Diálogo entre o Eneagrama e as Sete Etapas da Abordagem Integrativa

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Monografia apresentada no Curso de Pós- Graduação em Psicologia Transpessoal Lato Sensu da Alubrat – Associação LusoBrasileira de Transpessoal como requisito para obtenção do título de Especialista em Psicologia Transpessoal. Orientação: Professora Maria Isabel de Campos. Campinas / SP, 2013.

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  • ASSOCIAO LUSO-BRASILEIRA DE TRANSPESSOAL CURSO DE PS-GRADUAO EM PSICOLOGIA

    TRANSPESSOAL ALUBRAT- CAMPINAS

    DILOGO ENTRE O ENEAGRAMA E AS SETE ETAPAS

    DA ABORDAGEM INTEGRATIVA TRANSPESSOAL

    Sandra Helena Rocha de Lima

    CAMPINAS / SP

    2013

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    II II IV

    ASSOCIAO LUSO-BRASILEIRA DE TRANSPESSOAL CURSO DE PS-GRADUAO EM PSICOLOGIA

    TRANSPESSOAL ALUBRAT- CAMPINAS

    Sandra Helena Rocha de Lima

    DILOGO ENTRE O ENEAGRAMA E AS SETE ETAPAS

    DA ABORDAGEM INTEGRATIVA

    Monografia apresentada no Curso de Ps- Graduao em Psicologia Transpessoal Lato Sensu da Alubrat Associao Luso-Brasileira de Transpessoal como requisito para obteno do ttulo de Especialista em Psicologia Transpessoal.

    Orientao: Professora Maria Isabel de Campos

    CAMPINAS / SP

    2013

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    Descubra o que voc , e seja-o. Pndaro

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    SUMRIO

    FOLHA DE ROSTO................ ........................................................................... II AGRADECIMENTO........................................................................................... III SUMRIO.......................................................................................................... IV LISTA DE QUADROS........................................................................................ V LISTA DE FIGURAS......................................................................................... VI RESUMO.......................................................................................................... VII INTRODUO ............................................................................................................... 1 OBJETIVOS ................................................................................................................... 3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 4 MATERIAIS E MTODOS ........................................................................................... 5 CAPTULO I ................................................................................................................... 6

    1- A origem do Eneagrama ............................................................................ 6 2- O que o Eneagrama ................................................................................ 6 3- O que o Eneagrama permite ................................................................... 10 4- Estados de Conscincia ........................................................................... 11 5- Mtodo utilizado por Gurdjieff .................................................................. 12 6- Como so construdos os Trs Centros ................................................ 13 7- Grupos de Desenvolvimento dos Seres Humanos .............................. 15 8- Construo do Tipo Eneagramtico (personalidade/ego) .................. 16 9- Trao Principal As nove mscaras ...................................................... 17 10- Asas ............................................................................................................. 20 11- Subtipos Instintivos ................................................................................... 20 12- Integrao e Desintegrao - Flechas ................................................... 22

    CAPTULO II ................................................................................................................ 24 1- Origem da Psicologia Transpessoal ....................................................... 24 2- Conceitos Essenciais em Psicologia Transpessoal ............................. 24 3- Tcnicas Usadas na Psicologia Tranpessoal Vera Saldanha ........ 28

    CAPTULO III ............................................................................................................... 30 1- Primeria Etapa: Reconhecimento ........................................................... 30 2- Segunda Etapa: Identificao .................................................................. 32 3- Terceira Etapa Desindentificao ........................................................ 37 4- Quarta Etapa Transmutao ................................................................ 39 5- Quinta Etapa Transformao ............................................................... 41 6- Sexta Etapa Elaborao ....................................................................... 43 7- Stima Etapa Integrao ...................................................................... 49

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................ 54 RESULTADO ............................................................................................................... 57 DISCUSSO ................................................................................................................ 58 CONCLUSO .............................................................................................................. 59 ANEXOS ....................................................................................................................... 60

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura n 1 Eneagrama..............................................................................7

    Figura n 2 Crculo....................................................................... ............. 8

    Figura n 3 Tringulo.............................................................. .................. 9

    Figura n 4 Hxade................................................................... .............. 10

    Figura n 5 Eneagrama................................................................ ........... 10

    Figura n 6 Flechas........................................................ ......................... 23

    Figura n 7 Corpo Terico....................................... ............................... 25

    Figura n 8 Aspecto Dinmico.................................................................27

    Figura n 9 Paralelo entre o Eneagrama e as 7 Etapas .........................57

    V

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    II II IV

    LISTA DE QUADROS

    Quadro n 1 Trs Centros Bsicos de Energia...............................................14

    Quadro n 2 Grupos de Desenvolvimento de Seres Humanos......................15 Quadro n 3 As Nove Mscaras......................................................................19

    VI

  • VII

    RESUMO

    A presente monografia baseia-se em uma reviso bibliogrfica que tem como

    foco principal o dilogo entre o Eneagrama, um sistema oriental milenar utilizado para

    o autoconhecimento, que data mais de quatro mil anos, e chegou ao ocidente no

    sculo XX atravs de George Ivanovich Gurdjieff e Oscar Ichazo, como uma poderosa

    ferramenta de interpretao dos processos de manifestao da conscincia no mundo

    e atualmente tem Claudio Naranjo, Helen Palmer e David Daniels como os principais

    conhecedores desta tipologia, e as Sete Etapas da Abordagem Integrativa

    Transpessoal, que foi desenvolvida pela Dra Vera Saldanha com base nos princpais

    cones da Psicologia Transpessoal, como Maslow, Jung e Fadiman, entre outros. Os

    primeiros captulos (I e II) descrevem com detalhes o Eneagrama e a Psicologia

    Transpessoal, j o ltimo captulo (III) apresenta em cada uma das Sete Etapas o

    dilogo com cada um dos nove eneatipos, que tem como objetivo apresentar um

    possvel caminho para o desenvolvimento humano atravs da estruturao do

    autoconhecimento, ou seja, em etapas que podem ocorrer de forma linear ou no, a

    depender do nvel de conscincia e profundidade de cada pessoa. No final do

    processo poder acontecer a integrao de uma nova resposta frente vida, o que

    no quer dizer que no haver situaes de conflito, mas sim que a forma de tratar as

    situaes ser outra, pois a conscincia expande-se e adentra em outros nveis, o que

    de fato pode mudar a viso e o comportamento humano.

    Palavras Chaves: Eneagrama, Psicologia Tanspessoal, Sete Etapas, Abordagem

    Integrativa, Conscincia, Desenvolvimento, Autoconhecimento.

  • 1

    INTRODUO

    Parece- me que, antes de comearmos a viagem em busca da realidade, em busca de Deus, antes de agirmos ou podermos ter qualquer relao uns com os outros (...), essencial que comecemos por compreender-nos a ns mesmos

    Krishnamurti

    Neste trabalho sero apresentados dois mtodos de grande profundidade e

    poder, para o desenvolvimento humano, um deles o Eneagrama, h muito tempo

    utilizado pelas principais filosofias e religies, e o outro so as Setes Etapas da

    Abordagem Integrativa Transpessoal, um mtodo relativamente novo, em comparao

    com o Eneagrama, mas de grande consistncia, que juntos propem de maneira

    estruturada, ou seja, passo-a-passo, um caminhar interior rumo ao encontro de si

    mesmo, dos medos e dores mais profundas, do reconhecimento dos comportamentos

    repetitivos, sem conscincia, e tambm da essncia.

    O Eneagrama desde muito tempo vem sendo usado, a comear pelos Padres

    do Deserto, como um instrumento de autoconhecimento, capaz de detectar os padres

    da mente humana, as chamadas paixes que so conhecidas como sombras, e

    tambm a essncia humana, o que chamado de luz; levando em considerao a

    existncia de diferentes tipos de personalidade.

    O verdadeiro autoconhecimento s possvel por meio da ampliao, ou seja,

    da alterao do nvel de conscincia comum para um estado conhecido na

    Transpessoal como conscincia desperta, onde ocorrem de maneira dinmica os

    processos de desenvolvimento. Da mesma forma o Eneagrama coloca que somente

    atravs da alterao do estado de conscincia ser possivel a observao de s

    mesmo, e ocorrero lampejos de conscincia objetiva, o que proporciona o

    desenvolvimento humano. Em resumo, ambas as ferramentas convergem na

    necessidade da alterao do estado de conscincia para que possa haver

    desenvolvimento.

    Portanto, as Sete Etapas da Abordagem Integrativa Transpessoal aplicadas

    conjuntamente com o Eneagrama, que funciona como um excelente mapa da

    conscincia, auxiliam na identificao de processos obstrutores de conscincia e na

    transformao deles.

  • 2

    A medida que estudamos o eneagrama, vamos gradualmente vendo que frustramos aquilo que mais desejamos para ns mesmos. Tomamos conscincia daquilo que nos tolda a percepo e bloqueia a nossa energia. Ficamos conhecendo aquilo que instila o medo em nosso corao e o paralisa, bem como aquilo que o leva a ter uma reao automtica, compulsiva. Passamos a ter conhecimento dos padres da dinmica pessoal e dos temas da vida em sua repetio na experincia. Por meio dessa percepo, podemos nos reconciliar com o nosso prprio ser e aprender a fluir com as nossas energias vitais. Descobrimos que talento nosso constitui uma ddiva para os outros e para ns mesmos. Em outras palavras, passamos a conhecer cada vez mais a nossa realidade. Zuercher (2003, p.7)

  • 3

    OBJETIVOS Objetivo geral: Desenvolver o dilogo entre o Eneagrama e as Sete Etapas da

    Abordagem Transpessoal, como meios para o desenvolvimento do Ser Humano.

    Objetivo especfico: Desenvolver em cada uma das Sete Etapas um direcionamento

    de como trabalhar cada eneatipo, de modo a dar subsdio ao terapeuta para conduzir

    o processo de autoconhecimento.

  • 4

    JUSTIFICATIVA

    Segundo a OMS (Organizao Mundial da Sade), a depresso se situa em

    quarto lugar entre as principais causas de nus entre todas as doenas. As

    perspectivas so ainda mais sombrias, se persistir a incidncia da depresso, at

    2020 ela estar em segundo lugar em todo o mundo, somente a doena isqumica

    cardaca a suplantar. Gonalves CAV, Machado - AL p.298 R Enferm UERJ, Rio de Janeiro,

    2007 abr/jun; 15(2):298-304

    O filsofo William James (Saldanha, 2008) identificou uma alienao modernista

    em decorrncia da decadncia na f inquestionvel de um Deus supremo. Esse

    abandono da noo de Deus e de significado abriu caminho para agonias que

    suportamos at hoje.

    Maslow (Saldanha, 2008) afirma que sem o transpessoal, tornamo-nos

    violentos, niilitas, ou vazios de esperana

    Dentre vrios motivos, o conhecimento apresentado at aqui constituiu a base

    motivacional para se escrever sobre o Eneagrama e as Sete Etapas da Abordagem

    Integrativa Transpessoal. Ambas as ferramentas possibilitam ao ser humano conhecer

    seus pontos fortes e fracos e propiciam o desepertar do curador interno, viabilizando

    caminhos para tornar a vida mais plena e harmoniosa, oportunizando a diminuio das

    razes que levam tantas pessoas escurido e depresso.

  • 5

    MATERIAIS E MTODOS

    Foi realizada uma pesquisa bibliogrfica sobre os temas Eneagrama,

    Psicologia Transpessoal e, tendo como destaque desse segundo tema, a Abordagem

    Integrativa Transpessoal.

    Trata-se, portanto, de um levantamento documental baseado nos autores

    Georges I. Gurdjieff e Oscar Ichazo, para o tema Eneagrama e Vera Saldanha, para

    Psicologia Transpessoal e Abordagem Integrativa Transpessoal.

  • 6

    CAPTULO I ENEAGRAMA

    1- A origem do Eneagrama

    Segundo Paterhan (2003, p.35) o Eneagrama faz parte de um sistema que

    unifica todas as coisas, e conforme o pesquisador e escritor ingls John G. Bennett,

    remonta h cerca de 4.500 anos na Mesopotmia. Desde esta poca utilizado para

    resolver problemas de difcil soluo, sendo os verdadeiros criadores desconhecidos,

    mas h indcios de que o Eneagrama tenha influenciado a maioria das religies desde

    ento, inclusive o Cristianismo, bem como escolas msticas e grupos de pessoas

    voltadas para a busca da verdade de si mesmos. Tal tradio foi preservada pelos

    Sufis, os msticos de f mulumana, que se tornaram os guardies desta antiga

    sabedoria.

    Georges Ivanovitc Gurdjieff (1872-1949) e Oscar Ichazo (nascido em 1931),

    so os responsveis por trazer esse Conhecimento ao ocidente, e levar o Ser

    Humano pelo caminho da chamada Iniciao Real ou Objetiva.

    O Dr Oscar Ichazo e alguns de seus discpulos, entre eles Claudio Naranjo,

    sistematizaram o Eneagrama, da forma como conhecemos hoje.

    Segundo Gurdjieff existiu em um remoto passado, um Grande Conhecimento,

    do qual faziam parte todas as cincias, artes e filosofias , sendo que a existncia

    pouco ficou registrada na histria. O Eneagrama parte deste conhecimento que

    unificava todas as coisas.

    Gurdjieff ensinava que nosso estado habitual de conscincia subjetivo, e que

    na maior parte de nossa existncia, ou em toda ela, vivemos num estado de

    conscincia subjetiva, no qual impossvel observar e muito menos sentir a

    realidade tal qual ela .

    2- O que o Eneagrama

    Riso (2012), coloca que o Eneagrama uma figura geomtrica, com nove

    pontas, que representa os nove tipos de personalidade e suas complexas relaes.

  • 7

    Complementa dizendo que a palavra vem do Grego, ennea, que significa

    nove, e grammos, que significa figura, ou seja, figura de nove pontas.

    Figura n1 Eneagrama Fonte: Site http://www.sofadasala.com/pesquisa/gurdjieff01.htm

    De acordo com Maitri (2000, p.19), o Eneagrama um mapa arquetpico, e o

    modo como interpretado tem a ver com as tendncias filosficas e espirituais de

    cada um.

    Segundo Riso (2012, p.19) o Eneagrama proporciona o autoconhecimento,

    como o nico caminho para a verdadeira transformao, que tem o grande propsito

    de levar o ser humano a uma verdade mais profunda sobre si mesmo e sobre o lugar

    que ocupa no mundo, atravs de um processo de questionamento.

    Palmer (1993, p.18) discorre que embora nos identifiquemos mais com as

    questes do nosso tipo eneagramtico, temos os potenciais de todos os nove tipos, e

    cada tipo pode mover-se para outros tipos, pois no se trata de um sistema fixo, e sim

    de modelo de linhas interligadas, que indicam um movimento dinmico.

    Maitri (2000 p.19) diz que os eneagramas propostos por Oscar Ichazo e

    Claudio Naranjo, dividem-se basicamente em duas categorias:

    a) A primeira est ligada vida egica a vida da personalidade, ou seja, a

    identificao dos traos principais da vida emocional, as paixes.

    b) A segunda, vida essencial a vida vivida alm do eu condicionado, a

    qual chamamos de vida espiritual, ou essncia.

    As paixes, segundo Palmer (1993, p.18), podem ser chamadas tambm de

    sombras emocionais, pois elas formam um paralelismo com os sete pecados capitais

    do Cristianismo, com o acrscimo do engano e do medo nos tipos 3 e 6.

    Se a criana se desenvolve bem, ento as paixes so ligeiramente

    consumidas, apresentando-se como meras tendncias. Mas, se a situao

  • 8

    psicolgica severa, ento uma das questes da sombra emocional se torna

    uma preocupao obsessiva; a capacidade para a observao de si mesmo se

    enfraquece e no conseguimos nos deslocar para outras coisas.

    (Palmer 1993, p.26)

    Segundo Paterhan (2003, p.38), no smbolo do Eneagrama existem duas leis

    fundamentais, que exprimem a natureza essencial dos fenmenos em sua relao

    com a unidade e so de fundamental importncia para compreender os ensinamentos

    de Gurdjieff.

    Ainda de acordo com o mesmo autor, as Leis fundamentais das trades e das

    oitavas, penetram todas as coisas e devem ser estudadas simultaneamente no

    homem e no universo, conforme ensina Gurdjieff.

    De acordo com Riso (2012, p.30), Gurdjieff explicava que o smbolo do

    Eneagrama composto de trs partes, que representam as trs leis divinas, que

    regem toda a existncia.

    1 Lei: uma mandala universal encontrada em vrias culturas, representada

    na figura do crculo, que remete unidade, integridade e identidade, e simboliza que

    Deus nico. (Riso 2012, p.30).

    Figura n 2 - Crculo

    2 Lei (externa): representada pelo tringulo, e conhecida como Lei de Trs,

    que diz que tudo que existe resulta da interao de trs foras, e deve-se observar o

    movimento externo de um determinado acontecimento em trs etapas sucessivas. Na

    escala subatmica, os tomos so feitos de prtons, eltrons e nutrons e, em vez das

    quatro foras fundamentais que julgava existir na natureza, a fsica descobriu que s

    existem trs: a fora forte, a fraca e o eletromagnetismo. (Riso 2012, p.31)

    Alexandre Montandon (2011 p.22) coloca que a lei de Trs uma das leis que

    regem nosso universo. Ela diz que todos os fenmenos se originam pelo encontro de

    trs foras: duas opostas e uma neutra (exemplo: prtons, eltrons e nutrons - que

    so a base de toda forma fsica; passado, presente e futuro; homem, mulher e criana,

    etc), quando o ser humano se prende apenas dualidade, que so foras opostas ou

  • 9

    conflitantes (exemplo: o bem e o mal, o positivo e o negativo, o certo e o errado, etc),

    ele cai em uma armadilha inconsciente, que o impede de acessar a terceira fora,

    aquela capaz de neutralizar e harmonizar as oposies ou conflitos, e desencadear as

    grandes transformaes. Os nmeros 3, 6, 9 ficam nos vrtices do tringulo e o seu

    movimento conhecido como interno.

    Figura n 3 - Tringulo

    3 Lei (interna): representada pela figura da hxade, e conhecida como a Lei

    de Sete ou das Oitavas, que diz respeito a processos e desenvolvimento ao longo do

    tempo. (Riso 2012, p.31)

    Para Montandon (2011, p.24) a lei de Sete tambm conhecida como a Lei

    das Oitavas, acredita-se que o nmero 7 est associado prpria capacidade cerebral

    do ser humano em compreender e classificar os fenmenos. Existem vrios exemplos,

    como das 7 notas musicais, as 7 cores do arco-ris, os 7 dias da semana. Quando

    dividimos 1 por sete, surge a seguinte dzima peridica: 0,1428571428571.....

    Paterhan (2003, p.41), coloca que se dividir qualquer nmero de 1 a 9, por 7

    (menos o 7), ter os mesmos seis algarismos, que trocam de lugar segundo uma

    sequncia definida, pois quando se conhece o primeiro algarismo do perodo, torna-se

    possvel reconstruir o perodo inteiro.

    Exemplo:

    1/7 = 0,142857...

    2/7 = 0,285714...

    3/7 = 0,428571...

    4/7 = 0,571428...

    5/7 = 0,714285...

    6/7 = 0,857142...

    Esta lei diz que tudo no universo est em constante mudana, e forma-se ento

    o smbolo conhecido como movimento eneagramtico externo e se expressa por

    setas que indicam a direo deste movimento contnuo:

    1 4 2 8 5 7 1 4, e assim por diante.

  • 10

    Figura n 4 Hxade

    Juntando os trs elementos (crculo, tringulo e hxade) forma-se o

    Eneagrama.

    Figura n 5: Eneagrama Fonte: Montandon, 2011, p.24.

    3- O que o Eneagrama permite

    De acordo com Paterhan (2003, p.24), o Eneagrama utilizado para

    desenvolver indivduos harmoniosos, psicologicamente positivos e espiritualmente

    despertos e conscientes, pois harmonia e equilbrio so muito necessrios ao ser

    humano.

  • 11

    Permite a constatao do homem mecnico, que segundo Gurdjeiff, liberta o

    indivduo de sua priso psicolgica, para iniciar o processo de desprogramao

    necessrio para o resgate da essncia e a manifestao do Ser. Somente a partir do

    momento que o indivduo diferencia o observador (Eu Real) do observado (a

    personalidade), pode ser realizado o lento e difcil trabalho chamado por Gurdjieff de

    despertar.

    O grande objetivo chegar ao Eu Real que fica oculto por trs da mscara da

    personalidade, para tanto necessrio adentrar no processo de autoconhecimento,

    no h outra forma.

    Iniciar um processo de autoconhecimento significa aceitar que vivemos sujeitos

    a um nvel de conscincia subjetivo e mecnico, que somos parte de um dos trs

    grupos bsicos (centros), e que o meio para nos livrarmos dessa mecanicidade, um

    processo de aprimoramento geral, de maneira objetiva e completa.

    A estrela de nove pontas do Eneagrama indica que existem nove aspectos principais do ser essencial e que cada um deles pode ser abordado de maneira ligeiramente diferente. A busca de um aspecto especfico da essncia motivada pelo fato de voc sofrer com a falta dele. Por exemplo, se voc for uma pessoa cronicamente medrosa, ento ter sofrido a perda da confiana essencial da criana no ambiente a nos outros; portanto, a busca da coragem ser uma motivao em sua vida. ... Percebemos que algo de essencial est em falta em nossa natureza, naquelas ocasies em que nos queixamos com ns mesmos de que estamos "no automtico", em que a vida se tornou to mecnica que estamos alienados de ns mesmos. "Estou farto de meus hbitos", "Quero comear vida nova" so declaraes ndicadoras de que nosso prprio comportamento mecnico nos afasta daquilo que potencialmente nosso. (Palmer,1993, p.26)

    4- Estados de Conscincia

    Segundo Speeth (1999, p.59), para Gurdjieff, no estado normal de percepo,

    um indivduo no d ateno a si mesmo, a conscincia muito confusa e abaixo da

    capacidade. Cita, por exemplo, que qualquer pessoa de um escritrio ou de um salo

    de conferncias de uma universidade, se for seguida por um observador arguto, daria

    a perceber que muito raramente tem noo de quem , e de onde est, e muito mais

    raramente parece ter conhecimento do que sabe e do que no sabe.

    Aquele que sabe, e sabe que ele : sbio. Que ele seja seguido.

    Apenas pela presena dele o homem pode ser transformado. (Recital

    Sarmouni)

  • 12

    Continua dizendo que existem quatro tipos diferentes de conscincia:

    Sono.

    Conscincia de Viglia: Neste ponto, o ser humano difere muito pouco do

    estado de sono, pois metaforicamente , muitos seres humanos esto dormindo

    , ou seja, vivem uma vida automtica, como uma espcie de programao.

    Pensam que suas decises so conscientes, pelo menos no aspecto cognitivo

    sim, mas so decises oriundas do meio em que vivem. Em outras palavras,

    apenas repetem padres condicionados.

    Conscincia de Si ou autoconscincia: Representa o Despertar. A Individuao

    explicada por Jung. O Ser Humano decide conscientemente de forma cognitiva

    sem distores.

    Conscincia Objetiva: o estado de conscincia de seres que tm uma

    percepo profunda do Todo.

    Basicamente a vida dividida entre sono e estado de conscincia comum,

    acima esto os estados de conscincia que podero manifetar-se como relmpagos

    ou experincias culminantes.

    5- Mtodo utilizado por Gurdjieff

    Palmer (1993, p.18) comenta que toda psicoterapia bem-sucedida depende da

    capacidade de remover a ateno de hbitos e consider-los do ponto de vista de um

    observador externo (interno).

    A cuidadosa observao de si mesmo vital na identificao de seu prprio

    tipo de personalidade, necessrio conhecer os prprios hbitos emocionais e

    mentais.

    Continua Palmer (1993, p.23) comentando, que dois dos mtodos mais citados

    de Gurdjieff eram "pisar os calos favoritos das pessoas" e "brindar aos idiotas".

    Gurdjieff era um 8 no Eneagrama, o ponto do Patro, e, fiel a seu tipo, seu mtodo de

    ensino era sintonizar as reas mais sensveis do carter de um aluno a fazer presso

    at obter uma resposta defensiva.

    "Para mim, o mtodo de pressionar o calo mais sensvel acabou transformando num trabalho miraculoso. Afetava tanto cada pessoa que me encontrava, que ela mesma, sem nenhum esforo de minha parte, como que com grande satisfao e total presteza, tirava a mscara que lhe tinha sido apresentada, com grande solenidade, por papai e mame; e, graas a isso, imediatamente adquiri uma possibilidade natural, sem precedentes, de deleitar os olhos, sem

  • 13

    pressa e com tranqilidade, com o que houvesse no mundo interior daquela pessoa. (Gurdjieff,1975, P. 51)

    6- Como so construdos os Trs Centros

    G.I. Gurdjieff, segundo Paterhan (2003 p.45), baseou todo seu mtodo de

    desenvolvimento humano usando a Lei de trs e a Lei de sete, existentes no

    Eneagrama, pois a energia do ser humano flui naturalmente por esses 3 centros, e

    cada centro se comunica de uma forma diferente entre si e com o mundo, criando uma

    noo nica de realidade para cada ser humano.

    Cada um destes centros pode ser considerado como um estgio da evoluo

    humana, porm nenhum destes tipos livre. Somente quando h conscincia da

    compulso que vive em cada um destes estgios que se pode comear a caminhar

    para a liberdade.

    Cunha (2005, p.105) comenta que o Eneagrama identifica trs inteligncias ou

    energias e as chama, simbolicamente de Corao (emocional), Cabea (mental) e

    Ventre (fsica). Em cada ser humano esto presentes as trs energias, mas

    inconscientemente uma privilegiada, outra reprimida, e a terceira utilizada como

    bengala da primeira. A energia prpria do Centro comum aos trs tipos, porm cada

    tipo a orienta de um modo diferente, da nasce a diferena entre os tipos.

    Segundo Montandon (2011, pg.21), cada Ser Humano possu os 3 Centros

    mas, durante a infncia, um deles ser reprimido, em contrapartida outro ser

    supervalorizado, e o terceiro centro ser usado de forma secundria, servindo de base

    para o mais desenvolvido. Cada centro trar uma energia prpria e habilidades

    especficas, conforme demonstrado no quadro abaixo, e o grande desafio do ser

    humano, equilibrar a energia dos trs centros.

  • 14

    Quadro n 1 Trs Centros Bsicos de Energia

    Centro Fsico

    (VENTRE)

    Centro Emocional

    (CORAO)

    Centro Mental

    (CABEA)

    Tambm conhecido como Centro

    Ativo ou prtico. A inteligncia Fsica

    rege as habilidades motoras, sexuais,

    alm das instintivas. Sua energia

    mais potente, pois do corpo brota

    vitalidade, a vontade de viver, de agir

    e de fazer as coisas.

    O centro do Corao est ligado ao

    hemisfrio direito do crebro, e

    responsvel pelos sentimentos e

    emoes. Sua energia aquela que

    conecta o ser a sua Essncia e Amor,

    e a inteligncia emocional

    responsvel pelas habilidades de se

    relacionar.

    O centro Mental esta relacionado ao

    hemisfrio esquerdo do crebro, e

    responsvel pelos nossos pensamentos,

    julgamentos, memria, lgica e

    raciocnio.Sua energia nos conecta F

    Divina e a inteligncia mental

    desenvolve as habilidades de observar,

    analisar, planejar, refletir e tomar

    decises.

    So pessoas desconfiadas e

    prontas para a defesa.

    Reagem mais instintivamente,

    portanto esto sempre alertas.

    Interessam-se por poder e

    justia.

    Posuem grande capacidade de

    agir com desembarao e firmeza.

    Os tipos corao movem-se em

    direo aos outros.

    Compreendem com mais facilidade

    o mundo subjetivo.

    So pessoas mais voltadas para

    os outros.

    Dominam com facilidade o mundo

    das relaes interpessoais.

    Esto sempre disposio do

    outro.

    Possuem tendncia de isolamento

    em relao aos outros.

    Vivem melhor no mundo das idias.

    Agem com muita cautela.

    Possuem grande senso de ordem e

    dever.

    Externamente se comportam com

    clareza e firmeza, mas internamente

    podem se sentir confusas e

    perdidas.

    As pessoas deste grupo desejam

    obter maior poder pessoal, maior

    controle das situaes e dos demais,

    objetivando resultados materiais.

    As pessoas deste grupo querem lidar e

    interagir melhor com as pessoas em

    termos emocionais, querem aprender a

    controlar melhor suas emoes e as

    das outras pessoas, querem ampliar

    suas possibilidades de servir aos

    outros com sucesso, j que isso as

    satisfaz e realiza.

    As pessoas deste grupo queirem saber

    quais so as leis e as causas que

    governam seus mundos internos,

    querem conhecer as causas pelas quais

    os fenmenos acontecem, querem ter o

    conhecimento que lhes permitam

    compreender a vida e a si mesmos,

    talvez queiram apenas saber.

    Eneatipos: 8, 9 e 1 Eneatipos: 2, 3 e 4 Eneatipos: 5, 6 e 7

  • 15

    7- Grupos de Desenvolvimento dos Seres Humanos

    Gurdjieff, de acordo com Paterhan (2003, p.45), ensinava que existem Sete

    Grupos de Desenvolvimento dos Seres Humanos, sendo trs bsicos e quatro de

    seres superiores.

    No se pode confundir Grupo de Desenvolvimento de Seres Humanos Bsicos

    (Grupo Um, Dois e Trs) com os Centros Bsicos (Ventre, Corao e Cabea) e nem

    com os Tipos Eneagramticos Traos Principais (Tipo 1,2,3,4,5,6,7,8,9), porm eles

    se relacionam, conforme demonstrado no quadro abaixo.

    Grupo Tipo Eneagramtico Trao principal Centro

    Bsico Grupos

    Grupo

    Um

    8, 9 e 1

    (aprendem por imitao, por

    memorizao e por repetio)

    Fsico

    Grupos Bsicos

    (Um, Dois e Trs)

    Constituem a Humanidade

    Mecnica, permanecem no

    nvel em que nasceram. S

    poderiam ascender a um

    nvel superior de conscincia

    mediante um trabalho

    perseverante que objetivasse

    a evoluo individual

    (autoconhecimento), atravs

    de uma escola conectada

    com o Crculo Consciente da

    Humanidade.

    Neste estgio h a

    preponderncia de um dos

    centros para cada indivduo.

    Grupo

    Dois

    2, 3,4

    (aprendem somente o que lhes agrada.

    Quando sadios procuram tudo o que lhes

    agrada, e quando doentios so atrados

    para o que os desagrada)

    Emocional

    Grupo

    Trs

    5, 6, 7

    ( um saber fundado num pensar

    subjetivamente lgico, em palavras, numa

    compreenso literal)

    Mental

    Grupo

    Quatro

    O Ser Humano do Grupo Quatro, tendo nascido nos

    Grupos Um, Dois ou Trs, conhece o sistema de trabalho

    interno, que lhe permite desenvolver em si mesmo um

    trabalho de autoconhecimento. Seus centros psquicos

    (Fsico, Emocional e Mental), j comearam a se equilibrar.

    Nele um centro no pode mais ter preponderncia sobre o

    outro.

    Intemedirio

    Grupo

    Cinco

    O saber do homem nmero Cinco, um saber total,

    indivisvel. Possui um eu indivisvel e todo o seu

    conhecimento pertence a esse Eu. No pode mais ter um

    eu que saiba alguma coisa sem que o outro eu esteja

    informado disso. O que ele sabe, sabe com a totalidade do

    seu Ser. Seu saber est mais prximo do Saber Objetivo.

  • 16

    Grupo

    Seis

    O saber do homem nmero Seis representa a integridade

    do saber acessvel ao homem, mas ainda pode ser

    perdido.

    Grupo Superior Grupo

    Sete

    O saber do homem Sete, bem dele e no lhe pode mais

    ser tirado, o saber objetivo e totalmente prtico (ou seja,

    vivencial e no terico), de Tudo.

    Quadro n 2 Grupos de Desenvolvimento de Seres Humanos

    8- Construo do Tipo Eneagramtico (personalidade/ego)

    Segundo Montandon (2011, p.26), todo Ser Humano nasce com uma

    predisposio para realizar algo importante na vida, o que se chama misso.

    Continuando, coloca que ao nascer toda criana representa o estado natural da

    essncia, e traz em si todas as qualidades e dons em potencial para realizar a misso,

    mas em contato com o mundo externo, que nem sempre ser aconchegante e protetor

    como o ventre da me, muito pelo contrrio, a criana ainda sem conscincia se

    sentir vrias vezes incompreendida e at ameaada (um beb pode sentir frio, e ter

    uma chupeta; sentir fome e receber como resposta um chocalho), e isso vai gerar

    nesse pequeno uma sensao de insegurana e medo.

    O ponto Seis do Eneagrama representa o Medo que acompanha a

    humanidade, para combater esse medo, o Ser Humano cria estratgias e comea a

    desenvolver sua personalidade.

    Alguns bebs e crianas comeam a perceber que sorrindo ganham ateno e

    aprovao dos pais, outros aprendem a chorar e fazer manha para ganhar total

    ateno, ou seja, mesmo que de forma inconsciente as crianas comeam a testar e

    desenvolver estratgias para fugir do medo e chamar a ateno para si, desta forma,

    comeam a construir e identificar-se com uma imagem de si mesmas, ou aquilo que

    chamamos de personalidade ou ego.

    A auto-imagem um jeito que se vem. Uma busca inconsciente para se

    sentirem aceitos e se defenderem do mundo que os rodeia, fugindo da dor e buscando

    o prazer.

    No movimento de construo das mscaras, retornam ao ponto Nove, que

    representa o esquecimento de si mesmo, da essncia, da misso.

    Desse ciclo surgem os nove tipos de personalidade, cada um com um trao

    principal (comportamento padro), representados em cada nmero do Eneagrama.

  • 17

    Segundo Chopra (2000 p.12) o comportamento padro um condicionamento,

    com respostas repetitivas e previsveis aos estmulos do ambiente. As reaes

    parecem ser disparadas automaticamente por pessoas e circunstncias. No entanto

    esquecemos um fato: essas reaes so tambm escolhas que fazemos a todo

    momento. Simplesmente estamos escolhendo de forma inconsciente.

    O ego reflete apenas a auto imagem, a mscara social, o papel que o indivduo

    representa, e a mscara social necessita de aprovao, de controle, de apoio no

    poder, porque vive com medo. O verdadeiro eu, a essncia, est livre dessas

    necessidades. imune crtica. No teme desafios. No se sente superior, porque

    reconhece que todas as pessoas representam o mesmo Eu, o mesmo esprito com

    diferentes faces.

    A primeira coisa que o indivduo precisa fazer reconhecer que tem um

    comportamento padro, que se manifesta sempre que no est consciente de si

    mesmos.

    William James afirmava que a maioria das pessoas vive fsica, intelectual ou

    moralmente num crculo muito restrito do seu potencial de Ser. Todos tm um

    reservatrio de vida para evoluir, com o qual nem sonham. Faz-se uso de uma poro

    muito pequena das possibilidades da conscincia. (Saldanha, 2008)

    9- Trao Principal As nove mscaras

    Para Palmer (1993, p.28) a descoberta do tipo, pode ser um grande choque,

    porque d a sensao de limitar as opes. Pode ser espantoso descobrir que a maior

    parte das decises e interesses, de cada um, baseiam-se mais em hbitos altamente

    sofisticados do que num verdadeiro livre arbtrio. Gurdjieff dizia que o tipo se

    organizava em torno de um Trao Principal de carter.

    "Quem est perto de um homem, v seu Trao Principal, por mais oculto que ele esteja. lgico que nem sempre sabe defini-lo. s vezes, porm, suas definies so muito boas e muito prximas. Por exemplo: 'Fulano (G. nomeou um de nosso grupo), seu trao que ele nunca est em casa.. (Palmer, 1993, p.28) A outro de nosso grupo disse, a respeito do trao, que o dele era que ele no existia absolutamente. 'Entenda, eu no vejo voc' disse G. 'Isso no quer dizer que voc seja sempre assim. Mas, quando est como agora, voc no existe de modo algum.' Disse a outro que seu Trao Principal era a tendncia a sempre discutir com todo o mundo, a respeito de tudo. 'Mas eu nunca discuto' respondeu o homem de

  • 18

    imediato, com veemncia. Ningum conseguiu prender o riso. (Palmer, 1993 p.28)

    Para Palmer (1993, p.13) cada pessoa apenas um tipo, porque o que define

    um tipo so as suas motivaes internas, e no o comportamento ou os traos

    externos, que diferentes tipos podem parecer ter em comum.

    Riso (1999, p.32) explica que Oscar Ichazo ligou os nove tipos de

    personalidade Divinas de uma tradio antiga, vinda dos neoplatnicos seno antes, e

    que aparecem no terceiro sculo d.C., nas Enedas de Plotino, com o Eneagrama,

    sendo que tambm a distoro dos atributos Divinos deu origem aos Sete Pecados

    Capitais, ou paixes, acrescidos de mais dois (medo e iluso).

    Continua Riso dizendo, que embora todo ser humano tenha os nove atributos

    divinos como tambm os nove pecados ou paixes, existe apenas um pecado que se

    sobresai, sendo este a origem do desequilbrio e apego ao ego.

    Coloca tambm, que a palavra pecado no deve ser entendida como algo ruim

    ou errado, mas sim como a tendncia a falhar, ou seja, errar o alvo. De forma geral as

    paixes representam as nove principais maneiras de perder o equilbrio e incorrer em

    distores de raciocnio, sentimento e ao.

    Maitri (2000, p.23) complementa dizendo que o Eneagrama da personalidade

    retrata o esquema da estrutura do ego.

  • 19

    Quadro n 3 As Nove Mscaras Fonte: Montandon, 2011,p. 35.

  • 20

    10- Asas

    Segundo Pinheiro (2009, p.41), alm da predominncia de um dos eneatipos

    em cada ser humano, h tambm caractersticas secundrias de um dos eneatipos

    vizinhos.

    As asas so os pontos adjacentes de cada tipo e o influenciam em diferentes propores, fornecendo assim material para distinguir pessoas pertencentes ao mesmo tipo. As asas seriam por assim dizer, uma espcie de condimento que reala certas qualidades do tipo, mas que no interfere com a essncia. (Palmer.1993, p. 13)

    Para Riso (1999, p.79), as Asas so como duas lentes, que permite concentrar

    nos traos de personalidade com maior preciso e especificidade e permite

    individualizar os nove tipos do Eneagrama.

    Riso, continua dizendo que no existem tipos puros, e em alguns casos, so

    encontrados tipos com ambas as asas, mas na maioria das vezes, as pessoas

    possuem uma asa predominante.

    Assim como uma escala de cor, mostra todas as matizes disponveis, fica mais

    fcil pensarmos que o Eneagrama se assemelha a uma escala, onde os tipos bsicos

    podem ser vistos como uma famlia de tons, por exemplo: azul, embora isso no

    indique precisamente qual o tom de azul (azul-marinho, azul-celeste, azul-claro), mas

    certamente j permite a distino entre o azul e o vermelho.

    Essa maneira de ver os tipos, mostra que existe um continuum na expresso

    humana, da mesma forma que h um continuum no espectro das cores. No existem

    reais divises entre os vrios tipos de personalidade, da mesma forma que no h

    entre as cores do arco-ris. As diferenas particulares so to singulares quanto os

    diferentes tons, matizes e intensidades de cor. Os nove pontos do Eneagrama, so

    simplesmente nomes de famlia, como sobrenomes que usamos para referir-nos a

    diferenas de personalidade, modos de falar a respeito de caractersticas importantes

    sem perder-nos em detalhes.

    Segundo Palmer (2003, p.43), o colorido dado pelas asas ajuda a tornar cada

    personalidade inconfundvel. No h duas pessoas pertencentes ao mesmo tipo que

    sejam idnticas, embora compartilhem as mesmas preocupaes e interesses.

    11- Subtipos Instintivos

  • 21

    Segundo Pinheiro (2009, p.41), Claudio Naranjo coloca que todos os indivduos

    podem ser divididos em subtipos, sendo estes considerados como uma paixo

    secundria, e que so desenvolvidos como forma de compensao pelo maior trauma

    ou acontecimento na infncia, e representam o campo no qual os problemas do seu

    tipo mais se apresentaro.

    Para Riso (1999, p.81) os instintos funcionam independentemente do tipo, e

    so claramente observveis, no sendo um subtipo no sentido da palavra.

    Riso continua dizendo que so trs instintos, e podem ser arrumados como

    camadas de bolo, com o predominante ocupando a camada de cima, outro a

    intermediria e o mais fraco a de baixo.

    Cunha (2005, p. 126), coloca que em cada pessoa predomina um, dois ou at

    trs instintos. So eles:

    O instinto Sexual: Preocupa-se com a qualidade da relao ntima, e

    acredita que apenas uma relao ntima pode fazer uma pessoa viva e

    completa. Este instinto leva a pessoa a preocupar-se com o poder, a

    seduo, a paixo e a rivalidade amorosa. Saber como atrair e

    influenciar o outro uma questo vital. H um medo grande de no ser

    desejado.

    O Instinto Social: Na infncia tiveram falta de relacionamento com

    grupos, poucas conquista e dificuldade de integrao a grupos. Leva a

    pessoa a preocupar-se com o lugar que ocupa nos relacionamentos, e

    a importncia que a pessoa d necessidade de ser reconhecida

    socialmente. A aprovao do grupo a garantia da sensao de

    segurana e, por isso, a pessoa teme a solido e a inferioridade.

    O instinto de Autopreservao: Preocupa-se com a sobrevivncia fsica

    e est atento a tudo o que possa constituir uma ameaa ou agresso

    contra a vida da pessoa.

    De acordo com Palmer, assim como as nove paixes, os comportamentos

    chamados de subtipos do Eneagrama, agem como um foco oculto do tipo de

    personalidade. Uma vez descoberto, atravs da observao de si, o foco de ateno

    do subtipo se revela como um comportamento motivado pelo instinto.

    Maitri (2000, p.148) coloca que o Tipo do Eneagrama, e o subtipo no mudam,

    e que o instinto especfico em torno do qual a personalidade se organiza, aquele no

    qual a paixo associada ao tipo mais forte. Por exemplo: Num tipo 2 Social, o

    orgulho mais forte em todas as situaes ou questes que envolvem o status ou a

    posio social. Num tipo 3 Social, nesse setor que a mentira aparece com mais

    fora, e assim por diante.

  • 22

    12- Integrao e Desintegrao - Flechas

    Segundo Palmer (1993, p.44), o movimento de integrao tambm conhecido

    como ponto de equilbrio, percorre as linhas do Eneagrama no sentido contrrio s

    flechas, e o movimento de desintegrao conhecido tambm como ponto de estresse,

    percorre as linhas do Eneagrama em direo as flechas.

    Palmer continua dizendo que algumas pessoas tendem a ver o movimento,

    rumo desintegrao/estresse, como um aprofundamento das compulses do tipo.

    Segundo Riso (1999, p.98), as tendncias rumo a integrao e desintegrao

    ajudam a definir se h progresso ou regresso no desenvolvimento. A integrao

    mostra o crescimento, e a desintegrao mostra como se age sob estresse, quais os

    comportamentos e aes inconscientes e paradoxalmente quais as qualidades que

    mais se precisa integrar.

    Riso coloca que no se pode dizer que uma tendncia (flecha) seja

    inteiramente positiva e que a outra seja necessariamente interamente negativa. A

    natureza humana possui mecanismos de atuao que se inserem em ambas as

    tendncias e o Eneagrama capaz de determinar essas mudanas e, se houver

    compreenso e identificao dos movimentos no dia-a-dia, pode-se acelerar o

    processo de desenvolvimento.

    Palmer (1993, p.44) pontua que cultivar as capacidades curativas no assim

    chamado ponto de estresse inerente a tcnicas como a Gestalt e as prticas de

    meditao tntrica, em que as emoes negativas so deliberadamente cultivadas e

    assumidas. A inteno oculta por detrs do movimento rumo ao estresse elevar

    habilmente as paixes ao ponto de transbordamento para liberar a compulso de um

    hbito negativo, vivenciando-o de maneira total e completa. Pode-se cultivar um

    acesso de raiva no lugar da iseno, ou pode-se colocar um aluno numa situao de

    vida destinada a irrit-lo ao mximo.

    Tipos orgulhosos podem se ver esfregando uma poro de assoalhos, e pode-

    se mandar tipos medrosos meditar no cemitrio local numa noite de lua cheia.

    O mtodo de Gurdjieff de pisar os calos favoritos das pessoas, ilustra a idia de

    que elevar e trabalhar deliberadamente as energias produzidas pelo estresse, pode

    gerar tanto crescimento, quanto cultivar a capacidade de desviar a ateno das assim

    chamadas emoes negativas.

  • 23

    Figura n 6 As Flechas Fonte: Palmer, 1993, p.45.

  • 24

    CAPTULO II

    Psicologia Transpessoal

    1- Origem da Psicologia Transpessoal

    O termo transpessoal tem seu prefixo de origem latina, com o sentido de

    movimento ou posio alm ou atravs de. O conceito Transpessoal tem as suas

    origens na Psicologia Transpessoal.

    A psicologia transpessoal um novo ramo da Psicologia, que surgiu como um

    desdobramento ou evoluo da Psicologia Humanista, foi oficializada em 1968, nos

    Estados Unidos da Amrica por Abraham Maslow, Viktor Frankl, Stanislav Grof e

    James Fadiman.

    O movimento Transpessoal, pretende o bem-estar bio-psico-emocional-social-

    cultural-espiritual, de acordo com o processo evolutivo da pessoa.

    Pierre Weil (1978, p.9) define A Psicologia Transpessoal como um ramo da

    Psicologia especializada no estudo dos estados de conscincia; ela lida mais

    especialmente com a experincia csmica ou os estados ditos superiores ou

    ampliados da conscincia. Saldanha, ao desenvolver e aplicar os conhecimentos da

    Psicologia Transpessoal, observou que as descries feitas por Abraham Harold

    Maslow, como aspectos instintides e por Pierre Weil como procura da unidade,

    estabeleciam uma correlao entre si, que poderiam ser englobadas e ampliadas

    como um referencial significativo do desenvolvimento humano, sob a denominao de

    princpio da transcendncia.

    2- Conceitos Essenciais em Psicologia Transpessoal

    Baseada em vrios autores, entre os principais, Maslow, Weil, Snailav Grof,

    Charles A. Tart, Assagioli, Moreno, Fadman e Jean-Yves Leloup, Saldanha (2008)

    sistematizou os principais conhecimentos da Psicologia Transpessoal em dois

    aspectos bsicos: o Estrutural e o Dinmico, que compem a Abordagem Integrativa

    Transpessoal, por ela desenvolvida.

  • 25

    Aspecto estrutural: forma o corpo terico da abordagem integrativa transpessoal, e

    constitudo por cinco elementos: conceito de unidade, conceito de vida, conceito de

    ego, estados de conscincia e cartografia da conscincia.

    Figura n 7: Corpo Terico

    Fonte: Saldanha, 2006,p.107.

    a) O conceito de unidade: a no fragmentao do Ser, ou seja, a

    propriedade indivisvel do Ser, que permite vivenciar estados de

    confiana, paz, entrega, resultando em estado de desapego,

    harmonia e serenidade. Simbolicamente situado na espinha dorsal

    e cabea, representando o pice da dimenso superior da

    conscincia estruturando o trabalho transpessoal.

    b) O conceito de vida: a propriedade bsica na transpessoal a

    dimenso atemporal, vivenciada em duas etapas bsicas no

    caminho da evoluo: morte e renascimento. Quantas vezes se

    morre e renasce em uma mesma existncia?

    c) Conceito de ego: O ego se caracteriza como uma construo

    mental, ilusria, que tem a tendncia de solidificar a energia mental em

    uma barreira, a qual separa o espao em duas partes: o eu e o outro.

    (2008, p.167). O eu, na Psicologia Transpessoal, uma conscincia em

    evoluo que pode se manifestar alm dos elementos circunstanciais,

    biopsquicos e sociais que caracterizam a personalidade, integrando

  • 26

    nveis elevados de conscincia, e constitui a unidade, que a essncia

    do Ser integral.

    d) Estados ou nveis de conscincia: simbolizam, no corpo terico, o

    caminhar pelas diferentes dimenses da conscincia. So passos que

    norteiam o processo, ampliam e favorecem a percepo de diferentes

    nveis de realidade. (2008, p.171). mediante a expanso do estado

    de conscincia de viglia, ultrapassando os limites usuais da realidade

    cotidiana, que se pode acessar a dimenso do supraconsciente.

    Segundo Saldanha (2008) para Grof a conscincia a manifestao de

    uma inteligncia que se expressa pelo o universo e por tudo o que

    existe. Um campo infinito de conscincia alm do tempo, espao,

    matria e causalidade linear. Esses estados incomuns de conscincia

    so manifestaes da psique humana, e as emergncias destes

    estados podem ter fins teraputicos.

    Weil (1989, p.98 ) afirma que, de acordo com o estado de conscincia,

    cada indivduo tem uma percepo da realidade.

    Estados de conscincias: conscincia de viglia, conscincia de sono,

    conscincia de sono profundo e plena conscincia (conscincia

    csmica). Entre um nvel e outro ocorrem vrios estados, sendo que

    dois so facilitadores do processo transpessoal, um deles o estado de

    devaneio (alcanado atravs de relaxamento), que fica entre o estado

    de viglia e o sono profundo, e o outro o estado de despertar (a sada

    do entopercimento, o despertar do observador de si mesmo), que fica

    entre sono profundo e conscincia csmica.

    O aspecto Dinmico: composto por dois elementos: Eixo Evolutivo (sete etapas) e

    Eixo Experiencial (R.E.I.S), que representa a interdependncia entre a experincia e o

    processo evolutivo.

  • 27

    Figura n 7: Corpo Terico

    Fonte: Saldanha, 2008, p. 159

    Eixo Experiencial: a percepo ou vivncia da realidade, e acontece

    em decorrncia da presena e do desenvolvimento e integrao das

    funes psquicas da razo, emoo, intuio e sensao (REIS).

    Segundo Carl Gustav Jung, o tipo psicolgico do indivduo, determina

    sua maneira de se relacionar com o mundo interior e exterior, pessoas e

    coisas, o que ocorre por meio de uma atitude de extroverso ou

    introverso relacionada s funes do pensamento, sentimento,

    sensao e intuio.

    Eixo Evolutivo: este eixo assume sua importncia quando postula-se

    que um conflito nunca resolvido no mesmo nvel em que foi criado,

    necessitando de um nvel mais elevado para que ocorram insights de

    resoluo. o desbloqueamento e a integrao de diferentes reas da

    psique, atravs de recursos variados trazidos pelo eixo experiencial j

    mencionado. Com isso, cada indivduo pode utilizar verdadeiramente

    seus recursos interiores que permitem-no alcanar a ordem mental

    superior, e com ela a ampliao da percepo das situaes para alm

    do nvel pessoal. Podem ento surgir respostas novas a situaes

    conflituosas e acima de tudo, emerge o sentido evolutivo de nossa

    existncia, trazendo-nos uma compreenso pessoal e csmica da

    experincia da vida, a percepo de unicidade e de comunho com o

    todo.

  • 28

    3- Tcnicas Usadas na Psicologia Tranpessoal

    Saldanha (2008) classifica as Tcnicas em cinco grandes nveis de

    interveno, com o objetivo de favorecer a emergncia de uma nova conscincia mais

    desperta. o aprender a conhecer, fazer, conviver, e ser, para se estar com

    qualidade no mundo.

    a) Interveno Verbal: representa as verbalizaes, que vo desde a entrevista

    clnica, com o primeiro contato que torna-se um facilitador no processo de

    empatia, atuao teraputica, nas diferentes tarefas e etapas do caminho

    teraputico do indivduo.

    b) Imaginao ativa: a utilizao, dentro de tarefas teraputicas, de imagens

    genricas ou cenrios, definidos pelo terapeuta, estando o indivduo sob um

    estado de conscincia ampliada, possibilitam a vivncia de experincias, a

    liberao de contedos do inconsciente, a promoo de insights e a

    compreenso mais ampla da realidade. Esse procedimento deve ser precedido

    de uma pequena sensibilizao, ou ento relaxamento simples.

    c) Reorganizao simblica; a organizao de contedos numa sequncia

    lgica, localizada no tempo e no espao, facilitando o autoconhecimento do

    indivduo. So tcnicas que podem ser aplicadas na rea da Sade, Educao

    e em Instituies. Os exerccios direcionam os aspectos psquicos por

    intermdio dos estados ampliados de conscincia. Estimula tambm o

    indivduo a desenvolver perspectivas positivas de futuro. Exemplo: Bssola da

    Psique, Morte Simblica, Reviso das metas existenciais, etc.

    d) Dinmica interativa: a articulao dos diferentes contedos do inconsciente

    nos vrios estados de conscincia. De uma riqueza imensa um profundo

    processo teraputico realizado com os contedos psquicos por meio de Sete

    Etapas especficas.

    o Reconhecimento: etapa do olhar ao redor do que no est bem

    (emoo, dor, situao, personagem ou elemento de projeo) para

    ocorrer a identificao.

    o Identificao: etapa do vivenciar os sintomas reconhecidos (sensaes

    fsicas, sentimentos, pensamentos conflitantes) de forma psicodinmica

    at a liberao intensa e total em som, voz, movimento corporal para

    ocorrer a desidentificao.

    o Desidentificao; etapa do distanciar-se e desapegar-se dos papis

    anteriores, ficando um vcuo receptivo para ocorrer a transmutao.

  • 29

    o Transmutao; etapa de alvio, desconexo e percepo de outras

    possibilidades, onde o nvel supraconsciente emerge, vem elaborao e

    insights para a transformao.

    o Transformao; etapa de mudana da forma de perceber e de sentir a

    situao conflitante, surgindo um novo direcionamento da mente para a

    elaborao.

    o Elaborao; etapa de apreenso global da situao onde os insights

    fazem sentido e o estado mental outro, pronto para ocorrer a

    integrao.

    o Integrao: etapa onde todo o processo vivido est presente no aqui -

    agora e situao do indivduo, com novas crenas ou valores e mais

    confiana em sua relao consigo mesmo, com tudo ao seu redor e

    com o Universo.

    e) Recursos Adjuntos ou auxiliares: Favorecem o desenvolvimento do ser

    humano. So os chamados recursos milenares, oriundos das tradies

    perenes (budistas, zen-budistas, brmanes, etc), que so utilizados como

    prticas destas tradies, mas podem e devem ser aproveitados dentro do

    processo teraputico, por garantirem a pacificao da mente, a expanso dos

    estados de conscincia, o rebaixamento da tenso e da ansiedade, o auto-

    conhecimento e aproveitamento pelo indivduo de suas prprias riquezas

    internas, tai como o: relaxamento, concentrao, contemplao, yoga e

    meditao, entre outros, que no so exclusivos da psicoterapia, pois so

    utilizados como exerccios de anti-estresse e de autoconhecimento em geral.

  • 30

    CAPTULO III Dilogo entre o Eneagrama e as Sete Etapas da Abordagem

    Integrativa.

    Segundo Saldanha (2008), estas etapas podem ser consideradas etapas de

    um processo teraputico. As etapas podem tambm acontecer quase

    simultaneamente; deve-se estar atento, pois nenhuma etapa deve ser ignorada.

    O processo da Psicoterapia pode ser considerado como finalizado somente

    quando o paciente passou pelas sete etapas e conseguiu encontrar seu prprio

    curador interno, que pode dispertar para um outro nvel de conscincia, como tambm

    trar a possibilidade de criar alternativas novas para os conflitos, seguro de sua

    capacidade de sentir-se inteiro, no fragmentado e portanto de deixar brotar as

    solues para seus problemas a partir do constante dilogo que passou a estabelecer

    com a ordem mental superior.

    Todas as informaes, referentes as Sete Etapas da Abordagem

    Transpessoal, a serem descritas na sequncia, tomam por base Saldanha (2008).

    1- Primeria Etapa: Reconhecimento

    O Dilogo da primeira etapa da Abordagem Integrativa Transpessoal (AIT) com

    o Eneagrama, se estabelece com o processo de reconhecimento da dor profunda de

    cada tipo.

    Nesta etapa o indivduo ainda no entende o que est se passando com ele,

    apenas sente a aproximao de uma zona de conflito, mas no consegue identific-la

    claramente. O terapeuta neste momento o estimula a verbalizar o que no est bem

    (emoo, dor, situao), sobre o que lhe causa sofrimento, ajudando-o a ir ao encontro

    da origem do sintoma, tomando como base as principais questes (paixes) de cada

    eneatipo.

    Tipo 1: A origem do sofrimento dos Tipo 1, a dor profunda da Insignificncia (ser

    falho, no reconhecido e valorizado), e a emoo associada a Raiva, mas trata-se

    aqui de uma raiva introjetada.

    A Ira quando reprimida, volta-se para dentro de si, e os Tipo 1 ficam tentando manter

    um constante autocontrole das suas agressividades, raivas e ressentimentos, o que

    gera muito sofrimento e frustrao.

  • 31

    Segundo Naranjo (1997, p.110), comum encontrar no ambiente familiar deste tipo,

    uma atmosfera onde houve escassez de amor, contudo, existe tambm no esforo

    perfeccionista um elemento de copiar, uma assimilao pelo sujeito da personalidade

    trabalhadora e perfeccionista de um dos pais, o que vai de encontro com a

    necessidade de curar sua dor profunda.

    Tipo 2: A origem do sofrimento do Tipo 2 a dor profunda da carncia afetiva (no

    ser amado suficientemente), e a emoo associada o desamor (busca aprovao

    dos outros).

    Tipo 3: A origem do sofrimento do Tipo 3 a dor profunda da no aceitao de si

    mesmo (sente-se recusado pelos outros, e interpreta a menor crtica como sinal de

    rejeio), causando uma auto-estima baixa, e a emoo associada a vergonha de si

    (o medo de fracassar).

    Tipo 4: A origem do sofrimento do Tipo 4 a dor profunda do abandono (perda do

    contato com sua identidade, desvalor e inferioridade). A emoo associada a

    vergonha (introjetada).

    Tipo 5: A origem do sofrimento do Tipo 5 a insegurana no sentido de incapacidade

    para entender o mundo e o que acontece a seu redor, sente-se despreparado para

    isso, pois houve na infncia a falta de manifestao afetiva, por isso precisa pensar

    muito e aprofundar todas as coisas para preencher o vazio emocional com

    conhecimento e acumulo. O mecanismo de defesa o isolamento.

    Tipo 6: A origem do sofrimento do Tipo 6 a dor profunda da Insegurana no sentido

    de incapacidade de enfrentar, de agir, de tomar decises, por isso sente insegurana,

    desconfiana e medo. O medo associado o prprio medo da vida.

    Tipo 7: A origem do sofrimento do Tipo 7 a dor profunda da Insegurana no sentido

    de incapacidade de resolver situaes difceis e encarar o sofrimento. Sente mal-estar

    perante o sofrimento e o evita, como tambm tem dificuldade de aprofundar as coisa,

    pois isso desperta a sensao de incapacidade. O medo associado da dor e da

    privao.

    Tipo 8: A origem do sofrimento do Tipo 8 a dor profunda da insignificncia, no

    sentido de impotncia, fragilidade e pequenez (medo que os outros o pisem e no

    respeitem sua vulnerabilidade). A emoo associada a raiva. O medo fundamental

    o de ser magoado ou controlados pelos outros.

    Tipo 9: A origem do sofrimento do Tipo 9 a dor profunda da insignificncia, no

    sentido de no ter importncia enquanto pessoa, desvalor, como sendo

    desconsiderado e por isso se omite, se esconde, para no se expor e assim no sentir

    essa dor no confronto com os outros. A emoo associada a raiva, mas trata-se aqui

  • 32

    de uma raiva anulada. O medo de ser abandonado, negligenciado, desvalorizado ou

    aniquilado.

    2- Segunda Etapa: Identificao

    O Dilogo da segunda etapa da Abordagem Integrativa Transpessoal (AIT)

    com o Eneagrama, se estabelece com o processo de identificao com o trao

    principal de cada tipo.

    Nesta etapa a dinmica psquica realada, e o terapeuta estimula as

    sensaes e vivncia dos conflitos ao extremo, proporcionando a catarse abreativa e

    integrativa e a possibilidade de sada da situao de dor. Explorar com o indivduo

    todos os aspectos da situao, a fim de que haja a liberao para poder ocorrer o

    processo de desindentificao.

    Tipo 1:

    Para as pessoas identificadas com o Trao 1 a questo que mais afeta a

    procura de um estado ideal de perfeio. Na busca de crescerem e se transformarem

    acabam construindo padres de retido e conduta moralmente exigentes, os quais,

    muitas vezes, so inatingveis. Reduzem a sua conscincia ficando frustradas,

    ressentidas e irritadas por no serem como queriam, os outros no agirem como

    deveriam e por acharem que o mundo injusto. Dessa forma, perdem a serenidade

    necessria para seguir a dinmica do cotidiano com flexibilidade e criatividade.

    Nesta etapa o terapeuta convida o Tipo 1 a reviver vrias situaes:

    - Situaes em que no conseguiu aceitar suas prprias imperfeies, e tambm as

    imperfeies dos outros.

    - Situaes que no sentiu que fez muito bem algo, a ponto de no ficar em paz

    consigo mesmo.

    - Situaes que protelou para tomar uma deciso, e o que o motivou.

    - Situaes que usou muito o verbo dever e precisar.

    - Situaes que sentiu o peso do mundo em suas costas, sensao de ter que cuidar

    de tudo sozinho; sentiu que as pessoas so irresponsveis.

    - Situaes que no conseguiu relaxar pois se sentia na obrigao de fazer algo.

    - Situaes que no teve suas necessidades satisfeitas e se sentiu ressentido;

    - Situaes onde criticou e tentou corrigir os demais e insistir que adotem seus

    padres.

    - Situaes em seu relacionamento pessoal, onde sentiu muito cimes;

  • 33

    - Situaes onde sentiu uma ansiedade (preocupao) muito grande com relao a

    sobrevivncia pessoal.

    - Situaes onde se comparou a outras pessoas, e sentiu que os outros so melhores

    do que ele, por exemplo: Ela melhor me que eu, Ele um chefe mais

    competente que eu.

    - Situaes que escutava uma voz interna: Seja bom! Comporte-se! Faa melhor!

    Tipo 2:

    Para as pessoas identificadas com o Trao 2 a questo que mais as afeta a

    tentativa de corresponderem as expectativas dos outros. Na busca de servirem,

    atendendo atenciosa e agradavelmente as necessidades alheias, distanciam-se do

    que realmente precisam e almejam. Reduzem a sua conscincia sentindo-se

    orgulhosas por serem teis e depois ficando magoadas e cobrando porque ningum

    as valoriza como merecem. Dessa forma, perdem a humildade para saber quando

    devem doar a si mesmas e quando devem doar-se para os outros.

    Nesta etapa o terapeuta convida o Tipo 2 a reviver vrias situaes:

    - Situaes em que rebelde, diante de qualquer coisa que restrinja sua liberdade.

    - Situaes em que extrapolou seus limites para ser querido, usando vrios meios para

    agradar os outros.

    - Situaes em que deixou de atender suas prprias necessidades para atender as

    dos outros

    - Situaes em que no conseguiu dizer no, mesmo querendo.

    - Situaes em que deu mais feedbacks negativos do que positivos as pessoas.

    - Situaes em que no conseguiu pedir ajuda de forma direta, mas sim indireta.

    - Situaes em que adotou atitudes possessivas em relao a amigos e familiares.

    - Situaes em que ajudou principalmente os mais carentes, para aparecer mais

    abnegado.

    Tipo 3:

    Para as pessoas identificadas com o Trao 3 a questo que mais afeta o

    desejo de serem reconhecidas. Na busca de obter sucesso naquilo que realizam

    apegam-se demais a imagem que os outros tm delas, preocupando-se em se projetar

    como algum de valor. Reduzem a sua conscincia fazendo muitas coisas ao mesmo

    tempo para atingir resultados com eficincia e ficando impacientes com o que (ou

    quem) atrapalha os seus planos de ao. Dessa forma, enganam-se, identificando-se

    com suas atividades, e perdem a autenticidade.

    Nesta etapa o terapeuta convida o Tipo 3 a reviver vrias situaes:

    - Situaes em que experimentou forte identificao com a tarefa e com o produto.

  • 34

    - Situaes em que achou ser amado s por causa de suas realizaes ou de sua

    imagem.

    - Situaes em que buscou a apreciao dos outros atravs da realizao , da

    eficcia e da aceitao social.

    - Situaes em que tenha terminado uma tarefa e tenha se sentido bem s por um

    instante, pois logo em seguida j tem que ir atrs de outra. Sensao de que nunca o

    que foi realizado suficiente.

    - Situaes em que sente um grande vazio por dentro, e por esse motivo sempre tem

    que estar fazendo algo, para no senti-lo.

    - Situaes em que teve que lidar com lgrimas e emoes e se sentiu pouco a

    vontade diante dos prprios sentimentos.

    - Situaes onde teve que trabalhar muito e relaxar pouco.

    - Situaes em que no teve seus projetos valorizados e feedbacks grosseiros.

    - Situaes em que teve problemas de sade ou de relacionamento por ter ido longe

    demais.

    Tipo 4:

    Para as pessoas identificadas com o Trao 4 a questo que mais afeta a

    vontade de serem especiais. Na busca de originalidade, sentem-se muito diferentes

    dos outros e sofrem por no estarem vivenciando o que gostariam. Reduzem a sua

    conscincia comparando-se com os outros e imaginando situaes de conquista e

    realizao de objetivos de difcil concretizao. Dessa forma, afastam-se do aqui e

    agora, entrando num estado de carncia afetiva e melancolia.

    Nesta etapa o terapeuta convida o Tipo 4 a reviver vrias situaes:

    - Situaes em que apresentou disposio de sofrer mais do que o necessrio.

    - Situaes em que sentiu ser diferente das outras pessoas.

    - Situaes em que experimentou grande dependncia do amor dos outros.

    - Situaes em que sentiu grande rejeio das pessoas.

    - Situaes em que no manteve um ritmo estvel e uma rotina de atividades.

    - Situaes em que no se manteve no presente.

    - Situaes em que no se achou digno e teve vergonha e raiva de si mesmo.

    - Situaes em que buscou o risco, a intensidade e desejou ter o inatingvel.

    Tipo 5:

    Para as pessoas identificadas com o Trao 5 a questo que mais afeta

    quererem compreender intelectualmente tudo o que acontece a sua volta. Na busca de

    serem independentes e preservarem sua privacidade, acumulam conhecimentos sobre

    as coisas e pessoas para no precisarem interagir muito. Reduzem a sua conscincia

  • 35

    isolando-se socialmente, refugiando-se no seu mundo mental e no entrando em

    contato com seus sentimentos. Dessa forma, tornam-se avaras de si mesmas, no se

    doando para os outros e tendo dificuldade de receber carinho e realizar trocas

    emocionais.

    Nesta etapa o terapeuta covida o Tipo 5 a reviver vrias situaes:

    - Situaes em que preferiu ficar em casa a sair.

    - Situaes em que distanciou-se emocionalmente.

    - Situaes em que no se sentiu preparado para partir para ao, pois se enredou

    nos detalhes, no conseguindo ver a floresta por conta das rvores.

    - Situaes que sentiu sua privacidade invadida e sem espao.

    - Situaes em que no conseguiu expressar seu sentimentos.

    - Situaes sociais em que foi obrigado a falar.

    - Situaes em demonstrou interesse pelo lado sombrio da vida.

    - Situaes em que queria muito que sua opinio prevalecesse, que efeito estava

    tentando provocar no outro.

    - Situaes em que o projeto e o estilo de vida adotado eliminaram suas chances de

    encontrar um lugar s seu.

    - Situaes em que foi exposto, que os holofotes brilharam sobre si.

    Tipo 6:

    Para as pessoas do Trao 6 a questo que mais afeta uma incessante

    necessidade de apoio e orientao. Na busca de se sentirem seguras, apegam-se a

    rotinas, regras e pessoas de uma maneira rgida. Reduzem a sua conscincia

    preocupando-se demais em como prevenir possveis problemas futuros. Dessa forma,

    ficam presas numa dvida constante e em um medo paralisante que as impede de

    confiar em si mesmas, nos outros e na vida.

    Nesta etapa o terapeuta convida o Tipo 6 a reviver vrias situaes:

    - Situaes em que teve muita dvida, por muito tempo.

    - Situaes em que teve excesso de cautela, que lhe fez perder oportunidades de

    crescimento e realizao.

    - Situaes em que percebeu que existem reas de sua vida em que resiste a seus

    verdadeiros desejos por medo ou dvidas em relao a si mesmo.

    - Situaes em que tenha criado sistemas de segurana, e que percebeu que eles no

    o tornaram mais seguro.

    - Situaes em que lidou com o medo, reagindo a favor ou contra ele.

    - Situaes em que se preocupou com tudo, desde a goteira do teto at os pneus do

    carro.

    - Situaes em que teve muito receio e exagerou na dose.

  • 36

    - Situaes em que teve que expor o que estava sentindo.

    Tipo 7:

    Para as pessoas do Trao 7 a questo que mais afeta um incansvel anseio

    por experincias positivas e agradveis. Na busca de serem felizes e se satisfazerem,

    esto sempre tentando achar algo novo que lhe trar um prazer diferente. Reduzem a

    sua conscincia planejando situaes idealizadas de autorealizao, as quais

    dificilmente trazem o que elas esperam. Dessa forma, entram num processo de euforia

    e excitao e adquirem uma dificuldade de enfrentar as rotinas do cotidiano e seus

    problemas pessoais e de relacionamento com os outros.

    Nesta etapa o terapeuta convida o Tipo 7 a reviver vrias situaes:

    - Situaes em que se sentiu mentalmente agitado.

    - Situaes em que no conseguiu amar o outro incondicionalmente.

    - Situaes em que foi narcisista e rebelde.

    - Situaes em que se sente vido por novas idias e coisas interessantes para fazer,

    para no ter que lidar com um mundo limitador e frustrante.

    - Situaes em que evitou a dor e o sofrimento, fingindo que elas no existem.

    - Situaes em que no teve autonomia nenhuma em seu trabalho.

    - Situaes em que sonhou em ter muitas coisas.

    - Situaes em que teve dificuldade de escolher pois havia vrias opes.

    - Situaes em que teve dificuldade de concentrar-se e estabelecer prioridades.

    Tipo 8:

    Para as pessoas identificadas com o Trao 8 a questo que mais afeta o

    desejo de determinar o curso da prpria vida. Na busca de serem donas do prprio

    nariz, acabam expressando suas crenas e vontades de uma maneira defensiva,

    impositiva e agressiva. Reduzem a sua conscincia disputando poder, lutando e

    pressionando para obterem o que querem. Dessa forma, tendem a invadir o espao

    pessoal dos outros, os deixando inibidos para um contato mais estreito e gratificante.

    Nesta etapa o Tipo 8 ser convidado a reviver vrias situaes:

    - Situaes em que se sentiu controlador e agressivo.

    - Situaes em que teve medo da dependncia, seja ela emocional ou financeira.

    - Situaes em que entrou em discusses acaloradas, inclusive brigas.

    - Situaes em que se sentiu prximo a algum por meio da sexualidade e do contato

    fsico.

    - Situaes em que trabalhou demais, e viciou-se no estresse e na adrenalina

    causando problemas de sade.

    - Situaes em que gastou a prpria energia at esgotar-se.

    - Situaes em que teve medo de ser controlado.

  • 37

    - Situaes em que escondeu sua vulnerabilidade, seu sentimento e no deixou as

    pessoas se aproximarem.

    - Situaes em que precisou de espao, ficar s.

    - Situaes em que sentiu vontade de vingar-se.

    - Situaes em que teve dificuldade de acreditar nas pessoas e sentiu-se rejeitado.

    - Situaes de injustia.

    Tipo 9:

    Para as pessoas identificadas com o Trao 9 a questo que mais afeta o

    anseio de manter a paz e o equilbrio interior. Na busca de no entrarem em conflito,

    deixam de lado suas opinies e vontades, fazendo o que necessrio para manter o

    ambiente a sua volta em harmonia. Reduzem a sua conscincia, protelando decises

    e aes por realizarem o que secundrio ao invs do mais importante no momento.

    Dessa forma, ficam presas a uma preguia, a uma apatia que as deixa em uma

    postura fatalista de indiferena: No adianta fazer nada!.

    Nesta etapa o terapeuta convida o Tipo 9 a reviver vrias situaes:

    - Situaes em que foi teimoso, e que teve oportunidades perdidas.

    - Situaes em que teve pouca vitalidade, falta de disposio, de entregar-se a vida.

    - Situaes em que procurou adequar-se ao invs de manifestar-se em contrrio.

    - Situaes em que foi protelador, que desligou o alarme de seu dispertador interno.

    - Situaes em que agiu de acordo com uma filosofia de vida.

    - Situaes em que sentiu-se mal por conta de crticas.

    - Situaes em que tenha sofrido presso e muitas expectativas das pessoas.

    - Situaes em que no sabia o que fazer.

    - Situaes em que teve incapacidade de agir por se sentir muito pressionado.

    - Situaes em que se sentiu lento ou tranquilo demais, diferente do que as pessoas

    esperavam.

    3- Terceira Etapa Desindentificao

    O Dilogo da terceira etapa da Abordagem Integrativa Transpessoal (AIT) com o

    Eneagrama, se estabelece com o processo de autodesenvolvimento do observador

    interno de cada tipo.

    Para entrar nesta etapa preciso ter passado pela anterior. A partir da catarse

    de integrao o indivduo opera ento o distanciamento do conflito, buscando

    elementos de oposio, ou seja, distanciar-se e desapergar-se dos papis anteriores.

  • 38

    O terapeuta orienta para a percepo da criao de um espao receptivo para a

    construo de uma nova forma de interao com as situaes da vida, isto , o espao

    necessrio para ocorrer a transmutao.

    O indivduo adquire a conscincia do fato, por exemplo: Eu tenho este corpo

    mas eu no sou esse corpo.

    Tipo 1: Neste momento o Tipo 1 inicia o processo de desenvolvimento do observador

    interno, que comea a perceber quando o crtico interior est sendo tirnico, e j

    possvel parar um instante para contar at 10, respirar e observar (escutar a voz da

    conscincia superior) o que est acontecendo no seu corpo, quais so as reas de

    tenso que esto sendo afetadas naquele momento, pois o Tipo 1 muito fsico,

    quando alguma coisa no est certa, ele a sente por dentro, visceralmente.

    importante admitir que no conseguir livrar-se das partes de si mesmo que no o

    agradam . Na melhor das hipteses, apenas conseguir reprimi-las por algum tempo,

    mas isso adiaria e aumentaria os problemas. Enquanto estiver convencido de que

    deve ser de uma determinada forma, no conseguir ser aquilo que realmente . O

    indivduo deve procurar conscientizar-se mais dessas partes de si mesmo, entend-las

    melhor, em vez de tentar muda-las. Deve deixar de esforar-se para caber em num

    modelo idealizado do que deve ser uma boa pessoa.

    Tipo 2: Neste momento o Tipo 2 inicia o processo de desenvolvimento do observador

    interno, quando aprende a reconhecer e aceitar todos os seus sentimentos sem

    censur-los, pois constantemente se concentra apenas nos sentimentos dos outros.

    Comea tambm a perceber que quando tem a necessidade de fazer algo por algum,

    na verdade est precisando de algo para si, sente a voz interior de seu corpo,

    especialmente quando se trata de descanso, e percebe se est comendo por motivos

    emocionais, em vez de fome.

    Tipo 3: Neste momento o Tipo 3 inicia o processo de desenvolvimento do observador

    interno, comea a perceber que no a imagem que criou, a persona, e passa a ter a

    percepo que o torna capaz de escolher quando usar a persona, sem esta escolha o

    tipo 3 fica totalmente a servio da imagem.

    Enxerga que quer ser amado apenas pelo que realmente , no pelo que conquistou.

    Tipo 4: Neste momento o Tipo 4 inicia o processo de desenvolvimento do observador

    interno, percebe que existe uma auto-imagem interiorizada, o eu fantasioso, e a

    criao de drama nos princpais relacionamentos.

  • 39

    Tipo 5: Neste momento o Tipo 5 inicia o processo de desenvolvimento do observador

    interno, percebe quando est se desligando de seus sentimentos e emoes e fugindo

    para dentro de sua prpria mente, para manter isolamento, a fim de lidar com o

    estresse, ou quando pode passar ao Tipo 7 para aliviar a ansiedade, reagindo ao

    isolamento lanando-se impulsivamente a toda espcie de atividade.

    Tipo 6: Neste momento o Tipo 6 inicia o processo de desenvolvimento do observador

    interno, percebe a voz de seu comit interior, o qual costuma ser um poderoso crtico,

    e trazer-lhe confuso na hora de tomar uma deciso, pois h vrias vozes interiores

    que defendem diferentes atitudes e responsabilidades, algumas vezes tornando-se

    incapazes de tomar uma deciso.

    Tipo 7: Neste momento o Tipo 7 inicia o processo de desenvolvimento do observador

    interno, e consegue perceber a busca pela gratificao podendo assumir um carter

    de vcio e exigir doses cada vez maiores de tudo aquilo que lhe agrada, como tambm

    consegue perceber seu comportamento dispersivo, o que dificulta a persistncia em

    projetos.

    Tipo 8: Neste momento o Tipo 8 inicia o processo de desenvolvimento do observador

    interno, e percebe sua intransigncia em voltar atrs, ceder ou demonstrar receio,

    percebe tambm a prpria vulnerabilidade, aquela auto-imagem que sempre precisa

    demonstrar fora e capacidade de controle.

    Tipo 9: Neste momento o Tipo 9 inicia o processo de desenvolvimento do observador

    interno, e perceber que muitas vezes perde a conscincia de si mesma para fugir de

    uma situao. Percebe tambm a hesitao em relao s decises importantes de

    sua prpria vida, levando-o a adiar seu despertar.

    4- Quarta Etapa Transmutao

    O Dilogo da quarta etapa da Abordagem Integrativa Transpessoal (AIT) com o

    Eneagrama, se estabelece com o processo de observao de novas possibilidades,

    atravs das Asas (eneatipos vizinhos).

    Transmutao: o momento em que acontece a passagem para uma condio

    de alvio e percepo de outras possibilidades e realidades, h um contemplar no s

    intelectual, mas tambm humano e tico do conhecimento, do conflito e da soluo.

    H a percepo de vrios nveis de conscincia interagindo, existe a percepo de

    insights esto criadas as condies, pois nada inteiramente certo ou errado. O

  • 40

    terapeuta orienta a viso transcendente, que permite a passagem para outra etapa,

    para o processo de transformao se completar.

    Nesta fase todos os eneatipos comeam a se abrir para outras possibilidades e

    perceberem que as caractersticas de seus tipos sofrem influncia de seus vizinhos,

    o que chamamos de Asas. Segundo Horsley (2006, p.23), Em geral a regra : uma

    maior influncia da asa anterior (ou seja, a precedente no sentido anti-horrio) mais

    benfica, e que tambm seguem um fluxo de energia, em um processo de integrao

    e desintegrao.

    o curioso paradoxo que se me aceito do modo que sou, ai que consigo mudar. Carl Rogers

    Tipo 1: Asa: Quando o Tipo 1 chega a esta etapa, comea a perceber a influncia da

    asa em 9. Esta influncia pode torn-lo mais relaxado e mais capaz de distanciar-se.

    Vale a pena, escorregar para o 9, esquecer um pouco de fazer tudo certo, relaxar e

    entrar em sintonia com as situaes, ao invs de tentar corrig-las. Neste momento o

    eneatipo 1 concentra-se em interesses de longo prazo, emocionalmente reservado,

    e amante da natureza e dos animais, pois j tem uma viso transcedente, h um

    certo desapego do ego. J o tipo 1 que tem asa 2 mais forte, geralmente mais

    carinhoso e prestativo, mas s vezes pode ser mais controlador e mais critico.

    Tipo 2: Quando o Tipo 2 chega a esta etapa, comea a perceber a influncia da asa

    em 1, mais critico e autocrtico, por outro lado tambm mais objetivo e tem ideais

    muito definidos. O carter sistemtico do tipo 1 faz bem ao 2, podendo ajud-lo a

    acalmar um pouco a histeria quando suas necessidades no forem atendidas. O Tipo

    2 com asa em 3, brilha como anfitrio em qualquer festa. bem mais ambicioso e

    quer ser o centro das atenes.

    Tipo 3: Quando o Tipo 3 chega a esta etapa, comea a perceber a influncia da asa

    em 2, pois mais compassivo, carinhoso, socivel, popular e sedutor, sendo mais

    capaz de dar ateno as necessidades alheias. J com asa em 4, mais criativo,

    artstico e cheio de imaginao, mas pode tambm ser mais emocional, introspectivo e

    pretensioso.

    Tipo 4: Quando o Tipo 4 chega a esta etapa, comea a perceber a influncia da asa

    em Trs, pois ser mais ambicioso, extrovertido e exuberante, ser mais capaz de agir

    (ter uma empresa por exemplo) e ter menos pena de si prprio. J com asa em 5,

    ser mais introspectivo e ter maior probabilidade de ter uma vida criativa e solitria,

    como escritor, artista, psiclogo ou terapeuta.

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    Tipo 5: Quando o Tipo 5 chega a esta etapa, comea a perceber a influncia da asa

    em 4, sente-se um pouco mais vontade com suas prprias emoes, tem uma

    centelha criativa e mais emptico. J com asa em 6, mais receoso, mais tambm

    mais leal. Suas faculdades analticas podem ser mais marcantes, possibilitando ser

    cientista.

    Tipo 6: Quando o Tipo 6 chega a esta etapa, comea a perceber a influncia da asa

    em 5, torna-se mais introvertido, cauteloso e retrado. J com asa em 7, torna-se mais

    brincalho, ativo e aventureiro.

    Tipo 7: Quando o Tipo 7 chega a esta etapa, comea a perceber a influncia da asa

    em 6, torna-se mais responsvel, mais ansioso, mais leal e simptico. J com asa em

    8, torna mais forte, mais autoritrio, contencioso, exuberante, competitivo e

    materialista.

    Tipo 8: Quando o Tipo 8 chega a esta etapa, comea a perceber a influncia da asa

    em 7, mais bricalho, empreendedor, extrovertido, agitado, egocntrico e rpido. J

    com asa em 9, mais relaxado e tolerante.

    Tipo 9: Quando o Tipo 9 chega a esta etapa, comea a perceber a influncia da asa

    em 8, que lhe d mais energia, torna-se mais capaz de se impor e mais extrovertido,

    apesar de um pouco mais rebelde tambm. J com asa em Um, mais crtico e

    rabugento, alm de emocionalmente mais controlado.

    5- Quinta Etapa Transformao

    O Dilogo da quinta etapa da AIT (Abordagem Integrativa Transpessoal) com o

    Eneagrama, se estabelece com o processo de integrao e desintegrao, onde h o

    deslocamento para outros pontos de vista.

    Transformao: o indivduo percebe que efetuou dentro de si uma mudana e

    que o conflito sentido de uma maneira diferente, o que muda seu direcionamento

    mental, surgindo um novo caminho na mente pronto para a elaborao.

    Nesta fase todos os Tipos iniciam o movimento para a integrao, pois todas

    as fases anteriores se transformam em conhecimento j introjetado. Torna-se possvel

    perceber o movimento de integrao e desintegrao.

    Observam tambm o dinmico fluxo de energia que cada eneatipo possui,

    atravs do processo de integrao e desintegrao, que ajuda a perceber se esta

    progredindo ou regredindo no desenvolvimento. Na integrao h a percepo dos

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    indicadores de crescimento, e na desintegrao, mostra-se como agimos sob

    estresse, comportamentos e motivaes inconscientes.

    Tipo 1:

    Integrao: Indo para o 7, tornam-se mais joviais e espontneos.

    Desintegrao: Indo para o tipo 4, o tipo 1 tende a ficar mais emocional

    (temperamentais e irracionais) sob tenso.

    Tipo 2:

    Integrao: Passa ao tipo 4 e capaz de usar a criatividade, podendo com isso atingir

    um grande desenvolvimento pessoal.

    Desintegrao: Passa ao tipo 8, e tem a necessidade de vingana, controle e

    imposio.

    Tipo 3:

    Integrao: Passa ao tipo 6, o questionador. Sente-se mais a vontade entre os amigos

    e at se permite explorar os prprios sentimentos, vontando-se mais para as

    necessidades do grupo, em vez de pensar em control-los.

    Desintegrao: Passa ao tipo 9, o excesso de trabalho pode levar total inatividade,

    quase a ponto da catatonia, infelizmente, s depois do primeiro colapso ou ataque

    cardico, eles param e fazem um balano da situao.

    Tipo 4:

    Integrao: Passa ao tipo 1, a ateno aos detalhes contribui para traz-lo de volta ao

    presente, torn-lo mais disciplinado e menos suscetvel s prprias emoes.

    Desintegrao: Passa ao tipo 2, reprime as prprias necessidades. Pode criar a

    convico de que o parceiro perfeito a resposta para todos os seus problemas. Pode

    tambm somatizar aflio, caindo doente para chamar a ateno.

    Tipo 5:

    Integrao: Passa ao tipo 8, encontra mais energia que o ajuda a agir. Fica mais

    consciente do prprio corpo, torna-se mais extrovertido e aberto.

    Desintegrao: Passa ao tipo 7, fica mais dispersivo e desconcentrado, e isso lhe

    causa incmodo.

    Tipo 6:

    Integrao: Passa ao tipo 9, tem mais facilidade para relaxar, confiar em si mesmo, ser

    emptico c