóstico tem menor adesão

(GIMENES et al., 2009; UITEWAAL; HOES; THOMAS, 2005). Outros estudos demonstram

também que existe maior prevalência de não adesão em pessoas com valores de hemoglobina

glicada acima de 7% (GIMENES et al., 2009) e com glicemia alterada (ARAÚJO; FREITAS;

FRAGOSO; ARAÚJO; DAMASCENO; ZANETTI, 2011).

Salgado e Souza (2003) descrevem que a maneira como percebemos e interpretamos

o que acontece na nossa volta esta relacionada com a história de vida de cada individuo, assim

como as estratégias que utilizamos para lidar com o que nos acontece, deste modo, a

percepção é uma variável psicológica que intervém diretamente na adesão ou não de qualquer

intervenção.

A percepção equivocada sobre a doença, vinda do medo de uma condição ameaçadora

da qual não se tem possibilidade de dominar, como as doenças crônicas, pode impedir que o

paciente entre em contato com a gravidade de sua doença (SANQUIN; VIZZOTTO, 2007).

Dessa forma o paciente não se responsabiliza, rejeita os tratamentos, pois entende que eles

não são necessários.

1.3 EFICÁCIA ADAPTATIVA

Simon (1989), ao trabalhar mais de 15 anos no Setor de Saúde Mental do Serviço de

Saúde dos Alunos do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina,

percebeu que havia a necessidade de realizar uma classificação diagnóstica da população, para

organizar uma intervenção a partir da classificação apresentada por cada indivíduo. Ele

buscou uma classificação que contemplasse as variações dos funcionamentos psicológicos,

utilizando uma terminologia compreensiva, que facilita a comunicação, tanto do psicólogo

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com o paciente, quanto entre diferentes profissionais da saúde, sendo essa uma importante

contribuição no âmbito da saúde coletiva (HELENO et al., 2007).

Segundo Simon (2005), a vida nos coloca nas mais diversas situações e somos

obrigados, de uma forma ou de outra a nos adaptarmos constantemente. A adequação da

adaptação é um conceito que avalia os modos ou a qualidade da adaptação. Essa adaptação é

definida como um “conjunto de respostas de um organismo vivo, em vários momentos, as

situações que o modificam, permitindo a manutenção de sua organização (por mínima que

seja) compatível com a vida (...), sendo não-adaptado sinônimo de morto” (SIMON, 1989,

p.14). Sendo assim, para manter a adaptação o indivíduo precisa encontrar soluções diante dos

problemas que a vida lhe coloca. A análise do conjunto de respostas, que permite a avaliação

da adequação da adaptação, torna possível avaliar o passado, presente e prognóstico provável

sobre o futuro.

A teoria da evolução da adaptação subentende um processo evolutivo que compreende

dois períodos: adaptação estável e crítico. No período estável a evolução da adaptação ocorre

de forma imperceptível e no período crítico de forma abrupta. A configuração adaptativa do

sujeito constitui-se de fatores internos e externos, positivos e negativos. A partir da

identificação da interação destes fatores pode-se obter a classificação diagnóstica da pessoa.

Quando existe a prevalência de elementos positivos temos a tendência a uma adaptação

eficaz, mas se forem negativos tendem a uma adaptação ineficaz. No caso de haver um

equilíbrio entre fatores positivos e negativos a adaptação tenderá a ser moderada (SIMON,

2005).

A noção de adaptação não é estática, pelo contrário, mostra-se no decurso do tempo

em um contínuo dinamismo. A estabilidade adaptativa pode se conservar sem alterações

drásticas conforme a interação dos fatores. Ou, em um determinado momento, por

interferência de acréscimo ou diminuição significativa na esfera pessoal o indivíduo sofre a

ação de fatores geradores de crise. Assim, após o período crítico, o indivíduo pode continuar

com a configuração adaptativa antiga ou adquirir uma nova configuração (SIMON, 2005).

A Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO) é um instrumento que

permite a avaliação da configuração adaptativa ou funcionamento global ao considerar a

qualidade de respostas em quatro setores da adaptação, que são dinâmicos, mas interagem

(SIMON, 2005, p.25):

Afetivo-relacional (A-R): conjunto de sentimentos, atitudes e ações em relação a si

mesmo e aos outros;

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Produtividade (Pr): conjunto de sentimentos, atitudes e ações relacionadas ao trabalho,

estudo, ou qualquer atividade produtiva principal no período considerado;

Sócio-cultural (S-C): conjunto de sentimentos, atitudes e ações relacionados aos

recursos comunitários, aos valores e à cultura em que vive;

Orgânico (Or): conjunto de sentimentos, atitudes e ações em relação ao próprio corpo,

higiene, alimentação, sexo, sono. Abrangendo o estafo (anatômico) e o funcionamento

(fisiológico) da totalidade do indivíduo.

Assim, têm-se três tipos de adequação de soluções para as situações-problema:

“adequado, quando a resposta atende a três critérios: resolve, gratifica, sem

conflitos intrapsíquicos e/ou extrapsíquicos; pouco adequado, quando a

resposta atende a apenas dois critérios – soluciona o problema, traz

satisfação, mas gera conflito, ou soluciona o problema, não traz satisfação e

não gera conflitos; pouquíssimo adequado, quando soluciona o problema,

mas a solução não promove satisfação e também gera conflitos; e, se o

problema é vital e o sujeito não encontra solução, caracteriza-se como uma

crise adaptativa” (SIMON, 2005, p.24).

Assim, a eficácia adaptativa pode ser medida a partir dos tipos de respostas. Quanto

maior o número de respostas adequadas, mais eficaz é a adaptação, e quanto maior o número

de respostas pouquíssimo adequadas, menos adequada é a adaptação.

Para a quantificação diagnóstica da adaptação são pontuados apenas os setores

Afetivo-relacional (A-R) e Produtividade (Pr) (Quadro 2) já que, segundo Simon (2005),

apresentam maior influência na totalidade adaptativa e interagem de forma decisiva nos

outros setores.

Quadro 2. Quantificação dos Setores Adaptativos A-R e Pr*

Pontuação conforme adequação

Setor Adequado Pouco Pouquíssimo

A-R 3 2 1

Pr 2 1 0,5

*SIMON, 2005, p. 27

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A partir da soma dos pontos referentes aos setores A-R e Pr, a qualificação diagnóstica

e quantificação da adaptação resulta em cinco grupos adaptativos que se encaixam nos

intervalos entre 1,5 e 5,0 pontos (Quadro 2), segundo Simon (2005).

Simon (2005) fez uma aproximação entre os grupos diagnósticos adaptativos e suas

descrições clínicas e sintomáticas mais comuns, que podem ser observadas no Quadro 3, a

seguir.

Quadro 3. Definição da escala diagnóstica adaptativa operacionalizada Classificação

quantitativa*

Grupo Classificação diagnóstica Soma Pontuação

1 Adaptação Eficaz (Ambos adequados)

A-R adeq. + Pr adeq. = 3 + 2 =

5,0

2 Adaptação Ineficaz Leve

(A-R [ou Pr] adeq. + A-R [ou Pr] pouco adeq.)

A-R pouco adeq. + Pr adeq. = 2 + 2 =

Ou A-R adeq. + Pr pouco adeq. = 3 + 1 =

4,0

4,0

3 Moderada

(Ambos pouco adeq.)

A-R pouco adeq. + Pr pouco adeq. = 2 + 1 =

(Ou 1 adequado;= 1 pouquíssimo)

A-R adeq. + Pr pouquíssimo = 3 + 0,5 =

Ou A-R pouquíssimo + Pr adeq. = 1 + 2 =

3,0

3,5

3,0

4 Severa

(1 pouquíssimo + 1 pouco adeq.)

A-R pouquíssimo + Pr pouco = 1 + 1 =

Ou A-R pouco + Pr pouquíssimo = 2 + 0,5 =

2,0

2,5

5 Grave (2 pouquíssimos adequados)

A-R pouquíssimo + Pr pouquíssimo = 1 + 0,5 =

1,5

*SIMON, 2005, p. 27

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Quadro 4. Diagnóstico adaptativo operacionalizado e descrição clínica*

Grupo Adaptação Descrição Clínica

1 Eficaz Personalidade "normal", raros sintomas neuróticos ou

caracterológicos.

2 Ineficaz leve Sintomas neuróticos brandos, ligeiros traços caracterológicos,

algumas inibições.

3 Ineficaz

moderada

Alguns sintomas neuróticos, inibição moderada, alguns traços

caracterológicos.

4 Ineficaz severa Alguns sintomas neuróticos mais limitadores, inibições restritivas,

rigidez de traços caracterológicos.

5 Ineficaz grave Neuroses incapacitantes, boderlines, psicóticos não agudos.

Extrema rigidez caracterológica.

*SIMON, 2005, p.27

Simon (2005) utiliza o conceito de fatores como fundamento para compreender e

avaliar a eficácia adaptativa. Para ele, os fatores são usados como uma concepção genérica de

fatos que interagem mediados pelo ego. São divididos por duas categorias: fatores internos

(f/i) e fatores externos (f/e).

Os fatores internos e externos podem ser positivos (f/i+ / f/e+) ou negativos (f/i- / f/e-),

sendo que os fatores positivos contribuem para que as soluções encontradas pelo indivíduo

sejam mais adequadas, enquanto os fatores negativos influem para que as soluções

encontradas sejam inadequadas.

Os fatores internos referem-se ao mundo mental e orgânico do indivíduo, sendo parte

dele:

a) Fatores tensionais (f/t): são as pressões exercidas pelas necessidades, desejos e

emoções no relacionamento interpessoal e intrapsíquico.

b) Fatores defensivos (f/d): conjunto das defesas psíquicas e seus mecanismos.

c) Fatores objetais (f/Oi): compreendem as relações dos objetos internos entre si e

com o ego.

d) Fatores orgânicos (f/Or): incluem as funções orgânicas e sua integridade

funcional e anatômica.

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Os fatores externos (f/e) referem-se às situações objetivas que são significativas e que

ocorrem fora da personalidade da pessoa. Referem-se aos fatores ambientas e às relações

interpessoais.

A interação dos fatores internos positivos e negativos com os fatores externos,

mediados pelo ego, geram soluções que ficaram guardadas na memória, como um repertório,

para serem utilizadas em novas situações do presente.

A partir das relações do indivíduo consigo próprio e com os objetos externos são

adotadas soluções para os problemas apresentados. Quando as situações são

predominantemente inadequadas surge a situação-problema. Simon (2005) diz que a situação

problema "indica não uma simples questão a ser resolvida, mas um vasto desafio que engloba

a percepção de um complexo de variáveis coexistindo e interagindo simultaneamente,

pressionando o sujeito a encontrar uma resposta" (SIMON, 2005, p.29). É uma situação

significativa que surge na vida do indivíduo que precisa ser solucionada.

De acordo com Simon (2005), pessoas com adaptação eficaz raramente apresentam

soluções adaptativas pouquíssimo adequadas, enquanto que indivíduos com adaptação

ineficaz severa ou grave apresentam um repertório rígido que dificulta o emprego de soluções

adequadas. Quando o indivíduo não encontra uma solução para um problema adaptativo,

denomina-se este momento de "crise". Simon (1989) descreve a origem da crise no fato do

"indivíduo ver-se frente a uma situação totalmente nova e vitalmente transformadora,

exigindo desse sujeito um novo padrão de comportamento. Assim, o novo exige um ato

criativo" (p.58).

A crise é classificada conforme o seu fator de origem, que pode ser pelo sentimento de

perda (crise por perda, ou expectativa de) ou pelo aumento de suprimentos básicos, gerando

tensão crítica (crise por aquisição, ou expectativa de). Nessa classificação, ambas tem em

comum a angústia diante do novo e do desconhecido. Nas crises por perda, os sentimentos

predominantes são depressão e culpa, havendo o risco do indivíduo tentar avaliar-se por

autoagressão, ou projeção da culpa em alguém menos resistente. Nas crises por aquisição, os

sentimentos predominantes são insegurança, inferioridade e inadequação, nesta condição os

riscos são de fuga direta, fuga indireta ou admitir mais do que pode, por arrogância e

voracidade (SIMON, 1989).

Além dos fatores internos, a crise também pode ser deflagrada por fatores ambientais,

positivos ou negativos, que se relacionam e criam uma dinâmica com a personalidade do

sujeito, resultando em mudanças que afetarão a eficácia adaptativa, aumentando-a ou

diminuindo-a (SIMON, 1989). Essa sistematização permite maior clareza na eficácia

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adaptativa, pois engloba a qualidade das respostas emitidas em cada setor de funcionamento

do indivíduo. A importância desta escala está na possibilidade de avaliar sistemas

comportamentais complexos, além de possibilitar ao profissional elaborar projetos de

intervenção mais eficientes, pois consegue determinar áreas e situações mais problemáticas do

funcionamento psíquico, além de reconhecer recursos psicológicos ainda preservados em cada

indivíduo (HELENO et al., 2007).

O conceito de eficácia adaptativa e sua avaliação têm sido amplamente utilizados ao

longo dos anos em diferentes contextos e estratos da população, como, por exemplo, para

estimar evidências de precisão e validade em população idosa (ROCHA, 2002); para avaliar a

qualidade da eficácia adaptativa de estudantes universitários (GARCIA, 2011;

GIOVANETTI; SANT'ANNA, 2005; TEIXEIRA, 2008) e de pacientes com diferentes

condições de saúde, como diabetes mellitus, depressão e portadores do vírus HIV

(BECHARA, 2011; GIOIA-MARTINS; MEDEIROS; HAMZEH, 2009; HELENO, 2010;

HELENO; SANTOS, 2004; SILVA FILHO; SOUZA, 2004); como instrumento diagnóstico

em pacientes de psicoterapia breve operacionalizada (PBO) (GEBARA; SIMON, 2008;

SIMON; YAMAMOTO, 2009; YOUNES, LESSA; YAMAMOTO; CONIARIC; DITZZ,

2010), entre outros.

Em revisão de literatura, Santos; Honda; Santeiro; Yoshida, (2013) verificaram que a

maior parte dos trabalhos encontrados que abordavam a eficácia adaptativa (31,5%), estava

relacionada a adoecimentos diversos, como câncer, diabetes, distúrbios do sono, depressão,

entre outros. Portanto, na área da saúde, ela tem se mostrado relevante para aferir os recursos

de pacientes frente a doenças que impõem restrições ao seu cotidiano e inclusive a suas vidas.

Com o desenvolvimento de critérios quantitativos, a EDAO oferece a possibilidade de

ser utilizada na eficácia adaptativa de indivíduos pertencentes a diferentes grupos de risco ou

não, auxiliando também o profissional na elaboração de projetos de intervenção psicológica,

principalmente os de prevenção e promoção da saúde. Com isso, valoriza-se a qualidade das

relações humanas e sua saúde, levando a uma chamada para a qualidade das ações em saúde

(HELENO et al., 2007).

1.4 TEORIA DAS RELAÇÕES OBJETAIS DE MELANIE KLEIN

O termo "relações objetais" não tem uma definição precisa e por isso existem diversos

usos do termo. Portanto, há diferentes pontos de vista teóricos, sendo que, em geral, são

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analistas britânicos cujo enfoque é o estado e o caráter dos objetos (HINSHELWOOD, 1992).

Não temos a intenção de fazer uma discussão histórica sobre os embates teóricos da

Sociedade Britânica de Psicanálise, portanto passaremos as origens do conceito das relações

objetais proposta por Melanie Klein, que será a teoria principal utilizada no presente estudo.

Klein observando a brincadeira das crianças descobriu que seus pacientes brincavam

com objetos, neste caso os seus brinquedos, e encenavam também dramas com a pessoa do

analista. "Crianças muito pequenas parecem ter sentimentos pelo objeto em si"

(HINSHELWOOD, 1992, p.321). Assim, na mente da criança existe uma relação intensa com

o objeto concebido de maneira animística1 e antropomórfica2. Ou seja, a relação da criança

com o objeto é uma fantasia com atores que participam de uma narrativa (HINSHELWOOD,

1992).

Para Melanie Klein (1946), as relações de objeto existem desde o início da vida. O

primeiro objeto, para o bebê, é o seio da mãe o qual pode ser um seio bom (gratificador,

amor) ou um seio mau (frustrador, ódio). Essa relação com o primeiro objeto vai sendo

moldada entre a introjeção e a projeção com influência de situações internas e externas. Esse

processo faz parte da construção do ego e do superego de forma ainda bem primitiva. Assim,

Klein (1946) compreende que nos primeiros meses de vida, o bebê tem essencialmente a

ansiedade vivenciada como o medo de perseguição contribuindo para mecanismos de defesa

referentes à posição esquizoparanóide. Esses mecanismos de defesa fazem parte do

desenvolvimento, mas ao mesmo tempo podem contribuir para uma futura esquizofrenia. Os

mecanismos enumerados pela autora são: cisão de objetos e de impulsos, idealização, negação

da realidade interna e externa, e abafamento de emoções.

Este período inicial (1946) foi descrito primeiramente como fase persecutória,

denominado posição paranóide, e após reflexão acerca do termo a autora decidiu combinar o

seu termo com o proposto por Fairbairn e, em 1952 usa pela primeira vez a expressão

"posição esquizoparanóide" que é utilizada para descrever esse período que precede a posição

depressiva. Assim, neste momento as defesas típicas de um ego primitivo são os mecanismos

de cisão de objetos e de impulsos, idealização, negação da realidade interna e externa, e

abafamento de emoções. Também se caracterizam vários conteúdos de ansiedade (KLEIN,

1946). O termo posição em substituição a ideia de Freud de estádio começa a ser usado por

Melanie Klein em 1935.

1 Animismo - crença em que fenômenos naturais e coisas animadas e inanimadas possuem uma alma.

2 Antropomorfismo - dar características humanas para animais ou objetos inanimados.

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Posição Esquizoparanóide

Esta posição foi descrita (1946) como um estado mental mais arcaico.

“A ansiedade persecutória se encontra com processos que ameaçam

fragmentar (e fragmentam) a mente. A gravidade dela afeta a passagem para

a posição depressiva, porque a integridade da mente é seriamente perturbada.

Os processos de cisão tipicamente conduzem à projeção de partes do self ou

do ego (identificação projetiva) para dentro de objetos, com um efeito

esvaziador sobre o self. Esse self esvaziado tem então dificuldades com a

introjeção e a identificação introjetiva”. (HINSHELWOOD, 1996, p.170)

Melanie Klein compreende que já existe um ego ao nascer, e este ego rudimentar

percebe a presença do instinto de morte, inconsciente. O que está presente neste momento é

uma angústia primária, ou seja, a presença do instinto de morte é percebida como medo do

aniquilamento. Assim, para evitar o próprio aniquilamento, o ego coloca em prática a

deflexão (fantasia inconsciente de expulsão do objeto de aniquilamento) surgindo o primeiro

objeto persecutório fora do ego (KLEIN, 1946).

Como é possível entender o Ego desta fase inicial da vida que é frágil. Diante do

instinto de morte, divide-se (Splitting = cisão, clivagem, divisão). Ao realizar a clivagem, o

ego utiliza a defusão (separação) dos instintos de vida (protetores do ego, bons) e morte

(perigosos para o ego, maus). Ou seja, manter separados o peito bom e o mau para que o

primeiro não seja destruído. Portanto, os objetos da relação esquizoparanóide são

caracterizados pela clivagem. Predominam aqui as relações com objetos baseadas pelas

fantasias. Mais dois mecanismos são utilizados pelo Ego primitivo, são a projeção e a

introjeção (KLEIN, 1946; SIMON, 1933).

Os mecanismos complementares desta posição são seis, que sempre ligam-se a

clivagem, introjeção e projeção (SIMON, 1933; HINSHELWOOD, 1996):

Negação - Está envolvida nas defesas maníacas, em particular, a negação da realidade

de alguma parte da mente ou da realidade psíquica. Está ligado a fantasia que aniquila

percepções e partes do ego. Assim, refere-se a defesa de um tipo inicial, primitivo e

tipicamente violento, no qual o ego luta contra ansiedades psicóticas pois não suporta a

realidade externa ou interna.

Idealização - Os objetos parciais e partes do ego, para não se misturarem com os

objetos maus, são divididos e mantidos como excessivamente bons. A idealização está ligada

diretamente aos mecanismos de negação e de onipotência. Um dos problemas associados, é

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que é impossível o objeto ideal permanecer perfeito, e quando ocorre a imperfeição esse

objeto passa a ser mau de forma abrupta.

Onipotência - Mecanismo de defesa primitivo que se encontra envolvido com o

rompimento das fronteiras do ego, de maneira que as experiências de separação e inveja sejam

evitadas. A qualidade da onipotência é uma das características mais importantes dos

mecanismos de defesa primitivos, pois dá origem a mudança na estrutura da mente e da

personalidade. Assim, é a capacidade do ego para manter os objetos parciais intactos e fazer

qualquer outro tipo de realização.

Abafamento de emoções - As emoções geradas pelos ataques aos objetos parciais e a

partes do ego, não podem ser sentidas, pois se realiza através deste mecanismo de defesa um

distanciamento da realidade externa e dos objetos concretos.

Identificação projetiva - Uma fantasia distanciada da consciência, que traz a crença de

que certos aspectos do self encontram-se em outros lugares, com a consequência de

esvaziamento e senso de enfraquecimento do self e da personalidade. Portanto, trata-se de

uma relação narcisista de objeto, o ego se relaciona com uma parte que parece estar fora,

localizada no objeto, mas que é parte do si mesmo. Sem esse mecanismo não haveriam

relações posteriormente mais diferenciadas. O que é partido e projetado no objeto tanto

podem ser as partes más como as boas do sujeito, dando origem a relações de amor,

confiança, formando a base para relações positivas e construtivas a ser desenvolvidas

(primeiro com o peito, depois com outros objetos até finalmente com pessoas).

Identificação introjetiva - o seio desejado é introjetado em contato físico ou em

fantasias de incorporá-lo. Assim, o indivíduo identifica-se com ele, querendo para si suas boas

qualidades. É uma função importante para a formação do ego e do superego.

Posição depressiva

A passagem da posição esquizoparanóide para a posição depressiva ocorre num

processo gradual, o qual depende da tolerância do ego à integração de objetos parciais bons e

maus, das angustias e ambivalências que o pressionam, bem como as partes do ego a estes

relacionados. Ou seja, o ego procura proteger-se de tensões e dor provocadas pela angústia, e

quando consegue lidar com elas progride em sua capacidade de amar e vence a posição

esquizoparanóide (ROSA, 1995). Assim, para que este início seja bom é necessário que exista

uma separação bem clara entre os objetos bons e maus bem como as partes do ego que se

relacionam com estes (SIMON, 1986). Mas se esta separação se mostrar confusa devido a

interferência de excessiva voracidade na relação objetal parcial, a integração do objeto total

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ficará prejudicada (KLEIN, 1957). Caso a clivagem seja boa ocorrerá uma integração

completa do objeto e se mostrarão importantes mudanças na relação do objeto.

Esta posição tem início no quarto mês e vai sendo superada durante o primeiro ano de

vida. A mudança na relação do objeto, que agora é total, coloca o ego em uma posição na qual

consegue se identificar com o objeto. Portanto, antes as ansiedades eram do tipo paranóico,

agora possui um conjunto mais completo de sentimentos ambivalentes e ansiedades

depressivas em relação ao objeto. Neste momento o bebê passa a ter medo de perder o objeto

de amor (bom) e, para além das ansiedades persecutórias começa a sentir culpa da

agressividade que tem contra o objeto, o que leva a tentativa de reparação. As defesas que se

manifestam nesse momento são as maníacas com o objetivo de aniquilar os perseguidores e

lidar com a nova experiência da culpa (KLEIN, 1935). Conforme muda a relação com o

objeto, também mudam os conteúdos de angústia e os mecanismos de defesa. Em qualquer

situação é a capacidade do ego de tolerar a angústia que vai determinar a possibilidade de

estabelecer relações com o objeto total. No desenvolvimento normal o ego tem de reconhecer

a realidade psíquica e a realidade externa até certo grau. Aqui o objeto amado é odiado ao

mesmo tempo (SIMON, 1986).

Esta posição é reativada em cada experiência de perda e nos estados depressivos,

sendo que nunca é totalmente elaborada. No entanto, a partir do momento em que a

capacidade de síntese do ego aumenta e a integração de objetos progride aos poucos a mãe

começa a ser percebida como uma pessoa total. Neste contexto as boas experiências com a

mãe e com o mundo externo fazem com que o bebe supere gradativamente as angústias

paranóides, "sua fixação libidinal pelo peito desenvolve-se em sentimentos para ela como

outra pessoa. Assim, sentimentos tanto de natureza destrutiva quanto amorosa são

experimentados por um mesmo objeto, e isto dá origem a profundos e perturbadores conflitos

na mente da criança" (KLEIN, 1948, p. 55). A condição normal da posição depressiva,

considerada como posição central do desenvolvimento da criança, depende tanto da saúde

mental quanto da capacidade de amar, é a internalização do objeto bom. Quando isto não

ocorre, verifica-se uma situação anormal constituindo a possibilidade para a depressão

(KLEIN, 1935).

As defesas mais usadas são (ROSA, 1995; SIMON, 1986; KLEIN, 1952):

Introjeção do objeto bom associado à reparação - o aumento da introjeção do objeto

bom estimula a voracidade que dá origem a angústia depressiva (medo de esvaziar o objeto

externo e interno). A identificação com o objeto atacado mantém os impulsos de reparação

levando à diminuição da agressividade. A reparação tem um papel estruturante dando início a

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relação com o objeto total. E assim, quando a reparação é adequada entende-se que as pulsões

de vida superaram as de morte.

Controle dos objetos internos e externos - evitar a frustração e frear a agressividade

para defender os objetos amados.

Clivagem do ego e do "self" - aqui a divisão é de objetos totais, os objetos vivos

(intactos) e os objetos mortos (estragados), e cada vez mais próxima dos objetos reais. Assim,

a adaptação a realidade vai sendo conquistada.

Quanto mais o ego vai se fortalecendo de forma integrada à medida que a posição

depressiva progride, mais usa tendências reparatórias, sublimação, defesas e mecanismos

obsessivos e maníacos. Klein afirma que os conteúdos da mania são apresentados como

defesa nos estados de melancolia e de aspectos da paranóia que ficam sem controle. Portanto

para escapar da dependência e da perseguição faz uso de defesas contraditórias (KLEIN,

1940; SIMON, 1986). Assim, há uma ligação entre a posição depressiva e defesas maníacas

como o sentimento de onipotência, a negação da realidade psíquica (defesa contra os

perseguidores internos e do id), negação da importância dos bons objetos e dos perigos dos

maus, domínio e controle de todos os objetos, depreciação e desprezo do objeto, e o triunfo

(KLEIN, 1940; ROSA, 1996).

1.5 QUALIDADE DE VIDA

A noção de qualidade de vida (QV) foi construída durante o percurso da humanidade,

e está comumente relacionada ao contentamento que se tem quanto à vida pessoal, amorosa,

social, ao ambiente em que se vive e relativo à própria estética existencial. Há uma grande

quantidade de significados para a QV que refletem os conhecimentos, experiências e questões

de valores individuais e coletivos construídos pela sociedade, ao levar-se em consideração a

cultura e o momento da história (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000). Sendo esta conceituação

uma tarefa complexa.

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Musschenga (1997, p.11), discute em seu artigo as origens da qualidade de vida

dizendo que:

“Originalmente, o temo 'qualidade de vida' foi usado para criticar as políticas

que visavam o crescimento econômico desordenado. Os críticos apontaram

para os efeitos devastadores a longo tempo (esgotamento de recursos) e os

efeitos colaterais (a poluição do meio) do crescimento econômico em

condições futuras de uma boa vida. Ao utilizar o temo 'qualidade de vida',

esses críticos expressaram preocupação com a qualidade das condições

externas de vida. A crença nas bênçãos do crescimento econômico fazia

parte de uma concepção de boa vida em que os valores materiais eram

centrais. Aos olhos dos que eram críticos era uma concepção pobre de boa

vida. Após a II Guerra Mundial, a influência da ideologia assistencialista e

utilitarista na política aumentou. Os objetivos da política social foram

formulados em outros termos como 'felicidade', 'bem-estar' e 'qualidade de

vida'.” (MUSSCHENGA, 1997, p.11)

A discussão deste autor torna-se importante porque desenvolve a reflexão acerca da

definição do termo suscitando novas pesquisas norteadas por essa variável.

O interesse por estudar qualidade de vida pode ser verificado nos anos 60 quando o

presidente dos Estados Unidos - Eisenhower - através da publicação da Commission on

National Goals, reflete sobre a inquietação com a qualidade de vida e bem-estar da população,

a partir de alguns indicadores sociais e ambientais (PAIS-RIBEIRO, 1998).

Com o passar do tempo observou-se a necessidade da ampliação do conceito, o que

refletiu nos indicadores, além das condições de saúde, educação, moradia, transporte lazer,

trabalho, agregaram-se à mortalidade infantil, esperança de vida, nível escolar, saneamento

básico, níveis de poluição entre outras medidas objetivas (SCATTOLIN, 2006). Contudo,

observou que esses indicadores eram insuficientes para mensurar qualidade de vida, sendo

necessário avaliar o quanto cada sujeito se percebia satisfeito ou não com sua qualidade de

vida, o que fez com que se diferenciasse das medidas objetivas, pois se considerava a

subjetividade e singularidade na avaliação da qualidade de vida.

A Organização Mundial de Saúde a partir do The Whoqol Group (1995, p.1405)

definiu Qualidade de Vida como "a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no

contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos,

expectativas, padrões e preocupações", logo a concepção da qualidade de vida esta

relacionada ao significado que o indivíduo faz da mesma.

Na literatura pertinente à área da saúde pode se observar duas tendências quanto à

conceitualização: uma mais genérica e outra relacionada à saúde. A genérica tem um conceito

mais amplo, com ausência de referência a disfunções ou agravos, já a segunda pode-se dizer,

que é mais usada com objetivos semelhantes a primeira, mas centraliza-se mais nos aspectos

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associados às doenças ou nas intervenções à saúde (SEIDL; ZANNON, 2004). Melhorar o

nível de qualidade de vida da população se configura como uma das metas mais cobiçadas nas

políticas de saúde pública (SCATTOLIN, 2006).

Portanto, inicialmente a qualidade de vida foi examinada por autores fora do campo da

saúde, em populações que não estavam sofrendo nenhuma doença. Posteriormente, qualidade

de vida passou a ser alvo de estudos na área da saúde em contextos médicos, onde recebeu a

denominação de Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (PAIS-RIBEIRO, 1998)

Nos pacientes com diabetes essa significação pode ser afetada pela morbidade que as

complicações crônicas do mau controle glicêmico ocasionam, porém deve-se levar em

consideração a adesão ao tratamento e condições socioeconômicas (JUNIOR, 2010).

Conhecer as dimensões mais afetadas da qualidade de vida, neste caso, possibilita que sejam

feitos planejamentos de ações de promoção da saúde e prevenção de complicações. No

entanto, os profissionais de saúde precisam estar atentos aos fatores médicos bem como às

variáveis psicossociais que interferem na qualidade de vida e na qualidade do tratamento. Se

estas variáveis puderem ser controladas no curso do tratamento poderá ser um contributo a

eficiência das intervenções em saúde de pacientes com DM-2 (JUNIOR; HELENO; LOPES,

2013).

Partindo do pressuposto das revoluções da saúde de Pais-Ribeiro (1998), pesquisador

português reconhecido da área de psicologia da saúde, a terceira revolução surge com a

necessidade do controle dos custos gerados pelo sistema de saúde e a avaliação de programas

em saúde para que possam atender a demanda populacional dispondo de atendimentos com

qualidade.

Ronzani e Rodrigues (2006, p.135) apontam a preocupação de que medidas do

controle de custo possam prejudicar a qualidade dos serviços. No seu trabalho de Atenção

Primária a Saúde destacam que:

“[...] é importante uma avaliação critica dos programas de APS que estão

sendo implantados, para que seus princípios da relação custo - beneficio não

se tornem a principal fonte de corte financeiro na saúde e, em consequência,

haja redução da qualidade dos serviços prestados e um “nivelamento por

baixo.” (RONZANI; RODRIGUES, 2006, p.135)

1.6 PSICOEDUCAÇÃO

O grupo psicoeducativo é de um tipo de grupo operativo, mais precisamente, o de

reflexão. Como descreve Zimerman (2000) é muito difícil fazer uma delimitação precisa entre

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grupo operativo e terapêutico pela razão de que eles tangenciam. Assim, todas as modalidades

de grupos terapêuticos funcionam de acordo com os princípios gerais dos grupos operativos,

enquanto estes, reciprocamente, exercem, de forma indireta, uma inequívoca ação terapêutica.

A expressão de grupo operativo em sua essência designa mais uma ideologia do que

uma técnica específica. Essa ideologia visa sempre um aprendizado conectado com uma

mudança psicológica (atitudes), especialmente a de aprender a aprender. Estes grupos

comportam muitas variações técnicas e táticas e, consequentemente, muitas

subdenominações, pelas razão de desenvolver a capacidade de refletir. Isto é, a capacidade

para pensar as experiências emocionais. Trata-se de um recurso educacional que disponibiliza

ao paciente uma experiência de aprendizagem verbal interativa que pode permitir uma melhor

aquisição da informação. Serve como ponto de encontro para a discussão de pontos em

comum, ou não destes pacientes (ZIMERMAN, 2000).

A psicoeducação é descrita segundo Pibernik-Okanovic; Begic; Ajdukovic;

Andrijasevic; Metelko, (2009), como uma técnica grupal baseada em dinâmicas. Esta técnica

é bastante utilizada na sistematização de informações sobre sintomas, causas, consequências,

tratamento e evolução de uma doença. Tem, usualmente, como objetivo melhorar a

compreensão das pessoas e aumentar a iniciativa diante das dificuldades de mudanças de

hábitos cotidianos. Desta forma, facilita a adesão ao tratamento pela modificação de

comportamentos de autocuidado em doenças crônicas. Desta forma, a pessoa pode se tornar

mais responsável por sua saúde.

No caso dos grupos psicoeducativos terem como finalidade a mudança de estilo de

vida, Cezaretto (2010, p.28), descreve que os objetivos podem ser:

“Informar o indivíduo sobre alimentação saudável; importância do controle

de peso corporal; QV e atividade física; como lidar com o estresse do

cotidiano. Proporcionar diálogo entre profissionais de saúde e o paciente

para esclarecimento de dúvidas e autocuidado com a sua saúde. Auxiliar

com estrategias de enfrentamento para as mudanças de hábitos, instituindo,

junto com os pacientes, metas curtas, possíveis de serem realizadas;

proporcionar um espaço terapêutico para compartilhar experiências de vida

comuns, falar das dificuldades e/ou possibilidades em relação às mudanças.”

(CEZARETTO, 2010, p.28)

Neste contexto, a Psicoeducação é uma técnica que faz uso da informação sobre a

doença para conscientizar o paciente das causas, sintomas e tratamentos da doença

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35

(CEZARETTO, 2010; COLOM; VIETA, 2004). Deste modo, o paciente passa a ter acesso às

informações fidedignas, que os auxiliam a desfazer crenças e mitos sobre a doença, assim

como, a modificação de um estilo de vida sedentário e a adesão aos tratamentos propostos

pelos profissionais da área da saúde.

Colom e Vieta (2004) apontam o sucesso que a prática psicoeducativa teve no

tratamento do transtorno bipolar, que resultou na redução de internações, o aumento do

intervalo entre recaídas, diminuição de recorrências e episódios depressivos entre os pacientes

que tiveram intervenções psicoeducativas. Ainda descrevem que a perda de conceitos pré-

estabelecidos sobre a doença e a compreensão ampla da mesma através das informações

fornecidas, permitem que os pacientes possam lidar com a doença e suas consequências, a

entendendo como sua e não só como uma doença. Logo, a participação e responsabilidade

pela doença se tornam uma grande chave para colaboração e adesão ao tratamento (COLOM;

VIETA, 2004).

Estudos apontam os benefícios que essa modalidade de intervenção oferece no que diz

respeito à crítica, à adesão ao tratamento e à diminuição na incidência de recaídas. Pollio;

North; Osborne, (2002) entrevistaram famílias de pacientes com graves distúrbios mentais

participantes de grupos psicoeducacionais que afirmaram ter havido um aumento significativo

em relação ao conhecimento sobre a doença e sobre seus sentimentos. Na avaliação de outros

autores, como Benute; Santos; Santos; Rondon; Quayle; Lucia, (2001), os grupos

psicoeducativos têm resultados favoráveis em relação ao conhecimento da patologia, à

expressão de angústias e ansiedades, às mudanças de atitudes a partir das considerações das

crenças existentes e ao autocuidado como produto da responsabilidade desenvolvida no

processo. Esses autores apontam o caráter positivo da maneira como os pacientes e/ou

familiares lidam com a doença e o tratamento.

A pesquisa de Pibernik-Okanovic et al. (2009), teve como objetivo verificar os efeitos

da intervenção psicoeducativa em pessoas com depressão e diabetes. Os resultados que

obtiveram foram que houve uma diminuição significativa nos sintomas depressivos e, no

prazo de 6 meses a um ano os níveis de hemoglobina glicada melhoraram. Conclui-se que a

intervenção psicoeducativa aparentemente é benéfica em pacientes com diabetes, no entanto,

relata-se a necessidade de mais pesquisas acerca do assunto. Outro estudo sobre os efeitos da

intervenção psicoeducativa sobre o humor e o controle glicêmico em pacientes com diabetes e

deficiência visual (TROZZOLINO; THOMSON; TANSMAN; AZEN, 2003) mostrou efeitos

positivos sobre a angustia relacionada com a diabetes. Demonstrou correlação positiva

significativa entre o controle glicêmico e a melhora na depressão. Infelizmente os estudos são

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realizados com amostras pequenas e não permitem conclusões que possam ser generalizadas

sobre os benefícios à pessoas com diabetes.

Apesar dos resultados que a psicoeducação vem apresentando, a literatura ainda carece

de estudos que evidenciem a ação das variáveis psicológicas na prática psicoeducativa. Deve-

se levar em consideração não só o papel da educação, sendo esta a transmissão de

informações, mas também as variáveis psicológicas, a partir das quais se pode de fato gerar

mudanças tal como é criticado por Heleno et al. (2007, p.190):

“A natureza humana também composta de desejos, medos e por um arsenal

defensivo para enfrentamento dos conflitos é ainda relegada a um plano

menor. O aparato psíquico – sua constituição e seu desenvolvimento – é

ainda desconsiderado [...].” (HELENO et al., 2007, p.190)

Neste contexto, pensando no DM-2, no qual são necessárias e, essenciais, mudanças

nos hábitos de vida para o adequado tratamento, a psicoeducação ganha importância ainda

maior.

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2 OBJETIVOS

Diante do exposto os objetivos da presente pesquisa são:

- Avaliar a Qualidade de Vida de pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2.

- Avaliar a dinâmica psíquica de pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2.

- Avaliar a eficácia adaptativa de pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2.

- Verificar a influência do grupo psicoeducacional nos níveis glicêmicos de pessoas

com Diabetes Mellitus tipo 2.

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3 MÉTODO

O delineamento da atual pesquisa é feito através do método clínico qualitativo. Em

uma concepção ampla este método busca:

“Interpretar sentidos e significações trazidos por indivíduos sobre múltiplos

fenômenos pertinentes ao campo do binômio saúde-doença, com o

pesquisador utilizando um quadro eclético de referenciais teóricos para a

discussão na utopia da interdisciplinaridade” (TURATO, 2013, p.242).

Minayo (1994) evidencia o estudo científico que caminha sempre em duas direções:

em uma elabora teorias, métodos princípios e resultados; em outra, inventa, comprova seu

caminho, abandona certas vias e encaminha-se para certas direções privilegiadas. Esclarece

que, ao fazer este percurso, os investigadores aceitam os critérios da historicidade, da

colaboração e, principalmente, apresentam-se com humildade para a construção do

conhecimento.

Na abordagem qualitativa o desenvolvimento de um trabalho deve considerar a relação

dinâmica entre o mundo real e o sujeito de investigação (GRUBIS; NORIEGA, 2004). O

pesquisador não está posto como um mero relator passivo, mas deve se posicionar como livre

de preconceitos teóricos e pessoais tomando uma postura aberta a todas as manifestações que

observa, possibilitando o surgimento de uma relação dinâmica entre pesquisador e

pesquisado. Os dados ocorrem em um acontecimento fluente de relações, não se dando fixos e

isolados neste contexto.

O caminho clínico-qualitativo que é escolhido nesta pesquisa é descrito por Turato

(2013) como sendo um tipo de pesquisa que o pesquisador reconhece e acolhe angústias e as

ansiedades do ser humano. O autor agrega a atitude clínica de que:

“a postura de acolhida do sofrimento existencial e emocional do indivíduo

alvo dos estudos do pesquisador, assuma por este profissional, que assim

inclina sua postura de escuta, seu olhar e suas múltiplas e interligadas

sensibilidades, que interage com seus conhecimentos teóricos da

metodologia de investigação em relação àquela pessoa a quem melhor quer

conhecer e compreender cientificamente, empreendendo de forma

sistematizada uma pesquisa dos fenômenos como percebidos por este

indivíduo, e sendo primitivamente movido pelo desejo de ajuda a quem

sofre” (TURATO, 2013, p.240).

Tratamos de um método, pelo qual, se pode conhecer e interpretar as significações

psicológicas ou psicossociais de indivíduos e grupos (TURATO, 2013). Além disto, é

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importante que o pesquisador tenha uma ação emancipatória e esteja pronto a "questionar seus

próprios pressupostos e as interpretações subsequentes de acordo com os dados, juntamente

com o modo como os resultados são recebidos" (BAUER; GASKELL, 2013, p.35). Sendo

esta ação mais importante do que a escolha da técnica para tentar, minimamente, garantir uma

maior confiabilidade nos dados.

3.1 PARTICIPANTES

Participaram desta pesquisa 14 pessoas, de ambos os sexos, maiores de idade e

diagnosticados com Diabetes Mellitus tipo 2. É importante ressaltar que todos os participantes

que foram convidados a participar desta investigação aceitaram o convite.

De acordo com a Tabela 1, são demonstrados os dados sócio-demográficos de cada um

destes participantes.

Tabela 1. Características Sócio-Demográficas dos participantes (n=14).

Caso

Clínico

Idade Sexo Estado

Civil

Tempo de

Diagnóstico

Escolaridade Religião ABIPEME

1 57 Masc. Casado 7 anos ES1 Católico B2*

2 54 Fem. Casado 9 anos ES1 Católico A2*

3 64 Fem. Casado 4 anos EM2 Católica-

Kardecista

B2*

4 59 Masc. Divorciado 11 anos ES1 Kardecista B2*

5 44 Fem. Casado 1 ano EM2 Evangélica B2*

6 68 Fem. Casado 14 anos EM2 Católica C1*

7 63 Fem. Casado 6 anos EF3 Católica B2*

8 58 Masc. Viúvo 7 meses ES1 Católico B1*

9 67 Masc. Casado 3 anos ES1 Católico A2*

10 77 Masc. Casado 12 anos ES1 Católico B1*

11 62 Masc. Casado 1 ano ES1 Católico A2*

12 66 Masc. Casado 3 anos EM2 Católico B2*

13 66 Fem. Casado 22 anos EF3 Católica B1*

14 74 Masc. Casado 3 anos EM2 Católico B2* 1Ensino Superior; 2Ensino Médio; 3Ensino Fundamental *Dados apresentados de acordo com legenda

de Mattar (1996) para classificação socioeconômica.

Os participantes têm entre 44 e 77 anos, de ambos os sexos, sendo oito (8) masculinos

e seis (6) femininos. A maioria é casado (n=12), apenas um viúvo e um divorciado. O tempo

de diagnóstico apresenta-se muito heterogênio, variando entre o menor tempo, sete (7) meses

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de diagnóstico e o maior tempo, 22 anos. A escolaridade foi considerada boa, pois sete tem

Ensino Superior Completo, cinco tem Ensino Médio Completo, e apenas dois apresentam

Ensino Fundamental Completo. A religião da maioria é Católica (n=11), sendo apenas dois

kardecistas e um Evangélico. A classificação socioeconômica mostrou que a maioria está,

principalmente, na classe B (n=10), sendo apenas um participante alocado na classe C e três

alocados na classe A, nível socioeconômico bom.

3.2 LOCAL

A pesquisa foi realizada no Programa de Atendimento ao Paciente com Diabetes

(PRAIDI) da Universidade Metodista de São Paulo. Este programa acontece desde 2011 e as

pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2 que participam recebem atendimento gratuito nas áreas

de Biomedicina, Psicologia, Educação Física, Fisioterapia e Nutrição, dentro de cada núcleo

da Policlínica da Universidade Metodista de São Paulo.

3.3 INSTRUMENTOS

Foram utilizados para a realização da pesquisa os seguintes instrumentos:

3.3.1 Escala da Associação Brasileira de Institutos de Pesquisa de Mercado

(ABIPEME)

A escala (ANEXO A) tem o objetivo de classificar a classe socioeconômica em que o

indivíduo está situado. É uma forma convencionada para classificar os consumidores segundo

sua aptidão para o consumo (MATTAR, 1996). Utiliza-se de um critério de pontuação que

visa classificar a situação socioeconômica da população; esse critério cria uma escala ou

classificação socioeconômica por intermédio da atribuição de pesos a um conjunto de itens de

conforto doméstico, além do nível de escolaridade do chefe de família (JANUZZI;

BAENINGER, 1996).

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3.3.2 Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada – EDAO

Escala criada por Ryad Simon (1989) que tem, como objetivo, avaliar a eficácia

adaptativa das pessoas (ANEXO B), através das respostas emitidas em situações – problemas,

qualificando-as em três tipos de adequação:

Adequado, quando a resposta precisa solucionar o problema que surge para o

indivíduo, bem como satisfazê-lo, sem gerar conflitos intrapsíquicos e/ou extrapsíquicos;

Pouco adequado, quando a resposta atende a apenas dois critérios – soluciona o

problema, traz satisfação, mas gera conflito, ou soluciona o problema, não traz satisfação e

não gera conflitos;

Pouquíssimo adequado, quando soluciona o problema, mas a solução não promove

satisfação e também gera conflitos;

Crise adaptativa, se o problema é vital e o sujeito não encontra solução.

Os três tipos de Adequação são identificados segundo quatro setores do

funcionamento humano, sendo eles:

Afetivo-relacional (A-R), que compreende sentimentos, atitudes e ações do sujeito em

relação a si mesmo (intrapessoal) e ao semelhante (interpessoal);

Produtividade (Pr), que compreende o conjunto de sentimentos, atitudes e ações da

pessoa em face ao trabalho, estudo ou qualquer atividade produtiva, seja de natureza artística,

filosófica ou religiosa, considerada como atividade principal no período considerado;

Sócio-cultural (S-C), que compreende o conjunto de sentimentos, atitudes e ações do

indivíduo, relativos à organização social, recursos comunitários, pressões sociais, bem como

aos valores e costumes da cultura em que vive;

Orgânico (Or), que compreende a salubridade, o estado (anatômico) e o

funcionamento (fisiológico) da totalidade do organismo da pessoa, bem como seus

sentimentos, atitudes e ações em relação ao próprio corpo, à higiene, alimentação, sono, sexo

e indumentária.

3.3.3 Teste das Relações Objetais de Phillipson (TRO)

Elaborado por Herbert Phillipson em 1955, é rico como método e técnica projetiva e

segue a Teoria das relações objetais de Melanie Klein (OCAMPO; ARZENO, 2003). Rosa

(1995) aponta que Phillipson utiliza como pressuposto básico as relações interpessoais como

núcleo das relações objetais no presente, explorando o conteúdo de realidade e o clima

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emocional que evocam na relação transferencial, dando vazão a diferentes tipos e níveis de

sentimentos. Assim, influem na conduta de um indivíduo em determinada situação: o mundo

interno das relações objetais determina as relações com o mundo externo. O teste pode

suscitar as relações de objetos inconscientes predominantes na sua interação, buscando um

equilíbrio com a realidade Portanto, seu objetivo é revelar o sistema tensional dominante

inconsciente através da identificação dos medos, desejos e defesas apresentadas frente a cada

prancha. Grassano (2012) aponta que a partir do teste projetivo, o indivíduo é capaz de

expressar a forma com que estabelece o contato com a realidade externa e interna, sendo que a

personalidade de cada um, juntamente com a sua realidade, tem influencia direta na criação de

cada história.

Este teste pode ser aplicado em sujeitos com idade superior a quatro anos. É composto

por 13 pranchas divididas em três séries: A, B e C. Cada série possui quatro pranchas sendo,

uma com um personagem, uma com dois personagens, uma com três personagens e uma com

um grupo. Além destas existe uma prancha branca. A série A possui conteúdo de realidade

difuso. A série B apresenta um contorno mais definido, é marcante o claro e o escuro das

pranchas. A série C apresenta cores (SILVA, 2005). É solicitado ao paciente que relate

histórias a partir do que vê, sendo convidado a falar sobre os personagens, sobre o que

aconteceu antes e depois naquele ambiente, sentimentos, e que, ao final de cada uma elabore

um título à história contada.

O teste pode ser compreendido a partir da análise de conteúdos manifestos e latentes, o

último, incluindo a identificação do Sistema Tensional Inconsciente Dominante - STID

(PHILLIPSON, 1965). O STDI diz sobre sentimentos (medos, angustia, sentimentos de

persecutoriedade e confusão), desejos inconscientes e mecanismos de defesa que emergem

nas histórias contadas. Para a avaliação dos conteúdos manifestos, verifica-se:

a) Conteúdo Humano (personagens e relações);

b) Conteúdo de Realidade (cenário e detalhes);

c) Contexto de Realidade (efeitos do sombreado e da cor).

Realizou-se a avaliação do TRO a partir das histórias relatadas em cada prancha.

OCampo e Arzeno (2003) apontam três aspectos manifestos de cada prancha, a partir do qual

inicia-se este processo: o conteúdo humano, o conteúdo de realidade e o contexto de

realidade. É necessário atentar-se aos aspectos relacionados à percepção da situação da

prancha, os personagens incluídos nessas histórias e a relação entre eles, e por fim, a "história

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como estrutura e como realização" (OCAMPO; ARZENO, 2003, p. 151). No que se refere à

percepção da situação da prancha, segundo as autoras é preciso avaliar o que o indivíduo

enxerga e quais aspectos ele omite, principalmente com relação à omissão de personagens.

Além disso, os detalhes principais que se apresentam e o clima emocional em que a história

está inserida, bem como aspectos que estão pouco ou muito evidenciados e quais as

percepções e elaborações que não são tão comuns são muito importantes para a avaliação do

teste.

Com relação à apercepção, é necessário atentar-se para "os significados que o sujeito

dá aos elementos do estímulo que ele selecionou para construir sua figura" (OCAMPO;

ARZENO, 2003, p. 151). No que se refere à inclusão de personagens nas histórias é

importante avaliar o tipo de pessoas que o indivíduo vê, omite ou acrescenta em suas

histórias, para além do grau de humanização e interação entre eles. Dentre outros aspectos

importantes para a avaliação, destacam-se também os meios de defesa principais que o

paciente utilizou e quais ansiedades são negadas, evidenciadas ou manejadas (OCAMPO;

ARZENO, 2003).

No momento em que o paciente produz a sua história foi importante atentar,

sobretudo, se o mesmo estava seguindo corretamente as instruções ao relatar o que aconteceu

antes, o que está acontecendo e o que acontece depois, e se ocorreu a omissão de alguma parte

e onde ocorre a omissão. Segundo Ocampo e Arzeno (2003) é de suma importância identificar

se existe ou não o conflito nas histórias contadas pelo paciente e se este apresenta uma

tentativa de resolvê-lo, e ainda, como acontece essa tentativa.

Ao observar esses pontos, realizou-se a análise do STDI por história. Na sequencia,

organizou-se os dados de cada participante em uma tabela, para desenvolver a síntese final de

cada um individualmente. Seguidamente realizou-se a análise da EDAO de cada participante,

foi feita a partir dos passos da teoria de Simon (1989; 2005) descritos anteriormente. Ao final

os dados levantados de cada paciente serão comparados entre si a fim de alcançar o objetivo

de investigar a dinâmica emocional de pacientes com Diabetes Mellitus tipo2 em grupo

psicoeducativo.

3.3.4 WHOQOL-bref.

O instrumento é uma versão abreviada do questionário (WHOQOL-100) criado pelo

World Health Organization Quality of Life (Grupo de Qualidade de Vida da Organização

Mundial) composto por 100 questões divididas em 6 domínios. Já o WHOQOL-bref

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(ANEXO C) é composto por 26 questões que avalia a qualidade de vida a partir de 4

domínios, sendo eles:

Físico: Dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, mobilidade, atividades da

vida cotidiana, dependência de medicação e tratamento e capacidade de trabalho;

Psicológico: Sentimentos positivos, pensar, aprender, memória, concentração, auto-

estima, imagem corporal e aparência, sentimentos negativos, espiritualidade, religião e

crenças pessoais.

Relações Sociais: Relações pessoais, suporte/apoio social e atividade sexual;

Meio Ambiente: Segurança física e proteção, ambiente no lar, recursos financeiros,

cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade, disponibilidade, oportunidades de

adquirir novas informações e habilidades, participação em, e oportunidades de

recreação/lazer, ambiente físico (poluição/ruído/clima/trânsito) e transporte.

Para a análise do WHOQOL-Bref., foram passadas as respostas de cada participante

para o SPSS e as análises foram feitas a partir da sintaxe disponibilizado no The Whoqol

Group (1998).

3.4 PROCEDIMENTO

O agendamento de dia e hora para a realização da entrevista dos pacientes foi feito,

somente, após a obtenção da aprovação do projeto de pesquisa junto ao Comitê de Ética da

Universidade Metodista de São Paulo sob o número 624.908 (ANEXO D). As entrevistas

realizaram-se na Policlínica da Universidade Metodista de São Paulo utilizando-se a Escala

Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada (ANEXO B) e a ABIPEME (ANEXO A). A sala na

qual foram feitas as avaliações é utilizada para atendimento clínico e contem os seguintes

itens: uma mesa retangular, duas cadeiras, uma maca de exame clínico, uma pia e um

recipiente para lixo. Antes do atendimento foi feita uma explanação sobre o Programa de

Atendimento Integrado (PRAIDI), quais seriam os procedimentos do programa e se a pessoa

gostaria de participar da pesquisa, sendo que sua não participação na pesquisa não acarretaria

prejuízo em sua participação no programa. O programa acontece a cada semestre com a

participação de um novo grupo desde o ano de 2011. As pessoas que participam recebem

atendimento nas áreas de Biomedicina, Psicologia, Educação Física, Fisioterapia e Nutrição,

dentro de cada núcleo da Policlínica da Universidade Metodista de São Paulo. O trabalho é

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realizado em grupo nas áreas de psicologia, educação física, fisioterapia e individualmente na

biomedicina e nutrição.

Em seguida foram esclarecidos os objetivos da pesquisa através da leitura do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (ANEXO E). Houve a adesão dos 14 pacientes

que participaram integralmente do programa e da pesquisa. Assim consideramos que houve

adesão de 100% na participação da pesquisa.

Após autorização dos participantes foi realizado uma entrevista preventiva (ANEXO

B) desenvolvida por Ryad Simon (1989), com ênfase no diagnóstico de diabetes e os setores

Afetivo-relacional (A-R), Produtividade (Pr), Sócio-cultural (S-C) e Orgânico (Or). Durante

o período em que os participantes realizavam as atividades do PRAIDI, foi agendado com

cada um, antecipadamente, um dia e horário para a realização do Teste das Relações Objetais

de Phillipson, bem como para as coletas de sangue a serem realizadas no início das atividades

do grupo e no final das atividades, dentro do setor próprio da Policlínica da Universidade

Metodista de São Paulo. Este procedimento foi realizado nos 14 (catorze) pacientes. Deu-se o

início do grupo psicoeducativo, que foi realizado de acordo com cronograma delimitado

previamente pela pesquisadora respeitando o procedimento elaborado pelo Laboratório Lilly,

o qual forneceu o material para que o mesmo pudesse ocorrer de forma pedagogicamente

eficaz.

Logo após o primeiro encontro do grupo os participantes realizaram a coleta de sangue

para verificação de seus níveis glicêmicos ao iniciarem a pesquisa. Em seguida a aplicação do

TRO foi agendada e realizada no espaço descrito anteriormente, de forma individual

garantindo o sigilo das informações. Posteriormente, concomitante ao grupo psicoeducativo a

pesquisadora realizou a aplicação coletiva do WHOQOL-Bref (ANEXO C), daqueles que

haviam previamente autorizado a participação. Ao término do cronograma do grupo, realizado

durante três (3) meses com 12 encontros em grupo psicoeducacional, foi finalmente agendado

o exame final de glicemia destes pacientes a ser realizado, novamente dentro do setor de

Biomedicina. Assim, após este processo foi iniciado a análise dos dados.

A análise dos dados iniciou-se com a caracterização de cada participante, a partir da

composição de um prontuário com os dados sócio-demográficos, a classificação da

ABIPEME, o TRO, a EDAO, WHOQOL-Bref, Glicemia Inicial e Final, e Nota sobre a

participação no grupo. A análise dos instrumentos foi realizada segundo o critério dos autores

de cada um dos instrumentos.

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4 RESULTADOS

Os índices glicêmicos dos participantes com Diabetes Mellitus tipo 2, obtidos a partir

de exames de sangue realizados pelo setor de Biomedicina, mostraram os seguintes índices

(Tabela 2):

Tabela 2. Índices glicêmicos dos participantes (n=14)

Caso Clínico Índices Glicêmicos

Glicemia Inicial* Glicemia Final* HbA1C** Inicial HbA1C** Final

1 171 167 7,9 12,0

2 210 140 8,74 8,43

3 148 147 8,38 9,22

4 142 92 8,46 8,09

5 110 99 5,55 6,80

6 75 88 8,89 6,30

7 95 92 4,68 6,00

8 93 97 8,40 5,48

9 114 114 4,49 6,70

10 182 149 10,16 10,10

11 103 111 8,01 6,80

12 120 121 6,84 7,66

13 118 127 8,77 10,0

14 102 95 6,54 6,50

*Glicemia considerando como valores de referência: Normal, 70 a 99 mg/dL. Pré-Diabetes,

100 a 125 mg/dL. Diabetes, superior a 126 mg/dL (ADA, 2005); **HbA1C (Hemoglobina

Glicada) considerando como valores de referência: 5,30% a 8,00%.

A amostra foi dividida em dois grupos; grupo 1 (bom controle glicêmico) e o grupo 2

(mau controle glicêmico) (Tabela 3).

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Tabela 3. Índices glicêmicos em grupos de bom e mau controle (n=14)

Glicemia em Jejum (mg/dl)

Grupo 1

Paciente Inicial Final Variação

M¹ 93,83

DP² 3,97

EP³ 1,62

Nível de significância

95%

P <0,05

Correlação de Pearson

p=0,79

4 142 92 -35,21

5 110 99 -10,00

6 75 88 17,33

7 95 92 -3,15

8 93 97 4,30

14 102 95 -6,86

Grupo 2

1 171 167 -2,33

M¹ 134,5

DP² 19,50

EP³ 6,89

2 210 140 -33,33

3 148 147 -0,67

9 114 114 0

10 182 149 -18,13

11 103 111 7,76

12 120 121 0,83

13 118 127 7,62

Hemoglobina Glicada (%)

Grupo 1

Pacientes Inicial Final Variação

M¹ 138,18

DP² 35,95

EP³ 10,84 Nível de significância

95%

P <0,05

Correlação de Pearson

p=0,48

5 5,55 6,80 22,52

6 8,89 6,30 -29,13

7 4,68 6,00 28,20

8 8,40 5,48 -34,76

9 4,49 6,70 49,22

11 8,01 6,80 -15,10

12 6,84 7,66 11,98

14 6,54 6,50 -0,61

Grupo 2

1 7,90 12,00 51,89

M¹ 138,18

DP² 35,95

EP³ 10,84

2 8,74 8,43 -3,54

3 8,38 9,22 10,02

4 8,46 8,09 -4,37

10 10,16 10,10 -0,59

13 8,70 10,00 14,02

¹Média; ²Desvio Padrão; ³Erro Padrão. Deve-se considerar em: Glicemia em Jejum o Grupo 1 - valores

até 100 mg/dL, e Grupo 2 - valores acima de 100 mg/dL; Hemoglobina Glicada o Grupo 1 - valores

até 8,0%, e Grupo 2 - valores acima de 8,0%.

Sobre os índices glicêmicos é possível verificar que ocorreu uma divisão quase que

igual entre pacientes que ao final do período de acompanhamento em grupo psicoeducativo

apresentaram um bom controle glicêmico em correspondência àqueles que apresentaram um

mau controle glicêmico durante o mesmo período. Ao verificarmos a coluna que diz variação

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é possível perceber que em Glicemia em Jejum oito (8) participantes apresentaram redução de

seus índices, mesmo alguns (n=4) não estando no grupo 1. Em Hemoglobina Glicada a

redução apareceu em sete participantes, sendo em três do grupo 2. Portanto, podemos dizer

que após os três (3) meses de intervenção foi possível verificar uma redução significativa nos

índices glicêmicos dos pacientes, mesmo que em alguns ainda não tenha sido verificado um

bom controle glicêmico.

Levando em consideração estes dados e o fato destes participantes terem frequentado

um grupo psicoeducativo e terem tido acesso às informações fidedignas, que os auxiliaram a

desfazer crenças e mitos sobre a doença, assim como, a modificar o estilo de vida sedentário e

a adesão aos tratamentos (CEZARETTO, 2010; COLOM; VIETA, 2004), permitiu que

houvesse uma melhora na qualidade do controle glicêmico. No entanto, é necessário deixar

claro que esta é uma perspectiva generalista, pois verificando caso a caso é possível ver que

em alguns pacientes os índices mostram uma variação com aumentos demonstrando um

quadro de mau controle glicêmico.

Relacionando os níveis glicêmicos com a intervenção psicoeducativa, na Tabela 4

pode-se observar as atitudes destes participantes no grupo psicoeducativo. Salvo

características e dificuldades individuais, os participantes não faltavam e, caso fosse preciso

faltar avisavam ou diretamente a psicóloga ou deixavam recados com os outros participantes.

Foi um grupo compromissado com aquele momento de aprendizado e compartilhamento. Em

geral, participaram do grupo tinham liberdade para trazer suas dificuldades. As defesas

utilizadas pelos participantes, em momentos de dificuldade, tendo em vista a gravidade da

doença e suas consequências, alguns participantes faziam piadas para suportar o que estava

sendo dito. Em outras situações, simplesmente fugiam do assunto ficando alheio ao que

estava sendo dito ou falando.

Ao final todos disseram que o grupo contribuiu de alguma forma para o seu

tratamento, para seu aprendizado ou para a sua motivação. Alguns entendem que ainda não

tiveram uma postura ativa de mudança, outros sabem que existem muitas dificuldades. No

entanto, de certa maneira todos mostraram compreender que têm a doença e que o tratamento

deve ser pensado em uma mudança geral de hábitos e atitudes.

Estudos têm apontado para os benefícios desta modalidade de intervenção que vem

oferecendo à adesão ao tratamento (POLLIO; NORTH; OSBORNE, 2002; BENUTE et al.,

2001; COLOM; VIETA, 2004; CEZARETTO, 2010; PIBERNIK-OKANOVIC et al., 2009;

TROZZOLINO et al., 2003). Os participantes desta pesquisa demonstraram que "o grupo foi

fundamental para ela começar a se preocupar consigo" (Caso Clínico 2), "O grupo contribui

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para aprender mais sobre a doença. Muita coisa para mudar" (Caso Clínico 3), "O grupo foi

importante para a motivação à mudança. Sozinha não ia conseguir" (Caso Clínico 5), "Grupo

foi motivador no tratamento" (Caso Clínico 7), "Grupo trouxe motivação para a vida e para

mudanças" (Caso Clínico 9). Trozzolino et al. (2003) pesquisou sobre o humor e o controle

glicêmico em pacientes com diabetes e deficiência visual, ele mostrou que o grupo

psicoeducativo tem efeitos positivos sobre a angustia relacionada ao diabetes, bem como a

correlação positiva entre o controle glicêmico e a melhora na depressão, dados corroborados

no presente estudo.

A presente investigação verificou nestes pacientes com diabetes que a angustia, a

ansiedade e as dúvidas puderam ser diminuídas durante o grupo. Um efeito positivo que foi

verificar a melhora na depressão e das angustias correlacionada com um controle glicêmico

adequado é o Caso Clínico 2. Neste caso, apesar da participante não ter ainda um controle

glicêmico adequado apresentou uma diminuição significativa. Considerando apenas este

melhor controle glicêmico foi evidente durante o grupo que ela pode passar de um momento

em que não era capaz de aceitar que tinha a doença para o momento em que foi capaz de

aderir ao tratamento. Relatos durante o grupo de que ela conseguia sentir-se menos

angustiada, que conseguia começar a pensar mais em si mesma, no seu auto-cuidado, além de

o fato de estar em grupo era suficiente para motivação e a continuação do tratamento. Isto vai

ao encontro do que Benute et al. (2001) apontam, que o grupo tem um caráter positivo

considerando a maneira como os pacientes e/ou familiares lidam com a doença e o tratamento.

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Tabela 4. Atitude dos participantes no grupo psicoeducativo (n=14)

Caso

Clínico Frequência Atitude Participação Auto-percepção

Nota sobre o

participante

1 Sem faltes Ativa

Sempre se posicionava.

Quando o assunto era

"pesado" ele fazia piadas.

Tentava incorporar o

aprendizado mas para ele

era difícil demais

Tirava o foco dos

demais participantes

com suas piadas.

2 Sem faltas.

Inicialmente pouco

ativa que aos poucos

tornou-se mais ativa.

Relatava experiências,

dificuldade e indignações

frente a doença.

Relata que o grupo foi

fundamental para ela

começar a se preocupar

consigo.

Quando não suportava o

assunto se desligava do

grupo ficando alheia ou

com comentários sem

contexto.

3 Duas faltas. Ativa.

Não gostava de ser

contrariada e continha-se

para não entrar em conflito.

Tornou-se mais

colaborativa.

O grupo contribui para

aprender mais sobre a

doença. Muita coisa pra

mudar. Muito ansiosa e

impaciente.

Muita dificuldade e

pouca disponibilidade

com mudanças.

4 Sem faltas. Ativa.

Mostrava-se muito

conhecedor da doença,

causando mau estar nos

demais

O grupo contribuiu muito

e já se propôs a

mudanças.

Um ar de arrogância ao

falar e pouco receptivo

aos demais integrantes.

5 Sem faltas. Ativa.

Mobilizava com as

experiências dos outros e

tentava encontrar soluções

possíveis

O grupo foi importante

para a motivação à

mudança. Sozinha não ia

conseguir.

Esforçou-se a

mudanças. Emagreceu

durante o grupo.

(Obesidade)

6 Duas faltas

justificadas. Pouco ativa.

Atenta e curiosa, mas com

pouco posicionamento.

Agradeceu e disse que

aprendeu muitas coisas

novas.

Não falou sobre si no

grupo.

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Tabela 4. Atitude dos participantes no grupo psicoeducativo (n=14) - (Continuação).

Caso Clínico Frequência Atitude Participação Auto-percepção Nota sobre o

participante

7 Sem faltas. Ativa.

Participativa. Quando

o assunto era

"pesado" tentava

achar sugestões

positivas.

Tentativas de melhora

e mudança. Grupo foi

motivador no

tratamento.

Tentava ser

motivadora aos

demais.

8 Sem faltas Pouco ativa Dificuldades de

interagir

Experiência positiva.

Aprendeu muitas

coisas

Dificuldades em

interagir. Pouco

participativo

9 Duas faltas

justificadas Ativa

Exemplos

equivocados no

grupo.

Grupo trouxe

motivação para a vida

e para mudanças

Esforço de mudança.

10 Sem faltas. Pouco ativa e pouco

participativa.

Observava e fazia

anotações.

Grupo fez se sentir

mais otimista e ficar

mais motivado a

viver.

Nos últimos 4

encontros tornou mais

ativo.

11 Sem faltas. Ativa.

Mobilizando o grupo

com humor e

descontração até nas

situações de tensão.

Agradeceu a todos do

grupo por ajudar na

sua mudança de

perspectiva.

Fugia dos assuntos

mais difíceis com

humor.

12 Duas faltas

justificadas. Ativa.

Expressava-se em

grupo apenas com

piadas e desviava a

atenção.

Agradeceu e disse

que pode começar a

pensar em mudanças.

Não foi participativo

e resistente a

mudanças.

13 Duas faltas

justificadas. Pouco ativa.

Atenta observando de

forma curiosa o

grupo. Não

verbalizava muito

Agradeceu a

oportunidade de

participação. Fez

amizades e aprendeu

muitas coisas novas.

Participava com

sorrisos e afirmações

com a cabeça

14 Sem faltas

Pouco ativa. No

último mês mais

ativa.

Observava de forma

atenta o que as

pessoas falavam.

Ao final do grupo

relatou poucas coisas

a respeito de

mudanças.

Expressava-se pouco

e se posicionava

pouco a respeito das

informações.

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52

O grupo pode ser apenas o início da adesão do paciente com Diabetes. Um disparador

para o conhecimento, para a aceitação da doença, para poder lidar com o luto pelo corpo

saudável como é descrito por Heleno (2001, p.91):

O modo como ele enfrenta esta nova situação, se é capaz ou não de suportar

a vivência dolorosa da doença e suas consequências e elaborar o luto, pode

determinar a aderência ou não do tratamento. O paciente diabético enfrenta

um tipo especial de luto em função de sucessivas perdas, reais ou

fantasiosas.

O apoio que o grupo foi capaz de oferecer deve levar em consideração não só o papel

da educação, mas também o papel das variáveis psicológicas, a partir das quais pode-se, de

fato, gerar mudanças, tal como Heleno et al., (2007, p.190) comentam:

“A natureza humana também composta de desejos, medos e por um arsenal

defensivo para enfrentamento dos conflitos é ainda relegada a um plano

menor. O aparato psíquico – sua constituição e seu desenvolvimento – é

ainda desconsiderado [...].” (HELENO et al., 2007, p.190)

Neste contexto, o grupo quando desenvolvido por um psicólogo considera também

estas variáveis, tendo para este um ganho adicional para além de apenas a educação em DM-

2. Assim, a psicoeducação ganha importância ainda maior.

Ao pensar no paciente com Diabetes, não é possível dissociar a qualidade de vida

deste paciente, já que esta é uma doença crônica e envolve uma mudança nos hábitos para

adequar o tratamento. Esta mudança influencia diretamente na qualidade de vida desta pessoa.

Portanto, avaliamos através do Whoqol-Bref a Qualidade de Vida dos participantes, e o

resultado segue na Tabela 5.

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Tabela 5. Qualidade de Vida dos participantes (n=14)

Caso Clínico WHOQOL - Bref (%)

Físico Psicológico Social Ambiental

1 94,29 93,33 80,00 75,00

2 54,29 56,67 60,00 67,50

3 65,71 66,67 66,67 75,00

4 65,71 63,33 46,67 70,00

5 57,14 60,00 80,00 65,00

6 62,86 70,00 73,33 62,50

7 80,00 83,33 100,00 80,00

8 91,43 90,00 66,67 77,50

9 80,00 76,67 66,67 77,50

10 74,29 90,00 100,00 92,50

11 85,71 83,33 73,33 80,00

12 80,00 83,33 86,67 75,00

13 71,43 66,67 80,00 62,50

14 74,29 73,33 80,00 67,50

São apresentados, na tabela acima, os valores de Qualidade de Vida considerando os

quatro domínios do Whoqol-Bref. Em uma visão geral os resultados dos domínios são altos.

Ao considerar o Domínio Físico, o valor foi de 54,29%. No entanto, a maioria são valores

acima de 70%. Verificando que os participantes desta investigação são pessoas com DM-2,

estes valores são considerados altos. No Domínio Psicológico, Social e Ambiental acontece o

mesmo. Estes resultados não eram os previstos, pois como descrito por Junior (2010), a

significação de Qualidade de Vida em pacientes com diabetes pode ser afetada pela

morbidade que as complicações crônicas do mau controle glicêmico ocasionam, porém deve-

se levar em consideração, também, a adesão ao tratamento e as condições socioeconômicas.

No caso desta pesquisa as pessoas com diabetes, como apresentado anteriormente, tem

inicialmente um mau controle glicêmico que ao decorrer do grupo, em alguns casos foi

possível verificar a melhora, mas não é possível afirmar que estes tiveram uma adesão de fato

ao tratamento, não justificando assim os valores tão bons da Qualidade de Vida destes.

Considera-se que conhecer as dimensões mais afetadas da Qualidade de Vida

possibilita que sejam feitos planejamentos de ações de promoção da saúde e prevenção de

complicações (JUNIOR et al., 2013). No entanto, considerando a discrepância dos resultados

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54

do Whoqol-Bref nesta pesquisa é possível afirmar que o instrumento por si não é capaz de

oferecer sempre uma visão real de pessoas com diabetes. Junior et al. (2013), colaboram neste

sentido quando afirmam que os profissionais de saúde precisam estar atentos aos fatores

médicos bem como às variáveis psicossociais que interferem na qualidade de vida e na

qualidade do tratamento. Se estas variáveis puderem ser controladas no curso do tratamento

poderá ser um contributo a eficiência das intervenções em saúde de pacientes com DM-2.

Assim, o instrumento por si só não pode ser considerado como único parâmetro de

compreensão da qualidade de vida.

No caso dos resultados desta pesquisa em específico, o que podemos considerar como

causa de resultados altos é o fato destes participantes estarem em negação de fatos de suas

vidas, como por exemplo, negarem que eles tem uma doença crônica. Na pesquisa de Péres;

Santos; Zanetti; Ferronato, (2007) que teve como objetivo identificar as dificuldades dos

pacientes diabéticos em relação ao tratamento para o controle da doença constatou-se em 24

pacientes que as dificuldades relacionadas ao seguimento da doença são: rejeição e negação

da condição de doente, sofrimento e revolta devido às restrições impostas pela alimentação,

atividade física e medicamento. E no caso da presente pesquisa os resultados seguem esta

mesma linha de sentimentos negativos em relação às mudanças necessárias, devido o

tratamento e por isto a condição de negação do fato de estar doente. Negar torna-se mais

confortável do que realizar tantas abdicações ao tratamento, e possivelmente esta negação

torna-se tão evidente que os resultados da Qualidade de Vida, em muitos casos acima, podem

aparentar pessoas que não tem uma doença crônica ou que tem um controle eficaz da doença.

Salientamos, portanto, que esta não é a realidade destas pessoas.

É importante, como relata Péres et al. (2007), conhecer e compreender de forma mais

profunda as experiências vividas pelo paciente com diabetes, já que este atribui a estas

experiências vividas com a doença um sentido que se relaciona com o seu modo de existir. É

de tamanha importância avaliar o paciente do ponto de vista psicológico e com instrumentos

que assim o realizem adequadamente. Portanto, na Tabela 6 expõem-se os resultados obtidos

pela Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada.

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Tabela 6. Classificação Diagnóstica da Escala Adaptativa Operacionalizada (EDAO)

Caso

Clínico A-R1 Pr2 Or3 S-C4 Diagnóstico5

1 Pouco Pouco Pouco Adequado Ineficaz Moderada

2 Pouco Pouquíssimo Pouquíssimo Pouco Ineficaz Severa

3 Pouquíssimo Pouco Pouco Pouco Ineficaz Severa

4 Pouco Pouquíssimo Pouco Pouquíssimo Ineficaz Severa

5 Pouco Pouquíssimo Pouquíssimo Pouco Ineficaz Severa

6 Pouco Adequado Pouquíssimo Adequado Ineficaz Leve

7 Adequado Pouco Pouco Adequado Ineficaz Leve

8 Pouquíssimo Pouco Pouco Pouco Ineficaz Severa

9 Pouco Pouco Pouquíssimo Pouco Ineficaz Moderada

10 Pouquíssimo Pouquíssimo Pouco Pouquíssimo Ineficaz Grave

11 Pouco Pouco Pouquíssimo Pouco Ineficaz Moderada

12 Pouco Pouco Pouquíssimo Pouco Ineficaz Moderada

13 Pouco Pouco Pouquíssimo Pouquíssimo Ineficaz Moderada

14 Pouco Pouco Pouco Adequado Ineficaz Moderada

1Setor Afetivo-Relacional; 2Setor Produtivo; 3Setor Orgânico; 4Setor Sócio Cultural; 5Diagnóstico

Adaptativo Operacionalizado

A adequação da adaptação é um conceito que avalia os modos ou a qualidade da

adaptação. Essa adaptação é definida como um “conjunto de respostas de um organismo vivo,

em vários momentos, as situações que o modificam, permitindo a manutenção de sua

organização (por mínima que seja) compatível com a vida (...), sendo não-adaptado sinônimo

de morto” (SIMON, 1989, p.14). Sendo assim, para manter a adaptação o indivíduo precisa

encontrar soluções diante dos problemas que a vida lhe coloca. Através da análise do conjunto

de respostas, que permite a avaliação da adequação da adaptação, torna possível avaliar o

passado, presente e prognóstico provável sobre o futuro. Na tabela acima, é possível verificar

que os pacientes estão com Diagnóstico de Adaptação Ineficaz Moderado e Ineficaz Severo.

Apenas um apresenta Diagnóstico de Adaptação Ineficaz Grave e, dois, Diagnóstico de

Adaptação Ineficaz Leve. É importante ressaltar que os participantes que apresentam o

Diagnostico de Adaptação Ineficaz Moderado estão tendendo a uma Adaptação Ineficaz

Severa, devido ao quadro geral estabelecido destes participantes.

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56

A maioria dos casos apresenta a Classificação Diagnóstica de Adaptação, ou tendência

a, Ineficaz Severa, significando que estes apresentam alguns sintomas neuróticos mais

limitadores, inibições restritivas, rigidez de traços caracterológicos (SIMON, 2005).

Considerando que estes são pacientes com Diabetes vale a pena ressaltar que no Setor

Orgânico as respostas foram consideradas Pouco (n=6) ou Pouquíssimo (n=8) adequadas.

Vale ressaltar que esta avaliação foi realizada antes de iniciar o grupo psicoeducativo,

portanto, é uma avaliação do paciente sem intervenção.

Para compreender melhor a dinâmica psíquica destes pacientes e considerar os demais

dados de forma completa na Tabela 7 demonstram-se os resultados do Sistema Tensional

Inconsciente Dominante. Os mecanismos de defesa utilizados pelos participantes foram

identificação projetiva, identificação projetiva maciça, identificação projetiva patológica,

estado confusional, idealização, negação, negação maníaca, alucinação positiva, alucinação

negativa, reparação maníaca, tendência a idealização, idealização, racionalização, controle

obsessivo, paralisação, cisão, dissociação, formação reativa, escotomização e tendência a

confusão.

Nas pranchas de um personagem os medos são: da solidão, do contato com o mundo

interno, dos maus objetos internos, do conflito, da perda do objeto bom, da morte, do

abandono, do ataque ao objeto bom, do desamparo. Portanto, os desejos são: evitar a solidão,

evitar o contato com o mundo interno, de suportar a solidão, de entrar em contato com o

mundo interno, de evitar o contato com a realidade aterrorizante, manter o objeto bom, evitar

a morte, sair do abandono/solidão, aplacar os ataques, ser amparado, evitar o abandono.

Nas pranchas de dois personagens os medos são: do par unido, de ameaças ao par, da

perda, da relação adulta, do objeto destruído, do ataque ao par, da morte/perda, aniquilamento

do par, destruição do ego, do abandono, de estabelecer vínculos. Portanto, os desejos são: de

separar o par, manter o par, evitar a perda, de estabelecer vínculos mais primitivos, evitar os

ataques ao par, evitar a destruição do objeto, manter o par unido, evitar a morte/perda, evitar

que o par seja aniquilado, evitar o contato com o par, evitar a destruição, evitar a solidão, ser

amparado, estabelecer um par perfeito no céu, lidar com a morte/perda.

Nas pranchas de três personagens os medos são: não suportar a exclusão, de ser

excluído, do conflito na relação triangular, da exclusão, dos ataques ao par, da solidão, da

destruição da cena primária (édipo), da morte/perda, do ataque ao self, do abandono, dos

ataques destrutivos. Portanto, os desejos são: manter a união, evitar a exclusão, de ser

incluído, evitar os ataques destrutivos, não ser atacado, evitar a solidão, manter o par unido,

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57

incluir, evitar a destruição, manter unido/vivo, evitar ataques ao par eliminando o outro, evitar

o conflito na relação triangular, destruir o par.

Nas pranchas de grupo os medos são: entrar em contato com a morte/perda, dos

impulsos destrutivos, da exclusão, da perda/fragmentação, da perda do controle egóico, da

morte, dos impulsos destrutivos do id, dos ataques destrutivos do ego, dos ataques destrutivos

do id, do abandono, da solidão. Portanto, os desejos são: evitar a perda/fragmentação, conter

os ataques, evitar a exclusão, negar a morte, manter o equilíbrio psíquico, evitar a

morte/solidão, dos ataques ao ego, ser incluído, evitar a destruição do ego, evitar os ataques

ao id, manter incluso, evitar sofrimento causado pela a perda, evitar a perda do controle

egóico, atenuar os impulsos.

Exposto este quadro é possível caracterizar, principalmente, a posição

esquizoparanóide, alguns participantes apresentam a variação entre a posição viscocárica e

outros com tendência a posição depressiva, a qual nenhum atinge.

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58

Tabela 7. Sistema Tensional Inconsciente Dominante dos participantes (n=14)

Caso clínico Medos Desejos Defesas Síntese

1

P1P1 Da solidão e do contato

com o mundo interno.

Evitar a solidão e o

contato com o mundo

interno.

Identificação projetiva, estado

confusional, idealização,

negação e alucinação positiva.

O ego não suporta a solidão e o

contato com o mundo interno.

P2P2

Do par unido; De

ameaças ao par; Da

perda.

De separar o par;

Manter o par; Evitar a

perda.

Identificação projetiva,

alucinação positiva, reparação

maníaca, tendência a

idealização, negação,

racionalização.

A situação de par, de ameaça ao par e

da perda não pode ser suportada.

P3P3

Não suportar a

exclusão; De ser

excluído.

Evitar a exclusão.

Identificação positiva,

alucinação negativa, controle

obsessivo, negação e

idealização.

A situação de exclusão e de ser

excluído não é suportada pelo ego,

portanto, tenta evitar a exclusão.

PG4

Entrar em contato com a

morte/perda; Dos

impulsos destrutivos;

Da exclusão.

Evitar a morte/perda;

Atenuar os impulsos;

Poder incluir-se.

Identificação projetiva, estado

confusional, negação maníaca,

idealização e tendência a

idealização.

As situações de contato com a

morte/perda, dos impulsos destrutivos

e da exclusão são evitados.

2

P1P1

Da solidão; De entrar

em contato com o

mundo interno; Dos

maus objetos internos.

Suportar a solidão; De

entrar em contato com o

mundo interno; Evitar o

contato com a realidade

aterrorizante.

Identificação projetiva,

racionalização, controle

obsessivo, negação e alucinação

negativa.

O ego não suporta a solidão, o contato

com o mundo interno e com os maus

objetos internos.

P2P2

Medo da relação adulta

de par; Manter o par;

Do objeto destruído.

Desejo de estabelecer

vínculos mais

primitivos; Evitar os

ataques ao par; Evitar a

destruição do objeto.

Identificação projetiva,

idealização, negação e tendência

a idealização.

O ego não suporta a relação adulta de

par, manter o par e o objeto destruído.

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59

Tabela 7. Sistema Tensional Inconsciente Dominante dos participantes (n=14) - (Continuação)

Caso clínico Medos Desejos Defesas Síntese

2

P3P3 Do conflito na relação

triangular; Da exclusão.

Evitar o conflito na

relação triangular;

Destruir o par; Evitar a

exclusão.

Identificação projetiva, negação,

controle obsessivo, estado

confusional e paralisação.

A situação de conflito na relação

triangular e de exclusão não é

suportada, portanto tenta evitá-las

e destruir o par.

PG4

Da

perda/fragmentação;

Da perda do controle

egóico; Da exclusão.

Evitar a

perda/fragmentação;

Evitar a perda do

controle egóico; Evitar a

exclusão.

Identificação projetiva, negação,

estado confusional, paralisação e

tendência a idealização.

A situação de

perda/fragmentação, de perda do

controle egóico e da exclusão não

são suportadas, portanto, tenta

evitá-las.

3

P1P1

Da solidão; Do

conflito, da perda do

objeto bom.

Evitar a solidão; Manter

o objeto bom.

Identificação projetiva maciça,

alucinação positiva, identificação

projetiva, alucinação negativa e

negação.

As situações de solidão, de

conflito e de perda do objeto bom

não são suportadas pelo ego que

tenta evitá-las e manter o objeto

bom.

P2P2 Do ataque ao par; Da

morte/perda.

Manter o par unido;

Evitar a morte/perda.

Identificação projetiva,

idealização, negação, tendência a

idealização e cisão.

O ego não suporta o ataque ao par

e a morte/perda, portanto, tenta

manter o par unido e evitar a

morte/perda.

P3P3 Dos ataques ao par; Da

exclusão; Da solidão.

Evitar o ataque ao par

eliminando o outro;

Evitar a exclusão e a

solidão.

Identificação projetiva, negação,

idealização e racionalização.

As situações de ataques ao par, de

exclusão e de solidão não são

suportadas pelo ego, que tenta

evitá-las.

PG4

Da perda, da morte;

Dos impulsos

destrutivos do id; Da

exclusão.

Evitar o sofrimento

causado pela a perda;

Evitar os ataques; Evitar

a exclusão.

Identificação projetiva, cisão,

dissociação, estado confusional,

racionalização, identificação

projetiva maciça e formação

reativa.

As situações de perda, de morte,

da exclusão e dos impulsos

destrutivos do id não são

suportadas pelo ego que tenta

evitá-las.

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60

Tabela 7. Sistema Tensional Inconsciente Dominante dos participantes (n=14) - (Continuação)

Caso clínico Medos Desejos Defesas Síntese

4

P1P1

Perda; Medo da solidão,

dos maus objetos

internos

Superar a perda; Evitar

a solidão

Identificação projetiva,

racionalização, identificação

projetiva maciça, alucinação

positiva

As situações de perda, de solidão e

dos mais objetos internos não são

suportadas pelo ego que tenta superar

a perda e evitar a solidão.

P2P2 Do ataque ao par; Da

perda/morte.

Manter o par unido;

Evitar os ataques ao

par; Evitar a

perda/morte.

Identificação projetiva, estado

confusional, tendência a

idealização, paralisação, culpa

persecutória, negação.

As situações de ataque ao par e de

perda/morte não são suportadas pelo

ego que tenta evitá-las e manter o par

unido.

P3P3 De ser excluído; Da

exclusão. Evitar a exclusão.

Identificação projetiva, controle

obsessivo, estado confusional,

negação, identificação projetiva

maciça, paralisação

As situações de ser excluído e de

exclusão não são suportadas pelo ego

que tenta evitá-las.

PG4

Luto/perda; Dos ataques

destrutivos ao ego; Da

solidão.

Evitar a perda; Evitar os

ataques; Evitar a

solidão.

Identificação projetiva, estado

confusional, dissociação,

tendência a idealização

As situações de luto/perda, de ataques

destrutivos ao ego e de solidão não

são suportadas pelo ego que tenta

evitá-los.

5

P1P1 Da solidão; Da perda;

Do amparo.

Evitar a solidão; Evitar

a perda; Evitar o

desamparo

Identificação projetiva, estado

confusional, negação maníaca,

alucinação positiva, negação,

alucinação negativa.

As situações de solidão, perda e

amparo não são suportadas pelo ego

que tenta evitar a solidão, a perda e o

desamparo.

P2P2 Do ataque ao par; Da

perda.

Manter o par unido;

Evitar a perda.

Identificação projetiva, estado

confusional, tendência a

idealização, alucinação

negativa.

As situações de ataque ao par e perda

não são suportadas pelo ego que tenta

manter o par unido e evitar a perda.

P3P3 Da exclusão;

Desamparo; Perda.

Evitar a exclusão; Ser

amparado; Manter-se

unido.

Identificação projetiva maciça,

estado confusional, alucinação

positiva, identificação projetiva,

racionalização.

As situações de exclusão, desamparo

e perda não são suportadas pelo ego

que tenta evitar a exclusão, ser

amparado e manter-se unido.

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61

Tabela 7. Sistema Tensional Inconsciente Dominante dos participantes (n=14) - (Continuação)

Caso clínico Medos Desejos Defesas Síntese

5 PG4

Da perda; Dos ataques

ao ego; Da

solidão/exclusão.

Evitar a perda; Evitar os

ataques; Evitar a

solidão/exclusão.

Identificação projetiva, negação,

estado confusional,

racionalização.

As situações de perda, ataques ao ego

e solidão/exclusão não são suportadas

pelo ego que tenta evitar a perda, os

ataques e a solidão/exclusão.

6

P1P1 Da solidão; Do

abandono

Evitar a solidão;

Suportar a solidão;

Lidar com o abandono,

com a solidão.

Identificação projetiva,

depreciação, controle,

onipotente, mania, identificação

projetiva maciça, cisão, negação

maníaca, controle obsessivo,

negação, alucinação negativa.

As situações de solidão e abandono

não são suportadas pelo ego que tenta

evitar a solidão, suportar a solidão,

lidar com o abandono e com a solidão.

P2P2 Do aniquilamento do

par; Da morte

Manter o par idealizado

unido; Poder lidar com

a morte

Identificação projetiva, negação,

depreciação, onipotência,

tendência a negação maníaca

As situações de aniquilamento do par

e de morte não são suportadas pelo

ego que tenta manter o par idealizado

unido e lidar com a morte.

P3P3 Da perda/morte; Do

ataque ao par;

Evitar a perda/morte;

Manter o par unido;

Identificação projetiva,

alucinação positiva, controle

obsessivo, onipotência, controle

maníaco (mania)

As situações de perda/morte e de

ataque ao par não são suportadas pelo

ego que tenta evitar a perda/morte e

manter o par unido.

PG4 Da perda/Morte

Poder lidar com a

perda/morte; Evitar a

morte/perda

Identificação projetiva, controle

obsessivo (mania), onipotência,

depreciação, alucinação negativa

As situações de perda/morte não são

suportadas pelo ego que tenta lidar

com a perda/morte, e evitar a

perda/morte.

7

P1P1 Da solidão Evitar a solidão

Identificação projetiva,

alucinação positiva, tendência a

idealização, alucinação negativa.

As situações de solidão não são

suportadas pelo ego, portanto, tenta

evitar a solidão.

P2P2 Do ataque ao par; Da

morte/perda.

Evitar o ataque ao par;

Manter o par unido;

Reparar a morte/perda.

Identificação projetiva,

idealização, tendência a

idealização, negação, negação

maníaca

As situações de ataque ao par e de

morte/perda não são suportadas pelo

ego que tenta evitar o ataque ao par,

manter o par unido e reparar a

morte/perda.

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Tabela 7. Sistema Tensional Inconsciente Dominante dos participantes (n=14) - (Continuação)

Caso clínico Medos Desejos Defesas Síntese

7

P3P3 Do ataque ao par; Da

exclusão/abandono

Manter o par unido;

Evitar a

exclusão/abandono

Identificação projetiva maciça,

alucinação negativa, estado

confusional, tendência a

idealização

As situações de ataque ao par e de

exclusão/abandono não são suportadas

pelo ego que tenta evitar a

exclusão/abandono e manter o par

unido.

PG4

Da morte/perda; Dos

ataques destrutivos do

id; Da

exclusão/abandono

Evitar a morte/perda;

Evitar os ataques; Evitar

a exclusão/abandono

Identificação projetiva, estado

confusional, tendência a

idealização, negação maníaca e

racionalização.

As situações de morte/perda, de

ataques destrutivos do id e da

exclusão/abandono não são suportadas

pelo ego que tenta evitá-las.

8

P1P1 Da solidão Evitar a solidão

Identificação projetiva, estado

confusional, paralisação e

controle obsessivo.

A situação de solidão não é suportada

pelo ego, portanto, tenta evitar a

solidão.

P2P2

Aniquilamento do par;

Dos ataques ao par; Da

morte.

Evitar que o par seja

aniquilado; Evitar o

ataque ao par; Evitar a

morte.

Identificação projetiva,

paralisação, estado confusional e

racionalização.

As situações de aniquilamento do par,

de ataques ao par e da morte não são

suportadas pelo ego que tenta evitá-las

P3P3

Da destruição na cena

primária (édipo); Medo

da morte/perda; Da

exclusão.

Evitar a destruição;

Manter unido/vivo;

Evitar a exclusão.

Identificação projetiva, controle

obsessivo, estado confusional,

paralisação.

A situação na cena primária (édipo),

da morte/perda e da exclusão não são

suportadas pelo ego que tenta evitar a

destruição, manter unido/vivo e evitar

a exclusão.

PG4

Da perda; Dos ataques

destrutivos ao ego; Da

exclusão.

Evitar a perda; Evitar o

ataque; Evitar a

exclusão.

Identificação projetiva, estado

confusional, paralisação e

racionalização.

As situações de perda, de exclusão e

de ataques destrutivos do ego não são

suportadas pelo ego que tenta evitá-

las.

9 P1P1 Da solidão. Livrar-se da solidão;

Evitar a solidão.

Identificação projetiva

patológica, Escotomização,

estado confusional, identificação

projetiva, racionalização,

negação, alucinação positiva e

alucinação negativa.

A situação de solidão não é suportada

pelo ego, portanto, tenta evitar a

solidão e livrar-se da solidão.

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63

Tabela 7. Sistema Tensional Inconsciente Dominante dos participantes (n=14) - (Continuação)

Caso clínico Medos Desejos Defesas Síntese

9

P2P2

Da união do par; Do

ataque ao par; Da morte.

Evitar o contado com o

par; Evitar o ataque ao

par; Evitar a morte.

Identificação projetiva

patológica, estado confusional,

escotomização, identificação

projetiva, negação e

racionalização.

A situação de união do par, de ataque

ao par e de morte não são suportadas

pelo ego que tenta evitá-las.

P3P3 Da exclusão; Do ataque

ao par.

Evitar a exclusão;

Manter o par unido;

Incluir.

Identificação projetiva

patológica, estado confusional,

escotomização, racionalização,

identificação projetiva e

racionalização.

A situação de exclusão e de ataque ao

par não são suportadas pelo ego que

tenta evitar a exclusão, manter o par o

unido e incluir.

PG4

Da perda; Dos ataques

destrutivos do id; Da

exclusão.

Evitar a perda; Evitar os

ataques do id; Manter

incluso.

Identificação projetiva, estado

confusional, negação e

racionalização.

A situação de perda, dos ataques

destrutivos do id e da exclusão não

são suportadas pelo ego que tenta

evitá-las e manter incluso.

10

P1P1

Da morte; Do

abandono/solidão; Da

solidão.

Evitar a morte; Sair do

abandono/solidão;

Evitar a solidão.

Identificação projetiva, estado

confusional, paralisação,

identificação projetiva maciça,

tendência a idealização.

As situações de morte, de

abandono/solidão não são suportadas

pelo ego que tenta evitá-las e sair do

abandono/solidão.

P2P2 Do ataque ao par;

Destruição do ego.

Manter o par unido;

Evitar a destruição.

Identificação projetiva, estado

confusional, racionalização,

tendência a confusão,

idealização e alucinação

negativa e tendência a

idealização.

As situações de ataque ao par e

destruição do ego não são suportadas

pelo ego que tenta manter o par unido

e evitar a destruição.

P3P3 Da exclusão; Do ataque

ao self; Da solidão.

Evitar a exclusão; Não

ser atacado; Evitar a

solidão.

Identificação projetiva maciça,

alucinação negativa, negação,

maníaca, paralisação,

identificação projetiva, estado

confusional e idealização.

As situações de exclusão, de ataque ao

self e de solidão não são suportadas

pelo ego que tenta evitar a exclusão e

a solidão, e não ser atacado.

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64

Tabela 7. Sistema Tensional Inconsciente Dominante dos participantes (n=14) - (Continuação)

Caso clínico Medos Desejos Defesas Síntese

10 PG4

Da perda; Dos impulsos

destrutivos do id; Da

exclusão.

Evitar a perda; Evitar a

destruição do ego;

Evitar a exclusão.

Identificação projetiva, negação,

tendência a idealização e estado

confusional.

As situações de perda, de impulsos

destrutivos do id e da exclusão não

são suportadas pelo ego que tenta

evitá-las

11

P1P1 Da solidão; Da morte.

Evitar a solidão; Evitar

a morte.

Identificação projetiva,

alucinação positiva, estado

confusional, idealização e

racionalização.

As situações de solidão e morte não

são suportadas pelo ego que tenta

evitá-las.

P2P2 Do ataque ao par; Do

abandono.

Manter o par unido;

Manter a união.

Identificação projetiva,

racionalização, tendência à

idealização e negação.

As situações de ataque ao par e do

abandono não são suportadas pelo ego

que tenta manter o par unido e a união

P3P3 Da exclusão/abandono;

Dos ataques destrutivos

Evitar a exclusão; Evitar

os ataques destrutivos;

Manter a união.

Identificação projetiva, controle

obsessivo, idealização

As situações de exclusão/abandono,

dos ataques destrutivos não são

suportadas pelo ego que tenta evitá-las

e manter a união.

PG4 Da perda; Da

exclusão/abandono

Evitar a perda; Ser

incluído

Identificação projetiva,

racionalização

As situações de perda e de

exclusão/abandono não são suportadas

pelo ego que tenta evitar a perda e ser

incluído.

12

P1P1

Do ataque ao objeto

bom; Da

solidão/desamparo

Aplacar os ataques; Ser

amparado, evitar a

solidão.

Identificação projetiva,

idealização, identificação

projetiva maciça, negação

maníaca e alucinação negativa.

As situações de ataque ao objeto bom,

e da solidão/desamparo não são

suportadas pelo ego que tenta aplacar

os ataques, ser amparado e evitar a

solidão.

P2P2 Do ataque ao par; Do

abandono.

Manter o par unido;

Evitar a solidão; Ser

amparado.

Identificação projetiva,

idealização e racionalização.

As situações de ataque ao par e de

abandono não são suportadas pelo ego

que tenta manter o par unido, evitar a

solidão e ser amparado.

P3P3 Da exclusão De ser incluído; Evitar a

exclusão

Identificação projetiva,

alucinação positiva, estado

confusional e idealização

As situação de evitar a exclusão não é

suportadas pelo ego que tenta ser

incluído e evitar a exclusão.

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Tabela 7. Sistema Tensional Inconsciente Dominante dos participantes (n=14) - (Continuação)

Caso clínico Medos Desejos Defesas Síntese

12 PG4 Da perda; Da exclusão.

Evitar a perda; Dos

ataques ao ego; Evitar a

exclusão.

Identificação projetiva maciça,

negação maníaca, identificação

projetiva, estado confusional,

controle obsessivo e idealização.

As situações de perda e de exclusão

não são suportadas pelo ego que tenta

evitá-las.

13

P1P1 Da solidão/morte. Evitar a solidão e morte.

Identificação projetiva, negação

maníaca, alucinação positiva,

estado maníaco e estado

confusional.

As situações de solidão/morte não são

suportadas pelo ego que tenta evitar a

solidão e a morte.

P2P2

Do ataque ao par; De

estabelecer vínculos; Da

morte/perda.

Estabelecer um par

perfeito no céu; Manter

a união; Lidar com a

morte/perda.

Identificação projetiva, negação

maníaca, tendência a idealização

e racionalização.

As situações de ataque ao par, de

estabelecer vínculos e da morte/perda

não são suportadas pelo ego que tenta

estabelecer um par perfeito no céu,

manter a união e lidar com a

morte/perda.

P3P3 Da exclusão. Evitar a exclusão.

Identificação projetiva, negação

maníaca, alucinação negativa e

estado confusional.

A situação de exclusão não é

suportadas pelo ego que tenta evitar a

exclusão.

PG4 Da morte/solidão; Da

desintegração egóica.

Negar a morte; Manter

o equilíbrio psíquico;

Evitar a morte/solidão.

Identificação projetiva,

alucinação negativa, negação

maníaca e

estado confusional.

A situação de morte/solidão e de

desintegração egóica não são

suportadas pelo ego que tenta negar a

morte, manter o equilíbrio psíquico e

evitar a morte/solidão.

14

P1P1 Da solidão; Do

abandono.

Evitar a solidão; Evitar

o abandono.

Identificação projetiva,

racionalização, alucinação

positiva e estado confusional.

As situações de solidão e de abandono

não são suportadas pelo ego que tenta

evitá-las.

P2P2 Ataque ao par; Da

perda/morte.

Manter o par unido;

Evitar os ataques ao par;

Evitar a perda/morte.

Identificação projetiva,

racionalização e estado

confusional.

As situações de ataques ao par e da

perda/morte não são suportadas pelo

ego que tenta evitá-las e manter o par

unido.

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Tabela 7. Sistema Tensional Inconsciente Dominante dos participantes (n=14) - (Continuação)

Caso clínico Medos Desejos Defesas Síntese

14

P3P3 Da exclusão/solidão. Manter a união; Evitar a

exclusão.

Identificação projetiva,

racionalização, estado

confusional, negação e

paralisação.

As situações de exclusão/solidão não

são suportadas pelo ego que tenta

evitar a exclusão e manter a união.

PG4

Da perda; Medo dos

ataques destrutivos do

id; Da exclusão.

Evitar a perda; Conter

os ataques; Evitar a

exclusão.

Identificação projetiva,

racionalização, negação

maníaca, paralisação e estado

confusional.

As situações de perda, de ataques

destrutivos do id e da exclusão não

são suportadas pelo ego que tenta

evitá-los e conter os ataques. 1Pranchas de um personagem; 2Pranchas de dois personagens; 3Pranchas de três personagens; 4Pranchas de grupo.

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67

Considerando o objetivo de avaliar a dinâmica psíquica desses pacientes, foi possível

verificar que os participantes estão, em geral, na posição esquizoparanóide, com algumas

variações. Esta posição compreende que os objetos são caracterizados pela clivagem,

predominando relações baseadas pelas fantasias (KLEIN, 1946; SIMON, 1933). O que está

presente neste momento é uma angústia primária, ou seja, a presença do instinto de morte é

percebida como medo do aniquilamento. Assim, para evitar o próprio aniquilamento, o ego

coloca em prática a deflexão (fantasia inconsciente de expulsão do objeto de aniquilamento)

surgindo o primeiro objeto persecutório fora do ego (KLEIN, 1946). Portanto, a maioria dos

mecanismos de defesa utilizados estão ligados a esta posição.

Estes participantes apresentaram dificuldades demonstradas nas histórias que

predominantemente são pobres de conteúdos, nos indicando uma dificuldade em simbolizar.

Os assuntos recorrentes são a solidão, a morte, o abandono, o desamparo, a agressividade

(ataques, destruição). É evidente a dificuldade de estabelecer relações com objetos internos e

externos. Fica claro que, guardando as proporções do que é individual, os assuntos que se

evidenciam são justamente aqueles que trazem a tona aspectos da diabetes.

A morte é um dos medos presentes a quem tem a doença, pois quando diz que é um

doente, e que esta doença não tem cura o impacto não pode ser evitado. Consequentemente a

isto a pessoa associa à solidão, abandono e desamparo de quem tem uma doença sem cura

definitiva, portanto, equivocadamente compreende que deverá vivenciar esse sofrimento de

forma individual. E isto gerará agressividade àqueles que não conseguem lidar com a situação

inicial. Estabelecendo o quadro de uma paciente que apresenta a percepção equivocada da

doença, vindo do medo de uma condição ameaçadora da qual não se tem possibilidade de

dominar, podendo impedir que o paciente entre em contato com a gravidade de sua doença

(SANQUIN; VIZZOTTO, 2007). Dessa forma o paciente não se responsabiliza, rejeita os

tratamentos, pois entende que eles não são necessários.

A vivência com a doença rompe com a saúde plena interferindo na vida familiar e

comunitária desta pessoa, ou seja, afetando o seu universo de relações (PÉRES et al., 2007).

Este fato confirma novamente os resultados da EDAO, verificando uma Adaptação Ineficaz

Severa. Estes participantes necessitam de um acompanhamento psicológico para poderem

aderir de fato ao tratamento. As pesquisas atuais têm explorado muito superficialmente acerca

dessas variáveis psicológicas relacionadas à pessoa com DM-2, reconhecem que existe a

necessidade de acompanhamento nesta área. Entendemos que nestes casos, o

acompanhamento é essencial, mas que o psicólogo deve compreender através de avaliações

como este paciente tem desenvolvido o tratamento.

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68

A modificação do estilo de vida não se instala de uma hora para outra, mas no

decorrer de um percurso que envolve repensar o projeto de vida e reavaliar suas expectativas

de futuro (PÉRES et al., 2007). E isto demanda tempo e disposição à mudança. Após o grupo

psicoeducativo é possível verificar uma mudança na fala destes pacientes em relação à doença

e isto demonstra o início de uma possível adesão ao tratamento. Quando dispõem de uma

estrutura de atendimento como a que foi disponibilizada, fica mais fácil o acompanhamento e

a motivação. No entanto, ideal seria que este ritmo pudesse perdurar por mais tempo, que os

casos que necessitassem encaminhamento para psicoterapia fossem realizados, para que assim

pudéssemos assegurar uma adesão a este tratamento, bem como uma adaptação melhor e uma

dinâmica psíquica mais favorável. Como ainda não é possível efetivar esse modelo, acabamos

por ficar a mercê de que estas pessoas tenham o mínimo de motivação para continuar

seguindo as ações e realizando os acompanhamentos com as áreas indicadas.

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69

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho intitulado "Dinâmica psíquica e eficácia adaptativa de pacientes com

Diabetes Mellitus tipo 2", os objetivos foram: avaliar qualidade de vida, dinâmica psíquica e

eficácia adaptativa em pessoas com Diabetes Mellitus tipo2, além de verificar os níveis

glicêmicos anteriores e posteriores à realização do grupo psicoeducativo com pessoas com

Diabetes Mellitus tipo 2.

Foi possível verificar que alguns pacientes apresentaram uma melhora significativa em

seus níveis glicêmicos após à realização do grupo psicoeducativo, mesmo verificando que

alguns não atingiram ainda bom controle de sua glicemia. Isto reflete que, mesmo durante

pouco tempo de intervenção com profissionais de várias áreas necessárias para o tratamento

adequado à pessoa com diabetes, os pacientes conseguiram apresentar uma melhora

significativa em seus níveis glicêmicos. Portanto, consideramos que o grupo psicoeducativo

foi capaz de ser uma intervenção para pessoas que tem a doença, ou que a descobriram

recentemente, sentirem-se capazes de compreender e aprender lidar com a diabetes no seu dia

a dia.

Esta intervenção não foi capaz de suprir todas as necessidades, por isso a

consideramos como uma ação inicial primordial ao paciente que tem a doença. Ao verificar os

resultados dos demais objetivos propostos compreendemos que este é um grande passo em

direção ao tratamento adequado e ideal à cada paciente. Entendemos isto quando observamos

os resultados de qualidade de vida relacionado aos resultados da eficácia adaptativa e

dinâmica psíquica. A qualidade de vida destes participantes apresentou-se com níveis muito

bons. Olhando atentamente e refletindo sobre os resultados, é possível conjecturar que a

percepção de qualidade de vida é diferente do que é observado nos outros instrumentos. Pois,

os resultados do Whoqol não são condizentes com a realidade apresentada pelos pacientes nos

encontros do grupo, nem nas demais avaliações realizadas. Este fato merecer consideração

que pode ser realizada em outros estudos. Ou esta discrepância pode ser considerada como

uma distorção da realidade e negação, mecanismos de defesa presentes nas avaliações do

TRO. Estas pessoas, em geral, mostram uma dificuldade em aceitar a sua doença e poder

perceber-se em relação à realidade de forma coerente. Portanto, ao responder um questionário

que leva em consideração a sua auto-percepção, consequentemente serão observadas

distorções, já que esta não está apta para avaliar-se com uma percepção coerente com a

realidade que se apresenta sobre si mesmo.

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70

Ao avaliar a eficácia adaptativa e a dinâmica psíquica destes participantes, verificou-se

o quanto é difícil aceitar que se tem uma doença crônica e ter atitudes para realizar o

tratamento adequado desta. Para eles existe a necessidade de criar estratégias para que possam

ter respostas mais adequadas a seus problemas, e relações objetais menos comprometidas que

possam ser capazes de estabelecer o predomínio da posição depressiva. Em geral, o

acompanhamento psicológico destes participantes associado ao tratamento médico, bem como

o acompanhamento com demais profissionais necessários, seria muito importante para que

estas pessoas pudessem ter a oportunidade de elaborar seus conflitos, melhorar sua adaptação,

bem como a sua dinâmica psíquica para que assim houve uma repercussão não só ao aspecto

psíquico, bem como em aspectos de melhora do seu estilo de vida.

Concluímos que a partir dos resultados obtidos neste estudo, que o bom controle

glicêmico depende de um bom tratamento que incluí exercícios físicos, adequação da dieta,

conhecimentos da doença, entre outros. Mas que para estas pessoas com diabetes poderem

aderir ao tratamento é necessário que ele apresente uma boa capacidade de solucionar

conflitos, e, apresente seu mundo interno ligado à posição depressiva. Se estes fatores

estiverem equilibrados o estilo de vida e o bem-estar desses pacientes serão positivos,

causando com que eles possam apresentar consequentemente um bom prognóstico com menos

complicações da doença durante mais tempo de vida.

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ANEXOS

ANEXO A – Questionário Socioeconômico (Critério ABIPEME)

SISTEMA DE PONTOS

Quantidade de Itens

Posse de itens

0 1 2 3 4 ou

+

Televisão em cores 0 1 2 3 4

Rádio 0 1 2 3 4

Banheiro 0 4 5 6 7

Automóvel 0 4 7 9 9

Empregada mensalista 0 3 4 4 4

Máquina de lavar 0 2 2 2 2

Videocassete e/ou DVD 0 2 2 2 2

Geladeira 0 4 4 4 4

Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex) 0 2 2 2 2

Grau de Instrução do chefe de família

Analfabeto / Primário incompleto Analfabeto / Até 3ª Série Fundamental 0

Primário completo / Ginasial incompleto / Até 4ª Série Fundamental 1

Ginasial completo / Colegial incompleto / Fundamental completo 2

Colegial completo / Superior incompleto / Médio completo 4

Superior completo Superior completo 8

CORTES DO CRITÉRIO BRASIL

A1: 42 – 46

A2: 35 – 41

B1: 29 – 34

B2: 23 – 28

C1: 18 – 22

C2: 14 – 17

D: 8 – 13

E: 0 – 7

Fonte: Mattar, 1996.

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ANEXO B – Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada – EDAO.

Entrevistado: _____________________________________________Idade:______________

Sexo:_____________ Estado Civil: ________________ Ocupação: ____________________

DADOS RELEVANTES POR SETOR

Afetivo-relacional (A-R)

Produtividade (Pr)

Sócio-cultural (S-C)

Orgânico (Or)

REGISTRO DA ADEQUAÇÃO

ADEQUAÇÃO

SETOR

ADEQUAÇÃO

POUCO

ADEQUAÇÃO

POUQUISSIMO

ADEQUAÇÃO

EM CRISE

Afetivo-relacional

Produtividade

Sócio-cultural

Orgânico

(Símbolo da adequação: Adequado +++; pouco adequado ++; pouquíssimo adequado + ).

Operacionalização Diagnostica:

Adequado Eficaz: 4 (+++)

Adequado Não- Eficaz Moderado: 1 ou mais (++); e/ou: 1(+) mais 3(+++)

Adequado Não -Eficaz Severo: 1 (+) ou mais (++) ; e /ou: 2 ou mais (+).

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ANEXO C – Questionário de Qualidade de Vida: WHOQOL – BREF

Instruções

Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.

Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:

nada muito pouco médio muito completamente

Você recebe dos outros o apoio de que necessita? 1 2 3 4 5

Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas.

Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu "muito" apoio como abaixo.

nada muito pouco médio muito completamente

Você recebe dos outros o apoio de que necessita? 1 2 3 5

Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.

Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.

muito ruim ruim nem ruim

nem boa boa muito boa

1 Como você avaliaria sua qualidade de vida? 1 2 3 4 5

muito

insatisfeito insatisfeito

nem satisfeito nem insatisfeito

satisfeito muito satisfeito

2

Quão satisfeito(a) você está com a sua

saúde?

1 2 3 4 5

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As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.

nada muito pouco

mais ou

menos bastante extremamente

3 Em que medida você acha que sua dor (física) impede você de

fazer o que você precisa? 1 2 3 4 5

4 O quanto você precisa de algum tratamento médico para levar

sua vida diária? 1 2 3 4 5

5 O quanto você aproveita a vida? 1 2 3 4 5

6 Em que medida você acha que a sua vida tem sentido? 1 2 3 4 5

7 O quanto você consegue se concentrar? 1 2 3 4 5

8 Quão seguro(a) você se sente em sua vida diária? 1 2 3 4 5

9 Quão saudável é o seu ambiente físico (clima, barulho, poluição,

atrativos)? 1 2 3 4 5

As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas.

nada muito pouco médio muito completamente

10 Você tem energia suficiente para seu dia-a-dia? 1 2 3 4 5

11 Você é capaz de aceitar sua aparência física? 1 2 3 4 5

12 Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades? 1 2 3 4 5

13 Quão disponíveis para você estão

as informações que precisa no seu dia-a-dia?

1 2 3 4 5

14 Em que medida você tem

oportunidades de atividade de lazer?

1 2 3 4 5

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As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.

muito ruim ruim nem ruim

nem bom bom muito bom

15 Quão bem você é capaz de se locomover? 1 2 3 4 5

muito

insatisfeito Insatisfeito

nem satisfeito

nem insatisfeito

satisfeito Muito satisfeito

16 Quão satisfeito (a) você está com o seu sono? 1 2 3 4 5

17

Quão satisfeito (a) você está com sua capacidade de

desempenhar as atividades do seu dia-a-dia?

1 2 3 4 5

18 Quão satisfeito (a) você está com sua capacidade para o

trabalho? 1 2 3 4 5

19 Quão satisfeito (a) você está consigo mesmo? 1 2 3 4 5

20

Quão satisfeito (a) você está com suas relações pessoais

(amigos, parentes, conhecidos, colegas)?

1 2 3 4 5

21 Quão satisfeito (a) você está com sua vida sexual? 1 2 3 4 5

22

Quão satisfeito (a) você está com

o apoio que você recebe de seus amigos?

1 2 3 4 5

23

Quão satisfeito (a) você está com

as condições do local onde mora?

1 2 3 4 5

24

Quão satisfeito (a) você está com o

seu acesso aos serviços de saúde?

1 2 3 4 5

25 Quão satisfeito (a) você está

com o seu meio de transporte?

1 2 3 4 5

As questões seguintes referem-se à com que frequência você sentiu ou experimentou certas coisas nas

últimas duas semanas.

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nunca algumas vezes frequentemente muito

frequentemente sempre

26

Com que frequência você tem

sentimentos negativos tais

como mau humor,

desespero, ansiedade, depressão?

1 2 3 4 5

Alguém lhe ajudou a preencher este questionário? ______________________________________________

Quanto tempo você levou para preencher este questionário? ________________________________________________

Você tem algum comentário sobre o questionário?

_________________________________________

OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO

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ANEXO D - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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ANEXO E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(Resolução do Conselho Nacional de Saúde n°1/88)

Você está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada “Eficácia adaptativa e equilíbrio

psíquico de pacientes com Diabetes Mellitus tipo2”, que tem como objetivo avaliar a qualidade da

adaptação e o equilíbrio psíquico de pacientes com Diabetes Mellitus tipo2. A adaptação refere-se ao

modo como as pessoas respondem às solicitações da vida cotidiana. E sua eficácia depende se estas

respostas atendem de forma positiva ou negativa a estas solicitações. Quanto ao equilíbrio psíquico

refere-se ao sistema tensional dominante inconsciente através da identificação dos medos, desejos e

defesas apresentadas frente a cada prancha. Para a realização desta pesquisa será utilizado: a) uma

entrevista diagnóstica preventiva que indica qual é a qualidade da sua adaptação; b)um questionário

mede a sua situação socioeconômica (ABIPEME) e c) o Teste das Relações Objetais, que avalia a

dinâmica psíquica da pessoa através da identificação dos medos, desejos e defesas apresentadas frente

a cada prancha.

A sua participação na pesquisa não trará qualquer desconforto ou risco para sua saúde, mas no

caso de desconforto emocional, por causa das perguntas durante a entrevista e a aplicação do teste,

você poderá imediatamente interromper sua participação nesse estudo. O participante da pesquisa

contribui para a pesquisa e traz benefícios para o desenvolvimento do conhecimento científico, pois se

espera que os resultados possam trazer conhecimento para melhorar a adaptação de homens e

mulheres com Diabetes Mellitus tipo 2. Portanto, os benefícios não estão diretamente associados aos

participantes, pois são de ordem científica e contribuem para agregar conhecimentos científicos sobre

o assunto tratado nesta pesquisa.

Caso você tenha qualquer dúvida a respeito desta pesquisa, você poderá a qualquer momento

solicitar esclarecimentos ao pesquisador sobre qualquer um dos itens descritos acima. Você, também,

tem assegurado o direito de recusar-se a participar desta pesquisa ou retirar o seu consentimento, em

qualquer fase da pesquisa, sem nenhuma penalização ou prejuízo no seu tratamento médico ou de

qualquer outra natureza.

Você tem a garantia de que os dados deste estudo serão publicados somente para fins

acadêmicos e científicos e que será mantido o sigilo sobre a sua identidade.

Sua participação nesta pesquisa não lhe acarretará quaisquer custos, despesas ou ônus de

nenhuma natureza. Também, não haverá quaisquer formas de ganhos, ressarcimentos e indenizações.

Este estudo foi elaborado por Nathália Brandolim dos Santos, Mestranda do Programa de Pós-

Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo. Em caso de dúvida a

respeito desta pesquisa você poderá, também, entrar em contato com o Programa de Pós-Graduação

em Psicologia da Saúde no telefone 4366-5351.

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Também estará disponível a você o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Metodista

em São Paulo, no telefone 4366-5817.

Tendo em vista o estabelecido acima eu _____________________________________

___________________________________________________, declaro que consinto de minha livre e

espontânea vontade, em participar da pesquisa intitulada “Eficácia adaptativa e equilíbrio psíquico de

pacientes com Diabetes Mellitus Tipo2”.

_____________________________, _______ de ___________________ 2013.

Local Data

__________________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa ou responsável

Documento de Identificação: __________________________

_______________________________________________

Assinatura do Responsável pela pesquisa.

Obs.: Este documento está em duas vias, sendo uma do pesquisador e outra do participante da

pesquisa.