DIA & NOITE: O MELHOR DA PROGRAMAÇÃO CULTURAL DA … · 2014-01-17 · Daí nossa decisão de...

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Ano XIII • nº 224 Janeiro de 2014 R$ 5,90 DIA & NOITE: O MELHOR DA PROGRAMAÇÃO CULTURAL DA CIDADE

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Ano XIII • nº 224Janeiro de 2014R$ 5,90

DIA & NOITE: O MELHOR DA PROGRAMAÇÃO CULTURAL DA CIDADE

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ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14 – Conjunto 2 – Casa 7 – Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico [email protected] | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa André Sartorelli | Colaboradores Adriana Nasser, Alessandra Santos, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Felipe de Oliveira, Gustavo Torres, Heitor Menezes, Júlia Viegas, Lúcia Leão, Luís Turiba, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Melissa Luz, Pedro Brandt, Sérgio Moriconi, Silio Boccanera, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Vicente Sá, Vilany Kehrle | Fotografia Fabrízio Morelo, Gadelha Neto, Rodrigo Oliveira, Sérgio Amaral, Zé Nobre | Para anunciar 9988.5360 Impressão Editora Gráfica Ipiranga | Tiragem: 20.000 exemplares.

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graves&agudos32Heitor Menezes foi conhecer, em pleno território sertanejo do pistão sul, em Taguatinga, um reduto da galera que curte o rock pesado, do hard ao heavy metal: o américa Rock club.

Para quem gosta de sombra e água fresca, 2014 promete. Não bastasse ser ano de Copa do Mundo e eleições gerais, ainda teremos um Carnaval tardio, na primeira semana de março, o que significa que as férias de verão, para muita gente, vão se estender por mais um mês.

Daí nossa decisão de iniciar o ano com uma edição repleta de ótimas sugestões de viagens. Que não se restringem às paradisíacas praias do litoral brasileiro, como as de Cabo Frio, mas avançam para outras paragens, aqui e no exterior, como o leitor poderá atestar a partir da página 19.

Instigada por um de seus irmãos, morador de João Pessoa, a jornalista Vilany Kehrle teve uma bela surpresa ao descobrir que, a poucos quilômetros da capital paraibana, existe um universo repleto de beleza, cultura e história ainda pouco explorado pelos turistas. Ela desbravou o Brejo Paraibano, cortado pela Serra da Borborema, uma região de clima frio que contrasta com as altas temperaturas nordestinas.

Já Súsan Faria optou por fazer uma incursão por Cabo Frio, distante 155 quilômetros do Rio de Janeiro, onde descobriu bons restaurantes, belas igrejas e monumentos, antigos casarios, fortes, dunas e demais encantos dessa que é a sétima cidade mais antiga do Brasil.

De fora do Brasil, Lúcia Leão foi andar por terras lusitanas e se surpreendeu com uma tasca da Cidade do Porto, onde saboreou a sande, forma carinhosa como os gajos se referem ao sanduíche de pernil. Conversou com o simpaticíssimo Guedes, enquanto ele preparava uma sande especial com o queijo de leite de ovelha da Serra da Estrelas Dos deuses.

Também da Europa veio o relato de Felipe de Oliveira, que foi descobrir no departamento de Dordogne os encantos do condado de Périgord, conhecido como “a Toscana francesa”. Reúne natureza exuberante, gastronomia e sítios arqueológicos que formam um patrimônio cultural excepcional.

Quem estiver de malas prontas para o Velho Continente pode também conhecer a mostra de arte engajada do Tate Modern de Liverpool, sugestão de Sílio Boccanera. Lá está, entre outros exemplares de arte “voltada para a esquerda”, a célebre A morte de Marat, de Jacques-Louis David, de 1793.

Para quem não tem planos de viajar neste verão esticado, a Roteiro tem boas ideias para fugir do tédio. É só folhear suas páginas e descobrir quais delas são mais o seu número.

Boa leitura e até fevereiro.

maria Teresa Fernandes editora

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água na boca

Você tem fome de quê?por ana vilela

Pela manhã, um Glauber Rocha acompanhado de Sartre. Ao meio-dia, se estiver muito calor, cai bem

uma Florbela Espanca, quem sabe uma Hilda Hilst. De noite, pode-se começar com Luz Del Fuego. Mas um Pablo Neru-da ou um Victor Hugo também são perfei-tos. Depende apenas do tamanho da fo-me, que pode ser de comida, de cultura,

de estudo, de companhia... Tudo junto em um único cardápio no Sebinho Livra-ria, Café e Bistrô, na 406 Norte, reduto de leitores e de apreciadores da boa comida.

Tem gente que está lá todo dia. Ou-tros, ao menos três vezes por semana. O chinês Yu, recém-formado em Relações Internacionais pela UnB, há oito anos no Brasil, e a amiga tunisiana Aisha Alla-gui, recém-formada em Comunicação pela UnB, há quatro anos e meio no

Brasil, fazem parte de uma extensa turma que frequenta o Sebinho assiduamente. Yu vai de três a quatro vezes na semana. Aisha, até três vezes.

Por que tão cativos? “Venho ler, estu-dar e comer”, explica Aisha, que adora o sanduíche Victor Hugo. Para os dois, o se-gredo do lugar é que se pode chegar, pe-gar o computador e ficar o dia todo, se quiser. “Ninguém incomoda”, garantem. A professora aposentada Inês Moura tam-bém pode ser encontrada em uma das me-sas do café ao menos duas vezes por sema-na. “Sinto-me superbem aqui, as pessoas nos atendem muito bem, gosto dos even-tos, venho aqui desde que Dona Eura era viva, e ainda tem a gastronomia.”

O ambiente tornou-se espaço de pro-fessores, estudantes e grupos de estudos. Muitos transformaram o local em escri-tório ou mesmo em sala de aula. A fre-quência é tão intensa que foi necessário reservar parte do bistrô apenas para refei-ções. “Tem gente que dá aula aqui, aca-bamos criando até amizade”, conta Cida Caldas, uma das proprietárias. O gerente Tiago Sousa, com quase sete anos de ca-

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sa, já viu e ouviu muita coisa: “Sabemos até da vida da pessoa, tem gente que per-manece o dia todo”.

Para quem fica no Sebinho desde a manhã até o jantar, afundado em livros ou na internet, o que não falta é como matar aquela outra fome, a do estômago. Para o café da manhã, variedade de cafés e chocolates. Para comer, omeletes, pão de queijo, quiches... Pode-se começar o dia digerindo Glauber Rocha (queijo de cabra, gruyère e mussarela, a R$ 17,90), um Virgulino (cajá, mascavo, café espres-so, licor de café da casa e leite, a R$ 10,50) ou um Charles Bukowski (chocolate quen-te com conhaque e chantilly, a R$ 12,90).

Os pratos do almoço e do jantar eram variados diariamente, sempre com três opções: um de carne, um de peixe e um

vegetariano.Mas, por causa

da dificuldade de comprar ingre-dientes diferentes todos os dias, o chef Jeferson Sou-za Barros optou por 13 itens que serão trocados a cada três meses, sempre na mesma linha: carne ver-melha, aves, pei-xes e vegetariano.

O cardápio foi montado com base nos pratos mais pedidos até então.

Algumas sugestões são o raigin marro-quino com arroz integral (R$ 31,90); a picanha suína grelhada ao molho de la-ranja, servida com arroz de alho crocante e legumes salteados (R$ 34,90); e a truta grelhada ao molho de amêndoas, servida com arroz andino e legumes salteados (R$ 36,90).

Se a preferência for por algo mais le-ve, há caldos, como o Luz Del Fuego (cal-do de abóbora com gengibre ou gorgon-zola, a R$ 18,90), e saladas (de R$ 19,40 a R$ 21,70), além de sanduíches (de R$ 8,80 a R$ 19,90), petiscos e smoothies (frozen de frutas com iogurte natural e sorvete de creme, a R$ 7). Para beber, su-cos naturais (R$ 6 a R$ 12 a jarra), cerve-jas de qualidade e vinho.

Uma taça de vinho, boa comida, boa leitura e um pouco de história. O Sebi-nho foi criado em 1985. “Começamos na sala 201, onde morávamos, com cerca de 50 livros”, conta Cida Caldas. Uma amiga para quem trabalhava fechou uma livraria e o pagamento foi feito em livros e estantes. Ficaram na quitinete durante cinco anos, até descerem para uma loja no térreo. Atualmente, apenas três lojas do bloco, no térreo, não são do Sebinho, que também ocupa o subsolo.

Uma das grandes personagens da li-vraria foi Dona Eura Cézar, sogra de Cida, falecida em 2008. “Para mim, ela deixou a perseverança, pois, para ela, tí-nhamos de acreditar sempre e estar onde o cliente estava, onde o funcionário esta-va”, analisa Cida. Euro Cézar, sócio do Sebinho juntamente com Cida, filho de Dona Eura, lembra que a mãe era leitora e conversava na mesma língua com os clientes. “Até hoje, contratamos aqui pes-soas que tenham a ver com a leitura”, en-fatiza. Cida e Euro formam aquela parce-ria ideal: ela detém o conhecimento lite-rário; ele, o dinamismo administrativo.

A ideia de abrir o café e o bistrô, inaugurado em 2009, foi uma indicação dos próprios clientes, que passavam ho-ras vasculhando as prateleiras e, de re-pente, queriam comer algo ou tomar um café. A grande presença da livraria, Dona Eura, de quem todos que frequentam a casa há tempos se lembram, participou do início das obras, mas não chegou a ver a inauguração do que hoje é um dos principais pontos de cultura de Brasília.

Além dos livros e do excelente cardá-

sebinho livraria, café e bistrô407 norte – bloco c (3447.4444)De 2ª a sábado, das 9 às 23h.

pio, o Sebinho faz lançamentos de livros e realiza eventos culturais. Há, ainda, cursos, rodas de leitura, e encontros de grupos como o dos apreciadores de quadrinhos e mangás, além de um cam-peonato de Magic e RPG... afinal, no Se-binho todas as fomes são bem-vindas.

O chinês Yu e a tunisiana Aisha Allagui

A professora aposentada Inês Moura

Os sócios Euro Cézar e Cida Caldas

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FoTos Fabrízio morelo

A chamada acima parece até letra de samba e vem para acabar de vez com a funesta acusação de

que Brasília não tem esquina, ou não tem bar de esquina, tão utilizada por ha-bitantes de outras cidades pelo país afo-

Casa de amigosBrasília tem esquina, sim senhor. É na 415 Sul e lá tem um bar com cerveja gelada, feijoada, samba, batucada e muita conversa fiada.

ra. O Bar e Restaurante Cristal, do alto de seus quase 40 anos, é um exemplo dis-so. A memória mais recente fala de seu penúltimo proprietário, o português An-tônio da Rosa, que teria adquirido o bar em 1979. Mas as conversas de antigos frequentadores, inclusive deste escriba, falam de datas um pouco mais antigas, com lançamentos de livros de poesia e shows musicais de Renatos Matos, quan-do o bar e restaurante ainda pertencia a

dois irmãos gaúchos. Mas isso é as-sunto para outras horas de dis-cussão à mesa, com loiras bem geladas a espreitar por trás dos pinguins.

O Cristal está retoman-do, pelas mãos de seu novo proprietário, Aderson de Menezes, o Gigantinho, seu destino natural de bar

de esquina, local de encontro de amigos e casa de petiscos e boa comida. Só foi vendido a Gigantinho por ser ele um an-tigo frequentador, amigo do Seu Antô-nio – ainda assim sob determinadas con-dições, entre elas a de manter alguns em-pregados antigos, como Dona Edite, que faz a famosa feijoada dos sábados e o co-zidão português dos domingos, Valdo, o mágico da carne de sol e churrasqueiro-mor da casa, e Tião, primeiro garçom da administração do português e o preferi-do dos antigos clientes. Condições acei-tas, Gigantinho partiu para as modifica-ções que sempre quisera fazer como fre-guês e não tivera oportunidade. Hoje a casa está com 120 lugares, mais aberta, com teto mais alto, mais ventilada e espa-çosa, facilitando a circulação dos garçons e fregueses e os bate-papos informais.

A cozinha saiu do self-service para

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Gigantinho (à direita) com o amigo Francisco Neto. Abaixo, Tião, o garçom mais antigo da casa.

bar e restaurante cristal 415 sul – bloco a (3346.1322)De 2ª a 6ª feira, das 11h30 às 24h; sábado, das 11h30 às 19h.

um serviço executivo com toque caseiro. Todos os dias são servidos os chamados pratos da casa: a carne de sol com paçoca e mandioca, o churrasco misto, o filé de frango e os peixes grelhados. Além deles, há sempre o prato especial do dia: segun-da-feira, galinha com quiabo; terça, cos-teleta suína; quarta, rabada com polenta e agrião; quinta, dobradinha; e sexta, virado à paulista (todos em torno de R$ 22). Nos sábados, a feijoada para du-as pessoas sai por R$ 52 e o cozidão de domingo, preparado conforme as regras do grande mestre Rosental, que vem sempre borbulhando e coberto por jo-vens e verdes couves, sai por R$ 48 (tam-bém para duas pessoas).

Nos dias de semana, o almoço termi-na às 14h30, mas a cozinha continua for-necendo tira-gostos para os apreciadores de uma cervejinha gelada (a casa tem de quase todas as marcas). Ao final da tar-de, é a vez do churrasquinho e da carne de sol. As cachaças do Cristal são classifi-cadas por medalhas devido ao desempe-nho junto ao público consumidor: as de ouro são a Do Ministro, Germana, Ca-narinho e Vale Verde, vendidas a R$ 8 a dose; as de prata são a Salinas, Chico Mi-neiro, Mangueira (do Piauí) e Providên-cia, vendidas a R$ 5; as de bronze são a Ipioca, Boazinha e São Francisco, vendi-das a R$ 4. Existe ainda a categoria ma-deira, das cachaças curtidas em raízes ou cascas, que saem por R$ 2.

Aderson de Menezes está vendo seu movimento crescer a cada dia e faz uma espécie de pesquisa diária junto a seus clientes. “Assim eu fico sabendo o que preciso melhorar e o que é que está indo bem”, explica. Para seu amigo Francisco Neto, outro frequentador assíduo, o Cristal reúne uma série de fatores que o tornam único: “O novo dono é um anti-go cliente, portanto sabe o que nós gos-tamos, que é cerveja gelada, bom atendi-mento, bons petiscos. A localização é óti-

ma, o restaurante é espaçoso e fica na es-quina, com estacionamento grande ao lado e um ambiente acolhedor que per-mite a confraternização da clientela mais antiga com a mais jovem. Uma casa de amigos”, depõe.

O nome Cristal foi dado, segundo a versão de Seu Antônio, em homenagem a Cristalina, mas outros, como o vetera-no jornalista Luis Joca, acreditam na ver-

são que justifica o nome pelo fato de o sólido cristal ser reconhecido pe-

lo seu elevado grau de sime-tria e o bar ficar localizado em uma das pontas do co-nhecido quadrilátero da Asa Sul, também conheci-

do por sua simetria (as ou-tras três pontas são uma far-

mácia, um sex shop e uma funerá-

ria). Essa versão, segundo os mais antigos frequentadores, teria sido contada pelo músico Pato Preto, que animou a casa nos anos 80.

Brincadeiras à parte, o Cristal pro-move um pagode-surpresa num dos sába-dos de cada mês, com o grupo Suvaco de Cobra puxando sambas das antigas. Gi-gantinho diz que nunca sabe qual o sába-do que vai ter samba. Por isso, tem uma lista com os e-mails dos clientes para avi-sá-los qual vai ser o dia. Quem gosta de samba e quiser tocar pode levar seu ins-trumento, só não pode desafinar nem sair do ritmo, avisa Gigantinho, “senão estraga a feijoada”.

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Delícias do oliver Robalo andino grelhado e servido sobre a salada fria de Quinoa e tomates italianos; camarão com crosta de pão e ervas ao molho champanhe (foto); filé mignon grelhado ao molho chimichuri com purê cremoso, ovo pochê e farofa crocante. Difícil decidir, entre as três iguarias, qual a mais saborosa. Elas são as estrelas dos menus executivos lançados recentemente pelo oliver, do clube de Golfe, para o horário do almoço, de segunda a quinta-feira, ao preço de R$ 79. o cliente pode escolher também uma de três entradas: sashimi de salmão com molho de pêra no sakê, shimeji salteado na manteiga e shoyo ou salada de alface americana, palmito, cenoura ralada, batata palha e alcaparras. De sobreme-sa, duas opções: petit-gâteau de cupuaçu e chocolate ou combinado de chantilly de fruto cítrico da amazônia com geleia de maracujá e pimenta dedo de moça.

mara veganao universal Diner, quem diria, é mais um que aderiu à cozinha vegana. sem prejuízo, claro, do eclético cardápio onde reina, entre outras delícias, o filé au poivre com arroz à piamonte-se, nem um pouco diet. o namoro da chef Mara alcamim com essa nova tendência gastronômica começou há um ano, quando,

a pedido de alguns clientes, criou uma dieta desintoxicante, livre de proteína animal, lactose e glúten. “Retirei esses ingredientes de algumas receitas sem alterar em nada o sabor”, garante Mara. Em lugar do glúten, por exemplo, ela passou a usar outras farinhas que não a de trigo; o leite bovino cedeu lugar aos leites de amêndoas e de arroz; e os temperos, legumes e verduras também ganharam preparos diferentes. a partir de agora, de terça a sábado será oferecido no jantar do universal um prato especial vegano, começando por uma lasanha de espinafre (R$ 49).

sucos terapêuticos

É de olho no mesmo público que a só saúde, da 108 norte, acaba de lançar uma linha de sucos em que mistura frutas leves e saudáveis, capazes de ajudar no processo de desintoxica-ção da turma que passou da conta. alguns inusitados, como o Betacaroteno (cenoura, mamão, beterraba, laranja e maracujá), a Limonada de Jah (limão, abacaxi, gengibre e hortelã) e o Gripão (laranja, acerola, limão, gengibre e mel), todos ao preço de R$ 9. o só saúde oferece também um vasto cardápio de risotos, massas, sanduíches, saladas, vitaminas e açaís para os adeptos da chamada dieta detox.

pratos infantis aqui, o público-alvo é outro: as crianças em

pleno gozo de férias, ávidas por diversão. a cantina sanfelice, da 206 sul, achou por bem juntar comidinhas e brincadeiras para ajudar a molecada a ocupar seu tempo livre. a diversão é na brinquedoteca. E já que as massas estão entre as preferências gastronômicas das crianças, a chef Myriam carvalho reuniu em um menu infantil as receitas mais pedidas por elas. as porções são reduzidas e os pratos vêm especialmente decorados. as opções são spaguetti alla bolognese (R$ 17), fettuccine alla besciamella (R$17), scapolle di filetto com spaguetti al sugo di pomodoro (R$ 19) e filetto di pollo con fettuccine al quattro formaggi (R$19).

pratos do dia

“alvíssaras”, foi como o restaurante Dom Francisco batizou seu prato do dia da terça-feira – a tripa à parmegiana da foto, servida com salada de tomates, carne de costelas no caldo e cebolas cozidas (R$ 50). para a segunda-feira, a sugestão do chef Francisco ansiliero é o filé à brasileira ao molho chimichurri, servido com arroz branco e salada (R$ 59); quarta-feira, cordeiro à moda da casa com batatas coradas e brócolis no alho e óleo (R$ 65); quinta-feira, galinha à moda da casa acompanhada de arroz cremoso (R$ 45); sexta-feira, lombo de pirarucu grelhado com molho de castanha do Brasil e tucupi, acompanhado de farofa de pirarucu seco e purê de pupunha (R$ 61).

menu saudávelTêm apenas 250 a 300 calorias as refeições completas do cardápio que a clínica Ravena e o restaurante Lake’s, da 402 sul, acabam de lançar para um numeroso público-alvo: aqueles que se excederam nos comes e bebes do natal e ano novo. ou seja, quase todo mundo. os próprios clientes podem montar suas refeições, compostas de um caldo, uma salada, uma proteína, uma guarnição e uma sobremesa (R$ 55). o Lake’s é o segundo restaurante a adotar o cardápio criado pela clínica Ravena – primeiro foi a santa pizza, da 207 sul, em agosto do ano passado.

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pechincha 2no santé 13, da 413 norte, o chef Divino Barbosa criou um novo menu, com entrada, prato principal e sobremesa, que será servido somente até 16 de fevereiro ao preço de R$ 45,50. para abrir o apetite, uma saladinha verde de palmitos de pupunha e tomates cereja ao molho de mostarda. Em seguida, é escolher um dos dois pratos principais: escalope de filé mignon ao molho próprio, com crocantes de queijo coalho adicionados ao molho sugo do fettuccine (foto), ou escondidinho de frango com mousseline de batata inglesa, espinafre gratinada com parmesão e sauté de legumes. De sobremesa, petit--gâteau de chocolate com sorvete de creme.

pechincha 1pratos à base de pescados e camarões, suficientes para duas, três ou até quatro pessoas, por apenas R$ 69. É a principal promoção deste mês, de segunda a quarta-feira, no Recanto do camarão (setor de clubes sul e praça do DI, em Taguatinga). Mas não a única. outros pratos estão com descontos de quase 30%, como é o caso do camarão agridoce ao molho de mel e gengibre com abacaxi e castanha-de-caju, acompanhado de arroz branco (R$ 84,90), e do pargo assado servido com pirão e arroz branco ( R$ 94,90), ambos para duas pessoas, cujos preços foram reduzidos para R$ 69,90. Mais uma boa oportunidade para conhecer a nova unidade do Recanto do camarão, no setor de clubes sul, e as novidades do cardápio, assinadas pelo chef-executivo da rede, Rodrigo Viana.

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luiz recena

garFaDas & goles

[email protected]

GUARAJUBA: território de um senhor feudal polido pelo velho partidão, a praia explodiu e abriu as algemas. Hoje é uma pequena cidade onde reina o Prefeitinho, o melhor bar do pedaço.

NO IGUATEMI tem um Maracanã de comida rápida, “féstifudi”. Com qualidade média, vá lá, mas sem “glamú”... É a moda mundial e os meus amigos jovens se deram bem. Viva! No Salvador Shopping também. E meus amigos lá. Viva de novo!

NA PRAIA A VIDA era diferente. Do farol de Itapuã, direção norte, havia barracas de alta qualidade. O Frances, o alemão, os gaúchos, os paulistas e um bom número de bravos que labutavam duro para oferecer qualidade. Oferta correspondida por demanda fiel. Até ocorrer o “massacre das barracas”, violência produzida por um conjunto de fatores poderosos, garantidos pela justiça de Ávila, que simplesmente odiavam a alegria da praia, a festa da areia. Venceu o mundo da economia moderna, com a conivência da justiça antiga. Perdemos, os pobres e antigos; venceram os modernos patrocinados.

DINHO TINHA UMA TOCA e a toca de Dinho era uma das maiores referências da praia. Salada de polvo com camarão, moquecas, caranguejos, vermelhos de rabo aberto. Ninguém

Memórias, nostalgias,

“como é triste deixar a Europa”, teria dito um personagem do grande Eça de Queiroz ao deixar paris, depois de muitos

anos, voltando para Lisboa. a ironia foi marca indelével na obra desse mestre clássico do nosso idioma. sem um pingo

do talento dele, o colunista admite: é sempre bom voltar ao Brasil. Berço da brasilidade, salvador da Bahia esqueceu

tudo, ou quase tudo. sobrou-lhe farta ignorância, forte truculência e uma exagerada paixão pelo caos. salvadas exceções

de praxe, amigos que se tinha e os novos que foram feitos, o que sobrou foi isso. É preciso deixar salvador para se voltar

a gostar dela. não se deve morar no paraíso. Deve-se visitá-lo sempre. apostar que novos governantes, aliados aos mais

antigos politicamente modernos, resgatem a cidade. Enquanto isso, é tempo de lembrar amigos e coisas boas.

nunca substituiu. A cerveja gelada, “canela de pedreiro’, era mais que religião. A Toca está na subida para a Lagoa do Abaeté, escura e arrodeada de areia branca. Até Caetano morreu. Nós ainda comeremos salada de polvo e camarão. Volveremos!

NO PARAÍSO TROPICAL Gil pediu todas as roskas de frutas locais. Para nossa sorte, a metade não estava em época. Fígados protegidos, deixamos o feiticeiro Beto comandar o almoço e depois oferecer uma cesta de frutas da estação. Supimpa!

NO MAR ABERTO uma surpresa atrás da outra: Arembepe deixou de ser riponga e hoje tem comida franco-belga-baiana de primeiríssima qualidade. Voltaremos!

POR FIM O FRANGAÇO, asas de imaginação temperadas especialmente e oferecidas, com sucesso, no Alameda Shopping, um pequeno reduto em Stella Maris, capaz de produzir amigos em alta escala. Sustos também, mas nada capaz de influenciar na gratidão ou na saudade de quem merece.

SALVADOR FECHA UMA porta, a do passado. E começa a abrir outra, voltada para o futuro. Falta Itapuã e os primeiros amigos. Volveremos!

saudades: volveremos!

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aleXanDre Franco

pÃo & vinho

pao&[email protected] Navegar é preciso Viajar é, sem dúvida, das melhores diversões que

há, mesmo quando enfrentamos algumas dificuldades,

como atrasos de voos, problemas nas reservas, incidentes

inesperados – enfim, sempre vale a pena. Desta feita,

como havia dito na última edição, fui a Milão conhecer

a Itália sofisticada e elegante, capital da moda e do design;

de lá para Veneza, no natal, e por fim minha amada paris,

para o Réveillon.

na partida, acometido por um problema sério

de ciático, nem mesmo as dificuldades de embarque,

com alguma fila e uma longa noite de voo turbulento,

ameaçaram abalar a fé na diversão, até porque, de classe

executiva, o champanhe e o bom vinho francês jorram

frouxos para aplacar as tensões.

Em Milão, à noite, no primeiro jantar, já pisei fundo:

bisteca à milanese acompanhada de um belíssimo Barolo,

apelação máxima do piemonte, puro néctar da potente

nebiolo, como sempre um vinho intenso, profundo

e complexo, com grande corpo e taninos firmes e

persistentes, aromas de ameixas secas e toques de

baunilha, alcaçuz e rosas, além de algum chocolate.

a caminho de Veneza, uma parada em Verona,

terra do arquétipo do amor juvenil entre os Montecchio

e os capuleto, acabou por quebrar um preconceito meu

e da maioria dos brasileiros. Terra de importantíssima

produção vinícola, o Vêneto é conhecido entre nós

especialmente pelos Valpolicella, vinhos relativamete

simples e baratos que invadiram nossas pizzarias e

trattorias desde há muito, marcando nossas mentes

com a ideia de que seu mais famoso exemplar, o Bolla,

era sinônimo de um vinho “menor”.

ao escolher um restaurante em Verona, mesmo antes

de decidir que prato degustar, já estava certo de que iria me

deliciar com o meu preferido dentre todos os vinhos

italianos e “rei” vínico do Vêneto, o amarone. pedi a

carta de vinhos e me decepcionei ao verificar que o

único amarone disponível era um Bolla, que – imaginei –

seria provavelmente o mais simples dos amarones. Doce

surpresa: na verdade, o primeiro dos amarones. Deparei-me

com um exclente vinho, escuro e profundo como lhe era

devido, com aromas de cerejas negras, compota de frutas

vermelhas e negras, pera madura, baunilha e agradável

toque de madeira. um vinho de meditação. Fica a pergunta:

por que por aqui só vemos os Bolla mais simples?

Em Veneza, na noite de natal, no restaurante mais

antigo de lá, saboreei uma ótima massa com camarões

acompanhada de um grande Brunello, o castelo Banfi da

insuperável safra de 2004. um vinho de aromas intensos,

frutado e apimentado, com notas de tabaco, violeta e

chocolate, um palato extremamente aveludado e muita

cereja.

Finalmente, em paris, os bons vinhos não faltaram,

especialmente numa especial noite de Réveillon, no 58,

restaurante da Torre Eiffel, que nos proporcionou uma

linda vista da praça do Trocadeiro e do grande movimento

de ano novo daquelas ruas com um ótimo cardápio e

muita champanhe, um grande branco da Borgonha

e um grand cru de Bordeaux.

Mas o que não posso deixar de comentar foi um

fantástico branco experimentado na cave du sénat,

sancerre d’antan de Henri Bourgeois, de pureza

carismática e uma mineralidade rara, aromas de frutas

brancas e leve apimentado. Maravilhoso.

na mala, à italiana, os cinco melhores produtores de

amarone, quatro dos melhores Brunellos e um Tignanello,

“que ninguém é de ferro”.

Laranja = 60% magenta 100% yellow

Marron = 40% cyan 70% magenta 100% yellow 50% black

Cinza = 60% black

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cláuDio Ferreira

Dois espressos e a conTa

[email protected] Além das roupas baratas Este caldeirão geográfico que é Brasília tem, em uma

de suas expressões mais genuínas, as feiras. Barracas para

todos os gostos, que vendem de tudo e, geralmente, com

preços mais atrativos do que no comércio tradicional.

Minha ideia é passear, em 2014, por algumas dessas

feiras, interessado especificamente na comida. por onde

começar? pela Feira do Guará, uma das mais populares

do quadradinho Distrito Federal.

a profusão de comida começa ainda no estacionamento

– e reforçando a miscelânea regional. De frutas incomuns

por aqui, como seriguela e pinha, aos sabores do pará e

do piauí, as barracas externas já despertam curiosidade.

Lá dentro, a comilança se concentra mais no fundo da

feira, dividindo espaço com roupas, bolsas e acessórios.

onde mais a gente encontra tanta variedade de

castanha a granel? E feijão: anotei rosinha, roxinho,

vinagre e carnaval, entre outros tipos. as farinhas a granel

também são muitas, a maioria se referindo aos Estados de

origem – Maranhão, pará, paraíba, sergipe, pernambuco.

Temperos e ervas medicinais? procure que tem. Bala

de coco, peixe fresco, legumes e verduras, vendidos pelos

descendentes de japoneses. cajuína. uma barraca inteira

só com pimentas. E alimentos chiques, como pistache,

damasco, semente de girassol e linhaça. sem falar

no caranguejo, popular e chique ao mesmo tempo.

além de comprar, pode-se comer ali mesmo.

Tradicionais são as barracas de comida nordestina. com

a mesma variedade – dá para comer, ao vivo, mocotó,

sarapatel, cabrito, dobradinha, rabada... Quem for mais

fresquinho que passe longe: a comida está ali, exposta ao

vento, outras vezes está tampada, é só chegar e se servir.

as mesinhas são simples, mas o cheiro é tentador.

os amantes da comida goiana também têm vez:

da estação do metrô, o cliente cai direto nas bandejas

fumegantes. Mandioca, carne de todo tipo, arroz. no

centro da parte dos fundos da feira tem ainda uma área

só de mesas, para quem quiser pegar a comida pronta

nos restaurantes e degustá-la confortavelmente. no

sábado tem até música ao vivo, um chorinho esperto

para combinar com a agitação da feira.

Decidiu que vai trocar o almoço por um lanche rápido,

para aproveitar melhor as ofertas de roupas? Tem tapioca

para todos os gostos, na barraca onde o otimismo nas

vendas tem fundo religioso: “não há crise onde o senhor

Jesus é empresário”, está escrito lá. E se é feira, tem que

ter pastel – dois boxes unidos formam a universidade do

pastel, que fica cheia a partir do meio da manhã.

Minhas lembranças de infância/adolescência nas

manhãs de sábado na feira incluem os panelões de doce

de leite, vendidos nos saquinhos. Hoje em dia quase não

há panelões, mas recipientes mais comportados. os doces,

porém, continuam como uma alternativa de sobremesa,

para comer lá ou levar pra casa.

É preciso disposição para enfrentar a maratona da Feira

do Guará. o assédio dos vendedores é constante – e é bom,

quase aos 50, ser chamado de “rapaz” (eu sei, é puro

interesse deles em vender). Difícil é voltar para casa de mãos

vazias. Das alternativas mais engordativas às mais light, a

Feira do Guará mantém a fama em alta, mesmo para quem

não quer apenas comprar as peças de roupa a R$ 10.

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Faria

dr.housecantaEm março, o Brasil receberá pela primeira vez os shows de Hugh Laurie, ator da série

de TV Dr. House. Em Brasília, a apresentação acontece no dia 23, no Arena

Brasília, do Shopping Iguatemi. Acompanhado pela Copper Bottom Band, o astro britânico apresenta seu segundo CD,

intitulado Didn’t it rain, no qual se despede dos clássicos sons de New Orleans rumo a uma nova trajetória, a do Blues Upstream.

Como músico, lançou o primeiro álbum, Let them talk, em 2011, e vendeu quase um

milhão de cópias. “Eu resolvi ir adiante, mais profundamente, no universo da

música americana, que me encanta desde que eu era muito pequeno”, disse Hugh

Laurie na época do lançamento do disco. “E quanto mais fundo eu vou, mais

encantado eu fico, tanto pelas canções quanto pelas pessoas com as quais eu

tenho tido a sorte de poder dividir o palco”, acrescentou. A turnê de Hugh Laurie

passará também pelo Rio, por Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e São

Paulo. Ingressos entre R$ 125 e R$ 480, à venda no Brasília Shopping.

invasãobaiana Ao longo dos três primeiros finais

de semana de fevereiro, o teatro e a área externa do CCBB serão palco

de 11 shows de oito representantes da melhor safra da música

contemporânea produzida na Bahia, num tabuleiro de ritmos

que vão do rock aos afro-brasileiros, passando pelo pop e

pela MPB. Seguindo os passos do Invasão paraense, festival que trouxe a cena musical do Pará em 2012, o Invasão

baiana vai apresentar músicos que têm chamado a atenção da crítica, como o cantor e multi-instrumentista Lucas Santtana (foto), que encerra o festival ao lado

da Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz e da Baiana System, no dia 16, e Marcia Castro, com seu repertório ousado e inusitado que vai de clássicos a raridades da

MPB (dia 15). O grupo O Cascadura, atração do dia 8, sofre influência dos sons do candomblé, enquanto a banda Maglore e a Vivendo do Ócio abrem o festival, dia 2,

com o rock baiano que teve como precursores Raul Seixas e Camisa de Vênus. Ingressos a R$ 10 e R$ 5. Programação emhttps://www.facebook.com/ccbb.brasilia.

sópracontrariarO show, no palco do Villa Mix Brasília, é para marcar os 25 anos de criação do grupo

de pagode e lançar CD e DVD comemorativos. Alexandre Pires divide a cena com o irmão Fernando, o primo Juliano e os amigos Serginho, Luisinho, Hamilton, Alexandre Popó e Luiz Fernando. Formado em Uberlândia, o Só Pra

Contrariar é conhecido por ter mostrado que o bom samba também pode ser feito fora do Rio de Janeiro. Começou fazendo bailes em sua cidade natal e rapidamente passou a lotar as casas noturnas onde se apresentavam, em Uberlândia e nas cidades vizinhas. A banda se apresenta no dia 23, às 22h30, com ingressos entre R$ 60 e R$ 120, à venda nas lojas Koni Store (209 Sul, 109 Norte e QI 11 Lago Sul).

eltonjohndevoltaQuem não viu o show do cantor em Brasília, em março do ano passado, terá nova chance, agora em fevereiro, se

for a Goiânia. A nova turnê mundial de Elton John, intitulada Follow the Yellow Brick Road, fará escalas no Rio de Janeiro, dia 19, Goiânia, dia 21, Salvador, dia 23, e Fortaleza, dia 26. Os ingressos para todos os shows já estão à

venda. Com mais de 40 anos de carreira, o cantor, pianista e compositor britânico é um dos mais venerados e influentes nomes da música pop de todos os tempos: seis vezes ganhador do Grammy, premiado com o Oscar, o Globo de Ouro, o Tony (o Oscar da Broadway) e vários Brit Awards. Para a nova

turnê brasileira, Sir Elton John prepara um repertório com cerca de 30 de seus maiores sucessos, entre eles Goodbye Yellow Brick Road, Rocket man e Nikita. No Ginásio Serra Dourada, em Goiânia, às 21h, com abertura dos portões às 17h. Ingressos entre R$ 92 e

R$ 690, à venda em http://www.ticmix.com/?code=1&id=1062.

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Dalton camargos

Dia & noiTe

verãonomarSurfe e skate, duas modalidades esportivas que atraem tantos adeptos, são a inspiração da

mostra Deslize <Surfe Skate>, em cartaz no Museu de Arte do Rio, o MAR, até 27 de abril. São cerca de 120 obras, entre fotografias, pinturas, objetos, desenhos e videoinstalações que

apresentam ao público uma perspectiva histórica dos esportes. Estão lá informações e imagens selecionadas a partir de 1778, quando foram feitos os primeiros desenhos dos

habitantes do Havaí surfando, até pranchas do ícone nacional Rico de Souza, além de objetos relacionados ao skate de Eduardo Yndyo, possivelmente o maior colecionador do esporte no Brasil. Terça-feira, das 10 às 19h, com entrada franca, e de quarta a domingo, das 10 às 17h,

com ingressos a R$ 8 e R$ 4. Mais informações: (21) 3031.2741.

comosefossePrimeiro ela fotografa lugares, figuras e paisagens. Depois, Julia Kater amplia as fotos em papel e as submete a cortes de tesoura e estilete e a processos de colagem que proporcionam outras leituras da imagem captada. Na arte da fotógrafa, tudo é feito manualmente, sem o uso de ferramentas como o Photoshop, hoje muito comum em processos de pós-produção. Até 9 de março seu trabalho pode ser visto na exposição Julia Kater – Como se fosse, na Caixa Cultural. O cinema, a literatura e a psicanálise estão presentes no processo artístico da fotógrafa francesa, que mora atualmente em São Paulo. Com curadoria de Eder Chiodetto, a mostra pode ser vista de terça a domingo, das 9 às 21h, com entrada franca. Mais informações: 3206.9448.

artepolítica“Todo homem é um artista”. “Libertar as pessoas é o objetivo da arte; portanto, a arte é a ciência da liberdade”. Essas duas frases célebres do alemão Joseph Beuys, morto há 28 anos, são a melhor síntese do artista plástico cujas obras ocupam o Museu da República até 9 de fevereiro. Tido como um dos nomes mais representativos da arte do Século XX, Beuys conseguiu aproximar a arte da política, conforme se pode constatar na mostra Res-pública: Concla-mação para uma alternativa global. Estão expostas mais de 100 obras de Beuys, que defendia a elevação de cada pessoa à posição de artista com o objetivo de provocar um engajamento político em favor da democracia direta e da participação individual. De acordo com Wagner Barja, um dos curadores da mostra, “a arquitetura de Oscar Niemeyer em plena Esplanada dos Ministérios, com todo seu equipamento de poder público instalado, faz da

especificidade do local uma interessante contextualização do museu como um outro tipo de espaço, um abrigo poético, utopia concreta para acomodar a Res-Pública de Beuys”. De terça a domingo, das 9h às 18h30, com entrada franca.

cortefrágilEsse é o nome da mostra que

apresenta obras inéditas da artista plástica Andrea

Campos de Sá e está em cartaz na Alfinete Galeria de

Arte (116 Norte) até 8 de fevereiro. Com curadoria de

Marília Panitz, é composta de uma instalação, objetos e fotografias que marcam o

retorno da artista à produção gráfica, iniciada na década de

80 e interrompida em 2000. Nessa época, ela começou a utilizar a linguagem fotográfica em sua produção poética.

Entre os trabalhos expostos está o autorretrato fotográfico de caráter performático, no qual a artista encarna uma personagem, a freira pastora. A figura do cordeiro marca presença

em todas as obras da mostra. Nascida no Rio de Janeiro, Andrea Campos de Sá é professora do Instituto de Artes da Universidade de Brasília, onde leciona gravura. De

quarta a sexta, das 15 às 17h30 e das 18h30 às 21h. Sábado, das 15 às 20h. Entrada franca.

Dea Lellis

La rivoluzione siamo Noi, 1972

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caméliaDepois de vencer a 6ª edição do projeto Seleção Brasil em Cena, o

espetáculo Camélia, escrito pelo paulista Ronaldo Ventura, estreia no CCBB, onde realiza temporada de 22 de janeiro a 16 de fevereiro. Dirigido por Luana Proença, tem elenco composto por alunos de

artes cênicas ou recém-formados. Inspirada no caso de uma paciente homossexual de Freud, Camélia conta a história de uma jovem que

se apaixona por uma mulher mais velha. O autor pesquisou a vida dessa jovem e descobriu que ela era judia, viveu até os 100 anos,

passou por duas guerras mundiais, fugiu dos nazistas, correu o mundo e viveu uma temporada no Brasil. Ventura ganhou o prêmio LGBT do Ministério da Cultura, em 2009, com o projeto Trilogia lésbica, e se considera um militante

da causa: “Eu luto e escrevo para que as pessoas possam amar quem elas quiserem e não quem as outras pessoas querem que elas amem”. De quinta a domingo, às 19h, com ingressos a R$ 6 e R$ 3. Classificação indicativa: 18 anos.

amorproibidoA trupe de teatro recifense Aqui e Acolá traz a Brasília a comédia melodramática O amor de

Clotilde por um certo Leandro Dantas. Inspirada no folhetim A emparedada da Rua Nova, do escritor

Carneiro Vilela (no qual se baseou também a minissérie Amores Roubados, da TV Globo), a peça

fica em cartaz entre 31 de janeiro e 2 de fevereiro na Caixa Cultural. Conta a história de uma jovem

que foi emparedada viva pelo próprio pai, enfurecido pela descoberta da gravidez da filha com

o baiano Leandro Dantas. A lenda conhecida dos recifenses é contada através de elementos do teatro e do circo, com um enredo que difere do original. A trupe insere reviravoltas e um novo desfecho para o

casal que vive um amor proibido no Recife do Século XIX. Formado por oito arte-educadores

graduados pelo curso de Licenciatura em Educação Artística da Universidade Federal de Pernambuco,

o grupo começou a atuar em 2006 com o objetivo de pesquisar as formas marginalizadas de teatro.

Em 2013, foi contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2012 e pôde circular c

om a peça por dez cidades do Nordeste. Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, com

ingressos a R$ 10 e R$ 5.

nemfeianemlindaAssim é Felinda, personagem da Companhia Carroça de Mamulengos que volta a Brasília três anos depois de ter se apresentado no Teatro da Caixa Cultural. A nova temporada acontece entre 24 e 26 de janeiro e conta a história da menina que sonhou em fugir com um circo, mas ao chegar de mala pronta teve uma surpresa: o circo já havia partido. A tristeza foi tanta que Felinda esqueceu seu nome e sua origem. Encenada pela Companhia Carroça de Mamulengos, uma trupe familiar que nasceu em Brasília nos anos 70, a peça dirigida por Alessandra Vannucci traz uma charanga de palhaços, duas duplas de gêmeos, uma bailarina tímida, bonecos reais e seres imaginários que rondam o picadeiro de sua memória. Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, com ingressos a R$ 10 e R$ 5. Mais informações: 3206.9448.

festivaldehumorVem aí, entre 12 e 16 de fevereiro, o Hilaridade fatal – Festival de Brasília do bom humor brasileiro, que promete reunir amantes e trabalhadores do humor nacional. Dele participam talentos que se inscreveram na mostra competitiva de comédia e concorrem a prêmios, num

total de R$ 6 mil. Uma pré-seleção de 18 esquetes de comédia de até dez minutos, humor livre e stand-up comporá a programação do festival durante três dias de eliminatórias (seis apresentações de esquetes por dia), culminando em uma final que premiará três apenas, em 16 de fevereiro. Na Sala Cássia Eller da Funarte, com entrada franca.

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prêmiodeliteraturaFoi lançado o edital do 2º Prêmio Brasília de Literatura, que vai distribuir R$ 320 mil para escritores de oito categorias durante a II Bienal Brasil do Livro e da Leitura, a ser realizada entre 12 e 21 de abril. Os escritores interessados em participar devem se inscrever até 3 de março. Serão contemplados os gêneros biografia, conto, crônica, infantil, juvenil, poesia, romance e reportagem. O primeiro colocado de cada categoria receberá R$ 30 mil e o troféu Prêmio Brasília de Literatura. O segundo ficará com uma premiação de R$ 10 mil, além do troféu. Podem concorrer obras publicadas em primeira edição no Brasil, entre 1º de janeiro de 2012 e 31 de dezembro de 2013, escritas em português. Mais informações: www.bienalbrasildolivro.com.br.

assimvivemosQuebrar preconceitos e lutar pela inclusão social das pessoas com deficiência por meio da arte são as premissas do festival que estará em cartaz no CCBB entre os dias 5 e 16 de fevereiro. Na sexta edição do Festival Assim vivemos serão exibidos

26 filmes de 17 países, que trazem novas abordagens sobre os temas do autismo e seu amplo espectro, da surdez e dos posicionamentos conflitantes entre

oralização e sinalização, das moradias assistidas para pessoas com deficiência e das complexidades da institucionalização, entre outros. São curtas, médias e longas-metragens nas categorias ficção e documentário, todos com o foco na inclusão. Entre os destaques da programação está o filme As sessões, de Ben

Lewin, que trata da vida afetiva e sexual de Mark O`Brien, personagem real que já foi retratada em um documentário exibido na primeira edição do festival.

cinemafrancêsAté 2 de fevereiro está em cartaz no CCBB a Retrospectiva Claude Chabrol e Claire Denis, com filmes de destaque da Nouvelle Vague e do cinema contemporâneo francês. Na programação estão os clássicos A flor do mal (foto), 35 doses de rum (2008) e Nas garras do vício (1958), além do recém-lançado Bastardos (2013). Chabrol, fundador da nova onda cinematográfica dos anos 1960 na França, é considerado um grande mestre do mistério e suspense, muito por conta da influência de obras do mestre Hitchcock. Pioneiro na Nouvelle Vague, ele lançou seu primeiro filme em 1958 e não parou mais de produzir até sua morte, em 2010, deixando um legado de mais de 80 películas. Já Claire Denis, cineasta contemporânea, iniciou a carreira em 1988 e tem surpreendido o público

e a crítica. Seu último lançamento, Bastardos (2013), foi destaque no Festival de Cannes do ano passado. Embora representem períodos distintos da cinematografia francesa, ambos os diretores possuem o drama como temática preferencial em suas obras. Entrada franca mediante a retirada de senhas uma hora antes de cada sessão. Programação e horários em www.bb.com.br/cultura.

produçãocriativaO Cinema de Paulo Branco. Esse é o nome da mostra que estará em cartaz no CCBB entre 19 de fevereiro e 9 de março para homenagear o produtor de cinema português com filmografia de mais de 200 obras assinadas por diretores de prestígio. Entre os 20 títulos da programação destacam-se dois de Manoel de Oliveira, o mais importante cineasta da história do cinema português: Palavra e utopia, de 2000, que conta a trajetória do Padre Antonio Vieira e tem elenco liderado por Lima Duarte, e A divina comédia, de 1991, definido como uma parábola sobre a civilização ocidental. Paulo Branco estará presente na mostra, que exibirá também produções de Wim Wenders, Raúl Ruiz, Philippe Garrel e Olivier Assayas.

meioambienteAté 6 de março o brasiliense pode visitar a

exposição ECO – Coletivas fotográficas latino-americanas & europeias, cujo objetivo é apoiar

a divulgação de 20 grupos de fotografia que têm como ponto de partida o meio ambiente. Entre

os principais representantes estão Garapa (Brasil), Nophoto (Espanha), Pandora

(Espanha), Supay e Versus (Peru). Cada coletiva trabalhou o seu projeto com o curador espanhol Claudi Carreras, escolhendo os temas, localizações, buscando mostrar os

problemas ambientais do mundo atual. A mostra já passou por Madri, Soria, Washington, Chicago, Albuquerque, Miami, São Paulo e Rio de Janeiro. No Instituto Cervantes 707/ 907

Sul), de segunda a sexta, das 11 às 21h, e sábados, das 9 às 14h. Entrada franca.

De arteiro a artista, filme de Rodrigo Paglieri, sobre o artista plástico Lúcio Piantino, portador da Síndrome de Down

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Diário DE viagem

por vilany Kehrle

Certo dia de julho, de férias em João Pessoa, fui convidada por um de meus irmãos, que trabalha

no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), a visitar uma região que eu ainda não co-nhecia. Foi uma bela surpresa descobrir que, a poucos quilômetros da capital do Estado, existe um universo cheio de bele-za, cultura e história, infelizmente pouco divulgado nos roteiros turísticos tradicio-nais. Cortado pela Serra da Borborema, o Brejo Paraibano é uma região de clima frio e de vegetação verdíssima, contra-riando a imagem de um Nordeste quen-te e de paisagem árida.

Saímos de João Pessoa nas primeiras horas da manhã de um sábado – eu, dois irmãos e uma amiga. Depois de rodar uns 30 minutos de carro, abandonamos a ro-dovia principal, a BR 230, que dá acesso a Campina Grande, e penetramos nas es-tradas vicinais, onde contemplamos pla-

Um mergulho no passadonícies e vales, pináculos de capelas aban-donadas e vacas no pasto. Nosso destino, naquele momento, era a Usina Santa He-lena, antigo Engenho Pau D’Arco, no município de Sapé, onde nasceu o poeta naturalista Augusto dos Anjos.

Para chegar lá, depois de ingressar na PB 004, a indicação era “dobrar em um corredor cheio de euca-liptos”, pois não existe nenhuma placa infor-mando onde fica o Mu-seu Augusto dos Anjos, inaugurado em maio de 2005. Um casarão branco de janelas e por-tas azuis, onde morou Guilhermina, ama de leite do poeta, abriga cadernos, livros, fotos, painéis com poemas, pinturas a óleo e um pe-queno auditório onde é possível assistir a vídeos com depoimentos so-

bre sua vida e obra. Um dos bonitos qua-dros da casa é de autoria de Flávio Tava-res, renomado artista local.

Nascido a 20 de abril de 1884, Augus-to dos Anjos é conhecido como o poeta da morte e da espiritualidade. Quase to-da sua obra foi publicada no livro Eu, edi-tado pela primeira vez em 1912. Acometi-

A repórter no Museu Augusto dos Anjos

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do de uma pneumonia, ele morreu, aos 30 anos, na cidade mineira de Leopoldi-na, onde era professor. Por viver e morrer distante de seu Estado, Caetano Veloso, grande admirador de sua poesia, o home-nageou na música Terra: “...Ninguém su-põe a morena/Dentro da estrela azulada/Na vertigem do cinema/Mando um abra-ço pra ti/Pequenina como se eu fosse/O saudoso poeta/E fosses a Paraíba/Terra, terra/Por mais distante/O errante nave-gante/Quem jamais te esqueceria”.

Completamente em ruínas e rodeada de casas onde residem antigos trabalhado-res da fábrica, a Usina Santa Helena fica no centro da vila. Uma casa de primeiro andar, com ares de abandono e a letra do

poema Debaixo do tamarindo gravada na parede do jardim, foi onde nasceu o poe-ta. Ao lado encontra-se uma pequena igreja onde, dizem, foi batizado.

Após a visita, voltamos para a BR 230 e começamos a subir a serra rumo a Areia, nosso destino principal. Paramos rapida-mente na lojinha da Aguardente Serra Limpa, em Pirpirituba, onde compramos algumas bebidas e souvernires. A região é grande produtora de cachaça, muitas de-las conhecidas em todo o país, como a Vo-lúpia, Serra de Areia, Triunfo e Rainha.

BananeirasOs municípios da região são muito

próximos e ligados por uma malha viária

de boa qualidade. Nossa próxima parada foi em Bananeiras. Localizada a 526 me-tros de altitude, a cidade é repleta de ladei-ras, sobrados e monumentos históricos. Nas redondezas também há muitos atrati-vos, como a trilha ecológica de Goiamun-duba, as inscrições rupestres de Umarí e a Cachoeira do Roncador, que fica ao pé da serra e tem várias quedas d’água.

Almoçamos no restaurante/pousada localizado no prédio (tombado pelo Iphaep), que antigamente era a estação de trem da cidade. Bem preservado, foi construído pela Great Western of Brazil. O telhado da plataforma é apoiado sobre vigas de ferro comumente conhecidas co-mo “mãos francesas”. Foi muito agradá-vel almoçar numa das mesas feitas de madeira rústica que ficam na calçada, apreciando uma linda visão da serra. A comida, simples e caseira, incluía carne de sol, galinha caipira e baião de dois.

Depois visitamos a catedral, que pas-sou por uma grande reforma. Infelizmen-te, não conseguimos explorar a passagem do túnel ferroviário, porque começou a chover. No período das festas juninas, o tú-nel, que faz parte do roteiro da trilha ecoló-gica do trem, é transformado em Salão do Forró, atraindo gente de todo o Nordeste.

Areia Paisagem serrana, clima de monta-

nha, vales férteis, sítios arqueológicos, en-genhos históricos e casarões de arquitetu-ra monumental são alguns dos atrativos turísticos dessa que muitos chamam de “Suíça paraibana”. Localizada no topo da Serra da Borborema, a uma altitude de 620 metros, aproximadamente, Areia foi fundada em 1625. Primeira cidade do Es-tado tombada pelo Iphan, foi cenário do romance A bagaceira, do escritor e político (ex-ministro de Getúlio Vargas) José Amé-rico de Almeida, publicado em 1928 e considerado marco inicial do regionalis-mo modernista brasileiro.

Encontramos a cidade coberta por uma leve neblina. Enquanto caminhávamos por ruas e becos, começamos a desvendar seus mistérios. Visitamos a Igreja Matriz de Nos- sa Senhora da Conceição, restaurada em 2006, e a torre que lembra os minaretes das mesquitas. Passamos pelo Teatro Mi-nerva, um dos pontos de encontro da so-ciedade local. Inaugurado em 1859, é o mais antigo do Estado. Construído em es-tilo barroco, passou por algumas refomas, mas preserva sua originalidade.

Antiga moradia de José Rufino de Almeida

O casario em estilo colonial da cidade de Areias, a "Suiça paraibana"

Diário DE viagem

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onde se hospedarbananeirashotel pousada da estaçãorua alcides bezerra, 160 (83) 3367.1258areiapousada luís soaresrua Farmacêutico cícero barros, 55, centro (83) 3362.2979pousada villa realrua padre chacon, 36 (83) 3362.1559pousada aconchegartrua professor Xavier Júnior, 254, centro (83) 8713.1265hotel Fazenda Triunfosítio Jussara, s/n – zona rural (83) 3362.1238

Outra grande atração é a Casa Pedro Américo, onde nasceu o mais famoso pin-tor do Império, autor do quadro O grito do Ipiranga, encomendado por D. Pedro II. Reformada em 1943, lá se encontram al-guns objetos que pertenceram a sua famí-lia e reproduções de suas telas, feitas por artistas locais. Seu corpo, que chegou à ci-dade em 29 de abril de 1943, 38 anos de-pois de sua morte em Florença, na Itália, repousa num colorido mausoléu, no Ce-mitério São Miguel.

O Casarão José Rufino foi o primeiro sobrado construído, em 1818, na Vila Real do Brejo de Areia, como era chama-da a cidade quando foi fundada. A casa abriga senzala do tempo da escravidão, atualmente sob a guarda do Iphan, e é um espaço de visitação e de grandes expo-sições. Os cômodos e a mobília tentam

Ai! Se sêsse!... Zé da Luz

Se um dia nóis se gostasseSe um dia nóis se queresseSe nóis dois se impariásse,Se juntinho nós dois vivesseSe juntinho nóis dois morasseSe juntinho nóis dois drumisseSe juntinho nóis dois morresse!Se pro céu nóis assubisse?Mas porém se acontecessequi São Pedro não abrisseas portas do céu e fosse,te dizê quarqué toulíce?E se eu me arriminassee tu cum eu insistisse,pra qui eu me arrezorvessee a minha faca puxassee o buxo do céu furasseTarvez qui nós dois ficassetarvez qui nóis dois caíssee o céu furado arriassee as virgi toda fugisse!!!

reproduzir os tempos em que o imóvel era de propriedade do português Francis-co Jorge Torres.

Não foi possível visitar as instalações do Museu da Rapadura, que fica no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal (UFPB), onde poderíamos ter conhecido todas as etapas de fabricação do doce.

Itabaiana No final da manhã de domingo pega-

mos a estrada de volta. Tomamos o per-curso que nos levaria à Pedra do Ingá, hoje um dos pontos turísticos mais visitados da Paraíba. Com centenas de inscrições talha-das numa pedra enorme que lembra o for-mato de uma baleia, é um dos mais impor-tantes sítios arqueológicos do Brasil.

Localizado no município de Ingá, a 109 quilômetros de João Pessoa, o lugar nos pareceu um pouco abandonado, mal administrado. Não existe um sistema de monitoramento das pessoas que entram e saem de lá. Antes de chegarmos ao riacho onde fica a pedra, visitamos um pequeno museu de paleontologia que guarda al-guns ossos de animais pré-históricos, en-contrados a poucos quilômetros dali.

Itabaiana foi nossa última descoberta. Terra de Zé da Luz (1904/1965), famoso poeta de cordel, e dos cineastas Vladimir e Walter Carvalho, foi construída a 45 metros de altitude. A cidade é famosa na região pela tradicional feira que acontece todas as terças-feiras. Pudemos apreciar a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, toda pintada de amarelo-mostarda, e o coreto da Praça Manoel Joaquim de Araújo, um dos cartões postais da cida-de. Importado da Inglaterra, foi inaugu-rado em 1914.

Igreja Matriz de Itabaiana

Pinturas rupestres em Itacoatiaras do Ingá

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Diário DE viagem

por súsan Faria

Animação é o que não falta em Ca-bo Frio, a 155 quilômetros da ca-pital do Rio de Janeiro. Em alta

ou baixa temporada, a sétima cidade mais antiga do Brasil sempre tem algo es-pecial e diferente a oferecer. Com 186 mil habitantes, Cabo Frio tem bons res-taurantes, excelente culinária, belas igre-jas e monumentos, antigos casarios, edi-ficações tombadas ou inventariadas, for-tes, praias, dunas, parques, feirinhas, o Canal do Itajuru, bons hotéis, excelente comércio e pontos de cultura (espaços para artesanato e artes plásticas).

Quem não aguenta o calorão e o agi-to do verão pode conhecer a Rua dos Bi-quínis, os shoppings, entrar nos bares ou na água, sentir a brisa do mar ou ficar de papo pro ar, com ventilador ou ar condi-cionado ligado, claro. “Adorei a Praia do Forte, no centro da cidade, muito limpa, com água cristalina e onde há uma varie-dade grande de comida. Geralmente,

Sol, praias, tradições e patrimônio cultural

nos grandes centros das cidades, não encontramos boas praias, o que é um di-ferencial aqui”, elogiou Nathália Silva, 22 anos, paulistana, recém-formada em Direito.

Há três anos a brasiliense Ana Lúcia Ribeiro, 46 anos, residente na Asa Sul, escolhe Cabo Frio para passar as férias com o marido e os três filhos. “É um lu-gar que tem tudo: praias boas, bons res-taurantes, não é violenta e dá pra fazer tudo a pé”, comentou.

No final do ano fez 36 graus em Ca-bo Frio, sensação térmica de mais de 40 graus, pouco menos do que na cidade do Rio de Janeiro, que chegou a 43 graus e sensação térmica de até 52 graus. Eu e minha amiga Marina Ávila, também jor-nalista, curtimos a cidade fundada por portugueses em 1615. Nos hospedamos na Pousada Ateliê, simples, mas tranqui-la, no bairro Portinho Berillo. Vimos a queima de fogos de 17 minutos, mais de-morada até do que a de Copacabana, e outras boas atrações turísticas.

Cabo Frio abrigou na passagem do ano mais de um milhão de pessoas. Ruas cheias de carros, trânsito complicado, restaurantes, praias e supermercados lo-tados, ônibus urbanos com horários atra-sados, e, em consequência, passageiros perdendo voos no Rio. “Foi difícil até comprar água no comércio e carne no açougue. A cidade é bonita, mas o calor está muito forte. Senti falta de duchas de água no calçadão e nas praias”, queixou-se Jonas Bonfim, morador de Goiânia, que passou quatro dias em Cabo Frio com a família.

Paula Fernandes, Daniel, Araketu, Munhoz & Mariano, Sambô, Michel Te-ló, Rappa, Anitta, música gospel com mais de 20 artistas evangélicos e a banda Jota Quest foram algumas das atrações gratuitas em Cabo Frio, no final de 2013 e começo deste ano, prestigiadas por multidões, principalmente de jovens. Su-bir as escadas para chegar à Praia do For-te e ver os fogos e o show de Thiaguinho, só mesmo segurando nas mãos de conhe-

Praia das Conchas Forte São Matheus

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cidos para não se perder e chegar até a tenda por eles montada, onde ficaram até o amanhecer.

Com os pés na areia, bebendo cham-panhe, vendo famílias e crianças em ou-tras tendas e os céus embebidos de lumi-nosidade, senti que valeu a pena estar na-quela confraternização, em mesas mon-tadas à beira do Canal do Itajurú por amigos e famílias que de longe viram os fogos e fizeram ali a sua ceia. Apesar da muvuca, de sentir que a cidade compor-ta nessa época mais gente do que pode, gostamos de Cabo Frio, do jeito hospita-leiro dos cabofrienses, tão gentis ao nos prestar informações ou nos atender no comércio. Gostamos especialmente da Rua dos Biquínis, com variedade de pre-ços, estampas e qualidade; do horizonte, na Praia das Conchas, com boas trilhas para caminhadas; e da comida do restau-rante Dom Marcello, em Portinho, espe-cializado em massas como o espaguete ao sugo (R$ 20,90), o camarão à milanesa (R$ 31,90) e a parmegiana com espague-te ao alho e óleo ou ao sugo (R$ 54,90, para até quatro pessoas).

Muito interessante o Mercado do Pei-xe, com cerca de 20 estabelecimentos ven-dendo peixe fresquinho e onde um dos proprietários, Rômulo Piobelli, 33 anos, há 15 no ramo de peixaria, nos deu a re-ceita de peixe a dorê. “Aqui o produto é direto dos pescadores. Esta semana estou vendendo uma média de 300 quilos por dia, principalmente lula, peixe panga e xe-relete. Na baixa estação é bem menos, mas dá para segurar a onda”, informou.

Lindo é o Canal Itajuru, com cerca de seis quilômetros de extensão, que liga a laguna de Araruama ao Oceano Atlân-tico. Nas águas do canal, a estátua do An-jo Caído, erguida em 1907, de inspira-ção clássica, representando a deusa da vi-tória. Às margens do Itajurú, o Boule-vard Canal, que oferece passeios de escu-na, bares e boates.

Cabo Frio sedia o Convento Nossa Senhora dos Anjos, um dos mais expres-sivos da arquitetura colonial do Brasil; o Parque Ecológico Dormitório das Gar-ças; a Igreja Matriz Nossa Senhora da As-sumpção, erguida em 1615 por ordem de Dom João VI, com altares barrocos; o

Forte São Mateus, construído com obje-tivo militar e geopolítico para defender a colônia portuguesa; o Parque das Dunas; e os Morros da Guia e do Arpoador.

A maior cidade da Região dos Lagos, contudo, não está isenta de roubos, de violência (embora não tão grande), do tráfico de drogas e de bairros onde o ci-dadão comum não circula com liberdade ou, se circula à noite, por exemplo, tem de ser com farol baixo e luz acesa dentro do carro para demonstrar que é de paz. Ou seja, uma cidade para se desfrutar, com natureza esplêndida, mar de água fria e muitas atrações, mas sem opulên-cia e olhando sempre em volta.

Museu de Arte Religiosa e Tradicional, situado no antigo Convento de Nossa Senhora dos AnjosForte São Matheus

A repórter na Praia das Conchas

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Diário DE viagem

Manjar dos deusesNuma pequena tasca da Cidade do Porto, uma surpresa pra lá de agradável: a sande de pernil.

por lúcia leÃo

Parece uma heresia, mas é fato! Os sanduiches estão par a par, na hie-rarquia gastronômica portuguesa,

com as sardinhas ou o bacalhau. Mas as “sandes” portugueses – como abreviam, no feminino, os patrícios – passam longe dos corriqueiros hambúrgueres de sabor empastelado pela “seita” dos fast foods norte-americanos. Fora do circuito das marcas multinacionais, as receitas de “pão com pão” dos nossos colonizadores podem, sim, ganhar status de tributo à arte do bem comer. São preparadas com cerimônia e degustadas, normalmente, com vagar e cautela. Não raro fazem as vezes de prato principal, precedidas de sopa. Sejam os populares “preguinhos” (pão com bife de qualquer tasca de esqui-na), as “francesinhas” (sanduíche no pra-to típico do norte de Portugal, com di-versos recheios e finalizado com queijo gratinado e molho especial) ou este que apresentamos aqui como uma gratíssima surpresa de um passeio pelo Porto: a “sande de pernil da Casa Guedes”.

O acaso nos levou à Praça dos Povo-eiros, no pico de uma das colinas que de-senham o Porto em ladeiras íngremes às margens do Rio Douro. Alguém, no ho-tel, comentara que seria uma boa opção para suprir a fome do almoço, já em fim de tarde, com um lanche reforçado. “É aqui que tem sanduíche de pernil?”, in-dagamos a dois rapazes que tomavam um cafezinho numa das mesas de metal em frente à modesta tasca. “O melhor”, responderam, como que ensaiados. Sen-tamos e os rapazes advertiram: “Mas não tem serviço de esplanada”. Traduzindo,

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não tem garçom. O pedido deve ser feito diretamente no balcão.

E lá fomos, ainda sem ter a devida noção do que nos aguardava. O simpati-císsimo Guedes manuseava o facão em talhos precisos na suculenta peça de per-nil, deitada sobre generosa porção de molho dourado. Preparou duas sandes, uma delas “especial”, com o divino quei-jo da serra (de leite de ovelha, uma espe-cialidade da Serra da Estrela), em pão rústico e crocante, levemente aquecido. Sem exagero, um manjar dos deuses!

Nosso encantamento facilitou a con-versa e Guedes – um admirador dos bra-sileiros e do Brasil, onde diz que buscou, mais precisamente em Santos, a receita “secreta” do pernil – passou a desfilar ou-tras vedetes da tasca. Para começar, duas taças do vinho da casa, um rosé espaldal bem fresco e levemente espumante, da região dos vinhos verdes. No cardápio, outras opções de sandes, tábuas de frios e refeições econômicas para paladares va-riados, como a obrigatória sopa do dia, o substancioso sarabulho (uma espécie de sarapatel típico do Minho, com os miú-dos e o sangue do porco acrescidos de carnes de galinha e de vaca e engrossado com farinha de milho) ou o singelo bife à milanesa. De sobremesa, doces de fru-tas diversos com queijo da serra.

Papo vai, papo vem, mais duas san-des e duas taças de vinho, Manoel Gue-des conta que o grande trunfo do negó-cio familiar, tocado por ele, o irmão Francisco, a mulher e a cunhada, é uma pequena rede de fornecedores exclusi-

casa guedes praça dos povoeiros 130, porto

vos, que produzem nas quintas da região os porcos, os queijos, os embutidos e o vinho servidos na tasca. “São quase to-dos os mesmos de quando abrimos a ca-sa, em 1987. Os melhores do Minho!” – o empresário não deixa por menos. Com o passar do tempo, noite apontando, a conversa era mais e mais interrompida pelos pedidos que se avolumavam no balcão. Até ter que ser definitivamente encerrada, quando a fila de clientes já to-mava boa parte da calçada.

O movimento da tasca, segundo Gue-des, cresceu muito nos últimos quatro anos, quando a fama do seu sanduíche chegou às redes sociais. No Tripadvisor, um dos principais sites de turismo, por exemplo, a tasca ganhou certificado de ex-celência, com quase 100% de aprovação dos turistas. “Outro dia esperei mais de uma hora pela sande”, lembra a estudan-te Maria Augusta, cliente fiel e paciente. “Quando posso, venho mais cedo, mas à noite é assim mesmo”, conforma-se.

É mesmo assim e vai continuar, já que os Guedes se mantêm refratários às ideias de ampliar o estabelecimento ou mesmo de aumentar o número de fun-cionários. “No máximo, alguns garçons para ajudar a servir. Mas, na cozinha, só a família”, sentencia. E a nossa observa-ção completa: no caixa também. Por fa-lar em caixa, os preços são muito hones-tos. Come-se e bebe-se bem por cerca de 10 euros por pessoa.

Para nós, que incluímos definitiva-mente a Casa Guedes em qualquer rotei-ro do Porto, está tudo bem. Que se man-tenha tudo absolutamente como está, es-pecialmente o sanduíche de pernil com queijo da serra! E os anjos digam amém!

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Diário DE viagem

por Felipe De oliveira

Localizada a cerca de 550 quilôme-tros de Paris, no departamento de Dordogne, o condado de Périgord

é um lugar único sobre a face da terra. Conhecido como “a Toscana francesa”, reúne os ingredientes básicos para deixar qualquer visitante deslumbrado. Ao visi-tarmos o Périgord, as escolhas são múlti-plas: a pré-história, a natureza exuberan-te, a gastronomia requintada, os vinhos renomados, as grutas, os castelos, os sí-tios históricos e um patrimônio cultural excepcional. Todos os anos, cerca de três milhões de turistas de todas as par-

A Toscana

tes do mundo vêm descobrir e usufruir as delícias dessa região.

O Périgord e suas três principais cida-des – Périgueux, Bergerac e Sarlat – con-centram nada menos do que 39 monu-mentos tombados como históricos. A re-gião, durante o verão europeu, de junho a agosto, transforma-se num grande festi-val a céu aberto. Quase todas as cidades têm o seu próprio festival de música (jazz, clássica, popular, rock), teatro ou cinema. O destaque é para o Festival de Artes e Mímica, na cidade de Périgueux. Criado em 1983 em homenagem a Marcel Mar-ceau, é considerado hoje um dos mais im-portantes festivais de mímica da Europa.

Com seus rios, vales e natureza intac-ta, o Périgord concentra nada menos que 33 parques e jardins abertos ao pú-blico – 14 deles têm a classificação “jar-dim extraordinário”. Não se pode ir à re-gião sem visitar o jardim de Eyrignac, bem no centro do Périgord Negro, que existe desde o Século XVIII. O jardim de Marqueyssac, em Vézac, é outro deslum-bre para os olhos. Pode-se admirar o vale da Dordogne, cortado pelo rio do mes-

francesa

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mo nome, com suas vinhas, vilarejos e castelos. Os estrangeiros são unânimes em afirmar que é uma das paisagens mais bonitas do mundo.

O vale da Vézère, conhecido também como “o vale do ho-mem”, tem 15 sítios históricos considerados patrimônio mun dial pela Unesco. Próximo à cidade de Eyzies-de-Tayac exis-tem 37 grutas e abri-gos, assim como nu-merosos sítios da era paleontológica su-perior. A pré-histó-ria é parte integrante desse patrimônio cultural excepcional. Por isso, uma visita obriga-tória é ao Museu Nacional da Pré-Histó-ria, situado em Eyzies-de-Tayac. O mu-seu, com seus 3.000 metros quadrados, reúne a mais importante coleção paleon-tológica da França.

A cozinha da região, conhecida no mundo inteiro, tem suas bases no fois gras, trufas (“diamante negro” do Péri-gord) e cèpes (cogumelos). Uma cozinha rústica, impregnada de produtos natu-rais, mas refinada, faz o charme e o sa-voir-faire do Périgord. Numerosos são os cozinheiros que utilizam os produtos da

região e perpetuam a “cozinha à antiga”. Outros chefs tentam modernizar essa co-zinha ancestral. O turista pode escolher entre comer num pequeno restaurante e degustar um bom fois gras ou em restau-

rantes de chefs estrelados que pro-põem uma cozinha requintada

e moderna. Claro, quando se fala

na França, o vinho é rei. Com seus 2.000 anos de tra-

dição, Bergerac é, depois da região de Bordeaux, a que possui as mais im-portantes vinhas do su-

doeste da França. São 13.000 hectares de vinhas

que se estendem por 93 co-munidades do Périgord, dividi-

do em quatro regiões: Negro, Verde, Branco e Roxo. Cada região tem a sua especificidade. A região de Bergerac, o Périgord Roxo, oferece aos apreciadores de vinhos uma fabulosa diversidade.

Lascaux: arte pré-históricaA gruta de Lascaux, conhecida como

“a Capela Sistina da arte rupestre”, rece-be cerca de 270 mil visitantes por ano – é, de longe, o sítio turístico mais fre-quentado do Périgord. A gruta foi desco-berta em 1940, mas a grande afluência

de turistas, nos anos que se seguiram, causou danos às pinturas. A solução foi fechar as portas de Lascaux ao público em 1963, para que o acervo de pinturas não desaparecesse por completo devido aos fungos e ao gás carbônico exalado pe-los milhares de turistas.

Reconhecida como patrimônio da humanidade pela Unesco em 1979, a gruta de Lascaux, com 200 metros de ga-lerias, fica na cidade de Montignac-sur-Vézère, a 50 quilômetros de Périgueux. Lascaux não é a única caverna do Péri-gord, mas rivaliza em importância com a de Altamira, na Espanha, graças a seu ex-cepcional acervo pré-histórico. As 600 pinturas – cavalos, veados, touros, feli-nos, cabras selvagens – foram feitas há cerca de 17 mil anos pelos homens de

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Diário DE viagem

Cro-Magnon, população primitiva de homo sapiens que viveram na Europa no período paleolítico superior (de aproxi-madamente 40 mil até cerca de 10 mil anos atrás).

No começo do Século XX, arqueólo-gos achavam que essas pinturas rupestres tinham sido feitas por uma necessidade ligada essencialmente à caça, sem nenhu-ma conotação religiosa ou mágica. O ar-queólogo André Leroi-Gourhan (1911-1986) foi um dos primeiros a interpretar essas obras de arte pré-históricas de uma maneira diferente. Ele viu esses abrigos como santuários religiosos e denominou

Lascaux como “a Capela Sistina da pré- história”. Leri-Gourhan nos alerta para a compreensão dos tesouros espirituais e artísticos mais antigos da humanidade.

Sarlat, cidade medieval Com mais de mil anos de história e

apenas dez mil habitantes, a cidade me-dieval de Sarlat (abaixo), fundada no Sé-culo IX ao redor de um monastério, rece-be todos os anos cerca de dois milhões de visitantes, atraídos por sua arquitetu-ra medieval excepcional e sua reputada gastronomia. Também conhecida como Sarlat- la Canéda, consolidou através dos

tempos uma reputação de cidade em que a história se mistura com especialidades gastronômicas admiradas no mundo in-teiro – trufas, fois gras, nozes, licores e conservas renomadas de patos e ganso.

Sarlat tem um dos perímetros urba-nos medievais mais importantes do mun-do. O turista que segue, meio ao acaso, pelas ruelas da cidade, logo se rende à be-leza e ao charme das casas e hotéis, com sua arquitetura intacta da época medie-val e do começo da Renascença. Além dis- so, seus festivais de teatro (julho-agosto) e cinema (novembro) figuram entre os mais importantes da França.

Conhecida como “a Capela Sistina da arte rupestre”, a gruta de Lascaux, principal sítio turístico do Périgord, recebe cerca de 270 mil visitantes por ano

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art turning left até 2/2/2014 na Tate modern liverpool. ingresso: 8,80 libras (r$ 35, aproximadamente).

por silio boccanera, De lonDres

Duzentos anos de arte política ocupam os salões e as paredes da Galeria Tate, filial de Liverpool.

Formam a mostra Art turning left, em que a “virada à esquerda” do título reflete a tendência ideológica das obras reunidas pelos curadores na galeria mais conheci-da pelos prédios de Londres (Tate Mo-dern e Tate Britain), mas que também tem presença no norte e no sudoeste da Inglaterra.

A morte de Marat, de Jacques-Louis David, de 1793, é logotipo da exposição e símbolo da marca política imposta a uma obra de arte já no Século XVIII,

Arte engajadacarTa Da europa

pois o artista era engajado e não escon-deu sua intenção ao pintar o quadro. David ajudou a imortalizar um ídolo da Revolução Francesa, assassinado no ba-nho por uma defensora da monarquia deposta pelos revolucionários.

Marat, jornalista político, morreu es-faqueado de forma dramática na banhei-ra, onde escrevia, no momento em que o movimento revolucionário passava por sua fase mais violenta, com o uso do ter-ror para ceifar supostos adversários ideo-lógicos, entre eles seus próprios heróis. Comprometido com a ala mais radical da revolução, o próprio David assinou de-cretos para execução de mais de 300 víti-mas da guilhotina. Quando sua facção perdeu o domínio da revolução, ele se exilou na Bélgica, onde ficou até morrer.

As obras na Tate percorrem desse pe-ríodo até a época atual. Incluem posters de solidariedade com a Revolução

Cubana nos anos 60, a agitação de 1968 nas ruas de Paris, a provo-

cação feminista das guerrilla girls americanas na década

de 70, em busca de mais igualdade para as mulheres artistas, a avant-garde na Iu-goslávia da década de 1980, e chega a tempos mais recentes. Inclui pintura, te-cido, gravura, poster, video, escultura, bandeiras.

A mostra não revela esforço seletivo em qualidade ou criatividade artística, nem requer do espectador um engaja-mento ideológico de esquerda. Serve mais como um arquivo histórico de pe-ças destinadas menos a uma apreciação estética e mais a uma pregação política.

A distância e o tempo decorrido aju-dam a avaliar com menos calor ou pai-xão os trabalhos reunidos pela Tate. E reacendem a discussão que já animou muito debate acadêmico e conversas de bar: que valor tem a arte criada com intenções políticas, em contraste com trabalhos de pura expressão individual? Ou não há contradição?

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por sérgio moriconi

Apesar da impressão de que já vi-mos esse filme antes, Trapaça im-pressiona pela sua dramaturgia

dinâmica, bons diálogos, ótimos atores (especialmente as vencedoras do Globo de Ouro), além de uma câmera e edição frenéticas. Não se pode dizer que o dire-tor David O. Russell, autor, entre ou-tros, de Três reis, O vencedor e O lado bom da vida, tenha uma originalidade estilísti-ca toda sua. A despeito do evidente virtu-osismo da produção, a semelhança com

a maneira Scorsese de fazer cinema é grande demais para que possamos identi-ficar um caráter especialmente singular no trabalho do diretor. Quanto a isso não há dúvida. A escalação de Robert De Niro no papel de um chefe mafioso fala por si. Seria Trapaça um pastiche? Scor-sese, porém, não deixa de ser um ótimo álibi: da mesma forma que o “mestre” de, entre outros, Goodfellas (Os bons com-panheiros), Russell vem de uma escola in-dependente de realizadores. Seus primei-ros curtas e longas foram financiados por fundos de incentivo à produção e tive-

ram suas primeiras exibições no festival de Sundance.

Com um argumento durante anos es-quecido nas gavetas dos executivos de ci-nema, largamente inspirado num conhe-cido caso ocorrido nos anos 70 (o Affair Abscam), Trapaça narra as desventuras de um escroque, Irving Rosenfeld (Chris-tian Bale), e de sua cúmplice Sydney Pros-ser (Amy Adams). Depois de uma série de golpes, os dois são capturados e obri-gados por um agente do FBI a “nadar nas águas lodacentas” da máfia para tentar “pescar” políticos corruptos envolvidos

luz câMERa aÇÃo

Trapaceiros

Vencedor de três Globos de Ouro, com prêmios para melhor filme, atriz (Amy Adams) e atriz coadjuvante (Jennifer Lawrence), Trapaça deve ser uma das principais apostas de mercado para este início de ano.

trapaceados

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com a organização criminosa. Muito bem, a velhacaria, a dissimulação de to-dos os personagens envolvidos cria uma cortina de fumaça onde ninguém sabe mais em quem confiar. Ninguém signifi-ca eles, os personagens, e nós, os especta-dores. Muito do fascínio da primeira par-te do filme reside nessa atmosfera nebu-losa, na dúvida, na insegurança sobre quem é aliado de quem. É um salve-se quem puder. Afinal, quem diz a verdade?

Os diálogos são ágeis, muitas vezes improvisados, há também muito humor na recriação dos anos 70 (as roupas cafo-nas, a música, o rescaldo da contracultu-ra) e, lembramos, na atmosfera dúbia. Verdade e mentira promiscuamente imiscuídos na trama nos fazem pensar em F for fake (Verdades e mentiras), últi-mo filme dirigido por Orson Welles, as-sim como em O amigo americano, do ale-mão Wim Wenders. Em ambos os casos, o falso e o verdadeiro – e por extensão a verdade e a mentira – são discutidos a partir da arte e de seus critérios de valor. Irving diz que ninguém pode ter certeza sobre a originalidade de uma obra de ar-te, tal a quantidade de falsificações per-feitamente “fidedignas”. Quem seria en-tão o grande mestre, o pintor ou o falsifi-cador? – pergunta Irving, buscando justi-ficativa para suas fraudes e vigarices. A patifaria de Irving e sua comparsa se ali-

menta da burla, da dissimulação da ver-dade, da venda de gato por lebre.

Sinceridade (verdade) e suas contra-fações: dissimilação, fingimento, hipocri-sia e máscara são todas cartas colocadas na mesa do malicioso e astuto enredo de Trapaça. Toda a urdidura e dissimulação do golpe envolvendo os escroques e os agentes do FBI é transladada para a rela-ção das principais personagens. Quem manipula quem? Rosalyn (Jennifer La-wrence), a esposa de Irving, manipula o marido e vice-versa? Irving é manipulado pela sua amante Sydney (Amy Adams) e vice-versa? Sydney estaria traindo Irving com o agente do FBI? Não sabemos. De todo modo, todo o quiproquó é utiliza-do pelo diretor Russell para voltar a uma temática que lhe é muito cara: as famílias disfuncionais. Há em todo o filme uma complexa e ambígua união afetiva entre as principais personagens. Muitas vezes, o desenvolvimento psicológico das per-sonagens serve a um humor cínico, qua-se patético, especialmente quando o di-retor usa das mais insólitas situações pa-ra achincalhar personalidades políticas. Se fôssemos escolher uma moral da his-tória, uma traiçoeira “moral da história”, ela seria a de que os indivíduos são cons-trangidos a fazer de tudo para sobreviver na dura selva do mundo real.

David O. Russell navega confortavel-

Trapaça (American Hustle)eua/2013, 129min. Direção: David o. russell. roteiro: David o. russel e eric singer. com christian bale, amy adams, bradley cooper, Jeremy renner, Jennifer lawrence, robert De niro, alessandro nivola, anthony zerbe, colleen camp, Dawn olivieri, elisabeth röhm, erica mcDermott, Jack huston, louis c.K. e michael peña.

mente nas águas turbulentas da comédia dramática farsesca. Muito do encanto de seu filme reside na bravura das perfor-mances dos atores e na precisão cirúrgi-ca dos diálogos. Não poucas vezes, Trapa-ça tangencia as screwball comedies norte--americanas (comédias amalucadas) dos anos 40. Quem não se lembra dos inesquecíveis duelos de Cary Grant com suas “adversárias” femininas (gênese da “guerra dos sexos”) nos deliciosos O inventor da mocidade (com Katharine Hepburn) e Levada da breca (com Mari-lyn Monroe)? As screwball comedies sub-vertiam a ordem natural das coisas, assim como os papéis sexuais. Os ho-mens eram frágeis e inseguros, as mulhe-res o inverso disso. Mas, no fim das con-tas, as coisas se assentavam conservado-ramente. Se prestarmos bem atenção no personagem de Irving, o mesmo aconte-ce com o filme de Russell. Irving, um velhaco romântico, um zaino a contra-gosto ou seria apenas uma vítima das circunstâncias?

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graves & aguDos

TeXTo e FoTos heiTor menezes

O rock pesado, do hard ao heavy metal, do qual são guardiões o Iron Maiden, o Metallica, o Bla-

ck Sabbath e incontáveis bandas, novas e antigas, é prova inconteste de que o rock nunca vai morrer, em que pese o gênero não mais responder pela preferência da juventude, pelo menos a brasileira. É mais fácil passar por você um jovem ou-vindo sertanejo ou funk carioca do que aquele rockão cheio de guitarras.

Que os analistas fiquem com as análi-ses. Fato é que, não fosse pelo América Rock Club, aquela pequena boate in-crustada no polígono sertanejo de Ta-guatinga, no Pistão Sul, Brasília e todo o Distrito Federal estariam órfãos de espa-ços dedicados aos shows do velho e (para sempre) bom rock’n’roll.

A novidade é que o América Rock Club deu uma repaginada no visual, pro-metendo se consolidar como espaço on-

de a galera pode ouvir aquele som de tro-vão, e ninguém se incomoda; onde as guitarras ousam distorcer o sinal sonoro para além dos limites e os decibéis desa-bam feito avalanche.

A casa já proporcionou ao brasiliense apresentações memoráveis de Lobão, Matanza, Paul Di’Anno (Iron Maiden), CJ Ramone, Marcelo Nova, Richie Kot-zen, Joe Lynn Turner (Rainbow, Deep Purple, Yngwie Malmsteen), Nashville Pussy, Violeta de Outono e outros mais. Em dias de casa cheia, como aconteceu no início do mês, com a apresentação de Blaze Bayley, o segundo ex-Iron Maiden a se apresentar no espaço, pode crer que de 400 a 500 pessoas transformam o América Rock Club num caldeirão que bota a adrenalina pra ferver.

“O América destaca-se por abrir espa-ço a todas as vertentes”, ressalta a pro-prietária, Eliane de Castro Neves, avisan-do que a música eletrônica alternativa também terá vez no América Rock Club.

Já em seu quarto ano de existência, o es-paço passou por uma reforma e adequou a estrutura de palco, camarim e seguran-ça, para melhor receber as atrações e o público. Para os cervejeiros, é oferecida uma carta com mais de 15 opções da be-bida. Eliane afirma que a cozinha espe-cializada também está preparada para quem quiser fazer uma refeição e ter uma opção gastronômica aos petiscos da noite.

Blaze BayleyNão fosse o América Rock Club e

Brasília passaria batida na (longa) turnê que Blaze Bayley, ex-vocalista do Iron Maiden, anda fazendo Brasil afora, des-de dezembro do ano passado. Na verda-de, pode-se afirmar que a capital já teve o seu primeiro grande show internacional de 2014, quando Bayley sacudiu Taguá com uma máster class de hard rock e heavy metal. Guns n’Roses, trate de fazer coisa melhor quando chegar a sua hora.

Caldeirão de roqueiros

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américa rock clubpistão sul, Taguatinga, em frente ao carrefour (3352.0920). De 4ª a sábado, a partir de 21h; domingo, a partir de 18h.

Apesar de ter gravado apenas dois ál-buns com o Maiden (The X-Factor, de 1995, e Virtual XI, de 1998), no período em que o vocalista Bruce Dickinson saiu da banda, Bayley foi idolatrado como membro ilustre da família Donzela de Ferro e reverenciado por sustentar o le-gado da banda.

A The Soundtrack of My Life Tour, que lotou o América, pode ser compara-da a um culto, com o careca Bayley atu-ando como pregador e mestre de cerimô-nia. A proximidade com a plateia fazia o cantor por diversas vezes estender a mão e se apoiar nos headbangers, que foram ao delírio.

Quem foi teve o privilégio de presen-ciar uma atração à parte, o jovem guitar-rista holandês Thomas Zwijsen (na foto acima, à direita), que executou sozinho ao violão diversos temas do Iron Mai-den. Façam uma busca na internet por “Nylon Maiden” e vejam o resultado. Cena incrível: a levada instrumental do violão foi acompanhada pelos fãs do Maiden que cantarolavam em uníssono os versos das clássicas Fear of the dark, Aces high e Blood brothers.

Mas Bayley é que foi a grande figura da noite. O cara é um batalhador, um verdadeiro operário do rock. A voz, en-tre o baixo e o barítono, está tinindo. A teatralidade, idem. As músicas de sua fa-se no Maiden, especialmente The clans-man, valem cada centavo e cada minuto

da tórrida madrugada que avança.Menção honrosa ao acompanhamen-

to, que inclui o holandês Zwijsen e três brasileiros, da banda cover The Best Iron Maiden Tribute: o baixista Lennon Bis-casse, o guitarrista Lely Biscasse e o bate-rista Guto Franceschet. Temperatura ele-vadíssima e demolição total.

Ao final, Bayle apontou para o bar do América Rock Club e disse que iria para lá tomar uma cerva e receber os fãs para autógrafos e abraços. Acendem as

luzes e correm para o bar, suadas, cabelu-das, sorridentes e vestidas de preto uma legião de pessoas felizes e possuídas pelo mais legítimo espírito do heavy metal.

Gostou? Dia 7 de fevereiro tem o po-wer rock da Almah, banda do Edu Falas-chi, ex-Angra, com o brasiliense Marcelo Barbosa na guitarra. O ano promete.

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graves & aguDos

Descontroleprimeiro álbum da banda Darshan, com 15 faixas. lançamento monstro Discos. À venda (r$ 20) em www.monstrodiscos.com.br. ouça em https://soundcloud.com/banda-darshan.

por peDro branDT

No começo dos anos 1990, um pu-nhado de bandas da área de Sea-tle, Estados Unidos, alcançou

popularidade mundial, trazendo um fôle-go novo para o rock que, àquela altura, estava desgastado, com a credibilidade abalada. Essas bandas, dentre as quais as mais notórias foram Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Alice in Chains e Mudho-ney, estabeleceram um novo paradigma para o rock. A sonoridade dessa turma ganhou o apelido de grunge, expressão um tanto genérica, mas extremamente eficaz em seu poder de síntese e comuni-cação. Seria normal, claro, que o grunge influenciasse bandas ao redor do globo. Entretanto, assimilar tais referências sem soar derivativo sempre foi um desafio.

Desafio que a banda brasiliense Dar-shan encara com impressionante desen-voltura. O quarteto de Sobradinho assi-mila a sonoridade grunge sem soar data-do ou preso apenas a essas referências. Fundada em 2005, a banda consolidou sua formação dois anos depois e logo co-meçou a tocar pelo Distrito Federal. Gra-

Luz e sombrasQuarteto Darshan, de Sobradinho, lança seu primeiro disco, no qual mostra as lições aprendidas com os ídolos do grunge

ças a uma apresentação enérgica e a um repertório poderoso, em pouco tempo era destaque em festivais como o Porão do Rock.

Em dezembro passado, a banda lotou o Teatro Garagem, do Sesc 913 Sul, com o show de lançamento de Descontrole, seu primeiro disco. “Não esperávamos tanta gente, ficamos impressionados. Foi um dos grandes momentos da banda”, lem-bra Oliver Alexandre, 24 anos, vocalista, guitarrista e principal compositor do Darshan. Sobradinho, diz Oliver, tem muitos roqueiros, uma juventude que se encontra nas praças da cidade para con-versar sobre música, andar de skate, to-mar cerveja, tocar violão. Nesse meio eles encontraram vários fãs que acompa-nham a banda em suas apresentações.

O show no Garagem foi a coroação de um processo iniciado dois anos antes, quando Oliver, o guitarrista Thuyan Santiago, o baixista João Paulo Berger e o baterista Alisson Vaz começaram a re-gistrar o disco da banda. “Gravamos dez músicas, mas não gostamos do resultado. Depois disso, conhecemos o Rogério Al-ves, que virou o produtor do disco, e co-

meçamos a regravar as músicas na casa dele”, conta Oliver. Nesse meio tempo, novas composições foram surgindo e sendo gravadas. Além disso, Alisson Vaz deixou a banda e em seu lugar entrou o baterista Arnoldo Ravizzini.

As 15 músicas de Descontrole formam uma breve antologia dos primeiros anos do Darshan. Além do grunge (percebido especialmente nas harmônicas vocais à Alice in Chains), influências como Los Hermanos aparecem em músicas como Retalhos e Sorriso cruzado, e Queens of the Stone Age em faixas como O rejeito.

As letras de Oliver falam de medos, liberdade e superação, muitas vezes res-valando no lado sombrio da alma, ainda que buscando uma saída luminosa. “Tem músicas que começam pesadas, mas no final são esperançosas”, aponta o vocalista. “O nome Darshan significa ‘poder de visão’. Busco em minhas letras falar de sentimentos intimistas, de espiri-tualidade. As pessoas podem interpretar de várias formas, mas meu objetivo é in-citar uma reflexão interna”, continua.

Oliver acredita que tocar fora do Dis-trito Federal é o principal desafio da ban-da. Um dos planos para a divulgação é o videoclipe da faixa-título do álbum, que será finalizado em breve. Com Descontro-le, o rock do Distrito Federal chega em 2014 pesado e melódico, um tanto som-brio e rebelde. Tal como o grunge. Nada mal para um começo de ano.

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