Dicas moveleiro

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Dicas - Segmento moveleiro PROCEDIMENTOS, TÉCNICAS E ACABAMENTOS Procedimentos para um bom acabamento em móveis de madeira O ambiente deve estar isento de poeira e substâncias contaminantes. A temperatura deve estar entre 18º e 25º C e a umidade relativa do ar entre 40 e 75 %. A madeira deve estar seca, com uma temperatura entre 18º e 25º C. O processo de envernizamento deve ser aquele ideal para o tipo da peça. A catalisação (nos produtos bi componentes), deve ser feita na proporção indicada no boletim técnico especificado pelo fabricante, evitando assim, experiências que só trazem prejuízos. A peça deve ser bem preparada (calibrada, lixada e escovada, se for para pintura em linha); o túnel de secagem deve estar na temperatura prevista. Todo equipamento a ser usado (pistola, rolo, cortina, bombas, tubulações), devem estar sempre perfeitamente limpos. Em particular, deve-se purgar diariamente o compressor e verificar se o ar está isento de óleo. A viscosidade deve ser aquela indicada no processo de aplicação. A viscosidade determina o grau de fluidez de um produto usado em um sistema de pintura. Pode ser variada com a adição de diluente. A viscosidade dos produtos varia em função do equipamento de pintura usado e deve ser rigorosamente observada e controlada. Ex.: Geralmente ela é baixa para envernizamento à pistola, média para aplicação à cortina e alta para aplicação a rolo. Em tintas e vernizes para madeira, é normalmente usado um viscosímetro do tipo COPO FORD. Trata-se de um recipiente cilíndrico de 100 cm³ com a parte inferior cônica e com um furo no centro que pode ser de 2 mm, 4 mm, 8 mm. Com o furo de 4 mm é denominado "COPO FORD 4" . Uma vez o copo estando cheio de verniz, a viscosidade do produto é o tempo total da vazão do mesmo, expresso em segundos. A viscosidade sofre uma variação em função da temperatura, por isso, em todos os boletins técnicos de processos, nos referimos a uma temperatura padrão de 20º C . Equipamentos e Regulagem PISTOLA DE PINTURA - é o sistema mais versátil e também o mais comum usado no Brasil. Porém, muitas vezes, não se consegue um bom acabamento devido a uma má regulagem da pressão do ar ou da pistola.

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Dicas - Segmento moveleiroPROCEDIMENTOS, TÉCNICAS E ACABAMENTOS

Procedimentos para um bom acabamento em móveis de madeira

O ambiente deve estar isento de poeira e substâncias contaminantes. A temperatura deve estar entre 18º e 25º C e a umidade relativa do ar entre 40 e 75 %. A madeira deve estar seca, com uma temperatura entre 18º e 25º C. O processo de envernizamento deve ser aquele ideal para o tipo da peça. A catalisação (nos produtos bi componentes), deve ser feita na proporção indicada no boletim técnico especificado pelo fabricante, evitando assim, experiências que só trazem prejuízos.

A peça deve ser bem preparada (calibrada, lixada e escovada, se for para pintura em linha); o túnel de secagem deve estar na temperatura prevista. Todo equipamento a ser usado (pistola, rolo, cortina, bombas, tubulações), devem estar sempre perfeitamente limpos. Em particular, deve-se purgar diariamente o compressor e verificar se o ar está isento de óleo. A viscosidade deve ser aquela indicada no processo de aplicação. A viscosidade determina o grau de fluidez de um produto usado em um sistema de pintura. Pode ser variada com a adição de diluente. A viscosidade dos produtos varia em função do equipamento de pintura usado e deve ser rigorosamente observada e controlada.

Ex.: Geralmente ela é baixa para envernizamento à pistola, média para aplicação à cortina e alta para aplicação a rolo.

Em tintas e vernizes para madeira, é normalmente usado um viscosímetro do tipo COPO FORD. Trata-se de um recipiente cilíndrico de 100 cm³ com a parte inferior cônica e com um furo no centro que pode ser de 2 mm, 4 mm, 8 mm. Com o furo de 4 mm é denominado "COPO FORD 4" .

Uma vez o copo estando cheio de verniz, a viscosidade do produto é o tempo total da vazão do mesmo, expresso em segundos. A viscosidade sofre uma variação em função da temperatura, por isso, em todos os boletins técnicos de processos, nos referimos a uma temperatura padrão de 20º C .

Equipamentos e Regulagem

PISTOLA DE PINTURA - é o sistema mais versátil e também o mais comum usado no Brasil. Porém, muitas vezes, não se consegue um bom acabamento devido a uma má regulagem da pressão do ar ou da pistola.

PISTOLA COMUM - é o equipamento mais comum de pintura e de fácil regulagem. A pressão de pulverização deve sempre estar entre 30 e 45 libras para uma quantidade ideal de produto. A distância da peça deve ser de 15 a 25 cm. A viscosidade do produto varia de acordo com a sua formulação.

É indispensável o uso de filtro de ar com manômetro para se evitar o desperdício do produto e conseguir um acabamento uniforme, usando as pressões indicadas.

Para seladoras e vernizes, a viscosidade ideal é de 15 a 18 segundos. Para produtos mais pesados, como primers por exemplo, ela varia de 22 a 25 segundos no COPO FORD 4, a pistola.

Nas seções de pintura ou secagem, não se deve fumar e as latas dos produtos não devem ficar dentro da cabine, como medida de segurança. Os exaustores não devem ter hélices acopladas ao eixo do motor, pois, com o uso contínuo, o motor e a hélice ficam revestidos com uma camada de verniz ou seladora, o

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que pode ocasionar um curto circuito, sendo o bastante para queimar em minutos o que se levou anos para conquistar, além do mais importante, o risco da perda de vidas humanas.

Em ambientes de pintura, é sempre recomendado o uso de equipamentos de proteção, como: óculos, luvas, máscaras para gases e uma boa ventilação.

Em uma área de secagem, tornam-se necessários os sistemas de exaustão e insuflação de ar. O sistema de insuflação deve estar localizado na parte superior da área e dotado de filtros. O de exaustão, deve ser instalado ao nível do piso, pois, os gases, partículas de pintura, são mais pesados do que o ar próximo ao mesmo.

A velocidade do ar influencia diretamente na secagem. Quanto maior a velocidade do ar, mais rápida será a secagem.

A área de secagem deve estar totalmente isenta de pó e outras impurezas, os quais podem causar danos irreversíveis às peças recém-acabadas.

A velocidade excessiva do ar e a alta temperatura no ambiente de secagem provocam fervura na superfície acabada. Este fenômeno ocorre em virtude da evaporação rápida dos produtos voláteis da superfície, tornando-as rígidas e impossibilitando o desprendimento dos gases mais profundos que irão formar bolhas. Esse fenômeno ocorre principalmente na fase inicial da secagem.

A velocidade do ar recomendável para a área de secagem é de aproximadamente 1 a 1,5 m/s - temperatura natural do ambiente. No ambiente de secagem, a circulação de ar deve distender o tempo necessário, considerando o produto de acabamento aplicado.

CABINES DE ACABAMENTO - em um ambiente de acabamento, a instalação de uma cabine de pintura é a forma mais adequada e segura de proporcionar ao operário, melhor condição de trabalho, uma vez que a função da mesma é extrair pós, partículas de pintura e solventes, além de reduzir os riscos externos de contaminação do ambiente de acabamento.

CABINE DE PINTURA COM FILTRO SECO - em uma cabine de pintura a seco, o ar saturado é direcionado a um filtro seco, constituído de lâminas dispostas em forma de labirinto, construido de fibra de vidro ou papelão. Este sistema retém normalmente 70% dos resíduos de acabamento. Assim, é necessária uma diferença de pressão de 10 kg pascal. Porém, esta cabine é utilizada em caso de pequena produção, onde não existe regulamento sobre contaminação do ambiente.

Uma boa ventilação para evitar a saturação do ambiente com solventes.

O ambiente deve permanecer constantemente limpo, isento de pó e demais partículas estranhas.

Deve-se evitar ao máximo a contaminação dos ambientes externos com solventes e pinturas.

Todas essas recomendações podem ser executadas mediante a instalação de uma cabine de pintura. Sempre que possível, com cortina d’agua.

É imprescindível que, em um ambiente de acabamento, se adote um sistema de extração de ar saturado e insulflação de ar externo. A capacidade do sistema de insulflação deve ser superior ao de exaustão - em torno de 5 a 10%, aproximadamente, para tornar positiva a pressão interna e evitar a presença do pó. Este sistema de insulflação deve, ainda, ser dotado de filtros para que se retenha pó e outros

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resíduos sólidos.

AMBIENTE DE SECAGEM - além do ambiente de acabamento, é necessária também a existência de uma área de secagem com as seguintes características:

A temperatura não deve ser inferior a 20º C porque a área sendo quente, acelera o processo de evaporação do solvente, da reação química e, consequentemente, da secagem.

Quando as peças se encontrarem dispostas na área de secagem, deve se observar a distância entre as superfícies acabadas. Esta distância deve ser de aproximadamente 10 cm, para facilitar o deslocamento do ar entre as mesmas e retirar o solvente e água (tingimento água ou verniz acrílico). Nas superfícies, dispostas de forma vertical, a secagem é mais rápida do que em relação às dispostas na horizontal.

Em um ambiente de secagem, deve conter cavaletes dotados de roda com locação manual ou mecânica, para evitar que os operários toquem, o mínimo possível, nas peças acabadas, evitando causar danos às mesmas.

ACABAMENTO EM MÓVEIS

Depois de devidamente lixada, passamos para o tingimento, se necessário.

TINGIMENTO - deve ser a primeira operação a ser feita depois do lixamento. Recomenda-se tingir a madeira e trabalhar com fundo transparente. A função do tingimento é padronizar a madeira, sem esconder os veios e poros. Apesar de haver muita gente que tinge a seladora ou verniz, este processo não é recomendado, pois enconde os veios e poros, tornando o retoque problemático, ou seja, cheio de arranhões.

PARA SE FAZER UM ACABAMENTO SIMPLES (PORO ABERTO) - recomenda-se em primeiro lugar, um bom lixamento e depois uma demão de seladora nitro, lixando sempre a seladora com lixa 320. Logo após, aplica-se o acabamento nitro ou sintético, fosco ou brilhante.

PARA SUBSTITUIR A CERA - deve-se aplicar uma demão de seladora nitro, lixar com lixa 320 e aplicar ou não outra demão, ou mesmo usar um fundo acabamento nitro ou poliuretano, com um lixamento entre cada demão, num total de duas demãos.

PORO FECHADO - aplicar duas demãos de fundo PU, sem lixamento intermediário, com intervalo de meia hora. Depois, lixar com lixa 320 após 3 a 4 horas. Aplicar mais duas demãos seguindo o mesmo processo. Lixar após 3 a 4 horas com lixa 320, somente para nivelar a superfície e não retirar o que foi colocado. Aplicar uma ou duas demãos de verniz PU brilhante ou fosco, com intervalo de meia hora. Obs.: Os produtos nitro não sustentam poros fechados. Pode-se fazer poro fechado, utilizando fundo poliuretano.

LAQUEAÇÃO - laquear é pintar os móveis, esconder os poros e veios da madeira. Recomenda-se, além do lixamento perfeito, emassar os defeitos com massa para madeira. Em caso de grandes defeitos, deve-se emassar 3 ou 4 vezes se necessário, pois a massa sede dentro do buraco. Lixar, depois de seca. Aplicar duas demãos de primer com meia hora de intervalo, sem lixamento intermediário. Lixar após 3 ou 4 horas e repetir o mesmo processo, dando um total de 4 demãos. Lixar com lixas 320 e 400, aplicando, em seguida, a tinta PU fosca ou brilhante e, caso desejar um efeito de profundidade na tinta, aplicar 1 ou 2 demãos de verniz PU fosco ou brilhante, com intervalo de meia hora.

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DILUENTES OU REDUTORES - tem as mesmas funções, porém com características diferentes, sendo que o melhor é o que tem maior poder de diluição, sem alterar as características do produto como: brilho, secagem, aspécto entre outras.

Problemas no acabamento é normal, pois os produtos químicos sofrem muito com as variações climáticas. Abaixo, encontram-se exemplos onde o clima e a falta de atenção no manuseio dos produtos, causam sérios defeitos:

Defeitos do produto para pintura ou envernizamento

Os principais defeitos são:

Sedimentação do pigmento - todos os produtos com um certo tempo de fabricação apresentam sedimentação de cargas ou pigmentos. Se essa sedimentação é mole e se dispersa com facilidade, não é considerado um problema, mas se a sedimentação é dura e não se dispersa, é um problema de formulação do produto.

Bolinhas ou fervura - série de pontinhos que podem se formar devido má atomização da pistola, por uma quantidade excessiva de produto aplicado, secagem muito rápida ou reação muito rápida dos produtos catalisados. Para se evitar, usar o retardador à 5%.

Defeitos notados com o passar do tempo

Trincamento - ocorre devido à pouca resistência do produto aos ataques a que será submetido. Pode ser também provocado por um produto preparado, aplicado ou secado de uma forma não apropriada.

Amarelamento - é a tendência que o produto tem de amarelar com o tempo. Fenômeno provocado pela ação da luz natural. Quando o produto sofrer esta alteração, deve-se usar uma linha de produto que resista à ação de raios ultravioleta. Pode ser provocado também pela alteração de tonalidade de lâmina de madeira em função de sua pouca resistência a esses mesmos agentes.

Como preparar ambiente de acabamento e equipamentos

Em uma indústria de móveis, é fundamental que se estruture, de forma adequada, a área de acabamento. Esta área deve permanecer em local distante da produção, a fim de que se evite a contaminação com o pó, contribuindo para uma boa qualidade de acabamento.

É imprescindível que a área de acabamento seja construída separadamente ou isolada dos ambientes próximos por uma parede de alvenaria. Sua porta deve permanecer fechada, devendo ser aberta somente para a introdução de móveis (recém-acabados) e retirada de peças acabadas.

Em razão de os produtos de acabamentos e os solventes serem voláteis e inflamáveis, há elevado risco de ocorrência de incêndio. Motivo pelo qual torna-se necessário tomar medidas de prevenção, isto é, instalar um extintor de incêndio, considerando o tipo de acabamento e devendo o mesmo ser disposto em local de fácil acesso e saída de emergência do prédio (pátio).

Os produtos de acabamento e solventes são também nocivos à saúde dos operadores. A saturação e odor intenso dos solventes reduzem a produtividade do operador, influindo de forma negativa na qualidade do produto acabado. Em razão disso, faz se necessário que o ambiente se apresente em condições apropriadas de trabalho.

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O sistema deverá ser adequado de iluminação, para permitir ao operador uma perfeita visibilidade.

Defeitos notados no momento da aplicação e secagem

Casca de laranja - fenômeno de dispersão do filme. Normalmente ocorre devido a uma aplicação com viscosidade errada e uma mistura com diluentes não indicados e evaporação muito rápida dos solventes do produto.

Escorrimento - é percebido imediatamente após a aplicação apresentando a forma de um acúmulo de produto. Ocorre por aplicação de uma camada excessiva do produto, por diluição excessiva ou pelo uso de um diluente muito lento.

Remoção - nota-se quando um produto aplicado sobre uma superfície já envernizada remove a camada anterior. Pode ser causado por uma secagem ou catalisação deficiente do fundo. A presença de solvente excessivamente fortes, presentes no produto da demão final, também pode provocar remoção completa das camadas anteriores.

Branqueamentos - o caso mais comum ocorre com produtos a base de nitrocelulose, aplicados em ambiente com umidade excessiva. A peça apresenta manchas embranquiçadas e para se resolver o problema, pode-se usar um retardador ou diluente anti-umidade. Para se recuperar a peça, deve se lixar agressivamente o filme e reinvernizá-lo com produto adequado.

Crateras - pequenas formações circulares sobre superfícies envernizadas que podem ser causadas pela presença de contaminantes no local de pintura, água ou óleo nos equipamentos de aplicação e nas tubulações. O fenômeno é visível tanto durante a aplicação como depois da película seca.

Esperamos ter contribuido com técnicas simples, mas com resultados satisfatórios.

13. “Casca de laranja”

A "casca de laranja" é uma aspereza ou ondulação que lembra o aspecto rugoso da casca de uma laranja. A "casca de laranja" é, muitas vezes, causada por nivelamento insuficiente e é um defeito comum, tanto em tintas aplicadas por pulverização como nas aplicadas a rolo. A "casca de laranja" pode ser o resultado de viscosidade elevada da película, que restringe o fluxo e o nivelamento do filme. Pode ser, também, o resultado de movimentos provocados por gradientes de tensão superficial. As pulverizações secas ou solventes muito voláteis também podem contribuir à "casca de laranja". Se o problema for devido à viscosidade muito elevada, a solução deste defeito pode ser o uso de menor teor de sólidos, uma resina de menor peso molecular ou uma concentração menor de pigmentos. Agentes controladores de fluidez, tais como aditivos de silicone ou polímeros de baixa energia, podem ser eficazes na eliminação dos movimentos induzidos por tensão superficial. Um solvente com temperatura de destilação elevada pode promover o nivelamento na estufa por deixar o filme aberto durante um tempo mais prolongado.