Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2...

12
A evangelização dos filhos Homenagem a Wallace Donos do mundo? Jesus disse: “Vós sois deuses”; nós, entretanto, estamos ainda distantes de realizar os prodígios condizentes com o ideal do Cristo... Página 9 ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ARARAQUARA/SP - SETEMBRO DE 2013 - ANO 1 - 5000 EXEMPLARES - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Bem-aventurados Jesus tinha motivos muito sérios para iniciar o Sermão da Montanha com a humildade... Página 2 Fardo leve A conceituação espírita a respeito do assunto é maravilhosa, oferecendo-nos as melhores perspectivas para uma existência feliz e produtiva... Página 3 Rosinha Toledo, e Ernesto Lia, paginas de saudade com nosso querido Wallace.. Página 4 Por que levar meus filhos para a evangelização espírita infantojuvenil promovida pelo centro espírita? Página 8 Especial - EAC Tudo sobre o maior evento espírita regional de 2013. Página 10 Desde o espetáculo do nascer do sol - que soa como amável e silencioso convite ao trabalho -, às frutas ou perfume das flores, à condição de seres sociais que se relacionam para o mútuo crescimento e mesmo a uma infinidade de tesouros que nem percebemos... Página 7 Dever de gratidão

Transcript of Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2...

Page 1: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

A evangelização dos filhos

Homenagem a Wallace

Donos do mundo?Jesus disse: “Vós sois deuses”; nós, entretanto, estamos ainda distantes de realizar os prodígios condizentes com o ideal do Cristo...

Página 9

ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ARARAQUARA/SP - SETEMBRO DE 2013 - ANO 1 - 5000 EXEMPLARES - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Bem-aventuradosJesus tinha motivos muito sérios para iniciar o Sermão da Montanha com a humildade...

Página 2

Fardo leveA conceituação espírita a respeito do assunto é maravilhosa, oferecendo-nos as melhores perspectivas para uma existência feliz e produtiva...

Página 3

Rosinha Toledo, e Ernesto Lia, paginas de saudade com nosso querido Wallace..

Página 4

Por que levar meus filhos para a evangelização espírita infantojuvenil promovida pelo centro espírita?

Página 8

Especial - EACTudo sobre o maior evento espírita regional de 2013.

Página 10

Desde o espetáculo do nascer do sol - que soa como amável e silencioso convite ao trabalho -, às frutas ouperfume das flores, à condição de seres sociais que se relacionam para o mútuo crescimento e

mesmo a uma infinidade de tesouros que nem percebemos...Página 7

Dever de gratidão

Page 2: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

Araraquara, setembro de 2013 PÁGINA 2

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3

Sidney Francez Fernandes*

Jesus tinha motivos muito sérios para iniciar o Sermão da Montanha com a humildade. O instinto de preservação que defen-deu o homem na animalidade está ainda impregnado em seu espírito. Daí decorre que, pessoas que se esforçam para manter a humildade ou tem natureza tímida, podem vir a ser massacradas, ora por colegas e amigos, depois pelos concorrentes pro� ssionais, mais além por fami-liares e depois por toda a sociedade.

Em algumas pessoas, pode surgir uma espécie de carapaça protetora. E então, o outrora per-seguido ou vítima vira opressor. Os prepotentes e belicosos serão convidados à re� exão pela dor. “É o sofrimento, e só o sofrimento, que abre no homem a compreensão interior” (Gandhi).

Há, entretanto, os que não con-seguem cultivar a humildade por autodefesa ou por desconhecerem os estragos que provocam. “Sou sim-ples, humilde”, a� rmam alguns com

convicção. Não conseguem parar e re� etir na própria conduta. E continuam sofrendo, por fazer sofrer.

Como cultivar a humil-dade numa sociedade agres-siva e egoísta? Conviver paci� camente, sem se expor à maldade alheia, requer exame constante de nossos procedimentos, identi� can-do seus aspectos negativos:

- Sob o pretexto de defender nossas ideias, não podemos ser os “donos da verdade”, deixando de admitir os próprios erros;

- Vangloriar-se, presu-mir-se superior e diminuir o interlocutor são atitudes que envenenam um relacionamento;

- Podemos perfeitamente de-monstrar nossa capacidade e reve-lar nossos talentos. Não signi� ca que devamos manipular, fugir da responsabilidade, menosprezar o concorrente ou monopolizar as oportunidades;

- O mercado atual valoriza o pragmático e o versátil. No entanto, o bom pro� ssional deve vacinar-se contra o melindre, a exagerada preo-cupação com si mesmo, o vocabulá-rio pedante e a resistência para rever seus procedimentos. A reciclagem constante é exigência do progresso.

É possível progredir e fazer sucesso sem ostentação ou desleal-dade. A palavra chave é ASSERTI-VIDADE: agir e verbalizar, ainda

que com � rmeza, SEM AGRES-SIVIDADE. Geralmente, não é O QUE fazemos que ofende. É O MODO como fazemos!

À injusta acusação dos escribas – “Ele blasfema!” – Jesus teve alguma resposta agressiva? Ao contrário. Respondeu docemente: “Por que pensais mal em vossos corações?”.

Diante da incredulidade dos discípulos Jesus indagou: “Por que temeis, homens de pouca fé?” Algum sinal de prepotência? Suas reações sempre foram maduras, educadas e assertivas.

Simples! Como deve ser o nosso espírito. Precisamos aprender a cultivar esses exemplos. r

*[email protected]

EditorialCaro amigo leitor

É com muita alegria que ini-ciamos uma grande jornada. Lan-çamos o Jornal Tribuna Espírita, um veículo independente para divulgação dos ensinamentos de Jesus, através da Doutrina Espírita, que tem por � nalidade promover o estudo, a difusão e a prática do Espiritismo, com base nas obras da Codi� cação de Allan Kardec, com vistas à vivência do Evangelho.

Será um jornal mensal que circulará em Araraquara (SP), Matão e região, com tiragem ini-cial de 5 mil exemplares e versão digital, disponível no site www.tribunaespirita.org.

Não tem � ns lucrativos, por isso será distribuído de forma gratuita; toda a renda arrecada-da pela venda do apoio cultural será 100% destinada à produção, impressão e distribuição.

Nosso trabalho é voluntário, e nossa motivação é divulgar o bem, para que possamos viver num mundo justo, solidário e fraterno, respeitando o ser humano sem qualquer distinção ou discrimi-nação de sexo, cor ou raça, credo político ou religioso, e status social.

Agradecemos a DEUS pela oportunidade con� ada, e a toda equipe que fez com que este projeto, que era um sonho, se tornasse realidade.

Abraço Fraterno.G.E.A.A - Grupo Espíritas Anônimos Araraquara

EXPEDIENTE Jornalista responsável:Cássio Leonardo Carrara

MTB 73452/SP

Diagramação:Leandro Aparecido PardineCássio Leonardo Carrara

Iniciativa:G.E.A.A - Grupo Espíritas

Anônimos Araraquara

Site: www.tribunaespirita.org

Facebook:www.facebook.com/tribunaespirita

Contatos:Redação: [email protected]úncios: [email protected]

EXPEDIENTE

Iniciativa:

Page 3: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

Araraquara, setembro de 2013PÁGINA 3

Fardo leveequação matemática, estabelecendo perfeita proporção entre elas e a resis-tência do Espírito. O que a experiência demonstra é que as provações estão bem distantes desses limites. Há, diga-mos, enorme folga entre o que ele sofre e o que tem condições de suportar.

4 – Poderia exempli� car?Há a história daquele Espírito al-

tamente comprometido com o erro e o vício. Ao reencarnar, pediu aos seus mentores que queriam enfrentar os piores males da Terra, ávido por resga-tar seus débitos. Os mentores � zeram

diferente. Considerando que ele não teria a mínima condição de enfrentar semelhante expiação, planejaram para ele algo bem mais simples. Seria mé-dium, dedicado ao trabalho de ajuda a encarnados e desencarnados. Como instrumento da Espiritualidade, con-quistaria sua própria redenção.

5 – Com semelhante providência não estaria ele faltando aos seus com-promissos?

O aperfeiçoamento da justiça humana criou a � gura das penas

alternativas, em que o criminoso, em vez de ir para a prisão, escola de criminalidade, de onde geralmente sai pior, recebe sentença diferente. É condenado a prestar serviços comunitários, em instituições fi-lantrópicas, aprendendo o valor dos serviços de ajuda ao próximo. A jus-tiça humana apenas copia a Justiça Divina, que funciona assim.

6 – Há penas alternativas para o resgate de nossos débitos cármicos?

Jesus proclama, no Sermão da Montanha (Mateus, 5:7): Bem-

-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia. E repete o profeta Oséias (Mateus, 9:13): Misericórdia quero, e não sacrifício. Deus nos permite, em Sua bondade, substituir a moeda do sofrimento pela moeda da mi-sericórdia, o empenho em socorrer nossos irmãos, no resgate de nossos débitos cármicos.

7 – Isso signi� ca que não precisamos transitar pela Terra em clima de infe-licidade para os necessários reajustes?

Como todo pai, Deus quer os filhos felizes. Costumamos con-fundir sofrimento com infelicidade. Sofrimento é imposição da vida. Felicidade é uma construção pessoal, na intimidade de nossa consciência. Quem compreende isso jamais pensará em suicídio ao enfrentar provações. Em boa lógica, as dores do mundo deviam nos fazer felizes, como feliz � ca o devedor ao quitar seus débitos.

8 – A conceituação espírita a respeito do assunto é maravilhosa, oferecendo-

nos as melhores perspectivas para uma existência feliz e produtiva, não obstante vivermos num planeta de provas e expiações. Mas há um problema: como passar esse conhecimento para aqueles que precisam dele?

Esse é o dever de todos os que conhecem a Doutri-na Espírita, os que se be-ne� ciaram de suas luzes, os que tiveram sua existência valorizada pela visão obje-tiva das realidades espiri-tuais. Somos chamados a participar dos movimentos de divulgação doutrinária, colaborando com jornais espíritas, integrando gru-

pos no Centro Espírita e, como diria Castro Alves, distribuindo livros à mão cheia, convidando o povo a pensar em termos de imor-talidade, como só o Espiritismo é capaz. Teremos, então, um número cada vez menor de pessoas que pensam em fugir da vida pela porta falsa do suicídio, ampliando-se o contingente de pessoas capazes de enfrentar com serenidade e alegria os desa� os da existência. r

*[email protected]

Richard Simonetti*

1 – Qual a responsabilidade do suicida que enfrentava sofrimentos superiores às suas forças?

Isso não existe. Seria puro sadismo de Deus impor sobre os ombros de um de seus � lhos um fardo impossível de ser carregado. O peso de nossas provações é, invariavelmente, compa-tível com nossas forças.

2 – Não obstante, o fato de o suicida considerar que o far-do é superior às suas forças não funciona como atenuante?

Talvez, em relação às suas responsabilidades, mas não o isentará dos desa-justes perispirituais que provocará em si mesmo, impondo-lhe tormentos na vida espiritual, nem dos reclamos da consciência a lhe dizer que lhe faltou um mínimo de con� ança em Deus.

3 – Não é complicado imaginar que os mentores espirituais, que orien-tam a reencarnação de seus pupilos, façam uma dosagem dos males que irão enfrentar, estabelecendo limites às provações como quem prepara uma equação matemática, a � m de que não se rompa a sua resistência?

Obviamente, não podemos enqua-drar as provações humanas em simples

Page 4: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

Araraquara, setembro de 2013 PÁGINA 4

Homenagem a Wallace Leal Valentin Rodriguesda Avenida D. Pedro. O destino era o Centro Espírita situado mais abai-xo naquela avenida. Àquele tempo, os trabalhos mediúnicos eram reali-zados de portas abertas, com acesso a todos que ali quisessem entrar.

Esse foi o meu 1º contato com o Wallace. Passado algum tempo – a vida encarregava-se de nos afastar –, raramente o via pela cidade, embora ouvisse sempre referências elogiosas a seu respeito no campo das realiza-ções culturais e � lantrópicas.

Já em 18/7/1948, quando da instalação do I Congresso de Mo-cidade Espírita do Brasil, no Teatro João Caetano, de Araraquara, se � zeram representar Dr. Ayrton de Toledo e Wallace L. Rodrigues, tamanho o seu engajamento no movimento espírita.

Tornei-me espírita lá pelos idos de 1949, mais precisamente no dia 10/9, e fui muito bem recebida na recém-nascente Mocidade Espírita.

Formara-se um grupo de jovens que, unidos, definiriam as metas norteadas do movimento espírita em Araraquara, nos setores da Evangelização Infantil, Mocidade e Centros Espíritas, igualmente sen-do responsáveis pela Fundação da União Municipal Espirita (U.M.E.).

Embora de formação espírita desde a infância, somente lá pelos anos de 1950 pudemos contar com a presença e participação desse querido companheiro Wallace na Mocidade, à qual imprimiu grande dinamismo. Com a sua interferên-cia, aliada à ajuda e entusiasmo de todos, a Mocidade pôde contar com a presença ilustre de alguns cientis-tas, � lósofos e escritores de renome nacional e internacional. Como exemplo citaríamos, entre outros, Pietro Ubaldi, autor da monumental obra A grande síntese, além do jovem e promissor Divaldo Pereira Franco e o deputado Campos Vergal.

Sua participação na mocidade foi multifacetária, nos campos da cultura, das artes, do lazer e estudos com pesquisa e investigações.

Em 1951, os jovens reunidos decidiram sobre a importância da criação de um órgão de divulgação

Nascido em 11 de dezembro de 1924, em Divisa-ES. Wallace veio para Araraquara com a família na década de 30, estudou Ciências Econômicas em Ribeirão Preto, e ofereceu grande contribuição à cul-tura de Araraquara principalmente entre as décadas de 50 a 60.

Ator e diretor de teatro, produtor, autor e diretor de cinema, escritor, jornalista, Wallace desenvolveu intenso trabalho doutrinário com a tradução e publicação de obras, além da edição das conhecidas publica-ções da Casa Editora O Clarim de Matão, onde foi editor chefe.

Nesta edição especial de lança-mento da Tribuna Espírita, presta-mos nossa homenagem a este ilustre Araraquarense.

Conversamos com Del� na Rosa Rodrigues Toledo, a Rosinha Tole-do, e com o artista plástico araraqua-rense Ernesto Lia, que conviveram na intimidade de Wallace e nos nar-raram suas memórias, de conteúdo inédito e comovente:

Mocidade Espírita de Araraquara – uma página de saudades com nosso querido Wallace, por Rosinha R. Toledo

Recuando no tempo (década de 40), recordo-me do Wallace des-cendo a Avenida 15 de Novembro, juntamente com Sra. Ninira, sua irmã e mais algumas pessoas.

A eles juntávamos eu, minha mãe e mais alguns irmãos que vínhamos

de suas atividades e dos postulados da Doutrina Espírita. E foi, assim, lançado um pequeno periódico, ao qual deram o nome de Folha Juven-tina. No 1º número, na capa, logo abaixo, Wallace escreve:

“Não tenho queda para repor-tagens. Para crônicas, sim! Acho apaixonante escrever para as ge-rações que virão. Escrever para homens e mulheres do meu tempo, acontecimentos e iniciativas, expe-riências a frustrações. Sei que um dia, a coletividade desta “Toca do Sol” será toda espírita. Nesse dia, muitos desejarão saber como cresceu a árvore Evangelho Kardeciana nesta terra. A ‘Folha Juventina’ contará”. (Palavras proféticas)

Ficaríamos aqui escrevendo pá-ginas e páginas sobre a importante participação desse querido compa-nheiro de ideal, que fez nascer entre ele e nós, já amigos, uma grande camaradagem cimentada na amizade verdadeira e no respeito.

Aos domingos, costumávamos passar o dia praticamente juntos, desde as reuniões doutrinárias ma-tinais, seguidas de passeios à tarde e culminando nas sessões de cinema.

Que dias inesquecíveis aqueles! Creio que para nós e para ele foi um tempo bastante proveitoso e feliz.

O meu relacionamento pessoal com Wallace estreitou-se sobrema-neira devido às constantes conversas, trocas de ideias e impressões, ou talvez por razões que se perdem na esteira do tempo. Por ter ele um

Festa Social da Mocidade Espírita: Ayrton Toledo; Rosinha Toledo; Wallace; Candido; Nestor Mazotti; Paulo Castro; Élcio Zaneta; Aroldo Rossom; Luiz Parreira; Pedro Coli; Raphael de Medina; Sra. Ninira; Sinira Leal e outros.

Arquivo pessoal – Rosinha

espírito muito investigativo e eu incomodava-me com aquilo que não suscitava respostas às minhas dúvidas e curiosidades, por isso, assediava o querido amigo Wallace com muitas indagações.

Certa vez, Wallace disse-me que havia terminado um livro, mas que estava com dúvidas quanto ao nome. Pediu-me se eu aceitaria opinar sobre o assunto, o que já fora solicitado a algumas pessoas. Naturalmente aceitei, mas tive que lê-lo. Estava ainda no original, com algumas correções a serem feitas. Os nomes propostos eram: “O que veio por último” ou “Esquina de Pedra”.

O assunto versava sobre o nas-cimento do Cristianismo e, poste-riormente, sua adulteração selada no Concilio de Niceia, com a nomen-clatura de Catolicismo de caráter mais político que religioso.

Como houve consenso nas opi-niões solicitadas, sagrou-se o nome Esquina de Pedra.

Intrigada com a qualidade e diversidade de informações e situações de certos detalhes apre-sentados no livro, quis saber dele algumas explicações.

– Como, onde, quem lhe fornecera tão vasto material, Wallace? – e ele respondeu.

– Rosinha, eu estava e me sen-tia lá.

Posteriormente à publicação do livro, ele incluiu no final uma nota da qual o último paragrafo passo a transcrever:

Page 5: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

Araraquara, setembro de 2013PÁGINA 5

“Este livro, escrito sob forte vi-bração espiritual foi enriquecido por esses informes (da nota) quando já havia sido terminado. Acreditamos � rmemente que todos os acontecimento e personagens presentes são reais e que os acontecimentos foram apenas sua-vizados, uma vez que nos sentimos dentro das cenas ao escrevê-lo. Várias das personalidades retratadas já foram detectadas por nossa sensibilidade. Todavia, isto não quer dizer absolu-tamente que A Esquina de Pedra seja um livro psicografado.

Durante conversas com Carlos Alberto, ex-secretário e amigo do Wallace, para poder escrever esta crônica, ele não só con� rmou a ve-racidade das minhas informações, como acrescentou que o nosso ami-go em comum assegurava-lhe que tinha a faculdade dos desdobramen-tos constantes, narrando-lhe sobre algumas vidas que intuíra ter. Em relação ao livro A Esquina de Pedra, Wallace garantiu-lhe ter sido um soldado romano e testemunha das grandes perseguições aos cristãos da época.

Isto me tranquilizou quanto à au-tenticidade das minhas a� rmativas, já con� rmada também por outros amigos que conviveram conosco na Mocidade Espírita.

Lá pela década de 70, encontra-mo-nos e numa conversa usual, ele falou-me que estava esperando umas cópias que viriam de Londres e que tratavam das experiências de Sir Willian Crooks, um dos maiores sá-bios da época sobre materializações.

– E como você obteve esse mate-rial? – perguntei curiosa.

– Talvez movido por forte inte-resse pelo assunto, desdobrei-me e fui até Londres constatando que aquele precioso acervo estava à salvo – res-pondeu Wallace.

Após a publicação do livro, lê-se no prefacio:

“O trabalho foi árduo. A nosso favor tínhamos apenas as antigas coleções de órgãos espíritas dos arqui-vos schutelianos, e, inesperadamente, a descoberta de que os bombardeios de Londres não tinham destruído de todo as chapas fotográ� cas que Mr. Harrison, editor do “� e Spirítua-list” e o próprio Sir William Crookes haviam batido. Obter cópias foi um trabalho de obstinação.”

Eu estava no Colégio Progresso fazendo um curso complementar e o professor de Pedagogia pediu-nos um trabalho sobre um pedagogo famoso. Sem dúvidas escolhi Pestalozzi, pois não há apenas um simples elo senti-mental casual entre este pedagogo e Kardec, ambos discípulos do mesmo Mestre que a todos nos inspira: Jesus.

Sabia que o Wallace estava parti-cipando de um concurso de nível na-cional sobre esse famoso educador. Solicitei-lhe algumas informações a respeito, e ele, atencioso como sempre, emprestou-me o original do seu trabalho. Até hoje guardo com carinho os apontamentos que completaram satisfatoriamente o meu trabalho e � quei muito feliz em saber que ele obteve a consagração com o 1º lugar, merecidamente.

Curiosa como sou, nesse papo de como, quem, quando, ele infor-mou-me.

– Eu me via junto a Pestalozzi às margens do Lago de Genebra, conversando amigavelmente. E dessa forma foram obtidas certas particularidades e informações – ele tinha facilidade no processo de desdobramento, como já dissemos anteriormente.

Outro episódio pitoresco ocor-rido que ele frequentemente nos narrava.

– Sabe Rosinha, eu me vejo numa bela carruagem onde estão sentados ao meio Napoleão Bonaparte, ladeado por Madame de Staël (romancista e ensaista francesa que incorporou, como poucas mulheres, o espírito do Iluminismo francês) e a mulher mais linda da França.

Empolgado e envaidecido, ele diria:

– Estou entre uma das maiores inteligências e de mais exuberante beleza da França.

Ao que eu lhe respondia:– Infelizmente não posso dizer o

mesmo!Notava que ele sentia um grande

prazer ao contar-me esse episódio. São conhecidas as diferenças entre Napoleão e Madame de Staël, daí o sorriso como uma pequena vingança. Isto porque Wallace sentia fortes in-dícios de ter sido a famosa escritora.

Passaram-se alguns anos e lá pela década de 80, soube que Wallace se encontrava doente. Naquela época

eu era Coordenadora da Mocidade Espírita da “Obreiros do Bem”. Então, preocupada com as condições de sua saúde e igualmente saudosa, achei oportuno levar o presidente da Mocidade, o Sr. Braz, para conhe-cê-lo e sugerindo-lhe que pedisse a permissão para uma entrevista a respeito de sua biogra� a.

Telefonei-lhe sobre minha inten-ção, pois ele já estava restrito quanto às visitas. Felizmente anuiu como sempre fazia quando solicitava-lhe algo. Marcamos dia e hora. Fomos recebidos com cortesia e quanto ao objetivo que ali nos trouxera, além da visita, argumentou ser melhor apro-veitar aquele encontro com um papo mais agradável e descontraído e que ele mesmo escreveria sua biogra� a, entregando-a assim que estivesse pronta. E assim aconteceu.

Depois de algum tempo de con-versa agradável, Wallace apontou-me um baú num canto, desa� ando-me a dizer o que se encontrava lá.

– Olha Wallace, vindo de você, poderá ser até as Tábuas da Lei! Sorri.

– Não Rosinha, mas é algo de suma importância. Trata-se de um livro de Mlle Clarie Baumard, cuja tradução e prefácio redigido por ela demonstrou ser de grande valor histórico. Essa senhora, ef i-ciente secretária e também grande amiga de Léon Denis, revela que no decorrer dos anos em que exer-ceu suas funções junto ao escritor já cego, redigiu um Diário, ao qual não recorreu para a leitura de sua obra. Deixava para os mais capazes e admiradores, trazerem ao mundo, a síntese de sua extraordinária obra e ímpar personalidade.

Há dois prefácios no livro: um explicativo de Wallace, mais ex-tenso, fornecendo-nos informações valiosas sobre a vida de homens que preludiaram o advento da 3ª Reve-lação. Coloca o Espiritismo num contexto histórico, tornando mais compreensível o seu surgimento do Luzeiro prometido pelo Mestre Je-sus. O outro prefácio, de Sir Arthur Conan Doyle, também enaltece a � gura desse notável Apóstolo.

Achei que Wallace � cou incon-formado pela autora não querer valer-se de seu Diário. Dizia ele:

– Em que mãos estariam agora o precioso documento (Diário)?

Desapontado escreveria ao lado de seu prefácio – “O que o livro de Clarie Naumard não contou...”

Conhecendo-o bem, estranhei o fato de não ter conseguido localizar o paradeiro de tal preciosidade.

Estaria o nosso Sherlock Holmes do Espiritismo perdendo o faro?

No dia do lançamento do livro “Léon Denis na intimidade”, realizado na banca espírita que fica em um das praças centrais de Araraquara, eu me ofereci para ir buscá-lo de carro, pois suas con-dições físicas não o permitiam ir a pé. Assim procedi e trazendo-o após o término com meu exemplar debaixo do braço, devidamente autografado com dedicatória.

“Para minha queridíssima Rosinha, com o beijo e o coração. Wallace.”

Guardo-o com muito carinho e saudades.

Finalizando, arrojo-me o direito de tecer algumas impressões a res-peito do meu caro amigo Wallace, embora sem as suas condições cul-turais de pensar e se expressar, que tanta admiração causavam a todos. Por isso vou me utilizar de outro instrumento, o coração, para que através de palavras simples e sin-gelas, chegue até o seu, esse órgão da fé e da esperança e com o qual divisamos os verdadeiros amigos.

Dando asas à imaginação, como numa comparação analógica, sempre via o Wallace assimilando-se a um pássaro multicor de exuberante e linda plumagem, preso numa gaiola dourada; por vezes feliz e saltitante diante dos olhares maravilhados de sua beleza e maravilhoso canto; ou-tras vezes, entristecido, pois apesar da admiração causada e sabendo-se ser um ornamento raro, sofria com os grilhões da prisão e por atitudes intempestivas de crianças, jovens e até de alguns adultos totalmente distanciados do respeito, da sensibi-lidade e, sobretudo, do amor.

A dualidade de sentimentos nos surpreende a cada passo. Quando merecer disfrutar a felici-dade completa? Nós bem sabemos; quando a conquistarmos e ela exige esforço, luta, desapego, equi-líbrio, enfim, evolução espiritual. Mas ainda somos seres humanos fragilizados, principalmente em nossas emoções.

Page 6: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

Araraquara, setembro de 2013 PÁGINA 6

Ah! Se tivéssemos o condão de perscrutar a alma nos seus escani-nhos mais profundos. Quem poderá prever as lágrimas de alguém, mesmo estando em situação privilegiada?

Maria Dolores, com sua extrema sensibilidade, através da psicogra� a de Chico Xavier, nos brindou com uma verdadeira pérola de sabedo-ria. O poema Erros de Amor, do qual extrai uma estrofe que nos leva à re� exão.

Entre o afeto que sonha e o dever que governa,

Quando con� ito surge e quantos anseios vêm!

Quando a dor de ser só escurece o caminho

Ninguém pode prever as lágrima de alguém...

O nosso belo pássaro, inconfor-mado com seu destino, debatia-se, machucando as asas nas grades da gaiola, na inútil tentativa de quebrá-la. Queria voar, ver o sol frente a frente, contornar as es-trelas, sentir mais próximo o suave perfume das flores e o êxtase do amor; desfrutar do direito de não ser caçado, perseguido, aprisio-nado, discriminado, enfim, viver intensamente a sua sensibilidade.

A ave mais ferida por expectati-vas e sonhos, não realizados, torna-se prisioneiro de si mesmo e contra-pondo-se à expressiva contribuição ofertada para a valorização das coisas enriquecedoras, continuou machucando-se, machucando-se sem ter realizado a plenitude de vida almejada.

Um dia encontraram-no muito ferido e morto.

Os que passavam diziam:– Olhem o pássaro de ímpar

beleza, que tanto enriquecia nossas vidas, que alegria e felicidade ele nos

proporcionava. Que grande perda, sentiremos muitas saudades.

Alguém retrucou: – Deus que é justiça e misericórdia, não deve-ria permitir essa morte tão triste! Disse outro:

– Pois foram exatamente esses tributos Divinos que proporciona-ram-lhe condições para a devida reabilitação, reduzindo sua liberdade que tantos perigos oportuniza. Deus protegeu-o, meu caro, dos outros e dele mesmo. Porventura não somos todos igualmente prisioneiros dos corpos que merecemos?

Q ue você, quer ido amigo Wallace, capte através da acústi-ca do seu sensível espírito, hoje livre, a verdadeira intensão dessa pequena e sincera oferenda. De sua amiga Rosinha. r

Wallace Leal Valentin RodriguesPor Ernesto Lia

Sinto-me honrado, convidado que fui para falar sobre Wallace Leal Valentin Rodrigues. Preservar me-mórias é um dever necessário para que não se destruam patrimônios que retratam a nossa história. Via-jam, assim, pela minha mente, belas e boas lembranças que guardo desta notável criatura, cuja transparência de alma em vida era tão peculiar.

Wallace escreveu muitas peças teatrais: era como diríamos, uma verdadeira enciclopédia. Várias peças foram encenadas em Araraquara e outras cidades também. Montou com sucesso o filme intitulado “Santo Antônio e a Vaca”, total-mente realizado em Araraquara e cercanias; outros filmes também foram iniciados, como “Aurora de Uma Cidade”. Seu talento artístico era nato. Sua intelectualidade e sua

impecável postura destacavam-no através do ingrediente básico na conduta humana conhecido por Hu-mildade. Era notório o seu prestígio com relação à cultura.

O foco que Wallace dava aos textos teatrais era tanto constante, quanto positivo. Tanto é que os parti-cipantes de uma encenação passavam pelo seu crivo espontaneamente, com sucesso inigualável. As apresenta-ções foram expandindo-se e assim aconteceu a apresentação do TECA – Teatro Experimental de Comédia de Araraquara – na capital da Re-pública, na época o Rio de Janeiro. O convite para o acontecimento foi feito pelo Ministro da Cultura, Pas-choal Carlos Magno, que se sentiu orgulhoso por tê-lo levado para a Cidade Maravilhosa. O sucesso foi muito grande, dando ao TECA e lo-gicamente ao Wallace todo o crédito artístico-cultural possível.

O que realmente marcou o nosso conhecimento foi o interesse pela Arte em todas as suas manifestações. Nossa busca com respeito à cultura era incansável. Os assuntos versavam sempre pelo cinema, teatro e artes plásticas, ele com suas preferências: Tennessee Williams, Rilke e outros. Também discorríamos sobre Van Gogh e Rembrandt. Foi um crítico de arte mas não um artista plástico.

Com relação às artes plásticas, eu estava rumo ao pro� ssionalismo, ma-nifestava insistentemente o seu desejo de ser retratado por mim. O referido portrait foi realizado numa das depen-dências da casa de seu cunhado e irmã, Sr. Rafael de Medina, e esposa, Ninira, onde nos reuníamos sempre e que nos deixou uma saudade imorredoura.

Entre tantas lembranças que tenho de Wallace, � gura o quanto ele foi útil e valoroso. Pertencendo à enti-

dade espírita, trabalhou com a� nco em atenção aos necessitados. Tinhas constante ligação com Chico Xavier. Sempre procurava ser útil na força dos seus atos, através de autêntico trabalho � lantrópico, na mais pura realização do ser humano.

A � gura de Wallace merecia ter � -cado eternizada em nosso Teatro Mu-nicipal, tantas foram as encenações programadas por ele e pelos artistas que passaram pela sua aprovação.

Seu nome, ainda, deveria constar de uma instituição espírita, pela sua extrema dedicação à religião e por tanto carinho e despojamento que devotava às causas nobres. r

O artista araraquarense Ernesto Lia é Acadêmico honoris causa e Vice-Pre-sidente da Academia Brasileira de Belas Artes, membro da Accademia Mondiale Degli Artisti e Pro� ssio-nisti, em Roma, membro efetivo de outras entidades nacionais e interna-cionais de arte.

Reprodução da tela do pintor Ernesto Lia, de 1951, que constou da matéria do Jornal O Diário, de 1966, na exposição em home-nagem ao retratado Wallace L.V. Rodrigues, durante o EAC/2013.

Page 7: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

Araraquara, setembro de 2013PÁGINA 7

Dever de gratidão

Orson Peter Carrara*

Devemos tudo à vida abun-dante que desfrutamos. Deus, o Criador, dotou-nos de vida e pos-sibilitou-nos intenso e contínuo aprendizado. Para que pudéssemos evoluir, aprender, e, portanto, adquirir méritos do esforço co-locado a serviço da conquista da felicidade, cercou-nos de inúmeros recursos. Entre eles estão as ma-ravilhas produzidas pela natureza. Desde o espetáculo do nascer do sol – que soa como amável e silencioso convite ao trabalho –, às frutas ou perfume das flores, à condição de seres sociais que se relacionam para o mútuo cresci-mento e mesmo a uma infinidade de tesouros que nem percebemos. Sempre estão a nossa volta e o espaço desta página seria insufi-ciente para relacionar.

Colocou-nos num planeta rico de possibilidades e perspectivas.

Dotou o planeta de água, fauna e flora abundantes; deu-nos os animais, pássaros e outros seres como companheiros de viagem e ainda escalou experimentados irmãos mais velhos que visitam o planeta periodicamente para ensinar o caminho do acerto e da felicidade. Entre eles, o maior de todos, Jesus de Nazaré, mensageiro do Evangelho, porta-voz direto do Pai Criador e que vivenciou em si mesmo o que ensinou.

Diante das possibilidades aber-tas, a humanidade vai caminhan-do, errando, acertando, aprenden-do. Descobrimos nossas próprias leis, estamos pesquisando o que ainda nos intriga e lutamos contra dificuldades e obs-táculos que são pró-prios e naturais de nosso atual estágio evolutivo. Sim, por-que somos criaturas em caminhada, im-perfeitas, inacabadas. O tempo nos levará à perfeição relativa, quando estaremos promovidos à condi-ção de cooperadores da grandiosa obra de Deus.

Essas ref lexões todas convidam-nos a pensar com mais

seriedade sobre a vida no planeta. Não estamos aqui a passeio. Tam-bém não estamos no planeta pela primeira nem última vez. Somos todos irmãos, devemo-nos soli-dariedade recíproca e cumprimos um justo programa de autoaper-feiçoamento, cuja finalidade é o progresso individual e coletivo. E neste coletivo incluímos toda a sociedade do planeta, em to-dos os sentidos e níveis que se queira analisar.

No geral, devemos entender que, como � lhos de um Pai Bondoso e Justo, que ama profundamente suas criaturas, � ca o dever do auto-apri-moramento intelecto-moral, único instrumento real de equilíbrio e fe-

licidade. E consideremos que tudo isto enquadra-se até num dever de gratidão a tudo que recebemos diariamente de Deus, o Pai de todos nós.

E pensemos que o auto-apri-moramento intelecto-moral nos levará pelo menos a duas conse-quências inquestionáveis: domina-remos o egoísmo feroz que ainda nos domina (o que determinará o fim da onda de sofrimentos que abate o planeta) e partiremos, porque mais conscientes, aos deveres da solidariedade que, por consequência, trarão o equilíbrio que esperamos. r

*[email protected]

Page 8: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

Araraquara, setembro de 2013 PÁGINA 8

Os pais e a evangelização dos filhos

Marcus De Mario*

Por que levar meus filhos para a evangelização espírita in-fantojuvenil promovida pelo centro espírita? Qual a importância disso para a vida deles? E eu, como pai ou mãe, tenho alguma participação nesse processo? Tais são as perguntas que pretendemos responder neste texto, lembrando, para iniciar, que o Espiritismo é, essencialmente, doutrina de educação do ser imortal presentemente reencarnado, e como todos somos espíritos imortais, to-dos somos necessitados de educação, que deve ter por base os ensinos e exemplos do Mestre Jesus.

Educar é criar hábitos, é transmi-tir valores, é religar a criatura a Deus, Pai e Criador, é colocar Cristo nos corações, é combater as más tendên-cias trazidas pelo espírito de outras existências. Esse conjunto de de� ni-ções também nos leva a um conjunto de ações em que se insere a evange-lização promovida pelo centro es-pírita, quando crianças, adolescentes e jovens entram em contato com os princípios espíritas, tais como a existência de Deus, a imortalidade da alma, a reencarnação, a comuni-cabilidade entre o mundo material e o mundo espiritual, a lei de evo-lução, ensinos muito profundos que revivem o cristianismo primitivo, alicerçando virtudes que geram a paz de consciência, a felicidade, o amor ao próximo e a prática da caridade.

Diante de tudo isso, e com visão de futuro, o Espiritismo, através das

ações do Centro Espírita, conclama aos espíritas o trabalho de educação das novas gerações para termos um mundo melhor.

Os filhos e a evangelizaçãoSe encontramos no Espiritismo

respostas às nossas dúvidas existen-ciais; consolo aos nossos sofrimen-tos; renovação dos ideais de vida; oportunidade de aprender a amar o próximo; ensejo de libertação e cres-cimento moral e espiritual, qual a ra-zão de não entregar esse verdadeiro tesouro aos nossos � lhos? Se temos tempo de realizar um tratamento espiritual, de assistir uma palestra

pública, de receber um passe, o que nos impede de ter tempo para levar nossos � lhos à evangelização?

Muitos pais que tanto se preocu-pam com a saúde, a escola, a roupa, os brinquedos, os passeios dos � lhos, devem igualmente preocupar-se com a sua evangelização, ou seja, com a moralização dos filhos através das lições vivas do Evangelho, ampliadas, aprofundadas pela visão da alma imor-tal, com todas as suas consequências, como demonstra a doutrina espírita.

Esse é o trabalho realizado pela evangelização espírita, tanto para a infância, normalmente dos 2/4 anos até 12/13 anos, como para a juventu-de, de 13/14 a 21 anos ou mais. E os

pais não podem esquecer que ama-nhã, no futuro, serão dependentes dos � lhos, necessitados de carinho, cooperação, solidariedade. Será que um � lho egoísta, materialista, ime-diatista, terá condições para doar o que precisa sair do coração?

Importância para a vidaAnota Allan Kardec, o codi� cador

do Espiritismo, que se um jovem re-cebe a notícia de sua eminente morte para daqui a alguns meses, e for mate-rialista, dirá a si mesmo: “Bem, já que vou morrer, o negócio é experimentar tudo enquanto há tempo”, e assim cairá nos vícios de toda ordem, ou, ao

contrário, se entregará à mais profunda depressão, acelerando o processo de despedida da vida terrena. Mas, se esse jovem for espiritualista, dirá: “Bem, como a vida continua depois da morte, e creio em Deus, terei resignação e tudo farei para o bem da sociedade humana enquanto aqui estiver”. Qual resposta gostaríamos que nossos � lhos dessem diante das provas e expiações que devem enfrentar? Certamente a segunda resposta, mas para isso eles precisam receber a semente da evange-lização propiciada pelo centro espírita.

O Espiritismo tem por � nalida-de realizar a transformação moral da humanidade, e isso sucederá na medida em que levar os indivíduos a

serem homens de bem. Isso só pode acontecer pela aplicação da educação moral, o que a evangelização espírita procura realizar.

O exemplo dos paisOs pais e responsáveis necessitam

compreender que igualmente devem se educar, ou se evangelizar, pois se a palavra convence, o exemplo arrasta. Já assistimos � lhos indagando: “Por que eu tenho que vir na evangelização, se minha mãe não � ca, só aparece para me buscar quando a aula termina?”. Essa pergunta deve fazer os pais pensarem. E quando o � lho chega em casa e escuta palavrões, assiste brigas, pais mentindo etc.? Pais e responsáveis precisam dar bons exemplos, esfor-çando-se na autoeducação, na trans-formação moral íntima, pois os � lhos imitam os pais, e a missão de educar não compete apenas ao professor da escola ou ao evangelizador do centro espírita, mas igualmente aos pais.

É muito importante que o centro espírita mantenha, junto da evan-gelização infantojuvenil, o grupo de pais, onde eles, e também outros responsáveis, estudarão temas sobre convivência familiar, educação dos � lhos e tantos outros, no manancial oferecido pelo Espiritismo. Ou seja, evangelizam-se as almas imortais dos pequeninos e jovens, ao mesmo tempo em que evangelizam-se os adultos, pais e responsáveis.

Concluindo, temos na evangeliza-ção desenvolvida pelo centro espírita verdadeira proposta pedagógica de Educação Espírita, não só para as no-vas gerações, como igualmente para as gerações que estão pais e/ou avós. É competência do centro espírita propiciar esse serviço, e é obrigação dos pais levar seus � lhos, ao mesmo tempo em que participam ativamente da formação de um mundo de rege-neração, onde o bem irá predominar sobre o mal. r

*[email protected]

Page 9: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

Araraquara, setembro de 2013PÁGINA 9

Donos do Mundo?

Valentim Fernandes*

O imperador romano Adria-no, que reinou no século II, no apogeu de Roma, voltando de uma conquista, chamou os seus ministros e disse-lhes:

– Agora exijo que me considereis Deus.

Disse um deles: – Quer o senhor me ajudar nesta

hora de necessidade?– Em quê? – perguntou o im-

perador.– Tenho um navio imobilizado

a três milhas daqui, em alto mar, e nele está tudo o que possuo.

– Muito bem – disse o imperador. – Mandarei uma frota para socorrê-lo.

– Por que incomodar-se tanto? Mande simplesmente um sopro de vento.

– Mas onde arranjarei o vento?– Se não sabe, como pode ser

Deus, que criou o vento, e tudo o mais que existe no universo?

É muito comum entre os seres humanos aqueles que se julgam “donos do mundo”, ideia presente em todos os segmentos da socie-dade. Na política, nos esportes, no trabalho, na família, nas religiões etc.. São aqueles que se julgam os detentores da verdade, subestimando as capacidades do seu próximo, con-siderando-se verdadeiros “deuses”.

Embora Jesus tenha dito: “Vós sois deuses, podeis fazer tudo o que eu faço e muito mais”, estamos ainda muito distantes de termos os atribu-tos que proporcionem a realização de prodígios condizentes com o Cristo, pois o fazer a que Ele se referia estava

intimamente ligado ao amor ao pró-ximo; esta sim capacidade presente em todos os seres humanos.

No entanto, não é isso que ve-mos nos nossos dias. Muitos se es-quecem de que somos todos iguais, que dependemos uns dos outros e que pouca coisa existe que possa ser realizada na individualidade. No esporte alguém ganha uma compe-tição sozinho? Alguém poderia res-ponder: o maratonista, o tenista, o que pratica salto a distância e outros que competem de forma individual. Mas eles não têm os treinadores, os massagistas, os � siologistas e outros que formam a equipe? O raciocínio aplica-se também na política, no

trabalho, na família e nas religi-ões. Alguém é capaz de curar uma pessoa sozinho? Embora muitos achem que sim, isso só ocorre por interferência da espiritualidade, respeitando a lei do merecimento.

O homem foi criado para viver em sociedade para poder progredir, porém o orgulho e o egoísmo são os grandes obstáculos ao seu progresso moral. Apegam-se exageradamente às coisas da matéria, o que resulta em um desenvolvimento intelectual egoísta, fazendo com que se sintam superiores aos seus irmãos de jornada evolutiva. O egoísmo de uns incenti-va o egoísmo de outros. Todos sen-tem a necessidade de se defenderem

e só pensam em si mesmos, pouco se importando com os outros.

Neste nosso caminhar em bus-ca da evolução, vamos encontrar simpatias e antipatias, e teremos até alguns inimigos. Isso é perfei-tamente normal, porque até Jesus teve inimigos. Francisco de Assis, Gandhi, Madre Teresa de Cal-cutá, Irmã Dulce e Chico Xavier também tiveram opositores. O grande diferencial deles em rela-ção à maioria é que em momento algum se julgaram melhores do que ninguém. Jamais eles foram inimigos de quem quer que seja; nem daqueles que os perseguiam.

Quando mudarmos esta men-talidade individualista, quando deixarmos de nos considerarmos os melhores, quando admitirmos que não somos capazes de produzir nem o vento, vamos olhar o nosso seme-lhante em condições de igualdade e respeitá-lo em suas limitações, bem como não invejaremos as suas qualidades, mas sim as imitaremos.

Não vamos conseguir trans-formar água em vinho, como fez Jesus, mas podemos mudar da água para o vinho se assim desejarmos. A� nal, como dizia o romancista Charles Dickens, “um homem nunca sabe aquilo que é capaz até que o tente fazer”. r

*[email protected]

Neste momento de alegrias intra-duzíveis, em que o plano espiritual se irmana aos companheiros encarna-dos, não poderíamos deixar de trazer a nossa mensagem.

As vibrações ambientes (...) pro-duzem emanações que são direcio-nadas para o ambiente psíquico da cidade que nos recebe, envolvendo a todos os seus habitantes.

Foram momentos aproveitados por encarnados e desencarnados que vieram de longe para igualmente participar deste evento (...). Quanti-dade enorme de entidades, a par das atividades materiais, eram auxiliadas por nossos benfeitores e trabalhadores do Além.

Fica-nos, porém, o compromisso, para que possamos trabalhar todos os

conhecimentos recebidos à benefício de nós mesmos e do próximo. (...) O conhecimento é importante, mas sem a aplicação tornar-se-á inócuo. (...)

Trecho parcial da mensagem transmitida pelo Espírito Urbano de Assis Xavier, em psicogra� a de Célia Xavier Camargo, no dia 23/9/2012, em Matão-SP, durante o 2o Encontro Cairbar Schutel.

Aos queridos irmãos de Ideal Espírita (...)

Page 10: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

Araraquara, setembro de 2013 PÁGINA 10

“Especial – Encontro Anual Cairbar Schutel” Tudo sobre o maior Evento Espírita Regional de 2013

Pelo terceiro ano consecutivo, e com imensa alegria e confrater-nização, o Encontro Anual Cairbar Schutel - conhecido como EAC - cumpre seus objetivos de união e confraternização dos espíritas, além do estímulo ao estudo, sendo coorde-nado pelo Instituto Cairbar Schutel, é realizado por numerosa equipe. Este ano contando com o apoio das USEs Matão e Araraquara.

Homenageia também o ilustre Cairbar de Souza Schutel, conside-rado O Bandeirante do Espiritismo, que por sua ousadia criativa, per-severança e coragem numa época de preconceitos, intenso amor ao próximo e ardente fé em Deus, legou incomparável tesouro moral e cultural baseado nos ensinos do Evangelho e do Espiritismo.

O evento, que em 2011 contou com aproximadamente 350 parti-cipantes de 45 cidades, e em 2012 com 600 participantes de 75 cidades e 5 estados, este ano, segundo os organizadores, com 45 cidades de 5 estados - somando 650 participantes, os números superaram as expectativas, estimulando a continuidade da tarefa de divulgação do Espiritismo, com a realização do evento.

Orson Peter Carrara conversou com os palestrantes do EAC 2013 e traz uma série de depoimentos:

Cíntia Vieira Soares e a evangelização de bebês

Graduada em música, mestre em Educação (ambas pela UFG – Uni-versidade Federal de Goiás) e diretora da escola “Música e Bebê” em Goiâ-nia-GO, Cíntia fala sobre seu livro Evangelizando Bebês.

1. Por que a proposta Evangeli-zando Bebês?

Considerando que evangelizar é alcançar os corações com o conhe-

cimento espírita e com a moral do Cristo, evangelizar bebês é educar o espírito desde a mais tenra ida-de, levando-o a sentir as vibrações amorosas de Jesus e a proteção de Deus. Além de vivenciar atividades doutrinárias e cristãs de estimula-ção, visando o seu desenvolvimento harmônico, o bebê é também in-centivado a perceber os laços de carinho e amor que o une à mamãe, ao papai e seus familiares, em am-biente espiritualmente saturado de boas vibrações.

2. Como surgiu a ideia?A ideia de evangelizar bebês surgiu

a partir da necessidade de atender crianças com menos de 2 anos de idade que, até então, não tinham a oportunidade de participar das ati-vidades de evangelização em nossa casa espírita. Os pais queriam que os bebês � cassem nas salas com os irmãozinhos, mas não tínhamos ne-nhuma condição de receber crianças com faixa etária tão especí� ca... Como eu já trabalhava com musicalização de bebês, a inspiração divina foi a de utilizar a mesma metodologia que eu dominava pro� ssionalmente, a partir de um programa estruturado com conteúdo sobre Deus e os ensinamen-tos de Jesus.

3. Como tem sido a experiência das o� cinas?

Maravilhosa. A proposta é com-partilhar ideias e práticas sobre o tema “Evangelização de Bebês”. o trabalho é feito em algumas regiões, desconhecido, realizamos a rotina de uma aula com algumas atividades fundamentais, com os próprios be-bês da região e seus pais. A o� cina é estruturada em dois momentos: o primeiro, com a demonstração de uma aula de evangelização para bebês, e o segundo, com a fundamentação pedagógica e doutrinária, a partir das

dúvidas e perguntas dos evangeliza-dores participantes.

4. Conte-nos algo marcanteO aspecto mais distinto deste tra-

balho é a possibilidade de participação dos pais junto aos bebês. A presença ativa da mamãe e do papai nas ati-vidades de evangelização do bebê é fonte básica de segurança e bem-estar, facilitando desde a sua adaptação até a sua completa integração ao ambiente educativo espiritual. Não podemos esquecer que os pais são acima de tudo corresponsáveis pelo processo de evangelização de seu � lho. Assim, a evangelização propicia conteúdo evangélico doutrinário tanto para o bebê quanto para os pais, além de criar e fortalecer os vínculos da família com a Casa Espírita.

5. Qual seu trabalho no EAC 2013?

Apresentamos uma palestra com o tema “A Arte de Servir e Educar”, e uma o� cina para evangelizadores, com os bebês da região e seus pais. Os evangelizadores puderam tomar conhecimento de como a evan-gelização de bebês se processa na prática. Assim, além de incentivar o estudo mais aprofundado do assunto, esperamos estimular a estruturação de atividades para esta faixa etária em mais casas espíritas, e também contribuir com os trabalhos de evan-gelização já existentes. r

Cláudio Marins fala sobre o tema central do Encontro Cairbar Schutel

Especialmente convidado, justa-mente pelo tema do evento, Marins é Presidente da ABRARTE – Asso-ciação Brasileira de Artistas Espíritas

1. Existe uma arte espírita?Do ponto de vista de uma arte que

é produzida sob inspiração dos precei-tos espíritas, sim, existe uma arte espí-

rita! Em dezembro de 1860, Revista Espírita, Kardec utiliza pela primeira vez a expressão arte espírita no artigo intitulado “Arte Pagã, Arte Cristã, Arte Espírita”, enunciando: “... que-remos dizer que as ideias e as crenças espíritas darão às produções do gênio uma marca particular, como ocorreu com as ideias e crenças cristãs...”. Não devemos compreender, portanto, arte espírita tão somente como uma arte produzida por médiuns ou confundi-la com um gênero artístico (tal como na música existe o gênero Gospel, Jazz e no cinema existe o gênero Drama, Comédia, Terror etc.).

2. De que forma a arte influen-cia na sensibilização humana para o bem?

A arte é uma linguagem que fala direto ao coração! A música, o teatro, a poesia, a dança, a pintura, o cinema, a arquitetura a escultura etc., possuem mecanismos intrínsecos que atuam nas camadas mais profundas do ser. Quando as artes são revestidas de ideais nobres e superiores, “acordam” os corações dos homens para o bem, através das mensagens edi� cantes e de espiritualidade que encerram em seu conteúdo.

3. Relate uma experiência mar-cante com a ABRARTE?

A convivência com amigos diver-sos, que compõem o atual quadro de associados da ABRARTE (Associa-ção Brasileira de Artista Espíritas), sempre nos tem proporcionado expe-riências marcantes. Temos admirado o muito que estes trabalhadores fazem em prol da arte espírita com o mínimo de recursos que possuem! Temo ser injusto ao citar apenas uma dessas experiências. Por isso pedirei licença aos companheiros da Abrarte para citar aqui uma, dentre muitas, apenas a título de ilustração: No ano de 2012 a Abrarte realizou em Caucaia-CE,

Page 11: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

Araraquara, setembro de 2013PÁGINA 11

o IX FÓRUM NACIONAL DE ARTE ESPÍRITA, com a presença de 250 participantes. Devido a condi-ções de logística, o evento foi realizado dentro de um convento (o que por si só já foi um feito marcante), e no � nal foi feita uma homenagem dos artistas espíritas às irmãs de caridade que nos receberam de braços abertos. Foi emocionante ver 250 artistas espíritas cantando uma canção espírita para toda a equipe do convento, encerrando depois com a música “ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO”, em total clima de fraternidade e respeito mútuo.

4. Como o amigo vê o tema A ARTE DE SERVIR no EAC 2013?

Parabenizo os organizadores do evento pela escolha do belo tema! É uma excelente oportunidade para es-tudarmos sobre a importância da arte, sua ação e in� uência sobre os espíritos encarnados e desencarnados e como melhor utilizá-la a serviço de Jesus e do nosso Pai criador.

5. Como o Espiritismo in� uencia a arte?

O Espiritismo atua como um de-purador da arte que conhecemos, na medida em que oferece aos artistas esclarecimentos e iluminação inte-rior! Estando os artistas convencidos das realidades espirituais, estes irão cada vez mais se inspirar em valores superiores, enfraquecendo as temá-ticas de cunho materialista. As artes provenientes destes artistas terão harmonias e belezas que serão capazes de nos auxiliar a transcender os limites acanhados da matéria. r

André Marouço, diretor de “O Filme dos Espíritos”, fala-nos sobre A Sétima Arte.

1. Qual a principal experiência que � cou com O Filme dos Espíritos?

O Filme dos Espíritos foi para nós uma universidade de cinema, já que se tratava de nossa primeira experi-ência. Aprendemos a fazer com mais qualidade, e o principal, aprendemos o que não devemos fazer. Cinema é uma arte, é preciso respeitá-la como tal; entendemos a partir dessa primei-ra empreitada cinematográ� ca, que nossos � lmes podem e devem trazer a doutrina dos espíritos na narrativa, e em nossos � lmes sempre existirá um pouco de doutrinação na trama, mas de forma alguma podemos deixar de lado a missão de entreter e emocionar, a� nal trata-se de uma arte. Aprende-mos muito sobre roteiro, inclusive.

2. Há novidades para contar ao público para os próximos meses?

Estamos montando nosso se-gundo longa-metragem, Causa e

Efeito, em cuja trama contamos a história do policial Paulo, um ho-mem que tinha uma vida tranquila quando um motorista alcoolizado atropela e mata sua esposa e � lho. O desdobramento da trama traz muitas surpresas. Também estamos trabalhando na pré-produção de nosso primeiro documentário, Nos Passos do Mestre, com � lmagens em Israel, Egito, Turquia e Brasil. O documentário vai mostrar a essência da doutrina cristã e a importância de certos acontecimentos históricos do cristianismo, alguns inclusive que foram modi� cados pela Igreja e até ocultos. Nos Passos do Mestre também vai apresentar algumas dramatiza-ções da vida do Cristo, contadas a partir da ótica espírita.

3. Como o cinema vem in� uen-ciando a mentalidade humana com a exposição dos princípios espíritas?

Na minha opinião, esse tra-balho começou a alguns anos, em Hollywood, com os espíritos movimentando o psiquismo dos roteiristas, diretores e produtores daquela Meca cinematográfica. Eles não perceberam, mas foram tomados tais quais as mesas giran-tes o foram na França do século XIX. Aqui no Brasil, maior país espírita do mundo, ainda estamos engatinhando. Todas as produções espíritas realizadas até agora foram espetaculares como obras espíritas, mas deixaram a desejar como obras cinematográficas, assim, entendo que os espíritos estão nos treinando para que em breve possamos pro-duzir grandes filmes, doutrinária e cinematograficamente falando.

4. Relate uma experiência mar-cante com a direção do � lme.

Tudo é absolutamente marcante, pois nós percebemos a presença dos espíritos o tempo todo. Mas, em Causa e Efeito, algo que nos impressionou foi o fato de não perdermos um dia sequer de trabalho, já que não houve imprevisto ou alteração climática que nos atrapalhasse. Me lembro de um dia que fomos fazer uma � lmagem externa e chovia, a equipe estava muito preo-cupada, mas nós dissemos “não se pre-ocupem, quando estivermos prontos a chuva para um pouquinho”, e assim se deu. Não nos passa pela cabeça a insa-nidade de achar que pararam a chuva para que trabalhássemos, mas sabemos que aqueles que efetivamente dirigem e produzem nossos trabalhos, ou seja, nossos amigos espirituais, dispõem de equipamentos de aferição meteoro-lógica tão superiores aos nossos que, quando nós marcávamos dia, local

e horário das � lmagens, eles já nos intuíam para que fosse feito nos dias, locais e horários em que as condições meteorológicas estariam perfeitas.

5. Como estimular o público es-pírita para essa e� ciente ferramenta de divulgação?

Isso vai acontecer naturalmente, quando tivermos cada vez mais e melhores � lmes espíritas. O públi-co reconhecerá a importância de divulgar e auxiliar, além de aplaudir nosso � lmes. r

Lucy Dias Ramos fala da desencarnação da filha

Escritora de Juiz de Fora-MG rela-ta experiência com a desencarnação da � lha. Transcrevemos trechos parciais da entrevista publicada no portal – www.oconsolador.com – ano V – edição 206, de 24 de abril de 2011.

1. Um de seus recentes livros aborda uma vivência pessoal. Qual foi essa vivência e qual o título da obra e editora?

Trata-se do livro Maior que a Vida, edição FEB. É a narrativa de minha vivência ao lado da � lha mais velha, que era médica e lutou durante cinco anos contra o câncer. Vivemos uma experiência dolorosa, mas sendo espíritas, lutamos com resignação e serenidade, usando todos os recursos que a Doutrina Espírita oferece. (...) Todos os dias eu retornava ao meu lar e escrevia o que havíamos vivido durante aquele dia, como um diário, anotações que se transformaram no livro (...).

2. Com a experiência vivida, o que teria a dizer a pessoas que vivem situações semelhantes?

Que não se desesperem. Con� em em Deus, porque tudo passará um dia, a dor será menos intensa e pre-cisamos prosseguir vivendo com sere-nidade íntima. Quanto mais calmos e con� antes, mesmo sofrendo, nossos entes que já partiram receberão os re� exos de nossos pensamentos, de nossas atitudes e não merecem rece-ber emanações de nossa intemperan-ça e de nossa dor com desequilíbrio. (...) Eles também sentem nossa falta, sentem saudades, mas não podemos impedir sua caminhada nessa outra dimensão de vida e tentar retê-los a nosso lado. Se você os ama, ore e con� e em Jesus (...). r

Therezinha Oliveira e Célia Xavier Camargo

Conhecidas autoras relatam suas histórias.

Personalidade marcante na his-tória do Espiritismo nacional, com

mais de 50 anos de atividades inin-terruptas na seara espírita, � erezinha Oliveira já presidiu o Centro Espírita “Allan Kardec” e a USE de Campi-nas-SP. Oradora brilhante, proferiu mais de duas mil palestras em todo o Brasil e até nos EUA. Suas obras já ultrapassaram a marca de 600 mil exemplares publicados, sendo 200 mil de livros e 400 mil de livretos. Por sua experiência, conhecimento, ativa dedicação e � delidade aos postulados espíritas, � erezinha Oliveira conti-nua a contribuir de forma inestimável para a causa espírita, mesmo com sua desencarnação ocorrida no dia 28 de agosto de 2013, em Campinas-SP, cidade onde residia.

Célia Xavier Camargo, nasceu em Gália-SP e reside, há anos, em Rolândia-PR. Ela e o marido – Joa-quim Norberto de Camargo – estão à frente de um grande trabalho de amparo e assistência a famílias caren-tes. Estão vinculados ao Centro de Educação Infantil João Leão Pitta, em Rolândia, sendo seu marido o fundador e presidente. Célia é � lha de Urbano de Assis Xavier, médium de que Cairbar Schutel (Espírito) utilizou-se para se dirigir a antigos companheiros da seara espírita, em Matão-SP, em 1938, quando da própria desencarnação. Bacharel em Contabilidade e Direito, é escritora e expositora espírita. Psicografou e publicou livros de nobres Espíritos.

Conheça a história de ambas, acessando: www.tribunaespita.org. r

Gutemberg Paschoal da SilvaTrazendo oficina de música ao

EAC 2013, conheça o autor do livro Música para Evolução do Espírito.

Trabalhador da Área de Comu-nicação Social Espírita do CEERJ, instituição que atuou como Diretor por seis anos. Participa do gruo de coordenação do trabalho de COMEERJ. É músico e professor de Língua Portuguesa e Redação, pós-graduado em Psicopedagogia e História da Educação. Atua no Mo-vimento Espírita como expositor, re-alizando palestras e seminários pelo estado do Rio de Janeiro e outros, a respeito de temas variados, tais como: “O Centro Espírita”, “Música e Espiritismo”, “Relacionamentos Humanos”, “Allan Kardec e a Codi-� cação – Levantamento Histórico”, “Comunicação Social Espírita”, “Modelos e Práticas de Liderança na Casa Espírita”, “Oratória Responsá-vel”, “Doutrina Espírita – proposta de vida plena”, “Felicidade e Espi-ritismo” etc. r

Page 12: Dever de gratidão - Tribuna do Espiritismo - março … setembro de 2013 PÁGINA 2 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” – Mateus 5:3 Sidney

Araraquara, setembro de 2013 PÁGINA 12

“(...) Reconheço que no movi-mento espírita existe muita gente que trabalha com vigor, buscando a própria iluminação e estendendo seu conhecimento aos irmãos que tanto necessitam de orientação e amparo. Trago a intenção, com essas palavras, talvez um tanto duras mas necessárias, de acor-dá-los para as realidades maiores,

visto que nossa maior vitória é a da própria elevação moral. (...)

Trecho parcial da mensagem trans-mitida pelo Espírito Cairbar Schu-tel, em psicogra� a de Célia Xavier Camargo, na manhã de 24/9/2012, em Rolândia-PR, no dia seguinte ao encerramento do 2. Encontro Cair-bar Schutel, ocorrido em Matão-SP.

Feira do Livro EspíritaA U.S.E. - União das Sociedades Espíritas de Araraquara promove,

de 28 de setembro a 6 de outubro, na Praça Santa Cruz, a Feira do Livro Espírita.

Durante este período, a feira estará aberta ao público todos os dias, das 10 às 22 horas, à exceção dos dias 29 de setembro (domingo), em que a feira funcionará das 9 às 18 horas, e do dia 6 de outubro, em que estará aberta das 9 às 18 horas.

Con� ra as atividades programadas para a feira: 29/set - 09:00h (domingo) - Márcio Correa (São Carlos);29/set - 16:00h (domingo) - Atividades da Mocidade;02/out - 20:00h (quarta-feira) - Orson P. Carrara (Matão);03/out - 20:00h (quinta-feira) - Otaciro R. Nascimento (São Carlos);04/out - 20:00h (sexta-feira) - Nilza R. Pelá (Ribeirão Preto)05/out - 17:30 (sábado) - Atividades Infanto-Juvenis06/out - 09:00h (domingo) - Eliseu Mota Jr. (Franca)

Seminário com Sandra FioreA União Espírita Paschoal Grossi realiza, no dia 5 de outubro, seminário

com Sandra Fiore.A exposição terá como temas: “Medo de falar em público”, “Palavra com

responsabilidade” e “Como desenvolver os temas”.A participação no seminário se dará por meio de inscrições, que podem

ser realizadas pelo telefone (16) 3335-7191, com Cecília, ou na secretária da União Espírita Paschoal Grossi, localizada na Rua São Bento, 2.395, em Araraquara.

Programação de eventos em Araraquara, Matão e região

Anuncie gratuitamente palestras ou eventos no jornal e em nosso site. Envie um e-mail para:

[email protected]

Aos espíritas