Diários de Viagem_um ano pela américa latina

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novembro 2009 visão vida & viagens v & V 7 Diários de Viagem Um ano pela América Latina Vanessa Santos, portuguesa e Carlo Ballis, italiano, já começaram a viver o sonho: percorrer 15 países diferentes, do México à Patagónia Pedro Miguel Santos voltar ao México e eu, por «culpa» do escritor chileno Luís Sepúlveda, de quem me tornei fã nos últimos anos, à Patagónia. Assim decidimos ir do México à Patagónia. Apesar de nos parecer demasiado arrojado, esperamos cumprir todo o itinerário. Quanto tempo levou a preparação? Ao contrário do que possa parecer, pouco tempo, cerca de um ano. A vontade de partir e conhecer é tão grande que se faz tudo rapida- mente. Viajámos juntos em Agosto de 2008, altura em que delineámos o trajecto. Mas só a partir de Janeiro começámos a fazer algum trabalho de casa e decidimos os lugares que mais nos interessava visitar. Os contactos com os investigadores foram feitos este Verão, as- sim como a ida à consulta do viajante e a toma das vacinas. O que mais vos entusiasma nesta viagem? Queremos viver coisas únicas, momentos que possamos guardar para o resto da vida. Tanto nos entusiasma conhecer Oaxaca (a cidade dos artistas) pela mão de um amigo mexi- cano que temos à nossa espera, como comer um ceviche no Peru, ou ver os pinguins no estreito de Magalhães. Queremos entender o legado indígena, a relação que têm com a na- tureza, as técnicas de agricultura ancestrais. Temos sede de conhecimento e partimos com vontade de viver e aprender. Na área da biologia, partem para esta aventura com algum objectivo específico? As lontras assumem um lugar de destaque nesta viagem. Gostaríamos muito de poder trabalhar pelo menos com duas espécies bastante características da América do Sul: a lontra gigante (Pteronura brasiliensis ) e a Lontra felina. Mas o primeiro trabalho será com tartarugas na costa de Oaxaca, México, onde ficaremos durante o mês de Dezembro. Vamos recolher ovos, libertar crias e promover actividades de educação ambiental. Qual a complexidade de planear uma via- gem destas, em termos burocráticos? Preocupámo-nos, sobretudo, com o passaporte. O site do Ministério dos Negócios Estrangeiros é muito bom e faculta infor- mações sobre todos os paí- ses do mundo. Tratámos, também, do certificado de vacinação internacional, porque é essencial contra a febre amarela e tifóide. Como vão sobreviver? Qual o vosso orçamento? O orçamento é reduzido, temos cerca de 13.000 euros. Pensamos ficar em alojamen- tos muito básicos e vamos acampar (temos uma tenda simpática). Queremos trabalhar em projectos WWOOF [organização inter- nacional que promove trabalho voluntário em quintas orgânicas] com o objectivo de pernoitarmos e aprendermos (permacultura, artesanato, por exemplo), em troca de trabalho. Como projectaram esta jornada (percursos, sítios onde dormir e comer, locais para realizar investigação, etc)? Queríamos muito viajar pela América Latina, mas era mais um sonho, de início não ponderávamos essa hipótese. Queríamos muito ir ao Peru, no entanto o Carlo desejava Ela é bióloga, tem 28 anos, ele cursou Conservação do Património Cultural e tem 29. Conheceram-se em Cananéia, estado de São Paulo, Brasil, a trabalhar na mata Atlântica. Une-os a paixão pela biologia Acompanhe as crónicas semanais nos Diários de Viagem, em www.visao.pt/ diariosdeviagem

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Como vão sobreviver? Qual o vosso orçamento? O orçamento é reduzido, temos cerca de 13.000 euros. Pensamos ficar em alojamen- tos muito básicos e vamos acampar (temos uma tenda simpática). Queremos trabalhar em projectos WWOOF [organização inter- nacional que promove trabalho voluntário em quintas orgânicas] com o objectivo de pernoitarmos e aprendermos (permacultura, artesanato, por exemplo), em troca de trabalho. novembro 2009 visão vida & viagens v&V 7

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Um ano pela América LatinaVanessa Santos, portuguesa e Carlo Ballis, italiano, já começaram a viver o sonho: percorrer 15 países diferentes, do México à Patagónia

Pedro Miguel Santos

voltar ao México e eu, por «culpa» do escritor chileno Luís Sepúlveda, de quem me tornei fã nos últimos anos, à Patagónia. Assim decidimos ir do México à Patagónia. Apesar de nos parecer demasiado arrojado, esperamos cumprir todo o itinerário.

Quanto tempo levou a preparação? Ao contrário do que possa parecer, pouco tempo, cerca de um ano. A vontade de partir e conhecer é tão grande que se faz tudo rapida-mente. Viajámos juntos em Agosto de 2008, altura em que delineámos o trajecto. Mas só a partir de Janeiro começámos a fazer algum trabalho de casa e decidimos os lugares que mais nos interessava visitar. Os contactos com os investigadores foram feitos este Verão, as-sim como a ida à consulta do viajante e a toma das vacinas.

O que mais vos entusiasma nesta viagem?Queremos viver coisas únicas, momentos que possamos guardar para o resto da vida. Tanto nos entusiasma conhecer Oaxaca (a cidade dos artistas) pela mão de um amigo mexi-cano que temos à nossa espera, como comer um ceviche no Peru, ou ver os pinguins no estreito de Magalhães. Queremos entender o legado indígena, a relação que têm com a na-tureza, as técnicas de agricultura ancestrais. Temos sede de conhecimento e partimos com vontade de viver e aprender. Na área da biologia, partem para esta aventura com algum objectivo específico? As lontras assumem um lugar de destaque nesta viagem. Gostaríamos muito de poder trabalhar pelo menos com duas espécies bastante características da América do Sul: a lontra gigante (Pteronura brasiliensis ) e a Lontra felina. Mas o primeiro trabalho será com tartarugas na costa de Oaxaca, México, onde ficaremos durante o mês de Dezembro. Vamos recolher ovos, libertar crias e promover actividades de educação ambiental.

Qual a complexidade de planear uma via-gem destas, em termos burocráticos?Preocupámo-nos, sobretudo, com o passaporte. O site do Ministério dos Negócios Estrangeiros é muito bom e faculta infor-mações sobre todos os paí-ses do mundo. Tratámos, também, do certificado de vacinação internacional, porque é essencial contra a febre amarela e tifóide.

Como vão sobreviver? Qual o vosso orçamento?O orçamento é reduzido, temos cerca de 13.000 euros. Pensamos ficar em alojamen-

tos muito básicos e vamos acampar (temos uma tenda simpática). Queremos trabalhar em projectos WWOOF [organização inter-nacional que promove trabalho voluntário

em quintas orgânicas] com o objectivo de pernoitarmos e aprendermos

(permacultura, artesanato, por exemplo), em troca de

trabalho.

Como projectaram esta jornada (percursos, sítios onde dormir e comer, locais

para realizar investigação, etc)?

Queríamos muito viajar pela América Latina, mas era mais um sonho, de início

não ponderávamos essa hipótese. Queríamos muito ir ao Peru, no entanto o Carlo desejava

Ela é bióloga, tem 28 anos, ele cursou

Conservação do Património

Cultural e tem 29. Conheceram-se em

Cananéia, estado de São Paulo,

Brasil, a trabalhar na mata Atlântica.

Une-os a paixão pela biologia

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