DIEG - Peste_um Passado Com Futuro (Ana Gomes)

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA Peste Um passado com futuro? Ana Carolina Damas Gomes 2012 Ana Carolina Damas Gomes Peste: um passado com futuro? 2012

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Peste Um passado com futuro?

Ana Carolina Damas Gomes

2012

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2012

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

Peste Um passado com futuro?

Ana Carolina Damas Gomes [email protected]

2012

Trabalho escrito apresentada à Universidade de Coimbra para cumprimento dos requisitos necessários à realização da disciplina Doenças Infecciosas, Epidemiologia e Globalização, do Mestrado em Antropologia Médica, sob a orientação científica da Professora Doutora Ana Luísa Santos (Universidade de Coimbra)

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Resumo

A peste é uma doença infecciosa que ocorre naturalmente em roedores mas que pode também afetar o homem. O bacilo que a causa é a Yersinia pestis e pode ser transmitido ao homem diretamente (partículas respiratórias contaminadas) ou indiretamente (rato infeta pulga que infeta humano). Pode manifestar-se de três modos: peste bubónica, peste pneumónica (primária ou secundária) e peste septicémica (primária ou secundária). O diagnóstico, não sendo simples para os dois últimos tipos, é feito laboratorialmente. O tratamento é feito com antibióticos e atualmente não existe uma vacina disponível. Sem tratamento todas as formas de peste apresentam uma elevada mortalidade. A peste permanece endémica nalgumas zonas do globo, em algumas foram encontradas formas de Y. pestis resistentes a antibióticos. Levanta-se a possibilidade de utilização de Y. pestis como arma biológica, um dos fatores que coloca a hipótese de uma quarta pandemia. As três pandemias que já existiram são a Peste Justiniana (séc. VI), a Peste Negra (séc. XIV) e a Peste da Indo-China (séc. XIX). Geralmente associada ao passado, a peste pode ainda representar um grande perigo. Palavras-chave Peste, Yersinia pestis, Bioterrorismo, Pandemias Abstract Plague is an infectious disease that naturally occurs in rodents, it can affect humans too. The bacillus that causes plague is Yersinia pestis, and it can be transmitted directly (through contaminated respiratory droplets) or indirectly (mouse infects flea that infects human). Plague can manifest itself in three ways: bubonic plague, pneumonic plague (primary or secondary) and septicemic plague (primary or secondary). The diagnosis, not simple for the last two kinds, must be done in laboratory. The treatment is done with antibiotics and nowadays there isn’t an available vaccine. Without treatment every kinds of plague show a high mortality. Plague continues endemic in some areas of the globe, resistant strains of Y. pestis were found in some of these areas. There is a possibility of the utilization of Y. pestis as biologic weapon, one of the facts that raises the hypothesis of a fourth pandemic. The three pandemics that already happened are the Justinian Plague (VI century), Black Death (XIV century) and Indo-China Plague (XIX century). Generally associated with the past, plague can still representing a great danger. Key-words Plague, Yersinia pestis, Bioterrorism, pandemics

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Sumário

Introdução ..................................................................................................................... 5

O que é? ........................................................................................................................ 6

Yersinia pestis ............................................................................................................... 7

Transmissão .................................................................................................................. 8

Manifestações clínicas ................................................................................................ 10

Peste bubónica ................................................................................................. 10

Peste pneumónica ............................................................................................ 11

Peste septicémica ............................................................................................. 12

Diagnóstico ................................................................................................................. 13

Tratamento .................................................................................................................. 14

Vacina ........................................................................................................................ 16

Prevenção ................................................................................................................... 17

Suscetibilidade ............................................................................................................ 18

Mortalidade................................................................................................................. 19

Ocorrência .................................................................................................................. 20

História ....................................................................................................................... 22

Formas resistentes ....................................................................................................... 25

Bioterrorismo .............................................................................................................. 26

Conclusão ................................................................................................................... 28

Referências bibliográficas ........................................................................................... 29

Referências bibliográficas das figuras ......................................................................... 32

Referências bibliográficas das tabelas ......................................................................... 33

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Introdução

A peste é uma doença infeciosa, por vezes ainda pouco compreendia embora

sobejamente conhecida enquanto doença que no passado histórico assolou o planeta. É

particularmente conhecida enquanto “Peste Negra”, o terror Europeu da Idade Média.

A peste não é só uma sombra do passado, é uma doença atual e de elevada

mortalidade na ausência de tratamento adequado. Não é só um acontecimento histórico

e assombroso, é uma realidade epidemiológica.

No entanto, esta mantem-se afastada das luzes da ribalta, adormecida mas

eventualmente já a querer acordar ou a ser desperta para ser utilizada como arma

biológica.

Aqui surge o busílis da questão: a peste é um gigante adormecido que devemos

temer ou, pelo contrário, temê-la é, no contexto atual, uma atitude exagerada. “É fácil

esquecer a peste no século XXI, vendo-a como uma curiosidade histórica” (Stenseth et

al., 2008: 12): será ela apenas uma marca do passado?

As questões levantadas perante a peste são diversas e exigem resposta. Afinal, a

peste pode não estar incluída nas “três grandes” doenças da atualidade, malária,

HIV/SIDA, tuberculose (Stenseth et al., 2008), mas, e atendendo ao que aconteceu no

passado, faz sentido pensar o risco que pode representar.

O presente trabalho procurará: elucidar o que é a peste (o que é, como é causada,

como é transmitida, como se manifesta); esclarecer quais os meios de que dispomos

para a combater (diagnóstico, tratamento, vacina, prevenção); sumariar a situação atual

em relação à doença (suscetibilidade, mortalidade, ocorrência, descobertas recentes,

bioterrorismo) e perceber o seu peso no passado, mas, acima de tudo, procurará pesar

cada aspeto referido e iluminar uma possível resposta à questão: um passado com

futuro?

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O que é?

A peste é uma doença infeciosa, de progressão rápida, muitas vezes fatal,

causada pela bactéria Yersinia pestis (Casman & Fischhoff, 2008). É uma zoonose

(doença animal) que ocorre principalmente roedores (Health Protection Agency, 2007;

Butler, 2009; Martindale, 2010). No entanto, os humanos são por vezes infetados.

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Yersinia pestis

A Yersinia pestis é uma bactéria gram-negativa (Ministério da Saúde do Brasil,

2010; Derbise & Carniel, 2011). Faz parte da família Enterobacteriaciae juntamente

com 13 outras espécies do género Yersinia (Derbise & Carniel, 2011; Rosenzweig et al.,

2011). Ao provocar uma doença infecciosa, distingue-se das outras duas únicas Yersinia

patogénicas (Y. pseudotuberculosis e Y. enterocoliticaque) que provocam problemas

gastrointestinais (Derbise & Carniel, 2011; Rosenzweig et al., 2011).

A investigação realizada sugere que este bacilo evoluiu na atual China, ou nas

suas proximidades, a parir da bactéria Y. pseudotuberculosis (Achtman et al., 2004 in

Butler, 2009; Li et al., 2009 in Riehm et al., 2012; Morelli et al., 2010 in Riehm et al.,

2012; Eppingee et al., 2012). Estima-se que a divergência tenha ocorrido há cerca de

20 000 anos (Achtman et al., 2004 in Butler, 2009; Achtman et al., 1999 in Eppingee et

al., 2012).

As duas espécies partilham mais de 95% do genoma (Derbise et al., 2012). Mais

especificamente, cerca de 13% de genes foram inativados na Y. pestis enquanto 32

novos genes foram adquiridos (Chain et al. 2004 in Rosenzweig et al., 2011).

Da China, o bacilo alastrou-se, através de diversas radiações, para o Sul da Ásia,

África, Europa, América do Norte e do Sul (Li et al., 2009 in Riehm et al., 2012;

Morelli et al., 2010 in Riehm et al., 2012), tendo sido capaz de se estabelecer em

diversos nichos ambientais (Perry & Fetherson, 1997 in Rosenzweig et al., 2011).

Apenas não chegou à Austrália e à Antárctica (Devignar, 1951 in Riehm et al., 2012;

Girard et al., 2004 in Riehm et al., 2012).

Enquanto agente causador da peste, a Yersinia pestis foi descoberta, no mesmo

ano embora em investigações independentes, em 1894 por Yersin e Kitasato, durante

uma terceira pandemia de peste (Butler, 2009; Jorge, 2010 [1899]).

Atualmente considera-se que existem quatro biovars de Y. pestis: Antiqua

(África e Ásia Central), Medievalis e Pestoides ou Microtus (Ásia), Orientalis (todos

continentes onde o bacilo chegou) (Devignat, 1951 in Stenseth et al., 2008; Guiyoule et

al.,1994 in Stenseth et al., 2008; Derbise & Carniel, 2011).

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Transmissão

Na maioria dos casos a infecção atinge os humanos de forma indireta, através de

picadas de pulgas infectadas, que se alimentaram previamente em animais doentes

(Health Protection Agency, 2007; Butler, 2009).

Enquanto doença zoonótica, a peste afecta sobretudo roedores, sendo que a

maioria das pulgas infectadas que chegam aos humanos provêm do rato negro

doméstico (Rattus rattus) e do gato de esgoto castanho (Rattus norvegicus) (Butler,

2009). Outros potenciais hospedeiros são, por exemplo, esquilos e coelhos (Casman &

Fischhoff, 2008).

Quanto ao vetor (pulga), a mais comum e eficaz é a Xenopsylla cheopis (Butler,

2009). No entanto, cerca de 80 espécies de pulgas são susceptíveis à Yersinia pestis

(embora só a possam transmitir ao homem as que conseguem morder através da sua

pele) (Casman & Fischhoff, 2008).

Devido ao facto de poder “circular” por vários hospedeiros e através de vários

vetores a Y. pestis é considerada um patógeno multi-hospedeiro e multi-vetor (Anisimov

et al., 2004 in Riehm et al., 2012).

Embora mais ocasionalmente, a transmissão da peste pode ainda ser direta, isto

é, de humano para humano, através de aerossóis (gotículas respiratórias) (Health

Protection Agency, 2007; Butler, 2009).

O período de comunicabilidade da doença por transmissão direta prolonga-se

enquanto existirem organismos viáveis na expectoração (cerca de 72 horas após o início

tratamento antibiótico) (Health Protection Agency, 2007).

No ar a Y. pestis morre em menos de uma hora, apesar de diversos fatores

poderem aumentar a sua sobrevivência (ex. Baixas temperaturas, manipulação

laboratorial) (Casman & Fischhoff, 2008).

Outros modos de transmissão possíveis, embora muito raros, são através do

tecido conjuntivo, de escoriações cutâneas ou do consumo de carne de animais infetados

(Derbise & Carniel, 2011).

O aparecimento de peste em locais distantes do seu foco original (infeções per

saltum) resulta do transporte de ratos ou pulgas infetados por rodovias, navios ou outros

meios de transporte (World, Health Organization, 2009). Destaque para os portos e para

as embarcações, frequentemente infestadas de roedores, os principais pontos de entrada

de bens alimentares e pessoas no passado e, ainda hoje, fundamentais para o transporte

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de bens devido aos custos inferiores aos do transporte aéreo (World Health

Organization, 2009).

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Manifestações clínicas

A infecção pode manifestar-se de três modos (Butler, 2009; Martindale, 2010):

peste bubónica, peste septicémica e peste pneumónica.

Peste Bubónica

A peste bubónica é a mais frequente (Butler, 2009; Martindale, 2010; Derbise &

Carniel, 2011).

Após a mordidela da pulga, o período de incubação, até à manifestação

sintomática da doença, vai de 2 a 10 dias (Gage et al., 1998 in Butler, 2009). São

necessários cerca de 100 organismos para que haja infecção (Health Protection Agency,

2007; Casman & Fischhoff, 2008).

Os primeiros sintomas a surgir incluem febre, calafrios, dor de cabeça, náuseas,

vómitos, prostração, dores e mal-estar geral (Health Protection Agency, 2007; Derbise

& Carniel, 2011).

Após 6-8 horas do aparecimento dos primeiros sintomas dá-se o

desenvolvimento de um bubão ou bubões (Health Protection Agency, 2007; Derbise &

Carniel, 2011). Manifestações características da peste bubónica que geralmente

aparecem nas regiões femoral, inguinal e axilar (figuras 1, 2 e 3) (Butler, 2009; Jorge,

2010 [1899]).

Os bubões formam-se na sequência da migração da bactéria da pele para os

gânglios linfáticos após a picada e sua reprodução nesse local (Derbise et al., 2012).

Os bubões consistem assim em nódulos linfáticos, inchados, distendidos,

brilhantes, de coloração vermelha-arroxeada, por vezes com hemorragia e necrose,

sensíveis e férteis em bactérias Y. pestis, que se desenvolvem na zona de drenagem de

picadelas infectadas (Health Protection Agency, 2007; Butler, 2009, Ministério da

Saúde do Brasil, 2010).

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Peste pneumónica

Quando a bactéria se infiltra nos pulmões, desenvolve-se peste pneumónica; é

nesta forma que a peste pode ser transmissível entre humanos (Butler, 2009). A peste

pneumónica pode ainda resultar do avanço e consequente infecção dos pulmões de uma

peste induzida pela picada de uma pulga (Koirala, 2006 in Yamanaka et al., 2010). Ou

seja, pode ser primária ou secundária.

Figura 3 Zonas do corpo onde geralmente se formam bubões (Jorge, 2010[1899])

Figura 2 Bubão inguinal (World Health Organization, 2009:19) Figura 1 Bubão axilar (World Health Organization, 2009:19)

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O período de incubação, no caso de uma infecção primária varia de algumas

horas a 4 dias, podendo chegar, no máximo aos 6 (Health Protection Agency, 2007;

Derbise & Carniel, 2011).

Os sintomas são os de uma pneumonia: dores no peito, tosse, expectoração

ensanguentada e dispneia (dificuldade em respirar), entre outros (Health Protection

Agency, 2007; Derbise & Carniel, 2011).

Peste septicémica

Quando as bactérias não se concentram em bubões e circulam na corrente

sanguínea a peste designa-se por septicémica (Health Protection Agency, 2007; Butler,

2009; Ministério da Saúde do Brasil, 2010; Derbise & Carniel, 2011).

Esta é a forma menos comum das três (Derbise & Carniel, 2011).

Este tipo de peste pode ser primário (ocorrer sem nenhum outro quadro clínico

prévio) ou secundário (ocorrer no desenvolvimento de um quadro clínico de outro tipo

de peste) (Health Protection Agency, 2007; Butler, 2009; Ministério da Saúde do Brasil,

2010; Derbise & Carniel, 2011).

No caso de uma manifestação primária, o período de incubação varia entre 2 e 8

dias (Health Protection Agency, 2007).

Os sintomas são os comuns de uma septicemia (infecção generalizada da

corrente sanguínea), incluindo febre elevada, choque circulatório e coagulação

intravascular disseminada (Health Protection Agency, 2007).

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Diagnóstico

A primeira linha de diagnóstico é o quadro clinico (Jorge, 2010[1899];

Ministério da Saúde do Brasil, 2010), o que para a peste bubónica é relativamente claro

(devido ao bubão), mas para as outras é muito complicado uma vez que estas não

apresentam características sintomatológicas específicas (Derbise & Carniel, 2011).

O isolamento do bacilo e a sua análise laboratorial são assim fundamentais para

o diagnóstico da peste (Butler, 2009; Jorge, 2010[1899]; Ministério da Saúde do Brasil,

2010).

O isolamento do organismo por cultura é o método de diagnóstico preferencial

desde a sua descoberta por Yersin em 1984, sendo também a referência padrão para um

diagnóstico de peste (Butler, 2009). No entanto, com o decorrer dos anos novas técnicas

foram desenvolvidas (Butler, 2009).

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Tratamento

Para se revelar eficaz, o tratamento da peste deve ser feito recorrendo a

antibióticos num prazo de 18 horas após os primeiros sintomas (Casman & Fischhoff,

2008).

Estreptomicina, tetraciclina e cloranfenicol são os antibióticos tradicionalmente

utilizados no tratamento da peste, sendo o primeiro o mais eficaz mas também o que

requer mais cuidados de utilização, especialmente na gravidez, uma vez que pode

provocar efeitos secundários graves (Health Protection Agency, 2007; Martindale,

2010; Derbise & Carniel, 2011). Tratamentos com aminoglicosídeos também revelaram

sucesso (Health Protection Agency, 2007; Martindale, 2010).

Uma sugestão de tratamento com cloranfenicol e aminoglicosídeos pode ser

vista na tabela 1.

Existem vários estudos que revelam a eficácia de outros compostos antibióticos

no tratamento da peste como, a título de exemplo, a levoflaxina e fluoroquinolonas

(Butler, 2009; Rosenzweig et al., 2011).

Pelo contrário, as amostras revelam-se resistentes à colistina, à polimixina B e

aos macrolidos (Frean et al., 2003 in Butler, 2009).

Atualmente, além dos antibióticos, não existem outras substâncias que permitam

a profilaxia, pré ou pós exposição, da peste (Rosenzweig et al., 2011).

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Tabela 1 Tratamento recomendado para a peste (Health Protection Agency, 2007: 6)

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Vacina

Para a peste “uma vacina de baixo custo, amplamente disponível, é a única

verdadeira panaceia e medida preventiva” (Rosenzweig et al., 2011: 281).

Atualmente um uma vacina segura e eficiente para a peste não está disponível

(Yamanaka et al., 2010; Rosenzweig et al., 2011; Derbise et al., 2012).

A primeira vacina amplamente utilizada para a peste foi a viva atenuada Y. pestis

EV76 desenvolvida no Instituto Pasteur de Madagáscar em 1934 por Girard e Robic

(Derbise & Carniel, 2011; Derbise et al., 2012). Devido aos severos efeitos secundários

que pode causar continua a ser utilizada num reduzido número de países como a ex.

União Soviética e a China (Derbise et al., 2012).

Uma outra vacina, a de células inativadas USP, esteve disponível até 1999 nos

estados Unidos da América (Meyer, 1970 in Quenee et al., 2011; Rosenzweig et al.,

2011). A sua eficácia variável e de curta duração, o facto de apenas conferir proteção

contra a peste bubónica e não contra a pneumónica e o elevado nível de efeitos

secundários que provocava levaram a que fosse descontinuada (Deng et al., 2002 in

Rosenzweig et al., 2011).

A investigação para uma vacina para a peste continua, procurando o sucesso

através de diversas plataformas de vacina, no entanto, as candidatas mais promissoras

são as baseadas nos antigenes F1 e LcrV (Alvarez & Cardineau, 2010 in Rosenzweig et

al., 2011; Rosenzweig et al., 2011).

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Prevenção

A Peste é uma doença de notificação obrigatória (deve ser comunicada

imediatamente e pela via mais rápida às autoridades sanitárias de um país) (Ministério

da Saúde do Brasil, 2010; Derbise & Carniel, 2011). Esta é uma medida fundamental

para impedir o alastramento de focos de peste.

Casos suspeitos ou indivíduos que tenham estado em focos da doença devem

ainda ser sujeitos imediatamente a tratamento antibiótico, mesmo sem conhecimento de

resultados de diagnóstico laboratorial (Health Protection Agency, 2007; Ministério da

Saúde do Brasil, 2010).

Manter as habitações desinfetadas, livres de potenciais hospedeiros e vetores da

peste também pode ser uma eficaz medida preventiva (Derbise & Carniel, 2011).

Armadilhas e raticidas podem reduzir a densidade de roedores nas habitações, pesticidas

a densidade de pulgas (Casman & Fischhoff, 2008).

A utilização de métodos de barreira, como máscaras, pode proteger contra a

peste pneumónica (Kool, 2005 in Casman & Fischhoff, 2008).

Um estudo de Williams et al. (2011) sugere ainda a importância, demonstrando

a sua provável eficácia, de campanhas de saúde pública e da existência prévia de planos

de atuação em casos de emergência.

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Suscetibilidade

Geralmente uma grande incidência de casos está associada a pobreza, o que

resulta em piores condições de habitação e, consequentemente, numa maior

suscetibilidade de contacto com ratos e pulgas infetadas (Butler, 2009).

Mas também fatores geográficos, meteorológicos e climáticos, densidade

populacional, tipos de esgotos e saneamento, atividade de transportes náuticos ou de

outros são elementos que podem ter influência na distribuição em número e em tipo de

roedores e pulgas e, consequentemente, numa maior ou menor suscetibilidade à peste

(World Health Organization, 2009).

Deve-se ainda ter em conta certas profissões que estão em maior contacto com

elementos de risco e o desequilíbrio das condições normais de um local pela ocorrência

de catástrofes naturais (World Health Organization, 2009).

Biologicamente, pelo contrário, não há grupos mais suscetíveis, a este nível, as

probabilidades de infeção são iguais para ambos os sexos e para toadas as faixas etárias

(Butler, 2009).

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Mortalidade

Em média, após o aparecimento dos primeiros sintomas, as pestes bubónica e

septicémica demoram uma semana a matar e a pneumónica apenas três dias (Derbise et

al., 2012).

Deste modo, a forma pneumónica de peste é considerada a mais infeciosa,

devido ao seu elevado ritmo de progressão e ao facto de poder ser transmitida entre

humanos (Koirala, 2006 in Yamanaka et al., 2010).

As formas mais letais são a pneumónica e a septicémica (100% dos casos na

ausência de tratamento) (Stenseth et al., 2008; Wu, 1926 in Williams et al., 2011).

Sem qualquer tipo de tratamento, no entanto, até a peste bubónica apresenta uma

elevada mortalidade: 40 a 70% dos casos são fatais (Stenseth, 2008; Koirala, 2006 in

Yamanaka et al., 2010; Derbise & Carniel, 2011).

Nos países onde a peste é endémica (registam-se ocorrências mas o seu número

é constante), mesmo com acesso a tratamento antibiótico, 10% dos casos resultam em

morte (Derbise et al., 2012).

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Ocorrência

“A peste continua endémica em regiões da África, Ásia e América do Norte e do

Sul” (Perry & Fetherston, 1997 in Yamanaka et al., 2010: 3219; Anisimov et al., 2004

in Yamanaka et al., 2010: 3219), como na Índia, China (Rosenzweig et al., 2011),

Madagáscar (Derbise et al., 2012), Zâmbia, Malawi, Algéria e Congo (Heymann, 2005

in Rosenzweig et al., 2011; Alvarez & Cardineau, 2010 in Rosenzweig et al., 2011).

Desde os anos 80 e durante os anos 90, verificou-se um aumento dos casos a

nível mundial, alguns deles em locais onde já não havia registos de peste há décadas

(Derbise & Carniel, 2011; Rosenzweig et al., 2011; Inglesby et al., 2000a in Williams et

al., 2011; Derbise et al., 2012). Esta tendência levou a Organização Mundial de Saúde a

classificar a peste como uma doença reemergente (Derbise & Carniel, 2011;

Rosenzweig et al., 2011; Inglesby et al., 2000a in Williams et al., 2011; Derbise et al.,

2012).

Focos naturais em roedores existem em várias áreas do globo (figura 4) (World

Health Organization, 2009). E mesmo no século XXI continuam-se a registar

anualmente novos surtos (tabela 2) (World Health Organization, 2009).

De 2004 a 2008 foram reportados um total de 11 479 casos de peste humana e

772 morte em 14 países (África, Ásia e Américas). Quatro desses países (República

Democrática do Congo, Madagáscar, Peru e EUA) apresentaram casos todos os anos

(World Health Organization, 2009).

Devido a um aumento de casos e à sua persistência “existe a preocupação com

uma possível quarta pandemia” (Riedel, 2005 in Rosenzweig et al.).

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Figura 4 Distribuição global de focos de peste naturais em roedores no ano de 1999 (World Health Organization, 2009: 4)

Tabela 2 Surtos de peste em humanos registados pela Organização Mundial de Saúde de 2004 a 2008 (World Health Organization, 2009: 3)

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História

Diversos registos históricos relatam surtos que se pensa serem de peste (Khan,

2004).

O primeiro registo que se referirá à peste aparece na Bíblia, no livro de Samuel:

no ano 1000 a.C. os Filisteus, em guerra com os Israelitas, ter-lhes-ão roubado a Arca

da Aliança; sendo afetados por peste acabam por a devolvê-la (Khan, 2004; Lookwood,

2012).

Ao longo da história terão ocorrido três grandes pandemias de peste: Peste

Justiniana (541-588), Peste Negra (século XIV) e Peste da Indo-China (meados século

XIX) (Rosenzweig et al., 2011). Pensa-se que estas três pandemias terão sido causadas,

respetivamente, pelos biovars de Y. pestis Antiqua, Medievalis, e Orientalis (Guiyoule

et al., 1994 in Lindler, 2005; Devignat, 1951 in Stenseth et al., 2008; Guiyoule et al. in

Stenseth et al., 2008).

A primeira pandemia de peste, Peste Justiniana, teve origem no Egito e estima-

se que terá causado 100 milhões de mortes (Khan, 2004). Este surto pandémico pode

mesmo ter desempenhado um papel na queda do Império Romano (Monecke et al.,

2009).

De 1348 a 1350-1352 a Europa é devastada pela “Grande Mortalidade”: esta é a

segunda pandemia, mais conhecida como Peste Negra, e terá causado a morte de mais

25 milhões de pessoas (1/4 da população do continente) (McEvedy, 1988 in Khan,

2004; Derbise & Carniel, 2011).

A terceira e última pandemia começou em 1860 na província chinesa de

Yunnan, causando 10 milhões de mortes (Khan, 2004).

Foi durante esta pandemia que o bacilo da peste foi descoberto e que se percebeu

que os surtos de peste estavam relacionados com os ratos e as suas pulgas: ratos

infetados transportados por navios chegavam a uma cidade e transmitiam a infeção aos

roedores locais e às suas pulgas que acabavam por chegar aos humanos (Stenseth et al.,

2008).

A partir de Hong Kong em 1894, a Peste da Indo-China utiliza a navegação a

vapor para se estender a outros continentes (Derbise & Carniel, 2011).

Chegou mesmo até Portugal, causando um surto de peste no Porto, relatado por

Ricardo Jorge (Jorge, 2010[1899]). Manteve-se na cidade de 1899 a 1901, causando 112

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23

mortes (Monteiro, 2010 in Jorge, 2010[1899]). Esta foi a última ocorrência de peste em

Portugal e na Europa (Monteiro, 2010 in Jorge, 2010[1899]).

Em conjunto, estas três pandemias terão causado cerca de 200 milhões de mortes

(Perry & Fetherston, 1997 in Yamanaka et al., 2010; Anisimov et al., 2004 in

Yamanaka et al., 2010). Devido à sua rápida propagação e alta letalidade a peste será

mesmo a doença infecciosa que mais matou (Perry & Fetherston, 1997 in Quenee et al.,

2011; Raoult et al., 2000 in Quenee et al., 2011; Derbise & Carniel, 2011).

Independentemente da época ou localização da peste “existe um elemento

sempre constante: o medo. Uma presença avassaladora” (Santos, 2006: 131).

Segundo Hutcheon e Hutcheon (2003) as pragas têm poder emocional e artístico.

Os mesmos autores recorrem a Murphy (1898) para dizer que a doença é, além de um

evento biológico que infeta o corpo, um evento social com significados sociais.

A primeira quarentena acontece devido à peste em 1370 quando todos os

viajantes náuticos que chegassem à Croácia eram ordenados a ficarem retidos por 40

dias (Khan, 2004).

Dois santos foram devotados aos doentes de peste: São Sebastião e São Roque

(Khan, 2004). A peste é, ainda, uma força marcante nas representações da morte como o

vulto negro que ceifa vidas com uma gadanha (figura 5), ou na dança macabra onde

esqueletos arrastam todos para a morte (figura 6) (Santos, 2006).

A influência da peste está patente em áreas artísticas como a literatura, a ópera e

a pintura (Hutcheon & Hutcheon, 2003; Khan, 2004; Santos, 2006).

A cicatriz deixada pela peste ao longo da história da humanidade afetou o

desenvolvimento socioeconómico, a política, a cultura, a arte, a religião, representações

(Khan, 2004; Santos, 2006; Stenseth et al., 2008) e, através de muitas destas vias, é

ainda hoje visível.

Page 24: DIEG - Peste_um Passado Com Futuro (Ana Gomes)

24

Figura 5 A Morte (Latour, 1994:30 in Santos, 2006: 146)

Figura 6 Dança Macabra (Duby, 1999 in Santos, 2006: 152)

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25

Formas resistentes

Recentemente emergiram genótipos de Y. pestis anteriormente desconhecidos,

muitos deles associados com uma patogenicidade alterada e com adaptações específicas

a determinados nichos ambientais (Eppingee et al., 2012). A Y. pestis pode tornar-se

altamente resistente a antibióticos clinicamente úteis pela aquisição paralela de material

genético originário de outras fontes (Derbise & Carniel, 2011; Eppingee et al., 2012).

Uma variante resistente a compostos arsénicos foi encontrada na Indonésia (Y. pestis

Java 9), esta resistência pode ter sido despoletada pela exposição a compostos arsénicos

naturais ou feitos pelo homem (utilizados na medicina veterinária, por exemplo)

(Eppingee et al., 2012).

Outras duas variantes resistentes foram encontradas em Madagáscar, uma das

quais resistente a oito tipos de antibióticos, nos quais se incluem os mais recomendados

para a profilaxia e tratamento da peste (Butler, 2009; Galimand et al. 1997 in Derbise et

al., 2012).

Existem ainda rumores da criação laboratorial de formas multirresistentes de Y.

pestis pela ex. União Soviética (Casman & Fischhoff, 2008; Inglesby et al. 2000 in

Rosenzweig et al., 2011).

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Bioterrorismo

O bioterrorismo consiste na ameaça ou libertação intencional de agentes

biológicos (vírus, bactérias, fungos, etc.) que provoquem doença e morte em populações

humanas ou fontes de alimento (agricultura, pecuária, etc.), com o fim de aterrorizar

civis ou manipular entidades governamentais (Centres for Diseases Control and

Prevention in Das & Katarina, 2010).

A Y. pestis já foi utilizada como arma biológica com efeitos devastadores

(Metcalfe, 2002 in Quenee et al., 2011).

Foi utilizada, por exemplo, na Idade Média (1346) através do lançamento de

corpos infetados sobre os limites muralhados de Kaffa pelo exército Tártaro (Mollaret,

1987 in Khan, 2004; Stenseth et al., 2008; Das & Katarina, 2010).

Hoje a Yersinia pestis é considerada pelo CDC (Centers for Diseases Control

and Prevention: Centros para o controle e prevenção de doenças) como um agente de

categoria A, ou seja, um organismo propício de ser utilizado pelo bioterrorismo

(Casman & Fischhoff, 2008; Derbise et al., 2012). Os agentes de categoria A são apenas

cinco, além da Y. pestis: Bacillus anthracis (antrax), Clostridium botulinum (botulismo),

Variola major (varíola), Francisella tularensis (tularémia) e vírus causadores das febres

hemorrágicas como a ébola e a lassa (Das & Katarina, 2010; Hong et al., 2012).

Esta classificação da Yersinia pestis atende a vários fatores: o bacilo pode

provocar uma infeção rápida e fatal (Health Protection Agency, 2007; Stenseth et al.,

2008; Rosenzweig et al., 2011); possibilidade de transmissão direta da peste

pneumónica (Health Protection Agency, 2007; Rosenzweig et al., 2011); a reputação da

doença causaria o pânico (Health Protection Agency, 2007; Stenseth et al., 2008); a

possibilidade da manipulação genética da bactéria para resistir a antibióticos

(Rosenzweig et al., 2011; Derbise et al., 2012); não existe vacina ou imunidade e os

meios de profilaxia e tratamento nem sempre são eficazes (Das & Katarina, 2010);

diagnóstico pode ser difícil de fazer (Das & Katarina, 2010).

A possibilidade de uma utilização com resultados da Y. pestis como arma

biológica é contudo polémica e por vezes desvalorizada.

Butler (2009) argumenta que a possibilidade de sucesso de uma bio arma Y.

pestis é escassa devido à baixa sobrevivência da bactéria fora de organismos. Ainda o

mesmo autor (2009: 740) considera que “o risco de terroristas utilizarem este organismo

Page 27: DIEG - Peste_um Passado Com Futuro (Ana Gomes)

27

tem sido grandemente exagerado”, tomando como referência Krishna & Chitkara

(2003), Rollins et al. (2003) e Prentice et al. (2007).

Já Monecke et al. (2009) descarta a possibilidade de ocorrência na Europa,

invocando que para que isso acontecesse seria necessário um equilíbrio ecológico entre

humanos, ratos, pulgas e Y. pestis difícil de recrear mesmo com um ataque bioterrorista.

Page 28: DIEG - Peste_um Passado Com Futuro (Ana Gomes)

28

Conclusão

Para alguns autores, considerar a peste como um perigo epidemiológico real é

exagerado.

A vida da Yersinia pestis fora de um organismo é frágil e curta e controlar e

evitar a propagação de um surto nas cidades ocidentais pode ser relativamente fácil

atendendo aos meios aí existentes.

Contudo, o mundo não é só o ocidente e, mesmo o ocidente não é apenas cidades

desenvolvidas. Considero importante não esquecer que o que parece ser improvável na

nossa casa pode vir a tornar-se uma ameaça legítima na casa do vizinho e que nem todo

o planeta terá a mesma disponibilidade de meios profiláticos e de tratamento.

A própria fragilidade da bactéria Y. pestis pode ser debelada com recurso a

manipulação genética, ou em condições ambientais mais favoráveis à sua sobrevivência.

É ainda fundamental não ignorar que a peste poderá atacar por duas vias: aerossóis e

ratos/pulgas.

Além do mais, apesar da sua curta vida, o bacilo é rápido na infecção e a peste

uma doença de progressão rápida. A disseminação de um surto num local inesperado

pode desenvolver-se antes mesmo da suspeição de peste como diagnóstico e viajar para

outros locais, através de embarcações ou de outros transportes, muito rapidamente.

A agravar a situação não podemos esquecer a existência de formas resistentes a

antibióticos e de que, além destas, podem mesmo existir outras manipuladas

geneticamente. Também não podemos esquecer a inexistência de uma vacina viável.

Por fim, é imperativo ter em conta a imprevisibilidade de fatores sociais e

ambientais que perante uma mudança poderão em muito contribuir para uma maior

suscetibilidade à peste de uma dada população.

A hipótese de uma quarta pandemia não é desprovida de argumentos e, tendo em

conta o que tem vindo a ser dito, certos passos têm de ser dados ou continuar a ser

dados: a busca de uma vacina; investigar novos meios de tratamento; melhorar

condições de habitação… Mas, acima de tudo, será fundamental ter um plano, estar

prevenido para um cenário que, por muito hipotético que aparente ser, pode tornar-se

real sem que demos por isso.

A peste pode ser um passado com futuro.

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29

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Page 32: DIEG - Peste_um Passado Com Futuro (Ana Gomes)

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Figura 1

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Figura 2

World Health Organization. 2009. Operational guidelines on plague surveillance,

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Figura 3

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Figura 4

World Health Organization. 2009. Operational guidelines on plague surveillance,

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Figura 5

Santos, R. A. dos. 2006. O carnaval, a peste e a “espanhola”. História, Ciência,Ssaúde-

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Figura 6

Santos, R. A. dos. 2006. O carnaval, a peste e a “espanhola”. História, Ciência,Ssaúde-

Manguinhos, 13(1): 129-158: 152.

Page 33: DIEG - Peste_um Passado Com Futuro (Ana Gomes)

33

Referências bibliográficas das tabelas

Tabela 1

Health Protection Agency. 2007. Guidelines for action in the event of a deliberate

release plague: 6.

Tabela 2

World Health Organization. 2009. Operational guidelines on plague surveillance,

diagnosis, prevention and control. India, World Health Organization Publications: 3.