Dicionário Enciclopédico da Psicologia - Martins Fontes Introdução Os avanços dos séculos XX e...

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Título original: Petit Larousse de la Psychologie – Les grandes questions, notions essentiellesTradução, notas e adenda bibliográfica: Hélder ViçosoGrafismo: Cristina LealPaginação: Vitor Pedro

© Larousse, Paris, 2005

Todos os direitos desta edição reservados para

Edições Texto & Grafia, Lda.Avenida Óscar Monteiro Torres, n.º 55, 2.º Esq.1000-217 LisboaTelefone: 21 797 70 66Fax: 21 797 81 30E-mail: [email protected]

Impressão e acabamento:Papelmunde, SMG, Lda.1.ª edição, Setembro de 2008

ISBN: 978-989-95884-0-0Depósito Legal n.º 281984/08

Esta obra está protegida pela lei. Não pode ser reproduzida no todo ou em parte, qualquer que seja o modo utilizado, sem a autorização do Editor. Qualquer transgressão à lei do Direito de Autor será passível de procedimento judicial.

Ouvrage publié avec le soutien du Centre National du Livre– Ministère Français Chargé de la Culture –

Obra publicada com o apoio do Centro Nacional do Livro– Ministério Francês da Cultura –

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Sejam dicionários, prontuários, léxicos, vocabulários ou obras genéricas de referência identificadas através de ordenação alfabética, pretende-se sobretudo que os temas abordados na colecção “Índice” sejam represen-tados por obras de indiscutível qualidade, que se possam afirmar como auxiliares imprescindíveis de consulta e de leitura nos diversos domínios

do conhecimento humanístico, científico, técnico ou artístico.

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Introdução

Os avanços dos séculos XX e XXI levaram-nos a integrar novos conhe-cimentos tanto no plano médico quanto no plano psicológico.

O desenvolvimento da Psicologia, da Psicanálise, das terapias sisté-micas, cognitivas e comportamentais – das diferentes escolas terapêuticas, em suma – deu-nos a possibilidade de mergulhar nestas ciências de modo a dispormos de uma maior bagagem cultural.

Num momento em que a duração da vida se prolonga, esforçamo-nos por precisar os diferentes parâmetros da nossa história, por investir nos cam-pos afectivo, profissional ou relacional e encontrar um sentido para a nossa vida. Num período em que os parâmetros familiares são mais complexos (difi-culdades conjugais, separações precoces...), procuramos viver melhor.

O apogeu do individualismo interpela-nos a todos: o culto do desempenho e a euforia da felicidade são colocados à frente de tudo o resto. O desenvolvimento pessoal prevalece, em detrimento de outras escolhas e, por vezes, com prejuízo dos valores familiares. Paralelamente, as pessoas estão cada vez mais sozinhas, isoladas. A solidariedade e o campo relacional estreitam-se. Os terapeutas da alma (psiquiatras, psicólogos, etc.) são cada vez mais solicitados para ajudar os indiví-duos que se debatem com dificuldades relacionais ou do foro íntimo.

Numa altura em que esta procura se torna cada vez mais importante, somos afectados pelo paradoxo da diminuição da formação psiquiátrica: esta disciplina, que responde a uma procura cada vez maior por parte da sociedade, viu diminuir o número dos seus profissionais ao longo dos anos. A par da resposta a perturbações psicopatológicas que necessitam de uma intervenção precoce (e, por vezes, até de hospitalização), encontra-se um acompanhamento psicológico feito por esses «terapeutas da alma», que permite, quer de forma regular, quer de forma pontual, responder a crises individuais, conjugais ou familiares.

Eles intervêm em muitos campos da saúde mental, mas também nos de cariz social (escola, trabalho...). Longe de nós a ideia de pensar que é neces-sário haver uma «psicologização» ou uma «psiquiatrização» da sociedade. No entanto, é preciso evitar uma intervenção demasiado tardia em problemas que podem ser tratados cedo e, por vezes, pontualmente.

A imagem da Psicanálise do início do século XX dava aos indivíduos uma noção de obrigações importantes (cura psicanalítica que exigia entre quatro a cinco sessões por semana, durante vários anos). Hoje em dia, gra-ças à integração dos diferentes modelos da Psicologia e das Ciências Sociais, existem ferramentas que permitem soluções a diferentes níveis e, às vezes, intervenções extremamente eficazes e rápidas. A evolução deste saber-fazer possibilitou a consulta de muitas pessoas.

A prevenção no campo da saúde mental é um dado a ser desenvolvido nos próximos anos.

Compreender adequadamente o desenvolvimento da personalidade, reparar feridas afectivas precoces, aprender a reflectir, a autoconhecer-se e levar (o seu/o nosso) tempo a pensar – eis aquilo a que se destina esta obra.

Dr.ª Sylvie Angel

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Abrangendo os domínios da Psicologia, da Psiquiatria e da Psicanálise, este Dicionário Enciclopédico de Psicologia pretende ser uma obra de referên-cia, simultaneamente teórica e prática, ao percorrer da maneira mais vasta possível estas três disciplinas.

Tal como qualquer dicionário enciclopédico, esta obra reúne defini-ções, desenvolvimentos enciclopédicos, dossiês e biografias, tanto de auto-res como de teóricos.

Para uma consulta mais fácil, optámos por uma organização em três partes.

A primeira é consagrada à história das disciplinas, assim como à vida e à obra de grandes teóricos. A escolha das biografias apresentadas responde a vários critérios. Encontrar-se-ão, com efeito, os «fundadores» das disciplinas dos séculos XIX e XX, autores que inovaram no seu domínio, mas também autores contemporâneos de grande relevância.

A segunda parte apresenta, através de um conjunto de cerca de ses-senta dossiês organizados alfabeticamente, as grandes questões da Psico-logia e da Psicanálise aplicadas à vida quotidiana: universo da adolescência, apego, segredos familiares, casal e fidelidade, mas também perturbações obsessivo-compulsivas e fobias, depressão, auto-estima, personalidades difíceis... O leitor poderá encontrar igualmente alguns dossiês acerca das principais psicopatologias: neuroses, psicoses, esquizofrenia...

A terceira parte agrupa definições de aproximadamente 1 500 dos ter-mos mais importantes da Psicologia, da Psiquiatria e da Psicanálise. Algumas destas definições são prolongadas por um desenvolvimento enciclopédico que acrescenta uma explicação teórica ou histórica à definição em causa.

Estas três partes são complementares: a circulação do leitor pela obra é promovida por um sistema de remissões, assinaladas pelos símbolos

� (remissão para dossiês das Grandes Questões),u (para termos do Glossário),¤ (para Histórias da Psiquiatria, da Psicologia e da Psicanálise) e p (para Grandes Teóricos).

No final de cada uma das partes desta obra encontram-se as notas introduzidas pelo tradutor, também responsável pelo acréscimo de indica-ções bibliográficas que não constam da edição francesa.

ApresentAção

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Alguns textos deste livro foram retirados das obras Dictionnaire fon‑damental de psychologie (sob a direcção de Henriette Bloch, Éric Dépret, Alain Gallo, Philippe Garnier, Marie-Dominique Gineste, Pierre Leconte, Jean--François Le Ny, Jacques Postel, Maurice Reuchlin e Didier Casalis), Mieux vivre, mode d’emploi (sob a direcção de Sylvie Angel), Grand Dictionnaire de la psychologie (sob a direcção de Henriette Bloch, Roland Chemama, Éric Dépret, Alain Gallo, Pierre Leconte, Jean-François Le Ny, Jacques Postel, Mau-rice Reuchlin) e Larousse médical (sob a direcção de Yves Morin), nas quais colaboraram:

Mélinée AgathonEx-investigadora no CNRS [Centre National de la Recherche Scienti-fique (Centro Nacional de Investigação Científica)], psicoterapeuta comportamental.

Éric AlbertPsiquiatra no Instituto Francês da Ansiedade e do Stress (IFAS). Autor de Comment devenir un bon stressé: le stress au travail (Odile Jacob, 1994) [Como Tornar‑se um Bom Estressado, edição brasileira com Gil-berto Ururahy, Rio de Janeiro, Salamandra, 1997], L’Anxiété (com Laurent Chneiweiss, Paris, Odile Jacob, 1999) [Depressão e Ansiedade: Atitudes Práticas, Lisboa, Servier, 2002], L’Anxiété au quotidien (em cola-boração, Odile Jacob, 1999), N’obéissez plus! (Éditions d’Organisation, 2001) [Desobedeça!, Lisboa, Bertrand, 2002].

Isabelle Amado‑BoccaraInterna de Psiquiatria nos Hospitais de Paris, Serviço Hospitalar Uni-versitário de Saúde Mental e de Terapia Comportamental do Centro Hospitalar Sainte-Anne.

pierre AngelProfessor universitário, psiquiatra hospitalar, director-geral do Centro Monceau (Paris), director científico do centro de consultas pluridis-ciplinares Pluralis. Autor de Comment bien choisir son psy? (com Syl-vie Angel, Robert Laffont, 1999), Toxicomanies (com Denis Richard e Marc Valleur, Paris, Masson, 2000) [Toxicomanias, trad. de Maria Clara Correia, revisão de Carlos Rodrigues, Lisboa, Climepsi Editores, 2002], Guérir les souffrances familiales. 50 spécialistes répondent (obra dirigida com Philippe Mazet, Paris, PUF, 2004).

sylvie AngelDoutorada em Psiquiatria, exerceu a sua actividade nos campos da Pedopsiquiatria, do tratamento das toxicodependências e da terapia familiar. Criadora (1980) e, posteriormente, directora clínica do Cen-tro de Terapia Familiar Monceau, co-fundadora (1993) e, depois, vice-

CoLABorAdores

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-presidente (até 1999) da Sociedade Francesa de Terapia Familiar de Paris, directora da colecção «Réponses» das Éditions Robert Laffont, publicou, entre outros, além de inúmeros artigos científicos, La Poudre et la Fumée. Les toxicomanes: prévenir et soigner (1987, em colaboração com Pierre Angel e Marc Horwitz), Des frères et des sœurs. Les liens complexes de la fraternité (Robert Laffont, 1996), Comment bien choisir son psy (em colaboração com Pierre Angel, Robert Laffont, 1999), Les toxicomanes et leurs familles, Paris, Armand Colin, 2003 [Os Toxicóma‑nos e Suas Famílias, trad. Emanuel Pestana, rev. Fernanda Fonseca, Lisboa, Climepsi Editores, 2005].

Corinne AntoineDoutorada em Ciências da Vida e da Saúde, psicóloga clínica, professora no Instituto de Ensino à Distância da Faculdade de Paris-VIII. Colaborou em La Santé au féminin (Paris, Larousse, 2003), Vous et votre grossesse, (Larousse, 2004), Guérir les souffrances familiales (Paris, PUF, 2004) e Pratiquer la psychologie clinique aujourd’hui (Paris, Dunod, 2004).

Françoise Askevis‑LeherpeuxProfessora investigadora da Universidade de Paris-V.

Marie‑Frédérique BacquéDoutorada em Psicologia, professora de Psicopatologia na Universi-dade Louis Pasteur de Estrasburgo, vice-presidente da Sociedade de Tanatologia. Autora de Le Deuil à vivre (Odile Jacob, 1992), Deuil et santé (Odile Jacob, 1997), Mourir aujourd’hui. Les nouveaux rites funéraires (com outros autores, Odile Jacob, 1997), Le Deuil (com Michel Hanus, PUF, 2000), Apprivoiser la mort (Odile Jacob, 2003).

Gabriel BalboPsicanalista, membro da Associação Freudiana Internacional.

Laurence BardinProfessor investigador da Universidade de Paris-V.

Jean‑Léon BeauvoisEx-professor de Psicologia Social, Universidade de Nice-Sophia--Antipolis.

Jean‑paul BertrandFormador em Relações Humanas, com intervenção em empresas, Paris.

odile de BethmanDoutorada em Medicina, Serviço de Neonatologia, Clínica de Port--Royal (Paris).

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Guy BeugnonDirector de Investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Laboratório de Etologia e de Cognição Animal, Universi-dade de Toulouse-III.

Chantal Blain‑LacauOrtoptista, doutorada em Psicologia.

Henriette BlochDirectora honorária da EPHE [École Pratique des Hautes Études (Escola Prática de Altos Estudos)], no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Laboratório de Psicobiologia do Desenvolvimento.

Mireille BonnardInvestigadora no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica).

Claude BonnetProfessor de Psicologia na Universidade Louis Pasteur de Estras-burgo.

Marie‑Claire BotteDirectora de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica).

richard BourhisProfessor doutorado da Universidade do Quebeque (Montreal), Depar-tamento de Psicologia.

Bénédicte de Boysson‑BardiesEx-directora de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investiga-ção Científica).

Alain BraconnierPsicanalista, psiquiatra hospitalar em Paris. Autor de Adolescentes, adolescents: psychopathologie différentielle (obra dirigida com Colette Chiland, Paris, Éditions Bayard, 1995), Le Sexe des émotions (Paris, Odile Jacob, 1996) [O Sexo das Emoções, trad. Lucinda Martinho, Lisboa, Instituto Piaget, 1998], Abrégé de psychologie dynamique et psycha‑nalyse (Paris, Masson, 1998) [Psicologia Dinâmica e Psicanálise, Lisboa, Climepsi Editores, 2000], Adolescence et psychopathologie (com Daniel Marcelli, Paris, Masson, 1999) [Adolescência e Psicopatologia, Climepsi Editores, 2005], Guide de l’adolescence (Odile Jacob, 1999), Mère et fils (Odile Jacob, 2005) [A Nova Mãe‑Galinha, trad. Margarida Vale de Gato, rev. Ayala Monteiro, Cruz Quebrada, Casa das Letras, 2006].

Jean‑Claude CadieuProfessor titular de Ciências Naturais, Colégio Émile Zola, Toulouse.

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nicole CadieuInvestigadora no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Labo-ratório de Etologia e de Cognição Animal, Universidade de Toulouse-III.

Mireille CampanDirectora de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Laboratório de Etologia e de Cognição Animal, Universi-dade de Toulouse-III.

raymond CampanEx-professor, Laboratório de Etologia e de Cognição Animal, Univer-sidade de Toulouse-III.

Isabelle CarchonDoutorada em Psicologia (Psicologia Experimental e Desenvolvimento Mental).

Felice CarugatiProfessora de Psicologia Social na Universidade de Bolonha (Itália).

séverine CasalisProfessora investigadora na área da Psicologia na Universidade Char-les de Gaule, Lille-III.

Jean‑paul CaverniDirector de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), professor na Universidade de Aix-Marselha-I.

raphaël ChalmeauDoutor da Universidade Paul Sabatier, Laboratório de Neurobiologia e Comportamento, Universidade de Toulouse-III.

Georges ChapouthierDirector de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Laboratório de Vulnerabilidade, Adaptação e Psicopatolo-gia, Hospital de la Salpêtrière.

Michel CharollesProfessor de Linguística, Universidade de Paris.

sylvie ChokronInvestigadora no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Laboratório de Psicologia e Neurocognição, Grenoble, Serviço de Neu-rologia, Fundação Rothschild, Paris.

richard ClémentProfessor doutorado, titular, director e decano associado, Escola de Psicologia, Universidade de Otava (Canadá).

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stéphane ClergetPedopsiquiatra, médico hospitalar, Paris. Autor de Ne sois pas triste mon enfant. Comprendre et soigner la dépression au cours des premières années de la vie, Robert Laffont, 1999 [Não Estejas Triste Meu Filho. Com‑preender e Tratar a Depressão durante os Primeiros Anos de Vida, Porto, Ambar, 2001], Adolescents, la crise nécessaire (Paris, Fayard, 2000), Nos enfants aussi ont un sexe (Robert Laffont, 2001), Se séparer sans que les enfants trinquent (Paris, Albin Michel, 2004).

Véronique Cohier‑rahbanPsicóloga clínica em terapia de pais e filhos e terapia de casal, Centro Pluralis (Paris).

Claire ColombierPsicanalista.

Jean‑Marie CoqueryProfessor de Psicofisiologia na Universidade de Ciências e Técnicas de Flandres-Artois (Lille-I).

Jean‑Michel CruanesPsiquiatra na Clínica Yveline, Vieille-Église-en-Yvelines.

Boris CyrulnikPsiquiatra, etólogo, docente na Universidade de Toulon-Var. Autor de Sous le ligne du lien (Paris, Hachette, 1989) [Sob o Signo do Afecto, trad. Ana Maria Rabaça, Lisboa, Instituto Piaget, 1989], Les Nourritures affectives (Paris, Odile Jacob, 1993) [Nutrir os Afec‑tos, trad. Ana Maria Rabaça, Lisboa, Instituto Piaget, 1993], Ces enfants qui tiennent le coup (com outros autores, Paris, Revigny-sur--Ormain, Édition Hommes et Perspectives, 1999), Un merveilleux malheur (Odile Jacob, 1999) [Uma Infelicidade Maravilhosa, trad. Carlos Correia de Oliveira, Porto, Ambar, 2001], Les Vilains Petits Canards (Odile Jacob, 2001) [Resiliência: Essa Inaudita Capacidade de Construção Humana, trad. Ana Maria Rabaça, Lisboa, Instituto Piaget, 2003], Parler d’amour au bord du gouffre (Odile Jacob, 2004) [Falar de Amor à beira do Abismo, São Paulo, Martins Fontes Editora, 2006], etc.

Jean‑pierre deconchyEx-professor da Universidade de Paris-X, director do Laboratório de Psicologia Social de Paris-X.

Anne‑Marie de La HayeInvestigadora no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Universidade de Paris-V.

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Geneviève delaisi de parsevalPsicanalista, ex-associada da maternidade do Hospital Saint-Antoine (Paris). Autora de L’enfant à tout prix (com Alain Janaud, Paris, Éditions du Seuil, 1983), Les Sexes de l’homme (obra dirigida com Jean Belaïsch, Éditions du Seuil, 1985), Objectif bébé. Une nouvelle science: la bébo‑logie (com Jacqueline Bigeargeal, Paris, Autrement, 1985), Enfant de personne (com Pierre Verdier, Paris, Odile Jacob, 1994), La Part de la mère (Odile Jacob, 1997), La Part du père (Éditions du Seuil, 1998), L’Art d’accommoder les bebés (com Suzanne Lallemand, Odile Jacob, 1998), Le Roman familial d’Isadora D. (Odile Jacob, 2002), Famille à tout prix (Éditions du Seuil, 2008).

Florian delmasProfessor investigador na área de Psicologia Social, Universidade Pierre Mendès France, Grenoble-II.

Michel denisDirector de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), LIMSI [Laboratoire d’informatique pour la mécanique et les sciences de l’ingénieur (Laboratório de Informática para a Mecânica e as Ciências do Engenheiro)], Universidade de Paris-Sud, Orsay.

Éric dépretProfessor doutorado da Universidade de Massachusetts, profes-sor investigador na área de Psicologia Social na Universidade de Grenoble-II.

Jean‑Claude deschampsDoutorado em Psicologia Social, professor no Instituto de Ciências Sociais e Pedagógicas da Universidade de Lausanne.

Jean‑pierre di GiacomoProfessor de Psicologia Social na Universidade de Charles de Gaulle, Lille-III.

Willem doiseProfessor de Psicologia Social na Universidade de Genebra.

Lise dubé,Professora doutorada, titular de Psicologia Social, Universidade de Montreal.

nicole duboisDoutorada em Letras e Ciências Humanas, professora de Psicologia na Universidade de Nancy-II.

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eugène enriquezProfessor de Sociologia e director da formação doutoral em Socio-logia na Unidade de Formação e Investigação em Ciências Sociais da Universidade de Paris-VII.

pierre eyguesierPsicanalista.

Jacqueline FagardDirectora de investigação no Centro Nacional de Investigação Cientí-fica (CNRS), na Unidade Mista de Investigação, Laboratório de Cogni-ção e Desenvolvimento, Boulogne-Billancourt.

Florent FargesDoutorado em Psicologia, psiquiatra, professor na Universidade de Paris-VIII. Autor de Approche communautaire des toxicomanies (PUF, 1998).

Michel FayolProfessor de Psicologia na Universidade Blaise Pascal-Clermont-II.

pierre FerrariProfessor de Psiquiatria Infantil na Universidade de Paris-Sud, médico--chefe da Fundação Vallée (Gentilly).

Cécile FiettePsicóloga clínica, psicanalista.

tristan FouilliaronPsicanalista.

Alain GalloEx-professor investigador, Laboratório de Neurobiologia do Compor-tamento, Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), Universi-dade de Toulouse-III.

philippe GarnierPsiquiatra, psicanalista.

Fabienne de GaulejacBolseira do ex-Ministério da Investigação e Tecnologia francês, profes-sora, Laboratório de Etologia e Cognição Animal de Toulouse-III.

Jean‑Yves GautierProfessor, Laboratório de Etologia da Universidade de Rennes.

Christian GeorgeProfessor de Psicologia Geral na Universidade de Paris-VIII.

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Bernard GeberowiczEx-psiquiatra hospitalar, co-chefe de redacção da revista Générations. Autor de Heurs et malheurs de la vie familiale (Syros, 1994).

Jacques GervetEx-director de investigação, Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), Laboratório de Etologia e Cognição Animal de Toulouse-III.

rodolphe GhiglioneProfessor de Psicologia Social da Universidade de Paris-VIII.

Marie‑dominique GinesteProfessora e investigadora na Universidade de Paris-Nord (Villeta-neuse).

emmanuel GuilianoPsicólogo no campo da Gerontologia, Hospital Bretonneau (Assistên-cia Pública−Hospitais de Paris), professor da Universidade de Paris-V.

Jacqueline Guy‑HeinemannPsicanalista.

Josiane HamersProfessora do Departamento de Línguas e Linguística, Universidade Laval (Quebeque).

Yvette HatwellProfessora jubilada de Psicologia Experimental, Universidade de Ciên-cias Sociais de Pierre Mendès France, Grenoble-II.

André HolleyProfessor da Universidade Claude Bernard, Lyon-I.

Marc HorwitzJornalista da área de saúde pública, director da redacção do Journal du sida et de la démocratie sanitaire, professor da Universidade de Paris-VI. Autor de Voyage au bout de la vie (documentário, TF1, 1986).

pascal HuguetInvestigador no Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), Laboratório de Psicologia Social da Cognição, na Universidade Blaise Pascal-Clermont II.

Marie‑Claude HurtigEx-investigadora no Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), Universidade da Provença, Aix-en-Provence.

tomás IbáñezProfessor de Psicologia Social na Universidade Autónoma de Barcelona.

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Zorica JeremicPsicóloga de Terapia Familiar, Centro Monceau (Paris), Malakoff.

François JouenDirector da EPHE (Escola Prática de Altos Estudos), Laboratório de Psicobiologia do Desenvolvimento.

robert‑Vincent JouleDoutorado em Letras e Ciências Humanas, professor de Psicologia Social na Universidade da Provença, Aix-en-Provence.

Michèle KailDirectora de investigação no Centro Nacional de Investigação Cientí-fica (CNRS).

Éric LaineyPsiquiatra, especialista em distúrbios do sono, médico consultor do Hospital Europeu Georges Pompidou, Paris.

Claire LambertDoutorada em Psicologia.

Alain LancryDoutorado em Psicologia, professor de Psicologia do Trabalho na Uni-versidade da Picardia, Amiens.

Anne‑solenn Le BihanPsicóloga clínica e terapeuta familiar no Centro Monceau e no Hospital Albert Chenevier (Assistência Pública−Hospitais de Paris).

Jean‑pierre LecanuetDirector de investigação no Centro Nacional de Investigação Cientí-fica (CNRS), na Unidade Mista de Investigação e Desenvolvimento, Boulogne-Billancourt.

Maryvonne LeclèreProfessora da Universidade de Paris-VIII, psicóloga no Hospital Euro-peu Georges Pompidou, consultora do Centro Pluralis, perita do Tri-bunal de Grande Instância.

pierre LecocqEx-professor de Psicologia Cognitiva, Universidade de Lille-III.

pierre LeconteProfessor de Psicologia da Universidade de Toulouse-II.

roger LécuyerProfessor da Universidade de Paris-V, Laboratório de Cognição e de Psicologia do Desenvolvimento, Centro Nacional de Investigação Cien-tífica (CNRS).

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rozenn Le duaultPsicanalista, membro da Associação Freudiana Internacional.

Jacques LénaEx-interno dos Hospitais de Paris, associado aos Hospitais Necker--Enfants Malades e Sainte-Anne (Paris).

Jean‑François Le nyProfessor jubilado da Universidade de Paris-Sud, Orsay.

Gilles Le papeProfessor investigador, Laboratório de Etologia da Universidade de Tours.

Jean‑Claude LepecqInvestigador no Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), Unidade de Psicofisiologia Cognitiva, La Salpêtrière, LENA [Labora-toire de neurosciences cognitives et imagerie cérébrale (Laboratório de Neurociências e Tomografia Cerebral)].

Marie‑Louise Le rouzoProfessora investigadora de Psicologia da Universidade de Paris-X, Nanterre.

dominique Le VaguerèsePsicanalista.

Jacques‑philippe LeyensProfessor de Psicologia Social da Universidade Católica de Lovaina (Lovaina-a-Nova, Bélgica).

Caroline Louart‑devernayPsicóloga e orientadora profissional.

Fabio Lorenzi‑CioldiProfessor investigador da Faculdade de Ciências Económicas e Sociais, Universidade de Genebra.

pierre MarcieInvestigador do INSERM [Institut national de la santé et de la recher-che médicale (Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica)].

José MarquesProfessor da Universidade do Porto.

daniel MartinsProfessor de Psicologia da Universidade de Paris-X (Nanterre).

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Benjamin MatalonEx-professor da Universidade de Paris-VIII.

Arnaud Marty‑Lavauzelle Psiquiatra, terapeuta familiar, provedor de saúde internacional. Autor – com Marie Jaoul de Poncheville – do romance Les Salons de Marie (1985). Presidente da AIDES (associação de luta contra o VIH-sida e as hepatites) entre 1991 e 1998, faleceu em 2007.

Laurence MasséProfessor investigador na área de Psicologia Clínica e Patológica da Universidade de Paris-VIII.

Jean MédioniProfessor do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), Labo-ratório de Etologia e Psicologia Animal de Toulouse-III.

philippe MeirieuProfessor de Ciências da Educação, director do IUFM (Instituto Uni-versitário de Formação de Mestres) da Academia de Lião. Autor de Frankenstein pedagogue (Paris, ESF Éditeur, 1996), L’École ou la guerre civile (com Marc Guiraud, Paris, Plon, 1997), Des enfants et des hommes (ESF Éditeur, 1999), L’École et les parents: la grande explication (Plon, 2000), La Machine‑école (Gallimard, 2001), Repères pour un monde sans repères e Le Monde n’est pas un jouet (Desclée de Brouwer, 2002 e 2004, respectivamente).

daniel MellierDirector do Laboratório de Psicologia e de Neurociências da Cognição, Universidade de Ruão.

patrick MollaretProfessor investigador na área de Psicologia, Universidade de Reims.

Jean‑Marc MonteilEx-professor de Psicologia Social da Universidade Blaise Pascal--Clermont II, reitor da Academia da Provença.

Françoise MorangeDoutorada em Biologia, professora investigadora da Universidade de Paris-VIII, Escola Prática de Altos Estudos (EPHE), Laboratório de Psi-cobiologia do Desenvolvimento.

Gabriel MugnyProfessor da Universidade de Genebra, co-editor do Swiss Journal of Psychologie.

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Catherine MusaProfessora da Universidade René Descartes (Paris-V), consultora na área da Psicoterapia Comportamental e Cognitiva (Hospital Sainte--Anne, Paris).

Jacqueline nadelDoutorada em Letras e Ciências Humanas, directora de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Laboratório de Vul-nerabilidade, Adaptação e Psicopatologia, Hospital de la Salpêtrière.

dominique oberléProfessora investigadora na área de Psicologia Social da Universidade de Paris-X (Nanterre).

Jean pailhousDirector de investigação do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), Marselha.

Luc passeraProfessor jubilado, Laboratório de Etologia e Cognição Animal, Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS), Universidade de Toulouse-III.

Marie‑Germaine pêcheuxDirectora de investigação do CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Laboratório de Cognição e Desenvolvimento, Boulogne--Billancourt.

Guido peetersProfessor investigador do Fundo de Investigação Científica (Fonds Wetenschappelijk Onderzoek−Vlaanderen) [Bélgica] e professor da Universidade Católica de Lovaina.

Juan Antonio pérezProfessor de Psicologia Social da Universidade de Valência (Espanha).

Anne‑nelly perret‑ClermontProfessora da Universidade de Neuchâtel (Suíça), directora do semi-nário de Psicologia.

Gilberte piéraut‑Le BonniecEx-directora de investigação do Centro Nacional de Investigação Científica, Laboratório de Psicobiologia do Desenvolvimento, Escola Prática de Altos Estudos−Centro Nacional de Investigação Científica, (EPHE−CNRS), Paris.

Michel piolatProfessor investigador da Universidade da Provença (Aix-en-Provence).

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Marie‑France poirier‑LittréCentro de Medicina Preventiva Cardiovascular e Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica (CRI-INSERM), Hospital Sainte-Anne.

Jacques postelEx-médico-chefe do Centro Hospitalar Sainte-Anne, ex-professor asso-ciado de Psicologia Clínica da Universidade de Paris-VII.

Viviane pouthasDirectora de investigação do CNRS (Centro Nacional de Investigação Cien-tífica), Unidade de Psicofisiologia Cognitiva, Hospital de la Salpêtrière.

Joëlle provasiProfessora investigadora da EPHE (Escola Prática de Altos Estudos), Laboratório de Psicobiologia do Desenvolvimento.

Jacques pyProfessor de Psicologia Social da Universidade de Paris-VIII.

Yvon QueinnecProfessor, director do Laboratório de Trabalho e de Cognição, Univer-sidade de Toulouse-Le Mirail.

François rastierDirector de investigação do CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), Instituto de Língua Francesa.

stephen david reicherProfessor da Universidade Saint Andrews (Escócia).

Maurice reuchlinProfessor honorário de Psicologia Diferencial na Universidade de Paris-V.

Jean‑François richardProfessor jubilado de Psicologia, Universidade de Paris-VIII.

John rijsmanProfessor de Psicologia Social, Universidade de Tilburgo (Holanda).

Bernard riméProfessor de Psicologia Experimental, Universidade de Lovaina, (Lovaina--a-Nova, Bélgica).

Hector rodriguez‑toméDirector de investigação do CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica). Autor – com Françoise Bariaud – da obra Les Perspectives temporelles à l’adolescence (Paris, PUF, 1987).

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Michel‑Louis rouquetteProfessor da Universidade de Paris-VIII.

Jean‑Claude royProfessor de Psicofisiologia, Universidade de Lille-I.

Gérard salemProfessor e investigador com formação em Psiquiatria e Psicoterapia, Lausana. Autor de L’Approche thérapeutique de la famille e Soigner par l’hypnose (ambas publicadas pela editora Masson em 2001).

Jacques saloméPsicossociólogo que cursou Psiquiatria Social na Escola de Altos Estu-dos em Ciências Sociais (EHESS, École des hautes études en sciences sociales), formador na área de Relações Humanas, escritor. Autor de Papa, Maman, écoutez‑moi vraiment. À l’écoute des langages multiples de l’enfant (Paris, Albin Michel, 1989) [Papá, Mamã, Escutem‑me com Atenção: para Compreender as Diferentes Linguagens da Criança, trad. Fátima Leal e Carlos Gaspar, Lisboa, Instituto Piaget, 1989], Aimances (Le Regard Fertile, 1990), Bonjour Tendresse (Albin Michel, 1992), Contes à guérir. Contes à grandir (Albin Michel, 1993), Jamais seul ensemble (Quebeque, Éditions de l’Homme, 1995), Une vie à se dire. Ce n’est pas en perfectionnant la chandelle qu’on a inventé l’electricité (Quebeque, Les Éditions de l’Homme, 1998; Paris, Pocket, 2003), Pour ne plus vivre sur la planète TAIRE. Une méthode pour mieux communiquer (Albin Michel, 1999), Le Courage d’être soi. L’art de communiquer en conscience (Édi-tions du Relié, 1999) [A Coragem de Ser Autêntico. A Arte de Comunicar em Consciência, Lisboa, Ésquilo, 2000], Minuscules aperçus sur la diffi‑culté de soigner (Albin Michel, 2004), Les Paroles de rêves (Albin Michel, 2005), Pensées tendres à respirer au quotidien (Albin Michel, 2006), Et si nous inventions notre vie? (Éditions du Relié, 2006), Pourquoi est‑il si difficile d’être heureux? (Albin Michel, 2007), etc.

patrick salvainPsicanalista.

Alain savoyantInvestigador no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica).

Benoît schaalDoutorado em Neurociências, director de investigação no CNRS (Cen-tro Nacional de Investigação Científica), Instituto do Gosto (Dijon).

Georges schadronInvestigador do Departamento de Psicologia da Universidade Católica de Lille, professor associado.

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Gérard schmaltzProfessor investigador de Psicofisiologia, Universidade de Lille-I.

scania de schonenDirectora de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), doutorada em Letras e Ciências Humanas.

Xavier seronProfessor da Universidade Católica de Lovaina, Faculdade de Psicolo-gia, Unidade de Neuropsicologia Cognitiva (Bélgica).

Victor simonMédico especialista em doenças psicossomáticas, do aparelho diges-tivo e da nutrição; tratamento das doenças psicossomáticas por hipnose ericksoniana e terapia breve estratégica, Paris e Lille. Autor da obra Du bon usage de l’hypnose. A la découverte d’une thérapeutique incomparable (Robert Laffont, 2000).

Liliane sprenger‑CharollesDirectora de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica).

Jean‑pierre suzzoniProfessor de Ecologia Terrestre em Toulouse.

Bernard thonInvestigador do CNRS, Centro de Investigação em Biologia do Com-portamento, Universidade de Toulouse-III.

serge tisseronPsiquiatra e psicanalista, Paris. Autor de Tintin et les secrets de famille (Aubier, 1990), La Honte, psychanalyse d’un lien social (Dunod, 1992), Nos secrets de famille, histoire et mode d’emploi (Ramsay, 1999), La Télé en famille, oui! (Bayard, 2004).

stanislaw tomkiewiczPediatra e psiquiatra de origem polaca (Varsóvia, 1923 – Paris, 2003), foi director do INSERM (Instituto Nacional de Saúde e Investigação Médica). Autor de Aimer mal, châtier bien. Enquêtes sur les violences dans des institutions pour enfants et adolescentes (com Pascal Vivet, Éditions du Seuil, 1991), L’Adolescence volée (Calmann-Lévy, 1999) e C’est la lutte finale etc. (Éditions de La Martinière, 2003).

Gilles‑Marie ValetPsiquiatra, clínico hospitalar, Pontoise.

denis ValléePsiquiatra, terapeuta familiar no Centro Monceau (Paris) e em Mont-rouge.

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serge VallonProfessor da Universidade de Toulouse-Le Mirail, psicanalista, chefe de redacção da revista Vie sociale et traitements.

Michel VancasselDirector de investigação, CNRS (Centro Nacional de Investigação Cien-tífica), Laboratório de Etologia, Rennes.

Françoise Van duürenProfessora investigadora da Universidade de Lille-III.

Jacques VauclairDirector de investigação no CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica), professor da Universidade de Aix-Marselha-I.

pierre VermerschPsicólogo, investigador do CNRS (Centro Nacional de Investigação Científica).

Éliane VurpillotDoutorada, professora honorária de Psicologia na Universidade René Descartes, Paris-V, ex-directora de investigação em Psicologia do Desenvolvimento.

régine WaintraterPsicanalista, terapeuta familiar, professora investigadora da Universi-dade de Poitiers.

dominique WeilDoutorada em Letras, professora investigadora da Universidade de Estrasburgo-I.

Vincent YzerbtProfessor da Universidade Católica de Lovaina, Unidade de Psicologia Social, Lovaina-a-Nova (Bélgica).

tania ZittounInvestigadora na área de Psicologia, Universidade de Neuchâtel (Suíça).

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Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8Colaboradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1. Introdução: HIstÓrIAs e teÓrICos

História da psiquiatria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28História da psicologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34História da psicanálise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39Grandes teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

2. As GrAndes QuestÕes dA VIdA QuotIdIAnA, As prInCIpAIs psICopAtoLoGIAs

Adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104Adolescência (Comportamentos de risco na) Pierre Angel . . . . . . 108Adoptar uma criança Stéphane Clerget . . . . . . . . . . . . . . . 111Adulta (Idade) Zorica Jeremic . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115Agressividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119Alzheimer (Doença de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122Amizade Jean‑Paul Bertrand . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126Amor Boris Cyrulnik . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130Anorexia e bulimia Corinne Antoine . . . . . . . . . . . . . . . . . 134Apego Boris Cyrulnik . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139Autismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145Auto‑estima Catherine Musa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150Avós e netos Anne‑Solenn Le Bihan . . . . . . . . . . . . . . . . . 155Casal Denis Vallée . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159Casal homossexual Arnaud Marty‑Lavauzelle . . . . . . . . . . . . . 164Criança Corinne Antoine . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167Criança com dificuldades de aprendizagem Caroline Louart‑Devernay . 173dependência de «drogas» Florent Farges . . . . . . . . . . . . . . 178dependências Florent Farges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183depressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185desenho infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191doença psíquica de um familiar (perante a) Régine Waintrater . . . . 198educação e papel dos pais Philippe Mérieu . . . . . . . . . . . . . 204emoções femininas, emoções masculinas Alain Braconnier . . . . . . 209esquizofrenia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213esterilidade e seus paliativos Geneviève Delaisi de Parseval . . . . . . 221Fidelidade e infidelidade Sylvie Angel . . . . . . . . . . . . . . . . 225Filho (Chegada do primeiro) Véronique Cohier‑Rahban . . . . . . . . 228

ÍndICe

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HISTÓRIASE

TEÓRICOS

HISTÓRIASE

TEÓRICOS

Filho (desejar ou não desejar ter um) Geneviève Delaisi de Parseval . . 234Filho diferente (ter um) Jacques Léna . . . . . . . . . . . . . . . . 238Fim da vida, acompanhamento e cuidados paliativos Marc Horwitz . 242Gerações anteriores (Laços com as) Marc Horwitz . . . . . . . . . . 247Grafologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250Gravidez Véronique Cohier‑Rahban . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253Hipnose clínica Victor Simon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259Histeria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264Infelicidade (Quando se é causador da sua própria) Gérard Salem . . 267Irmã(o)s [entre] Sylvie Angel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270Julgar os outros – como e com que critérios? . . . . . . . . . . . . 274Luto Marie‑Frédérique Bacqué . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279Mãe/pai (tornar‑se) Véronique Cohier‑Rahban . . . . . . . . . . . . 283neurose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290Ódio Bernard Geberowicz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294paranóia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297personalidades difíceis Catherine Musa . . . . . . . . . . . . . . . 300perturbações obsessivo‑compulsivas e fobias Maryvonne Leclère . . 304perturbações ancoradas na infância? Gilles‑Marie Valet . . . . . . . . 308psicanalítica (Corrente) Pierre Angel, Laurence Massé . . . . . . . . 312psicose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 316psicose maníaco‑depressiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320psicoterapia (seguir uma) Pierre Angel, Laurence Massé . . . . . . . 326recém‑nascido (Interacções com o) Boris Cyrulnik . . . . . . . . . . 335resiliência e aptidão para a felicidade Stanislas Tomkiewicz, Sylvie Angel . 340segredos de família Serge Tisseron . . . . . . . . . . . . . . . . . 344sexualidade Corinne Antoine . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 348sexualidade (perturbações da) Corinne Antoine . . . . . . . . . . . 351sistémica (Corrente) Pierre Angel, Laurence Massé . . . . . . . . . . 355solidão Jacques Salomé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359sono Éric Lainey . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 367sono (distúrbios do) Éric Lainey . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 371Stress e ansiedade Éric Albert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 375suicídio Florent Farges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 379terapias breves Victor Simon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 383terapias cognitivas e comportamentais Maryvonne Leclère . . . . . 388Velhice Marc Horwitz, Emmanuel Guiliano . . . . . . . . . . . . . . 394Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 398

3. GLossÁrIo dos terMos essenCIAIs eM psICoLoGIA, psIQuIAtrIA e psICAnÁLIse . . . . 408

Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 612Bibliografia geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 620

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HISTÓRIASE

TEÓRICOS

HISTÓRIASE

TEÓRICOS

A Psiquiatria, a Psicologia e a Psicanálise permitem uma melhor com-preensão das perturbações psíquicas do ser humano. Há já alguns anos que os profissionais destas três disciplinas exprimem o desejo de que todos os novos domínios sejam explorados de forma conjunta.

Hoje existe, por exemplo, uma abertura da Psiquiatria à Psicanálise, à Psicologia, às ciências cognitivas e comportamentais, assim como à dimen-são biológica do ser humano.

Surgem cada vez mais médicos que insistem numa necessária dimen-são pluridisciplinar. Percorrendo a mesma senda, e inspirando-se numa tal abertura de espírito, este dicionário apresenta uma reflexão comum, consi-derando de forma global as três abordagens distintas supra-referidas.

A evolução do pensamento e dos cuidados relativos ao sofrimento humano possibilita o desenvolvimento de um trabalho em rede que conduz ao confronto dos pontos de vista das diferentes disciplinas.

Assim, através desta obra colectiva, tornar-se-á possível o acesso a diferentes formas de abordar o sofrimento psíquico e o subsequente alargamento da visão, muitas vezes redutora, da doença e do modo de lidar com ela.

História da psiquiatria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28História da psicologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34História da psicanálise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39Grandes teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

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A psiquiatria realizou progressos consideráveis, graças a um melhor conhecimento do funcionamento neurológico e psíquico. Contudo, seria uma ilusão julgar que a sua eficácia terapêutica passou a advir apenas da valori‑zação automática do avanço das neurociências e da psicofarmacologia. Con‑frontada com algumas das formas mais complexas da realidade humana, a psiquiatria deve, com efeito, evitar qualquer perspectiva redutora, preservar a sua capacidade de integrar as contribuições trazidas pelas outras aborda‑gens dessa mesma realidade e, sobretudo, exigir uma ética irrepreensível – e maior à medida que o seu papel social se for consolidando. Quanto mais esclarecida for a sociedade, mais se considerará responsável por assegurar aos «doentes mentais» uma oportunidade de cura e de reintegração; mais se arriscará, eventualmente, a transigir demasiado facilmente com aquilo que ela pode conter em si de patogénico e a descartar‑se das suas próprias responsa‑bilidades, depositando‑as na competência reconhecida aos especialistas.

nascimento da psiquiatriaA Psiquiatria constitui-se como prática e instituição específicas no final

do século XVIII, na Grã-Bretanha, em Itália e, sobretudo, em França, com Phi-lippe Pinel em Paris (Hospital Bicêtre e, mais tarde, Hospital de la Salpêtrière). Homem de progresso, impregnado do novo ideal de respeito pelos Direitos Humanos, preocupado, segundo as concepções do grupo de ideólogos a que se liga, em afastar todos os preconceitos da análise da mente humana à qual se dedica, Pinel define e impõe uma atitude radicalmente nova relativamente aos «alienados», a quem anteriormente se recusava qualquer estatuto pes-soal, assim como qualquer comunicação. O hospital deixa de ser um local de encarceramento e exclusão, transformando-se num lugar de isolamento do mundo exterior e de encontro do «louco» com o médico, que poderá instituir entre si e o doente uma relação terapêutica, o chamado «tratamento moral». Trata-se de uma psicoterapia racional da loucura, baseada na benevolência, na brandura e na persuasão, preconizada e aplicada igualmente por William Tuke1 na Grã-Bretanha. Tal atitude assenta na ideia de que a loucura não é uma perda da razão, mas um desarranjo da mente que deixa subsistir a razão, embora de forma vacilante. Mais tarde, depois de 1830, sob pressão social, o isolamento transforma-se em retiro imposto ao doente e em enclausura-mento destinado a «proteger» a sociedade.

psiquiatria no século XIXA Psiquiatria afasta-se do projecto de Pinel, construindo-se segundo

o modelo da Medicina da época. Passa a procurar entidades anatomoclínicas para «definir» o doente, ao qual se chama «alienado», ou seja, estranho a si mesmo e aos outros. À falta de comprovação de lesões indiscutíveis, utilizam--se noções como hereditariedade, degenerescência ou constituição. As princi-pais rubricas da nosografia psiquiátrica actual constituíram-se a partir destes

HIstÓrIA dA psIQuIAtrIA

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a priori. Uma tal terapêutica da loucura tem igualmente consequências práticas na própria vida do doente: medidas de assistência e protecção; definição de incapacidade civil e irresponsabilidade penal; internamento por dever de ofício, em asilos criados para esse efeito, dos indivíduos considerados perigosos para si mesmos ou para os outros; internamento voluntário a pedido de pessoas ligadas ao doente, familiares ou não (lei francesa de 30 de Junho de 1838).

revolução psicanalítica Ao descobrir o inconsciente e ao afirmar que qualquer sintoma possui

um significado, Freud revoluciona a Psiquiatria clássica, e a perspectiva orga-nicista perde a sua importância, em benefício de concepções psicogenéticas. No entanto, a Psicanálise fica à margem das práticas psiquiátricas, que, cen-tradas no asilo, dispõem de pouquíssimos meios terapêuticos: isolamento, banhos e duches, assim como alguns sedativos não específicos. As principais terapêuticas de choque (electrochoques, insulinoterapia) surgem por volta de 1930. É apenas com a psicoterapia institucional, nos anos 50, que a Psica-nálise faz a sua entrada nos hospitais. Porém, o impacto freudiano e, poste-riormente, lacaniano em França há-de marcar profundamente a Psiquiatria e a teoria psicanalítica vê ser-lhe reservada um lugar preponderante no estudo psicopatológico das doenças mentais, ainda que se acredite menos do que antigamente na eficácia terapêutica da psicanálise.

Classificação das perturbações mentaisFoi em 1952 que surgiu pela primeira vez o DSM (Diagnostic and Statistical

Manual of Mental Disorders), Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturba‑ções Mentais, editado pela Associação Americana de Psiquiatria. Essa obra conheceu transformações sucessivas ao longo dos anos: em 1968 (DMS‑II), 1980 (DMS‑III), 1987 (DMS‑III‑R) e 1994 (DMS‑IV)2. O intuito permanente da obra é unificar as linhas de investigação e tratamento, a partir de uma linguagem comum à escala planetária; se é verdade que passou a poder-se esperar maior segurança no estabelecimento dos diagnósticos, um tal projecto, cujas impli-cações institucionais são consideráveis, não deixa de sofrer preferências cientí-ficas, senão mesmo ideológicas e políticas, por parte daqueles que asseguram a sua realização. Perante as críticas à classificação de 1952 por fazer referência a entidades mórbidas e patologias pré-definidas, adoptou-se de seguida uma posição «ateórica» que não dependia unicamente dos critérios americanos. O certo é que os progressos das Neurociências parecem dever encorajar uma perspectiva essencialmente biomédica.

progressos da psicofarmacologiaCom os tratamentos biológicos surgidos depois de 1930, a organo-

génese encontra um certo interesse: a cura de Sakel3 (técnica de choque respeitante à convulsivoterapia utilizada no tratamento das psicoses), a psi-

(...)

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embora o ser humano se tenha esforçado sempre por sondar os mistérios da sua alma, foi apenas no século XIX, num terreno desbravado pela evolução das ideias filosóficas a partir de Descartes e pelos rápidos progressos da Fisiologia, que a psicologia se constituiu como um discurso e um saber autónomos. Desde então, diversificando progressivamente os seus domínios e multiplicando as suas aplicações concretas (no ensino, na formação, no mundo do trabalho, etc.), ela conquistou um espaço de pleno direito, e o desenvolvimento da psicologia Cognitiva faz aumentar o alcance das suas ambições.

origens e desenvolvimento da psicologiaA conversão da Fisiologia ao método experimental e a construção

de instrumentos de medição aperfeiçoados dão origem, na Alemanha, aos primeiros progressos em matéria de fisiologia das sensações [medição dos limites sensoriais por Ernst Weber (1795-1878)] e de fisiologia do sistema ner-voso (descoberta das células do sistema nervoso), assim como ao estabeleci-mento dos primeiros paradigmas psicofísicos e psicofisiológicos. Gustav The-odor Fechner (1801-1887) quantifica os fenómenos psíquicos e Hermann von Helmholtz (1827-1894) estuda os mecanismos da percepção; Wilhelm Wundt (1832-1920) funda em Leipzig, em 1879, o primeiro laboratório de Psicologia Experimental, assentando a experimentação na introspecção. Franz Bren-tano (1838-1917), Hermann Ebbinghaus (1850-1909) e Oswald Külpe (1862-1915) contribuem significativamente para o desenvolvimento da Psicologia na Ale-manha; paralelamente, tendo cada caso uma orientação original, a Psicologia acaba por ser fundada por Francis Galton (1822-1911) na Grã-Bretanha, por Théodule Ribot (1839-1916) e Alfred Binet (1857-1911) em França, por Ivan Petrovič Pavlov (1849-1936) na Rússia, e por William James (1842-1910) e John Dewey (1859-1952) nos Estados Unidos.

Correntes e teoriasEm seguida, várias são as correntes e teorias fecundas que se desen-

volvem.

BehaviorismoCom o behaviorismo, iniciado por Watson, a Psicologia, rejeitando a

introspecção, afasta-se do estudo da consciência e torna-se uma ciência do comportamento.

Em 1913, John Watson (1878-1958) escreve um artigo que faz história (“Psychology as the Behaviorist views it”), negando que a consciência possa ser objecto de estudo ou princípio explicativo. A análise do comportamento, que alguns já praticavam, é elevada por Watson a doutrina. A observação exterior do comportamento é suficiente para estabelecer leis que permitam prever as reacções a variações ambientais. A observação objectiva aplica-se

HIstÓrIA dA psICoLoGIA

(...)

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Constituída no final do século XIX por Freud, a Psicanálise dá conta de algumas questões que a Medicina da época apresenta, embora renovando totalmente, a partir daí, a concepção que se pode ter do ser humano.

Histeria e hipnoseA Psicanálise constitui-se a partir de um trabalho clínico que diz res-

peito sobretudo à histeria. Aos sujeitos que sofriam de sintomas físicos inca-pacitantes (paralisias, paresias, anestesias, etc.) que não tivessem uma ori-gem orgânica identificável, tentava-se por vezes, por volta do final do século XIX, fazer desaparecer os sintomas por meio da sugestão, colocando-os em estado de hipnose. Quem também se serviu da hipnose foi Josef Breuer, a quem Freud atribui, curiosamente, a paternidade da Psicanálise. Porém, Breuer utilizou a hipnose para fazer com que fossem verbalizadas algumas lembranças que se encontravam fora do alcance da sua paciente Anna O. (isto é, Bertha Pappenheim), de Julho de 1880 a Junho de 1882. A partir de então, através de algumas modificações na técnica e com a introdução do conceito de recalcamento, as bases da Psicanálise puderam ser constituídas entre o final do século XIX e o começo do século XX.

primórdios da psicanáliseA Psicanálise parte de um postulado segundo o qual tudo o que sobre-

vém nos sonhos e nos actos falhados comporta uma dimensão que perma-nece oculta. Trata-se do inconsciente, produto de uma série de acontecimen-tos ocorridos logo no início da infância (e, talvez, até mesmo antes dela) e se relacionam com o desenvolvimento da sexualidade em sentido lato, inicial-mente não genital (o prazer da boca e da excreção). Tais acontecimentos são censurados. Por volta dos três anos, a criança descobre a diferença entre os sexos. Nos seus primeiros anos, ela vive, portanto, alguns acontecimentos fundamentais que, provavelmente, nunca tiveram lugar, mas que acabam por aflorar a sua consciência: o espectáculo do coito entre os pais (cena geral-mente fantasiada) e a castração. Para o rapaz, trata-se da ameaça de ficar com o sexo cortado devido à masturbação, que constitui para ele a descarga normal dos desejos edipianos. Para a rapariga, a visão «daquilo que lhe falta» leva-a à inveja do pénis, o que a conduz da sexualidade ao desejo de ter um filho do seu próprio pai, fazendo-a entrar na evolução normal da heterosse-xualidade. Segundo Lacan, a castração é um acontecimento imaginário que implica a submissão do sujeito ao simbólico, isto é, à linguagem. É através da linguagem que se estabelecem as denominações do parentesco e dos interditos. Para a criança, as proibições sociais, ainda que não formuladas, estão na origem do recalcamento das representações ligadas à sexualidade na direcção do inconsciente, o qual acaba por ficar carregado de energias potenciais. Tudo o que foi recalcado tende sempre a regressar sob a forma de sintomas, actos falhados, lapsos, sonhos, etc. É o conjunto desses conflitos

HIstÓrIA dA psICAnÁLIse

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que cria a pessoa humana. O complexo de Édipo é a descoberta de um pro-cesso fundamental: o ciúme que a criança sente relativamente ao genitor do mesmo sexo e o desejo inconfessado de eliminá-lo e substituí-lo. Tal conflito origina neuroses quando o complexo não encontra uma saída favorável, e desaparece quando o sujeito encontra outros objectos.

Freud elaborou dois modelos do aparelho psíquico (tópicas). O primeiro atribui à pessoa humana três instâncias: o pré‑consciente, o inconsciente e o consciente. Contudo, essa primeira tópica tem mais um valor descritivo, na medida em que não distingue as forças que produzem o recalcamento ao enfrentar-se no conflito psíquico. Em 1923, Freud elabora a sua segunda tópica. O sujeito é estruturado por três instâncias: o id (reservatório das pulsões), o ego e o superego (conjunto de regras morais, interiorização do interdito parental).

Na história da Psicanálise, convém, aliás, atribuir uma importância particular à viragem da década de 20, ou seja, à teoria da pulsão de morte, ligada à observação da força da repetição no ser humano, repetição que faz reaparecer regularmente o que há de mais penoso ou traumático.

sessão analítica e suas regras fundamentaisAs neuroses, mas também algumas outras tensões psíquicas que tra-

duzem o mal-estar do sujeito adulto, podem levar este a consultar um psica-nalista – pessoa que também seguiu uma análise e que, por esse motivo, se encontra, em princípio, apta a escutar aquele que sofre. Durante a sessão analítica, as associações do paciente permitem percorrer o curso do processo de recalcamento e revelar os desejos inconscientes. A primeira regra fun-damental da Psicanálise é, portanto, a associação livre: pede-se ao paciente que se permita dizer tudo aquilo que lhe vem à cabeça, mesmo que se trate de algo que considere inútil, inadequado ou estúpido. É-lhe absolutamente exigido que não omita qualquer pensamento, ainda que embaraçoso ou penoso. É esta regra fundamental que estrutura a relação entre o analista e o paciente. A reconstituição da história do sujeito deveria implicar o desa-parecimento do sintoma. No entanto, mesmo após alguns êxitos, tal acção encontra dois problemas no método analítico: a resistência e a transferência. Depressa, o paciente deixa de ser capaz de comunicar livremente os seus pensamentos: estes resistem e ele próprio resiste à sua confissão. Simul-taneamente, opera-se uma transferência de sentimentos de amor ou ódio em relação à própria prática da análise e à pessoa do analista. Resistência e transferência condicionam o facto de reviver situações conflituosas antigas ou lembranças traumáticas recalcadas, podendo a situação de revivescência constituir um obstáculo para o trabalho da cura. Para superar tal situação de bloqueio, é necessário que tudo o que resulta da análise – os aconteci-mentos que nela se produzem, as imagens, os pensamentos secretos, os silêncios, etc. – seja igualmente analisado, dado que tudo isto faz parte do

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Abraham (Karl)Médico e psicanalista alemão(Bremen, 1877 – Berlim, 1925)A partir de 1904, Karl Abraham começa a trabalhar no Burghölzli (hos-

pital psiquiátrico de Zurique) juntamente com Eugen Bleuler, de quem virá a tornar-se, em 1906, o primeiro assistente. Ali encontra Jung, que o põe em contacto com as ideias de Freud, que virá a conhecer em 1907. Em 1910, funda a Associação Psicanalítica de Berlim, primeira ramificação da Associação Psi-canalítica Internacional, da qual se tornará presidente em 1924. Karl Abraham foi um dos que mais contribuíram para a extensão da corrente psicanalítica para fora de Viena, assim como para a sua coesão. O seu contributo pessoal para a teoria é rico e diversificado: introdução da noção de objecto parcial, definição dos processos de introjecção e incorporação, estudo dos estádios pré-genitais. Exerceu uma grande influência sobre Melanie Klein. A sua obra comporta, para além de uma importante correspondência (1907-1926) com Freud, Sonho e Mito: Um Estudo sobre Psicologia dos Povos (Traum und Mythus: eine Studie zur Völkerpsychologie, 1909), Versuch der Entwicklungsgeschichte der Libido14 (1916), assim como estudos psicanalíticos acerca da formação da personalidade (1925).

�Luto � Psicanalítica (Corrente) u Ambivalência u Oral (Estádio)

Adler (Alfred)Médico e psicólogo austríaco(Viena, 1870–Aberdeen, 1937)Aluno de Freud a partir de 1902, participa no Primeiro Congresso de

Psicanálise de Salzburgo (1908). Afasta-se rapidamente (1910) do movimento psicanalítico, dado não partilhar da opinião de Freud acerca do papel da pul-são sexual, e desenvolve uma teoria do funcionamento psíquico centrada no sentimento de inferioridade [Teoria e Prática da Psicologia Individual (Praxis und Theorie der Individualpsychologie, 1918)].Bibliografia passiva: Alfred Adler, The Man and His Work: Triumph over the Inferiority Complex, de Hertha Orgler

(Londres, C. W. Daniel, 1939); Alfred Adler: Apostle of Freedom, de Phyllis Bottome (Londres, Faber & Faber, 1939); Die Freud‑Adler‑Kontroverse, de Bernhard Handlbauer (Gießen, Hesse, Alemanha, Psychosozial-Verlag, 2002).

¤ História da Psicanálise � Agressividade � Psicanalítica (Corrente) � Sistémica (Corrente) u Inferioridade (Complexo de)

Balint (Michael)Psiquiatra e psicanalista britânico de origem húngara(Budapeste, 1896 – Londres, 1970)Autor de The Doctor, His Patient and the Illness15 (1957), criou um método

que consiste em reunir regularmente um grupo de médicos para que analisem em conjunto o seu comportamento relativamente aos doentes (grupo Balint).

u Balint (Grupo)

GrAndes teÓrICos

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Bateson (Gregory)Antropólogo e etnólogo americano de origem britânica(Cambridge, Grã‑Bretanha, 1904 – San Francisco, Califórnia, 1980)Gregory Bateson mostrou que é possível descrever as interacções

entre indivíduos em termos quer de simetria, quer de complementaridade. No primeiro caso, os pares adoptam um comportamento em espelho, enquanto no segundo o comportamento de um completa o do outro. Elaborou igual-mente a teoria do duplo constrangimento.

Escreveu Communication: The Social Matrix of Psychiatry (com Jurgen Ruesch, 1951), Steps to an Ecology of Mind. Collected Essays in Anthropology, Psychiatry, Evolution, and Epistemology16 (1972), Mind and Nature: A Necessary Unity17 (1979).

� Esquizofrenia � Sistémica (Corrente) � Terapias breves p Palo Alto (Escola de) u Duplo constrangimento

Bettelheim (Bruno)Psicanalista americano de origem austríaca(Viena, 1903 – Silver Spring, Maryland, 1990)Após ter realizado estudos em Psicologia, recebe formação psicanalí-

tica. Deportado para Dachau e Buchenwald, devido às suas raízes judaicas, é libertado graças à intervenção da comunidade internacional. Tal experiência dá-lhe material para escrever um relatório intitulado “Individual and Mass Behavior in Extreme Situation” (1943), que o general Eisenhower dá a ler a todos os oficiais do exército americano. Dessa experiência também retirou The Informed Heart: Autonomy in a Mass Age18 (1960) e Surviving and Other Essays 19 (1979), onde analisa as atitudes humanas em situações extremas e hierarquiza os comportamentos que parecem mais eficazes de modo a sal-vaguardar a integridade funcional do ego.

Após a sua libertação, vai para os Estados Unidos, onde se torna pro-fessor nas áreas de Pedagogia (1944) e Psiquiatria (1963), na Universidade de Chicago. Assume igualmente a direcção, em 1944, de um instituto destinado a crianças em dificuldades, o qual reforma em 1947, dando-lhe o nome de Ins-tituto Ortogenético de Chicago; organiza-o e descreve-o – em A Home for the Heart (1974) – como um meio isolado das pressões exteriores (principalmente dos pais), no qual toma a seu cargo crianças autistas. Põe em causa, através da sua prática e das suas observações, as concepções do autismo, avançando que a causa principal dessa doença é um incidente ocorrido no início da infância, especialmente numa relação mal estabelecida entre a criança e a mãe. Tenta demonstrar tal tese a partir de vários casos, em The Empty Fortress. Infantile Autism and the Birth of the Self 20 (1967). No Instituto Ortogenético, nenhum pormenor é deixado ao acaso: ambiente continuamente favorável à criança; divisão dos internos em seis grupos de oito; respeito absoluto pelos desejos da criança; inexistência de intervenção de qualquer hierarquia, pois, como

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AS GRANDESQUESTÕES

DA

VIDA QUOTIDIANA,AS

PRINCIPAISPSICOPATOLOGIAS

AS GRANDESQUESTÕES

DA

VIDA QUOTIDIANA,AS

PRINCIPAISPSICOPATOLOGIAS

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A adolescência representa uma passagem entre dois estados: da infância à idade adulta. É um período de grande fragilidade, no qual se tornam a jogar diferentes estádios já vividos na primeira infância, mas igualmente um movimento de desidealização dos pais, que submerge os adolescentes numa perda de referências. Tais mudanças físicas e psíquicas provocam nos jovens uma desorganização passageira.

Cronologicamente associado ao arranque da maturidade pubertária, o início da adolescência situa‑se por volta dos 11/12 anos, e a sua conclusão dá‑se cerca dos 18 anos, termo que convém reter, embora os limites entre o fim da adolescência e o estatuto de jovem adulto sejam imprecisos. Com efeito, as transformações biológicas, psicológicas e psicossociais próprias da adolescência estão completas por volta dos 18 anos, embora o desenvol‑vimento prossiga depois dessa idade noutros domínios e segundo outras modalidades.

Caracterização da adolescênciaO período da adolescência é marcado pela convergência de três fac‑

tores fundamentais, a partir dos quais se pode estabelecer um quadro que compreende os acontecimentos característicos da passagem da infância à idade adulta:

– viva aceleração do crescimento, que tem como um dos sinais mais impressionantes o aumento da estatura;

– importância das mudanças que se produzem e concernem ao con‑junto do organismo e da pessoa;

– grande variabilidade interindividual: a velocidade de tais mudanças e o momento (idade) da sua ocorrência variam muito de criança para criança; e grande variabilidade intra‑individual: num mesmo indivíduo, as mudanças não ocorrem todas no mesmo momento, nem seguindo o mesmo ritmo, em todos os sectores do desenvolvimento (físico, intelectual, socioafectivo); essas duas formas de variabilidade são inerentes ao desenvolvimento normal.

Puberdade e suas repercussõesCentral na adolescência, a questão da identidade não poderá ser escla‑

recida sem referência ao corpo pelo sujeito, embora o sentido da identidade não se esgote aí. Durante a puberdade, o corpo da criança modifica‑se na morfologia, no funcionamento e na aparência; em pouco tempo (quatro anos, em média), torna‑se um corpo adulto, sexualizado. O adolescente deve adaptar‑se a tais mudanças, integrar na auto‑imagem esse corpo em transfor‑mação, assumir a sua identidade de género (masculina ou feminina) e avançar no caminho que conduz à sexualidade genital adulta.

A maioria dos adolescentes chega aí sem conhecer perturbações psicológicas de maior; a tarefa não é, todavia, fácil, comportando muita

ADolESCêNCiA

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inquietação, dúvidas, angústia. Embora a maturação pubertária lhes afecte a intimidade corporal, provoca igualmente mudanças na maneira como os adolescentes são percebidos e considerados pelo respectivo meio (pais, cole‑gas, professores, etc.). De modo que a adaptação às mudanças corporais se decide também no contexto das relações com os outros, muitas vezes influenciadas pelas representações colectivas e pelas crenças que incidem sobre a chegada precoce ou tardia da puberdade, sobre a natureza e o sen‑tido dos sinais que anunciam a maturação sexual (como o aparecimento do período menstrual nas raparigas), assim como pelos padrões culturais de beleza e sedução associados às formas de homem e mulher.

Como pensam os adolescentes?Durante a adolescência observam‑se mudanças importantes no modo

de funcionamento do pensamento. Segundo a teoria operatória de Piaget, tais modificações correspondem à aquisição das estruturas do pensamento formal, que caracterizam o estado de acabamento do desenvolvimento inte‑lectual. Segundo Bärbel Inhelder e Piaget, com o advento do pensamento formal (entre os 11/12 e os 14/15 anos), o adolescente fica apto a raciocinar, abstractamente, em termos de hipóteses, enunciadas verbalmente, já não se referindo apenas a objectos concretos e respectivas manipulações, ace‑dendo, portanto, ao pensamento hipotético‑dedutivo.

No entanto, muitos estudos, utilizando experiências derivadas dos trabalhos de Inhelder e Piaget, mostram que uma grande percentagem de adolescentes (e de adultos até) não atingiam tais resultados, o que põe em causa a generalidade das teorias de Piaget, sugerindo que a aquisição e o emprego da lógica formal serão apenas uma das realizações possíveis do desenvolvimento cognitivo na adolescência. Neste sentido, é evidente a influência positiva das estimulações oferecidas pelo ambiente familiar das crianças. Contudo, também é preciso ter em conta a diferenciação das apti‑dões (literárias, artísticas, científicas, práticas) que aumenta significativa‑mente na adolescência, o facto de nem todas (nem ao mesmo nível) impli‑carem o contributo da lógica formal para a elaboração dos comportamentos adaptativos. O mesmo se passa com o que pertence a diferentes domínios (por exemplo, o domínio profissional) de exercício da inteligência.

Como recorda o próprio Piaget, a lógica não está toda no pensamento. Para compreender melhor o pensamento do adolescente, também devemos reportar‑nos a outras modalidades de funcionamento, não necessariamente dependentes da aquisição da lógica formal ou, pelo menos, não se reduzindo a elas. Ocorrem progressos sensíveis em relação à criança, nomeadamente no que se refere à metacognição (conhecimento que cada pessoa pode ter dos seus próprios processos mentais) e ao pensamento recursivo (pensar no pensamento, de si ou de outrem: «eu penso que ele pensa que tu pen‑sas que…»). Esses dois aspectos do pensamento reflexivo encontram‑se na

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propensão do adolescente para a introspecção, a ruminação, o devaneio, traduzindo‑se na construção de formas mais elaboradas do conhecimento de si e de outrem enquanto pessoas bem diferenciadas pelos traços de persona‑lidade, pelas ideias, emoções, ambiguidades, contradições, etc. Tal evolução das concepções de si e de outrem fornece argumentos (sem ser, apesar disso, o seu motor) às reivindicações de autonomia, igualdade e reciprocidade que alimentam tantos conflitos do adolescente com o seu meio envolvente.

O pensamento do adolescente distingue‑se ainda do da criança pelas tentativas que faz de dar (ou encontrar) um sentido a/para todos os aspectos da sua experiência concreta do mundo, enriquecida pelos contactos com novos grupos e instituições. A auto‑interrogação alarga‑se então a ques‑tões mais vastas, emocionalmente investidas, como o amor e a amizade, a sociedade, a justiça, a religião, a moralidade. Evidentemente, nem todos os adolescentes constroem teorias originais; a maior parte adere a crenças e a ideologias disponíveis no respectivo meio circundante; porém, fazendo isso, munem‑se dos meios de inserir o quotidiano vivido num âmbito interpreta‑tivo que o suplanta. É próprio da adolescência apreender e pôr pela primeira vez, sob uma forma completa e compreensível, a questão do sentido da vida e da morte.

Socialização do adolescenteA transição do estado de dependência infantil para o estado de auto‑

nomia afectiva e social do adulto negoceia‑se primeiro no meio familiar. É nesse contexto que a Psicanálise, a partir de Anna Freud, situa a crise da ado‑lescência, desencadeada pelo despertar das pulsões que a maturação sexual provoca. Segundo essa abordagem, no momento da puberdade, numa repe‑tição do período sexual infantil, reactiva‑se a situação edipiana. Resultantes do conflito entre um id relativamente forte e um ego relativamente fraco, as perturbações e inadaptações transitórias do adolescente são concebidas como normais e mesmo necessárias para um desenvolvimento ulterior mais equilibrado. A saída da crise é marcada pelo abandono das antigas identifica‑ções parentais (das quais o adolescente deve fazer o luto), a elaboração de novos mecanismos de defesa (como um sobreinvestimento intelectual, espé‑cie de tentativa para proteger a omnipotência infantil aplicada ao domínio das ideias) e o reforço das actividades autónomas do ego que levam, entre outros aspectos, a uma diversificação das relações com outrem.

Seja qual for a abordagem que se faça, é claro que, na adolescência, os filhos devem abandonar o anterior modo de relacionamento com os pais, e construir um outro no qual a autonomia e a identidade dos parceiros serão plenamente reconhecidas. Por conseguinte, o comportamento dos pais deve modificar‑se, tanto do ponto de vista da expressão dos afectos como no que respeita ao seu papel enquanto agentes de socialização. Tal transição não decorre sem conflitos, embora estes não revistam sempre o carácter

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dramático que uma generalização das observações feitas pelos clínicos nas suas práticas pode sugerir.

Ao mesmo tempo que as suas relações com a família se alteram, o adolescente abre‑se a um mundo bem mais amplo, onde os colegas vão ocupar um lugar muito importante. Os grupos de colegas da mesma idade constituem nesse período poderosos agentes de socialização, cujas funções são mais complementares do que opostas às do grupo familiar. Eles facilitam, com efeito, o desenvolvimento das relações de amizade (muito investidas na adolescência) e a experiência da intimidade; estimulam as identificações recíprocas, contribuindo para a remodelação da identidade pessoal e social; dão, enfim, aos adolescentes a possibilidade de experimentarem papéis e situações sociais que se inscrevem numa dialéctica do «fazer» e do «proibido» relativamente autónomo com respeito à ordem institucional.

Outro agente de socialização é a escola, que cria, por um lado, con‑dições propícias à constituição e ao funcionamento dos grupos de colegas, estimulando (ou devendo estimular), por outro, a confrontação com os esta‑tutos profissionais adultos.

A questão da identidadeA remodelação da identidade representa uma aposta maior desse

período: o adolescente deve assimilar e integrar nas auto‑representações o conjunto das mudanças físicas, psicológicas e relacionais de que é objecto; deve, além disso, inserir‑se numa perspectiva temporal personalizada: reconhecer‑se num passado que é o seu e que funda a certeza da autocon‑tinuidade e, tendo consciência do carácter transitório do presente, confiar num futuro que pode tentar construir.

� Amor � Sexualidade

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Para exprimirem o seu sofrimento, entre 10% e 20% dos jovens recor‑rem a comportamentos de risco de diversa ordem (do correr irreflec‑tido de riscos físicos à toxicodependência ou a tentativas de suicídio, passando por companhias duvidosas, fugas, etc.), mas com um deno‑minador comum (geralmente autodestrutivas, alteram as potenciali‑dades evolutivas).

Os limites da adolescência e da pós‑adolescência são imprecisos e variam segundo as sociedades. O início da adolescência é caracterizado pela transformação da puberdade, que provoca múltiplas modificações ao mesmo tempo fisiológicas, psicológicas e sociais. Com o prolongamento da escolaridade, dificuldades acrescidas para entrar na vida profissional, mas também a tendência para retardar o estabelecimento de um laço conjugal, a actual evolução social leva a diferir o fim da adolescência. Alguns chamam «pós‑adolescência» a tal período marcado por uma definição progressiva das características que constituirão o adulto.

Durante a adolescência, verifica‑se que o «agir» é um modo privile‑giado de testemunhar e exprimir angústias e conflitos internos. Quando se evocam os comportamentos de risco (que se referem apenas a uma pequena percentagem dessa faixa etária) designa‑se igualmente uma tendência para a passagem ao acto (na maioria dos casos, violento e impulsivo, por vezes, delituoso): roubo, agressão, abuso de álcool ou droga, fuga, acto impulsivo automutilador.

Abordados por este prisma, os comportamentos de risco conjugam‑se sob a forma de confrontação – íntima, familiar ou, inclusive, comprometendo o indivíduo numa relação desviante com respeito à sociedade.

Confronto íntimoO adolescente em situação de crise

íntima e, logo, de sofrimento moral volta amiúde contra si próprio a angústia, durante um processo parcialmente inconsciente, que podemos aproximar do ordálio. Esse risco voluntário deve ser compreendido como um «confronto simbólico com a morte».

É, pois, sob a forma do ordálio indi‑vidual que se pode dar um sentido ao cor‑rer riscos. Nos possíveis comportamentos dos adolescentes, muitos exemplos ilustram tal propósito. Em alguns casos, rodarão o automóvel a uma velocidade suficientemente viva para que surja um real perigo de morte; noutros, levarão a viagem da droga mais longe do que antes, para sítios onde não se sabe «exactamente» se o organismo sobreviverá a novo trajecto. Resposta individual a um sofrimento individual,

ADolESCêNCiA (Comportamentos de risco na)

Ordálio designa o julgamento de Deus. Perante um presumível culpado, recai nos elementos naturais o cuidado de indicar a culpa ou inocência. Na Europa ocidental, fazia‑se geralmente pelo fogo ou pela água: se a pessoa julgada escapasse à morte por queimadura ou afogamento, era declarada inocente.

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o ordálio recai sobre o adolescente quando nenhuma outra saída parece perfilar‑se no horizonte.

QUANDo o ADolESCENTE SE ATACA A Si MESMo

Certos adolescentes atacam o próprio corpo de modo aparentemente absurdo, mas é uma maneira de atacarem (e, ao mesmo tempo, de se confrontarem com) o sentimento de estarem vivos, ou seja, de verem se ainda estão vivos.Tais ataques podem também ser expressos por sérios distúrbios ali‑mentares: assim, actualmente, detecta‑se em consultas um aumento importante de anorexia mental ou de bulimia em modalidades bas‑tante comparáveis àquelas que se encontram em outros tipos de dependência (em particular, a toxicomania, inclusive em comporta‑mentos graves).

Confronto com a família e o meio envolventeCertos contextos fomentam comportamentos de risco. Um meio

demasiado permissivo (que permite uma independência e uma autonomia sem controlo nem acompanhamento) favorece as passagens ao acto. Na adolescência, além dos tradicionais conflitos pais‑criança, um dos meios de expressão da ruptura é a fuga. Trata‑se de uma partida impulsiva, amiúde isolada, sem objectivo preciso, sendo o ponto culminante de uma crise grave entre o sujeito e o seu ambiente familiar.

Qualquer acção, mais ou menos consciente, que vise o afastamento das suas referências é uma maneira de fuga. É assim que o adolescente sai da escola, na medida em que esta representa para ele uma microssociedade. O desinvestimento escolar reveste inegavelmente uma dimensão de ordá‑lio, por conseguinte psicológica, o que torna tão dificilmente aplicáveis as soluções colectivas usadas por educadores e pedagogos. Do fazer gazeta à passagem ao acto violento contra um professor apresentam‑se ao aluno uma série de riscos calculados que o colocam num ponto de equilíbrio perigoso: de um lado, o possível recuo para o universo próprio da adolescência que constitui a normalidade; do outro, a exclusão.

Confronto com a sociedadeUma forte componente ansiosa ou um desfasamento entre as trans‑

formações corporais e as aquisições linguísticas impelem, às vezes, o adoles‑cente a exprimir por gestos o que não pode dizer por palavras. A companhia de jovens marginais ou grupos de jovens delinquentes pode amplificar os riscos de desvio. No intuito autodestrutivo a que aludimos, é a tomada de pontos de referência com respeito à lei que permite forjar uma parte da

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identidade do adolescente. Trata‑se de um mero teste: segundo David Le Breton1, «após um primeiro contacto com a polícia, a imensa maioria dos jovens já não tem problemas com a justiça».

Procura de prazer, limite ou excesso pessoal, busca que, aparente‑mente, não tem outro intuito senão ela própria, elemento indissociável da adolescência, rito iniciático – os comportamentos de risco são tudo isso ao mesmo tempo. Surge, todavia, uma separação significativa entre rapazes e raparigas quanto à manifestação do mal‑estar e à passagem ao acto. Assim, embora a delinquência seja maioritariamente um modo de expressão mascu‑lino, a anorexia mental continua a ser uma patologia quase exclusivamente feminina.

Numa perspectiva de prevenção, convém chamar a atenção para o facto de os comportamentos de risco, que se banalizam, apelarem a res‑postas (psico)terapêuticas apropriadas, tais como as que se concebem facilmente hoje em dia para os comportamentos de dependência. Porém, importa também sublinhar que é a repetição que inquieta o pessoal médico. Quando não são repetitivos e o seu potencial destruidor é atenuado, muitos desses comportamentos podem esclarecer o desenvolvimento do adoles‑cente e representar a indução de uma mudança.

� Anorexia e bulimia � Dependências � Suicídio

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GLOSSÁRIODOS

TERMOSESSENCIAIS

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PSICOLOGIA,PSIQUIATRIA,PSICANÁLISE

GLOSSÁRIODOS

TERMOSESSENCIAIS

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PSICOLOGIA,PSIQUIATRIA,PSICANÁLISE

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AbandonismoSentimento e estado psicoafectivo de insegurança permanente, liga‑dos ao receio irracional de se ser abandonado pelos pais ou familiares, sem relação com uma situação real de abandono.

AblactaçãoPSICOL. Cessação da alimentação láctea da criança.A ablactação começa a partir do terceiro mês de vida; faz­‑se progressi‑vamente, coincidindo com o início de uma alimentação mais sólida ou consistente. Trabalhos de psicanalistas (Melanie Klein) mostraram que a ablactação é um importante corte, traumatiz­ante amiúde, causador de desamparo: não que a privação do leite materno ou artificial tenha importância biológica no organismo, mas porque o comportamento da mãe nesse instante decisivo provoca angústia, da qual a criança se defende precocemente.

Ab‑reacçãoDescarga emocional pela qual o sujeito se liberta de um aconteci‑mento esquecido que o tinha traumatizado.

Abstinência (Síndrome de)PSIQ. Síndrome de desabituação do sujeito toxicodependente.u Desintoxicação (Cura de) � Dependência � Dependência de «drogas»

AbuliaDiminuição da vontade, que provoca indecisão e impotência para agir.

Acesso delirante Surgimento súbito de um delírio, que pode seguir‑se a um episódio traumatizante (luto, situação de fracasso, etc.). Acompanhado, em muitos casos, de perturbações alucinatórias múltiplas, o acesso deli‑rante atinge bruscamente um indivíduo até então incólume a distúr‑bios psíquicos graves e retrocede espontaneamente ao fim de duas a três semanas, curando‑se amiúde sem deixar sequelas.

AcinesiaPSICOL. Incapacidade parcial ou total de executar um movimento.PSIQ. Sinal mais importante da doença de Parkinson, que se traduz em raridade de gestos, dificuldade em mover‑se e perda do balancea‑mento do braço ao andar.

AcomodaçãoBIOL. Processo segundo o qual o organismo se modifica para adaptar‑‑se aos novos dados da sua experiência ou do seu meio.PSIC. A acomodação é, juntamente com a assimilação, uma noção fun‑damental da teoria de Piaget, servindo para explicar os mecanismos de adaptação do indivíduo (nomeadamente, da criança) ao seu meio envolvente e o desenvolvimento da sua inteligência.

A ABANDONISMO

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Por exemplo, a criança que entra na escola pela primeira vez modifica a sua estrutura de assimilação anterior (esquema), elaborando uma mais apropriada para adaptar‑se a essa situação nova.u Adaptação u Assimilação

Acting outExpressão súbita de sentimentos recalcados.Transgressivo ou incongruente (do objecto roubado ao gesto sedutor inopinado), dá a ver e põe em cena o que não pôde ser dito – articu‑lado em palavras – pelo emissor, assim como aquilo que não pôde ser escutado da pelo destinatário.Na cura psicanalítica, é considerado como uma transformação da transfe‑rência consciente. Assinala um momento de impasse imputável ao anali‑sando ou ao analista. Lacan (1962) releu em Freud [“Fragmento da Análise de um Caso de Histeria” (“Bruchstück einer Hysterie‑Analyse”, 1905)] um exemplo de acting out no jogo sedutor de Dora junto de M. K., actuação verdadeiramente destinada ao pai dela e à senhora K.Forma selvagem de transferência, apela à interpretação e à simboliz­a‑ção, possíveis dentro da cura psicanalítica.

Actividades intelectuaisActividades de tratamento da informação que utilizam conhecimentos explícitos, intervindo na compreensão, no raciocínio, na aquisição de conhecimentos e na resolução de problemas.As actividades intelectuais constituem o domínio da inteligência abs‑tracta que se opõe muitas vez­es à inteligência prática. Tal oposição baseia‑se principalmente na psicometria (conjunto de métodos para medir os fenónemos psicológicos), que distingue testes de inteligência teórica e testes de inteligência prática. Podem assinalar‑se quatro tipos de actividades que sobressaem no tratamento da informação:

as actividades de compreensão, incluindo ao mesmo tempo a compre‑ensão da linguagem e a compreensão de situações físicas, na medida em que empregam conhecimentos;

as actividades de raciocínio, que consistem em produz­ir operações (de naturez­a indutiva ou dedutiva), visando a compreensão, a comunica‑ção, a aquisição de conhecimentos ou a elaboração de decisões;

a aquisição de conhecimentos, que se produz­ quer pelo ensino ou por tex‑tos, quer por uma experiência de descoberta na resolução de problemas;

a elaboração de decisões de acção, nomeadamente, a planificação de tarefas complexas, como aquelas que são realiz­adas diariamente na actividade profissional.

ActoConduta humana que implica a existência de um sujeito com um com‑portamento de satisfação de uma necessidade psicológica ou social. A psicanálise visa permitir que o sujeito assuma a responsabilidade pelos aspectos conscientes e inconscientes dos seus actos.

ACTO A

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Acto falhadoActo ou comportamento socialmente inadaptado que realiza um desejo inconsciente.Para Freud (Psicopatologia da Vida Quotidiana1), tal acto faz­ parte – com o sonho e o lapso – dos fracassados do controlo consciente.Exemplos: perder chaves, esquecer um encontro importante, chumbar num exame bem preparado, etc. Constitui um sintoma – benigno, na maioria dos casos – que garante um compromisso entre o ego cons‑ciente e um desejo inconsciente imperfeitamente recalcado. Para esse desejo recalcado, é um acto conseguido.O uso demasiado lato dessa noção pode salientar como patológico qualquer acto que escape mais ou menos à intenção consciente. Con‑vém reservar tal expressão para as situações que obstam à satisfação consciente do objectivo.

Acto psicanalíticoAcção do psicanalista.A ética da Psicanálise impõe que o psicanalista assuma a responsa‑bilidade dos seus actos, das suas interpretações e intervenções no tratamento, das suas falhas ao participar na produção de acting out do paciente. O psicanalista deve conduzir o analisando ao fim da análise, o que implica uma formação adequada na sua própria experiência dessa terminação. Diversos dispositivos interrogam tal resultado (cura didác‑tica, controlos, passe2, processo de habilitação, etc.).

AdaptaçãoBIOL. Conjunto dos ajustamentos realizados num organismo para sobreviver e perpetuar a sua espécie num determinado ambiente. PSIC. Conjunto das modificações dos comportamentos que visam garantir o equilíbrio das relações entre o organismo e os seus meios de vida e, ao mesmo tempo, mecanismos e processos que subenten‑dem tal fenómeno.Para Piaget, a vida psíquica obedece às mesmas leis estruturantes da vida biológica. São usados processos de adaptação sempre que uma situação comporta um ou vários elementos novos, desconhecidos ou simplesmente não familiares. Segundo Piaget, há assimilação quando o sujeito integra dados novos em modelos comportamentais anteriormente constituídos, havendo acomodação quando esses novos dados transformam a estrutura mental do sujeito para torná‑la compatível com as exigências da nova situação. Entre os primeiros exercícios de reflexos de sucção do recém‑nascido e as suas manifestações aplicadas a diversos objectos (polegar, roca, chucha, etc.), há extensão progressiva da reacção, mas também mudança de forma por ajustamento à forma do novo objecto. Assimilação e acomodação são con‑sideradas por Piaget como actividades essenciais para o desenvolvimento do indivíduo, cujo dinamismo exprimem em conjunto. O desenvolvimento da inteligência representa a adaptação mais elevada e completa: prolonga

A ACTO fALhADO

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