NUTRIÇÃO SOCIEDADE

Alli é o primeiro medicamento para emagrecer que poderá ser comprado sem prescrição médi-ca em Portugal. Mas as embala-

gens destes comprimidos têm uma outra particularidade – o folheto informativo vem acompanhado por uma password de acesso a um website que oferece acompa-nhamento nutricional on-line. Hoje não é difícil encontrar sites sobre nutrição: uma pesquisa no Google devolve centenas de resultados.

Daniel Dornellos, 49 anos, é dietista e ini-ciou recentemente o acompanhamento de pacientes pela Internet. «Trata-se de um método já muito usado nos Estados Unidos da América e acredito que seja uma mais- -valia, uma vez que o serviço é de fácil aces-so para toda a gente», diz.

O método de recolha de dados é muito semelhante ao de uma consulta presencial. A única diferença reside no facto de ser fei-ta pelo próprio cliente, que, depois, recebe a resposta por e-mail. De seguida, aprofun-da-se o entendimento com o paciente, atra-

mos que se torne independente e que saiba orientar-se sozinho», explica o dietista.

Até ao momento, Daniel Dornellos ainda não cobrou consultas, mas pensa começar a fazê-lo em breve, devido ao «consumo de tempo na troca de informações, análise e

preparação dos planos alimenta-res individualizados». No entan-to, garante que os clientes bene-

ficiarão de preços mais baixos em relação às consultas presenciais da

especialidade, que atingem valores en-tre os 50 e os 70 euros.

SATISFAZER APETITESNo seu trabalho, lida, diariamente, com o «pecado da gula». Isabel Pinto, 36 anos, é cozinheira. Uma profissão «bem complica-da, quando se quer emagrecer», confessa. Um dia, durante uma pesquisa na Internet, encontrou o website de um nutricionista brasileiro. Conheceu o método e rendeu-se às consultas on-line. «É mais barato. Pago 50 euros por mês, o preço de uma consulta presencial, mas posso consultar o nutri-cionista uma vez por semana.» A este valor somam-se outros: 200 euros mensais em comprimidos e chás prescritos pelo es-pecialista. A conta elevada não a demove – Isabel está satisfeita com os resultados. «O doutor orienta-me a dieta por e-mail. Num mês, já perdi três quilos», declara.

Alexandra Bento, 39 anos, presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, avisa que as consultas pela Internet são um risco. «Os sites estão fora do nosso contro-lo. Nunca sabemos se quem está por detrás deles é ou não um verdadeiro profissional.» Além disso, defende, o processo de acom-panhamento virtual até ao final do trata-mento origina muitas dúvidas. «Acredito que seja possível até ao aconselhamento. Mas, nessa altura, há uma fronteira e é mui-to difícil continuar o acompanhamento sem contacto directo.» Por isso, Alexandra avisa: «Cautela, optem por consultas pre-senciais.»

Dietas on-linePara estar na linha, só precisa de estar em linha.

O acompanhamento nutricional à distância está aíPOR VERA MENDÃO COSTA

vés da troca de e-mails, e, se necessário, de telefonemas.

Concluída a recolha de informações, o dietista envia ao cliente um plano alimen-tar, solicitando-lhe um diário em que re-giste todas as refeições ingeridas durante três a sete dias, a fim de efectuar uma adap-tação do plano para que sejam atingidos os objectivos propostos. «Não queremos que o cliente fique preso às consultas, quere-

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O aconselhamento alimentar também já chegou aos telemóveis. Só precisa de ter um aparelho com câmara,

fotografar todas as refeições e enviá-las para o site My food phone. Lá, as refeições são comentadas pela comunidade on-line, e, mediante o pagamento de dez dólares (7,5 euros), é atribuído ao utilizador um nutricionista, que dá conselhos e apresenta opções mais saudáveis, recorrendo ao envio de vídeos ou de mensagens escritas.

Regime no móvel

PERIGOSO? Nutricionistas avisam que se pode estar a comprar gato por lebre

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