DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro...

41
ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 127 • Nº 2.168 • Novembro 2009 D EUS ,C RISTO E C ARIDADE

Transcript of DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro...

Page 1: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

ISSN

141

3 - 1

749

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 127 • Nº 2.168 • Novembro 2009DEUS , CR I S TO E CAR I D ADE

Page 2: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: ������� ��� �� ���

������������������������������������� �!����"��#��$$%� �! � �&�'(�

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO E EVANDRO NOLETO

BEZERRA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

��������

Espiritismo e educação

������ ����� ������������

Convite ao trabalho em União

��� �������������������

Unificação – Bezerra de Menezes

�����– Maria Dolores

� ����������������

Educa – Emmanuel

����������� ������

Esperanto e preconceitos – Affonso Soares

Trova/Trobo – Jovino Guedes

������� � ����

�����!������ �������"��� – Juvanir Borges de Souza

������� �����#� �– Irmão X

�� ����$������� ������������– Cruz e Souza

����� ��!"���"�"����$�"%%%�– Richard Simonetti

& �� � ���� ��!������ ���"$��� �– Christiano Torchi

���'�"������"����� �$���(������ � �����–

Clara Lila Gonzalez de Araújo

)� ���"����* "���– Ismael

�"�������"���� ������ "��+���!��������* ��!���

,����-�– Marta Antunes Moura

&��� ���������!.�– Mário Frigéri

������/��������������"���������� !������–

F. Altamir da Cunha

��"�"����#� ��� �01��� ����������2!����

01��� ��������������3����������� �)������� ��

4!���!�� �� � ���� �

�� !���"����5!� ���– Vinícius

���������*�������������������6������4������

7

8

9:

90

98

;;

;7

;0

;<

:=

:0

:8

:<

=1

=�

99

9=

97

;9

:;

=;

�!"/����>�������

��6��&��6��*��������)�����)�*�R$ 39,00!-�������)*���R$ 5,00

��6��&���?�6*&6�������)�����)�*�US$ 35,00

Assinatura de Reformador: ��*&0�1��2���(�3(�'4 5���(�3(��4

E-mail: �������)���&��/�������6/�"����*&��7&"�

Page 3: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

= 6����"���� 5� !����"��� �$$%402

o final do capítulo III do Livro III de O Livro dos Espíritos,1 que trata daLei do Trabalho (Questões 685-685a), Allan Kardec tece comentários arespeito da importância da educação na formação moral do ser huma-

no, os quais, pela sua permanente atualidade, transcrevemos:

[...] Há um elemento a que não se tem dado o devido valor e sem o qual a ciência

econômica não passa de simples teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a

educação moral. Não nos referimos à educação moral pelos livros e sim à que consiste

na arte de formar os caracteres, àquela que cria hábitos, uma vez que a educação é o

conjunto dos hábitos adquiridos. Quando se pensa na grande quantidade de indivíduos

que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e

entregues a seus próprios instintos, serão de admirar as consequências desastrosas que

daí resultam? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem

terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os

seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar com

menos dificuldade os dias ruins que não pode evitar. A desordem e a imprevidência

são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Eis aí o ponto de

partida, o elemento real do bem-estar, a garantia da segurança de todos.

Neste contexto, o Espiritismo nos proporciona as condições necessárias para umprocesso de constante autoeducação, com a formação de hábitos bons. O estudometódico dos ensinos espíritas; a prática sistematizada da reunião do Evangelhono Lar; o perseverante trabalho nos núcleos espíritas, atendendo aos que buscamassistência e orientação; assumindo tarefas de ensino espírita às crianças, aos jo-vens, aos adultos e aos idosos; dedicando-se à difusão do Espiritismo por todos osmeios lícitos de comunicação; exercendo a mediunidade dentro dos nobres princí-pios que o Evangelho inspira; cultivando a solidariedade, a fraternidade e apaciência em todas essas realizações, representam, sem dúvida, ações lógicas e coe-rentes que atendem à nossa real necessidade de evolução e ajudam outros compa-nheiros de jornada evolutiva a encontrarem motivação, ânimo e compreensão paraos naturais desafios que enfrentam.

Desta forma, gradativa e constantemente, vamos substituindo os velhos e infelizeshábitos que possuímos, caracterizados pelo egoísmo e pelo orgulho, por novos ebons hábitos, caracterizados pela maior presença dos ensinos do Evangelho, que noslibertam para níveis mais altos.

��������� ��� ����

��������

1KARDEC, Allan. Ed. Comemorativa do Sesquicentenário. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio deJaneiro: FEB, 2007.

Page 4: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

7!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 403

evelar é tornar conhecidoum fato, uma parte da ver-dade antes desconhecida,

ou uma manifestação da Nature-za, que antes era observada masde que não se conhecia a causa.

Em um mundo atrasado, comoa Terra, habitado por seres imper-feitos que necessitam evoluir nossentimentos como nos conheci-mentos, as revelações de naturezamoral e as de caráter intelectualsão essenciais, proporcionadaspelo Criador através de suas leisperfeitas e eternas.

A progressão da população ter-rena, constituída por Espíritos emdiferentes estágios evolutivos,embora lenta, é constante e con-tínua, como se pode observar pe-la comparação de períodos his-tóricos separados pelos séculos emilênios.

Todas as ciências, que tornamconhecido aquilo que se achavaoculto na Natureza, fazem revela-ções que vão enriquecendo o pa-trimônio crescente das humani-dades que, por sua vez, se reno-vam continuamente com a encar-

nação e a reencarnação de seresencaminhados a este mundo, deacordo com as leis divinas.

A Física, a Química, a Astrono-mia, a Medicina e todas as demaisciências, aumentaram os conheci-mentos humanos, que podem serconsiderados revelações.

Ao lado do saber de ordemcientífica, ligado aos elementosmateriais, alinham-se os conheci-mentos de natureza espiritual.

Toda revelação, seja nocampo da matéria, sejano do espírito, os doiselementos do Univer-so, representa sempreum aspecto da Ver-dade, sua caracterís-tica essencial.

No decorrer dosséculos e dos milê-nios, os homens, au-xiliados pela Espiritua-lidade superior, têm reti-ficado muitos de seus co-nhecimentos científicos, filo-sóficos e religiosos tidos comoverdadeiros, mas contraditadospor novas concepções.

É a verdade que se impõe, subs-tituindo o que fora anteriormenteadmitido como fatos, mas quenão foram confirmados comorealidades.

São muitos os exemplos das mu-tações de conceitos, ideias, pensa-mentos e definições, consideradose aceitos como corretos, por outrosque os substituíram, por encerra-rem concepções verdadeiras.

� ���!��� ���

8��9�8�������6

JU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

Page 5: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

Assim ocorreu com os conceitostradicionais de matéria, oriun-dos das filosofias aristotélica eescolástica, que se modificaraminteiramente, quando a Ciênciamoderna chega à conclusão deque a matéria, em todas as con-dições sob as quais se apresenta,é sempre uma forma de energiaconcentrada.

Nos domínios das religiões edas crenças, as transformaçõesdas ideias são profundas, com ainterferência da Espiritualidadepara as retificações necessárias,na medida em que os homensse apresentam em condi-ções de aprender e enten-der o que lhes é desco-nhecido.

Nesse sentido, há exem-plos de transformaçõesradicais nas concepçõeshumanas que, do politeís-mo dominante por mui-tos milênios, passaram àcrença verdadeira no Deusúnico, trazida pela revelaçãomosaica e confirmada peloCristo.

Desse modo, as revelações ocor-rem tanto no âmbito das ciênciasquanto no das doutrinas religio-sas e filosóficas, uma vez que elassão auxílios superiores a serviçodo progresso das criaturas que,por suas próprias limitações, nãoconseguiram evoluir sem o auxí-lio do Criador, que designa seusmissionários para transmiti-lasaos homens.

No que se refere às religiões e àfé, as revelações particularizam-seespecialmente com a moral e com

as coisas espirituais, muito maisdifíceis de serem compreendidas evivenciadas pelos homens, já queindependem dos sentidos físicos eda inteligência.

Não foi por outro motivo que oCristo se preocupou mais com osensinos morais do que com os denatureza científica.

Além disso, Jesus utilizou, mui-tas vezes, em suas lições e exem-

plos, linguagem figurada e simbó-lica, apropriada ao melhor enten-dimento daqueles que o ouviam,tendo em vista a dificuldade quetinham para a percepção das ver-dades que lhes eram transmitidas.

As diversas religiões tiveramseus reveladores, que auxiliaramna compreensão parcial da verda-

de por elas divulgada, apropria-da à época e aos povos aos quaispertenciam.

A existência de várias crençasreligiosas, cada qual com seus re-veladores, demonstra que elas nãoestão isentas de erros e enganos.

Representam, sim, fases do pro-gresso, lei divina que impulsiona aevolução, desde que acolhidas asretificações necessárias.

Em nosso mundo de expiaçõese provas, as crenças religiosas,benéficas por um lado, por outrotêm sido utilizadas para o

domínio de populações e paraa satisfação de ambições in-

justificáveis, gerando con-flitos entre elas.

As revelações podemser verdadeiras, confiáveis,definitivas, como tambémpodem ser incompletas,parciais e sujeitas a modi-ficações futuras.

As que emanam de Deus,como as que o Cristo trans-

mitiu à Humanidade, quandode sua excepcional missão, há

dois mil anos, têm o caráteressencialmente divino da verdade.

As revelações de Jesus, consti-tuídas por seus ensinos e exem-plos, de acordo com suas própriaspalavras, foram complementadaspelo Consolador que Ele prome-teu enviar, com autorização doPai, o qual já se encontra no nossomundo, desde os meados do sécu-lo XIX. É o Espiritismo, a Doutri-na Consoladora.

Esse importante conhecimentodos tempos atuais, denominadotambém Terceira Revelação, suce-

0 6����"���� 5� !����"��� �$$%404

�����:��*��

��7

����

�����

����

����

��0�

;9��

�0 8

���

���&

<�=

����

��&�

�7 <

�=� >

�*�0�

�����

�*�?�

*���

��?

��(.

�.&@�

7A&

Page 6: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

dendo às revelações mosaica e doCristo, deu-nos as informaçõessobre o mundo invisível, que sem-pre existiu, mas do qual os ho-mens não tinham noções precisas,nem das leis que o regem, nemdas suas relações com o nossomundo físico.

A natureza dos seres que o ha-bitam é o Espírito imortal, ou se-ja, o estado do próprio homemapós a morte do corpo físico.

A Revelação Espírita é, ao mes-mo tempo, divina e científica,uma vez que sua iniciativa foi daEspiritualidade superior, prome-tida por Jesus e autorizada porDeus, para que os homens fos-sem esclarecidos acerca de ver-dades e realidades que eles des-conheciam e que não poderiamalcançar por si mesmos, sem acooperação e as instruções dosEspíritos superiores.

Por outro lado, seu carátercientífico se deve ao fato de que,tanto os Espíritos que a transmi-tiram, à frente o Espírito de Verda-de, quanto os que a receberam –o Codificador e os intermediá-rios adredemente preparados pa-ra os trabalhos (médiuns) – nãoestavam dispensados das árduastarefas da observação, da pes-quisa, do confronto com o quejá era conhecido, do raciocíniológico e do livre exame do queera transmitido.

Além disso, a Doutrina Espíritanão foi imposta pelos Espíritos àcrença cega, mas deduzida peloshomens que a receberam, espe-cialmente o seu Codificador, pre-parado anteriormente para a ob-

servação, o estudo e as compara-ções dos fatos.

Desse modo, a elaboração daDoutrina obedeceu ao métodoexperimental e, tal como nas ciên-cias positivas, não estabeleceuqualquer teoria preconcebida.

A existência dos Espíritos, doperispírito, da lei da reencarnaçãoe de todos os princípios doutriná-rios são fatos comprovados pelaobservação rigorosa.

Assim como a Ciência da Terratem como objetivo o estudo detudo que se refere à matéria, o Es-piritismo busca o conhecimentodas leis que regem o princípioespiritual.

Sendo a matéria e o espírito osdois elementos do Universo, aCiência e o Espiritismo se com-pletam e se apoiam reciproca-mente. Mas o conhecimento detudo que se refere à materialidade

tinha que vir antes do que diz res-peito à Espiritualidade, porque amatéria é que mais diretamenteimpressiona os sentidos físicos doEspírito encarnado.

A comunicação entre os seresdos dois mundos, o material e oespiritual, produz consequênciasde grande importância, uma vezque nas diferentes Esferas Espiri-tuais está o futuro que espera to-dos os que vivem na Terra, após amorte do corpo físico.

As revelações que vieram dasrelações entre os dois mundosacarretaram grandes mudançasnas crenças, nos hábitos e nosprocedimentos humanos, já queo homem pode saber, com segu-rança, o que o espera após a mor-te do corpo.

O conhecimento do Espiritis-mo tem, pois, extrema importân-cia para todos os povos, interes-sando a todas as nacionalidades, atodas as classes sociais e a todos oscultos religiosos, pelos esclareci-mentos que oferece sobre a vidafutura, principalmente quando sereconhece o estreito relaciona-mento entre os ensinamentos mo-rais de Jesus e as verdades e reali-dades da Doutrina Consoladora.

[...] mais tarde, porém, enviar-

-vos-ei o Consolador, o Espírito

de Verdade, que restabelecerá

todas as coisas e vo-las explica-

rá todas. (S. João, 14, 16; S. Ma-

teus, 17.)1

@!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 405

1KARDEC, Allan. A gênese. 52. ed. 1.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 1,item 26.

Oconhecimento

do Espiritismo

tem extremaimportânciapara todosos povos

Page 7: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

osé Benevides reencarnoucom um excelente programade atividades em favor da au-

toiluminação.Espírito fracassado vá-

rias vezes, nas hostes cris-tãs onde militou em ou-tras existências, preparou--se na erraticidade sob ocarinho de dedicados ben-feitores espirituais parao cometimento de re-paração que lhe diziarespeito.

Dificuldades e pertur-bações que o haviam ven-cido foram reexamina-das, debilidades moraisestiveram sob estudo cui-dadoso, angústias recebe-ram tratamento especia-lizado e todo um progra-ma de serviço foi elabo-rado com a anuência doviajante da esperança.

Reencarnou compro-metido com as lides es-píritas, encarregadas derestaurar na Terra o pensamen-to de Jesus, que também ele cons-purcara oportunamente com a

conduta reprochável que se per-mitia, experienciando, antes doberço, muitos fenômenos me-diúnicos, de modo que a facul-

dade lhe servisse de instrumen-to valioso para o ministério libertador.

Banhos magnéticos foram-lheaplicados, exercícios de concen-tração e técnicas de bioenergiaforam providenciados, a fim de

que se encontrasse robus-tecido no ânimo e na fé,objetivando a vitória so-bre as más inclinações dopassado.

Desse modo, em facedas providências seguras,renasceu em lar espírita,haurindo o conhecimentoda Doutrina desde os pri-meiros dias, aprimorandoo caráter frágil nos exem-plos domésticos.

Desde cedo habituou--se a conviver com os de-sencarnados que lhe apa-reciam amiúde, manifes-tando-se com frequên-cia, dessa forma prepa-rando-o emocionalmen-te para a tarefa enrique-cedora da divulgação evivência do Espiritismo.

Desde os primeiros anos,como era de esperar-se, reveloupendores religiosos, que se ma-nifestaram na infância, partici-

���8������ ��#�

4

8 6����"���� 5� !����"��� �$$%406

Page 8: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

pando da evangelização espíri-ta em Núcleo bem constituídodoutrinariamente, demonstran-do lucidez no entendimento dasmensagens e loquacidade espe-cial para os comentários quan-do lhe eram solicitados.

Aos quatorze anos, começou aexplanar a Doutrina entre oscompanheiros no grupo juvenil,tornando-se líder natural estima-do por todos.

Na sucessão do tempo, tornou--se expositor simpático e convin-cente, logo arrebanhando expres-sivo número de simpatizantes eadeptos da sua oratória brilhan-te, que se foi aprimorando me-diante a experiência e os estudoscontínuos.

Tornando-se advogado, vincu-lou-se ao serviço público, justifi-cando a necessidade de um saláriodigno para a sobrevivência e detempo hábil para dedicar-se aoministério de divulgação da Ter-ceira Revelação.

Em razão do número de ami-gos que mourejavam à sua volta,foi estimulado a criar uma So-ciedade Espírita, na qual pudes-se ampliar as possibilidades deserviço doutrinário, e utilizardos amplos recursos da mídiamoderna para a finalidade a quese propunha.

Não teve qualquer dificuldade,porquanto pessoas abastadas, po-liticamente bem situadas, que lherecorreram ao auxílio através dafaculdade mediúnica de valor in-questionável, dispuseram-se a aju-dá-lo no cometimento, que se fezcoroar de êxito.

No começo, a fidelidade à Co-dificação Espírita era total e todosos empreendimentos objetivavama iluminação de consciências e oconforto dos corações atemoriza-dos ou sofridos pelos infortúniosda existência.

Dedicado, procurava lenir asexulcerações das almas, envolven-do-as em carinho e em esperança.

A mediunidade abriu-lhe asportas para o sucesso, e o entusias-mo de pessoas inadvertidas, tele-guiadas por Espíritos zombetei-ros, passou a envolver o trabalha-dor do Evangelho, que lentamentedespertou os adormecidos com-portamentos levianos e insensatos,deixando-se arrastar pela presun-ção e autovalorização.

Embora a ocorrência, perma-necia dedicado às atividades quelhe diziam respeito, estando sem-pre em labor decorrente da agen-da de compromissos oratórios,que o levavam de um para outrolado, escasseando-lhe o tempo pa-ra reflexões, autoanálises, refazi-mento de forças morais...

O seu estilo especial e agradávellogo fez escola, e diversos simpati-zantes passaram a constituir-lhecorte generosa e bajulatória.

À medida que os anos se doba-ram uns sobre os outros, José Be-nevides foi-se afastando dos so-fredores, dos mais necessitados,demonstrando desagrado ante osexcluídos, que passou a denomi-nar como os malcheirosos.

As pessoas de sociedade que ocercavam, asfixiando-o com elo-gios mentirosos e referências vãs,tomaram o lugar dos desprotegi-

dos socialmente, daqueles paraquem viera Jesus, naturalmentesem exclusão dos dominadores domundo...

Com o tempo, embora a jovia-lidade que mantinha, passou acultivar a irritação interior e o té-dio, desde que tudo lhe corriaagradável e fartamente, desencan-tando-se com as próprias aspira-ções, exceto nos momentos deexaltação da personalidade.

O nobre Espírito Henrique, seudedicado mentor que o acompa-nhava desde antes do renascimen-to carnal, percebendo o perigo emque se encontrava o pupilo invigi-lante, não regateou socorros: ad-vertências verbais e escritas, inspi-ração superior, enfermidades va-riadas com o objetivo de demons-trar-lhe a fragilidade orgânica, al-guns problemas nos relacionamen-tos afetivos, solidão... Convidava-oconstantemente à oração e à con-vivência com a caridade em relaçãoaos irmãos da retaguarda, igual-mente com os desencarnados emsofrimento, que evitava, narcisis-ticamente, acreditando-se médiumespecial para contato somentecom os Espíritos elevados...

Prosseguindo nos disparates,permitiu-se o culto ao corpo, uti-lizando-se dos recursos em voga,e, passando dos temas sérios àvulgaridade, àqueles de humorduvidoso, assumiu comporta-mentos esdrúxulos...

Aplaudido e enganado em simesmo, foi-se divorciando da con-duta enobrecida, passando a agre-dir verbalmente as demais pes-soas, quando se sentia contra-

<!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 407

Page 9: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

riado ou temendo competidores,ele que se fizera competidor dosoutros, como se fosse irretocável,um missionário sob medida parao divertimento e a salvação daHumanidade.

Sentindo-se desconsiderado, omentor advertiu-o severamente,explicando-lhe a gravidade da si-tuação elegida e os riscos que lherondavam.

A obsessão, em decorrência docerco de inimigos do passado, quelhe padeceram injunções penosas,instalou-se-lhe nos painéis men-

tais e, obstinado pela conquista deaplausos, de fama, saiu da prote-ção amorosa do generoso guia,que lhe reservou a dádiva do tem-po para o despertamento.

Tornando-se frívolo e imitandoos triunfadores do mundo, esque-ceu-se da simplicidade e da abne-gação, fazendo-se interesseiro eatormentado.

Para o público, mantinha a apa-rência alegre, bombástica, a críticaferina, enquanto que, a sós, cediaespaço à angústia em insidiosoprocesso depressivo e obsessivo.

Conheci o candidato à ilumi-nação nos seus áureos tempos erecordo-me das formosas e edifi-

cantes exposições espíritasde que se fazia portador.Acompanhei, também,logo depois, as preocupa-ções do devotado ben-feitor rejeitado, assim co-mo as suas advertên-cias carinhosas, masBenevides, à seme-

lhança de Epime-teu, deixou-se se-

duzir por Pan-dora enviada

pelo colérico Zeus, e sucumbiu--lhe aos encantos e enredamentos...

Tive ocasião de revê-lo recente-mente, mergulhado no abismo dotranstorno depressivo, aos sessen-ta anos, receando a morte que nãose permitira considerar quantodeveria, e que se lhe acerca apres-sadamente...

O antigo excelente orador emédium, multiplicador de opi-niões, verdadeiro show man, afas-tou-se das hostes doutrinárias e,abandonado pelos aficionadosque antes o aplaudiam e agora ocensuram, sucumbe ao fracassoirremediável.

A teoria no seu verbo brilhanteinfelizmente não se fortaleceu naprática, no exemplo de vida corre-ta, defraudando a responsabilida-de e iludindo-se com as fantasiasda imaginação infantil.

Irmão X

1BC7�������8�7��/������*���D��)������*3

��� B������� >���8�#� ��� ������� ����-��8�

������������4�������������$$%#�������3

���� ���E����� �����9�� ��� ����F��#� ��

��*�����#�G�9��&2

91 6����"���� 5� !����"��� �$$%408

Page 10: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

6����"����� Como está organizadaa ação de unificação da FEEGO?� ��� Inspirados nas visitas deKardec às casas espíritas, incenti-vando a união dos trabalhadoresespíritas, e com base nas Comis-sões Regionais do Conselho Fede-rativo Nacional, iniciamos, a par-tir de 2000, a grande mudança naestrutura do Movimento Espíritagoiano, promovendo em todo o Es-tado as Comissões Zonais, encon-tros em que a Federação se reúnecom toda a sua equipe e, juntos comos trabalhadores de todas as áreasdos centros espíritas de cada região,buscam, com verdadeira fraterni-dade, as soluções, através da trocade experiências, para todos os pro-blemas que envolvem o dia a diade suas atividades e, ao mesmo tem-po, planejando ações para todo oano, como seminários, cursos, en-

contros regionais, dentre outros.O tempo proporcionou o aperfei-çoamento das atividades, motivan-do a mudança no Conselho Fede-rativo Estadual, onde os ConselhosRegionais, num total de 34 para246 municípios do Estado, passa-ram a coordenar e orientar o Mo-vimento Espírita, com verdadeirarepresentação, tal como se estrutu-ra o Conselho Federativo Nacionalda Federação Espírita Brasileira.

6����"����� Há planejamentos pa-ra atividades nos próximos meses epara o ano de 2010?� ��� Durante os nossos encon-tros, nas Comissões Zonais, sãoplanejados projetos e ações paratodo o ano, bem como se buscacolocar em prática as orientaçõespropostas pelo CFN, como porexemplo o “Plano de Trabalho

do Movimento Espírita Brasi-leiro (2007-2012)”. Diversas açõespara 2010 foram planejadas; inú-meras atividades, antes isoladas,

99!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 409

������G��������#���������������>�����F������E���������������������C������8���C���

������������ �7����*������������>!#�8���������"�����������H�F������I��������

���E�����������C������� �7����������&������8������*������B�8���J)���#��/�������

K)��"�����8������������)�*�����#���:����9���:��8���8����#�8������������

AS TO N BR I A N LE à O������ ��

������� ��

���"�*9��� 3���

Page 11: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

tornaram-se parte do CalendárioFederativo, fortalecendo os laçosde união, vivenciando na prática afraternidade entre as casas espíri-tas e a Federação. Um dos grandeseventos já programados para 2010é o nosso XXVI Congresso Espíri-ta Estadual, que durante 25 anostem proporcionado a difusão dosensinos de Kardec a todos os espí-ritas e simpatizantes, do Estado.

6����"����� E planejamento rela-cionado com o “Projeto Centená-rio de Chico Xavier”?� ��� Desde o início do lança-mento do Projeto estão sendo de-senvolvidas ações em todo o Esta-do, principalmente nos encon-tros zonais, com a participaçãodas casas espíritas, para esta me-recida homenagem ao nosso que-rido Chico Xavier. No nosso site<www.feego.org.br> o evento estáamplamente divulgado e existe umlink para acesso direto ao projeto,possibilitando não só o conheci-mento de toda a programação co-mo também fazer a inscrição nomesmo. Para 2010, ano da come-moração, iniciaremos pelo Con-gresso Estadual, durante o perío-do de carnaval, com a palestra deabertura, pelo nosso confrade Si-mão Pedro, de Minas Gerais, ho-menageando a figura inesquecíveldo incansável trabalhador de Jesuse sua obra, nosso inestimável Chi-co. Diversas ações estão sendo pro-gramadas para todo o referido ano.

6����"����� As Reuniões da Co-missão Regional do CFN da RegiãoCentro têm progredido?

� ��� Participamos há alguns anosdas Reuniões das Comissões Re-gionais e podemos afirmar quesão o grande instrumento de uni-ficação para as Federativas Esta-duais, por promoverem indiscuti-velmente a união dos espíritas e aunificação do nosso Movimentoem torno dos princípios da Dou-trina Espírita. Pela discussão de pro-blemas comuns e troca de experiên-cias, esses encontros definem açõesque nos ajudam a desenvolver asatividades federativas com acerto,proporcionando o aprimoramentode nossos trabalhos. Podemos citar,dentre outros projetos, o da atualiza-ção do livro Orientação ao CentroEspírita, cujo resultado, após in-tenso trabalho das Federativas,com ampla discussão sobre todosos assuntos, foi a sua aprovação pe-lo Conselho Federativo Nacional.O progresso é indiscutível, prin-cipalmente no desenvolvimentodos trabalhos, cujo aprimoramen-to tem sido uma constante; exem-plo é a ação amplificada dos secre-

tários com maior participaçãonas atividades desenvolvidas.

6����"����� Como avalia as açõesdo CFN, 60 anos após a assinatura doPacto Áureo?� ��� Basta comparar a atuali-dade, após o Pacto Áureo, com opassado. Podemos relembrar o tra-balho de tantos abnegados servido-res do Cristo, como, entre outros, oDr. Bezerra de Menezes, na luta pelaunião dos espíritas e unificação doMovimento Espírita, diante das di-ficuldades inerentes à época, prin-cipalmente em relação aos órgãosde unificação dos Estados, inexis-tentes na sua grande maioria. Como Pacto Áureo, um dos maiores be-nefícios foi a criação do ConselhoFederativo Nacional, em caráter per-manente, proporcionando comoconsequência a criação, em todosos Estados brasileiros, das EntidadesFederativas Estaduais que, atravésde sua reunião ordinária anual, du-rante esses 60 anos, ensejou o gran-de crescimento do Movimento

9; 6����"���� 5� !����"��� �$$%410

BC7�������>����������������8������� ������8��������������LB��@����������C��������9�8��M�����N

Page 12: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

Espírita devidamente estruturadonas bases sólidas da Codificação.Consideramos o CFN como o lo-cal de encontro dos planos físico eespiritual na programação e imple-mentação das diretrizes de im-plantação definitiva do Consola-dor prometido por Jesus.

6����"�����O que considera prioritá-rio para o Movimento Espírita atual?� ��� Continua sendo, na nossasingela opinião, a unificação do Mo-vimento Espírita com base na fra-ternidade. Já avançamos muito, masainda temos muito a avançar. Nãoserá possível realizar o trabalho queo Cristo espera de nós, sem estar-mos unidos no mesmo ideal – tra-balhadores, casas espíritas e órgãosde unificação –, pelos verdadeiroslaços de fraternidade. RepetindoKardec em sua viagem espírita de1862, podemos, com certeza, per-ceber que são atuais os seus con-selhos: “Continuai, pois, meusamigos, a grande obra de regenera-ção, iniciada sob tão felizes auspí-cios, e em breve colhereis os fru-tos da vossa perseverança. Provai,sobretudo pela união e pela práticado bem, que o Espiritismo é a ga-rantia da paz e da concórdia entre oshomens, e fazei com que, em se vosvendo, se possa dizer que seria de-sejável que todos fossem espíritas”.1

6����"����� Mensagem para o lei-tor de Reformador.� ��� Estamos vivendo um mo-

mento de transição em que o co-nhecimento do Evangelho de Jesusà luz da fé raciocinada que escla-rece, que consola, será a grandedemanda das criaturas sedentas deorientação diante dos sérios pro-blemas deste período de grandesmudanças, previsto e necessário aoaprimoramento da Humanidade.Pe-la vivência desses ensinos, buscandoa união estaremos preparados pa-ra transmitir às gerações do futu-ro as luzes benditas dos ensinos eexemplos de Jesus, sob o foco es-clarecedor e consolador da Doutri-na Espírita. Deixamos, como pala-vras finais, a reflexão sobre a men-

sagem ditada pelo Espírito de Ver-dade em 1863, intitulada “Os obrei-ros do Senhor”, quando nos exor-ta:“[...] ‘Trabalhemos juntos e una-mos os nossos esforços, a fim deque o Senhor, ao chegar, encontreacabada a obra’, porquanto o Se-nhor lhes dirá: ‘Vinde a mim, vósque sois bons servidores, vós quesoubestes impor silêncio aos vos-sos ciúmes e às vossas discórdias,a fim de que daí não viesse danopara a obra!’[...]”.2

9:!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 411

2N. da R.: KARDEC, Allan. O evangelhosegundo o espiritismo. 129. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2009. Cap. 20, item 5.

1N. da R.: KARDEC, Allan. Viagem espíritaem 1862 e outras viagens de Allan Kardec.2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. p. 16-17.

Há uma falange de trabalhadores,Espalhada nas sendas do Infinito,Desde as sombras do mundo amargo e aflito Aos espaços de eternos resplendores.

É a caravana de batalhadoresQue, no esforço do amor puro e bendito,Rompe algemas de trevas e granito,Aliviando os seres sofredores.

Vós que sois, sobre a Terra, os companheiros Dessa falange lúcida de obreiros,Guardai-lhe a sacrossanta claridade;

Não vos importe o espinho ingrato e acerbo,Na palavra e nos atos, sede o VerboDe afirmações da Luz e da Verdade.

>����0�M��� #�>���8��8���&����� �� ����������&��(&���&��&������&� �����

O������0�>�G#��$$(&��&��.�&

Cruz e Souza

���������������� ��������

Page 13: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

serviço da unificação em nossas fileiras éurgente mas não apressado. Uma afirmativaparece destruir a outra. Mas não é assim. É

urgente porque define o objetivo a que devemos todosvisar; mas não apressado, porquanto, não nos com-pete violentar consciência alguma. Mantenhamoso propósito de irmanar, aproximar, confraternizar ecompreender, e, se possível, estabeleçamos em cadalugar, onde o nome do Espiritismo apareça por le-genda de luz, um grupo de estudo, ainda que reduzi-do, da Obra Kardequiana, à luz do Cristo de Deus.Nós que nos empenhamos carinhosamente a todosos tipos de realização respeitável que os nossos prin-cípios nos oferecem, não podemos esquecer o traba-lho do raciocínio claro para que a vida se nos povoede estradas menos sombrias. Comparemos a nossaDoutrina Redentora a uma cidade metropolitana,com todas as exigências de conforto e progresso, paze ordem. Indispensável a diligência no pão e no ves-tuário, na moradia e na defesa de todos; entretanto,não se pode olvidar o problema da luz. A luz foi sem-pre uma preocupação do homem, desde a hora dafurna primeira. Antes de tudo, o fogo obtido poratrito, a lareira doméstica, a tocha, os lumes vincula-dos às resinas, a candeia e, nos tempos modernos, aforça elétrica transformada em clarão.

A Doutrina Espírita possui os seus aspectos essen-ciais em configuração tríplice. Que ninguém sejacerceado em seus anseios de construção e produção.Quem se afeiçoe à ciência que a cultive em sua dig-nidade, quem se devote à filosofia que lhe engrande-ça os postulados e quem se consagre à religião quelhe divinize as aspirações, mas que a base kardequia-na permaneça em tudo e todos, para que não venha-mos a perder o equilíbrio sobre os alicerces em quese nos levanta a organização.

Nenhuma hostilidade recíproca, nenhum desa-preço a quem quer que seja. Acontece, porém, quetemos necessidade de preservar os fundamentos es-píritas, honrá-los e sublimá-los, senão acabaremosestranhos uns aos outros, ou então cadaverizadosem arregimentações que nos mutilarão os melhoresanseios, convertendo-nos o movimento de liberta-ção numa seita estanque, encarcerada em novas in-terpretações e teologias, que nos acomodariam nasconveniências do plano inferior e nos afastariamda Verdade.

Allan Kardec, nos estudos, nas cogitações, nas ati-vidades, nas obras, a fim de que a nossa fé não se façahipnose, pela qual o domínio da sombra se estabele-ce sobre as mentes mais fracas, acorrentando-as aséculos de ilusão e sofrimento.

Libertação da palavra divina é desentranhar oensinamento do Cristo de todos os cárceres a quefoi algemado e, na atualidade, sem querer qualquerprivilégio para nós, apenas o Espiritismo retémbastante força moral para se não prender a interes-ses subalternos e efetuar a recuperação da luz que sederrama do verbo cristalino do Mestre, desseden-tando e orientando as almas. Seja Allan Kardec, nãoapenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado,a nossa bandeira, mas suficientemente vivido, so-frido, chorado e realizado em nossas próprias vidas.Sem essa base é difícil forjar o caráter espírita-cris-tão que o mundo conturbado espera de nós pelaunificação.

Ensinar, mas fazer; crer, mas estudar; aconselhar,mas exemplificar; reunir, mas alimentar.

Falamos em provações e sofrimentos, mas nãodispomos de outros veículos para assegurar a vitóriada verdade e do amor sobre a Terra. Ninguém edifi-ca sem amor, ninguém ama sem lágrimas.

9= 6����"���� 5� !����"��� �$$%412

&

�������� �� ����� ������

���/�8�F��

Page 14: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

Somente aqui, na vida espiritual, vim aprenderque a cruz de Cristo era uma estaca que Ele, oMestre, fincava no chão para levantar o mundo no-vo. E para dizer-nos em todos os tempos que nadase faz de útil e bom sem sacrifícios, morreu nela.Espezinhado, batido, enterrou-a no solo, revelan-do-nos que esse é o nosso caminho – o caminho dequem constrói para Cima, de quem mira os conti-nentes do Alto.

É indispensável manter o Espiritismo, qual foientregue pelos Mensageiros Divinos a Allan Kar-dec, sem compromissos políticos, sem profissio-nalismo religioso, sem personalismos deprimen-tes, sem pruridos de conquista a poderes terres-tres transitórios.

Respeito a todas as criaturas, apreço a todas asautoridades, devotamento ao bem comum e instru-ção do povo, em todas as direções, sobre as Verdadesdo espírito, imutáveis, eternas.

Nada que lembre castas, discriminações, evidên-cias individuais injustificáveis, privilégios, imunida-des, prioridades.

Amor de Jesus sobre todos, verdade de Kardecpara todos.

Em cada templo, o mais forte deve ser escudo parao mais fraco, o mais esclarecido a luz para o menosesclarecido, e sempre e sempre seja o sofredor o maisprotegido e o mais auxiliado, como entre os que me-nos sofram seja o maior aquele que se fizer o servidorde todos, conforme a observação do Mentor Divino.

Sigamos para a frente, buscando a inspiração doSenhor.

1I����7�����8�"������*���D��)��>���8��8���P������M�����#���

��)�����������)�9������E�����������#�����$ 4 �%',#�����"���"�#

I�&2��8*)E������*����������� �� �������� ����� � ����&���&�>�G&

97!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 413

Pelo Espírito ��.����

Não digas, coração, que a vida é triste,Porque a vida é grandeza permanenteE a Natureza, em tudo, é um cântico de glória,Desde o sol à semente.

Mágoas? Dizes que as mágoas lembram trevas,Que nem de longe sabes entendê-las...Contempla o céu noturno, revelandoAvalanches de estrelas.

Asseveras que os sonhos são feridas,Quais picadas de espinhos agressores...Fita o verde das árvores podadas,Recobertas de flores.

Nos dias de aflição, ante a força das provas,Recorda, na amargura que te oprime,Que a ostra faz nascer do próprio seio em chagaA pérola sublime.

Assim também, nas trilhas da existência,Se choras sem apoio e caminhas sem paz,Não te queixes do mundo... Serve, ama,Espera e vencerás.

A vida!... Toda vida é luz eterna,Escalando amplidões e buscando apogeus...E a presença da dor, em qualquer parte,É uma bênção de Deus.

����

>����0�M��� #�>���8��8���&��������� � �������������&�.&���&� ������O������0�>�G#��%��&����&��&

Maria Dolores

Page 15: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

90 6����"���� 5� !����"��� �$$%414

alando de um homem mau,que escapa de um perigo,costumais dizer: “Se fosse um

homem bom, teria morrido”. Poisbem, assim falando, dizeis uma ver-dade, pois, com efeito, muito amiú-de sucede dar Deus a um Espíri-to de progresso ainda incipiente pro-va mais longa, do que a um bomque, por prêmio do seu mérito, re-ceberá a graça de ter curta quantopossível a sua provação. Por conse-guinte, quando vos utilizais daqueleaxioma, não suspeitais de que pro-feris uma blasfêmia.

(Fénelon, capítulo V, item 22 deO Evangelho segundo o Espiritismo.)

Os bons vivem pouco.Os maus vivem mais.Logo, é bom praticar maldades.

Esse silogismo pode ser montadoa partir de afirmativas do tipo: se fos-se um homem de bem teria morrido.

Há nela dois erros de julgamento:Primeiro: o acidentado não é

bom, ou teria morrido.Segundo: Deus não é justo, por-

quanto mata os bons e preservaos maus.

Nada mais distante da realidade.Há gente boa que vive bastante.

Há gente má que tem existên-cia breve.

Não obstante, como diz Féne-lon, há provações difíceis que po-dem ser evitadas, na medida emque as pessoas substituam a moedada dor pela moeda Amor, que seexprime na prática do Bem, pararesgate de débitos cármicos.

Um homem bom, cumpridorde seus deveres, praticante da ca-ridade, sofreu uma hemorragiacerebral. Embora contando comas preces e vibrações de toda umacomunidade espírita, sob sua di-reção, veio a falecer.

Os familiares questionavam atéque ponto vale a pena exercitar oBem, se falta a proteção divina emsituações dessa natureza.

Suas dúvidas foram superadasquando um mentor espiritual in-formou-lhes que o falecido tinhapor programação existencial aocorrência de graves limitações fí-sicas, em existência vegetativa pa-ra resgate de débitos cármicos.

Em face de seus méritos, a mi-sericórdia divina o liberou da pe-nosa situação, transferindo-o pa-ra o mundo espiritual.

Essa abordagem de Fénelon nosfaz lembrar outro ditado popular:

Só o peru morre na véspera.

Faz referência ao dia anterior aoNatal, quando os perus eram sa-crificados para preparo da tradi-cional ceia.

Bem, amigo leitor, há aqui maisequívocos.

Depois da invenção do freezeros perus passaram a morrer bemantes, semanas e até meses.

E passa a impressão de que hádia certo para morrer, o que nãoé verdade.

A programação biológica da raçahumana atinge perto de cem anos.Raros atingem essa idade, porquan-to passamos a vida inteira a bri-gar com o corpo, submetendo-o amaus-tratos, de várias maneiras:

Vícios como o cigarro, o álcool,as drogas...

Alimentação em excesso, gluto-naria...

Trabalho indisciplinado, re-pouso insuficiente, sedentaris-mo...

Tensões nervosas, irritação...Mágoas, ressentimento, ódio,

rancor...

�� �� � )�9���� �� $�"&&&

�RI C H A R D SI M O N E T T I

Page 16: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

Tudo isso agride o corpo, produzmales que abreviam a existência.

Isso sem falar em gente que semata a partir de graves desvios decomportamento.

Basta lembrar os jovens que seenvolvem com a criminalidade. Aexpectativa de vida para eles é de25 anos, não por prêmio ao esforçodo Bem, mas por lamentável com-prometimento com o mal. Poucosultrapassam essa idade, habilitan-do-se a penosos reajustes no planoespiritual e atormentados resgatesem futuras reencarnações.

Muitos, literalmente, são ex-pulsos do corpo, como quem dei-xa uma casa que lhe cai sobre acabeça, por ter cuidado mal dela.

Diz André Luiz que quandoum Espírito consegue viver ple-namente o tempo de vida físicaque lhe foi concedido, cumprin-do o que veio fazer na Terra, é re-cebido com festas no Além, comoum completista.

Esse é um aspecto interessante,que deve merecer nossa reflexão.

Todos reencarnamos com algoa fazer.

Não estamos aqui por acaso.Há tarefas, compromissos assu-

midos, destacando-se:

Família.Pais, irmãos, cônjuge, filhos…

Há ajustes a serem feitos, relacio-nados com desentendimentos dopretérito e dificuldades de convi-vência do presente.

Sociedade.Além das atividades profissio-

nais, em favor da própria subsistên-cia, somos convocados aalgo fazer em favordo bem comum, se-dimentando a soli-dariedade em nós, acaminho do Amor,lei suprema de Deus.

Eternidade.Já vivíamos

antes do berço;cont inuare-mos a viverdepois do tú-mulo, chama-dos ao apri-

moramento incessante, no esfor-ço de renovação, a partir do estu-do, da reflexão, do empenho porsuperar mazelas e imperfeições,à luz do Evangelho, substituindo oHomem velho, cheio de defei-tos, pelo Homem novo, o Homemcristão, capaz de refletir a luz doCristo em seu comportamento.

É importante, nesse particular,a autoavaliação diária:

Estou observando o que plane-jei ao preparar-me para o mergu-lho na carne?

Estou cumprindo meus deveresperante Deus e a minha própriaconsciência, habilitando-me a umretorno feliz à pátria espiritual?

Vale lembrar a advertência deJesus (Mateus 7:21):

Nem todo o que me diz: Senhor,Senhor! entrará no Reino dos céus,mas aquele que faz a vontade demeu Pai, que está nos céus.

9@!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 415

Page 17: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

98 6����"���� 5� !����"��� �$$%416

tema que ilustra o títulodeste artigo é uma sequên-cia do ensino dos orienta-

dores da Codificação a respeito daintervenção dos Espíritos no mun-do corporal, especificamente sobreo comportamento deles nos com-bates.1 Influem os Espíritos no âni-mo dos homens em guerra? Emcaso positivo, como isso acontece?

Os Espíritos constantementenos rodeiam e exercem incessanteação sobre o mundo físico e o es-piritual, atuando sobre a matériae o pensamento. Tudo o que se pas-sa no plano visível reflete no invi-sível, que é o mundo causal. Asduas humanidades (física e espiri-tual) encontram-se unidas por la-ços indissolúveis, como se fossemduas faces da mesma moeda, emque funcionam as leis de afinida-de entre os seres pensantes: “[...]tudo o que ligardes na terra, terásido ligado no céu, e tudo o quedesligardes na terra, terá sido des-ligado no céu”.2

Por isso, não é de se estranharque haja Espíritos influenciandoos combates e amparando cadaum dos lados em duelo, comoocorre em qualquer situação cor-riqueira, na convivência em socie-dade, sobretudo nas grandes con-centrações urbanas, que não pres-cindem das leis humanas paradisciplinar o relacionamento en-tre os indivíduos.

Cada pessoa reage de forma di-ferente, quando seus interesses con-flitam com os de seus semelhan-tes. Conforme a elevação de cadaum, desses impasses pode sair umasolução espontânea, negociada ouo confronto direto ou indireto. Nostempos primitivos, quando o ho-mem vivia no estado de natureza,prevalecia a lei do mais forte. Coma evolução, surgiu o Direito, objeti-vando mediar os conflitos de formacivilizada, encaminhando-os parauma solução pacífica e evitando, as-sim, que o homem faça justiça comas próprias mãos. Apesar disso, asestatísticas da violência urbana erural demonstram que deixamosfalar mais alto dentro de nós os ins-tintos primitivos, dos quais aindanão nos libertamos totalmente.

O comportamento de dois in-divíduos que entram em litígio épadrão entre os Espíritos de evo-lução mediana: cada um supõeque a justiça esteja do seu lado. OsEspíritos inferiores, atraídos peloscontendores, quando influenciamos encarnados em confronto, nemsempre estão preocupados com quallado está a justiça: desejam que pre-valeça o direito daqueles com osquais se afinizam ou apoiam, comvistas a algum interesse que bene-ficiará a si mesmos, como resulta-do do embate.

Assim, é perfeitamente naturalque os Espíritos envolvidos emuma batalha procurem intuir oscomandantes dos oponentes, quetêm poder de decisão sobre os ru-mos da campanha. Ademais, os lí-deres e os combatentes podem serguiados por uma espécie de segun-da vista,3 que é a faculdade de o Es-pírito se desdobrar do corpo físico,durante a vigília, circunstância emque a pessoa vê, ouve e sente alémdos limites dos sentidos humanos.

�� � � ����

&CH R I S T I A N O TO RC H I

1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.91. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,2008. Q. 541 a 548.

2MATEUS, 18:18.

3KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.91. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,2008. Q. 447 a 454.

�)����� �� ��"$���

Page 18: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

A história das guerras está re-pleta de fatos dessa natureza. Casoclássico e bem difundido é o deJoana d’Arc (1412-1431), heroínafrancesa que, na condição de mé-dium, recebeu dos Espíritos orien-tações importantes que influí-ram para a vitória daFrança em algumasbatalhas acontecidasna chamada “Guerrados Cem Anos” con-tra a Inglaterra. En-tretanto, todos sabe-mos que a vitória,em uma guerra, pormais justa que pa-reça, tem um gostoamargo, em virtudedos efeitos colateraisprovocados.

O comportamen-to de alguns Espíritosque, mesmo depoisde perderem o corpofísico, durante o com-bate, continuam inte-ressados no confli-to, confirma o que jáaprendemos sobre aimortalidade do ser:o vaso físico é apenas oinvólucro do Espírito.Ao desencarnar, con-servamos nossa indi-vidualidade, porém,a morte não é igual para todos.Depende do estágio evolutivo decada um. Por isso, há Espíritos quecontinuam a se interessar pela ba-talha, lutando renhidamente, comose encarnados estivessem, enquan-to outros se afastam, por variadosmotivos.

Kardec entrevistou um Espírito,que perdera o corpo físico em com-bate travado durante a guerra da in-dependência italiana contra a Áus-tria,a chamada “Batalha de Magenta”,ocorrida em 4 de junho de 1859, daqual participou o exército francês.

O diálogo deu-se na Sociedade Pa-risiense de Estudos Espíritas, em10 de junho de 1859, tendo sido pu-blicado na Revista Espírita, da qualreproduzimos pequeno trecho:

12. No momento da morte perce-

bestes logo que havíeis morrido?

Resp. – Não; eu estava tão ator-

doado que não podia acreditar.

Observação – Isto concorda com

o que temos observado nos ca-

sos de morte violenta; não se

dando conta imediatamente de

sua situação, o Espíri-

to não se julga morto.

[...] Para ele a morte é

sinônimo de destrui-

ção, de aniquilamen-

to. Ora, desde que

vê, sente e raciocina,

julga não ter morri-

do. É necessário cer-

to tempo para poder

reconhecer-se.4

De modo geral,a separação entre ocorpo e o Espíritonão ocorre instanta-neamente. Morrer,biologicamente, é fá-cil; desencarnar jánão é tão simples as-sim. O Espírito nãotoma consciência desi mesmo logo apósa morte do corpo fí-sico, visto que passaalgum tempo em es-tado de perturbação,que também variade acordo com o

progresso de cada um: “A entradaem uma vida nova traz impressões

4KARDEC, Allan. O Zuavo de Magenta.In: Revista espírita: jornal de estudos psi-cológicos, ano 2, p. 277, jul. de 1859. Trad.de Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2005.

9<!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 417

O������Q��8���8�"�)��������E�������������FR���K)����/*)��8���������������:�������>���F�����L�)�����������������N

Page 19: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

tão variadas quanto o permite aposição moral dos Espíritos”.5 Noscasos de mortes violentas, que ocor-rem com frequência nos combates,mais fortes são os laços que pren-dem o corpo ao perispírito, daí ser oindivíduo tomado de espanto, e, seainda for muito apegado à matéria,não acredita estar morto, pois con-serva “as ilusões da vida terrestre”.6

As leis divinas são perfeitas. Asexpiações coletivas, em que gran-de multidão sofre os efeitos das lu-tas fratricidas, dos trágicos aciden-tes, dos terremotos e da misériasocial, entre outras catástrofes, po-dem representar resgates de faltaspassadas, porque atinge grandenúmero de pessoas, boas ou más.Ninguém sofre sem o merecer, emum planeta atrasado moralmentecomo o nosso, no qual a dor tam-bém serve de meio de purificaçãodos Espíritos, em processo de ree-quilíbrio e educação: “Ouvireis fa-lar de guerras e rumores de guer-ras; vede, não vos assusteis, porqueé necessário assim acontecer”.7

Algumas das obras da Série An-dré Luiz, psicografadas pelo mé-dium Francisco Cândido Xavier(1910-2002), trazem informações arespeito das repercussões, no mun-do espiritual, das guerras entre oshomens, e dos ataques de entidadesinferiores contra as cidadelas do

bem, situadas no plano espiritual,como, por exemplo, aquelas narra-das nos livros Nosso Lar, Obreiros daVida Eterna, Os Mensageiros, bemassim a investida frustrada contra a“Mansão Paz”, estampada no livroAção e Reação.8 Agredidos, os Es-píritos elevados se utilizam de efi-cientes recursos de defesa, sem des-curar do auxílio a esses irmãos ig-norantes, conscientes de que “as for-ças do Céu velam pelo inferno que,a rigor, existe para controlar o tra-balho regenerativo na Terra” e deque “a paz não é conquista da inér-cia, mas sim fruto do equilíbrio en-tre a fé no Poder Divino e a confian-ça em nós mesmos, no serviço pelavitória do bem”.9 (Destaque nosso.)

A guerra é resultado das pai-xões exacerbadas do homem, emvirtude da “predominância da na-tureza animal sobre a natureza es-piritual”, porém, ela desapareceráda Terra, quando os homens com-preenderem a justiça e praticaremas leis de Deus.10

Os flagelos destruidores provo-cados pelo ser humano represen-tam grave infração às leis morais.Apesar disso, eles o têm impulsio-nado à ascensão, ainda que pelo so-frimento. Isso não quer dizer que es-tão isentos de culpa aqueles quelançam a Humanidade em comba-tes sangrentos, por ambição. Neste

caso, muitas existências lhes serãonecessárias para expiar todos oscrimes de que hajam dado causa.

Considerando todo esse panora-ma que ainda reina em muitos cora-ções humanos, não é de surpreen-der que haja guerras no mundo:

Infelizmente, o ser humano ain-

da não está preparado para vi-

ver a paz, de forma que a guer-

ra representa, ao lado das graves

tragédias, um doloroso proces-

so de conquista da liberdade e

do progresso.11 (Grifo nosso.)

Esses contrastes que vemos sãobem típicos de um mundo de pro-vas e expiações, como é a Terra,em que o homem precisa da som-bra, para valorizar a luz, da dor,para valorizar a saúde, da tristeza,para valorizar a alegria: “A dor é oaguilhão que o impele para a fren-te, na senda do progresso”.12

O orgulho e o egoísmo estão naraiz de muitos conflitos, sejam elesindividuais ou coletivos. Quando ohomem cultivar mais a temperan-ça e utilizar melhor o seu livre-ar-bítrio, não terá necessidade do so-frimento para progredir. Se exis-tem guerras, é porque elas aindapermanecem dentro de cada umde nós, daí a necessidade de nos es-piritualizarmos para desfrutarmosde um mundo mais pacífico.

;1 6����"���� 5� !����"��� �$$%418

8XAVIER, Francisco C. Ação e reação. PeloEspírito André Luiz. 28. ed. 2. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2009. Cap. 3.

9Idem, ibidem. p. 41 e 44.

10KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.91. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008.Q. 742 a 745.

11ROCHA, Cecília. (Responsável pela or-ganização). Estudo sistematizado da dou-trina espírita: programa fundamental. T. 2,1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. p. 109.

12KARDEC, Allan. A gênese. 52. ed. 1. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 3, item 5.

5DENIS, Léon. Depois da morte. Ed. espec.1. imp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. P. 4, cap.Além-túmulo, item 30, A hora final, p. 270.

6Idem. O problema do ser, do destino e da dor.1. reimp. Rio de Janeiro: 2008. P. 1, cap. O pro-blema do ser, item 11, A vida no Além, p. 205.

7MATEUS, 24:6.

Page 20: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

;9!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 419

��� ������ �������Pelo Espírito �""�!�

“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?”

– PAULO. (I CORÍNTIOS, 3:16.)

�� ��

>����0�M��� #�>���8��8���&������ ���& ,'&���&��&������&� ������O������0�>�G#��$$%&����&�,$&

a semente minúscula reside o germe do tronco benfeitor.

No coração da terra, há melodias da fonte.

No bloco de pedra, há obras-primas de estatuária.

Entretanto, o pomar reclama esforço ativo.

A corrente cristalina pede aquedutos para transportar-se incontaminada.

A joia de escultura pede milagres do buril.

Também o espírito traz consigo o gene da Divindade.

Deus está em nós, quanto estamos em Deus.

Mas, para que a luz divina se destaque da treva humana, é necessário que os

processos educativos da vida nos trabalhem no empedrado caminho dos milênios.

Somente o coração enobrecido no grande entendimento pode vazar o heroísmo

santificante.

Apenas o cérebro cultivado pode produzir iluminadas formas de pensamento.

Só a grandeza espiritual consegue gerar a palavra equilibrada, o verbo sublime e

a voz balsamizante.

Interpretemos a dor e o trabalho por artistas celestes de nosso acrisolamento.

Educa e transformarás a irracionalidade em inteligência, a inteligência em

humanidade e a humanidade em angelitude.

Educa e edificarás o paraíso na Terra.

Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida, a fim de

manifestá-lo.

A

Page 21: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

análise do presente tema em-basa-se no Evangelho e naDoutrina Espírita, abstendo-

-se, contudo, de destacar as teses dasciências materialistas, que buscamsolucionar esses delicados e intrinca-dos problemas sem o conhecimentodas soberanas leis da vida, originadasno princípio divino da reencarnação.

Reencarnar é a oportunidadebendita que temos para retornar àvida corporal, cumprindo, por meiode uma ação material, os desígnioscuja execução Deus nos confia; per-mite-nos demonstrar o uso que fa-remos de nosso livre-arbítrio, pormeio de abençoado aprendizado, eestabelecer, para isso, diretrizes ade-quadas ao engrandecimento de nos-sos destinos imortais, através dos la-ços da verdadeira fraternidade.

Em decorrência, os compromis-sos fixados em nosso programa exis-tencial não são meros acordos su-perficiais, mas ensejam a possibili-dade de podermos realizar, em umanova existência, o que não foi pos-sível fazer ou concluir, nas provasde vidas anteriores. Daí procede a

certeza de que não escaparemos dasresoluções infelizes, sem os ajustesnecessários para resgatarmos os dé-bitos contraídos no pretérito e quetantas mutilações e conflitos gera-ram em nossas almas. A esse respei-to, afirma Allan Kardec, em nota àquestão 171, de O Livro dos Espíritos:

A doutrina da reencarnação [...]

é a única que corresponde à ideia

que formamos da justiça de Deus

para com os homens que se acham

em condição moral inferior; a

única que pode explicar o futu-

ro e firmar as nossas esperanças,

pois que nos oferece os meios de

resgatarmos os nossos erros por

novas provações. A razão no-la in-

dica e os Espíritos a ensinam.1

Sem dúvida, o Espírito reencar-nado pode e deve preocupar-se emplanejar a constituição e a organi-zação de sua família terrena: o nú-mero de filhos, o período propíciopara maternidade etc., sem eximir--se, no entanto, dos imperiosos res-gates a que está vinculado.No enten-

der do nobre Espírito Joanna de Ân-gelis,“os filhos, porém, não são rea-lizações fortuitas [...] Procedem decompromissos aceitos antes da reen-carnação pelos futuros progenitores,de modo a edificarem a família deque necessitam para a própria evolu-ção”.2 E conclui a bondosa Mentora:

A programação da família não

pode ser resultado da opinião

genérica dos demógrafos assus-

tados, mas fruto do diálogo fran-

co e ponderado dos próprios

cônjuges, que assumem a res-

ponsabilidade pelas atitudes de

que darão conta.

O uso dos anticonceptivos como

a implantação no útero de dis-

positivos anticoncepcionais, mes-

mo quando considerado legal, hi-

giênico, necessita possuir caráter

moral, a fim de se evitarem danos

de variada consequência ética.3

As decisões quanto à utilização derecursos anticonceptivos, por partedos casais espíritas, devem nortear-sepelos padrões morais-cristãos adqui-

���'�"��� /���*�����" � (���� ���E����

L!�����������������K)���)����9�@��������������8����K)�����F����������&N1O���#�,0�&2

CL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

;; 6����"���� 5� !����"��� �$$%� �420

Page 22: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

ridos nos ensinos dos princípios fun-damentais da Doutrina, confiantesnas palavras lúcidas e iluminadas dosbenfeitores espirituais, que declaram:

Deus concedeu ao homem, sobre

todos os seres vivos, um poder

de que ele deve usar, sem abusar.

Pode, pois, regular a reprodução,

de acordo com as necessidades.

Não deve opor-se-lhe sem neces-

sidade. A ação inteligente do ho-

mem é um contrapeso que Deus

dispôs para restabelecer o equilí-

brio entre as forças da Natureza e

é ainda isso o que o distingue dos

animais, porque ele obra com

conhecimento de causa. [...]4

Sem esquecer que “tudo o queembaraça a Natureza em sua mar-cha é contrário à lei geral”.5

As questões do sexo, entretan-to, não se reduzem a meros fatoresfisiológicos, mas se concentram naalma, em sua sublime edificação.Ao retornarmos ao mundo carnal,mesmo sem condições de viver in-tegralmente em regime de purifica-ção, pelas próprias imperfeições queainda nos caracterizam, é necessáriodespender intensos esforços paraconquistar qualidades mais eleva-das, como a ternura, a humildade,a delicadeza e o amor fraterno, a fimde lograrmos êxito ao obter o ne-cessário equilíbrio em nossas exte-riorizações do sentimento.

O preclaro autor espiritual An-dré Luiz, em um de seus livros, re-lata a experiência vivida, junto comseu Instrutor Calderaro, em centrode estudos “onde elevados mento-res ministram conhecimentos a

companheiros aplicados ao traba-lho de assistência na Crosta”.6 Naocasião, o mensageiro responsávelpela explanação da noite fez os se-guintes comentários, entre outros,sobre problemas atinentes ao sexo:

A construção da felicidade real

não depende do instinto satisfei-

to. A permuta de células sexuais

entre os seres encarnados, garan-

tindo a continuidade das formas

físicas em processo evolucioná-

rio, é apenas um aspecto das mul-

tiformes permutas de amor. [...]

Desenvolvamos, pois, carinhosa

assistência aos que se desespe-

ram no mundo [...]. Ensinemo-

-los a libertar a mente das ma-

lhas do instinto, abrindo-lhes ca-

minho aos ideais do amor santi-

ficante, recordando-lhes que fixar

o pensamento no sexo torturado,

com desprezo dos demais depar-

tamentos da realização espiritual

[...] é estacionar, inutilmente, no

trilho evolutivo [...].7

Como reter o fulgor reveladordesses conceitos, no momento emque tantas pessoas, motivadas pe-la excessiva permissividade sexual,ultrajam valores morais de formainimaginável? Lamentavelmente, emmeio a tantos descalabros do se-xo, a maternidade aviltada busca oaborto como solução para repe-lir os filhos indesejados, especial-mente entre certos jovens, desnor-teando os pais que não os prepara-ram devidamente para o enfrenta-mento das consequências de liga-ções sexuais precoces e irresponsá-veis, sem nenhum cuidado com oscompromissos morais assumidosde uns para com os outros. De queforma sanar problemas tão graves?

O Espiritismo revela-nos algofundamental:

Louváveis esforços indubitavel-

mente se empregam para fazer

que a Humanidade progrida

[...]. Para isso, deve-se proceder

como procedem os médicos: ir

;:!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 421

Page 23: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

à origem do mal. [...] Conheci-

das as causas, o remédio se

apresentará por si mesmo. [...]

Poderá ser longa a cura, porque

numerosas são as causas, mas

não é impossível. Contudo, ela

só se obterá se o mal for ataca-

do em sua raiz, isto é, pela edu-

cação, não por essa educação

que tende a fazer homens ins-

truídos, mas pela que tende a

fazer homens de bem. A educa-

ção, convenientemente entendi-

da, constitui a chave do progres-

so moral. [...]8 (Grifo nosso.)

Essa educação deve fazerparte do programa familiar, aser ministrada nos laresonde predominem oamor cristão e a fraterni-dade entre seus mem-bros, unidos pelos laçosda parentela: orientar osfilhos sobre temas alu-sivos ao sexo, abordan-do-se questões de acor-do com o nível de com-preensão de cada faixaetária, da infância e da ado-lescência, tendo como refe-rência principal a visão espírita,por considerar o retorno ao corpode carne conjuntura sublime deaperfeiçoamento dos sentimentose de aprimoramento das condi-ções intelecto-morais; preparar osjovens para o uso responsável dasexualidade, a partir de compor-tamentos de equilíbrio emocionale de respeito ao próximo, de mo-do a evitar, no futuro, arrasta-mentos no terreno da aventuraque interfiram na integridade e

na formação do caráter deles;ensinar às novas gerações que odever é a obrigação moral da cria-tura para consigo mesma, primeiro,e em seguida, para com os outros,conforme aconselha o EspíritoLázaro, em mensagem recebida,em 1863: “O dever principia, paracada um de vós, exatamente noponto em que ameaçais a felicidadeou a tranquilidade do vosso próxi-mo; acaba no limite que não dese-jais ninguém transponha com rela-ção a vós”.9

“Identifiquemos no lar a escolaviva da alma”,10 sem esquecer queas gerações novas, conforme pre-nunciado por Allan Kardec, são Es-píritos que reencarnarão com o ob-jetivo de “fundar a era do progressomoral”11 e, mesmo sem ascenderema classes mais elevadas na escalaespírita, estarão em condições decontribuir para melhoria da Terra.

Acolhamos o ensinamento deJesus sobre a necessidade de nas-cer de novo (João, 3:7): como pais,favorecendo a vinda desses Espí-ritos que necessitam povoar oorbe para sua transformação emmundo de regeneração; como es-píritas, planificando a existênciaem prol do esforço a desenvolverpela nossa transformação morale procurando, na prática cons-tante da caridade, sobretudo noreduto familiar, as condições ideaisde vida.

6����B��� �1S� ���#��**��&�� ����� ��� ��� �����&

�&� ��&� ����8&� ������ O������0� >�G#

�$$�&� ������C���� ��� S����8� T

K)���������&2> �!��#� ����*��� B&� ��!�

���������&�B�*�����E����

O���������U�7�*��&���*�����0

��#��%�4&����&��$#��&�.(3'�&3 ??????&�??????&��&�'$&4S� ���#� �**��&� ��&� 8��&#

K&�'%,�&5??????&�??????&�V&�'%,&

6M��� #�>���8��8���&�"� �����

����# B�*�� ���E����� ����D� )�H&

��&�����8&��&������&� ������O������0

>�G#��$$(&����&���#��&��.%&7??????&�??????&��&��'�&8S� ���#� �**��&� ��&� 8��&#� 8�����C���� ��

S����8�T�K)������%��&9??????&�� �������� ������� � �������

�����&�4&���&�����8&��&������&� ������O����3

��0�>�G#��$$(&����&���#�������&10 M��� #�>���8��8���&�$�� � ��%�&�B�*�

���E����������)�*&��'&���&��&� �����&� ��

���O������0�>�G#��$$%&����&�4#��&��'&11S� ���#��**��&�� �&����&��&���&�����8&

�&������&� ������O������0�>�G#��$$%&����&

�(#�������(&

;= 6����"���� 5� !����"��� �$$%� �422

Page 24: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

juda-me, Jesus! Ajuda-me, Mãe Santíssima! Irmãos! Filhos de minha alma, fiéis aprendizes de minha hu-

milde oficina na grande forja do Mestre e Senhor! – Eu vos saúdo e abençoo, em nome desse mesmo Mes-

tre e Senhor, pedindo recebais meus votos em vossos corações e os transmitais a todos os obreiros da seara

divina, aos trabalhadores de última hora que fazem jus ao salário e se entregam à tarefa com toda a dedicação.

Sim! O fruto amadureceu. E, na hora precisa, por todos pode ser saboreado, meus amigos – por todos os ar-

rebanhados por mim para preparar o celeiro. Na Pátria do Cruzeiro, homens falíveis criaram separações ima-

ginárias, embora no fundo seus corações buscassem a Jesus. Os que os assistiam mais de perto sabiam que, a

seu tempo, o véu que lhes encobria a verdade viria a ser afastado e o reino do entendimento raiaria entre eles,

para que unidos buscar pudessem o reino da Paz, aquele que só Jesus está em condições de distribuir entre os

homens. Avante, caravaneiros da Pátria do Evangelho! Não permitais que o homem velho sufoque o novo que

surge das páginas do Livro santo! Que a humildade seja a vossa primordial arma, a exemplo de Jesus. Que a re-

núncia, amigos, vos secunde em todos os atos para buscardes e terdes em vós o reino dos Céus. Jamais impere

o personalismo em vossos corações. Todas as vezes que a luta pela conquista do bem se vos tornar áspera e en-

contrardes dificuldades em vencê-las, orai, amigos da caravana que se não extingue. Orai! orai! Elevai-vos acima

de vós mesmos nas asas da prece e, na volta, certamente trareis um Anjo do Senhor convosco.

Testemunhos, nós os teremos que dar. Decepções, vós as encontrareis ainda. Mas, que dizermos do Sermão

da Montanha, se não houvera decepções? Benditos os que padecem perseguições e injúrias! Benditos os afli-

tos! Benditos os que sofrem carência de justiça!

As lutas terão que atingir-nos incessantemente. Todavia, se tivermos Jesus no coração, a fé que remove mon-

tanhas e a consciência tranquila do dever bem cumprido – diante da dor nada deveremos temer. Caminhare-

mos sempre.

Daqui faço um apelo aos meus colaboradores na divulgação do Evangelho, nesta parte do hemisfério, para

que a lição recebida no dia de hoje fique gravada em suas almas. Que jamais irmãos movidos pelo mesmo ideal

se entrechoquem, por não haver tolerância, por não haver renúncia, por não haver humildade. Que a Confra-

ternização, hoje festejada por todos os corações que se guiam pelas luzes da Terceira Revelação, possa servir de

marco a uma nova era de entendimento através da propaganda dos ensinos evangélicos, da difusão da Luz aos

mais longínquos recantos da Terra, da caridade indispensável aos que sofrem, encarnados ou desencarnados,

necessitados do pão material ou do espiritual.

Se minhas palavras vos merecerem fé, guardai-as em vossos corações. Cheguem elas, se possível, a todos

quantos se interessam pela Paz e pela Harmonia universais.

Que Deus vos abençoe e ilumine. Que a Virgem Santíssima vos envolva em seu Amor.

Em nome do Divino Mestre e Senhor, em seu sacratíssimo nome, abençoo a família espírita.

1 �8�"�������������������C���������)�������*����>�G#���*���D��)���*W�������//���#�������������.�����)�)"�������%4%#�*�7�

��:������8�����������������������/��X�8������E��������*�H������� ������O������&2

>����0�'�(������ ����)�)"�������%%%#��&���1�%'2&

I����7�� �� * "��

�1�����7�H�@����*���������)������B�8���J)���2

Ismael

Page 25: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

mbos os conceitos se rela-cionam, mas não signifi-cam a mesma coisa. Um é

amplo, abrangente, outro é restri-tivo, específico. Educar é disponi-bilizar ao ser humano possibilida-des ao seu pleno desenvolvimentofísico, intelectual, psíquico, psicoló-gico, moral, social, estético e eco-lógico. Instruir é transmitir/adqui-rir conhecimento, que pode ser rea-lizado por meio do ensino, aindaque existam outras formas de ins-trução: observação, imitação, re-petição, inspiração etc.

Enquanto a educação é enten-dida como processo e resultado,que jamais desconsidera a premis-sa de o homem se transformar empessoa melhor, a instrução se limitaà transferência e à assimilação deconhecimentos ou habilidades, di-recionados para o aprendizado cog-nitivo e/ou formação de talentos.Dessa forma, a educação “consistena arte de formar os caracteres”,1

como afirma Allan Kardec; já a

instrução é mais útil ao exercícioprofissional. O emprego das duaspalavras como sinônimo é equí-voco comum que leva a outros,como confundir processo educa-tivo com processo docente.

Ao analisar o assunto Emma-nuel considera

[...] a necessidade imprescrití-

vel da educação para todos os

seres. Lembremo-nos de que o

Eterno Benfeitor, em sua lição

verbal, fixou na forma impera-

tiva a advertência a que nos re-

ferimos: “Brilhe vossa luz”.

Isso quer dizer que o potencial

de luz do nosso espírito deve

fulgir em sua grandeza plena.

E semelhante feito somente po-

derá ser atingido pela educação

que nos propicie o justo burila-

mento.Mas a educação,com o cul-

tivo da inteligência e com o aper-

feiçoamento do campo íntimo,

em exaltação de conhecimento

e bondade, saber e virtude, não

será conseguida tão-só à força

de instrução, que se imponha de

fora para dentro [...].2

Tais proposições destacam a im-portância de realizar reflexão maisaprofundada a respeito dos estu-dos regulares que ocorrem, usual-mente, na Casa Espírita. A respos-ta a duas indagações simples, ho-nestas e despretensiosas forneceboa avaliação: prioriza-se mais aforma de transmissão do conteúdodoutrinário (processo docente) doque a educação espírita, propria-mente dita? O estudo espírita temconduzido o estudante para quererse transformar em pessoa melhor?

É óbvio que a instrução espíri-ta deva ser ensinada, sobretudo noque se refere aos ensinos da Co-dificação, e métodos para facilitara aprendizagem devam ser utiliza-dos como mero apoio didático. Écerto que o estudo espírita deveser priorizado nas instituições es-píritas, principalmente porque na

;0 6����"���� 5� !����"��� �$$%424

�MA RTA AN T U N E S MO U R A

������������������

����)F����!����� �

����

Page 26: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

época atual os valores morais e éti-cos são pouco considerados, am-plamente questionados pela socie-dade hedonista. É imperioso con-siderar, contudo, que o espíritadeve ser preparado para conheceros postulados da Doutrina, mas,acima de tudo, ele precisa ser ca-paz de desenvolver e exemplificarcaracterísticas do homem de bem,no dia a dia da existência.

Atento ao assunto, Kardec es-creveu em seu admirável livro Pla-no Proposto para a Melhoria da Edu-cação Pública, em 1828, quandoainda se encontrava investido dapersonalidade professor Hippoly-te Léon Denizard Rivail:

Todos falam da importância da

educação, mas esta palavra é,

para a maioria, de um significa-

do excessivamente impreciso

[...]. Em geral nós a vemos so-

mente no sistema de estudos, e

este equívoco é uma das princi-

pais causas do pouco progresso

que ela obteve. [...]

A educação é a arte de formar os

homens, isto é, a arte de neles fa-

zer surgir os germes das virtudes

e reprimir os do vício; de desen-

volver sua inteligência e dar-lhes

a instrução adequada às suas ne-

cessidades [...]. Em uma palavra,

o objetivo da educação consiste

no desenvolvimento simultâneo

das faculdades morais, físicas e

intelectuais. [...]3

O tema educação versus instru-ção tem sido palco de férteis dis-cussões e reforma do sistema edu-cativo em diferentes nações. Neste

sentido, o francês Jacques Delorsapresentou em 1996, quando ocu-pava o cargo de presidente da Co-missão Internacional sobre Edu-cação para o Século XXI, da Unes-co, importante relatório denomi-nado Educação, um tesouro a des-cobrir. Em razão do grande im-pacto provocado pelo RelatórioDelors, como é conhecido, ele nãodeve ser ignorado pelo educadormoderno. Neste documento sãoexpostos e analisados os Quatropilares da educação moderna que,como esclarece a confreira SandraBorba, é

[...] rico material para as refle-

xões tão necessárias em mo-

mentos tão graves como os que

vivemos, em que se impõe a

urgência de uma educação pa-

ra todos, comprometida com o

bem-estar sociomoral de

todos os habitantes da

Terra. Temas importan-

tes são tratados de mo-

do objetivo e em fácil

linguagem, como um

exercício de espalhar

luz, semear ideias e rela-

tar fatos capazes de funda-

mentar as propostas ali conti-

das, nos velhos ideais da igual-

dade e da solidariedade huma-

nas. [...]4

Os Quatro Pilares da EducaçãoModerna são:5

1. Aprender a conhecer: visa me-nos aquisição de um repertóriode saberes codificados e mais

domínio dos próprios instrumen-tos do conhecimento, consideradosmeio e finalidade da vida humana.

2. Aprender a fazer: emboramais relacionado à questão da for-mação profissional, este pilar pro-põe que não basta ensinar alguéma realizar uma tarefa específica nemser reduzida a simples transmis-são de práticas mais ou menos ro-tineiras, mas que a aprendizagemdeve evoluir, melhorando o ho-mem como ser integral.

3. Aprender a conviver: esteaprendizado representa, hoje, umdos maiores desafios da educação,quando se considera os conflitos eo extraordinário potencial de au-todestruição, criados pela Huma-nidade, amplamente aceleradosno século passado.

;@!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 425

����

Page 27: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

Implica em construir uma

identidade própria e cultural,

situar-se com os outros seres

compartilhando experiências

e desenvolvendo responsabili-

dades sociais.

As experiências sociais nos facul-

tam o acesso ao saber, ao fazer,

ao viver em conjunto, ao cres-

cer em todas as nossas poten-

cialidades. [...]6

4. Aprender a ser: a educaçãodeve contribuir para o desenvol-vimento total da pessoa – espíritoe corpo, inteligência, sensibilida-de, sentido estético, responsabili-dade pessoal e espiritualidade.

Sem qualquer sombra de dúvi-

da é o mais importante entre

todos os princípios. Ressalta a

necessidade de superação das vi-

sões dualistas sobre o homem,

das visões fragmentadas acer-

ca da educação, fruto das limi-

tações, dos preconceitos, das más

paixões, da ignorância e do

orgulho que lhe são próprios.

Contempla a adoção da con-

cepção integral do ser huma-

no [...].7

O Relatório Delors não devesurpreender os espíritas esclare-cidos, uma vez que o Espiritismovaloriza as conquistas da inteli-gência, indica a necessidade deuma prática profissional ética,mas, sobretudo, enfatiza a neces-sidade do desenvolvimento mo-ral do ser humano, que, agora,está despertando o verdadeirointeresse dos educadores e adqui-rindo força para modificar pro-cessos e métodos educacionais,tendo em vista os desafios pre-sentes no mundo.

Sem a educação moral, ou edu-cação moral de superfície, difi-cilmente o indivíduo se transfor-ma em pessoa de bem, condiçãoque, necessariamente, deve serenfatizada nos estudos doutriná-rios da Casa Espírita. Daí o Co-dificador analisar com a lucidezque lhe era própria:

[...] Quando se pensa na grande

quantidade de indivíduos que

todos os dias são lançados na

torrente da população, sem prin-

cípios, sem freio e entregues a

seus próprios instintos, serão de

admirar as consequências desas-

trosas que daí resultam? Quando

essa arte [educação moral] for

conhecida, compreendida e pra-

ticada, o homem terá no mundo

hábitos de ordem e de previdência

para consigo mesmo e para com

os seus, de respeito a tudo o que é

respeitável, hábitos que lhe per-

mitirão atravessar com menos

dificuldade os dias ruins que não

pode evitar. [...]8

6����B��� �1S� ���#� �**��&� � ����� ��� ��� �����&

����&������������!�*����G�H����&����F��

������������� ��� ���K)�8�����C���&� ��

���O������0�>�G#��$$�&�������C�������S��3

��8�T�K)������'(.�&2M��� #�>���8��8���&��������� � ���&

B�*�����E����������)�*&��(&���&��&������&

������O������0�>�G#��$$%&����&�.#��&���3�(&3 ��#� Y����*W��� D��� ����H���&� ���

�������� �� ������� � ���)*+�

��,��)&�����&�����*"���������8)�������X3

8�&� ��� ��� O������0� ���FR��� D��� �����#

�$$.&��&���3��&4B� � �#��������I�����G��"�&�'�(��%-��

����!��)� . ��� �� ��������&� �)����3

"�0� >�����F������E��������B����C#��$$%&

���&��#��&�,%&5������E��*� ��0� ;9���0 4��*����&��� ��Z�3

8��� ��*���3��*����&9��A&6B� � �#� ������� I����� G��"�&� ��&� 8��&#

�&�4,&7??????&??????&��&�44&8S� ���#� �**��&� ��&� 8��&#� 8�����C���� ��

S����8�T�K)������'(.�&�

;8 6����"���� 5� !����"��� �$$%426

����

Page 28: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

procura de inspiração pa-ra meus poemas, venhoestudando metodicamen-

te a Revista Espírita, de Allan Kar-dec, e posso afirmar com certe-za que tenho encontrado emsuas páginas autênticas pérolasespirituais.

Cito como exemplo, na seçãointitulada Instruções dos Espíri-tos, o tópico denominado porKardec de “O castigo pela luz”.1

Tudo começou com a comu-nicação espontânea dada porum Espírito que se denominouAquele que ontem era um ho-mem, e que se encontrava envol-to no mundo espiritual, comopunição, em uma poderosa luzque o incomodava profunda-mente, sem, no entanto, lhe do-brar a cerviz.

Na sessão da Sociedade Espíri-ta de Paris havia-se discutido aquestão da perturbação que sesegue logo após a morte, e o Espí-rito, recém-desencarnado e aten-to ao debate, comunicou-se porincisiva mensagem contestandoaquela suposta perturbação. De-preende-se de sua fala que sofre-ra prisão e execução por algumcrime cometido.

Considerava sonhadora e uto-pista aquela assembleia e comple-tamente vã sua discussão. Acres-centava que a perturbação nãoexiste, salvo no cérebro dos deba-tedores, e que eles ignoravam oassunto de que se ocupavam.

[...] Estou tão recentemente

morto quanto possível [obje-

tou] e vejo claro em mim, em

redor de mim, em toda parte...

[...] Castigaram-me pelas tre-

vas da prisão e pensaram casti-

gar-me pelas trevas do túmulo

[...]. Quero continuar eu!...

Forte pelo pensamento, desde-

nho os avisos que ressoam à

minha volta... Vejo claro... Um

crime! é uma palavra! O crime

existe por toda parte. Quando

praticado por massas de ho-

mens, glorificam-no; em par-

ticular, é maldito. Absurdo!

(Grifo nosso.)

E concluía, num misto de per-plexidade e orgulhoso desafio:

[...] A luz me ofusca e penetra,

como seta aguda, a sutileza de

meu ser... [...]

Não quero ser lamentado...

nada peço... eu me basto e sa-

berei bem lutar contra esta luz

odiosa. (Grifo nosso.)

�/� �������"!������

Kardec informa ter sido a co-municação analisada na sessãoseguinte, comentando que “foireconhecido, mesmo no cinismoda linguagem, um grave ensina-mento e se viu na situação desse

� 8����7���*� !.

CMÁ R I O FR I G É R I

1KARDEC, Allan. Instruções dos Espíritos– O castigo pela luz. In: Revista espírita:jornal de estudos psicológicos, ano 7,p. 295-301, jul. 1864. Trad. de EvandroNoleto Bezerra. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB,2006.

;<!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 427

Page 29: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

infeliz uma nova fase do castigoque aguarda os culpados” nomundo invisível.

O Codificador argumenta que,após a morte, enquanto algunsEspíritos criminosos são mergu-lhados nas trevas ou no isola-mento absoluto, outros supor-tam durante longos anos as an-gústias de sua última hora, ou,ignorando sua passagem para oplano espiritual, ainda se julgamno mundo físico. No entanto,nenhum desses casos se aplica aocomunicante. E conclui, referin-do-se a ele:

[...] a luz brilha para este; seu

Espírito goza da plenitude de

suas faculdades; sabe perfeita-

mente que está morto e de nada

se queixa; não pede qualquer

assistência e ainda afronta as

leis divinas e humanas. Esca-

pará à punição? Não, mas a

justiça divina se realiza sob

todas as formas, e o que cons-

titui a alegria de uns, para ou-

tros é um tormento; essa luz é

o seu suplício, contra o qual

se obstina e, malgrado o seu

orgulho, ele o confessa quan-

do diz: “Eu me basto e saberei

bem lutar contra essa luz

odiosa”; e nesta outra frase:

“A luz me ofusca e penetra,

como seta aguda, a sutileza de

meu ser”. Estas palavras: suti-

leza de meu ser são caracterís-

ticas; ele reconhece que seu

corpo é fluídico e penetrável

pela luz, da qual não pode es-

capar, e essa luz o trespassa

como seta aguda.

Solicitados a dar sua aprecia-ção sobre o assunto, três guiasespirituais se manifestaram nareferida sessão. Condensamos asmensagens, sem alteração dofundo.

���"���������������

O primeiro foi Lamennais, su-mariando sua fala com o seguin-te conceito: “Há provações semexpiação, como há expiaçõessem provação”.

Aduz que, no mundo espiri-tual, os Espíritos podem expiarseus débitos, desde que o orgu-lho e a rebeldia perante seus errosnão os retenham no momentode sua ascensão progressiva. Háos criminosos que se debatemcontra a justiça divina que os per-segue, como acontece com o co-municante. No caso deste, o so-frimento que o oprime, em vezde lhe trazer proveito, o exaltana revolta, levando-o a ranger os dentes, segundo a expressão bíblica.

Sempre judicioso em seus co-mentários e atento às expressõesque possam causar mal-enten-didos, Kardec esclarece que afrase de Lamennais – “há prova-ções sem expiação e expiaçõessem provação” – significa que“conforme as vicissitudes da

:1 6����"���� 5� !����"��� �$$%428

Page 30: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

vida sejam ou não acompanha-das pelo arrependimento dasfaltas que as ocasionaram, dodesejo de as tornar proveitosaspara seu próprio melhoramen-to, haverá ou não expiação, istoé, reabilitação. Assim, os maioressofrimentos podem não ter pro-veito para aquele que os supor-ta, se não o tornarem melhor, senão o elevarem acima da maté-ria [...] porquanto terão de re-começar em condições aindamais penosas”.

���!�������������

A segunda comunicação foide uma entidade quese denominou O Espí-rito protetor do mé-dium (Sr. d’Ambel).

“Se precipitarmos umhomem nas trevas ouem ondas de luz o re-sultado não será o mes-mo?” pergunta o Men-tor, abrindo sua apre-ciação.

E esclarece que essaluz que envolve o co-municante é tão terrí-vel quão atroz, porquetrespassa completa-mente sua alma, tor-nando visíveis seusmais secretos pensa-mentos. A dor e o ter-ror oprimem, no mun-do espiritual, aqueleque, na carne, se com-prazia em maquinar“as mais tristes perver-sidades no fundo de

seu ser, onde se refugiava comouma fera em sua toca”. Hoje, de-sencarnado, expulso desse refúgioíntimo onde se subtraía aos olha-res e às investigações de seus con-temporâneos, sua máscara é ar-rancada e seus pensamentos serefletem em sua fronte:

Quer ocultar-se à multidão, e

a luz odiosa o atravessa conti-

nuamente. Quer fugir, foge

numa carreira ofegante e de-

sesperada, através dos espaços

incomensuráveis e, por toda

parte, a luz! por toda parte os

olhares que nele mergulham!

[...].

?������������������

O Espírito Jean Reynaud assi-na a terceira comunicação.

Ajuíza que na justiça divina, aocontrário do que ocorre na huma-na, “as punições correspondem aograu de adiantamento dos seresaos quais são aplicadas”. Assim,dois homens culpados no mesmograu podem receber provas dife-rentes, as quais mergulham um naopacidade intelectual, ao passoque o outro, que possui lucidezmental, não é mais castigado pelastrevas, mas pela acuidade da luz.

E completa: “A luz que torturao Espírito culpado é, pois, o raio

que inunda de clari-dade os recônditos deseu orgulho e a lhepôr a descoberto ainanidade de seu serfragmentário”.

Kardec encerra oestudo do caso, obser-vando que “estas trêscomunicações se com-plementam, apresen-tando o castigo sob no-vo aspecto, eminente-mente filosófico, umpouco mais racionalque as chamas do in-ferno, com suas caver-nas guarnecidas de na-valhas. [...] É provávelque os Espíritos, que-rendo tratar a questãopor um exemplo, te-nham provocado, comesse objetivo, a comu-nicação espontânea doEspírito culpado”.

“Há provações sem expiação, como

há expiações sem provação.”

Lammenais

Ontem, na Terra, ele engendrava o malE o executava por ser homem mau,Refugiando-se, após, num covil,Como na toca um animal bravio.

Hoje, porém, na pátria da Verdade,Está incrustado em viva claridade,Que vitriniza o seu corpo sutilE expõe às almas o quanto ele é vil.

Eis um dos mais horrorosos suplícios:A luz que faz transparentes seus vícios,Torna também seus pensamentos nus.

E ele se lança pelo espaço afora,Buscando a treva, inutilmente embora,Para fugir dessa odiosa luz.

� ������

:9!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 429

Page 31: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

m novembro de 1937, Reformador publicava in-teressante artigo do Prof. Ismael Gomes Bragaintitulado “O Esperanto como fenômeno lin-

guístico”, de que tentaremos dar um pálido resumo.

Tendo constatado que os idiomas só se formarammuito lentamente, através dos séculos, os filólogosconvenceram-se de que seria impossível a elaboraçãode uma língua planejada, despojada dos defeitos e ir-regularidades existentes no que eles chamavam “lín-guas naturais”.

Essa afirmação, por ser anticientífica, caiu por ter-ra, pois é sabido que todas as línguas modernas estãoenriquecidas de uns 90% de vocábulos e expressõesconvencionais e artificiais, por isso que adotadosconscientemente pela Ciência.

A linguagem técnica, a artística, a própria escrita éconvencional e, por isso, artificial, como pode ilustrar,por exemplo, o fenômeno de utilização de vocábulosgregos e latinos para a formação de palavras novas,as quais expressam noções totalmente desconhecidasno tempo em que aqueles vocábulos eram naturais.

Assim, estribados em um preconceito, os linguis-tas decretaram a morte das línguas artificiais plane-jadas, negando a possibilidade de vir um dia a existir

o que de fato já existia diante de seus narizes, isto é,um idioma formado convencionalmente pela Ciên-cia, e não às cegas, pela longa elaboração dos séculos.

O estudo comparativo do esperanto com as lín-guas de cultura demonstra cabalmente que a línguainternacional não é mais artificial do que as outras,embora seja muitíssimo mais lógica, mais regular,mais fácil.

A vida do idioma neutro internacional é manifes-tada nos congressos, na rádio, na imprensa, na arte,na ciência, demonstrando, à saciedade, que o velhopreconceito pseudocientífico foi vencido e que a Hu-manidade já dispõe de um instrumento pelo qualpode ser estabelecida a colaboração universal nos di-versos campos em que se expressa a vida da comuni-dade planetária.

E o grande pioneiro esperantista conclui:

Esse instrumento existe em pleno funcionamento, e

dele já podemos utilizar-nos para os mais diferentes

fins – para o bem ou para o mal – para levar pensa-

mentos de amor, paz, fraternidade, esperança aos

homens e, desgraçadamente, também, para levar o

ódio, a descrença, a suspeita, as prevenções e precon-

ceitos! Para ensinar aos homens que existe um Deus,

uma Providência, uma alma imortal, um progresso

�������� �

:; 6����"���� 5� !����"��� �$$%430

�����������������

B�*����)�*������������������������*���Z������#�������)H���������Z���L���������������8��8�����N#��)"*�8�������'�(������ ������������%�%#��&��41�'�2

AF F O N S O SOA R E S

����������

Page 32: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

infinito; ou para transmitir-lhes pensamentos nega-

tivos e maus.

Qual o nosso dever? Deixar, indiferentes, que o gran-

de veículo do pensamento seja utilizado

somente pelos outros? Ou, ao

contrário, apropriar-nos dele,

estudando o idioma, fazen-

do-lhe a propaganda en-

tre os nossos amigos,

ensinando a quantos

nos pareçam com a

elevação moral ne-

cessária a só utilizá-

-lo para o bem?

Com efeito, oesperanto é umaforça neutra, po-dendo veicularpaz e violência,amor e ódio,luz e treva. As di-ferentes corren-tes do pensamen-to, as diversas dou-trinas, filosofias e sis-temas já possuem suas obrasmais representativas vertidas em esperanto, cadaqual procurando realizar sua semeadura nos cora-ções humanos.

E é por não desconhecer essa realidade que a Fe-deração Espírita Brasileira tem procurado cum-prir com o seu dever, divulgando as imortais lições

da Terceira Revelação, a Doutrina dos Es-píritos, entre os membros da imensa

família esperantista dissemina-da por todos os recantos

do planeta.Grande tem sido

o interesse dos nos-sos irmãos de ou-tras terras pelas

obras espíritas tra-duzidas para oesperanto, comoo atesta a forma-ção, na Europaoriental, de gru-pos esperantistaspara o estudo daDoutrina.

Esse é o nossodever: divulgar oBem e o Belo, lem-

brar aos nossos ir-mãos de humanidade

“que existe um Deus,uma Providência, uma

alma imortal, um progresso infinito!” E o espe-ranto é um excelente instrumento para tão nobreempresa!

::!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 431

Jovino Guedes

>����0�M��� #�>���8��8���&[��� �#�\�*��&�/�������� �� ���&�������������E�����&�.&���&� ������O������0�>�G#��$$�&��������o �,4&

Meu amor por ti é tanto,Tem tanta fé, tanto brilho,Que apenas para fitar-teAmanhã serei teu filho.

Tiel grandas mia amo,Kun plej forta fid’ kaj brilo,Ke por /iam vin rigardiMi naski1os via filo.

���� ���

����*�������G��7�

Page 33: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

oração é um recursomental de poder extraor-dinário. Podemos orar

pelos encarnados e pelos desen-carnados, por nós mesmos e pe-los outros.

Através da oração não pode-mos mudar o curso dos resgatesnecessários, em nós ou nos ou-tros, mas podemos confortar eser confortados. Quando bem uti-

lizada, ela amplia a nossa recepti-vidade, favorecendo aos bons Es-píritos, nos inspirarem.

Quantos problemas poderiamter morrido no nascedouro, se orecurso da oração sincera tivessesido utilizado!

A oração feita com amor geraondas mentais, que se propagamno espaço em direção ao alvo pa-ra o qual é endereçada. No casoespecífico de Espíritos sofredo-res, ela proporciona alívio e con-forto espiritual.

No entanto, muitas pessoas,mesmo aquelas que são conhe-cedoras do poder da oração,externam certa dúvida, quandose trata de orar pelos que se sui-cidaram.

Certamente supõem que osuicida, sofredor de dores inima-

gináveis, como descrevem al-gumas obras espíritas, per-manecendo longo períodoem total perturbação, dis-pensariam o recurso da ora-ção. É como se imaginas-

sem um determinismo, quea oração não poderia mudar.

Comete grande equívoco quemdefende esta tese. É no mínimouma prova de desconhecimentoa respeito do assunto.

Os efeitos da prece acontecematravés de mecanismos não to-talmente conhecidos por nós, hu-manos. Os relatos feitos por de-sencarnados, que foram vítimasde suicídio, comprovam a eficá-cia da prece e revelam ser umaimportante caridade, realizadaem benefício destes sofredores.

Ela é um recurso algumasvezes esquecido, porém, podero-so em qualquer circunstância.Claro que não podemos inter-pretá-la como um recurso mági-co para isentar o devedor do dé-bito. Mas com certeza lhe daráconforto e forças para reagir, im-pedindo, em alguns Espíritos, oprolongamento desnecessário doseu sofrimento.

Para melhor esclarecimento arespeito do assunto, considerare-mos duas situações, colhidas dolivro Memórias de um Suicida, ed.FEB, recebido mediunicamentepor Yvonne do Amaral Pereira:

� �/�8C8�� �� ������� /���� �� !�����

�F. ALTA M I R DA CU N H A

:= 6����"���� 5� !����"��� �$$%432

Page 34: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

a) Espíritos resgatados daszonas de sofrimento, em recupe-ração nas colônias espirituais –comentário de Camilo CândidoBotelho:

Da Terra, todavia, não eram

raras as vezes que discípulos

de Allan Kardec [...] emitiam

pensamentos caridosos em

nosso favor, visitando-nos fre-

quentemente através de cor-

rentes mentais vigorosas que a

Prece santificava, tornando-as

ungidas de ternura e compai-

xão, as quais caíam no recesso

de nossas almas cruciadas e es-

quecidas, quais fulgores de

consoladora esperança! (Op.

cit., cap. Jerônimo de Araújo

Silveira e família, p. 105-106.)

b) Espíritos ainda não resga-tados – comentário de YvonnePereira:

Certa vez, há cerca de vinte

anos, um dos meus dedicados

educadores espirituais – Char-

les – levou-me a um cemitério

público do Rio de Janeiro, a

fim de visitarmos um suicida

que rondava os próprios des-

pojos em putrefação. [...] Es-

tava enlouquecido, atordoado,

por vezes furioso, sem se po-

der acalmar para raciocinar,

insensível a toda e qualquer

vibração que não fosse a sua

imensa desgraça! [...] E Char-

les, tristemente, com acento

indefinível de ternura, falou: –

“Aqui, só a prece terá virtu-

de capaz de se impor! Será o

único bálsamo que

poderemos destilar

em seu favor, santo

bastante para, após

certo período de tem-

po, poder aliviá-lo...”

[...] (Op. cit., cap. Os ré-

probos, Nota da médium no 3,

p. 49.)

De acordo com o exposto, nãopoderá restar dúvida sobre a efi-cácia da prece. E no caso especí-fico do suicídio, podemos afir-mar que é o único recurso de quenós, encarnados, dispomos para,com certeza, aliviar o sofrimentoimenso causado por tão engano-sa solução.

Abaixo, transcrevemos umtrecho do diálogo entre DivaldoPereira Franco e o Espírito deum suicida, que sofreu váriosanos os efeitos dolorosos da suaprecipitada ação (do livro O Se-meador de Estrelas de Suely Cal-das Schubert):

[...]

Dei-me conta, então, que a

morte não me matara e que al-

guém pedia a Deus por mim.

Lembrei-me de Deus, de minha

mãe, que já havia morrido. Co-

mecei a refletir que eu não ti-

nha o direito de ter feito aquilo,

passei a ouvir alguém dizendo:

“Ele não fez por mal. Ele não

quis matar-se”. Até que um dia

esta força foi tão grande que me

atraiu; aí eu vi você nesta jane-

la, chamando por mim.

– Eu perguntei – continuou o

Espírito – quem é? Quem está

pedindo a

Deus por mim,

com tanto carinho, com

tanta misericórdia? Mamãe

surgiu e esclareceu-me:

– É uma alma que ora pelos

desgraçados.

– Comovi-me, chorei muito e

a partir daí passei a vir aqui,

sempre que você me chamava

pelo nome.

Dá para perceber, nestes doisexemplos, que a oração, tambémpara os casos de suicídio, tem o po-der de lenir a dor e aplacar o de-sespero da vítima. Nestas condi-ções, poderá acontecer a mudan-ça gradativa dos painéis mentais(gerados pelo sentimento de cul-pa), à medida que surge o arre-pendimento sincero, proporcio-nando aos samaritanos da Espiri-tualidade resgatarem a vítima,que ainda se encontre nas regiõesde sofrimento, para uma colôniaespiritual.

:7!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 433

Page 35: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

�� �������

A Assembleia Legislati-va do Estado do Rio de Ja-neiro, com apoio do Con-selho Espírita do Estado doRio de Janeiro (CEERJ),promoveu uma SessãoSolene, na noite do dia1o de outubro, para co-memorar duas efeméri-des: a data de nascimen-to de Allan Kardec e daassinatura do Pacto Áu-reo. A solenidade foi pre-sidida pelo deputadoestadual Átila Nunes. Opresidente da FederaçãoEspírita Brasileira (FEB),Nestor João Masotti, foi o pales-trante convidado, tendo havidosaudações da diretora do CEERJCristina Brito e do dirigente daRádio Rio de Janeiro Gerson Si-mões Monteiro, sendo a Mesa

composta também pelo diretor doCEERJ Humberto Portugal Karle pelo secretário-geral do CFNda FEB, Antonio Cesar Perri deCarvalho. No início e no encerra-mento do evento houve apresen-

tação do Coral Canto do Seareiro.Na oportunidade, 30 institui-ções espíritas do Estado recebe-ram diploma de “Moção de Re-conhecimento” da AssembleiaLegislativa.

��������FR�� ���

01 ���� ������� 2!���

��>�G�������*�)����'$���������9���:��8���8���������������������E�����#�����������������.�����)�)"�������%4%#�8��������������*�H������� ������O������������G���E*��#������������������������������*������

����������������>�G#�!������O����I������#���������"*�����7��*������������������ ������O������

:0 6����"���� 5� !����"��� �$$%434

Page 36: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

��"�/���������D6��

No dia 3 de outubro, entre 10 e13 horas, desenvolveu-se na SedeSeccional da FEB, no Rio de Janei-ro, o seminário “60 Anos do PactoÁureo – Unificação do MovimentoEspírita em Solo Brasileiro”, pro-movido pelo Conselho Espíritado Estado do Rio de Janeiro, emparceria com a FEB. O evento foipresidido pelo diretor do CEERJHumberto Portugal Karl. As ex-posições temáticas foram feitaspelo presidente da FEB e pelo se-cretário-geral do CFN. Integroutambém a Mesa o diretor da FEBAffonso Soares, havendo apresen-tação do Coral Canto do Seareiro.

��"�"����#� ��"��� ��

As comemorações na sede daFEB foram efetivadas durante odia 4 de outubro. Às 8h30 houverecepção e café de confraterniza-

ção, seguindo-se, das 9h às 11h30,o seminário “Trabalho Federativocomo Base para a Difusão do Es-piritismo”, com atuação do presi-dente da FEB e do secretário-geraldo CFN, tendo integrado a MesaCesár de Jesus Moutinho, presi-dente da Federação Espírita do Dis-trito Federal. Ocorreu apresenta-ção do grupo “Evangelicanto”,que encerrou o evento entoandoa tradicional canção da “AlegriaCristã”. Às 16 horas, realizou-sepalestra sobre o tema “Pacto Áu-

reo – 60 Anos de Unificação eTrabalho”, pelo vice-presidenteda FEB Altivo Ferreira, que inte-grou a Mesa com o presidente daFEB e a vice-presidente CecíliaRocha. Na abertura apresentou--se o Coral da FEB. Nos eventosem Brasília foram homenageadastestemunhas presenciais do PactoÁureo que, hoje, são atuantes noMovimento Espírita do DistritoFederal: Antonio Villela e o casalLaís e Júlio Capilé.Informações: <www.febnet.org. br>.

I���������������������C�������>�G3 ��

����8������I�����������������8�������FR������G���E*��

:@!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 435

Page 37: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

am as coisas nesse pé, sem se po-der prever até que ponto chega-riam, quando, inopinadamente,

ressoam pelos ares as clarinadas daauspiciosa boa nova do Pacto Áureode 5 de outubro de 1949. Era, enfim,nada mais nada menos que a concre-tização do almejado anseio de Uni-ficação da Família Espírita Brasileira.

Ao anúncio dessa bela quão re-confortante verdade, abre-se comoque um vácuo no seio de ambosos organismos. Que atitude tomar?Como agir? Indagações, troca deideias, pronunciamentos. Dir-se-iaum despertar assustado. Entretan-to, a notícia não fora para estabele-cer o pânico e, sim, tão somente is-to, júbilo, exultante regozijo aos co-rações. Seria lícito resistir-lhe quan-do o próprio Anjo do Senhor – Is-mael – se louvava em bendizê-la?

Verdadeiro presente dos Céus. Es-tavam, sem dúvida, realizando os al-mejos dos nossos predecessores, deque foram paladinos máximos Be-zerra de Menezes e Guillon Ribeiro.

Graças ao Altíssimo, o “Conse-lho Consultivo de Mocidades Espí-ritas do Brasil”e a “União das Juven-tudes Espíritas do Distrito Federal”entenderam de pronto a situação ea ela aderiram incondicionalmen-te. Abriram mão do seu direito desobrevivência em proveito do even-tual e já projetado órgão que viriaa ser a expressão fiel dos planos en-tão em cogitação, de acordo comos novos rumos que as coisas ha-viam tomado.

E a 13 de novembro de 1949, emradiosa manhã de um domingo,nos estúdios da Rádio Clube doBrasil, sob os auspícios de “Hora

Espiritualista João Pinto de Sou-za” e com a intercessão conciliado-ra e confraternativa de Geraldo deAquino, seu diretor, consumava-se,enfim, o Ato de Unificação das Mo-cidades e Juventudes Espíritas, dasquais aqueles dois órgãos eram amais alta expressão representativa.

Poucos dias antes, o Acordo de5 de outubro de 1949 já havia en-sejado a criação de importantíssi-mo órgão – o Conselho Federati-vo Nacional. Como pode ser vistopela sua estruturação, ele nasceumoldado na Organização Federa-tiva da Casa de Ismael, escudadona palavra de Mais Alto e decalcadonos lineamentos básicos da Codi-ficação. Quase simultaneamentecom ele, ocorria a transformaçãoda Liga Espírita do Brasil em LigaEspírita do Distrito Federal.

01 �� �� �8���� �����/�8�F�� ��� )������� � 4!���!�� � � ����

*

,(��������:�����������)������B�8���J)���#��8����������.�����)�)"�������%4%#��������*9������)*��������I�8����������E���������G����*���������������O)����)�������E�����������������>�����*���8������#���������,���������"��#�/���������8�����������/�8�F��#���*�K)�*���8������������)�����������������/������������������������O)����)������>�����F��

���E�����G����*����#����/�������8���F��&������8�����������*�����0�������� �� ��)�#1��&�>�G#��&��.3�'2�����Z���K)����7������������������9���:��8�

:8 6����"���� 5� !����"��� �$$%436

Page 38: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

:<!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 437

homem que rasga as entra-nhas da terra em busca dominério oculto em seu seio;

que desce às profundezas oceâ-nicas explorando seus pélagos eabismos mais recônditos;

que sulca os ares, elevando-seàs alturas em voos mais ousadose destemidos que os do condor eda águia;

que penetra o mundo do infi-nitamente pequeno e do infinita-mente grande – o microcosmo e omacrocosmo – devassando suasíntimas e secretas maravilhas;

que doma e submete as feras,desbravando sertões e selvas densas;

que afronta os elementos emfúria, lutando com os tempo-rais, com os terremotos, com aslavas incandescentes que as cra-teras vulcânicas vomitam aosborbotões;

que porfia com a peste, quevence as endemias mais radicadassaneando regiões onde elas reina-vam infrenes;

que se utiliza, em suas cidades eem seus lares, da eletricidade, essefluido imponderável, incoercível,desconhecido e misterioso capazde fulminar num dado instanteaqueles que atinge;

que apanha o raio no ar e oconduz por um fio, neutralizandoseu poder de destruição;

que apagou as distâncias, unin-do os continentes através dos ma-res e do espaço, pondo em conta-to cotidiano raças, nações e povosdo Norte e do Sul, do Oriente edo Ocidente, do Velho e do NovoMundo;

que pisou as inóspitas regiõespolares onde nenhum sinal de vi-da se encontra;

que realizou praticamente qua-se todas as fantasias e sonhos deJúlio Verne;

que já ergueu a ponta do véuque separa os dois planos – damatéria e do Espírito – perscru-tando os arcanos celestes;

o homem que de todas essas fa-çanhas se vangloria, que de todasessas proezas e feitos se desvanecee se orgulha, ignora ainda os se-gredos de sua mente e os misté-rios de seu coração!

O homem que enfrenta o ini-migo em campo raso, a peito des-coberto, no meio de fuzilaria cer-rada; que não recua diante dasmetralhadoras, dos canhões e dospetardos, não é capaz de suportaruma pequena ofensa, de ânimo

sereno e coração tranquilo! Não écapaz de desarmar o agressor,transformando as agressividadesem carícias!

O homem que é capaz de des-truir cidades seculares em algu-mas horas; que é capaz de talarcampos e searas em poucos mo-mentos; que é capaz de dizimarmultidões, estendendo o negro véuda orfandade sobre milhares decrianças, é incapaz de vencer ví-cios vulgares e rasteiros como osdo jogo, do álcool, dos entorpe-centes, do tabaco etc.!

O homem que sabe línguas,ciências, filosofias, política e artesvárias não sabe ser bom e justo,tolerante e fraterno; não sabe,tampouco, resolver os problemasda pobreza, da enfermidade e dador!

Finalmente, o homem que tan-to tem conquistado e tanto temconseguido ainda não se conquis-tou a si mesmo, ainda não conse-guiu domar e vencer suas própriaspaixões!

Vinícius

>����0�1� ����� �� ������&�%&���&� �����

O������0�>�G#��$$%&��&��%%&

� �)�������5!� ��

&

Page 39: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

Pela sétima vez consecutiva, olivro espírita esteve presente nestefestival da literatura, cumprindoseu papel na divulgação dos ensi-namentos postulados por AllanKardec, sob a égide cristã.

No período de 10 a 20 de se-tembro, 640 mil pessoas estive-ram no Riocentro, visitando ostrês pavilhões da exposição. Oestande da FEB, com seus 300m2,prestou justa homenagem a Fran-cisco Cândido Xavier, anteci-pando as comemorações do seucentenário de nascimento em 2010;bela imagem do médium, ilu-

minada, no alto do estande, des-pertava a atenção e emoção dopúblico.

Com foco neste projeto, a FEBe seis Federativas Estaduais, mem-bros do Conselho Federativo Nacio-nal (CFN), representadas por suaseditoras, somaram forças na di-vulgação da literatura espírita bra-sileira. Tivemos também uma áreareservada ao Conselho EspíritaInternacional (CEI), com 73 títulostraduzidos para diversos idiomas,

sendo 15 lançamentos. A revistaReformador contribuiu para o su-cesso do evento, com 198 novasassinaturas.

O Espaço da Criança, com umaarquibancada exclusiva para o pú-blico infantil, foi um dos pontos al-tos no nosso estande, onde a ale-gria reinou ao longo dos 11 dias daBienal. O autor de livros infantis,Adeilson Salles, ampliando o núme-ro de obras editadas pela FEB, lan-çou mais dois sucessos: Um Mundo

� ��� �� �*� ������ ����� �� �� �� O������

=1 6����"���� 5� !����"��� �$$%438

L������K)����8*���8��#���)8�����*�"�����]N�^�8��������*���#��������������>�����F������E����G����*�������������8�)���������)���G����*�������8����*������������ ������O������

������/�����*�����������

Page 40: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

sem Livros, para as crianças, e Fu-gindo para Viver, com temática ju-venil. Um lançamento pioneiro paraesta faixa etária, que obteve boaaceitação, dando ao autor o títulode maior vendagem na soma de suasobras. O escritor esteve no estande,autografando em compa-nhia da Onça-Pintada,personagem de umade suas histórias desucesso, animan-do ainda mais ascrianças. Daniellae Fernanda Priollitambém participa-ram, autografando olivro Meu avô desencarnou.

O público adulto teve a opor-tunidade de dialogar com algunsautores espíritas que marcarampresença autografando suas obras.Prestigiando o relançamento deseu livro Diálogo com as Sombras, orenomado escritor espírita Hermí-nio C. Miranda emocionou a todoscom seu carisma e amor à Doutri-na. A palestra-debate do jornalista

André Trigueiro, lançando o livroEcologia e Espiritismo, com o seloda FEB, foi outro momento ines-quecível para o público que lotou oAuditório Euclides da Cunha, agra-dando tanto aos espíritas quantoaos simpatizantes da causa ecoló-

gica fazendo, desta obra, olivro mais vendido do

nosso estande. Estesforam sem dúvidamomentos me-moráveis para aFEB, nesta Bienal.

Ampliando onúmero de títulos

da editora, tivemos olançamento dos dois úl-

timos livros da Codificação,Obras Póstumas e O que é o Espiri-tismo, na tradução de EvandroNoleto Bezerra, que esteve presen-te autografando suas obras. Assimcomo Lucy Dias Ramos com Luzesdo Entardecer e Humberto SchubertCoelho com Genealogia do Espírito.Contamos ainda com a presença deDalva Silva Souza, Gerson Simões

Monteiro e Suely Caldas Schubert,que autografaram seus livros.

Todo esse sucesso de público evendas se deu, em parte, graças aosesforços de uma equipe de atendi-mento, seareiros de diversos grupose centros espíritas da região, apon-tados como excelência de qualida-de na inédita pesquisa de públicofeita pela FEB.A afinidade e sintoniaimediata entre todos demonstra-vam o amor e o desejo de contribuirpara a divulgação da causa espírita.

Outro destaque foi o trabalhode mídia externa, utilizada pela pri-meira vez como ferramenta de pu-blicidade: outdoors, busdoors, carta-zes em estações do Metrô, além dosmateriais de divulgação comumen-te utilizados em eventos deste porte.

As vendas tiveram ainda umincentivo extra com o sucesso daAgenda 2010 e da sacola ecológica,ambas concebidas artisticamentecomo parte do “Projeto Centenáriode Chico Xavier” que, em verdade,é o responsável por grande partedo acervo dos títulos da Editora daFederação Espírita Brasileira.

=9!����"��� �$$%� 5� 6����"���� 439

����F�����8����F�

������*�����*����������

Page 41: DEUS,CRISTO E C Ano 127 † Nº 2.168 † Novembro 2009espirito.tempsite.ws/portal/download/pdf/reformador-2009-11.pdf · issn 1413 - 1749 federaÇÃo espÍrita brasileira deus,cristo

=; 6����"���� 5� !����"��� �$$%440

���/� B�C��8��I���-��8�Mais de 500 dirigentes e integrantes de gruposmediúnicos lotaram o salão da União Espírita Pa-raense, nos dias 29 e 30 de agosto, para partici-parem de evento sobre o tema “A Prática Mediú-nica”, desenvolvido pela diretora da FEB MartaAntunes de Oliveira Moura. Informações: <[email protected]>.

��� ���,E�-� IE�����������������A Comunhão Espírita de Brasília realizou, nosdias 11 e 12 de setembro, o seminário “Os meiosde comunicação e o espiritismo”, voltado parajornalistas, estudantes de comunicação, dirigentesde casas espíritas e demais interessados na área decomunicação. O evento teve início com o painel“A mídia e o espiritismo” e contou com a partici-pação de Dad Squarisi (Correio Braziliense), JorgeEduardo Antunes (Jornal de Brasília), o diretor daFEB Antonio Cesar Perri de Carvalho, e Luis HuRivas, pela TVCEI. Informações: <www.comunhaoespirita.org.br>.

����� � ���*�7�����8���������E�����No dia 26 de setembro foi realizado, na sede daFederação Espírita do Estado de Alagoas, o seminá-rio “Dialogando com os Espíritos”, a cargo da Coor-denadoria de Educação Mediúnica da Federação,com estudo sobre a atuação dos dialogadores nasreuniões mediúnicas. Informações: <[email protected]>.

)�� �F���� � ������*��������7�������E����

A IV Conferência de Diretores e Coordenadoresde Casas Espíritas, ocorrida na sede da União Espí-rita Mineira, em 27 de setembro, teve como temacentral “O Papel do Dirigente Espírita na Estrutu-ração da Evangelização Infanto-Juvenil”, com o ex-positor Simão Pedro. Informações: <[email protected]>.

�������� ��8�������������������E�����“Família: Como conviver com as diferenças” foi otema abordado, em 27 de setembro, no V Encontrodas Casas Espíritas, em Aracaju, com apoio da Fede-ração Espírita do Estado de Sergipe, e realizado noGinásio Charles Moritz – SESC Centro. Informações:<www.fees.org.br/noticias-fees.htm>.

����"$!��� I���������E������$$%A Mostra Espírita 2009, promovida pela FederaçãoEspírita Pernambucana, aconteceu no período de 25a 27 de setembro, no Teatro Guararapes do Centrode Convenções de Pernambuco, em Olinda. A pales-tra de abertura, com o tema “Espiritismo uma novaera para a Humanidade”, foi proferida por DivaldoPereira Franco. A FEB esteve representada pelo dire-tor João Pinto Rabelo, que também participou comoexpositor no evento.

6������4������ ������X�8������E��������B����Ocorreu em 18 de outubro, na sede do ConselhoEspírita do Estado do Rio de Janeiro, o 5o Seminá-rio Estadual de Assistência Espírita ao Preso, queteve como tema central “A construção de ummundo melhor – o que o movimento espírita temfeito?”. Houve apresentação do Instituto Superiorde Estudos da Religião sobre “A Assistência reli-giosa nas unidades prisionais” e uma parte volta-da a reflexões e a explicar como se desenvolve essetipo de trabalho social. Informações: <[email protected]>.

�%����G�,��-� ��������**���S����8A Câmara Municipal de Santo André realizou, peladécima primeira vez, uma sessão solene, no dia 6 deoutubro, comemorativa do Dia de Allan Kardec. Oevento, prestigiado por instituições e trabalhadoresdo Movimento Espírita local e das cidades vizinhas,teve como orador o confrade José Antônio Luiz Ba-lieiro, presidente da União das Sociedades Espíritasdo Estado de São Paulo (USE).

����� ��� ����