Dicas de Ouro Para Melhor Escrever - Fábio C. Martins
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Transcript of Dicas de Ouro Para Melhor Escrever - Fábio C. Martins
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Dicas de Ouro
Para Melhor
Escrever
Fbio C. Martins
Primeira Edio
2013
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Sumrio:
1 - Escreva um Conto: 8 dicas para contistas
2 - Escreva Melhor: 7 dicas para escritores
3 - Melhores Dilogos: entenda os 3 tipos de discursos
4 - Leia Melhor: 6 Dicas para uma Boa Leitura
5 5 Dicas Para Criar um Personagem
6 - Melhores Dilogos: entenda os 3 tipos de discursos
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Dicas de Ouro
para Melhor
Escrever
Fbio C. Martins
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1 - Escreva um Conto: 8 dicas para contistas
Como havia prometido nas 7 dicas para escritores. Hoje, vou
apresentar algumas dicas para quem pretende comear a escrever
seus contos.
Porm, antes de iniciarmos, nada melhor do que entendermos as
diferenas entre o Conto e a Crnica.
O Conto, como o prprio nome j diz, o ato de contar uma
histria, ou seja, narrar, em prosa, uma pequena histria com
poucos personagens. Ao escrever, necessrio manter a conciso, a
preciso e a profundidade. O conto no pode ser uma simples
narrativa, preciso que o final seja forte, produzindo uma euforia,
uma excitao no leitor. Portanto, uma histria curta e
emocionante, com um final que surpreenda o leitor.
A Crnica, por outro lado, utiliza-se de acontecimentos dirios para
compor a narrativa. O Cronista acrescenta, aos fatos reais de sua
narrativa, pitadas de fico e fantasias, podendo, em certos textos,
acrescentar a crtica como ponto mais alto do texto.
Portanto, o Conto, por envolver um lado mais emocional, torna-se
mais abstrato que a crnica, na qual, os fatos e crticas so a sua
maior expresso. No entanto, no pense que o Conto seja pura
fantasia, pois, atravs dos fatos reais que o contista desenvolver
suas narrativas, mas sem estar preso a elas. ;)
Bom, agora que j sabemos a diferena entre Contos e Crnicas,
vamos s dicas de como escrever um Conto.
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8 Dicas para escrever um Conto
1. Escolha uma situao
A situao no precisa ser uma histria completa, basta ser um
acontecimento, como, por exemplo: uma bola no telhado, uma
batida de carro, uma pessoa acordando aps um sonho. Enfim, um
momento no tempo; uma pintura. Esse ser o incio do teu conto,
ou seja, a narrativa comear a partir daquele evento.
2. Apresente o evento
Essa uma das partes que eu mais gosto. nesse momento que
voc comear a sair da realidade para fico, ou seja, neste
ponto que sua narrativa deixa de lado os fatos reais para entrar
numa realidade totalmente diferente do evento observado, onde
ganhar um personagem e um ambiente. Nesse momento,
portanto, a hora que voc pode tudo!
2.1 Descreva o evento
A descrio ajuda tanto o leitor quanto o escritor. atravs dela
que voc poder dividir o mesmo ambiente com o personagem e o
leitor; aquele momento mgico onde a tua imaginao ganha asas
e cria um mundo totalmente novo e inesperado. Assim, se o seu
momento for, por exemplo, uma batida de carro, descreva a batida
e introduza o teu personagem na situao.
Voc pode querer ser detalhista, descrevendo os cacos de vidros, a
gritaria, as sirenes das ambulncias, o alvoroo formado Enfim,
permitir que o leitor entre na tua imaginao. Porm, no perca
muitas linhas com isso; descreva o ambiente para que o seu leitor
possa entrar na histria como um observador. Se a descrio for
-
muito longa, pode ser que seu leitor acabe desistindo da leitura
antes do grande final.
2.2 No descreva o evento
Apesar de gostar muito da descrio, para se iniciar o conto no
necessrio o uso da descrio. Utilize o evento somente para dar
incio narrativa, deixando, caso queira, a descrio para uma outra
situao.
Assim, imagine que a batida ocorreu diante de uma barbearia e que
o seu personagem principal o barbeiro ou o cliente que aguardava
sua vez. Da, devido batida, o personagem principal, ao sair para
ver o que havia acontecido, no percebeu que seu celular havia
cado atrs do banco onde estava sentado. Ento, por exemplo, seu
conto poderia comear da seguinte forma: Cludio no teria como
imaginar que aquela batida seria o incio de um pssimo dia
3. Fuja do bvio
Normalmente, sempre imaginamos o bvio. Acredito que, ao ler o
exemplo da batida, voc imaginou que o personagem principal seria
um dos envolvidos no acidente, estou certo? Se acertei, no se
preocupe, isso normal, alis, esse exemplo foi proposital,
justamente para explicar esta terceira dica.
O evento s serve para iniciar a narrativa, pouco importa se o seu
personagem , ou no, um dos envolvidos, o importante que voc
no fique preso ao que 90% das pessoas pensariam. Veja que a
batida somente serviu para dar incio ao exemplo, pois, o
personagem no estava envolvido diretamente com o evento. Alis,
uma batida de carro pode dar incio a vrios contos! A quantidade
de pessoas envolvidas indiretamente com a batida, dependendo da
cidade, pode chegar a mais 30. Portanto, no se deixe enganar pelo
-
bvio, lembre-se: o momento da apresentao do evento o mais
interessante e divertido, onde TUDO pode acontecer.
4. Desenvolvimento da narrativa
Agora que voc j apresentou seu personagem, j situou ele no
tempo e no espao, vem a parte que mais exige da sua imaginao,
ou seja, a criao da narrativa, propriamente dita. Nessa parte voc
dever narrar os acontecimentos posteriores situao inicial;
portanto, Cludio (personagem de nosso exemplo) voltar para a
barbearia, cortar o cabelo e seguir a sua vida, cuja narrativa
caber a voc.
Ao dizer que a batida de carro seria o incio de um pssimo dia, voc
j deixou o leitor curioso, logo, os acontecimentos posteriores tero
que caminhar para justificar o motivo da curiosidade, isto , o
pssimo dia. Mantenha sempre a conciso e a preciso na narrativa.
Por exemplo, se o pssimo dia foi causado pela batida, Cludio, ao
esquecer o celular na barbearia, no recebeu as ligaes de sua
esposa, uma mulher extremamente ciumenta, que acabar
sofrendo um acidente de carro porque teve uma crise de cimes
quando no conseguiu conversar com seu marido.
Veja que este poderia ser o final da sua narrativa, um final que seu
leitor no imaginar com tanta facilidade, pois, sendo uma mulher
ciumenta, o bvio seria a morte de algum personagem. Logo, tendo
nas mos a cartada final, voc deve conduzir o leitor durante todo o
trajeto at que, finalmente, ele chegue ao fatdico momento.
5. Use dilogos
Os dilogos so essenciais para apresentar o personagem. Com ele,
voc pode abusar de erros gramaticais, caso queira demonstrar que
o seu personagem no possui uma educao elevada; pode
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demonstrar que o seu personagem mais introspectivo, mais
extrovertido, mais brincalho Enfim, uma forma de ajudar na
elaborao do personagem, deixando a cargo do leitor a criao
psicolgica do personagem, por exemplo. Voc pode evitar a
descrio direta do personagem atravs dos dilogos. Portanto, no
subestime os dilogos, eles so excelentes ferramentas para
quebrar a ligao entre o narrador e o personagem.
6. Anote suas ideias
Muitos acreditam que so inspirados por Deus e, portanto, no
precisam de mais nada alm de um simples papel e caneta. No
acredite nisso! Apesar de existirem, esses casos so raros. O
trabalho de um escritor 99% de pesquisa e 5% de inspirao,
como diz o dito popular. Por mais simples que possa parecer,
escolher uma situao no garante a continuidade do conto,
causando-nos o to preocupante bloqueio mental e suas
consequncias.
O maior problema ao escrever um Conto no est no incio, nem no
desenvolvimento, mas no final, pois, se ele tem que surpreender de
alguma forma o leitor, encontrar essa surpresa poder demorar
bastante, causando desconforto ao escritor que, misturado com o
bloqueio causado pela insegurana, impedir o desenvolvimento da
histria. Portanto, uma forma de evitar essas travadas manter
as suas ideias sempre anotadas, mesmo as mais absurdas. Um
caderno cheio de ideias so prticos na hora de finalizar o conto,
pois, muitas vezes, o final de um determinado conto pode estar no
comeo de outro e vice-versa. Ento, no deixe de anot-las! Alm
do mais, pode ser que outros contos estejam prontos para surgirem
dessas anotaes. ;)
7. O Final
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O final de um Conto deve trazer uma euforia, uma excitao. No
precisa ser rebuscado, basta ser inesperado, algo que o leitor no
estava esperando ou, pelo menos, que no fosse to bvio, como,
por exemplo, o final do nosso exemplo, onde a esposa de Claudio
morre em um acidente de carro, alis, um final com a mesma
situao que gerou toda a histria. Essa estrutura cativa o leitor,
deixando ele pensativo e vido para deixar seu comentrio. ;)
Para comear a escrever um Conto, basta vontade, boa imaginao
e alguma situao.
Espero que essas dicas possam ajud-los de alguma forma. O intuito
deste post no foi criar uma regra, uma frmula de como escrever
um conto, mas, dar uma orientao e algumas ferramentas para
que voc possa escrever seus textos.
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2 - Escreva Melhor: 7 dicas para escritores
O maior medo de qualquer escritor, seja ele iniciante ou
profissional, o inesperado Bloqueio Mental. Um momento de
angstia e decepo pessoal.
Infelizmente, o bloqueio mental no um privilgio de escritores.
Muitos adolescentes, em fase de vestibular, tm essa dificuldade,
principalmente quando ouvem do professor: Escrever uma redao
simples, basta seguir o feijo com arroz: Introduo
Desenvolvimento Concluso. Uma tcnica simples, mas, quando
uma foto aparece combinada com uma frase e o candidato precisa
fazer uma relao entre as duas, essa tcnica se torna praticamente
intil diante do desespero momentneo que assola o cidado.
Certamente, tanto eu quanto voc j passamos por situaes como
essas, tanto na vida acadmica quanto profissional. Mas saiba que
existe uma forma perder esse medo ou, pelo menos, evitar que suas
consequncias durem mais do que 3 minutos.
A verdade que no h uma frmula para se escrever bem ou
aquilo que se pedido, mas h dicas que podero te dar uma
segurana maior, isso com certeza. Porm, antes de entrarmos nas
dicas, deixaremos dois conselhos valiosos para que voc possa
aprimorar o seu lado escritor:
1 Ter um bom dicionrio:
Um dicionrio no s ajuda escrita como proporciona a
descoberta de novas palavras. Alm de dispor de conjugaes
verbais, regras de gramtica e, em muitos casos, sinnimos que
ajudam a encorpar seu texto, o dicionrio te dar, tambm, uma
segurana na hora de escrever, como uma pedra fundamental da
vida educacional de qualquer indivduo.
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2 Ter uma Leitura diversificada:
Leia livros, revistas, bulas de remdios, panfletos, notas de rodap.
Leia tudo que aparecer pela tua frente, sem preguia e com calma.
Manter contato com diversos textos (literrios, jornalsticos ou
informativos) possibilitar o desenvolvimento do seu lado crtico,
permitindo melhores escolhas de leituras no futuro, pois, ningum
sabe o que lhe agrada ou no, sem antes conhecer o tema. Apesar
de ser a parte mais trabalhosa, a leitura agrega conhecimentos que
ficaro com voc at o ltimo dia de sua vida, ou at o incio de um
mal de Alzheimer.
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7 Dicas para Melhorar a Escrita:
1. Transcreva um dilogo.
Escolha uma entrevista de rdio, televiso ou at de vdeos na
internet e transcreva aquele dilogo. Tente pontuar corretamente,
usando um dicionrio se for preciso. Alm de aprender as formas de
pontuao utilizadas em um dilogo, voc poder se preparar para
as prximas dicas que viro.
2. Escreva um dirio.
Por mais bobo que isso possa parecer, escrever um dirio
proporciona um autoconhecimento como te ajuda a perder o medo
da escrita. Escrevendo somente para voc, o medo de escrever
errado e ser criticado somem, deixando voc livre para se expressar
verdadeiramente. Sem contar que, no futuro, voc ir me agradecer
por essa dica! ;)
3. Escolha um local, uma foto ou um quadro.
Focalizando na imagem, tente descrever o ambiente em que a
imagem foi inserida. Por exemplo: se for a imagem de uma cadeira,
descreva o material que ela feita, o local onde ela foi colocada, a
iluminao que entrava pela janela, ou a iluminao artificial que fez
com que a imagem aparecesse. Descreva o clima: estava frio? Era
inverno, vero, primavera ou outono? Tente se imaginar como um
mero observador da cena. A descrio permite que o leitor entre na
histria. Nunca subestime o poder da sugesto.
4. Siga o exemplo do Twitter.
Descreva o seu quarto (ambiente com a tua cara) em 140 palavras .
Saber enxugar o texto fundamental, principalmente quando voc
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precisa demonstrar conhecimento em poucas palavras, como o
caso de redaes de vestibular. Tente tirar proveito dessa tcnica
em outras mdias, seja um texto, uma redao ou at em pequenos
contos. Se voc no v muito sentido nisso, veja como Ea de
Queiroz descreve o Primo Baslio num dos primeiros pargrafos do
livro:
A sala esteirada, alegrava, com o seu teto de madeira pintado a
branco, o seu papel claro de ramagens verdes. Era em julho, um
domingo; fazia um grande calor; as duas janelas estavam cerradas,
mas sentia-se fora o sol faiscar nas vidraas, escaldar a pedra da
varanda; havia o silncio recolhido e sonolento de manh de missa;
uma vaga quebreira amolentava, trazia desejos de sesta, ou de
sombras fofas debaixo de arvoredos, no campo, ao p dgua; nas
duas gaiolas, entre as bambinelas de cretone azulado, os canrios
dormiam; um zumbido montono de moscas arrastava-se por cima
da mesa, pousava no fundo das chvenas sobre o acar mal
derretido, enchia toda a sala dum rumor dormente.
Esse pargrafo descreve como Lusa se sente; trancada em seu
mundo, sem muita perspectiva de futuro. Quem leu, sabe que esse
sentimento que d base para todo o livro. Enfim, Ea de Queiroz
era um Gnio da descrio; portanto, sigam-no os bons.
5. Escolha um texto cientfico.
Escolha um texto cientfico e monte uma tabela sobre os pontos
abordados. Foque nas ideias principais e veja como o autor
estabelece a ligao das ideias para a concluso do texto, o velho: A
+ B = C.
Essa prtica ajudar na formulao de futuros textos mais crticos.
Pois, alm de te fornecer novos pontos de vista, voc poder utilizar
-
a estrutura das concluses em textos futuros. No pense que na
escrita tudo deve ser novo e original.
6. Entreviste uma pessoa.
Monte uma lista com perguntas, como naqueles cadernos de
enquete do colgio, sem ser infantil. Tente fazer a lista como se
cada resposta fosse um gancho para outra pergunta. Esse
mecanismo ajuda tanto o entrevistado quanto os leitores,
mantendo uma sequncia lgica e temporal do que est sendo dito
e lido. Teste com seus familiares, amigos e com voc mesmo!
7. Seja um observador.
Muitas histrias surgem de um simples acontecimento, como por
exemplo, uma bola sobre o telhado, um tombo na rua, uma batida
de carro, uma chuva de sapos. Enfim, tudo que est ao seu redor faz
parte de uma histria, portanto, se quiser ser um bom contador de
histrias, seja, antes de tudo, um bom observador. Observe o
mundo, as pessoas, os animais, os comportamentos humanos e o
balano das rvores. Deixe sua mente fluir naquelas histrias e volte
pra casa repleto de novos acontecimentos e histrias para contar.
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Melhores Dilogos: Entenda os 3 tipos de discursos
Na ltima postagem sobre Dicas, disse que iria fornecer alguns
conselhos sobre dilogos, mas, por mais que seja divertido brincar
com os dilogos dos personagens, de extrema importncia que o
escritor conhea os trs tipos de discursos para conseguir elaborar
bons dilogos. Sendo assim, peo desculpas pela mudana, mas
tenho certeza que essa a melhor forma.
Com tudo devidamente explicado, vamos seguir com as dicas do
Folhetim.
Hoje, vou introduzir o conceito de discursos que, segundo o
Dicionrio Houaiss quer dizer: enunciado oral ou escrito em que se
supe um locutor e um interlocutor. Assim, temos, ento, o
Discurso Direto, Indireto e o Indireto Livre, tcnicas narrativas
extremamente utilizadas em textos literrios.
Tenha em mente que o correto uso dos discursos pode influenciar
na fluncia da histria e, consequentemente, no sucesso com os
leitores. Portanto, no deixe de conferir como cada discurso
produzido e quais as melhores formas de utiliz-lo para ter um texto
mais interessante.
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Discursos: o Direto; o Indireto e o Indireto Livre
1. Discurso Direto
O discurso direto o mais conhecido. Com ele, o narrador
interrompe a narrativa com as falas do personagem, permitindo que
ele possa conversar diretamente com o leitor, isto , o narrador
entrega a palavra ao prprio personagem.
Sua estrutura muito simples, as falas so introduzidas por um
verbo declarativo, dois pontos e, na outra linha, travesso.
O interessante, neste discurso, que o escritor permite que o
personagem tome vida atravs de suas prprias palavras. Ou seja,
atravs do discurso direto, podemos estabelecer um vnculo direto
com o personagem de forma integral e literal.
Vamos a um exemplo de Discurso Direto:
Sentado mesa do bar, Carlos levantou-se e foi at a mesa de Jlia,
uma antiga colega de faculdade e, sem muita pretenso, perguntou:
Jlia?! No acredito que voc! Nossa, quanto tempo!
2. Discurso Indireto
Nesta forma de discurso, o narrador, ao invs de deixar o
personagem expressar suas opinies, toma a fala para si e a
reproduz em suas prprias palavras, interferindo na ligao entre o
personagem e o leitor.
Muitas vezes, o uso do discurso indireto pode ser utilizado para
esconder a personalidade do personagem, pois, como o narrador
que expressa a fala do personagem, a integralidade e literalidade da
fala se perde na traduo do narrador.
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Vale lembrar que no Discurso Indireto, o tempo verbal ser sempre
no passado e na 3 pessoa, diferente do discurso direto, onde a fala
ocorre naquele exato momento.
Abaixo, deixo um exemplo de Discurso Indireto:
Sentado mesa do bar, Carlos levantou-se e caminhou at a mesa
de Jlia, uma antiga colega de faculdade. Chegando mesa, como
se no a conhecesse, perguntou se ela era a Jlia, aquela antiga
amiga, e quando viu que estava certo, espantou-se, afirmando que
h muito no se encontravam.
3. Discurso Indireto Livre
O Discurso Indireto Livre o resultado de uma mistura dos dois
discursos anteriores, ou seja, uma pitada de discurso direto e
indireto para compor as falas dos personagens.
Essa tcnica uma excelente ferramenta para expressar o que os
personagens esto imaginando. Quais so seus sonhos, desejos e
aes que faro no decorrer da histria, permitindo que o leitor
entre, verdadeiramente, na cabea do personagem, podendo se
identificar com ele e, porque no, torcer para que ele se d bem no
final da histria.
O uso do discurso indireto livre pode ser muito gratificante para a
histria. Pois, com ele, o personagem acaba recebendo um maior
destaque caso seja necessrio. Porm, para que esse discurso seja
utilizado, o narrador precisa ser onisciente, isto , aquele sabe tudo
sobre os personagens; seus medos, anseios e desejos. Portanto, v
que essa tcnica muito utilizada para o personagem principal,
assim como para outros que necessitam de maior destaque, como,
por exemplo, o vilo.
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Vejamos um exemplo de Discurso Indireto Livre:
Carlos sempre imaginou que a faculdade havia sido a sua melhor
fase, no s pelos amigos, mas pelas festas. Ah, as festas
As noites em claro que passava conversando com uma, duas, trs,
ou at quatro calouras era o que mais sentia falta. De fato que
muitas conversas eram superficiais; notas, aulas chatas, professores
chatos e provas. Enfim, conversas descartveis, mas que rendiam
boas horas de diverso.
Porm, para Carlos, as melhores conversas eram aquelas que
varriam a madrugada adentro, parando somente para o caf da
manh. Conversas que ele s tinha com Jlia, uma aluna do 2
perodo, uma linda mulher: morena, alta, incrivelmente sensual e, a
melhor parte, inteligente. Ah, que saudade tinha de Jlia e suas
conversas. E, sentado, esperando Joo que havia sado para fumar,
Carlos se lembrava dessas longas conversar, imaginando o que teria
acontecido com Jlia desde o final da faculdade, e se arrependendo
por no ter mantido contato com ela.
Com certa tristeza no olhar, Carlos chamou o garom e pediu mais
uma poro de batata frita, como Joo havia lhe pedido, antes de
sair. Porm, ao virar-se para procurar Joo, que j estava fora h
mais de 15 minutos, Carlos no pode acreditar no que via. Jlia, a
aluna do 2 semestre, estava sentada a duas mesas de distncia,
sozinha e perfeitamente linda. Seus cabelos soltos seguiam o ritmo
da brisa que soprava pela janela. E com os olhos fixados naquela
viso, certificou-se que era a mesma Jlia e, sussurrando, afirmou
em voz baixa: ela!
Como se algo o forasse a levantar, criou coragem e sem pretenso
alguma, dirigiu-se at sua mesa e perguntou:
-
Jlia?! No acredito que voc! Nossa, quanto tempo!
E esses so as trs tcnicas.
Me pretendi a utilizar os mesmos personagens e as mesmas
circunstncias para que voc pudesse ver o quo importante so
esses trs discursos. E espero que vocs tenham notado que,
dependendo do discurso adotado, muita coisa pode mudar. Alis,
quem no imaginou que Carlos era mais um rapaz em um bar
querendo se dar bem com Jlia?
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Leia Melhor: 6 Dicas para uma Boa Leitura
Dando continuidade s Dicas do Folhetim, nesta semana vou listar
algumas formas de como poderemos melhorar a nossa leitura para
desenvolvermos um hbito de leitura.
Muitos afirmam que no conseguem ler por alguma limitao, seja
uma questo de tempo, de lugar ou de disposio. Mas, na verdade,
o que no conseguimos manter um hbito de leitura. Somente
atravs do exerccio constante que conseguiremos manter uma
rotina de leitura. Imagine que voc acabou de entrar na academia,
no ser em duas semanas que seu corpo atingir a perfeio
desejada, ser? Ento, por que pensar diferente com o hbito de
leitura? Ler um exerccio como qualquer outro.
Assim, depois dessa explicao cafona, dou-me por satisfeito e
posso comear as valiosas dicas.
-
6 Dicas para uma Boa Leitura
Antes de tudo, lembre-se: essas dicas so baseadas nas minhas
experincias de leitura. Portanto, se voc j possui um hbito ou
outras dicas, deixe seu comentrio para que outros leitores possam
melhorar sua leitura.
1. Escolher um livro
Parece bobagem, mas saber escolher um livro fundamental para
uma boa leitura. Muitos acabam escolhendo os livros pela capa,
pela fama ou por uma simples indicao, deixando de lado o que
mais importa: o que voc tem vontade de ler.
Para criarmos um hbito de leitura, devemos comear, SEMPRE, por
algo que nos d prazer em ler. Por exemplo, se voc gosta de
romances, no procure uma fantasia, pois bem capaz que voc a
deixar de lado nas primeiras pginas.Por mais bobo que isso possa
parecer, escolher um livro que se adapte as nossas vontades pode
despertar o prazer pela leitura. Portanto, se voc gosta de
romances, v de romances e no se preocupe com a opinio alheia.
Seja firme e decidido, na hora da escolha. Fuja daquela velha
histria de que tal livro bom por ter sido escrito por fulano ou
sicrano. Livro bom aquele que, ao final, te dar uma sensao de
felicidade e satisfao.
Siga os teus instintos e escolha o livro certo.
2. O Local
Ter um bom livro nas mos j meio caminho andado para uma
boa leitura. Porm, de nada adiantar ter o livro e a vontade de
devor-lo se voc no estiver em um local favorvel para a leitura.
-
Normalmente, pela falta de tempo, muitas pessoas acham que a
melhor opo para uma leitura a cama, a nossa boa e velha amiga.
Mas, enganam-se. Sem dvida que um lugar aconchegante,
distante de tudo e de todos, porm, sua funo principal servir
para o nosso descanso dirio; portanto, esquea a cama, ela no
ser o melhor local para uma boa leitura.
Uma boa leitura se faz com um ambiente calmo, iluminado e
arejado. Nunca, em hiptese alguma, comece a leitura em um
ambiente barulhento, pois, alm de lhe tirar a ateno, as chances
de que voc fique irritado com a fonte do barulho so altas, e esta
no ser a melhor forma de comear a leitura. Portanto, escolha
locais mais apropriados, tais como: a sala de sua casa, o jardim do
prdio, um parque Qualquer lugar calmo e tranquilo j suficiente
para iniciar uma leitura. Lembre-se: o interesse pelo livro comea
nas primeiras pginas. Se a histria no te cativar nos primeiros
captulos, certamente voc no ter uma boa experincia.
A escolha do local correto, portanto, favorece a leitura e permite
que sua imaginao flua junto com a narrativa. Por exemplo, j
imaginou como seria interessante ler Mobi Dick em uma viagem de
barco? Acredito que s de pensar nessa possibilidade voc j ficou
com vontade, no ? Ento, nada de procurar um lugar qualquer.
Escolha o local mais apropriado para o tipo de leitura, seguindo os
conselho dados sobre o ambiente.
3. A Postura
Como eu havia dito, ler um livro deitado no a melhor postura
para uma boa leitura. Ento, qual seria a melhor postura? Se voc
respondeu: sentado. Parabns, voc acertou.
Por mais que parea estranho, ler um livro sentado continua sendo
a melhor posio para atingir um melhor aproveitamento. Alguns
-
diro que, mesmo deitados, conseguem aproveitar a leitura.
Realmente, existe pessoas que j adquiriram esse hbito, porm, se
voc ainda no chegou nesse nvel, no abuse da sorte, escolha a
postura convencional: cadeira e mesa.
Sentado, sua estrutura corprea estar relaxada, evitando tenses
na musculatura dos ombros, coluna e pescoo, regies que so
importantssimas para ter uma leitura de boa qualidade. Portanto,
procure uma mesa adequada, onde seus braos possam formar um
ngulo de 90 graus quando apoiados a ela. Utilize uma cadeira firme
e sem muita inclinao para que voc possa apoiar sua coluna
totalmente. Ah, e se puder deixar o livro com uma inclinao de 40
graus em relao mesa, seu conjunto estar perfeito.
4. Amaciando o Livro
Se j estiver com o livro nas mos, num bom ambiente e na postura
adequada para uma boa leitura, agora s falta preparar o livro (essa
dica no ser bem acolhida pelos apaixonados por livros).
Por mais paixo que tenhamos pelos livros, no podemos trat-los
como jias, tentando evitar as marcas de utilizao um livro tem
que demonstrar que foi lido. O livro precisa ser amaciado, surrado
e, por assim dizer, aberto; caso contrrio, o virar de pginas ser um
transtorno sem igual.
Portanto, vejamos uma forma interessante para se amaciar o livro:
Apoie o livro sobre a mesa sem o suporte para inclinao;
Vire a capa e mais 5 pginas e passe o dedo no meio do livro at
formar um vinco;
Puxe mais umas 15 pginas e faa o mesmo;
-
Repita esse procedimento at chegar ltima pgina;
Feche o livro e abra-o aleatoriamente, forando sua estrutura at
que ele esteja fcil de abrir (tome cuidado para no quebrar a
lombada).
At o final da semana, terei um vdeo explicando essa 4 Dica.
Se voc seguiu os conselhos corretamente, seu livro j estar mais
malevel, evitando que as pginas voltem ao ponto de origem.
5. Pausa Durante a Leitura
No queira ler um livro inteiro sem algumas pausas veja o que
falamos sobre a competio na leitura. As pausas so to
importantes quanto a postura, pois, mesmo estando em uma
posio favorvel, aps algumas horas sua circulao sangunea
estar debilitada. Portanto, aps uma hora ou duas de leitura
(dependendo do quo animado voc estiver), faa uma pausa de 10
a 20 minutos para descansar, porm, no mais do que isso. Pois,
caso contrrio, bem capaz que sua ateno seja retirada da
narrativa por outros fatores externos.
Portanto, quando for fazer uma pausa, siga essas instrues:
Vire a cabea para a sua direita/esquerda e faa um giro completo.
Inicie de um lado (esquerdo/direito), suba como se fosse olhar para
o cu, desa at o lado oposto (direito/esquerdo), finalize
completando o crculo at o lado inicial (esquerdo/direito) (faa
esses movimentos tanto para esquerda quanto para a direita);
Faa movimentos circulares com os ombros;
Levante-se e caminhe um pouco (suas pernas necessitam de um
relaxamento).
-
Essas pausas em conjunto com os exerccios melhoraro a sua
circulao, dando-lhe mais energia para continuar a leitura,
portanto, no deixe de utiliz-las.
6. Escreva uma Resenha
Depois que tiver escolhido o livro, o local, tiver se posicionado
corretamente, tiver amaciado o livro, tiver feito as pausas
necessrias e terminado a leitura, nada melhor do que fazer uma
resenha e compartilhar sua experincia com seus amigos. Lembre-
se, no basta dizer que o livro bom, preciso indicar os pontos
fortes, cativando o leitor histria. Alm do mais, uma boa resenha
permite a fixao da histria, e serve, tambm, para avaliar o
quanto foi absorvido do livro. Ademais, uma resenha bem feita
aprenda a escrever uma resenha pode ajudar outras pessoas a
fazerem uma boa escolha de leitura.
Espero que essas dicas possam ajud-los de alguma forma. E
conforme digo em todos os posts de dicas, essas dicas no so
regras, so diretrizes, ferramentas para que voc possa melhorar a
sua experincia e aproveitamento.
-
5 Dicas Para Criar um Personagem
Seguindo as Dicas do Folhetim, nesta semana vamos ver alguns
conselhos para que voc possa criar o seu personagem, portanto,
fique atento e pegue o lpis e papel.
A palavra pessoa tem sua origem mais remota na Antiga Grcia
como prsopon ou aspecto, passando ao antigo etrusco como
phersu, sendo denominada pelos latinos como persona, que
hoje conhecemos como personagem. Essa derivao ocorreu devido
utilizao da palavra persona para identificar as mscaras
utilizadas pelos atores teatrais, pois, sua estrutura possua um
orifcio por onde a voz dos atores era propagada.
Depois dessa breve explicao do significado da palavra, vamos ao
que realmente interessa:
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5 Dicas Para Criar um Personagem
1. Ficha de Personagem
Muitos deixam de lado essa dica, acreditando que se lembraro de
quais so todas as anotaes sobre o personagem que esto prestes
a criar.
Manter uma ficha separada somente para o personagem ajuda no
decorrer da histria, pois, evita a releitura total do texto para achar
alguma informao sobre como ou o qu personagem tem sua
disposio.
Assim, portanto, primeira dica bsica : Mantenha uma ficha do seu
personagem.
[button link=http://www.folhetimonline.com.br/wp-
content/uploads/2011/12/ficha-de-personagem.pdf color=silver
newwindow=yes] Ficha de Personagem[/button]
2. Tipo de personagem
Agora que voc j possui a sua ficha de personagem, vamos ao
prximo passo que ser a escolha do papel que o seu personagem
ir desempenhar durante a histria.
O papel do personagem deve ser estabelecido logo no incio da
histria, pois, ser esse papel que dever (ou no, dependendo da
sua narrativa) representar durante toda a histria. Portanto, veja a
tabela abaixo e identifique qual o papel do seu personagem na
histria. Ele ser um protagonista, um antagonista, um coadjuvante
e etc.
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Personagens
Significado
Protagonista. o personagem mais importante da obra, no qual a
histria gira em torno dele. Geralmente o heroi e alguns casos
pode existir mais de um.
Co-protagonista. o personagem de segunda maior importncia da
obra. Geralmente a pessoa que ajuda o heri e alguns casos pode
existir mais de um.
Antagonista. o personagem que rivaliza o protagonista, quase
sempre batalha com o mesmo no final da obra. Geralmente o
vilo e alguns casos pode existir mais de um, no entanto, o
antagonista no precisa ser necessariamente uma pessoa, podendo
ser um objeto, um animal ou um fato que dificulte os objetivos do
protagonista (como a situao financeira do mesmo, problemas
culturais e/ou sociais, deficincias fsicas e/ou psicolgicas etc.).
Oponente. o personagem que ajuda o antagonista. Da mesma
forma que o coadjuvante em relao ao protagonista, geralmente
amigo ou parente do antagonista principal, embora s vezes
trabalhe o sirva para o mesmo.
Coadjuvante ou personagem secundrio. o personagem que ajuda
o protagonista, na maioria das vezes tem amizade ou parentesco
com o mesmo. A importncia dele pode variar dependente da obra.
Figurante um personagem que no fundamental para a trama
principal, que tem como nico objetivo ilustrar o ambiente e o
espao social que so representados durante o desenrolar de uma
ao da trama.
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(tabela retirada do Wikipdia: link externo)
Sabendo qual o tipo do seu personagem, agora voc precisa
determinar como ele se portar na sua histria, qual ser sua
posio e seu papel durante a trama. Ou seja, na parte de resumo
da Ficha de Personagem, faa um breve resumo sobre a sua histria
de vida, determinando o momento exato que ele ir iniciar na sua
histria.
3. Resumo do Personagem
Neste momento que voc determinar se o seu personagem
essencial para a histria, conforme j analisado na dica anterior. Em
sua ficha de personagem, no campo do Resumo, determine se o teu
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personagem ir conduzir a histria como um protagonista ou ser
conduzido pelo narrador. (veja as dicas sobre os trs tipos de
discursos). E lembre-se, no tente fazer um livro sobre o
personagem. Esta etapa serve para dar um norte ao personagem.
Essa dica est em conjunto com a segunda dica, portanto, ao
escrever o resumo do seu personagem, utilize a tabela dos tipos
para que voc possa fazer um bom resumo. Portanto, sabendo
quais so os personagens e como eles participaro da histria,
podemos passar para a terceira dica.
4. Descrio Fsica
Alguns acreditam eu tambm que a descrio fsica do
personagem ir lhe garantir uma personalidade, ou mscara. Ou
seja, a caracterstica fsica ser fundamental para a utilizao do
personagem durante a trama. Portanto, no seja negligente nesta
parte, utilize as dicas anteriores para dar ao teu personagem uma
descrio condizente com a sua personalidade.
Infelizmente, nesta hora que certos pr-conceitos so
estabelecidos. Por mais que todos digam que no deveria existir
esse tipo de coisa, h um arqutipo para cada tipo de personagem,
seja ele mora moral ou fsico, fugir destes padres pode prejudicar a
sua histria, como tambm pode enaltec-la. Portanto, tome
cuidado. Quebrar paradigmas no uma tarefa fcil.
5. Pontos de Desenvolvimento
Esta dica serve mais para manter o teu personagem atualizado,
mantendo-o na histria sem a quebra da lgica, pois, se o teu
personagem em algum momento disser ou desenvolver um medo
de alturas (algo que voc no previu no resumo), durante toda a
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histria voc dever manter este medo, evitando que haja uma
quebra na lgica.
Felizmente, mesmo durante a elaborao do personagem, no nos
damos conta de como ele poder ganhar vida prpria,
desenvolvendo medos, conquistando certos objetivos e etc.
Portanto, manter essas informaes sobre o seu prprio
desenvolvimento importante. No se esquea.
6. Anotaes
Durante a narrativa, pode ser que surja uma ideia legal para aquele
personagem, porm, o momento no apropriado, mas, voc sabe
que aquela ideia ser bem interessante para o crescimento da
trama. Logo, esta ltima dica fundamental!
Na Ficha de Personagem, existe um campo razovel para esse tipo
de anotao, portanto, use-o sem a menor preocupao. Alm do
mais, mesmo que voc no venha a utiliz-las, estas ideias podem
fazer parte de outros personagens em sua trama.
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Melhores Dilogos: entenda os 3 tipos de discursos
Na ltima postagem sobre Dicas, disse que iria fornecer alguns
conselhos sobre dilogos, mas, por mais que seja divertido brincar
com os dilogos dos personagens, de extrema importncia que o
escritor conhea os trs tipos de discursos para conseguir elaborar
bons dilogos. Sendo assim, peo desculpas pela mudana, mas
tenho certeza que essa a melhor forma.
Com tudo devidamente explicado, vamos seguir com as dicas do
Folhetim.
Hoje, vou introduzir o conceito de discursos que, segundo o
Dicionrio Houaiss quer dizer: enunciado oral ou escrito em que se
supe um locutor e um interlocutor. Assim, temos, ento, o
Discurso Direto, Indireto e o Indireto Livre, tcnicas narrativas
extremamente utilizadas em textos literrios.
Tenha em mente que o correto uso dos discursos pode influenciar
na fluncia da histria e, consequentemente, no sucesso com os
leitores. Portanto, no deixe de conferir como cada discurso
produzido e quais as melhores formas de utiliz-lo para ter um texto
mais interessante.
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Discursos: o Direto, o Indireto e o Indireto Livre
1. Discurso Direto
O discurso direto o mais conhecido. Com ele, o narrador
interrompe a narrativa com as falas do personagem, permitindo que
ele possa conversar diretamente com o leitor, isto , o narrador
entrega a palavra ao prprio personagem.
Sua estrutura muito simples, as falas so introduzidas por um
verbo declarativo, dois pontos e, na outra linha, travesso.
O interessante, neste discurso, que o escritor permite que o
personagem tome vida atravs de suas prprias palavras. Ou seja,
atravs do discurso direto, podemos estabelecer um vnculo direto
com o personagem de forma integral e literal.
Vamos a um exemplo de Discurso Direto:
Sentado mesa do bar, Carlos levantou-se e foi at a mesa de Jlia,
uma antiga colega de faculdade e, sem muita pretenso, perguntou:
Jlia?! No acredito que voc! Nossa, quanto tempo!
2. Discurso Indireto
Nesta forma de discurso, o narrador, ao invs de deixar o
personagem expressar suas opinies, toma a fala para si e a
reproduz em suas prprias palavras, interferindo na ligao entre o
personagem e o leitor.
Muitas vezes, o uso do discurso indireto pode ser utilizado para
esconder a personalidade do personagem, pois, como o narrador
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que expressa a fala do personagem, a integralidade e literalidade da
fala se perde na traduo do narrador.
Vale lembrar que no Discurso Indireto, o tempo verbal ser sempre
no passado e na 3 pessoa, diferente do discurso direto, onde a fala
ocorre naquele exato momento.
Abaixo, deixo um exemplo de Discurso Indireto:
Sentado mesa do bar, Carlos levantou-se e caminhou at a mesa
de Jlia, uma antiga colega de faculdade. Chegando mesa, como
se no a conhecesse, perguntou se ela era a Jlia, aquela antiga
amiga, e quando viu que estava certo, espantou-se, afirmando que
h muito no se encontravam.
3. Discurso Indireto Livre
O Discurso Indireto Livre o resultado de uma mistura dos dois
discursos anteriores, ou seja, uma pitada de discurso direto e
indireto para compor as falas dos personagens.
Essa tcnica uma excelente ferramenta para expressar o que os
personagens esto imaginando. Quais so seus sonhos, desejos e
aes que faro no decorrer da histria, permitindo que o leitor
entre, verdadeiramente, na cabea do personagem, podendo se
identificar com ele e, porque no, torcer para que ele se d bem no
final da histria.
O uso do discurso indireto livre pode ser muito gratificante para a
histria. Pois, com ele, o personagem acaba recebendo um maior
destaque caso seja necessrio. Porm, para que esse discurso seja
utilizado, o narrador precisa ser onisciente, isto , aquele sabe tudo
sobre os personagens; seus medos, anseios e desejos. Portanto, v
que essa tcnica muito utilizada para o personagem principal,
-
assim como para outros que necessitam de maior destaque, como,
por exemplo, o vilo.
Vejamos um exemplo de Discurso Indireto Livre:
Carlos sempre imaginou que a faculdade havia sido a sua melhor
fase, no s pelos amigos, mas pelas festas. Ah, as festas
As noites em claro que passava conversando com uma, duas, trs,
ou at quatro calouras era o que mais sentia falta. De fato que
muitas conversas eram superficiais; notas, aulas chatas, professores
chatos e provas. Enfim, conversas descartveis, mas que rendiam
boas horas de diverso.
Porm, para Carlos, as melhores conversas eram aquelas que
varriam a madrugada adentro, parando somente para o caf da
manh. Conversas que ele s tinha com Jlia, uma aluna do 2
perodo, uma linda mulher: morena, alta, incrivelmente sensual e, a
melhor parte, inteligente. Ah, que saudade tinha de Jlia e suas
conversas. E, sentado, esperando Joo que havia sado para fumar,
Carlos se lembrava dessas longas conversar, imaginando o que teria
acontecido com Jlia desde o final da faculdade, e se arrependendo
por no ter mantido contato com ela.
Com certa tristeza no olhar, Carlos chamou o garom e pediu mais
uma poro de batata frita, como Joo havia lhe pedido, antes de
sair. Porm, ao virar-se para procurar Joo, que j estava fora h
mais de 15 minutos, Carlos no pode acreditar no que via. Jlia, a
aluna do 2 semestre, estava sentada a duas mesas de distncia,
sozinha e perfeitamente linda. Seus cabelos soltos seguiam o ritmo
da brisa que soprava pela janela. E com os olhos fixados naquela
viso, certificou-se que era a mesma Jlia e, sussurando, afirmou
em voz baixa: ela!
-
Como se algo o forasse a levantar, criou coragem e sem pretenso
alguma, dirigiu-se at sua mesa e perguntou:
Jlia?! No acredito que voc! Nossa, quanto tempo!
E esses so as trs tcnicas.
Pretendi utilizar os mesmos personagens e as mesmas
circunstncias para que voc pudesse ver o quo importante so
esses trs discursos. E espero que vocs tenham notado que,
dependendo do discurso adotado, muita coisa pode mudar. Alis,
quem no imaginou que Carlos era mais um rapaz em um bar
querendo se dar bem com Jlia?