Dicionário de Neurologia - CWB

download Dicionário de Neurologia - CWB

of 12

description

Dicionário de Neurologia - CWB

Transcript of Dicionário de Neurologia - CWB

  • Dicionrio de Neurologia

    Publicado por: tathianatrocoli em: 30/12/2009

    Em: NeuroFisiologia

    Comente!

    Lembro-me do meu primeiro professor de Neuroanatomia, um mdico de seus quase 70

    anos de idade, bem old-school, que adorava confundir os alunos com os nomes

    esquisitos da anatomia enceflica: eram reas cerebrais, clulas especializadas etc. Era

    um excelente professor (nem sei se ainda continua a lecionar), mas era muito estressante

    para os alunos ficar correndo atrs do prejuzo, achando que jamais aprenderiam tantos

    nomes incomuns.

    Com o passar do tempo e com a experincia prtica na rea, alguns nomes foram

    ficando mais fceis de lembrar; outros at hoje me fazem correr para o livro para

    relembrar seu significado.

    Pensando nisso, resolvi juntar num pequeno dicionrio alguns dos termos mais usados em Neurologia. um bom exerccio de memorizao e quem sabe isso ajuda outras

    pessoas. Aceito sugestes de novos termos para incluir no Dicionrio de Neurologia.

    A

    Afasia

    Dficits de linguagem falada e escrita. Pode ser denominada Afasia de Broca, ou

    motora, quando a leso localizada na rea de mesmo nome localizada no lobo frontal.

    Est relacionada com a expresso da linguagem. H tambm a Afasia de Wernicke, ou

    sensitiva, no caso em que a leso ocorre na regio de mesmo nome, localizada na juno

    entre os lobos temporal e parietal, estando relacionada percepo da linguagem.

    Agnosia

    Perda da capacidade de reconhecer objetos, por leso nas reas de associao

    secundrias sensitivas.

    Amusia

    Dificuldade de compreenso de sons musicais, por leso da rea auditiva secundria no

    hemisfrio direito.

    Apraxia

    Incapacidade de executar determinados atos voluntrios, sem que exista qualquer dficit

    motor, como consequncia de leses nas reas de associao secundrias motoras.

    Arreflexia

  • Ausncia de reflexos tendinosos.

    Ashworth, Escala de

    Escala mais amplamente utilizada na avaliao e mensurao da espasticidade. Varia de

    0 a 4.

    Ataxia

    uma incoordenao do movimento. Pode ser causada por leso cerebelar (ataxia

    cerebelar), alterao sensorial como em casos de neuropatias diabticas (ataxia

    sensitiva) e distrbios vestibulares (ataxia vestibular ou labirntica).

    Atetose

    Leso do corpo estriado (ncleo caudado, putmen e globo plido) que manifesta-se por

    movimentos involuntrios lentos sinuosos, especialmente dos antebraos e mos.

    Atonia

    Ausncia completa de tnus muscular.

    B

    Babinski, Sinal de

    Em casos de leso dos tratos crtico-espinais, ocorre a flexo dorsal do hlux ao

    estmulo da pele da regio plantar do p (quando a resposta normal seria a flexo plantar

    do hlux).

    Balance

    Nome que se d ao conjunto de reaes de retificao, reao de proteo e reao de

    equilbrio.

    Broca, rea de

  • a regio responsvel pela programao da atividade motora relacionada com a

    expresso da linguagem.

    Brodmann, reas de

    Diviso do crtex cerebral que feita em 47 reas considerando as diferentes funes

    desempenhadas pelas respectivas regies.

    C

    Cinestesia

    Capacidade de perceber a posio e o movimento de uma parte do corpo (propriocepo

    consciente).

    Cognio

    Capacidade do ser humano de processar informaes e reagir s alteraes do ambiente

    e de si mesmo.

    Controle Motor

    a capacidade de regular ou orientar os mecanismos essenciais para o movimento.

    Coria

  • Caracteriza-se por movimentos involuntrios rpidos e de grande amplitude, devido

    leso no corpo estriado.

    D

    Dermtomo

    Trata-se do territrio cutneo inervado por fibras de uma nica raiz dorsal. O

    dermtomo recebe o nome da raiz que o inerva.

    Desuso Aprendido

    Teoria que hipotetiza que a recuperao de pacientes com AVC limitada pelo uso

    exacerbado do membro no-acometido, devido dificuldade de usar o membro partico,

    levando-o ao desuso aprendido.

    Diplopia

    a viso dupla, em que os indivduos vem duas imagens no objeto.

    Disdiadococinesia

    a dificuldade de fazer movimentos rpidos e alternados, devido leso no

    neocerebelo.

    Dismetria

    Tambm ocorre devido leso no neocerebelo. Consiste na execuo defeituosa de

    movimentos que visam atingir um alvo, pois o indivduo no consegue dosar

    exatamente o movimento.

    Distonia

    Movimentos involuntrios dos msculos (espasmos), rpidos e repentinos, que

    provocam movimentos ou posies anormais de uma parte ou da totalidade do corpo.

    E

    Espasticidade

    o aumento exagerado do tnus muscular, velocidade-dependente, que vem

    acompanhado de hiperreflexia.

    Estereognosia

    a capacidade de perceber com as mos a forma e o tamanho de um objeto.

    F

    Feedback

  • So as informaes que ocorrem durante e aps a execuo do movimento, como

    consequncia natural do comportamento.

    Feedforward

    o controle por antecipao, ideal para movimentos rpidos que dependem da

    capacidade de previso do resultado.

    Formao Reticular

    Rede de fibras e corpos de neurnios localizados no tronco enceflico que so

    responsveis pelo centro respiratrio, centro vasomotor e centro do vmito.

    Fusos Neuromusculares

    So pequenas estruturas em forma de fuso situadas nos ventres dos msculos estriados

    esquelticos, dispondo-se paralelamente com as fibras destes msculos (fibras

    extrafusais). Cada fuso constitudo de uma cpsula conjuntiva que envolve de duas a

    10 pequenas fibras estriadas denominadas fibras intrafusais. O fuso neuromuscular

    recebe fibras nervosas sensitivas que se enrolam em torno da regio equatorial (no

    contrtil) das fibras intrafusais. O estiramento e o alongamento das fibras intrafusais

    causam deformaes mecnicas das terminaes sensitivas que so ativadas. Originam-

    se assim impulsos nervosos que fazem sinapses com motoneurnios alfa (na coluna

    anterior da medula). Os axnios desses neurnios trazem os impulsos de volta ao

    msculo, terminando em placas motoras situadas nas fibras extrafusais que se contraem

    (reflexo miottico). Os fusos neuromusculares tambm possuem inervao dos

    motoneurnios gama, que inervam as duas regies polares das fibras intrafusais e

    causam sua contrao.

    G

    Gnosia

  • a etapa de interpretao na identificao de um objeto, feita pelas reas de associao

    secundrias.

    H

    Hemianopsia

    Cegueira em metade do campo visual. Pode ser heternima ou homnima. Na primeira,

    so acometidos lados diferentes dos campos visuais. Na segunda, fica acometido o

    mesmo lado do campo visual de cada olho.

    Hemibalismo

    So movimentos anormais violentos das extremidades, que no desaparecem nem

    durante o sono e ocorrem devido a leses no ncleo subtalmico.

    Hemiplegia / Hemiparesia

    Fraqueza muscular total ou parcial (respectivamente) em um hemicorpo, devido a leso

    enceflica.

    Hidrocefalia

    Alterao na produo, circulao e absoro do lquido cefalorraquidiano,

    caracterizando um aumento na quantidade e na presso do lquor que causa uma

    dilatao dos ventrculos e compresso dos tecidos nervosos de encontro ao arcabouo

    sseo.

    Hipercinesias

    Aumento exagerado da atividade motora mediada pelo crtex.

    Hiperestesia / Hipoestesia

  • Aumento ou diminuio da sensibilidade, respectivamente.

    Hiperreflexia / Hiporreflexia

    Aumento ou diminuio dos reflexos miotendinosos, respectivamente.

    Hipertonia / Hipotonia

    Aumento ou diminuio do tnus muscular, respectivamente.

    Homnculo Motor / Sensitivo

    Representao cortical da somatotopia motora ou sensitiva.

    I

    Imagtica

    Tcnica de repetio mental do movimento, embasada em pesquisas que demonstram

    que reas responsveis pelo movimento propriamente dito tambm so ativadas durante

    a prtica mental. De acordo com os estudos, o ideal incorporar a imagtica ao

    treinamento motor, tendo melhores resultados com a prtica associada.

    L

    Lquor

    Tambm chamado lquido crebro-espinal (ou cefalorraquidiano) um fluido aquoso e

    incolor que ocupa o espao subaracnideo e as cavidades ventriculares. Sua funo

    primordial de proteo mecnica do sistema nervoso central.

    Locus Ceruleus

    Faz parte da Formao Reticular e um ncleo com projees noradrenrgicas que,

    acredita-se, fazem parte dos mecanismos que desencadeiam o sono paradoxal.

    M

    Miopatias

  • Afeces que acometem as unidades motoras.

    N

    Neuromas

    Cicatriz de coto de axnio formada por tecido conjuntivo, clulas de Schwann e um

    emaranhado de cotos de fibras nervosas. O problema est na formao de neuromas

    dolorosos, como em casos de amputaes, quando o coto do nervo no fica devidamente

    protegido por coxim gorduroso do coto do membro amputado, emergindo na superfcie

    e sofrendo com contato externo por presso.

    Nistagmo

    Movimentos oscilatrios rtmicos dos olhos que ocorrem especialmente devido a leses

    no sistema vestibular e no cerebelo.

    O

    Oligocinesia

    Manifesta-se por uma lentido e reduo da atividade motora espontnea, na ausncia

    de paralisia. H tambm uma grande dificuldade para se dar incio aos movimentos. A

    oligocinesia comum na Doena de Parkinson.

    P

    Paraplegia / Paraparesia

    Ausncia total ou parcial de fora muscular na metade inferior do corpo (tronco inferior

    e membros inferiores). Ocorrem comumente por traumas medulares a partir da vrtebra

    T1.

    Parestesia

    Aparecimento, sem estimulao, de sensaes espontneas e mal definidas como por

    exemplo formigamentos.

    Propriocepo

    a capacidade de perceber a posio de partes do corpo ou sua totalidade em relao ao

    espao, alm da percepo do movimento do corpo.

    R

    Ritmo Circadiano

    a oscilao em um perodo de 24 horas dos parmetros fisiolgicos, metablicos e

    comportamentais. So gerados por relgios biolgicos situados no ncleo supraquiasmtico do hipotlamo.

  • S

    Sndrome do Neurnio Motor Superior

    Leses em neurnios motores superiores ocorrem com mais frequncia em AVCs que

    acometem a cpsula interna ou a rea motora do crtex e caracterizam-se por um rpido

    perodo de paralisia flcida mas com sbita instalao de uma paralisia espstica com

    hipertonia e hiperreflexia, com presena do sinal de Babinski (sinais positivos).

    Sndrome do Neurnio Motor Inferior

    Leses em neurnios motores inferiores, comuns na poliomielite e leses de neurnios

    na coluna anterior da medula espinal, causam paralisia com perda dos reflexos e do

    tnus muscular (paralisia flcida sinais negativos), seguindo-se aps um tempo hipotrofia dos msculos inervados pelas fibras motoras destrudas.

    Siringomielia

    Trata-se de uma doena na qual h formao de uma cavidade no canal central da

    medula espinal, levando a uma destruio da substncia cinzenta intermdia central e da

    comissura branca. Esta destruio interrompe as fibras que formam os dois tratos

    espino-talmicos laterais, consequentemente ocorrendo perda da sensibilidade trmica e

    dolorosa de ambos os lados, em uma rea correspondente aos dermtomos relacionados

    com as fibras lesadas. Acomete com mais frequncia a intumescncia cervical,

    resultando no aparecimento dos sintomas nas extremidades superiores dos dois lados.

    Sistema Piramidal

    Compreende dois tratos, que passam pelas pirmides bulbares: o crtico-espinal, que

    une o crtex cerebral aos neurnios motores da medula, e seu correspondente no tronco

    enceflico, o trato crtico-nuclear, que difere do primeiro principalmente pelo fato de

    transmitir impulsos aos neurnios motores do tronco enceflico.

    Sistema Extrapiramidal

    Por meio desse sistema algumas estruturas nervosas supraespinais exercem influncia

    sobre os neurnios motores da medula, atravs dos seguintes tratos que no passam

    pelas pirmides bulbares: rubro-espinal, tecto-espinal, vestbulo-espinal e retculo-

    espinal.

    Somatotopia

    Mapeamento do crtex que demonstra que existe correspondncia entre determinadas

    reas corticais e certas partes do corpo.

    T

    Tabes Dorsalis

  • Ocorre em consequncia da neurosfilis. uma leso das razes dorsais da medula

    espinal, causando perda da propriocepo consciente, perda do tato epicrtico e perda da

    sensibilidade vibratria e da estereognosia.

    Tato Epicrtico

    Tambm chamado tato discriminativo. Permite localizar e descrever as caractersticas

    tteis de um objeto. Testa-se tocando a pele simultaneamente com as duas pontas de um

    compasso e verificando-se a maior distncia entre dois pontos tocados que percebido

    como se fosse um s (discriminao de dois pontos). Segue a via ascendente do funculo

    posterior da medula.

    Tato Protoptico

    Permite apenas de maneira grosseira a localizao da fonte do estmulo ttil. Percebe

    estmulos de presso e tato leve. Segue a via ascendente do funculo anterior da medula.

    Trato Crtico-Espinal

    Constitudo por fibras originadas no crtex cerebral que passam no bulbo em trnsito

    para a medula, ocupando as pirmides bulbares. Sua principal funo motora

    somtica; suas fibras terminam em relao com neurnios motores que controlam tanto

    a musculatura axial como apendicular e ele o principal feixe de fibras responsvel pela

    motricidade voluntria.

    Trato Crtico-Nuclear

    Constitudo por fibras originadas no crtex cerebral e que terminam em ncleos motores

    do tronco enceflico. Assim, pe sob controle voluntrios os neurnios motores situados

    nos ncleos dos nervos cranianos.

    Trato Hipotlamo-Hipofisrio

    formado por fibras que se originam nos neurnios grandes dos ncleos supra-ptico e

    paraventricular e terminam na neuro-hipfise. As fibras desse trato que constituem os

    principais componentes estruturais da neuro-hipfise so ricas em neurossecreo.

    Trato Retculo-Espinal

    o mais importante dos tratos extrapiramidais, promovendo a ligao de vrias reas da

    formao reticular com os neurnios motores. As funes so variadas e envolvem o

    controle de movimentos tanto voluntrios como automticos, a cargo dos msculos

    axiais e proximais dos membros.

    Trato Rubro-Espinal

    Controla a motricidade voluntria dos msculos distais dos membros.

    Trato Tecto-Espinal

  • Origina-se no colculo superior, que, por sua vez, recebe fibras da retina e do crtex

    visual. Termina nos segmentos mais altos da medula cervical e est envolvido em

    reflexos nos quais a movimentao da cabea decorre de estmulos visuais.

    Trato Vestbulo-Espinal

    Origina-se nos ncleos vestibulares e leva aos neurnios motores os impulsos nervosos

    necessrios manuteno do equilbrio a partir de informaes que chegam a esses

    ncleos, vindas da parte vestibular do ouvido interno e do arquicerebelo. So feitos

    assim ajustes no grau de contrao dos msculos, permitindo que seja mantido o

    equilbrio mesmo aps alteraes sbitas do corpo no espao.

    U

    Unidade Motora

    o conjunto constitudo por um neurnio motor com seu axnio e todas as fibras

    musculares por ele inervadas. O termo aplica-se apenas aos neurnios motores

    somticos, ou seja, inervao dos msculos estriados esquelticos.

    W

    Wallenberg, Sndrome de

    Tambm conhecida como Isquemia Lterobulbar, resultante da ocluso da artria

    vertebral em seu trajeto intracraniano, gerando sinais e sintomas como: ataxias dos

    membros e da marcha, vertigens, nistagmo, nuseas e vmitos, hipoestesia ipsilateral da

    face, disfonia, disfagia, paralisia da faringe, diminuio da sensibilidade trmica e

    dolorosa da metade contralateral do tronco, entre outros.

    Wernicke, rea de

    a rea posterior da linguagem. Situa-se na juno entre os lobos temporal e parietal.

    Est relacionada com a percepo da linguagem.

    No encontrou o que procurava? Sugira novos termos para este Dicionrio.

    Fontes:

  • - Shumway-Cook A, Woollacott MH. Controle Motor Teoria e Aplicaes Prticas. So Paulo: Manole, 2 ed, 2003.

    - Carr J, Shepherd R. Cincia do Movimento Fundamentos para a Fisioterapia na Reabilitao. So Paulo: Manole, 2 ed, 2003.

    - Machado A. Neuroanatomia Funcional. So Paulo: Atheneu, 2 ed, 2006

    http://tathianatrocoli.wordpress.com/2009/12/30/dicionario-de-neurologia/