DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo...

19
DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO ELEMENTOS HEGEMÔNICOS E CONTRA HEGEMÔNICOS diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 1 04/02/2020 20:30:01

Transcript of DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo...

Page 1: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMOELEMENTOS HEGEMÔNICOS E CONTRA HEGEMÔNICOS

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 1 04/02/2020 20:30:01

Page 2: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

CONSELHO EDITORIAL

CONSELHO EDITORIAL DA COLETÂNEA

Alexandre Gustavo Melo Franco Bahia

André Luís Vieira Elói

Bruno de Almeida Oliveira

Bruno Camilloto Arantes

Bruno Valverde Chahaira

Cintia Borges Ferreira Leal

Flavia Siqueira Cambraia

Frederico Menezes Breyner

Jean George Farias do Nascimento

José Carlos Trinca Zanetti

José Luiz Quadros de Magalhães

Leonardo Avelar Guimarães

Ligia Barroso Fabri

Luiz Carlos de Souza Auricchio

Marcelo Campos Galuppo

Marcos Vinício Chein Feres

Maria Walkiria de Faro C. G. Cabral

Marilene Gomes Durães

Rafael Alem Mello Ferreira

Rafael Vieira Figueredo Sapucaia

Rayane Araújo

Régis Willyan da Silva Andrade

Renata Furtado de Barros

Robson Araújo

Rogério Nery

Vitor Amaral Medrado

Prof. Dr. Cleber Marques de Castro

Prof. Dr. Fabrício Lemos de Siqueira Mendes

Prof. Dr. Jean Carlos Vieira Santos

Profa. Dra. Helena Araújo Costa

Profa. Dra. Helena Doris de A. Barbosa

Profa. Dra. Vânia Lúcia Quadros Nascimento

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 2 04/02/2020 20:30:02

Page 3: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

ral

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 3 04/02/2020 20:30:03

Page 4: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

Copyright 2020 by Editora Dialética Ltda.Copyright 2020 by Kerley do Santos Alves.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico,

fotocópia, gravação etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressão autorização da editora.

Capa: Marcel da SilvaDiagramação: Pedro Lire

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Tuxped Serviços Editoriais Bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8/8846

A474d Diálogos sociais em turismo: elementos hegemônicos e contra hegemônicos / Organizadora: Kerley do Santos Alves. – 1. ed. – Belo Horizonte: Editora Dialética, 2020.380 p.; il; tabs.; gráfs.; 14x21 cm.

Inclui bibliografia.ISBN 978-65-80096-60-2

1.Crítica. 2. Diálogos Sociais. 3. Obra Coletiva. 4. Turismo.I. Alves, Kerley do Santos (org.). II. Título.

CDD 338.479:301CDU 379.85:316

/editoradialetica@editoradialetica

www.editoradialetica.com

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 4 04/02/2020 20:30:03

Page 5: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO:ELEMENTOS HEGEMÔNICOS E CONTRA HEGEMÔNICOS

Kerley dos Santos Alves (Organizadora)

Adiene Medeiros da Silva Adriana Gonçalves Queiroz Agenor Sarraf PachecoAlice Nogueira Novaes Southgate Aline Moraes Cunha Ana Flávia Andrade de FigueiredoAna Paula Guimarães Santos de OliveiraBianka Capucci FrisoniCarlos Alberto Tomelin Carlos Eduardo Silveira Christianne Luce Gomes Denise FalcãoDiana Priscila Sá Alberto Diva de Mello RossiniEdilaine Albertino de MoraesHarrison OliveiraIsabela de Fátima Fogaça Jade Magalhães Dirane Lourenço Jean Carlos Vieira SantosJosé Antônio Souza de Deus

Juliana MedagliaKerley dos Santos Alves

Lorranne Gomes da Silva Luciana Priscila do Carmo

Ludmila Canário da Silva BarretoLussandra Martins Gianasi

Marcos Roberto Ramos Marta de Azevedo IrvingMayara Roberta Martins

Midian Cristiane da Silva LeiteMilene de Cássia Santos de Castro

Monika RichterNailza Pereira PortoPaulo Moreira Pinto

Rafael FroisRenato de Oliveira dos Santos

Ricardo TriskaRomilda Aparecida Lopes

Sabrina Aguiar Lewandowski Susy Rodrigues Simonetti

Teresa Cristina de Miranda Mendonça

AUTORES

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 5 04/02/2020 20:30:03

Page 6: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

283

O TURISMO NA CONSTRUÇÃO DO COTIDIANO NO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: relato de uma experiência com pacientes em Belo Horizonte – Brasil

Adriana Gonçalves Queiroz1 Ludmila Canário da Silva Barreto2

Rafael Frois3

Introdução

As interfaces entre lazer, turismo e saúde mental vem sendo abordadas em pesquisas de diferentes áreas de atuação profissional e com diferentes públicos (ESPERANÇA et al, 2012; SOUZA, 2007). O turismo, enquanto um conteúdo sócio-cultural do lazer, que pressupõe o deslocamento humano, tem sido aliado em temáticas relacionadas a saúde por ser um meio privilegiado de desenvolvimento interpessoal, liberdade, autonomia e liberação. (DUMAZEDIER, 2000; MARCELINO, 2007; BUENO, 1981).

No campo da terapia ocupacional, relacionado à saúde metal, os temas tem sido objeto de reflexão por sua potencialidade de emancipação do sujeito principalmente pelo lazer, sendo uma ocupação humana que pode ser desenvolvida no campo do turismo.

Neste capítulo apresentamos o relato de intervenção terapêutica ocupacional no cuidado em saúde mental, a partir de uma experiência com pacientes da Residência Terapêutica Concórdia – RT, localizada na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, vivenciando atividades de turismo. Desta forma, adota-se como objetivo refletir sobre o

1 Doutoranda em Estudos do Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG) e bolsista CAPES. E-mail: [email protected]

2 Terapeuta Ocupacional formada pela Universidade Federal de Minas Gerais Supervisora de Serviços Residenciais Terapêuticos em Belo Horizonte. E-mail: [email protected]

3 Doutor em Estudos do Lazer pela UFMG.Professor do departamento de turismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT), E-mail: [email protected]

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 283 04/02/2020 20:30:17

Page 7: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

284

DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO

potencial destas atividades no cuidado em saúde mental como facilitador do cotidiano dos moradores, conforme preceitos presentes na reforma psiquiátrica brasileira. Tendo como eixo transversal e orientador das intervenções, os saberes que moradores dessa RT possuem sobre si mesmos, seus desejos, seus limites e suas potencialidades. O percurso metodológico é de abordagem qualitativa, onde é realizado um relato da experiência bem como a análise de contexto dos envolvidos.

O capítulo foi dividido em quatro sessões, na primeira é a apresentado o trabalho da terapia ocupacional dentro da Política de Saúde mental da cidade de Belo Horizonte, o perfil do público atendido, e o cotidiano do equipamento de saúde denominado Residência Terapêutica. Na segunda sessão relatamos experiências de atividades de lazer e turismo com os pacientes da residência em específico, atividades city tours dentro da cidade e viagens para outras cidades. Na terceira sessão tecemos apontamentos sobre as aproximações dos campos. Por fim, as considerações finais de um assunto que é importante e pouco explorado, sendo na realidade o início de considerações sobre o tema.

A Terapia Ocupacional na Política de Saúde Mental de Belo Horizonte, e cotidiano da Residência Terapêutica Concórdia

A Terapia Ocupacional é uma disciplina e profissão da área da saúde, e da educação social que foca sua atuação no saber e na participação das pessoas em atividades que lhe são significativas em seu cotidiano. Seu objeto de estudo e intervenção é a ocupação humana, buscando compreender e intervir na ocupação a partir de sua forma, ou seja, como a ocupação é realizada, função - para que a ocupação é realizada, e significado - qual a importância da ocupação para o sujeito que a realiza. (ALVAREZ et al, 2007).

Na história dos cuidados com usuários com sofrimento mental, a terapia ocupacional está presente desde o século XVIII, época em que se acreditava em cura pelo trabalho, o chamado tratamento moral. Os grandes manicômios eram utilizados com foco no trabalho e/ou recreação, como forma de extinguir o que se compreendia à época por ócio. A profissão esteve presente em todo o horror do modelo manicomial, com sua excludente e torturante forma de lidar com

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 284 04/02/2020 20:30:17

Page 8: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

O turismo na construção do cotidiano no cuidado em saúde mental: relato de uma experiência com pacientes em Belo Horizonte – Brasi

285

o diferente e marginalizado da sociedade, e foi um dos atores nas denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial.

Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas de áreas diversas, arquitetos, artesãos e enfermeiras, a profissão abarca saberes de vários campos do conhecimento, mas um cerne em comum é a ocupação humana. Assim, pode fazer uso de diversos recursos desde dos que requerem alta tecnologia como órteses e próteses a atividades artesanais.

Devido a grande influencia das artes em sua origem, a Terapia Ocupacional foi por muito tempo entendida por outros trabalhadores como apenas a execução de atividades pelos seus usuários, como em oficinas e artesanatos. Mas, no campo da saúde mental tem se firmado como o profissional com olhar apurado para o fazer humano em todas os contextos de vida deste, em especial os de circulação social que demanda maior engajamento e participação do profissional em diferentes contextos sociais.

Na cidade de Belo Horizonte - Brasil, os profissionais da terapia ocupacional atuam no que é denominado Rede de Saúde Mental, que abarca: a) os centros de referência em saúde mental que são responsáveis por acolher os usuários em urgências em saúde mental; b) os centros de convivência e cultura; c) equipes de saúde mental na atenção primária; d) incubadora de geração de renda; e) unidades de acolhimento transitório; e f) Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT). (MINAS GERAIS, 2006)

A Política de Saúde Mental de Belo Horizontina tem como fim último a “superação do hospital psiquiátrico e de práticas segregadoras como dispositivos culturais de cuidado com os portadores de sofrimento mental” (SILVA e ABOU-YD, 2010, p. 478). Assim, respeita o cuidado em liberdade e tem como fator decisório deste a participação dos usuários em seu próprio cuidado.

A política estabelece diálogo com a reforma psiquiátrica nacional, iniciada na década de 1970/80, na luta por uma sociedade sem manicômios (BAURU, 2017) e entende que a ideologia da reforma de cuidado em liberdade, autonomia, direitos de ir e vir, respeito às decisões do usuário em seu tratamento e vida requer uma luta contínua, e que não é necessária apenas a mudança de um modelo assistencial (de asilar

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 285 04/02/2020 20:30:17

Page 9: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

286

DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO

à comunitário) mas, também de contínua preservação dos espaços de crítica e diálogo sobre as contenções químicas, físicas e/ou culturais. A rede de saúde mental de Belo Horizonte é toda substitutiva ao hospital psiquiátrico e, em 2015, atendia 268 moradores em 33 Residências Terapêuticas – RTs (QUEIROZ, 2015). As RTs, como iremos nos referir neste texto, são pontos importantes da reforma psiquiátrica. Elas são casas destinadas a egressos de hospitais psiquiátricos, com apoio social frágil ou inexistente, quando no processo de desinstitucionalização como prevê a política de saúde mental brasileira (BRASIL, 2000). Ainda que seu objetivo não seja de tratamento, há diálogo com a rede de saúde de abrangência da mesma e intersetorial em prol de projeto terapêutico que proponha a inclusão social, autonomia e independência no processo de construir-se cidadão. Um dos vários caminhos encontrados para o alcance desses propósitos é o estímulo à circulação social no cotidiano, o qual envolve desde apropriação do espaço da casa a participação e, por vezes, engajamento em outros contextos.

Além de serem o público primordial de cuidado da política de saúde mental (BRASIL, 2000) a qual prioriza o cuidado em saúde a psicóticos e neuróticos graves, os moradores da RT Concórdia apresentavam restrição em sua circulação social seja por dificuldade em planejá-la, por efeitos do estigma social ao egresso de hospital psiquiátrico ou ainda por exibirem efeitos do uso prolongado de medicação psicotrópica seja na fala arrastada, no raciocínio e corpos muitas vezes lentos, cronificados, marcados pela exclusão e, isolamento prolongado e nada estimulante.

Estes são os sujeitos desta pesquisa! São nove pessoas, sendo cinco homens entre 57 e 68 anos, e quatro mulheres com faixa etária entre 55 e 62 anos. Em média já vinham de um histórico de 20 anos de internação, já tendo passado por diversos hospitais psiquiátricos da região metropolitana da cidade de Belo Horizonte. A casa em questão foi a primeira Residência Terapêutica de Belo Horizonte, tendo sido inaugurada no ano de 2001. Buscava em seu cotidiano práticas de respeito ao usuário, direito a escolha em seu tratamento e redução de estigma ao utilizar a cidade como lócus de expressão da vida (SILVA e ABOU-YD, 2010). Em geral, o contexto cultural de residências terapêuticas, ainda que se proponha a superação do hospital psiquiátrico, é interligada, e estigmatizada como uma casa de acolhida de loucos e não de cidadãos.

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 286 04/02/2020 20:30:18

Page 10: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

O turismo na construção do cotidiano no cuidado em saúde mental: relato de uma experiência com pacientes em Belo Horizonte – Brasi

287

Essa forma de se identificar e ser identificado levava os moradores a uma vivência pouco complexa do cotidiano, com circulação social limitante ao que era próximo à casa.

Os profissionais que atuavam nesta RT, tinham como perspectiva estimular os moradores a desenvolverem autonomia no cotidiano da casa, a desenvolverem formas de lidar com a fragilidade da participação em suas próprias vidas e nos processos decisórios que influenciavam em seus cotidiano, como por exemplo escolher qual seria o cardápio das refeições e qual estagiária(o) contratar.

Envolvê-los nas decisões simples e ainda assim complexas de gerenciamento do cotidiano da casa, foi um caminho para o início e aumento da percepção de si mesmos como pessoas com habilidades e capacidades. Dessa forma, toda oportunidade era ingresso a escuta e a valorização de suas percepções, ainda que nem sempre acatadas, eram consideradas e discutidas, seja no âmbito individual ou em grupo. Além disso, criamos oportunidades para que pudessem exercitar a participação na tomada de decisão sobre seus lazeres e assuntos afins.

Passeios, City Tours e viagens: A circulação social no cuidado da saúde mental

Na Residência Terapêutica da pesquisa, o lazer era entendido como um dos temas da terapia ocupacional/ocupação humana, com tempos e espaços construídos de maneira participativa com moradores, onde era realizada oferta de atividades de caráter turístico associadas a seus históricos ocupacionais e interesses, de acordo com a oferta de produtos e serviços turísticos disponíveis na cidade. Neste contexto foi criado a hipótese de que as atividades relacionadas ao lazer e ao turismo, tais como passeios, city tours e viagens poderiam favorecer mudanças no contexto cultural dos moradores, gerando maior participação dos mesmos em suas próprias vidas e cotidianos.

O lazer entendido como uma necessidade humana e dimensão da cultura que pode ser um potente aliado no processo de transformação de nossas sociedades, tornando-as mais humanas e inclusivas (GOMES, 2011). O turismo é entendido neste texto como um dos conteúdos sócio-culturais do lazer (DUMAZEDIER, 2000; MARCELINO, 2007).

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 287 04/02/2020 20:30:18

Page 11: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

288

DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO

Os passeios, city tours e viagens foram sendo desenvolvidos na ordem apresentada, e a equipe de terapeutas acompanhavam e faziam a analise individual de cada residente/paciente de modo a acompanhar principalmente o desenvolvimento e ganho de autonomia a partir de cada atividade. Dessa forma, de maneira processual, o grupo foi migrando de passeios próximo a residência, para city tours em Belo Horizonte, excursões na região metropolitana e viagens com necessidade de pernoitar. Cada atividade ofertada, ou sugerida, era uma oportunidade de ganho de habilidade, ou reforço das existentes, levando os/as a melhorem o desempenho nas atividades que viriam que sempre demandavam maior complexidade.

As primeiras atividades de circulação social eram realizadas no território próximo a RT, com idas a restaurantes próximos para almoçar, e na vizinhança para tomar café da tarde. Cada ideia para saída começava com o potencial de sempre ser possível, mas suas variáveis eram cuidadosamente avaliadas e tornavam-se mais complexas de acordo com as habilidades dos moradores.

As saídas começaram em geografia familiar, na vizinhança, no “lugar” (TUAN, 1983), em “espaços praticados” (CERTAU, 1996), dentro de um “bairro” (MAYOL, 1996), e um “pedaço” (MAGNANI, 200), formado por uma rede de relações segura, por laços de amizade e coleguismos, locais privilegiados para o desenvolvimento de práticas culturais de lazer e sociabilidade, que possibilita os indivíduos desenvolverem relações sociais e de reconhecimento neste espaço público intermediário entre a vida privada e a pública.

Gradativamente as saídas/deslocamentos foram se estendendo para locais distantes e impessoais, começando por city tours motivacionais, ou seja, aquele com roteiro direcionado e organizado para um público específico (TAVARES, 2002). Neste caso o locus era região central da cidade, que é onde historicamente se concentram os principais espaços e equipamentos de lazer e cultura de Belo Horizonte (FROIS, 2013). Em seguida realizando excursões para destinos turísticos da região metropolitana.

Os deslocamentos sempre eram realizados com pessoas que os moradores já conheciam bem. Os cuidadores(as) novos só participavam das atividades depois de conhecer os moradores(as) em

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 288 04/02/2020 20:30:18

Page 12: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

O turismo na construção do cotidiano no cuidado em saúde mental: relato de uma experiência com pacientes em Belo Horizonte – Brasi

289

outros ambientes, ou com apoio de um cuidador veterano. O número de pessoas também era avaliado considerando se o lugar era aberto ou não, o nível de ansiedade de moradores diante do desconhecido, ou barulho ou quietude.

A progressão da habilidade dos residentes guiavam a evolução da complexidade dos passeios. Além das questões externas, existiam os quesitos de segurança: saber pedir ajuda se necessário, saber o endereço da casa, o telefone, o nome de alguém que possa pedir ajuda, e portar um documento de identidade caso se perca. As terapeutas ocupacionais estavam atentas à exploração do ambiente. O que chamava mais atenção do morador(a), o que menos, qual a reação que tinha quando em um ambiente aberto ou um ambiente fechado, uma obra de arte tipo pintura ou musical, como regiam a lugares com maior ou menor presença de natureza e/ou de seres humanos. Como se sentiam quando vistos? As reações eram o maior feedback dos terapeutas, que notaram que a cada saída eles pediam mais tempo no local, mais gente para participar do passeio, chegando a convidar o funcionário do xerox do bairro, que foi com o grupo à gruta Rei do Mato. As descobertas e habilidades aprendidas nessas saídas da RT, eram incorporadas em seus cotidianos pós-passeios/city tour e viagens. Tais como o interesse de usar talheres dentro de casa, guardanapos, servir a própria alimentação, preparar receitas diferentes na residência, visitar os novos amigos feitos nos passeios, desejar outros passeios mais complexos.

Em dois anos foram realizadas doze atividades, entre passeios e city tours, todas em grupos (excursão). Com destaque para os destinos turísticos do Circuito do Ouro, com idas as cidades de Mariana, Ouro Preto e Sabará. Gruta do Rei do Mato localizado na cidade de Sete Lagoas, pertencente ao Circuito das Grutas/Rota Lund. Museu de Arte Inhotim, Restaurantes e Museus de Belo Horizonte, em especial para o Presépio do Piripipau no Horto Florestal da Universidade Federal de Minas Gerais e a Cachoeira do do Urubu na Cidade de Pedro Leopoldo.

Seis meses após o início das atividades os moradores conseguiam decidir juntos, sugerir saídas, planejar com auxílio, ficar em um transporte sem fumar, manejar seu dinheiro do passeio, explorar o ambiente com segurança quando no local, criar vínculo de confiança na equipe e colegas e conseguiam dizer ou apresentar documento caso

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 289 04/02/2020 20:30:18

Page 13: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

290

DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO

se perdessem era hora de mudar de papel ocupacional, era hora de se efetivarem turistas.

Efetivando o papel ocupacional de turista

A primeira aventura dos residentes como turista, assim como categoriza a Organização Mundial do Turismo, no sentido de ser um visitante temporário e permanecer em uma localidade por mais de 24 horas, foi em um hotel fazenda na cidade de Cristiano Otoni – Minas Gerais, onde pernoitaram. Dormir em outra cama, encontrar seu caminho para o banheiro em um quarto escuro, não estar perto da cozinha na madrugada, foram situações que se apresentaram, mas que apesar da ansiedade e dos que acordaram a noite por causa dela correu tudo bem. Sentíamos prontos para a primeira noite mais longe de casa, optamos por ir para o SESC (Serviço Social do Comercio) de Grussaí/Rio de Janeiro, Brasil, aproximadamente nove horas de ônibus de Belo Horizonte. Organizamos cuidadores considerando o perfil de cada morador. O que gosta de andar bastante teria um cuidador só para ele, os que já andavam mais em grupo teria um cuidador para o grupo, os homens que eram mais autônomos teriam um grupo só para eles, e assim por diante. Todos com sua devida autonomia e tendo como referência a supervisora. Todos com os contatos de urgência médica da cidade, como qualquer pessoa deve fazer quando viaja.

A viagem que deveria ser de 8 horas durou 12, devido a obras na rodovia. Saímos de Belo Horizonte em uma sexta a noite, e chegamos em Grussaí no sábado pela manhã, retornamos no domingo a noite. A primeira vez na praia, comprar e tomar água de coco, o deitar na areia, o dançar na boate do SESC, o ir de charrete para a praia foram momentos pelos quais os atores da reforma psiquiátrica lutaram e lutam até hoje.

O SESC Grussaí é uma cidade dentro de outra. Por ter tantas ofertas de serviços dentro dele e ser muito seguro, como um condomínio fechado, os moradores eram convidados a circular sozinhos o tempo todo. Iam almoçar quando queriam, ao clube, caminhar, andar de bicicleta, nem sempre em grupo, nem sempre com um cuidador. Assim que chegamos em BH, um morador disse em uma pergunta afirmativa: ano que vem vai ser Porto Seguro! Assim, foi, mas dois anos depois, em

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 290 04/02/2020 20:30:18

Page 14: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

O turismo na construção do cotidiano no cuidado em saúde mental: relato de uma experiência com pacientes em Belo Horizonte – Brasi

291

2015! O lazer nesse momento da vida dos moradores foi abordado

com novo significado, pois se colocaram em movimento e puderam potencializar sua vida e reforçar o papel efetivo de cidadãos. Central para a terapia ocupacional, o lazer é uma forma pela qual os sujeitos podem atingir objetivos de vida (SUTO, 1998)

Os moradores, agora efetivos sujeitos de direitos, direcionaram os próximos passos de suas próprias vidas e vontades. Mediante a afirmativa de uma nova viagem, foram traçados os caminhos para que se pudesse chegar ao destino. Os espaços das reuniões de estágio em formato de supervisão teórica e prática fomentaram as discussões e planejamentos. Espaços de participação ativa como assembleias periódicas na casa (QUEIROZ & COUTO, 2015), eram usados para definições junto aos moradores. As reuniões de cuidadores também se configuram como espaço para essa temática, uma vez que esses trabalhadores também estavam envolvidos efetivamente em todo processo. Toda elaboração durou cerca de 10 meses. Processualmente os espaços e novas ofertas foram se delimitando, agora não mais uma viagem de ônibus e sim de avião - então seria necessária uma visita ao aeroporto da cidade, para familiarização com o ambiente. Escolher e reservar um hotel - bem como seu pagamento, foram feitos pessoalmente por alguns moradores, inclusive a assinatura para prestação do serviço na agência de turismo. Diversas saídas em lojas de shoppings e no centro da capital - para a compra de roupas e acessórios para a viagem. Ainda diante de todos os planejamentos, foi mantida a circulação próxima a casa, como ida em igrejas, restaurantes, lanchonetes, locais históricos e museus - para apresentação de possibilidades de atividades turísticas que seriam desenvolvidas durante a viagem.

Em alguns momentos, a circulação urbana para a vivência do lazer denunciou a acessibilidade como barreira. Isto gerou mais atenção na análise de atividades no processo da viagem para que se pudessem ser minimizadas as barreiras em um espaço até então desconhecido.

Outro aspecto importante foi em relação à convivência com os demais moradores da RT, cuidadoras, estagiárias e pessoas que fazem parte do cotidiano dos moradores - quando estes comentavam sobre os planos para viagem. Todos queriam ganhar e/ou comprar presentes

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 291 04/02/2020 20:30:18

Page 15: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

292

DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO

de recordação, ver as compras para viagem, fotos e participar ainda que indiretamente desse processo. A viagem provocou um movimento em todos! O desfecho de todo trabalho exposto efetivou-se com a viagem para Porto Seguro, Bahia, Brasil. Nessa ‘missão’ foram os moradores, a supervisora do serviço, cuidadoras e estagiários. Cada momento foi aproveitado com muita ansiedade, curiosidade, humor e alegria por todos participantes, mas com muita leveza - reflexo da autonomia e independência adquirida desde as primeiras intervenções.    O legado ou o céu é o limite

O processo de terapia ocupacional possui etapas bem definidas: avaliação, planejamento, intervenção e reavaliação. Este rito, no entanto, pode ocorrer a partir de diferentes perspectivas filosóficas. No relato desse estudo, pode-se refletir acerca da construção da demanda de intervenção ter partido de diferentes atores, mas com a centralidade no desejo dos moradores, algo pouco comum nas intervenções em saúde, onde geralmente a encomenda inicial vem da referência do caso (médico ou técnico de saúde) com um olhar biomédico. Neste sentido, há outro valor em compreender o planejamento das intervenções que incluíram a construção das histórias de vida destes sujeitos, e do planejamento conjunto dos atores envolvidos para a efetivação do encontro com a cidade de Porto Seguro na Bahia. As intervenções, centradas em uma ocupação humana, neste caso o lazer, contribuíram para a retomada de atribuição de sentidos e significados e para o senso de competência dos sujeitos, a medida que os processos eram construídos. Neste sentido, destaca-se o protagonismo dos moradores e de toda equipe, principalmente as T.O.’s ao assumir o processo terapêutico.

A vida prática acontece no território. Neste sentido, o terapeuta ocupacional usa de abordagens práticas como ferramenta potente para a superação de problemas do cotidiano, sejam estes o causado por doenças ou pela falta de oportunidade de vivenciar o cotidiano de forma satisfatória. Nas experiências apresentadas, o turismo como recurso utilizado por terapeutas ocupacionais possibilitou aos moradores o exercício da cidadania com relação à construção de sua viagem, participando das decisões, podendo criar e recriar espaços de

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 292 04/02/2020 20:30:18

Page 16: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

O turismo na construção do cotidiano no cuidado em saúde mental: relato de uma experiência com pacientes em Belo Horizonte – Brasi

293

interação social, de compartilhamento de sentimentos e informações em cada ambiente que puderam e escolheram estar. Cada lugar, cada contato cultural e território explorado e descoberto serviu como apoio a construção de novas oportunidades. Considerações finais

O turismo tem abordagens em várias áreas do saber, visto que envolve aspectos das localidades e pressupõe a necessidade de deslocamento. Considerando atividade turística o ato de se deslocar a outras localidades podemos identificar múltiplos interesses e motivações, inclusive para a promoção e manutenção da saúde como forma de contribuir para o bem-estar do turista (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010). A atividade turística foi a ferramenta encontrada para a ampliação de circulação social dos moradores da RT por representar, juntamente com o lazer, o aparato para gerar mais conhecimento e processamento da informação/comunicação (MOESCH, 2015).

As intervenções no campo da saúde são constantemente questionadas se são práticas baseadas em evidência. A possibilidade de enxergar, através da ecologia de saberes, uma intervenção terapêutica ocupacional aliada a praticas de lazer e turismo em saúde mental é um alento. Longe de se negar a importância da ciência, a ecologia de saberes, por outro lado, propõe diálogo de saberes pois ela reconhece a existência de vários sobre um mesmo fenômeno (SANTOS, 2007).

Na terapia ocupacional sempre se pensa qual o objetivo de utilizar determinada ferramenta e se certa habilidade construída será realmente útil para o cotidiano daquela pessoa. Os usuários da saúde mental estão constantemente sendo julgados pelo que não conseguem fazer ou o que a sociedade acredita que eles não conseguem ou não devem fazer.  

Aos olhos de um leigo ou de alguém que perpetua esse estigma, ainda que sem crítica sobre isso a atividade turística pode parecer apenas uma distração ou um ocupar o tempo. No entanto, a atividade turística, como visto no caso relatado pode ser além de ocupação meio e ocupação fim de ganho de autonomia, ferramenta para ampliação da circulação social dos moradores o que dialoga com os preceitos da

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 293 04/02/2020 20:30:18

Page 17: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

294

DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO

saúde mental baseada na reforma psiquiátrica. Dessa forma, ainda que de posse de conhecimentos turísticos

e terapêuticos ocupacionais o que guiou todas as intervenções foram os saberes dos moradores sobre si mesmos. Seus desejos explicitados, muitas vezes de formas sutis como apontando algo que viram na tv ou em uma outra saída.

No cotidiano dos moradores essa empreitada se transformou em maior participação nas atividades do cotidiano, como a escolha do cardápio da semana, assim como a criação e manutenção de laços de solidariedade entre os moradores, maior investimento dos cuidadores nas potencialidades dos moradores ao que concerne o gerenciamento de sua própria vida  e pertences e maior expressão dos moradores de seus desejos e sonhos, que não devem jamais serem contidos em muros, sejam de manicômios ou sejam de casas ou dos próprios corpos.É necessário dar escuta para os pouco escutados, aqueles que foram marginalizados por tanto tempo. Há um corpo habitado, há sonhos, há esperança!

Ao apresentar o relato dos moradores da RT investigada, nosso olhar é na busca de aproximação dos saberes da terapia ocupacional com o campo do turismo, neste contexto por meio de atividades de lazer, city Tours e viagens, em prol do que acreditamos ser a construção do cotidiano em saúde mental: uma construção compartilhada entre todos os atores da vida da pessoa, e consolidação de uma vida em que a autonomia, respeito e liberdade são desejados, buscados e efetivados ao máximo de sua possibilidade.

Referências bobliográficas

ALVAREZ, E.; GÓMEZ, S.; MUÑOZ, I.; NAVARRETE, E.; RIVEROS, M.; RUEDA, L.; SALGADO, P., SEPÚLVEDA, R.; & VALDEBINITO, A. Definición y desarrollo del concepto de ocupación: ensayo sobre la experiencia de construcción teórica desde una identidad local. Revista Chilena de Terapia Ocupacional. (7), Pág. 76 - 82. (2007) doi:10.5354/0719-5346.2010.81ABOU-YD, M. N. ; SILVA, R. A. Hospitalidade noturna na saúde mental: a nossa luta é por delicadeza. Mazza Edições, 2010.

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 294 04/02/2020 20:30:18

Page 18: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

O turismo na construção do cotidiano no cuidado em saúde mental: relato de uma experiência com pacientes em Belo Horizonte – Brasi

295

AOTA (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE TERAPIA OCUPACIONAL). Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. 26. ed. esp. São Paulo: jan.-abr. 2015, p. 1-49. BRASIL, R.F. Portaria ministerial MS nº 106, de 11 de fevereiro de 2000. Disponível em: <http://u.saude.gov.br/images/pdf/2015/marco/10/PORTARIA-106-11-FEVEREIRO-2000.pdf>. Acesso em: jun. 2015.BARRETO, M. Manual de Iniciação ao estudo do turismo. Campinas: Papirus, 2003.BAURU. Carta de Bauru – 30 anos. Disponível em https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2017/12/CARTA-DE-BAURU-30-ANOS.pdf . Acessado em 2 novembro de 2018.CERTEAU, L. G. A invenção do cotidiano 2. Morar, Cozinhar. Petrópolis: Vozes, 1996.ESPERANÇA, R. L. D.; CERCHIARI, E. A. N.; MARTINS, P. C. S.; ALVARENGA, M. R. M.; CANEVARI, S. C. Passeios turísticos como estratégia de prevenção e recuperação da saúde mental em idosos. Revista Turismo Visão e Ação – Eletrônica, Vol. 14, nº 2, p. 184–195, mai-ago 2012. FROIS, R. Fala Juventude: a relação dos jovens de bairros populares com os eventos e  equipamentos de esporte, lazer e cultura no espaço urbano da cidade de Belo Horizonte.  Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais. 2013. MARCELINO, N. C. Lazer e cultura: algumas aproximações. In MARCELINO, N. C. (ORG.) Lazer e cultura. Campinas: Alínea, 2007. P. 10-30.MAGNANI, J. G. C. Lazer um campo interdisciplinar de pesquisa. In: BRUHNS, H. T.; GUTIERREZ, G. L. O Corpo e o lúdico: ciclo de debates lazer e motricidade. Campinas: FEF-UNICAMP: Editora Autores Associados, 2000.MAYOL, P. O Bairro. In: CERTEAU, L. G. A invenção do cotidiano 2. Morar, Cozinhar. Petrópolis: Vozes, 1996.MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção em Saúde Mental. Marta Elizabeth de Souza. Belo Horizonte, 2006. 238p. Disponível em: <http://www.canalminassaude.com.br/publicacoes/2/linhas-guia/>. Acesso em: jun. 2015.

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 295 04/02/2020 20:30:18

Page 19: DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO · 2020-05-25 · denúncias e lutas de mudança do modelo assistencial. Considerando seu surgimento nos Estados Unidos, legalmente em 1917, por pessoas

296

DIÁLOGOS SOCIAIS EM TURISMO

MINISTÉRIO DO TURISMO. Turismo de Saúde: orientações básicas. 1. ed. Brasília: Ministério do Turismo, 2010.MOESCH, M. M. O lazer faz o elo: reinventar as políticas públicas para o lazer e o turismo humanizadores. In: GOMES, C. L.; ISAYAMA, H. F. (Org.). O Direito social ao lazer no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2015.QUEIROZ, A. G.; COUTO, A. C. P. Metodologia participativa, subjetividade individual e social: a experiência de facilitação de reuniões de moradores em Residências Terapêuticas. Pesquisas e Práticas Psicossociais 10(1), São João del-Rei, jan.-jun. 2015.SANTOS, B. S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos estud. - CEBRAP,  São Paulo ,  n. 79, p. 71-94,  Nov. 2007. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-33002007000300004.TAVARES, A. M. City Tour. São Paulo: Aleph, 2002. TUAN, YI-FU. Espaço e Lugar: A perspectiva da experiência. São Paulo: DIFEL, 1983.QUEIROZ, A. G. “Não tô boa. Preciso passear!”: o lazer de moradores de dois serviços residenciais terapêuticos de Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado [manuscrito]. Universidade Federal de Minas Gerais 2015.

diálogos sociais em turismo. miolo_ com ficha e folha de rosto.indd 296 04/02/2020 20:30:18