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PACI PACI

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trabalho final

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PACIPACI

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P976 P.A.C. I - Publicações Acadêmicas em Ciência da

Informação: coleção Pernambuco/ Amélia Mendes (org.) [et al.] . – Recife: TOTEM, 2011. 197 p.: il. (P.A.C.I., v. 1.) 1. Biblioteconomia - Artigos. 2. Documentação – Artigos. 3. Ciência da Informação – Artigos. 4. Gestão da Informação – Artigos. I. Mendes, Amélia (org.). II. Santiago, Pietro (org.). III. Santos, Charlene (org.). IV. Silva, Gleibson José da (org.). V. Revoredo, Túlio (org.) . VI. Título: Publicações Acadêmicas em Ciência da Informação. VII. Título: Coleção Pernambuco.

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PUBLICACOESACADEMICAS

EM CIENCIA DAINFORMACAO

PUBLICACOESACADEMICAS

EM CIENCIA DAINFORMACAO

PERNAMBUCO2009/2011

vol. 1

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Apresentacao

Rafael A. OliveiraCRB-4/P-1616

Os Encontros Regionais e Nacionais dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação e Gestão da Informação - EREBD's e ENEBD's são os eventos de maior importância na área de Ciên-cia da Informação. Isso porque, além de promover espaços de discussões políticas envolvendo as problemáti-cas da área, ele divulga, discute e incentiva a produção acadêmica entre os discentes. Agregando realidades diferentes num único espaço, dá oportunidade aos estudantes de conhecer novas formas de encarar e praticar a pro�issão.

A apresentação de artigos cientí�icos nos encontros é essencial, tanto para o estudante que busca seguir uma vida acadêmica quanto para aquele que procura especializar-se em algum campo de atuação especí�ico, ao passo que permite troca de experiências e de conhecimento para o melhor aprimoramento do futuro pro�is-sional. Nesse sentido, a recopilação dos artigos é essencial para a rea�irmação dessa importância, dando maior credibilidade aos trabalhos apresentados. Em vista da comemoração dos 60 anos do curso de Biblioteconomia no estado de Pernambuco, enfatiza os avanços nas discussões e a evolução da área.

Nesta compilação constam aqueles trabalhos que mais se destacaram no evento em que foi apresen-tado, e que atendem aos critérios determinados pela comissão organizadora da obra. Segundo estes critérios, o trabalho deve ter sido apresentado em formato oral durante o evento, e não podem ter tido apresentação em evento anterior.

A obra está dividida em seções correspondentes a cada encontro, agrupando assim os artigos apresen-tados num mesmo evento.

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PROFESSOR-BIBLIOTECA EM PERNAMBUCO: UM RETRATO DO BRASIL?

Remi Correia Lapa Aluno do curso de Biblioteconomia do

Departamento de Ciência da Informação da UFPE [email protected]

Eixo temático: A formação da consciência política dentro das instituições de ensino. Resumo: Qual a função de uma biblioteca escolar? E qual o perfil do bibliotecário que atua nela? Tais reflexões são resultados da experiência em andamento, que vem sendo desenvolvida na Gerência de Biblioteca e Formação de Leitores (GBFL). Isto porque, esta prática tem permitido se constatar alguns problemas tanto nas bibliotecas escolares públicas da Prefeitura do Recife como no processo de seleção, atuação e avaliação dos professores que atuam nas bibliotecas. Muitos desses nominados professores-biblioteca, como são conhecidos, são mestres que foram relocados, estão cansados, ou tiveram problemas de saúde e não podem mais atuar em sala de aula. Assim, o objetivo do trabalho é colaborar para escolha dos referidos professores para atuação nessas bibliotecas escolares e avaliar o desempenho desses professores, cada atenção dedicada aos alunos; além de se levantar uma alternativa mais adequada para a seleção dos profissionais atuantes nas bibliotecas escolares. Desta forma será possível apresentar a gerência responsável pelo procedimento, uma contribuição em forma de questionário que será aplicado aos professores e certamente fortalecerá o processo de gestão da GBFL. Os resultados poderão contribuir para uma melhor qualidade no ensino desenvolvido nas escolas municipais através da mudança de postura do profissional que atua nessas bibliotecas. A metodologia inicial consiste em levantamento de literatura a respeito do assunto, observação da atuação dos professores, enquanto agentes na biblioteca, caracterizando uma pesquisa exploratória. A próxima etapa metodológica será a aplicação do questionário, avaliação da atuação dos professores nas bibliotecas e apresentação dos resultados a GBFL. Por se tratar de uma pesquisa ainda em andamento, os resultados e a conclusão serão apreciados em outro momento. Palavras-chave: Biblioteca escolar. Biblioteca pública municipal. Abstract: What is the function of a library in a school? And what is the profile of a librarian in action on it? These reflections are results of a running experience that it comes being developed in the GBFL – Gerência de Biblioteca e Formação de leitores (Management of Library and Formation of Readers). That’s because is allowed to see some problems in libraries at municipal schools from Recife city hall as in selection, actuation and avaliation process of all teachers who works together libraries. Many of these “library-teachers”, as they are known, are masters who had been changed from their functions, or are tired, or had some health problem and can’t work no more in a classroom. The objective of this work is to understand how the teachers selection are realized to work in these school libraries, to evaluate the performance of these professors and the dedicated attention to the pupils; and get a well adequate alternative for the operating professionals in the pertaining to school libraries. In such a way it will be possible to present for responsible management for the selectioned, a contribution in questionnaire form that will be applied the the teachers. Certainly that the results will be able to improve the quality of education in all municipal schools through the change of position of the professional who acts in these libraries. The initial methodology consists of survey of literature regarding the subject, comment and performance of the professors, while agents in the library. The next metodological step is the application of a questionnaire and evaluate the performance of the teachers in the libraries and the presentation of the results to GBFL. Dealing with still in progress research, the results and the conclusion will be appreciated in another moment. Keyword: School library. Municipal public library.

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1. INTRODUÇÃO

A escola faz parte do sistema educativo, com uma missão política de

contribuir para a formação da comunidade atendida. Neste caso, toda a sua estrutura

tem como principal objetivo, despertar o interesse da criança e do adolescente, em

seu primeiro contato com a educação, produzindo uma sensação de conforto, sendo a

escola e os espaços que a compõe, assim como o processo de aprendizagem,

associados a um lugar prazeroso, agradável e instigante. E o que constitui boa escola?

Apenas as salas de aula e bons professores? Um laboratório de informática, talvez

outro de química? Normalmente não falta um campinho de futebol ou um espaço

para atividades físicas. Mas ainda falta o coração da escola para que o processo

educativo possa ocorrer em sua plenitude máxima, uma biblioteca. Segundo Santos

(2003) a biblioteca escolar deve ser vista como uma estrutura disponível, para a

realização de um trabalho em conjunto com os alunos e professores. Por fazer parte

da escola, esta biblioteca deve funcionar como um verdadeiro complemento da sala

de aula, fornecendo todo o material bibliográfico necessário às atividades escolares.

Em uma biblioteca escolar, tradicionalmente são utilizados códigos de

catalogação para organizar o acervo e facilitar a recuperação da informação de forma

rápida e precisa, entretanto, estes sistemas geralmente são muito complexos e de

difícil compreensão por parte da comunidade infantil, isto é, o principal público da

biblioteca escolar. Como forma de facilitar o acesso das crianças aos livros o

bibliotecário pode substituir estes mecanismos desenvolvidos de busca e

recuperação de material por sistemas mais simples, fáceis de serem compreendidos,

apreendidos e utilizados pelas crianças sem ter que recorrer diretamente ao

bibliotecário; exceto nos casos em que precisem de uma informação mais específica

ou de uma orientação, muito mais relacionado à área pedagógica do que a tecnicista.

Portanto, são exigidos do profissional bibliotecário, que atua em uma

biblioteca escolar, conhecimento amplo de processos pedagógicos, de procedimentos

metodológicos específicos, incluindo até experiências com a psicologia infantil. Esses

conhecimentos são essenciais, podendo ser associados à expressão talento para

trabalhar com crianças, muito mais do que apenas um alto grau de conhecimento em

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procedimentos técnico-biblioteconômicos.

A identidade do bibliotecário vem sofrendo mudanças ao longo do processo

histórico e a cada transformação um novo ser bibliotecário surge acompanhado de

novas características e valores que incluem: prioridades, visão de mundo (micro e

macroscopicamente), comportamento e perfil. Esta identidade é tão mutável em

detrimento do tempo quanto pelas escolhas que são realizadas individualmente em

uma mesma época, portanto, dois profissionais que estejam se formando em uma

mesma instituição, no mesmo ano, terão perfis diferentes pelas decisões individuais

que foram tomadas durante os anos de graduação, assim como pela percepção que

cada um tem da sociedade em que está inserido. Tendo consciência disto, fica fácil

perceber que um mesmo profissional tem uma identidade de certa forma diferente

dependendo do local onde for atuar. Uma biblioteca especializada necessita de um

bibliotecário com características e qualidades diferentes das de outro que venha a

atuar em uma biblioteca universitária, que por sua vez difere do bibliotecário

escolar.

Processo semelhante ocorre em outras áreas do conhecimento humano,

como por exemplo, na educação, ainda mais antiga que a biblioteconomia. Portanto, a

identidade destes profissionais da educação, os professores, vem desde os

primórdios adaptando-se a novas realidades sociais. Porém um problema ocorre

quando estas mudanças mesclam-se com uma outra identidade da qual não faz parte

de seu campo de atuação.

2. A GERÊNCIA DE BIBLIOTECAS E FORMAÇÃO DE LEITORES (GBFL).

A GBFL desempenha um importante papel entre as bibliotecas públicas

escolares da Região Metropolitana da cidade do Recife ao selecionar os projetos

enviados pelas escolas que ainda não possuem uma biblioteca e orienta-las no

processo burocrático para obtenção de recursos e acompanhamento durante a

execução e após sua inauguração. Além de atuar no processo de orientação dos

cantinhos de leitura e salas de leitura.

Também está encarregada de realizar as etapas de seleção, acompanhamento

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e avaliação tanto dos estagiários de leitura quanto dos professores-biblioteca.

Durante o mais recente levantamento estatístico, a cidade do Recife consta

com 219 escolas públicas. Estas possuem 63 bibliotecas, 40 cantinhos de leitura e 35

salas de leitura, que recebem assistência da GBFL como doações de kits e livros para

compor seu acervo.

A GBFL atualmente é formada por doze pessoas, sendo seis funcionários e os

outros, estagiários. Compondo o quadro como estagiário de biblioteconomia, minhas

principais funções são: preparar tecnicamente os livros, orientar os usuários e a

própria organização da biblioteca. Além disso, outra atribuição realizada são as

visitas para acompanhamento das bibliotecas e afins.

Durante as atividades diárias pude observar o perfil de vários professores

interessados em realizar o teste para ser transferido a uma biblioteca como

professor-biblioteca. O processo de seleção da GBFL é composto por uma prova

baseada em interpretação textual, com três perguntas discursivas e uma entrevista.

É justamente com base na observação dos problemas decorrente da atuação

de docentes recém readaptados da sala de aula para atuar nas bibliotecas, que este

trabalho é formulado, e se propõe em buscar alternativas e melhores soluções para

sanar as questões acima citadas.

A consciência da importância da informação como elemento essencial e de

fundamental necessidade no processo de aprendizagem, pois permite aos indivíduos

em seu próprio meio individual tomarem conhecimento de seus direitos e deveres,

possibilitando as escolhas mais apropriadas para o direcionamento da própria vida

impulsiona a realização das pesquisas.

O que pode vir a representar o aprimoramento do educando com formação

ética e fortalecimento da autonomia intelectual. Para Muller (2008), a compreensão

dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, associado ao

desenvolvimento de conceitos teóricos tem permitido o fortalecimento da evolução

científica e suas aplicações na vida.

Assim a GBFL se aproxima da proposta de contribuir para uma formação

completa do aluno, considerando-se o papel fundamental que a educação integral

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fornece ao desenvolvimento do cidadão, ao possibilitar o funcionamento da

biblioteca nos seus aspectos plenos.

3. IDENTIDADE

A palavra identidade pode ser compreendida como um conjunto de

caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa, por outro lado, também é entendida

como sendo um aspecto coletivo de um conjunto de características pelas quais algo é

definitivamente reconhecível.

De acordo com Walter (2004), pode-se, também, empregar o termo

associado à questão profissional, pessoas que guardam mesmos valores,

competências, habilidades, visões e perspectivas sobre propósitos semelhantes ou

comuns. Segundo este posicionamento, a identidade profissional esta atrelada às

qualidades do que é análogo, mas seriam sempre as mesmas características? Um

professor escolar teria as mesmas particularidades de um professor universitário? É

uma realidade afirmar que muitos elementos em comum seriam perceptíveis,

entretanto as identidades deles também são construídas com base em sua essência

como um todo, pelas escolhas individuais que são feitas, fazendo com que cada um

seja uma unidade, muitas vezes influenciadas por elementos intrínsecos ao

indivíduo, como seus valores, seus medos, seus desejos particulares.

Assim, estão associados a uma identidade cultural, da mesma forma que os

elementos exteriores, igualmente responsáveis por construir e desenvolver a

identidade através dos elementos encontrados na sociedade em que o sujeito está

inserido definindo seu modo de vida, de atuar, de trabalhar, de relacionar-se.

Quais são as influências que estão levando os professores a trocar a sala de

aula pela biblioteca? O interesse estaria na percepção da importância da biblioteca

como um local interdisciplinar e com múltiplas possibilidades para mudar a

realidade social dos alunos e de forma ainda mais positivista da comunidade em que

a biblioteca está inserida?

Quando o que convém é um desejo individual e não caracteriza um aspecto

social, então representa um problema, pois o profissional não se preparou

psicologicamente para uma nova etapa em sua identidade (ela não é fixa), não foi

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fruto de escolhas feitas de forma planejada, representando uma evolução de etapas

rumo a um objetivo pré-definido, logo, por não ser o que desejava para sua vida, não

representando algo importante. É muito mais uma alternativa, uma fuga que o

indivíduo “escolhe” por puro comodismo. Esta é uma dura realidade encontrada nas

bibliotecas públicas escolares. Professores que durante sua carreira sempre

realizaram as escolhas que o identificaram com a educação em sala de aula, por

acreditarem, assim creio, ser o sistema escolar, um local onde os subordinados

podem encontrar uma alternativa para “dialogar” de igual com os dominantes, com

momentos conflituantes, outros de harmonia, procurando obter respostas às

condições sócio-históricas conduzidas pelas práticas instituicionais, textuais e

vividas, que determinam à cultura escolar e a experiência professor/aluno, em uma

especificidade de tempo e de espaço, conforme esclarece Giroux (1992). Agora

passam a querer reconstruir sua unidade por ter perdido no decorrer do caminho a

fé no ato de ensinar. Esquecem que ensinar é peregrinar junto o longo caminho da

História, transformando aqueles que cruzam nosso caminho sem dúvida, se deve a

tantos que, errando e acertando, pesquisaram e descobriram novidades.

Afinal, todos têm muito que aprender para transmitir com algo mais, aos que

buscam como nós, sentir o sabor da verdade nos caminhos da vida. Entre esses

caminhos, vem a minha hora de escolher. Então, a meta que pretendo, me indicará

o rumo a seguir. Depois, a decisão. E ao caminhar, vou abrindo caminhos. E

ensinando, vou caminhando junto: em busca da verdade. Para a realização da vida,

como defende Goulart (2005).

4. O PROFESSOR-BIBLIOTECA

Qual sua identidade? Onde seria seu local de atuação? Seria um professor que

conduz seus alunos para a biblioteca da escola, a fim de realizar alguma atividade

interdisciplinar demonstrando preocupação pela situação em que se encontra a

educação no Brasil? Ou mesmo, quem sabe, um professor que leve a biblioteca para a

sala de aula com fins pedagógicos, expondo a importância de instigar no alunado

suas competências na leitura e na escrita?

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A figura do professor pode ser entendida como alguém que absorveu

conhecimentos didáticos e têm competência de aplicá-los, alguém que deve procurar

manter seu conteúdo sempre atualizado, de transmitir algum conhecimento a outra

pessoa, insigar a vontade de aprender e a curiosidade pela busca de informação

através de procedimentos pedagógicos. Entretanto, este trabalho pode estar

associado a sofrimento e muito estresse. Uma pesquisa feita com 500 professores

das redes públicas das capitais brasileiras expôs que mais da metade dos

entrevistados sofre de estresse. Entre as queixas mais comuns estão as dores

musculares, citadas por 40% deles. Preocupa também, 40% terem revelado sofrer

regularmente de alguma doença ou mal-estar, conforme investigou NOVA ESCOLA e

Ibope (2007).

É justamente quando os problemas se apresentam ou de forma muito grave

ou sua condição já ocorre por um tempo prolongado, afetando seu desempenho em

sala de aula, sendo o professor afastado, que surge a figura do professor-biblioteca.

Isto é, seu desgaste físico e emocional o conduz a procurar assumir outra função na

escola, que teoricamente exigiria menos desgaste, tanto físico quanto emocional, e o

local escolhido é a biblioteca.

Contrariando essa concepção, uma biblioteca escolar deve apresentar-se

como um centro de aprendizagem, com projetos voltados para o ensinoaprendizado,

cuja função pedagógica está relacionada à: a) uma ação em prol da leitura, do

incentivo à criação do gosto e hábito de ler; b) a pesquisa escolar e ao trabalho

intelectual que proporcionarão ao educando meios para melhor desempenhar seus

papéis sociais; c) a ação cultural com vistas a favorecer o entendimento da

identidade do cidadão no espaço onde habita, de acordo com o Conselho Federal de

Biblioteconomia e o Conselho Regional de Biblioteconomia (2009).

A biblioteca escolar não somente lida com as demandas do aluno, mas,

sobretudo, atua no contexto do projeto político-pedagógico da escola, através do

trabalho conjunto com o professor e a gestão escolar, possibilitando o

desenvolvimento de serviços de apoio à aprendizagem e disponibilização de livros

aos membros da comunidade escolar, oferecendo-lhes a possibilidade de se

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tornarem pensadores críticos e efetivos usuários da informação, em todos os

formatos e meios, conforme defende a UNESCO (2009).

Portanto, se compreendermos que a biblioteca escolar deve funcionar como

um complemento da atividade letiva, o profissional que lá for atuar deve manter a

mesma postura de uma sala de aula, então alguns questionamentos surgem, como: o

que um professor que foi relocado da docência faz em uma biblioteca? Qual é o

imaginário da biblioteca, e a importância deste espaço, para este professor? Ao

desempenhar um papel que não faz parte de sua formação os problemas que o

afastaram da sala de aula podem se agravar, pois quando um profissional faz algo

que não acredita, ou que não o motiva, o estresse tende a aumentar. E se o motivo do

afastamento foi seu relacionamento com crianças e jovens da escola, qual será sua

postura diante da biblioteca? Este levantamento é realizado por Teixeira (2007, 43),

ao questionar: “A relação com as crianças é condição para a docência. Se ela está

deteriorada, como ensinar? Essa é uma das razões do grande mal-estar entre os

educadores”. O que nos remete novamente a questão: E como poderia este

profissional atuar numa biblioteca escolar?

Conforme Cox e Mekis (1999) a postura exigida do professor-biblioteca

pautase inicialmente na percepção da transformação em andamento.

É preciso se perceber uma transformação não apenas em sua organização

espacial ou dotação material, como na expansão de um novo conceito de biblioteca

escolar: local onde se reúne, em um espaço dinâmico e de encontro, uma diversidade

de recursos educativos, que contém informação atualizada, e que apóia, através de

múltiplos serviços, o processo de ensino-aprendizagem, articulando as diversas

ações que resultam da implementação de um currículo escolar em permanente

desenvolvimento. O que nos leva a concluir que o trabalho em uma biblioteca escolar

precisa manter uma postura pró-ativa, desenvolvendo atividades educativas;

servindo como local de estudo; e de encontro para a realização de trabalhos. Para

obter bons resultados é preciso buscar o compromisso da direção da escola para os

projetos da biblioteca.

Como já fora elucidado acima, os problemas enfrentados pelos professores

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atingem todas as capitais, entretanto não há registros de literatura sobre a existência

de professores-biblioteca em outras cidades ou se esta “classe profissional” faz parte

apenas da realidade da cidade do Recife. Este levantamento tem um grau de

importância elevado para a execução da segunda etapa deste trabalho, pois serão

feitos levantamentos e comparações entre as realidades de cada cidade, com suas

qualidades e problemas específicos da região. Com posse dos dados obtidos, as

análises permitirão uma busca por soluções com objetivo de obter uma biblioteca

escolar pública com seu papel verdadeiramente voltado para a formação de leitores,

ainda carente de um serviço de qualidade voltado para a comunidade escolar.

4.1 SELEÇÃO DOS PROFESSORES-BIBLIOTECA

A seleção dos professores biblioteca feitas pela GBFL, ocorre mediante a

realização de uma prova que em nenhuma perspectiva testa os conhecimentos,

qualidades ou capacidade do professor em desempenhar um bom papel na

biblioteca, seja como educador ou como bibliotecário.

A prova atualmente consiste em três perguntas argumentativas a respeito do

texto ‘Sonhos...’, Hassen s.d (ver anexo A), que narra o sonho de uma ‘cidade perfeita’,

onde em certo momento da narrativa surge a figura romantizada da biblioteca [...] E

as bibliotecas, já que estou me permitindo sonhar em voz escrita, serão o coração das

cidades e, claro, das escolas: delas se bombearia o sangue vital. [...] Teriam muitos,

muitos livros velhos, muitos coloridos, mas uns tantos com capas pardas e sem apelo.

[...]. Quanto às perguntas, a primeira solicita que sejam feitos três destaques sobre os

aspectos que chamaram sua atenção no texto; em seguida, se concorda com a visão

da autora, e por quê?; Por último, incita que em aproximadamente vinte linhas seja

descrito uma situação do que a leitura significa para a pessoa. É óbvio que estas

perguntas testam à capacidade de interpretação textual e a competência de expor

gramaticalmente as idéias dos pretensos professores-biblioteca.

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4.2 PROBLEMAS DO PROFESSOR-BIBLIOTECA

No momento em que se aceitam professores que foram relocados da sala de

aula por motivos os mais diversos como, por exemplo: questão de saúde; cansaço

devido à idade; estresse; falta de empatia com a administração; conflitos com alunos,

alguns problemas podem ser observados como:

A biblioteca passa a ser encarada como um local de refúgio. E outros professores

que estão passando por problemas semelhantes acham que a GBFL tem a obrigação

de realocá-los da sala de aula para uma biblioteca.

1. O trabalho realizado por estes profissionais não é de qualidade, pois levam seus

problemas, que o afastaram da sala de aula para a biblioteca, fazendo um

péssimo serviço.

2. A atuação destes professores-biblioteca é muito mais passiva do que proativa.

Não estabelecendo qualquer atividade na biblioteca, ao contrário, alimentam a

imagem dessa biblioteca como um local de descanso, silêncio, quietude, ou seja,

o contrário de tudo o que uma biblioteca escolar deve representar.

5. RECOMENDAÇÕES PARA UMA MUDANÇA DE ATITUDE

Escolha de projetos representativos cujo compromisso com a biblioteca e

com seus freqüentadores esteja evidenciado.

Alteração no processo seletivo, transferindo o foco da triagem, atualmente

pautado numa interpretação de texto, para uma análise do perfil do professor

candidato, cujo pacto com a função da biblioteca deve ser bastante visível.

Ampliação da infra-estrutura das bibliotecas, cujos serviços devem ser

melhorados para aperfeiçoar o desempenho das bibliotecas escolares, tais como:

atendimento à criança; atenção especial para o aprendizado da leitura, assim como

ao estimulo para buscar novos conhecimentos por parte da criança e do jovem,

formando leitores e incentivando a frequência à biblioteca, associando a biblioteca

ao prazer da leitura. Estes devem ser os pontos considerados prioritários para o

fortalecimento do projeto da GBFL.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A biblioteca da GBFL presta um serviço sério desenvolvendo a prática de

leitura e escrita; quanto os responsáveis por seu funcionamento, tanto no campo

operacional quanto no campo gerencial percebe-se que não têm noção da

possibilidade dos serviços que podem ser oferecidos à comunidade estudantil

resultando entre outras causas no baixo índice de aprendizagem dos alunos.

O trabalho defende, em decorrência da realidade das bibliotecas públicas

escolares, que o professor-bibliotecário efetivamente tenha aptidão para o exercício

da sua função, comprometendo-se com o incentivo à leitura e a formação cultural das

crianças e dos jovens educandos, habituando-os a frequentar a biblioteca. É preciso

também alterar a ótica destes relocados educadores, que tratam à biblioteca como

um local genuinamente dependente da existência do acervo, priorizando, portanto

sua conservação e renegando serviços que a priori seriam mais urgentes, como por

exemplo, os serviços voltados para o acesso às informações e produção de

conhecimento.

Evidentemente que uma situação ideal seria contar com a participação de

vários bibliotecários nas atividades escolares que envolvem a leitura objetivando a

formação de cidadãos informados e críticos.

Trata-se de um tema muito amplo e que não se esgota neste momento,

limitado por um espaço acadêmico. Oportunamente o assunto poderá ser retomado,

entretanto, fica claro neste momento a propriedade que a realização do estudo

trouxe para a divulgação e atualização da temática abordada.

Muito há o que se avaliar ainda, inclusive realizar acompanhamentos dos

trabalhos que se desenvolvem nas bibliotecas pelos professores-biblioteca. Neste

trabalho, a preocupação foi dar evidência ao tema e colocar no centro da discussão

um problema presente nas bibliotecas escolares do Recife.

A confecção de um questionário que avalie melhor os professores-

biblioteca representa uma contribuição, um produto, resultado deste trabalho, que

poderá influenciar a seleção dos professores por ocasião do processo seletivo,

podendo ser adotado nas bibliotecas participantes e que servirão de diretriz para

tomada de decisão dos gestores da GBFL.

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REFERÊNCIAS

CHARTIER, Anne-Marie; CLESSE, Christiane; HÉBRARD, Jean. Ler e escrever:

entrando no mundo da escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. 166 p. Tradução

de: Carla Valduga.

FONSECA, Edson Nery da. A biblioteca. In: ______ . Introdução à biblioteconomia.

São Paulo: Pioneira, 1992. p. 48-62. (Pioneira. Manuais de estudo).

GOULART, José Dias. Ao professor, com amor!. São Paulo: Paulus, 2005. 63 p., il.

GRECO, Dante. Como se organiza uma biblioteca?. Nova Escola, São Paulo, ano 21, n.

198, p. 24-25, dez. 2006.

MACEDO, Neusa Dias de. (Org.). Biblioteca brasileira em debate: da memória

profissional a um fórum virtual. São Paulo: Editora Senac São Paulo;

ConselhoRegional de Biblioteconomia – 8ª Região – São Paulo, 2005. 446 p. Ínclui

Índice.

MANIFESTO em defesa da biblioteca escolar. Boletim eletrônico do sistema

CFB/CRB, Brasília, DF, 23 abr. 2009. Edição especial. Disponível em:

<http://www.crb8.org.br/portal_mis/arquivos/pdf/Boletim%20Eletronico%20do%

20Sis tema%20CFB%20CRBs%20Edicao%20Especial.pdf>. Acesso em: 25 mar.

2009.

POLATO, Amanda. Remédios para o professor e a educação. Nova escola, São Paulo,

ano 23, n. 211, p. 38-45, abr. 2008.

SANTOS, Gildenir Carolino; RIBEIRO, Célia Maria. Acrônimos, siglas e termos

técnicos: arquivística, biblioteconomia, documentação, informática. Campinas, SP:

Átomo, 2003. p. 30-33.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura em curso: trilogia pedagógica. Campinas, SP:

Atores Associados, 2003. 98 p. (Coleção Linguagens e Sociedade).

WALTER, Maria Tereza Machado Teles. Identidades, valores e mudanças: o poder da

identidade profissional:... Em Questão, Porto Alegre, v. 10, n. 2, p. 287-299, jul./dez.

2004.

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ANEXO A – Prova utilizada como processo de seleção do professor-biblioteca.

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O MOVIMENTO ASSOCIATIVO DOS PROFISSIONAIS BIBLIOTECÁRIOS DE PERNAMBUCO:

APBPE – UMA HISTÓRIA

Pietro Santiago Graduando no curso de Bacharel em Biblioteconomia pela UFPE

[email protected]

Charlene Santos Graduanda no curso de Bacharel em Biblioteconomia pela UFPE

[email protected]

Eixo temático: A articulação política dos profissionais da informação em movimentos sociais. Resumo: O objeto de estudo desse artigo é narrar historicamente a trajetória da Associação Profissional dos Bibliotecários Pernambucanos – APBPE desde sua formação às suas perspectivas para o futuro, passando pelo seu desenvolvimento como associação, utilizando-se de registros documentais e da memória coletiva construída por seus presidentes e associados. Analisando suas atividades e a evolução de seus serviços, bem como sua contribuição para a formação continuada dos bibliotecários e estudantes de Biblioteconomia em Pernambuco. Fazendo referencia, ainda, às demais associações de bibliotecários do país, e sua relação direta com a FEBAB – Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, órgão de instancia maior no movimento associativo do Brasil. Palavras-chave: APBPE. ASSOCIATIVISMO. BIBLIOTECÁRIOS.

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1. Introdução

A sociedade atual é composta por uma geração que vem constantemente

enfrentando os mais diversos tipos de mudanças no que tange aos conceitos de

educação, conhecimento, informação e tecnologia. Na intenção de satisfazer os mais

diferentes tipos de consumo das camadas sociais, os objetivos estão diretamente

ligados ao conjunto de prioridades inerentes ao cotidiano, como; segurança, saúde e

lazer. Utilizando-se da expressão “nenhum homem é uma ilha”, todo ser humano é

dotado de necessidades e objetivos individuais e imediatistas, no entanto, grande

parte desses objetivos são comuns, e é nesse raciocínio que encontramos o

associativismo, que segundo o “Guia Para o Associativismo” (2001:5), “é a expressão

organizada da sociedade, apelando à responsabilização e intervenção dos cidadãos

em várias esferas da vida social e que se constitui num importante meio de exercer a

cidadania”. O associativismo é manifestado através da construção de Associações,

que por sua vez, existem para oferecer uma organização, onde indivíduos que atuam

em áreas semelhantes e enfrentam problemas em comum, possam se encontrar e

trocar pontos de vista, visando a melhoria do bem comum. Segundo o site da

Associação de Bibliotecários de Distrito Federal – ABDF:

“Como qualquer organização, uma associação tem sua vida própria. Ela

precisa ser organizada, ter suas atividades dirigidas, e seus bens administrados, para

isso, precisa de recursos financeiros, objetivos e estes exigem o envolvimento de pessoas

para identificá-los, para implementar programas de atividades e para fornecer uma

série de serviços para alcançá-los.”

Sendo assim, o objeto de estudo desse artigo é a construção e o

desenvolvimento do movimento associativo de bibliotecários no estado de

Pernambuco, que se dá através da APBPE, órgão que representa a classe dos

profissionais da informação no estado, narrando a sua história e a importância desse

movimento para a Biblioteconomia.

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2. A Associação dos Profissionais Bibliotecários de Pernambuco – APBPE

2.1 Histórico

A Associação Profissional de Bibliotecários de Pernambuco (APBPE) é uma

sociedade civil de natureza cultural, social, política e prestadora de serviços, filiada à

Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários (FEBAB), com sede na cidade

do Recife. Foi fundada em 21 de julho de 1948, por um grupo de alunos e professores

do curso de Biblioteconomia que deram início ao movimento associativo em

Pernambuco. Ate meados de 1948 o estado não possuía uma entidade que

representasse os interesses políticos, nem que promovesse a atualização profissional

dos alunos que se graduavam no novo curso de biblioteconomia, ministrado na

faculdade de direito do Recife. Devido a crescente demanda de profissionais

formados surgiu no seio do curso a necessidade de se pensar num órgão que

assumisse a identidade política e social dos profissionais, uma vez que a coordenação

do curso não tinha força política para se responsabilizar pelo desenvolvimento dos

mesmos. Na sua fundação a APBPE coordenada por Ernani de Paula Cerdeira tinha a

seguinte formação:

Presidente Ernani de Paula Cerdeira

Vice-presidente: Orlando da C. Ferreira

1º Secretário: Éolo Ramos de Andrade Lima

2º Secretário: Graciete Glasner

1º Tesoureiro: Murilo de Oliveira Santos

Bibliotecária: Cordélia Robalinho

Tabela 1: Diretoria Fundadora da APBPE.

Page 25: diagramação

2.1.1 Das Gestões

A história da APBPE interage com grandes nomes da biblioteconomia

pernambucana, nesses mais de 60 anos de existência passaram pela presidência mais

de 20 profissionais comprometidos com construção do profissional bibliotecário

através do associativismo, é importante pontuar aqui os feitos mais memoráveis

realizados ao longo dessas gestões, para isso elaborou-se uma espécie de linha

cronológica, relacionando gestores e acontecimentos, conforme mostra a figura 1,

ressaltando que essas ações foram acompanhadas de outras realizações que visaram,

em conjunto, o bem da classe bibliotecária e o fortalecimento do movimento

associativo no estado.

Figura 1: Cronologia da APBPE.

Page 26: diagramação

2.2 Objetivos da APBPE

Segundo consta no estatuto da APBPE: as atribuições que lhe são conferidas pela

qualidade de entidade classicista, são as seguintes:

a) Congregar bibliotecários e outros profissionais da informação, além de

pessoas interessadas em biblioteconomia e áreas afins, no país e no exterior;

b) Dar apoio e incentivo à implantação, desenvolvimento e integração de redes

de bibliotecas, centros de documentação e unidades de informação o estado

de Pernambuco.

c) Colaborar com as atividades técnico-culturais das Associações de

Bibliotecários de outras unidades da federação.

d) Promover, patrocinar e realizar cursos de aperfeiçoamento de profissionais

da área da informação.

e) Promover a realização de congressos, seminários, jornadas, palestras e

eventos similares.

f) Prestar assessoria de serviços técnicos de gerenciamento total ou parcial em

assuntos ligados à informação, editoração, educação e cultura a entidades

publicas e particulares, mediante a assinatura de acordos contratos e

convênios.

g) Realizar e promover estudos e pesquisas para o desenvolvimento do setor

da informação.

h) Manter intercâmbio com entidades ligadas a informação no país e no

exterior.

i) Representar os associados perante aos órgãos de classe e instituições tendo

em vista os interesses profissionais.

j) Defender interesses da classe dos bibliotecários e apoiar suas

reivindicações.

k) Promover a colocação de bibliotecários no mercado de trabalho através de

programas de engajamento.

l) Promover convênios

Page 27: diagramação

m) Zelar pela ética profissional

n) Elaborar tabelas de honorários que sirvam de base oficial para remuneração

de serviços profissionais.

o) Estimular e desenvolver em suas ações programas, parcerias e práticas de

inclusão e responsabilidade social, voltadas a qualidade de vida de seus

associados.

2.3 Atividades

A APBPE ao longo desses 61 anos, e principalmente agora com os avanços

tecnológicos desenvolve suas atividades sempre preocupada com o profissional, seus

instrumentos de trabalho, o local onde este desenvolve, suas funções e para quem ele

presta seus serviços.

As ações de natureza sócio-educativa objetivam congregar os profissionais

servem a atualização da comunidade bibliotecária, colaboram com as atividades

técnicas e promovem o aperfeiçoamento profissional e intelectual dos bibliotecários

dos profissionais afins. Essas ações tem como meta o fortalecimento da classe e a

visibilidade desde profissional na sociedade.

2.3.1 Cursos – Educação continuada

Visando a atualização dos profissionais e a formação extra-acadêmica dos

estudantes, a Associação se coloca como mediadora entre o que há de mais novo na

área de ciência da informação e a crescente demanda do mercado de trabalho.

Trazendo para Pernambuco cursos com temas que tem por objetivo atender a essa

demanda, principalmente no que tange a Tecnologia da Informação e suas variantes.

Baseando-se no relatório da última gestão 2006/2008, foram realizados 18 cursos e

com isso, alcançado um público de aproximadamente 400 alunos, entre profissionais

e estudantes. Tabela 2. Pode-se então estimar que em 60 anos de funcionamento, a

Page 28: diagramação

APBPE promoveu cerca de 540 cursos, preparou e qualificou cerca de 12.420

pessoas. Claro que são dados baseados na linearidade das informações coletadas,

desprezando quaisquer tipos de possíveis alterações e percalços.

A APBPE é consciente dos propósitos pertinentes ao movimento associativo

de Pernambuco e procura aperfeiçoar e impulsionar os programas de divulgação da

profissão em seus inúmeros campos de atuação contando sempre com a participação

e o apoio consciente de seus associados, com o objetivo de fortalecer cada vez mais a

categoria profissional.

Ano Quantidade Cursos

2006

1 Digitalização

3 Auxiliar de Bibliotecas

1 Conservação preventiva em Arquiv. e

Bibliot. 1 Introdução às técnicas arquivísticas

2007

1 Introdução às técnicas arquivísticas

1 Auxiliar de Bibliotecas

1 Citações, notas e referencias.

1 Normas para artigos científicos e mono.

1 Como preparar a bibliot. para visita do MEC

1 Revisão de literatura

1 Competência da informação

2008

1 Atualização em CDU

3 Auxiliar de bibliotecas

1 Introdução às técnicas arquivísticas

Total 18

Tabela 2: Cursos realizados no período 2006/2008 - Fonte: Secretaria da

APBPE.

2.3.2 Eventos

Da necessidade de inovação, atualização e confraternização da classe,

surgem os eventos de cunho acadêmico-cultural. Através da APBPE, Pernambuco foi

pioneiro em diversos eventos que hoje são intinerantes de âmbito regional e

nacional, tais como o ENEBD, EREBD N/NE, A Jornada Norte/Nordeste de

Page 29: diagramação

Biblioteconomia e Documentação, Seminário Pernambucano de Bibliotecas escolares

e o Seminário de Informação jurídica.

Dentre os eventos realizados anualmente pela APBPE, destacam-se as

comemorações do dia do bibliotecário, que envolvem a realização de palestras,

oficinas e mesas redondas com o intuito de promover o reconhecimento do ser

bibliotecário como profissional atuante na sociedade. O Seminário de Informação

Jurídica, evento orgnizado pelo Grupo de Trabalho em Informação e Documentação

Jurídica, em parceria com a APBPE, Tribunal de Contas de Pernambuco e a Escola de

Contas Públicas Barreto Guimarães. Jornada Norte/Nordeste evento que conta com

a presença de bibliotecários, professores e estudantes de diversos estados que

participam de feiras , apresentações culturais, cursos, palestras e mesas redondas, o

evento sempre conta com palestrantes de todas as regiões do país.

2.3.2.1 Comemoração dos 60 anos da APBPE

Em Julho de 2008 a Associação completou 60 anos de existência, essa data

foi marcada com grande comemoração por parte da comunidade biblioteconômica

do país, em especial de Pernambuco. Teve como intuito sensibilizar a classe para a

importância do resgate histórico do movimento associativo do estado.

Como parte das comemorações foi organizada a I Exposição itinerante de

arte com quadros pintados por bibliotecários, à exposição percorreu a Biblioteca

Central/UFPE, Biblioteca da UNICAP e Biblioteca Pública Estadual.

Para o encerramento das festividades muitas homenagens foram feitas aos

profissionais quem nesses 60 contribuíram na participação da construção e

solidificação do movimento associativo, através do prêmio Maria Letícia de Andrade

Lima, que agracia duas personalidades relevantes para a biblioteconomia

pernambucana.

Page 30: diagramação

2.4 Ações de caráter político

Desde sua fundação as gestões que passaram na presidência da APBPE tem

sofrido com o descaso das autoridades políticas do estado, em muitos relatórios de

gestão, foram encontrados indícios de negociação com o poder público, para

beneficio da classe, porém percebe-se que existe uma certa indolência por parte

APBPE em insistir nas ações políticas inerentes ao associativismo, em contrapartida,

não se pode negar que a Associação tem, ao longo de sua caminhada, construindo

uma imagem pro ativa, através das suas ações, o que facilitará, numa tentativa futura,

o bom entendimento das partes envolvidas. Encaminha-se através desse artigo que

essas ações sejam intensificadas de modo que os bibliotecários venham a perceber

que já é hora de deixar as diferenças de lado e lutar pelas semelhanças.

2.4 Da relação com a FEBAB e outras Associações

A APBPE é responsável pela representação dos profissionais

pernambucanos perante à FEBAB – Federação Brasileira de Associações de

Bibliotecários, que por sua vez, responde pelos bibliotecários do Brasil à IFLA –

International Federation Library Association, que é o órgão de instância maior da

classe, no que tange ao movimento associativo.

Para essa associação à FEBAB, é necessário que as associações dos estados

estejam em dia quanto ao repasse de 5% da anuidade recebida, essas entidades

estaduais estão ligadas umas as outras em forma de cooperação através da

federação. É de responsabilidade da FEBAB a organização do CBBD, bem como de

outros eventos promovidos pela mesma, em conjunto com as demais associações do

país.

Page 31: diagramação

3. Atualidade, Encaminhamentos e Considerações finais.

No processo de observação do relatório de atividades da gestão 2006/2008,

no tocante aos associados adimplentes no período, obteve-se a tabela 3.

Ano Associados

2006 118

2007 111

2008 82

Tabela 3: Associados Adimplentes 2006/2008

De acordo com a tabela percebe-se que o numero de associados vem

decrescendo no último triênio, esta queda exemplifica bem a falta de interesse da

comunidade bibliotecária em participar das ações da APBPE. Ao analisar o

quantitativo de associados infere-se que a APBPE necessita aumentar o numero de

associados. Como alternativa à problemática sugere-se ações de conscientização por

Figura2: Associações Estaduais. Fonte: FEBAB

Page 32: diagramação

parte dos profissionais, para isso encaminha-se o bechemarketing às ações realizadas

pela ABDF, como por exemplo, a realização de visitas da diretoria da Associação aos

diferentes nichos de profissionais existentes, bem como, a comercialização de

publicações técnicas em biblioteconomia, informação, documentação e áreas afins

nas dependências da sede da entidade e em eventos, através de consignação com

grandes editoras. Algumas ações já estão sendo implementadas, tanto é que, em

recente acordo com o Diretório Acadêmico de Biblioteconomia da UFPE, a

Associação vem tentado aproximar os graduandos, às dependências do movimento

político associativista, estimulando os mesmos a participarem dos cursos e palestras

bem como das reuniões decisórias.

Com a adoção dessa e de outras medidas espera-se que o problema seja

sanado.

É notória a importância da APBPE para o desenvolvimento dos profissionais

bibliotecários em Pernambuco, desde sua fundação ate os dias de hoje, observa-se

que no “meio do mar existe uma jangada, que permanece sem querer ceder a

correnteza e os ventos fortes”.

A missão da APBPE é promover os serviços da biblioteconomia incitando o

reconhecimento e o aperfeiçoamento da profissão, contribuindo para honrar a classe

e democratizar a informação para a sociedade. Porém, este trabalho vem sendo

execrado pela maioria dos profissionais que não tem concedido o devido valor ao

movimento associativo. Por falta de iniciativa ou pelo descrédito no associativismo,

não sabendo eles que é essa forma de representatividade que transforma simples

profissionais em agentes da construção de uma sociedade de resultados.

Figura 3: Logomarca de comemoração dos 60 anos da APBPE

Page 33: diagramação

Referências

___. Referências bibliográficas: NBR 6023:2000. São Paulo: ABNT, Ago. 1989.

A ERA do associativismo. Administradores.com. Abr. 2009. Disponível em

<http//:www.administradores.com.br/artigos/a_era_do_associativismo/12061>.

Acesso em: 29 mai. 2009.

A FORÇA do Associativismo para um Brasil de resultados. Administradores.com.

Jan. 2005. . Disponível em:

<http//www.administradores.com.br/artigos/a_forca_do_associativismo_para_um_b

rasil_de_resultados/0934>. Acesso em: 29 mai. 2009.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Normas sobre

documentação. São Paulo: ABNT, 5.ed.

ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DO DISTRITO FEDERAL. Relatório de

atividades 2005/2006. Brasília: ABDF, 2006.

ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL DOS BIBLIOTECÁRIOS DE PERNAMBUCO. Relatório de

atividades da gestão 2006/2008: compromisso, atitude e ação; APBPE em

evidência. Recife: APBPE, 2009.

BRASIL. Lei nº. 4.084, de 30 de Juno de 1962. Dispõe sobre a profissão de

bibliotecário e regula seu exercício. Diário Oficial [da] República Federativa do

Brasil, Brasília, DF, 30 de Jun. 1962. Disponível em: http://www.in.gov.br. Acesso

em: 3 mai. 2009.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua

Portuguesa. 2.ed. Rio de janeiro: Nova fronteira, 1986.

Page 34: diagramação

MAIA JUNIOR, Raul; PASTOR, Nelson. Magno dicionário brasileiro da língua

portuguesa. São Paulo: Difusão Cultural do Livro, 1995.

MEDEIROS, João Bosco. Redação Cientifica: a política de fichamentos, resumos,

resenhas; estratégias de estudo e leitura, como redigir monografias, teses,

dissertações, normas para publicações cientifica, normas técnicas para

elaboração de referências bibliográficas, trabalhos de conclusão de curso

(TCC). 5.ed. São Paulo: Atlas, 2003.

PORTAL DA APBPE. Recife: APBPE, 2006. Apresenta informações institucionais da

associação, bem como noticias de eventos e atualidades em biblioteconomia.

Disponível em: <http//:www.apbpe.org.br>. Acesso em: 30 mai. 2009.

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Page 36: diagramação

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA COGNITIVA NOS PROCESSOS DE REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO:

UMA ABORDAGEM TEÓRICA

Rafael Alves de Oliveira Graduando em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco, Estagiário da Escola de

Aprendizes-marinheiros de Pernambuco - Marinha do Brasil [email protected]

RESUMO: Considerando as diversas tendências da ciência da informação nas questões científicas e no comportamento da informação, pesquisadores percebem a necessidade de estudos apontando uma possível contribuição da ciência cognitiva na área. Estudos dos diversos métodos de representação informacional e das diversas propostas de metodologia reforçam ainda mais a necessidade de uma contribuição diferenciada. Nesse sentido, este trabalho propõe o estudo da psicologia cognitiva, área específica da ciência cognitiva, e de alguns dos processos de representação da informação, tornando evidente a importância de se rever conceitos para uma melhor capacitação do profissional diante de novas necessidades informacionais. Palavras-Chave: Processos Cognitivos. Representação da Informação. Psicologia cognitiva.

Indexação. Tematização. Representação Temática.

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1 INTRODUÇÃO

Os conceitos e métodos de representação da informação foram, e ainda são,

amplamente discutidos e destacados em diversas abordagens pelos estudiosos da

área. Delimitando o foco, podemos dizer que a sistemática desenvolvida para os

processos de indexação e representação temática de documentos já se encontram

claramente definidos e próximos de uma possível padronização metodológica.

Porém, ao advento de novas tecnologias e necessidades informacionais por parte dos

usuários da informação, vê-se a necessidade de uma retomada a antigos conceitos.

Tomando como exemplo a indexação, muitas bases atualmente disponibilizam não

apenas documentos escritos, mas também imagens, sob diversas perspectivas.

Alguns pesquisadores dedicaram seus estudos a este enfoque, e perceberam que, ao

contrário da indexação textual, a indexação de documentos imagéticos exige muito

mais do que os antigos métodos. Há uma característica marcante que diferencia esse

tipo de indexação, que é, segundo os estudiosos, o caráter polissêmico da imagem,

passível de diversas interpretações. Ou seja, inversamente proporcional à

objetividade textual, o que se encontrou foi uma subjetividade imagética,

imprevisível e evidente. Logo, diversos autores detiveram-se à tentativa de

metodificar tal processo, e encontraram ali diversas dificuldades. A principal: a

mente humana; pois o indexador parece sentir-se coagido a destacar os significados

que mais lhe interessam, podendo vir, dessa forma, a não satisfazer necessariamente

as necessidades do usuário a que se propõe atender. Percebe-se, então, uma possível

carência de estudos sobre os processos mentais envolvidos não só na indexação de

imagens, mas nos processos de representação da informação como um todo.

Poucos estudos a respeito podem ser encontrados. Saracevic (1996) sugere

a importância da ciência cognitiva na área de ciência da informação, baseado nas

pesquisas de autores como Johnson-Laird (1988) ou Casti (1989), influentes na área

da ciência cognitiva. Entretanto, Saracevic não aprofunda seus estudos para destacar,

de fato, que contribuições práticas a ciência da informação poderia ter com

pesquisas nesse direcionamento. Lima (2003) e Neves (2006) preocuparam-se com

Page 38: diagramação

esse tipo de abordagem e tentaram encontrar na ciência cognitiva as respostas para

algumas das problemáticas envolvendo a ciência da informação. Apontam, inclusive,

a indexação como a maior beneficiada com esse estudo. Contudo, a ciência cognitiva,

apesar de ter a compreensão da mente como objetivo maior, preocupa-se

especificamente no aprimoramento de técnicas relacionadas às descobertas

tecnológicas ligadas à inteligência artificial. Por outro lado, a psicologia cognitiva,

campo componente da ciência cognitiva, tem os mecanismos da mente como único e

definitivo objeto de estudo. Nesse sentido, para uma abordagem cognitiva para a

representação da informação, esta demonstra ser a área que pode oferecer

precisamente uma contribuição mais concreta.

Mas para isso, é necessário entender um pouco da psicologia cognitiva e de

suas linhas de pesquisa. Dessa forma, este trabalho pretende mostrar um pouco da

psicologia cognitiva como área maior, e em seguida enfatizar a sua possível

relevância para a representação da informação através do entendimento dos

mecanismos cognitivos envolvidos em seus processos.

2 PSICOLOGIA COGNITIVA: UM BREVE HISTÓRICO

Segundo Sternberg (2000), “[...] um psicólogo cognitivo pode estudar como

[as pessoas] percebem várias formas, o motivo pelo qual recordam alguns fatos mas

esquecem outros, a maneira como aprendem a linguagem ou como raciocinam

quando jogam xadrez ou resolvem problemas cotidianos”. No contexto da psicologia

cognitiva, tal observação ilustra de maneira bastante objetiva a abrangência de seu

campo de estudo. A mente, inerente ao homem como ser pensante e capaz de

raciocinar tanto sobre si mesmo quanto tudo que acontece ao seu redor, vai ser

responsável por todas as suas ações, sentimentos e emoções, desde seu nascimento

até o momento de sua morte. Dessa forma, o estudo da mente vai contribuir, direta

ou indiretamente, na compreensão das ações práticas que compõem a vida humana,

e levar ao entendimento de que, sempre, os mecanismos cognitivos vão anteceder

tais ações.

Page 39: diagramação

Entretanto, a psicologia em seu princípio se preocupava mais em estudar o

comportamento humano em si do que os mecanismos que o antecedem. O

movimento behaviorista surgiu no início do século XX a partir desse enfoque,

incentivados pelos trabalhos do psicólogo J. B. Watson e B. E. Skinner, ao passo que

outros psicólogos buscavam mais a compreensão dos processos de aquisição do

conhecimento. Segundo os cognitivistas, as tradicionais explicações behavioristas

não eram capazes de esclarecer questões sobre como as pessoas pensam. Avanços

tecnológicos, principalmente na área de telecomunicações, levaram os psicólogos a

refletirem sobre conceitos então novos, como processamento e códigos de

informação, o que reforçou ainda mais os argumentos cognitivistas, trazendo mais

adeptos a estes estudos. Mas é importante frisar que questões referentes à mente e

ao conhecimento humano remontam tempos ainda mais distantes. Platão e Sócrates

dedicaram parte de seus estudos a tais problemáticas, e contribuíram para o que

hoje conhecemos como Psicologia. No entanto,

“a origem da atual concepção mentalista/cognitivista, na cultura e ciência ocidentais, deve ser encontrada em Descartes. Foi o problema epistemológico sobre a relação entre aparência e realidade, oriundo da revolução científica dos séculos 16 e 17, que fez com que ele calcasse todas as questões sobre como, e em que medida, podemos conhecer o mundo. Em sua resposta a esta problemática, a realidade tornou-se o „mundo externo‟ que deve ser representado pela mente, uma entidade separada, imaterial, na qual os processos mentais ocorrem.” (LAMPREIA, 1992)

Os avanços em outros campos, como a psicobiologia, a linguística, e mesmo a

inteligência artificial, aliados às reações contra o Behaviorismo, contribuíram

enormemente para o desenvolvimento do cognitivismo e da psicologia cognitiva, que

foi definida e reconhecida em meados dos anos 70 como o estudo da maneira como

as pessoas percebem, aprendem, armazenam, estruturam, pensam e utilizam a

informação e o conhecimento através da cognição.

Page 40: diagramação

3 DEFINIÇÕES E DIRETRIZES DE ESTUDO

Cognição é o ato de conhecer. Este procedimento se dá através de um

conjunto de fenômenos psicológicos que surgem na mente devido à influência de

fatores externos, estes atuando como mecanismos de aprendizagem. Tais

mecanismos podem ser chamados de processos cognitivos.

Diversos campos dedicam-se ao estudo destes processos. A ciência cognitiva,

considerada por muitos como a nova ciência da mente, tem por objetivo “[...] explicar

como funciona a mente” (JOHNSON-LAIRD apud SARACEVIC, 1996). Casti (1989),

citado por Saracevic (1996), considera a ciência cognitiva como um

“[...] amálgama de psicologia, filosofia, antropologia, neurofisiologia, ciência da informação e lingüística, organizado em torno do uso do computador enquanto ferramenta capaz de extrair os segredos da mente”.

No entanto, a ciência cognitiva explora os aspectos da mente com um

propósito mais definitivo, baseados nos novos conceitos e tendências surgidas por

conseqüência do advento da inteligência artificial. Lima (2003) aponta para seis

campos constituintes da ciência cognitiva. São eles: filosofia, psicologia, lingüística,

antropologia, inteligência artificial e neurociência. Assim sendo, um contexto tão

específico não teria uma relevância direta nas questões de representação da

informação. A psicologia cognitiva, por não possuir um propósito além da

compreensão da mente, com suas estruturas e mecanismos, parece atender às

problemáticas em relação às questões informacionais que serão abordadas mais a

frente neste trabalho.

A extensa literatura científica aponta diversos destes mecanismos de

cognição, e muitas vezes tais apontamentos se encontram ou se completam. Santos

(1967) dedica-se ao estudo de alguns destes, tais como emoção, sensação, percepção,

memória, associação e abstração. Já Eysenck (2007), numa abordagem mais atual,

expande ainda mais estes processos e estuda também: atenção, conceitos, linguagem,

resolução de problemas, julgamento, imaginação e raciocínio.

Page 41: diagramação

No caso de uma co-relação e possível contribuição da psicologia cognitiva nas

modalidades de representação da informação, o estudo dos mecanismos de

percepção, associação, memória, abstração e linguagem, a princípio, demonstram-se

os que possuem maior grau de relevância.

4 TIPOS DE PROCESSOS COGNITIVOS

Como mencionado anteriormente, os processos cognitivos identificados

como os de maior proeminência no contexto da representação da informação são

percepção, associação, memória, abstração e linguagem. É importante frisar que,

nesse caso, este trabalho dedicar-se-á unicamente ao estudo destes processos,

embora os diversos mecanismos de cognição possam ter, de certo modo, seus níveis

de implicações nesta abordagem.

4.1 Memória

Memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar, quando

necessário, informações disponíveis no cérebro. A memória interfere em

praticamente todos os demais processos cognitivos, e vai ser responsável, através do

conhecimento empírico, pela maneira como as pessoas adquirem e interpretam

informações de formas diferentes.

4.2 Percepção

Percepção é a capacidade que a mente possui em atribuir significados aos

estímulos captados pelos sentidos. Por meio da percepção, o indivíduo organiza e

interpreta as suas impressões para atribuir-lhes um sentido lógico. A percepção

gerada pelos mesmos estímulos poderá ser diferente a cada indivíduo, devido ao

conhecimento empírico adquirido e armazenado através da memória. Porém, as

primeiras impressões que o ser humano terá do mundo, a percepção primária, vai

Page 42: diagramação

acontecer sem interferências ligadas às experiências de vida, a não ser por questões

ligadas às teorias da personalidade, não relevantes para este trabalho.

4.3 Associação

Associação é a capacidade que a mente possui de evocar, espontâneamente,

fatos psicológicos através de outros. Por exemplo, a ideia de azul evoca a de céu, e

esta a de nuvem, e tal sequencia de evocações não exige obrigatoriamente a vontade

do indivíduo. Dessa forma, a espontaneidade é a característica mais evidente deste

processo, tanto que para muitos estudiosos a associação é considerada um

pensamento maquinal. Alguns tipos de associação podem ser classificados, entre

eles:

- associação por contigüidade, onde os objetos evocados são percebidos ao mesmo

tempo, sem necessariamente haver uma relação entre eles;

- associação por semelhança, em que os objetos evocados possuem alguma

característica comum;

- associação por contraste, onde os objetos evocados possuem características

essencialmente opostas.

Apesar de uma associação de idéias não exigir a vontade do indivíduo, serão

evocados preferencialmente aqueles objetos que atendem a um interesse atual.

“Logo, a lei básica da associação é o interesse. As imagens e as idéias tendem a evocar

os fatos psicológicos que nos interessam.” (SANTOS, 1967)

Page 43: diagramação

4.4 Abstração

Abstração é a maneira pela qual a mente consegue individualizar e analisar

características essencialmente inseparáveis de um determinado objeto. Pode ser

considerada uma espécie de atenção aplicada. De uma bola pode ser analisada, por

abstração, exclusivamente a sua forma redonda. No entanto, a bola precisa ser

redonda para ser considerada como tal, e a forma redonda da bola requer o objeto

para existir. “As qualidades assim separadas mentalmente dizem-se abstratas e não

tendo, é claro, a mesma existência real das coisas concretas de onde as tiramos.”

(SANTOS, 1967)

4.5 Raciocínio

Raciocínio, elemento fundamental do pensamento, é responsável pela forma

como a mente consegue abstrair ideias e comparar informações, avaliando premissas

e chegando a conclusões.

4.6 Linguagem

Linguagem são sistemas de sinais percebidos pelos sentidos que servem

como meio de comunicação de pensamentos, sentimentos ou ideias, através de

gestos, sons ou textos.

4.6.1 Elementos da comunicação

Emissor – aquele que codifica e envia a mensagem;

Receptor – aquele que recebe e decodifica a mensagem;

Mensagem – conteúdo transmitido pelo emissor;

Código – conjunto de sinais utilizados na emissão e recepção da mensagem;

Canal – meio pelo qual a mensagem circula.

Page 44: diagramação

5 INTERFACES ENTRE A PSICOLOGIA COGNITIVA E OS PROCESSOS DE

REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Os diversos estudos sobre cognição humana e ciência da informação

apontam uma forte tendência para o contexto da recuperação da informação.

Ingwersen (1996) coordenou diversas pesquisas sobre a interação entre a cognição

humana e os sistemas de recuperação da informação. Porém, atentos a isto, alguns

estudiosos perceberam que não apenas no processo de recuperação da informação o

estudo da cognição humana poderia contribuir, mas também nos processos

intelectuais que o antecedem. Para Capurro (1991), citado por Neves (2006), “[...] os

seres humanos são processadores biológicos de informação”. A mente humana

processa informação o tempo todo. Logo, conhecer seus mecanismos implica

compreender todas as fases desse processo. Neves (2006) defende esta ideia ao

afirmar que

“Seja na recuperação ou no processamento técnico da informação, esse

conceito agrega todas as ações realizadas pelos profissionais da informação

envolvendo atividades cognitivas.”

O conhecimento empírico, aquele adquirido através das experiências de

vida, vai anteceder e interferir diretamente em todas as atividades, intelectuais ou

não, desenvolvidas pelo ser humano. Para compreender de que forma isso vai

interferir na representação da informação, é interessante analisar o processo de

formação do conhecimento.

Por meio da percepção, a mente organiza dados e atribui-lhes um sentido

lógico, capaz de ser compreendido. Os dados percebidos e ordenados transformam-se

em informação, e através da memória a mente pode adquirí-la e armazená-la, para

então interpretá-la, utilizando sua capacidade de raciocinar. Ao aplicar esta

Page 45: diagramação

informação em fins concretos, por vezes através da linguagem, a mente terá

impressões resultantes de seus próprios esforços. Esse conjunto de impressões é o

que se entende por conhecimento, sendo que este não poderá ser repassado para

outrem de forma exata. O conhecimento pode ser, assim, considerado como uma

espécie de propriedade, e só poderá ser externalizado através de informações que,

devido a possíveis influências do conhecimento empírico daquele que as recebe, não

necessariamente representarão o reflexo do seu precussor, podendo levar a um

conhecimento diferente daquele que o originou.

Figura 1 – estrutura do processo de formação do conhecimento

Indexação é o ato de representar as informações contidas num documento através de

termos, ou descritores. Estes descritores devem ser selecionados de acordo com

diversos critérios, como a política de indexação adotada pela instituição e o tipo de

usuário. Para selecionar descritores, a mente abstrai as informações contidas num

determinado documento, e raciocina sobre a relevância dos termos quanto ao seu

conteúdo geral. Se o indexador concluir que estes descritores representam as

informações gerais ali contidas, deve-se avaliar o interesse do usuário, e a linguagem

Page 46: diagramação

utilizada por este, para assim determinar que descritores devem ser utilizados. Para

indexar documentos textuais é fácil para a mente trabalhar de forma uniforme, já

que o conteúdo ali descrito será sempre o mesmo. A dificuldade de se alcançar um

padrão pode surgir sobre um possível conflito entre o interesse do indexador e o do

usuário.

Ao analisar uma imagem, podemos acrescentar mais alguns fatores que dificultam

esse processo. Um deles, talvez o principal, é o fato de que

“a imagem é polissêmica, isso é, pode ter diversos significados. Estes, por sua vez, estão inseridos em dois grupos designados denotativos e conotativos. Os denotativos referem-se àquilo que a imagem representa com ¨certa precisão¨, no seu sentido real; os conotativos, àquilo que a imagem pode interpretar em um determinado contexto, em um sentido figurado, simbólico.” (RODRIGUES, 2007)

Essa polissemia imagética vai implicar numa variedade praticamente

infinita de interpretações acerca de uma mesma imagem, e consequentemente uma

variedade imensa de análises e possíveis descritores. Nesse contexto, Rodrigues

(2007) sugere que a imagem não deve ser apenas indexada, mas também

tematizada. Tematização é o meio pelo qual o indexador insere uma determinada

imagem num contexto diferente daquele que é mostrado. É uma tradução conotativa

das informações apresentadas, que deve ser necessariamente relacionada ao sentido

denotativo da imagem. No entanto,

“a tematização de uma imagem não deve ser confundida com a indexação ou classificação dessa imagem. Uma foto de uma criança chorando sozinha numa praia, por exemplo, pode ser indexada por CRIANÇA, CHORO, MAR etc. Todavia essa foto pode ser contextualizada (tematizada) para ilustrar matérias de diferentes conteúdos temáticos como, por exemplo, CRIANÇAS ABANDONADAS, FOME, CRIANÇAS MANHOSAS, ACIDENTES INFANTIS etc. Na base de dados, sob a expressão tematizada CRIANÇAS ABANDONADAS poderão vir centenas de termos que indexam outras fotos de assuntos os mais diversos, mas que podem ilustrar o tema CRIANÇAS ABANDONADAS como, por exemplo, ORFANATOS, MENDIGOS, FLANELINHAS etc.” (RODRIGUES, 2007)

Page 47: diagramação

Numa abordagem cognitiva, podemos concluir que numa tematização,

diferentemente da indexação, utilizamos da mente os mecanismos de associação por

contiguidade, já que iremos abstrair sobre os elementos denotativos mostrados na

imagem, e transportar a uma ideia que não necessariamente está representada.

Sendo o interesse a lei básica da associação (SANTOS, 1967), esse processo vai ser

diretamente influenciado pelo conhecimento empírico do indexador, uma vez que a

associação age de forma espontânea. Assim, da mesma forma que na indexação,

deve-se considerar, a priori, o interesse do usuário, tendo cautela no momento em

que se tem uma impressão sobre o conteúdo informacional de uma determinada

imagem.

A representação temática vai ser influenciada pelos mesmos processos. Ao

classificar um documento, faz-se necessária uma análise do conteúdo informacional

do mesmo. Ou seja, internamente indexamos e/ou tematizamos o documento, para

depois definir o local onde este vai se enquadrar num acervo. Além disso, pode-se

destacar que a própria classificação, decimal ou não, é fruto de uma abstração. Ao

dividirmos o conhecimento humano em partes, interligadas entre si, mas que podem

ser estudadas individualmente, utilizamos claramente do processo de abstração. As

ciências podem ser consideradas o maior exemplo da capacidade de abstração do ser

humano. Considerando que a Geografia, a Física e a Química, por exemplo,

constituem elementos de um mesmo universo, abstraímos para que possamos

enxergá-las e compreendê-las como Ciências, ou seja, de forma individual.

Page 48: diagramação

Figura 2 – mapa conceitual sobre os processos de cognição e de representação da

informação

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A representação da informação, assim como qualquer outra atividade

intelectual desenvolvida pelo ser humano, exige uma gama de mecanismos

cognitivos para se concretizarem. Através das problemáticas apontadas em seus

processos, vê-se que há um grande leque de possibilidades de estudo ligados à

cognição humana e suas implicações. Seja na indexação de documentos textuais e

imagéticos ou na representação temática, parece haver uma emergente tendência

por parte dos estudiosos no estudo de esquemas mentais que auxiliem numa

metodologia que abarque todos esses processos. Mas para isso, faz-se necessário

estudos específicos e aplicados a cada processo, que envolvam todas as suas

possibilidades. Deve-se, então, entender as formas como a mente funciona, para

assim buscar formas práticas de metodologias de análise.

Page 49: diagramação

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Page 51: diagramação

ATUAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES GERADORAS DE CONHECIMENTO NAPRESERVAÇÃO E MEMÓRIA DA SOCIEDADE: PRESERVAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DO

PATRIMÔNIO HISTÓRICOCULTURAL DO INSTITUTO RICARDO BRENNAND

Thiago Leite Graduando no curso de Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco

Resumo: O seguinte trabalho aborda as funcionalidades do Instituto Ricardo Brennand, bem como sua contribuição para a conservação, preservação e disseminação da memória e informação. Mostrando um pouco da tradição familiar e criação do centro cultural, ainda vê-se um pouco da história e vida de seu idealizador, constando a situação atual do Instituto. Palavras-chave: Memória, Informação, Tradição, Museu, Cultura.

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho apresentado explora as funcionalidades culturais que visam a

preservação da memória que o Instituto Ricardo Brennand, localizado no bairro da

Várzea, em Recife – PE, abriga. Foi criado pelo colecionador Ricardo Brennand e

possui acervos de obras de arte de diferentes épocas abrangendo desde a Europa

Medieval do século XV, o Brasil Colonial e a Invasão Holandesa até o Brasil do Séc.

XIX.

O instituto também abriga exposições no interior do castelo, em contraponto

com a afirmação arcaica de que: Nas exposições não havia preocupação com a

comunicação e a educação, inexistindo textos explicativos e etiquetas informativas

alusivos aos objetos exibidos, pois se presumia que os visitantes convidados eram

conhecedores dos temas expostos. Esses espaços constituíam-se em uma sala de

curiosidades, que serviam para deleite e contemplação de uma elite culta e

dominante (BINA, 2007, p. 2).

Aqui iremos mostrar um pouco da utilização da Biblioteca, Pinacoteca, do acervo de

armas e dos serviços como os eventos que ocorrem no Castelo do Museu.

1.1 O instituto

Figura 1. Vista aérea do Castelo.

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Um dos marcos arquitetônicos do nordeste está localizado no Recife,

formado por um enorme misto de eixos culturais que proporcionam a sociedade uma

grande bagagem de informações, produzidos pelos mais diversos movimentos

desenvolvidos ao longo da história. Assim, defini-se o Instituto Ricardo Brennand,

local de visitas escolares e universitárias, centro de preservação de acervo pessoal e

histórico e um local turístico e paisagístico da cidade, e que:

O simples ato de preservar, isolado, descontextualizado, sem objetivo de uso, significa um ato de indiferença, um "peso morto", no sentido de ausência de compromisso. Entendemos o ato de preservar como instrumento de cidadania, como um ato político e, assim sendo, um ato transformador, proporcionando a apropriação plena do bem pelo sujeito, na exploração de todo o seu potencial, na integração entre bem e sujeito, num processo de continuidade (SANTOS, 2009, p. 68).

Vê-se nitidamente que os ideais dos institutos que visam preservar e

disseminar a memória e a informação, não é apenas o status organizacional, e sim a

difusão da informação contida em seu acervo, disponibilizando-as a sociedade

qualquer que seja ela. Este é o intuito de interagir com a comunidade,

proporcionando cultura através da preservação da informação armazenada.

1.2 Ricardo Brennand

Nascido em 27 março de 1927 na Usina Santo Inácio na atual cidade do Cabo

de Santo Agostinho, Ricardo Brennand mudou-se aos quatro anos para o Engenho da

Várzea, já no Recife. Oriundo de tradicional família inglesa estudou em nobres

colégios da cidade, como o Marista e o Oswaldo Cruz. Obteve fluência das línguas

inglesa e alemã por ter um acompanhamento de uma perceptora que lhe ensinava.

Formado em Engenharia Civil e Engenharia Mecânica, pela Universidade

Federal de Pernambuco – UFPE casou, no mesmo ano, com Graça Maria Monteiro e

teve oito filhos. Sempre se dedicando ao ramo dos negócios que sua família

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desenvolvera como indústrias de vidro, de aço, cimento, porcelana e açúcar,

Brennand tinha por hobby colecionar armas, sempre as adquirindo através de leilões

em museus e através de coleções particulares nos lugares em que viajava como

Europa e Ásia. O empresário decide vender algumas fábricas para partir para outro

investimento, uma sociedade sem fins lucrativos. Daí surgiu à idéia de fundação do

Instituto Ricardo Brennand, que com muita garra e competência, surgiu por meio do

conselho deliberativo que Brennand realizou. Participavam deste conselho, Nélida

Piñon, Affonso Emílio Massot, Joaquim Falcão e Edson Nery da Fonseca dentre

outros. Todos, figuras importantes na sociedade.

Figura 2. Ricardo Brennand

2 A BIBLIOTECA DO INSTITUTO RICARDO BRENNAND

Ocupando uma área de 274m² do espaço da Pinacoteca, a Biblioteca tem

como ênfase a história do período Brasil – holandês e abriga cerca de 20.000 itens

em seu cervo que tem capacidade para 100 mil volumes. Composto por livros,

opúsculos, periódicos, partituras, discos, fotografias, álbuns iconográficos e obras

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raras, o acervo disponibiliza ao público em geral as coleções particulares do seu

fundador Ricardo Brennand. De grande valor histórico e cultural, servindo de base

para pesquisas, o acervo tem a contribuição do pesquisador pernambucano José

Antonio Gonçalves de Mello enfatizando o período Brasil -holandês, do

bibliotecário-documentalista pernambucano Edson Nery, especialista nos assuntos

relacionados à Gilberto Freyre, e do Pe. Jaime Cavalcanti Diniz, musicólogo e um

grande estudioso do período colonial.

Na coleção de Obras Raras, podem-se observar obras dos séculos XVI ao XX,

onde não são facilmente encontradas em outras bibliotecas e arquivos da cidade. A

coleção tem como tema principal livros sobre o Brasil, escritos por viajantes dos

séculos XVII ao XIX, e livros escritos nos períodos coloniais e imperiais, obras de

grande interesse para a pesquisa histórica, artística, cultural, política, de costumes,

de história natural, etc. Vê-se que a Biblioteca do Instituto Ricardo Brennand abriga

materiais que enriquecem e preservam a memória do Brasil – holandês,

contribuindo para sua disseminação para com o público pernambucano e aos

visitantes.

Figura 3. Entrada do castelo de armas

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3. A PINACOTECA DO INSTITUTO RICARDO BRENNAND

Inaugurada com a exposição internacional “Albert Eckhout, volta ao Brasil

1644-2002”, em setembro de 2002, a Pinacoteca do Instituto coloca Pernambuco no

eixo das grandes e importantes exposições Nacionais e Internacionais. Com

capacidade de comportar até duas mostras simultaneamente, o salão expositivo com

1.200 m² dispõe de equipamentos de alta tecnologia, capaz de controlar a

temperatura e preservar a umidade, além de obter uma boa luminosidade e

segurança. A Pinacoteca também de dispõe de um foyer (auditório com capacidade

para 100 pessoas), banheiros, reserva técnica, loja, cafeteria e a biblioteca como já foi

citado. Existe também a sala do conselho que é reservada para eventos.

Outras exposições que ocuparam a Pinacoteca foram as mostras: “Frans Post

e o Brasil Holandês”, “Paisagem Brasileira do Século XIX” e “O Julgamento de Nicolas

Fouquet”.

Figura 4. Exposição na pinacoteca

Page 57: diagramação

4. O CASTELO DE ARMAS

Através do acervo pessoal que Ricardo Brennand foi colecionando há mais

de cinqüenta anos, absorvendo estilos de obras de arte de variadas épocas e de

diversas procedências, assim foi criado o acervo de armas. As peças que compõem o

acervo vêm de países da Europa, Ásia, América e África. De suma importância e

riqueza para a história, estas peças refletem o seu valor em relação à preservação e

representação de épocas, de indivíduos e locais as quais pertenceram, e que hoje,

continuam sendo preservadas com bastante zelo. Um acervo pessoal pode ser

entendido por:

Um fluxo de acontecimentos, isto é, uma sucessão de eventos, que se realizam fora do estoque, na mente de algum ser pensante e em determinado espaço social. É um caminho subjetivo e diferenciado para cada indivíduo (BARRETO, 2002, p. 68).

Ao visitar o acervo não somente de armas, mas cada peça, detalhe físico do

castelo do Instituto, é perceptível que em todos eles há um pouco das memórias das

viagens aos locais onde foram adquiridas as peças que hoje compõem o acervo. O

registro do conhecimento é feito através da memória viva, onde os indivíduos viram

usuários e onda há visitas periódicas.

Figura 5. Armas brancas

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5. ARMARIA, TAPEÇARIA, ARTES DECORATIVAS, ESCULTURA E MOBILIÁRIO

Também no castelo de armas, podemos recordar tempos antigos, através do

mobiliário e artigos decorativos existentes no Castelo do Museu. Há castiçais,

candelabros, jarros, figuras em mosaicos, miniaturas de cofres e peças decorativas

relembrando a arte Européia. Os relógios emprestam sua beleza para uma

combinação coma manufatura dos tapetes franceses do século XVIII. Nas gravuras,

sempre se vê batalhas de cavalarias e cenas religiosas de época. O mobiliário chama

atenção para o estilo gótico, sem esquecer as peças em carvalho e nogueira, com

estantes francesas e cadeiras e tronos de couro.

As esculturas se misturam a beleza das armas, esta contendo mais de três

mil peças, fabricadas em diversos países e divididas em caça, guerra, proteção

pessoal e exibição, defensivas e ofensivas, armaduras para cavaleiros e cavalos.

Damos Destaque para as facas e canivetes de exibição da cutelaria Joseph Rodgers &

Sons Limited, fundada em 1724, em Sheffield, Inglaterra, que funcionou até meados

do século XX. As pinturas, expostas no quadros espalhados na parede, em sua

maioria são do pintor holandês Frans Post. Visto que o Recife possui grande

influência holandesa desde o período de Maurício de Nassau, onde grande parte do

nordeste foi invadida pela Holanda.

Figura 6. Pintura e mobiliário

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6. OS SERVIÇOS E AÇÕES EDUCATIVAS OFERECIDOS PELO INSTITUTO

As ações educativas foram sendo desenvolvidas com alunos das escolas

públicas e particulares de Pernambuco, abrangendo da educação infantil ao ensino

médio desde a exposição “Alberto Eckhout volta ao Brasil 1640-2002”, e, até hoje,

vêm desenvolvendo atividades culturais, ciclos de debates, mini-cursos e encontros a

fim de promover a percepção e sensibilização da sociedade para a arte, a cultura e a

importância deste conhecimento. Estas atividades tendem a mostrar a tradição

cultural dando continuidade à disseminação da informação que foi memorada pelo

IRB. Ocorrem visitas monitoradas com o público, onde é possível que o artista caso

esteja no local, ou o próprio monitor, faça uma breve explicação das obras expostas.

O IRB, em seu website diz:

Pensamos a mediação como possibilidade de estabelecer essa

relação de formação lançando mão de estratégias e procedimentos

pedagógicos e recursos e materiais didáticos. A mediação como

passagem, recorrendo a essa metáfora, lançamos mão da imagem do

“passante”, passageiro, ou ainda do “estrangeiro”. Figura do

espectador, que transita em territórios múltiplos e diversos. O

Transito entre dois territórios constitui-se na construção de um

novo espaço de apreciação e de possibilidade de formação

(INSTITUTO RICARDO BRENNAND, 2006).

Notável a importância e preocupação de difundir cada vez mais a memória,

que muitas vezes não é levada em forma de cultura por bibliotecas, museus e centro

culturais as pessoas que não atentas, perdem por aprender a apreciar tal benefício.

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CONCLUSÃO

A proposta de demonstrar a importância que o IRB (Instituto Ricardo

Brennand), dispõe para a sociedade pernambucana através da preservação e

disseminação da história, memória e informação através do conhecimento, foi

colocada não somente por parte da biblioteconomia, mas também da museologia e

da história, ciências estas, correlatas que, se unindo, fortalecem o conhecimento e se

completam em suas diversidades. Com a proposta de divulgação, e através de uma

entidade que realiza os processos oriundos a preservação da memória da sociedade,

assim foram disponibilizadas informações e imagens deste patrimônio

histórico-cultural.

RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BURCKHARDT, Eduardo. Paisagens do tempo de Nassau. Revista Época, São Paulo,

Edição especial 70 -71, p. 1- 2, 23 out. 2003.

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ambos no bairro da Várzea,são ótimas justificativas para dar as costas à orla de

Recife. Revista Gol, São Paulo, set. 2005.

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On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em:

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ANEXOS

Fotos

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PRESERVAÇÃO DO ACERVO HISTÓRICO DA OFICINA GUAIANASES DE GRAVURAS

Amélia Mendes Graduando em Biblioteconomia pela UFPE, estagiária do Tribunal de Justiça de Pernambuco.

[email protected]

Charlene Santos Graduando em Biblioteconomia pela UFPE, estagiária do SEBRAE/PE.

[email protected]

Pietro Santiago Graduando em Biblioteconomia pela UFPE, estagiária do Tribunal de Justiça de Pernambuco.

[email protected]

RESUMO: Apresenta os passos realizados para preservação e acesso à informação por meio da disponibilização digital de litogravuras através do projeto Arte e Tecnologia: cuidando da memória, realizado com o apoio do Dptº de Ciência da Informação. O resgate possibilitou o acesso a um dos mais importantes acervos documentais e históricos da memória artística de Pernambuco, no século XX, disponibilizando obras produzidas por artistas pernambucanos na Oficina Guaianases de Gravura, entre as décadas de 70 e 90. Hoje depositadas na Biblioteca Joaquim Cardozo, da Universidade Federal de Pernambuco, as gravuras documentam o passado do trabalho artístico em litogravuras brasileiras, representando importante instrumento de ensino, base para pesquisa na área de história das artes e fonte de informação para toda comunidade acadêmica. Palavras Chave: Preservação da memória. Técnicas de conservação. Litogravuras. Litografia. Oficina Guaianases de gravuras.

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1 INTRODUÇÃO

‘Dentre as inúmeras facetas da Ciência da Informação, encontraremos nesse

trabalho um dos víéis mais importantes na construção histórico-cultural de um povo,

a memória. Resguardada desde os primórdios das civilizações através das pinturas

rupestres, passando pelos mais diversos suportes, como as tábuas de argilas,

pergaminhos, códices, livros até chegarmos hoje ao meio digital, a necessidade de

preservar a história das civilizações sempre foi uma das grandes preocupações ao

longo do curso percorrido pela humanidade.

Nesse contexto, preservar é a palavra-chave quando pensamos em memória,

remetendo à idéia de proteção, cuidado, respeito. Preservar não é apenas guardar

algo, mas também fazer levantamentos, cadastramentos, inventários, registros, etc.

(MAIA, 2003, p.39).

Existe uma concordância eminente entre os teóricos das diversas áreas do

conhecimento no que seria preservar, e na necessidade de fazê-lo, observa-se isso

desde a Carta de Burra apresentada na Austrália nos anos 80.

“A preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural é

necessária, pois esse patrimônio é o testemunho vivo da herança

cultural de gerações passadas que exerce papel fundamental no

momento presente e se projeta para o futuro, transmitindo às

gerações por vir as referências de um tempo e de um espaço

singulares, que jamais serão revividos, mas revisitados, criando a

consciência da intercomunicabilidade da história.” (CARTA DE

BURRA, 1980).

De acordo com Santos (2003) preservação é um conjunto de procedimento e

medidas destinadas a assegurar a proteção física dos arquivos, bibliotecas etc. contra

agentes de deterioração.

No mesmo sentido LOPES, SANTOS, DUARTE (2010), entende a

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preservação como um ato ou efeito de preservar alguma coisa contra agentes que

possa danificar os artefatos que apresenta a memória de um determinado povo.

Ao tratar de preservação Borbinha (2002) antecipa que a fidedignidade das

informações originais dos documentos tem que ser mantidas, para que a veracidade

das informações também sirva de argumento para sua preservação.

“Preservar a muito deixou de ser apenas uma questão de manter em

bom estado de conservação física os suportes em que a informação

é registrada. Quem tem por função preservar informação registra,

mesmo em ambiente tradicional, dominado pelo suporte de papel,

saber que preservar implica também garantir que a informação

permaneça completa, inteligível, utilizável para os propósitos que

justificam a sua conservação continuada.”

(BORBINHA, et. al. 2002, p.79)

Entendemos que, a importância de preservar informações em quaisquer

tipos de suporte provem da necessidade de resguardar o passado, no intuito de

entender o presente e fazer prospecções ao futuro com base nas experiências

vivenciadas anteriormente.

“[...] tem o dever de considerar livros, manuscritos, imagens e sons

produzidos no passado como instrumentos para a construção de

uma compreensão ampla do tempo presente, garantindo a cada

povo e nação uma identidade cultural integrada e legítima, diversa e

unitária.” (CASTRO,2006)

Ao analisar a literatura sobre o tema, observamos que a informação a ser

preservada, esta confinada num tipo especifico de suporte, que por sua vez estão

armazenados em locais conhecidos por lugares de memória, que na perspectiva de

Pierre Nora(1993) são ambientes criados quando a tradição é suplantada pela

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modernização, onde a memória esta cristalizada nos arquivos, museus, bibliotecas e

galerias de artes.

Aprofundando nessa ambiência Pierre Nora (1993), classifica e conceitua

lugares de memória segundo as perspectivas de suas reflexões.

“os lugares de memória são, em primeiro lugar, lugares em uma

tríplice acepção: são lugares materiais onde a memória social se

ancora e pode ser apreendida pelos sentidos; são lugares funcionais

porque tem ou adquiriram a função de alicerçar memórias coletivas

e são lugares simbólicos onde essa memória coletiva – vale dizer,

essa identidade - se expressa e se revela. São, portanto, lugares

carregados de uma vontade de memória.” (NORA, 1993, p.15).

Em contrapartida Oliveira e Santos (????), afirma que:

“os “lugares de memória” não são apenas físicos, são também

mentais, espaços imaginários onde quase não há preocupação

utilitária, onde habitam coisas e não seres. Esses “lugares”, refúgios

para os indícios, as marcas, os sinais do que se passou, permitiriam

uma visão, ou melhor, uma “re-visão” da memória, pois, através do

que neles está contido, nos seria possível apreciar o que é lembrado

ou esquecido em relação ao passado.(OLIVEIRA e SANTOS, (????))

Acreditamos que a biblioteca se configura num lugar de memória, assim a

preservação desses vestígios históricos, deve ser uma das prioridades na missão de

uma instituição que lida com a informação.

Segundo Pinheiro (2000), a informação em arte é o estudo da representação

do conteúdo informacional nela contida, a partir de sua análise e interpretações,

nesse sentido, a obra artística é uma fonte de informação.

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Ciente desses conceitos e preocupações o Departamento de Ciência da

Informação da UFPE, ao tomar conhecimento do estado de acondicionamento da

coleção de litogravuras2 da Oficina Guaianases de Gravura, desenvolveu na Biblioteca

Joaquim Cardoso, no Centro de Artes e Comunicação da UFPE, o projeto Arte e

Tecnologia: cuidando da memória.

2 HISTÓRICO DA OGG

A Oficina Guaianases de Gravura (OGG), foi uma casa-editora dedicada à

prática da gravura artística, especialmente a litografia, surgiu em 1974, por iniciativa

do artista plástico João Câmara. No início, o grupo era composto por oito artistas que

se reuniam no ateliê do pintor, então na Rua Guaianases, em Campo Grande, na

cidade do Recife. Aos poucos, foram se agregando artistas já conhecidos como, Gil

Vicente, Guita Charifker, Ariano Suassuna, Samico e muitos outros. O volume

crescente de associados levou o coletivo a se organizar como uma sociedade sem fins

lucrativos e a se mudar para um espaço maior.

Em 1980 passou a funcionar no mercado da Ribeira, em Olinda, não só como

ateliê, mas também como um espaço voltado à promoção da gravura.

A primeira mostra da Guaianases foi realizada em 1978, em Recife, na Galeria

Abelardo Rodrigues. No ano de 1979, o grupo expôs em Curitiba, Rio de Janeiro e

Belo Horizonte.

O Grupo dissolveu-se um pouco antes de 1995 quando a OGG, que já

havia se consolidado como uma entidade produtiva de reconhecimento nacional,

considerou que suas atividades, na modalidade proposta, já haviam sido cumpridas,

seus sócios fundadores resolveram doar à Universidade Federal de Pernambuco –

UFPE, sob a gerência do Departamento de Teoria da Arte, as litogravuras produzidas

na oficina e os seus equipamentos.

____________________________________________________

2Processo ou método de impressão que consiste em desenhar ou escrever com tinta graxenta sobre uma

placa de pedra calcária, para posterior reprodução em papel.

Page 68: diagramação

No novo endereço, a Guaianases é chamada de Laboratório Oficina

Guaianases de Gravura (LOGG) foi ampliada nas suas atividades, atendendo Cursos

de Graduação, Atividades de Extensão; Atividades de Pesquisa e Projetos Especiais.

3 O PROJETO

O projeto “Arte e tecnologia: cuidando da memória“ foi financiado pela

Petrobrás, e coordenado pela Profa. Dra. do Departamento de Ciência da Informação

da Universidade Federal de Pernambuco, Maria Mercedes Dias Ferreira Otero, com

coordenação técnica do (LACRE-UFPE) Laboratório de Conservação, Restauração e

Encadernação da UFPE, por meio do especialista Eutrópio Bezerra.Teve como

objetivo preservar, conservar e divulgar a coleção de litogravuras da OGG,

organizando o arquivo de gravuras e dando tratamento digital ao acervo, para

disponibilizá-lo à comunidade acadêmica e ao público em geral.

A necessidade da preservação dos documentos e a escolha adequada da

tecnologia digital para propiciar um atendimento rápido e eficiente na recuperação

das informações, foram as preocupações norteadoras para o desenvolvimento dos

trabalhos. Essas preocupações foram respondidas através do suporte técnico das

equipes de trabalho formadaspor professores, especialistas em conservação e

restauração, alunos de biblioteconomia e de história da arte.

Para a concretização do projeto foram definidas as seguintes etapas:

Identificação e análise das gravuras, conservação, acondicionamento, arquivamento,

digitalização, organização do banco de dados e divulgação dos produtos.

Foram realizadas atividades complementares, efetuadas através de seis

palestras de cunho pedagógico sobre o projeto, direcionadas a alunos de escolas

públicas e a comunidade acadêmica, seu conteúdo abordou a história do papel, com

noções básicas sobre preservação, conservação e restauração de documentos. Incluía

também visita as instalações da Oficina de Litografia da UFPE e às instalações onde o

projeto foi desenvolvido.

Page 69: diagramação

Figura 1: Divulgação de palestra.

Predominantemente o acervo é composto por figuras humanas e paisagens,

a maioria em branco e preto. Dos 260 artistas identificados, 23 autorizaram a

disponibilização de suas obras na Internet. Representam 46% da coleção, ou seja,

929 imagens. A cessão de uso de imagens, de parte da coleção, viabilizou a

organização do Banco de Dados. Criou-se a página de abertura do Site que abriga,

atualmente, 800 obras. O acesso ao Site, dá se através do

Figura 2: Metadados descritivos

Page 70: diagramação

endereço eletrônico http://www.ufpe.br/guaianases/. Nele, cada litogravura

apresenta metadados descritivos, conforme exemplo apresentado a seguir:

Na arquitetura do banco de dados, foi utilizado o sistema CLIO, desenvolvido

para documentos históricos, e adaptado para abrigar as imagens da Coleção

Histórica da OGG. Este sistema foi desenvolvido pelo Laboratório LIBER do

Departamento de Ciência da Informação da UFPE, em parceria com o Centro de

Informática da mesma instituição.

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Controle ambiental

A temperatura e a umidade relativa são fatores que contribuem

fortemente para a deteorização de materiais bibliográficos - e neste caso,

iconográficos em suporte de papel - além de favorecer a proliferação de agentes

biológicos (insetos, fungos etc.).A temperatura deve ser mantida entre 19º e 23º

centígrados e a umidade relativa do ar entre 50% e 55%.

Para a analise do ambiente foram utilizados termoigrômetros digitais,

através dos quais obteve-se dados, colhidos diariamente através de formulários,

que possibilitaram traçar os parâmetros de controle ambiental, tendo assim a idéia

precisa do grau de variação dessas duas medidas. Para este controle, foram

utilizados desumidificadores para refrear a umidade relativa do ambiente e

ar-condicionado para estabilizar a variação de temperatura.

Análise documental

O diagnóstico é o estudo pelo qual se identifica o estado de conservação em

que se encontram as obras.A partir deste estudo podemos identificar que tipo de

tratamento se destinará à obra, as intervenções nas mesmas.

Page 71: diagramação

A análise individual de cada litogravura foi feita pelos estagiários

juntamente com o técnico responsável e registraram-se nas fichas de identificação,

descriminando o nome do autor, título da obra, dimensões, número do registro e

localização.Não havendo o título descrito, atribuiu-se através do tema trabalhado na

obra.O estado de conservação, a presença de fungos, ondulações, danos mecânicos,

rasgos, manchas, enfim, todas as deteorizações encontradas também foram descritas

nestas fichas.

Intervenções preventivas nas obras

Após o diagnóstico, realizou-se o processo de higienização em todas as

obras, que consistiu na utilização de pó de borracha e algodão, removendo assim as

sujidades e fungos de modo superficial. Posteriormente identificaram-se obras em

que se fez necessário algumas intervenções para desacelerar o processo de

degradação das litogravuras e protegê-las contra os futuros danos, dentre os quais,

pequenos reparos, reforço estrutural com papel japonês e metilcelulose, e nas obras

mais danificadas optou-se por fazer um tratamento químico.

Acondicionamento

Esta etapa é fundamental para proteção dos documentos já

tratados. O procedimento padrão adotado foi o acondicionamento das obras em

envelopes, utilizando papel alcalino, filme de polietileno e fita transparet meding

tissue. Para o arquivamento do acervo de modo adequado utilizaram-se mapotecas

de aço, considerando as dimensões das litogravuras.

Digitalização

As 2.036 litogravuras foram digitalizadas por meio de câmara digital, com

resolução de 600 pixels por centímetro. Para tratamento das imagens utilizou-se o

Page 72: diagramação

programa Adobe™ Photoshop. Para a disponibilização das obras na Internet,

obteve-se autorização de 23 dos 260 artistas identificados, em um total de 929

imagens que encontram-se disponíveis no endereço eletrônico:

http//www.ufpe.br/guaianases.

5 DOS PRODUTOS E DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 EXPOSIÇÕES

Após o término das atividades do projeto, com o acervo higienizado e

restaurado, foram realizadas exposições, com o intuito de divulgar a coleção.

Exposição Guaianases de Gravura – Anos 70 - litogravuras produzidas na

Oficina Guaianases (1975 a 1980) da Coleção Histórica da Oficina

Guaianases (acervo UFPE) – No circuito de exposições Olinda Arte em toda

Parte no ano de 2008, No Ateliê das Artes – Varadouro, Olinda.

Exposição “Oficina Guaianases e Laboratório OGG da UFPE: Tradição e

Experimentação”, de 16 a 20 de Junho de 2008, no Consulado Geral do Brasil

em Nova York. Foram expostos 30 trabalhos distribuídos entre a temática da

ditadura e a sensualidade presente nos anos 70 para o colorido e o olhar dos

jovens artistas dos anos 80 e 90 do século XX, no Brasil, e trabalhos dos

professores que produzem no Laboratório Oficina Guaianases de Gravura

(OGG) da UFPE, entre as re-leituras de obras literárias e do próprio

movimento Guaianases como continuação das propostas de experimentação

em novos suportes e com novas temáticas.

Exposição Oficina Guaianases de Gravura - Anos 70, Fevereiro de 2009 na

Galeria Capibaribe, no Centro de Artes e Comunicação da UFPE.

Page 73: diagramação

5.2 O SITE

De interface simples é basicamente voltado para pesquisa e consulta. Os

interessados podem digitar o nome do artista cuja obra queiram conhecer numa

caixa de pesquisa, caso não souberem qual nome, precisarão consultar o link Lista de

artistas. Cada um dos gravuristas possui uma página com as imagens das suas

respectivas litogravuras que ficaram para a coleção, acompanhadas por uma ficha de

catalogação.

As imagens das obras podem ser vistas em formato ampliado. Trabalhos

raros, às vezes limitados às gavetas dos ateliês dos artistas, estão na página. O site do

projeto é o acesso mais aberto à coleção, uma vez que o acervo da UFPE, arquivado

na biblioteca do Centro de Artes e Comunicação (CAC), está restrito a estudantes da

UFPE e pesquisadores da área.

5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo as autoras do projeto:

É possível vislumbrar o impacto que este projeto de organização,

conservação e disponibilização da coleção de documentos históricos

e artísticos poderá provocar nos estudiosos de artes plásticas. A

importância do projeto está também no resgate e visualização do

acervo que retrata o trabalho de uma época em que figuram nomes

expressivos do cenário artístico nacional.

(CARVALHO; OTERO; BARBOSA, 2006, p.138)

Concluída a identificação e análise das 2.036 obras. Identificaram-se, dentre

elas, 260 artistas plásticos, autores de um total de 1.938 litogravuras. A autoria de 98

(noventa e oito) delas não foi reconhecida , por ausência de assinatura ou assinatura

ilegível.

Page 74: diagramação

REFERENCIAS

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Nacional, 1985. (Publicações Técnicas, 42).

BORBINHA, J.L ET AL. Manifesto para preservação digital. Cadernos de

Biblioteconomia, Arquivistica e Documentação: BAD, Lisboa, n.2, 2002.Disponível

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maio 2010.

CASTRO, C.A. Produção e circulação de livros no Brasil: os jesuítas (1550) aos

militares (1960). Encontros bibli: R.Eletronica de BIBLIO. CI. Infor. Florianópolis,

n.20, semest., 2005.

CHAVES, Paulo Azevedo. O grupo guaianases. Recife: s.n., 1978.

Conselho Internacional de Monumentos e Sítios( ICOMOS), Carta de Burra.

Austrália: [s.n.], 1980. Disponível em:<

<http://www.unisc.br/universidade/estrutura_administrativa/nucleos/npu/npu_pa

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em: 30 maio 2010.

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do nordeste na web. Disponível em:

<http://www.nordesteweb.com/not10_1206/ne_not_20061004b.htm>. Acesso em:

31 out. 2009.

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<http://www.ichca.ufal.br/graduacao/biblioteconomia/v1/isaac/preservacao-da-m

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MAIA, Felicia Assmar. Direito a memória: o patrimônio histórico artístico e cultural e

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http://www.espacoacademico.com.br/096/96oliveira_santos.htm>. Acesso em: 30

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WEBER, Hartmout. Preservação de acervos arquivísticos e materiais raros de

bibliotecas. In: A informação: tendências para o novo milênio. Brasília: IBICT, 1999.

Cap. 11, p.166-178.

Page 76: diagramação

A INFORMAÇÃO E AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO: SUBSÍDIOS PARA A TOMADA DE DECISÃO

Aurélio Fernando Ferreira

Aluno do curso de Gestão da Informação – UFPE. [email protected]

Resumo: A cada momento de nossas vidas estamos tomando decisões, e estando diante de uma sociedade mais globalizada que busca num âmbito organizacional e social uma crescente necessidade de maximizar ganhos e minimizar perdas, esta prática se torna mais importante e imprescindível, por conta disto a gestão da informação e o gestor da informação, profissional encarregado de, coletar, organizar, tratar e usar a informação deve cada vez mais entender métodos e procurar soluções para que o processo decisório seja mais aperfeiçoado. Diante deste cenário a tecnologia da informação torna-se um importante instrumento para a coleta e organização da informação facilitando e propiciando um melhor e mais rápido uso de informações, sobretudo de qualidade, para se obter sucesso na tomada de decisão. Diante de um ambiente favorável para o processo da tomada de decisão, falta ao decisor, organizar informações, planejar preferências e regras para através de uma abordagem, consciente e racional do estudo de cada caso em particular, poder tomar sua decisão, buscando sempre o melhor desempenho para ele próprio e para as organizações. Pretende-se por meio de uma abordagem de pesquisa bibliográfica fazer uma revisão da literatura em livros, revistas de periódicos, artigos, dissertações e etc. buscando diante da visão dos autores da área oferecer um conjunto de teorias e experiências práticas para que o profissional de gestão da informação possa: ler, analisar e encontrar alternativas para entender melhor o processo decisório, suas etapas e poder usá-las como subsídios para a tomada de decisão. Palavras-chave: Informação, Tomada de decisão, Tecnologia da informação, Processo decisório.

Page 77: diagramação

1 INTRODUÇÃO

Segundo Cautela e Polioni (1982), "A informação é considerada como o

ingrediente básico do qual dependem os processos de decisão". Na sociedade ou

numa organização esta regra se comprova diariamente, a todo o momento uma

decisão precisa ser tomada, e para tanto precisam-se de mais informações para

tomá-la, isso acontece geralmente quando estamos diante de um problema que

apresenta mais de uma alternativa de solução, mesmo quando para solucioná-lo,

possuímos uma única opção a seguir, poderemos ter a alternativa de adotar ou não

essa opção. Todo este processo de escolher o caminho mais adequado, também é

conhecido como tomada de decisão (REZENDE 2002).

Com os avanços tecnológicos advindos da sociedade da informação,

sobretudo avanços na comunicação que levaram a um processo de globalização da

economia, do aumento de competitividade organizacional e exigências dos clientes,

nossas decisões passaram a ser mais complexas. Hoje nossas decisões são mais

difíceis de serem tomadas e dispomos de menos tempo para isso.

Na tentativa de minimizar estes problemas, tornou-se necessário o uso de

várias ferramentas tecnológicas, bem como métodos para dar suporte ao processo de

tomada de decisão. Sendo imprescindível a criação de vários sistemas e diretrizes

capazes de proporcionar um auxílio para enfrentar os novos e crescentes desafios

cotidianos do nosso tempo.

2 A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO NO PROCESSO DECISÓRIO

Tomar decisões é uma prática presente no dia-a-dia de todos, a todo o

momento estamos tomando-as e em consequência disto o processo decisório nos

passa despercebido, assim como as ações que nos levam a tomar tais decisões. Diante

do ambiente globalizado e mais competitivo da sociedade contemporânea, buscamos

tomar decisões coerentes, abrangentes e rápidas. Decisões estas que devem buscar

maximizar ganhos e minimizar perdas, criando uma situação onde o decisor, possa

julgar que houve sucesso, comparando o estado inicial e o final onde se encontrará a

situação depois de implantada sua decisão.

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Para Gerletti Apud Simon (1970), a tomada de decisão é uma ação humana

e comportamental. Esta envolve a seleção, consciente ou inconsciente, de

determinadas informações e ações entre aquelas que são fisicamente possíveis para

o decisor e para aquelas pessoas sobre as quais ele exerce influência e autoridade.

Para Moritz e Pereira (2006), tomar decisões é uma atividade

eminentemente humana e essencial, para isso é preciso competência, calma e

coragem para tomá-las, pois neste processo sempre apostamos algo.

Diante do exposto, entendemos então que para ter uma boa tomada de

decisão, precisamos ter: informações pertinentes e contextualizadas, elaborar e

planejar etapas além de entender todo o processo e deter de capacidade e

competência para tomar uma decisão otimizada, isto é, que realize sua função no

menor tempo ou no menor número de passos possível.

Vários autores afirmam que as decisões baseadas em informação são

apenas tão boas quanto à informação nas quais elas estão baseadas, o que nos

permite entender a importância da qualidade da informação no processo decisório,

pois quanto mais tivermos informações qualitativas sobre os problemas, melhor será

a decisão tomada.

Para Ferreira (2010) a partir do reconhecimento de que a informação é um

elemento produtivo essencial e estratégico para pessoas, devida a importância que

ela passou a ter na sociedade e nas organizações, para grupos e instituições

exercerem suas atividades, o mercado de trabalho passou a exigir dos profissionais

da informação uma postura empreendedora para envidar esforços em prol de um

futuro promissor aos negócios, segundo Marchiori (2002, p. 84, 85) o profissional

encarregado de gerir a informação deve ser, sobretudo: competente e hábil para

atuar de modo eficiente e eficaz na aplicação de técnicas e conhecimentos no trato da

informação e na criação do conhecimento; ser compromissado para assumir

responsabilidades em relação às metas coletivas e organizacionais; ter uma visão

global e contextual para considerar todos os diferentes fatores econômicos, sociais,

culturais entre outros, que se inserem na prudente tomada de decisões dos negócios,

essa demanda foi suprida com a criação da Gestão da Informação.

Page 79: diagramação

Toda decisão basicamente é apoiada num sistema integrado de várias

partes importantes de processos e informações para a tomada de decisão. Esses

aspectos da interação entre as atividades dos gestores na tomada de decisões e as

informações são considerados por Mcgee e Prusak (1994, p.180) como algo

essencialmente entrelaçado e indissolúvel, ao afirmarem que:

“O papel do executivo [...] é tomar decisões sobre as atividades

diárias que levem ao sucesso num futuro incerto. Essa sempre foi

uma tarefa intimamente ligada à informação. Poderíamos dizer que

o slogan do moderno administrador seria: Se pelo menos

tivéssemos mais dados”.

Tanto nas idéias, quanto na citação acima, os autores deixam claro, a

importância que a informação tem na tomada de decisão, à medida que esclarece que

ter uma maior qualidade na quantidade de dados e informações, pode melhorar a

tomada de decisão dos atores do processo decisório, de maneira mais eficaz, rápida e

economicamente viável dentro da organização.

Um importante aspecto para os agentes do processo decisório é também

conhecer o ambiente onde devem coletar as informações para poder tomar a decisão

da melhor maneira, Para (Moresi, 2000), é de suma importância destacar que para

conhecer e atuar nesses ambientes é preciso ter informações que atendam a essas

finalidades. Para Guimarães e Évora 2004, é de suma importância que estas

informações apóiem a gerência ajudando o processo decisório, neste contexto dizem:

“No processo de trabalho, a tomada de decisão é considerada a

função que caracteriza o desempenho da gerência.

Independentemente do aspecto da decisão, esta atitude deve ser

fruto de um processo sistematizado, que envolve o estudo do

problema a partir de um levantamento de dados, produção de

informação, estabelecimento de propostas de soluções, escolha da

Page 80: diagramação

decisão, viabilização e implementação da decisão e análise dos

resultados obtidos”.

Esta definição e a interpretação dos conceitos e ideias podem nos mostrar

que tanto na sociedade quanto nas organizações sempre é esperado dos decisores,

diante de sua atuação no processo decisório, que o decisor tenha segurança e

racionalidade2 durante todo o processo e depois com sua implantação, sempre vão

esperar o melhor desempenho possível.

2 A racionalidade na tomada de decisão é segundo Bazerman, 2004, um conjunto de

premissas, que determinam como uma decisão deve ser tomada em vez de descrever

como uma decisão é tomada.

3 ETAPAS DO PROCESSO DECISÓRIO

Para Tonetto Apud Maule e Hodgkinson (2002), o ponto de partida para as

teorias sobre a tomada de decisão é o fato de que as pessoas têm uma capacidade

limitada para o trabalho mental. Para lidar com um mundo marcado por rápidas

mudanças, as pessoas desenvolveram modos simples de raciocinar. No que tange ao

julgamento e tomada de decisão.

Essa limitação dos atores deve-se ao fato de que os agentes têm tendências a

ter uma distorção tendenciosa dos fatos e informações, os chamados vieses, nesses

vieses os agentes tendem a usar regras criadas através de processos decisórios em

variadas situações e usando-as posteriormente em outras situações na tomada de

decisão, chamadas de heurísticas.

Tonetto et al. apud Plous (1993), conceitua as heurísticas como regras gerais

de influência utilizadas pelos sujeitos para chegar aos seus julgamentos em tarefas

decisórias de incerteza e cita, como vantagens de utilização, a redução do tempo e

dos esforços empreendidos para que sejam feitos julgamentos razoavelmente bons.

Apesar de parecer um processo maléfico, utilizar as heurísticas ajuda a

reduzir a complexidade das tarefas e encontrar probabilidades para transformar

Page 81: diagramação

valores em simples operações de julgamento. Esse processo é muito útil na empresa,

mas deve ser conduzido com cuidado, pois podem também levar a erros graves.

Segundo Robbins (2000) os decisores deveriam usar um processo racional

de tomada de decisão, ou seja, fazer escolhas consistentes, maximizando o valor

dentro de limitações específicas, que deveria seguir as seguintes etapas:

1. Definir o problema para entender melhor a decisão a ser tomada, para isso o

problema deve estar claro e com as informações completas. É importante ao

gerente reunir dados e informações e cumprir metas conhecidas e acordadas,

e ter todos os problemas devidamente formulados e definidos, dentro disto é

de grande importância o consenso entre os gerentes e todos os envolvidos

estarem, a par dos problemas e oportunidades existentes.

2. As informações coletadas devem dar maior certeza e para tanto devem estar

completas, após isso deve ser usado o processo racional e captar a

complexidade real dos eventos na organização.

3. Depois de iniciado o processo, após a coleta de informações, o agente precisa

entender que mesmo semelhante ou parecido com outras situações, todo

processo decisório deve ser encarado e abordado como uma nova situação e

diante disto, mesmo utilizando-se de heurísticas, fazê-lo de modo racional,

obedecendo a regras, critérios e etapas. É importante conhecer todos os

critérios de avaliação das alternativas, e assim selecionar a melhor, para isso

essa busca não deve ser limitada, sem restrições de recursos, pessoas e

informações.

4. Ao final é preciso tomar uma decisão, sem acomodação, ordenando

preferências, avaliando as alternativas e destinando valores o que aumentará

o alcance das metas que pretendem ser alcançadas com sua implementação.

O autor acima ainda alerta que para que este modelo possa ter um melhor

aproveitamento é necessário que a situação tenha as seguintes características:

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• Clareza do Problema (informações completas);

• Opções Conhecidas (critérios e alternativas);

• Preferências Claras (pesos dos critérios);

• Máxima Compensação na Alternativa Escolhida.

Já para Stoner e Freeman (1992) o processo racional de tomada de decisão pode

ser descrito de acordo com quatro grandes estágios:

1. Examinar a Situação (definir o problema, identificar os objetivos da decisão

e diagnosticar as causas);

2. Criar e Avaliar as Alternativas; O segundo modelo diferencia do primeiro

na sua última etapa, quando pressupõe que a decisão não é a etapa final do

processo decisório, é um processo que se alonga com o estudo dos seus

resultados para buscar uma melhoria contínua deste processo.

3. Escolher a Melhor Alternativa;

4. Implementar e Monitorar a Decisão.

Stoner e Freeman (1992) advertem, ainda, para o risco de que nenhuma

abordagem, por melhor que lhes possa parecer, pode garantir que o decisor, apoiado

nela, tome sempre a decisão correta.

Segundo Robbins (2000) uma vez que a capacidade humana para formular e

resolver problemas complexos é pequena demais para atender aos requisitos da

racionalidade plena, os

decisores operam dentro dos limites da “racionalidade delimitada”. Eles constroem

modelos simplificados que captam as características essenciais dos problemas sem

considerar toda sua complexidade.

Ainda para o mesmo autor, o modelo de racionalidade pode servir de base

para explicar como as decisões realmente são tomadas. Os decisores, uma vez

identificado um problema, começam a procurar critérios e alternativas em uma lista

que provavelmente esteja longe de ser exaustiva, sendo, então, formada pelos

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critérios e alternativas mais explícitas e fáceis de se encontrar e que tendem a estar

visíveis, já testadas e de aplicações comprovadas. A análise destas alternativas, por

sua vez, também não será abrangente e nem detalhada. Seguindo caminhos

conhecidos e bem trilhados, ele passará a continuar a análise apenas até identificar

uma que alcance um nível aceitável de desempenho. A primeira alternativa que

parecer suficientemente boa irá encerrará a procura e leva a uma alternativa de

acomodação ao invés de uma melhor escolha.

Entendemos então que a definição e implantação de etapas no processo

decisório sejam satisfatórias e que este seja mais racional em suas ações, o decisor

precisa frequentemente escolher entre diferentes alternativas, e estas, por sua vez,

devem se relacionar aos objetivos que pretendam ser almejados. O sucesso implica

na exaustiva comparação de caminhos distintos através da avaliação prévia dos

resultados decorrentes de cada um deles e do confronto entre tais resultados e os

objetivos que se deseja atingir.

4 AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO NO APOIO AO PROCESSO DECISÓRIO

Até agora vimos que tanto na sociedade como, sobretudo, no ambiente

organizacional, a tomada de decisão é vista como a função que caracteriza o

desempenho da gerência. Independentemente do aspecto da decisão, esta atitude é o

resultado do emprego de um processo sistematizado quase sempre em etapas bem

definidas, que envolve o estudo do problema a partir de um levantamento de dados,

produção de informação, estabelecimento de propostas de soluções, escolha da

decisão, viabilização e execução da decisão e análise dos resultados obtidos.

Para alguns autores como Bazerman (2004), afima que dispomos de

muitas tecnologias da informação para nos auxiliar na tomada de decisão, mas

apenas o ser humano é capaz de tomar decisões, que envolvam valores e

preferências.

Mas entendemos também que a tomada de decisão no âmbito organizacional

é diretamente afetada pela qualidade das decisões tomadas pelos agentes, em termos

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de eficácia e eficiência que por sua vez são influenciadas também pela qualidade das

informações geradas, agindo como um processo integrado e sistêmico. É inegável

dizer que diante de um mercado globalizado cada vez mais exigente e com menos

tempo para decidir, foi inevitável a criação de ferramentas para dar suporte e

agilizar as etapas do processo decisório, essas ferramentas de informação ou

tecnologias de informação, nasceram com o principal intuito de coletar, organizar e

ajudar os decisores a tomar suas decisões com maiores chances de sucesso em suas

escolhas.

Por muito tempo, as tecnologias da informação (TI), foram consideradas

um mero item de suporte à organização, que a princípio não gerava qualquer retorno

para o negócio.

As aplicações destas TI’s foram crescendo e se antes eram usadas apenas

para automatizar tarefas e eliminar o trabalho humano, aos poucos começou a

enriquecer todo o processo organizacional, auxiliando na otimização das atividades,

eliminando as barreiras de comunicação e assim por diante. Dentro, desse novo

cenário, as TI’s começaram a assumir um papel muito mais importante nas

organizações: o de fator de crescimento de lucros e de redução de custos

operacionais.

Para Guimarães e Évora (2004), os sistemas de informação nos ambientes

empresariais são constituídos do gerenciamento da informação, a partir do

levantamento das necessidades informacionais dos decisores, desde a coleta e

obtenção dos dados, a análise dos dados transformando-os em informação, a

distribuição da informação de acordo com as necessidades do decisor, a utilização

das informações pela sua inclusão no processo de trabalho e, finalmente, da

avaliação constante dos resultados obtidos e de redirecionamentos no sistema para

atender às demandas e antecipar as necessidades dos decisores.

Ainda para os autores, é importante destacar que os sistemas de

informação, com a interligação dos processos, sobretudo de informações, nas

organizações, têm tornado possível

Page 85: diagramação

e vem dar maior segurança para qualquer que seja o processo decisório nas

empresas, resultando em melhores decisões. Neste contexto a informação tem sido

empregada como mais um recurso para o desenvolvimento do processo de trabalho

nas organizações. A produção interna da informação e a utilização de fontes externas

à organização promovem a criação de sistemas de informação para sua identificação

e organização, propiciando condições mais adequadas para sua recuperação e

utilização na tomada de decisão, pois através dessas tecnologias e com mais

informações relevantes, o decisor pode direcionar uma melhor estratégia para a

tomada de decisão.

Diante destas estratégias, é possível constatar que a informação é mais um

recurso para a gerência nos ambientes empresariais e que todos os atores

envolvidos no processo de decisório devem ter a competência e capacidade de

conhecer e utilizar, da melhor maneira as tecnologias da informação para ter a

responsabilidade pela sua coleta, organização, distribuição e disponibilização.

Desta forma, um sistema de informação que sirva ao processo de trabalho

deve responder às demandas e necessidades dos diversos serviços e unidades da

instituição, resguardadas suas características e especificidades, podendo ser únicos

para a organização ou específicos para cada serviço, mas que o importante é que

possam atender a demanda da organização no seu dia a dia.

De acordo com Stair (1998) o Sistema de Informação pode ser

compreendido como uma série de elementos ou componentes inter relacionados que

coletam, manipulam, armazenam e disseminam os dados e as informações

fornecendo um mecanismo de retroalimentação. Segundo Laudon e Laudon (1998) o

Sistema de Informação é um conjunto de componentes que se relacionam na coleta,

processamento, armazenagem e distribuição da informação para apoiar a tomada de

decisão nas organizações. De acordo com Cautela e Polioni (1982), os Sistemas de

Informação são utilizados para prover informações, seja qual for o uso dessas na

organização.

Assim, pode-se, conceitualmente, pensar nesses sistemas sem

necessariamente ter um suporte computacional. Nas organizações os Sistemas de

Page 86: diagramação

Informação mais relevantes, devido à quantidade de informação e necessidade de

coleta, processamento e disseminação otimizados, são baseados em computador, ou

seja, utilizam a Tecnologia da Informação (a chamada TI) como suporte.

De acordo com Stair (1998), os Sistemas de Informação computacionais

utilizados nas organizações podem ser classificados em basicamente 5 tipos: Sistema

de Processamento de Transações (SPT) ou Sistema Transacional (ST), Sistema de

Informação Gerencial (SIG), Sistema de Informação Executiva (SIE), Sistema

Especialistas (SE) e Sistema de Apoio à Decisão (SAD).

• Sistema de Processamento de Transações (SPT) ou Sistema Transacional

(ST);

Tem por objetivo principal aumentar a eficiência do trabalho, reduzindo os

custos e o tempo de execução de uma transação, além de garantir controles mais

precisos e mais confiáveis no seu resultado final. As transações podem ser

processadas em lotes ou online. Transações em lote são inseridas e processadas no

sistema em intervalos regulares de tempo. Transações online, por sua vez, são

inseridas e processadas no mesmo momento em que vão acontecendo.

A utilização de sistemas de processamento de transações permite que as

empresas tornem-se mais eficientes e consequentemente mais competitivas. Essa foi

a primeira aplicação utilizando a tecnologia da informação para a maioria das

organizações.

Esse tipo de sistema é compreendido por um conjunto de pessoas,

procedimentos, bancos de dados e dispositivos (enfim, um sistema de informação)

utilizados para a automatização de qualquer atividade rotineira da organização,

como, por exemplo, vendas e folha de pagamentos.

• Sistema de Informação Gerencial (SIG);

É o que permite suprir os gerentes e os tomadores de decisões com informações

precisas e automáticas sobre as transações da organização. A principal fonte de

dados desse sistema é o sistema de processamento de transações. A saída do sistema

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de informações gerenciais é na maioria das vezes um conjunto de relatórios

consolidados de um determinado período. Esses tipos de sistemas disponibilizam

aos gerentes e administradores informações cotidianas precisas no auxílio à tomada

de decisão, dando, assim, condições para que o planejamento e o controle

operacional da organização sejam executados eficazmente.

• Sistema de Informação Executiva (SIE);

O SIE é um tipo de Sistema de Apoio à Decisão especializado que tem como

objetivo auxiliar os executivos de alto nível na tomada de decisão. Normalmente,

contém uma ampla base de dados estratégicos oriundos de informações

provenientes dos ambientes:

Inteligência Competitiva e Prospecção de Cenários. Tradicionalmente, o SIE era

utilizado por altos executivos, mas atualmente é utilizado por funcionários de

diversos níveis. Esse tipo de sistema é desenvolvido sob medida para os usuários

(inicialmente executivos, e atualmente profissionais de diversos níveis hierárquicos).

• Sistema Especialista (SE);

O SE tem aplicações baseadas em conhecimento de um ou mais especialistas com

o objetivo de auxiliar a solucionar os problemas e realizar tarefas como, por

exemplo, simular uma tomada de decisão. Segundo Keller (1981) o SE é um sistema

informatizado que utiliza amplamente o conhecimento baseado na experiência em

um assunto para solucionar tópicos de maneira inteligente, da mesma forma que um

especialista humano.

• Sistema de Apoio à Decisão (SAD);

O SAD fornece aos executivos diversas ferramentas de modelagem e análise

sobre informações obtidas de diversas fontes de dados na empresa, com o objetivo

de capacitar os usuários a solucionar problemas de forma integral.

Page 88: diagramação

Assim, de forma geral, os SPTs e SIGs fornecem relatórios impressos aos

gestores, os SADs e SIEs permitem aos tomadores de decisões pesquisar informações

e dados em busca de melhores alternativas e conseqüentemente tomar decisões mais

acertadas, e os SE dão suporte à tomada de decisão e aos processos empresariais de

valor adicionado em uma organização (SEIXAS, 2000).

Um importante conceito atualmente é o de Inteligência Competitiva (IC) e

muitos sistemas de informação baseados neste conceito têm surgido. De acordo com

Barbieri, o BI3, de forma geral, pode ser entendido com a utilização de variadas

fontes de informação para se definir estratégias de competitividade nos negócios da

empresa.

O objetivo maior do conceito ou da técnica de BI está na definição de regras

e técnicas para formatação adequada do grande volume de dados organizacionais,

visando transformá-los em depósitos estruturados de informações,

independentemente de sua origem (BARBIERI, 2001).

Observa-se que esse sistema mescla também características de SADs e diversos

outros tipos de sistemas. Os dados poderão vir das técnicas de garimpo de

informações e de amplas fontes conceituais, podendo ser modelados a partir de uma

área ou grupo na organização (IBID).

Um tipo de sistema que tem adquirido grande importância nos últimos anos

é o Sistema de Gestão do Conhecimento, que tem uma arquitetura próxima à do BI,

porém o escopo dos dados por ele integrados é voltado para informações referentes

ao aprendizado organizacional. É importante ressaltar, contudo, que nem sempre os

sistemas computacionais de informação podem ser enquadrados com exatidão em

uma dessas definições. Muitas vezes eles mesclam características distintas dos

outros principais tipos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao rever a literatura sobre a tomada de decisão e o processo decisório, é

importante destacar que é quase que um consenso, a opinião sobre a importância

que a informação tem desde a sua coleta passando por todo o processo até a decisão

final, sobretudo a informação de qualidade, esta tem influencia dentro de todo o

processo, e diante das novas tecnologias de informação, isso fica ainda mais evidente.

Um importante aspecto positivo é a grande quantidade de artigos, livros sobre o

assunto e o empenho de alguns em descrever todo o processo, fazendo de suas obras

quase um texto de auto-ajuda para os decisores. Tais atitudes acontecem pela

necessidade de alertar sobre regras de influência que tornam a acontecer,

prejudicando o processo decisório e frustrando os gestores diante de decisões mal

sucedidas, tais desilusões não devem ser encaradas como fracasso, mas como uma

oportunidade de aprender e de buscar sempre uma melhor capacitação para exercer

melhor esta importante atividade organizacional, social e pessoal.

REFERÊNCIAS

BARBIERI, C. BI – Business Intelligence: Modelagem & Tecnologia. Rio de Janeiro:

Excel Books do Brasil, 2001.

BAZERMAN, Max H. Processo Decisório. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. 228 p.

CAUTELA, A. L.; POLIONI, F. G. F. Sistemas de informação. São Paulo: Livros

científicos e técnicos, 1982.

FERREIRA, Aurélio Fernando. A gestão da informação e o papel do gestor da

informação: seus atributos, competências e qualificações. I ENEGI (Encontro de

estudos sobre ciência Tecnologia e gestão da informação – UFPE). Recife, 2010.

GERLETTI, Sérgio. Processo decisório estratégico na empresa industrial de

pequeno porte (EIPP): um estudo de caso. 2009. 182 f. Dissertação (Mestrado) -

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

Page 90: diagramação

GUIMARÃES, Eliane Marina Palhares; ÉVORA, Yolanda Dora Martinez. Sistema de

informação: instrumento para tomada de decisão no exercício da gerência. Ciência

da Informação, Brasília, v. 33, n. 1, p.72-80, jan./abr. 2004. Disponível em:

<http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/viewArticle/62/56>. Acesso em: 12

jan. 2010.

KELLER, R. Tecnologia de Sistemas Especialistas: desenvolvimento e aplicação.

São Paulo: McGraw-Hill, 1981.

LAUDON, Kenneth; LAUDON, Jane Price. Management Information Systems:

organization and technology. 4. ed. New Jersey: Prentice-Hall, 1996.

MARCHIORI, Patrícia Zeni. O curso de gestão da informação da Universidade Federal

do Paraná. Transinformação, Campinas, v. 14, n. 1, p.83-97, jan./jun. 2002.

Page 91: diagramação

FOTO-FRAGMENTOS DE MEMÓRIAS PESSOAIS: OLHAR DO ESTUDANTE DE BIBLIOTECONOMIA DA UFPE

Ruhana B. da S. Araújo Universidade Federal de Pernambuco. Dept° de Ciência da Informação.

Graduanda no 5° período do Curso de Biblioteconomia. [email protected]

Renata J. de Santana

Universidade Federal de Pernambuco. Dept° de Ciência da Informação. Graduanda no 5° período do Curso de Biblioteconomia.

[email protected]

Tatiane Vieira Gonçalves Universidade Federal de Pernambuco. Doutorando no PPGCOM/UFPE.

[email protected]

Diego A Salcedo Universidade Federal de Pernambuco. Doutorando no PPGCOM/UFPE.

[email protected]

Resumo: Este artigo trata acerca da aplicação de técnicas arquivísitcas nos acervos fotográficos pessoais dos discentes do curso de Biblioteconomia, da Universidade Federal de Pernambuco. A hegemonia das informações imagéticas, enquanto um dos principais recursos cognitivos, e a quantidade crescente de pesquisas com relação às imagens são duas características marcantes das sociedades contemporâneas. Faz-se necessário refletir sobre a fotografia, a sua arqueologia, mas, também, experimentar procedimentos que viabilizem a sua organização, representação e recuperação. Refazer o percurso de um acervo fotográfico pessoal é uma tarefa essencial à re-elaboração dos conhecimentos, das identidades e das memórias dos sujeitos-objetos. Propôs-se, como objetivo do trabalho, diversos encontros entre os discentes do curso, para que fossem realizadas a avaliação, a seleção e a organização das fotografias pessoais, de modo que permitiu-se visualizar a relação orgânica existente entre os acervos fotográficos. Utilizou-se uma metodologia pedagógica de leitura do referencial teórico, além de discussões em grupo, identificação documental e aplicação de algumas técnicas arquivísticas, tais como: descrição, classificação, arranjo e armazenagem. A conclusão dos trabalhos foi extremamente satisfatória, tanto no que diz respeito a competência técnica adquirida pelos discentes com relação a organização dos seus arquivos fotográficos pessoais, quanto com a criação da possibilidade da recuperação das memórias pessoais de maneira mais eficaz e efetiva. Palavras-chave: Fotografias Pessoais. Memória. Organização da Informação. Representação da Informação. Técnicas Arquivísticas.

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1. INTRODUÇÃO

Esse artigo trata-se de um relato da experiência dos estudantes de

biblioteconomia da UFPE haja vista a conclusão da disciplina Técnicas de Arquivo,

ministrada pelo professor Diego Salcedo, no ano de 2009.

Para cumprir o objetivo do trabalho, a aplicação de técnicas arquivísticas em

acervos fotográficos pessoais, foram realizados diversos encontros entre os

discentes do curso, para que fossem realizadas a avaliação, a seleção e a organização

das fotografias pessoais, de modo que se permitiu considerar a relação orgânica

existente entre os acervos fotográficos.

A preservação das fotografias é uma forma de manter resguardada a

memória, permitindo que futuras gerações tenham acesso à história contextualizada

na imagem, a qual nenhum texto poderia retratar. Característica inexorável das

sociedades contemporâneas, os recursos visuais, de comunicação se tornaram uma

das principais ferramentas para o resgate à memória histórica de instituições como o

estado, a igreja e também, a família.

Ressaltando a importância das foto-fragmentos, faz-se necessário refletir

sobre a fotografia, a sua arqueologia, mas também, experimentar procedimentos que

viabilizem a sua organização, representação e recuperação. Recompor o percurso de

um acervo fotográfico pessoal é uma tarefa essencial à re-elaboração dos

conhecimentos, das identidades e das memórias dos indivíduos.

O resultado dos trabalhos foi extremamente satisfatório, tanto no que diz

respeito à competência técnica adquirida pelos discentes, como também com relação

à organização dos seus arquivos fotográficos pessoais. Através dos procedimentos

arquivísticos que serão relatados neste artigo, foi possível verificar as possibilidades

de recuperação das memórias pessoais, e ainda, a conseqüente preservação do

registro da história-fragmento em suas respectivas foto-fragmentos.

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2. FOTOGRAFIA: UM BREVE HISTÓRICO

A imagem fotográfica surgiu no século XIX no contexto da Revolução

Industrial, onde o grande desenvolvimento tecnológico estava transformando a

sociedade nas grandes capitais européias e nos Estados Unidos. Numa época em que

como cita Mauad (1990, p.437), “o surgimento do telégrafo, a invenção do telefone,

da máquina a vapor, da lâmpada elétrica e dos automóveis criaram a idéia de um

admirável mundo novo, repleto de certezas e possibilidades”.

Pela sua característica inovadora - sendo um instrumento de informação, de

representação artística, pesquisa e também, por ter dado a possibilidade ao homem

de congelar um momento, ter um fragmento do real - teve sua importância

reconhecida pela sociedade, passando da modernidade à contemporaneidade. Com

isso, a imagem artesanal foi sendo substituída pela fotográfica. Ela foi responsável

pela ruptura do homem com as formas pré-fotográficas, como as pinturas, gravuras e

desenhos, determinando assim, um novo código visual e possibilitando ao mesmo,

uma nova forma de preservação da sua própria imagem.

Neste contexto, a fotografia passou a ter uma função social, pois representou

na imagem o que a sociedade vivia e ainda atuou como um meio de democratização

do conhecimento, uma vez que, disseminava a informação. Para Kossoy (2001, p.26),

“o mundo tornou-se de certa forma “familiar” após o advento da fotografia; O homem

passou a ter um conhecimento mais preciso e amplo de outras realidades que lhe

eram, até aquele momento, transmitidas unicamente pela tradição escrita, verbal e

pictórica”. Já Sontag (1981) afirma que “com a fotografia, o ser humano saiu da

caverna de Platão, passando a olhar com outros olhos a realidade”. A fotografia

mostra história, a estética, os costumes, as práticas políticas, sociais e religiosas do

indivíduo e da sociedade como um todo. Tornando possível através de estudos de

uma foto-fragmento retratar o passado, conhecer as histórias, emoções e situações

vividas por um povo e a partir de tais estudos compreender melhor o presente.

Segundo Brassai (1968, p.13):

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A fotografia tem um destino duplo... Ela é a filha do mundo aparente,

do instante vivido, e como tal guardará sempre algo do documento

histórico ou científico sobre ele; mas ela é também filha do

retângulo, um produto das belas-artes, o qual requer o

preenchimento agradável ou harmonioso do espaço com manchas

em preto e branco ou em cores. Neste sentido, a fotografia terá

sempre um pé no campo das artes gráficas e nunca será suscetível

de escapar deste fato.

O primeiro registro da fotografia surgiu na França em 1839, com a imagem A

mesa posta conseguida por Joseph Nicéphore Nièpce, que por meio da mistura de

várias fórmulas conseguiu fixar uma imagem positiva projetada no interior de uma

câmara escura depois de oito horas de exposição. Mas, foi Louis Jacques Mandé

Daguerre (1787-1857), que se tornou conhecido por ter desenvolvido o

daguerreótipo - aparelho que era capaz de fixar imagens obtidas no interior de uma

câmara escura, por meio de uma folha de prata sensibilizadora, sobre uma placa de

cobre. Este aparelho teve grande impacto na história da gravação da imagem, além

de ter dado origem ao verbo fotografar e ao adjetivo fotografado.

Mas a origem da fotografia estava sendo contestada pela Inglaterra, isso

porque o físico inglês William Henry Fox Talbot (1800-1877) havia descoberto no

mesmo tempo da invenção do daguerreótipo, seu processo de fixar imagens em

diferentes materiais. Buscando assim, descobrir um sistema negativo-positivo -

calótipo. Os dois processos de fotografia tinham valores distintos. Enquanto o

daguerreótipo tinha uma aceitação maior pela elite e pela burguesia e sua qualidade

de imagem era maior, o calótipo, a princípio, era rejeitado por oferecer uma imagem

de menor qualidade em relação ao outro método e por permitir que se fizessem

várias cópias de uma mesma fotografia, o que deixava o seu preço mais baixo e sua

técnica vulgarizada pela elite.

No entanto, com o passar do tempo o aparelho de Daguerre por oferecer

apenas uma única reprodução da imagem, entrou em declínio. Enquanto o calótipo

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por viabilizar várias cópias passou a ser a base da fotografia moderna. Como

conseqüência, a classe média passou a fazer mais uso da imagem fotográfica o que

aumentou a produção de retratos e o número de fotógrafos. Influenciando no

aperfeiçoamento das industriais de equipamentos e materiais sensíveis, até que os

equipamentos foram ficando portáteis e com uma tecnologia mais avançada.

A fotografia mudou a maneira que se encarava a produção artística, o que

gerou uma cultura de massa.

A fotografia trazia em si vários aspectos democratizantes.

Primeiro,um número muito maior de pessoas podia empreender

uma aventura, antes restrita a uma elite: a transformação de suas

emoções seus pensamentos, seu modo de ver numa imagem

passível de ser difundida, analisada e criticada. [...] Em segundo

lugar, a fotografia tornou possível a qualquer pessoa a posse de

imagens, e de início assumiu importância decisiva a posse da sua

própria imagem-seu retrato. (KUBRUSLY, 1991, p.10-11).

3. FOTO-FRAGMENTOS DE MEMÓRIAS PESSOAIS

O homem sempre buscou formas de guardar suas lembranças, registrar

momentos vividos, ter um elo entre o passado e o presente, fragmentar o real. A

fotografia lhe deu esta possibilidade. Poder reviver o passado, analisar através de

uma única imagem o vestuário, a arquitetura, o momento histórico de uma época.

Dentro do ambiente familiar, a imagem fotográfica é objeto de recordação, uma

marca do real, é um meio de reconstrução do passado.

Capturadas de forma descontínua e fragmentária, e agrupadas em

álbuns de família, as fotografias se transformaram em fios

condutores das memórias familiares. Representando, por vezes, o

último elo com um tempo já distante, elas ajudam a articular

passado e presente, recuperando vínculos entre sucessivas

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gerações. São as fotografias que possibilitam, em última instância, a

continuidade visual do passado. (SUTIL, 2008).

A fotografia familiar além de ser uma memória da família é também um

documento histórico que retrata a cultura de uma época.

É indiscutível a importância da fotografia como marca cultural de

uma época não só pelo passado ao qual ela nos remete, mas

também, e principalmente, pelo passado que ela traz à tona. Um

passado que revela, através do olhar fotográfico, um tempo e um

espaço que fazem sentido. Um sentido individual que envolve a

escolha efetivamente realizada e um coletivo que remete o sujeito a

sua época. A fotografia, assim compreendida, deixa de ser uma

imagem retida no tempo para se tornar uma mensagem que se

processa através do tempo. (MAUAD, 1990, p.437)

O ser humano tem a imagem fotográfica como um espelho. Ao se ver nessa

imagem ele se dar conta da passagem do tempo. Quem nunca olhou um albúm de

fotografias pessoais e se emocionou ao relembrar momentos felizes, amigos que

fizeram parte de sua trajetória, familiares queridos que não fazem mas parte do seu

convívio.

No culto da lembrança dos seres queridos, afastados ou

desaparecidos, o valor de culto das imagens encontra seu último

refúgio. Na expressão fugidia de um rosto humano, nas fotos

antigas, pela última vez emana a aura. É isto que lhes empresta

aquela melancólica beleza, que não pode ser comparada a nada.

(BENJAMIN, 1978, p. 220)

Assim, como assina Benjamin, fica clara a concepção da fotografia como uma

lembrança, uma maneira de estar próximo - por meio de uma realidade fragmentada

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- de pessoas que não estão mais presentes. Para Salcedo (2010, p. 16) o estar

próximo resulta, também, da análise do fragmento:

perceber em cada artefato uma possível arqueologia do documento.

Estudar sua origem documental, mas, também, as práticas

discursivas que o fazem ser o que é, em determinado momento

histórico. Perguntar o que ele tem a dizer. Tocar e aceitar a sua

tessitura. Tudo isso são formas interligadas de conhecer a imagem.

[…] que me traz conhecimento, me diz algo sobre o mundo, sobre os

Outros, sobre aquilo que não está sendo dito e sobre mim. Olho a

efeméride, o fato, o fragmento e vejo, às vezes, um passado com os

olhos de hoje. É meu direito. Mas sem esquecer os limites de onde

estou e falo, é, também, o meu dever.

Diante da importância das fotografias pessoais, que têm um grande valor

histórico, sentimental, e ainda atua como disseminadora de informação, uma vez que

carrega consigo um contexto e que fazendo-se uma análise do ambiente que foi

tirada, das pessoas que foram retratadas, do fotógrafo, da técnica utilizada, do estilo

das roupas, acessórios, estre outros, podemos ter as características de uma época, é

que se fazem necessárias técnicas de arquivo especializadas para este tipo de

documento.

Dando destaque as fotografias pessoais (que é o escopo do presente artigo),

e onde as práticas adequadas de preservação passam muitas vezes despercebidas

o que conseqüentemente acarreta na deteriorização do documento (neste caso a

fotografia). Dentre os fatores que danificam os documentos temos: o armazenamento

inadequado, materiais de acondicionamento impróprios, e práticas de manuseio

incorretas.

Quando se fala de ambientes de armazenamento tem que se ter em mente a

umidade relativa (UR) e a temperatura. Os altos níveis de UR estimulam reações

químicas prejudiciais. E quando estão acima de 60% aumenta a probabilidade da

germinação de esporos de fungos. Já os níveis baixos de UR podem causar a

deformação física das fotografias. Quando está abaixo de 30% a camada aglutinante e

o suporte podem ressecar, causando rachaduras, delaminação ou um estado

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quebradiço generalizado.

Para manter a fotografia bem acondicionada é preciso que seja feita a

monitoria da umidade relativa dentro do ambiente e também a monitoração da

iluminação. Dentre estes fatores que podem deteriorizar as fotografias ainda existem

os fatores biológicos que podem ser um fungo, um inseto e até um roedor. Para

manter a coleção fotográfica longe desses fatores biológicos é preciso que se tenha

cuidado com as condições de armazenamento. O ambiente tem que ter uma boa

condição de limpeza e sempre está sendo supervisionado.

Todo o cuidado para a preservação da memória fotográfica pessoal é pouco

diante da informação que o documento contém. A partir do momento que a foto é

conservada e armazenada seguindo técnicas adequadas, a recuperação da mesma é

feita de maneira eficaz e tudo o que ela representa (seja um objeto de lembrança

para uma pessoa, ou seja, uma fonte histórica para um pesquisador) é mantido para

as futuras gerações. É preciso que se tenha a consciência de que uma foto é mais que

uma imagem, ela é o registro de um momento vivido e que irá constituir uma

riquíssima fonte histórica.

O conhecimento das imagens, de sua origem, suas leis é uma das

chaves do nosso tempo. [...] É o meio também de julgar o passado

com olhos novos e pedir-lhe esclarecimentos condizentes com

nossas preocupações presentes, refazendo uma vez mais a história à

nossa medida, como é o direito e dever de cada geração.

(FRANCASTEL, 1972).

4. METODOLOGIA

Durante as aulas da disciplina Técnicas de Arquivo ministradas pelo

professor Diego Salcedo, no segundo semestre de 2009, na UFPE, tivemos acesso não

somente às técnicas, mas também às finalidades, espécies e funções de um sistema

arquivista.

Os princípios arquivistas admitem diversos métodos para atender as

premissas básicas que carecem os documentos em um sistema de arquivo. Em outras

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palavras, diversas são as técnicas empregadas durante o processo de arquivamento

de um determinado material. Tais escolhas vão depender de fatores como o tipo do

documento e a finalidade do mesmo.

Visto isso, pudemos observar a grande incidência, entre os teóricos do

assunto, em deter-se em explanações sobre os tipos mais comuns de arquivo,

geralmente institucionais. As grandes explicações sobre sistemas arquivistas

contemplam, em sua maioria, os arquivos particulares (de empresas privadas), e os

arquivos públicos (de órgãos das esferas municipais, estaduais e federais).

Não obstante, a partir da hipótese de que as técnicas de arquivo também

podem ser empregadas com sucesso no ambiente doméstico foi concebido este

trabalho. Chegando neste ponto, partimos em busca do entendimento acerca do

conjunto de informações gerados dentro da esfera domiciliar. Nesse sentido,

colocamos em questão a validade de algumas informações enquanto documento.

O documento se caracteriza como o registro da infromação

independentemente da natureza do suporte que a contém. Dessa forma, os alunos

trouxeram à sala de aula os mais diversos exemplos de documentos domésticos, tais

como conta de luz, água e outros, comprovante de pagamento dessas contas,

certidões originais de nascimento, casamento e óbito, cartas de familiares, além de

diplomas, contra-cheques e, sobretudo, fotografias.

Após essa exposição que demonstrou a gama de documentos produzidos no

ambiente doméstico, optamos pelos registros fotográficos para realizar as técnicas

arquivistas. As fotografias apresentaram, sem dúvida, o número maior de produção

de informação.

Ainda no formato impresso (advindas de máquinas analógicas) ou reveladas

a partir de máquinas digitais e celulares com câmera, as fotos comprovaram que seu

caráter documental é, além de forte, valorizado e estimado pelas famílias.

Nesse sentido, entendemos que elas precisam, enquanto documento de

família receber tratamento de um arquivo especializado (doméstico), afim de melhor

recuperar a informação mnemônica (a imagem subjetiva), e também o suporte dessa

imagem (o papel fotográfico).

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Para tanto, após a divisão dos alunos em equipes, expusemos para a sala que

decidimos, então, trabalhar com o nosso próprio acervo fotográfico. Em grupo,

discutimos sobre quais fotos iríamos trabalhar. É muito comum as fotografias

domésticas estarem agrupadas em álbuns. Contudo, todos nós possuíamos fotos que

se encontravam espalhadas sem qualquer organização e conseqüente preservação.

Algumas, expostas a todo tipo de claridade, apesar de serem recentes, apresentavam

papel fotográfico amarelado, além de dobraduras nas pontas (extremidades) da

borda.

O primeiro passo foi reunir todas as fotos soltas. Depois, decidimos que elas

deveriam ser guardadas em um tipo de plataforma de fácil manuseio e com

possibilidades de classificação. Decidimos pelas pastas classificatórias. As pastas

possuem divisórias e são constituídas por um material plástico. Durante a

classificação, optamos por organizar as fotografias em ordem cronológica, posto que

uma indexação excessivamente específica, como por assunto, exemplo “aniversários”

se tornaria insatisfatória, haja vista que, como foi posto aqui, o nosso material era

fotografias soltas, que na maioria das vezes, não fazia mais parte de um todo, de um

tema geral, elas precisariam funcionar sozinhas. Nesse sentido, escolhemos

separá-las pelo ano de cada fotografia.

Com um esforço da nossa memória e com ajuda também dos familiares,

datamos as fotos e percebemos que todas elas tratavam de eventos num tempo de

dez anos. Dentro das pastas classificatórias, estabelecemos dessa forma, uma linha

do tempo que compreendia os anos de 1999 a 2009, e então, para finalizar, pusemos

cada foto em sua respectiva classificação, como se pode ver nas imagens abaixo:

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Figura 1: Foto-fragmentos desorganizados (antes)

Fonte: acervo pessoal dos autores

Figura 2: Foto-fragmentos organizados (depois)

Fonte: acervo pessoal dos autores

Page 102: diagramação

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A preeminência do conhecimento imagético, como um dos recursos

cognitivos básicos e as pesquisas que vem sendo desenvolvidas em relação à imagem

são características importantes na atualidade. A imagem fotográfica, por exemplo, é

hoje um dos principais meios de comunicação humana.

Por meio da fotografia cria-se um “arquivo de vida”, com o registro de todos

os momentos discorridos importantes, sejam de caráter precisamente pessoal ou de

caráter coletivo, na perspectiva particular ou profissional. Os acervos pessoais de

foto-fragmentos são a memória, a história de períodos vividos. Percebe-se a

importância de preservar isso como forma de manter viva a cultura ou as

lembranças dos nossos antepassados.

As imagens fotográficas têm sido usadas em documentos técnico-científicos,

em vários tipos de mídias, como componente da elaboração de matérias

informativas, e tem aumentado, especialmente, nos últimos anos com o advento da

tecnologia digital fotográfica e a facilidade de armazenar imagens em bancos de

dados disponíveis na internet. Assim, a recuperação adequada dessas imagens se

tornou um fator preocupante para especialistas de múltiplas áreas do conhecimento,

e em particular para os profissionais da informação, que tem como missão oferecer

condições ideais de organização, armazenamento, e recuperação de informação.

Através das técnicas de arquivos percebemos a importância e a facilidade

em cuidar dos documentos familiares, nesse caso, as fotografias domésticas

impressas. As técnicas especializadas aplicadas garantem que os documentos,

sobretudo, não se percam. A ação do homem ainda é a grande responsável pela perda

e deterioração das imagens por não ser armazenada de forma adequada. A solução

das pastas classificadoras nos mostrou, assim, ser uma possibilidade simples e

acessível de remediar a dissolução da memória.

Page 103: diagramação

REFERÊNCIAS

BENJAMIN, Walter. A Obra de arte na época de sua responsabilidade. 2. ed. Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 1978. p. 220.

BRASSAI. New York. The Museum of Modern Art, 1968.

FRANCASTEL, Pierre. A realildade figurativa. São Paulo: Perspectiva, 1972.

KOSSOY, Boris. Fotografia e História. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.

KUBRUSLY, Cláudio. O que é fotografia. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.

MANINI, Miriam Paula. Análise documentária de imagens. Informação e Sociedade,

João Pessoa. v. 11, n. 1. Disponível em: <www.ies.ufpb.br>. Acessado em: 4 maio

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MARCONDES, Marli. Conservação e preservação de coleções fotográficas. Boletim

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MAUAD, Ana Maria. Sob o signo da imagem: a produção da fotografia e o controle

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Ciências Humanas, Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro.

MITSI, Marcia Eléia Manha; SOUZA, Maria Irene Pellegrino de Oliveira. A fotografia

como evidência histórica: retrato da família Mitsi. ENCONTRO NACIONAL DE

ESTUDOS DA IMAGEM, 2, 2009, Londrina. Disponível em:

<http://www.uel.br/eventos/eneimagem/anais/trabalhos/pdf/Mitisi_

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MUSTARDO, Peter; KENNEDY, Nora. Preservação de fotografias: métodos básicos

de salvaguardar suas coleções. 2. ed. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2001.

RODRIGUES, Ricardo Crisafulli. Análise e tematização da imagem fotográfica. Ciência

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SALCEDO, Diego Andres. A ciência nos selos postais comemorativos brasileiros:

1900-2000. 162 p. 2010. Dissertação. (Mestrado em Comunicação). Programa de

Pós-Graduação em Comunicão, Universidade Federal de Pernambuco, 2010.

SONTAG, Susan. Ensaios sobre a fotografia. Rio de Janeiro, Arbor, 1981.

SUTIL, Marcelo Saldanha Baracho; GONÇALVES, Maria Luiza. Fotos de estúdio:

imagens construídas. Rede da memória virtual brasileira. Disponível em:

<http://catalogos.bn.br/redememoria/fotosdeestudio.

html>. Acesso dia 5 maio 2010.

Page 105: diagramação

ESTUDO DA CONSTRUÇÃO E APLICAÇÃO DO TESAURO NA RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO DE TESES E

DISSERTAÇÕES DO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO URBANO

Jessica Monique de Lira Vieira

Universidade Federal de Pernambuco. Graduando em Biblioteconomia. [email protected]

Monick Trajano dos Santos

Universidade Federal de Pernambuco. Graduando em Biblioteconomia . [email protected]

Remi Correia Lapa

Universidade Federal de Pernambuco. Graduando em Biblioteconomia. [email protected]

Resumo: Os Sistemas de Recuperação de Informação (SRI) enfrentam dificuldades em recuperar informações relevantes que atendam a necessidade informacional de seus usuários. Sob esse contexto, o Tesauro pode servir como instrumento que venha a auxiliar na organização, representação e recuperação da informação. Este artigo tem como objetivo apresentar o processo de desenvolvimento e os principais resultados observados nas etapas de planejamento e elaboração de um tesauro através de um Estudo de Caso. A metodologia aplicada consta de revisão de literatura, escolha do programa de pós-graduação em Desenvolvimento Urbano, estudo sobre conceitos arquitetônicos da área de urbanismo, além de levantamento das palavras-chave encontradas nas teses e dissertações da BDTD-UFPE que foram observados. Os resultados observados indicam que a construção de um tesauro não finda em sua elaboração, é preciso que tenha um acompanhamento constante de um profissional responsável por incorporar novos termos. Palavras-chave: Recuperação da Informação. Tesauro. Linguagem Documentária. Organização da Informação.

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1. INTRODUÇÃO

A sociedade atual sofre com a crescente produção de documentos,

principalmente com os documentos no ambiente virtual, o que faz surgir uma

necessidade de organizar e recuperar a grande quantidade de informação gerada.

Este aumento e a dificuldade que ele acarreta são apontados por Wives (1999) apud

Araújo Júnior (2007) ao citar o aparecimento da Internet como fator que ampliou

sensivelmente a sobrecarga da informação, onde o crescente volume de dados não

favorece a recuperação de uma informação útil.

A grande quantidade de informação faz com que os Sistemas de

Recuperação de Informação (SRI) muitas vezes enfrentem dificuldades em recuperar

os documentos relevantes à busca realizada pelo usuário. Esta idéia é reforçada por

Baeza-Yates (1999) apud Gonzalez e Lima (2003) ao apontar como causa principal

da dificuldade em encontrar informações relevantes, o fato de haver muita

informação e a maioria irrelevante. De acordo com Lancaster (2004) o problema na

verdade não está na quantidade de documentos em si, mas em recuperar o máximo

de itens úteis quantos for possível, e o menos número possível de itens inúteis.

Portanto, percebe-se que para melhorar a recuperação da informação se faz

necessário um SRI que proporcione à recuperação, o maior número de documentos

relevantes a pesquisa dentro da necessidade expressa pelo usuário. Na visão de

Guedes (1994) a importância de se obter uma recuperação da informação relevante

está na quantidade de documentos disponíveis após a explosão bibliográfica e o

tempo limitado dos pesquisadores para buscar e assimilar informações, estes seriam

os problemas fundamentais na área de ciência da informação.

Alguns autores acreditam na possibilidade de melhorar a recuperação em

certas situações por meio da indexação, afirma Lancaster (2004). Sob este contexto,

Guedes (1994) menciona que nos sistemas de recuperação da informação, a

representação precisa do conteúdo temático de documentos é uma condição

primordial para a recuperação de documentos relevantes. Neste caso a indexação

assume um papel importante como afirma Bates (1998) apud Lancaster (2004) ao

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afirmar que o objetivo do indexador é tentar antecipar quais termos seriam

utilizados na busca pelas pessoas que possuem lacunas de informação.

Entretanto, as instituições possuem diferentes usuários, seja no grau de

instrução, necessidade informacional, faixa etária, localização geográfica, etc., o que

torna imprescindível que os termos sejam adequados a este usuário, como se pode

perceber na opinião de Hjorland (2001) apud Lancaster (2004) ao afirmar que a

indexação deve ser adaptada para se ajustar às necessidades de determinada

clientela.

Sendo o tesauro uma ferramenta que permite um controle dos termos

atribuídos na indexação, tornando-a mais eficaz, pode vir a exercer um grande papel

viabilizando entre outras coisas servir como instrumento de apoio a organização,

representação e recuperação de informações mais precisa de um grupo específico de

usuários.

Alguns dos benefícios da aplicação do tesauro esta em evitar que ocorram

erros comuns no processo de indexação, tais como: termos diferentes sendo

atribuídos por dois indexadores ao mesmo documento; o mesmo indexador atribuir

termos distintos para o mesmo documento, o que dificultaria sua localização. Estes

procedimentos acabam impossibilitando muitas vezes a recuperação de algum item

útil.

Diante destas dificuldades, o bibliotecário tem que adotar um

posicionamento crítico procurando sempre melhorar os serviços destinados a

oferecer uma informação de qualidade e que atenda às necessidades de sua clientela.

Esta consciência é percebida em Walter (2004) quando alerta para a revolução no

modo de agir e de interagir dos profissionais devido à implementação e rápida

difusão da Internet e das tecnologias de informação.

O profissional que lida com a informação tem que ter consciência que o

conhecimento que é formado pelo indivíduo é a assimilação da informação. E que ela

modifica o “estoque mental” deste indivíduo, trazendo tanto benefícios ao seu

desenvolvimento pessoal quanto da sociedade em que vive. Este conceito é

apresentado por Le Coadic (1996) ao afirmar que quando se constata uma carência

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ou anomalia dos estados de conhecimento, ocorre um estado anômalo de

conhecimento. Sendo assim, tenta-se obter uma informação ou informações que

corrigirão essa anomalia, resultando em um novo estado de conhecimento.

De acordo com Gonzalez e Lima (2003), a necessidade de informação é

considerada uma das necessidades fundamentais do ser humano. Portanto, o agente

mediador da informação deve direcioná-la tendo como propósito a produção de

conhecimento da sociedade. Nomeada por Le Coadic (1996) como „modelização

social‟, e formada por três processos: construção, comunicação e uso do

conhecimento.

Portanto, o estudo e a aplicação do tesauro como ferramenta para auxiliar a

indexação, pode ser de grande utilidade como um instrumento ao proporcionar ao

indexador um vocabulário controlado e ao usuário a localização e recuperação de

informações relevantes.

2. SISTEMAS DE RECUPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO

Nos dias atuais o volume de informações geradas e consumidas vem

aumentando aceleradamente, grande parte destas em meio digital. Dentre essa gama

de informações produzidas e acessadas diariamente, muitas são irrelevantes para

atender o usuário. Nesse contexto, os SRI têm como objetivo organizá-las para que

sejam disponibilizadas para o usuário apenas as informações úteis, atendendo desta

forma às suas necessidades.

Os Sistemas de Recuperação de Informação dizem respeito a um

sistema de operações interligadas para identificar, dentre um

grande conjunto de informações (uma base de dados, por exemplo),

aquelas que são de fato úteis, ou seja, que estão de acordo com a

demanda expressa pelo usuário. (ARAUJO JÚNIOR, 2007).

De acordo com Rowley (2002), os SRI são compostos por três etapas:

indexação, armazenamento e recuperação.

A indexação consiste no “processo de atribuir termos ou códigos de

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indexação a um registro ou documento, termos ou códigos esses que serão úteis,

posteriormente, na recuperação do documento ou registro” (ROWLEY, 2002). A

atribuição dos termos (palavras-chave) que irão representar os documentos pode

ser feita de forma intelectual ou manual, ou seja, realizada por seres humanos que

elegem, com base num julgamento subjetivo, termos capazes de representar as

informações; ou pode ser feita também automaticamente por computador que

seleciona, por meio de um conjunto de instruções programadas previamente, termos

mais freqüentes capazes de representar os documentos (ARAUJO JÚNIOR, 2007).

O armazenamento é a forma como os SRI guardam suas informações para

posteriormente serem recuperadas, e utiliza o próprio computador para armazenar

tanto os arquivos de documentos como para manutenção das bases de dados

(ROWLEY, 2002).

A recuperação consiste na etapa mais importante dos SRI, mas que depende

muito das outras etapas. Como afirma Araújo Júnior (2007), “a recuperação da

informação se dá pela comparação do que se solicitou com o que está armazenado.

Este processo possui como elementos vitais a indexação e o armazenamento”.

Segundo Rowley (2002), a recuperação envolve três etapas:

Aceitação de uma consulta como uma representação da necessidade de

informação, formulada pelo usuário;

Execução de uma comparação da consulta com os registros existentes

na base de dados, de forma a recuperar aquilo que atenda a necessidade

do usuário;

Produção como resultado a ser fornecido ao usuário, de um conjunto de

registros recuperados e que foram identificados com base nessa

comparação.

Para que o usuário tenha acesso à informação desejada é importante que ele

possua uma boa interação com o sistema. Esta interação ocorre através da consulta

ou busca que é a maneira de expressar sua necessidade ao sistema.

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A busca pode ser realizada de duas maneiras: através da Recuperação onde

o usuário expressa sua necessidade ao sistema em forma de questões ou

palavras-chave; ou através da navegação onde o usuário não propõe uma questão ao

sistema, mas navega (browsing) por categorias e entre os documentos em busca de

informações pertinentes, essa navegação pode ser realizada através dos modelos

estruturado, Plano ou hipertextual. Para cada um desses modos existem modelos

específicos.

Os SRI exercem sua função de forma satisfatória quando permitem a boa

interação do usuário com o sistema permitindo a recuperação de informações

relevantes de acordo com a necessidade do usuário, evitando o excesso de

informações não desejadas.

3. THESAURUS

As Linguagens Documentárias, mais especificamente o Tesauro, são uma

designação de um instrumento utilizado para organização, indexação e recuperação

da informação, podem ser de grande ajuda tanto na indexação dos termos que irão

compor a base de dados, efetuando o controle terminológico, como na recuperação

mais eficaz da informação.

O Tesauro surgiu da necessidade de manipular grandes quantidades de

documentos especializados. Era preciso trabalhar com um vocabulário mais

específico e com uma estrutura mais depurada do que aquela presente nos

cabeçalhos de assuntos (remissivas e referências cruzadas, por exemplo: ver

também). Assim, além da especificidade, cuidou-se de melhorar a estrutura, e as

referências cruzadas deram lugar às relações hierárquicas (vertical) e associativas

(horizontal). Pelo fato desse novo instrumento da documentação possibilitar, através

do agrupamento dos termos, o acesso a uma idéia, mesmo sem saber nomeá-la.

(GOMES, 1990, p. 16)

No início da década de 70, através do programa UNISIST (UNESCO, 1973, p.

6), passou-se a definir o tesauro sob dois aspectos:

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a) Segundo a estrutura: é um vocabulário controlado e dinâmico de termos

relacionados semântica e genericamente cobrindo um domínio específico do

conhecimento.

b) Segundo a função: é um dispossitivo de controle terminológico usado na

tradução da linguagem natural dos documentos, dos indexadores ou dos

usuários numa linguagem do sistema (linguagem de documentação,

linguagem de informação) mais restrita.

Podemos considerar os Tesauros, segundo Gomes (1999), como Linguagens..

Podemos considerar os Tesauros, segundo Gomes (1999), como Linguagens

Documentárias por serem constituídos de termos de um domínio e as relações entre

estes termos. O termo presente na linguagem do Tesauro são os termos habilitados

para indexação, sendo assim, não são termos de linguagem natural. Representam um

signo verbal que designa um referente, ou em um nível maior de abstração, um

conceito.

O controle terminológico feito pelo Tesauro consiste na adoção de

descritores que são os termos eleitos para representarem os conceitos, ou seja, os

termos preferidos para a indexação denominam-se descritores. Os termos

não-descritores são os termos não habilitados para indexação e recuperação da

informação, mas que podem orientar o usuário na recuperação do seu documento

orientando-o para o termo mais adequado. Além desses, existem ainda termos

denominados identificadores e modificadores: os identificadores representam

conceitos individuais; os modificadores são os termos que não são utilizados

isoladamente, e que possuem a função de esclarecer ou limitar o significado de

descritores. Os qualificadores são um tipo de modificador utilizado para diferenciar

homônimos.

Segundo (MIRANDA, 1990), os Tesauros apresentam três tipos de relações:

a) Relação de equivalência: estabelece-se entre termos que representam o

mesmo conceito, ou seja, entre termos sinônimos ou equivalentes. Esses

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termos são incluídos no Tesauro, mas apenas um deles será o descritor, os

outros termos serão considerados não-descritores. Essa relação é expressa

pelos símbolos, na língua inglesa, USE e UF (usado para).

b) Relação hierárquica: demonstra os graus de superordenação e subordinação

entre os conceitos. O termo superordenado (termo genérico - BT)

representa o conceito mais abrangente, do qual o termo subordinado (termo

específico - NT) é uma parte ou tipo. Representa-se esta relação através dos

símbolos, na língua inglesa, BT e NT.

c) Relação associativa: ocorre entre termos que não são equivalentes nem

formam uma hierarquia, mas são tão associados que se deve tornar esta

ligação explícita no tesauro para auxiliar na recuperação da informação. O

símbolo RT, na língua inglesa, representa esta relação.

O uso de categorias para o enquadramento de conceitos permite uma melhor

organização das hierarquias e um posicionamento mais adequado dos termos

associados aos conceitos. Sua aplicação na organização de conceitos em uma

determinada área de interesse foi introduzida por Ranganathan no âmbito da

documentação, a partir de sua teoria da classificação facetada, na qual utiliza a noção

de categoria para a análise dos assuntos contidos nos documentos.

Segundo Solto (2003) a Indexação pode deixar de usar de utilizar-se de um

termo porque o sistema não o permite, recomendando o uso de outro. Caso o

pesquisador faça uma busca pelo termo não aceito, certamente não encontrará o

documento indexado. Se por ventura o pesquisador consultar o tesauro, ele terá

maiores chances de encontrar o documento e ainda poderá visualizar outras formas

para pesquisa.

O uso do Tesauro nos Sistemas de Recuperação da Informação é sem dúvida uma

estratégia que muito pode ajudar na recuperação da informação, pois além do

controle terminológico permitem buscas com o nível de especificidade exigida pelo

usuário e sistematizado no Tesauro. Acolá, permitir ao usuário, mesmo sem saber o

termo específico de que necessita ser possível através do Tesauro encontrá-lo,

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devido a sua estrutura hierárquica em que os termos estão relacionados,

orientando-o para o assunto que deseja ou para outro mais pertinente.

4. METODOLOGIA

A metodologia foi dividida em duas etapas. A primeira consiste de uma

pesquisa explicativa de base qualitativa, que objetiva trazer a explicação de

prováveis relações existentes entre variáveis (KAHLMEYER-MERTENS, 2007), como

procedimento técnico foi realizado uma revisão de literatura, análise e discussão,

baseada em artigos, teses, dissertações e livros, que versem sobre SRI e Tesauros,

com o objetivo de servir de base para a construção de uma linguagem documentaria

e evidenciar a sua efetiva utilização no auxilio a indexação e recuperação de

informações.

Para a segunda etapa, onde foi realizada a construção do tesauro, o primeiro

procedimento foi delimitar o assunto escolhendo dentro da área do conhecimento de

Arquitetura e Urbanismo na página da Propesq2, o Programa de Pós-graduação em

Desenvolvimento Urbano (MDU). A etapa seguinte foi realizar uma pesquisa na Base

de Dados da BDTD da Universidade Federal de Pernambuco adquirindo uma

amostragem de cento e doze teses e dissertações, da área eleita para servir de

modelo a construção do tesauro. Em seguida, foi concretizado um levantamento de

todas as palavras-chaves encontradas nos artigos para posteriormente ser realizado

uma triagem através da ordem de freqüência em que apareciam, selecionando assim,

os termos compreendidos como de maior relevância para ser incorporados como

linguagem controlada. Para a finalização desta etapa foi aplicado um programa

OGMA3, que funciona como ferramenta de análise de texto e permite a apuração da

quantidade de ocorrência das palavras no texto.

__________________________________

2 http://www.propesq.ufpe.br/

3http://www.luizmaia.com.br/ogma/

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Outros termos foram incorporados à construção da linguagem controlada

sendo extraídos de dicionários ou tesauros especializados na área de arquitetura,

sendo pesquisados tanto no formato analógico quanto no digital.

Devido à dificuldade em serem localizados todos os descritores selecionados

nos passos anteriores, alguns verbetes foram consultados em outras fontes de

informação, como as enciclopédias virtuais, a exemplo da Wikipédia4.

Após a obtenção da definição de todos os termos selecionados como

descritores, o procedimento seguinte foi o de organizá-los segundo sua hierarquia e

associações. Para a execução deste procedimento foi adquirido, pela internet, o

programa The W for Java5, um software de código aberto que permite a elaboração

de um tesauro virtual ao estruturar os termos, que foram dispostos

hierarquicamente de acordo com suas relações através dos códigos, na língua

inglesa: BT (termo geral), NT (termo especifico), RT (termo associado), USE e USED

FOR.

Paralelamente foi sendo confeccionadas algumas ferramentas que podem

servir de auxílio ao usuário que for consultar um tesauro, como uma lista alfabética

(glossário), com todos os termos considerados como descritores, um mapa

conceitual e uma lista hierárquica.

5 RESULTADOS

Como resultados foram elaborados duas listas de termos controlados, uma

alfabética e outra hierárquica, que tem a função de servir como ferramenta para

orientar tanto o usuário a respeito dos descritores empregados na representação

temática dos documentos inseridos na área de arquitetura e urbanismo do programa

de Pós-Graduação da BDTD-UFPE, como para auxiliar o indexador no emprego da

linguagem controlada adotada pela instituição.

__________________________________

4http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil

5http://publish.uwo.ca/~craven/freeware.htm

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Esta idéia é apresentada por Bruzinga; Maculan e Lima (2007) ao afirmar

que na linguagem controlada, é utilizada uma lista de termos escolhidos, que possui a

função de só admitir uma forma de interpretação, possibilitando uma maior

padronização e rigor na utilização de termos.

Na lista alfabética estão presentes os relacionamentos entre os conceitos dos

descritores, dispostos antes dos termos e apresentados através dos códigos:

BT – para o Termo Geral;

NT – para o Termo Específico;

RT – para o Termo Relacionado;

USE – para o Termo Preferido.

UF – para o Termo não Preferido

A utilização destes indicadores tem a vantagem de orientar o usuário a

respeito do grau de abrangência sobre o assunto que está sendo pesquisado,

servindo como referencial para que seja consultado um termo mais geral, específico

ou mesmo relativo, permitindo que a pesquisa avance através de um descritor mais

adequado a sua necessidade informacional, como podemos observar no quadro

abaixo:

Lista alfabética

NT Projeto arquitetônico

USE Propriedade privada

RT Restauração da edificação

TG Teoria da arquitetura

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Outro mecanismo organizado, em virtude das pesquisas realizadas, foi um glossário

de um thesaurus arquitetônico formado por 49 verbetes. Cada verbete representa

um descritor (ou orienta para o termo preferido, quando se tratar de um

mal-descritor) empregados na representação temática juntamente com um breve

comentário, que pode ser conferido no quadro Glossário.

Glossário

E

EDIFICAÇÃO – Ação de edificar, de levantar; construção

EDIFICAÇÕES PRIVADAS USE PROPRIEDADE PRIVADA

EDIFICAÇÕES PÚBLICAS USE ESPAÇO PÚBLICO

ESCOLA PUBLICA – A escola como extensão do Estado, como um serviço público que o

Estado constitucionalmente é obrigado a prestar

ESPAÇO PÚBLICO UF EDIFICAÇÕES PÚBLICAS – É considerado como aquele que,

dentro do território urbano tradicional (especialmente nas cidades capitalistas, onde a

presença do privado é predominante), seja de uso comum e posse coletiva (pertence ao

poder público). A rua é considerada o espaço público por excelência.

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Ainda foi desenvolvido um mapa-conceitual como forma de representar,

graficamente em duas dimensões, os termos estabelecidos na linguagem controlada,

assim como suas relações que estão destacadas por meio de campos e setas

coloridas, obedecendo à legenda:

Em laranja está o TÍTULO;

Em amarelo está o BT;

Em vermelho está o NT;

Em verde está o NT do NT;

Em azul está o RT;

Em roxo está o USE

Mapa Conceitual

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Os elementos apresentados: lista alfabética de descritores; lista estruturada

hierarquicamente; mapa conceitual; glossário do thesaurus de arquitetura, todos

funcionam como mecanismos de auxílio ao usuário na realização da recuperação da

informação e podem ser apresentados ao usuário da biblioteca tanto no formato

analógico como no digital, utilizando-se o programa The W for Java foi desenvolvido

através dos materiais apresentados um Tesauro de Arquitetura em Formato Digital,

como ilustrado abaixo:

Tesauro de Arquitetura em Formato Digital

A estrutura esta apresentada na figura Tesauro de Arquitetura no Formato

Digital, e percebe-se que os descritores não são acompanhados de uma nota

explicativa, pois os termos: possuem significados suficientemente precisos e

unívocos; não são novos e nem pouco freqüentes na literatura; nem há intenção de

restringir o campo conceitual do termo.

A forma dos descritores segue a padronização do vocabulário orientada

pelos critérios:

a) Usar os descritores no singular, como recomenda a versão francesa da

ISSO 2788. O plural pode ser utilizado, se o singular não exprimir a

significação adequada do termo. Ex: Edificações Públicas.

b) Usar os descritores na língua original, quando for mais conhecido e

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freqüentemente utilizado nesse idioma.

c) Usar preferencialmente a sigla de uma instituição ou evento, remetendo

o nome completo para a sigla. Ex: CPC (UF Centro Popular de Cultura).

d) Existem descritores, que fazem parte das categorias gerais do

conhecimento, e os que fazem parte das áreas de especialização, que só

adquirem sentido no vocabulário por meio da pós-coordenação. Ex:

Edificação e Urbanismo. A pré-coordenação esta sendoadotada somente

quando se faz necessário maior precisão e objetividade na busca da

informação. Ex: Edificações Privadas.

6. CONCLUSÃO

Algumas das competências do bibliotecário estão relacionadas com as

técnicas de indexação, de elaboração, uso e acompanhamento das linguagens

documentárias. Portanto, é de responsabilidade do bibliotecário a inserção de novos

termos para que o Tesauro fique sempre atualizado de acordo com a evolução

linguística inerente a todas as áreas. Sendo assim, o profissional da informação por

compreender a estrutura do Tesauro deve assumir o compromisso de auxiliar e

orientar o usuário, objetivando otimizar os resultados de uso desta ferramenta.

Apresentam-se como uma das dificuldades encontradas na elaboração do

Tesauro voltado para o Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano, o

processo de seleção dos termos e a determinação do grau de hierarquia existente

entre eles. Como causa dos problemas no desenvolvimento do Tesauro, é apontado o

desconhecimento inicial das terminologias utilizadas na área, pois fazem parte de um

conhecimento específico de uma determinada área do conhecimento. Portanto, é

fundamental que o profissional antes de iniciar a construção de um Tesauro, procure

se familiarizar com os termos peculiares da área que será abordada. Tornando-se de

grande ajuda a realização de um curso teórico sobre o assunto, ou a obtenção de

auxílio de consultoria por parte de um profissional capacitado na área.

Uma das vantagens da aplicação do Tesauro por uma instituição é a

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orientação fornecida ao usuário pela própria estrutura hierárquica, que vai

encaminhando-o para o termo mais conveniente, permitindo assim que ele chegue

ao documento desejado, mesmo que não se saiba o termo específico que o SRI utiliza.

Além disso, proporciona ao usuário a visão hierárquica de um domínio específico,

permitindo que o usuário possa escolher o nível de especificidade da sua busca,

dentro das possibilidades da sistematização do Tesauro.

O tesauro pode ser utilizado como um instrumento de grande importância

para os SRI, pois auxilia tanto na indexação dos termos que irão compor a base de

dados, proporcionando um controle terminológico, como em uma recuperação mais

precisa, de forma a satisfazer a necessidade informacional do usuário por meio de

informações relevantes. O ideal é que os SRI possuam um tesauro que propicie ao

usuário conhecer como está organizada a informação, quais termos foram utilizados

para indexação, auxiliando no refinamento da busca, através da formulação de uma

consulta mais especifica que atenda a necessidade do usuário.

REFERÊNCIAS

ARAUJO JUNIOR, R. H. de. Precisão no processo de busca e recuperação da

informação. Brasília: Thesaurus, 2007.

GOMES, H. E. Manual de elaboração de tesauros monolíngues. Brasília: Programa

Nacional de Bibliotecas das Instituições de Ensino Superior, 1990. 78 p.

GONZALEZ, M.; LIMA, V. L. S. Recuperação de informação e processamento da

linguagem natural. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTAÇÃO,

23., 2003, Campinas. Anais da Jornada de Mini-Cursos de Inteligência Artificial,

3. Campinas: [s.n.], v. 3, p.347-395.

GUEDES, V. Estudo de um critério para indexação automática derivativa de textos

científicos e tecnológicos. Ciência da Informação, Brasília, v. 23, n. 3, p. 318-326,

set./dez. 1994.

KAHLMEYER-MERTENS, et al. Como elaborar projetos de pesquisa: Linguagem e

Page 121: diagramação

método. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007. (coleção FGV Pratica)

LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2. ed. ver. atual. Brasília:

Briquet de. Lemos, 2004.

LE COADIC, Y. F. A Ciência da Informação. tradução de Maria Yêda F. S. de

Filgueiras Gomes. Brasília: Briquet de Lemos, 1996

MIRANDA, L. M. C.; MEDEIROS, M. B.; SUJII, M. K. Elaboração de tesauros

utilizando-se o programa de elaboração de tesauros em microcomputador (Tecer).

Bibliotecon. Brasília, v. 18, n. 2, 1990. Disponível em:

<http://164.41.105.3/porta.../RBB/article/view/649/646>. Acesso em: 29 maio

2010.

ROGET, P. M. Thesaurus of English words and phrases. New York: Longmans,

1925. 691p.

ROWLEY, J. A biblioteca eletrônica. Brasília: Briquet de Lemos, 2002.

SOUTO, L. F. Recuperação de informação em bases de dados: usos de tesauro.

Transinformação, Campinas, v. 15 n. 1, jan./abr., 2003.

UNESCO. Guidelines for the establishment and development of monolingual

thesauri. [s.n.t]. 37p.

WALTER, M. T. M. T. Identidades, valores e mudanças: o poder da identidade

profissional:... Em Questão, Porto Alegre, v. 10, n. 2, p. 287-299, jul./dez. 2004.

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SELEÇÃO DE DESCRITORES PARA A INDEXAÇÃO AUTOMÁTICA DE TESES E DISSERTAÇÕES DA UFPE

Remi Correia Lapa

Universidade Federal de Pernambuco. Graduando em Biblioteconomia. [email protected]

Renato Fernandes Corrêa

Universidade Federal de Pernambuco. Doutor em Ciência da Computação. [email protected]

Resumo: Este artigo visa colaborar para a seleção de termos relevantes como descritores na indexação automática de teses e dissertações, processo importante na construção de um Sistema de Recuperação de Informação para a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFPE (BDTD-UFPE). A metodologia consta de revisão de literatura sobre indexação automática, levantamento e análise sobre palavras irrelevantes (stopwords) na indexação de textos em português, além de estudo e aplicação das leis e princípios da bibliometria na indexação de teses e dissertações da BDTD-UFPE, especificamente a primeira e segunda lei de Zipf e o Ponto de Transição (T) de Goffman, cujos focos de estudo são as „palavras‟. Percebe-se que cada instituição adota uma lista de palavras irrelevantes, portanto é importante que se construa para a BDTD-UFPE uma lista específica avaliando os descritores que não venham a atender suas necessidades. Conclui-se que: o emprego de uma lista de stopwords aumenta o coeficiente de precisão na seleção de bons descritores; a aplicação da bibliometria na indexação automática gera bons resultados para alguns documentos, entretanto ainda se torna imprescindível a intervenção humana para uma melhor indexação. Palavras-chave: Indexação Automática. Sistema de Recuperação de Informação. Stopwords. Lei de Zipf. Ponto de Transição de Goffman.

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1. INTRODUÇÃO

A importância do presente trabalho está fundamentado no valor que a

informação vem adquirindo ao longo dos anos, tornando-se um produto de extremo

valor para as instituições, fato corraborado por Araújo Júnior (2007) ao comentar

que qualquer organização nos dias de hoje tem seus métodos e processos, bem como

a sua ação administrativa, amplamente apoiados na gestão do seu fluxo

informacional.

Ainda de acordo com Araújo Júnior (2007), algumas instituições têm

demonstrado interesse e preocupação em investir em tarefas relacionadas ao

processamento da informação, como: a indexação, armazenamento e recuperação.

Estes três elementos formam, na opinião de Rowley (2002), as principais etapas na

construção de um Sistema de Recuperação de Informação (SRI).

Lancaster & Warner (1993), p.45 apud Souza (2006) cita que as tarefas de

um SRI são: aquisição e armazenamento de documentos; organização e indexação; e

distribuição e disseminação aos usuários. Destas etapas, a indexação hoje pode ser

compreendida como um processo essencial para que se realize uma recuperação

mais eficiente pelo usuário (Lancaster 2004), permitindo que sejam retornados

como resultado de uma busca num SRI documentos úteis para satisfazer a uma

determinada necessidade informacional, em detrimento da recuperação de itens

inúteis. Deste modo, melhorias no processo de indexação dos documentos permitem

um melhor suporte na recuperação da informação.

As investigações por melhoramentos no processo de recuperação da

informação, conforme comunica Araújo Júnior (2007), têm levado a uma série de

pesquisas sobre a utilização da indexação automática. De acordo com Lancaster

(2004), indexação automática é o processo que ocorre quando o computador é

utilizado para substituir, em certa medida, a indexação manual ou intelectual

realizada por um indexador.

Entre os estudos sobre indexação automática, destacamos o trabalho de

Lapa e Corrêa (2010) no levantamento de ferramentas para indexação automática, e

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os trabalhos de Mamfrim (1991); Robredo (1991); e Guedes (1994), nos estudos

bibliométricos aplicados às palavras. Estes estudos estão voltados para melhorar a

eficácia dos programas que realizam a indexação automática, objetivando torná-los

tão eficientes quanto à indexação manual.

Uma ferramenta muito utilizada no processo da indexação automática é a

lista de stopwords ou palavras irrelevantes, denominada stoplist. É aplicada visando

diminuir a representação do texto, ao descartar as palavras consideradas

irrelevantes, evitando que elas sejam selecionadas como descritores de um

documento, pois não apresentam conteúdo semântico que ajude na recuperação dos

mesmos.

A bibliometria apresenta diversas leis e princípios, entretanto os que

interessam ao estudo deste trabalho são: as leis de Zipf e o ponto de transição (T) de

Goffman, ambos com aplicações na indexação automática de artigos científicos.

Este artigo visa contribuir com métodos para a seleção e utilização de termos

relevantes na indexação automática de teses e dissertações, processo importante na

construção de um Sistema de Recuperação de Informação para a Biblioteca Digital de

Teses e Dissertações da UFPE (BDTD-UFPE).

2. REVISÃO DE LITERATURA

Na subseção 2.1 serão apresentados os conceitos relacionados à indexação

automática de documentos; em seguida, na subseção 2.2 serão apresentadas

ferramentas que auxiliam na indexação automática com ênfase no entendimento

sobre as listas de stopwords; seguindo adiante, na subseção 2.3 será explodo o estudo

e possíveis aplicações das leis e princípios da bibliometria na idexação automática de

documentos, porém sem levar em conta o contexto da BDTD-UFPE e das teses e

dissertações, tal contexto será explorado na seção resultados.

Page 125: diagramação

2.1 Indexação automática

A função do indexador é o de representar o assunto de um documento por

meio da aplicação de termos, as palavras-chave. Lancaster (2004) apresenta sua

compreensão da função do indexador, como sendo aquele que descreve o conteúdo

temático do documento empregando um ou vários termos, comumente selecionados

de algum tipo de vocabulário controlado. A esta forma de indexar, realizada pela

ação do homem, nomeia-se indexação manual ou indexação intelectual.

Apenas quando esta análise e extração de conceitos é realizada por

programas de computador (neste caso o texto precisa estar em formato eletrônico) é

que ocorre a indexação automática. Como se pode observar na definição de

indexação automática de Santos e Ribeiro (2003), que a apresenta como sendo

aquela onde o computador efetua a extração de palavras, expressões ou radicais de

palavras utilizadas para representar o conteúdo do texto como um todo. Opinião

semelhante possui Araújo Júnior (2007) ao descrever a indexação automática como

sendo qualquer procedimento que permita identificar e selecionar os descritores que

representam o assunto dos documentos sem a intervenção direta do homem.

Segundo Lancaster (2004), existe duas formas de indexação automática:

A indexação automática por extração – ocorre quando o documento é

indexado por um programa que adota critérios de freqüência, posição e

contexto com que as palavras aparecem no decorrer do texto para então

extraí-las como descritores. Para obter os descritores, o programa obedece

algumas regras como, por exemplo: eliminar os termos contidos na lista de

stopwords, impossibilitando-os de se tornarem descritores. A desvantagem

da utilização deste tipo de indexação está na possibilidade de obter

descritores inadequados para representar o assunto abordado no

documento.

Page 126: diagramação

A indexação automática por atribuição – consiste numa representação

temática por meio de termos selecionados de um vocabulário controlado

(tesauro ou lista alfabética). Mais complexa de ser executada pelo

computador, por necessitar de mais sensibilidade em perceber e atribuir o

termo mais adequado como descritor. O modo de ser realizada por

programas de computador é desenvolver, para cada termo a ser indexado

um “perfil” de palavras ou expressões que costumam ocorrer

freqüentemente nos documentos. Esse tipo de perfil, por exemplo, para o

termo chuva ácida. Incluiria expressões como chuva ácida, precipitação

ácida, poluição atmosférica, dióxido de enxofre, etc. Mas segundo O´Connor

(1965) apud Lancaster (2004), um dos problemas pode ser exemplificado na

dificuldade do computador em atribuir o descritor, TOXICIDADE, ao texto: „

dois dias depois de a substância haver sido ingerida surgiram diversos

sintomas‟ e que poderia facilmente ser percebida por um indexador

humano.

2.2 Ferramentas para indexação automática

Existem vários mecanismos utilizados para auxiliar na execução da

indexação automática. Como constatam Lapa e Corrêa (2010), tais mecanismos estão

relacionados à realização de operações sobre o texto de cada documento, com a

intenção de obter uma lista de termos abrangente o suficiente para abordar todos os

assuntos dos documentos.

Para Baeza-Yates (1999) apud Gonzalez & Lima (2003), as principais

operações, que auxiliam na redução da lista de termos, são: análise léxica – que

elimina dígitos, pontuação, etc.; eliminação de stopwords – artigos, preposições,

pronomes, conjunções e alguns adjetivos e advérbios; operação de stemming – que

reduz a palavra ao seu radical; seleção de termos de indexação – determina as

palavras que são empregadas como elementos de indexação (os substantivos são

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mais representativos).

Page 128: diagramação

Operações sobre o texto

Fonte: Adaptada de Baeza-Yates (1999) apud Gonzalez & Lima (2003)

Segundo Lapa e Corrêa (2010), para dar suporte às operações sobre o

texto, existem ferramentas específicas para indexação automática como: os parsers

(análise léxica); os taggers (etiquetadores); as listas de stopwords; e os stemmers

(radicalizadores).

Segundo Miorelli (2001) apud Souza (2005), as operações sobre o texto

podem ser percebidas e tratadas de forma sintática, onde a forma será privilegiada;

ou semântica, quando o significado das palavras é o elemento importante. Sendo

fundamental levar em consideração as terminologias empregadas pelos usuários que

praticarão a pesquisa, pois do contrário teriam dificuldade em realizar o processo de

busca, tornando o SRI pouco eficiente.

Das ferramentas utilizadas para melhorar a eficácia da indexação

automática, este trabalho se propõe a pesquisar a aplicação das listas de stopwords

no processo de seleção de descritores.

Conforme o conceito de Baeza-Yates (1999) apud Gonzalez e Lima (2003),

as stopwords são palavras operacionais, como artigos, pronomes, conjunções,

preposições e alguns adjetivos e advérbios. Robredo (1991) apresenta como

sinônimo para stopwords, a nomenclatura de palavras vazias (de significado).

Portanto, compreendemos stopwords como sendo palavras que não são consideradas

bons descritores, isto é palavras irrelevantes, visto que, seu emprego ocasionaria na

recuperação de uma quantidade enorme de documentos inúteis, obrigando ao

usuário consumir um tempo maior do que o necessário para localizar as informações

Page 129: diagramação

relevantes causando desta forma um contratempo desnecessário. Esta situação

acontece quando palavras que são aplicadas repetidamente no texto e não possuem

sentido semântico são indexadas.

A solução parece ser simples, todas as stopwords devem ser eliminadas.

Porém, existe um problema, um termo pode ser insignificante como descritor para

uma instituição e extremamente importante para outra. Portanto, as listas de

palavras irrelevantes (stoplists) devem ser produzidas observando-se a necessidade

da instituição que ela se propõe atender. Gonzalez e Lima (2003) apresentam outra

desvantagem quanto a sua utilização ao afirmar que com tal eliminação, corre-se o

risco de perder a estrutura composicional de expressões.

2.3 Bibliometria

De acordo com Guedes e Borschiver (2005) o conceito de bibliometria está

atrelado a um conjunto de leis e princípios empíricos que contribuem para

estabelecer os fundamentos teóricos da Ciência da Informação, abordando diversos

focos de estudo, como: periódicos, autores, palavras, citações e demanda de

informação, permitindo que sejam aproveitadas em diferentes situações. Entretanto,

existe um elemento comum às leis e princípios bibliométricos apresentada por Pao

(1989) apud Guedes e Borschiver (2005) no que se refere à aplicação de

procedimentos matemáticos e estatísticos para investigar e quantificar os processos

de comunicação escrita.

Para este trabalho interessam as Leis bibliométricas de Zipf e Goffman, pois

possuem focos de estudo voltados para a freqüência das palavras do texto, sendo

aplicadas principalmente na indexação automática de artigos científicos e

tecnológicos.

Segundo Vanti (2002), a Lei de Zipf, também conhecida por Lei do Mínimo Esforço,

consiste em medir a freqüência de ocorrência das palavras, gerando uma lista

ordenada de termos. Mamfrim (1991) demonstra o interesse de Zipf em analisar a

alta e baixa quantidade de ocorrências ao apresentar a Primeira Lei de Zipf operando

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em relação às palavras que tem alto número de repetições e a Segunda Lei para as de

baixa repetição, esta última aperfeiçoada por Booth passou a ser conhecida como Lei

de Zipf-Booth.

Guedes e Borschiver (2005) observaram que a Lei que opera sobre as

palavras repetidas várias vezes, atuando num texto suficientemente longo, produz

uma relação entre a freqüência em que uma dada palavra ocorre e sua posição na

lista de palavras ordenadas segundo sua freqüência de ocorrência (rank). Zipf, de

acordo com Guedes (1994), verificou uma constante (c) formada pelo produto da

ordem de série das palavras (r) por sua freqüência (f), enunciando a fórmula:

c = r. f

Guedes (1994) anuncia que a lei de Zipf-Booth, trata das várias palavras de

baixa freqüência de ocorrência que aparecem o mesmo número de vezes, e pode ser

obtida através da expressão matemática em que L1 corresponde ao número de

palavras que têm freqüência igual a um; Ln, o número de palavras com freqüência n;

e sendo o 2 uma constante atribuída à língua inglesa.

Conforme Pao (1979) apud Mamfrim (1991), Goffman percebeu que deveria

existir um ponto de transição entre as palavras de alta e baixa freqüência. Ao redor

deste ponto é que seriam encontradas as palavras mais significativas para

representar o conteúdo temático do texto. Guedes (1994) apresenta a fórmula do

ponto de transição de Goffman como:

De acordo com Quoniam (1992), existem três zonas no gráfico elaborado

através da curva de Zipf, que podem ser vistas na figura abaixo: zona I – localizam-se

Page 131: diagramação

os temas centrais da análise bibliométrica; zona II – apresenta ora os termos

periféricos, ora a informação potencialmente inovadora; zona III – possui termos não

desenvolvidos como descritores.

Zonas de distribuição

Fonte: Baseado em Quoniam, 1992.

3 METODOLOGIA

Foi realizada uma revisão de literatura sobre indexação automática, através

da coleta, seleção e leitura de livros, artigos de periódicos científicos e literaturas

cinzentas (monografias, teses e dissertações) encontradas em bibliotecas da UFPE ou

disponíveis na internet. Esta revisão de literatura foi apresentada na seção 2.

Paralelamente ao estudo da indexação automática de documentos textuais, foi sendo

realizado o levantamento das stoplists (listas contendo termos que não devem ser

aplicados na indexação automática de textos). A pesquisa ocorreu através da busca

de páginas que possuíssem os termos stoplist ou stopwords na URL (endereço

eletrônico na internet), em seguida foi elaborada uma planilha constando: a lista de

todas URL´s encontradas, juntamente com as respectivas stoplists; e algumas

informações sobre o objetivo da organização em utilizar da stoplist; o motivo que a

levou a desenvolver a ferramenta; e os softwares relacionados.

Para a execução da etapa seguinte optou-se por trabalhar com o programa

extphrj2, uma ferramenta para análise de texto, de código aberto, com o objetivo de

Page 132: diagramação

obter uma lista das palavras ordenadas juntamente com sua respectiva freqüência de

ocorrência dos resumos de teses e dissertações da BDTD-UFPE. Nesta etapa

trabalhou-se com dez resumos escolhidos aleatoriamente: quatro são da área de

conhecimento da Teoria Literária; um de Lingüística; um de Letras; um de

Comunicação; dois de Desenho Industrial; e um de Biologia Geral.

Ainda consta do processo metodológico revisão de literatura e aplicação das

leis e princípios da bibliometria, especificamente a primeira e segunda lei de Zipf e o

Ponto de Transição (T) de Goffman, na indexação das teses e dissertações da

BDTD-UFPE. No entanto, a aplicação da operação matemática para calcular o Ponto T

de Goffman foi modificada, pois se percebeu que a fórmula precisava ser adaptada

para a língua portuguesa. Modificando-a, chegou-se a seguinte expressão

matemática:

Estabeleceram-se os critérios: de utilizar todos os descritores localizados

acima do valor correspondente ao Ponto T; e selecionar todos os termos contidos

entre o ponto T e um deslocamento da freqüência de quatro posições em relação ao

valor do Ponto T. Por exemplo, para um resultado em que o Ponto T corresponda a

nove, serão selecionados todos os termos repetidos cinco vezes até os termos

localizados na alta freqüência de ocorrência, equivalendo às zonas I e II, descritas por

Quoniam.

No momento posterior foram calculados os coeficientes de precisão e

revocação na escolha dos descritores na indexação automática das teses e

dissertações selecionadas. Utilizou-se como parâmetro de referência para cálculo dos

coeficientes as palavras-chave empregadas nos campos assunto das teses e

dissertações, este cálculo foi efetivado em dois momentos: com e sem a eliminação

de stopwords. Na definição de Lancaster (2004), o coeficiente de precisão é a relação

entre itens úteis e o total de recuperados, e o coeficiente de revocação a relação entre

os itens úteis recuperados e o total de itens úteis existentes.

Page 133: diagramação

4 RESULTADOS

Tendo como propósito aplicar as stopwords no sistema de busca da

BDTD-UFPE, foi realizado um levantamento de oito URL´s de instituições criadoras e

mantenedoras destas ferramentas para o português, que podem ser averiguadas na

tabela a seguir:

Analisando a tabela das listas de palavras irrelevantes, constata-se a

existência de pesquisas voltadas para o estudo de stopwords para a língua

portuguesa, com duas URL´s apresentando este perfil: a Linguateca, que possui como

missão, promover a existência, discussão, avaliação, distribuição e manutenção de

Page 134: diagramação

recursos relacionados com o processamento lingüístico do português; e o blog do

pesquisador Brasileiro Stanley Loh, que investiga técnicas, ferramentas, aplicações,

exemplos e mecanismos de recuperação de textos.

Percebe-se também a existência de um fórum envolvido em promover o

acesso à informação multilíngüe, o Clef, que tem as línguas européias como foco das

discussões. Bem como a existência de dois projetos relacionados a softwares para

recuperação de informação: o Snowball e o PDLib. Para finalizar, existem empresas

empenhadas em estudos destinados a recuperação da informação para comercializar

serviços e produtos, como é o caso: da Oracle, que atua desde os anos 70; e da Ranks,

especializada em desenvolver e oferecer serviços para webmasters.

Construiu-se através da utilização do programa extphrj o quadro de

Freqüência das palavras irrelevantes, que possibilitaram analisar que as stoplists

contêm grupos de palavras em comum, porém são muitas as palavras que as

diferenciam.

Percebe-se que as palavras apresentadas com maior número de ocorrências

são derivações dos verbos de ligação: ter, estar e ser, além da conjunção aditiva „e‟.

Page 135: diagramação

Outros detalhes chamam a atenção: apesar de terem sido analisadas oito

listas, quatro palavras foram apontadas com o índice de nove ocorrências, o que

sugere que em alguma das listas algumas palavras apareceram repetidas; além de

ter-se constatado à presença de palavras escritas de forma incorreta, como

„dezassete‟ e „promeiro‟, originando lista de palavras sem qualquer significado para

serem aplicadas nos textos em português.

É importante frisar que uma grande parte das palavras que compõem o

grupo de baixa freqüência na tabela acima, tem que ser vistas com cautela quanto a

sua utilização como stopwords, pois muitas não são irrelevantes para a busca de uma

tese ou dissertação, como por exemplo, os substantivos „filme‟ e „empresas‟, e

nomes próprios.

A tabela a seguir, rotulada Resultados para cada texto da BDTD-UFPE, mostra os

resultados observados da aplicação do Ponto T de Goffman juntamente com as Leis

Page 136: diagramação

de Zipf, nos textos selecionados em dois momentos: sem e com a eliminação das

stopwords. Na aplicação sem a eliminação das palavras irrelevantes observa-se

baixos valores de precisão para todos os textos; já na aplicação com a remoção das

palavras irrelevantes, observa-se uma elevação do percentual da precisão para todos

os textos, levando a uma média de precisão três vezes maior, fato este melhor

visualizado no gráfico abaixo.

Média do Coeficiente de Precisão e Revocação

Assumindo a seguinte codificação de valores dos coeficientes em categorias:

desempenho bom para valores maiores que 50%; desempenho satisfatório para

valores no intervalo de 35 a 50%; e desempenho ruim para valores menores que

35%. Observa-se que em média, o nível de revocação foi satisfatório, e o nível de

precisão foi ruim sem a remoção de stopwords e bom com a remoção de stopwords.

Resultados para cada texto da BDTD-UFPE

Page 137: diagramação

Realizando uma análise individual, constatou-se que os textos 4 e 5 tiveram

baixos coeficientes de revocação, causados pela baixa repetição de palavras

consideradas bons descritores no resumo. Percebe-se que o deslocamento de

freqüência ideal para estes textos seriam cinco, pois abordariam um maior número

de termos relevantes, melhorando o coeficiente de revocação no texto 4, de 18%

para 50%, e no texto 5, de 12% para 38%.

Entretanto, haveria uma redução nos valores do coeficiente de precisão

(com a remoção das stopwords), obtendo-se no texto 4, o índice de 46% e no texto 5,

o valor de 19%.

Observou-se também que a utilização de termos isolados nas palavras-chave

e a baixa freqüência destas no resumo seria a causa para que o texto 8 obtivesse um

resultado baixo quanto ao coeficiente de revocação.

O coeficiente de precisão 100% presente nos textos 1, 3 e 6 é em decorrência da

presença apenas de bons descritores no resultado após a eliminação das stopwords,

porém não foram selecionados todos os bons descritores conhecidos, como podemos

constatar nos valores moderados de revocação.

5 CONCLUSÃO

Existe uma relação muito forte entre o processo de indexação e o serviço de

recuperação da informação. Na medida em que há um melhoramento na realização

da indexação, ocorre automaticamente uma maior qualidade e eficácia na

recuperação da informação, já que sendo os descritores selecionados para

representar o conteúdo de um dado documento não coerentes, certamente não será

recuperado com facilidade, fato que comprometerá o processo como um todo.

Para tornar a indexação automática cada vez mais eficiente melhorando desta forma

a recuperação da informação este trabalho investigou métodos para a seleção de

termos relevantes.

É imprescindível que cada instituição adote sua lista de stopwords,

adequando-a a sua necessidade, visto que, uma palavra que pode ser entendida como

Page 138: diagramação

mal descritor, pode vir a ser um importante descritor para outra instituição que atua

em uma realidade diferente.

A aplicação das stoplists na seleção de descritores proporciona um aumento

na seleção de bons descritores dentro do total de descritores recuperados,

melhorando a precisão.

Os estudos sobre as Leis de Zipf e do Ponto T de Goffman, aplicados em

resumos de teses e dissertações da BDTD-UFPE, apresentaram um resultado

considerado satisfatório na revocação e bom na precisão, mas este trabalho esta

longe de se encerrar, sendo preciso realizar novos estudos que comprovem a eficácia

da aplicação da fórmula adaptada do Ponto T, na intenção de atender à comunidade

de pesquisadores interessados na indexação automática e recuperação de textos na

língua portuguesa.

REFERÊNCIA

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QUONIAM, Luc. Inteligência obtida pela aplicação de data mining em base de teses

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2002.

Page 140: diagramação
Page 141: diagramação

PROCESSO DECISÓRIO: IDENTIFICANDO ALTERNATIVAS E EVITANDO ERROS

Pietro Santiago Graduando em Biblioteconomia pela UFPE, estagiária do Tribunal de Justiça de Pernambuco.

[email protected]

Resumo: Aborda a necessidade de mudança do perfil das empresas assim como os gestores que irão viabilizar estas mudanças, exigindo das organizações mais flexibilidade e capacidade de adaptação ao ambiente ao seu redor, tratando-se do fenômeno da internacionalização das empresas no ambiente competitivo globalizado. Utilizou-se uma metodologia através de revisão de literatura, sendo que o objetivo deste artigo é apresentar teorias, conceitos e praticas do processo de tomada de decisão, em diferentes contextos organizacionais focando a identificação de heurísticas e vieses de julgamento do processo decisório, que muitas vezes influencia os gestores a desviarem-se do julgamento racional para uma realidade irracional levando-os ao erro. Por isso seus resultados parciais mostram que a informação é a estrutura fundamental para competência de geração de conhecimento para o gestor e para a empresa, proporcionando às organizações mudanças necessárias na economia, no processo produtivo, nas relações de trabalho, efetuando-se no crescimento da organização das competências e agilidade decisórias. Palavras-chave: Informação. Inteligência Competitiva. Tomada de Decisão. Organizações. Heurísticas.

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Introdução

A sociedade pós-industrial, é detentora de uma economia que assume tendências

globais, nesse contexto, a informação apresenta-se como capital muito importante

igualando-se aos recursos de produção. Atualmente informação não é apenas um

entre muitos recursos, ela é a chave para o sucesso no processo de tomada de

decisão. Segundo Borges (1995), a Sociedade do Conhecimento destaca o papel da

informação no contexto organizacional como recurso essencial para o processo de

tomada de decisão que se apresenta não só em maior número, como de forma cada

vez mais rápida.

A partir deste ambiente de complexidade, é notória a necessidade de mudança do

perfil das empresas como também dos gestores que irá viabilizar tais mudanças.

Exigem-se das organizações mais flexibilidade e capacidade de adaptação ao

ambiente ao seu redor. Tratando do fenômeno da internacionalização das empresas

no ambiente competitivo globalizado.

A mudança exigida pelo cenário competitivo é gerada a partir da capacitação dos

seus recursos humanos, pois tecnologias de ponta sem a presença de gestores, não

irá surtir o efeito desejado (aumento da lucratividade).

Através de uma revisão de literatura, o objetivo deste artigo é apresentar teorias,

conceitos e praticas do processo de tomada de decisão, em diferentes contextos

organizacionais focando a identificação de heurísticas e vieses de julgamento do

processo decisório, que muitas vezes influencia os gestores a desviarem-se do

julgamento racional para uma realidade irracional levando-os ao erro.

Para isso entende-se a informação como estrutura fundamental para competência de

geração de conhecimento para o gestor e para a empresa, proporcionando às

organizações mudanças necessárias na economia, no processo produtivo, nas

relações de trabalho, efetuando-se no crescimento da organização das competências

e agilidade decisórias

Page 143: diagramação

Dado, Informação, Conhecimento, Inteligência

A gestão empresarial deve esta constituída e fundamentada pela informação,

inteligência e conhecimento, para que assim ela possa propor e identificar

estratégias competitivas no processo de julgamento da tomada de decisão, conforme

figura 1.

Figura 1 - Ferramentas do Processo Decisório

Fonte: Brethenoux, 1996

O termo 'dado' é definido por Miranda (1999,p.285) como “um conjunto de

registros qualitativos ou quantitativos conhecido quer organizado, agrupado,

categorizado e padronizado adequadamente transforma-se em informação”.

Os dados apenas descrevem de forma primária (bruta) coisas, objetos,

programas, palavras, negociações, enfim, cenas ocorridas na empresa que são

arquivados, classificados, e armazenados com a suposta função de um dia serem

recuperados, o “dado” por si só, não chega a interpretação de um determinado fato

ou situação.

Quando um conjunto de dados transmite significados que podem ser

interpretados, temos uma informação. Wurman (1995,p.43) afirma que a informação

só pode ser aplicado à “aquilo que leva à compreensão [...] O que constitui

informação para uma determinada pessoa pode não passar de dado para outra” .Da

mesma forma Miranda (1999,p.285) conceitua informação como sendo “dados

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organizados de modo significativo, sendo subsídio útil à tomada de decisão”. Ou seja,

aquilo que nos leva à compreensão, resultado da associação de dados efetivamente

trabalhados, comparados, classificados, onde esta associação nos leva a um norte na

interpretação da noção do objeto estudado servindo como base para um cenário

favorável ao processo de tomada de decisão.

A função fundamental da informação é proporcionar a empresa condições de

geração de novos conhecimentos, criando possibilidades para a mesma chegar a seus

objetivos por meio da utilização qualitativa dos recursos disponíveis. Neste âmbito

se insere pessoas, processos, ferramentas, suporte (tecnologias), produtos, serviços e

os próprios recursos informacionais que integram as diversas funções das várias

unidades organizacionais, lapidados de forma correta para transformarem-se em

conhecimento organizacional.

Segundo Miranda (1999), há três diferentes tipos de conhecimento: o

conhecimento explícito, o conhecimento tácito e o conhecimento estratégico. O

primeiro pode ser definido como um conjunto de informações arquivadas em algum

suporte (livro, documentos, vídeos, etc.) e que tem como característica um saber

específico sobre um determinado tema. O segundo é gerado pelo acumulo de

experiência de um determinado indivíduo em relação a uma determinada prática,

sofrendo influências de preceitos, emoções, crenças, sentimentos enfim o

conhecimento tácito esta intrinsecamente relacionado com o subjetivismo da mente

humana, ou seja, a personalidade de cada um. E o terceiro seria a união e

transformação do conhecimento tácito em explicito possibilitando ao indivíduo um

novo cenário em sua forma de agir para o desenvolvimento, gerenciamento ou

solução de uma determinada especialidade.

O reagrupamento de várias informações pelos analistas gera o

conhecimento útil para a tomada de decisão, o qual permitirá criar inteligência, ao

ser inserido em um contexto global (QUEYRAS; QUONIAM 2006, p. 81)

Em 1994 o governo francês publicou um documento com o titulo

Intelligence Économique et estrátégique des enterprises (1994) no qual define

inteligência para tomada de decisões como conjunto de ações coordenadas de busca,

Page 145: diagramação

tratamento, distribuição e proteção de informação útil aos atores econômicos e

obtida legalmente.

Para Tarapanoff (2006, p. 25):

sua finalidade consiste em fornecer aos responsáveis pela

tomada de decisões nas empresas ou o Estado, os conhecimentos

necessários para compreensão do seu meio ambiente. E poder

assim, ajustar suas estratégias individuais ou coletivas, a

inteligência já trás em seu bojo, os conceitos de invoação,

informação e conhecimento.

Um dos vieses da Inteligência consiste em gerar conhecimento as partir do

reagrupamento das informações que foram coletadas, analisadas e tratadas pelo

profissional especializado, corroborando assim para que a organização tome a

decisão adequada.

Tomada de Decisão: heurísticas e vieses

O contexto do julgamento, na tomada de decisão em diferentes realidades

organizacionais, apresenta-se de forma complexa. Isso pode ser melhor explicado ao

compararmos organizações com neurônios, ou seja, quando todos os neurônios estão

interligados e funcionando de maneira correta, o sistema nervoso decorrente da

união dos neurônios também estará funcionando a pleno vapor. Da mesma forma é a

empresa se as partes que a constitui estão funcionando bem, conseqüentemente a

organização no todo também estará. Essa complexidade se dá por infinitos fatores,

entre estes podemos citar os fatores internos e externos que podem influenciar em

um julgamento de tomada de decisão.

O gestor muitas vezes planeja determinados cenários para o futuro, no

entanto, podem ocorrer situações ocasionadas por fatores externos (concorrência,

Page 146: diagramação

matéria prima, fatores culturais entre outros), que podem exigir um maior

dinamismo e flexibilidade do profissional.

Nesse âmbito os indivíduos tendem a se desviar do processo decisório

completamente racional, em situações individuais e competitivas. Esses desvios se

apresentam, pois é da natureza dos seres humanos se desviarem de problemas

complexos mesmo quando se apresentam caminhos que os levam a efetivação da

racionalidade.

As pessoas consideram que tal processo pode ser transformado em algo

prescritivo, ou seja, uma “receita de bolo”, que pode ser aplicada em toda e qualquer

situação, e em qualquer organização, então utilizam tal estratégia tentando facilitar

suas metas de trabalho para não proporcionar um cansaço físico ou mental (pessoas

poupam-se da exaustão da complexidade). Contribui-se assim, para que os vieses de

decisões profundamente entranhados na mente das pessoas possam limitar a

habilidade do individuo de seguir caminhos novos, racionais e contextualizados com

a necessidade do momento.

Pessoas se utilizam de estratégias simplificadoras ou regras práticas ao

tomar decisões, ou seja, indivíduos em seu subconsciente desenvolvem pensamentos

irracionais e acham que são capazes de simplificar algo complexo, para não se

sacrificar, ganhar tempo e obter bons resultados, no entanto, isso pode resultar em

grandes perdas.

Tais regras e práticas são chamadas de heurísticas, sua utilização,

inicialmente, pode se apresentar úteis no julgamento de tomadas de decisão,

contudo, ao realizar um estudo mais profundo do assunto observa-se que a utilização

de heurísticas podem suceder os gestores a sérios erros, porque como no exemplo

dos neurônios, suas partes não fazem a atividade do todo.

Muitas vezes na organização ocorre o mesmo e quando há a tentativa de simplificar o

resultado, não há como gerar o mesmo resultado no todo, corroborando para perdas.

É imprescindível salientar que a tomada de decisão deve apoiar-se na variedade dos

contextos organizacionais, para que o gestor possa planejar estratégias práticas para

mudar e melhorar os processos de tomada de decisão de modo que este indivíduo

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perceba o mundo real com toda sua confusão e complexidade, considere todas as

alternativas possíveis, consiga discerni as alternativas supérfluas e as que irá norteá-

lo a um padrão adequado da realidade para que ele possa selecionar a melhor

alternativa existente.

Para Bazerman (2004) pode se considerar que o processo de tomada de

decisão apresenta tais requisitos: ele é um processo racional, mas também

emocional, ou seja, racional porque é baseado em um conjunto de premissas que

determina como uma decisão deve ser tomada. E emocional, pois mesmo estando

capacitado, sempre o individuo terá algo emocional que o remete a fatores

irracionais.

Bazerman (2004) reitera ainda que, o processo de tomada de decisão é

também um processo social e relativo (afeta a vida das pessoas subordinadas diretas

ou indiretamente a tal organização, umas com maior ênfase outras com menor), não

é um processo prescritivo, mas contingencial e se efetua em um processo de

constante aprendizagem (nunca haverá uma “receita pronta” para uma determinada

decisão), pois o mundo esta em constante transformação e cabe a cada pessoa

capacitar-se e procurar adaptação no contexto organizacional.

A maioria dos erros são sistemáticos e previsíveis, por isso, argumenta-se então, que

o indivíduo deve desenvolver o senso critico para identificar tais vieses, obtendo

como retorno a prática de aprender a evitá-los.

Bazerman (2004) diz que as previsões no contexto organizacional em sua

maioria são baseadas em cálculos matemáticos e estatísticos que resulta nas

probabilidades da ocorrência de varias situações e seus respectivos resultados,

principalmente financeiros. Tais processos guardam alguma subjetividade, ou seja,

os vieses daquele que elaborou a previsão, que, em algum momento, impregnou o

trabalho com a sua intuição. Desta forma, verifica-se o surgimento dos vieses

heurísticos.

Tal impregnação intuitiva apresenta-se quando adota-se heurísticas

relacionadas à disponibilidade e estas se enviesam cognitivamente porque as

pessoas avaliam a freqüência, a probabilidade ou as causas prováveis de eventos

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pelo grau com que exemplos ou ocorrências desse evento estiverem rapidamente

disponíveis na memória. Como já foi analisado, ao lidar com o processo de tomada de

decisão sempre serão estimando possibilidades ou probabilidades (probabilidade de

lucro, possibilidade de quitar dívidas), tende-se a estipular bases iniciais (ancoras)

que muitas vezes influenciam o processo de tomada de decisão.

Todavia, não se defende a extinção dos vieses de ancoragem (ajustes

insuficientes da ancora, vieses de eventos conjuntivos e disjuntivos e excesso de

confiança), mas sim, que não os se utiliza de maneira equivocada, achando que estes

não devem ser analisados e criticados em determinados contextos, em relação aos

seus benefícios. Pois em determinados problemas ancoras podem se apresentar

como bases iniciais possibilitando possíveis ajustes para a decisão final. Porém, pode

ocasionar possíveis julgamentos falsos se as informações forem aleatórias ou

distorcidas e em conseqüência causar erros gravíssimos.

Nesse sentido utilizar estratégias simplificadoras para tornar decisões

incertas em certas em face a um mundo incerto não é uma boa estratégia, há a

necessidade do risco para se obter um novo cenário, ou seja, defende-se a tomada de

decisões sob a pressão dos fatores incertos (decisões envolvendo fatores de risco),

nesse contexto os fatores se referem a inovação, e tudo que é novo é incerto,

contudo, arriscar é preciso, este é o primeiro passo.

O segundo passo é planejar o diferencial (estratégias contextualizadas e

singulares). E o terceiro seria ter a capacidade para implantar e senso crítico para

administrar, no entanto, o indivíduo que mais se expõem ao risco para inovar tem

maior probabilidade de obter maiores lucros, porém, maiores chance de erros

graves.

Exemplificando isso através de uma balança, inovação e risco teriam pesos

iguais. Todavia o lado da inovação na balança ficará mais forte (maior peso)

conseguindo enfraquecer o erro (menor peso) com um bom planejamento. Portanto,

propõem-se ao indivíduo que este analise o contexto ao qual esta inserido se

informando e planejando para poder avaliar a troca entre resultados e custos,

julgando assim, se sua disposição ao risco é lucrativo ou não.

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Outra tendência dos gestores de processos de tomada de decisão seria a de

evitar riscos referentes a perdas, e por isso, na maioria das vezes os indivíduos

tendem a se arriscar mais para salvar uma perda maior (grande probabilidade de

não conseguir), do que se arriscar menos por perdas menores, mas que tem certeza

de salva (maior probabilidade de conseguir). Já no cenário do ganho eles tendem a

escolher ganhos menores e certos do que se arriscar por ganhos maiores, mas

incertos. Pessoas atribuem mais valor à criação de certezas do que a um

deslocamento de valor equivalente no nível de incertezas. Não esquecendo que

muitas vezes o modo como um problema é estruturado ou apresentado pode mudar

drasticamente o ponto neutro percebido na questão.

Das conclusões

Por tudo isso, há uma conscientização do gestor da natureza probabilística

da maioria das decisões, probabilística, porque mesmo com toda teoria e prática algo

novo sempre nos remete ao risco (pode dar certo, como pode dar errado). Portanto,

observa-se que a importância crítica da estruturação da informação neste contexto,

percebe-se que os indivíduos tentam tomar decisões racionais, mas há um grande

peso na falta de informações importantes referentes à solução do problema, os

critérios relevantes, podendo até distorcer o julgamento sobre o modo como a

decisão é tomada em situações nas quais tende-se a adotar uma determinada

estrutura a ponto de excluir outras perspectivas. Para tal, se perceberem a

importância de tais informações estarão mais aptos a tomada de decisão sob pressão

da natureza da incerteza e das decisões arriscadas no modelo de julgamento que os

desvia da racionalidade.

Page 150: diagramação

Referencias

BAZERMAN, Max H.. Processo Decisório. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. 228 p.

BRETHENOUX, E.; DRESNER, K.; BLOCK, J. Data warehouse, data Ming and business

intelligence: the hype stops here. Stanford, Gartner Group. October 28, 1996.

(Strategic Analysis Report).

MIRANDA, R. C. da R. "O uso da informação na formulação de ações estratégicas pelas

empresas". Ciência da Informação, Brasília, v.28, n.3, p.284-290, set./dez. 1999.

QUEYRAS, Joachim; QUONIAM, Luc. Inteligência Competitiva. In: TARAPANOFF, Kira

(org.) Inteligência, informação e conhecimento. Brasília: IBICT, UNESCO.p. 73-97.

TARAPANOFF, Kira. Inteligência, informação e conhecimento. Brasília: IBICT, 2006.

453p

WURMAN, R. S. Ansiedade de informação: como transformar informação em

compreensão. 5. ed. São Paulo: Cultura Editores, 1995. 380p.

Page 151: diagramação
Page 152: diagramação

PERSPECTIVAS DE APRENDIZAGEM EM BIBLIOTECAS ESCOLARES COM BASE NA LEITURA E NA GESTÃO DO

CONHECIMENTO

André Anderson Cavalcante Felipe Mestrando do Programa de Pós graduação em Ciência da informação – PPGCI da Universidade Federal da

Paraíba –UFPB. [email protected], Natal, RN.

Charlene Maria dos Santos

Graduanda em Biblioteconomia pela UFPE, estagiária do SEBRAE/PE [email protected], Recife, PE.

Resumo: Apresenta a biblioteca escolar como espaço propício para a construção de conhecimento de forma colaborativa, fazendo uso da leitura com base na perspectiva do Letramento, Estética da Recepção e Sociointeracionismo. Mostra a Gestão do Conhecimento como um processo que pode ser utilizado na Biblioteca Escolar para otimizar o desenvolvimento de saberes de forma colaborativa entre os seus participantes através de práticas leitoras. Aponta que a biblioteca escolar deve atuar como um espaço informacional dinâmico, oferecendo suporte para suprir as necessidades de seus usuários, implementando propostas de aprendizagem por meio da leitura. Finaliza expondo que o papel do Bibliotecário é imprescindível para que as ações de desenvolvimento de aprendizagem através da Leitura e da Gestão do Conhecimento de fato aconteçam na Biblioteca Escolar. Palavras-Chave: Biblioteca Escolar. Leitura. Concepções de Leitura. Gestão do Conhecimento. Bibliotecário. Abstract: Presents the school library as a place conducive to building knowledge collaboratively, using the reading from the perspective of Literacy Aesthetics of Reception and sociointeractionists. Shows Knowledge Management as a process that can be used in the school library to optimize the development of knowledge in a collaborative among the participants by reading practices. It indicates that the school library should act as a dynamic information space, offering support to meet the needs of their users by implementing proposals learning through reading. Finishes exposing the role of the librarian is indispensable for the development activities of learning by Reading and Knowledge Management in fact happen in the school library. Keywords: School Library. Reading. Conception of Reading. Knowledge Management.

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1 INTRODUÇÃO

No contexto que estamos inseridos, a informação e o conhecimento atuam

como a válvula motriz na sociedade contemporânea impulsionando o

desenvolvimento de suas várias instâncias, a saber: a cultura, a política, a economia,

a educação, entre outros.

O conhecimento constitui-se com um produto autônomo e às vezes não

intencional das ações humanas, e carece de toda transparência e imediatismo para

seus próprios produtores, apesar de seus efeitos de retrocarga sobre as esferas das

subjetividades. (GONZÁLEZ DE GOMEZ, 1993).

O conhecimento é conduzido ou viabilizado em grande parte pela linguagem,

que reproduz signos materializados (informação) no processo de comunicação entre

os indivíduos, tornando possível o entendimento entre ambos.

A informação como conceito reproduz deslocamentos culturais do lócus da

relação do pensamento com o real. “Temos assim a informação concebida in re,

como estrutura ou atributo de estados de coisas no mundo; a informação como

image, no campo do intelecto ou da consciência e finalidade, e a informação in dito,

função da linguagem, do texto ou da razão escrita”. (GONZÁLEZ DE GOMEZ, 1993, p.

221).

Os aparatos tecnológicos estão modificando nossas necessidades, gostos,

tendências e principalmente, as formas de aprendizagem, por disponibilizar vários

tipos de alternativas para tal circunstância como, por exemplo: a internet e o

ciberespaço. Nesses ambientes a informação é veiculada nas mais diversas formas e

proporções, e para os mais variados tipos de interesses dos indivíduos, sejam eles,

profissionais, educacionais, culturais, políticos ou econômicos.

Entretanto as bibliotecas escolares das escolas públicas brasileiras, ainda

ostentam uma imagem negativa enquanto espaço de interação social e ação cultural,

que contribui para o desenvolvimento cognitivo do seu público.

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de fato, quando existem nas escolas espaços denominados bibliotecas, estes passam, na maioria dos casos, de verdadeiros depósitos de livros ou, o que é pior, de objetos e natureza variada, que não estão sendo empregados no momento, seja por estarem danificados, seja por terem perdido sua utilidade. Às vezes a “biblioteca” é um armário trancado situado numa sala de aula, ao qual o professor se dispõe a abri-lo... quando a chave é localizada. [...}. E, na melhor das hipóteses, ou nas menos pior, a biblioteca é o espaço onde os alunos vão copiar verbetes, trechos ou parágrafos dos mesmos livros e enciclopédias “receitados” pelos professores, [...] (SILVA, 1995. p. 13).

A biblioteca escolar ainda hoje com raras exceções se caracteriza como um

local apático e sem dinamismo, parado no tempo e no espaço e que ainda mantêm as

mesmas características conservadoras da antiguidade.

Os avanços tecnológicos atribuem uma grande responsabilidade à biblioteca

escolar que deveria acompanhar esse processo de evolução tecnológica que a

sociedade está inserida, atuando como um grande meio informacional dinâmico,

oferecendo suporte para suprir as necessidades de seus usuários implementando

propostas de aprendizagem para o meio digital.

Segundo Milanesi (1986), a discussão da biblioteca no Brasil e raramente

feita, pois parece que é impossível que ela se desdobre em significações.

Essa situação em que a biblioteca escolar se encontra, pode está relacionada

a diversos fatores como a falta de medidas governamentais, de certo

desconhecimento de sua função como espaço de dinamização da leitura e escrita por

parte dos órgãos educacionais e educadores e falta de medidas de aprendizagem

para a constituição da subjetividade.

E como podemos reverter essa situação na qual a biblioteca escolar se

encontra atualmente? Para isso é necessário reconhecer que existe um problema e se

certificar que as instituições também reconhecem esse problema. Esse

reconhecimento vai de encontro à denominação de centro de multimeios ao invés de

biblioteca escolar.

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Essa denominação é resultado da pouca atuação da biblioteca escolar e de

uma visão pragmática já estabelecida pela própria sociedade de que biblioteca é um

espaço onde predomina o silêncio, normas e regras, sendo constituída apenas de

suporte informacionais impressos. Em contrapartida a essa realidade, existem

bibliotecas escolares com caráter de centros de informação que dispõem de vários

tipos de documentos e disseminam o hábito da leitura. O acervo destas bibliotecas,

com material impresso é acrescido de materiais audiovisuais, complemento

necessário a um ensino dinâmico atuante.

Nesse contexto, a leitura e a escrita exercem um papel muito importante,

atuando como um elo entre o desenvolvimento de competências intelectuais e as

informações produzidas pela sociedade, disseminada nos mais variados suportes,

gerando assim o conhecimento.

Desde a antiguidade o conhecimento tem sido fonte de poder, obviamente

através de interesses diferenciados, mas com o mesmo propósito, gerar alternativas

de competitividade.

Com a expansão da economia informacional, as organizações passaram a

perceber a importância de se investir em conhecimento pelo diferencial que

representa como um valioso recurso estratégico para as organizações e

principalmente para as pessoas.

Surge a partir daí o desafio de criar e implantar processos que gerem,

armazenem, organizem, disseminem e apliquem o conhecimento produzido e

utilizado na organização de modo sistemático, explícito, confiável e acessível aos

usuários (MCGEE & PRUSAK,1994).

Assim, compreende-se que a curiosidade que move o indivíduo a descobrir

novos horizontes e construir o conhecimento através da aprendizagem seja o melhor

recurso para a construção das competências intelectuais que é a capacidade de

conhecer e organizar seu sistema de idéias.

Para Oliveira Júnior (1996) aprendizagem é um processo que muda o estado

do conhecimento de um indivíduo ou de uma organização.

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Cientes da importância de se criar propostas de desenvolvimento da leitura

e da escrita, através dos recursos oferecidos pela Gestão do Conhecimento,

pretendemos disponibilizar essas propostas levando em consideração os diversos

tipos de informação e os vários suportes informacionais existentes no meio social

através dos recursos informacionais disponibilizados pela biblioteca escolar.

2 APRENDIZAGEM E GESTÃO DO CONHECIMENTO EM BIBLIOTECAS ESCOLARES

As dificuldades vivenciadas pelas escolas públicas brasileiras em especial,

podem estar relacionadas aos reflexos das reformas educacionais, pois segundo

(SHIROMA 2000), a ultima reforma educacional só contribuiu para aumentar o

mercado consumidor de bens e serviços educacionais.

Em outras palavras privilegiam e incentivam a educação privada e fecham os

olhos para a educação pública, que assume o ônus de uma educação deficitária por

não possibilitar na sua grande maioria, a construção social do indivíduo de forma

integrada à cidadania, e não contribuir de uma forma totalitária, para transformação

desejável da realidade educacional pública vigente.

As escolas do ensino público de nível médio e fundamental em sua grande

maioria, não estão conseguindo contemplar as necessidades de seus alunos, por não

conseguirem possibilitar aos mesmos, mecanismos de promoção e desenvolvimento

cognitivos, psicológicos e afetivos de forma integra, concretizando assim, os anseios

da população assistida.

As práticas de ensino e aprendizagem da leitura adotadas pelos docentes e

desenvolvidas tanto na sala de aula como na biblioteca podem não estar atendendo

mais aos requisitos exigidos atualmente por serem modelos de ensino autoritários e

ultrapassados; as bibliotecas escolares, não criam mecanismos de apoio para as

atividades de leitura dos docentes e alunos.

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Em relação aos requisitos de educação exigidos atualmente, os quatro

pilares de aprendizagem propostos Jacques Delors (1999) no relatório da UNESCO

para a Comissão Internacional sobre a educação para o século XXI, representam uma

alternativa para uma nova proposta de ensino que contemple uma aprendizagem

mais humana e social.

Os quatro pilares da educação propostos por Jacques Delors são: aprender a

conhecer; aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Segundo ele, a

educação voltada para esses pilares “fornece a todos, o mais cedo possível, o

passaporte para a vida, que os leve a compreender-se melhor a si mesmo e aos

outros, e assim participar na obra coletiva” (DELORS, 1999, p. 82-83)

Esse modelo propõe uma aprendizagem através de novas descobertas e

oportunidades surgidas e/ou oferecidas, aprender a conhecer; capacitando as

pessoas para enfrentar as situações diversas, aprender a fazer; possibilitando

mecanismos para a compreensão mútua, aprender a viver juntos; oferecendo

oportunidades para desenvolver a capacidade de autonomia, de discernimento e de

responsabilidade pessoal, aprender a ser.

O conhecimento é considerado um dos ativos mais importantes dentro da

sociedade em que vivemos, embora de difícil registro, ele é o conjunto de tudo o que

aprendemos durante nossa vida, através de nossas experiências e do nosso

aprendizado, inclui-se nesse contexto, o resultado de tudo o que conseguimos

agregar ao longo dos anos, o resultado de tudo o que estudamos.

Ao conhecimento adquirido ao longo dos anos através de nossa vivência,

chamamos de senso comum, ou conhecimento tácito, aquele que é pessoal, específico

e de difícil externalização, já o conhecimento explícito é o conhecimento

transmissível em linguagem formal e sistemática (CHOO, 2003).

A aprendizagem organizacional surge como uma forma viável de criar,

compartilhar e disseminar o conhecimento, a fim de transformá-lo em novas

tecnologias e novos produtos.

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Observando a aprendizagem organizacional sob uma perspectiva técnica,

pode-se compreendê-la como um processo de interpretação e de resposta às

informações tanto de dentro como de fora da organização.

Para Easterby-Smith & Araujo (2001) os processos de aprendizagem podem

ser incrementais quando, por exemplo, a organização experimenta novas técnicas e

métodos e mostra-se capaz de fazer adaptações e promover ajustamentos contínuos,

estes são denominados aprendizagem de laço único. As transformações radicais, tais

como mudanças na direção estratégica, são conhecidas como aprendizagem de laço

duplo.

Então, o processo de aprendizagem acontece gradativamente, e tende a ser

eficiente desde que seja conduzido por um gestor que consiga perceber os focos de

conhecimento real e potencial dentro de uma organização. A esse processo dá-se o

nome de Gestão do conhecimento.

A gestão do conhecimento é responsável por disseminar o conhecimento

que está implícito nas práticas individuais e coletivas da organização. De acordo com

Nonaka & Takeuchi (1997), a gestão do conhecimento deve tornar explícito o

conhecimento decorrente da experiência individual de cada um. Compartilhando

deste mesmo pensamento, Oliveira Júnior (1996) define administração do

conhecimento como o processo de identificar, desenvolver, disseminar e atualizar o

conhecimento estrategicamente relevante para a empresa, seja a partir de esforços

internos à organização, seja a partir de processos que extrapolam suas fronteiras.

Deste modo, o papel do bibliotecário torna-se ainda mais importante na

formação intelectual dos estudantes, a partir do momento em que passa a criar

subsídios que possibilitem a criação, o compartilhamento e a disseminação do

conhecimento.

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3 CONCEPÇÕES DE LEITURA VOLTADAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO

3.1 O LETRAMENTO

Letramento é uma palavra recentemente utilizada do Brasil para nomear

novos fenômenos advindos da educação brasileira, fenômenos esses surgidos da

necessidade de compreender a presença da leitura e escrita no mundo social, ou seja,

o uso da leitura e da escrita pelo indivíduo no contexto social.

Letramento trata-se da versão em português da palavra inglesa ”Literacy” que vem do latim “littera” (letra) mais o sufixo “cy” que designa condição, qualidade. Letramento é, o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita, o estão ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais(SOARES, 1998,P.18)

Em outras palavras o letramento possibilita que o indivíduo tenha acesso a

novas condições sociais, novas formas de viver em sociedade, tudo isso mediatizado

pela leitura e escrita.

O letramento e a alfabetização são diferentes como afirma Soares (1998,

p.36)

“Há sim uma diferença entre saber ler e escrever, ser alfabetizado, e viver na condição ou estado de quem sabe ler e escrever, ser letrado(atribuindo a essa palavra o sentido que tem “literate” em inglês). Ou seja, a pessoa que aprende a ler e a escrever – que se orna alfabetizada – e que passa a fazer uso da leitura e da escrita, a envolver-se nas práticas sociais de leitura e de escrita – que se torna letrada - é diferente de uma pessoa que não saber ler e escrever – é analfabeta ou, sabendo ler e escrever não faz uso da leitura e da escrita – é alfabetizada, mas

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não é letrada, não vive no estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita.”

Um exemplo de letramento utilizado por um analfabeto em relação à leitura

ocorre quando, mesmo sem saber ler, utiliza a leitura de uma pessoa, e a usa

socialmente. Isso acontece muito nos terminais de ônibus; em relação a escrita,

acontece quando ele dita as palavras para alguém escrever uma carta para ele

mandar para um amigo ou parente.

“Socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já não é a mesma que era quando analfabeta ou iletrada, ela passa a ter uma outra condição social e cultural – não se trata propriamente de mudar de nível ou classe social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo e viver na sociedade, sua inserção na cultura - sua relação com o outros, com o contexto, com os bens culturais torna-se diferente”. (SOARES, 1998. p.34).

A leitura na concepção do letramento implica no uso dos conhecimentos

obtidos por ela, no meio social do leitor possibilitando descobertas e contribuições

que destacaram se crescendo na medida em que o indivíduo lê e utiliza o que leu

para a sua vida pessoal.

3.2 A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO

A estética da recepção surge da necessidade de mudar uma visão tradicional

e pragmática onde a leitura não estabelece uma relação de troca entre o leitor

(receptor) e o escritor (emissor), porque antes não havia um feedback, e a

informação era uma via de mão única, ou seja, o leitor não podia ter uma

participação crítica, ele tinha que aceitar aquilo que era estabelecido pelo escritor,

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sem poder questionar os assuntos contidos no texto.

O conceito de recepção tradicional caracterizado como o ato de receber, dá

espaço a um conceito atual ”onde entende a recepção como espaço das negociações,

das mediações, do conflito da atribuição/contribuição do sentido. (SILVA NETO,

2001, p.79).

Em outras palavras, seria a relação entre leitor e texto, onde, para haver

construção de sentido, o leitor relaciona o seu conhecimento intrínseco com o texto,

para compreendê-lo e dar sentido. O texto só produz efeito (construção de sentido)

quando o leitor interage com o assunto explícito fazendo ligações entre ele e seu

construto mental (conhecimento implícito e o texto).

Nessa perspectiva o texto passa a ter diferentes significações para cada

indivíduo, porque a construção de sentido se dá de forma diferenciada, por levar em

conta que cada indivíduo tem um modo de pensar sobre aquele assunto.

Em outras palavras é como se o autor deixasse de ser o dono do livro depois

de publicado, porque o sentido do texto ganhará outras visões e passará outros

conhecimentos diferentes do sentido que o autor estabelece. O significado que o livro

proporcionará não será o mesmo significado pensado pelo autor.

Concordamos com Silva Neto (2001, p.96) quando diz que “ler na

perspectiva de uma recepção ativa, significa inventar, peregrinar por um sistema

imposto de um texto imposto”. A leitura contém as marcas de uma produção

silenciosa, visto que, um mundo diferente (o do autor se instaura no lugar do mundo

do autor).

A leitura na visão da estética da recepção potencializa o leitor, dando

oportunidade do mesmo, expor seus sentimentos, emoções e sentidos, contribuindo

para uma construção de sentido através da junção do seu conhecimento implícito

com o conhecimento do autor.

“Em que pensem divergências de posições analíticas entre alguns teóricos sobre a liberdade de interpretação, não podemos perder de vista a importância que, de acordo com as novas visões sobre a recepção assume a figura do

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leitor, agora identificada como sujeito apto a colaborar na busca do sentido e na tão desejada performa-atividade do texto. Trata-se da leitura como prática re-apropriativa, como possibilidade de re-escrita dos diversos textos que são colocados para o leitor”. (SILVA NETO, 1998, P.8-9).

Vale ressaltar, a necessidade de uma mudança de postura dos docentes em

relação os mecanismos utilizados para o desenvolvimento da leitura, pois, a grande

maioria, ainda não percebe o aluno como um sujeito capaz de contribuir para o seu

próprio desenvolvimento através da sua imaginação, criação e opinião; devido a

inexistência quase total de momentos na leitura trabalhada em sala, que despertem

subjetividades, levando em consideração o potencial de cada aluno, construindo um

saber oriundo da fusão das idéias originadas por todos os participantes da aula.

3.3 O SÓCIOINTERACIONISMO

Na concepção Sociointeracionista, o homem se constitui como ser humano

através das suas relações com a cultura, com a linguagem e com a sociedade, ou seja,

através de uma interação dinâmica entre esses processos.

Baseada nos estudos de Vigotsky, Freitas (1998) ressalta que o

desenvolvimento humano é concebido de forma multidimensional, contextual e

diversificado com o impacto da mudança histórica, ao invés de ser um processo de

evolução crescente e unidirecional. Ou seja, entre os indivíduos o processo de

desenvolvimento é diferenciado, dividido a fatores internos e externos do ambiente

contextual, histórico e dinâmico da sociedade em que vive.

Essa visão de desenvolvimento humano propicia uma educação que enfatiza

a linguagem e o pensamento, interelacionados para, em um processo dinâmico,

originar o desenvolvimento do indivíduo.

Segundo Freitas (1994, p.73) Vigotsky considerou que pensamento e

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linguagem têm na filogênese e na ontogênese raízes genéticas diferentes, mas se

sintetizam dialeticamente no desenvolvimento.

Ela complementa dizendo que “nas crianças pequenas, o pensamento evolui

sem a linguagem, os primeiros balbucios se formam sem pensamento e tem como

objetivo atrair a atenção do adulto. Percebe-se assim a presença de uma função

social da fala desde os primeiros meses da criança”.

A leitura concebida nessa visão teórica consiste em uma interação entre

leitor e texto onde o leitor utiliza seu conhecimento tácito para atribuir significado

ao texto modificando o sentido das palavras de acordo com as situações

estabelecidas e com o conhecimento do leitor.

O conceito, Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) foi criada por

Vigotsky, para ajudar a explicar como ocorre o processo de aprendizagem sócio

interacionista. Para Freitas (1994), a ZDP estimula processos internos maturacionais

que terminam por se efetivar, passando a construir a base para novas aprendizagens.

Contextualizando, seria a uma aprendizagem através do envolvimento dos

alunos com os significados vindo das coisas mundo, onde tanto eles moldam seus

significados como também são modificados por elas.

A leitura é um exemplo das coisas do mundo, ou seja, algo que esteja

presente no ambiente em que vivemos. Através dela, é possível desenvolver um

ambiente de desenvolvimento grupal, pois ela proporciona a interação entre os

participantes, através das descobertas, dos questionamentos provenientes da leitura

de textos, filmes, teatro, música, enfim tudo aquilo que se possa ler.

A visão da leitura como um ato de traduzir signos lingüísticos, deve dar

espaço a um ato dinâmico repleto de sentidos múltiplos, utilizada para a decifrarmos

o mundo.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Partindo desse pressuposto é imprescindível a presença de bibliotecário,

pois ele é o intermediário entre a biblioteca e o usuário, as funções desenvolvidas

por um bibliotecário são importantíssimas como: disponibilizar informação em

qualquer suporte; tratar e desenvolver recursos informacionais; desenvolver

estudos e pesquisas; desenvolver ações educativas e realizar eventos de difusão

cultural.

O bibliotecário é essencial para a atuação da biblioteca escolar como espaço

cultural da informação focalizando o desenvolvimento das potencialidades

individuais que são peculiares de cada indivíduo, elas não são adquiridas

individualmente, mas sim coletivamente na interação entre os mesmos.

As práticas de educação para a competência informacional afirmam o

bibliotecário como agente colaborador na construção do intelecto, como mostra

Dudziak (2005) a seguir:

a) o bibliotecário deve ser facilitador, coadjuvante do processo cognitivo do

usuário;

b) o bibliotecário deve ser um agente educacional;

c) é preciso haver cooperação entre professores e bibliotecários;

d) a inserção do bibliotecário no projeto pedagógico precisa ser reconhecida.

Os bibliotecários como gestores de conhecimentos precisam se posicionar

como sujeitos do conhecimento, não apenas como sujeitos preparados para aplicar

os conhecimentos tecnicistas em relação aos suportes informacionais ou tão somente

como agentes sociais, mas sujeitos que conhecem o que fazem, que sabem o que

querem e se orientam dentro desses princípios. Sujeitos ativos de sua prática no

espaço onde atuam, onde produzem, transformam e mobilizam saberes para que o

grupo permaneça coeso, aprendente e produtivo e para que a escola cumpra sua

missão e alcance seus objetivos.

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A Biblioteca escolar deve ser um local mágico, encantador, alegre, vibrante,

organizado, com atividades que possam ampliar a vivencia cultural de seus usuários

e contribuírem para o desenvolvimento da leitura, tais como:

a) Concursos: de obras literárias, autor (escritor/ilustrador), contadores de

histórias, poesia, redação;

b) Exposições: de livros raros, obras de um determinado autor, originais de

ilustração de trabalhos feitos por alunos, livros novos, etc;

c) Mural de notícias: matérias importantes sobre leitura, eventos (Bienal/

lançamentos de livros, feiras, etc), nota sobre concursos, resenhas dos livros

mais lidos na escola, comentários sobre filmes, peças, etc;

d) Hora: do conto, do vídeo, da música, do teatro, do sarau de poesia;

e) Oficinas: de cartões de ilustrações de poemas, de máscaras;

f) Encontro marcado: Autor, mês, entrevista, homenagem, livro em destaque;

g) Datas Importantes: dia da poesia, dia nacional/internacional do livro, dia

da biblioteca, etc;

Com atividades lúdicas e incentivadoras do desenvolvimento

sóciointeracionista a escola volta-se não apenas para formar bons alunos, com

elevado nível de conhecimento, mas também para formar cidadãos preparados para

o mundo com uma visão crítica, de forma a entender, opinar e interagir na sociedade

na qual estão inseridos. Dentro desse contexto a biblioteca mostra-se como um local

de interação e desenvolvimento de saberes. No Manifesto da UNESCO (1999) sobre

as bibliotecas escolares, encontramos as seguintes afirmações:

A biblioteca escolar disponibiliza serviços de aprendizagem, livros e recursos que permitem a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e utilizadores efetivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação. [...] A biblioteca escolar é essencial a qualquer estratégia de longo prazo nos domínios da literacia, educação, informação e desenvolvimento econômico, social e cultural. [...] A biblioteca escolar é um parceiro essencial das redes local,

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regional e nacional de bibliotecas e de informação [...] A biblioteca escolar é parte integrante do processo educativo.

A gestão do conhecimento na escola, mediada pelas práticas de ensino e

aprendizagem da leitura, contribui para uma educação que promova o

desenvolvimento humano. Assim, se estabelece uma rede complexa de interações, de

intersubjetividade e de constituição de identidades e de linguagens.

O investimento na educação é primordial para o desenvolvimento político,

social, econômico, cultural e tecnológico do país. A Biblioteca deve ser utilizada como

instrumento de educação suplementar, como aparato onde a sociedade pode exercer

suas atividades escolares, como leituras, escritos e pesquisa, pois esta faz parte das

características de uma formação mais ampla.

5 REFERÊNCIAS

CHOO, C. W. A Organização do Conhecimento: com as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: SENAC, 2003. DELORS, Jacques (Org). Educação um tesouro a descobrir: Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. 2.ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC; UNESCO, 1999. DUDZIAK, Elisabeth Adriana. Competência em informação: melhores práticas educacionais voltadas para a Information Literacy. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 21 jul. 2005, Curitiba, PR. Anais... Curitiba: FEBAB, 2005. 1 CD-ROM. EASTERBY-SMITH, M.; BURGOYNE, J. & ARAUJO, L. (Orgs.) Aprendizagem organizacional e organização de aprendizagem: desenvolvimento na teoria e na prática. São Paulo, Atlas, 2001. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS. Modelo flexível para um sistema nacional de bibliotecas escolares. Brasília, DF, 1985. FREITAS, Maria Tereza de assunção. A psicologia do desenvolvimento e as

Page 167: diagramação

contribuições de Lev Vigotsky. In ______ Vigotsky um século depois. Juiz de Fora, MG:EDUFJF, 1998. FREITAS, Maria Tereza de Assunção. Vigotsky. In ______ Vigotsky e Bakhtin. Juiz de Fora, MG: EDUFJF; São Paulo: Ática, 1994. cap. 4. GONZÁLEZ DE GOMEZ, Maria Nélida. A representação do conhecimento e o conhecimento da representação: algumas questões epistemológicas. Ciência da Informação, Brasília, v. 22, n. 3, p. 217-222, set./dez. 1993. MCGEE, J. V,; PRUSAK, L. Gerenciamento Estratégico da Informação. 10. ed. Rio de Janeiro: Campus, MILANESI, Luiz. Ordenar para desordenar: centros de cultura e bibliotecas públicas. NONAKA, I. & TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro, Campus 1997. OLIVEIRA JUNIOR, M. Aprendizagem Organizacional: vantagem competitiva em ambientes turbulentos. Revista de Administração Mackenzie - RAM, São Paulo, v. 3, p. 04-19, 1996. SHIROMA, Eneida Oto; MORAES, Maria Célia de; EVANGELISTA, Olinda. Política Educacional. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. SILVA NETO, Casemiro. A comunicação em busca de um novo paradigma. In: ____. No ar, o som das águas. Projeto radiofônico: da gênese da recepção. 2001.Tese(Mestrado) – ECO – Escola de Comunicação da Universidade Federal do rio de Janeiro – UFRJ. SILVA NETO, Casemiro. Novas esfinges, outras decifrações, recepção e comunicação: a leitura como pista teórica. Olhar midiático. Fortaleza, p.10, set.1998. SILVA, Waldeck Carneiro da. Miséria da Biblioteca Escolar. São Paulo: Cortez, 1995. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

Page 168: diagramação

FILOSOFIA DA INFORMAÇÃO: CONCEITOS E ABORDAGENS NO ÂMBITO SOCIAL

Túlio Revoredo Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Graduando em Biblioteconomia

[email protected]

Resumo: No novo contexto de informação que surge de forma muito efêmera e estreitamente ligada às novas tecnologias, faz-se necessário o questionamento e o entendimento de como esta informação está sendo gerada e consumida, visto que, a mesma encontra-se em constante mutação e podendo surgir de diversas formas. Nesse contexto, surge a filosofia da informação. Sua questão primeira é epistemológica, e tenta elucidar alguns problemas pertinentes ao contexto social. Questiona a relação do homem com o surgimento e a permutação da informação, com as suas formas e as suas atribuições. Acreditamos que, para a compreensão dos possíveis problemas informacionais gerados na sociedade, temos que conhecer a sua episteme, contemplando uma maior abordagem conceitual e de questionamentos. Com base em uma revisão de literatura, este artigo se dispõe a abordar a sociedade prioritariamente analisando a essência na produção da informação, para que possamos discutir as conceituações e as atribuições da filosofia da informação, tentando elucidar as suas contribuições e propor uma reflexão de como o pensar filosófico e epistemológico pode levar a uma melhor compreensão do contexto informacional, político e social. Palavra-chave: Epistemologia da Informação; Filosofia da Informação; Informação e Sociedade.

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INTRODUÇÃO

A necessidade de conceituar e teorizar sobre determinado objeto visa

facilitar a nossa aproximação de determinado problema. A estrutura conceitual que

contempla o domínio das tecnologias da informação traz a tona a observação e a

percepção da constante circulação da informação na sociedade, implementando

assim uma interconexão, ou seja, a obtenção fácil e rápida da informação.

Diante desse ambiente é relevante pensar na inserção e permutação da

informação na sociedade, tornando necessário um questionamento que procura

refletir e conceituar uma pesquisa voltada para a teoria espistemica da informação.

Configurar uma pesquisa na abrangência da informação em um novo

contexto social é uma tarefa complexa, porém necessária, devido ao contexto

contemporâneo quase ilimitado de geração da informação. Dessa maneira, torna-se

necessário pensar e teorizar sobre como ocorre a interação da informação com a

sociedade.

Também, é importante observar a dinamização informacional que se

apresenta de forma mais saliente na abordagem da sociedade compreendida como

da informação, que se configura em meio as novas formas de processamento da

informação que acontecem de maneira intensa, aprimorando-se de acordo com as

novas atribuições tecnológicas.

Nessa perspectiva, esta pesquisa se concentra nas discussões das análises,

conceituações e teorias existentes na literatura da Ciência da Informação. Tem como

hipótese a ideia de que a informação pode, de certa maneira, ser discutida diante de

uma filosofia que esteja vinculada ao pensamento social. Esta filosofia é configurada

neste trabalho como “filosofia da informação”. Buscamos, assim, apresentar a

filosofia da informação enquanto catalisadora de espaços espistemicos, ou seja,

espaços de produção e uso da informação.

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REFLEXÕES SOBRE A FILOSOFIA DA INFORMAÇÃO

A Filosofia sendo analisada em uma visão ampla trata-se de uma área de

estudo preocupada em refletir sobre questões fundamentais relacionadas à

existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à

linguagem.

Nessa abordagem, o filósofo italiano Luciano Floridi¹, elaborou uma pesquisa

voltada ao valor da Informação por meio da apropriação da Filosofia enquanto área

de estudo reflexiva, atribuindo ainda uma relação estreita com as novas tecnologias

de processamento da informação, tornando mais evidente a sua necessidade de

teorização espistemica e/ou filosófica.

Diante desse ambiente é relevante e importante salientar a complexidade do

estudo e da sitematização da Filosofia da Informação(abreviado para PI philosophy

of information em inglês ou FI em português), devido a não existência de um

consenso a respeito da definição do termo Informação. Essa multiplicidade de

definições poder gerar uma difusão no conceito de acordo com seu modo se

referência.

A mutação do conceito de informação é contemplada quando observa-se que

entre os anos de 1900 a 1981 existiam mais de 700 definições a respeito da

informação em todo o mundo. (CAPURRO; HJORLAND, 2003, p. 349)

Todavia, a Filosofia da Informação surge basicamente para elaborar uma

teoria concisa do conceito da Informação e também para conceituar, analisar e

teorizar sobre as proporções que a Informação, em seus diversos níveis, adquire na

sociedade.

Alguns teóricos da informação vislumbram a problemática e projetam

estruturas conceituais para a Informação sendo estudada diante de uma Filosofia

apropriada, admitindo a informação prioritariamente, como mecanismo de

interação, sendo por meios diretos ou não.

De acordo com Floridi (2002, p.124): a Filosofia da Informação procura

expandir a fronteira de pesquisa filosófica, visto que inclui novas áreas à sua

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investigação porque não coloca juntos tópicos pré-existes, proporcionando uma

reordenação do cenário filosófico.

Para Franceli e Pegalleti (2004, p.127) O método de estudo da Filosofia da

Informação é relacional, ou seja, baseia-se na complexidade do pensamento e do

cotidiano humanos e o seu objeto de estudo é a informação “liberta”, é aquela

informação que não está presa a um domínio, que está fora do controle humano, mas

não de sua percepção.

A partir dos conceitos aqui expostos, é possível visualizar a Filosofia da

Informação como campo da pesquisa filosófica voltado para a investigação crítica da

estrutura conceitual e dos princípios básicos da informação e ainda da elaboração e

aplicação da teoria da informação e das metodologias computacionais aos problemas

filosóficos. A Filosofia da Informação pressupõe que um problema ou uma explicação

pode ser legitimamente e genuinamente reduzido para um problema informacional.

A Filosofia da Informação é uma área relativamente nova e que está a

procura de seu reconhecimento formal como um campo de pesquisa filosófica, mas

ela possui um grande potencial que é proporcionar uma reflexão de base, sob uma

mesma perspectiva de fundo, a informação, sobre os pressupostos, os métodos, os

problemas e as soluções de cada vez maiores parte das atividades científicas,

culturais, sociais e profissionais nas sociedades desenvolvidas (ILHARCO,2004)

Dessa forma, compreende-se como atribuição da Filosofia da Informação o

tratar da informação pela episteme, adentrando em conceitos sobre o que é a

informação propriamente dita, fazendo-nos perceber a importância do conceito

antes do conceito, ou seja, a epistemologia, como mostra Ilharco:

A filosofia da informação é um projeto destinado a consolidar numa área de investigação autônoma, uma série vastíssima de problemas e questões originados e relacionados com emergência da chamada sociedade da informação. Em termos gerais ela é a colocação filosófica, sem pressupostos, rigorosa e radical da questão da informação. Ela é a tentativa de pensar filosoficamente a informação: o que é a informação? O que é a informação? Quais as dinâmicas e modos de ser informação? O que

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distingue a informação doutros fenômenos que lhe são associados, como a comunicação, os dados, o conhecimento, a ação, o ser, a diferença? O que é que permite in dentificar, assumir ou pressupor determinada manifestação, fenômeno ou evento como informação? (ILHARCO, 2004, Grifo do autor)

Uma abordagem também relevante e questionável sobre a reflexão do que

venha a ser o conceito e atribuição da filosofia da informação, são as Tecnologias da

Informação e Conhecimento (TIC), no entanto, esta nova área não deve ser tomada

como a filosofia das tecnologias da informação e do conhecimento, mas

verdadeiramente como a filosofia da informação (FLORIDI apud ILHARCO, 2004).

Apesar das novas tecnológicas terem uma enorme força na sociedade atual, e de

certa forma serem um fenômeno relevante dada a sua incrível penetração na

sociedade, o fenômeno de base é a informação. Dessa forma, a filosofia da informação

se configura como primogênita na reflexão e nos questionamentos dos vários

assuntos e fenômenos, como afirma Floridi:

A filosofia da informação privilegia a informação como o seu tópico central, em detrimento da computação porque ela analisa a última pressupondo a primeira. A filosofia da informação trata a questão da computação apenas como um dos processos – e talvez o mais importante – em que a informação está envolvida. Desta forma, esta área deve ser tomada como filosofia da informação e não apenas definida em sentido estrito como filosofia da computação, tal como a epistemologia é a filosofia do conhecimento e não apenas a filosofia da percepção (FLORIDI apud ILHARCO, 2004).

Outro ponto que envolve a relação da Filosofia da informação com as TIC, são

as relações que esta última tem com as mudanças de comportamentos sociais, de

valores, e de estruturas, no âmbito da informação, levando assim ao questionamento

da ética dessa informação, pois é a partir dela que os conceitos sociais se modificam,

toda uma cadeia é gerada através dessa informação que surgiu de forma muitas

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vezes desconhecida e/ou manipulada por uma pessoa física ou por alguma

corporação que se utilize dos meios tecnológicos, onde não há controle de conteúdo

de propagação dessa informação para uma certa demanda social.

Em linhas gerais observaremos a sociedade no seu convívio em meio a uma

conflitante relação entre a informação e o seu acesso, sobretudo no contexto de

mudança de paradigma advindo com o século XX que ocasionou uma maior demanda

informacional e tecnológica.

Portanto, Para refletirmos sobre o estudo aqui proposto vamos considerar a

informação na sua forma de interação social, ou seja, partiremos do princípio que a

informação contempla sua estrutura de dinamização na necessidade da existência de

um mentor e de um receptor, atrelando assim, a necessidade de reflexão na sua

forma de ser criada e consumida, observando seu impacto social.

FILOSOFIA DA INFORMAÇÃO NO ÂMBITO DA SOCIEDADE

Como mencionado, a informação é um elemento importante na sociedade

contemporânea e estudada diante de uma filosofia apropriada é fundamental para o

entendimento da dinâmica e das relações que ocorrem no momento em que esta

informação está em uso.

É possível verificar que a literatura atual trata majoritariamente o ambiente

no qual a informação se dispõe como “sociedade da informação”. Para entendermos a

relação entre a filosofia da informação e a sociedade é importante avançar no

próprio conceito de sociedade da informação.

A expressão ‘sociedade da informação’ passou a ser utilizada, nos últimos anos desse século, como substituto para o conceito complexo de ‘sociedade pós-industrial’ e como forma de transmitir o conteúdo específico do ‘novo paradigma técnico-econômico’. A realidade que os conceitos das ciências sociais procuram expressar refere-se às transformações técnicas, organizacionais e administrativas que têm como ‘fator-chave’ não mais os insumos baratos de energia – como na sociedade industrial – mas os insumos baratos de informação propiciados pelos avanços tecnológicos na

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microeletrônica e telecomunicações. Esta sociedade pós-industrial ou ‘informacional’, como prefere Castells, está ligada à expansão e reestruturação do capitalismo desde a década de 80 do século que termina. As novas tecnologias e a ênfase na flexibilidade – idéia central das transformações organizacionais – têm permitido realizar com rapidez e eficiência os processos de desregulamentação, privatização e ruptura do modelo de contrato social entre capital e trabalho característicos do capitalismo industrial. (WERTHEI, 2000, p. 71)

Nesse ambiente podemos observar a estrutura da condição de reflexão na

sociedade, de tal maneira a pensarmos como podemos vislumbrar uma sociedade

que produz cada dia mais informação, onde, porém não se preocupa em refletir como

essa informação está surgindo, se propagando, sendo recebida e usada. Essas

questões carregam consigo um ideal e propósito muito amplo, pois, são a parti

dessas reflexões que poderemos, quem sabe num futuro próximo, resolver

problemas relacionados não só a questão do gerenciamento da informação, mas

quanto ao seu conteúdo, a sua forma de atingir o receptor e, é nesse contexto que a

Filosofia da Informação deve configurar sua pesquisa, visando prioritariamente a

interação da informação na sociedade.

Mediante análises mais profundas podemos observar a importância que a

informação pode ter,e tem, na sociedade. É a parti dela que poderemos solucionar os

abismos de acesso a conteúdos gerados na sociedade, de tal forma que se torna

imprescindível, nos dias atuais, termos uma preocupação quanto a reflexão

epistemológica da informação.

Em uma observação ampla, podemos concluir que a questão da produção

exacerbada da informação, está acentuando uma nova estrutura social, por hora,

uma sociedade apenas inovadora, repleta de novas atribuições, configurando novos

horizontes, de forma expansiva e em uma visão de progresso, porém, isso não a

isenta de problemas futuros, e/ou de modificações futuras, tais como, uso, ética e

disseminação

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Nesse ambiente que a sociedade vem se configurando, a problemática da

informação torna-se algo relativo mediante ao contexto, na medida que, a sociedade

configurada a partir da década de 1990 crê numa estrutura de produção

informacional almejando a interatividade sempre em proporções maiores, onde, essa

se torna demasiadamente efêmera e de conceituações abrangentes, de forma que

torna-se quase impossível questionar como essa informação está surgindo e se

propagando.

É nesse ambiente que se contempla um novo tipo de informação, o que

poderíamos chamar de Informação Órfã, ou seja, a informação sem precedentes, a

informação que se sabe que surgiu, sabe que ela existe, que representa um conceito

(mesmo que efêmero), porém, sua real disposição mediante a sociedade é difusa, o

que dificulta a reflexão quanto sua validade e quiçá sobre a sua empregabilidade.

Mediante tais questões é relevante configurar um pesquisa estruturada em

torno da epistemologia da informação, propor uma desaceleração na freneticidade

informacional. Enquanto a atenção para a informação fim é predominante em

diversas estruturas sociais, essa nova proposta de estudo salienta sua atenção para a

informação em seu contexto geral, desde sua criação à sua propagação, se propondo

a de fato refletir prioritariamente sobre a informação, discutir sua episteme,

tornando possível uma visibilidade conceitual sobre seu uso e consumo.

Se propõe aqui, uma teoria para analisar a informação de acordo com sua

atribuição social, de maneira a conhecermos a sua finalidade, ambientando-se em

uma análise observacional a respeito da freneticidade implantada pelo contexto,

antes da rapidez é preciso prezar pela eficiência, buscando uma maior produção

informacional com uma maior qualidade.

Com a abertura para uma maior criação da informação e para sua

propagação em meio a uma rede mundial, onde há a predominância das redes sociais

que produzem uma gama enorme de informação, observa-se o que poderá se tornar

uma problemática em um futuro próximo, ocasionado, em tese, um limite na ruptura

no que diz respeito a esfera social dessa informação, ou seja, contemplando

questionamentos da propagação e implementação informacional na sociedade.

Page 176: diagramação

A análise das redes sociais, consequentemente da Web 2.0, requer um

estudo mais aguçado e profundo, porém, como já mencionado, as Tecnologias de

criação e disseminação da informação estão diretamente ligadas a Filosofia da

Informação, pois, é dessa forma que a sociedade mostra a sua forma de poder

informacional, dado a sua criação e propagação de forma quase que instantânea e

que consequentemente leva a necessidade do estudo da informação pela filosofia,

devido a necessidade de elaboração de uma estrutura social através de uma filosofia

da informação apropriada, contemplando a contribuição reflexiva para problemas

fundamentais de entendimento das relações na sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Abordar uma pesquisa sobre a reflexão e a atribuição que a filosofia da

informação tem no âmbito da sociedade é uma tarefa árdua e complexa, dado que, as

abordagens e conceitos a respeito da informação são deveras obscuras,

impossibilitando talvez uma observação mais concisa dessa área que ainda é carente

de definições.

Todavia, mesmo com algumas indefinições a respeito da informação, não nos

isenta da preocupação de observação da dinâmica informacional numa perspectiva

epistemológica e ontológica, onde se torna necessário começar a rever valores éticos

da informação que surge efemeramente e de forma desordenada, compreendendo os

valores da criação e da propagação, vislumbrando entender o real sentido da

importância dessa informação para a sociedade.

Como dito anteriormente é impossível desassociar o conceito de sociedade do

conceito de informação, não existe sociedade que se estrutura sem informação.

Propomos então, uma maior observação para a informação na sua forma de atingir o

receptor, entender e estruturar um mecanismo de compreensão para termos uma

maior eficiência na permutação dessa informação na sociedade, visando assim,

destruir algumas barreiras de acesso a informação, não podendo perder de vista

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também, que é extremamente necessário revermos as questões éticas dessa

informação enquanto conteúdo na sociedade.

REFERÊNCIAS

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Solla Prince. Ciência da Informação, v.3, n.2, p.155-177, 1974.

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CAPURRO, Rafael; HJORLAND, Birger. Annual Review of information Science and

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n.2, p. 37-42, 200.

FEREATER MORA, J. Dicionário de filosofia. 5.ed. Lisboa: Publicações Dom Quixote,

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FRANCELIN, Marivalde Moacir; PELLEGATTI, Caio. Filosofia da Informação:

reflexos e reflexões. Transinformação, v.16, n.2, p.123-132, maio/ago. 2004.

FLORIDI, L. What is philosophy of information? Metaphilosophy, v.33, n.1/2,

p.123-145, 2002. Disponível em: <http://www.wolfson.ox.ac.uk/~floridi> .Acesso

em: 14 Out 2010.

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JAPIASSU, H. As máscaras da ciência. Ciência da Informação, v.5, n.1, p.13-15, 1977.

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abordagens, conceitos e metodologias de pesquisa para a Ciência da

informação. Perspect. Ciênc. Inf., Belo Horizonte, v.10 n.2, p.140-165, jul./dez.2005

Page 178: diagramação

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SANTOS, Laymert Garcia dos. Limites na ruptura da espera da informação. São

Paulo em Perspectiva, v.14 n.3, p. 32-39, jul. 2000

WERTHEI, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ci. Inf., Brasília, v. 29,

n. 2, p. 71-77, maio/ago. 2000.

___________________________________________________________________

Notas

1 Luciano Floridi (nascido em 1964) é um filósofo italiano conhecido pelo seu

trabalho pioneiro no campo da Filosofia da Informação e da Ética da Informação.

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INDICADORES CIENTÍFICOS: Uma Análise da Produção do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da UFPE

a partir dos currículos da Plataforma Lattes

Guilherme Alves de Santana UFPE. Graduando em Gestão da Informação.

[email protected]

Natanael Vitor Sobral UFPE. Graduando em Gestão da Informação.

[email protected]

Marcio Henrique Wanderley Ferreira UFPE. Graduando em Gestão da Informação. [email protected]

Fábio Mascarenhas e Silva

UFPE. Doutor em Ciência da Informação. Docente do Departamento de Ciência da Informação (DCI – UFPE). [email protected]

Resumo: Os indicadores científicos são reconhecidamente importantes para a gestão da Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T & I), já que demonstram as tendências e variáveis do setor. Sua construção e análise se inserem como fatores indutores à elaboração de estratégias e planos de ações, sejam em âmbito público ou privado. No caso da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), os indicadores servem como balizadores para a formulação de políticas e para a tomada de decisões. Deste modo, este estudo objetiva analisar a produção científica do Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Sociologia (PPGS-UFPE), no período compreendido entre os anos de 2007 a 2009 (último triênio avaliado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES –). Para tanto, fez-se a coleta dos currículos dos docentes disponíveis na Plataforma Lattes (PL) por meio da ferramenta “ScriptLattes”, que compilou as listas de produção científicas. Em seguida, realizou-se uma análise qualiquantitativa das publicações com o intuito de identificar os principais aspectos e tendências da produção científica, com vistas à proposição de uma metodologia para a geração de indicadores científicos capazes de subsidiar processos decisórios no âmbito da gestão da C, T & I. Dentre os principais resultados, identificaram-se a quantidade total de publicações, os avanços e retrocessos da produção científica do programa, a média anual de publicações, os principais veículos de comunicação, o nível Qualis CAPES dos periódicos, as principais redes de colaboração dos docentes, os pesquisadores mais influentes, e os grupos e linhas de pesquisa de destaque. Palavras-chave: Plataforma Lattes; Indicadores do PPGS-UFPE; Produção Científica.

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Abstract: The Science and technology indicators are known to be important for the management of Science, Technology and Innovation (ST&I), as quantitatively demonstrate trends and variables of the sector. Its construction and analysis are included as factors inducing the development of strategies and action plans, whether in the public or private. In the case of the Universidade Federal de Pernambuco-UFPE (Federal University of Pernambuco) (UFPE), the indicators serve as benchmarks for policy formulation and decision making. Thus, this study aims to analyze the scientific production of the Post-Graduate (Masters and PhD) in Sociology (PPGS-UFPE) for the period between the years 2007 to 2009 (the last three years evaluated by the Department of Personnel Training Higher Education - CAPES -). As such, there is the collection of resumes of available teachers in the Lattes Platform (PL) through the tool "ScriptLattes", which compiled the lists of scientific production. Then there was a qualitative and quantitative analysis of publications in order to identify key issues and trends of scientific production, with a view to proposing a methodology for generating scientific indicators that can support decision making in the management of C, T & I. Among the key findings were identified within the total quantity of publications, the ebbs and flows of scientific program, the average annual publications, the main means of communication, the level of Qualis CAPES journals, major collaborative networks of teachers , the most influential researchers, and groups and research lines of distinction. Keywords: Science and technology indicators; Lattes Database; Indicators PPGS-UFPE; Scientific Production.

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1 INTRODUÇÃO

Devido à variada dinâmica produtiva existente no setor de Ciência,

Tecnologia e Inovação (CT&I), gestores frequentemente necessitam de instrumentos

informacionais capazes de monitorar e apontar as principais tendências do setor

com a finalidade de formulação de políticas e estratégias de ação. A partir desta

realidade, a criação e o uso de indicadores da atividade científica se inserem no

contexto da CT&I como fatores indutores para o processo de tomada de decisão em

instâncias governamentais e políticas, já que apontam o grau de maturidade,

evolução e retrocessos de segmentos ligados ao setor.

Todavia, para produzir indicadores que assinalem com proximidade a

realidade do setor de CT&I, faz-se necessário desenvolver sólidos e confiáveis

instrumentos e metodologias, que aperfeiçoem a geração de informações que

contribuam positivamente nas decisões, políticas e no planejamento da gestão do

setor.

Diante da árdua tarefa de identificação de mecanismos eficientes para a

elaboração de indicadores científicos e sua posterior análise adaptada ao contexto

explorado, este trabalho objetivou analisar a produção científica do Programa de

Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Sociologia (PPGS) da Universidade

Federal de Pernambuco (UFPE). Para tanto, utilizaram-se estudos métricos das

informações contidas nos currículos Lattes dos pesquisadores do PPGS cadastrados

na Plataforma Lattes (PL) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq), com a finalidade de gerar indicadores que apóiem o processo

decisório de gestores de CT&I do estado de Pernambuco.

2 INDICADORES CIENTÍFICOS COMO INSUMOS PARA O PROCESSO DECISÓRIO

NO SETOR DE CT&I

O uso de indicadores da atividade científica é fator indutor à

mobilização e amadurecimento de diversos segmentos da sociedade, tais como os

Page 182: diagramação

setores governamentais e políticos. Haja vista a importância desse uso, ressalta-se a

existência de incentivos da comunidade acadêmica e dos gestores de CT&I que,

através dos citados instrumentos, buscam compreender melhor a dinâmica da

produção científica no intuito de subsidiar e avaliar o planejamento e resultados das

políticas voltadas a esse ambiente. De acordo com Santos e Kobashi (2005) há um

conjunto expressivo de indicadores empregados na análise da produção científica

que podem ser divididos em:

Indicadores de Produção Científica – construídos pela contagem do número de

publicações por tipo de documento (livros, artigos, publicações científicas, relatórios

etc.), por instituição, área de conhecimento, país, dentre outros;

Indicadores de Citação – estabelecidos pela contagem do número de citações

recebidas por uma publicação de artigo de periódico. É o meio mais reconhecido de

atribuir crédito ao autor;

Indicadores de Ligação – criados pelas co-ocorrências de autoria, citações e

palavras, sendo aplicados na elaboração de mapas de estruturas de conhecimento e

de redes de relacionamento entre pesquisadores, instituições e países. Emprega

técnicas de análise estatística de agrupamentos.

Esses indicadores são empregados como medidas indiretas da

atividade da pesquisa científica e contribuem para a compreensão dos objetivos da

pesquisa, da estrutura da comunidade científica, do objetivo particular da pesquisa

ou do seu impacto social, político e econômico (ASTON & KLAVANS, 1997; SPINAK,

1996 e 1998; TRZESNIAK, 1998; OKUBO, 1997).

No Brasil há forte intervenção governamental na gestão da CT&I, assim,

as políticas de órgãos públicos como o CNPq, Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP),

Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) e

as próprias universidades através de suas pró-reitorias de pesquisa necessitam de

informações consistentes e confiáveis que auxiliem seus processos decisórios. Nota-

se que estes órgãos são membros e parceiros do Sistema Nacional de Ciência,

Tecnologia e Inovação (SNCTI) e que frequentemente encontram dificuldades em

Page 183: diagramação

seus processos decisórios devido à ausência ou ineficácia de indicadores científicos

atualizados e confiáveis. Vide o caso da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia

do Estado de Pernambuco (FACEPE), que possui indicadores inconsistentes sobre a

realidade da produção de CT&I em âmbito estadual (FACEPE, 2010).

Por conseguinte, a construção de instrumentos capazes de construir

indicadores é imprescindível à gestão de políticas científicas, e a ausência de análise

e contextualização destes indicadores em um ambiente ou atividade específica pode

limitar a eficácia do processo, tornando-o indicador sem sentido e utilidade, apenas

números sem significado.

2.1 Indicadores Científicos na Gestão de CT&I em Instituições de Ensino

Superior (IES)

Para as Instituições de Ensino Superior (IES), em especial as que

mantêm programas de pós-graduação (PPG) Stricto Sensu, como é o caso da UFPE, a

atividade de construção de indicadores científicos destaca-se como um recurso que

possibilita o aperfeiçoamento dos processos de avaliação, acompanhamento e

planejamento institucional. Desta forma, os gestores das IES podem e devem utilizar

estes indicadores com o propósito de averiguar aspectos qualiquantitativos da

produção, buscando o alinhamento com a instância reguladora de sua atividade fim,

sendo a CAPES no caso dos PPGs Stricto Sensu, que publica os critérios avaliativos e

realiza julgamentos trienais destes programas.

Estes indicadores de produção científica podem ser gerados através de

dados disponíveis publicamente na base de dados de currículos Lattes dos

docentes/pesquisadores e do cruzamento destes dados com os de outras bases

importantes, como é o caso do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPQ

(DGP/CNPq) (http://dgp.cnpq.br/buscaoperacional/) e do WebQualis

(http://qualis.capes.gov.br/webqualis/). Neste caso, vários aspectos da produção

são considerados, como: tipologia da produção (livros, capítulos de livro, artigos de

periódicos e trabalhos de evento); quantidade de publicações; nível Qualis CAPES

Page 184: diagramação

dos artigos publicados em periódicos; colaboração dos docentes, e; grupos e linhas

de pesquisa de destaque na instituição.

Desta maneira, os indicadores científicos servem como balizadores

para a formulação de políticas e tomadas de decisões nas IES, já que possuem

informações baseadas em dados precisos e consistentes que apontam, com

proximidade, a situação real da produção científica da instituição. Neste sentido, o

desenvolvimento de metodologias consistentes para a construção dos indicadores

científicos é demasiadamente importante, de forma que contribuam para uma

demonstração quantitativa das tendências e variáveis das IES, e fornecem subsídios

para a interpretação dos modos pelos quais as produções científicas são criadas,

comunicadas e acessadas.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O método escolhido foi o cientométrico. De acordo com Spinak (1998),

os objetivos específicos da cientometria visam investigar o crescimento quantitativo

da ciência, o desenvolvimento de disciplinas, o relacionamento entre ciência e

tecnologia, a obsolescência dos paradigmas científicos, a estrutura de comunicação

entre cientistas, a criatividade e produtividade de pesquisadores e a relação entre o

crescimento econômico e o desenvolvimento científico.

Para o desenvolvimento do trabalho, adotaram-se os seguintes

procedimentos: Inicialmente foi escolhido um programa de pós-graduação

recomendado pela CAPES da UFPE, que foi o Programa de Pós-Graduação em

Sociologia (PPGS). Fundado em 1967, PPGS oferece cursos de Mestrado e Doutorado.

Na última avaliação trienal da CAPES que compreendeu o triênio de 2007 a 2009, o

PPGS obteve o conceito 5, evoluindo 1 ponto em relação à avaliação anterior que

corresponde ao período de 2004 a 2006.

Em seguida, utilizando a ferramenta ScriptLattes

(http://scriptlattes.sourceforge.net/), fez-se a extração e compilação da produção

bibliográfica (artigos em periódicos científicos, livros, capítulos de livros e trabalhos

Page 185: diagramação

em eventos) dos pesquisadores do PPGS, compreendendo o período do último

triênio (2007 a 2009) considerado pela CAPES.

Logo após a coleta e compilação dos dados foram estabelecidas

combinações e correlações entre eles, para tanto foi utilizado o Microsoft Excel para

a geração de gráficos de produção científica, linhas de pesquisa, grupos de pesquisa e

estratificação Qualis, e ainda utilizou-se o UCINET com a finalidade de geração de

gráficos de colaboração. As coletas e experimentos foram realizados na estrutura do

Laboratório de Informática do Departamento de Ciência da Informação (LABINF-

DCI) em agosto de 2010.

Os dados que serão apresentados nos resultados foram extraídos da

base de dados da Plataforma Lattes (PL) que, permitiu o acesso ao DGP/CNPq, onde

foram realizadas consultas referentes aos grupos de pesquisa mais freqüentes e

linhas de pesquisa mais adotadas, ainda utilizou-se dados da base WebQualis para

consultar o extrato de qualidade dos periódicos científicos identificados.

No processo de identificação da qualidade dos periódicos, foi acessado

um aplicativo no site do WebQualis

(http://qualis.capes.gov.br/webqualis/ConsultaPeriodicos.faces) que permite a

classificação e consulta ao Qualis das áreas e a divulgação dos critérios utilizados

para a classificação de periódicos. A pesquisa foi feita por um documento onde

constam: título de cada periódico com Qualis na área de sociologia, extrato, e ano

base. Dos 43 periódicos, 11 não foram encontrados no WebQualis.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Para a geração de indicadores da produção científica do PPGS-UFPE no

período de 2007 a 2009, objetivou-se extrair e organizar os dados dos currículos dos

docentes do programa a partir da PL do CNPq e da correlação de dados de outras

bases. Identificou-se que o PPGS produziu: 61 artigos de periódicos; 26 livros

(publicados, organizados ou editados); 106 capítulos de livros; 40 trabalhos

completos publicados em anais de eventos; 11 resumos expandidos publicados em

Page 186: diagramação

anais de eventos, e; 38 resumos publicados em anais de eventos. Totalizando 282

publicações, que podem ser visualizadas no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Produção Científica do PPGS – UFPE no triênio de 2007 a 2009

Fonte: Elaboração própria

A partir da observação do gráfico 1, percebe-se que o PPGS voltou suas

publicações para determinados veículos de comunicação, sendo estes: em primeiro

lugar destacam-se os capítulos de livro, em segundo lugar os artigos de periódico, e

em terceiro os trabalhos completos em anais de eventos com 106, 61 e 40 itens

respectivamente.

Ao constatar os três principais veículos que os pesquisadores/docentes

do PPGS-UFPE direcionaram suas produções criou-se o gráfico 2, que apresenta a

evolução da publicação nos referidos veículos de comunicação científica de acordo

com último triênio de avaliação da CAPES (2007 a 2009).

Série1; Resumos expandidos

publicados em anais de

congressos ; 11

Série1; Livros publicados/organ

izados ou edições; 26

Série1; Resumos publicados em

anais de congressos; 38

Série1; Trabalhos completos

publicados em anais de

congressos; 40

Série1; Artigos completos

publicados em periódicos; 61

Série1; Capítulos de livros

publicados; 106

Page 187: diagramação

Gráfico 2 – Veículos mais utilizados e evolução ao longo do triênio (2007 a 2009)

Fonte: Elaboração própria

Em relação à avaliação do triênio que compreende os anos de 2007 a

2009, observa-se que a CAPES atribuiu ao critério “produção qualificada” 50% da

nota do quesito “produção intelectual”, que equivale a 40% do conceito global

atribuído aos Programas de Pós-Graduação em Sociologia existentes no Brasil. Este

fator certamente estimulou o PPGS a direcionar sua produção aos dois primeiros

veículos citados acima, pelo fato de “produção qualificada” para a CAPES

representar, livros, capítulos de livro e artigos de periódicos.

Outro ponto a destacar é a concentração da produção em PPGs. Esta

consiste na distribuição não equitativa do total publicado pelo número de

pesquisadores/docentes membros do quadro permanente de programas de pós-

graduação. Amplamente combatida nas avaliações da CAPES, a concentração da

produção é determinante no conceito recebido pelos programas de pós-graduação,

sendo fator crucial para o seu sucesso ou insucesso.

No caso do PPGS, evidenciou-se concentração nos seis primeiros

pesquisadores/docentes, explicitada no Gráfico 3. Este indicador apresenta um

problema ao PPGS, pois expõe a necessidade do programa em melhor adequar-se aos

critérios estabelecidos pela CAPES. A linha verde presente no gráfico 3 é

determinada pela média, desta maneira visualiza-se nove docentes/pesquisadores

Page 188: diagramação

acima da média da produção total que é de 25 trabalhos, já abaixo da média

encontram-se 13 docentes, impulsionando negativamente a média do conjunto.

Gráfico 3 – Concentração da produção científica do PPGS

Fonte: Elaboração própria

Além dos resultados apresentados anteriormente, foi possível

identificar quatro redes de colaboração científica entre os pesquisadores/docentes

do PPGS. Destas, duas contém apenas dois membros que publicam entre si, e as duas

restantes apresentam seis indivíduos cada uma. Ainda foi possível notar a presença

de seis pesquisadores que publicaram ao longo do triênio avaliado individualmente.

Isto não caracteriza uma surpresa, pois este é um fato muito comum na área de

ciências humanas. O Gráfico 4 constata estes fatos, nele cada docente é representado

pelo D maiúsculo seguido de um número determinado aleatoriamente, (ex. D1 =

docente um).

Gráfico 4 – Redes de colaboração do PPGS

Page 189: diagramação

Fonte: Elaboração própria

A busca realizada no DGP/CNPq permitiu a identificação dos grupos de

pesquisa mais presentes na atividade científica do PPGS (Gráfico 5), e também as

linhas de pesquisa mais adotadas pelos pesquisadores/docentes do PPGS (Gráfico 6).

Page 190: diagramação

Gráfico 5 – Grupos de pesquisa mais presentes no PPGS

Fonte: Elaboração própria

No gráfico 5, Observa-se que os Grupos de Pesquisa com mais

pesquisadores dentro do programa são: 1) Sociedade brasileira contemporânea:

cultura, democracia e pensamento social (UFPE); 2) Núcleo de cidadania, exclusão e

processos de mudança (UFPE); 3) Laboratório de observação permanente sobre as

transformações do mundo rural do Nordeste (UFPE), e; 4) Globalização e Agricultura

(UFPE).

Page 191: diagramação

Gráfico 6 – Linhas de pesquisa mais adotadas pelo PPGS

Fonte: Elaboração própria

Constata-se no Gráfico 6 que as linhas de pesquisa mais produtivas do

programa foram: 1) Sociologia, saúde e redes sociais; 2) Processos sociais e agrários;

3) Cultura, sociologia crítica e produção do conhecimento na América Latina e África;

4) Cultura política, dominação e identidades coletivas. Com isto percebe-se que o

viés do PPGS é bastante diversificado, e compreende várias correntes de pesquisa no

âmbito das Ciências Humanas e Sociais.

Para uma abordagem mais qualitativa das informações contidas nos

currículos, verificou-se o extrato Qualis de cada periódico científico no quais os

docentes/pesquisadores do PPGS publicaram seus artigos. Qualis é o conjunto de

procedimentos utilizados pela CAPES para estratificação da qualidade da produção

intelectual dos programas de pós-graduação. O Qualis Periódicos possui indicadores

divididos em oito categorias, em ordem decrescente de valor: A1, A2, B1, B2, B3, B4,

B5 e C. Foi importante realizar esta verificação para fins de constatação da qualidade

da produção intelectual do PPGS, pois este é um importante aspecto considerado nas

avaliações trienais da CAPES.

Como resultado percebeu-se que dos 61 artigos de periódicos

publicados pelo corpo docente do PPGS, 50 foram em periódicos com Qualis e 11 em

Page 192: diagramação

periódicos sem extrato Qualis. A distribuição da quantidade de artigos de periódicos

nos extratos determinados pela CAPES podem ser visualizados no Quadro 1 (na

página seguinte).

Quadro 1 – Quantidade de artigos publicados por extrato Qualis

Fonte: Elaboração própria

Em relação à distribuição da publicação por periódicos bem avaliados

no Qualis, identificou-se que os docentes voltaram suas publicações para veículos

com classificação A ou B. Merece destaque mencionar que a maior quantidade de

artigos publicados foi em periódicos B2 e B4, com respectivamente 19 e 9

publicações.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo dos anos a Plataforma Lattes se consolidou como um

importante repositório de informações relevantes à memória científica e tecnológica

Extrato Qualis

Periódicos

Quantidade de

Publicações

A1 6

A2 4

B1 3

B2 19

B3 3

B4 9

B5 4

C 2

Page 193: diagramação

nacional. Isto possibilitou maior profissionalização e padronização da gestão da

informação do SNCTI à medida que a plataforma é reconhecida em todo cenário

nacional como instrumento de apoio às políticas de CT&I.

Com isto, o papel da Plataforma Lattes foi se expandindo, e sua

utilidade à tomada de decisão no âmbito da Gestão de CT&I foi ganhando elevado

grau de maturidade, permitindo que os gestores do setor consultassem informações

na base e aplicassem metodologias para a obtenção de indicadores de caráter

decisório, subsidiando o planejamento e execução de suas atividades. Ainda que

existam metodologias relevantes e pertinentes para a gestão em ciência, tecnologia e

inovação, estas ainda podem ser aperfeiçoadas, de forma que propiciem maiores

garantias aos indicadores, tornando-os cada vez mais confiáveis e sólidos.

Devido à regulação exercida pela CAPES nos programas de pós-

graduação Stricto Sensu, as normas foram se tornando mais rígidas e dinâmicas,

demandando novos instrumentos de gestão que pudessem adaptar a realidade dos

programas de pós-graduação de todo o Brasil às exigências que lhes eram solicitadas,

o que abre um importante espaço para a utilização de indicadores de CT&I.

Desta forma, este trabalho mostrou novas possibilidades para a geração

de indicadores científicos confiáveis e atualizados da produção científica nacional a

um baixo custo. Contudo, fica expressa a preocupação com o destino destes

indicadores, afinal, de nada valerá gerar indicadores seguros, se estes não puderem

servir a uma finalidade específica no contexto do SNCTI. Estes devem ser úteis, tanto

em escala regional (Programas de pós-graduação e Pró-reitorias de Pesquisa),

quanto em escalas macros, como as Políticas de CT&I determinadas pelo CNPq,

CAPES e outras agências e órgãos reguladores.

Page 194: diagramação

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Diagramado em tamanho A5Fontes: Arualight, Aubrey, Calibri e Cambria.

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Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência em restauração e encadernação de documentos. Atua principalmente nos seguintes temas: biblioteco-nomia e movimentos sociais, formação e atuação pro�issional, movimento associativo e memória.

Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência em restauração e encadernação de documentos. Atua principalmente nos seguintes temas: biblioteco-nomia e movimentos sociais, formação e atuação pro�issional, movimento associativo e memória.

Graduando em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência em Higienização e encadernação de documentos. Atua principalmente nos seguintes temas: biblioteco-nomia e movimentos sociais, tecnologia e redes de informação , cultura e direito a informação.

Graduando em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Ciência da Informação e Gestão da informação, atuando principalmente nos seguintes temas: Biblioteconomia, Administração da Informação, Gestão da Qualidade, Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva.

Graduando em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Normalização de trabal-hos acadêmicos, Indexação de Audiovisuais, Ciência da Informação, Filoso�ia com ênfase em Filoso�ia da Informação e epistemologia da informação.