df04_suellem.pdf

download df04_suellem.pdf

of 188

Transcript of df04_suellem.pdf

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    1/188

    COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ

    A UTILIZAO DE JOGOS DE EMPRESA COMO INSTRUMENTO PEDAGGICO DE

    APOIO FORMAO PROFISSIONAL DA REA PORTURIA

    Suellem Deodoro Silva

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao em Engenharia de Transportes,

    COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

    como parte dos requisitos necessrios obteno do

    ttulo de Mestre em Engenharia de Transportes.

    Orientador: Raul de Bonis Almeida Simes

    Mrcio de Almeida DAgosto

    Rio de Janeiro

    Abril de 2010

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    2/188

    ii

    A UTILIZAO DE JOGOS DE EMPRESA COMO INSTRUMENTO PEDAGGICO DE

    APOIO FORMAO PROFISSIONAL DA REA PORTURIA

    Suellem Deodoro Silva

    DISSERTAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ

    COIMBRA DE PS-GRADUAO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

    NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS EMENGENHARIA DE TRANSPORTES.

    Examinada por:

    __________________________________________Prof. Marcio de Almeida DAgosto, D. Sc.

    __________________________________________Prof.Amaranto Lopes Pereira, D. Sc.

    __________________________________________Prof. Jos Carlos Cesar Amorim, D. Sc.

    RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

    ABRIL DE 2010

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    3/188

    iii

    Silva, Suellem Deodoro

    A utilizao de jogos de empresa como instrumento

    pedaggico de apoio formao profissional da rea porturia /

    Suellem Deodoro SilvaRio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2010.XIII, 175p.: il. ; 29,7 cm.

    Orientador: Raul de Bonis Almeida Simes

    Mrcio de Almeida DAgosto.

    Dissertao (mestrado) UFRJ/ COPPE/ Programa de

    Engenharia de Transportes, 2010.

    Referncias Bibliogrficas: p. 147 - 151.

    1. Metodologias de ensino-aprendizagem 2. Terminias decontineres 3. Jogos de empresa I. Simes, Raul de Bonis Almeida

    et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE,

    Programa de Engenharia de Transportes. III. Titulo.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    4/188

    iv

    Sempre me pareceuestranho que todos aqueles

    que estudam seriamente a Matemtica acabam

    tomados de uma espcie de paixo pela mesma.

    Em verdade, o que proporciona o mximo prazer

    no o conhecimento e sim a aprendizagem,no a posse mas a aquisio,

    no a presena mas o ato de atingir a meta.

    Carl Friedrich Gauss

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    5/188

    v

    AGRADECIMENTOS

    Primeiramente, agradeo a Deus pela vida e pela famlia maravilhosa que ele me deu.

    Aos meus pais, por serem a minha base, por dispensarem todos os minutos dos seus dias

    para zelar por mim, por serem exemplos de dedicao e honestidade, e por terem

    comemorado cada uma das minhas conquistas.

    minha irm, indispensvel na minha vida, que me proporcionou duas das minhas

    maiores alegrias: a Victria e o Guilherme.

    As minhas crianas: Victria, Guilherme, Clara e Manuella que me consedem um sorriso

    nos momentos que mais preciso, sem me pedir nada em troca.

    Ao meu cunhado, Marcus Mendona, que no mede esforos para me ajudar. minha famlia, em especial as minhas tias Carla e Katia e a minha v, pela preocupao

    e pelo carinho.

    Aos meus amigos, que estiveram sempre torcendo por mim: Erika Victorina, Bruna

    Sernoud, Daniele Cozentino, Suelen Vieira, Marcos Souza, Rodrigo Oliveira, Agnaldo

    Esquincalha, Alessandro Schmidt, Thiago Miranda, Juliana Soares, Rafael Paes Leme, Stella

    Rocha, Rodrigo Gomes Rodrigues e Luiz Afonso.

    Aos amigos que eu ganhei durante o mestrado : Pedro Furtado por ter acreditado na minha capacidade e me aconselhado tanto em

    questes profissionais quanto em questes pessoais.

    minha amiga, Emmanuela Jordo, por ter compartilhado simplesmente TUDO que

    ocorreu na minha vida durante o perodo do mestrado, por ter me apoiado e dividido comigo

    os momentos tensos e alegres.

    Aos meus Doutores, Ricardo Guabiroba e Andr Maia, por serem exemplos de dedicao

    e companheirismo. Cristiane Duarte por ter dispensado o seu tempo revisando esta dissertao, por

    procurar sempre ajudar as pessoas que esto ao seu redor e por ter me ensinado que em um

    formigueiro todas as formigas tem que trabalhar juntas, seno o negcio desanda.

    Marcelo Vilella por sempre lembrar do tema do meu trabalho no momento de suas

    pesquisas na internet.

    Ao professor Mrcio de Almeida DAgosto que no mediu esforos para me ajudar a

    tornar este trabalho possvel, que acreditou na minha capacidade e me proporciou uma

    evoluo pessoal e profissional, a partir de suas orientaes.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    6/188

    vi

    Famlia DAgosto que sempre me acolheu carinhosamente em todos os momentos que

    tivemos a oportunidade de estarmos juntos.

    Ao professor Raul de Bonis por ter acreditado neste trabalho.

    Ao professor Gilberto Fialho, pelo apoio para a elaborao e aplicao deste trabalho.

    Ao professor Jos Carlos Amorim, que gentilmente aceito fazer parte da banca deste

    trabalho.

    Ao superintendente de DOCAS/RJ, Adcio de Carvalho, por ter atendido todas as minhas

    solicitaes.

    Ao professor Amaranto Pereira por ter aceitado o convite de participar da minha banca.

    Ao INPH, em especial a Domnico Accetta e Jos Luiz, por terem dado todo o suporte

    necessrio para a realizao deste sonho.Ao CIAGA por ter cedido a sua biblioteca, para que eu realizasse as minhas pesquisas.

    Multiterminais Multirio e a Libra terminais terminal 1, em especial a Daniel

    Dominguez e Guilherme Loyola, que tiveram a rdua tarefa de me ensinar tudo sobre

    terminais de contineres.

    Ao Cnpq, pela bolsa consedida, sem a qual, este trabalho no teria sido realizado.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    7/188

    vii

    Resumo da Dissertao apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios

    para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.).

    A UTILIZAO DE JOGOS DE EMPRESA COMO INSTRUMENTO PEDAGGICO

    DE APOIO FORMAO PROFISSIONAL DA REA PORTURIA

    Suellem Deodoro Silva

    Abril/2010

    Orientadores: Raul de Bonis Almeida Simes

    Mrcio de Almeida DAgosto

    Programa: Engenharia de Transportes

    Esta dissertao apresenta a elaborao e a aplicao de um modelo de jogo de empresa -

    o jogo do TECON. Esse jogo simula os processos de tomada de deciso, em nvel

    operacional, que ocorrem em um terminal de contineres. Sendo assim, este trabalho trata da

    viabilidade de utilizar o jogo do TECON como uma ferramenta de ensino para a formao

    profissional em terminais de contineres. Para subsidiar a elaborao do jogo, foram

    realizadas pesquisas bibliogrfica e documental com o intuito de traar o panorama de ensinoem transportes no Brasil e consolidar os conhecimentos tericos sobre jogos de empresa,

    teoria dos jogos e o setor porturio (especificamente sobre terminais de contineres). A partir

    da aplicao do jogo em diversos nveis de ensino (tcnico, graduao e ps-graduao), foi

    possvel concluir que o jogo pode ser utilizado como ferramenta de ensino auxiliar no

    processo de ensino-aprendizagem de cursos que enfocam o planejamento de terminais de

    contineres.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    8/188

    viii

    Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements

    for the degree of Master of Science (M.Sc.).

    BUSINESS GAME USED AS A PEDAGOGICAL TOOL TO SUPPORT EDUCATIONAL

    TRAINING AT PORT AREA

    Suellem Deodoro Silva

    April/2010

    Advisor: Raul de Bonis Almeida Simes

    Mrcio de Almeida DAgosto

    Departament: Transportation Engineering

    This dissertation presents the development and implementation of a business game model

    the TECON game. This game simulates the decision-making processes in operational level

    that they occur within a container terminal. To this end, this work is concerned with feasibility

    of using the TECON game as a teaching tool for vocational training in container terminals. To

    subsidize the development of the game, bibliographic and documentary searches were held to

    define the transports teaching panorama in Brazil and to consolidate the theoreticalknowledge about business games, theory of games and port sector (specifically about

    container terminals). From the application of the game at many educational levels (technical,

    undergraduate and graduate), it was possible to conclude that the game can be used as

    auxiliary teaching tool in the process of teaching-learning courses that it has focus on the

    container terminals planning.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    9/188

    ix

    NDICE DO TEXTO

    1. INTRODUO ...................................................... ................................................................. .................. 11.1.HIPTESE E PREMISSAS DA DISSERTAO................................................................................................. 21.2.OBJETO DE ESTUDO E OBJETIVOS DA DISSERTAO........................................................................ .......... 21.3.ESTRUTURA DA DISSERTAO.................................................................................................................. 32. O ENSINO EM TRANSPORTES NO BRASIL ........................................................ ............................. 52.1.OPROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM.................................................................................................. 52.2.METODOLOGIAS DE ENSINO UTILIZADAS NO BRASIL................................................................................ 82.3.PANORAMA DO ENSINO EM TRANSPORTES NO BRASIL............................................................. ................ 113. O SETOR PORTURIO........................................................................................................................ 183.1.OSETOR PORTURIO........................................................ ................................................................. ..... 183.1.1. A relao entre o transporte aquavirio (setor porturio) e a economia nacional ............................ 203.2.TERMINAIS DE CONTINERES................................................................. ................................................. 213.3.TIPOS DENAVIOS PORTA -CONTINER............................................................. ...................................... 223.4.TIPOS DE CONTINERES.......................................................................................................................... 243.5.TIPOS DE EQUIPAMENTOS PORTURIOS............................................................. ...................................... 273.6.OPERAO PORTURIA.......................................................................................................................... 293.6.1. Operao de carga e descarga de contineres ........................................................................... ........ 323.7.

    INDICADORES

    PORTURIOS

    .......................................................... ........................................................... 33

    3.8.CONSIDERAES FINAIS............................................................... ........................................................... 354. JOGOS DE EMPRESA ..................................................................................................................... ..... 374.1.DEFINIES DE JOGOS DE EMPRESA....................................................................................................... 374.2.PRINCIPAIS OBJETIVOS DOS JOGOS DE EMPRESA.................................................................................... 404.3.CARACTERSTICAS BSICAS DOS JOGOS DE EMPRESA............................................................................ 434.4.CLASSIFICAES DE JOGOS DE EMPRESA........................................................... ...................................... 434.5.AESTRUTURA DOS JOGOS DE EMPRESA............................................................ ...................................... 474.6.PROCEDIMENTOS E ETAPAS PARA A ELABORAO DE JOGOS DE EMPRESA.............................................. 47

    4.7.ETAPAS DA APLICAO DOS JOGOS DE EMPRESA......................................................... ........................... 494.8.JOGOS DE EMPRESA COMO METODOLOGIA DE ENSINO -APRENDIZAGEM................................................. 504.9.CONSIDERAES FINAIS............................................................... ........................................................... 525. O JOGO DE EMPRESA PARA TERMINAIS DE CONTINERES - O JOGO DO TECON ...... 545.1.OJOGO DO TECON .......................................................... ................................................................. ..... 555.2.MODELO CONCEITUAL DO JOGO DO TECON-OCENRIO SIMULADO.......................................... ........ 565.3.MODELO LGICO E MATEMTICO DO JOGO DO TECON ........................................................................ 565.3.1. Modelo lgico do Jogo do TECON ............................................................... ...................................... 575.3.2 - Modelo Matemtico do Jogo do TECON ................................................................ ........................... 66

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    10/188

    x

    5.4.IMPLEMENTAO DO MODELO LGICO E MATEMTICO DO JOGO DO TECON ...................................... 915.4.1. Os tipos de layout de terminais de contineres (LTi) .......................................................... ................ 915.4.2. Gerao de Navios (GNj) ......................................................... ........................................................... 945.4.3. Tipos de Contineres (C

    k) ........................................................ ........................................................... 95

    5.4.4. Equipamentos de Cais/Ptio ....................................................................................................... ........ 975.4.5. Pr- configuraes de equipamentos para o terminal ........................................................ ................ 985.4.6. Clculo da capacidade de atendimento do terminal e do indicador de atratividade..................... ... 1015.5.IMPLEMENTAO DO JOGO DO TECONEM VBA................................................................................. 1025.5.1Implementao do mdulo das equipes .......................................................................................... 1025.5.2. Implementao do mdulo do instrutor ............................................................................................ 1125.6.CONSIDERAES FINAIS....................................................................................................................... 1146. APLICAO DO JOGO DO TECON .......................................................... .................................... 1156.1.DESCRIES DAS APLICAES............................................................................................................. 1156.2.ANLISE DOS RESULTADOS DAS APLICAES DO JOGO DO TECON ...................................................... 1206.2.1. Percepo da equipe sobre a aplicao do jogo do TECON ......................................................... ... 1216.3.CONSIDERAES FINAIS....................................................................................................................... 1437. CONCLUSES E RECOMENDAES ....................................................... .................................... 144REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................ .................................... 147APNDICE I: MODELO DA MENSAGEM ELETRNICA UTILIZADA PARA A PESQUISA

    DOS TIPOS DE METODOLOGIAS DE ENSINO APLICADAS EM CURSOS NA REA DE

    TRANSPORTES NO BRASIL ................................................................................................ ................ 152APNDICE II : RELAO DAS INSTITUIES DE ENSINO QUE POSSUEM CURSOS NA

    REA DE TRANSPORTES, RECONHECIDOS PELO MEC, INEP E PORTAL CAPES ............ 153APNDICE III: RELAO DOS CURSOS DE GRADUAO/TECNLOGO NA REA DE

    TRANSPORTES (SETOR PORTURIO) ......................................................... .................................... 155APNDICE IV: RELATRIO DA COMUNICAO PESSOAL COM O SUPERINTENDENTE

    DE DOCAS/RJ ........................................................... ................................................................. .............. 157APNDICE V: EXEMPLO DE UM MODELO FSICO DE TERMINAL DE CONTINERES. ... 164APNDICE VI: CARACTERSTICA DOS TERMINAIS DE CONTINERES ASSOCIADOS

    ABRATEC. ...................................................... ................................................................. ......................... 166APNDICE VII: RELATRIO DE VISITA MULTITERMINAISMULTIRIO. ...................... 170APNDICE VIII: RELATRIO DE VISITA LIBRA TERMINAISTERMINAL T1. .............. 172APNDICE IX: QUESTIONRIO UTILIZADO DURANTE AS APLICAES DO JOGO DO

    TECON ...................................................................................................................................................... 174

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    11/188

    xi

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 2.1:Ciclo de aprendizagem. .......................................................................................... 6

    Figura 2.2: Processo de ensino do aluno. .................................................................................. 7

    Figura 2.3: Interao entre o ciclo de aprendizagem e o processo de ensino. ........................... 8

    Figura 2.4: Instituies de ensino em transportes por regio geogrfica. ............................... 12

    Figura 3.1: ndice de Continerizao no Brasil de 2002 at 2007......................................... 21

    Figura 3.2:Operao porturia por uma via direta. ................................................................ 29

    Figura 3.3:Operao porturia por uma via semidireta. ....................................................... 30

    Figura 3.4:Operao porturia por uma via indireta. ............................................................. 30

    Figura 3.5: Ciclo da carga. ...................................................................................................... 31Figura 3.6: Ciclo do veculo. ................................................................................................... 32

    Figura 4.1:Classificao para os jogos de empresa. ............................................................... 46

    Figura 4.2: Procedimentos e etapas para a elaborao de jogos de empresa. ......................... 48

    Figura 4.3: Fases de aplicao dos jogos de empresa. ............................................................ 49

    Figura 4.4: Fases de aprendizagem vivencial ......................................................................... 51

    Figura 5.1:Modelo lgico do jogo do TECON. ..................................................................... 58

    Figura 5.2:Tela Inicial do mdulo das equipes. ................................................................... 103Figura 5.3:Tela inicial do manual. ....................................................................................... 104

    Figura 5.4:Tela de simulao da chegada de navios. ........................................................... 105

    Figura 5.5:Tela de simulao da Armazenagem. ................................................................. 105

    Figura 5.6:Tela de arrendamento do terminal. ..................................................................... 106

    Figura 5.7:Tela de configurao do terminal. ...................................................................... 107

    Figura 5.8:Tela de simulao da capacidade de atendimento do terminal. .......................... 108

    Figura 5.9:Tela de investir em equipamentos. ..................................................................... 109Figura 5.10:Tela dos indicadores de desempenho. .............................................................. 110

    Figura 5.11:Exemplo do arquivo gerado pela equipe/participante para o instrutor. ............ 111

    Figura 5.12:Tela do jogo do TECON a partir da 2 rodada. ................................................ 111

    Figura 5.13:Tela do mdulo do instrutor. ............................................................................ 112

    Figura 5.14:Tela de demonstrao do resultado da rodada. ................................................. 113

    Figura 6.1:Aplicao do jogo do TECON durante a XXIII ANPET. .................................. 117

    Figura 6.2:Aplicao do jogo do TECON no CEFET/ITAGUA: Primeiro grupo. ............ 119

    Figura 6.3: Aplicao do jogo do TECON no CEFET/ITAGUA: Segundo grupo. ............ 119

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    12/188

    xii

    Figura 6.4: Aplicao do jogo do TECON na UFF/VR. ....................................................... 120

    Figura 6.5:Nvel de formao acadmica. ............................................................................ 123

    Figura 6.6:rea de atuao................................................................................................... 124

    Figura 6.7:Identificao do nvel de conhecimento dos participantes sobre a tcnica jogos

    de empresa......................................................................................................... 125

    Figura 6.8:Tempo que os participantes conhecem a tcnica jogos de empresa................ 126

    Figura 6.9:Base de conhecimento dos participantes no que diz respeito a jogos de empresa

    . ............................................................................................................................ 127

    Figura 6.10:rea de conhecimento prtico da tcnica jogos de empresa. ........................... 128

    Figura 6.11: Percentual de participantes com conhecimento sobre o setor porturio. .......... 129

    Figura 6.12:Nvel de conhecimento dos participantes acerca do setor porturio................. 130Figura 6.13:Tempo de conhecimento/experincia do participante. ..................................... 130

    Figura 6.14:Variveis consideradas para a escolha da altura de empilhamentos do terminal

    . ............................................................................................................................ 132

    Figura 6.15:Variveis consideradas para a escolha do terminal para ser arrendado. ........... 133

    Figura 6.16:Variveis consideradas ao escolher as configuraes do terminal por bero. .. 135

    Figura 6.17:Configuraes escolhidas para os beros. ........................................................ 136

    Figura 6.18:Percentagem de participantes que realizaram investimentos em equipamentos. ............................................................................................................................ 137

    Figura 6.19: Variveis consideradas para a realizao de investimentos em equipamentos

    . ............................................................................................................................ 139

    Figura 6.20: Opinio dos participantes sobre modelo de planejamento de um terminal de

    contineres apresentado no jogo do TECON....................................................... 141

    Figura 6.21:Opinio dos participantes com relao a contribuio do jogo do TECON. .... 142

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    13/188

    xiii

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 2.1: Metodologia de ensino. ........................................................................................ 10

    Tabela 2.2:Nvel de PsGraduao. ................................................................................... 14

    Tabela 2.3:Nvel de Graduao/Tecnlogo. ........................................................................... 15

    Tabela 2.4:Nvel Tcnico. ...................................................................................................... 15

    Tabela 3.1:Geraes de navios portacontineres................................................................ 23

    Tabela 3.2:Tipos de Contineres. ........................................................................................... 25

    Tabela 3.3:Tipos de ContineresContinuao. ................................................................... 26

    Tabela 3.4:Equipamentos utilizados na faixa do cais. ............................................................ 28

    Tabela 3.5:Equipamentos utilizados entre a faixa do cais e a rea de armazenagem. ........... 28Tabela 4.1:Abordagens selecionadas relacionadas metodologia de jogos de empresa. ...... 39

    Tabela 4.2: Abordagens selecionadas relacionadas metodologia de jogos de empresa

    (Continuao). ....................................................................................................... 40

    Tabela 4.3:Objetivos dos jogos de empresa. .......................................................................... 42

    Tabela 4.4:Objetivos educacionais de acordo com o nvel de ensino. ................................... 52

    Tabela 5.1:Processos modelados matematicamente no jogo do TECON: Mdulo das equipes

    . .............................................................................................................................. 67Tabela 5.2: Processos modelados matematicamente no jogo do TECON: Mdulo do

    instrutor. ................................................................................................................. 84

    Tabela 5.3:Layouts de Terminais de contineres. .................................................................. 92

    Tabela 5.4:Geraes de navios que compem o jogo do TECON. ........................................ 95

    Tabela 5.5:Caracterizao do terminal LIBRAT1 por tipo de movimento. ....................... 95

    Tabela 5.6:Caracterizao do terminal LIBRAT1 por tipo de continer. .......................... 96

    Tabela 5.7:Tipos de contineres. ............................................................................................ 96Tabela 5.8:Percentagem de contineres por tipo de movimento e estado. ............................. 97

    Tabela 5.9:Tipos de equipamentos de cais. ............................................................................ 98

    Tabela 5.10:Tipos de equipamentos de ptio. ........................................................................ 98

    Tabela 5.11:Pr-configuraes para os beros. .................................................................... 100

    Tabela 5.12:Indicadores de desempenho. ............................................................................. 101

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    14/188

    1

    1. INTRODUO

    Tem-se verificado carncia na formao de recursos humanos com capacidade para

    atuar em reas que exijam o conhecimento das especificidades do transporte intermodal,

    como, por exemplo, no caso dos terminais porturios ou retro-porturios que movimentam

    contineres com enfoque para exportao. Observa-se que neste caso, o reconhecimento das

    limitaes de formao de recursos humanos levou inclusive ao lanamento de edital

    especfico pela CAPES (Edital CAPES/MEC e SECEX/MDIC no19/2009) para estimular a

    criao, o fortalecimento e a ampliao de reas de concentrao em comrcio exterior, tendo

    como uma das reas temticas prioritrias a de aperfeioamento da logstica de comrcio

    exterior com enfoque porturio.

    Neste contexto, esta dissertao prope a elaborao e a aplicao de um modelo de

    jogo de empresa para o setor porturio, mais especificamente para terminais de contineres

    o jogo do TECON, que seja capaz de ser utilizado como uma ferramenta de ensino-

    aprendizagem em cursos que apresentam disciplinas relacionadas ao transportes de cargas e

    logstica. O modelo de jogo de empresa elaborado envolve o desempenho operacional dos

    terminais e a capacidade de oferecer melhores servios e deslocar a demanda de transporte

    por meio de variveis do tipo volume de investimentos em equipamentos, recursos humanos e

    perfil de operao.

    O presente trabalho est vinculado ao projeto LABSIM (Laboratrio de Simulao e

    Jogos de Empresas Aplicados ao Transporte) desenvolvido pelo Programa de Engenharia de

    Transporte (PET) do Instituto Aberto Luiz Coimbra de Ps-Graduao e Pesquisa em

    Engenharia (COPPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tendo como agente

    financiador o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico).

    Como parte deste projeto foram desenvolvidos quatro aplicativos de jogos de empresavoltados ao ensino na rea de transportes de cargas, dos quais o jogo do TECON faz parte.

    Segundo KEYS E WOLF (1997), OLIVER E ROSAS(2004), BERNARD (2006), A

    utilizao de um jogo permite a criao de um ambiente dinmico de aprendizagem sem

    muita complexidade, onde os participantes tem a oportunidade de unir a teoria aprendida em

    sala de aula com a prtica que ser proporcionada pela utilizao do jogo.

    O jogo propicia a chance de se vivenciar situaes-problemas e resolv-las com os

    recursos disponveis, verificando os resultados de suas decises sem que haja conseqncias

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    15/188

    2

    indesejadas, principalmente de cunho financeiro, em virtude das decises que foram

    escolhidas pelos participantes Isto possvel, visto que, todo o processo se passa em um

    ambiente simulado (no caso desta dissertao, um porto fictcio).

    Sendo assim, o participante aprende as principais operaes de um terminal de

    contineres vivenciando-as atravs das rodadas realizadas no jogo, ou seja, o participante tem

    a possibilidade de aprender fazendo.

    Segundo GRAMIGMA (2007) este aprender fazendo tem sido a forma mais efetiva de

    ensino, pois quando se aprende fazendo, a internalizao do aprendido duradoura.

    1.1. Hiptese e premissas da dissertao

    Este trabalho tem como hiptese a possibilidade de aprimorar o processo de ensino-aprendizagem de profissionais que atuam no setor porturio, mais especificamente em

    terminais de contineres, por meio da aplicao de um jogo de empresa especfico para o setor

    Como premissas podem ser destacadas a importante contribuio j reconhecida dos jogos

    de empresa por diversos autores como KNABBEN E FERRARI (1996), LOPES E

    WILHELM (1996), YOZO (1996); WILHELM (1997); NIVEIROS et al. (1999). Tais autores

    reconhecem os jogos de empresa como uma ferramenta que proporciona a interao da teoria

    com prtica, nas reas de administrao e logstica.

    Segundo FIANI (2006) a Teoria dos Jogos ajuda a entender teoricamente o processo de

    deciso dos agentes que interagem, sendo assim como premissa pode-se destacar ainda a

    aplicabilidade da Teoria dos Jogos na elaborao do jogo de empresa que compe esta

    dissertao.

    1.2. Objeto de estudo e objetivos da dissertao

    O objeto de estudo desta dissertao so os terminais de contineres, destacando o

    planejamento operacional destes terminais.

    Esta dissertao apresenta dois objetivos: um dito principal e um dito secundrio.

    Como objetivo principal desta dissertao tem-se a elaborao e a aplicao de um

    modelo de jogo de empresa, o jogo do TECON, que representa um modelo das operaes de

    planejamento operacional de um terminal de contineres.

    Como objetivo secundrio tem-se a aplicao deste jogo para alunos de diversos nveis de

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    16/188

    3

    ensino (tcnico, graduao e ps-graduao) de cursos relacionados com a rea de transportes.

    Estas aplicaes visam utilizar o jogo com uma finalidade pedaggica, representando um

    mtodo pouco praticado de ensino.

    Para a concretizao dos objetivos desta dissertao fez-se necessrio alguns esforos:

    1) Realizou-se um panorama do ensino em transportes no Brasil. Este panorama permitiua identificao das metodologias de ensino utilizadas em cursos relacionados com a

    rea de transportes, e a anlise da viabilidade da utilizao da metodologia de jogos de

    empresa no processo de ensino-aprendizagem.

    2) Estudou-se a metodologia aplicada aos jogos de empresas e os jogos de empresaexistentes com a finalidade de que as experincias proporcionadas pela utilizao dos

    jogos de empresa em reas distintas transporte servissem de base para a elaboraodo modelo de jogo de empresa para o terminal de contineres. Alm deste estudo,

    buscou-se conceitos sobre a teoria dos jogos para que se conseguisse desenvolver um

    jogo que contivesse uma base de conhecimento slida e com regras bem definidas;

    3) Buscou-se entender as variveis envolvidas no jogo elaborado para que fosse possvel,durante a sua aplicao, realizar uma avaliao dos participantes de uma maneira

    condizente com o que o uso da ferramenta pode proporcionar.

    1.3. Estrutura da dissertao

    Para que fosse possvel a realizao deste trabalho, definiu-se uma estrutura composta

    por 7(sete) Captulos. O presente e primeiro Captulo aborda os aspectos introdutrios deste

    trabalho. O Captulo seguinte, 2 (dois), traa o panorama do ensino em transportes no Brasil

    com o intuito de verificar as metodologias de ensino adotadas.

    Na sequencia tem-se o Captulo 3 (trs), que resume uma pesquisa bibliogrfica e

    documental sobre o setor porturio, mais especificamente sobre os terminais de contineres.

    Seu objetivo de caracterizar os terminais de contineres. Este Captulo compe a base

    terica sobre o objeto de estudo.

    No Captulo seguinte, 4 (quatro), apresenta-se a metodologia adotada nos jogos de

    empresa, assim como conceitos de Teoria dos Jogos, por meio de pesquisa bibliogrfica.

    J no Captulo 5 (cinco) apresentado o jogo de empresa para terminais de contineres

    o jogo do TECON. Este jogo foi elaborado a partir de conceitos de jogos de empresa e

    Teoria dos Jogos (Captulo 4), combinados com a caracterizao do setor porturio, mais

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    17/188

    4

    especificamente dos terminais de contineres, apresentada no Captulo 3.

    No Captulo 6 (seis) tem-se a descrio e a analise dos resultados das aplicaes do

    jogo do TECON. O jogo do TECON contou com 5 (cinco) aplicaes que foram realizadas

    durante o ms de novembro de 2009 no XXIII ANPET (Congresso da Associao Nacional

    de Pesquisa e Ensino em Transportes) e em instituies de ensinos que possuem cursos

    relacionados com o setor porturio e/ou de logstica.

    No ltimo Captulo, 7(sete), so apresentadas as consideraes finais e sugestes para

    trabalhos futuros.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    18/188

    5

    2. O ENSINO EM TRANSPORTES NO BRASIL

    O objetivo deste Captulo traar o panorama do ensino em transportes no Brasil1.

    Isso ser feito por meio de pesquisa bibliogrfica do referencial terico e consulta a

    instituies de ensino selecionadas, no Brasil, que possuem linha de pesquisa em

    engenharia/gesto de transportes e logstica, nos nveis tcnicos, graduao/tecnlogo,

    especializao e ps-graduao. Esta pesquisa permitir que sejam identificadas as

    metodologias utilizadas no processo de ensino-aprendizagem e o perfil destas instituies.

    Inicialmente, ser abordado de uma maneira geral o processo de ensino-aprendizagem,

    em seguida sero apresentadas as principais metodologias utilizadas, enfatizando aspectos

    relacionados com o ensino na rea de engenharia.

    2.1. O processo de ensino-aprendizagem

    Segundo FERREIRA (1999), o ensino uma forma sistemtica de transmisso de

    conhecimentos utilizada pelos seres humanos para instruir e educar seus semelhantes. J a

    aprendizagem pode ser definida como sendo o modo pelo qual os seres humanos adquirem

    novos conhecimentos, desenvolvem competncias e mudam o seu comportamento.

    Desta maneira, o processo de ensino-aprendizagem pode ser considerado como um

    processo complexo, aonde se busca constantemente uma sincronia entre o conhecimento

    repassado pelo professor e a aprendizagem do aluno.

    De acordo com BORDENAVE E PEREIRA (2008), a aprendizagem um processo

    qualitativo e no quantitativo, pelo qual a pessoa fica melhor preparada para adquirir novos

    conhecimentos, permitindo uma transformao estrutural de sua inteligncia.Segundo STICE apudBELHOT (1997), o ciclo de aprendizagem poder ser considerado

    como um ponto de referncia para o processo de aprendizagem realizado pelo aluno, sendo

    formado por 4 (quatro) etapas principais e 6 (seis) subetapas, conforme pode ser observado na

    1 A elaborao deste captulo faz parte do escopo do projeto LABSIM realizado pelo PET/COPPE/UFERJ e tendo como agente

    financiador o CNPq. Seu contedo foi desenvolvdo em parceria pelas pesquisadoras Suellem Deodoro Silva e Emmanuela de Almeida

    Jordo e compe o Captulo 2 de suas respectivas dissertaes.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    19/188

    6

    Figura 2.1.

    Contextualizar

    Resolver

    Conceitualizar

    Novas

    situaes

    Justificar

    Testar

    P O R

    Q U E

    OQUE

    COMO

    E-SE

    Fonte: BELHOT (1997)

    Figura 2.1: Ciclo de aprendizagem.

    Na etapa POR QUE, do ciclo de aprendizagem, esto inseridas as subetapas

    contextualizar e justificar, nesta etapa que o aluno obtm o conhecimento do que ser

    ensinado, justificando a importncia do que ser aprendido.

    J a etapa O QUE, relacionada com a conceitualizao, considerada uma

    complementao da etapa POR QUE, medida que, aps ser contextualizado se faz

    necessrio, que os principais conceitos referentes ao que ser aprendido, sejam transmitidos

    ao aluno.

    A etapa COMO, esta inserida no contexto de resoluo e teste dos conhecimentos

    obtidos pelo aluno. o momento de verificar o quanto das etapas POR QUE e O QUE,

    foram assimiladas pelo aluno.Na etapa E-SE, o aluno dever ser exposto a novas situaes, que o au xiliaro na

    finalizao do processo de aprendizagem, fechando desta forma, o denominado ciclo de

    aprendizagem.

    Em relao ao processo de ensino, para BELHOT (1997), este pode ser comparado a

    um livro de receitas, medida que se baseia na soluo de proble mas escolhidos, por meio

    da aplicao de uma seqncia de passos pr-estabelecidos.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    20/188

    7

    Segundo BORDENAVE e PEREIRA (2008), o processo de ensino um processo

    pragmtico, isto , um mecanismo pelo qual se pretende alcanar certos objetivos e para isso

    se mobilizam meios, organizando-se em uma estratgia seqencial e combinatria.

    Desta forma, o processo de ensino pode ser estruturado em 3 (trs) etapas, conforme

    apresentado na Figura 2.2.

    Controlar

    Planejar

    Orientar

    Fonte: Elaborao prpria, adaptado de BORDENAVE E PEREIRA (2008)

    Figura 2.2: Processo de ensino do aluno.

    Analisando o ciclo de aprendizagem e o processo de ensino, estes podem ser

    comparandos a uma engrenagem, na qual trabalha-se conjuntamente e de forma harmoniosa,

    para que se obtenha um processo uniforme. A Figura 2.3 apresenta a interao entre o ciclo de

    aprendizagem e o processo de ensino.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    21/188

    8

    Controlar

    Planejar

    Orientar

    Contextualizar

    Resolver

    Conceitualizar

    Novas

    situaes

    Justificar

    Testar

    POR

    QUE?

    OQUE?

    COMO

    E-SE

    Fonte: Elaborao prpria, adaptado de BORDENAVE e PEREIRA (2008)e BELHOT (1997).

    Figura 2.3: Interao entre o ciclo de aprendizagem e o processo de ensino.

    Segundo MASETTO (2003), devido diversidade existente entre os processos de

    ensino e aprendizagem a nfase dada a um ou a outro far com que os resultados daintegrao ou correlao dos dois processos sejam diferentes.

    A partir do pensamento de que pessoas diferentes podem vir a aprender de modos

    diferentes que surgem algumas metodologias de ensino que buscam utilizar canais de

    aprendizagem distintos, como por exemplo, metodologias que utilizam a aprendizagem

    centrada na visualizao, na audio, em textos e/ou no fazer.

    2.2. Metodologias de ensino utilizadas no Brasil

    A metodologia de ensino pode ser definida como o caminho utilizado pelos

    professores para ensinar determinado(s) assunto(s) para os alunos, sendo assim, a escolha

    da(s) metodologia(s) a ser (em) empregada(s) deve(m) aliar-se ao processo de ensino-

    aprendizagem, almejado pelo professor em seu plano de disciplina.

    De acordo com MASETTO (2003), no Brasil, tem-se procurado formar profissionais

    mediante um processo de ensino em que conhecimentos e experincias profissionais so

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    22/188

    9

    transmitidos de um professor que sabe e conhece sobre o assunto, para um aluno que,

    provavelmente, no sabe e no conhece. Posteriormente, submete-se o aluno a uma avaliao

    que indica se este enconta-se apto ou no para exercer determinada profisso.

    Desta forma, as metodologias em sua quase totalidade esto centradas em transmisso

    ou comunicao oral de temas pr-determinados mediante a um programa de disciplina que

    deve ser cumprido.

    De acordo com LUNA (2006), embora exista um amplo leque de metodologias

    disposio dos professores, muitos dominam uma nica metodologia, que geralmente a de

    aulas expositivas. Tambm h muitos professores que, embora conhecendo outras

    metodologias, no as aplicam por no se sentirem seguros para aplic-las e h ainda

    professores que mesclam as metodologias unicamente pelo desejo de diversificar, sem saber

    se so ou no adequadas ao processo de ensino proposto.

    A partir de pesquisa bibliogrfica nacional, foi possvel a elaborao da Tabela 2.1,

    identificando as principais vantagens e desvantagens de 7 (sete) tipos de metodologias de

    ensino, que podem ser utilizadas pelos professores com a finalidade de proporcionar meios

    diversificados de transmitir conhecimentos aos alunos.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    23/188

    10

    Tabela 2.1: Metodologia de ensino.

    Metodologia Conceito Vantagens Desvantagens

    Aula expositiva a forma mais tradicional de ensino econsiste em apresentar um assunto aoaluno por meio da exposio.

    - Apresenta um assunto ao aluno de formaorganizada;- Transmite as experincias do professor;- Sintetizao a unidade de ensino.

    - A Inici ativa de exposi o cabe ao professo r;- A motivao dos aluno pode ser interrompida aqualquer momento.

    Resoluo de

    exerccios

    usado na complementao e reforo saulas expositivas, sendo uma ferramenta

    de auxlio para a fixao ecompreendeeno do ensino terico.

    - Aplicao dos conceitos vistos em sala deaula; -

    Auxilio na fixao do contedo.

    - Seq unc ias de exe rcc ios rep etidos, po dem

    desmotivar o aluno a desenvolver o raciocnio.

    Estudo de casos

    A idia principal de motivar o processode ensino, desenvo lver a capacidadeanaltica do aluno e pr epar-lo paraenfrentar situaes consideradascomplexas.

    - Ajuda o aluno a formar seu prprio "esquema"de resoluo de problemas;- Promove a interao.

    - O tempo utilizado para a execuo da tarefa podeser longo.

    Seminrios

    um procedimento didtico que consisteem levar o aluno a pesquisar sobredeterminado tema, apresent-lo e discut-lo cientificamente.

    - Est imula no aluno o esprito de pesquisador.- Necessidade de acompanhamento do professor no

    processo de confeco do seminrio.

    Softwares eSimulao

    Softwares e simulao podem ser definidos como ferramentas educacionais,que permitem aos alunos diversas opes

    para reviso constante de suas decises.

    - Tempo de resposta rpido;- Entusiamo nos alunos para aprender;- Integrao do conhecimento.

    - Necessidade de anlise da resposta pelo aluno;- Muitos softwares no so livres e sua aquisio paraa instituio cara, fazendo com que a licena sejadisponibilizada para poucos computadores.

    Jogos de Empresa

    um mtodo que consiste em levar oaluno a tomar d eci ses em empresas

    virtuais, negociando umas com as outrasdentro da mesma classe ou de outrasclasses e cursos.

    - um mtodo dinmico e abrangente;

    - Desenvolve nos alunos habillidades e atitudesque auxiliam no processo de tomada de deciso.

    - O despreparo do aluno pode virar uma limitao,dificultando assim o aprendizado na tentativa de e rros

    e acertos;- A efetivao da tcnica depende do professor(instrutor).

    Visitas tcnicas uma forma prtica de despertar ointeresse dos alunos, para aspectos atento conhecidos somente na teoria.

    - Possibilidade de vivncia prtica da teoria. - Limitaes relacionadas a horrios, disponibilidadede recursos, entre outros aspectos.

    Fonte: Elaborao prpria a partir de LUNA (2006), MOREIRA (1997), MORIN (2003) e NRICI (1981).

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    24/188

    11

    Independente do(s) mtodo(s) de ensino utilizado(s) pelo professor no processo

    de ensino-aprendizagem, este deve ser o facilitador do processo, tendo sempre em

    mente que o seu principal objetivo transmitir conhecimentos para seus alunos, ou seja,

    importante que o professor identifique as metodologias disponveis e perceba queexiste um leque de estratgias (combinaes de metodologias) possveis, com vantagens

    e desvantagens, e utilize a que considerar mais adequadas ao processo de ensino-

    aprendizagem do aluno.

    2.3. Panorama do ensino em transportes no Brasil

    O ensino na rea de transportes composto por instituies denominadas

    componentes e instituies sistmicas. As instituies componentes podem ser definidas

    como sendo aquelas que que enfatisam o ensino dos componentes dos sistemas de

    transportes (via, veculo, terminais e controle). J as instituies sistmicas so aquelas

    que enfatisam o ensino dos sistemas de transportes propriamente dito, enfatizando

    aspectos relacionados com o planejamento, operao, infra-estrutura etc.

    Neste trabalho ser abordado os aspectos relacionados com o ensino de

    transporte nas instituies sistmicas. Estas podem ser divididas em nveis de ensino

    tcnico, de graduao/tecnlogo, de especializao e de ps-graduao.

    Os cursos de nvel tcnico na rea de transportes possuem nfase na rea

    operacional.

    Em nvel de graduao, o ensino de transportes corresponde a uma linha de

    pesquisa encontrada nos cursos de engenharia civil e de engenharia de produo. Na

    maioria dos casos, no curso de engenharia civil, a linha de pesquisa em transportes est

    relacionada com estudos sobre infra-estrutura dos sistemas de transportes, enquanto noscursos de engenharia de produo e no nvel tecnlogo, tal linha de pesquisa assume a

    caracterstica de estudos voltados para a logstica e que envolvem estes sistemas.

    J no nvel de ps-graduao, a nfase dada ao curso depender da instituio de

    ensino, podendo abranger aspectos relacionados com o planejamento e/ou a operao

    e/ou a infra-estrutura dos sistemas de transportes.

    Desta forma, para se traar o panorama atual do ensino em transportes no Brasil,

    foi realizada pesquisa documental no exaustiva, por meio de consulta e levantamento

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    25/188

    12

    de dados nos portais do Ministrio da Educao e Cultura MEC (2008),

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES (2008),

    Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa Educacionais Ansio Teixeira INEP (2008),

    permitindo desse modo a elaborao do mapeamento das instituies de ensino que

    figuram nestes portais e que possuem cursos na rea de transportes, identificando a

    quantidade de instituies e a forma como esto distribudas geograficamente por nvel

    de ensino.

    Foram identificadas 43 (quarenta e trs) instituies de ensino na presente

    pesquisa, sendo distribudas por regies geogrficas, conforme pode ser observado na

    Figura 2.4.

    Fontes: Elaborao prpria, com base em CAPES (2008), INEP (2008) e MEC (2008).Figura 2.4: Instituies de ensino em transportes por regio geogrfica.

    Por meio do mapa da Figura 2.4, possvel analisar que do total das instituies

    identificadas na pesquisa 62,8% das instituies esto localizadas na regio Sudeste,

    seguida da regio Sul com 25,6%, enquanto as regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste

    apresentam somente 11,6% das instituies com ensino em transporte.

    Aps realizado o levantamento das instituies de ensino, buscou-se identificar

    2

    1

    2

    27

    11

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    26/188

    13

    as metodologias utilizadas no processo de ensino-aprendizagem.

    As informaes referentes metodologia de ensino das instituies foram

    obtidas em consulta aos websites das instituies, por meio de entrevista em contato

    telefnico ou contato pessoal e envio de questionrio por meio de mensagem eletrnicaaos coordenadores ou pedagogos das instituies. As diversas formas de contato

    utilizadas, se justificam a medida que muitas instituies no disponibilizam em seus

    websites a metodologia de ensino utilizada, mas somente a grade curricular. O

    APNDICE I apresenta o modelo da mensagem eletrnica utilizada para a pesquisa.

    Desta maneira, das 43 (quarenta e trs) instituies identificadas, somente foram

    obtidas informaes referentes metodologia de ensino de 22 (vinte e duas), conforme

    apresentado nas Tabelas 2.2, 2.3 e 2.4. A relao geral das instituies de ensinoencontra-se no APNDICE II.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    27/188

    14

    Tabela 2.2:Nvel de PsGraduao.

    Mestrado Doutorado

    Universidade Federal do CearEngenharia de transportes

    CE 9 - 13 105 1 1 1 0 0 0

    Universidade de BrasliaEngenharia de transportes

    DF 21 4 11 47 1 1 1 1 0 1

    Universidade Federal do Esprito SantoEngenharia civil / transportes

    ES 8 - 18 82 1 1 1 1 0 1

    Universidade Federal de Minas Gerais Engenharia de t ransportes e geotecnia MG 4 - 15 235 1 1 1 1 1 1

    Instituto Militar de E ngenhariaEngenharia de transportes

    RJ 15 - 12 35 1 1 1 1 0 1

    Pontifcia Universidade Catlica do Rio deJaneiro

    Engenharia de produo / transportesRJ 33 33 15 99 1 1 1 1 0 0

    Universidade Federal do Rio de JaneiroEngenharia de transportes

    RJ 30 18 16 137 1 1 1 1 0 1

    Instituto Tecnolgico da AeronuticaEngenharia de infra - estrutura aeronutica

    SP 17 - 14 59 1 1 1 0 0 1

    Universidade de So PauloEngenharia de sis temas logsticos

    SP 6 - 6 17 1 1 1 1 0 1

    Universidade de So Paulo (EPUSP)Engenharia de transportes

    SP 33 26 17 77 1 1 1 1 1 1

    Universidade de So Paulo/ So CarlosEngenharia de transportes

    SP 36 33 14 73 1 1 1 0 0 1

    UnicampEngenharia civil / transportes

    SP 9 9 89 155 1 1 1 1 1 0

    Universidade Federal de Santa CatarinaLogstica e transporte de carga

    SC 36 33 14 73 1 1 1 1 1 1

    Universidade Federal do Rio Grande do SulEngenharia de produo / transportes

    RS 18 10 13 185 1 1 1 1 0 1

    14 14 14 11 4 11

    Visitastcnicas

    DADOS INSTITUCIONAIS METODOLOGIA UTILIZADA

    SeminriosAnos de curso N de

    docentesN de

    dicentesJogos deempresa

    InsituioSoftwares

    esimula o

    rea UF Aulasexpositivas

    Estudo decasos

    TOTAL Fonte: Elaborao prpria.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    28/188

    15

    Tabela 2.3:Nvel de Graduao/Tecnlogo.

    Graduao Tecnlogo

    Centro Federal de Educao Tecnolgica Tecnologia em Transportes Urbanos GO - 4 1 1 1 0 0 1

    Universidade Estadual do Rio de Janeiro Engenharia Civil - Tranportes RJ 33 - 1 1 1 0 0 1

    Faculdade de Tecnologia Americana Logstica com nfase em transportes SP - 1 1 1 1 1 0 1

    Universidade de Uberaba Tecnologia em Gesto de Transporte Areo MG - 3 1 1 1 1 0 1

    Universidade Luterana do Brasil Tecnologia em Transporte Terrestre RS - 5 1 1 1 0 0 0

    Universidade Tuiut do Paran Tecnologia em Transporte Areo PR - 3 1 1 1 0 0 0

    6 6 6 2 0 4TOTAL

    Jogos deEmpresa

    VisitasTcnicas

    DADOS INSTITUCIONAIS METODOLOGIA UTILIZADA

    Insituio rea UFAnos de curso Aulas

    Expositivas

    Estudo deCasos

    Seminrios Softwares e

    Simulao

    Fonte: Elaborao Prpria.

    Tabela 2.4:Nvel Tcnico.

    Escola Tcnica Estadual de Transportes Eng. Silva Freire Transportes RJ 111 1 1 1 0 1 1

    Centro Federal de Educao Tecnolgica Transportes ES - 1 1 1 0 0 1

    2 2 2 0 1 2TOTAL

    DADOS INSTITUCIONAIS METODOLOGIA UTILIZADA

    Insituio rea UFAulas

    ExpositivasEstudo de

    CasosSeminrios

    Softwares eSimulao

    Jogos deEmpresa

    VisitasTcnicas

    Anos de curso T cnico

    Fonte: Elaborao Prpria.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    29/188

    16

    A amostra das 22 (vinte e duas) instituies, apresentadas nas Tabelas 2.2, 2.3 e

    2.4, podem ser consideradas significativas medida que so instituies renomadas, que

    possuem em mdia mais de 10 anos de cursos reconhecidos pelos rgos oficiais da rea

    de ensino.

    Pode se verificar que na amostra obtida, h predominncia da utilizao de

    metodologias ditas tradicionais, tanto nos cursos tcnico, de graduao e de ps-

    graduao, com 100% das instituies utilizando aulas expositivas, estudo de casos e

    seminrios.

    Em relao as metodologias relacionadas com a utilizao de softwares e

    simulao, nos cursos de ps-graduao verifica-se que 78,6 % das instituies utilizam

    esta metodologia, enquanto nos cursos de graduao e tcnico somente 25% dasinstituies.

    Os jogos de empresa, como ferramenta metodolgica, vem sendo aplicado

    apenas em cursos de ps-graduao, mesmo assim somente 28,6% das instituies

    identificadas na amostra o utilizam. A exceo que se encontra, a Escola Tcnica

    Estadual de Transportes Engenheiro Silva Freire, que em nvel tcnico, vem aplicando

    um jogo de logstica. O Captulo 4, desta dissertao, abordar de forma mais ampla

    esta metodologia de ensino.

    Os percentuais apresentados sobre a utilizao dos tipos de metodologias pelas

    instituies corroboram o que foi apresentando tanto nos itens 2.1 quanto 2.2 deste

    Captulo, aonde se verificou que muita das vezes o processo de ensino, no insere o

    aluno no contexto de novas situaes, utilizando somente metodologias ditas

    tradicionais, que nem sempre permitirem que o processo de ensino e aprendizagem seja

    realizado de forma harmoniosa.

    De acordo com STICE apud BELHOT (1997), as atividade de ensino esto

    baseadas nas etapas O QUE e COMO, apresentadas no ciclo de aprendizagem, e

    inseridas na etapa CONTROLAR do processo de ensino. Desta maneira, o ensinoem

    sua grande maioria, restringi-se a aulas tericas (com excessivo e, as vezes,

    desnecessrio, grau de detalhe) ou a aulas prticas (onde o problema j foi isolado de

    seu contexto e dos outros problemas com os quais tem relao de dependncia e

    interao).

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    30/188

    17

    Segundo BELLONI (2002), os alunos s aprendem se estiverem diretamente

    envolvidos na construo do conhecimento, e suas oportunidades de aprender so to

    melhores quanto maior for o seu acesso a todos os meios tcnicos disponveis na

    sociedade.

    Desta forma, pode se concluir que o ensino de engenharia de transportes no

    Brasil realizado predominantemente na regio Sudeste, sendo utilizadas metodologias

    ditas tradicionais, com uma tendncia a utilizao de metodologias inovadoras em

    cursos de nveis mais avanados, que tem potencial de agregar mais valor ao processo

    de ensino-aprendizagem dos alunos.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    31/188

    18

    3. O SETOR PORTURIO

    O objetivo deste Captulo caracterizar o setor porturio, mais especificamente

    no que tange aos terminais de contineres brasileiros. Uma parte desta caracterizao foi

    feita por meio de pesquisa bibliogrfica relacionada com a identificao dos elementos

    porturios e os tipos de configuraes dos terminais porturios brasileiros. Alm da

    pesquisa bibliogrfica, foram realizadas visitas tcnicas ao terminal de contineres das

    empresas MULTITERMINAIS (Multirio) e LIBRA TERMINAIS (Terminal 1) e

    entrevistas com especialistas da rea. As visitas tcnicas ocorreram nos terminais de

    contineres da MULTITERMINAIS e da LIBRA TERMINAIS por estes se localizarem

    no estado do Rio de Janeiro e estarem disponveis para a realizao das visitas, j que

    ambos possuem convnio com o Instituto Nacional de Pesquisas Hidrovirias INPH,

    local onde a autora atua como pesquisadora.

    Desta forma, esta pesquisa permitiu a identificao das principais configuraes

    porturias existentes no Brasil, servindo de base para o modelo lgico e matemtico do

    setor porturio a ser desenvolvido no Captulo 5 desta dissertao. Para a elaborao

    deste modelo, cuja aplicao est voltada para o processo de ensino-aprendizagem,

    considerou-se tambm tpicos existentes nas ementas dos cursos de graduao e/ou de

    formao tecnolgica (tecnlogo) na rea de transportes, a fim de caracterizar os

    elementos porturios que so apresentados aos alunos.

    Sendo assim, este Captulo encontra-se estruturado em 7 (sete) itens. No item 3.1

    apresenta-se uma viso geral do setor porturio tendo como base o nvel de

    conhecimento a ser adquirido por alunos dos cursos de graduao/tecnlogo na rea de

    transportes, e nos itens 3.2 a 3.6 uma viso especfica sobre terminais de contineres

    (caractersticas, tipo de navios, tipo de contineres, tipo de equipamentos, tipo de

    operao etc). O item 3.7 apresenta os indicadores porturios. Finalmente, o item 3.8

    apresenta as consideraes finais deste Captulo.

    3.1.O Setor Porturio

    O levantamento dos elementos porturios presentes nas disciplinas oferecidas

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    32/188

    19

    para alunos dos cursos de graduao/tecnlogo na rea de transportes, permitiu a

    identificao dos conceitos tericos que devem ser adquiridos pelos alunos no processo

    de ensino-aprendizagem. Os principais conceitos repassados pelo professor para os

    alunos esto relacionados com a caracterizao da administrao e do planejamento

    porturio, a importncia da atividade porturia na economia nacional, as caractersticas

    e funes das instalaes porturias e aspectos organizacionais e operacionais dessas

    instalaes.

    O APNDICE III apresenta a relao dos cursos de graduao/tecnlogo na rea

    de transportes (setor porturio) pesquisados, assim como sua respectiva grade curricular

    ou seus respectivos objetivos para o curso. Listaram-se os objetivos do curso em casos

    onde no se conseguiu obter informaes sobre a grade curricular.Desta forma, as definies apresentadas neste Captulo esto relacionadas com a

    base terica presente nas disciplinas oferecidas pelos cursos pesquisados.

    Segundo PORTO GENTE (2000), o porto pode ser definido como o elo entre os

    modos de transportes terrestres e aquavirios, onde se encontram todas as instalaes

    suficientes para apoiar a navegao e realizar as operaes de embarque e desembarque

    de passageiros, carga e descarga de mercadorias e armazenagem.

    De acordo com CRUZ (1997) e CARVALHO (2009) as principais funes dos

    portos so:

    - Prover facilidades adequadas e eficientes para o escoamento das cargas do

    comrcio martimo;

    - Promover acesso martimo adequado aos navios visando atender ao mais

    eficiente ciclo operacional dos mesmos;

    - Garantir a segurana dos navios no acesso e na sada, no interior da baciaporturia bem como a segurana da vida dentro dos limites do porto;

    - Garantir adequada e eficiente proteo ao meio ambiente.

    De acordo com CARVALHO (2009), o porto uma unidade complexa cujo

    funcionamento depende fundamentalmente de 3 (trs) fatores bsicos: (1) seu processo

    aduaneiro, (2) sua infraestrutura porturia e (3) sua infraestrutura fsica e de

    equipamentos. A eficincia operacional do porto est diretamente relacionada com a

    qualidade destes 3 (trs) fatores bsicos.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    33/188

    20

    Como o objetivo deste Captulo caracterizar os terminais de contineres, o foco

    ser dado infraestrutura fsica e aos equipamentos existentes nesses terminais, tendo

    como premissa que todos os terminais pesquisados possussem semelhanas no seu

    processo aduaneiro e na sua infraestrutura porturia (canal de acesso, bacia de evoluo

    etc), sendo diferenciados apenas pela infraestrutura fsica e por seus de equipamentos.

    Com o intuito de absorver um maior entendimento sobre o setor em estudo

    durante as visitas tcnicas e no processo de pesquisa bibliogrfica, optou-se por

    elaborar, a partir de comunicao pessoal com o superintendente da companhia Docas

    do Rio de Janeiro, um glossrio dos termos e conceitos tcnicos referentes ao setor

    porturio. Tal glossrio foi dividido por setores de interesses como, por exemplo,

    termos referentes ao porto fsico (infraestrutura fsica e equipamentos), documentao(processo aduaneiro), ao transporte martimo e aos tipos de cargas. O relatrio da

    comunicao pessoal, assim como, o glossrio elaborado a partir de um conjunto de

    referncias bibliogrficas adicionais comunicao pessoal encontram-se no

    APNDICE IV desta dissertao.

    3.1.1. A relao entre o transporte aquavirio (setor porturio) e a economia nacional

    De acordo com BORGO FILHO (2008), 80% do comrcio entre as naes

    ocorrem atravs do transporte aquavirio.

    No ano de 2008 o panorama aquavirio brasileiro apresentava 65% de sua

    movimentao representada por cargas continerizadas. (ANTAQ, 2009).

    Desta forma, os terminais de contineres desempenham um papel importante na

    globalizao dos mercados e no desenvolvimento econmico dos pases e por esse

    motivo justifica-se a importncia de elaborar um modelo que auxilie na compreenso do

    funcionamento do setor porturio, mais especificamente, de terminais de contineres.

    Para auxiliar na elaborao deste modelo faz-se necessrio a caracterizao das

    principais variveis de um terminal de contineres para que seja possvel, no Captulo 5

    desta dissertao, a elaborao de um modelo lgico e matemtico que represente a

    sistemtica de um terminal de contineres.

    Esta dissertao entende como variveis do setor porturio, mais especificamente

    do terminal de contineres, o modelo de infraestrutura de um terminal de contineres, os

    tipos de navios porta-contineres, os tipos de contineres, os tipos de equipamentos

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    34/188

    21

    especficos de um terminal de contineres, os tipos de operaes porturias que podem

    ocorrer em um terminal de contineres e os indicadores de desempenho do setor. Tais

    variveis sero apresentadas nos itens 3.2 a 3.6 deste Captulo.

    3.2. Terminais de Contineres

    Os terminais de contineres so terminais especializados em movimentar cargas

    continerizadas. Para tanto, toda a infraestrutura do terminal planejada de modo a

    oferecer equipamentos especficos para a movimentao dos contineres, alm de

    planejamento da rea necessria para moviment-los/armazen-los.

    No ano de 2008, 65,10% das mercadorias de carga geral foram transportadas

    dentro de contineres, Alm disso, nos ltimos 8 anos a movimentao de contineres

    aumentou 10,1%, conforme pode ser observado pela Figura 3.1.

    55%

    57,38%59,70% 59,23%

    62,36%

    66,27%65,10%

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

    ndice de continerizao

    Fonte: Elaborao prpria a partir de ANTAQ (2008) e ANTAQ (2009).

    Figura 3.1: ndice de Continerizao no Brasil de 2002 at 2007.

    De acordo com GOES FILHO (2008) e FERNANDES (2001), os terminais de

    contineres necessitam de 5 (cinco) reas especficas para a sua operao: o bero de

    atracao, a faixa do cais, a rea de armazenagem, a rea de consolidao e as chamadas

    outras reas.

    O bero de atracao o espao destinado ao navio, que se localiza junto ao cais,

    e no qual o navio pode realizar as operaes de carga/descarga com segurana. As

    dimenses do bero influenciam no tipo de navio que o terminal poder atender, ou seja,

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    35/188

    22

    o bero funciona como uma restrio de demanda quanto ao porte do navio para o

    terminal.

    A faixa do cais a distncia existente entre o paramento do cais e a rea de

    armazenagem na qual so instalados equipamentos encarregados de carregar edescarregar os contineres dos navios.

    A rea de armazenagem, segundo GOES FILHO (2008), a rea mais importante

    do terminal, pois recebe os contineres que foram descarregados dos navios ou aqueles

    contineres que vo ser carregados nos navios.

    A rea de consolidao/desconsolidao uma rea utilizada para a ova/desova 2

    dos contineres ou para a armazenagem de contineres que ainda no tem previso

    imediata de embarque.

    As outras reas existentes em um terminal de contineres so as reas utilizadas

    para apoio ao terminal, sendo reas destinadas para as oficinas, escritrios

    (administrao do terminal), estacionamento de veculos que demandam o terminal,

    alfndega etc.

    O APNDICE V apresenta um exemplo de um modelo fsico de terminal de

    contineres, dividido em parte martima e parte terrestre, assim como os respectivos

    movimentos de contineres para importao3e exportao4

    No APNDICE VI possvel verificar as principais caractersticas de 14

    (quatorze) terminais de contineres associados ABRATEC (Associao Brasileira dos

    Terminais de Contineres de Uso Pblico).

    3.3. Tipos de Navios Porta - Continer

    Os navios so tipos de veculos5apropriados para a navegao em mares, rios e

    lagos.

    Desta forma, os navios podem apresentar finalidades distintas como por

    2Ato de carregar/descarregar cargas no continer.3Ato de receber uma carga de um pas estrangeiro.4Ato de enviar uma carga para um pas estrangeiro.5Embarcaes

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    36/188

    23

    exemplo, navios de passageiros, de cargas, de lazer, de pesca, de servios (reboques,

    bombeiros, salvamento etc) e militares (navios de guerra e patrulha costeira).

    Segundo ABRETI (2008), o transporte martimo apresenta 3 (trs) categorias de

    navios relacionadas com o transporte de cargas. Dentre as categorias tem-se: a categoriade graneleiros (petroleiros, graneleiros slidos, qumicos, gases liquefeitos e combos), a

    categoria de carga unitizada (porta-contineres, ro-ro e porta barcaas) e a categoria

    de carga geral ( multipurpose, box type, heavy lift, e reefer).

    Os navios portacontineres so navios especialmente preparados para realizar

    o transporte de contineres. A capacidade destes navios medida em TEUs (Twenty

    Foot Equivalent Units) ou em FEUs (Forty Foot Equivalent Units). Tais capacidades

    representam respectivamente contineres de 20 e 40(GUIA MARTIMO, 2008).

    Segundo ABRATEC (2008), existem 6 (seis) geraes de navios porta-

    contineres, como pode ser visto na Tabela 3.1.

    Tabela 3.1:Geraes de navios portacontineres.

    Navio Gerao poca Tipo de Navio Capacidade (TEU)Comprimento (m)Calado (m)

    6 Gerao 2006 Super Size 15.000 397,7 16

    14,65 Gerao 2000 - 2005Super Post -

    Panamax8.600 322,7

    11,6

    4 Gerao 1986 - 2000Post -

    Panamax4.848 287,6 13,2

    3 Gerao 1985 Panamax 3.220 249,4

    10

    2 Gerao 1970 - 1980 Full Cellular 2.305 220,6 12,1

    1 GeraoPr - 1960 -

    1970Ideal X 1.700 180,1

    Fonte: Elaborao prpria a partir de ABRATEC (2008).

    As geraes de navios presentes na Tabela 3.1 serviro de modelos para os tipos

    de navios a serem considerados no modelo do jogo de empresa a ser elaborado para o

    setor porturio.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    37/188

    24

    Os tipos de navios que os terminais podem atender esto diretamente

    relacionados com o layout6 de cada terminal, pois o bero do terminal deve possuir

    dimenses que atendam ao calado e ao comprimento do navio, assim como a rea

    destinada armazenagem deve ser suficiente para movimentar (carregar/descarregar) e

    armazenar a demanda de contineres para o terminal

    3.4. Tipos de Contineres

    O fenmeno de continerizao de cargas comeou na dcada de 60

    (STOPFORD, 1988), e desde ento, a movimentao porturia mundial apresenta um

    crescimento contnuo no ndice de continerizao de cargas na exportao e na

    importao.

    Segundo UNCTAD (1994) este crescimento foi impulsionado pelos 4 (quatro)

    principais fatores relacionados a seguir.

    1 - A globalizao das companhias de navegao;

    2 - A competio introduzida no setor porturio;

    3 - A logstica integrada propiciada pelo transporte intermodal e pela utilizao

    do continer;

    4 - A lei de modernizao dos portos.

    O continer um equipamento utilizado para o transporte unitizado de

    mercadorias. Atualmente, existem diversos tipos de contineres: contineres fechados

    que podem ou no apresentar equipamento que controlem a temperatura interna;

    contineres total ou parcialmente abertos e contineres tanques. As Tabelas 3.2 e 3.3

    abordam as caractersticas dos tipos de contineres pesquisados.

    6 Modelos de terminais que contemplam as dimenses do terminal (reas fsicas, cais, total), a

    quantidade de beros existentes no terminal, as dimenses destes beros e a sua capacidade de

    movimentao de contineres.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    38/188

    25

    Tabela 3.2:Tipos de Contineres.

    Cubagem

    (m)Tara (Kg)

    Carga

    (payload)

    (Kg)

    Comprimento

    (mm)

    Largura

    (mm)

    Altura

    (mm)

    40'

    Capacidade Medidas Internas

    ContinerTipo de

    continerIndicao de uso

    2.294 2.276

    Standard

    20' 33,2 2.230 28.250 5.900 2.350 2.393

    28.600 12.032 2.352 2.698

    2.392Standard

    40' HC 67,7 3.900

    67,7 3.720 28.750 12.032 2.350

    Com equipamento prpriopara gerao de frio, destina-

    se transportar cargas querequerem temperaturas

    constantes abaixo de zero outemperaturas controladas.Exemplos: Carnes, peixes,

    frutas etc.

    Insulado

    11.561

    11.561

    2.268

    2.268

    2.249

    2.249

    Qualquer carga seca normal.Exemplos: Bolsas,pallets ,

    caixas etc.

    Reefer40'

    40' HC

    59,3

    67,9

    4.800

    4.265

    27.700

    27.700

    Reefer

    20' 28,4 2.920 27.400 5.444

    20' 29,8 2.650 21.350 5.444

    Sem equipamento gerador defrio, destina-se ao transporte

    de cargas que requeremtemperaturas constantes .

    Exemplo: frutas

    2.2502.300

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    39/188

    26

    Tabela 3.3:Tipos de ContineresContinuao.

    - 4.150 34.000

    - 3.970 34.000- 4.200 36.000- 3.800 30.480- 3.000 30.480

    Indicao de uso

    Sem equipamento gerador de

    frio, destina-se ao transportede cargas que requeremtemperaturas constantes .

    Exemplo: frutas

    Capacidade Medidas Internas

    ContinerTipo de

    continer Cubagem

    (m)Tara (Kg)

    Carga

    (payload)

    (Kg)

    Comprimento

    (mm)

    2.300 2.250

    Plataforma/ Flat Pack

    20' 29,3 2.750 31.260 - 6.038

    Insulado

    40' 29,8 2.780 24.220 5.444

    Largura

    (mm)

    Altura

    (mm)

    11.984

    Transporte de cargas degrandes dimenses e com peso

    extra. Exemplo: mquinas

    Graneleiro - Dry

    20' HC 37,5 2.900 35.000

    5.850

    Flat Rack

    40' 56,7 5.000 45.000 - 11.981

    Tanque

    20' Transporte de produtosqumicos ou cargas cidas evinhos

    6.058 2.438 2.591

    5.857 2.380 2.688

    Por possuir um revestimentoespecial, permite o transporte

    de gros. Exemplos: malte,sementes etc.

    Fonte: Elaborao prpria a partir de CBC (2008), GUIA MARTIMO (2009) e OLIVEIRA (2009). High Cube: contineres usados para cargas de alto-volume, baixo peso e pode aumentar a rea cbica

    Payload: capacidade mxima

    .

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    40/188

    27

    As Tabelas 3.2 e 3.3 apresentam os contineres de 20 e 40 que so utilizados

    pelos terminais de contineres da Multirio e do Terminal 1. Tais tabelas foram

    elaboradas com base em referncias bibliogrficas como CBC (2008) e GUIA

    MARTIMO (2009) e nas informaes obtidas durante as visitas tcnicas realizadas noterminal da Multirio e no Terminal 1. Os APNDICES VII e VIII apresentam,

    respectivamente, os relatrios destas visitas.

    As dimenses e especificaes de carga mxima de um determinado tipo de

    continer influenciam o tipo de equipamento que o terminal deve possuir e a altura

    permitida para empilhamento destes contineres.

    Desta forma, os gestores dos terminais devem possuir conhecimentos a respeito

    das dimenses dos contineres que estes devem carregar/descarregar do navio, para que

    assim ele possa planejar a sua armazenagem, movimentao/transferncia para o

    transporte terrestre ou martimo.

    3.5. Tipos de equipamentos porturios

    Segundo CRUZ (1997), os equipamentos porturios podem ser divididos por

    dois tipos de reas para atuao. Uma parte dos equipamentos especfica para autilizao na faixa do cais (naviofaixa do caisnavio) e uma parte dos equipamentos

    especfica para a utilizao na rea de armazenagem. H ainda equipamentos que so

    utilizados entre a faixa do cais e a rea de armazenagem (faixa do caisarmazenagem

    faixa do cais).

    As Tabelas 3.4 e 3.5 apresentam os equipamentos utilizados na faixa do cais e

    entre a faixa do cais e as reas de armazenagem, respectivamente.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    41/188

    28

    Tabela 3.4:Equipamentos utilizados na faixa do cais.

    Equipamento CaractersticasGuindaste o u p au-de-carga

    Guindaste sobre pneus

    Guindaste prtico s obretrilhos (Portainer)

    - Equipamento utilizado geralmente pararetirar a carg a d o p oro e co lo c-la n oconvs do navio;- Apresenta baixa capacidade demovimentao.

    - Equipamento com funo semelhante do pau-de-carga, porm com umamaior capac idade de movimentao;- Apresenta alto cus to de manuteno .

    - Equipamento res pons vel pelodes locamento vert ical e horizontal deco ntin eres n as o pera es d e carg a edescarga dos navios;- Apresenta alta capacidade demovimentao de contineres (suportaat 45 toneladas e realiazam em mdia 25movimentos).

    Fonte: Elaborao prpria a partir de CRUZ (1997), CARVALHO (2003), DATZ (2004) e

    GOES FILHO (2008) e OLIVEIRA (2009).

    Tabela 3.5:Equipamentos utilizados entre a faixa do cais e a rea de armazenagem.Equipamento

    Straddle Carrier ( Aranha)

    - Equipamento que possui a mesma funodo reachstackers, porm apresenta um sitema

    prtico sob trilhos com capacidade de 35toneladas, podendo deslocar-se sob pilhas deat 6 contineres, dispostos em filas.

    - Equipamento semelhante ao transtainer,porm pode se deslocar sob pilhas de at 4

    contineres dispostos em fila nica.

    CaractersticasReachstackers

    - Equipamento utilizado para empilhar edesempilhar os contineres na rea deestocagem/armazenagem.

    Cavalo mecnico +implemento (reboque ou

    semi - reboque) - Utilizado para transportar (movimentar) ocontiner da rea de estocagem/armazenagem

    para a rea da faixa do cais e vice-versa.

    Transtainer

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    42/188

    29

    Fonte: Elaborao prpria a partir de CRUZ (1997), CARVALHO (2003), DATZ (2004) E

    GOES FILHO (2008).

    Cabe destacar que os equipamentos utilizados entre a faixa do cais e a rea de

    armazenagem representam os mesmo conjunto de equipamentos que podem ser usados,

    exclusivamente, na rea de armazenagem.

    Aps adquirir conhecimento sobre a infraestrutura fsica dos terminais de

    contineres, os tipos de navios porta-contineres, tipos de contineres e tipo de

    equipamentos para terminais de contineres, se faz necessrio o entendimento do

    processo de movimentao dos contineres que ser apresentado no item 3.6 deste

    Captulo.

    3.6. Operao Porturia

    Segundo CRUZ (1997) e CARVALHO (2003), os procedimentos de operao

    porturia envolvem o movimento prprio da carga e podem ocorre por uma via direta,

    uma via semi-direta ou uma via indireta.

    As Figuras 3.2, 3.3 e 3.4 mostram como funcionam as vias diretas, semidiretas

    e indiretas, respectivamente no caso de um terminal de continer.

    Veculo

    rodovirio

    Vago

    ferrovirio

    Transbordo

    Fonte: Elaborao prpria, a partir de Cruz (2007)

    Figura 3.2 :Operao porturia por uma via direta.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    43/188

    30

    Semi-direta

    terra

    Semi-direta

    mar

    Fonte: Elaborao prpria, a partir de CRUZ (2007).

    Figura 3.3 : Operao porturia por uma via semidireta.

    Via terrestre

    Fonte: Elaborao prpria, a partir de CRUZ (2007)

    Figura 3.4 :Operao porturia por uma via indireta.

    De acordo com a UNCTAD (1973), as operaes porturias se subdividem em

    dois ciclos operacionais: o ciclo da carga que segue 3 (trs) etapas, e o ciclo do veculo.

    O ciclo da carga pode ser entendido como todo o processo que ocorre com a

    carga desde sua transferncia do navio para o terminal at o processo de expedio para

    o transporte terrestre. O ciclo composto pelas transferncias sejam elas verticais e/ou

    horizontais, sua armazenagem e sua expedio/recepo do transporte interior7.

    A transferncia vertical consiste nas operaes de manuseio de carga entre o

    navio e o cais, incluindo as operaes de bordo, a estivagem/desestivagem e o

    transbordo (carga/descarga). J a transferncia horizontal, no caso do procedimento

    indireto, consiste nas operaes de manuseio/movimentao da carga na faixa do cais, e

    7Veculos (caminho trator e semi - reboque) pertencentes ao porto, que realizam o transporte da

    carga da faixa do cais para a rea de estocagem/armazenagem.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    44/188

    31

    no transporte entre a faixa do cais e a rea de estocagem/armazenagem. Para os

    procedimentos direto e semi-direto, este transporte se d entre a faixa do cais e a rea de

    expedio/recepo pelo transporte interior.

    A armazenagem consiste em absorver as disfunes entre as capacidades decargas dos modos de transportes utilizados na operao porturia.

    Desta forma, a rea de armazenagem possui uma funo importante no contexto

    dos terminais de contineres visto que ela responsvel por compensar as diferenas de

    capacidade entre os modos de transportes envolvidos no contexto do setor, permitindo

    assim que a transferncia de carga se processe de maneira contnua e uniforme, desde

    que exista um planejamento.

    A expedio/recepo do transporte interior consiste nas operaes de

    carga/descarga dos modos de transporte interior.

    A Figura 3.5 demonstra todo o processo do ciclo da carga no caso de um

    terminal de contineres.

    Rodovirio

    Ferrovirio

    Hidrovirio

    3 Etapa

    Atracao/Desatracao

    Transfernciavertical

    1 Etapa 2 Etapa

    Transfernciahorizontal

    Transferncia horizontal

    ArmazenagemTransferncia

    horizontal

    Transfernciavertical

    via direta

    via semi-direta

    via indireta

    Legenda:

    Fonte:Elaborao prpria a partir de CRUZ (2007).

    Figura 3.5 : Ciclo da carga.

    O ciclo do veculo tem incio no momento da solicitao de transferncia da carga

    do navio para o transporte terrestre ou da recepo da carga do transporte terrestre para

    o navio e termina no momento onde o veculo recebe a autorizao para sair da rea do

    porto. Na figura 3.6 possvel visualizar o ciclo do veculo no porto.

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    45/188

    32

    Chegada

    Movimento/

    Espera

    Descarga

    Movimento/Espera

    SIM

    NO

    Carregamento

    Movimento/Espera

    SIM

    Sada

    NO

    Fonte: Elaborao prpria a partir de CRUZ (2007) e FERNANDES (2001)

    Figura 3.6 : Ciclo do veculo.

    Na Figura 3.6 os processos de movimento/espera esto relacionados

    disponibilidade de equipamentos para a realizao dos procedimentos de carregamento

    e descarregamento dos veculos.

    3.6.1. Operao de carga e descarga de contineres

    Segundo FERNANDES (2001), para que as operaes de carga e descargaaconteam com eficincia, se faz necessrio que o terminal possua equipamentos que

    sejam adequados ao seu layout.

    De acordo com ROBINSON (1986), a operao de descarga de contineres

    engloba as atividades de desembarque da carga, armazenagem da carga e sua retirada do

    terminal pelo responsvel pela carga.

    Segundo OLIVEIRA (2009), no terminal de contineres da Multirio a requisio

    de descarregamento gera uma solicitao do conjunto cavalo mecnico - semi-reboque

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    46/188

    33

    junto ao cais. Caso exista o conjunto disponvel, o mesmo agregado ao processo e

    ento feita uma solicitao de movimentao junto ao portainer. Quando o conjunto

    (cavalo mecnicosemi-reboque) se aproxima do portainer, o operador do portainer faz

    a transferncia do continer do navio para o conjunto, que segue at a rea de

    armazenagem.

    Chegando a rea de armazenagem, requerida uma empilhadeira do tipo

    reachstackers, que descarrega o continer do conjunto. A descarga do conjunto s

    ocorre caso exista espao na rea de armazenagem. Aps a descarga o conjunto ser

    liberado e envia-se um comunicado para o responsvel pela carga informando o prazo

    para retirada da carga do terminal.

    Para ROBINSON (1986), a operao de carregamento de contineres englobaalm do carregamento (embarque do continer no navio) propriamente dito, as

    atividades de recebimento da carga e armazenagem.

    Segundo OLIVEIRA (2009), a requisio de carregamento, assim como a de

    descarregamento gera uma srie de documentos para o terminal. Inicialmente, recebe-se

    por meio eletrnico os lines-up dos navios, a fim de identificar a localizao de

    embarque dos contineres.

    No processo de embarque leva-se ainda em considerao um documento que

    indica a localizao, na rea de armazenagem do terminal, do continer a ser

    embarcado.

    Aps a conferncia de toda a documentao, requerido o conjunto cavalo

    mecnicosemi-reboque e empilhadeira do tipo reachstackers,que transfere (carrega)

    o continer da rea de armazenagem para o conjunto (cavalo mecnicosemi-reboque).

    Posteriomente, o mesmo se desloca para a faixa do cais, onde feita uma solicitao de

    movimentao junto ao portainer, que carrega o continer no navio em sua respectiva

    localizao de embarque.

    3.7. Indicadores Porturios

    Os indicadores porturios so parmetros utilizados para classificar o nvel de

    servio dos terminais.

    De acordo com CARVALHO (2003), os indicadores porturios podem estar

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    47/188

    34

    relacionados com trs categorias de medidas de desempenho: a produo, a

    produtividade e a utilizao do terminal. Tais medidas de desempenho formam um

    quadro bsico do desempenho de um terminal porturio, dando nfase eficincia

    tcnica das instalaes.

    Os 14 (quatorze) terminais de contineres listados no APNDICE VI recebem

    da ANTAQ anualmente uma nota relativa ao seu desempenho operacional. Tal nota

    conhecida como indicador de atratividade do terminal e funciona como um parmetro

    capaz de avaliar a eficincia operacional dos terminais, criando assim um ranking.

    Os indicadores porturios que sero considerados nesta dissertao esto

    baseados em ANTAQ (2009a) e so compostos por 4(quatro) indicadores de

    desempenho: (1) a quantidade de contineres movimentada; (2) o tempo mdio deespera dos navios para atracao; (3) a prancha mdia; e (4) o preo mdio de

    movimentao por unidade de contineres.

    A Equao 3.1 apresenta a obteno da quantidade total de contineres

    movimentados

    CM = CE + CI (3.1)

    Onde:

    CM = quantidade total de contineres movimentados

    CE = quantidade de contineres exportados (descarga)

    CI = quantidade de contineres importados (carga)

    A Equao 3.2 apresenta a prancha mdia de um terminal de contineres

    P =

    TA

    CM (3.2)

    Onde:

    P = prancha mdia

    TA = tempo em horas que o navio ficou atracado para movimentar a sua

    demanda de contineres

    A Equao 3.3 apresenta o preo mdio de movimentao por unidade de

    continer

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    48/188

    35

    PM =2

    PVPC (3.3)

    Onde:

    PM = preo mdio de movimentao por unidade de continer

    PC = preo de movimentao do continer cheio

    PV = preo de movimentao do continer vazio

    Para cada um destes 4 (quatro) indicadores se atribui notas de cinco a dez que

    so multiplicadas por pesos que refletem a importncia relativa de cada indicador em

    funo da carga movimentada.

    No caso do terminal de contineres, se atribui o peso 3 (trs) para os indicadoresquantidade movimentada e preo mdio, peso 2,5 (dois e meio) para o indicador

    tempo de espera e peso 1,5 (um e meio) para o indicador prancha mdia.

    A composio dos indicadores de desempenho dos terminais, determinados pela

    ANTAQ, gera um indicador nico chamado indicador de atratividade do terminal que

    o indicador que traduz a opo do armador entre um porto mais eficiente e de tarifa

    mais alta a outro porto que apresenta tarifas baixas, porm operao (carga/descarga)

    lenta. A equao (3.4) apresenta o indicador de atratividade.

    10

    1,5P+2,5T+3PM+3CMIa (3.4)

    Onde:

    Ia : Indicador de atratividade.

    3.8. Consideraes finais

    Tendo estruturado as principais caractersticas de um terminal de contineres

    (Figura 3.8), podese concluir que um terminal de contineres alm oferecer uma

    infraestrutura fsica, seja ela definida como rea destinada para armazenagem ou como

    equipamentos disponveis para a realizao das operaes de carga e/ou descarga dos

  • 7/22/2019 df04_suellem.pdf

    49/188

    36

    contineres, deve oferecer uma infraestrutura martima (canal de acesso, quantidade de

    beros, e calado operacional8 etc). Essa infraestrutura martima combinada com a

    infraestrutura terrestre definir a demanda a ser atendida, a qual est diretamente

    relacionada com o nvel de servio proporcionado pelo terminal.

    O SetorPorturio

    Terminais decontineres

    Infraestruturados terminais

    Tipos de naviosPorta

    contineres

    Tipos decontineres

    Tipos deequipamentos

    Tipos deoperao

    (carga/descarga)

    Indicadores:Desempenho eAtratividade

    Fonte: Elaborao prpria.

    Figura 3.8 - Caracterizao dos elementos que compem um terminal de contineres.

    A descrio dos indicadores de desempenho (atratividade) do terminal porturio,

    assim como a caracterizao do setor porturio, mais especificamente, no que tange ao

    terminal de co